suely caldas schubert - testemunhos de chico xavier

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    Verso eletrnica terminada em junho de 2012.

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    TESTEMUNHOSDECHICO XAVIER

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    Suely Caldas Schubert

    TESTEMUNHOSDE

    CHICO XAVIER

    FEDERAO ESPRITA BRASILEIRADEPARTAMENTO EDITORIAL

    Rua Souza Valente, 1720941 Rio-RJ Brasil

    eAv. L-2 Norte Q. 603 Conjunto F

    70830 Braslia-DF Brasil

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    2 edio

    Do 16 ao 25 milheiro

    Capa de CECCONI

    B.N. 41.454

    5, 131-AA; 000.01-O; 7/1991

    Copyright 1986 byFEDERAO ESPRITA BRASILEIRA(Casa-Mter do Espiritismo)Av. L-2 Norte Q. 603 Conjunto F70830 Braslia-DF Brasil

    Composio, fotolitos e impresso offset dasOficinas do Departamento Grafico da FEB

    Rua Souza Valente, 1720941 - Rio-RJ - BrasilC.G.C. n 33.644.85710002-84 I.E. n 81.600.503

    Impresso no BrasilPRESITA EN BRAZILO

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    NDICE

    Prefcio 11Apresentao 17

    7-12-1943 Originais do livro. O mandato medinico 239-12-1943 Controle doutrinrio das publicaes 2723-12-1943 Pescador. Pescaria 3023-11-1944 Cartas escritas com lgrimas. No devemos desagradar

    a ningum 3212-2-1945 Boatos da confuso. Vendido FEB 372-3-1945 Surge Irmo X. O caso Humberto de Campos 416-4-1945 Lutas contra as restries. Fechamento da FEB 4926-4-1945 Art. 282 e 284 do Cdigo Penal Brasileiro. Poltica 5430-3-1946 Se Jesus cobrasse direitos autorais. Livros infantis 60

    9-4-1946 Veneranda. Livros infantis 6614-4-1946 Alto preo dos livros 7021-4-1946 Emmanuel, pregador de cartazes do Reino 7331-7-1946 Preocupao de Chico Xavier quanto ao avano da

    Doutrina. O seu trabalho ... 7615-9-1946 Toda tempestade transitria 8725-9-1946 O que prioritrio. Fotografias 8929-9-1946 Mos amigas no trabalho espiritual .... 93

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    12-10-1946 Surge Andr Luiz. Detalhes de Missionrios da Luz eda obra de Andr Luiz 96

    15-10-1946 Aula de Emmanuel sobre os Evangelhos 10624-10-1946 Perda de originais 109

    31-10-1946 Mandato medinico 11110-11-1946 Visitas perturbadoras 11424-11-1946 Dificuldades 11621-12-1946 O impossvel na obra de Wantuil de Freitas 11827-12-1946 Sntese de O Novo Testamento 12015-1-1947 Aprender o Esperanto 12230-1-1947 Chico desiste do legado de Frederico Fgner 12412-3-1947 Acusaes por ter desistido da herana 12925-3-1947 Trecho de Roustaing em Brasil 1327-4-1947 Caso Marcelo-Zus 136

    15-4-1947 Comentrios diversos 1413-5-1947 Mudanas no Parnaso. O que o Parnaso 14328-5-1947 Doena de Wantuil 14725-6-1947 Visita de polticos. A fama 14914-8-1947 Nosso servio de construo 15321-8-1947 Recusa ajuda para os sobrinhos. Problemas das

    juventudes. Divises ... 15824-8-1947 Cuidado com o livro medinico. Coerncia entre a obra

    de Chico Xavier e a Codificao. Trs fases distintas desua obra 164

    30-8-1947 Leis das manifestaes 172

    15-9-1947 Fluidos venenosos. Vergastadas por servir Causa 17628-10-1947 Necrolgio. Consultas em nome de Chico Xavier 18129-10-1947 Critrios da FEB. Corrigir com amor 1841-11-1947 Adversrios. Amigos estimulantes .... 19013-11-1947 Consideraes sobre os adversrios. Os verdadeiros

    espritas 19422-11-1947 Cinco livros novos. Fgner promete escrever 196

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    27-12-1947 A questo das visitas 1984-1-1948 O nosso Deus um fogo consumidor .... 20128-1-1948 Luz espiritual de cada um 20626-2-1948 Significado de Luz Acima 210

    18-3-1948 Ouvir o plano espiritual 21325-3-1948 Livrar do desnimo 2149-4-1948 Declarao aos jornalistas 21812-6-1948 Congelamento de mos nos servios de passe. Cenas de

    um crime 22018-7-1948 Papel de palhao 22428-7-1948 Visita de jovens Cidade do Livro 22715-8-1948 Cesso dos direitos autorais. Endeusamento 22927-10-1948 Responsabilidade de Wantuil 23211-11-1948 A maior contribuio deste sculo 234

    18-11-1948 I Congresso de Unificao. A obra de Andr Luiz. Cartas insultuosas 23925-11-1948 Um sonho que se realizou 2429-12-1948 Chegar ao fim crucificar-se 24728-1-1949 No h problema insolvel 2509-3-1949 Perder o perisprito 25313-3-1949 Libertao. Referncia ao Voltei 25918-3-1949 Jacob e Marta 26324-3-1949 Novas referncias sobre Voltei 26510-5-1949 Polmicas 26715-12-1949 O outro Andr Luiz 269

    11-1-1950 Incenso do mundo 27223-2-1950 Novos mdiuns 27522-4-1950 S os inteis no possuem adversrios 2772-8-1950 Incentivos a Wantuil 27921-8-1950 A Casa de Ismael 28125-1-1951 O co Lorde 28314-2-1951 Ataques. Silenciar. A lio de Kardec 28615-3-1951 Unificao. Dia da Morte 28919-7-1951 Jos Bonifcio e Ruy Barbosa 29228-7-1951 O casamento de Chico Xavier 295

    1-1-1952 Certas cruzes. Marteladas 29923-10-1952 Insultos ao mdium 3071-3-1953 Novo romance 309

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    28-5-1953 Emoes com o Ave, Cristo! 31127-6-1953 Preconceito. Redeno 31310-9-1953 F na vanguarda 31624-9-1953 Trabalho exige harmonia. Ave, Cristo! 319

    26-11-1953 Investigadores do trabalho de Chico 32218-6-1954 Autorizao para retirar poesias do Parnaso 3253-10-1955 Cansao, no desnimo. Acerca de F. Xavier 33116-10-1955 Ramiro Gama e os Lindos Casos de Chico Xavier 33612-11-1955 Levar ao ridculo 33828-11-1955 Nas Telas do Infinito 3415-12-1955 Yvonne Pereira 34312-12-1955 Memrias de um Suicida 34514-1-1956 Novas referncias sobre Yvonne Pereira 34811-6-1957 Visita inesperada 349

    28-8-1957 Primeira referncia a Waldo Vieira. Mdiuns para otrabalho 35116-9-1957 Esperana no novo companheiro 35525-11-1957 Bofetes no rosto 35812-2-1958 Sorrir para isso ou aquilo 36414-3-1958 Desdobramento 36710-12-1958 Evoluo em Dois Mundos 37122-4-1959 Mudana para Uberaba 38223-9-1959 Mecanismos da Mediunidade. O estilo de Emmanuel 3874-3-1960 Surge Hilrio Silva 39430-9-1960 Almas em Desfile 397

    27-5-1963 Antologia dos Imortais 39929-6-1964 Livros doados C.E.C 4044-8-1964 Desobsesso 406

    Palavras Finais 412

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    PREFCIO

    Quando Wantuil de Freitas assume a Presidncia da Federao EspritaBrasileira, as Portarias policiais ainda vigoravam constrangendo as instituiesespritas a cumprirem exigncias descabidas, em desacordo com a liberdade de

    culto existente no Pas. Wantuil lanou-se, ento, luta, para que o Espiritismotivesse a igualdade de direitos concedidos s demais religies.

    (Testemunhos de Chico Xavier, p. 53.)

    Antnio Wantuil de Freitas no quis continuar concorrendo reeleio para ocargo de Presidente da Federao Esprita Brasileira, em agosto de 1970, por motivode sade e de sua avanada idade, desencarnando em 11 de maro de 1974.

    Por vrias vezes conversamos com o antigo Presidente cuja experincia eraenorme, haja vista que foi Diretor da FEB por trinta e quatro anos consecutivos, sendoos ltimos vinte e sete no posto mximo sobre assuntos de interesse do trabalho

    esprita, no Movimento, e sobre questes ligadas notadamente s atividades que

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    estvamos exercendo na Casa-Mter do Espiritismo no Brasil.Numa tarde, em sua residncia, disse-nos Wantuil o seguinte: Thiesen, quero que

    saiba que se existe o Departamento Editorial, que voc est administrando pordelegao do atual Presidente, Armando de Oliveira Assis, devemo-lo, em grande

    parte, existncia de um homem sem o qual a obra do livro esprita talvez no tivesse

    prosperado Francisco Cndido Xavier. E, depois de estender-se em consideraesinteressantes quanto ao livro esprita, aduziu: Quero recomendar-lhe, com os olhosvoltados para o futuro, que entenda habitualmente as hostilidades e ataques

    Federao com a maior naturalidade, e sempre que acusaes nos sejam endereadasno se preocupe em a elas responder, porque a nossa Casa est suficientemente

    preparada para resistir ao assdio de adversrios gratuitos, graas sua experinciaquase secular. Mas, se porventura formos levados a defender-nos, evitemos expor omdium a dificuldades a que ele, como homem, compreensivelmente talvez nopossaresistir por longo tempo. Preserv-lo, portanto, para ns simples dever.

    *

    Ocorrida a desencarnao de seu pai, Zeus Wantuil entregou Federao os livrose papis que o ex-Presidente ainda conservava em seu poder. Como se sabe, Wantuilhavia transformado parte de sua residncia no escritrio central do qual comandavatodos os labores febianos.

    Zeus, no entanto, consultou-nos sobre se devia tambm entregar, ou no, as cartasdirigidas a A. W. de Freitas por Chico Xavier e por algumas outras personalidades.

    Pensara mesmo, num primeiro momento, em inciner-las, com o louvvel propsito deprevenir divulgaes extem-

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    porneas de documentos no suficientemente analisados e explicados, caso cassem emmos de pessoas descomprometidas com os altos fins da Doutrina, do Movimento

    Esprita e da Casa de Ismael. Sugerimos-lhe, na oportunidade, que n-las confiasse guarda, esperando o desenrolar dos acontecimentos e os conselhos do tempo.

    Foi assim que nos tornamos depositrio desse acervo de imenso valor. Levando em

    conta os alvitres de Wantuil e a confiana com que Zeus nos honrou, poucas vezesestampamos em Reformador cartas de Chico Xavier e de outros confrades, s ofazendo quando esse procedimento podia ser til aos leitores para sua melhorelucidao a respeito da linha doutrinria da Federao, para esclarecimento de fatoshistricos da Unificao ou para dirimir dvidas de vulto.

    Selecionadas, mais tarde, em dois grupos, as cartas principais tiveram seu arquivoacompanhado de indicaes, pea por pea, de seus contedos. Oportunamente,excertos dessas missivas foram datilografados e com eles formamos um volume deregular proporo. Pensvamos em escrever um livro, mas o considervel trabalhoadministrativo e a precariedade da resistncia fsica cedo nos demoveram desse intuito.

    Mantendo-nos no propsito de dar publicidade alguns tpicos dessa

    correspondncia, j que o tempo e as circunstncias atuais afastaram, em grandeparte, os temores referidos por Wantuil, deveramos designar, como de outras vezes ofizemos, algum para realizar a tarefa. A escolha recaiu na pessoa de Suely CaldasSchbert, dedicada mdium e estudiosa da Mediunidade h longos anos. Eranecessrio, segundo pensvamos, que o trabalho fosse executado por quem estivesse

    familiarizado com a teoria e a prtica da Doutrina Esprita e com os assuntos e fatosgerais do Movimento; que bem conhe-

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    cesse a pessoa e a obra de Chico Xavier; que estivesse, para maior facilidade deconsultas e contados, ligado Administrao da Federao Esprita Brasileira e fosse,

    por isso mesmo, merecedor de sua confiana, e, se possvel, comtrabalho j publicadoe bem aceito sobre temas pertinentes Mediunidade. A autora deObsesso/Desobsesso Profilaxia e Teraputica Espritas, convocada ao

    cometimento dentro das coordenadas preestabelecidas disps-se obra,efetuando, inclusive, contados pessoais com Chico Xavier e deste obtendo sugestes devalia e explicaes para pontos menos explcitos de determinadas missivas.

    Transcorridos quatro anos, o livro ficou concludo. Recebeu a contribuio decompanheiros na reviso a que foram submetidos os originais. Devidamente satisfeitasas formalidades legais com a obteno da autorizao especial do mdium FranciscoCndido Xavier, para utilizao, pela Federao Esprita Brasileira, dacorrespondncia dirigida a A. Wantuil de Freitas, o trabalho est pronto para o prelo.

    As cesses de direitos autorais FEB, sempre gratuitas, so, neste livro, da autora edo missivista.

    De futuro, certamente, outras cartas integraro novos estudos e comentrios, pois,

    por ora, somente parte das cartas aludidas est sendo objeto de publicao.

    *

    Bem documentada para responder s agresses contnuas a que a submetem pessoasafoitas, nem por isso se abalanou a Federao a dar-lhes resposta, cnscia de seusdeveres e responsabilidades, atenta s diversificadas reas de sua atuao no

    Movimento, cuidando da divulgao da Doutrina e impondo-se pelas obras que realiza,ocupada com as atividades da Unificao dos Espritas, com a Educao Esprita dasGeraes Novas e com o

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    Estudo Sistematizado do Espiritismo. Sua revista Reformador, centenrio porta-vozda Casa de Ismael, continua primando pelo equilbrio e pela sensatez, enquanto osdemais rgos e servios da Casa prosseguem trabalhando e o Espiritismo estende emtodas as direes a sua influncia. A presena da Federao transcende as fronteirasdo Pas e neste sentida nos empreendimentos e realizaes mais respeitveis.

    A obra do livro esprita ganha propores jamais vistas, assegurando acontinuidade da Revelao progressiva da Doutrina dos Espritos.Por intermdio de Chico Xavier temos recebido do Plano Mais Alto e bem assim

    atravs de um pugilo valoroso de outros mdiuns cristos desenvolvimentos eesclarecimentos dos ensinos que foram confiados a Allan Kardec e Equipe de seusabnegados auxiliares e cooperadores.

    A Federao Esprita Brasileira, publicando os livros-astros da EspiritualidadeSuperior, ao longo de decnios dessa transferncia de conhecimentos avanados, o fez

    graas sintonia ideal estabelecida entre Chico Xavier, Emmanuel e Wantuil deFreitas, o que fica demonstrado por palavras simples e precisas do mdium e dacoordenadora/comentadora da correspondncia que para esse fim lhe confiamos.

    o compromisso da Mediunidade com Jesus, permitindo e facilitando s pessoassimples de corao e aos sedentos da alma ao povo faminto de consolao e deesclarecimento , mas valorizando a inteligncia, o estudo e o trabalho em todos osnveis de evoluo dos seres humanos, o acesso Mensagem excelsa do Consolador

    prometido e enviado pelo Senhor.Mostrando, por dentro, o processamento de luminosas e sacrificiais realizaes, este

    livro cumpre a sua finalidade.Os detalhes necessrios s elucidaes ficaram a cargo da autora. Neles no

    precisamos entrar. Concordamos com as consideraes e ponderaes dela, com astranscries e citaes de textos de apoio doutrinrio e evanglico, de pginas de Allan

    Kardec, Lon Denis e credenciados escritores e mdiuns.

    *

    O Porvir reservar-nos- ensejos novos de estudo da Grande Planificao Espiritualque deu origem s contribuies de Chico Xavier/Emmanuel, interessando milhares de

    Espritos que seguem as inspiraes do Cristo de Deus e, no Brasil, do Guia Ismael,cuja Casa, na feliz definio de Chico Xavier, comparvel a um Estado da

    Espiritualidade na Terra.Encerrando estas linhas, queremos consignar aqui, de maneira explcita e muito

    sincera, a nossa solidariedade conduta exemplar de Francisco Cndido Xavier,

    tambm carinhosamente conhecido pelo nome de Chico Xavier.Que a Paz de Jesus, Nosso Senhor e Mestre, seja com todos ns.

    Braslia (DF), 14 de julho de 1986

    Francisco ThiesenPresidente da Federao Esprita Brasileira

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    APRESENTAO

    A correspondncia de Chico Xavier a Wantuil de Freitas, ora parcialmente tornadapblica pela gama de ensinamentos que transmite, impressionante depoimento sobre a

    vida desse autntico missionrio do Cristo que FRANCISCO CNDIDO XAVIER.Atravs dos trechos dessas cartas, a verdade dos fatos vem tona de maneiracristalina, apagando vestgios de possveis distores e dirimindo dvidas.

    Ao nos inteirarmos do contedo dessa correspondncia, enorme e profundosentimento invadiu-nos. emoo unia-se a admirao e a perplexidade. Comovemo-nos por encontrar o Chico na intimidade de suas lutas. Jamais ele aparecera assim aosolhos do mundo. Aqui esto seus depoimentos pessoais, os seus sentimentos maisntimos, a sua vivncia de cada dia portas adentro do prprio corao.

    Em muitos instantes a confisso de seus sofrimentos, de suas reaes ante asperseguies soezes, as calnias torpes que lhe eram lanadas, as crticas ferinas eagresses que com espantosa freqncia se repetiam em seu cotidiano causou-nos

    impacto muito grande.

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    A verdadeira dimenso da figura humana de Chico Xavier surge assim atravs desuas cartas. Estas representam o sinete da autenticidade da vida missionria de um dosmaiores mdiuns psicgrafos que o mundo conhece.

    Passo a passo vamos acompanhando-lhe a trajetria. A sua vida a mais ldimamensagem de amor e paz do nosso tempo.

    Sua obra se reveste de caracterstica singular, pois fala no apenas por ele mesmo,mas tambm por Emmanuel, a nobre entidade que o seu guia espiritual; por Bezerra deMenezes, que durante mais de meio sculo dirige a sua mediunidade receitista; porHumberto de Campos e Andr Luiz; por centenas de poetas e muitos escritores,

    perfazendo um sem-nmero de autores para um nico mdium!A oportunidade de comentar parte da riqussima correspondncia de Chico Xavier

    para Wantuil de Freitas, no tempo em que este ocupou a Presidncia da FederaoEsprita Brasileira, trouxe-nos tambm o ensejo de constatar a notvel coerncia de seusdepoimentos ao longo dos anos. admirvel encontrarmos nessas cartas muitas dascitaes que ele faz em entrevistas as mais diversas, realizadas mais de 30 ou 40 anosdepois, em todas mantendo sempre o mesmo relato fiel e coerente.

    Chico Xavier! nome repetido, amado e respeitado!Quantos so os consolados, os esclarecidos, os acordados para a vida, os salvos da

    morte, os redimidos, os que reviveram na esperana, os que aprenderam a amar, os queretornaram ao Cristo atravs da sua mediunidade abenoada?

    Quantos renasceram para a vida aps serem atendidos por ele?Quantos ingressaram no Espiritismo graas s suas pginas psicogrficas?

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    Quantas obras assistenciais foram inspiradas por ele?A fora dessa figura humana exponencial, frgil na sua aparncia, dimana

    principalmente do exemplo, da sua extraordinria vivncia evanglica.Estas cartas propiciam-nos uma viso mais completa de Chico Xavier.Lendo-as, vamos gradativamente descobrindo que os testemunhos dolorosos fazem

    parte da subida atravs da luz, na feliz expresso de Emmanuel sobre o livro LuzAcima, comentado por ns no transcurso desta obra.As lutas, as dores, as perseguies so ntimas companheiras do mdium e lhe

    maceram o corpo e a alma, afixando cicatrizes profundas.So as marcas do Cristo de que nos fala o apstolo Paulo.Os comentrios que fazemos dessa correspondncia no trazem o intuito do elogio,

    mas sim o de reconhecer a verdade que est diante dos nossos olhos. A pretexto do noelogiarmos, no podemos incorrer no engano de permanecermos indiferentes ouomissos.

    A figura veneranda de Chico Xavier inspira-nos respeito e amor.O seu maior livro a sua vida, que ele escreve pgina a pgina com as tintas do

    prprio suor, com sofrimentos e lgrimas na jornada sacrificial a que se imps.Entretanto, f-lo com amor e por amor.A sua obra psicogrfica e caritativa a mais eloqente lio de Doutrina Esprita. O

    tempo s faz consagrar a autenticidade de sua mediunidade.Os nossos comentrios tm o propsito de evidenciar a programao espiritual entre

    Emmanuel e Chico Xavier, envolvendo a FEB, Wantuil de Freitas e uma equipe de

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    trabalhadores dedicados; a vivncia evanglica de Chico Xavier; a sua coernciadoutrinria e a mediunidade com Jesus.

    Esperamos ter alcanado os nossos objetivos.Essa correspondncia riqussimo filo de ensinamentos. Muita coisa mais poder

    ser escrita a partir de agora.

    Estamos felizes pela honrosa incumbncia que recebemos do Presidente daFederao Esprita Brasileira, Francisco Thiesen, de comentar parte das cartas de ChicoXavier para Wantuil de Freitas, no perodo de 21 anos desse intercmbio.

    Leitor amigo! Voc vai encontrar, a partir de agora, o mundo particular de ChicoXavier. Como ns, voc certamente ficar surpreso.

    Almejamos que este livro seja um estmulo definitivo para todos ns. Um estmuloque nasce da fora viva do exemplo, das lies silenciosas que ele, Chico, nos transmite,das sementes que brotam nessa semeadura de quase 60 anos, dos frutos que o temposazonou, da coragem e da f que sentimos renascer no recndito de nosso corao ante acoragem e a f de que ele d testemunho dia aps dia, dessa existncia, enfim, que umlivro sublime.

    Erasto nos fala da misso dos espritas:

    Ide e pregai a palavra divina. chegada a hora em que deveis sacrificar sua propagao os vossoshbitos, os vossos trabalhos, as vossas ocupaes fteis. Ide e pregai. Convosco esto os Espritoselevados. Certamente falareis a criaturas que no querero escutar a voz de Deus, porque essa voz asexorta incessantemente & abnegao. Pregareis o desinteresse aos avaros, a abstinncia aos dissolutos, amansido aos tiranos domsticos, como aos dspotas. Palavras perdidas, eu o sei; mas no importa, faz-semister regueis com os vossos suores o terreno onde tendes de semear,

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    porquanto ele no frutificar e no produzir seno sob os reiterados golpes da enxada e da charruaevanglicas. Ide e pregai!..........................................................................................................................................................................

    Ide, pois, e levai a palavra divina; aos grandes que a desprezaro, aos eruditos que exigiro provas,aos pequenos e simples que a aceitaro; porque, principalmente entre os mrtires do trabalho, desta

    provao terrena, encontrareis fervor e f. Ide; estes recebero, com hinos de gratido e louvores a Deus,

    a santa consolao que lhes levareis, e baixaro a fronte, rendendo-lhe graas pelas aflies que a Terralhes destina. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XX, item 4.)

    Esta a prpria Vida de Chico Xavier.

    Juiz de Fora (MG), abril de 1985

    SUELY CALDAS SCHUBERT

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    Dos Presidentes da FEB (...), com quem tenho tido maior, mais intenso e maisprolongado intercmbio o nosso caro Dr. Antnio Wantuil de Freitas, em cujodinamismo e abnegao reconheo haver encontrado um verdadeiro apstolo na causado livro esprita, no apenas desde 1943, quando foi eleito para a Presidncia da FEB,mas desde 1932, quando nos conhecemos atravs de correspondncia.

    (Da entrevista de Chico Xavier, in No Mundo de Chico Xavier, de autoria de EliasBarbosa, Edio Calvrio, So Paulo, 1968, pg. 85.)

    *

    Faamos de conta que eu sou um pescador, no dizer de um Esprito amigo. Hei deenviar-te sempre o resultado da pescaria, e examinar s o material, antes de ir aomercado, no ? Lanars apenas o que achares de utilidade.

    (De Chico Xavier a Wantuil de Freitas, em 23-12-1943.)

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    Originais do livro. O mandato medinico

    7 121943

    (Wantuil estava h pouco na Presidncia, qual ascendera em vista da sua escolha

    aps a desencarnao, 1 '(i-10-1943, do Dr. Luiz Olmpio Guillon Ribeiro. Wantuil '-i.io Gerente do Reformador. Chico Xavier dirige-lhe palavras de estmulo, referindo-seao apoio que est laudo o novo Presidente ao programa do Esperanto, a eargo deIsmael Gomes Braga, que, por isso, sente-se muito feliz. Chico agradece, outrossim, oenvio do primeiro nmero de Reformador da edio j sob a responsabilidade donovo Presidente e que contm palavras referentes desencarnao de seu antecessor,cujo retrato foi estampado na primeira pgina. As referncias de Chico Xavier a Guillonso muito carinhosas: generoso orientador que nos antecedeu na grande jornada..)

    (...) Relativamente aos originais dos nossos humildes trabalhos medinicos, paramim ser muito mais interessante que a Federao os guarde nos arquivos da Casa.

    Fico muito grato ao seu carinho. Havia pedido a restituio dos mesmos, porque tendotido necessidade em

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    1942 de rever algumas pginas de Paulo e Estvo, pedi Livraria me emprestasseo original do livro, crendo que estivessem sendo arquivados, mas fui informado de queos originais, aps a publicao, eram inutilizados. Felizmente, ainda tnhamos aquiuma cpia que descobri, depois, por ter sido guardada por um companheiro dedoutrina, que muito me ajuda no servio de datilografia e pude, assim, fazer a consulta.

    Desde ento, pedi ao nosso amigo Sr. Carvalho que me enviasse os originais de queno precisasse, porque ficariam guardados conosco. Tenho aqui apenas o original deRenncia, porque os anteriores a esse livro no foram arquivados. O meu amigodaqui, porm, ao qual j me referi linhas acima, tem cpias a carbono e isso me alegra

    porque tinha receio de no ficarmos com cpia alguma dos trabalhos seno aspublicaes. J que Voc, porm, quer fazer o grande obsquio de arquivar a osoriginais, cr em, meu bom Wantuil, que isto me conforta e alegra muitssimo. No digoisto por mim, pois bem sei que de nada valho, mas que a obra de Emmanuel costuma

    ser atacada, de vez em quando, pela ignorncia de algumas criaturas sem a claridadedo Evangelho e ser sempre til que tenhamos esses originais em mo para qualquerexame, no acha Voc? (...)

    Chico Xavier no apenas o mdium, o meio para a comunicao dos BenfeitoresEspirituais, mas, tambm, o zeloso guardio desse tesouro espiritual, atento e vigilanteem todos os instantes, para que a obra no seja atingida.

    O mandato medinico e, no caso de Chico Xavier, o mediumato, muito maisabrangente do que se poderia supor. O mediumato confere ao mdium aresponsabilidade de ser co-partcipe de toda uma planificao do Mundo Maior. Ele noser somente o instrumento, mas parte

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    integrante de um programa que a Espiritualidade Superior traou, portanto, plenamenteidentificado com os objetivos a serem alcanados e pelos quais labora de comum acordoe sintonia com os que, na esfera espiritual, tambm sejam partes dessa programao. Omdium torna-se o representante dos Espritos Benfeitores no plano terrestre. Assim,desde o instante em que os ensinamentos vertem do Mais Alto e pelos canais

    medinicos se expressem nas dimenses terrenas, ele o mdium torna-se-lhe oguardio, o depositrio, que ter, a partir desse momento, de cuidar para que a obraprojetada tenha o curso esperado.

    Para que isto se d, evidentemente, outros companheiros so convocados colaborao entre os encarnados, cada um deles com tarefas definidas e que somaroseus esforos para que o programa seja executado.

    Essa a primeira carta, sob nosso exame, da correspondncia mantida entre ChicoXavier e Wantuil de Freitas, no decorrer dos anos em que este ocupou o cargo dePresidente da Federao Esprita Brasileira.

    Quando Chico Xavier endereou-a a Wantuil de Freitas, este acabara de assumir aPresidncia. Dirige-lhe ento palavras de estmulo.

    Na realidade, Chico est saudando em Wantuil de Freitas o companheiro queassumira, juntamente com ele, a grandiosa tarefa de difundir o livro esprita em nosso

    pas. A nobre tarefa do livro a qual ambos se comprometeram, ainda no PlanoEspiritual Maior, a desenvolver na Ptria do Evangelho.

    Wantuil de Freitas chega na hora certa Presidncia da Casa de Ismael. O trabalhomedinico de Chico Xavier se ampliava. A partir daquela data, livros e mais livrossairiam de suas mos abenoadas, transmitidos pelos Espritos de Luz, para que amisso do Consolador Pro-

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    metido por Jesus se estendesse e, sobretudo, se tornasse mais acessvel a todas ascriaturas.

    O programa est traado. Todos seriam atendidos e consolados, independentementede seu nvel scio-econmico e cultural. Haveria consolo para todos os coraes, far-se-ia luz para todas as conscincias e a palavra de Jesus prosseguiria ecoando em todos os

    quadrantes da Terra.Para isto, a figura de Wantuil de Freitas pea essencial nessa grandiosaprogramao. o homem talhado para abrir o caminho e implantar definitivamente aestrutura que os Altos Planos Espirituais requeriam.

    o programa de Ismael o Guia Espiritual do Brasil a se ampliar.Atendendo ao seu chamado, vrios obreiros disseram presente e colocaram mos

    charrua para a edificante tarefa da sementeira de luz.Por certo que Chico Xavier se sente feliz e sossegado quando reconhece em Wantuil

    aquele corao amigo e companheiro do seu, ao qual poderia entregar o imensurveltesouro que Ismael lhe confiara. Sabe ele, Chico, que h agora uma equipe a postos,unindo esforos nos dois planos da vida, sob a tutela de Emmanuel, garantindo assim o

    xito da tarefa do livro esprita no Brasil.Chico Xavier fica profundamente feliz, pois entende que Wantuil de Freitas, ao

    pretender a guarda na Federao dos originais dos livros o est auxiliando a zelar portoda a obra. Em sua caracterstica humildade diz ao final: No digo isto por mim, pois

    bem sei que de nada valho, mas que a obra de Emmanuel costuma ser atacada, de vezem quando, pela ignorncia de algumas criaturas sem a claridade do Evangelho (...).

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    Controle doutrinrio das publicaes

    9 12 1943

    (...) tendo consultado a Emmanuel sobre o assunto da traduo dos livros dele e de

    Humberto de Campos para o espanhol, conforme sua notcia, disse-me o nossogeneroso amigo espiritual que o caso da alada da Diretoria da Federao (...).Falamos portanto aqui, no como espritas regionais, mas como companheiros da

    Federao e conclumos que no seria razovel ir entregando assim, sem condies,esse trabalho pelo qual a Casa de Ismael tanto se tem esmerado. No seria dar tudo

    por nada? Cremos que a Federao tem o direito de exigir alguma coisa, mormente noque se refere ao controle doutrinrio das publicaes e a determinada parte do

    problema de venda dos livros. (Os ltimos destaques so da compilao.) Estamosdiante de um negcio material, porque, se a Federao no agir com esprito devigilncia, tambm no poder reclamar quanto a qualquer desvio de naturezaespiritual nessas tradues, no acha Voc? E, alm disto, a Federao uma Casa de

    auxlios concretos. No est a a multido de problemas, pedindo recursos materiais?Qualquer percentagem exigida pela Casa de Ismael nesse assunto viria atender amuitas questes de

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    beneficncia, inclusive o prprio alvio na aquisio de papel com que a nossa Livrariapudesse facilitar cada vez mais o acesso do povo ao livro de nossa doutrinaconsoladora.

    Este o nosso humilde ponto de vista o do modesto Grupo Esprita de PedroLeopoldo. Espero que nossas palavras sejam recebidas na conta do nosso grande amor

    realizao evanglica da Federao, com quem nos sentimos profundamenteirmanados.Gostaramos que Voc levasse nosso ponto de vista ao uinto, pois muito temos

    ganho na experincia e conselhos dele. Quanto ao mais, o queresolverem h de ser sobo amparo da Proteo de Jesus e nisto confiamos. (...)

    O texto acima bastante interessante. Quando Chico Xavier cedeu FEB todos osdireitos sobre a sua produo medinica, f-lo conscientemente, por ter reconhecido naCasa de Ismael as condies imprescindveis para a execuo de todo o programaelaborado pelo Mais Alto. Portanto, no instante em que d a sua opinio sobre astradues, faz questo de ressaltar que, ele, de conformidade com Emmanuel, apoia aorientao a ser seguida pela Diretoria da FEB.

    Por isso analisa o assunto sob a perspectiva muito mais ampla, no fosse ele um dosesteios bsicos de toda essa planificao do Mundo Maior. Compreendendo aimportncia do momento, pois dali para a frente cada vez mais se apresentariam ensejosde expanso dos livros dos quais se fazia medianeiro, opina com vistas ao futuro. Que aFEB mantenha o controle doutrinrio das publicaes. E que, muito justamente, tenhatambm parte na venda dos livros a fim de atender a todos os seus encargos no planomaterial. Prev, ainda, que seria imprescindvel que a Federao agisse com esprito devigiln-

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    cia, pois, caso contrrio, poderia haver algum desvio de natureza espiritual nastradues.

    Chico Xavier ao emitir essa opinio evidenciou firmeza e segurana, no admitindoque se fizessem concesses a quem quer que fosse em prejuzo da Casa de Ismael,legtima depositria dos seus livros medinicos. E no admitindo, principalmente,

    qualquer alterao que viesse a desfigurar a obra orientada por Emmanuel.Observamos, entretanto, o cuidado com que escolhe as palavras para formular umenunciado to seguro e positivo, cuidado este que lhe inerente, j que tendo autoridademoral no , por isto mesmo, autoritrio. Fala e escreve com brandura e amor. E destacano penltimo tpico que este o humilde ponto de vista do Grupo Esprita de PedroLeopoldo, ressaltando o grande amor que tm pelo trabalho da Federao, com quemnos sentimos profundamente irmanados.

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    Pescador. Pescaria

    23 12 1943 Carto Postal

    (...) Faamos de conta que eu sou um pescador, no dizer de um Esprito amigo. Hei

    de enviar-te sempre o resultado da pescaria, e examinares o material, antes de ir aomercado, no ? Lanar s apenas o que achares de utilidade. (...)

    Somente a plena identificao entre Chico Xavier e Wantuil de Freitas justificariamesta frase e este pedido.

    Chico Xavier est to seguro e confiante na fidelidade de Wantuil de Freitas aocompromisso assumido que deixa ao seu encargo a seleo de suas pginas

    psicogrficas.E, de fato, dali em diante, cada vez mais Chico confiaria ao amigo a incumbncia de

    analisar e selecionar o material que deveria ser dado luz da publicidade.Mais adiante veremos isto confirmado e que Chico Xavier no se apoiaria nele em

    vo. de relevncia o fato de Chico ser denominadopescadorpor um esprito amigo. E

    ele prprio diz a Wantuil: faamos de conta que eu sou um pescador; admite o fatoapenas como hiptese ou comparao.

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    O tempo veio demonstrar o quanto de acerto houve na palavra desse esprito amigo,pois Chico Xavier tem sido em toda a sua existncia um verdadeiro pescador de almas,tal como os apstolos e os missionrios de Jesus.

    Ele se refere pescaria como sendo as suas pginas psicogrficas. Mas, essa pescaria muito mais abrangente e se estende e se aprofunda pelo vastssimo oceano das

    inquietudes e dos sofrimentos humanos, como quem pesc/a/dor e, simultaneamente,oferece o blsamo dos ensinos da Doutrina Esprita O Consola/dor Prometido.Como se pode ver, h perfeita identidade de objetivos e tarefas.

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    Cartas escritas com lgrimas. No devemos desagradar a ningum

    23 11 1944

    (...) O que me dizes, reverentemente atitude de certos confrades que descambam

    para o terreno das provocaes declaradas, a cpia do que sinto tambm. muitotriste vermos companheiros, com tantas expresses de cultura evanglica, arvorarem-se em lutadores e combatentes sem educao. Logo que houve o agravo da sentena(caso H. Campos), observando a agressividade de muitos, escrevi mais de cinqentacartas privadas e confidenciais aos amigos da doutrina, com responsabilidade naimprensa espiritista, rogando a eles me ajudarem, por amor de Jesus, com o silncio ea prece e no com defesas precipitadas e, confesso-te, que algumas dessas cartas foramescritas com lgrimas por mim, tal a desorientao de certos amigos que facilmente setransformam em provocadores e ironistas, esquecendo os mais comezinhos devorescristos. (...)

    O que nos impressiona neste texto , sobretudo, a sua atualidade.Chico Xavier escreve-o sob o guante de sofrimento advindo das perseguies. Mas

    no especialmente das per-

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    seguies que lhe moviam os familiares de Humberto de Campos. Ele no padecia tantopelo ataque que lhe vinha da fora, do exterior, mas, sim, pelas agresses de dentro donosso prprio meio a irmos que o no compreendiam.

    Tanto ele quanto Wantuil de Freitas estavam entristecidos por constatarem quemuitos companheiros, com expressiva cultura evanglica, se transformaram em

    verdadeiros combatentes at sem educao. Diante de tanta agressividade, diante detantos confrades que tomaram iniciativa precipitada de defend-lo, Chico escreve maisde cinqenta cartas confidenciais a amigos com tarefas na imprensa esprita, rogando-lhes em nome de Jesus que o ajudem, sim, mas com o silncio e a prece.

    Tal a sua preocupao, que muitas dessas cartas so escritas com lgrimas.Imaginemos a serenidade de Chico Xavier ante o problema que se agrava e

    imaginemo-lo a escudar-se na prece e no trabalho, firme na sua f, seguro no seutestemunho, imenso , portanto, o seu sofrimento ao verificar que vrios companheiros,no entendendo o significado daquela Mora e muito menos as suas condies espirituais

    para super-lo, se arvoram em seus defensores, agindo, porm, de maneira totalmenteoposta atitude que ele, Chico, assumira. Atitude esta plenamente coerente com a de

    Wantuil e, vale dizer, de toda a FEB.Nesse episdio, Chico Xavier sente, por extenso, a dor de ver que a mensagem do

    Cristo no havia sido assimilada por esses irmos. Que se transformaram, sem osentirem, em fomentadores da discrdia e em instrumentos das trevas.

    Que magistral lio ressuma dessa passagem da vida de Chico Xavier!Atacado injustamente, no revida.Ofendido, silencia.Caluniado, recolhe-se orao.

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    Jogado opinio pblica de todo o Pas, aguarda serenamente o resultado dojulgamento dos homens, sabendo de antemo que, qualquer fosse ele, estaria em pazcom a sua conscincia, na certeza de ter cumprido fielmente o seu dever.

    Toda a sua defesa Jesus. nele que encontra o exemplo a ser seguido. para oMestre Divino que volve o seu olhar confiante. E enquanto se abriga nesse Imenso

    Amor, Chico surpreendido com a reao nada crist e nada esprita de muitosconfrades.Num relance percebe no apenas essa conduta incoerente com os princpios que

    dizem esposar, mas, principalmente, a estratgia dos planos inferiores a se armar, sub-repticiamente, infiltrando-se sutil e usando como pretexto a necessidade de defesa deChico Xavier.

    Como sabes, meu caro Wantuil, nem todas as publicaes poderiam ser corretas,no caso escandaloso, e nem todos os jornalistas me procuraram com boas intenes.

    Mas como sabes tambm, e conforme assevera o nosso Emmanuel, na tarefamedinica, no- podemos agradar a todos, mas no devemos desagradar a ningum.

    Minha situao era muito delicada e mesmo assim no faltaram inmeros confradesque me escreveram cartas impiedosas e irnicas, quando liam reportagens emdesacordo com a verdade dos fatos, como se eu devesse controlar todos os jornais queescreveram sobre o acontecimento. Alguns me perguntaram acremente se eu no estavaobsediado e se j no havia enlouquecido. (...) Continuemos, meu amigo, em nossostrabalhos, edificados na conscincia tranqila.

    Cremos que a maioria dos companheiros de nosso movimento sero tomados pelamesma perplexidade que nos acometeu ao lermos essas cartas e constatarmos

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    que existem irmos nossos, isto , pessoas que se dizem espritas, capazes de, com todatranqilidade, escreverem uma carta a algum de maneira impiedosa e irnica. E mais:de se dirigirem a Chico Xavier ofendendo o, pedindo-lhe contas de seus atos,transformando-se em juzes descaridosos e frios, como se lhes coubesse esse direito emrelao a outro ser humano.

    triste verificarmos o quanto ainda somos pouco cristos. No assimilamos quasenada dos ensinamentos do Cristo. o caso de nos perguntarmos: Onde est o Evangelhoem ns? E da Doutrina Esprita o que apreendemos, assimilamos e incorporamos nossa vivncia?

    A lio do Mestre prossegue ecoando ao longo dos tempos para aqueles que tmouvidos de ouvir: Atire a primeira pedra aquele que estiver sem pecados.

    Mas, Chico nem sequer menciona nomes. Poderia t-lo feito, pois escreve a umamigo do seu corao. No acusa, todavia, a ningum. No faz referncias desairosas.Apenas explica a Wantuil que muitas publicaes no so corretas e que alguns

    jornalistas no o procuram com boas intenes. Chico quer que Wantuil esteja a par daverdade. Interessa-lhe que o amigo saiba do que ocorre. No se preocupa em divulgar a

    realidade ou esclarecer os demais. Permanece, como sempre faz, em sua extraordinriavivncia evanglica.

    De suas palavras neste trecho, reponta a frase de Emmanuel: na tarefa medinica,no podemos agradar a todos, mas no devemos desagradar a ningum. Realmente,com pacincia apostolar Chico tem procurado seguir este conselho, doandoconstantemente o melhor de si mesmo. As pessoas, entretanto, em sua maior parte, nose contentam com o que recebem. Querem sempre mais. Esto sempre exigindo ecobrando. E especialmente dos mdiuns.

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    Bem poucos tm uma noo correta do que seja a tarefa medinica. Crem que omdium tem consigo a frmula mgica que resolve problemas, afasta dissabores e,sobretudo, que suas mos guardam o segredo do milagre capaz de curar e cicatrizarmales e feridas do corpo e da alma.

    Chico Xavier d-nos os parmetros do que seja a vivncia da mediunidade com

    Jesus, plena e integral. Ele no esprita apenas quando est no Centro ou cercado pelamultido. Ele no mdium somente nos horrios restritos das reunies. A ss ou juntodo povo, no seu lar ou no Centro, ele sempre o esprita e o mdium que vive eexemplifica o que escreve e fala.

    Com a simplicidade que lhe caracterstica, transmite a Wantuil a frmulamilagrosa para superar a tantas dificuldades: Continuemos, meu amigo, em nossostrabalhos, edificados na conscincia tranqila.

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    Boatos da confuso. Vendido FEB

    12 2 1945

    (...) No te incomodes, meu caro amigo, com os boatos da confuso.

    (...) Em Belo Horizonte, amigos nossos em doutrina proclamaram de pblico que oChico Xavier no passa de uma propriedade da Federao, outros me escrevem meperguntando qual foi o preo pelo qual me vendi a ela. Confrades da prpria Bahiacostumam escrever-me, comeando assim: Prezado amigo Chico Xavier, voc que seenriqueceu com a literatura medinica, envie-nos tanto para auxiliar-nos nisto ounaquilo. Muitos me indagam sobre os preos de meu contrato medinico com a

    Federao e alguns irmos a do Rio, quase que semanalmente, me escrevem emtermos speros, acusando-me de estar vendido Casa de Ismael. A princpio,incomodava-me, hoje, porm, deixo que digam o que quiserem. E isto ainda me servede confortadora advertncia, porque se muitos dos nossos companheiros de crena no

    podem compreender a amizade de um mdium a uma instituio venervel como a

    Federao, que esperar dos nossos inimigos gratuitos? Temos de ouvir-lhes asleviandades, receber-lhes os golpes e seguir para a frente.

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    Grato pelas notcias do caso H. C. Esperemos por Jesus e pelas decises doSupremo Tribunal com o Dr. Timponi frente. Do que surgir, espero o obsquio detuas notcias, sim?

    Em anexo, te envio no original um trabalho que recebi ontem de Andr Luiz. Estoucerto de que, com a ajuda de Deus, receberemos, em breve, novo livro dele.

    Estou a seguir para Guaxup e Ouro Fino, logo que chegar a determinaotelegrfica. a luta das exposies pecurias que recomeam no novo perodo anual.(...)

    Chico Xavier inicia aconselhando a Wantuil de Freitas a no se incomodar com osboatos da confuso. E relaciona algumas das leviandades e agresses com as quaisest sendo presenteado pelos confrades. So to absurdas que, realmente, no h nadaa ser comentado sobre o teor dessas acusaes. A nossa sensibilidade re-pugnam taisacusaes. O nosso bom senso rejeita-as, imediatamente.

    Mas disso ressuma preciosa lio. No apenas para os mdiuns, mas para quantostrabalham na seara do Bem.

    Paulo de Tarso deixou-nos um alerta: Em tudo somos atribulados, mas noangustiados; perplexos, mas no desanimados. (II Corntios, 4:8.)

    Em toda parte e em todos os tempos observamos que os obreiros do Senhorconhecem de perto as tribulaes e perplexidades sob as mais variadas formas, por

    permanecerem fiis. Mas, por isto mesmo, isto , porque do o testemunho de fidelidadea Jesus, no se deixaro dominar pela angstia ou se abater pelo desnimo.

    Esta a lio que Chico Xavier nos transmite.Que no nos deixemos abater pelas tribulaes e pelas surpresas dolorosas. Importa

    perseverar no Bem, pros-

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    seguir no trabalho e manter-se vigilante. Lembremo-nos de que o trabalho edificante anossa melhor defesa. Nele adquirimos resistncia para vencer as tribulaes.

    Muitos companheiros se deixam ficar no meio do caminho porque sofreramdecepes, calnias e ingratides. Prostrados e abatidos, interrompem a marchaevolutiva, o que redundar em graves prejuzos para si mesmos.

    Sigamos o exemplo que Paulo viveu no passado.Imitemos o exemplo que Chico Xavier vive hoje, ao nosso lado.Prosseguir sempre, com nimo firme, perseverando no Bem, atribulados e perplexos,

    mas no abatidos e angustiados. Afinal, se Chico Xavier tivesse desistido ante OSembates, ante todas essas perseguies e calnias, diante de todos os sofrimentos que aesta altura do ano de 1945 j eram em profuso em sua vida, ns no teramos toda essamaravilhosa literatura medinica que ultrapassa, em 1985, a casa dos 250 ttulos.

    Se Chico Xavier se deixasse abater, e parasse, angustiado e prostrado, desiludido evencido, no teria cumprido o seu apostolado e nem seria o missionrio queidentificamos nele, atualmente.

    Se Chico Xavier tivesse interrompido a sua caminhada, a pretexto de lgrimas e

    dores, injustias e incompreenses, estaria dando campo s trevas e semeando novos eamargos dissabores em sua existncia.

    Com que rara felicidade ele deve hoje abenoar todos esses aguilhes que oimpeliram a lutar e a vencer a si mesmo e que tornaram mais valiosa a sua vitria!

    *

    Dando mostras de sua alta compreenso das dificuldades humanas, lembra a Wantuil,no penltimo tpico:

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    (...) se muitos dos nossos companheiros de crena no podem compreender a amizadede um mdium a uma instituio venervel como a Federao, que esperar dos nossosinimigos gratuitos? Temos de ouvir-lhes as leviandades, receber-lhes os golpes e seguir

    para a frente.

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    Surge Irmo X. O caso Humberto de Campos

    2 3 1945

    (...) Tenho uma novidade para dar-te. O nosso amigo voltou a escrever, fazendo-se

    sentir agora com o nome de IRMO X. Achei curioso o primeiro trabalho que nostraz, nesta nova fase, e envio-te a cpia que datilografei para mandar-te. Se quiserespublic-la no Reformador poder s faz-lo, sendo que te envio o trabalho para essefim.

    Emmanuel, pela audio, me recomendou te pedisse, caso julgues oportuna apublicao da mensagem inclusa, que ela seja feita pelo Reformador, sem qualqueraluso especial ao fato de o nosso amigo ter-se. decidido a usar pseudnimo e nemqualquer referncia ao nome que usou, como escritor, em nosso meio, poupando-lhe oesprito de novos dissabores. Para treinar no que Emmanuel me pediu, no fareimesmo aluso ao antigo nome dele nem mesmo em carta. Peo-te, pois, meu amigo,caso publiques o trabalho, que ele seja apresentado puramente assim como te envio,

    sendo que, segundo Emmanuel me disse, os leitores do Reformador, companheirosdo corao, entendero de pronto o assunto, sem necessidade

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    de esclarecimentos escritos, ao mesmo tempo que evitaremos o assdio da grandeimprensa, da qual, segundo o que Emmanuel me disse hoje, temos necessidade dedescansar para atender ao que ele denomina produo medinica pacfica econstrutiva. (...)

    Temos assim o esclarecimento de como surgiu o IRMO X, pseudnimo adotadopelo Esprito Humberto de Campos, aps o rumoroso processo que os familiares doescritor desencarnado moveram contra a Federao Esprita Brasileira e o mdiumFrancisco Cndido Xavier.

    Todo esse caso do processo est esplendidamente registrado pelo advogado Dr.Miguel Timponi, convidado pela FEB para defend-la e ao mdium, no seu livro APsicografia ante os Tribunais (Ed. FEB).

    O processo chamou a ateno de todo o Pas, pois a famlia de Humberto de Campos,ao acusar a Federao Esprita Brasileira e a Francisco Cndido Xavier do uso indevidodo nome do escritor e de auferirem vantagens monetrias com. a venda dos livros,

    pretendia ento que o Tribunal sentenciasse se essa obra literria medinica era ou no

    do Esprito Humberto de Campos. Em caso negativo, pedia a apreenso de todos osexemplares, proibio do uso do nome do escritor e pagamento de perdas e danos. Emcaso afirmativo, isto , se ficasse provado que o autor era mesmo Humberto de Campos,solicitava que o juiz declarasse a quem pertenceriam os direitos autorais, se famlia doautor espiritual ou FEB.

    O Dr. Miguel Timponi fez brilhantemente a defesa e recomendamos ao leitor o livrocitado, para se inteirar de todo o andamento do curioso processo e da deciso do juiz.

    Todavia, no somente a FEB e Chico Xavier sofrem com o episdio. A outra vtimados comentrios desen-

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    contrados, do alarido perturbador que se levantou por toda parte, Humberto deCampos.

    Evidentemente, tambm ele atingido. Sendo o centro da questo, o alvo maior doscomentrios, recebe vibraes de todos os lados. Acresce ainda a sua preocupao como seu mdium e com a Federao. E se isto no bastasse, imaginemos o seu sofrimento,

    as suas inquietaes em relao queles a quem estava ligado por laos de parentesco.So esses sentimentos e emoes que ele extravasa em mensagem psicografada em 15de julho de 1944:

    No desconheo minha pesada responsabilidade moral, no momento, quando osensacionalismo abre torrente de amargura em torno de minhalma.

    Recebeu-me a Federao Esprita Brasileira, generosamente, em seus laboresevanglicos, publicou-me as pginas singelas de noticiarista desencarnado, concedendo-me o ingresso na Academia da Espiritualidade. E continuei conversando com osdesesperados de todos os matizes, voluntariamente, como o hspede interessado emvaler-se da casa acolhedora. (...)

    Eis, porm, que comparecem meus filhos diante da justia, reclamando uma sentenadeclaratria. Querem saber, por intermdio do Direito humano, se eu sou eu mesmo,como se as leis terrestres, respeitabilssimas embora, pudessem substituir os olhos docorao.

    Abre-se o mecanismo processual e o escndalo jornalstico acende a fogueira daopinio pblica. Exigem meus filhos a minha patente literria e, para isso, recorrem

    petio judicial. No precisavam, todavia, movimentar o exrcito dos pargrafos eatormentar o crebro dos juzes. Que seme-

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    lhante reclamao para quem j lhes deu a vida da sua vida? Que um nome, simplesajuntamento de slabas, sem maior significao? Ningum conhece, na Terra, os nomesdos elevados cooperadores de Deus, que sustentam as leis universais; entretanto so elasexecutadas sem esquecimento de um til.

    Na paz do anonimato, realizam-se os mais belos e os mais nobres servios humanos.

    Quero, porm, salientar, nesta resposta simples, que meus filhos no moveramsemelhante ao por perversidade ou m-f. Conheo-lhes as reservas infinitas de afetoe sei pesar o quilate do ouro da carinhosa admirao que consagram ao pai amigo,distanciado do mundo. Mas, que paisagem florida, em meio do mato inculto, estarisenta da serpe venenosa e cruel? por isto que no observo esse problema triste, comoo fariseu orgulhoso, e sim como o publicano humilhado, pedindo a bno de Deus paraa humana incompreenso. (...)

    Diante, pois, do complicado problema em curso, ajoelho-me no altar da f, rogando aJesus inspire os dignos juzes de minha causa, para que faam cessar o escndalo, emtorno do meu Esprito, considerando que se o prprio Salomo funcionasse nesta causa,ao encarar as dificuldades do assunto, teria, talvez, de imitar o gesto de Pilatos, lavando

    as mos... (A Psicografia ante os Tribunais, pgs. 55 e 56, 5 ed. FEB.)

    Entretanto, se analisarmos mais profundamente essa celeuma que se formou emtorno dos personagens desse drama incomum, chegaremos concluso de que osenvolvidos, em maior ou menor intensidade, deveriam estar

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    cnscios dos obstculos que poderiam surgir. Todos sabiam antecipadamente os riscosque teriam de correr. Tanto Humberto de Campos quanto Chico Xavier e Wantuil deFreitas no estavam alheios aos percalos da ingente caminhada da difuso da DoutrinaEsprita atravs da mediunidade com Jesus.

    Quando da preparao que antecedeu reencarnao de Chico Xavier e dos demais

    companheiros que iriam apoi-lo na esfera terrestre, particularmente Wantuil de Freitas,por certo todos foram prevenidos das dificuldades da tarefa, dos provveis sofrimentos,das lgrimas e adversidades que, possivelmente, lhes assinalariam a jornada redentora.Simultaneamente, foi-lhes mostrado a sublimidade da obra a ser encetada, o alcance dotrabalho a ser desenvolvido, a importncia de toda aquela programao que recebera ainspirao e aprovao direta de Ismael.

    O prprio Humberto de Campos diria no prefcio de Crnicas de Alm-Tmulo,datado de 25 de junho de 1937, numa espcie de previso ou, talvez, com a preocupaode deixar tudo bem esclarecido desde o incio:

    Desta vez, no tenho necessidade de mandar os originais de minha produo literria a determinada

    casa editora, obedecendo a dispositivos contratuais, ressalvando-se a minha estima sincera pelo meugrande amigo Jos Olmpio. A Lei j no cogita mais da minha existncia, pois, do contrrio, asatividades e os possveis direitos dos mortos representariam sria ameaa tranqilidade dos vivos.

    Enquanto a consumia o fosfato do crebro para acudir aos imperativos do estmago, posso agora daro volume sem retribuio monetria. O mdium est satisfeito com a sua vida singela, dentro da pautaevanglica do dai de graa o que de graa recebestes, e a Federao Esprita Brasileira, instituiovenervel que o Prefeito Pedro Ernesto reconheceu de utilidade pblica, cuja Livraria vai imprimir o meu

    pensamento, sobejamente conhecida no Rio

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    de Janeiro, pelas suas respeitveis finalidades sociais, pela sua Assistncia aos Necessitados, pelo seuprograma cristo, cheio de renncias e abnegaes santificadoras.

    bvio que no h o determinismo para o mal nas Leis Divinas. Portanto, no constade qualquer programao, de quaisquer processos reencarnatrios, que uma pessoa

    esteja fadada a ser elemento de perturbao, que tenha, enfim, a misso de fazer o mal,como se costuma dizer. As coisas se encaminham por fora do livre-arbtrio dascriaturas, que optam pelos prprios rumos e atitudes.

    Assim, no se afastava a hiptese de perseguies soezes, de agresses de toda sorte,porquanto o preconceito contra a Doutrina Esprita era muito grande ainda quelapoca, como tambm porque as trevas sempre tentam impedir a chegada da luz.

    Para enfrentar os naturais e previstos bices da caminhada, todos os envolvidos nessaprogramao, que tem em Chico Xavier o plo centralizador, traziam, consigo reservasespirituais compatveis. Quando o problema surgiu, de inopino, foi normal a reao de

    perplexidade e dor. Mas, refazendo as energias, refugiaram-se na prece e na busca deuma defesa equilibrada, o que conseguiram com muito sucesso por intermdio do Dr.

    Miguel Timponi e seus colaboradores. A FEB mobilizou-se, ao comando de Wantuil deFreitas, cercando Chico Xavier de todo o carinho e apoiando-o com os recursosimprescindveis que o momento exigia.

    Em decorrncia disso tudo, Humberto de Campos volta a se comunicar trazendo asua identidade oculta sob o pseudnimo de IRMO X. Chico diz, ento, que devem ter

    prudncia em no mencionar o seu verdadeiro nome, atendendo orientao deEmmanuel. Mesmo porque, o nobre Instrutor reconhece ser preciso uma pausa, umdescanso, com vistas a uma produo medinica pacfica e construtiva.

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    (...) devo dizer-te que, ao sentir-me de novo visitado por esse amigo espiritual, aque nos referimos aqui, experimentei preocupaes e receio. Por causa das mensagensdele tenho entrado em lutas muito fortes que eu, francamente, no desejaria verrepetidas, embora saiba que a Vontade do Senhor que deve ser cumprida e no anossa. No fugirei, de modo algum, aos meus deveres para com a mediunidade, mas

    rogo a Jesus para que cessem as lutas de opinio, por vezes to amargas, no para aminha miservel pessoa que nada vale, mas para o campo de trabalhos de nossaConsoladora Doutrina para os meus amigos da Federao, dedicadssimos lutavenervel do bem e que no devo estar perturbando com assuntos desagradveis. Seique me compreendes e isto me conforta. Desse modo, se a Federao lanar o trabalhoda fase nova desse companheiro espiritual que tanto tem se esforado pela causa do

    Espiritismo Cristo, reservar-nos-emos quanto identificao do autor to-s para asconversaes e entendimentos verbais, evitando-se qualquer referncia escrita. Sealgum, noutras publicaes doutrinrias, mais tarde, escrever alguma coisa nesse

    sentido, o que no poderemos evitar, correr por conta dos que escreveremsemelhantes observaes em outros crculos, no achas? Quanto a ns, com a ajuda de

    Deus, ficaremos em contado doravante com o Irmo X, a mando-o pelo que ele epelo que nos traz e no pelo teu nome. Ao enviar-te esta mensagem rogo a Jesus paraque esta nova fase dele seja pacfica. Perdoa-me estas consideraes (...), mas sintoque, em te escrevendo, no devo ocultar meus estados de alma. (...)

    Quando Humberto de Campos retorna lida, atravs da psicografia, Chico sente-sereceoso. As lutas enfrentadas foram duras e difceis. No se sente em condies derecome-las. O tom de desabafo marca as linhas iniciais deste segundo trecho, mas,logo em seguida, Chico

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    assinala que a Vontade do Senhor que deve ser cumprida.Observemos que ele manifesta, primeiramente, a preocupao que o domina com o

    retorno de Humberto de Campos. Confessa seus receios e deixa transparecer que estum tanto desgastado pela refrega. Mas, imediatamente, ressalta que no fugir dos seusdeveres para com a mediunidade. Sabe que podero advir novos problemas e dissabores,

    mas no se esquivar ou se afastar do seu dever.Diante desse exemplo de tenacidade, e, sobretudo, de coragem da f, quedamo-nos arefletir.

    Incontvel o nmero de pessoas que, conhecendo o labor de Chico Xavier, aspirama ser tambm mdiuns com os recursos e aptides que ele, Chico, possui. Mas, bem

    poucos conhecem o altssimo preo que tm de pagar no sacrifcio e na abnegao, nasilenciosa e contnua renncia de si mesmos.

    A sementeira do Bem sempre rdua e custosa. Esse o preo da felicidade real edefinitiva que todos teremos de pagar, um dia, se quisermos conquist-la.

    Quantos de ns no teramos abandonado o servio em meio, ao primeiro sinal detempestade? Quantos teramos prosseguido, mesmo chorando e sofrendo, humilhados e

    injustiados pelos prprios companheiros e pelos inimigos gratuitos?Quem estar disposto a beber desse clice?

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    Lutas contra as restries. Fechamento da FEB

    6 4 1945

    (...) Muito grato pela remessa de O Psicgrafo e Materializaro com as

    instrues. tima lembrana! Ao receb-la, recordei o nosso Dr. Guillon, em 1942,quando se organizou o Reportagens de Alm-Tmulo. Ele e eu, embora distantes umdo outro, combinamos o esforo para o mesmo fim. (...) Meus parabns pelo trabalhoque foi efetuado, junto Chefatura de Polcia. Hoje, os jornais, aqui em Minas, jnoticiam a deciso administrativa do fazer cessar as restries contra as nossasatividades religiosas. A notcia me alegrou muito e felicito-te pela medida. (...) Admiro-te a fibra de trabalhador incansvel e peo a Jesus te fortalea na Obra de Ismael, narestaurao do Evangelho de Nosso Senhor Jesus-Cristo. (...)

    Guillon Ribeiro e Wantuil de Freitas, convocados ambos a tarefas pioneiras e degrandes responsabilidades, na implantao da Doutrina Esprita em nosso Pas, tiveram

    como no podia deixar de ser vnculos muito profundos no desempenho damisso que lhes fora con-

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    fiada. Ambos subiram Presidncia da Federao Esprita Brasileira e durante operodo em que exerceram o labor administrativo enfrentaram graves dificuldades,talvez as mais difceis e cruciais vividas pelo Espiritismo no Brasil. Ambos souberamagir com. fidelidade aos compromissos assumidos, procurando vivenciar, em cadainstante de testemunho, o Evangelho do Cristo que to bem traziam no corao.

    Foi na Presidncia de Guillon Ribeiro que Chico Xavier iniciou publicamente a suaatividade missionria, com a publicao, pela FEB, do seu primeiro livro psicografado,Parnaso de Alm-Tmulo, em 1932.

    bastante bvia a posio de Guillon Ribeiro frente da Casa de Ismael, nomomento em que Chico Xavier vai iniciar, na vida pblica, a sua singularssima misso.Praticamente, todos os que estavam vinculados a Chico Xavier esto, quela altura, emsuas posies estratgicas, determinadas numa programao traada na EspiritualidadeMaior, e dando cumprimento aos compromissos assumidos.

    Com a desencarnao do Dr. Guillon Ribeiro (em 26-10-1943), Wantuil de Freitas,que era Gerente de Reformador, escolhido para assumir a Presidncia da FederaoEsprita Brasileira, conforme j nos referimos na primeira carta deste livro.

    No trecho da carta acima, Chico refere-se a Guillon Ribeiro e demonstra, pelas suaspalavras, o quanto havia tambm de afinidade entre ambos. Diz Chico a Wantuil: Aoreceb-la, recordei o nosso Dr. Guillon, em 1942, quando se organizou o Reportagensde Alm-Tmulo. Ele e eu, embora distantes um do outro, combinamos o esforo parao mesmo fim. Como se observa, os dois, sintonizados com o trabalho do Alto, emboraestivessem separados no espao, vibravam unssonos, conjugando esforos para umobjetivo comum.

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    No trecho seguinte, assinalamos uma das mais significativas passagens da Histriado Espiritismo no Brasil. Chico Xavier cumprimenta Wantuil de Freitas: Meus

    parabns pelo trabalho que foi efetuado, junto Chefatura de Polcia. Hoje, os jornais,aqui em Minas, j noticiam a deciso administrativa de fazer cessar as restries contraas nossas atividades religiosas. A notcia me alegrou muito e felicito-te pela medida.

    Este pequeno texto traz ao nosso conhecimento uma grande vitria conquistada peloextraordinrio trabalho de Wantuil de Freitas. Trabalho esse que fora, porm, iniciadopelo Dr. Guillon Ribeiro e ao qual Wantuil deu prosseguimento e levou avante, com seudinamismo e deciso, at obter o xito almejado.

    Essas restries, a que Chico se refere, tiveram incio na administrao do Dr. LuizOlympio Guillon Ribeiro, mais precisamente no dia 27 de outubro de 1937, quando

    pela primeira vez a Federao Esprita Brasileira teve fechadas as suas portas porquase 72 horas. O segundo fechamento da FEB ocorreu em 10 de abril de 1941, tambmao tempo do Dr. Guillon Ribeiro.

    Para melhor entendermos esses acontecimentos, transcrevemos a palavra abalizadado ento Presidente da Casa-Mter do Espiritismo, em seu relatrio, de 15-7-1941.

    Estes dados, extramo-los do substancioso trabalho do confrade Clvis Ramos,intitulado Documentos e depoimentos para a Histria do Espiritismo no Brasil (2*

    parte), publicado em Reformador, n 1.835, de fevereiro de 1982. Eis a narraominuciosa de Guillon Ribeiro:

    Se bem vos acheis a par de todo o ocorrido, no podemos, nem devemos, para conhecimento dosque, de futuro, tratando da marcha do Espiritismo em nosso pas, estudem o perodo que ora transcorre,deixar de dizer alguma coisa acerca do fato singularssimo do fechamento de todas as

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    agremiaes espritas desta Capital, a Federao inclusive, em virtude de uma Portaria do Chefe dePolcia, datada de 9 de abril do ano corrente e publicada no dia seguinte.

    Segundo rezava a ordem de fechamento, cujas determinantes reais ainda desconhecemos e noperquirimos, por nos parecer intil, quando no ocioso, tinha ela por fim obrigar aquelas agremiaes,para poderem funcionar normal e regularmente, a se registrarem no departamento policial, mediante aapresentao dos documentos que a Portaria indicava.

    Obedecendo sem hesitar, como lhe cumpria, de conformidade com o esprito da doutrina crist, referida ordem, a Federao cerrou suas portas a 10 daquele ms (...).. Tendo requerido, ainda em cumprimento da Portaria em questo, o seu registro, instruindo o pedido

    com os documentos que esta ltima exigia, a Federao, que j no dia 14 obtivera permisso para ofuncionamento da sua Secretaria e Tesouraria, da sua Biblioteca e do servio de pagamento de penses,foi autorizada, no dia 17, a funcionar livremente, at que o seu requerimento de registro fossedespachado.

    Esse despacho saiu publicado faz poucos dias, em termos que no nos surpreenderam menos do queos do prprio ato com que nos ocupamos, mas que nos abstemos de apreciar, uma vez que, seja como for,

    permitem que a Casa de Ismael prossiga sem constrangimento em suas atividades e labores habituais.Com relao s Sociedades desta Capital que lhe so adesas, a Federao, como no podia deixar de

    agir de outra maneira, em favor delas, visto que cada uma tinha de satisfazer individualmente sexigncias da Portaria, exigncias que se estendiam at identificao pessoal dos respectivos diretores,

    fez o que estava ao seu alcance, orientando-as sobre a forma de se conduzirem no caso ocorrente,ministrando-lhes todas as instrues e esclarecimentos de que necessitavam e dizendo-lhes de que mododeveriam proceder, uma vez requerido o registro, para desde logo reencetarem seus trabalhos ordinrios.Assim se houve na emergncia a Federao, cnscia de estar cumprindo estrito dever, mas, por issomesmo, sem estrpito e sem alardear a prestao de servios excepcionais,

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    ao que, alis, sempre e sempre se furta, por incompatvel semelhante atitude com os postulados bsicos daDoutrina dos lspritos, acorde, natural e logicamente, em todos os pontos, Com a Doutrina Crist.

    Quando Wantuil de Freitas assume a Presidncia da Federao Esprita Brasileira, asPortarias policiais ainda vigoravam constrangendo as instituies espritas a cumprirem

    exigncias descabidas, em desacordo com a liberdade de culto existente no Pas.Wantuil lanou-se, ento, luta, para que o Espiritismo tivesse a igualdade de direitosconcedidos s demais religies.

    Extramos da 3 parte de Documentos e depoimentos para a Histria doEspiritismo, publicada em Reformador n 1.836, de maro de 1982, o trecho doRelatrio de Wantuil de Freitas, no perodo de julho de 1944 a junho de 1945:

    Conforme noticiou o nosso rgo, a Diretoria nomeou uma comisso para se entender com o Chefede Polcia, Sr. Ministro Joo Alberto, a respeito das celebrrimas Portarias policiais, criadas desde halguns anos e que impediam oa nossos confrades de exercer livremente o direito de liberdade de culto,assegurado pela Constituio do Pas. Diante da exposio que esses companheiros fizeram quelaautoridade, as Portarias foram revogadas e o Espiritismo teve os leus direitos respeitados quanto

    liberdade de se reunirem os espritas, sem necessidade de se registrarem na Polcia, em perfeita igualdadecom os direitos sempre concedidos s demais religies.

    E como diz Clvis Ramos em seu comentrio: Uma vitria que ainda nos felicita!

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    Art. 282 e 284 do Cdigo Penal Brasileiro. Poltica

    26 4 1945

    (...) Tenho consagrado todas as minhas horas disponveis ao trabalho de Andr

    Luiz. Recebi as mensagens publicadas em Reformador, a que te referes. H dias,ouvi Emmanuel sobre o assunto, sendo que ele aconselhou fossem todas elas (comexceo de algumas) colocadas em futura edio provvel do Novas Mensagens. Dizele que no ser, til fazer uma nova publicao com esses trabalhos e, de agora emdiante, o nosso velho amigo o Irmo X para todos os efeitos, sendo de esperar queele nos d algo, de novo, mais tarde, sob esse nome igualmente novo, no ? Recebiontem a 3' edio do Novas Mensagens, o que te agradeo e, assim, esperaremos o

    futuro e teremos bastante tempo para tratar do caso, no achas? A propsito, envio-tea nova mensagem que recebi do Irmo X, ontem, e que passo para as tuas mos.

    Achei-a muito interessante.Muito grato pelas notcias do nosso estimado e bom amigo Sr. Fgner. Espero em

    Jesus, que, conforme me contas, possa eu, em breve, ouvi-lo ao telefone. (...)

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    Muito grato pela notcia do Parnaso nas alturas. Creio que a primeira vez queas suas pginas tero sido tidas em avio, no mesmo?

    Chico se dedica, como declara, ao novo livro de Andr Luiz, cujo ttulo ele informa aWantuil na prxima carta.

    Em seguida, refere-se s mensagens de Humberto de Campos e que levariam agora conforme fora combinado a assinatura de Irmo X. Naturalmente, tanto elequanto Wantuil tm ainda em mos algumas mensagens com o verdadeiro nome doclebre escritor brasileiro e, prudentemente, segundo a orientao de Emmanuel, nofariam nova publicao com esses trabalhos. Aguardariam, assim, que com o

    pseudnimo de Irmo X ele transmitisse outras pginas medinicas. Como o prprioChico diz, estava sendo lanada a 3 edio do Novas Mensagens, onde consta onome de Humberto de Campos como autor espiritual.

    O ltimo pargrafo do trecho da carta acima refere-se a uma viagem area queWantuil tinha realizado, tendo este informado ao Chico que aproveitara o tempo do

    percurso para rever provas de mquina de nova edio do Parnaso de Alm-Tmulo.

    Estou rogando a proteo de Jesus para as tuas providncias anti-282 e 284.Que Jesus nos proteja, a fim de que possamos intensificar os servios do bem.

    Chico faz, no texto acima, importante meno ao trabalho verdadeiramente brilhantede Wantuil de Freitas no sentido de conseguir a modificao dos artigos 282 e 284 doCdigo Penal Brasileiro, os quais atingiam, especialmente, os mdiuns curadores. Nadefesa destes, isto , buscando assegurar a todos os mdiuns o direito de ajudar o

    prximo e de praticar a caridade em nome de Jesus,

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    Wantuil de Freitas ir at ao Presidente da Repblica! S este fato bastaria paraassinalar indelevelmente a presena de Wantuil na Histria do Espiritismo no Brasil.

    Tambm aqui, valemo-nos do trabalho de Clvis Ramos, Documentos edepoimentos para a Histria do Espiritismo no Brasil, em sua 3 parte, publicada emReformador n 1.836, de maro de 1982, transcrevendo um trecho do Relatrio de

    Wantuil de Freitas no perodo de julho de 1944 a junho de 1945, apresentado Assemblia Deliberativa da FEB. Primeiro, a explicao de Clvis Ramos:

    A luta maior foi, e tem sido, contra o que os inimigos do Espiritismo fizeram constar do CdigoPenal Brasileiro, com o fito de atingir os mdiuns curadores, que tantos servios prestavam, e ainda

    prestam, aos pobres deste Pas, dando de graa o que de graa recebem, como manda o Evangelho. Lutou,a FEB, com denodo, contra os artigos 282 e 284, do nosso Cdigo em vigor.

    E agora a palavra do Dr. Wantuil de Freitas:

    No se descuidou tambm a Diretoria de defender o nosso ponto de vista relativo interpretao queo Judicirio vem dando aos artigos 282 e 284 do Cdigo Penal. Todas as nossas exposies anteriores

    foram mandadas arquivar pelos Srs. Ministros da Justia, diante dos pareceres dos Consultores Jurdicosdo Ministrio; no entanto, no correr do exerccio, nova exposio e novos argumentos dirigimos ao Sr.Presidente da Repblica, solicitando alterao, modificao ou revogao dos referidos artigos. Sobreessa ltima exposio de motivos, felizmente, nos dado comunicar-vos, com absoluta segurana, que elamereceu ser informada favoravelmente pelos juristas do Ministrio; todavia, como o Sr. Ministro lhedesse o despacho Examine-se oportunamente resolvemos apelar para o Sr. Presidente daRepblica, pedindo-lhe uma audincia, na qual lhe expusemos, em data de 16 de julho (*), as razes emque nos baseamos.

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    Pode-se imaginar gesto mais positivo, mais firme, mais direto e decidido em defesado Espiritismo? Por incrvel que parea, Wantuil de Freitas teria no apenas essa, masoutras atitudes igualmente arrojadas e decisivas, defendendo a nossa Doutrina, numapoca em que ora preciso lutar at mesmo pelo direito de ser esprita. Pelo direito de irao Centro. Pelo direito de ver a Doutrina Esprita reconhecida e respeitada como

    religio.E o Reformador de agosto de 1946 traz o relato complementar de Wantuil:

    Em 16 de julho (*) estivemos em presena do Sr. Presidente da Repblica, em audinciapreviamente marcada, d fim de conseguirmos que S. Exa. examinasse as ponderaes que lheapresentamos quanto injustia dos artigos 282 84 do Cdigo Penal, criados pelos adversriosdo Espiritismo, em desrespeito Constituio do Pas. Prometeu-nos S. Exa. que iria estudar oprocesso que se encontrava em mos do seu Ministro da Justia, alis, segundo fomosinformados, com parecer favorvel; no entanto, encaminhado pelo Sr. Ministro para o Sr.Consultor Geral da Repblica, o processo no voltou s mos do Presidente, visto que as ForasArmadas entregaram a direo do Pas ao Poder Judicirio. Dessa forma, deveremos esperar quea Nao volte ao seu estado normal, para prosseguirmos em nossos trabalhos.

    Vejamos agora o que estatui o nosso Cdigo Penal e que to prejudicial aoEspiritismo, ao livre exerccio da caridade que visa a aliviar os males do corpo e daalma:

    Tratando do exerccio ilegal da medicina (esclarece Clvis Ramos, acima citado), arte dentria e artefarmacutica, diz o seguinte:

    *(*) Trata-se de 16 de julho de 1945. (Nota da Editora.)

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    Art. 282. Exercer, ainda que a ttulo gratuito, a profisso de mdico, dentista ou farmacutico, semautorizao legal ou excedendo-lhe os limites:

    Pena deteno, de seis meses a dois anos.Pargrafo nico. Se o crime praticado com o fim de lucro aplica-se tambm multa, de um a cinco

    contos de ris.Tratando do charlatanismo:

    Art. 284. Inculcar ou anunciar cura por meio secreto ou infalvel:Pena deteno, de trs meses a um ano, e multa, de um a cinco contos de ris.Da interpretao desses dispositivos legais (prossegue Clvis Ramos), aconteceram, e ainda

    acontecem, perseguies aos mdiuns, que, de vez em quando, se vem s voltas com a Polcia, acusadosdo exerccio ilegal da medicina, confundidos, muitos deles, com mestres do charlatanismo...

    O que me dizes sobre a poltica o que eu penso. Nossa tarefa com o Cristo deDeus. As sereias esto cantando, mas a verdade que o nosso corao no foichamado para esse gnero de lutas. O Bispo de Maura me escreveu uma carta longa(cuja cpia com a cpia de minha resposta enviarei, breve, leitura confidencial com o

    Ismael), acreditando eu que ele tambm est interessado em movimento poltico. Estourespondendo a ele, com instrues de Emmanuel (a mim, particularmente) lembrandoque o nosso trabalho no pode esquecer aquele ensinamento do Divino Mestre aCsar o que de Csar e a Deus o que de Deus. Logo que eu voltar da viagem teenviarei as cpias para leres com o Ismael. (...)

    Chico utiliza a interessante imagem as sereias esto cantando para simbolizar ofascnio, a atrao que a poltica exerce sobre muitas pessoas. Tambm ele no escapoude ouvir o canto das sereias, isto , de ser con-

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    vocado a entrar no jogo poltico, com a promessa de Hortas tentadoras, caso desse seuapoio a algum poltico, entretanto, apesar de ouvir-lhes o canto, no hesita em

    prosseguir na sua caminhada. E sobre isto comenta com I ligo, dizendo: Nossa tarefa com o Cristo de Deus (...) nosso corao no foi chamado para esse gnero de lutas. evidente que Chico sabe no ser essa a tarefa de ambos.

    Como detalhe curioso, a revelao de que o Bispo de Muna lhe escreve longa carta,supondo que Chico estaria interessado em se projetar no cenrio poltico. A resposta deChico Xavier, sob a orientao de seu Mentor Espiritual, enfatiza junto ao Bispo oensinamento do Divino Mestre para aqueles que esto a Seu servio: A Csar o Que de Csar e a Deus o que de Deus. Chico promete a Wantuil enviar-lhe, para que leia,

    juntamente com Ismael, a cpia da carta do Bispo de Maura e a cpia da resposta queele lhe remeteu.

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    Se Jesus cobrasse direitos autorais. Livros infantis

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    (...) De todos os tpicos de tua ltima, destaco o caso (...) como um fato de

    amargar. Surpreendi-me bastante. No o supunha capaz de semelhante gesto. Julgava-o distanciado das idias de direitos autorais. E, como a questo por ele suscitada emcarta endereada s tuas mos muito triste, limito-me a dizer: Que pena!

    Imagine, meu caro Wantuil, se Jesus nos cobrasse direitos autorais de suas bnos,onde iramos. por isso que estranho a cobrana de tais vantagens por parte daquelesque o servem neste mundo. Isso compreensvel nos servidores da morte, semprereceosos do presente e do futuro, mas, nos filhos da vida eterna, no possocompreender.

    Chico Xavier jamais aceitou um centavo pelas vendas de seus livros. Todas as suasobras medinicas tiveram os direitos autorais cedidos, inicialmente FEB e, anos mais

    tarde, a outras instituies e editoras s quais ele quis beneficiar tambm. natural, portanto, que ele se admirasse ao ver que determinado companheiro no

    abria mo dos direitos au-

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    torais de suas obras. Tem ento um comentrio que merece destaque e que iremosanalisar por partes: Imagine, meu caro Wantuil, se Jesus nos cobrasse direitos autoraisde suas bnos, onde iramos. por isso que estranho a branca de tais vantagens por

    parte daqueles que o servem neste mundo.H dois milnios vimos mercadejando as bnos que o Senhor nos concede. Foi

    fcil estabelecer um preo para servi-lo. Foi extremamente simples para os homenstransformarem os templos em verdadeiros mercados onde Jesus fosse comercializado,diariamente. Ainda hoje, o homem acha natural o comrcio da f e a freguesia seacostumou a pagar porque torna tudo mais cmodo e menos trabalhoso.

    A Doutrina Esprita, o Consolador Prometido por Jesus, veio restabelecer a Verdade.Ela nos traz o Evangelho em sua feio pura e real. Os erros humanos quedescaracterizaram e desfiguraram quase totalmente os ensinos do Senhor j no maisobscurecem as suas luzes. Por isso, em Doutrina Esprita tudo absolutamente grtis.Todos trabalham pela honra de servir, pelo anseio de fazer o bem e ser bom. Amediunidade exercida com esprito de caridade e amor, compreendendo-se que todoBem promana de Deus e que os mdiuns so instrumentos humanos de que se valem os

    Benfeitores da Vida Maior para espalhar as bnos divinas. Da mesma forma apregao doutrinria e todo e qualquer labor vinculados Doutrina Esprita.

    Isso compreensvel nos servidores da morte, sempre receosos do presente e dofuturo (...).

    Os que transformam os benefcios e bnos do Senhor em comrcio;os que deturpam os ensinamentos do Mestre;os que se valem de sua posio de condutores de almas, para desvi-las e induzi-las

    ao erro e ao mal;

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    os que sendo chamados se negam ao testemunho; os que renegam o Cristo e se dizemcticos;

    os que O combatem;os que traem as promessas e compromissos assumidos com Ele, estes so os

    servidores da morte e, conseqentemente, esto sempre receosos do presente e do

    futuro.(...) mas, nos filhos da vida eterna no posso compreender.Chico assim denomina os espritas:aqueles que compreenderam os ensinos de Jesus;os que O servem com abnegao;os que O buscam com f e esperana;os que trabalham por amor, em Seu nome;os que renunciam a si mesmos para que Ele viva.Filhos da Vida Eterna: que doce e consoladora certeza esta. Que grandes e graves

    responsabilidades nos transmitem!

    Vale-nos o gesto gentil do Dr. Chiodo, que, dedicado ao teu bom corao, nosreconforta a todos ns.

    Comunico-te que terminei a cooperao medinica com Andr Luiz no novo livro,em 25 deste ms. O livro foi intitulado Obreiros da Vida Eterna, por nossos amigosespirituais. Remeti-o ao Quinto em 26 do corrente, esperando que j lhe tenhachegado s mos. Pedi a ele fizesse a entrega do trabalho, aps a sua leitura,

    Livraria da Federao, aguardando, para breve tempo, a tua opinio sobre o novoesforo. Acho muito interessante as descries que o autor espiritual nos faz das zonasda erraticidade, bem como as narrativas sobre os fenmenos da desencarnao.

    Esperarei o teu parecer, com o interesse de sempre.

    Ligeiro comentrio de Chico sobre o assunto abordado por Andr Luiz em seu novolivro, o 4 da srie.

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    Neste, a descrio das zonas inferiores da erraticidade so j bastante detalhadas,fazendo assim uma preparao para o livro que viria algum tempo depois Libertao (o 7 da srie). Outrossim, em Obreiros da Vida Eterna o autor espiritualrelata quatro casos do desencarnao e uma desencarnao adiada.

    Emmanuel tem comentado os nossos propsitos de algo receber para os crculosinfantis. Diz ele que receberemos trabalhos simples, dedicados diretamente aospequenos e aos adolescentes, acrescentando que precisamos de servios como essesque interessem de modo mais fundamental o esprito infantil para que a matria no

    fique to-somente nos ensinos dos professores de doutrina, empenhados no esforohercleo de provocar o interesse dos pequenos aprendizes. Isso diz ele dificultaas lies, porque os orientadores se cansam antes de conquistar a ateno dos alunos.

    Afirmou-me, pois, que precisamos livros de feitio pequeno e alegre que possaminteressar os lares espiritistas ou cristos de qualquer escola diferente. Para isso assegurou-me o nosso amigo espiritual , precisamos ir pensando em arranjar oconcurso de um bom desenhista e, ainda que a publicao fique cara, poderamos

    experimentar, com edio reduzida.Transmito-te o que ouvi dele para irmos mentalizando, no ? Perdoa-me.

    Nessa primeira notcia sobre o livro infantil, notamos a preocupao de Emmanuelem atender criana. De fato, como veremos adiante, logo depois Chico Xavier Inicia otrabalho de psicografia de livros infantis.

    No programa traado por Emmanuel, todas as faixas etrias so atendidas. Todas asnecessidades humanas foram auscultadas e recebem o atendimento compatvel. Hoje,transcorridas quase quatro dcadas aps essa carta,

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    verificamos que o programa foi cumprido risca. H livros que atendem a todas ascriaturas e a todos os problemas da Humanidade.

    Ultimamente, sinto-me algo adoentado, mas espero seja coisa passageira. (...)Aguardo teus informes sobre o novo livro de Zilda Gama. (...) quepossamos ter a

    alegria de v-la cooperando ativamente nos servios da Causa.

    Chico Xavier sempre apreciou o trabalho da mdium Zilda Gama e falar sobre elevrias vezes nesta correspondncia.

    Recebi teus apontamentos sobre os nossos irmos (...) e os demais. Eles vocriticando e seguiremos trabalhando. O padre Jlio Maria (era um padre francs,

    segundo apontamentos de Wantuil, a lpis, na carta) comeou uma srie de trabalhoscombativos contra o Parnaso de Alm-Tmulo e, depois, contra Emmanuel e osnossos amigos da Espiritualidade, em agosto de 1932. Durante doze a treze anos,escreveu mensalmente artigos de excomunho e perseguio sombrios. Quando esse

    amigo desencarnou, ultimamente, disse-me Emmanuel Vamos orar pelo nossoirmo Jlio Maria; com ele sempre tivemos um cooper odor maravilhoso dava-noscoragem na luta e concitava-nos a trabalhar. Os adversrios so nossos valiososinstrutores e colaboradores de importncia. Foi Emmanuel que tambm me disse umdia No te aflijas com os que te batem o martelo que atormenta o prego com

    pancadas f-lo mais seguro e mais firme. (...)

    Com que serenidade Chico Xavier revela que a sua obra medinica e o prprioEmmanuel sofreram, de deter-

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    minado irmo de outra crena, uma perseguio que durou doze a treze anos. Com adesencarnao desse irmo, Emnanuel lembra ao Chico a necessidade de orar por ele. Ede novo nos ensina que o adversrio coopera conosco, fiscalizando-nos e impelindo-nosa andar com mais cuidado e acerto.

    E de Emmanuel a frase final, verdadeiramente sbia quo oportuna, merecendo

    destaque para nossa medita-o: No te aflijas com os que te batem o martelo queatormenta o prego com pancadas f-lo mais seguro e mais firme.

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    Veneranda. Livros infantis

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    (...) Meus parabns pela inaugurao das conferncias espiritistas-crists na

    Penitenciria. um trabalho precioso, para