subluxação do cotovelo causada pelo fechamento … · ao exame clínico observou-se que o animal...

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s1383 Acta Scientiae Veterinariae. 35(Supl 4): s1383-s1384, 2007. ISSN 1678-0345 (Print) ISSN 1679-9216 (Online) Subluxação do cotovelo causada pelo fechamento prematuro da epífise distal da ulna decorrente de fratura em um Shitzu. Relato de caso. Elbow subluxation caused by premature closure of the distal ulnar physis after trauma in a Shitzu dog breed. Case report. Francisco Cláudio Dantas Mota 1 , Daniel Gerardi 2 , Eloi Santos Portugal 3 , Márcia Ferreira da Rosa Sobreira 4 , Annelise Carla Camplesi 5 , Roberta Vanessa Pinho Casale 6 , Anderson Trevisan 6 & Flavio Dantas Mota 7 1 Medico Veterinário. Prof. Mestre UNICASTELO – Descalvado. Doutorando em Ortopedia e Traumatologia pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/FMRP/USP. 2 Medico Veterinário. Prof. Mestre UPIS. Doutorando FCAV/ UNESP - Jaboticabal. 3 Medico Veterinário. Prof. Mestre UNICASTELO – Descalvado. 4 Medica Veterinária. Profa. Doutora UNICASTELO – Descalvado. 5 Medica Veterinária. Profa. Mestre UNICASTELO – Descalvado. Doutoranda FMVZ/UNESP - Botucatu. 6 Medico Veterinário contratado Hospital Veterinário UNICASTELO – Descalvado. 7 Graduando do Curso de Medicina Veterinária. Universidade Federal de Uberlândia UFU. ABSTRACT The present report describe an elbow joint incongruity in a Shitzu dog breed, five months of age with humero-ulnar luxation. The premature closure of the distal ulnar physis was resulted by a fracture in the region of the growing cartilage (growth plate). This deformity was treaty realizing osteotomy in the medial third from distal ulnar diaphysis reducing the humero-ulnar luxation and fixation of the proximal and distal fragments of ulna on radio bone using orthopedic screw. After 15 days from the surgery the animal could lean normally the affected member without pain and with total movement on elbow join Key words: fracture, subluxation, elbow, closure physis, dog. INTRODUÇÃO O cotovelo é uma articulação intrínseca muito estável sendo sua luxação relativamente incomum [3], no entanto quando a mesma ocorre resulta em osteoartrites degenerativas irreversíveis [2]. As deformidades de crescimento do antebraço da espécie canina são uma das principais causas da luxação do cotovelo, sendo as mesmas decorrentes da fusão prema- tura em qualquer uma das três epífises: ulnar distal, radial distal ou radial proximal [2]. As fusões prematuras das epífises podem ser desencadeadas por diversos fatores como irradiação experimental de raios-X [6], excesso de peso [4], osteodistrofia hipertrófica e fatores hereditários [7]. No entanto o trauma é o principal fator responsável pela fusão prematura das placas epifisárias [1,6]. As deformidades de crescimento no antebraço dos cães ocorrem mais freqüentemente com a fusão da epífise distal da ulna [5], devido a sua configuração cônica, com uma metáfise pontiaguda projetando-se em um recesso epifisário, o que a torna mais susceptível as fraturas de Salter do tipo V [7]. As deformidades do crescimento causadas pela oclusão prematura da epífise distal da ulna são particularmente graves, pois está fise contribui com 75 a 85% do crescimento longitudinal da ulna [1,7]. Sendo seu fechamento responsável por defeitos articulares viciosos como a subluxação da ulna resultando na incongruência do cotovelo [2]. O presente relato tem por objetivo descrever um caso de subluxação da articulação úmero ulnar, de um cão da raça Dachshund em fase de crescimento, provocada por uma fratura na região da placa epifisaria distal da ulna. RELATO DO CASO Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Camilo Castelo Branco Campus Descalvado um cão, macho da raça Shitzu de aproximadamente cinco meses de idade, com o histórico de claudicação e angulação progressiva do membro anterior direito, iniciada aproximadamente à três meses, porém sem ter sido observado pelos proprietários qual- quer tipo de traumatismo. Ao exame clínico observou-se que o animal ao apoiar o membro afetado apresentava rotação lateral da ulna e rotação interna do antebraço. A palpação verificava-se leve crepitação na articulação do cotovelo, ausência de dor e dificuldade de extensão do membro. Ao exame radiográfico constatou-se uma subluxação úmero ulnar, com a incisura troclear deslocada distalmente a tróclea umeral, e na região distal da ulna notou-se a formação de um pequeno calo ósseo sobre a placa epifisária. Após a realização de exames de rotina como hemograma, exame de urina e fezes, o animal foi submetido ao tratamento cirúrgico. Administrou-se como pré-anestésico levomepromazina (1,0 mg/kg) por via intramuscular, a indução foi realizada com diazepam (0,5 mg/kg) e cetamina (2,0 mg/kg) pela via intravenosa e a anestesia mantida com halotano. Trinta minutos antes de se iniciar o procedimento cirúrgico, administrou-se enrofloxacina (5,0 mg/kg) e 20 minutos antes da primeira incisão foi realizado o bloqueio do plexo braquial na região do vazio torácico, com bupivacaína a 0,5% (2,0 mg/kg).

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s1383

Acta Scientiae Veterinariae. 35(Supl 4): s1383-s1384, 2007.

ISSN 1678-0345 (Print)ISSN 1679-9216 (Online)

Subluxação do cotovelo causada pelo fechamentoprematuro da epífise distal da ulna decorrente de fratura

em um Shitzu. Relato de caso.

Elbow subluxation caused by premature closure of the distalulnar physis after trauma in a Shitzu dog breed. Case report.

Francisco Cláudio Dantas Mota 1, Daniel Gerardi 2, Eloi Santos Portugal 3,Márcia Ferreira da Rosa Sobreira 4, Annelise Carla Camplesi 5,

Roberta Vanessa Pinho Casale 6, Anderson Trevisan 6 & Flavio Dantas Mota 7

1Medico Veterinário. Prof. Mestre UNICASTELO – Descalvado. Doutorando em Ortopedia e Traumatologia pela Faculdade de Medicinade Ribeirão Preto/FMRP/USP. 2Medico Veterinário. Prof. Mestre UPIS. Doutorando FCAV/ UNESP - Jaboticabal. 3Medico Veterinário. Prof.Mestre UNICASTELO – Descalvado. 4Medica Veterinária. Profa. Doutora UNICASTELO – Descalvado. 5Medica Veterinária. Profa. MestreUNICASTELO – Descalvado. Doutoranda FMVZ/UNESP - Botucatu. 6Medico Veterinário contratado Hospital Veterinário UNICASTELO –

Descalvado. 7Graduando do Curso de Medicina Veterinária. Universidade Federal de Uberlândia UFU.

ABSTRACT

The present report describe an elbow joint incongruity in a Shitzu dog breed, five months of age with humero-ulnar luxation. Thepremature closure of the distal ulnar physis was resulted by a fracture in the region of the growing cartilage (growth plate). This deformitywas treaty realizing osteotomy in the medial third from distal ulnar diaphysis reducing the humero-ulnar luxation and fixation of the proximaland distal fragments of ulna on radio bone using orthopedic screw. After 15 days from the surgery the animal could lean normally the affectedmember without pain and with total movement on elbow join

Key words: fracture, subluxation, elbow, closure physis, dog.

INTRODUÇÃO

O cotovelo é uma articulação intrínseca muito estável sendo sua luxação relativamente incomum [3], no entantoquando a mesma ocorre resulta em osteoartrites degenerativas irreversíveis [2]. As deformidades de crescimento do antebraçoda espécie canina são uma das principais causas da luxação do cotovelo, sendo as mesmas decorrentes da fusão prema-tura em qualquer uma das três epífises: ulnar distal, radial distal ou radial proximal [2]. As fusões prematuras das epífisespodem ser desencadeadas por diversos fatores como irradiação experimental de raios-X [6], excesso de peso [4], osteodistrofiahipertrófica e fatores hereditários [7]. No entanto o trauma é o principal fator responsável pela fusão prematura das placasepifisárias [1,6]. As deformidades de crescimento no antebraço dos cães ocorrem mais freqüentemente com a fusão daepífise distal da ulna [5], devido a sua configuração cônica, com uma metáfise pontiaguda projetando-se em um recessoepifisário, o que a torna mais susceptível as fraturas de Salter do tipo V [7]. As deformidades do crescimento causadas pelaoclusão prematura da epífise distal da ulna são particularmente graves, pois está fise contribui com 75 a 85% do crescimentolongitudinal da ulna [1,7]. Sendo seu fechamento responsável por defeitos articulares viciosos como a subluxação da ulnaresultando na incongruência do cotovelo [2]. O presente relato tem por objetivo descrever um caso de subluxação daarticulação úmero ulnar, de um cão da raça Dachshund em fase de crescimento, provocada por uma fratura na região daplaca epifisaria distal da ulna.

RELATO DO CASO

Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Camilo Castelo Branco Campus Descalvado um cão, machoda raça Shitzu de aproximadamente cinco meses de idade, com o histórico de claudicação e angulação progressiva domembro anterior direito, iniciada aproximadamente à três meses, porém sem ter sido observado pelos proprietários qual-quer tipo de traumatismo. Ao exame clínico observou-se que o animal ao apoiar o membro afetado apresentava rotaçãolateral da ulna e rotação interna do antebraço. A palpação verificava-se leve crepitação na articulação do cotovelo, ausênciade dor e dificuldade de extensão do membro. Ao exame radiográfico constatou-se uma subluxação úmero ulnar, com aincisura troclear deslocada distalmente a tróclea umeral, e na região distal da ulna notou-se a formação de um pequeno caloósseo sobre a placa epifisária.

Após a realização de exames de rotina como hemograma, exame de urina e fezes, o animal foi submetido aotratamento cirúrgico. Administrou-se como pré-anestésico levomepromazina (1,0 mg/kg) por via intramuscular, a indução foirealizada com diazepam (0,5 mg/kg) e cetamina (2,0 mg/kg) pela via intravenosa e a anestesia mantida com halotano. Trintaminutos antes de se iniciar o procedimento cirúrgico, administrou-se enrofloxacina (5,0 mg/kg) e 20 minutos antes daprimeira incisão foi realizado o bloqueio do plexo braquial na região do vazio torácico, com bupivacaína a 0,5% (2,0 mg/kg).

Mota F.C.D., Gerardi D., Portugal E.S., Sobreira M.F.R., Camplesi A.C., Casale R.V.P., Trevisan A. & Mota F.D. 2007. Subluxaçãodo cotovelo causada pelo fechamento prematuro da epífise distal... Acta Scientiae Veterinariae. 35: s1383-s1384.

s1384

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Supl 4

A abordagem cirúrgica ocorreu no terço médio do antebraço pelo acesso lateral, entre os músculos flexor radial do carpo eflexor digital superficial. Exposto o terço médio da ulna o mesmo foi submetido a várias perfurações transversais em torno dasua cortical com uma broca de 0,2 mm acoplada a uma furadeira ortopédica. Com uma serra manual realizou-se umaosteotomia transversal sobre as perfurações. Imediatamente após a secção do terço médio da ulna a incisura troclearencaixou-se a tróclea umeral, o que foi confirmado com o exame radiográfico. Os fragmentos proximal e distal da ulna foramfixados ao rádio por meio de parafusos ortopédicos. A aproximação da musculatura e da pele deu-se de forma rotineira.

O pós-operatório constou da administração do opióide tramadol na dose de 2,0 mg/kg pela via subcutânea, de 12em 12 horas por três dias, ketoprofeno (2,2 mg/kg) a cada 24 horas durante cinco dias por via oral e enrofloxacina (5,0 mg/kg)a cada 24 horas por 10 dias por via oral.

Decorridos 15 dias de pós-operatório o animal apoiava normalmente o membro operado, com movimentaçãototal da articulação radio úmero ulnar. E ao se locomover não apresentava mais rotação lateral da ulna.

DISCUSSÃO

O caso descrito assemelha-se a luxação congênita do cotovelo, que se caracteriza pela rotação lateral da ulna epela rotação interna do antebraço, não afetando de forma significativa a articulação rádio-úmeral [3], no entanto o animal dopresente estudo apresentava formação de calo ósseo na região da epifise distal da ulna, concretizando desta forma umaetiogenia traumática.

Normalmente o fechamento prematuro da epífise distal da ulna promove deformidades angulares do rádio comodesvio lateral, arqueamento cranial e rotação externa [2], que por sua vez leva a subluxação caudolateral do carpo e a distúrbiosarticulares degenerativos [7]. No entanto estas lesões não foram observadas no presente relato, devido ao diagnosticoprecose, bem como a rápida correção cirúrgica.

As várias perfurações realizadas com a broca em torno da cortical da ulna facilitaram a osteotomia pela serramanual. A via de acesso lateral permitiu a secção do terço médio da ulna sem ocasionar lesões aos tecidos moles, bem comoa introdução dos parafusos ortopédicos por permitir a visualização do rádio.

O rápido e espontâneo alinhamento da incisura troclear a tróclea-úmeral pode ocorrer como o observado nesterelato, devido a tração do músculo tríceps braquial que se insere no olécrano, como também pela tensão dos ligamentos [2].

A fixação da porção proximal da ulna ao rádio por meio de um parafuso manteve a articulação do cotovelo estável,restabelecendo a movimentação normal da mesma. Já a fixação da porção distal da ulna ao rádio também por meio deparafuso, impediu que este fragmento ficasse instável, promovendo desconforto ao animal, sem no entanto causar alteraçõesno apoio e na movimentação do membro.

Este procedimento bem como os cuidados pós-operatórios favoreceram a rápida recuperação do animal, resta-belecendo o apoio normal do membro afetado, com ausência de dor e com movimentação total da articulação do cotovelo.

CONCLUSÕES

As deformidades do crescimento quanto diagnosticadas e tratados precocemente evita as angulações do rádioe deformidades do carpo.

A osteotomia do terço médio da ulna e a fixação de seus fragmentos ao rádio são um tratamento simples e eficazpara a subluxação do cotovelo decorrente do fechamento prematuro da epífise distal da ulna, quando deformidades angularesdo rádio e do carpo não estão presentes.

REFERÊNCIAS

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Animais. 2o ed; São Paulo: Manole. v.2, pp.2048-2056.4 Morgan, J., Fisher, G.L., Mcneill, K.L . 1979. Abnormal canine bone developmet associed with hypergravity exposure. American. Journal.

Veterinary. Research. 40: 346-350.5 Marretta, S.A., Schrader, S.C. 1983. Physeal injuries in the dog: A review of 135 cases. Journal. American Veterinary Medical Association.

182: 708-714.6 Olson, N.C., Brinker, W.O., Carrig, C.B. 1980 . Premature closure of the distal radial physes in two dogs. Journal. American Veterinary Medical

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Roca. p.768-777.

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Acta Scientiae Veterinariae. 35(Supl 4): s1385-s1387, 2007.

ISSN 1678-0345 (Print)ISSN 1679-9216 (Online)

Efeitos do ultra-som de baixa intensidade na vascularizaçãode defeitos ósseos metafisarios distais do rádio de coelhos

Low-intensity ultrasound effects on defect bonesvascularization in the metaphysis of rabbits’s radio

Francisco Cláudio Dantas Mota 1, José Baptista Volpon 2, Marcelo Emilio Beletti 3,João Paulo Chieregato Matheus 4 & Flavio Dantas Mota 5

1Medico Veterinário. Doutorando em Ortopedia e Traumatologia pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/FMRP/USP. 2Medico.Professor Doutor - FMRP/USP. 3Medico Veterinário. Professor Doutor. Universidade Federal de Uberlândia. 4Fisioterapeuta. Doutorando

em Ciências da Reabilitação - FMRP/USP. 5Graduando do Curso de Medicina Veterinária. Universidade Federal de Uberlândia UFU.

ABSTRACT

The low-intensity ultrasound has been used in the process of recent fractures reparing such for stimulating the several phasesof bone regeneration process as the inflammatory reaction, angiogenesis and chondrogenesis. With the objective of evaluating the ultrasoundeffect on the bone flaws vascularization, 16 animals were used, which were submitted to a osteotomy in the distal third radio, growing up abone flaw of 0,3cm, on retreat periosty area of 1cm. The animals were divided in two equal groups, group I – control and group II – submittedto the application of the ultrasound on the bone flaw, for a period of three months. After this period, it was injected in the vascular system ofthe operated member an Indian ink solution and barium sulfate. The pieces were analyzed for stereoscopic microscope in magnifying glassStereozoom, and submitted to the software HL Image 97 to quantify the percentage of vases in the area of the bone flaw. The results of theanalyses were plenty similar, do not showing statistic differences between the treated group and the control.

Key words: low-intensity ultrasound, bone defect, rabbits, vascularization.

INTRODUÇÃO

O ultra-som de baixa intensidade é um estímulo mecânico direto, derivado de potenciais elétricos. É uma forma deenergia mecânica que se propaga como onda de pressão produzindo tensões e deformações de baixa intensidade nostecidos ósseos e áreas adjacentes [3]. O mecanismo exato da ação do ultra-som de baixa intensidade na formação ósseaainda não é totalmente esclarecido [9], embora já se saiba que a exposição ao ultra-som de baixa intensidade estimula asvárias fases do processo de regeneração óssea como a reação inflamatória, angiogênese e condrogênese [1]. Rawool et al.[7] informaram que a irradiação pelo ultra-som promove o aumento da vascularização do sítio da fratura devido ao estímuloda síntese dos fatores de crescimento como platelet-derived growth factor (PDGF), basic fibroblast growth factor (βFGF) [4] einsulinlike growth factor-I (IGFI) [5]. Os fatores de crescimento são encontrados na matriz óssea em todos os estágios dereparo de uma fratura, tendo como função modular a formação óssea através da estimulação, proliferação e ativação deosteoblastos [2]. São ainda, capazes de induzir todas as etapas necessárias à formação de novos vasos sangüíneos [6]. Oobjetivo deste trabalho é analisar os efeitos do ultra-som de baixa intensidade na vascularização de grandes falhas ósseas.

MATERIAL E MÉTODO

Foram utilizados 16 coelhos adultos da raça Nova Zelândia com peso corporal entre 3 a 3,5 kg. Os animais forampré-anestesiados com maleato de acepromazina 1%, na dose de 1mg/kg pela via intramuscular e tiveram o membro torácicodireito tricotomizado, em toda a região distal a articulação úmero-rádio-ulnar. O antibiótico enrofloxacina foi administrado nadose de 10mg/kg 30 minutos antes da intervenção cirúrgica, por via endovenosa. A anestésica foi realizada com cloridratode xilazina (5 mg/kg) associado a quetamina (30 mg/kg), por via intramuscular. Foi feito o bloqueio dos nervos do plexobraquial do membro direito, pela região do vazio torácico, com o anestésico local bupivacaína na dose de 2mg/kg. Foi feitauma incisão longitudinal de quatro centímetros de comprimento na região dorso-medial do terço distal do antebraço direito,iniciando sobre a articulação cárpica, incidindo pele e subcutâneo. Os tendões foram afastados de modo a expor a metáfisedistal do rádio. Na transição diáfise-metafisária removeu-se uma faixa de periósteo de um centímetro de largura em quasetoda circunferência do rádio. Sobre o osso desperiotizado realizou-se uma osteotomia transversal, removendo um cilindrode três milímetros de largura, com o auxilio de uma serra circular de 0,8mm de espessura e 20mm de diâmetro de lâmina,montada em um motor odontológico de baixa rotação. O tecido subcutâneo e a pele foram suturados de forma rotineira. Ocurativo foi feito com nitrofurazona, gazes e faixas. Os animais permaneciam sem qualquer tipo de imobilização. No PO, osanimais receberam enrofloxacina durante sete dias, flunixin meglumine na dose de 1,1 mg/kg por três dias e o buprenorfinana dose de 0,03 mg/kg durante três dias. Os animais operados foram divididos em dois grupos de igual número, sendo ogrupo I controle e o grupo II tratado com ultra-som de baixa intensidade. Decorridos três dias da cirurgia, os animais do grupo

Mota F.C.D., Volpon J.B., Beletti M.E., Matheus J.P.C. & Mota F.D. 2007. Efeitos do ultra-som de baixa intensidade navascularização de defeitos ósseos metafisarios distais do rádio de coelhos. Acta Scientiae Veterinariae. 35: s1385-s1387.

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II receberam no membro em que foi criada a falha óssea, aplicação de ultra-som pulsado de baixa intensidade, numa fre-qüência de 1,4 MHz, onda de 200 microssegundos, pulso de 1 kHertz e intensidade 30mW/cm2, com sessões de 20 minutospor dia, 5 dias por semana, com duração de três meses. O transdutor era aplicado na região dorsal do antebraço, sobre alocalização da falha óssea criada. O aspecto vascular foi avaliado por meio da injeção arterial com uma mistura de sulfato debário e tinta Nanquim na proporção de 3:1, respectivamente. Para a injeção dos vasos os animais sofriam eutanásia comsobredose de pentabarbital sódico, seguido da administração de cloreto de potássio 19,1%. Após a eutanásia a artériabraquial, foi canulada com um cateter e conectado através de uma extensão de equipo, a um frasco contendo solução deheparina e cloreto de sódio 0,9%, na proporção de 2:1000. O frasco era fixado a uma altura de dois metros em relação aomembro. A amputação do membro era realizada na articulação escápulo-umeral. Com o membro isolado era realizadoimediatamente a perfusão com solução salina 0,9% heparinizada, com fluxo livre, até que o líquido de retorno pela veiabraquial ficasse límpido. Após a perfusão do membro, 30 a 50 ml de uma mistura de sulfato de bário e tinta Nanquim naproporção de 3:1 era colocada em um frasco a 2,0m de altura do membro amputado, e acoplada ao mesmo cateter. A misturadescia pelo equipo pela ação da gravidade. O rádio era serrado a mais ou menos 3,0 cm proximalmente à área da osteotomia,e desarticulado no punho. A peça era fixada em formol 10% por um período mínimo de quatro dias. Para a visualização dosvasos corados, as peças foram cortadas sagitalmente em espessura padronizada de 0,8mm pela cortadeira metalográfica,e descalcificadas em ácido clorídrico 0,5N, por cinco dias. O material foi desidratado em álcool durante 10 dias e em seguidacolocada em benzeno puro, por quatro dias, depois colocada em solução de benzoato de benzila, aí permanecendo até oclareamento. No fim deste processo, o material foi conservado em uma mistura meio-a-meio de benzoato de benzila e salicilatode metila, onde foram examinados estereoscopicamente em lupa Stereozoom com aumentos variáveis entre 10 e 70 vezes,com transiluminação e epiiluminação. Para a analise quantitativa, a imagem do material foi digitalizada e submetida aosoftware HL Image 97, onde analisou a porcentagem de vasos na área estudada.

RESULTADOS

O padrão vascular das peças analisadas entre os dois grupos foi bastante semelhante, com o seguinte aspecto:Presença de vasos subperiosteais que se tornavam mais calibrosos e ramificados à medida que se aproximavam da regiãoda falha óssea, em algumas peças esses vasos atravessavam a região da osteotomia pela periferia. Era nítida a presençade vasos corticais e medulares que sofriam anastomose entre si formando uma intensa malha vascular. Na região medularhavia um ramo importante da artéria nutrícia, que nas proximidades da região da osteotomia dividia-se em ramificaçõesterminais, paralelas a essa região que, por sua vez, subdividiam-se em brotos a vasculares, levando a formação de umafaixa hipervascularizada, sendo essa mais intensa nas regiões onde falha óssea era mais larga, coincidindo com a formaçãodo calo subperiosteal. Em algumas peças as ramificações terminais emitiam vasos que invadiam em parte a falha óssea,mas sem formação de anastomose com a extremidade distal da falha. O teste estatístico, não mostrou diferença significativa(p<0,10) da porcentagem da vascularização da região equivalente a osteotomia do grupo controle para o grupo submetidoà aplicação do ultra.

DISCUSSÃO

A analise descritiva da vascularização mostrou abundante circulação periosteal, com disposição dos vasosperpendicular às corticais, hipervascularização da cortical e medular em ambos os grupos, semelhantes aos descritos porSantos Neto e Volpon [8] para pseudoartroses. A analise quantitativa dos vasos não mostrou diferença estatística entre ogrupo controle e o grupo submetido aplicação ultra-som de baixa intensidade, apesar do ultra-som proporcionar estímuloangiogênico, assim como o aumento do fluxo sanguíneo local [7]. Pois de acordo com Rawool et al. [7] o ultra-som aumentaa síntese dos fatores angiogênicos, tais como o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), o fator de crescimentofibroblástico básico (FGF) e a interleucina-8 (IL-8), além de aumentar a produção de óxido nítrico (NO) pelos osteoblastosque também age como parte da cascata sinalizadora para a neovascularização [2]. Estes resultados, se devem provavel-mente a livre movimentação dos fragmentos que pode ter levado a rupturas repetidas dos capilares neoformados e da redede sinusóides [8].

CONCLUSÃO

A técnica de preenchimento vascular utilizada mostrou-se eficiente, preenchendo apenas a porção arterial dapeça estudada, deixando nítida a vascularização das epífise, metáfise, corticais e partes moles adjacentes. Apesar de suaspropriedades angiogenicas, o ultra-som de baixa intensidade não mostrou efeito satisfatório sobre o aspecto vascular, nomodelo de falha óssea aqui estudado.

REFERÊNCIAS

1 Azuma, Y., Ito, M., Harata, Y., Takagi, H., Ohta, T. 2001 . Low-intensity pulsed ultrasound accelerates rat femoral fracture healing by acting onthe various cellular reaction in the fracture callus. Journal Bone Miner Research. 16. 671-680.

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s1387

4 Masaya, I., Yoshiaki, A., Tomohiro, O., Keiji, K. 1999 . Effects of ultrasound on the co-culture of osteoblasts with endothelial cels. Ultrasoundin medicine & biology. 8: 53-58.

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6 Robbins, S.L., Cotran, R.S., Kumar.1996 . Patologia estrutural e funcional. 5a ed, Guanabara Koogan.7 Rawool, N.W., Goldeberg, B.B., Forsberg, F., Winder, A.A. 1997 . Ower doppler assessment of vascular changes during fracture treatment

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www.ufrgs.br/favet/revista

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Avaliação radiográfica dos efeitos do ultra-som de baixa intensidadeem defeitos ósseos metafisários distais do rádio de cães

Radiographic evaluation from the effects of low-intensityultrasound in defects bone metaphysis of the radio of dogs

Francisco Cláudio Dantas Mota 1, José Baptista Volpon 2,João Paulo Chieregato Matheus 3 & Flavio Dantas Mota 4

1Medico Veterinário. Doutorando em Ortopedia e Traumatologia pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/FMRP/USP.2Medico. Professor Doutor - FMRP/USP. 3Fisioterapeuta. Doutorando em Ciências da Reabilitação - FMRP/USP. 4Graduando

do Curso de Medicina Veterinária. Universidade Federal de Uberlândia UFU.

ABSTRACT

The low-intensity ultrasound has been used in the process of recent fractures reparing such for stimulating the several phasesof bone regeneration process as the inflammatory reaction, angiogenesis and chondrogenesis. With the objective of evaluating the ultrasoundeffect on bone regeneration, 16 animals were used, submitted to a osteotomy in the distal third radio, growing up a bone flaw of 0,3cm, onretreat periosty area of 1cm. The animals were divided in two equal groups, group I – control and group II – submitted to the application ofthe ultrasound on the bone flaw, for a period of three months. Every thirty days, the animals were submitted to x-ray analyses. At the endof the experiment, it was verified that the animals of the group control developed a process of pseudarthrosis of the hypertrophic type andthe ultrasound of low intensity impeded the evolution of the pseudarthrosis in the treated animals.

Key words: low-intensity ultrasound, bone defect, dog, x-ray.

INTRODUÇÃO

O ultra-som de baixa intensidade é um estímulo mecânico direto, derivado de potenciais elétricos. É uma forma deenergia mecânica que se propaga como onda de pressão produzindo tensões e deformações de baixa intensidade nostecidos ósseos e áreas adjacentes [4]. O mecanismo exato da ação do ultra-som de baixa intensidade na formação ósseaainda não é totalmente esclarecido [11], embora já se saiba que a exposição ao ultra-som de baixa intensidade estimula asvárias fases do processo de regeneração óssea como a reação inflamatória, angiogênese e condrogênese [1]. Há melhoradas propriedades mecânicas do calo de uma fratura [7], maior incorporação de cálcio pelas células ósseas [9], aceleração daformação óssea [5] e redução da incidência da não-consolidação [2]. O presente estudo tem por objetivo analisar os efeitosda aplicação do ultra-som de baixa intensidade no processo de reparação de falhas ósseas criadas na extremidade distaldo rádio de cães adultos.

MATERIAL E MÉTODO

Foram utilizados 16 cães adultos machos, mestiços, com peso corporal entre oito a 12 kg. Os animais foram pré-anestesiados com maleato de acepromazina 0,2%, na dose de 0,1mg/kg pela via intramuscular e tiveram o membro torácicodireito tricotomizado, em toda a região distal a articulação úmero-rádio-ulnar. O antibiótico enrofloxacina foi administrado nadose de 5mg/kg 30 minutos antes da intervenção cirúrgica, por via endovenosa. A indução anestésica foi realizada comdiazepam na dose de 0,5mg/kg associado à quetamina na dose de 2mg/kg, por via endovenosa, e a manutenção, quandonecessário, foi realizada com o anestésico quetamina na dose de 8mg/kg, pela via intramuscular. Com o animal contido emdecúbito lateral esquerdo, foi feita a anti-sepsia com polivinilpirrolidona a 2%, e o bloqueio dos nervos do plexo braquial domembro direito, pela região do vazio torácico, com o anestésico local bupivacaína na dose de 2mg/kg. Decorridos 15 minutosdo bloqueio do plexo braquial foi realizada uma incisão longitudinal de quatro centímetros de comprimento na região dorso-medial do terço distal do antebraço direito, iniciando sobre a articulação cárpica, incidindo pele e subcutâneo. Os tendõesdos músculos extensor radial do carpo foram identificados e afastados medialmente, e o tendão abdutor longo do polegarlateralmente, de modo a expor a metáfise distal do rádio. Na transição diáfise-metafisária foi marcado o local da osteotomiaque corresponde à região onde termina o espaço interósseo. Neste local removia-se uma faixa de periósteo de um centímetrode largura em quase toda circunferência do rádio. Com um molde de acrílico de três milímetros de espessura, colocadotransversalmente ao osso, delimitava-se uma área de mesma dimensão sobre o osso desperiostizado a mais ou menosquatro milímetros da margem proximal do periósteo. Com uma serra circular de 0,8mm de espessura e 20mm de diâmetrode lâmina, montada em um motor odontológico de baixa rotação, funcionando em média velocidade e resfriado por goteja-mento intermitente de solução fisiológica, foi realizada a osteotomia transversal, nas linhas demarcadas, removendo-se um

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Mota F.C.D., Volpon J.B., Matheus J.P.C. & Mota F.D. 2007. Avaliação radiográfica dos efeitos do ultra-som de baixa intensidadeem defeitos ósseos metafisários distais do rádio de cães. Acta Scientiae Veterinariae. 35: s1389-s1391.

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pequeno cilindro ósseo do rádio e produzindo uma falha óssea de três milímetros de largura. O tecido subcutâneo foi apro-ximado com fio de poliglactina 910 n0 3-0, em pontos simples contínuos, e a pele com fio de nylon n0 3-0, em pontos simplesseparados. O curativo foi feito com nitrofurazona, gazes e faixas. O membro operado foi mantido imobilizado por 15 dias como auxílio de uma tala de PVC, previamente moldada de acordo com o tamanho do animal. Decorrido este período a talaera retirada e os animais permaneciam sem qualquer tipo de imobilização. Para minimizar a dor pós-operatória, foi aplicadoo analgésico cloridrato de tramadol (3mg/kg) nos cinco primeiros dias após a cirurgia, a cada 12 horas. O antiinflamatório eanalgésico ketoprofeno (2,2mg/kg) era aplicado uma vez ao dia por três dias, ambos pela via subcutânea. O período pós-operatório constou, ainda da administração do antibiótico enrofloxacina (5mg/kg), pela via intramuscular, uma vez ao dia,por sete dias. Os animais operados eram divididos em dois grupos de igual número, sendo o grupo I controle e o grupo IItratado com ultra-som de baixa intensidade. Decorridos três dias da cirurgia, os animais do grupo II receberam no membroem que foi criada a falha óssea, aplicação de ultra-som pulsado de baixa intensidade, numa freqüência de 1,4 MHz, ondade 200 microssegundos, pulso de 1 kHertz e intensidade 30mW/cm2, com sessões de 20 minutos por dia, 5 dias por semana,com duração de três meses. O transdutor era aplicado na região dorsal do antebraço, sobre a localização da falha ósseacriada. No período pós-operatório imediato todos os animais tiveram seus antebraços direitos radiografados na incidênciaântero-posterior, na voltagem de 48 kV, a uma distância de um metro e 0,16 segundos de exposição, sempre com o mesmoaparelho de raios X, controlando, desta forma, a orientação e a localização da osteotomia. O exame radiográfico era repetidoa cada 30 dias para todos os animais, acompanhado, desta forma, a evolução até o terceiro mês.

RESULTADOS

Com um mês de pós-operatório os resultados foram muitos semelhantes entre os dois grupos,onde foi observadamaior radiodensidade nas extremidades ósseas, em ambos os fragmentos sendo que esta radiodensidade localizava-se,inclusive, sobre o canal medular. Sobre as córtex, próximo, da região da osteotomia, havia áreas de neoformação óssea queera mais acentuada no fragmento proximal e, neste, freqüentemente mais pronunciado no lado medial, como um triangulode base voltada para a osteotomia, com densidade radiológica menor que a da córtex adjacente. Os limites da osteotomiatornaram-se irregulares pela presença de áreas osteolíticas. Estas áreas eram arredondadas, variação de tamanho emalgumas regiões e com aumento da área da osteotomia. No segundo mês, os animais apresentava maior formação ósseasobre a córtex, com tecido mais amadurecido, limites externos mais nítidos, textura mais organizada e com maior incorporaçãoà córtex do rádio. Neste mesmo período, foram observada diminuição das áreas líticas, deixando as extremidades maishomogêneas. Já animais do grupo submetido à aplicação do ultra-som ainda apresentavam pequenas áreas radiodensasno interior da falha óssea, com tendência à diminuição na região da osteotomia. No terceiro mês houve aumento daradiodensidade nas extremidades ósseas, com integração total do osso subperiosteal à córtex primitiva, sem limites entreeles. A textura do osso neoformado apresentava-se mais amadurecida e a extremidade mais alargada, com aspecto hipertrófico.As extremidades ósseas apresentavam-se mais regulares com diminuição das áreas líticas e tendência ao maior estreitamentodo espaço da osteotomia. Já os animais do grupo submetido à aplicação ultra-som, também apresentavam áreas de neo-formação óssea no interior da falha e tendência a unir as duas extremidades ósseas nestes locais.

DISCUSSÃO

Os resultados mostram que os animais do grupo controle evoluíram para um estagio de pseudoartrose do tipohipertrófica [10], com alargamento das extremidades da osteotomia, porem sem o fechamento da falha óssea. Já os animaisdo grupo tratado, apresentaram áreas de consolidação no interior da falha óssea, que podem ser explicados pela ação doultra-som de baixa intensidade, que acelera o processo de ossificação endocondral [3], por estimular diretamente oscondrocitos [6], levando a condrogenese precoce e a hipertrofia da cartilagem [1], além de aumentar a expressão gênica doagreccan (RNAm de proteoglicanas) em condrocitos e osteoblastos [12], e pelo aumento dos níveis de RNAm de procololagenotipo II [8], que possuem um papel importante no processo de consolidação óssea [12].

CONCLUSÃO

O modelo de osteotomia empregado se mostrou eficiente para o desenvolvimento de pseudoartrose nestemodelo animal. O ultra-som de baixa intensidade impediu a evolução da pseudoartrose nos animais tratados.

REFERÊNCIAS

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3 Claes, L., Ruter, A., Mayr, E. 2005 . Low intensity Ultrasound Enhances Maturation of Callus after Segmental transport. Clinical Orthopaedicsand Related Research. 189-194.

4 Duarte, L.R. 1983 . Stimulation of bone growth by ultrasound. Archives Orthopaedic Trauma Surgery. 101. 153-159.

5 Mayr, M., Mrankel, M., Muter, A. 2000 . Ultrasond an alternative healing method for nonunions? Archives The Orthopedic Trauma Surgical.120. 1-8.

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8 Parvizi, J., Wu, C.C., 1999 . Low- intensity ultrasound stimulates proteoglican synthesis in rat chondrocytes by increasing aggrecan geneexpression. Journal of Orthopaedic Research. 17. 488-494.

9 Ryaby, J.T., Bachner E.J., Bendo, J.A. 1989 . Low-intesity pulsed ulrasound increases calcium incorporation in both differentiating cartilageand bone cells cultures. Trans Orthopedic Research Society. 14. 01-15.

10 Santos Neto, F.L, Volpon, J.B., 1984 . Experimental nonunion in dogs. Clinical Orthopedic. 187. 260-271.

11 Warden, S.J., Wong, W.T., Bennell, K.L. 2000 . Facilitation of fracture repair using low-intensity pulsed ultrasound. Veterinary Company. Ortho-pedic Traumatologic. 13. 158-168.

12 Yang, K.H. 1996 . Exposure to low-intensity ultrasound increases aggrecan gene expression in a rat femur fracture model. Journal OrthopedicResearch. 14. 802-809.

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Síndrome do filhote nadador em gato: relato de caso

Swimming-puppy syndrome in cat: a case report

Camila Paes Bürger 1, Renato Barbosa Silva 1, Júlio Carlos Canola 2,João Guilherme Padilha Filho 2 & Gustavo Garkalns de Souza Oliveira 3

1Aprimorando(a) em Clínica Cirúrgica e Anestesiologia de Pequenos Animais do Hospital Veterinário “Governador Laudo Natel”, UNESP,Jaboticabal. 2Professor Assistente Doutor do Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinária, UNESP, Jaboticabal. 3Pós-graduando do

Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinária, UNESP, Jaboticabal.

ABSTRACT

The case is about a one month of age female cat presenting signs of impairing ambulation, clinically characterized by the hindlimbs splayed laterally. In clinical examination the cat showed bilateral hip instability. Mediolateral radiographs of the coxofemoral joint andventrodorsal radiographs of the pelvis showed bilateral hip luxation and the diagnosis of Swimming-puppy syndrome was confirmed. Afterthirty nine days of a hind limbs adhesive tape bandage, the cat demonstrated a correct anatomical configuration of the limbs and normalambulation.

Key words: coxofemoral joint, luxation, cat, Swimming-puppy syndrome.

INTRODUÇÃO

A “síndrome do filhote nadador” é uma anormalidade do desenvolvimento caracterizada pelo atraso na capaci-dade de ambulação que se reflete em paresia anterior (26%) e posterior (8%) ou uma tetraparesia, caracterizada como“posição de paraquedista” ou síndrome do “cachorro tartaruga” (50%), acompanhada de fraqueza e letargia [1,4,5]. A síndromedo filhote nadador acomete principalmente filhotes, sem predisposição sexual, de raças de cães condrodistróficas e pode epode ocorrer, em menor freqüência, na espécie felina [1,2,4,5].

A anormalidade é comumente observada entre o período neonatal e a infância, o que corresponde aproximada-mente a 3ª semana de vida do animal. A sintomatologia é caracterizada por movimentos rastejantes dos membros pélvicose o deslocamento do animal mimetiza uma foca nadando [1,4]. A extensão dos membros torácicos também pode ocorrer, enesses casos há perda da capacidade de sustentação do tronco. Esse aspecto clínico leva o animal a se rastejar sobre oesterno, o que pode provocar aplainamento dorsoventral do tórax, irritação e feridas ulceradas no local, assim como insuficiên-cia respiratória com dispnéia, caracterizada pela presença de boca aberta e cianose das mucosas. Não raramente ocorreregurgitação de leite e como conseqüência o surgimento de pneumonia aspirativa [1,2,4,5].

Na maioria dos casos o animal com a síndrome apresenta outras anomalias congênitas como a luxação medialde patela e o peito escavado [1-5]. De etiologia desconhecida é considerada multifatorial. As hipóteses consideradas são:implicação genética; atraso na mielinização pela falta de estímulo dos membros, como por exemplo, quando a ninhada defilhotes vive em uma superfície lisa e escorregadia; alteração metabólica secundária a alimentação da mãe, especialmentequando esta for rica em proteína (carne); atraso no desenvolvimento neuro-muscular; e obesidade [1,2,4,5].

O diagnóstico é fundamentado na anamnese e nos achados do exame clínico, preferencialmente associado aoexame radiográfico [1,2]. O diagnóstico diferencial entre toxoplasmose, meningites, espinha bífida e miopatias, entre outras,é necessário. O tratamento recomendado consiste, quando inadequada, na mudança radical da dieta da mãe, imobilizaçãoanatômica dos membros acometidos por algumas semanas e, em alguns casos, técnicas de fisioterapia para acelerar amelhora clínica do quadro [1,4,5]. A administração de vitamina E e selênio é citada, mas sem comprovação científica [2].

RELATO DE CASO

Foi atendido no Hospital Veterinário “Governador Laudo Natel” – UNESP, Jaboticabal, um felino, sem raça definida,fêmea, com aproximadamente um mês de idade apresentando os membros pélvicos estendidos e deslocados lateralmente,o que causava dificuldade de locomoção. A proprietária informou que apesar do quadro clínico o animal apresentava normorexia,normoquesia, normopdipsia e urina normal quanto a cor, odor e volume, negando a ocorrência de tosse, engasgo e dispnéiaou qualquer outra alteração. Não soube informar sobre os demais filhotes da ninhada, uma vez que o animal foi encontradoabandonado na rua. Após a realização de exame clínico e radiográfico, em projeções médiolateral das articulações coxo-femorais e ventrodorsal da pelve, com os membros distendidos caudalmente, o diagnóstico presuntivo foi da síndrome dofilhote nadador. O tratamento preconizado para o caso foi a imobilização total dos membros pélvicos com auxílio de bandagemfeita com esparadrapo, ficando o animal com os membro flexionados e ligados ao abdômen, por 20 dias e por mais 19,apenas imobilização com duas bandagens de esparadrapo em forma de algema (uma no terço médio da tíbia e outra nometatarso), nos mesmos membros, deixando-os paralelos, para a correção.

Bürger C.P., Silva R.B., Canola J.C., Padilha Filho J.G. & Oliveira G.G.S. 2007. Síndrome do filhote nadador em gato: relatode caso. Acta Scientiae Veterinariae. 35: s1393-s1394.

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DISCUSSÃO

A síndrome do filhote nadador é uma anormalidade incomum, esporadicamente relatada em filhotes de cães eraramente mencionada na literatura acometendo gatos. De tratamento não específico, a síndrome neste caso foi tratadaaplicando-se bandagens feitas com esparadrapo nos membros pélvicos. O animal, após aproximadamente 20 dias conse-guiu apoiar corretamente os membros pélvicos e se locomover sem dificuldades.

A tipóia com esparadrapo em forma de algemas, aplicada após esse período de tempo, foi utilizada por mais 20dias e auxiliou na evolução do quadro clínico, uma vez que permitiu a locomoção e manteve os membros pélvicos em posiçãoanatômica considerada normal.

CONCLUSÃO

Conclui-se que a síndrome do filhote nadador é uma enfermidade não restrita a espécie canina e que a aplicaçãode bandagens que imobilizam os membros afetados, por um período de tempo, corrigindo a tendência de abdução, éeficiente n evolução do caso.

REFERÊNCIAS

1 Dumon C. 2005 . O sistema músculo-esquelético. In: Neonatologia e pediatria canina e felina, 1.ed. São Caetano do Sul: Inter Book, pp.126-136.2 Harkness J.E. & McCormick L.F. 1981. Swimming-puppy syndrome in a litter of German Shepherd pups.Vet. Med. Small An. Clin. 76 (6): 817-

821.3 Fossum T.W. 2004. Moléstias da medula espinal. In: Ettinger & Feldman, Tratado de Medicina Interna Veterinária. 5.ed. Rio de Janeiro: Gua-

nabara Koogan, pp.1160-1173.4 Mistieri M.L.A., Isola J.G.M.P, Nadruz R.F., Cossi L.B. & Saito L.M. 2005. Swimming Syndrom. Case report in cats. Rev. Univ. Rural, Sér. Ci.

Vida. Seropédica. 25: suplemento 162-164.5 Royal Canin . 2000-2006. Guía Prática de las enfermidades durante la cría del perro. Enfermedades de los cachorros. Fonte: http://publications.

royalcanin.com/renvoie.asp?type=1&cid=123655&id=102462&com=6&animal=0&lang=5&session=894826.

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Osteossíntese do ramo horizontal da mandíbulacom aparelho de fixação esquelética externade resina acrílica em uma cabra ( Capra Hircus )

Jaw’s left side osteosynthesis with acrylic resin external fixator in a goat (Capra Hircus)

Renata Couto Rijo 1, Marcus Vinicius de Castro Falcão 2, Juracy de Castro Borba Santos Júnior 2,Simone Andrade da Silva 1, Débora Soibelman 3 & Carla Valéria Rocha Ramos 1

1Residente Patologia Cirúrgica – Universidade Estácio de Sá – Vargem Pequena, RJ.2Prof. M.Sc. Patologia Cirúrgica – Universidade Estácio de Sá – Vargem Pequena, RJ. 3Médica Veterinária Autônoma.

ABSTRACT

A goat (Capra hircus) arrived at Estácio de Sá University Veterinary Policlinic with difficultly to close the mouth through clinic andradiographic exams it was observed a fracture in the jaw’s left side and bone destruction in mento’s right side with metal fragments that suggestfracture caused by gun projects. The jaw’s left side fracture was stabilized with an Ia type acrylic resin external fixator. Sixty days later, wasobserved through clinical and radiographic exams bone cicatrization, so the fixator was removed. Based in found results, the present studyconcluded the efficacy of the Ia type acrylic resin external fixator used to treat jaw’s fracture of a goat.

Key words: External Fixator. Jaw’s Fracture. Goat.

INTRODUÇÃO

A fixação esquelética externa é aplicada na imobilização das fraturas de ossos longos, dessa maneira temos ainserção transcutânea percutânea de dois a quatro pinos em cada um dos fragmentos proximais e distais, que são entãoconectados por uma ou mais barras externas. Os fixadores podem ser usados em todos os ossos longos, na mandíbula, epara articulações em ponte [7]. Esse procedimento cirúrgico é vantajoso para a estabilização de fraturas expostas graves,porque esta modalidade sustenta a fratura e a vascularização dos tecidos moles adjacentes, ao mesmo tempo em que preservaa área traumatizada [4]. Fratura por projéteis de arma de fogo devem ser manejadas igualmente às fraturas abertas, necessi-tando de início imediato da antibioticoterapia e a estabilização com fixadores externos [6].

Fixadores externos são excelentes métodos de estabilização de fraturas mandibulares, pois proporcionam rápidaestabilidade pela neutralização das forças de tensão, compressão e rotação do ramo horizontal [3,5,7]. A mandíbula possui,em sua porção molar, uma curvatura que dificulta o uso de implantes metálicos em uma única linha de inserção, favorecendoa aplicação dos aparelhos com barra de acrílico moldável [2].

Pacientes com fraturas mandibulares devem ser submetidos a criterioso exame clínico. Os sinais clínicos comumentepresentes nestes pacientes são: desvio dos segmentos mandibulares, tumefação, má oclusão dentária, hemossialorréia, dorao abrir a boca e dificuldade na ingestão de água e alimento. No exame radiográfico identifica-se a localização, a extensãoe o tipo de fratura, além da possibilidade de comprometimento dos dentes ou da articulação temporomandibular [1,2].

O presente trabalho tem como objetivo demonstrar a utilização do aparelho de fixação esquelética externa deresina acrílica em uma fratura mandibular, causada por arma de fogo, num caprino (Capra hircus).

RELATO DE CASO

Foi atendido na Policlínica Veterinária da Universidade Estácio de Sá uma cabra, pesando 27 kg, apresentandomá oclusão oral. Proprietário relatava que o animal sofreu um acidente há sete dias. Durante a inspeção e palpação foiconstatado lesão de tecidos moles, instabilidade no ramo mandibular esquerdo e da região mentoniana do lado direito, comexposição óssea para cavidade oral. Iniciou-se uma terapia antimicrobiana com ceftriaxona sódica 1g1 (25-50mg/kg/IM/s.i.d.) e metronidazol2 (10-20 mg/kg/EV/b.i.d) por sete dias e flunixina meglumina3 (1,1-2,2 mg/kg/EV/s.i.d) durante três dias.Solicitou-se radiografias simples da mandíbula nas posições dorso-ventral e latero-lateral. O paciente foi encaminhado parao setor de cirurgia da Policlínica para a realização de osteossíntese mandibular.

Foi realizado jejum pré-operatório de 12 horas e o protocolo anestésico adotado foi xilazina4 (0,1 mg/kg) e quetamina5

(2 mg/kg). O paciente foi entubado através de traqueostomia e mantido na anestesia geral inalatória com isoflurano6. Aredução fechada da fratura do ramo mandibular foi realizada mantendo-se a correta oclusão dentária e a fratura foi estabilizadautilizando fixador externo de resina acrílica tipo Ia com dois pinos de inserção por fragmento. Optou-se pela hemimandibulectomiarostral na fratura mentoniana.

O paciente foi mantido no setor de Clínica de Grandes Animais da mesma Policlínica por sete dias. Durante esseperíodo, curativos da ferida cirúrgica e no local de inserção dos pinos foram realizados diariamente com solução salinaestéril7 a 0,9 % e iodopovidona tópico8.

Rijo R.C., Falcão M.V.C., Santos Júnior J.C.B., Silva S.A., Soibelman D. & Ramos C.V.R. 2007. Osteossíntese do ramo horizontalda mandíbula com aparelho de fixação esquelética externa... Acta Scientiae Veterinariae. 35: s1395-s1396.

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Exames radiográficos simples para o acompanhamento da cicatrização óssea foram realizados no 60º dia dopós-operatório. O paciente foi acompanhado e avaliado clinicamente até o 5º mês após o procedimento cirúrgico.

DISCUSSÃO

O diagnóstico da fratura mandibular no animal estudado foi realizado através de inspeção, onde foi evidenciadaoclusão dentária deficiente, e de palpação caracterizado por instabilidade e crepitação do ramo horizontal esquerdo e daregião mentoniana direita [2]. Nossos estudos foram os mesmos, onde apenas o exame clínico do paciente foi suficiente paraperceber a má oclusão dentária e a dificuldade na apreensão e mastigação de alimentos.

Uma lesão cutânea lateral ao ramo horizontal esquerdo da mandíbula foi verificada durante a inspeção clínica dopaciente, sugerindo que a fratura pudesse ter tido como causa projétil por arma de fogo. O exame radiográfico foi importantena classificação da fratura em cominutiva e permitiu a visualização de fragmentos radiopacos, que são compatíveis comimagens de fraturas causadas por projéteis de arma de fogo [2]. Após o diagnóstico de fratura mandibular aberta iniciou-sea terapia antimicrobiana com ceftriaxona sódica6 e metronidazol7 devido ao risco de osteomielite nesse tipo de lesão. O idealpara o tratamento desse tipo de ferida seria a realização de uma cultura da lesão e teste de sensibilidade para antibióticos[3,6]. Esses procedimentos não foram realizados no presente relato, contudo, a ausência de complicações permitiu a afirma-ção de que os antimicrobianos utilizados foram apropriados. A opção pela entubação através da traqueostomia se deu pelaespecificidade da espécie estudada e para manter a cavidade oral do paciente livre do traqueotubo, e assim o cirurgiãotivesse total liberdade de manipulação. A traqueostomia na cabra foi realizada fácil e rapidamente, permitindo a passagemdo traqueotubo número 7,5. Essa técnica se mostrou eficaz e uma boa alternativa nessa espécie.

A estabilização da fratura se fez através da redução fechada, sendo o aparelho de fixação esquelética externatipo Ia de resina acrílica montado enquanto se mantinha a perfeita oclusão dentária do paciente. Esse método preserva avascularização dos tecidos moles adjacentes facilitando a cicatrização, e esse aparelho também é vantajoso porque nãoinvade o sítio da fratura, sendo assim não há disseminação da contaminação e de possível infecção [5]. A opção pela hemiman-dibulectomia da região mentoniana direita se deu pela grande destruição óssea desta.

No presente estudo o aparelho de fixação esquelética externa de resina acrílica se mostrou bastante eficaz, poisconferiu a rigidez necessária para a cicatrização óssea, com o animal apresentando retorno imediato às funções [2]. Examesradiográficos foram realizados logo após a cirurgia para a visualização do alinhamento da fratura, e no 60º dia, que demons-trava evolução satisfatória da cicatrização óssea com formação de calo ósseo periosteal em ponte. Com isso, o aparelho defixação esquelética externa foi retirado após dois meses da cirurgia.

CONCLUSÃO

Com base nos achados do caso relatado, concluímos que o aparelho de fixação esquelética externa de resinaacrílica do tipo Ia se mostrou eficaz no tratamento de fratura do ramo horizontal da mandíbula num caprino (Capra hircus).

NOTAS INFORMATIVAS

1Ceftriaxona® – Nova Farma Indústria Farmacêutica Ltda. – Anapoles – Goiás, Brasil.2Metronidazol® - J P Indústria Farmacêutica – Ribeirão Preto – São Paulo, Brasil.3Banamine® - Schering Plough – Cotia – São Paulo, Brasil.4Kensol® - Laboratório Kônig S.A. – Avellameda – Argentina.5Vetanarcol® - Laboratório Kônig S.A. – Avellameda – Argentina.6Isothane® - Baxter Healthcaer – Guayama – Porto Rico.7Solução Fisiológica 0,9%® - Halexistar Indústria Farmacêutica – Goiânia – Goiás, Brasil.8Iodopovidone® – Indústria Farmacêutica Bioquímica Ltda. – São José do Rio Preto, Brasil.

REFERÊNCIAS

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Ortopedia e Tratamento das Fraturas dos Pequenos Animais. 3.ed. Rio de Janeiro: Manole, pp. 64-67.7 Piermattei, D. L.; Flo, G. L. 1999. Fraturas: classificação, diagnóstico e tratamento. In: Piermattei, D. L.; Flo, G. L. Manual

de Ortopedia e Tratamento das Fraturas dos Pequenos Animais. 3.ed. Rio de Janeiro: Manole, 1999. pp. 85-86.

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Acta Scientiae Veterinariae. 35(Supl 4): s1397-s1398, 2007.

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Displasia coxofemoral em raça de pequeno porte – relato de caso

Hip dysplasia in small breed dog – a case report

Camila Paes Bürger 1, João Guilherme Padilha Filho 2, Júlio Carlos Canola 2,Nicole Maria Zanetti 3, Renato Barbosa Silva 1 & Gustavo Garkalns de Souza Oliveira 3

1Aprimorando em Clínica Cirúrgica e Anestesiologia de Pequenos Animais do Hospital Veterinário “Governador Laudo Natel”,UNESP, Jaboticabal-SP. 2Professor Assistente Doutor do Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinária, UNESP, Jaboticabal-SP.

3Pós-graduando(a) do Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinária, UNESP, Jaboticabal-SP.

ABSTRACT

The case is about one dog with hip dysplasia weighting less than 10 Kg. In clinical examination, he showed unilateral hind limblamness, acute pain after exercising, and difficult in jumping or sitting. On physical examination demonstrated pain, specially while abductionand internal rotation of the limb, pelvic muscle atrophy, luxation and creptation, with clinical diagnosis confirmed by radiographic examination.This dog had a treatment management considering the degree of degenerative joint disease. After the treatment, the dog returned to normalactivities.

Key words: coxofemoral joint, hip dysplasia, dog, small breed.

INTRODUÇÃO

Displasia é o termo utilizado para descrever malformação de uma articulação (Dis = mal + Plasia = forma). A maiorincidência ocorre nas articulações coxofemorais. Assim, a displasia coxofemoral (DCF) é definida como uma doençarepresentada pela disparidade entre a massa muscular pélvica e o rápido crescimento do esqueleto, o que altera significa-tivamente a biomecânica dessas articulações. As alterações ósseas ocorrem devido à incapacidade da massa muscular emmanter a congruência entre as superfícies articulares. O grau de envolvimento varia de mínimas alterações até destruiçãototal da articulação [1,4].

Pode desenvolver-se em cães de todas as raças, mas principalmente em grandes e naquelas de crescimentorápido (como Labrador Retriever, São Bernardo, Rotweiller, Pastor Alemão, Bulldog). Raramente é diagnosticada em cãescom menos de 12 Kg, pois apesar de poderem apresentar instabilidade da articulação coxofemoral, eles não desenvolvemas alterações ósseas típicas dos animais mais pesados. A literatura cita a DCF também em gatos, e as raças puras são asmais acometidas, ambos os sexos com a mesma freqüência, comprometendo, normalmente, ambas as articulações [3].

Uma maneira eficiente de verificar a qualidade das articulações coxofemorais de um animal é por exame radiográficoespecífico, avaliado por médico veterinário especialista, que dará um laudo de displasia que poderá variar de “A” (Semnenhum sinal de displasia) até “E” (Displasia grave). Radiograficamente é caracterizada pelo arrasamento do acetábulo,achatamento da cabeça do fêmur, subluxação ou luxação coxofemoral e outras alterações osteoartróticas secundárias [2,5].

RELATO DE CASO

Relata-se o diagnóstico clínico, radiográfico e terapêutico da displasia coxofemoral em um cão de pequeno porteda raça Lhasa apso, com 8 meses, pesando 3,5Kg e fêmea. O histórico do animal relatava claudicação e até inutilização domembro posterior esquerdo, principalmente após exercícios.

Ao exame clínico ortopédico notou-se dor a manipulação da articulação coxofemoral do membro acometido,principalmente nos movimento de extensão ou abdução e rotação interna, crepitação da articulação, demonstrava atrofiamuscular por não utilizar o membro afetado e apresentou luxação da cabeça femoral; animal este que foi atendido no Serviçode Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais do Hospital Veterinário da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP,Jaboticabal.

A radiografia simples, com o animal mantido sob anestesia e em posição ventrodorsal, ilustrou acetábulo raso,luxação da cabeça femoral e osteoartrose (alteração degenerativa secundária).

O animal foi tratado de acordo com o grau de acometimento da articulação. O cão foi inicialmente tratado comcondroprotetor e antiinflamatório não esteroidal e posteriormente passou por procedimento cirúrgico com ressecção dacabeça e colo femorais do membro posterior direito. A técnica utilizada iniciou-se com a tricotomia ampla da região lateral emedial do membro posterior direito, desde a linha da coluna vertebral até a articulação tíbio-társica. O animal ficou emdecúbito lateral e feita assepsia. Feita incisão ligeiramente curva cranial ao trocanter maior, prosseguiu-se através do subcutâ-neo. Limpando a gordura subcutânea expõe-se a facia lata a qual é incisada, tento-se manter toda estrutura muscular aoredor da articulação coxofemoral, apenas sendo incisada algumas fibras musculares para melhor visibilização desta articula-ção. Ao chegar na articulação coxofemoral, incisou-se a cápsula e o ligamento redondo, o qual não estava rompido mesmo

Bürger C.P., Padilha Filho J.G., Canola J.C., Zanetti N.M., Silva R.B. & Oliveira G.G.S. 2007. Displasia coxofemoral em raça depequeno porte – relato de caso. Acta Scientiae Veterinariae. 35: s1397-s1398.

s1398

com a luxação da cabeça femoral. A ressecção da cabeça e colo femoral foi feita utilizando goivas e limatão redondo, poisa utilização da serra gigli não foi possível pois o membro do animal era muito pequeno. Toda musculatura separada foireduzida com pontos simples separados (vicryl 2-0), seguindo pelo subcutâneo com Cushing (vicryl 2-0) e pele com pontossimples separados (nylon 3-0). O tratamento pós-cirúrgico foi feito com antibiótico terapia, analgésicos e fisioterapia. Após ostratamentos preconizados o animal, recebendo acompanhamento clínico e radiográfico apresentou melhora da claudicação.

DISCUSSÃO

Os autores atentam para a baixa incidência desta afecção em animais de pequeno porte com menos de 10 Kg,pois apesar de poderem apresentar instabilidade da articulação coxofemoral não desenvolvem alterações ósseas típicasdos animais mais pesados.

CONCLUSÃO

O presente estudo desperta também a atenção para esta afecção nestes animais de pequeno porte com pesoinferior a 10 Kg, demonstrada na rotina de atendimento do Hospital Veterinário da Faculdade de Ciências Agrárias e veteriná-rias da UNESP de Jaboticabal.

REFERÊNCIAS

1 Alexander J.W. 1992. The pathogenesis of canine hip dysplasia. The Veterinary Clinics of North America. Small Animal Practice. 22(3): 503-511.2 Lust G., Rendano V.T. & Summers B.A. 1985. Canine hip dysplasia: concepts and diagnosis. Journal of the American Veterinary Medical

Association. 187(6): 636-640.3 Payne W.J. 2005. Displasia coxofemoral. Vida de Cão. Fonte: http://www.vidadecao.com.br/cao/index2.asp?menu=ortopedi.htm.4 Riser W.H. & Shirer J.F. 1967. Correlation between canine hip dysplasia and pelvic muscle mass: a study of 95 days. American Journal

Veterinary Research. 28: 769-777.5 Shepherd J. 1986. Canine hipdysplasia: aetiology, pathogenesis and eradication. Australian Veterinary Practitioner. 16(2): 71-78.

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Supl 4

s1399

Acta Scientiae Veterinariae. 35(Supl 4): s1399-s1400, 2007.

ISSN 1678-0345 (Print)ISSN 1679-9216 (Online)

Fratura patelar em um gato – relato de caso

Patellar fracture in a cat – case report

Fabíola Peixoto da Silva Mello 1, Marianne Lamberts 2, Aline Silva Gouvêa 3 & Cássio Eccker 4

1Médica Veterinária do Hospital da PUC – RS, Uruguaina, RS. 2Médica Veterinária do Hospitalde Clínicas Veterinárias da UFRGS. Porto Alegre, RS. 3Residente (R2) do Hospital de ClínicasVeterinárias da UFRGS. Porto Alegre, RS. 4Médico Veterinário Autônomo. Porto Alegre, RS.

ABSTRACT

Patellar fracture is infrequently in cats and result of direct or indirect trauma. Surgical intervention is indicated when the fractureis displaced and when is observed disruption of patellar tendon function. This article is about a female cat, four months with transversalpatellar fracture in proximal one third, which was reduced with tension band wire and used Thomas splint for two weeks. Two months later,the cat didn’t have any alteration at clinical exam and the wire was removed.

Key words: pattelar, fracture, stifle, cat, high-rise, trauma

INTRODUÇÃO

As fraturas de patela são consideradas incomuns em gatos [8,9,11] e compreendem menos de 1% das fraturasobservadas em cães e gatos [5].

Podem ser decorrentes de traumatismo direto [2,7,9,11], devido a um golpe externo na superfície cranial da patela[3] ou indireto, por contração forçada do grupo muscular quadriceptal, que causa forças tênseis excessivas quando aplicadaspelo corpo patelar.

Os sinais clínicos observados incluem claudicação do membro afetado, edema articular e dor [6].

Três tipos de fratura de patela são descritos: transversa (mais comumente observada), longitudinal, e cominutiva[5,10,11]; e seus métodos de reparo variam, dependendo do tipo de fratura, tamanho dos fragmentos e preferência do cirurgião[10,11].

Dessa forma, o presente trabalho visa relatar um caso de fratura de patela em um gato atendido no Hospital deClínicas Veterinárias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que foi tratado cirurgicamente e que após dois mesesnão apresentava mais alterações ao exame clínico.

RELATO DE CASO

Foi atendido no Hospital de Clínicas Veterinárias da UFRGS, um gato, fêmea, de quatro meses, que caiu de umaaltura de 4 metros e foi levada para avaliação clínica por apresentar claudicação do membro posterior esquerdo.

Ao exame clínico apresentava dor à manipulação da articulação fêmuro-tibio-patelar. Foi realizada radiografia,nas incidências craniocaudal e mediolateral onde se constatou fratura de patela transversa no terço proximal.

O referido animal foi encaminhado para cirurgia visando estabilizar a fratura patelar. Uma incisão parapatelar lateralfoi utilizada na pele. Realizou-se divulsão do subcutâneo, e abertura da cápsula articular, com exposição da fratura, a qual foireduzida com um fio de aço em banda de tensão. Atravessou-se um fio de aço monofilamentoso 1 transversalmente nosfragmentos de fratura, conferindo assim estabilidade articular. O fechamento da cápsula articular e posteriormente da peleforam realizadas com mononailon1 3-0 e pontos interrompidos simples.

No pós-operatório foi indicada a colocação de muleta de Thomas por duas semanas e recomendado cetoprofeno2

1mg/kg durante 4 dias. Dois meses depois o animal foi reavaliado, não apresentando mais alteração ao exame clínico,porém a radiografia demonstrava que a fratura estava consolidada e o fio em banda de tensão havia se rompido. Nestemomento foi realizado novo procedimento cirúrgico para retirada do mesmo.

O animal não apresentou mais alteração após o último procedimento cirúrgico.

DISCUSSÃO E CONCLUSÃO

O histórico de queda do presente caso corrobora para um provável traumatismo indireto. Porém, apesar de menosprovável, não podemos descartar que dependendo da forma de impacto do animal, o joelho pode ter sido atingido direta-mente.

Mello F.P.S., Lamberts M., Gouvêa A.S. & Eccker C. 2007. Fratura patelar em um gato – relato de caso.Acta Scientiae Veterinariae. 35: s1399-s1400.

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Supl 4

Embora tenhamos observado apenas dor à manipulação e claudicação, as fraturas de patela são clinicamentecaracterizadas por graus variados de claudicação, edema, e efusão da articulação [7]. Vale lembrar que a identificação dosfragmentos ao exame clínico pode ser difícil à palpação devido ao edema, particularmente em casos agudos [5], tornandoimportante a realização de radiografias para chegar ao diagnóstico.

O paciente deve também ser cuidadosamente avaliado para outras lesões concomitantes. Podem ocorrer lesõesem tecidos moles relacionados ao trauma e outras fraturas ósseas, incluindo a fratura da patela contra-lateral [5].

O reparo deste tipo de fratura consiste na redução dos fragmentos, no restabelecimento de uma superfície articularuniforme e na preservação do mecanismo extensor. E como a patela se encontra sob uma grande força tênsil proveniente dopuxão dos músculos do quadríceps, os fragmentos da fratura freqüentemente tracionam contrariamente, dessa forma afixação interna é o tratamento de escolha para restaurar a estrutura e a função anatômicas normais [1].

Relatos clínicos de fraturas de patela deslocados não tratados ou manejados de forma conservativa relatampresença de claudicação persistente e doença articular degenerativa como seqüela [10].

No caso de método de fixação interna, o dispositivo em banda de tensão, conforme utilizamos, é mais recomendadopara o reparo de fraturas transversas e cominutivas, pois consegue cancelar as forças de distração criadas pelo músculoquadríceps.

Apesar do tamanho do animal e dos segmentos de fratura serem pequenos, a configuração da fratura de formatransversa e pouco deslocada aumentou as chances de sucesso e facilitou a correção da fratura.

Optamos por utilizar a muleta de Thomas por duas semanas visando fornecer maior estabilidade à fratura. Reco-mendam apenas limitação de atividade com caminhadas controladas; e a bandagem Robert Jones por 24 a 48 horas antesda atividade controlada [3,6]; ou a utilização de atadura acolchoada e macia, permitindo a sustentação de um peso limitadopor 2 a 3 semanas [1].

Indica-se a obtenção de radiografias 6 a 8 semanas de pós-operatório para avaliar a cicatrização da fratura eestabilidade do implante, uma vez que independente do método de fixação, quase todos os pacientes retornam a funçãonormal em 1 a 2 meses [10]. Realizamos reavaliação em 8 semanas, na qual o animal apresentou retorno da função normaldo joelho e sem alteração ao exame clínico.

Não observamos quaisquer complicações pós-cirúrgicas, as quais de forma geral incluem a formação de seromae doença articular degenerativa [5].

Conforme pudemos observar, a fratura de patela é incomum em gatos. A redução cirúrgica dos fragmentos defratura é o tratamento preconizado, geralmente com utilização de fio em banda de tensão, sendo o prognóstico consideradobom se a adequada redução é alcançada.

NOTAS INFORMATIVAS

1Mononailon, Technofio, Goiânia, Goiás.2Cetoprofeno, União Química Farmacêutica Nacional, São Paulo, Brasil.

REFERÊNCIAS

1 Arnoczky, S. T.; Tarvin, G. B. Reparo cirúrgico das luxações e fraturas patelares. In: Bojrab, M. J. Técnicas atuais em cirurgia de pequenosanimais. 3.ed. São Paulo: Roca, pp. 670-677.

2 Dyson, S.; Wright, I.; Kold, S.; Vatistas, N. 1992. Clinical and radiographic features, treatment and outcome in 15 horses with fracture of themedial aspect of patella. Equine Veterinary Journal. 24: 264-268.

3 Johnson, A. L.; Hulse, D. A. 2005. Tratamento das fraturas específicas. In: Fossum, T. W. Cirurgia de pequenos animais. 2.ed. São Paulo:Roca, pp. 900-1016.

4 Latimer, F. G.; Kaneps, A. J.; Trotter, G. W. 2001. Stifle disease in horses: fractures and osseous injuries. 23: 1004.5 Maclaughlin, R. M. 1993. Intra-articular stifle fractures and arthrodesis. Veterinary Clinics os Small Animal Practice. 23: 877-895.6 Maclaughlin, R. M. 2002. Surgical diseases of the feline stifle joint. Veterinary Clinics of Small Animal Practice. 32: 963-982.7 Pankowski, R. L.; White, K. K. 1985. Fractures of patella in horses. The Compendium on Continuing Education. 7: 566.8 Piermattei, D. L.; Flo, G. L. 1999. A articulação fêmuro-tíbio-patelar (joelho). In: Piermattei, D. L.; FLO, G. L. Manual de ortopedia e tratamento

das fraturas dos pequenos animais. 3.ed., São Paulo: Manole, pp. 480- 538.9 Umphlet, R. C. 1993. Feline stifle disease. Veterinary Clinics of Small Animal Practice, 23: 897-913.10 Vasseur, P.B. 1998. Articulação do joelho In: Slatter, D. Manual de Cirurgia de Pequenos Animais. 2.ed. Manole: São Paulo, pp.2197-2198.11 Wright, R. P. 1983. Surgical repair of a comminuted pattelar fracture in a dog. Veterinary Medicine of Small Animal Clinician, 511-517.

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Serra oscilatória para gesso: modificaçãoda lâmina de corte para osteotomia em cães

Oscillatory plaster saw: blade modification for osteotomy in dogs

Luiz Antônio Franco da Silva 1, Afonso Henrique Miranda 1, Marco Augusto Machado Silva 2,Ingrid Rios Lima 2, Lorena Karine Soares 3, Déborah Francinni Félix da Silva 3, Valessa Teixeira Barbosa 3,

Carolina Rocha de Oliveira Lima 4 , Leandro Guimarães Franco 2 & Paula Marina Brito Jorge 5

1Professores do Departamento de Medicina Veterinária – EV/UFG. 2Médicos Veterinários, Alunos doPrograma de Pós-Graduação em Ciência Animal – EV/UFG. 3Acadêmicas de Medicina Veterinária, EV/UFG,

bolsistas de IC, PRPPG/UFG. 4Acadêmica de Medicina Veterinária, CCA/CAJ/UFG, bolsista de IC, PRPPG/UFG.5Médica Veterinária, Residente de Clínica e Cirurgia de pequenos animais, HV/EV/UFG.

[email protected]

ABSTRACT

This study aimed to evaluate the efficacy of the oscillatory plaster saw with modified blade for osteotomy in dogs. 12 dogs, dividedin three groups of four animals (GI, GII and GIII) were used. On the GI, the osteotomy was proceeded with de Gigle saw, on the GII, withosteotome and hammer and on the GIII, with modified oscillatory saw. Among the three methods, the oscillatory saw showed fewer softtissue lesions and did not result in irregular incision surface nor bone fragments after femoral osteotomy in dogs.

Key words: oscillatory saw, modified blade, osteotomy.

INTRODUÇÃO

A osteotomia é a secção cirúrgica do osso empregada em cães principalmente para a correção de fraturas tortuosasconsolidadas, deformidades ósseas neonatais e para colocefalectomia femoral em animais portadores de displasia coxo-femoral. A lesão dos tecidos adjacentes é a maior complicação desse procedimento, podendo resultar em edema, acúmulode seroma, deiscência dos pontos e conseqüente osteomielite [1,3].

Várias são as técnicas e instrumentais empregados para realização de osteotomia. Indica-se o uso de osteótomoe martelo, especialmente na colocefalectomia [1]. A serra de Gigle também pode ser utilizada na osteotomia transversalfemoral [3]. A serra oscilatória para remoção de gesso foi empregada para a osteotomia femoral em pacientes humanos, semcausar lesão a tecidos moles [4]. Contudo, os autores não compararam este método com a osteotomia convencional com aserra de Gigle ou osteótomo.

Este trabalho teve como objetivo avaliar a eficácia da serra oscilatória para gesso com lâmina de corte modificadana osteotomia experimental em cães.

MATERIAL E MÉTODOS

Utilizou-se 12 cães, machos, S.R.D., entre 10 e 15 kg, alocados em três grupos (GI, GII e GIII) de quatro animais.Os caninos foram submetidos a jejum hídrico e alimentar pré-cirúrgico de 8 horas.

Após tricotomia do membro pélvico direito, medicação anestésica com cloridrato de clorpromazina (1 mg/kg)indução anestésica com propofol (5 mg/kg) e manutenção anestésica com halotano entre 1,5 e 2%, os caninos do GI foramsubmetidos à secção oblíqua da porção média da diáfise do fêmur direito com o auxílio de serra de Gigle, no GII, praticou-seosteotomia no mesmo local com osteótomo e martelo e no GIII, empregou-se a serra oscilatória para gesso com lâmina decorte modificada. A modificação constituiu do ajuste da superfície de corte, que passou de circular para trapezóide, reduzindo-se significativamente a superfície de contato da lâmina.

A avaliação da eficácia dos materiais para osteotomia fundamentou-se na presença de esquírolas ósseas,regularidade das superfícies distais das porções fraturadas e no grau de lesão aos tecidos moles: 0 (ausente), 1 (leve, comdiscreta hemorragia), 2 (moderado, hemorragia moderada e pequena formação de hematoma) e 3 (severo, com vastaformação de hematoma). Os dados foram avaliados descritivamente [2].

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dos cães do GI, três (75%) apresentaram lesão leve de tecidos moles e um (25%) moderada (grau 2), manifes-tada principalmente por hemorragia. Não houve irregularidade da superfície de corte e formação de esquírola óssea emnenhum animal.

Acta Scientiae Veterinariae. 35(Supl 4): s1401-s1402, 2007.

ISSN 1678-0345 (Print)ISSN 1679-9216 (Online)

Silva L.A.F., Miranda A.H., Silva M.A.M., Lima I.R., Soares L.K., Silva D.F.F., Barbosa V.T., Lima C.R.O. , Franco L.G. & JorgeP.M.B. 2007. Serra oscilatória para gesso: modificação da lâmina de corte... Acta Scientiae Veterinariae. 35: s1401-s1402.

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Supl 4

Dos caninos do GII, houve lesão leve (grau 1) em dois (50%), moderada (grau 2) em dois (50%), formação deesquírolas em três (75%) dos quatro e superfície irregular em todos (100%). O emprego de osteótomo e partelo podem gerarlesões extensas aos tecidos moles além de freqüentemente gerar esquírolas ósseas [1].

Três (75%) animais do GIII não manifestaram lesão de tecidos moles, um (25%) apresentou lesão leve (grau 1) enenhum apresentou superfície irregular de corte e formação de esquírolas ósseas.

Thomas et al. [3] empregaram serra oscilatória modificada com lâmina retangular de face única para a osteotomiade fêmur em humanos e não tiveram lesão de tecidos moles em nenhum dos 49 pacientes, justificando as alteraçõesrealizadas na serra oscilatória para gesso, para emprego em osteotomia adotadas no presente estudo.

CONCLUSÃO

Concluiu-se que a serra oscilatória para gesso modificada facilitou a osteotomia femoral em cães, causandomenor lesão tecidual, melhor superfície de corte e ausência de esquírolas ósseas, quando comparada ao osteótomo e àserra de Gigle.

REFERÊNCIAS

1 Piermattei D.L. & Flo G.L. 1999. Manual de ortopedia e tratamento das fraturas dos pequenos animais. São Paulo: Manole. 694p.2 Sampaio I.B.M. 1998. Estatística aplicada à experimentação animal. Belo Horizonte: FEPMVZ. 221p.3 Slatter D. 1998. Manual de cirurgia de pequenos animais. São Paulo: Manole. 1368p.4 Thomas W., Thomas S. & Lucente L. 2002. Fashioning of a anterolateral femoral bony lid for revision hip arthroplasty. Orthopedics and trau-

matology, 3:210-219.

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Acta Scientiae Veterinariae. 35(Supl 4): s1403-s1404, 2007.

ISSN 1678-0345 (Print)ISSN 1679-9216 (Online)

Calcificação do tendão do músculosupra-espinhal em cão – relato de caso

Calcification of the supraespinatus tendon in dog: case report

Leandro Haczkiewicz Gaiga 1, Juliana Voll 2, Marcio Polleto 3, Carine Saldanha Danesi 4,Marise Lima da Rosa Fernandes 5 & Ana Cristina Pacheco de Araújo 6

1Médico Veterinário Autônomo, Mestre em Cirurgia, UFSM. 2Médico Veterinário Autônomo Clínica Veterinária VetPoa. 3MestrandoPPGCV-FAVET/UFRGS. 4Médico Veterinário Autônomo. 5Aluno Graduação FAVET/UFRGS. 6Doutorando PPG CV-FAVET/UFRGS.

[email protected]

ABSTRACT

Calcification of the supraespinatus tendon is a degenerative condition causing forelimb lameness in dog. Clinical features arecommom and the diagnosis is depending of the radiographic examination of the greater tubercle of the humerus in cranioproximal-craniodistalview. Treatment is medical or surgical with evacuate of teh calcified material. The purpose of this work is to relate a case of calcification ofthe supraespinatus tendon in a four-years-old boxer. The diagnosis and treatment are effective.

Key words: surgery, calcification, supraespinatus.

INTRODUÇÃO

O músculo supra-espinhal faz a extensão da articulação do ombro e está inserido no tubérculo maior do úmero,medial ao tendão do músculo bíceps braquial e coberto pelo músculo braquiocefálico [4].

A calcificação do tendão do músculo supra-espinhal em cão é doença pouco freqüente, de etiologia desconhecidae esta associada ao uso excessivo do membro e trauma repetitivo [2,6].

A doença afeta normalmente animais de 2 a 4 anos de idade de tamanho médio a grande e muitas vezes ébilateral, podendo ser ainda assintomático. O histórico apresentado é de claudicação crônica, quase sempre unilateralque piora durante o exercício. Ao exame físico o paciente geralmente não apresenta dor a palpação, flexão e extensão domembro [6,8].

Os fragmentos calcificados podem ser observadas ao exame radiográfico na incidência médio-lateral da articula-ção do ombro, porém, a localização precisa dos fragmentos é feita pela incidência cranioproximal-craniodistal do tubérculomaior do úmero, que elimina a sobreposição de tecidos e diferencia da calcificação do tendão do músculo bíceps [2].

Desde que a presença das calcificações pode ser assintomática e não há achado característico no exame físico,o diagnóstico de dor pela calcificação é presuntivo. Outras doenças como a tendinite bicipital [10] e lesões crônicas congê-nitas ou traumáticas da articulação devem ser diferenciadas [9,11].

O tratamento é controverso. Alguns autores obtiveram bons resultados com repouso, antiinflamatórios e fisioterapia[1,5]. O tratamento cirúrgico é indicado se o tratamento conservador não é efetivo ou nos casos em que a mineralização estaperto do tendão do bíceps, podendo causar tenosinovite [2,3]. Os resultados com a cirurgia são bons e o tempo de uso domembro é em torno de 2 a 4 semanas após a cirurgia [2,5]. Devido a escassez de relatos o presente trabalho tem por objetivorelatar o diagnóstico e tratamento de um caso de calcificação do tendão do músculo supra-espinhal em um cão.

RELATO DE CASO

Foi atendido um cão, macho, da raça boxer, 4 anos de idade, pesando 30 kg com história de claudicação leve eintermitente do membro anterior esquerdo a cerca de 4 meses.

Durante este período foi tratado diversas vezes com antiinflamatórios esteróides e não esteróides associados arepouso, não evoluindo positivamente Ao exame clínico não demonstrava sentir dor a palpação nem a flexão ou extensãoda articulação do ombro e do cotovelo.

Foi realizado exame radiográfico do ombro e cotovelo em incidências Antero-posterior e médio-lateral que nãodemonstraram a presença alterações. Foi realizado novo exame radiográfico da articulação do ombro em incidência cranioproximal-craniodistal [2]. Com o paciente em decúbito esternal, o chassi radiográfico foi posicionado sobre o antebraço flexionado etracionado em sentido caudal, eliminando a sobreposição de tecidos sobre o tuberculo maior do úmero Esta incidência demons-trou a presença de material calcificado cranial e medial ao tubérculo maior.

O diagnostico foi dado de calcificação do tendão do músculo supra-espinhoso sendo indicado procedimentocirúrgico para remoção dos fragmentos calcificados.

A medição pré-anestésica utilizada foi cloridrato de acepromazina (0,1 mg/kg) associado a cloridrato de meperidina(2mg/Kg) por via intramuscular. A indução anestésica foi realizada com propofol (6mg/kg) via intravenosa e a manutenção

Gaiga L.H., Voll J., Polleto M., Danesi C.S., Fernandes M.L.R. & Araújo A.C.P. 2007. Calcificação do tendão do músculo supra-espinhal em cão – relato de caso. Acta Scientiae Veterinariae. 35: s1405-s1406.

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anestésica foi feita com isoflurano a efeito. Como profilaxia antimicrobiana foi utilizado enrofloxacina na dose de 5mg/kg porvia intramuscular.

Com o paciente em plano anestésico para cirurgia em decúbito dorsal e após tricotomia e antissepsia da regiãofoi feita incisão de pele com cerca de 10cm sobre a porção cranial da articulação do ombro. Posteriormente foi feita a divulsãodo tecido subcutâneo ate visualização do músculo braquiocefálico, tendo este suas fibras separadas longitudinalmente eretraídas para exposição do tendão do músculo supra-espinhoso. Foram feitas incisões no tendão em sentido longitudinalaté localização vários fragmentos calcificados com cerca de 2 a 3mm de diâmetro de coloração branca-amarelada, sendoentão estes removidos. A rafia do tendão do supra-espinhoso, do músculo braquiocefálico e do tecido subcutâneo foi feitacom fio de poliglactina 910 numero 3-0 em padrão de sutura contínua simples. A ráfia da pele foi feita com fio de mononáilonnumero 3-0 em pontos isolados simples. Foi feita nova radiografia para confirmar a remoção dos fragmentos.

O pós operatório consistiu de terapia analgésica utilizando cloridrato de tramadol (2 mg/Kg) por via intramusculara cada 8 horas por 2 dias seguidos, terapia antinflamatória com cetoprofeno (2mg/kg) por via oral s.i.d. durante 3 diasseguidos e antibioticoterapia com enrofloxacina (5mg/Kg) por via oral b.i.d. durante sete dias. O paciente foi mantido aindacom tipóia de Velpeau por dez dias, quando a mesma foi removida junto com os pontos de pele. Foi recomendado ainda aoproprietário manter o paciente em espaço restrito por mais trinta dias.

DISCUSSÃO

A radiografia em incidência CP-CD do tubérculo maior foi decisiva para o diagnóstico definitivo da doença, já queas outras incidências não evidenciaram os fragmentos calcificados e o histórico e sinais clínicos eram inespecíficos [2,6,8].

O exame radiográfico foi importante ainda na diferenciação de calcificações no tendão do músculo bíceps [10],pois evita a sobreposição do mesmo com o tendão do músculo supra-espinhal.

No presente caso, o tratamento com antiinflamatórios e repouso não foi efetivo, como já haviam observado algunsautores em seus pacientes [2,3].

O procedimento cirúrgico foi efetivo para remoção dos fragmentos, como se pode observar na radiografia pós-operatória. No pós-operatório o paciente não apresentou no local da cirurgia a presença de acúmulo de liquido ou secreção,somente edema que desapareceu por volta do quinto dia.

A tipóia se manteve pelo tempo proposto e evitou o apoio do membro. O paciente demonstrou conforto e adaptabi-lidade à mesma.

Devido ao reduzido tamanho dos fragmentos calcificados, a localização dos mesmos foi dificultosa, mesmo utili-zando a radiografia como parâmetro [2,6]. Este fator prolongou o tempo cirúrgico e provocou maior traumatismo no tecido.Opaciente apresentou ainda claudicação leve durante duas semanas após a remoção da tipóia, tempo parecido com orelatado por alguns autores [2,5] sendo que, após esse período não claudicou mais até a ultima reavaliação feita cerca de umano após a cirurgia.

CONCLUSÃO

O método diagnóstico e o tratamento utilizado foram efetivos no presente caso.

REFERÊNCIAS

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Acta Scientiae Veterinariae. 35(Supl 4): s1405-s1406, 2007.

ISSN 1678-0345 (Print)ISSN 1679-9216 (Online)

Utilização de fixador externo circular miniaturana correção de fratura de metacarpianos

de Mazama gouazoubira , Fisher 1814. Relato de caso.

Use of miniature circular external fixator in the metacarpalfracture estabilization of Mazama gouazoubira, Fisher 1814. Report case.

Everton Regonato 1, Alfredo Maia Filho 2, Ciro Cruvinel 3 & Antônio Fernando dos Santos 4

1Docente do Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP. 2Docente do Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP. 3Discentedo Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP. 4Docente da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto - FAMERP.

[email protected]

ABSTRACT

The fractures are common in the wild animals, the deer are very affected and extremely sensible to estresse, occurringconstant traumatic acident. The forest fires also contribute, taking the migration of these animals, being able to be run over in highways. Theuse of methods of the fractures estabilization in ruminants is a challenge for the veterinarian, mainly in small wild ruminants, making it difficultthe postoperative cares. The goal of this work was to describe the treatment of metacarpal fracture in Mazama gouazoubira through circularexternal fixator for the Ilizarov method.

Key words: Fracture, external fixator, deer, Mazama.

INTRODUÇÃO

O veado cantigueiro (Mazama gouazoubira) tem sua distribuição no sul do Brasil, desde o Estado de São Paulo ePantanal, Paraguai, Uruguai e norte da Argentina até Tucumán, Santiago del Estero e Entre Rios. É um ruminante de pequenoporte, medindo de 91 a 103,4cm de comprimento; de 35 a 65cm de altura de cernelha e 13 a 20,5kg quando adulto [8].

O sucesso da cirurgia ortopédica em ruminantes está diretamente relacionada com o conhecimento do cirurgiãoe o conhecimento das propriedades mecânicas e fisiologia do osso [12]. O tratamento destas fraturas é desafiador e a eutanásiageralmente é recomendada [11]. A decisão para realização de procedimentos ortopédicos em ruminantes é determinada pormuitos fatores entre os quais a idade, tamanho e valor do paciente, a natureza da injúria, o prognóstico do efetivo tratamentoe a cicatrização satisfatória, as intenções do cliente [4]. Os cervos apresentam condições ortopédicas semelhantes aosbezerros, mas as condições de manejo demandam atenção especial no tratamento veterinário. O corpo relativamente pequenodestes animais os coloca como bons candidatos ao tratamento ortopédico, contrariamente aos grandes ruminantes [6]. Apósa cirurgia, deve ser feitos monitoramento cuidadoso do processo de cicatrização com exames clínicos e radiográficosregulares, ficando atento ao aparecimento de osteomielite e não-união [9].

Os fixadores externos empregados para a correção de fraturas necessitam de inserção transcutânea de dois aquatro pinos ou fios em cada um dos fragmemtos proximais e distais, que são conectados por uma ou mais barras ou hastesexternas [3]. Estes componentes podem assumir diferentes configurações e propriedades biomecânicas. Os fixadores circularesforam desenvolvidos por Ilizarov na década de 1940, utilizando principalmente fios ou invés de pinos [3,7]. Fixador externotipo Ilizarov miniatura foi empregado em cães de raças pequenas com complicações de fraturas de rádio e ulna [10].

As técnicas de fixação esquelética externa (FEE) estão sendo adaptadas para o tratamento de fraturas em grandesanimais [1]. Em trabalho utilizando este método em equino os autores obtiveram bom resultado [2].

Este relato teve por objetivo demonstrar o tratamento ortopédico através do método de Ilizarov aplicado ao animalda espécie Mazama gouazoubira e seus resultados.

RELATO DO CASO

Foi atendido no Hospital Veterinário “Dr. Halim Atique”, UNIRP, Unidade II, animal silvestre da espécie Mazamagouazoubira, de aproximadamente 35 dias de idade, peso de 1,25kg, trazido pela Polícia Ambiental apresentando fratura deIII e IV metacarpianos esquerdos com exposição óssea e laceração de membro pélvico esquerdo com perda de considerávelporção da tíbia e pele, comprometimento vascular e neurogênico. Após estabilização do animal e exames complementares,optou-se por osteossíntese do membro torácico e amputação do pélvico.

Após a tricotomia e anti-sepsia prévia, o animal foi posicionado em decúbito lateral direito e acomodado sobrecolchão térmico. Utilizou-se acesso crânio-lateral para melhor exposição da fratura seguido da lavagem com solução deNaCl 0,9% e ressecção das extremidades para evitar infecção óssea e melhor coaptação dos fragmentos. Fixador esqueléticoexterno circular de Ilizarov miniatura formado por anéis de alumínio, hastes e porcas de aço, fios de Kirschner de 0,8mm foi

Regonato E., Maia Filho A., Cruvinel C. & Santos A.F. 2007. Utilização de fixador externo circular miniatura na correção defratura de metacarpianos de Mazama gouazoubira , Fisher 1814... Acta Scientiae Veterinariae. 35: s1407-s1408.

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usado para estabilização. Foi adotada a configuração de um anel proximal e outro distal acoplado a quatro hastes longitu-dinais e fixados a dois fios proximais e dois distais. Ato contínuo foi empregado enxerto de osso esponjoso no foco de fraturaproveniente da porção proximal e distal do fêmur amputado. A sutura do subcutâneo e pele feitos como de rotina. No membropélvico procedeu-se a amputação alta com a desarticulação coxofemoral de acordo com a literatura. A avaliação pós-operatória foi obtida através de exame radiográfico imediato, 15, 30, 45 e 60 dias e avaliação clínica e ortopédica seriados.Os cuidados pós-operatórios constaram de antibioticoterapia, analgesia e confinamento em local restrito até a retirada doFEE. O fixador externo foi retirado após 60 dias.

DISCUSSÃO

Os animais silvestres, principalmente da família Cervidae, são extremamente sensíveis ao estresse [5] dificultandoo tratamento, mas quando filhotes podem facilitar o manejo no período pós-operatório, como observado neste trabalho.

Nos primeiros dias pós-operatórios ocorreu a formação de edema local em virtude da manipulação, mas nãohouve a deiscência de pontos e drenagem de secreção. Os curativos foram realizados em dias alternados na tentativa deminimizar o estresse ao animal.

A utilização de enxerto esponjoso mostrou ser boa opção no tratamento de fraturas abertas e contaminadas,acelerando a formação do calo ósseo. O uso de FEE miniatura e leve, neste caso foi importante, por se tratar de animalextremamente pequeno e jovem, semelhante ao utilizado em trabalho anteriormente realizado em cães [10].

A realização de exames radiográficos seriados foi essencial para o acompanhamento da formação do calo ósseoe observação de possível surgimento de osteomielite, conforme anteriormente citado por [9].

A restrição de espaço também assume papel importante na recuperação do animal; o confinamento em caixa detransporte, local restrito e livre de estresse colaborou na recuperação do animal. A correção cirúrgica da fratura no membrotorácico nesse caso mostrou-se válida, pois houve boa consolidação óssea, evitando a eutanásia como relatado por [12].

CONCLUSÃO

Os animais com fraturas passíveis de colocação de fixador esquelético externo circulares tipo Ilizarov podem sertratados por este método. A utilização deste tipo de fixação em animal silvestre como Mazama gouazoubira, principalmenteem idade jovem, promoveu excelente adaptação e boa consolidação óssea.

A restrição de espaço no período pós-operatório é fator importante para obter regeneração óssea e evitar auto-traumatismos.

REFERÊNCIAS

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Acta Scientiae Veterinariae. 35(Supl 4): s1407-s1408, 2007.

ISSN 1678-0345 (Print)ISSN 1679-9216 (Online)

Avaliação radiográfica da cobertura acetabularà cabeça femoral, após osteotomia tripla e aplicaçãode cunha sacroilíaca, em pelve de cadáveres de cães

Radiographic evaluation of acetabular covering to the head femoral, after triplepelvic osteotomy and application of sacroiliac wedge, in the pelve of canine cadaver

Everton Regonato 1, Júlio Carlos Canola 2 & João Guilherme Padilha Filho 2

1Aluno do programa de pós-graduação em Cirurgia Veterinária da faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP.Campus Jaboticabal. 2Docente da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP. Campus Jaboticabal.

[email protected].

ABSTRACT

The hip dysplasia (HD) is the main articular illness in immature animals. It has a high prevalence between dogs of several breeds,mainly in giants, as well as in human beings. Many surgical techniques are used for the HD treatment, the triple pelvic osteotomy (TPO) isadvantageous in promoting increase of the acetabular ventroversion, increasing the dorsal covering of the femoral head and improving thecongruence joint. In the attempt to avoid some difficulties associates to the TPO, another method was developed experimentally to increasethe acetabular ventroversion.The goal of this study was to apply the techniques of sacroiliac wedge and TPO in corpses and perform aradiographic evaluation of the effectiveness acetabular ventroversion.

Key words: surgery, hip dysplasia, dogs.

INTRODUÇÃO

A displasia coxofemoral (DCF), enfermidade que apresenta alta prevalência entre as afecções ortopédicas,acomete diferentes raças de cães, particularmente as de grande porte [3,7], e seres humanos [12]. A primeira descrição dedisplasia coxofemoral em seres humanos foi realizada por Hipócrates há mais de 2000 anos e o primeiro relato destadoença em cães foi realizado por Schnelle em 1937 [12].

As mudanças estruturais comuns na displasia coxofemoral incluem arrasamento do acetábulo, subluxaçãoarticular, erosão da cartilagem articular e remodelamento do acetábulo e do colo femoral [5]. A osteoartrite, caracterizada porsinovite e lesões degenerativas na superfície da cartilagem articular é a alteração precoce em cães imaturos predispostosa DCF; com o progresso da doença articular degenerativa (DAD), ocorre fibrose capsular, degeneração da cartilagem,deformação e remodelamento ósseos [4]. Dessa forma, os sinais clínicos em cães jovens são atribuídos a distensão dacápsula articular devido ao excessivo fluido articular, sinovite, rompimento ou estiramento do ligamento redondo e cápsulaarticular, além de microfraturas da face cranial do acetábulo; em cães adultos (acima de um ano de idade), os sintomas sãotipicamente devido a doença articular degenerativa [10].

Para o diagnóstico preciso da DCF deve-se associar o histórico, aos sinais clínicos e radiográficos, sendo preferívelantes da ocorrência das alterações degenerativas. É importante a realização do exame clínico no animal em posiçãoquadrupedal, ao caminhar e ao trote. A frouxidão articular pode ser observada por meio dos testes de Ortolani e Bardens. Ossinais radiográficos podem não estar diretamente correlacionados com a severidade dos sintomas clínicos [10]. Dentre ostratamentos cirúrgicos, a osteotomia pélvica tripla (OPT) é utilizada com grande sucesso, promovendo a ventroversãoacetabular, melhorando assim a estabilidade articular [2,9]. Foi proposto por [1], em estudo realizado em pelves de cadáveres,o uso de cunha sacroilíaca, produzindo efeito semelhante a osteotomia pélvica tripla. O objetivo deste estudo foi aplicar astécnicas de CSI e OPT em cadáveres e avaliar radiograficamente a eficácia da ventroversão acetabular.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizados 10 cadáveres de cães, adultos, de tamanho médio a grande (peso corporal entre 15 a 25 Kg),isentos de DCF aos exames da mensuração pelo ângulo de Norberg e porcentagem de cobertura acetabular. Eram prove-nientes do Hospital Veterinário “Governador Laudo Natel” – UNESP – Câmpus de Jaboticabal, oriundos de óbito. No acetábulodireito foi aplicada a técnica de OPT com placas de poliuretana de mamona (Ricinus communis) de 20° e em seguida, de 40°graus. Para se obter a ventroversão acetabular contralateral foram utilizadas cunhas de poliuretana de mamona (Ricinuscommunis) com ângulos de 20° e 40° nas junções sacroilíacas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No presente estudo foram utilizados cadáveres de cães não displásicos com objetivo de comparar o efeito dasduas técnicas propostas na produção da ventroversão do acetábulo. Para tal, as avaliações aplicadas foram mensuração do

Regonato E., Canola J.C. & Padilha Filho J.G. 2007. Avaliação radiográfica da cobertura acetabular à cabeça femoral, apósosteotomia tripla e aplicação de cunha sacroilíaca... Acta Scientiae Veterinariae. 35: s1409-s1410.

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ângulo de Norberg (AN) e a porcentagem de cobertura acetabular (PCA). Após a aplicação dos implantes, os mesmos métodosforam adotados para avaliar a ventroversão acetabular, fornecendo dados que apresentavam forte correlação entre osmétodos.

O uso de dois parafusos longos para a estabilização da osteotomia do ílio na OPT, penetrando profundamente nosacro e não adentrando a canal medular, minimiza o afrouxamento dos mesmos [8]. A colocação erroneamente ventral aosacro pode resultar em lesão do nervo isquiático [11]. Em virtude destas observações, foram utilizados dois parafusos de50mm de comprimento e 4,2mm de espessura para estabilização da cunha na junção sacroilíaca, produzindo boa estabili-dade na avaliação pós-operatória.

Os acessos cirúrgicos e a técnica de aplicação da cunha sacroilíaca mostraram-se de pequena complexidade,em comparação à OPT. Foram empregados três acessos cirúrgicos para a aplicação da cunha na junção sacroilíaca, comacesso ao púbis e ísquio semelhantes a OPT e descritos por [6] e outro acesso a junção sacroilíaca com o animal posicionadoem decúbito lateral direito inclinado entre 30° a 45° utilizando para tal um suporte previamente projetado, diferentemente de[1] sugerindo que o animal fosse posicionado em decúbito esternal. O afastamento do músculo glúteo médio foi importantepara a aplicação dos parafusos na estabilização da cunha. O ato cirúrgico foi mais dinâmico comparado a osteotomia pélvicatripla realizada na hemipelve contralateral.

CONCLUSÃO

A técnica cirúrgica empregada para aplicação da cunha sacroilíaca é simples, permite boa visibilidade das estru-turas anatômicas, não apresenta dificuldades para sua realização e o ato é mais dinâmico comparado a OPT. Houve aumentosignificativo da ventroversão com ambas as técnicas avaliadas e foi proporcional a angulação dos implantes utilizados.

REFERÊNCIAS

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Acta Scientiae Veterinariae. 35(Supl 4): s1409-s1410, 2007.

ISSN 1678-0345 (Print)ISSN 1679-9216 (Online)

Avaliação do termômetro auricular em gatos normotérmicos

Evaluation of the auricular thermometer in normothermic cats

Monally Aquino 1, Valdo Pereira Alencar-Júnior 1, Roberta Carareto 2 & Marlos Gonçalves Sousa 2

1Aluno do curso de graduação em Medicina Veterinária, Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia (EMVZ), UniversidadeFederal do Tocantins (UFT), Campus de Araguaína – TO. 2Professor Adjunto, EMVZ, UFT, Campus de Araguaína – TO.

ABSTRACT

Auricular temperature was compared to rectal temperatures obtained by use of several clinical thermometers in healthynormothermic cats. A partial correlation existed between auricular temperature and rectal temperatures. No correlation was demonstratedbetween the measurements of auricular temperatures done by two observers. Results showed that the auricular temperature might not bean unfailing indicator of rectal temperature in cats.

Key words: thermometry, temperature, fever, hypothermia.

INTRODUÇÃO

A aferição da temperatura corpórea é sabidamente parte indispensável do bom exame físico. Embora simples ede fácil realização, este procedimento permite identificar as variações normais e anormais da temperatura central, cujaprincipal alteração relaciona-se à febre, uma manifestação clínica comum em muitos processos infecciosos que acometemos animais [1,3,6,9].

Para se aferir a temperatura corpórea são utilizados termômetros clínicos, sendo o padrão atual baseado notermômetro de coluna de mercúrio. Além deste, destaca-se, ainda, o termômetro digital, bastante difundido na prática veteri-nária [8]. Na pediatria, tem se propagado recentemente o uso dos termômetros auriculares, cuja principal vantagem baseia-sena rapidez com que se pode determinar a temperatura [10]. Embora existam alguns relatos de uso dessa nova modalidadede termometria em animais [2,5,8,11], sabe-se pouco sobre sua real capacidade de determinar a temperatura corporal real emanimais. Desta forma, objetivou-se com este estudo avaliar a eficiência do termômetro auricular em gatos, comparando seusresultados com a temperatura retal obtida com termômetros clínicos convencionais.

MATERIAL E MÉTODOS

Dez gatos domésticos normotérmicos, com peso médio de 1,5 kg, machos ou fêmeas, foram selecionadosaleatoriamente a partir dos casos clínicos apresentados ao Hospital Veterinário Universitário da Escola de Medicina Veteri-nária e Zootecnia da Universidade Federal do Tocantins, campus de Araguaína. Os animais foram avaliados em ambienteclimatizado, cuja temperatura média foi de 26,2±0,1°C e a umidade relativa do ar média de 67,0±17,2% ao longo darealização do experimento.

A temperatura corporal foi aferida de diferentes formas, a saber: termômetro de coluna de mercúrio em contatocom a mucosa retal por três minutos (T-3min); termômetro de mercúrio em contato com a mucosa retal até a estabilização dacoluna (T-estab); termômetro digital em contato com a mucosa retal até a indicação auditiva de término da mensuração (T-dig); e termômetro auricular até a indicação auditiva de término da mensuração (T-auric-1). Especificamente para a mensuraçãoda temperatura com o termômetro auricular, foram feitas três mensurações seqüenciais e calculou-se a média aritmética dasmesmas, sendo tal valor considerado como o resultado da temperatura auricular. Subseqüentemente, um segundo observa-dor, não conhecedor dos resultados previamente obtidos, aferiu novamente a temperatura com o termômetro auricular (T-auric-2) de forma similar à efetuada pelo primeiro observador.

Os dados foram analisados pelo teste de correlação de Pearson para determinar a similaridade entre T-auric-1 eT-3min; T-auric-1 e T-estab; T-auric-1 e T-dig. Também se procedeu o mesmo teste para determinar a repetibilidade entreobservadores, comparando-se T-auric-1 e T-auric-2. Para todas as análises considerou-se P<0,05 como estatisticamentesignificativo.

RESULTADOS

As temperaturas médias obtidas em T-estab, T-3min, T-dig, T-auric-1 e T-auric-2 (em graus Celsius) foram de37,5±0,7; 37,9±0,8; 38,3±0,6; 38,7±0,5 e 38,2±0,8, respectivamente. Os intervalos de confiança (95%) foram de 37,0 a37,9; 37,4 a 38,4; 37,9 a 38,6; 38,5 a 39,0 e 37,7 a 38,7, respectivamente.

As correlações dos resultados foram significativas entre T-auric-1 e T-3-min (r2=0,5931; P=0,0092) e T-auric-1 e T-dig (r2=0,5895; P=0,0095). Não houve correlação significativa entre T- auric e T-estab (r2=0,2897; P=0,1085). Com relação à

Aquino M., Alencar-Júnior V.P., Carareto R. & Sousa M.G. 2007. Avaliação do termômetro auricular em gatos normotérmicos.Acta Scientiae Veterinariae. 35: s1411-s1412.

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correlação entre as mensurações da temperatura auricular realizadas pelos dois observados, constatou-se ausência desemelhança entre as mensurações T-auric-1 e T-auric-2 (r2=0,2908; P=0,1077).

DISCUSSÃO

Embora popular na pediatria, a utilização de termômetros auriculares é relativamente controversa na medicinaveterinária. Em gatos, tal fato deve-se basicamente à escassez de estudos [4,5,7]. Considerando-se a dificuldade enfrentadapor muitos clínicos para aferir a temperatura retal em gatos, supõe-se que a implementação da termometria auricular nessaespécie em especial poderia facilitar, sobremaneira, a adequada realização do exame físico, especialmente por ser realizadade forma mais rápida e menos invasiva [11].

Neste estudo, a análise de correlação dos dados revelou inconsistência parcial entre as temperaturas auricularese retais. Enquanto houve correlação positiva quando se considerou a temperatura retal obtida na termometria por trêsminutos, tal fato não foi verificado ao se mensurar a temperatura retal apenas até estabilização visual da coluna de mercúrio.Estudos já publicados apresentam dados divergentes quanto a esta correlação. Enquanto em alguns ela é favorável [7],outra pesquisa constatou que a temperatura auricular difere significativamente daquela obtida por via retal, o que impede autilização dos valores de referência determinados para temperatura retal na comparação dos resultados da temperaturaauricular [4].

De qualquer forma, os intervalos de confiança calculados para todas as formas de aferição da temperatura feitasneste estudo encontram-se dentro da faixa de referência da temperatura retal em gatos [1,9].

Ressalta-se, ainda, que o pequeno número de animais incluídos no estudo pode ter influenciado negativamenteo resultado das correlações. Adicionalmente, a intensa variação dos resultados entre observadores possivelmente reflete anecessidade de padronização do posicionamento do termômetro auricular, com sua sonda integralmente alocada no interiordo conduto auditivo, aproximando-se da membrana timpânica. Considerando-se que a maioria dos termômetros auricularesdisponíveis no mercado foi anatomicamente desenhada para o conduto auditivo humano, ressalta-se a importância deatentar para que a mensuração seja efetuada com o equipamento adequadamente posicionado para minimizar a obtençãode temperaturas falsamente diminutas. É interessante notar que, mesmo quando se utiliza o termômetro de coluna de mercúriopara determinação da temperatura retal, é possível a ocorrência de valores discrepantes entre dois avaliadores. Este fato,assim como na mensuração da temperatura auricular, possivelmente relaciona-se com a inadequada disposição do bulbodo termômetro diretamente em contato com a mucosa retal.

CONCLUSÃO

Embora promissora, a utilização do termômetro auricular em gatos requer estudos adicionais empregando-se ummaior número de animais, de modo a averiguar sua real correlação com as formas convencionais de aferição da tempera-tura corpórea, ou ainda para determinar os valores de referência da temperatura auricular nessa espécie.

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Supl 4

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Acta Scientiae Veterinariae. 35(Supl 4): s1411-s1412, 2007.

ISSN 1678-0345 (Print)ISSN 1679-9216 (Online)

Ceratectomia superficial associada ao sulfato de condroitinaa tópico para tratamento de ceratite superficial crônica

em Pastor Alemão ( Pannus ). Relato de caso.

Superficial keratectomy associated topic chondroitin sulfate a to treatmentof chronic superficial keratitis in German Shepherd (Pannus). Case report.

Daniela Nogueira Cremonini 1, José Joaquim Titton Ranzani 2, Cláudia Valéria Seullner Brandão 3, JoãoLeandro Vera Chiurciu 4, Luciana de Albuquerque Lima Mobricci 5 & Geovana Thaís Angélico 6

1Aluna do curso de doutorado, área de cirurgia, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – UNESP/Botucatu. 2ProfessorAssistente Doutor, Departamento de Cirurgia e Anestesiologia Veterinária, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – UNESP/Botucatu. 3Professora Assistente Doutora, Departamento de Cirurgia e Anestesiologia Veterinária, Faculdade de Medicina Veterinária

e Zootecnia – UNESP/Botucatu. 4Aluno do curso de doutorado, área de cirurgia, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia –UNESP/Botucatu. 5Médica veterinária autônoma, doutora em cirurgia, FMVZ – UNESP/Botucatu. 6Aluna especial, Faculdade de

Medicina Veterinária e Zootecnia – UNESP/Botucatu.

ABSTRACT

Bilateral chronic inflammatory disease affects corneal stroma, most commonly in German Shepherd. Ultraviolet radiation altersthe antigenicity of susceptible corneas, thereby resulting in chronic inflammation. A German Shepherd dog, female, three years old, presentedbilateral opacity and ocular pigmentation during six months. Cyclosporine and dexamethasone was used, observing reduction of neo-vascularization and opacity, however pigmentation was unaltered. Superficial keratectomy was performed, associated to chondroitin sulfateA and dexamethasone. Treatment was efficient to restore the vision, resulting in adequate cicatrisation and decrease corneal opacity.

Key words: chronic superficial keratitis, chondroitin sulfate A, dog.

INTRODUÇÃO

Distúrbio inflamatório crônico bilateral que afeta o estroma corneano, pode ser chamado de Síndrome daCeratoconjuntivite Imunomediada Crônica, Síndrome de Uberreiter ou Pannus [5]. A enfermidade ocorre principalmente emcães da raça Pastor Alemão, mas pode acometer Greyhound e Husky Siberiano, entre outras raças. A etiologia é desconhe-cida, mas tem-se demonstrado que ocorre uma reação imunomediada celular para os antígenos corneanos e uveais. Aradiação ultravioleta pode estar envolvida induzindo alteração da antigenicidade tecidual em córneas susceptíveis, resul-tando em inflamação crônica [1,5,6]. Inicialmente o estroma é infiltrado por plasmócitos e linfócitos, com o progresso da doença,melanócitos, histiócitos e fibrócitos invadem a córnea, ocorrendo edema e neovascularização [5]. Em estágios avançados oepitélio e o estroma anterior apresentam intensa neovascularização, pigmentação e queratinização. Os sinais clínicosiniciam-se com a presença de pequenos pontos brancos no estroma, vascularização e pigmentação a partir do limbo temporalque crescem gradualmente em direção ao centro da córnea. Os sinais podem progredir até total pigmentação e vascularizaçãocorneanas, acarretando em cegueira [5]. O prognóstico depende do tempo de evolução, assim como a idade do animal elocalização geográfica; animais mais jovens ou que vivem em altitudes elevadas apresentam lesões mais graves. A ceratitesuperficial crônica pode ser controlada com a utilização de terapias clínicas ou cirúrgicas, mas não pode ser curada. Autilização de ciclosporina (0,2 a 1%) associada à dexametasona, via tópica, constitui uma terapia clínica efetiva, observando-se regressão dos sinais em 2 a 4 semanas; entretanto, animais com prognóstico desfavorável ou quando já ocorreu intensadeposição de pigmentos, aplicação de radiação (estrôncio 90) ou ceratectomia superficial pode ser associada ao tratamentotópico [2,5-7].

RELATO DE CASO

Um cão da raça Pastor Alemão, fêmea, 3 anos de idade, morador da região de Boituva (São Paulo), apresentavaopacidade ocular bilateral há seis meses, sendo tratada com colírio à base de dexametasona há dois meses, sem melhorado quadro ocular. Proprietário negou presença de blefarospasmo, secreção ou fotofobia, porém, notou redução da acuidadevisual durante este período. Ao exame clínico, ambos os olhos apresentavam opacidade, neovascularização intensa epigmentação que envolvia aproximadamente 2/3 da superfície corneana, sendo mais intensa próxima ao limbo temporal. Oteste de Schirmer apresentou-se normal e o teste de fluoresceína mostrou-se negativo em ambos os olhos. Seguindo ohistórico e os sinais clínicos, conclui-se tratar de ceratite superficial crônica do Pastor Alemão (Pannus) e instituiu-se otratamento tópico com ciclosporina 1%1, duas vezes ao dia associada à dexametasona 0,1%2 quatro vezes ao dia. Adexametasona foi suspensa após um mês e a ciclosporina foi mantida durante quatro meses, onde se observou melhora daneovascularização e da opacidade, porém a pigmentação apresentou-se inalterada. Optou-se então pelo procedimentocirúrgico para remoção do tecido pigmentado, realizando-se ceratectomia superficial, dividida em quatro quadrantes, com

Cremonini D.N., Ranzani J.J.T., Brandão C.V.S., Chiurciu J.L.V., Mobricci L.A.L. & Angélico G.T. 2007. Ceratectomia superficialassociada ao sulfato de condroitina a tópico para tratamento de ceratite... Acta Scientiae Veterinariae. 35: s1413-s1414.

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a utilização de bisturi de profundidade limitada3 de 0,3 mm para incisão e bisturi crescente angulado4 para ressecção dotecido corneano. O procedimento foi realizado em ambos os olhos e em seguida efetuou-se recobrimento com a terceirapálpebra para promover proteção mecânica da superfície corneana. A região do limbo de ambas as córneas foi preservadapara não provocar deficiência de células-tronco. Prescreveu-se como medicação tópica pós-operatória, tobramicina 0,3%associada ao sulfato de condroitina A 10%5, até o próximo retorno e dexametasona 0,1%2, durante sete dias, ambos quatrovezes ao dia. Após 15 dias o recobrimento foi removido e avaliou-se as condições do tecido corneano, que se apresentavacom reduzida reação inflamatória, ausência de neovasos, redução da pigmentação, localizada apenas na região próximaao limbo e teste de fluoresceína negativa no olho esquerdo e positiva superficialmente no olho direito. Manteve-se a medicaçãotópica durante os 15 dias seguintes, quando o animal passou a apresentar o teste de fluoresceína negativo. Neste períodoa córnea apresentava-se transparente, porém com aumento da pigmentação na região do limbo, instituindo-se o uso daciclosporina a 2%, duas vezes ao dia, associada à dexametasona 0,1%.

DISCUSSÃO

O pannus pode ser diagnosticado apenas pela resenha, história e sinais clínicos do animal, assim como seuprognóstico, variando com a idade de acometimento da enfermidade [6]. O caso clínico supracitado descreve o quadro clínicoclássico de um animal acometido pela ceratite superficial crônica. Entretanto, o início tardio do tratamento e a idade doanimal desfavoreceram o resultado atingido com a terapia clínica, que controlou a evolução da afecção, mas não propicioumelhora adequada na visão do animal. Nestes casos há indicação de intervenção cirúrgica para remoção do tecido pigmentado,responsável pela causa de cegueira nos animais em estágio avançado [2,5]. Realizou-se ceratectomia superficial bilateralpara remoção do tecido corneano pigmentado, obtendo-se, com sucesso, a restauração da visão. Associou-se o sulfato decondroitina A para auxiliar a cicatrização corneana e a dexametasona, para reduzir a reação inflamatória pós-operatória, oque poderia prejudicar o restabelecimento da transparência corneana [3,4]. Após 30 dias pós-operatórios, o animal apresentouboa cicatrização e manutenção da transparência, entretanto, já apresentava sinais de evolução da enfermidade, aumentando-se a concentração da ciclosporina e associando-se o corticóide tópico, na tentativa de conter sua progressão e conseqüenteperda da visão [2,6,7]. Este procedimento pode ser repetido após um período mínimo de 6 meses, caso a pigmentação evoluaretornando à cegueira [5].

CONCLUSÃO

O tratamento mostrou-se eficiente para o retorno da visão, apresentando boa cicatrização e manutenção da trans-parência corneana.

NOTAS INFORMATIVAS

1Ciclosporina 1%,Octalab, Santo André, Brasil.2Maxidex, Alcon, São Paulo, Brasil.3Ophtalmic scalpel, Feather Safety Razor Co., Osaka, Japan.4Crescent Bevel Up, Feather Safety Razor Co., Osaka, Japan.5Tobramax, Labyes, Buenos Aires, Argentina.

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