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a revista do engenheiro civil techne téchne 132 março 2008 www.revistatechne.com.br IPT apoio Edição 132 ano 16 março de 2008 R$ 23,00 Concreto auto-adensável Complexo Viário Real Parque Lajes Pré-fabricados de concreto Sistema contra incêndio ISSN 0104-1053 9 7 7 0 1 0 4 1 0 5 0 0 0 0 0 1 3 2 Concreto auto-adensável Confira alguns comparativos de custos e de mão-de-obra feitos por construtoras. Tecnologia autocompactante dispensa a vibração, mas exige maior cuidado com as fôrmas OBRA-DE-ARTE Complexo Viário Real Parque LAJES Soluções para grandes vãos COMO CONSTRUIR Sistema contra incêndio Concreto auto-adensável Confira alguns comparativos de custos e de mão-de-obra feitos por construtoras. Tecnologia autocompactante dispensa a vibração, mas exige maior cuidado com as fôrmas OBRA-DE-ARTE Complexo Viário Real Parque LAJES Soluções para grandes vãos COMO CONSTRUIR Sistema contra incêndio Edifício Cult Universo, Goiânia capa tech 132a.qxd 6/3/2008 10:41 Page 1

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‘a revista do engenheiro civil

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www.revistatechne.com.br

IPTapoio

Edição 132 ano 16 março de 2008 R$ 23,00

Concreto auto-adensável■

Complexo Viário Real Parque

■Lajes

■Pré-fabricados de concreto

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ISSN

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Concreto auto-adensávelConfira alguns comparativos de custos e de mão-de-obra feitos por construtoras. Tecnologia autocompactante dispensa a vibração, mas exige maior cuidado com as fôrmas

OBRA-DE-ARTE

Complexo ViárioReal Parque

LAJES

Soluções paragrandes vãos

COMO CONSTRUIR

Sistema contraincêndio

Concreto auto-adensávelConfira alguns comparativos de custos e de mão-de-obra feitos por construtoras. Tecnologia autocompactante dispensa a vibração, mas exige maior cuidado com as fôrmas

OBRA-DE-ARTE

Complexo ViárioReal Parque

LAJES

Soluções paragrandes vãos

COMO CONSTRUIR

Sistema contraincêndio

Edifício Cult Universo,Goiânia

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SUMÁRIO

SEÇÕESEditorial 2Web 6Área Construída 8Índices 12IPT Responde 14Carreira 16Melhores Práticas 18Técnica e Ambiente 28P&T 64Obra Aberta 70Agenda 74

CapaLayout: Lucia LopesFoto: Naldo Mundim/Realmix Concreto

ENTREVISTAObras coordenadasAna Cristina Chalita, da Cyrela, fala

da importância da coordenaçãoem obras complexas

38

20

CAPASolução fluidaConfira sete cases de sucesso

de construtoras que usaram auto-adensável

32 ESTRUTURASLajes ampliadasProjetistas apontam alcance de cada

sistema para obter grandes vãos

44 COMPLEXO VIÁRIO REAL PARQUE

Malha de estaisPolêmica e monumental, mais nova

obra-de-arte da capital paulista temtabuleiros em curva estaiados

54 PRÉ-FABRICADOS – ESPECIAL 60 ANOS

Estruturas prontasUma retrospectiva da história dos

pré-moldados no País

58 ARTIGOResistência de lajes alveolares

pré-fabricadas ao cisalhamento Pesquisadores avaliam desempenho

dessas peças

78 COMO CONSTRUIRSistema de proteção contra incêndio

com tubos de CPVC e sprinklers Como projetar redes com tubulações

de CPVC e chuveiros automáticos Nal

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VEJA EM AU

EDITORIAL

2 TÉCHNE 132 | MARÇO DE 2008

Poucos duvidam que o Complexo Viário Real Parque, uma das

maiores obras viárias em execução na capital paulista, será

um novo marco urbano da cidade. Obra-de-arte rara no mundo,

possui dois tabuleiros estaiados em curva, com 18 pares de estais

ancorados em um enorme "X" de 138 m. Dá mostras claras do

potencial da engenharia civil no País e do desejo da metrópole em

ganhar um novo cartão-postal. Lança, entretanto, pelo menos

duas polêmicas: por que a opção por uma ponte estaiada se

haviam outras soluções econômicas e, ao mesmo tempo, viáveis

sob o ponto de vista técnico? Por que investir tanto em uma obra

que, numa rígida escala de prioridades, não ocuparia as primeiras

posições em uma megalópole repleta de problemas como São

Paulo? Projetistas entrevistados por Téchne garantem que

soluções estaiadas são indicadas para vencer vãos superiores

a 200 m – o rio Pinheiros ocupa pouco mais de 150 m naquele

trecho. A segunda crítica refere-se à eficiência do ponto de vista

da engenharia de tráfego. Por enquanto, a ponte deve aliviar a

congestionada avenida dos Bandeirantes, principal via de

escoamento para a Rodovia dos Imigrantes enquanto o trecho

Sul do Rodoanel Mário Covas não fica pronto. De outro lado, os

mais deR$ 230 milhões gastos na obra, dizem os críticos, seriam

suficientes para construir ao menos 3 km de linha de Metrô. Eis

aqui uma importante questão também tratada na revista

Construção Mercado no 80, de março/2008: até quando

continuaremos míopes sem enxergar a premente necessidade de

se investir em transporte coletivo em São Paulo? A cidade terá que

travar (literalmente) para que se reconheça a falência do modelo

voltado exclusivamente ao automóvel particular? A despeito de

tais questões, cabe-nos destacar de forma enfática a capacidade

dos projetistas e das construtoras brasileiras na execução de

grandes obras como o Complexo Viário Real Parque. Mais um

motivo de orgulho para a engenharia nacional.

Paulo Kiss

O "X" da ponte

� Boom imobiliário x trânsito� Pequenas construtoras� Bolha americana� Estudo de viabilidade

VEJA EM CONSTRUÇÃOMERCADO

� Museu do Pão, em Ilópolis,RS – Brasil Arquitetura

� Hospital e Maternidade SãoLuiz – Anália Franco Zanettini Arquitetura

� Especial PINI 60 anos: drywall

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4 TÉCHNE 132 | MARÇO DE 2008

Fundadores: Roberto L. Pini (1927-1966), Fausto Pini (1894-1967) e Sérgio Pini (1928-2003)

DDiirreettoorr GGeerraall

Ademir Pautasso Nunes

DDiirreettoorr ddee RReeddaaççããoo

Eric Cozza [email protected]

EEddiittoorr:: Paulo Kiss [email protected]:: Kelly Carvalho RReeppóórrtteerr:: Bruno Loturco; Renato Faria (produtor editorial)

RReevviissoorraa:: Mariza Passos CCoooorrddeennaaddoorraa ddee aarrttee:: Lucia Lopes DDiiaaggrraammaaddoorreess:: Leticia Mantovani e Renato Billa IIlluussttrraaddoorr:: Sergio Colotto

PPrroodduuttoorraa eeddiittoorriiaall:: Juliana Costa FFoottóóggrraaffoo:: Marcelo Scandaroli

CCoonnsseellhhoo AAddmmiinniissttrraattiivvoo:: Caio Fábio A. Motta (in memoriam), Cláudio Mitidieri, Ercio Thomaz,Paulo Kiss, Eric Cozza e Luiz Carlos F. Oliveira CCoonnsseellhhoo EEddiittoorriiaall:: Carlos Alberto Tauil, Emílio R. E.

Kallas, Fernando H. Aidar, Francisco A. de Vasconcellos Netto, Francisco Paulo Graziano, Günter Leitner,José Carlos de Figueiredo Ferraz (in memoriam), José Maria de Camargo Barros, Maurício Linn Bianchi,

Osmar Mammini, Ubiraci Espinelli Lemes de Souza e Vera Conceição F. Hachich

EENNGGEENNHHAARRIIAA EE CCUUSSTTOOSS:: Bernardo Corrêa Neto PPrreeççooss ee FFoorrnneecceeddoorreess:: Juliana Cristina Teixeira

AAuuddiittoorriiaa ddee PPrreeççooss:: Ariell Alves Santos e Anderson Vasconcelos FernandesEEssppeecciiffiiccaaççõõeess ttééccnniiccaass:: Ana Carolina Ferreira

ÍÍnnddiicceess ee CCuussttooss:: Andréia Cristina da Silva Barros CCoommppoossiiççõõeess ddee CCuussttooss:: Mônica de Oliveira Ferreira

SSEERRVVIIÇÇOOSS DDEE EENNGGEENNHHAARRIIAA:: Celso Ragazzi, Luiz Freire de Carvalho e Mário Sérgio PiniPPUUBBLLIICCIIDDAADDEE:: Luiz Carlos F. de Oliveira, Adriano Andrade, Jane Elias e José Luiz Machado

EExxeeccuuttiivvooss ddee ccoonnttaass:: Eduardo Yamashita, Bárbara Salomoni Monteiro, Danilo Alegre e Ricardo CoelhoMMAARRKKEETTIINNGG:: Ricardo Massaro EEVVEENNTTOOSS:: Vitor Rodrigues VVEENNDDAASS:: José Carlos Perez

RREELLAAÇÇÕÕEESS IINNSSTTIITTUUCCIIOONNAAIISS:: Mário S. Pini AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO EE FFIINNAANNÇÇAASS:: Durval Bezerra

CCIIRRCCUULLAAÇÇÃÃOO:: José Roberto Pini SSIISSTTEEMMAASS:: José da Cruz Filho e Pedro Paulo MachadoMMAANNUUAAIISS TTÉÉCCNNIICCOOSS EE CCUURRSSOOSS:: Eric Cozza

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RRiioo ddee JJaanneeiirroo (21) 2247-0407/9656-8856 BBrraassíílliiaa (61) 3447-4400

RReepprreesseennttaanntteess ddee LLiivvrrooss ee AAssssiinnaattuurraass::

AAllaaggooaass (82) 3338-2290 AAmmaazzoonnaass (92) 3646-3113 BBaahhiiaa (71) 3341-2610 CCeeaarráá (85) 3478-1611

EEssppíírriittoo SSaannttoo (27) 3242-3531 MMaarraannhhããoo (98) 3088-0528

MMaattoo GGrroossssoo ddoo SSuull (67) 9951-5246 PPaarráá (91) 3246-5522 PPaarraaííbbaa (83) 3223-1105

PPeerrnnaammbbuuccoo (81) 3222-5757 PPiiaauuíí (86) 3223-5336

RRiioo ddee JJaanneeiirroo (21) 2265-7899 RRiioo GGrraannddee ddoo NNoorrttee (84) 3613-1222

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São José dos Campos (12) 3929-7739 Sorocaba (15) 9718-8337

ttéécchhnnee:: ISSN 0104-1053Assinatura anual R$ 276,00 (12 exemplares)Assinatura bienal R$ 552,00 (24 exemplares)

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva do autor e não expressam,necessariamente, as opiniões da revista.

VVeennddaass ddee aassssiinnaattuurraass,, mmaannuuaaiiss ttééccnniiccooss,, TTCCPPOO ee aatteennddiimmeennttoo aaoo aassssiinnaanntteeSegunda a sexta das 9h às 18h

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RReepprriinnttss eeddiittoorriiaaiiss

Para solicitar reimpressões de reportagens

ou artigos publicados:

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PINIrevistasRReeddaaççããoofone (11) 2173-2303fax (11) 2173-2327e-mail: ccoonnssttrruuccaaoo@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

PINImanuais técnicosfone (11) 2173-2328e-mail: mmaannuuaaiiss@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

PINIsistemasSSuuppoorrtteefone (11) 2173-2400e-mail: ssuuppoorrttee@@ppiinniiwweebb..ccoomm

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e-mail: eennggeennhhaarriiaa@@ppiinnii..ccoomm..bbrr PROIBIDA A REPRODUÇÃO E A TRANSCRIÇÃO PARCIAL OU TOTAL TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

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6 TÉCHNE 132 | MARÇO DE 2008

Fórum TéchneO site da revista Téchne tem um espaçodedicado ao debate técnico e qualificadodos principais temas da engenharia.Confira o tema em andamento.

Você concorda com o fim da normade Recebimento de Serviços?É uma rara referência nacional paraestabelecer condições particulares derecebimento provisório e definitivo deobras. Precisa ser atualizada, não podeser excluída. Jose Roberto Lopes [20/02/2008]

É necessária uma norma que estabeleçacondições de recebimento de obras,critérios de medição, normas deprocedimentos e outras mais, deacordo com nossa atualidade. Luiz Antônio Sampaio [20/02/2008]

Para que normas se não são seguidas?Para que leis? Tem obra para todo lado,mas 80% está, no mínimo, irregular.Cadê a fiscalização do Crea, dosSindicatos, da Prefeitura, do INSS, doMinistério do Trabalho e outros? Se nemos órgãos competentes colocam a coisaem ordem, muito menos colocará aABNT, que não tem poder para nada. Elaapenas edita normas, muitas com errosou desatualizadas, e que custam caro. Carlos Roberto Lanzetta Packer [21/02/2008]

Muitas vezes somos prejudicados poressa norma na hora de receber ou medira obra. É bom que seja mudada, sim. Alexandre André Lavado [25/02/2008]

É necessário mantermos esta norma, poissem ela desaparecerão os parâmetrospara recebimento de obras. Deveria serfeito um aprimoramento da norma, masnunca seu simples cancelamento.José Paulo Callado [27/02/2008]

Veja desenhos do projeto básico, informações sobre o desenvolvimento executivo,fotos e outros detalhes da ponte estaiada Octavio Frias de Oliveira. Única ponte nomundo com dois tabuleiros estaiados e curvos apoiados no mesmo mastro, essa obra-de-arte demandou soluções inéditas.

Ponte em debate

Conheça mais sobre a Plataforma deDesenvolvimento Integrado Sustentável doPortal Amazônico e o projeto emdesenvolvimento da Cordilheira Escalera,no Peru. A Plataforma nasceu como umprograma de responsabilidadesocioambiental e tem o apoio de mais dedez instituições públicas e privadas.

Plataforma sustentável

Confira no site da Téchne fotos extras das obras, plantas e informações que complementam conteúdospublicados nesta edição ou estão relacionados aos temas acompanhados mensalmente pela revista

www.revistatechne.com.br

Confira estudo comparativo entre aexecução de lajes com concretosconvencional e com auto-adensável. A pesquisa foi feita pela Engemix na obraPateo São Paulo, da construtora BKO.Uma apresentação de fotos tambémmostra, passo a passo, a execução doreforço estrutural no prédio do ExércitoBrasileiro, em Porto Alegre.

Concreto auto-adensável

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TÉCHNE 132 | MARÇO DE 20088

ÁREA CONSTRUÍDA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silvae o presidente francês Nicolas Sar-kozy lançaram em fevereiro a pedrafundamental para a construção deuma ponte sobre o rio Oiapoque, li-gando a margem sul, brasileira, àmargem norte, localizada na Guiana

Ponte entre Brasil e Guiana Francesapode sair em 2010

Francesa. Com 400 m de extensão, aconstrução custará aproximadamen-te R$ 36,8 milhões e tem previsão deinauguração para 2010. Segundo opresidente Lula, Nicolas Sarkozy afir-mou que deseja iniciar a construçãoda ponte ainda este ano. Uma comis-são intergovernamental se reuniráneste primeiro semestre para validar ostrabalhos técnicos e dar início aoprocesso de licitação internacional queselecionará a empresa responsável pelaobra. A intenção é que os gastos sejamdivididos igualmente entre os doispaíses. Além da execução da ponte, aproposta conjunta prevê a construçãoe melhoria das estradas que ligam ascapitais Macapá e Caiena. Atualmente,o transporte de pessoas e mercadoriasé feito por barcos ou por avião.

Foi publicada em janeiro a novaedição da norma NBR 14718 –Guarda-corpos para Edificação. Anorma especifica as condições míni-mas de resistência e segurança exi-gíveis para guarda-corpos de edifi-cações para uso privativo ou coleti-vo. O documento apresenta altera-ções significativas quanto às con-dições de projeto e desempenho emrelação à sua versão anterior, de

Norma de guarda-corpos é revisada2007. Entre as novidades, o novotexto aborda a altura mínima dosguarda-corpos nas situações em quehá muretas. Também foi reestrutu-rada a metodologia de ensaios paraavaliação do desempenho dos guar-da-corpos quanto aos esforços estáti-cos horizontal e vertical e a resistênciaa impactos. Houve modificações naforma de aplicação das cargas, no seuvalor e nas deformações admissíveis.

USP desenvolvereciclados de maior valor agregado

Pesquisadores da Escola Politécnicada Universidade de São Paulo (Poli-USP) conseguiram obter areia ebrita do entulho de construção civilpara a aplicação em concretoarmado. O produto, segundo ospesquisadores, possui qualidadessuperiores às do agregado recicladoe apresentará maior valorcomercial. Atualmente, as usinas dereciclagem de resíduos daconstrução limitam-se a britar todoo material do entulho (telhas,tijolos, concreto, madeira, plástico)e peneirá-lo conforme agranulometria desejada.O resultado é um produto de baixovalor, usado como base para apreparação de terrenos e empavimentação de ruas. Com atécnica desenvolvida nauniversidade, foi possível separar osagregados dos agentescontaminantes, como a pasta decimento aderida às rochas, porexemplo. Porosa, a misturaapresenta baixa resistência,inviabilizando a aplicação doagregado reciclado tradicional emconcreto estrutural. A próximaetapa dos estudos levantará oscustos do processo e o adaptarápara a implantação em escalacomercial. O projeto está sendorealizado conjuntamente porpesquisadores dos departamentosde Engenharia de Minas e Petróleoe de Engenharia Civil da Poli-USP,pelo Centro de Tecnologia Mineral epela Universidade Federal deAlagoas. A Finep (Financiadora deEstudos e Projetos) e o Cenpes(Centro de Pesquisas da Petrobrás)bancam a pesquisa.

Prevista para ocorrer em agosto, noTransamérica Expo, em São Paulo, a se-gunda edição do Concrete Show SouthAmérica deverá receber, de acordo comos organizadores,20% mais expositorese visitantes que no ano passado. Paraabrigar os mais de 200 estandes das em-

Concrete Show terá mais expositorespresas do segmento, o espaço ocupadopela feira aumentará para 17 mil m²,42% maior que a edição anterior.Os or-ganizadores acreditam que o númerode visitantes deva chegar a 12 mil, es-timulado pelo aquecimento do setor daconstrução brasileira.

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A Construtora Norberto Odebrechtestá construindo uma rodovia que liga-rá a cidade do Panamá, capital do paíssituada no litoral do Pacífico, a Cólon,no Mar do Caribe. A economia pana-menha passa por um momento degrande crescimento, motivado pelocomércio na zona livre de Colón e peloprojeto de ampliação do Canal doPanamá. A obra facilitará o transportede mercadorias entre as duas maiorescidades do país. A nova rodovia terá 56km de extensão – 42 km a serem cons-truídos e 14 km já existentes – e seráuma alternativa à Rodovia Transístmi-ca, de 80 km de extensão. Ambas têm

traçado paralelo ao Canal do Panamá.Aequipe de 1.800 pessoas atua em cincofrentes de trabalho e executará quatropistas com pavimento de concreto, se-paradas por um sistema de drenagemcentral, além de cinco pontes e 17 via-dutos. "Um dos nossos principais desa-fios é entregar essa obra no prazo, e nãotemos dúvida de que isso será consegui-do", afirma André Rabello, diretor daOdebrecht no Panamá. Segundo o con-trato, a rodovia deve ser concluída emabril de 2009. No Panamá, a Odebrechtainda participa das obras do projeto deirrigação Remigio Rojas e de um proje-to de reurbanização na Baía do Panamá.

Odebrecht constrói rodovia no Panamá

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Á R E A C O N S T R U Í D A

A Comunidade da Construção deCampinas desenvolveu uma ficha parafacilitar a especificação do concreto aser adquirido junto às concreteiras. Aferramenta, em uso há pouco mais deum ano, é preenchida em conjuntopelo calculista e pela construtora, queanotam informações básicas sobre oconcreto, como classe de agressividadeambiental, resistência à compressão,módulo de elasticidade, abatimento edimensão máxima dos agregados. Emposse desses dados, as fornecedoras de-finem as características do concretoque atenderá às condições exigidas."Com isso,as construtoras deixaram decomprar concreto apenas pela resistên-cia", explica Guilherme Capovilla Mar-chiori, engenheiro da regional SãoPaulo da ABCP (Associação Brasileirade Cimento Portland). Ele conta que a

Formulário facilita compra de concretode acordo com norma

RS organiza plano dequalificação detrabalhadores da Construção

Intermediada pelo Ministério doTrabalho e Emprego, foi realizada emfevereiro, em Porto Alegre, a primeiraaudiência pública regional paraelaboração do Planseq (Plano Setorialde Qualificação) da Construção Civil.Os encontros servirão para discutir elevantar a necessidade detrabalhadores qualificados no setor, afim de atender as obras do PAC (Planode Aceleração do Crescimento) daConstrução Civil. Estima-se que averba destinada às obras no Estadochegue a R$ 15 bilhões até 2010,gerando uma demanda por até 20 miltrabalhadores. A expectativa é formartrabalhadores de todo o País, dandoprioridade às pessoas atendidas peloprograma Bolsa-Família, queatualmente conta com cerca de 11milhões de famílias cadastradas.

ferramenta foi elaborada depois da re-visão da norma NBR 6118 – Projeto deEstruturas de Concreto, não acompan-hada por construtores e projetistas. " Aficha passou a funcionar, então, comouma espécie de "gabarito" da novanorma. As fichas passaram a ser dis-tribuídas pelas concreteiras. Segundodados de uma grande fornecedora naregião de Campinas, em 2007 cerca de60% das solicitações de orçamentoforam feitas por meio da ferramenta.

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ÍNDICESVergalhão puxa índice Apesar da alta, IPCE fecha fevereiro compercentual inferior à inflação

Oíndice global do IPCE (ÍndicePINI de Custos de Edificações)

encerrou o mês de fevereiro com alta0,27%, percentual inferior à inflaçãode 0,53% apresentada pelo IGP-M (Ín-dice Geral de Preços do Mercado) daFundação Getúlio Vargas.

A alta do IPCE foi impulsionadapelo aumento da matéria-prima dabarra de aço CA-50. Em fevereiro, ocusto do quilo do aço foi de R$ 3,11,reajuste de 3,5% em relação ao mêsanterior, quando o insumo custava R$3/kg e já registrava alta de 1,74%.

O aumento do cimento influenciapelo segundo mês consecutivo o preçodos blocos de concreto de vedação. Jáinsumos como fechadura completa etubos de ferro fundido apresentaramalta devido ao repasse de fornecedorese fabricantes.

O tubo soldável de cobre (classe E)apresentou queda de 0,15% devido aorepasse dos fabricantes.

Construir em São Paulo ficou emmédia 4,81% mais caro nos últimos 12meses. No entanto, o percentual é qua-se a metade do registrado pelo IGP-M,que acumulou alta de 8,67% sobre omesmo período.

SSuuppoorrttee TTééccnniiccoo:: para tirar dúvidas ou solicitar nossos Serviços de Engenharia ligue para (11) 2173-2373ou escreva para Editora PINI, rua Anhaia, 964, 01130-900, São Paulo (SP). Se preferir, envie e-mail:[email protected]. Assinantes poderão consultar indíces e outros serviços no portal www.piniweb.com

IPCEIPCEIPCE mão-de-obra

materiaisglobal

Índice PINI de Custos de Edificações (SP)Variação (%) em relação ao mesmo período do ano anterior

35

30

25

20

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10

5

0

566

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43

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3 3 4 4

1 1 2 2

6,12

5,94

5,74

5,824,493,07

Jan/07 Mar Mai Jul Set Nov Jan/08

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642

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Data-base: mar/86 dez/92 = 100Mês e Ano IPCE – São Paulo

gglloobbaall mmaatteerriiaaiiss mmããoo--ddee--oobbrraaFFeevv//0077 111100..771166,,1188 5533..552255,,4422 5577..119900,,7766mar 110.289,87 53.099,11 57.190,76abr 110.315,81 53.125,06 57.190,76mai 113.722,37 53.493,24 60.229,13jun 113.900,14 53.671,02 60.229,13jul 114.065,53 53.547,83 60.517,71ago 114.197,13 53.679,42 60.517,71set 114.636,80 54.119,10 60.517,71out 114.860,42 54.342,72 60.517,71nov 115.225,62 54.707,92 60.517,71dez 115.335,12 54.817,42 60.517,71jan 115.733,11 55.215,41 60.517,71FFeevv//0088 111166..004400,,0011 5555..552222,,3300 6600..551177,,7711Variações % referente ao último mêsmês 0,27 0,56 0,00acumulado no ano 0,61 1,29 0,00acumulado em 12 meses 4,81 3,73 5,82Metodologia: o Índice PINI de Custos de Edificações é composto a partir dasvariações dos preços de um lote básico de insumos. O índice é atualizado porpesquisa realizada em São Paulo. Período de coleta: a cada 30 dias com pesquisa na última semana do mês de referência.Fonte: PINI

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Envie sua pergunta para: [email protected] RESPONDE

Fachada cortina Há alguns anos fachadas cortinas inteirasameaçaram se soltar por ter sido usadosilicone sem capacidade de fixar o vidroà esquadria. Esse risco ainda existe?Devemos, além do silicone, fixar o vidromecanicamente?Antonio Sergio Guia

Rio de Janeiro

Nos descolamentos ocorridos existemindicações de que desenvolveram-sereações químicas inesperadas entre osilicone estrutural e a pintura eletrostá-tica dos perfis de alumínio, que teriamprovocado o enfraquecimento das liga-

Como manter e recuperar a superfície depeças aparentes de concreto? Bastaaplicar hidrofugante regularmente?Carlos Amadio

Belo Horizonte

No caso de intervenções realizadas compequena periodicidade,em torno de trêsanos, por exemplo, as operações de ma-nutenção consistem normalmente emlavagem por hidrojateamento (even-tualmente com detergente neutro adi-cionado à água), leve lixamento e reapli-cação do hidrofugante. Na oportunida-de de cada manutenção deve ser pesqui-sada a presença de falhas, tais como fis-suras, lascamentos, desagregações, eflo-rescências,manchas de ferrugem ou ou-tras manchas na superfície do concreto.Em caso positivo devem ser tomadas as

Concreto aparente providências cabíveis (pintura ou pro-teção anódica das armaduras,realcalini-zação do concreto, reparos com grautesou argamassas poliméricas etc.) Estan-do a superfície em bom estado, bastaum leve lixamento, "quebrando-se obrilho" do verniz ou do hidrofugante.Sea superfície do concreto estiver irregu-lar, com poros muito abertos e sinais deerosão superficial, pode-se regularizarcom aplicação de "estucamento" consti-tuído por areia bem fina, cimento eeventualmente resina impermeável.Nesse caso, devem ser pesquisadas vá-rias dosagens e marcas de cimento,a fimde se obter o melhor possível cor e textu-ra idênticas às originais.Ercio Thomaz

Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente

Construído)

ções e o conseqüente desprendimentode placas de vidro. Não se tem notíciada ocorrência desses descolamentosquando se tratava de alumínio anodi-zado convencional. Sendo assim, hánecessidade de se pesquisar previa-mente a compatibilidade entre o silico-ne e a tinta que será empregada na pin-tura dos perfis de alumínio,prática quejá tem sido adotada por empresas quecomercializam o silicone estrutural nomercado brasileiro.Ercio Thomaz

Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente

Construído)

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CARREIRA

Aopção por uma carreira ligada àconstrução civil foi natural para o

arquiteto Dácio Araújo Benedicto Otto-ni. Dentro de casa, influenciaram suadecisão os exemplos do pai, engenhei-ro civil construtor de ferrovias e dire-tor da Companhia Mogiana de Estra-das de Ferro, e do irmão mais velho,David Ottoni, que havia se formadoarquiteto pela Escola Politécnica em1950. O então adolescente, além de seinteressar por História Geral, aindagostava de desenhar. Coincidência ounão, ambientes construídos e jardinseram temas recorrentes em sua produ-ção nos exercícios realizados em salade aula durante o colégio. Um profes-sor, ao notar o interesse de Ottoni, in-centivou-o a cursar arquitetura.

Ele aceitou a sugestão e ingressou nocurso da Universidade de São Paulo em1955.Freqüentava as aulas na Faculdadede Arquitetura e Urbanismo da rua Ma-ranhão, na região central de São Paulo.Durante o curso, participava de gruposde estudos sobre obras produzidas porarquitetos notórios, como Frank LloydWright. Em 1959, após o falecimento deWright, organizou com o grupo umagrande exposição sobre as obras do ar-quiteto, apoiada e financiada pelo con-sulado norte-americano de São Paulo.

Para Dácio Ottoni, "a arquitetura ea cidade são um espelho fiel da socie-dade que as produziu". E o arquiteto,ainda cursando a faculdade, identifica-ra o fenômeno pelo qual a sociedadebrasileira passava à época da constru-ção de Brasília: "Um processo planeja-

Dácio OttoniHá três décadas arquiteto já aplicava conceitos de sustentabilidadeem seus projetos

PERFIL

Nome: Dácio Araújo Benedicto OttoniIdade: 72 anosGraduação: arquitetura pela FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo) em 1960Especializações: em Arte eArquitetura pelo Museu de ArteContemporânea, em 1963; emArquitetura e Urbanismo pela USP,entre 1964 e 1965, pela Universidadede Florença, na Itália, em 1967, e peloInstituto de Arquitetos do Brasil, em1969; doutorado em Arquitetura eUrbanismo pela USP, em 1973, eespecialização em Desenho deArquitetura e Urbanismo pelaFundação para a Pesquisa Ambiental daUSP, em 1985Instituições nas quais trabalhou:Horizonte Arquitetos, Ottoni ArquitetosAssociados, FAU-USP e IAB-SP

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do de industrialização e desenvolvi-mento que vinha tomando formadesde a década de 1930, com o fim daRepública do Café-com-Leite".

Entusiasmado, o então estudantepegou um avião e foi visitar as obras deconstrução da futura capital brasileira.Em Brasília, circulou pelo enorme can-teiro, com caminhões e terra por todosos lados, mas deparou-se também coma ainda precária infra-estrutura de re-cepção aos visitantes da cidade. Depoisda procura frustrada por algum aloja-mento, voltou ao aeroporto para agen-dar seu vôo de volta no mesmo dia. Aoexplicar sua situação à balconista,foi in-terrompido por um homem que lhe in-dicou um hotel onde poderia ser aco-lhido e o convenceu a esticar a estadia."Um estudante de arquitetura não podedeixar de conhecer melhor o que estáocorrendo aqui", disse-lhe. O homemera Osvaldo Maia Penido, chefe do Ga-binete Civil e um dos principais plane-jadores do governo Juscelino Kubits-chek.Meses depois,Ottoni voltaria à ci-dade com Rui Ohtake e Helvio Guatelli,que oferecera o transporte,um jipe em-prestado de seu irmão,no qual viajaramde Belo Horizonte a Brasília para acom-panhar a inauguração da nova capital.

Depois de se formar, montou comos colegas de faculdade Artur Fajardo,Eduardo de Almeida, Henrique Pait eLudovico Martino o escritório Hori-zonte Arquitetos, no qual trabalhouem projetos de arquitetura e artes grá-ficas.Em 1967 o grupo passou a desen-volver trabalhos com o arquiteto Sér-

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Obras marcantes das quaisparticipou: Instituto deGeociências da Unicamp e seuMuseu de História Natural, em 2000;edifício Birman 10, em 1989; Edifício Nova São Paulo, em 1984;centrais telefônicas da Telesp na década de 1980

Obras mais significativas daarquitetura brasileira: edifício doMinistério da Educação e da Saúde,edifício Copan, prédio da Faculdadede Arquitetura e Urbanismo daUniversidade de São Paulo

Realização profissional: tertrabalhado, durante toda a vidaprofissional, um tema muito discutidoatualmente: a sustentabilidade

Mestres: João Batista VilanovaArtigas, por conversas que mantinhaconosco, que complementavam oque aprendíamos nas salas de aula,Eduardo Kneese de Melo, RobertoCerqueira César, Carlos AlbertoCerqueira Lemos e Flávio Mota, entre outros

Por que escolheu ser arquiteto:por causa de meu pai, engenheirocivil, e de meu irmão, arquiteto, pormeu apreço por História Geral,

Dez questões para Dácio Ottoniinclusive da arquitetura, e pelo prazerque tinha desenhando à mão livre

Perspectivas para seu campo deatuação: o arquiteto precisará fazer,cada vez mais, os ambientes internos eexternos conversarem e conviveremde forma integrada

Um conselho ao jovemprofissional: estar sempre atento àrealidade que o circunda, ao contextosocial, político e econômico, e exercersua arquitetura fundamentado no seuposicionamento perante essa realidade

Principal avanço tecnológicorecente: as estruturas metálicas emespecial e em suas interligações comas estruturas em concreto armado,que possibilitam a criação de ricosespaços internos e externos integrados

Indicação de livro: "A História daArquitetura Moderna" e "A Arquiteturano Novo Milênio" de LeonardoBenévolo, "Registro de Uma Vivência",de Lucio Costa e "Dispersão Urbana",coordenado por Nestor Guolart Reis,Nuno Portas e Marta Tanaka

Um mal da Construção: ainda nãodar adequada ênfase à questão dasustentabilidade

ambientes internos e externos, como apreocupação com ventilação natural econforto térmico no interior da cons-trução. "É gratificante saber que 30anos atrás já nos preocupávamos como que hoje se denomina sustentabili-dade dos edifícios", afirma. Dentresuas principais obras, o arquiteto des-taca os edifícios centrais da Telespconstruídos na década de 1980, emque criou várias praças públicas epôde aplicar a idéia de continuidadeentre o público e o privado. Merecemmenção, também, os edifícios NovaSão Paulo e Birman 10. "Nesses últi-mos, as fachadas foram projetadaspara funcionar como um bloqueiocontra a incidência direta de raios so-lares sem prejudicar a visão do exte-rior", explica. "Isso gerou uma granderedução da quantidade de ar condi-cionado utilizado nos prédios."

Dácio Ottoni também é professorna faculdade em que se formou.Aposentou-se há três anos das aulas nagraduação, mas continua atuando napós-graduação. Começou a dar aulasem 1962, dois anos após formar-se. Naépoca, já participava de um grupo deformação de futuros professores daFAU-USP, mas foi surpreendido ao serconvocado para substituir um profes-sor de História da Arquitetura. Suaformação foi complementada por su-cessivos cursos no Brasil e no exterior,como a especialização em Arquiteturae Urbanismo na Universidade de Flo-rença, na Itália, cursada com bolsa deestudos concedida pelo governo italia-no, e pelo doutorado obtido na FAUem 1973. Em 1992 e 1993 Ottoni foi aPortugal como professor convidadoda Faculdade de Arquitetura da Uni-versidade do Porto para situar o desen-volvimento da arquitetura e da evolu-ção urbana no Brasil.

Renato Faria

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gio Bernardes. Tempos depois, passoua cuidar de negócios da família, emMinas Gerais, que exigiam constantesviagens. Antes que suas ausências cau-sassem problemas ao grupo, preferiucomunicar sua saída.

Aproveitando a maior proximida-de com seu irmão, montou com ele o

escritório Ottoni Arquitetos Associa-dos em 1973. Juntos projetaram esco-las, residências, edifícios comerciais eresidenciais, agências bancárias, cen-trais telefônicas e projetos de interio-res e paisagismo. O arquiteto frisa queem seus projetos sempre esteve pre-sente o conceito de continuidade entre

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MELHORES PRÁTICAS

Fechamento de valas em pavimento asfálticoRecomposição deve seguir procedimentos específicos parapreservar as características do pavimento

Em caso de vazamento nos dutos,todo o material avariado tem de serretirado do interior da vala. A abertura deve ficar expostadurante algum tempo para a

Preenchimento da aberturaO material de preenchimento deve ter granulometria compatível com a baseoriginal para assegurar maior nível de compactação. Material mal graduadogera instabilidade na camada de base e avarias na capa asfáltica, comoafundamento e fissuras.

Corte das bordassecagem natural da água. Após alimpeza do local, as bordas da valasão cortadas e alinhadas para evitarfissuras na capa asfáltica existente efacilitar a compactação.

Camada de baseObserve que todos os espaços devem serpreenchidos para que não hajaafundamento e posteriores fissuras. A camada de base deve ter espessurasuficiente para impedir danos aos dutosdurante a compactação. Por isso, verifiqueantes a potência do compactador. A compactação com placa vibratória éindicada para solos granulares em áreaspequenas ou medianas. Já o compactadorde percussão pode ser utilizado em áreaspequenas e solos coesivos, como a argila.

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Colaboraram Marcia Aps e Patricia Barboza da Silva, engenheiras do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo)

Deve ser executado gradualmente, emcamadas de massa asfáltica, de acordocom o projeto do pavimento e o tipode equipamento. Falhas nacompactação ou no material utilizado

Limpeza e pinturaimpermeabilizanteA pintura impermeabilizantecom emulsão asfáltica deve serexecutada quando a superfícieda camada de base estiver livrede umidade e de partículassoltas. Esse procedimentoevitará falta de aderência com acapa asfáltica.

no revestimento asfáltico facilitam a infiltração de água no subsolo,causando danos à base e o posteriorrompimento do revestimento.

Espalhamento do revestimento

CompactaçãoNo caso de compactação com placasvibratórias, a execução começa pelasbordas, nas junções entrerevestimento novo e antigo. O número de passadas varia deacordo com a placa utilizada, adensidade e a temperatura da massaasfáltica. O rolo compactadorvibratório deve ser utilizado em áreasmaiores e apresenta mais rendimentose o sistema vibratório estiverdesligado na primeira passada.

Devido ao tempo demandado entre as etapas, as fotos foram realizadas em locais diferentes.

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ENTREVISTA

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ANA CRISTINA CHALITA

Engenheira civil formada pela USP(Universidade de São Paulo) em1989 e com pós-graduação emadministração de empresas na Faap(Fundação Armando ÁlvaresPenteado). Hoje faz mestrado naUSP na área de tecnologia emengenharia civil. Fez estágio naCompanhia do Metropolitano e foiengenheira da Racional Engenhariapor cinco anos. Em 1995 foi para aCyrela. Começou trabalhando comoengenheira residente, cargoexercido por cerca de nove anos.Participou da montagem dodepartamento de qualidade edesenvolvimento tecnológico daCyrela. Após trabalhar para aempresa obter a primeiracertificação ISO 9001, foi para aárea de projetos. O objetivo de suaida para o departamento de projetos foi trazer o conhecimentotécnico e do processo construtivopara o momento de projetar.

Uma das principais diferenças,apon-tadas à exaustão, da construção

civil para a indústria convencional,principalmente a automobilística, dizrespeito à impossibilidade de fazer pro-tótipos, ensaios e testes nos produtos. Opróprio caminho trilhado durantemuito tempo pelo setor foi ilustradopor problemas com projetos, improvi-sos durante a execução e ausência demétodos, principalmente de sistemas.Já há algum tempo há esforços e inicia-tivas que refletem a organização setoriale que buscam mudar essa imagem, tor-nando as construtoras mais produtivase competitivas.À imagem e semelhançada indústria em série, os projetos ga-nham cada vez mais importância e tor-nam-se imprescindíveis para o planeja-mento e a definição de processos.Surge,

então,a necessidade de sofisticar a coor-denação e a compatibilização de proje-tos de diferentes especialidades,além dese tornar essencial garantir que o que foiplanejado aconteça de fato. O profissio-nal coordenador de projetos passa,então, a participar do processo desde omomento da incorporação, para auxi-liar na definição técnica do produto. Ossistemas de desenvolvimento de proje-tos,como o BIM (Building InformationModeling), vêm para aumentar a agili-dade na percepção de interferênciasdurante a fase de concepção. Gerentede projetos de uma das maiores cons-trutoras do País, Ana Cristina Chalitaexplica porque é estratégico cuidar dacoordenação e inserir o ponto de vistatécnico já na incorporação e no lança-mento do empreendimento.

Obras coordenadas

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Para ganhar agilidade e melhorar atendimento aos clientes, construtoras põemcoordenadores de projetos para trabalhar desde a concepção do produto até afinalização do empreendimento

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Qual a função de um coordenadorde projetos?É um profissional que definedesde diretrizes técnicas do em-preendimento até o planejamentodo desenvolvimento do projeto.Gerencia as equipes e coordena ostrabalhos porque é importanteque todos trabalhem ao mesmotempo e no prazo adequado. Tam-bém faz a compatibilização dosprojetos, analisando interferên-cias entre as diversas especialida-des. Na Cyrela focamos tambémos projetos para a produção, o"como" fazer os serviços.

Esse trabalho começa antes mesmoda obra?Depois da compra do terreno a áreade coordenação de projetos atua emconjunto com a incorporação nafase de desenvolvimento do produto.Fazemos toda a análise e desenvolvi-mento técnico dos projetos ainda emfase de licenciamento junto à prefei-tura, antes do lançamento.

Qual a diferença para o queacontecia no passado?Nem todas as empresas são incorpora-doras e construtoras, como ocorre naCyrela. Então era costume a incorpo-radora viabilizar o negócio e depois irao mercado buscar uma construtora.Ou seja, a equipe de engenharia, que iaconstruir depois, não participava dadefinição do produto. Hoje, com basena definição do padrão e do valor decomercialização, a coordenação deprojetos sabe o que o empreendimen-to pode ter tecnicamente e contribuipara que seja construído dentro docusto que viabilizou o negócio.

É uma atuação mais voltada aoproduto, então?Desenvolvemos estudos preliminaresde todas as especialidades antes do lan-çamento. Antes recebíamos uma plan-ta aprovada da prefeitura e chamáva-mos os projetistas para trabalhar. Noentanto, o cliente não era tão exigente enão se importava se, na entrega, tivesseum detalhe que não aparecia em plan-

ta. Hoje é um problema se qualquermaterial de divulgação tiver informa-ções diferentes do que for entregue.Por isso as construtoras e incorpora-doras têm uma preocupação maior deentregar um produto que seja fiel aoque foi apresentado ao cliente.

Que cuidados são tomados com omaterial de divulgação?Verificamos a viabilidade da planta edo projeto do apartamento decorado eolhamos a maquete junto com a áreade incorporação,avaliando as questõestécnicas. Nosso foco é a garantia docusto e da fidelidade das informações.

Quanto tempo há para fazer tudo isso?Normalmente há pouco tempo.O idealseria ter seis meses, mas esse trabalho,que garante o custo e a técnica, tem queser feito em três porque não pode atra-palhar a velocidade de lançamento. Éuma arte contar com a participação dosprojetistas nessa etapa,ainda mais nummercado aquecido como está. Embora

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o escopo seja o mesmo, é como seadiantássemos um trabalho que só fa-zíamos depois do lançamento.

Os trabalhos de engenharia deprodução começam depois?Não totalmente. Para a concepção doprojeto de vedações eu chamo tam-bém o projetista de fôrmas, por exem-plo. Se ele conseguir visualizar algumamudança que aumente a produtivida-de na execução da estrutura, é nessahora que temos que mudar. Nessa faseos profissionais atuam como consul-tores, analisando e emitindo relatóriossobre o que pode ser mudado para au-mentar a produtividade.

É necessário fidelizar projetistas?Nós fidelizamos porque uma caracte-rística da Cyrela é não fazer concor-rência de projeto. Há um patamar devalor que pagamos e para cada em-preendimento chamo o parceiro queacredito ter o perfil mais adequado.São pessoas em quem confiamos eque já conhecem nossos processos.

É inviável abrir concorrência?Não,pois com o aquecimento do mer-cado temos que desenvolver novosfornecedores, ter outras opções. Masnão fazemos concorrência e fechamospelo menor preço porque projeto é in-vestimento e está comprovado queações tomadas na fase de projeto inter-ferem em até 80% no custo da obra.Os esforços de viabilidade,economia eprodutividade em obra dependem dafase de projeto. É por isso que temosum departamento de coordenação in-terno na construtora.

O profissional de coordenação temque estar consciente disso tudo. Quetipo de conhecimento ele tem queter? Tem que ser um arquiteto?Arquiteto ou engenheiro, o mais im-portante, além do conhecimento téc-nico, é ter uma formação de gerencia-mento. Não necessariamente umapós-graduação em administração,mas habilidade com pessoas, para ne-gociar prazos e fazer uma equipeandar. Também tem que saber comoa construtora constrói, dominar oprocesso construtivo. O diferencialvem exatamente por meio do domí-nio do processo construtivo, daí op-tamos por predominância de coorde-nação interna.

Além desse profissional já serexperiente, também tem que estarhá algum tempo na empresa?Antes do boom, a maioria dos nossoscoordenadores tinha mais de seis anosde empresa. Há cerca de dois anos es-tamos num processo de formação denovos profissionais, com contratação

“Arquiteto ouengenheiro, o maisimportante, além doconhecimentotécnico, é ter umaformação degerenciamento”

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de arquitetos recém-formados. Entãotemos coordenadores sênior, pleno ejúnior. Como não tem gente disponí-vel no mercado e o processo de acul-turação é difícil, temos que ser o ce-leiro dos novos integrantes, inclusiveos mais experientes, pois há um tem-po de maturação até dominar todo oprocesso da empresa.

Sob esse aspecto parece difícilcontar com coordenação externa.Em função de picos no volume e daurgência, há empreendimentos paraos quais contratamos porque nãopodemos aumentar o departamentosempre. Nesses casos há uma docu-mentação com todas as diretrizes daempresa. Lógico que dá para fazer esai um produto bom, mas não é amesma coisa e alguém tem que acom-panhar a obra.

Quais as peculiaridades de cada tipode coordenação?A grande diferença é o domínio doprocesso. O externo presta serviço

para várias construtoras e, emboraconheça um pouco de cada uma, nãochega ao nível de detalhe, de conheci-mento que o coordenador internotem. Daí surgem dúvidas na hora deexecutar, aparecem soluções que nãoforam bem pensadas ou interferên-cias não percebidas e é preciso fazeradequações. Tem que haver umprofissional para acompanhar e dar ofeedback para não acontecer de novo.É por isso que acreditamos na coorde-nação interna.

Um coordenador externo nuncaacompanha a obra?Não é praxe, a maioria desses con-tratos termina na entrega do projeto,mas temos um empreendimento comcoordenação e acompanhamento ex-ternos. Normalmente há um gapgrande porque quando vai executarhá dúvidas.

Pensando em racionalização eredução de custos, já observou se hágrandes mudanças?

Temos departamento com 16 pessoas.Manter esse pessoal todo registrado ecom software atualizado não é tão ba-rato. Ainda assim, o resultado para oempreendimento, a relação entrecusto e benefício é melhor com acoordenação interna.

E quanto aos custos de construção?A idéia é fazer o projeto com nossacara, buscando racionalização. Ao de-senvolver o projeto executivo temoscontato com quem constrói, com oengenheiro da obra e com a assistên-cia técnica, todos dando retorno sobreo que foi bom ou ruim. Se adotamosuma solução que foi trabalhosa, bus-camos algo mais racional, prático eindustrializado, principalmente pormeio de projetos para produção.

O que são os projetos paraprodução?Estamos resgatando os conceitos deplanejamento do processo construti-vo. Esses projetos são desenvolvidosem conjunto com os projetistas, a

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equipe de obra e com quem vai execu-tar, e têm informações de planeja-mento, execução e as ferramentas decontrole e apuração da produtivida-de. Contemplam desde como vai ser ocanteiro, o transporte de materiais, aseqüência executiva. Racionaliza umasérie de etapas, elimina transportesdesnecessários. Garante que, do jeitoque é construída a parede, além denão dar patologias, é a forma mais efi-caz de construir.

As equipes têm que estar emcontato todo o tempo?Têm que conversar com a incorpora-ção, com a obra, fazer visitas men-sais. Há protótipos para todos os ser-viços que fazemos. Ao fazer a estru-tura do primeiro pavimento, vão àobra o projetista e os coordenadorespara analisar se demanda ajustes e re-troalimentar o projeto. Além disso, apessoa vai todo mês à obra e rodacom o engenheiro para ver se algonão está a contento ou se tem poten-cial de melhoria.

Ao terceirizar a coordenação e oacompanhamento o papel daconstrutora muda? Ela passa a seruma desenvolvedora de processos?Como acreditamos que o ganho estáno domínio do processo construtivo,não é o objetivo terceirizar tudo por-que se perde qualidade. Temos umasinergia grande com a área de desen-volvimento tecnológico da empresa,testando novas soluções. Esse conhe-cimento tecnológico reflete na áreade projetos.

A construção está voltando a seaquecer agora. Durante esse tempode crise houve menos investimentoem coordenação e gestão?Apenas algumas empresas têm depar-tamentos de projetos e coordenação.Eu trabalhava em outras áreas, mas aCyrela já tem esse departamento há dezanos. Quando a área foi montada haviatrês pessoas no departamento. Hojesomos em 16 porque, diferente de em-presas que contratavam coordenaçãoexterna, mantivemos o investimento.Acarência de profissionais provocada

pelo boom não nos afetou porque for-mamos uma equipe interna.

Com obras sendo cada vez mais umaunião de sistemas torna-seestratégico investir nisso?Quanto mais complexo o empreendi-mento, mais é preciso investir emcoordenação e compatibilização, naintegração de especialidades. Daí vemo BIM (Building Information Mode-ling), o projeto simultâneo. Tentamosnos espelhar na indústria automobi-lística, mas ainda há o gap cultural.

Há resistência para amodernização?Estamos trabalhando há mais de doisanos para tentar fazer a aplicação doBIM, mas é uma questão de matura-ção nossa e dos projetistas porquemuda a forma de tratar o assunto.Hoje coordenamos usando técnicas econceitos de projeto integrado e de en-genharia simultânea, e temos conse-guido uma qualidade de projeto supe-rior ao que se fazia. Não temos, ainda,o trabalho em tempo real, com todosacessando a informação ao mesmotempo, mas o desenvolvimento deprojetos não é mais seqüencial, onde oarquiteto precisa terminar para o cal-culista começar.

Os projetistas sabem trabalhar dessamaneira?Sabem, mas para tudo há um tempode adaptação. Desenvolvemos algunsprojetos assim no último ano e conse-guimos um ganho de qualidademuito grande, mas ainda não conse-guimos o ganho de prazo. A expecta-tiva é mudar a técnica ganhando qua-

lidade e prazo. Acredito que não con-seguimos reduzir o prazo porque,além de haver uma fase de adaptação,houve o aquecimento. Não ganhamosem prazo, mas em qualidade avança-mos surpreendentemente.

As ferramentas, como o BIM, estãodisponíveis e são adequadas àrealidade construtiva brasileira?Ainda há problemas, como com bi-bliotecas totalmente diferentes, quetêm que ser criadas para o novo siste-ma. Antes trabalhávamos com linhas etraços, agora temos um objeto e preci-samos simular uma construção nocomputador. Isso está mais avançadopara a construção mais pesada, commuita interferência, como a Petrobrás.Ainda temos de fazer esse trabalho dedesenvolvimento de biblioteca, de trei-namento de profissionais. Minha idéiaera trabalhar isso no ano passado, já nafase de prefeitura, mas não deu tempo.

O problema foi de familiaridade como sistema?Alguns profissionais que nos prestamserviço têm o software e já fizeramtreinamento, mas não têm condiçõesde fazer um protótipo no prazo neces-sário ao lançamento. Não tenho dúvi-das de que o caminho é esse, princi-palmente em empreendimentos com-plexos. Precisamos investir nisso e osetor tem que se organizar para pro-mover mudanças. O projeto integra-do é muito importante e não adianta,como acontece, o arquiteto utilizaruma plataforma e os outros continua-rem nos programas de antes. É funda-mental todos utilizarem.

Há iniciativas setoriais?O grupo de projetos do SindusCon-SP(Sindicato da Indústria da ConstruçãoCivil do Estado de São Paulo), do qualparticipo, conversou com as empresasfornecedoras dos sistemas para buscarsoluções de implantação. Dissemosque, para viabilizar isso, precisaríamosde um incentivo deles para vender osprodutos num valor mais acessível.

E quanto à utilização emempreendimentos que não são

“Como acreditamosque o ganho está nodomínio do processoconstrutivo, não é oobjetivo terceirizartudo porque seperde qualidade”

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complexos, como os voltados para abaixa renda?O segredo é o domínio do processo.Se uma construtora tem um processoconstrutivo redondinho, modela umavez e repete para a baixa renda, quenormalmente são repetições de doisou três tipos de produtos. Embora asinstalações sejam simples, com me-nos interferências, o ganho vem aousar o BIM na concepção. Ao desen-volver uma casa de 60 m2, tenho oprocesso todo modulado e posso si-mular o empreendimento de 1.200casas. É o orçamento vivo para viabi-lizar o empreendimento, definir cro-nogramas e fases e fazer o acompa-nhamento da obra.

Os benefícios estão mais noacompanhamento do que nodesenvolvimento do projeto?Quando o BIM estiver implantado oideal será explorar a potencialidade,otimizando o projeto, simulando aconstrução no papel e usando comoferramenta de planejamento de obra e

de controle. No exterior, em vez de teralguém medindo, a obra é escaneadapara obter a posição física.

Isso está próximo de chegar aoBrasil?Claro que estamos falando de univer-sidades americanas que têm verbapara investir nisso e onde a indústriausa sistematicamente a universidadepara desenvolver tecnologia. No Bra-sil faltam parcerias entre empresas euniversidades, como aconteceu nopassado, com o convênio Poli-Encol,por exemplo. Esse investimento dei-xou de existir durante um tempo nomercado como um todo e agora hádemanda por tecnologia e inovaçãopara as empresas se destacarem.

Não apenas o BIM, mas umacoordenação mais estruturada épara empresas de grande porte?Não necessariamente. O mercadosabe da importância da coordenação.Para aumentar o departamento, en-trevistei pessoas do mercado, que vie-

ram de empresas menores. Nessasconstrutoras quem normalmente faz acoordenação e dá as diretrizes técnicasé o dono. Ou tem alguém treinado oucontratado para orientar os coordena-dores externos. Outro aspecto a serconsiderado refere-se ao papel do ar-quiteto. Na origem da função o arqui-teto tinha que dominar inclusive oprocesso construtivo. Agora, perce-bendo essa carência, estão oferecendoesses serviços.

Você concorda que o aquecimento faz com que algumas empresas tratem aconstrução como commodity?Pode acontecer de algumas construto-ras agirem assim, mas os empreendi-mentos têm que ser entregues. Umacoisa é lançar e vender, outra é entregar.Quando começar a entregar e ver o queestá dando de problema,logo cai a ficha.

Quais os riscos dessa má prática para as edificações e para o mercado?

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E N T R E V I S T A

Sempre que há booms as empresasque deram passos errados não sobre-vivem. Há risco de a edificação terbaixa habitabilidade, envelhecimentoprecoce das construções e aumentodo prêmio patológico. E depois se vaientregar o que foi vendido.

Você diria que a prioridade atual éinvestir em processos de gestão ecoordenação, deixando de lado novastecnologias e sistemas construtivos?Tudo anda junto, não dá para ser umacoisa em detrimento de outra. Nemsempre inovação tecnológica é fazerpré-moldado. Pode ser inovadormudar a forma de fazer alguma coisapara torná-la mais eficiente. É a ino-vação tecnológica incremental, emprocessos, que tem que estar juntocom o projeto. Temos que buscar otodo, olhando as interferências.

Os projetistas têm visão global daobra?Uma questão cultural muito im-portante que estamos conseguindo

mudar, embora seja difícil, é aforma de conceber o projeto, paraque seja desenvolvido o melhorpara o empreendimento e não paraa especialidade. Os projetistas ti-nham uma visão fechada e pensa-vam no que é melhor para o seuprojeto, não para o empreendi-mento. Hoje a arquitetura, porexemplo, está focada no uso, nodesempenho. Não adianta inven-tar nada mirabolante, caro de exe-cutar ou sujeito a patologia. Nãodá para fazer uma coisa em detri-mento da outra, é tudo junto.

A execução ainda é um gargalo?Com o mercado aquecido há umadisponibilidade menor de mão-de-obra. É nessa hora que é necessárioter processos que otimizem a utili-zação de mão-de-obra. Então ébem-vindo tudo o que possa sertransformado, seguindo o exemploda indústria automobilística, emsistemas de montagem. E tem queser processos à prova de erro, por-

que mão-de-obra qualificada não seforma do dia para a noite.

A função do engenheiro de obrasmuda? Quais as novas habilidadesque precisa ter?Deve ser capaz de gerenciar equipes,buscar prazos e produtividade,além deidentificar gargalos no que foi pensa-do.O fundamental,no entanto,é o do-mínio do processo construtivo pelaengenharia.Ou seja,não é o empreitei-ro que diz como vai executar, é o enge-nheiro que apresenta o planejamentojunto com os projetos. Tivemos umareunião sobre um projeto de fachadaem que estavam presentes o coordena-dor e o engenheiro da obra para validaro que já havia sido programado com oexecutor da fachada. Quando começaro serviço não será o empreiteiro quedefinirá quantas pessoas vai colocar oupor onde recebe a massa. É um proces-so industrial que não admite decisõesem obra para não se correr o risco deaumentar prazos e custos.

Bruno Loturco

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TÉCNICA E AMBIENTE

Em acordo firmado no ano 2000,os 12 países da América do Sul

se comprometeram a estimular aaproximação continental por meiode um projeto denominado IIRSA(Iniciativa para a Integração daInfra-estrutura Regional Sul-Ameri-cana). Quatro dos nove eixos de in-tegração previstos cruzam o territó-rio peruano, sendo que o denomi-nado Interoceânico é composto pordois ramais. Um deles vem a ser oEixo Multimodal Amazonas Norte,também conhecido como IIRSANorte, composto por uma rodoviaque liga o Porto de Paita, na costaperuana, ao porto fluvial de Yuri-maguas. Dali, por meio de hidro-vias, alcança a cidade de Manaus.

Os 955 km de estradas da IIRSANorte estão sob a concessão, por 25anos, do consórcio Concin, formadopelas construtoras Norberto Ode-brecht, detentora da maior participa-ção, Andrade Gutierrez e a peruanaGraña & Montero, sendo a primeiraparceria público-privada em rodoviasperuanas.Apenas 114 km do corredor,entre Tarapoto e Turimaguas, serãoconstruídos. Outros cinco trechos darodovia devem ser recuperados.

A IIRSA Norte atravessa osAndes e seis regiões do Peru, comtoda sua variedade ecológica, social,econômica e cultural. Tamanha di-versidade demandou algumas açõesdo consórcio para minimizar os im-pactos ao ambiente e obter o apoioda sociedade.

Uma das iniciativas foi realizadana região da Cordilheira Escalera,

Integração sustentávelProjetos de desenvolvimento socioeconômico melhoraram as relações entre aconcessionária da rodovia IIRSA Norte com a comunidade e governo peruanos

cortada por 36 km de rodovia do tre-cho total a ser construído. Emboracurto, o trecho tem geomorfologiabastante acidentada e, por isso, altavariabilidade ecológica. A flora, porexemplo, é composta de 95 espéciescom propriedades diversas. A zonaainda é prioritária para a conserva-ção de mamíferos, além de abrigarnove espécies de anfíbios conhecidas.Cerca de 250 famílias vivem no locale são, em geral, migrantes de outrasregiões do Peru, praticam agriculturade subsistência e produzem café paracomercialização local. Indiretamen-te, 180 mil habitantes de municípios

vizinhos são beneficiados pela região,que tem 150 mil ha e recentementefoi reconhecida como ACR (Área deConservação Regional).

Ações tangíveisO consórcio construtor sofreu

forte pressão da sociedade e do setorambientalista. A ausência de infor-mações oficiais, a inexistência de umcentro de custódia para animais, odesmatamento e algumas atividadesagressivas, como a extração de lenha,por exemplo, só agravaram a imagemnegativa do Concin na região. Poroutro lado, a construção de grandes

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Além dos impactos ambientais, a travessia dos 36 km da Cordilheira Escaleraafetaria o desenvolvimento econômico e social da região. Ações de incentivoà produção sustentável melhoraram a imagem do consórcio na região

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T É C N I C A E A M B I E N T E

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obras de infra-estrutura poderia serencarada pela comunidade e governocomo uma maneira de fomentar odesenvolvimento socioeconômico eambiental. Partindo dessa premissa,o consórcio desenvolveu um projetoque repercutisse positivamente naimagem das empresas executoras,conforme exposto no evento Cons-trutech, realizado em 2007 pela Edi-tora PINI.

Para tanto, o Concin adotou umametodologia baseada em quatro eta-pas: envolvimento e compromissopela conservação e promoção do de-senvolvimento sustentável; conheci-mento das características e proble-mas; planejamento das iniciativas eexecução e difusão de ações. Dentreas preocupações, estava a promoçãodo desenvolvimento com proteçãoaos recursos naturais e a eliminaçãoda presença do concessionário para acontinuidade dos trabalhos.

Por meio de uma investigação de-nominada Diagnóstico Rural Rápi-do, foi possível promover o conheci-mento das comunidades e de seusanseios. Os dados deram origem aodocumento intitulado Pisa (PlanoIntegrado de Ação Sócio-ambiental),que possibilitou a implantação de

três projetos auto-sustentáveis: Café– Fundo de reflorestamento; Biodiver-sidade; Chocolate – Fundo de cons-ciência ecológica.

Atualmente, esses projetos estãoinseridos na PDISPA (Plataforma deDesenvolvimento Integrado Susten-tável do Portal Amazônico). A plata-forma abarca uma região de 614 milha e uma população de mais de 75 milpessoas, que inclui a ACR CordilheiraEscalera. Com foco no desenvolvi-mento sustentável por meio de ca-deias produtivas e de promoção deações sinérgicas entre os capitais am-bientais, humanos, sociais e produti-vos, a plataforma nasceu como umprograma de responsabilidade so-cioambiental. Mais de dez institui-ções públicas e privadas fazem partee apóiam a PDISPA.

Resultados palpáveisO projeto Café Cordilheira Esca-

lera promoveu a aproximação dosprodutores ao sistema cooperativista,permitindo acesso ao crédito e a ser-viços de assistência técnica, entre ou-tros. Houve melhorias na via de aces-so, reduzindo o tempo de transporte.Nos dois primeiros anos do projeto, ovalor da saca de café aumentou em

35% e 32%, respectivamente. Foramcriadas marcas de café e chocolateque revertem parte das vendas parafundos ambientais, com foco em re-florestamento e educação ambiental.

O projeto Biodiversidade, que jáexistia na região, foi remodelado eadequado às especificações dos ór-gãos ambientais vigentes para trans-formar-se em um Centro de Custó-dia Temporal de Animais Silvestres.

Os resultados observados decor-rem da aplicação de menos de 0,2% dovalor total do empreendimento. Algu-mas das ações ambientais foram a re-cuperação dos bosques, minimizaçãodos impactos da obra com a reintro-dução de espécimes, redução dos im-pactos negativos causados por ativida-des de subsistência das comunidades,e promoção da Cordilheira como áreade interesse ecológico junto a institui-ções internacionais, como a SociedadeZoológica de Frankfurt.

Ainda estão em fase de avaliaçãoe aprovação os projetos para Reflo-restamento da Cordilheira Escalera ede fomento às cadeias produtivas decafé e cacau orgânico, palmito esacha-inchi (amendoim da selva, noidioma indígena Quéchua). Soma-dos, os projetos totalizam um mon-tante de mais de US$ 1,1 milhão.

A sociedade se beneficiou da cria-ção de um ambiente de cooperaçãoentre as partes, da elevação do nível deconhecimento sobre os temas emquestão e da possibilidade de investirem pesquisa científica. Os recursosobtidos com a venda da produção decafé e chocolate serão investidos eminiciativas de preservação ambiental.Além disso, houve geração de empre-gos e renda por meio da promoção doecoturismo na região.

Para o Concin, os benefíciosadvêm da neutralização do ambien-te de hostilidade para implantaçãoda obra e da criação de vínculos decooperação, fatores estratégicospara o bom andamento da obra. Oconsórcio também se vale da cria-ção de uma imagem positiva peran-te os órgãos governamentais e agen-tes financiadores.

Bruno Loturco

Foram implantados ou melhorados programas para desenvolvimento econômicoregional. Iniciativas não dependem da presença do consórcio

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ESTRUTURAS

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Acustomização dos apartamentosdeixou de ser uma tendência para

se tornar um diferencial competitivono mercado imobiliário. De olhonessa nova realidade, as construtorasjá perceberam o forte apelo comercialdas plantas flexíveis na venda de uni-dades. Mas se por um lado elas permi-tem que o usuário personalize seuapartamento, adaptando-o às suasreais necessidades, todas as suas facili-

Lajes ampliadasPara obter vãos maiores, calculistas têm à disposição grande gama desoluções. Conheça algumas delas

dades e vantagens só são possíveisgraças às soluções estruturais adota-das a partir do projeto.

Em geral, a maior flexibilidadepressupõe grandes vãos de lajes, queinduzem a maiores espessuras desseelemento estrutural e, conseqüente-mente, a maiores espessuras médiasda estrutura (relação entre volume daestrutura daquele pavimento e suaárea de projeção), repercutindo dire-

tamente nos custos finais da obra."Essa solução é economicamentemais viável para apartamentos de altopadrão", observa Jorge Batlouni, dire-tor técnico da Construtora Tecnum.Embora mais comum nesse nicho demercado, o projetista estrutural JoséRoberto Braguim, da OSMB Enge-nheiros Associados e presidente daAbece (Associação Brasileira de Enge-nharia e Consultoria Estrutural) res-

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Outro item importante que deve sercomputado antes da escolha final é o custoda mão-de-obra, principalmente quandopago por empreitada. O projetistaestrutural Ricardo França lembra que háduas modalidades praticadas no mercadopara cálculo desses valores: por metroscúbicos de concreto lançado ou pelospreços separados de lançamento doconcreto, execução do aço e montagem edesmontagem de fôrmas. Caso opte pelaprimeira, o construtor deverá estar atento aqualquer acréscimo na altura da espessurade laje, situação bastante comum quando o

Fator mão-de-obraprojeto requer grandes vãos. "Um aumentode 4 cm na espessura da laje, por exemplo,implicará 50% a mais de custo com mão-de-obra e materiais", ressalta o projetista. Para evitar esse problema, a alternativaque vem sendo adotada pelas construtorasé a contratação de mão-de-obra própria epaga por hora. Jorge Batlouni, diretortécnico da Construtora Tecnum, explica,por exemplo, que quando se adota asolução com lajes planas e maiores vãos aprodutividade (quantidade de horas parase executar uma unidade de serviço) docarpinteiro aumenta muito. "A alternativa

para a redução desse indicador é medi-laem homem-hora por metro quadrado defôrma executada", aconselha. O diretorlembra também que, por se tratar de umalaje mais espessa, o custo do escoramentoe o consumo de concreto e aço também seelevarão e que, em função dos custosrelativos desses insumos, uma soluçãoadotada numa época pode não ser a maiseconômica em outra. Por isso, o ideal éfazer simulações das diversas tipologias,analisando o custo dos materiais e mão-de-obra envolvidos. "A decisão nuncapoderá ser imediata", alerta.

Opção estrutural Descrição das tipologias estruturais para a mesma opção de arquitetura1 Estrutura convencional racionalizada, lajes, vigas e pilares com possibilidade de integração

do 3o dormitório à sala, sem vigas aparecendo2 Estrutura convencional racionalizada, lajes,vigas e pilares, mas a integração do 3o dormitório

à sala tem vigas e pilar aparecendo3 Estrutura em laje cogumelo, sem capitéis, com vigas de borda nas fachadas4 Estrutura em laje nervurada tipo cabaça, com 18 cm, com vigas de borda nas fachadas5 Estrutura em laje cogumelo, sem capitéis, sem vigas de borda nas fachadas, e pilares-parede

para contraventamento6 Estrutura em laje cogumelo protendida, sem capitéis e com quatro pilares a menos, sem vigas

de borda nas fachadas, e pilares-parede para contraventamento

Custo M.O./m³ concreto Opção Insumo Material M.O. estrutural 1 2 3 4 5 6Concreto (R$/m³) 190,00 275,00 Custo/m2

Fôrmas (R$/m²) 4,00 0,00 de R$ 150,50 R$ 142,50 R$ 178,60 R$ 163,10 R$ 193,60 R$ 193,70Aço (R$/kg) 2,75 0,00 estrutura

Custo M.O. separados Opção Insumo Material M.O. estrutural 1 2 3 4 5 6Concreto (R$/m³) 190,00 40,00 Custo/m2

Fôrmas (R$/m²) 4,00 12,50 de R$ 146,10 R$ 139,70 R$ 167,80 R$ 155,00 R$ 175,30 R$ 179,50Aço (R$/kg) 2,75 0,85 estruturaObs.: na opção estrutural 4 de laje nervurada deve-se adicionar o custo do forro de gesso e o aumento da fachada em decorrênciado maior piso a piso.

salta que a oferta desse tipo de plantanão tem sido uma estratégia de mar-keting restrita a esse segmento. Ele fazquestão de lembrar que hoje já sãoinúmeros os empreendimentos parabaixa renda que contam com esse be-nefício. São edifícios construídos emalvenaria estrutural e com lajes con-vencionais que vencem vãos de até4,50 m, possibilitando a integração dasala com o primeiro dormitório. "O

custo do investimento se dilui na es-colha dos acabamentos, geralmentemais baratos", explica Braguim.

Seja para atender às necessidadesdo mercado de baixo ou alto padrão, oque importa é pensar em soluções efi-cientes, não só do ponto de vista es-trutural mas também sob os aspectosde construção e custos. Embora nãohaja "receita de bolo", a execução delajes sem vigas, por exemplo, é apon-

tada pelos especialistas como ótimaalternativa quando se pretende garan-tir a flexibilização do layout. Esse re-curso estrutural apresenta várias van-tagens construtivas e funcionais, entreelas as execuções de armação e de fôr-mas mais simples (as vigas acarretammuitos recortes); diminuição da altu-ra total do edifício; tetos planos oulisos e sem delimitação de espaços. Oprojetista estrutural Ricardo França,

Fonte: Escritório França e Associados

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Análise de estruturas viáveis para a execução de edificação residencial em concreto moldado in loco, tipologia com 18 andares-tipo,com quatro apartamentos de três dormitórios por andar (Projeto de Arquitetura da MCAA Arquitetura e de Estrutura da França eAssociados Engenharia)

Estudo de caso

Estrutura Convencional Racionalizadacom lajes, vigas e pilares epossibilidade de integração do 3o

dormitório à sala sem vigas aparentesNessa solução, terceiro dormitório e salase integram, eliminando as vigasaparentes. A solução estruturalconvencional vence vãos de 3 m a 4,5 mcom as lajes de 11 cm de espessura eviga da altura usual de 0,55 m

Estrutura Convencional Racionalizadacom lajes, vigas e pilares aparentesA estrutura de laje convencional comvigas e pilares vence vãos de 3 m a 4,5 m permitindo a reversão do terceirodormitório para ampliação da sala,porém pilar e vigas ficam aparentes

Estrutura em laje cogumelo,sem capitéis, com vigas de borda nas fachadasAs vigas internas foram eliminadaspermitindo ao futuro morador maiorflexibilidade para alterações de layout alémde eliminar qualquer interferência desseelemento junto às vedações internas (sejadrywall ou alvenaria convencional). Paragarantir a eficiência do contraventamento,optou-se pela execução de vigas de bordanas fachadas. Além de auxiliar na formaçãode pórticos, elas evitam deformaçõesmaiores na borda da estrutura e cumpremainda a função de verga da janela. As lajescogumelo de 16 cm de espessura apóiam-sesobre os pilares – dois por apartamento –vencendo vãos de 5 m a 6 m semnecessidade de serem protendidas. Semcapitéis e, portanto, sem a necessidade douso de forros, a altura do piso a piso é ausual, de 2,80 m, não implicando aumentoda altura da construção.

Opção 1 da tabela da página 31

Opção 3 da tabela da página 31

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Estrutura em laje nervurada tipocabaça com 18 cm, com vigas de bordanas fachadasPara vencer vãos de 5 m a 6 m, a opção foi ouso de lajes nervuradas, solução um poucomais leve que a maciça. Embora eliminem asvigas internas, exigem a execução de capitéisembutidos na espessura da laje de 23 cm (18cm de altura das cubetas mais 5 cm deconcreto). Para minimizar a interferênciavisual dos capitéis, a solução é aplicação deforro de gesso ao longo da extensão do teto,o que implicará aumento da altura do piso apiso para 2,93 m e, conseqüentemente, docusto de construção por metro quadrado.Outro desafio de execução é garantir que asparedes subam até as nervuras de modo avedá-las completamente impedindo apropagação do som pelos ambientes.

Estrutura em laje cogumelo, semcapitéis, sem vigas de borda nasfachadas e com pilares-parede paracontraventamentoA especificação das lajes cogumelo deespessura de 18 cm e sem viga de bordafoi a alternativa estrutural para vencervãos de 6 m. Com o posicionamento deapenas duas vigas junto às escadas e aoselevadores, e em virtude da eliminaçãodos pórticos, recorreu-se ao uso depilares-parede como elementos decontraventamento. Em termos de custo, o impacto dessa solução é maior pois, doponto de vista de estrutura, demandarámais aço e concreto, além de fôrmasmais complexas para a sua execução.Outro detalhe importante é que aexecução das lajes sem vigas de bordanecessariamente exigirá a eliminação dosrebaixos entre a sala e a varanda.

Estrutura em laje cogumelo protendida, sem capitéis e com quatro pilares a menos, sem vigas de bordanas fachadas e com pilares-parede para contraventamentoPara vencer o vão contínuo de 6,20 m, a solução estrutural exige uma laje cogumelo sem viga de borda com protensão,recurso necessário para evitar o aparecimento de grandes deformações na estrutura. Graças à protensão, também foipossível eliminar um dos pilares em cada apartamento além de reduzir a espessura da laje para 17 cm. Porém, quanto maiorforem os esforços solicitantes e menor a espessura da laje, maior quantidade de aço será necessária para executá-la sem quehaja comprometimento da eficiência da armadura. Essa solução também impossibilita recortes na laje pois ao cortar um doscabos, ele perderá a aderência em toda a sua extensão.

Opção 5 da tabela da página 31

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Indicada sobretudo para compor umconjunto estrutural com vigas e pilaresmetálicos, a laje steel deck apresentavárias vantagens, entre elas apossibilidade de dispensar escoramentos,reduzindo, conseqüentemente, custoscom aluguel, montagem e desmontageme com mão-de-obra. Nesse caso,consegue vencer vãos que variam entre2,5 m e 3 m. Para a execução de plantascom a exigência de vãos maiores, noentanto, a adoção do steel deck pode nãoser uma opção tão vantajosa. "Para essassituações certamente serão exigidosescoramentos eliminando, desse modo,

Outras soluções

uma das grandes vantagens da solução",explica o presidente da Abece, JoséRoberto Braguim. Ao contrário do steel deck, as lajesalveolares podem vencer até 15 m. Quandocombinadas com protensão, são capazes decobrir vãos de 20 m. Possuem alturas quevariam de 10 cm a mais de 40 cm, porém ouso em edificações residenciais também ébastante incomum. "Tais lajes justificam-seessencialmente quando aplicadas emconjunto com partidos estruturais pré-fabricados, em projetos arquitetônicos queprimam pela modularidade e repetição",lembra Braguim.

do escritório França e Associados,lembra que essa solução permite mu-danças de paredes sem a interferênciadas vigas internas e são capazes devencer vãos de mais de 6 m. "É a alter-nativa mais cara mas pode ser viabili-zada graças à racionalização da mão-de-obra no canteiro", garante.

Outro ponto importante que me-rece atenção é o papel estrutural dasvigas que cumprem a função de dis-tribuição das cargas verticais propor-cionando estabilidade e resistência aoconjunto construtivo. Juntamentecom os pilares, criam os pórticos, efi-ciente solução para o contraventa-mento de edificações muito altas. Porisso, se eliminadas, por conta damaior deformabilidade e da concen-tração de esforços nas regiões dos pi-

lares, geralmente exigirão lajes de es-pessuras maiores. As lajes sem vigastambém são menos eficientes para ga-rantir a estabilidade global do edifí-cio, problema que pode ser contorna-do com o uso de núcleos rígidos cons-tituídos por pilares em volta da caixados elevadores e por paredes estrutu-rais (pilares-parede) posicionadas emgeral nas fachadas laterais dos edifí-cios com planta predominantementeretangular. "Soluções estruturais queencarecerão a obra", observa França.

Com ou sem vigasEntre as soluções sem vigas, estão

as lajes cogumelo. De acordo com oprojetista, são as melhores opções es-truturais para plantas flexíveis poisvencem vãos superiores a 6 m permi-

tindo maior liberdade para mudançasde paredes. Porém, são mais difíceisde serem executadas exigindo refor-ços na região dos pilares com o uso decapitéis, que podem ser constituídospor aumento da seção do pilar abaixoou por aumento da espessura da lajeem volta do pilar.

De acordo com Libânio MirandaPinheiro, professor doutor do Depar-tamento de Engenharia de Estruturasda Escola de Engenharia de São Carlosda Universidade de São Paulo, tanto aslajes convencionais quanto as lajessem vigas podem ser maciças ou ner-vuradas.As maciças são mais tradicio-nais, mais pesadas e funcionam me-lhor como diafragmas rígidos, porémsão mais caras principalmente pelocusto das fôrmas e do escoramento. Oprofessor lembra que a laje nervuradaé outra boa opção para vencer grandesvãos. Apesar de possuir maior espes-sura, essa alternativa consome menosconcreto por conta dos vazios entre asnervuras que podem ser aparentes oupreenchidos com materiais inertes,como tijolos cerâmicos e EPS, resul-tando em um conjunto mais leve. Oconsumo de aço também é menor,pois a espessura maior aumenta a efi-ciência das barras. Outra vantagemdas lajes lisas nervuradas é permitirque as vigas e capitéis sejam embuti-dos na espessura da laje. "Para que aslajes não resultem muito espessas, sãousadas vigas com largura maior que aespessura, as chamadas vigas chatasou vigas-faixa", lembra.

Outro recurso possível, principal-mente quando o projeto solicita vãosmaiores que 6 m, é o uso de protensãoem que parte da armadura é submetidaa tensões prévias, provocando inicial-mente compressão no concreto,de ma-neira adequada,de modo a diminuir osesforços finais e os deslocamentos daslajes. Em princípio, a protensão podeser aplicada em qualquer tipo de lajemas exige cuidados de projeto e execu-ção. São mais caras que as demais solu-ções e exigem mão-de-obra especiali-zada, mas apresentam vantagens co-merciais que podem compensar omaior custo de execução.

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CAPA

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Oconcreto auto-adensável é ummaterial ainda pouco utilizado

no Brasil. A solução, desenvolvidano Japão na década de 1980, che-gou aos canteiros do País na déca-da seguinte. Por dispensar vibra-ção – e, conseqüentemente, pro-porcionar aumento de produtivi-dade e redução de ruídos no am-biente –, o produto ganhou espaço

Solução fluidaO concreto auto-adensável é rápido de aplicar, dispensa vibração e proporcionaalta produtividade. Confirma alguns cases de uso desse material

Div

ulga

ção

Real

mix

mais rapidamente nos galpões dasfábricas de pré-moldados de con-creto. Gradativamente, entretanto,o produto vem ganhando a con-fiança dos construtores, que dele sevalem para viabilizar soluções téc-nicas em complexas estruturasmoldadas in loco.

Apesar do maior valor de seumetro cúbico em comparação com

o convencional, o concreto auto-adensável proporciona maior agili-dade no momento da concretagem,dispensando horas de trabalho damão-de-obra que podem ser rema-nejadas para outros locais do cantei-ro. Confira alguns cases de obras emque o autocompactante foi a soluçãopara problemas dos construtores.

Renato Faria

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Uma parceria entre a concreteiraEngemix e a construtora BKOpossibilitou a realização de um estudocomparativo entre as aplicações dosconcretos convencional e auto-adensávelna obra do residencial Pateo São Paulo,na capital paulista. Além de avaliar oscustos da concretagem com essas duasalternativas, as empresas estudaramsoluções técnicas que otimizassem essaetapa da obra. Segundo o estudo feitopelas empresas, o tempo total deaplicação do concreto auto-adensável foide 2h20 contra as 4h40 do convencional."A obra foi nosso laboratório", afirmaCarlos Gustavo Marucio, coordenador de obras da BKO.Antes do monitoramento dasconcretagens, foi feito o detalhadoplanejamento da montagem das fôrmas erealizado o treinamento da equipe queaplicaria o concreto auto-adensável.Depois, duas lajes praticamente iguais –com área de cerca de 250 m² – foramexecutadas com 50 m³ de cada um dosconcretos, especificados para atingir o fck

Obra vira laboratório para auto-adensável

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Estudo comparativo mostra que tempode concretagem pode cair pela metadeem relação ao convencional

de 50 MPa aos 28 dias. As concretagensseguiram a mesma seqüência delançamento, com a mangueira de 4"inicialmente posicionada para alcançar aextremidade da laje. Em ambas, bombas ecaminhões betoneira tinham as mesmascaracterísticas técnicas. Laje e vigas doquarto pavimento foram executadas comconcreto convencional e o tempo total de4h40 foi tomado como parâmetro paracomparação com a concretagem da laje doquinto pavimento, realizada com concretoauto-adensável. Essa solução permitiuexecutar a laje na metade do tempodaquela do pavimento anterior,principalmente pela eliminação do tempo

Concreto Convencional Auto-adensávelCaminhão betoneira 1o 2o 3o 4o 5o 6o 7o 1o 2o 3o 4o 5o 6o 7o

No de lançadores 3 3 3 3 2 2 2 2 1 2 1 1 1 1No de espalhadores 5 4 5 5 5 5 4 3 3 2 2 2 2 2No de vibradores 2 2 2 2 2 2 2 0 0 0 0 0 0 0No de acabadores 0 2 3 3 3 3 4 0 0 1 2 2 2 2No de funcionários parados 3 2 0 0 1 1 1 8 9 8 8 8 8 8Outros funcionários 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3Total de funcionários 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16

gasto com a vibração do concreto. "O concreto auto-adensável reduz o ciclo de concretagem e os custos gerais para aobra", afirma Camila Sampaio, engenheirade projetos da Engemix. O custo da mão-de-obra para a aplicação dos concretos,com encargos, foi respectivamente de R$ 7,18/m³ para o concreto convencional e R$ 0,70/m³ para o auto-adensável.

A concretagem da laje de fundo dos poçosNorte e Sul da estação Luz da Linha 4 –Amarela do Metrô de São Paulo tevenúmeros grandiosos. Cerca de 8 mil m³ de concreto foram necessários para

Concreto facilita execução de superlaje do Metrô-SPpreencher a peça de mais de 2 mil m² de área de superfície e cerca de 3,5 m de altura. Para viabilizar a execução, aconcretagem precisou ser dividida em doisfinais de semana no final de 2007, nosmeses de novembro e dezembro. Segundoo Consórcio Via Amarela, responsável pelaconstrução da estação, essa foi uma dasmaiores concretagens já realizadas nahistória do Metrô de São Paulo.Além dos 7.400 m³ de concretoconvencional fluido (slump entre 180 mme 200 mm), foram aplicados cerca de 600 m³ de concreto auto-adensável fck > 35 MPa na região de engaste da lajecom as paredes dos poços. Ali, emfunção da alta densidade da armadura,as equipes que executavam aconcretagem teriam dificuldade emrealizar a adequada vibração doconcreto. "O concreto auto-adensável foi usado para garantir a qualidade da

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Operação mobilizou cerca de 500profissionais do Consórcio Via Amarela eda concreteira. Laje tem 3,5 m de alturae mais de 2 mil m² de superfície

execução da laje, por proporcionarfacilidade no lançamento, dispensar avibração e praticamente eliminar falhasde concretagem", afirma RobertoDakuzaku, engenheiro responsável peloLaboratório de Controle Tecnológico doConsórcio Via Amarela. "Se essas falhasocorressem, seria difícil acessá-lasposteriormente para realizar ograuteamento. Elas poderiam, inclusive,nem ser detectadas", explica.Para evitar fissuras e outros tipos depatologias, foi necessário, também,refrigerar o concreto aplicado, com adiçãode gelo à mistura. Segundo Sílvio M.Obata, coordenador do departamentotécnico da Cauê Concreto, foramutilizados entre 80 kg e 100 kg de gelo pormetro cúbico de concreto – entre 60% e80% do volume de água do traço. "Comisso, conseguimos manter a temperatura,durante a aplicação, entre 18ºC e 20ºC."

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Por sugestão da concreteira, a MosmannIncorporações utilizou o concreto auto-adensável na execução da estrutura doedifício Parthenon Residence em NovoHamburgo (RS), a partir do quintopavimento-tipo. A construção, compostapor duas torres justapostas com 11.529,41 m² de área total construída,possui 13 andares que abrigam 52apartamentos. "Foram levantados ecomparados os custos de produção eexecução dos dois tipos de concreto, como

Construtora otimiza mão-de-obra comauto-adensável

a mão-de-obra para execução das mestras,lançamento do concreto, vibração,depreciação dos equipamentos e da energiaelétrica" afirma a engenheira civil VivianaRigon, gerente de obra da Mosmann.A somatória final dos custos do auto-adensável ficou 1,09% maior do que a dasolução convencional, mas mostrou-sevantajosa quando considerada aprodutividade obtida durante a execução.Segundo a engenheira Viviana, a opção peloconcreto convencional demandaria cerca de

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CONCRETO CONVENCIONAL Descrição Unidade Qtde. Custo Unitário (R$) Custo Total (R$) Total (R$)

Material Mão-de-obra Material Mão-de-obraLajeMão-de-obra para lançamento h 117,00 – 14,90 – 1.743,30de concreto convencionalMão-de-obra para h 8,80 – 14,90 – 131,12execução de mestrasConcreto convencional dosado

m³ 62,00 221,64 – 13.741,68em central, abatimento de –9±1 cm, brita 0 e 1 e fck de 30 MPaVibrador para concreto un/dia 2,00 25,00 – 50,00 – Régua vibratória para concreto un/dia 1,00 35,00 – 35,00 –Energia elétrica comercial kW 29,25 0,28 – 8,19 –PilaresMão-de-obra para lançamento h 30,00 – 14,90 447,00de concreto convencionalConcreto convencional dosado

m³ 15,00 221,64 3.324,60em central, abatimento de 9±1 cm, – –brita 0 e 1 e fck de 30 MPaVibrador para concreto un/dia 2,00 25,00 – 50,00 –Energia elétrica comercial kW 15,00 0,28 – 4,20 –CCuussttoo TToottaall ((RR$$)) 1177..221133,,6677 22..332211,,4422 1199..553355,,0099

CONCRETO AUTO-ADENSÁVELDescrição Unidade Qtde. Custo Unitário (R$) Custo Total (R$) Total (R$)

Material Mão-de-obra Material Mão-de-obraLajeMão-de-obra para lançamento h 60,19 – 14,90 – 896,83de concreto auto-adensávelConcreto auto-adensável,

m³ 62,00 242,00 15.004,00 – espalhamento de 60 cm, –brita 0 e 1 e fck de 30 MPaPilaresMão-de-obra para lançamento h 14,56 – 14,90 – 216,94de concreto auto-adensávelConcreto auto-adensável,

m³ 15,00 242,00 – 3.630,00–

espalhamento de 60 cm, brita 0 e 1 e fck de 30 MPaCCuussttoo TToottaall ((RR$$)) 1188..663344,,0000 11..111133,,7788 1199..774477,,7788

156 horas de mão-de-obra para aprodução de cada meia-laje (as lajes eramconcretadas em duas etapas, uma paracada torre), enquanto o auto-adensávelexigiu apenas 75 horas. "Tínhamos cercade 162 horas livres de nossos profissionaispor andar, que foram usadas para adiantaroutros serviços, como a montagem dasfôrmas de laje e pilares da segunda etapado pavimento", explica a engenheira.

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Construído na década de 1940, no Centro dePorto Alegre, o edifício do Comando da 3a

Região Militar, pertencente ao ExércitoBrasileiro, passou por reformas que lheatribuíram novas funcionalidades. A laje decerca de 1.000 m² da cobertura do edifício,originalmente projetada para receberapenas as cargas da estrutura do telhado, foitransformada em terraço e salão de festas.Segundo o engenheiro responsável pelarecuperação estrutural do prédio, FábioSimon, vigas e pilares do último pavimentopassaram a receber, com essa mudança,uma carga 200% maior do que a prevista porseu projeto original. "Os pilares do último

Concreto é usado em reforço estrutural em Porto Alegrepavimento, que tinha 4,5 m de pé-direito,não estavam suportando os novos esforços e já começavam a flambar", explica. Para reforçar as vigas principais quesustentavam a última laje do edifício, osengenheiros aumentaram sua seção. Logoabaixo de cada um desses elementos,fixaram novas armaduras e ancoraramfôrmas metálicas em formato de "U", cujointerior seria preenchido com o concretoauto-adensável. Quando ele estivessecompletamente curado, as vigas de 8 m devão passariam a ter uma altura constantede 90 cm, necessária para suportar asnovas cargas da cobertura. "Ao final do

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processo, essa fôrma metálica não foiretirada, pois funcionava também comoarmadura da viga", explica Simon.Segundo o engenheiro, o uso do auto-adensável tornava-se obrigatório, pois eranecessário um concreto que, além defluido, oferecesse baixa retração, para quese mantivesse aderido à fôrma metálica,às armaduras e à superfície de concreto daestrutura já existente. O concreto utilizadoalcançou a resistência de 40 MPa, bemacima dos 25 MPa especificados emprojeto. "Isso porque dosamos o concretode acordo com o fator água/cimento,menor ou igual a 0,45", explica.

Para suportar novas cargas da laje da cobertura, viga teve sua alturaaumentada para 90 cm

Armaduras de reforço das vigasprincipais da laje de cobertura

Chapas em formato de "U", que serviramde fôrma durante a concretagem e dearmadura com a estrutura pronta

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Depois da experiência adquirida em sua obraresidencial, a BKO decidiu utilizar novamenteo concreto auto-adensável, dessa vez naobra da unidade JK-Itaim do LaboratórioFleury, também em São Paulo. Como setratava de uma obra comercial, com prazo deentrega de 189 dias, era preciso agilidadeem todas as etapas da obra. Na execução dos quatro pavimentos daestrutura, que deveriam ficar prontos emdois meses, os engenheiros optaram poruma solução pouco usual: para cada umdesses níveis, concretar, ao mesmo tempo,pilares, vigas e lajes. "Com o concretoconvencional, precisaríamos executarprimeiro os pilares e, três dias depois, a lajee as vigas. Em cada um deles, poderíamospassar o expediente todo concretando",explica Carlos Marucio, da BKO. Segundoele, com o auto-adensável foi possívelreduzir o tempo de execução. "Para cada um

Pilares, vigas e laje concretados ao mesmo tempodos pavimentos, ganhamos cerca de um diae meio no cronograma. Em dois meses,esse tempo é significativo", acredita.Durante a concretagem, foi possível usarcerca de 20% menos funcionários. Assim,pudemos remanejá-los para adiantar outrosserviços na obra ou conceder-lhes folga."Esse foi um aspecto importante, pois oritmo da obra era intenso, com trabalho desegunda a sábado", explica Marucio.A opção pelo auto-adensável demandoucuidados maiores na montagem das fôrmasde madeira. Além da checagem minuciosado travamento de todas as peças, os pés dospilares – locais críticos de vazamento deconcreto – foram vedados com gesso ouespuma de poliuretano. Segundo Marucio,isso não chegou a consumir horas adicionaisde sua mão-de-obra. "Havia uma atençãomaior a esses pontos, mas não houveacréscimo nas horas trabalhadas", explica.

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Com uso de concreto plástico,construtora ganha um dia e meio porlaje concretada e entrega estruturaantes do prazo previsto

Para evitar vazamento do concreto, asfôrmas nos pés dos pilares foram vedadascom gesso e espuma de poliuretano

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Um edifício da Dr. Ghelfon DiagnósticoMédico, construído em São Bernardodo Campo (SP) pela JHF Construtora,teria uma sala exclusiva para realizaçãode tratamento radioterápicooncológico. Como ela receberia umequipamento cuja operação envolveemissão radioativa controlada, asparedes do ambiente deveriam garantirseu completo isolamento em relaçãoaos imóveis residenciais vizinhos. Paraatender a essa exigência, o projeto dasala previa o selamento completo doambiente com laje e paredes maciçasde concreto, com espessuras de

Concreto preenche parede anti-radiação em SP1,80 m e 1,50 m, respectivamente.A opção pelo concreto auto-adensávelnessa obra se deu em função doscuidados que a execução dessas paredesdemandava. A concretagem deveria serrealizada de uma vez só, de maneira a nãohaver quaisquer emendas. Tampouco aestrutura poderia contar com juntas dedilatação, já que por meio delas poderiahaver vazamento de radioatividade.Somente um concreto fluido e comagregados finos atenderia à necessidadede uma concretagem constante, rápida eque penetrasse facilmente entre asfôrmas e a densa armação das paredes de

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mais de 6,30 m de altura. "Era preciso,também, eliminar o barulho gerado pelosvibradores, pois próximo à obralocalizava-se o Hospital Anchieta", relata oengenheiro Hamilton Sílvio FonsecaPontes, sócio-diretor da JHF.No entanto, os construtores se depararamcom um problema comum em grandesvolumes de concretagem: o alto calor dehidratação poderia gerar retração e, comela, fissuras inadmissíveis para essasparedes. Para evitar o problema, afornecedora do concreto precisouadicionar gelo à mistura de maneira areduzir sua temperatura – e, com isso, apossibilidade de futuras patologias.Segundo Fábio Vinícius Fernandes,gerente técnico da fornecedora Supermix,foram adicionados 80 kg de gelo pormetro cúbico de concreto, metade dovolume de água da mistura. Aos três dias,os ensaios mostravam que o concreto dealta resistência inicial já havia atingido fck

de 30 MPa – valor que dobrou aos 28 dias.Resistência suficiente para suportar apesada estrutura de concreto, queprecisou ser apoiada sobre 115 estacas de 30 t cada.

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Grande volume aplicado durante aconcretagem exigiu refrigeração damistura plástica

Armação densa da estrutura dificultaria avibração do concreto nas partes inferioresda parede de 1,50 m de espessura

Inaugurado na década de 1980, emGoiânia, o Shopping Flamboyant passoupor obras de ampliação em 2006. Nela,cerca de 3 mil m³ de concreto auto-adensável foram utilizados no reforçode algumas fundações e pilares deconcreto já existentes. Esse concretotambém foi escolhido para proporcionarmaior velocidade na execução das lajesda nova estrutura, composta ainda porpilares e vigas metálicos.Além da possibilidade de avançar maisrápido no cronograma da obra, emfunção da maior produtividadepropiciada pelo concreto auto-adensável, as equipes envolvidas naexecução das concretagens – tanto dafornecedora, Realmix, quanto daconstrutora, Toctao – também poderiamser mais enxutas, já que o produtodemanda menos trabalhadores no

Flexibilidade e rapidez em obra de shopping em Goiânia

Para vencer cronograma apertado,autocompactante foi usado naconcretagem de lajes em expansão deshopping center

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momento da aplicação. "Isso garantia,também para nós, uma redução brutalde custos com horas extras de nossoshomens que prestavam serviços para aobra" afirma Rodrigo Resende de Sá,gerente de produção e operação daconcreteira. Ele lembra que, durante asobras, o shopping continuoufuncionando normalmente, o que muitasvezes obrigava as equipes a realizarconcretagens durante a madrugada,quando o custo da hora extra é maior.Do ponto de vista técnico, o uso de um material mais fluido tornava muitomais fácil o transporte por bombas a grandes distâncias horizontais,características de shopping centers.Segundo o gerente da Realmix, essas distâncias chegavam a 90 m. A expansão do Flamboyant foiconcluída em seis meses.

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Dentre as estruturas mais altasda cidade, com um mastro de

138 m de altura, a ponte estaiadaOctavio Frias de Oliveira compõe ocomplexo Real Parque e faz partedo projeto de reestruturação do

COMPLEXO VIÁRIO REAL PARQUE

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sistema viário da capital, mas queafeta todo o Estado de São Paulo.Para entender sua função é neces-sário saber que, atualmente, oprincipal eixo de ligação da capitalcom o litoral – e com o porto de

Santos – é a congestionada avenidados Bandeirantes.

Embora a conclusão do TrechoSul do Rodoanel Mário Covas, em2010, vá absorver o tráfego de passa-gem e amenizar a pressão sobre essa

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Cruzamento das pistas leva ao entrelaçamento dosestais sobre o rio Pinheiros. Altura do mastro foideterminada pelo gabarito mínimo sob as rampasde acesso da avenida Jornalista Roberto Marinho

Malha de estaisÚnica no mundo com dois tabuleiros estaiados e curvos, a 13a ponte sobre o rioPinheiros apresenta soluções inéditas e é objeto de debates técnicos e urbanísticos

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via, é com o prolongamento da ave-nida Jornalista Roberto Marinho(antiga Água Espraiada) até a rodo-via dos Imigrantes e com a transposi-ção do rio que se espera criar uma al-ternativa de fato à Bandeirantes. Lo-calmente, a 13a ponte sobre o rio Pi-nheiros também terá as funções dediminuir o volume de tráfego nocruzamento das avenidas Luiz CarlosBerrini e Jornalista Roberto Mari-nho, além de desafogar a ponte doMorumbi, que hoje recebe os moto-ristas com destino ao bairro de SantoAmaro (veja quadro).

Naturalmente, a partir dessas so-licitações, o traçado viário resultoucomplexo. São duas alças para acessodireto entre a avenida Jornalista Ro-berto Marinho e a pista expressa daMarginal do Pinheiros. Outras duaspistas, as estaiadas, cruzam o rio Pi-nheiros. Para não criar gargalos nemreduzir a velocidade de tráfego aspistas não poderiam se cruzar em

Projeto aprofundadoOs estudos exigidos para o proje-

to executivo trouxeram uma novainformação para a equipe de proje-tistas da ANTW Engenharia de Pro-jetos (veja quadro). Perpendicularaos mastros e no ponto onde estesdeveriam se apoiar está enterrada alinha de transmissão Xavantes, amaior do País, com 345 kV de tensãoe que abastece um terço da metrópo-le. Essa linha fica sob a estrada quemargeia o rio, de propriedade daEmae (Empresa Metropolitana deÁguas e Energia), que não pode serinterditada. Transversal ao mastroestá uma rede de tubulações com1.000 mm de diâmetro que controlaa vazão e eleva as águas do córregoÁgua Espraiada em direção ao rioPinheiros. Não existem outros espa-ços para apoio, pois de um lado há aslinhas de trem da CPTM (Compa-nhia Paulista de Trens Metropolita-nos) e do outro o próprio rio.

RESUMO

Obra: Complexo Viário Real ParqueCliente/gerenciamento:Emurb (Empresa Municipal de Urbanização)Execução: Construtora OASLocalização: São Paulo Construção: entre 2003 e abril de 2008Custo total: R$ 233 milhõesAltura: 138 mPistas: duas com 16 m de largura e290 m de extensão cadaCordoalhas: 374.350 mEstais: 144 cabos; 462 tVolume de concreto: 11.000 m3

Consumo de aço: 3.000 t

nível nem em trevo, como ocorrecom a maior parte das demais pontesdas Marginais. O edital de concor-rência exigia, então, duas pistas es-taiadas independentes, tendo a solu-ção estrutural final resultado de umprocesso de desenvolvimento contí-nuo iniciado a partir daí.

Para o projeto básico o enge-nheiro Catão Ribeiro, da Enescil En-genharia de Projetos, propôs a cons-trução de duas pontes estaiadasretas e apoiadas em dois mastros,com o cruzamento das pistas ocor-rendo próximo à Roberto Marinho.Aprovado, começaram os questio-namentos acerca da solução adota-da. Embora tecnicamente correta, asdemandas por contraventamentodos mastros independentes estimu-laram a busca por uma solução emque se contraventassem entre si,apoiando-se um no outro. Alémdisso, "o traçado induzia a umaponte curva", diz Catão.

Ponto de saída e inclinação de cada estai considerou o gabarito mínimo paracirculação de veículos, melhor aproveitamento da capacidade de sustentação decargas verticais e minimização dos esforços horizontais no tabuleiro

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co Germano, da OAS. Para as fun-dações foram executadas duas li-nhas de estacas-raiz tipo HollowAuger (sem utilização de água) ecolocadas espessas placas de con-creto armado para que equipamen-tos pesados pudessem ficar sobre oscabos de alta tensão.

Estruturas especiais foram cria-das para evitar queda de materiais,mesmo líquidos, sobre as linhas detrens, a Marginal ou no rio. Na mar-gem esquerda havia linhas de trans-missão aérea da AES Eletropaulo. Porinterferirem no trajeto das alças deacesso foram realizados serviços dealteamento que levaram a um acrés-cimo de R$ 20 milhões no valor docontrato. "Para enterrar as linhas aempresa cobrava mais do que odobro", explica Fabio Godoy, da OAS.

Licitada inicialmente em R$ 148milhões, houve acréscimos decor-rentes de inflação e de obras comple-mentares, como o alargamento daMarginal e a construção de uma alçapara acesso direto ao Real Parque, aser construída após a inauguraçãoda ponte.

Entrelaçamento dos estais demandou cálculos detalhados de cada um dos 144 cabos.Calculistas determinaram distanciamento mínimo de 10 cm entre eles. Raio decurvatura das pistas é pouco convencional para pontes estaiadas

Alternativa à ponte do Morumbi paraacesso ao bairro de mesmo nome e àavenida dos Bandeirantes, a ponte estaiadaOctavio Frias de Oliveira tem capacidadepara receber até quatro mil veículos/horaem cada pista. Isso representa um alíviopara a ponte do Morumbi, que em horáriosde pico recebe até sete mil carros/hora.Com acesso direto à avenida JornalistaRoberto Marinho e uma opção a maistambém para acessar o aeroporto deCongonhas, a velocidade na Marginaldeve aumentar, segundo estimam ostécnicos da Prefeitura. Esse efeito tende ase acentuar com a conclusão, em 2010,do prolongamento de 4,5 km dessaavenida até a Rodovia dos Imigrantes. O incremento no tráfego da RobertoMarinho com destino ao litoral deveprovocar uma redução na quantidade decarros circulando pela avenida dosBandeirantes. A capacidade da nova ponte

Trânsito aliviadopode aumentar. Para tanto basta desativara faixa de rolamento existente em cadapista e criar uma nova faixa de rolagem.Essa capacidade de absorver oincremento no tráfego foi uma exigênciada Siurb (Secretaria Municipal de Infra-estrutura e Obras), conforme explicou oengenheiro Leonardo Lorenzo, diretortécnico da Geométrica Engenharia deProjetos, empresa responsável pelotraçado. Ele também contou que, emborao traçado do projeto básico fosseadequado às necessidades, o atual émelhor. "Uma das desvantagens daqueleera que o cruzamento das pistas ocorriamuito próximo à Berrini", conta. Ruimporque o gabarito exigido é de 6,10 m e,para atingi-lo, a estrutura sobre a avenidateria cerca de 20 m de altura. Ao ganharespaço para o cruzamento das pistas foipossível suavizar a rampa, com inclinaçãosempre menor que 7%.

As condições de acesso à ponte a partir dosentido Interlagos da Marginal do Pinheirostambém melhoraram, pois o ponto deentrada está mais próximo ao mastro,aumentando o espaço para acomodação dos veículos. A ponte foi projetada para umavelocidade de 80 km/h considerando a"lógica entre as velocidades da Marginal – 90 km/h – e da Roberto Marinho – 70 km/h".As duas alças para acesso à via expressada Marginal existem para amenizar otráfego da via local. Havia, no projetobásico, a intenção de criar um acessodireto da Berrini para a pista que cruza o rio. Foi abolida no projeto executivo para não incrementar o trânsito e paraevitar a existência de uma rampa muitoforte. O projeto prevê alargamentos naMarginal para que não ocorra perda deperformance das pistas. O pavimento daponte é SMA (Stone Matrix Asphalt), com5 cm a 7 cm de espessura.

Ao viabilizar uma estruturaúnica, o trato com as interferênciasfoi facilitado por diminuir a quanti-dade de vezes em que há influênciaentre as partes. "Foi significativo

para determinar a geometria domastro, com espaçamento dos blo-cos de fundação de forma a não in-terferir com a rede", explicam osengenheiros Eládio Alves e Francis-

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"X" em questãoAproximar os mastros de modo

que se fundissem trouxe algumasvantagens quanto às interferências eao traçado, como veremos adiante.No entanto, criou situações inéditaspara a estrutura, como o própriomastro em "X", o apoio comum dedois tabuleiros estaiados curvos, oentrelaçamento dos estais e o acen-tuado raio de curvatura.

Há algumas pontes estaiadascurvas no mundo, mas todas comapoio independente e não atingemtal curvatura. As curvas da OctavioFrias de Oliveira têm raio aproxi-mado de 290 m, ou cerca de 60º. Ocomplicador é a associação dos es-tais à curvatura, pois a função ori-ginal desses é suportar cargas verti-cais. Em curva "provocam esforçosno tabuleiro que tendem a torná-loainda mais curvo", ilustra Catão emreferência ao componente horizon-tal de força.

Adequar o ponto de saída decada estai garantiu o gabarito míni-mo para tráfego de veículos altos eminimizou esses esforços. Ainda

A complexidade dessa etapa da obrainiciava com a topografia e a locação dostubos-fôrma, que deveriam ser as maisprecisas possíveis. Esses tubos,posicionados primeiro no mastro e depoisno tabuleiro, foram concretadosjuntamente com a estrutura, o quecomplicaria qualquer retrabalho. Após a

Instalação dos estaisbainha com o tubo-fôrma do mastro. Na outra ponta, no tabuleiro, a conexão é feita por intermédio de um tuboantivandalismo. Os tubos de estaiamentoforam passados um a um por dentrodessa bainha no sentido do tabuleiro emdireção ao mastro com auxílio de umguincho metálico no interior do mastro.Os cabos foram encunhadosindividualmente à ancoragem para o tensionamento. Um macaco tipomonocordoalha, que tensiona cada cabo,realizava a protensão. A quantidade decabos em cada estai aumenta conforme a distância para o mastro e a quantidadede força de cada conjunto varia entre 40 tfe 160 tf, aproximadamente. No total, são18 pares em cada um dos quatro vãos,totalizando 144 estais. Estes sãocompostos por nove a 25 cordoalhas, o que leva a um consumo de 462 t de açoe a 374.350 m de cordoalha.

instalação desses elementos eramcolocadas, com auxílio de grua, as bainhasde PEAD (polietileno de alta densidade),que além de proteger contra corrosão eradiação solar serviam de guia para apassagem das cordoalhas.Uma flange metálica soldada faz aemenda da extremidade superior da

Para construção dos acessos do lado oposto do rio foi necessário realizar oalteamento das linhas de transmissão, o que ocasionou acréscimos nos valores decontrato e criou poluição visual para a obra

assim, para combater os esforçosde flexão em planta que ocorremno tabuleiro, a solução foi proten-der a laje longitudinalmente. A es-trutura encontra-se, conforme

afirma seu calculista, "em posiçãode rigoroso equilíbrio", mas, comoé normal, quando sob presença decargas móveis há esforços para de-formação das longarinas, as vigas

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A maior parte dos recursos para construçãodo complexo veio do leilão de Cepacs(Certificados de Potencial Adicional deConstrução). São títulos de captação derecursos para financiamento de obraspúblicas. Os investidores que os adquiremganham o direito de construir além doslimites normais em áreas que terão a infra-estrutura ampliada. Os recursosobtidos nesses leilões só podem ser usadosem obras específicas. Os cinco leilões deCepacs da Água Espraiada arrecadaram R$ 102.808.720,00. Outros R$ 53.519.219,31 vieram da Siurb.O edital de concorrência foi lançado e asprimeiras obras foram iniciadas durante agestão da então prefeita Marta Suplicy. A obra foi colocada em xeque no início domandato de José Serra, quando foramencomendadas análises técnicas aosengenheiros Fernando Rebouças Stucchi eAugusto Carlos de Vasconcelos. A constatação, segundo o engenheiro CatãoRibeiro, responsável pelo projeto estrutural,foi de que, além do desgaste, os custosdecorrentes da interrupção, com inevitáveisquebras de contrato, seriam semelhantesaos da conclusão da estrutura já existente.Tecnicamente, também seria caro adotarbalanços sucessivos. "Entraria num campoexcepcional de uso dessa tecnologia. A solução estaiada é cara porque não é deuso corrente", justifica.Ainda assim, o meio técnico questiona aadoção de estais para vencer um vão commenos de 200 m. Mesmo fatores estéticos,que poderiam ter pautado a decisão daEmurb (Empresa Municipal deUrbanização), não são unanimidade.Urbanisticamente, ainda, a obra é polêmicapor se voltar ao transporte individual e pornão estar associada ao prolongamento daavenida Jornalista Roberto Marinho.Confira as opiniões de arquitetos eengenheiros sobre a obra.

Prós e contras

que correm na borda dos tabulei-ros e onde se prendem os estais.Para combater esse efeito, foramcontinuamente protendidas. "Oque deforma a estrutura de modoirreversível, principalmente as es-taiadas, são as cargas permanentes,

que não podem causar flexão nomastro", explica.

O mastro único para dois tabu-leiros provoca inédito entrelaçamen-to dos estais após o cruzamento daspistas. Sem nenhuma norma ou obrapara referência, os engenheiros defi-

niram uma distância livre mínima de10 cm entre os cabos. "Exigiu um cál-culo requintado porque os cabosdescrevem catenárias", diz Catão.

Muito alto e inclinado, o mastroexigiu o desenvolvimento de um sis-tema de fôrmas trepantes, escora-

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"Não concordo com soluções demédio e longo prazo e custo elevado.E esse é um gasto inoportuno parauma cidade com estigma de rica ecomportamento de pobre. Poderia tersido adotada uma solução maissimples, com vãos menores. Alémdisso, como a [avenida Jornalista]Roberto Marinho não temcontinuidade, os benefícios da obrasão questionáveis"Maurício Bianchi, engenheiro

"A escolha técnica foi suplantada pelabeleza e arquitetura. Soluçõesestaiadas são mais compatíveis comvãos maiores, como as pontes do rioTejo (Portugal). No entanto, umasolução mais barata não ficaria tãobonita, e São Paulo estava precisandode algo imponente, que acabasse com a mesmice das pontes sobre orio Pinheiros"Virgílio Ramos, projetista estrutural

"A Marginal passou a ser um pólocomercial nos últimos 20 anos, sendoum dos motivos para ocongestionamento em São Paulo afalta de pontes. Não acho que sejauma obra catastrófica, e não tenhocomo avaliar se todo aquele volume deconcreto é indispensável. No entanto,talvez fosse o caso de pensar napossibilidade de uma soluçãometálica, mais esbelta"Sergio Teperman, arquiteto

"Certamente não é a solução mais barata,mas um marco tem seu preço. A soluçãopara o vão do Masp (Museu de Arte deSão Paulo) também não é a mais barata,mas se houvesse 20 pilares ali embaixonão seria o Masp. A ponte éextremamente arrojada, com muitasolicitação ao pilar. Há outras alternativas,mas essa é tecnicamente adequada"Roberto de Oliveira Alves, projetista estrutural

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"Nossa administração pública está 50 anosatrasada. Em hipótese alguma se deveriagastar dinheiro com transporte individual.Deveríamos canalizar os recursos paratransportes coletivos, especialmente oMetrô. É a coisa mais óbvia do mundo, masnão é o que se faz. A discussão deveriaacabar antes de entrar no mérito daquestão técnica. Eu imploro para quenossos administradores parem com isso"Marcio Kogan, arquiteto

mento e cimbramento. A solução,premiada no concurso interno deprodutividade da OAS, era compostapor três plataformas de trabalho. Nainferior realizava-se o acabamentona estrutura e a remoção dos conesde sustentação para utilização na

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Vigas longitudinais protendidas

Vigas engastadas no tabuleiro

Projeção do tabuleiro

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Vigastransversais

Vigas longitudinais armadas

Projeção do tabuleiroVigas engastadas no tabuleiro

Laje

Torre

Desenho do mastro em X

Viga e tabuleiro inferior – nível 12 m

Viga e tabuleiro superior – nível 23,4 m

"Gostei muito da concepção, que foiadequada por ter conseguido vencer ovão do rio Pinheiros. E também há quese levar em conta fatores estéticos, denavegabilidade, de greide. No entanto,não é o vão indicado para os estais, quenão se justificam economicamente paravãos abaixo de 200 m. Deve ter ficadomais caro e com maior prazo, pois é deexecução complexa e singular"José Luiz Cardoso, projetistaestrutural

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Instalado no interior de um dos pilares, sistema monitora simultaneamente cada um dos estais das duas pontes, informando se aforça aplicada é maior ou menor do que a esperada

Autor do projeto estrutural básico para aponte, o engenheiro Catão Ribeiro, daEnescil Engenharia de Projetos Ltda., nãopoderia ser contratado para a concepçãodo projeto executivo. De acordo com a leide licitações a Construtora OAS,vencedora da concorrência para execuçãoda ponte estaiada, estava impedida decontratar o projeto da mesma empresa.Para colocar em prática a solução em "X"obtida por ele foi criada a empresa ANTWEngenharia de Projetos, a ser contratadapela construtora. No entanto, a Emurb

Manobra jurídica(Empresa Municipal de Urbanização) nãocontrataria uma empresa semexperiência. Dessa forma, Catãoassociou-se ao engenheiro AntranigMuradian para que este assumisse aresponsabilidade técnica da novaempresa, cujo time de profissionais eracomposto, basicamente, pela mesmaequipe da Enescil. A participação de Catãona obra foi assegurada pela suacontratação como consultor. Em tempo, ologotipo da ANTW representa o própriomastro da ponte.

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etapa subseqüente. A intermediáriatinha um sistema de cremalheirapara montagem e desmontagem doescoramento. A superior abrigavaarmação e concretagem. O painelcentral era único e foi utilizado em

toda a extensão do mastro. Os de-mais eram rearranjados para seadaptar à inclinação variável.

Três vigas unem os dois pilares,sendo que as duas inferiores apóiamos tabuleiros. Para concretagem des-

sas, as estruturas de cimbramentoapoiavam-se no solo. A viga supe-rior, para travamento da estrutura,exigiu a instalação de perfis metáli-cos, apoiados nas paredes do mastro,para minimizar a interferência dovão (veja mais sobre a estrutura dostabuleiros na ilustração).

Cuidados especiaisA concepção da obra foi feita

com base num software capaz deanalisar o comportamento ao longodo tempo da estrutura, consideran-do a deformação lenta, o relaxamen-to do aço e a perda de protensão."Foi feita para durar 100 anos, consi-derando eventuais problemas", sa-lienta Catão Ribeiro.

Foram implantados dois labora-tórios na obra, um para controle tec-nológico do concreto e outro dossistemas estruturais. O primeiro agi-lizava resultados do desempenho do

Seqüência de construção

Vigas para apoio dos tabuleiros

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1 Construção dos pilares2 Encontro dos pilares3

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FICHA TÉCNICA

projeto básico: Enescil; projetoexecutivo estrutural:AntranigMuradian; controle da qualidadedo projeto executivo estrutural:Studio de Miranda (Itália); projetoexecutivo de faseamento:ANTW;controle da qualidade dofaseamento: EGT Engenharia eStudio de Miranda (Itália); projetogeométrico e pavimentação:Geométrica; projeto de arquitetura:Valente e Valente Arquitetos; serviçosde estaiamento e protensão:Protende; locação de fôrmas esistemas de escoramento ecimbramento: Mills; fornecimentode concreto usinado: Engemix;fornecimento de aço CA50/60:Gerdau; fornecimento de açoCP190 para protensão: BelgoMineira; controle tecnológico doconcreto e do aço:TesteEngenharia; monitoração dosestais, ensaios dinâmicos,ensaios dos cabos e controlegeométrico: LSE – Laboratório deSistemas Estruturais

Rio Pinheiros

CTEEP Linha de transmissão

Bloco

Bloco

Bloco

Bloco

CPTM

Canal de adução

2.900 mm2.700 mm

Estaca raiz ø 11 cm (1:5)

Estaca escavada ø 130 cm

560

mm

200

Fundações e interferênciasBloco de fundação

concreto aplicado. Necessário por-que, durante a execução do tabulei-ro, o prazo para protensão das adue-las era de três dias. Logo, foi desen-volvido um concreto que atingisse,nesse prazo, fck = 25 MPa.

O outro laboratório auxiliava nocontrole da execução dos estais e nosavanços do tabuleiro em balançossucessivos. Um sistema de monito-ração com 144 células de carga –uma para cada estai – permite saberem tempo real a força exata aplicadaem cada cabo. Esse sistema ficaráativo por dois anos.

Os engenheiros da OAS, EládioAlves e Francisco Germano contamque foram realizados ensaios exter-nos para verificação da resistênciaestática e de fadiga em cordoalhas deestaiamento. A estrutura passou porensaio no túnel de vento do Labora-tório de Aerodinâmica das Constru-ções da Universidade Federal do RioGrande do Sul. Durante a fase exe-cutiva, cada vez que o anemômetroinstalado na grua acusava ventosfortes demais, os trabalhos eram pa-ralisados. Os ensaios em túnel devento levaram à instalação de uma

estrutura aerodinâmica no tabuleiropara minimizar os efeitos de "flutter"e de desprendimento de vórtices.Embora os ventos característicos dacidade não possam causar danos àestrutura, poderia haver sensação dedesconforto nos usuários.

Para minimizar o impacto de in-serção da obra no meio urbano o ar-quiteto João Valente, da Valente, Va-lente Arquitetos, considerou as di-mensões metropolitana, microrre-gional e local da ponte. Tambémcoube a ele buscar um desenho contí-nuo, com fluidez para as linhas ascen-dentes do mastro. "Ao trabalhar comapenas um mastro a resultante foi umtanto rústica", lembra. A arquiteturacontemplou também a harmoniza-ção das linhas do tabuleiro, especial-mente nos trechos de transição entreos segmentos estaiados e os apoiados,e o entrelaçamento dos estais. "Pro-curamos valorizar a aura da teia, epor isso adotamos o amarelo claro."Para os baixios dos viadutos na regiãoda Berrini há a proposta de constituirum espaço de convivência com "visãoprivilegiada da ponte".

Bruno Loturco

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Lançamento dos tabuleiros4 Travamento superior e estaiamento5 Encontro com pilares6

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PRÉ-FABRICADOS – ESPECIAL 60 ANOS

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Aprimeira obra com elementospré-moldados de concreto do

Brasil foi executada em 1926, na entãocapital Rio de Janeiro.Na época,a filialbrasileira da construtora dinamar-quesa Cristhiani-Nielsen ficou res-ponsável pela construção do Hipó-dromo da Gávea.

Segundo o engenheiro AugustoCarlos de Vasconcelos, em seu livro"O Concreto no Brasil: Pré-fabrica-dos, Monumentos e Fundações", aobra bateu o recorde sul-americanode produção de estacas pré-moldadaspara fundações. Foram produzidosmais de 8 km de peças com até 24 mde comprimento. O Cimento Por-tland usado era o Aarlborg, importa-

Estruturas prontasUtilizados no Brasil desde 1926, pré-moldados desenvolveram-seprincipalmente na segunda metade do século 20

do da Dinamarca, que apresentavaendurecimento rápido e permitiaobter, aos três dias de idade, a resistên-cia normalmente obtida depois dequatro semanas. A obra também con-tava com muros pré-moldados de 2,5 mde altura e 3,5 km de extensão.

Mas o uso dos pré-moldados nopaís intensificou-se apenas na décadade 1950. No Estado de São Paulo, aConstrutora Mauá utilizou a tecnolo-gia na execução de diversos galpões in-dustriais. Os elementos eram produzi-dos deitados, concretados uns sobre osoutros numa seqüência vertical. Logoque endurecia, a peça de concreto infe-rior era coberta com papel parafinado eiria servir como fôrma de base para a

peça seguinte. Em seguida, as fôrmasmetálicas laterais e as armaduras doselementos pré-moldados eram prepa-radas para a execução da concretagem.Com esse método, era possível produ-zir até dez peças empilhadas, com ele-vada produtividade e poucos gastoscom o escoramento das fôrmas.

Inovação importante surgiu na se-gunda metade daquela década, com afábrica de pré-moldados de concretoprotendido Protendit. As primeiraspeças fabricadas com a nova tecnologiapela empresa foram as estacas pré-moldadas de seção 15 cm x 15 cm equatro fios de protensão de 5 mm dediâmetro. Com isso, era possível redu-zir brutalmente o consumo de materiale os custos de produção das peças, emcomparação com as então tradicionaisestacas maciças de 20 cm x 20 cm. Acravação do novo produto mostrava-semais fácil, segundo empresas executo-ras de fundações:a menor seção e a pré-compressão tornavam o elemento maisrígido para a propagação das ondas dechoque da cabeça da estaca à sua ponta.

Nas últimas três décadas, o desen-volvimento de estruturas mistas este-ve, para a engenheira Íria Licia OlivaDoniak, diretora-executiva da Abcic(Associação Brasileira da ConstruçãoIndustrializada de Concreto), entre osprincipais avanços tecnológicos dosegmento. "Atualmente existem edifí-cios no Brasil de até 20 andares utili-zando vigas protendidas pré-fabri-cadas, lajes alveolares e pilares molda-dos no local", afirma Íria.

O desenvolvimento tecnológiconão pára por aí. No País, as principais

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Pré-moldados vencem grandes vãos e mais de 40 m de altura, mas o principalavanço tecnológico desse sistema foi o desenvolvimento de estruturas mistas

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Ontem x hoje

Mais de quatro décadas depois, asconstrutoras já tinham conhecimentosuficiente da execução de estruturas pré-moldadas de concreto. E, com ocronograma apertado, recorreram àtecnologia para a construção dasprincipais estruturas do Pan-2007: oVelódromo, o Parque Aquático, a ArenaMultiuso e, a maior de todas, o EstádioJoão Havelange. Reportagem da Téchne no 123, de junhode 2007, revelava que a estrutura doEngenhão, como também é conhecido oestádio, havia sido originalmenteconcebida em concreto armado moldadoin loco. No entanto, os construtoresadaptaram-na para os pré-moldados emfunção de dois fatores. O primeiro deles, o

1963 – Jogos Pan-americanos de São Paulo

As provas de boa parte das modalidadesesportivas do Pan-1963 seriam disputadas nocomplexo poliesportivo da Universidade deSão Paulo, localizado na Cidade Universitária.O alojamento dos atletas ficaria do lado docomplexo, nos apartamentos do conjuntoresidencial que a USP (Universidade de SãoPaulo) já planejava construir para abrigarseus alunos de fora da capital.Para garantir a conclusão da construção doconjunto antes da Competição, o governoestadual impôs pesadas multas àsconstrutoras que não cumprissem os prazosestipulados em contrato. Uma das empresasescolhidas para as obras, a Ribeiro Franco,propôs a execução dos blocos deapartamentos totalmente em estruturas pré-moldadas reticuladas. Mas como as equipesde engenharia envolvidas não tinhamexperiência com a tecnologia, decidiu-se, porprecaução, dividir a obra: uma empresa

construiria metade dos blocos em estruturaconvencional, de concreto armado, e aRibeiro Franco, a outra metade, em pré-moldados. No final da obra, um fato curioso:os prédios em concreto armado ficaramprontos antes dos pré-moldados, em funçãodas dificuldades técnicas enfrentadas pelaconstrutora com a nova tecnologia. Mas oconjunto é ainda hoje conhecido como aprimeira obra residencial realizada em pré-moldados no País.

2007 – Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro

prazo – a cargo da Prefeitura do Rio deJaneiro, a execução do conjunto deveriaocorrer entre setembro de 2003 e maio de 2007. O segundo era econômico: a construção em concreto armadodemandaria um consumo brutal de fôrmas.As arquibancadas, originalmenteconcebidas como vigas contínuas, viraramelementos pré-moldados independentesentre si. Com isso, mudou também ocálculo das vibrações e dos esforçosnesses elementos, que possibilitou aredução do número de pórticos daestrutura. A economia refletiu-se naredução das fundações do estádio e dovolume de concreto necessário para aprodução da estrutura.

pesquisas relacionadas com a tecno-logia estão em desenvolvimento noNetpre (Núcleo de Estudo e Tecnolo-gia em Pré-Moldados de Concreto)da UFSCar (Universidade Federal deSão Carlos), principalmente no seg-

mento de lajes alveolares e ligações."O desempenho em relação a cisalha-mento e flexão de lajes alveolares temcorrelação direta com o uso desseselementos em edifícios altos", afirmaÍria, da Abcic, entidade parceira do

Netpre. Segundo a engenheira, assimcomo vem ocorrendo na Europa,existem perspectivas para a expansãodo mercado desse tipo de construçãono Brasil.

Renato Faria

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Para viabilizar a construção de um galpãode 40 m de altura com estruturas pré-moldadas de concreto, os construtores doEstaleiro Navship, em Navegantes (SC),lançaram mão de um sofisticado sistemade pilares compostos treliçados. No topodesses elementos se apoiarão pontesrolantes com capacidade de suportarcargas de mais de 200 t. O EstaleiroNavship, do grupo norte-americanoEdison Chouest Offshore, começou afuncionar em 2006. Durante a primeirafase de sua construção, iniciada em maiodo ano anterior pela construtora Stein epela BPM Pré-Moldados, foram erguidosnove pavilhões industriais. Desde então já foram montados no estaleiro algunsnavios para transporte de insumos eprodutos entre plataformas petrolíferas e bases portuárias. Dentro dos pavilhões, são montadosgrandes blocos que posteriormente serãounidos e formarão um novo navio.Durante a primeira fase de construção doNavship, a etapa final de solidarização dosblocos era realizada ao ar livre noterreno. Esse "problema" foi solucionadona segunda fase da construção doestaleiro, de que a BPM tambémparticipou, em que estava prevista aexecução de um grande galpão queabrigaria a montagem final dos navios."Um pavilhão como esse normalmente seriaconstruído em estrutura metálica, mas a

Pilares pré-moldados compostos vencem 30 m de altura

solução em pré-moldados se mostrou maiscompetitiva", afirma Nivaldo de LoyolaRichter, diretor da BPM Pré-Moldados.O desafio, na obra, foi viabilizar a estruturado galpão principal, de 40 m de altura e139 m de comprimento. Nos pilares, a 30 m do piso, seriam apoiadas as vigas de sustentação dos trilhos das pontesrolantes. Como o carregamento nas pontesé dinâmico, a aceleração e a frenagem nadireção dos vãos poderiam gerar, no topodas colunas, forças horizontais da ordemde 10% da carga transportada. "A conseqüência é uma flexão nos pés dospilares, da ordem de 600 t, que exigiu umasolução criativa", explica Richter.

O problema foi resolvido com um sistemade pilares compostos – duas colunas pré-moldadas paralelas ligadas portravamentos diagonais também pré-moldados –, que aumenta virtualmente a seção do pilar. Para resolver o mesmoproblema na direção do comprimento do galpão, os pares de pilares compostostambém se uniam por vigas horizontaispré-moldadas, contraventadas por umsistema metálico. Lá em cima, a tesouratreliçada da cobertura, produzida comconcreto auto-adensável de altodesempenho, forma um conjuntoaporticado rígido, vencendo o vão de 38,3 mentre as faces externas dos pilares.

Para reduzir a produção de resíduos nocanteiro e obter maior velocidade naprodução da estrutura, as instalações danova sede da distribuidora de açosAçovisa, em Guarulhos (Grande SãoPaulo), foram executadas com elementosde concreto pré-moldados. Segundo JoãoCarlos Leonardi, diretor da Leonardi Pré-Fabricados, executora da estrutura, foramcerca de 5 mil m² de área construída, quecompreendiam um galpão e uma áreaadministrativa em dois pavimentos. No projeto, destaca-se o sistema dereaproveitamento da água das

Montagem rápida em fábrica na Grande São Pauloinstalações. As duas centrais detratamento de efluentes – uma para ogalpão e outra para os dois blocos –tratam a água utilizada e a conduzem para um grande reservatório. O líquidotratado é usado na lavagem dos pátios e nos jardins da empresa.Segundo Claudio Rampazzo, arquiteto daobra, foi possível construir a estrutura dogalpão, de 46,5 m x 64,5 m, em apenas 30dias. Descontados os dias de paralisaçãoda obra causada pelas chuvas, asestruturas dos dois outros blocos foramexecutadas em 25 dias.

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Envie artigo para: [email protected] texto não deve ultrapassar o limitede 15 mil caracteres (com espaço).Fotos devem ser encaminhadasseparadamente em JPG.ARTIGO

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Nas últimas décadas as lajes alveo-lares protendidas se tornaram os

elementos pré-fabricados de maioraplicação em todo o mundo. Entre-tanto, no Brasil ainda não existe umanormalização específica que oriente apadronização de projeto ou mesmoque estabeleça os critérios necessáriosde desempenho para a realização deensaios de controle de qualidade, vi-sando a certificação desse produto.

Neste artigo é apresentado o pro-cedimento padronizado de ensaio aocisalhamento para lajes alveolares pré-fabricadas de concreto protendido, se-guindo as recomendações da FIB(CEB-FIP) e da norma EN 1168/2005.São descritos de forma resumida osprocedimentos de ensaio, sendo tam-bém apresentadas algumas considera-ções sobre os critérios de projeto e deaceitabilidade em relação à produção.

Para verificar a aplicação dessemétodo de ensaio no Brasil, realizou-se um estudo experimental que envol-veu pesquisas de pós-graduação de-senvolvidas no Netpre-UFSCar (Nú-cleo de Estudos e Tecnologia em Pré-moldados de Concreto da Universida-de Federal de São Carlos) em conjuntocom a Cassol Pré-fabricados, peloconvênio entre a UFScar e a Abcic (As-sociação Brasileira da Construção In-dustrializada de Concreto). Foramrealizados ensaios em elementos delajes sem capa, com capa e com preen-chimento de alvéolos. Os resultados

Resistência de lajesalveolares pré-fabricadasao cisalhamento

experimentais são comparados comcritérios de cálculo de acordo com aNBR 6118/2003 e EN 1168/2005.Cabe salientar a importância da iden-tificação e rastreabilidade do produtoque possibilitou a recuperação detodos os dados obtidos nas inspeçõese ensaios durante a produção: Quali-ficação e análise de desempenho dos

materiais componentes do concreto eaço, traço e dosagem das misturas uti-lizadas, desvio-padrão do concreto,resistência de liberação 21,0 MPa paradesprotensão em 24 horas, resistênciaà tração, módulo de elasticidade doconcreto, controle dimensional emrelação às tolerâncias estabelecidasem norma, relatório de alongamentodos cabos, acompanhamento da cur-va de cura a vapor compatível com asrecomendações para elevação grada-tiva de temperatura, período constan-te e resfriamento.

Finalmente, é apresentada umaanálise dos resultados encontrados comalgumas considerações dos autores.

IntroduçãoA normalização em relação aos ele-

mentos estruturais pré-moldados foirecentemente revisada, tendo comoprincipais aspectos: adequação à NBR6118/2003 e à NBR 9062/2006,durabi-lidade, estrutura em serviço, estabili-dade global da edificação, controle dequalidade, segurança e economia. En-tretanto, no Brasil ainda não existeuma normalização específica para lajesalveolares que oriente a padronizaçãode projeto ou mesmo que estabeleça oscritérios necessários de desempenhopara a realização de ensaios de contro-le de qualidade, necessários para a cer-tificação desse produto.

De acordo com a literatura técnicainternacional, as lajes alveolares po-

Marcelo A. FerreiraProfessor-adjunto – Departamento de

Engenharia Civil – Coordenador doNetpre-UFSCar (Núcleo de Estudo e

Tecnologia em Pré-Moldados de Concreto)[email protected]

Neiton S. FernandesMestre em Eng. Civil – Pós-Graduação em Construção Civil – Netpre-UFSCar

Roberto Chust CarvalhoProfessor-associado – Departamento

de Engenharia Civil – Vice-Coordenador do Netpre-UFSCar

Altibano OrtenziMestre em Eng. Civil – Pós-Graduação em Construção Civil – Netpre-UFSCar

Íria L. O. DoniakEngenheira civil, diretora-executiva da Abcic (Associação Brasileira da

Construção Industrializada de Concreto)

Luís O. B. LiviEngenheiro civil – gerente de projetos –

Cassol Pré-Fabricados

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dem apresentar diferentes mecanismosde ruptura: a) falha por perda da anco-ragem; b) falha por cisalhamento (ten-são no ponto crítico da nervura supe-rior à resistência de tração do concre-to); c) falha por cisalhamento em re-gião fissurada (com efeito combinadode cisalhamento, flexão e escorrega-mento); d) falha por cisalhamentocombinado com torção (em peças quenão são planas); e) falha por flexão(ELU),com possibilidade de escorrega-mento da armadura ativa próximo àruptura; f) falha por interação dos me-canismos de flexão e cisalhamento (empeças curtas com carregamentos altos).

Segundo várias pesquisas ao longodo mundo, o principal parâmetro a serconsiderado no projeto das lajes alveo-lares protendidas é a resistência à tra-ção do concreto, principalmente pelofato de que a mesma é considerada nocálculo da resistência ao cisalhamento,onde a armadura transversal é dispen-sada. Segundo o "Manual de Qualida-de para Lajes Alveolares" da FIP(1992), a resistência à tração efetiva doconcreto em uma laje alveolar é alta-mente dependente da forma geomé-trica dos alvéolos, do traço de concre-to e do método de produção.

Em geral essas lajes possuemcapas de concreto acima de 5 cm paraformar uma seção composta visandoo aumento da capacidade da resistên-cia à flexão. Por outro lado, desde queseja garantida a aderência entre acapa e a superfície da laje junto aoapoio, essa capa pode contribuir parao aumento da capacidade da resistên-cia ao cisalhamento.

Para as situações correntes de pro-jeto no Brasil as lajes alveolares maisutilizadas são as de 150 mm e 200 mmde altura, enquanto que na Europa enos Estados Unidos são comuns asaplicações de lajes alveolares entre265 mm e 500 mm de altura. Por essa

razão, nem sempre os mecanismos re-sistentes críticos presentes nas lajes demaior altura serão compatíveis às si-tuações de projeto encontradas noBrasil. Sendo assim, a realização de en-saios desse tipo de laje no Brasil é degrande importância para que se ganheum melhor entendimento do funcio-namento, que por sua vez tambémpermite o aprimoramento de projeto.

Neste artigo é apresentado o pro-cedimento padronizado de ensaio aocisalhamento para lajes alveolares pré-fabricadas de concreto protendido, se-guindo as recomendações do "Manualpara Projeto de Lajes Alveolares" daFIB (2000) e da norma EN 1168/2005.São descritos de forma resumida osprocedimentos de ensaio, sendo tam-bém apresentadas algumas considera-ções sobre os critérios de projeto e deaceitabilidade em relação à produção.

Modelo teóricoA resistência ao cisalhamento de

lajes alveolares pode ser governadapor dois mecanismos básicos: a)quando a força de cisalhamento pró-xima ao apoio produz uma tensãoprincipal de tração em um ponto crí-tico da nervura entre os alvéolos, ex-cedendo a resistência de tração doconcreto; b) quando a tensão de tra-ção produzida por cisalhamento écombinada com outras tensões de tra-ção no concreto, como, por exemplo,as tensões de tração causadas pela in-trodução da força de protensão na re-gião de transferência e/ou por tensõesde tração causadas pela presençacombinada de flexão.

Para levar em conta a resistência aocisalhamento em regiões afetadas porfissuras de flexão, o cálculo pode serfeito de acordo com prescrições daNBR 6118/2003, as quais estão deacordo com recomendações da FIB(CEB-FIP) e EN 1168/2005. Com base

nesses critérios, a resistência ao cisa-lhamento de projeto VRd pode ser obti-da pela equação 1.

τRd = [τRd. k . (1,2 + 40 . ρt) + 0,15 .

σcp]. bw. d Eq. (1)

Onde:τRd = 0,25 fctd,inf

fctd = fctk, inf/γc – (com γc = 1,0)ρ = As1 / bw * dσcp = Nsd/Ac, calc

k = coeficiente com os seguintes valores:� para elementos em que 50% da ar-madura inferior não chega ao apoio:k=|1|;� para os demais casos: k = |1,6 – d|(não menor que 1), com d em metros;As1 é a área da armadura de tração quese estende até não menos que d + Lb,nec

além da seção considerada;bw é a largura mínima da seção aolongo da altura útil d (Lpacp – númerode alvéolos x diâmetro dos alvéolos);d = altura útil (hlaje – d');Nsd = força longitudinal na seção devi-da à protensão;γc = 1,0 não sendo considerado no cál-culo, nesse caso;Ac,calc = área calculada de concreto nospainéis de laje alveolares.

Para a análise dos resultados expe-rimentais, foram calculados os valoresteóricos da resistência ao cisalhamen-to característica VRk, sem considerar oscoeficientes de segurança, os quaisforam comparados com os resultadosobtidos para as resistências de rupturamédias nos ensaios Vu,exp, sendo queeste último deve superar a resistênciacaracterística. Por sua vez, o coeficien-te de segurança efetivo pode ser obtidopela relação entre a resistência experi-mental e a máxima força de cisalha-mento de serviço VS,max, dada por:

l = Vu,exp /VS,max Eq. (2)

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Ensaio de cisalhamento segundo aEN 1168/2005

A eficiência do projeto de lajes al-veolares pré-moldadas de concretopode ser avaliada por meio de ensaiosde elementos de lajes (ensaios paracontrole da qualidade, ensaios deprova de carga para verificação deprojeto e ensaios de pesquisa e desen-volvimento). O ensaio de cisalhamen-to permite, além de avaliar a resistên-cia ao cisalhamento da laje alveolar,avaliar indiretamente a resistência àtração do concreto e a ancoragem.

Para que se consiga um efeito des-favorável da flexão sobre o mecanis-mo de resistência ao cisalhamento, oensaio de apoio padronizado reco-mendado pelo manual da FIP (1992)e a norma EN 1168/2005 estabelecemque a carga sobre a laje seja aplicada auma distância de 2,5 h (sendo h a al-tura da laje) do apoio mais solicitado,cujo arranjo de ensaio está ilustradona figura 1. O comprimento da lajedeve ser igual ao maior dos valores de4 m ou 15 h. A velocidade do carrega-mento deve ser controlada de acordocom o procedimento padronizado.

Com o objetivo de verificar a via-bilidade de aplicação no Brasil doprocedimento recomendado pela FIB(CEB-FIP) realizou-se um trabalhode parceria tecnológica que envolveupesquisas de pós-graduação desen-volvidas no Netpre-UFScar, ondeforam ensaiados ao cisalhamentocinco grupos de lajes alveolares,sendo: a) lajes sem capa; b) lajes comcapa de concreto com tela soldada; c)lajes com capa de concreto com fibrasmetálicas; d) lajes sem capa com doisalvéolos preenchidos; e) lajes comquatro alvéolos preenchidos. Na figu-ra 2 é apresentada uma ilustração deum dos ensaios realizados na fábricada Cassol em Araucária, no Paraná.

Vários quesitos preliminares sãorequeridos antes de iniciar os ensaiospropriamente ditos. Tais quesitosdizem respeito ao controle de qualida-de dos materiais que irão compor oproduto acabado, bem como os pro-cessos de fabricação dos elementos.Osprocedimentos adotados nos ensaiosestão apresentados detalhadamentena dissertação de mestrado recém-concluída em Fernandes (2007).

Avaliação dos ResultadosExperimentais

Na figura 3 estão apresentados osresultados experimentais para os va-lores de reação de apoio versus o des-locamento no ponto de aplicação docarregamento para os ensaios daslajes sem capa, lajes com capa (comtela e com fibras metálicas) e compreenchimento dos alvéolos (dois equatro alvéolos, respectivamente).Na figura 4 estão apresentadas confi-gurações de fissuração de cisalha-mento no apoio da laje e em umanervura típica.

Na tabela 1 estão apresentadosos resultados médios dos ensaiospara cada um dos grupos de lajes,sem e com capa, com dois ou quatroalvéolos preenchidos. A tabela tam-bém apresenta a comparação comos valores de cálculo de acordo coma NBR 6118:2003. Para o cálculoteórico, considerou-se para a datado ensaio a resistência de compres-são do concreto das lajes igual a fcj =40 MPa, a resistência da capa igual afcj = 25 MPa. A resistência à traçãodo concreto das lajes, obtida deacordo com a NB-1, foi de fctm = 3,5MPa. O aço de protensão utilizado éo da categoria CP190RB, sendocinco cordoalhas de Ø = 1/2". Con-siderou-se uma perda de cerca de10% para a tensão de protensão nadata dos ensaios.

Conforme pode ser observado,no caso das lajes sem capa a resistên-cia experimental ficou um poucoacima da capacidade máxima esti-mada (sem os coeficientes de ponde-ração), indicando uma boa consis-tência para o modelo teórico adota-do. Em ambos os casos para as lajescom capa (com tela e com fibra me-tálica), os resultados experimentaisestiveram bem acima dos valores es-timados. Todavia, nos casos das lajessem capa com preenchimento de al-véolos, os resultados experimentaisindicaram que a resistência ao cisa-lhamento não aumentou proporcio-nalmente ao aumento da área depreenchimento dos alvéolos. Outroscomentários são apresentados nasconsiderações finais.

Figura 2 – Ensaio de cisalhamento em lajes alveolares na Cassol – fábrica deAraucária (PR)

Figura 1 – a) Arranjo do ensaio de cisalhamento padronizado pela norma EN-1168;b) ensaio de laje alveolar realizado na Europa

a = 2,5 h

h

10 cmP

R L = 4 m

Foto

s: E

quip

e N

etpr

e/Ca

ssol

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Considerações finaisPelo estudo técnico desenvolvido

pelo Netpre (UFSCar) em parceriacom a Cassol verificou-se que o pro-cedimento para ensaio de cisalha-mento recomendado pela norma EN1168/2005 para avaliação de lajes al-veolares pode ser reproduzido em fá-bricas de pré-moldados no Brasil.

Devido ao arranjo utilizado para osensaios realizados,com a carga aplicadaa uma distância do apoio igual a 2,5 h,tem-se um mecanismo de resistência aocisalhamento em zona com possibilida-de de fissuras de flexão. Sendo assim, apartir da comparação dos resultadosexperimentais com o cálculo teórico,verificou-se boa consistência com oscritérios de cálculo estabelecidos pelaEN 1168:2005, que nesse caso são coin-cidentes com a NBR 6118/2003.

No caso das lajes sem capa, os re-sultados experimentais foram supe-riores à resistência última estimada,com exceção em um modelo querompeu por mecanismo combinadode cisalhamento e torção. Para evitaresse efeito, nos demais ensaios utili-zou-se um dispositivo de apoio emuma das extremidades que permiterotações devido à deflexão da laje erotações em torno do eixo da laje.

Nos casos das lajes com capa(com tela e com fibra metálica), ob-serva-se que os resultados experi-mentais foram bem superiores aosvalores estimados teoricamente.Acredita-se que esse fato se deve àmudança de mecanismo graças aoaumento da altura da laje, ficandomais próximo ao mecanismo de rup-tura por cisalhamento puro onde a

tensão principal de tração na nervuraexcedeu à resistência de tração doconcreto. Entretanto, observa-se quese por um lado o limite de resistênciatenha aumentado, tem-se uma dimi-nuição da ductilidade.

Pela comparação dos resultadosexperimentais com os valores teóricos

Figura 3 – Resistências experimentais nos apoios das lajes ensaiadas

a = 2,5 h

h

10 cmP

R L = 4 m

a) Arranjo do ensaio de reaçãode apoio

Figura 4 – Mecanismos de ruptura porcisalhamento em apoios de lajes alveolares

b) Reação de apoio em lajesem capa

160140120100806040200 4 8 12 16

Deslocamento médio (mm)

R(k

N)

eaçã

o no

apo

io

Laje sem capa

20 24

Peça 01Peça 04

Peça 02Peça 05

Peça 03

Peça 5:cisalhamento + torção

c) Reação de apoio em lajecom capa e tela soldada

4 8 12 16Deslocamento médio (mm)

R(k

N)

eaçã

o no

apo

io

Laje com capa + tela

20 24

Peça 01Peça 04

Peça 02Peça 05

Peça 03

200

160

120

80

40

0

d) Reação de apoio em lajecom capa e fibras metálicas

240

200

160

120

80

40

04 8 12 16

Deslocamento médio (mm)

R(k

N)

eaçã

o no

apo

io

20 24

Peça 01Peça 04

Peça 02Peça 05

Peça 03

Laje com capa + fibra

e) Reação de apoio em lajecom capa e tela soldada

240

200

160

120

80

40

04 8 12 16

Deslocamento médio (mm)

R(k

N)

eaçã

o no

apo

io

2 alvéolos preenchidos

20 24

Peça 01Peça 02

Peça 01Peça 03

Peça 02Peça 03

f) Reação de apoio em lajecom capa e fibras metálicas

240

200

160

120

80

40

04 8 12 16

Deslocamento médio (mm)

R(k

N)

eaçã

o no

apo

io

4 alvéolos preenchidos

20 24

Peça 01Peça 02

Peça 01Peça 03

Peça 02Peça 03

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das resistências estimadas para oscasos das lajes com preenchimentodos alvéolos observa-se que as resis-tências experimentais ficaram abaixodos valores estimados. Nos casos dospreenchimentos de dois e quatro al-véolos, ainda permaneceram nervu-ras com a espessura original, o quepode ter atuado como um elo fraco nalaje. Novos estudos estão sendo reali-zados pelo Netpre para melhor com-preender esses efeitos. O que se podedizer até o momento é que os resulta-dos de ensaios demonstraram que aresistência não aumentou proporcio-nalmente ao aumento da seção deconcreto, pelo preenchimento de al-véolos,para os casos de lajes sem capa.

Finalmente, observa-se que a resis-tência considerada no cálculo teórico éreferente a uma tensão crítica localiza-da em uma região abaixo do ponto datensão principal de tração na nervura,onde existe uma interação entre a ten-são de tração no concreto devido ao ci-salhamento com a tensão de tração de-vido à protensão. Sendo assim, a quali-dade da ancoragem é um fator muitoimportante a fim de se evitar a ocor-rência de rupturas frágeis. Nesse con-

texto, do ponto de vista do controle daqualidade, tem-se que a resistência detração do concreto é um dos parâme-tros mais importantes a serem contro-lados, pois a mesma influencia tantona resistência ao cisalhamento quantona eficiência da ancoragem.

Além de validar o sistema de en-saio do fabricante parceiro neste tra-balho e atestar a conformidade doproduto em relação ao cisalhamento,parâmetro ora concluído, em relaçãoàs normas nacionais e internacionais,a contribuição para os projetistas en-volvidos nesse processo, pretende-seque o trabalho venha contribuir parao projeto da Abcic no desenvolvimen-to da Certificação de Produto, umavez que o Selo de Excelência que ates-ta os processos das plantas de produ-ção incluindo avaliação de obras já éuma realidade consagrada no setor. Opróximo passo será a revisão danorma brasileira de lajes alveolares.

Além do cisalhamento, foramrealizados também ensaios de fle-xão, cujos resultados estão sendoanalisados, e as conclusões serão ob-jeto de matéria em próximas ediçõesdesta revista.

LEIA MAIS

NBR 9062:2006 – Projeto eExecução de Estruturas deConcreto Pré-moldado. Rio deJaneiro. ABNT (Associação Brasileirade Normas Técnicas), 2007.EN 1168:2005 – Precast ConcreteProducts – Hollow Core Slabs.Brussels. CEN (Comité Européen deNormalisation), 2005.Guide to Good Practice: QualityAssurance of Hollow Core Slab.London. FIP (FedérationInternationale de la Précontrainte), 1992.Guide to Good Practice: SpecialDesign Considerations for PrecastPrestressed Hollow Core Floors.FIB (Fedération Internationale duBéton), (CEB-FIB), Lausanne, 2000. Cisalhamento em Lajes AlveolaresPré-Fabricadas de ConcretoProtendido: Ensaio de ApoioPadrão para Controle deQualidade. N.S. Fernandes.Dissertação de Mestrado. UFSCar(Universidade Federal de São Carlos)São Paulo. 2007.

Tabela 1 – COMPARATIVO ENTRE VALORES TEÓRICOS E OS OBTIDOS NOS ENSAIOSDE CISALHAMENTO Descrição Vu,exp VRk VRd VS,max λ

(kN) (kN) (kN) (kN)sem capa 118,01 102,9 81,95 58,54 2,02

capa e tela 160,21 113,65 88,73 63,38 2,53

capa com fibras 197,25 113,65 88,73 63,38 3,11

dois alvéolos preenchidos 166,16 173,74 137,3 97,86 1,70

quatro alvéolos preenchidos 175,18 238,87 186,98 133,56 1,31

Vu.exp – média de ruptura por cisalhamento nos ensaios; VRk – resistênciacaracterística ao cisalhamento; VRd – resistência ao cisalhamento de projeto; VS,max –cisalhamento máximo de serviço; λ = Vu,exp / VS,max

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PRODUTOS & TÉCNICAS

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MASSA CIMENTÍCIA A massa cimentícia Brasimassa,da Brasilit, é adequada paratratamento de juntas de placasde drywall. O consumo estimadodo produto varia, segundo ofabricante, entre 350 g e 400 gpor metro de juntas.Brasilit0800-116299www.brasilit.com.br

ACABAMENTOS

ADITIVOAvacal é um aditivo líquido àbase de água para substituiçãoda cal em argamassas pararevestimentos e assentamentode tijolos. Produzido pela AvaréConcretos o produto possibilitaem alguns casos a eliminação dochapisco e proporcionaimpermeabilidade e resistênciaao desgaste mecânico e aoschoques.Avaré Concretos Ltda.(14) 3732-1024www.avareconcretos.com.br

CANTEIRO DE OBRA

VERNIZ ACRÍLICOVedacil Max, da Vedacit, vernizacrílico de proteção parasuperfícies internas e externas,pode ser aplicado, segundo ofabricante, até mesmo emambientes agressivos, comoaqueles submetidos à atmosferamarítima. Seu campo deaplicação se estende dos pisosàs fachadas, em superfíciesporosas de concreto aparente,alvenaria à vista, pedrasnaturais, entre outros.Vedacit/Otto Baumgart(11) 2902-5555www.vedacit.com.br

PAINEL LAMINADOA Pertech, fabricante delaminados decorativos de altapressão, lança o PertechExterior. Trata-se de um painelcompacto, de alta resistência,com grande variedade depadrões e modulações. Suaaplicação pode ser feita emfachadas de prédios comerciaise residenciais, é antipichação etem garantia de 15 anos.Pertech0800-7739600www.pertech.com.br

ACABAMENTOS

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COBERTURA,IMPERMEABILIZAÇÃOE ISOLAMENTO

ESPUMAAlém de preencher espaços, a Espuma de Poliuretano daFischer Brasil age como umselador ou isolante em torno de janelas, portas e caixilhos. O produto adere à maioria dostipos de materiais base, comoconcreto, reboco, tijolo, madeirae diversos tipos de materiaisplásticos.Fischer Brasil (11) 3048-8606www.fischerbrasil.com.br

CONCRETO ECOMPONENTES PARAA ESTRUTURA

ESTRIBOSA Flexfer está lançando nomercado os blocos de fundaçãocontínuos Blocoflex. Segundo ofabricante, o sistema gera umaeconomia de até 93% nasarmações de blocos defundação. Análises técnicasfeitas pelo fabricante constatama adequação à NBR 6118. Flexfer(47) 3436-3255www.flexfer.com.br

ESTRUTURAS EPEÇAS METÁLICAS

PARAFUSOSO parafuso para aglomeradoFixtil é indicado para montagensde móveis em geral,especialmente para uso emaglomerados. O produto está disponível no mercado com dois tipos de cabeça –chata e panela, com fenda Phillips. Ambos possuemacabamento bicromatizado.Fixtil (11) 5034-1436 www.fixtil.com.br

INSTALAÇÕESCOMPLEMNTARES E EXTERIORES

AR-CONDICIONADO O aparelho de ar-condicionadoVertu, da Midea, possui funçõesde autolimpeza para eliminaçãode bactérias e filtros queprocuram melhorar a qualidadedo ar no ambiente. Conta com a função "siga-me" que controlaa temperatura do ar de acordocom a posição do controleremoto que vem em português.Disponível nas versões frio e quente/frio. Midea0800-6481005www.mideadobrasil.com.br

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PRODUTOS & TÉCNICAS

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JANELAS, PORTASE VIDROS

INSTALAÇÕESELÉTRICAS ETELECOMUNICAÇÕES

QUADRO DEDISTRIBUIÇÃOO Simbox XF é o novo quadro dedistribuição fabricado pelaSiemens. Produzido emtermoplástico, material que nãopropaga chamas e não enferruja,o Simbox é adequado aosambientes úmidos. O produtopode ser encontrado em 12, 18,24, 36 e 54 módulos, comportas opacas ou transparentes. Siemens(11) 3908-2011 www.siemens.com.br

ESQUADRIAS DE PVCAs portas e janelas EuroPVCKömmerling são apropriadas àscasas de veraneio, pois sãoproduzidas, segundo afabricante, com matéria-primaresistente às intempéries. Noscentros urbanos, seu isolamentotérmico e acústico proporcionamaior conforto aos ambientes.Europvc(11) 3947-2680www.europvc.com.br

BANHEIRAA Série Veranda da Roca contacom a Banheira com Sistema deHidromassagem Ar e Água. Comdimensões de 1,90 m x 1,10 m,o produto possui controleremoto que comanda diferentestipos de massagem. Roca(11) 4588-4600www.rocabrasil.com.br

INSTALAÇÕESHIDRÁULICAS

INSTALAÇÕESCOMPLEMENTARESE EXTERIORES

PULSADORO pulsador a reversão Bticinocontrola o acionamento detoldos elétricos, telões epersianas. Segundo ofabricante, é adequado parautilização em salas, auditórios,escritórios, fachadas comerciais,hotéis e ambientes hospitalares.Bticino(11) [email protected]

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ANTIDERRAPANTEPara evitar quedas e outrosacidentes em pisos molhados, aTetraquímica disponibiliza oantiderrapante Heritage,fabricado pela Johnson Espanha.O produto torna o pisoantiderrapante e é direcionado atodos os tipos de pisos, comogranito, cerâmica esmaltada,revestimento vítreo, mosaico,porcelanato e mármores. Tetraquímica(11) 3255-3044www.tetraquimica.com.br

MADEIRAS, PLÁSTICOSE MELAMÍNICOS

MADEIRAJá está no mercado brasileiro anova madeira Masisa MSU(Madeira Seca e Uniforme)serrada. O produto écomercializado em medidas-padrão, com 3,6 m decomprimento e diferentesalternativas de largura eespessura. O Masisa MSU écertificado pelo selo FSC (ForestStewardship Council).Masisa (41) 3219-1850 www.masisa.com.br

PISTOLA DE FIXAÇÃOA pistola DX 36M, da Hilti, é um sistema de fixação àpólvora para concreto e aço. A ferramenta semi-automáticapossui pente de dez cartuchos e regulagem de potências. A pistola tem silenciador integrado.Hilti0800-144448www.hilti.com.br

LUBRIFICANTEA Starrett relança o Micro-óleoanticorrosivo M1, que teve suaembalagem aerossol modificada.O M1 produz uma micropelículaà prova de ar, quesimultaneamente seca eprotege, evitando sujeira eencardimentos que outroslubrificantes úmidosnormalmente atraem. M1 atuaefetivamente sobre sujeiraconcentrada, removendo-a nalimpeza dos metais.Starrett 0800-7021411www.starrett.com.br

PRODUTOS ESPECIAIS

MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS

NIVELAMENTOO nível a laser L3 Millenium, da Laser Center do Brasil, possuinivelamento completamenteautomático na horizontal e navertical, possível por meio demotores niveladores. O produtoainda pode ser manuseado a distância, por meio de controle remoto.Laser do Brasil – Anvi(11) 3284-4260www.anvi.com.br

BALANCINSA Baram Equipamentos forneceplataformas com tamanhos de 2 m a 8 m de comprimento,guarda-corpo de 1,20 m erodapés de 0,30 m, com pisoantiderrapante em alumínio.Possui ainda motores de 1,5 cvcom destravamento manual e redutores com carcaça em alumínio.Baram Equipamentos(51) 3033-3133www.baram.com.br

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PRODUTOS & TÉCNICAS

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VEDAÇÕES, PAREDESE DIVISÓRIAS

PAINÉIS COMPOSTOSOs painéis Isojoint Wall Pur sãoconstituídos de núcleo depoliuretano ou poliisocianuratode alta densidade e revestidoscom chapa de aço pré-pintado.Possuem sistema de fixação comparafuso escondido, ideal,segundo a fabricante, paraaplicação em fachadas efechamentos laterais industriais.Isoeste(62) 4015-1122www.isoeste.com.br

PROJETOS E SERVIÇOSTÉCNICOS

SOFTWAREO Cypecad, da Multiplus, é umsoftware para elaboração deprojetos de estruturas emconcreto. O produto abrange,segundo o fabricante, todas asetapas do projeto: modelo 3D daestrutura, carregamentos ecombinações, análise estrutural,dimensionamento do concreto edas armaduras, pranchascompletas, quantitativos ememorial de cálculo.Multiplus(11) 3222-1755www.multiplus.com

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OBRA ABERTA

Manual de Escopo deProjetos e Serviços deArquitetura de Infra-Estrutura EsportivaAbriesp (Associação Brasileirada Indústria do Esporte)60 páginasManuais de Escopo deProjetos e Serviçoswww.manuaisdeescopo.com.brA união de várias entidadesrepresentativas do setorimplicou o surgimento dessesmanuais que estabelecemrelações técnicas econtratuais entre osintervenientes da cadeiaprodutiva. Por estaremdisponíveis em meioeletrônico, são sempreatualizados e acrescidos denovos títulos. A estrutura dosmanuais implica a divisão doprojeto em seis fases:concepção; definição;identificação e solução deinterfaces de produtos;detalhamento de projetos;pós-entrega de projetos epós-entrega da obra. Abordasoluções preliminares deimplantação, layout deequipamentos, especificaçãode acessórios, seleção deserviços de terceiros, entre outros.

Livros

OCA – Arquitetura noBrasil – CasasEdição: Élio Gomes de Sá eMário Sérgio Garcia469 páginasVictoria BooksFone: (11) 5052-3545www.victoriabooks.com.brAo remeter ao vocábulo "oca",que em tupi-guarani significacasa, o título tem umaproposta de simplicidade quedestoa do restante do livro.São apresentadas 70residências, de todas asregiões do País, que retratamo estilo de moradia da elitebrasileira. De acordo com omaterial de lançamento, sãocasas para viver e sonhar,construídas em vários estilose em pontos geográficosdiversos. A publicação visamapear a arquitetura nacional,abrangendo tendências demateriais e de soluçõesinovadoras. Estão presentesprojetos de arquitetos comoMarcio Kogan, Joan Villà eIndio da Costa.

Guia de SuprimentosIndustriais2.192 páginasFerramentas GeraisFone: 0800-7070567www.fg.com.brVoltado para os segmentos demanutenção, reparo eoperação, o Guia é umaprodução da FerramentasGerais, empresa quecomercializa ferramentas,máquinas e equipamentos.São apresentados cerca de120 mil itens, classificados em23 linhas de produtos quecontemplam desde pregos eparafusos até máquinasinjetoras de plástico eusinagem. Traz fotos, tabelas,desenhos, especificaçõestécnicas e aplicabilidade. A princípio, a obra serácomercializada nas unidadesda Ferramentas Gerais e,posteriormente, em livrarias. A intenção da empresa étornar da publicação umareferência para a indústria, o setor de serviços e demaisprofissionais, reunindo asinformações necessárias parapossibilitar a escolha damelhor solução de negócio.

Introdução à CoordenaçãoModular da Construção noBrasil: Uma AbordagemAtualizadaHélio Adão Greven e AlexandraStaudt Follmann Baldauf72 páginasColeção Habitare Antacwww.habitare.org.brO nono volume da coleçãoHabitare Antac (AssociaçãoNacional de Tecnologia doAmbiente Construído) alertapara a necessidade deracionalizar a construção civilpor meio da norma decoordenação modular, de modoa reduzir os atuais problemasdimensionais dos componentesconstrutivos. O livro pretendeincentivar a revisão da teoria dacoordenação modular,priorizando um sistema demedidas que ordenaria afabricação dos componentes,projeto, execução emanutenção. A obra contempla,dentre outros tópicos,instrumentos, sistemas dereferência e orientações sobre oprojeto modular, remetendo aoaumento da produtividade e àredução dos desperdícios e perdas.

obra aberta-132.qxd 5/3/2008 11:55 Page 70

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EternitFone: (11) [email protected] seção "Serviços", novidadeda reformulação do site daEternit, permite a divulgaçãode cursos, treinamentos epalestras promovidos pelacompanhia. Na página inicial,há novidades do setor e dicasde execução. Há também umcanal para relacionamentodireto com os investidores,com informações financeirasaos acionistas, atas e comunicados,apresentações e a declaraçãode responsabilidadesocioambiental da empresa.Na barra superior há um linkpara os produtos oferecidos eferramentas disponibilizadas.O site também possibilita aconsulta dos pontos de vendada empresa.

Desenho Universal –Métodos e Técnicas paraArquitetos e UrbanistasSilvana Cambiaghi269 páginasEditora Senac São PauloFone: (11) 2187-4450www.editorasenacsp.com.brO objetivo dessa publicação éconscientizar arquitetos eurbanistas quanto àpossibilidade de tornarconstruções e cidades maisacessíveis a qualquer pessoa.A partir de exemplos práticos,discute as possibilidades deprojetar a partir dos princípios da acessibilidade,que, segundo ela, têm como partida os dadosantropométricos. Projetosbaseados nesses conceitosatendem às necessidadesfuncionais do maior númerode pessoas, como idosos,deficientes físicos e pessoasdas mais diversas estaturas.O livro aborda temaspertinentes ao ensino dodesenho universal no Brasil eno Mundo e tem o intuito delevar à reflexão dosprofissionais a reconstruçãodos espaços.

DCE 4.0Prysmian Cabos e SistemasFone: (11) 4998-4000www.prysmian.com.brBraço da Pirelli no segmentode cabos e sistemas deenergia, a Prysmiandesenvolveu e disponibilizaonline o software DCE 4.0para dimensionamento decircuitos elétricos. Destinadoao projeto de circuitoselétricos de baixa e médiatensão, a quarta versão doprograma atua como umaferramenta de apoio,realizando cálculos a partir de dados informados pelosprojetistas. Assim, ajuda adeterminar a seção de cabosem circuitos de distribuiçãoou terminais, além de poderser aplicado para circuitoscom motores para verificar se o cabo suporta ascondições de partida. O download pode ser feitogratuitamente por meio dosite www.prysmian.com.br

Sistrel – Lajes e Pré-fabricadosFone: (11) [email protected], o site daempresa fabricante deelementos pré-moldados emconcreto traz novasfuncionalidades, como umespaço maior para notíciasdiárias do setor da construçãocivil, a possibilidade de ovisitante assinar a newslettercom novidades da empresa eo Sistrelino, um mascote quedá dicas sobre os produtos eajuda a resolver dúvidas. Os produtos oferecidos pelaSistrel são divididos porcategoria: protensão, lajes,locação, estrutura e corte edobra. Contam com descriçãoe, em sua maioria, fotos. Há, ainda um painel comrespostas para as dúvidasmais freqüentes sobre osprodutos da empresa.

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Seminários econferênciasCIB – International Conference onMegatrends in Building andConstruction 2008 2/4/2008São Paulo A Conferência reunirá especialistas comrenome internacional de diversos paísesespecializados em diferentes áreas paraapresentar e discutir os grandes desafios daindústria da construção no futuro próximo.E-mail: [email protected]: (11) 8199-9539

Citaes – Congresso InternacionalTecnologias Aplicadas paraEngenharia e Arquitetura Sustentáveis8 a 11/4/2008OlindaO evento, bienal, é um fórum único para aexposição de tecnologias da arquitetura eda engenharia sustentáveis com o objetivode estimular as inovações tecnológicas dosetor e erguer um fundamento para aindústria da sustentabilidade na construção.Fone: (81) 3463-0206www.citaes.com.br

Sinco 2008 – IV Simpósio Internacionalsobre Concretos Especiais22 a 24/5/2008Sobral (CE)O evento discutirá os componentes dosconcretos especiais, características,propriedades e possibilidades deaplicações. O Sinco é realizado peloIbracon (Instituto Brasileiro do Concreto),Iemac (Instituto de Estudo dos Materiaisde Construção) e a UVA (UniversidadeEstadual Vale do Acaraú).Fone: (88) 3611-6796www.sobral.org/sinco2008/

Eco Building – Fórum Internacionalde Arquitetura e Tecnologias para aConstrução Sustentável

23 a 25/5/2008São Paulo O fórum fomentará a discussão sobre aconstrução sustentável por meio deconceitos de arquitetura fundamentais ecomplexos, a aplicação de materiais,tecnologias e soluções construtivas.Haverá análises de casos,regulamentações e tendências demercado nacionais e internacionais para asustentabilidade na construção.E-mail: [email protected]/ecobuilding2008

Conaend & IEV 20089 a 12/6/2008São Paulo O XXVI Conaend (Congresso Nacional deEnsaios Não Destrutivos e Inspeção) e a IEV(Conferencia Internacional sobre Evaluaciónde Integridad y Extensión de Vida deEquipos Industriales) têm o objetivo depromover o intercâmbio técnico e a troca deexperiências entre os participantes. Outroponto é gerar informação e conhecimentostécnicos e científicos na área de IntegridadeEstrutural de Equipamentos, além decontribuir com o relacionamento e a trocade experiências entre as comunidadesnacional e internacional.Fones: (11) 5586-3172/5586-3197.E-mail:[email protected]

Feiras e exposiçõesFensterbau/Frontale – FeiraInternacional de Janelas e Fachadas2 a 5/4/2008Nuremberg (Alemanha)A 11a edição da Feira Internacional deJanelas e Fachadas – Tecnologias,Componentes, Elementos de Construçãoabrangerá, no setor de janelas e fachadas,técnicas de aplicação, revestimentos eferragens. O evento acontece bienalmentee recebe expositores e visitantes detodos os países.E-mail: [email protected] /

[email protected] /www.nuernbergmesse.de

Light + Building6/4 a 11/4/2008Frankfurt (Alemanha)A feira reúne temas que intercalam designda construção, iluminação, eletrotecnologiae automação de casas e edifícios.www.light-building.messefrankfurt.com

16a Feicon Batimat – FeiraInternacional da Indústria daConstrução8 a 12/4/2008São PauloO evento apresentará novidades emalvenaria e cobertura, esquadrias,instalações elétricas, hidráulicas,sanitárias, equipamentos elétricos,dispositivos, condutores, fios, cabos etendências do mercado.Fone: (11) 6914-9087E-mail: [email protected]

Expolux – Feira Internacional daIndústria da Iluminação8 a 12/4/2008São PauloA Expolux 2008 apresenta as principaistecnologias e inovações dirigidas ao setorde iluminação, abrangendo produtos parailuminação residencial, industrial e pública.E-mail: [email protected]

Coverings29/4 a 2/5/2008Orlando (EUA)A Coverings reúne os setores derevestimentos cerâmicos, rochasornamentais, utensílios e acessórios paracozinhas e banheiros, vidros, madeira,artesanato para revestimento,equipamentos, produtos da cadeia derevestimentos (argamassa, rejunte,

AGENDA

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películas anti-ruptura, produtosantiderrapantes, de limpeza e seladores). Afeira é a maior do setor em terrasamericanas e uma das principais docalendário internacional da área.E-mail: [email protected]

Fenarc 2008 – Feira da Engenharia,Arquitetura e Construção13 a 18/5/2008Cascavel (PR)A feira bienal, que está em sua quintaedição, mobiliza a cadeia da construçãocivil da região Sul. A Fenarc proporcionaespaço para empresas apresentarem seusprodutos e serviços ao público e extensaprogramação técnica.Fone: (45) 3326-4073E-mail: [email protected]

Cursos e treinamentosMBA em Crédito Imobiliárioabril/2008São Paulo A Abecip abre inscrições para o MBAEconomia da Construção e FinanciamentoImobiliário. O curso destina-se aosprofissionais da área financeira e do setorimobiliário interessados em obter uma visãodetalhada das alternativas de financiamentoe da construção para aplicação doconhecimento diretamente em seusnegócios. Fone: (11) 3286-4859E-mail: [email protected]

Execução de Alvenaria Estrutural de Blocos Cerâmicos Selecta14/4, 26/6, 28/8, 30/10 e 4/12/2008Itu (SP)Focado em investidores e profissionais queexecutam obras de alvenaria estrutural, otreinamento pretende expor os produtospara alvenaria estrutural Selecta, comvisita à fábrica, noções gerais de projetos,detalhes construtivos, execução dealvenaria e ferramental adequado.Confirmar presença com Márcia Melo.Fone: (11) 2118-2001 E-mail: [email protected]

Arquitetura de hospitais, clínicas e laboratórios

18 e 19/4/2008Manaus O curso contempla uma análise da Rede deSaúde no Brasil, aborda, de maneirasistemática, a metodologia do ProjetoArquitetônico Hospitalar, estabeleceprocessos e métodos de dimensionamentodo edifício, do setor de ADT (Apoio aoDiagnóstico e Terapia) e das Instalações edos Custos Hospitalares. Há a análise deprojetos hospitalares no exterior e noBrasil, principalmente a Rede SarahKubitscheck, além de obras do autor.Aborda ainda a questão energética na atualconjuntura da arquitetura e da engenharia.Fones: (11) 2626-0101/3739-0901E-mail: [email protected]

Avaliação de Máquinas, Equipamentose Complexos Industriais8, 9 e 10/5/2008São PauloO curso, com carga horária de 20 horas,pretende preparar os alunos para atenderos requisitos da ABNT 14653-5.Fone: (11) 3105-4112 www.ibape-sp.org.br

Auto-implementação para IS09000/2000, atendendo aosRequisitos do PBQP-H14/5/2008Porto AlegreO curso tratará da sistemática denormalização dos processos, os requisitosda Norma ISO 9001 versão 2000, e o SIQ-Construtoras. Outro ponto é a capacitaçãopara atuar como auditores internos dosistema da qualidade da empresa.Fone: (51) 3021-3440www.sinduscon-rs.com.br

Projeto Estrutural de Edifícios de Alvenaria16 e 17/5/2008Rio de Janeiro O objetivo do curso é transmitirinformações e técnicas que permitamanalisar a estrutura de um edifício dealvenaria, considerando as ações verticaise horizontais, além de apresentar as basesdo dimensionamento de elementosestruturais de alvenaria, com a ilustraçãode um exemplo de aplicação em edifício. Fones: (11) 2626-0101/3739-0901E-mail: [email protected]

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COMO CONSTRUIR

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Os tubos e conexões de CPVC parasistemas de proteção contra in-

cêndio por chuveiros automáticossão largamente utilizados nos Esta-dos Unidos e outros países, e, a partirda publicação da NBR 10897 em ou-tubro de 2007, passam a integrar alista de materiais (além do aço e docobre) a serem utilizados no Brasilpara esses sistemas.

É importante ressaltar tambémque estão em andamento trabalhos denormalização para a especificação dosrequisitos mínimos a serem atendidospelos tubos e conexões de CPVC. Estetrabalho está sendo realizado pela Co-missão de Estudo Mista da ABNT(CB-02 Construção Civil e CB-24 Se-gurança contra Incêndio) CEM-00:002.04 Tubos e Conexões de CPVCpara Sistemas de Proteção Contra In-cêndio por Chuveiros Automáticos.

Os tubos e conexões de CPVC parasistemas de proteção contra incêndiopor chuveiros automáticos devem serutilizados em sistemas de tubo molha-do, destinados à aplicação em ocupa-ções de risco leve. Devem ser utiliza-dos para pressões até 1,21 MPa e emtemperaturas ambientes até 65ºC.Esteartigo aborda os requisitos e condi-ções específicas para as tubulações deCPVC para sistemas de proteção con-tra incêndio por chuveiros automáti-cos; as condições gerais são especifica-das pela NBR 10897:2007.

Sistema de proteção contraincêndio com tubos deCPVC e sprinklers

Termos e definiçõesSistema de proteção contra incên-

dio por chuveiro automático: basica-mente constituído por uma rede detubulações fixas, à qual estão conecta-dos chuveiros automáticos (sprin-klers) com espaçamento adequado,controlada por uma válvula, e interli-gada a um sistema de pressurização e auma fonte de abastecimento de água.O sistema de chuveiros automáticospode ser decomposto em quatro ele-mentos, que são (Gonçalves, 1998):� Fonte de abastecimento de água� Sistema de pressurização�Válvula de governo e alarme, e res-pectiva rede de alimentação�Rede de distribuição

Ocupações de risco leve: compre-endem as ocupações ou parte das ocu-pações onde a quantidade e/ou a com-bustibilidade do conteúdo (carga deincêndio) é baixa, tendendo a mode-

rada, e onde é esperada taxa de libera-ção de calor baixa a média. São exem-plos: igrejas, clubes, escolas públicas eprivadas, hospitais (com ambulató-rios, cirurgia e centros de saúde), ho-téis, bibliotecas e salas de leituras (ex-ceto salas com prateleiras altas), mu-seus, asilos e casas de repouso, prédiosde escritórios (incluindo processa-mento de dados), áreas de refeição emrestaurantes (exceto áreas de serviço),teatros e auditórios (exceto palcos eproscênios) e prédios da administra-ção pública.

Sistema de tubo molhado: siste-ma de chuveiros automáticos fixadosa uma tubulação que contém água e éconectada a uma fonte de abasteci-mento, de maneira que a água sejadescarregada imediatamente peloschuveiros automáticos quando aber-tos pelo calor de um incêndio.

Chuveiro automático: dispositivo

Simone NakamotoCoordenadora técnica da TesisEngenheira civilSecretária da CEM-00:[email protected]

Vera C. Fernandes HachichGerente técnica da TesisDoutora em Engenharia [email protected]

Chuveiros automáticos

Subidas

Subgeral

Ramais Subida principal

Geral

Válvulasde alarme

Figura 1 – Rede de distribuição e seus componentes (Gonçalves, 1998)

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para extinção ou controle de incên-dios que funciona automaticamentequando seu elemento termossensívelé aquecido à sua temperatura de ope-ração ou acima dela, permitindo quea água seja descarregada sobre umaárea específica.

Materiais e componentesChuveiros automáticos (sprinklers)

Os chuveiros automáticos a sereminstalados juntamente com as tubula-ções de CPVC devem ser chuveiros deresposta rápida (possui elemento ter-mossensível com RTI* igual ou me-nor a 50 m/s½) e devem ter temperatu-ra nominal de 65°C.Tubos e conexões de CPVC

Os tubos e conexões de CPVCdevem ser de cor alaranjada ou ver-melha, e devem atender aos seguintesrequisitos especificados pelo projetode norma ABNT 00:002.04-001:�Resistência à exposição ao fogo�Montagem�Coeficiente de fricção do tubo� Resistência à pressão hidrostáticainterna de curta duração� Comprimento equivalente da co-nexão�Ciclo de pressão�Resistência ao esmagamento�Ciclo de temperatura�Resistência à flexão� Resistência à pressão hidrostáticainterna de longa duração�Resistência ao impacto� Determinação da tensão base deprojeto (HDB)�Resistência à vibração� Resistência à exposição ao meioambiente� Capacidade do chuveiro automáti-co de incêndio à alta pressão� Permanência da marcação�Resistência à torção� Resistência ao fissuramento sobtensãoAdesivo

Deve ser utilizado o tipo de adesi-vo solvente indicado pelo fabricantedos tubos e conexões de CPVC.Suportes

Devem ser utilizados os tipos desuportes indicados pelo fabricantedos tubos e conexões de CPVC. Esses

suportes devem ser fabricados de ma-terial ferroso, e não possuir bordas ás-peras ou afiadas que entrem em con-tato com o CPVC. Observar tambémas seguintes recomendações:� Caso seja utilizado o suporte tipo"pêra", a extremidade do tirante ros-cado deve ficar a pelo menos 1,6mm do tubo� Os suportes devem permitir a mo-vimentação longitudinal da tubula-ção, devido ao efeito de dilatação econtração gerado pelas variações detemperatura, bem como limitar o seumovimento ascendente quando doacionamento do chuveiro automático

Além das distâncias para a colo-cação dos suportes estabelecidas pelaABNT NBR 10897:2007 para as di-versas configurações das tubulações,e que valem tanto para as tubulaçõesde CPVC como também para o aço ecobre, há algumas distâncias máxi-mas que devem ser observadas paraas tubulações de CPVC que são apre-sentadas na tabela 1.

Condições para montagem dastubulações de CPVCa) Corte dos tubos de CPVC

Ao realizar o corte dos tubos deCPVC, deve-se ter o cuidado de fazê-loperpendicularmente ao eixo do tubo.Caso se identifique algum dano na ex-tremidade do tubo, realizar um corte apelo menos 50 mm do dano visível.

Eventuais rebarbas devem ser reti-radas e para tanto pode-se utilizaruma lima.

Para facilitar o encaixe dos tubos e

conexões, deve-se executar um chan-fro na extremidade do tubo, o que mi-nimizará a possibilidade do adesivoescorrer para o interior da conexão.b) Aplicação do adesivo solvente

As superfícies dos tubos a seremunidas devem ser limpas com um te-cido seco. Obs.: as superfícies nãodevem ser lixadas!

Aplicar uma camada espessa e uni-forme de adesivo na extremidade ex-terna do tubo e uma camada média nointerior da bolsa da conexão. Paratubos de diâmetros superiores aDN32, aplicar uma segunda camadana extremidade do tubo. É importanteretirar o adesivo em excesso com auxí-lio de uma estopa ou tecido limpo,para evitar que o adesivo se sedimenteno tubo ou conexão.c) Montagem dos tubos e conexõesde CPVC

Após a aplicação do adesivo, en-caixar imediatamente o tubo na cone-xão, rotacionando-o com um quartode giro, alinhando a conexão a ser ins-talada, e mantendo o encaixe durante15 segundos. As peças soldadas nãodevem ser movimentadas em um in-tervalo de 1 minuto a 5 minutos.

Deve-se observar um cordão desolda de adesivo ao redor da junta dotubo com a conexão. Se esse cordão fordescontínuo, pode indicar uma aplica-ção com quantidade insuficiente deadesivo e,nesse caso,a conexão deve sercortada e descartada. Obs.: os tubos deCPVC não devem ser dobrados!d) Instalação dos chuveiros automá-ticos (sprinklers)

Figura 2 – Chuveiro automático(sprinkler) de resposta rápida

Figura 3 – Foto do ensaio de resistênciaao fogo das tubulações de CPVC – ensaiorealizado no IPT (Instituto de PesquisasTecnológicas do Estado de São Paulo)

*Índice do tempo de resposta do elemento termossensível medido sob condições padronizadas de ensaio

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C O M O C O N S T R U I R

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barbas,retiradas.É importante tambémobservar o alinhamento da tubulação eo posicionamento dos suportes.

O local do corte deverá ser acessí-vel ao reparo, sendo possível rotacio-nar o tubo em um quarto de giro, ne-cessário para as juntas soldadas, casocontrário utilizar as juntas mecânicas.

Antes da aplicação do adesivo,secar e remover resíduos da bolsa daconexão e da ponta do tubo a seremunidos, com o auxílio de um panolimpo e seco. Por fim, deve-se seguir asrecomendações para a aplicação doadesivo e montagem das tubulaçõesconforme os itens b e c.

É recomendado que a parte do sis-tema que contenha o reparo/modifica-ção seja submetida ao ensaio de aceita-ção conforme a NBR 10897:2007.

Aceitação do sistemaApós o término da montagem das

tubulações e, finalizado o tempo ne-cessário para cura do adesivo utilizadonas juntas, o sistema deve ser submeti-do ao ensaio hidrostático especificadopela NBR 10897:2007.

A tubulação deve ser lentamentepreenchida com água, tomando-se ocuidado de remover todo o ar da tubu-lação. Recomenda-se retirar o ar pelochuveiro automático que se encontrano ponto mais alto e distante. Obs.:nunca utilizar ar ou gás comprimido.

De acordo com a NBR 10897:2007,as tubulações e acessórios (sejam deCPVC,aço ou cobre),passíveis de seremsubmetidos à pressão de trabalho do sis-tema devem ser testados hidrostatica-

mente à pressão de 1.380 kPa, e devemmanter essa pressão por duas horas, semperdas. As partes do sistema normal-mente sujeitas a pressões de trabalho su-periores a 1.040 kPa devem ser testadas auma pressão de 350 kPa acima da pres-são de trabalho do sistema.

Em caso de alteração ou ampliaçãode um sistema já existente que afete 20ou menos chuveiros, o teste hidrostáti-co deve ser feito à pressão de trabalhodo sistema. Caso a alteração ou amplia-ção afete mais de 20 chuveiros, a novaparte do sistema deve ser isolada e tes-tada à pressão de 1.380 kPa, no míni-mo, durante duas horas. Modificaçõesque não possam ser isoladas não preci-sam ser testadas à pressão superior àpressão de trabalho do sistema.

LEIA MAIS

NBR 10897 – Proteção ContraIncêndio por ChuveirosAutomáticos. ABNT (AssociaçãoBrasileira de Normas Técnicas). SãoPaulo, 2007.Projeto de Norma 00:002.04-001 –Tubos e Conexões de Poli (cloretode vinila) Clorado – CPVC – ParaSistemas de Proteção ContraIncêndio por Chuveiros Automáticos– Requisitos e Métodos de Ensaio.ABNT (Associação Brasileira de NormasTécnicas). São Paulo, 2007.Projeto de Norma 00:002.04-002 –Tubos e conexões de Poli (cloretode vinila) Clorado – CPVC – ParaSistemas de Proteção ContraIncêndio por ChuveirosAutomáticos – Procedimentos deInstalação. ABNT (Associação Brasileirade Normas Técnicas). São Paulo, 2007.Sistemas de ChuveirosAutomáticos. São Paulo, Epusp (EscolaPolitécnica da Universidade de SãoPaulo), 1998. (Texto técnico. EscolaPolitécnica da USP. O. M. Gonçalves; E. P.Feitosa. Departamento de Engenhariade Construção Civil, TT/PCC/19).Sistemas Prediais de Combate aIncêndio – Chuveiros Automáticos– "sprinklers". O. M. Gonçalves. SãoPaulo, 1991. Notas de aula da disciplinaPCC-465 – Sistemas Prediais I.

A instalação dos chuveiros automá-ticos deve ser realizada depois que todosos tubos e conexões de CPVC estiveremunidos. No caso das juntas soldadas,deve-se aguardar um tempo de cura doadesivo de no mínimo 30 minutos.

Ao instalar os chuveiros automáti-cos, deve-se escorar ou apoiar a tubula-ção de maneira segura para evitar a ro-tação da tubulação e das conexões nasquais se aplicou o adesivo previamente.

Finalizada a instalação e termina-do o tempo de cura do adesivo (essetempo é informado pelo fabricante doadesivo), deve-se prosseguir com osensaios de aceitação do sistema.e) Transição das tubulações de CPVCpara outros materiais

A transição de tubos e conexões deCPVC para outros materiais pode serrealizada com a utilização de conexõesde CPVC roscadas, flangeadas, disposi-tivos ou adaptadores em atendimentoàs instruções de instalação do fabrican-te e normas específicas.Obs.: é vedada aconfecção de rosca e ranhuras direta-mente na parede dos tubos de CPVC.

Procedimento para reparo emodificação do sistema detubulação de CPVC

Nesse procedimento o sistema deveser drenado. Para os cortes das áreas aserem reparadas, devem ser utilizadasas ferramentas indicadas pelo fabrican-te dos tubos de CPVC.Os cortes devemser realizados a uma distância que ga-ranta a inserção completa da extremi-dade do tubo na bolsa da conexão. Ocorte deve ser feito em esquadro e as re-

Tabela 1 – DISTÂNCIA MÁXIMA ENTRE SUPORTESDiâmetro Nominal da Tubulação de CPVC

DN20 DN 25 DN 32 DN 40 DN 50 DN 65 DN 80(¾") (1") (1 ¼") (1 ½") (2") (2 ½") (3")

Distância máxima 1,70 1,80 2,00 2,15 2,45 2,75 3,05entre suportes (m)Distância máxima entre 0,90 1,20 1,50 2,10 2,10 2,10 2,10suportes quando há um sprinkler instalado entre os suportes(1) (m)Distância máxima entre 0,15 0,20 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30o sprinkler da ponta do ramal e o suporte mais próximo (m)(1) O sprinkler deve estar instalado no centro das distâncias entre os suportes

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