teoria poligénica da variação contínuamateriais.dbio.uevora.pt/genetica/vpvgve-novo.pdf ·...

12
Teoria poligénica da variação contínua Paulo de Oliveira Departamento de Biologia Universidade de Évora Um exemplo baseado em três loci Para os alunos de Genética, 2010-2011

Upload: others

Post on 21-May-2021

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Teoria poligénica da variação contínuamateriais.dbio.uevora.pt/Genetica/VPVGVE-novo.pdf · 2012. 9. 12. · Teoria poligénica da variação contínua Paulo de Oliveira Departamento

Teoria poligénica da variação contínua

Paulo de OliveiraDepartamento de Biologia

Universidade de Évora

Um exemplo baseado em três lociPara os alunos de Genética, 2010-2011

Page 2: Teoria poligénica da variação contínuamateriais.dbio.uevora.pt/Genetica/VPVGVE-novo.pdf · 2012. 9. 12. · Teoria poligénica da variação contínua Paulo de Oliveira Departamento

● Caracterização do exemplo utilizado– 3 loci A/a, B/b, C/c com segregação

independente– Usando um valor de referência 0:

● aa = –2, Aa = +1, AA = +4● bb = –4, Bb = –1, BB = +2● cc = –2, C– = +3● Valores genotípicos resultam da soma entre

estes valores, e vão desde –8 para aabbcc até +9 para AABBC–

Os loci e a escala

Page 3: Teoria poligénica da variação contínuamateriais.dbio.uevora.pt/Genetica/VPVGVE-novo.pdf · 2012. 9. 12. · Teoria poligénica da variação contínua Paulo de Oliveira Departamento

-13 -12 -11 -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 140

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

fenótipo

frequ

ênci

a

Descendência do selfing de AaBbCc

aabbC–AABBcc

4/64

12/64

18/6418/64

12/64

4/64

AabbccaaBbcc

AaBbccAAbbccaaBBcc

AabbC–aaBbC–

AAbbC– aaBBC– AaBbC–

AABbC–AaBBC–

AABBC–

1/643/64aabbcc

AABbccAaBBcc6/64

1/643/64

média: 1,94 variância: 13,04

cc C–etc.

aa Aa AAbb Bb BBcc C–

aabb AaBb AABBaabb AaBb AABB

cc C–

As setas representam os efeitos fenotípicos de substituir alelos de letra minúscula.

Page 4: Teoria poligénica da variação contínuamateriais.dbio.uevora.pt/Genetica/VPVGVE-novo.pdf · 2012. 9. 12. · Teoria poligénica da variação contínua Paulo de Oliveira Departamento

Efeito do ambiente

-13 -12 -11 -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 140

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

fenótipo

frequ

ênci

aNeste exemplo,

VE = 4

Usando como exemplo os genótipos AabbC– e aaBbC–, passam a distribuir-se por várias classes fenotípicas centradas na do valor genotípico (0) e com desvio-padrão √4 = ± 2na realidade, a distribuição a amarelo estende-se infinitamente na escala fenotípica, por conveniência usam-se distribuições truncadas (a que está representada acima vai de –5 a +5), dando por isso variâncias ligeiramente inferiores (3,87, neste caso).

Se COVGE

= 0, então a VE é igual para todos os genótipos

Page 5: Teoria poligénica da variação contínuamateriais.dbio.uevora.pt/Genetica/VPVGVE-novo.pdf · 2012. 9. 12. · Teoria poligénica da variação contínua Paulo de Oliveira Departamento

Distribuição fenotípica resultante

-13 -12 -11 -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 140

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

fenótipo

frequ

ênci

a

média: 1,75 variância: 16,93A distribuição resultante é aproximadamente gaussiana, com fenótipo médio praticamente igual e com um aumento da variância de aproximadamente 4(os valores não são exactamente idênticos por efeito da truncagem das distribuições, realizada por conveniência)

Refira-se que o valor 13,04 da variância do gráfico de barras é a VG.

Page 6: Teoria poligénica da variação contínuamateriais.dbio.uevora.pt/Genetica/VPVGVE-novo.pdf · 2012. 9. 12. · Teoria poligénica da variação contínua Paulo de Oliveira Departamento

Composição da distribuição obtida

-13 -12 -11 -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 140

0,01

0,02

0,03

0,04

0,05

0,06

0,07

0,08

0,09

0,1

fenótipo

frequ

ênci

a

AabbccaaBbcc

AaBbccAAbbccaaBBcc

AabbC–aaBbC–

AAbbC–aaBBC–AaBbC–

AABbC–AaBBC–

AABBC–aabbcc

AABbccAaBBccaabbC–

AABBcc

Page 7: Teoria poligénica da variação contínuamateriais.dbio.uevora.pt/Genetica/VPVGVE-novo.pdf · 2012. 9. 12. · Teoria poligénica da variação contínua Paulo de Oliveira Departamento

Selecção

-13 -12 -11 -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 140

0,01

0,02

0,03

0,04

0,05

0,06

0,07

0,08

0,09

0,1

fenótipo

frequ

ênci

a

AabbccaaBbcc

AaBbccAAbbccaaBBcc

AabbC–aaBbC–

AAbbC–aaBBC–AaBbC–

AABbC–AaBBC–

AABBC–aabbcc

AABbccAaBBccaabbC–

AABBcc

P ≥ 7

Page 8: Teoria poligénica da variação contínuamateriais.dbio.uevora.pt/Genetica/VPVGVE-novo.pdf · 2012. 9. 12. · Teoria poligénica da variação contínua Paulo de Oliveira Departamento

Características dos reprodutores● O fenótipo médio é 6,71, donde o diferencial de

selecção S = 6,71 – 1,75 = 4,95.● Por valores genotípicos, incluem

– G = +3: AAbbCC, AAbbCc, aaBBCC, aaBBCc, AaBbCC, AaBbCc

– G = +4: AABBcc– G = +6: AaBBCC, AaBBCc, AABbCC, AABbCc– G = +9: AABBCC, AABBCc

● Frequências alélicas nos reprodutores: 0,814 para A e para B, 0,658 para C (é mais baixa em parte por causa da dominância)

Page 9: Teoria poligénica da variação contínuamateriais.dbio.uevora.pt/Genetica/VPVGVE-novo.pdf · 2012. 9. 12. · Teoria poligénica da variação contínua Paulo de Oliveira Departamento

Valores melhoradores● O valor melhorador dos reprodutores varia

segundo o genótipo de cada um e a maneira como eles se reproduzem.

● No modelo de selfing de cada reprodutor, os valores melhoradores variam entre +1,75 (AAbbCc, aaBBCc e AaBbCc) e +9 (AABBCC), sendo o valor médio +5,88

● No modelo panmíctico, o valor melhorador de cada genótipo calcula-se em função das frequências gaméticas nos reprodutores.

Page 10: Teoria poligénica da variação contínuamateriais.dbio.uevora.pt/Genetica/VPVGVE-novo.pdf · 2012. 9. 12. · Teoria poligénica da variação contínua Paulo de Oliveira Departamento

Resposta usando selfing

-13 -12 -11 -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 140

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

F2 R

fenótipo

A resposta obtida é 5,88 – 1,75 = 4,13. Note-se que a descendência obtida contém já uma parte importante de fenótipos acima de 6. A dominância em C/c contribui para uma certa assimetria da distribuição na descendência.

Page 11: Teoria poligénica da variação contínuamateriais.dbio.uevora.pt/Genetica/VPVGVE-novo.pdf · 2012. 9. 12. · Teoria poligénica da variação contínua Paulo de Oliveira Departamento

-13 -12 -11 -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 140

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

F2 R

fenótipo

Resposta usando panmixiaA resposta obtida é 6,19 – 1,75 = 4,43. Deduz-se por isso que o valor melhorador médio era 6,19, dando uma resposta maior que usando selfing, e reduzindo a assimetria da distribuição na descendência.

Page 12: Teoria poligénica da variação contínuamateriais.dbio.uevora.pt/Genetica/VPVGVE-novo.pdf · 2012. 9. 12. · Teoria poligénica da variação contínua Paulo de Oliveira Departamento

Conclusão● A base poligénica da variação contínua

traduz-se em redundância entre genótipos para um mesmo fenótipo, acentuada pela variação devida a causas ambientais;

● As frequências alélicas alteram-se em função da intensidade de selecção e da importância dos efeitos de dominância e de interacção;

● A resposta à selecção é teoricamente a média dos valores melhoradores dos reprodutores utilizados e depende do modelo de cruzamentos utilizado.