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  • 7/22/2019 TCC Leandro

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

    CENTRO TECNOLGICO

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

    Trabalho de Concluso de Curso

    PROJETOS, ORAMENTO E PLANEJAMENTO

    DE UMA EDIFICAO MULTIFAMILIAR EM

    ALVENARIA ESTRUTURAL CERMICA

    ACADMICO: LEANDRO ORSI DE BORBA

    ORIENTADOR: CRISTINE DO NASCIMENTO MUTTI

    FLORIANPOLIS

    2012

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    LEANDRO ORSI DE BORBA

    PROJETOS, ORAMENTO E PLANEJAMENTO

    DE UMA EDIFICAO MULTIFAMILIAR EM

    ALVENARIA ESTRUTURAL CERMICA

    Trabalho de Concluso de Curso

    submetido Universidade Federal de

    Santa Catarina como requisito parcial

    exigido pelo curso de Graduao em

    Engenharia Civil.

    Orientador: Prof.Cristine do Nascimento Mutti, Ph.D.

    FLORIANPOLIS

    2012

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    PROJETOS, ORAMENTO E PLANEJAMENTO DE

    UMA EDIFICAO MULTIFAMILIAR EM

    ALVENARIA ESTRUTURAL CERMICA

    LEANDRO ORSI DE BORBA

    Este trabalho foi jugado adequado para a obteno do diploma de graduao em

    Engenharia Civil, junto a Universidade Federal de Santa Catarina.

    _______________________________________________________Prof. Cristine do Nascimento Mutti, Ph.D

    OrientadoraUniversidade Federal de Santa Catarina

    _______________________________________________________Prof. Fernanda Fernandes Marchiori, Dr.

    ExaminadoraUniversidade Federal de Santa Catarina

    _______________________________________________________Eng. Daniela Matschulat Ely. MSc.

    Examinadora

    Florianpolis, 2012

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    AGRADECIMENTOS

    Gostaria de agradecer minha famlia por fornecer todos os valores e recursos que me

    proporcionaram chegar at aqui. Por me incentivar e educar a buscar nossos sonhos semprecom muita dedicao, e me fazer acreditar que sempre somos capazes.

    Agradeo aos meus amigos por estarem presentes tanto nos momentos bons quanto

    nos momentos difceis, e que tornaram este perodo de minha vida to divertido.

    Agradeo a minha namorada pela compreenso e incentivo na realizao deste

    trabalho.

    Agradeo aos meus chefes e colegas de trabalho, que me passaram o conhecimento

    prtico para tornar possvel a realizao deste sonho.

    Agradeo a Professora e Orientadora Cristine do Nascimento Mutti, bem como algunsmestres, que sempre me recordarei por serem pessoas que nunca negaram ajuda aos seus

    alunos, justificando o prestgio que o curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de

    Santa Catarina merece.

    Finalmente, agradeo aos componentes da banca examinadora pelas crticas, sugestes

    e contribuies para melhoria deste trabalho.

    E acima de tudo agradeo a Deus, por tantos acontecimentos bons e oportunidades que

    me foram dadas.

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    RESUMO

    O trabalho de concluso de curso apresentado a seguir consiste na realizao de

    projetos, oramento e planejamento fsico e financeiro de uma edificao multifamiliar emalvenaria estrutural cermica, com quatro unidades de moradia, com rea total construda de

    270,65m, para ser executado no municpio de Itaja (SC). Os projetos foram desenvolvidos

    pelo autor do trabalho, sendo estes os projetos arquitetnico, estrutural, hidrossanitrio,

    eltrico e telefnico. Todos seguem as diretrizes normativas e municipais, atendendo s

    peculiaridades impostas pelo sistema construtivo de alvenaria estrutural. Foram detalhados de

    forma a facilitar o processo executivo, prevendo possveis incompatibilidades ou dificuldades

    construtivas. Com base nos projetos foi realizado o levantamento dos quantitativos dos

    servios. O oramento foi feito atravs de planilhas eletrnicas, as composies unitriasforam baseadas na Tabela de Composio de Preos e Oramentos (TCPO) e os preos de

    insumos e mo de obra foram obtidos pelo Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e ndices

    da Construo Civil (SINAPI). O planejamento fsico foi dividido em etapas construtivas,

    seguindo a ordem lgica de construo. As duraes e custos das etapas foram retiradas do

    oramento detalhado, e incorporadas ao planejamento. Por meio do software Microsoft

    Project 2010, com o uso do Diagrama de Gantt, foi possvel fazer uma anlise fsica e

    financeira da execuo. Obtendo-se prazos e custos temporais. Com a realizao dos estudos

    no campo de gerncia do empreendimento, com oramento detalhado e planejamento, o autordo trabalho percebeu a necessidade de compatibilizar e detalhar os projetos, com o intuito de

    diminuir as chances de uma possvel alterao de projeto, a qual poderia comprometer o

    oramento e o planejamento realizado. O resultado obtido para o oramento dos custos diretos

    foi de R$ 243.045,49. O cronograma fsico do empreendimento totalizou 19 meses para a

    concluso do empreendimento. Entretanto chegou-se a concluso que deve ser melhor

    avaliado o escopo da mo-de-obra, que foi definido considerando-se restritos os recursos

    humanos disponveis, o que acarretou no prolongamento do prazo de execuo. Fato este que

    embora facilite o controle e a fiscalizao dos servios, pode acarretar um acrscimo dos

    custos indiretos, como citam alguns autores. Portanto o ideal que est definio das equipes

    de mo-de-obra seja melhor avaliada.

    Palavras-chave: projetos, oramento, planejamento fsico-financeiro, alvenaria

    estrutural cermica.

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    SUMRIO

    LISTA DE FIGURAS ............................................................................................... 7

    LISTA DE TABELAS .............................................................................................. 81 INTRODUO .................................................................................................. 9

    1.1 Consideraes Preliminares ........................................................................ 9

    1.2 Objetivos .................................................................................................... 10

    1.2.1 Objetivos gerais ................................................................................... 10

    1.2.2 Objetivos especficos ............................................................................ 10

    1.3 Estrutura do Trabalho .............................................................................. 10

    2 REVISO BIBLIOGRFICA......................................................................... 11

    2.1 Alvenaria Estrutural ................................................................................. 112.1.1 Histrico da alvenaria estrutural........................................................ 11

    2.1.2 Iniciao Alvenaria estrutural .......................................................... 12

    2.1.3 Alvenaria estrutural cermica, coordenao modular utilizando bloco

    44 cm como elemento principal.................................................................................. 13

    2.1.4 Comparativo tcnico e financeiro entre alvenaria estrutural e

    estrutura de concreto armado e alvenaria de vedao.............................................. 14

    2.2 Projeto ....................................................................................................... 16

    2.2.1 Processo de projeto .............................................................................. 162.2.2 Especificaes Tcnicas ....................................................................... 17

    2.2.3 Memorial Descritivo ............................................................................ 17

    2.2.4 Projeto arquitetnico em alvenaria estrutural................................... 18

    2.3 Oramento ................................................................................................. 18

    2.3.1 Custo direto .......................................................................................... 19

    2.3.2 BDI - Benefcios e despesas indiretas.................................................. 21

    2.3.3 Modos de Oramento........................................................................... 22

    2.4 Planejamento ............................................................................................. 25

    2.4.1 Gerenciamento do escopo do projeto .................................................. 27

    2.4.2 Gerenciamento do tempo do projeto ................................................... 28

    2.4.3 Diagrama PERT/CPM........................................................................ 30

    2.4.4 Cronograma de Gantt......................................................................... 32

    2.4.5 Cronograma fsico-financeiro............................................................. 32

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    2.4.6 Curva S ................................................................................................ 33

    3 METODOLOGIA E RESULTADOS .............................................................. 34

    3.1 Projetos ...................................................................................................... 34

    3.1.1 Arquitetnico ....................................................................................... 34

    3.1.2 Estrutural ............................................................................................. 37

    3.1.3 Hidro-sanitrio .................................................................................... 46

    3.1.4 Eltrico ................................................................................................. 50

    3.1.5 Telefone ................................................................................................ 52

    3.2 Quantitativos ............................................................................................. 52

    3.3 Oramento ................................................................................................. 58

    3.3.1 Verbas .................................................................................................. 59

    3.3.2 Composies unitrias alteradas ......................................................... 603.3.3 Oramento Resumido .......................................................................... 61

    3.4 Influncia do Custo da Mo de obra........................................................ 71

    3.5 Clculo da rea Construda Equivalente e estimativa oramentria com

    o Custo Unitrio Bsico ................................................................................................. 72

    3.5.1 Comparao do oramento real com o Custo Unitrio Bsico.......... 76

    3.6 Planejamento ............................................................................................. 76

    3.6.1 Clculo e dimensionamento dos recursos necessrios........................ 77

    3.6.2 Estrutura Analtica de Projeto (EAP)................................................. 803.6.3 Cronograma integrado de Gantt PERT/CPM................................. 83

    3.6.4 Cronograma fsico-financeiro............................................................. 83

    4 CONCLUSO .................................................................................................. 86

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................... 87

    APNDICE A PROJETO ARQUITETNICO................................................. 91

    APNDICE B PROJETO ESTRUTURAL ........................................................ 92

    APNDICE C PROJETO HIDROSSANITRIO............................................. 93

    APNDICE D PROJETO ELTRICO .............................................................. 94APNDICE E ORAMENTO DISCRIMINADO ............................................. 95

    APNDICE F - CRONOGRAMA DE GANTT:CONTROLE TTICO (MDIO

    PRAZO - SEMANAL) ....................................................................................................... 96

    APNDICE G PLANEJAMENTO FSICO-FINANCEIRO (FLUXO DE

    CAIXA) .............................................................................................................................. 97

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Layout Bsico do Pavimento Superior ...................................................... 36

    Figura 2 - Fachada Frontal ........................................................................................ 38

    Figura 3 - Blocos Cermicos Estruturais e Blocos Canaleta ...................................... 38

    Figura 4 - Exemplo de Elevao das Paredes Estruturais ......... ........... ........... ......... ... 39

    Figura 5 - Seo Estrutural Esquemtica (Sapatas Corridas) ..................................... 41

    Figura 6 - Legenda dos Blocos Estruturais em Planta ......... .......... .......... ......... .......... 42

    Figura 7 - Legenda dos Blocos Estruturais em Elevao ........................................... 43

    Figura 8 - Legenda dos Eletrodutos embutidos em Alvenaria Estrutural ........ ........... . 43

    Figura 9 - Detalhe de Apoio das Lajes Intermedirias ............................................... 44

    Figura 10 - Detalhe de Apoio das Lajes de Cobertura ............................................... 44

    Figura 11 - Espessura Efetiva: Coeficiente . ............................................................ 45

    Figura 12 - Enrijecedores Estruturais adotados para Atenuar Esbeltez ........... ......... ... 46

    Figura 13 - Influncia do Custo da Mo de Obra ......... ........... ......... .......... .......... ...... 71

    Figura 14 - Quadro I da NBR 12721 (ABNT, 2006) ................................................. 75

    Figura 15 - Quadro II da NBR 12721 (ABNT, 2006) ................................................ 75

    Figura 16 - Desembolsos Mensais ............................................................................. 85

    Figura 17 Curva S dos Recursos Financeiros (Desembolsos Acumulados Mensais) 85

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Relao dos blocos estruturais principais das famlias mais utilizadas no

    Brasil ................................................................................................................................... 14Tabela 2 - Caractersticas da edificao .................................................................... 35

    Tabela 3 - Quantitativos para Sapatas Corridas ......................................................... 53

    Tabela 4 - Quantitativos Concreto Armado da Superestrutura .......... ......... .......... ...... 53

    Tabela 5 - Quantitativos da Platibanda e Calha da Cobertura .................................... 53

    Tabela 6 - Quantitativos dos Muros Externos ............................................................ 54

    Tabela 7 - Quantitativo de Blocos Estruturais ........................................................... 54

    Tabela 8 - Quantitativo das Vergas e Contra-Vergas ................................................. 55

    Tabela 9 - Quantitativo dos Pontos de Graute ........................................................... 55

    Tabela 10 Quantitativos dos Acabamentos ............................................................. 57

    Tabela 11 - Diviso do Oramento em Etapas ........................................................... 59

    Tabela 12 - Oramento Resumido ............................................................................. 70

    Tabela 13 - Quadro de reas para Incorporao........................................................ 73

    Tabela 14 - Exemplos de Clculo da Durao das Atividades .................. .......... ....... 78

    Tabela 15 - Estimativa da Durao das Atividades ........... ......... ......... ........... ......... ... 79

    Tabela 16 - Insero de Dados no MS Project 2010 .................................................. 81

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    1 INTRODUO

    1.1 Consideraes Preliminares

    A poltica de desenvolvimento urbano adotada nos ltimos anos pelo governonacional, a fim de reduzir o dficit habitacional brasileiro, resultaram em um intenso

    crescimento da construo civil nos ltimos anos, conforme os dados apresentados pela

    Cmara Brasileira da Indstria da Construo (CBIC). Com o Programa Minha Casa Minha

    Vida, lanado em 2008, acredita-se que houve um grande crescimento na demanda por

    empreendimentos de padro popular, tornando oportuno o mercado da construo civil

    imobiliria de padro popular.

    Inserido neste cenrio, e motivado pelo objetivo de iniciar atividades neste mercado de

    oportunidades, o autor deste trabalho ir analisar o seu primeiro empreendimento antes delan-lo, visto que encontrar um segmento extremamente competitivo, necessitando, desta

    forma, minimizar erros.

    Este forte progresso da indstria da construo civil aparentemente resultou em um

    aumento da competitividade, o que acentua a necessidade das empresas do segmento

    imobilirio procurarem cada vez mais o aperfeioamento das tcnicas de construo, alm de

    uma preocupao maior com sua gerncia, com o intuito de resultar em ganho de qualidade e

    custos menores, assim, produtos competitivos com o lucro desejado.

    Para o presente trabalho, o aperfeioamento tcnico adotado est no processoconstrutivo, em alvenaria estrutural, tcnica que hoje passa novamente por uma ascenso na

    sua utilizao. Visa-se por meio desta tcnica reduzir os custos, aumentar a produtividade, e

    gerar menor quantidade de resduos, como madeiras de formas e rasgos desnecessrios nas

    paredes, atendendo assim o quesito de respeito sustentabilidade, segmento to difundido na

    presente construo civil.

    No campo de gerncia, foi desenvolvido o oramento detalhado e o planejamento

    fsico e financeiro, a fim de reduzir possveis imprevistos do empreendimento. Estes estudos

    foram pautados nos quantitativos de servios obtidos atravs dos projetos, exigindo assim que

    cada etapa do processo construtivo tenha excelncia tcnica para no comprometer o

    investimento de capital.

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    1.2 Objetivos

    1.2.1 Objetivos gerais

    Este trabalho tem como objetivo geral realizar o desenvolvimento dos projetos,

    quantitativos, oramento detalhado e planejamento fsico e financeiro de um empreendimento

    multifamiliar em alvenaria estrutural cermica para ser implementado no municpio de Itaja-

    SC.

    1.2.2 Objetivos especficos

    1. Elaborar o projeto arquitetnico, estrutural, hidrossanitrio, eltrico e

    telefnico para o empreendimento;2. Fazer o oramento detalhado;

    3. Analisar a Influncia do custo da mo de obra;

    4. Comparar o custo unitrio da obra com o Custo Unitrio Bsico (CUB);

    5. Definir a EAP (Estrutura Anlitica de Projeto).

    6. Elaborar e analisar o planejamento atravs de cronograma integrado de Gantt -

    PERT/CPM.

    7. Realizar cronograma fsico-financeiro e anlise de fluxo de caixa.

    1.3 Estrutura do Trabalho

    Este trabalho de concluso encontra-se dividido em quatro captulos: (1) Introduo,

    (2) Reviso Bibliogrfica, (3) Metodologia e Resultados, (4) Concluso.

    O primeiro captulo apresenta uma introduo sobre o assunto, mostrando sua

    importncia e os objetivos gerais e especficos do trabalho. A Reviso Bibliogrfica mostra

    consideraes de autores diversos sobre assuntos pertinentes, dando embasamento para o

    trabalho.Na Metodologia e Resultados, so apresentados os mtodos e as ferramentas

    computacionais utilizadas para chegar aos objetivos relatados no primeiro captulo, e os

    resultados encontrados para cada estudo.

    O quarto captulo analisa os resultados obtidos e expe concluses encontradas pelo

    autor do trabalho.

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    2 REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1 Alvenaria Estrutural

    2.1.1 Histrico da alvenaria estrutural

    Acredita-se que a alvenaria estrutural o sistema construtivo mais antigo que se tem

    conhecimento, e assim como os demais, est em constante evoluo. Ainda nos primrdios, as

    pirmides do Egito e o Coliseu so exemplos das tcnicas utilizadas na poca, basicamente

    empricas, que resultavam em paredes de grande espessura para suportas as cargas

    solicitantes.

    Um exemplo recorrente, citado por Corra & Ramalho (2004), o edifcio Monadnock

    Building, um edifcio comercial construdo nos Estados Unidos em 1889, destaque no

    segmento de alvenaria estrutural pois suas paredes, ao nvel do solo, tinham 1,80m de

    espessura, frente aos rudimentares mtodos executivos e de clculo disponveis na poca.

    Aparentemente no incio do sculo XX, com a evoluo tecnolgica e disseminao da

    tcnica de concreto armado, que permitia construes mais esbeltas e inovadoras, o bloco

    estrutural comeou a cair em desuso, bem como as pesquisas, que voltaram-se quase que

    unicamente para o avano da tcnica de concreto armado, e desta forma a alvenaria era

    utilizada somente como elemento de vedao.Segundo Camacho (2006), em meados do sculo XX a alvenaria estrutural passou a

    ser pesquisada novamente, devido necessidade de novas tcnicas, procurando economia e

    agilidade. Pesquisas realizadas principalmente na Europa e Estados Unidos da Amrica

    possibilitaram a elaborao de normas tcnicas para construo com alvenaria estrutural,

    normas essas que baseavam seus clculos em construes racionalizadas. Hoje, com o avano

    das pesquisas, se tem normas de projetos e execuo que possibilitam construes deste

    segmento de maneira competitiva com as demais tcnicas.

    No Brasil, o emprego da alvenaria estrutural tem incio no perodo colonial, com autilizao de tijolos de barro cru e pedras. No imprio j ocorre uma evoluo, com a

    utilizao de tijolos de barro queimados. Porm, de conhecimento geral que anos mais tarde,

    com a preferncia pela tcnica de concreto armado na Europa, e a vinda da indstria de

    Cimento Portland para o Brasil depois da Primeira Guerra Mundial, a alvenaria estrutural era

    deixada de lado.

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    Sugere-se que por meados da dcada de 60, principalmente em So Paulo, a alvenaria

    estrutural comea a ser utilizada, com base em normas americanas e posteriormente, normas

    inglesas e alems. Porm o sistema ainda era muito pouco abordado no meio tcnico nacional.

    O uso de alvenaria estrutural para habitaes populares e de poucos pavimentos gerou

    um preconceito com esse sistema estrutural no Pas, de acordo com Rosso (1994). Segundo

    Franco (1992), outros fatores contriburam para esse preconceito, como inmeras patologias,

    conseqncia da falta de uma metodologia cientfica que embasasse os aspectos tcnicos para

    esse sistema construtivo.

    Com as pesquisas nas ltimas dcadas, o surgimento de normas tcnicas nacionais

    para clculo e execuo, e a competitividade do mercado imobilirio, possvel apontar uma

    relativa ascenso deste sistema no atual mercado, que tem experimentado um grande impulso,

    como destacou Corra & Ramalho (2004).

    2.1.2 Iniciao Alvenaria estrutural

    O projeto em alvenaria estrutural exige conhecimento do sistema estrutural por parte

    de todos os projetistas. O projeto arquitetnico deve estar de acordo com a modulao da

    famlia de blocos, o projeto eltrico deve ser elaborado para que no ocorra cortes nas paredes

    e o projeto hidrulico tem como premissa no passar tubulaes nas paredes estruturais e

    todos tem que ser compatibilizados com o estrutural.

    A execuo em alvenaria estrutural tambm exige o conhecimento por parte do

    executor, mo de obra qualificada, ferramentas e controle tecnolgico. Assim como qualquer

    outra tipologia de estrutura que se opte utilizar.

    Atualmente h um grande interesse dos construtores por sua agilidade, economia e

    facilidade de execuo. Bussab e Cury (1990) definem a alvenaria estrutural moderna, ou

    seja, industrializada e com produo em grande escala: construes formadas por blocos

    industrializados de diversos materiais, suscetveis de serem projetados para resistirem a

    esforos de compresso nica ou ainda a uma combinao de esforos, ligados entre si pela

    interposio de argamassa e podendo ainda conter armadura envolta em concreto ou

    argamassa no plano horizontal e/ou vertical.

    A alvenaria estrutural, depois de pesquisas e avanos tecnolgicos, pode ser

    empregada em vrios tipos de obras hoje, atingindo uma tima eficincia e rentabilidade.

    O presente trabalho trata-se de um processo construtivo em Alvenaria Estrutural, o que

    definido por CAMACHO (2006):

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    Alvenaria Estrutural No Armada: o processo construtivo em que noselementos estruturais existem somente armaduras com finalidades construtivas,de modo a prevenir problemas patolgicos (fissuras, concentrao de tenses,etc.). (CAMACHO, 2006).

    2.1.3 Alvenaria estrutural cermica, coordenao modular utilizando bloco44 cm como elemento principal

    Segundo Navarini (2010), dados de 2010 apontavam que o componente utilizado em

    maior escala como bloco principal na Alvenaria Estrutural Cermica era o bloco de 14x19x29

    cm. Sua famlia constituda pelos blocos 14x19x14 e 14x19x44 cm, sendo o que possui

    14x19x44 cm necessrio para as amarraes em X e T.

    Este trabalho utiliza o bloco 14x19x44cm como o bloco principal, baseado nos

    resultados apresentados por Navarini (2010). Em sua pesquisa Navarini avaliou a utilizao

    do bloco 14x19x44cm como alternativa para aumentar a produtividade no trabalho de

    assentamento de alvenaria e padronizao dos componentes. Isso pelo fato de que o bloco

    proposto apresenta, entre outras vantagens em relao ao 14x19x29 cm, a possibilidade de ser

    usado em amarraes em forma de L, T e X, e no s nas paredes em forma de L,

    como o caso do bloco 14X19X29 cm. Dessa forma, reduz-se a necessidade de blocos

    complementares.

    Para Heineck (1991), a utilizao de blocos maiores, nas modulaes, pode melhorar a

    produtividade, pois mesmo que haja reduo na velocidade de movimentao dos blocos,

    devido ao aumento do peso, ainda assim a produtividade aumenta. Isso resulta da reduo na

    quantidade de blocos movimentados e no nmero de juntas verticais, acarretando diminuio

    da quantidade de argamassa necessria para preench-las e reduzindo o nmero de operaes

    que o pedreiro realiza para levantar a alvenaria de uma parede.

    Sabe-se que o tamanho da pea no apenas influencia na produtividade, mas tambm o

    treinamento das equipes, adoo de uma modulao adequada, detalhamento dos projetos,

    entre outros. Porm Heineck (1991) afirma que o tamanho do bloco , sem dvida, um fatorimportante na produtividade, porque o aumento do primeiro acarreta aumento do segundo,

    desde que o peso do bloco no seja invivel para o manuseio humano. Em relao a este fator,

    Navarini (2010) partiu do princpio que o peso do bloco cermico de 44 cm de comprimento

    pode ser at mesmo uma vantagem competitiva, pois este pesa aproximadamente 3000g a

    menos que o componente principal da famlia mais utilizada nas modulaes com Alvenaria

    Estrutural de Concreto, o bloco 14x19x39cm, como mostra a Tabela 1.

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    Tabela 1 - Relao dos blocos estruturais principais das famlias mais utilizadas no Brasil

    Bloco (dimenses cm) Material Resistncia Peso Mdio

    14x19x29 Cermica 6 MPA 5900g14x19x44 Cermica 6 MPA 8900g

    14x19x29 Concreto 6 MPA 9700g

    14x19x39 Concreto 6 MPA 12260g

    Segundo Navarini (2010), outra vantagem do bloco 44 cm em relao ao 39 cm que

    para uma amarrao sem cortes ou peas especiais importante que a largura e o

    comprimento da unidade sejam mltiplos, o que reduz a variedade do tipo de peas na

    modulao, condio essa atendida pelo bloco 44 cm j que o mesmo possui 14 cm de largurae 44 cm de comprimento. J o bloco de 39 cm de comprimento possui como largura 14 cm,

    no atendendo a relao matemtica, e com isto, exige uma variedade maior de blocos

    especiais alm de ser comum a necessidade de uso de bolachas para ajustes.

    O estudo de Navarini despertou o interesse de empresas em usar o bloco 44 cm como

    bloco principal em obras no estado de Santa Catarina, tendo as mesmas iniciado obras com

    este componente. Os resultados so muito positivos devido produtividade que o bloco em

    questo est proporcionando as obras onde o mesmo aplicado, j que a dimenso da rea de

    face, bloco 14x19x 44 cm em relao ao bloco 14x19x29 cm 33% maior.

    2.1.4 Comparativo tcnico e financeiro entre alvenaria estrutural eestrutura de concreto armado e alvenaria de vedao

    Voltando ao acirrado mercado imobilirio e a corrente busca por redues de custos.

    Para o presente empreendimento, ao invs de adotar concreto armado, a tcnica construtiva

    mais difundida no Brasil, optou-se pelo uso da tcnica de alvenaria estrutural no armada.

    Seguem abaixo detalhes construtivos pertinentes dos mtodos que podem gerar diferenas decustos. Cabe lembrar que trata-se de uma edificao que respeita o porte e restries

    construtivas que tornam a alvenaria estrutural um mtodo vivel no quesito de economia

    financeira.

    Corra & Ramalho (2004) apresentaram pontos positivos do sistema, como a reduo

    significativa nos revestimentos. Por se utilizar blocos de qualidade controlada e pelo controle

    maior na execuo, principalmente em relao ao prumo, a reduo dos revestimentos muito

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    significativa. Usualmente o revestimento interno feito com uma camada de gesso aplicada

    diretamente sobre a superfcie dos blocos. No caso dos azulejos, eles tambm podem ser

    colados diretamente sobre os blocos.

    Corra & Ramalho (2004) tambm apontam vantagens em relao ao sistema de

    concreto armado, do ponto de vista dos custos. J que esse sistema no utiliza pilares e vigas,

    tem-se uma grande reduo dos custos com madeira para formas, que representam uma

    grande parcela do oramento do empreendimento, pois em grande parte das construes,

    devido falta de aprimoramento das tcnicas construtivas, baixa a reutilizao das formas, o

    que impede a diluio desse custo. Dessa maneira, para edifcios de pequeno porte, o sistema

    de alvenaria estrutural apresenta grande economia em relao aos gastos com madeiras, se

    comparado com o sistema de concreto armado.

    Para Camacho (2006), outra vantagem do sistema de bloco estrutural, ainda em termosde custos, a economia com concreto e com ao, que representam uma grande parcela do

    oramento de uma obra. Segundo o autor a alvenaria estrutural pode apresentar uma

    diminuio de 30% dos custos, em relao s construes convencionais, pela simplificao

    das tcnicas de construo e economia em formas e escoramentos. Outras vantagens so

    apresentadas, como menor diversidade de materiais empregados, reduo da diversidade de

    mo de obra especializada e maior rapidez na execuo.

    A principal desvantagem do sistema, segundo Corra & Ramalho (2004), a restrio

    s reformas, por exemplo. A concepo arquitetnica deve ser bem elaborada e a definiodas paredes estruturais de suma importncia, j que essas no podem ser removidas ou

    modificadas sem que seja realizado um reforo. Desta maneira, as construes de concreto

    armado e alvenaria de vedao possibilitam uma maior liberdade, podendo, ao longo do

    tempo, haver modificao dos ambientes internos, remoo de paredes, adaptaes, de acordo

    as necessidades do proprietrio.

    Em relao ao desenvolvimento sustentvel, de acordo com Corra & Ramalho (2004)

    o sistema de bloco estrutural apresenta vantagens sobre a estrutura de concreto armado. A

    construo com bloco estrutural gera menos resduos e menos desperdcios. O fato dasinstalaes serem inseridas nos blocos vazados, evitando a quebra um grande fator na

    diminuio da gerao de resduos. Por no utilizar formas de madeiras, tambm um fator

    de grande importncia para o meio ambiente.

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    2.2 Projeto

    2.2.1 Processo de projeto

    De acordo com Mattos (2007), no mundo da construo, geralmente o termo projeto

    vem associado ao plano geral de uma edificao ou de outro objeto qualquer, compreendendo

    o conjunto de plantas, sees e elevaes necessrio construo projetos arquitetnicos,

    estruturais, de instalaes eltricas e sanitrias, entre outros.

    O projeto composto por um conjunto de documentos, formalizados em desenhos e

    texto, que descreve a obra, permitindo a contratao e a execuo. Pela complexidade e

    quantidade de informao envolvida, e tambm pela tradicional fragmentao (existem

    diversos projetistas, cada um responsvel por uma parte do projeto), em geral o projeto dividido em documentos grficos (tais como plantas arquitetnicas, estruturais, hidro-

    sanitrias, eltricas, lgicas e outras) e documentos escritos (oramento, memoriais,

    especificaes tcnicas, cronograma, contratos e outros).

    O setor que envolve as atividades de arquitetura, engenharia econstruo um domnio multidisciplinar no qual a colaborao entre os

    participantes de fundamental importncia. A caracterstica multidisciplinar doprojeto requer que diferentes reas do conhecimento sejam representadas naequipe de projeto e o modo como os projetistas interagem crucial para odesempenho do processo, especialmente em relao ao modo como esses agentes

    se comunicam e tomam decises em conjunto. Desta forma, as decises devem sertomadas considerando a interdependncia entre as diversas reas, visando adotar

    solues que satisfaam a todos. Em projetos envolvendo grande complexidade,impreciso e incerteza, ainda mais importante que as decises sejaminterdependentes.

    O gerenciamento do processo de projeto e, mais especificamente, dainformao gerada, fundamental. Um dos aspectos a ressaltar a importnciada coordenao de projetos. Segundo Gonzalez (2008), a coordenao favorece odesenvolvimento dos projetos e a execuo da obra. Essa atividade beneficiadacom o uso de noes de ferramentas especficas para gerenciar o grande nmerode atividades e informaes inerentes aos projetos. (GONZALEZ, 2008).

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    2.2.2 Especificaes Tcnicas

    As especificaes tcnicas descrevem, de forma precisa, completa e

    ordenada, os materiais e os procedimentos de execuo a serem adotados naconstruo. Por exemplo, a forma de execuo da cermica de piso: tipo decermica, marca, tamanho, cor, forma de assentamento, trao da argamassa e

    junta. Tm como finalidade complementar a parte grfica do projeto. So muitoimportantes, pois a quantidade de informaes a serem gerenciadas ao longo deuma obra facilmente provoca confuso, esquecimento ou modificao decritrios, ainda mais se existem vrios profissionais envolvidos. A definio clarada qualidade, tipo e marca dos materiais fundamental, assim como a forma deexecuo dos servios. As partes que compem as Especificaes Tcnicas so:

    generalidades (objetivo, identificao da obra, regime de execuo da obra,fiscalizao, recebimento da obra, modificaes de projeto e classificao dosservios), materiais de construo (insumos utilizados) e discriminao dos

    servios. (FAILLACE, 1988, APUD GONZALEZ 2008).

    2.2.3 Memorial Descritivo

    um tipo de resumo das especificaes tcnicas. Para facilidade deelaborao do mesmo, pode ser separado em tpicos:

    Generalidades - incluem o objetivo, identificao da obra, regimede execuo da obra, fiscalizao, recebimento da obra,modificaes de projeto, classificao dos servios. Havendocaderno de encargos, este englobar quase todos estes aspectos.

    Especificao dos materiais - pode ser escrito de duas formas:

    genrica (aplicvel a qualquer obra) ou especfica (relacionandoapenas os materiais a serem usados na obra em questo). Com ouso de sistemas informatizados, no h dificuldade em usar um ououtro mtodo, pois o sistema pode emitir o relatrio completo ouapenas dos materiais que aparecem na lista gerada no oramento.

    Discriminao dos servios - especifica como devem serexecutados os servios, indicando traos de argamassa, mtodo deassentamento, forma de corte de peas, etc. Tambm podem sercompilados de forma completa ou especfica. (GONZALEZ,2008).

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    2.2.4 Projeto arquitetnico em alvenaria estrutural

    Um empreendimento bem sucedido, principalmente em Alvenaria Estrutural, inicia

    por um projeto adequado. Os projetos arquitetnicos, para a Alvenaria Estrutural, sediferenciam em alguns aspectos em relao aos sistemas tradicionais. Alm das

    condicionantes habituais, Corra & Ramalho (2004) advertem que o projeto, nesse sistema

    construtivo, impe algumas restries, tais como: volumetria, simetria, dimenses mximas

    dos vos e a flexibilidade da planta.

    Quando o sistema construtivo escolhido for o de Alvenaria Estrutural, esta opo deve

    ser adotada desde a fase de ante-projeto, para que se obtenha a total racionalizao do sistema.

    Assim, todas as diferentes possibilidades de planta devem ser estudadas

    pelo arquiteto, o que requer conhecimento dos princpios bsicos do sistema construtivo em

    Alvenaria Estrutural (RAUBER, 2005). Como o objetivo deste trabalho propor diretrizes

    para o uso do bloco 44 cm, como elemento principal em todos os perfis arquitetnicos em que

    se aplica alvenaria estrutural, essas diretrizes devem atender os critrios da Coordenao

    Modular. necessrio o estudo dos princpios bsicos da Alvenaria Estrutural, principalmente

    para analisar se as dimenses dos ambientes se enquadram nas diretrizes tanto da Alvenaria

    Estrutural quanto da Coordenao Modular. Sabbatini (1984) ressalta que o emprego de

    processos construtivos inovadores, sem o domnio da tecnologia apropriada e sem a

    observncia de requisitos mnimos de desempenho, conduz, de maneira geral, a edifcios com

    srios problemas patolgicos.

    2.3 Oramento

    Segundo Gonzalez (2008), na viso tradicional, um oramento uma previso (ou

    estimativa) do custo ou do preo de uma obra. Segundo Tisaka (2006) este preo de venda

    definido da seguinte forma:

    Para o clculo do preo de venda necessrio inicialmente levantartodos os custos diretos envolvidos numa construo civil e depois adicionar umamargem sobre ele de modo a cobrir todos os gastos incidentes.

    Esta margem de remunerao pelos servios a serem executados tradicionalmente chamada pelas iniciais BDI, de Benefcios e Despesas

    Indiretas. Nesta margem esto includos todas as despesas indiretas daadministrao, custos financeiros, taxas, impostos e o lucro. No confundir BDIcom LUCRO, como pode acontecer com pessoas no afeitas a essa terminologiausada na construo civil.

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    Para isso necessrio entender como feita a composio dos preospara a venda de um servio de execuo na construo civil, onde entram nosomente os materiais a serem utilizados, como tambm a mo-de-obra necessriapara a execuo e todas as demais despesas com a administrao, fiscalizao,impostos, taxas, ferramentas e, evidentemente, o lucro esperado pelo prestador

    dos servios. (TISAKA, 2006)

    Segundo Tisaka (2006), num regime competitivo como em que vivemos na

    atualidade, se no tivermos um conhecimento adequado e suficiente na forma de calcular o

    oramento ou os honorrios corremos o risco de darmos preos excessivamente elevados e

    fora da realidade do mercado e, portanto, deixarmos de contratar com o cliente, ou darmos um

    preo insuficiente para cobrir os custos incidentes e ter grandes prejuzos, podendo at

    acarretar o encerramento das atividades.

    O custo total de uma obra est vinculado com a durao da mesma, de

    maneira que seja interessante programar uma obra para o menor tempo possvel,assim diminuem custos como aluguis de equipamentos e mo de obra. Noentanto, o prazo mnimo de uma obra est atrelado disponibilidade mensal derecursos, de maneira que para diminuir o tempo de durao da obra necessita-sedespender mais dinheiro por ms. Dessa forma, uma obra pode ter seu prazolimitado pelo uso de recursos, sejam eles materiais ou financeiros. (TISAKA,2006).

    2.3.1 Custo direto

    A apropriao dos custos diretos corresponde ao primeiro procedimento a ser

    efetuado. Segundo Tisaka (2006), o custo direto o somatrio de todos os custos dos

    materiais, equipamentos auxiliares e mo de obra aplicados diretamente aos servios na

    produo da edificao, ou seja, so todos os custos diretamente envolvidos na produo da

    obra.

    Avila & Jungles (2006) apontam que a experincia tem mostrado que estes custos

    devem se ater aos quantitativos e custos unitrios dos servios efetivamente especificados. Os

    autores recomendam que, mesmo circunscritos realizao de certo contrato, custos

    incorridos com administrao de canteiro, oficinas, alojamento e transporte de pessoal etc.

    sejam definidos como indiretos e considerados no BDI.

    Tal cuidado propicia uma melhor anlise no acompanhamento da evoluo dos custos,

    evita a reincidncia de encargos e mesmo de custos j integrantes do BDI sobre o custo dos

    servios, e permite atribuir, com clareza, responsabilidades sobre os valores realizados.

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    Mattos (2006) orienta que, inicialmente, deve-se realizar o levantamento de

    quantidades (ou quantitativos) dos materiais com base nos projetos, considerando-se as

    dimenses especificadas e suas caractersticas tcnicas.

    Em seguida, deve-se fazer a composio de custos, que, segundo tal autor, implica em

    estabelecer os custos incorridos para a execuo de um servio ou atividade, listando todos os

    insumos que entram na execuo do servio, com suas respectivas quantidades e seus custos

    unitrios e totais. Os custos envolvidos em um servio so tipicamente relativos a materiais,

    mo de obra e equipamentos.

    2.3.1.1 Segundo Avila & Jungles (2006), a composio do custo dos materiais funo direta

    do respectivo consumo unitrio do material por unidade de servio. Mattos (2006) mostra

    que, uma vez identificados os materiais a serem empregados na obra, passa-se coleta de

    preos, que na maioria das vezes, so cotados junto a fornecedores do mercado. Ao preo

    fornecido, devem ser adicionados os custos de frete, carreto, impostos de venda, tarifa de

    importao e qualquer outra taxa que venha a incidir.

    2.3.1.2 De acordo com Mattos (2006), durante a oramentao de um servio, deve-se atribuir

    hora de cada insumo de mo de obra o custo que ele realmente representa para a empresa. O

    custo de um operrio para o empregador no deve ser confundido com o seu salrio-base.Alm dele, o empregador arca com diversos encargos sociais e trabalhistas impostos pela

    legislao e pelas convenes do trabalho, que se somam ao salrio-base ao qual o

    funcionrio faz jus.

    Os encargos sociais e trabalhistas dividem-se em trs nveis:

    Encargos sociais bsicos: INSS, FGTS, Salrio-educao, SESI, SENAI,

    SEBRAE, INCRA, Seguro contra Acidentes de Trabalho, SECONCI;

    Encargos trabalhistas incidentes e reincidentes: frias, repouso semanal

    remunerado, feriados, auxlio-enfermidade, acidente de trabalho, licena

    paternidade, faltas justificadas, 13 salrio;

    Encargos indenizatrios: aviso prvio, multa por resciso do contrato de

    trabalho, indenizao adicional (demisso 30 dias antes do dissdio).

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    2.3.1.3 De acordo com Avila & Jungles (2006), a composio de custos de equipamentos

    complexa e deve considerar, alm da mo de obra e os custos de operao, custos de

    manuteno, reposio, bem como a retribuio do capital investido.Os autores recomendam que ao se comporem os custos de equipamentos, seja

    estabelecido o valor das horas operantes e das horas paradas. Assim, devem ser considerados

    numa composio de custos:

    Depreciao

    Juros para a remunerao do capital investido

    Seguros

    Custos de manuteno e reparos

    Custos de conservao do equipamento rodante: pneus e lagartas

    Custos de operao: combustveis e lubrificantes

    Mo de obra de operao: operadores e auxiliares

    2.3.2 BDI - Benefcios e despesas indiretas

    Conhecido pela sigla BDI a composio do lucro com as despesas que no fazem

    parte dos custos diretos da obra, ou seja, que no se referem mo de obra e materiais.

    Para Tisaka (2006), os custos indiretos se resumem em mo de obra administrativa,

    seus encargos sociais, honorrios da diretoria, despesas de telefone, energia, aluguel, despesas

    com visitas tcnicas, oramento de propostas e contratos, ART e tributos, como o ISS,

    COFINS e PIS.

    Com exceo de obras beneficentes, sem carter lucrativo, todo projeto prev um

    benefcio final, tambm chamado lucro. Segundo Mattos (2006), o lucro estimado pode ser

    alto ou baixo, dependendo de alguns fatores como concorrncia, nvel de detalhamento de

    projeto ou mesmo a necessidade da empresa conquistar espao no mercado.

    Para Tisaka (2006), o benefcio no pode ser conceituado apenas como o lucro

    desejado pelo construtor, pois engloba outras obrigaes e incertezas previsveis e

    imprevisveis.

    A taxa adotada como Benefcio deve ser entendida como uma proviso de onde ser

    retirado o lucro do construtor, aps o desconto de todos os encargos decorrentes de inmeras

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    incertezas que podem ocorrer durante as obras, difceis de serem mensuradas no seu conjunto

    (TISAKA, 2006).

    Aps ter orado os custos da obra, definido o percentual de lucro e identificados todos

    os impostos com suas perspectivas alquotas, o oramentista deve calcular o preo de venda

    da obra, aplicando um percentual (BDI) sobre o custo direto nos itens da planilha (MATTOS,

    2006).

    2.3.3 Modos de Oramento

    O oramento pode ser feito de vrias maneiras, de acordo com a necessidade

    especfica do empreendimento, ou mesmo a disponibilidade de dados por exemplo. Segundo

    Gonzles (2008) o oramento paramtrico o mais indicado para obter uma estimativa rpida,

    com informaes obtidas de um anteprojeto, sem grande detalhamento. Para incorporaes

    em condomnio exigido por lei um registro de informaes em cartrio, seguindo o

    procedimento estabelecido pela norma NBR 1272 (ABNT, 2006). Para um oramento

    completo e detalhado, indicado o oramento discriminado, que contempla uma quantidade

    bem maior de informaes. Para tal, feito um levantamento de quantitativos com base no

    projeto. Para as atividades ainda no definidas, que os projetos ainda no esto completos, os

    custos podem ser obtidos de experincias anteriores.

    2.3.3.1 Avila & Jungles (2006), um oramento aproximado, de grande utilidade para estudos

    de viabilidade ou consultas de clientes. Deve ser estimado pela rea construda, com base em

    composies unitrias, como o CUB (Custo Unitrio Bsico), ou valores obtidos em

    experincias antecedentes.

    de grande importncia, pois permite uma anlise prvia do rendimento do

    empreendimento, avaliando-o e prosseguindo com os estudos, que gerar um maior custo, ou

    descartar o projeto por no apresentar o rendimento desejado.

    2.3.3.2 Exigido por lei, feito de acordo a norma NBR 12721 (ABNT, 2006), que define os

    critrios para oramentos de obras em condomnio. Emprega o CUB para determinar o custo

    da obra, atravs de ponderaes, de acordo com as caractersticas do prdio.

    A NBR 12721 (ABNT, 2006) aplicada, entre outros, em edifcios com unidades

    autnomas dispostas em pavimentos, caso de estudo deste trabalho.

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    A Norma estabelece que sejam preenchidas oito Quadros enumerados de I a VIII,

    que devem ser arquivados no Cartrio de Registro de Imveis, com os projetos aprovados e

    outros documentos pertinentes.

    Os Quadros so preenchidos, definindo as caractersticas do prdio, como dimenses e

    acabamentos, mesmo na fase de anteprojeto.

    O preo da construo deve ser avaliado em dois momentos: antes e depois da

    incorporao. Inicialmente, por no existirem projetos completos e detalhados em grau

    suficiente, aplica-se uma forma aproximada de oramento, realizada atravs dos Quadros I a

    IV da NBR 12721 (ABNT, 2006).

    Antes da incorporao se iniciar, determina-se o custo global da obra, bem como de

    cada unidade autnoma. Este processo realizado atravs dos "custos unitrios bsicos",

    elementos padronizados de custo, calculados mensalmente pelos sindicatos estaduais daconstruo civil (Gonzalez, 2008).

    O CUB a sigla de custo unitrio bsico da construo, que reflete a variao mensal

    dos custos de materiais e mo de obra, atravs de metodologia prpria estabelecida em norma

    brasileira editada pela ABNT - Associao Brasileira de Normas Tcnicas (SINDUSCON).

    De acordo com a legislao em vigor, ada Sindicato da Indstria da Construo Civil

    (SINDUSCON), em sua regio de abrangncia, calcula e divulga este ndice, at o dia 5 de

    cada ms.

    2.3.3.3 Para Gonzalez (2008), o oramento discriminado, tambm chamado de oramento

    detalhado, aquele composto por uma relao de todos os servios a serem executados na

    obra. As atividades podem ser desmembradas em partes menores para um melhor

    detalhamento.

    O oramento feito atravs de um levantamento de quantitativos feito com base nos

    projetos. Para isso, os projetos devem estar finalizados e quanto maior o nvel de detalhe dosprojetos, mais preciso ficar o oramento. Mas, segundo Faillace (1988) e Parga (1995) no se

    pode falar em oramento exato, ou correto: existem muitas variveis, detalhes e problemas

    que provocam erros, e nenhum oramento est livre de incertezas, embora os erros possam ser

    reduzidos, atravs do trabalho cuidadoso e da considerao de detalhes.

    As quantidades a serem executadas so medidas seguindo um determinado conjunto

    de critrios de medio. Os preos unitrios podem ser obtidos em publicaes, tais como a

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    revista Construo e Mercado, da editora Pini, ou pelo SINAPI (Sistema Nacional de

    Pesquisa de Custos e ndices da Construo Civil), que publica mensalmente a pesquisa dos

    custos e ndices da construo civil coordenada pela CAIXA e o Instituto Brasileiro de

    Geografia e Estatstica (IBGE). Porm acredita-se que para se atingir uma maior preciso

    oramentria, seria ideal realizar uma pesquisa local de mercado para os preos. Nas

    composies de custos j esto considerados todos os materiais e equipamentos necessrios,

    bem como a mo de obra, com preos que levam em conta transporte, aluguel, leis sociais e

    outros acrscimos (adaptado, Gonzalez 2008).

    Para maior preciso oramentria, os projetos (arquitetnico, estrutural, eltrico,

    hidrossanitrio, e/ou outros) devem estar elaborados. Com estes projetos em mos, pode-se

    preparar a lista de quantidades e servios a serem executados, de acordo com critrios

    especficos (relacionados diretamente com a composio que calcula o custo unitrio).A soma dos produtos da quantidade de cada servio por seu custo unitrio

    correspondente fornece o custo total direto da obra, basicamente composto pelos custos de

    canteiro. Tambm devem ser consideradas outras despesas, relacionadas direta ou

    indiretamente com a obra (tais como custos administrativos ou financeiros). A taxa de BDI

    (Benefcios e Despesas Indiretas) busca acrescentar o lucro desejado e considerar todas as

    despesas no relacionadas explicitamente no oramento.

    Devido ao alto grau de variabilidade da rea, as tcnicas de controle e gerenciamento

    devem ser extremamente eficazes. Segundo Gonzalez (2008), mesmo que estas composiessejam embasadas na observao da realidade em dado local e momento, no sero

    perfeitamente ajustadas a uma empresa, em particular. O ajuste necessrio deve ser realizado

    atravs da apropriao de custos, que a verificao in loco dos custos efetivos de execuo

    dos servios, com a medio dos materiais e equipamentos empregados e dos tempos

    dedicados pelos operrios a cada tarefa.

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    2.4 Planejamento

    Para Gonzlez (2008) o oramento fundamental para a compreenso das questes

    econmicas e a programao relacionada com a distribuio das atividades no tempo. O

    autor ainda define que o planejamento deve ser feito em trs nveis de detalhamento,

    considerando horizontes de longo, mdio e curto prazo.

    O planejamento de longo prazo mais geral, com baixo grau de detalhamento,

    considerando as grandes definies, tais como o emprego de mo de obra prpria ou

    terceirizada, nvel de mecanizao, organizao do canteiro de obra, prazo de entrega, forma

    de contratao (preo de custo/administrao ou preo fechado/empreitada), e relacionamento

    com o cliente. O plano inicial tem pequeno nvel de detalhamento, em geral indicando macro-

    itens, tais como fundaes, estrutura, alvenaria e assim por diante. Em uma obra de

    dois a trs anos, o plano da obra definido em semestres, por exemplo. Esse nvel utilizado

    para a compreenso da obra e tomada de decises de nvel organizacional (gerncia da

    empresa). Este nvel de planejamento tambm recebe a denominao de estratgico

    (GONZALEZ, 2008).

    No nvel de planejamento de mdio prazo trabalha-se com atividades ou servios a

    serem executados nos quatro a seis meses seguintes. Nesse nvel de planejamento a ateno

    est voltada para a remoo de empecilhos produo, atravs da identificao com

    antecedncia da necessidade de compra de materiais ou contratao de empreiteiros. Este

    nvel de planejamento tambm recebe a denominao de ttico (GONZALEZ, 2008).

    O planejamento de curto prazo visa execuo propriamente dita. Esse planejamento

    desenvolve uma programao para um horizonte de quatro a seis semanas, detalhando as

    atividades a serem executadas. Nesse caso, j h a garantia do fornecimento de materiais e

    mo de obra, bem como o conhecimento do ritmo normal da obra. Este nvel de planejamento

    tambm recebe a denominao de operacional (GONZALEZ, 2008).

    Segundo Guzi (2012), adota-se a ideia de produo protegida contra os efeitos daincerteza, ou seja, as atividades programadas tm grande chance de ocorrerem em condies

    normais.

    Essas atividades devem ser analisadas, coordenadas e gerenciadas para que o resultado

    e as diretrizes para a ao resultem em uma ferramenta para a gesto. O resultado deste

    processo ser um plano de ao, o tal planejamento, que contm a definio antecipada das

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    decises que devero ser tomadas durante o processo produtivo, neste caso, a realizao da

    obra (GUZI, 2012).

    A grande importncia do planejamento est no fato dele servir como instrumento de

    gesto da execuo. Na construo civil, o planejamento uma atividade que envolve grande

    quantidade de variveis e se desenvolve em um ambiente particularmente dinmico e mutvel.

    Segundo Mattos (2010), ao planejar, o gerente dota a obra de uma ferramenta importante para

    priorizar suas aes, acompanhar o andamento dos servios, comparar o estgio da obra com

    a linha de base referencial e tomar providncias em tempo hbil quando algum desvio

    encontrado.

    O sucesso de um empreendimento est diretamente relacionado com um planejamento

    bem elaborado, sendo necessrio buscar informaes e conhecimentos de diversos setores e

    direcion-los para que sejam usados na construo. Gehbauer (2002) afirma que para que aexecuo de uma obra seja economicamente vivel e possa ocorrer sem falhas tcnicas,

    devem ser evitadas improvisaes no canteiro de obras. A partir da anlise dos trabalhos a

    serem realizados e das condies gerais definidas para o empreendimento, podem ser tomadas

    medidas que otimizaro o processo executivo, eliminando perdas consideradas evitveis. Os

    prazos indicados no cronograma e os valores previstos no oramento serviro, nesta etapa,

    como parmetros de controle dos prazos e custos durante a fase de execuo.

    Entretanto, Mattos (2010) adverte que a deficincia do planejamento pode trazer

    consequncias desastrosas para uma obra e, por extenso, para a empresa que a executa. Umdescuido em uma atividade pode acarretar atrasos e escalada de custos, assim como colocar

    em risco o sucesso do empreendimento. Assim, o planejamento passa a ter papel fundamental

    nas empresas, na medida em que tem forte impacto no desempenho da produo. Segundo o

    referido autor, planejar garantir de certa maneira a perpetuidade da empresa pela capacidade

    que os gerentes ganham de dar respostas rpidas e certeiras por meio do monitoramento

    (controle) e do eventual redirecionamento estratgico (realimentao do sistema). E por fim,

    Varalla (2003) afirma ainda que no existe um bom planejamento se no existir o controle.

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    2.4.1 Gerenciamento do escopo do projeto

    De acordo com Mattos (2010), d-se o nome de escopo ao conjunto de componentes

    que perfazem o produto e os resultados esperados do projeto, ou seja, a abrangncia, oalcance do projeto como um todo. Ao se definir o escopo, amarra-se o que ser o objeto do

    planejamento. A tcnica mais recomendvel para a identificao das atividades de um projeto

    a decomposio do escopo sob a forma de Estrutura Analtica de Projeto (EAP).

    Segundo Mattos (2010), em cada passo, coletam-se elementos dos passos anteriores e

    a eles se agrega algo. O trabalho de elaborao progressiva bastante lgico. O autor afirma

    que mesmo para obras que tm feies distintas quanto ao tipo de construo, prazos,

    quantidade de recursos e complexidade, obedecido o mesmo roteiro, cujos passos seriam os

    seguintes:

    a) Definio das atividades

    b) Definio das duraes

    c) Definio da precedncia

    d) Montagem do diagrama de rede

    e) Identificao do caminho crtico

    f) Gerao do cronograma

    2.4.1.1 ()Mattos (2010) afirma que a maneira mais prtica de identificar as atividades que

    integraro o planejamento por meio da elaborao da Estrutura Analtica de Projeto (EAP),

    que consiste em uma estrutura hierrquica, em nveis, mediante a qual se decompe a

    totalidade da obra em pacotes de trabalho progressivamente menores.

    Segundo Gehbauer (2002), com base nesta estruturao, elaborada a lista de

    servios, onde so apontados todos os servios/atividades a serem executados, suas

    respectivas quantidades e unidades de medida. A partir destas informaes, possvel realizar

    o planejamento de prazos e de recursos e obter-se, assim, os parmetros bsicos que irodefinir os demais passos do planejamento da obra.

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    2.4.2 Gerenciamento do tempo do projeto

    De acordo com Pessoa (2008), importante que se defina, ordene e estime o prazo das

    atividades corretamente para que seja possvel, por exemplo, adquirir recursos no momentocerto e por isso evitar desperdcio, e executar atividades dentro do tempo para que no haja

    atraso na entrega dos imveis. A programao dos prazos normalmente realizada com base

    nos dados decorrentes do oramento discriminado e busca-se uma distribuio de recursos

    humanos e financeiros, alm da sequncia tcnica necessria para execuo das atividades do

    empreendimento.

    2.4.2.1 Toda atividade do cronograma precisa ter uma durao associada a ela, estimada em

    horas, dias, semanas ou meses, de acordo com o cronograma.

    Segundo Mattos (2010), a durao de uma tarefa a quantidade de tempo requerida

    para a execuo de uma atividade, e defini-la de extrema importncia, pois constitui o dado

    numrico de tempo em funo do qual o cronograma ser gerado. O autor adverte que

    duraes mal distribudas podem corromper totalmente o planejamento, distorcendo-o e

    tornando-o inexequvel ou sem utilidade prtica.

    Dessa forma, Mattos (2010) ressalta que a durao sempre uma estimativa e por isso

    est sujeita a uma margem de erro, que pode ser menor para as atividades repetitivas,costumeiras e bem conhecidas, ou maior para os servios novos ou para os quais o construtor

    no dispe de dados histricos para se pautar. Portanto, diante da incerteza que cerca as

    atividades, necessrio no somente planejar, mas tambm controlar a fim de avaliar as

    eventuais discrepncias e poder ajustar o cronograma para o restante do projeto.

    De acordo com Guzi (2012), as principais fontes para estimar a durao de uma

    atividade so:

    Opinio especializada de pessoas que participaram de projetos semelhantes;

    Informaes histricas de projetos similares desenvolvidos anteriormente(estimativa anloga);

    Padres e ndices de produtividade definidos atravs de estudos de massa de

    produto (estimativa paramtrica).

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    2.4.2.2 Uma vez identificadas as atividades e contemplada a totalidade do escopo do projeto,

    deve ser estabelecida a lgica que coordena essas atividades. A sequncia lgica das

    atividades do projeto recebe o nome de precedncia. Mattos (2010) afirma que a definio dasduraes e o estabelecimento da interdependncia entre as atividades so os pontos-chave do

    planejamento.

    Segundo o referido autor, embora vrias atividades possam ocorrer concorrentemente,

    relaes de interdependncia podem ser estabelecidas, formando-se cadeias que, em seu

    aspecto visual global, produziro uma malha de atividades. Na montagem do planejamento, o

    importante identificar bem as predecessoras de cada atividade, que so aquelas cuja

    concluso deve necessariamente ocorrer para que a atividade em questo possa comear,

    criando uma dependncia imediata ou direta. A dependncia entre duas atividades podem

    acontecer das seguintes formas:

    Trmino-Incio (TI):

    Mattos (2010) explica que este tipo de dependncia ocorre sempre ao considerarmos

    que uma atividade s pode comear quando sua predecessora terminar. Este tipo de vnculo

    entre duas atividades A e B impe que, para que B comece, A deve ser totalmente concluda

    o trmino de A condio necessria para o incio de B. Entretanto, a dependncia TI nem

    sempre reflete o tipo de lgica que se quer imprimir rede, exemplo o vnculo entre as

    atividades concretagem e desfrma apesar de aquela ser predecessora desta, deve existir

    uma defasagem (tempo de espera) entre ambas, j que no se pode remover as frmas antes

    do concreto atingir a resistncia adequada.

    Incio-Incio (II):

    Segundo Mattos (2010) este tipo de dependncia acontece quando uma atividade no

    precisa que sua predecessora esteja 100% (cem por cento) concluda, ou seja, B pode comear

    sem que A esteja concluda, havendo uma sobreposio entre ambas um exemplo a

    instalao hidrulica (A) e instalao eltrica (B) que podem ser iniciadas juntas (II).

    Trmino-Trmino (TT):

    Mattos (2010) explica que este tipo de dependncia ocorre quando se estipula que o

    trmino de uma atividade est vinculado ao trmino de sua predecessora, ou seja, o fim de B

    depende do fim de A.

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    2.4.3 Diagrama PERT/CPM

    Segundo Avila & Jungles (2009), o mtodo PERT (Program Evaluation and Review

    Technique) foi desenvolvido na dcada de 1950-60, pela empresa de consultoria Booz, Allen& Hamilton durante a disputa entre os EEUU e a extinta URSS pela hegemonia militar,

    chamada de corrida armamentista, para planejar e controlar o programa de construo dos

    submarinos nucleares Polaris e dos avies bombardeiros estratgicos de longo alcance,

    desenvolvido pela marinha americana.

    Nesta mesma poca, por demanda da Lockheed Aircraft Corporation, empresa

    envolvida com a realizao do projeto dos avies bombardeiros estratgicos e, tambm, com o

    programa aeroespacial da NASA, as empresas Dupont e UNIVAC desenvolveram o mtodo

    CPM (Critical Path Method) visando cumprir os contratos firmados com o governo dos

    EEUU (AVILA & JUNGLES ,2009).

    Como os procedimentos operacionais de montagem de redes propostos para os dois

    mtodos se mostraram semelhantes, ocorrendo diferena apenas no estabelecimento da

    durao do atributo tempo das atividades, atualmente ambos os mtodos esto abrigados sob a

    denominao: PERT/CPM. Entretanto, no mtodo PERT, a durao das atividades

    determinada de forma probabilstica. E no CPM, de forma determinstica.

    De acordo com os referidos autores, o PERT/CPM uma metodologia recomendada

    para ser aplicada no processo de gesto de projetos, dada a facilidade em integrar e

    correlacionar adequadamente as atividades de planejamento, coordenao e controle. Alm

    disso, distribui as atividades a serem realizadas em rede, com o incio e final de cada uma

    delas devidamente definidos, bem como a lgica de execuo segundo a tecnologia adotada.

    Permite, ainda, definir as datas de mobilizao de recursos financeiros, humanos e

    equipamentos, a durao da utilizao desses recursos, bem como as datas de sua

    desmobilizao.

    2.4.3.1 A durao total da obra, segundo Mattos (2010), no simplesmente a soma das

    duraes de todas as atividades, uma vez que h paralelismo entre elas. Mattos (2010) define

    caminho crtico como sendo a sequncia de atividades que concorrem para a determinao da

    durao total de um projeto e que define o prazo total da rede.

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    Antes desse prazo, o projeto no pode ser concludo. Um atraso neste caminho

    fatalmente significa um atraso no prazo de concluso, ou seja, so atividades que no tm

    flexibilidade temporal (folga).

    Outra concluso que se chega que somente redues nas duraes destas atividades

    implicam em reduo no prazo total do projeto. As atividades no crticas possuem alguma

    margem de tempo, chamadas folgas, e, portanto, podem ser retardadas at o tempo mais tarde

    daquele evento sem que acarrete atraso no projeto. Entretanto, Mattos (2010) ressalta que

    algumas dessas medidas envolvem acrscimo no custo da obra. O benefcio desse aumento de

    custo em troca da reduo do prazo pode ser avaliado pelo gerente. Uma vantagem de reduzir

    o prazo de um projeto a reduo dos custos indiretos da obra.

    Aps a determinao do caminho crtico e das folgas, os eventos dos caminhos no-

    crticos podem receber variaes em seus incios e/ou finais. O primeiro momento em queuma atividade pode ser executada chamado de Primeira Data de Incio, Data Mais Cedo ou

    simplesmente Cedo. Da mesma forma, o ltimo momento de execuo de uma atividade a

    Data Mais Tarde, ltima Data de Fim ou Tarde (GUZI, 2008).

    A adequada alterao dos momentos de incio e fim de vrias atividades permite o

    ajustamento dos recursos consumidos (evitando acmulos indesejados em determinados

    momentos) (GONZALEZ, 2008).

    fcil perceber que no caminho crtico, no qual a folga zero, Cedo e Tarde

    coincidem com o incio e final previstos: no h escolha ou intervalo de execuo, apenas ummomento determinado para iniciar e concluir a atividade.

    Recorrentemente, a folga pode ser definida como a diferena entre Cedo e Tarde. O

    grfico completo da rede indica todas as informaes: nmero do evento, durao das

    atividades, cedo e tarde, convenientemente posicionados para evitar confuses. A numerao

    dos ns deve ser de forma a que uma atividade saia sempre um n de nmero inferior,

    chegando em um n de nmero superior (Gonzalez, 2008).

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    2.4.4 Cronograma de Gantt

    Segundo Mattos (2010), a visualizao das atividades com suas datas de incio e fim

    pode ser conseguida lanando-se mo do recurso grfico chamado de cronograma de Gantt,tambm conhecido como cronograma de barras, considerado pelo autor um recurso simples:

    esquerda figuram as atividades e direita as suas respectivas barras desenhadas em uma

    escala de tempo. O comprimento da barra representa a durao da atividade, cujas datas de

    incio e fim podem ser lidas nas subdivises da escala de tempo.

    Guzi (2012) afirma que o cronograma de Gantt constitui uma importante ferramenta

    de controle, porque visualmente atraente, fcil de ser lido e apresenta de maneira simples e

    imediata a posio relativa das atividades ao longo do tempo, podendo ser manuseado e

    interpretado por qualquer pessoa com um mnimo de instruo.

    Entretanto, o Mattos (2010) adverte que o cronograma de barras tem a deficincia de

    no possibilitar a visualizao da ligao entre as atividades, no levar em conta as folgas e

    no mostrar o caminho crtico. A fim de suprir essas limitaes, foi criada uma verso

    aprimorada do cronograma de Gantt, na qual introduziram dados tirados da rede PERT/CPM.

    A verso final recebe o nome de cronograma integrado de Gantt-PERT/CPM, que pode

    apresentar, adicionalmente, informaes como numerao das atividades, sequenciao, datas

    mais cedo e mais tarde de incio e fim, folgas, atividades crticas e representao do que foi

    realizado.

    2.4.5 Cronograma fsico-financeiro

    Sampaio (1989) define que um cronograma fsico-financeiro quando, alm as

    atividades e os tempos e execuo, contm os valores referentes a cada atividade, os valores

    parciais por perodo de durao (geralmente em meses), os valores totais, parciais e

    acumulados.

    Mattos (2006) afirma que o cronograma fsico retrata a evoluo dos servios ao longodo tempo, enquanto que o cronograma financeiro quantifica mensalmente os custos e receitas

    desses mesmos servios a distribuio temporal dos valores.

    Segundo Goldman (2004), o setor financeiro dever ser alimentado das informaes

    de controle e previso de possveis mudanas, periodicamente, a fim de no permitir

    distores grandes em previses de mdio e longo prazo. O autor afirma que s vezes pode

    ocorrer o inverso, ou seja, por questes de ordem financeira, a obra poder reduzir o seu ritmo

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    ou at mesmo aument-lo, caso seja do interesse da poltica da empresa naquele determinado

    momento.

    2.4.6 Curva SAvila & Jungles (2009), definem a curva S como a curva formada pelo somatrio dos

    custos acumulados de um projeto em cada unidade de tempo em que o projeto foi definido.

    Segundo os autores, sua aplicao permite comparar o acumulado dos desembolsos realizados

    com os orados, a fim de fazer uma anlise do comportamento dos fluxos de caixa,

    verificando se existe compatibilidade entre o que foi pago e o que foi realizado. Em outras

    palavras, se os recursos dispendidos correspondem ao volume de servios realizados.

    Mattos (2010) mostra que o nvel de atividade de um projeto tpico assemelha-se a

    uma distribuio normal, ou seja, uma curva de Gauss, em que o trabalho executado

    geralmente comea em ritmo lento, com poucas atividades simultneas; passa

    progressivamente a um ritmo mais intenso, com vrias atividades ocorrendo paralelamente; e,

    quando o projeto se aproxima do fim, a quantidade de trabalho comea a decrescer. Esse

    mesmo aspecto lento-rpido-lento verificado com o custo ao longo do andamento da obra.

    Segundo o referido autor, em termos de trabalho acumulado ou custo acumulado, se

    tais parmetros forem plotados em um grfico em funo do tempo, a curva apresentar a

    forma aproximada de uma letra S, em que o ponto mximo da curva de Gauss corresponde ao

    seu ponto de inflexo.

    De acordo com vila & Jungles (2009), a curva S permite:

    Definir o montante dos recursos financeiros necessrios realizao de um

    projeto, a serem aplicados dentro do tempo programado;

    Em cada unidade de tempo, definir os limites mximo e mnimo dos recursos

    financeiros necessrios a atender os prazos contratuais;

    Verificar se o oramento em realizao atende ao que foi programado e se est

    ocorrendo aplicao de recursos acima ou abaixo do que foi programado;

    Mostrar a necessidade de um planejamento dada evidncia de possvel

    ultrapassagem de prazos contratuais e o descumprimento dos custos

    planejados, mantido o desempenho em curso.

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    3 METODOLOGIA E RESULTADOS

    3.1 Projetos

    A obra trata-se de um empreendimento imobilirio de dois pavimentos com 2

    apartamentos cada, num total de 4 unidades de moradia. O residencial urea estar localizado

    na Rua das Camlias, no municpio de Itaja-SC.

    Foram desenvolvidos pelo autor do trabalho todos os projetos executivos. Encontram-

    se, nos Apndices, o memorial descritivo arquitetnico e os projetos arquitetnico, estrutural,

    hidrossanitrio, eltrico e telefnico.

    A rea total construda de 270,65m, sendo que para o clculo do CUB, usando

    coeficientes de equivalncia, tem-se uma rea equivalente total de 287,05m.

    Abaixo esto descritos apenas o processo e referncias utilizadas para a elaborao dos

    projetos apresentados.

    3.1.1 Arquitetnico

    Quando se faz um projeto arquitetnico para alvenaria estrutural deve se pensar em

    suas particularidades e em seus procedimentos. Neste empreendimento sero utilizados blocos

    com suas dimenses em planta mltiplas de 15cm. Partindo deste princpio, todo o projetoarquitetnico foi ajustado para dimenses mltiplas de 15cm, a fim de se alcanar uma

    perfeita modulao.

    O projeto segue as diretrizes impostas por consulta prvia realizada no municpio de

    Itaja, o qual determinou taxa de ocupao de 60%, coeficiente de aproveitamento igual a 2

    (dois), 1 vaga por unidade, e para edificao de at 2 pavimentos o afastamento lateral/fundos

    igual a 1,50m para paredes com abertura e zero para paredes sem abertura.

    O empreendimento tem uma rea total construda de 270,65m, dividida em 2

    pavimentos. Cada pavimento possui 2 apartamentos, totalizando 4 apartamentos, com cozinhaintegrada a rea de servio, sala de estar/jantar, circulao, 2 quartos e 1 banheiro. Junto

    sada da sala de estar para os fundos da edificao h churrasqueira individual, a qual no

    pavimento superior localiza-se na sacada, e no pavimento inferior est situada junto rea

    descoberta privativa, que cada apartamento inferior possui.

    Os apartamentos de final 1 possuem 61,10m2de rea interna, e os de final 2, 60,25m2.

    Os apartamentos do trreo possuem ainda o adicional da rea descoberta privativa.

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    Cada unidade possui uma vaga de estacionamento descoberta, todas situadas na frente

    da edificao.

    A escada comum situa-se na regio frontal da edificao, e somada ao hall de entrada

    dos apartamentos, possui aproximadamente 15,55m.

    As principais caractersticas da edificao esto apresentadas na Tabela 2, e na Figura

    1 pode ser observado o layout bsico do pavimento superior.

    Tabela 2 - Caractersticas da edificao

    LOTE

    rea do Terreno270,00 m

    (12 x 22,5m)CONSTRUOrea do Nvel Trreo 136,90 mrea do Nvel Superior 133,75 mrea Total Construda 270,65 mREA DESCOBERTArea da parte frontal 115,05 mrea Privativa apto 101 9,70 mrea Privativa apto 102 5,90 mrea Descoberta Total 130,65 mNDICESTaxa Ocupacional 51%

    ndice de Aproveitamento 1

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    Figura 1 - Layout Bsico do Pavimento Superior

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    3.1.2 Estrutural

    As fontes pesquisadas para elaborao do dimensionamento em alvenaria estrutural

    cermica foram as Normas NBR 15812 (ABNT, 2010) Parte 1 Projetos e Parte 2 - Controle

    e execuo, NBR 6120 (ABNT, 1980) de Cargas para o Clculo de Estruturas e o livroProjeto de Edifcios em Alvenaria Estrutural, dos autores Mrcio Antnio Ramalho e Mrcio

    Roberto Silva Corra.

    De acordo com a NBR 15812-1 (ABNT, 2010), a estrutura de alvenaria estrutural deve

    ser projetada de modo que resista a aes devido ao uso, ao peso prprio e aes devido a

    influncias ambientais que causem efeitos significativos sobre a mesma. A Parte 2 da NBR

    15812 (ABNT, 2010) estabelece os requisitos mnimos exigveis para execuo e controle de

    obras com estruturas de alvenaria de blocos cermicos.

    O item 5.3 da NBR 15812 (ABNT, 2010) diz que o projeto deve conter desenhos

    tcnicos e especificaes. Os desenhos tcnicos devem ser compostos por plantas de fiadas

    diferenciadas, elevaes de todas as paredes, detalhes de amarrao, pontos grauteados e

    armaduras. Nas especificaes devem conter as resistncias caractersticas do prisma e do

    graute, faixas de resistncia mdia compresso das argamassas, assim como a categoria,

    classe e bitola dos aos a serem adotados. Tambm podem apresentar os valores de resistncia

    sugeridos para os blocos, de forma que as resistncias de prisma especificadas sejam

    atingidas.

    No desenvolvimento do projeto arquitetnico manteve-se a modulao da famlia dos

    blocos de 15cm, e buscou-se um arranjo estrutural que proporciona-se um apelo arquitetnico

    na fachada frontal e utilizaes secundrias que este sistema proporciona, como a escada que

    liga o pavimento trreo ao superior, que ser pr-moldada do tipo jacar, fixada diretamente

    nas paredes estruturais. A Figura 2 apresenta a fachada frontal, uma estrutura mista de

    alvenaria estrutural e concreto armado no hall externo. Para maiores detalhes consultar o

    projeto de Formas.

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    Figura 2 - Fachada Frontal

    Os projetos estruturais apresentados foram detalhados sempre visando facilidade do

    processo executivo, e compatibilizao com as instalaes.

    Neste trabalho foi utilizada a famlia de blocos cermicos das seguintes dimenses:

    14x19x14, 14x19x29 e 14x19x44, e tambm blocos especiais, utilizados nas vergas, contra-

    vergas e respaldo. A Figura 3 mostra os blocos utilizados.

    Figura 3 - Blocos Cermicos Estruturais e Blocos Canaleta

    Fonte: Cermica Constrular

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    Foi utilizado o bloco T44 como bloco principal. E a argamassa de assentamento

    utilizada, conforme informa o memorial descritivo, ser mista de cimento, cal hidratada e

    areia mdia no trao 1:1:6.

    O p-esquerdo (altura interna livre) adotado foi de 2,40cm, resultado de 12 fiadas,

    sendo a 12a fiada o respaldo, com blocos U19. Esta definio eliminou todas as vergas de

    portas e janelas, como pode ser observado na Figura 4.

    As janelas tero peitoril varivel, mas em maioria 1,00m, sendo este um peitoril

    usualmente utilizado. E terminaro na altura de fundo do respaldo, dispensando o uso de

    vergas. Gerando economia e praticidade durante a execuo.

    Os vos das portas tambm terminaro na altura de fundo do respaldo, totalizando uma

    altura livre de 2,20m. A qual ser ajustada com o uso de pr-moldados em obra, conforme aFigura 4.

    As paredes no estruturais (sacadas / churrasqueiras) sero de alvenaria comum com

    tijolos e no sero contra-fiadas com as estruturais. Mas sero feitas amarraes com tela

    galvanizada cada 2 fiadas, para que no haja fissuras nos encontros destas paredes.

    Figura 4 - Exemplo de Elevao das Paredes Estruturais

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    3.1.2.1 .O autor deste trabalho desenvolveu todos os projetos estruturais executivos

    necessrios, com exceo do projeto de fundaes e detalhamentos das vigas e pilares em

    concreto armado. Foi feito apenas a definio do sistema a se utilizar e estimativa de custo.A idealizao do projeto o uso de sapatas corridas de seo retangular, servindo de

    apoio s paredes estruturais de alicerce, as quais esto apresentadas nos projetos, e que

    sustentaram a laje do trreo.

    Previamente ao futuro projeto de fundaes dever ser realizada uma identificao e

    classificao do solo, atravs de sondagem, para avaliar se o sistema adequado, e ento

    desenvolver o projeto. Em regra geral, pode ser adotado sistema de sapatas corridas para

    presses admissveis do solo no inferiores a 100kPa e vos entre paredes estruturais no

    superiores a 5 m. Alm de imprescindvel a verificao de recalques, devido sensibilidade a

    deformaes das estruturas em alvenaria estrutural.

    Para oramentao foram adotadas sapatas corridas em concreto armado servindo de

    apoio a todas as paredes de alicerce. A seo adotada foi de 55cm de largura por 18cm de

    altura, mantendo a relao altura/base 1/3. As bases das sapatas esto apoiadas sobre a cota

    92cm negativos (N=0: calada).

    A Figura 5 apresenta uma seo estrutural esquemtica que demonstra o sistema

    adotado.

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    Figura 5 - Seo Estrutural Esquemtica (Sapatas Corridas)

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    3.1.2.2

    O projeto estrutural est dividido em:

    1a e 2a Fiadas das Paredes de Alicerce;

    1a e 2a Fiadas do Pavimento Trreo;

    1a e 2a Fiadas do Pavimento Superior;

    1a e 2a Fiadas e Elevaes da Plataforma do Reservatrio;

    Caderno de Elevaes das Paredes de Alicerce;

    Caderno de Elevaes das Paredes do Trreo;

    Caderno de Elevaes das Paredes do Superior;

    Forma do Pavimento Trreo;

    Forma do Pavimento Superior;

    Forma da Cobertura;

    Forma da Plataforma do Reservatrio;

    Cortes;

    Escada Pr-Moldada Detalhamento;

    1a e 2a Fiadas

    A modulao foi feita de forma que no ocorra junta a prumo entre as fiadas. Cada

    pavimento possui detalhamento de 1ae 2afiadas em escala 1:50, o qual possui indicao das

    paredes, cotas simples na 2afiada, e cota acumulada na 1a fiada.

    As cotas acumuladas da 1a fiada foram fornecidas prevendo os eixos (linhas) que

    devero ser utilizados na locao dos blocos estratgicos das paredes.

    Os blocos utilizados seguem a legenda apresentada na Figura 6, onde buscou-se

    diferenciar de forma clara os diferentes tipos de bloco, a fim de facilitar a execuo.

    Figura 6 - Legenda dos Blocos Estruturais em Planta

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    Elevaes

    Cada parede indicada nas pranchas 1ae 2a fiadas possuem elevao, apresentada em

    escala 1:40, contendo indicao das vergas, contra-vergas, respaldo, pontos de graute,

    instalaes, etc.

    Na Figura 7 apresenta-se a legenda dos blocos em elevao, onde novamente buscou-

    se diferenciar de forma clara os diferentes tipos de bloco, sendo que o bloco principal, de

    14x44x19cm, por ser o mais utilizado no possui indicao.

    Figura 7 - Legenda dos Blocos Estruturais em Elevao

    A Figura 8 mostra a legenda adotada para os blocos que devero ser cortados para

    chumbar as caixinhas de passagem.

    Figura 8 - Legenda dos Eletrodutos embutidos em Alvenaria Estrutural

    \

    Formas

    Ao todo sero 3 lajes trreo, superior e cobertura - alm de uma pequena laje para

    apoio do reservatrio superior. As lajes sero pr-moldadas (vigotes e tavelas cermicas) com

    altura final de 12cm, e os vigotes sero apoiados diretamente sobre a fiada de respaldo. Esta

    fiada de respaldo ser concretada previamente, a fim de facilitar e tornar mais seguro o

    processo de montagem das lajes pr-moldadas.

    A Figura 9 detalha como ser o apoio das lajes intermedirias.

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    Figura 9 - Detalhe de Apoio das Lajes Intermedirias

    Devido sensibilidade trmica das estruturas em alvenaria estrutural, as lajes de

    cobertura sero apoiadas sobre as paredes com sistema de folhas de PVC associadas com

    papel filme, com o intuito de possibilitar o deslocamento e evitar patologias advindas das

    dilataes trmicas. Conforme demonstra a Figura 10.

    Figura 10 - Detalhe de Apoio das Lajes de Cobertura

    3.1.2.3 1 ()Elementos comprimidos tero sempre o problema de flambagem inerente a esse tipo

    de esforo. Quanto mais esbelta for a parede, menor ser a sua resistncia compresso..A

    esbeltez depende da espessura efetiva (tef) e da altura efetiva (hef) da parede. A altura efetiva

    equivalente ao comprimento de flambagem na nomenclatura clssica da resistncia dos

    materiais e depende do tipo de vinculao da parede e tambm da real altura (PARSEKIAN,

    2010).

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    A espessura efetiva em paredes sem enrijecedores a prpria espessura. No caso de

    paredes com enrijecedores, a espessura efetiva varia de acordo com o espaamento e

    comprimento dos enrijecedores, seguindo a seguinte relao.

    tef= * tpa

    Figura 11 - Espessura Efetiva: Coeficiente .

    Fonte: PARSEKIAN (2010)

    De acordo com a NBR 15812 (ABNT, 2010) a espessura efetiva e o ndice de esbeltez

    das paredes de alvenaria estrutural cermica devem respeitar os seguinte limites:

    Espessura efetiva (tef), para edificaes com mais de dois pavimentos

    o 14cm (paredes).

    ndice de esbeltez (hef/tef)

    o Alvenaria no armada 24

    o Alvenaria armada 30

    Para paredes sem enrijecedores, com espessura efetiva igual a 14cm, e com altura

    efetiva igual altura real (travamento lateral na base e topo), teremos que a altura mxima,

    considerando ndice de esbeltez mximo igual a 24, ser igual a:

    = hef/tef

    24 * 14cm = hef

    hef = 336cm.

    Portanto, todas as paredes da edificao atendem ao ndice de esbeltez limite, sem o

    uso de enrijecedores, com exceo aPAREDE 15 (ESCADA).A qual ter altura efetiva igual:

    hef = 115 (altura da parede de alicerce acima do aterro) + 252 (altura do pavimento

    trreo) + 240 (altura do pavimento superior at apoio da laje de cobertura) = 607cm

    hef = 607cm

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    Utilizando enrijecedores de 45cm de comprimento espaados 105cm de eixo a eixo

    obtemos lenr/tenr = 105cm/15cm = 7.

    Figura 12 - Enrijecedores Estruturais adotados para Atenuar Esbeltez

    Desta forma, por interpolao dos valores do coeficiente , apresentados na Figura 11,

    temos que = 1,85 assim:

    tef = * tpa= 1,85 * 14cm

    tef = 25,9cm

    Verificando ndice de esbeltez = hef/tef = 607 / 25,9 = 23,43 < 24 OK

    Estes enrijecedores sero utilizados de forma a criar um apelo arquitetnico na fachada

    frontal da edificao.

    3.1.3 Hidro-sanitrio

    Os projetos hidrossanitrios esto apresentados no Apndice C. Para a execuo dasinstalaes hidrossanitrias optou-se por utilizar shafts para passagem das tubulaes

    verticais. Nas reas de servio (parede do tanque e mquina de lavar roupas) e nos banheiros

    (parede do chuveiro) ser utilizada mucheta (parede de vedao agregada parede

    estrutural), onde estaro embutidas as principais prumadas das instalaes. Quanto a pia das

    cozinhas e lavatrio e vaso sanitrio dos banheiros, ser deixado um vazado na parede

    estrutural, com 15x15cm e 40 cm de altura, sendo neste espao embutido, com argamassa, o

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    tubo de esgoto e o ponto de gua. A tubulao seguir horizontalmente sob a laje, e ser

    encoberta por sanca de gesso. Este vazado estrutural pode ser melhor observado nos projetos

    de Elevaes, do Apndice B.

    O abastecimento de gua ser