termômetro de kanitz aplicado nas demonstrações financeiras

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Instituto de Educação Continuada Controladoria Corporativa O Risco de Crédito Empresarial: Uma análise com base no termômetro de Kanitz. Adriano Demétrius Melo Librelon

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Page 1: Termômetro de Kanitz Aplicado nas Demonstrações Financeiras

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAISInstituto de Educação Continuada

Controladoria Corporativa

O Risco de Crédito Empresarial: Uma análise com base no

termômetro de Kanitz.

Adriano Demétrius Melo Librelon

Contagem2013

Page 2: Termômetro de Kanitz Aplicado nas Demonstrações Financeiras

Adriano Demétrius Melo Librelon

O Risco de Crédito Empresarial: Uma análise com base no

termômetro de Kanitz.

Artigo apresentado à matéria de Metodologia Científica do curso de Controladoria Corporativa do Instituto de Educação Continuada da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Orientador: Marco Antônio.

Área: Controladoria

Contagem2013

Page 3: Termômetro de Kanitz Aplicado nas Demonstrações Financeiras

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAISInstituto de Ciências Econômicas e Gerenciais

Curso de Ciências Contábeis

Artigo apresentado à matéria de Metodologia Científica do curso de Controladoria Corporativa do Instituto de Educação Continuada da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em

Controladoria Corporativa.

O Risco de Crédito Empresarial: Uma análise com base no

termômetro de Kanitz.

Resumo de avaliação

CONCEITO ________________

Page 4: Termômetro de Kanitz Aplicado nas Demonstrações Financeiras

Aos meus pais, Dilma e Valdir, por seus

esforços e sacrifícios para que me

tornasse uma pessoa digna de seus

ensinamentos.

A minha companheira Bárbara, por seu

carinho e compreensão nos momentos de

ausência.

Page 5: Termômetro de Kanitz Aplicado nas Demonstrações Financeiras

AGRADECIMETOS

Ao senhor nosso Deus pelo dom da vida e por ter me proporcionado o

encontro com as pessoas que fazem parte de minha jornada.

Aos meus pais pelo seu apoio em horas de dificuldade e nas horas de alegria.

A minha companheira Bárbara por seu amor e carinho, por sua compreensão

e ajuda.

Aos diretores do Grupo empresarial SARITUR pelo seu apoio e pelas

oportunidades concedidas.

Aos professores, funcionários e colegas do curso de Controladoria

Corporativa do Instituto de Educação Continuada da Pontifícia Universidade Católica

de Minas Gerais pela rica experiência de aprendizagem adquirida no período de

convivência.

Page 6: Termômetro de Kanitz Aplicado nas Demonstrações Financeiras

“Em momentos de crise, só

a imaginação é mais

importante que o

conhecimento”

Albert Einstein

Page 7: Termômetro de Kanitz Aplicado nas Demonstrações Financeiras

RESUMO

A análise de balanços através de indicadores contábeis tem se desenvolvido

no meio acadêmico graças à integração com a comunidade empresarial. O escopo

desses indicadores é abrangente e a possibilidade de criarem-se novas fórmulas de

acordo com necessidades específicas tem como limite a experiência e a criatividade

de cada pessoa. Para que o analista não se sinta perdido diante de um grande

volume de índices, quocientes, indicadores, muitas vezes repetitivos ou até

contraditórios, essas análises são dispostas em grupos ou modelos específicos que

procuram verificar a situação de uma determinada empresa sob os mais variados

enfoques. As análises tradicionais são dispostas em grupos de indicadores que

procuram avaliar as situações de liquidez, endividamento, rentabilidade e

alavancagem, retorno de investimento, estrutura dos ativos e qualidade dos

passivos. Outras análises se compõem de modelos com capacidade preditiva,

estruturados a partir de uma cesta de informações e ponderadas de acordo com

critérios estatísticos. É o caso do modelo de previsão de falência elaborado por

KANITZ e que é o enfoque deste estudo.

Palavras chave: Análise financeira, demonstrações financeiras, risco de crédito,

termômetro de insolvência.

Page 8: Termômetro de Kanitz Aplicado nas Demonstrações Financeiras

ABSTRACT

The balance sheet analysis using financial indicators have been developed in

academia thanks to integration with the business community. The scope of these

indicators is comprehensive and the possibility to create new formulas according to

specific needs is limited by the experience and creativity of each person. For the

analyst does not feel lost in front of a large volume of indexes, ratios, indicators often

repetitive or even contradictory, these analyzes are arranged in groups or specific

models that seek to verify the situation of a particular company under various

approaches . Traditional analyzes are arranged in groups of indicators that seek to

assess the situations of liquidity, debt, profitability and leverage, return on

investment, structure of assets and liabilities of quality. Further analyzes are

composed of models with predictive ability, structured around a basket of information

and weighted according to statistical criteria. It is the case of bankruptcy prediction

model developed by KANITZ and that is the focus of this study.

Keywords: Financial Analysis, financial statements, credit risk, thermometer

insolvency.

Page 9: Termômetro de Kanitz Aplicado nas Demonstrações Financeiras

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Diagrama do Sistema Dupont ............................................................. 15

Figura 2 Termômetro de Insolvência de Kanitz ................................................. 19

LISTA DE TABELAS

Page 10: Termômetro de Kanitz Aplicado nas Demonstrações Financeiras

TABELA 1 Índices da Análise Dupont ................................................................ 21

TABELA 2 Indicador de Insolvência de Kanitz ................................................... 22

SUMÁRIO

Page 11: Termômetro de Kanitz Aplicado nas Demonstrações Financeiras

1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................1.1 Problema de pesquisa ..............................................................................

2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................2.1 Demonstrativos e índices financeiros ....................................................2.2 Análise de risco de crédito ......................................................................2.2.1 Sistema Dupont de análise ...................................................................2.2.2 O modelo de Kanitz ...............................................................................2.2.3 Método para construção do modelo de Kanitz ...................................

3 ANÁLISE .......................................................................................................3.1 Resultados Obtidos ..................................................................................

4 CONCLUSÃO ................................................................................................

REFERÊNCIAS ................................................................................................

ANEXO .............................................................................................................

1112

121214141519

2020

23

24

25

1. INTRODUÇÃO

Page 12: Termômetro de Kanitz Aplicado nas Demonstrações Financeiras

O movimento econômico, como um todo, está diretamente relacionado com o

fluxo de capitais e suas alocações. Isso é feito geralmente sob a forma de

concessão de crédito/empréstimos que visa gerar cada vez mais valor. Porém, cada

um desses empréstimos possui um risco associado de não pagamento. Essa

percepção de risco controla os movimentos do mercado da seguinte forma, em

épocas de alta temos grande crescimento da economia, dessa forma a maioria dos

contratos são cumpridos o que faz com que os credores subavaliem os riscos e

concedam mais crédito fomentando mais desenvolvimento.

Ocorre que, esse desenvolvimento acelerado encontra diversos pontos de

gargalos, que torna difícil sua sustentação. Com isso, aumentam os números de

inadimplência e a súbita percepção de um grande risco nas transações faz com que

os agentes financeiros reduzam a concessão de crédito, o que restringe o

crescimento e agrava a crise. Nesse contexto, atuando como protagonistas,

encontramos os bancos e as autoridades monetárias. Esta última atuando como

agente regulador e supervisor dos bancos, como por exemplo a CVM-Comissão de

Valores Mobiliários.

Os agentes financeiros realizam serviços como a transformação de prazos e

riscos. No primeiro caso um depósito à vista na ponta da cadeia vira um empréstimo

de longo prazo na outra ponta. Já no segundo caso, uma transação de baixo risco

como um depósito num banco de confiança pública tem seu risco aumentado

quando o banco empresta o dinheiro a outrem. A utilização desses serviços gera a

alavancagem, que corresponde à expansão no valor dos ativos quando uma mesma

soma pode ser ré emprestada várias vezes.

Esse capital fictício é a origem do descolamento do valor financeiro do valor

gerado na economia real. Por esses e outros motivos é que temos a necessidade

de proteger o sistema financeiro e fazemos isso com agentes reguladores e

implantação de políticas monetárias. A relação entre instituições e mercados

financeiros nasce basicamente da necessidade de fundos das empresas

(captadora) e da disponibilização de capital ocioso pelos indivíduos (fornecedores) e

fundos.

1.1 Problema de pesquisa

Page 13: Termômetro de Kanitz Aplicado nas Demonstrações Financeiras

Os bancos atuam como grandes mobilizadores de capital, advindo em grande

parte da poupança líquida das famílias. Sob algum risco, eles emprestam dinheiro

às empresas, para que estas possam produzir valor utilizando tais recursos. Com

efeito, entendendo tais operações de crédito e seus riscos associados, torna-se

possível aperfeiçoar o fluxo de dinheiro e, portanto obter melhor crescimento

econômico.

Então, a concessão de crédito empresarial pode ser avaliado com uso de

ferramentas de análise de risco de crédito, tal como o Termômetro de Insolvência

de Kanitz? O objetivo do trabalho desenvolvido neste artigo, que consiste em

estudar instrumentos para uma melhor avaliação sobre a situação financeira das

empresas.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Demonstrativos e índices financeiros

Para Gitman (2005), as principais demonstrações financeiras são:

demonstração do resultado do exercício, balanço patrimonial, lucros retidos e fluxo

de caixa. A seguir temos a análise de tais demonstrações: Demonstração do

resultado do exercício - Este tipo de demonstrativo fornece um resumo do resultado

das operações realizadas (ganhos e gastos) pela empresa em determinado período.

Balanço patrimonial - Este tipo de demonstrativo nos mostra uma descrição

sintética, como se fosse um raio-X, da situação financeira da empresa num

determinado momento.

O balanço patrimonial é dividido em dois campos, a primeira fica com os

ativos, que corresponde ao que a empresa possui em termos de bens, dinheiro,

aplicações e outras contas. Já a segunda parte corresponde aos passivos e

patrimônio líquido. Passivos representam o que a empresa deve, enquanto

patrimônio líquido corresponde aos direitos dos proprietários da empresa. Este

Page 14: Termômetro de Kanitz Aplicado nas Demonstrações Financeiras

último pode ser tratado como um setor de financiamento interno da própria

empresa.

Demonstração de lucros retidos - Esta demonstração apresenta o lucro

líquido obtido em um exercício juntamente com os lucros já reinvestidos na

empresa. Demonstração de fluxo de caixa - Trata-se de uma demonstração que

resume as entradas e saídas de caixa da empresa num determinado período. É um

dos demonstrativos mais utilizados por permitir aos administradores identificarem

pontos de ineficiência e medirem o progresso de algumas metas pré-determinadas.

Pode ser obtido a partir da demonstração do resultado do exercício e do

balanço patrimonial. Exemplos das informações obtidas com esses demonstrativos,

podem ser vistos na secção de resultados obtidos, e são usados na análise

segundo o modelo DuPont e o termômetro de Kanitz.

Como ferramenta para analisar e acompanhar o desempenho de uma

determinada empresa pode-se utilizar alguns índices financeiros, cujos elementos

básicos são obtidos a partir da demonstração do resultado do exercício e do

balanço patrimonial.

A comparação dos índices pode ser feita em três formas, análise em corte

transversal (benchmarking), análise de séries temporais e uma análise combinada

das duas anteriores. A primeira delas corresponde à comparação dos índices da

empresa com índices de um ou mais concorrentes.

Também podem ser feitas comparações de médias setoriais utilizando esse

processo. O segundo tipo de análise trata da evolução de um determinado índice

com relação ao tempo. Devemos antes de analisar os índices lembrar que eles não

fornecem nenhuma evidência conclusiva sobre um determinado problema, apenas

nos fornece pistas.

Durante a análise de uma empresa não se deve utilizar índices isolados,

temos que estar atentos a efeitos de sazonalidade e efeitos de inflação sobre os

ativos desta. Cuidados quanto à credibilidade dos demonstrativos e sua confecção

também devem ser tomados. Os índices estudados se dividem de forma a oferecer

informações sobre fundamentos da empresa, tais como liquidez, atividade,

endividamento, rentabilidade e valor de mercado.

2.2 Análise de risco de crédito

Page 15: Termômetro de Kanitz Aplicado nas Demonstrações Financeiras

A disponibilidade de crédito para o mercado é afetada diretamente pelo índice

de inadimplência das empresas. Assim, a insolvência, estado em que se encontram

as empresas incapazes de saldar suas dividas com credores, representa um

problema gravíssimo.

Desenvolver e estudar métodos para identificar essa situação e otimizar a

concessão de crédito é de grande interesse tanto para as empresas, quanto para

seus credores. Este é o problema proposto para este trabalho, que visa o estudo e

avaliação do risco de crédito empresarial.

Nas análises de risco de crédito tradicionais, geralmente é utilizada uma

grande quantidade de indicadores financeiros. Elas envolvem a simples leitura e

comparação de indicadores financeiros, tais como mostrados no item 2.2.2. Esse

procedimento fornece um excesso de informações, que nem sempre são relevantes

no estudo da empresa, comprometendo a eficiência da análise.

Já outras análises utilizam um conjunto de indicadores financeiros

ponderados segundo um ferramental estatístico. Um tipo de análise que exemplifica

isso é o próprio termômetro de insolvência de Kanitz, objeto que será estudado

detalhadamente nos próximos tópicos.

2.2.1 Sistema DuPont de análise

Gitman (2005) indica que o sistema DuPont de análise é utilizado para extrair

determinados índices das demonstrações financeiras de modo a facilitar a avaliação

da empresa. Através das demonstrações de resultados e do balanço patrimonial

retiramos informações de modo a obter duas medidas de rentabilidade ROA

(Retorno sobre os Ativos Totais) e ROE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido).

Na próxima página temos a figura do diagrama do sistema DuPont, com os

elementos da Demonstração do Resultado do Exercício e do Balanço Patrimonial,

os indicadores vão se dissecando até chegar no ROE, formado pelo produto entre o

multiplicador da alavancagem financeira com o ROA.

Page 16: Termômetro de Kanitz Aplicado nas Demonstrações Financeiras

Figura 1. Diagrama do Sistema DupontFonte: Adaptado pelo autor

2.2.2 O modelo de Kanitz

O Professor Stephen Charles Kanitz, do Departamento de Contabilidade da

FEA/USP, foi responsável, durante mais de 20 anos, pela elaboração da análise

econômica e financeira das 500 Melhores e Maiores empresas brasileiras editada

pela Revista Exame. Fruto de seu trabalho junto às empresas e de suas pesquisas,

elaborou um modelo de previsão de falências, também conhecido como fator de

insolvência.

Para a elaboração de seu modelo de previsão de insolvência, Kanitz utilizou-

se de “Uma Centena de Balanços” distribuídas por dois grupos de empresas – as

boas e as insolventes – respeitadas a similaridade do setor de atividade e

proximidade do capital. Foram excluídas as empresas de serviços, imobiliárias e

participações. Segundo o autor, no item de apresentação de seu livro, publicado em

1978, foram utilizadas técnicas de análise discriminantes e regressão linear múltipla

para obter a ponderação estatística das cinco variáveis utilizadas.

Segundo Kanitz:

“Para calcular o fator de insolvência... usamos uma combinação de índices,

ponderados estatisticamente..., trata-se de uma ponderação relativamente

complexa...”.

Page 17: Termômetro de Kanitz Aplicado nas Demonstrações Financeiras

A seguir, temos o modelo proposto por Kanitz:

Fator de Insolvência = 0,05.X1 + 1,65.X2 + 3,55.X3 – 1,06.X4 – 0,33.X5

Em que:

X1 = Lucro Líquido / Patrimônio Líquido

X2 = Liquidez Geral

X3 = Liquidez Seca

X4 = Liquidez Corrente

X5 = Capitais de Terceiros / Patrimônio Líquido

Também se faz necessário destacar que o resultado de cada variável utilizada

na equação é obtido através da aplicação de indicadores que evidenciam a situação

financeira (índices de estrutura de capital e endividamento) e econômica (índices de

rentabilidade). Sendo assim, a primeira variável (RPL) faz parte do índice de

rentabilidade que diferente dos índices de estrutura de capital e liquidez, esse retrata

a situação econômica da empresa, isto é, a rentabilidade das operações realizadas

pelos seus gestores.

A Rentabilidade do Patrimônio Líquido (RPL) é encontrada pela fórmula:

RPL = ___LUCRO LÍQUIDO____

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Para Matarazzo (2010), esse índice “indica o quanto à empresa obteve de

lucro para cada R$ 100,00 de capital próprio investido”. O ideal para a empresa é

que quanto maior, melhor, pois significa que a empresa está tendo lucro face ao seu

patrimônio líquido. Após terem sido apresentados os principais conceitos envolvidos

na análise do balanço financeiro de uma empresa, de acordo com o modelo contábil

selecionado, o trabalho parte para a descrição e análise dos resultados da empresa

avaliada.

Os índices de liquidez assim como os índices de estrutura de capitais também

evidenciam a base da situação financeira da empresa. Eles têm como objetivo

verificar se a empresa tem condições de cumprir suas obrigações, ou seja, pagar

suas dívidas. Esse resultado é obtido através da relação entre os diretos realizáveis

e o passivo exigível. Tais indicadores buscam evidenciar a condição da empresa de

Page 18: Termômetro de Kanitz Aplicado nas Demonstrações Financeiras

saldar suas dívidas e de sua estrutura de endividamento. São indicadores extraídos

apenas do balanço patrimonial, razão porque são considerados indicadores

estáticos. Quer dizer que no momento seguinte esses indicadores serão alterados

(PADOVEZE, 2000, p. 150).

Deste modo, os índices de liquidez usados na equação de Kanitz são: liquidez

geral, liquidez seca e liquidez corrente. O primeiro é representado pela fórmula:

ILG = __ATIVO CIRCULANTE + REALIZÁVEL A LONGO PRAZO__

PASSIVO CIRCULANTE + EXIGÍVEL A LONGO PRAZO

Segundo Marion (2002, p. 89) esse índice indica a capacidade de pagamento

da empresa a longo prazo, considerando tudo o que ela converterá em dinheiro (a

curto e longo prazo), relacionando-se com tudo o que já assumiu como dívida (a

curto e longo prazo). O ideal para a empresa é que quanto menor o percentual,

melhor, pois significa que a empresa tem condições de cumprir com suas obrigações

totais com o seu ativo circulante mais o ativo realizável a longo prazo. Já o índice de

liquidez corrente (ILC) é evidenciado pela fórmula:

ILC = ATIVO CIRCULANTE

PASSIVO CIRCULANTE

Esse índice indica se a empresa tem bens e direitos e curto prazo suficientes

para cumprir com suas obrigações de curto prazo. O ideal para a empresa é que

quanto maior seja esse percentual, melhor, pois significa a empresa possui recursos

suficientes para cumprir suas obrigações de curto prazo. E por fim o índice de

liquidez seca é calculado por:

ILS = DISP + AF + DRL

PC

De acordo com Silva (1995, p. 227) esse índice “indica quanto à empresa

possui em dinheiro, mais aplicações financeiras a curto prazo, mais duplicatas a

receber, para fazer face a seu passivo circulante”. O ideal para a empresa é que

quanto maior for esse percentual, melhor, pois significa que a empresa tem

Page 19: Termômetro de Kanitz Aplicado nas Demonstrações Financeiras

condições de cumprir com suas obrigações de curto prazo através do seu disponível

mais aplicações financeiras mais duplicatas a receber líquidas (duplicatas a receber

menos provisão para devedores duvidosos).

Torna-se necessário evidenciar o que: (1) DISP significa disponibilidades; (2)

AF, Aplicações Financeiras; (3) DRL, duplicatas a receber (líquidas de provisão para

devedores duvidosos); e (4) PC, passivo circulante.

Os índices de estrutura de capitais mostram a estruturação do capital da

empresa, isto é, se a empresa possui dependência de capitais de terceiros ou se a

maior parte de seus recursos disponíveis são próprios. Sendo assim, tais

indicadores demonstram como se comportou a situação financeira da empresa, ou

seja, qual a linha de estratégia que ela segue para tomar as grandes decisões

financeiras, no que diz respeito à obtenção e aplicação de recursos. A última

variável utilizada no modelo é a participação de capitais de terceiros representado

pela fórmula:

PCT = PASSIVO CIRCULANTE + EXIGÍVEL A LONGO PRAZO

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Esse índice indica a relação entre o capital próprio e o de terceiros, ou seja,

se a empresa possui dependência ou não de terceiros. O ideal para a empresa é

que e quanto menor seja esse percentual, pois significa que ela consegue manter-se

com seus recursos.

Neste modelo, obtém-se um número denominado de Fator de Insolvência que

determina a tendência de uma empresa falir ou não. Para facilitar, o autor criou uma

escala chamada de Termômetro de Insolvência, indicando três situações diferentes.

Os valores positivos indicam que a empresa está em uma situação boa ou

“solvente”, se for menor do que “-3” a empresa se encontra em uma situação ruim ou

“insolvente” e que poderá levá-la à falência. O intervalo intermediário, de “0” a “-3”,

chamada de “penumbra” representa uma área em que o fator de insolvência não é

suficiente para analisar o estado da empresa, mas inspira cuidados.

Page 20: Termômetro de Kanitz Aplicado nas Demonstrações Financeiras

Figura 2. Termômetro de Insolvência de KanitzFonte: Adaptado pelo autor.

Uma empresa que apresenta um fator de insolvência positivo tem menor

possibilidade de vir a falir e essa possibilidade diminuirá à medida que o fator

positivo for maior. Ao contrário, quanto menor for o fator negativo maior será as

chances de a empresa encerrar suas atividades.

2.2.3 Método para construção do modelo de Kanitz

Kassai e Kassai (1998) em seu artigo sobre o modelo de Kanitz, nos fornece

algumas pistas sobre o caminho a ser seguido e o ferramental estatístico utilizado,

apesar de Kanitz não ter revelado de forma clara a metodologia utilizada para a

construção do seu modelo,

Nos métodos de previsão, tal como o termômetro de insolvência, na análise

discriminante são selecionadas amostras de empresas tidas como solventes ou

insolventes.

A análise discriminante, também chamada de análise do fator discriminante

ou análise discriminante canônica, é uma técnica estatística desenvolvida a partir

dos cálculos de regressão linear e, ao contrário desta, permite resolver problemas

Page 21: Termômetro de Kanitz Aplicado nas Demonstrações Financeiras

que contenham não apenas variáveis numéricas, mas também variáveis de natureza

qualitativa, como é o exemplo de empresas solventes e insolventes.

Após a obtenção e seleção dos dados, é feita a atribuição de números

quaisquer às variáveis não numéricas. Por exemplo, solvente=1 e insolvente=0. A

partir disto, para obter os coeficientes da função discriminante faz-se cálculos de

regressão linear múltipla.

O processo para a construção de um modelo de previsão de insolvência é

relativamente simples. A qualidade de um modelo é avaliada pelo seu grau de

precisão e pela habilidade do autor na escolha de quais e quantos indicadores

contábeis serão utilizados. O ideal é atingir um grau de precisão maior possível,

próximo a 100% e com um número menor possível de indicadores ou informações.

Neste artigo não será abordado a forma de cálculo estatístico aplicada à

época do modelo de Kanitz, até mesmo porque o objetivo deste trabalho é a

abordagem, nos próximos tópicos, dos resultados da análise feita com base em tal

ferramenta.

3 ANÁLISE

3.1 Resultados obtidos

De forma a aplicar alguns dos conhecimentos obtidos acima, temos abaixo

um breve estudo da situação financeira da empresa Magazine Luiza, a partir de

dados dos anos de 2010, 2011 e 2012. Para isso, inicialmente será utilizado o

modelo DuPont, método que utiliza grupo específico de indicadores para analisar os

pontos chave da situação financeira da empresa. Feito isto, aplicaremos o

Termômetro de Insolvência de Kanitz, para caracterizar sua situação como solvente

ou não conforme a pontuação obtida. Seguem os índices obtidos pela análise

Duppont:

Page 22: Termômetro de Kanitz Aplicado nas Demonstrações Financeiras

Tabela 1 – Índices da Análise Dupont

Índices da Análise Dupont 2012 2011 2010Margem líquida -0,09% 0,18% 1,43%Giro do Ativo Total 115% 110% 103%Retorno Sobre os Ativos Totais (ROA) -0,10% 0,20% 1,48%Multiplicador de Alavancagem Financeira 9,20 7,86 82,86 Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) -0,94% 1,58% 122%

Fonte: Elaborado pelo autor.

Pode-se notar que o ROE, apresentou queda consecutiva nos três anos,

chegando a -0,94% (Zero ponto noventa e quatro pontos percentuais negativos) no

último ano. A empresa obtinha bom retorno em 2010, com uma variação negativa

nos anos seguintes, revelando um resultado inferior em 2011 e prejuízo em 2012.

O multiplicado de alavancagem financeira, que indica quantas vezes o ativo

total corresponde ao patrimônio líquido, apresentou queda drástica comparando-se

2010 ao anos seguintes, oscilação esta justificada pelo aumento da rubrica Capital

realizado, indicando grande aplicação de recursos de sócios na empresa.

O ROA acompanhou a mesma variação do ROE, tendo em vista que o ROA é

o resultado a multiplicação do Giro total de Ativo pela margem líquida. A receita

apresentou um crescimento nos anos seguintes à 2010, assim como a margem

líquida apresentou uma queda, chegando a ficar negativa em 2012.

Pode-se notar que o aumento nas despesas operacionais com vendas foi

responsável, em grande parte, pelo baixo desempenho nos ano de 2012 e 2011 se

comparados à 2010.

Também com base nos demonstrativos financeiros foi aplicado o termômetro

de Kanitz para a empresa.

Page 23: Termômetro de Kanitz Aplicado nas Demonstrações Financeiras

Tabela 2 – Indicador de Insolvência de Kanitz

Índices do Balanço Pesos PonderaçãoRP -0,04 0,05 -0,00195LG 0,92 1,65 1,51934LS 0,83 3,55 2,95377LC 1,13 1,06 1,19606GE 8,20 0,33 2,70466

0,57

Índices do Balanço Pesos PonderaçãoRP 0,08 0,05 0,00386LG 0,93 1,65 1,52677LS 0,73 3,55 2,58076LC 1,13 1,06 1,19388GE 6,86 0,33 2,26222

0,66

Índices do Balanço Pesos PonderaçãoRP 2,32 0,05 0,11603LG 0,82 1,65 1,35830LS 0,76 3,55 2,70397LC 1,08 1,06 1,14276GE 81,86 0,33 27,01475

-23,98FI = 0,05RP+1,65LG+3,55LS-1,06LC-0,33GE

Fator de Insolvência - Modelo de Kanitz - 2012

FI = 0,05RP+1,65LG+3,55LS-1,06LC-0,33GE

Fator de Insolvência - Modelo de Kanitz - 2011

FI = 0,05RP+1,65LG+3,55LS-1,06LC-0,33GE

Fator de Insolvência - Modelo de Kanitz - 2010

Fonte: Elaborado pelo autor.

Ao aplicar-se o Termômetro de Insolvência de Kanitz obtivemos um escore de

0,57. Tal pontuação indica que a empresa continua na situação de solvente, com

situação financeira favorável ao crédito. Conforme visto, para estudar a situação

financeira de da Magazine Luiza foram utilizados os demonstrativos financeiros da

empresa. Inicialmente foram tomados alguns índices segundo o sistema DuPont,

que seguiram uma ordem de análise, a partir do ROE até a margem líquida. Dessa

maneira, conseguimos dissecar várias informações, para obter de forma rápida,

algumas conclusões sobre a situação da empresa. Após estudar a situação da

empresa pelo modelo DuPont, aplicamos o Termômetro de Insolvência de Kanitz

para classificá-la como solvente ou não. Com efeito, a partir destes exemplos de

análises, obtivemos suporte para fundamentar uma possível concessão de crédito à

empresa.

Page 24: Termômetro de Kanitz Aplicado nas Demonstrações Financeiras

4 Conclusão

A primeira parte do trabalho teve como objetivo principal desenvolver uma

base de conhecimentos na área de avaliação financeira, de modo a permitir um

aprofundamento futuro em suas diversas áreas de aplicação. O estudo foi

estruturado de maneira que, inicialmente foi feito um contato com os fundamentos

das finanças e suas relações com as organizações empresariais. Tão logo, realizou-

se o estudo de demonstrativos e índices financeiros bem como sua análise e

aplicação. Além da análise do sistema DuPont, foi feita a revisão de literatura

acadêmica do Termômetro de Insolvência de Kanitz. Nesta revisão, estudou-se o

método da análise de discriminante e regressão linear, que pode ser usado na

construção de modelos análogos. De forma a fixar os conhecimentos adquiridos,

aplicou-se o modelo DuPont à empresa Magazine Luiza, com dados referentes ao

período de 2010, 2011 e 2012. E, após observar sua situação financeira por este

sistema de análise, foi utilizado na empresa o Termômetro de Insolvência de Kanitz.

Assim, foram tiradas conclusões a respeito da situação financeira da empresa

e, com o valor de 0,57, obtido pelo Fator de Insolvência, a empresa foi classificada

como solvente. Dessa maneira, a partir dos dois exemplos de análises aplicados,

obtivemos suporte para fundamentar uma possível concessão de crédito à empresa.

Vale ressaltar que as análises que utilizam apenas a interpretação de índices

financeiros na avaliação financeira, tal como o modelo DuPont visto, são subjetivas e

não fornecem ao analista uma resposta prática. É justamente neste ponto que reside

a grande validade de modelos tais como o de Kanitz, pois a partir de um padrão

estatístico obtido temos uma resposta imediata sobre a solvência de determinada

empresa.

Page 25: Termômetro de Kanitz Aplicado nas Demonstrações Financeiras

REFERENCIAS

A aplicação dos Modelos de Previsão de Falência. Disponível em: <http://www. controladoria.ufpe.br/anais2007/arquivos/Area%20Tematica%20%28a%29/2.pdf>. Acesso em:13 de Abril. 2013

GITMAN, L. Princípios da Administração Financeira. 10ª. Ed. SP: Pearson, 2005.

KANITZ, S.C. Como prever falências. São Paulo: McGraw Hill, 1978.

KASSAI, José Roberto & Sílvia. O termômetro de Kanitz. Trabalho apresentado no ENANPAD/98, Foz do Iguaçu/PR, setembro/98.

LUIZA, Magazine. Demonstrações Financeiras.Disponível em: < http:// www. econoinfo.com.br/ demonstracoes-financeiras/balanco-patrimonial ?ce=MGLU>. Acesso em: 20 de Abril de 2013.

MARION, J. C. Análise das demonstrações contábeis: contabilidade empresarial. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

MATARAZZO, D. C. Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2010.

PADOVEZE, C.L. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação contábil. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

SILVA, J. P. Análise financeira das empresas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1995.

Page 26: Termômetro de Kanitz Aplicado nas Demonstrações Financeiras

ANEXO I Demonstrações Financeiras Magazine Luiza

Ativo 31/12/2012 31/12/2011 31/12/2010Valores em milhões de reais (M) (12m) (12m) (12m)Ativo Total 5.664,80 4.877,40 3.927,80Ativo Circulante 4.070,00 3.567,10 2.895,60Caixa e Equivalentes de Caixa 423,1 173,1 328,9Aplicações Financeiras 175,2 75 46,7Contas a Receber 2.104,50 1.927,80 1.524,70Estoques 1.068,80 1.264,70 849,8Tributos a Recuperar 214,8 24,6 46,5Outros Ativos Circulantes 83,6 102 99Outros 83,6 102 99Ativo Não Circulante 1.594,80 1.310,20 1.032,20Ativo Realizável a Longo Prazo 578,9 371,4 298,7Aplicações Financeiras Avaliadas a Valor Justo 59,3 43,3 32Contas a Receber 1,8 9,4 18,7Tributos Diferidos 201,7 178,9 168,2Imposto de Renda e Contribuição Social Diferidos 201,7 178,9 168,2Outros Ativos Não Circulantes 316,1 139,8 79,8Imobilizado 575,2 489,9 358,8Intangível 440,7 448,9 374,6Passivo e Patrimônio Líquido 31/12/2012 31/12/2011 31/12/2010Valores em milhões de reais (M) (12m) (12m) (12m)Passivo Total 5.664,80 4.877,40 3.927,80

Passivo Circulante 3.607,00 3.167,10 2.685,90Obrigações Sociais e Trabalhistas 139,5 121,6 116,5Fornecedores 1.328,20 1.267,80 1.132,30Obrigações Fiscais 80,2 49,3 39,4Empréstimos e Financiamentos 317,2 129,7 108,8Outras Obrigações 1.742,00 1.598,80 1.288,90

Passivos com Partes Relacionadas 26 25,5 21,7Outros 1.716,00 1.573,30 1.267,20

Passivo Não Circulante 1.441,70 1.089,30 1.194,40Empréstimos e Financiamentos 918,8 581,7 666,1Outras Obrigações 323,8 323,4 332,6

Outros 323,8 323,4 332,6Tributos Diferidos 0 10,8 13,7

Imposto de Renda e Contribuição Social Diferidos 0 10,8 13,7Provisões 199,2 173,4 182

Provisões Fiscais Previdenciárias Trabalhistas e Cíveis 199,2 173,4 182Patrimônio Líquido Consolidado 616 620,9 47,4

Capital Social Realizado 606,5 606,5 43Reservas de Capital 2,8 0 0Reservas de Lucros 6,6 14,4 4,4

Reserva Legal 4 4 3,4Reserva de Retenção de Lucros 2,6 10,4 1Outros Resultados Abrangentes 0,1 0 0

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Demonstração do Resultado 31/12/2012 31/12/2011 31/12/2010Valores em milhões de reais (M) (12m) (12m) (12m)Receita de Venda de Bens e/ou Serviços 7.665,10 6.419,40 4.808,00Custo dos Bens e/ou Serviços Vendidos -5.146,60 -4.275,10 -3.166,30Resultado Bruto 2.518,50 2.144,30 1.641,80Despesas/Receitas Operacionais -2.370,30 -1.930,60 -1.390,30Despesas com Vendas -1.581,00 -1.343,30 -960,2Despesas Gerais e Administrativas -482 -441,6 -317,3Perdas pela Não Recuperabilidade de Ativos -338,5 -244,9 -175,3Outras Receitas Operacionais 31,3 99,2 62,5Resultado Antes do Resultado Financeiro e dos Tributos

148,3 213,7 251,4

Resultado Financeiro -172,3 -165,7 -141,5Receitas Financeiras 55,7 51,7 36,6Despesas Financeiras -228 -217,4 -178Resultado Antes dos Tributos sobre o Lucro -24 47,9 110Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro

17,3 -36,3 -41,1

Resultado Líquido das Operações Continuadas

-6,7 11,7 68,8

Lucro/Prejuízo Consolidado do Período -6,7 11,7 68,8Atribuído a Sócios da Empresa Controladora -6,7 11,7 68,8

Fonte: Site www.Econoinfo.com.br