techne 140

84
a revista do engenheiro civil techne téchne 140 novembro 2008 www.revistatechne.com.br IPT apoio Edição 140 ano 16 novembro de 2008 R$ 23,00 Concreto auto-adensável Pré-moldados Minitúneis Entac 2008 Prêmio Talento Engenharia Estrutural Drywall Light wood frame ISSN 0104-1053 9 7 7 0 1 0 4 1 0 5 0 0 0 0 0 1 4 0 DRYWALL Evolução seca PRÊMIO TALENTO ESTRUTURAL Confira projetos vencedores INFRA-ESTRUTRA Minitunéis COMO CONSTRUIR Light wood frame Edifícios pré-moldados Sistema deixa de ser sinônimo de obras industriais para ganhar as alturas ENTREVISTA BERNARDO TUTIKIAN E DENISE DAL MOLIN Concreto auto-adensável DRYWALL Evolução seca PRÊMIO TALENTO ESTRUTURAL Confira projetos vencedores INFRA-ESTRUTRA Minitunéis ENTREVISTA BERNARDO TUTIKIAN E DENISE DAL MOLIN Concreto auto-adensável COMO CONSTRUIR Light wood frame Edifícios pré-moldados Sistema deixa de ser sinônimo de obras industriais para ganhar as alturas capa tech 140a.qxd 5/11/2008 17:05 Page 1

Upload: herberthbz

Post on 01-Jul-2015

896 views

Category:

Documents


22 download

TRANSCRIPT

Page 1: techne 140

‘a revista do engenheiro civil

techne

téchne140 novem

bro2008

www.revistatechne.com.br

IPTapoio

Edição 140 ano 16 novembro de 2008 R$ 23,00

Concreto auto-adensável■

Pré-moldados ■

Minitúneis ■

Entac 2008■

Prêmio Talento Engenharia Estrutural

■D

rywall

■Light w

ood frame

ISSN

010

4-10

53

97

70

10

41

05

00

0

00

14

0

DRYWALL

Evolução secaPRÊMIO TALENTOESTRUTURAL

Confira projetosvencedoresINFRA-ESTRUTRA

Minitunéis

COMO CONSTRUIR

Light woodframe

Edifícios pré-moldadosSistema deixa de ser sinônimo de obrasindustriais para ganhar as alturas

ENTREVISTABERNARDO TUTIKIAN E DENISE DAL MOLIN

Concreto auto-adensável

DRYWALL

Evolução secaPRÊMIO TALENTOESTRUTURAL

Confira projetosvencedoresINFRA-ESTRUTRA

Minitunéis

ENTREVISTABERNARDO TUTIKIAN E DENISE DAL MOLIN

Concreto auto-adensável

COMO CONSTRUIR

Light woodframe

Edifícios pré-moldadosSistema deixa de ser sinônimo de obrasindustriais para ganhar as alturas

capa tech 140a.qxd 5/11/2008 17:05 Page 1

Page 2: techne 140

outras capas 140.qxd 5/11/2008 17:07 Page 2

Page 3: techne 140

outras capas 140.qxd 5/11/2008 17:07 Page 4

Page 4: techne 140

outras capas 140.qxd 5/11/2008 17:08 Page 5

Page 5: techne 140

outras capas 140.qxd 5/11/2008 17:07 Page 3

Page 6: techne 140

2 TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 2008

É parte integrante desta revista uma amostra da manta tipo III da Denver

SUMÁRIO

SEÇÕESEditorial 4Web 8Cartas 10Área Construída 12Índices 16IPT Responde 18Carreira 20Melhores Práticas 22P&T 64Obra Aberta 70Agenda 72

CapaLayout: Lucia LopesFotos: divulgação Copen Engenharia

ENTREVISTAVantagens concretasAutores de novo livro da PINI

destacam aplicações do concreto auto-adensável

48

24

CAPAAlto e prontoBélgica e Holanda levam ao ápice as

tecnologias de construção deedifícios pré-moldados

32 ENTAC 2008Ambiente sustentávelEncontro discute alternativas

de sustentabilidade no ambiente construído

36 PRÊMIO TALENTOENGENHARIA ESTRUTURAL

Estruturas premiadas Ponte Estaiada Octávio Frias de

Oliveira e Rochaverá ganham o prêmio Talento

40 INFRA-ESTRUTURASubsolo congestionadoEntenda a logística de passagem de dutos

e minitúneis nos subsolos urbanos

44 ESQUADRIASSilicones estruturaisFixação química de vidros deve ser

precedida de testes de arrancamento

54 DRYWALL – 60 ANOSEvolução secaUma trajetória dessa tecnologia

que só começou a se firmar no País nos anos 90

58 ARTIGOUrbanização, agregados minerais

e sustentabilidadePesquisador aponta alternativas para

"alimentar" a indústria da construção

75 COMO CONSTRUIRLight wood frameConheça o sistema construtivo com

estruturas leves de madeira

Wal

ter

Stad

tore

ns/

Hm

Arc

hite

cten

Luu

k Kr

amer

Mar

celo

Sca

ndar

oli

sumario.qxd 5/11/2008 17:09 Page 2

Page 7: techne 140

sumario.qxd 5/11/2008 17:09 Page 3

Page 8: techne 140

EDITORIAL

4 TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 2008

Em um dos debates para as eleições presidenciais norte-

americanas, ao ser indagado sobre a crise financeira mundial, o

então candidato Barack Obama recorreu ao velho argumento de

que qualquer crise representa mudança e, portanto, novas

oportunidades. Obama vislumbra a chance de os Estados Unidos se

colocarem na vanguarda das tecnologias limpas e liderar a corrida

verde no mundo.A idéia é permitir a retomada do crescimento

americano a partir do investimento em uma nova matriz energética

e em tecnologias de baixo impacto ambiental.Assim que a crise

financeira mundial chegou ao Brasil e começou a assombrar a

outrora embaladíssima indústria da construção civil nacional, a

necessidade de as empresas se diferenciarem no mercado tornou-se

ainda mais premente. Do ponto de vista da produção, duas

vertentes são favoritas nessa disputa: ecoeficiência e

industrialização.As duas já constavam das preocupações das

construtoras mais conscientes, mas podem ganhar contornos

estratégicos. Há quem diga que isso tudo não passa de marketing.

Vale relembrar aos descrentes que o único traço característico dos

novos tempos tem sido o aumento da velocidade das mudanças,

cada vez mais rápidas e surpreendentes. Teremos de esperar o Poder

Público impor suas vontades políticas para nos conscientizarmos da

necessidade de investir em sustentabilidade? Vamos aguardar novos

ciclos de desabastecimento de insumos e de falta de mão-de-obra

para apostarmos em soluções industrializadas? Nesta edição, na

qual destacamos na capa os sistemas pré-fabricados para edifícios

altos, oferecemos algumas mostras do quanto é possível fazer hoje,

de forma viável e responsável, pela industrialização do setor.Afinal,

tecnologia e conhecimento constituem os ativos mais importantes

das empresas construtoras no século XXI. Coisas que hoje

ganharam nomes pomposos, como landbank, guidance e branding,

são importantes. Mas não devem nos fazer esquecer daquilo que

sabemos fazer melhor: engenharia.

Engenharia contra a crise

VEJA EM CONSTRUÇÃO MERCADO

VEJA EM AU

� Edifício Top Towers� Casa em Joanópolis� Cecil e Balmond� Documento: Jacques Pilon

� Crise financeira� Salários� Subprime brasileiro� Seguros

Paulo Kiss

editorial.qxd 5/11/2008 17:12 Page 4

Page 9: techne 140

editorial.qxd 5/11/2008 17:12 Page 5

Page 10: techne 140

6 TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 2008

Fundadores: Roberto L. Pini (1927-1966), Fausto Pini (1894-1967) e Sérgio Pini (1928-2003)

DDiirreettoorr GGeerraall

Ademir Pautasso Nunes

DDiirreettoorr ddee RReeddaaççããoo

Eric Cozza [email protected]

EEddiittoorr:: Paulo Kiss [email protected]:: Kelly Carvalho RReeppóórrtteerr:: Renato Faria (produtor editorial)

RReevviissoorraa:: Mariza Passos CCoooorrddeennaaddoorraa ddee aarrttee:: Lucia Lopes DDiiaaggrraammaaddoorreess:: Leticia Mantovani e Renato Billa; Gabriela Malentacchi (trainee)

IIlluussttrraaddoorr:: Sergio Colotto FFoottóóggrraaffoo:: Marcelo Scandaroli PPrroodduuççããoo eeddiittoorriiaall:: Agatha Sanvidor (trainee)

CCoonnsseellhhoo AAddmmiinniissttrraattiivvoo:: Caio Fábio A. Motta (in memoriam), Cláudio Mitidieri, Ercio Thomaz,Paulo Kiss, Eric Cozza e Luiz Carlos F. Oliveira CCoonnsseellhhoo EEddiittoorriiaall:: Carlos Alberto Tauil, Emílio R. E.

Kallas, Fernando H. Aidar, Francisco A. de Vasconcellos Netto, Francisco Paulo Graziano,João Fernando Gomes (presidente), Günter Leitner, José Carlos de Figueiredo Ferraz (in memoriam),

José Maria de Camargo Barros, Maurício Linn Bianchi, Osmar Mammini,Ubiraci Espinelli Lemes de Souza e Vera Fernandes Hachich

EENNGGEENNHHAARRIIAA EE CCUUSSTTOOSS:: Bernardo Corrêa Neto PPrreeççooss ee FFoorrnneecceeddoorreess:: Juliana Cristina Teixeira

AAuuddiittoorriiaa ddee PPrreeççooss:: Anderson Vasconcelos Fernandes e Leonardo Santos de SouzaEEssppeecciiffiiccaaççõõeess ttééccnniiccaass:: Ana Carolina FerreiraÍÍnnddiicceess ee CCuussttooss:: Maria Fernanda Matos Silva

CCoommppoossiiççõõeess ddee CCuussttooss:: Mônica de Oliveira FerreiraSSEERRVVIIÇÇOOSS DDEE EENNGGEENNHHAARRIIAA:: Celso Ragazzi, Luiz Freire de Carvalho e Mário Sérgio Pini

PPUUBBLLIICCIIDDAADDEE:: Luiz Oliveira,Adriano Andrade, Jane Elias,Eduardo Yamashita, Flávio Rodriguez e Vando Barbosa

EExxeeccuuttiivvooss ddee ccoonnttaass:: A C Perreto, Daniele Joanoni, Danilo Alegre, Ricardo Coelho e Marcelo Coutinho.MMAARRKKEETTIINNGG:: Ricardo Massaro EEVVEENNTTOOSS:: Margareth Alves

LLIIVVRROOSS EE AASSSSIINNAATTUURRAASS:: José Carlos Perez RREELLAAÇÇÕÕEESS IINNSSTTIITTUUCCIIOONNAAIISS:: Mário S. Pini AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO EE FFIINNAANNÇÇAASS:: Durval Bezerra CCIIRRCCUULLAAÇÇÃÃOO:: José Roberto Pini

SSIISSTTEEMMAASS:: José da Cruz Filho e Pedro Paulo MachadoMMAANNUUAAIISS TTÉÉCCNNIICCOOSS EE CCUURRSSOOSS:: Eric Cozza

EENNDDEERREEÇÇOO EE TTEELLEEFFOONNEESS

Rua Anhaia, 964 – CEP 01130-900 – São Paulo-SP – Brasil

PPIINNII Publicidade, Engenharia, Administração e Redação – fone: (11) 2173-2300

PPIINNII Sistemas, suporte e portal Piniweb – fone: (11) 2173-2300 - fax: (11) 2173-2425

Visite nosso site: www.piniweb.com

RReepprreesseennttaanntteess ddaa PPuubblliicciiddaaddee::

RRiioo GGrraannddee ddoo SSuull /PPaarraannáá//SSaannttaa CCaattaarriinnaa (48) 3241-1826/9111-5512

EEssppíírriittoo SSaannttoo (27) 3299-2411 MMiinnaass GGeerraaiiss (31) 2535-7333

RRiioo ddee JJaanneeiirroo (21) 3507-8856/9237-0550 BBrraassíílliiaa (61) 3447-4400

RReepprreesseennttaanntteess ddee LLiivvrrooss ee AAssssiinnaattuurraass::

AAllaaggooaass (82) 3338-2290 AAmmaazzoonnaass (92) 3646-3113 BBaahhiiaa (71) 3341-2610 CCeeaarráá (85) 3478-1611

EEssppíírriittoo SSaannttoo (27) 3242-3531 MMaarraannhhããoo (98) 3088-0528

MMaattoo GGrroossssoo ddoo SSuull (67) 9951-5246 PPaarráá (91) 3246-5522 PPaarraaííbbaa (83) 3223-1105

PPeerrnnaammbbuuccoo (81) 3222-5757 PPiiaauuíí (86) 3223-5336

RRiioo ddee JJaanneeiirroo (21) 2265-7899 RRiioo GGrraannddee ddoo NNoorrttee (84) 3613-1222

RRiioo GGrraannddee ddoo SSuull (51) 3470-3060 SSããoo PPaauulloo Marília (14) 3417-3099

São José dos Campos (12) 3929-7739 Sorocaba (15) 9718-8337

ttéécchhnnee:: ISSN 0104-1053Assinatura anual R$ 276,00 (12 exemplares)Assinatura bienal R$ 552,00 (24 exemplares)

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva do autor e não expressam,necessariamente, as opiniões da revista.

VVeennddaass ddee aassssiinnaattuurraass,, mmaannuuaaiiss ttééccnniiccooss,, TTCCPPOO ee aatteennddiimmeennttoo aaoo aassssiinnaanntteeSegunda a sexta das 9h às 18h

44000011--66440000principais cidades*

00880000 559966 66440000demais municípios

fax ((1111)) 22117733--22444466

vendas web wwwwww..LLoojjaaPPIINNII..ccoomm..bbrr

AAtteennddiimmeennttoo wweebb:: www.piniweb.com/fale conosco

*Custo de ligação local nas principais cidades.ver lista em www.piniweb.com/4001

++IInnffoo??

email: ssuuppoorrttee..ppoorrttaall@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

PPuubblliicciiddaaddee

fone (11) 2173-2304

fax (11) 2173-2362

e-mail: ppuubblliicciiddaaddee@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

TTrrááffeeggoo ((aannúúnncciiooss))

fone (11) 2173-2361

e-mail: ttrraaffeeggoo@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

EEnnggeennhhaarriiaa ee CCuussttooss

fone (11) 2173-2373

e-mail: eennggeennhhaarriiaa@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

RReepprriinnttss eeddiittoorriiaaiiss

Para solicitar reimpressões de reportagens

ou artigos publicados:

fone (11) 2173-2304

e-mail: ppuubblliicciiddaaddee@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

PINIrevistasRReeddaaççããoofone (11) 2173-2303fax (11) 2173-2327e-mail: ccoonnssttrruuccaaoo@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

PINImanuais técnicosfone (11) 2173-2328e-mail: mmaannuuaaiiss@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

PINIsistemasSSuuppoorrtteefone (11) 2173-2400e-mail: ssuuppoorrttee@@ppiinniiwweebb..ccoomm

VVeennddaassfone (11) 2173-2423 (Grande São Paulo)0800-707-6055 (demais localidades)e-mail: vveennddaass@@ppiinniiwweebb..ccoomm

PINIserviços de engenhariafone (11) 2173-2369

e-mail: eennggeennhhaarriiaa@@ppiinnii..ccoomm..bbrr PROIBIDA A REPRODUÇÃO E A TRANSCRIÇÃO PARCIAL OU TOTAL TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

techne´

techne´

expediente.qxd 5/11/2008 17:11 Page 6

Page 11: techne 140

expediente.qxd 5/11/2008 17:11 Page 7

Page 12: techne 140

8 TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 2008

Fórum TéchneO site da revista Téchne tem um espaçodedicado ao debate técnico e qualificadodos principais temas da engenharia.Confira os temas em andamento.

Com a crise mundial, você acha que a oferta de empregos vai cair?Se o governo retirar o dinheiro dasobras de infra-estrutura e elevar osjuros, certamente a oferta de empregoscairá. Mas se a sociedade cobrar quesejam efetivadas as obras do PAC e queo País deve dar passos conscientes nacrise, tudo pode ser diferente. O fato éque os empreendimentos imobiliáriosdependem diretamente das condiçõesde crédito, que podem endurecerconforme o governo deseje reduzir oconsumo; e as obras de infra-estruturadependem de planos e ações tambémdo governo, ainda que por meio deparcerias público-privadas. Daí, aestagnação da engenharia civilbrasileira nos últimos 30 anos. Kurt André Pereira Amann [23/10/2008]

Você é a favor da paridade dediploma entre os países?Um perigo que se corre no caso dosprofissionais europeus é o Processode Bolonha, em que a denominação"mestrado" é atribuída ao profissionalque cursou por cinco anos afaculdade. Ou seja, um "mestre"europeu formado depois de 2007 é,na verdade, um engenheiro comformação de base no Brasil. Por isso, otítulo pode vir a atrapalhar.Maira Santana [09/10/2008]

Sou contra, haja vista que, em algunspaíses, não há legislação específicapara as áreas tecnológicas.Fernando Benigno da Silva [30/09/2008]

Assista na versão online da Téchne a demonstração do funcionamento do método não-destrutivo de encamisamento interno. Veja também uma simulação, feita em 3D pelaEletropaulo, da concentração das redes subterrâneas encontradas sob a avenida BrigadeiroLuís Antônio, no Centro de São Paulo. Até trilho de bonde foi encontrado sob o asfalto.

Redes subterrâneas

A etapa latino-americana do prêmio de sustentabilidade Holcim Awardselegeu cinco projetos brasileiros entre 12 premiados. Veja mais detalhes dos trabalhos vencedores, incluindo os contemplados com menções honrosas.

Holcim Awards

Confira no site da Téchne fotos extras das obras, plantas e informações que complementam conteúdospublicados nesta edição ou estão relacionados aos temas acompanhados mensalmente pela revista

www.revistatechne.com.br

O site de Téchne traz ostrabalhos completossubmetidos à comissãocientífica do Entac (EncontroNacional de Tecnologia doAmbiente Construído) eabordados na matéria sobre oevento. Confira!

Trabalhos completos

Div

ulga

ção:

Hol

cim

Div

ulga

ção:

Sab

esp

Man

fred

Ste

inba

ch

web 140.qxd 5/11/2008 17:14 Page 8

Page 13: techne 140

web 140.qxd 5/11/2008 17:14 Page 9

Page 14: techne 140

10 TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 2008

Coordenação modularNós, do Grupo Usiminas, gosta-

ríamos de parabenizar a equipe deTéchne pelas reportagens da edição138, dedicada à industrialização daconstrução em suas várias instân-cias. Uma mesma edição contem-plando temas como alta tecnologiade estruturas mistas em uma obranacional, a cronologia das estrutu-ras de aço no Brasil e a excelente en-trevista sobre coordenação modu-lar com o arquiteto e professorHélio Adão Greven exibe à cadeiaprodutiva da construção civil noBrasil as nossas reais possibilidadesde industrialização. A coordenaçãomodular é o conceito básico quealimenta esse processo e traz ga-

nhos a todos os elos da cadeia pro-dutiva, da idéia de um empreendi-mento ao usuário final do edifício.O trabalho dos arquitetos e dosengenheiros de projeto é mais va-lorizado e útil ao ambiente de pro-dução, o trabalho do construtorpode ser planejado à risca, com re-dução de imprevistos. Reduzem-seimpactos ambientais e urbanos acurto e longo prazos das constru-ções – algo imperativo frente à rea-lidade global –, o retorno ao capi-tal investido em determinado pro-jeto imobiliário é mais rápido e aprodutividade do setor aumentaem níveis proporcionais aos desa-fios que nosso País exige hoje,

Envie sua crítica ou sugestã[email protected]

principalmente em moradias einfra-estrutura. Ainda falta aopoder público, em suas três instân-cias, compreender que a carga tri-butária sobre produtos e soluçõesindustrializadas ainda é o princi-pal entrave à definitiva industriali-zação do setor produtivo e daconstrução brasileira. O aumentode produtividade fomenta a eco-nomia como um todo e substitui oemprego informal e inseguro doscanteiros de obras artesanais peloambiente de fábrica e o conceitode montagem.Ascanio Merrighi, Superintendente de

Desenvolvimento da Construção em Aço Usiminas

[email protected]

CARTAS

Povindar Kumar Mehta, Profes-sor Emeritus em Engenharia Civilna Universidade de Berkeley, "papa"mundial do concreto, disse em en-trevista à revista Téchne 139: "[...] épossível reduzir de 20% a 25% oteor de cimento com o uso de super-plastificante. Essa questão não é va-lorizada pela certificação. Se umedifício economizou 2.000 t deemissões de carbono, qual o proble-ma de ser pontuado no LEED? Éuma questão global, atual, que deve-ria ser pensada".

Ah, meu Deus! O problema éque o refutável velho sistema depontuação não comporta a comple-xidade de sistema orgânico total deedifício. Há certa presunção emqualquer tentativa de avaliar de-sempenho de edifício com basenesse sistema.

Não obstante os argumentos só-lidos do proeminente professorMehta, a pontuação em si não é su-

ficiente para resolver o grave pro-blema em questão. É preciso avaliarcom eqüidade! De acordo comNader (1997:133-134), "na Ética aNicômaco, Aristóteles traçou, comprecisão, o conceito de eqüidade,considerando-a 'uma correção dalei quando ela é deficiente em razãoda sua universalidade' e comparou-a com a 'régua de Lesbos' que, porser de chumbo, se ajustava às dife-rentes superfícies: 'A régua adapta-se à forma da pedra e não é rígida,exatamente como o decreto seadapta aos fatos'. [...] 'Eqüidade é ajustiça do caso particular. Não é ca-ridade, nem misericórdia, comoafirmavam os romanos – justitiadulcore misericordiae temperata(justiça doce, temperada de miseri-córdia). Não é também fonte cria-dora do Direito, mas um sábio cri-tério que desenvolve o espírito dasnormas jurídicas, projetando-o sobreos casos concretos'."

O autor desenvolveu no IPT(Instituto de Pesquisas Tecnológicasdo Estado de São Paulo) modelomatemático da régua de Lesbos. Nocaso de a "pedra" ser perfeitamenteplana, o coeficiente de estabilidadeda régua de Lesbos (k) é igual a 1.Para superfícies irregulares, k variade 0 a 1. No caso de a "pedra" nãoexistir (item não obrigatório, nãocumprido pelo avaliado), k é igual ainfinito. O coeficiente de estabilida-de da régua de Lesbos é dado por k =ge, inf./ge, sup. Em que ge, inf. e ge,sup. são, respectivamente, os limitesinferior e superior do fator eqüida-de. O fator eqüidade calibra o pesoda característica. Os resultados daavaliação com uso da régua de Les-bos são desacoplados do avaliador.A régua de Lesbos é universal.Ricardo Wagner Reis Duarte

engenheiro civil, mestre em Habitação pelo IPT

(Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado

de São Paulo).

Concreto sustentável, Téchne 139

cartas.qxd 5/11/2008 17:25 Page 10

Page 15: techne 140

cartas.qxd 5/11/2008 17:26 Page 11

Page 16: techne 140

12

ÁREA CONSTRUÍDAConstrutech promove seminários sobre tecnologia, engenharia decustos, compras e arquitetura

TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 2008

Aconteceu em outubro o "Construtech– Encontro Internacional dos Profis-sionais da Construção", promovidopela PINI em São Paulo. O evento reu-niu engenheiros e arquitetos para tra-çar um panorama do setor da Constru-ção Civil brasileira. Entre as discussões,foram destaque os temas da industriali-zação nos canteiros e do contexto atualdo mercado imobiliário brasileiro. Du-rante a Construtech, também se reali-zou a 14a edição do Prêmio PINI, quecontempla os melhores fornecedoresem 45 categorias, escolhidos em vota-ção pelos assinantes a pagamento dasrevistas da Editora PINI.Veja um resu-mo dos debates e palestras realizadosnos três dias do evento:

Tecnologia O tema do primeiro dia foi "Tecnologiade Edificações para Obras Rentáveis –Como Desenvolver Soluções TécnicasInovadoras de Projeto e Execução paraAgilizar e Rentabilizar Empreendimen-tos". Palestrante convidado, o arquitetoHenrique Cambiaghi, da CFA Cam-biaghi Arquitetura, destacou a impor-tância da etapa de concepção e projetopara um empreendimento. "Há maioreficiência e confiabilidade se todas asalternativas forem estudadas nessa fase.No meu escritório, entre 25% e 30%dos custos são com gastos de retraba-lho", afirma. Partilha da opinião do ar-quiteto o projetista estrutural RicardoFrança, da França e Associados e Enge-nharia: "Uma estrutura concebida noestudo preliminar não pode ser modifi-cada. Na execução, devemos discutir odetalhamento da armadura, garantir odesempenho adequado". A diretora doNúcleo de Gestão e de Inovação, MariaAngélica Covelo Silva, por sua vez, ma-nifestou preocupação quanto à eficiên-

cia e produtividade das empresas brasi-leiras. "Estamos voltando a fazer esqua-drias em obra.Se a construção em largaescala não consegue superar a artesa-nal, há alguma coisa errada."

Engenharia de custosO segundo dia de debates no Cons-trutech foi marcado pela visão critica,sobre as empresas do setor imobiliá-rio, do coordenador do Núcleo deReal Estate da Poli-USP, João daRocha Lima. O professor questionouo modelo de parcerias entre empresasde capital aberto e construtoras demenor porte, que, em sua opinião,podem ser extremamente ineficazesporque as grandes assumem riscos,mas dividem os lucros. A formaçãode grandes bancos de terrenos tidacomo estratégia para aumento doVGV (Valor Geral de Vendas) tam-bém foi alvo de críticas de Lima. "Nãoadianta dizer que vai fazer 'x' milhõesde metros quadrados só porque temterreno suficiente para isso. Faltam osmeios. O landbank das empresas éduvidoso porque as aquisições foramfeitas em volume, não em qualidade."

ArquiteturaO fórum "Arquitetura e Soluções Es-truturais – Desafios de Forma e Técni-ca para Arquitetos e Engenheiros de Es-truturas", realizado no terceiro dia doConstrutech, teve palestras do profes-sor e engenheiro de estruturas YopananRebello e dos arquitetos Siegbert Za-nettini, Paulo Sophia e Gui Mattos,além do chileno Sebastián Irarrázaval.Zanettini e Rebello concordam com aimportância da convergência de co-nhecimentos e habilidades entre arqui-tetos e engenheiros. "Conheço excelen-tes profissionais nas duas especialida-des que,na verdade,não deveriam estarseparadas", declarou Zanettini. Namesma linha, Rebello disse conhecer"grandes arquitetos engenheiros egrandes engenheiros arquitetos". Sobrea industrialização na construção, Sofia,ex-presidente do IAB-SP (Instituto dosArquitetos do Brasil – Diretório SãoPaulo),acredita na associação de arqui-tetura, espaço, produção e industriali-zação com bem-estar social. "O que émelhor do ponto de vista social: umoperário que atua em uma fábrica,comequipamentos adequados e boas con-

Mar

celo

Sca

ndar

oli

area construida.qxd 5/11/2008 17:18 Page 12

Page 17: techne 140

13

RESULTADO DO PRÊMIO PINI 2008Categoria FornecedorAlojamento Fixo para Canteiro de Obra Canteiro (madeira)Alojamento Móvel para Canteiro de Obra Eurobrás (metálico)Aquecedor Doméstico de Água Soletrol (solar)Ar-condicionado Central Springer CarrierArgamassa Industrializada Colante Weber/QuartzolitArgamassa Industrializada de Revestimento Weber/QuartzolitCadeiras para Escritório GiroflexCaixilho Especial de Alumínio LuxalumCaixilho Padronizado de Alumínio SasazakiCal Hidratada Votoran/VotorantimChapa de Madeira Compensada para Fôrmas GVA/MadeiritCimento Portland Votoran/VotorantimConcreto Dosado em Central EngemixDisjuntor SiemensElevador de Obra Mecan (cabo de aço)Elevador Residencial e Comercial Atlas SchindlerEscoramento Metálico SH FôrmasEstrutura Metálica Usiminas MecânicaEstrutura Pré-fabricada de Concrteto PreconFechadura para Porta PapaizFios e Cabos Elétricos Sil Fios e Prysmian/PirelliFôrma Metálica SH FôrmasFôrma Pré-fabricada de Madeira EngeformasGabiões MaccaferriImpermeabilização com Mantas Asfálticas Viapol/TorodinImpermeabilização Rígida VedacitInterruptor e Tomada Pial LegrandLouças Sanitárias DecaMembrana Asfáltica – Sistema Moldado “in loco” Vedacit/VedaprenMetais Sanitários DecaMóveis para Escritório GiroflexPainéis Arquitetônicos de Fachada para Edifícios MunteParede de Chapa de Gesso Lafarge GypsumPiso Laminado Durafloor/DuratexPiso Vinílico FademacPorta Pronta SincolRevestimento Cerâmico PortobelloRevestimento de Alumínio para Fachada Alucobond/AlcanTelha de Fibrocimento EternitTelha Metálica Termoisolante EternitTinta Imobiliária SuvinilTubo e Conexão para Condução de Água Fria Tigre (PVC)Tubo e Conexão para Condução de Água Quente Tigre (CPVC)Vergalhão – Aço para Concreto Armado GerdauVidro Blindex

dições de trabalho, ou em um canteirosujo, sem condições de segurança,saúde e higiene?" O arquiteto Gui Mat-tos falou também sobre o processo deelaboração de projetos com softwaresBIM (Building Information Mode-ling)."O programa minimiza a possibi-lidade de erros e permite mudanças rá-pidas, que são logo incorporadas aoprojeto", declarou o arquiteto. O pro-fessor e arquiteto chileno SebastiánIrarrazával falou sobre o projeto de umnovo edifício de madeira desenvolvidopara a Faculdade de Arquitetura e De-senho da Universidade Católica doChile. Abordou também projetos re-centes e marcantes de sua produção,como a Ocho al Cubo House e, em es-pecial, o Indigo Patagônia Hotel, quetraz referências de tipologia e lingua-gem observadas nas edificações da Pa-tagônia chilena, como as fachadas emaço corrugado e madeira de pinho.

ComprasO "Fórum Nacional de Compra-

dores da Construção Civil", tambémrealizado no terceiro dia do Constru-tech, apontou caminhos para a com-pra de insumos da construção equili-brando custos, prazo e qualidade. Parao palestrante Eduardo Luis Isatto,coordenador do Norie (Núcleo Orien-tado para a Inovação na Edificação), aresposta para esse desafio está em de-senvolver o potencial estratégico doprocesso de aquisição de insumos,aprimorando as relações com os for-necedores no longo prazo, e não ape-nas em demandas de curto prazo. Essavisão mais estratégica do processo decompras exige um novo perfil profis-sional, de acordo com João RicardoLudgero Ferreira, gerente nacional desuprimentos da Rossi Residencial. "Oprofissional de suprimentos, que antesera aquele que processava informação,hoje é aquele que gera informação pormeio de análise de mercado, de umarelação próxima com fornecedores es-tratégicos,de soluções de gestão,de sis-temas de informação",destacou.Os re-flexos da crise financeira tambémforam abordados pelos palestrantes.Ferreira mostrou uma capa da revistaConstrução Mercado de junho com o

título "Vai faltar material?", e brincou:"Será que agora a próxima capa será'Vai sobrar material?'". Para o pales-trante Paulo Sérgio F. de Oliveira, dire-tor da Método Fast, a cadeia não estavapreparada para o grau de alavancagem

que a construção civil quis promover."Houve uma superestimação do mer-cado, e o mercado financeiro não per-doa esse tipo de promessa não cumpri-da.Vai haver,certamente,uma reduçãona curva de crescimento", avaliou.

Mais informações www.piniweb.com.br/construcao/carreira-exercicio-profissional-entidades/melhores-fornecedores-da-construcao-recebem-premio-pini-113413-1.asp

area construida.qxd 5/11/2008 17:18 Page 13

Page 18: techne 140

Á R E A C O N S T R U Í D A

TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 200814

Holcim Awards América Latina elege cinco projetos brasileiros entre 12 premiadosOs vencedores foram anunciados em23 de outubro na Cidade do Méxicodurante a terceira das cinco cerimôniasque compõem o Holcim Awards. Oconcurso trienal é promovido pelaHolcim Foundation for SustainableConstruction para projetos inovadorese viáveis. Além da etapa latino-ameri-cana, já foram anunciados os vencedo-res da Europa e da América do Norte.Restam os resultados dos concursosrealizados nas regiões África-OrienteMédio e Ásia-Pacífico.Os três vencedo-res da principal categoria do prêmio –ouro, prata e bronze – em todas as re-giões concorrem na edição global Hol-cim Awards. Ao todo, serão distribuí-dos US$ 2 milhões em prêmios.Entre os brasileiros, estão classificadosos projetos do edifício de alta eficiênciaenergética para a midiateca da PUC-Rio, da SBPR Arquitetos, e uma torremultifuncional para coleta de água dechuva, aquecimento solar e armazena-mento de água, desenvolvida pelos pes-quisadores Maria Andrea Triana, Ro-berto Lamberts e Marcio Antonio An-drade da Universidade Federal de SantaCatarina,que ficaram em segundo e ter-ceiro lugares. O principal prêmio lati-no-americano foi atribuído ao projetode planejamento urbano para uma co-munidade em Medellín, na Colômbia.O Holcim Awards também contem-plou trabalhos visionários de jovensprofissionais na categoria Next Gene-ration. Em primeiro lugar ficou o ar-quiteto chileno Alberto FernandezGonzalez pelo projeto de uma torre decaptação de água da névoa costeira"Camanchaca", em Huasco, região de-sértica do Chile, com finalidade de ir-rigação agrícola. O segundo prêmiofoi atribuído ao projeto integradopara habitações de baixo custo emáreas urbanas, dos arquitetos mexica-nos Ricardo Julian Vasquez Ochoa eEmílio José García Bidegorry.O arqui-teto brasileiro Thiago Cintra Pilegi, deCampinas, ficou em terceiro lugarcom a apresentação de projeto de uti-lização de espaços urbanos desocupa-dos para a produção agrícola.Seis pro-jetos, sendo dois brasileiros, ainda re-

ceberam menções honrosas por suasabordagens inovadoras.Os projetos foram julgados sob critérioseconômicos, ambientais e sociais, a par-tir do grau de inovação e potencial de re-plicação das propostas, de modo quepossam ser aplicados em qualquer partedo mundo. Os trabalhos foram avalia-dos por um júri independente,compos-to, entre outros, pelo professor Vander-ley John,da Universidade de São Paulo.Confira mais sobre os vencedores daprincipal premiação:

Categoria Ouro: Projeto de Integra-ção Urbana na Colômbia

Sob organização da Empresa de Desen-volvimento Urbano de Medellín, naColômbia, o arquiteto Gustavo AdolfoRestrepo e equipe desenvolveram oPUI (Projeto Urbano Integral) Comu-na 13 para a área ocidental central dacidade. Ocupada por cerca de 145 milmoradores em área de 700 hectares,essa zona praticamente vivia margina-lizada do resto de Medellín, dadas ascondições topográficas do local, umdos mais escarpados da cidade.O cenário começou a mudar a partir daimplantação do Metrocable,sistema te-leférico utilizado como transporte paraintegrar essa zona ao metrô e à cidade.Nesse contexto, a equipe desenvolveu,ao longo do metrocable e dentro da co-munidade, uma série de programaspara a regeneração da área por meio deprocesso participativo, inclusive da po-pulação.Uma série de intervenções estásendo realizada na região, como a im-plementação de novos edifícios públi-cos, bibliotecas, centros de desenvolvi-mento de negócios, instalações despor-tivas, melhoria das escolas, centros mé-dicos e outros serviços. Por esse proje-to, a equipe desembolsou US$ 100 mil.

Categoria Prata:Midiateca da PUC-Rio

Ganhadora de concurso promovidopela PUC-Rio (Pontifícia UniversidadeCatólica do Rio de Janeiro) para o pro-jeto de midiateca da universidade, oedifício desenvolvido pela SBPR Arqui-tetos foi o segundo melhor classificadopelo júri do Holcim Awards por contanão só da qualidade arquitetônica,como também por explorar as tecnolo-gias construtivas .De acordo com os ju-rados, o conceito é impulsionado porelementos de design passivos, taiscomo orientação adequada, isolamen-to térmico, janelas com proteção solar,ventilação e iluminação naturais paracontribuir com a redução do consumoenergético apesar dos requisitos eleva-dos no que tange ao clima interior, ne-cessários para a conservação dos livrose outras mídias. A estrutura do edifícioé formada por armações, apoiada cadauma em duas colunas.As fachadas lon-gitudinais são constituídas de painéisde aço de 55 mm de espessura soldadascontinuamente,compostas também debarreira de ar, isolamento térmico, es-paço mecânico e painel acústico. As fa-chadas têm a função de proteger o edi-fício das condições climáticas comotambém fornecem sombra à parede in-terna. As prateleiras para guardar os li-vros são exibidas dentro de uma área devidro fechada,que forma um centro re-tangular rodeado de espaços para escri-tórios.Com essa configuração,os escri-tórios estão sempre próximos das jane-las e prateleiras e o consumo energéticopara o controle necessário de tempera-tura e umidade é reduzido, protegendoa coleção de livros do exterior por umacamada dupla de vidro simples.Segun-do o arquiteto Ângelo Bucci,da SBPR,aconstrução está avaliada em R$ 27 mi-lhões,além dos R$ 13 milhões previstos

area construida.qxd 5/11/2008 17:18 Page 14

Page 19: techne 140

com o gasto em equipamentos. O pro-jeto, até agora financiado por uma fun-dação suíça anônima,será erguido comrecursos da Lei Rouanet.

Categoria Bronze: Torre para coletade água de chuva e aquecimentosolar da água

A partir de uma demanda da Cohab/SC(Companhia de Habitação do Estadode Santa Catarina), a arquiteta MariaAndrea Triana e os engenheiros Rober-to Lamberts e Marcio Antonio Andra-de, todos pesquisadores do LabEEE-UFSC (Laboratório de Eficiência Ener-gética em Edificações da Universidade

Federal de Santa Catarina), desenvolve-ram uma cisterna sustentável para habi-tações de baixa renda. O sistema, dis-posto em uma única torre, possibilita acoleta de água de chuva, depósito de ar-mazenamento de água potável e aqueci-mento de água por meio de energiasolar. A cisterna pode também ser con-cebida em áreas onde o abastecimentode água é crítico.Ao incorporar um dis-positivo de tratamento de água no siste-ma, pode ser fornecido um maior volu-me de água, em especial em áreas emque a queda de chuva é insuficiente. Atorre, formada por anéis pré-moldados,pode ser estendida e girada por conta deseu formato redondo. Dessa forma, ocoletor solar pode ser instalado emmuitas direções e com diversas inclina-ções em relação ao sol, consoante a lati-tude local. O volume do depósito de ar-mazenamento de água da chuva podeser dimensionado de acordo com os pa-drões locais de queda de chuva. Alémdisso, é acrescentado espaço para um

tanque. A torre pré-fabricada de con-creto pode ser incorporada em constru-ções novas ou existentes ou, ainda, emfuturas residências projetadas para atecnologia. "É uma conexão externa etecnicamente não seria difícil", afirma oengenheiro Roberto Lamberts. O baixocusto da instalação reduz o esforço eco-nômico na cobertura das necessidadesbásicas a famílias de baixos rendimen-tos. Mesmo com produção em escala, oengenheiro pondera que o sistemaainda depende de maior maturação noque tange ao uso de tecnologia que ba-rateie mais ainda o produto. No entan-to, ele elogia a flexibilidade da cisternapara a experimentação e uso de tecno-logias variáveis. "É possível desenvolvervárias alternativas e pensar em diferen-tes coletores", exemplifica.

Veja em www.revistatechne.com.brmais imagens dos projetos vencedores edetalhes dos trabalhos classificados nasoutras categorias do Holcim Awards

area construida.qxd 5/11/2008 17:18 Page 15

Page 20: techne 140

16

ÍNDICESPreços nagangorraNo mês, a alta foi menor, mas acumuladosupera IGP-M no ano

O IPCE (Índice PINI de Custos deEdificações) encerrou o mês de

outubro com alta de 0,59%. O per-centual é inferior ao IGP-M (ÍndiceGeral de Preços de Mercado)da Fun-dação Getúlio Vargas, que registroualta de 0,98%.

Porém, nos últimos 12 meses,construir em São Paulo está em mé-dia 13,78% mais caro, contra 12,23%do acumulado pelo IGP-M no mes-mo período.

Em decorrência da falta do insu-mo no mercado, o cimento Por-tland CPII deve continuar a in-fluenciar a alta do índice neste mês.Em outubro, o saco de 50 kg regis-trou variação de 17,53%, passandode R$ 18,41 para R$ 21,64.

Insumos como assoalho de ma-deira (espessura = 20 mm/largura =200 mm) e a areia lavada média sofre-ram alta de 5,34% e 2,97%. O assoa-lho de madeira, que em setembro cus-tava R$ 106,98/m2, em outubro pas-sou a custar R$ 112,70/m²; já a areialavada média, que apresentava valorde R$ 71,14/m3, com reajuste, passoupara R$ 73,25/m3.

Em outubro, o preço da barra deaço CA-50 3/8" (Ø = 10 mm/m =0,617 kg/m) e do perfil de alumíniopara caixilho anodizado fosco apre-sentaram deflação de 1,52% e 4,94%,contra alta de 3,11% e 0,49% do mêsde setembro.

SSuuppoorrttee TTééccnniiccoo:: para tirar dúvidas ou solicitar nossos Serviços de Engenharia ligue para (11) 2173-2373ou escreva para Editora PINI, rua Anhaia, 964, 01130-900, São Paulo (SP). Se preferir, envie e-mail:[email protected]. Assinantes poderão consultar índices e outros serviços no portal www.piniweb.com

IPCEIPCEIPCE mão-de-obra

materiaisglobal

Índice PINI de Custos de Edificações (SP)Variação (%) em relação ao mesmo período do ano anterior

35

30

25

20

15

10

5

0

20,00

13,78

8,205,823,781,60

6 6 6 6 6 6

9 10

4 4 4 5 5 5

9 9

2 23 4

5 5

9 9

Out/07 Dez Fev Abr Jun Ago Out/08

14

11

8

18 19

13 13

8 8

TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 2008

Data-base: mar/86 dez/92 = 100Mês e Ano IPCE – São Paulo

gglloobbaall mmaatteerriiaaiiss mmããoo--ddee--oobbrraaOOuutt//0077 111144..886600,,4422 5544..334422,,7722 6600..551177,,7711nov 115.225,62 54.707,92 60.517,71dez 115.335,12 54.817,42 60.517,71jan 115.733,11 55.215,41 60.517,71fev 116.040,01 55.522,30 60.517,71mar 116.121,80 55.604,09 60.517,71abr 116.185,57 55.667,86 60.517,71mai 123.736,89 58.257,90 65.478,99jun 124.358,19 58.879,20 65.478,99jul 126.483,39 61.004,39 65.478,99ago 129.006,55 63.527,56 65.478,99set 129.925,73 64.446,74 65.478,99OOuutt//0088 113300..669911,,5577 6655..221122,,5588 6655..447788,,9999Variações % referente ao último mêsmês 0,59 1,19 0,00acumulado no ano 13,31 18,96 8,20acumulado em 12 meses 13,78 20,00 8,20Metodologia: o Índice PINI de Custos de Edificações é composto a partir dasvariações dos preços de um lote básico de insumos. O índice é atualizado porpesquisa realizada em São Paulo (SP). Período de coleta: a cada 30 dias com pesquisa na última semana do mês de referência.Fonte: PINI

indices 123.qxd 5/11/2008 17:21 Page 16

Page 21: techne 140

indices 123.qxd 5/11/2008 17:21 Page 17

Page 22: techne 140

Envie sua pergunta para o email [email protected]

18

IPT RESPONDELadrilhos hidráulicos Como são produzidos, passo a passo, osantigos ladrilhos hidráulicos decorativosmulticoloridos? Quais etapas e materiaissão necessários? Existe mercado aindapara esse tipo de produto? Eugênio Silas Ricarde

Belo Horizonte

Ladrilho hidráulico designa um com-ponente de revestimento de pisos, eeventualmente de paredes, constituídoessencialmente por areia, pigmentos ecimento Portland. O cimento é umaglomerante hidráulico, ou seja, seuendurecimento se processa segundoreações químicas com a água, daí onome "ladrilho hidráulico". Na produ-ção dos ladrilhos emprega-se normal-mente cimento branco, areia fina oumédia bem lavada (sem impurezas or-gânicas, concreções ferruginosas, argi-la etc.), eventualmente pó de mármoree pigmentos inorgânicos com diferen-tes cores (óxidos de ferro na cor preta,vermelha ou amarela, óxido de titânioou litopônio na cor branca, cromatode chumbo ou amarelo de cádmio nascores amarelo/laranja, óxido de cromona cor verde etc.). Os ladrilhos nor-malmente apresentam forma quadra-da, com lado de 20 cm e espessura emtorno de 2 cm. O ladrilho é compostonormalmente por três camadas: a de-corativa, com cerca de 2 mm de espes-sura, a segunda constituída apenas porcimento com cerca de 2 mm, e a tercei-ra que constitui o corpo do ladrilhopropriamente dito, composta por ar-gamassa com 1,5 cm a 2 cm de espes-

sura.A produção é extremamente arte-sanal, devendo-se dispor para tanto demoldes metálicos (ferro, cobre oulatão), sendo uma fôrma externa emoldes internos para realização das di-ferentes formas e desenhos. Previa-mente preparam-se "tintas" – caldas decimento branco, água e o(s) óxido(s)requerido(s), sendo as misturas muitobem homogeneizadas. Supondo umladrilho com apenas dois motivos/duascores, o molde interno apresentarácompartimentos destinados à calda deuma e de outra cor respectivamente.Inicialmente,e com todo cuidado,verte-se apenas uma das caldas,e sobre ela póde cimento, com a finalidade de absor-ver o excesso de umidade. Quando aprimeira calda ganhar resistência sufi-ciente, sem risco de ser manchada pelasegunda calda, retira-se o molde metá-lico interno e verte-se cuidadosamentea segunda calda nos espaços vazios,completando-se assim o desenho/facedo ladrilho. Recobre-se novamentecom pó de cimento a segunda calda,completa-se a fôrma com argamassade cimento e areia (em excesso) e con-duz-se o conjunto até uma prensa,onde as três camadas são adensadas e"monolitizadas" sob pressão. Após en-durecimento, retira-se cuidadosamen-te a fôrma externa e procede-se à cura,normalmente por imersão em água.Existem, em diversas partes do mundoe inclusive no Brasil, construções compisos em ladrilhos hidráulicos comidade quase centenária, com excelenteestado de conservação. A disponibili-

dade hoje de cimentos de alta resistên-cia, pigmentos sintéticos, aditivos su-perfluidificantes, sílica ativa e outrosmateriais pode propiciar a fabricaçãode ladrilhos com durabilidade aindamaior. Do ponto de vista da arquitetu-ra, é um produto extremamente dife-renciado, podendo inclusive constituirmosaicos e painéis individualizados.Enquanto existir requinte, bom gostoe poder aquisitivo, existirá mercadopara os ladrilhos hidráulicos.Ercio Thomaz

Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do

Ambiente Construído)

TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 2008

LEIA MAIS

"Ladrilhos e RevestimentosHidráulicos de AltoDesempenho". Thiago Catoia.Dissertação de mestrado apresentadaà USP/Escola de Engenharia de SãoCarlos. São Carlos-SP, 2007.

Ladrilhos Hidráulicos. Equipe deObra 19, páginas 22 a 25.

Div

ulga

ção:

Dal

le P

iage

ipt responde 70.qxd 5/11/2008 17:20 Page 18

Page 23: techne 140

ipt responde 70.qxd 5/11/2008 17:20 Page 19

Page 24: techne 140

2020

CARREIRA

Quando começou, a sempre cres-cente invasão tecnológica colo-

cou de um lado profissionais atualiza-dos, capazes de operar computadorese se adaptar às mudanças e, de outro,aqueles que insistiam em manter osmesmos procedimentos. As vozes domercado diziam que só iriam sobrevi-ver aqueles profissionais que corres-sem atrás de cursos e de equipamentospara modernizar sua forma de traba-lho. Basta entrar em qualquer escritó-rio de engenharia ou arquitetura paradizer quem continua na ativa.

Atualmente, a invasão não é tec-nológica, mas conceitual. O profissio-

Certificador ambientalAinda raro no mercado e com a demanda em alta, profissional obtém boasremunerações, apesar de ainda sofrer com falta de cultura sustentável do setor

TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 2008

nal – seja engenheiro, arquiteto oucom qualquer formação – que é certi-ficador ambiental acreditado é peça-chave de qualquer processo de con-cepção de projetos que se julgue mo-derno. Se atualmente atuam comoconsultores para projetos específicos –e por isso são cobiçados pelo mercado–, em pouco tempo as acreditações de-verão se espalhar entre projetistas, en-genheiros de obra, arquitetos e profis-sionais em geral, sendo uma espécie deespecialização imprescindível.

O ideal, para a boa atuação do pro-fissional, é que participe da concepçãodos projetos, com autonomia e lide-

Acer

vo p

esso

al

Antonio Mantovani Netoarquiteto da Dante Della Manna Arquitetura

Por que resolveu tornar-se umcertificador ambiental?Necessidade de mercado. Algunsclientes americanos questionavam sobreo assunto, especificamente sobre acertificação do USGBC (United States

Green Building Council), o LEED(Leadership in Energy andEnvironmental Design). Em decorrênciadisso, busquei saber mais sobre oassunto, sobre sustentabilidade,certificações, empresas que trabalhamcom esse conceito.

Como se deu e quais foram osdesafios no início de sua atuaçãocomo certificador ambiental?O maior desafio é a busca de materiais eempresas que trabalhem dentro darealidade sustentável. Trabalhar osconceitos de sustentabilidade com osclientes é outro grande desafio, porquesignifica um pequeno aumento decusto, seja em horas de trabalho deprojeto ou em materiais e mão-de-obra.

Uma vez que no Brasil não há cursosespecíficos sobre certificaçãoambiental, como você se atualizaprofissionalmente? Onde buscouinformações para obter a certificação?A certificação é americana e no site daUSBCG tem todo o material específico sobreo tema. Sobre sustentabilidade, busco todasas fontes disponíveis de informação, comolivros, revistas, palestras, internet. Existemalguns cursos no Brasil, sim, e imagino quehaverá um crescimento da oferta nospróximos anos. Só não sei se a demandaserá suprida dado o interesse geral dosprofissionais sobre sustentabilidade.

Quais são suas atribuições?No escritório em que trabalho, nãobuscamos certificar um projeto, e sim

rança para influenciar na tomada dedecisão. A sustentabilidade de umaconstrução depende fundamental-mente dos conceitos envolvidos nessafase. "É totalmente anti-sustentávelderrubar paredes novas para melho-rar um projeto durante a execução",ilustra o engenheiro naval e diretor doGBC (Green Building Council) Brasil,Nelson Kawakami. Ele afirma, ainda,que o certificador tem que ser muitobom em planejamento, e que, segun-do acredita, a melhor pessoa paraatuar na certificação é o coordenadorde projetos, "pois tem conhecimentosholísticos de todo o processo".

O profissional

carreira.qxd 5/11/2008 17:22 Page 20

Page 25: techne 140

21

Real que recebeu certificação Leed, naGrande São Paulo, a certificadora am-biental da Sustentax, Paola Figueiredo,percebeu que havia um total desco-nhecimento dos fornecedores de ma-teriais acerca do contexto sustentável."Havia receio de espionagem por partedos fabricantes quando questionáva-mos a composição de seus produtos",conta a geógrafa com pós-graduaçãoem engenharia de produção e arquite-tura bioclimática. Para poder contarcom produtos sustentáveis, a Susten-tax desenvolveu um selo homônimopara atestar o comprometimento so-cioambiental de materiais, equipa-mentos e prestadores de serviços.

É também por meio da atuaçãodo certificador que os custos de ma-nutenção e operação de um edifíciopodem ser reduzidos, afinal estão di-retamente relacionados ao consumode água e eletricidade. "[O certifica-dor] pode trabalhar nas empresas, de-finindo estratégias de sustentabilida-de, ou como consultor. Todo profis-sional pode ser acreditado", afirmaPaola sobre as possibilidades de atua-ção desse profissional.

Àqueles interessados na atuaçãocomo certificador, o arquiteto ArthurBrito avisa: o profissional tem que ava-liar toda a cadeia produtiva e a opera-ção de um edifício. Por isso, mesmoquando o edifício é pequeno,o volumede trabalho é sempre grande.

Bruno Loturco

Atribuições: análise de projetos com osprojetistas, gerenciamento do conteúdode informações de projeto, pesquisa deempresas e materiais sustentáveis ecoordenação de projetosFormação: arquitetura, paisagismo,projetistas em geral, mas principalmentede elétrica, luminotécnica,condicionamento de ar e hidráulica,engenharia de todas as especialidades,especialmente de obra, de segurança emeio ambiente e responsáveis pordepartamentos de suprimentos.Experiência: é importante que esse

profissional tenha conhecimento globaldos processos construtivos e da gestão deprojetos e profissionais.Aptidões: por ser um trabalhomultidisciplinar, é vital ser um bom gestorde projetos com grandes equipestécnicas, ser um integrador quecompreende os sistemas isoladamente epromove a sinergia, e ter espírito inovadorpara explorar o potencial de melhoria pornovas práticas de projeto e construção,além de liderança sobre a equipe.Remuneração inicial: por ser nova, aprofissão ainda não tem um padrão de

salários. A remuneração varia muito emfunção da experiência e especialidadeprincipal do profissional – arquiteto,projetista – e da, atualmente alta,demanda por certificadores.Indicação de bibliografia: paraprojetistas, The Green Studio HandbookEnvironmental Strategies for SchematicDesign, de Alison Kwok e Walter Grondzik;para construtores, Contractor's Guide toGreen Building Construction, de ThomasGlavinich, que trata da gestão dossubcontratados e da garantia das práticas sustentáveis

Currículo

Fontes: Paola Figueiredo, da Sustentax, e Arthur Brito, da Kahn do Brasil

atuarmos para que um projeto sejaconcebido com conceitos desustentabilidade. Caso o cliente queiracertificar, o principal passo já terá sidodado. Nesse contexto, as minhasatribuições são: gerenciar o conteúdo deinformações sobre o tema no escritório,pesquisar empresas e materiais ecoordenar os projetos do escritório, sempreintroduzindo o tema sustentabilidade.

Quantas horas, em média, trabalhadiariamente?Divido o meu tempo entre coordenaçãode projetos de arquitetura esustentabilidade, além de atendimento aclientes, fornecedores e pesquisa. Para otema sustentabilidade, trabalho emmédia meio período diariamente.

Na sua opinião, qual a importânciade ser arquiteto para atuar como certificador?Não necessariamente o arquitetodeve ser certificador, masobrigatoriamente deve conhecer otema sustentabilidade e aplicar emseus projetos. É imperativo nos dias de hoje.

Do que você mais gosta em suafunção? Há muita resistênciapara a sua atuação?Oportunidade de aprender um assuntorelativamente novo e aplicá-lo emnovos projetos. Há um pouco deresistência por parte dos clientes.Sempre quando há custo envolvidoexiste resistência.

Opinião semelhante tem o arqui-teto Leed AP (Accredited Professio-nal) Arthur Britto, da Kahn do Brasil.Segundo ele, "qualquer formação di-retamente ligada ao projeto ou execu-ção forma um candidato a certifica-dor, cuja competência remete direta-mente ao interesse pela totalidade dossistemas que formam o ambienteconstruído". O especialista em certifi-cação ambiental deve conhecer todosos sistemas prediais e ter pleno co-nhecimento das condições que afe-

tam o desempenho do edifício e suaimplicação ecológica. Recentemente,os institutos que acreditam esses pro-fissionais têm passado a considerartambém o contexto urbano em que seinserem os edifícios.

Quanto mais abrangente for aatuação do certificador, menor é o im-pacto das obras no meio. Esses profis-sionais têm estimulado o setor daconstrução a desenvolver mecanismosde promoção da sustentabilidade. Du-rante o projeto da agência do Banco

carreira.qxd 5/11/2008 17:22 Page 21

Page 26: techne 140

TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 200822

MELHORES PRÁTICAS

Paredes de concretoPara atingir a produtividade ideal e o desempenho esperado, sistema exigeatenção a pontos fundamentais da execução

Fundações

Montagem das armadurasQuem define e especifica a montagem detelas soldadas e reforços é o projetoestrutural. De modo geral, a montagem daarmadura principal, em tela soldada, deveser feita primeiro. Depois, são

Para a correta montagem das fôrmas, onivelamento das fundações deve serrigoroso. Caso contrário, haverádiferenças no topo dos painéis quecomprometerão o alinhamento superiordas paredes. Por isso, recomenda-se aexecução de uma laje na cota do terreno,evitando o contato com o terreno bruto.As dimensões desta devem exceder as daperiferia dos painéis externos parapermitir o apoio e facilitar a montagemdos moldes. Caso a opção seja por lajetipo radier, recomenda-se concretar acalçada externa simultaneamente.

Foto

s: M

arce

lo S

cand

arol

i

acrescentadas as armaduras de reforços, asancoragens de cantos e as cintas. Para agilizar amontagem das armaduras, recomenda-secortar previamente os locais onde serãoposicionadas as esquadrias de portas e janelas.

InstalaçõesEletrodutos, caixas de interruptores,tomadas, luz e tubulações devem serfixados às armaduras para evitar que sedesloquem quando do lançamento doconcreto. Espaçadores entre esseselementos e as faces dos moldes garantemo recobrimento pelo concreto e oposicionamento das peças. Deve-seproteger as caixas elétricas contra a entradade concreto e conseqüente obstrução dosdutos. É possível utilizar produtos própriospara paredes de concreto, que contam comtampas removíveis. Kits hidráulicos podemaumentar a produtividade, mas exigemtestes antes da instalação.

melhores praticas.qxd 5/11/2008 17:16 Page 22

Page 27: techne 140

23

Colaboração: Ary Fonseca Jr., gerente de edificações da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) e coordenador nacional daComunidade da Construção, e engenheiro Roberto Barella Filho, diretor da GMO Engenharia e consultor técnico da ABCP

Concretagem

Desenforma e curaAo atingir a resistência e a elasticidadeprevistas em projeto, o concreto deve serdesenformado sem choques para evitar oaparecimento de fissuras por açõesmecânicas. Os painéis devem ser limpos,com cuidadosa remoção da película deargamassa que adere à superfície. Limpos,devem receber o agente desmoldante.Este, por sua vez, deve ser escolhido deacordo com o material das superfícies –madeira, metal ou plástico. A cura, em gerala úmida, deve ser iniciada cedo para evitaro surgimento de fissuras superficiais.Recomenda-se molhar as superfícies pelomenos cinco vezes por dia.

É importante tomar precauções paramanter a homogeneidade do concreto.Peças muito esbeltas exigem que olançamento seja feito por janelasabertas na parte lateral ou por meio defunis ou trombas. A preferência deveser pelo concreto auto-adensável, quedispensa vibração e, altamente

viscoso, é menos suscetível àsegregação dos materiais. Se oconcreto for convencional, durante eimediatamente após o lançamento, avibração faz-se necessária paraeliminar espaços vazios e a formaçãode ninhos, especialmente nos pontosque concentram instalações.

Montagem dasfôrmasPara orientar o posicionamento dos painéis,é necessário marcar as linhas das facesinternas e externas das paredes no piso deapoio. É comum iniciar a montagem dospainéis pela parede que concentra asinstalações hidráulicas. Primeiro os cantos,formando um "L", e depois a face interna. A partir daí, segue-se a seqüência comconectores, como grampos ou pinos,sempre obedecendo à distribuição indicadana planta executiva. Esquadrias e escorasde prumo, que mantêm os painéis em pé,são posicionadas em seguida. Por fim, oajuste milimétrico do prumo das paredes.

Div

ulga

ção:

ABC

P

melhores praticas.qxd 5/11/2008 17:16 Page 23

Page 28: techne 140

ENTREVISTA

24 TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 2008

BERNARDO FONSECATUTIKIAN E DENISECARPENA DAL MOLIN

Bernardo é doutor em Engenhariapela Universidade Federal do RioGrande do Sul, especializado emmateriais de construção,especificamente em dosagem deconcreto auto-adensável. É professorna Universidade Caxias do Sul, naUniversidade Vale do Taquari e naUniversidade Vale dos Sinos.Denise é doutora em Engenharia Civilpela Universidade de São Paulo,professora e pesquisadora do Norie(Núcleo Orientado para a Inovaçãoda Construção), da UniversidadeFederal do Rio Grande do Sul. Atuanas áreas de tecnologia de concretosconvencionais e especiais,aproveitamento de resíduos emmateriais de construção edesenvolvimento de novos materiais,entre outros. Tem atuado comoconsultora de agências de fomento àpesquisa. Aplicações, vantagens,desvantagens e métodos de dosagemdo CAA são alguns dos temasdesenvolvidos pelos entrevistados nolivro Concreto Auto-Adensável,lançamento da Editora PINI.

Oconcreto auto-adensável (CAA)surgiu no Japão no fim da década

de 1980. Como o novo produto acaba-va com a necessidade de destacar ope-rários apenas para espalhar e vibrar oconcreto, logo se tornou popular nospaíses industrializados. Mesmo sendoo auto-adensável mais caro do que oconcreto convencional era clara a van-tagem econômica proporcionada pelaredução da equipe de concretagem.

Em entrevista à Techne, BernardoFonseca Tutikian e Denise Carpena DalMolin afirmam que a aceitação da novatecnologia tende a crescer conformeocorra escassez de mão-de-obra. Naexecução da estrutura aqui no Brasil,costuma-se contratar empreiteiros, queatrelam seu preço ao metro cúbico deconcreto lançado. "Ele não consegue –ou não quer – quantificar o aumento deprodutividade proporcionado pelo uso

de uma armadura pronta ou de um con-creto auto-adensável”, afirma Denise.“Mas,com a escassez de mão-de-obra,oconceito está mudando."

Eles acreditam que,com a industria-lização, o uso do concreto auto-adensá-vel tende a ser ainda mais disseminado."Cada vez mais a construção partirá parao uso de pré-moldados, onde o CAA éextremamente viável", afirma Tutikian.Em sua visão, esse concreto também éuma opção para aproveitamento de resí-duos de construção triturados. "Ele ne-cessita da incorporação de um materialfino para sua coesão",explica.Mas Deni-se alerta para a grande variabilidade des-ses materiais. "Num momento você temum percentual maior de concreto, emoutro,um percentual maior de cerâmica,por exemplo, e isso muda o traço. Esse éo grande gargalo que dificulta a implan-tação em larga escala", enfatiza.

Vantagens concretasPesquisadores do Rio Grande do Sul apresentam em nova obra diferenciaisdo auto-adensável como aplicações e estudo de dosagem

Mar

celo

Sca

ndar

oli

entrevista.qxd 5/11/2008 17:24 Page 24

Page 29: techne 140

entrevista.qxd 5/11/2008 17:24 Page 25

Page 30: techne 140

E N T R E V I S T A

26 TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 2008

O concreto auto-adensável não é uma tecnologia nova, mas, atéalgum tempo atrás, encontrava-seem desuso. Por que ficou tantotempo restrita a aplicações muito específicas?Bernardo Tutikian – O material não éalgo totalmente novo e desconheci-do. Pesquisas já mostravam que agrande razão que levava os profissio-nais a não utilizar o CAA era o desco-nhecimento.Denise Dal Molin – O que eu acho quebarrou sua disseminação aqui noBrasil foi o custo. Em países de pri-meiro mundo, a mão-de-obra émuito cara. Então, a diferença decusto entre um concreto auto-aden-sável e um convencional era paga vá-rias vezes pela redução da mão-de-obra. Agora, no Brasil, a situação pa-rece estar invertendo, com o encareci-mento da mão-de-obra e a reduçãodo preço do concreto auto-adensável.Isso está viabilizando cada vez mais atecnologia. No fundo, é tudo questãode viabilização econômica.

E por que ressurge agora? É aescassez de mão-de-obra que otorna uma alternativa atraente?Tutikian – Realmente o CAA diminuiconsideravelmente a mão-de-obranecessária para a concretagem em in-dústrias de pré-moldados e em em-presas de construção, o que é umagrande vantagem. Cada passo quedamos em direção à industrializaçãoé um avanço. Porém, também deve-mos lembrar outros benefícios pro-porcionados pela tecnologia, como aconsiderável melhora do acabamentofinal dos elementos, do aumento davelocidade de concretagem, da elimi-nação ou diminuição drástica do ba-rulho do serviço e outras mais. Oconjunto de tudo isso torna o proces-so mais racional e menos dependentede mão-de-obra.Denise – Há uma particularidade noBrasil, que é a de trabalharmos muitocom empreiteiro de mão-de-obra. Eele nos cobra por metro cúbico deconcreto, pacote que abrange monta-gem das fôrmas, lançamento, adensa-mento, acabamento etc. Ele não con-

segue – ou não quer – quantificar oaumento de produtividade propor-cionado pelo uso de uma armadurapronta ou de um concreto auto-adensável para reduzir o custo de seumetro cúbico. Mas, com a escassez demão-de-obra, o conceito está mu-dando. Ele pode não encontrar ho-mens para realizar esses serviços e,com isso, contratar menos e reduziros custos do metro cúbico se essastecnologias forem utilizadas.

Em quais situações ascaracterísticas do CAA podem sermelhor aproveitadas?Tutikian – Pode ser utilizado comvantagens em quase todas as situa-ções, mas quando a utilização doconcreto convencional fica compli-cada ele se torna obrigatório. Pode-mos citar obras com alta densidadede armadura, em que o concreto con-vencional não consegue preenchertodos os espaços. Também é vantajo-so em obras e peças em que o concre-to fica aparente, já que dispensa aca-bamentos posteriores e distribui me-lhor a cor, além de obras que exijamgrande agilidade. São alguns exem-plos onde a utilização do CAA é pra-ticamente obrigatória.Denise – Além da redução de custoscom mão-de-obra, o concreto auto-adensável proporciona a redução deruídos, tornando-o adequado parauso em áreas residenciais, próximas

a hospitais ou nas indústrias depré-moldados.

E quando não é recomendável?Quais são as possíveis desvantagensinerentes ao seu uso?Tutikian – Devido à sua grande ver-satilidade, é difícil encontrarmos si-tuações que não é recomendável autilização do CAA. No entanto, de-vemos ter cuidado nas partes das es-truturas com desníveis, como de-graus de escada, vigas que dividempeças de diferentes níveis e até lajescom grandes contraflechas. Paraesses locais é necessária a execuçãode barreiras que impeçam o concre-to de se nivelar ou o uso de concretoconvencional. Devemos lembrar queo CAA é fluido como a água, entãoele tende a se nivelar, na prática essespequenos problemas são resolvidoscom ajustes mínimos.Denise – A maior dificuldade notransporte do concreto auto-aden-sável é a questão dos superplastifi-cantes. Eles não podem ser mistura-dos na central de dosagem, masapenas alguns instantes antes dolançamento porque têm um perío-do de vida mais curto, principal-mente em climas mais quentes. Nãose trata de um grande problema,mas é um empecilho. É a única dife-rença significativa entre ele e o con-creto convencional.

Qual a diferença de custos entre o concreto convencional e o auto-adensável?Tutikian – O custo do metro cúbicodo CAA é cerca de 10% superior aoconcreto convencional, sendo quealgumas concreteiras e indústrias depré-moldados conseguem apenas8% de aumento. Essa diferença é fa-cilmente recuperada com as econo-mias de mão-de-obra. E ainda háuma série de benefícios não mensu-ráveis, como a diminuição do baru-lho, a melhora do acabamento finalou a diminuição do risco de quedade trabalhadores de uma laje, pordiminuir o número de pessoas en-volvidas no processo. Atualmente,na grande maioria dos casos, a justi-

“No Brasil, a situaçãoparece estar seinvertendo, com o encarecimento da mão-de-obra e a redução do preçodo concreto auto-adensável. Isso estáviabilizando cada vezmais a tecnologia”

entrevista.qxd 5/11/2008 17:24 Page 26

Page 31: techne 140

entrevista.qxd 5/11/2008 17:24 Page 27

Page 32: techne 140

E N T R E V I S T A

ficativa econômica não pode maisser usada como motivo para a nãoutilização do CAA. Por isso, acredi-ta-se que a grande resistência deprojetistas e construtores ainda es-teja no desconhecimento da tecno-logia, que, paulatinamente, estásendo desfeito.

Em longo prazo, o comportamentodo CAA é semelhante ao doconcreto convencional?Tutikian – Todas as vantagens doCAA frente ao concreto convencio-nal são percebidas no período emque o concreto está na fase plástica,ou seja, no estado fresco. Após o en-durecimento da mistura (cerca detrês horas), os concretos são exata-mente iguais. O que diferencia asmisturas são os componentes e asproporções utilizadas na dosagem, enão há motivo para alterá-las para oCAA. Quando malfeita, a dosagempode acarretar problemas em qual-quer concreto endurecido. No livro,apresentamos dois métodos para a

dosagem de CAA que são experi-mentais e fáceis de utilizar, propor-cionando CAA de boa qualidade ecom custo compatível.Denise – Uma questão que semprefoi levantada como um problema eraa do módulo do concreto auto-aden-sável. Tinha-se a idéia de que esse

concreto exigia teores de argamassamuito elevados e com isso apresenta-ria um módulo menor e, conseqüen-temente, a estrutura seria mais defor-mável quando endurecesse. Hoje, es-tudos já mostram que, depois de en-durecido, esse material trabalha exa-tamente como o concreto conven-cional em termos de módulo.

E quanto à durabilidade?Tutikian – O CAA tende a apresentar,inclusive, uma vida útil superior semreparos, pois, além de se produzir umaestrutura mais densa que o concretoconvencional vibrado, ainda possuiufinos na sua composição, que podemmelhorar diversas propriedades doconcreto no estado endurecido.Denise – Por conter finos, o CAA éum concreto internamente mais "fe-chado", mais resistente à entrada deagentes agressivos. Testes de penetra-ção de cloretos, absorção de água,entre outros, mostram que o com-portamento desse concreto é melhorse comparado ao convencional.

“O custo do metrocúbico do CAA écerca de 10%superior ao concretoconvencional (...).Essa diferença éfacilmenterecuperada com aseconomias de mão-de-obra”

entrevista.qxd 5/11/2008 17:24 Page 28

Page 33: techne 140

No futuro, acreditam que o concretoauto-adensável deve tomar o lugardo concreto convencional como omais usado?Tutikian – É muito difícil fixar umprazo para isso ocorrer, mas é certoque, devido às inúmeras vantagens jácitadas, a cada dia o CAA passará a sermais utilizado. Tudo indica que have-rá um momento em que será usadoem quase todas as aplicações, e issopode ocorrer em um, cinco ou até dezanos. O fato é que sua utilização vemcrescendo rapidamente e quem utili-za o CAA em uma obra não retornapara o concreto convencional.Denise – Depende também do com-portamento do setor da construção.Se esse aquecimento continuar porum tempo mais, certamente essamudança será mais rápida. Mas, seentrarmos em crise de novo, talvezleve mais tempo. Mas que devemudar, deve. Na Alemanha, porexemplo, há muito tempo não sepensa mais em ficar vibrando o con-creto com operários.

Em relação a novos materiais, quaissão os mais promissores para ofuturo próximo da construção?Tutikian – Já há um consenso nomeio acadêmico e prático que o CAAé o concreto do futuro por ser umitem fundamental na industrializa-ção da construção. Cada vez mais aconstrução partirá para o uso de pré-moldados, onde o CAA é extrema-mente viável. Concretos aparentes ereforçados com fibra também vêmchamando cada vez mais atenção epoderão ser mais comuns no futuro.

A fibra de aço chegará a substituir completamente as armaduras convencionais?Tutikian – As fibras de aço são usa-das mais para o incremento da resis-tência mecânica do concreto arma-do, ou seja, para auxiliar a armadu-ra. Porém, podem sim substituircompletamente o aço, dependendodo teor utilizado. A substituiçãocompleta de armadura por fibras deaço em estruturas ainda não é viável

economicamente – a não ser parapisos de concreto –, apesar de serpossível no futuro. Atualmente as fi-bras estão sendo mais usadas paraevitar a fissuração do concreto, emteores menores.Denise – Não acredito nessa possibi-lidade. O problema da fibra é que elatem uma posição tridimensionaldentro do elemento e a armaduralongitudinal está posicionada em re-lação ao esforço. Portanto, quando secoloca a armadura em uma viga, elaagüentará a flexão que o concretonão suporta. As fibras, por sua vez,estão espalhadas ao longo dessa peça.Muitas estarão em posições que nãovão adiantar em nada para suportar aflexão. Perdem-se 60%, 70% da resis-tência das fibras e joga-se fora ummaterial caro, que é o aço. Para ele-mentos estruturais, creio que nãovalha à pena.

Onde estão as possibilidades deaproveitar resíduos de materiais deconstrução nas novas construções?

entrevista.qxd 5/11/2008 17:24 Page 29

Page 34: techne 140

E N T R E V I S T A

30 TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 200830

Tutikian – A forma mais viável para ouso de resíduos de construção écomo substituição parcial ou atétotal de agregados nos concretos eargamassas. É necessária a segrega-ção, a seleção e, por fim, a trituraçãodesse material antes do uso. Porém,considerando que os recursos natu-rais estão cada vez mais caros e indis-poníveis, pode-se afirmar que essa éoutra tendência da indústria daconstrução. O CAA, que necessita daincorporação de um material finopara sua coesão, é uma opção para autilização dos resíduos de constru-ção triturados.

Quais as limitações para oreaproveitamento de resíduos no concreto?Denise – Em todas as pesquisas que agente fez com resíduos de materiaisde construção e demolição, vimosque é possível obter concretos de até40 MPa a um custo competitivo. Ogrande problema que se apresenta éo da variabilidade desses materiais.Não é um produto constante. Nummomento você tem um percentualmaior de concreto, em outro umpercentual maior de cerâmica, porexemplo, e isso muda o traço. Esse éo grande gargalo que dificulta a im-plantação em larga escala.

Considerando tanto meio ambientequanto a questão social, de quemaneira o CAA atende às crescentesexigências por sustentabilidade?Tutikian – O CAA é muito bom parao meio ambiente, pois necessita demateriais finos para sua coesão. Osmelhores materiais finos que se podeusar são resíduos de outras indús-trias, como a cinza volante (resíduode termoelétricas), a escória de alto-forno (resíduo de siderúrgicas), opó-de-pedra (resíduo de pedreiras),resíduos de construção triturados eaté materiais que ainda não estãodisponíveis comercialmente, como acinza da casca de arroz. Quanto àquestão social, o CAA permite au-mentar o ritmo das construções, oque aumenta a produtividade e a ve-locidade de entrega de unidades.

Também torna o local de trabalhomais seguro, com uma melhora dascondições de trabalho, por diminuirruído e eliminar a vibração, serviçopesado para os operários.

Denise, enquanto consultora deagências de fomento à pesquisa,considera satisfatórios osinvestimentos em pesquisa noBrasil? Qual é nossa situação atual?Denise – Acho que poderíamos termais investimentos, mas não diriaque estamos numa época tão ruim.Nós temos várias linhas de financia-mento abertas. A pessoa que quer, etem persistência, consegue recursos,mas isso depende de um esforçoenorme. Os pesquisadores têm umtrabalho intenso para conseguir umvalor relativamente baixo. Você seenvolve em duas, três pesquisas devalores não tão altos e não conseguefazer mais. Você precisa dar conta dapesquisa, da prestação de contas, daelaboração de relatórios técnicos.

Quais mecanismos são maiseficientes para estimular asempresas e as instituições públicasa investir em pesquisa?Tutikian – A maneira mais eficienteseria o governo conceder mais bene-fícios às empresas, por exemplo, be-nefícios tributários. No Brasil, asuniversidades, principalmente as fe-derais, possuem estrutura e corpotécnico suficiente para o aumento

expressivo das pesquisas. A sociedadenecessita de avanços em quase todasas áreas e as empresas poderiam ab-sorver e tornar comerciais as inova-ções. Ou seja, o ambiente é propíciopara o desenvolvimento de novas téc-nicas e produtos, falta apenas um in-centivo maior e mais focado dasagências de fomentos.Denise – É preciso ter uma contra-partida. No momento em que a ini-ciativa vê que tem um retorno finan-ceiro do investimento em pesquisa,eles voltam a investir. É mais baratoinvestir em pesquisadores de umainstituição que se dedica a esse traba-lho do que ter os seus próprios. Asempresas pouco a pouco estão enxer-gando isso.

Quais áreas específicas daconstrução mais carecem deinvestimentos em pesquisa? Porquê?Tutikian – Certamente, a industriali-zação, pois toda a cadeia da constru-ção está se conscientizando da im-portância de aumentar a produção ediminuir o desperdício. Muitas ve-zes, utilizam-se técnicas e equipa-mentos importados e/ou adaptadosdo exterior e não se sabe como usu-fruir todos os benefícios na realidadebrasileira. Não basta apenas trazerequipamentos de última geração, quenão se pagarão e que aumentarão osacidentes de trabalho, por exemplo. Énecessário saber quais são os gargalose as opções para então proceder deforma racional para solucioná-los.Pesquisas na área de sustentabilidadesempre são bem-vindas para dimi-nuirmos o impacto causado por nos-sas construções não apenas na fase deexecução em si, mas, principalmente,nas fases de concepção, projeto e uso.Denise – A Finep (Financiadora deEstudos e Projetos) vem investindoem pesquisas no segmento de habita-ção social, mais especificamente nodesenvolvimento de sistemas cons-trutivos industrializados. Claro queessas tecnologias não servirão apenaspara a habitação social, mas paratodas, mas o foco principal é esse.

Bruno Loturco e Renato Faria

“Em todas aspesquisas que agente fez comresíduos de materiaisde construção edemolição, vimosque é possível obterconcretos de até 40 MPa e a um custo competitivo”

entrevista.qxd 5/11/2008 17:24 Page 30

Page 35: techne 140

entrevista.qxd 5/11/2008 17:24 Page 31

Page 36: techne 140

ENTAC 2008

32 TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 2008

Inovação e sustentabilidade foramtemas que pautaram os trabalhos

apresentados neste ano no Entac(Encontro Nacional de Tecnologiado Ambiente Construído). Diver-sos sistemas construtivos – inova-dores ou já estabelecidos – e mate-riais tiveram seu desempenho (tér-mico, acústico, durabilidade, emis-são de substâncias tóxicas) avalia-do. Estudos sobre reaproveitamen-to de resíduos na construção, outrabalhos locais sobre como asconstrutoras destinam o materialproduzido nos canteiros tambémestiveram presentes.

Ambiente sustentávelProblemas e soluções para a construção sustentável são abordados emtrabalhos apresentados em congresso científico sobre ambiente construído

O evento trouxe ainda palestrantesinternacionais como o francês Jean-Luc Chevalier,do CSTB (Centre Scien-tifique et Technique du Bâtiment), quemostrou as iniciativas francesas parapromover a sustentabilidade no setorda Construção. Dentre elas, destacam-se a realização da mesa-redonda Gre-nelle de l'Environnement – abordadana edição 129 da Téchne – e a criaçãodo Inies, um banco de dados com ascaracterísticas ambientais e sanitáriasde materiais de construção. O alemãoAndreas Wagner apresentou o EnOB,projeto de pesquisa que procura de-senvolver edifícios com baixa deman-

da energética e altos níveis de confortopara o usuário. Outra convidada, aprofessora da Universidade da Califór-nia em Berkeley, Iris Tommelein, mos-trou como o conceito de Lean Cons-truction pode promover a sustentabili-dade, reduzindo impactos ambientaiscom inovações simples em produtos eprocessos construtivos.

A Téchne esteve no evento e sele-cionou alguns trabalhos apresentadose premiados na última edição do en-contro promovido pela Antac (Asso-ciação Nacional de Tecnologia doAmbiente Construído). Confira:

Renato Faria

O estudo, realizado por pesquisadoresda Universidade Federal de SantaCatarina, procurou desenvolverferramentas para ajudar naimplantação de um programa nacionalde telhados solares fotovoltaicosintegrados à rede pública de energiaelétrica. O projeto prevê aobrigatoriedade de compra, pelaoperadora da rede, de toda a energiaelétrica gerada por sistemas de placasfotovoltaicas pertencentes aprodutores independentes de energia(PIs). Esses investidores seriamremunerados, durante 25 anos, comuma tarifa-prêmio por cada kilowatt-hora produzido. O incentivo permitiriaque os PIs pagassem, em pouco maisde uma década, o investimento feito natecnologia limpa. A compra da energia

Telhados solares fotovoltaicos conectados à rede elétrica pública no Brasil

elétrica de origem solar seria diluídaentre todos os consumidores finaisresidenciais de energia, com umpequeno acréscimo no valor dascontas. A proposta baseia-se noprograma atualmente praticado naAlemanha, um dos países mais bem-sucedidos no incentivo às fontesrenováveis de energia. O programa

brasileiro, diferentemente do alemão,excluiria do rateio as famílias de baixarenda. Apesar de o investimento inicialpara a instalação dos sistemas ainda seralto, é grande o potencial de reduçãodos custos com o ganho de escala deprodução dos equipamentos, de acordocom os pesquisadores. Segundo otrabalho, estudos preliminares mostramque algumas regiões do Brasil poderiamter, já entre 2012 e 2013, os preços daenergia fotovoltaica equivalentes aos daenergia convencional – dependendo defatores como o reajuste tarifário anualaplicado pelas concessionárias e a taxade juros praticada no País.

AAuuttoorreess ddoo ttrraabbaallhhoo:: RRiiccaarrddoo RRüütthheerr,,IIssaabbeell SSaallaammoonnii,, AAlleexxaannddrree MMoonntteenneeggrroo,,PPrriisscciillaa BBrraauunn,, RRoobbeerrttoo DDeevviieennnnee FFiillhhoo

Man

fred

Ste

inba

ch

materia_secundaria.qxd 5/11/2008 17:27 Page 32

Page 37: techne 140

33

O estudo dos pesquisadores da EscolaPolitécnica da Universidade de São Paulomostrou que edifícios de escritórios podemencontrar mais dificuldades em atingir bomdesempenho em alguns itens dacertificação Aqua (Alta QualidadeAmbiental). O selo aportou no Brasil noinício de 2008, traduzido e adaptado apartir do sistema francês de certificaçãoambiental de empreendimentos HQE(Haute Qualité Environnementale). A proposta dos pesquisadores era analisaros critérios de avaliação adotados nacategoria Gestão da Água do referencialtécnico e sua aplicabilidade nos edifícios do setor de serviços (escritórios eestabelecimentos de ensino) no Brasil. Na avaliação segundo os critérios do Aqua,o desempenho é expresso em três níveis(Bom, Superior e Excelente) no atendimentode itens como: a) presença de redutores de pressão (para limitar a vazão de uso,caso a pressão seja maior que 300 kPa); b) presença de sistemas economizadores;c) emprego de água não-potável em usosque não necessitem potabilidade;

Gestão da água em edifícios do setor de serviços segundo o referencialtécnico francês HQE

d) redução da vazão de águas pluviais; e) redução do coeficiente deimpermeabilização do empreendimento; f) recuperação e tratamento de águas deescoamento poluídas. Os pesquisadoresverificaram que os projetos e execução de edifícios de escritórios terão maisdificuldades para atingir um desempenhoambiental adequado nos itens relativos àlimitação de vazões, devido à redução dovalor de pressão estática máxima. Válvulasredutoras de pressão requerem áreasmaiores, resultando em maiores custospara a implantação. Por seremgeralmente baixos e apresentarem valoresmenores de pressão hidráulica, edifíciosescolares tendem a não enfrentar esse tipode problema. Esses edifícios atenderiamcom mais facilidade, também, aos critériosde limitação do uso de água potável, já quecontam geralmente com maiores áreas decobertura e de captação de águas pluviais. A gestão da infiltração pode representarum problema para edifícios instalados em grandes centros urbanos. Os pesquisadores ressaltam, ainda, que

a "gestão de águas de escoamentopoluídas", além de exigir grandes áreas e elevados custos para a execução desistemas de tratamento, requer tambémum eficiente sistema de gestão.

AAuuttoorreess:: LLúúcciiaa HHeelleennaa ddee OOlliivveeiirraa,, OOrreesstteess MM.. GGoonnççaallvveess

Foto

s: M

arce

lo S

cand

arol

iCoberturas verdes na Região Metropolitana de Curitiba – barreiras e potencialde estabelecimento na visão dos profissionais de construção civil

impermeabilização, considerado um itembásico na execução do sistema de CVs.Também de acordo com o estudo,prevalecem entre eles conceitos errados

Fabi

ana

Scar

da

Com a intenção de analisar as razões paraa pouca disseminação da tecnologia dascoberturas verdes (CVs) entre osprofissionais da Construção Civil, a autorarealizou um levantamento com empresasde arquitetura, engenharia civil,agronômica e florestal da RegiãoMetropolitana de Curitiba, no Paraná.Investigaram-se as percepções dosprofissionais ante a tecnologia, suaspráticas, competências e familiaridadecom o tema. Os resultados mostram queos respondentes não apresentam umdomínio do processo de

sobre as técnicas mais adequadas para a aplicação desse tipo de cobertura. Da mesma forma, há certodesconhecimento sobre os benefíciosproporcionados pelas CVs à edificação e ao meio urbano. Entretanto, perguntasabertas e contatos diretos espontâneosvia e-mail evidenciam o interesse dosprofissionais de arquitetura e engenhariapor informações e esclarecimentosrelativos ao tema.

AAuuttoorreess:: WWâânniiaa CCrruuzz ddoo NNaasscciimmeennttoo,, AAllooííssiioo LLeeoonnii SScchhmmiidd

materia_secundaria.qxd 5/11/2008 17:27 Page 33

Page 38: techne 140

E N T A C 2 0 0 8

34 TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 2008

Nesse trabalho, compararam-seblocos para pavimentação fabricadoscom concretos que levavam areia finacomum e areia de fundição – descartedo processo de moldagem de peçasproduzidas pela indústria

Utilização da areia de fundição para fabricação de blocos de concretopara pavimentação

metalúrgica. E os blocos alternativostiveram um bom desempenhomecânico: os resultados do ensaio decompressão simples aos 28 diasmostraram que o produto atingiuresistências maiores do que 25 MPa.De acordo com os pesquisadores doNorie/Universidade Federal do RioGrande do Sul, portanto, seriapossível utilizar a areia "alternativa"na fabricação dessas peças – umasolução econômica e ambientalmenteinteressante, que daria fim adequadoa um resíduo gerado abundantementenas indústrias de fundição. Ospesquisadores ressaltam, porém, aimportância da realização de outros

ensaios, como os de absorção eresistência à abrasão, além de umamelhor caracterização do resíduoantes e depois de incorporado aobloco. Durante a apresentação, outrospesquisadores alertaram tambémpara a grande variabilidade dacomposição das areias de fundiçãoproduzidas tanto na mesma fábricaquanto em fábricas diferentes, o quepoderia gerar distorções nosresultados dos ensaios realizados nas peças.

AAuuttoorreess :: AAnnggeellaa ZZaammbboonnii PPiioovveessaann,,CCaarroolliinnaa GGeemmeellllii,, MMaarriiaa ddaa LLuuzz SSiillvvaa,,AAnnggeellaa BBoorrggeess MMaassuueerroo

Ange

la P

iove

san

O racionamento de energia ocorridoem 2001 foi o marco para apromulgação da chamada lei deeficiência energética – lei 10.295. Sua regulamentação estabeleceu quedeveriam ser criados parâmetrosreferenciais para a eficiência energéticaem edificações, com "indicadorestécnicos e regulamentação específica"para estabelecer a obrigatoriedade dos

Desenvolvimento de Metodologia de Avaliação da Eficiência Energética doEnvoltório de Edificações Não-residenciais

níveis de eficiência no Brasil. Na tese,também contemplada com o PrêmioHolcim/Antac, a autora apresentaequações para avaliação da eficiência e indicadores de custos relacionados à eficiência do envoltório de edifícios não-residenciais (comerciais e institucionais).

AAuuttoorraa:: JJooyyccee CCoorrrreennaa CCaarrlloo

Mar

celo

Sca

ndar

oli

No ano 2000, o IBGE (InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística)estimou em seis milhões o número dedomicílios vagos no Brasil. No mesmoano, a Fundação João Pinheiro calculouum déficit habitacional de 6,7 milhõesde novas unidades no País. Intrigadacom a coincidência numérica, a autorada dissertação de mestrado – laureadacom o Prêmio Holcim/Antac 2008 –procurou investigar maisdetalhadamente as características dosdomicílios vagos por meio de umapesquisa de campo realizada em áreasinformais de Salvador. Presumia-se que,pela necessidade de habitação e pelainsuficiência de renda para adquirirhabitações formais, poucas unidades

Domicílios sem moradores – moradores sem domicíliosestariam vazias. Mas os índicescalculados a partir do censo 2000 do IBGE mostram que, se para todaSalvador a taxa de domicílios vagos em relação ao total de domicíliospermanentes é de 12%, nas áreasinformais pesquisadas ela é bastanteparecida, girando em torno de 10%.Áreas formais da cidade, onde atua omercado imobiliário legalizado, foramexcluídas do estudo por se deduzir quenesses locais há uma reserva demercado que funciona como elementoestruturador do equilíbrio de preços entre oferta, procura e construção de novas residências.

AAuuttoorraa:: DDaanniieellaa AAnnddrraaddee MMoonntteeiirroo VVeeiiggaa

Mar

celo

Sca

ndar

oli

materia_secundaria.qxd 5/11/2008 17:27 Page 34

Page 39: techne 140

O estudo mostra como pode ser viável ainstalação de sistemas de armazenamentode água das chuvas em postos decombustível da cidade de Brasília. O potencial de economia no consumo deágua potável nesse tipo deestabelecimento decorre de suascaracterísticas arquitetônicas eoperacionais: além de possuírem grandesáreas de telhados – que favorecem acaptação de águas pluviais –, os postosutilizam a água principalmente com finsnão-potáveis, como na lavagem de carros.Os pesquisadores da Universidade Federalde Santa Catarina analisaram o potencialde redução de consumo de água potável ea viabilidade econômica da instalação desistemas de captação, tratamento earmazenamento de águas pluviais empostos de Brasília. Para isso, eles sebasearam em simulações computacionaisque consideravam dados pluviométricos deduas estações meteorológicas, diferentesáreas de captação (350 m², 550 m² e

Aproveitamento de água pluvial em postos de combustíveis de Brasília:potencial de economia de água potável e viabilidade econômica

750 m²), volumes de reservatórios (de 1 mil m³ a 100 mil m³), números de lavagens(15, 30 e 45 veículos/dia) e demandas deágua potável e pluvial. Segundo os autoresdo estudo, os resultados mostraram que opotencial de economia médio de águapotável a ser obtido pela utilização de água

pluvial é de 32,7%, podendo atingir valoressuperiores a 70%. Verificou-se também quea implantação dos sistemas é viável namaioria das vezes.

AAuuttoorreess:: DDaavvii ddaa FFoonnsseeccaa TTaavvaarreess,,VViinniicciiuuss LLuuiiss RRoocchhaa,, EEnneeddiirr GGhhiissii

Mar

celo

Sca

ndar

oli

materia_secundaria.qxd 5/11/2008 17:27 Page 35

Page 40: techne 140

PRÊMIO TALENTO ENGENHARIA ESTRUTURAL

36 TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 2008

OPrêmio Talento Engenharia Es-trutural chegou em 2008 à sua

sexta edição. O evento, promovidopela Abece (Associação Brasileirade Engenharia e Consultoria Estru-tural) e pela Gerdau, contemplouprojetos em quatro categorias.Além das tradicionais de Infra-Es-trutura e Edificações, uma catego-ria presente na quinta edição foidesmembrada em duas: Obras dePequeno Porte e Obras Especiais.No total, foram 182 trabalhos ins-

Estruturas premiadasPonte Estaiada Octávio Frias e Edifício Rochaverá, em São Paulo, residência emNova Lima (MG) e Estação Ciência de João Pessoa levam os prêmios máximosda Abece em 2008. Confira também as menções honrosas

Div

ulga

ção:

Ger

dau

critos. Dentre eles, foram escolhi-dos cinco finalistas e, finalmente,um vencedor e uma menção honro-sa para cada categoria.

Dois dos projetos vencedoresforam executados em São Paulo:Projeto Rochaverá – Torres A e B, deMário Franco, e Ponte Estaiada Oc-távio Frias de Oliveira, de CatãoFrancisco Ribeiro, nas categoriasEdificações e Infra-estrutura, res-pectivamente. A Estação Ciência,Cultura e Arte, em João Pessoa (PB),

concebida por Oscar Niemeyer comprojeto estrutural de Mário TerraCunha, levou o prêmio entre asObras Especiais. A Residência unifa-miliar em Nova Lima (MG), calcula-da por Márcio José de Rezende Gon-çalves, venceu na categoria Obras dePequeno Porte. Os vencedores ga-nharão passagens e estadia paraacompanhar, em fevereiro de 2009, afeira World of Concrete, em LasVegas, nos Estados Unidos.

Renato Faria

materia_premio talento.qxd 5/11/2008 17:45 Page 36

Page 41: techne 140

37

Todos os quatro edifícios do conjuntoRochaverá possuem fachadas inclinadas. Nocaso das torres A e B, apresentadas à comissãojulgadora, elas avançam mais de 12 m entre abase e o topo da última laje. A tipologiaestrutural das quatro torres é constituída porum núcleo rígido e uma estrutura nervuradaque o liga aos pilares periféricos.

Categoria edificações

Div

ulga

ção:

Geo

rge

Mar

anhã

o

VVeenncceeddoorr Catão Francisco RibeiroPonte Estaiada Octávio Frias de Oliveira – São Paulo (SP)

Categoria infra-estruturaM

arce

lo S

cand

arol

iCe

lso

Bran

do

A concepção arquitetônica dos edifíciosse deu em função de sua localizaçãopróxima a um dos cartões-postais dacapital do Rio Grande do Norte (RN), a praia de Ponta Negra. Todos 468 apartamentos, dispostos em duastorres de 132,12 m de altura, deveriam estarvoltados para o Morro do Careca e para omar. A principal implicação para a estrutura

foi sua grande esbeltez – a relação altura-menor dimensão alcançou um valor maiorque dez. Para atestar a segurança estruturaldas edificações, foram realizados ensaiosem escala reduzida no túnel de vento doLaboratório de Aerodinâmica dasConstruções da Universidade Federal do RioGrande do Sul. Também foram especificadosconcretos com resistência à compressão de

Esse núcleo, de planta retangular alongada,é dimensionado, no sentido do eixo menor,para absorver grande parte dos esforçoslaterais de vento. No sentido do eixo maior,tem o papel principal de resistir às grandesforças horizontais geradas pelos pilaresinclinados junto à fachada especial. Emcada andar, a força vertical que é aplicada

pela estrutura a um pilar inclinado sedecompõe em uma força axial (inclinada) eem uma força horizontal. O conjunto dascomponentes horizontais gera um esforçoglobal, sobre o núcleo, equivalente aaproximadamente três vezes a forçahorizontal de vento naquela direção.

Mar

celo

Sca

ndar

oli

45 MPa (até o 30º pavimento) e 35 MPa (do31º ao último pavimento).

O Terminal de Passageiros do aeroportoSantos Dumont foi concebido na décadade 1940 e é considerado um marco naarquitetura moderna. Para atender àsnormas da Infraero e às restriçõesimpostas pelo tombamento do edifíciopelo Patrimônio Histórico, foi projetadauma nova edificação para abrigar oterminal de embarque. O prédio antigofica com as funções de desembarque.A estrutura do subsolo da nova construçãofoi projetada utilizando-se lajes lisas

O Complexo Viário Real Parque é compostopor duas alças que ligam a pista expressada avenida Nações Unidas e a avenidaRoberto Marinho e duas alças curvas quetranspõem o rio Pinheiros – a PonteEstaiada Octávio Frias de Oliveira. Paratornar o traçado o mais eficiente possível,houve a necessidade de sobrepor as duasvias curvas estaiadas, impondo-se a

foi criar quatro blocos de onde partem ospilares que dão origem ao mastro do apoiocentral. Para executar o mastro de 138 m dealtura, foram necessários 5,6 mil m³ deconcreto e 1,2 mil t de aço CA-50.

MMeennççããoo HHoonnrroossaa Mônica de Moraes SeixasEdifício de Embarque do Terminal Santos Dumont – Rio de Janeiro (RJ)

apoiadas em vigas, que por sua vez seapóiam nos pilares. Devido aos efeitos desubpressão e das cargas verticais atuantesno piso do subsolo, que incluíamenchimentos e equipamentos, as lajesforam executadas com espessura de 30 cm. Os demais pisos, todos em concretoarmado moldado "in loco", foramdetalhados em lajes nervuradas de 0,525m de altura, com fôrmas plásticas. Foramusadas vigas apenas nas periferias doedifício e próximas das aberturas dos

pisos. Nas regiões próximas aos pilares,onde há altos valores de esforços, forammantidas lajes maciças com 0,525 m deespessura, configurando um capitel. O piso do mezanino técnico foi executadoem estrutura metálica.

geometria inovadora do mastro em "X". O local mais adequado para posicionar o mastro era a margem direita do rio.Entretanto, no subsolo dessa área passamum canal de adução de água e três linhas detransmissão de energia elétrica de altavoltagem, além de uma linha de trem nasuperfície. A forma encontrada pelosprojetistas para vencer essas interferências

VVeenncceeddoorr Mário FrancoProjeto Rochaverá – Torres A e B – São Paulo (SP)

MMeennççããoo HHoonnrroossaa George MaranhãoResidencial Estrela do Atlântico – Natal (RN)

materia_premio talento.qxd 5/11/2008 17:45 Page 37

Page 42: techne 140

P R Ê M I O T A L E N T O E N G E N H A R I A E S T R U T U R A L

38 TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 2008

VVeenncceeddoorr Mário Terra CunhaEstação Ciência, Cultura e Arte – João Pessoa (PB)

Categoria obras especiais

Div

ulga

ção

Mar

io Te

rra

Cunh

aG

uilh

erm

e Fi

lho/

Seco

m M

T

Categoria obras de pequeno porte

20 cm. Sua borda tinha 40 cm – 10 cmacima da laje para que a impermeabilizaçãoe o revestimento do piso ficassemembutidos e 10 cm abaixo da laje paraarrematar o forro. Na execução dos pilares,outro desafio: a seção proposta era muitoesguia para que fossem projetados emconcreto armado. Optou-se, então, pordimensioná-los usando um sistema misto:capa em chapa de aço e interior emconcreto armado. O tubo de aço possuía219 mm de diâmetro externo e 8 mm deespessura. Para que houvesse continuidade

Már

cio

José

de

Reze

nde

Gon

çalv

esD

ivul

gaçã

o G

il Ch

inel

lato

O projeto arquitetônico arrojado previaestruturas pouco espessas, com vãos entrepilares que chegavam a 8,4 m e lajes deformas complexas, formando curvas efiguras geométricas não retilíneas. Paraatender à ousadia arquitetônica, o projetistade estruturas optou pelo uso de lajes lisasprotendidas apoiadas nos pilares. Exceçãopara a primeira e segunda lajes, onde hárebaixos formando a piscina e algumasjardineiras, que precisaram ser executadasem concreto armado. A arquitetura impunhaainda uma estrutura pouco espessa, de

O Governo Estadual do Mato Grosso investiuR$ 22 milhões para construir o ginásio,inaugurado em 2007. O equipamento possuio sistema de cobertura independente daarquibancada. A cobertura conta com umaestrutura metálica composta por dois arcosprincipais, inclinados em 15o em relação à

A Estação Ciência, Cultura e Arte, emJoão Pessoa (PB), é um projeto doarquiteto Oscar Niemeyer com acolaboração dos arquitetos Cydno Silveirae Luiz Marçal. A obra foi executada sobreuma falésia no Cabo Branco, próximo aofarol ali existente. O corpo principal doconjunto arquitetônico é composto pelaTorre, com sua monumental rampa de

acesso, e pelo Auditório e Anfiteatro. A Torreé uma estrutura em forma de octógonoapoiada sobre uma parede cilíndrica de 15 m de diâmetro externo e 50 cm deespessura – do radier ao pavimento detransição. A rampa curva possui dois lances,apoiados em braços protendidosengastados em uma torre cilíndrica central.O auditório é uma estrutura composta por

um pavimento, com diversas elevações, demodo a acomodar o foyer, o palco, a platéiae demais instalações e um subsolodestinado a convenções.

MMeennççããoo HHoonnrroossaa Altair BaggioGinásio Poliesportivo Aecim Tocantins – Cuiabá (MT)

vertical, e dois arcos secundários, inclinadosem 33º. O vão livre máximo coberto porcada um dos arcos principais é de 135 m e a altura máxima é de 36 m. Aos arcossecundários foram atirantadas as passarelasde acesso e fuga do ginásio, em fôrmasmetálicas tipo multideck.

VVeenncceeddoorr Márcio José de Rezende GonçalvesResidência unifamiliar no condomínio Riviera Residences – Nova Lima (MG)

O auditório é uma construção com plantaem formato trapezoidal que abriga umespaço para apresentações comcapacidade para 257 lugares, um hall,sanitários e área técnica. O desafio maiorfoi viabilizar estruturalmente a parte frontaldo edifício, um sistema composto porparedes laterais formadas por vigasesbeltas (10 m de altura e apenas 20 cm de

entre os pavimentos foi criada uma armadurainterna e foi usado concreto auto-adensávelem seu interior. Alguns pilares que ficaramembutidos em paredes e os pilares inclinadosforam projetados em concreto armado.Houve necessidade de fazer duas transiçõesde pilares, ambas sobre os pilares inclinados.

MMeennççããoo HHoonnrroossaa Gil ChinellatoAuditório Alcina Dantas Feijão – São Caetano do Sul (SP)

espessura) em balanço de 15 m e por umalaje de piso. Alguns dos grandes desafios daobra, segundo o projetista, relacionavam-se à instabilidade lateral – recorreu-se abibliografia internacional, pois o item 15.10da NBR 6118 trata do assunto de maneirabastante genérica –, aos pilaresposteriores, submetidos à tração elevadaem algumas composições de

carregamento, e aos cuidados com oescoramento do trecho em balanço até ofim das concretagens, programadas paraserem executadas em três etapas.

materia_premio talento.qxd 5/11/2008 17:45 Page 38

Page 43: techne 140

materia_premio talento.qxd 5/11/2008 17:45 Page 39

Page 44: techne 140

INFRA-ESTRUTURA

40 TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 2008

As administrações das cidades bra-sileiras não sabem, de maneira

precisa,por onde passam dutos,tubula-ções e galerias que compõem o emara-nhado subterrâneo de infra-estrutura.Um cadastro confiável, que unisse osdados e a localização de todas as redesque passam sob ruas e calçadas,ajudariaa reduzir os riscos de acidentes em esca-vações nas áreas mais adensadas e osimpactos sobre o trânsito e sobre oabastecimento nas proximidades dessasobras. Mas esse mundo ideal está dis-tante de ser concretizado pelas prefeitu-ras do País.Enquanto isso não acontece,as partes interessadas se unem para evi-tar danos causados por terceiros emsuas redes.

A maior parte dos dutos e tubula-ções no subsolo são ativos de empresaspúblicas ou privadas de saneamento efornecimento de água, energia elétrica,gás e telecomunicações.Pertencentes aomunicípio, apenas as redes de ilumina-ção pública,de drenagem e de alimenta-ção dos semáforos. Os detentores decada um desses sistemas dispõem de ba-ses de cadastro próprias, digitalizadas,relativamente precisas e completas. Emnenhuma cidade do País existe, porém,um cadastro único, georreferenciado ecentralizado,da malha de infra-estrutu-ra enterrada sob vias públicas.

"Quando nos perguntam sobre aexistência de redes em uma rua, a pri-meira resposta é se tem ou não tem.Massua localização precisa no subsolo, nósnão sabemos", afirma o arquiteto RuyVillani,diretor do Convias (Controle deUso de Vias Públicas),departamento da

Subsolo congestionadoPrefeituras brasileiras não têm cadastro unificado das redes subterrâneas e concessionárias se unem para minimizar acidentes em escavações

Div

ulga

ção:

Sab

esp

Secretaria Municipal de Infra-Estruturae Obras de São Paulo. Segundo ele, ocontrole em grandes metrópoles domundo, como Nova York, é igual ou in-ferior ao paulistano. Além de analisar eaprovar projetos de expansão e manu-tenção dos sistemas subterrâneos, o de-partamento procura organizar essasações para que sejam realizadas aomesmo tempo, minimizando o impac-to local sobre o tráfego de veículos.

Unificação de cadastroEm São Paulo, está engatinhando

um projeto de unificação dos cadas-tros das concessionárias em uma basede dados centralizada, sob adminis-tração da Prefeitura. Segundo o Con-vias, a base cartográfica, na escala1:1000, já está pronta. O passo maisdifícil, no entanto, ainda não foi dado.

O volume de informações sobre as50 mil ruas da cidade inviabiliza a in-

Para serem economicamente viáveis, galerias técnicas devem ser construídas antesdo adensamento urbano

materia_secundaria.qxd 5/11/2008 17:29 Page 40

Page 45: techne 140

41

serção manual dos dados no sistema.Aúnica saída é a migração dos cadastrosjá digitalizados das concessionáriaspara a base da administração munici-pal. "A iniciativa é boa, seria uma ótimaferramenta para os projetistas, porexemplo. Mas, na prática, o que vemosé a incompatibilidade entre as bases ca-dastrais", explica Moacir FernandesLopes, coordenador técnico de Infra-estrutura e Obras do Sistema Subterrâ-neo da Eletropaulo, concessionária dis-tribuidora de energia elétrica na cida-de. Ruy Villani explica que a escala e oponto referencial – o ponto zero – dosmapas de cada empresa não são padro-nizados.Com a unificação,haveria des-locamentos e, em alguns casos, sobre-posições das redes, fazendo com que arepresentação não correspondesse àrealidade. Na cidade, por meio de umacordo entre as administrações muni-cipal e estadual, a base cadastral com-pleta da Sabesp (Companhia de Sanea-mento Básico do Estado de São Paulo)será fornecida à Prefeitura. Isso facilita-rá a integração posterior com o cadas-

tro da Comgás (Companhia de Gás deSão Paulo), empresa privada de distri-buição de gás, estabelecida num siste-ma compatível com o da Sabesp. Masainda faltariam os cadastros das demaisconcessionárias."As informações (con-tidas nos cadastros) são diferentes,ade-quadas aos negócios e às necessidadesdas empresas", afirma Lopes,da Eletro-paulo. Nas regiões centrais, onde amalha de infra-estrutura é mais conso-lidada,os mapas também não são atua-lizados com tanta freqüência. "Even-tualmente pode haver falhas no cadas-tro", reconhece o coordenador.

Enquanto a centralização não che-ga, as empresas e o poder público esta-belecem procedimentos para quandoprecisam abrir valas para realizar ma-nutenção programada em suas redes.Na capital paulista, o Convias mandaavisos para as concessionárias três ve-zes por semana com os endereços ondehaverá escavações. Se acharem neces-sário, enviam um fiscal para a obra.Uma alternativa ao modelo, testada emoutras cidades do mundo, seria o

Após a abertura das valas para manutençãodas redes subterrâneas, a concessionáriadeve arcar com recapeamento da via.Custos podem ser dissolvidos com aprogramação de ações de manutençãoconjuntas com outras empresas

Foto

s: M

arce

lo S

cand

arol

i

Galerias técnicas: viáveis?de gás", afirma Paulo Ricardo Castro daCunha, gerente de Padrões Técnicos daComgás. "Nossas tubulações só podemser enterradas, ou passar por dutosexclusivos e ventilados – como ocorre emalgumas pontes", explica.Para Villani, até iniciativas como o ProjetoColméia, no bairro de escritórios da VilaOlímpia, seriam muito caras para aprefeitura. Em 2004, um grupo demoradores e empresas financiou arevitalização das ruas e calçadas do local.Entre as ações, foram construídas valastécnicas "tampadas" com placas deconcreto. Pelos alvéolos passam dutos ecabos de empresas de telefonia, TV a caboe telecomunicação.

Execução de sistema de calçadaselevadas só foi possível comfinanciamento de moradores eescritórios da Vila Olímpia, em São Paulo

"Só se fossem previstas antes daconstrução da cidade", afirma o diretor doConvias, Ruy Villani. De acordo com oarquiteto, as galerias visitáveis são umasolução cara para o município e que nãocompensaria para as concessionárias."Além disso, quem ficaria com as chaves?Quem garantiria a segurança dasgalerias?", questiona. Mesmo se fosse uma iniciativa comumentre as concessionárias, o grupo nãocontaria com as empresas de distribuiçãode gás. "Por esses locais passam redessecundárias de distribuição de energiaelétrica. Além disso, são espaçosconfinados, não contam com ventilação, oque inviabiliza a passagem de tubulações

materia_secundaria.qxd 5/11/2008 17:29 Page 41

Page 46: techne 140

I N F R A - E S T R U T U R A

42 TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 2008

A Comgás emprega métodos não-destrutivos em quase todas as ações demanutenção ou de expansão de redes. A exceção fica por conta da realização de

perfuração direcional em áreasadensadas, nas quais a prática não érecomendada. MNDs também sãoutilizados para a substituição de

tubulações existentes. Veja algumastecnologias que reduzem ou eliminam anecessidade de abertura de valas einterferência no trânsito:

Métodos não-destrutivos (MND)

Colaborou Diniz de Medeiros Barbosa, gerente de contratos da Tejofran

Coluna deperfuração

Máquina deperfuraçãoguiada Furo piloto

Redesexistentes

Poçode saída

Perfuração Direcional (HDD)Utilizado na instalação de novas tubulações. O procedimento se dá em duas etapas: naprimeira, realiza-se, com uma perfuratriz presa a um carro, um furo piloto no percurso previsto.Na segunda etapa, acopla-se à perfuratriz umalargador e a tubulação final, flexível. Aperfuratriz é, então, puxada de volta para o carro,na outra ponta do percurso, trazendo consigo a nova tubulação para sua posição definitiva.

Cravamento de tubos (Pipejacking)Usados para instalação de tubos com diâmetrosmaiores do que 150 mm. Os tubos sãoposicionados atrás do trecho a ser percorrido esão empurrados por um sistema de pistõeshidráulicos a partir do poço de entrada,formando uma linha contínua sob o solo.

Encamisamento internoMétodo usado para substituição ou reparação deredes de água e esgoto. Um tubo flexível,embebido internamente com resina aderente, éinflado, pela pressão de uma bomba de ar, paradentro da tubulação existente. Com a cura daresina, o tubo flexível endurece e ganharesistência, substituindo a tubulação danificada.

Recuperação de redes com revestimentopor aspersão (Spray lining)Voltado para pequenos reparos em tubos de menordiâmetro. Um robô com uma ponta aspersora éenviado para o interior da tubulação, lançandoargamassa acrílica ou epóxi contra a parede do tubo.

Arrebentamento de tubulação (Pipebursting)Método usado para expandir a capacidade (seção)de uma tubulação enterrada. Uma ferramenta depercussão ou um expansor hidráulico arrebenta arede existente ao mesmo tempo em que puxa ouempurra uma tubulação nova em substituição.

materia_secundaria.qxd 5/11/2008 17:29 Page 42

Page 47: techne 140

"One-Call Center" ou "Call BeforeDigging": antes de realizar a escavação,a empresa liga para um escritório –mantido pela prefeitura e/ou pelasconcessionárias –,avisando sobre a ne-cessidade da intervenção. Elas desta-cam um funcionário para pintar, na

Para prevenção de acidentes, a abertura de valas em regiõescom o subsolo "congestionado" é acompanhada por fiscais detodas as concessionárias

Robôs controlados remotamente, com câmeras acopladas,realizam furos para abertura de ramais em tubulações dediâmetro médio

Foto

s: d

ivul

gaçã

o Te

jofr

an

via, numa escala 1:1, a localização desuas tubulações e sua profundidade.

Outra iniciativa para a minimiza-ção dos acidentes com outras redesque compartilham o espaço no sub-solo urbano foi a criação do PPD(Plano de Prevenção de Danos). A

Sabesp e a Comgás se uniram emtorno do programa para desburocra-tizar a consulta às bases de dados epara treinar os funcionários com oobjetivo de reduzir os danos causa-dos por terceiros.

Renato Faria

materia_secundaria.qxd 5/11/2008 17:29 Page 43

Page 48: techne 140

ESQUADRIAS

44 TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 2008

Os silicones estruturais, como opróprio nome diz, são elaborados

para suportar as diferentes cargas deum sistema (sísmica, peso próprio,carga de vento etc.) e transferir a cargadinâmica das pressões/depressões dovidro ao caixilho. Podem suportar, emmédia,cargas variáveis até 14.000 kgf/m2

e cargas constantes de até 700 kgf/m2.A diferença entre os silicones estrutu-rais disponíveis está na capacidade demovimentação e à forma de curar. Deacordo com Luis Claudio Viesti, con-sultor técnico da Afeal (AssociaçãoNacional dos Fabricantes de Esqua-drias de Alumínio), já existe uma mo-vimentação no Brasil para criação denormas de aplicação dos selantes."Enquanto isso não acontece, utiliza-mos normas técnicas estrangeirascomo a ASTM C-1184 Structural Gla-zing Specification, a ASTM C-1401Standard Guide For SSG e a ASTM C-1193 Guide for Use of Sealants", dizCláudio Viesti.

Toda a aplicação só pode ser reali-zada depois do recebimento do rela-tório dos testes de adesão (ASTM C-794) e compatibilidade (ASTM C-1087) feitos no laboratório do fabri-cante. Esse relatório deverá descreverqual o procedimento a ser utilizadopara a limpeza, com a indicação dosolvente adequado e a necessidade ounão do uso de primer. Também seráavaliado o cálculo da junta estrutural.

Além dos testes, devem ser revis-tos os desenhos do projeto para solu-cionar eventuais dúvidas, definidos ossubstratos que irão receber o selante

Silicones estruturaisVeja como preparar a esquadria para receber os vidros e quais os selantesmais indicados para fixação, conforme o material

(observar se o vidro foi lapidado ecortado conforme especificação doprojeto) e checados o tamanho, formae acabamento dos perfis, vidros, espa-çadores, guarnições de borracha e cal-ços. É importante também verificar seo solvente é puro e se o selante e o pri-mer são os recomendados pelo fabri-cante do silicone. Todas as normas in-ternacionais de produção industrialpedem que o silicone estrutural apre-sente cura neutra e não cura acética.Esta, libera vapores ácidos que reagemcom o filme de polivinilbutiral (PVB)dos vidros laminados, e podem pro-vocar manchas na superfície próximaao perímetro do vidro.

As juntas devem ser dimensiona-das de acordo com o grau de movi-mentação do substrato, que definirá o

módulo de elasticidade do silicone.Existem dois tipos de juntas a se con-siderar: a estática e a dinâmica, quesofre movimentos de tensão e com-pressão. Quando o substrato apresen-ta muita movimentação, usa-se umsilicone de módulo mais baixo. Quan-do a exigência é de fixação ou cola-gem, deve-se utilizar um silicone demódulo mais alto (o módulo de elas-ticidade indica, de forma inversa, a ca-pacidade de deformação do material:quanto maior o módulo, menor a de-formabilidade). Além das condiçõesquímicas, o rompimento do siliconepode ser evitado se a adesão na juntacompreender apenas duas faces opos-tas. Para evitar a adesão em três faces,isola-se a terceira face com um filmeou espuma de polietileno.

Foto

s: M

arce

lo S

cand

arol

i

materia_esquadrias.qxd 5/11/2008 17:30 Page 44

Page 49: techne 140

45

Preparação e aplicaçãoCada tipo de substrato requer

procedimentos específicos de limpezae aderência, mas, de modo geral, paraque a adesão do selante tenha bom re-sultado, o substrato deve estar limpo,seco e sólido. As superfícies devem serlimpas com panos embebidos comsolvente (não deve ser utilizada esto-pa). De acordo com Viesti, o métodomais utilizado para limpar o substratoé o "método dos dois panos": deve-seembeber um pano com solvente e es-fregá-lo no substrato. Em seguida,com outro pano seco, deve-se esfregaro substrato até secá-lo, verificando seestá limpo. Quando recomendado,deve-se aplicar uma película fina deprimer nos substratos com pincel decerdas naturais ou um pano limpo esem fiapos e esperar 30 minutos atéque seque. Ele deve ser utilizado apartir de uma pequena quantidadeem um recipiente metálico, e a emba-lagem deve ser fechada imediatamen-te para evitar contaminações. Se for

aplicado em excesso, após a evapora-ção do solvente, o primer forma umacamada esbranquiçada de pó que re-sulta na perda de adesão. Ele tambémnão deve ser aplicado em vidros. "Osprimers são recomendados apenas sea adesão do silicone ao substrato nãofor suficiente, ou seja, o valor mínimonão atingir o padrão do teste de Ade-são in-peel ASTM C-794", explicaViesti. O produto provoca reação quí-mica entre o substrato e o selante,agindo como promotor de aderência,mas deve ser usado apenas quando es-gotadas as possibilidades de testescom os vários tipos de silicones, pois,além de altamente tóxico, o produtorequer uma aplicação controlada.

O selante é aplicado empurrando-se o material com a ponta do cartuchode maneira a preencher a junta porcompleto. Para garantir que toda ajunta seja preenchida, pressiona-se oselante contra os lados da junta e con-tra o espaçador. Quando o caixilhotiver aba de sustentação, deve-se colo-

car uma fita adesiva para proteger operfil e o vidro, removendo-a assimque o selante for aplicado na junta. Osquadros colados devem ser deixadospara cura na horizontal pelo tempoespecificado pelo fabricante de silico-ne, em função do produto escolhido(monocomponente ou bicomponen-te).O sucesso do trabalho de aplicaçãode silicone em fachadas, esquadrias ecoberturas de vidro depende da capa-citação da mão-de-obra e do controlede cada etapa - a limpeza da superfície,passando pela aplicação eventual deum primer e, finalmente, do silicone.No entanto, é preciso observar quecada material tem características espe-cíficas que o diferem quanto à limpezae aderência do silicone.

Falhas e reparosEm geral, as falhas podem ser repa-

radas cortando-se a área afetada e apli-cando-se novamente o selante. "Quan-do as falhas comprometem o desem-penho da unidade como um todo, re-

Como aplicar o selante estruturalMateriais e ferramentas necessários:

panos, pistola de aplicação, espátula,solvente, capacete, estilete e fita adesiva.

A limpeza do substrato pode ser feitacom o "método dos dois panos": esfrega-se um pano embebido com solvente, e emseguida, outro pano seca o substrato. Essemétodo pode ser empregado tanto para alimpeza do vidro como para o caixilho.

O selante pode ser aplicado com umapistola, e posteriormente o material deveser empurrado de maneira a preencher ajunta por completo, contra os lados econtra o espaçador. Quando o caixilhotiver aba de sustentação, colocar uma fitaadesiva para proteger o perfil e o vidro,removendo-a assim que o selante foraplicado na junta.

Os quadros colados devem ser deixadospara cura na horizontal pelo tempoespecificado pelo fabricante de silicone,em função do produto escolhido(monocomponente ou bicomponente).

1 2

1

2

3

4

3 4

materia_esquadrias.qxd 5/11/2008 17:30 Page 45

Page 50: techne 140

E S Q U A D R I A S

46 TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 2008

comendamos que o vidro seja descola-do e que seja feita uma nova aplica-ção",explica Viesti. Para efetuar a novaaplicação, no entanto, é necessárioidentificar o tipo de selante e substratoexistentes e analisar o tipo de falha, seadesiva, coesiva ou causada por movi-mento excessivo nas juntas. A partirdesse diagnóstico é possível fazer o re-paro, substituindo-se a camada de se-lante por uma nova, mas não antes deretirar todo o material velho. "Essa so-lução é segura se a reparação for feitacorretamente e com o selante adequa-do", explica Viesti. Também há casosem que se pode aplicar uma camada desilicone sobre o selante antigo, quandoocorrem falhas em fundo de junta. Emvez de retirar o silicone velho,coloca-seuma camada de material antiaderente(como filme de polietileno),e aplica-seo novo silicone. Esse processo permitemais movimento nas juntas e é compa-tível com uma variedade de substratos.

Além do rompimento do selanteexistem falhas coesivas ou adesivas,causadas pelo rompimento do subs-trato. Elas ocorrem quando o siliconenão se movimenta, e com a movi-mentação da junta, rompe o substra-to. Essas falhas são comuns em super-fícies de concreto ou em estruturasmetálicas submetidas a pintura comprodutos não adequados. No concre-to recomenda-se retirar o selante e re-compor o substrato com uma resinaepóxi, que em seguida recebe nova ca-mada de silicone. Já em estruturasmetálicas deve-se lixar a superfície daspeças e submetê-las a um tratamentoanticorrosivo. Em seguida aplica-setinta de grande aderência e resistênciaaos raios ultravioleta e aos agentes at-mosféricos (à base de poliuretano ou,preferencialmente, epóxi), e após a se-cagem e limpeza aplica-se nova cama-da de silicone.

Simone Sayegh

Veja como preparar as diferentessuperfícies e como o selante adere nasdiferentes superfícies

MetaisAs esquadrias mais instaladas em edifíciossão as metálicas, mas dependendo dometal podem apresentar problemas quantoà limpeza e aderência. O alumínio naturalcontém contaminantes como óleos, grafiteou resíduos de carbono, que dificultam sualimpeza e o tornam oxidável, ao contráriodo alumínio pintado ou anodizado. O açoinoxidável ou galvanizado permite apenas ouso de selantes de cura neutra; já o aço nãopintado ou estampado sofre oxidação epode provocar perda de adesão do selante.Para limpar essas superfícies, o álcoolisopropílico é o produto mais indicado.

VidrosEm geral o vidro é um material excelentepara adesão do silicone, e os selantesneutros são os mais recomendados paraaplicação, exceto em vidros autolimpantes,que pedem um silicone com propriedadesque não alterem suas características. Apreparação da superfície também deve ser

Materiais e aderênciafeita pelo método dos "dois panos", comálcool como solvente. No caso do vidroduplo, existem selantes específicos parautilização. Esses perfis são compostos pordois painéis de vidro, um perfil ocopreenchido por dessecante à base de sílica(para absorver a umidade interna e evitar acondensação), selo primário(poliisobutileno) e selo secundário (silicone).A produção desse sistema requer a lavagemdo vidro ou cristal, preenchimento doespaçador com o dessecante, dobra domarcador do espaçador e solda ultra-sônica,aplicação do selante de poliisobutileno nomarcador do espaçador e montagem dovidro. No caso da colagem estrutural daunidade de vidro duplo na fachada podem-se utilizar os selantes estruturais normais. Ocálculo dessa junta é diferente das unidadessimples estruturais e também deve serdefinido pelo fabricante do selante. Toda aunidade de vidro duplo que será coladaestruturalmente deve ter um suportemecânico para o peso morto.

ConcretoA adesão do silicone no concreto podeser prejudicada pela presença de óleo ou

outros contaminantes na formulação domaterial, como desmoldantes à base devaselina. A superfície deve ser limpa comjato de areia, em seguida deve ser lixadae receber um polimento (se necessário,usar palha de aço). Se o concreto estivermolhado, usar solvente para limpeza eevaporação da água. Aplicar o selanteassim que o solvente evaporar ou osubstrato secar. As juntas devem serdimensionadas de acordo com o grau demovimentação do substrato, queindicará o módulo de elasticidade dosilicone. Existem dois tipos de juntas ase considerar: a estática e a dinâmica,que sofre movimentos de tensão ecompressão. Quando o substratoapresenta muita movimentação usa-seum silicone de módulo mais baixo.Quando a exigência é de fixação oucolagem, usa-se silicone de módulomais alto. Além das condições químicas,o rompimento do silicone pode serevitado se a adesão na juntacompreender apenas dois lados opostos.Para evitar a adesão em três pontos,isola-se o terceiro ponto com um filmeou espuma de polietileno.

Como é grande a quantidade de vidrosa serem colados, um equipamento dosaos componentes do silicone e osmistura no local

Mar

celo

Sca

ndar

oli

materia_esquadrias.qxd 5/11/2008 17:30 Page 46

Page 51: techne 140

materia_esquadrias.qxd 5/11/2008 17:30 Page 47

Page 52: techne 140

48 TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 2008

Alto e prontoSistemas em concreto pré-moldado viabilizam a construção de edifícios commais de 80 m de altura na Europa. No Brasil, edifícios de até dez andares sãointegralmente construídos com pré-fabricados

Nos últimos anos, a Europa temsido palco da proliferação de ar-

rojados arranha-céus executados in-teiramente com componentes indus-trializados. Países como a Bélgica e aHolanda, no entanto, são um capítuloà parte no que se refere à tecnologiaempregada na construção de edifíciosaltos. Torres residenciais e comerciaisde até 40 andares são erguidas com sis-temas pré-fabricados de concreto, es-tabilizados por núcleos estruturais.

Nas torres, o contraventamentoacontece por meio dos painéis-paredeou por núcleos moldados "in loco" comfôrmas deslizantes ou trepantes.Os nú-cleos também podem ser configuradospor painéis ou células (anéis) de con-creto pré-moldado sobrepostos por en-caixe ou solda. Segundo o engenheiroMarcelo de Araújo Ferreira, professorda UFSCar (Universidade Federal deSão Carlos), a definição do sistemaconstrutivo depende de aspectos comoo desempenho estrutural e a construti-bilidade. "As escolhas decorrem da es-tratégia de montagem que, por sua vez,está atrelada a aspectos como as limita-ções físicas do local, a cidade e as em-presas envolvidas no empreendimen-to", acrescenta o engenheiro.

Contraventamento e ligações pilar-viga articuladas são pontos em comumentre as torres de concreto pré-mol-

CAPA

Dexia Tower Building, em Buxelas, com 37 pavimentos, soma 591 colunaspré-moldadas de concreto de 80 MPa a 95 MPa e até 600 mm de diâmetro

Iria

Don

iak

materia de capa.qxd 5/11/2008 17:33 Page 48

Page 53: techne 140

49

dado e as construções metálicas. "Acultura européia de projeto com con-creto pré-moldado é uma extensão damaneira de projetar com metálica",esclarece o engenheiro. Enquanto aInglaterra tradicionalmente privile-gia a estrutura metálica – seja por ra-zões históricas ou por subsídios go-vernamentais – nações como a Bélgi-ca e a Holanda priorizam as edifica-ções em concreto pré-moldado. "Nocaso da Bélgica, por exemplo, a indús-tria de pré-fabricados de concreto,em especial a Ergon, reagiu fortemen-te contra a disseminação da constru-ção metálica no País", afirma Ferreira.

Produzidos em fábricas,em fôrmasmetálicas com concreto auto-adensá-vel de 90 MPa, os pilares são dimensio-nados para suportar somente as cargasverticais, já que cabe ao contraventa-

mento absorver as ações horizontaiscomo o vento. As ligações pilar-pilar –que acontecem, em geral, a cada doispavimentos (ou mais) – não precisamser resistentes à flexão, como acontecenas estruturas monolíticas.

Se do ponto de vista construtivo as li-gações pilar-pilar são relativamente sim-ples nessas torres,o mesmo não pode serdito das ligações laje-viga, que exige dosprojetistas critério e discernimento paraserem detalhadas. Isso porque o com-portamento de diafragma das lajes émais complexo em edifícios altos contra-ventados (ver ilustração esquemática daestrutura).Nessas construções,as funda-ções também são mais pesadas, devidoao aumento de carga promovido pelonúcleo de enrijecimento.

No entanto, são muitas as vanta-gens propiciadas pelo sistema pré-

Localizado em Roterdã, na Holanda, a Waterstadtoren é composta por blocos deapartamentos de 68 m, 85 m e 109 m. Na época em que foi construído (2004), o edifícioera a construção mais alta da Holanda feita com sistemas construtivos pré-moldados

fabricado na construção de edifíciosaltos. Obras limpas e rápidas, reduçãodo desperdício de materiais, maiorcontrole da qualidade e previsibilida-de de resultados são algumas delas. Ooutro ganho, segundo Ferreira, dizrespeito à pré-fixação dos preços decompra dos insumos da construção."Nesses casos, os contratos são fecha-dos a preços fixos, sem os aditivoscontratuais que normalmente estãopresentes nos contratos das obrasconvencionais, como as de concretomoldado "in loco'", esclarece.

Edifícios pré-moldados no BrasilNormalmente, no Brasil, são cons-

truídos edifícios de até dez andares comestruturas integralmente pré-fabri-cadas de concreto. Com resistência me-cânica que pode chegar até 50 MPa, os

Construído em Americana, o CondomínioEdifício Jardins derruba o estigma de queconstrução pré-moldada é sinônimo de baixarenda. A concepção mista da estrutura combinalajes alveolares pré-moldadas, vigas e pré-vigas

Div

ulga

ção:

Cop

en

Luuk

Kra

mer

materia de capa.qxd 5/11/2008 17:33 Page 49

Page 54: techne 140

C A P A

50 TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 2008

Het Strijkijzer, Roterdã (2007)Projetada pelo escritório de arquiteturaholandês AAArchitecten, "Het Strijkijzer" éuma torre residencial de 43 andares e 130 mde altura construída com sistemas pré-fabricados de concreto. O contraventamentoé feito por painéis estruturais pré-moldados,que, em conjunto com as colunas de

pilares são contínuos e têm as ligações,semi-rígidas, resistentes à flexão. "Aci-ma disso,a montagem dos pórticos pré-moldados se torna um processo menosracional, devido ao custo adicional daligação pilar-pilar e à dificuldade demontagem de pilares de maiores com-primentos", acrescenta Ferreira.

Edifícios maiores, feitos com siste-mas construtivos pré-fabricados emconcreto, têm a "estrutura híbrida" (vercases), ou seja, combinam sistemasmoldados "in loco" com pré-molda-dos.Lajes alveolares e vigas protendidassão associadas a pilares moldados nolocal,compondo uma estrutura aporti-cada. Sem núcleo rígido ou contraven-tamento, esse sistema traz como vanta-gem a redução das fundações. Em al-guns casos, no entanto, quando o edifí-cio é mais esbelto, o contraventamentopode ser necessário.

As ligações solidarizadas comconcretagem no local simulam uma

concreto da fachada, conferem estabilidadeao edifício. As paredes pré-fabricadas e oselementos estruturais da fachada sãointertravados de modo a fornecer ação depino para transferência da cortante vertical.Na torre, a transferência de forças verticais é direta e acontece de painel para painel

pré-fabricado por meio da junta decompressão com argamassa. Os painéisdispõem de cantoneiras metálicas no topo(na parte interna) para apoio da laje. A opçãopelo piso sem capa de concreto aumentouconsideravelmente a velocidade daconstrução (dois pavimentos por semana).

A ação diafragma do piso é obtida por meio de tirantes que conectam os elementos dalaje entre si. Nas arestas dos pisos, os tirantes estão conectados com os elementospré-fabricados em concreto das fachadas. As juntas entre os elementos do piso sãopreenchidas com argamassa de cimento

Div

ulga

ção:

Aaa

rchi

tect

en

Div

ulga

ção:

Cor

smit

Con

sult

ing

Engi

neer

s

materia de capa.qxd 5/11/2008 17:33 Page 50

Page 55: techne 140

51

Belvédère, Roterdã (2000)Com 96 m de altura, oedifício-sede da empresade telecomunicações KPNpossui estrutura híbridaque combina concretopré-fabricado e concretomoldado no local. Asforças horizontais queresultam da inclinação doprédio são compensadaspor uma treliça de aço de 50 m, que desempenhaum papel importante na interação das forças.A superfície oblíqua dafachada é um painelpublicitário luminoso (48 m x 85 m) cujainclinação foi inspiradanos eixos dos cabos daErasmus Bridge.

Tecnologia mista em Florianópolis (2003-2005)

segunda etapa foram montadas as fôrmase concretadas as ligações. Lajes alveolares foram transportadas pordispositivos especiais (balancim e garras)que evitam fissuras longitudinais

Lançado pela Kobrassol, do grupo Cassol,o edifício comercial São José da TerraFirme tem 14 andares e estruturahíbrida. O sistema proposto peloarquiteto Ademar Cassol e pelo calculistaHercílio Ferrari consiste num edifício em"L" com modulação entre pilares,aproveitando a região central de escadase elevadores para a criação de núcleosrígidos de contraventamento e nós semi-rígidos nas ligações de vigas e pilares. Ospilares foram moldados no local, comconcreto fck 30 MPa, mesma resistênciaespecificada para as vigas e lajesalveolares protendidas (ambas comcordoalhas aderentes). Para a execuçãodos pilares foram utilizadas fôrmas demadeira compensada e escoramentometálico. As vigas e lajes pré-moldadasforam transportadas até a obra emcaminhões trucados, sem necessidade deadaptações. Na montagem do edifício foiutilizado um guindaste tipo grua comcapacidade para 3,0 tf e lança de 30 m.Os pré-moldados foram apoiados nospilares por armaduras de esperas,dispensando escoramento. Numa

estrutura monolítica. "Essa lógica deprojeto é uma evolução do sistemamoldado "in loco", da mesma formaque, na Europa, a lógica de projetopara edifícios em concreto pré-moldado – altos ou não – assemelha-se ao sistema metálico", explica Fer-reira. O que ambos os sistemas têmem comum é a utilização da laje al-veolar e vigas pré-moldadas.

"Precisamos de um maior númerode empresas adotando a laje alveolarcomo sistema construtivo e estamos in-centivando sua utilização em edifíciosaltos", diz a engenheira Íria Lícia OlivaDoniak, diretora-executiva da Abcic(Associação Brasileira de ConstruçãoIndustrializada de Concreto). A baixamecanização do canteiro de obras, se-gundo Íria, é um dos principais obstá-culos para a disseminação dos edifíciosaltos em concreto pré-moldado no País.

Segundo Ferreira, as estruturas deconcreto brasileiras totalmente pré-

decorrentes de um esforço de flexãotransversal não previsto. Posteriormente,foram colocadas as armadurascomplementares para as vigas e lajes efeita a última etapa de concretagem.

Clóv

is M

edei

ros

Div

ulga

ção:

KPN

materia de capa.qxd 5/11/2008 17:33 Page 51

Page 56: techne 140

C A P A

52 TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 2008

moldadas oferecem vantagens econô-micas no que se refere aos edifícios bai-xos,sobretudo quando se trata de cons-truções de até sete pavimentos. "Na Eu-ropa, devido à cultura construtiva, elesreproduzem o sistema de contraventa-mento até mesmo nos edifícios baixos,o que é dispendioso", esclarece o enge-nheiro. "Até dez pavimentos, nossas li-gações solidarizadas são mais racionaisdo ponto de vista estrutural e de mon-tagem", acrescenta.

A Europa, por dispor de uma cul-tura mecanizada de canteiro, conse-gue driblar problemas como a escas-sez de mão-de-obra, questão que oBrasil, apesar de não estar preparadopara combater, poderá viver em épo-cas de maior aquecimento do merca-do da construção civil. "Vamos come-çar a enfrentar problemas que lá foraeles já enfrentam", alerta Íria.

Outro grande desafio para a propa-gação dos edifícios altos em concretopré-moldado é o sistema de financia-mento de obras brasileiro, responsávelpela "dilatação" dos cronogramas deexecução das obras, que duram, emmédia, de 24 a 36 meses. Em funçãodisso, o incorporador pode optar porsistemas construtivos convencionais emvez dos pré-moldados e da boa relaçãocusto–benefício que eles propiciam.

Valentina Figuerola

Localizado em Fortaleza, o empreendimento Pátio Dom Luís é composto por um shopping,duas torres residenciais de 24 pavimentos e duas torres comerciais de 20 pavimentos. Asvarandas, assim como grande parte das vigas e lajes são pré-fabricadas. Os pilares e as caixasde elevador foram moldados "in loco"

Linha de produção de pré-moldados na Bélgica, onde as fábricas investem altonos sistemas de fôrma, cura e protensão

Edifício de escritórios ConventGarden Brussels, com 16 pavimentose estrutura elíptica

Iria

Don

iak

Mar

cos

Zart

ur

Arno

ld V

an A

cker

materia de capa.qxd 5/11/2008 17:33 Page 52

Page 57: techne 140

materia de capa.qxd 5/11/2008 17:33 Page 53

Page 58: techne 140

2008

DRYWALL – PINI 60 ANOS

54 TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 2008

Comparado com países como Esta-dos Unidos e Japão, o mercado de

drywall no Brasil é ainda incipiente.Enquanto nesses locais o sistema éamplamente difundido há décadas,por aqui ele só começou a se consoli-dar com a chegada das indústriasmultinacionais do setor, em meadosda década de 1990.

Mas não tem sido fácil ser aceitonum País marcado pela cultura daconstrução em concreto e blocos.Ainda há consumidores (e construto-res) que resistem à tecnologia, porconsiderá-la mais cara que a alvenariade blocos tradicional, por desconfiarde sua resistência a carregamentos ou

Evolução secaAbertura da economia e disseminação da construção racionalizadaimpulsionaram desenvolvimento do mercado do drywall no Brasil

Linha do tempoDécada de 1970

Década de 1980SSóó ffoorrrrooss:: Drywall não se firma como um sistemaconstrutivo atraente para vedação interna. Até a décadade 1990, apenas uma em cada cinco chapas produzidasera utilizada em divisórias de ambientes comerciais -cerca de 80% delas eram usadas como forros.

Década de 1990SSuurrggee uumm mmeerrccaaddoo::A construção racionalizada seconsolida no País, gerando demanda por novos sistemasconstrutivos industrializados. Vislumbrando um novomercado promissor, três empresas começam a fornecer oproduto no Brasil: a francesa Lafarge, a alemã Knauf e abritânica BPB-Placo. As empresas iniciaram seus negóciosno setor importando chapas de suas fábricas no exterior,mas logo instalaram seus próprios parques industriais noPaís. A Lafarge adquiriu, em 1995, as fábricas de Petrolina e Araripina da Gypsum do Nordeste.

ao impacto ou por duvidar de sua ca-pacidade em prover isolação acústicaadequada. Preconceitos que gradual-mente vêm sendo eliminados com adivulgação de informações técnicassobre o drywall, com a criação de pro-gramas da qualidade dos produtos ecom a publicação de normas técnicaspara o sistema.

As chapas de gesso acartonadocomeçaram a ser produzidas no Bra-sil no início da década de 1970, masantes disso já eram amplamente di-fundidas nos mercados norte-ameri-cano, europeu e japonês. O produtofoi inventado nos Estados Unidos porAugustine Sackett, ainda no final do

Div

ulga

ção:

Laf

arge

EEssttrrééiiaa nnoo BBrraassiill::A primeira fábrica de chapas de gessoacartonado do País entra em operação na cidade de Petrolina, emPernambuco, no ano de 1972. A Gypsum do Nordeste fornecia aomercado placas para forros e divisórias internas. Apesar de,durante a década de 1970, centenas de unidades de conjuntoshabitacionais em São Paulo terem sido construídas com vedaçãointerna em drywall, o sistema não se populariza.

Div

ulga

ção:

Kna

uf

materia_drywall.qxd 5/11/2008 17:35 Page 54

Page 59: techne 140

55

Década de 2000AAssssoocciiaaççããoo éé ccrriiaaddaa:: Para divulgar acultura da construção seca, asfabricantes do sistema fundam aAssociação Drywall (Associação Brasileirados Fabricantes de Chapas para Drywall)em junho de 2000.

NNoovvaass tteeccnnoollooggiiaass:: São lançadas noPaís as chapas Resistentes à Umidade

século 19, mas só na década de 1940se disseminou seu uso em divisóriasinternas em casas e escritórios.

A oportunidade de introduzir aconstrução seca e industrializada noBrasil surgiu durante o "MilagreEconômico". A forte presença estatalno setor da Construção – especial-mente neste caso financiando o setorimobiliário – "garantia" a demanda eestimulava o investimento em siste-mas construtivos industrializados.Nesse período, testaram-se tecnolo-gias como painéis cimentícios de fe-chamento pré-fabricados, edifícioscom paredes de concreto e sistemasde vedações verticais com chapas degesso acartonado.

A primeira fábrica foi instaladaem 1972 na cidade de Petrolina, emPernambuco, pela Gypsum do Nor-deste. Localização estratégica, já queali se encontravam enormes jazidasde gipsita, mineral usado na produ-ção de gesso. Um esboço de desen-

(RU) – de coloração verde, para uso emáreas úmidas e molháveis internas – eas chapas Resistentes ao Fogo (RF) –de coloração rosa, contêm retardantesde chama em sua composição,fazendo-as adequadas para aplicaçãoem saídas de emergência, áreasenclausuradas etc.

PPrriimmeeiirraa nnoorrmmaattiizzaaççããoo:: Em 2001, sãopublicadas as primeiras normastécnicas para chapas de gessoacartonado: a NBR 14.715 (Requisitos),a NBR 14.716 (Verificação dasCaracterísticas Geométricas) e a NBR14.717 (Determinação dasCaracterísticas Físicas).

Div

ulga

ção:

Ass

ocia

ção

Dry

wal

l

Div

ulga

ção:

Laf

arge

NNoorrmmaa ddee ppeerrffiiss::A ABNT (AssociaçãoBrasileira de Normas Técnicas) publica,em 2005, a NBR 15.217 – Perfis de Açopara Sistemas de Gesso Acartonado –Requisitos. O documento prescreve ascaracterísticas das estruturas metálicasdas paredes de drywall.

Até o final do ano, deve estardisponível para consulta pública anorma de montagem de sistemas dedrywall. A elaboração do textocomeçou em agosto de 2007. A idéiainicial, de acordo com Luiz AntonioMartins Filho, da Associação Drywall,era produzir uma normacomplementar para os componentesnão incluídos nas normas de chapas ede perfis, mas os construtorespediram para que contemplassetambém a execução do sistema. "Elescompravam um produto normatizado,mas sentiam falta da normatização doprocesso de montagem", revela. Emoutra frente, a norma NBR 15.217também está sendo revisada para queseu texto seja complementado com osmétodos de ensaio dos perfismetálicos para drywall.

Discussões atuais

Div

ulga

ção

Knau

fvolvimento de mercado ocorreu du-rante aquela década: diversos con-juntos habitacionais foram construí-dos no Estado de São Paulo com di-visórias internas em chapas de dry-wall. Em Guarulhos, foram 950 uni-dades no conjunto Zezinho Maga-

lhães Prado. Em Taubaté, 850 casas.Na Praia Grande, no litoral, mais 100casas. Mesmo assim, o sistema nãopegou e, durante toda a década de1980, apenas 20% das chapas degesso produzidas eram aplicadascomo divisórias.

materia_drywall.qxd 5/11/2008 17:35 Page 55

Page 60: techne 140

D R Y W A L L – P I N I 6 0 A N O S

O mercado dá uma guinada emmeados da década de 1990, impul-sionado pela disseminação da cons-trução racionalizada – que aceitavabem sistemas construtivos rápidos eindustrializados – e pela abertura daeconomia nacional aos produtosimportados. O cenário atraiu multi-nacionais européias do setor. A La-farge, que já atuava no País em ou-tros segmentos, criou uma divisãopara comercializar as chapas de dry-wall; BPB Placo e Knauf desembar-cavam por aqui para atuar nessenovo nicho de mercado. Inicialmen-te, as empresas importavam as cha-pas de gesso e outros componentesdo sistema de vedação; quando suasfábricas ficaram prontas, passaram aproduzir por aqui mesmo.

Segundo o gerente-executivo daAssociação Drywall (AssociaçãoBrasileira dos Fabricantes de Cha-pas para Drywall), Luiz AntonioMartins Filho, por apresentar umcusto maior, o sistema conseguiu

uma penetração inicial maior nosegmento comercial. "Proprietáriosde shopping centers, lojas, restau-rantes estão interessados em come-çar a operar rápido, mesmo que ocusto inicial fosse maior. E o siste-

ma ia ao encontro desses interes-ses", explica.

A resistência dos consumidoresao toque "oco" e à impressão de fragi-lidade e de falta de desempenho acús-tico foi sendo desfeita conforme o sis-tema foi sendo divulgado. Primeiro,as fabricantes procuraram o IPT paraelaborar Referências Técnicas doproduto.Em seguida,deram início aoprocesso de elaboração de normastécnicas de cada um dos componen-tes. Constituíram, também, a Asso-ciação Drywall para divulgar a tecno-logia ao mercado brasileiro.

Segundo Martins Filho, com ocrescimento, nos últimos anos, domercado imobiliário residencial, osistema vem sendo mais usado naconstrução de casas e apartamentos."O perfil dos usuários mudou bas-tante, as pessoas demandam flexibi-lidade de layout", afirma o enge-nheiro, para quem o drywall atendea tais necessidades.

Renato Faria

Em 1974, a revista A Construção SãoPaulo mostrava o protótipo de casa pré-fabricada estruturada, fechada ecoberta em madeira e com divisóriasinternas em chapas de gessoacartonado. Segundo a reportagem, a casa de 53,5 m² poderia serconstruída em 20 dias

materia_drywall.qxd 5/11/2008 17:35 Page 56

Page 61: techne 140

materia_drywall.qxd 5/11/2008 17:35 Page 57

Page 62: techne 140

TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 200858

Envie artigo para: [email protected] texto não deve ultrapassar o limitede 15 mil caracteres (com espaço).Fotos devem ser encaminhadasseparadamente em JPG.ARTIGO

58

Aperspectiva de se alcançar um ce-nário de desenvolvimento susten-

tável no universo da construção civilpressupõe analisar as dimensões eco-nômica, social, ambiental e institucio-nal envolvidas em toda a cadeia produ-tiva, desde o fornecimento de insumosbásicos até o tratamento e a destinaçãodos resíduos gerados. Para tal, convémincluir,nessa análise, a avaliação do pa-norama atual e futuro em relação aosetor de extração de agregados mine-rais, sobretudo areia e brita, materiaislargamente empregados na prepara-ção de argamassas, concreto, artefatosde cimento e pavimentos, e ainda fun-damentais em obras de engenharia.

De fato, em que pese o conjunto deesforços e avanços tecnológicos recen-tes em relação ao aproveitamento deRCDs (resíduos de construção e demo-lição), passíveis de reciclagem e empre-go como materiais alternativos, emsubstituição a insumos tradicionais,aqueles bens minerais permanecem napauta de itens básicos requeridos namaior parte dos projetos e obras deconstrução civil. A adoção de normasde estímulo ao incremento da recicla-gem de RCDs (como o decreto munici-pal em vigor na cidade de São Paulodesde julho de 2007, sobre o uso deagregados reciclados em obras de pavi-mentação de vias públicas), aparente-mente não tem sido ainda suficientepara inverter ou mesmo atenuar signifi-cativamente o consumo de materiaisproduzidos a partir de fontes primárias.

Talvez se possa atribuir esse qua-dro a uma conjunção de fatores diver-

Urbanização, agregadosminerais e sustentabilidade

sos ainda não plenamente equaciona-dos, que limitam a intensificação douso de RCDs, como logística, desem-penho ou até certa falta de culturatécnica para aprimorá-los e aos pou-cos ampliar sua utilização. Certamen-te, muito ainda se avançará nesse ca-minho, conforme já se vê em paísesmais desenvolvidos. Todavia, en-quanto isso, a dinâmica produtivaatual continua notavelmente deman-dante de agregados de origem mine-ral, com valores crescentes a cada anoem todo o País, razão pela qual osproblemas associados à sustentabili-dade de sua produção em áreas urba-nas, em todas as suas dimensões fun-damentais, devem ser considerados.

Características do setor produtivoOs agregados são materiais gra-

nulares, com dimensões e proprieda-des físico-químicas variadas. Tantoem argamassas quanto na fabricaçãode concreto e artefatos de cimento, osagregados (areia e brita) entram ge-ralmente na composição com 70% a80% do volume total e sua qualidadedeve estar compatível com as normastécnicas pertinentes a cada finalidade.Os agregados também constituem abase do material utilizado na pavi-mentação asfáltica de boa parte de

vias urbanas e estradas, onde a areia ea brita correspondem geralmente a95% do material empregado, sendo orestante composto de emulsão asfálti-ca. Nesse caso, o uso de agregados re-ciclados tem crescido e já chega, emalgumas aplicações, a cerca de 50% dovolume de material empregado.

Dados compilados dos últimosanuários do DNPM (DepartamentoNacional da Produção Mineral),acerca da evolução do setor mineralno País na última década, ilustram asignificância da participação dosagregados minerais no quadro doproduto mineral brasileiro. Exce-tuando-se gás e petróleo, estima-seque o setor de agregados (areia, casca-lho e pedras britadas) tem respondi-do por cerca de 30% do volume totalgerado nas minas brasileiras. A rele-vância dessa presença é ilustrada tam-bém quando se verifica que esse volu-me supera o do montante de minériode ferro produzido no País, este comobem mineral de maior expressão napauta atual de exportações. Contabi-lizam-se nisso apenas as estatísticasoficiais, pois se sabe que o setor abrigaainda uma parcela considerável depequenos empreendimentos na cha-mada economia informal.

Segundo a Anepac (AssociaçãoNacional das Entidades de Produtoresde Agregados para Construção Civil),o consumo de agregados pela popula-ção brasileira se situa atualmente emcerca de 2 t/hab/ano, ou seja, em pata-mar muito inferior quando compara-do ao de países mais industrializados,

Omar Yazbek Bitar, geólogoIPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas

do Estado de São Paulo)e-mail: [email protected]

artigo70.qxd 5/11/2008 17:41 Page 58

Page 63: techne 140

59

como Canadá (13),Estados Unidos (9)e Europa Ocidental (variável entre 5 e 8t/hab/ano) – (disponível em www.ane-pac.org.br. Acesso em jun/2008). Seconfirmadas as expectativas atuais emrelação às taxas de crescimento da eco-nomia brasileira medida pelo PIB(Produto Interno Bruto), em torno de4% a 5% ao ano, essa diferença certa-mente tende a ser reduzida nos próxi-mos anos.

Essa tendência é percebida pormeio de dados coletados peloSindipedras-SP (Sindicato da Indús-tria de Mineração de Pedra Britada doEstado de São Paulo) em relação à de-manda de brita na Região Metropoli-tana de São Paulo, que cresceu 15% noperíodo de 2005-2007. Quanto aospreços médios praticados atualmenteno mercado varejista, dados do IBGE(Instituto Brasileiro de Geografia e Es-tatística) mostravam que, em marçode 2008, o metro cúbico de pedra bri-tada no 2 variava muito ao longo doterritório brasileiro (que possui cercade 700 pedreiras), oscilando entre omínimo de R$ 36 no Estado da Bahia eo máximo de R$ 148 no Acre, passan-do por valores da ordem de R$ 56 e R$41 no Rio de Janeiro e em São Paulo,respectivamente. Além da relativa es-cassez de rochas adequadas ao usocomo agregados nas proximidades dealguns centros consumidores, comonos Estados da região Norte, as dispa-ridades de preços se correlacionamtambém com o tipo de rocha lavrada,visto que rochas calcárias e basálticasapresentam em alguns casos custos deprodução mais baixos quando com-parados aos de granitos e gnaisses,estes mais comuns, por exemplo, noSudeste (Areia & Brita, 2008).

Assim, para lidar com essa tendên-cia de crescimento, em um contexto deevidentes distinções regionais, emergea necessidade de buscar respostas a al-gumas questões fundamentais: deonde virão esses materiais? Em quecondições sociais, ambientais e institu-cionais serão produzidos? Como serãotransportados e a que preços chegarãoao mercado consumidor? Como asse-gurar para que sejam extraídos embases sustentáveis? Pode-se tentar res-

ponder a essas e outras questões a par-tir de uma análise das relações históri-cas que se estabeleceram entre o pro-cesso de urbanização e a extração deagregados minerais em áreas urbanas,mirando as conseqüências atuais e asperspectivas futuras em relação à sus-tentabilidade das cidades.

Pressão continuadaNa origem do problema parece

estar o crescimento descontrolado dascidades, fenômeno observado em di-versas partes do mundo, especialmen-te em países em desenvolvimento, apartir da segunda metade do séculopassado (período pós-segunda grandeguerra) e que segue exercendo fortepressão sobre os recursos naturais ou-trora situados em áreas circunvizinhase distantes dos centros urbanos. A ex-pansão acelerada das cidades tem re-percutido em perda tanto de qualida-de desses recursos (o que se nota, porexemplo, em relação aos recursos hí-dricos, em decorrência da poluição demananciais ocasionada pelo lança-mento in natura de resíduos e efluen-tes diversos) quanto de quantidade oudisponibilidade, condição essa parti-cularmente afeita ao caso dos recursosminerais em áreas urbanas.

O processo de urbanização temavançado progressivamente e deforma inapelável sobre áreas de extra-

ção e produção de agregados mine-rais. Geralmente situadas nas zonasperiféricas das cidades, essas áreas ten-dem a ser constrangidas pela urbani-zação que se aproxima, gerando con-flitos ambientais e disputas pelo usodo solo. Esses conflitos normalmentearrefecem ou se extinguem com o en-cerramento das atividades extrativas ea transferência da atividade mineirapara áreas cada vez mais remotas.

Retratos desse processo podem serobservados ainda hoje no País e certa-mente em muitas outras médias egrandes cidades do mundo. Caso no-tável se constata, por exemplo, na ci-dade de Guayaquil, maior aglomeradourbano do Equador, com quase trêsmilhões de habitantes e cujo cresci-mento populacional mais do que do-brou na última década do século XX.Aliado à característica local de baixosíndices históricos de verticalização(por conta de riscos sísmicos, mastambém por razões culturais), bemcomo devido a limitações geográficas(oceano ao Oeste e manguezais aoSul), a cidade concentra sua expansãourbana especialmente no rumo Oestee Norte, com evidentes efeitos em rela-ção a pedreiras preexistentes. Ganhamcada vez mais espaço os empreendi-mentos imobiliários de grande porte,extremamente afastados do centro ur-bano do município (em um contexto

Figura 1 – Empreendimento imobiliário em fase de terraplenagem, em zona deexpansão urbana da cidade de Guayaquil, Equador, em abr/08, com fragmentosremanescentes de pedreira recém-encerrada no local

artigo70.qxd 5/11/2008 17:41 Page 59

Page 64: techne 140

A R T I G O

TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 200860

A R T I G O

notavelmente desprovido de infra-es-trutura de transporte público), com aconstrução de extensos condomíniosresidenciais horizontais e o conse-qüente remanejamento da extraçãode agregados minerais para áreas maisdistantes (figura 1).

Além desse caso, muitos outroscertamente poderiam ser menciona-dos, particularmente em países daAmérica Latina e Caribe e também naÁsia. Como na China, consideradahoje como centro industrial mundiale que tem a maior parte de suas insta-lações fabris situadas dentro ou emáreas próximas das cidades (UNFPA,2007), inclusas as de produção deagregados para construção, as quaisevidenciam os primeiros sinais deproblemas e conflitos ambientais.

Com algumas diferenças em seuprocesso evolutivo, a depender do tipode agregado mineral extraído,o caso daRMSP envolve situações similares. No-tabiliza-se o caminhamento e a atualconcentração de areeiras no rumo dazona Sul da região (figura 2), em queocorre o domínio de morros cobertospor solos de alteração de rochas crista-linas (os solos saprolíticos, correspon-dentes ao horizonte pedológico C),muito suscetíveis a processos erosivose, por isso, passíveis de desmonte hi-dráulico relativamente simples, bemcomo situados em condições topográ-

ficas favoráveis à separação da areia (re-movida em meio à polpa, por métodosessencialmente gravitacionais).

Cabe mencionar que, no passado,essas areeiras se encontravam instala-das mais ao núcleo da metrópole, nocampo denominado de centro expan-dido, em áreas de planícies aluviaisdos rios Pinheiros e Tietê, hoje total-mente ocupadas pela urbanização eseu sistema viário. Com o tempo, asatividades migraram não apenas sobo ponto de vista geográfico, mas tam-bém no que se refere aos materiais la-vrados, que mudaram para os men-cionados solos de alteração.

Por sua vez, ao Norte do municí-pio, sob o domínio de rochas cristali-nas de composição predominante-mente granítica ou gnáissica, encon-tram-se diversas pedreiras, como naregião da serra da Cantareira (figura3), com características propícias àprodução de brita.

Tanto as areeiras quanto as pedrei-ras encontram-se hoje sob forte pres-são da expansão urbana. Não se podedeixar de considerar certa contradiçãonesse processo. Em síntese, observa-seque a mesma urbanização atualmenteviabilizada pela indústria da constru-ção civil acaba, mais cedo ou maistarde, expulsando ou eliminando umadas atividades que a alimenta, ou seja,a extração e produção de agregados

minerais, o que remete à reflexãosobre as perspectivas futuras nas rela-ções entre mineração e cidades.

Conseqüências à sustentabilidadeOs efeitos decorrentes desse pro-

cesso se fazem sentir no plano econô-mico e também no âmbito socioam-biental, ou seja, repercutem nos pila-res de sustentabilidade das cidades, apartir da perda de recursos mineraisaproveitáveis, pela indisponibilidadede jazidas devido à ocupação do solo.Perde-se, de maneira praticamente ir-reparável, a possibilidade de aprovei-tamento de bens minerais importan-tes ao desenvolvimento sustentáveldas próprias cidades.

Com isso, transferem-se instala-ções e abrem-se novas minas em outraslocalidades mais longínquas (em rela-ção à cidade em questão,embora certa-mente próximas a outros centros con-sumidores). Muda-se o endereço, masos problemas, como os de naturezaambiental, por exemplo, podem nãoapenas se repetir, mas evoluir para si-tuações até mais preocupantes. Porconta de deficiências institucionais as-sociadas a essas novas localidades, bemcomo de práticas rudimentares porparte de alguns produtores, configu-ram-se cenários de impactos ambien-tais com magnitudes e intensidadesampliadas. Exemplo disso se observou,

Figura 2 –Areeiras (círculos, em vermelho) localizadas na frente de expansão sul dacidade de São Paulo, sob notável pressão exercida pela urbanização

Figura 3 – Pedreiras (em vermelho)localizadas na frente de expansão norteda cidade de São Paulo, sob notávelpressão exercida pela urbanização. Em verde, área de antiga pedreiraatualmente utilizada para tratamento de resíduos

(Im

agem

de

base

: Fun

cate

/SM

A, 2

003)

Imag

em d

e ba

se: F

unca

te/S

MA,

200

3

artigo70.qxd 5/11/2008 17:41 Page 60

Page 65: techne 140

61

por exemplo, na região do Vale do Pa-raíba no Estado de São Paulo, bemcomo em outras localidades próximasà metrópole, que abrigou diversasminas destinadas a atender às deman-das de areia da RMSP, mas que geroudegradação e conflitos no próprio Vale.

Também se nota o aumento docusto do transporte, pelo fator distân-cia e, portanto, resultando em aumen-to significativo no preço ao consumi-dor. É o caso da areia para abastecer aRMSP,que advém de localidades a dis-tâncias que chegam a 150 km, cominevitáveis aumentos no custo final eque alcançam até 70% de acréscimo.Em muitos casos, o preço ao consumi-dor chega a triplicar ou quadruplicarem relação ao valor que se pode obterdiretamente no local da mina.

Perspectivas futurasEmbora em ritmo mais lento em

comparação às décadas passadas e,ainda, de modo desigual na superfíciedo planeta, o crescimento da popula-ção urbana no mundo continua avan-çando em todos os continentes (figura4). Essas constatações se encontramem estudos recentes da ONU (Organi-zação das Nações Unidas) sobre a si-tuação da população no mundo(UNFPA, 2007) e denotam uma gran-de preocupação com a evolução e o fu-turo das cidades, em particular com aschamadas megalópoles (figura 5).

De acordo com o relatório daONU, pela primeira vez na história apopulação urbana supera a rural. Amarca de 50% de pessoas morando emcidades está sendo atingida neste ano(2008) e a população mundial se con-centrará irreversivelmente em áreasurbanas, alcançando 60% em 2030. NaAmérica Latina e Caribe esse índicechega hoje a 75% da população (pata-mar inferior apenas ao da América doNorte). No caso brasileiro, de acordocom o IBGE, em 2005 a população ur-bana já alcançava 84,20% (disponívelem www.ibge.gov.br/paisesat/. Acessoem jun/2008) e continuará crescendo.A ONU adverte os governos a levar emconta a sustentabilidade das metrópo-les, porque são nelas que o "futuro domundo" irá ocorrer.

O relatório da ONU diz ainda quea população do mundo cresce a umavelocidade assombrosa e não seriaapenas inútil, como equivocado, ten-tar reverter essa tendência. Em 2030,regiões como Ásia ou África terão odobro de população e será grandetambém o crescimento na AméricaLatina e Caribe. Mudar o caminho dascoisas seria inútil, adverte o relatório,segundo o qual é melhor seguir essastendências de perto, conscientes dofato de que a possibilidade ao menosde um futuro sustentável das cidadesdepende de decisões que em grandeparte devem ser tomadas agora. O re-latório define o futuro como "a alvora-da de um milênio urbano" e apontaque os problemas gerados são a falta deplanejamento dessas cidades, que sereflete em uma demanda não satisfeitapor serviços básicos: água, esgotos elixo.No caso da América Latina e Cari-be, segundo o relatório, agora o pro-blema central é a regularização daspropriedades e o serviço de estruturadas nossas cidades.

É nesse contexto que se impõehoje a discussão e a decisão necessá-rias em relação à abordagem da pro-dução de agregados minerais em re-giões urbanas, vitais para a infra-es-trutura das cidades brasileiras.

Alguns desafios atuaisDiante desse cenário, sempre sob

a égide da busca da sustentabilidadede nossas próprias cidades, podem-se

destacar alguns temas e desafios a en-frentar, com urgência.

O primeiro deles diz respeito àconservação de recursos minerais asso-ciados aos agregados, visando assegu-rar o suprimento futuro. O conceitodeve ser o mesmo empregado em rela-ção,por exemplo,à água (passível tam-bém de reúso) e que corresponde aoque se pode chamar de bom sensocomum, ou seja, usar bem hoje parapoder ter amanhã. A conservação dosrecursos minerais existentes em regiõesurbanas pode ser efetuada medianteproteção legal das reservas conhecidase previsão das áreas potenciais, estabe-lecendo-se o necessário cinturão paralimitar o avanço da ocupação.

Evidentemente, há um debate aser travado diante dessa questão, emface de outros usos igualmente defi-nidos pela sociedade como relevan-tes para fins de preservação, conser-vação e uso. Porém, assim como aságuas, o ar e a biodiversidade, essen-ciais à vida e à sustentabilidade dascidades, os agregados minerais(igualmente relevantes sob a óticada sustentabilidade das cidades,pelo seu papel no suprimento de in-sumos necessários à manutenção eampliação da infra-estrutura dasmesmas) também têm sido afetadospelo crescimento desordenado delas(a ponto de, na maior parte doscasos, tornarem-se inexploráveis emface da ocupação do solo superfi-cial) e sua oferta deve ser protegida

Figura 4 – Porcentagem da população residente em áreas urbanas, por região(1950-2030). Fonte: UNFPA, 2007

artigo70.qxd 5/11/2008 17:41 Page 61

Page 66: techne 140

A R T I G O

TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 200862

visando seu aproveitamento futuro,em bases sustentáveis.

Outro grande desafio a enfrentarrefere-se ao prolongamento da vidaútil das minas urbanas em operação,visando estender ao máximo a dura-ção das extrações atuais e manter aomenos uma parte do suprimentoatual, mediante métodos e práticasadequadas e o aprimoramento dagestão ambiental nesses empreendi-mentos. Como se pode fazer isso?Distinguem-se,ao menos,duas linhasde possibilidades de atuação.

Uma refere-se à necessária melho-ria na gestão ambiental de minas ur-banas ativas, dado que, de maneirageral, as práticas atuais ainda gerammuitos conflitos. Casos como os douso de novas técnicas de desmonte derocha por explosivos, com controlefuro a furo e mapeamento da face dasbancadas (que reduzem vibrações e o

risco de ultralançamento de fragmen-tos de rocha), bem como a eliminaçãodo emprego do cordel detonante (re-duzindo a sobrepressão acústica) e asinovações na britagem de rochas empedreiras (com adoção de britador deimpacto de eixo vertical), propiciandoa produção de areia artificial (gerada apartir da britagem de rochas cristali-nas) e a conseqüente redução daquantidade de rejeitos (finos de pe-dreiras) nas minas, prenunciam avan-ços relevantes, conforme salientadoem Sánchez (2007). Essas medidas in-cluem-se entre as que tendem a favo-recer melhor convivência entre pe-dreiras e a circunvizinhança. Agrega-ção de sistemas de gestão ambiental eo emprego de novos instrumentos,como os métodos de produção maislimpa (P+L), ecoeficiência, responsa-bilidade social, entre outros, tendem aauxiliar nessa tarefa.

Outra linha de possibilidades dizrespeito à integração de áreas exauri-das ao tecido urbano, visando gerir areabilitação progressiva de áreas de-gradadas pela mineração. Opções deusos pós-mineração devem considerara integração com a circunvizinhança e,ainda, ser produtivos, gerenciáveis esustentáveis. Os parques públicos e re-creativos encontram-se entre as solu-ções que melhor têm se adaptado aesses condicionantes. Usos pouco fre-qüentes, como os de antigas cavas uti-lizadas como "piscinões" (estruturashidráulicas destinadas ao controle deenchentes urbanas), carecem de me-lhor avaliação, menos em face da alter-nativa pós-mineração proporcionadae mais pelas dificuldades detectadasem relação à destinação do lixo acu-mulado durante sua operação.

Usos seqüenciais também se mos-tram viáveis, como demonstra o casoda Pedreira Itaquera na cidade de SãoPaulo, em que se priorizou a instala-ção de um aterro de inertes no interiorda cava exaurida e a posterior destina-ção do local para fins de empreendi-mento imobiliário (Areia & Brita,2007). Há, contudo, questões a consi-derar em torno da eventual adoção detal modelo, dada a alternativa perdidaem relação ao pleno reaproveitamen-to dos materiais inertes provenientesde RCDs lançados nesse tipo de ater-ro, que poderiam em parte ser recicla-dos e utilizados novamente comoagregados. Todavia, trata-se de umaopção relevante e o tema chama aatenção para outra alternativa: a via-bilidade de instalações mistas, comtriagem dos materiais (além daquelautilizada no caso), em que parte dosmateriais poderia ser destinada à reci-clagem e parte lançada em aterro.

Estimular o desenvolvimento da re-ciclagem de RCDs se constitui tambémem um dos principais desafios a enfren-tar, visando à substituição de parte dademanda projetada e a administraçãoda conseqüente redução do ritmo decrescimento da produção de agregadosnaturais. Promover a reciclagem e oreúso de RCDs, aproveitando-se as ins-talações existentes e a produção simul-tânea à de brita primária em pedreiras

Figura 5 – Evolução do crescimento da população urbana no mundo (1950-2030) eas dez maiores metrópoles (2005-2015). Fonte: UNFPA, 2007

artigo70.qxd 5/11/2008 17:41 Page 62

Page 67: techne 140

63

nos municípios de São Paulo e Embu,que contemplaram, em seus zonea-mentos, áreas especiais para a ativida-de de produção de agregados. Omesmo se verificou no zoneamentoecológico-econômico da região do li-toral Norte do Estado de São Paulo,estabelecido por lei estadual em 2004,que prevê a atividade mineral entre osusos do solo permitidos, desde querealizada sob plano diretor específicoe em consonância com os PDMs dosmunicípios da região.

O momento parece ser favorável aessa discussão, pois se nota progressi-va tendência de aproximação entre aspolíticas mineral, urbana e ambientalno País, com reformas em curso, re-presentando excelente oportunidadepara o tratamento e a solução integra-da dos problemas.

ConclusãoAs perspectivas de sustentabilida-

de no universo da construção civil res-saltam a importância dos agregadosminerais no contexto de áreas urba-nas, morada atual e futura da maiorparte da humanidade. Embora demodo desigual, as cidades continuamcrescendo e se expandindo, e os con-flitos com áreas de produção de agre-gados tendem a continuar ocorrendo.

Nesse contexto, a gestão das rela-ções entre urbanização e agregados re-quer o enfrentamento de alguns desa-fios básicos, entre os quais se desta-cam: a conservação de recursos mine-rais, o prolongamento da vida útil dasminas urbanas em operação (com amelhoria na gestão ambiental deminas ativas e a integração progressivade áreas exauridas ao tecido urbano),odesenvolvimento da reciclagem deRCDs e, ainda, em um plano institu-cional, a planificação do uso do solo,com a inclusão de áreas destinadas àprodução de agregados.

AgradecimentosAos colegas do IPT, pela perma-

nente reflexão e discussão sobre o as-sunto, em especial a Tânia de OliveiraBraga, pela leitura crítica e sugestõesao texto, e a Nivaldo Paulon,pelo geo-processamento e edição das figuras.

urbanas existentes, tem sido apontadocomo um caminho necessário, emborade logística relativamente complexa,emrazão das grandes dimensões de volu-mes e equipamentos envolvidas.

Na cidade de São Paulo, por exem-plo, a geração de entulhos equivale àprodução de resíduos domiciliares(cerca de 17 mil t/dia de RCDs contraaproximadamente 15 mil t/dia de lixodoméstico). Cerca de 50% das caçam-bas de entulho são consideradas clan-destinas (ao todo, estimam-se cerca de25 mil), havendo muitos pontos delançamento irregular de RCDs. Pre-sume-se que o gerenciamento dos re-síduos urbanos tende a interagir cadavez mais com a atividade mineral,paraaumentar a cooperação e reduzir aspressões sobre os recursos naturais. Oaproveitamento de finos de pedreirase a demolição de grandes obras tam-bém devem merecer atenção especial.

Para atingir os desafios menciona-dos,há outros correlatos e estruturais aenfrentar, como o do processo maisgeral de planificação do uso do solo,incluindo as áreas de produção deagregados, ou seja, atribuir novos usosàs áreas em harmonia com o contextoterritorial e funcional da cidade na re-gião em que se situam. O ordenamen-to territorial almejado na elaboraçãodos planos diretores municipais(PDMs) e regionais deve assegurar aidentificação e proteção de áreas po-tenciais e áreas exclusivas para minera-ção de agregados (Castillo, 2001), po-dendo resultar na recomendação detrês tipos básicos no zoneamento mi-neral: áreas preferenciais; áreas contro-ladas; e áreas bloqueadas (Tanno e Sin-toni, 2003; Sintoni, 2007).

As bases para isso têm sido dadasem diversas normas constitucionais efederais, como o Estatuto da Cidade,bem como em leis estaduais e munici-pais. Constituições estaduais, como asde Goiás e de São Paulo contêm dire-trizes para que o disciplinamento douso do solo leve em conta a atividademineral. Não obstante, a inserção emplanos diretores requer participaçãopró-ativa por parte dos setores envol-vidos, como bem se mostrou, entreoutros, na revisão de planos diretores

LEIA MAIS

Itaquera: de pedreira a áreareurbanizada.Areia & Brita, 2007.Revista Areia & Brita, São Paulo:Anepac, abr/mai/jun, 38, p.6-12.

Demanda por Brita na RegiãoMetropolitana de São Paulo.Areia & Brita, 2008. Revista Areia &Brita, São Paulo: Anepac,jan/fev/mar, 41, p.32-33.

Ordenación Minero-ambientalde Los Recursos noRenovables. El Caso deGuayaquil (Ecuador). In:Jornadas Iberoamericanassobre Caracterización eNormalización de Materiales deConstrucción 1. J. R. H. Castillo,2001. Madrid: Cyted, 2001, 9p.

Imagens de Satélite Ikonos.Fundação de Ciência, Aplicações eTecnologias Espaciais/Secretariade Estado do Meio Ambiente.2003. São Paulo: Funcate/SMA,CD-ROM.

Situação da PopulaçãoMundial – Desencadeando o Potencial do CrescimentoUrbano. Fundo de População dasNações Unidas – UNFPA. 2007.Washington: UNFPA/ONU, 108p.

Mineração e Meio Ambiente.In:Tendências TecnológicasBrasil 2015: Geociências eTecnologia Mineral. Sánchez,L.E. 2007. Rio de Janeiro:Cetem/MCT, p.191-208.

Ordenamento Territorial daMineração de Agregados.A.Sintoni, 2007. Areia & Brita. SãoPaulo: Anepac, 40, p.26-30.

Mineração e Município. Basepara Planejamento e Gestãodos Recursos Minerais. L.C.Tanno; A. Sintoni(coordenadores). São Paulo: IPT,178p. 2003.

artigo70.qxd 5/11/2008 17:41 Page 63

Page 68: techne 140

PRODUTOS & TÉCNICAS

64

ACABAMENTOS

FORROSA linha de produtos Gyptone, daPlaco, é composta por placas degesso perfuradas, lisas ou mistase estampadas, de acordo com ofabricante, com alta precisão.Segundo a Placo, possuemdestacada durabilidade,performance para correçãoacústica e alta resistência ao fogo.Placo0800-0192540www.placo.com.br

FACHADAO sistema KeraGail, da Gail, écomposto por painéis decerâmica extrudada, com váriostipos de fixação e baixo pesopróprio. Segundo o fabricante,as juntas com 8 mm de largurasão executadas de modo que afachada seja protegida até dechuvas dirigidas.Gailwww.keragail.com.br

p&t140.qxd 5/11/2008 17:37 Page 64

Page 69: techne 140

65

PIGMENTOPó Xadrez, da Lanxess, é opigmento ideal para fazer ocimento queimado e a pinturacom cal. É também usado paratingir a massa de textura acrílica,a argamassa e o concreto. A fabricante oferece uma novacor para o mercado: o Terrasa,cuja tonalidade se aproxima do alaranjado.Lanxess0800-7711366www.lanxess.com.br

CANTEIRO DE OBRA

ARGAMASSACalfino Hidra é uma argamassaindustrializada com dosagemregular de cal virgem puramicropulverizada e areia secapeneirada. Ideal, de acordo como fabricante, para revestimentode paredes internas, externas etetos de alvenaria rebocada.Hidra(41) 3657-1352www.calhidra.com.br

CONCRETO E COMPONENTES PARA ESTRUTURA

FÔRMASA Forsa fornece sistemas defôrmas de alumínio paraexecução de casas e edifícioscom paredes de concreto. O corpo técnico ofereceassessoria completa eacompanhamento em cada etapa da obra.Forsa(11) 3044-7412www.forsa.com.co

CHAPA COMPENSADAA Formaplan garante precisãodimensional, durabilidade equalidade no acabamento desuas chapas compensadas parafôrmas. Segundo a empresa, sãousadas apenas matérias-primascertificadas, processadas commão-de-obra especializada deacordo com normas técnicasnacionais e internacionais.Formaplan(11) 5105-3151www.formaplan.com.br

ACABAMENTOS

p&t140.qxd 5/11/2008 17:37 Page 65

Page 70: techne 140

PRODUTOS & TÉCNICAS

66

BLOCOS ESPECIAISMuroflor é um sistemaconstrutivo composto pormuros de variados tamanhos,formas e funções. Usam osblocos Mauer, podendo formarfloreiras ou não, montadosapenas em linha reta ou emângulos de até 90º.Betonart(51) 3639-1414www.betonart.com.br

INSTALAÇÕES COMPLEMENTARES E EXTERIORES

PISO GRAMAPavigrama, da Pavibloco, é umpiso grama que proporcionauma superfície permeável edrenante. Por oferecer proteçãomecânica à vegetação rasteiracontra esmagamentos, pode ser usado em estacionamentosde veículos.Pavibloco(21) 2484-8485www.pavibloco.com.br

ESTRUTURAS E PEÇAS METÁLICAS

OBRAS ESPECIAISProaço é uma empresaespecializada na execução deobras especiais de engenharia earquitetura. A empresa trabalhatambém com estruturas deconcreto, possibilitando aocliente optar por obras deestrutura mista, de acordo comsuas necessidades.Proaço(47) 3533-1781www.proaco.ind.br

PERFIS DE AÇOA Açobril é um centro de serviçospara corte de chapas grossas,placas e perfis de aço. A empresamantém em estoque todas aslinhas de bitolas de perfislaminados I, H e U para prontaentrega segundo especificaçõesA-36, A-572 e, sob encomenda, oaço Cor 500.Açobril(11) 6954-0633www.acobril.com.br

AÇO RESISTENTEO aço zincado CSN recebe umacamada de revestimento dezinco por um processo contínuode imersão a quente, quegarante, segundo a empresa, auniformidade de espessura dorevestimento. O produto, deacordo com o fabricante, reúne a resistência mecânica do aço ea elevada resistência à corrosãodo zinco.CSN(11) 3049-7100www.csn.com.br

STEEL FRAMEA Usiminas fornece perfis para osistema construtivo steelframing. O sistema autoportantede construção a seco vem sendoutilizado com mais freqüência nosegmento imobiliário brasileiro.Usiminas(11) 5070-8930www.usiminas.com.br

ESTRUTURAS E PEÇAS METÁLICAS

ESTRUTURAS PRÉ-MOLDADASA AJ Paes é uma empresa doramo de pré-fabricados deconcreto que proporciona, desde1968, soluções construtivas comessa tecnologia, abrangendoconcepção, projeto, fabricação,fornecimento, montagem eassistência técnica.AJ Paes(11) 3985-3030www.ajpaes.com.br

ESTRUTURA METÁLICAProfil du Futur é uma nova linhade perfis estruturais da Perfilor.Voltada para uso em terças decobertura e travessas defechamento lateral, a linhaoferece perfis metálicos tipo Z,C e U, produzidos emcomprimentos sob medida ecom furações de acordo com oprojeto do cliente.Perfilor(11) 3065-3400www.perfilor.com.br

CONCRETO ECOMPONENTES PARAESTRUTURA

p&t140.qxd 5/11/2008 17:37 Page 66

Page 71: techne 140

67

TRANSPORTE VERTICALUtilizado em todas as fases deobras civis e industriais, obalancim elétrico Baramfunciona com comando paralelode subida e descida por meio decabos de aço. Apresentaplataformas moduláveis de 1 ma 8 m de comprimento,capacidade de até 500 kg evelocidade de 9 m por minuto.Baram(51) 3033-3133www.baram.com.br

EQUIPAMENTOSA Rosmatech oferece máquinase equipamentos para aconstrução civil, além deassistência técnica demanutenção para seus produtos.São compactadores, cortadoras,e placas vibratórias, entreoutros, disponíveis emconfigurações adequadas às diversas necessidades de seus clientes.Rosmatech(16) 3626-2809www.rosmatech.com.br

MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS

COMANDOSA marca italiana BTicino, quefabrica comandos elétricos,acabamentos e sistemas deautomação para controlar aenergia, conforto e segurança,lança no Brasil a nova linhaAxolute. Desenvolvidas em duasgeometrias, as placas de Axoluteatendem aos diversos estilos dedecoração e personalização dos ambientes. BTicinowww.bticino.com.br

INSTALAÇÕESELÉTRICAS E DETELECOMUNICAÇÕES

TUBOS E CONEXÕESDesde 1988 no mercado, aPlastilit atua no segmento deconexões prediais, tubos eacessórios. Com foco naConstrução Civil, a empresadispõe de uma linha completade produtos para obras prediaise de infra-estrutura.Plastilit(41) 2108-4949www.tilit.com.br

INSTALAÇÕESHIDRÁULICAS

p&t140.qxd 5/11/2008 17:37 Page 67

Page 72: techne 140

PRODUTOS & TÉCNICAS

68

DIVISÓRIASA Jorsil é fabricante de painéispara divisórias nas linhas 50mm, 35 mm, Telemarketing, PVCe Wall. A empresa disponibilizaos perfis para divisórias emdiversas cores e tamanhos.Jorsil(11) 2179-5100www.jorsil.com.br

VEDAÇÕES, PAREDES E DIVISÓRIAS

DRYWALLAs fitas JT, da Lafarge Gypsum,combinadas com as Massas deRejunte Gypsum, são utilizadasno tratamento das juntas entrechapas em todos os sistemasGypsum Drywall. Fabricadascom papel especialmicroperfurado, proporcionam,segundo a fabricante, maioraderência e praticidade ao instalador.Lafarge Gypsum(21) 2262-2396www.gypsum.com.br

DISCOS DIAMANTADOSPara garantir, segundo afabricante, maior segurança aousuário e mais produtividade naoperação, a Carborundum tem alinha de discos diamantadosPremier. Os produtos podem serutilizados em operações a secoou refrigerados. Encontradosnas versões Turbo, Segmentadoe Contínuo, com 110 mm de diâmetro.Carborundum0800-7273322www.carbo-abrasivos.com.br

MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS

PLACA CIMENTÍCIAO Superboard é uma placaautoclavada produzida comcimento Portland, quartzo efibras de celulose. Disponívelnas espessuras de 6 mm, 8 mm,10 mm e 15 mm, o produto tem 1,2 m de largura e 2,4 m de comprimento. Promaplac(11) 5662-2142www.superboard.com.br

VEDAÇÕES, PAREDES E DIVISÓRIAS

PAINÉIS DE FACHADAOs painéis Isojoint Wall Pur sãoconstituídos de núcleo depoliuretano ou poliisocianuratode alta densidade e revestidoscom chapa de aço pré-pintado.Possuem sistema de fixação comparafuso escondido, ideal,segundo a fabricante, paraaplicação em fachadas efechamentos laterais industriais.Isoeste(62) 4015-1122www.isoeste.com.br

SERRA DE PISO A Clipper C13E da Norton écompacta e se caracteriza peloseu alto desempenho no cortede pisos de concreto e asfálticos.O posicionamento do tanque deágua removível, que é de 20 l,adiciona peso ao disco e garanteao operador uma boa visão do corte.Norton0800-7273-322www.norton-abrasivos.com.br

p&t140.qxd 5/11/2008 17:37 Page 68

Page 73: techne 140

p&t140.qxd 5/11/2008 17:37 Page 69

Page 74: techne 140

70 TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 2008

OBRA ABERTA

Concreto Auto-adensável*Bernardo Fonseca Tutikian eDenise Carpena Dal Molin140 páginasEditora PINIVendas pelo portalwww.lojapini.com.brA publicação surge nomomento em que o mercadopassa a se interessar pelasvantagens do CAA (concretoauto-adensável), ainda poucoconhecido no Brasil, mas jáconsagrado em outros países.A linguagem adotada pelosautores, especialistas noassunto, é acessível paratodos os profissionais eestudantes de engenharia epretende mostrar asqualidades técnicas doproduto. Para tanto, o textoressalta aplicações, vantagens,desvantagens e equipamentosdemandados para suaaplicação. Em seguida, sãoapresentados dois métodos dedosagem que prometemviabilizar economicamente oproduto, propiciando custoscompetitivos. Um capítulointeiro, fartamente ilustrado, édedicado aos ensaios e testesrealizados com o CAA noestado fresco.

Livros

Posse e Domínio*Antonio Sérgio Liporoni eOdair Martins Benite184 páginasLeud – Livraria e EditoraUniversitária de DireitoVendas pelo portalwww.lojapini.com.brMais uma obra, em suasegunda edição, queconcatena os pontos em queengenharia e direito se unem.A publicação cuida, conformerevela o título, de posse edomínio, ressaltando aimportância da perícia técnicapara a correta atuação dosprofissionais de engenharia edireito. Os autores buscamatender não apenas aosprofissionais em início decarreira, mas também àquelesem busca de especialização eaprofundamento em períciasjudiciais. É, portanto, uminstrumento para acompreensão do assunto, mastambém um material de apoiopara a elaboração de laudosconclusivos e fundamentados.Os autores podem sercontatados pelo [email protected].

Auditoria de Qualidade deObras Públicas*Carnot Leal Nogueira192 páginasEditora PINIVendas pelo portalwww.lojapini.com.brA partir de casos práticos sãoexpostas as matériasreferentes à verificação daqualidade em obras públicas.Exemplos reais, fotografias efiguras ilustram os temasexpostos e servem de basepara se discutir solidez,segurança e funcionalidade. A publicação aborda tambémas questões pertinentes àsresponsabilidades dosgestores, além dasresponsabilidades criminaisdos construtores. O autor é engenheiro civil ebacharel em Direito, comdoutorado em estruturas.Professor-adjunto da área deEstruturas do Departamentode Engenharia Civil da UFPE(Universidade Federal dePernambuco) criou, em 2008,a disciplina eletiva Introduçãoà Engenharia Legal, que estudaos aspectos jurídicos doexercício da engenharia.

Estruturas de Concreto –Solicitações Tangenciais*Péricles Brasiliense Fusco328 páginasEditora PINIVendas pelo portalwww.lojapini.com.brProjetista de estruturas commais de 25 anos deexperiência, fundador e diretordo Laboratório de Estruturas eMateriais Estruturais da EscolaPolitécnica da USP(Universidade de São Paulo), oautor aborda desde o regimeelástico de materiaishomogêneos até os estadoslimites últimos de materiaisheterogêneos. A finalidade élevar ao conhecimento doleitor as complexidadesenvolvidas nas ligações deelementos estruturaiscompostos de materiaissemelhantes ou diferentes.Assim, a obra trata dodimensionamento de peçasestruturais em concretosubmetidas a solicitaçõestangenciais. Ou seja, forçascortantes no momento datorção. Para facilitar acompreensão, o livro éfartamente ilustrado e contémtabelas, gráficos e fórmulas.

obra aberta 140.qxd 5/11/2008 17:39 Page 70

Page 75: techne 140

71

Manual para Utilização de Gruas*Walter Antonio Scigliano152 páginasVendas pelo portalwww.lojapini.com.brO desenvolvimento das novasnormas sobre gruas tomoucomo base essa publicaçãoinédita. O livro aborda aoperacionalização doequipamento e procuraauxiliar os profissionais queoperam gruas ou mesmo quequeiram apenas entendermais sobre o assunto. O autorsalienta que a intenção dessetrabalho é levar ao leitorconhecimentos importantespara as tomadas de decisãosobre sua utilização. Assim,auxilia no planejamento,posicionamento, naelaboração de planilhas deesforços, equipes desegurança e outros pontos. Nosegundo capítulo, ele tentaresponder a uma das dúvidasmais atuais dos construtores:por que usar grua? Apresentaargumentos técnicos efinanceiros para promover amecanização dos canteiros.

Válvulas: Industriais,Segurança e Controle*Artur Cardozo Mathias464 páginasArtliber EditoraVendas pelo portalwww.lojapini.com.brNessa publicação sãoabordados os principais tiposde válvulas comuns aprocessos industriais. Sobreelas, explica o funcionamento,a aplicação e odimensionamento, além docomportamento dinâmico dofluxo por meio de cada tipo deválvula. De acordo com oautor, o sucesso ou o fracassode uma planta industrialdepende também da corretaseleção das válvulas, pois amanutenção ou correção deum projeto equivocado podeser muito onerosa. Tambémsalienta que, mesmo quandoespecificadas corretamente,as despesas com válvulaspodem atingir até 15% detodas as despesas de umainstalação industrial.

CBCA (Centro Brasileiroda Construção em Aço) –Steel FramingFone: (21) 2141-0001www.cbca-ibs.com.brAgora, o site do CBCA contacom uma seção inteiramentededicada ao sistemaconstrutivo light steel framing.Reúne informações sobre essatecnologia que vão desde ascaracterísticas básicas domaterial e dos processos até asvedações e acabamentos. O foco, no entanto, é o açoutilizado para a fabricação dosperfis que compõem aestrutura do sistema. Assim, aseção conta com uma tabelacom os revestimentos mínimospara o aço de perfis estruturaisou não-estruturais. Tambémtraz os contatos defornecedores de perfis,construtoras, montadoras eempresas de cálculo estruturalespecializadas em steel framing.

Odebrecht 2008www.odebrecht.com.brEm parceria com a produtoraMaria Bonita Filmes, aOdebrecht criou seu vídeoinstitucional. O vídeo tem 17minutos de duração, mas há,ainda, um Vídeo-Síntese, comseis minutos, e umDocumentário, com 36minutos. O vídeo apresenta aorganização, com todos osseus braços de atuação, e trazhistórias reais coletadas aolongo dos 64 anos deexistência da organização. Sãocontadas pelos própriosfuncionários, escolhidosdentre os 60 mil colaboradoresda empresa, que atua nosramos de engenharia econstrução, química epetroquímica. O clipeinterativo tem 11 capítulos e,assim como o segundo DVD,que contém o Documentário ea Síntese, tem uma versãonacional, em português, eoutra internacional, comopções em inglês, espanhol,francês e árabe.

DVD

*Vendas PINIFone: 4001-6400 (regiões metropolitanas)ou 0800-5966400 (demais regiões)www.lojapini.com.br

Sites

obra aberta 140.qxd 5/11/2008 17:39 Page 71

Page 76: techne 140

72 TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 2008

Seminários eConferências

1o e 2/12/2008Conferência Internacional de AvaliaçõesBrasíliaPor meio de painéis, palestras e mesas dediscussões, a conferência realizada peloIbape (Instituto Brasileiro de Avaliações ePerícias de Engenharia) objetiva promovere difundir o conhecimento técnico nasáreas de Engenharia de Avaliações e dePerícias de Engenharia, além de fomentaro intercâmbio entre os profissionais dediversos países. www.ibape.org.br

2 a 6/12/2008WEC 2008 – World Engineers'ConventionBrasíliaA terceira edição do Congresso Mundialde Engenheiros será realizada pelaprimeira vez no continente americano,com o objetivo de reunir engenheiros eestudantes do mundo todo paradebates, fóruns, palestras, visitastécnicas e atividades culturais. www.wec2008.org.br

3/12/2008 Encontro de Diretores Técnicos eGestores da ConstruçãoSão PauloO encontro tem por objetivo discutir osdesafios enfrentados por diretorestécnicos e gestores de construçãoreferentes a custos, ciclos de produção,qualidade, segurança, meio ambiente etecnologia. O evento deve promovertambém a apresentação de cases delogística, planejamento e controle,gestão da cadeia de suprimentos,tecnologia da informação e tecnologiada construção.

Fone: (11) [email protected]/eventos/eventos2008

Seminário Nacional da Construção Civilno Brasil: Desafios e Oportunidades17 e 18/3/2009BrasíliaO principal objetivo do II SNCC(Seminário Nacional da Construção Civilno Brasil) é estimular o debate entre osetor privado, poder público epesquisadores interessados no tema paraestabelecer os caminhos da construçãocivil no País. Serão analisados desde osprocessos construtivos até o papel dosconstrutores e incorporadores em relaçãoàs transformações do setor. As inscriçõesjá podem ser feitas pelo site.Fones: (61) 3244-2366/[email protected] www.snccb.com.br

19 a 22/5/2009Simpósio Brasileiro de Tecnologiadas Argamassas – VIII SBTACuritibaO evento pretende divulgar e discutir osavanços das pesquisas em argamassa,com a apresentação de trabalhosdesenvolvidos em universidades e centrosde pesquisa que dão suporte aodesenvolvimento tecnológico do tema.Integra a programação o Dia doConstrutor, cujo objetivo é aproximar osavanços das pesquisas desenvolvidas noslaboratórios das Universidades e do setorprodutivo às empresas de construção civil. www.sbta2009.com.br

Feiras e ExposiçõesBauma China 2008 25 a 28/11/2008ShangaiA maior e mais importante plataforma daindústria do mundo vai ser aberta pela

quarta vez para a visitação deespecialistas em materiais,equipamentos, veículos e máquinas de construção.www.bauma-china.com

World of Concrete2 a 6/2/2009Las VegasA WOC (World Of Concrete) é a maiorexposição mundial de produtos etecnologias feitas com concreto. Reúneanualmente fornecedores, construtorese engenheiros de diversos países a fimde estabelecer parcerias e conhecer asnovidades do setor. Para 2009, serãoapresentados seminários entre os dias 2e 6 de fevereiro e, em paralelo, umafeira completa com novas soluções parao aumento da produtividade, qualidadee velocidade na execução das [email protected]

3 a 5/3/2009EcobuildLondresO Ecobuild, que começou em 2004 comouma pequena conferência sobregreenbuilding, promoverá em sua quintaedição mais de 100 conferências eseminários e dezenas de atraçõesespeciais. O evento receberá cerca de800 expositores e 30 mil visitantes. www.ecobuild.co.uk

24 a 27/3/2009RevestirSão PauloA feira reúne os maiores fabricantes derevestimentos e fornecedores e tornou-se uma das maiores vitrines do País delançamentos em revestimentoscerâmicos, granitos, mármores,laminados, mosaicos e outros.(11) 4613-2000www.exporevestir.com.br

AGENDA

agenda.qxd 6/11/2008 17:37 Page 72

Page 77: techne 140

73

24 a 28/3/2009Feicon Batimat 2009São PauloA Semana Internacional da Indústria daConstrução em São Paulo, direcionada aengenheiros, arquitetos, incorporadores,decoradores e lojistas de materiais deconstrução reúne novidades emalvenaria e cobertura, esquadrias,instalações elétricas, hidráulicas,sanitárias, equipamentos elétricos,dispositivos, fios, cabos e outrastendências do mercado. (11) 3060-5000www.feicon.com.br

19 a 21/5/2009ExpoAlumínioSão PauloA Exposição Internacional do Alumínio vaiapresentar as novidades tecnológicasrelativas ao uso do material em diversossetores, incluindo o da construção civil.Em paralelo, ocorrerá o IV CongressoInternacional do Alumínio, com aparticipação de estudantes,pesquisadores e os principais profissionaisda indústria que apresentam as novidadese as tendências sobre a tecnologia deprodução do alumínio, bem como suas aplicações.Fone: (11) [email protected]/expoaluminio

2 a 6/6/2009M&T ExpoSão PauloA M&T Expo, 7a Feira Internacional deEquipamentos para Construção e 5a

Feira Internacional de Equipamentospara Mineração, é um evento denegócios que oferece oportunidades deinvestimento em equipamentos, peças,componentes, novas tecnologias eserviços. Os organizadores esperamreunir cerca de 350 expositores e 500marcas de mais de 25 países numa áreade 85 mil m². www.mtexpo.com.br.

2 a 6/6/2009Batimat ExpoviviendaBuenos Aires A exposição de negócios argentinareúne novidades em revestimentos e

acabamentos, instalações, serviços eprodutos para a construção em geral. www.batev.com.ar

17 a 21/6/2009FenahabitBlumenau (SC)A Feira Nacional das Tecnologias daConstrução e Habitação reúne cerca de 40 expositores em pavilhão de10.600 m². A exposição de negócios é direcionada a engenheiros,arquitetos, decoradores, tecnólogos e decoradores. www.fenahabit.com.br/home

26 a 28/8/2009 Concrete Show South AmericaSão PauloO evento internacional de negócios etecnologia para fornecedores da cadeiade concreto e seus usuários reúneinovações e tendências mundiais emsoluções, sistemas e métodosconstrutivos à base de concreto. Alémda exposição, o Concrete Showpromove uma série de seminários,workshops e palestras. www.concreteshow.com.br

2 a 5/9/2009InterconJoinville (SC)A Feira e Congresso Internacional deTecnologia, Equipamentos, Materiais deConstrução e Acabamentos deve reunirengenheiros, arquitetos e lojistas demateriais de construção. Em paralelo àexposição, o visitante ainda poderáparticipar dos eventos Ecomac(Encontro dos Comerciantes deMateriais de Construção da região Sul),Feira Illumina (de Iluminação eComponentes Elétricos), Cintec(Congresso de Inovação tecnológica),Interpontes (competição entreestudantes de engenharia e arquiteturapara a construção de pontes compalitos) e workshop dos expositores.Fone: (47) 3451-3000feiras.messebrasil.com.br/intercon.

Cursos e Treinamentos1o/12/2008São Paulo

Construção Sustentável:Instrumentos para Realização de Empreendimentos Ambientalmente SustentáveisO curso vai começar apresentando umpanorama geral sobre os conceitos daconstrução sustentável e as suasaplicações no Brasil e no exterior. Depoisvai mostrar quais são as principaisestratégias e tecnologias necessáriaspara a redução dos impactos ambientaisna Construção Civil. E, por fim, explicarácomo realizar uma avaliação econômicae ambiental dos edifícios, de forma queo empreendimento ganhe a certificaçãoambiental existente no mercado.Fone: [email protected]

8 e 9/12/2008São PauloGestão de Contrato de Projetos de Obras e Engenharia:Uma Abordagem Jurídica e AdministrativaO objetivo do curso é auxiliar oprofissional da Construção Civil anegociar e administrar o contrato deprojetos de obras de forma eficiente eresponsável. Para isso, mostrará comoanalisar as propostas, verificar os riscosdo projeto, administrar a execução doscontratos e solucionar as controvérsiase os conflitos que possam ocorrerdurante o trabalho.Fone: (11) 3466-9253www.institutodeengenharia.org.br.

Primeiro Semestre de 2009Mestrado Profissional em Projeto de EstruturasRio de JaneiroCom ênfase no aprofundamento daformação científica e tecnológica dosparticipantes, o curso desenvolverá asaptidões necessárias para a elaboraçãode novas técnicas e processos deanálise dos projetos de estruturas,levando em consideração seusdimensionamentos e sistemasestruturais. O mestrado tem 360 horas-aula e as inscrições já estão abertas.Fone: (21) [email protected]/strictosensu

agenda.qxd 5/11/2008 17:44 Page 73

Page 78: techne 140

agenda.qxd 5/11/2008 17:44 Page 74

Page 79: techne 140

75

COMO CONSTRUIR

Os sistemas construtivos leves commadeira têm sua origem no des-

bravamento do oeste norte-ameri-cano e sempre estiveram relaciona-dos com uma construção rápida e,naquela época, uma atividade coleti-va, quase um mutirão. É possível lem-brar de vários filmes de época retra-tando a atividade de construir a igre-ja ou o celeiro, onde em poucas horasestavam prontos.

Hoje o sistema de plataform fra-ming está tão arraigado nas culturasnorte-americana e canadense, quepraticamente não se encontram resi-dências executadas com outros siste-mas construtivos, como a nossa alve-naria estrutural ou concreto armado.A melhor explicação para isso é o altograu de industrialização desse siste-ma, conseqüente redução de prazos ecustos e, principalmente, a divisãodas etapas da obra: cada sistema ousubsistema é executado por equipesespecializadas em momentos defini-dos da obra,com muita pré-industria-lização e pouca interpolação detempo ou retrabalho nas interfacesentre eles.

O comportamento estrutural dowood frame assemelha-se muito aoda alvenaria estrutural. No woodframe, cada elemento recebe esforçosde diferentes naturezas, sempre con-jugados com outros elementos. Alémdisso, as estruturas em wood frame

apresentam redundância e hiperesta-ticidade. Já as estruturas convencio-nais em madeira, tipo treliças enta-lhadas ou sistemas pilar-viga, são ge-ralmente isostáticos, podendo ruir seum único elemento falhar.

Esse comportamento estruturaldo wood frame ainda é pouco utili-zado nas estruturas de madeira noBrasil, apesar de ser largamente em-pregado em todo o mundo há muitasdécadas. Por ser pouco utilizado, aatual Norma Brasileira 7190/1997

não apresenta critérios claros de di-mensionamento dessas estruturas,apesar de poder ser utilizada nas veri-ficações dos seus elementos estrutu-rais independentes (ensaios de de-sempenho do sistema construtivoforam realizados pelo IPT (Institutode Pesquisas Tecnológicas do Estadode São Paulo), tais como desempenhoestrutural, segurança ao fogo, es-tanqueidade à água, etc., e seus resul-tados podem ser obtidos diretamentecom os autores desse artigo).

Marcelo de Freitas [email protected]

Guilherme Corrêa Stamato [email protected]

Light wood frame –construções comestrutura leve de madeira

Div

ulga

ção:

Mar

celo

Sac

co

como construir.qxd 5/11/2008 17:42 Page 75

Page 80: techne 140

C O M O C O N S T R U I R

76 TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 2008

Na NBR 7190/1997 são especifica-das dimensões mínimas para os ele-mentos estruturais, que foram defini-das considerando-se a segurança de es-truturas isostáticas de treliças. Porém,essas são impraticáveis em estruturasde wood frame.Por existir repetição deelementos cumprindo a mesma fun-ção, existe a chamada redundância, ouseja, uma redistribuição de esforçoscaso um dos elementos venha a falhar,permitindo a utilização de seções me-nores e otimizando o consumo de ma-deira. Uma analogia grosseira dessecomportamento é a armação de lajesde concreto. É fácil imaginar que, seuma única barra dessa armação falhar,haverá uma redistribuição dos esfor-ços para as demais no seu entorno. Asparedes do wood frame também apre-sentam esse comportamento.

Diante disso, o dimensionamentodas estruturas em wood frame podeser feito utilizando-se critérios denormas de outros países, dentre asquais o Eurocode 5 apresenta basesmais semelhantes à norma brasileira,o que permite utilizá-la complemen-tarmente à nossa.

De forma bastante resumida, o di-mensionamento dessas estruturas con-sidera que as paredes e pisos têm com-portamento de placa e chapa, receben-do cargas tanto no seu plano quantoperpendicularmente a esse.

Os painéis de piso recebem as car-gas de peso próprio e acidentais, per-pendiculares ao seu plano, que são re-sistidas pelas chapas de OSB e vigas I

por flexão simples. As vigas I sãoapoiadas nas paredes, que assim soli-citam os montantes à compressão pa-ralela às fibras. Esses, por sua vez, des-carregam esses esforços no pavimentoinferior ou nas fundações. Por esta-rem fixados às chapas de OSB, essesmontantes não apresentam flamba-gem na menor inércia, sendo verifica-da a instabilidade na maior inércia.

Devido à rigidez das paredes e pisosnos seus planos, o wood frame temgrande capacidade de resistir aos esfor-ços de vento, diferente dos sistemasconstrutivos de casas de madeira utili-zados no Brasil (figura 1). Com os es-forços horizontais, a parede é solicitadaperpendicularmente ao seu plano, re-sultando em esforços de flexão nosmontantes e nas chapas de OSB. Essaparede transfere esses esforços para ospisos inferior e superior, que receberãoesses esforços como carga distribuída.

Para esse esforço horizontal, osmétodos de dimensionamento apre-sentam uma simplificação, conside-rando o piso como uma viga horizon-tal submetida ao esforço de flexãotransferido pela parede. Para tanto, asimplificação transforma o momentoatuante nessa viga em binário de tra-ção e compressão, que devem ser re-sistidos pelos elementos de topo dasparedes, as chamadas cordas, que fun-cionam como mesas dessa viga.A cor-tante que surge nessa viga horizontaldeve ser resistida pelo conjunto for-mado por chapas de OSB e vigas I dopiso, e as ligações entre esses elemen-

tos também são definidas em funçãodessa cortante. Essa viga horizontal depiso distribui as cargas nas paredes la-terais, que então deverão ser dimen-sionadas pelo cisalhamento (por issosão chamadas shear walls).

Nessa situação de shear wall,as liga-ções pregadas entre as chapas de OSB eos montantes deverão resistir ao fluxode cisalhamento aplicado na parede.Os montantes, especialmente os de ex-tremidade dos painéis,ficarão sujeitos àcompressão e tração, impedindo o girodo painel, comportamento tambémauxiliado por ligações adequadas como piso inferior ou com as fundações.

Diante dessa composição de es-forços, o dimensionamento deve serfeito seguindo a combinação dasações peça a peça, podendo entãoconsiderar os critérios de dimensio-namento da NBR 7190/1997 para ve-rificar as peças individualmente.

Essas combinações devem ser feitaspara todos os elementos, observandoque o entendimento claro da distribui-ção interna dos esforços e suas nature-zas são de grande importância para acombinação dos esforços em cada ele-mento. Feitas essas combinações, oscritérios de dimensionamento da NBR7190/1997 podem ser aplicados.

Construção passo-a-passoFundação, pisos e áreas molháveis

Uma boa solução de fundaçãopara esse sistema é o radier (figura 2).

Como a estrutura é bastante leve ecom cargas distribuídas ao longo das

Figura 1 – Esquema do comportamento estrutural do wood frame sob ação do ventoFigura 2 – O radier é uma boa soluçãode fundação

Mar

çal S

anta

na d

a Si

lva

como construir.qxd 5/11/2008 17:42 Page 76

Page 81: techne 140

77

aparelhados,têm seção 38 mm x 90 mm.Esses montantes estão dispostos comespaçamentos entre si que podem serde 40 cm ou 60 cm,modulação essa emconsonância com os tamanhos dasplacas de drywall e de OSB. Cada pai-nel é fechado com duas guias de ma-deira de mesma seção, uma superior e

outra inferior. Após a disposição dospainéis, sobre a fundação ou sobre aplataforma, conformando a planta dopavimento, uma segunda guia de ma-deira é pregada sobre a guia superior,só que essa sobrepõe os encontros depainel, solidarizando-os (figura 6).

Todas as ligações são pregadas. O

paredes, também pode-se utilizar comvantagens a sapata corrida. No piso doprimeiro pavimento, aplicam-se as téc-nicas tradicionais da alvenaria. Nospisos superiores, onde a estrutura dopiso é de barrote de madeira com deckde OSB, considera-se o OSB como umcontrapiso. Podem-se aplicar carpetes,pisos engenheirados, preferencialmen-te flutuantes e com manta intermediá-ria, de forma a garantir isolação acústi-ca a ondas geradas por impactos. Nasáreas molháveis, sobre o OSB, aplicam-se chapas cimentícias de 12 mm coladassobre o OSB (a cola pode ser PVA tipoD3) e parafusadas em um gride de 20cm x 20 cm.Sobre as chapas cimentíciasvai uma impermeabilização do tipomembrana acrílica impermeável (resi-na acrílica com teor de sólidos em tornode 50% + cimento) cuja aplicação éfeita por pintura a frio em três demãoscruzadas (espessura final de 1 mm).Nasjuntas entre placas, bem como nos can-tos com as paredes e ralos, é tambémaplicada uma tela de poliéster ou fibrade vidro como estruturante. Sobre aimpermeabilização, coloca-se o pisofrio com argamassa colante tipo 1 flexi-bilizado com resina acrílica (proporçãode 20 kg/l – figura 3).

Nas áreas muito expostas à água(boxe de chuveiro, por exemplo) re-comenda-se a impermeabilizaçãotambém da placa de drywall (tipoRU) ou chapa cimentícia, com sela-dor acrílico antifungo e pintura de re-sina acrílica pura (figura 4).

Paredes estruturais – wood frameO sistema é composto basicamente

por paredes portantes que são o supor-te para a primeira plataforma ou piso.O conceito é de que a plataforma travaos apoios e faz o contraventamento ho-rizontal da estrutura.A partir daí novospainéis de paredes portantes são levan-tados sobre a plataforma e,assim suces-sivamente, até o telhado, podendousualmente serem construídas obrasde até quatro pavimentos,sem mudan-ças muito significativas no métodoprescrito (figura 5).

Os painéis de paredes são compos-tos por montantes verticais de madei-ra com seção típica de 2" x 4" que,após

Figura 3 – Aplicação de chapacimentícia sobre OSB

Figura 4 – Boxe de chuveiro comdrywall RU e pisobox

Figura 5 – Esquema de montagem

Foto

s: M

arce

lo S

acco

como construir.qxd 5/11/2008 17:43 Page 77

Page 82: techne 140

C O M O C O N S T R U I R

78

prego, apesar de parecer um elementoprimitivo, é um ótimo sistema de fixa-ção, especialmente quando pregado deforma não-perpendicular à superfície,tornando a ligação mais resistentequanto ao arrancamento. No sistemade wood frame são utilizados pregostipo ardox ou tipo anelado que tam-bém dificultam o arrancamento, espe-

cialmente em madeiras macias como opínus. Os pregos deverão ser sempregalvanizados a fogo,uma vez que deve-rão ter longa vida de serviço.Há algunsoutros sistemas de galvanização quegarantem o mesmo tipo de desempe-nho. Como regra sugerimos que se ob-tenha, do fabricante, uma garantia demil horas em teste de salt spray.

A madeira utilizada no sistema de woodframe é o pínus. Na América do Norte asigla SYP (Southern Yellow Pine) designavárias espécies de pínus de rápidocrescimento, dentre os quais o elliottii e otaeda, que são duas das espécies maisplantadas no Brasil. Assim como na partesul dos Estados Unidos, no Brasil amadeira de pínus precisa passar porprocesso de tratamento em autoclave,para ficar imune ao ataque de cupins. Porser uma conífera, tipo de árvore que,quando jovem, não tem cerne, o seu lenhoé totalmente permeável ao tratamento, oque não ocorre com a maioria de nossasmadeiras nativas e com o eucalipto, quesão folhosas (a exceção é o pinho doParaná ou araucária, cujo corte éproibido). O tratamento em autoclave maisrecomendado para o uso em wood frame éo que utiliza produtos hidrossolúveis, emespecial o CCA tipo C óxido. As normas

A madeira para uso como wood frameinternacionais recomendam retençãomínima de 4,0 kg de I.A. /m3 (I. A. =ingrediente ativo) para as madeirasutilizadas protegidas de intempéries. Esseé o caso da maioria das peças utilizadas nowood frame. A exceção são as peças quevão em contato direto com a fundação deconcreto ou em contato com umidade.Nesse caso a recomendação de norma éde no mínimo 6,5 kg I. A./m3.A produção de pínus no Brasil é umaatividade comercial formal e está presenteem todos os Estados das regiões Sul,Sudeste e Centro-oeste, além da Bahia,sendo, portanto, uma base florestalimportante para considerar o sistema dewood frame sustentável do ponto de vistade atendimento de demanda. A produçãode madeira e o tratamento em autoclavetambém são atividades com baixasbarreiras de entrada, o que permite que oPaís tenha uma produção descentralizada

e sustentável ao longo do tempo. Há noPaís vários centros educacionais que têmem suas estruturas curriculares, degraduação ou pós graduação, disciplinasvoltadas à formação de profissionais paraa área, como os cursos de EngenhariaIndustrial Madeireira das universidades:Unesp de Itapeva (SP); Federal de Pelotas(RS); Federal do Espírito Santo, em Alegre(ES); ou os cursos de Engenharia Civil daUSP de São Carlos (SP) e Federal de SantaCatarina (Florianópolis). Há ainda cursosde formação de técnicos em edificaçãocom conhecimentos em wood frame,oferecidos pelo Centro Paula Souza emalgumas cidades do Estado de São Paulo.Além disso, com a recente crise nomercado imobiliário norte-americano,muitos brasileiros que lá trabalhavam nosetor da construção civil estão retornandoao Brasil e podem suprir uma demandacrescente por esse tipo de profissional.

Sobre os painéis estruturais (po-dem haver painéis não-estruturais quenão são considerados para o apoio dosbarrotes e que podem ser removidosem uma reforma, por exemplo), sãodistribuídos barrotes de madeira comseções que podem variar de 40 mm x185 mm a até 60 cm x 250 cm (figura 7)e também como opção para vãos maio-

Figura 6 – Travamento entre painéisde parede

Figura 7 – Barroteamento de piso econtrapiso de OSB

Figura 8 – Barroteamento utilizandovigas I de madeira

TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 2008

Mar

celo

Sac

co

Mar

celo

Sac

co

como construir.qxd 5/11/2008 17:43 Page 78

Page 83: techne 140

79

res com até 8 m de comprimento pode-se utilizar as vigas I de madeira (figura 8).O espaçamento entre barrotes é usual-mente de 40 cm podendo eventual-mente ser de 30 cm (depende da cargade piso).A disposição dos barrotes devecoincidir com o posicionamento dosmontantes do painel de parede que dásuporte a esse piso, logo se presume queonde há mais de um piso, o piso debaixo deverá ter os montantes espaça-dos em 40 cm e apenas o último pisoterá os montantes espaçados em 60 cm.Sobre o barrote é feito um deck de OSB(Orinteded Strand Board) ou compen-sado naval (no Brasil só há um fabri-cante de OSB, que o fornece em váriostipos). O modelo utilizado para usosperenes é o tipo home, que contém cu-pinicida na resina; no caso dos com-pensados, deve ter cola fenólica e sertratado em autoclave com as mesmascaracterísticas do pínus (ver quadro).As placas de OSB devem ser dispostastransversalmente em relação aos barro-tes – assim têm resistência maior à fle-xão no maior sentido.

Para aberturas de portas e janelas,os montantes que se encontram na re-gião devem ser deslocados lateral-mente, jamais eliminados. Além dosmontantes acumulados nas laterais,deve ser incluído mais um, com a al-tura da abertura (2,15 m, por exem-plo) para que sirva de apoio para asvergas. Na parte inferior devem sercolocados ainda mais dois pedaços demontantes com 38 mm a menos que aaltura inferior da abertura, de formaque receba mais uma peça de mon-tante horizontal. Nos vãos inferiores esuperiores da abertura devem ser co-

locados pedaços de montantes deforma que mantenham o espaçamen-to padrão de 40 cm ou 60 cm e sirvamde apoio para as placas, sejam de dry-wall, sejam de OSB (figura 9).

O contraventamento vertical daestrutura é feito com a fixação de pla-cas de OSB nas faces externas da pare-de e, eventualmente, em alguma pare-de interna (figura 10).

RevestimentosAs paredes externas podem ser

revestidas com vários sistemas, desdesidings de madeira, aço ou PVC, queforam desenvolvidos especificamen-te para o sistema, mas também pode-se utilizar tijolo aparente, argamassaarmada (figura 11) ou placas cimen-tícias, que dão um acabamento simi-lar à alvenaria (figura 12).

O conceito do sistema de fechamen-tos é que para cada item de desempenhohá um elemento específico: montantesde madeira são a estrutura, chapa deOSB no lado externo é contraventa-mento e suporte para revestimento,

manta de impermeabilização garante aestanqueidade do sistema e o revesti-mento tem a função de proteger das in-tempéries (especialmente ação do sol) eatender requisitos da arquitetura (figura13). Do lado interno, a placa de drywallgarante acabamento e excelente desem-penho acústico, reforçado pela lã mine-ral que pode ser ou não colocada no in-terior da parede para a obtenção de de-sempenhos específicos no que tange aoisolamento térmico e acústico (figura14). Como se vê, trata-se de um sistemaaberto e muito adequado para se tirarpartido da nova norma de desempenhoNBR 15.575 – desempenho esse queserá determinado de acordo com acomposição dos vários materiais e docusto que se define como parâmetro.

TelhadosSobre as paredes portantes do últi-

mo piso são aplicadas treliças pré-in-dustrializadas, e seu espaçamentopode ser a cada 60 cm ou 120 cm, de-pendendo do tipo de telha a ser utili-zado (figura 15).

Figura 9 – Painéis externos comaberturas de janela

Figura 10 – Contraventamento externocom chapas de OSB

Figura 12 – Fachada com revestimentode chapa cimentícia, antes do acabamento

José

de

Jesu

s Ro

bles

José

de

Jesu

s Ro

bles

Mar

celo

Sac

co

Prego de fixaçãoManta de barreira hidráulica

Placa de OSB 12 mmIsolamento termoacústico

com lã mineral

Montante demadeira tratada

Tela metálicaChapiscoArgamassa

Guia

Acabamento

Fundação

Figura 11 – Seção transversal de parede externa

como construir.qxd 5/11/2008 17:43 Page 79

Page 84: techne 140

C O M O C O N S T R U I R

80 TÉCHNE 140 | NOVEMBRO DE 2008

Marcelo de Freitas Saccoarquiteto formado pela FAU-USP, comespecialização em Administração deEmpresas pela FGV-SP, diretor da PreservamPreservação de Madeiras Ltda. [email protected]

Guilherme Corrêa Stamatoengenheiro civil formado pela USP-SãoCarlos, mestrado e doutorado emestruturas de madeira pelo Lamem-USP-São Carlos e diretor da Stamade Projetose Consultoria em Madeira [email protected]

LEIA MAIS

NNoorrmmaass ppaarraa OOrriieennttaaççããoo ddee PPrroojjeettoossee EEssppeecciiffiiccaaççããoo ddee MMaatteerriiaaiiss Standard U1-08 (especificaçãopara uso de madeira tratada).American Wood Protecting Association.

BS EN 351-1:2007 – Durability ofWood and Wood Based Products.Preservative-treated solid wood.Clssification of preservativepenetration and retention.

NNoorrmmaa nneeoozzeellaannddêêssaa NZS 3602: 2003 – Timbertreatment: Summaryinformation from NZS 3602:2003 Timber and Wood-basedProducts for Use in Buildings.

NNoorrmmaa AAuussttrraalliiaannaa AS 1604 – 2006 series.Specification for preservativeTreatment (5 parts).

As normas Americanas e Européiassão mais tradicionais pela influênciacultural e de tradição de uso. Já asoutras duas normas são importantespor serem de países com condiçõesclimáticas mais similares ao Brasil,além de serem dois países cujaindústria de preservação demadeiras é muito respeitada emtermos mundiais.

NNoorrmmaass bbrraassiilleeiirraass NBR 8456 – Postes de EucaliptoPreservado para Redes deDistribuição de Energia Elétrica NBR 8457 – Postes de EucaliptoPreservado para Redes deDistribuição de Energia Elétrica –Dimensões NBR 9480 – Mourões de MadeiraPreservada para Cercas NBR 7190 – Projeto de Estruturas deMadeira NBR 7511 – Dormentes de Madeira– Requisitos e Métodos de Ensaio NBR 6236 – Madeira para Carretéis,para Fios, Cordoalhas e Cabos NBR 6232 – Poste de Madeira –Penetração e Retenção de Preservativo

No caso de telhas tipo shingle, quedemandam um deck de OSB para servirde base sobre as treliças, o próprio deckfunciona como contraventamento ver-tical. No caso de telhas cerâmicas ou deconcreto, são utilizadas apenas as ripasdiretamente sobre as treliças, tomando-se o cuidado de aplicar a manta de sub-cobertura antes do ripamento (apenaspara garantia de estanqueidade). Nessecaso o contraventamento é feito comsarrafos em forma de X entre os ponta-letes das treliças.Sob as treliças,são pen-durados transversalmente os suportesde madeira ou metálicos para fixaçãodo forro de drywall (o banzo inferiordas treliças não deve servir de referênciade nível para a aplicação do forro). Op-cionalmente,pode ser aplicada lã mine-

ral sobre o forro (figura 16). No caso datelha tipo shingle (asfáltica) a lã é obri-gatória para garantia da isolação térmi-ca do sistema.De um jeito ou de outro éaltamente recomendável manter umaboa ventilação no forro, tanto nos bei-rais como na cumeeira (entrada de arfrio/saída de ar quente).Quando se uti-lizam telhas cerâmicas, que natural-mente têm frestas e permitem boa ven-tilação, aberturas de cumeeira podemser desnecessárias desde que a manta desubcobertura permita essa respiração.Como referência prescritiva, recomen-da-se que o vazio total das aberturas nosbeirais seja de, no mínimo, 1/150 daárea de projeção total do telhado.

Figura 15 – Treliças de madeira pré-industrializadas travam a estrutura

Figura 16 – Lã mineral aplicada sobo forro

Mar

çal S

anta

na d

a Si

lva

José

de

Jesu

s Ro

bles

Mar

çal S

anta

na d

a Si

lva

Figura 13 – Revestimento de siding demadeira sobre manta impermeável

Mar

celo

Sac

co

Mar

celo

Sac

co

Figura 14 – Aplicação de lã mineral nointerior da parede

como construir.qxd 5/11/2008 17:43 Page 80