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Suicídio e etilismo
AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS, COMPORTAMENTO SUICIDA, IMPULSIVIDADE / AGRESSIVIDADE E SUAS ASSOCIAÇÕES COM POLIMORFISMOS DE GENES LIGADOS ÀS FUNÇÕES SEROTONINÉRGICA E DOPAMINÉRGICA DE ETILISTAS
Ana Luiza Garcia Cunha
Orientador: Prof. Humberto Corrêa
Introdução
Alcoolismo é uma doença crônica e progressiva caracterizada pela perda do controle sobre o uso de álcool, com conseqüências sociais, legais, psicológicas e físicas.
Alcoolismo tipo I
Alcoolismo tipo II início precoce, mais freqüentemente de outras drogas, mais alcoolismo e depressão entre seus parentes de
primeiro grau maior determinismo genético e associação à
impulsividade /agressividade e comportamento suicida.
Comportamento suicida refere-se à ocorrência de tentativas de suicídio, que são definidas como atos de agressão dirigidos a si mesmo com pelo menos alguma intenção de terminar com a própria vida.
Cerca de 15% dos alcoolistas vão se suicidar, enquanto 40% vão fazer pelo menos uma tentativa de suicídio.
Nos EUA, no ano de 2002 132.353 hospitalizados em decorrência de
tentativa de suicídio 116.639 tratados em departamentos de
emergência e liberados.
65% de todas as tentativas de suicídio estão associadas ao uso de álcool (Department of Health, 1993)
Estudos Genéticos
Estudos história familiar, de gêmeos e de adoção - envolvimento genético.
Candidatos: Sistema Serotoninérgico Sistema Dopaminérgico
Baixos níveis de 5-HIAA no CSF em tentativas violentas impulsivas além de uma alta prevalência de desordens de personalidade e abuso de álcool entre esse subgrupo de pacientes.
5-HIAA – ácido 5-HidroxiindoleacéticoCSF – Fluido Cérebro-espinhal
Mecanismos de produção, liberação e captação da Serotonina
Correlação entre os níveis de 5-HIAA no CSF e HVA (metabólito da via dopaminérgica) no CSF.
O etanol estimula a transmissão dopaminérgica no sistema mesolímbico, especialmente o núcleo accumbens, onde há grande expressão do receptor de dopamina D3, em relação ao receptor D2.
Lesão de terminais dopaminérgicos do núcleo accumbens pela neurotoxina 5-hidroxidopamina eliminam a auto-administração de cocaína papel significante na motivação para o uso de drogas, como cocaína, anfetamina e etanol.
HVA - ácido homovanílico
Neurônios dopaminérgicos projetando da área tegmental ventral para o núcleo accumbens, tubérculo olfatório e septo, amigdala e hipocampo. Esse sistema mesolímbico dopaminérgico está envolvido em comportamentos baseados em emoções, incluindo motivação e recompensa.
Mecanismos de produção, liberação e captação da Dopamina
Objetivos do Estudo
Avaliar diversos polimorfismos de genes envolvidos nas vias serotoninérgica e dopaminérgicas.
Os alvos dessa pesquisa são os genes triptofano hidroxilase (TPH) catecol-O-metiltransferase (COMT) monoamino oxidase A e B (MAO A e MAO B) transportador de serotonina (5-HTT) receptores de serotonina – 5-HT1A, 5-HT2A, 5-HT2C, 5-
HT1B receptor de dopamina D3.
Critérios de Seleção e Avaliação dos Pacientes
Em abstinência Admitidos para tratamento psiquiátrico ambulatorial,
na unidade de internação ou em hospital dia do IPSEMG,
Características clínicas Parâmetros de impulsividade/agressividade História de tentativas de suicídio (letalidade,
gravidade e tipo). Comparação dos escores de suicido, impulsividade / agressividade e outras características de personalidade.
100 pacientes e 100 controles
Transportador de Serotonina 5-HTT
Localizado no cromossomo 17q11.1-q12 Esse gene codifica uma proteína integral de
membrana que transporta o neurotransmissor serotonina da fenda sináptica para o neurônio pré-sináptico.
Essa proteína é alvo de estimuladores psicomotores – como cocaína e anfetaminas.
Um polimorfismo comum (5-HTTLPR) é devido a uma deleção/inserção de 44 pares de bases (SS)/(LL) na região promotora 5’
Esse polimorfismo afeta a taxa de recaptação de neurotransmissor.
Alguns, mas não todos, estudos in vitro demonstraram que o alelo S tem um efeito dominante e diminui a transcrição ou a tradução do mRNA do 5-HTT
Menor ligação de 5-HTT no córtex pré-frontal de vítimas de suicídio
Alelo S mais freqüentes entre pessoas que tentaram suicídio do que não dentro do mesmo diagnóstico psiquiátrico.
LS e SS associados com suicídio violento, mas não com suicídio não-violento.
Pacientes carregando o alelo S parecem ter pouco controle de características impulsivas e agressivas, e talvez tenham uma tendência a agir com métodos mais violentos no impulso para o suicídio ou violência.
Receptor D3 de Dopamina (DRD3)
Cromossomo 3q13.3
O subtipo D3 inibe a adenilato-ciclase através de proteína G inibitória.
DRD3 é expresso em regiões filogeneticamente antigas do cérebro, sugerindo um papel do receptor nas funções cognitivas e emocionais.
Autoreceptores de dopamina inibem a síntese de dopamina, a liberação de dopamina e atividade elétrica dos neurônios dopaminérgico, mecanismos que são presumivelmente envolvidos em respostas comportamentais (como a inibição da atividade locomotora), com pequenas doses de agonistas.
Pré-tratamento de ratos:
D3 agonistas o consumo de etanol.
D3 antagonistas o consumo de etanol.
Apesar disso, em um estudo com ratos nocaute para D3 e ratos C57 controle não achou-se diferença notável tanto no consumo quanto na preferência (3%/10%) de etanol.
Substituição de uma serina por uma glicina.
O estudo de Gorwood et al não confirmou a ligação desse polimorfismo à dependência de álcool.
Outros genes a serem avaliados
triptofano hidroxilase (TPH) catecol-O-metiltransferase (COMT) monoamino oxidase A e B (MAO A e MAO
B) receptores de serotonina – 5-HT1A, 5-HT2A,
5-HT2C, 5-HT1B
Materiais e Métodos
DNA genômico extraído à partir de sangue periférico dos participantes com base na técnica descrita por Boom et al, 1990.
PCR
DRD3
primer F GCTCTATCTCCAACTCTCACA primer R AGGTCTACTCACCTCCAGGTA
5-HTTLPR
primer F CCGCTCTGAATGCCAGCACCTAAC
primer R AGAGGGACTGAGCTGGACAACCAC
http://employees.csbsju.edu/hjakubowski/classes/ch331/dna/pcr.gif
Reação – 5-HTTLPR
1Tubo 15,5 μL de água
demineralizada e autoclavada 2,5 μL de tampão IIC 2,5 μL de dNTP 0,5 μL de primer F 0,5 μL de primer R 0,5 μL de Taq 3,0 μL de amostra de DNA
http://www.gmd.de/images/divers/cover-eppendorf.jpg
1- 95ºC por 5 minutos 2- 95ºC por 30 segundos 3- 64ºC por 1 minuto 4- 72º C por 1 minuto 5- Repetição do item 2 ao
item 4 por 35 vezes 6- Extensão final a 72°C por
7 minutos 7- Manter a 4º por tempo
indeterminado
Eletroforese – 5-HTTLPR
Reação – DRD3
1Tubo 19,168 μL de água 3,248 μL de dNTP 3,248 μL de buffer IB 0,652 μL do primer F 0,652 μL do primer R 0,652 μL Taq 1 μL de MgCl2 (25mM) 3,248 de DMSO 3,0 μL da amostra de DNA
http://www.renner-laborbedarf.de/images/12019.jpg
95ºC por 5 minutos 95ºC por 30 segundos 60ºC por 1 minuto 72ºC por 1 minuto para
extensão das fitas Repetir, do ciclo 2 ao ciclo
5, por 35 vezes; Realizar uma última
extensão a 72ºC por 7 minutos
Resfriar a 4º C
Eletroforese
462bp
Digestão – DRD3
Enzima Msc 1 Sítios de corte
TGG▼CCA e ACC▲GGT
37ºC por 4 horas; 65ºC por 20 minutos; 4º C
111 304 304 206 304
47 206/98 98 206/98
Resultados
36 amostras 5- HTTLPR
Genótipo Fenótipo
LL 0,34
LS + SS 0,66
51 amostras DRD3
Genótipo Fenótipo
Hetero 0,53
Homo Ser 0,33
Homo Gly 0,13
28 amostras combinadas para DRD3 e 5-HTTLPR
Genótipo FenótipoLL + Hetero 0,214
SS + Hetero 0,214
LS + Hetero 0,214
LL + Homo Serina 0,11
LS + Homo Serina 0,07
SS + Homo Serina 0,11
LL + Homo Glicina 0,035
LS + Homo Glicina 0
SS + Homo Glicina 0,035
Observações
Somente ao final do estudo serão consideradas as características de cada paciente e a sua correlação com o genótipo para que não haja indução na seleção dos pacientes por resultados preliminares.
Todos os genes deverão ser avaliados para que se tenha uma visão ampliada dos fatores que podem estar influenciando no comportamento suicida entre os alcoolistas.
Todas as amostras devem ser avaliadas para que se tenham um número estatisticamente mais válido para uma análise final.
Conclusões
Uma influência genética é certa no comportamento suicida, mas as características ambientais e sociais não devem ser desconsideradas.
Os sistemas serotoninérgico e dopaminérgico aparecem como candidatos a tal influência genética, mas ainda são necessários mais estudos para que se comprove que alterações nesses sistemas aumentam a susceptibilidade ao comportamento suicida associado ao alcoolismo para que, a partir desses dados, estratégias possam ser desenvolvidas no sentido de prevenir uma parte das ações suicidas.