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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL
TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA TERMINAÇÃO EM
SISTEMA DE ALTO FLUXO DE ÁGUA
Fernanda Gomes de Paula
Orientador: Prof. Dr. José Henrique Stringhini
GOIÂNIA
2012
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iii
FERNANDA GOMES DE PAULA
TAXA DE ALIMENTAÇÃO PARA TILÁPIA DO NILO NA TERMINAÇÃO EM
SISTEMA DE ALTO FLUXO DE ÁGUA
Tese apresentada para a
obtenção do grau de Doutor em
Ciência Animal junto à Escola
de Veterinária e Zootecnia da
Universidade Federal de Goiás.
Área de concentração:
Produção Animal
Orientador:
Prof. Dr. José Henrique Stringhini - UFG
Comitê de Orientação:
Prof. Dr. Igo Gomes Guimarães - UFG
Profª. Drª. Alessandra Gimenez Mascarenhas - UFG
GOIÂNIA
2012
iv
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DEDICATÓRIA
À minha família, em especial,
meus pais, meu irmão, minha
cunhada, meus sobrinhos e
tios, por ser o alicerce da minha
vida.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por disponibilizar condições e colocar as pessoas certas
no meu caminho, para vencer mais esta etapa da minha vida.
À minha família, meu alicerce, que sempre esteve presente me incentivando
em todos os momentos da minha vida. Especialmente, minha mãe (Maria Aparecida
Gomes) pelo amor incondicional e apoio; meu pai (Joaquim de Paula) pelo amor; meu
irmão (Alex de Paula) e minha cunhada (Andréia de Paula) pelo incentivo. Meus
sobrinhos (João Rafael de Paula) pelo amor e alegria que proporciona a nossas vidas.
Minha avó (Jesuína), meus primos e os tios: Josefa, Maria de Jesus, Jurandir, Gilma,
Mauro e Juarez pelo apoio e conselhos.
Aos mestres (e amigos) que, ao longo da minha vida, me inspiraram e/ou
incentivaram, até involuntariamente, a seguir este caminho. Em especial, Prof.ª Vilma
Perini (Colégio Paroquial), Prof. Heloísa Baleroni (UFT), Prof. Guilherme Benko (UFT),
Flávia Tonani (UFT), Prof.ª Susana Melo (UFT) e Prof. Eduardo Beerli (UFT).
Aos meus orientadores professores Paulo César Silva e José Henrique
Stringhini pelo apoio e conselhos durante minha vida acadêmica.
Aos meus amigos, em especial, os da pós-graduação: Janaína Araújo
Santos, Pedro Fellipe Gomides, Raquel Priscila Oliveira, Laudicéia Rocha, Cláudia
Paula Rodrigues, Juliana Silva, Roberta Dias; pelo incentivo, conselhos e apoio.
Aos alunos: Thyago Barros, Ana Paula Sobrinho, Fabrício Sado, André Luiz,
Anderson Pires e Arthur Gomes. Aos funcionários: Marcelo e Hideraldo Costa (Setor de
Piscicultura), Carlos Dambros (LANA – DPA/EVZ/UFG), Helton Oliveira (Laboratório
Hospital Veterinário – EVZ/UFG).
Aos professores: Nadja Leandro, Emmanuel Arnhold, Delma Padua e
Marcos Café. Aos co-orientadores: Igo Guimarães e Alessandra Mascarenhas.
À empresa Rações VB pela doação da ração extrusada utilizada neste
experimento. À piscicultura Aquabel – Turvânia – GO, pela doação dos alevinos de
tilápia do Nilo revertido sexualmente. À FUNAPE-UFG pelo apoio financeiro.
viii
“Você não sabe
O quanto eu caminhei
Pra chegar até aqui
Percorri milhas e milhas antes de dormir
Eu nem cochilei
Os mais belos montes escalei
Nas noites escuras de frio chorei
A vida ensina e o tempo traz o tom
Pra nascer uma canção
Com a fé do dia a dia encontro a solução...”
(A estrada – Cidade Negra)
ix
SUMÁRIO
Pág.
I CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS...................................................... 1
Referências........................................................................................................... 10
II CAPÍTULO 2 - DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA DA TILÁPIA
DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO NA
TERMINAÇÃO EM SISTEMA DE ALTO FLUXO DE ÁGUA............................... 17
Resumo................................................................................................................. 17
Abstract................................................................................................................. 18
1 Introdução............................................................................................................. 19
2 Material e Métodos............................................................................................... 20
3 Resultados e Discussão..................................................................................... 25
4 Conclusão............................................................................................................. 40
5 Referências........................................................................................................... 41
III CAPÍTULO 3 - RENDIMENTOS CORPORAIS, COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO
FILÉ, ÍNDICES BIOMÉTRICOS E BIOQUÍMICA SANGUÍNEA DA TILÁPIA
DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO NA
TERMINAÇÃO EM SISTEMA DE ALTO FLUXO DE ÁGUA............................... 45
Resumo................................................................................................................. 45
Abstract................................................................................................................. 46
1 Introdução............................................................................................................. 47
2 Material e Métodos............................................................................................... 48
3 Resultados e Discussão....................................................................................... 54
4 Conclusão............................................................................................................. 64
5 Referências........................................................................................................... 65
IV CAPÍTULO 4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................... 70
x
LISTA DE TABELAS CAPÍTULO 2 - DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA DA TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO NA TERMINAÇÃO EM
SISTEMA DE ALTO FLUXO DE ÁGUA
TABELA 1. Níveis de garantia da ração utilizada na alimentação da tilápia do Nilo na fase determinação em sistema de alto fluxo de água...............
22 TABELA 2. Médias das variáveis de qualidade da água da criação da tilápia do
Nilo........................................................................................................ 25
TABELA 3. Médias das variáveis de desempenho produtivo aos 30 dias de experimento da tilápia do Nilo sob diferentes taxas de alimentação.....
28 TABELA 4. Médias das variáveis de desempenho produtivo aos 60 dias de
experimento da tilápia do Nilo sob a diferentes taxas de alimentação.. 32
TABELA 5. Dados médios da avaliação econômica da tilápia do Nilo sob diferentes taxas de alimentação............................................................
39
xi
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 3 – RENDIMENTOS CORPORAIS, COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO FILÉ, ÍNDICES BIOMÉTRICOS E BIOQUÍMICA SANGUÍNEA DA TILÁPIA DO
NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO NA TERMINAÇÃO EM SISTEMA DE ALTO FLUXO DE ÁGUA
TABELA 1- Níveis de garantia da ração utilizada para tilápia do Nilo submetida a diferentes taxas de alimentação..............................................................
50 TABELA 2. Médias da bioquímica sanguínea da tilápia do Nilo submetida a
diferentes taxas de alimentação.............................................................. 55
TABELA 3 Médias dos rendimentos corporais da tilápia do Nilo submetida a diferentes taxas de alimentação..............................................................
57 TABELA 4 Médias dos índices biométricos da tilápia do Nilo submetida a
diferentes taxas de alimentação ............................................................. 59
TABELA 5 Médias composição química do filé da tilápia do Nilo submetida a diferentes taxas de alimentação..............................................................
61 TABELA 6 Médias da altura de vilos no intestino da tilápia do Nilo submetida a
diferentes taxas de alimentação.............................................................. 63
xii
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO 2 - DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA DA TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO NA TERMINAÇÃO EM
SISTEMA DE ALTO FLUXO DE ÁGUA
FIGURA 1. Médias do pH da água da criação da tilápia do Nilo sob diferentes taxas de alimentação........................................................................
26
FIGURA 2. Amônia não ionizada nas diferentes taxas de alimentação fornecidas à tilápia do Nilo................................................................
27
FIGURA 3. Taxa de crescimento específico (TCE) aos 30 dias de experimento da tilápia do Nilo................................................................................
30
FIGURA 4. Peso final (PF) aos 60 dias de experimento da tilápia do Nilo sob diferentes taxas de alimentação.......................................................
33
FIGURA 5. Biomassa (BIO) aos 60 dias de experimento da tilápia do Nilo sob diferentes taxas de alimentação.......................................................
34
FIGURA 6. Conversão alimentar aparente (CAA) aos 60 dias de experimento da tilápia do Nilo................................................................................
35
FIGURA 7. Curvas de crescimento em peso final da tilápia do Nilo submetida a diferentes taxas de alimentação.......................................................
37
FIGURA 8. Curvas de crescimento em biomassa da tilápia do Nilo submetida a diferentes taxas de alimentação....................................................
38
xiii
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO 3 – RENDIMENTOS CORPORAIS, COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO FILÉ, ÍNDICES BIOMÉTRICOS E BIOQUÍMICA SANGUÍNEA DA TILÁPIA DO NILO
SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE ALIMENTAÇÃO NA TERMINAÇÃO EM SISTEMA DE ALTO FLUXO DE ÁGUA
FIGURA 1. Proporção de vísceras (RV), proporção de cabeça (RC) e rendimento de filé (RF) da tilápia do Nilo sob diferentes taxas de alimentação....... 58
FIGURA 2. Índice Hepatossomático (IHS) e Índice de Gordura Víscerossomática (IGVS) da tilápia do Nilo sob diferentes taxas de alimentação............. 60
xiv
RESUMO GERAL
Este trabalho foi desenvolvido com intuito de comparar o desempenho produtivo, avaliação econômica, rendimento e composição química do filé, índices biométricos, bioquímica sanguínea e histomorfometria de intestino da tilápia do Nilo, linhagem Supreme, submetida a diferentes taxas de alimentação na fase de terminação em sistema raceway. O experimento foi conduzido no Setor de Piscicultura - UFG, no período de março a maio de 2011 (60 dias). Foram utilizados 400 tilápias (309,17±12,88 g), distribuídas aleatoriamente em 20 caixas de 1.000 L na densidade de 40 peixes/m³. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com cinco tratamentos (T1: 1,00%, T2: 1,75%, T3: 2,50%, T4: 3,25%, T5: 4,00% ao dia) e quatro repetições. Os peixes foram alimentados com ração comercial contendo 32%PB na freqüência de três vezes ao dia. Foram analisadas as variáveis de desempenho produtivo (taxa de sobrevivência, peso médio, biomassa, ganho de peso individual, consumo aparente de ração, conversão alimentar aparente, taxa de eficiência protéica e taxa de crescimento específico), avaliação econômica (custo operacional parcial, receita bruta, receita líquida parcial, incidência de custos), rendimentos corporais (proporção de cabeça, rendimento de carcaça, proporção de vísceras e rendimento de filé), composição química filé (matéria seca, proteína bruta, extrato etéreo, cinzas), índices biométricos (índice hepatossomático e índice de gordura víscerossomática), bioquímica sanguínea (proteína, triglicérides, colesterol e glicose) e histomorfometria de intestino (altura de vilos). Os dados foram submetidas à análise de regressão polinomial e de variância e, em caso de diferença estatística, ao teste de comparação de média Duncan 5%. Concluiu-se que a taxa de alimentação de 1,75% a 2,5% propiciou melhores desempenhos produtivos e econômicos, condições fisiológicas e composição química do filé para a tilápia do Nilo criada na fase de terminação em sistema raceway. Palavras-chave: altura de vilos, arraçoamento, avaliação econômica, bioquímica sanguínea, composição química do filé, Oreochromis niloticus
1
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS
A aqüicultura, atividade responsável pela criação de organismos
aquáticos, apresentou destaque no crescimento da produção de pescado do
país. A produção brasileira de pescado aumentou 25% nos últimos oito anos
passando de 990.899 toneladas anuais para 1.240.813 em 2009 (MPA, 2010).
Nesse contexto, a piscicultura cresceu 60,2% em 2008 e 2009, comparado com
2007 (MPA, 2010). O crescimento da produção de peixes notado nos últimos
anos é justificado pelo grande potencial apresentado pelo Brasil.
O país possui condições climáticas favoráveis e, especialmente, a
temperatura da água elevada influencia positivamente a criação dos peixes. Na
maior parte do país, a temperatura média da água fica acima de 25ºC,
recomendada para o bom desempenho da maioria das espécies de peixes
tropicais (BALDISSEROTTO, 2009).
O país tem volume de água suficiente para se tornar o maior
produtor de pescado do mundo, com disponibilidade de 5,5 milhões de
hectares em lâmina de água doce em reservatórios naturais e artificiais
(IBAMA, 2005).
Outra característica importante é a grande diversidade de peixes
criados comercialmente. A espécie que mais se destaca em termos de
produção é a tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus), com 132.957 toneladas e,
representa 39% do total de pescado cultivado (MPA, 2010).
1.1 Tilápia do Nilo
As tilápias, dentre elas a espécie Oreochromis niloticus, são naturais
da África, Israel e Jordânia, apresentam hábito alimentar onívoro e, por seu
potencial para a aqüicultura, sua distribuição foi expandida nos últimos
cinqüenta anos (ANDERSON et al., 1984; BOSCOLO et al., 2002).
A tilápia do Nilo ocupa a seguinte classificação sistemática: Super
classe: Pisces; Classe: Actinopterygii; Ordem: Perciformes; Subordem:
Percoidei; Família: Cichlidae; Gênero: Oreochromis; Espécie: Oreochromis
niloticus Linnaeus, 1758.
2
A tilápia do Nilo foi introduzida oficialmente no Brasil em 1971, na
cidade de Pentecostes no Ceará, pelo Convênio Departamento Nacional de
Obras Contra as Secas (DNOCS) / Centre Techique Forétier Tropical (CTFT)
(CASTAGNOLLI, 1992; MASSAGO et al., 2010).
Na década de 80, as tilápias foram taxonomicamente agrupadas em
três gêneros principais: o gênero Oreochromis, o gênero Sarotherodon, e o
gênero Tilapia. São reconhecidas mais de 70 espécies de tilápias, e a grande
maioria é originária da África. No entanto, apenas quatro conquistaram
destaque na aqüicultura mundial, todas elas do gênero Oreochromis: a tilápia-
do-Nilo, Oreochromis niloticus; a tilápia de Moçambique Oreochromis
mossambicus; a tilápia azul ou tilápia áurea Oreochromis aureus e a tilápia de
Zanzibar Oreochromis urolepis hornorum (KUBITZA, 2000).
A tilápia do Nilo, nativa de diversos países africanos, é a espécie de
tilápia mais cultivada no mundo. É reconhecidamente a espécie de peixe que
melhor se adapta às diferentes condições de cultivo, bastante tolerante a
baixos níveis de oxigênio dissolvido na água, sobrevivem em faixa bastante
ampla de acidez ou de alcalinidade da água, bem como toleram altas
concentrações de amônia tóxica, comparadas à maioria das espécies de
peixes cultivados (GRAEFF & PRUNER, 2006).
Esta espécie se destaca das demais pelo crescimento mais rápido,
reprodução mais tardia e alta prolificidade, o que possibilita produção de
grandes quantidades de alevinos (KUBITZA, 2000).
A linhagem Tailandesa ou Chitralada foi introduzida no Brasil em
Londrina-PR no ano de 1996, sendo oriunda da Tailândia (ZIMMERMANN,
1999). Em 2002, foi introduzida a Supreme – linhagem GST (GenoMar
Supreme Tilápia) (CYRINO et al., 2004) pela empresa Piscicultura Aquabel,
vinda da companhia Genomar a qual, desde 1999 desenvolve um programa de
melhoramento genético e vem difundindo os indivíduos resultantes desse
projeto para diversos países (MASSAGO et al., 2010). A linhagem Supreme
vêm merecendo especial atenção devido ao elevado potencial de produção
(SANTOS et al., 2007).
A duração da engorda, 120 a 180 dias, e o peso de abate, 450 a 800
g, da tilápia do Nilo pode variar em função do sistema de produção, densidade
de estocagem, a renovação de água e o manejo alimentar utilizado (SILVA et
3
al., 2002; NOGUEIRA, 2007; SANTOS et al., 2007; ARAÚJO-SANTOS, 2008;
OLIVEIRA, 2010).
Os sistemas de produção utilizados no cultivo da tilápia são bastante
diversificados e, dentre os principais adotados, podem se destacar: viveiros
escavados com baixa renovação de água, viveiros com aeração, sistema de
recirculação de água, tanques-rede ou gaiolas e sistema com alto fluxo de
água (KUBITZA, 2000).
1.2 Sistema de alto fluxo de água
Há sistemas intensivos de produção de peixes que se baseia no
princípio da alta troca de água, é realizado em tanques circulares e
retangulares (KUBITZA, 2000) de concreto ou outro material que resista ao
atrito constante da água em suas paredes (CREPALDI et al., 2006).
O sistema de alto fluxo de água tem sido utilizado há mais de cem
anos, nos Estados Unidos, para criação de trutas (SODERBERG, 1995 citado
por SILVA et al., 2002). Em Israel, alguns países das Américas Central e do
Sul, Arábia Saudita e África do Sul, algumas pesquisas têm sido conduzidas e
projetos comerciais desenvolvidos para viabilizar a produção de tilápias nesse
sistema de produção (VISSER & IOSIFOV, 1995 citado por SILVA et al., 2002;
MUIR et al., 2000).
Ele apresenta como vantagem, a possibilidade de visualização direta
dos alevinos, o melhor controle alimentar e de doenças, além da facilidade de
desinfecção e limpeza dos tanques (SILVA et al., 2002; MAEDA et al., 2006).
A vazão de água deve ser suficiente para promover a limpeza rápida
dos tanques com máxima retirada de catabólitos, sem, contudo, exigir dos
peixes um esforço exagerado para natação, o que é extremamente
desfavorável para seu pleno desenvolvimento, uma vez que a energia que
seria usada para seu crescimento estará direcionada para o exercício
(CREPALDI et al., 2006).
O oxigênio dissolvido é o primeiro fator limitante da produção em
sistemas de alto fluxo de água (KUBITZA, 2000). À medida que a água passa
pelos tanques, o peixe respira e o oxigênio dissolvido diminui enquanto que
ocorre a excreção da amônia e, portanto, sua concentração aumenta
4
(LANDAU, 1992). Assim, a alta troca de água possibilita arrastar os resíduos
gerados, fezes e ração, mantendo adequada qualidade de água, especialmente
as concentrações de oxigênio dissolvido e amônia (LOVSHIN, 1997; MUIR et
al., 2000; SILVA et al., 2002).
No cultivo de tilápias em alto fluxo de água, a capacidade de suporte
varia de 60 a 200 kg/m³, em função da renovação de água disponível e do uso
ou não de aeração, com equipamentos aeradores mecânicos ou com a injeção
de oxigênio (KUBITZA, 2000; SILVA et al., 2002).
1.3 Taxa de alimentação
A eficiência de utilização dos alimentos tem um determinante efeito
sobre o custo da alimentação e da saída de resíduos para a produção animal.
A melhor compreensão da conversão de nutrientes em biomassa de peixe é,
portanto, a chave para a melhoria econômica e sustentabilidade ambiental da
criação da maioria dos peixes (BUREAU et al., 2006).
Na produção animal a maximização produtiva pode ser obtida com
adequado manejo alimentar. Por isso, o custo com a alimentação pode compor
entre 40 a 70% do custo de produção de tilápias (KUBITZA, 2000).
Dentre os itens que podem ser avaliados para escolher as melhores
técnicas de manejo alimentar, a taxa de alimentação aliada ao sistema de
produção, são fatores que determinam os bons resultados na produção
(OLIVEIRA, 2007).
A taxa de alimentação representa a quantidade de ração fornecida
aos peixes e está diretamente relacionada com o consumo de ração, interage
com outros fatores como idade, espécies, qualidade e temperatura da água,
disponibilidade de alimento natural e qualidade da ração (KUBITZA, 2000; LI et
al., 2005), e influencia a conversão alimentar e o crescimento dos peixes
(MARQUES et al., 2004; MEURER et al., 2005).
A taxa de alimentação é mais elevada nas fases iniciais da vida do
peixe e reduz gradualmente com o seu crescimento. Segundo KUBITZA
(2000), em sistema de alto fluxo de água recomenda-se fornecer ração (32 a
36% PB) utilizando taxas acima de 10% da biomassa ao dia durante a reversão
5
sexual e alevinagem, enquanto que na recria e engorda, admite-se utilizar
taxas de 10 a 5% ao dia e 5 a 1% ao dia, respectivamente.
Quando o manejo alimentar é adequado a taxa de alimentação pode
ser aumentada, resultando em melhor desempenho produtivo dos peixes, com
maior velocidade para chegar ao peso comercial (MARQUES et al., 2003;
BARBOSA et al., 2005). No entanto, o excesso de ração, mesmo não havendo
desperdício de ração, pode alterar a velocidade de passagem do alimento no
trato digestório, reduzindo a digestão e absorção de nutrientes, o que pode
comprometer o desempenho de forma direta e, indiretamente, à eutrofização
da água (KUBITZA, 1999; FURUYA, 2007).
A eutrofização da água interfere diretamente na microfauna do
ambiente aquático. MATSUZAKI et al. (2004), avaliando a qualidade da água e
a comunidade fitoplanctônica em ambiente de recreação (pesqueiros),
concluíram que algumas variáveis físicas e químicas alteradas nesses
ambientes interferem na estrutura da comunidade fitoplanctônica, caso não
sejam monitorados freqüentemente, propiciando o aparecimento de
microorganismos prejudiciais a saúde dos peixes e humana através da
assimilação de toxinas das cianofíceas.
Por outro lado, a baixa taxa de alimentação afeta o metabolismo do
peixe e piora o desempenho sem comprometer a qualidade da água
(JOBLING, 1994; EL-SAIDY & GABER, 2005; BUREAU et al., 2006), porque os
peixes assimilam apenas as suas necessidades de manutenção, resultando em
baixo ganho de peso (KUBITZA, 1999 e FURUYA, 2007). Porém, considerando
o custo da ração e a eficiência alimentar, as menores taxas alimentares
tornam-se as mais adotadas (MARQUES et al., 2003; BARBOSA et al., 2005;
CHAGAS et al., 2005; MEURER et al., 2005; BUREAU et al., 2006).
É importante definir taxas de alimentação para cada espécie, evitar
desperdício de ração durante o manejo alimentar e também não deteriorar a
qualidade de água (HILBIG et al., 2010).
1.3 Rendimentos corporais e composição química do filé
A taxa de alimentação, dentre outros fatores, pode alterar o
rendimento de filé e em sua composição química (SHEARER, 1994; SOUZA,
6
2002; PINHEIRO et al., 2006). Essa estratégia alimentar utilizada em
piscicultura intensiva exerce grande influência na deposição de gordura
corporal nos peixes (KUBITZA, 2000). A gordura é considerada uma das
principais formas de armazenagem de energia corporal (CHO et al., 2003).
Comparadas a muitos outros peixes cultivados, as tilápias
apresentam filé magro, com 3 a 8% de gordura dependendo do tamanho do
peixe, do sistema de cultivo, da composição da dieta e do manejo alimentar
(KUBITZA, 2000).
O aumento na taxa de alimentação acentua a deposição de gordura
corporal em salmão, truta arco-íris e tilápia. A maioria dos piscicultores no
Brasil ainda alimenta os peixes à vontade (máximo consumo). Também é
comum o fornecimento de três ou mais refeições ao dia nas fases de engorda.
Tal estratégia de alimentação, embora acelere o crescimento dos peixes, pode
ser economicamente desfavorável considerando o aumento nos índices de
conversão alimentar e a deposição de gordura corporal (KUBITZA, 2000;
MEURER et al., 2002; BOSCOLO et al., 2004). Esse acúmulo de gordura na
carcaça e no filé é indesejável para as indústrias, pois diminui o rendimento,
tempo de prateleira e aumenta o risco de off-flavor (KUBITZA, 2000).
As tilápias parecem apresentar limitada capacidade de incorporação
de gordura no filé. Portanto, o excesso de gordura ou energia das rações é
convertido em gordura visceral. O peso das vísceras representa entre 8 a 10%
do peso corporal das tilápias. Assim, o excesso de gordura corporal pode fazer
o rendimento de carcaça cair em 2,5 a 4% após o processamento (KUBITZA,
2000).
Por outro lado, estudos têm revelado que a redução alimentar
envolve complexas alterações fisiológicas e metabólicas para promover o
ajuste biológico do animal e suas conseqüências finais são dependentes da
espécie considerada, da idade do peixe e das condições experimentais
(BLASCO et al., 1991; KIEFFER & TUFTS, 1998; SOUZA, et al., 2003).
Em condições de baixa alimentação, o lipídeo dos depósitos
viscerais é utilizado como reserva energética depois de esgotar as reservas do
fígado (COLLINS & ANDERSON, 1995; SOUZA et al., 2002).
O fígado, após a ingestão de alimentos, armazena carboidratos e
lipídeos, sendo considerada fonte inicial de energia endógena para os peixes
7
(COLLINS & ANDERSON, 1995 e SOUZA et al., 2002). Esta reserva é utilizada
para fornecimento de energia em situações de jejum ou baixa alimentação
através da glicogenólise e da gliconeogênese (SAITA, 2011).
Durante a redução alimentar, pode ser observado um decréscimo da
taxa de crescimento do peixe, que resulta em alterações fisiológicas e
morfológicas, como a diminuição do tamanho do fígado. Esta diminuição é
consequência da redução da síntese protéica e do decréscimo da quantidade
de energia e proteína. O resultado é a hipotrofia das células causando uma
redução de toda a massa do órgão (SAINZ & BENTLEY, 1997; SOUZA et al.,
2002).
1.4 Bioquímica sanguínea
A padronização dos parâmetros hematológicos dos peixes é
fundamental, pois, auxilia na avaliação da influência das dietas, de
enfermidades e, até mesmo, de outras situações de estresse ambiental
(SILVEIRA & RIGORES, 1989).
A composição bioquímica do plasma sangüíneo reflete a situação
metabólica dos tecidos animais, sendo possível a avaliação de alterações no
funcionamento de órgãos, da adaptação do animal diante de desafios
nutricionais e fisiológicos e de desequilíbrios metabólicos específicos ou de
origem nutricional (HILBIG et al., 2010).
A glicose é um importante combustível metabólico nos vertebrados e
vários mecanismos atuam para assegurar um constante suprimento aos
tecidos glicose-dependentes. Ela pode originar-se do intestino durante a
digestão e absorção de carboidratos ingeridos além de ser produzida pelo
fígado e rins por glicogenólise, ou através da gliconeogênese a partir de
lactato, aminoácidos e glicerol (SUAREZ & MOMMSEN, 1987).
A mobilização de proteínas também é uma estratégia para
manutenção dos processos vitais em peixes quando submetidos a períodos de
redução alimentar (SHERIDAN & MOMMSEN, 1991). O metabolismo de
proteína ocorre em muitos órgãos, mas os mais importantes são o fígado e os
músculos. O controle dos níveis de proteína no sangue também ocorre no
fígado e estes podem definir padrões característicos de funcionamento deste
8
órgão em peixes. Sob condições de alimentação restrita a glicemia sanguínea
é mantida pela gliconeogênese por meio da perda significativa de tecido
muscular (JANKOWSKY et al., 1984; HEPHER, 1988).
A concentração de triglicerídeos no plasma do animal é considerada
outra via metabólica de produção de energia (MERIGHE et al., 2004). Essa
mobilização envolve a quebra de triglicerídeos a ácidos graxos livres e gliceróis
liberados para a corrente sanguínea (COLLINS & ANDERSON, 1995; SOUZA,
1998).
O metabolismo dos lipídeos recebe influência do cortisol dentro de
sua função glicocorticoide. Os efeitos metabólicos incluem hiperglicemia,
depleção das reservas glicogênicas, lipólise e inibição da síntese proteica. Um
aumento do catabolismo de proteínas musculares e alterações nos níveis
plasmáticos de aminoácidos, ácidos graxos livres e colesterol podem ocorrer
(PICKERING & POTTINGER, 1995; MILLIGAN, 2003; MARTINS DA ROCHA et
al., 2004). Provavelmente, esta ação do cortisol sobre a produção de glicose
hepática seja devido à gliconeogênese (PICKERING, 1981; WENDERLAAR
BONGA, 1997; CASTRO & FERNANDES, 2009) e isto pode contribuir para a
perda de peso durante um estresse crônico.
O conhecimento das respostas hematológicas para diferentes dietas
podem ser usadas para formular novas estratégias que sejam viáveis na
alimentação (BICUDO et al., 2009). Quando os peixes recebem alimentação
abaixo das suas necessidades nutricionais ou permanecem longos períodos
sem receber alimentos, a manutenção dos processos vitais se dá a custa da
mobilização das reservas energéticas (JOBLING, 1994).
1.5 Histomorfometria do intestino
O trato gastrointestinal dos peixes pode ser subdividido em cavidade
bucal ou bucofaringeana, intestino anterior (esôfago e estômago), intestino
médio (intestino propriamente dito) e intestino posterior (reto). O intestino
médio é um tubo relativamente simples, iniciando na válvula pilórica e
terminando no reto, não sendo separado em delgado e grosso, como nos
mamíferos (ROTTA, 2003).
9
A principal função do intestino é a conclusão dos processos
digestivos iniciados no estômago e absorção de nutrientes (CABALLERO et al.,
2003; GROSELL, 2011). Por conseguinte o melhor aproveitamento dos
nutrientes da dieta depende muito da eficácia dessas funções (CABALLERO et
al., 2003).
No intestino médio há dobras e cristas do epitélio mucoso que
aparecem em grande quantidade e variedade e que servem para aumentar a
superfície de secreção e absorção (GROSELL, 2011). A absorção dos produtos
da digestão ocorre inteiramente no intestino, através de dois mecanismos, a
difusão e o transporte ativo. Essa absorção é facilitada, além de outros fatores,
pela disposição da mucosa em inúmeras projeções, chamadas de vilosidades
(BALOG et al., 2008).
O intestino da tilápia é anatomicamente e histologicamente mais
simplificado que o intestino dos mamíferos. O intestino proximal possui
vilosidades maiores para aumentar a área de superfície devido à mistura do
alimento com o suco pancreático e hepático, bem como o muco secretado
pelas células caliciformes (GARGIULO et al., 1998).
A capacidade absortiva do intestino é diretamente proporcional à
superfície disponível para absorção, a qual depende do tamanho e do número
de vilos (MACARI, 1998). O equilíbrio entre renovação celular e perda de
células que ocorre normalmente no intestino determina um turnover celular
constante, ou seja, a manutenção do tamanho dos vilos e, portanto, a
manutenção da capacidade digestiva e de absorção intestinal. Entretanto,
quando o intestino responde a algum agente, com um desequilíbrio no
turnover, ocorre uma modificação na altura (PELICANO, 2003).
Há estreita relação de interdependência entre nutrição e organização
do aparelho digestivo, a qual se manifesta especialmente por adaptações e
modificações. A dieta é um dos principais fatores que confere aos órgãos do
aparelho digestivo características funcionais, anatômicas e morfométricas
próprias para cada regime alimentar (ROTTA, 2003).
Baixas taxas de alimentação ou o jejum podem propiciar ao peixe
diminuição das vilosidades, conforme o estado nutricional do animal, ou seja,
na presença de nutrientes a capacidade absortiva será diretamente
proporcional ao tamanho dos vilos e área de superfície disponível para
10
absorção (MACARI et al., 2002; ROTTA, 2003). Portanto, quanto maior for a
altura dos vilos, maior será a superfície de absorção, acarretando crescimento
acelerado e a melhoria da conversão alimentar (SARA et al., 2011; BELLO et
al., 2012).
O estudo morfológico revela o desempenho no processo digestivo,
absortivo e metabólico dos diferentes animais. Porém, ainda são muito
incipientes os dados que correlacionam alimentação e adaptações histológicas
do trato gastrointestinal de organismos aquáticos (LUNDSTEDT, 2003).
Este trabalho foi desenvolvido com o intuito de determinar a taxa de
alimentação que proporcione melhor desempenho produtivo, econômico,
corporal e fisiológico para tilápia do Nilo na engorda.
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CAPÍTULO 2 - DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ECONÔMICA DA TILÁPIA
DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS DE
ALIMENTAÇÃO NA TERMINAÇÃO EM SISTEMA DE ALTO
FLUXO DE ÁGUA
RESUMO
Este trabalho foi desenvolvido com intuito de comparar o desempenho produtivo e a avaliação econômica da tilápia do Nilo, linhagem Supreme, submetida a diferentes taxas de alimentação na fase de terminação em sistema de alto fluxo de água. O experimento foi conduzido no Setor de Piscicultura - UFG, no período de março a maio de 2011 (60 dias). Foram utilizados 400 tilápias (309,17±12,88 g), distribuídas aleatoriamente em 20 caixas de 1.000 L na densidade de 40 peixes/m³. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com cinco tratamentos (T1: 1,00%, T2: 1,75%, T3: 2,50%, T4: 3,25%, T5: 4,00% ao dia) e quatro repetições. Os peixes foram alimentados com ração comercial contendo 32%PB na freqüência de três vezes ao dia. Foram analisadas variáveis do desempenho produtivo (TS: taxa de sobrevivência, PF: peso médio, BIO: biomassa, GPI: ganho de peso individual, CAR: consumo aparente de ração, CAA: conversão alimentar aparente, TEP: taxa de eficiência protéica e TCE: taxa de crescimento específico) e de avaliação econômica (COP: custo operacional parcial, RB: receita bruta, RLP: receita líquida parcial, IC: incidência de custos). As médias dos resultados foram submetidas à análise de regressão polinomial e de variância e, as médias foram comparação ao teste Duncan 5%. Aos 30 dias de experimento, o PF, GPI, BIO, CAR, CAA apresentaram efeito linear, enquanto que a TCE obteve resposta quadrática em função da taxa de alimentação. Aos 60 dias de pesquisa, a TS foi superior na taxa 1,75% em relação a 3,25% e 4,00% ao dia. O CAR obteve efeito linear, enquanto que o PF, GPI, BIO, CAA, TEP e TCE apresentaram resposta quadrática com melhores valores verificados nos tratamentos com taxas de 3,16%, 3,14%, 2,6%, 2,21%, 2,28% e 3,12%, respectivamente. Quanto à avaliação econômica, nota-se que o maior COP foi obtido no tratamento com 4,00% da biomassa ao dia, enquanto que a maior RB foi verificada na taxa de 1,75% ao dia. A RLP e IC foram melhores nos tratamentos com 1,75% e 2,5% da biomassa ao dia. Conclui-se que as taxas de alimentação de 1,75% a 2,5% propiciaram maiores desempenhos produtivos e econômicos para tilápia do Nilo na fase de terminação em sistema de alto fluxo de água. Palavras-chave: arraçoamento, custo de produção, conversão alimentar aparente, Oreochromis niloticus, Supreme
18
CHAPTER 2. PERFORMANCE AND ECONOMIC EVALUATION FOR NILE
TILAPIA RAISED IN HIGH WATER FLOW SUBMITTED TO
DIFFERENT FEEDING RATES IN THE FINAL PHASE
ABSTRACT This work was developed with the purpose to compare the performance and economic evaluation of Nile tilapia, Supreme strain under different feeding rates in the final phase raised in a high water flow system. The experiment was conducted at the Fish Division - UFG, from March to May 2011 (60 days). Were used 400 tilapia (309.17 ± 12.88 g), randomly assigned to 20 boxes of 1,000 L in a stocking density of 40 fish / m³. The experiment was conducted in a completely randomized design with five treatments (T1: 1.00%, T2: 1.75%, T3: 2.50%, T4: 3.25% T5: 4.00% per day) and four replications. The fish were fed a commercial diet containing 32% CP in the frequency of three times a day. We analyzed variables of performance (TS: survival rate, PF: weight, BIO: biomass, GPI: individual weight gain, CAR: Apparent feed intake, CAA: feed conversion, TEP: protein efficiency ratio and TCE: specific growth rate) and economic evaluation (COP: partial operating costs, RB: gross revenue, RLP: net partial CI: incidence of costs). The average results were subjected to polynomial regression and analysis of variance and means were compared by Duncan test 5%. After 30 days of experiment, PF, GPI, BIO, CAR, CAA showed linear effect, whereas TCE obtained quadratic function of the feed rate. At 60 days of study, the rate was higher in TS 1.75% compared to 3.25% and 4.00% per day. The CAR effect was linear, whereas PF, GPI, BIO, CAA, PTE and TEC showed quadratic response with better values in the treatments with rates of 3.16%, 3.14%, 2.6%, 2.21 %, 2.28% and 3.12%, respectively. Regarding the economic evaluation, it is noted that the highest COP was observed in treatment with 4.00% biomass per day, while most was found in the RB rate of 1.75% per day. The RLP and IC were better in the treatments with 1.75% and 2.5% of biomass per day. It is concluded that the feeding rates of 1.75% to 2.5%, provided increased performance and economic performance of Nile tilapia in finishing phase system of high water flow.
Keywords: feeding, production costs, feed, Oreochromis niloticus, Supreme
19
1. INTRODUÇÃO
A tilápia é a espécie de pescado mais produzida no Brasil,
representando 39% do total proveniente da piscicultura continental, sendo
encontrada em todo território nacional, exceto na Bacia do Amazonas e
Paraguai, em que seu cultivo é proibido pela legislação ambiental vigente
(MPA, 2010).
O aumento na produção da tilápia se deve às características
relativas à carne, como valor nutricional, textura e paladar, proporcionando uma
boa aceitação do filé, aliado à facilidade no cultivo (SOUZA & MARANHÃO,
2001).
A tilápia, por ser uma espécie onívora (NOGUEIRA, 2003),
resistente ao superpovoamento, às doenças e ao manejo (KUBITZA, 2000;
MUIR et al., 2000), por seu reconhecido valor comercial e gastronômico em
nível mundial (FITZSIMMONS, 2000), apresenta condições favoráveis para o
cultivo em sistema com alto fluxo de água.
O sistema de alto fluxo de água dos tanques permite realizar de uma
a vinte trocas totais por hora, com adequados padrões de qualidade de água e
máxima produção por área (MAEDA et al., 2006). Esse sistema é mais
comumente empregado para a fase de engorda dos peixes apresentando
algumas vantagens como possibilidade de melhor controle alimentar,
visualização direta dos animais, facilidade de desinfecção e limpeza dos
tanques (SILVA et al., 2002).
Nesse sistema de cultivo o único alimento fornecido é a ração, que
deverá atender as exigências nutricionais da espécie, para promover o
crescimento satisfatório durante o cultivo e mantê-la saudável, livre de
parasitas e doenças (NOGUEIRA, 2003). Estudos relacionados à taxa de
alimentação de peixes são importantes para o estabelecimento de valores de
referência para um manejo alimentar adequado a variações do ambiente nas
diversas fases de cultivo de peixes (MEURER et al., 2007).
Os peixes apresentam limites máximos e ideais de taxa de
alimentação. O arraçoamento dos peixes com níveis acima das necessidades
fisiológicas dos animais podem reduzir o crescimento, assim como aumentar os
20
custos de produção pelo desperdício de alimento e pela piora da qualidade da
água (MEURER et al., 2005; SALARO et al., 2008).
Melhores taxas de crescimento favorecem a diminuição do tempo de
utilização das instalações e, conseqüentemente, melhoram o rendimento
econômico da produção, pela possibilidade de realização de maior número de
ciclos produtivos durante o ano (ZUANON et al., 2004).
SILVA et al. (2002) encontraram ótimo desempenho produtivo com
tilápias na fase de engorda, na densidade final de 67,8 Kg/m³. OLIVEIRA
(2010) obteve ao final da fase de engorda biomassa de 63,68 Kg/m³ para a
linhagem Supreme.
A produção comercial de peixes, assim como qualquer outra
atividade agropecuária, tem como objetivo básico obter o maior nível de renda
possível com a melhor eficiência (KUBITZA et al., 2004).
O custo de produção é importante instrumento da administração que
auxilia na comparação do desempenho de diferentes atividades e avaliação
econômica das técnicas empregada. O seu conhecimento detalhado pode ser
ferramenta para adequação de tecnologias frente aos preços de mercado
(SCORVO-FILHO et al., 2008)
A prática da alimentação, nos diferentes sistemas de produção, é
componente que contribui para a definição do custo de produção. Com isso, a
utilização de manejo adequado, o que inclui quantidade e a qualidade do
alimento fornecido pode proporcionar melhores índices econômicos e
produtivos (HISANO & PORTZ, 2007).
Este trabalho foi desenvolvido com o intuito de determinar a taxa de
alimentação que proporcione no melhor desempenho produtivo e econômico da
tilápia do Nilo na fase de terminação em sistema de alto fluxo de água.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Local e animais
O experimento foi conduzido no Setor de Piscicultura do
Departamento de Produção Animal da Escola de Veterinária e Zootecnia da
21
Universidade Federal de Goiás (DPA/EVZ/UFG), no período de março a maio
de 2011, com duração de 60 dias.
Foram utilizados 400 juvenis da tilápia do Nilo (Oreochromis
niloticus) linhagem Supreme, com peso médio de 309,17±12,88 gramas,
distribuídos aleatoriamente em 20 caixas de polietileno adaptadas ao sistema
de alto fluxo de água. A densidade utilizada em cada unidade experimental foi
na proporção de 40 peixes/m³ e cada parcela (caixa) com 20 peixes.
2.2 Delineamento experimental
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente
casualizado, com cinco tratamentos (T1- 1,0% biomassa/dia; T2- 1,75%
biomassa/dia; T3- 2,5% biomassa/dia; T4- 3,25% biomassa/dia; T5- 4,0%
biomassa/dia), quatro repetições, e cada caixa correspondeu a uma unidade
experimental.
2.3 Instalações experimentais
Como unidades experimentais foram utilizadas 20 caixas de
polietileno com capacidade para 1.000 L e, com volume efetivo de 500 L de
água, adequados ao sistema com alto fluxo de água. Foi mantida renovação de
troca de volume total de água nas caixas a cada 30 minutos, com registros e
tubulações. O sistema de drenagem foi instalado de forma a escoar a água do
fundo de cada caixa, o que permitiu o auto sifonamento dos resíduos
depositados. As caixas foram instaladas a céu aberto e, cada caixa,
apresentava tela antipássaros para evitar ataque de predadores.
2.4 Alimentação
Os peixes foram alimentados com ração comercial contendo 32%PB
e granulometria de 4-6 mm, três vezes ao dia, às 8h, 13h e 17 h. O
fornecimento de ração foi realizado com base na porcentagem da biomassa,
por isso, realizaram-se biometrias quinzenais para promover o reajuste da
22
quantidade de ração a ser fornecida aos peixes. Os níveis de garantia da ração
utilizada na pesquisa estão demonstrados na TABELA 1.
TABELA 1- Níveis de garantia para umidade (UM), proteína bruta (PB), matéria
fibrosa (MF), extrato etéreo (EE), matéria mineral (MM), cálcio (Ca)
e fósforo (P), demonstrados pelo fabricante das rações utilizadas
na terminação da tilápia do Nilo em sistema de alto fluxo de água
Ração UM PB MF EE MM Ca P
% Max % Mín % Max % Mín % Max % Max % Mín
32%PB 10 32 3 6 12 3 1 Enriquecimento da ração: ácido fólico (1mg); ácido pantotênico (25mg); biotina (0,3 mg); cobre (4 mg); colina (400 mg); ferro (30 mg); iodo (0,25 mg); lisina (0,08 mg); manganês (7,5 mg); metionina (100 mg); niacina (40 mg); selênio (0,15 mg); vitamina A (5.000 U.I); vitamina B-1 (5 mg); vitamina B-12 (15 mg); vitamina B-2 (10 mg); vitamina B-6 (5 mg); vitamina C (150 mg); vitamina D-3 (600 U.I.); vitamina E (60 mg); vitamina K-3 (4,52 mg) e zinco (40 mg).
2.5 Biometrias
As biometrias foram realizadas no início do experimento e
quinzenalmente até o final, para ajustar a quantidade de ração fornecida aos
peixes, baseando-se na porcentagem da biomassa existente em cada caixa.
Os peixes foram capturados aleatoriamente (10 peixes de cada caixa) e
pesados com balança eletrônica (precisão de 0,1 g).
Os peixes que morreram foram pesados e o valor foi descontado da
biomassa de sua caixa, para posteriormente, adequar a quantidade de ração a
ser fornecida na unidade experimental.
2.6 Análises de qualidade da água
As análises de água das caixas foram realizadas no Setor de
Piscicultura, a temperatura foi aferida diariamente às 8h e 17h com termômetro
de bulbo de mercúrio e quinzenalmente (às 8h) para os parâmetros: pH,
amônia total (ionizada e não ionizada) e tóxica (não ionizada), nitrito e nitrato
utilizando reagentes comerciais padronizados (“kits”) de análise química da
água. O oxigênio dissolvido foi determinado utilizando o oxímetro digital.
23
2.7 Desempenho produtivo
Os peixes e a ração fornecida foram pesados quinzenalmente até o
final do experimento para a realização dos cálculos das seguintes variáveis de
desempenho:
Taxa de sobrevivência – TS (%)=(nº final peixes ÷ nº inicial peixes)x 100;
Peso final – PF (g) = peso individual médio;
Biomassa - BIO (kg) = número de peixes x peso final;
Ganho de peso individual – GPI (g)=peso médio final–peso médio inicial;
Consumo aparente de ração - CAR (kg) = peso total da ração consumida
por unidade;
Conversão alimentar aparente - CAA (g/g) = consumo aparente de ração ÷
ganho de peso;
Taxa de eficiência protéica – TEP (g/g) = ganho de peso da biomassa ÷
consumo de proteína;
Taxa de crescimento específico em peso - TCEp (% ao dia) = [(ln peso
médio final – ln peso médio inicial)÷ período] x 100.
2.8 Avaliação econômica
Na avaliação econômica foi seguida a metodologia proposta por
SILVA et al. (2003), em que se considera apenas o custo operacional parcial
(COP), definido como o valor gasto com ração e peixe, e a receita bruta (RB)
atribuída à venda dos peixes vivos (in natura) no local da produção.
A ração contendo 32% PB foi cotada a R$ 1,20, enquanto que os
peixes foram adquiridos por R$ 2,00/unidade. O custo com os peixes foi obtido
através da multiplicação do preço unitário pela quantidade utilizada por caixa.
O preço de venda dos peixes foi o praticado no comércio atacadista na região
de Goiânia-GO, R$ 6,00/kg PV. Todos esses valores foram aplicados em
relação ao dia do encerramento da fase experimental (18/06/2011).
24
Foram calculados os seguintes parâmetros econômicos:
2.8.1 Custo operacional parcial
COP = [(QR32 x PR32) + (NA x PA)
Em que:
COP = custo operacional parcial;
QR32 = quantidade média de ração 32%PB/tratamento;
PR32 = preço por kg da ração 32% PB;
NA = número inicial de alevinos por tratamento;
PA = preço unitário dos alevinos.
2.8.2 Receita bruta
RB = BT x PP
Em que:
RB = receita bruta;
BT = biomassa total média produzida/tratamento;
PP = preço de venda do kg de peixe.
2.8.3 Incidência de custo
IC = COP ÷ BT
Em que:
IC = incidência de custo, de acordo com SOLIMAN et al. (2000);
COP = custo operacional parcial;
BT = biomassa total média produzida/tratamento.
2.8.4 Receita líquida parcial
RLP = RB – COP
25
Em que:
RLP = receita líquida parcial;
RB = receita bruta;
COP = custo operacional parcial.
2.9 Análises estatísticas
Os resultados do desempenho produtivo foram submetidos à análise
de regressão polinomial em função das taxas de alimentação e de variância, e
as médias foram comparadas pelo teste Duncan (5%).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Qualidade da água
A manutenção da qualidade da água é um fator importante para a
obtenção de bom desenvolvimento e sobrevivência no cultivo de peixes
(SIPAÚBA-TAVARES, 1995). As médias dos parâmetros de qualidade da água
estão demonstradas na TABELA 2.
TABELA 2. Médias da temperatura, oxigênio dissolvido (OD), pH, amônia total
(NH4+ + NH3), amônia não ionizada (NH3) e nitrito (NO2
-) na água
da criação da tilápia do Nilo submetida a diferentes taxas de
alimentação na fase de terminação em sistema de alto fluxo de
água
Variáveis Taxas de Alimentação (%) CV (%)
** 1,0 1,75 2,5 3,25 4,0
Temperatura (°C) 25,0 A 24,8 A 24,8 A 24,7 B 24,3 AB 0,95 OD (mg/L) 4,9 A 5,2 A 4,2 B 5,0 A 4,9 A 6,16
pH 7,0 A 6,8 B 6,7 B 6,7 B 6,7 B 1,26 NH4
+ + NH3 (mg/L) 0,25 B 0,25 B 0,28 B 0,37 B 0,92 A 20,87 NH3 (mg/L) 0,002 B 0,002 B 0,002 B 0,002 B 0,005 A 20,87 NO2
- (mg/L) 0,05 0,05 0,05 0,07 0,08 29,19 CV= coeficiente de variação. Médias seguidas de letras diferentes na linha diferem entre si pelo teste Duncan 5%.
26
Apesar das diferenças observadas entre os tratamentos, todas
essas variáveis se encontram dentro da faixa considerada adequada para a
tilápia (SIPAÚBA-TAVARES, 1995).
O oxigênio dissolvido foi inferior na taxa de alimentação de 2,5% ao
dia, efeito atribuído à ocorrência de elevada da biomassa nesse tratamento em
relação às taxas de 1,0 e 1,75%, apoiando os resultados de algumas pesquisas
(MAEDA et al., 2006; OLIVEIRA et al., 2010).
O pH da água das caixas foi influenciado pelo tratamento, de modo
que, aumentou a taxa de alimentação promoveu redução linear dos valores da
variável (FIGURA 1).
FIGURA 1. Médias do pH da água da criação da tilápia do Nilo,
linhagem Supreme, submetida a diferentes taxas de
alimentação na terminação em sistema de alto fluxo
de água
A amônia ionizada (NH4+) é pouco tóxica aos peixes, contudo a não
ionizada (NH3) apresenta toxicidade letal a muitas espécies. A proporção entre
NH3 e NH4+ é em função do pH e da temperatura da água. Os níveis de amônia
tóxica são mais acentuados em pH acima de 9,0 e os níveis de pH encontrados
no experimento foram inferiores a 7,0, não existindo condições químicas para
obtenção de altas proporções dessa variável (KUBITZA, 2003). Os valores de
amônia tóxica se encontram dentro da faixa considerada adequada para a
27
tilápia (SIPAÚBA-TAVARES, 1995), porém, foi possível perceber que o
aumento da taxa de alimentação resultou em acrésimo linear da amônia tóxica
nas caixas (FIGURA 2).
O nitrito é um produto intermediário da oxidação da amônia a nitrato
em águas naturais (SIPAÚBA-TAVARES, 1995). A concentração de nitrito
tóxico aos peixes está acima de 0,3 mg/L (KUBITZA, 2003) e os valores
encontrados neste experimento variaram entre 0,05 e 0,08 mg/L e foram
semelhantes entre os tratamentos (p>0,05) (FIGURA 2).
O nitrato, o produto final do processo de nitrificação, não foi
detectado nas caixas experimentais e, segundo KUBITZA (2003), a ausência
dessa variável em sistemas de alto fluxo de água é devido à alta troca de água
que inviabiliza a ação das bactérias do gênero Nitrobacter na oxidação do
nitrito a nitrato.
FIGURA 2. Amônia não ionizada nas diferentes taxas de
alimentação fornecidas a tilápia do Nilo, linhagem
Supreme, criadas durante a terminação em sistema
de alto fluxo de água
As tilápias são reconhecidamente espécies de peixes que melhor se
adaptam a diferentes condições de cultivo, bastante tolerantes ao baixo
oxigênio dissolvido, sobrevivem em faixa bastante ampla de acidez, bem como
28
toleram altas concentrações de amônia tóxica, comparadas à maioria dos
peixes cultivados (GRAEFF & PRUNER, 2006).
3.2 Desempenho aos 30 dias de experimento
Na TABELA 3 constam as variáveis de desempenho produtivo obtido
aos 30 dias de experimento na terminação da tilápia do Nilo. A taxa de
sobrevivência não diferiu entre as tratamentos (p>0,05), apoiando os trabalhos
de MARQUES et al. (2004), MEURER et al. (2005), MEURER et al. (2007) e
ARAÚJO-SANTOS (2008) os quais verificaram que a sobrevivência não sofreu
efeito das taxas de alimentação em alevinos de carpa-capim
(Ctenopharyngodon idella), lambari-do-rabo-amarelo (Astyanax bimaculatus),
pós-larvas e adultos da tilápia do Nilo, respectivamente.
TABELA 3. Médias da taxa de sobrevivência (TS), peso final (PF), ganho de
peso individual (GPI), biomassa (BIO), consumo aparente de ração
(CAR), conversão alimentar aparente (CAA), taxa de eficiência
protéica (TEP) e taxa de crescimento específico (TCE) aos 30 dias
de experimento da tilápia do Nilo submetida a diferentes taxas de
alimentação na terminação em sistema de alto fluxo de água
Variável Taxa de Alimentação (%)
CV (%) 1,0 1,75 2,5 3,25 4,0
TS (%) ns 100 100 100 100 100 - PF (g) 1 350,4 C 374,7 BC 401,5 AB 405,9 AB 416,5 A 5,5 GPI (g) 2 40,5 B 62,6 B 89,6 A 101,4 A 103,7 A 21,1 BIO (g) 3 7009 C 7494 BC 8030 AB 8118 AB 8330 A 5,5 CAR (g) 4 1159 E 2199 D 3050 C 3720 B 4524 A 10,9
CAA 5 1,59 1,83 1,73 1,92 2,19 22,7 TEP ns 4,15 3,27 3,42 3,28 2,89 24,6
TCE (%/dia) 6 0,20 B 0,31 B 0,42 A 0,48 A 0,47 A 19,3 CV= coeficiente de variação. Médias seguidas de letras diferentes na linha não diferem entre si pelo teste Duncan 5%.
ns não significativo para análise regressão.
1 Efeito linear: PF (g) = 335,337 + 21,77 taxa; R2 = 0,5787.
2 Efeito linear: GPI (g) = 24,48 + 22,03 taxa; R2 = 0,6769. 3 Efeito linear: BIO (g) = 6707,53 + 435,47 taxa; R2 = 0,5787. 4 Efeito linear: CAR (g) = 180,55 + 1099,95 taxa; R2 = 0,9408. 5 Efeito linear: CAA = 1,4169 + 0,1735 taxa; R2 = 0,1949. 6 Efeito quadrático: TCE (%/dia) = - 0,0357 + 0,2656 taxa – 0,0341 taxa2; R2 = 0,7324.
29
O peso médio aumentou linearmente com a elevação da taxa de
alimentação, apoiando os resultados de alguns autores (MARQUES et al.,
2004; EL-SAIDY & GABER, 2005; OLIVEIRA, 2007; BARBOSA et al., 2011)
que atribuem esse efeito ao bom aproveitamento da quantidade de alimento
que foi fornecido e proporcionando adequado crescimento. Portanto, o
tratamento que proporcionou menor peso médio aos 30 dias foi com a taxa de
alimentação de 1,0% ao dia (p<0,05). Possivelmente, proporcionado pela baixa
alimentação que piora o desempenho (FURUYA, 2007) por causar grande
competição pelo alimento o que pode propiciar a uma sensível variação no
tamanho dos peixes e redução no crescimento (CASTAGNOLLI, 1979).
O tratamento afetou positivamente o ganho de peso individual, de
modo que o aumento da taxa de alimentação acarretou na elevação linear da
variável corroborando com os resultados de outras pesquisas (MARQUES et
al., 2004; MEURER et al., 2005; OLIVEIRA, 2007) avaliando nível de
arraçoamento para alevinos de carpa-capim (Ctenopharyngodon idella), de
lambari-do-rabo-amarelo (Astyanax bimaculatus) e tilápia do Nilo (Oreochromis
niloticus), respectivamente.
O maior ganho de peso foi obtido nos tratamentos com taxas de
2,5%; 3,25% e 4,0% ao dia (p<0,05), o que nos permite inferir que o tratamento
com 2,5% promoveria menor custo como ração e, consequentemente, melhor
receita líquida parcial, portanto, o mais indicado ao considerar essa variável.
A biomassa aos 30 dias de experimento cresceu de forma linear com
o aumento da taxa de alimentação fornecida, apoiando os resultados de
MEURER et al. (2007) que obtiveram o mesmo efeito em pós-larvas da tilápia
do Nilo. Desse modo, o tratamento com 4,0% ao dia, propiciou em maior
biomassa produzida (p<0,05).
O consumo aparente de ração (CAR) aumentou linearmente como o
acréscimo nas taxas de alimentação, sendo que as maiores médias foram
obtidas nos tratamentos com 4,0% ao dia (p<0,05). A quantidade de ração
fornecida, em experimentos avaliando taxa de alimentação, está diretamente
relacionada com a biomassa presente na unidade experimental. Portanto, a
quantidade de ração fornecida na taxa de alimentação de 4,0% ao dia, superou
a de 1,0% ao dia (p<0,05). Para viabilizar essa estratégia alimentar, é
imprescindível que a taxa de alimentação de 4,0% ao dia proporcione ótimo
30
retorno em termos de acréscimo em biomassa, e como consequência, maior
receita bruta, para compensar o alto custo com a ração ofertada. Não foi o que
ocorreu, pois as biomassas em 2,5; 3,25 e 4,0% foram iguais.
A conversão alimentar aparente (CAA) aumentou de forma linear
com elevação nas taxas de alimentação, corroborando com algumas pesquisas
(ZUANON et al., 2004; MEURER et al., 2005) com tricogaster (Trichogaster
trichopterus) e lambari-do-rabo-amarelo (Astyanax bimaculatus),
respectivamente. De acordo com MIHELAKAKIS et al. (2002), o alimento em
excesso tem influência sobre o coeficiente de digestibilidade, pois quando se
tem altas taxas de alimentação, a passagem do alimento pelo intestino pode
ser mais rápida, causando assim menor digestibilidade e absorção,
comprometendo o desempenho dos peixes.
FIGURA 3. Taxa de crescimento específico (TCE) aos 30 dias de
experimento da tilápia do Nilo, linhagem Supreme,
submetida a diferentes taxas de alimentação na
terminação em sistema de alto fluxo de água
A taxa de crescimento específico (TCE) apresentou efeito quadrático
e seu ponto de máxima foi verificado com a taxa de alimentação de 3,89% ao
dia (FIGURA 3), onde propiciou bom aproveitamento da quantidade de ração
fornecida. No entanto, os menores valores da TCE foram obtidos nos
tratamentos com 1,0% e 1,75% ao dia, possivelmente, por não ter oferecido
31
elevado aporte de nutrientes. Segundo ZUANON et al. (2004), melhores taxas
de crescimento favorecem a diminuição do tempo de utilização das instalações
e, consequentemente, melhoram o rendimento econômico da produção, pela
possibilidade de realização de maior número de ciclos produtivos durante o
ano.
3.3 Desempenho aos 60 dias de experimento
Na TABELA 4 constam as variáveis de desempenho produtivo obtido
aos 60 dias de experimento na terminação da tilápia do Nilo. A taxa de
sobrevivência aos 60 dias diferiu entre os tratamentos, sendo que a taxa de
alimentação de 1,75% proporcionou maior sobrevivência em relação às de
3,25% e 4,0% ao dia (p<0,05).
Nos últimos dias de experimento ocorreram mortalidades que
reduziram consideravelmente a população das caixas que receberam os
tratamentos com taxas de 1,0%, 3,25% e 4,0% ao dia. De acordo com
FURUYA (2007), taxas de alimentação excessivamente baixas promovem
grande competição pelo alimento e piora no desempenho. Por outro lado, o
excesso de alimentação conduz a ineficiência do metabolismo digestivo
(CASTAGNOLLI, 1979) e aumenta a perda de nutrientes, proporcionalmente ao
maior oferecimento de alimento, ocasionado pelo acréscimo na biomassa
(SIDDIQUI & AL-HARBI, 1999) ao longo do cultivo.
O peso dos peixes aos 60 dias de experimento apresentou resposta
quadrática, e o ponto de peso máximo (508,25 g) foi obtido com a taxa de
alimentação de 3,16% ao dia (FIGURA 4). De acordo com MARQUES et al.,
(2004) e MEURER et al. (2005), o menor desempenho dos animais submetidos
a elevadas taxas de alimentação pode estar relacionada à sobra de ração, que
perde parte de seus nutrientes, à medida que permanece na água. A ingestão
desse alimento pelos peixes pode resultar em redução do crescimento e
mesmo prejudicar o consumo da ração oferecida em novos tratos.
Outros trabalhos avaliaram a tilápia do Nilo em sistemas intensivos e
foi possível perceber que o peso máximo da presente pesquisa foi inferior ao
valor obtido por OLIVEIRA (2007) utilizando taxa de alimentação de 4,0% ao
dia (610,47 g) em tanques-rede, similar ao verificado por OLIVEIRA (2010)
32
(553,1 g), e superior ao notado por ARAÚJO-SANTOS (2008) em sistema de
alto fluxo de água (447,46 g).
TABELA 4. Médias das taxas de sobrevivência (TS), peso final (PF), ganho de
peso individual (GPI), biomassa (BIO), consumo aparente de ração
(CAR), conversão alimentar aparente (CAA), taxa de eficiência
protéica (TEP) e taxa de crescimento específico (TCE) aos 60 de
experimento da tilápia do Nilo submetida a diferentes taxas de
alimentação na fase de terminação em sistema de alto fluxo de
água
Variável Taxa de Alimentação (%)
CV (%) 1,0 1,75 2,5 3,25 4,0
TS (%) ns 88,8 AB 98,6 A 92,5 AB 81,6 B 80,0 B 11,4 PF (g) 1 380,5 B 465,9 A 497,0 A 497,7 A 494,7 A 7,9 GPI (g) 2 70,5 B 153,8 A 185,1 A 193,3 A 181,9 A 21,6 BIO (g) 3 6703 B 9215 A 9212 A 8074 AB 7899 AB 12,8 CAR (g) 4 2441 D 4927 C 7068 B 8307 B 10451 A 16,6
CAA 5 4,64 AB 1,74 B 2,55 B 4,50 AB 6,18 A 45,9 TEP 6 1,70 B 6,01 A 4,01 AB 2,38 B 1,37 B 60,59
TCE (%/dia) 7 0,33 B 0,66 A 0,78 A 0,82 A 0,76 A 19,01 CV= coeficiente de variação. Médias seguidas de letras diferentes na linha não diferem entre si pelo teste Duncan 5%. ns
não significativo para análise regressão. 1
Efeito quadrático: PF (g) = 245,5 + 166,3 taxa – 26,3 taxa2; R2 = 0,6452. 2 Efeito quadrático: GPI (g) = - 68,74 + 169,9 taxa – 26,98 taxa2; R2 = 0,6944. 3 Efeito quadrático: BIO (g) = 3567 + 4299,8 taxa – 826,6 taxa2; R2 = 0,3727. 4 Efeito linear: CAR (g) = 172,5 + 2586,6 taxa; R2 = 0,8833. 5 Efeito quadrático: CAA = 8,686 – 5,766 taxa + 1,31 taxa2; R2 = 0,4438. 6 Efeito quadrático: TEP = - 2,162 + 5,984 taxa – 1,313 taxa2; R2 = 0,3345. 7 Efeito quadrático: TCE (%/dia) = - 0,214 + 0,671 taxa – 0,1074 taxa2; R2 = 0,7077.
A taxa de alimentação influenciou o crescimento da tilápia do Nilo,
assim como foi notado por MARQUES et al. (2004) MEURER et al. (2005) e
OLIVEIRA (2007), avaliando nível de arraçoamento para tilápias nilóticas
(Oreochromis niloticus), alevinos de carpa-capim (Ctenopharyngodon idella) e
de lambari-do-rabo-amarelo (Astyanax bimaculatus).
33
FIGURA 4. Peso final (PF) aos 60 dias de experimento da tilápia
do Nilo, linhagem Supreme, submetida a diferentes
taxas de alimentação na terminação em sistema de
alto fluxo de água
Os valores de ganho de peso médio, aos 60 dias, para as taxas de
1,75%; 2,50%; 3,25% e 4,00% foram similares (p>0,05) e superiores, diferindo
apenas da taxa de 1,00% ao dia (p<0,05). Este parâmetro apresentou efeito
quadrático, obtendo o valor máximo (198,6 g) com a taxa de alimentação de
3,14% ao dia. O excesso de alimentação pode proporcionar descréscimo no
ganho de peso, certamente porque algumas espécies animais reduzem o
crescimento sob determinada condição de peso (MULLER-FEUGA, 1999).
OLIVEIRA (2007) obteve ganho de peso similar com tilápia do Nilo
utilizando taxas de alimentação de 3,0% da biomassa ao dia, enquanto que
LAGE et al. (2009), perceberam que não houve diferença significativa no ganho
de peso de piracanjubas (Brycon orbignyanus) entre as diferentes taxas de
alimentação testadas.
A taxa de alimentação proporcionou resposta quadrática para a
variável biomassa e ponto de máxima (9.158,8 g) obtida com a taxa de 2,6% ao
dia (FIGURA 5). Isto é corroborado com os resultados de SALARO et al.
(2008), os autores notaram que o aumento na taxa de alimentação de 2 para
4% peso vivo ao dia proporcionou elevação da biomassa de juvenis de trairão
34
(Hoplias lacerdae), mas, o aumento para a taxa de 6% ao dia afetou
negativamente a biomassa.
A taxa de 1,0% apresentou menor biomassa (p<0,05). Os resultados
da biomassa estão diretamente associados à taxa de sobrevivência e ao peso
individual dos peixes. As taxas de alimentação de 1,0%, 1,75% e 2,5% ao dia
proporcionaram as maiores médias de sobrevivência, por outro lado, os
maiores valores para peso individual foram verificados nos tratamentos a partir
de 1,75% ao dia. Portanto, as maiores biomassas foram observadas próximas
às taxas de alimentação de 1,75% e 2,5% ao dia (p<0,05).
FIGURA 5. Biomassa (BIO) aos 60 dias de experimento da tilápia
do Nilo, linhagem Supreme, submetida a diferentes
taxas de alimentação na fase de terminação em
sistema de alto fluxo de água
O consumo aparente de ração (CAR) aumentou linearmente com a
elevação da taxa de alimentação. Por isso, o tratamento com 4,0% ao dia
proporcionou maior consumo aparente de ração (p<0,05).
A conversão alimentar aparente (CAA) apresentou efeito quadrático
em função do tratamento e, a seu valor mínimo (2,34) foi obtido com a taxa de
alimentação de 2,21% ao dia (FIGURA 6). Corroborando com MARQUES et al.
(2004) e ZUANON et al. (2004) constataram que a conversão alimentar piorou
com o aumento das taxas de alimentação fornecidas para carpa capim
35
(Ctenopharyngodon idella) e tricogaster (Trichogaster trichopterus). Segundo
BALDISSEROTTO (2009), o acréscimo da quantidade de alimento disponível,
possivelmente, melhora a CAA até um determinado valor. A partir desse valor,
o peixe pode até ingerir mais alimento, mas piora a CAA e, consequentemente,
promove desperdício de ração.
Isso reforça que o excesso de alimentação reduz a digestibilidade e
eficiência no aproveitamento dos nutrientes (MIHELAKAKIS et al., 2002), o que
compromete o desempenho dos peixes. A taxa de alimentação de 2,5%
proporcionou em maior altura de vilos na porção proximal do intestino da tilápia
deste experimento (Capítulo III), o que acarretou na melhoria da CAA. Alguns
autores (GRAU et al., 1992; BOLELI et al., 2002, MACARI et al., 2002;
FABREGAT, 2006; SILVA et al., 2010) afirmaram que, quanto maior o tamanho
da vilosidade intestinal, maior a superfície de absorção e maior será a
eficiência na utilização dos nutrientes, o que implica em melhor desempenho
dos animais. Portanto, a taxa de alimentação ótima é aquela onde a eficiência
alimentar é maximizada (TESSER & SAMPAIO, 2006).
FIGURA 6. Conversão alimentar aparente (CAA) aos 60 dias de
experimento da tilápia do Nilo, linhagem Supreme,
submetida a diferentes taxas de alimentação na fase
de terminação em sistema de alto fluxo de água
36
A taxa de eficiência protéica (TEP) foi influenciada, com efeito
quadrático, pelos tratamentos em que a maior TEP (4,66) foi obtida com a taxa
de alimentação de 2,28% ao dia. Segundo BALDISSEROTTO (2009), têm-se
considerado que existe uma estreita relação entre a taxa de crescimento e o
gasto energético (acima do nível de manutenção), ou seja, quanto maior a taxa
de crescimento, maior o gasto energéticos, o qual é destinado principalmente
para a síntese de proteínas.
A taxa de crescimento específico (TCE) apresentou resposta
quadrática em função do tratamento, e seu valor máximo (0,834%/dia) foi
obtido com a taxa de alimentação de 3,12% ao dia. De acordo com
BALDISSEROTTO (2009), o aumento da quantidade de alimento disponível
pode aumentar a taxa de crescimento específico até um determinado valor.
Acima desse valor, o peixe pode até ingerir mais alimento, mas sua taxa de
crescimento específico não aumentará. Nesse caso, haverá um desperdício de
alimento, pois é possível obter a mesma taxa de crescimento específico com
uma quantidade menor de alimento.
3.4 Curvas de Crescimento
3.4.1 Peso médio
A taxa de alimentação de manutenção é considerada como a
quantidade de alimento que um peixe deve ingerir para que ele possa manter
as funções corporais sem perda ou ganho de peso (TESSER & SAMPAIO,
2006). As curvas de crescimento para todas as taxas de alimentação avaliadas
apresentaram resposta linear em função da idade em dias (FIGURA 7).
O tratamento com 1,0% ao dia proporcionou o menor peso final,
possivelmente, porque o alimento fornecido não foi suficiente para promover
significativo acréscimo no ganho de peso (BALDISSEROTTO, 2009), no
entanto, esse tratamento está acima da taxa de manutenção porque houve o
crescimento.
A taxa de alimentação de 4,0% ao dia apresentou o maior
crescimento e estabilizou a partir dos 45 dias de experimento. Isso nos permite
37
inferir que a taxa de 4,0% ao dia atende as exigências da espécie até o peso
de aproximadamente 490 g (45 dias do experimento).
Segundo MARQUES et al. (2004) e MEURER et al. (2005), o baixo
desempenho em animais submetidos à altas taxas de alimentação pode estar
relacionada à sobra de ração que perde parte de seus nutrientes à medida que
permanece na água, prejudicando o consumo da ração oferecida em novos
tratos e resultando em diminuição do crescimento.
Equações de regressão referentes aos tratamentos:
1,00% - Peso médio (g) = 312,5 + 1.45 Idade; R² = 0,7855 1,75% - Peso médio (g) = 303,8 + 2,74 Idade; R² = 0,9770 2,50% - Peso médio (g) = 306,5 + 3,03 Idade; R² = 0,9862 3,25% - Peso médio (g) = 301,0 + 3,39 Idade; R² = 0,9900 4,00% - Peso médio (g) = 313,4+ 3,1 Idade; R² = 0,9921
FIGURA 7. Curvas de crescimento em peso final da tilápia do Nilo
submetida a diferentes taxas de alimentação na fase de
terminação em sistema de alto fluxo de água
3.4.2 Biomassa
O estudo das curvas de crescimento animal tem sido ampliado no
sentido de manipulá-los em direção a uma melhoria na eficiência da produção
animal, especialmente em peixes e requer esse tipo de avaliação em diferentes
condições experimentais (SANTOS et al., 2007).
38
A biomassa da tilápia do Nilo obteve efeito linear em função do
período experimental (idade) para as taxas de alimentação de 1,75% e 2,5% ao
dia (FIGURA 8).
Essa resposta pode ser atribuída à ocorrência de maiores taxas de
sobrevivência nesses tratamentos, porém segundo alguns autores (BOLELI et
al., 2002; FABREGAT, 2006; SILVA et al., 2010), o crescimento do animal pode
ser atribuído ao melhor aproveitamento dos nutrientes, consequência da
alteração da superfície de absorção com o aumento da altura dos vilos notada
na porção proximal do intestino, que reflete na redução da conversão alimentar.
Equações de regressão referentes aos tratamentos: 1,00% - Biomassa (g) = 4.924,4 + 130,5 idade – 1,65 idade²; R² = 0,6938. 1,75% - Biomassa (g) = 5.878,6 + 54,5 idade; R² = 0,9956. 2,50% - Biomassa (g) = 6.334,1 + 48,9 idade; R² = 0,9724. 3,25% - Biomassa(g) = 3.764,1 + 238,5 idade – 2,75 idade²; R² = 0,9188 4,00% - Biomassa (g) = 4.367,5 + 214,9 idade – 2,59 idade²; R²=0,9714
FIGURA 8. Curvas de crescimento em biomassa da tilápia do Nilo
submetida a diferentes taxas de alimentação na fase
de terminação em sistema de alto fluxo de água
As taxas de alimentação de 1,0%, 3,25% e 4,0% ao dia,
proporcionaram a variável biomassa resposta quadrática com o aumento do
período experimental.
De acordo com MULLER-FEUGA (1999), o excesso de alimentação
pode proporcionar decréscimo no crescimento sob determinada condição de
39
peso. Porém, na presente pesquisa, a redução dos valores de biomassa no
final do período experimental é justificada pela ocorrência de mortalidade
nesses tratamentos a partir dos 40, 43 e 41 dias de experimento para as taxas
de alimentação de 1,0%, 3,25% e 4,0% ao dia, respectivamente.
3.5 Avaliação econômica
O empresário utiliza a avaliação econômica das técnicas aplicadas
para estabelecer padrões de eficiência na busca de maiores rendimentos e
menores custos (MARTINS & BORBA, 2008). A ração apresenta a maior
importância dentro do custo de produção, MELO et al. (2001) observaram que
os gastos com alimentação corresponde a quase 70% do total do custo de
produção. Na TABELA 5, constam os valores da avaliação econômica.
TABELA 5 Dados médios da biomassa total dos peixes (BT), receita bruta
(RB), custo operacional parcial (COP), receita líquida parcial (RLP)
e incidência de custos (IC) da tilápia do Nilo alimentada com
diferentes taxas de alimentação na fase de terminação em sistema
de alto fluxo de água
Taxas Ração Alevinos BT RB COP RLP IC
Kg R$(a) Unid. R$(b) kg R$ R$(a+b) R$ R$/kg
1,00% 2,441 2,93 20 40 6,703 40,22 42,93 -2,71 6,40 1,75% 4,927 5,91 20 40 9,214 55,29 45,91 9,38 4,98 2,50% 7,067 8,48 20 40 9,211 55,27 48,48 6,78 5,27 3,25% 8,306 9,97 20 40 8,074 48,44 49,97 -1,52 6,19 4,00% 10,451 12,54 20 40 7,898 47,39 52,54 -5,15 6,65
RB = BT x PP (preço de venda do kg de peixe); RLP = RB - COP; IC = COP/BT
Observa-se que as taxas de alimentação superiores apresentaram
maiores valores para custo operacional parcial (COP). Os peixes que
receberam grande quantidade de ração, não necessariamente, apresentaram
maior ganho de peso e, isso refletiu na receita líquida parcial (RLP) e na
incidência de custo (IC). MEURER et al. (2003) recomenda a execução de
manejo alimentar rigoroso, com base em biometrias semanais para o ajuste
preciso das taxas de alimentação, evitando desperdícios do insumo que
representa o maior custo de produção.
40
A RLP foi superior (R$ 9,38) que a observada por ARAÚJO-
SANTOS (2008), trabalhando com diferentes frequências e formas de
fornecimento de ração para a tilápia do Nilo em sistema baseado em altas
trocas de água (R$ 5,58) e, inferior a obtida por OLIVEIRA (2010), avaliando
duas linhagens de tilápia do Nilo em sistema com alto fluxo de água (R$ 67,91),
e SILVA et al. (2003), avaliando densidade de estocagem e de troca de água
em sistema com altas trocas de água (R$ 15,11).
A IC da presente pesquisa (R$ 4,98/kg) foi superior a verificada por
alguns autores (SILVA et al., 2003; ARAÚJO-SANTOS, 2008; OLIVEIRA, 2010)
avaliando a tilápia do Nilo em sistema raceway (R$ 1,54/kg, R$ 1,98/kg e R$
0,99/kg, respectivamente).
Nos tratamentos cujo arraçoamento foi de 3,25% e 4,00%
apresentaram prejuízo, ou seja, a receita bruta (RB) obtida com a venda dos
peixes foi inferior ao custo de produção. Isso ocorreu porque a taxa foi superior
à capacidade de aproveitamento dos nutrientes e acarretou nas mortalidades
nos últimos 15 dias da pesquisa.
Por outro lado, a taxa de 1,00% se mostrou abaixo do nível
adequado para atender as exigências nutricionais da tilápia, proporcionando o
mesmo problema com mortalidade, que influenciou negativamente a receita
bruta, ou seja, as despesas com ração foram superiores a receita com a venda
dos peixes, justamente por apresentar biomassa baixa.
As taxas de alimentação de 1,75% e 2,50% foram as únicas que
apresentaram lucro. No entanto, notamos que a taxa de 1,75% foi a que
proporcionou em melhor retorno econômico, ou seja, maior RLP e menor custo
de produção.
4.CONCLUSÃO
A taxa de alimentação que proporciona melhor desempenho
produtivo para utilizar na fase de terminação da tilápia do Nilo é de 2,5% ao
dia, mas a taxa de 1,75% proporcionou melhor retorno econômico, sendo
portanto, a recomendada.
41
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44
38. SILVA, P. C.; KRONKA, S. N.; SIPAÚBA-TAVARES, L. H.; SOUZA, V. L. Desempenho produtivo da tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus L.) em diferentes densidades e trocas de água em raceway. Acta Scientiarum: Animal Science, Maringá, v.24, n.4, p.935-941, 2002.
39. SILVA, P. C.; KRONKA, S. N.; TAVARES, L. H. S.; SOUSA JUNIOR, R. P.; SOUZA, V. L. Avaliação econômica da produção da tilápia nilótica em tanques com diferentes trocas de água e densidades populacionais no sistema raceway. Acta Scientiarum: Animal Science, v.25, n.1, p.9-13, 2003.
40. SIPAÚBA-TAVARES, L.H. Limnologia aplicada à aqüicultura. Jaboticabal: FUNEP, 1995.
41. SOLIMAN, A. K.; ATWA, A. M. F.; ABAZA, M. A. Partial replacement of fish meal protein with Black seed meal protein, with anda without lisien and methionine supplementation, in diets of Nile Tilapia (Oreochromis niloticus). In: TILAPIA AQUACULTURE – INTERNACIONAL SYMPOSIUM ON TILAPIA AQUACULTURE, 5, 2000, Rio de Janeiro. Proceedings... Rio de Janeiro, RJ, 2000, v.1, p.187-196.
42. SOUZA, M. L. R.; MARANHÃO, T. C. F. Rendimento de carcaça, filé e subprodutos da filetagem da tilápia do Nilo, Oreochromis niloticus (L), em função do peso corporal. Acta Scientiarum: Animal Science, Maringá, v.23, n.4, p.897-901, 2001.
43. TESSER, M. B.; SAMPAIO, L. A. Criação de juvenis de peixe-rei (Odontesthes argentinensis) em diferentes taxas de arraçoamento. Ciência Rural, v.36, n.4, p.1278-1282, jul.-ago., 2006.
44. ZUANON, J. A. S.; ASSANO, M.; FERNANDES, J. B. K. Desempenho de tricogaster (Trichogaster trichopterus) submetido a diferentes níveis de arraçoamento e densidades de estocagem. Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, n.6, p.1639-1645, 2004 (Supl. 1).
45
CAPÍTULO 3. RENDIMENTOS CORPORAIS, COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO
FILÉ, ÍNDICES BIOMÉTRICOS E BIOQUÍMICA SANGUÍNEA
DA TILÁPIA DO NILO SUBMETIDA A DIFERENTES TAXAS
DE ALIMENTAÇÃO NA TERMINAÇÃO EM SISTEMA DE
ALTO FLUXO DE ÁGUA
RESUMO
Este trabalho foi desenvolvido com intuito de comparar rendimento e composição química do filé, índices biométricos, bioquímica sanguínea e histomorfometria de intestino da tilápia do Nilo, linhagem Supreme, submetida a diferentes taxas de alimentação na fase de terminação em sistema de alto fluxo de água. O experimento foi conduzido no Setor de Piscicultura - UFG, no período de março a maio de 2011 (60 dias). Foram utilizados 400 tilápias (309,17±12,88 g), distribuídas aleatoriamente em 20 caixas de 1.000 L na densidade de 40 peixes/m³. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com cinco tratamentos (T1: 1,00%, T2: 1,75%, T3: 2,50%, T4: 3,25%, T5: 4,00% ao dia) e quatro repetições. Os peixes foram alimentados com ração comercial contendo 32%PB na freqüência de três vezes ao dia. Foram analisadas variáveis de rendimentos corporais (RC: proporção de cabeça, RCAR: rendimento de carcaça, RV: proporção de vísceras e RF: rendimento de filé), composição química do filé (MS: matéria seca, PB: proteína bruta, EE: extrato etéreo, CZ: cinzas), índices biométricos (IHS: índice hepatossomático e IGVS: índice de gordura víscerossomática), bioquímica sanguínea (proteína, triglicérides, colesterol e glicose) e histomorfometria de intestino (altura de vilos). As médias dos resultados foram submetidas à análise de variância e as médias comparadas pelo Duncan 5%. A taxa de alimentação de 3,25% e 4,0% proporcionou menor RC, enquanto que a de 2,50% resultou em maior acúmulo de CZ no filé. O IHS foi mais elevado nas taxas de 1,75%, 2,50% e 3,25% ao dia. A proteína obteve menor nível na taxa de 4,00% ao dia, enquanto que os triglicérides e colesterol foram menores nos tratamentos com taxas de 1,00%, 1,75% e 4,00% ao dia. A altura de vilos na porção proximal apresentou maior altura na taxa de alimentação de 2,50%. Conclui-se que a taxa de alimentação de 2,5% propiciou melhores condições fisiológicas, índices biométricos e composição química do filé para a tilápia do Nilo criada na fase de terminação em sistema de alto fluxo de água. Palavras-chave: altura de vilos, bioquímica sanguínea, composição química do filé, Oreochromis niloticus, rendimentos de filé, Supreme
46
CHAPTER 3. MEAT YIELD, FILET CHEMICAL COMPOSITION, BIOMETRIC
AND BIOCHEMICAL BLOOD INDICES FOR NILE TILAPIA
SUBMITTED TO DIFFERENT FEEDING RATES IN THE FINAL
PHASE RAISED IN HIGH WATER FLOW
ABSTRACT
This work was developed with the purpose of comparing yield and composition of the fillet, biometric indices, blood biochemistry and histomorphometry of intestine of Nile tilapia, Supreme strain under different feeding rates in the final phase in a raising system of high water flow. The experiment was conducted at the Division of Fish Culture - UFG, from March to May 2011 (60 days). Were used 400 tilapia (309.17 ± 12.88 g), randomly assigned to 20 boxes of 1,000 L density of 40 fish / m³. The experimental design was completely randomized with five treatments (T1: 1.00%, T2: 1.75%, T3: 2.50%, T4: 3.25% T5: 4.00% per day) and four replications. The fish were fed a commercial diet containing 32% CP in the frequency of three times a day. Variables of bodily income (RC: proportion of head RCAR: carcass yield, RV: proportion of viscera and RF: fillet yield), fillet chemical composition (DM, dry matter, CP: crude protein, EE: extract ethereal, CZ: ash), biometric indexes (HSI: hepatosomatic and IGVS: víscerossomática fat index), blood biochemistry (protein, triglycerides, cholesterol and glucose) and histomorphometry of intestine (villus height). The average results were subjected to analysis of variance and means were compared by Duncan 5%. The feed rate of 3.25% and 4.0% provided less RC, while 2.50% resulted in greater accumulation of CZ in filet. The IHS was highest rates of 1.75%, 2.50% and 3.25% per day. The protein obtained lower rate of 4.00% per day, whereas triglycerides and cholesterol levels were lower in treated rates of 1.00%, 1.75% and 4.00% per day. The villus height in proximal showed greater height at feed rate of 2.50%. It is posible to conclude that the feeding rate of 2.5% provided the best physiological conditions, biometrical and chemical composition of the fillet for Nile tilapia raised in finishing phase system of high water flow.
Keywords: blood biochemistry, chemical composition of the fillet, fillet, supreme, Oreochromis niloticus, villus height.
47
1. INTRODUÇÃO
A tilápia do Nilo, Oreochromis niloticus, apresenta os requisitos
típicos dos peixes preferidos pelo mercado consumidor, ou seja, carne branca
de textura firme, sabor delicado, fácil filetagem, ausência de espinho em “Y” e
de odor desagradável (SOUZA, 2002). No Brasil, a expansão da tilápia tem
sido impulsionada pela demanda de mercado por sua boa aceitação pela
população, quanto ao sabor, valor nutritivo e baixo preço (SIMÕES et al.,
2007).
Além dessas características, essa espécie possui vantagens
relacionadas à criação como facilidade de reprodução e obtenção de alevinos,
aceitação de diversos alimentos, rusticidade quanto a manejo intenso e baixos
níveis de oxigênio dissolvido, e resistência a doenças (KUBITZA & KUBITZA,
2000), além de excelente crescimento em sistemas de criação intensivo como
o baseado em alto fluxo de água, o que desperta o interesse das indústrias em
processar este peixe (SIMÕES et al., 2007).
O sistema de produção baseado nas altas trocas de água e
densidades dos peixes tende a proporcionar maior produtividade por m3, com
custos de produção menores, especialmente em regiões ricas em água com
temperatura elevada (KUBITZA, 2000). Aliada a essas características, o
sistema não gasta recursos com insumos e mão-de-obra para operações de
fertilização e calagem, e utiliza menores quantidades de produtos para
desinfecção, prevenção e tratamento de enfermidades (SILVA et al., 2003).
Segundo FURUYA et al. (2001), para aumentar a produtividade em
sistema de alto fluxo de água, necessita-se da utilização de rações completas e
manejo alimentar racional para evitar deficiências ou desbalanços de
nutrientes.
A taxa de alimentação representa a quantidade de ração fornecida
aos peixes e está diretamente relacionada com ao consumo de ração,
interagindo com outros fatores como idade, densidade, espécies, qualidade e
temperatura da água (LI et al., 2005). Além disso, ela pode afetar a composição
química do filé de peixes, aumentando o conteúdo de lipídeos de acordo com a
elevação da quantidade de alimento fornecida (ARBELÁEZ-ROJAS et al.,
2002; DU et al., 2006 e KIM et al., 2007; RIBEIRO et al., 2011); os índices
48
biométricos, reduzindo o peso do fígado e da gordura visceral sob condições
de baixas taxas alimentares (SOUZA et al., 2002; CHO et al., 2006 e SAITA,
2011); a bioquímica sanguínea com a alteração da glicose, proteína
plasmática, triglicérides e colesterol para suprir a exigência energética através
de glicogenólise e gliconeogênese sob condições de redução alimentar
(CHAGAS et al., 2007; HIBILG, 2010); e a altura dos vilos (ROTTA, 2003);
enfim influenciando o metabolismo energético dos peixes (TOCHER, 2003;
HIBILG, 2010; SAITA, 2011).
O aumento das taxas de alimentação pode promover acréscimo de
lipídeos nas vísceras e no filé dos peixes. O que não é interessante, porque há
uma crescente tendência do consumidor moderno em reduzir o consumo de
gordura animal, além disso, essa gordura favorece a rancificação dos ácidos
graxos presentes no filé durante o armazenamento, confere odores
desagradáveis e diminui o tempo de prateleira do produto (KUBITZA, 2000).
A tilápia parece apresentar limitada capacidade de incorporação de
gordura no filé e, o excesso de gordura ou energia da alimentação é convertido
em gordura visceral. Assim, o excesso de gordura corporal pode fazer o
rendimento de carcaça cair em 2,5 a 4% após o processamento (KUBITZA,
2000).
Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de verificar a influencia
da taxa de arraçoamento sobre os rendimentos corporais, a composição
química do filé, índices biométricos e histomorfometria do intestino da tilápia do
Nilo criada na fase de terminação em sistema de alto fluxo de água.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Local e animais
O experimento foi conduzido no Setor de Piscicultura do
Departamento de Produção Animal da Escola de Veterinária e Zootecnia da
Universidade Federal de Goiás (DPA/EVZ/UFG), no período de março a maio
de 2011, com duração de 60 dias.
49
Foram utilizados 400 juvenis da tilápia do Nilo (Oreochromis
niloticus) linhagem Supreme, com peso médio de 309,17±12,88 gramas,
distribuídos aleatoriamente em 20 caixas de polietileno adaptadas ao sistema
de alto fluxo de água. A densidade utilizada em cada unidade experimental foi
na proporção de 40 peixes/m³ e cada parcela (caixa) tinha 20 peixes.
2.2 Delineamento experimental
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente
casualizado, com cinco tratamentos (T1- 1,0% biomassa/dia; T2- 1,75%
biomassa/dia; T3- 2,5% biomassa/dia; T4- 3,25% biomassa/dia; T5- 4,0%
biomassa/dia), quatro repetições, e cada caixa correspondia a uma unidade
experimental.
2.3 Instalações experimentais
Como unidades experimentais foram utilizadas 20 caixas de
polietileno com capacidade para 1.000L e, com volume efetivo de 500L de
água, adequados ao sistema com alto fluxo de água. Foi mantida renovação de
troca de volume total da água nas caixas a cada 30 minutos, com registros e
tubulações. O sistema de drenagem foi instalado de forma a escoar a água do
fundo de cada caixa, o que permitiu o auto sifonamento dos resíduos
depositados. As caixas foram instaladas a céu aberto e, cada caixa,
apresentava tela antipássaros para evitar ataque de predadores.
2.4 Alimentação
Os peixes foram alimentados com ração comercial contendo 32%PB
e granulometria de 4-6 mm, três vezes ao dia, às 8h, 13h e 17 h. O
fornecimento de ração foi realizado com base na porcentagem da biomassa,
por isso, realizaram-se biometrias quinzenais para promover o reajuste da
quantidade de ração a ser fornecida aos peixes. Os níveis de garantia da ração
CARDUME VB® utilizada na pesquisa estão demonstrados na TABELA 1.
50
TABELA 1- Níveis de garantia para umidade (UM), proteína bruta (PB), matéria
fibrosa (MF), extrato etéreo (EE), matéria mineral (MM), cálcio (Ca)
e fósforo (P), demonstrados pelo fabricante das rações utilizadas
terminação da tilápia do Nilo em sistema de alto fluxo de água
Ração UM PB MF EE MM Ca P
% Max % Mín % Max % Mín % Max % Max % Mín
32%PB 10 32 3 6 12 3 1
Enriquecimento da ração: ácido fólico (1mg); ácido pantotênico (25mg); biotina (0,3 mg); cobre (4 mg); colina (400 mg); ferro (30 mg); iodo (0,25 mg); lisina (0,08 mg); manganês (7,5 mg); metionina (100 mg); niacina (40 mg); selênio (0,15 mg); vitamina A (5.000 U.I); vitamina B-1 (5 mg); vitamina B-12 (15 mg); vitamina B-2 (10 mg); vitamina B-6 (5 mg); vitamina C (150 mg); vitamina D-3 (600 U.I.); vitamina E (60 mg); vitamina K-3 (4,52 mg) e zinco (40 mg).
2.5 Bioquímica sanguínea
Quatro peixes de cada caixa foram utilizados para determinar as
variáveis da bioquímica sanguínea (proteína, triglicérides, colesterol e glicose),
totalizando 16 amostras por tratamento. Os peixes foram capturados (às 8h)
acondicionados em baldes plásticos de 20 L, contendo eugenol (75 mg/L de
água), antes do procedimento de colheita do sangue, e posterior punção da
veia caudal, utilizando seringas descartáveis de 5 mL sem anticoagulantes.
A concentração de glicose sanguínea (mg/dL) foi determinada, logo
após a colheita do sangue, com glicosímetro digital Advantage II (CHAGAS et
al., 2007).
Após a obtenção das amostras, as mesmas foram encaminhadas ao
Laboratório Multiusuário do Programa de Pós-Graduação da Escola de
Veterinária e Zootecnia, do Setor de Medicina Veterinária Preventiva para o
armazenamento e processamento das análises.
Para a determinação quantitativa dos parâmetros bioquímicos foram
utilizadas as frações de soro obtidas por centrifugação das amostras sem o uso
de anticoagulante. As atividades enzimáticas foram determinadas na
temperatura de 37ºC, com a utilização de reagentes comerciais padronizados.
O nível sérico do colesterol (mg/dL) foi determinado pelo método
enzimático colorimétrico, em uma reação catalisada pela colesterol oxidase,
com a utilização do reagente comercial Colesterol Liquiform cat. 76 da
Labtest®, que permitiu quantificar a concentração de colesterol por meio da
51
metodologia enzimática (BERGMEYER, 1984), em que a leitura das amostras
foi efetuada em espectrofotômetro de onda a 500 nm.
A concentração de triglicérides (mg/dL) foi realizada por método
enzimático colorimétrico, em uma reação catalisada pela glicerolfosfato
oxidase, empregando-se o reagente comercial Triglicérides Liquiform cat. 87 da
Labtest®, em que a leitura das amostras foi efetuada em espectrofotômetro de
onda a 505 nm (TRINDER, 1969).
Para a determinação de proteína (mg/dL) utilizou-se o método do
biureto modificado, utilizando-se o reagente comercial Proteína Total cat. 99 da
Labtest®, em que a leitura das amostras foi efetuada em espectrofotômetro de
onda a 545 nm (HENRY et al., 1974).
2.6 Rendimentos corporais
Ao final do período experimental, dois peixes de cada unidade
experimental (representando a média da parcela), foram insensibilizados em
gelo com água clorada, em seguida pesados e sacrificados por demedulação.
A filetagem foi realizada por um único operador, com auxílio de um alicate para
retirada da pele, e de uma faca para o corte do filé. Foram avaliados os
seguintes dados:
Peso da cabeça (g);
Peso das vísceras (g);
Peso da carcarça (sem cabeça, nadadeiras, vísceras e escamas) (g);
Peso do filé (g);
Proporção de cabeça (%) = (peso da cabeça ÷ peso do peixe inteiro) x 100;
Proporção de vísceras (%)=(peso das vísceras÷peso do peixe inteiro)x 100;
Rendimento de carcaça (%) = (peso carcaça ÷ peso do peixe inteiro) x 100;
Rendimento de filé (%) = (peso do filé ÷ peso do peixe inteiro) x 100.
2.7 Índices biométricos
As vísceras dos dois peixes capturados de cada caixa
(representando a média da parcela) foram retiradas e colocadas em potes
52
devidamente identificados, logo em seguida, foram separados (em bandejas
sobre recipiente contendo gelo) o fígado e a gordura presente para serem
pesados. Os valores dos pesos do fígado e da gordura foram utilizados para a
obtenção dos seguintes dados:
Peso do fígado (g);
Peso da gordura visceral (g);
Índice Hepatossomático (%) = (peso do fígado ÷ peso do peixe) x 100
Índice Gordura Víscerossomática (%)=(peso gordura÷peso do peixe)x100
2.8 Composição química do filé
Para as análises da composição química da carne foram utilizados
os filés dos dois peixes coletados de cada caixa (representando a média da
parcela). Em seguida foram pesados, embalados com saco plástico identificado
e congelados. Antes de realizar as análises, as amostras foram moídas,
homogeneizadas fazendo um pool com os filés dos dois peixes de cada caixa
para caracterizar as repetições.
As seguintes variáveis foram determinadas em triplicata: matéria
seca (estufa a 105ºC), proteína bruta (método de Kjeldahl), extrato etéreo
(Soxhlet) e cinzas (mufla a 550ºC) (AOAC, 1984). As análises foram realizadas
no Laboratório de Nutrição Animal do Departamento de Produção Animal da
Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás
(LANA/DPA/EVZ/UFG).
2.9 Histomorfometria de intestino
Os intestinos dos dois peixes capturados de cada caixa foram
retirados e abertos em bandejas sobre recipiente contendo gelo para realizar a
identificação das porções proximal, médio e distal. Em seguida, foi extraído um
fragmento (± 10 mm) de cada porção do intestino (proximal, médio e distal),
totalizando três fragmentos por peixe e, seis fragmentos por caixa. Os
fragmentos foram colocados em placa de isopor e abertos longitudinalmente.
Após coleta das amostras, estas foram processadas de acordo com
a metodologia convencional de LUNA (1968), adotada pelo Laboratório de
53
Patologia da EVZ/UFG, ressaltando, que algumas adaptações de tempo se
fizeram necessário, para obtenção de lâminas bem legíveis.
Após coletadas as amostras foram mergulhadas em solução de
formol tamponado 10%, para que ocorresse a fixação do material. Decorrido
um período de 24 a 36 horas, esse material foi recortado, identificado e
acondicionado nos cassetes (pequenas caixas plásticas individuais). Depois foi
lavado em água de torneira por aproximadamente 10 minutos.
Após esse procedimento foi iniciada a desidratação das peças,
utilizando-se de soluções de álcool 70%, 80% e 90% por 30 minutos em cada
concentração, depois seguiu o processo de desidratação com o álcool absoluto
(álcool 100%), que foi realizada em três vezes com duração de 40 minutos
cada.
Terminada a desidratação iniciou-se o processo de clarificação com
o uso de xilol. Para tal fase as amostras foram mergulhadas na solução de xilol
por duas vezes, sendo que em cada solução o material ficou mergulhado por
30 minutos, depois, transferido para a parafina I e colocado na estufa a 56º por
30 minutos. Decorrido o tempo o material foi, novamente transferido para outro
recipiente com a parafina II por mais 40 minutos, também colocado na estufa a
56º para não ocorrer à solidificação da parafina.
Estes materiais foram incluídos em blocos de parafina histológica
laminada a cinco micrômetros em micrótomo rotativo, utilizando navalhas
descartáveis, e coradas com Hematoxilina e Eosina (HE).
Índices morfométricos do intestino foram determinados utilizando o
software Axion Vision 3.0. As imagens das lâminas foram digitalizadas do
microscópio óptico para o computador, por meio da câmera de vídeo analógica
e placa de captura e, posteriormente, procedeu-se a histomorfometria
quantificada em micra com objetiva 3,2 e zoom de 20. A histomorfometria do
intestino foi realizada de 15 vilos por animal perfazendo um total de 120
medidas por tratamento, mensurando a altura dos vilos.
2.10 Análises estatísticas
Os resultados dos rendimentos corporais, dos índices biométricos,
da composição química do filé e da histomorfometria do intestino foram
54
submetidos à análise de variância. As médias foram comparadas pelo teste de
Duncan (5%).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Bioquímica do sangue
As médias da glicose, colesterol, proteínas, triglicérides e peso
médio das tilápias analisadas, constam na TABELA 2. O peso médio das
tilápias utilizadas para realizar as análises da bioquímica do sangue foram
superiores nas taxas de 2,50% e 4,00% (p<0,05).
A glicose sanguínea não diferiu entre as diferentes taxas de
alimentação fornecidas à tilápia (p>0,05) e, segundo HRUBEC et al. (2000),
permaneceu dentro da faixa considerada adequada para a espécie (30 a 69
mg/dL). Os níveis de glicose, possivelmente, foram mantidos constantes a
custa do glicogênio hepático, o qual diante da solicitação energética é
degradado e distribuído ao corpo pela corrente sanguínea como glicose
(RANZANI-PAIVA & GODINHO, 1988). Alguns autores observaram
semelhança na proporção de glicose avaliando diferentes taxas de alimentação
em Colossoma macropomum (CHAGAS et al., 2007) e Piaractus
mesopotamicus (HILBIG, 2010) mantidos em tanques-rede.
Não foi observada nenhuma alteração (p>0,05) nos níveis de
proteínas entre os tratamentos de 1,00% a 3,25% da biomassa ao dia, mesmo
nos peixes que receberam a menor taxa de alimentação. No entanto, a taxa de
4,00% da biomassa ao dia, apresentou menor média de proteína, fato que não
foi possível explicar, já que a mobilização de proteínas para a manutenção da
glicemia sanguínea através da gliconeogênese ocorre sob condiçõe de
alimentação restrita (JANKOWSKY et al., 1984; HEPHER, 1988 e SHERIDAN
& MOMMSEN, 1991). De acordo com HRUBEC et al. (2000), a proteína
sanguínea encontrada em tilápias saudáveis varia entre 2,9 a 6,6 g/dL,
portanto, as médias encontradas na presente pesquisa estão dentro da faixa
considerada adequada para a espécie. CHAGAS et al. (2007) e HILBIG (2010)
55
perceberam que os valores obtidos para este parâmetro permaneceram
inalterados nas diferentes taxas de alimentação avaliadas.
TABELA 2. Médias da concentração de proteína sérica (PRO), triglicérides
(TRI), colesterol (COL), glicose (GLI) e peso médio da tilápia do
Nilo submetida a diferentes taxas de alimentação na fase de
terminação em sistema de alto fluxo de água
Variáveis 1,00% 1,75% 2,50% 3,25% 4,00% CV (%)
PRO (g/dL) 4,7 A 4,7 A 4,8 A 4,9 A 3,8 B 10,5
TRI (mg/dL) 179,4 B 202,8 B 403,1 A 443,1 A 225,7 B 36,0
COL(mg/dL) 83,6 B 92,4 B 112,6 AB 131,9 A 77,5 B 23,7
GLI (mg/dL) 35,2 A 34,2 A 35,0 A 35,9 A 40,3 A 12,6
Peso (g) 434,0 C 504,5 B 584,7 A 523,7 AB 592,3 A 8,3
CV= coeficiente de variação. Médias seguidas de letras diferentes na linha diferem entre si pelo teste Duncan 5%.
As médias de triglicerídeos foram menores nas taxas de alimentação
de 1,0%; 1,75% e 4,0% (179,4 mg/dL, 202,8 mg/dL e 225,7 mg/dL,
respectivamente). Este efeito pode ser atribuído a mobilização deste parâmetro
para suprir a demanda energética através da oxidação a ácidos graxos livres e
a glicerol que pode ser precursor gliconeogênico (COLLINS & ANDERSON,
1995). Por outro lado, os maiores valores foram verificados nos tratamentos
com 2,5% e 3,25% (403,1 mg/dL e 443,1 mg/dL, respectivamente) da biomassa
ao dia. A elevada concentração de triglicerídeos observada nas taxas de
alimentação intermediárias sugere menor demanda e consequentemente
menor velocidade de aproveitamento pelos tecidos nos peixes bem
alimentados. A síntese de ácidos graxos é favorecida pela disponibilidade dos
substratos, como derivados do metabolismo da glicose, e com isso a síntese de
triglicerídeos, a forma usual de gordura armazenada, é também favorecida
(TAKAHASHI et al., 2011).
Alguns trabalhos (CHAGAS et al., 2007) e (HIBILG, 2010)
apresentaram diferença para os triglicérides entre as taxa de alimentação
fornecidas ao Colossoma macropomum e ao Piaractus mesopotamicus,
respectivamente, em tanques-rede.
56
A determinação de valores médios de colesterol sanguíneo de
tilápias saudáveis tem sido objeto de estudos. As médias de colesterol foram
mais elevado na taxa de 3,25% ao dia (131,88 mg/dL) (p<0,05) e, segundo
HRUBEC et al. (2000), estes valores se encontram dentro da faixa considerada
adequada para a tilápia (110 a 318 mg/dL). HIBILG (2010) verificou
semelhança entre as médias de colesterol nas diferentes taxas de alimentação
avaliadas.
Os peixes têm pouca necessidade de mobilizar energia endógena
quando mantidos em condições normais de cultivo, com fornecimento
adequado de ração (COOK et al., 2000). Por isso, os dados indicam que nas
taxas de alimentação de 1,0% e 1,75% ao dia, os peixes sofreram alterações
no metabolismo dos triglicerídeos e colesterol, possivelmente através da
gliconeogênese, para suprir a demanda energética do organismo.
3.2 Rendimentos corporais
Os dados para rendimentos corporais constam na TABELA 3. No
final do experimento, os peixes amostrados, para avaliação dos pesos e
relações corporais, índices biométricos e histomorfometria de intestino,
apresentaram padrão variando de 23,75 a 25,31 cm, respectivamente (TABELA
3). Não foram verificadas diferenças significativas para essas variáveis entre os
tratamentos (p>0,05).
O peso médio dos animais submetidos ao sacrifício para a
determinação dos rendimentos corporais foi superior na taxa de 4,00% (606,25
g) em relação aos tratamentos com 1,00% (460,25 g) e 1,75% (487,0 g) da
biomassa ao dia (p<0,05).
Alguns trabalhos avaliando taxa de alimentação para tilápia do Nilo
em raceways (ARAÚJO-SANTOS, 2008) e tanques-rede (OLIVEIRA, 2007)
apresentaram pesos vivos superiores aos verificados na presente pesquisa.
O peso das vísceras, carcaça e dos filés foram influenciados pelo
peso do peixe inteiro, o que acarretou em maiores valores nos tratamentos que
receberam maior taxa de alimentação. Segundo SANTOS et al. (2007), tilápias
da linhagem Supreme possui crescimento das partes componentes
proporcional ao aumento do peso corporal entre 150 e 790 g.
57
A maior proporção de cabeça (RC) foi encontrada na taxa de
alimentação de 1,75%, enquanto que os menores valores foram obtidos nos
tratamentos com 3,25% e 4,00% (p<0,05) (FIGURA 3). De acordo com PAULA
(2009) e ALMEIDA (2010), peixes que apresentam rendimento de cabeça
elevado têm menor aproveitamente de filé, o que não foi verificado no presente
trabalho, uma vez que o tratamento que resultou em maior proporção de
cabeça, não apresentou o menor rendimento de filé. O último autor, ao
comparar rendimentos de processamento entre tilápias das linhagens Supreme
e Chitralada, perceberam proporção de cabeça (28,24%) similar a encontrada
no presente experimento (26,39%). No entanto, inferior ao obtido por
OLIVEIRA (2010) que avaliou tilápia linhagem Supreme sob diferentes
densidades em sistema raceway (19,57%).
TABELA 3 Médias do comprimento padrão (CP), peso do peixe inteiro (PI),
peso das vísceras (PV), peso da carcaça (PCAR), peso da cabeça
(PC), peso do filé (PF), proporção de vísceras (RV), proporção de
cabeça (RC), rendimento da carcaça (RCAR) e rendimento de filé
(RF) da tilápia do Nilo submetida a diferentes taxas de alimentação
na fase de terminação em sistema de alto fluxo de água
Variáveis 1,00% 1,75% 2,50% 3,25% 4,00% CV (%)
CP (cm) 23,7 24,6 25,3 24,9 25,2 4,8
PI (g) 460,2 C 487,0 BC 568,7 ABC 592,0 AB 606,2 A 13,2 PV (g) 36,6 B 46,7 AB 55,6 A 55,3 A 59,9 A 22,0 PCAR (g) 230,2 B 267,0 AB 290,7 AB 302,0 A 308,0 A 15,7 PC (g) 115,2 A 128,2 A 141,7 A 135,2 A 142,0 A 12,2 PF (g) 138,2 B 177,1 AB 180,5 AB 188,2 A 190,5 A 17,6
RV (%) 8,0 9,6 9,6 9,3 9,9 14,8 RC (%) 25,1 AB 26,4 A 25,1 AB 22,8 B 23,6 B 6,6 RCAR (%) 50,0 54,8 51,0 51,0 50,7 7,2 RF (%) 30,3 36,4 31,6 31,7 31,3 13,0
CV= coeficiente de variação. Médias seguidas de letras diferentes na linha diferem entre si pelo teste Duncan 5%.
A proporção de vísceras, os rendimentos de carcaça e de filé não
diferiram entre as diferentes taxas de alimentação avaliadas (p>0,05). De
acordo com SANTOS et al. (2007), a porcentagem de vísceras é influenciada
pelo crescimento da tilápia e tem comportamento decrescente com o aumento
do peso na faixa de 150 a 790 g, o que não foi verificado no presente trabalho.
58
Os resultados de rendimento de carcaça são de extrema importância
para as indústrias de pescado, pois traduz de maneira eficiente a parte útil que
deverá ser utilizada no processamento dos animais (SIGNOR et al., 2010).
As médias de rendimento de carcaça não diferiram estatísticamente
entre os tratamentos (p>0,05). Segundo ARAÚJO-SANTOS (2008) e KUBITZA
(2000), maiores rendimentos de carcaça é resultado de menores índices de
gordura víscerossomático (IGVS) (TABELA 4). Na presente pesquisa, tanto o
rendimento de carcaça quanto o IGVS não diferiram significativamente entre as
taxas de alimentação avaliadas (p>0,05). Algumas pesquisas verificaram
médias semelhantes, às observadas neste trabalho, para rendimento de
carcaça das tilápias criadas em raceways (ARAÚJO-SANTOS, 2008) e
tanques-rede (SANTOS et al., 2007). No entanto, OLIVEIRA (2010), avaliando
a linhagem Supreme sob diferentes densidades em sistema raceway, obteve
maior rendimento de carcaça em comparação a presente pesquisa.
FIGURA 1. Proporção de vísceras (RV), proporção de cabeça
(RC) e rendimento de filé (RF) da tilápia do Nilo
submetida a diferentes taxas de alimentação na
terminação em sistema de alto fluxo de água
O rendimento de filé da tilápia depende de fatores diversos, entre
eles a condição corporal, tamanho do peixe, método de filetagem e habilidade
técnica do filetador (KUBITZA, 2000). Apesar de não haver diferença
59
significativa para o rendimento de filé entre os tratamentos (p>0,05) na
presente pesquisa, as médias variaram de 30,3% a 36,4%, e foram próximos
àqueles encontrados por SOUZA & MARANHÃO (2001), SILVA et al. (2002),
PINHEIRO et al. (2006), ARAÚJO-SANTOS (2008) e OLIVEIRA (2010) que
obtiveram valores médios de 36,5%, 34%, 31%, 33,66%, 35,82%
respectivamente.
3.3 Índices biométricos
Os valores médios do peso do fígado, da gordura visceral, do
índice hepatossomático (IHS) e do índice de gordura víscerossomática (IGVS),
estão demonstrados na TABELA 4. A taxa de alimentação de 1,0% da
biomassa ao dia proporcionou em menor média para o índice hepatossomático
(1,63%) (FIGURA 2) (p<0,05), possivelmente, por ter sido insuficiente para
suprir a exigência energética do peixe e provocar a utilização das reservas
hepáticas. De acordo com alguns autores (SAINZ & BENTLEY, 1997; SOUZA
et al., 2002 e SAITA, 2011), durante a redução alimentar pode ser observado
diminuição do tamanho do fígado ocasionado pela redução da quantidade de
energia e proteína, através da glicogenólise e gliconeogênese. ARAÚJO-
SANTOS (2008) obteve maior média para IHS (2,27%) em tilápias alimentadas
com taxa de alimentação de 2% ao dia em sistema raceway.
TABELA 4 Médias do peso do fígado (PFIG), do peso da gordura visceral
(PGV), do índice hepatossomático (IHS) e o índice de gordura
víscerossomática (IGVS) da tilápia do Nilo submetida a diferentes
taxas de alimentação na fase de terminação em sistema de alto
fluxo de água
Variáveis 1,00% 1,75% 2,50% 3,25% 4,00% CV (%)
PFIG (g) 7,6 B 11,8 AB 13,7 A 14,9 A 14,2 A 27,85 PGV (g) 9,5 B 11,5 AB 18,5 AB 20,0 AB 21,8 A 45,26
IHS (%) 1,6 B 2,4 A 2,4 A 2,5 A 2,3 AB 19,79 IGVS (%) 2,1 2,3 3,1 3,4 3,6 36,95 CV= coeficiente de variação. Médias seguidas de letras diferentes na linha diferem entre si pelo teste Duncan 5%.
60
As médias do índice de gordura viscerossomático (IGVS) não
apresentaram diferença (p>0,05) entre as diferentes taxas de alimentação
avaliadas (FIGURA 2). Possivelmente, a menor taxa de alimentação não
proporcionou redução severa das reservas energéticas do fígado ao ponto de
necessitar a mobilização da gordura visceral. Segundo COLLINS &
ANDERSON (1995) e SOUZA et al. (2002), em condições de baixa
alimentação, o lipídeo dos depósitos viscerais é utilizado depois da reserva
energética do fígado.
A média deste índice obtido na taxa de alimentação de 1,75% da
biomassa ao dia (2,34%) está acima do notado em tilápia do Nilo da linhagem
Supreme alimentadas com taxa de 2,00% ao dia (3,40%) em sistema raceway
(ARAÚJO-SANTOS, 2008).
Apesar de não haver diferença significativa entre os tratamentos,
nota-se que o aumento das taxas de alimentação proporciona elevação do
IGVS corroborando com os resultados de CHO et al. (2003).
FIGURA 2. Índice Hepatossomático (IHS) e Índice de Gordura
Víscerossomática (IGVS) da tilápia do Nilo submetida
a diferentes taxas de alimentação na terminação em
sistema de alto fluxo de água
61
3.4 Composição química do filé
As médias da composição química do filé estão demonstradas na
TABELA 5. A matéria seca não diferiu significativamente entre os tratamentos
(p>0,05). SOUZA et al. (2002) afirmam que a utilização dos constituintes do
corpo, associada à redução alimentar, resulta em hidratação do tecido sem
afetar a proporção de proteína e cinzas. Por outro lado, alguns autores
(SHEARER, 1994; DU et al., 2006 e OLIVEIRA, 2007), perceberam diminuição
na umidade muscular à medida que aumentou a taxa de alimentação, pois
houve acréscimo de lipídeos no músculo dos peixes. No entanto, esses efeitos
não foram notados na presente pesquisa.
O valor médio da MS de 21,4% obtido no tratamento com 1,75% ao
dia, foram similares aos obtidos por alguns autores avaliando taxa de
alimentação em tanques rede (OLIVEIRA, 2007) e raceways (ARAÚJO-
SANTOS, 2008 e RIBEIRO et al., 2011).
TABELA 5 Médias composição do filé em matéria seca (MS), proteína bruta
(PB), extrato etéreo (EE) e cinzas (CZ) da tilápia do Nilo submetida
a diferentes taxas de alimentação na fase de terminação em
sistema de alto fluxo de água
Variáveis 1,00% 1,75% 2,50% 3,25% 4,00% CV (%)
MS (%) 23,8 A 21,4 A 24,1 A 21,9 A 21,9 A 7,13 PB (%) 19,9 A 18,5 A 19,9 A 18,5 A 18,7 A 6,99 EE (%) 1,6 A 1,7 A 1,8 A 1,9 A 1,5 A 19,51 CZ (%) 1,4 AB 1,2 AB 1,5 A 1,1 AB 1,3 AB 17,09 CV= coeficiente de variação. Médias seguidas de letras diferentes na linha diferem entre si pelo teste Duncan 5%.
As taxas de alimentação reduzidas e que podem ser consideradas
de manutenção, possivelmente promovem deposição positiva de proteína,
apesar da redução do desempenho do peixe (BUREAU et al., 2006). Este
efeito não foi observado na presente pesquisa, em que o teor de proteína bruta
do filé não apresentou diferença entre os tratamentos (p>0,05), corroborando
com os resultados de OLIVEIRA (2007), avaliando taxas de alimentação para
tilápias do Nilo criadas em tanques-rede.
Na taxa de alimentação de 1,75% ao dia, a proteína verificada foi
maior (18,55%) que a obtida por ARAÚJO-SANTOS (2008), avaliando
62
diferentes frequências e formas de fornecimento de ração em tilápias criadas
em sistema raceway (16,92%), e OLIVEIRA (2010) avaliando desempenho
zootécnico de duas linhagens de tilápia do Nilo sob diferentes densidades de
estocagem em raceway (15,82%). Porém, menor que o obtido por OLIVEIRA
(2007) em tilápias alimentadas com 2,00% ao dia em tanques-rede.
As médias de extrato etéreo (EE) não apresentaram diferença entre
as taxas de alimentação avaliadas (p>0,05). A proporção de EE neste trabalho
está diretamente proporcional à MS, como observado por SOUZA et al. (2002).
De acordo com KUBITZA (2000), a tilápia parece apresentar limitada
capacidade de incorporação de gordura no filé e, comparadas a muitos outros
peixes cultivados, possui filé magro, com 3 a 8% de gordura dependendo do
tamanho do peixe, do sistema de cultivo, da composição da dieta e do manejo
alimentar.
ARAÚJO-SANTOS (2008), alimentando tilápias com taxa de 2,00%
ao dia em sistema raceway, e OLIVEIRA (2010), alimentando a vontade tilápia
da linhagem Supreme, perceberam médias de extrato etéreo (2,58% e 4,72%,
respectivamente) acima do notado na presente pesquisa (1,67%) com tilápias
alimentadas com a taxa de 1,75% ao dia. Por outro lado, OLIVEIRA (2007)
obteve média de EE de 0,696% na taxa de alimentação de 2,0% em tanques-
rede.
A fração de cinzas em peixes de água doce apresenta variações em
quantidades que variam entre 0,90 a 3,39% (CONTRERAS-GUZMÁN, 1994 e
OGAWA & MAIA, 1999). As médias verificadas na presente pesquisa se
encontram dentro da faixa citada pelos autores acima, sendo que a taxa de
alimentação de 2,5% ao dia proporcionou maior média de cinzas no filé das
tilápias em relação aos outros tratamentos (p<0,05). De acordo com
ASSAKAWA et al. (2009), o aumento da porcentagem de cinzas nos filés da
tilápia está associada à redução dos teores de umidade que ocorre, por
exemplo, com o aumento do período de jejum. Alguns autores (OLIVEIRA,
2007; ARAÚJO-SANTOS, 2008; e OLIVEIRA, 2010) obtiveram menores
valores para cinzas no filé de tilápias criadas em tanques-rede e raceway,
respectivamente.
63
3.5 Histomorfometria do intestino
Na TABELA 6 constam as médias da altura de vilos nas porções
proximal, média e distal do intestino médio da tilápia do Nilo. Os valores
mensurados nas porções médio e distal do intestino não diferiram
significativamente entre os tratamentos (p>0,05).
TABELA 6 Médias da altura dos vilos nas porções do intestino médio da tilápia
do Nilo submetida a diferentes taxas de alimentação na fase de
terminação em sistema de alto fluxo de água
Porções 1,00% 1,75% 2,50% 3,25% 4,00% CV (%)
Proximal (µm) 340,7 AB 315,2 AB 398,6 A 349,2 AB 279,4 B 18,3 Médio (µm) 264,6 218,7 294,1 227,2 261,1 A 26,7 Distal (µm) 175,8 164,3 205,9 221,1 201,4 A 34,4 CV= coeficiente de variação. Médias seguidas de letras diferentes na linha diferem entre si pelo teste Duncan.
Alguns autores (GRAU et al., 1992; BOLELI et al., 2002, MACARI et
al., 2002; FABREGAT, 2006; SILVA et al., 2010) afirmaram que, quanto maior
o tamanho da vilosidade intestinal, maior a superfície de absorção e maior será
a eficiência na utilização dos nutrientes, o que implica em melhor desempenho
dos animais. Isso confirma os resultados obtidos, pois as taxas de alimentação
interferiram na altura dos vilos da porção proximal do intestino da tilápia, o que
proporcionou a melhoria da conversão alimentar aparente (capítulo 2).
Na porção proximal do intestino, a maior altura de vilo foi obtida na
taxa de alimentação de 2,50% (398,2 µm) ao dia (FIGURA 4), o que
possivelmente favoreceu a mistura entre alimento, suco hepáticos e
pancreáticos e muco secretado pelas células caliciformes (GRAU et al., 1992),
além de ter proporcionado aumento da área de absorção de nutrientes,
resultante da melhoria da mucosa que permitiu seu desenvolvimento (SOUSA,
2010; CARVALHO et al., 2011; SARA et al., 2011 e BELLO et al., 2012).
Na tilápia, diferentemente de outras espécies teleósteas, o intestino
proximal é importante para a degradação de proteínas, apresentando maior
atividade pinocítica, enquanto o segmento distal está mais relacionado com a
64
absorção lipolítica, devido à presença de vacúolos citoplasmáticos nas células
desta região (GAUGIULO et al., 1998).
As tilápias alimentadas com taxas de 1,00% (340,7 µm) e 1,75% ao
dia (315,2 µm) apresentaram menores alturas de vilo. Segundo ROTTA (2003),
o peixe sob jejum apresenta diminuição das vilosidades, ou seja, na presença
de nutrientes a capacidade absortiva será diretamente proporcional ao
tamanho dos vilos e área de superfície disponível para absorção (MACARI et
al., 2002).
Por outro lado, a taxa de alimentação de 4,0% biomassa ao dia
acarretou em menor altura de vilo na região proximal do intestino médio das
tilápias (279,4 µm). E de acordo com alguns autores (KUBITZA, 2000;
MIHELAKAKIS et al., 2002 e FURUYA, 2007), o alimento em excesso tem
influência sobre o coeficiente de digestibilidade, pois quando se tem altas taxas
de alimentação, a passagem do alimento pelo intestino pode ser mais rápida,
causando assim menor digestibilidade e absorção. Possivelmente, na presente
pesquisa, a maior taxa de alimentação acelerou a passagem do alimento no
intestino, diminuindo a digestão e a absorção de nutrientes, o que prejudicou o
desenvolvimento das vilosidades e o desempenho dos peixes.
Essas médias são superiores às verificadas por CARVALHO et al.
(2011) que avaliaram o efeito de rações suplementadas com probiótico e
prebiótico em tilápia (188,07 ± 81,72µm). No entanto, inferior as obtidas por
SILVA et al. (2010) que avaliaram o efeito da suplementação com L-glutamina
e L-glutamato para a tilápia (407 µm), e SCHWARZ et al. (2010) que avaliaram
a inclusão de mananoligossacarídeo em dietas para juvenis de tilápia do Nilo
(352,76 µm).
4 CONCLUSÃO
A taxa de alimentação que proporciona melhor rendimentos
corporais e melhores condições fisiológicas para utilizar na fase de terminação
da tilápia do Nilo, linhagem Supreme, é de 2,5% da biomassa ao dia.
65
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70
CAPÍTULO 4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Brasil, apesar do imenso potencial para aquicultura, está em 18ª
lugar no ranking mundial de produção de pescado. A piscicultura é uma
atividade que ainda se encontra em expansão no nosso país, havendo grande
demanda por informações sobre as espécies criadas comercialmente.
A tilápia tem destaque na piscicultura brasileira, justamente por ser a
espécie mais produzida e pesquisada. Apesar do grande volume de
informações geradas para criação da tilápia do Nilo, ainda há demanda por
mais dados referentes à alimentação nos diferentes sistemas de produção
utilizados.
A alimentação corresponde a 70% do custo de produção de peixes,
especialmente em sistemas intensivos como de alto fluxo de água, assim,
tecnologias que reduzam esse custo são requeridos pelos piscicultores.
Sabe-se que o fornecimento de ração a vontade pode onerar o custo
de produção e não resultar em melhor desempenho produtivo, refletindo na
lucratividade final. Por isso, estudos sobre a taxa de alimentação têm sido
desenvolvidos com o intuito de atender o requerimento das espécies e
promover o melhor retorno econômico nos diferentes sistemas de produção
utilizados no Brasil, notadamente no sistema de alto fluxo de água.
A alta troca de água verificada nesses sistemas intensivos não
permite o aproveitamento do plâncton, como é verificado nas criações
realizadas em viveiros escavados. Por isso, toda a exigência nutricional da
espécie deverá ser suprida pela quantidade de ração fornecida à espécie.
A quantidade de ração ofertada para os peixes durante a criação é
baseada na biomassa total existente na unidade produtivo e varia entre as
espécies, sistemas de produção utilizados e idade do peixe, dentre outros
fatores. A taxa de alimentação é mais elevada nas fases iniciais da vida do
peixe e reduz gradualmente até atingir peso de abate, quando o animal é
submetido à despesca.
Na presente pesquisa, optou-se por avaliar a taxa de alimentação na
fase de terminação da criação da tilápia do Nilo em sistema de alto fluxo de
água. O melhor desempenho produtivo, como peso final, ganho de peso
71
individual, biomassa, conversão alimentar aparente, taxa de eficiência protéica
e de crescimento específico, foi favorecido para os tratamentos cujas taxas de
alimentação variaram entre 2,2% a 3,16% da biomassa ao dia.
Pôde-se observar que as taxas de alimentação abaixo de 1,75% ou
acima de 3,25% da biomassa ao dia, propiciaram receita líquida parcial
negativa, isto é, prejuízo para o piscicultor.
Nas análises corporais verificou-se que houve mobilização de
reservas energéticas, nas taxas de alimentação abaixo de 2,5% da biomassa
ao dia, para manter a glicemia sanguínea à custa, possivelmente, de estoques
do fígado e das triglicérides e colesterol no sangue da tilápia, sem
comprometer a gordura visceral e os lipídeos do filé.
A altura das vilosidades tem estreita relação com a capacidade
absortiva do intestino das tilápias. Quanto maior for a altura dos vilos, maior
será a superfície de absorção, melhor será a conversão alimentar aparente,
que refletirá no crescimento acarretando no maior retorno econômico. A taxa
de alimentação de 2,5% apresentou maior altura de vilos, o que resultou na
melhoria da conversão alimentar aparente promovendo receita líquida parcial
positiva.
Taxas de alimentação entre 1,75% e 2,5% mantêm a saúde dos
peixes e a qualidade do filé, além disso, promovem melhor desempenho
produtivo e retorno econômico da tilápia do Nilo criada na fase de terminação
em sistema de alto fluxo de água.
Serão necessárias ainda mais pesquisas para determinar a taxa de
alimentação para a tilápia do Nilo em outras fases de desenvolvimento da
espécie. E assim, contribuir para a geração de um pacote tecnológico completo
para a tilápia do Nilo em sistema de alto fluxo de água.