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Teologia do Antigo Testamento Principios hermenêuticos ( Tipologia, Alegoria e Analogia) – parte 3 Ricardo Gondim [email protected]

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Aula 3 - Teologia do antigo testamento, tipologia

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Page 1: Teologia do AT tipologia

Teologia do Antigo TestamentoPrincipios hermenêuticos ( Tipologia, Alegoria

e Analogia) – parte 3

Ricardo Gondim

[email protected]

Page 2: Teologia do AT tipologia

TIPOS, ALEGORIA E ANALOGIA Tipologia. termo é derivado da palavra grega 'typos' que

significa 'modelo' ou ' figura'. “Interpretação moral”. A tipologia apresenta progressivamente como Deus vai

desenvolvendo seu plano de salvação. A tipologia bíblica envolve uma correspondência análoga

em que eventos (saída do egito e a conversão), pessoas (Abraão tipifica Deus entregando seu filho) e lugares (deserto representa sofrimento) anteriores na história da salvação tornam-se padrões por meio dos quais eventos posteriores, pessoas, lugares, etc são interpretados. No NT a palavra era usada em dois sentidos:– Correspondência entre duas situações históricas tais como Adão e

Cristo (Rm 5:14);– A correspondência entre o padrão celestial e seu equivalente

terrestre; Ex: o divino por trás da tenda/tabernáculo, (Atos 7:44, Hb 8:5;9:24)

Page 3: Teologia do AT tipologia

CONCEITO DE TIPOLOGIA

Tipologia é o estudo de pessoas, instituições, lugares, objetos e eventos históricos encontrados no Antigo Testamento (os tipos), os quais prefiguram realidades futuras na história da revelação (os antítipos), (Bekhof);

Tipologia é uma teologia da progressão dos atos salvívicos de Deus através de Jesus; (H. K. Larondelle)

Page 4: Teologia do AT tipologia

CATEGORIAS DA TIPOLOGIA

Pessoas: Adão/Melquisedeque;Eventos: O dilúvio/a serpente de bronze;Instituições: Festas/lugares(Jerusalém;Objetos: Altar de holocausto/incenso;Ofícios: (profeta/sacerdote,rei);

Page 5: Teologia do AT tipologia

ELEMENTOS CARACTERÍSTICOS DE UM TIPO Elemento de semelhança, não basta imaginação,

ver Ct 113 (A arca entre os dois querubins; Jesus no meio dos dos ladrões; Jesus o elo dos dois Testamentos);

Elemento histórico; Tem que haver relação histórica e teológica, ver I Co 5:7(páscoa e Cristo);

Elemento profético ou prefigurativo; Elemento de progresso ou elevação histórica (a

redenção do povo do Egito (física) e a redenção de Cristo na Cruz (espiritual));

Intenção divina, isto é, tipos já mencionados na Bíblia;

Page 6: Teologia do AT tipologia

IMPORTÂNCIA DA TIPOLOGIA Ressalta a unidade e inspiração da Bíblia; Faz justiça aos atributos da imutabilidade e

soberania de Deus como Senhor da História; Revela Cristo, sua pessoa e obra, no Antigo

Testamento; Favorece a aplicação legítima do Antigo

Testamento às nossas próprias circunstâncias históricas e pessoais, sem legalismo, moralismo ou necessidade de alegorização.

Page 7: Teologia do AT tipologia

A TIPOLOGIA ATRAVÉS DOS TEMPOS

Os pais da igreja combinavam a tipologia com a alegoria;

Os reformadores apresentaram um sistema que entendiam o AT literalmente, com uma hermenêutica cristológica, isto é, promessa-cumprimento;

Depois do século XVII o conceito de promessa e cumprimento arrefeceu e o AT foi visto mais como experiência religiosa do que história.

Page 8: Teologia do AT tipologia

O DEBATE CONTEPORÂNEO O debate se concentra na diferenciação dos tipos

inatos e inferidos: Tipos inatos: É explicitamente declarado como tal

no NT; O tipo inferido não é explicito, mas é estabelecido

pelo tom geral do ensino do NT. (A epístola aos Hebreus emprega a tipologia como hermenêutica básica);

O tipo inferido é um perigo para uma exegese fantasiosa que torce subjetivamente o texto.

Page 9: Teologia do AT tipologia

CUIDADOS NO USO DA TIPOLOGIA

A tipologia deve se basear em paralelos históricos genuínos ao invés de paralelos mitológicos intemporais;

A tipologia não deve redefinir o significado do texto nem sugerir uma correspondência artificial;

Tanto as passagens do AT como do NT devem ser sujeitadas à exegese antes de se formular paralelos;

É bom evitar dogmatizar tipos.

Page 10: Teologia do AT tipologia

ALEGORIA Dispositivo oral ou literário que procura expressar

verdades abstratas em formas ilustradas. É uma espécie de metáfora extensa em forma de uma narrativa. Ex: Jesus o Bom Pastor;

A narrativa a que se refere a analogia pode ser fictícia ou não, isto é, tanto pode ser factível como fictícia;

Há uma distinção entre o uso literário da alegoria e o método interpretativo chamado de “alegorização”;◦ O método consiste na busca de um significado

além texto.◦ O método representa mais o pensamento do

intérprete do que do autor original.

Page 11: Teologia do AT tipologia

ANÁLISE DAS ALEGORIAS

Factual ou fictícia; Vários elementos comparativos; As interpretações ocorrem ao longo da

história; Visam apresentar verdades espirituais por

meio de comparações

Page 12: Teologia do AT tipologia

PRINCÍPIOS INTERPRETATIVOS Observar nos elementos de comparação explicitados ou

interpretados na passagem bíblica: Ex Jo 10:11,14; 15:1,5; Não procurar interpretar os detalhes não explicitados nas

alegorias. Partes da histórias são adornos. Ex: Is 5:1-7 AGORA cantarei ao meu amado o cântico do meu querido a respeito da sua vinha. O meu amado tem uma vinha num outeiro fértil. E cercou-a, e limpando-a das pedras, plantou-a de excelentes vides; e edificou no meio dela uma torre, e também construiu nela um lagar; e esperava que desse uvas boas, porém deu uvas bravas. Agora, pois, ó moradores de Jerusalém, e homens de Judá, julgai, vos peço, entre mim e a minha vinha. Que mais se podia fazer à minha vinha, que eu lhe não tenha feito? Por que, esperando eu que desse uvas boas, veio a dar uvas bravas? Agora, pois, vos farei saber o que eu hei de fazer à minha vinha: tirarei a sua sebe, para que sirva de pasto; derrubarei a sua parede, para que seja pisada; E a tornarei em deserto; não será podada nem cavada; porém crescerão nela sarças e espinheiros; e às nuvens darei ordem que não derramem chuva sobre ela. Porque a vinha do SENHOR dos Exércitos é a casa de Israel, e os homens de Judá são a planta das suas delícias; e esperou que exercesse juízo, e eis aqui opressão; justiça, e eis aqui clamor. ( o texto não explica o que é o “outeiro fertilíssimo”, “pedras”, “torres”, “lagar”, “sebe”, “muro”;

Descobrir o ponto central do ensinamento bíblico. Ex: Jo 15:1-6.

Page 13: Teologia do AT tipologia

PERIGOS DA ALEGORIZAÇÃO Olhar Lucas 15 – As 3 parábolas, somente

1 verdade. Tornar o sentido histórico irrelevante; Acreditar que há um sentido “mais profundo”

do que o explicitado no texto; Acreditar que tudo no AT pode ser alegorizado; Deixar de lado o esforço que a exegese exige

para dar asas a imaginação. Calvino considerado um dos maiores intérpretes

da Bíblia se referia a alegorização como “jogos fúteis” e responsável por “desfigurar” a Bíblia.

Page 14: Teologia do AT tipologia

UM EXEMPLO FANTASIOSO DE ALEGORIA Lc 10:30-37- O Bom Samaratano: O homem atacado simboliza Adão, a humanidade; Jerusalém, os céus; Jericó, o mundo; Os ladrões, o diabo e suas hostes; O sacerdote, a lei; O levita, os profetas; O bom samaritano, Cristo; O animal, o corpo de Cristo que suporta o Adão caído; A estalagem, a igreja; As duas moedas, (o Pai e o Filho, Antigo e Novo Testamento, os

dois mandamento que resumem a lei, Fé e obras, virtude e conhecimento, o corpo e sangue de Jesus, vida presente e vida futura);

E a promessa do bom samaritano voltar, a segunda vinda de Cristo.

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ALGUMAS ALEGORIAS NA BÍBLIA O Senhor é o pastor dos crentes, Sl 23; Israel é uma vinha destruída, Sl 80:8-16; Israel é uma vinha sem frutos, Is 5:1-7; Samaria e Jerusalém são duas prostitutas,

Ez 23; Hagar e Sara são duas alianças, Gl 4:21-31; A armadura do crente, Ef 6:11-17.

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ANALOGIA

Analogia significa semelhança. No que diz respeito a linguagem religiosa, está em contraste com dois outros pontos de vista: o unívoco e o equívoco;◦ A linguagem unívoca expressa inteiramente o

mesmo sentido (“Deus é bom”; “meu pai é bom”)

◦ Já a palavra equívoca tem o sentido inteiramente diferente; (“Deus é rocha”; “rocha é.

Portanto, linguagem análoga aproxima esses dois outros conceitos, pois expressa um significado que é semelhante, sem ser idêntico nem totalmente diferente.

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PRINCÍPIOS DA ANALOGIA E A APOLOGÉTICA 1) HISTORICISMO: (Ernst Troeltsch) segundo esse princípio a

única maneira de o passado ser conhecido é por analogia com o presente.

2) RACIONAL: UNÍVOCO◦ O efeito deve ser semelhante a causa;◦ Semelhante produz semelhante;◦ A causa de toda existência (Deus) deve ser semelhante aos seres que

ele causa;◦ Nega que Deus pode ser totalmente (equívoco) dos seres efeitos, pois o

Ser que causa todos os outros seres não pode criar algo que não tenha existência semelhante a sua;

◦ Existência causa existência. 2.1) RACIONAL: EQUÍVOCO

◦ Deus não pode ser totalmente o mesmo que seus efeitos, pois nesse caso eles seriam idênticos a Deus;

◦ O finito não pode ser igual ao infinito;◦ A criatura igual ao criador;◦ Assim, Deus e as criaturas não são totalmente iguais nem totalmente

diferentes, mas semelhantes, isto é, ( ANÁLOGAS).

Page 18: Teologia do AT tipologia

A LINGUAGEM RELIGIOSA ANÁLOGA É a única maneira de preservar o

conhecimento de Deus, pois a discussão unívoca sobre Deus é impossível e a discussão equívoca sobre Deus é inaceitável e autodestrutiva.

Apenas a analogia evita armadilhas de ambas e dá entendimento genuíno de Deus.

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A BASE PARA A ANALOGIA Deus é ilimitado, mas Ele se expressa de

forma limitada para nós limitados para que o entendamos. Analogia da auto-revelação de Deus:

ANALOGIA DA CAUSALIDADE:◦ Já que Deus é a causa primária de todos os

seres deve haver uma semelhança entre a Causa e seus efeitos;

◦ Existência causa existência;◦ Não pode dar o que não tem;◦ O próprio nome “Deus” só pode ser entendido a

partir do ser criado. É o finito tentando enxergar o infinito;

Page 20: Teologia do AT tipologia

A REVELAÇÃO ESPECIAL NA ANALOGIA Deus está além da nossa capacidade finita

de conceituá-lo. Nenhum conceito finito pode imaginar o infinito, ver Rm 11:33, I Cor 3:12;

Nenhuma linguagem humana ou experiência humana pode se aproximar da plenitude do conceito de Deus. Logo, a Bíblia expressa, no máximo em linguagem análoga, quem é Deus.

Page 21: Teologia do AT tipologia

TIPOS DE ANALOGIAS

Metafísico: Aplica-se literalmente a Deus. Ex: Deus é “bom”. O termo “bom” aplica-se literalmente a Deus;

Metafórico: Ex: Deus é uma rocha. O termo “rocha” aplica-se apenas metaforicamente a Deus; A linguagem antropomórfica se enquadra nessa categoria.

Page 22: Teologia do AT tipologia

CUIDADO COM AS ANALOGIAS "Os patins estão para o patinador, assim como os

esquis estão para o esquiador", ou seja, a relação que os patins estabelecem com o patinador é idêntica à relação que os esquis estabelecem com o esquiador. Certo?

A maior parte das pessoas achará a analogia dos esquis/patins verdadeira. No entanto, é extremamente difícil estabelecer de forma rigorosa se a sentença é verdadeira.

Normalmente, as analogias a partir de uma análise mais detalhada poderá revelar algumas imperfeições nas comparações.

Conclusão: Esquiar e patinar são atividades parecidas, mas não são exatamente iguais.

Exemplo: A Bíblia está para o Teólogo assim como o Vade Mecum está para o Advogado. Certo?

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TRÊS SENTENÇAS EM FORMA DE CONCLUSÃO

A linguagem religiosa sobre Deus não pode ser equívoca, já que sabemos algo sobre Deus. O simples fato de assumirmos que não podemos falar nada sobre Deus já alude o que entendemos sobre a palavra Deus;

A linguagem religiosa sobre Deus não pode ser unívoca, pois não podemos predicar um ser infinito a partir de um entendimento finito;

Contudo, a linguagem religiosa sobre Deus pode ser análoga, isto é, semelhante. Baseada na relação Criador/criatura. Ele não pode dar o que não tem. Logo, as criaturas são semelhantes a Deus e diferentes Dele.

Por fim, as únicas alternativas a analogia são: ceticismo ou dogmatismo, isto é, ou não sabemos nada sobre Deus, ou supomos que sabemos coisas da mesma maneira infinita que ele sabe.

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DIFERENÇA ENTRE TIPOLOGIA E ALEGORIA

Tipologia pressupõe continuidade histórica e teológica entre os Testamentos, (ICor 10:11; Rm 5:14; Hb 4:11; Tg 5:10; 2 Pe 2:6);

A tipologia é mais sóbria, natural, lógica, coerente; O contexto histórico, as questões gramaticais, intenção original do

autor são consideradas na tipologia; A alegoria não respeita o texto como texto; A alegoria busca sentido “oculto”, além texto; A alegoria é um plano de vôo sem plano; Tipologia o tipo e antítipo são históricos, já a alegoria pode ser

factual ou fictício; Na tipologias as personagens e significado são aludidos, já na

alegoria estão contidos na história; Na tipologia a verdade conhecida apresenta uma verdade

conhecida, já a alegoria verdade conhecida revela uma verdade espiritual;

Na tipologia os elementos comparativos são únicos, já na alegoria podem ser vários.