tcc_Ãcido linolÉico e alfa linolÉico

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ÍNDICE 1.INTRODUÇÃO................................................................................................................ 13 2. PELE................................................................................................................................. 15 2.1 ESTRUTURA E FUNÇÕES DA PELE......................................................................... 15 2.1.1 Epiderme...................................................................................................................... 16 2.1.2 Camada Basal Ou Estrato Germinativo................................................................... 17 2.1.3 Estrato Espinhoso....................................................................................................... 18 2.1.4 Estrato Granuloso....................................................................................................... 18 2.1.5 Estrato Lúcido............................................................................................................. 18 2.1.6 Estrato Córneo............................................................................................................ 19 2.1.7 Membrana Basal......................................................................................................... 22 2.1.8 Derme........................................................................................................................... 22 2.1.9 Hipoderme................................................................................................................... 22 2.2 ESTADOS DA PELE...................................................................................................... 23 2.3 FUNÇÕES DA PELE...................................................................................................... 23 2.4 BALANÇO HIDROLIPÍDICO....................................................................................... 25 2.4.1 Mecanismos de Hidratação e Desidratação............................................................ 25 2.4.2 Glândula Sudorípara.................................................................................................. 26 2.4.2.1 Glândulas Sudoríparas Apócrinas.............................................................................. 26 2.4.2.2 Glândulas Sudoríparas Écrinas.................................................................................. 26 2.4.3 Glândulas Sebáceas.....................................................................................................26 2.4.4 Manto Hidrolipídico................................................................................................... 29 2.4.4.1 Lipídios no Estrato Córneo....................................................................................... 30 2.4.4.2 Bioquímica do Estrato Córneo.................................................................................. 31 2.4.4.3 Controle da Barreira.................................................................................................. 32 2.4.5 Funções do Filme Hidrolipídico................................................................................ 35 2.4.6 Variações do Filme Hidrolipídico............................................................................. 35 3. ACNE VULGAR (AV).................................................................................................... 36 3.1 ETIOPATOGENIA......................................................................................................... 38 3.1.1 Produção de Sebo Pelas Glândulas Sebáceas.......................................................... 38 3.1.2 Hiperqueratinização Infundibular............................................................................ 42 3.1.2.1 Composição Sebácea Anormal.................................................................................. 45 3.1.2.2 Andrógenos................................................................................................................ 45 3.1.2.3 Citocinas.................................................................................................................... 46 3.1.2.4 Flora Bacteriana......................................................................................................... 46 3.1.3 Colonização Bacteriana do Folículo......................................................................... 46 3.1.3.1 Inflamação Folicular e Dérmica Subjacente.............................................................. 48 3.1.3.2 Influência Hormonal: Fator Coadjuvante na Etiopatogenia da acne vulgar.............. 50 3.1.4 Liberação de Mediadores da Inflamação no Folículo e Derme Adjacente............ 53 4. OLEOS DE APLICAÇÃO.............................................................................................. 55 4.1 OLEO DE OLIVA...........................................................................................................55 4.1.1 História.........................................................................................................................55 4.1.2 Obtenção.......................................................................................................................56 4.1.3 Aplicações.....................................................................................................................57 4.1.4 Composição em Ácidos Graxos..................................................................................58 4.2 ÓLEO GERMEM DE TRIGO......................................................................................... 59 4.2.1 História.........................................................................................................................58

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Page 1: TCC_ÃCIDO LINOLÉICO E ALFA LINOLÉICO

ÍNDICE

1.INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 13

2. PELE................................................................................................................................. 15 2.1 ESTRUTURA E FUNÇÕES DA PELE......................................................................... 15 2.1.1 Epiderme...................................................................................................................... 16 2.1.2 Camada Basal Ou Estrato Germinativo................................................................... 17 2.1.3 Estrato Espinhoso....................................................................................................... 18 2.1.4 Estrato Granuloso....................................................................................................... 18 2.1.5 Estrato Lúcido............................................................................................................. 18 2.1.6 Estrato Córneo............................................................................................................ 19 2.1.7 Membrana Basal......................................................................................................... 22 2.1.8 Derme........................................................................................................................... 22 2.1.9 Hipoderme................................................................................................................... 22 2.2 ESTADOS DA PELE...................................................................................................... 23 2.3 FUNÇÕES DA PELE...................................................................................................... 23 2.4 BALANÇO HIDROLIPÍDICO....................................................................................... 25 2.4.1 Mecanismos de Hidratação e Desidratação............................................................ 25 2.4.2 Glândula Sudorípara.................................................................................................. 26 2.4.2.1 Glândulas Sudoríparas Apócrinas.............................................................................. 26 2.4.2.2 Glândulas Sudoríparas Écrinas.................................................................................. 26 2.4.3 Glândulas Sebáceas..................................................................................................... 26 2.4.4 Manto Hidrolipídico................................................................................................... 29 2.4.4.1 Lipídios no Estrato Córneo....................................................................................... 30 2.4.4.2 Bioquímica do Estrato Córneo.................................................................................. 31 2.4.4.3 Controle da Barreira.................................................................................................. 32 2.4.5 Funções do Filme Hidrolipídico................................................................................ 35 2.4.6 Variações do Filme Hidrolipídico............................................................................. 35

3. ACNE VULGAR (AV) .................................................................................................... 36 3.1 ETIOPATOGENIA......................................................................................................... 38 3.1.1 Produção de Sebo Pelas Glândulas Sebáceas.......................................................... 38 3.1.2 Hiperqueratinização Infundibular............................................................................ 42 3.1.2.1 Composição Sebácea Anormal.................................................................................. 45 3.1.2.2 Andrógenos................................................................................................................ 45 3.1.2.3 Citocinas.................................................................................................................... 46 3.1.2.4 Flora Bacteriana......................................................................................................... 46 3.1.3 Colonização Bacteriana do Folículo......................................................................... 46 3.1.3.1 Inflamação Folicular e Dérmica Subjacente.............................................................. 48 3.1.3.2 Influência Hormonal: Fator Coadjuvante na Etiopatogenia da acne vulgar.............. 50 3.1.4 Liberação de Mediadores da Inflamação no Folículo e Derme Adjacente............ 53 4. OLEOS DE APLICAÇÃO .............................................................................................. 55 4.1 OLEO DE OLIVA...........................................................................................................55 4.1.1 História.........................................................................................................................55 4.1.2 Obtenção.......................................................................................................................56 4.1.3 Aplicações.....................................................................................................................57 4.1.4 Composição em Ácidos Graxos..................................................................................58 4.2 ÓLEO GERMEM DE TRIGO......................................................................................... 59 4.2.1 História.........................................................................................................................58

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4.2.2 Obtenção......................................................................................................................58 4.2.3 Aplicações.....................................................................................................................58 4.2.4 Composição em Ácidos Graxos..................................................................................59 5. EICOSANÓIDES ............................................................................................................60 5.1.ÁCIDOS GRAXOS POLIINSATURADOS (AGPI)...................................................... 60 5.1.1 AGPI e Síntese de Eicosanóides................................................................................. 65 5.2 CONTROLE E MODULÁÇAO DA LIBERAÇAO DOS EICOSANÓIDES................ 66 5.3 EICOSANÓIDES E RESPOSTA IMUNE .................................................................... 67 5.4 MODIFICAÇAO DA ATIVAÇÃO CELULAR INFLAMATÓRIA PELO ÁCIDO GRAXO N-3.......................................................................................................................... 68 5.5 ÓLEO DE PEIXE E A FUNÇÃO IMUNE..................................................................... 69 6. FORMULAÇÃO ............................................................................................................. 71 6.1 DEFINIÇÃO DE GEL..................................................................................................... 71 6.1.1 Sistemas Colidais......................................................................................................... 73 6.1.2 Carbômeros..................................................................................................................74 6.2 ATIVOS .......................................................................................................................... 74 6.2.1 Óleo de Oliva................................................................................................................74 6.2.2 Óleo de Germem de Trigo.......................................................................................... 75 6.2.2.1 Composição em ácidos graxos................................................................................... 76 7. MATERIAIS E METODOS .......................................................................................... 76 7.1 MATERIAIS.................................................................................................................... 76 7.1.1 Formulações.................................................................................................................76 7.2 MÉTODOS ..................................................................................................................... 77 7.2.1 Preparo das Fórmulas Utilizadas.............................................................................. 77 7.2.1.1 Formulação Técnica de Preparo.................................................................................78 7.2.2 Voluntários.................................................................................................................. 78 7.2.3 Procedimento............................................................................................................... 78

8. RESULTADOS................................................................................................................ 79 8.1 RESULTADOS OBTIDOS POR RESPOSTA SUBJETIVA DO VOLUNTÁRIO....... 79 8.2 RESULTADOS DAS IMAGENS FOTOGRAFADAS.................................................. 81

9. DISCUSSÕES................................................................................................................... 83

10. CONCLUSÕES.............................................................................................................. 84

11. ANEXO........................................................................................................................... 85

12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ......................................................................... 87

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13

1 INTRODUÇÃO

A acne vulgar (AV) é dermatose crônica, específica do folículo pilossebáceo, em cuja

fisiopatologia interferem vários fatores, a saber: genético, hormonal, hiperprodução sebácea,

hiperqueratinização folicular e aumento da colonização de Propionibacterium acnes (P.

acnes) no ducto glandular. A AV ocorre em todas as raças, embora seja menos intensa em

orientais e negros, manifestando-se de forma mais grave no sexo masculino.

No tocante à etiopatogenia, sabe-se que a AV sofre influência de fatores genéticos. Tal

influência afeta o controle hormonal, a hiperqueratinização folicular e a secreção sebácea.

Embora a infecção bacteriana não dependa diretamente dos fatores genéticos – muitos

pacientes com P. acnes e estafilococos não apresentam AV –, o sistema imunológico é

influenciado por eles. Essa dermatose acomete mais os indivíduos do sexo masculino –

graças à influência androgênica – do que os do sexo feminino.

A hiperqueratinização folicular, é considerada o elemento primitivo na gênese da AV.

Com ela, forma-se uma rolha córnea que retém o conteúdo sebáceo no interior da glândula.

No interior dessa lesão, as proteases hidrolíticas, produzidas pelo P.acnes retido no lúmen

glandular, agem sobre o epitélio glandular, rompendo-o, o que facilita a expulsão do

conteúdo sebáceo para a derme. Com isso, lípides sebáceos, pêlos, P. acnes e epiteliócitos

cornificados são injetados na derme, geram resposta imune. Está, então, estabelecida a

inflamação na AV. Os andrógenos, por si, estimulam as glândulas sebáceas a produzirem

sebo através de suas ações sobre receptores celulares.

Referindo-se aos fatores etiopatogênicos próprios da AV, percebe-se que há alteração

nos componentes do sebo dos portadores de AV, em comparação aos indivíduos sãos. De

todos os componentes alterados, o ácido linoléico (AL), que é um ácido graxo essencial

(AGE), é o mais importante, já que desprotege a parede epitelial glandular, que passa a ser

agredida pelos ácidos graxos livres, obtidos pela hidrólise dos triglicérides através das

lipases do P. acnes, acarretando hiperqueratinização infundibular e inflamação dérmica.

Alteração na barreira epidérmica facilita a penetração na derme de organismos e

ácidos graxos próinflamatórios presentes no sebo, promovendo infecção e inflamação.

Postula-se que tal déficit de barreira, ocorra pela má formação da ceramida 1 (principal

ceramida córnea), já que os pacientes acnéicos nela possuem apenas um sétimo da

quantidade de ácido linoléico, pois ele foi substituído por outros ácido graxos .

Com base nesses achados, supõe-se que terapêuticas, tópicas, à base de ácidos graxos

essenciais possam ser úteis no tratamento da acne.

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Com base nessas considerações, foi proposta a realização de um estudo a fim de

avaliar a resposta da AV, com a aplicação tópica de um produto cosmético rico em óleo de

oliva e óleo de germem de trigo e verificar, através de nota subjetiva do voluntário e análise

fotográfica digital da área tratada com o produto desenvolvido, a evolução tópica de

voluntário que apresenta AV, além de verificar que um produto cosmético rico em óleos,

possa ser aplicado em uma pele com características oleosas e com presença de AV, sem que

este seja um agravante para o quadro acnéico do voluntário.

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15

2 PELE

Esta unidade procura apresentar um panorama sobre Estrutura da Pele, relacionando-se

com a função e estados da pele, destacando as principais características que marcam a

definição.

2.1 ESTRUTURA E FUNÇÕES DA PELE

A pele é um sistema epitelial semelhante às mucosas, aparelho digestivo e ao trato

urogenital. A função epitelial principal desses sistemas é delimitar, isolando estruturas

internas do ambiente externo. Esse tegumento é um dos maiores órgãos do corpo humano,

recobre o corpo protegendo-o da perda excessiva de água, atrito, e dos raios ultravioletas do

sol. Também recebe estímulos do ambiente e colabora com mecanismos para regular sua

temperatura. 59

Esta estrutura flexível e auto-regenerativa defende os fluídos internos e os tecidos

vivos contra as variações de temperatura, umidade, radiação e poluição. A pele permite

sentir as sensações do tato, dor, calor e frio, expressa vermelhidão da raiva, o suor da

ansiedade e a palidez do medo: além de identificar as características de cabelo, textura, odor

e cor particular de cada indivíduo 59.

Uma das funções importantes da pele é servir de barreira de proteção para evitar a

perda de fluídos. Essa barreira cutânea localiza-se na camada do estrato córneo da epiderme 131.

Graças à sua estrutura complexa, a pele pode exercer diferentes funções:

o Manutenção da sua própria integridade e da integridade do organismo;

o Proteção contra agressões e agentes externos;

o Absorção e secreção de líquidos;

o Controle de temperatura;

o Absorção de luz ultravioleta, protegendo o organismo de seus efeitos nocivos;

o Metabolismo de vitamina D;

o Funções estéticas e sensoriais;

o Barreira à prova d'água 96

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16

A pele é constituída por três camadas principais: a epiderme que é a camada mais

externa atuando como barreira protetora; a derme um tecido conectivo e a hipoderme

constituída de tecido adiposo 87.

2.1.1 Epiderme

A epiderme é a camada mais externa, compacta e impermeável, perfurada apenas por

poros dos folículos pilossebáceos e das glândulas - que se originam na derme, mas são

apêndices da epiderme. Não apresenta rede vascular, sendo nutrida pela permeação dos

nutrientes oriundos da derme por capilaridade 87.

Sua principal função é atuar como uma barreira protetora contra o ambiente externo,

evitando a entrada de substâncias estranhas ao organismo, ao mesmo tempo retendo o

conteúdo interno- principalmente água, eletrólitos e nutrientes 59.

Os principais componentes da epiderme são os queratinócitos, células de Merkel e as

células de Langerhans - e é transpassada pelas estruturas dos anexos invaginados na derme:

os folículos pilossebáceos e as glândulas sudoríparas 87.

Figura 1: Estrutura da Pele59

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A epiderme é constituída por quatro camadas distintas (estrato córneo, estrato

granuloso, estrato lúcido, estrato basal) sofrem alterações conforme passam de uma camada

a outra durante o seu processo de maturação, até serem eliminadas 87.

Tabela 1. Composição Lipídica Média Durante a Diferenciação Epidermal Humana e

Cornificação 131

Componente Estratos Basal e

Espinhoso(%)

Estrato

granuloso (%)

Estrato córneo

total (%)

Estrato

córneo

externo (%)

Lipídios polares 44,5 25,3 4,9 2,3

Sulfato de colesterol 2,4 5,5 1,5 3,4

Lipídios neutros 51,0 56,5 77,7 68,4

Esteróides livres 11,2 11,5 14,0 18,8

Ácidos graxos livres 7,0 9,2 19,3 15,6

Triglicerídios 12,4 24,7 25,2 11,2

Ésteres de colesterol/

graxo

5,3 4,7 5,4 12,4

Esqualeno 4,9 4,6 4,8 5,6

N-alcanos 3,9 3,8 6,1 5,4

Esfingolipídios 7,3 11,7 18,1 26,6

Glucosilceramidas I 2,0 4,0 Traços Traços

Glucosilceramidas II 1,5 1,8 Traços Traços

Ceramidas I 1,7 5,1 13,8 19,4

Ceramidas II 2,1 3,7 4,3 7,2

2.1.2 Camada Basal Ou Estrato Germinativo

A camada basal é constituída por células matrizes (steam cells) e células proliferativas,

que são células germinativas. A cada mitose aproximadamente 50% dessas células

contribuem para a renovação da epiderme. Os queratinócitos que compõem a camada basal

são células alongadas (colunares), alinhadas perpendiculares à membrana basal. Na camada

basal existem estruturas responsáveis por sua ancoragem à membrana basal: os

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hemidesmossomos, compostas por fibras de queratina. Nessa camada encontram-se também

outras células com funções diferentes: os melanócitos, as células de Langerhans e as células

de Merkel 59.

2.1.3 Estrato espinhoso

Encontram-se vastamente dispersas na epiderme, no epitélio folicular e nas membranas

mucosas e estão mais concentradas nos lábios, nas palmas das mãos, nas pontas dos dedos,

nas proximidades do nariz e dorso dos pés. Estão relacionadas à função tátil, atuando como

receptores mecânicos. Composto por células espinhosas, poligonais 87.

Nesse estágio inicia-se o processo de queratinização, no qual pequenos filamentos de

queratina (desmossomos) atravessam o citoplasma das células, unindo-as suas vizinhas. Os

poros existentes entre as células espinhosas permitem a passagem de nutrientes e conferem a

esta camada um aspecto esponjoso. Também no estrato espinhoso tem início a formação das

subestruturas lamelares: os corpos lamelares - posteriormente responsáveis pela formação do

manto hidrolipídico- e os grânulos de querato-hialina 59.

2.1.4 Estrato Granuloso

Caracteriza-se pela rica presença de grânulos de queratina nas células. Após a

maturação das células espinhosas há perda do núcleo e achatamento dos queratinócitos, com

a formação de placas de queratina. As células adjacentes são unidas pelas mesmas fibras

(desmossomos) que as células espinhosas, porém de forma mais compacta. O estrato

espinhoso e o estrato granular possuem estruturas filtrantes, conhecidas como corpos

lamelares, que medem aproximadamente 100-500 nm e contêm um mistura de lipídios que

inclui os fosfolipídios, esfingolipídios e colesterol. Por exocitose, essas estruturas liberam

seus conteúdos de lipídeos nos espaços intercelulares do estrato córneo, formando uma

importante barreira à prova d'água: o manto hidrolipídico 59.

2.1.5 Estrato lúcido

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Camada intermediária entre o estrato córneo e o estrato granuloso, presente apenas em

regiões de pele mais espessa como, por exemplo, a sola dos pés, a palma das mãos. Origina-

se pela fricção e aparentemente exerce função de proteção mecânica 148.

2.1.6 Estrato córneo

A parte mais externa da epiderme (estrato córneo) é constituída por uma membrana

única, sendo perfurada apenas pelos orifícios das glândulas sudoríparas e dos pêlos. De

forma simplificada, o estrato córneo pode ser definido como um mosaico de várias camadas,

composto por intercalações entre "tijolos" hidrofílicos (corneócitos) e "cimento" hidrofóbico

(estruturas lipídicas lamelares intercelulares) 59.

Substâncias químicas que não a água, portanto, só conseguem permear a pele através

das camadas lipídicas intercelulares - enquanto a água, ao passar pelos corneócitos, será

retida pelas fibras de queratina, altamente hidrofílicas 140.

Na pele saudável, os corneócitos possuem altas concentrações (até 10% de seu peso

seco) de fator natural de hidratação (natural moisturizing factor- NMF), composto por

moléculas de baixo peso molecular, higroscópicas que se ligam à água, prevenindo sua

evaporação. São principalmente aminoácidos - como o urocânico (absorvente de raios UV).

Também constituem o NMF o ácido lático e a uréia 59.

As moléculas componentes do NMF são produzidas nas etapas iniciais de maturação

dos corneócitos através da degradação da proteína filagrina, o principal componente dos

grânulos de querato-hialina tipo F, rica em histidina 58.

Os corneócitos são envoltos por um "envelope" protéico unido às estruturas lamelares

intercelulares por ligações ésteres, o que justifica a facilidade de sua hidrólise por ação de

agentes alcalinos ou ácidos. Esse "envelope" retém os aminoácidos de baixo peso molecular,

que desempenham importante papel na manutenção das propriedades do estrato córneo. O

"envelope" dos corneócitos se constitui de duas partes: uma camada espessa

(aproximadamente 15nm), adjacente ao citoplasma e composta por proteínas estruturais, e

uma fina camada externa (aproximadamente 4nm), formada por lipídeos e localizada na

parte exterior da proteína. A camada protéica é bastante resistente e resulta da união de

diversas subunidades de proteínas através da formação de pontes de dissulfeto e ligações

isopeptídicas - (Y-glutamil) lisina 93.

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Na epiderme normal, a camada lipídica do "envelope" é formada por ligações ésteres

convencionais entre os resíduos glutamato e hidroxiceramidas, que ancoram o envelope à

estrutura lamelar. O principal componente desse "envelope" protéico é uma proteína

denominada involucrina, que contém cerca de 20% de resíduos de glutamato, responsáveis

pelas ligações ésteres com as hidroxiceramidas. A involucrina humana é diferente da

encontrada nos corneócitos de outros mamíferos ou de artrópodes 59.

Os corneócitos são conectados entre si através de desmossomos, que impedem o

deslizamento de uma camada sobre a outra. Do ponto de vista da reprodução, as células

achatadas estão completamente queratinizadas e mortas. Os corneócitos, revestidos pela

involucrina e ligados uns aos outros por pontes intercelulares, ainda apresentam, contudo,

algumas funções bioquímicas importantes- como a conversão da pró- filagrina em filagrina,

que será então liberada e hidrolizada, fornecendo os elementos necessários para a

composição do fator natural de hidratação (NMF) 59.

Figura 2. Formação do fator natural de hidratação através da degradação da profilagrina.

O fator natural de hidratação é produzido pela degradação da profilagrina, proteína

insolúvel produzida pelos melanócitos do estrato espinhoso e do estrato granuloso. 93

Devido a seu alto grau de compactação e pequeno espaço intercelular, o estrato córneo

é seletivamente impermeável tanto para os líquidos que entram como para os que saem do

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corpo. No espaço intercelular dos corneócitos observamos uma estrutura de bicamada

lipídica, composta essencialmente de esteróis livres, esfingolipídios (ceramidas), ácidos

graxos livres e lipídios neutros (não-polares) 93.

A queratinização das células da epiderme não é, porém, a última etapa da

diferenciação celular que ocorre na epiderme, e sim o início da maturação do estrato córneo.

As camadas mais profundas do estrato córneo apresentam uma formação imatura desse

tecido; porém, para a liberação dos corneócitos superficiais, a maturação deve

necessariamente ocorrer 59.

Durante a maturação dos corneócitos, os lipídios intercelulares também são

enzimaticamente modificados para diminuir sua polaridade, e o fator natural de hidratação é

produzido através da degradação de seu precursor celular, a filagrina. Em seguida, as forças

coesivas que mantém aderidos os corneócitos são neutralizadas e ocorre a descamação.

Numa situação equilibrada, a formação e a liberação de corneócitos ocorrem de maneira

regulada, e a renovação do estrato córneo acontece sem que seja possível observar o

processo a olho nu 93.

Perturbações nesse processo, em que a produção de corneócitos seja aumentada ou sua

liberação diminuída, levam a um estado de acúmulo de células apenas parcialmente

desconectadas na superfície, com ou sem concomitante espessamento do estrato córneo. A

liberação que ocorre agora em placas e é observável a olho nu pode atingir vários graus de

severidade e é comumente referida como "pele seca" ou "pele xerótica" 87.

Assim, o termo xerose descreve a pele áspera e escamosa; contudo, nem sempre a

condição xerótica é conseqüência da perda de água 58.

Vários são os processos envolvidos na regulação da descamação, sendo a ação da

enzima quimotríptica do estrato córneo um dos mais bem caracterizados. Essa enzima,

responsável pela quebra da coesão entre os corneócitos, atua através da degradação regulada

dos corneodesmossomos. Substâncias inibidoras ou ativadoras dessa enzima e alterações nos

substratos podem levar à mudança de comportamento e perda da regulação do processo.

Outro desequilíbrio comumente encontrado no estrato córneo é a perda da organização dos

lipídios do manto hidrolipídico. Esses lipídios, organizados em multicamadas lipídicas

intercelulares, não se apresentam no estado líquido-cristalino à temperatura da superfície da

pele, exibindo um polimorfismo complexo de diferentes fases sólidas no qual as cadeias

lipídicas estão firmemente empacotadas e imóveis. Nas camadas mais externas do estrato

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córneo encontram-se maior porcentagem de líquidos do sebo (desordenados), em associação

com os lipídios intracelulares sólidos (altamente organizados) 148.

2.1.7 Membrana basal

A membrana basal faz a interface entre a derme e a epiderme, distinguindo-se dos

tecidos vizinhos por sua estrutura e composição molecular. Sua espessura varia de 60nm a

140nm, e na região mais profunda encontra-se uma rede de colágeno com fibras

longitudinais, apresentando estrutura emaranhada com aberturas para os canais sudoríferos e

para os infundíbulos dos folículos pilossebáceos. A face epidérmica do bloco dérmico é

papilomatosa, apresentando grandes cílios que separam as estruturas das papilas, sendo essa

estrutura mantida por uma rede de colágeno da membrana basal 148.

2.1.8 Derme

É a camada conjuntiva que forma a parte estrutural do tegumento do corpo. Sua

espessura varia de 0,5 mm a 3,0 mm, sendo mais espessa no dorso que na parte anterior do

corpo e mais grossa nos homens do que nas mulheres. Dentro da derme, além dos apêndices

da epiderme (pêlos e glândulas sudoríparas e sebáceas), há também vasos sangüíneos,

nervos e componentes celulares contendo células matrizes, fibroblastos, miofibroblastos e

macrófagos. A derme é parcialmente responsável pela termorregulação, pelo suporte da rede

vascular e pela defesa imunológica, em associação com as células de Langerhans da

epiderme 148.

2.1.9 Hipoderme

A hipoderme é constituída de um tecido conectivo gorduroso denominado tecido

adiposo, ricamente servido por nervos e vasos sanguíneos. O tecido adiposo está envolvido

na regulação de temperatura e termo isolamento, energia, proteção e suporte (um papel

cosmético), funcionamento também como depósito nutricional 59.

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23

23

2.2 ESTADOS DA PELE

Apesar das peles parecerem semelhantes do ponto de vista anatômico, funcional e

bioquímico, existe variações entre elas que necessariamente têm que ser levados em conta

na formulação dos produtos cosméticos. Do ponto de vista cosmetológico, a pele de

indivíduos adultos pode ser classificada baseada na predisposição constitucional individual a

determinadas doenças, ou segundo um critério morfológico, isto é, estrutural 123.

A pele pode ser classificada como:

o Delicada e fina: Constitucionalmente é pálida, esbranquiçada especialmente com o

envelhecimento. Não se bronzeia quando exposta ao sol, porém adquire coloração

eritematosa por insuficiência de defesa melânica e se cobre de pintas. Resiste facilmente as

rugas pela espessura do estrato queratínico e forte hidratação da derme, porém sofre carência

de gordura. A transpiração é escassa e sofre com as variações ambientais.

o Oleosa: geralmente é espessa e apresenta notável turgor. As glândulas sebáceas

apresentam-se dilatadas facilmente acometidas de comedões. Com freqüência e

hiperseborréica e apresenta erupções purulentas. A sudorese é abundante principalmente à

apócrina suporta facilmente variações das condições atmosféricas.

o Espessa: Em geral apresenta-se desidratada, áspera, pouco elástica de cor opaca pela

presença de discromias e de transpiração abundante. Apresenta-se também com os orifícios

sebáceos dilatados e com rugas 123.

2.3 FUNÇÕES DA PELE

A pele é um órgão que reveste e molda o corpo e assegura as relações entre o meio

exterior e interior. É ela que determina o aspecto e aparência, estabelecendo as

características mais visíveis de cada animal. No homem, individualizando-o, sendo as

impressões digitais o mais alto expoente dessa caracterização e especificidade. Imprime

caráter sexual e racial, e protege o corpo como uma barreira dotada de resistência,

impermeabilidade e plasticidade 130.

Tem, pois, funções de aparência como a moldagem do corpo, expressão de

personalidade e caráter racial e sexual e funções de proteção ou defesa que se manifestam

por flexibilidade e resistência, informação sensorial, informação imunológica, bem como a

conservação da homeostasia 130.

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Destacaremos a seguir as seguintes funções:

o Proteção – é exercida das mais diversas maneiras contra as agressões do meio

exterior. A pele tem uma resistência relativa aos agentes mecânicos, por sua capacidade

moldável e elástica (fibras colágenas, elásticas e hipoderme). No sentido físico, essa

proteção se faz pela capacidade de, através de seu sistema melânico, impedir e absorver suas

radiações calóricas ultravioletas e, até mesmo, ionizantes. Cabe salientar que a produção de

melanina, além do controle genético e ambiental, sofre interferência da porção intermediária

da hipófise através do hormônio intermedina, ou MSH. Por outro lado, a melatonina,

produzida pela hipófise através da ação da noradrenalina, faz o clareamento da pele por

induzir a agregação dos grânulos de melanina em torno do núcleo das células. Pela sua

relativa impermeabilidade à água e aos eletrólitos, a pele mantém o equilíbrio

hidroeletrolítico. Outros tipos de proteção são: a físico-química, no sentido da manutenção

do pH ácido (5,4 – 5,6) da camada córnea, a química, através do manto lipídico com

atividade antimicrobiana; e a imunológica, presente, na epiderme, através das células de

Langerhans e, na derme, à custa de macrófafos, linfócitos e mastócitos;

o Percepção – os elementos nervosos que existem, sobretudo na derme, permitem o

reconhecimento de sensações especiais, como calor, frio, dor e tato, o que conduz a um

mecanismo de defesa no sentido de sobrevivência;

o Hemorregulação e termorregulação – a pele, através de seus extensos plexos

vasculares, colabora na manutenção e regulagem do débito circulatório. Em determinadas

ocasiões, o aumento do débito sanguíneo periférico é compensado pela constrição dos

glomos (corações periféricos), com desvio da circulação para rede capilar, e pela utilização

plena da capacidade total de enchimento de outros vasos; já no choque, a dilatação dos

glomos e constrição dos vasos cutâneos provocam a palidez característica, que denuncia a

elevada função hemorreguladora da pele. A homeotermia ou termorregulação é mantida por

mecanismo comandado pelo centro termorregulador através das vias do sistema nervoso

autônomo, levando à vasoconstrição ou vasodilatação. Além disso, os vasos são sensíveis a

duas substâncias químicas circulantes: a noradrenalina e a acetilcolina. No mecanismo de

termorregulação, exercem uma ação especial as glândulas sudoríparas écrinas, que, sob

estímulo colinérgico, aumentam a sudorese, causando a perda de calor;

o Metabolização – A pele também sintetiza hormônios, dentre eles a testosterona, e

diidrotestosterona, que tem papel muito importante na acne, alopécia androgenética e

hirsutismo. Tem também uma ação decisiva no fabrico e na metabolização da vitamina D.

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o Secreção – como elementos produzidos pela pele destacamos a ceratina, a melanina,

o sebo e o suor, todos em funções definidas e harmônicas. O sebo colabora na formação do

manto hidrolipídico com atividade antimicrobiana, emulsificadora de substâncias e de

barreira protetora;

o Barreira a prova d’água 9.

2.4 BALANÇO HIDROLIPÍDICO

2.4.1 Mecanismos de Hidratação e Desidratação

Pele hidratada é aquela com quantidade de água adequada em todas suas camadas.

Nesta situação será saudável, macia, elástica e flexível. A epiderme está sempre se

renovando e sua última camada que faz contanto com o meio exterior, é chamado de camada

córnea. A camada córnea é a principal responsável por manter a quantidade de água em

todos os níveis da pele. Se ela estiver funcionando de forma inadequada, a perda de água

pode ser grande, levando à desidratação cutânea 140.

A epiderme também é responsável pela regeneração da pele. A cada vinte e oito dias

uma célula caminha desde a junção dermoepidérmica até o estrato córneo, desprendendo-se

então como uma célula morta. Quando a pele encontra-se desidratada, esta reconstituição e

troca ficam alteradas, dificultando a regeneração cutânea natural. Para o bom funcionamento

do mecanismo de hidratação deve haver uma capacidade controlada de reter água pelo

estrato córneo, de modo que a taxa de evaporação da água permaneça sempre o mesmo. Isto

irá depender da composição e integridade da camada córnea, assim como o nível de

agressão do meio exterior. Quando houver alterações na camada córnea (queimadura,

escoriações e rompimentos) ou perda excessiva de lipídeos ou de hidratantes naturais, a pele

torna-se seca, áspera, sem elasticidade e flexibilidade. O sol, os poluentes, a umidade

relativa do ar também são fatores que interferem no fator de hidratação da pele. Além disso,

certas doenças como atopia ou ictiose (doenças que mudam a camada córnea) e também

fotoenvelhecimento, interferem na capacidade de hidratação da pele 140.

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2.4.2 Glândula Sudorípara

2.4.2.1 Glândulas sudoríparas apócrinas

As glândulas apócrinas são compostas por um complexo sistema secretório localizado

na hipoderme e uma ligação tubular com o folículo sebáceo acima do ducto sebáceo.

Produzem pequenas quantidades de líquido leitoso em intervalos de tempo longos 131.

O controle do seu funcionamento é incerto, mas sabe-se que elas contêm inervações do

sistema simpático adrenérgico e sua secreção é estimulada por excitação ou medo. O odor

desagradável das secreções da glândula apócrina, que, em princípio, é inodoro, decorre dos

produtos de degradação no processo conduzido por bactérias presentes na pele 131.

2.4.2.2 Glândulas Sudoríparas Écrinas

Decorrentes de um desenvolvimento especializado da epiderme que ocorre do 3º ao 5º

mês de gestação. Sua principal função é o controle de temperatura quando o corpo é exposto

a calor excessivo ou atividade intensa. Histologicamente compõem-se de quatro

subunidades:

o Glândula secretória enovelada altamente vascularizada;

o Ducto dermal enovelado;

o Ducto dermal estendido;

o Ducto intra-epidérmico enovelado 59.

O funcionamento das glândulas sudoríparas écrinas está sob o controle do sistema

nervoso colinérgico simpático pós-gangliolítico, e sua atividade é estimulada por funções

térmicas (controladas pelo hipotálamo), mentais (sistema límbico) e gustatórias (sistema

nervoso central). A secreção das glândulas sudoríparas écrinas é basicamente uma solução

hipotônica, que, além de água, contém sódio, cloreto, potássio, uréia e lactato. Essa secreção

não provoca alterações de odor da pele 9.

2.4.3 Glândulas Sebáceas

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Normalmente associadas a folículos pilosos, em algumas regiões como pálpebras,

mamilos e mucosas elas parecem se originar de forma independente e drenam o seu

conteúdo diretamente para a superfície da pele 131.

São praticamente inativas na fase pré-puberal; durante e após a adolescência, porém,

aumentam e tornam-se muito ativas. O mecanismo através do qual o sebo é produzido

permanece parcialmente inexplicado, embora pareça haver um ritmo circadiano, sob

controle de andrógenos (testosterona) e inibindo por estrógenos; daí não ser tão

surpreendente que as glândulas sebáceas em homens, sejam muito maiores e mais ativas que

em mulheres 59.

O sebo é uma mistura lipídica composta de triglicerídios, ésteres de ácido graxos, ceras

esterificadas, esqualeno e ésteres de colesterol. Sua função principal é a proteção da pele

controlando a perda de água transepidermal, formando uma barreira à prova d'água e

inibindo o crescimento de fungos e bactérias 131.

Tabela 2. Composição Lipídica Aproximada da Pele da Face 131.

Componente Sebo nativo (%) Epiderme (%) Superfície da pele (%)

Triglicerídios 57 15 30

Ésteres graxos 25 0 22

Esqualeno 15 7 12

Ésteres de colesterol 3 23 7

Diglicerídios 0 5 2

Ácidos graxos livres 0 20 25

Ceramidas 0 30 2

A atividade da glândula sebácea não é controlada pelo sistema nervoso, tendo em

vista, anatomicamente, que nenhum nervo circunda as glândulas. Por outro lado, elas são

abundantemente vascularizadas: é, portanto, por via sanguínea, isto é, pelos hormônios que

se dá o comando à secreção de sebo 131.

A secreção sebácea é estimulada pelos andrógenos, que são representados pela

testosterona e pela diidrotestosterona (DHT), de origem gonádica, e pela

diidroepiandrosterona (DHEA) e pela D4 androstenediona, de origem supra-renal. A

testosterona está em 99% ligada a uma proteína de transporte, a TeBG (Testosterone

Binding Globulin) e não é utilizada. Somente a testosterona livre pode atravessar a

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membrana da célula alvo (Célula Germinativa). A DHA e a D4 androstenediona são

precursores químicos da testosterona e penetram facilmente nas células receptoras. Nas

células receptoras, a DHEA se transforma em testosterona, que é, ela mesma convertida em

DHT sob a ação de uma enzima, a 5 α-redutase. A DHT é o hormônio biologicamente ativo,

a testosterona tem somente o valor de pré-hormônio 123.

Na face pode-se encontrar uma média de 300 a 900 folículos pilossebáceos por

centímetro quadrado; no peito, no ombro e nas costas esse valor se aproxima de 100

unidades por centímetro quadrado 131.

Figura 3. Regiões de glândulas sebáceas muito ativas 131

As glândulas sebáceas são glândulas holócrinas. Sua secreção é formada através da

transformação da célula inteira num reservatório lipídico, e os sebócitos são continuamente

repostos pela atividade mitótica, para a abertura das glândulas e aumentam seu tamanho em

aproximadamente 150 vezes durante a síntese dos lipídios. Quando explodem, seu conteúdo

é liberado para o canal do folículo piloso. Da mitose até a sua ruptura podem decorrer

aproximadamente duas a três semanas, e o sebo produzido nas glândulas sebáceas pode

levar até uma semana para atingir a superfície da pele 99.

Durante sua migração para a superfície, esse sebo tem a composição alterada por

processos oxidativos ou pela ação de microrganismos- principalmente Propionibacterium

acnes (hidrólise de triglicerol) dentro do canal pilosebáceo e Staphylococcus epidermidis

(formação de éster de colesterol) na pele perifolicular. A esse sebo juntam-se lipídios

epidérmicos para formar o manto lipídico que recobre o estrato córneo 131.

Peles oleosas resultam da produção acentuada de sebo, que preenche o folículo

sebáceo até atingir a superfície. O sebo pode atuar como um emoliente e um plastificante do

estrato córneo, além de agir no transporte de compostos lipofílicos para as camadas

superficiais da epiderme, embora não tenha correlação direta com a barreira cutânea.

Espalhado na superfície cutânea, o sebo pode penetrar as camadas superiores do estrato

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29

córneo, diminuindo a permeabilidade da água e aumentando a resistência a ácidos, álcalis e

contaminantes biológicos 99.

Peles secas e oleosas não são portanto condições opostas, podendo coexistir em certas

regiões da face embora, na maioria das vezes, a oclusão provocada pela película oleosa

tende a mascarar o processo xerótico 59.

A própria classificação de peles de acordo com a quantidade de sebo produzido

depende muito da região geográfica onde se realiza a análise, pois regiões com clima mais

seco requerem uma pele mais impermeável, e, portanto, maiores quantidades de sebo

superficial são toleradas. Em climas úmidos, o filme formado pelo sebo impede a perda de

água transepidermal, aumentando o desconforto no calor. Dessa forma, a classificação

"oleosa", "normal" ou "alipídica" (sem oleosidade) obedece mais a critérios sensoriais que

propriamente a critérios quantitativos 99.

2.4.4 Manto Hidrolipídico

O filme cutâneo de superfície é formado por substâncias de origens diversas:

produtos vindos da queratinização epidérmica e produtos de secreção, constituindo a

película hidrolipídica 123.

Os produtos surgidos da queratinização epidérmica:

o São essencialmente as células córneas cheias de queratina, que descamam após

ruptura dos desmossomas;

o É preciso que ai se acrescentem os lipídios que formaram o cimento intercelular;

A película hidrolipídica:

- Emulsão do tipo água em óleo, ela é composta de uma fase aquosa e uma fase

lípidica;

- A fase aquosa e o suor: o suor é formado de 99% de água, que provém da

perspiração insensível e da secreção sudoral, a fração hidrossolúvel é constítuida de:

- Substâncias minerais: Cloreto de Sódio, Cloreto de Potássio (Cálcio, Magnésio,

Cobre)

- Substâncias orgânicas: Uréia, Aminoácidos, Ácido Láctico e Pirúvico 123.

Os elementos solúveis em água que se encontram na película cutânea de superfície são

responsáveis por sua acidez. O pH da pele é de fato ácido, compreendido entre 5,0 e 6,0.

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o Origem e composição da fração lipossolúvel: a fração lipossolúvel da película

hidrolípidica.

- A gordura essencialmente, que é secretada de forma continua pelas glândulas

sebáceas. Ela é constituída por lipídios e fragmentos celulares sebáceos.

- A epiderme: O queratinócito, ao se queratinizar, ocasiona alterações químicas que

liberam colesterol à superfície 123.

2.4.4.1 Lipídios No Estrato Córneo

Os lipídios são responsáveis pela principal função do estrato córneo: a composição da

barreira cutânea, formada pela organização desses lipídios em lamelas, que preenchem todo

o espaço intercelular. Na camada de transição, os corpos lamelares são expulsos do interior

das células, e não há evidências da retenção de lipídios dentro dos corneócitos 59.

As hidroxiceramidas, produzidas pela união do tipo amida entre a esfingosina e alfa-

hidroxiácidos de cadeia longa (cadeias com 30 a 40 carbonos), ligam-se às proteínas do

envelope, fixando os corneócitos à estrutura lamelar 106.

Nas camadas mais externas do estrato córneo encontramos, ainda, esqualeno e ésteres

graxos, oriundos do sebo produzido nas glândulas sebáceas. Alguns estudos mostram a

presença de hidrocarbonetos de alto peso molecular; contudo, através da datação por 14 C,

foi demonstrado que se tratava de contaminação ambiental e que o conteúdo dessas

parafinas não tinha importância clínica 106.

À medida que os corpos lamelares são descarregados das células granulosas e seu

conteúdo rico em lipídios polares, é liberado no meio extracelular da camada de transição,

ocorre uma série de transformações bioquímicas que irão originar os lipídios menos polares

que compõem a barreira (ceramidas, colesterol e ácidos graxos livres). As ceramidas e os

demais lipídios são então dispersos; rearranjam-se lado a lado no espaço e se fundem

formando uma estrutura lamelar intercelular 106.

A camada mais interna do estrato córneo já possui uma estrutura lamelar

completamente organizada em bandas (larga/fina/larga) n onde n é normalmente 1,2 ou 3

grupos. Essas camadas intercelulares contêm geralmente 13 nm de espessura,

correspondendo a três grupos de bicamadas lipídicas; em ensaios in vitro, misturas de

lipídios contendo ceramida 1 apresentam o mesmo padrão de espaçamento, o que não é

observado na ausência de ceramidas 1 14.

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31

Os pares de bicamadas são unidos uns aos outros por moléculas de ceramidas 1, que

transpõem as bicamadas. Como resultado, essa estrutura de conjuntos de bicamadas lipídicas

se torna muito resistente à dispersão pelo calor ou pela ação de detergentes 106.

Nas estruturas intercelulares, os lipídios encontram-se em duas fases: uma fase

cristalina e uma fase líquida, sendo a fase cristalina menos permeável. Na primeira, as

moléculas de cadeias longas são atraídas umas às outras através de interações de Van der

Waals, o que lhes confere um caráter cristalino bem empacotado, impermeável à água 14.

A presença de insaturações nas cadeias faz com que as moléculas sejam ligeiramente

afastadas, o que lhes confere certa mobilidade, tendo uma fase líquida cristalina. Nessa fase

é favorecida a difusão através da bicamada. Uma fase cristalina pode se converter em uma

fase líquida em função da temperatura de transição 106.

Nas membranas biológicas geralmente há uma complexa e variada mistura de

componentes lipídicos, com cadeias de 16 a 18 carbonos, que levam as diferentes

temperaturas, variando de 0 °C a 40 °C. Já nas lamelas intercelulares do estrato córneo,

encontramos ácidos graxos livres de cadeia saturada e ceramidas, lipídios que contêm

cadeias longas, com 30 a 34 carbonos, elevando a temperatura de transição para a ordem de

40 °C. Isso faz com que, em condições fisiológicas normais (temperaturas externa de

aproximadamente 30 °C), a barreira lipídica seja essencialmente impermeável a água 14.

Compostos lipídicos contendo cadeias ramificadas ou cadeias curtas diminuem as

interações de Van der Walls, promovendo, consequentemente, a formação de unidades

lipídicas através dos planos da bicamada 106.

Os agentes de permeação atuam de forma localizada, difundindo-se através das

bicamadas nas regiões com estrutura líquida cristalina, o que caracteriza um fenômeno local.

Em um período de tempo relativamente curto, eles também serão dispersos, e a estrutura da

barreira, restaurada. É importante observar que a organização das estruturas lamelares

intercelulares do estrato córneo se dá unicamente por interações físicas, de forma que a

reconstituição dessas estruturas pela incorporação de lipídios substituintes externos

(aplicação de produtos tópicos) é possível e viável, permitindo a recomposição da barreira

subcutânea 14.

2.4.4.2 Bioquímica Do Estrato Córneo

Page 22: TCC_ÃCIDO LINOLÉICO E ALFA LINOLÉICO

32

32

Os corpos lamelares contêm colesterol, fosfolipídios e glucosilceramidas, que, ao

serem liberados para o meio extracelular na camada de transição, devem ser transformados

em substâncias mais hidrofóbicas. As principais transformações bioquímicas que ocorrem

no estrato córneo são as conversões de sulfato de colesterol em colesterol livre, de

fosfolipídios em ácidos graxos livres, de glucosilceramidas em ceramidas, e destas em

esfingosina. Tem-se ainda a conversão da filagrina no fator natural de hidratação (NMF),

que ocorre no interior dos corneócitos 93.

A conversão de glucosilceramidas em ceramida é realizada também no meio

extracelular , após a liberação do conteúdo dos corpos lamelares no estrato de transição. A

enzima responsável por esse processo, a beta-glucocerebrosidase, é mais ativa em pH 5,5.

Assim, o pH ácido da pele é necessário para uma rápida e adequada formação dessa barreira 140.

A esfingosina livre, produzida no estrato córneo a partir das ceramidas, é um

reconhecido agente biológico tóxico que inibe a proteína quinase C e afeta a divisão celular

e a diferenciação. No estrato córneo, a esfingosina apresenta-se em concentração milhares

de vezes superior à necessária para sua ação bactericida, o que seria um contra-senso em

termos biológicos. Contudo, sua ação tóxica é inibida pela ação do sulfato de colesterol,

presente em concentrações eqüimolares 131.

À medida que o sulfato de colesterol é hidrolisado a colesterol, a esfingosina livre é

liberada e pode, então, exercer seu papel antimicrobiano, impedindo o crescimento de

colônias de fungos ou bactérias na superfície cutânea 140.

Dentro dos corneócitos também ocorrem processos bioquímicos antes de completa

queratinização. A filagrina, um dos componentes dos grãos de querato-hialina, sofre

inicialmente uma desfosforilação, sendo, a seguir, completamente hidrolisada: sua presença

é fundamental para a macroestrutura das microfibrilas dos corneócitos, através da formação

de um complexo filagrina-queratina 93.

2.4.4.3 Controle Da Barreira

A barreira cutânea é continuamente renovada, de maneira controlada e organizada.

Quando a superfície sofre agressões que corrompem essa barreira, uma série de processos

bioquímicos é disparada em cascata, de forma a recompô-la rapidamente 128.

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33

A primeira etapa identificada no processo tanto por acetona como por deslocamento, é

a secreção de lipídios de corpos lamelares pré-formados contidos nas células do estrato

granulosos superior. Aparentemente, o sinalizador para este evento é a alteração no

gradiente de Cálcio entre as diferentes camadas 140.

Os corpos lamelares começam a reaparecer nas células do estrato granuloso entre 30 e

60 minutos depois da liberação repentina; após 3 a 6 horas, essas células já estão com seu

conteúdo de corpos lamelares restabelecidos 128.

Entre 60 e 360 minutos, aumenta a quantidade de lipídios na interface entre o estrato

granuloso e o estrato córneo, e a nova bicamada lipídica começam a aparecer,

reestruturando-se entre 30 minutos e 2 horas 93.

A corrupção aguda da barreira leva à rápida secreção de corpos lamelares pré-

formados e á repetida formação e secreção destes. A reconstituição da camada está

associada à restauração da função de barreira, observando-se que a oclusão com uma

membrana impermeável previne a formação e a secreção desses corpos lamelares e,

conseqüentemente, a reconstituição da barreira, de forma que aproximadamente 360 minutos

depois já se observa uma diminuição na perda de água transepidermal da ordem de até 50 93.

Quando ocorre a quebra da barreira, seja através de agentes químicos, seja pela ação

mecânica, é disparada uma cascata de eventos que visa a sua reposição rápida. O sinalizador

inicial para esse disparo é o gradiente de íons Ca (II) que, ao ser perturbado, favorece a

liberação intensa de corpos lamelares e a ativação de diversos processos metabólicos,

envolvendo a síntese de novos lipídios e a reorganização do manto hidrolipídico 93.

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34

Figura 4. Eventos regulados pelo cálcio para a promoção da recuperação da barreira. 93.

Estudos citoquímicos mostraram que a camada proliferativa da epiderme, a camada

basal, contém menor concentração de CaII e que, quando essas células vão se estratificando,

observa-se maior concentração desse íon 128.

A quebra da barreira acarreta a perda da camada mais externa no Ca II, devido ao

trânsito mais acelerado de água através do estrato córneo, resultando a perda passiva desses

íons. Essa alteração no gradiente de CaII estimula a liberação dos corpos lamelares do

estrato granuloso e o reparo da barreira 140.

À medida que a concentração de CaII extracelular no estrato córneo volta a aumentar,

este penetra novamente nas células através dos canais de cálcio, liga-se à calmodulina no

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35

citossol e, por um mecanismo ainda não perfeitamente elucidado, inibe a secreção dos

corpos lamelares. Outros íons presentes (potássio, fosfato e magnésio) também são capazes

de inibir a liberação de corpos lamelares, embora em menor intensidade que o cálcio 128.

Como resposta à subita diminuição na quantidade de corpos lamelares, as células do

estrato granuloso aceleram a produção dessas unidades, dependendo, portanto dos lipídios

disponíveis, que também têm sua síntese aumentada 140.

Esse aumento na síntese epidermal de lipídios, que segue a quebra de barreira, tem

importante papel no fornecimento dos blocos construtores necessários para a formação de

novos corpos lamelares 140.

A alteração da barreira, tanto aguda quanto crônica, aumenta a síntese do colesterol

epidermal duas ou três vezes, sem alterar, contudo, a síntese na derme 128.

Esse fenômeno ocorre quase que imediatamente após a alteração da barreira e retorna

ao nível normal rapidamente após sua reposição. Deve-se observar também que o aumento

na síntese de colesterol está diretamente relacionado à extensão do dano na barreira 140.

2.4.5 Funções Do Filme Hidrolipídico

o Mantém a hidratação da camada córnea graças à presença dos componentes do

NMF;

o Mantém a acidez cutânea graças ao poder tampão dos aminoácidos. Esta propriedade

permitirá à pele se defender contra as agressões microbianas e fúngicas;

o Desempenham uma “função de barreira”, com a ajuda da camada córnea, contra as

agressões externas;

o Permite a presença de uma flora saprófita que defende a pele contra os germes

patogênicos;

o Permite à pele lutar contra o excesso de umidificação e de dessecação 61.

2.4.6 Variações Do Filme Hidrolipídico

A composição do filme hidrolipídico varia conforme:

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36

Idade: A porcentagem de lipídios, elevada no nascimento, abaixa durante a infância,

eleva na puberdade e abaixa novamente no envelhecimento;

Sexo: A porcentagem em lipídios é mais elevada no homem do que na mulher;

Regiões do Corpo: A face e o tórax têm uma taxa lipídica mais elevada do que no

abdome, os braços e as pernas 61.

3 ACNE VULGAR

Acne é uma doença inflamatória crônica da unidade pilossebácea. Acomete os

folículos sebáceos, ou seja, as unidades compostas por uma glândula sebácea bem

desenvolvida e um pêlo rudimentar. 37

Inicia-se geralmente na adolescência, e seu aparecimento pode corresponder ao início

da puberdade. 21

A presença de comedões precede a acne inflamatória. 94

Sua evolução é caracteristicamente lenta, podendo haver resolução espontânea por

volta dos 20 anos de idade. No entanto, atualmente é cada vez maior a prevalência da acne

em adultos, principalmente em mulheres jovens. 38

Sua importância deve-se a sua alta prevalência. Acomete aproximadamente 80% da

população entre 11 e 30 anos de idade. 153 Outros aspectos bastante relevantes da acne são

seu intenso impacto psicossocial e seu grande potencial para evoluir com lesões cicatriciais

e desfigurações. 164

Atualmente, aceita-se a seguinte classificação clínica para AV como rotineira: acne

não inflamatória (acne comedoniana ou acne grau I) e acne inflamatória (acne

papulopustulosa ou acne grau II; acne nódulo-abscedante ou acne grau III; acne conglobata

ou acne grau IV; e acne fulminante).

• Acne não-inflamatória

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37

37

Grau I

*Presença de comedões abertos ou fechados

*Pápulas

* Raras pústulas

*Sem Processo Inflamatório

*Tem evolução rápida

*Não deixa cicatrizes

• Acne Inflamatória

Grau II pápulo-pustulosa

*Comedões

*Pápulas (lesões avermelhadas)

*Pústulas (lesões com pus, “espinhas”)

*Quadro variável: de poucas a muitas lesões, com inflamação intensa

Grau III nódulo-cística*Comedões

*Pápulas (lesões avermelhadas)

*Pústulas (lesões com pus, “espinhas”)

*Cistos (Nódulos Furunculóides), podendo ocorrer no seu interior formação de pus

*De difícil tratamento

*Deixa cicatrizes hipertróficas (“casca de laranja”)

Grau IV Conglobata

*Comedões

*Pápulas (lesões avermelhadas)

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38

*Pústulas (lesões com pus, “espinhas”)

* Grandes nódulos purulentos

*Abcessos e fístulas que drenam pus

*Acomete a face, pescoço, tórax , glúteos e couro cabeludo

*De difícil tratamento

*Deixa cicatrizes hipertróficas (“casca de laranja”)

Grau IV Fulminans

*Além dos sinais e sintomas das formas de acne nódulo-cística e conglobata

*Febre

A influência genética na acne é muito importante, acreditando-se que ela seja maior

quanto maior for o grau da dermatose. Para acne grau I, essa participação é de 88%; para a

grau II, 86%; para a grau III, 100%. Em indivíduos sem acne, a ocorrência familiar é de

40%.93 A influência genética ocorre sobre o controle hormonal, a hiperqueratinização

folicular e a secreção sebácea, mas não sobre a infecção bacteriana.164

O conhecimento dos mecanismos implicados na etiopatogenia da acne visa à melhor

compreensão da dermatose e, conseqüentemente, abordagem terapêutica racional e

adequada.

3.1 ETIOPATOGENIA

São quatro os principais fatores implicados na patogênese da acne, todos

profundamente inter-relacionados: 164

3.1.1 Produção De Sebo Pelas Glândulas Sebáceas

Para que as glândulas sebáceas se tornem ativas é preciso que haja estimulação pelos

hormônios sexuais andrógenos produzidos pelas gônadas e adrenais. 37

Muitos estudos tentam correlacionar a acne com níveis de andrógenos séricos e

teciduais. Nos homens com acne há consenso de que não ocorrem alterações nos níveis de

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39

testosterona sérica. 92 No entanto, os dados relativos a mulheres com acne são bastante

díspares e ainda inconclusivos. A maior parte dos trabalhos encontrados na literatura revela

que na maioria dos casos de mulheres com acne os hormônios andrógenos encontram-se

normais e que nas mulheres com algum transtorno androgênico a causa mais comum é a

síndrome dos ovários policísticos.163 Entretanto, não se observa correlação entre síndrome

dos ovários policísticos e/ou aumento de níveis séricos de andrógenos e severidade da

acne.121

O aumento da produção de sebo provoca aumento da taxa de secreção sebácea pela

glândula. Sabe-se, atualmente, que essas altas taxas se correlacionam com níveis elevados

de severidade da acne.

O aumento da secreção sebácea pode ocorrer por:

o Aumento na produção de andrógenos;

o Aumento da disponibilidade de andrógenos livres;

o Diminuição da globulina carreadora dos hormônios sexuais (SHBG) ou aumento da

resposta do órgão alvo (glândula sebácea): o Por aumento da atividade da enzima 5α-redutase (com aumento da forma ativa da

testosterona = dihidrotestosterona) na glândula sebácea;

o Aumento da capacidade do receptor intracelular (no sebócito) de se ligar ao

andrógeno.

O sebo é uma mistura de lipídios, principalmente, colesterol, esqualeno, cera, ésteres

esteróides e triglicérides. 43 O papel de cada um desses lipídios na patogênese da acne não é

totalmente conhecido, mas há evidências de que alterações na composição e/ou na

quantidade da secreção sebácea colaborariam no desenvolvimento da doença por alterar

tanto a queratinização do ducto glandular quanto a proliferação bacteriana

(Propionebacterium acnes). 37

O sebo constitui, juntamente com os lípides da queratinização, o filme lipídico da

superfície cutânea. 63

A composição do sebo em um indivíduo normal é, grosso modo, 57,5% de triglicérides

e ácidos graxos livres, 26% de ésteres de cera, 12% de escaleno, 3% de ésteres de colesterol

e 1,5% de colesterol. 125

Como o sebo possui lípides não encontrados no sangue, alguns autores assumem que

todos os seus componentes lipídicos são sintetizados de novo nas glândulas, como é o caso

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40

do escaleno e ésteres de cera. A existência de pequenas quantidades de ácido linoléico no

sebo afronta essa teoria, pois ele também está presente no sangue periférico.83

O colesterol e seus ésteres presentes no sebo são de origem epidérmica (glandular) e

são liberados pela glândula conforme a fração de excreção sebácea de cada indivíduo.70

Porém, os ácidos graxos livres vêm da hidrólise dos triglicérides, que é maior quanto maior

for o tempo de exposição cutânea do sebo; 84 há diferença individual genética na

composição dos ácidos graxos livres. 7

Há incremento fisiológico na taxa de secreção sebácea, em ambos os sexos, no final da

primeira infância, devido ao início da produção estrogênica adrenal, maior entre os

homens.144 O decréscimo da secreção, que já ocorre a partir da adolescência, acentuando- se

após os 50 anos, 173 principalmente entre as mulheres.34

Referindo-se aos fatores etiopatogênicos próprios da AV, percebe-se que há alteração

nos componentes do sebo dos portadores de AV, em comparação aos indivíduos sãos. De

todos os componentes alterados, o ácido linoléico (AL), que é um ácido graxo essencial

(AGE), é o mais importante, já que desprotege a parede epitelial glandular, que passa a ser

agredida pelos ácidos graxos livres, obtidos pela hidrólise das triglicérides através das

lipases do P. acnes, acarretando hiperqueratinização infundibular e inflamação dérmica. 21;

149; 151.

Em indivíduos sem acne, não há diferença na excreção de cera e ésteres de colesterol

no sebo, mas níveis maiores foram observados no sexo masculino em dois picos: de 0-10 e

de 26-40 anos. O pico de colesterol em ambos os sexos ocorre entre 11 e 15 anos, sendo

maior entre meninas que já menstruam do que entre as que não menstruam e os meninos.

Embora sem diferenças significativas, um conteúdo diminuído de ácidos graxos livres e um

aumentado de triglicérides ocorre em ambos os sexos a partir da puberdade.As taxas de

escaleno são semelhantes para ambos os sexos. Ele é menos excretado entre os 11 e 15 anos,

tanto nos meninos, quanto nas meninas prépuberes, aumentando a partir daí, com pico

máximo entre os homens de 26 a 40 anos de idade, decrescendo, então, acompanhando o

comportamento da secreção sebácea glandular. Seu conteúdo é maior em meninas com

excreção sebácea aumentada. 33; 34

O sebo de indivíduos acnéicos é alterado, em comparação ao de indivíduos normais.

Em ambos os grupos, a proporção de ácidos graxos livres (11%- 18%), escaleno (10%-

12%), colesterol e seus ésteres (juntos, menor que 5%) é similar. No entanto, a proporção de

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triglicérides no primeiro é de 46%-52%, contra 60%-68% no segundo, e a de ésteres de cera

é maior entre os acnéicos (20%-26%) em relação aos não acnéicos (9%-12%). 129

Em estudo realizado na Nigéria, houve aumento significativo nos níveis de

triglicérides e colesterol total e diminuição dos lípides cutâneos indeterminados (ácidos

graxos livres + escaleno + ésteres de cera + diglicérides) entre os acnéicos. Talvez haja

maior atividade enzimática bacteriana devido ao clima (úmido e quente). 71

Ultimamente, discute-se a participação dos ácidos graxos livres na etipatogênese da

acne vulgar. Acredita-se que os ácidos graxos livres, acumulando-se no infundíbulo

glandular por período longo, teriam a capacidade de irritar o epitélio desse, acarretando,

assim, hiperqueratinização (estágio inicial da comedogênese) e, por fim, a inflamação. 67

Neste sentido, analisando-se a proporção média de ácido sebaleato e de ácido

linoléico, no escalpo de voluntários normais e com acnes leve e grave, obtiveram- se valores

distintos para sebaleato (0,74%, 0,85% e 0,61%, respectivamente) e para ácido linoléico

(0,56%, 0,27% e 0,19%, respectivamente). Houve, ainda, diferença estatisticamente

significativa nos níveis de ácido linoléico entre os grupos normal e de acnéicos leve e grave,

o que não ocorreu para o sebaleato. Com isso, percebe-se relação aumentada sebaleato/ácido

linoléico não devida ao aumento na proporção do primeiro, mas, sim, a uma diminuição na

proporção do segundo. Esse achado poderia ser decorrente da baixa eficiência de

incorporação do ácido linoléico circulante nos lípides cutâneos de indivíduos acnéicos ou,

ainda, da alta taxa de secreção sebácea desses indivíduos, diluindo-o no sebo; outra hipótese

seria a pobre ativação da via metabólica de inclusão de duplas ligações nas posições 6 e 7

dos ácidos graxos saturados, existente nas glândulas sebáceas.107

Outra explicação seria a de que, no início da divisão celular dos sebócitos, há contato

deles com lípides circulantes, incluído o ácido linoléico, o que não mais é possível quando a

síntese do sebo se inicia, diluindo-o gradativamente. Se houver alta taxa de secreção

sebácea, há decréscimo na concentração de ácido linoléico, provocando deficiente estado de

ácidos graxos essenciais nas células do epitélio folicular. Com isso, favorecer-se-ia a

hiperqueratinização do infundíbulo glandular, o que diminui a eficiência da barreira

epidérmica, promovendo o crescimento bacteriano e a liberação adicional de ácidos graxos

livres. Esses ácidos graxos livres “ácidos linoléico-deficientes” penetrariam os sebócitos

viáveis, comprometendo a produção dos lípides ricos em ácido linoléico, importantes na

barreira epidérmica. Dessa maneira, os fatores quimiotáticos penetrariam através desse

epitélio, promovendo a inflamação.41; 42

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42

42

A participação lipídica do escaleno na secreção sebácea, por sua vez, é tanto maior

quanto maior for o tamanho das glândulas, padrão inverso ao que é assumido pelos

triglicérides. Esse aumento na produção de escaleno pode estar associado ao maior potencial

comedogênico em indivíduos acnéicos.149

A partir desses informes, percebe-se que, quanto mais grave é a acne, menor é a

concentração de ácido linoléico no sebo e que a taxa de ácido linoléico no sebo, no período

da puberdade, diminui na proporção inversa do número de lesões acnéicas. A redução dos

níveis de ácido linoléico parece ser, portanto, o elemento primordial na comedogênese. 107;

42; 105

Em relação à teoria da relação de fatores ambientais e acne, possivelmente o sebo seria

o componente mais influenciado. A presença de hiperinsulinemia, geralmente secundária à

ingestão excessiva de alimentos com alto índice e carga glicêmicos (por exemplo, açúcar

branco), bem como a ingestão de leite e derivados, poderia estimular a produção de Sebo

diretamente. A hiperinsulinemia também pode, junto com o fator de crescimento insulina-

símile 1 (IGF-1), estimular a síntese de andrógenos por vários tecidos do corpo, os quais,

sabidamente, também estimulam a produção de sebo. 31

Para Berbis et al., a suplementação oral com AGE poderia ter influência favorável

sobre a reação inflamatória polimorfa que se desenvolve ao redor do comedão, por uma

modulaçao da síntese dos eicosanóides derivados do metabolismo do ácido araquidônico.

Isso impediria a hiperceratose folicular e a perda da capacidade de barreira das células

epiteliais, o que favoreceria a penetração de microorganismos e de substâncias pró-

inflamatórias ao redor do comedão. 13; 105

3.1.2 Hiperqueratinização Infundibular

Dos fatores etiopatogênicos da acne, a comedogênese, resultado da

hiperqueratinização folicular (decorrente da hiperproliferação dos ceratinócitos e/ou

separação inadequada dos corneócitos ductais), é um dos mais importantes. 65

O ácido linoléico, necessário para a síntese de ácidos graxos de cadeia longa ω-6 e

cuja deficiência em animais acarreta descamação, está reduzido nos comedões. Sendo um

ácido graxo essencial, o ácido linoléico tem importante papel na manutenção da função de

barreira epidérmica, modulação do metabolismo eicosanóicoe e dos sinais celulares. 133; 36; 22

Page 33: TCC_ÃCIDO LINOLÉICO E ALFA LINOLÉICO

43

43

Alteração na barreira epidérmica facilita a penetração na derme de organismos e

ácidos graxos próinflamatórios presentes no sebo, promovendo infecção e inflamação. 67

Postula-se que tal déficit de barreira ocorra pela má-formação da ceramida 1 (principal

ceramida córnea), já que os pacientes acnéicos nela possuem apenas um sétimo da

quantidade de ácido linoléico,165 pois ele foi substituído por outros ácido graxos.120

Com base nesses achados, supõe-se que terapêuticas, tópicas ou sistêmicas, à base de

ácidos graxos essenciais possam ser úteis no tratamento da acne. 67

Pesquisadores avaliaram biópsias de comedões de indivíduos portadores de acne grau I

com tratamento de quatro semanas de aplicação diária de 2,5% de ácido linoléico ou

placebo. No início imediato com o uso de placebo, houve aumento no tamanho folicular em

1,6%, seguido por seu decréscimo de 19,9% durante a fase de uso do ácido linoléico. Por

outro lado, o grupo de início com ácido linoléico, seguido pelo período placebo, teve

decréscimo folicular de 28,8%, seguido por acréscimo de 4,9%. Isso sugere que o linoléico

pode servir como comedolítico.88

Outros autores viram que o escaleno é pouco comedogênico, ao contrário de seus

peróxidos (oriundos de sua exposição à radiação UVA).108 O ácido oléico tem perfil

anticomedogênico devido a sua capacidade em diminuir em 40% o número de grânulos

membranosos de secreção (grânulos de Odland) nas camadas mais superiores do estrato

córneo, mostrando sua importante participação no processo de descamação epitelial, já que

tal decréscimo diminuiria as ligações desmossômicas e tight junctions, as quais favorecem a

comedogênese.169

Em relação ao papel do metabolismo de carboidratos na hiperqueratinização folicular,

sabe-se que a insulinemia influencia as concentrações de IGF-1 e IGFBP-3, os quais, por sua

vez, regulam diretamente a proliferação de queratinócitos e sua apoptose (o primeiro

estimula e o segundo inibe a proliferação de queratinócitos basais). A hiperinsulinemia eleva

a IGF-1 livre e reduz a IGFBP-3, contribuindo para a hiperproliferação de queratinócitos no

folículo.31; 45

A hiperqueratinização folicular, então, é considerada o elemento primitivo na gênese

da AV. Com ela, forma-se uma rolha córnea que retém o conteúdo sebáceo no interior da

glândula. No interior dessa lesão, as proteases hidrolíticas, produzidas pelo P. acnes retido

no lúmen glandular, agem sobre o epitélio glandular, rompendo-o, o que facilita a expulsão

do conteúdo sebáceo para a derme. Com isso, lípides sebáceos, pêlos, P. acnes e

epiteliócitos cornificados são injetados na derme, geram resposta imune do tipo corpo

Page 34: TCC_ÃCIDO LINOLÉICO E ALFA LINOLÉICO

44

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estranho, e, posteriormente, estabelece-se uma resposta imune do tipo humoral. Está, então,

estabelecida a inflamação na AV. Os andrógenos, por si, estimulam as glândulas sebáceas a

produzirem sebo através de suas ações sobre receptores celulares. 151; 36; 107; 152

Os AGEs constituem, então, a classe de substâncias mais estudada com relação à AV.

Diz-se que a incidência da AV é menor em esquimós, que ingerem dieta rica em peixes –

ricos em AGE –, aumentando consideravelmente quando mudam seu hábito alimentar para

uma dieta “ocidental” (típica canadense), rica em gorduras saturadas. O mesmo se observa

entre japoneses que emigram para o Havaí e ingerem dieta típica norte-americana.

Por sua vez, o Propionebacterium acnes (P. acnes) tem a capacidade de hidrolisar os

triglicérides, no ducto da glândula, levando à formação de ácidos graxos livres. 37

Observam-se também na pele acnéica níveis mais elevados de esqualeno e ésteres da

cera e diminuição de ácidos graxos com presença de alguns ácidos graxos livres.32

Em modelo animal, já se comprovou diminuição relevante da quantidade de ácido

linoléico no sebo, que se correlaciona com o processo da comedogênese. 37 A comedogênese, alteração no processo de descamação que ocorre nos queratinócitos

do ducto folicular, é o fator central no desenvolvimento da acne e tem esse nome por

determinar a formação de microcomedões, que, por sua vez, podem evoluir para comedões

fechados (pontos brancos) ou abertos (pontos pretos).

A comedogênese ocorre especificamente no folículo sebáceo. As glândulas sebáceas

estão conectadas ao canal folicular principal por meio de ductos sebáceos curtos. Dentro do

canal folicular encontram-se escamas de queratina soltas e impregnadas por lipídios. As

alterações histológicas mais precoces na acne são leve dilatação do canal folicular, discreta

hiperplasia do epitélio folicular e aumento na quantidade da queratina dentro do canal

folicular. Essas alterações constituem o chamado microcomedão.

Há nítida correlação entre a severidade da acne e a quantidade desses microcomedões,

que refletem a retenção de queratinócitos ductais hiperproliferados. 63

Acredita-se que a comedogênese comece na porção inferior do ducto folicular,

infrainfundíbulo, e esteja relacionada a alguma falha na separação dos queratinócitos

ductais, que pode contribuir para sua retenção dentro do lúmen folicular, porém os estudos

dos diferentes componentes dos desmossomos (relacionados à diferenciação terminal) não

apresentam diferenças entre folículos de pele com acne e controles normais. 84

Usando-se marcadores do ciclo celular e da proliferação de queratinócitos (Ki-67)

demonstrou-se que tanto os folículos sebáceos normais quanto os comedões apresentam

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45

45

ciclo de crescimento semelhante ao que ocorre com os fios de cabelo 7, e, portanto, os

comedões representam uma estrutura temporária na acne, capaz de se refazer em período de

duas a seis semanas após sua extração. 37

Um novo conceito de comedogênese relaciona-se à teoria sugestiva que a excreção de

produtos pela glândula sebácea ocorra por meio de um conduto tubular acelular organizado

(sebolemmal sheath), produzido pelas células ductais. Sua ruptura poderia contribuir para a

gênese dos comedões.50

Possíveis fatores relevantes na indução da hiperproliferação celular folicular:

3.1.2.1 Composição Sebácea Anormal

Pacientes com acne apresentam menores quantidades de linoleato no sebo, o que

aumenta a queratinização da parede ductal e torna a parede do comedão mais permeável a

mediadores do processo inflamatório por diminuir a função barreira da epiderme. 146; 108

Modelos experimentais sugerem que a participação dos ácidos graxos livres e do

esqualeno se daria por provável irritação dos queratinócitos infundibulares e conseqüente

liberação de mediadores inflamatórios (IL-1α), estimulando a comedogênese. 53

Queratinócitos infundibulares, isolados, in vitro, sob estímulo de IL-1α desenvolvem

hiperqueratinização e descamação, que, histologicamente, são semelhantes às observadas em

comedões. O processo de hiperqueratinização pode-se dar de dois modos: por efeito direto

nos queratinócitos infundibulares por meio dos receptores para IL-1α ou por estimulação da

liberação de outros fatores de crescimento. 54

3.1.2.2 Andrógenos

A enzima 5α-redutase é responsável pela conversão da testosterona em

dihidrotestosterona, que, por sua vez, modula a secreção sebácea. Já está demonstrada maior

atividade da 5α-redutase, do tipo I, nos queratinócitos infrainfundibulares de indivíduos com

acne, o que sugere maior capacidade dessas células em produzir andrógenos ativos. 154

A maneira como esses hormônios, produzidos localmente, afetam a queratinização

folicular ainda não está determinada.

3.1.2.3 Citocinas

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46

A produção de citocinas pelos queratinócitos ductais também parece provida de

relevância. A IL-1α, indutora da comedogênese, está presente em níveis altos (biológica e

patolologicamente significantes) em muitos comedões. 72

Outros mediadores podem estar envolvidos na hiperqueratinização. Está demonstrada,

em modelos in vitro, a capacidade do fator de crescimento epidérmico de romper o ducto de

comedões. 53

3.1.2.4 Flora bacteriana

Provavelmente não participa do processo inicial da comedogênese.

3.1.3 Colonização Bacteriana Do Folículo

Os três principais microorganismos isolados da superfície da pele e dos ductos das

glândulas sebáceas de indivíduos com acne são Propionibacterium acnes, Staphylococcus

epidermidis e Malassezia furfur, sendo o primeiro, seguramente, o mais importante. 97

Com o início da adolescência e com o surgimento da seborréia (aumento de sebo na

pele), observa-se significante aumento na quantidade de P. acnes. Porém, não há relação

entre o número de bactérias encontrado na superfície da pele e nos ductos das glândulas

sebáceas e a severidade da acne. 90; 35

Propionibacterium acnes é bactéria gram-positiva, anaeróbia, do gênero

Corynebacterium, que faz parte da biota normal residente da pele, sendo o principal

microorganismo envolvido na etiopatogenia da acne vulgar. 63

A população de P. acnes é maior na face e no tronco superior, locais com maior

concentração lipídica, mostrando, aí, relação direta entre população bacteriana e seborréia

local.101. No entanto, há aumento da densidade de P. acnes com a idade entre pré-

adolescentes e adolescentes, em ambos os sexos, o que também ocorre com a quantidade de

lípides na pele, principalmente dos triglicérides. Pressupõe-se, então, que o aumento na

população de P. acnes na superfície cutânea esteja relacionado com o aumento da produção

de triglicérides e, talvez, de colesterol.108

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47

O meio ambiente das bactérias é, provavelmente, mais importante do que seu número

absoluto no desenvolvimento das lesões de acne. Fatores como tensão de oxigênio, pH e

aporte nutricional afetam o crescimento do P. acnes e, conseqüentemente, a produção de

substâncias ativas (proteases = lipases e fosfatases, entre outras). 105

As lipases produzidas pelo P. acnes são capazes de hidrolisar os triglicérides do sebo,

originando ácidos graxos livres que, por sua vez, são comedogênicos, irritam o revestimento

folicular e podem levar à ruptura do folículo com liberação de seu conteúdo na derme

adjacente. 44 A partir daí, neutrófilos atraídos pela presença de material intrafolicular na

derme ingerem o P. acnes sem o destruir. Ocorre produção e liberação de hidrolases, pelo P.

acnes, que leva à destruição tecidual. Há ainda a capacidade do P. acnes de ativar o

complemento e produzir C5a, outro potente fator quimiotáxico de neutrófilos.31; 64

O importante papel do P. acnes na inflamação da acne se dá por sua ingestão por

leucócitos polimorfonucleares no lúmen glandular, acarretando liberação de enzimas

hidrolíticas intracelulares e mantendo sua integridade. Além disso, os anticorpos específicos

contra o P. acnes, presentes nos microcomedões, interagem com elas, liberando as proteases

hidrolíticas que atuam na parede epitelial infundibular, fragilizando- a e levando à saída de

substâncias irritantes para a derme subjacente, desencadeando o processo inflamatório local. 104

Também há evidências de que as lipases sejam necessárias para que o P. acnes se

agrupe, o que, provavelmente, facilita a colonização do ducto folicular. 125

Há que lembrar que alterações na composição lipídica podem determinar a sobrevida

do P. acnes. Estudou-se o poder inibitório in vitro dos lípides cutâneos sobre cepas de S.

aureus, S. epidermidis, P. acnes, P. granulosum e Corynebacterium sp, observando- se

inibição no crescimento bacteriano na presença de lípides oriundos de adolescentes e adultos

acnéicos. Contudo, os extratos de adolescentes saudáveis e de pessoas idosas permitiram

crescimento de todas as cepas bacterianas. Isso mostra a capacidade antibacteriana do sebo

acnéico, provavelmente devida aos ácidos graxos livres, diminuído nos mais idosos, talvez

por alteração na composição do sebo com a idade.11

Recentemente, tem-se estudado o papel dos Toll-like receptors (TLR) na etiopatogenia

da acne vulgar, principalmente associando-os ao P. acnes. 150; 102

Os TLR são receptores de reconhecimento padrão expressos na superfície de células

dendríticas, monócitos, células natural killer, granulócitos e células. São proteínas

transmembrânicas capazes de mediar resposta às moléculas padrão associadas aos

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48

48

patógenos. Quando os TLR são ativados por ligantes microbianos, desencadeia-se resposta

intracelular que, em última instância, leva à translocação nuclear do fator de transcrição NF-

κB, o qual modula, então, a expressão de vários genes de resposta imune. 150; 102

Há, pelo menos, 10 TLR identificados em humanos.62 O TLR2, implicado na

patogênese da acne, expressa-se nas lesões dessa dermatose, particularmente nas regiões

perifoliculares. Isto sugere que o gatilho inflamatório desencadeado pelo P. acnes, através

do TLR2, pode ter papel importante na acne vulgar. 102

Outra ação dos TLR na acne vulgar poderia ser a de promover a liberação de peptídeos

antimicrobianos. Existe maior produção do peptídeo antimicrobiano β-defensina-2 por

células epiteliais em resposta à estimulação com agonistas TLR2 e TLR4, sendo que os

peptídeos não só podem ser induzidos através dos TLR, mas podem, também, ativar células

através dos TLR. Uma vez que há up-regulation da β-defensina 1 e 2 nas lesões de acne

vulgar em comparação aos controles, sugere-se o envolvimento desses peptídeos na

patogênese da acne vulgar. 102

Outros receptores celulares, os Nod1 e Nod2, que são receptores intracelulares de

peptidoglicanos e agem independentemente dos TLR, também levam à produção de NF-κB.

O P. acnes possui peptidoglicano que é semelhante a um ligante conhecido do Nod1, além

de dipeptídeo reconhecido pelo Nod2, influenciando, portanto, a resposta imune através

desses receptores. 102

3.1.3.1 Inflamação Folicular e Dérmica Subjacente

Conforme já comentado, a alteração da capacidade de barreira epidérmica encontrada

nos portadores de acne é o facilitador do surgimento da inflamação periglandular dérmica, 67; 41; 42; 168; 120 graças à passagem de substâncias irritantes do lúmen glandular para essa

região, principalmente por ação dos ácidos graxos livres. 168; 120

Estudos realizados com aplicações cutâneas diárias desses ácidos graxos (de cadeia C2

a C18), em diferentes concentrações, mostraram suas ações irritativas primárias.80; 147

No entanto, não há diferença significativa na concentração média de ácidos graxos

irritantes em indivíduos com ou sem acne. O que se observa é que os indivíduos com acne

têm velocidade aumentada de secreção de sebo, causando aumento absoluto cumulativo dos

ácidos irritantes na superfície cutânea. 147

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49

49

Muitos componentes flogísticos, celulares e humorais são estudados para se

compreender o real palco inflamatório estabelecido na acne, mas muita informação

científica ainda falta para se elucidar tal fenômeno.

A imunidade celular em pacientes com acne foi estudada através do teste de formação

de rosácea espontânea e rosácea ativa. A primeira esteve abaixo do normal em 64% dos

pacientes com acne (no controle, em 27%), e a de rosácea ativa, em 45% (no controle, em

27%). Quanto maior a intensidade de acne, menor a capacidade de formação de ambas as

rosáceas. Tais achados sugerem que nesses pacientes há fragilidade da imunidade celular,

diretamente proporcional ao grau da acne. 1

O material comedoniano é capaz de atrair leucócitos mononucleares, mas não os

polimorfonucleares, resposta que é dose-dependente e dose-saturável. Porém, em baixas

concentrações desse material, um efeito citotóxico sobre ambas as células leucocitárias é

observado, graças à ação dos ácidos graxos, principalmente os solúveis (de cadeia mais

curta e de maior insaturação). Conclui-se, então, que o sebo é que rege diretamente a

resposta celular na acne. 157

Por outro lado, as espécies oxigênio-reativas, em especial o radical hidroxila, o

peróxido de hidrogênio e o radical superóxido, geradas por fagócitos, como os neutrófilos,

têm importante papel de mediação inflamatória da acne. In vitro, pacientes com acne grau II

têm sua produção aumentada em comparação com a de indivíduos normais; isso, porém, não

é observado na acne grau I. Muitos antibióticos utilizados no tratamento da acne impedem a

produção das espécies oxigênio-reativas pelos neutrófilos (principalmente os derivados da

tetraciclina); o que também acontece com o ácido linoléico que, além disso, suprime a

fagocitose de neutrófilos, assim justificando talvez a existência da inflamação nos pacientes

com acne, sabidamente carentes desse ácido no sebo. 5; 4

O ácido palmítico (que está aumentado nos comedões) diminui a produção do radical

peróxido de hidrogênio, tanto por neutrófilos quanto no sistema xantina-xantina oxidase, o

que não se vê com a quimiotaxia e fagocitose de neutrófilos e a geração dos radicais

hidroxila e superóxido. Tais achados sugerem que esse ácido graxo pode estar envolvido na

patogênese da inflamação da acne, como facilitador da injúria oxidativa tecidual. 6

A resposta inflamatória humoral in vitro (produção de IL-1α, TNF-α e GM-CSF) dos

queratinócitos à ação do P. acnes é maior na fase estacionária de seu crescimento em relação

à fase exponencial de crescimento, resposta não verificada na utilização de bactérias mortas,

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50

50

em ambas as fases. Isso demonstra o papel importante das citoquinas dessa bactéria na

patogênese da acne inflamatória. 51

Muito curiosa é a diminuição das quantidades de zinco sérico nos portadores de acne

(85% do tipo inflamatória). Postulou-se, então, que isso poderia diminuir a capacidade de

diferenciação epitelial, aumentar a produção sebácea, diminuir a resposta imune cutânea

(20% do zinco está na pele), contribuindo para a gravidade etiopatogênica da acne.48

Acredita-se que a suplementação dietética com zinco favoreça a conversão dos ácidos

graxos essenciais em prostaglandinas, principalmente as da série E1 (não envolvidas na

resposta inflamatória, mas importante na diferenciação celular), mostrando-se, aí, o

benefício da associação desses elementos na evolução clínica da acne. 66; 160

Por fim, constata-se significativa diminuição dos níveis séricos de antiproteases totais,

antitripsina e antiquimiotripsina nos sujeitos com acne inflamatória, em comparação aos da

variante não inflamatória. Isso impediria a inibição das enzimas lisossômicas proteolíticas

neutras granulocíticas liberadas nos folículos pilossebáceos durante o processo inflamatório

(principalmente elastases e colagenases), o que aumenta o processo inflamatório e leva à

maior destruição das fibras elásticas, acarretando maior incidência de cicatrizes.

3.1.3.2 Influência Hormonal: Fator Coadjuvante na Etiopatogenia da acne vulgar

Embora não seja elemento etiopatogênico fundamental no surgimento da acne, os

hormônios exercem papel que pode ser vital para o surgimento e/ou manutenção do quadro

dessa dermatose em alguns de seus portadores.

Figura 5: A cascata metabólica dos andrógenos

O papel dos andrógenos na acne é estimular as glândulas sebáceas a produzir sebo,

graças a suas ações sobre receptores celulares. 152; 155

Page 41: TCC_ÃCIDO LINOLÉICO E ALFA LINOLÉICO

51

51

Como se sabe, os andrógenos são derivados do colesterol, sendo a unidade

pilossebácea e a pele seus órgãos-alvo de atuação. 174

A maioria dos andrógenos circulantes é produzida nas glândulas adrenais (sulfato de

diidroepiandrosterona e androstenediona) e gônadas (testosterona e 5α-diidrotestosterona).

No entanto, testosterona, no homem, e 5α-diidrotestosterona, na mulher, são produzidos na

pele 176 e exercem pequena, mas funcional, ação sobre o processo de diferenciação dos

sebócitos, representado pela lipogênese. 132

A enzima 5 α-redutase tem papel limitante na androgênese. Tanto no segmento infra-

infundibular glandular quanto em cultura de queratinócitos infrainfundibulares de folículos

de indivíduos normais, encontrou-se a 5 α-redutase, demonstrando, assim, sua produção

nesses locais, 145 às vezes em altas concentrações 109. Assim, a 5 α-redutase do tipo 1 é

importante na patogênese da acne; a do tipo 2, na calvície. 19

Namazi 109 analisou dados da literatura e verificou que há, in vitro, concentrações mais

altas de 5 α-redutase nas glândulas sebáceas, bem como potencial ação inibitória dessa

enzima pelos ácidos graxos poliinsaturados, principalmente o ácido γ-linoléico. Sendo esse

derivado do ácido linoléico, diminuído no sebo de portadores de acne, explica-se a

hiperconcentração enzimática glandular, favorecendo o aparecimento da acne.

Observa-se que as enzimas 5 α-redutase e 17 β- HSD (17 β-hidroxiesteróide

diidrogenase) são mais ativas nos queratinócitos infra-infundibulares em relação aos

epidérmicos, em indivíduos com e sem acne. A atividade da 17 β-HSD é maior que a da 5 α-

redutase no infundíbulo. Pressupõe-se que a atividade dessas enzimas no grupo acnéico

deveria ser maior, mas, pelas limitações de um estudo in vitro, no qual são abolidas as

influências endógenas de fatores sobre sua atividade nos tecidos (co-enzimas, retinóides e

citocinas, no caso da 17 β-HSD; testosterona/diidrotestosterona, no caso da 5 α-redutase),

isso não se confirmou. 152

A participação dos andrógenos na acne, contudo, é tanto maior quanto maiores a

proximidade e a inclusão de seus portadores do período puberal e idade adulta.

Percebeu-se que a atividade da glândula sebácea medida pela relação ésteres de cera

(colesterol + ésteres de colesterol) e os níveis séricos de sulfato de diidroepiandrosterona

aumentam entre sete e 10 anos de idade, em ambos os sexos, graças à ativação funcional da

supra-renal, havendo relação direta entre tais fenômenos (sérico e sebáceo). 19

Acredita-se que a síntese de colesterol nas meninas seja estrógeno-dependente, e a dos

meninos, andrógeno-dependente. Com relação à hidrólise de triglicérides a ácidos graxos

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livres, constata-se ser andrógeno-dependente, podendo corresponder a característica precoce

de instalação de puberdade anterior ao aumento da seborréia. O decréscimo na concentração

de colesterol superficial com a idade pode ser decorrente da diluição ocasionada pela

produção lipídica glandular. 27

Os picos da secreção sebácea e do sulfato de diidroepiandrosterona sérico ocorrem em

adultos jovens e, então, decrescem de forma estável, principalmente no sexo masculino. No

entanto, a secreção sebácea não cessa, mostrando que esse hormônio, embora importante,

não é o único responsável pela sebogênese, presumindo-se, nesse caso, papel relevante da

testosterona nessa manutenção. 143

Em condições nas quais há aumento da produção de diidroepiandrosterona e

diidrotestosterona em mulheres, encontra-se aumento na incidência de acne, bem como em

sua gravidade, quase sempre associada à presença sérica aumentada do IGF-1; tal fato não

se observa nos homens, mesmo nos que têm aumento de androstenidiona e

diidroepiandrosterona. 27

A análise urinária de 24 horas de crianças entre cinco e 10 anos, todas com

antecedentes familiares de acne, portadoras ou não da dermatose, mostrou aumento da

secreção de testosterona, dos 17-cetosteróides totais e das frações androsterona e

etiocolanolona, porém não da fração diidroepiandrosterona, a qual era pouco detectável e

não detectável na idade de cinco a seis anos. Disso se deduz relação estatisticamente

significativa entre os 17-cetosteróides totais, a androsterona e a etiocolanona com a

quantidade de sebo ésteres de gordura (colesterol total + ésteres de colesterol), enquanto só

os meninos apresentaram relação significativa para testosterona e diidroepiandrosterona. 126

Pode-se, ainda, destacar o papel da dieta, correlacionando- a à influência hormonal na

etiopatogenia da acne. Estudos observaram associação positiva entre ingestão de leite e

derivados e ocorrência de acne vulgar em jovens. 3; 2

Isso poderia ser devido à presença de moléculas bioativas no leite (incluindo

andrógenos e outros hormônios esteróides) e ao papel do leite no aumento dos níveis

plasmáticos de IGF-1 (dada a presença dessa biomolécula no leite). 3; 20

3.1.4 Liberação de mediadores da inflamação no folículo e derme adjacente

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53

O P. acnes produz várias enzimas (lipases, fosfatases, por exemplo), todas envolvidas

no processo de rutura folicular e inflamação dérmica. Além das enzimas, produz fatores

quimiotáxicos para neutrófilos e linfócitos, e, por meio de fragmentos de sua parede celular,

estimula macrófagos a produzirem IL-8, IL-1β e fator de necrose tumoral alfa, cuja ação

conjunta constitui interessante teoria para explicar a presença de células inflamatórias nas

paredes dos folículos sebáceos .161

Ainda não são conhecidos todos os fatores envolvidos na gênese do processo

inflamatório. Acredita-se que o dano dérmico resulte da difusão de mediadores

biologicamente ativos a partir da rutura do folículo sebáceo. 73

Ocorre uma reação imunológica do tipo IV, 73 sendo que, nas pápulas (lesões

inflamatórias iniciais), as primeiras células inflamatórias observadas são os linfócitos T

auxiliares, e, com a evolução da inflamação para formas mais severas, pode ocorrer até uma

reação do tipo corpo estranho, com presença de macrófagos e células gigantes. 111

Ocorrem aumentos nos títulos de anticorpos anti-P. acnes, que se mostram

proporcionais à severidade da acne. 89 Há ativação do complemento pelas vias clássica e

alternativa, e não se detectam imunecomplexos circulantes. 18 A imunofluorescência direta

de lesões inflamatórias de acne pode apresentar depósitos de imuneglobulina e C3.

Observam-se respostas variadas do hospedeiro à injeção de P. acnes na pele. 81 O real

significado desses achados ainda é desconhecido, 1 embora uma possível explicação para a

grande variabilidade da severidade da acne possa estar na intensidade da reatividade do

hospedeiro ao P. acnes, ou seja, a manifestação da acne se deveria também à

hipersensibilidade ao P. acnes. 167

4 ÓLEOS DE APLICAÇÃO

4.1 ÓLEO DE OLIVA

Família da planta: Oleaceae

Nome botânico da planta: Olea europaea (Olea europaea sativa – oliveira cultivada;

Olea europaea oleaster – oliveira silvestre ou brava, usada como porta-enxerto).

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54

Denominações estrangeiras: oliveira, oliva, oliveira doméstica, oliveira mansa, “olivo”,

“olive tree”

Figura 6: Oliveira (Olea europaea L.)

4.1.1 História

A origem da oliveira, na sua forma primitiva, remonta à Era Terciária, anterior

portanto ao aparecimento do homem, e se situa na Ásia Menor, provavelmente na Síria ou

na Palestina, regiões onde foram descobertos vestígios de instalações de produção de azeite

e fragmentos de vasos datados do começo da Idade do Bronze. Contudo, em toda a bacia do

Mediterrâneo foram encontradas folhas de oliveira fossilizadas, datadas do Paleolítico e do

Neolítico, sendo também pesquisada a sua origem ao sul do Cáucaso, nos altos planos do

Irã. 178

Por volta de 3000 anos antes de Cristo, a oliveira já seria cultivada por todo o

Crescente Fértil. Sabe-se, no entanto, que, há mais de 6 mil anos, o azeite era usado pelos

povos da Mesopotâmia como um protetor do frio e para o enfrentamento das batalhas,

ocasiões em que as pessoas se untavam dele.

De acordo com a Bíblia, havia comércio de azeite entre os negociantes da cidade de

Tiro, que, provavelmente, o exportavam para o Egito, onde as oliveiras, na maior parte, não

oferecem um produto de boa qualidade. Há também informações extraídas do Antigo

Testamento bíblico de que teria sido na quantidade de 20.000 batos (2 Crônicas 2:10), ou 20

coros (1 Reis 5:11), o azeite fornecido por Salomão a Hirão, sendo que o comércio direto

desta produção era, também, sustentado entre o Egito e a Palestina (1 Reis 5:11; 2 Crônicas

2:10-15; Isaías 30:6 e 57.9; Ezequiel 27:17; Oséias 12:1).

A propagação da cultura do azeite pelas demais regiões mediterrânea provavelmente

deve ter ocorrido por meio dos fenícios e dos gregos. Assim, já na Grécia antiga se cultivava

a oliveira, bem como a vinha. E, desde o século VII A.C., o óleo de oliva começou a ser

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55

investigado pelos filósofos, médicos e historiadores da época em razão de suas propriedades

benéficas ao ser humano.

Os gregos e os romanos sem dúvida descobriram várias aplicações do azeite, com suas

múltiplas utilizações na culinária, como medicamento, ungüento ou bálsamo, perfume,

combustível para iluminação, lubrificante de alfaias e impermeabilizante de tecidos.

Além disso, o azeite é mencionado em quase todas as religiões da Antigüidade,

havendo inúmeras lendas e mitos a respeito. Muitas das vezes a oliveira era considerada

símbolo de sabedoria, paz, abundância e glória para os povos. 178

4.1.2 Obtenção

O óleo de oliva, ou azeite, é um óleo extraído da fruta da oliveira (Olea europaea L.), a

azeitona. 185 O método tradicional de obtenção do óleo, que é ainda usado em muitas

regiões, consiste no esmagamento das azeitonas que foram previamente picadas e

amassadas. A pressão aplicada à pasta de azeitonas separa os líquidos, o óleo e a água

contida no vegetal, do material sólido. O óleo e a água são então separados por decantação.

No processo moderno de obtenção do óleo, são utilizadas grandes centrífugas que

fazem a separação do óleo. Nesta forma de extração, a pasta de azeitona fica de 30 a 40

minutos sendo mexida (processo tecnicamente chamado de malaxar), o que permite que as

pequenas gotas de óleo se agrupem. Nesta fase é adicionada água à mistura a fim de dar

melhor formação à pasta. Isto produz uma desvantagem importante em relação às qualidades

benéficas do óleo, pois isto reduz a quantidade de antioxidantes, que são lavados por esta

água.

Ambos os métodos de extração do óleo de oliva são efetivos e, se bem aplicados,

podem produzir óleos de boa qualidade, desde que as azeitonas sejam de boa qualidade.

Um dos pontos críticos que determina as qualidades superiores de um óleo de oliva é a

temperatura de extração. Já está razoavelmente difundido entre os consumidores de óleo de

oliva de que os melhores óleos são os extraídos à primeira pressão a frio. Isto é verdade. Se

uma alta temperatura é aplicada durante o processamento da pasta e da extração do óleo,

haverá uma maior volatilização dos componentes, o que traz como conseqüências uma

diminuição do aroma e uma maior taxa de oxidação do óleo. Ou seja, teremos um óleo de

baixa qualidade e o que é o pior, sem boa parte dos benefícios à saúde produzidos por um

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56

bom óleo de oliva. O problema é que a elevação da temperatura aumenta muito o

rendimento da extração.

Muito mais óleo é obtido de menos azeitonas (logo, muito maior é o rendimento do

negócio). 186

São necessárias de 1.300 a duas mil azeitonas para produzir 250 mililitros de azeite. O

azeite da oliveira deve ser produzido somente a partir de azeitonas e não podem ser

denominados desta forma óleos extraídos por solventes ou re-esterificação, nem misturas

com outros tipos de óleo. 178

o Azeite de oliva refinado, produzido pela refinação do azeite virgem, que apresenta

alta acidez e incidência de defeitos a serem eliminados na refinação. Pode ser misturado

com o azeite virgem.

o Azeite de oliveira virgem, obtido por processos mecânicos. Dependendo da acidez

do produto obtido, este azeite pode ser classificado como sendo do tipo extra, virgem ou

comum. O azeite virgem apresenta acidez máxima de 2%.

o Azeite extra-virgem. O azeite não pode passar de 0,8% de acidez (em ácido oléico) e

nem apresentar defeitos. O orgão que os regulamenta e define quais defeitos são catalogados

é o Conselho Oleícola Internacional.

o Azeite de oliva comum é obtido da mistura do azeite lampante, inadequado ao

consumo, reciclado por meio de processos físico-químicos e sua mistura com azeite virgem

e extra-virgem. O azeite de oliva comum não possui regulamentação. 178

4.1.3 Aplicações

O óleo de oliva possui várias substancias benéficas a saúde. Ele pode reduzir a

quantidade de LDL (mau colesterol) do organismo, devido a sua grande quantidade de

gordura monoinsaturada, o fator importante é que essa gordura não se transforma em

colesterol. Esse fator reduz o risco de infarto ou AVC, uma vez que o consumo regular do

óleo de oliva reduz a formação de placas de ateroma nas paredes dos vasos sanguíneos.

Outro fator importante para a saúde é que o óleo de oliva previne oxidações biológicas

porque é rico em polifenóis, que reduzem a formação de radicais livres. Os radicais livres

são muito nocivos a saúde pois são responsáveis pelo envelhecimento, e doenças

degenerativas, como o câncer por exemplo. Cientistas observaram que os povos das regiões

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57

do mediterrâneo tem vida mais saudável com baixo nível de infarto e câncer, por esses

povos serem os maiores consumidores do óleo de oliva, e outras substâncias de uma dieta

saudável, como peixe e verduras. 178

4.1.4 Compostos mais Importantes

Tabela 3: Composição de ácidos graxos

Ácidos Graxos / Autores Jamieson (A) Jaocs (B) Cattaneo (C)

Saturados 14:0 Mirístico Vest 0,002 0,8 16:0 Palmítico 8,5 12,1 15,2 18:0 Esteárico 1,9 2,7 1,3 20:0 Araquídico 0,16 0,5 0,8 Mono-Insaturados 16:1 Palmitoléico Vest 0,9 2,2 18:1 Oléico 82,6 71,8 63,8 Poli-Insaturados 18:2 Linoleico 5,1 10,2 13,6 18:3 Linolênico Vest 0,7 Vest Composiçao Média Saturado 10,56 15,3 18,1 Mono-Insaturado 82,6 72,7 66,0 Poli-Insaturado 5,1 10,9 13,6 Total Insaturados 87,7 83,6 79,6

(A) Jamieson G.S., Oil and Fat Industries, 4 63 page 426 (1927)

(B) Jaocs Journal of American Oil Chemist´s society, vol 62 nº 3 (March 1985) –

Compositions of seven differents types of plant oils analyzed for 38 compounds - Page 533

(C) Cattaneo Pedro, Azeites de Oliva de produccion nacional, composición quimica de

acidos graxos- Anales de la Asociación quimica Argentina (Febrero 15 de 1950)

4.2 ÓLEO GERMEM DE TRIGO

Família da planta: Graminacea.

Nome botânico da planta: Triticum vulgare, sativum, estinum, durum.

Denominações: Wheat Germ Oil, Embrión de Trigo, Blé, Weisen, Germe di Frumento.

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Figura 7: Planta Germe de Trigo

4.2.1 História

O trigo foi primeiramente cultivado no Crescente Fértil. 182

O Crescente Fértil é uma região do Oriente Médio compreendendo os atuais Israel,

Cisjordânia e Líbano bem como partes da Jordânia, da Síria, do Iraque, do Egito e do

sudeste da Turquia. O termo foi criado pelo arqueólogo James Henry Breasted, da

Universidade de Chicago, em referência ao fato de o arco formado pelas diferentes zonas

assemelhar-se a uma Lua crescente. Irrigada pelo Jordão, pelo Eufrates, pelo Tigre e pelo

Nilo, a região cobre uma superfície de cerca de 400 000 a 500 000 km².

Há cerca de 8.000 anos, uma mutação ou hibridização (procriado por duas espécies

distintas) ocorreu, resultando em uma planta com sementes grandes, porém que não podiam

espalhar-se pelo vento. Esta planta não poderia vingar como silvestre, isto é, espécies que

ocorrem de forma espontânea, sem intervenção humana direta, num determinado habitat,

porém, poderia produzir mais comida para os humanos e, de fato, ela teve maior sucesso que

outras plantas com sementes menores e tornou-se o ancestral do trigo moderno.

Os maiores produtores mundiais de trigo são China, Índia, Rússia e EUA. No conjunto

de grãos, a produção mundial de trigo só perde para o milho, em termos de volume. 182

4.2.2 Obtenção

O grão se divide em três partes: casca, endosperma e germe.

O Óleo de Germe de Trigo é obtido por compressão a partir dos fragmentos de germe

moídos. O germe de trigo, de onde é extraído o óleo, representa cerca de 2% do grão de

trigo. Nesta pequena parte está concentrada uma quantidade significativa de nutrientes,

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59

sendo considerada a maior fonte de vitamina E da natureza, possui também sais minerais e

ácidos graxos insaturados que são de vital importância para a prevenção de doenças. 186

4.2.3 Aplicações

O Óleo de Germe de Trigo tem aplicações bastante variadas: auxilia no tratamento do

estresse físico, problemas cardiovasculares, insônia e distúrbios do climatério, auxilia na

ativação das glândulas sexuais, melhorando a produção de hormônios, ajuda a regular o

ciclo menstrual e pode contribuir na prevenção de abortos e partos prematuros. 186

Na cosmética e beleza, o Óleo de Germe de Trigo previne o ressecamento e as rugas.

Se aplicado na pele é eficaz na recuperação da pele seca e áspera, podendo acelerar a

cicatrização de edemas e queimaduras.

Este óleo, além de rico em vitamina E, possui ácidos graxos insaturados como ácido

ácido linoléico, de maior concentração, ácido oléico, ácido palmítico, ácido linolênico e

ácido esteárico. 186

Segue abaixo especificação fornecida pela empresa Sarfam referente as concentrações

de ácidos graxos contidas na amostra do óleo de Germem de Trigo utilizado neste trabalho.

4.2.4 Composição em Ácidos Graxos

o Ácido linolêico: 54-58%

o Ácido olêico: 16-22%

o Ácido palmítico: 14-18%

o Ácido Linolênico: 4 a 7%

o Ácido esteárico: máximo 2,5 a 0,6%

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5 EUCOSANOIDES

O papel dos ácidos graxos poliinsaturados sobre o sistema imune vem sendo bastante

estudado nos últimos anos com o objetivo de elucidar a dinâmica dos eicosanóides

derivados do ácido araquidônico na modulação das respostas inflamatórias e na imunidade.

Os interesses atuais giram em torno dos ácidos graxos n-3 que podem atuar inibindo a

síntese dos mediadores inflamatórios derivados do ácido araquidônico.

Apesar do grande número de estudos nessa área, o assunto ainda é controverso.

5.1 ÁCIDOS GRAXOS POLIINSATURADOS (AGPI)

Os ácidos graxos poliinsaturados essenciais compõem uma classe de moléculas que

não podem ser geradas pelo organismo, mas que são necessárias ao seu funcionamento.

Neste grupo encontram-se os ácidos graxos poliinsaturados com a primeira dupla

ligação ocorrendo no terceiro ou no sexto átomo de carbono a partir do carbono metílico

terminal, n-3 e n-6, respectivamente. A essencialidade destas famílias para os mamíferos,

em geral, se dá uma vez que o organismo animal carece de dessaturases que inserem duplas

ligações entre os carbonos 3-4 e 6-7 na porção terminal da molécula de ácido graxo. 39

Os principais representantes da família n-3 são o ácido-linolênico ou Ácido α-

lonoléico ALA (18:3n-3), o ácido eicosapentaenóico ou EPA (20:5n-3) e o ácido

docosahexaenóico ou DHA (22:6n-3) e os principais representantes da família n-6 são o

ácido linoléico ou LA (18:2n-6) e o ácido araquidônico ou AA (20:4n-6).

As principais fontes de ácidos graxos essenciais (AGE) são as plantas terrestres e

aquáticas (marinhas).

O ácido linoléico pode ser encontrado em grande abundância nas sementes de plantas

oleaginosas, principalmente nos óleos de soja, milho, girassol e nas castanhas. 175

O ácido linolênico tem como principais fontes as plantas e animais marinhos

principalmente os fitoplânctos, as algas e os óleos de peixes. Os fitoplânctos, que se

constituem na base da cadeia alimentar dos oceanos, sintetizam os ácidos docosapentaenóico

(EPA) e docosahexaenóico (DHA), os quais são encontrados em grande concentração nos

óleos de peixes e em peixes de águas frias e profundas, principalmente: cavala, sardinha,

salmão, truta e etc. 30

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61

Os ácidos graxos essenciais da série n-3 também pode ser encontrado nos óleos

vegetais de linhaça, canola e diversos outros, conforme tabela abaixo.

Tabela 4: Comparativa de Porcentagem de Ômegas em Óleos Vegetais179

A ingestão recomendada dos ácidos graxos essenciais varia um pouco. De acordo com

a FAO (The Food and Agriculture Organization of the United Nations) é de 3% para o ácido

linoléico e de 0,5% a 1,0 % da energia total da dieta para o ácido linolênico. Já de acordo

com as recomendações do Food and Nutrition Board of the National Academies (Institute of

Medicine– USA, setembro de 2002) a ingestão de ácidos graxos essenciais deve ser em

torno de 10% do total de lipídios na dieta, sendo que este valor vai de 5 a 10% para os

ácidos graxos n-6 e de 0,6 a 1-2% para os ácidos graxos n-3.

Os AGPI, eicosapentaenóico (20:5n-3), docosahexaenóico (22:6n-3) e araquidônico

(20:4n-6) são sintetizados através dos seus precursores no retículo endoplasmático liso,

especialmente no fígado, por sucessivas reações de dessaturações (oxidação com formação

de duplas ligações) e alongamentos, ou seja, aumentos da cadeia carbônica com 2 átomos de

carbono. 23

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Figura 8: Tabela Metabolismo de Omegas 183

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63

O ácido linoléico (n-6) é o precursor do ácido araquidônico, que sofre mais elongações

e dessaturações, gerando sucessivamente ácidos graxos 22:4 e 22:5.

O ácido graxo n-3 com menor cadeia e menor número de insaturações, o ácido-

linolênico, segue um trajeto semelhante de dessaturações e elongações para gerar ácidos

graxos 22:6, além de outros membros da família n-3.

As reações de dessaturações são catalizadas pelas enzimas delta 6 , delta 5 , e

provavelmente, delta 4 dessaturase. Apesar da demonstração das ações das Delta 6, Delta 5

dessaturases, a importância da Delta 4 sobre a síntese dos ácidos graxos, em especial do

docosahexaenóico (C22:6n-3), ainda não é bem esclarecida. 118

A Delta 6 dessaturase é uma enzima chave regulatória da biossíntese de AGPI. Sua

atividade depende não só da competição entre substratos, mas também de um feedback, ou

seja, uma regulação mediada por ambos os produtos intermediários e finais remanescentes

das séries 6. A enzima delta 9 dessaturase, presente nos microssomas hepáticos, catalisa a

conversão de palmitítico (C16:0) para palmitoléico (C16:1n-7) e esteárico (C18:0) para

oléico (C18:1n-9). 12

As enzimas de dessaturação e alongamento podem agir não só nas séries de ácidos

graxos poliinsaturados n-3 e n-6, mas também nos ácidos graxos n-9 e n-7. Alem disso, as

velocidades de dessaturação e alongamento diferem entre as séries, descrescendo na ordem

de n-3 > n-6 > n-9 > n-7. A ∆6 dessaturase é considerada a etapa limitante desta conversão.

Assim, um grande excesso de ácidos graxos de uma série na dieta pode inibir a dessaturação

de quantidades menores de uma ácido graxo de outra série. 117

Quando o suprimento dietético dos ácidos graxos linoléico (LA) e α-linolênico (ALA)

é inadequado, inicia-se um processo de substituição destes pelos ácidos palmitoléico e

oléico, que são dessaturados e alongados, para formar ácidos eicosatrienóicos. O aumento de

um ácido trienóico, particularmente (C20:3n-9), altera a importante relação trieno:tetraeno,

que vem sendo utilizada com marcador de deficiência de ácidos graxos essenciais. 134

O perfi l dos AGPI dos tecidos e células é com certeza, o resultado líquido de inter-

relações complexas de um grande número de fatores, entre eles: a composição de ácidos

graxos na dieta, a taxa de oxidação dos ácidos graxos antes de serem incorporados aos

lipídios, às taxas de elongação e dessaturação, as taxas relativas de incorporação em lipídios,

a retroconversão dos membros mais insaturados e mais longos das famílias e, competições

inter e intrafamílias pelas etapas de elongação e dessaturação. 158

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64

O interesse pelo estudo sobre os ácidos graxos poliinsaturados iniciou-se a partir da

década de sessenta, após ser observado a correlação entre a ingestão de ácidos graxos

saturados, com a ocorrência de algumas enfermidades, particularmente as cardiovasculares e

algumas formas de câncer. 30

Simopoulos, em estudo recente, revisa as evidências científicas no que se refere ao

balanço da ingestão de ácidos graxos n-3 e n-6 na dieta humana, focando nos aspectos

evolutivos das dietas ao longo dos tempos, sendo também revisado, o impacto nas funções

biológicas e metabólicas associando às implicações para a saúde quando ocorre um

desbalanço desses ácidos graxos na dieta. 139

Após a revolução agrícola, os cereais passaram a contribuir enormemente para a

alimentação dos seres humanos e cerca de 90% da ingestão alimentar se dá por espécies do

reino vegetal (13). Aveia, milho e arroz correspondem juntos a cerca de 75% da produção

mundial de grãos e as implicações desse alto consumo de grãos para a saúde humana é

enorme. Os cereais são boas fontes de carboidratos e de ácidos graxos n-6, mas pobres em

ácidos graxos n-3 e antioxidantes. Assim, ocorreu um aumento expressivo no consumo de

lipídeos de origem vegetal, principalmente os óleos de milho, girassol e soja, ricos em

ácidos graxos poliinsaturados n-6, em substituição aos lipídios ricos em ácidos graxos

saturados. 137

Alguns problemas em relação à ingestão proporcional de ácidos graxos n-3 e n-6

começam a surgir a partir daí, principalmente se levarmos em consideração a preferência do

organismo em metabolizar os ácidos graxos n-3. Especula-se que a ingestão ideal seria na

proporção de 5 moléculas de ácidos graxos omega 6 para uma molécula de n-3, mas há

relatos de que a proporção possa variar desde 3:1 até 10:1. 75; 57

Atualmente, são relatados vários benefícios da ingestão de ácidos graxos

poliinsaturados da série n-3, sob a forma de alimentos fontes, estando relacionado com a

prevenção e tratamento de enfermidades cardiovasculares 69, com as doenças inflamatórias

do trato gastrintestinal, com infecções e ultimamente, prevenindo lesões e alterações

imunológicas em atletas. 119

As funções biológicas dos AGPI são muitas e, em sua maioria, não estão bem

definidas ainda. As funções mais importantes segundo estudos descritos na literatura,

parecem ser as seguintes: manter a integridade das células endoteliais 69, prevenindo

aterosclerose e alterações cardiovasculares; estimular a liberação de insulina 159; inibir a

vasoconstrição e a agregação plaquetária 79; participar no desenvolvimento normal da

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65

placenta, do crescimento fetal e do desenvolvimento neuronal 113 e participação nas funções

imunomoduladoras. 52

Os AGPI também afetam as propriedades físicas das membranas, como fluidez,

estabilidade e suscetibilidade ao dano oxidativo, associados ou não a outros fatores

dietéticos. A deficiência de AGPI, nos fosfolipídios de membrana, diminui a sua fluidez e,

deste modo, pode alterar as funções das enzimas relacionadas às membranas. 175

5.1.1 AGPI e Síntese de Eicosanóides

Muitos estudos evidenciam claramente que a distribuição dos ácidos graxos essenciais

(AGE) no plasma é modulada pela ingestão dietética e que manipulações alimentares

influenciam diretamente propriedades de regulação importantes dos AGE como as funções

de primeiro e segundo mensageiro, formação de eicosanóides, liberação de citocinas,

funções de receptores e composição da membrana celular. 8; 162

Os eicosanoídes são metabólitos oxigenados dos AGE. A família dos eicosanoídes é

composta das prostaglandinas, leucotrienos, prostaciclinas, tromboxanos e derivados dos

ácidos graxos hidroxilados.

Os substratos para a formação dos eicosanoídes são o ácido dihomo-gamma-

linolênico, o ácido araquidônico e o ácido eicosapentaenóico. Para a Síntese dessas

substancias o ácido graxo precursor é clivado dos fosfolipídios de membrana pela ação da

fosfolipase A2 ou fosfolipase C, dependendo do subtipo fosfatidil ao qual o AGE esta

ligado.

O ácido graxo resultante da ação da fosfolipase é então metabolizado. Quando a via de

metabolização é a da ciclooxigenase, há a formação de endoperóxidos como os

prostanóides: prostaglandinas (PGs), tromboxanos (TXs) e prostaciclinas (PCI). 85

Os prostanóides são substâncias muito potentes mesmo estando em concentrações

muito baixas (10-9g/g) e também possuem uma meia-vida muito curta (menor que 1

minuto), sendo degradados rapidamente a metabólitos com fraca ou nenhuma atividade.

As prostaglandinas compreendem muitos subtipos, os quais possuem diferentes

funções. A prostaglandina E (PGE) tem sido amplamente investigada, em função do seu

importante papel como imunomoduladora.

Entre os tromboxanos, apenas o tromboxano A (TXA) é ativo, sendo o TXB inativo.

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66

Todos aqueles metabólitos formados a partir de ácido araquidônico (o precursor mais

importante) recebem um sufixo “2” (PGE2, TXA2, PCI2) e aqueles oriundos do ácido

eicosapentaenóico recebem o sufixo “3” (PGE3, TXA3,PCI3). O ácido dihomo-gamma-

linolênico origina prostaglandinas do tipo 1, das quais a PGE1 é a mais importante do grupo.

Uma outra via de formação de eicosanóides é a via da lipooxigenase, a qual leva a

síntese de leucotrienos. Da mesma forma que a formação dos prostanóides, os AGE

liberados dos fosfolipídeos pelas fosfolipases, são transformados em leucotrienos (LTs) pela

enzima 5-lipoxigenase. Nesta via, há a formação do ácido hidroperoxieicosanóico e do

leucotrieno A, os quais sucedem a formação dos demais membros ativos da família dos

leucotrienos, a saber, LTB, LTC, LTD e LTE.

Os LTs derivados do ácido araquidônico recebem um sufixo “4” e aqueles oriundos do

ácido eicosapentanóico recebem o sufixo “5”. Os LTs derivados do ácido dihomo-gamma-

linolênico recebem o sufixo “3”, mas há pouca informação disponível sobre sua relevância

clínica e bioquímica.

5.2 CONTROLE E MODULAÇÃO DA LIBERAÇÃO DOS EICOSANOÍDES

A liberação dos eicosanoídes é estimulada por várias substâncias como as citocinas,

complexos antígeno-anticorpo, fatores de crescimento, radicais livres, colágeno e

bradicinina 114. A disponibilidade de AGE é o mais importante regulador da formação de

eicosanoídes, onde eles irão competir pelas vias da ciclooxigenase ou da lipooxigenase 16.

Embora o ácido araquidônico seja preferencialmente metabolizado pela via da

ciclooxigenase, os ácidos graxos n-3, especialmente, os eicosapentanóicos, inibem

competitivamente a atividade da ciclooxigenase. 49; 86 Por exemplo, a ingestão aumentada de

óleo de peixe, rico em ácidos graxos n-3 poliinsaturados, resulta na diminuição plasmática

de ácido araquidônico. 16 Conseqüentemente, sua disponibilidade e turnover pela

ciclooxigenase estão diminuídos, resultando na menor formação de derivados do ácido

araquidônico, aumentando a formação de prostanóides derivados do ácido

eicosapentaenóico, como a PCI3. A grande importância deste fato se dá, não só pela

alteração das concentrações de tais compostos, mas sim pela diferença em suas atividades

biológicas.

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67

A PGE3 e o TXA3 são menos potentes do que a PGE2 e o TXA2, e a PCI3 e PCI2 não

possuem diferenças importantes em suas ações.

A PGE2 e o LTB4 são potentes eicosanoídes pró-inflamatórios oriundos da

metabolização do ácido araquidônico pelas enzimas ciclooxigenase e lipooxigenase,

respectivamente.

O ácido eicosapentanóico (EPA) é preferencialmente degradado pela via da

lipooxigenase, comparado com o ácido araquidônico, levando a maior formação de LT5 e

menores níveis de LT4 60. O EPA, também com 20 carbonos, compete com o ácido

araquidônico levando a menor produção de PGE2 e LTB4.

Todos aqueles eicosanoídes oriundos tanto do EPA quanto do dihomo-gamma-

linolênico têm efeitos fracos, menos potentes, sobre as células imunes. O DHA não é um

substrato para as enzimas ciclooxigenase e lipooxigenase, mas inibe a síntese de

eicosanoídes n-6 por atuar inibindo a liberação de ácido araquidônico da membrana. Assim,

a redução da produção de eicosanoídes inflamatórios a partir do DHA, EPA e dihomo-

gamma-linolênico é a justificativa do seu uso em determinadas patologias inflamatórias

onde seus mecanismos de ação seriam similares a de determinadas drogas anti-inflamatórias. 79

Vale acrescentar que há uma regulação por feedback da formação de eicosanoídes.

Tem sido demonstrado que a PGE1 inibe a formação de LTB4 74 e diminui a relação

TXA2/PCI2 68. Estes exemplos demonstram que alterações no metabolismo dos

eicosanoídes pela alteração na disponibilidade dos AGE precursores, permite o organismo

desenvolver mecanismos endógenos de controle para regular a liberação dos eicosanoídes.

5.3 EICOSANÓIDES E RESPOSTA IMUNE

Os eicosanóides em geral regulam a atividade celular principalmente pela alteração

dos níveis de AMPc (adenosina monofosfato cíclico). Um aumento dos níveis de AMPc

usualmente levam a uma imunossupressão e um decréscimo das respostas inflamatórias. 124

A prostaglandida E2 é sem dúvida a mais importante. Ela induz um aumento dos

níveis de AMPc em leucócitos, linfócitos T e B, além de suprimir respostas inflamatórias e

imunes nas células B e T, Natural Killers (NK) e diminuir a apresentação de antígenos em

macrófagos peritoneais. 85 Outros efeitos imunossupressores também são atribuídos à PGE2

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68

como o decréscimo das atividades fagocíticas, quimiotáticas, agregação, metabolismo

oxidativo e proliferação de leucócitos. 115; 116 Watanabe et al. atribui os efeitos

imunossupressores da PGE2 à liberação de ACTH. 165

Muitos estudos utilizando bloqueadores da via da ciclooxigenase mostram alterações

benéficas dos quadros de imunossupressão. A redução dos níveis de PGE2 está associada à

melhora do quadro de restabelecimento da imunidade celular e decréscimo da

susceptibilidade a complicações sépticas.

5.4 MODIFICAÇÃO DA ATIVAÇÃO CELULAR INFLAMATÓRIA PELOS ÁCIDOS

GRAXOS N-3

Os ácidos graxos n-3 têm mostrado influenciar uma série de eventos e mecanismos

celulares durante o processo de inflamação, desde a transdução de sinal até a síntese

protéica. O EPA e o DHA competem com o LTB4 pelo mesmo receptor e a interação com

este receptor influencia a estrutura da proteína G, a qual participa dos mecanismos de

transdução de sinal intracelular. 172

Esta proteína se interconverte em formas ligadas ao GTP (ativa) ou ao GDP (inativa).

As subunidades da proteína G se dissociam e ativam a fosfolipase C. É por este

mecanismo, por exemplo, que o DHA inibe a ativação da fosfolipase C induzida por TNFα. 166

A fosfolipase C participa da cascata de ativação fosfoinosídea para sinalização

intracelular. Durante este processo há a liberação de inositoltrifosfato (IP3) e diacilglicerol

(DAG), a partir da ação da enzima sobre o fosfolipídeo de membrana. Tanto o IP3 quanto o

DAG vão ativar a proteína quinase C, a qual por sua vez tem o papel de fosforilar

determinadas proteínas intracelulares. Tanto o EPA quanto o DHA inibem a ativação da

proteína quinase C em linfócitos. 100

O ácido araquidônico (AA) derivado da membrana celular durante a transdução de

sinal via DAG, ativa o fator nuclear de transcrição NFkB. Este fator migra até o núcleo

celular e induz vários genes envolvidos na resposta inflamatória. O EPA derivado do óleo de

peixe inibe a ativação do NFkB pelo ácido araquidônico. Assim, a síntese de RNA

mensageiros pode ser inibida pelos ácidos graxos n-3. 136

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69

5.5 ÓLEO DE PEIXE E A FUNÇÃO IMUNE

Modelos experimentais evidenciam que animais alimentados com dietas ricas em

ácidos graxos n-3 tendem a diminuir a resposta proliferativa de linfócitos, apresentam uma

diminuição na atividade das células Natural Killers (NK) e prejuízos na fagocitose. 127

Os efeitos precisos do ácido graxo α-linolênico (18:3 n-3) nas funções de linfócitos

dependem muito da concentração e quantidade total de ácidos graxos poliinsaturados da

dieta. A adição de óleo de linhaça, cerca de 15 g de ácido α-linolênico, à dieta hipolipídica

(29% das calorias diárias) de humanos, resultaram num significativo declínio na resposta

proliferativa de linfócitos e um atraso na resposta ao teste de hipersensibilidade cutânea após

6 semanas, apesar dos níveis de anticorpos circulantes não terem sido alterados. 78 Altas

doses de ácido α-linolênico tem mostrado suprimir a produção de IL1 e TNF em humanos 28. Estes efeitos atribuídos ao ácido α-linolênico são ainda um tanto questionáveis, uma vez

que o ácido α-linolênico pode ser convertido a outros ácidos graxos como o EPA, e este sim,

direcionar a produção de determinadas substâncias levando aos mesmos efeitos sobre o

sistema imune.

Uma vez que o óleo de peixe dietético tende a diminuir a produção de PGE2, sugere-se

que este possa reverter os efeitos desse eicosanóide. 79 Entretanto, esta situação é bem mais

complexa, já que a PGE2 não é somente um mediador produzido a partir do ácido

araquidônico. A PGE2 possui efeitos variados e muitas vezes apresenta ações opostas. Além

do mais, o EPA por si só, já é responsável pela síntese de vários mediadores com múltiplas

ações. Assim, todos os efeitos atribuídos ao óleo de peixe não podem apenas se basear

naqueles decorrentes da PGE2.

A PGE2 tem um grande número de efeitos pró-inflamatórios incluindo a febre,

aumento da permeabilidade vascular, vasodilatação, aumento da dor e edema. É

responsável, em parte, pela supressão da proliferação de linfócitos e pela atividade das

células NK, além de atuar inibindo a produção de TNF-α, IL1, IL6, IL2 e IFN-γ. 24 Assim,

ela seria anti-inflamatória e imunossupressora. A PGE2 não afeta a produção de citocinas

características da resposta T helper 2 (Th 2) como a IL4 e a IL10, mas promoveria a

produção de IgE pelos linfócitos B. 24 Nesse mesmo contexto, torna-se importante citar a

ação do LTB4 que aumentaria a permeabilidade vascular, aumentando o fluxo sanguíneo

localmente e atuaria como um potente agente quimiotático para leucócitos, induzindo a

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70

liberação de enzimas lisossomais, maior formação de espécies reativas do oxigênio, inibição

da proliferação de linfócitos e promoção da atividade natural das células NK. O LTB4

aumentaria a produção do TNF, IL1, IL6, IL2 e IFN-γ. Então, a liberação de ácido

araquidônico desencadearia a síntese de mediadores com efeitos opostos, onde o efeito

fisiológico final seria governado pela concentração de tais mediadores, o momento de sua

produção e sensibilidade das células alvo aos seus efeitos.

A complexidade deste tema é enorme, haja visto que os resultados descritos na

literatura são muitas vezes controversos. Um grande número de estudos animais indicam

que o óleo de peixe, nas mais variadas dosagens administradas, induz um decréscimo em

determinados parâmetros imunes.

Tem sido relatado que altas doses, mas não baixas, de DHA podem reduzir a atividade

das células NK, principalmente em indivíduos mais velhos.

A atividade do linfócitos T citotóxicos, a proliferação dos linfócitos e a produção de

citocinas, principalmente a IL2 e o IFN-γ também sofrem grande influência das dosagens de

ácidos graxos n-3 administradas. Os estudos são ainda inconclusivos em decorrência dos

diversos desenhos experimentais empregados. Da mesma forma, o óleo de peixe diminui in

vivo a imunidade celular como as respostas ao teste de hipersensibilidade cutânea. Neste

mesmo trabalho, Kelley et al. 78 evidencia que a suplementação com 18 g de ácido α-

linolênico por dia não influencia as concentrações séricas das imunoglobulinas A (IgA) e G

(IgG) e dos fatores de complemento C3 e e C4 e nem das concentrações de IgA na saliva.

Os efeitos sobre o TNF-α, IL1 e IL6 ainda são obscuros e conflitantes, sendo influenciados

pelas doses de EPA e DHA administradas. 25

O óleo de peixe provavelmente não afeta a fagocitose mediada por macrófagos. 56

Os efeitos atribuídos ao óleo de peixe não são apenas correlacionados a PGE2 e

existem outros mecanismos de ação os quais não envolveriam a produçãode eicosanoídes.

Largas doses de óleo de peixe usadas em modelos animais, nos quais o EPA e o DHA

proveriam mais de 20% do total de ácidos graxos na dieta, sugerem que os ácidos graxos n-3

são antiinflamatórios e imunossupressores. 24

Recentemente, estudos têm evidenciado que baixas concentrações dietéticas de AGPI

n-3 (EPA e/ou DHA em torno de 4,4% do total de ácidos graxos ou 1,7% do total energético

da dieta) já seriam sufi cientes para desencadear alguns destes efeitos supressores sobre a

imunidade, onde o EPA, mas não o DHA, inibiria a atividade das células NK e ambos,

inibiriam a proliferação de linfócitos. 123

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71

A suplementação na dieta de humanos com óleo de peixe varia de 1,2 a 14 g por dia o

que já pode evidenciar diferenças entre os resultados descritos pelos pesquisadores. Mas,

em geral, os relatos são de que ocorra uma diminuição da resposta proliferativa de linfócitos,

redução da quimiotaxia de monócitos e neutrófilos, diminuição da produção de IL1, IL2,

IFN-γ, IL6 e TNF, além da diminuição na expressão do complexo de histocompatibilidade

principal (MHC) II e de algumas moléculas de adesão em monócitos.

Nestas concentrações, o óleo de peixe não parece afetar a fagocitose em células

humanas. 24

Já foi descrito por Caughey et al 28 uma relação inversa entre as concentrações de EPA

nos lipídios de células mononucleares e a produção de TNF e IL1. Tendo em vista de que

um maior aporte dietético de ácidos graxos n-3 resultaria numa diminuição da concentração

de ácido araquidônico na membrana de células envolvidas na inflamação e imunidade, a

suplementação com óleo de peixe, resultaria numa diminuição da capacidade das células

imunes em sintetizar eicosanoídes a partir do ácido araquidônico. O ácido eicosapentaenóico

(EPA; 20:5 n-3) é capaz de ser metabolizado pelas enzimas ciclooxigenase e lipooxigenase,

levando a produção de mediadores diferentes daqueles produzidos a partir da metabolização

do ácido araquidônico (AA; 20:4 n-6) por estas enzimas.

Assim, os eicosanoídes oriundos do EPA são menos potentes biologicamente do que

os análogos derivados do AA, embora todas as ações destes compostos ainda estejam em

estudo.

Geralmente, atribui-se que o efeito antiinflamatório do óleo de peixe se sobressaia em

relação ao seu efeito imunossupressor. Todavia, não existem estudos com humanos para

determinar a influencia dose-dependente do óleo de peixe nos diversos parâmetros imunes.

6 FORMULAÇÃO

6.1 DEFINIÇÃO DE GEL

Gel é um sistema coloidal constituído por uma fase dispersora ou contínua líquida

(água/ silicone/ óleo mineral, entre outros) e uma fase dispersa sólida ou soluto

(macromoléculas como resinas, polímeros do ácido acrílico, derivados de celulose, argilas

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modificadas, entre outros), apresentando propriedades macroscópicas parecidas às dos

sólidos (como por exemplo, elasticidade, viscosidade) (MOISÉS, 1999).

O gel é constituído por uma rede tridimensional de macromoléculas, na qual está

aprisionado o líquido. Pode conter até 80 a 98% de líquido (água, álcool, entre outros),

podendo ser considerado como um sistema heterogêneo, da mesma forma que emulsão,

constituído pela fase interna, é transparente ou translúcida (MOISÉS, 1999).

Um bom gel deve apresentar as seguintes características:

o Reter a consciência, não ser fibroso e quebradiço, mantendo sua forma, mesmo

quando extrudado do tubo durante o uso;

o Manter a homogeneidade na estocagem e não sofrer contração do volume, quando

extrudado do tubo (PRISTA; BAHIA e VILAR, 1992).

As formulações são compostas por:

o Veículo:

Água

o Espessantes hidrofílicos ou espessantes da fase aquosa:

Carbômeros;

Derivados de Celulose;

Silicato de alumínio e magnésio;

Polímeros acrílicos, etc.

o Umectantes

Propilenoglicol;

Sorbitol;

Glicerina

o Emolientes

Dimeticone copoliol;

Monococoato de glicerina 7EO.

Silicones

o Solubilizantes

Monolaurato de sorbitan 20EO (polisorbato 20);

Óleo de mamona hidrogenado 40EO.

o Estabilizantes da formulação

Conservantes: parabenos, diazolidiniluréia, etc;

Filtro solares protetores da formulação: benzofenona 4;

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Seqüestrantes: EDTA;

Corretores de pH: trietanolamina 99,Neutrol TE, AMP 95.

Tensoativos: álcool cetoestearílico 20OE

6.1.1 Sistemas Coloidais

São soluções obtidas pela dissolução de macromoléculas em água. São soluções com

propriedades intermediárias entre as soluções verdadeiras (homogêneas) e as heterogêneas

como as suspensões (dispersão de um sólido em um líquido) e as emulsões (dispersões de

uma fase líquida insolúvel em outra). São caracterizadas pela existência de partículas

dispersas cujas dimensões estão compreendidas entre 0,001 e 0,1mcg. As partículas dos

sistemas coloidais apresentam tamanho maior do que as existentes nas soluções verdadeiras

(menor 0,1mcg) (MOISÉS, 1999).

Suas principais características são:

o São viscosas, diretamente proporcionais à quantidade de soluto. Além de

determinada concentração de soluto, as soluções coloidais podem se transformar em géis

pela ligação entre as macromoléculas e formação de uma rede tridimensional mais ou menos

rígida;

o As macromoléculas podem ser de origens não iônica e iônica. As macromoléculas

iônicas são eletricamente carregadas e tem o mesmo sinal, assegurando a estabilidade da

dispersão por meio de forças de repulsão. Alterações no pH do meio ou adição de eletrólitos

alteram o comportamento das macromoléculas;

o Não são soluções totalmente transparentes à luz (MOISÉS, 1999).

o As macromoléculas (ou soluto) são também denominadas de aditivos reológicas, ou

seja, modificadores de viscosidade, que de uma forma geral são divididos em:

o Gomas naturais: usados diretamente ou derivados de fontes naturais como plantas,

organismos microbianos e animais;

o Naturais modificados: derivados sintéticos de gomas naturais. São denominadas

semi-sintéticos;

o Sintéticos: polímeros sintetizados do petróleo ou outro material baseado em

hidrocarboneto;

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o Inorgânicos: com ocorrência natural ou refinado ou ainda sinteticamente produzido

(PRISTA; BAHIA e VILAR, 1992).

6.1.2 Carbômeros

Carbomer é o nome CTFA para a categoria de polímeros obtidos da reação de

polimerização do ácido acrílico com éteres alil de pentaeritritol e de sacarose, formando

polímeros aniônicos hidrofílicos de alto peso molecular devido à presença de grupos

carboxílicos (PRISTA; BAHIA e VILAR, 1992).

Carbomer apresenta aspecto de pó branco e pH ácido (2,8 a 3,2) em solução aquosa.

Nessas condições o polímero não incha e não confere espessamento eficiente, devido à

limitada solubilidade dos grupos carboxílicos da sua estrutura que está enrolada. A

neutralização com base promove a ionização do polímero, convertendo-o num sal solúvel

em água e gerando cargas negativas ao longo de sua estrutura. A repulsão entre essas cargas

faz com que a molécula se estenda causando o espessamento (inchamento) (MOISÉS,

1999).

6.2 ATIVOS

6.2.1 Óleo de Oliva

Os compostos fenólicos do óleo de oliva extra virgem, além da atividade antioxidante,

também exercem um efeito antiinflamatório. Segundo PETRONI et al., (1995), o

hidroxitirosol inibe a formação de um eicosanoide pró-inflamatório, o leucotrieno B4, de

forma dose dependente. DE LA PUERTA (1999) descobriu que não só o hidroxitirosol, mas

também o tirosol, a oleuropeína e o ácido cafeico inibem a formação do leucotrieno B4,

reduzindo a atividade da enzima catalisadora 5-lipoxigenase. A inibição desta enzima,

também foi demonstrada utilizando-se o extrato do fruto da oliva, sendo que as substâncias

responsáveis por este efeito são: 3,4-dihidroxifenil etanol (DPHE), a oleuropeína e o ácido

cafeico.

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Composição de ácidos graxos no óleo de oliva extra virgem, de acordo com o

Conselho Internacional de Óleos:

Ácido Palmítico (C16:0): 7,5 - 20,0%;

o Ácido Palmitoleico (C16:1): 0,3 - 3,5%;

o Ácido Esteárico (C18:1): 0,5 - 5,0%;

o Ácido Oleico (C18:1): 55,0 - 83,0%;

o Ácido Linoleico (C18:2): 3,5 - 21,0%;

o Ácido Linolênico (C18:3): 0,0 - 1,5%;

o Ácido Araquidico (C20:0): 0,3%;

o Ácido Behenico (C22:0): 0,2%;

o Diversos: 0,5 - 1,2%.

o Devido aos fitosteróis e álcoois triterpênicos, o óleo de oliva é indicado por produzir

emulsões mais estáveis a oxidação.

Tabela 5: Óleo de Oliva

ÓLEO DE OLIVA % PELE %

Esqualene 1,0 – 1,5 5,0

Ácido Palmítico 7,5 – 20,0 25,0 – 29,0

Ácido esteárico 0,5 – 5,0 20,0 – 28,0

Ácido Oléico 55,0 – 83,0 30 – 35,0

Ácido Linoleico 3,5 – 21 3,0 – 3,5

Ácido Linolênico Máx. 1,5 Máx. 1,2

6.2.2 Óleo de Germem de Trigo

Na cosmética e beleza, o Óleo de Germe de Trigo previne o ressecamento e as rugas.

Se aplicado na pele é eficaz na recuperação da pele seca e áspera, podendo acelerar a

cicatrização de edemas e queimaduras.

Este óleo, além de rico em vitamina E, possui ácidos graxos insaturados como ácido

linoléico, de maior concentração, ácido oléico, ácido palmítico, ácido linolênico e ácido

esteárico.

Segue abaixo especificação fornecida pela empresa Sarfam referente as concentrações

de ácidos graxos contidas na amostra do óleo de Germem de Trigo utilizado neste trabalho.

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76

76

6.2.2.1 Composição em ácidos graxos

o Ácido linolêico: 54-58%

o Ácido olêico: 16-22%

o Ácido palmítico: 14-18%

o Ácido Linolênico: 4 a 7%

o Ácido esteárico: máximo 2,5 a 0,6%

7 MATERIAIS E MÉTODOS

7.1 MATERIAIS

Foi elaborada uma formulação, na base gel de Carbopol 980, enriquecida com 2% de

óleo de oliva e 5% de óleo de germe de trigo.

Realizou-se estudo de estabilidade preliminar , em que a formulação manteve-se

estável, sem alteração das características físicas e organolépticas, conforme relatório de

estabilidade preliminar em anexo.

Para a realização dos testes de avaliação, foram correlacionados os padrões de

respostas subjetivas do voluntário com as análises fotográficas da evolução.

7.1.1 Formulação

Gel-Creme com Óleo de Oliva e Óleo de Germem de Trigo

Fase A

Água Desmineralizada 85,90%

Carbopol 980 0,30%

EDTA Na2 0,10%

Glicerina Vegetal Bi-Destilada 1,00%

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77

77

AMP 95 - pH 5,00 - 6,00

Fase B

Álcool cetoestearílico 20 OE 0,50%

BHT 0,05%

Fase C

Metilparabeno 0,10%

Propilparabeno 0,05%

Propilenoglicol USP 2,00%

Fase D

Óleo de oliva 2%

Óleo de germem de trigo 5%

Fase E

Silicone DC 9040 1,00%

Silicone DC 245 2,00%

7.2 MÉTODOS

Foram descritos nesse tópico toda metodologia utilizada no decorrer da realização da

pesquisa prática. Foram detalhados: o preparo das formulações e a orientação passada ao

voluntário para a aplicação do gel-creme enriquecido com Óleo de oliva e Óleo de Germem

de Trigo.

7.2.1 Preparo da Fórmula Utilizada

O preparo da formulação testada, assim como o estudo de estabilidade preliminar, foi

realizado no laboratório de pesquisa e desenvolvimento da Leviale Industria Cosmética.

Primeiramente, foram separadas todas as matérias-primas a serem utilizadas nas

formulações e o material de embalagem. Realizou-se a limpeza do material de embalagem e

da bancada onde ocorreu o preparo.

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78

7.2.1.1 Técnica de Preparo

Processo:

1- Aquecer os componentes da Fase A até 80ºC, apenas reservar o AMP-95,

homogeneizar até total dispersão dos sólidos;

2- Aquecer a Fase B para 70/75°C , após, adicionar a Fase A sob agitação,

homogeneizar. Manter a temperatura de 70/ 75°C por 10 minutos, sob agitação;

3- Adicionar o AMP-95 para acerto do pH: 6,00 – 6,50;

4- Aquecer a Fase C 60°C sob agitação, verter em A+B+C+D e homogeneizar.

5- Após, proceder com o resfriamento para 40°C, mantendo a agitação;

6- Adicionar a fase D e homogeneizar;

7- Homogeneizar a Fase E, para dispersão dos silicones, verter em A+B+C e

homogeneizar;

7.2.2 Voluntários

A fim de examinar o problema de pesquisa, foi utilizado um sujeito na pesquisa não

identificado. O sujeito do sexo feminino e com idade de 22 anos, portador de Acne Vulgar

grau II , que não estava na vigência de outra terapêutica sistêmica ou tópica para Acne

Vulgar e não apresentava outra dermatose que, por si só ou através da terapêutica em uso,

pudesse interferir nos resultados da pesquisa.

A área experimental foi o rosto, na região do queixo, onde se encontrava a maior

incidência de pápulas e pústulas.

7.2.3 Procedimento

Os testes foram realizados durante 30 dias consecutivos, no período de 04.05.2009 a

31.05.2009.

O voluntário selecionado foi informado do propósito do estudo. O participante foi

orientado no estudo, a aplicar o produto rico em AGE (gel-creme contendo óleo de germem

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79

de trigo e óleo de oliva) na parte do queixo da face, durante um mês, sendo de manhã, após

ter lavado o rosto com sabonete líquido neutro.

Diariamente no horário das 14:00hs, o voluntário dava sua nota, com suas respostas

subjetivas, de 0 - 10 para Melhora/ Inalterado e Piora. Na seqüência eram realizadas

imagens fotográficas do local em avaliação.

Os dados coletados ao longo do estudo foram tabulados para uma comparação

posterior.

8 RESULTADOS

8.1 RESULTADOS OBTIDOS POR RESPOSTA SUBJETIVA DO VOLUNTÁRIO

A tabela abaixo relaciona os 30 dias do mês (04/05/09 até 31/05/09) em função da melhora,

piora ou inalteração da pele com acne.

Os resultados foram anotados diariamente , a partir da avaliação subjetiva do voluntário.

Tabela 6: Resultados anotados diariamente, a partir da avaliação subjetiva do voluntário.

Dias Melhora Inalterado Piora

4-mai 0 0 0

5-mai 0 0 0

6-mai 0 0 0

7-mai 0 0 0

8-mai 0 1 0

9-mai 0 1 0

10-mai 0 2 0

11-mai 1 0 0

12-mai 2 0 0

13-mai 2 0 0

14-mai 3 0 0

15-mai 3 0 0

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80

80

16-mai 3 0 0

17-mai 3 0 0

18-mai 5 0 0

19-mai 5 0 0

20-mai 5 0 0

21-mai 5 0 0

22-mai 5 0 0

23-mai 6 0 0

24-mai 6 0 0

25-mai 7 0 0

26-mai 7 0 0

27-mai 8 0 0

28-mai 8 0 0

29-mai 9 0 0

30-mai 9 0 0

31-mai 9 0 0

Tabela 7. Avaliação Subjetiva do Voluntário

Avaliação Subjetiva do Voluntário

0

2

4

6

8

10

4-m

ai

6-m

ai

8-m

ai

10-m

ai

12-m

ai

14-m

ai

16-m

ai

18-m

ai

20-m

ai

22-m

ai

24-m

ai

26-m

ai

28-m

ai

30-m

ai

dias/mês

nota

s vo

lunt

ário

Inalterado

Piora

Melhora

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81

8.2 RESULTADOS DAS IMAGENS FOTOGRAFADAS

Figura 9: Aplicação dia 04/05/2009 a 10/05/2009

Figura 10: Aplicação dia 11/05/2009 a 17/05/2009

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82

82

Figura 11: Aplicação dia 18/05/2009 a 24/05/2009

Figura 12: Aplicação dia 25/05/2009 a 31/05/2009

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83

83

9 DISCUSSÃO

O presente estudo propôs verificar a possibilidade da melhora da Acne Vulgar

mediante a utilização de um produto, rico em AGE, além de tentar correlacionar os padrões

de respostas subjetivas do voluntário com as análises fotográficas da evolução. Optou-se por

estudo piloto, uma vez que se pretendia obter resultados preliminares que servissem de base

científica para estudos futuros maiores nessa linha de raciocínio.

Na literatura, verificou-se padrão de resposta favorável em voluntários humanos que

utilizaram AGE tópico isolado (Letawe C, Boone M, Piérard GE. Digital image analysis of

the effect of topically applied linoleic acido on acne microcomedones. Clin Exp Dermatol.

1998;23:56-8). o que também foi visto em outro que utilizou AGE em preparação cosmética

combinada ( Morganti P, Randazzo SD, Giardina A, Bruno C, Vincenti M, Tiberi L. Effect

of phos phatidylcholine linoleic acid-rich and glycolic acid in acne vulgaris. J Appl

Cosmetol. 1997;15:21-32).

Para Berbis et al.( Berbis P, Hesse S, Privat Y. Acides grãs esse tiels et peau. Allerg

Immunol (Paris). 1990;22:225-31) a suplementação oral com AGE poderia ter influência

favorável sobre a reação inflamatória polimorfa que se desenvolve ao redor do comedão, por

uma modulaçao da síntese dos eicosanóides derivados do metabolismo do ácido

araquidônico. Isso impediria a hiperceratose folicular e a perda da capacidade de barreira

das células epiteliais, o que favoreceria a penetração de microorganismos e de substâncias

pró-inflamatórias ao redor do comedão.( Montpoint A, Guillot B, Truchetet F, Grosshans E,

Guilhou JJ. Acides gras essentiels en dermatologie. Ann Dermatol Venereol. 1992;119:233-

9).

Como há dificuldade de avaliar o padrão de resposta subjetivo, por parte do voluntário,

buscou-se o auxílio das imagens de fotos que foram feitas diariamente, durante uso do

cosmético rico em AGE.

Quando realizados paralelos de conformidade entre os dois métodos de análises (nota

subjetiva e imagem digital), percebe-se que, sempre que se utiliza a nota do voluntário –

provavelmente o parâmetro mais inconstante e menos criterioso – na correlação com a outra

avaliação, há concordância significante de resposta.

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84

CONCLUSÃO

O estudo clínico piloto realizado com 1 voluntários portadores de AV que se submeteu

a aplicação tópica de um produto cosmético rico em AGE analisado mediante auto-

avaliação do voluntário e imagem digital, permitiu as seguintes conclusões:

1) Pelo fato da imagem digital oferecer meio objetivo de avaliar e captar mudanças

com a aplicação tópica, utilizou-se neste estudo a técnica de avaliação da imagem digital.

Com tal técnica, encontrou-se significância aparente no padrão de melhora da pele captada

entre as análises digitais do voluntário que fez uso da formulação desenvolvida. Houve uma

melhora significativa da pele da voluntária com diminuição das pápulas e pústulas, o que

também foi confirmado pelas avaliações subjetivas do voluntário.

2) Também se observou que, mesmo um produto composto por óleo de oliva e óleo de

germem de trigo, aplicado em uma pele com características oleosas, não comprometeu a

evolução da melhora do quadro acnéico do voluntário.

3) A possibilidade de um melhor padrão de resposta da Acne Vulgar com uso de

ácido-linoléico e alfa-linolénico tópico, poderia ser obtido com maior amostragem de

voluntários, que permitiria a aplicação de testes estatísticos mais poderosos, o que daria

mais subsídios para concluirmos a melhora do quadro acnéico.

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85

ANEXO

Relatório de estudo de estabilidade.

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