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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINADEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUO E SISTEMAS

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE PRODUO

    PROGRAMAO DA PRODUO NA

    CONSTRUO DE EDIFCIOS DE MLTIPLOSPAVIMENTOS

    RICARDO MENDES JUNIOR

    FlorianpolisAgosto de 1999

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    RICARDO MENDES JUNIOR

    PROGRAMAO DA PRODUO NA CONSTRUO DE EDIFCIOS DE

    MLTIPLOS PAVIMENTOS

    Tese apresentada ao Programa de Ps-Graduao emEngenharia de Produo da Universidade Federal deSanta Catarina para obteno do grau de Doutor em

    Engenharia

    Florianpolis

    Agosto de 1999

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    Silmarapelo apoio e compreenso nos momentos difceis deste trabalho,

    nossa pequena Carolinamotivo de muitas alegrias,

    ao prof. Inaldo Ayres Vieira e meus paispelo incentivo no comeo de tudo.

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    SUMRIO

    RESUMO.......................................................................................................................XI

    ABSTRACT..................................................................................................................XII

    1. INTRODUO.................................................................................................. 1

    1.1. APRESENTAO ............................................................................................1

    1.2. OBJETIVOS DA TESE .....................................................................................3

    1.3. A MOTIVAO PARA A PESQUISA...............................................................5

    1.4. ESTRUTURA DA TESE ...................................................................................8

    1.5. LIMITAES DO TRABALHO.........................................................................9

    2. O PROCESSO DE PLANEJAMENTO DA PRODUO.............................. 11

    2.1. OBJETIVOS E DEFINIO............................................................................11

    2.2. NVEIS DE PLANEJAMENTO........................................................................12

    2.3. ESTADO ATUAL DO PROCESSO DE PLANEJAMENTO NAS EMPRESAS

    DE CONSTRUO........................................................................................13

    2.4. TCNICAS DE PLANEJAMENTO .................................................................16

    2.5. SISTEMAS DE PLANEJAMENTO DA CONSTRUO................................18

    2.6. SISTEMAS DE INFORMAO ......................................................................202.7. MODELOS DO PROCESSO DE CONSTRUO.........................................21

    2.8. CICLO DE PLANEJAMENTO .........................................................................26

    3. A TCNICA DE LINHA DE BALANO......................................................... 30

    3.1. PROGRAMAO DE PROJETOS REPETITIVOS.......................................30

    3.2. A TCNICA DE LINHA DE BALANO ..........................................................33

    3.3. BALANCEAMENTO DAS ATIVIDADES ........................................................37

    3.4. METODOLOGIA PARA APLICAO DA LINHA DE BALANO..................433.5. CONCLUSO.................................................................................................46

    4. O DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA...................................................... 48

    4.1. INTRODUO................................................................................................48

    4.2. INVESTIGAO PRELIMINAR......................................................................51

    4.2.1. Aplicao da Linha de Balano..................................................................52

    4.2.2. Informaes pesquisadas...........................................................................53

    4.2.3. Anlise dos dados.......................................................................................53

    4.2.4. Concluses .................................................................................................54

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    4.3. FORMULAO DO SISTEMA PRELIMINAR................................................55

    4.3.1. Investigao da execuo da obra.............................................................55

    4.3.2. Simulao e acompanhamento da execuo............................................56

    4.4. MEDIDAS DE INTERVENO NA PROGRAMAO DA PRODUO NOCANTEIRO......................................................................................................57

    5. O SISTEMA DE INFORMAES.................................................................. 62

    5.1. VISO GERAL ................................................................................................64

    5.2. DECISES DE PLANEJAMENTO TTICO E OPERACIONAL....................68

    5.2.1. Decises de carter ttico..........................................................................70

    5.2.2. Decises de carter operacional................................................................70

    5.3. CARACTERSTICAS BSICAS DO SISTEMA..............................................715.3.1. Condies para utilizao do planejamento ttico.....................................71

    5.3.2. A concepo do modelo de programao..................................................73

    5.3.3. A concepo do planejamento operacional ...............................................74

    5.3.4. O sistema de controle.................................................................................76

    5.4. DESCRIO DO SISTEMA ...........................................................................80

    5.4.1. Estrutura analtica do planejamento ttico.................................................81

    5.4.2. Rede bsica de precedncias ....................................................................83

    5.4.3. Balanceamento das atividades...................................................................855.4.4. Resumo do planejamento e controle..........................................................90

    5.4.5. Documentos do sistema de planejamento .................................................90

    5.4.6. Documentos do sistema de controle da produo.....................................98

    5.4.7. Programao de curto prazo...................................................................102

    5.4.8. Programao de mdio prazo..................................................................104

    5.4.9. Quadros de programao e controle........................................................107

    5.5. IMPLANTAO ............................................................................................110

    6. INTERVENO NA PROGRAMAO DE UMA OBRA........................... 111

    6.1. OBJETIVOS DA INTERVENO ................................................................112

    6.2. CARACTERSTICAS DO CANTEIRO DE OBRAS......................................114

    6.3. ETAPAS DA IMPLANTAO.......................................................................117

    6.3.1. Treinamento..............................................................................................118

    6.3.2. Primeira etapa - implantao da programao semanal .........................119

    6.3.3. Segunda etapa - implantao da programao de seis semanas ..........120

    6.3.4. Concluso da implantao .......................................................................1216.4. PLANEJAMENTO INICIAL ...........................................................................123

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 2-1- Viso geral do modelo de processo de planejamento..........................................27

    Figura 3-1- Curvas de produo tpicas para processos repetitivos .......................................31Figura 3-2 - Curvas de produo para processos repetitivos no balanceadas.....................32

    Figura 3-3- Linha de Balano conceitual para um processo. ..................................................34

    Figura 3-4 - Curvas de produo de processos (LUTZ, 1990) ................................................35

    Figura 3-5 - Diagrama de Gantt x Linha de Balano ...............................................................36

    Figura 3-6 - Informaes do Diagrama da Linha de Balano (BRANDO, GUCH ePAZ, 1995) ........................................................................................................37

    Figura 3-7 - Linha de Balano das atividades (a) tericas e (b) simulao real(atividades na seqncia A-B-C-D) ..................................................................38

    Figura 3-8 - Balanceamento das atividades com a programao paralela.............................39

    Figura 3-9 - Programao no balanceada (a) com tempo de espera (buffer) (b) cominterrupo da execuo...................................................................................40

    Figura 3-10 - Distribuio dos recursos (a) programao paralela (b) programao noparalela..............................................................................................................41

    Figura 3-11 - Ritmo de produo para concluso das atividades no prazo estabelecido. .....44

    Figura 3-12 - Fluxograma de aplicao da tcnica de Linha de Balano (programaono paralela) .....................................................................................................46

    Figura 4-1 As fases do desenvolvimento da pesquisa ............................................................49

    Figura 5-1 - Viso geral do sistema..........................................................................................67

    Figura 5-2 - Sistema de Planejamento - Diagrama de Fluxo de Dados..................................96

    Figura 5-3 - Sistema de Controle de Produo - Diagrama de Fluxo de Dados...................102

    Figura 5-4 - Planilha de programao de curto prazo - semanal ..........................................103

    Figura 5-5 - Carto de produo............................................................................................104

    Figura 5-6 - Programao de mdio prazo - seis semanas...................................................106

    Figura 5-7 - Quadro de programao.....................................................................................108

    Figura 5-8 - Quadro de controle .............................................................................................109

    Figura 6-1 - Planilha de programao semanal adotada na interveno..............................127

    Figura 6-2 - Evoluo do Percentual de Tarefas Planejadas (PPC) .....................................129

    Figura 6-3 - Classificao dos problemas de execuo........................................................130

    Figura 6-4 - Percentual de ocorrncia dos problemas de execuo.....................................131

    Figura 6-5 - Evoluo semanal do nmero de ocorrncias de problemas e percentualem relao ao nmero de tarefas...................................................................131

    Figura 6-6 - Evoluo mensal do nmero de ocorrncias de problemas de execuo........132

    Figura 6-7 - Planilha de programao de seis semanas .......................................................135

    Figura 6-8 Evoluo do ndice PPA (programao semanal em relao de seissemanas).........................................................................................................137

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    Figura 6-9 Evoluo do ndice PAP (Programao de seis semanas em relao inicial) ..............................................................................................................137

    Figura 6-10 Evoluo do Desvio da Programao DP....................................................138

    Figura 6-11 - a) Ritmos de execuo grfico 1 ...................................................................140

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 4-1 - Dados gerais dos empreendimentos...................................................................51

    Tabela 4-2 - Caracterizao dos empreendimentos estudados..............................................56Tabela 5-1 - Ambiente de deciso x informaes geradas pelo sistema................................69

    Tabela 5-2 - Indicadores de desempenho de execuo e programao................................79

    Tabela 5-3 - Estrutura analtica do planejamento inicial ..........................................................82

    Tabela 5-4 - Rede bsica de precedncias .............................................................................84

    Tabela 5-5 - Planilha de balanceamento das atividades .........................................................88

    Tabela 5-6 - Planilha resumo do planejamento e controle ......................................................90

    Tabela 5-7- Documentos do Planejamento..............................................................................92

    Tabela 5-8- Documentos do Controle de Produo ................................................................99Tabela 6-1 - Caractersticas do empreendimento..................................................................114

    Tabela 6-2- Situao das etapas de execuo no incio da implantao .............................115

    Tabela 6-3 - Situao atual e metas, elaborada pelo administrador da obra .......................120

    Tabela 6-4 Planejamento inicial (ttico) ..............................................................................124

    Tabela 6-5 - Informaes das programaes semanais........................................................128

    Tabela 6-6 - Caractersticas do PPC nos dois perodos........................................................129

    Tabela 6-7 - Problemas de execuo. ...................................................................................133

    Tabela 6-8 - Informaes das programaes de 6 semanas ................................................136Tabela 6-9 - Resumo das pontuaes ...................................................................................146

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    RESUMO

    O presente trabalho prope um sistema de informaes de controle de

    produo na construo de edifcios de mltiplos pavimentos. O sistema estruturado

    para atender s decises tticas e operacionais relativas s tarefas a serem executadas

    e aos recursos necessrios permitindo avaliar o andamento da construo e a eficcia

    do controle. Como objetivos bsicos da pesquisa destacam-se a investigao das

    caractersticas de produo na construo de edifcios de mltiplos pavimentos, o

    desenvolvimento da metodologia de acompanhamento e controle da produo, a

    prospeco do conhecimento praticado no planejamento de obras na realidade docanteiro de obras e o desenvolvimento do sistema de informaes baseado em planilhas

    de fcil utilizao, seja manual ou em computador. O trabalho desenvolvido foi aplicado

    num estudo de caso local no qual foram validadas muitas das ferramentas

    desenvolvidas e avaliadas a eficincia e aceitao do sistema de informaes.

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    ABSTRACT

    This work presents an information system for production control on multi-

    story building constructions. This system is structured to manage strategic and

    operational decisions on the construction tasks and resources. It implements measures

    to evaluate the overall efficiency of the construction works and control process. The main

    goals of the research are: investigating the production characteristics on this type of

    constructions; suggest a methodology for production control; prospecting over the

    common knowledge on construction site practice; and develop an easy-to-use

    information system based upon spreadsheets, manually or computer driven. Thedevelopments of this work were applied on a local case study where many of its tools

    were validated and the efficiency of the system was verified, as also its acceptance.

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    CAPTULO 1

    1. INTRODUO

    1.1. APRESENTAO

    A eficincia da gerncia depende da qualidade e quantidade das

    informaes disponveis nos diferentes nveis hierrquicos da empresa (BIO, 1985;

    ASSUMPO, 1996). Nos ltimos anos, com as vantagens apresentadas pelos

    recursos da tecnologia da informao, tornou-se mais vivel para as empresas a

    introduo de mudanas no ambiente organizacional. Muitos trabalhos apresentam

    experincias bem sucedidas de empresas que aplicaram esses recursos com intuito de

    melhorar a integrao entre os vrios agentes no processo de construo (AOUAD et

    al., 1993). No entanto, mesmo com as vantagens existentes, muitas empresas persistem

    em desenvolver seus trabalhos da forma que sempre o realizaram. O que se v em

    muitas empresas que utilizam fortemente a tecnologia da informao a profuso de

    informaes de nveis de gerncia, mas com pouca ou nenhuma utilidade no nvel de

    produo. Em construo civil a quantidade de informaes geradas no canteiro de

    obras que so tornadas disponveis de forma til para o uso do administrador da obra

    muito pequena.

    Mesmo considerando que o uso atual da tecnologia da informao

    maior do que no passado e se situa acima de 90% dos documentos tcnicos elaborados

    em grande parte das empresas (SCHMITT e HINKS, 1998), o uso dos computadores

    para a programao da obra ainda bem menor, e praticamente inexistente no controle

    de produo. O processo atual de planejamento das empresas de construo mais

    voltado ao processamento de informaes voltadas ao planejamento no escritrio e

    elaborao de relatrios de acompanhamento dos servios executados (BERNARDES,

    1996).

    Planejar os fluxos de materiais e de trabalho demorado, e na prtica

    pouco realizado (KOSKELA, 1992, p. 46). O objetivo de se realizar o planejamento

    fazer com que o processo de construo se torne previsvel e se possa antecipar as

    aes futuras para a concretizar o empreendimento. O processo tradicional d maisateno gerao de planos (tticos) e no tem provido a necessria integrao vertical

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    - com o canteiro de obras. A ineficincia deste processo tradicional tem levado ao seu

    descrdito. Por serem to abstratos pouco se faz uso destes planos pelo pessoal de

    obra. O planejamento operacional no canteiro realizado pelo gerente tcnico da obra,

    e informal e dissociado do planos formais (LAUFER e TUCKER, 1987). A sua relaocom os demais nveis de planejamento (estratgico e ttico) praticamente inexistente

    ou ineficaz, sendo muitas vezes perturbada por incidentes ou interferncias nos dois

    sentidos por falta de troca de informaes.

    BERNARDES (1996) mostrou num estudo de caso que a falta de

    informao faz com que os processos sejam desenvolvidos visando um curto perodo de

    tempo, geralmente em carter de emergncia. Um exemplo o procedimento de

    estimar os prazos de trmino das atividades, onde os engenheiros e mestres de obrasprecisam muito de sua experincia, por no existir uma coleta sistemtica de ndices no

    canteiro, ou um procedimento de programao operacional. Deste estudo pode-se

    concluir tambm que embora haja uma coleta de informaes no canteiro de obras por

    parte do pessoal responsvel pelo planejamento no escritrio, essas pouco influenciam

    a tomada de decises da administrao da construo. Isto ocorre devido maior

    lentido do processo de planejamento e controle em relao produo no canteiro.

    Segundo LAUFER e TUCKER (1987) os administradores de obra tm a percepo de

    que o sistema de planejamento existe para arquivar, unicamente, as falhas do processoprodutivo, no participando ativamente do processo de planejamento. Assim a maior

    parte do tempo dos engenheiros no canteiro de obras utilizada para solucionar

    problemas relativos aos recursos e problemas tcnicos oriundos do projeto. Entretanto,

    antes que qualquer processo de planejamento possa ser considerado, a natureza das

    operaes no canteiro deve ser estabelecida.

    Os trabalhos em canteiro de qualquer projeto de construo podem ser

    divididos hierarquicamente em componentes principais (por exemplo, fundaes,estrutura, revestimentos), tarefas realizadas em cada componente (por exemplo,

    cravao de estacas e fundaes rasas) e a alocao de equipes para tarefas em locais

    especficos (por exemplo, concretar a laje do quinto piso, ou montar as formas dos

    pilares do sexto piso). A prtica industrial indica que as caractersticas mais importantes

    so relativas quantidade de repeties das tarefas necessrias para a concluso da

    construo (COLE, 1991). Com base nisto as construes podem ser classificadas nas

    que incluem tarefas que so realizadas uma nica vez durante a construo, e aqueles

    em que as tarefas so realizadas mais de uma vez (ou muitas vezes) durante a

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    construo. Esta ltima classe inclui construes cujas tarefas so repetitivas e aquelas

    que no so repetitivas. No ltimo caso tem-se construes com as mesmas tarefas,

    mas que so realizadas em locais com geometria e condies distintas. J no primeiro

    caso as tarefas so executadas nas mesmas condies em vrios locais, configurando oque se conhece por projetos de construo lineares.

    A construo de edifcios de mltiplos pavimentos se enquadra

    parcialmente nesta ltima classe, pois, na maior parte do tempo, trata-se de tarefas

    repetitivas. Os locais de execuo so diversas unidades similares - pavimentos,

    apartamentos, ou peas, por exemplo - ocorrendo uma seqncia de processos que

    sero repetidos em cada uma destas unidades. Outros exemplos de construes

    lineares so estradas e pavimentao, obras de saneamento e conjuntos habitacionais.A natureza repetitiva destas obras, em conjunto com a nfase da indstria da

    construo na padronizao de processos e modularizao de componentes ao longo

    dos ltimos anos tem impulsionado o desenvolvimento de vrias tcnicas e estratgias

    de planejamento para estes tipos de construes, tanto a nvel macro (ttico) como a

    nvel micro (operacional). O conceito fundamental de todas estas tcnicas a Linha de

    Balano(Line of Balance - LOB) (LUTZ, 1990; LUMSDEN, 1968).

    A tcnica de Linha de Balano foi desenvolvida para atender as

    necessidades de planejamento da indstria de manufatura e posteriormente foi

    adaptada e utilizada com sucesso por empresas de construo na Europa (DRESSLER,

    1980), Canad (RUSSELL, 1990) e Austrlia (COLE, 1991). Os maiores benefcios da

    tcnica de Linha de Balano so: proporciona informaes de produo e durao para

    cada processo repetitivo num formato grfico que facilmente interpretado tanto pelo

    pessoal de planejamento como de obra; facilita a programao da continuidade de

    trabalho das equipes ao longo das repeties nas unidades.

    1.2. OBJETIVOS DA TESE

    Este trabalho tem como objetivo maior a construo de um edifcio alto,

    usando a tcnica de Linha de Balano com recursos computacionais e convencionais de

    maneira simples, integrada e acessvel ao pessoal de obra.

    A metodologia proposta no trabalho estruturada para atender s

    decises tticas e operacionais relativas s tarefas a serem executadas, e aos recursos

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    necessrios, permitindo avaliar o andamento da construo e o desempenho da

    programao das tarefas.

    Para o empreendimento, as informaes possibilitaro tomar decises

    que melhor se ajustem aos recursos disponveis e administrar os recursos para que o

    fluxo de produo se mantenha contnuo.

    Para a empresa, o sistema proposto cria um fluxo contnuo de

    informaes entre o canteiro e o escritrio com informaes que permitiro administrar

    os recursos para atendimento demanda dos empreendimentos e ter conhecimento

    imediato das metas operacionais de curto e mdio prazo.

    A metodologia estruturada para uso manual, e portanto, facilmenteaceita pela pessoal de obra. O armazenamento das informaes de modo a facilitar o

    acompanhamento do desempenho da programao apoiado por planilhas em

    computador, ou em sistemas com recursos de banco de dados ou agenda.

    Atravs de um acompanhamento semanal a metodologia permite a

    qualquer tempo a discusso da ttica mais adequada em relao s equipes de

    produo e aos recursos materiais para se atingir as metas a curto e mdio prazo. A

    tcnica de Linha de Balano incorporada para facilitar a previso e visualizao dasatividades repetitivas na construo do edifcio. Em outros tipos de construes esta

    tcnica no tem a mesma utilidade.

    Quando se indica que o mtodo ser utilizado pelo pessoal de obra, se

    pretende que seja utilizado pelos responsveis pela execuo - engenheiro, mestre e

    encarregados. O planejamento ttico inicial, embora utilize informaes usualmente

    provenientes do escritrio, tais como o oramento da obra, pode ser totalmente

    realizado pelo administrador da obra, seja por processo manual, ou com o uso de

    programas em computador, como uma simples planilha ou algum programa de

    gerenciamento de projetos. Uma vez concludo este planejamento inicial a programao

    ao longo da obra pode ser desenvolvida no canteiro de obras sem nenhuma

    dependncia da equipe do escritrio. O uso desta metodologia poder levar a uma

    incorporao do computador ao processo de planejamento mais rapidamente e de

    forma mais consistente do que com os processos tradicionais de planejamento.

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    Destacam-se, ento, quatro objetivos bsicos para a pesquisa:

    1. Investigar as caractersticas de produo na construo de edifcios

    de mltiplos pavimentos;

    2. Desenvolver uma metodologia de acompanhamento e controle de

    produo em canteiro;

    3. Prospectar o conhecimento praticado no gerenciamento de obras na

    realidade do canteiro de obras;

    4. Desenvolver um sistema de informaes para suporte na

    programao de produo.

    1.3. A MOTIVAO PARA A PESQUISA

    A motivao inicial para esta pesquisa a busca pelo melhor uso das

    ferramentas de planejamento na prtica profissional dos engenheiros de obra em nosso

    pas. O autor tm dez anos de experincia em consultoria e treinamento em

    planejamento na construo civil e tem acompanhado as sucessivas melhorias nas

    tcnicas de planejamento e programao e nos programas de computador. Porm notem visto estas melhorias serem transformadas em facilidades no gerenciamento de

    obras prediais mais comuns nas grandes cidades brasileiras. Pesquisa recente

    (GHOBRIL, 1993) em 23 construtoras atuantes no mercado imobilirio indicou que na

    rea de planejamento, 100% das empresas utilizam sistemas para oramento e 80%

    para programao de obras, porm a maioria informou que a diretoria tcnica extrai

    muito pouca informao til dos seus sistemas, tendo como principais fontes de

    informao as fontes verbais e os relatrios dos gerentes.

    A maioria dos administradores de obras em empresas que utilizam

    programas de gerenciamento de projetos continuam pensando e trabalhando

    manualmente. Isto , a idia de se pesquisar todas as informaes no computador ainda

    no uma realidade. Os administradores continuam produzindo programaes nos

    diferentes nveis com pouca conexo entre si, embora todas sejam da mesma obra.

    Como resultado, os diferentes planos pouco se interagem (ANDERSSON e

    JOHANSSON, 1996). Estes autores ainda salientam que uma minoria de

    administradores usam seus programas de gerenciamento como uma ferramenta paratomada de decises. Na maioria dos casos o real planejamento e anlise da obra

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    realizado manualmente e os resultados so somente parcialmente documentados nos

    programas de computador. Entre empresas pesquisadas que possuem computador,

    25% dos administradores planejam manualmente sem o uso do programa de

    computador (SCHMITT e HINKS, 1998).

    Em um estudo realizado em micro e pequenas empresas de construo

    de Porto Alegre, FRUET e FORMOSO (1993) detectaram que em 84% dos casos, o

    gerente tcnico responsvel pelo planejamento operacional das obras. Em 55% das

    empresas a tcnica utilizada para o planejamento operacional da obra o grfico de

    barras (Gantt), mais conhecido como cronograma fsico. Somente 4 empresas utilizam a

    tcnica PERT/CPM (9%). Entre as razes citadas para a no utilizao de PERT/CPM,

    o desconhecimento da tcnica e a no aplicao ao tipo de obra executado pelasempresas foram citadas por quase 27% das empresas. Entre outras razes citadas tem-

    se: descrdito no funcionamento da tcnica, falta de pessoal para aplicar, falta de

    continuidade na execuo da tcnica, inrcia da empresa, falta de organizao da

    empresa, pouco volume de obras. As razes citadas indicam ser esta tcnica difcil de

    aplicar nas micro e pequenas empresas. Nota-se tambm a necessidade de treinamento

    dos gerentes tcnicos na utilizao de PERT/CPM, uma vez que 43% dos entrevistados

    apontaram dificuldades e/ou desconhecimento da tcnica. No entanto, a mesma

    pesquisa mostra que o grau de informatizao expressivo: 82% delas possuemcomputador. Das empresas que possuem computador, 79% utilizam para

    processamento do oramento, e menos da metade (43%) utilizam para o planejamento

    da obra. Nove empresas utilizam programas especficos para este planejamento, sendo

    3 desenvolvidos pelas prprias empresas. O potencial do sistema de computao no

    est totalmente utilizado, principalmente no que concerne ao gerenciamento das obras.

    Somente 24% das empresas tem o planejamento operacional da obra documentado e

    atualizado, tarefa esta que poderia ser otimizada utilizando os recursos da informtica.

    (FRUET e FORMOSO, 1993, p. 29).

    Conclui-se que a aplicao na construo de edifcios de tcnicas de

    gerenciamento de projetos, mais especificamente os chamados mtodos baseados em

    rede (PERT e CPM), tem sido muito reduzida, embora existam vrios programas no

    mercado. Entre as causas para este pouco uso esto a falta de prtica, a falta de

    treinamento (dificuldade no uso) e a inadequao dos sistemas aos mtodos

    empregados na empresa ou aos tipos de obras em construo.

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    al., 1992; LAUFER e HOWELL, 1993; BALLARD, 1997; BALLARD e HOWELL, 1998;

    MELLES e WELLING, 1996; MILES, 1998).

    O esforo de planejamento e controle importante para o sucesso de um

    empreendimento. Vrias pesquisas com construtores mostram que as informaes de

    planejamento so um dos fatores chave para o sucesso de um projeto (SANVIDO e

    PAULSON, 1992; LAUFER e COHENCA, 1990). Entretanto uma nfase demasiada no

    controle do que no planejamento pode no aumentar a eficincia do planejamento da

    construo. Estas pesquisas mostram que o esforo de tempo e qualidade no

    planejamento da construo anteriormente ao incio da obra pode aumentar a eficincia

    do planejamento como um todo. E que esta eficincia tambm pode ser incrementada

    com maior foco ao longo da obra na anlise de mtodos de construo adequados eotimizados ao invs de dar maior prioridade ao desenvolvimento de programaes e

    controle destas programaes (previses de avano da obra, anlise de desvio e aes

    corretivas).

    Ao se analisar processos gerenciais de empresas de construo,

    percebe-se que, na sua grande maioria, h necessidade de desenvolvimento de

    ferramentas prticas e procedimentos para melhorar a coordenao, alm de facilitar a

    comunicao entre os agentes que participam do planejamento (SHAPIRA e LAUFER,

    1993). O campo de pesquisas cientficas relacionadas a anlise do processo de

    planejamento de construtoras bastante amplo, porm o estudo do fluxo de

    informaes no ambiente de produo - o canteiro de obras - bastante carente.

    Este o quadro no qual est inserido o tema da pesquisa., ao enfocar o

    estudo de sistema de informaes de programao de produo a nvel ttico e

    operacional no canteiro de obras.

    1.4. ESTRUTURA DA TESE

    Este trabalho est organizado da seguinte forma:

    No captulo 2 so discutidos aspectos tericos do processo de

    planejamento e controle da construo e como ele realizado na prtica. So

    apresentados os diversos tipos de sistemas de planejamento da construo e suas

    caractersticas;

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    No captulo 3 so introduzidas algumas consideraes sobre tcnica de

    Linha de Balano aplicadas neste trabalho.

    No captulo 4so apresentadas diversas fases de desenvolvimento da

    pesquisa, abordando os aspectos prticos do mtodo de planejamento desenvolvido e

    apresentando as ferramentas computacionais desenvolvidas. apresentada uma

    reviso das caractersticas de projetos repetitivos em relao ao planejamento e

    programao. Uma reviso dos mtodos de programao com a tcnica de Linha de

    Balano para projetos repetitivos. A tcnica da Linha de Balano como utilizada nesta

    pesquisa apresentada.

    No captulo 5 descrito o sistema de informaes desenvolvido, as suas

    caractersticas principais, formas de utilizao, documentos e a proposta para sua

    implantao.

    No captulo 6 apresentado o trabalho de interveno realizado que

    objetivou a implantao da metodologia de programao no canteiro de obras do

    sistema de informaes proposto, e essencial para a validao da metodologia e para a

    justificativa do sistema como uma inovao introduzida no canteiro de obras.

    Finalmente, no captulo 7, so apresentadas as concluses do trabalho erecomendaes para futuras pesquisas.

    1.5. LIMITAES DO TRABALHO

    Este trabalho apresenta as seguintes limitaes:

    5. No se pretende demonstrar a viabilidade de implantao do

    sistema em qualquer canteiro de obras, mas verificar sua validade envel de aceitao e compreenso;

    6. No se pretende projetar um novo sistema completo de

    planejamento, mas propor ferramentas que possam suprir uma falta,

    que a de uma programao sistemtica no canteiro de obras. No

    se estudou o impacto que estas ferramentas possam ter no

    processo de planejamento das empresas;

    7. O sistema foi desenvolvido atravs de estudos em obras de

    edificaes. No se v nenhum impedimento para o seu uso em

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    outros tipos de obras, mas sua aplicabilidade nestes outros tipos

    necessita ser comprovada. Em construes no repetitivas o uso da

    tcnica de Linha de Balano pode ser recomendvel mas precisa

    ser melhor investigado;

    8. As ferramentas computacionais desenvolvidas esto em estgio de

    prottipo em planilha eletrnica. Este prottipo no se presta para

    uso por usurios sem experincia no uso de planilhas em

    computador pois no possuem nenhuma interface de entrada de

    dados, e as informaes devem ser fornecidas diretamente nas

    clulas da planilha. Os modelos desenvolvidos podem ser

    implantados em qualquer outro tipo de programa (geral ou dedicado)

    e em qualquer configurao de sistema operacional ou

    equipamento;

    9. No aborda aspectos da cincia comportamental.

    10. No aborda os efeitos da lei do aprendizado que caracteriza uma na

    produtividade das equipes aps diversas repeties de uma mesma

    tarefa.

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    2.2. NVEIS DE PLANEJAMENTO

    O planejamento pode ser dividido em trs nveis: estratgico, ttico e

    operacional. Estes nveis correspondem a nveis hierrquicos e aos diversos estgios no

    processo de tomada de decises e tambm a nveis diferenciados de detalhes nas suas

    informaes. No nvel estratgico so definidos o escopo e as metas do

    empreendimento a serem alcanadas em determinado intervalo de tempo. No nvel

    ttico enumeram-se os recursos e suas limitaes para que essas metas sejam

    alcanadas, incluindo-se a organizao destes recursos e estruturao do trabalho.

    Finalmente o nvel operacional refere-se seleo dos cursos de aes atravs das

    quais as metas so alcanadas. O planejamento operacional est relacionado com as

    decises a serem tomadas a curto prazo referentes as operaes de produo da

    empresa. (LAUFER e TUCKER, 1987)

    Esses nveis do planejamento devem ser compatveis com os papis das

    vrias entidades envolvidas no processo de planejamento. Geralmente, o proprietrio ou

    contratante, e a alta gerncia envolvem-se no planejamento estratgico da construo

    (qualidade, custo e prazos). A mdia gerncia e a alta gerncia so as mais envolvidas

    com a organizao dos recursos. A gerncia operacional auxilia a mdia gerncia na

    seleo e escolha de solues (LAUFER e TUCKER, 1987). Segundo esses autores, os

    diversos nveis de detalhes do planejamento produzem planos especficos definindo

    ento uma dimenso vertical para o processo de planejamento. Fazer com que haja

    consistncia entre esses planos representa uma das maiores dificuldades do

    planejamento. Isto explicado pelas prprias caractersticas dos empreendimentos de

    construo, cujas programaes requerem freqentes modificaes.

    Um outro modelo de planejamento proposto por BALLARD e HOWELL

    (1998) tem inspirao no controle de produo como idealizado na indstria demanufatura. Neste modelo os nveis de planejamento so: (1) planejamento inicial; (2)

    planejamento futuro, que detalha a programao para algumas semanas e (3)

    planejamento executivo, que estabelece o que deve ser feito, depois de se avaliar o que

    se pode fazer. Um outro planejamento de mtodos existe inserido nos anteriores e

    detalha como os servios sero feitos com progressivamente mais detalhes em cada um

    dos nveis de planejamento. A pesquisa destes autores diretamente influenciada pelos

    trabalhos de SANVIDO (1984 apud BALLARD e HOWELL, 1998) em sistemas ,

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    KOSKELA (1992) em fluxos , e LAUFER e HOWELL (1993) no planejamento da

    construo.

    2.3. ESTADO ATUAL DO PROCESSO DE PLANEJAMENTO NAS EMPRE-SAS DE CONSTRUO

    O planejamento realizado no escritrio central, seja em qual nvel se

    consiga faze-lo, ainda pouco utilizado pelo pessoal em canteiro. Isso ocorre devido,

    entre outros, aos seguintes motivos:

    a) execuo da obra no canteiro coordenada atravs de um planejamento

    de curto prazo realizado pelo administrador da obra sem seguir o doescritrio e em perodos diferentes;

    b) dificuldade para atualizao dos planos por parte dos responsveis

    pelo planejamento, na maioria das vezes por no disporem de

    informaes do canteiro em tempo e na forma adequada;

    c) falta de integrao vertical do planejamento.

    Segundo LAUFER e TUCKER (1987) o processo de planejamentoenvolve cinco fases:

    1. planejamento do processo de planejamento;

    2. reunio da informao;

    3. preparao dos planos;

    4. difuso da informao e

    5. avaliao do processo de planejamento.

    A etapa que maior ateno recebe dos responsveis pelo planejamento

    nas empresas de construo a de preparao dos planos. Existem muitas tcnicas

    utilizadas para a preparao dos planos de obra, porm as tcnicas de rede baseadas

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    no Mtodo do Caminho Crtico2 so as mais difundidas, at pelo grande nmero de

    programas computacionais disponveis no mercado para seu processamento.

    O planejamento em redes requer a diviso de fluxos em atividades

    especficas, que so ento organizadas numa seqncia buscando a (aparentemente)

    menor durao. Uma atividade numa rede CPM uma parte do fluxo de trabalho total

    de uma equipe ou ela prpria um fluxo de trabalho completo. usualmente alimentada

    por um fluxo de materiais.

    Quando uma atividade uma parte de um fluxo de trabalho mais amplo,

    ela fortemente afetada pelas atividades anteriores. A equipe de operrios tem que

    mover-se de um local anterior, e se as atividades so as mesmas, os benefcios do

    aprendizado so obtidos e o tempo de preparao reduzido. O custo de superviso e

    controle tambm depende da continuidade do fluxo de trabalho. Redes CPM geralmente

    so incapazes de modelar estas questes.

    Quando uma atividade consiste de um fluxo de trabalho completo

    (digamos, instalao de um elevador), o mtodo de rede apenas determina a sua data

    de incio, mas no planeja o fluxo propriamente dito.

    Assim, o planejamento em redes tradicional falha no suporte aoplanejamento dos fluxos de trabalho das equipes ou fluxos dos materiais e pode levar a

    fluxos no otimizados. Nem os fluxos de trabalho de equipes nem o fluxo de materiais

    so planejados numa forma consistente (BIRRELL, 1980, 1986). Dito de forma

    simplifica, interrupes nestes fluxos esto sempre prestes a acontecer. (KOSKELA,

    1992, p. 33).

    O acompanhamento e o controle do processo de planejamento envolve a

    medio e avaliao de indicadores de desempenho, alm da correo de possveis

    desvios. O modelo de planejamento proposto por LAUFER e TUCKER (1987) apresenta

    um ciclo de replanejamento, que se inicia com a coleta de informaes sobre o sistema

    que est sendo controlado. Estas informaes so processadas na etapa de elaborao

    dos planos e difundidas para as entidades que dela necessitam. A partir destas

    informaes, so geradas aes que podem provocar desvios nos planos iniciais. So,

    ento, coletadas novamente informaes sobre o sistema com o objetivo de identificar

    estes desvios. Retorna-se ento ao incio do ciclo, com o processamento das

    2CPM - Critical Path Method.No restante to texto este mtodo ser chamado apenas de CPM.

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    informaes e reformulao dos planos. Assim neste modelo o processo de controle

    est inserido no processo de planejamento.

    Este modelo que pressupe um ciclo de planejamento integrando

    atividades de uma equipe de planejamento com a equipe de produo no tem sido

    efetivamente utilizado pelas empresas de construo. E ainda, o uso unicamente deste

    modelo no propicia o desenvolvimento de ferramentas mais adequadas para o

    envolvimento da equipe do canteiro no processo de planejamento. A difuso no canteiro

    das informaes de planejamento como preparadas pela equipe de planejamento e o

    uso no canteiro das mesmas ferramentas de planejamento no tem obtido resultados na

    melhoria da eficincia do processo de planejamento. As ferramentas de planejamento

    ttico, por exemplo, no tem condies de serem usadas eficientemente para oplanejamento operacional de curto prazo. E, por fim, a noo de que o planejamento

    operacional detalhado (de curto prazo) no tem importncia para o atendimento de

    metas estabelecidas para longo prazo est sendo ultrapassada. As novas filosofias de

    produo do prioridade mais aos fluxos de produo e ao planejamento operacional,

    objetivando atender metas de produo, prazos, qualidades, reduo de desperdcio e

    ainda propiciam melhoria contnua do processo.

    Ao longo desta pesquisa ficou constatado que qualquer modelo de

    sistema de planejamento deve representar principalmente o ambiente operacional do

    canteiro de obras, isto , deve ser facilmente compreendido e utilizado pelo pessoal da

    obra.

    Por outro lado, o controle de produo como entendido na indstria de

    manufatura o detalhamento progressivo da produo e dos fluxos de informao. O

    controle de produo olha para a frente e age diretamente no processo de produo e, o

    controle da construo acompanha resultados de modo a identificar quais partes esto

    com falhas (BALLARD e HOWELL, 1998).

    O modelo tradicional de controle da construo na realidade um modelo

    de controle de projetos, no um controle de produo. BALLARD e HOWELL (1998)

    afirmam que este modo de pensar problemtico e propem um modelo no qual a

    qualidade das ordens de servio a chave do controle de produo e da determinao

    da produtividade. Alm do que um controle de projetos com necessidade de muitas

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    correes tambm muito difcil, o que exige uma nova postura j na fase de projeto

    (ver por exemplo MELHADO, 1998).

    2.4. TCNICAS DE PLANEJAMENTO

    Existem vrias tcnicas de planejamento das atividades de um projeto.

    Entre os quais os diagramas de barras, as tcnicas de rede, mtodos de simulao e

    Linha de Balano.

    O diagrama de barras - tambm chamado de grfico de Gantt, o mais

    simples mtodo de planejamento e ainda o mais utilizado na construo civil tanto para

    planejamento quanto para controle de obras.

    As tcnicas de rede incluem o Mtodo do Caminho Crtico (CPM) e a

    tcnica de rede PERT (Project Evaluation and Review Technique) entre os mais

    conhecidos. Vrios autores consideram o uso das tcnicas de rede CPM indispensveis

    para a programao de obras (LEVITT et al., 1988), pelo menos enquanto no existirem

    tcnicas mais adequadas (LAUFER e TUCKER, 1987).

    Do ponto de vista prtico entre as desvantagens das tcnicas de redeincluem-se:

    a) necessidade de especialistas na ferramenta para criar ou modificar o

    plano da obra, mesmo com o uso de ferramentas computacionais

    (BIRRELL, 1980);

    b) dificuldade dos profissionais encarregados do gerenciamento da

    construo de entender a complexidade das redes (BIRRELL, 1980);

    c) dificuldade de aplicao da tcnica pela variabilidade das duraes e

    falta de preciso na estimativa de atividades e recursos (HEINECK,

    1984);

    d) incompatibilidade com a essncia do processo construtivo onde uma

    seqncia detalhada das operaes no to importante como para

    outros tipos de indstrias (LAUFER e TUCKER, 1987);

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    e) modelo baseado em atividades especficas, que no planeja

    adequadamente os fluxos de equipes e materiais existentes no

    processo construtivo (KOSKELA, 1992);

    Como vantagens dessas tcnicas pode-se citar:

    a) ajuda a determinar a lgica de construo da obra;

    b) permite a visualizao dos desvios no tempo e sua influncia adiante

    na obra.

    Aplicaes em construo de mtodos de simulao de processos que

    utilizam variveis aleatrias existem h mais de vinte anos (p.ex. HALPIN e

    WOODHEAD, 1976 e CARR, 1979). Estes mtodos podem ser utilizados de forma

    associada aos mtodos de rede (VAN SLYKE, 1963), ou utilizando outras regras lgicas

    para execuo das atividades em funo dos recursos disponveis (SAWHNEY e

    ABOURIZK,1995, 1996). No entanto modelos de simulao tm sido pouco usados no

    planejamento de obras. Os desenvolvimentos recentes nos programas de simulao

    tm a expressividade e capacidades necessrias, e por isso vm sendo investigados

    para modelar os conceitos de produo enxuta e produo puxada (TOMMELEIN,

    1997).

    O uso da simulao para o planejamento permite que o processo de

    construo seja estudado a um nvel bastante detalhado, pois na execuo da

    simulao o ritmo do tempo pode ser alterado (acelerado ou retardado) (LOBO e

    PORTO, 1997).

    A tcnica de balanceamento, conhecida como Linha de Balano, prope

    que as atividades repetitivas sejam programadas em termos do seu ritmo de produo

    ou de concluso, isto , o nmero de unidades que as equipes que executam

    determinada operao conseguem concluir numa unidade de tempo. Este ritmo de

    produo ento mostrado num grfico (chamado de grfico de objetivos) com o eixo

    horizontal representando o tempo e o eixo vertical as unidades produzidas. Neste

    grfico pode tambm ser representado a produo real de unidades, durante a

    execuo da obra. A Linha de Balano serve para mostrar ao encarregado de uma

    determinada produo, em um dia arbitrrio, o progresso de cada um dos componentes

    do complexo produtivo, e caso existam atrasos permitir-lhe tomar decises que visem

    regulariz-lo. A Linha de Balano foi criada para processos de produo, sendo depois

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    adaptada tambm para planejamento e controle de projetos (LUMSDEN, 1968; INPE,

    1972).

    Neste trabalho constatou-se que todas estas tcnicas convencionais tm

    origem no planejamento, porm so de difcil assimilao e uso no canteiro de obras,

    mesmo pelo pessoal de nvel superior, pois as exigncias de informao do ambiente de

    produo no canteiro vo alm do que estas tcnicas oferecem. Nesta situao o uso

    destas tcnicas torna-se um fator de complicao para o processo de produo, pois

    no acrescenta valor a este processo. O seu uso limita-se a avaliaes peridicas do

    andamento do empreendimento, alimentadas com informaes coletadas somente no

    momento da avaliao e geralmente passvel de conter muitos erros. E tambm, como

    estas avaliaes no so contnuas, os seus resultados j so previsveis para oengenheiro da obra, servindo apenas como informao para a gerncia da empresa.

    Desta forma as necessidades do canteiro de obras no so atendidas.

    2.5. SISTEMAS DE PLANEJAMENTO DA CONSTRUO

    A prtica da construo usualmente baseada, como visto acima, em

    planejamento informal. uma tarefa que consome tempo de profissionais

    especializados, os quais geralmente a executam de uma forma intuitiva com base na

    experincia prtica e em conhecimentos heursticos e no em estudos de carter

    matemtico ou estatstico, com grande quantidade de condicionantes em suas decises.

    Portanto a prpria natureza desta tarefa dificulta o desenvolvimento de algoritmos para

    gerao de planos e acompanhamento de obras (FORMOSO, 1991; MCGARTLAND e

    HENDRICKSON, 1985).

    Atualmente o uso de sistemas de computao para o gerenciamento em

    construo mais intenso (SCHMITT e HINKS, 1998). Os equipamentos esto cada vez

    mais difundidos e de fcil acesso s empresas e existe disponibilidade de pessoal apto

    para operao destes sistemas. O atual estgio de desenvolvimento tecnolgico indica

    que esta disponibilidade deve aumentar bastante nos prximos anos.

    O uso de computadores freqentemente provoca a produo de

    informaes em excesso, muitas vezes desnecessrias, e principalmente se sua

    implantao for realizada de forma desordenada, sem o devido levantamento de

    necessidades de informaes da empresa. A parte da necessidade de um trabalho deanlise de sistemas, a implantao de um sistema de planejamento e controle na

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    empresa e principalmente no canteiro de obras, deve ser realizada com um sistema

    simples, de poucos procedimentos diferentes, que seja facilmente compreendido pelo

    pessoal tcnico, sejam operadores ou usurios. Se a informao no melhorar a

    deciso, ela ter pouco ou nenhum valor. Entretanto, deve-se considerar que asdecises tornam-se ineficazes quando os seus responsveis esto diante de uma certa

    quantidade de informao que no so capazes de processar (GALBRAITH, 1974, apud

    SANVIDO e PAULSON JR, 1992).

    Estas constataes nortearam o desenvolvimento da metodologia de

    programao utilizada neste trabalho, bem como a forma para a interveno no

    processo de produo no canteiro de obras, o detalhamento das informaes e o fluxo

    destas informaes no sistema desenvolvido.

    Em sua pesquisa, realizada com 23 empresas de construo, GHOBRIL

    (1993) conclui que os sistemas mais utilizados so os diretamente relacionados com as

    atividades dos gerentes de obras, ou seja, os programas para oramento, programao

    e controle: Foi observado que os sistemas em uso no atendem de forma completa as

    necessidades dos usurios, principalmente por que so na sua maioria sistemas

    transacionais 3, e portanto no tm a devida flexibilidade para lidar com problemas semi-

    estruturados, que constituem a maior parte dos problemas da mdia e alta gerncia.

    Nestas empresas os sistemas mais utilizados para o planejamentos so sistemas para

    oramento de custos e sistemas gerenciadores de projeto. Os sistemas de oramento

    de custos de um modo geral possibilitam o planejamento da obra utilizando o diagrama

    de barras. Os diagramas de barras podem apresentar informaes do progresso das

    atividades juntamente com informaes financeiras, geralmente de maior interesse para

    as empresas (cronograma fsico-financeiro). Os sistemas de gerenciamento de projetos

    visam facilitar a utilizao de tcnicas tradicionais de planejamento, tais como as

    tcnicas de redes. Assim sendo, so hbeis somente para manipular informaes queresultam do processo de planejamento (duraes, precedncias, recursos, etc.).

    Tcnicas no convencionais de programao de computadores vm h

    algum tempo sendo investigadas para uso no planejamento da construo, entre as

    quais, inteligncia artificial e algoritmos genticos. No se tm conhecimento de

    sistemas comerciais em uso por empresas de construo que j utilizem estas tcnicas.

    3

    Sistemas transacionais ou sistemas de apoio s operaes, so redes de procedimentos rotineiros queservem para o processamento de transaes recorrentes, como por exemplo, sistemas de folha pagamento,processamento de pedidos e compras (BIO, 1985).

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    Sistemas integrados procuram atender necessidade de informaes

    mais corretas e rapidamente disponveis no ambiente empresarial. Os sistemas mais

    comuns so os sistemas que integram as tarefas de planejamento com o oramento de

    custos (GHOBRIL, 1993), porm ainda pouco usados nas empresas de construo noBrasil. A integrao com os demais processos administrativos e operacionais a nvel

    transacionais configura o que se chama de sistemas de informaes gerenciais.

    2.6. SISTEMAS DE INFORMAO

    Sistema de informao o conjunto de subsistemas de processamento

    de uma empresa, que combinam informaes, processos, pessoas e tecnologia dainformao para se atingir determinado objetivo (AOUAD et al., 1993). Esta a viso do

    processamento das informaes de controle de produo que se desenvolve neste

    trabalho. Os processos, as pessoas e as informaes esto integrados no mesmo nvel

    para se atingir os objetivos do planejamento da construo. A tecnologia da informao

    um ingrediente adicional que viabiliza esta integrao.

    A medida que este sistema pode responder a uma variada gama de

    necessidades de informao para a tomada de decises aproxima-se do conceito de um

    sistema total de informaes, ou sistema integrado, ou sistema de informaes

    gerenciais - SIG (Management Information System) (BIO, 1985). Nesta concepo o

    sistema de planejamento e controle seria um subsistema do sistema de informao da

    empresa. A integrao do sistema de planejamento com os demais subsistemas da

    empresa pode ser atravs de procedimentos manuais ou automatizados (via

    computador).

    A integrao dos sistemas de planejamento com informaes de projeto

    (CAD) e do processo construtivo um campo recente de pesquisas denominado

    construo integrada por computador (CIC) (SANVIDO e MEDEIROS, 1990). CIC define

    uma meta de melhor uso do computador para integrar o gerenciamento, o planejamento,

    projeto, construo e operao das edificaes. CIC um conceito relativamente novo e

    vem sendo implementado com diferentes margens de sucesso. CIC corresponde ao

    esforo da indstria de manufatura na integrao de seu processo produtivo - o

    chamado CIM, Computer Integrated Manufacturing- iniciado vrias dcadas antes da

    indstria da construo. Uma rpida descrio dos mtodos utilizados para aplicao

    destes conceitos na construo civil pode ser lida em SANVIDO e MEDEIROS (1990).

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    As mais recentes metodologias de engenharia de software tais como a

    orientao a objetos da dcada de oitenta (popularizados na linguagem de programao

    C++) e a recente computao distribuda dos anos 90 representam avanos no sentido

    do desenvolvimento de novos programas capazes de tratar a diversidade de atividadese informaes envolvidos no processo construtivo como um todo. Esta tecnologia tem

    propiciado a rpida evoluo dos modelos computacionais voltados a implantao da

    CIC e tcnicas no convencionais de programao.

    Um dos conceitos chaves nestes novos modelos a representao da

    construo como um modelo de produto com abordagem orientada a objetos (SAUSEet

    al., 1992). Objetos representam entidades dinmicas na memria do computador que

    definem dados e seu estado e servem para agrupar dados que pertenam a umaentidade real. Os objetos encapsulam tanto dados quanto procedimentos (ou mtodos)

    que especificam as operaes que podem ser realizadas com estes dados. Conjuntos

    de objetos similares so agrupados em classes para simplificar a associao de

    conhecimento aos objetos e manter a implementao detalhada das operaes restritas

    a cada classe facilitando o controle e manipulao das interaes entre objetos. Entre

    os diversos trabalhos neste campo podemos citar FROESE (1996), WINSTANLEY et al.

    (1993), JGBECK (1994), STUMPF et al. (1996).

    2.7. MODELOS DO PROCESSO DE CONSTRUO

    Criar um modelo um passo crtico para o entendimento e a melhoria da

    performance de um sistema. Tambm, o desenvolvimento de modelos aceitos um

    precursor da automao de processos. A necessidade de um modelo para organizar as

    empresas foi colocada por TATUM (1983, apudSANVIDO e NORTON, 1994). Ele

    mostrou que no havia um mtodo bem estabelecido para organizar empresas de

    projeto no setor de construo. Assim, para melhorar a produtividade do sistema e o

    fluxo dos processos, h a necessidade de um modelo conceitual que suporte o projeto,

    desenvolvimento e melhoria dos sistemas de gerenciamento.

    Um processo definido como um conjunto de passos sucessivos ou

    atividades com um produto final ou servio sendo prestado (KARTAM, BALLARD e

    IBBS, 1997). Estas atividades podem acrescentar valor ao produto ou servio ou no

    acrescentar valor algum. Modernamente o projeto de sistemas de produo e de

    organizaes empresariais tem por objetivo reduzir ou eliminar as atividades que no

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    agregam valor e tornar o fluxo dos processos na cadeia produtiva mais veloz e voltado

    s necessidades do cliente, propiciando tambm a sua melhoria contnua e eliminao

    do desperdcio, princpios que so encampados pela nova filosofia de produo

    denominada Just In Time - JIT (WOMACK e JONES, 1996). Assim, atividades como, porexemplo, espera por materiais, espera por instrues ou ordens, retrabalho, inspeo e

    controle so consideradas atividades que no agregam valor ao processo de

    construo. Distinguir entre as atividades que agregam e as que no agregam valor

    um fator importante do modelo de processo.

    Por outro lado, um modelo de sistema no considera os passos que

    constituem o processo, e focaliza o ambiente dos processos (KARTAM, BALLARD e

    IBBS, 1997). Detalhar o processo com suas entradas, sadas, instrues ou ordens,realimentaes e interaes com outros processos um dos objetivos principais da

    modelagem de sistemas.

    Os pontos de vista e os objetivos dos modelos de processos e sistemas

    so distintos, porm ambos so necessrios para modelar corretamente o processo de

    construo. Muitos modelos de sistemas existem na literatura de administrao.

    KARTAM et al. (1997) descrevem trs modelos que so considerados importantes por

    terem recentemente sido utilizados de forma bastante apropriada para a indstria da

    construo. Estes modelos so os propostos por WALKER (1995, apudKARTAM et al.,

    1997), SANVIDO (1984), CHUNG (1989, apudKARTAM et al., 1997).

    O modelo convencional que domina a viso do processo de produo o

    modelo de converso. De acordo com este modelo construo o resultado de

    converses de materiais e trabalho (humano e maquinaria) para produzir o produto final

    - a edificao. Nesta concepo o processo de produo pode ser hierarquicamente

    dividido em subprocessos que, por sua vez, so tambm processos de converso. O

    modelo proposto por WALKER utiliza este conceito de converso. De certo modo este

    modelo e suas conseqncias so usualmente aceitos para a construo. Um exemplo

    o processo de oramento de custos onde o custo total da obra calculado com base

    nas estimativas de custos individuais dos servios, que por sua vez, so calculados com

    base no custo para se realizar o servio numa unidade bsica usada como padro. No

    entanto, utilizar o modelo de converso para modelar o processo de construo com o

    objetivo de analisar e gerenciar as operaes de produo no levar a resultados

    corretos e geralmente no retrata a realidade do processo (SHINGO, 1988). Um dos

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    problemas principais no modelo de converso que este no diferencia atividades de

    processamento ou converso (agregar valor) e atividades de fluxo (no agrega valor).

    Quando o modelo convencional de administrao da produo, baseado

    exclusivamente nos processos de converso, visto sob a tica da filosofia JIT, conclui-

    se haver um erro grave na anlise e gerenciamento (MACHADO, 1996). Ao focar sua

    ateno somente nas converses, o modelo convencional despreza os fluxos existentes

    entre elas. A filosofia JIT encara a considerao destas operaes (os fluxos) como

    relevante, embora considere-as desnecessrias melhoria do processo, procurando

    ento elimin-las, partindo do princpio que elas no agregam valor ao produto final do

    ponto de vista do cliente. Estas interpretaes incompletas esto presentes nos

    mtodos convencionais de controle de produo e aumento de produtividade. Oprincpio da minimizao dos custos leva a uma situao de busca por altos ndices de

    utilizao dos recursos, podendo gerar buffers (aberturas - espaos de tempo ociosos)

    entre as atividades, alm do que esta forma de produo no consegue identificar os

    impactos causados por determinadas atividades sobre a eficincia de outras

    subseqentes, pois no consegue enxergar o relacionamento entre elas.

    Em relao ao processo de programao e controle, o modelo

    convencional pode ser considerado esttico. Exemplos de tais modelos so as redes

    PERT/CPM e diagramas de barras. Nestes modelos a performance do sistema

    avaliada por comparao entre a situao real e uma meta estabelecida. As correes

    apenas permitem mudanas organizacionais que procuraro retomar a situao

    planejada visando o atendimento de outra meta futura. Nestes modelos de controle no

    h espao para as atividades de fluxo e de administrao da produo.

    SANVIDO (1988) props um modelo dinmico para construo que

    identifica oito atividades bsicas no processo de construo no canteiro de obras:

    contratar recursos e servios; transportar e inspecionar; armazenar; distribuir os

    recursos no canteiro; definir um procedimento de trabalho; converter as entradas usando

    um procedimento de trabalho; sintetizar as converses num projeto; controlar o fluxo de

    entradas para atingir os resultados esperados. Este modelo representa alm da

    atividade de converso, as atividades de fluxo, incluindo nestas as atividades de

    controle. Como deficincias, este modelo ainda no distingue entre as atividades que

    agregam valor ao processo, no diferencia entradas que so recursos das que so

    restries. E ainda, no incorpora uma das principais caractersticas da filosofia JIT, a

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    processos quanto em relao s ordens, propiciando assim a melhoria contnua e o

    avano do conhecimento e performance do sistema com um todo.

    Destes modelos somente o modelo de Koskela um modelo de

    processos, sendo os demais modelos de sistemas de produo (ou de planejamento da

    produo). Assim estes tm a falha de no apontar as atividades que no agregam valor

    ao processo. Com o intuito de suprir esta falta KARTAM e IBBS (1996) propuseram o

    modelo CPR que integra trs outros modelos ao modelo de diagrama de tarefas, que

    so os modelos de comunicao (C), interao entre processos (P) e matriz de

    responsabilidades (R).

    Para os objetivos deste trabalho a modelagem do sistema de

    planejamento da produo no canteiro de obras foi considerada suficiente, sendo uma

    primeira etapa para a busca da melhoria do processo de construo como um todo.

    Ambos os modelos propostos por SANVIDO e por KATTAM, BALLARD e IBBS foram

    investigados para aplicao e concluiu-se que as ferramentas desenvolvidas se

    enquadram em ambos os modelos. Este ltimo modelo foi de maior utilidade por propor

    um vocabulrio de fcil assimilao que orienta os critrios de avaliao da performance

    do sistema. O modelo proposto por SANVIDO foi usado como ponto de partida para o

    fluxo de informaes no canteiro de obras, por ser mais simples e direto, enquanto que

    o modelo de KATTAM, BALLARD e IBBS mais abrangente.

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    2.8. CICLO DE PLANEJAMENTO

    Diversos autores propem um esquema geral para o processo de

    planejamento da construo (LAUFER e TUCKER, 1987; FORMOSO et al., 1998) e

    investigado este nas empresas (BERNARDES, 1996). No contexto deste trabalho no

    ser investigado em detalhes o processo de planejamento, o que implicaria num estudo

    das relaes entre as diversas atividades de planejamento, entre os diversos agentes do

    processo e do fluxo de informaes. Uma vez que o escopo do trabalho ser o processo

    de programao de atividades no canteiro de obras, e que o pessoal do canteiro troca

    informaes com agentes externos obra, necessrio apenas um conhecimento dequal o ciclo de planejamento, que indique como as atividades da obra se relacionam

    com as demais de forma simplificada.

    Conforme ilustra a Figura 2.1, o ciclo de planejamento tem origem no

    escritrio, num departamento ou engenheiro de planejamento, responsvel, entre outra

    tarefas, pelo detalhamento dos servios que sero executados, seus custos,

    procedimentos de execuo, ndices de produtividade esperados, e quantitativo de

    recursos. A gerncia da empresa, geralmente na figura de um gerente tcnico ou

    coordenador de obras, acrescenta as informaes sobre a disponibilidade financeira da

    empresa, permitindo uma programao preliminar dos recursos ao longo da execuo

    do empreendimento, e a definio de um plano de longo prazo adequado ao fluxo de

    caixa. Se a obra for contratada o plano de longo prazo poder estar atrelado ao

    cronograma de desembolso j acertado em contrato. Esta fase do ciclo representada

    na primeira parte da Figura 2.1 indicada como escritrio.

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    Como j indicado anteriormente, na maioria das empresas de construo

    em que este planejamento realizado, o prximo passo ser o acompanhamento da

    execuo da obra conforme o plano de longo prazo e adequando-se ao cronograma de

    desembolso (ou programao preliminar de recursos). A tarefa de acompanhamento

    consistir no levantamento de informaes de execuo (medies) e consumo de

    recursos, que sero avaliados perante os planos elaborados. Se algum desvio for

    constatado, provvel que aes corretivas sejam executadas modificando-se

    provisoriamente as condies de prazos e recursos originais, ou revendo-se os planos

    elaborados (replanejamento). Este ciclo tradicional no est representado na Figura 2.1.

    Este trabalho prope que uma nova fase seja includa neste ciclo de

    planejamento, atuando diretamente no canteiro de obras. Esta fase compe-se do plano

    de mdio prazo, das ordens de produo, do plano de curto prazo, e da avaliao do

    processo de planejamento como mostra a Figura 2.1 na parte indicada como canteiro

    de obras, e que ser detalhada no restante deste texto.

    Em resumo, o plano de mdio prazo elaborado tendo em vista os

    recursos programados para o perodo e os prazos estabelecidos para as atividades.

    Neste trabalho foi adotado um prazo de seis semanas para este plano, e definida uma

    rea marginal de planejamento, com prazo maior, onde sero previstas atividades

    importantes para alm das seis semanas, e as tarefas de preparao correspondentes.

    Para as atividades do plano do mdio prazo so detalhadas as ordens de produo,

    contendo os procedimentos de execuo e de qualidade, e os volumes de construo a

    serem executados.

    O plano de curto prazo elaborado para um perodo de uma ou duas

    semanas verificando-se entre as atividades do plano de mdio prazo quais as que esto

    em condies de serem executadas, isto , as instrues das ordens esto atendidas,os materiais esto no canteiro e as equipes podem assumir estas atividades para o

    perodo.

    Considerando que este ciclo de planejamento possui trs planos de obra

    distintos, estes podem ser realizados tambm em nveis diferentes de detalhamento.

    Assim, o plano de longo prazo pode ser um plano ttico, onde somente as principais

    atividades so planejadas, de forma a possibilitar a definio de estratgias e a previso

    dos principais recursos. O plano de mdio prazo pode conter, alm das atividades doplano ttico, atividades adicionais necessrias ao estabelecimento de metas

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    importantes, usualmente relacionadas a recursos ou fornecedores. E por fim, o plano de

    curto prazo ter o maior detalhamento possvel, abrangendo todas as equipes de

    trabalho.

    A proposta de trs planos de obra tem por objetivo garantir a integrao

    entre as decises tticas da gerncia operacional da empresa e a equipe do canteiro.

    Cada um destes planos de obra ser elaborado diretamente pelo agente responsvel

    naquele nvel de deciso (gerente, engenheiro e mestre-de-obra), viabilizando assim o

    seu uso efetivo como ferramenta de apoio tomada de decises.

    A cada ciclo de programao (uma ou duas semanas) um novo plano de

    curto prazo elaborado, e o plano de mdio prazo revisto.

    O controle de produo consiste no acompanhamento das tarefas e

    atividades executadas e no processo de tomar decises visando os horizontes de

    planejamento do novo plano de curto prazo e de mdio prazo. Estas decises envolvem

    os recursos disponveis e a serem comprados ou contratados, os prazos estabelecidos

    no plano ttico, e a distribuio das equipes e equipamentos.

    A avaliao da eficincia do processo mede o grau de cumprimento das

    atividades do plano de curto prazo (PPC - Percentual de Tarefas ProgramadasConcludas) e o grau de programao das atividades do plano de mdio prazo no plano

    de curto prazo (PAP - Percentual de Atividades Programadas) em relao ao plano de

    mdio prazo.

    Os objetivos do sistema de informaes de programao desenvolvido

    so atender ao ciclo de planejamento descrito acima na fase do canteiro de obras, e

    permitir pela anlise das informaes a tomada de decises pela equipe de

    administrao da obra. Desta forma, o sistema no pode se resumir aos planos, ordens,

    controle e avaliaes. A visualizao das informaes um ponto importante na tomada

    de decises. Neste trabalho foram exploradas vrias formas de apresentao grfica

    para uso no canteiro e no escritrio da obra, tais como Quadro de Programao, Quadro

    de Controle, Cronograma de Barras por Pavimentos, Planilha de Programao por

    Pavimento, Planilha de Programao Semanal, todas procurando atender ao

    administrador da obra, bem como, ao pessoal de produo.

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    CAPTULO 3

    3. A TCNICA DE LINHA DE BALANO

    Neste captulo apresentada a tcnica de Linha de Balano, apropriada

    para uso em construes com tarefas repetitivas, como edifcios de mltiplos

    pavimentos. As duas formas de programao com Linha de Balano, paralela e no

    paralela, so discutidas. A metodologia de aplicao da Linha de Balano, voltada

    programao no paralela, utilizada neste trabalho, apresentada e tambm as formas

    de apresentao da Linha de Balano.

    3.1. PROGRAMAO DE PROJETOS REPETITIVOS

    A construo de edifcios de mltiplos pavimentos envolve muitas tarefas

    repetitivas, configurando o que se conhece por projetos de construo repetitivos ou

    lineares. Alguns outros exemplos de projetos de construo lineares incluem conjuntos

    habitacionais de residncias ou apartamentos, tneis, estradas, obras de redes de gua

    ou esgoto. As unidades de construo repetitivas nestes casos podem ser expressasem termos de casas ou prdios, anis, sees, e juntas, e para edifcios altos teramos

    os pavimentos ou os apartamentos. Cada uma destas unidades de repetio pode ser

    ento desmembrada numa seqncia de processos que sero repetidos em cada

    unidade do projeto. Por exemplo, a seqncia de processos para um edifcios de

    mltiplos pavimentos pode incluir levantamento da estrutura, fechamento, revestimento

    das paredes, colocao de esquadrias, e pintura.

    A natureza repetitiva e a necessidade do aumento de produtividade deprojetos de construo lineares em conjunto com nfase da indstria da construo na

    padronizao de processos e modularizao de componentes ao longo dos ltimos

    anos tem impulsionado o desenvolvimento de vrias tcnicas e estratgias de

    planejamento para estes tipos de projetos tanto a nvel macro (estratgico) como a nvel

    micro (operacional). No nvel macro os gerentes do empreendimento e engenheiros de

    planejamento esto principalmente interessados com a organizao do projeto,

    seqncia de atividades e controle. No nvel micro os administradores de obra,

    engenheiros e mestres esto atentos aos passos necessrios para completar asatividades que foram programadas para completar cada unidade.

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    As tcnicas de programao para atividades repetitivas ou seqenciais

    baseadas na Linha de Balano usam o conceito de curvas de produo ou linhas de

    fluxo. Curvas de produo para os processos envolvendo a execuo da superestrutura

    e paredes de fechamento de um edifcio de mltiplos pavimentos esto representadasna Figura 3-1. A inclinao de cada curva de produo fornece o ritmo de produo para

    cada um dos processos repetitivos em termos de pavimentos por ms. As curvas de

    produo tambm fornecem as duraes de cada processo repetitivo assim como a

    durao total do projeto.

    A B C D E

    A - Formas

    B - Armaduras

    C - Concretagem

    D - Desforma

    E - Descimbramento

    F - Alvenaria

    FNmero

    dePavimentos

    Tempo

    Figura 3-1- Curvas de produo tpicas para processos repetitivos

    Os projetos de construo repetitivos usualmente apresentam processos

    com diferentes ritmos de produo, sendo bastante comum na construo de edifcios

    de mltiplos pavimentos. O desbalanceamento de ritmos de produo ocorre quando a

    curva de produo de um processo intercepta a curva de um ou mais processos

    posteriores por causa da diferena de inclinao e abertura no tempo (buffer)

    insuficiente entre as datas de incio dos processos. Um exemplo deste fenmeno para

    os processos da Figura 3-1 est apresentado na Figura 3-2. Nesta figura, pode ser

    observado, por exemplo, que o processo B inicia com um ritmo de produo mais rpido

    (inclinao maior) do que o processo A. Porm, quando o processo B intercepta o

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    processo A, num determinado pavimento, o seu ritmo de produo deve ser alterado,

    como se observa na figura, ou o processo ser interrompido. Quando no existe

    continuidade de uma linha de produo, caracterizado por uma quebra (mudana no

    ritmo), sinal de desequilbrio desta atividade.

    A B C D E FNmerodePavimentos

    Tempo

    Figura 3-2 - Curvas de produo para processos repetitivos no balanceadas

    Este desequilbrio ou desbalanceamento potencialmente pode afetar

    negativamente a performance do projeto causando paradas nas tarefas, utilizao

    ineficiente das equipes e equipamentos, e custos excessivos. A programao de

    atividades em projetos repetitivos procura balancear os ritmos de produo e, assim,

    utilizar melhor os recursos. Na construo de edifcios usualmente no se tem este

    balanceamento realizado para todos os processos de uma s vez. O que ocorre a

    diviso do projeto em fases construtivas distintas (sub-sistemas), criando-se mais

    facilidade para o balanceamento dos ritmos.

    O planejamento de projetos de construo repetitivos deveria ser

    realizado em dois nveis - ao nvel de projeto (estratgico) e ao nvel de processo. O

    planejamento a nvel de projeto atenderia a questes como a durao do projeto, ritmos

    de produo das unidades repetitivas nas diversas fases construtivas do projeto e fluxo

    financeiro, entre outras. O planejamento a nvel de processo detalharia as questes da

    fabricao e produo de cada processo individual, a seqncia apropriada dos

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    processos, e o ritmo de produo do sistema de processos como um todo (ou um sub-

    sistema deste) em termos de unidades repetitivas por unidade de tempo.

    De acordo com ARDITI (1986), os quatro objetivos principais do

    planejamento e controle de processos repetitivos so:

    5. garantir que unidades completas estejam prontas como requerido;

    6. manter os ritmos desejados de produo;

    7. balancear os recursos humanos e de equipamentos ao longo do

    projeto;

    8. atingir ao mximo a reduo potencial de custos de unidades de

    construo repetitivas.

    No escopo deste trabalho, para o planejamento da construo de

    edifcios de mltiplos pavimentos, apenas o primeiro objetivo precisa ser ligeiramente

    modificado para: garantir que os processos sejam completados nas unidades como

    requerido. Isto por que as unidades repetitivas, sejam pavimentos, apartamentos ou

    cmodos, somente ficaro prontas na ltima fase da obra, e num intervalo de tempo

    bem mais longo que em outros tipos de projetos repetitivos. Assim considera-se que o

    objetivo concluir os processos ou grupos de processos (sub-sistemas ou fasesconstrutivas) dentro dos prazos e condies de qualidade e terminalidade desejados.

    3.2. A TCNICA DE LINHA DE BALANO

    A Linha de Balano conceitual para um processo foi apresentada na

    Figura 3.1. Como mostrado na figura, a Linha de Balano nada mais que um diagrama

    quantidade-tempo (i.e., uma curva de produo) para todo o processo. Num

    determinado instante de tempo T haver uma quantidade Q de unidades concludas. A

    tcnica da Linha de Balano enfatiza a concluso requerida de unidades completas

    (p.ex. pavimentos, sees, casas, etc.) e est baseada num conhecimento de como

    muitos processos de um certo tipo devem ser concludos num certo momento para

    atender a concluso programada das unidades. O nmero de unidades de produo

    concludas num certo instante ser referida como a quantidade de produo. Estes

    processos devem ser balanceados num certo ritmo que garanta a concluso em

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    seqncia das unidades, caracterizando a fila de balanceamento4requerida. Esta fila

    determinada a partir do ritmo de fornecimento dos materiais, componentes, e processos

    concludos que so necessrios para a produo de unidades completas. Como estes

    ritmos so assumidos como sendo lineares, ento uma relao linear existe entre aquantidade de Linha de Balano e o tempo (LUMSDEN, 1968).

    NmerodeUnidades

    Tempo

    Q

    T

    Inclinao(Ritmo de

    trabalho)

    Figura 3-3- Linha de Balano conceitual para um processo.

    O ritmo de produo para um processo pode ser determinado de sua

    inclinao, como indicado na Figura 3-3 e expresso em termos de unidades por unidade

    de tempo (casas por ms), ou inversamente em unidades de tempo por unidade de

    produo (semanas por pavimento).

    Linhas de Balano tpicas para dois processos consecutivos esto

    mostradas Figura 3-4. Como definido acima, as curvas de produo para os processos

    A e B esto traadas em termos de nmeros de unidades (postos de trabalho) emfuno do tempo. As unidades no diagrama representam o nmero acumulado de

    unidades de produo - p. ex., nmero de pavimentos, casas, etc. - completados num

    certo tempo. A distncia horizontal entre curvas de produo de dois processos

    consecutivos numa determinada unidade representa um tempo de abertura ( time buffer)

    ou defasagem naquela unidade. A distncia vertical entre curvas de produo de dois

    processos consecutivos num determinado instante representa uma espera (stage buffer)

    4Line of balance, fila ou linha de balanceamento. O termo Linha de Balano, embora erroneamenteutilizado, foi mantido neste trabalho por ser mais conhecido.

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    naquele instante - isto , nmero de unidades na fila entre processos, aguardando o

    incio das tarefas.

    NmerodeUnidades

    TempoT

    Q

    Espera(tempoT

    Abertura(unidade Q)

    Figura 3-4 - Curvas de produo de processos (LUTZ, 1990)

    Um dos grandes benefcios da tcnica de Linha de Balano que esta

    fornece ritmos de produo e informaes de durao em forma grfica de fcil

    interpretao. O Grfico da Linha de Balano para uma construo repetitiva pode ser

    facilmente construda e ento mostrar rapidamente o que est errado no andamento do

    projeto, e detectar possveis gargalos futuros. O Grfico de Linhas de Balano pode ser

    facilmente comparado com o conhecido Diagrama de Barras ou Grfico de Gantt como

    est mostrado na Figura 3-5.

    No Diagrama de Barras, na Figura 3-5 (a), o eixo vertical apresenta as

    atividades, cada barra representando uma atividade, e o eixo horizontal apresenta a

    escala do tempo. J no Grfico de Linhas de balano, na Figura 3-5 (b), o eixo vertical

    apresenta as unidades repetitivas, p. ex., pavimentos, e cada barra continua

    representando uma atividade. Desta forma cada barra deve ter uma inclinao que

    indicar o seu ritmo de execuo ao longo das unidades repetitivas.

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    ABCDE

    A B

    C

    D E

    1o.

    l t i m oP i s o

    ( a )

    ( b )

    Figura 3-5 - Diagrama de Gantt x Linha de Balano

    Apresentando o Grfico de Linhas de balano numa escala menor, como

    na Figura 3-6, pode-se representar a durao da atividade em cada unidade repetitiva,

    onde agora cada barra ou clula indica a execuo da atividade numa determinada

    unidade de repetitiva. Na parte interna de cada barra pode ser indicada a equipe que

    executar a tarefa. Esta representao mais detalhada responde a algumas das

    principais questes da programao de um projeto:

    Quem?A equipe indicada na clula

    O qu?A atividade representada pela Linha de Balano

    Quando? O instante de tempo T no eixo horizontal do diagrama

    Onde?A unidade Q no eixo vertical do diagrama

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    E1

    E1

    E1

    E1

    E1

    Tempo

    Unidade

    Q

    T

    Atividade

    Equipe

    Figura 3-6 - Informaes do Diagrama da Linha de Balano (BRANDO, GUCHe PAZ, 1995)

    3.3. BALANCEAMENTO DAS ATIVIDADES

    O objetivo do balanceamento executar todas as atividades

    continuamente sem interferncias. A simulao das curvas de produo de todo o

    sistema de processos de um projeto acarretar em interferncias de algumas atividades

    em outras. Desta forma uma anlise destas interferncias e de todo o conjunto de

    processos - ou de um sub-conjunto destes - se faz necessria.

    Tomem-se por exemplo as linhas de balano das atividades mostradas

    na Figura 3-7 (a). Se todos estas atividades pudessem ser executadas sem levar em

    conta as interferncias entre si este Grfico de Linha de Balano estaria correto,

    resultando na durao T1para o projeto. Porm se considerarmos que as atividades no

    podem ter interferncias, isto , suas curvas de produo no podem se cruzar, e que

    devem ser executadas seqencialmente (A-B-C-D) em cada unidade repetiviva, a

    execuo real destas atividades resultaria num grfico como o da Figura 3-7 (b) com

    uma durao para o projeto T2maior que T1. Neste grfico as linhas de atividades com

    ritmo mais lento so interrompidas, e a atividade retomada num instante de tempo mais

    adiante.

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    Pode-se observar na Figura 3-7 (b) que a atividade B o gargalo do

    sistema, fazendo com que as atividades C e D sejam retardadas, criando aberturas

    (tempo ocioso) aps a sua execuo.

    NmerodeUnidades

    A DC B

    (a)

    Tempo

    T1

    Nmerode

    Unidades

    A DCB

    (b)

    Tempo

    T2

    Figura 3-7 - Linha de Balano das atividades (a) tericas e (b) simulao real(atividades na seqncia A-B-C-D)

    Uma fila de escoteiros em caminhada morro acima uma boa analogia

    para descrever o impacto de curvas com baixos ritmos de produo (gargalos) causa no

    sistema de produo com um todo (GOLDRATT, 1993). Nesta fila um escoteiro tem quese guiar pelo que vai a sua frente e no pode ultrapass-lo. Se os primeiros escoteiros

    seguirem num ritmo normal ou mais acelerado podero realizar a subida num prazo

    curto. Mas se no meio da fila algum escoteiro no puder acompanhar o ritmo do seu

    companheiro frente ele ir se distanciar, criando uma abertura no perc