tempos medievais

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Ano 1 Número 1 Director: Egas Capitão Um jornal que vale por si. Não serão oferecidos quaisquer brindes para aumentar a tiragem (vá, se calhar, somos capazes de dar uma carroça ou algo do género, quando as vendas começarem a correr mal). A população está contra mas... Dinis vai erguer Pinhal em Leiria (págs. 8 e 9) Rainha Isabel já está em Portugal (pág. 3) Segunda-Feira, 10 de Julho de 1330 Especial Desporto Batalha de Alvalade - Dinis Vs Afonso Quem sairá vencedor? (págs. 6 e 7) E ainda... Carolina de Odivelas revela os segredos do Rei, no seu livro “Eu Concubina” (pág. 11) Habilite-se a uma fabulosa peregrinação. Veja como na última página. (pág.14)

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Page 1: Tempos Medievais

Ano 1 Número 1 Director: Egas Capitão

Um jornal que vale por si.

Não serão oferecidos quaisquer brindes para aumentar a tiragem (vá, se calhar, somos capazes de dar uma carroça ou algo do género, quando as

vendas começarem a correr mal).

A população está contra mas...

Dinis vai erguer Pinhal em Leiria (págs. 8 e 9)

R a i n h a Isabel já está em Portugal

(pág. 3)

Segunda-Feira, 10 de Julho de 1330

Especial Desporto

Batalha de Alvalade- Dinis Vs Afonso

Q u e m s a i r á vencedor? (págs. 6 e 7)

E ainda...Carolina de Odivelas revela os segredos do Rei, no seu livro “Eu Concubina” (pág. 11)Habilite-se a uma fabulosa peregrinação. Veja como na última página. (pág.14)

Page 2: Tempos Medievais

x Tempos Medievais Segunda-Feira, 10 de Julho de 1330

Para quem está farta de esperar que o príncipe encantado apareça à janela

Garantimos:- Preparação desde os 5 anos de idade- Colocação Imediata

Inscreve-te Já!

Escola de Noivas

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Sempre fui muito acarinhado entre as mulheres. O meu

costume de lhes levantar o chapéu como cumprimento é reconhecido em toda a aldeia. No entanto, recentemente tenho-me deparado com um problema, que a este hábito diz respeito: tenho o chapéu colado à cabeça e não o consigo levantar para cumprimentar as ditas senhoras, o que tem feito baixar (e muito!) os meus níveis de popularidade. O pior de tudo é que estamos em Janeiro e ainda faltam 6 meses para o banho anual de Julho. Que posso eu fazer?

Anastácio BerbigãoRua do Água Vai, nº3

R: Vejo que o meu amigo é um galã, preocupado com a imagem que passa aos demais. O meu conselho: deixe-se disso! Afinal, estamos na Idade Média, deixe as delicadezas para os Renascentistas. Sugiro

que, de cada vez que alguma senhora passe por si, lhe dê uma valente cacetada na cabeça e, em seguida, carregue-a para sua casa. Verá que assim consegue obter muito mais que um simples “Bom Dia”. Além disso, os respectivos maridos

pagarão bom dinheiro para reaver as suas esposas (ou não). Quanto ao chapéu, não se preocupe, pois estando colado à cabeça, mantém a integridade dos seus piolhos, que assim não se misturam com os de outras cabeças.

Caro Cavaleiro Andante, reparei que nas pinturas que

temos hoje em dia, as pessoas parecem maiores que as casas, e não se consegue perceber quando um objecto está mais próximo, ou quando está afastado. Pode explicar-me porque é que isto acontece?

Gabriel PensadorRua Nova, nº13

R: Hum… esta carta tem um ligeiro aroma a heresia. Aconselho-o a ficar em casa, e não falar a ninguém sobre esse assunto. Alguém irá ter consigo para lhe resolver o problema.

Tem algum problema, e não sabe o que há-de fazer? Escreva ao Cavaleiro Andante, que ele dá-lhe a solução.

O Cavaleiro Andante

- Castelo, pronto a habitar. Grande área para feudo, com muitos aldeões dispostos a oferecer obediência cega ao seu senhor. Pequenas fracturas na muralha principal, e alguns problemas na barbacã, devidos a recente invasão. Os interessados terão apenas de conseguir tirar os invasores de lá.

- Palhota no centro de Lisboa. Fabuloso negócio. Sem grandes acabamentos mas com uma população de ratos que poderá servir de alimento nas horas mais difíceis. O tapete de palha e um buraco no chão proporcionam excelentes condições sanitárias. Motivo: os antigos proprietários morreram (estranhamente) de peste.

- Gruta. A melhor habitação possível. Esculpida por Deus à altura da Criação. Acabamentos divinos. Fresca no Verão, e um pouco mais no Inverno. Bom refúgio para depois de uma pilhagem.

Classificados

Pessoal

Page 3: Tempos Medievais

xTempos MedievaisSegunda-Feira, 10 de Julho de 1330

Chegaram ao fim os dias de liberdade do Rei. Depois de dois anos de difícil negociação, Isabel atravessou finalmente a fronteira para ser desposada por Dinis. Trancoso foi o local escolhido para a cerimónia oficial, uma vez que os dois já tinham casado pelo civil, no ano passado, em Barcelona.

Dinis seguiu a tradição e encetou um namoro à moda antiga. Pri-

meiro, em 1280, a visita de uma embaixada portuguesa a Aragão, que avaliou o po-tencial de Isabel como futura rainha dos portugueses. Aí, ocorreram as primeiras trocas de olhares cúmplices, quer entre Dinis e Isabel, como entre Pedro III de Aragão (Pai de Isabel) e a bolsa do nosso monarca. Em seguida, os Aragoneses, desconfia-dos como sempre, enviaram por sua vez uma embaixada a Portugal, para ver se Dinis era mesmo o rei cá do sítio.

Com tudo certo para a jo-vem encarnar o papel de Rai-nha de Portugal, faltava ape-nas definir o dote. O monar-ca português não se poupou

a esforços e ofereceu 3 vilas e 12 castelos (ver caixa). Valores nunca antes vistos, que fazem de Isabel a transferência mais cara de sempre entre as duas nações. O Rei está confiante no desempenho da Rainha, de quem julga “ter potencial para convencer os Portugue-ses de que é a melhor solução para o Reino”.

No entanto, a dimensão dos valores e a idade da jovem, alimentam alguma polémica entre o povo luso: “Não sei se ela se vai adaptar. Já não vai para nova, e isto de ser Rainha tem muito que se lhe diga. Se tivesse 5 ou 6 anos, era mais fácil aprender os nossos cos-tumes, mas estes pirralhos de 11 anos já costumam ter von-tade própria, são mais díficeis de vergar” afirmou Beatriz Cotovia, mexeriqueira da al-deia, ao Tempos Medievais. Já para Afonso Maltrapilho a preocupação recai no valor do dote “Há muita menina formada cá em Portugal, com capacidade para representar as melhores casas da nobreza europeia. Bastavam as 3 vilas para o Rei desposar qualquer uma delas. Mesmo assim re-solveu apostar no estrangeiro, e eu acho que por esse preço, é bom que ela faça milagres.”

Para ver os milagres ainda teremos de esperar um pou-co, pois para já Isabel tem

muito que festejar em Tran-coso. Ou não, pois a Rainha confidenciou-nos estar um pouco desapontada com o local escolhido para a boda: “Esperava algo mais paradi-síaco. Trancoso é quase tão frio como os Pirinéus, mas dez vezes mais feio. Para cado lado que olhe só vejo granito. Gostava que o Dinis

me tivesse levado ao Algarve, mas parece que aquilo está complicado com os mouros.” E aproveita para deixar um aviso ao Rei ”É bom que ele se esforce muito mais quan-do tiver de me contar sobre algum bastardo.”

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- Vilas: Abrantes, Óbidos, Porto de Mós- Castelos: Vila Viçosa, Monforte, Sintra, Ourém, Feira, Gaia, Lamoso, Nóbrega, Santo Estêvão de Chaves, Monforte do Rio Livre, Portel e Montalegre

A partir de agora, quem manda, é a Rainha!

Habemus nobiam!Trancoso é o palco da cerimónia oficial

“Continua a olhar para ela assim e ainda levas um estalo” diz Isabel.

À atenção dos habitantes de:

Notícias do Reino

Page 4: Tempos Medievais

x Tempos Medievais Segunda-Feira, 10 de Julho de 1330

A Igreja está habituada a mostrar o caminho para a salvação. Agora,

mostra também o caminho para uma barriga cheia.

O Padre António Esperto lidava diariamente com os malefícios da fome na sua paróquia. Até ter uma ideia, no seu entender, brilhante: começarmos a comer terra. “A lógica é simples: praticamente tudo o que comemos vem da terra, ou seja, alimenta-se da terra. Se comermos terra, estamos só a atalhar caminho.”

A população da paróquia de António aderiu à moda, tendo a terra passado a fazer parte dos menus de cada casa. Os relatos dos cidadãos são elucidativos quanto à qualidade do alimento: “É uma boa solução. Juntando um bocado de água faz-se

uma bela sopa, que fica ainda mais saborosa se apanharmos um bocado com minhocas”; “A minha Maria já inventou

umas migazinhas de xisto com terra de uma antiga plantação de couves, que só visto!”

Mas a ideia não se esgota na mesa do povo. Está prevista a construção de um restaurante orientado para as classes mais altas. O “Chez Terre”, vai satisfazer as necessidades mais exigentes dos fidalgos portugueses, através das suas iguarias: terra “glacé”, terra

com especiarias, e o especial da casa, terra “flambé”.

Aos relatos de que algumas pessoas já se sentiram mal por utilizar a solução proposta, o que poderá por em causa a qualidade da terra como alimento, António Esperto responde com a defesa inabalável: “É porque eram gente de má rês, e Deus assim o quis.”

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“Comam terra!”Alimento “alternativo” conquista cada vez mais adeptos.

Academia do Saber Curso de Português

Essencial, agora que é a língua oficial do reino.

Já sabe Português?Então, aprenda Espanhol!

Útil para transmitir às gerações vindouras, porque um dia, algum familiar seu irá ser

governado pelos Filipes.

Não sabe quem são os Filipes?Então, tente o nosso novo curso de

Futurologia!E fique a saber tudo o que aí vem. As maio-res catástrofes, as revoluções políticas e até

a hora em que irá falecer!

Inscreva-se Já!

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Peste negra, crises de fome, falta de condições de higiene e uma esperança de vida miserável são alguns dos problemas em viver na Idade Média. “Só para quem tem pensamento negativo” diz-nos Afonso Mata, nobre português, que vê as calamidades do nosso tempo como benesses para a vida dos que ficam. “Temos espaço para dar e vender. Antigamente tinha de ordenar o território para cultivo, arbitrar guerras entre agricultores e às vezes, até me via obrigado a matar um ou dois para solucionar o problema. Agora não tenho chatices, os que sobrevivem

estão tão fracos com a fome que nem sequer falam.”

Depois da última crise de fome, o senhorio de Afonso perdeu quase toda a sua população, passando de 300 habitantes, para apenas 50. Algo que o senhor até vê com bons olhos: “tenho campos a perder de vista, posso dinamizar a agricultura. As ruas da aldeia também estão muito mais limpas, pois sempre são menos 250 baldes despejados pelas janelas, diariamente. Que venham mais doenças e pragas, que quanto mais calamitosas, melhor!”

Portugueses vivem à larga

A terra marca presença nas mesas dos lares portugueses.

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Notícias do Reino

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xTempos MedievaisSegunda-Feira, 10 de Julho de 1330 5

Por ordem do Rei, os documentos oficiais do Reino vão começar

a ser redigidos em Português, em detrimento do latim. Es-queçam os Ad libitum, os Cogito ergo sum e os Gloria in excelsis Deo, porque com o Dinis, não há mais latins!

E realmente, se somos por-tugueses, porque deveríamos escrever em latim? Porque desde o Império Romano as-sim acontece? Tretas!! Já nos basta termos ficado com a Santa Madre Igr… (Nota do jornal: o escriba que redigia este texto teve de ir conversar com uns senhores encapu-zados. O texto seguirá, sem anomalias, nem atentados fúteis ao pilar que sustenta a nossa existência).

Apesar da contestação (completamente legítima) da Igreja, o Português vai ser mesmo a língua oficial. O nosso Rei aposta na língua como factor de união entre

os portugueses: “É a melhor opção. Nem eu, que até es-crevo umas cantigas, perce-bo o latim, o que dificulta a gestão do reino. Que sentido tem falarmos uma língua, se escrevemos noutra? Agora vai tudo em Português.”

“É uma má opção” contra-põe Sancho Bojudo, padre de Lisboa. “Os populares estão habituados a ouvir a mis-sa em Latim e, embora não percebam nada, vão para casa felizes. Se a disser em Portu-guês, eles até são capazes de começar a discutir a homilia na praça pública. E isso pode ser perigoso...”

Os juízes também ficaram apreensivos com a decisão do Rei. Argumentam que o por-tuguês vai “tirar toda a pia-da à advocacia”. Vasco Mão Firme, juiz do Porto, explica porquê: “Com o latim pos-so, por exemplo, dizer a um acusado de homícidio que ele vai ser condenado a Impo-

tentia Generandi, e provocar a risota na sala, sem que ele perceba o que se está a pas-sar. Estas pequenas pérolas do direito vão perder-se por completo com a adopção do vernáculo.”

O latim é uma língua difí-cil, dominada apenas por um

pequeno grupo de pessoas, uma elite, que acaba por in-fluenciar os destinos do Rei-no. Com esta mudança, os documentos poderão ser de-cifrado por: o mesmo grupo de pessoas que já os decifrava em latim!

Português é a nova língua oficial do ReinoE é para manter ad infinitum!

Monges vão passar a escrever em Portugês

Notícias do Reino

Tempos MedievaisDirector: Egas Capitão

Sub-Director: Alberto Resende

Chefe de Redacção: Júlio Matos

Editor: Alfredo Navegante

Jornalistas: Pêro Curto, Vasco Sameiro, Aurélio Canhoto, Edgar Cavaleiro

Paginador: Epistémio Salvador

Retratista: Carlos da Silvaijkl

Page 6: Tempos Medievais

x Tempos Medievais Segunda-Feira, 10 de Julho de 1330

Animem-se os aprecia-dores de uma boa cha-cina! Está a chegar o dia do grande embate entre as tropas do Príncipe herdeiro D. Afonso e as do Rei D.Dinis. O lo-cal escolhido é Alvala-de, por isso, marquem já o lugar e preparem o farnel, que o espectá-culo promete…

As tropas de Afonso es-tão com a motivação em alta. A campanha

já vai longa, mas os soldados não mostram sinais de cansa-ço. Especialmente depois da vitória sobre o infante caste-lhano D.Filipe que, conven-cido que ninguém dava por ele, tinha resolvido cercar Badajoz. Dinis delegou no seu filho Afonso o papel de resolver a situação. O prín-cipe português ainda tentou com bons modos, mas os cas-telhanos são duros de ouvido, e Afonsinho marchou sobre a vila. O espanhol fugiu. “Foi a vitória mais fácil da minha vida. Nem sequer tivemos de combater. Só que os soldados estavam à espera de mais e começaram a exigir sangue. Não tive outra opção senão ordenar que marchássemos

sobre Lisboa. Não foi uma decisão fácil, mas a verdade é que não havia mais ninguém com quem guerrear nas ime-diações.” contou Afonso ao “Tempos Medievais”.

Apesar de se desculpar com a vontade das tropas, a ver-dade é que Afonso, primeiro filho de Dinis, há muito que sonha com o trono. Um so-nho que o Rei não quer res-

peitar, pois no seu testamento colocou um dos filhos bastar-dos, Afonso Sanches, como primeiro na linha de suces-são. “Não posso dizer que me tenha deixado satisfeito ser preterido em favor de um bastardo. Sempre me esforcei por ser um bom filho, mas parece que o meu pai não está de acordo. É, com certe-za, demência provocada pela

idade. Pelos padrões da épo-ca, ele já nos está a dever uma morte há 10 anos. Eu só vou fazer com o que o ciclo na-tural se complete. Em relação à batalha propriamente dita, só espero não vir a perder por culpa de um árbitro caseiro, que ao mínimo arrancar de olhos interrompa a partida. Tirando isso, estou plena-mente confiante nas capaci-dades dos meus pupilos para chegarmos à vitória.”

A idade de Dinis já é avan-çada, e o monarca deveria estar a gozar uma merecida reforma. Nos últimos tempos surgiu o rumor de que tem estado acamado, o que pode-rá facilitar a tarefa do Prín-cipe Afonso. Fragilizado pela doença, o Rei pode não ter grandes hipóteses. Mas no campo de batalha, não é só a força que conta, e no domínio táctico, Dinis poderá levar a vantagem. Mesmo assim, o seu discurso é cauteloso: “O adversário está com a moral alta, e nós aparentamos estar uns furos abaixo em termos de forma. Do nosso lado te-mos a vantagem de jogar em casa e da experiência adqui-rida ao longo de 50 anos de batalhas. Pode faltar-nos a frescura da juventude mas, no campo, são 500 contra 500, e tudo pode acontecer.”

E o que será que vai aconte-cer, continuaremos a ser go-vernados por Dinis até à hora da sua morte, ou será que va-mos ter Afonsinho no trono antes do tempo? Teremos de aguardar até ao fim do com-bate para descobrir.

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Há luta pelo tronoD. Afonso parte ao ataque e D.Dinis não vai dar o trono de graça

Uma pequena amostra do que poderemos encontrar no campo de Alvalade.

Desporto

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xTempos MedievaisSegunda-Feira, 10 de Julho de 1330 7

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“...temos a vantagem de jogar em casa e da experiência adquirida ao longo de 50 anos de batalhas.”

“Só espero não vir a perder por culpa de um árbitro ca-seiro, que ao mínimo arrancar de olhos interrompa a par-tida.”

A sua figura frágil e algo enfeminada pode dar a ideia de que é um cobarde sem grande aptidão para o combate. E quem pensar assim não anda longe da verdade. Carlos é mesmo cobarde, mas a sua cobardia tem-lhe garantido a sobrevivência durante a campanha do Príncipe Afonso, rumo ao trono. Esquivo, costuma esperar pelo primeiro embate entre as tropas, para depois atacar com o seu cutelo e reduzir os adversários a bifes da vazia, iscas e bifes da pá. Ninguém desmancha um soldado como ele.

Temeroso guerreiro, Elias perdeu o olho numa disputa doméstica, quando tentava demonstrar à mulher que a faca é o melhor utensílio para levar a comida à boca.Rápido a entrar pelos flancos, estraçalha as defesas inimigas numa questão de segundos. A graciosidade no manuseamento da espada e o seu papel nas transições ofensivas são gabados em campos de batalha pela Europa fora. A sua voz de comando é muito respeitada no seio das hostes de Dinis, e tem sido uma força determinante no sucesso das campanhas do Rei. No entanto, o facto de só ver metade do campo de jogo pode colocar em causa o seu desempenho como distribuidor de pancada.

Carlos Medroso, O Talhante de Boticas (D.Afonso)

Elias Esmaga-Tudo, O General Sem Olho (D.Dinis)

D.Dinis

D.Afonso

As Figuras

Desporto

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x Tempos Medievais Segunda-Feira, 10 de Julho de 1330

O Rei planeia plantar um pinhal em Leiria, mas não parece que vá ter vida fácil. Ainda nem começaram a ser colocadas as sementes, e já a população se revolta contra uma obra que, no entender dos habitantes “vai roubar toda a qualidade de vida nas redondezas.

A proposta do monarca tem em vista a

plantação de um pinhal na zona oeste do Reino, que segundo Dinis “…é uma obra de grande envergadura, que vai enaltecer o espírito da nação portuguesa. Todos os grandes países já têm um, e nós não podemos ficar atrás. Daqui a uns tempos começam os Descobrimentos, e eu estou confiante que, desta vez, vamos bater os espanhóis. Sem o pinhal, como é que querem fazer uma caravela que seja?”Só que os moradores

não se enternecem com a história dos D e s c o b r i m e n t o s . Consideram até que é rídiculo estar a pensar em fazer navios para navegar o mundo “Toda a gente sabe que a Terra é plana, vamos estar a

navegar para o precipício. Se Deus quisesse que fôssemos marinheiros e andássemos às voltas pelo mar, tinha-a feito redonda, ou algo que valha.”E não são só os mo-

radores a sentirem-se afectados pela ideia de El-Rei. Ao que pare-ce, o pinhal terá gran-de impacto nos sectores turístico e imobiliário, o que motivou vários ope-radores turísticos e em-preiteiros a juntarem-se à população no protesto. Estes profissionais cla-mam que o pinhal “vai acabar com o turismo na região”, e ao mesmo tempo, “aumentar a di-ficuldade em convencer quem cá vive a comprar casa”. Adalberto Fajão, empreiteiro leiriense, dá voz ao descontenta-mento: “As pessoas vão deixar de vir aqui passar férias. Neste momen-to, para chegar à praia basta atravessar meia dúzia de quilómetros a pé. Com as árvores pelo meio demoramos o dobro do tempo. As pessoas vão começar a ir para o Algarve, onde podem morrer às mãos dos mouros, mas não é preciso andar tanto para ver o mar. Vai devastar o nosso turismo. (...) Do sector imobiliário então, nem se fala! As nossas cabanas costumam ter algumas infestações de ratos, palha suja como

alcatifa e poucas (ou nenhumas!) aberturas que permitam a circula-ção do ar. Se juntar o pó dos pinheiros e não tiver uma vista marítima para contrapôr, é uma sorte se conseguir dar um buraco a alguém, quanto mais

vendê-lo!”Com tantos opositores

a tarefa do Rei torna-se cada vez mais ingrata. No meio de toda a contestação, Dinis conseguiu reunir o apoio de apenas uma pessoa (ver caixa), enquanto o nú-mero de apoiantes do Não

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O pinhal da discórdiaEspírito vanguardista do Rei não agrada à população

“Agora ainda estão quase do nosso tamanho, mas esperem até eles crescerem”

Destaque

Page 9: Tempos Medievais

xTempos MedievaisSegunda-Feira, 10 de Julho de 1330

cresce a olhos vistos. As ra-zões levantadas pelos habi-tantes e profissionais da zona são fortalecidas pelo sonho de um vidente: “Entre os sé-culos XX e XXI (embora as obras possam arrastar a coisa até ao séc.XXII) vai ser cons-truído em Portugal um gran-

de monumento ao progresso: o Aeroporto da OTA! Com os pinheiros plantados na zona, os aviões vão embater neles ao descolar. Só à con-ta de remover os pinheiros, os governantes da época vão gastar metade do orçamen-to.” conta-nos Arlindo Adi-vinha-Tudo. E explica: “Um aeroporto é um sítio para aterrar aviões. Os aviões são umas máquinas que permi-tem que o homem voe. Na altura, governar os mares vai ser coisa do passado, e tere-mos de estar preparados para governar os céus.”

Instado a comentar a pre-visão do vidente, o monarca recorre ao eufemismo: “É um imbecil! E por isso é que temos medidas para pessoas como ele! Eu sou um ho-mem sensato, e até acredito que exista algum fundamen-to nas queixas sobre o efeito no turismo e na habitação. Agora, acreditar que existirão máquinas para voar? A única coisa que vejo a voar nos pró-ximos tempos é esse vidente, e vai ser em forma de cinza!” E termina “o pinhal vai para a frente, e acabou!”.

De todas as pessoas com quem falámos, apenas uma parece querer apoiar Dinis na sua demanda pelo cultivo dos pinheiros: “Há muito que esperava que um Rei tomasse uma decisão destas. Um grande pinhal, verdinho, com

muita sombra, animaizinhos a brincar…” conta-nos entusiasmado, Jacinto Chama Acesa, carpinteiro de profissão e incendiário por vocação. “Apoio porque acho que vai ficar muito bonito quando estiver a arder. Nem

sei de que se queixam os habitantes. Dêem-me um Domingo de Agosto, duas pedras e um pau, e só têm de trazer o porco no espeto para fazermos um belo churrasco!”

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O único apoio do Rei

Caravela. É numa barcaça destas, com aspecto de casca de noz, que Dinis espera que dominemos o mundo.

“Agora ainda estão quase do nosso tamanho, mas esperem até eles crescerem”

Destaque

Page 10: Tempos Medievais

x Tempos Medievais Segunda-Feira, 10 de Julho de 133010

Agostinho Burrinho está estupefacto com a sua descoberta: a

Igreja anda a controlar as nossas mentes!

Os primeiros indícios de suspeição que levaram o lenhador a questionar os métodos da Igreja, surgiram enquanto assistia ao relato de um milagre. Nesse relato, descrevia-se um dos milagres de São Vicente, que libertou um monge cisterciense maiorquino do cativeiro sarraceno. O monge tinha vindo a Lisboa agradecer ao Santo, e a Igreja prontamente lhe organizou uma recepção. Mas com um toque de classe…

“Eu estava a ver o relato e reparei em algo que me pareceu estranho. O monge assistia ao evento algemado e agrilhoado.” E foi aí que teve a ideia de questionar a autoridade da Igreja? “Não foi bem aí. Ainda fui para casa e andei um ou dois anos a pensar nisto. Só depois é que percebi: eles andam a manipular as nossas cabeças. Tudo o que fazem tem um efeito subliminar, que nos força a seguir os seus ensinamentos, sem os questionar. Já reparou que as catedrais são dos maiores edíficios que temos?”.

Contactado por nós, o monge Rodrigo Beato refutou

as afirmações “infundadas” de Agostinho “Isso só existe na cabeça dele, não passam de teorias da conspiração. Há uma explicação lógica para tudo: o nosso amigo da ordem de Cister tinha de estar agrilhoado para não se meter com a pequenada, pois é muito dado a essas brincadeiras; e quanto ao tamanho das catedrais, elas têm de ser mesmo assim. Se não tiverem um pé direito alto, como espera que seja possível respirar numa sala com mais de 50 pessoas? Nós só pensamos no bem da Humanidade.”

A demanda de Agostinho pela transparência nos métodos da Igreja não é tema novo. Em tempos, foi até criada uma organização, como suporte a estes ideiais, a auto-intitulada “Quem Gira Somos Nós”. Um grupo de pessoas inteligentes, que conseguiu libertar-se da escravatura mental imposta pela religião, mas que teve vida curta, vítima de muitos infortúnios. “Os altos cargos da associação tiveram muito azar.” Conta-nos Ludovico Sabe Tudo, antigo membro da Q.G.S.N. “o nosso presidente morreu quando, ao subir uma escada para reparar o sino da igreja da aldeia, um monge lhe despejou 50 litros de azeite a ferver em cima,

por pensar que se tratava de um assalto inimigo. Depois disso o vice-presidente ficou acamado após ter jantado em casa de um Bispo, e acabou por falecer também. Ao que parece, o cozinheiro enganou-se, e salgou a galinha com cianeto. É muita má sorte junta, e resolvemos

acabar com a organização antes que morresse mais alguém. Ao menos enquanto acreditamos na Igreja, há sempre explicação para tudo, e se morrermos, ainda dá para ir para o Céu.”

O dia que mudou a vida de Agostinho Burrinho

Igreja controla as nossas mentesLenhador inicia cruzada contra o poder da instituição

Notícias do Reino

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Massacre Box- Compre já o seu bilhete de época para as batalhas mais sangrentas, antes que esgote.- Os 10 primeiros a comprar ganham uma viagem para assistir em directo a uma Cruzada, com lugar na primeira fila!

Page 11: Tempos Medievais

xTempos MedievaisSegunda-Feira, 10 de Julho de 1330 11

A bomba estoirou. Depois de muitas ameaças, Carolina

de Odivelas resolveu lan-çar o livro onde descreve pormenorizadamente o tempo que passou com o Rei, enquanto durou a sua relação extra-conjugal. O manuscrito demorou dez anos a ser escrito por um monge fugido do mos-teiro, e está agora disponí-vel nas bancas para clarifi-car a face oculta de Dinis. O que esconde o nosso so-berano? Que jogos sexuais depravados se desenrola-rão no leito real, enquanto a Rainha Isabel distribui pão aos pobres?

“É claro que não vos vou contar, senão ninguém me compra o livro! Mas posso dizer-vos que é tão pican-te, que um dia o Marquês de Sade vai andar com ele debaixo do braço.” avança Carolina.

A obra da meretriz não vive apenas de trama con-jugal, havendo espaço para as jogadas de bastidores do Rei na política penin-sular. A meio do livro, Ca-rolina relata com precisão o episódio em que teve de contratar mercenários para fazerem o trabalho sujo do reino, e que nós transcrevemos: “O Didi anda chateado. A culpa é do Bispo de Gondomar, que está farto de dizer mal dele por causa do decreto

que retira privilégios ao Clero. Hoje pediu-me que, se tivesse tempo, mandasse um presente ao Bispo, para o confortar. Já sabia o que isso significava. Estava na hora de chamar o Madu-reira Arranca-Pinheiros e os seus comparsas, para aquecerem o pêlo ao clé-rigo.”

Avançando na obra, descobrimos detalhes da vida do monarca, como a sua propensão para a fla-

tulência, descrita neste excerto:”É Sábado à noite, e o Didi foi para um ban-quete.(…) A certa altura as paredes do castelo co-meçam a tremer, e os ar-queiros tomaram posições nas amuradas, receando um ataque inimigo. Afinal, era só o Didi que estava à porta. Tinha havido sopa de cevada com couve ao jantar…”

O Rei tem optado pelo silêncio, escusando-se a fa-

zer quaisquer comentários sobre o conteúdo do livro. Quem não tem andado calada é a irmã gémea de Carolina (e também ela amante de Dinis), Ana de Odivelas, que veio a públi-co desmentir as acusações, em defesa do monarca: “É tudo uma invenção para conseguir protagonismo. Ela sempre foi assim, já com cinco anos fazia qual-quer coisa para ser a prefe-rida dos nossos pais. Lem-bro-me de uma vez, em que tínhamos convidados, e a Carolina decidiu fazer uma dança esquisita para os alegrar. Parecia uma cobra enroscada a um dos pilares do castelo. Foi um espectáculo tão repudian-te, que os homens presen-tes começaram a atirar-lhe com tudo o que tinham à mão: jóias, moedas e prati-camente todos os perten-ces que carregavam.” No que toca às acusações fei-tas pela irmã ao Rei, Ana é pragmática: “Eu acompa-nhei o Dinis muitos anos, e sei que ele nem gosta muito de estar na cama. Prefere a sua secretária, onde escreve sem parar os poemas e as cantigas de amigo. E muitas cantigas faz ele…Aliás, com o Di-nis, é praticamente só can-tigas.”

Livro bombástico ameaça DinisAntiga amante solta tudo cá para fora

O Rei, apanhado em flagrante com Carolina de Odivelas

Notícias do Reino

Page 12: Tempos Medievais

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1 - As suas maneiras à mesa são:a)Delicadas.b)Não muito delicadas, mas sem ir ao extremo de comer com as orelhas.c)Iguais às de um javali enraivecido.

2 - Quantos bastardos tem:a)Nenhum.b)2 ou 3, porque a mulher fica chateada se forem mais.c)No mínimo 10, de certeza. A partir daí fiquei sem dedos para contar.

3 - O Rei de um país vizinho oferece-lhe a filha de 6 anos em casamento, o que é que faz:a)Agradece, mas prefere esperar que ela seja mais velha.b)Aceita, porque não é todos os dias que se recebem ofertas destas.c)Aceita a filha do nobre, e ainda traz a prima de 2 anos, que vai dar muito jeito para casar com o seu sobrinho recém-nascido.

4 - O povo do seu feudo queixa-se de que os impostos sobre as culturas estão altos demais. Você:a)Dialoga com a população na tentativa de chegar a um entendimento.b)Finge que não ouve e segue a sua vida.c)Aumenta ainda mais os

impostos e decapita os que lhe fizerem frente. Depois, espeta as cabeças em estacas, e utiliza-as para delimitar os campos de cultivo.

5 - Com que frequência toma banho:a)Normalmente, duas a três vezes por ano.b)Uma vez por ano, quando se começa a formar uma carapaça em cima da pele.c)O que é um banho?

6 - Os monges do mosteiro local pedem-lhe dinheiro para efectuar obras na Igreja. Você:a)Dá-lhes o que querem, pois está a garantir a sua salvação.b)Dá-lhes o que querem, mas exige que a obra seja supervisionada por si.c)Exige que em troca lhe dêem a chave da porta de trás do convento de freiras.

7 - A meio de uma batalha a sua espada parte-se. Você:a)Bate em retirada.b)Regressa a um ponto seguro e tenta arranjar outra arma para voltar ao combate.c)Começa a rir de uma forma alarve, utiliza o que restou da arma para decepar um dos braços e salpica os inimigos com o seu sangue enquanto grita: “Contemplem o poder da sífilis!”

ResultadosSe escolheu maioritariamente a resposta a): Esqueça a vida de nobre. Falta-lhe tudo o que é preciso para ser bem sucedido neste meio. Aliás, pelas respostas que deu, você até parece um pouco enfeminado, com todas essas maneiras educadas e bons costumes. Se entretanto enveredar pela pedofilia ainda pode chegar a Bispo.

Se escolheu maioritariamente a resposta b): Ainda não é um nobre, na verdadeira acepção da palavra, mas está no bom caminho. Se fizer mais alguns bastardos, os verdadeiros nobres vão começar a olhar para si com deferência. Domine a difícil arte de eructar (ou arrotar, para os nossos leitores menos letrados) uma cantiga de amigo, e vai ver que se torna o centro das atenções em banquetes.

Se escolheu maioritariamente a resposta c): Parabéns! Você é um nobre, com todos os atributos e especificidades que a condição exige. Não precisa de mudar nada, pois já tem tudo para ser bem sucedido. Se lhe estiver a apetecer um desafio, organize um exército (grande, de preferência) e tente derrubar o Rei (mas não diga que fomos nós que sugerimos).

Você é um nobre?Até pode ter o aspecto, o dinheiro e o cheiro. Mas será que tem tudo o que é preciso para ser um nobre? Responda a este questionário e descubra.

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O que é:- Um espantoso cruzamento entre um porco e um homem. Pensa-se que terá sido criado quando a mulher do Hen-rique Lavrador esteve fora vários me-ses. É articulado como qualquer outro homem do nosso tempo (ou seja, pouco), cheira pior que a pilha de lixo que tem em casa (e que a sua mulher já lhe pediu mil vezes que queimasse); e ainda tem a mania que é romântico, insinuando-se a qualquer mulher (ou porca) que lhe atravesse o caminho.Perigosidade: - Não nos parece que seja capaz de fazer algum mal. E, en-quanto não descobrir que disfarçamos o nosso cheiro esfre-gando cinza na pele, parece-nos pouco plausível que consiga criar grande reputação no meio das mulheres.Devemos fugir?: - Fugir? O bicho é feio, mas não é caso para ser mal educado! As patas são más para apertos de mão, pelo que aconselhamos que faça uma vénia e levante o chápeu quando vir um.

O Porcomem / Hominideos Porcus

O que é: - Não sabemos ao certo, mas tem ar de quem está ligado ao Apocalipse. Tem dentes de-masiado grandes para comer apenas pernas de carneiro, e a cauda com espinhos im-põe algum respeito. No papel quase parece bonito, embora duvidemos que ao vivo esta impressão se mantenha.Perigosidade: -Bem, o Apocalipse é o fim dos tempos, não é?Devemos fugir?: -Ainda estamos a rezar para nunca encontrarmos um.

A Besta Infernal / Monstrus Apocalipticus

O que é: - Uma besta feroz (e feia!), misto de peixe e javali, com vários olhos sobre o dorso. Utiliza-os para hipnotizar as vítimas, mesmo que estas se escondam atrás dele (o olho em causa não é vísivel no de-

senho). Depois obriga-as a afogarem-se na água. Há quem diga que como tem barbatanas e se parece com um peixe, é capaz de saber nadar. Nós achamos que quem o diz é idiota, porque somos demasiado inteligentes para acreditar em intuições com base científica.Perigosidade: - Muito alta.Devemos fugir?: - Se for um daqueles sortudos, num milhão, que sabem nadar, tente a sua sorte.

O Peixe Olho de Javali / Javardus Pisces Opticae

O que é: - Provavelmente, a coisa mais ridícula a ser desenhada. Parece-se com uma lontra, com duas patas dian-teiras e um comprido bico de pássaro.Perigosidade: - Perigoso? Olhe bem para ele...Devemos fugir?: - Se quando parar de rir ainda tiver fôlego, pode dar uma cor-rida só para o bicho pensar que é capaz de assustar alguém.

Peixalhaço / Pisces Circenses

O que é: - Uma tenebrosa serpente que, quando come uma presa, guarda-a no es-tômago. Depois, a presa fica condenada a ajudar na locomoção do animal para toda a eternidade (ou até a

serpente encontrar outra presa), usando para tal os seus mem-bros superiores. Daí a serpente aparentar ter patas.Perigosidade: - Depende, há quem aprecie o calor do estômago no Inverno. No entanto, sair pode revelar-se um problema. Devemos fugir?:- A não ser que queira que ela ganhe mãos humanas...

A Cobra Gorda / Enfartatus Viperus

Mundo AnimalAs estranhas criaturas que povoam o nosso mundo. Desenhos fiéis e baseados em avistamentos credíveis. Assim como as descrições que os acompanham.

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Ai flores, ai flores da verde plantinha,se sabedes novas da minha vidinha!Ai God, Oh! Yeah!

Ai flores, ai flores da marijuanaSe sabedes novas da transacção, que me vai render vinte quilos ali dos lados do Guadiana.Ai God, Oh! Yeah!

Se sabedes novas do Gervásio,A quem a bófia espetou um balázio.Ai God, Oh! Yeah!

Ou até do RomeuQue de tanto fumar, morreuAi God, Oh! Yeah!

- Vós me preguntades pelo Gervásio,E eu ben vos digo que é melhor ele fugir do Hospital, antes que a bófia lhe espete outro balázioAi God, Oh! Yeah!

Vós me preguntades pelo Romeu fumão,E eu ben vos digo que se o cremarem, podem fertilizar uma nova plantação.Ai God, Oh! Yeah!

E eu ben vos digo para terdes cuidado,Porque a bófia também anda atrás do vosso costado.Ai God, Oh! Yeah!

E eu ben vos digo para esconder a horta,Porque a bófia já está atrás da porta.Ai God, Oh! Yeah

Última Página

Demónios que infernizam pobres almas, devastando as suas crenças à força da moca. Simples crentes em Deus, enterrados até ao pescoço,

imóveis e completamente vulneráveis à sátira dos esbirros de Belzebu. Crianças correm descalças, tentando fugir de uma morte certa, enquanto o Diabo em pessoa atiça as chamas que as perseguem. É caso para pensar: “Onde está Deus?”

E é precisamente esse o desafio que lhe propomos, encontre Deus neste desenho e habilite-se a uma fabulosa peregrinação a Compostela, com direito a um cajado de peregrino e uma bolsa com água e comida para dez dias*.

Por isso, toca a olhar com atenção, que Ele pode não ser muito perceptível, mas está lá. Ele está sempre lá...

Enviem as vosas respostas para: Tempos Medievais, Avenida da Alegria, nº3, Coimbra.

*AVISO: Todos os habitantes que vivam abaixo de Trancoso são capazes de demorar mais que 10 dias para chegar a Compostela.

Grande Passatempo

Para os meninos dos chapéus ao contrário, que não conseguem estar um momento sem ouvir os “beats”, aqui fica a letra de mais uma cantiga de amigo, do mestre Boss DiDi.