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UNISALESIANO
Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium
Curso de Pedagogia
Edmo Faustini Regatti Junior
LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL
LINS – SP
2012
Edmo Faustini Regatti Junior
LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium como requisito parcial para obtenção do título de Graduação em Pedagogia. Sob a orientação do Professor Me Paulo Sérgio Fernandes e pela Profª. Ma Fátima Eliana Frigatto Bozzo.
LINS – SP 2012
Edmo Faustini Regatti Junior
LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao Centro
Universitário Católico Salesiano Auxilium para obtenção do título de graduação
do curso de Pedagogia.
Aprovado em ________/________/________
Banca Examinadora:
Prof Orientador: Prof Me Paulo Sérgio Fernandes
Titulação: Mestre
Assinatura:_________________________________
1º Prof(a): Profª Ma Adriana Monteiro Piromali Guarizo
Titulação: Mestre
Assinatura: _________________________________
2º Prof(a): Paola de Carvalho Buvolini
Titulação: Especialização
Assinatura: _________________________________
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho ao Padre
Milton e ao Professor Luis Alberto
Asato.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus Pai Todo Poderoso por eu ter
conseguido concluir este Trabalho de Conclusão de Curso.
Aos verdadeiros enviados de Deus que surgiram em minha vida e que
se não fosse por eles eu não teria chegado a essa faculdade, tendo a
oportunidade de me formar. São eles Padre Milton e o ministro de eucaristia (e
professor) Luiz Alberto Asato. Sou muito grato a vocês e a Santa Igreja
Católica onde posso encontrar se não a família que Deus me deu, mas a
família que eu pude escolher;
Aos professores que tive desde o primeiro semestre até o último e todos
os funcionários do Unisalesiano, especialmente o Marcos, que sempre nos
atendeu com muito bom humor e disposição;
Aos colegas de sala, mesmo aqueles que já não estão mais conosco.
Muitos saíram logo no primeiro semestre, outros foram saindo ao longo do
curso, mas de qualquer forma sou muito grato, pois de certa forma contribuíram
para o meu sucesso nesse curso;
Ao meu orientador Paulo Sérgio que acreditou no meu potencial e
“suportou” meu desespero por eu achar que não daria conta de fazer esse
TCC. Sei reconhecer que, graças ao senhor, professor Paulo, tive livros
maravilhosos para trabalhar, o que aumentou ainda mais minha
responsabilidade em fazer um bom trabalho;
A minha professora e também orientadora Fátima Eliana que também
me auxiliou na elaboração do meu TCC e, também, nos momentos mais
“críticos” desse último ano de faculdade;
A todos meus amigos e amigas, colegas de trabalho, meu patrão, e
minha irmã, pois todos vocês me ajudaram nesses três anos de faculdade de
diversas maneiras;
Infelizmente não posso expressar em palavras o quanto estou feliz e ao
mesmo tempo exausto. O que posso dizer é que consegui superar meus
objetivos e expectativas.
Muito obrigado.
Que Deus abençoe e ilumine a todos!
EPÍGRAFE
7. E para que a grandeza das revelações não me levasse ao orgulho, foi-me dado um espinho
na carne, um anjo de Satanás para me esbofetear e me livrar do perigo da vaidade.
8. Por este motivo, supliquei três vezes ao Senhor que o afastasse de mim.
9. Mas ele me respondeu: “Basta-te minha graça, porque é na fraqueza que se revela
totalmente a minha força”. Portanto, prefiro gloriar-me das minhas fraquezas, para que habite em
mim a força de Cristo.
10. Eis por que sinto alegria nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições,
no profundo desgosto sofrido por amor de Cristo. Porque quando me sinto fraco, então é que sou forte.
2 Coríntios, 122 Coríntios, 122 Coríntios, 122 Coríntios, 12, 7, 7, 7, 7----10.10.10.10.
RESUMO A leitura e a escrita sempre foram importantes para o ser humano, mas hoje se tornou quase um meio de sobrevivência, pois nessa era da comunicação e da informatização, fica difícil uma pessoa viver bem sem saber ler e escrever. Partindo dessa realidade, o professor, a escola e a família devem ter em mente de que a leitura deve ser tratada com muita seriedade, mas ao mesmo tempo de uma forma prazerosa. Os objetivos dessa pesquisa foram de refletir sobre a prática de leitura literária escolar, com base em uma compreensão de discurso, incluindo-se o literário; compreender a leitura como forma de conhecimento e transmissão de ideias; investigar a leitura literária como prática e suas restrições; analisar bibliograficamente o trabalho dos professores com a leitura e a literatura e, apresentar estratégias de leitura para os professores. A metodologia da pesquisa foi desenvolvida e analisada de forma crítica, bibliográfica e dedutiva, por meio de materiais já elaborados, como livros, artigos científicos, assim como, bibliotecas virtuais e artigos da internet. Essa pesquisa procurou mostrar que não basta criar o hábito da leitura nas crianças, é preciso desenvolver o gosto pela leitura, para que quando a criança sair da escola ela não deixe de ler. Ao levar o livro para a criança, ou seja, ao apresentar esse novo mundo para ela, o da leitura, o adulto precisa ter consciência de que a forma como for feito isso poderá atrair a atenção da criança ou fazer com que ela repudie a leitura. E é por meio da literatura que as crianças podem fazer aquilo que mais sabem e gostam que é imaginar, criar, sonhar, assim como, podem contextualizar suas realidades com os personagens dos livros. O professor pode trabalhar com contos, poesias, crônicas e romances, por exemplo. Gêneros que facilmente conquistam as crianças por terem características que favorecem a imaginação por meio da fantasia. Conclui-se que a literatura, no ensino fundamental, deve ser rotina, mas não como um conteúdo no meio de tantos outros. Ela deve fazer parte do dia a dia na escola por meio da leitura compartilhada, projetos, atividades de interpretação de texto, entre outras. O professor precisa gostar de ler ou pelo menos ter um vasto conhecimento de livros para ensinar literatura aos alunos, pois não há como um professor que não goste de ler fazer com que os alunos adquiram o gosto pela leitura. Somente por meio desta que será possível transformar a realidade de muitas crianças e torná-las cidadãs. Palavras – Chave: Leitura. Literatura. Ensino Fundamental.
ABSTRACT Reading and writing have always been important to the human, but these days it has become almost a way to survive, because in this communication and computerization era, it´s hard to a person live well without knowing how to read andwrite.From this reality, the teacher, the school and the family may have in mind that reading must be seriously treated, but at the same time in a pleasant way. The purpose of this research was to think over the scholastic literary reading practice, based on speech understanding including the literary one; understanding the reading as a way of knowledge and ideas broadcast; looking into the literary reading as practical and its restrictions; essaying in a bibliographic way the teacher´s work with the reading and literature, and presenting them strategies. The research methodology was developed and analyzed in a critical way, bibliographic and deductive, by means of already prepared materials, like books, scientific papers, as well as virtual libraries and web articles. The intention of this research was to show that creating the reading habit in children is not enough, it´s necessary to develop the pleasure in doing it, so when the children leave school, they won´t stop reading. By giving the book to the children, in other words, presenting this new world to them, the reading one, the adult needs to be conscious because, depending on the way the thing is done it can get the child´s attention or make the children repudiate the reading. And it´s by literature means that children can do those things they know the most, that is, to imagine, create, dream, as well they can contextualize their reality with the books characters. The teacher may work with story tales, poetry, chronicles and novels, for instance. Kinds of reading that easily win over the children, so they have characteristics that propitiate imagination by fantasy means. In conclusion, literature, at the Elementary School, must be routine, but not as a content in the middle of so many others. It must be part of day by day at school, but as a shared literature, projects, reading comprehension, and so on. The teacher must like to read or, at least, have an extensive knowledge of books to teach literature to students, because it´s impossible for a teacher that doesn´t like to read get the students to appreciate it. And it´s only by this mean that it will be possible to change the children´s reality and make them citizens. Keywords: Reading. Literature. Elementary School
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................................... 9
CAPÍTULO I - A LEITURA ............................................................................... 11
CAPÍTULO II - A LITERATURA ....................................................................... 18
CAPÍTULO III - A LEITURA E ALITERATURA NA SALA DE AULA .............. 25
CAPITULO IV- TEXTOS LITERÁRIOS ............................................................ 33
CONCLUSÃO ................................................................................................... 41
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 42
GLOSSÁRIO .................................................................................................... 45
APÊNDICE ....................................................................................................... 46
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INTRODUÇÃO
Não é necessário falar da importância da leitura para alguém que tenha
o mínimo de conhecimento e visão de “mundo”.
É necessário que o professor compreenda que a leitura deve ser vista
como forma de conhecimento e transmissão de ideias. Pois é através da leitura
que a pessoa amadurece sua forma de pensar e de ver o mundo. Além do
conhecimento adquirido pela leitura, a pessoa que lê é capaz de transmitir
aquilo que aprendeu, de dialogar, debater.
Esse trabalho tem como principal objetivo a reflexão sobre a prática de
leitura literária escolar, com base em uma compreensão de discurso, incluindo-
se o literário.
A leitura literária no ambiente escolar, principalmente, não tem sido uma
prática constante durante as aulas. Há muitas restrições, como falta de
conhecimento pelos próprios professores e falta do hábito de ler.
Existem várias estratégias de leitura que o professor pode utilizar em
sala de aula. Se a intenção do educador é de formar alunos leitores, ele precisa
utilizá-las em trabalhos em grupos, em leituras compartilhadas, projetos. A
leitura literária não pode ser tratada como um conteúdo qualquer utilizado para
preencher uma lacuna nas aulas.
Tratar de leitura implica tratar de produção de sentidos. É como
atividade de interpretação que se compreende a leitura. Falar em interpretação
é considerar a intervenção de sujeitos, autor e leitor, no mundo; é falar de uma
prática situada temporal e espacialmente. Desse modo, esta abordagem da
interpretação não se trata da mesma da hermenêutica clássica que supunha
com essa atividade a busca pela “verdade” ou o sentido original de um texto.
Esse trabalho de pesquisa bibliográfica vem ao encontro de descobrir
por meio de outros autores como a literatura vem sendo trabalhada nas salas
de aula e se os professores estão realmente preocupados em usar mais esse
tipo de leitura.
O trabalho adequado da literatura com alunos do ensino fundamental
pode proporcionar grandes benefícios afetivos, emocionais e intelectuais. Basta
saber como agir perante tal situação, pois é gerada uma sobrecarga de tempo
em atividades de leitura, escrita e matemática, destinadas a fins específicos. O
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que falta é um estimulo maior a temas não utilizados frequentemente e que
assim como as atividades “modelos”, eles também tem seus méritos.
Os livros literários podem ser mestres dos alunos articulando os estudos
escolares e seus resultados. Sendo assim, é de extrema importância que os
alunos leiam com os especialistas e em grupo, e com a atuação do professor
no auxílio da seleção dos livros que implicam um grande diferencial nas
leituras. Nesse contexto, é necessário ler, expandir e conectar junto com a
leitura literária que trará o progresso do leitor mirim.
Essa pesquisa desenvolvida e analisada de forma dedutiva, crítica e
bibliográfica procura a partir de material já elaborado, constituído
principalmente por livros e artigos científicos, assim como também, bibliotecas
virtuais e artigos da internet, analisar o trabalho dos professores com os textos
literários e apresentar estratégias de leitura.
O capítulo I “A leitura – A leitura e sua importância” trata de assuntos
como a falta e a importância da leitura numa era dominada pelos meios de
comunicação e tecnológicos. E a leitura como objeto de transmissão de ideias
e a capacidade de se comunicar bem.
O capítulo II “A literatura - A formação de valores e a capacidade de
criar” considera que o trabalho com a leitura literária transforma a realidade das
crianças, desenvolve a capacidade de imaginar e criar, e por meio das histórias
pode ser formadora de valores.
O capítulo III “A leitura e a literatura na sala de aula - A formação de
leitores e a literatura em sala de aula” reforça a importância do ato de ler, o
incentivo da família e dos professores para que a criança leia e indica alguns
caminhos para que o professor trabalhe de forma efetiva com a literatura.
O capítulo IV “Textos literários – Tipos de textos literários” fala sobre os
diversos gêneros literários existentes e as vantagens de se trabalhar com as
histórias. Também indica alguns gêneros para serem “explorados” pelo
professor. Nesse capítulo é possível encontrar algumas dicas de trabalhos e
atividades para aprofundar o processo de compreensão das histórias, formação
leitora, assim como para que o aluno goste das leituras literárias.
No final desse trabalho terá - como apêndice – sugestões de obras
literárias para educadores utilizarem como estratégias de leitura.
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CAPÍTULO I
A LEITURA
1 A LEITURA E SUA IMPORTÂNCIA
A leitura é importante, pois a partir dela é possível que o homem
ingresse e participe de uma sociedade letrada que possibilite a ele uma
inserção na civilização moderna e com perfeito domínio dos símbolos e da
comunicação. Sendo assim, a leitura torna-se uma ferramenta básica da
comunicação na sociedade contemporânea.
Considerando que a tecnologia e os meios de comunicação vêm
ganhando cada vez mais espaço na vida das pessoas, isso serviria como
reforço para a importância da leitura.
Porém, de acordo com Silva (1987), a grande massa da população sem
condições para estudar, sempre aderiu aos meios diretos de comunicação, que
não exigem educação formal para sua recepção, como o rádio e a televisão.
Isso não significa que o rádio, a televisão o cinema, não sirvam como
meios culturais. Se forem repensados e seus conteúdos reformulados, tendo
como direção a conscientização das massas, esses meios podem contribuir
para a evolução da sociedade.
Numa sociedade letrada a leitura é indispensável para que se tenham
verdadeiros cidadãos. É um instrumento de acesso à cultura e à realidade
social, importante no desenvolvimento do ser humano. Considerando-a como
fonte de informação, ela possibilita a percepção da realidade do indivíduo e de
seus problemas, o que facilita uma bagagem extra de diferentes pontos de
vista sobre sua realidade. Ulisses Infante (2000, p. 46) diz que:
[...] a leitura é o meio de que dispomos para adquirir informações e desenvolver reflexões críticas sobre a realidade. Informações submetidas à reflexão crítica indispensáveis à produção escrita. Além disso, a leitura de textos, feita adequadamente, permite-nos depreender esquemas e formas da língua escrita, que, como já sabemos, tem normas próprias, diversas daquelas da língua falada.
É necessário que o professor reflita sobre sua prática pedagógica,
incentive a leitura de um número variado de livros de forma gradativa,
descobrindo os gostos dos alunos e não somente aplique atividades
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costumeiras e objetivas, mas que não desenvolvem a subjetividade de cada
aluno em sala de aula.
Ao oferecer textos variados aos alunos, o educador estará também,
proporcionando um contato com discursos de características e registros de
linguagem diversos, pois quanto mais significativa a linguagem, mais fácil é a
compreensão. “[...] Seria difícil conceber uma escola onde o ato de ler não
estivesse presente – isto ocorre porque o patrimônio histórico, cultural e
científico da humanidade se encontra fixado em diferentes tipos de livros”
(SILVA, 1987, p.31).
“A leitura é um dos meios mais eficazes de desenvolvimento sistemático
da linguagem e da personalidade. Trabalhar com a linguagem é trabalhar com
o homem”. (BAMBERGER, 2002, p.10). Com base nesse pensamento, é
necessário que a criança tenha uma experiência positiva com a linguagem
antes mesmo que ela tenha contato com histórias em quadrinhos, revistas
ilustradas e imagens veiculadas pelos meios de comunicação. Para que dessa
forma seu desenvolvimento humano seja promovido.
De acordo com Bamberger (2002), somente nos últimos decênios com o
desenvolvimento tecnológico e econômico passou-se a pensar em uma forma
de ampliar o “direito de ler” a todos.
Infelizmente o que se vê hoje é um interesse maior das crianças (assim
como dos adultos) pela tecnologia e muito pouco pela leitura, ou seja, aquilo
que era para servir de estimulo à leitura, pode estar se tornando um problema
para a formação do aluno leitor, assim como, para o ato da leitura.
Segundo Silva (1987), há um descaso na área de investigação sobre o
ato de ler do aluno-leitor-brasileiro. Essa situação piora quando se pensa no
despreparo do professor no que se refere ao ensino da leitura.
Além do professor, as crianças (mesmo não estando alfabetizadas)
devem ser estimuladas a ler. No contato pessoal com os livros, elas começam
a desenvolver a autonomia da leitura e esta só se faz lendo. “Ninguém pode,
nos dias de hoje, ignorar o fato de que qualquer aluno dispõe de uma
quantidade mais do que expressiva de informações sobre quase todos os
domínios do conhecimento”. (PLATÃO; FIORIN, 2001, p. 3).
No entanto, a escola deve propiciar meios para que a criança tenha um
contato positivo com os livros, colocando à disposição dos alunos materiais de
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leitura de diversas fontes. É claro que não se pode esquecer que uma das
prioridades da escola é proporcionar aos alunos o aprendizado da leitura,
assim como o da escrita, valorizando-as igualmente, pois ambas estão
interligadas.
Na visão de Colomer (2007) ler e escrever são duas faces da mesma
moeda na missão de facilitar o acesso à cultura escrita que se encomendou à
escola.
Silva (1987), diz que sem a possibilidade de compreender um material
impresso, seja este qual for, torna-se impossível ao aluno ou a qualquer outro
indivíduo inserir-se dentro de um contexto veiculado através da escrita.
Mas a infeliz realidade do ambiente escolar é um aprendizado por meio
da transmissão de conhecimentos. O professor transmite aquilo que sabe, sem
dar sentido ao aprendizado do aluno. Como se não bastasse, os livros em
muitos casos usados nas escolas não estimulam o interesse da leitura nos
alunos, ao contrário, mais inibem do que estimulam o gosto de ler.
A justificativa maior dos organizadores dos livros didáticos, entretanto, se reveste de espírito “científico”: a necessidade de viabilizar o desenvolvimento de capacidades específicas, de simplificar assuntos demasiado complexos. (MARTINS; 1988, p. 26).
Ao longo do tempo a certeza de que para se ensinar a ler e a escrever
não é necessária uma prática formalista e mecânica ganhou força, mas ainda
assim é possível ver muitos professores ensinando seus alunos a partir da
decoreba de signos linguísticos. Um aprendizado sem sentido, sem um “por
quê” e “para quê”.
Para Zilberman (1986, p.11),
A universalidade do ato de ler provém do fato de que todo indivíduo está intrinsecamente capacitado a ele, a partir de estímulos da sociedade e da vigência de códigos que se transmitem preferencialmente por intermédio de um alfabeto.
A função do educador então, de acordo com Martins (1988) não seria
precisamente a de ensinar a ler, mas a de criar condições para o educando
realizar a sua própria aprendizagem, conforme seus próprios interesses,
necessidades, fantasias, de acordo com sua realidade. A leitura pode ser
qualificada como a mediadora entre cada ser humano e seu presente. Pois ela
se caracteriza por uma experiência do presente, que faça parte do contexto e
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dia a dia do aluno.
Além disso, para uma melhor leitura o leitor tem que desenvolver seu
próprio “jeito de ler”, desenvolver formas para que a leitura se torne mais
agradável e gratificante, descobrindo meios para que aumente sua
concentração na leitura. A prática de releitura de textos também deve ser
utilizada, pois esta, se feita corretamente e em situações onde o leitor não
conseguiu compreender o texto, mas não está tão longe disso, pode ajudá-lo a
visualizar pontos antes não percebidos, tirar dúvidas, e por fim chegar a uma
melhor compreensão do texto.
Desde que uma obra seja minimamente construída, a releitura é
necessária. Por isso Jouve (2002, p. 29) destaca a importância da releitura:
Se a leitura linear é a mais respeitosa das regras do jogo, não é necessariamente a mais interessante. A sucessão não é a única dimensão da narrativa: o texto não é somente uma “superfície”, mas também um “volume” do qual certas conexões só se percebem na segunda leitura. Daí a pensar que a releitura é a prática mais apropriada à complexidade dos textos literários só falta um passo.
Diferentemente da comunicação oral, a leitura tem como característica a
distância – na maioria dos casos – temporal e espacial entre leitor e autor.
Portanto, para que o leitor possa compreender uma obra, ou seja, reconstrua o
contexto necessário a esta compreensão é preciso que ele fundamente-se na
estrutura do texto.
Por mais que leitor e autor possam estar distantes um do outro, e em
contextos diferentes, isso não significa que o leitor possa interpretar o texto
como queira, se sua intenção é uma leitura “séria”. Para Jouve (2002), o texto
permite, com certeza, várias leituras, mas não autoriza qualquer leitura. Ou
seja, nem todas as leituras são legítimas. Daí a importância da releitura para
uma melhor compreensão do texto.
Segundo os autores Platão; Fiorin (2001, p. 3),
[...] é nos textos e pelos textos que o aluno vai adquirir a competência de operar criativamente com os dados armazenados, um tipo de saber cada vez mais raro na contemporaneidade e que precisa ser recuperado.
Logo, ler não é somente decodificar palavras, mas também “fazer uma
leitura” de situações, gestos, tempo, espaço. Ler implica em estar atento àquilo
que se quer compreender, ou seja, não basta correr os olhos por um livro, é
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necessário que haja disciplina, interesse e principalmente que a leitura faça
sentido.
Segundo Martins (1988), decodificar uma leitura sem compreender é
inútil; compreender sem decodificar, impossível.
O ato de ler também envolve os sentidos, as emoções e a razão.
Existem três níveis de leitura, segundo Martins (1988) que são a sensorial
(contato visual, tátil com o texto), a emocional (o leitor é envolvido pelos
sentimentos despertados pelo texto, sua atitude tende ao irracional), e a
racional (que alimenta o caráter reflexivo e dialético e complementa a leitura
sensorial e emocional fazendo com que haja uma ponte entre o leitor e o
conhecimento). Cada uma corresponde a um modo de aproximação ao objeto
lido. Não se deve supor a existência isolada de cada um desses níveis.
É muito difícil realizar uma leitura apenas sensorial, emocional ou
racional, pelo fato de ser próprio da condição humana relacionar sensação,
emoção e razão, tanto na tentativa de se expressar, como na busca de sentido,
compreender a si próprio e o mundo.
Para Martins (1988, p. 82), a leitura precisa fazer sentido na vida das
pessoas para que seja compreendia de forma efetiva, ou seja, precisa vir ao
encontro de uma necessidade, de um desejo de expansão sensorial, emocional
ou racional, de uma vontade de conhecer mais.
A importância da escola na sociedade, na democratização do saber e no
acesso aos bens culturais e do professor na vida de um aluno é evidente.
Principalmente se tratando de um professor que saiba trabalhar, neste caso a
leitura, de forma correta, ou seja, utilizando como já foi dito, textos variados.
De acordo com Colomer (2007), muitas crianças ao se aproximarem dos
oito ou nove anos dizem não gostar mais de ler. Pois, quando chegam à escola
não estão acostumadas a fracassar e ao se depararem com a leitura e a
escrita, criam defesas para proteger sua auto-estima, pelo fato de não
conseguirem alcançar suas expectativas.
Se a escola não exerce seu papel transformador, a sociedade perde e o
saber e a cultura deixam de fazer parte da vida das pessoas. Um povo sem
leitura, sem conhecimentos, sem cultura é um povo que não tem como lutar
pelos seus ideias de igual para igual.
Mas isso não quer dizer que o aluno não possa aprender sozinho, não
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possa descobrir o mundo da leitura sem ter alguém para dizer o que fazer.
Martins (1988) considera que ninguém ensina ninguém a ler; o aprendizado é,
em última instância, solitário. Porém, o contato com o mundo e a presença do
outro, como mediador, tornam maior a possibilidade desse aprendizado da
leitura.
Quando começamos a organizar conhecimentos adquiridos, a partir das situações que a realidade impõe e da nossa atuação nela; quando começamos a estabelecer relações entre experiências e a tentar resolver os problemas que se nos apresentam – aí então estamos procedendo leituras, as quais nos habilitam basicamente a ler tudo e qualquer coisa. (MARTINS, 1988, p. 17).
Muito se fala da importância da leitura na atualidade. Profissionais da
educação falam da importância e necessidade de se ler e de se ensinar a ler,
mas nem todos estão dispostos a por em prática um plano de ação.
Assim, Bamberger (2002, p.9) diz que:
[...] todas as autoridades do Estado, da comunidade e da escola, todos os professores, pais e pedagogos precisam estar seriamente convencidos da importância da leitura e dos livros para a vida individual, social e cultural, se quiserem contribuir para melhorar a situação. Essa mesma convicção deve ser então transmitida aos que estão aprendendo a ler de modo apropriado à fase do seu desenvolvimento.
De acordo com Zilberman (1986, p.11): “As afinidades entre escola e
leitura se mostram a partir da circunstância de que é por intermédio da ação da
primeira que o indivíduo se habilita a segunda”. “[...] A crise de leitura tem sido
interpretada também como uma crise da escola”.
E quando se fala em crise de leitura e da necessidade da mesma no dia
a dia dos alunos fica difícil não pensar em como a literatura tem sido trabalhada
em sala de aula.
Ao se trabalhar com leitura literária, a leitura precisa ser vista como uma
possibilidade de indagar, pesquisar, criar, recriar, – e por isso social e
renovadora -, entre atividades da criança para que a literatura tenha uma
função atual, recreativa e estética.
Deve haver uma rotina de leitura diária em sala de aula, mas que
também possa servir como incentivo para que os alunos levem livros para ler
em casa sem que isso vire uma tarefa obrigatória.
O ato da leitura pode também ser socializado, compartilhado e nesse
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sentido é possível organizar atividades em duplas, e, claro, discussões
coletivas - como rodas de conversa – sobre as obras, onde todos possam
participar e opinar. Aos poucos o professor pode colocar seus alunos em
contato com livros mais complexos para que aumente assim a familiaridade
com a leitura e a leitura literária.
O professor precisa estar atento a novas formas de despertar em seus
alunos o interesse pela leitura. Além do que já foi dito, a troca de livros, a
escolha de um tema de interesse comum aos alunos, tais como, piratas ou
histórias de terror, por exemplo, podem funcionar.
É importante que a escola mostre às crianças que a leitura é uma fonte
de prazer. Assim, como também, que conscientize os pais que eles precisam
incentivar que os filhos leiam. Apesar das inúmeras dificuldades, como por
exemplo, o fato de alguns pais não saberem ler ou não possuírem o hábito da
leitura, se houver essa conscientização, por meio de uma mudança de postura
é possível que exista esse incentivo. Nada impede, também, que os pais
aprendam com os filhos ou adquiram o hábito da leitura.
A escola precisa também, criar metodologias e projetos, não somente
em sala de aula, mas como um todo, como habituar as crianças a entrarem na
biblioteca, descobrir o cantinho da leitura, folhear os livros, saber dos livros
novos que chegaram desde o início do ano, para educar os alunos para a
prática da leitura. Também é importante que os objetos de leitura estejam
sempre ao alcance das crianças.
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CAPÍTULO II
A LITERATURA
2 A FORMAÇÃO DE VALORES E A CAPACIDADE DE CRIAR
Não há idade certa para começar a ler. Assim como também para se ler
bons livros, uma boa literatura. Portanto, quanto mais cedo o contato de uma
criança com os livros literários melhor.
É preciso despertar o prazer de ler nas crianças para quem sabe assim,
criar novos escritores. Escritores com uma visão crítica e ampla do mundo que
as cerca.
O mundo está vivenciando a Era da Informatização, uma era que
enfatiza a tela e faz com que as crianças (de todas as idades) deixem de se
interessar pelos livros, e busquem outros meios para passarem o tempo, como
filmes, televisão e computadores pessoais. Sendo assim, Bloom (2001) diz que
o e-book (livro em formato digital) começa a ser uma alternativa para o livro
impresso. Pois a tirania da tela ameaça qualquer ordem na qual se prefere o
valor literário e a sensatez humana ao fluxo constante de informações.
Mas isso não significa que o valor do livro está deixando de existir, assim
como sua importância para a educação. Ao contrário, é evidente que os
professores, pais e escola precisam incentivar a prática da leitura.
Bloom (2001) acredita que o relacionamento das crianças solitárias com
os melhores livros não se extinguirá com facilidade, pois esse relacionamento
remonta há muito tempo. Porém talvez seja ilusão acreditar que esse
relacionamento dure caso não se tome medidas inteligentes por parte da
escola juntamente com a família.
Não basta oferecer às crianças livros em quantidade, ou ficar apenas
nas leituras obrigatórias, a criança precisa perceber e sentir de verdade que a
leitura é um elemento essencial para a vida. Somente assim será possível
continuar acreditando na formação de leitores e principalmente em leitores
literários, pois o gosto pela leitura não acaba. O problema está em como os
livros são apresentados para as crianças, ainda mais num cenário cheio de
outros atrativos tecnológicos como o de hoje.
Em muitos casos, na escola, o grande problema na verdade não é a falta
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de interesse da criança pela leitura, mas sim do educador que leva o livro até o
aluno. Se um professor não gosta de ler ou não sabe como apresentar um bom
livro a um aluno, dificilmente ele conseguirá fazer alguém gostar de ler. O
incentivo a leitura é de suma importância, pois a criança precisa saber que a
leitura é uma entrada fantástica para um mundo cheio de fantasias, encantos e
-por que não - realidades.
Bloom (2001, p. 21), reforça essa ideia de que ainda existem crianças
que se interessam pela leitura como ele mesmo quando criança:
Quando menino, cada vez que me apaixonava por um poema eu o lia repetidas vezes sem parar, até o saber de cor. Depois andava sozinho, dentro ou fora de casa, para poder ter o prazer de o declamar incessantemente para mim mesmo. Vi crianças que ainda fazem isso.
O professor ao trabalhar com a leitura deve ter consciência da
necessidade de utilizar uma variedade significativa de livros, dos quais, é claro,
ele conheça e sejam considerados ideais para o aprendizado e a construção do
saber.
Mas há, também, a necessidade de se saber mais sobre o que se lê e
de quem se lê, ou seja, o autor, pois apesar de existir a possibilidade de se
notar as marcas e o estilo de um autor em um capítulo de um romance, um
conto ou um poema fica evidente, segundo Proença Filho (1969), para a
compreensão autêntica do fenômeno literário não podemos deixar-nos conduzir
apenas pelas conclusões de um único poema, ou dois, ou três, é necessário
que examinemos toda a obra do artista.
Quando um professor amplia o campo de estudo, ele aprofunda, assim,
o conhecimento da obra literária, da posição do criador. Dando mais sentido ao
trabalho literário desenvolvido em sala de aula.
Mesmo ciente de que trabalhar com literatura não é tarefa simples e da
dificuldade e desinteresse que alguns alunos têm (até pelo despreparo dos
professores em alguns casos), o professor deve ter a leitura literária como
hábito em sala de aula.
Uma criança que lê, não somente será um adulto mais preparado e
consciente, como também, já é uma criança diferenciada. A visão de mundo, a
capacidade de leitura e interpretação de textos, a capacidade de criar, imaginar
são alguns dos benefícios que ela adquire com a leitura. E se educada desde
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cedo a ler literatura ela desenvolverá ainda mais essas e outras habilidades,
como por exemplo, “ler nas entrelinhas”.
Segundo Colomer (2007, p. 31) “[...] o objetivo da educação literária é,
em primeiro lugar, o de contribuir para a formação da pessoa, uma formação
que aparece ligada indissoluvelmente à construção da sociabilidade e realizada
através da confrontação com textos [...]”.
Nesse sentido, a literatura revela o homem enquanto homem, sem
distinção ou qualificação. Para Proença Filho (1969), ela surge sempre onde há
um povo que vive e sente, ou seja, cultura, língua e literatura estão
estreitamente ligadas.
A leitura literária é um tipo especial de leitura. Pereira (2012), diz que
sua especificidade decorre, sobretudo, das características do texto literário. E
ela pode ser valorizada como uma manifestação humana que merece lugar
entre as práticas culturais de nossa sociedade.
Se perguntarmos a qualquer educador sobre o que se pretende quando leva o livro à infância, a resposta será sempre a mesma: queremos criar nos pequenos o hábito de ler. Em outras palavras, pretendemos que a criança tenha, pela vida afora, a literatura como forma de enriquecimento. (MEIRELLES, 2010, p. 1).
A definição do que é Literatura não é tarefa fácil. Talvez seja essa uma
das dificuldades que os professores sentem ao trabalhar com a leitura literária:
Não saberem exatamente com o que estão trabalhando e muito menos como
trabalhar.
A literatura, como qualquer arte, vai além da informação. É também
formativa, cria emoções e prazer. Proporciona oportunidades únicas de
encontro do individuo consigo mesmo e com os outros.
Ela conduz a criança ao desenvolvimento do seu intelecto, da
personalidade, satisfazendo suas necessidades e aumentando sua capacidade
crítica. Por meio da literatura a criança pode ter suas dúvidas, em relação a
tantas perguntas, respondidas, encontrar novas ideias para solucionar
questões e instigar a curiosidade do leitor. Nesse processo, ouvir histórias tem
uma importância que vai além do prazer, pois a criança pode conhecer coisas
novas, o que proporcionará a construção da linguagem, da oralidade, de
valores e sentimentos, os quais ajudarão na sua formação pessoal.
Para Zilberman (1987, p. 22), a literatura procede da seguinte forma:
21
Ela sintetiza por meio dos recursos da ficção, uma realidade, que tem amplos pontos de contato com o que o leitor vive cotidianamente. Assim, por mais exacerbada que seja a fantasia do escritor ou mais distanciadas e diferentes as circunstâncias de espaço e tempo dentro das quais uma obra é concebida, o sintoma da sua sobrevivência é o fato de que ela continua a se comunicar com o destinatário atual, porque ainda fala de seu mundo, com suas dificuldades e soluções, ajudando-o, pois, a conhecê-lo melhor.
O professor precisa estar ciente de que a literatura tem seu jeito próprio
e particular de trabalhar a realidade, de levar uma mensagem até o leitor. Seja
por meio de contos, fábulas ou até poesias ela faz com que a criança
compreenda a sua realidade, o contexto em que vive e, ao mesmo tempo,
possa descobrir um mundo de fantasias. Ou seja, a literatura proporciona à
criança um sentido ao mundo real explorando a sua imaginação e criatividade,
tornando assim as histórias mais atrativas.
Entre o mundo imaginário criado pela linguagem literária e o mundo real, existem sempre vínculos, pois jamais a ficção literária se pode desprender da realidade empírica. O mundo real é a matriz primordial e mediata da obra literária, mas a linguagem literária não se refere imediatamente a esse mundo, não o denota: ela institui efetivamente uma realidade própria, um heterocosmo com estrutura e dimensões específicas. Não se trata de uma deformação do real, mas sim da criação de uma realidade nova que mantém sempre uma relação significativa com o real objetivo. (SILVA, 1968, p. 28).
Seguindo essa linha de raciocínio e tentando aprofundar um pouco mais
sobre os conceitos de literatura, Vilarinho (2012) diz que assim como a música,
a pintura e a dança, a literatura é considerada uma arte. Através dela se tem
contato com um conjunto de experiências vividas pelo homem sem que seja
preciso vivê-las e que nos permite identificar as marcas do momento em que foi
escrito. Ela é um instrumento de comunicação, pois transmite os
conhecimentos e a cultura de uma comunidade.
Portanto, os livros literários não têm “prazo de validade”. Um livro de
literatura pode ter sido escrito em qualquer época e ainda “soar” como algo
atual fazendo com que o leitor (se este se atentar a isso) estranhe que não o
seja.
Então a literatura pode se caracterizar como sendo esta identidade atemporal e anespacial entre o homem de uma época e o homem de todas as épocas. E neste sentido, cada leitor é um recriador de emoções, e através da literatura, restauramos emocionalmente todo o passado. “Criação é, sobretudo emoção”. (PROENÇA FILHO, 1969, p. 33).
22
Para Lajolo (1987), a literatura pode ser considerada como objeto de
criação. Pois ela dá existência plena ao que, sem ela, ficaria no caos do
inomeado e, consequentemente, do não existente para cada um. E, o que é
fundamental, ao mesmo tempo em que cria, aponta para o provisório da
criação.
Levando esse pensamento para a sala de aula, é possível dizer que as
produções escritas ou até orais dos alunos podem ser consideradas como
obras literárias (considerando suas limitações, é claro). O professor precisa
incentivar que o aluno escreva, reproduza textos, ou até pensamentos, sejam
estes orais ou escritos.
Lajolo (1987), afirma que a obra literária é uma estrutura, um sistema de
elementos interligados, assim como um objeto social. Para que ela exista, é
preciso que alguém a escreva e que outro alguém a leia. Ela só existe
enquanto obra neste intercâmbio social.
Será que são literatura os poemas adormecidos em gavetas e pastas pelo mundo afora, os romances que a falta de oportunidade impediu que fossem publicados, as peças de teatro que, como dizia Fernando Pessoa, jamais encontrarão ouvidos de gente? Será que tudo isso é literatura? E, se não é, porque não é? Para uma coisa ser considerada literatura tem de ser escrita? Tem de ser editada? Tem de ser impressa em um livro e vendida ao público? (LAJOLO, 1987, p. 14).
As histórias que a literatura conta não precisam ser verdadeiras. Assim
como, também, não precisam ser inverídicas. Uma obra literária tem como
característica, segundo Silva (1968), a criação imaginária de sua própria
realidade, em que a palavra dá vida a um universo de ficção. A sua verdade é
uma verdade de coerência e não correspondência, pois consiste numa
necessidade interna e não em algo verificável externamente.
Dessa forma,o leitor-aluno deve ser visto como um sujeito ativo, que
cria, reproduz, imagina, e também, porque cabe a ele não só a tarefa de
descobrir “o significado” do texto na hora da leitura, mas inferir sentidos a partir
de sua interação com o mesmo.
Escrever literatura é um exercício da imaginação. Assim também é ler.
Temos de tomar a imaginação para aplicar numa história se quisermos
enxergar todas as suas possibilidades; caso contrário trata-se apenas de
alguém que fez alguma coisa.
23
Quanto à dificuldade de entendimento que o aluno possa vir a ter, Foster
(2010), diz que todos um dia já tiveram a sensação de ao ler um livro, seja em
prosa ou verso, sair sem entender muito bem aquilo que leu. Pois é normal, e
acontece com todos, mesmo leitores profissionais e mais experientes. Também
não conseguem entender ou interpretar o que autor daquela obra quis dizer ou
expor em uma determinada passagem do livro.
Mas é enfrentando situações assim que o aluno irá se desenvolver e
ampliar sua capacidade de leitura, interpretação, imaginação e escrita. Um bom
professor irá utilizar-se dessas dificuldades, incentivando, além da leitura, a
produção de obras literárias. Propor que as crianças reescrevam contos,
poesias, fábulas e compartilhem isso com os colegas de sala e, se possível,
que haja um trabalho de exposição escolar.
De acordo com Bloom (2001), o ato de ler bem torna as crianças mais
interessantes, um processo no qual desenvolverão uma noção de serem
pessoas separadas e distintas. Estar sozinho com um livro autêntico é ser
capaz de conhecer a si próprio.
Sendo assim, a criança que lê tem mais argumentos, escreve melhor, se
expressa de forma mais clara e objetiva, desenvolve seu sentido crítico, amplia
a variedade de experiências, tornando-se uma pessoa com mais conteúdo e
ainda cria novas alternativas de diversão e prazer.
Porém, ainda hoje, poucas crianças têm o hábito de ler no Brasil. Muitas
têm o primeiro contato com os livros somente na escola. Isso faz com que
aumente ainda mais a importância da leitura literária em sala de aula. Por isso,
a necessidade do professor ter o hábito da leitura, assim como um bom
conhecimento sobre variados livros.
Uma história pode proporcionar inúmeras possibilidades de
aprendizagem às crianças. Como, por exemplo: os valores apontados no texto.
O professor poderá utilizar-se desses valores e outras possibilidades para
propor a troca de opiniões entre as crianças e desenvolver suas capacidades
de expressão e opinião.
Ao estabelecer relações entre os comportamentos dos personagens e o
comportamento das crianças em nossa sociedade o professor estará
desenvolvendo os diversos aspectos educativos da literatura em seus alunos.
Mas para que esse trabalho com a literatura tenha sucesso, o professor
24
precisa estar atento quanto às intervenções que são necessárias. Procurar
meios para tornar a leitura mais prazerosa, selecionar bons livros e que façam
sentido à realidade de seus alunos. Pois ao trazer a literatura para a sala de
aula, o professor estabelece uma relação dialógica com o aluno, o livro, sua
cultura e a própria realidade.
25
CAPÍTULO III
A LEITURA E A LITERATURA NA SALA DE AULA
3 A FORMAÇÃO DE LEITORES E A LITERATURA EM SALA DE AULA
A leitura literária pode proporcionar muitas transformações na vida das
crianças. Independente do contexto em que a criança viva, a intenção de se
ensinar a ler e a ler literatura é promover a sua capacidade de criar,
proporcionar a oportunidade de a criança se tornar um cidadão crítico e ser
capaz de compreender e transformar sua própria realidade.
Entretanto, de acordo com Zilberman (1987), os livros produzidos tendo
como receptor a criança, tem a reflexão sobre esse produto, oferecido a elas,
do adulto. Que a analisa, em primeiro lugar, de acordo com seus interesses.
Apesar de ter como objetivo dirigir a criança a uma realidade melhor e
mais adequada, ela, a criança, “não escolheu isso”. Não teve “participação” e
nem foi “consultada” durante o processo de produção dos livros literários.
Livros que lidam com emoções e o prazer dos leitores mirins, mas que
atendem aos interesses adultos, de acordo com a visão que eles têm do que é
melhor.
Nessa perspectiva, seja na escola ou em casa, o livro passa a ter uma
função social que a torna imprescindível para a preparação e formação da
criança. Propicia a adoção de hábitos e comportamentos socialmente
preferidos. Tudo o que se espera da produção literária para crianças é o que o
adulto ali deposita, isto é, seus valores e hábitos sociais.
Isso não significa que a forma como os livros são pensados e produzidos
esteja errado. No entanto, é necessário que os professores compreendam isso
e procurem fazer com que os livros façam sentido às crianças, que eles saibam
como apresentá-lo, como usar esse material nas leituras e atividades diárias.
A leitura é ou deveria ser uma preocupação da escola com relação aos
seus alunos. Principalmente na era atual, onde os meios de comunicação
dominam o tempo e a preferência das pessoas, tornando-as pessoas alienadas
(se usados de forma exagerada e sem um propósito), sem poder de decisão ou
de lutar pelos seus direitos.
Isso se agrava na classe mais baixa, onde os mais pobres têm a
26
alimentação, educação e saúde em quantidade e qualidade abaixo do que
precisam e deveriam ter por direito. Sem contar que vivem à margem de todo
esse “mundo tecnológico” que de certa forma faz aumentar o “abismo” que há
entre a classe baixa e as outras, especialmente a mais alta.
Nessa perspectiva, quanto mais os problemas fora da escola se
agravam, mais a escola é atingida e desacreditada. “[...] vê em suas mãos o
resultado da espoliação e da degradação dos laços familiares: crianças e
jovens desorientados, carentes, entregues às drogas ou com graves disfunções
cognitivas e de socialização” (ZILBERMAN, 1989, p.7).
Problemas como esses não serão solucionados pela escola. Mas ela
pode ajudar a minimizar esse cenário ou pelo menos os efeitos causados nas
crianças. Mais que isso, pode proporcionar uma nova realidade a elas, pois a
criança que não lê e que não tem o seu senso crítico desenvolvido, quando
chegar à fase adulta não conseguirá lutar por seus direitos com autoridade.
Isso sem falar na capacidade de ler e de compreender um bom livro, ou então
de se expressar com clareza.
Segundo Zilberman (1989), dentro das possibilidades de aprendizagem
por meio da leitura literária, o leitor pode a partir dos universos encontrados nos
textos puramente imaginários, se libertar do peso da realidade, mesmo quando
a denunciam, iluminam ou ampliam suas fronteiras. Podendo transformar a
leitura do texto literário num ato de co-criação, propiciando a livre expansão do
eu, que as amarras do cotidiano, seja na escola ou na vida fora dela,
costumam impedir.
O leitor não é um sujeito passivo que somente lê. Cada leitor tem seu
jeito de entender, captar o que o autor escreveu. Isso não significa que um
mesmo texto pode ter vários significados e sentidos, mas sim que cada ser
humano irá sentir as emoções contidas no texto de uma forma diferente, ímpar.
Cada um irá se colocar no lugar de um personagem que mais lhe agradar e se
identificar. Dessa forma, o texto continua a “ser escrito”, pois do ponto de vista
do leitor, é uma nova experiência que ele vai viver e transformar.
Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto. É, a partir de um texto, ser capaz de atribuir-lhe significação, conseguir relacioná-lo a todos os outros textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que seu autor pretendia e, dono da própria vontade, entregar-se a esta leitura, ou rebelar-se
27
contra ela, propondo outra não prevista. (LAJOLO, 1982, p 59).
Isso parece estar claro, de certa forma, para alguns educadores ou para
os que compreendem o verdadeiro valor da leitura. Entretanto, outros
professores não percebem ou não querem perceber o valor da leitura literária
na vida dos alunos. Consequentemente, os próprios alunos também não
percebem.
Os alunos de um modo geral só leem quando são obrigados. Seja pela
nota do trabalho ou da atividade que estão desenvolvendo. Alguns nem assim
o fazem. Outros até dão a desculpa da falta de tempo. Desculpa essa, que é
desmentida pelas horas que passam na frente da TV.
A leitura parece não agradar aos alunos. Como se não fizesse sentido
algum a eles. E talvez, pela forma que é apresentada e trabalhada em sala de
aula não esteja fazendo mesmo. Mas nem sempre o professor é o culpado,
pois há os professores que buscam meios e soluções para proporcionar uma
leitura mais qualitativa aos seus alunos.
O problema é que ainda assim a leitura é vista como atividade exigida,
obrigatória. Expressões duras, como pensa Lajolo (2002), mas que entram em
harmonia com uma escola como a brasileira, amarga e curtida por políticas
educacionais equivocadas.
Nesse contexto, o professor bem-sucedido, ou o bom professor, se
transforma em um propagandista persuasivo de um produto (no caso a leitura),
que tenta mostrar a importância e a necessidade da leitura literária dentro das
escolas e na vida a fora.
Em contra partida, Lajolo (2002), diz que as editoras que produzem os
livros didáticos, tiram do professor a tarefa de preparar as aulas. Deixando um
repertório de autoria alheia, tais como: testes de múltipla escolha, perguntas
abertas ou semi-abertas, reescritura de textos, resumos comentados, etc.
Esses são alguns exemplos das atividades que o professor encontra para
passar para alunos às vezes desatentos, às vezes rebeldes e quase sempre
desinteressados.
Como se não bastasse, há uma “crença” seguida por alguns
educadores, totalmente equivocada, de que os professores não devem corrigir
os textos que os alunos escrevem. Se por um lado encontra-se um cenário
28
onde professores agem com rigidez, limitando a criatividade do aluno, por outro
se vê um cenário onde a omissão reina e a aprendizagem torna-se algo quase
que como obra do “acaso”.
Circulam, com sucesso, crenças como a de que o professor não deve corrigir o texto dos alunos, que ele deve deixar o aluno escrever como fala, que a escola deve respeitar o dialeto do aluno, que redação não deve ter nota e outras similares afirmações e negações. E todas e cada uma delas, tomadas fora do contexto em que foram formuladas, e aplicadas a toque de caixa em atividades que variam de exercícios propostos por livros escolares a metodologias desenvolvidas em cursos relâmpagos, ficam fora do lugar. (LAJOLO, 2002, p18).
O professor precisa estimular seus alunos, assim como mediar, intervir,
entre outros termos associados à leitura no âmbito escolar. Ele precisa estar
ciente da sua importância para que os alunos tenham um bom aprendizado e
peguem gosto pela leitura, reforçando a importância do adulto quanto à
apresentação do livro à criança.
É necessário, também, auxiliar o aluno em seu aprendizado,
principalmente o professor de português, que precisa estar familiarizado com
uma leitura bastante extensa de literatura.
“Em outras palavras: o professor de Português pode não gostar de
Camões nem de Machado de Assis. Mas precisa conhecê-los, entendê-los e
ser capaz de explicá-los” (LAJOLO, 2002, p.22).
Se o professor não tem bons hábitos de leitura, se a relação dele com o
texto não tiver um significado para ele, não for um bom leitor, são grandes as
chances de que ele seja um mau professor. Um mau professor dificilmente irá
conseguir fazer com que seus alunos entendam e se interessem por leitura. É
provável que os alunos passem a odiar o ato de ler e/ou de escrever.
“O primeiro requisito, portanto, para que o contato aluno/texto seja o
menos doloroso possível é que o mestre não seja um mau leitor. Que goste de
ler e pratique a leitura”. (LAJOLO, 1982, p 54).
Porém, na escola, a literatura é tida na maioria das vezes como
“instrumento” de aprendizagem de gramática, para revisar a História ou a
Sociologia e a Psicologia, ou para redigir melhor. Zilberman (1989) entende
que o texto literário deveria guardar sua característica lúdica, ser mais
explorado em sala de aula, mas não é o que se sucede na maior parte das
salas. Assim, a literatura perde seu poder de encantamento e de transporte a
29
vivências imaginárias alternativas. O que poderia contribuir para a formação do
leitor geral esvazia-se pelas distorções escolares e decreta um futuro de não
leitores.
Leite e Marques (1982) consideram que saber analisar sintaticamente
uma oração, identificar as classes gramaticais das palavras, concordar o verbo
com o sujeito, são insuficientes ou de nada adiantam para melhorar o senso
crítico e a expressividade dos alunos.
Além disso, ainda há a resistência que a própria criança cria em querer
ler. Nessa perspectiva, um dos cuidados que a escola deve tomar com relação
à leitura é em não transformá-la em algo tedioso ou repugnante. Tendo como
consequência o distanciamento entre os alunos, quando saem da escola, e os
livros. A criança precisa de oportunidades para expressar o que a obra, seja
qual for, suscitou dentro delas.
O professor pode começar explorando textos que agradem aos alunos,
deixar que eles leiam em voz alta, reúnam-se em grupos, comentem,
perguntem, enquanto o professor faz o trabalho de mediador. Assim, não
haverá um ganho somente se tratando da relação entre alunos e leitura e
escrita, mas também entre alunos e professores. O professor deixará de ser
visto como uma pessoa autoritária que “despeja” seu conteúdo e sai da sala
para que entre outro para despejar outros conteúdos.
As faixas etárias em que as leituras são controladas requerem, pois, um posicionamento cauteloso e muito aberto, para não se tornarem épocas de opressão ou repressão inaceitáveis pelo pequeno ou jovem leitor. A melhor política é a da leitura compartilhada, em que o universo de sentidos do texto é discutido entre o leitor jovem e o leitor adulto, de modo a que venham à tona as interpretações e se dialogue sobre as divergências. (ZILBERMAN, 1989, p. 12).
A leitura compartilhada é a base da formação de leitores, pois os alunos
começam a se interessar pela leitura, havendo uma interação qualitativa entre
o adulto e a criança. Colomer (2007), diz que meninos e meninas de contextos
culturalmente ricos se beneficiam das práticas de leitura compartilhada antes
de “saber ler”, o que lhes proporciona um maior rendimento dessas mesmas
práticas na escola.
Para Leite e Marques (1982), contar histórias e brincar com a linguagem
é uma necessidade e capacidade humana, vinculada à necessidade vital de
30
fantasia, assim como, de expressar-se e comunicar-se. Isso reforça a
importância da leitura compartilhada no dia a dia em sala de aula.
Mas é claro que quando se fala de leitura em sala de aula, não é
somente o ato de ler, mas sim, o que se lê. Atualmente, lê-se mais que nunca,
graças à extensão da escolaridade, mas o que se lê e para quê se lê está
longe de corresponder à literatura e a seus possíveis benefícios.
A reação em favor da literatura tem do seu lado uma notável quantidade de estudos, demonstrando que a leitura de histórias para as crianças incide em aspectos tais como o desenvolvimento do vocabulário, a compreensão de conceitos, o conhecimento de como funciona a linguagem escrita e a motivação para querer ler. Existe um acordo generalizado sobre o fato de que os contos possuem a enorme vantagem de ensinar às crianças a “pensar só com palavras”, ou seja, sem apoiar-se na percepção imediata, nem em um contexto presente que lhes permite elaborar um modelo mental do mundo muito mais rico e um vocabulário para falar sobre ele. (COLOMER, 2007, p.118).
O professor também precisa dar oportunidades para que o aluno possa
praticar a leitura, seja ela individual ou para toda a sala, assim como,
desenvolver a capacidade de escrever textos sem necessariamente seguir
regras, como é comum na escola, no caso das redações (começo, meio e fim).
Primeiramente as crianças têm que se sentir a vontade para colocar no papel
tudo o que sentem e que pensam para depois pensar em dar forma ao que foi
escrito.
A escola deve dedicar mais tempo à leitura de obras integrais, aumentar
a conexão entre leitura e escrita, e deixar de considerar o material de leitura
como algo “neutro”, simples textos e aceitar que os tipos de livros lidos
determinam o leitor que se forma. Colomer (2007) reforça ainda que a escola
deve organizar atividades por meio de projetos de trabalho que dêem sentido
às leituras escolares.
A escola realmente tem que estar disposta a realizar um trabalho sério
com relação à leitura de bons livros, em especial à literatura. Não adianta
colocar a leitura literária como uma a mais entre as mil formas de leitura. Nesse
contexto todo, os livros que continuam predominando as salas de aula são os
didáticos, que entram e saem das mochilas dos alunos, em cada mudança de
aula, e o tempo dedicado à leitura e a escrita é muito curto.
O que se deve ter em mente é que ou o texto, a leitura, as atividades de
31
sala de aula dão um sentido ao mundo ou não terão sentido algum.
Ou seja, deve haver um planejamento escolar. Onde a escola, segundo
Colomer (2007), possa oferecer projetos prolongados de trabalho, leituras em
várias ocasiões a cada dia, releitura de obras, atividades de resposta criativa,
um tempo de leitura individual, um bom acervo de livros, espaços habitados por
livros e professores capacitados para dar intervenções. A escola precisa criar
condições para que existam aulas onde realmente se leia e se escreva.
Muitos docentes alegam dificuldades para corrigir os escritos se pedem mais de uma ou duas redações por trimestre, assim como a impossibilidade de seguir os programas, se dedicam mais tempo à leitura em classe. Mas se a escola foi criada para ensinar a linguagem escrita, pensar que esse objetivo pode ser alcançado sem nela ler e escrever é tão absurdo como pensar que se pode ensinar a nadar sem uma piscina onde os alunos possam mergulhar. Sem dúvidas, as dificuldades aludidas são literalmente corretas, mas não devem conduzir à inação, mas a imaginar atividades e prioridades diferentes que permitam o trabalho da leitura e da escrita. (COLOMER, 2007, p118).
Portanto, a escola e os professores precisam pensar em uma forma de
organizar os trabalhos feitos a partir da leitura e da escrita, ou seja, que facilite
tanto para o professor quanto permita que o aluno possa se desenvolver. Para
isso, é necessário também que a escola adquira bons livros e controle a
conservação desse material, assim como o material escrito pelos alunos em
sala de aula, pois tudo que eles escrevem tem que ser valorizado, para que
eles também possam valorizar o que produzem.
Nesse sentido, Colomer (2007) diz que quanto mais flexível e ativo é o
ensino que as escolas oferecem, mais os alunos podem beneficiar-se da
relação entre a leitura literária e o aprendizado escolar. Existem vários meios
para se organizar uma atividade em sala de aula, um deles, como já foi dito,
são projetos ou projetos prolongados, os quais cabendo aos professores
encontrar aqueles em que se sintam mais seguros.
O trabalho por projetos torna possível que as atividades de leitura na escola superem uma boa parte das divisões artificiais, que se dão tradicionalmente nela e facilita que a leitura obtenha sentido de atividade habitual e necessária em uma sociedade alfabetizada. (COLOMER, 2007, p. 120).
Portanto o professor não pode se acomodar. Considerando que as
necessidades das crianças vão se modificando conforme a época, ou seja, o
que servia para uma criança antes, hoje já não tem o mesmo sentido, o
32
professor deve se familiarizar com a história da alfabetização, da leitura e da
literatura brasileira na escola, isso sem contar com a história do ensino da
língua portuguesa no Brasil. Continuar atualizando seus conhecimentos e
buscando meios para vencer as barreiras encontradas durante o processo de
ensino-aprendizagem.
33
CAPITULO IV
TEXTOS LITERÁRIOS
4 TIPOS DE TEXTOS LITERÁRIOS
O professor que deseja obter sucesso no trabalho com a literatura
precisa estar ciente de que a relação da criança com o livro precisa ser lúdica e
prazerosa. Pois, somente assim, torna-se possível a formação do leitor.
É a partir da exploração da fantasia e da imaginação, encontradas nos
livros, que se instiga a criatividade e fortalece a interação entre texto e leitor.
Ou seja, o educador precisa ter em mente de que ouvir e ler histórias literárias
são como entrar em um mundo “paralelo”, cheio de fantasias, mistérios e
surpresas. Um mundo curioso e encantador, que tanto diverte, quanto ensina.
O professor que deseja ensinar literatura para crianças precisa estar
ciente de que a criança, como diz Sosa (1978), sonha com um livro que traduza
sua inquietude e sacie plenamente seu interesse.
As atividades com histórias infantis, como fábulas, contos e outros textos
literários precisam ser trabalhadas em sala de aula para que a criança amplie
sua capacidade de leitura e interpretação, de pensar, refletir e interpretar o
mundo ao seu redor através da fantasia e da imaginação. É importante também
que o professor leia para seus alunos, mas que saiba como fazê-lo, pois a
criança mais vê do que ouve uma história, especialmente quando o professor
recorre a elementos adicionais, como a mímica, para completá-la.
Cunha (1968), diz que na infância tudo que impede o movimento do
corpo é superado a contragosto. Portanto, é preciso compensar isso pela
imaginação. Ou seja, numa história onde apareçam novos e interessantes
fatos, cheios de situações imprevistas e que os personagens se movimentam
constantemente, será mais fácil de reter a atenção das crianças. A isso se
acrescenta a qualidade da forma que o professor conta ou apresenta a história
para os seus alunos.
A criança que entra em contato com a leitura literária adquire um
pensamento lógico, o hábito de ouvir, tem sua oralidade estimulada, assim
como a sensibilidade à socialização. Portanto, o professor precisa utilizar-se de
estratégias para adquirir o hábito de leitura em seus alunos, como também,
34
proporcionar uma boa compreensão dos textos.
Segundo Isabel Solé (1998), as estratégias de leitura são as ferramentas
necessárias para o desenvolvimento da leitura proficiente. A utilização de
estratégias nas aulas permite aos alunos compreender e interpretar de forma
autônoma os textos lidos, formando-os em leitores não só independentes, mas
como também, críticos e reflexivos.
Para que o aluno possa aprender essas estratégias e se tornar um leitor
capaz de compreender aquilo que lê, será necessário que o professor articule
situações de ensino de leitura em que se garanta sua aprendizagem
significativa.
A escola deve fornecer aos estudantes, por meio da leitura, instrumentos
necessários para que eles consigam adquirir gosto pela leitura e compreendam
aquilo que lêem. A criança necessita da mediação do adulto para obter um bom
aproveitamento nas atividades e aprender. Nesse sentido, destaca Vygotsky
(1987), que a educação escolarizada e o professor têm um papel singular no
desenvolvimento do indivíduo.
O papel do professor na literatura é muito importante. Não basta que o
professor somente leia para as crianças ou peça para que elas leiam. Ele tem
que procurar meios que facilitem o processo de uma leitura qualitativa. O
professor precisa criar o hábito da leitura em seus alunos para que ela faça
sentido em suas vidas, contextualizado-as por meio da leitura, formando novos
leitores.
Durante as aulas o professor pode trabalhar com diversos gêneros
literários que as crianças gostam, como, por exemplo: contos, poesia, fábulas,
romance, crônica, entre outros.
A narrativa é um dos tipos de textos literários mais comum para o
professor trabalhar a leitura com os alunos. Ela é o relato de um enredo e
pode ser baseada em fatos ou ficcional. Os fatos ocorrem em sequência. Ela
pode ser classificada como conto, novela, crônica, entre outros. O romance,
por exemplo, é uma narrativa longa e que apresenta uma história completa,
com temporalidade, ambientação e personagens claramente definidos. O
Romance se subdivide em diversos outros tipos: Romance policial, Romance
romântico, Romance urbano, Romance Histórico, Romance Realista etc.
A fábula é um texto de caráter fantástico, sem nenhum compromisso
35
com a realidade, funde dois elementos principais: o lúdico e o pedagógico. Os
personagens costumam ser animais ou objetos que sentem, agem e pensam
como os seres humanos. No final, sempre há uma moral para o leitor.
O texto narrativo tem como objetivo contar algum fato e fazer com que
esse fato sirva como informação, aprendizado ou entretenimento. Se isso não
acontece, o texto narrativo perde todo o seu valor. A narração, portanto, visa
sempre um receptor.
Segundo Sosa (1978), as crianças gostam de contos porque coisas
extraordinárias como árvores que dançam ou que falam, pedras que cantam,
botas que andam, conseguem atingir de forma prazerosa, livre e natural suas
capacidades de pensar, raciocinar, imaginar. O mundo que elas descobrem é
tão maravilhoso e fantástico como o mundo das histórias de fadas.
Diante do contexto em que a criança vive e de sua experiência pessoal,
todas as coisas surgem a ela como algo realizável. Varinhas mágicas e vozes
misteriosas estão, para a criança, mais próximas do real que do fantástico.
Os personagens encontrados nos contos em geral têm uma qualidade
relevante elevada ao máximo. Ou são bons demais ou maus, trabalhadores e
preguiçosos, feios ou bonitos. Na vida real as pessoas podem ser boas e más
ao mesmo tempo. As crianças têm grande facilidade em dividir em dois lados
as qualidades das pessoas ou dos personagens de histórias.
Por isso, os contos de fada são mais acessíveis para que o pensamento
delas se desenvolva e passem a ter uma visão mais crítica e objetiva diante
das situações encontradas durante suas vidas. Elas se identificam com o
personagem que acham mais simpático. Se na visão da criança o personagem
é bom, busca a justiça, ela também irá querer ser boa.
Por meio da literatura os professores conseguirão encontrar meios para
ajudar com que as crianças superem suas dificuldades, descubram
potencialidades, melhorem a auto-estima. Para isso o professor tem que estar
disposto a envolver seus alunos no mundo dos contos, da fantasia.
Na história de L. Frank Baum "O Mágico de Oz", por exemplo, os
personagens lutam para superar suas dificuldades. A personagem central
Dorothy, uma garota órfã, vive com seus tios em uma fazenda e é transportada
por um ciclone ao Reino de Oz. Lá ela encontra três amigos: O espantalho que
quer adquirir um cérebro, o Homem de lata que quer ter um coração e o Leão
36
Covarde que quer ser corajoso. Todos almejam algo. Dorothy por exemplo,
quer sair de lá.
A história mostra que todos têm capacidade de conseguir o que
almejam. Dorothy, assim que chega ao Reino de Oz recebe de presente
sapatos mágicos que poderiam ajudá-la a sair de Oz. Em alguns momentos os
personagens demonstram ter aquilo que tanto almejam. O leão demonstra
coragem em certas ocasiões, o homem de lata gratidão e emoção e o
espantalho diz ter ideias para tentar reverter a situação que ele e os outros
estão. O que falta, no entanto, é que cada um supere suas dificuldades e
acreditem em si. “- Tive uma ideia: se eu for com você até a Cidade das
Esmeraldas, será que o Grande Oz me dará um cérebro para pensar?” (BAUM,
1969, p.38).
“Quando o lenhador conseguiu movimentar-se livremente, não se
cansava de agradecer-lhes. Parecia muito bem educado, e depois de
finalmente esgotada sua incomum capacidade de gratidão declarou [...].”
(BAUM, 1969, p.37).
Numa história como essa, o professor pode propor atividades aos seus
alunos que façam com que eles se identifiquem com os personagens e com a
situação de cada personagem na história. Não seria necessário muito esforço
para que isso acontecesse, a criança logo se apegaria a um personagem. Seja
pelo aspecto, pela situação ou modo de agir.
Ao contar histórias como O Mágico de Oz, o professor pode fazer
pausas para perguntar, dramatizar e pedir para que as crianças falem o que
acham que vai acontecer ou dar opiniões sobre a história.
O professor pode propor que os alunos contem o que entenderam,
reescrevam, façam uma releitura por meio de desenhos ou até para que façam
uma mini apresentação em sala. Dessa maneira, o educador proporcionará
oportunidades para que a criança exponha sua preferência quanto aos
personagens, como ela se identifica com a história, quais são suas dificuldades
e, consequentemente, o educador vai descobrindo um lado que talvez não
conhecesse do seu aluno, como a realidade social e familiar, suas
potencialidades e fraquezas.
Outro exemplo é o conto de Andersen “O Patinho feio” que mostra a
tristeza de um patinho considerado feio por todos da fazenda onde ele nasce.
37
Mas, ninguém imaginava que esse patinho “feio” seria na verdade um belo
cisne.
Na escola, infelizmente, é normal que algumas crianças sejam motivo de
risos, pelos seus jeitos, por parte dos colegas, ou que sejam taxadas por não
terem um bom rendimento escolar. Mas não significa que ela será assim para
sempre. No entanto, o professor deve estar atento e trabalhar questões ligadas
ao respeito entre as pessoas, assim como a superação das dificuldades e
limitações. Por meio da literatura o professor poderá ajudar seus alunos a se
descobrirem.
Em ambos os casos o professor irá não somente ajudar seus alunos a
se sentirem melhores ou a se descobrirem, como também fará com que se
interessem pela leitura e tenham interesse em responder às questões
propostas ou a participar de atividades propostas, como apresentações, por
exemplo.
Para que os alunos tenham um melhor entendimento dos textos, o
professor pode utilizar-se de atividades que façam com que o aluno saiba mais
sobre o autor e a obra. O professor pode pedir para que os alunos procurem
nos livros de histórias o nome do autor, nascimento, obras principais (e caso o
aluno conheça ou se interesse por uma delas, pode ser utilizada na próxima
aula), nome da história, gênero, o que mais chamou atenção durante a história,
qual personagem mais gostou e por quê. Por meio de questionários escritos ou
falados o educador pode incentivar que seus alunos descubram e aprendam
mais sobre os livros que leem.
A utilização da literatura como recurso pedagógico pode e deve ser
enriquecida e potencializada pela qualidade das intervenções do professor.
Para isso, a escola e o educador precisam estar cientes da necessidade de
operacionalizar espaços na escola e na sala de aula onde a leitura geradora de
prazer possa ser vivenciada pelas crianças.
A crônica é um texto que focaliza assuntos do cotidiano, fala de tudo,
aberta ou disfarçadamente, deixando ao leitor o prazer do desvendar. Talvez
por isso sua leitura seja tão agradável e uma forma extremamente eficaz de
seduzir o aluno para a leitura.
Portanto, a crônica é uma grande aliada do professor no trabalho da
leitura literária. Mas infelizmente a crônica não ocupa o merecido lugar nas
38
escolas. Na leitura sugerida aos alunos, raramente desponta. No entanto, é um
texto muito próximo da realidade escolar. A começar por sua essência, que
explora os assuntos do cotidiano e do homem comum, criando uma
identificação com o dia a dia do educando. Sua leveza e brevidade, linguagem
simples, porém bem elaborada, e sofisticação estética são alguns dos pontos
favoráveis ao uso da crônica em sala de aula.
A importância da crônica em sala de aula é muito maior do que os
professores podem pensar. Trabalhar com crônica não é simplesmente
despertar o interesse de ler nos alunos, a crônica apresenta múltiplas faces,
trata de política, família, cultura, economia, arte, sexualidade, está em artigos
de revista, em livros próprios e nos jornais. Possibilitando atividades reflexivas
e contextualizando as histórias com a vida dos alunos.
A crônica de Fernando Sabino “Hora de dormir”, é um belo exemplo do
que acontece em muitos lares: um “problema” entre pais e filhos. Representa
um diálogo onde o pai quer que o filho desligue a televisão e vá dormir,
enquanto que o filho retruca, e em alguns momentos chega até a desafiar a
autoridade do pai, para ficar mais um pouco vendo TV.
De uma forma engraçada e simples o autor chama a atenção quanto à
falta de respeito que há entre pais e filhos já há algum tempo.
O professor pode primeiramente ler uma crônica para a sala e depois
propor atividades de leitura individual do texto, discussão coletiva sobre alguma
característica própria do texto, pedir para que os alunos transformem a crônica
em história em quadrinhos e apresentem essas histórias para a classe. A
crônica pode ser também uma ponte para um debate reflexivo de ideias.
Segundo Sosa (1978), a literatura apresenta-se à criança sob diferentes
formas expressivas. Ela evoca imagens. A poesia, por exemplo, além de criar
essas imagens, ela as desenvolve na cabeça das crianças, faz viver na
imaginação os acontecimentos com uma força irresistível.
É normal encontrar pessoas, inclusive educadores, que pensam que as
crianças não gostam de poesia. Esse pensamento ou conceito pode ser
decorrente de erros com relação ao tratamento do poema levado à infância.
A criança tem características que entram em harmonia com o mundo da
poesia. “É muito comum compararmos a criança e o poeta. Realmente, o
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mundo infantil é cheio de imagens, como o campo da poesia. A fantasia e a
sensibilidade caracterizam a ambas”. (CUNHA, 1968, p.71).
O educador que pensa que o ensino de poesia não será bem aceito
pelos seus alunos, precisa rever seus conceitos. Talvez seja ele, educador, o
problema.
Ao escolher poemas para dar para os alunos, o professor precisar estar
atento quanto a simplicidade da linguagem do poema, os versos precisam ser
curtos para que facilitem a observação do ritmo e facilitem a memorização.
Cunha (1968) considera que o ritmo e a rima da poesia costumam agradar às
crianças quando são fáceis de memorizar.
Durante as aulas o professor deve proporcionar momentos de leituras
compartilhadas, individuais ou coletivas, ler para os alunos dramatizando o
texto, organizar rodas de leituras para a socialização, pesquisar e discutir
acerca de determinados autores estudados ou da preferência dos alunos,
propor que os alunos façam relatos e auto-avaliação, escrevam e revisem
textos (poesias) e caso seja possível o professor pode realizar um recital de
poesias com apresentações feitas pelos alunos para a escola ou para a sala.
É importante também que o educador proponha atividades de
interpretação de texto, de procurar significados das palavras que os alunos
possam não conhecer, assim como também, pesquisem mais sobre o autor
das obras.
A poesia também favorece novas descobertas aos alunos e contribui
para o desenvolvimento oral e cognitivo da criança, como também da
imaginação e criatividade.
O eco O menino pergunta ao eco onde é que ele se esconde. Mas o eco só responde: "Onde? Onde?" O menino também lhe pede: "Eco, vem passear comigo!" Mas não sabe se o eco é amigo ou inimigo. Pois só lhe ouve dizer: "Migo!" (MEIRELES, 1972, p. 76)
A poesia é uma ótima opção para professores que se propõem a
40
trabalhar com textos significativos, e também, por meio deles, identificar
problemas de tempo e pontuação na leitura e escrita dos alunos.
É dever da escola, portanto, a criação de situações que façam com que
a leitura se incorpore à vida do indivíduo. Não somente para que ele pegue o
hábito da leitura, pois este com o tempo se perde, mas sim o gosto pela leitura.
Mesmo que alguns educadores, de modo geral, não façam distinção entre
hábito de leitura e gosto pela leitura, fica claro que o aluno que não lê por
gosto, quando sai da escola abandona os livros.
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CONCLUSÃO
Este trabalho procurou mostrar por meio de pesquisas bibliográficas que
a leitura literária não tem sido trabalhada de forma correta nas salas de aulas,
pois muitos professores não têm o hábito de ler e, consequentemente, o
conhecimento necessário dos livros literários.
Fica difícil, então, pensar em desenvolver o hábito e o gosto pela leitura
numa era dominada pela tecnologia se os professores não gostam de ler e não
praticam a leitura em sala de aula.
Por meio das obras literárias as crianças podem descobrir novos
horizontes e se descobrirem, terem suas realidades transformadas e
adquirirem um senso crítico considerável.
As crianças encontram nas histórias literárias um mundo fantástico,
imaginativo e criativo, que possibilita a elas criar, imaginar, sonhar e raciocinar.
Nesse processo elas podem contextualizar suas realidades com as dos
personagens ou das situações encontradas nas histórias.
Outro fator importante é a capacidade de interpretação do texto, a
descoberta do sentido da história, é nesse momento que o professor deve
atuar como mediador do processo da formação do aluno-leitor.
Mas, infelizmente, nem os professores e nem a escola estão preparados
para lidar com essa situação. Ao contrário, estão sufocando aos poucos essa
capacidade que há dentro de cada um, em especial nas crianças que ainda
estão em fase de formação e transformação.
A escola, os professores e até os pais precisam reconhecer esse valor
que a literatura tem para as crianças e para a sociedade. É necessário maior
interesse, preparo e planejamento dos professores e da escola em conjunto
com a família. Pois a família é a primeira a dar o incentivo e o exemplo ou não
da leitura, se os pais leem, o (a) filho (a) irá ao menos se interessar pelos
livros, mesmo que por curiosidade. Esse contato inicial da criança com o livro
será o primeiro passo para que o hábito, e quem sabe, o gosto pela leitura se
desenvolva.
42
REFERÊNCIAS
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43
MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. 8. ed. São Paulo: Brasiliense, 1988. MEIRELES, Cecília. “O Eco”. In: Poesias - ou isto ou aquilo & inéditos. 2. ed. São Paulo: Melhoramentos - MEC, 1972. p. 76 MEIRELLES, Elisa (Ed.). Literatura do 1º ao 5º ano: ajude os alunos a ler com autonomia. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/ pratica-pedagogica/literatura-1o-ao-5o-ano-ajude-alunos-ler-autonomia-83986. shtml?page=all>. Acesso em: 17 abr. 2012. PEREIRA, Mara Elisa Matos. Literatura infantil e infanto-juvenil. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAABcbkAI/literatura-infantil-infanto-juvenil>. Acesso em: 18 abr. 2012. PLATÃO; FIORIN. Lições de texto: Leitura e Redação. 4. ed. São Paulo: Ática, 2001. 416 p. PROENÇA FILHO, Domício. Estilos de época na literatura. 2. ed. Rio de Janeiro: Liceu, 1969. SABINO, Fernando. Hora de dormir. In: A companheira de viagem. 2. ed. Rio de Janeiro: Sabiá, 1972. p. 123-126. SILVA, Vítor Manuel de Aguiar e. Teoria da literatura. 2. ed. Coimbra: Almedina, 1968. SOLÉ, I. Estratégias de leitura. Porto alegre: Artes médicas, 1998. SOSA, Jesualdo. A literatura Infantil. São Paulo: Cultrix, 1978. VILARINHO, Sabrina. O que é literatura. Disponível em: <http://www.mundo educacao.com.br/literatura/o-que-literatura.htm>. Acesso em: 29 jun. 2012. VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1987. ZILBERMAN, Regina et al. (Org.). Leitura em crise na escola: as alternativas do professor. 6. ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1986.
44
ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. 6. ed. São Paulo: Global, 1987. ______. Guia de leitura: para alunos de 1º e 2º Graus. 6. ed. São Paulo: Cortez, 1989.
45
GLOSSÁRIO
Alienado: Alheado; cedido a outro dono; extasiado; O que enlouqueceu.
(CARVALHO, J.; PEIXOTO, Prof. Vicente. Moderno Dicionário Enciclopédico
da Língua Portuguesa. p. 49).
Depreender: Chegar a conhecimento de; deduzir; inferir; concluir.
(CARVALHO, J.; PEIXOTO, Prof. Vicente. Moderno Dicionário Enciclopédico
da Língua Portuguesa. p. 312).
Evocar: Chamar de algum lugar; trazer à lembrança. (CARVALHO, J.;
PEIXOTO, Prof. Vicente. Moderno Dicionário Enciclopédico da Língua
Portuguesa. p. 428).
Exacerbar: Agravar; tornar mais intenso; mais violento; mais áspero.
(CARVALHO, J.; PEIXOTO, Prof. Vicente. Moderno Dicionário Enciclopédico
da Língua Portuguesa. p. 428).
Hermenêutica: Interpretação do sentido das palavras; arte de interpretar leis;
interpretação dos textos sagrados. (CARVALHO, J.; PEIXOTO, Prof. Vicente.
Moderno Dicionário Enciclopédico da Língua Portuguesa. p. 504).
Indissolúvel: Que não se pode dissolver. (CARVALHO, J.; PEIXOTO, Prof.
Vicente. Moderno Dicionário Enciclopédico da Língua Portuguesa. p. 535).
Inferir: Deduzir raciocinando; tirar por conclusão. (CARVALHO, J.; PEIXOTO,
Prof. Vicente. Moderno Dicionário Enciclopédico da Língua Portuguesa. p.
537).
Intrínseco: Inerente; essencial a alguma coisa; interior; íntimo; essencial; real.
(CARVALHO, J.; PEIXOTO, Prof. Vicente. Moderno Dicionário Enciclopédico
da Língua Portuguesa. p. 548).
Sistemático: Que se refere ou é conforme a um sistema; ordenado; metódico.
(CARVALHO, J.; PEIXOTO, Prof. Vicente. Moderno Dicionário Enciclopédico
da Língua Portuguesa. p. 842).
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APÊNDICE
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APENDICE A
ESTRATÉGIAS DE LEITURA
MATERIAL INDICADO PARA TRABALHAR EM SALA DE AULA
Há diversos livros e coleções de gêneros literários que o professor pode
trabalhar em sala de aula com seus alunos. A coleção “Para gostar de ler”, por
exemplo, contém coletâneas de crônicas, contos e poemas de grandes
escritores que podem servir como apoio aos professores.
• Para gostar de ler (Volumes de 1 a 5 - Crônicas). Essa coleção conta
com obras de Carlos Drummond de Andrade, Fernando Sabino,
Paulo Mendes Campos e Rubem Braga. O professor poderá
encontrar diversos tipos de crônicas para trabalhar com a classe.
Crônicas sobre crianças, animais, consumismo, trabalho, escola,
confusões, etc. É um material divertido e atraente, que com certeza
despertará o interesse das crianças.
• Para gostar de ler (Volume 6 - Poesias). Já essa coleção conta com
obras de Cecília Meireles, Henriqueta Lisboa, Mário Quintana,
Vinicius de Moraes e também José Paulo Paes. Contém poesias
maravilhosas, clássicos da literatura sobre gente, animais, coisas,
lugares, tempo e amor.
• Para gostar de ler (Volumes de 8 a 10 Contos brasileiros). Nesta
obra, o leitor vai encontrar diferentes escritores brasileiros. São
grandes escritores de épocas e estilos diferentes. Cada um com seu
jeito de enxergar o mundo e a si próprio. Com muita arte e
sensibilidade Clarice Lispector, Lima Barreto, Graciliano Ramos,
Ignácio de Loyola Brandão, Luiz Vilela, Lygia Fagundes Telles, Mário
de Andrade e outros, entram com maestria no mundo das palavras,
proporcionando ótimos momentos de leitura.
• Para gostar de ler (Volume 13 – Histórias divertidas). O leitor irá
encontrar nesse volume uma leitura breve, leve e bem-humorada.
Escritores consagrados que fazem do mais comum acontecimento
cotidiano histórias muito divertidas, explorando as particularidades de
cada canto do Brasil. São eles: Fernando Sabino, Artur Azedo,
48
Machado de Assis, Stanislaw Ponte Preta, Lima Barreto, Luís
Fernando Veríssimo, Aluísio Azevedo e Moacyr Scliar.
A coletânea “Contos e poemas para crianças extremamente inteligentes
de todas as idades” de Harold Bloom oferece ao leitor estilos de autores
consagrados da literatura universal, como John Ruskin, Edward Lear, Lewis
Carroll, Rudyard Kipling, Robert Louis Stevenson, Ben Jonson, Oscar Wilde,
Mark Twain, Catherine Sinclair, Esopo e outros. São quatro volumes que
incluem trinta e nove contos e fábulas e setenta e quatro poemas.
Na opinião do crítico literário Harold Bloom (2001), quem está sozinho
lendo um bom livro não se sente realmente só. Ao ler narrativas emocionantes,
repletas de humor, mistério e aventuras, o leitor é capaz de embarcar numa
viagem pelo mundo sem limites da fantasia.
Outra obra muito interessante é “Como ensinar Literatura Infantil” de
Maria Antonieta Antunes Cunha. Essa obra está dividida em sete unidades.
Cada uma delas apresenta noções sobre o tópico a ser estudado, estudo do
texto e sugestões do trabalho (com questionário sugerido para aplicação em
sala de aula). “Plantero” de Juan Ramón Jiménez; “Patinho feio” de Andersen;
“Inquietações de Robinson Crusoé” de Daniel Defoe; “As fabulosas memórias
da Emília” de Monteiro Lobato; “O país ideal” de Graciliano Ramos; “O
magnífico caiador” de Mark Twain; “A bruxinha que era boa” de Maria Clara
Machado; “Pluft, o fantasminha” de Maria Clara Machado; “bolhas” de Cecília
Meireles; “Tempestade” de Henriqueta Lisboa; “As meninas” de Cecília
Meireles são alguns textos literários encontrados nessa obra de Maria
Antonieta A. Cunha.
Fica claro que, tratando-se de literatura, há diversas opções para o
professor. O que falta é conhecimento e/ou iniciativa do mesmo. Mesmo que a
escola não incentive ou dê condições ao educador, este tem que estar disposto
a buscar opções, ir de encontro com o universo da fantasia e criatividade da
literatura.
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