superparamagnetismo

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA ÓXIDOS DE FERRO Orientador: Prof. Dr. Andrea Paesano Júnior JULIANA FORTUNATO SUPERPARAMAGNETISMO

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Page 1: Superparamagnetismo

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA

ÓXIDOS DE FERRO

Orientador: Prof. Dr. Andrea Paesano Júnior

JULIANA FORTUNATO

SUPERPARAMAGNETISMO

Page 2: Superparamagnetismo

A Importância do Nanomagnetismo

Estudo das propriedades e aplicações do magnetismo de nanopartículas isoladas, nanofios, filmes finos e multicamadas e amostras magnéticas volumosas que incorporam partículas nanoscópicas.

Possui muitas aplicações práticas, da geologia à gravação magnética, dos ferrofluidos ao transporte de drogas que podem ser direcionadas a órgãos ou tecidos específicos.

Construção de novos materiais com propriedades magnéticas pré-estabelecidas: controle da geometria, do tamanho e simetria da rede de spins, do nível de desordem nesses materiais em escala microscópica.

Estudo das propriedades e aplicações do magnetismo de nanopartículas isoladas, nanofios, filmes finos e multicamadas e amostras magnéticas volumosas que incorporam partículas nanoscópicas.

Page 3: Superparamagnetismo

1- Magnetismo de Pequenas Partículas

1. O comportamento magnético das

partículas dependente das suas

dimensões.

- Partículas menores que se ordenam

magneticamente tendem a ser

monodomínios, e as maiores (acima de

um certo diâmetro crítico Dcrit) serão

multidomínios.

2. A temperatura de ordenamento magnético de nanopartículas depende de uma maneira regular com o diâmetro.

Dimensão

Figura 1.0 - Temperaturas de ordem magnética versus inverso do diâmetro de partículas esféricas de maghemita.

Page 4: Superparamagnetismo

A redução de tamanho da nanopartícula (monodomínio) é suficiente para que o seu momento magnético não fique estável no eixo magnético preferencial durante um tempo típico de medida.

Figura 1.1 - Dimensões de uma nanopartícula, quando muito pequena fica instável.

Magnetismo de Pequenas Partículas

Page 5: Superparamagnetismo

Magnetismo de Pequenas Partículas

3. Partículas maiores são

multidomínios.

- Há mudança na sua magnetização

rearranjando a estrutura dos domínios.

4. O campo coercivo Hc varia com o tamanho das partículas.

- Diâmetros pequenos: Momento magnético não estável (Hc=0); - Diâmetros intermediários: momento estável e a coercividade cresce com D; - Diâmetros maiores: multidomínio e coercividade cai com D.

Dimensão

Figura 1.2 - Curva esquemática de coercividade versus tamanho da partícula magnética.

Monodomínio SPM - 0 < D < Dcrit Mono e multidomínio ferromagnéticos - D>Dcrit

Page 6: Superparamagnetismo

Magnetismo de Pequenas Partículas

Figura 1.3 - Dependência da coercividade magnética com o tamanho da partícula.

Page 7: Superparamagnetismo

SPM

Quando o tamanho da partícula composta por átomos magnéticos é suficientemente pequeno , a energia necessária para se dividir em domínios magnéticos é maior do que a energia necessária para manter-se como um monodomínio.

A chamada Teoria Superparamagnética foi introduzida por Bean e Livingston em 1959.

Aparerentemente o primeiro estudo sobre partículas magnéticas nanométricas foi realizado por Kittel em 1946.

2- Superparamagnetismo

Em 1949, Néel aperfeiçoou as ideias de Kittel.

Page 8: Superparamagnetismo

SPM

Os monodomínios comportam-se como paramagnetos: os momentos magnéticos são praticamente não interagentes entre si, na ausência de campo magnético a magnetização é nula.

O momento magnético total é várias ordens de magnitude maior que aqueles dos átomos individuais.

Superparamagnetismo

Os momentos magnéticos atômicos no interior de uma partícula se movam coerentemente, ou seja, o momento magnético total pode ser representado por um único vetor.

Nat

Page 9: Superparamagnetismo

1. Suposição mais simples: a

direção do momento

magnético é determinada por

uma anisotropia uniaxial.

2. Considerando uma partícula

constituída de um único

domínio com anisotropia

uniaxial, a energia pode ser

dada por:

2)( KVsenEB

Superparamagnetismo

Figura 2.1 - Magnetização de uma partícula esférica fazendo um ângulo q com o eixo de fácil magnetização (vertical).

Page 10: Superparamagnetismo

Superparamagnetismo

Figura 2.2 - Diagrama da dependência de tamanho na energia e na transição de nanopartículas. Ferromagnetismo na partícula grande (acima) e superparamagnetismo na partícula pequena (abaixo), considerando-se uma constante de anisotropia invariante com relação à variação de tamanho.

Page 11: Superparamagnetismo

Superparamagnetismo

Figura 2.3 - Energia de uma partícula magnética monodomínio com anisotropia em presença de um campo aplicado, em função do ângulo θ do campo com o eixo de anisotropia, para diferentes valores do campo.

)cos()( 2 HKVsenEB

Para uma partícula individual uniaxial na presença de um campo magnético externo aplicado na direção do eixo de fácil magnetização, a energia da partícula será dada pela expressão:

Page 12: Superparamagnetismo

4

1

2

3

Relaxação da magnetização desta partícula )/exp()( 0 tMtM

O tempo de relaxação é essencialmente o tempo necessário para reverter o momento magnético de um estado de equilíbrio para outro.

Este tempo característico depende da energia da barreira KV e da temperatura.

)/exp(0 TKE BB

Superparamagnetismo

Em sistemas granulares o comportamento magnético depende

também do tempo de medida τm.

Page 13: Superparamagnetismo

Tempo de medida τm

Este tempo de medida varia desde valores altos (tipicamente 100s) até baixos valores (10-8 s) espectroscopia Mössbauer).

• KBT>>E Altas temperaturas ou pequenos volumes

τm>>τ Regime SP

• KBT<<E

τm>>τ Regime

Bloqueado

Superparamagnetismo

A definição se uma partícula é superparamagnética ou não vai depender do tempo necessário para realizar a medida. Exemplo: Cobalto

Diâmetro(nm) T(s)

6,8 0,1

9,0 3,2.109

Medida magnética convencional: 100s Medida de espectroscopia Mössbauer: 10-8s

Tempo de medida τm

Page 14: Superparamagnetismo

Definindo o volume crítico a uma temperatura constante T0 ao requerer

8

2

0

010ln

10lnlnln

TK

KV

B

crit

m

Assumindo que τm=100s

K

TKV B

crit

25

Para um dado tempo e medida é possível definir a temperatura que separa o regime SP do regime de bloqueio. Esta temperatura é chamada de temperatura de bloqueio. Para um certo volume fixo V0

:

B

BK

KVT

25

0

tempo < tm > tm

Tempo da medida (tempo necessário

para realizar a medida) Superparamagnético Bloqueado

tm

Superparamagnetismo

Page 15: Superparamagnetismo

Superparamagnetismo

está em boa concordância com os dados experimentais.

as soluções exatas só existem para limitar casos, como a T = 0 K, para as partículas completamente bloqueadas (conhecido como modelo de Stoner-Wohlfart ou para T »TB para um sistema totalmente superparamagnético.

É possível efetuar medidas de temperatura de bloqueio para diferentes janelas de tempo por meio de Espectroscopia Mössbauer, Susceptibilidade AC, magnetometria SQUID.

Quando as medidas são realizadas em nanopartículas dispersas em um polímero, de tal maneira que a interação entre as partículas torna-se insignificante, é possível confirmar que em sistemas muito diluídos o comportamento previsto pela equação

8

2

0

010ln

10lnlnln

TK

KV

B

crit

Page 16: Superparamagnetismo

Modelo de Stoner-Wohlfart

As partículas são consideradas elipsóides monodomínios homogêneos. O modelo de Stoner-Wohlfarth corresponde à abordagem micromagnética mais simples, que despreza o termo de troca na função energia total.

Sua energia na presença de um campo magnético H cuja direção forma um ângulo ψ com a direção de magnetização fácil, e um ângulo θ com a magnetização.

)coscos(cos0

2

1 sensenHMVsenKE s

Figura 2.4 - Partícula monodomínio elipsoidal em um campo magnético H, mostrando os ângulos relevantes entre o campo, o eixo de anisotropia e a magnetização.

Page 17: Superparamagnetismo

Modelo de Stoner-Wohlfart

Com H = 0, a magnetização aponta ao longo do eixo de anisotropia; com um campo magnético não-nulo, a magnetização gira e o problema é reduzido a uma configuração planar (ϕ = π/2):

))(cos(

)cos(cos

01

0

2

1

2

MsHVsenK

sensenHMVsenKE s

Figura 2.5 - Curvas de histerese da magnetização reduzida (M/Ms) de elipsoides homogeneamente magnetizados, versus campo magnético reduzido, para diferentes ângulos θ (α na figura), no modelo Stoner-Wohlfarth..

Page 18: Superparamagnetismo

Afim de verificar se o sistema se comporta como um paramagneto ideal, podemos analisar inicialmente três aspectos:

1 Se a magnetização reduzida (M/Ms) resulta numa cursa ideal, conhecida como lei de escala clássica do superparamagnetismo.

2

Se as isotermas de magnetização são histerese.

3 Se a distribuição de tamanho fitada é independente da temperatura.

Page 19: Superparamagnetismo

3- Equação de Langevin

A magnetização do sistema será:

cosHHEB

n

dnM0

cos

TKHa

aanM

B

),1(coth

nµ é o valor máximo da magnetização, correspondendo a um alinhamento perfeito de todos os µ com o campo H.

Consideremos agora um conjunto de partículas, cada uma delas com momento magnético µ, com anisotropia desprezível, a uma temperatura T e em um campo magnético externo H, já no estado superparamagnético.

Cada momento magnético terá certa energia potencial dada por:

Page 20: Superparamagnetismo

Equação de Langevin

TK

HL

H

TK

TK

H

M

M

B

B

BS

coth

Esta magnetização corresponde a magnetização de saturação Ms.

Figura 3.0 - Isotermas de magnetização M(H)T registradas acima da

temperatura de bloqueio Tb para (a) CoPt-3 e (b) CoPt-6,

nanopartículas com dois tamanhos diferentes.

a) 3,3nm(Tb≈8,3K) e b) 6nm (Tb≈37,5K).

Para verificar se o sistema é SPM ou não:

Page 21: Superparamagnetismo

Uma outra forma de verificar se o sistema é SPM ou não: acima da temperatura de bloqueio o sistema não apresenta histerese magnética.

Equação de Langevin

Figura 3.1 - Magnetização M como uma função de H/T à T=77k e T=200K de 2,2nm - Grandes nanopartículas de ferro suspensas em mercúrio.

Page 22: Superparamagnetismo

A susceptibilidade inicial de uma partícula de monodomíno com volume V, de anisotropia uniaxial K e magnetização de saturação Ms pode ser:

4- Susceptibilidade Magnética

T>TB Regime SPM

Para pequenos valores de “a” (baixo campo magnetico ou alta temperatura) a função de Langevin pode ser expandida numa série de potências:

...945

2453

)(53

aaaaL

TK

HNTHM

B3),(

2

TK

VM

B

SSP

3

2

Lei de Curie

T<TB Regime Bloqueado

K

M S

bl3

2

Page 23: Superparamagnetismo

Para cada distribuição de tamanho de partícula há uma distribuição f(µ) de momento correspondente.

5- Monodomínios com diferentes tamanhos de grãos

dfTK

HLTHM

B

)(),(0

Imagens de MEV indicam que em sistemas granulares a função de distribuição de momento segue com um comportamento do tipo:

2

exp

2

)/(2lnexp

2)(

2

0

2

0

Nf

Page 24: Superparamagnetismo

Monodomínios com diferentes tamanhos de grãos

Figura 5.0 - Imagem da seção transversal da multicamada granular (esquerda). O diâmetro médio das partículas é de 3 nm, como mostrado na distribuição de tamanho (direita).

Page 25: Superparamagnetismo

6- Magnetização FC e ZFC

Magnetização ZFC

•Podemos medir a susceptibilidade inicial de uma amostra por desmagnetização.

•Medindo a uma temperatura maior do que a de bloqueio e depois resfriando sem campo aplicado até uma temperatura muito mais baixa do que a TB.

•Depois aplica-se um pequeno campo Hm para medir a magnetização durante o o aumento de temperatura.

A curva obtida é chamada ZFC.

Podemos obter uma curva complementar, fazendo o mesmo processo, mas resfraindo a amostra com um pequeno campo aplicado (magnetização FC). Ambas as curvas fornecem valiosas informações sobre a nanoestrutura.

Magnetização FC

Page 26: Superparamagnetismo

6- Magnetização FC e ZFC

Para medidas magnéticas em função da temperatura podemos destacar as medidas: Resfriamento sem campo aplicado (ZFC) ;

Resfriamento com campo aplicado (FC);

Que indicam a temperatura média de bloqueio e também o perfil da distribuição de tamanhos de partículas.

Figura 6.0 - Medição típica ZFC-FC de uma amostra de partículas de Co-Ni-B dispersas em um polímero. A temperatura de irreversibilidade (TIRR) e a temperatura média de bloqueio (TB) estão indicadas.

Page 27: Superparamagnetismo