teoria de medidas de risco - uma revisão abrangente

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Teoria de Medidas de Risco: Uma Revis˜ ao Abrangente (Risk Measures Theory: A Comprehensive Survey) Marcelo Brutti Righi* Paulo Sergio Ceretta** Resumo Um aspecto fundamental de uma correta gest˜ ao de risco ´ e a mensurac ¸˜ ao, espe- cialmente a previs˜ ao de medidas de risco. Inicialmente se considerava medidas de risco, como variˆ ancia, volatilidade e Valor em Risco, como sendo v´ alidas por sua intuic ¸˜ ao pr´ atica. Todavia, um s´ olido arcabouc ¸o te´ orico se fez necess´ ario para garantir melhores propriedades para medidas de risco. Esse aporte ´ e a teoria de medidas de risco. O presente trabalho apresenta uma revis˜ ao de literatura abran- gente sobre teoria de medidas de risco, focando teoria b´ asica e em extens˜ oes ` a essa estrutura fundamental. A apresentac ¸˜ ao ´ e focada nas principais classes de medidas de risco da literatura, que s˜ ao medidas de risco coerentes, medidas de risco conve- xas, medidas de risco espectrais e de distorc ¸˜ ao e medidas de desvio generalizado. Palavras-chave: medidas de risco; teoria de medidas de risco; gest˜ ao de risco; classes de medidas de risco; revis˜ ao de literatura. odigos JEL: G10; G19; C6. Abstract A fundamental aspect of proper risk management is the measurement, especially forecasting of risk measures. Measures such as variance, volatility and Value at Risk had been considered valid because of their practical intuition. However, a solid theoretical framework it is important to ensure better properties for risk me- asures. Such background is the risk measures theory. This paper presents a com- prehensive literature review on risk measures theory, focusing in basic theory and extensions to this fundamental outline. The paper is structured in order to cover the main risk measures classes from literature, which are coherent risk measures, con- Submetido em 7 de janeiro de 2015. Reformulado em 15 de janeiro de 2015. Aceito em 20 de janeiro de 2015. Publicado on-line em 26 de maio de 2015. O artigo foi ava- liado segundo o processo de duplo anonimato al´ em de ser avaliado pelo editor. Editor respons´ avel: Marcelo Fernandes. *Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, Brazil. E-mail: [email protected] **Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, Brazil. E-mail: [email protected] Rev. Bras. Financ ¸as (Online), Rio de Janeiro, Vol. 12, No. 3, September 2014, pp. 411–464 ISSN 1679-0731, ISSN online 1984-5146 c 2014 Sociedade Brasileira de Financ ¸as, under a Creative Commons Attribution 3.0 license - http://creativecommons.org/licenses/by/3.0

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Page 1: Teoria de Medidas de Risco - Uma Revisão Abrangente

Teoria de Medidas de Risco: Uma RevisaoAbrangente(Risk Measures Theory: A Comprehensive Survey)

Marcelo Brutti Righi*Paulo Sergio Ceretta**

Resumo

Um aspecto fundamental de uma correta gestao de risco e a mensuracao, espe-cialmente a previsao de medidas de risco. Inicialmente se considerava medidasde risco, como variancia, volatilidade e Valor em Risco, como sendo validas porsua intuicao pratica. Todavia, um solido arcabouco teorico se fez necessario paragarantir melhores propriedades para medidas de risco. Esseaporte e a teoria demedidas de risco. O presente trabalho apresenta uma revisao de literatura abran-gente sobre teoria de medidas de risco, focando teoria basica e em extensoes a essaestrutura fundamental. A apresentacao e focada nas principais classes de medidasde risco da literatura, que sao medidas de risco coerentes,medidas de risco conve-xas, medidas de risco espectrais e de distorcao e medidas de desvio generalizado.

Palavras-chave: medidas de risco; teoria de medidas de risco; gestao de risco;classes de medidas de risco; revisao de literatura.

Codigos JEL:G10; G19; C6.

Abstract

A fundamental aspect of proper risk management is the measurement, especiallyforecasting of risk measures. Measures such as variance, volatility and Value atRisk had been considered valid because of their practical intuition. However, asolid theoretical framework it is important to ensure better properties for risk me-asures. Such background is the risk measures theory. This paper presents a com-prehensive literature review on risk measures theory, focusing in basic theory andextensions to this fundamental outline. The paper is structured in order to cover themain risk measures classes from literature, which are coherent risk measures, con-

Submetido em 7 de janeiro de 2015. Reformulado em 15 de janeiro de 2015. Aceitoem 20 de janeiro de 2015. Publicado on-line em 26 de maio de 2015. O artigo foi ava-liado segundo o processo de duplo anonimato alem de ser avaliado pelo editor. Editorresponsavel: Marcelo Fernandes.

*Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, Brazil. E-mail:[email protected]

**Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, Brazil. E-mail:[email protected]

Rev. Bras. Financas (Online), Rio de Janeiro, Vol. 12, No. 3, September 2014, pp. 411–464ISSN 1679-0731, ISSN online 1984-5146

c©2014 Sociedade Brasileira de Financas, under a Creative Commons Attribution 3.0 license -http://creativecommons.org/licenses/by/3.0

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Righi, M., Ceretta, P.

vex risk measures, spectral and distortion risk measures and generalized deviationmeasures.

Keywords: risk measures; risk measures theory; risk management; riskmeasuresclasses; literature review.

1. Introducao

Apos o trabalho marcante de Markowitz (1952), o risco de umaposicaofinanceira passou a ser tratado de forma mais cientıfica. Desse ponto se con-cretizou o uso de medidas de variabilidade, como variancia, para represen-tar o risco. Com a evolucao e integracao dos mercados financeiros foi con-solidada a utilizacao da medida de risco baseada no quantil da distribuicaodos resultados, conhecida como Valor em Risco (Value at risk– VaR), in-troduzido pela empresa Riskmetrics. Trabalhos que apresentam o VaR emdetalhes incluem Duffie & Pan (1997) e Jorion (2007), por exemplo. Apesardeste amplo uso pratico, havia uma falta de estudos que definissem quaiscaracterısticas uma medida de risco desejavel precisaria ter. Nesse sentido,surgiu toda uma corrente na literatura que discute, propoee critica as pro-priedades teoricas que determinada medida de risco deve cumprir. Combase nessa discussao teorica, o uso indiscriminado do VaRpassou a so-frer fortes crıticas. O valor esperado de perdas que superam o VaR passoua ser defendido como medida de risco a ser utilizada. Diferentes autores(Acerbi, 2002, Rockafellar & Uryasev, 2002, Pflug, 2000, Artzner et al.,1999, Longin, 2001, Follmer & Knispel, 2011) propoem conceitos muitosemelhantes sob nomes diferentes na literatura, como PerdaEsperada (Ex-pected Shortfall– ES), Valor em Risco Condicional (Conditional Value atRisk– CVaR), Expectativa Condicional da Cauda (Tail Conditional Expec-tation – TCE), Valor em Risco na Cauda (Tail Value at Risk– TVaR), PiorExpectativa Condicional (Worst Conditional Expectation– WCE), Alemdo Valor em Risco (Beyond Value at Risk– BVaR), Valor em Risco Medio(Average Value at Risk– AVaR).

Assim, e grande a importancia da teoria de medidas de riscoem fi-nancas, tanto de um ponto de vista academico, como pratico, uma vezque definicoes teoricas mais consistentes levam a mudanc¸as importantesna pratica gerencial do risco em mercados e instituicoes. Todavia, nao hatrabalhos que apresentem de forma extensiva essa literatura especıfica. As-sim, o presente trabalho visa expor de forma abrangente a literatura que dasuporte teorico aos estudos referentes a mensuracao derisco em financas,expondo as distintas classificacoes de medidas de risco, bem como traba-

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lhos que discutem essas questoes de ordem mais teorica. O foco dos tra-balhos apresentados e para pesquisas que apresentem contribuicao teorica,especificamente classes. Estudos que focam em contribuic ˜oes empıricas,como estimacao e aplicacoes em outros problemas financeiros, bem comometricas que nao se encaixam em nenhuma classificacao teorica, foram evi-tados devido a limitacao de contribuicao que poderiamrepresentar, alem danecessidade de se manter o escopo do trabalho. Dessa forma, opresentetrabalho contribui servindo como uma revisao de literatura que pode ser vircomo um guia dentro deste topico de pesquisa.

Devido ao carater tecnico do trabalho, e necessario definir alguns ter-mos. A menos que seja explicitado de modo diferente, o conte´udo se baseiana seguinte notacao. Considere um mercado de perıodo unico, o que sig-nifica que existe a data atual 0 e uma data futuraT . Nenhuma transacaoe possıvel entre 0 eT . Considere o resultado aleatorioX de algum ativoou portfolio, definido em um espaco de probabilidade (Ω, F,P) sem atomos(atomless), ondeΩ e o espaco amostral,F e o conjunto de eventos possıveisemΩ, eP e uma medida de probabilidade definida emΩ dos eventos con-tidos emF . Dessa forma,EP[X] e o valor esperado deX sobP . Ainda,P = Q|Q ≤ P e um conjunto nao vazio, poisP ∈ P, que representa me-didas de probabilidadeQ definidas emΩ que sao absolutamente contınuasem relacao aP. Nesse sentido,dQdP e a densidade deQ relativa aP, conhe-cida como derivada de Radon-Nikodym. Todas as igualdades e desigual-dades sao consideradas como quase certas emP, ouP a.s. (almost surely– quase certamente). Tem-se queFX e a funcao de probabilidade deX eF−1X sua inversa. Como (Ω,F ,P) nao tem atomos, e possıvel assumirFX

como sendo contınua, e e esta suposicao que e feita ao longo do trabalho.SejaLp = Lp(Ω, F,P) o espaco de variaveis aleatorias do qualX e umelemento, com1 ≤ p ≤ ∞, definido pela norma||X||p = (EP[|X|p])1/p

com p finito, e ||X||p = inf k : |X| ≤ k parap infinito. X ∈ Lp sig-nifica que||X||p < ∞, ou seja, o modulo deX a potenciap e limitadoe integravel. Nesse contexto, medir risco e equivalente aestabelecer umafuncaoρ : Lp → R, ou seja resumir em um numero o risco da posicaoX.

A divisao feita aqui visa contemplar as principais classesde medidasde risco presentes na literatura. Assim, o restante do presente trabalho esubdividido em: i) Medidas de risco coerentes; ii) Medidas de risco conve-xas; iii) Medidas de risco espectrais e de distorcao; iv) Medidas de desviogeneralizado e v) Outras classes de medidas de risco. Para cada classe, ofoco e na teoria basica e em extensoes a essa estrutura fundamental.

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Righi, M., Ceretta, P.

2. Medidas de risco coerentes

2.1 Teoria basica

O primeiro trabalho sobre axiomas de medidas de risco em financas foio realizado por Artzneret al. (1999). Neste trabalho seminal, o termo apre-sentado pelos autores e o de coerencia. Segundo esta classificacao, umamedida de risco coerente deve satisfazer quatro axiomas. Dessa forma, te-mos por definicao que uma medida de risco coerente, no sentido de Artzneret al. (1999), satisfaz os seguintes axiomas:

Invariancia de Translacao:ρ(X +C) = ρ(X) − C,∀ X ∈ Lp, C ∈ R

Subaditividade:ρ(X + Y ) ≤ ρ(X) + ρ(Y ),∀ X,Y ∈ Lp

Monotonicidade: seX ≤ Y,entaoρ(X) ≥ ρ(Y ),∀ X,Y ∈ Lp

Homogeneidade Positiva:ρ(λX) = λρ(X),∀ X ∈ Lp, λ ≥ 0

O primeiro axioma quer dizer que se for adicionado um ganho certo auma posicao, o risco da mesma deve diminuir nessa exata quantidade. Osegundo axioma implica em o risco de uma posicao combinadaser menorque a soma dos riscos individuais, seguindo o princıpio da diversificacao.O terceiro axioma exige que se uma posicao tem sempre resultados pioresdo que outra, entao o risco da primeira deve ser maior que o dasegunda. Oquarto axioma e relacionado ao tamanho da posicao, isto ´e, posicoes maio-res aumentam o risco proporcionalmente, devido a problemasde liquidez ecustos de corretagem.

Artzneret al. (1999) ainda consideram mais um axioma, alem dos qua-tro que definem o conceito de coerencia. Este axioma e o de relevancia,como mostrado a seguir:

Relevancia: seX ≤ 0 eX 6= 0 entaoρ(X) > 0,∀ X ∈ Lp

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Tal propriedade, semelhante a monotonicidade, mostra que se uma po-sicao sempre gera resultados negativos (perdas), entaoseu risco e positivo,isto e, existe risco.

Esta definicao de medida de risco coerente esta intimamente ligada aquestao da regulacao de uma instituicao, porquanto evinculada com oque Artzneret al. (1999) definem como sendo o conjunto de aceitacao.Essa questao vem diretamente do axioma de invariancia da translacao, im-plicando em uma medida de risco coerente indicar quanto de capitaldeve ser adicionado a uma posicao a fim de torna-la aceitavel. Dadauma medida de riscoρ, o conjunto de aceitacao definido comoAρ =X ∈ Lp : ρ(X) ≤ 0, isto e, os resultados que levam a uma situacao quenao ocorram perdas, ou seja, sem risco positivo. SejaLp+ o cone de ele-mentos nao-negativos deLp, eLp− sua contraparte negativa. Artzneret al.(1999) argumentam que todas as medidas de riscoρ plausıveis tem um con-junto de aceitacaoAρ que satisfaz as seguintes propriedades: contemLp+,nao tem interseccao comLp−, e e um cone convexo.

Dessa forma, Artzneret al. (1999) formalmente definem que dado umconjunto de aceitacaoA, a medida de risco associada a esse conjunto eρ(X) = inf m : X +m ∈ Aρ, isto e, o mınimo de capital que precisaser adicionado a posicaoX para torna-la aceitavel. Um regulador deveriaescolher um conjunto de aceitacao e a medida de risco informaria quantode capital e preciso ter em reserva para evitar desastres. Vale ressaltar queos autores demonstram que se um conjunto de aceitacao preenche as pro-priedades definidas anteriormente, entao a medida de riscoassociada a esseconjunto e coerente. Da mesma forma, se uma medida de risco ´e coe-rente, entao o conjunto de aceitacao vinculada com essa medida preencheas propriedades exigidas. Artzneret al. (1999) mostram que toda medidade risco coerente pode ser expressa por uma representacaodual da formaρ(X) = sup

Q∈Pρ

EQ[−X], podendo ser entendida financeiramente como o

pior resultado esperado deX dentre os cenariosQ ∈ Pρ ⊆ P, para espacosde probabilidade discretos.

2.2 Extensoes: expansao na representacao

Com a consolidacao dessas propriedades teoricas, o sucesso dos axi-omas de coerencia se tornou ainda maior. Conforme tais axiomas foramsendo mais estudados, novas discussoes foram surgindo. Sobre extensao narepresentacao, Delbaen (2002) apresenta todo o corpo te´orico de medidasde risco coerentes para espacos gerais de probabilidade, nao apenas os dis-

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Righi, M., Ceretta, P.

cretos. Os resultados sao derivados para o espaco de vari´aveis limitadas,isto e,L∞, assim como para o espaco de todas as variaveis aleatorias, ouseja,L0. Axiomas, conjunto de aceitacao, representacao dual,e todas as ca-racterısticas presentes em Artzneret al. (1999) sao generalizados. Esta ex-tensao e possıvel com base na caracterizacaoρ (X) = sup

Q∈Pσ

EQ[−X], onde

Pσ = Q ∈ P : EQ [X] <∞ sao espacos convexos fechados de medi-das de probabilidade que satisfazem a propriedade de que toda variavelaleatoriaX e integravel para pelo menos uma medida de probabilidadeQ ∈ Pρ. O autor mostra que tal representacao e equivalente a medida derisco coerenteρ apresentar a propriedade de continuidade de Fatou, ou seja,

seXn∞n=1 ⊂ L∞ e uniformemente limitado, eXn

P→ X, isto e, converge

paraX em probabilidade, entaoρ(X) ≤ limn→∞ inf ρ(Xn). Inoue (2003)estende a teoria de medidas de risco coerentes para espacosmais geraisLp,com 1 ≤ p < ∞, nao considerando os espacosL0 eL∞. O autor supoeque as medidas coerentesρ sao contınuas, chegando na representacao dualρ(X) = sup

g∈GEP[(−X)g], ondeG = g : g ≥ 0, EP[g] = 1, ||g||q <∞,

com 1p+

1q = 1. G pode ser entendido como conjunto de medidas de proba-

bilidadePG = Q ∈ P ∩ Lq. Por sua vez, Kountzakis (2009) consideramedidas de risco coerentes para posicoesX definidas em espacos vetoriaisordenados com norma. O autor adapta axiomas, conjuntos de aceitacao erepresentacao dual para o caso analisado.

Outra extensao e referente a questao da taxa de juros utilizada.No trabalho seminal de Artzneret al. (1999), tem-se queρ(X) =inf m : X +m ∈ Aρ e uma medida de risco definida com base no con-junto de aceitacaoAρ. Se existisse apenas uma taxa de jurosr, conside-rando posicoes futuras se teriaρr(X) = inf m : X +mr ∈ Aρ. Artz-ner et al. (2009), visando elucidar a ligacao entre mensuracao deriscoe eficiencia de capital, introduzem a nocao de custo mınimo para umaposicao tornar-se aceitavel quando existem diversas taxas de juros no mer-cado. A motivacao e que podem existir no mercado posicoes que utilizamtaxas de juros domesticas e estrangeiras, como no caso de investimentosinternacionais. Assim, o conceito de representacao fica sendo da formaρS(X) = inf m : X + S ∈ Aρ, S ∈ S, S0 = m, ondeS sao portfolioscompostos por diferentes taxas de juros eS e o subconjunto deL0 que con-tem valores futuros deS. Sob certas suposicoes, os autores mostram queessas medidas de risco tem propriedades similares as de coerencia.

Dando sequencia, se tem na literatura de medidas de risco coerentes a

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proposicao de algumas representacoes, sem necessariamente debater no-vos axiomas. Tais representacoes podem ser entendidas como subclas-ses de medidas de risco coerentes. Sobre esse respeito, Follmer & Knis-pel (2011) estudam uma versao coerente de medidas entropicas, tanto emsituacoes de invariancia de lei como de ambiguidade de modelo. Taismedidas entropicas coerentes tem representacao na forma ρ(X) = sup

Q∈Pc

EQ[−X],Pc = Q ∈ P : H(Q/P) ≤ c, ondeH(Q/P) representa e en-tropia relativa deQ em relacao aP . Em particular, os autores discutem ocomportamento dessas medidas no caso de riscos independentes e sua co-nexao com limites. Para exercer melhor controle na cauda inferior e facil-mente descrever a atitude em relacao ao risco por parte do investidor, Chen& Wang (2007) propoe uma nova classe de medidas coerentes derisco

minimizando p-normas, ou seja(EP[|Xp|])

1p , das perdas mais relevantes,

dado um nıvel de significanciaα, com relacao a algum ponto de referencia

s. Essas medidas tem a formaρ(α, p)(X) = infs∈R

(EP [((X−s)−)p]1p

α − s). Os

autores demonstram que essa nova classe de medidas tem propriedades ma-tematicas satisfatorias, e que resultados empıricos suportam as conclusoesteoricas e a praticidade do uso dessas medidas. O uso mais comum quandodo desenvolvimento de uma classe de medidas coerentes e a alocacao derecursos em uma carteira de investimentos.

Nesse sentido, Fischer (2003) propoe propriedades de diferencia-cao para medidas de risco que garantem sua utilizacao emestrategias deportfolio. O autor mostra que essas propriedades sao atendidas por umaampla classe de medidas de risco coerentes baseadas em semi-desvios, di-ferentemente do que ocorre com o VaR. Tais medidas, se valendo do con-ceito de p-norma e com0 ≤ a ≤ 1, possuem uma representacao ma-tematica com formaρa,p(X) = −EP[X] + α‖max (0, EP [X]−X) ‖p.Inserido neste escopo, Chen & Yang (2008) constroem uma classe de me-didas de risco coerentes bilaterais em que desvios baseadosno con-ceito de p-normas positivos e negativos sao considerados simultane-amente, conformeρa,p (X) = −EP [X] + α‖max (0,X − EP[X]) ‖1 +

(1− α)∥

∥max(

0, EP

[

X]

−X)

p. Essa inovacao torna simples descre-

ver e controlar assimetrias e caudas pesadas, que sao caracterısticas de re-tornos financeiros, permitindo descrever corretamente a atitude em relacaoao risco do investidor. Tambem com foco em p-normas, poremanalisandovalores nas caudas, Krokhmal (2007) apresenta medidas de risco coeren-

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Righi, M., Ceretta, P.

tes para momentos maiores como solucoes de problemas de otimizacao dotipo ρa,p(X) = inf

η∈R

1α ||(X − η)−||p − η

, com p ≥ 1 e 0 ≤ α ≤ 1.

O autor mostra que o CVaR e um caso especial dessa definicao, e que suautilizacao em problemas de alocacao de recursos e vantajosa. Comple-mentando, Dentchevaet al. (2010) derivam representacoes de medidas derisco coerentes com lei invariante de ordens maiores. Dessaforma, umarepresentacao dual e obtida conformeρ(X) = sup

Q∈Pq

∫ 10 AV αR

α(X)Q

(dα), ondePq =

Q ∈ P(0,1) :∫ 10 |

∫ 1α

Q(dt)t |qdα ≤ 1

αq

, com 1p+

1q = 1.

2.3 Extensoes: novos axiomas

Uma corrente teorica que ganha corpo e a inclusao de outros axiomaspara medidas de risco coerentes. Talvez o axioma de extensao que temmaior destaque na literatura seja o de Invariancia de Lei, proposto por Ku-suoka (2001). SejaFX a lei (ou funcao) de probabilidade que governaX.Tal axioma e definido como:

Invariancia de Lei: seFX = FY , entaoρ(X) = ρ(Y ),∀ X,Y ∈ Lp

Alguns estudos ampliam os resultados sobre o axioma de Invarianciade Lei, como Leitner (2005), que prova um resultado que garante que me-didas de risco coerentes com a propriedade de Fatou sao lei invariantes se esomente se preservam a dominancia estocastica de segundaordem. Por suavez, Shapiro (2013) discute representacoes de medidas derisco coerentescom lei invariante como integrais da ES, mostrando que essa representacaoexiste se e somente se o conjunto da representacao dual e gerado por umde seus elementos. Essa representacao e definida de formaunica. Porem,a usual representacao como o supremo dessas integrais nao e unica. Zi-egel (2014) investiga uma propriedade mais estrita do que Invariancia deLei, a Elicitabilidade. Elicitabilidade e a propriedade de previsoes seremavaliadas e classificadas. Autores mostram que medidas com AditividadeComonotona nao tem essa propriedade, com excecao para onegativo damedia. Alem disso, e provado que as unicas medidas coerentes com leiinvariante que possuem elicitabilidade sao os expectis.

A questao de continuidade e obtencao de limites para medidas de riscocoerentes e tambem um campo que apresenta evolucao, e ediretamente li-gado com a questao da Invariancia de Lei. Sob esse prisma, Konovalov(2010) obtem limites e uma analogia com a lei de grandes numeros para

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medidas de risco coerentes. Com base em suposicoes do tipopropriedadede Fatou, convergencia dominada, monotoniciadade dominada, entre ou-

tros, o autor chega aos seguintes resultados:limn→∞ ρ(

Sn−EP[Sn]σ(Sn)

)

=

ρ(ǫ), ondeSn = X1 + · · ·Xn e ǫ ∼ N(0, 1). Assim, algumas carac-terısticas, bem como testes de hipoteses em amostras convergentes se tor-nam possıveis. De forma semelhante, Konovalov (2011) estuda essa con-vergencia para o caso em que o foco e na contribuicao ao risco deXde determinadoY . Os resultados de convergencia anteriores sao pratica-mente os mesmos para a representacaoρ(X|Y ) = sup

Q∈P |YEQ[−X], onde

P |Y = EQ[·|Y ] : Q ∈ P.Dhaeneet al.(2002), estuda o conceito de Comonotonicidade, que pode

ser entendida como sendo dependencia positiva perfeita entre variaveis.Essa propriedade leva a medidas de risco que respeitam o axioma de Aditi-vidade Comonotonica, definido como:

Aditividade Comonotonica: ρ(X + Y ) = ρ(X) + ρ(Y ),∀X,Y ∈

Lp comX eY comonotonos

Esse axioma de Aditividade Comonotonica pode ser entendido como opior caso para medidas que possuem o axioma de Subaditividade.

Stoica (2006) introduz o axioma de Relevancia em um espacovetorial,estendendo o axioma de Relevancia comum, mostrando que este e equiva-lente a condicao especial de nao arbitragem. Tal axiomaesta ligado commedidas de probabilidade. Com base na notacao estabelecida no presentetrabalho, o axioma de Relevancia proposto tem a seguinte representacao:

P− Relevancia: seρ(X) ≤ 0 eρ(−X) ≤ 0, entaoEP[X] = 0

O autor ainda apresenta uma solucao para o problema dehedgingnopreco e estuda o relacionamento WCE e VaR. Por sua vez, Leitner (2004)apresenta o axioma de Monotonicidade Dilatada, estendendoo axioma deMonotonicidade comum para medidas de risco coerentes que possuem apropriedade de Fatou. SejaG ⊆ G, ondeG e a famılia de todos os subespa-cos de eventos possıveisF . Pode se dizer queY e uma dilatacao balayagedeX,X ≤b

G Y , se existeF ∈ G de tal modo queEP[X|F ] ≤ Y . Assim,se tem o axioma:

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Righi, M., Ceretta, P.

Monotonicidade Dilatada : seX ≤bG Y, entaoρ(X) ≥ ρ(Y ),

∀X,Y ∈ Lp

A extensao se da pelo condicionamento a um subespaco de eventospossıveisF , e nao mais a todo o espacoF . Esse axioma implica emρ(X) ≥ ρ(EP[X|F ]), ou seja, o risco de uma posicao nao e menor que orisco de seu valor esperado. Complementando, Grigoriev & Leitner (2006)apresentam alguns resultados relacionando medidas coerentes que possuempropriedade de Fatou com os axiomas de Aditividade Comonotona e Mo-notonicidade Dilatada. Os autores mostram que se ume medidacoerentecom propriedade de Fatou respeita os axiomas de AditividadeComonotonae Monotonicidade Dilatada, entao ela deve respeitar o de Invariancia deLei, podendo ser representada conformeρ(X) = −γess infX + (1 −γ)ρc(X), 0 ≤ γ ≤ 1, ondeρc e uma medida coerente contınua com axio-mas de Aditividade Comonotona e Monotonicidade Dilatada.

A inclusao de axiomas pode tambem ser necessaria quando outro enfo-que e dado ao problema. Nessa perspectiva, Jarrow & Purnanandam (2005)estendem o conceito de medida de risco coerente de modo a torna-lo maisconsistente com a perspectiva da firma, e nao do regulador. Para isso, elesexcluem o axioma de Invariancia de Translacao e incluem os axiomas deRelevancia e Caminho Mais Curto, considerando que a medidade risco sopode assumir valores nao negativos. Esse ultimo axioma mantem que:

Caminho Mais Curto: ρ(X + λ · u) = ρ(x)− λ, 0 ≤ λ ≤ ρ(X),

u =X∗ −X

||X∗ −X||, ρ(X∗) = 0,∀X,X∗ ∈ Lp

Esse axioma exibe reducao de risco de forma linear ao longodo ca-minho mais curto para o conjunto de aceitacao da medida. Ainda, ativo uadicionado a posicao sao precisa ser capital, mas qualquer investimentode risco. Desse modo, o conjunto de aceitacao e adaptado paraAρ =X ∈ Lpρ(X) = 0. Ainda, os autores mostram que medidas que satisfazemesse conceito tem a formaρ(X) = inf

X∗∈L0+

||X −X∗||, comL0+ sendo o

conjunto de todas as variaveis nao negativas.

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Teoria de Medidas de Risco: Uma Revisao Abrangente

2.4 Extensoes: abordagem multivariada

Outra possibilidade de extensao de medidas coerentes e levar a defini-cao para o campo multivariado. A esse respeito, Jouiniet al.(2004) definemmedidas de risco como sendo funcoesρ(d, n) : Lpd → Rn que satisfazemversoes vetoriais dos axiomas de coerencia. O argumento para a utilizacaodestas medidas e que questoes como taxas de cambio e custos de transacaosao relevantes em grandes portfolios, mas desprezadas naversao padraode medidas de risco coerentes. Questoes como conjuntos de aceitacao erepresentacao dual dessas medidas vetoriais sao expostos como extensoesdo caso padrao de medidas coerentes de risco. O caso de agregacao derisco, onded < n, e discutido, onde condicoes necessarias e suficientespara coerencia sao apresentadas. Complementando essa extensao multiva-riada, Kulikov (2008) define tambem medidas de risco coerentes vetoriais,mas permitindo que os custos de transacao e taxas de cambio sejam es-tocasticos. Os axiomas, conjuntos de aceitacao e representacao dual saotambem estendidos com base em teoremas. Exemplos de aplicacao comversoes multivariadas do TVaR e WVaR sao investigados e problemas dealocacao e contribuicao de risco sao analisados.

Ainda com foco multivariado, Cascos & Molchanov (2007), conside-rando uma estrutura topologica de cones e conjuntos, definem medidas derisco vetoriais. A relacao dessas medidas com regioes truncadas e feita,com exemplos para VaR, ES e perda maxima. Molchanov & Cascos(2014)apresentam medidas de risco coerentes multivariadas definidas em conjun-tos vetoriais com base em selecoes, isto e, posicoes que sao aceitaveis emtodas as marginais. Resultados de definicoes, continuidade e representacaosao provados, assim como extensoes para os casos de mercado conico enumeros reais sao apresentadas. Ainda, estabelecimento de limites e meiode computar tais meddias sao apresentados. Focando em medidas coeren-tes com lei invariante, Ekelandet al. (2012) propoem uma extensao mul-tivariada como funcoes de correlacao maxima, que e uma adaptacao danocao de comonotonicidade. Os autores generalizam entao a questao decoerencia com lei invariante e aditividade comonotona para o que chamamde coerencia forte. Uma medida de riscoρ : L2

d → R tem a caracterıstica decoerencia forte se, alem de contınua e convexa, se ela satisfaz a igualdade

ρ(X) + ρ(Y ) = sup

ρ(X + Y ) : FX = FX , FY = FY ,∀X,Y ∈ L2d

.

Os autores estendem alguns resultados de Kusuoka (2001) para o caso mul-tivariado.

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2.5 Extensoes: abordagem dinamica

Uma abordagem e considerar a coerencia em medidas de riscoquevao alem da estrutura de perıodo unico. Cvitanic & Karatzas (1999) es-tudam medidas dinamicas de risco no sentido de mercados completos, in-corporando uma filtracao emLp, ou seja,Lp(Ω,F ;Ft, P ) ouLp(Ft) comFt = (X1, · · · ,Xt), t = 1, · · · , T . Esse tipo de medida e definido so-bre uma estrategia de otimizacao max-min sobre distribuicao de proba-bilidades e carteiras aceitaveis compostas por ativos negociaveis em umintervalo de tempo, conforme a representacaoρ(XT ) = sup

Q∈PinfX∈Aρ

EQ

[max XTrT

−], com rT sendo o valor da taxa de juros. Tal classe de me-

didas e dinamica no sentido de que acompanharia a evoluc˜ao dos precosdos ativos em questao. Outro estudo sobre medidas de risco coerentesdinamicas e o realizado por Siu & Yang (1999), onde, primeiramente, umarepresentacao dual e apresentada conforme a formulac˜ao ρ(Xt+1|Ft) =

supQ∈P

EQ[−Xt+1

rt|Ft]

, mostrando que tal medida e coerente. Em seguida,

considerando a perspectiva bayesiana uma definicao subjetiva para a me-dida e apresentada, em que formulas fechadas para alguns casos podemser obtidas. Mazzoleni (2004) mostra como elementos unilaterais e inter-temporais tem que ser explicitamente incluıdos na definicao de uma me-dida de risco, a fim de proporcionar instrumentos flexıveis para gestoresde risco. Uma nova medida dinamica unilateral e definida deacordo comum relaxamento das condicoes de coerencia, com representacaoρL(Xt) =

supXt

E[(

L(−Xt)rt

)+]

, ondeL e uma funcao de perda.

Tambem sobre medidas dinamicas, Riedel (2004) argumentaque paraesta classe de medidas o axioma de Invariancia de Translacao deve seradaptado para levar em conta a chegada de nova informacao.Em adicaoaos axiomas de coerencia, esse autor acrescenta o axioma deConsistenciaDinamica, representado como:

Consistencia Dinamica:ρ(Xt+1) = ρ(Yt+1) implica em

ρ(Xt) = ρ(Yt),∀Xt, Yt ∈ Lp(Ft)

Tal axioma requer que julgamentos baseados em uma medida de risconao sejam contraditorios ao longo do tempo, ou seja, se duas posicoes pos-suem o mesmo julgamento sobre todos os cenarios possıveisno futuro,

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entao o risco delas hoje deve ser o mesmo. Uma medida de riscocom es-sas propriedades deve possuir uma representacao dual baseada em valoresfuturos deX com a formaρt(X) = sup

Q∈PEQ[−

∑Ts=t

Xs(1+r)s−t

|Ft], onder

e uma taxa de juros de desconto.De forma um pouco distinta, Artzneret al. (2007) abordam a questao

de multiperıodos, ao inves da relacao dinamico/estatico. Os autores es-tendem a teoria de medidas de risco coerentes para um processo ao invesde um unico perıodo, abordando questoes de recursividade e consistenciadinamica. De modo complementar, Roordaet al. (2005) estendem a te-oria de medidas de risco coerentes para o caso multiperıodocom baseno axioma de Consistencia Dinamica. Axiomas, conjuntos de aceitacaoe representacao dual sao adaptados para a estrutura proposta pelo autor.A utilizacao de combinacao multiplicativa de medidas de probabilidadee utilizada. Delbaen (2006) relaciona tal questao com base na estabili-dade de medidas de probabilidade. Assim, o autor apresenta conjuntos deprobabilidade em que densidades relativas sao multiplic´aveis para formarinformacao acerca de tempos intermediarios. A relacao desses conjuntoscom medidas de risco dinamicas e estabelecida de modo a respeitar axio-mas de Consistencia Dinamica e Recursividade. De modo mais detalhado,Roorda & Schumacher (2007) diferencia definicoes de consistencia sequen-cial, condicional e dinamica. Para o autor, tem-se que:

Consistencia Sequencial: ρ(Xt+s) ≥ (≤)0 implica em

ρ(Xt) ≥ (≤)0,∀Xt ∈ Lp(Ft), s ≥ 0

Consistencia Condicional: ρ(Xt) = ρ(EP[ρ(Xt+s)|Ft]),

∀Xt ∈ Lp(Ft), s ≥

Consistencia Dinamica: ρ(Xt+s) = ρ(Yt+s) implica em

ρ(Xt) = ρ(Yt),∀Xt, Yt ∈ Lp(Ft), s ≥ 0

Com base nesses axiomas, os autores derivam resultados paramedidasde probabilidade com estabilidade que satisfazem a usual representacaodual. Ainda, os autores estudam o TVaR, adaptando sua definic¸ao dual

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para cada caso de consistencia, restringindo seu conjuntode medidas deprobabilidade para satisfazer as propriedades desejadas.Complementando,Katsuki & Matsumoto (2014) estudam medidas de risco coerentes consi-derando um esquema multi-perıodo. O papel do axioma de ConsistenciaDinamica e investigado e tido como fundamental no trabalho. Todavia emsua forma estrita tal axioma penaliza muito o risco, medido pelo TVaR,entao formas mais amenas sao apresentadas pelos autores.Ja Kusuoka(2007) apresentam medidas de risco coerentes multiperıodo que sao lei in-variante. Com suposicoes de movimento browniando e demais restricoes,uma representacao dual e propriedades de recursividade sao provadas, pormeio de equacoes diferenciais parciais. Diversas propriedades da classe saoprovadas, embora sem intuicao financeira. Por sua vez, Tahar & Lepinette(2014) estendem a representacao de medidas coerentes multivariadas deJouiniet al.(2004) para o caso multiperıodo, considerando tempo cont´ınuo.Com base na Consistencia Dinamica, os autores derivam teoria para os axi-omas, conjuntos de aceitacao e representacao dual.

3. Medidas de Risco Convexas

3.1 Teoria basica

O conceito de medidas de risco convexas foi proposto de formacon-comitante por Follmer & Schied (2002) e Frittelli & Gianin (2002). Essesautores introduzem a nocao de medida de risco convexa comouma extensaodo conceito de coerencia de Artzneret al. (1999). O argumento e que emmuitas situacoes o risco de uma posicao pode aumentar demaneira naolinear com o tamanho do portfolio. Por exemplo, um risco de liquidez adi-cional pode surgir se uma posicao e multiplicada por um fator de aumento.Os autores em questao sugerem relaxar os axiomas de Homogeneidade Po-sitiva e Subaditividade por um axioma mais fraco de Convexidade. Se tempor definicao que uma medida de risco convexa no sentido de Follmer &Schied (2002) e Frittelli & Gianin (2002) satisfaz os seguintes axiomas:

Invariancia de Translacao:ρ(X + C) = ρ(X) − C,∀X ∈ Lp, C ∈ R

Monotonicidade: seX ≤ Y, entaoρ(X) ≥ ρ(Y ),∀X,Y ∈ Lp

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Convexidade: ρ(λX + (1− λ)Y ) ≤ λρ(X) + (1− λ)ρ(Y ),

∀X,Y ∈ Lp, 0 ≤ λ ≤ 1

Convexidade significa que diversificacao nao aumenta o risco, isto e,o risco de uma posicao diversificada e menor ou igual a media ponderadados riscos individuais. A questao do axioma de Normalizacao tambem eapresentada. Esse axioma garante que:

Normalizacao:ρ(0) = 0

Em termos de representacao dual, os autores mostram que medi-das de risco convexas podem ser apresentadas conformeρ(X) =supQ∈P

(EQ[−X] − α(Q)), ondeαP → (−∞,∞] e uma funcao de penali-

zacao convexa e inferiormente semi contınua, comα(Q) ≥ −ρ(0). Essafuncao de penalizacao pode ser representada matematicamente comoρ(Q) = sup

X∈Aρ

(EQ[−X]), ondeAρ = X ∈ Lp : ρ(X) ≤ 0 e um con-

junto de aceitacao similar a aquele definido para as medidas coerentes derisco. Assim,Aρ contemLp+, nao tem interseccao comLp−, e e convexo.Como Subaditividade e Homogeneidade Positiva implicam Convexidade,toda medida de risco coerente e uma medida de risco convexa,embora ocontrario nao seja verdadeiro.

3.2 Extensoes: expansao na representacao

Assim como o ocorrido com o conceito de coerencia, a definicao demedidas de risco convexas tambem teve extensoes discutidas na literatura.A definicao padrao garante que medidas de risco convexas podem ser re-presentadas por medidas de probabilidadeQ se a medida respeitar certaspropriedades de continuidade (propriedade de Fatou). Kratschmer (2005)prova em seu trabalho o caminho contrario desse resultado,se medidasde risco convexas podem ser representadas por medidas de probabilidadeentao essas medidas de risco convexas possuem certas propriedades de con-tinuidade. O autor consegue isso com uma forma de representacao dualmenos restrita, conformeρ(X) = sup

Q∈P∗

(EP [−X]− α(Q)), ondeP∗ e um

conjunto que permite medidas de probabilidadeQ com propriedades menosrestritivas de continuidade. O autor verifica que se a medidaconvexa possuirepresentacao dual entao ela e contınua acima, ou seja, Xn

∞n=1 ↓ X, isto

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e, converge paraX por valores maiores, entaoρ(X) = limn→∞ inf ρ(Xn).Ainda, o autor prova que se a medida convexa e contınua abaixo, istoe, Xn

∞n=1 ↑ X, isto e, converge paraX por valores menores, entao

ρ(X) = limn→∞ inf ρ(Xn), entao as medidas de probabilidade utilizadasna representacao dual possuem funcao de penalidade quesao proprias.

Ainda sobre a representacao de medidas de risco convexas,Kaina &Ruschendorf (2009) investigam em detalhes a questao da continuidade epropriedades dessa representacao em espacos gerais de probabilidade, istoe,Lp, comp finito. Os autores encontram que a representacao dual tem a

formaρ(X) = supQ∈Pp

(EQ[−X] − α(Q)), comPp =

Q ∈ P : dQdP ∈ Lq

,

onde 1p +

1q = 1, alem de verificar verificam que as diversas propriedades

de continuidade podem ser interpretadas como propriedadesde robustezsendo uteis para aplicacoes. Mais especificamente, se a medida convexa efinita, entao ela e contınua no sentido de Lipschitz, ou seja existe constanteC tal que|ρ(X) − ρ(Y )| ≤ C||X − Y ||, e contınua no sentido de Fatou,e contınua no sentido de Lebesgue, ou seja, seXn

∞n=1 e uniformemente

limitado eXn

→P X, entaoρ(X) = limn→∞ inf ρ(Xn), e continua acima,

e contınua abaixo e e sigma(Lp, Lq) inferiormente semicontınua. Aindanesse topico, Delbaen (2009) mostra que se uma medida de risco convexae definida em um espaco solido e invariante de variaveis aleatorias, entaotal medida possui a propriedade de continuidade inferior e oespaco e com-posto por variaveis aleatorias integraveis. Como consequencia, medidas derisco para determinadas distribuicoes podem precisar assumir valores infi-nitos.

Ainda sobre extensoes na representacao, Cheridito & Li (2009) estu-dam medidas de risco convexas, com coerentes como caso especial, quandoretornos incertos sao modelados por variaveis aleatorias limitadas em espa-cos definidos por coracoes de Orlicz, ligada com a questao de variaveisnao limitadas de espacosLp. Os autores provam que medidas convexasrepresentadas nesses espacos admitem uma representacao robusta com res-peito a diferentes medidas de probabilidades, conformeρ(X) = sup

Q∈Pψ

(EQ[−X] − α(P )), comPψ sendo um coracao de Orlicz. Cheridito & Li(2008) expandem esses resultados apresentando condicoes para que medi-das de risco convexas definidas nesses espacos apresentem propriedades decontinuidade, monotonicidade e convexidade estritas, bemcomo relacoesde dominancia estocastica. Tais condicoes sao baseadas na representacao

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dual e na funcao de penalidade. Complementando essa representacao,Orihuela & Ruiz Galan (2012) apresentam um resultado que mostra queuma representacao robusta para medidas de risco convexasem espacos deOrlicz garante a propriedade de Fatou e continuidade. Biagini & Frittelli(2010) estendem o teorema de continuidade de funcoes lineares e crescen-tes (Namioka-Klee) para medidas de risco convexas, alem demostrar quea representacao dual e mantida se tais medidas tiverem a propriedade deFatou. Extensivo estudo em espacos de Orlicz e apresentado, relacionandocom conjuntos de aceitacao, atraves de uma propriedade de convergenciade sequencias convexas.

Filipovic & Kupper (2007), considerando espacos vetoriais, apresen-tam resultados para funcoes convexas serem monotonas e com invarianciade translacao, logo medidas de risco convexas. O resultado principal e que,dada qualquer funcaof , os autores apresentam a maior funcao que servecomo medida de risco convexa que e majorada porf . Resultados para tiposde medidas bastante consideradas, mas que nao respeitam aspropriedadessao mostrados, explicitando intervalos em que tais medidas sao convexas.Por sua vez, Fertiset al.(2012) definem o conceito de medida de risco con-vexa robusta quando as medidas de probabilidade da definic˜ao padrao naosao totalmente conhecidas. Para tanto, e acrescentado nadefinicao de me-didas de risco convexas um conjunto de medidas possıveis onde as probabi-lidades podem ser representadas. Os autores estudam como essas medidasse relacionam com os conceitos previamente apresentados, introduzindouma versao robusta do CVaR e da medida entropica. De maneira parecida,Bion-Nadal & Kervarec (2012) consideram um espaco onde nao ha medidade probabilidade de referencia para representar medidas de risco convexascom base num conjunto de medidas de probabilidades de um espaco Borel.Essa discussao e feita atraves do conceito de capacidades, inclusive fazendouma aplicacao para g-expectativas. Nao obstante, Vicig(2008) em seu tra-balho generaliza definicoes de classes de medidas ja existentes, discutindosuas propriedades de consistencia atraves do conceito deprobabilidadesimprecisas. Segundo o autor, medidas de risco podem ser entendidas comolimites superiores ou inferiores de previsoes. Dessa forma, considerandoprevisoes convexas, medidas de risco convexas sao generalizadas, inclusivepara os casos condicionais.

Corroborando com extensao de medidas de risco convexas, Laeven &Stadje (2013) introduzem medidas de risco convexas entropicas. Diferen-temente da versao classica que computa o risco baseada na expectativa

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probabilıstica de perda, a versao entropica considera aexpectativa nor-malizada de perda. Essa subclasse pode ser representada como ρ(X) =supQ∈P

Cϕ(X,Q) − θ(Q), comCϕ(X,Q) = γ log(EQ[−X/γ]), 0 < γ <

∞, e θ e uma funcao de penalizacao definida para medidas de probabili-dadeQ. Seθ for uma funcao indicativa deQ ∈ P

′⊆ P, entao a medida

se torna coerente entropica. Os autores provam outras propriedades dessetipo de medida, como sua relacao com axiomas ja mencionados e conjuntosde aceitacao, bem como sua relacao com questoes de tomada de decisao eaversao ao risco. Frittelli & Scandolo (2006) propoem umageneralizacaocom base em um novo formato do requerimento de capital como medidade risco conformeρA,C,Π(X) = min Π(Y ) ∈ R : Y ∈M,X + Y ∈ A,ondeM representa todas as posicoes possıveis de serem obtidascom he-ding, Π representa o custo inicial de um elementoY ∈ M , eA e um con-junto de aceitacao. Nesse contexto, uma alteracao no axioma de invarianciade translacao e apresentada comoρ(X + z) = ρ(X) − Π(z). Resultadospara representacao dual sao obtidos dividindo a funcao de penalizacao emduas partes, uma paraA e outra paraM e Π. Esse arcabouco e adap-tado um contexto com varios perıodos, tornado, de certa forma, a aborda-gem dinamica. Farkaset al. (2014) generalizam essa representacao com-posta do requerimento de capital considerando que o conjunto M e com-posto por posicoes possıveis de serem obtidas se utilizando multiplos ati-vos de referencia. Se tal conjunto for composto por apenas 1ativo, entaoa representacao volta a ser aquela proposta em Frittelli &Scandolo (2006).Toda teoria de medidas convexas e apresentada para essa estrutura, desde arelacao dos axiomas com espacos de aceitacao e representacao dual.

Um item que muitas vezes e deixado subentendido e a taxa de juros.Konstantinides & Kountzakis (2011) usam ferramentas da teoria de espacoslineares regulados parcialmente ordenados, principalmente cones, para es-tender resultados sobre medidas de risco coerentes e convexas. O focoprincipal e substituir a taxa de juros livre de risco por algum ponto per-tencente ao cone do espaco de ativos com risco. Ainda a esse respeito,Filipovic (2008) mostra que utilizar uma taxa de juros superior a aquelalivre de risco nao reduz os requerimentos de capital. Muitoembora o va-lor presente possa ser reduzido, devido a uma taxa maior, seumaior riscocompensa a diferenca. De fato, o autor mostra que, sob algumas condicoes,nao existe taxa de juros otima no sentido de levar a menoresrequerimentosde capital.

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3.3 Extensoes: novos axiomas

De forma mais conceitual, El Karoui & Ravanelli (2009) relaxam oaxioma de Invariancia de Translacao para uma forma subaditiva, com ointuito de verificar o risco de uma posicao futura. Autoresargumentamque quando ha incerteza sobre taxas de juros, o axioma de Invariancia deTranslacao se torna problematico. Assim, a versao relaxada do axioma,comST sendo a taxa de juros emT , e:

Transacao Subaditiva:ρ(X − CST ) ≤ ρ(X) + C,∀X ∈ Lp, C ∈ R

A logica dessa relacao e que uma posicao descontada deum valorfuturo nao pode ter seu risco atual aumentado em mais que este valor.Exemplos sao apresentados para situacoes onde o axioma de Invarianciade Translacao padrao nao e aplicavel. A representacao dual tem a formaρ(X) = sup

Q∈PfEQ[−X]− α(Q), comP f =

Q ∈ P : Q e fintamente

aditivo

, e funcao de penalidadeα(Q) = supX∈Lp

EQ[−X]− ρ(X). Ain-

da, exemplos para o caso dinamico sao expostos.Corroborando, Cerreia-Vioglioet al. (2011) argumentam a favor des-

se relaxamento subaditivo da translacao, mas mostram quea equivalenciaentre convexidade e diversificacao nao se mantem. Apenas a relacao en-tre diversificacao e quase convexidade, isto e,ρ(λX + (1 − λ)Y ) ≤sup ρ(X), ρ(Y ) ∀X,Y ∈ Lp, λ ∈ [0, 1] e que fica garantida. Os auto-res estudam medidas que respeitam o axioma de quase convexidade nocaso da versao subaditiva do axioma de translacao. Assim, os autoresprovem uma representacao dual para este tipo de medida daformaρ(X) =maxQ∈P R(EQ[−X],Q), ondeR : R × P → [−∞,∞], comR(t,Q) =inf ρ(X) : EQ[X] = t, e um funcao semi contınua superior que e cres-cente e nao expansiva no primeiro componente, de tal modo queinft∈R

R(t, ·) e constante. Os autores estabelecem condicoes necessarias para

o axioma de Invariancia de Lei, e o relacionamento com outros axiomasde medidas de risco. Drapeau & Kupper (2013) analisam a pluralidade deinterpretacoes da nocao subjetiva de risco, atraves de uma representacaoque permite uma interpretacao diferenciada dependendo do contexto. Essarepresentacao permite entender o efeito de variaveis aleatorias, percepcaode risco e risco do modelo. Tal representacao tem a forma matematica

conformeρ(X) = supQ∈P

R(Q, EQ[−X]), com R(Q, s) = min

m ∈

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R : s ≤ α(Q,m)

, onde a funcao de penalidade eα(Q,m) =

supX∈Aρ

EQ[−X]. Autores mostram que a percepcao de risco pode ser vista

como risco de escolher a distribuicaoQ errada.Complementando, Frittelli & Gianin (2011) focam em uma interpreta-

cao alternativa para a funcao de penalizacao na representacao dual, base-ada na quase convexidade. Alem disso, propriedades de continuidade demedidas de risco convexas comonotonas sao investigadas,de modo quese verifica que devido a perda de convexidade, continuidadelocal e glo-bal nao sao mais equivalentes. Desse modo, muitas propriedades que saoverdadeiras para medidas de risco convexas deixam de ser validas. Far-kaset al. (2015) consideram o caso em que taxas de juros sao levadas emconta de um perıodo para o outro, oferecendo uma variedade de resultadosde finitude e continuidade, conforme o espaco de variaveise conjunto deaceitacao utilizado. Nessa situacao, a medida de riscoconvexa fica definida

pelo conjunto de aceitacao comoρ(X) = inf

m : X + mS0ST ∈ Aρ

,

ondeS0 e ST sao os valores da taxa de juros em0 e T . Ainda, umaversao diferente do axioma de Invariancia de Translacao e dado, conformeρ(X + CST ) = ρ(X) − CS0,∀X ∈ Lp, C ∈ R. Exemplos com VaRe TVaR sao apresentados. Casos em que a taxa de juros e um tıtulo dedıvida ou um ativo com baixa liquidez sao expostos. O caso da TranslacaoSubaditiva e considerado, e uma representacao dual e fornecida.

Da mesma forma que para medidas coerentes, o axioma de Invarianciade Lei e bastante estudado na literatura de medidas de riscoconvexas. Oconceito foi adaptado para essa classe de medidas por Frittelli & Gianin(2005), os quais mostram que a adaptacao se da pela inclusao de umafuncao e penalidade na representacao original. A representacao fica sendo

ρ(X) = supQ∈P(0,1]

∫ 10 AV aR

α(X)Q(dα) −G(

dQdP

)

, ondeG : L1 →

R, cominf G(

dQdP

)

= 0 eG(

dQdP

)

= supQ∈P

dQdP (−X) − ρ(X)

. Comple-

mentando esse resultado, Jouiniet al.(2006) mostram que medidas de riscoconvexas com lei invariante, definidas em espacos padrao,possuem auto-maticamente a propriedade de continuidade de Fatou. Os autores provamalguns resultados para a propriedade de Lebesgue. Visando unificar essesresultados, Kusuoka (2007) apresenta uma prova simples da representacaode medidas de risco convexas com lei invariante juntando as provas de Ku-suoka (2001), Frittelli & Gianin (2005) e Jouiniet al. (2006). Svindland(2010) generaliza o resultado de Jouiniet al. (2006), que mostra que me-

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didas de risco convexas com lei invariante tem a propriedadede Fatou,relaxando a suposicao que o espaco de probabilidade e padrao, mantendoapenas a necessidade de ser nao atomico. Ainda, o autor leva o resultadopara medidas de risco quase convexas.

Complementando, Filipovicet al. (2012) estabelecem uma correspon-dencia entre medidas de risco convexas com lei invariante em L∞ e L1.Autores provam que o espaco canonico para esta classe de medidas eL1,isto e, com valor esperado finito. Svindland (2009) apresenta um subgradi-ente (conjunto de medidas de probabilidade que otimizam a representacaodual) generalizado para medidas de risco convexas com lei invariante fe-chadas emL1. Resultados relacionando esse subgradiente com outras re-presentacoes sao apresentados, implicacoes para alocacoes e exemplos demedidas especıficas sao dados. Estendendo, Angelsberget al. (2011) con-sideram a classe de medidas de risco convexas com lei invariante, no casoem que a funcao de ponderacao e contınua e pode ser computada de di-versas maneiras. A representacao dual tem a formaρh,p(X) = sup

Q∈P∩Lp(h)∫ 10 [AV aRα(X)Q(α) −Qp(α)h(α)] dα, ondeh : (0, 1] → (0,∞) e uma

funcao positiva e estritamente decrescente, e1 < p < ∞. Os autoresprovem condicoes necessarias e suficientes para que umaposicao seja re-presentada por essa classe de medidas, alem de fornecer dois exemplos demedidas nessas classes. Drapeauet al. (2011) apresentam representacoesrobustas para medidas de risco quase convexas com lei invariante que res-peitam o axioma de Monotonicidade, mostrando que essas medidas pos-suem a propriedade de Fatou. A representacao dual obtida tem a forma

matematicaρ(X) = supQ∈P∞

∫ 10 AV aR

α(X)Q(dα) − αmin(Q)

, com

αmin(Q) = supQ∈P∞

∫ 10 AV aR

α(X)Q(dα) − ρ(X)

, P∞ =

Q ∈ P :

∫ 10 Q(α)dα ≤ 1, P e limitado

eX ∈ L∞. Extensao para o caso dinamico

com Consistencia Dinamica e apresentado, bem como exemplos.Bauerle & Muller (2006) utilizam o conceito de Invariancia de Lei

para estabelecer relacao entre medidas de risco e ordens de dominanciaestocastica. Autores mostram que medidas de risco com axiomas de Mo-notonicidade e Invariancia de Lei, definidas em espacos padrao respeitama dominancia estocastica de primeira ordem, ou seja, seX ≤1std Y , entaoρ(X) ≥ ρ(Y ). Ainda, medidas de risco com axiomas de Monotonicidade,Convexidade e Invariancia de Lei, alem de possuir a propriedade de Fa-

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tou, definidas em espacos padrao respeitam a dominancia estocastica de se-gunda ordem, isto eX ≤2std Y implica emρ(X) ≥ ρ(Y ). Assim, para me-didas de risco convexas com lei invariante set queρ(EP[X|Y ]) ≤ ρ(X).Complementando, Cherny & Grigoriev (2007) mostram que todamedida derisco convexa, definida em espaco de probabilidade nao atˆomico, com axi-oma de Monotonicidade Dilatada e lei invariante e vice-versa. Nesse caso,medidas convexas com lei invariante respeitam a dominancia estocasticade segunda ordem. Tambem relacionando com o axioma de Invariancia deLei, Acciaio & Svindland (2013) mostram que a propriedade deconvexi-dade, que e tao desejada para medidas de risco, nao e interessante quandose consideram as distribuicoes de probabilidade na definicao das medidas,uma vez que e a concavidade de distribuicoes e que esta conectada coma convexidade das medidas. Resultados nesse sentido sao provados numcontexto de invariancia de lei, inclusive para o caso comonotono.

3.4 Extensoes: abordagem multivariada

Trazendo a discussao para o campo multivariado, Hamel & Heyde(2010) apresentam definicoes, axiomas, conjuntos de aceitacao e represen-tacao dual de medidas de risco convexas noLpD com resultados vetoriais,semelhantes ao de Jouiniet al. (2004) para o caso de medidas coerentes.De forma complementar, Hamelet al. (2011) abordam o mesmo problema,porem o caso estudado e o de mercados conicos considerando a atualizacaode informacao de forma dinamica. Por sua vez, Labuschagne & Offwood-Le Roux (2014) estendem a teoria de medidas de risco convexasmulti-variadas considerando produtos de espacos vetoriais, ao inves do espacoLpD. A questao de axiomas, representacao dual e conjuntos deaceitacao eestabelecida e propriedades de continuidade determinadas. Ja Ekeland &Schachermayer (2011) apresentam resultados de representacao de medidasde risco convexas multivariadas com lei invariante no espac¸o L∞

D , atravesde definicoes de comonotonicidade e coerencia forte.

De modo um pouco diferente, Burgert & Ruschendorf (2006) apresen-tam resultados para medidas de risco convexas multivariadas que resul-tam em um numero e nao um vetor, considerando posicoes dotipo X =(X1 + · · · +XN ) ∈ LpN . Os autores apresentam definicao de composicaocom base nos riscos marginais, esclarecendo a relacao comaxiomas, con-juntos de aceitacao e representacao dual de medidas convexas. Em seguida,abordam a questao de invariancia de lei e continuidade de Fatou para de-terminar resultados de dominancia. De modo complementar,Ruschendorf

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Teoria de Medidas de Risco: Uma Revisao Abrangente

(2006) adapta os resultados de medidas convexas com lei invariante para ocaso multivariado. Com base no conceito de medida de risco demaximacorrelacao, representacao dual de medidas convexas com lei invariante saodeterminadas, do mesmo jeito que sao baseadas no AVaR para ocaso univa-riado. Wei & Hu (2014) complementam essa abordagem considerando ca-sos independentes de modelo, convertendo axiomas, conjunto de aceitacaoe representacao dual.

3.5 Extensoes: abordagem dinamica

Assim como ocorre com medidas coerentes, tambem existe umacor-rente de estudos que leva as medidas de risco convexas para uma estruturadinamica. A raiz desse conceito e o de risco condicional. Aesse respeito,Ruszczynski & Shapiro (2006) derivam os resultados de medidas de riscoconvexas (coerentes) condicionais a informacao anterior, adaptando todosos resultados conhecidos. A questao da multiplicidade de medidas de pro-babilidade e abordada para obter muitos dos resultados. Representacao emfuncao de expectativas condicionais, exemplos de medidas condicionaise sua utilizacao em problemas de otimizacao sao discutidos. Kovacevic(2012) apresenta resultados sobre medidas de risco convexas condicionaisem espacosL1 generalizados. Todo o corpo e baseado na representacaodual, se valendo da questao de composicoes atraves da juncao de medidasde probabilidade. Medidas dinamicas sao entao compostas por medidasestaticas. Cheriditoet al.(2004), considerando espacos de processos cadlag(contınuos a direita e limitados a esquerda) com tempo contınuo, estendema teoria de medidas de risco convexas. Resultados para processos limitadosR∞ sao a base do estudo, mas uma extensao para espacosRp e apresen-tada. Teoremas similares a aqueles tradicionais em espacosLpsao apresen-tados, estabelecendo resultados para a relacao entre axiomas e conjuntosde aceitacao, bem como representacao dual. Complementando, Cheriditoet al. (2005) generalizam todos os resultados para o espaco de processoscadlag ilimitados, ou seja, consideram o espacoR0. Resultados para oespacoL0 sao generalizados, e exemplos sao fornecidos. Estendendo, Pen-ner & Reveillac (2015) consideram medidas de risco convexas para proces-sos cadlag, incorporando maiores detalhes nas medidas deprobabilidade darepresentacao dual e incerteza de taxas de juros, e relaxando o axioma deInvariancia de Translacao para a Transacao Subaditiva. Adaptacao para oconceito de g-expectativas com equacoes diferenciais estocasticas recursi-vas tambem e feita, se valendo dos detalhes da etapa anterior.

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Por sua vez, Frittelli & Maggis (2014) estudam medidas de risco quaseconvexas condicionais definidas em modulos do espacoL0, obtendo a se-guinte representacao dualρ(X) = sup

Q∈PGR (EQ [−X|G] ,Q), ondePG

=

Q ∈ P : EP

[

dQdP |G

]

= 1

e a funcao de perda tem a formaR(Y,Q) =

infξ∈Lp(G)

ρ(ξ) : EQ[−X|G] = Y . No caso de Translacao Subaditiva, a

funcao muda paraR(Y,Q) = infξ∈Lp(G)

ρ(ξ) : EQ [−X|G] ≥ Y . Filipo-

vic et al. (2012) consideram medidas condicionais oriundas de espacosLp

ou baseadas em modulos para definir medidas de risco convexas com in-variancia ou subvariancia de translacao. Representacao dual com base emteoria convexa e o centro do trabalho. De modo analogo, Guoet al. (2014)apresentam resultados teoricos de como relacionar as definicoes de medidasde risco convexas condicionais definidas em espacosLp ou em modulos.Tal relacao se da pela concatenacao do envoltorio convexo de espacosLp,de tal modo que e possıvel unificar as definicoes. A representacao dualbaseada na teoria de convexidade e o centro do trabalho.

De modo a trazer para o campo dinamico, Detlefsen & Scandolo(2005)abordam um contexto em que informacao adicional e disponıvel, caracte-rizando essas medidas atraves de conjuntos de aceitacao. A representacaodual tem a formaρ(X) = ess. sup

Q∈PG

(EQ [−X|G]− α(Q)), comPG =

Q ∈ P : P = Q emG, sendoG ⊆ F . Nao obstante, um axioma deregularidade e discutido. SejaIA uma funcao indicadora se determinadoelemento pertence ao conjuntoA. Tal axioma diz que:

Regularidade: seXIA = Y IA, entaoρ(X)IA = ρ(Y )IA,

∀X,Y ∈ L∞, A ∈ G

Tal axioma implica em∀X,Y ∈ L∞, A ∈ G, ρ(X)IA = ρ(X)IAe ρ(XIA + Y ICA ) = ρ(X)IA + ρ(Y )ICA , ondeAC e o complemento deA. Ainda, os autores mostram que medidas convexas dinamicassao cunha-das como uma sucessao de medidas convexas condicionais utilizando umafiltracaoFt = G, satisfazendo axiomas de Consistencia Dinamica (no sen-tido de Riedel (2004)), Recursividade eSupermartingale. Os dois ultimosaxiomas podem ser entendidos como:

Recursividade:ρ(Xt) = ρ(−ρ(Xt+1)),∀ Xt ∈ L∞(Ft)

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Supermartingale: ρ(Xt) ≥ EP [ρ(Xt+1)|Ft] ,∀Xt ∈ L∞(F)t

Recursividade implica em se poder obter o risco atual atrav´es do riscofuturo, enquantoSupermartingalefaz o risco atual ser maior que o riscoesperado do perıodo seguinte, dada a informacao atual.

Kovacevic & Pflug (2009) discutem o axioma de Consistencia Dina-mica de medidas de risco convexas, levando em conta os resultados da li-teratura. A relacao com outros axiomas como Recursividade e Monotoni-cidade de Informacao e investigada em um arcabouco multiperıodo. Para oautor, tais axiomas sao definidos como:

Consistencia Dinamica: ρ (Xt+1|Ft+1) ≥ (≤)ρ (Yt+1|Ft+1)

implica emρ (Xt|Ft) ≥ (≤) ρ (Yt|Ft) , ∀Xt, Yt ∈ Lp (Ft)

Recursividade: ρ (Xt|Ft) = ρ (−ρ (Xt+1|Ft+1) |Ft) ,∀ Xt ∈ Lp (Ft)

Monotonicidade de Informacao: seGt ⊆ Ft, entaoρ (Xt|Gt)

≥ ρ (Xt|Ft) ,∀ Xt ∈ Lp (Gt) ⊆ Lp (Ft)

Monotonicidade de Informacao implica em um volume maior de infor-macao nao aumentar o risco em relacao a um volume menor de informacao.Resultados obtidos pelos autores mostram que a Consistencia Dinamicapode ser conflitante com a Monotonicidade de Informacao.

Cheridito et al. (2006) derivam resultados de axiomas, conjuntos deaceitacao e representacao dual para medidas de risco convexas dinamicasa tempos de parada de processos estocasticos. Esses conceitos sao base-ados na colagem de medidas estaticas condicionais e seus conjuntos deprobabilidade da representacao dual. Isso e realizado devido ao axioma deConsistencia Dinamica exposto, que possui a forma:

Consistencia Dinamica: ρ (Xt,T ) = ρ (Xt,s − ρ (Xs,T )) ,

∀ Xt ∈ Lp (Ft) , t ≤ s ≤ T

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Diversos resultados sao provados com base nessa nocao. Acciaioet al.(2012) ampliam esses resultados utilizando uma estrutura em que a incer-teza advem da medida de probabilidade e da taxa de juros. Os autores apre-sentam um corpo teorico para medidas de risco convexas dinˆamicas, apre-sentando toda a questao de axiomas, espacos de aceitacao e representacaodual. O caso de translacao subaditiva e investigado e exemplos para AVaRe medida entropica sao analisados.

Ainda sobre medidas convexas dinamicas, Follmer & Penner(2006)apresentam definicoes e conceitos com base em resultados oriundos do axi-oma de Consistencia Dinamica no sentido de Riedel (2004).Fundamental-mente, os autores apresentam resultado que mostra que a evolucao conjuntada medida de risco e sua funcao de penalidade formam umsupermartingalesob as condicoes de Fatou e de Consistencia Dinamica. Por sua vez, Jobert& Rogers (2008) analisam medidas de risco convexas dinamicas atravesda nocao de uma famılia de operadores concavos que satisfazem axio-mas, ao inves da usual abordagem de conjuntos de aceitacao. Ja Kloppel& Schweizer (2007) apresentam resultados para medidas de risco conve-xas dinamicas com algumas diferencas sobre outras abordagens existentes,como a generalizacao da representacao dual, espacos de aceitacao e Con-sistencia Dinamica, nao exigindo o tradicional axioma de Normalizacao.

Tutsch (2008) discute como atualizar medidas de risco convexas, classi-ficando a questao de Consistencia dinamica em forte e fraca, de modo a pro-var alguns resultados. Ainda, uma ordem reversa de consequˆencia e apre-sentada, similar a implicacao contraria do axioma de Monotonicidade deInformacao. Resultados provados mostram que nem sempre tal ordem re-versa coincide com a Consistencia Dinamica comum. Stadje(2010) estendemedidas de risco convexas dinamicas de tempos discretos para contınuos,utilizando equacoes diferenciais e tomando limites de diferencas entre umperıodo e outro. Resultados de representacoes dual saodemonstrados e dis-cutidos, com exemplos de algumas medidas como VaR. Ainda sobre essetopico, Cheridito & Kupper (2011) apresentam medidas de risco convexasdinamicas com o axioma de Consistencia Dinamica como composicao demedidas estaticas atraves de uma funcao dinamica geradora. Bion-Nadal(2008) apresenta resultados para medidas de risco convexasdinamicas combase na propriedade de estabilidade de medidas de probabilidade, refletidasna estabilidade das funcoes de penalizacao. O autor chama essa estabili-dade de condicao co-cıclica. Com base nessa condicao,o autor constroimedidas de risco dinamicas atraves demartingales. Ja Bion-Nadal (2009)

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apresenta uma representacao de composicao de funcoes de penalidade queleva a Consistencia Dinamica de medidas de risco convexas continuas aci-ma. A relacao dessa propriedade com outros axiomas, como outras versoesda Consistencia Dinamica e Regularidade e investigada.Construcoes defamılias de medidas desse tipo sao tambem feitas commartingales.

Uma corrente de estudos visa definir medidas de risco utilizando ex-pectativas nao lineares, uma vez que toda medida de risco ede certa formauma expectativa em relacao a uma medida de probabilidade (representacaodual). Nesse sentido, Gianin (2006) utilizag-expectativas, que sao basea-das em funcoes nao lineares de equacoes diferenciais estocasticas, para de-finir medidas de risco convexas estaticas e dinamicas. Pormeio de corres-pondencias entre axiomas dasg-funcoes e axiomas de medidas de risco, osresultados habituais sobre axiomas, conjuntos de aceitacao e representacaodual sao provados. A questao da Consistencia Dinamica ´e debatida em de-talhes. Complementando, Jiang (2008) estende os resultados da relacao en-tre g-expectativas e medidas de risco convexas, com resultados sobre Con-vexidade, Subaditividade e Invariancia de Translacao sem supor necessari-amente a continuidade da funcao geradorag. Delbaenet al.(2010) apresen-tam representacoes para a funcao de penalidade no caso de medidas con-vexas dinamicas considerandog-expectativas sob uma serie de suposicoes.As representacoes sao obtidas para tempo contınuo, verificando axiomas econjunto de aceitacao. Mais alem, Xu (2014) estendeg-expectativas condi-cionais para o caso multivariado, obtendo medidas de risco convexas mul-tivariadas dinamicas. Resultados para axiomas, conjuntode aceitacao erepresentacao dual sao apresentados, bem como aplicacoes para proble-mas financeiros. Kromer & Overbeck (2014) consideramg-expectativas,vinculadas com equacoes diferenciais estocasticas recursivas, em proble-mas de alocacao, mostrando que sao diretamente ligadas com medidas derisco. Rerpesentacao dual para medidas de risco convexas ´e apresentada,com medidas coerentes como caso especial. Exemplo da medidaentropicadinamica e investigado para ilustracao.

Por sua vez, Weber (2006) caracteriza conjuntos medidas de risco con-vexas com lei invariante por medidas de probabilidade, que sao do tipoΘ : P(R) → R, com P (R) sendo o conjunto de medidas de pro-babilidade definidas na reta dos numeros reais. Autor mostra a relacaoentre esse conceito e o habitual para variaveis aleatorias, conformeρ :Lp → R, e ρ(X) = Θ (Q(X)), com Q ∈ P(R). Ainda, e provadoque essas medidas estao relacionadas com a nocao de utilidade, possuindo

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caracterizacao dual ligada e conjunto de aceitacao ligado a uma funcaode perda convexaℓ, com a formaAΘ = Q ∈ P (R) : Θ (Q) ≤ 0 =

Q ∈ P (R) :∫

ℓ(−x)Q(dx) ≤ z ∈ R

. O autor define uma caracteriza-cao axiomatica para o caso dinamico, apresentando propriedades de Con-sistencia Dinamica. O autor mostra que medidas dinamicas desse tipo po-dem ser representadas por vetores de medidas estaticas, dadas algumascondicoes. Kupper & Schachermayer (2009) mostram que se uma me-dida de risco tem propriedade de Fatou, e contınua, e possui axiomas deNormalizacao, Invariancia de Lei e Monotonicidade, entao ela e um equi-valente certo negativo. Assim, tal medida tem a formaρ(Xt) − u−1 EP [u(Xt)], ondeu e uma funcao contınua, estritamente crescente. Com-plementando, a unica medida de risco dinamica com axiomasde Invarianciade Lei, Relevancia e Consistencia Dinamica e a entropica, sendo convexaou coerente conforme o valor assumido pelo parametro de aversao ao risco.De forma complementar, Follmer (2014) confirma resultadosde que medi-das convexas com axiomas de Invariancia de Lei e Consistencia Dinamicasao entropicas. Resultados para o caso espacial, quando ocondicionamentoe por etapa numa rede ao inves do tempo, sao apresentados.

Feinstein & Rudloff (2013) estendem a teoria de medidas de risco con-vexas multivariadas definidas em conjuntos vetoriais para ocampo dina-mico. Extensoes de axiomas, conjunto de aceitacao e representacao dualsao deduzidas em detalhes. Especial atencao e dada paraa ConsistenciaDinamica. Alguns exemplos vao ilustrando a abordagem ao longo das eta-pas do trabalho. Ja Feinstein & Rudloff (2015) apresentam um corpo te-orico para medidas de risco convexas multivariadas vetoriais definidas emconjuntos que sao consistentes no tempo. Axiomas, conjuntos de aceitacaoe representacao dual sao expostos em detalhes, mostrando que a questao daconsistencia dinamica, ligada com recursividade, e baseada na representa-cao das funcoes de penalizacao e sua propriedade de co-ciclicidade. Parao caso coerente, representacao dual e baseada na colagemde medidas deprobabilidade.

4. Medidas de risco espectrais e de distorcao

4.1 Medidas de risco espectrais

Outra categoria de medidas de risco sao as medidas espectrais. Aocontrario de outras classes de medidas de risco, as medidasespectrais le-vam em conta a funcao de aversao ao risco de cada indivıduo. Mais es-

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pecificamente, a ES pondera todos os cenarios igualmente, ao passo quemedidas espectrais tendem a dar mais peso para piores cenarios. O con-ceito de medidas espectrais de risco e proposto por Acerbi (2002). A ideiafundamental e que toda medida de risco coerente pode ser representada poruma soma ponderada convexa de medidas de risco coerentes. Nesse con-texto, considere uma medida do tipoρ(X) = −

∫ 10 F

−1X (α)dα, ondeF−1

X

e a funcao inversa da distribuicao de probabilidade deX, representando oquantil dos dados eφ e uma funcao de ponderacao definida do agente comdomınio sobre toda amplitude de probabilidades cumulativas0 ≤ α ≤ 1.ρ define a classe de medidas de risco baseadas em quantis, e cadamedidade risco individual nessa classe e caracterizada por sua propria funcao deponderacaoφ. Um agente que e avesso ao risco pode preferir trabalhar comuma medida de risco que considere sua aversao. Exatamente neste pontoque se encaixam as medidas de risco espectrais.φ reflete a aversao ao riscodo agente.

Acerbi (2002) define que medidas de risco espectrais, sao aquelas me-didas que possuem funcoes geradorasφ que atendem as propriedades, para0 ≤ α ≤ 1, de nao negatividade (φ(α) ≥ 0), normalizacao (

∫ 10 φ(α)dα =

1) e nao crescimento (φ′(α) ≤ 0). A primeira propriedade requer que

os pesos sejam nao negativos, garantindo o axioma de Monotonicidade damedida, ao passo que a segunda exige que as ponderacoes somassem aunidade, garantindo o axioma de Invariancia de Translac˜ao. Mas a proprie-dade chave e a terceira, que requer que os pesos atribuıdosa maiores perdasnao seja menor que os pesos atribuıdos a perdas menores, a fim de refletira aversao ao risco. Por depender diretamente da funcao deprobabilidadedos dados, essa classe de medidas possui automaticamente aoaxioma deInvariancia de Lei.

Complementando, Inui & Kijima (2005) mostram que qualquer me-dida de risco espectral que seja coerente e uma combinacao convexa daES, e que a ES fornece o valor mınimo de risco entre a classe demedi-das coerentes. Kusuoka (2001) mostra que essa representacao e valida paramedidas de risco coerentes com axiomas de Invariancia de Lei e Aditi-vidade Comonotonica, coincidindo comρ(X) =

∫ 10 AV aR

α(X)Q(dα),comQ ∈ P(0,1]. Cherny (2006), chamando esse tipo de medidas de WVaR,mostra que esse tipo de medidas possui boas propriedades, sendo estrita-mente subaditiva, isto e,ρ(X + Y ) < ρ(X) + ρ(Y ) seX e Y nao saocomonotonicos. A conexao entre essas representacoes ´e pela igualdadeφ(α) = 1

α

∫ α0 Q(dα). Pichler (2013) cria uma norma associada a medida

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de risco em questao, definida como||X||ρ = ρ(|X|), e gera um espacoLρ onde a medida e contınua com respeito a essa norma. Tem-se queL∞ ⊂ Lρ ⊂ L1, de modo que considerar espacos maiores que o e espacosmaiores que oL1 nao faz sentido. Tal caracterizacao se da conforme oespaco onde a funcao espectral e definida. Resultados comprovando a ideiasao apresentados, bem como espacos duais sao derivados.

Conforme apontado por Dowdet al. (2008), um ponto fraco dessadefinicao e a terceira propriedade, pois ela nao exclui medidas que saoneutras ao risco. Esse autor cita como exemplo a ES, que se encaixa nascondicoes mas nao acomoda essa aversao crescente. Paraeliminar essescasos, Dowdet al. (2008) substituem a terceira propriedade por algo maisforte, o decrescimento (φ

′(α) < 0). Essa nova condicao garante que os

pesos aumentam conforme as perdas aumentam. Dessa forma, senotaque VaR e ES nao sao medidas espectrais no sentido estrito,porquantoa ponderacao deles e, respectivamente, todo o peso no valor do quantil eigualmente ponderado entre todos os valores apos o quantil. Demais valo-res possıveis assumem peso zero. Em casos bem comportados,os autoresesperariam que os pesos aumentassem de forma suave ao passo que aumen-tariam de forma mais brusca para indivıduos muito avessos ao risco. Essaclasse de medidas, com a propriedade de decrescimento, conforme Acerbi(2002), nao e atrativa apenas porque leva em considerac˜ao a aversao aorisco do indivıduo, mas tambem porque tais medidas sao coerentes no sen-tido de Artzneret al. (1999).

Csokaet al. (2007) mostram que uma medida de risco e coerente comaxiomas de Invariancia de Lei e Aditividade Comonotona see somente seela for uma medida de risco espectral no sentido estrito, respeitando a pro-priedade de decrescimento. Entretanto, apesar dessas propriedades teoricasinteressantes, ainda resta um grande problema para aplicac¸oes praticas: aescolha da funcaoφ. Nao ha como estimar o modo que um indivıduo reageao risco com precisao, caindo em um problema muito semelhante com o defuncoes de utilidade. Ainda assim, Dowdet al.(2008) investigam situacoescom funcoes exponenciais e de potencias. Os seus resultados indicam queembora essas funcoes tenham caracterısticas interessantes, tais como sua-vidade na evolucao do grau de aversao, elas podem levar a resultados in-desejados dependendo da parametrizacao escolhida. Todavia, Brandtner(2014) rebate essas crıticas feitas em relacao a funcoes espectrais exponen-ciais e de potencias, mostrando que elas levam a respeitar graus de aversaoao risco.

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4.2 Medidas de risco de distorcao

Intimamente relacionada com o conceito de medidas espectrais estaa classe de medidas de distorcao, introduzidas por Wang (1996) visandoproblemas de seguros, que podem ser definidas basicamente como o re-torno esperado sob uma transformacao da funcao de probabilidade, nome-ada funcao de distorcao. Tal funcao de distorcaog : [0, 1] → [0, 1], comg (0) = 0 eg (1) = 1, e crescente, definindo as medidas de distorcao comosendoρ(X) =

∫ 10 F

−1−X(u)dg(u). Como e originalmente para seguros, se

trabalha com perdas, ou seja−X ao inves deX. Wanget al.(1997) discuteas medidas de risco de distorcao, argumentando em favor dequestoes decontinuidade e mostrando que as propriedades da medida saointimamenteligadas com as da funcaog. Assim, a escolha dessa funcao de distorcaovai definir a medida de risco e suas propriedades. Wirch & Hardy (2000)mostram que medidas de distorcao com funcaog concava sao coerentes,e respeitam a dominancia estocastica de segunda ordem se esomente seforem estritamente concavas.

Gzyl & Mayoral (2008) estabelecem relacionamento direto entre me-didas de risco de distorcao e medidas de rico espectrais atraves da relacaog′(α) = φ(α), seg for concava. Assim como as medidas espectrais, as

medidas de distorcao caem no problema da definicao deg. Assim, paragconcava, as medidas de risco de distorcao sao coerentese possuem axio-mas de Invariancia de Lei e Aditividade Comonotona. Nessesentido, Pflug(2006a) mostra que medidas de distorcao podem ser representadas comocombinacoes da ES, de modo similar a representacao de Kusuoka (2001).Tal representacao e da formaρ(X) =

∫ 10 AV aR

α(X)g(dα). Pode se es-tabelecer que existe uma conexao direta entre medidas de distorcao comfuncaog concava, medidas espectrais e medidas coerentes com axiomas deInvariancia de Lei e Aditividade Comonotona com base no integrador darepresentacao dual conformeg

′(α) = φ(α) = 1

α

∫ 11−aQ(dα).

Song & Yan (2009a) apresentam em maiores detalhes as representacoesduais destes e de outros tipos de medidas de risco. Dhaeneet al. (2012)discutem a questao da representacao de medidas de distorcao por quantis,com teoremas que mostram que cuidado precisa ser tomado na definicao dequantil usada no caso de distribuicao de probabilidade n˜ao contınua. Porsua vez, Belles-Samperaet al. (2013) mostram que ordenadores de logicafuzzysao intimamente ligados com o conceito de medidas de distorcao de-vido a integral de Choquet na sua representacao dual. Resultados nessesentido sao provados e exemplos para VaR e TVaR sao oferecidos pelos au-

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tores. Balbaset al. (2009) estudam propriedades que uma medida de riscodeve satisfazer a fim de evitar escolhas de portfolio inadequadas. Duas no-vas propriedades sao apresentadas, a completude, que exige que a medidause toda a informacao sobre a distribuicao dos dados, e aadaptabilidade,que forca a medida a usar a informacao adequadamente. Autores mos-tram que essas propriedades sao satisfeitas quando o crescimento estrito dafuncao de distorcao existe.

Uma possibilidade, assim como nas outras classes de medidasde risco,e a proposicao de novos tipos de medidas de distorcao, como o traba-lho de Tsukahara (2009), que introduz famılias parametricas de medidasde distorcao, precisamente com um parametro, como extensao da repre-sentacao da ES, investigando suas propriedades e discutindo seu uso. Aderivacao dessas medidas e baseada na representacao de medidas de riscocoerentes com axiomas de Invariancia de Lei e Aditividade Comonotona.A abordagem do autor e visando comparacoes com a ES por meio de exem-plos numericos, discutindo sua estimacao empırica e sua utilizacao na ges-tao de risco. Ja Hurlimann (2006) apresenta uma classe demedidas dedistorcao, nao necessariamente coerentes, que sao potencias de potenciasmedias do valor esperado de diferencas de uma posicao distorcidaXg com

relacao a algum limiar, conforme a expressaoρ(X) = EP

[∣

∣Xð − b∣

a]θ,

ondeα, θ ≥ 0 eL ≤ b ≤ U , comL eU sao limiares. A variancia e umcaso especial dessa subclasse, por exemplo. Propriedades erepresentacaoda subclasse sao apresentadas.

Zhu & Li (2012) introduzem o conceito de medida de risco de distorcaona cauda, para verificar riscos de perdas excedentes ao VaR. Tais medi-das tem representacao conformeρ(X|X > V aRa) =

∫ 10 F

−1(−X|−X>V aRa)

(u)dg(u), ou seja, apenas se adapta a distribuicao de probabilidade paracaptar informacao da cauda. Ainda, os autores derivam relacoes linea-res assintoticas com o VaR para casos de distribuicoes com caudas pesa-das. Exemplos envolvendo distribuicoes invariantes a localizacao, escalae formato sao apresentadas para ilustrar a abordagem. Fasen & Svejda(2012) estendem o conceito de medidas de risco de distorcao para o campodinamico. Para tanto, os autores utilizam os conceitos de Roorda & Schu-macher (2007) para definicoes de Consistencia Sequencial, Condicional eDinamica para medidas de risco de distorcao dinamicas,as utilizando emresultados que ligam axiomas e representacao dual.

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Teoria de Medidas de Risco: Uma Revisao Abrangente

5. Medidas de Desvio Generalizado

5.1 Teoria basica

As classes de medidas de risco apresentadas ate aqui sao diretamenteligadas com o valor esperado ou monetario de uma posicao.Porem, emmuitas situacoes ha interesse em tratar o quanto um ativofica longe deseu valor esperado ao inves de quanto ele excede algum limite proposto.E nessa lacuna, de variabilidade, que se encontram as medidas de desviogeneralizadas. Essa classe de medidas de risco e proposta por Rockafel-lar et al. (2006). Uma justificativa dada pelo autor por seu interesse emcriar tais medidas, e a limitacao de medidas de dispersoes habituais seremsimetricas, isto e, considerarem ganhos e perdas como desvios similares.

Mantendo a notacao empregada inicialmente, apresentamos formal-mente o que Rockafellaret al. (2006) define como sendo uma medida dedesvio. Assim,D : L2 → R+ e uma medida de desvio se atente aosseguintes axiomas:

Insensibilidade a Translacao: D(X + C) = D(X), ∀X ∈ Lp, C ∈ R

Homogeneidade Positiva: D(0) = 0 eD(λX) = λD(X),

∀X ∈ Lp, λ > 0

Subaditividade: D(X + Y ) ≤ D(X) +D(Y ), ∀X,Y ∈ Lp

Nao Negatividade : D(X) ≥ 0,∀ X ∈ Lp, comD(X) > 0

paraX nao constante

O primeiro axioma indica que o desvio em relacao ao valor esperadonao muda se for adicionada uma constante. O segundo axioma ´e a Homo-geneidade Positiva, ao passo que o terceiro e a Subaditividade. Esses doisjuntos implicam que uma medidaD de desvio e convexa. O quarto axiomae similar ao conceito de relevancia, que indica que qualquer posicao naoconstante apresenta desvio, e este nao e negativo. Dessa forma, se tem que

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D captura o grau de incerteza emX, atuando como se fosse uma normaemLp, exceto por nao exigir simetria. Um outro axioma que e apresentadoneste trabalho, e o de Dominancia de Amplitude Inferior, definido como:

Dominancia de Amplitude Inferior: D(X) ≤ E[X] − infX,∀X ∈ Lp

Em seu trabalho, Rockafellaret al.(2006) apresentam alguns exemplosde medidas de desvio e exploram suas propriedades, como a variancia eo semi-desvio. Os autores derivam ainda uma representacao dual para asmedidas de desvio generalizado, que possui forma matematica da ordemD(X) = EP[X] − inf

Q∈PDEQ[X], comPD ∈ L2 sendo um conjunto nao

vazio, fechado e convexo, de tal modo que para cadaX nao constante,existeQ ∈ PD comEQ[X] ≤ EP[X]. Dessa forma, e possıvel repre-

sentar tal conjunto comoPD =

Q ∈ P : EP

[

dQdP

]

= 1,D (X) ≥

EP[X] − EQ[X],∀X ∈ Lp

. SeD possui o axioma de Dominancia de

Amplitude Inferior, entaodQdP ≥ 0,∀Q ∈ PD. O conjuntoPD unicamentedefinido para uma medida de desvio generalizadoD e chamado envelopede risco. Com base nessa notacao, resultados mais gerais sobre operacoescom envelopes de risco sao apresentados, bem como representacoes paradiversos exemplos de medidas de risco.

Outra propriedade fundamental de medidas de desvio e que, conformeprovado pelo autor, elas estao diretamente ligadas com medidas de riscocoerentes no sentido de Artzneret al. (1999), e vice-versa. Formalmente, arelacao entre essas duas classes de medidas e apresentada abaixo.

D (X) = ρ(X − EP [X])

ρ (X) = EP [−X] +D (X)

Essa relacao se mantem desde queD(X) ≤ EP [X] − infX, isto e amedida de desvio generalizado possua o axioma de dominancia de ampli-tude inferior eρ (X) ≥ EP [−X] seja uma medida de risco coerente limi-tada pela expectativa. Os autores mostram que, em termos de representacaodual se temρ(X) = sup

Q∈PD

EQ[−X].

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Teoria de Medidas de Risco: Uma Revisao Abrangente

5.2 Extensoes gerais

Pflug (2006b) investiga a relacao entre a representacaode subgradien-tes e as propriedades de medidas de desvio. Em particular, o autor mostracomo propriedades de monotonicidade sao refletidas pela representacao desubgradiente. Mais alem, o autor apresenta um corpo de representacoes du-ais para medidas de risco monetarias e de desvio, modificando em termosde notacao aquelas representacoes classicas propostas nos artigos seminaisde cada classe de medidas. Uma lista de exemplos e fornecida. De maneiramais completa, Rockafellar & Uryasev (2013) apresentam um quadrangularteorico ligando medidas de risco, medidas de desvio, medidas de arrepen-dimento e medidas de erro, atraves do que os autores chamam de uma es-tatıstica geradora. Conexoes teoricas entre os quatro conceitos sao propos-tas, bem como sua utilizacao em problemas de otimizacaoe representacaodual. Uma grande lista de exemplos e apresentada.

Assim como nas outras classes de medidas de risco, e possıvel esten-der a teoria principal para o axioma de Invariancia de Lei. Grechuket al.(2009), considerando espacosLp ao inves deL2, fazem essa expansao dateoria. O axioma diz que:

Invariancia de Lei: seFX = FY , entaoD (X) = D (Y ) , ∀X,Y ∈ Lp

Assim como no caso das outras classes de medidas, o axioma implicaem posicoes financeiras com a mesma distribuicao de probabilidade teremo mesmo risco. Alem disso, e possıvel estimar as medidas de desvio gene-ralizado a partir de dados reais. Mais alem, os autores apresentam diversasrepresentacoes duais equivalentes, inspiradas naquelas de medidas coeren-tes com Invariancia de Lei, medidas espectrais e medidas dedistorcao. Taisrepresentacoes sao conforme as formulacoes matematicasD(X) =sup

1−Q∈PD

∫ 10 qα(Q)qα(X)dα, D(X) = sup

φ(α)∈Λ

∫ 10 φ(α)qα(X)dα, D(X) =

supφ(α)∈Λ

∫ 10 AV aR

a(X − EP[X])d(Ψ(α)), D(X) = supg(α)∈G

∫ 10 g(α)

d(qα(X)), ondeΛ e um conjunto de funcoes nao crescentesφ(α) ∈ Lq,∫ 10 φ(α)dα = 0, 1p + 1

q = 1, φ(α) = 1α

∫ a0 ψ(dα), G e uma colecao de

funcoes concavas positivasg : (0, 1) → R, g′(α) = −φ(α). Nao obstante,

os autores mostram que as funcoesg : (0, 1) → [0,∞) formam o envelopemaximo deD lei invariante.

Tal envelope maximo tem a formaGM =

g(α) ∈ G :∫ 10 g(α)

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d(qα(X)) ≤ D(X),∀ X,Y ∈ LF

, ondeG e o conjunto de funcoes

concavasg : (0, 1) → [0,∞) eLF ⊂ L∞ e o espaco de variaveis fini-tas. Ainda, os autores apresentam o axioma de Aditividade Comonotonica,como sendo:

Aditividade Comonotonica: D (X + Y ) = D (X) +D (Y ) ,

∀X,Y ∈ Lp comX eY comonotonos

Da mesma forma que para o caso das outras classes, esse axiomarepre-senta o caso extremo da Subaditivade quando nao ha reduc˜ao do risco peladiversificacao quando duas posicoes tem associacaopositiva perfeita. Asrepresentacoes duais para medidas de desvio generalizado com axiomas deLei Invariancia e Aditividade Comonotona sao as mesmas para o caso naocomonotono aditivo, porem sem os operadores de supremo.

Trazendo para a otica multivariada, Balbaset al. (2012) apresentamversoes vetoriais de medidas de desvio generalizado, seguindo a aborda-gem de Jouiniet al.(2004), bem como sua conexao com medidas coerentesvetoriais. Questoes referentes aos axiomas e representac¸ao dual sao de-batidas. Ja no caso dinamico, Pflug (2006c) utiliza medidas de risco queconsideram a informacao multiperıodo. Tais medidas sao compostas porum termo de expectativa e outro de desvio com base na medida dedesviogeneralizadoCV aRa (X − EP [X]). Os axiomas e representacao dual dotermo de desvio sao ajustados para o caso dinamico.

6. Outras Classes de Medidas de Risco

Existem algumas outras classes de medidas de risco com menordes-taque na literatura de financas do que aquelas anteriormente apresentadas.Joaquin (2009) identifica tres axiomas que se aceitos em conjunto levama aceitacao do VaR como medida de risco. O autor argumentaque o VaRdeve refletir fraca aversao a perdas, considerar apenas perdas realmente ca-pazes de ocorrer, alem de nao ser afetado por possibilidades de ganhos.De forma complementar, Chambers (2009) caracteriza func˜oes quantılicascomo o VaR em um espaco de funcoes de distribuicao de probabilidade.Dessa forma, o VaR deve respeitar axiomas de Covariancia Ordinal, Mo-notonicidade com respeito a dominancia estocastica de primeira ordem esemicontinuidade inferior. Ja Frittelli & Maggis (2014),tentando se va-ler do conceito do VaR, determina medidas de risco definidas com funcoes

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Teoria de Medidas de Risco: Uma Revisao Abrangente

de probabilidade nos numeros reais, da formaρ : P → R, ρ (Q) =− sup

m ∈ R : Q ∈ AP

, comAP = Q ∈ P : FQ ≤ Fm, ondeFm :R → [0, 1]. Essas medidas tem axiomas de Monotonicidade, Quase Con-vexidade, Invariancia de Lei, e uma variante da Invariancia de Translacao.Representacao dual e obtida conformeρ(Q) = sup

f∈Cb

R(∫

fdQ, f), com

Cb sendo o conjunto de funcoes contınuas e limitadas, eR : R × Cb →R ∪ −∞,∞ tem a formaR (t, f) = inf

Q∈P

ρ(Q) :∫

fdQ ≥ t

.

Com foco maior para seguros, cabe citar tambem a abordagem de li-mites markovianos de Goovaertset al. (2003), que deriva medidas de riscobaseadas na minimizacao de um regime markoviano para uma probabili-dade na cauda. Uma abordagem mais flexıvel e adotada por Goovaertset al. (2004), que argumentam que nao ha conjunto de axiomas que definaperfeitamente uma medida de risco. Os autores discutem medidas de riscode melhores praticas ou medidas de risco consistentes, onde cada situacaodeve ser analisada de forma a considerar suas necessidades epeculiarida-des. Goovaertset al. (2004) apresentam uma classe de medidas de riscoque sao aditivas para riscos independentes. Tais medidas possuem axiomasde Invariancia de Translacao e Monotonicidade com respeito a ordens derelacao estocastica, alem de propriedades de continuidade. A novidade e oaxioma de Aditividade Independente, representado como:

Aditividade Independente: ρ (X + Y ) = ρ (X) + ρ (Y ) ,∀ X,Y ∈

Lp comX eY independentes

Tal axioma garante que posicoes independentes tem seu risco somado,como e o caso da variancia e de certos premios exponenciais para seguros.Relacoes com conjuntos de axiomas para medidas aditivas comonotonassao apresentados. Ainda focando em seguros, Sordo (2008) considera me-didas que generalizam o desvio de cauda proposto em Wang (1998). Essasmedidas sao a diferenca entre expectativas distorcida e nao distorcida deuma variavel, ou sejaρ (X) = EP [X

g] − EP [X] ondeXg e uma posicaoX distorcida pela funcao de distorcaog. Esse tipo de medida possui axi-omas de Insensibilidade a Translacao, Homogeneidade Positiva, Nao Ne-gatividade e Aditividade Comonotonica, alem de respeitar dominancia es-tocastica de ordens dispersa e valor excedente. Sordo (2009) consideramedidas de cauda do tipoρϕ,α (X) = EP

[

ϕ(

X − EP

[

X|X < F−1X (a)

])

|X < F−1X (α)

]

, ondef e uma funcao convexa. A CTE e a variancia na

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cauda sao casos especiais. Autor mostra que esse tipo de medida respeita adominancia estocastica de ordem de valor excedente.

Kou et al.(2013) apresentam as medidas de risco naturais, que incorpo-ram a robustez com respeito a erros de especificacao de modelo e pequenasmudancas nos dados. O conjunto de axiomas dessa classe de medidas naoexige a Subaditividade estrita, de tal modo que medidas de requerimento decapital que sao baseados no VaR sao incluıdos. Os axiomasque essa classede medidas deve respeitar, alem dos usuais de Homogeneidade Positiva eMonotonicidade, sao os seguintes:

Translacao Escalonada: ρ (X + C) = ρ (X)− sC,

∀X ∈ Lp, C ∈ R, s > 0

Subaditividade Comonotonica: ρ (X + Y ) ≤ ρ (X) + ρ (Y ) ,

∀ X,Y ∈ Lp comX eY comonotonos

Invariancia de Lei Empırica: FX = FY , entaoρ(

X)

= ρ(

Y)

,

FX = FX , FY = FY ,∀X,Y ∈ Lp.

O primeiro axioma e uma versao escalonada da Invarianciade Transla-cao. O segundo e um relaxamento da Subaditividade comum,exigindo res-peitar o princıpio de diversificacao apenas no caso de variaveis comonoto-nas. O terceiro axioma e uma versao empırica da Invariancia de Lei, abran-gendo qualquer permutacao nos dados utilizados. Essa classe de medidas

possui representacao dual da formaρ (X) = supW∈W

−∑n

j=1wjx(j)

, com

W ⊂ Rn um conjunto de vetores de pesos do tipoW = (w1, · · · , wn),ondeXOS =

(

x(1), · · · , x(n))

sao estatısticas de ordem deX =(

x1,· · · , xn

)

. Complementando, Ahmedet al. (2008) mostram queρ (X) euma medida de risco natural se e somente seρ

′(XOS) e uma medida de

risco coerente. Ainda, esses autores apresentam condicoes para queW sejaconvexo e fechado. Assa & Morales (2010) estendem a teoria demedidasde risco naturais para o espaco de sequencias infinitas, ou seja, quando hainfinito dados para computacao. Para tanto, uma extensaovetorial da teoria

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Teoria de Medidas de Risco: Uma Revisao Abrangente

padrao para espacos com dimensao infinita e feito atravesdas ponderacoesW ∈ W. Resultados apra representacao dual sao provados, alem de algunsexemplos fornecidos.

Ainda sobre esse tipo de medias de risco, Tian & Suo (2012) estende ateoria de relaxando a Subaditividade Comonotonica por Convexidade Co-monotonica. Representacao dual e apresentada e analisada, como tendo

a forma ρ(X) = supW∈W

−∑n

j=1wjx(j) − γ(W )

, ondeγ : W →

[−∞,+∞) e uma funcao de penalizacao. Mais alem, Tian & Jiang (2015)estendem essa definicao de medidas de risco naturais mudando a Subaditi-vidade Comonotonica para uma Quase Convexidade Comonotonica. Com

isso, e obtida a seguinte representacao dualρ(X) = supW∈W

R(

−∑n

j=1

wjx(j),W)

, onde R : Rn+1 → (−∞,+∞] e uma funcao conforme

R(t,W ) = infX

ρ (X) : −∑n

j=1wjx(j) ≥ t

. Outras representacoes

nesse sentido para os casos coerentes e convexos com Invariˆancia de LeiEmpırica, bem como naturais com Subaditividade e Convexidade Como-notonicos sao apresentados.

Por sua vez, Song & Yan (2009b) apresentam classes de medidasquenao apenas sao comonotonicas subaditivas ou convexas, mas tambem res-peitam a dominancia estocastica de primeira ordem. Os autores introdu-zem representacoes para essas medidas em termos de probabilidades dis-torcidas, mostrando que tais medidas tem lei invariante. Arepresentacao

para o caso subaditivo eρ (X) = supg∈gρ

(g P )(−X), com gρ =

g ∈

g : (g P )(−X) ≤ (X) , ∀X ∈ Lp

, ondeg e o conjunto de to-

das as funcoes de distorcaog. Para o caso convexo a representacao ficaρ (X) = sup

g∈gcc(g P ) (−X)− α(g), comgcc = g ∈ g : g e concava

e funcao de penalidadeα (g) = supρ(X)≤0

(g P )(−X). Autor mostra ainda

que, no caso deΩ nao ter atomos, essas definicoes coincidem com as demedidas de risco lei invariantes coerentes ou convexas.

Outra abordagem e a de Chen & Yang (2011), que propoe uma classede medidas de risco que satisfazem os axiomas de Convexidadee Mono-tonicidade. Essas medidas podem ser representadas como umaPerda Es-perada Ponderada (Weighted Expected Shortfall– WES), definida comoWESa = − 1

α

∫ α0 w(F

−1X (u))F−1

X (u) du, ondew e uma funcao definida

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monotonicamente nao crescente, sendo positiva e convexa paraX ≤ 0, enao negativa e concava paraX ≤ 0. Atraves de uma ponderacao nao li-near, essa classe de medidas pode flexivelmente refletir o grau de aversao aorisco do investidor, estabelecendo inclusive um modelo realista de selecaode portfolio. Resultados empıricos mostram que esse tipode medida con-segue refletir melhor as restricoes do mercado, superandoportfolios cons-truıdos com base na ES. Ja Eichhorn & Romisch (2005) apresentam a classede medidas de risco poliedricas que servem para a solucaode problemasde otimizacao estocasticos. Representacao dual paraessas medidas e suarelacao com espacos de aceitacao e apresentada. Propriedades para garantirque sejam convexas ou coerentes sao introduzidas, e relacoes com o CVaRsao expostas. A extensao para o caso multiperıodo e abordada, bem comoa questao teorica de sua utilizacao em problemas de otimizacao. Roorda &Schumacher (2011) apresentam uma classe de medidas de riscoque, den-tre um conjunto de medidas de risco, uma combinacao que escolhe a maisotimista e apresentada. Embora nao garanta convexidade,a medida e mo-netaria e possui o axioma de Consistencia Dinamica no caso multiperıodo.

Contet al.(2010) introduzem medidas que so consideram perdas, e naoganhos, da formaρ (X) = ρ (min (X, 0) ) e tem axioma de Monotonici-dade e Normalizacao. Versoes convexas sao tambem expostas, e a relacaocom medidas convexas tradicionais e apresentada, bem comoa ligacao coma Subaditivade de Translacao. Representacao dual e o caso com Invarianciade Lei sao estudados de modo a adaptar os resultados usuais de medidasde risco convexas. Staum (2013) introduz o axioma de Invariˆancia do Ex-cesso para medidas de risco, que implica em insensibilidadea quantidadeque o valor de uma carteira excede seubenchmark. Esse axioma substituio de Invariancia de Translacao. Mais formalmente, o axioma proposto peloautor exige que:

Invariancia do Excesso: seX− = Y −, entaoρ (X) = ρ (Y )∀X,Y ∈ Lp

Em outras palavras, o axioma garante que o risco de duas posic¸oes eigual se sua perda em relacao aobenchmarkfor igual, independentementeda relacao entreX+ e Y +. Com base neste axioma, o autor define aindauma classe de medidas de risco de perda que sao uteis quandorisco e as-sociado apenas a resultados ruins, ignorando retornos excedentes positivos.Tais medidas possuem, alem do axioma de Invariancia de Excesso, propri-edades de Monotonicidade, Nao-Negatividade e Normalizac¸ao.

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Teoria de Medidas de Risco: Uma Revisao Abrangente

Existem medidas utilizadas como metricas de performance para analisede investimentos que consideram o risco, muito embora sao sejam exata-mente medidas de risco. Cabe comentar aqui para a medidaOmega, pro-posta por Keating & Shadwick (2002), que e definida como a razao pon-derada da probabilidade de ganhos e perdas para algum retorno alvo. Ma-

tematicamente,Ωr(X) =∫∞

r(1−FX(x))dx

∫ r−∞

FX(x)dx, onder e o retorno alvo. Nesse

sentido, Cherny & Madan (2009) consideram metricas de performance quesatisfazem axiomas, inspirados na teoria de medidas de risco coerentes.Resultados teoricos derivados pelos autores mostram que tais metricas sesobressaem em relacao a concorrentes presentes na literatura.

Medidas de risco dinamicas permeiam todas as classes de medidas derisco. O trabalho que iniciou essa corrente foi o elaborado por Wang (1999),que estende o VaR para uma abordagem multiperıodo criando uma classede medidas de risco que respeita axiomas de Consistencia Dinamica e Re-cursividade, alem de outras propriedades tecnicas. Alguns teoremas derepresentacao sao apresentados, bem como argumentac˜ao em favor de suautilizacao. Tambem com otica dinamica, Pflug & Ruszczynski (2005) apre-sentam medidas multiperıodos para entradas de dinheiro como problemasde otimizacao, considerando a diferenca entre perdas m´aximas s de proces-sos obtidos com informacaoex-antee ex-post. Sob certas situacoes, taismedidas de risco sao coerentes, mas no geral nao precisam ser. Ampliandoesse resultado, Bauerle & Mundt (2008) estendem essa medida de riscopara entradas de dinheiro obtida como otimizacao incorporando a ambigui-dade na definicao com cenarios bayesianos.

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