taxa de alimentaÇÃo para tilÁpia do nilo na … · lista de figuras capÍtulo 2 desempenho e...

85
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA TERMINAÇÃO EM SISTEMA DE ALTO FLUXO DE ÁGUA Fernanda Gomes de Paula Orientador: Prof. Dr. José Henrique Stringhini GOIÂNIA 2012

Upload: others

Post on 21-Jul-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA TERMINAÇÃO EM

SISTEMA DE ALTO FLUXO DE ÁGUA

Fernanda Gomes de Paula

Orientador: Prof. Dr. José Henrique Stringhini

GOIÂNIA

2012

Page 2: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

ii

Page 3: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

iii

FERNANDA GOMES DE PAULA

TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA TERMINAÇÃO EM

SISTEMA DE ALTO FLUXO DE ÁGUA

Tese apresentada para a

obtenção do grau de Doutor em

Ciência Animal junto à Escola

de Veterinária e Zootecnia da

Universidade Federal de Goiás.

Área de concentração:

Produção Animal

Orientador:

Prof. Dr. José Henrique Stringhini - UFG

Comitê de Orientação:

Prof. Dr. Igo Gomes Guimarães - UFG

Profª. Drª. Alessandra Gimenez Mascarenhas - UFG

GOIÂNIA

2012

Page 4: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

iv

Page 5: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

v

Page 6: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

vi

DEDICATÓRIA

À minha família, em especial,

meus pais, meu irmão, minha

cunhada, meus sobrinhos e

tios, por ser o alicerce da minha

vida.

Page 7: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

vii

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por disponibilizar condições e colocar as pessoas certas

no meu caminho, para vencer mais esta etapa da minha vida.

À minha família, meu alicerce, que sempre esteve presente me incentivando

em todos os momentos da minha vida. Especialmente, minha mãe (Maria Aparecida

Gomes) pelo amor incondicional e apoio; meu pai (Joaquim de Paula) pelo amor; meu

irmão (Alex de Paula) e minha cunhada (Andréia de Paula) pelo incentivo. Meus

sobrinhos (João Rafael de Paula) pelo amor e alegria que proporciona a nossas vidas.

Minha avó (Jesuína), meus primos e os tios: Josefa, Maria de Jesus, Jurandir, Gilma,

Mauro e Juarez pelo apoio e conselhos.

Aos mestres (e amigos) que, ao longo da minha vida, me inspiraram e/ou

incentivaram, até involuntariamente, a seguir este caminho. Em especial, Prof.ª Vilma

Perini (Colégio Paroquial), Prof. Heloísa Baleroni (UFT), Prof. Guilherme Benko (UFT),

Flávia Tonani (UFT), Prof.ª Susana Melo (UFT) e Prof. Eduardo Beerli (UFT).

Aos meus orientadores professores Paulo César Silva e José Henrique

Stringhini pelo apoio e conselhos durante minha vida acadêmica.

Aos meus amigos, em especial, os da pós-graduação: Janaína Araújo

Santos, Pedro Fellipe Gomides, Raquel Priscila Oliveira, Laudicéia Rocha, Cláudia

Paula Rodrigues, Juliana Silva, Roberta Dias; pelo incentivo, conselhos e apoio.

Aos alunos: Thyago Barros, Ana Paula Sobrinho, Fabrício Sado, André Luiz,

Anderson Pires e Arthur Gomes. Aos funcionários: Marcelo e Hideraldo Costa (Setor de

Piscicultura), Carlos Dambros (LANA – DPA/EVZ/UFG), Helton Oliveira (Laboratório

Hospital Veterinário – EVZ/UFG).

Aos professores: Nadja Leandro, Emmanuel Arnhold, Delma Padua e

Marcos Café. Aos co-orientadores: Igo Guimarães e Alessandra Mascarenhas.

À empresa Rações VB pela doação da ração extrusada utilizada neste

experimento. À piscicultura Aquabel – Turvânia – GO, pela doação dos alevinos de

tilápia do Nilo revertido sexualmente. À FUNAPE-UFG pelo apoio financeiro.

Page 8: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

viii

“Você não sabe

O quanto eu caminhei

Pra chegar até aqui

Percorri milhas e milhas antes de dormir

Eu nem cochilei

Os mais belos montes escalei

Nas noites escuras de frio chorei

A vida ensina e o tempo traz o tom

Pra nascer uma canção

Com a fé do dia a dia encontro a solução...”

(A estrada – Cidade Negra)

Page 9: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

ix

SUMÁRIO

Pág.

I CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS...................................................... 1

Referências........................................................................................................... 10

II CAPÍTULO 2 - DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA DA TILÁPIA

DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO NA

TERMINAÇÃO EM SISTEMA DE ALTO FLUXO DE ÁGUA............................... 17

Resumo................................................................................................................. 17

Abstract................................................................................................................. 18

1 Introdução............................................................................................................. 19

2 Material e Métodos............................................................................................... 20

3 Resultados e Discussão..................................................................................... 25

4 Conclusão............................................................................................................. 40

5 Referências........................................................................................................... 41

III CAPÍTULO 3 - RENDIMENTOS CORPORAIS, COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO

FILÉ, ÍNDICES BIOMÉTRICOS E BIOQUÍMICA SANGUÍNEA DA TILÁPIA

DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO NA

TERMINAÇÃO EM SISTEMA DE ALTO FLUXO DE ÁGUA............................... 45

Resumo................................................................................................................. 45

Abstract................................................................................................................. 46

1 Introdução............................................................................................................. 47

2 Material e Métodos............................................................................................... 48

3 Resultados e Discussão....................................................................................... 54

4 Conclusão............................................................................................................. 64

5 Referências........................................................................................................... 65

IV CAPÍTULO 4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................... 70

Page 10: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

x

LISTA DE TABELAS CAPÍTULO 2 - DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA DA TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO NA TERMINAÇÃO EM

SISTEMA DE ALTO FLUXO DE ÁGUA

TABELA 1. Níveis de garantia da ração utilizada na alimentação da tilápia do Nilo na fase determinação em sistema de alto fluxo de água...............

22 TABELA 2. Médias das variáveis de qualidade da água da criação da tilápia do

Nilo........................................................................................................ 25

TABELA 3. Médias das variáveis de desempenho produtivo aos 30 dias de experimento da tilápia do Nilo sob diferentes taxas de alimentação.....

28 TABELA 4. Médias das variáveis de desempenho produtivo aos 60 dias de

experimento da tilápia do Nilo sob a diferentes taxas de alimentação.. 32

TABELA 5. Dados médios da avaliação econômica da tilápia do Nilo sob diferentes taxas de alimentação............................................................

39

Page 11: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

xi

LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 3 – RENDIMENTOS CORPORAIS, COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO FILÉ, ÍNDICES BIOMÉTRICOS E BIOQUÍMICA SANGUÍNEA DA TILÁPIA DO

NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO NA TERMINAÇÃO EM SISTEMA DE ALTO FLUXO DE ÁGUA

TABELA 1- Níveis de garantia da ração utilizada para tilápia do Nilo submetida a diferentes taxas de alimentação..............................................................

50 TABELA 2. Médias da bioquímica sanguínea da tilápia do Nilo submetida a

diferentes taxas de alimentação.............................................................. 55

TABELA 3 Médias dos rendimentos corporais da tilápia do Nilo submetida a diferentes taxas de alimentação..............................................................

57 TABELA 4 Médias dos índices biométricos da tilápia do Nilo submetida a

diferentes taxas de alimentação ............................................................. 59

TABELA 5 Médias composição química do filé da tilápia do Nilo submetida a diferentes taxas de alimentação..............................................................

61 TABELA 6 Médias da altura de vilos no intestino da tilápia do Nilo submetida a

diferentes taxas de alimentação.............................................................. 63

Page 12: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

xii

LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO 2 - DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA DA TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO NA TERMINAÇÃO EM

SISTEMA DE ALTO FLUXO DE ÁGUA

FIGURA 1. Médias do pH da água da criação da tilápia do Nilo sob diferentes taxas de alimentação........................................................................

26

FIGURA 2. Amônia não ionizada nas diferentes taxas de alimentação fornecidas à tilápia do Nilo................................................................

27

FIGURA 3. Taxa de crescimento específico (TCE) aos 30 dias de experimento da tilápia do Nilo................................................................................

30

FIGURA 4. Peso final (PF) aos 60 dias de experimento da tilápia do Nilo sob diferentes taxas de alimentação.......................................................

33

FIGURA 5. Biomassa (BIO) aos 60 dias de experimento da tilápia do Nilo sob diferentes taxas de alimentação.......................................................

34

FIGURA 6. Conversão alimentar aparente (CAA) aos 60 dias de experimento da tilápia do Nilo................................................................................

35

FIGURA 7. Curvas de crescimento em peso final da tilápia do Nilo submetida a diferentes taxas de alimentação.......................................................

37

FIGURA 8. Curvas de crescimento em biomassa da tilápia do Nilo submetida a diferentes taxas de alimentação....................................................

38

Page 13: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

xiii

LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO 3 – RENDIMENTOS CORPORAIS, COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO FILÉ, ÍNDICES BIOMÉTRICOS E BIOQUÍMICA SANGUÍNEA DA TILÁPIA DO NILO

SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO NA TERMINAÇÃO EM SISTEMA DE ALTO FLUXO DE ÁGUA

FIGURA 1. Proporção de vísceras (RV), proporção de cabeça (RC) e rendimento de filé (RF) da tilápia do Nilo sob diferentes taxas de alimentação....... 58

FIGURA 2. Índice Hepatossomático (IHS) e Índice de Gordura Víscerossomática (IGVS) da tilápia do Nilo sob diferentes taxas de alimentação............. 60

Page 14: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

xiv

RESUMO GERAL

Este trabalho foi desenvolvido com intuito de comparar o desempenho produtivo, avaliação econômica, rendimento e composição química do filé, índices biométricos, bioquímica sanguínea e histomorfometria de intestino da tilápia do Nilo, linhagem Supreme, submetida a diferentes taxas de alimentação na fase de terminação em sistema raceway. O experimento foi conduzido no Setor de Piscicultura - UFG, no período de março a maio de 2011 (60 dias). Foram utilizados 400 tilápias (309,17±12,88 g), distribuídas aleatoriamente em 20 caixas de 1.000 L na densidade de 40 peixes/m³. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com cinco tratamentos (T1: 1,00%, T2: 1,75%, T3: 2,50%, T4: 3,25%, T5: 4,00% ao dia) e quatro repetições. Os peixes foram alimentados com ração comercial contendo 32%PB na freqüência de três vezes ao dia. Foram analisadas as variáveis de desempenho produtivo (taxa de sobrevivência, peso médio, biomassa, ganho de peso individual, consumo aparente de ração, conversão alimentar aparente, taxa de eficiência protéica e taxa de crescimento específico), avaliação econômica (custo operacional parcial, receita bruta, receita líquida parcial, incidência de custos), rendimentos corporais (proporção de cabeça, rendimento de carcaça, proporção de vísceras e rendimento de filé), composição química filé (matéria seca, proteína bruta, extrato etéreo, cinzas), índices biométricos (índice hepatossomático e índice de gordura víscerossomática), bioquímica sanguínea (proteína, triglicérides, colesterol e glicose) e histomorfometria de intestino (altura de vilos). Os dados foram submetidas à análise de regressão polinomial e de variância e, em caso de diferença estatística, ao teste de comparação de média Duncan 5%. Concluiu-se que a taxa de alimentação de 1,75% a 2,5% propiciou melhores desempenhos produtivos e econômicos, condições fisiológicas e composição química do filé para a tilápia do Nilo criada na fase de terminação em sistema raceway. Palavras-chave: altura de vilos, arraçoamento, avaliação econômica, bioquímica sanguínea, composição química do filé, Oreochromis niloticus

Page 15: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

1

CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS

A aqüicultura, atividade responsável pela criação de organismos

aquáticos, apresentou destaque no crescimento da produção de pescado do

país. A produção brasileira de pescado aumentou 25% nos últimos oito anos

passando de 990.899 toneladas anuais para 1.240.813 em 2009 (MPA, 2010).

Nesse contexto, a piscicultura cresceu 60,2% em 2008 e 2009, comparado com

2007 (MPA, 2010). O crescimento da produção de peixes notado nos últimos

anos é justificado pelo grande potencial apresentado pelo Brasil.

O país possui condições climáticas favoráveis e, especialmente, a

temperatura da água elevada influencia positivamente a criação dos peixes. Na

maior parte do país, a temperatura média da água fica acima de 25ºC,

recomendada para o bom desempenho da maioria das espécies de peixes

tropicais (BALDISSEROTTO, 2009).

O país tem volume de água suficiente para se tornar o maior

produtor de pescado do mundo, com disponibilidade de 5,5 milhões de

hectares em lâmina de água doce em reservatórios naturais e artificiais

(IBAMA, 2005).

Outra característica importante é a grande diversidade de peixes

criados comercialmente. A espécie que mais se destaca em termos de

produção é a tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus), com 132.957 toneladas e,

representa 39% do total de pescado cultivado (MPA, 2010).

1.1 Tilápia do Nilo

As tilápias, dentre elas a espécie Oreochromis niloticus, são naturais

da África, Israel e Jordânia, apresentam hábito alimentar onívoro e, por seu

potencial para a aqüicultura, sua distribuição foi expandida nos últimos

cinqüenta anos (ANDERSON et al., 1984; BOSCOLO et al., 2002).

A tilápia do Nilo ocupa a seguinte classificação sistemática: Super

classe: Pisces; Classe: Actinopterygii; Ordem: Perciformes; Subordem:

Percoidei; Família: Cichlidae; Gênero: Oreochromis; Espécie: Oreochromis

niloticus Linnaeus, 1758.

Page 16: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

2

A tilápia do Nilo foi introduzida oficialmente no Brasil em 1971, na

cidade de Pentecostes no Ceará, pelo Convênio Departamento Nacional de

Obras Contra as Secas (DNOCS) / Centre Techique Forétier Tropical (CTFT)

(CASTAGNOLLI, 1992; MASSAGO et al., 2010).

Na década de 80, as tilápias foram taxonomicamente agrupadas em

três gêneros principais: o gênero Oreochromis, o gênero Sarotherodon, e o

gênero Tilapia. São reconhecidas mais de 70 espécies de tilápias, e a grande

maioria é originária da África. No entanto, apenas quatro conquistaram

destaque na aqüicultura mundial, todas elas do gênero Oreochromis: a tilápia-

do-Nilo, Oreochromis niloticus; a tilápia de Moçambique Oreochromis

mossambicus; a tilápia azul ou tilápia áurea Oreochromis aureus e a tilápia de

Zanzibar Oreochromis urolepis hornorum (KUBITZA, 2000).

A tilápia do Nilo, nativa de diversos países africanos, é a espécie de

tilápia mais cultivada no mundo. É reconhecidamente a espécie de peixe que

melhor se adapta às diferentes condições de cultivo, bastante tolerante a

baixos níveis de oxigênio dissolvido na água, sobrevivem em faixa bastante

ampla de acidez ou de alcalinidade da água, bem como toleram altas

concentrações de amônia tóxica, comparadas à maioria das espécies de

peixes cultivados (GRAEFF & PRUNER, 2006).

Esta espécie se destaca das demais pelo crescimento mais rápido,

reprodução mais tardia e alta prolificidade, o que possibilita produção de

grandes quantidades de alevinos (KUBITZA, 2000).

A linhagem Tailandesa ou Chitralada foi introduzida no Brasil em

Londrina-PR no ano de 1996, sendo oriunda da Tailândia (ZIMMERMANN,

1999). Em 2002, foi introduzida a Supreme – linhagem GST (GenoMar

Supreme Tilápia) (CYRINO et al., 2004) pela empresa Piscicultura Aquabel,

vinda da companhia Genomar a qual, desde 1999 desenvolve um programa de

melhoramento genético e vem difundindo os indivíduos resultantes desse

projeto para diversos países (MASSAGO et al., 2010). A linhagem Supreme

vêm merecendo especial atenção devido ao elevado potencial de produção

(SANTOS et al., 2007).

A duração da engorda, 120 a 180 dias, e o peso de abate, 450 a 800

g, da tilápia do Nilo pode variar em função do sistema de produção, densidade

de estocagem, a renovação de água e o manejo alimentar utilizado (SILVA et

Page 17: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

3

al., 2002; NOGUEIRA, 2007; SANTOS et al., 2007; ARAÚJO-SANTOS, 2008;

OLIVEIRA, 2010).

Os sistemas de produção utilizados no cultivo da tilápia são bastante

diversificados e, dentre os principais adotados, podem se destacar: viveiros

escavados com baixa renovação de água, viveiros com aeração, sistema de

recirculação de água, tanques-rede ou gaiolas e sistema com alto fluxo de

água (KUBITZA, 2000).

1.2 Sistema de alto fluxo de água

Há sistemas intensivos de produção de peixes que se baseia no

princípio da alta troca de água, é realizado em tanques circulares e

retangulares (KUBITZA, 2000) de concreto ou outro material que resista ao

atrito constante da água em suas paredes (CREPALDI et al., 2006).

O sistema de alto fluxo de água tem sido utilizado há mais de cem

anos, nos Estados Unidos, para criação de trutas (SODERBERG, 1995 citado

por SILVA et al., 2002). Em Israel, alguns países das Américas Central e do

Sul, Arábia Saudita e África do Sul, algumas pesquisas têm sido conduzidas e

projetos comerciais desenvolvidos para viabilizar a produção de tilápias nesse

sistema de produção (VISSER & IOSIFOV, 1995 citado por SILVA et al., 2002;

MUIR et al., 2000).

Ele apresenta como vantagem, a possibilidade de visualização direta

dos alevinos, o melhor controle alimentar e de doenças, além da facilidade de

desinfecção e limpeza dos tanques (SILVA et al., 2002; MAEDA et al., 2006).

A vazão de água deve ser suficiente para promover a limpeza rápida

dos tanques com máxima retirada de catabólitos, sem, contudo, exigir dos

peixes um esforço exagerado para natação, o que é extremamente

desfavorável para seu pleno desenvolvimento, uma vez que a energia que

seria usada para seu crescimento estará direcionada para o exercício

(CREPALDI et al., 2006).

O oxigênio dissolvido é o primeiro fator limitante da produção em

sistemas de alto fluxo de água (KUBITZA, 2000). À medida que a água passa

pelos tanques, o peixe respira e o oxigênio dissolvido diminui enquanto que

ocorre a excreção da amônia e, portanto, sua concentração aumenta

Page 18: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

4

(LANDAU, 1992). Assim, a alta troca de água possibilita arrastar os resíduos

gerados, fezes e ração, mantendo adequada qualidade de água, especialmente

as concentrações de oxigênio dissolvido e amônia (LOVSHIN, 1997; MUIR et

al., 2000; SILVA et al., 2002).

No cultivo de tilápias em alto fluxo de água, a capacidade de suporte

varia de 60 a 200 kg/m³, em função da renovação de água disponível e do uso

ou não de aeração, com equipamentos aeradores mecânicos ou com a injeção

de oxigênio (KUBITZA, 2000; SILVA et al., 2002).

1.3 Taxa de alimentação

A eficiência de utilização dos alimentos tem um determinante efeito

sobre o custo da alimentação e da saída de resíduos para a produção animal.

A melhor compreensão da conversão de nutrientes em biomassa de peixe é,

portanto, a chave para a melhoria econômica e sustentabilidade ambiental da

criação da maioria dos peixes (BUREAU et al., 2006).

Na produção animal a maximização produtiva pode ser obtida com

adequado manejo alimentar. Por isso, o custo com a alimentação pode compor

entre 40 a 70% do custo de produção de tilápias (KUBITZA, 2000).

Dentre os itens que podem ser avaliados para escolher as melhores

técnicas de manejo alimentar, a taxa de alimentação aliada ao sistema de

produção, são fatores que determinam os bons resultados na produção

(OLIVEIRA, 2007).

A taxa de alimentação representa a quantidade de ração fornecida

aos peixes e está diretamente relacionada com o consumo de ração, interage

com outros fatores como idade, espécies, qualidade e temperatura da água,

disponibilidade de alimento natural e qualidade da ração (KUBITZA, 2000; LI et

al., 2005), e influencia a conversão alimentar e o crescimento dos peixes

(MARQUES et al., 2004; MEURER et al., 2005).

A taxa de alimentação é mais elevada nas fases iniciais da vida do

peixe e reduz gradualmente com o seu crescimento. Segundo KUBITZA

(2000), em sistema de alto fluxo de água recomenda-se fornecer ração (32 a

36% PB) utilizando taxas acima de 10% da biomassa ao dia durante a reversão

Page 19: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

5

sexual e alevinagem, enquanto que na recria e engorda, admite-se utilizar

taxas de 10 a 5% ao dia e 5 a 1% ao dia, respectivamente.

Quando o manejo alimentar é adequado a taxa de alimentação pode

ser aumentada, resultando em melhor desempenho produtivo dos peixes, com

maior velocidade para chegar ao peso comercial (MARQUES et al., 2003;

BARBOSA et al., 2005). No entanto, o excesso de ração, mesmo não havendo

desperdício de ração, pode alterar a velocidade de passagem do alimento no

trato digestório, reduzindo a digestão e absorção de nutrientes, o que pode

comprometer o desempenho de forma direta e, indiretamente, à eutrofização

da água (KUBITZA, 1999; FURUYA, 2007).

A eutrofização da água interfere diretamente na microfauna do

ambiente aquático. MATSUZAKI et al. (2004), avaliando a qualidade da água e

a comunidade fitoplanctônica em ambiente de recreação (pesqueiros),

concluíram que algumas variáveis físicas e químicas alteradas nesses

ambientes interferem na estrutura da comunidade fitoplanctônica, caso não

sejam monitorados freqüentemente, propiciando o aparecimento de

microorganismos prejudiciais a saúde dos peixes e humana através da

assimilação de toxinas das cianofíceas.

Por outro lado, a baixa taxa de alimentação afeta o metabolismo do

peixe e piora o desempenho sem comprometer a qualidade da água

(JOBLING, 1994; EL-SAIDY & GABER, 2005; BUREAU et al., 2006), porque os

peixes assimilam apenas as suas necessidades de manutenção, resultando em

baixo ganho de peso (KUBITZA, 1999 e FURUYA, 2007). Porém, considerando

o custo da ração e a eficiência alimentar, as menores taxas alimentares

tornam-se as mais adotadas (MARQUES et al., 2003; BARBOSA et al., 2005;

CHAGAS et al., 2005; MEURER et al., 2005; BUREAU et al., 2006).

É importante definir taxas de alimentação para cada espécie, evitar

desperdício de ração durante o manejo alimentar e também não deteriorar a

qualidade de água (HILBIG et al., 2010).

1.3 Rendimentos corporais e composição química do filé

A taxa de alimentação, dentre outros fatores, pode alterar o

rendimento de filé e em sua composição química (SHEARER, 1994; SOUZA,

Page 20: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

6

2002; PINHEIRO et al., 2006). Essa estratégia alimentar utilizada em

piscicultura intensiva exerce grande influência na deposição de gordura

corporal nos peixes (KUBITZA, 2000). A gordura é considerada uma das

principais formas de armazenagem de energia corporal (CHO et al., 2003).

Comparadas a muitos outros peixes cultivados, as tilápias

apresentam filé magro, com 3 a 8% de gordura dependendo do tamanho do

peixe, do sistema de cultivo, da composição da dieta e do manejo alimentar

(KUBITZA, 2000).

O aumento na taxa de alimentação acentua a deposição de gordura

corporal em salmão, truta arco-íris e tilápia. A maioria dos piscicultores no

Brasil ainda alimenta os peixes à vontade (máximo consumo). Também é

comum o fornecimento de três ou mais refeições ao dia nas fases de engorda.

Tal estratégia de alimentação, embora acelere o crescimento dos peixes, pode

ser economicamente desfavorável considerando o aumento nos índices de

conversão alimentar e a deposição de gordura corporal (KUBITZA, 2000;

MEURER et al., 2002; BOSCOLO et al., 2004). Esse acúmulo de gordura na

carcaça e no filé é indesejável para as indústrias, pois diminui o rendimento,

tempo de prateleira e aumenta o risco de off-flavor (KUBITZA, 2000).

As tilápias parecem apresentar limitada capacidade de incorporação

de gordura no filé. Portanto, o excesso de gordura ou energia das rações é

convertido em gordura visceral. O peso das vísceras representa entre 8 a 10%

do peso corporal das tilápias. Assim, o excesso de gordura corporal pode fazer

o rendimento de carcaça cair em 2,5 a 4% após o processamento (KUBITZA,

2000).

Por outro lado, estudos têm revelado que a redução alimentar

envolve complexas alterações fisiológicas e metabólicas para promover o

ajuste biológico do animal e suas conseqüências finais são dependentes da

espécie considerada, da idade do peixe e das condições experimentais

(BLASCO et al., 1991; KIEFFER & TUFTS, 1998; SOUZA, et al., 2003).

Em condições de baixa alimentação, o lipídeo dos depósitos

viscerais é utilizado como reserva energética depois de esgotar as reservas do

fígado (COLLINS & ANDERSON, 1995; SOUZA et al., 2002).

O fígado, após a ingestão de alimentos, armazena carboidratos e

lipídeos, sendo considerada fonte inicial de energia endógena para os peixes

Page 21: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

7

(COLLINS & ANDERSON, 1995 e SOUZA et al., 2002). Esta reserva é utilizada

para fornecimento de energia em situações de jejum ou baixa alimentação

através da glicogenólise e da gliconeogênese (SAITA, 2011).

Durante a redução alimentar, pode ser observado um decréscimo da

taxa de crescimento do peixe, que resulta em alterações fisiológicas e

morfológicas, como a diminuição do tamanho do fígado. Esta diminuição é

consequência da redução da síntese protéica e do decréscimo da quantidade

de energia e proteína. O resultado é a hipotrofia das células causando uma

redução de toda a massa do órgão (SAINZ & BENTLEY, 1997; SOUZA et al.,

2002).

1.4 Bioquímica sanguínea

A padronização dos parâmetros hematológicos dos peixes é

fundamental, pois, auxilia na avaliação da influência das dietas, de

enfermidades e, até mesmo, de outras situações de estresse ambiental

(SILVEIRA & RIGORES, 1989).

A composição bioquímica do plasma sangüíneo reflete a situação

metabólica dos tecidos animais, sendo possível a avaliação de alterações no

funcionamento de órgãos, da adaptação do animal diante de desafios

nutricionais e fisiológicos e de desequilíbrios metabólicos específicos ou de

origem nutricional (HILBIG et al., 2010).

A glicose é um importante combustível metabólico nos vertebrados e

vários mecanismos atuam para assegurar um constante suprimento aos

tecidos glicose-dependentes. Ela pode originar-se do intestino durante a

digestão e absorção de carboidratos ingeridos além de ser produzida pelo

fígado e rins por glicogenólise, ou através da gliconeogênese a partir de

lactato, aminoácidos e glicerol (SUAREZ & MOMMSEN, 1987).

A mobilização de proteínas também é uma estratégia para

manutenção dos processos vitais em peixes quando submetidos a períodos de

redução alimentar (SHERIDAN & MOMMSEN, 1991). O metabolismo de

proteína ocorre em muitos órgãos, mas os mais importantes são o fígado e os

músculos. O controle dos níveis de proteína no sangue também ocorre no

fígado e estes podem definir padrões característicos de funcionamento deste

Page 22: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

8

órgão em peixes. Sob condições de alimentação restrita a glicemia sanguínea

é mantida pela gliconeogênese por meio da perda significativa de tecido

muscular (JANKOWSKY et al., 1984; HEPHER, 1988).

A concentração de triglicerídeos no plasma do animal é considerada

outra via metabólica de produção de energia (MERIGHE et al., 2004). Essa

mobilização envolve a quebra de triglicerídeos a ácidos graxos livres e gliceróis

liberados para a corrente sanguínea (COLLINS & ANDERSON, 1995; SOUZA,

1998).

O metabolismo dos lipídeos recebe influência do cortisol dentro de

sua função glicocorticoide. Os efeitos metabólicos incluem hiperglicemia,

depleção das reservas glicogênicas, lipólise e inibição da síntese proteica. Um

aumento do catabolismo de proteínas musculares e alterações nos níveis

plasmáticos de aminoácidos, ácidos graxos livres e colesterol podem ocorrer

(PICKERING & POTTINGER, 1995; MILLIGAN, 2003; MARTINS DA ROCHA et

al., 2004). Provavelmente, esta ação do cortisol sobre a produção de glicose

hepática seja devido à gliconeogênese (PICKERING, 1981; WENDERLAAR

BONGA, 1997; CASTRO & FERNANDES, 2009) e isto pode contribuir para a

perda de peso durante um estresse crônico.

O conhecimento das respostas hematológicas para diferentes dietas

podem ser usadas para formular novas estratégias que sejam viáveis na

alimentação (BICUDO et al., 2009). Quando os peixes recebem alimentação

abaixo das suas necessidades nutricionais ou permanecem longos períodos

sem receber alimentos, a manutenção dos processos vitais se dá a custa da

mobilização das reservas energéticas (JOBLING, 1994).

1.5 Histomorfometria do intestino

O trato gastrointestinal dos peixes pode ser subdividido em cavidade

bucal ou bucofaringeana, intestino anterior (esôfago e estômago), intestino

médio (intestino propriamente dito) e intestino posterior (reto). O intestino

médio é um tubo relativamente simples, iniciando na válvula pilórica e

terminando no reto, não sendo separado em delgado e grosso, como nos

mamíferos (ROTTA, 2003).

Page 23: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

9

A principal função do intestino é a conclusão dos processos

digestivos iniciados no estômago e absorção de nutrientes (CABALLERO et al.,

2003; GROSELL, 2011). Por conseguinte o melhor aproveitamento dos

nutrientes da dieta depende muito da eficácia dessas funções (CABALLERO et

al., 2003).

No intestino médio há dobras e cristas do epitélio mucoso que

aparecem em grande quantidade e variedade e que servem para aumentar a

superfície de secreção e absorção (GROSELL, 2011). A absorção dos produtos

da digestão ocorre inteiramente no intestino, através de dois mecanismos, a

difusão e o transporte ativo. Essa absorção é facilitada, além de outros fatores,

pela disposição da mucosa em inúmeras projeções, chamadas de vilosidades

(BALOG et al., 2008).

O intestino da tilápia é anatomicamente e histologicamente mais

simplificado que o intestino dos mamíferos. O intestino proximal possui

vilosidades maiores para aumentar a área de superfície devido à mistura do

alimento com o suco pancreático e hepático, bem como o muco secretado

pelas células caliciformes (GARGIULO et al., 1998).

A capacidade absortiva do intestino é diretamente proporcional à

superfície disponível para absorção, a qual depende do tamanho e do número

de vilos (MACARI, 1998). O equilíbrio entre renovação celular e perda de

células que ocorre normalmente no intestino determina um turnover celular

constante, ou seja, a manutenção do tamanho dos vilos e, portanto, a

manutenção da capacidade digestiva e de absorção intestinal. Entretanto,

quando o intestino responde a algum agente, com um desequilíbrio no

turnover, ocorre uma modificação na altura (PELICANO, 2003).

Há estreita relação de interdependência entre nutrição e organização

do aparelho digestivo, a qual se manifesta especialmente por adaptações e

modificações. A dieta é um dos principais fatores que confere aos órgãos do

aparelho digestivo características funcionais, anatômicas e morfométricas

próprias para cada regime alimentar (ROTTA, 2003).

Baixas taxas de alimentação ou o jejum podem propiciar ao peixe

diminuição das vilosidades, conforme o estado nutricional do animal, ou seja,

na presença de nutrientes a capacidade absortiva será diretamente

proporcional ao tamanho dos vilos e área de superfície disponível para

Page 24: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

10

absorção (MACARI et al., 2002; ROTTA, 2003). Portanto, quanto maior for a

altura dos vilos, maior será a superfície de absorção, acarretando crescimento

acelerado e a melhoria da conversão alimentar (SARA et al., 2011; BELLO et

al., 2012).

O estudo morfológico revela o desempenho no processo digestivo,

absortivo e metabólico dos diferentes animais. Porém, ainda são muito

incipientes os dados que correlacionam alimentação e adaptações histológicas

do trato gastrointestinal de organismos aquáticos (LUNDSTEDT, 2003).

Este trabalho foi desenvolvido com o intuito de determinar a taxa de

alimentação que proporcione melhor desempenho produtivo, econômico,

corporal e fisiológico para tilápia do Nilo na engorda.

REFERÊNCIAS

1. ANDERSON, J.; JACKSON, A.J.; MATTY, A.J.; CAPPER, B.S. Effects of dietary carbohydrates and fiber on the tilapia, Oreochromis niloticus (Linn.). Aquaculture, v.13, p.265-272, 1984.

2. ARAÚJO-SANTOS, J. G. Frequências e formas de fornecimento de ração para tilápia do Nilo criada em sistema raceway. 2008. Goiânia. 45f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal) – Escola de Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Goiás.

3. BALDISSEROTTO, B. Fisiologia de peixes aplicada à piscicultura. 2.ed.

Santa Maria: Ed. UFSM, 2009, 352p.

4. BALOG, A.; MENDES, A. A.; PAZ, I. C. L. A.; TAKAHASHI, S. E.; GARCIA, R. G.; KOMIYAMA, C. M.; MARTINS, M. R. F. B.; BUENO, L. G. F. Morfometria do epitélio intestinal de frangos de corte tipo colonial alimentados com silagem de grãos úmidos de milho. PUBVET – Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia, v.2, p.248-248, 2008.

5. BARBOSA, A. C. A.; ALMEIDA, L. D. L.; FONSECA, R. B. Avaliação de diferentes sequências de arraçoamento no desenvolvimento de tilápias cultivadas em gaiolas. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento EMPARN, n.31, 2005, 14p.

6. BELLO, O. S.; EMIKPE, B. O.; OLAIFA, F. E. The body weight changes and gut morphometry of Clarias gariepinus juveniles on feeds supplemented with walnut (Tetracarpidium conophorum) leaf and onion (Allium cepa) bulb residues. International Journal of Morphololy, Temuco, v.30, n.1, p.253-257, 2012.

7. BICUDO, J.; SADO, R. Y.; CYRINO, E. P. Growth and haematology of pacu, Piaractus mesopotamicus, fed diets with varying protein to energy ratio. Aquaculture Reserch, v.40, p. 486-495, 2009.

Page 25: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

11

8. BLASCO, J.; FERNÁNDEZ, J.; GUTIÉRREZ, J. The effects of starvation and refeeding on plasma amino acid levels, Cyprinus carpio L., 1758. Journal Fish Biology, v.38, 587-598, 1991.

9. BOSCOLO, W. R.; HAYASHI, C.; MEURER, F. Digestibilidade Aparente da Energia e Nutrientes de Alimentos Convencionais e Alternativos para a Tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus). Revista Brasileira de Zootecnia, v.31, n.2, p.539-545, 2002.

10. BOSCOLO, W. R.; HAYASHI, C.; MEURER, F.; FEIDEN, A.; BOMBARDELLI, R. A. Digestibilidade aparente da energia e proteína das farinhas de resíduo da filetagem da tilapia do Nilo (Oreochrmis niloticus) e da corvina (Plagioscion squamosissimus) e farinha integral do camarão canela (Macrobrachium amazonicum) para a tilápia do Nilo. Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, n.1, p.8-13, 2004.

11. BUREAU, D. P.; HUA, K.; CHO, C. Y. Effect of feeding level on growth and nutrient deposition in rainbow trout (Oncorhynchus mykiss Walbaum) growing from 150 to 600 g. Aquaculture Research, v.37, p.1090-1098, 2006.

12. CABALLERO, M. J.; IZQUIERDO, M. S.; KJORSVIK, E.; MONTERO-SOCORRO, D. J.; FERNANDEZ, A. J.; ROSENLUND, G. Morphological aspects of intestinal cells from gilthead seabream (Sparus aurata) fed diets containing different lipid sources. Aquaculture, v.225, p.325-340, 2003.

13. CASTAGNOLLI, N. Criação de peixes de água doce. São Paulo: Funep, 1992.

14. CASTRO, F. J.; FERNANDES, M. N. Efeitos da infestação por parasitos argulídeos na fisiologia e mecanismos de defesa inata em peixes cultivados. In: TAVARES-DIAS, M. (Org.). Manejo e sanidade de peixes em cultivo. Macapá: EMBRAPA AMAPÁ, p.361-388, 2009.

15. CHAGAS, E. C.; GOMES, L. C.; MARTINS-JÚNIOR, H.; ROUBACH, R.; LOURENÇO, J. N. P. Desempenho de tambaqui cultivado em tanques-rede, em lago de várzea, sob diferentes taxas de alimentação. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.40, n.8, p.833-835, ago. 2005.

16. CHO, S.; LIM, Y.; LEE, J. H.; LEE, J. K.; PARK, S.; LEE, S. M. Effects of feeding rate and feeding frequency on survival, growth, and body composition of ayu post-larvae Plecoglossus altivelis. Journal of the World Aquaculture Society, v.34, n.1, p.85-91, 2003.

17. COLLINS, A. L.; ANDERSON, T. A. The regulation of endogeneous energy stores during starvation and refeeding in the somatic tissues of the golden perch. Journal Fish Biology, v.47, p.1004-1015, 1995.

18. CREPALDI, D. V.; TEIXEIRA, E. A.; FARIA, P. M. C.; RIBEIRO, L. P.; MELO, D. C.; CARVALHO, D.; SOUSA, A. B.; SATURNINO, H. M. Sistemas de produção na piscicultura. Revista Brasileira Reprodução Animal, v.30, n.3/4, p.86-99, jul./dez. 2006.

19. CYRINO, J. E. P.; URBINATI, E. C.; FRACALOSSI, D. M.; CASTAGNOLLI, N. Tópicos especiais em piscicultura de água doce tropical intensiva.

São Paulo: TECART, 2004, 350p.

Page 26: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

12

20. EL-SAIDY, D. M. S.; GABER, M. M. A. Effect of dietary protein levels and feeding rates on growth performance, production traits and body composition of Nile tilapia, Oreochromis niloticus (L.) cultured in concrete tanks. Aquaculture Research, v.36, p.163-171, 2005.

21. FURUYA, W. M. Redução do impacto ambiental por meio da ração. In: Palestra VII Seminário de Aves e Suínos – AvesuiRegiões. III Seminário de Aquicultura, Maricultura e Pesca. Anais... Belo Horizonte – MG. p. 121-

139. 2007.

22. GARGIULO, A. M.; CECCARELLI, P.; DALL’AGLIO, C. Histology and ultrastructure of the gut of the tilapia (Tilapia spp.), a hybrid teleost. Anatomic Histology and Embryology, v.27, p.89-94, 1998.

23. GRAEFF, A.; PRUNER, E. N. Variáveis que podem interferir na sobrevivência e desenvolvimento da Tilápia nilótica (Oreochromis niloticus) na região fria do Estado de Santa Catarina. 2006. Disponível em: <http://www.revistaaquatic.com/civa2006/>. Acesso em: 19 jun. 2011.

24. GROSELL, M. Intestinal anion exchange in marine teleosts is involved in osmoregulation and contributes to the oceanic inorganic carbon cycle. Acta Physiology, vol. 202, p. 421-434, 2011.

25. HEPHER, B. Nutrition of pond fishes. Cambridge: Cambridge University

Press, 1988, 387p.

26. HILBIG, C. C. Taxa de arraçoamento para o pacu Piaractus mesopotamicus criado em tanques-rede no reservatório de Itaipu. 2010. 44f. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Universidade Estadual do Oeste do Paraná: Centro de Ciências Agrárias (Marechal Cândico Rondon).

27. INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS – IBAMA: Diretoria de fauna e recursos hídricos pesqueiros. Estatística da Pesca 2005 [on line], 2005. Disponível em: http://www.mpa.gov.br/images/Docs/Informacoes_e_Estatisticas/Estatistica-da-Aquicultura-e-Pesca-no-Brasil-Ano-2005.pdf. Acesso em: 12 jul. 2012.

28. JANKOWSKY, D.; HOTOPP, W.; SEIBERT, H. Influence thermal acclimation on glucose production and ketogenesis in isolated hepatocytes. American Journal of Physiology, v.246, p.R471-R478, 1984.

29. JOBLING, M. Fish bioenergetics. London: Chapman & Hall, 1994, 309p.

30. KIEFFER, J. D.; TUFTS, B. L. Effects of food deprivation on white muscle energy reserves in rainbow trout (Oncorhynchus mykiss): the relationships with body size and temperature. Fish Physiology Biochemistry, v.19,

p.239-245, 1998.

31. KUBITZA, F. Nutrição e alimentação dos peixes cultivados. 3.ed.

Jundiaí: F. KUBITZA, 1999. 123p.

32. KUBITZA, F. Tilápia: tecnologia e planejamento na produção comercial. Jundiaí: F. Kubitza, 2000, 289p.

33. LANDAU, M. Semiclosed systems. In: Landau M. Introduction to aquaculture. New York: John Wiley, 1992. p.154-161.

Page 27: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

13

34. LI, M. H.; ROBINSON, E. H.; BOSWORTH, B. G. Effects of periodic feed deprivation on growth, feed efficiency, processing yield, and body composition of channel catfish Ictalurus punctatus. Journal of the World Aquaculture Society, v.36, p.444-453, 2005.

35. LOVSHIN, L. L. Tilapia farming: a growing wordwide aquaculture industry. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO E NUTRIÇÃO DE PEIXES, 1997, Piracicaba. Anais… Campinas: CBNA, 1997. p. 137-164.

36. LUNDSTEDT, L. M. Aspectos adaptativos dos processos digestivo e metabólico de juvenis de pintado (Pseudoplatystoma corruscans) arraçoados com diferentes níveis de proteína e energia. 2003. 140 f. Tese (Doutorado em Genética e Evolução) - Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2003.

37. MACARI, M. Aspectos fisiológicos do sistema digestivo das aves. InÇ SEMANA ACADÊMICA VETERINÁRIA, 8. 1998. São Paulo. Anais... São Paulo. 1998. P.4-18.

38. MACARI, M.; FURLAN, R. L.; GONZALES, E. Fisiologia Aviária Aplicada a Frangos de Corte. 2.ed. Jaboticabal: Editora FUNEP/UNESP, 2002,

375p.

39. MAEDA, H.; SILVA, P. C.; AGUIAR, M. S.; PADUA, D. M. C.; OLIVEIRA, R. P. C.; MACHADO, N. P.; RODRIGUES, V.; SILVA, R. H. Efeito da densidade de estocagem na segunda alevinagem de tilápia nilótica (Oreochromis niloticus), em sistema raceway. Ciência Animal Brasileira, Goiânia, v.7, n.3, p.265-272, jul.-set. 2006.

40. MARQUES, N. R.; HAYASHI, C.; SOARES, C. M.; SOARES, T. Níveis diários de arraçoamento para alevinos de tilápia do nilo (Oreochromis niloticus, L.) cultivados em baixas temperaturas. Semina: Ciências Biológicas e da Saúde, Londrina, v.24, p.97-104, jan./dez. 2003.

41. MARQUES, N. R.; HAYASHI, C.; SOUZA, S. R.; SOARES, T. Efeito de diferentes níveis de arraçoamento para alevinos de carpa-capim (Ctenopharyngodon idella) em condições experimentais. Boletim do Instituto da Pesca, São Paulo, v.30, n.1, p.51-56, 2004.

42. MARTINS DA ROCHA, R.; CARVALHO, E. G.; URBINATI, E. C. Physiological responses associated with capture and crowding stress in matrinxã Brycon cephalus (Gunther, 1869). Aquaculture Reserch, v.35, p.245-249, 2004.

43. MASSAGO, H.; CASTAGNOLLI, N.; MALHEIROS, E. B.; KOBERSTEIN, T. C. R. D.; SANTOS, M. A.; RIBEIRO, R. P. Crescimento de quatro linhagens de tilápia Oreochromis niloticus. Revista Acadêmica Ciências Agrárias e Ambientais, Curitiba, v.8, n.4, p.397-403, out./dez. 2010.

44. MATSUZAKI, M.; MUCCI, J. L. N.; ROCHA, A. A. Comunidade fitoplanctônica de um pesqueiro na cidade de São Paulo. Revista Saúde Pública, v.38, n.5, p.679-686, 2004.

45. MERIGHE, G. K. F.; PEREIRA-DA-SILVA, E. M.; NEGRÃO, J. A.; RIBEIRO, S. Efeito da cor do ambiente sobre o estresse social em tilápia

Page 28: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

14

do Nilo (Oreochromis niloticus). Revista Brasileira de Zootecnia, v.33,

n.4, p.828-837, 2004.

46. MEURER, F.; HAYASHI, C.; BOSCOLO, W. R.; KAVATA, L. B.; LACERDA, C. H. F. Nível de arraçoamento para alevinos de lambari-do-rabo-amarelo (Astyanax bimaculatus). Revista Brasileira de Zootecnia. V.34, n.6,

p.1835-1840, 2005.

47. MEURER, F.; HAYASHI, C.; BOSCOLO, W. R.; SOARES, C. M. Lipídeos na alimentação de alevinos revertidos de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus, L.). Revista Brasileira de Zootecnia, v.31, n.2, p.566-573, 2002.

48. MILLIGAN, C. L. A regulatory role for cortisol inmuscle glycogen metabolism in rainbow trout Oncorhynchus mykiss Walbaum. Journal of Experimental Biology, v.206, p.3167-3173, 2003.

49. MINISTÉRIO DA PESCA E AQUICULTURA – MPA. Boletim Estatístico da Pesca e Aquicultura – Brasil 2010 [on line], 2010. Disponível em: http://www.mpa.gov.br/images/Docs/Informacoes_e_Estatisticas/Boletim%20Estat%C3%ADstico%20MPA%202010.pdf. Acesso em: 12 jul. 2012.

50. MUIR, J.; VAN RIJN, J.; HARGREEVES, J. Production in intensive and recycle systems. In: Tilapias: biology and exploration. Great Britain: Kluwer Academic Publishers, 2000. p.405-455.

51. NOGUEIRA, A. Criação de tilápias em tanques-rede. Salvador: SEBRAE BAHIA, 2007. 23p.

52. OLIVEIRA, P. N. Teste de resistência hidrostática e comparação econômica entre tanques pré-moldados e viveiros. Revista Brasileira de Engenharia de Pesca, v.2, n.2, p.95-100, 2007.

53. OLIVEIRA, R. P. C. Desempenho zootécnico de duas linhagens de tilápia-do-Nilo sob diferentes densidades de estocagem em raceway. Goiânia. 102 f. Tese (Doutorado em Ciência Animal) – Escola de Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Goiás.

54. PELICANO, E. R. L.; SOUZA, P. A.; SOUZA, H. B. A.; OBAB, A.; NORKUS, C. E. A.; KODAWARAC, L. M.; LIMA, T. A. Morfometria e ultra-estrutura da mucosa intestinal de frangos de corte alimentados com dietas contendo diferentes probióticos. Revista Portuguesa de Ciências Veterinária, v.98, n.547, p.125-134, 2003.

55. PICKERING, A. D. Stress and fish. London: Academic Press, 1981.

56. PICKERING, A. D.; POTTINGER, T. G. Biochemical effects of stress. In: HOCHACHKA, P. W.; MOMMSEN, T. P. (Ed.). Environmental and ecological biochemistry. Amsterdam: Elsevier, p.349-379. 1995.

57. PINHEIRO, L. M. S.; MARTINS, R. T.; PINHEIRO, L. A. S.; PINHEIRO, L. E. L. Rendimento industrial de filetagem da tilápia tailandesa (Oreochromis spp.). Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.58, n.2, p.257-262, 2006.

58. ROTTA, M. A. Aspectos gerais da fisiologia e estrutura do sistema digestive dos peixes relacionados à piscicultura. Corumbá: Embrapa Pantanal, 2003.

Page 29: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

15

59. SAINZ, R. D.; BENTLEY, B. E. Visceral organ mass and cellularity in growth-restricted and refed beef steers. Journal of Animal Science, v.75, n.5, p.1229-1236, 1997.

60. SAITA, M. V. Parâmetros produtivos, fisiológicos e imunológicos de juvenis de pacu (Piaractus mesopotamicus) submetidos à restrição alimentar e estresse de manejo. 2011. 49f. Dissertação (Mestrado em Aquicultura) – Centro de Aquicultura da Universidade Estadual Paulista.

61. SANTOS, V. B.; FREITAS, R. T. F.; LOGATO, P. V. R.; FREATO, T. A.; ORFÃO, L. H.; MILLIOTI, L. C. Rendimento do processamento de linhagens de tilápias (Oreochromis niloticus) em função do peso corporal. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.31, n.2, p.554-562, mar./abr., 2007.

62. SARA, A.; ANI, A. R.; MOLNAR, F.; GABOR, E. Histological investigations on an intestinal level in Common Carp, one summer old, fed with organic selenium (Selplex) supplemented fodder. Animal Science and Biotechnologics, v.44, n.2, 2011.

63. SHEARER, K. D. Factors affeting the proximate composition of cultured fishes with emphasis on salmonids. Aquaculture, v.119, p.63-88, 1994.

64. SHERIDAN, M. A.; MOMMSEN, T. P. Effects of nutricional state on in vivo lipid and carbohydrate metabolism of coho salmon, Oncorghynchus kisuth. General and Comparative Endocrinology, v.81, p.473-483, 1991.

65. SILVA, P. C.; KRONKA, S. N.; SIPAÚBA-TAVARES, L. H.; SOUZA, V. L. Desempenho produtivo da tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus L.) em diferentes densidades e trocas de água em raceway. Acta Scientiarum: Animal Science, Maringá, v.24, n.4, p.935-941, 2002.

66. SILVEIRA, R.; RIGORES, C. Características hematológicas normales de Oreochromis aureus em cultivo. Revista Latina Acuicultura, Lima, v.39, p.54-56, 1989.

67. SODERBERG, R. W. Flowing water fish culture. Boca Raton: Lewig Publishers, 1995.

68. SOUZA, M. L. R. Comparação de Seis Métodos de Filetagem, em Relação ao Rendimento de Filé e de Subprodutos do Processamento da Tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus). Revista Brasileira de Zootecnia., v. 31, n. 3, p. 1076-1084, 2002.

69. SOUZA, V. L. Efeitos da restrição alimentar e da realimentação no crescimento e metabolismo energético de juvenis de pacu (Piaractus mesopotamicus Holmberg, 1887). Jaboticabal: Centro de Aquicultura da Universidade Estadual Paulista, 1998. 118p. Tese (Doutorado em Aquicultura) – Centro de Aquicultura da Universidade Estadual Paulista, 1998.

70. SOUZA, V. L.; URBINATI, E. C.; GONÇALVEX, D. C.; SILVA, P. C. Composição corporal e índices biométricos do pacu, Piaractus mesopotamicus Holmberg, 1887 (Osteichthyes, Characidae) submetido a ciclos alternados de restrição alimentar e realimentação. Acta Scientiarum: Animal Science, Maringá, v.24, n.2, p.533-540, 2002.

Page 30: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

16

71. SOUZA, V. L.; URBINATI, E. C.; MARTINS, M. I. E.; SILVA, P. C. Avaliação do crescimento e do custo da alimentação do pacu (Piaractus mesopotamicus Holmberg, 1887) submetido a ciclos alternados de restrição alimentar e realimentação. Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, n.1, p.19-28, 2003.

72. SUAREZ, R. K. MOMMSEN, T. P. Gluconeogenesis in teleost fishes. Canadian Journal of Zoology, v.65, n.8, p.1869-1882, 1987.

73. VISSER, J. G. J.; IOSIFOV, J. Observations on the effects of water exchange rate on the growth rate of Oreochromis mossabicus (Peters). Part 1: Production fish over a period of 200 days. Water SA, Pretoria, v.21, n.1, p.75-80, 1995.

74. WENDELAAR BONGA, S. E. The stress response of fish. Physiological Reviews, v.77, p.591-625, 1997.

Page 31: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

17

CAPÍTULO 2 - DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA DA TILÁPIA

DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE

ALIMENTAÇÃO NA TERMINAÇÃO EM SISTEMA DE ALTO

FLUXO DE ÁGUA

RESUMO

Este trabalho foi desenvolvido com intuito de comparar o desempenho produtivo e a avaliação econômica da tilápia do Nilo, linhagem Supreme, submetida a diferentes taxas de alimentação na fase de terminação em sistema de alto fluxo de água. O experimento foi conduzido no Setor de Piscicultura - UFG, no período de março a maio de 2011 (60 dias). Foram utilizados 400 tilápias (309,17±12,88 g), distribuídas aleatoriamente em 20 caixas de 1.000 L na densidade de 40 peixes/m³. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com cinco tratamentos (T1: 1,00%, T2: 1,75%, T3: 2,50%, T4: 3,25%, T5: 4,00% ao dia) e quatro repetições. Os peixes foram alimentados com ração comercial contendo 32%PB na freqüência de três vezes ao dia. Foram analisadas variáveis do desempenho produtivo (TS: taxa de sobrevivência, PF: peso médio, BIO: biomassa, GPI: ganho de peso individual, CAR: consumo aparente de ração, CAA: conversão alimentar aparente, TEP: taxa de eficiência protéica e TCE: taxa de crescimento específico) e de avaliação econômica (COP: custo operacional parcial, RB: receita bruta, RLP: receita líquida parcial, IC: incidência de custos). As médias dos resultados foram submetidas à análise de regressão polinomial e de variância e, as médias foram comparação ao teste Duncan 5%. Aos 30 dias de experimento, o PF, GPI, BIO, CAR, CAA apresentaram efeito linear, enquanto que a TCE obteve resposta quadrática em função da taxa de alimentação. Aos 60 dias de pesquisa, a TS foi superior na taxa 1,75% em relação a 3,25% e 4,00% ao dia. O CAR obteve efeito linear, enquanto que o PF, GPI, BIO, CAA, TEP e TCE apresentaram resposta quadrática com melhores valores verificados nos tratamentos com taxas de 3,16%, 3,14%, 2,6%, 2,21%, 2,28% e 3,12%, respectivamente. Quanto à avaliação econômica, nota-se que o maior COP foi obtido no tratamento com 4,00% da biomassa ao dia, enquanto que a maior RB foi verificada na taxa de 1,75% ao dia. A RLP e IC foram melhores nos tratamentos com 1,75% e 2,5% da biomassa ao dia. Conclui-se que as taxas de alimentação de 1,75% a 2,5% propiciaram maiores desempenhos produtivos e econômicos para tilápia do Nilo na fase de terminação em sistema de alto fluxo de água. Palavras-chave: arraçoamento, custo de produção, conversão alimentar aparente, Oreochromis niloticus, Supreme

Page 32: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

18

CHAPTER 2. PERFORMANCE AND ECONOMIC EVALUATION FOR NILE

TILAPIA RAISED IN HIGH WATER FLOW SUBMITTED TO

DIFFERENT FEEDING RATES IN THE FINAL PHASE

ABSTRACT This work was developed with the purpose to compare the performance and economic evaluation of Nile tilapia, Supreme strain under different feeding rates in the final phase raised in a high water flow system. The experiment was conducted at the Fish Division - UFG, from March to May 2011 (60 days). Were used 400 tilapia (309.17 ± 12.88 g), randomly assigned to 20 boxes of 1,000 L in a stocking density of 40 fish / m³. The experiment was conducted in a completely randomized design with five treatments (T1: 1.00%, T2: 1.75%, T3: 2.50%, T4: 3.25% T5: 4.00% per day) and four replications. The fish were fed a commercial diet containing 32% CP in the frequency of three times a day. We analyzed variables of performance (TS: survival rate, PF: weight, BIO: biomass, GPI: individual weight gain, CAR: Apparent feed intake, CAA: feed conversion, TEP: protein efficiency ratio and TCE: specific growth rate) and economic evaluation (COP: partial operating costs, RB: gross revenue, RLP: net partial CI: incidence of costs). The average results were subjected to polynomial regression and analysis of variance and means were compared by Duncan test 5%. After 30 days of experiment, PF, GPI, BIO, CAR, CAA showed linear effect, whereas TCE obtained quadratic function of the feed rate. At 60 days of study, the rate was higher in TS 1.75% compared to 3.25% and 4.00% per day. The CAR effect was linear, whereas PF, GPI, BIO, CAA, PTE and TEC showed quadratic response with better values in the treatments with rates of 3.16%, 3.14%, 2.6%, 2.21 %, 2.28% and 3.12%, respectively. Regarding the economic evaluation, it is noted that the highest COP was observed in treatment with 4.00% biomass per day, while most was found in the RB rate of 1.75% per day. The RLP and IC were better in the treatments with 1.75% and 2.5% of biomass per day. It is concluded that the feeding rates of 1.75% to 2.5%, provided increased performance and economic performance of Nile tilapia in finishing phase system of high water flow.

Keywords: feeding, production costs, feed, Oreochromis niloticus, Supreme

Page 33: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

19

1. INTRODUÇÃO

A tilápia é a espécie de pescado mais produzida no Brasil,

representando 39% do total proveniente da piscicultura continental, sendo

encontrada em todo território nacional, exceto na Bacia do Amazonas e

Paraguai, em que seu cultivo é proibido pela legislação ambiental vigente

(MPA, 2010).

O aumento na produção da tilápia se deve às características

relativas à carne, como valor nutricional, textura e paladar, proporcionando uma

boa aceitação do filé, aliado à facilidade no cultivo (SOUZA & MARANHÃO,

2001).

A tilápia, por ser uma espécie onívora (NOGUEIRA, 2003),

resistente ao superpovoamento, às doenças e ao manejo (KUBITZA, 2000;

MUIR et al., 2000), por seu reconhecido valor comercial e gastronômico em

nível mundial (FITZSIMMONS, 2000), apresenta condições favoráveis para o

cultivo em sistema com alto fluxo de água.

O sistema de alto fluxo de água dos tanques permite realizar de uma

a vinte trocas totais por hora, com adequados padrões de qualidade de água e

máxima produção por área (MAEDA et al., 2006). Esse sistema é mais

comumente empregado para a fase de engorda dos peixes apresentando

algumas vantagens como possibilidade de melhor controle alimentar,

visualização direta dos animais, facilidade de desinfecção e limpeza dos

tanques (SILVA et al., 2002).

Nesse sistema de cultivo o único alimento fornecido é a ração, que

deverá atender as exigências nutricionais da espécie, para promover o

crescimento satisfatório durante o cultivo e mantê-la saudável, livre de

parasitas e doenças (NOGUEIRA, 2003). Estudos relacionados à taxa de

alimentação de peixes são importantes para o estabelecimento de valores de

referência para um manejo alimentar adequado a variações do ambiente nas

diversas fases de cultivo de peixes (MEURER et al., 2007).

Os peixes apresentam limites máximos e ideais de taxa de

alimentação. O arraçoamento dos peixes com níveis acima das necessidades

fisiológicas dos animais podem reduzir o crescimento, assim como aumentar os

Page 34: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

20

custos de produção pelo desperdício de alimento e pela piora da qualidade da

água (MEURER et al., 2005; SALARO et al., 2008).

Melhores taxas de crescimento favorecem a diminuição do tempo de

utilização das instalações e, conseqüentemente, melhoram o rendimento

econômico da produção, pela possibilidade de realização de maior número de

ciclos produtivos durante o ano (ZUANON et al., 2004).

SILVA et al. (2002) encontraram ótimo desempenho produtivo com

tilápias na fase de engorda, na densidade final de 67,8 Kg/m³. OLIVEIRA

(2010) obteve ao final da fase de engorda biomassa de 63,68 Kg/m³ para a

linhagem Supreme.

A produção comercial de peixes, assim como qualquer outra

atividade agropecuária, tem como objetivo básico obter o maior nível de renda

possível com a melhor eficiência (KUBITZA et al., 2004).

O custo de produção é importante instrumento da administração que

auxilia na comparação do desempenho de diferentes atividades e avaliação

econômica das técnicas empregada. O seu conhecimento detalhado pode ser

ferramenta para adequação de tecnologias frente aos preços de mercado

(SCORVO-FILHO et al., 2008)

A prática da alimentação, nos diferentes sistemas de produção, é

componente que contribui para a definição do custo de produção. Com isso, a

utilização de manejo adequado, o que inclui quantidade e a qualidade do

alimento fornecido pode proporcionar melhores índices econômicos e

produtivos (HISANO & PORTZ, 2007).

Este trabalho foi desenvolvido com o intuito de determinar a taxa de

alimentação que proporcione no melhor desempenho produtivo e econômico da

tilápia do Nilo na fase de terminação em sistema de alto fluxo de água.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Local e animais

O experimento foi conduzido no Setor de Piscicultura do

Departamento de Produção Animal da Escola de Veterinária e Zootecnia da

Page 35: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

21

Universidade Federal de Goiás (DPA/EVZ/UFG), no período de março a maio

de 2011, com duração de 60 dias.

Foram utilizados 400 juvenis da tilápia do Nilo (Oreochromis

niloticus) linhagem Supreme, com peso médio de 309,17±12,88 gramas,

distribuídos aleatoriamente em 20 caixas de polietileno adaptadas ao sistema

de alto fluxo de água. A densidade utilizada em cada unidade experimental foi

na proporção de 40 peixes/m³ e cada parcela (caixa) com 20 peixes.

2.2 Delineamento experimental

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente

casualizado, com cinco tratamentos (T1- 1,0% biomassa/dia; T2- 1,75%

biomassa/dia; T3- 2,5% biomassa/dia; T4- 3,25% biomassa/dia; T5- 4,0%

biomassa/dia), quatro repetições, e cada caixa correspondeu a uma unidade

experimental.

2.3 Instalações experimentais

Como unidades experimentais foram utilizadas 20 caixas de

polietileno com capacidade para 1.000 L e, com volume efetivo de 500 L de

água, adequados ao sistema com alto fluxo de água. Foi mantida renovação de

troca de volume total de água nas caixas a cada 30 minutos, com registros e

tubulações. O sistema de drenagem foi instalado de forma a escoar a água do

fundo de cada caixa, o que permitiu o auto sifonamento dos resíduos

depositados. As caixas foram instaladas a céu aberto e, cada caixa,

apresentava tela antipássaros para evitar ataque de predadores.

2.4 Alimentação

Os peixes foram alimentados com ração comercial contendo 32%PB

e granulometria de 4-6 mm, três vezes ao dia, às 8h, 13h e 17 h. O

fornecimento de ração foi realizado com base na porcentagem da biomassa,

por isso, realizaram-se biometrias quinzenais para promover o reajuste da

Page 36: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

22

quantidade de ração a ser fornecida aos peixes. Os níveis de garantia da ração

utilizada na pesquisa estão demonstrados na TABELA 1.

TABELA 1- Níveis de garantia para umidade (UM), proteína bruta (PB), matéria

fibrosa (MF), extrato etéreo (EE), matéria mineral (MM), cálcio (Ca)

e fósforo (P), demonstrados pelo fabricante das rações utilizadas

na terminação da tilápia do Nilo em sistema de alto fluxo de água

Ração UM PB MF EE MM Ca P

% Max % Mín % Max % Mín % Max % Max % Mín

32%PB 10 32 3 6 12 3 1 Enriquecimento da ração: ácido fólico (1mg); ácido pantotênico (25mg); biotina (0,3 mg); cobre (4 mg); colina (400 mg); ferro (30 mg); iodo (0,25 mg); lisina (0,08 mg); manganês (7,5 mg); metionina (100 mg); niacina (40 mg); selênio (0,15 mg); vitamina A (5.000 U.I); vitamina B-1 (5 mg); vitamina B-12 (15 mg); vitamina B-2 (10 mg); vitamina B-6 (5 mg); vitamina C (150 mg); vitamina D-3 (600 U.I.); vitamina E (60 mg); vitamina K-3 (4,52 mg) e zinco (40 mg).

2.5 Biometrias

As biometrias foram realizadas no início do experimento e

quinzenalmente até o final, para ajustar a quantidade de ração fornecida aos

peixes, baseando-se na porcentagem da biomassa existente em cada caixa.

Os peixes foram capturados aleatoriamente (10 peixes de cada caixa) e

pesados com balança eletrônica (precisão de 0,1 g).

Os peixes que morreram foram pesados e o valor foi descontado da

biomassa de sua caixa, para posteriormente, adequar a quantidade de ração a

ser fornecida na unidade experimental.

2.6 Análises de qualidade da água

As análises de água das caixas foram realizadas no Setor de

Piscicultura, a temperatura foi aferida diariamente às 8h e 17h com termômetro

de bulbo de mercúrio e quinzenalmente (às 8h) para os parâmetros: pH,

amônia total (ionizada e não ionizada) e tóxica (não ionizada), nitrito e nitrato

utilizando reagentes comerciais padronizados (“kits”) de análise química da

água. O oxigênio dissolvido foi determinado utilizando o oxímetro digital.

Page 37: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

23

2.7 Desempenho produtivo

Os peixes e a ração fornecida foram pesados quinzenalmente até o

final do experimento para a realização dos cálculos das seguintes variáveis de

desempenho:

Taxa de sobrevivência – TS (%)=(nº final peixes ÷ nº inicial peixes)x 100;

Peso final – PF (g) = peso individual médio;

Biomassa - BIO (kg) = número de peixes x peso final;

Ganho de peso individual – GPI (g)=peso médio final–peso médio inicial;

Consumo aparente de ração - CAR (kg) = peso total da ração consumida

por unidade;

Conversão alimentar aparente - CAA (g/g) = consumo aparente de ração ÷

ganho de peso;

Taxa de eficiência protéica – TEP (g/g) = ganho de peso da biomassa ÷

consumo de proteína;

Taxa de crescimento específico em peso - TCEp (% ao dia) = [(ln peso

médio final – ln peso médio inicial)÷ período] x 100.

2.8 Avaliação econômica

Na avaliação econômica foi seguida a metodologia proposta por

SILVA et al. (2003), em que se considera apenas o custo operacional parcial

(COP), definido como o valor gasto com ração e peixe, e a receita bruta (RB)

atribuída à venda dos peixes vivos (in natura) no local da produção.

A ração contendo 32% PB foi cotada a R$ 1,20, enquanto que os

peixes foram adquiridos por R$ 2,00/unidade. O custo com os peixes foi obtido

através da multiplicação do preço unitário pela quantidade utilizada por caixa.

O preço de venda dos peixes foi o praticado no comércio atacadista na região

de Goiânia-GO, R$ 6,00/kg PV. Todos esses valores foram aplicados em

relação ao dia do encerramento da fase experimental (18/06/2011).

Page 38: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

24

Foram calculados os seguintes parâmetros econômicos:

2.8.1 Custo operacional parcial

COP = [(QR32 x PR32) + (NA x PA)

Em que:

COP = custo operacional parcial;

QR32 = quantidade média de ração 32%PB/tratamento;

PR32 = preço por kg da ração 32% PB;

NA = número inicial de alevinos por tratamento;

PA = preço unitário dos alevinos.

2.8.2 Receita bruta

RB = BT x PP

Em que:

RB = receita bruta;

BT = biomassa total média produzida/tratamento;

PP = preço de venda do kg de peixe.

2.8.3 Incidência de custo

IC = COP ÷ BT

Em que:

IC = incidência de custo, de acordo com SOLIMAN et al. (2000);

COP = custo operacional parcial;

BT = biomassa total média produzida/tratamento.

2.8.4 Receita líquida parcial

RLP = RB – COP

Page 39: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

25

Em que:

RLP = receita líquida parcial;

RB = receita bruta;

COP = custo operacional parcial.

2.9 Análises estatísticas

Os resultados do desempenho produtivo foram submetidos à análise

de regressão polinomial em função das taxas de alimentação e de variância, e

as médias foram comparadas pelo teste Duncan (5%).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Qualidade da água

A manutenção da qualidade da água é um fator importante para a

obtenção de bom desenvolvimento e sobrevivência no cultivo de peixes

(SIPAÚBA-TAVARES, 1995). As médias dos parâmetros de qualidade da água

estão demonstradas na TABELA 2.

TABELA 2. Médias da temperatura, oxigênio dissolvido (OD), pH, amônia total

(NH4+ + NH3), amônia não ionizada (NH3) e nitrito (NO2

-) na água

da criação da tilápia do Nilo submetida a diferentes taxas de

alimentação na fase de terminação em sistema de alto fluxo de

água

Variáveis Taxas de Alimentação (%) CV (%)

** 1,0 1,75 2,5 3,25 4,0

Temperatura (°C) 25,0 A 24,8 A 24,8 A 24,7 B 24,3 AB 0,95 OD (mg/L) 4,9 A 5,2 A 4,2 B 5,0 A 4,9 A 6,16

pH 7,0 A 6,8 B 6,7 B 6,7 B 6,7 B 1,26 NH4

+ + NH3 (mg/L) 0,25 B 0,25 B 0,28 B 0,37 B 0,92 A 20,87 NH3 (mg/L) 0,002 B 0,002 B 0,002 B 0,002 B 0,005 A 20,87 NO2

- (mg/L) 0,05 0,05 0,05 0,07 0,08 29,19 CV= coeficiente de variação. Médias seguidas de letras diferentes na linha diferem entre si pelo teste Duncan 5%.

Page 40: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

26

Apesar das diferenças observadas entre os tratamentos, todas

essas variáveis se encontram dentro da faixa considerada adequada para a

tilápia (SIPAÚBA-TAVARES, 1995).

O oxigênio dissolvido foi inferior na taxa de alimentação de 2,5% ao

dia, efeito atribuído à ocorrência de elevada da biomassa nesse tratamento em

relação às taxas de 1,0 e 1,75%, apoiando os resultados de algumas pesquisas

(MAEDA et al., 2006; OLIVEIRA et al., 2010).

O pH da água das caixas foi influenciado pelo tratamento, de modo

que, aumentou a taxa de alimentação promoveu redução linear dos valores da

variável (FIGURA 1).

FIGURA 1. Médias do pH da água da criação da tilápia do Nilo,

linhagem Supreme, submetida a diferentes taxas de

alimentação na terminação em sistema de alto fluxo

de água

A amônia ionizada (NH4+) é pouco tóxica aos peixes, contudo a não

ionizada (NH3) apresenta toxicidade letal a muitas espécies. A proporção entre

NH3 e NH4+ é em função do pH e da temperatura da água. Os níveis de amônia

tóxica são mais acentuados em pH acima de 9,0 e os níveis de pH encontrados

no experimento foram inferiores a 7,0, não existindo condições químicas para

obtenção de altas proporções dessa variável (KUBITZA, 2003). Os valores de

amônia tóxica se encontram dentro da faixa considerada adequada para a

Page 41: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

27

tilápia (SIPAÚBA-TAVARES, 1995), porém, foi possível perceber que o

aumento da taxa de alimentação resultou em acrésimo linear da amônia tóxica

nas caixas (FIGURA 2).

O nitrito é um produto intermediário da oxidação da amônia a nitrato

em águas naturais (SIPAÚBA-TAVARES, 1995). A concentração de nitrito

tóxico aos peixes está acima de 0,3 mg/L (KUBITZA, 2003) e os valores

encontrados neste experimento variaram entre 0,05 e 0,08 mg/L e foram

semelhantes entre os tratamentos (p>0,05) (FIGURA 2).

O nitrato, o produto final do processo de nitrificação, não foi

detectado nas caixas experimentais e, segundo KUBITZA (2003), a ausência

dessa variável em sistemas de alto fluxo de água é devido à alta troca de água

que inviabiliza a ação das bactérias do gênero Nitrobacter na oxidação do

nitrito a nitrato.

FIGURA 2. Amônia não ionizada nas diferentes taxas de

alimentação fornecidas a tilápia do Nilo, linhagem

Supreme, criadas durante a terminação em sistema

de alto fluxo de água

As tilápias são reconhecidamente espécies de peixes que melhor se

adaptam a diferentes condições de cultivo, bastante tolerantes ao baixo

oxigênio dissolvido, sobrevivem em faixa bastante ampla de acidez, bem como

Page 42: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

28

toleram altas concentrações de amônia tóxica, comparadas à maioria dos

peixes cultivados (GRAEFF & PRUNER, 2006).

3.2 Desempenho aos 30 dias de experimento

Na TABELA 3 constam as variáveis de desempenho produtivo obtido

aos 30 dias de experimento na terminação da tilápia do Nilo. A taxa de

sobrevivência não diferiu entre as tratamentos (p>0,05), apoiando os trabalhos

de MARQUES et al. (2004), MEURER et al. (2005), MEURER et al. (2007) e

ARAÚJO-SANTOS (2008) os quais verificaram que a sobrevivência não sofreu

efeito das taxas de alimentação em alevinos de carpa-capim

(Ctenopharyngodon idella), lambari-do-rabo-amarelo (Astyanax bimaculatus),

pós-larvas e adultos da tilápia do Nilo, respectivamente.

TABELA 3. Médias da taxa de sobrevivência (TS), peso final (PF), ganho de

peso individual (GPI), biomassa (BIO), consumo aparente de ração

(CAR), conversão alimentar aparente (CAA), taxa de eficiência

protéica (TEP) e taxa de crescimento específico (TCE) aos 30 dias

de experimento da tilápia do Nilo submetida a diferentes taxas de

alimentação na terminação em sistema de alto fluxo de água

Variável Taxa de Alimentação (%)

CV (%) 1,0 1,75 2,5 3,25 4,0

TS (%) ns 100 100 100 100 100 - PF (g) 1 350,4 C 374,7 BC 401,5 AB 405,9 AB 416,5 A 5,5 GPI (g) 2 40,5 B 62,6 B 89,6 A 101,4 A 103,7 A 21,1 BIO (g) 3 7009 C 7494 BC 8030 AB 8118 AB 8330 A 5,5 CAR (g) 4 1159 E 2199 D 3050 C 3720 B 4524 A 10,9

CAA 5 1,59 1,83 1,73 1,92 2,19 22,7 TEP ns 4,15 3,27 3,42 3,28 2,89 24,6

TCE (%/dia) 6 0,20 B 0,31 B 0,42 A 0,48 A 0,47 A 19,3 CV= coeficiente de variação. Médias seguidas de letras diferentes na linha não diferem entre si pelo teste Duncan 5%.

ns não significativo para análise regressão.

1 Efeito linear: PF (g) = 335,337 + 21,77 taxa; R2 = 0,5787.

2 Efeito linear: GPI (g) = 24,48 + 22,03 taxa; R2 = 0,6769. 3 Efeito linear: BIO (g) = 6707,53 + 435,47 taxa; R2 = 0,5787. 4 Efeito linear: CAR (g) = 180,55 + 1099,95 taxa; R2 = 0,9408. 5 Efeito linear: CAA = 1,4169 + 0,1735 taxa; R2 = 0,1949. 6 Efeito quadrático: TCE (%/dia) = - 0,0357 + 0,2656 taxa – 0,0341 taxa2; R2 = 0,7324.

Page 43: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

29

O peso médio aumentou linearmente com a elevação da taxa de

alimentação, apoiando os resultados de alguns autores (MARQUES et al.,

2004; EL-SAIDY & GABER, 2005; OLIVEIRA, 2007; BARBOSA et al., 2011)

que atribuem esse efeito ao bom aproveitamento da quantidade de alimento

que foi fornecido e proporcionando adequado crescimento. Portanto, o

tratamento que proporcionou menor peso médio aos 30 dias foi com a taxa de

alimentação de 1,0% ao dia (p<0,05). Possivelmente, proporcionado pela baixa

alimentação que piora o desempenho (FURUYA, 2007) por causar grande

competição pelo alimento o que pode propiciar a uma sensível variação no

tamanho dos peixes e redução no crescimento (CASTAGNOLLI, 1979).

O tratamento afetou positivamente o ganho de peso individual, de

modo que o aumento da taxa de alimentação acarretou na elevação linear da

variável corroborando com os resultados de outras pesquisas (MARQUES et

al., 2004; MEURER et al., 2005; OLIVEIRA, 2007) avaliando nível de

arraçoamento para alevinos de carpa-capim (Ctenopharyngodon idella), de

lambari-do-rabo-amarelo (Astyanax bimaculatus) e tilápia do Nilo (Oreochromis

niloticus), respectivamente.

O maior ganho de peso foi obtido nos tratamentos com taxas de

2,5%; 3,25% e 4,0% ao dia (p<0,05), o que nos permite inferir que o tratamento

com 2,5% promoveria menor custo como ração e, consequentemente, melhor

receita líquida parcial, portanto, o mais indicado ao considerar essa variável.

A biomassa aos 30 dias de experimento cresceu de forma linear com

o aumento da taxa de alimentação fornecida, apoiando os resultados de

MEURER et al. (2007) que obtiveram o mesmo efeito em pós-larvas da tilápia

do Nilo. Desse modo, o tratamento com 4,0% ao dia, propiciou em maior

biomassa produzida (p<0,05).

O consumo aparente de ração (CAR) aumentou linearmente como o

acréscimo nas taxas de alimentação, sendo que as maiores médias foram

obtidas nos tratamentos com 4,0% ao dia (p<0,05). A quantidade de ração

fornecida, em experimentos avaliando taxa de alimentação, está diretamente

relacionada com a biomassa presente na unidade experimental. Portanto, a

quantidade de ração fornecida na taxa de alimentação de 4,0% ao dia, superou

a de 1,0% ao dia (p<0,05). Para viabilizar essa estratégia alimentar, é

imprescindível que a taxa de alimentação de 4,0% ao dia proporcione ótimo

Page 44: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

30

retorno em termos de acréscimo em biomassa, e como consequência, maior

receita bruta, para compensar o alto custo com a ração ofertada. Não foi o que

ocorreu, pois as biomassas em 2,5; 3,25 e 4,0% foram iguais.

A conversão alimentar aparente (CAA) aumentou de forma linear

com elevação nas taxas de alimentação, corroborando com algumas pesquisas

(ZUANON et al., 2004; MEURER et al., 2005) com tricogaster (Trichogaster

trichopterus) e lambari-do-rabo-amarelo (Astyanax bimaculatus),

respectivamente. De acordo com MIHELAKAKIS et al. (2002), o alimento em

excesso tem influência sobre o coeficiente de digestibilidade, pois quando se

tem altas taxas de alimentação, a passagem do alimento pelo intestino pode

ser mais rápida, causando assim menor digestibilidade e absorção,

comprometendo o desempenho dos peixes.

FIGURA 3. Taxa de crescimento específico (TCE) aos 30 dias de

experimento da tilápia do Nilo, linhagem Supreme,

submetida a diferentes taxas de alimentação na

terminação em sistema de alto fluxo de água

A taxa de crescimento específico (TCE) apresentou efeito quadrático

e seu ponto de máxima foi verificado com a taxa de alimentação de 3,89% ao

dia (FIGURA 3), onde propiciou bom aproveitamento da quantidade de ração

fornecida. No entanto, os menores valores da TCE foram obtidos nos

tratamentos com 1,0% e 1,75% ao dia, possivelmente, por não ter oferecido

Page 45: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

31

elevado aporte de nutrientes. Segundo ZUANON et al. (2004), melhores taxas

de crescimento favorecem a diminuição do tempo de utilização das instalações

e, consequentemente, melhoram o rendimento econômico da produção, pela

possibilidade de realização de maior número de ciclos produtivos durante o

ano.

3.3 Desempenho aos 60 dias de experimento

Na TABELA 4 constam as variáveis de desempenho produtivo obtido

aos 60 dias de experimento na terminação da tilápia do Nilo. A taxa de

sobrevivência aos 60 dias diferiu entre os tratamentos, sendo que a taxa de

alimentação de 1,75% proporcionou maior sobrevivência em relação às de

3,25% e 4,0% ao dia (p<0,05).

Nos últimos dias de experimento ocorreram mortalidades que

reduziram consideravelmente a população das caixas que receberam os

tratamentos com taxas de 1,0%, 3,25% e 4,0% ao dia. De acordo com

FURUYA (2007), taxas de alimentação excessivamente baixas promovem

grande competição pelo alimento e piora no desempenho. Por outro lado, o

excesso de alimentação conduz a ineficiência do metabolismo digestivo

(CASTAGNOLLI, 1979) e aumenta a perda de nutrientes, proporcionalmente ao

maior oferecimento de alimento, ocasionado pelo acréscimo na biomassa

(SIDDIQUI & AL-HARBI, 1999) ao longo do cultivo.

O peso dos peixes aos 60 dias de experimento apresentou resposta

quadrática, e o ponto de peso máximo (508,25 g) foi obtido com a taxa de

alimentação de 3,16% ao dia (FIGURA 4). De acordo com MARQUES et al.,

(2004) e MEURER et al. (2005), o menor desempenho dos animais submetidos

a elevadas taxas de alimentação pode estar relacionada à sobra de ração, que

perde parte de seus nutrientes, à medida que permanece na água. A ingestão

desse alimento pelos peixes pode resultar em redução do crescimento e

mesmo prejudicar o consumo da ração oferecida em novos tratos.

Outros trabalhos avaliaram a tilápia do Nilo em sistemas intensivos e

foi possível perceber que o peso máximo da presente pesquisa foi inferior ao

valor obtido por OLIVEIRA (2007) utilizando taxa de alimentação de 4,0% ao

dia (610,47 g) em tanques-rede, similar ao verificado por OLIVEIRA (2010)

Page 46: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

32

(553,1 g), e superior ao notado por ARAÚJO-SANTOS (2008) em sistema de

alto fluxo de água (447,46 g).

TABELA 4. Médias das taxas de sobrevivência (TS), peso final (PF), ganho de

peso individual (GPI), biomassa (BIO), consumo aparente de ração

(CAR), conversão alimentar aparente (CAA), taxa de eficiência

protéica (TEP) e taxa de crescimento específico (TCE) aos 60 de

experimento da tilápia do Nilo submetida a diferentes taxas de

alimentação na fase de terminação em sistema de alto fluxo de

água

Variável Taxa de Alimentação (%)

CV (%) 1,0 1,75 2,5 3,25 4,0

TS (%) ns 88,8 AB 98,6 A 92,5 AB 81,6 B 80,0 B 11,4 PF (g) 1 380,5 B 465,9 A 497,0 A 497,7 A 494,7 A 7,9 GPI (g) 2 70,5 B 153,8 A 185,1 A 193,3 A 181,9 A 21,6 BIO (g) 3 6703 B 9215 A 9212 A 8074 AB 7899 AB 12,8 CAR (g) 4 2441 D 4927 C 7068 B 8307 B 10451 A 16,6

CAA 5 4,64 AB 1,74 B 2,55 B 4,50 AB 6,18 A 45,9 TEP 6 1,70 B 6,01 A 4,01 AB 2,38 B 1,37 B 60,59

TCE (%/dia) 7 0,33 B 0,66 A 0,78 A 0,82 A 0,76 A 19,01 CV= coeficiente de variação. Médias seguidas de letras diferentes na linha não diferem entre si pelo teste Duncan 5%. ns

não significativo para análise regressão. 1

Efeito quadrático: PF (g) = 245,5 + 166,3 taxa – 26,3 taxa2; R2 = 0,6452. 2 Efeito quadrático: GPI (g) = - 68,74 + 169,9 taxa – 26,98 taxa2; R2 = 0,6944. 3 Efeito quadrático: BIO (g) = 3567 + 4299,8 taxa – 826,6 taxa2; R2 = 0,3727. 4 Efeito linear: CAR (g) = 172,5 + 2586,6 taxa; R2 = 0,8833. 5 Efeito quadrático: CAA = 8,686 – 5,766 taxa + 1,31 taxa2; R2 = 0,4438. 6 Efeito quadrático: TEP = - 2,162 + 5,984 taxa – 1,313 taxa2; R2 = 0,3345. 7 Efeito quadrático: TCE (%/dia) = - 0,214 + 0,671 taxa – 0,1074 taxa2; R2 = 0,7077.

A taxa de alimentação influenciou o crescimento da tilápia do Nilo,

assim como foi notado por MARQUES et al. (2004) MEURER et al. (2005) e

OLIVEIRA (2007), avaliando nível de arraçoamento para tilápias nilóticas

(Oreochromis niloticus), alevinos de carpa-capim (Ctenopharyngodon idella) e

de lambari-do-rabo-amarelo (Astyanax bimaculatus).

Page 47: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

33

FIGURA 4. Peso final (PF) aos 60 dias de experimento da tilápia

do Nilo, linhagem Supreme, submetida a diferentes

taxas de alimentação na terminação em sistema de

alto fluxo de água

Os valores de ganho de peso médio, aos 60 dias, para as taxas de

1,75%; 2,50%; 3,25% e 4,00% foram similares (p>0,05) e superiores, diferindo

apenas da taxa de 1,00% ao dia (p<0,05). Este parâmetro apresentou efeito

quadrático, obtendo o valor máximo (198,6 g) com a taxa de alimentação de

3,14% ao dia. O excesso de alimentação pode proporcionar descréscimo no

ganho de peso, certamente porque algumas espécies animais reduzem o

crescimento sob determinada condição de peso (MULLER-FEUGA, 1999).

OLIVEIRA (2007) obteve ganho de peso similar com tilápia do Nilo

utilizando taxas de alimentação de 3,0% da biomassa ao dia, enquanto que

LAGE et al. (2009), perceberam que não houve diferença significativa no ganho

de peso de piracanjubas (Brycon orbignyanus) entre as diferentes taxas de

alimentação testadas.

A taxa de alimentação proporcionou resposta quadrática para a

variável biomassa e ponto de máxima (9.158,8 g) obtida com a taxa de 2,6% ao

dia (FIGURA 5). Isto é corroborado com os resultados de SALARO et al.

(2008), os autores notaram que o aumento na taxa de alimentação de 2 para

4% peso vivo ao dia proporcionou elevação da biomassa de juvenis de trairão

Page 48: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

34

(Hoplias lacerdae), mas, o aumento para a taxa de 6% ao dia afetou

negativamente a biomassa.

A taxa de 1,0% apresentou menor biomassa (p<0,05). Os resultados

da biomassa estão diretamente associados à taxa de sobrevivência e ao peso

individual dos peixes. As taxas de alimentação de 1,0%, 1,75% e 2,5% ao dia

proporcionaram as maiores médias de sobrevivência, por outro lado, os

maiores valores para peso individual foram verificados nos tratamentos a partir

de 1,75% ao dia. Portanto, as maiores biomassas foram observadas próximas

às taxas de alimentação de 1,75% e 2,5% ao dia (p<0,05).

FIGURA 5. Biomassa (BIO) aos 60 dias de experimento da tilápia

do Nilo, linhagem Supreme, submetida a diferentes

taxas de alimentação na fase de terminação em

sistema de alto fluxo de água

O consumo aparente de ração (CAR) aumentou linearmente com a

elevação da taxa de alimentação. Por isso, o tratamento com 4,0% ao dia

proporcionou maior consumo aparente de ração (p<0,05).

A conversão alimentar aparente (CAA) apresentou efeito quadrático

em função do tratamento e, a seu valor mínimo (2,34) foi obtido com a taxa de

alimentação de 2,21% ao dia (FIGURA 6). Corroborando com MARQUES et al.

(2004) e ZUANON et al. (2004) constataram que a conversão alimentar piorou

com o aumento das taxas de alimentação fornecidas para carpa capim

Page 49: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

35

(Ctenopharyngodon idella) e tricogaster (Trichogaster trichopterus). Segundo

BALDISSEROTTO (2009), o acréscimo da quantidade de alimento disponível,

possivelmente, melhora a CAA até um determinado valor. A partir desse valor,

o peixe pode até ingerir mais alimento, mas piora a CAA e, consequentemente,

promove desperdício de ração.

Isso reforça que o excesso de alimentação reduz a digestibilidade e

eficiência no aproveitamento dos nutrientes (MIHELAKAKIS et al., 2002), o que

compromete o desempenho dos peixes. A taxa de alimentação de 2,5%

proporcionou em maior altura de vilos na porção proximal do intestino da tilápia

deste experimento (Capítulo III), o que acarretou na melhoria da CAA. Alguns

autores (GRAU et al., 1992; BOLELI et al., 2002, MACARI et al., 2002;

FABREGAT, 2006; SILVA et al., 2010) afirmaram que, quanto maior o tamanho

da vilosidade intestinal, maior a superfície de absorção e maior será a

eficiência na utilização dos nutrientes, o que implica em melhor desempenho

dos animais. Portanto, a taxa de alimentação ótima é aquela onde a eficiência

alimentar é maximizada (TESSER & SAMPAIO, 2006).

FIGURA 6. Conversão alimentar aparente (CAA) aos 60 dias de

experimento da tilápia do Nilo, linhagem Supreme,

submetida a diferentes taxas de alimentação na fase

de terminação em sistema de alto fluxo de água

Page 50: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

36

A taxa de eficiência protéica (TEP) foi influenciada, com efeito

quadrático, pelos tratamentos em que a maior TEP (4,66) foi obtida com a taxa

de alimentação de 2,28% ao dia. Segundo BALDISSEROTTO (2009), têm-se

considerado que existe uma estreita relação entre a taxa de crescimento e o

gasto energético (acima do nível de manutenção), ou seja, quanto maior a taxa

de crescimento, maior o gasto energéticos, o qual é destinado principalmente

para a síntese de proteínas.

A taxa de crescimento específico (TCE) apresentou resposta

quadrática em função do tratamento, e seu valor máximo (0,834%/dia) foi

obtido com a taxa de alimentação de 3,12% ao dia. De acordo com

BALDISSEROTTO (2009), o aumento da quantidade de alimento disponível

pode aumentar a taxa de crescimento específico até um determinado valor.

Acima desse valor, o peixe pode até ingerir mais alimento, mas sua taxa de

crescimento específico não aumentará. Nesse caso, haverá um desperdício de

alimento, pois é possível obter a mesma taxa de crescimento específico com

uma quantidade menor de alimento.

3.4 Curvas de Crescimento

3.4.1 Peso médio

A taxa de alimentação de manutenção é considerada como a

quantidade de alimento que um peixe deve ingerir para que ele possa manter

as funções corporais sem perda ou ganho de peso (TESSER & SAMPAIO,

2006). As curvas de crescimento para todas as taxas de alimentação avaliadas

apresentaram resposta linear em função da idade em dias (FIGURA 7).

O tratamento com 1,0% ao dia proporcionou o menor peso final,

possivelmente, porque o alimento fornecido não foi suficiente para promover

significativo acréscimo no ganho de peso (BALDISSEROTTO, 2009), no

entanto, esse tratamento está acima da taxa de manutenção porque houve o

crescimento.

A taxa de alimentação de 4,0% ao dia apresentou o maior

crescimento e estabilizou a partir dos 45 dias de experimento. Isso nos permite

Page 51: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

37

inferir que a taxa de 4,0% ao dia atende as exigências da espécie até o peso

de aproximadamente 490 g (45 dias do experimento).

Segundo MARQUES et al. (2004) e MEURER et al. (2005), o baixo

desempenho em animais submetidos à altas taxas de alimentação pode estar

relacionada à sobra de ração que perde parte de seus nutrientes à medida que

permanece na água, prejudicando o consumo da ração oferecida em novos

tratos e resultando em diminuição do crescimento.

Equações de regressão referentes aos tratamentos:

1,00% - Peso médio (g) = 312,5 + 1.45 Idade; R² = 0,7855 1,75% - Peso médio (g) = 303,8 + 2,74 Idade; R² = 0,9770 2,50% - Peso médio (g) = 306,5 + 3,03 Idade; R² = 0,9862 3,25% - Peso médio (g) = 301,0 + 3,39 Idade; R² = 0,9900 4,00% - Peso médio (g) = 313,4+ 3,1 Idade; R² = 0,9921

FIGURA 7. Curvas de crescimento em peso final da tilápia do Nilo

submetida a diferentes taxas de alimentação na fase de

terminação em sistema de alto fluxo de água

3.4.2 Biomassa

O estudo das curvas de crescimento animal tem sido ampliado no

sentido de manipulá-los em direção a uma melhoria na eficiência da produção

animal, especialmente em peixes e requer esse tipo de avaliação em diferentes

condições experimentais (SANTOS et al., 2007).

Page 52: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

38

A biomassa da tilápia do Nilo obteve efeito linear em função do

período experimental (idade) para as taxas de alimentação de 1,75% e 2,5% ao

dia (FIGURA 8).

Essa resposta pode ser atribuída à ocorrência de maiores taxas de

sobrevivência nesses tratamentos, porém segundo alguns autores (BOLELI et

al., 2002; FABREGAT, 2006; SILVA et al., 2010), o crescimento do animal pode

ser atribuído ao melhor aproveitamento dos nutrientes, consequência da

alteração da superfície de absorção com o aumento da altura dos vilos notada

na porção proximal do intestino, que reflete na redução da conversão alimentar.

Equações de regressão referentes aos tratamentos: 1,00% - Biomassa (g) = 4.924,4 + 130,5 idade – 1,65 idade²; R² = 0,6938. 1,75% - Biomassa (g) = 5.878,6 + 54,5 idade; R² = 0,9956. 2,50% - Biomassa (g) = 6.334,1 + 48,9 idade; R² = 0,9724. 3,25% - Biomassa(g) = 3.764,1 + 238,5 idade – 2,75 idade²; R² = 0,9188 4,00% - Biomassa (g) = 4.367,5 + 214,9 idade – 2,59 idade²; R²=0,9714

FIGURA 8. Curvas de crescimento em biomassa da tilápia do Nilo

submetida a diferentes taxas de alimentação na fase

de terminação em sistema de alto fluxo de água

As taxas de alimentação de 1,0%, 3,25% e 4,0% ao dia,

proporcionaram a variável biomassa resposta quadrática com o aumento do

período experimental.

De acordo com MULLER-FEUGA (1999), o excesso de alimentação

pode proporcionar decréscimo no crescimento sob determinada condição de

Page 53: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

39

peso. Porém, na presente pesquisa, a redução dos valores de biomassa no

final do período experimental é justificada pela ocorrência de mortalidade

nesses tratamentos a partir dos 40, 43 e 41 dias de experimento para as taxas

de alimentação de 1,0%, 3,25% e 4,0% ao dia, respectivamente.

3.5 Avaliação econômica

O empresário utiliza a avaliação econômica das técnicas aplicadas

para estabelecer padrões de eficiência na busca de maiores rendimentos e

menores custos (MARTINS & BORBA, 2008). A ração apresenta a maior

importância dentro do custo de produção, MELO et al. (2001) observaram que

os gastos com alimentação corresponde a quase 70% do total do custo de

produção. Na TABELA 5, constam os valores da avaliação econômica.

TABELA 5 Dados médios da biomassa total dos peixes (BT), receita bruta

(RB), custo operacional parcial (COP), receita líquida parcial (RLP)

e incidência de custos (IC) da tilápia do Nilo alimentada com

diferentes taxas de alimentação na fase de terminação em sistema

de alto fluxo de água

Taxas Ração Alevinos BT RB COP RLP IC

Kg R$(a) Unid. R$(b) kg R$ R$(a+b) R$ R$/kg

1,00% 2,441 2,93 20 40 6,703 40,22 42,93 -2,71 6,40 1,75% 4,927 5,91 20 40 9,214 55,29 45,91 9,38 4,98 2,50% 7,067 8,48 20 40 9,211 55,27 48,48 6,78 5,27 3,25% 8,306 9,97 20 40 8,074 48,44 49,97 -1,52 6,19 4,00% 10,451 12,54 20 40 7,898 47,39 52,54 -5,15 6,65

RB = BT x PP (preço de venda do kg de peixe); RLP = RB - COP; IC = COP/BT

Observa-se que as taxas de alimentação superiores apresentaram

maiores valores para custo operacional parcial (COP). Os peixes que

receberam grande quantidade de ração, não necessariamente, apresentaram

maior ganho de peso e, isso refletiu na receita líquida parcial (RLP) e na

incidência de custo (IC). MEURER et al. (2003) recomenda a execução de

manejo alimentar rigoroso, com base em biometrias semanais para o ajuste

preciso das taxas de alimentação, evitando desperdícios do insumo que

representa o maior custo de produção.

Page 54: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

40

A RLP foi superior (R$ 9,38) que a observada por ARAÚJO-

SANTOS (2008), trabalhando com diferentes frequências e formas de

fornecimento de ração para a tilápia do Nilo em sistema baseado em altas

trocas de água (R$ 5,58) e, inferior a obtida por OLIVEIRA (2010), avaliando

duas linhagens de tilápia do Nilo em sistema com alto fluxo de água (R$ 67,91),

e SILVA et al. (2003), avaliando densidade de estocagem e de troca de água

em sistema com altas trocas de água (R$ 15,11).

A IC da presente pesquisa (R$ 4,98/kg) foi superior a verificada por

alguns autores (SILVA et al., 2003; ARAÚJO-SANTOS, 2008; OLIVEIRA, 2010)

avaliando a tilápia do Nilo em sistema raceway (R$ 1,54/kg, R$ 1,98/kg e R$

0,99/kg, respectivamente).

Nos tratamentos cujo arraçoamento foi de 3,25% e 4,00%

apresentaram prejuízo, ou seja, a receita bruta (RB) obtida com a venda dos

peixes foi inferior ao custo de produção. Isso ocorreu porque a taxa foi superior

à capacidade de aproveitamento dos nutrientes e acarretou nas mortalidades

nos últimos 15 dias da pesquisa.

Por outro lado, a taxa de 1,00% se mostrou abaixo do nível

adequado para atender as exigências nutricionais da tilápia, proporcionando o

mesmo problema com mortalidade, que influenciou negativamente a receita

bruta, ou seja, as despesas com ração foram superiores a receita com a venda

dos peixes, justamente por apresentar biomassa baixa.

As taxas de alimentação de 1,75% e 2,50% foram as únicas que

apresentaram lucro. No entanto, notamos que a taxa de 1,75% foi a que

proporcionou em melhor retorno econômico, ou seja, maior RLP e menor custo

de produção.

4.CONCLUSÃO

A taxa de alimentação que proporciona melhor desempenho

produtivo para utilizar na fase de terminação da tilápia do Nilo é de 2,5% ao

dia, mas a taxa de 1,75% proporcionou melhor retorno econômico, sendo

portanto, a recomendada.

Page 55: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

41

5. REFERÊNCIAS

1. ARAÚJO-SANTOS, J. G. Frequências e formas de fornecimento de ração para tilápia do Nilo criada em sistema raceway. 2008. Goiânia. 45f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal) – Escola de Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Goiás.

2. BALDISSEROTTO, B. Fisiologia de peixes aplicada à piscicultura. 2.ed.

Santa Maria: Ed. UFSM, 2009, 352p.

3. BARBOSA, A. C. A.; ALMEIDA, L. D. L.; FONSECA, R. B. Avaliação de diferentes sequências de arraçoamento no desenvolvimento de tilápias cultivadas em gaiolas. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento EMPARN, n.31, 2005, 14p.

4. BOLELI, I. C.; MAIORKA, A.; MACARI, M. Estrutura funcional do trato digestório. In: MACARI, M.; FURLAN, R. L.; GONZALES, E. P. (Eds.). Fisiologia aviária aplicada a frangos de corte. Jaboticabal:

FUNEP/UNESP, 2002. p.75-96.

5. CASTAGNOLLI, N. Fatores que influenciam a absorção de energia nos peixes. In: Fundamentos de nutrição de peixes. São Paulo: Livroceres, 1979. 108p.

6. EL-SAIDY, D. M. S.; GABER, M. M. A. Effect of dietary protein levels and feeding rates on growth performance, production traits and body composition of Nile tilapia, Oreochromis niloticus (L.) cultured in concrete tanks. Aquaculture Research, v.36, p.163-171, 2005.

7. FABREGAT, T. H. P. Utilização do prebiótico flavofeed® como suplemento dietário para juvenis de tilápia do Nilo Oreochromis

niloticus. 2006. 42f. Dissertação (Mestre em Aquicultura) – Centro de Aquicultura, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, São Paulo.

8. FITZSIMMONS, K. Tilapia: the most important aquaculture species of the 21st century. In: TILAPIA AQUACULTURE – INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON TILAPIA AQUACULTURE, 5, 2000. Rio de Janeiro. Proceedings… Rio de Janeiro, 2000. P 3-8.

9. FURUYA, W. M. Redução do impacto ambiental por meio da ração. In: III Seminário de Aquicultura, Maricultura e Pesca. Belo Horizonte, 2007.

10. GRAEFF, A.; PRUNER, E. N. Variáveis que podem interferir na sobrevivência e desenvolvimento da Tilápia nilótica (Oreochromis niloticus) na região fria do Estado de Santa Catarina. 2006. Disponível em: <http://www.revistaaquatic.com/civa2006/>. Acesso em: 19 jun. 2011.

11. GRAU, A.; CRESPO, S.; SARASQUETE, M. C.; GONZALES, C. M. L. The digestive tract of the amberjack Seriola dumerili, Risso: a light and scanning electron microscope study. Journal of Fish Biology. v.41, p.287-303, 1992

12. HISANO, H.; PORTZ, L. Redução de custos de rações para tilápia: a importância da proteína. Bahia Agrícola, v.8. n.1, p.42-49, 2007.

13. KUBITZA, F. Qualidade da água no cultivo de peixes e camarões.

Jundiaí: F. Kubitza, 2003, 229p.

Page 56: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

42

14. KUBITZA, F. Tilápia: tecnologia e planejamento na produção comercial.

Jundiaí: F. Kubitza, 2000, 289p.

15. KUBITZA, F.; LOVSHIN, L. L.; ONO, E. A.; SAMPAIO, A. V. Planejamento da produção de peixes. 4.ed. Jundiaí: F. Kubitza, 2004. 59p.

16. LAGE, V. A.; PIMENTA, M. E. S. G.; POLO, M.; SIPAÚBA-TAVARES, L. H. Efeito de diferentes densidades de estocagem e níveis de arraçoamento no desempenho de piracanjubas (Brycon orbignyanus) na fase juvenil. Revista da Universidade de Alfenas, Alfenas, n.5, p.173-178, 1999.

17. MACARI, M.; FURLAN, R. L.; GONZALES, E. Fisiologia Aviária Aplicada a Frangos de Corte. 2.ed. Jaboticabal: Editora FUNEP/UNESP, 2002, 375p.

18. MAEDA, H.; SILVA, P. C.; AGUIAR, M. S.; PADUA, D. M. C.; OLIVEIRA, R. P. C.; MACHADO, N. P.; RODRIGUES, V.; SILVA, R. H. Efeito da densidade de estocagem na segunda alevinagem de tilápia nilótica (Oreochromis niloticus), em sistema raceway. Ciência Animal Brasileira,

Goiânia, v.7, n.3, p.265-272, jul.-set. 2006.

19. MARQUES, N. R.; HAYASHI, C.; SOUZA, S. R.; SOARES, T. Efeito de diferentes níveis de arraçoamento para alevinos de carpa-capim (Ctenopharyngodon idella) em condições experimentais. Boletim do Instituto da Pesca, São Paulo, v.30, n.1, p.51-56, 2004.

20. MARTINS, M. I. E. G.; BORBA, M. M. Z. Custo de produção. Jaboticabal:

UNESP, 2008. 24p.

21. MELO, L. A. S.; IZEL, A. C. U.; RODRIGUES, F. M. R. Criação de tambaqui (Colossoma macropomum) em viveiros de argila/barragens no Estado do Amazonas (documento 18). Manaus: Embrapa Amazônia

Ocidental, 2001. 30p.

22. MEURER, F.; HAYASHI, C.; BOSCOLO, W. R. Fibra bruta para alevinos de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus, L). Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, n.2, p.256-261, 2003.

23. MEURER, F.; HAYASHI, C.; BOSCOLO, W.R.; KAVATA, L. B.; LACERDA, C. H. F. Nível de arraçoamento para alevinos de lambari-do-rabo-amarelo (Astyanax bimaculatus). Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.6, p.1835-1840, 2005.

24. MEURER, F.; SILVA, M. S.; COLPINI, L. M. S.; FRECCIA, A.; MAUERWERK, L. Nível de arraçoamento de pós-larvas de tilápia do Nilo em baixa temperatura. Revista Científica de Produção Animal, v.9, n.1, p.76-83, 2007.

25. MIHELAKAKIS, A.; TSOLKAS, C.; YOSHIMATSU, T. Optimization of feeding rate of hatchery-produced juvenile gilthead sea bream Sparus aurata. Journal of the World Aquaculture Society, v.33, n.2, p.169-175, 2002.

26. MINISTÉRIO DA PESCA E AQUICULTURA – MPA. Boletim Estatístico da Pesca e Aquicultura – Brasil 2010 [on line], 2010. Disponível em: http://www.mpa.gov.br/images/Docs/Informacoes_e_Estatisticas/Boletim%20Estat%C3%ADstico%20MPA%202010.pdf. Acesso em: 12 jul. 2012.

Page 57: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

43

27. MUIR, J. VAN RIJN, J.; HARGREEVES, J. Production in intensive and recycle systems. In: BEVERIDGE, M.C.M., McANDREW, B.J. (eds.). Tilapias: biology and exploitation. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers, 2000. p. 405-445.

28. MULLER-FEUGA, A. Growth as a function of rationing: a model applicable to fish and microagae. Journal of Experimental Marine Biology, v.236, p.1-13, 1999.

29. NOGUEIRA, A. J. 2003. Aspectos da Biologia Reprodutiva e Padrões de Crescimento da Tilápia Oreochromis niloticus, Linnaeus, 1758 (Linhagem chitralada) em cultivos Experimentais. Recife. 77f. Dissertação (Mestrado em Recursos Pesqueiros e Aqüicultura) - Departamento de Pesca, Universidade Federal Rural de Pernambuco.

30. OLIVEIRA, F. A. Taxas e intervalos de alimentação na produção de tilápia em tanques-rede com dispensador automático de ração. Botucatu. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Estadual Paulista.

31. OLIVEIRA, R. P. C. Desempenho zootécnico de duas linhagens de tilápia-do-Nilo sob diferentes densidades de estocagem em raceway. Goiânia. 102 f. Tese (Doutorado em Ciência Animal) – Escola de Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Goiás.

32. OLIVEIRA, R. P. C.; SILVA, P. C.; BRITO, P. P. B.; GOMES, J. P.; SILVA, R. F.; SILVEIRA-FILHO, P. R.; ROQUE, R. S. Variáveis hidrológicas físico-químicas na criação da tilápia-do-Nilo no sistema raceway com diferentes renovações de água.Ciência Animal Brasileira, Goiânia, v.11, n.3, p.482-487, 2010.

33. SALARO, A. L.; LUZ, R. K.; SAKABE, R.; KASAL, R. Y. D.; LAMBERTUCCI, D. M. Níveis de arraçoamento para juvenis de trairão (Hoplias lacerdae). Revista Brasileira de Zootecnia, v.37, n.6, p.967-970, 2008.

34. SANTOS, V. B.; FREITAS, R. T. F.; SILVA, F. F.; FREATO, T. A. Avaliação de curvas de crescimento morfométrico de linhagens de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus). Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.31, n.5, p.1486-1492, 2007.

35. SCORVO-FILHO, J. D.; MAINARDES-PINTO, C. S. R.; PAIVA, P.; VERANI, J. R.; SILVA, A. L. Custo operacional de produção da criação de tilápias tailandesa em tanques-rede, de pequeno volume, instalados em viveiros povoados e não povoados. Custos e Agronegócios [online], v.4,

n.2, 2008. Disponível em: http://www.custoeagronegocioonline.com.br. Acesso em: 24 mai. 2012.

36. SIDDIQUI, A.Q.; AL-HARBI, A.H. Nutrient budgets in tanks with different stocking densities of hybrid tilapia. Aquaculture, v.170, p.245-252, 1999.

37. SILVA, L. C. R.; FURUYA, W. M.; NATALI, M. R. M.; SCHAMBER, C. R.; SANTOS, L .D.; VIDAL, L. V. O. Desempenho e morfometria intestinal de juvenis de tilápia-do-Nilo alimentados com dietas suplementadas com L-glutamina e L-glutamato. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v.39, n.6, p.1175-1179, 2010.

Page 58: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

44

38. SILVA, P. C.; KRONKA, S. N.; SIPAÚBA-TAVARES, L. H.; SOUZA, V. L. Desempenho produtivo da tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus L.) em diferentes densidades e trocas de água em raceway. Acta Scientiarum: Animal Science, Maringá, v.24, n.4, p.935-941, 2002.

39. SILVA, P. C.; KRONKA, S. N.; TAVARES, L. H. S.; SOUSA JUNIOR, R. P.; SOUZA, V. L. Avaliação econômica da produção da tilápia nilótica em tanques com diferentes trocas de água e densidades populacionais no sistema raceway. Acta Scientiarum: Animal Science, v.25, n.1, p.9-13, 2003.

40. SIPAÚBA-TAVARES, L.H. Limnologia aplicada à aqüicultura. Jaboticabal: FUNEP, 1995.

41. SOLIMAN, A. K.; ATWA, A. M. F.; ABAZA, M. A. Partial replacement of fish meal protein with Black seed meal protein, with anda without lisien and methionine supplementation, in diets of Nile Tilapia (Oreochromis niloticus). In: TILAPIA AQUACULTURE – INTERNACIONAL SYMPOSIUM ON TILAPIA AQUACULTURE, 5, 2000, Rio de Janeiro. Proceedings... Rio de Janeiro, RJ, 2000, v.1, p.187-196.

42. SOUZA, M. L. R.; MARANHÃO, T. C. F. Rendimento de carcaça, filé e subprodutos da filetagem da tilápia do Nilo, Oreochromis niloticus (L), em função do peso corporal. Acta Scientiarum: Animal Science, Maringá, v.23, n.4, p.897-901, 2001.

43. TESSER, M. B.; SAMPAIO, L. A. Criação de juvenis de peixe-rei (Odontesthes argentinensis) em diferentes taxas de arraçoamento. Ciência Rural, v.36, n.4, p.1278-1282, jul.-ago., 2006.

44. ZUANON, J. A. S.; ASSANO, M.; FERNANDES, J. B. K. Desempenho de tricogaster (Trichogaster trichopterus) submetido a diferentes níveis de arraçoamento e densidades de estocagem. Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, n.6, p.1639-1645, 2004 (Supl. 1).

Page 59: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

45

CAPÍTULO 3. RENDIMENTOS CORPORAIS, COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO

FILÉ, ÍNDICES BIOMÉTRICOS E BIOQUÍMICA SANGUÍNEA

DA TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS

DE ALIMENTAÇÃO NA TERMINAÇÃO EM SISTEMA DE

ALTO FLUXO DE ÁGUA

RESUMO

Este trabalho foi desenvolvido com intuito de comparar rendimento e composição química do filé, índices biométricos, bioquímica sanguínea e histomorfometria de intestino da tilápia do Nilo, linhagem Supreme, submetida a diferentes taxas de alimentação na fase de terminação em sistema de alto fluxo de água. O experimento foi conduzido no Setor de Piscicultura - UFG, no período de março a maio de 2011 (60 dias). Foram utilizados 400 tilápias (309,17±12,88 g), distribuídas aleatoriamente em 20 caixas de 1.000 L na densidade de 40 peixes/m³. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com cinco tratamentos (T1: 1,00%, T2: 1,75%, T3: 2,50%, T4: 3,25%, T5: 4,00% ao dia) e quatro repetições. Os peixes foram alimentados com ração comercial contendo 32%PB na freqüência de três vezes ao dia. Foram analisadas variáveis de rendimentos corporais (RC: proporção de cabeça, RCAR: rendimento de carcaça, RV: proporção de vísceras e RF: rendimento de filé), composição química do filé (MS: matéria seca, PB: proteína bruta, EE: extrato etéreo, CZ: cinzas), índices biométricos (IHS: índice hepatossomático e IGVS: índice de gordura víscerossomática), bioquímica sanguínea (proteína, triglicérides, colesterol e glicose) e histomorfometria de intestino (altura de vilos). As médias dos resultados foram submetidas à análise de variância e as médias comparadas pelo Duncan 5%. A taxa de alimentação de 3,25% e 4,0% proporcionou menor RC, enquanto que a de 2,50% resultou em maior acúmulo de CZ no filé. O IHS foi mais elevado nas taxas de 1,75%, 2,50% e 3,25% ao dia. A proteína obteve menor nível na taxa de 4,00% ao dia, enquanto que os triglicérides e colesterol foram menores nos tratamentos com taxas de 1,00%, 1,75% e 4,00% ao dia. A altura de vilos na porção proximal apresentou maior altura na taxa de alimentação de 2,50%. Conclui-se que a taxa de alimentação de 2,5% propiciou melhores condições fisiológicas, índices biométricos e composição química do filé para a tilápia do Nilo criada na fase de terminação em sistema de alto fluxo de água. Palavras-chave: altura de vilos, bioquímica sanguínea, composição química do filé, Oreochromis niloticus, rendimentos de filé, Supreme

Page 60: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

46

CHAPTER 3. MEAT YIELD, FILET CHEMICAL COMPOSITION, BIOMETRIC

AND BIOCHEMICAL BLOOD INDICES FOR NILE TILAPIA

SUBMITTED TO DIFFERENT FEEDING RATES IN THE FINAL

PHASE RAISED IN HIGH WATER FLOW

ABSTRACT

This work was developed with the purpose of comparing yield and composition of the fillet, biometric indices, blood biochemistry and histomorphometry of intestine of Nile tilapia, Supreme strain under different feeding rates in the final phase in a raising system of high water flow. The experiment was conducted at the Division of Fish Culture - UFG, from March to May 2011 (60 days). Were used 400 tilapia (309.17 ± 12.88 g), randomly assigned to 20 boxes of 1,000 L density of 40 fish / m³. The experimental design was completely randomized with five treatments (T1: 1.00%, T2: 1.75%, T3: 2.50%, T4: 3.25% T5: 4.00% per day) and four replications. The fish were fed a commercial diet containing 32% CP in the frequency of three times a day. Variables of bodily income (RC: proportion of head RCAR: carcass yield, RV: proportion of viscera and RF: fillet yield), fillet chemical composition (DM, dry matter, CP: crude protein, EE: extract ethereal, CZ: ash), biometric indexes (HSI: hepatosomatic and IGVS: víscerossomática fat index), blood biochemistry (protein, triglycerides, cholesterol and glucose) and histomorphometry of intestine (villus height). The average results were subjected to analysis of variance and means were compared by Duncan 5%. The feed rate of 3.25% and 4.0% provided less RC, while 2.50% resulted in greater accumulation of CZ in filet. The IHS was highest rates of 1.75%, 2.50% and 3.25% per day. The protein obtained lower rate of 4.00% per day, whereas triglycerides and cholesterol levels were lower in treated rates of 1.00%, 1.75% and 4.00% per day. The villus height in proximal showed greater height at feed rate of 2.50%. It is posible to conclude that the feeding rate of 2.5% provided the best physiological conditions, biometrical and chemical composition of the fillet for Nile tilapia raised in finishing phase system of high water flow.

Keywords: blood biochemistry, chemical composition of the fillet, fillet, supreme, Oreochromis niloticus, villus height.

Page 61: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

47

1. INTRODUÇÃO

A tilápia do Nilo, Oreochromis niloticus, apresenta os requisitos

típicos dos peixes preferidos pelo mercado consumidor, ou seja, carne branca

de textura firme, sabor delicado, fácil filetagem, ausência de espinho em “Y” e

de odor desagradável (SOUZA, 2002). No Brasil, a expansão da tilápia tem

sido impulsionada pela demanda de mercado por sua boa aceitação pela

população, quanto ao sabor, valor nutritivo e baixo preço (SIMÕES et al.,

2007).

Além dessas características, essa espécie possui vantagens

relacionadas à criação como facilidade de reprodução e obtenção de alevinos,

aceitação de diversos alimentos, rusticidade quanto a manejo intenso e baixos

níveis de oxigênio dissolvido, e resistência a doenças (KUBITZA & KUBITZA,

2000), além de excelente crescimento em sistemas de criação intensivo como

o baseado em alto fluxo de água, o que desperta o interesse das indústrias em

processar este peixe (SIMÕES et al., 2007).

O sistema de produção baseado nas altas trocas de água e

densidades dos peixes tende a proporcionar maior produtividade por m3, com

custos de produção menores, especialmente em regiões ricas em água com

temperatura elevada (KUBITZA, 2000). Aliada a essas características, o

sistema não gasta recursos com insumos e mão-de-obra para operações de

fertilização e calagem, e utiliza menores quantidades de produtos para

desinfecção, prevenção e tratamento de enfermidades (SILVA et al., 2003).

Segundo FURUYA et al. (2001), para aumentar a produtividade em

sistema de alto fluxo de água, necessita-se da utilização de rações completas e

manejo alimentar racional para evitar deficiências ou desbalanços de

nutrientes.

A taxa de alimentação representa a quantidade de ração fornecida

aos peixes e está diretamente relacionada com ao consumo de ração,

interagindo com outros fatores como idade, densidade, espécies, qualidade e

temperatura da água (LI et al., 2005). Além disso, ela pode afetar a composição

química do filé de peixes, aumentando o conteúdo de lipídeos de acordo com a

elevação da quantidade de alimento fornecida (ARBELÁEZ-ROJAS et al.,

2002; DU et al., 2006 e KIM et al., 2007; RIBEIRO et al., 2011); os índices

Page 62: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

48

biométricos, reduzindo o peso do fígado e da gordura visceral sob condições

de baixas taxas alimentares (SOUZA et al., 2002; CHO et al., 2006 e SAITA,

2011); a bioquímica sanguínea com a alteração da glicose, proteína

plasmática, triglicérides e colesterol para suprir a exigência energética através

de glicogenólise e gliconeogênese sob condições de redução alimentar

(CHAGAS et al., 2007; HIBILG, 2010); e a altura dos vilos (ROTTA, 2003);

enfim influenciando o metabolismo energético dos peixes (TOCHER, 2003;

HIBILG, 2010; SAITA, 2011).

O aumento das taxas de alimentação pode promover acréscimo de

lipídeos nas vísceras e no filé dos peixes. O que não é interessante, porque há

uma crescente tendência do consumidor moderno em reduzir o consumo de

gordura animal, além disso, essa gordura favorece a rancificação dos ácidos

graxos presentes no filé durante o armazenamento, confere odores

desagradáveis e diminui o tempo de prateleira do produto (KUBITZA, 2000).

A tilápia parece apresentar limitada capacidade de incorporação de

gordura no filé e, o excesso de gordura ou energia da alimentação é convertido

em gordura visceral. Assim, o excesso de gordura corporal pode fazer o

rendimento de carcaça cair em 2,5 a 4% após o processamento (KUBITZA,

2000).

Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de verificar a influencia

da taxa de arraçoamento sobre os rendimentos corporais, a composição

química do filé, índices biométricos e histomorfometria do intestino da tilápia do

Nilo criada na fase de terminação em sistema de alto fluxo de água.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Local e animais

O experimento foi conduzido no Setor de Piscicultura do

Departamento de Produção Animal da Escola de Veterinária e Zootecnia da

Universidade Federal de Goiás (DPA/EVZ/UFG), no período de março a maio

de 2011, com duração de 60 dias.

Page 63: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

49

Foram utilizados 400 juvenis da tilápia do Nilo (Oreochromis

niloticus) linhagem Supreme, com peso médio de 309,17±12,88 gramas,

distribuídos aleatoriamente em 20 caixas de polietileno adaptadas ao sistema

de alto fluxo de água. A densidade utilizada em cada unidade experimental foi

na proporção de 40 peixes/m³ e cada parcela (caixa) tinha 20 peixes.

2.2 Delineamento experimental

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente

casualizado, com cinco tratamentos (T1- 1,0% biomassa/dia; T2- 1,75%

biomassa/dia; T3- 2,5% biomassa/dia; T4- 3,25% biomassa/dia; T5- 4,0%

biomassa/dia), quatro repetições, e cada caixa correspondia a uma unidade

experimental.

2.3 Instalações experimentais

Como unidades experimentais foram utilizadas 20 caixas de

polietileno com capacidade para 1.000L e, com volume efetivo de 500L de

água, adequados ao sistema com alto fluxo de água. Foi mantida renovação de

troca de volume total da água nas caixas a cada 30 minutos, com registros e

tubulações. O sistema de drenagem foi instalado de forma a escoar a água do

fundo de cada caixa, o que permitiu o auto sifonamento dos resíduos

depositados. As caixas foram instaladas a céu aberto e, cada caixa,

apresentava tela antipássaros para evitar ataque de predadores.

2.4 Alimentação

Os peixes foram alimentados com ração comercial contendo 32%PB

e granulometria de 4-6 mm, três vezes ao dia, às 8h, 13h e 17 h. O

fornecimento de ração foi realizado com base na porcentagem da biomassa,

por isso, realizaram-se biometrias quinzenais para promover o reajuste da

quantidade de ração a ser fornecida aos peixes. Os níveis de garantia da ração

CARDUME VB® utilizada na pesquisa estão demonstrados na TABELA 1.

Page 64: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

50

TABELA 1- Níveis de garantia para umidade (UM), proteína bruta (PB), matéria

fibrosa (MF), extrato etéreo (EE), matéria mineral (MM), cálcio (Ca)

e fósforo (P), demonstrados pelo fabricante das rações utilizadas

terminação da tilápia do Nilo em sistema de alto fluxo de água

Ração UM PB MF EE MM Ca P

% Max % Mín % Max % Mín % Max % Max % Mín

32%PB 10 32 3 6 12 3 1

Enriquecimento da ração: ácido fólico (1mg); ácido pantotênico (25mg); biotina (0,3 mg); cobre (4 mg); colina (400 mg); ferro (30 mg); iodo (0,25 mg); lisina (0,08 mg); manganês (7,5 mg); metionina (100 mg); niacina (40 mg); selênio (0,15 mg); vitamina A (5.000 U.I); vitamina B-1 (5 mg); vitamina B-12 (15 mg); vitamina B-2 (10 mg); vitamina B-6 (5 mg); vitamina C (150 mg); vitamina D-3 (600 U.I.); vitamina E (60 mg); vitamina K-3 (4,52 mg) e zinco (40 mg).

2.5 Bioquímica sanguínea

Quatro peixes de cada caixa foram utilizados para determinar as

variáveis da bioquímica sanguínea (proteína, triglicérides, colesterol e glicose),

totalizando 16 amostras por tratamento. Os peixes foram capturados (às 8h)

acondicionados em baldes plásticos de 20 L, contendo eugenol (75 mg/L de

água), antes do procedimento de colheita do sangue, e posterior punção da

veia caudal, utilizando seringas descartáveis de 5 mL sem anticoagulantes.

A concentração de glicose sanguínea (mg/dL) foi determinada, logo

após a colheita do sangue, com glicosímetro digital Advantage II (CHAGAS et

al., 2007).

Após a obtenção das amostras, as mesmas foram encaminhadas ao

Laboratório Multiusuário do Programa de Pós-Graduação da Escola de

Veterinária e Zootecnia, do Setor de Medicina Veterinária Preventiva para o

armazenamento e processamento das análises.

Para a determinação quantitativa dos parâmetros bioquímicos foram

utilizadas as frações de soro obtidas por centrifugação das amostras sem o uso

de anticoagulante. As atividades enzimáticas foram determinadas na

temperatura de 37ºC, com a utilização de reagentes comerciais padronizados.

O nível sérico do colesterol (mg/dL) foi determinado pelo método

enzimático colorimétrico, em uma reação catalisada pela colesterol oxidase,

com a utilização do reagente comercial Colesterol Liquiform cat. 76 da

Labtest®, que permitiu quantificar a concentração de colesterol por meio da

Page 65: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

51

metodologia enzimática (BERGMEYER, 1984), em que a leitura das amostras

foi efetuada em espectrofotômetro de onda a 500 nm.

A concentração de triglicérides (mg/dL) foi realizada por método

enzimático colorimétrico, em uma reação catalisada pela glicerolfosfato

oxidase, empregando-se o reagente comercial Triglicérides Liquiform cat. 87 da

Labtest®, em que a leitura das amostras foi efetuada em espectrofotômetro de

onda a 505 nm (TRINDER, 1969).

Para a determinação de proteína (mg/dL) utilizou-se o método do

biureto modificado, utilizando-se o reagente comercial Proteína Total cat. 99 da

Labtest®, em que a leitura das amostras foi efetuada em espectrofotômetro de

onda a 545 nm (HENRY et al., 1974).

2.6 Rendimentos corporais

Ao final do período experimental, dois peixes de cada unidade

experimental (representando a média da parcela), foram insensibilizados em

gelo com água clorada, em seguida pesados e sacrificados por demedulação.

A filetagem foi realizada por um único operador, com auxílio de um alicate para

retirada da pele, e de uma faca para o corte do filé. Foram avaliados os

seguintes dados:

Peso da cabeça (g);

Peso das vísceras (g);

Peso da carcarça (sem cabeça, nadadeiras, vísceras e escamas) (g);

Peso do filé (g);

Proporção de cabeça (%) = (peso da cabeça ÷ peso do peixe inteiro) x 100;

Proporção de vísceras (%)=(peso das vísceras÷peso do peixe inteiro)x 100;

Rendimento de carcaça (%) = (peso carcaça ÷ peso do peixe inteiro) x 100;

Rendimento de filé (%) = (peso do filé ÷ peso do peixe inteiro) x 100.

2.7 Índices biométricos

As vísceras dos dois peixes capturados de cada caixa

(representando a média da parcela) foram retiradas e colocadas em potes

Page 66: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

52

devidamente identificados, logo em seguida, foram separados (em bandejas

sobre recipiente contendo gelo) o fígado e a gordura presente para serem

pesados. Os valores dos pesos do fígado e da gordura foram utilizados para a

obtenção dos seguintes dados:

Peso do fígado (g);

Peso da gordura visceral (g);

Índice Hepatossomático (%) = (peso do fígado ÷ peso do peixe) x 100

Índice Gordura Víscerossomática (%)=(peso gordura÷peso do peixe)x100

2.8 Composição química do filé

Para as análises da composição química da carne foram utilizados

os filés dos dois peixes coletados de cada caixa (representando a média da

parcela). Em seguida foram pesados, embalados com saco plástico identificado

e congelados. Antes de realizar as análises, as amostras foram moídas,

homogeneizadas fazendo um pool com os filés dos dois peixes de cada caixa

para caracterizar as repetições.

As seguintes variáveis foram determinadas em triplicata: matéria

seca (estufa a 105ºC), proteína bruta (método de Kjeldahl), extrato etéreo

(Soxhlet) e cinzas (mufla a 550ºC) (AOAC, 1984). As análises foram realizadas

no Laboratório de Nutrição Animal do Departamento de Produção Animal da

Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás

(LANA/DPA/EVZ/UFG).

2.9 Histomorfometria de intestino

Os intestinos dos dois peixes capturados de cada caixa foram

retirados e abertos em bandejas sobre recipiente contendo gelo para realizar a

identificação das porções proximal, médio e distal. Em seguida, foi extraído um

fragmento (± 10 mm) de cada porção do intestino (proximal, médio e distal),

totalizando três fragmentos por peixe e, seis fragmentos por caixa. Os

fragmentos foram colocados em placa de isopor e abertos longitudinalmente.

Após coleta das amostras, estas foram processadas de acordo com

a metodologia convencional de LUNA (1968), adotada pelo Laboratório de

Page 67: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

53

Patologia da EVZ/UFG, ressaltando, que algumas adaptações de tempo se

fizeram necessário, para obtenção de lâminas bem legíveis.

Após coletadas as amostras foram mergulhadas em solução de

formol tamponado 10%, para que ocorresse a fixação do material. Decorrido

um período de 24 a 36 horas, esse material foi recortado, identificado e

acondicionado nos cassetes (pequenas caixas plásticas individuais). Depois foi

lavado em água de torneira por aproximadamente 10 minutos.

Após esse procedimento foi iniciada a desidratação das peças,

utilizando-se de soluções de álcool 70%, 80% e 90% por 30 minutos em cada

concentração, depois seguiu o processo de desidratação com o álcool absoluto

(álcool 100%), que foi realizada em três vezes com duração de 40 minutos

cada.

Terminada a desidratação iniciou-se o processo de clarificação com

o uso de xilol. Para tal fase as amostras foram mergulhadas na solução de xilol

por duas vezes, sendo que em cada solução o material ficou mergulhado por

30 minutos, depois, transferido para a parafina I e colocado na estufa a 56º por

30 minutos. Decorrido o tempo o material foi, novamente transferido para outro

recipiente com a parafina II por mais 40 minutos, também colocado na estufa a

56º para não ocorrer à solidificação da parafina.

Estes materiais foram incluídos em blocos de parafina histológica

laminada a cinco micrômetros em micrótomo rotativo, utilizando navalhas

descartáveis, e coradas com Hematoxilina e Eosina (HE).

Índices morfométricos do intestino foram determinados utilizando o

software Axion Vision 3.0. As imagens das lâminas foram digitalizadas do

microscópio óptico para o computador, por meio da câmera de vídeo analógica

e placa de captura e, posteriormente, procedeu-se a histomorfometria

quantificada em micra com objetiva 3,2 e zoom de 20. A histomorfometria do

intestino foi realizada de 15 vilos por animal perfazendo um total de 120

medidas por tratamento, mensurando a altura dos vilos.

2.10 Análises estatísticas

Os resultados dos rendimentos corporais, dos índices biométricos,

da composição química do filé e da histomorfometria do intestino foram

Page 68: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

54

submetidos à análise de variância. As médias foram comparadas pelo teste de

Duncan (5%).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Bioquímica do sangue

As médias da glicose, colesterol, proteínas, triglicérides e peso

médio das tilápias analisadas, constam na TABELA 2. O peso médio das

tilápias utilizadas para realizar as análises da bioquímica do sangue foram

superiores nas taxas de 2,50% e 4,00% (p<0,05).

A glicose sanguínea não diferiu entre as diferentes taxas de

alimentação fornecidas à tilápia (p>0,05) e, segundo HRUBEC et al. (2000),

permaneceu dentro da faixa considerada adequada para a espécie (30 a 69

mg/dL). Os níveis de glicose, possivelmente, foram mantidos constantes a

custa do glicogênio hepático, o qual diante da solicitação energética é

degradado e distribuído ao corpo pela corrente sanguínea como glicose

(RANZANI-PAIVA & GODINHO, 1988). Alguns autores observaram

semelhança na proporção de glicose avaliando diferentes taxas de alimentação

em Colossoma macropomum (CHAGAS et al., 2007) e Piaractus

mesopotamicus (HILBIG, 2010) mantidos em tanques-rede.

Não foi observada nenhuma alteração (p>0,05) nos níveis de

proteínas entre os tratamentos de 1,00% a 3,25% da biomassa ao dia, mesmo

nos peixes que receberam a menor taxa de alimentação. No entanto, a taxa de

4,00% da biomassa ao dia, apresentou menor média de proteína, fato que não

foi possível explicar, já que a mobilização de proteínas para a manutenção da

glicemia sanguínea através da gliconeogênese ocorre sob condiçõe de

alimentação restrita (JANKOWSKY et al., 1984; HEPHER, 1988 e SHERIDAN

& MOMMSEN, 1991). De acordo com HRUBEC et al. (2000), a proteína

sanguínea encontrada em tilápias saudáveis varia entre 2,9 a 6,6 g/dL,

portanto, as médias encontradas na presente pesquisa estão dentro da faixa

considerada adequada para a espécie. CHAGAS et al. (2007) e HILBIG (2010)

Page 69: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

55

perceberam que os valores obtidos para este parâmetro permaneceram

inalterados nas diferentes taxas de alimentação avaliadas.

TABELA 2. Médias da concentração de proteína sérica (PRO), triglicérides

(TRI), colesterol (COL), glicose (GLI) e peso médio da tilápia do

Nilo submetida a diferentes taxas de alimentação na fase de

terminação em sistema de alto fluxo de água

Variáveis 1,00% 1,75% 2,50% 3,25% 4,00% CV (%)

PRO (g/dL) 4,7 A 4,7 A 4,8 A 4,9 A 3,8 B 10,5

TRI (mg/dL) 179,4 B 202,8 B 403,1 A 443,1 A 225,7 B 36,0

COL(mg/dL) 83,6 B 92,4 B 112,6 AB 131,9 A 77,5 B 23,7

GLI (mg/dL) 35,2 A 34,2 A 35,0 A 35,9 A 40,3 A 12,6

Peso (g) 434,0 C 504,5 B 584,7 A 523,7 AB 592,3 A 8,3

CV= coeficiente de variação. Médias seguidas de letras diferentes na linha diferem entre si pelo teste Duncan 5%.

As médias de triglicerídeos foram menores nas taxas de alimentação

de 1,0%; 1,75% e 4,0% (179,4 mg/dL, 202,8 mg/dL e 225,7 mg/dL,

respectivamente). Este efeito pode ser atribuído a mobilização deste parâmetro

para suprir a demanda energética através da oxidação a ácidos graxos livres e

a glicerol que pode ser precursor gliconeogênico (COLLINS & ANDERSON,

1995). Por outro lado, os maiores valores foram verificados nos tratamentos

com 2,5% e 3,25% (403,1 mg/dL e 443,1 mg/dL, respectivamente) da biomassa

ao dia. A elevada concentração de triglicerídeos observada nas taxas de

alimentação intermediárias sugere menor demanda e consequentemente

menor velocidade de aproveitamento pelos tecidos nos peixes bem

alimentados. A síntese de ácidos graxos é favorecida pela disponibilidade dos

substratos, como derivados do metabolismo da glicose, e com isso a síntese de

triglicerídeos, a forma usual de gordura armazenada, é também favorecida

(TAKAHASHI et al., 2011).

Alguns trabalhos (CHAGAS et al., 2007) e (HIBILG, 2010)

apresentaram diferença para os triglicérides entre as taxa de alimentação

fornecidas ao Colossoma macropomum e ao Piaractus mesopotamicus,

respectivamente, em tanques-rede.

Page 70: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

56

A determinação de valores médios de colesterol sanguíneo de

tilápias saudáveis tem sido objeto de estudos. As médias de colesterol foram

mais elevado na taxa de 3,25% ao dia (131,88 mg/dL) (p<0,05) e, segundo

HRUBEC et al. (2000), estes valores se encontram dentro da faixa considerada

adequada para a tilápia (110 a 318 mg/dL). HIBILG (2010) verificou

semelhança entre as médias de colesterol nas diferentes taxas de alimentação

avaliadas.

Os peixes têm pouca necessidade de mobilizar energia endógena

quando mantidos em condições normais de cultivo, com fornecimento

adequado de ração (COOK et al., 2000). Por isso, os dados indicam que nas

taxas de alimentação de 1,0% e 1,75% ao dia, os peixes sofreram alterações

no metabolismo dos triglicerídeos e colesterol, possivelmente através da

gliconeogênese, para suprir a demanda energética do organismo.

3.2 Rendimentos corporais

Os dados para rendimentos corporais constam na TABELA 3. No

final do experimento, os peixes amostrados, para avaliação dos pesos e

relações corporais, índices biométricos e histomorfometria de intestino,

apresentaram padrão variando de 23,75 a 25,31 cm, respectivamente (TABELA

3). Não foram verificadas diferenças significativas para essas variáveis entre os

tratamentos (p>0,05).

O peso médio dos animais submetidos ao sacrifício para a

determinação dos rendimentos corporais foi superior na taxa de 4,00% (606,25

g) em relação aos tratamentos com 1,00% (460,25 g) e 1,75% (487,0 g) da

biomassa ao dia (p<0,05).

Alguns trabalhos avaliando taxa de alimentação para tilápia do Nilo

em raceways (ARAÚJO-SANTOS, 2008) e tanques-rede (OLIVEIRA, 2007)

apresentaram pesos vivos superiores aos verificados na presente pesquisa.

O peso das vísceras, carcaça e dos filés foram influenciados pelo

peso do peixe inteiro, o que acarretou em maiores valores nos tratamentos que

receberam maior taxa de alimentação. Segundo SANTOS et al. (2007), tilápias

da linhagem Supreme possui crescimento das partes componentes

proporcional ao aumento do peso corporal entre 150 e 790 g.

Page 71: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

57

A maior proporção de cabeça (RC) foi encontrada na taxa de

alimentação de 1,75%, enquanto que os menores valores foram obtidos nos

tratamentos com 3,25% e 4,00% (p<0,05) (FIGURA 3). De acordo com PAULA

(2009) e ALMEIDA (2010), peixes que apresentam rendimento de cabeça

elevado têm menor aproveitamente de filé, o que não foi verificado no presente

trabalho, uma vez que o tratamento que resultou em maior proporção de

cabeça, não apresentou o menor rendimento de filé. O último autor, ao

comparar rendimentos de processamento entre tilápias das linhagens Supreme

e Chitralada, perceberam proporção de cabeça (28,24%) similar a encontrada

no presente experimento (26,39%). No entanto, inferior ao obtido por

OLIVEIRA (2010) que avaliou tilápia linhagem Supreme sob diferentes

densidades em sistema raceway (19,57%).

TABELA 3 Médias do comprimento padrão (CP), peso do peixe inteiro (PI),

peso das vísceras (PV), peso da carcaça (PCAR), peso da cabeça

(PC), peso do filé (PF), proporção de vísceras (RV), proporção de

cabeça (RC), rendimento da carcaça (RCAR) e rendimento de filé

(RF) da tilápia do Nilo submetida a diferentes taxas de alimentação

na fase de terminação em sistema de alto fluxo de água

Variáveis 1,00% 1,75% 2,50% 3,25% 4,00% CV (%)

CP (cm) 23,7 24,6 25,3 24,9 25,2 4,8

PI (g) 460,2 C 487,0 BC 568,7 ABC 592,0 AB 606,2 A 13,2 PV (g) 36,6 B 46,7 AB 55,6 A 55,3 A 59,9 A 22,0 PCAR (g) 230,2 B 267,0 AB 290,7 AB 302,0 A 308,0 A 15,7 PC (g) 115,2 A 128,2 A 141,7 A 135,2 A 142,0 A 12,2 PF (g) 138,2 B 177,1 AB 180,5 AB 188,2 A 190,5 A 17,6

RV (%) 8,0 9,6 9,6 9,3 9,9 14,8 RC (%) 25,1 AB 26,4 A 25,1 AB 22,8 B 23,6 B 6,6 RCAR (%) 50,0 54,8 51,0 51,0 50,7 7,2 RF (%) 30,3 36,4 31,6 31,7 31,3 13,0

CV= coeficiente de variação. Médias seguidas de letras diferentes na linha diferem entre si pelo teste Duncan 5%.

A proporção de vísceras, os rendimentos de carcaça e de filé não

diferiram entre as diferentes taxas de alimentação avaliadas (p>0,05). De

acordo com SANTOS et al. (2007), a porcentagem de vísceras é influenciada

pelo crescimento da tilápia e tem comportamento decrescente com o aumento

do peso na faixa de 150 a 790 g, o que não foi verificado no presente trabalho.

Page 72: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

58

Os resultados de rendimento de carcaça são de extrema importância

para as indústrias de pescado, pois traduz de maneira eficiente a parte útil que

deverá ser utilizada no processamento dos animais (SIGNOR et al., 2010).

As médias de rendimento de carcaça não diferiram estatísticamente

entre os tratamentos (p>0,05). Segundo ARAÚJO-SANTOS (2008) e KUBITZA

(2000), maiores rendimentos de carcaça é resultado de menores índices de

gordura víscerossomático (IGVS) (TABELA 4). Na presente pesquisa, tanto o

rendimento de carcaça quanto o IGVS não diferiram significativamente entre as

taxas de alimentação avaliadas (p>0,05). Algumas pesquisas verificaram

médias semelhantes, às observadas neste trabalho, para rendimento de

carcaça das tilápias criadas em raceways (ARAÚJO-SANTOS, 2008) e

tanques-rede (SANTOS et al., 2007). No entanto, OLIVEIRA (2010), avaliando

a linhagem Supreme sob diferentes densidades em sistema raceway, obteve

maior rendimento de carcaça em comparação a presente pesquisa.

FIGURA 1. Proporção de vísceras (RV), proporção de cabeça

(RC) e rendimento de filé (RF) da tilápia do Nilo

submetida a diferentes taxas de alimentação na

terminação em sistema de alto fluxo de água

O rendimento de filé da tilápia depende de fatores diversos, entre

eles a condição corporal, tamanho do peixe, método de filetagem e habilidade

técnica do filetador (KUBITZA, 2000). Apesar de não haver diferença

Page 73: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

59

significativa para o rendimento de filé entre os tratamentos (p>0,05) na

presente pesquisa, as médias variaram de 30,3% a 36,4%, e foram próximos

àqueles encontrados por SOUZA & MARANHÃO (2001), SILVA et al. (2002),

PINHEIRO et al. (2006), ARAÚJO-SANTOS (2008) e OLIVEIRA (2010) que

obtiveram valores médios de 36,5%, 34%, 31%, 33,66%, 35,82%

respectivamente.

3.3 Índices biométricos

Os valores médios do peso do fígado, da gordura visceral, do

índice hepatossomático (IHS) e do índice de gordura víscerossomática (IGVS),

estão demonstrados na TABELA 4. A taxa de alimentação de 1,0% da

biomassa ao dia proporcionou em menor média para o índice hepatossomático

(1,63%) (FIGURA 2) (p<0,05), possivelmente, por ter sido insuficiente para

suprir a exigência energética do peixe e provocar a utilização das reservas

hepáticas. De acordo com alguns autores (SAINZ & BENTLEY, 1997; SOUZA

et al., 2002 e SAITA, 2011), durante a redução alimentar pode ser observado

diminuição do tamanho do fígado ocasionado pela redução da quantidade de

energia e proteína, através da glicogenólise e gliconeogênese. ARAÚJO-

SANTOS (2008) obteve maior média para IHS (2,27%) em tilápias alimentadas

com taxa de alimentação de 2% ao dia em sistema raceway.

TABELA 4 Médias do peso do fígado (PFIG), do peso da gordura visceral

(PGV), do índice hepatossomático (IHS) e o índice de gordura

víscerossomática (IGVS) da tilápia do Nilo submetida a diferentes

taxas de alimentação na fase de terminação em sistema de alto

fluxo de água

Variáveis 1,00% 1,75% 2,50% 3,25% 4,00% CV (%)

PFIG (g) 7,6 B 11,8 AB 13,7 A 14,9 A 14,2 A 27,85 PGV (g) 9,5 B 11,5 AB 18,5 AB 20,0 AB 21,8 A 45,26

IHS (%) 1,6 B 2,4 A 2,4 A 2,5 A 2,3 AB 19,79 IGVS (%) 2,1 2,3 3,1 3,4 3,6 36,95 CV= coeficiente de variação. Médias seguidas de letras diferentes na linha diferem entre si pelo teste Duncan 5%.

Page 74: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

60

As médias do índice de gordura viscerossomático (IGVS) não

apresentaram diferença (p>0,05) entre as diferentes taxas de alimentação

avaliadas (FIGURA 2). Possivelmente, a menor taxa de alimentação não

proporcionou redução severa das reservas energéticas do fígado ao ponto de

necessitar a mobilização da gordura visceral. Segundo COLLINS &

ANDERSON (1995) e SOUZA et al. (2002), em condições de baixa

alimentação, o lipídeo dos depósitos viscerais é utilizado depois da reserva

energética do fígado.

A média deste índice obtido na taxa de alimentação de 1,75% da

biomassa ao dia (2,34%) está acima do notado em tilápia do Nilo da linhagem

Supreme alimentadas com taxa de 2,00% ao dia (3,40%) em sistema raceway

(ARAÚJO-SANTOS, 2008).

Apesar de não haver diferença significativa entre os tratamentos,

nota-se que o aumento das taxas de alimentação proporciona elevação do

IGVS corroborando com os resultados de CHO et al. (2003).

FIGURA 2. Índice Hepatossomático (IHS) e Índice de Gordura

Víscerossomática (IGVS) da tilápia do Nilo submetida

a diferentes taxas de alimentação na terminação em

sistema de alto fluxo de água

Page 75: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

61

3.4 Composição química do filé

As médias da composição química do filé estão demonstradas na

TABELA 5. A matéria seca não diferiu significativamente entre os tratamentos

(p>0,05). SOUZA et al. (2002) afirmam que a utilização dos constituintes do

corpo, associada à redução alimentar, resulta em hidratação do tecido sem

afetar a proporção de proteína e cinzas. Por outro lado, alguns autores

(SHEARER, 1994; DU et al., 2006 e OLIVEIRA, 2007), perceberam diminuição

na umidade muscular à medida que aumentou a taxa de alimentação, pois

houve acréscimo de lipídeos no músculo dos peixes. No entanto, esses efeitos

não foram notados na presente pesquisa.

O valor médio da MS de 21,4% obtido no tratamento com 1,75% ao

dia, foram similares aos obtidos por alguns autores avaliando taxa de

alimentação em tanques rede (OLIVEIRA, 2007) e raceways (ARAÚJO-

SANTOS, 2008 e RIBEIRO et al., 2011).

TABELA 5 Médias composição do filé em matéria seca (MS), proteína bruta

(PB), extrato etéreo (EE) e cinzas (CZ) da tilápia do Nilo submetida

a diferentes taxas de alimentação na fase de terminação em

sistema de alto fluxo de água

Variáveis 1,00% 1,75% 2,50% 3,25% 4,00% CV (%)

MS (%) 23,8 A 21,4 A 24,1 A 21,9 A 21,9 A 7,13 PB (%) 19,9 A 18,5 A 19,9 A 18,5 A 18,7 A 6,99 EE (%) 1,6 A 1,7 A 1,8 A 1,9 A 1,5 A 19,51 CZ (%) 1,4 AB 1,2 AB 1,5 A 1,1 AB 1,3 AB 17,09 CV= coeficiente de variação. Médias seguidas de letras diferentes na linha diferem entre si pelo teste Duncan 5%.

As taxas de alimentação reduzidas e que podem ser consideradas

de manutenção, possivelmente promovem deposição positiva de proteína,

apesar da redução do desempenho do peixe (BUREAU et al., 2006). Este

efeito não foi observado na presente pesquisa, em que o teor de proteína bruta

do filé não apresentou diferença entre os tratamentos (p>0,05), corroborando

com os resultados de OLIVEIRA (2007), avaliando taxas de alimentação para

tilápias do Nilo criadas em tanques-rede.

Na taxa de alimentação de 1,75% ao dia, a proteína verificada foi

maior (18,55%) que a obtida por ARAÚJO-SANTOS (2008), avaliando

Page 76: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

62

diferentes frequências e formas de fornecimento de ração em tilápias criadas

em sistema raceway (16,92%), e OLIVEIRA (2010) avaliando desempenho

zootécnico de duas linhagens de tilápia do Nilo sob diferentes densidades de

estocagem em raceway (15,82%). Porém, menor que o obtido por OLIVEIRA

(2007) em tilápias alimentadas com 2,00% ao dia em tanques-rede.

As médias de extrato etéreo (EE) não apresentaram diferença entre

as taxas de alimentação avaliadas (p>0,05). A proporção de EE neste trabalho

está diretamente proporcional à MS, como observado por SOUZA et al. (2002).

De acordo com KUBITZA (2000), a tilápia parece apresentar limitada

capacidade de incorporação de gordura no filé e, comparadas a muitos outros

peixes cultivados, possui filé magro, com 3 a 8% de gordura dependendo do

tamanho do peixe, do sistema de cultivo, da composição da dieta e do manejo

alimentar.

ARAÚJO-SANTOS (2008), alimentando tilápias com taxa de 2,00%

ao dia em sistema raceway, e OLIVEIRA (2010), alimentando a vontade tilápia

da linhagem Supreme, perceberam médias de extrato etéreo (2,58% e 4,72%,

respectivamente) acima do notado na presente pesquisa (1,67%) com tilápias

alimentadas com a taxa de 1,75% ao dia. Por outro lado, OLIVEIRA (2007)

obteve média de EE de 0,696% na taxa de alimentação de 2,0% em tanques-

rede.

A fração de cinzas em peixes de água doce apresenta variações em

quantidades que variam entre 0,90 a 3,39% (CONTRERAS-GUZMÁN, 1994 e

OGAWA & MAIA, 1999). As médias verificadas na presente pesquisa se

encontram dentro da faixa citada pelos autores acima, sendo que a taxa de

alimentação de 2,5% ao dia proporcionou maior média de cinzas no filé das

tilápias em relação aos outros tratamentos (p<0,05). De acordo com

ASSAKAWA et al. (2009), o aumento da porcentagem de cinzas nos filés da

tilápia está associada à redução dos teores de umidade que ocorre, por

exemplo, com o aumento do período de jejum. Alguns autores (OLIVEIRA,

2007; ARAÚJO-SANTOS, 2008; e OLIVEIRA, 2010) obtiveram menores

valores para cinzas no filé de tilápias criadas em tanques-rede e raceway,

respectivamente.

Page 77: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

63

3.5 Histomorfometria do intestino

Na TABELA 6 constam as médias da altura de vilos nas porções

proximal, média e distal do intestino médio da tilápia do Nilo. Os valores

mensurados nas porções médio e distal do intestino não diferiram

significativamente entre os tratamentos (p>0,05).

TABELA 6 Médias da altura dos vilos nas porções do intestino médio da tilápia

do Nilo submetida a diferentes taxas de alimentação na fase de

terminação em sistema de alto fluxo de água

Porções 1,00% 1,75% 2,50% 3,25% 4,00% CV (%)

Proximal (µm) 340,7 AB 315,2 AB 398,6 A 349,2 AB 279,4 B 18,3 Médio (µm) 264,6 218,7 294,1 227,2 261,1 A 26,7 Distal (µm) 175,8 164,3 205,9 221,1 201,4 A 34,4 CV= coeficiente de variação. Médias seguidas de letras diferentes na linha diferem entre si pelo teste Duncan.

Alguns autores (GRAU et al., 1992; BOLELI et al., 2002, MACARI et

al., 2002; FABREGAT, 2006; SILVA et al., 2010) afirmaram que, quanto maior

o tamanho da vilosidade intestinal, maior a superfície de absorção e maior será

a eficiência na utilização dos nutrientes, o que implica em melhor desempenho

dos animais. Isso confirma os resultados obtidos, pois as taxas de alimentação

interferiram na altura dos vilos da porção proximal do intestino da tilápia, o que

proporcionou a melhoria da conversão alimentar aparente (capítulo 2).

Na porção proximal do intestino, a maior altura de vilo foi obtida na

taxa de alimentação de 2,50% (398,2 µm) ao dia (FIGURA 4), o que

possivelmente favoreceu a mistura entre alimento, suco hepáticos e

pancreáticos e muco secretado pelas células caliciformes (GRAU et al., 1992),

além de ter proporcionado aumento da área de absorção de nutrientes,

resultante da melhoria da mucosa que permitiu seu desenvolvimento (SOUSA,

2010; CARVALHO et al., 2011; SARA et al., 2011 e BELLO et al., 2012).

Na tilápia, diferentemente de outras espécies teleósteas, o intestino

proximal é importante para a degradação de proteínas, apresentando maior

atividade pinocítica, enquanto o segmento distal está mais relacionado com a

Page 78: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

64

absorção lipolítica, devido à presença de vacúolos citoplasmáticos nas células

desta região (GAUGIULO et al., 1998).

As tilápias alimentadas com taxas de 1,00% (340,7 µm) e 1,75% ao

dia (315,2 µm) apresentaram menores alturas de vilo. Segundo ROTTA (2003),

o peixe sob jejum apresenta diminuição das vilosidades, ou seja, na presença

de nutrientes a capacidade absortiva será diretamente proporcional ao

tamanho dos vilos e área de superfície disponível para absorção (MACARI et

al., 2002).

Por outro lado, a taxa de alimentação de 4,0% biomassa ao dia

acarretou em menor altura de vilo na região proximal do intestino médio das

tilápias (279,4 µm). E de acordo com alguns autores (KUBITZA, 2000;

MIHELAKAKIS et al., 2002 e FURUYA, 2007), o alimento em excesso tem

influência sobre o coeficiente de digestibilidade, pois quando se tem altas taxas

de alimentação, a passagem do alimento pelo intestino pode ser mais rápida,

causando assim menor digestibilidade e absorção. Possivelmente, na presente

pesquisa, a maior taxa de alimentação acelerou a passagem do alimento no

intestino, diminuindo a digestão e a absorção de nutrientes, o que prejudicou o

desenvolvimento das vilosidades e o desempenho dos peixes.

Essas médias são superiores às verificadas por CARVALHO et al.

(2011) que avaliaram o efeito de rações suplementadas com probiótico e

prebiótico em tilápia (188,07 ± 81,72µm). No entanto, inferior as obtidas por

SILVA et al. (2010) que avaliaram o efeito da suplementação com L-glutamina

e L-glutamato para a tilápia (407 µm), e SCHWARZ et al. (2010) que avaliaram

a inclusão de mananoligossacarídeo em dietas para juvenis de tilápia do Nilo

(352,76 µm).

4 CONCLUSÃO

A taxa de alimentação que proporciona melhor rendimentos

corporais e melhores condições fisiológicas para utilizar na fase de terminação

da tilápia do Nilo, linhagem Supreme, é de 2,5% da biomassa ao dia.

Page 79: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

65

5 REFERÊNCIAS

1. ALMEIDA, M. C. Relações corporais, composição centensimal e rendimento de filé do mandi (Pimelodus britskii), do reservatório Salto Santiago – Rio Iguaçu. Marechal Rondon. 2010. 44f. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Centro de Ciências Agrárias, Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

2. ARAÚJO-SANTOS, J. G. Frequências e formas de fornecimento de ração para tilápia do Nilo criada em sistema raceway. 2008. Goiânia. 45f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal) – Escola de Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Goiás.

3. ARBBELÁEZ-ROJAS, G. A.; FRACALOSSI, D. M.; FIM, J. D. I. Composição corporal de tambaqui, Colossoma macropomum, e matrinxã, Brycon cephalus, em sistemas de cultivo intensivo, em Igarapé, e semi-intensivo, em viveiros. Revista Brasileira de Zootecnia, v.31, n.3, p.1059-1069, 2002.

4. ASSAKAWA, E.; BRIDI, A. M.; CARDOSO, T. A. B.; CASTRO, L. M.; CARVALHO, R. H.; SILVA, C. A. Rendimento e composição de filé de tilápia submetidas a diferentes tempos de depuração. In: Zootec, 2009, Águas de Lindóia. Anais... Águas de Lindóia: FZEA/USP-ABZ, 2009.

5. ASSOCIAÇÃO OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS. Official methods of analysis of the Official Analytical Chemists. Arlington: A.O.A.C.,

chapter 33, 1984.

6. BELLO, O. S.; EMIKPE, B. O.; OLAIFA, F. E. The body weight changes and gut morphometry of Clarias gariepinus juveniles on feeds supplemented with walnut (Tetracarpidium conophorum) leaf and onion (Allium cepa) bulb residues. International Journal of Morphology, v.30, n.1, p.253-257, 2012.

7. BERGMEYER, H. U. Methods of enzimatic analysis, 3.ed., Weinhein: Verlang Chemie Publishers, v.8, p.141-148, 1984.

8. BOLELI, I. C.; MAIORKA, A.; MACARI, M. Estrutura funcional do trato digestório. In: MACARI, M.; FURLAN, R. L.; GONZALES, E. P. (Eds.). Fisiologia aviária aplicada a frangos de corte. Jaboticabal: FUNEP/UNESP, 2002. p.75-96.

9. BUREAU, D. P.; HUA, K.; CHO, C. Y. Effect of feeding level on growth and nutrient deposition in rainbow trout (Oncorhynchus mykiss Walbaum) growing from 150 to 600 g. Aquaculture Research, v.37, p.1090-1098, 2006.

10. CARVALHO, J. V.; LIRA, A. D.; COSTA, D. S. P.; MOREIRA, E. L. T.; PINTO, L. F.; ABREU, R. D.; ALBINATI, R. C. B. Desempenho zootécnico e morfometria intestinal de alevinos de tilápia-do-Nilo alimentados com Bacillus subtilis ou mananoligossacarídeo. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, Salvador, v.12, n.1, p.176-187, 2011.

11. CHAGAS, E. C.; GOMES, L. C.; MARTINS-JÚNIOR, H.; ROUBACH, R. Produtividade de tambaqui criado em tanque-rede com diferentes taxas de alimentação. Ciência Rural, Santa Maria, v.37, n.4, p.1109-1115, 2007.

Page 80: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

66

12. CHO, S. H.; LEE, S.; PARK, B. H. Effect of feeding ratio on growth and body composition of juvenile olive flounder Paralichthys olivaceus fed extruded pellets during the summer season. Aquaculture, v.251, p.78-84,

2006.

13. CHO, S.; LIM, Y.; LEE, J. H.; LEE, J. K.; PARK, S.; LEE, S. M. Effects of feeding rate and feeding frequency on survival, growth, and body composition of ayu post-larvae Plecoglossus altivelis. Journal of the World Aquaculture Society, v.34, n.1, p.85-91, 2003.

14. COLLINS, A. L.; ANDERSON, T. A. The regulation of endogeneous energy stores during starvation and refeeding in the somatic tissues of the golden perch. Journal Fish Biology, v.47, p.1004-1015, 1995.

15. CONTRERAS-GUZMÁN, E. S. Bioquímica de pescados e derivados. Jaboticabal: FUNEP, 1994. 409 p.

16. COOK, J. T.; SUTTERLIN, A. M.; MCNIVEN, M. A. Effect of food deprivation on oxygen consumption and body composition of growth-enhanced transgenic Atlantic salmon (Salmo salar). Aquaculture, v.188, p.47-63, 2000.

17. DU, Z. Y.; LIU, Y. J.; TIAN, L. X.;HE, J. G.; CAO, J. M.; LIANG, G. Y. The influence of feeding rate on growth, feed efficiency and body composition of juvenile grass carp (Ctenopharyngodon idella). Aquaculture Internacional, v.14, n.3, p.247-257, 2006.

18. FABREGAT, T. H. P. Utilização do prebiótico flavofeed® como suplemento dietário para juvenis de tilápia do Nilo Oreochromis

niloticus. 2006. 42f. Dissertação (Mestre em Aquicultura) – Centro de Aquicultura, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, São Paulo.

19. FURUYA, W. M. Redução do impacto ambiental por meio da ração. In: SEMINÁRIO DE AQUICULTURA, 3., Maricultura e Pesca. Anais..., Belo

Horizonte, 2007.

20. FURUYA, W. M.; PEZZATO, L. E.; PEZZATO, A. C., BARROS, M. M.; MIRANDA, E. C. Coeficientes de digestibilidade e valores de aminoácidos digestíveis de alguns ingredientes para a tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus). Revista Brasileira de Zootecnia, v.30, n.4, p.1143-1149, 2001.

21. GRAU, A.; CRESPO, S.; SARASQUETE, M. C.; GONZALES, C. M. L. The digestive tract of the amberjack Seriola dumerili, Risso: a light and scanning electron microscope study. Journal of Fish Biology. v.41, p.287-303, 1992

22. HENRY, R. J.; CANNON, D. C.; WINKELMAN, J. W. Clinical Chemistry: Principles and Technics, 2.ed. New York: Harper & Row, 1974. p.405-435.

23. HEPHER, B. Nutrition of pond fishes. Cambridge: Cambridge University Press, 1988. 387p.

24. HIBILG, C.C. Taxa de arraçoamento para o pacu Piaractus mesopotamicus criado em tanques-rede no reservatório de Itaipu.

2010. 44f. Dissertação (Mestrado em Zootecnia), Centro de Ciências Agrárias da Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

Page 81: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

67

25. HRUBEC, T. C.; CARDINALE, J. L.; SMITH, S. A. Hematology and plasma chemistry reference intervals for cultured tilapia (Oreochromis hybrid). Veterinary Clinical Pathology, v.29, p.7-12, 2000.

26. JANKOWSKY, D.; HOTOPP, W.; SEIBERT, H. Influence thermal acclimation on glucose production and ketogenesis in isolated hepatocytes. American Journal Physiology, v. 246, p.R471-R478, 1984.

27. KIM, D. D.; KANG, Y. J. KIM, K. W. Effects of feeding rate on growth and body composition of juvenile flounder, Paralichthys olivaceus. Journal of the World Aquaculture Society, v.38, n.1, p.169-173, 2007.

28. KUBITZA, F. Tilápia: tecnologia e planejamento na produção comercial. Jundiaí: F. Kubitza, 2000, 289p.

29. KUBITZA, L.M.; KUBITZA, F. Principais parasitoses e doenças em tilápia. Panorama da Aquicultura, v.10, p.39-53, 2000.

30. LI, M. H.; ROBINSON, E. H.; BOSWORTH, B. G. Effects of periodic feed deprivation on growth, feed efficiency, processing yield, and body composition of channel catfish Ictalurus punctatus. Journal of the World Aquaculture Society, v.36, p.444-453, 2005.

31. LUNA, L. G. Manual of Histologic Staining Methods of the Armed Forces Institute of Pathology. 3.ed. New York: McGraw-Hill, p.258, 1968.

32. MACARI, M.; FURLAN, R. L.; GONZALES, E. Fisiologia Aviária Aplicada a Frangos de Corte. 2.ed. Jaboticabal: Editora FUNEP/UNESP, 2002.

375p.

33. MIHELAKAKIS, A.; TSOLKAS, C.; YOSHIMATSU, T. Optimization of feeding rate of hatchery-produced juvenile gilthead sea bream Sparus aurata. Journal of the World Aquaculture Society, v.33, n.2, p.169-175,

2002.

34. OGAWA, M.; MAIA, E. L. Manual de Pesca, Ciência e Tecnologia do Pescado. São Paulo: Varela, 1999. 453p.

35. OLIVEIRA, F. A. Taxa e intervalos de alimentação na produção de tilápia em tanques-rede com dispensador automático de ração. 2007.81f. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Estadual Paulista.

36. PAULA, F. G. Desempenho do tambaqui (Colossoma macropomum), de pirapitinga (Piaractus brachypomum), e do híbrido tambatinga (C. Macropomum x P. Brachypomum) mantidos em viveiros fertilizados, na fase de engorda. 2009. 57f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal) – Escola de Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Goiás.

37. PINHEIRO, L. M. S.; MARTINS, R. T.; PINHEIRO, L. A. S.; PINHEIRO, L.E.L. Rendimento industrial de filetagem da tilápia tailandesa (Oreochromis spp). Arquivo Brasileiro Medicina Veterinária Zootecnia, v.58, n.2, p.257-262, 2006.

38. RANZANI-PAIVA, M. J. T.; GODINHO, H. M. Características do plasma sanguíneo do pacu, Piaractus mesopotamicus HOLMBERG, 1887 (Colossoma mitrei BERG, 1895) em condições experimentais de criação. Boletim do Instituto de Pesca, v.15, n.2, p.169-177, 1988.

Page 82: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

68

39. RIBEIRO, P. A. P.; ROSA, P. V.; VIEIRA, J. S.; GONÇALVES, A. C. S.; FREITAS, R. T. F. Perfil lipídico e composição química de tilápias nilóticas em diferentes condições de cultivo. Revista Brasileira Saúde Produção Animal, Salvador, v.12, n.1, p.119-208, 2011.

40. ROTTA, M. A. Aspectos gerais da fisiologia e estrutura do sistema digestivo dos peixes relacionados à piscicultura – Documento 53. Corumbá: EMBRAPA Pantanal, 2003, 48p.

41. SAINZ, R. D.; BENTLEY, B. E. Visceral organ mass and cellularity in growth-restricted and refed beef steers. Journal of Animal Science, v.75,

n.5, p.1229-1236, 1997.

42. SAITA, M. V. Parâmetros produtivos, fisiológicos e imunológicos de juvenis de pacu (Piaractus mesopotamicus) submetidos à restrição alimentar e estresse de manejo. 2011. 49f. Dissertação (Mestrado em

Aquicultura) – Centro de Aquicultura da Universidade Estadual Paulista.

43. SANTOS, V. B.; FREITAS, R. T. F.; LOGATO, P. V. R.; FREATO, T. A.; ORFÃO, L. H.; MILLIOTI, L. C. Rendimento do processamento de linhagens de tilápias (Oreochromis niloticus) em função do peso corporal. Ciência Agrotecnologia, Lavras, v.31, n.2, p.554-562, 2007.

44. SARA, A.; ANI, A. R.; MOLNAR, F.; GABOR, E. Histological investigations on an intestinal level in Common Carp, one summer old, fed with organic selenium (Selplex) supplemented fodder. Animal Science and Biotechnologics, v.44, n.2, p.56-60, 2011.

45. SCHWARZ, K. K.; FURUYA, W. M.; NATALI, M. R. M.; MICHELATO, M.; GUALDEZI, M. C. Mananoligossacarídeo em dietas para juvenis de tilápia do Nilo. Acta Scientiarum. Animal Sciences. Maringá, v.32, n.2, p.197-

203, 2010.

46. SHEARER, K. D. Factors affeting the proximate composition of cultured fishes with emphasis on salmonids. Aquaculture, v.119, p.63-88, 1994.

47. SHERIDAN, M. A.; MOMMSEN, T. P. Effects of nutritional state on in vivo lipid and carbohydrate metabolism of coho salmon. Oncorhynchus kisutch. General and Comparative Endocrinology, v.81, p.473-783, 1991.

48. SIGNOR, A. A.; BOSCOLO, W. R.; FEIDEN, A. BITTENCOURT, F.; COLDEBELLA, A.; REIDEL, A. Proteína e energia na alimentação de pacus criados em tanques-rede. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v.39, n.11, p.2336-2341, 2010.

49. SILVA, L. C. R.; FURUYA, W. M.; NATALI, M. R. M.; SCHAMBER, C. R.; SANTOS, L .D.; VIDAL, L. V. O. Desempenho e morfometria intestinal de juvenis de tilápia-do-Nilo alimentados com dietas suplementadas com L-glutamina e L-glutamato. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v.39,

n.6, p.1175-1179, 2010.

50. SILVA, P. C.; KRONKA, S. N.; SIPAÚBA-TAVARES, L. H.; SOUZA, V. L. Desempenho produtivo da tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus L.) em diferentes densidades e trocas de água em raceway. Acta Scientiarum: Animal Science, Maringá, v.24, n.4, p.935-941, 2002.

Page 83: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

69

51. SILVA, P. C.; KRONKA, S. N.; TAVARES, L. H. S.; SOUSA JUNIOR, R. P.; SOUZA, V. L. Avaliação econômica da produção da tilápia nilótica em tanques com diferentes trocas de água e densidades populacionais no sistema raceway. Acta Scientiarum: Animal Science, v.25, n.1, p.9-13, 2003.

52. SILVA, P. C.; KRONKA, S. N.; TAVARES, L. H. S.; SOUSA JUNIOR, R. P.; SOUZA, V. L. Avaliação econômica da produção de tilápia (Oreochromis niloticus) em sistema raceway. Acta Scientiarum. Animal Sciences, Maringá, v.25, n.1, p.9-13, 2003.

53. SIMÕES, M. R.; RIBEIRO, C. F. A.; RIBEIRO, S. C. A.; PARK, K. J.; MURR, F. E. X. Composição físico-química, microbiológica e rendimento do filé de tilápia tailandesa (Oreochromis niloticus). Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v.27, n.3, p.608-613, 2007.

54. SOUSA, A.D.L. Mananoligossacarídeos e B-glucano na suplementação dietária para juvenis de tilápia-doNilo mantido em tanques-rede.

Jaboticabal: Centro de Aquicultura da Universidade Estadual Paulista, 2010. 52f. Tese (Doutorado em Aquicultura) – Centro de Aquicultura da Universidade Estadual Paulista, 2010.

55. SOUZA, M. L. R. Comparação de Seis Métodos de Filetagem, em Relação ao Rendimento de Filé e de Subprodutos do Processamento da Tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus). Revista Brasileira de Zootecnia, v. 31, n. 3,

p. 1076-1084, 2002.

56. SOUZA, M. L. R.; MARANHÃO, T. C. F. Rendimento de carcaça, filé e subprodutos da filetagem da tilápia do Nilo, Oreochromis niloticus (L), em função do peso corporal. Acta Scientiarum: Animal Science, Maringá,

v.23, n.4, n.4, p.897-901, 2001.

57. SOUZA, V. L.; URBINATI, E. C.; GONÇALVEX, D. C.; SILVA, P. C. Composição corporal e índices biométricos do pacu, Piaractus mesopotamicus Holmberg, 1887 (Osteichthyes, Characidae) submetido a ciclos alternados de restrição alimentar e realimentação. Acta Scientiarum: Animal Science, Maringá, v.24, n.2, p.533-540, 2002.

58. TAKAHASHI, L. S.; BILLER, J. D.; CRISCUOLO-URBINATI, E.; URBINATI, E. C. Feeding strategy with alternate fasting and refeeding: effects on farmed pacu production. Journal of Animal Physilogy and Animal Nutrition, v.95, n.2, 259-266, 2011.

59. TOCHER, D. R. Metabolism and functions of lipids and fatty acids in teleost fish. Reviews in Fisheries Sciences, v.11, p.107-184, 2003.

TRINDER, P. Determination of glucose in blood using glucose oxidase with an alternative oxygen acceptor. Annals of Clinical Biochemistry. London, v.6,

p.24-27, 1969.

Page 84: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

70

CAPÍTULO 4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Brasil, apesar do imenso potencial para aquicultura, está em 18ª

lugar no ranking mundial de produção de pescado. A piscicultura é uma

atividade que ainda se encontra em expansão no nosso país, havendo grande

demanda por informações sobre as espécies criadas comercialmente.

A tilápia tem destaque na piscicultura brasileira, justamente por ser a

espécie mais produzida e pesquisada. Apesar do grande volume de

informações geradas para criação da tilápia do Nilo, ainda há demanda por

mais dados referentes à alimentação nos diferentes sistemas de produção

utilizados.

A alimentação corresponde a 70% do custo de produção de peixes,

especialmente em sistemas intensivos como de alto fluxo de água, assim,

tecnologias que reduzam esse custo são requeridos pelos piscicultores.

Sabe-se que o fornecimento de ração a vontade pode onerar o custo

de produção e não resultar em melhor desempenho produtivo, refletindo na

lucratividade final. Por isso, estudos sobre a taxa de alimentação têm sido

desenvolvidos com o intuito de atender o requerimento das espécies e

promover o melhor retorno econômico nos diferentes sistemas de produção

utilizados no Brasil, notadamente no sistema de alto fluxo de água.

A alta troca de água verificada nesses sistemas intensivos não

permite o aproveitamento do plâncton, como é verificado nas criações

realizadas em viveiros escavados. Por isso, toda a exigência nutricional da

espécie deverá ser suprida pela quantidade de ração fornecida à espécie.

A quantidade de ração ofertada para os peixes durante a criação é

baseada na biomassa total existente na unidade produtivo e varia entre as

espécies, sistemas de produção utilizados e idade do peixe, dentre outros

fatores. A taxa de alimentação é mais elevada nas fases iniciais da vida do

peixe e reduz gradualmente até atingir peso de abate, quando o animal é

submetido à despesca.

Na presente pesquisa, optou-se por avaliar a taxa de alimentação na

fase de terminação da criação da tilápia do Nilo em sistema de alto fluxo de

água. O melhor desempenho produtivo, como peso final, ganho de peso

Page 85: TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA … · LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA D- A TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO

71

individual, biomassa, conversão alimentar aparente, taxa de eficiência protéica

e de crescimento específico, foi favorecido para os tratamentos cujas taxas de

alimentação variaram entre 2,2% a 3,16% da biomassa ao dia.

Pôde-se observar que as taxas de alimentação abaixo de 1,75% ou

acima de 3,25% da biomassa ao dia, propiciaram receita líquida parcial

negativa, isto é, prejuízo para o piscicultor.

Nas análises corporais verificou-se que houve mobilização de

reservas energéticas, nas taxas de alimentação abaixo de 2,5% da biomassa

ao dia, para manter a glicemia sanguínea à custa, possivelmente, de estoques

do fígado e das triglicérides e colesterol no sangue da tilápia, sem

comprometer a gordura visceral e os lipídeos do filé.

A altura das vilosidades tem estreita relação com a capacidade

absortiva do intestino das tilápias. Quanto maior for a altura dos vilos, maior

será a superfície de absorção, melhor será a conversão alimentar aparente,

que refletirá no crescimento acarretando no maior retorno econômico. A taxa

de alimentação de 2,5% apresentou maior altura de vilos, o que resultou na

melhoria da conversão alimentar aparente promovendo receita líquida parcial

positiva.

Taxas de alimentação entre 1,75% e 2,5% mantêm a saúde dos

peixes e a qualidade do filé, além disso, promovem melhor desempenho

produtivo e retorno econômico da tilápia do Nilo criada na fase de terminação

em sistema de alto fluxo de água.

Serão necessárias ainda mais pesquisas para determinar a taxa de

alimentação para a tilápia do Nilo em outras fases de desenvolvimento da

espécie. E assim, contribuir para a geração de um pacote tecnológico completo

para a tilápia do Nilo em sistema de alto fluxo de água.