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Centro de Contraterrorismo da ONU -UNCCT

TERRORISMO: A Crise Religiosa no

Oriente

Marcos Michelin Gabriel Milanesi

João Cervi

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SUMÁRIO

1. Apresentação dos Diretores...........................................................................3

2. Introdução......................................................................................................4

3. Terrorismo na história....................................................................................6

4. Terrorismo e fundamentalismo......................................................................11

5. Terrorismo no Oriente Médio........................................................................13

6. Posicionamento das Delegações....................................................................14

7. Questões a serem respondidas........................................................................20

8. Referências Bibliográficas..............................................................................21

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1- Apresentação dos Diretores

Senhores Delegados,

Meu nome é Marcos Michelin, tenho 17 anos e sou o Diretor Geral da UNCCT. Estudo

no colégio Santa Marcelina de Botucatu desde os 8 anos de idade, já participei de uma

simulação no de 2018 sendo um grande incentivo para a criação desse comitê junto aos

meus amigos que partilham do mesmo interesse que eu sobre questões políticas e

filosóficas, em vista disso desejo uma boa sorte e um bom aproveitamento deste evento.

Senhores Delegados,

Meu nome é Gabriel Milanesi, tenho 17 anos e sou o Diretor Executivo da UNCCT.

Estudo no colégio Santa Marcelina Botucatu desde os 3 anos de idade e me interesso muito

por questões políticas, filosóficas, sociológicas, comportamentais e biológicas também, e,

por esses e outros tantos motivos, eu e meus companheiros deste comitê decidimos realizar

esta simulação com o tema “Terrorismo: A Crise Religiosa no Oriente”, e esperamos que os

senhores tirem o máximo de proveito deste evento.

Senhores Delegados,

Meu nome é João Cervi tenho 17 anos e sou Assistente Executivo e Consultor Geral

da UNCCT. Estudo no Colégio Santa Marcelina da cidade de Botucatu desde 2011, já

participei de duas simulações como delegado nos anos de 2017 e 2018, a primeira vez no

Colégio Santa Marcelina de Belo Horizonte, e a segunda vez no Colégio Santa Marcelina

de meu município. Tenho interesse em questões políticas e sou aberto para discutir e

dialogar com qualquer um sobre diversos temas, e como tenho descendência libanesa, por

parte de minha avó paterna, sempre gostei de discutir sobre temas do Oriente Médio.

Esperamos que os senhores tenham experiências tão boas quanto as que eu tive nessas

simulações, muito obrigado e bom evento.

Atenção: É de suma importância que os delegados pesquisem sobre o assunto para

tornar a para tornar a simulação mais construtiva! Tomem como direcionamento as

referências bibliográficas colocadas e estudem sobre o assunto. Muito obrigado!

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2- Introdução

Em 1994, a Assembleia Geral adotou a Declaração de Medidas para Eliminar o

Terrorismo Internacional. Em 1996, na Declaração para Complementar a Declaração de

1994, a Assembleia condenou todos os atos e práticas de terrorismo como criminais e

injustificáveis, em qualquer lugar e por qualquer pessoa que os cometer. A Assembleia

também advertiu os países a tomar medidas nos âmbitos nacional e internacional para

eliminar o terrorismo.

Os ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos foram uma clara

demonstração do desafio do terrorismo internacional, enquanto eventos posteriores

aumentaram a preocupação com a proliferação de armas nucleares e os perigos de outras

armas não convencionais.

Após o 11 de setembro, o Conselho de Segurança estabeleceu seu Comitê

Antiterrorismo. Entre diversas funções, o Comitê monitora a implementação das

resoluções 1373 (2001) e 1624 (2005) do Conselho, que colocaram determinadas

obrigações aos Estados-membros.

As organizações do Sistema das Nações Unidas mobilizaram-se rapidamente em

suas respectivas esferas para intensificar a luta contra o terrorismo. Em 28 de setembro

o Conselho de Segurança adotou a Resolução 1373, nos termos de aplicação da Carta da

ONU, para impedir o financiamento do terrorismo, criminalizar a coleta de fundos para este

fim e congelar imediatamente os bens financeiros dos terroristas. Ele também estabeleceu

um Comitê de Contraterrorismo para supervisionar a implementação da resolução.

Os trágicos acontecimentos de 11 de setembro também revelaram o perigo potencial

das armas de destruição em massa nas mãos de agentes não-estatais. O ataque poderia

ter sido ainda mais devastador se os terroristas tivessem acesso a armas químicas,

biológicas e nucleares. Refletindo estas preocupações, a Assembleia Geral adotou, em

2002, a Resolução 57/83, primeiro texto contendo medidas para impedir terroristas de

conseguirem tais armas e seus meios de lançamento.

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Em 2004, o Conselho de Segurança tomou sua primeira decisão

formal sobre o perigo da proliferação de armas de destruição em massa, especialmente

para os atores não-estatais.

Agindo de acordo com as disposições da Carta, o Conselho adotou por unanimidade

a Resolução 1540, obrigando os Estados a interromperem qualquer apoio a agente não-

estatais para o desenvolvimento, aquisição, produção, posse, transporte, transferência ou

uso de armas nucleares, biológicas e químicas e seus meios de entrega.

Posteriormente, a Assembleia adotou a Convenção Internacional para a Supressão

de Atos de Terrorismo Nuclear, aberta para assinatura em 2005.

Porém, dia e noite pessoas da mesma religião buscam fugir de conflitos e guerras

que matam pessoas e destroem famílias aos montes. Quais seriam as soluções para esses

problemas a curto, médio e longo prazo? De qualquer forma,

Atos criminosos pretendidos ou calculados para provocar um estado de terror no

público em geral, num grupo de pessoas ou em indivíduos para fins políticos são

injustificáveis em qualquer circunstância, independentemente das considerações de

ordem política, filosófica, ideológica, racial, étnica, religiosa ou de qualquer outra

natureza que possam ser invocadas para justificá-los.

(Declaração sobre Medidas para Eliminar o

Terrorismo Internacional - Resolução 49/60 da

Assembleia Geral, para. 3).

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3- Terrorismo na História

A prática terrorista tem uma longa história. Instigar o terror para alcançar fins políticos

e criar raízes no poder é tão antigo quanto às primeiras sociedades. Muito antes que

ataque contra civis, como artifícios para afetar o comportamento de nações e seus líderes

fossem denominados de terroristas, a ação teve várias classificações. Do tempo da

república romana até fins do século XVIII a prática era batizada de guerra destrutiva.

Os próprios romanos geralmente usavam a expressão guerra punitiva. Não obstante,

muitas campanhas militares romanas fossem de fato empreendidas como punição por

traição ou rebelião, outras ações destrutivas afloravam do simples desejo de impressionar

povos recém-conquistados com o temível poder dos romanos.

O século XIX é simbólico por testemunhar a eclosão da violência internacional,

interpretada como precedente histórico do terrorismo moderno. Os agentes dessa

agressão eram geralmente classificados como anarquistas e faziam uso ostensivo do

assassinato individual, além de bombas contra unidades militares, policiais e forças

privadas de segurança industrial, como práticas para combater as crescentes disparidades

entre as classes sociais resultantes das transformações advindas com a Revolução

Industrial que aflorava em solo europeu. Tem-se assim, na prática terrorista, uma extensão

de anseios políticos. A violência é utilizada como instrumento para alcançar determinados

objetivos. Para ampliar seus tentáculos de pavor sobre povos e Estados, o terrorismo

assume diversas fisionomias.

O terror tem muitas faces, contudo, um só pensamento: a anulação de seus

opositores a qualquer custo. Existem terroristas que agem em nome de uma divindade

(como os grupos extremistas islâmicos); os mercenários (como os milicianos que lutam na

África, membros da Blackwater que atuam no Iraque); os nacionalistas (como a IRA –

Exército Republicano Irlandês – e do ETA – Pátria Basca e Liberdade); e, ainda, os

ideológicos (como o grupo de Timothy McVeigh, responsável pela destruição do prédio de

Oklahoma em 1995).

Há ainda o terrorismo de Estado, que consiste na eliminação de minorias étnicas ou

opositores a certo regime. Enquadram-se nessa prática, os regimes da Alemanha nazista,

a Itália fascista, a União Soviética sob a sombra de Stálin, o Camboja de Pol Pot, a China

de Mao Tse-tung, o Iraque sob os auspícios de Saddam Hussein, as ditaduras latino-

americanas nas décadas de 1960 e 1970, o antigo regime de apartheid na África do Sul

ou ainda os Estados Unidos à época da política macarthista.

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Estes, são exemplos de terrorismo e fundamentalismo na história,

porém, neste comitê, será tratado, mais especificamente, a atual crise terrorista no Oriente

Médio, que data em sua maior intensidade desde o fim da 2ª Guerra Mundial, com a criação

do Estado de Israel e as tensões entre Hebreus (Judeus) e Palestinos (Islâmicos) naquele

território.

Os trágicos acontecimentos de 11 de setembro também revelaram o perigo potencial

das armas de destruição em massa nas mãos de agentes não-estatais.

Em 2014, o mundo perdeu 32.658 mil vidas em decorrência do terrorismo, um

crescimento de 80% em relação ao que foi observado em 2013 e o maior nível já

registrado. Mas embora o terrorismo esteja deixando o seu rastro de violência, no âmbito

global, ele ainda mata 13 vezes menos que o homicídio. As constatações são do Global

Terrorism Index 2015 (GTI), estudo anual do Instituto de Economia e Paz, organização que

avalia os impactos econômicos da violência, divulgado nesta terça-feira, dias depois

dos ataques do Estado Islâmico (EI) em Paris, França.

A pesquisa revelou que é o EI, que atua principalmente na Síria e no Iraque, e o Boko

Haram, cujas atividades concentram-se na Nigéria, os responsáveis por 51% dessas

mortes. A maioria dos casos (78%) aconteceu em cinco países (Afeganistão, Iraque,

Nigéria, Paquistão e Síria). O GTI nota, contudo, que o terrorismo está se espalhado pelo

mundo. Em 2013, atividades foram registradas em 59 países.

Em 2014, esse número subiu para 67, incluindo Áustria, Austrália, Bélgica, Canadá e

França. A edição 2015 do estudo investigou os padrões de atividades terroristas em 162

países a partir do total de incidentes registrados em 2014, o número de mortes, o número

de feridos e os danos patrimoniais decorrentes dos atos. Com base nisso, classificou os

países de acordo com os impactos do terror.

Já em 2015 dois homens vestidos de preto e fortemente armados invadiram a

redação do jornal satírico Charlie Hebdo. A ação durou poucos minutos e resultou em 12

mortos, entre jornalistas e policiais.

Sessenta e duas pessoas foram mortas em 2017 durante 33 ataques de inspiração

religiosa/jihadista na UE, em comparação com as 135 mortes registadas durante os 13

ataques perpetrados em 2016, segundo a Europol.

Entre 2016 e 2017, apenas 10 ataques foram classificados como tendo sido

“concluídos”, ao ter cumprido com o seu objetivo. Em 2017, 23 ataques falharam ou foram

impedidos, em comparação com os 3 registados em 2016.Em 2015, o número de mortes

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causadas por este tipo de ataque chegou aos 150, uma subida acentuada em

relação aos 4 mortos registados 2014, tendo em 2017 os ataques sido muito menos letais.

Durante a apresentação do relatório da Europol sobre a situação e tendências do

terrorismo (TESAT) para 2018 à comissão de liberdades cívicas, o diretor do centro

europeu contra o terrorismo (ECTC), Manuel Navarrete, afirmou que “se registaram mais

ataques, mas que os mesmos são menos sofisticados e, felizmente, produzem menos

vítimas”.

Dez dos 33 ataques registados em 2017 foram classificados como “concluídos”, 12

não alcançaram o seu objetivo e 11 foram impedidos, principalmente na França e no Reino

Unido.

No mesmo ano, morreram 62 pessoas vítimas de ataques terroristas na UE: 35 no

Reino Unido, 16 em Espanha, 5 na Suécia, 3 na França, 2 na Finlândia e 1 na Alemanha,

tendo 819 pessoas ficado feridas.

Por fim, um total de 705 pessoas foram detidas em 18 Estados-Membros (373 na

França) por suspeita de envolvimento em atividades terroristas jihadistas.

Nesta reflexão, acrescente-se que, nas relações internacionais, também se vive o

terrorismo da omissão, aproveitando-se da assimetria e da capacidade acrítica da

desordem mundial. A consciência adormecida do processo civilizatório em pleno início do

século XXI, cala em face de atos terroristas perpetrados por rebeldes apoiados por Angola,

Zimbábue e Namíbia contra o igualmente terrorista exército do Congo, escorado por tropas

de Ruanda e Uganda.

As cinzas, ainda quentes, dos conflitos étnicos em Biafra, Ruanda e Burundi, de hútus

contra tutsis e vice-versa, ardem. Apesar disso, não se conhece nenhum gesto de

abrangência mundial contra o terror que nos últimos três anos ceifou dois milhões e

quinhentas mil vidas na parte oriental do Congo.

A opinião pública mundial e a mídia propositadamente deslembram a realidade do

mundo de ser de todos para todos; que o sentimento não é exclusividade dos países de

primeira classe. O número de vítimas nos países excluídos é maior nas mãos do terror.

Triste é esquecer que fazer mártires, não importa onde e nem em favor de que causas, só

serve para aumentar o sacrifício dos martírios.

O terrorismo usado tradicionalmente nas guerras é fenomenologia antiga na história

da humanidade, anterior ao aparecimento dos Estados nacionais nos séculos XV e XVI.

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Na falta da ordem e do estado de justiça, a Antiguidade viu o terror como

instrumento de barganha e até de esperanças. No atual contexto de desordenamento

internacional, com a globalização selvagem debilitando os Estados nacionais, a história

parece repetir a intrínseca natureza transnacional das diversas formas de terror em ação.

Tanto o narcoterrorismo quanto o terrorismo religioso encontram na unipolaridade

globalizadora do poder mundial campo fértil para sua extensão vertical e horizontal no seio

das nações.

O terrorismo da violência espalhado pelas casas e ruas das cidades latino-

americanas, assim como o terrorismo da corrupção, profundamente enraizado nas

instituições nacionais, criam aqui e em outros países globalizados sentimentos de

impotência e passividade. A violência interna, somada a outras patologias do terror

presentes na periferia mundial, tão amoral quanto a marca do terror nos países centrais,

deixa de assustar por não despertar o clamor da mídia e nem da opinião pública. Isto

porque o terror periférico geralmente sacrifica, na maioria das vezes, pobres, excluídos e

miseráveis.

Os imolados pelo extremamente letal terror do subdesenvolvimento encontram-se em

número incomparavelmente superior ao das vítimas do terror no mundo desenvolvido. A

diferença é que este opróbrio, que também é o terrorismo da fome e da exploração do

homem pelo homem, está propositadamente esquecido pela hipocrisia do sistema

internacional, hipocrisia destruidora do que ainda resta da coragem civil pelos cantos da

terra.

Direito de intervenção, soberania limitada e as novas, tais quais as antigas cruzadas

assassinas de muçulmanos e de judeus, alteraram a fisionomia e expuseram a

heterogeneidade da interpretação do significado da liberdade. A guerra com sangue de

inocentes contra as redes do terrorismo organizado transformou princípios, notadamente

os do centro mundial de poder, quase em ultrapassados símbolos éticos e morais.

Os formuladores da política antiterror estadunidense, com certeza, não fazem

distinção entre seus bens e os dos outros. Thomas Hobbes tem razão. Pontuou não existir

propriedade, nem império sobre coisa nenhuma. Nem distinção entre o que é teu e meu.

Pertence ao homem só aquilo que ele consegue manter e tão somente durante o tempo

em que pode defender9. Seu realismo e a visão filosófica de John Locke consideravam a

violência como espécie contrária de justiça.

Na conjuntura internacional da violência, falta a proveitosa presença do Leviatã,

monstro protetor dos pequenos contra o grande e poderoso predador. A metáfora

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hobbesiana aplaude a necessidade da ordem justa na desordem injusta

presente no relacionamento internacional. Um estado de sociedade universal com justiça,

seja ele o sonhado por Kant, Hegel, Marx ou Rousseau, com certeza minaria a força do

terror. Poria a sociedade das nações nos trilhos da ordem justa. Resta saber qual Leviatã

possuirá clarividência e ideal suficientes para mostrar à sociedade das nações os

caminhos da paz e da prosperidade.

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4- Terrorismo e Fundamentalismo

Por mais que estejam muito ligados, terrorismo e fundamentalismo são termos

diferentes. Segundo o Aurélio, fundamentalismo é uma doutrina que defende a

fidelidade absoluta à interpretação literal dos textos religiosos, ou também, uma

atitude de intransigência ou rigidez na obediência a determinados princípios ou

regras. Ou seja, o mesmo pode ser ligado tanto a uma religião (fundamentalismo

religioso) como ideologia (fundamentalismo ideológico), característica muito presente

no atual cenário do Oriente Médio.

Já o Terrorismo, novamente segundo o Dicionário Aurélio, consiste no uso

deliberado de violência, mortal ou não, contra instituições ou pessoas, como forma

de intimidação e tentativa de manipulação com fins políticos, ideológicos ou

religiosos, ou, uma atitude intencional e geralmente continuada de intimidação ou

intolerância. Ou seja, o terrorismo não está totalmente ligado ao fundamentalismo,

pelo fato do mesmo poder ocorrer no cotidiano, como por exemplo, um funcionário

de uma certa empresa que sofre abusos de superiores (similar ao assédio moral).

Porém, é visto que, nos últimos anos no Oriente Médio, os dois estão ligados,

já que grupos terroristas como Al’ Qaeda, Talibã, ISIS, entre outros, utilizam a religião

como justificativa para cometer tais atos. Por mais que, a religião Islâmica pregue a

conversão por meio da força, não é correto ferir a integridade humana para

disseminar sua ideologia.

O sentido espiritual da Jihad, Guerra Santa, precisa ser respeitado e conhecido no

Ocidente. Jihad significa igualmente empenho em busca do equilíbrio a serviço do Criador;

empenho traduzido como esforço de defesa dos valores da fé islâmica. A tradição

maometana prega caminhar da Jihad menor para a Jihad maior. A Jihad maior é o

empenho da fé e do exemplo. Também implica ascese testemunhal por meio de usos e

costumes (suna) ensinados pelo Profeta, em Medina

Diferentes leituras aplicam-se à bíblia e ao corão. Fundamentalistas encontram-se

tanto no islamismo, no judaísmo e no cristianismo, quanto no budismo. Misturar islamismo

com terrorismo equivale a esquecimento da essência do radical monoteísmo abraânico

presente no judaísmo, no islamismo e no cristianismo. Entender esta trilogia como se

fossem civilizações em choque e de outro mundo, como pretende Samuel Huntington6,

com suas cortinas de ferro, de bambu e de veludo, só reforça equívocos e preconceitos

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históricos transmitidos por ideologias compromissadas. Existe choque sim,

mas de poder. Luta de classes, não de civilizações!

As elites dominantes ocidentais, convictas da morte e sepultamento do marxismo,

acordam atônitas com o explodir das reações em cadeia às respostas fratricidas

perpetradas pelo sofisticado aparato bélico industrial dos Estados Unidos. Destas ações,

por condenáveis que sejam, ingente mérito não se pode negar: ressuscitaram a utopia

marxista soprando vigorosamente o espírito da teologia da libertação.

Em nome de interesses toma-se o santo nome de Deus em vão. O abuso de Deus,

seja pelos movimentos terroristas, seja pela repressão mundial ao seu encalço, certamente

traduz convicções mais profundas que as estudadas até o presente na sociologia das

relações internacionais. Por exemplo, o Miutzan Elohim (Ira de Deus) vingava o brutal

assassinato de atletas israelenses nos Jogos Olímpicos de Munique em 1972, observando

o "dente por dente, olho por olho" do ensinamento bíblico. Respondia com terror o terror

do Setembro Negro de Yasser Arafat que, anos mais tarde, dividiria, com Shimon Perez o

Prêmio Nobel da Paz.

O Ruhollah (Sopro Divino) dos xiitas iranianos, o Portão do Céu californiano, o

Templo do Povo, causador de centenas de mortes por envenenamento, na Guiana,

a Jihad Islâmica do Egito, o Hezbollah (Partido de Deus) no Líbano e o Hamas (Fervor)

constituem modelos de manipulação do messiânico no desespero do terror. Fosse vivo,

Antônio Conselheiro e seu bando de fanáticos sertanejos famintos talvez se confundissem

com os talibãs afegãos integrando a lista da história terrorista dos presentes dias.

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5 – Terrorismo no Oriente Médio

Atos Terroristas e fundamentalistas ocorrem no Oriente Médio desde a

expansão Islâmica, que começou no século VII d.C, fazendo com que muitos conflitos

e até mesmo atentados ocorressem, como a ordem de destruição do Santo Sepulcro

por parte do Califa do Egito em 1009 d.C, a construção de uma mesquita sobre o

antigo templo de Salomão em 637 d.C, e até o extermínio em massa de Judeus e

Bizantinos por parte de Jihadistas.

Desde então, muitas medidas foram tomadas para a derrocada do Islamismo

na história como as cruzadas a partir do fim do século XI, e o exemplo mais recente,

a Guerra ao Terror declarada pelo ex-presidente Estadunidense George Bush.

Mas, o Terrorismo no oriente, desde sua origem até os dias de hoje tomou

proporções diferentes e mais complexas, como o fato de vários grupos terem sido

criados e governos supostamente Republicanos terem apoiado grupos extremistas

que pregam violência em nome de seu deus.

Após o fim da expansão Islâmica, o terrorismo religioso deu espaço a outros

acontecimentos e conflitos na história, até o fim da Segunda Guerra Mundial e o Início

da Guerra Fria, onde conflitos motivados por fundamentalismo e religião voltaram a

existir devido a influencias ideológicas (como no Afeganistão) e divergências por

parte dos governantes e da população (como no caso de Saddam Russein e Aiatolá

Khomeine).

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6- Posicionamento das Delegações

Estados Unidos

Após o 11 de setembro, George Bush declarou

guerra ao terror, e desde então, a posição dos EUA se mostram muito clara e agressiva a

organizações terroristas como Isis, AlQaeda e o Taliban. Tanto que, até hoje, não há sinais

de retirada das tropas americanas do Iraque a não ser pelo ex-presidente Barack Obama.

Porém, após seu mandato, Donald Trump desfez essa promessa.

Rússia

Com as recentes crises no Oriente Médio, a

Rússia interveio em várias situações, como na Síria, pró-Assad. Porém, sua posição em

relação ao ISIS e outras organizações terroristas ainda se mostram quase neutra, não

sendo tão agressiva como a dos EUA, porém, ainda se mostra contra ações de violência

à população

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Coréia do Norte:

A posição da Coréia do Norte em relação às crises

do Oriente Médio é um tanto confusa, pois por mais que auxilie a Síria na produção de

armas químicas (segundo a ONU), o ditador Kim Jong - Um não se posicionou

publicamente em relação a organizações terroristas como ISIS e o Taliban.

Arábia Saudita:

A Arábia Saudita tem se mostrado a favor de

movimentos adeptos do Islamismo, até sendo acusada de financiar o terrorismo (por mais

que isso nunca tenha sido provado). Em suma, por ter um governo praticamente

Teocrático, suas ações em prol de organizações a favor de movimentos que pregam ódio

religioso acabam explicitando seu posicionamento.

França:

A França tem se mostrado contra movimentos

radicais a favor do islamismo, devido à grande quantidade de atentados que ocorrem

dentro do país, fazendo com que criasse divisões de inteligência para prevenir ações

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terroristas, porém, o mesmo não defende ações agressivas em territórios

comprometidos por grupos extremistas.

Itália:

A Itália tem o seu posicionamento contra

movimentos radicais islâmicos, pois seu país já sofreu ataques terroristas,

desses atentados foi o Massacre de Bolonha que ocorreu no Dia 2 de agosto

de1980 na cidade de Bolonha onde 85 pessoas morreram e mais de 200 ficaram

feridas.

Reino Unido

O Reino Unido tem se mostrado contra os

movimentos terroristas de grupos Jihadistas que vêm atacando o país desde 2005. Um

exemplo desses atentados foi o ocorrido no dia 22 de março de 2017, onde um homem

atropela pessoas que passam pela Ponte de Westminster e depois mata a facadas um

policial em frente ao Parlamento. O atentado deixou cinco mortos e foi reivindicado pelo

Estado Islâmico (EI). O criminoso, Khalid Masood, um cidadão britânico convertido ao

Islã, foi morto pela polícia.

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Síria:

Com a atual crise no País, a Síria tem sofrido muito

com a presença de grupos extremistas e terroristas… O país está dividido, muitos se

colocam contra movimentos Pró-rebeldes (como o próprio ditador Bashar AL 'Assad, um

Alauíta no poder desde 2000),e outros a favor de rebeldes que buscam o fim desse

regime.

Israel:

O país é contra os movimentos terroristas devido

às diversas invasões sofridas pelo mesmo. Um exemplo é o atentado terrorista do Café

Moment que ocorreu em Jerusalém em 9 de março de 2002 às 22:30 onde um terrorista

suicida palestino do Hamas entrou no Café Moment. Fora questões atuais, também

existem os fatores históricos e tradicionais, que vem desde a origem do Islamismo, como

o fato de Judeus culparem os Islâmicos por tirarem suas terras e entre outros fatores até

mesmo culturais e religiosos.

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Líbano:

O Líbano já foi a base de fundação para grupos

radicais islâmicos, como a Hezbollah e, depois de saírem Jordânia e se fixar em Beirute,

a OLP. O governo libanês fez um pronunciamento dia 19/10/2018, após o atentado com

carro-bomba que provocou a morte do diretor da agência nacional de inteligência na

capital Beirute, contra atentados terroristas.

Alemanha:

A Alemanha tem seu posicionamento contrário a

movimentos radicais Islâmicos, principalmente devido às fortes migrações de refugiados

para seu território e a dificuldade que tem passado para acolher os mesmos e ficar a

mercê de possíveis ataques terroristas, como no caso da França que vimos

recentemente.

Bélgica:

Por ser um país que constantemente recebe

refugiados, a Bélgica possui um posicionamento completamente contra qualquer ato

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terrorista e extremista, sendo a favor de políticas para combater o terrorismo

de forma não agressiva, porém, como a Alemanha, a mesma está a mercê de possíveis

ataques terroristas e disseminação do extremismo em sua população.

Afeganistão:

O Afeganistão é alvo de uma disputa entre

terroristas e principalmente antiterroristas, já que até hoje, tropas americanas no

Afeganistão constantemente lutam contra grupos extremistas, por mais que muitas vezes

a população seja contrária a intervenção que ainda afeta o país pelo fato de destruir

várias propriedades diariamente.

Ucrânia:

A Ucrânia, por mais que se mostre em uma

situação onde deve se preocupar com outras questões como as tensões com a

Rússia, têm sido alvo de muitos ataques fundamentalistas por parte de grupos

Terroristas e até influências de outros(como também têm ocorrido na França com a

ISIS), logo, seu posicionamento se mostra contra movimentos radicais, porém, ainda

sim, contra a intervenção militar na crise.

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7- Questões a serem respondidas

Formas de Implantar políticas antiterroristas

É possível utilizar da diplomacia com estes grupos?

As delegações podem realizar acordos para combater ações terroristas?

São necessárias medidas agressivas contra organizações terroristas?

ISIS e terrorismo religioso, o que fazer?

Medidas de Conscientização

Formas de lidar com o terrorismo a curto, médio e longo prazo

Eficiência de Medidas Diplomáticas e pacíficas

Questões financeiras

Medidas Militares e bélicas

Vítimas dos conflitos

Reconstrução das áreas afetadas

Políticas de combate ao terror

Acordos e incentivo

Medidas Legislativas

Estímulos as massas e a população de países envolvidos

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de Janeiro: Editora Sextante, 2002. BURKE, Jason. Al-Qaeda: a verdadeira história

do radicalismo islâmico. Trad. Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar

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https://www.euronews.com/2019/03/19/why-europe-is-still-fighting-the-war-on-terror

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