INSTITUTO HUMANITATIS

CURSO DE FORMAO EM PSICOLOGIA TRANSPESSOAL

APLICADA

XAMANISMO E AS PLANTAS DE PODER

Edna Martins

Karla Kimik Caparroz

Marina G. Del Bel Cruaes

Jundia SP

201

Edna Martins

Karla Kimik Caparroz

Marina G. Del Bel Cruaes

XAMANISMO E AS PLANTAS DE PODER

Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao

Instituto Humanitatis com o requisito de concluso do

curso de formao em Psicologia Transpessoal Aplicada.

Coordenadora do curso Leyde Christina Righetti Rino

Resende.

Jundia SP

2014

Dedicamos esse trabalho ao Grande Espirito que

nos possibilitou adentrar nos ensinamentos e praticas

xamnicas ancestrais e suas plantas de poder, e a todos

os facilitadores do Instituto Humanitatis que nos

proporcionaram grandes aprendizados.

SUMRIO

1. Introduo........................................................................................ 04

2. Xamanismo....................................................................................... 05

2.1. O Xamanismo e as tcnicas arcaicas do xtase.................................................... 08

3. O Xam............................................................................................. 14

3.1. O Estar Xam....................................................................................................... 15

3.2. Os Cinco Inimigos do Xam................................................................................ 15

4. As plantas de poder.......................................................................... 17

4.1. Peiote..................................................................................................................... 18

4.2. Iboga...................................................................................................................... 20

4.3.Datura..................................................................................................................... 22

4.4. Jurema Negra........................................................................................................ 23

4.5.Ayahuasca.............................................................................................................. 25

4.6.Ganja...................................................................................................................... 28

4.7.Slvia Divinorum................................................................................................... 30

4.8.Ltus Azul............................................................................................................. 31

4.9. Cogumelos Sagrados............................................................................................ 32

4.10. Soma (Amanita Muscaria)................................................................................ 33

4.11. Wachuma (Trichocereus Pachanoi).................................................................. 34

4.12. Rap.................................................................................................................. 34

4.13. Sananga............................................................................................................. 36

5. Concluso.......................................................................................... 38

6. Referncias Bibliogrficas................................................................ 39

1. Introduo

O Xamanismo a pratica espiritual mais antiga, e o principal elemento do Xamanismo

a crena em tudo que Sagrado e Divino, e ao Xam confere-se a capacidade de entrar em

transe e comunicar com o mundo espiritual.

O Xam atua como canal de cura, tem o conhecimento do poder das plantas, dos

espritos animais e seres da natureza.

Atravs das plantas de poder que os Xams entram em Estados Alterados de

Conscincia para comunicar-se com o Grande Espirito e proporcionar a cura da Alma.

2. Xamanismo

O Xamanismo uma experincia mstica prpria de religies primitivas, a mais

antiga prtica espiritual, mdica e filosfica da humanidade, centrada na pessoa do Xam, que

se acredita capaz de curar e de se comunicar com os espritos. Os seus poderes se devem

tcnica do xtase, que consiste em poder abandonar o corpo quando em estado de transe.

O Xam tem um papel muito importante e respeitado, ele exerce as funes de

curador, mago, sacerdote, artista, mdico, exorcista, condutor de almas e contador de estrias.

Os povos que admitem o Xamanismo acreditam que a doena provocada pela perda

da alma. Assim, o Xam deve, primeiramente, descobrir onde se encontra a alma perdida ou

sequestrada por algum esprito do mal. Para isso, inicia uma difcil e perigosa viagem ao outro

mundo, com a finalidade de resgatar a alma e devolv-la, saudvel, ao corpo do enfermo.

O termo Xamanismo usado pela Antropologia para designar manifestaes

mgico/religiosas, em que um Xam, por meio de estados extticos, contato com animais de

poder (seus guardies e auxiliares), danas e toques de tambor, consegue fazer a ponte entre o

mundo dos homens e o dos espritos. Pode ser considerada a forma mais antiga de

religiosidade, presente em todos os continentes e a raiz de um grande nmero de religies.

Atualmente, mdicos, advogados, donas de casa, psiclogos, espiritualistas, msticos,

estudantes, executivos, e pessoas das mais variadas crenas esto estudando e aplicando o

xamanismo.

A prtica do xamanismo estabelece contato com outros planos de conscincia, a fim de

obter conhecimento, poder, equilbrio, sade. Propicia tranquilidade, paz, profunda

concentrao, estimula o bem estar fsico, psicolgico e espiritual. Os rpidos resultados,

introvises de profundo significado, o contato com realidades ocultas, a obteno de

autoconhecimento, a busca do poder pessoal, contribuem para o interesse nas prticas.

O xam pode ser homem ou mulher. o mago, o curandeiro, o bruxo, o mdico, o

terapeuta, o conselheiro, o contador de estrias, o lder espiritual, etc. Ele o explorador da

conscincia humana. O praticante levado a sair do torpor convencional, reconhecendo os

seus limites, a sua limitada viso pessoal do mundo, buscando um plano mais universal.

Atravs de um chamado interior ele vive um confronto existencial, que o fora a sair de uma

zona de conforto, do falso brilho, da alienao, expandindo a sua conscincia..

Reforando a coragem e a determinao, o praticante mobilizado por vises,

introvises e vivncias, expande a sua conscincia, podendo processar transformaes de

profundas propores em sua vida. O xamanismo resgata a relao sagrada do homem com o

planeta. Praticar xamanismo ir busca da excelncia espiritual, enxergar a realidade

existente por trs dos conceitos, se harmonizar com as mars naturais da vida. trilhar o

Caminho Sagrado, - acessando os portais da mente, das emoes, do corpo e do esprito.

A premissa bsica o reconhecimento que todos faam parte da Famlia Universal e

que tudo est interligado. O praticante compreende o "Esprito Essencial" que est dentro dele

mesmo, na natureza e em todos os seres. Ele sabe quem ele , e como se relaciona com o

Universo. O reconhecimento do caminho da verdade vem da expanso da conscincia e a

compreenso que o verdadeiro poder est dentro de cada praticante, e provm do

desenvolvimento de seus prprios dons.

Hoje, no Planeta, a vibrao est mais alta do que nunca. As pessoas se preocupam

cada vez mais com o autoconhecimento e fazem a si mesmo uma pergunta: O que eu

realmente devo fazer na vida? Nesta busca deparam-se com barreiras sejam elas nos

relacionamentos, trabalho, sade, carreira e etc.

O maior obstculo para o crescimento a inrcia, que cria a insensibilidade, pois priva

o indivduo de novas possibilidades, cria passividade com relao vida. Cria falta de

vitalidade, de criatividade e predispe ao papel de vtima. A conscincia se limita a fugir, a ter

medo. A vtima fica sempre vivendo as sombras do passado e com medo do futuro.

As prticas xamnicas compelem a mente a viver dentro do corao, at que a mente

ignorante seja destruda. Isso se manifesta quando o ser se revela espontaneamente, o antigo

modo de viver se acaba abrindo caminho para uma forma mais consistente e inteira.

Quando se aproxima o verdadeiro propsito da alma, tudo da natureza interior vem

tona e a pessoa entra em um processo mais rpido de transformao pessoal.

O praticante explora a estrutura de sua prpria conscincia e vai compreendendo com

os fatos acontecem na sua vida, deixando de ser vtima das circunstncias e aprendendo a

lidar com os desafios utilizando a energia de forma a caminhar na luz, no amor e na paz.

Praticando a sabedoria das antigas tradies adaptadas ao mundo atual, o trabalho do

xamanismo feito com tambores, canes, meditaes, instrumentos de poder, danas,

respiraes, visualizaes, histrias, vivncias e muito amor.

A iniciao de um Xam um rito de passagem espontneo similar do homem que

subiu ao cu: ficou doente ou foi abandonado, foi socorrido por um animal (ou outro ser), foi

curado por este, dele recebeu poderes, testou-os, e foi mandado embora, para os seus com os

novos poderes.

Uma pessoa que deseja entender algo sobre o xamanismo precisa primeiro experenciar

a sua prpria morte, e essa uma rdua tarefa. Mas como IndraGurung, um xam guru do

Nepal, diz, sem a experincia da morte, no h xamanismo. A pessoa que no morreu

alguma vez como ser humano, que no morreu para a sua forma de pensar e para o seu

conjunto de verdades, no pode entender nada sobre a natureza do xamanismo.

2.1. O Xamanismo e as Tcnicas Arcaicas do xtase

Uma primeira definio desse fenmeno complexo, e possivelmente, a menos

arriscada, definir desta forma:

Xamanismo = Tcnica do xtase.

Atualmente existe disposio urn montante de obras sobre o xamanismo, algumas

com enfoque antropolgico, outras com enfoque histrico, outras com enfoque ficcional e

outras ainda com um enfoque mstico que poderamos chamar de new age. preciso deixar

claro que o primeiro enfoque, o antropolgico, que produz a maior parte do material sobre o

qual os outros enfoques se sustentam, sendo a literatura new age aquela que mais tende a

distorcer este material em benefcio de ideologias do momento.

O Xamanismo e as tcnicas arcaicas do xtase uma das mais influentes obras at

hoje sobre xamanismo, escrita pelo historiador das religies romeno Mircea Eliade.

"Apesar das numerosas reservas que atualmente se fazem a esta imponente obra", aponta lucidamente

Bernard S. D'Anglure, "ela permanece a melhor introduo ao xamanismo, no tocante tanto aos temas

abordados quanto diversidade de tradies culturais descritas" (1996). Apesar de a influncia desta definio

de xamanismo ter sido mais explcita nas pesquisas de cunho histrico (cf.Sullivan,1988) e fenomenolgico

(cf.Ripinsky-Naxon, 1993), ela tambm pode ser percebida em pesquisas antropolgicas e etnogrficas de

outras orientaes, que mesmo quando no fazem referncia direta obra de Eliade adotam o conceito de

tcnicas do xtase para tratar das experincias xamnicas (cf.Langdon, 1992 e 1996). O motivo da ausncia de

referncias explcitas a Eliade por parte dos antroplogos e etnlogos de fcil compreenso: Eliade famoso

por nunca ter pesquisado o xamanismo fora das bibliotecas e, principalmente, por ter distorcido informaes

para que se encaixassem em seu prometo purista e essencialista de descobrir "o verdadeiro xamanismo

Siberiano".

No entanto como explicar a ampla influncia, mesmo que annima, de sua definio

de xamanismo como tcnica do xtase?

Falar de xamanismo uma atividade controversa, pois a ideia de que exista um

"xamanismo" em geral independente dos "xams" particulares apenas uma fico

metodolgica. Cada sociedade tem seus prprios rituais de iniciao ao xamanismo, e mesmo

dentro de uma mesma sociedade estes rituais podem variar de acordo com o caso. Alm disso,

atualmente j se sabe que a palavra "xam", apesar de designar a pessoa, no indica

exatamente uma propriedade da pessoa, mas sim uma qualidade dela, um poder que ela

adquire e que ela pode tambm perder; no algo que se , e sim algo que se tem ou que se

pode. A produo de conhecimento influencia no prprio conhecimento produzido,

sintetizada no slogan "saber poder" e o olhar que cada antroplogo em cada poca e

contexto lanou a cada xam certamente influenciou aquilo que ele viu.

Jeremy Narby e Francis Huxley mostramissomuitobemnacoletnea Shamans Through

Time: 500 Years on the Path to Knowledge:

Se h alguma coisa que mudou nos ltimos cinco sculos de pesquisas sobre o

xamanismo, foi "o olhar dos pesquisadores" (Narby e Huxley, 2001).

Assim no podemos, a princpio, falar de "xamanismo" a no ser como um "tipo-ideal"

construdo a partir de muitos estudos particulares de casos particulares e ainda em processo de

formao.

Mas se a anlise comparativa de prticas xamnicas de uma grande quantidade de

tribos diferentes no nos oferece mais do que um "tipo-ideal", isso no nos impede de usar

esta tipologia como recurso interpretativo. preciso apenas atentar para que a forma

"xamanismo" nunca deixe de se informar sobre as singularidades da matria dos xams,

nunca se torne um molde acabado que ento s reduziria esta matria a uma forma pr-

estabelecida.

O conceito Eliadeano de "xamanismo como tcnica do xtase" tem tido uma boa

aceitao na antropologia, apesar dos problemas de seu criador, pelo simples fato de que ele

d conta do fenmeno e capaz de se deixar informar por cada nova descoberta feita sobre o

fenmeno. Ele se disseminou, pois conseguiu captar, mesmo que por vias equivocadas, uma

caracterstica fundamental do fenmeno, que a capacidade do Xam de controlar

tecnicamente o xtase seu e o xtase alheio. Quanto mais se conhece os xams mais se

percebe que justamente isso que os caracteriza.

Suas viagens para os mundos espirituais, seus transes, suas canes, seus mitos, seus

rituais de cura, adivinhao etc., apesar de todas as singularidades contextuais, podem ser

definidos como diferentes formas de operar um transporte para a dimenso pr-individual das

relaes, com o objetivo de transform-las de acordo com as necessidades (como quem

consegue dirigir seu prprio sonho, s que o tornando realidade), a experincia exttica

considerada a experincia religiosa por excelncia, o xam, e apenas ele, o grande mestre do

xtase".

Se por 'xam' se entender qualquer mago, feiticeiro, medicine-man ou exttico, a

traduo para o portugus acrescenta ainda "curandeiro" e "paj" encontrado ao longo da

histria das religies e da etnologia religiosa.

Embora o xam tenha, entre outras qualidades, a de mago, no qualquer mago que

pode ser qualificado de xam. A mesma preciso se impe a propsito das curas xamnicas:

todo medicine-man cura, mas o xam emprega um mtodo que lhe exclusivo. As tcnicas

xamnicas do xtase, por sua vez, no esgotam todas as variedades da experincia exttica

registradas na histria das religies e na etnologia religiosa; no se pode, portanto, considerar

qualquer exttico como um xam: este o especialista em um transe, durante o qual se

acredita que sua alma deixa o corpo para realizar ascenses celestes ou descenses infernais."

Alm disso, Eliade nunca dissimulou a sua busca por um xamanismo "ideal", e para

isso empregou uma impressionante quantidade de livros e artigos, principalmente sobre o

xamanismo asitico. Por isso, quando dizia "xamanismo em si", ele se referia menos s

prticas rituais do xam em seu contexto social particular e mais a uma "simbologia do

xtase", cristalizada naquilo que ele chamou de "ideologia xamnica". Talvez pudssemos

dizer que os principais mritos de sua pesquisa foram dois:

- organizar e sintetizar a enorme quantidade de pesquisas disponveis at ento sobre

xamanismo, dando incio a uma nova fase no estudo do fenmeno;

- propor uma terminologia unificada, mesmo sem t-la desenvolvido plenamente,

composto pelas noes de "xamanismo stricto sensu" e, principalmente, "tcnicas do xtase".

No se trata aqui, portanto, de criticar a ambio de Eliade por uma definio do "fenmeno

xamnico em si" a partir de conceitos obscuros e pouco atentos realidade etnogrfica, isto j

foi feito a contento pela antropologia. Pelo contrrio, partimos da constatao de que esta

definio de xamanismo se aplica com enorme propriedade s mais diversas manifestaes do

fenmeno, sendo nosso objetivo, na verdade, retom-la a partir de urna reviso crtica da

prpria noo de "tcnica do xtase", tarefa esta que no foi realizada nem por Eliade e nem

por mais ningum - o que parece surpreendente, visto que, tudo leva a crer, uma das principais

causas da confuso terminolgica que assola os estudos de fenmenos classificados como

"religiosos" e que finda por comprometer a sua aplicao para alm de um misticismo

nebuloso, justamente a ausncia de uma maior preocupao com o rigor conceitual.

graas sua capacidade de viajar para os mundos sobrenaturais e de ver os seres

sobre-humanos, deuses, demnios, espritos dos mortos etc. que o xam pde contribuir de

maneira decisiva para o conhecimento da morte. provvel que grande nmero de

caractersticas da 'geografia funerria' e que certo nmero de temas da mitologia da morte

sejam resultado das experincias extticas dos xams. As paisagens que o xam avista e as

personagens que encontra em suas viagens extticas para o alm so minuciosamente

descritas por ele mesmo, durante ou aps o transe. Aos poucos, o mundo dos mortos vai-se

tornando cognoscvel, e a prpria morte acaba assumindo o valor de rito de passagem para um

modo de ser espiritual.

O conhecimento adquirido pelo xam em suas experincias exttico-mrbidas seria,

assim, numa espcie de autopoiese, a prpria matria prima da qual seriam compostos os

mitos e as crenas relativas morte. Mas dentre as habilidades xamnicas tornadas possveis

por estas experincias de "morte ritual", uma de especial interesse para ns. Trata-se da

"psicopompia", e sua relevncia reside no fato de que ela apresenta, em forma condensada, os

principais elementos daquilo que Eliade denominou "as tcnicas do xtase:

"O xam curandeiro e psicopompo porque conhece as tcnicas do xtase, isto ,

porque sua alma pode abandonar impunemente o corpo e vagar por enormes distncias, entrar

nos Infernos e subir ao Cu.

Ele conhece, por experincia exttica pessoal, os itinerrios das regies extraterrenas.

Pode descer aos Infernos e subir ao Cu porque j esteve l. O risco de perder-se nessas

regies proibidas sempre grande, mas, santificado pela iniciao e munido de seus espritos

guardies, o xam o nico ser humano que pode correr esse risco e aventurar-se numa

geografia mstica.

A centralidade das "tcnicas xamnicas" para esta viso do xamanismo pode ser

confirmada pela sua permanncia nos estudos de Lawrence E. Sullivan (1988) sobre o

"xamanismosulamericano como tcnica do xtase".

Sullivan consegue ir muito alm de Eliade naquilo que ele chamou de "total

hermeneutics of the religious condition of mankind" (Sullivan,1988), certamente por ter se

beneficiado pelos "criticismos recentes e inovaes das cincias culturais, especialmente a

antropologia" (Sullivan, 1988), mas principalmente por empregar, na dimenso temporal, um

esquema tripartido (primrdios, cosmos e apocalipse), em lugar do "dualismo trgico"

eliadeano entre o "tempo histrico" e o "tempo mtico".

importante perceber que, para Sullivan, assim como para Eliade no caso do

xamanismo siberiano, o xam no o nico "ecstatic specialist", mas apenas "o mais

importante e bem conhecidona Amrica do Sul", e que portanto o que o caracteriza no o

xtase em si, mas sim a sua especializao "no conhecimento e cuidado das almas dos

outros".

3. O Xam

A palavra Xam deriva do tungue, idioma dos Evencos, da Sibria e significa

Homem Inspirado pelos Espritos. Como em todas as religies primitivas, o papel do lder

religioso repositrio das tradies, conhecimento e crenas de vital importncia.

A organizao da hierarquia xamnica difere ligeiramente nas diferentes etnias, em

alguns casos esse ofcio hereditrio, j em outros no. Contudo, em toda parte o dom

sobrenatural uma qualificao necessria para se tornar Xam.

Aceitar o chamado de ser Xam significa acolher diversos espritos, protetores,

trabalhadores ou pelo menos um como Guia Protetor, pois o Xam entra em comunicao

direta com o mundo espiritual.

A convocao xamnica, s vezes, se manifesta por intermdio de um animal, planta

ou algum outro objeto ou evento natural que a pessoa encontra no momento certo. Muitas

vezes uma voz interior que convida a pessoa a entrar em contato direto com os espritos.

Em geral, os xams so muito vinculados sua vocao, apesar das perseguies e

ameaas que sofrem por conta do preconceito e da posio que ocupam, tendo seus objetos

sagrados e tambores queimados. Muitos foram mortos, e at recentemente em 2011, houve

uma grande perseguio aos Xams Peruanos, onde alguns, at hoje esto desaparecidos.

3.1. O Estar Xam

O xam interior um estado de perfeita harmonia e integrao com a natureza e o

cosmos, a matria e o esprito. No se "" xam, se "est" xam. A palavra xam tem muito

mais a ver com um estado de esprito e receptividade do que com um tipo social. Estudos,

testes, rituais e provas, podem no ser fatores determinantes em alguns momentos de nossas

vidas. Estar em conexo com tudo e com todos sendo grato ao Grande Esprito, no pode ser

garantido por vias culturais, racionais e lgicas. No existe um mtodo para ser xam.

Aprender a viver a vida em harmonia, agindo sempre com amor, a maior iniciao para o

esprito, isto o torna xam, este o verdadeiro xamanismo. Quando perdemos a confiana em

ns mesmos, quando ficamos com medo, no amamos. Neste momento no estamos xam.

3.2. Os cinco inimigos do Xam

EGO

MEDO

CLAREZA

PODER

VELHICE

O primeiro inimigo o Ego, mas no no sentido do egocentrismo, mas sim no sentido

do egosmo, ou seja, acreditar que o SER, quando apenas um Ser, uma espcie de

sonda que envia sinais, sentimentos e impresses ao Esprito ou Eu Superior, que est

pulsando em alguma parte do Universo, e de acordo com as informaes enviadas pelo

personagem do ego tridimensional, evolui ou estagna.

O segundo inimigo o Medo do conhecimento, porque quando se depara com tudo

aquilo que se quer conhecer, quer ter e quer saber, v-se a sua ignorncia, mas para transpor

este inimigo necessrio que se enfrente o medo e no fuja da escurido, assim descobre-se a

clareza e com lucidez revelada, aprende que a pacincia e dedicao vencem o inimigo.

O terceiro inimigo passa a ser a Clareza porque se pode parar neste estgio, pensando

que j se sabe de tudo. Porm a clareza o sinal que comeou a jornada para aprender ter a

viso do todo e assim perder o medo da escurido, ou seja, do desconhecido e adquirir o poder

de enfrentar mais este obstculo.

O quarto inimigo o Poder, pois j passou pelo medo, adquiri-se a clareza e se

conscientiza da sua potencialidade, do poder que se tem e pode o Xam parar neste estgio

achando que poderoso o suficiente para desejar ser dono de tudo e de todos, com isto,

confundir este poder, com uma autoridade autoritria se tornando um dspota. Este o grande

momento de transcendncia porque o poder compreendido, desvinculado da virtude se torna

sedutor e destruidor,e perdermoso sentido da autoridade do conhecimento que reconhece, que

somos nada diante do todo, que o universo. Contudo podemos passar por este estgio tendo

o poder do conhecimento e resgatar a histria da humanidade quando a velhice chegar.

O quinto inimigo a Velhice, o tempo cronolgico passa, nesta jornada da busca do

conhecimento, aps transpor o terceiro inimigo que sutil e tentador se depara com a idade e

com a crena que nada mais se pode fazer porque est ficando velho. um fato que o corpo

fsico pode estar com menos agilidade que outrora, mas neste exato momento que

necessrio compreender a bioqumica do corpo como um sistema vibracional macro-micro e a

conscincia atravessada por crenas limitantes criam as reaes qumicas que sustentam a

vida de cada clula. Uma clula que envelhece o produto final da conscincia que se

esqueceu de como permanecer jovem. neste exato momento que necessrio desconstruir a

crena de vtima do envelhecimento, da doena e da morte. Essas coisas so partes do cenrio

e no daquele que sabe ver e v com o olhar do sbio: - V o esprito.

4. As Plantas de poder

As Plantas de Poder so ingeridas em rituais, obedecendo a preceitos mgico-

religiosos proporcionando cura, autoconhecimento, expanso da conscincia.

O uso de Plantas Sagradas vem fazendo parte da experincia humana h milnios e

no devem ser confundidas com drogas que causam a dependncia e colocam em risco a

sade de quem as usa. A Planta criao de Deus, a droga uma criao humana.

O Xamanismo Ancestral dividiu as plantas em 3 categorias: plantas medicinais,

plantas de poder e plantas mestras professoras.

As plantas medicinais so mais utilizadas para fins analgsicos em geral, as plantas de

poder fornecem uma conexo com dimenses energticas/espirituais superiores, como o

Mundo dos Espritos e as plantas mestras professoras tem o objetivo de no apenas nos

remeter ao Mundo dos Espritos, bem como nos ensinar, guiar e orientar, nos ajudando a

compreender o Universo e nosso microuniverso, sob novas perspectivas e pontos de vistas

mais sutis, assim como tambm podem nos remeter ao passado para resgatar alguma

habilidade perdida, tambm atuam como poderosas ferramentas de cura, tanto fsica como

emocional, mental e espiritual.

Estudando suas utilidades curativas e de autoconhecimento nossos ancestrais

encontraram grande magia nas plantas. Desde tempos remotos o homem j se conectava com

sua Divindade atravs de Bebidas Sagradas, desde o SOMA da ndia, Ayahuasca

Sulamericana, em todos os continentes do planeta acharemos evidncias e prticas espirituais

que ainda utilizam tais meios para se conectarem com o Mundo dos Espritos e assim, obter

cura e autoconhecimento.

A partir de agora falaremos das principais Plantas de Poder utilizadas pelos seguidores

do Xamanismo Ancestral, os Xams.

4.1. Peiote

O Peiote(LophophoraWilliamsii ) conhecido tambm como mescalito e sacramento,

um pequeno cacto redondo (menos de 12 cm no dimetro, uma planta de poder utilizada pelos

nativos do Mxico e EUA.

Os huicholes do ao peiote o nome de hicur; os coras, seus vizinhos de huatari entre

os tarahumaresrambm hicur, mas seguido de um oposto, huanam que significa superior,

mais alto, por certo em decorrncia do carter religioso da planta. o sei dos kiowas,

o wokowi dos comanches e o ho dos apaches mescaleros.

A maioria das cerimnias formais do Peiotemisturam o rufar tambores de gua, com

cantos, oraes, contar histrias, como meios de oferecer agradecimentos e como uma

maneira de compartilhar com o Criador.

Usado pelas tribos mexicanas, seu uso, era uma tradio bem estabelecida na poca da

entrada europeia no mundo novo, este uso religioso pr-histrico difundiu eventualmente nas

regies norte-americanas, junto com esta migrao vieram as mudanas nas cerimnias

bsicas associadas com o Peiote.

"Com a chegada dos conquistadores espanhis no Mxico, o Peiote foi perseguido

pela inquisio e proibido como obra do demnio, o que no impediu que seu uso continuasse

muito difundido entre os ndios mexicanos. Na verdade, a disseminao cresceu nos anos

seguintes, quando foi introduzida nos EUA pelos apaches mescaleros. No sculo XIX, o

peiote desempenhava papel central na religio de vrias tribos norte-americanas, incluindo os

comanches, os cheyennes, os delawares e os kiowas.

O Peiote deriva do cacto Lophophora, que cresce no Mxico e na regio sudoeste dos

estados Unidos. Depois de colhido, o cacto deixado para secar, adquirindo ento, o aspecto

de um boto enrugado de cor marrom, tornando-se o Peiote, que contm alcalides de aes

diversas, incluindo, um excitante dos reflexos.

A planta deve seu poder principalmente mescalina, embora a presena de outros

alcalides psicoativos como a loforina e a anhalonina produza efeitos mais fortes e diferentes

daqueles experimentados com a ingesto da mescalina pura.

O uso mdico do Peiote foi bastante difundido entre mdicos norte-americanos no

final do sculo XIX, que receitavam como tnico cardaco e medicamento para dificuldades

respiratrias. Chegou tambm a ser testado como antiespasmdico e at em caso de

manifestaes histricas, porm hoje em dia sua aplicao teraputica nula. Estudos

realizados na Universidade do estado da Califrnia, por James McCleary, revelaram que

substncias extradas do Peiote possuem propriedades antibiticas inibindo as atividades

txicas do Sataphylococcus aureus, uma bactria resistente penicilina.

Dizem os Yoguis que da glndula pituitria nasce a flor de ltus de duas ptalas, eles

asseguram que da surge o dom da clarevidncia. J alguns astrlogos afirmam que a

pituitria est influenciada por Vnus.

4.2. Iboga

No foi difcil achar o primeiro p da tal planta. Trata-se de uma raiz subterrnea que

chega a atingir 1,50m de altura, pertencente ao gnero Tabernanthe, composto por vrias

espcies sendo que 650 destas j foram identificadas na frica Central.

A que mais interessa a medicina ocidental a Tabernantheiboga, encontrada,

sobretudo na regio dos Camares, Gabo, Repblica Central Africana, Congo, Repblica

Democrtica do Congo, Angola e Guinea Equatorial.

O arbusto cresce em reas de floresta tropical, solos pantanosos ou savanas molhadas.

Ela floresce e produz frutos durante todo o ano, seu principal alcalide princpio ativo - a

ibogana, extrada da casca da raiz e que representa 90% dos 30 alcalides encontrados nas

razes desta espcie. A Iboga pertence famlia dos alucingenos clssicos, entre eles o

Peiote, os cogumelos, a ayahuasca e o LSD.

Acredita-se que os pigmeus tenham descoberto a Iboga em tempos imemoriais e at

hoje estas populaes a utilizam em ritos nos quais dificilmente admitem a participao de

brancos. Segundo os escritos de um especialista nesta planta, o italiano Giorgio Samorini,

algumas espcies de animais, entre as quais os mandris e javalis, alimentam-se das razes da

iboga para conseguir efeitos entorpecentes.

provvel que os pigmeus tenham descoberto as propriedades alucingenas da Iboga

observados o comportamento curioso destes animais.

Em 1901 a ibogana foi isolada pela primeira vez. H notcias de que ela teria sido

usada no ocidente desde incio do sculo no tratamento de gripe, doenas infecciosas,

neurastemia e doenas relacionadas ao sono.

Em 1962, Howard Lotsof, um jovem viciado em herona em busca de uma nova droga,

acaba descobrindo a Iboga e aps uma viagem de 36 horas, relata que perdeu totalmente o

desejo de consumir herona no sentindo nenhum sintoma de abstinncia. Administrou a

substncia a sete amigos tambm viciados, e em cinco casos o resultado foi o mesmo.

Em 1983 Lostsof reportou as propriedades anti-aditivas da ibogana e em 1985 obteve

quatro patentes nos EUA para o tratamento de dependncias de pio, cocana, afetamina,

etanol e nicotina. Fundou o InternationalCoalition for Addicts Self Help e desenvolveu o

mtodo Endabuse, uma famacoterapia experimental que faz uso da iboganeHCl, a forma

solvel da ibogana. Atravs da administrao de uma nica dose, cujo efeito dura dois dias,

haveria uma atenuao severa ou completa dos sintomas de abstinncia, permitindo que o

dependente se desintoxique sem dor. Em segundo lugar, uma retirada ou perda do desejo de

consumir drogas por um perodo mais ou menos longo de tempo.

4.3. Datura

um nome genrico que abrange vrias espcies, a mais conhecida

a DaturaStramonium. No Brasil conhecida como Trombeteira, Lrio, no Per conhecida

como Floripndio ou Te.

utilizada desde a antiguidade, citada at na obra de Homero "Odissia". Conta que

Ulisses chegou ilha habitada pela ninfa Circe, esta deu de beber tripulao uma poo,

para que os marujos pudessem esquecer de sua terra natal.

Na Idade Mdia, a Datura compunha vrias poes e ungentos de feiticeiras. Conta-

se que as bruxas medievais aplicavam um unguento de Datura em vrias partes do corpo,

incluindo a genitlia e o nus, para produzir a sensao de estarem voando em suas vassouras.

Lu Gomes e Roberto Navarro (Planeta) descrevem que a imagem da bruxa voando na

vassoura considerada o esteretipo de um tipo especfico de feiticeira medieval que se

utilizava principalmente da DaturaStramonium, talvez por isso a planta tenha sido apelidada

de "erva do demnio e ciznia.

A Datura tambm era usada por motivos religiosos pelos ndios que habitavam o

sudoeste dos EUA e Mxico antes da chegada do colonizador branco.

De acordo comSangiradi Jr. a planta sagrada dos Zunis, ndios da cultura pueblo, o

estramnio (a'neglakya) pertence aos sacerdotes da chuva e aos chefes de certas fraternidades

religiosas. Somente o xam pode colher esta erva. Quando ingerida, leva ao estado de transe

que permite ouvir as vozes dos pssaros, curar e adivinhar. Tambm usada pelos mdico-

feiticeiros como tpicos, em ferimentos e contuses.

Schhultes diz que os ndios do nordeste dos Estados Unidos fazem uso limitado, mas o

estramnio o principal ingrediente do Wysoccan, bebido pelos algonkins, leste dos Estados

Unidos, antes de um rito de passagem, em que se processa a iniciao dos adolescentes.

Tambm utilizada por ndios que habitavam o sudoeste dos EUA e Mxico antes da

chegada da colonizao sendo os componentes da planta extremamente potentes e perigosos.

Segundo Sangirardi Jr. a intoxicao produzida pela droga tem duas fases opostas: a

uma exaltada agitao segue-se o sono profundo e inquieto. Os sintomas so provocados por

dois alcalides do grupo tropano, que atua sobre o sistema nervoso perifrico e central, esses

dois alcalides, dos quais a atropina um composto racmico, so: escopolamina (histocina),

o principal e hiosciamina.

4.4. Jurema Negra

Jurema Negra (Mimosa Tenuiflora)tambm conhecida como Espinheiro Preto. uma

rvore muito conhecida no nordeste brasileiro. So utilizadas a casca e a raiz macerada na

gua, vinho ou cachaa.

desta planta que se origina o famoso "Vinho da Jurema", que foi citado at na obra

"Iracema", de Jos de Alencar: Atravs da planta, os guerreiros de Araqum entravam em

comunicao com o mundo invisvel.

usada nos rituais do Catimb e pajelanas, principalmente entre os ndios Js e

Tapuias e Kariris (BR). O preparo da bebida e o cerimonial eram secretos. Tambm usada por

mdicos-feiticeiros, juntamente com o fumo e o marac, para abenoar, aconselhar e curar. A

ingesto permite ao paj entrar em contato com seus espritos ancestrais.

Na Umbanda, Jurema a dona das ervas mgicas.

Segundo Sangirardi Jr. os pajs indgenas ensinaram aos brancos e mestios os

mistrios da pajelana, e esta influiu no Catimb. O "Cauim" (cachaa com Jurema)

proporciona um sentimento de plena energia, de paz com o mundo e com ns mesmos, de

empatia com todas as criaturas.

Abaixo nota do antroplogo Rodrigo Grnewald, que participou do Encontro da Nova

Conscincia de 2.007 em Campina Grande Paraba.

O termo Jurema designa vrias espcies de plantas psicoativas dos gneros Mimosa,

Accia e Pithecelobium, mas tambm vrios tipos de bebidas, de cultos e de contextos de uso.

H uma diversidade de significados abrangida pelos usos da Jurema, passando pelos

contextos indgenas, pelo Catimb, ou seu consumo nas religies afro, at os

experimentalismos urbanos contemporneos. Assim, nos anos noventa, foi elaborada na

Europa uma nova bebida feita a partir das cascas de razes de Jurema (mimosa tenuiflora

willdpoir) e de sementes de Arruda da Sria (Peganumharmala). A esta beberagem se

convencionou chamar, tambm, de Jurema. Diferente das Juremas dos cultos afro-amerndios

brasileiros, esta bebida serviu como um anlogo da ayahuasca, bebida composta a partir do

cip Banisteriopsiscaapi e das folhas da Psychotriaviridis e regularmente usada em cultos

brasileiros com os nomes de Daime ou Vegetal.

A criao da Jurema Europeia objetivou sua utilizao na substituio do Daime em

trabalhos teraputicos ento realizados em Amsterdam. Posteriormente, esta Jurema difundiu-

se pelo Brasil entre grupos urbanos que a acolheram dentro de perspectivas espirituais

variadas, mas essencialmente informadas por uma bagagem fornecida pelas religiosidades

ayahuasqueiras e new age. Alguns autores propuseram denominar esta nova bebida de

Juremahuasca.

4.5.Ayahuasca

Bebida Sacramental Ayahuasca, , principalmente, fruto da decoco do cip

BanisteriopsisCaapi e a folha PsycotriaViridis. Outras espcies de cip e folha tambm so

utilizadas em algumas regies.

tambm conhecida por Yag, Caapi, NixiHoniXuma,Oasca,Vegetal, Santo Daime,

Kahi, Natema, Pind, Dpa, Mihi, etc.

Seu nome mais conhecido Ayahuasca de origemquechua, que significa "Liana (Cip)

dos Espritos". chamada tambm de "O Vinho da Alma" ou "Pequena Morte".

Utilizada por povos pr-colombianos, incas, e muito utilizada por pelo menos, 72

tribos indgenas diferentes da Amaznia. empregada extensamente no Peru, Equador,

Colmbia, Bolvia e Brasil. Foi usada provavelmente na Amaznia por milnios, e est

expandindo-se rapidamente na Amrica sul e em outras partes do mundo com o crescimento

de movimentos religiosos organizados tais como Santo Daime, Unio do Vegetal (UDV),

Barquinha que a consagram como sacramento de seus rituais.

Ingerindo essa bebida mgica, pode-se absorver o Esprito da Planta. Os sentidos

so expandidos, os processos mentais e as emoes tornam-se mais profundos. A jornada

pode mover-se em muitas dimenses. O voo da alma, a partida do esprito do corpo fsico e

uma sensao de flutuar.

A experincia pode, em algum ponto revelar vises notveis, insights, produzir

catarses, experincias de renovao, de renascimento positivas, vises arquetpicas, de

animais, de espritos elementais, de cenas de vidas passadas, de Divindades, etc. Abre-se o

portal de outros reinos da existncia.

No so todos que recebem vises na primeira vez que experimentam. O trabalho com

Ayahuasca um processo que exige exame, dedicao, disciplina, perseverana e tempo para

um benefcio mais completo. s vezes so necessrias vrias sesses para se conseguir esse

presente.

A experincia ainda mais poderosa quando abrimos a mente e o corao e nos

entregamos para receber essa energia de cura, conhecimento e autoconhecimento.

Uma vez que iniciado, o processo da renovao e transformao, eles continuam. O

grande passo no trabalho com a Ayahuasca a assimilao dos ensinamentos espirituais e a

prtica na vida diria, ou seja, colocar em prtica o que se aprende. Isso garante a dimenso

espiritual em nosso dia-a-dia, e essencial para recebermos as ddivas e as bnos

espirituais para que possamos evoluir no estudo e aprender mais.

A ela atribui-se a cura de males fsicos, psicolgicos, mentais e espirituais. Os estudos

cientficos ocidentais esto confirmando aplicaes mdicas e psicoteraputicas benficas.

A medicina sempre consumida corretamente em cerimoniais. No Peru, os xams

evocam guardies, protetores espirituais. Evocam Arcanas (escudos protetores) atravs de

cnticos de poder (Icaros), do fumo de tabaco,de uma poo de limpeza (vomitiva),

Camalonga, e algumas guas perfumadas (gua de Florida, Flores de Kananga) que atraem os

espritos.

A jornada com Ayahuasca leva a explorao tanto deste mundo ordinrio, como

mundos paralelos, que esto alm de nossa percepo corrente e libera os limites normais de

espao-tempo.

A histria da Huasca e Mariri contada na Unio do Vegetal (UDV), mostrando de

forma simblica, a origem e o significado do ch utilizado nos templos incas do Alto e Baixo

Peru.

Conta a histria que havia uma vez uma jovem princesa muito sbia que era a

conselheira do rei inca, sua sabedoria e conhecimento eram inigualveis por qualquer pessoa e

nenhuma deciso em seu templo era tomada pelo rei antes de consult-la. Um dia Huasca

morreu, o rei ficou triste, chorou sua perda e a fez sepultar num local especial, porm com o

passar do tempo, em sua tumba nasceu uma planta desconhecida.

Todos ficaram admirados observando a nova planta, que era diferente de todas as que

conheciam. O rei, que muitas vezes visitava a sepultura de Huasca, acompanhava, dia a dia, o

desenvolvimento daquele arbusto. Nesse tempo, ele j havia conseguido um novo conselheiro,

ele era um marechal do exrcito Inca chamado Mariri, contudo, apesar de sua fora e astcia,

no era to sbio quanto Huasca.

Sempre observando aquela planta, o rei um dia pensou: "Se no existia e agora existe

na tumba de Huasca, s pode ser Huasca transformada em planta e nas suas folhas guarda o

conhecimento de Huasca ".

Colheu ento algumas folhas, preparou um ch e deu a Mariri para que adquirisse o

seu conhecimento, sua sabedoria, mas ele no suportou toda a luz de Huasca e morreu.

Igualmente, Mariri foi sepultado ao lado de Huasca e, para surpresa de todos, em sua

tumba nasceu um cip, smbolo da fora e resistncia.

A planta cresceu e da mesma forma, o rei Inca colheu as folhas de Huasca carregadas

com sua luz e sabedoria, e tambm o cip com fora e resistncia de Mariri.

Iluminado pela luz de Huasca e protegido pela fora de Mariri, o rei ensinou o segredo

da bebida aos seus conselheiros e sacerdotes, os quais, por sua vez, ensinavam a outras

pessoas, buscando, assim, ajudar no aperfeioamento da sabedoria e para o progresso

espiritual da humanidade.

4.6. Ganja

Tambm conhecida comoCanabis Sativa originria da sia, da qual tambm

extrado o haxixe e o kif. A planta tambm citada no Velho Testamento, cantada e louvada

por Salomo, que a chamava de klamo (cnhamo). No Brasil era utilizada pelos escravos

africanos que conheciam suas propriedades. Sabe-se que ela de uso de muitas tribos por l,

mas principalmente os pigmeus e zulus povos de Angola, Moambique, Congo, etc., que a

utilizavam ritualisticamente como uma "planta sagrada".

Sabe-se que os ndios brasileiros tambm usam principalmente na regio de Maranho

e Sergipe. Vamos a algumas possibilidades: os Tenetehara (os mais famosos no uso), Sater-

Maw, Guajajara, Tukano, Macu, Tucuna, Mura. Era muito difundida entre negros e caboclos

que a chamavam tambm de: fumo-de-caboclo.

Era utilizada para fins teraputicos na China, como anestsico; tambm por africanos e

asiticos para aliviar tosses, dores de cabea e clica menstruais. Alguns pesquisadores

afirmam que ela eficiente em casos de anorexia, glaucoma, enxaqueca, hipertenso, asma e

ataques cardacos. Utilizada tambm pela medicina Ayurveda

Segundo o pesquisador Rowan Robinson, uma antiga histria relata que Shiva brigou

com sua famlia e se afastou nos campos, e devido ao sol intenso, foi abrigar-se debaixo de

uma planta alta de cnhamo, e come alguma de suas folhas, e ela o revigorou tanto, que ele a

adotou como alimento preferido, tornando-se conhecido como o "Senhor do Bangue. O

Bangue era histricamente associado aKali, aspecto feminino de Shiva.

No budismo mahaiana, prossegue Rowan, reza uma lenda que Buda viveu de uma

semente de cannabis por dia durante seis anos de disciplina, antes da sua iluminao. Os

budistas tntricos do Himalaia usam cannabis ritualmente para aprofundar sua meditao e

elevar a conscincia.

H traos de sua utilizao ritual nas mais diferentes crenas, no taoismo chins,

judasmo, em tradies japonesas, no movimento rastafari, e em diversas prticas xamnicas.

A cannabis sativa uma Planta da Lua, bom entender o ensino que a lua nos d,

tambm atravs de suas plantas. A Lua reflete o brilho do Sol, porm tem uma parte da lua

que o sol no Ilumina, que alguns podem chamar de Lua Negra, ou Lilith, prefiro chamar de

sombra. A luz do xamanismo ensina que quando se lida com uma planta da lua, preciso

saber o que a sombra da planta, j que a luz evidente. Por exemplo, a dependncia uma

parte sombria, que pode ser provocada pelo uso sem conscincia de qualquer planta. A luz de

uma Planta da Lua evidente quando consumida como um sacramento, como um poder de

Deus atuante atravs do Reino Vegetal, refletido pela fora da lua, que pode trazer conforto,

introspeco, expanso da conscincia, concentrao. Isso para todas as Plantas da Lua, a

energia da donzela, da rainha e da anci da me.

O Dr. Andrew Weil, bacharel em biologia pelo Harvard College e formado em

medicina pela Harvard School, fez vrias experincias controladas com cannabis em seres

humanos. Para fazer seu trabalho tambm viajou muito pela Amrica do Norte, Amrica do

Sul, frica, para estudar a medicina indgena, plantas psicoativas e estados alterados de

conscincia. O DrWeil serviu como "ResearchAssociate" em Etnofarmacologia do Museu

Botnico, Universidade de Harvard, pesquisando plantas medicinais e psicoativas. Tambm

foi Presidente do Instituto de Pesquisas de Plantas Benficas, em Sausalito, Califrnia,

instituio sem fins lucrativos, educacional e cientfica, dedicada investigao do uso de

plantas para melhorar a vida humana. Atualmente conferencista da Diviso de Perspectivas

Sociais da Medicina, no Colgio de Medicina da Universidade do Arizona. Tambm

Conselheiro de Bem-Estar no "CanyonRanchSpa, em Tucson, Arizona, onde oferece

aconselhamento individual sobre medicina preventiva e alternativa, cuidados pessoais em

medicina, e vcios. Trabalhou tambm no Instituto de Sade Mental em Washington, serviu o

exrcito no servio de Sade Pblica, estudou na reserva ndia dos Dakotas do Sul e escreveu

o livro editado aqui no Brasil pela Ed. Ground " Drogas e Estados Superiores de Conscincia

e outros.

4.7. SlviaDivinorum

Conhecida tambm como Maria Pastora pertence famlia das slvias ou mentas, um

arbusto silvestre que chega a medir aproximadamente um metro de altura, suas folhas so

ovaladas e chegam a quinze centmetros, possuem folhas com coroas brancas e clices

prpuras. original de Oaxaca, Mxico era cultivada pelos mazatecas para adivinhaes e

cura. Para alguns ndios era associada com a Virgem Maria de Guadalupe.

Um antroplogo da dcada de trinta, Jean Basset, mencionou uma infuso chamada de

"Erva Maria" que provocava vises e era usada para adivinhaes por um povo do Mxico, na

dcada de cinquenta o Dr. Weitlaner reportou o uso de "Maria Pastora ou Ska Pastora entre os

mazatecas de um pequeno povo de Oaxaca. Na dcada de sessenta Gordon Wasson e Albert

Hofmann levaram mostras da planta para identificao, onde deram o nome cientfico de

SalviaDivinorum, salvia = salvar, e divinorum = dos adivinhos.

Segundo Wasson, era conhecida no Antigo Mxico em nhuatl como pipiltzintzintli,

que significa "A Mais Nobre Princesa". Pipiltzintzintli refere-se a algo extremamente nobre,

conotando a superioridade da planta aos olhos dos ancestrais. A Svia Divinorum permaneceu

quase desconhecida at a dcada de 90 quando um etnobotnico Daniel Sieberg comeou seus

experimentos e os publicou na internet.

4.8. Ltus azul

A flor de Ltus azul (Nymphaeacaerulea) era tida como sagrada pelos antigos egpcios

que utilizavam essa linda flor, que nasce no rio Nilo, embebida em vinho em suas

comemoraes. Conhecida por seus efeitos afrodisacos, sempre esteve ligada sexualidade e

as origens da vida.

O deus da flor de Ltus azul no antigo Egito era Nefertem, ele oferecia a flor de Ltus

ao deus do sol Ra para acalmar as dores do seu corpo envelhecido. Os antigos egpcios

apreciavam a flor no apenas pelo seu cheiro agradvel, mas tambm pelas suas qualidades

curativas. Muitas imagens em murais egpcios mostram mulheres segurando a flor, cheirando

a sua fragrncia divina. Hoje em dia acredita-se que a planta era tambm usada como bebida

recreativa em comemoraes e orgias. Era venerada pelos antigos egpcios como uma planta

visionria e era um smbolo das origens da vida.

Seus efeitos so afrodisacos, eufricos e relaxantes, despertando a libido, aumentando

o desejo sexual e a sensibilidade, tornando-se ligeiramente brios em doses mais altas.

4.9. Cogumelos Sagrados

Os Cogumelos Sagrados (Teonancatl)so fungos que nascem naturalmente em

esterco de gado, so utilizados em cerimnias e rituais religiosos h milhares de anos por

diversos povos e culturas, entre eles os Maias, Astecas e Mazatecas no Mxico.

Pinturas antigas de cogumelos com humanides que datam de 5000 a.C., foram

encontradas em cavernas do planalto de Tassili, no norte da Arglia. Os povos da Amrica do

Sul e Central construam templos aos deuses cogumelos, esculpindo pedras cogumelos.

Os Astecas eram intimamente ligados ao Deus das plantas sagradas. Eles usavam um

grande nmero de plantas entegenas incluindo os cogumelos mgicos (Teonancatl). Eles

foram usados em rituais e cerimnias e eram servidos com Mel ou chocolate em alguns dos

mais sagrados eventos.

So considerados seres Sagrados pelos curandeiros Mazatecas e so utilizados

somente de forma religiosa como ferramenta para alcanar a compreenso do Universo,

contato com seres celestiais e com o Divino.

4.10. Soma (Amanita Muscaria)

O nome Soma provm dos Vedas, escrituras sagradas da ndia, que nos relata que esta

seria a Bebida Sagrada mais antiga da humanidade. Soma a Bebida Sagrada preparada com

o cogumelo Amanita muscaria. Sacramentado at os dias de hoje na ndia, Sibria e Austrlia,

por tribos aborgenes. A substncia ativa do Soma o alcalide Ephedrina, que nos remete a

transes extticos profundos, conhecido como samadi em snskrito. A bebida citada nos

hinos do Rigveda, que foi escrito por volta de 1700 a.C. - 1100 a.C, durante o perodo vdico

em Punjabe - tais cogumelos de natureza enteognica eram consumidos pelos xams da

regio.

4.11. Wachuma (TrichocereusPachanoi)

OWachuma ou San Pedro um cacto originrio da regio dos Andes, Chile, Bolvia,

Peru, Equador e Colmbia. Sua substncia ativa a mescalina. Planta utilizada para cura e

experincias visionrias e adivinhatrias, onde o xam levado a ter a viso da cura do

enfermo, o esprito da planta entra em contato com o xam ensinando-o a expulsar a

enfermidade.

4.12. O Rap

O rap tem seu uso bastante difundido na regio norte do Brasil. Os ndios brasileiros

o utilizam a sculos, mesmo antes da chegada dos europeus, de uma forma ritual, bem

diferente do que se conhece hoje. Existem vrios tipos de rap, vrias formas de prepar-lo, e

vrios fins para utiliz-lo. Desde os raps mais simples, usados como simples expectorantes,

at raps de extremo poder e fora tais como Virola, Parik, Yopo, etc.

Considerados como entegenos, colocando, dessa forma, o rap no hall de plantas

psicoativas utilizadas pelos ndios das florestas brasileiras, o rap, normalmente, tem como

base o tabaco, e alguma outra substncia, normalmente vegetal, mineral, ou at fungo

(cogumelo).

O rap uma medicina muito sagrada, utilizada durante pajelanas realizadas com

Ayahuaska e defumaes. Esse rap tem uma alquimia simples, porm bastante interessante:

sua base o tabaco bem picado e pilado, e a mistura a cinza da casca de uma rvore

amaznica, que os ndios Yawanawas chamam de Tsunu.Esse rap possui um alcalide

ativado pela combusto da casca de Tsunu durante a sua confeco, por isso as propriedades

medicinais so intensas. Para os Yawanawas, o rap, a mistura da cinza com tabaco, pode

expulsar qualquer coisa ruim e malfica que possa estar atrapalhando a vida da pessoa, agindo

no ponto em que a pessoa necessita. Tambm temos informaes de que esse alcalide foi

bastante utilizado eficazmente contra vrias doenas tropicais. A casca de Tsunu,

considerada uma das 10 plantas medicinais brasileiras mais importantes, empregada na

medicina popular para tratar malria, impotncia, m digesto, tontura, priso de ventre e

febres.

Os primeiros registros cientficos do uso do Pau-Pereira ou Tsunu em tratamentos

mdicos surgiram em teses da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e na Revista Mdica

Fluminense (1861-1923). Entre outras citaes, aparece na primeira prescrio de banhos de

ervas obtidas a partir do cozimento das cascas de Tsunu, do mdico brasileiro Joaquim Jos

da Silva (1791-1857) escrava de sua irm, que sofria de febres intermitentes. O relato

menciona que a escrava foi curada no segundo dia de tratamento, resultado que estimulou o

mdico a continuar prescrevendo tais banhos para pacientes com febres.

O rap preparado com muito carinho, usando-se tabaco e cinzas de cascas de

rvores, dentre elas o Tsunu, usado para caar e para tirar a "panema" (preguia e m-sorte),

na hora da cerimnia do Uni (Ayahuasca) as duas energias se unem e o Uni vem com mais

luz, mais perfeito, profundo e esclarecedor.

4.13. A Sananga

Sananga um arbusto das regies amaznicas conhecido pelos ndios Kaxinaws do

estado do Acre como "Mana Hens", nome oriundo do dialeto HuniKuin e pelos Yawanawas

como "KanapVetxeShuti". extrado do interior de sua raiz um sumo em decoco,

utilizado no preparo de um colrio natural que opera em duas vertentes energticas de cura: a

fsica e a espiritual. Seu princpio ativo a Ibogana, uma poderosa substncia de poder que

atua diretamente na causa original das doenas, uma grande aliada nos tratamentos de dores

crnicas, facilita a introspeco e a meditao, um forte estimulante e afrodisaco.

O esprito do Sananga faz uma verificao dos padres energticos em desequilbrio, e

vai diluindo as foras que constituem as "panemas", doenas espirituais ou de origem

psicossomticas. O resultado aps a aplicao um estado de equilbrio que entra em sintonia

com as foras da natureza, expanso visual espiritual ou terceira viso e tambm uma

significativa melhora na fisiologia ocular. H casos de pessoas que foram curadas de miopia

com uma aplicao, apresentando imediatamente uma significativa melhora na percepo das

cores e na definio das imagens.

Antes de irem para a caa, os ndios administram uma gota em cada olho, fazendo com

que sua percepo fique aguada e perceba com maior facilidade movimentos sutis na floresta

densa, seu efeito aumenta a profundidade e a texturas do ambiente, tornando mais fcil a

deteco de animais durante a caa.

No contexto urbano o Sananga aumenta nossa capacidade de perceber as intenes das

pessoas e faz com que aproveitemos melhor as oportunidades oferecidas pelo destino, pois

amplia nossos sentidos e viso de longo alcance. O Sananga indicado em casos de:

glaucoma, catarata, miopia, astigmatismo, hipermetropia, distrofia, daltonismo, ambliopia,

afacia, olho seco, fotofobia, presbiopia, ceratocone e dor de cabea crnica, alm de propiciar

paz de esprito e aumentar nossa energia vital.

5. Concluso

Ao termino desse trabalho podemos ter certeza que ao entrar no grande universo do

Xamanismo e suas plantas de poder, s podemos agradecer ao Grande Esprito todos os

ensinamentos, todas as alegrias, todos os perdes, todas as elevaes, todo o amor, todas as

curas que foram proporcionadas, e que a fora do Grande Espirito continue guiando toda a

humanidade para um caminho de paz e muita gratido.

Namaskar!!!!

6. Referncias Bibliogrficas

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