sustentabilidade e conscienciologia.doc
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A SUSTENTABILIDADE VISTA SOB UMA VISÃO CONSCIENCIOLÓGICA. Ricardo Antonio Corrêa
RESUMO. Este artigo tem por objetivo apresentar breve histórico evolutivo do conceito de sustentabilidade bem como as limitações deste paradigma. Avaliam-se 13 princípios com os quais é possível ampliar a definição do Desenvolvimento Sustentável presente no relatório Brundtland, e o contraponto deste enfoque através da apresentação de 10 parapatologias inibidoras da teática sustentável. Assim, é possível demonstrar os acertos e as omissões do paradigma sustentável. A seguir, comenta-se mais 13 princípios relacionados a Ciência Conscienciologia capazes de dar novo vigor e aprofundamento a prática sustentável, recolocando-a tal qual processo derivativo das reurbanizações extrafísicas existentes sobre o planeta. Concluindo, apresenta-se a casuística pessoal do autor objetivando demonstrar o impacto das próprias recins na postura íntima perante o tema da sustentabilidade.
Palavras-chaves. Sustentabilidade, Conscienciologia, reurbanização.
Histórico e Formação do Conceito.
O conceito de desenvolvimento sustentável originou-se de movimento que
começou a tomar corpo e voz a partir da década de 1960 quando surgiu série de
publicações destinadas a chamar a atenção de cientistas e da sociedade para a
degradação ambiental existente. Destaca-se as obras Silent Spring (1962), de Rachel
Carson; This Endangered Planet (1971), de Richard Falk; The Tragedy of Commons
(l968) e Exploring New Ethics for Survival (1972) de Garret Hardin (GODOY, 2007).
A obra Silent Spring (Primavera Silenciosa), da bióloga Rachel Carson, através
de tema específico, a contaminação provocada pelos pesticidas, bem como os efeitos
nocivos à saúde humana provocados pelo uso generalizado dos mesmos se constitui no
primeiro trabalho a chamar a atenção de cientistas, governos e pessoas formadoras de
opinião sobre o ritmo destrutivo de degradação do meio ambiente imposto pelo homem
ao planeta Terra.
Afirmo, não obstante, que pusemos, indiscriminadamente, substâncias químicas venenosas, biologicamente potentes, nas mãos de pessoas de todo ignorantes, ou quase, quanto à capacidade de tais substâncias têm de produzir danos. Submetemos quantidade enorme de gente ao contato de venenos, sem o consentimento dessa gente, e, com freqüência, também sem o seu conhecimento...Afirmo, ademais, que temos permitido que as mencionadas substâncias químicas sejam usadas sem que se haja procedido a investigação alguma, ou a apenas uma investigação insuficiente, quanto aos seus efeitos sobre o solo, sobre a água, sobre a vida dos animais silvestres e também sobre o próprio homem. As gerações futuras não nos perdoarão, com toda probabilidade, a nossa falta de prudente preocupação a respeito da integridade do mundo natural que sustenta a vida toda (CARSON, 1962, p. 22).
O debate ambiental se alarga e no início da década de 1970 assiste-se a uma
nova postura por parte das nações de todo o mundo a respeito das questões ambientais.
Os recursos naturais deixaram de serem vistos como infinitos ou inesgotáveis, visto que
começavam a surgir problemas em escala mundial antes nunca vistos, tais quais a
desertificação de regiões antes ocupadas por pastos, a seca de rios e ondas de intenso
calor fora de época.
Objetivando discutir estes problemas, a ONU decidiu realizar a Primeira
Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente Humano, em 1972, também conhecida
como Conferência de Estocolmo. Nesse evento, diversos países discutiram, pela
primeira vez, o meio ambiente em dimensão planetária, com a ideia de existir apenas
uma só Terra, assim sendo, no processo de crescimento das sociedades devia-se
considerar obrigatoriamente os impactos ambientais.
Esta época foi caracterizada pela Guerra Fria entre Estados Unidos e União
Soviética, com a ONU e seus organismos multilaterais pouco influenciando junto às
políticas internacionais. Durante a conferência a Alemanha Oriental, por não fazer parte
da ONU, foi impedida de participar, o que causou fortes protestos de vários países
comunistas, levando-os a boicotarem a conferência.
Apesar do boicote, 113 países enviaram seus representantes para a Conferência
de Estocolmo, surge então uma proposta de política ambiental para as Nações Unidas,
que acabaria por se tornar o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA).
A maior polêmica durante o encontro teve como base o relatório do Clube de
Roma1, intitulado “Limites do Crescimento”, também denominada de Relatório
Meadows, em homenagem ao seu principal organizador, o economista Dennis Meadows
(1941- ). Este documento despertou grande controvérsia entre as nações presentes, pois,
a principal conclusão pode ser assim resumida: “se mantiverem-se as atuais tendências
de crescimento da população mundial, industrialização, contaminação ambiental,
produção de alimentos e esgotamento dos recursos, este planeta alcançará os limites de
seu crescimento no curso dos próximos cem anos. O resultado mais provável será o
súbito e incontrolável declínio tanto da população como da capacidade industrial.”
(Meadows, 1972, p. 40-41).
1 Grupo de personalidades das mais diversas áreas (cientistas, industriais e políticos) reunidos com o objetivo de discutir e analisar os limites do crescimento econômico, levando em conta o uso crescente dos recursos naturais (BRUSEKE, 1994).
O mesmo relatório enfatiza que é possível modificar estas tendências de
crescimento e formar uma condição de equilíbrio entre a proteção ambiental e o
crescimento econômico, o empenho pela obtenção deste equilíbrio terá maiores
possibilidades de êxito quanto mais cedo as pessoas buscarem este objetivo.
O alcance deste equilíbrio poderia ocorrer através de políticas “malthusianas2”
de limitação do crescimento populacional e da manutenção do ritmo de crescimento
econômico dos países, interpretado indevidamente por muitos críticos como a adoção de
“crescimento zero”.
Contudo, diversos cientistas criticaram severamente o conceito de crescimento
zero, destaca-se, principalmente, Mahbub ul Haq (1934-1998)3 qualificando este
discurso como patrocinado pelos países industrializados não desejosos em assistir o
desenvolvimento das nações subdesenvolvidas.
O próprio governo brasileiro, na Conferência de Estocolmo, liderou o bloco de
países em desenvolvimento resistentes ao reconhecimento da importância da
problemática ambiental. O Brasil, com o discurso baseado no lema “a pior poluição é a
pobreza”, defendia, juntamente com os demais países em desenvolvimento, o direito de
se desenvolverem (entenda-se, crescer economicamente), portanto, eram contrários à
tese de crescimento zero.
As discussões levantadas continuaram a ser tratadas nos anos subsequentes
consolidando cada vez mais as divergências sobre o trade-off entre crescimento
econômico e preservação do meio ambiente.
O pesquisador canadense Maurice Strong, então primeiro diretor-executivo do
PNUMA, utilizou pela primeira vez o neologismo ecodesenvolvimento, em 1973, para
designar teoria alternativa do desenvolvimento a considerar seriamente a conservação
do meio ambiente.
Todavia coube a Ignacy Sachs, em 1974, delimitar o conceito, tornando-se um
de seus principais propagadores. Eis o significado de “Ecodesenvolvimento” na visão
deste autor:
O desenvolvimento de um país ou região, baseado em suas próprias potencialidades, portanto endógeno, sem criar dependência externa, tendo por
2 Thomas Robert Malthus (1766-1834), na obra “Ensaio sobre o princípio de população e seus efeitos sobre o aperfeiçoamento futuro da sociedade, com observações sobre as especulações de Mr. Godwin, Mr. Condorcet e outros autores”, publicada originalmente em 1798, afirma que o bem-estar populacional está intimamente relacionado com o crescimento demográfico do planeta, assim, o excesso populacional é a causa de todos os males da sociedade, visto que a população cresce em progressão geométrica e os alimentos em progressão aritmética.3 Economita paquistanês criador do Relatório de Desenvolvimento Humano.
finalidade ‘responder à problemática da harmonização dos objetivos sociais e econômicos do desenvolvimento com uma gestão ecologicamente prudente dos recursos e do meio’ (SACHS, apud RAYNAUT; ZANONI, 1993, p. 7).
Ignacy Sachs também ajudou a formular os princípios básicos desta nova visão
do desenvolvimento através da análise integrada de 6 aspectos aos quais, originalmente,
preocupavam-se com a definição de determinado estilo de desenvolvimento adaptado às
áreas rurais do Terceiro Mundo. Eis os princípios até então defendidos por Ignacy Sachs
(BRUSEKE, 1994, p. 15): i) satisfação das necessidades básicas de sobrevivência do
indivíduo (alimentação, higiene, dentre outros); ii) envolvimento da população nas
questões de ecodesenvolvimento; iii) proteção do meio ambiente; iv) seguridade social;
v) solidariedade com as gerações futuras; e vi) educação ambiental.
A discussão sobre desenvolvimento e sustentabilidade continuou a ganhar mais
espaço na política internacional. Surgiu, posteriormente, a Declaração de Cocoyok, no
México, em 1974, resultante da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio-
Desenvolvimento e do PNUMA, realizada no mesmo ano.
A Declaração de Cocoyok destacou as seguintes hipóteses: a) a explosão
populacional tem como uma das suas causas a falta de recursos de qualquer tipo; assim,
na visão destes pesquisadores, pobreza gera o desequilíbrio demográfico; b) a destruição
ambiental na África, Ásia e América Latina é resultado da pobreza ao qual leva a
população carente à superutilização do solo e dos recursos vegetais; c) os países
industrializados contribuem para os problemas do subdesenvolvimento por causa do seu
nível exagerado de consumo, sendo assim, é imperioso a estes países baixarem seu
consumo e a consequente participação desproporcional na geração de poluição neste
planeta (BRUSEKE, 1994, p. 15).
No Brasil, as pressões internacionais sobre o modo de condução do país frente às
questões ambientais internas, especialmente a destruição da Amazônia e da Mata
Atlântica, começam a ser sentidas; fruto deste processo é a criação da SEMA –
Secretaria Especial de Meio Ambiente -, órgão então vinculado ao Ministério do
Interior, instituído pelo Decreto nº 73.030, de 30 de outubro de 1973. A criação desta
Secretaria foi a resposta do governo brasileiro às críticas internacionais sofridas após os
pronunciamentos polêmicos na Conferência de Estocolmo.
O ano de 1975 foi marcado pela publicação do Relatório Dag-Hammarskjöld,
redigido pela fundação de mesmo nome, porém com a colaboração de políticos e
cientistas de 48 países do mundo. O Relatório Dag-Hammarskjöld foi mais além em
relação a Declaração de Cocoyok, apontando o abuso de poder dos grandes
latifundiários existentes nos países pobres da Ásia, América Latina e África, como o
fator principal responsável pela degradação ambiental e aumento da pobreza destes
continentes (BRUSEKE, 1994, p. 16).
Destaca-se no caso de ambos os documentos atribuírem a explosão populacional
e a destruição ambiental como resultado da pobreza; também responsabilizavam os
países industrializados, detentores de excessivo padrão de consumo, como co-
responsáveis também por esta situação. Assim, não havia somente o mínimo de recursos
necessários ao bem-estar do indivíduo, mas também haveria de existir o máximo de
recursos a serem consumidos.
Verificou-se assim a existência de conflito político entre os países mais
desenvolvidos e aqueles considerados pobres e menos avançados, cujas discussões e
debates travados continuaram nos anos subsequentes consolidando cada vez mais as
divergências existentes em relação aos limites do crescimento, e a ocorrência de trade-
off entre crescimento e meio ambiente. Tal conflito motivou a ONU – Organização das
Nações Unidas a buscar o denominador comum sobre a questão ambiental e o
crescimento econômico, assim, em dezembro de 1983 surge a Comissão Mundial sobre
o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CMMA), chefiada pela então primeira-ministra
Gro Harlem Brundtland.
O trabalho desta Comissão visava especificamente estabelecer o posicionamento
da ONU frente aos contrapontos existentes, e assim, elaborar uma agenda global
propositiva de estratégias de desenvolvimento ambiental de longo prazo, pensava-se na
época a implantação destas estratégias pelos países signatários até o ano de 2000
(CMMAD, 1988).
O estudo elaborado por esta Comissão é publicado no ano de 1987, e
apresentado através do relatório denominado “Nosso Futuro Comum”. Tal documento
apresenta a definição mais conhecida e utilizada do conceito de desenvolvimento
sustentável, a saber, “aquele capaz de satisfazer as necessidades do presente sem
comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas próprias”
(CMMAD, 1988, p. 46).
Segundo o documento “Nosso Futuro Comum”, os problemas ambientais devem
serem vistos através de uma abordagem holística, pois, apresenta causas cujo estudo
requer a orientação de diversas áreas de conhecimento (Ecologia, Sociologia,
Economia, Direito, dentre outros) (CMMAD, 1988). Consequentemente, o Relatório
Brundtland (“Nosso Futuro Comum”) também contribui para os debates internacionais
a respeito dos impactos econômicos sobre os recursos naturais. O próprio Relatório
(CMMAD, 1988, p. 5) especifica bem a relação existente entre estas duas Ciências:
No passado, nos preocupamos com os impactos do crescimento econômico sobre o meio ambiente. Agora temos que nos preocupar com os impactos do desgaste ecológico – degradação de solos, regimes hídricos, atmosfera e florestas – sobre nossas perspectivas econômicas. Mais recentemente tivemos de assistir ao aumento acentuado da interdependência econômica das nações. Agora temos de nos acostumar à sua crescente interdependência ecológica. A ecologia e a economia estão cada vez mais entrelaçadas – em âmbito local, regional, nacional e mundial – numa rede inteiriça de causas e efeitos.
Constatou-se assim que as catástrofes mais crônicas e generalizadas ocorriam,
principalmente, nos países mais pobres, por este motivo, as causas não eram somente de
ordem ambiental, mas de ordem socioeconômica, por exemplo: a fome na África, Ásia e
América Latina, o aumento do número de analfabetos; a perda da qualidade e a
diminuição do acesso à água; a queda internacional dos preços de alimentos naquele
período, ocasionando grandes perdas nas trocas comerciais externas para os países
economicamente mais atrasados.
Destaca-se também a produção industrial a qual cresceu mais de 50 vezes
durante o século XX, contudo, a maior parte deste crescimento aconteceu a partir de
1950. Soma-se a este fato o aumento exponencial da população mundial nos últimos
séculos, o que poderá levar o planeta a contar, já no século XXI, com mais de 8 bilhões
de pessoas (CMMAD, 1988). Estes aspectos impactam diretamente o meio ambiente do
planeta, pois representam mais consumo de energia, maior geração de quantidade e
tipos de resíduos poluentes e mais consumo de recursos naturais, sendo que, em muitos
casos, tal consumo ultrapassa o limite da capacidade de auto-reposição destes recursos.
O Relatório também afirma ser a pobreza a principal causa da poluição e dos
problemas ambientais do mundo. Lembra ser a exportação de recursos naturais
renováveis uma das principais fontes de geração da renda das economias dos países
pobres, porém tais recursos são explorados nestas regiões acima da capacidade de
suporte da natureza.
Aponta-se também as barreiras comerciais impostas pelos países desenvolvidos
aos produtos primários dos países economicamente mais atrasados, especialmente os
africanos, e os preços praticados os obrigam a pressionarem ainda mais seus sistemas
ecológicos para aumentar a produção e conseguir melhores preços, exaurindo os solos a
ponto de os transformarem em deserto.
Outro elo econômico-ecológico é o consumo elevado, ou mesmo exagerado,
existente e predominante nos hábitos da maioria das pessoas dos países ricos, fruto
muitas vezes de um estilo de vida supérfluo e consumista que se mostra incompatível
com a disponibilidade de geração de energia e recursos naturais do planeta.
Finalmente, os gastos militares em muitas nações consomem parcela tão
expressiva da renda nacional a ponto de prejudicar o desenvolvimento destas
sociedades. Tais recursos poderiam muito bem ser transferidos para a solução dos
problemas ambientais e as condições de miséria generalizadas destas nações.
Tendo em vista todos estes elos entre a economia, o meio ambiente e o
desenvolvimento social, a Comissão reconheceu ser a proteção ambiental um dever
vinculado diretamente as ações, necessidades e problemas de natureza humana.
Conclui-se ser equivocado tratar desenvolvimento como crescimento
econômico, bem como ser importante considerar a qualidade de vida oferecida aos
habitantes do planeta, sendo assim, esta qualidade está profundamente relacionada com
a distribuição mais igualitária dos recursos naturais de modo a favorecem a melhoria
dos aspectos sociais de determinada população, com o menor impacto possível sobre o
estoque de recursos naturais (CMMAD, 1988).
Muitas críticas foram feitas a este documento, destaca-se a crítica ao modelo de
desenvolvimento alcançado pelos países industrializados a qual não pode ser
considerado “ideal” de ser alcançado pelos países pobres, pois, se fundamenta no uso
predominante de energia gerada por recursos naturais não renováveis, e, portanto,
insustentável no longo prazo (REDCLIFT, 1987).
Considera-se também o relatório Nosso Futuro Comum tal qual documento de
caráter mais diplomático e conciliador frente ao relatório Meadows, contudo, pouco
propositivo na indicação das medidas a serem tomadas, por exemplo, apesar de propor
nível mínimo de consumo capaz de atender as necessidades básicas das populações
pobres este relatório não faz referência sobre o nível máximo de consumo de recursos e
energia por parte das nações mais industrializadas.
Por fim, o conceito de desenvolvimento sustentável apresentado no relatório é
considerado vago, esvaziado de discussões técnicas a respeito da forma de obtenção do
crescimento econômico, aliado à proteção ambiental, por isso mesmo, este tornou-se
mais aceito pelas diferentes nações e, portanto, dominante no cenário internacional a
partir do final da década de 1980 (MARTINS, 2006).
A divulgação do relatório Brundtland repercutiu no surgimento de outro
importante encontro internacional, a Rio-92, ou Conferência das Nações Unidas sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento – UNCED. Esta conferência contou com a
participação de presença de 118 chefes de governo e 178 países, e a partir deste
momento o conceito de desenvolvimento sustentável adotado no relatório Brundtland
passa a ser sancionado pelas nações presentes (FELDMANN et al, 2002).
Os compromissos adotados na Rio-92 incluem duas convenções: uma sobre
Mudança do Clima e outra sobre Biodiversidade, e a Declaração sobre Florestas. A
Conferência aprovou ainda os documentos “Declaração do Rio” e a “Agenda 21”4.
Destaca-se a Agenda 21, constituída de um programa de ações pactuadas pelas 172
nações que participaram da Rio 92, voltado para o desenvolvimento sustentável durante
o século XXI. Trata-se do documento mais importante desta Conferência e, juntamente
com o relatório Brundtland, ajudou a construir a linha mestre do pensamento sobre
desenvolvimento sustentável.
A Agenda 21 busca estabelecer diversas orientações e propostas de pactos
sociais cujo objetivo final visava o fomento e a consolidação do Desenvolvimento
Sustentável no mundo, dentre as quais, podem-se destacar: i) orientações voltadas ao
progresso socioeconômico e ambiental equilibrado de países pobres; ii) diminuição dos
níveis de pobreza e padrões de consumo; iii) estímulo ao desenvolvimento e
disseminação de inovações técnicas voltadas à agricultura sustentável; e iv) regras de
combate ao preconceito das minorias sociais (FELDMANN et al, 2002).
Contudo coube a cada país determinar suas próprias prioridades, de acordo com
as necessidades específicas de cada povo, endossando, assim, o caráter mais
pragmático, generalista e diplomático, portanto menos polêmico do conceito de
desenvolvimento sustentável.
4 Convenção sobre Mudanças Climáticas. Elaborada com o objetivo de reduzir os gases que aumentam o efeito estufa e provocam a alteração do clima do planeta. O alto padrão de consumo dos países ricos e o uso de combustíveis fosséis são apontados como os principais fatores responsáveis pela poluição da atmosfera terrestre. Convenção sobre Biodiversidade. Foi elaborada com o objetivo de impedir a extinção das espécies vivas do planeta advindos do desenvolvimento econômico e social predatórios, sem preocupação com a proteção ambiental.Declaração sobre Florestas. Esta declaração, devido ao lobby dos países madeireiros, não conseguiu firmar-se legalmente, não sobressaindo assim um acordo internacional para aquele momento.Declaração do Rio. Também conhecida como Carta da Terra, constitui-se de 27 princípios para serem adotados pelos países signatários, pretendia-se dar a este documento o mesmo valor da Declaração dos Direitos Humanos, contudo, não houve consenso entre as nações e assim tal documento não tem valor legal. Seu ponto mais polêmico é a afirmação de que os países ricos poluem mais o planeta, assim, devem assumir mais responsabilidades e custos auxiliando as nações pobres com tecnologias limpas e crédito financeiro para o desenvolvimento destas (FELDMANN et al, 2002).
A partir da Rio-92, temas como as mudanças climáticas no planeta, leis sobre a
biodiversidade, aquecimento global e proteção das florestas nativas têm recebido muito
mais atenção através de negociações de modo separado, assim, o conceito de
desenvolvimento passou a ser visto de um modo mais fragmentado, o que dificulta o
melhor entendimento de seus princípios.
Vale citar também a crítica de Lélé5 (1991 apud BARONI, 1992, p. 20), ao
advertir que o conceito de desenvolvimento sustentável, tal qual exposto no relatório
Brundlant, apresenta deficiências básicas, as quais destaca-se:
1. Estabelece relação direta e única entre pobreza e degradação ambiental, ou
seja, uma causa a outra e vice-versa, contudo, pobreza não, necessariamente, causa
degradação ambiental, e degradação ambiental também não, necessariamente, é fonte de
geração da pobreza;
2. Afirma ser a busca pelo crescimento econômico compatível com a remoção
da pobreza e sustentabilidade, contudo, é comum se verificar a piora da qualidade
ambiental e/ou da pobreza mesmo com a ocorrência deste crescimento, assim, tal
processo deve ser entendido como consequência do desenvolvimento sustentável e não
sua causa.
Conclui-se pela necessidade de entender o crescimento econômico de modo a
estar subjugado às questões sociais e ambientais mais prioritárias, assim, discussões
sobre reciclagem, renovação, consumo consciente e substituição dos recursos naturais
devem ser mais assentados sobre o enfoque dos reais impactos socioambientais, e
menos baseados na eficiência econômica representada pelos mesmos, ou seja, estes
assuntos devem estar prioritariamente a “serviço” dos preceitos de preservação
ecológica e equidade com justiça social.
Entretanto, independente das críticas, disputas políticas e ambiguidades
associados ao termo, a propagação do conceito de desenvolvimento sustentável ajudou-
o a torná-lo uma ideia-força capaz de alertar a opinião pública sobre a necessidade de
revisão do atual modelo de desenvolvimento, baseado na exploração desenfreada e
destrutiva do meio ambiente (FERNANDO e MERICO, 2002).
5 LÉLÉ, S. M. Sustainable developmente: a critical review. World Development. Gredt Britain; Pergamon Press, jun. 1991; página 607 a 621.
Princípios da Sustentabilidade.
Importa listar os princípios balizadores do conceito de Desenvolvimento
Sustentável possibilitando assim maior entendimento sobre a aplicabilidade prática do
mesmo, sobretudo as 13 ideias-sínteses apresentadas a seguir:
1. Democracia Direta. A sustentabilidade é o reconhecimento da liberdade de
cada cidadão como fator-chave para o seu desenvolvimento, ou seja, o fim das
restrições as escolhas e oportunidades de cada pessoa poder exercer seus direitos e
deveres sociais.
O uso e gozo do bem-estar pessoal devem ser duradouros e caracterizados pela
longevidade produtiva, alimentação desprovida de excessos e sem carências,
informação livre e apreciável, moradia digna e segura, boa administração pública,
trabalho honesto e rentável e direito a segurança (FREITAS, 2011, p. 64 e 65).
2. Economia verde: a adoção de novas práticas econômicas alicerçadas na
vigília do consumismo irracional e egoístico, o bem-estar humano mito além do prazer
econômico e material, a visão de longo prazo e o acumulo de poupança pública
destinada a inversões em prol da sociedade nas áreas da educação, saúde e
infraestrutura. A adoção de práticas para o Desenvolvimento Sustentável não implica de
modo algum que a sociedade entrará num processo de perda de empregos e recessão
econômica.
3. Educação: uma nova postura perante a questão ambiental só se estabelece
com a construção de um sistema educacional funcional, centrado na qualidade da
informação a ser repassada ao aluno de modo a conscientizá-lo profundamente sobre a
necessidade de conviver solidariamente com a sociedade global, defender os direitos das
gerações futuras e também proteger a liberdade e vida dos demais seres vivos frente aos
descaminhos do próprio ser humano.
4. Eficiência Econômica: a maximização dos ganhos e minimização das
perdas no uso do estoque de capital natural (as técnicas de reciclagem, a economia
circular, a substituição da matriz energética baseada em combustíveis fósseis, poluente
e, portanto, nociva aos seres vivos, por fontes renováveis de energia, o fim da gestão da
obsolescência a favor do hiperconsumismo).
5. Equidade Intergeração: respeito e proteção aos direitos das gerações que
ainda não nasceram. Não se justifica a destruição de um patrimônio natural da
humanidade tal qual foi as “7 Quedas” em prol da geração de energia, sobretudo se
existiam alternativas mais inteligentes, como era o caso a época. “Os valores sólidos e
biológicos não se coadunam com qualquer desconto desmesurado e excessivo do
futuro” (FREITAS, 2011, p. 35).
6. Equidade Intrageração: a equidade intrageração no uso dos estoques de
capital natural e na distribuição de renda, fator essencial para a sustentabilidade, pois, as
populações empobrecidas são as mais afetadas pela degradação ambiental.
7. Homeostase: todo o processo de desenvolvimento não deve apenas
ultrapassar as questões relacionadas com o crescimento econômico, mas também ser
duradouro e homeostático, ou seja, estar em harmonia com o meio ambiente a qual se
insere. Segundo Juarez Freitas (2011, p. 59) “o que mais se carece, em matéria da
sustentabilidade, é de vontade ética, ou seja, estilo ético homeostático, apto a produzir
felicidade material e imaterial ao maior número possível, segundo o ideal jurídico
vinculante do bem de todos”.
8. Irreversibilidade: se há custos ambientais irreversíveis, então estes
deveriam ser aceitos se houvesse certeza de sua reversibilidade. O capital natural não
pode ser exaurido até o ponto em que se prejudique a capacidade de uso dos mesmos
recursos pelas gerações vindouras.
9. Justiça com os Outros Seres Vivos: exemplifica-se a proteção do habitat
de todos os seres vivos não-humanos. Quando a sociedade destrói capital natural, está
invariavelmente destruindo habitats e reduzindo a biodiversidade.
10. Pluridimensionalidade: várias disciplinas se comunicam para a defesa do
conceito de Desenvolvimento Sustentável, destacam-se: a Axiologia; a Sociologia; a
Economia; o Direito; a Ecologia e a Antropologia.
11. Prevenção: o dano ambiental quando iminente; o risco social, econômico e
ecológico quando antevisto, responsabilizando a todos perante aos crimes omissos e
comissionais pela não prevenção do mesmo. O fato de agir para manter a floresta de pé
do que aceitar o seu desmatamento bem como a posterior cobrança dos custos sociais e
econômicos associados a este.
12. Precaução: os problemas ambientais muitas vezes são tratados como
pequenos desvios no funcionamento do sistema econômico, contudo, a humanidade não
entende completamente o comportamento da atmosfera e estratosfera, o papel dos
oceanos no equilíbrio climático, a capacidade de suporte do ambiente natural, enfim,
uma série de questões que ainda não tem respostas satisfatórias. A abstenção é ação
calçada na previdência.
13. Resiliência: refere-se ao fato dos sistemas sociais e naturais poderem ser
pressionados até determinado limite, mantendo a capacidade de retornar ao estado
anterior, tão logo a pressão cesse. É necessário saber qual o nível de pressão aplicado
sobre assentamentos, regiões ou ecossistemas de modo a não comprometer as funções e
serviços ambientais a eles associados.
Frente a estas ideias, o mais amplo conceito de Sustentabilidade a ser
apresentado, ultrapassando e clarificando satisfatoriamente a proposta conceitual
original presente no relatório Nosso Futuro Comum, é o apresentado pelo professor
Juarez Freitas (2010, p. 147): “Sustentabilidade é o princípio constitucional que
determina, independentemente de regulamentação legal, com eficácia direta e imediata,
a responsabilidade do Estado e da sociedade pela concretização solidária do
desenvolvimento material e imaterial, socialmente inclusivo, durável e equânime,
ambientalmente limpo, inovador, ético e eficiente, no intuito de assegurar,
preferencialmente de modo preventivo e precavido, no presente e no futuro, o direito ao
bem-estar físico, psíquico e espiritual, em consonância homeostática com o bem de
todos”.
Conscienciologia e as Parapatologias inibidoras do Desenvolvimento Sustentável.
A Conscienciologia em seu papel de Ciência multidimensional, multiexistencial,
interessada no estudo de todas as potencialidades energéticas e parapsíquicas da
consciência, e, sobretudo, na compreensão da natureza interassistencial dos indivíduos,
é capaz de ampliar substancialmente o entendimento da natureza ética e filosófica da
Sustentabilidade, sobretudo no que diz respeito aos princípios sociológicos e éticos
presentes.
A compreensão de si mesmo tal qual ser imortal, atuante em outra dimensão
extrafísica além da matéria densa presente na dimensão intrafísica, sujeito a princípios
cosmoéticos evolucionistas universais, impacta e transforma profundamente os valores
pessoais da consciência.
Os desvios morais ou parapatologias de cada pessoa perante os princípios
cosmoéticos começam a serem questionados e reavaliados pelo próprio ser; as
resistências a adoção de novo modo de vida baseado no universalismo e solidariedade
começam a ser transpostas; tal mudança e renovação é fruto da transformação dos juízos
e valores morais destes indivíduos, não sendo mais possível compactuar com atos
comissionáveis ou omissos relacionados a degradação ambiental deste planeta.
Eis 10 parapatologias comprovadamente fomentadoras de ações destrutivas da
atmosfera terrestre, fixadoras de ambiente hostil a vida e ao bem-estar geral de todas as
consciências, e, consequentemente, contrárias a coexistência homeostática e harmônica
dos seres vivos do planeta Terra.
1. Amoralidade: o descaso pela segurança alheia; a incapacidade de sentir-se
culpado por atos lesivos ao meio ambiente; a transgressão da ética universal aplicada
sobre todos os seres vivos.
2. Antropocentrismo: a doença do egoísmo particular da espécie humana; a
negligência em relação ao direito dos demais seres vivos sobre este planeta; o descaso
da responsabilidade pela qualidade de vida e a própria evolução das consciências menos
lúcidas.
3. Belecismo: o gosto pela seiva que escorre pelos “dentes” da motosserra; a
extinção gananciosa da espécie sub-humana; a imposição da vontade pela força
desrespeitando o direito e ignorando o dever.
4. Biopirataria: a biopirataria, ou o roubo descarado de riquezas naturais da
biodiversidade pertencentes a outros povos; impossibilitados de explorá-las devido a sua
condição social e econômica precárias.
5. Hiperconsumismo: o ato de pensar somente para si, e sem limites para o
corpo e pelo corpo; o descarte da razão em favor dos sentidos; o esbanjamento gerador
do lixo luxuoso.
6. Neofobia: o pensamento concretado junto ao paradigma material; a
cientificidade crítica prejudicada pela racionalidade cega e orgulhosa; a defesa imoral
da economia marginalista quando partidária da eficiência econômica sobrepairando a
proteção ambiental.
7. Omissão: a abstenção perante o correto; o afastamento acumpliciado com o
crime lesivo ao patrimônio natural pertencente a todos os seres vivos, inclusive das
gerações futuras ainda por nascerem no globo.
8. Poluição: o prejuízo a saúde, a segurança e ao bem-estar da população; a
produção de qualquer tipo de energia ou matéria a degradar o meio ambiente; os
resíduos gerados pelo ato de pensenizar somente em si mesmo.
9. Superpopulações: a opção pela convivência entrópica extrema; a
proliferação acelerada de todas as doenças; a seleção via competição e sobrepairamento
do mais apto desencorajando a cooperação e a solidariedade entre as consciências.
10. Tecnocracia Tanafóbica: a confiança excessiva na Ciência tecnológica
achando-se capaz de superar todos os problemas de degradação ambiental; os interesses
financeiros imediatos cultuados acima das necessidades futuras; o erro em considerar
somente a vida no “aqui e agora” gerando a fuga perante as mudanças estruturais no
estilo de vida.
A Conscienciologia e o Paradigma da Sustentabilidade.
Nota-se que tais desvios de conduta derivam, sobretudo, da negligência ou
mesmo ignorância quanto ao princípios cosmoéticos, tais lacunas ou falhas morais
constituem o cerne da problemática ambiental atual.
Onde há ausências de universalismo (solidariedade e auxílio para a satisfação
das necessidades humanas), consciencialidade (ver-se como consciência em evolução) e
coerência íntima (responsabilidade frente as ações e omissões de qualquer espécie);
brotam a desonestidade (a rasteira sobre si mesmo), a competição (a busca pela
autoglorificação) e o orgulho (a autoidolatria dos próprios fracassos).
A Ciência Conscienciologia visa inibir o isolamento e a neutralidade do cientista
produzindo uma mudança comportamental a favor da Sustentabilidade Global e
sobrevivência do planeta Terra (VIEIRA, 2003, p. 859), deste modo, eis 13 princípios e
práticas do paradigma consciencial capazes de aprofundar a teática do Desenvolvimento
Sustentável6:
1. Reciclagens Intraconscienciais (recins): a descarbonização dos espíritos
(FREITAS, 2011, p. 112); o autodidatismo voltado para a sustentabilidade iniciado e
finalizado pelas reciclagens íntimas; a criação de uma nova mentalidade, temperamento,
atitude e conexões neurais através de técnicas conscienciométricas baseadas na elevação
dos níveis de consciencialidade, universalidade e coerência.
2. Autoconhecimento: a criação da sociedade do autoconhecimento; a
popularização dos testes do Conscienciograma; a descoberta e aceitação do
6 Recomenda-se a leitura da obra “Conscienciograma” do professor Waldo Vieira com o intuito de aprofundar a compreensão do nível de coerência intraconsciencial, consciencialidade e universalidade presentes em cada pessoa (VIEIRA, 1996).
parapsiquismo como atributo inerente a toda consciência. Incipiência da
Policarmalidade.
3. Mentalsomaticidade: a sustentabilidade sopesando os impulsos e as
emoções a favor da razão e do respeito para com todos os seres vivos; a criatividade
reciclada constantemente a favor da proteção ambiental; o novo crescimento econômico
gerado a partir do desenvolvimento da solidariedade.
4. Neofilia: o autenfrentamento das próprias limitações; o não acomodar-se na
busca pela exploração das próprias potencialidades; a superação das dificuldades para a
execução prática de um novo paradigma.
5. Pensenização Cosmoética: a compreensão do pensene ampliando a ideia-
força presente no conceito da Sustentabilidade; a adoção de grande causa capaz de
preencher espaço e o tempo de várias gerações; a materialização de um valor universal.
6. Multiserialidade: o vanguardismo da sustentabilidade ao trazer o futuro
para o presente; o anacronismo do desenvolvimento sustentável cego perante a vida
energética e multiexistencial dos seres vivos; a acumulação de capital natural no
momento presente para a apreciação da conscin futura antepassada de si mesma.
7. Coerência: a liberdade pessoal ampliada pela responsabilidade perante a
natureza; o combate das autocorrupções conscientizando o indivíduo da sustentabilidade
como causa inexorável; a homeostase da estrutura consciencial interdependente do meio
ambiente intra e extrafísico.
8. Universalismo: a língua universal da sustentabilidade; a atitude doadora
como terapia as autocracias; as relações humanas e para-humanas elevadas ao máximo
da cosmoeticidade.
9. Consciencialidade: a intermissividade lúcida e evolutiva como profilaxia
das automimeses bélicas e destrutivas do ambiente natural; a satisfação imediata
preterida pelos ganhos evolutivos futuros; a eliminação do paradigma materialista da
face da Terra.
10. Fitoconvivialidade: a semente substituindo a motosserra; a necessidade
íntima da convivência com flores e frutos; a compreensão do holopensene vegetal.
11. Zooconvivialidade: a bioética ampliada pela visão do ser sub-humano tal
qual consciência em evolução; as extinções provocadas pelo homem, o maior fracasso
evolutivo da humanidade; a educação fraterna do ser sub-humano.
12. Autoconscientização Multidimensional: a abertura pessoal para a
multidimensionalidade lúcida através da projeção consciente; a reciclagem consciencial
transformando a compreensão das reurbanizações; a limitação do paradigma da
sustentabilidade frente a autoconscientização multidimensional.
13. Tenepes: a cura da entropia extrafísica impactando a intrafísica; a
sustentabilidade energética dos agentes reurbanizadores, construtores de holopensene
sadio; a reurbanização das ilhas patopensênicas e o fim das degradações urbanas através
da extinção da poluição pensênica das grandes cidades.
Segundo Waldo Vieira (2003, p. 247), os objetivos das reurbanizações
extrafísicas visam promover: i) a reciclagem individual das consciexes paratroposféricas
e energívoras do planeta; ii) a reciclagem coletiva das comunidades extrafísicas
paratroposféricas; e iii) a reciclagem das comunidades intrafísicas ou humanas
influenciadas negativamente pelas comunidades paratroposféricas, motivo do
surgimento das superpopulações e crises de crescimento das sociedades intrafísicas
deste planeta.
A doação de energia densa, com vistas a estimular a autoconscientização
multidimensional, aliada a argumentação cosmoética frente ao ser extrafísico de
mentalidade doentia e anti-cosmoética, constitui na mais elevada forma de
reurbanização empreendida em qualquer dimensão.
Nota-se desta maneira ser a causa do desenvolvimento sustentável muito restrita
frente as reurbanizações extrafísicas, contudo, de máxima importância, pois, embora
incipiente quanto ao conceito de universalismo proposto, consegue atingir a todas as
consciências presas e cegas pelo paradigma científico materialista, pela visão artística
da assistencialidade e convivência fraterna, e pelo dogmatismo religioso.
As reciclagens existenciais, tão caras ao conceito de reurbanização, vinculam-se
diretamente não somente as 13 práticas estudas pela Conscienciologia e descritas acima,
mas também a outras teáticas não inclusas nesta listagem. Tal relação é elaboração
exemplificativa elaborada ao gosto deste autor, assim, é plenamente viável a citação de
outros princípios a serem estudados com objetivo de definir os limites da
sustentabilidade perante o paradigma consciencial.
Nota-se claramente ser a recin o principal responsável pelo entendimento mais
amplo da sustentabilidade, pois, transpõe a superficialidade do conceito ao aprofundar o
embasamento do mesmo sobre a dimensão ética a qual se sustentava. Importa, deste
modo, a apresentação da casuística pessoal, no qual a reciclagem deste autor realizada
nos últimos anos tem provocado fortes mudanças nas estruturas intraconscienciais,
repercutindo positivamente numa nova conduta muito mais condizente com os
princípios da sustentabilidade.
Casuística Pessoal.
Durante cerca de 13 anos, este autor trabalhou numa instituição financeira a qual
ingressou por concurso público no ano de 1993. É necessário relatar que a timidez e a
pusilanimidade até então presentes, frutos da Síndrome do Estrangeiro7 vivenciada
ainda na infância, bloqueava qualquer atitude proativa de inserção no mercado de
trabalho, sendo assim, o concurso público constituía-se numa saída satisfatória para
quem necessitava se inserir profissionalmente.
Cabe salientar que até mesmo a escolha do curso universitário fora realizado
sem embasamento mais lógico e coerente com as reais aptidões pessoais, sendo assim,
na época, este autor graduou-se economista, porém, não tinha intenção nenhuma em
exercer tal atividade, evidenciado o nível de dispersão consciencial a qual se encontrava
naquele período.
Há o reconhecimento dos primeiros anos dentro desta empresa terem sidos muito
válidos, pois, ajudou a superar em parte a fobia social a qual vivenciava na época.
Contudo, com o passar dos anos, a insatisfação pessoal crescia exponencialmente,
principalmente após o contado com as ideias da Conscienciologia, em 1997, a partir do
trabalho voluntário da professora Analaura Trivellato, iniciado na cidade de Araraquara.
A ideia de proéxis8 (programação existencial) fazia-se constante. Tratava-se de
um valor desrespeitado cada vez mais, enquanto permanecia neste emprego, onde
precisava seguir filosofia totalmente economicista, voltada tão somente ao cumprimento
de metas e busca incessante e despudorada do lucro.
O ápice da insatisfação ocorreu no início de 2006, momento no qual este autor
começou a sentir fortes dores nas costas, possivelmente gerada pelo estresse e
autocobrança para a resolução desta situação, pois já ocorrera a decisão de deixar o
emprego desde 2001, não obstante, sem conseguir fazê-lo.
Após alguns afastamentos por motivo de saúde, houve o retorno ao trabalho, e só
então foi iniciada lenta e gradual reciclagem íntima buscando respostas face aos
problemas físicos e psicológicos enfrentados. A demissão deste emprego ocorreu apenas 7 BALONA, Málu. Síndrome do Estrangeiro: o banzo consciencial. Rio de Janeiro, RJ: IIPC – Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia, 1998. 334 páginas. 8 Segundo o professor Wagner Alegretti a programação existencial pode ser definida tal qual tarefa libertária da conscin mais mais universalista e policármica, onde é minipeça lúcida e atuante dentro do maximecanismo da equipe multidimensional (ALEGRETTI, 223).
em julho de 2007, quando este autor já residia em Foz do Iguaçu, contudo, sem nada de
concreto para fazer, além do planejamento pessoal de realizar o mestrado e seguir nova
carreira de professor acadêmico.
Houve a oportunidade de inserção no programa de mestrado em Economia da
Universidade Estadual de Maringá. Para tanto, foi necessário utilizar toda a reserva
financeira pessoal com vistas a obter a conclusão do mestrado, inclusive solicitar auxílio
financeiro da família para finalizar o curso, ajuda esta inestimável não só
economicamente, mas também do ponto de vista psicológico.
Durante este período de imersão nos estudos, houve vivências de intensa recin,
através de insights e projeções conscientes patrocinados por amparadores, sendo
possível “descortinar” um pouco da própria realidade consciencial.
Princípios relativos a neofilia, coerência e universalismo, por exemplo, eram
constantemente avaliados, e, a cada análise, evidenciava-se a distância da manifesção
pessoal frente a autoimagem alimentada pelo autor. A vivência de cada crise de
crescimento só demonstrava uma saída, ou seja, agir para superar os trafares
identificados, porta de entrada de assédios extrafísicos interessados na manutenção de
relações negativas, vampirizadoras e anti-evolutivas.
As próprias reciclagens contribuíram substancialmente para o despertamento
perante a temática da sustentabilidade. O mestrado em Economia tornou-se lógico e útil
a proéxis pessoal do autor, principalmente quando houve o contato com o conceito de
Desenvolvimento Sustentável. Cumpre ressaltar a sincronicidade do acesso a esta
temática justamente quando se iniciou o processo mais profundo das reciclagens
intraconscienciais.
Por fim, a mudança de profissão representou salto nunca antes imaginado no
nível de bem-estar pessoal agora vivenciado, atualmente exercendo a função de
professor acadêmico desde agosto de 2010 é possível notar a participação no
desenvolvimento cognitivo das pessoas, e o quanto este auxílio repercute de modo
concreto e efetivo na sustentabilidade do planeta a partir de cada consciência assistida.
Torna-se deste modo evidente as limitações e interrelações entre
Conscienciologia e Desenvolvimento Sustentável. O nível de autenticidade das práticas
sustentáveis é elevado substancialmente quando se considera variáveis energéticas,
cosmoéticas, multidimensionais e multiexistenciais antes ignorados; entretanto, estas
práticas só são adotadas de modo visceral pela consciência se a própria resolve
incorporar tais princípios em sua natureza intraconsciencial, derivando daí a
importância das reciclagens íntimas.
A sustentabilidade é, essencialmente, causa moral cujo embasamento ético é
universal; contudo, o enfoque cosmoético da Conscienciologia estabelece maior lógica
na adoção destes princípios haja vista, por exemplo, que o imediatismo do
hiperconsumo impactará a própria consciência hiperconsumista em sua futura ressoma.
A equidade intrageração e intergeração é vista tal qual uma rede de interrelações
cujos atos e omissões impactam fortemente não só a qualidade de vida, mas a própria
dinâmica da evolução consciencial de cada ser vivo. Reciclar é reurbanizar a própria
poluição pensênica, é também atentar para o nível pessoal de universalidade e
convivialidade a favor de todos os seres vivos, assim sendo, é também contribuir para a
causa da sustentabilidade com vínculos profundos e duradouros.
Conclusão.
Revisando o conceito de Sustentabilidade anteriormente apresentado por Juarez
Freitas, pode-se entendê-lo sim tal qual causa ética a transcender a regulamentação
legal, com princípios impositivos ao cumprimento do dever público e social, visando o
bem-estar amplo e homeostático no presente e no futuro para todas as consciências;
contudo, tal definição carece de limitações frente ao paradigma consciencial, visto que
este é mais amplo e completo que a visão sustentável.
A visão histórica da sustentabilidade abordada desde a década de 1960 contribui
para melhor elucidar o desenvolvimento do debate existente em torno desta temática,
embora impreciso, o conceito de desenvolvimento-sustentável proposto pelo relatório
Nosso Futuro Comum ganhou força e acabou sendo adotado por todas as nações
signatárias da Rio-92.
Podem-se listar vários princípios e atividades vinculadas a sustentabilidade,
assim sendo, é possível elaborar o conceito de Desenvolvimento Sustentável mais
definitivo e abrangente frente aquele apresentado pelo relatório Brundtlannd, muito
criticado por suas ambiguidades e omissões, por este motivo foi citado o conceito do
professor Juarez Freitas, um dos mais completos e definitivos existentes dentro da
temática da sustentabilidade já pesquisadas pelo autor deste artigo.
Entretanto, o paradigma sustentável ainda é restrito comparado ao enfoque
existente dentro da Ciência Conscienciologia. A reeducação ambiental fica muito
aquém da reciclagem íntima proposta pela técnica da recin; a ignorância ou mesmo
negligência de questões energéticas, multidimensionais e multiexistenciais empobrecem
a compreensão ética do universalismo e da solidariedade presentes no conceito de
Desenvolvimento Sustentável.
Mesmas estas duas palavras, universalismo e solidariedade são vistas com
desconfiança pelos acadêmicos de plantão vinculados a temática estudada, o próprio
autor deste artigo já foi duramente criticado durante a defesa de dissertação de mestrado
por emprega-las. Contudo, a práxis da sustentabilidade só ultrapassará a epiderme do
materialismo quando compreender a própria consciência na função de ser em evolução,
inserido numa teia de relações na qual a assistência mútua entre todos os seres é vital.
Deve-se entender a questão do Desenvolvimento Sustentável basicamente como
um debate moral, só equacionado pela compreensão de estarmos todos inseridos num
mecanismo universal, havendo paradireitos e paradeveres a serem cumpridos de acordo
com o nível evolutivo de cada consciência.
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