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UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO
Estudo da dispersão e deposição de aerossoles
medicamentosos gerados por inaladores de pó seco
Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes
Licenciado em Engenharia Mecânica
Dissertação para obtenção do Grau de Doutor em Engenharia Mecânica
Orientadores: Professor Doutor João Manuel Melo de Sousa
Professor Doutor João Fernandes de Abreu Pinto
Documento Provisório
Setembro 2007
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes I
Resumo
A terapia por inalação de aerossoles é uma forma de tratamento cada vez
mais comum, principalmente no tratamento de doenças pulmonares, tendo sido
possível observar nos últimos anos um grande desenvolvimento destes
medicamentos, bem como da tecnologia com eles relacionada.
Os inaladores de pó seco apresentam igualmente um papel cada vez mais
importante, por apresentarem diversas vantagens quando comparados com os
inaladores pressurizados. Contudo, apenas uma pequena percentagem da dose
inalada atinge a zona pretendida e o desenvolvimento destes medicamentos émaioritariamente empírico, obrigando à realização de um conjunto elevado de
testes que são demorados e caros.
O objectivo deste trabalho é compreender melhor a dispersão e deposição
in vitro de aerossoles de pó seco para inalação. Foi realizada uma série de
ensaios que permitiram caracterizar propriedades da substância activa de
medicamentos em pó seco para inalação, bem como dos inaladores usados na
sua administração. As características analisadas foram o diâmetro aerodinâmico
das partículas, a densidade das partículas dos pós, a perda de carga nos
inaladores e a intensidade de turbulência do escoamento do ar na sua saída.
Estas características, juntamente com o caudal de inalação, a resistência viscosa
e a sedimentação gravitacional, foram relacionadas com a fracção de partículas
finas que se obteve num impactador em cascata de vidro. Recorreu-se à análise
dimensional, tendo sido identificado o diâmetro das partículas como a
característica mais importante, seguida pela perda de carga nos inaladores.
Com o mesmo objectivo, foi caracterizado o escoamento dentro do primeiroestágio do impactador em cascata de vidro através de anemometria laser
Doppler. Os resultados obtidos foram usados na elaboração de um modelo
computacional (tracejamento Lagrangiano estocástico) para prever a deposição
das partículas de aerossoles nesta região do impactador. As previsões deste
modelo foram comparadas com a deposição in vitro de um medicamento para
inalação, sendo os resultados comparáveis. Adicionalmente, o modelo respondeu
da forma prevista a variações do caudal dentro do impactador bem como a
variações das distribuições de diâmetro das partículas.
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes II
Abstract
The therapy by inhalation of aerosols is becoming more common on
therapeutics, particularly in the treatment of pulmonary illnesses. In the last
years, it has been possible to observe a great development of these medicines,
as well as the related technology.
Dry powder inhalers also present an increasingly important role because
they present several advantages comparatively to pressurized inhalers. However,
only a small percentage of the dose reaches the target zone and the
development of these medicines is mainly empirical, requiring the
accomplishment of a large set of time-consuming and expensive tests.
The objective of this work is to provide a better understanding of the
dispersion and in-vitro deposition of dry powder aerosols for inhalation. A series
of tests has been carried out, which allowed to characterize properties of both
the active substance in dry powder medicines and the inhaler devices used in the
delivery. The analyzed characteristics were the aerodynamic diameter and the
density of particles in the powders, the pressure drop in the inhalers and theturbulence intensity of the air flow at the inhalers’ exit. These characteristics,
together with the inhalation flow rate, the aerodynamic drag and the
gravitational sedimentation, have been related with the fine particle fraction
obtained in a glass Twin Impinger. Resorting to dimensionless analysis, the
diameter of the particles has been identified as the most important
characteristic, followed by the pressure drop in the inhalers.
With the same objective, the flow inside the first stage of the Twin Impinger
was characterized, through laser Doppler anemometry. The corresponding results
have been used in the development of a computational model (stochastic
Lagrangian tracking) to predict the deposition of the aerosol particles in this
region of the Twin Impinger. The predictions of this model have been compared
with in-vitro deposition of a medicine for inhalation with comparable results.
Additionally, the model provided the correct response to variations of the flow
rate in the Twin Impinger, as well as to variations in the distributions of particle
diameter.
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes III
Palavras chave
Aerossoles
Inalador de pó seco
Impactador em cascata de vidro
Anemometria laser Doppler
Análise dimensional
Modelo Lagrangiano estocástico
Key words
Aerosols
Dry powder inhaler
Twin Impinger
Laser Doppler anemometry
Dimensional analysisStochastic Lagrangian model
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes IV
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes V
Agradecimentos
Ao Professor Doutor João M. Melo de Sousa e ao Professor Doutor João F. Pinto,
desejo agradecer a ajuda, o apoio e a disponibilidade sempre existente.
À Professora Doutora Fernanda Patrício pela ajuda na revisão de questões
matemáticas e resolução de alguns problemas.
A todos os colegas que me acompanharam no LASEF do Departamento de
Engenharia Mecânica do Instituto Superior Técnico e no Departamento de
Tecnologia Farmacêutica da Faculdade de Farmácia de Lisboa, em especial ao
António Raposo, que me acompanhou e ajudou no início deste trabalho.
À Fundação para a Ciência e a Tecnologia a bolsa de doutoramento
SFRH/BD/12124/2003.
Por fim dedico este trabalho aos meus pais, irmã e à Susana por toda a
compreensão e apoio.
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes VII
Índice
RESUMO .................................................................................................. I
ABSTRACT ..............................................................................................I I
PALAVRAS CHAVE................................................................................. II I
KEY WORDS.......................................................................................... II I
AGRADECIMENTOS ..................................................................................V
ÍNDICE .................................................................................................VII
ÍNDICE DE FI GURAS.............................................................................. XI
ÍNDICE DE TABELAS ...........................................................................XVII
NOMENCLATURA..................................................................................XIX
ABREVIATURAS ..................................................................................XXII
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................1
1.1. Motivação .................................................................................................... 1
1.2. Enquadramento ........................................................................................... 2
1.2.1. Perspectiva geral sobre aerossoles.............................................................2 1.2.2. Vias respiratórias e aerossoles para inalação...............................................5
1.2.2.1 Preparações líquidas para inalação e sua formulação................................9
1.2.2.2 Pós secos para inalação e sua formulação............................................. 10
1.2.3. Dispositivos para inalação ...................................................................... 13
1.2.3.1 Constituição básica dos inaladores de pó seco....................................... 17
1.2.3.2 Tipos de inaladores de pó seco ........................................................... 18
1.2.4. Caracterização de aerossoles .................................................................. 23
1.2.4.1 Equipamentos da Farmacopeia............................................................ 24 1.2.4.2 Outros Equipamentos e Técnicas......................................................... 26
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes VIII
1.2.5. Modelação computacional de aerossoles ................................................... 34 1.2.5.1 Transporte de partículas .................................................................... 36
1.2.5.2 Deposição de partículas ..................................................................... 42
1.3. Objectivos e Presente Contribuição ........................................................... 44 1.4. Organização da Tese .................................................................................. 46
2 MATERIAIS E EQUIPAMENTOS............................................................47
2.1. Mater ia is .................................................................................................... 47
2.2. Equipamentos ............................................................................................ 49
2.2.1. Analisador do tempo de voo ................................................................... 49 2.2.2. Impactador em cascata de vidro.............................................................. 52
2.2.3. Anemómetro laser Doppler ..................................................................... 55
2.2.4. Anemómetro de fase Doppler.................................................................. 64
2.2.5. Micromanómetros ................................................................................. 67
2.2.6. Picnómetro........................................................................................... 68
3 MÉTODOS EXP ERIMENTAIS ................................................................71
3.1. Estudo do anali sador do tempo de voo ...................................................... 71
3.2. Diâmetro aerodinâmico das partícu las....................................................... 72
3.2.1. Analisador do tempo de voo ................................................................... 72
3.2.2. Anemómetro de fase Doppler.................................................................. 75
3.3. Dens idade dos pós.....................................................................................77
3.4. Depos ição de part ículas ............................................................................. 77
3.5. Perda de carga nos inaladores ................................................................... 79
3.6. Caudal de ar efectivo no impactador em cascata de vidro ......................... 81
3.7. Intensidade de tu rbulência na saída dos ina ladores ..................................82
3.8. Visualização do escoamento no interior do impactador em cascata de
vidro .................................................................................................................83
3.9. Quantificação dos campos de velocidade no interior do impactador em
cascata de vidro ............................................................................................... 85
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3.10. Modelação dos mecanismos de deposição de partículas “ in vitro” ...........91
4 MÉTODOS COMPUTACIONAI S .............................................................95
4.1. Descrição geral do modelo de tracejamento e deposição de partículas...... 95
4.2. Descrição da trajectória das partículas ...................................................... 98
4.2.1. Modelação numérica do problema.......................................................... 100
4.2.2. Modelação da turbulência ..................................................................... 102
4.2.3. Validação do modelo............................................................................ 104
4.3. I nteracção entre as partícu las e as superf ícies ........................................ 107
4.3.1. Superfícies sólidas............................................................................... 107
4.3.2. Superfícies líquidas.............................................................................. 109
4.4. Localização da partícula no conjunto de volumes de controlo Eulerianos 111
4.5. Escoamento da fase contínua próximo das superfícies sólidas ................114
4.6. Sumár io ................................................................................................... 117
5 RESULTADOS ....................................................................................119
5.1. Escoamento da fase contínua no interior do impactador em cascata de
vidro ............................................................................................................... 119
5.1.1. Visualização do escoamento.................................................................. 119
5.1.2. Medição dos campos de velocidade ........................................................ 122
5.1.3. Campo tridimensional de velocidade ...................................................... 130
5.2. Caracterização dos inaladores ................................................................. 133
5.2.1. Perda de carga nos inaladores............................................................... 133
5.2.2. Turbulência na saída dos inaladores....................................................... 135
5.3. Caracterização dos pós para inalação ...................................................... 137
5.3.1. Morfologia das partículas...................................................................... 137
5.3.2. Diâmetro das partículas ....................................................................... 139
5.3.2.1 Estudo prévio do analisador do tempo de voo ..................................... 139
5.3.2.2 Usando o analisador do tempo de voo................................................ 152
5.3.2.3 Usando o anemómetro de fase Doppler .............................................. 154
5.3.3. Densidade dos pós .............................................................................. 159
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes X
5.4. Dispersão e deposição de partícu las ........................................................ 160 5.4.1. No impactador em cascata de vidro ....................................................... 160
5.4.2. No modelo computacional..................................................................... 166
5.4.2.1 Validação do modelo de dispersão das partículas ................................. 166
5.4.2.2 Deposição das partículas.................................................................. 170
5.5. Sumár io ................................................................................................... 180
6 NOTAS FINAIS..................................................................................183
6.1. Conclusões .............................................................................................. 183
6.2. Sugestões para trabalho futuro ............................................................... 186
BI BLIOGRAFI A ....................................................................................189
APÊNDI CES .........................................................................................203
A. Técnica de Montgomery ........................................................................... 205
A.1. Factorial 2k......................................................................................... 205
A.2. Mais de 2 níveis por factor.................................................................... 206
B. Análi se de Variância (ANOVA) ................................................................. 209
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes XI
Índice de Figuras
Figura 1.1 – Representação esquemática das vias aéreas humanas (West, 1985). .........6 Figura 1.2 – Aglomerados de partículas para um melhor transporte: a) mistura de
partículas de substância activa e de transportador com dimensões distintas; b)
aglomerado de partículas com dimensões idênticas. ......................................... 11 Figura 1.3 – Exemplos dos diferentes tipos de dispositivos usados para a inalação de
aerossoles farmacêuticos: a) nebulizador, b) inalador pressurizado, c) inaladores de
pó seco. ..................................................................................................... 14
Figura 1.4 – Formação e administração de gotículas por um nebulizador pneumático
(Hickey, 2002) ............................................................................................ 15 Figura 1.5 – Dispositivo unidose a) inalador [Aerolizer® (Novartis Farma)] e cápsula b)
sistema de abertura da cápsula. .................................................................... 19 Figura 1.6 – Esquema representativo de um dispositivo multidose [Turbohaler®
(AstraZeneca)]............................................................................................ 19 Figura 1.7 – Interior de um dispositivo multi-unidose [Diskus® (GlaxoSmithKline)]...... 20 Figura 1.8 – Orifícios calibrados de um dispositivo multidose, usados para dosear o
medicamento [Turbohaler® (AstraZeneca)]. .................................................... 21 Figura 1.9 – Sistemas de desaglomeração de partículas: a) grelha; b) gerador de rotação
(de Koning, 2001). ...................................................................................... 22 Figura 1.10 – Curva da eficiência de deposição generalizada..................................... 25 Figura 1.11 - Esquema de operação de um analisador do tempo de voo (Mitchell e Nagel,
2004). ....................................................................................................... 27 Figura 1.12 – Representação do funcionamento de um anemómetro de fase Doppler
(Mitchell e Nagel, 2004). .............................................................................. 28 Figura 1.13 – Esquema de funcionamento de um equipamento de difracção laser (Mitchell
e Nagel, 2004). ........................................................................................... 30 Figura 1.14 – Esquema de um sistema de velocimetria por imagem de partículas em
funcionamento. ........................................................................................... 33 Figura 1.15 – Sonda de anemometria de fio quente (Neu et al., 2007)....................... 34 Figura 1.16 – Diferentes tipos de malhas computacionais: a) estruturada; b) não-
estruturada; c) estruturada por blocos............................................................ 37 Figura 2.1 – Aerosizer® com Aerodisperser®........................................................... 50 Figura 2.2 – Velocidade de duas partículas com dimensões diferentes ao atravessarem a
região de medida do Aerosizer® (Amherst Process Instruments)......................... 51
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Figura 2.3 – Dimensões e geometria do impactador em cascata de vidro (FP8, 2006). . 53 Figura 2.4 - Zonas em que foi dividido o impactador em cascata de vidro. .................. 55 Figura 2.5 – Princípio de funcionamento de um sistema LDA (Dantec, 2007)............... 56 Figura 2.6 – Sistema de LDA com separador de feixes independente da célula de
Bragg. ....................................................................................................... 56 Figura 2.7 – Volume de medição no anemómetro laser Doppler (Dantec, 2007). ......... 57 Figura 2.8 – Dimensões de um volume de medição de acordo com os eixos x, y e z
(Dantec, 2007)............................................................................................ 58 Figura 2.9 – Intensidade da luz dispersa de acordo com diferentes modos de dispersão e
polarização da luz (Dantec, 2007). ................................................................. 59 Figura 2.10 – Dispersão de luz de acordo com o ângulo em relação à emissão e de
acordo com a razão entre a dimensão da partícula e o comprimento de onda
(Dantec, 2007)............................................................................................ 60 Figura 2.11 – Efeito do desfasamento em frequência. .............................................. 61 Figura 2.12 – Representação esquemática do anemómetro laser Doppler de duas
componentes usado. .................................................................................... 62 Figura 2.13 – Diferenças de fase obtidas para três partículas diferentes em que se
observa a forma de determinar o diâmetro das partículas pela diferença entre os
dois detectores (Detect. 1 e Detect. 2) e ambiguidade na determinação do diâmetro
da partícula maior (Dantec, 2007).................................................................. 65 Figura 2.14 – Principais parâmetros geométricos a considerar num anemómetro de fase
Doppler (Dantec, 2007)................................................................................ 65 Figura 2.15 – Diferenças de fase obtidas entre dois pares de detectores (Dantec,
2007). ....................................................................................................... 66 Figura 2.16 – Imagem de um dos micromanómetros digitais usados.......................... 68 Figura 2.17 – Imagem do picnómetro usado. ......................................................... 69 Figura 3.1 – Instalação usada para medir diâmetros de partículas através de
anemometria de fase Doppler........................................................................ 76 Figura 3.2 – Parte posterior do dispositivo Rotahaler
®
, em que é possível observar aalteração introduzida num dos dispositivos. ..................................................... 79
Figura 3.3 – Representação esquemática da instalação usada para medir a perda de
carga e a intensidade de turbulência do ar na saída dos dispositivos de inalação (o
sistema de LDA foi usado apenas nos ensaios de medição da intensidade de
turbulência). ............................................................................................... 80 Figura 3.4 – Equipamento usado na medição da pressão dinâmica na saída da bomba de
vácuo do impactador em cascata de vidro: a) tubo de pressão total; b) graminho
com o tubo de pressão total instalado............................................................. 82
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes XIII
Figura 3.5 – Esquema da instalação usada para visualizar o escoamento e quantificar os
campos de velocidade no interior do impactador em cascata de vidro.................. 84 Figura 3.6 – Pontos críticos considerados na avaliação dos erros cometidos no
posicionamento do volume de medição. .......................................................... 86 Figura 3.7 – Esquema para determinar a verdadeira posição do volume de medição: a)
componente axial; b) componente radial da velocidade; (n1, n2 e n3 – índices de
refracção)................................................................................................... 86 Figura 3.8 – Secções em que foram divididas as zonas 1 e 2 do impactador em cascata
de vidro para efeitos de simulação. ................................................................ 88 Figura 3.9 – Representação da malha usada para simular o impactador em cascata de
vidro: a) e b) primeira câmara, c) e d) segunda câmara; a) e c) evolução segundo
as direcções i e j, b) e d) evolução segundo a direcção k. .................................. 89 Figura 4.1 – Fluxograma geral do modelo computacional desenvolvido....................... 96 Figura 4.2 – Definição do ângulo de impacto ( β ) da partícula na parede. .................. 108 Figura 4.3 – Cavidades na superfície líquida provocadas pelo impacto de partículas
sólidas: a) partícula com baixa energia cinética; b) partícula com elevada energia
cinética (as setas mostram o sentido do movimento da água) (de Li et al.,
2006). ..................................................................................................... 110 Figura 4.4 – Esquema mostrando de que lado do plano k a partícula se encontra, pelo
cálculo do produto interno dos dois vectores representados: A, nó da malha mais
próximo da partícula no passo de tempo Lagrangiano anterior; P, actual posição dapartícula; B, ponto que está na direcção normal ao plano em A. ....................... 112
Figura 4.5 – Esquema mostrando o procedimento para limitar a região de pesquisa, pela
razão entre a distância de A (nó da malha mais próximo da partícula no passo de
tempo Lagrangiano anterior) a P (actual posição da partícula) e a distância entre
dois nós consecutivos da malha. .................................................................. 113 Figura 4.6 – Pormenor de uma parte da zona 1, em que se observa existir um ponto P no
exterior da peça que está mais próximo de A do que de B ou B’ ....................... 113 Figura 4.7 – Representação esquemática da determinação do segundo ponto para
aplicação da lei de parede, para o cálculo da velocidade: P, posição da partícula; A,
ponto mais próximo da partícula (primeira aproximação); B, ponto mais próximo da
partícula (segunda aproximação); d e e, superfícies de fronteira; as linhas
carregadas são os limites dos volumes de controlo. ........................................ 116 Figura 5.1 – Visualização do escoamento dentro da primeira câmara do impactador em
cascata de vidro: a) vista de frente; b) vista de topo. ..................................... 120 Figura 5.2 – Visualização do escoamento na primeira câmara em que se observa
progressivamente um dos vórtices a ocupar toda a câmara: de a) para c). ........ 120
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes XIV
Figura 5.3 – Visualização do escoamento dentro da segunda câmara do impactador em
cascata de vidro: a) vista de frente; b) vista de lado....................................... 121 Figura 5.4 – Resultados de LDA dos campos médio e turbulento, normalizados, para os
dois caudais testados: a) e b) Re=1,6x103; c) e d) Re=2,8x103; a) e c) primeira
câmara; b) e d) segunda câmara. Os contornos indicam a posição aproximada dassuperfícies exteriores. ................................................................................ 123
Figura 5.5 – Espectro de potência medido dentro da primeira câmara, identificando a
oscilação de baixa frequência. ..................................................................... 124 Figura 5.6 – Perfis de velocidade obtidos usando um ajustamento perfeito do índice de
refracção, mas com um número de Reynolds na entrada de apenas 48: a) perfil no
tudo de entrada; b) perfil no tubo de saída.................................................... 126 Figura 5.7 – Velocidade média do escoamento usando um ajustamento perfeito do índice
de refracção, mas com um número de Reynolds de apenas 48: a) topo da 1ªcâmara; b) parte posterior da 1ª câmara. ..................................................... 127
Figura 5.8 – Localização dos perfis analisados com um ajustamento perfeito do índice de
refracção, mas com um número de Reynolds na entrada de apenas 48.............. 127 Figura 5.9 – Resultados de LDA da primeira câmara do impactador em cascata de vidro,
após processamento para obtenção da 3ª componente da velocidade, com
Re=1,98x103, baseado no diâmetro de entrada: a) vista de frente; b) vista de
topo. ....................................................................................................... 131 Figura 5.10 - Resultados de LDA da segunda câmara do impactador em cascata de vidro,
após processamento para obtenção da 3ª componente da velocidade, com
Re=1,98x103, baseado no diâmetro de entrada: a) vista de frente; b) vista de
lado......................................................................................................... 132 Figura 5.11 – Escoamento secundário ao longo do tubo que liga as duas câmaras. .... 132 Figura 5.12 – Perda de carga nos dispositivos de inalação em função do caudal. ....... 134 Figura 5.13 – Perfis de pressão dinâmica do escoamento de ar na saída da bomba de
vácuo do impactador em cascata de vidro, funcionado sem nenhum inalador e com o
Turbohaler
®
antigo (dispositivo que apresentou a maior perda de carga). .......... 135
Figura 5.14 – Intensidade de turbulência, ek , no escoamento de ar na saída dos
dispositivos de inalação em função da perda de carga a 60 l/min...................... 136 Figura 5.15 – Imagens de partículas de aerossoles farmacêuticos obtidas por microscopia
electrónica de varrimento. .......................................................................... 138 Figura 5.16 – Distribuição dos diâmetros geométricos das esferas de calibração........ 139 Figura 5.17 – Relação entre o tempo da experiência e o número de partículas detectadas
para as diferentes taxas de alimentação........................................................ 141 Figura 5.18 – Dependência do valor medido do diâmetro das partículas com o número de
partículas medidas..................................................................................... 142
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes XV
Figura 5.19 – Distribuição de tamanho de partículas de celulose microcristalina: a) 850
V; b) 1100................................................................................................ 142 Figura 5.20 – Relação entre o diâmetro medido por número e por volume................ 143 Figura 5.21 – Efeito da voltagem ao fotomultiplicador no tamanho das partículas
medido. ................................................................................................... 146 Figura 5.22 - Diâmetro aerodinâmico das partículas em função dos níveis dos
parâmetros: a) tensão do detector alta; b) tensão do detector baixa................. 149 Figura 5.23 – Valores dos diâmetros das partículas de substância activa obtidos com o
analisador do tempo de voo (as barras associadas ao valor da média indicam o
desvio padrão geométrico).......................................................................... 153 Figura 5.24 - Distribuição dos diâmetros das esferas de calibração de nylon obtida com o
PDA. ........................................................................................................ 157 Figura 5.25 – Distribuição de tamanho de partículas de sulfato de salbutamol........... 158 Figura 5.26 – Percentagem de substância activa retida em cada uma das zonas de
recolha..................................................................................................... 161 Figura 5.27 – Relação entre o caudal de calibração do impactador em cascata de vidro e
a fracção de partículas finas. ....................................................................... 162 Figura 5.28 – Relação entre a moda das distribuições de diâmetro dos pós e a fracção de
partículas finas.......................................................................................... 162 Figura 5.29 – Relação entre a perda de carga nos inaladores e a fracção de partículas
finas. ....................................................................................................... 163 Figura 5.30 – Relação entre a intensidade de turbulência ( ek ) e a fracção de partículas
finas a 60 l/min......................................................................................... 164 Figura 5.31 – Relação entre a fracção de partículas finas e os restantes parâmetros
adimensionais: —— considerando todos os pontos experimentais; - - - sem os
pontos experimentais correspondentes ao fumarato de formoterol (O) e ao
dipropionato de beclometasona (Δ). ............................................................. 165 Figura 5.32 – Comparação entre os resultados obtidos por Snyder e Lumley (1971) com
os obtidos pelo modelo (5.000 partículas) usado para simular o transporte daspartículas: a) dispersão das partículas ao longo do tempo; b) decaimento da
variância da velocidade das partículas segundo a direcção transversal............... 168 Figura 5.33 – Comparação entre os resultados obtidos por Wells e Stock (1983) com os
obtidos pelo modelo (5000 partículas) usado para simular o transporte das
partículas: a) dispersão das partículas ao longo do tempo; b) decaimento da
variância da velocidade das partículas segundo a direcção transversal............... 169 Figura 5.34 – Deposição de partículas na primeira câmara do impactador em cascata de
vidro usando uma determinação simples da velocidade do fluido próximo da parede:a) vista de frente; b) vista de topo; c) vista de lado........................................ 172
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes XVI
Figura 5.35 – Deposição de partículas na primeira câmara do impactador em cascata de
vidro usando uma determinação da velocidade do fluido próximo da parede mais
precisa: a) vista de frente; b) vista de topo; c) vista de lado............................ 172 Figura 5.36 – Exemplos de trajectórias de partículas próximo da parede. ................. 173 Figura 5.37 – Exemplo de trajectórias de partículas na primeira câmara: a) vista de
frente; b) vista de topo. ............................................................................. 174 Figura 5.38 – Distribuições de densidades na secção de saída da primeira câmara: a)
mássica; b) de partículas. ........................................................................... 176 Figura 5.39 – Distribuições de densidades na secção de entrada da segunda câmara: a)
mássica; b) de partículas. ........................................................................... 176 Figura 5.40 Comparação entre os resultados de deposição num impactador em cascata
de vidro obtidos experimentalmente e por simulação, com caudais de ar de 30 e 60
l/min e considerando partículas de sulfato de salbutamol administradas viaRotahaler®................................................................................................ 177
Figura 5.41 – Distribuição de tamanhos de partículas usadas para avaliar o
comportamento do modelo computacional desenvolvido (GSD=1,5).................. 178 Figura 5.42 – Deposição de partículas de 3, 5, 7 e 50 μm no modelo virtual do
impactador em cascata de vidro, com um caudal de 60 l/min........................... 179 Figura 5.43 – Distribuição de tamanhos das partículas da fracção de partículas finas
resultante da deposição de partículas com um diâmetro médio geométrico de 7 μm,
com um caudal de 60 l/min. A linha preta assinala o diâmetro de corte de6,4 μm..................................................................................................... 180
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes XVII
Índice de Tabelas
Tabela 1.1 – Resultados obtidos por Corcoran et al. (2000) usando diferentes técnicas de
análise. ...................................................................................................... 30 Tabela 1.2 – Forças envolvidas no transporte aerodinâmico de partículas e sua
importância relativa (Chen, 1994).................................................................. 40 Tabela 2.1 – Medicamentos considerados neste trabalho.......................................... 48 Tabela 2.2 - Dimensões e descrição do impactador em cascata de vidro (FP8, 2006).... 54
Tabela 2.3 – Características principais do anemómetro laser-Doppler usado. .............. 63 Tabela 2.4 – Características principais dos dois micromanómetros digitais usados. ...... 68 Tabela 3.1 – Parâmetros e respectivos níveis considerados na análise do analisador do
tempo de voo.............................................................................................. 72 Tabela 3.2 – Comprimento de onda (λ ) usado na detecção e solventes usados no
impactador em cascata de vidro para cada substância activa. ............................ 78 Tabela 3.3 – Valores das variáveis relevantes em cada um dos quatro pontos
considerados para estimar os erros na localização do volume de medição. ........... 86 Tabela 3.4 – Número de nós das malhas estruturadas que representam cada uma das
secções em que se dividiu as zonas 1 e 2 do impactador em cascata de vidro,
segundo cada uma das direcções i, j e k. ........................................................ 89 Tabela 4.1 Características das partículas usadas por Snyder e Lumley (1971), também
usadas na validação do modelo.................................................................... 104 Tabela 4.2 – Aceleração gravítica equivalente e respectiva velocidade terminal usadas
por Wells e Stock (1983) ............................................................................ 105 Tabela 4.3 – Constantes para a determinação da componente da flutuação média nas
experiências de Snyder e Lumley (1971) e Wells e Stock (1983) ...................... 106 Tabela 5.1 – Erros na posição do volume de medição da componente radial, para os
pontos característicos................................................................................. 128 Tabela 5.2 – Erros na posição do volume de controlo da componente axial dos dois
pontos localizados nas regiões cilíndricas. ..................................................... 128 Tabela 5.3 – Valores do diâmetro da secção da esfera e variáveis associadas, e os erros
cometidos na posição do volume de medição que mede a componente axial da
velocidade nos dois pontos localizados em regiões esféricas............................. 129
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes XVIII
Tabela 5.4 – Perda de carga nos dispositivos de inalação em função do caudal e
coeficientes da curva aproximada na forma Δp=aqb. ....................................... 134 Tabela 5.5 – Taxa de passagem de partículas pelo detector em função da
parameterização do equipamento................................................................. 141 Tabela 5.6 – Resultados dos efeitos principais e interacções dos resultados
experimentais, realizados de acordo com a técnica de Montgomery................... 147 Tabela 5.7 – Resultados da Análise de Variância (ANOVA) para os diferentes ensaios
experimentais. .......................................................................................... 150 Tabela 5.8 – Diâmetros médios das substâncias analisadas pelo anemómetro de fase
Doppler em função da distância à parede na instalação de teste e comparação com
os resultados obtidos com o analisador do tempo de voo................................. 156 Tabela 5.9 – Valores da massa volúmica dos fármacos. ......................................... 159 Tabela A.1 - Tabela para factorial 23 ................................................................... 205 Tabela A.2 - Conversão de um factor de três níveis em factores de dois níveis .......... 207 Tabela A.3 - Conversão de um factor de quatro níveis em factores de dois níveis....... 207 Tabela B.1 – Exemplo de um problema com três factores de três níveis cada para
aplicação de uma análise de variância........................................................... 209 Tabela B.2 – Resultados da análise de variância aplicada ao exemplo apresentado. ... 211
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes XIX
Nomenclatura
A lista apresentada mostra os diferentes símbolos usados nesta tese, as
suas unidades e designação. Podem ocorrer algumas excepções tanto em termos
de unidades (casos em que não são usadas as unidades do Sistema
Internacional) como em termos da grandeza a que o símbolo se refere, mas que
são devidamente indicadas quando ocorrem.
Símbolo Unidades Designação
A J Constante de HamakerCC - Factor de Cunningham
CD - Coeficiente de resistência aerodinâmica
CN - Coeficientes de restituição normal
CT - Coeficientes de restituição tangencial
Cε - Constante do modelo de turbulência
Cμ - Constante do modelo de turbulência
D m Escala de comprimentos característica
d m Distância entre pontos (Cap. 4)
Da m Diâmetro aerodinâmico das partículas
de m Desvio do volume de controlo em relação à linha central
df m Distância entre franjas no volume de medição
Dg m Diâmetro geométrico das partículas
DL m Diâmetro do feixe laser antes de atravessar a lente defocagem da sonda emissora
Dp m Diâmetro da partícula
e J Energia cinética do escoamento na saída dos inaladores
E - Constante da lei da parede = 8,4EC J Energia cinética das partículas
Eg J Energia potencial gravítica
Eγ J Energia associada à tensão superficial do líquido na zona quese deforma devido ao impacto das partículas
F N Forças
f b m Distância focal das lentes das sondas ópticas
f desv Hz Frequência de desfasamento para distinguir o sentido dedeslocação das partículas numa medição de LDA
f neg Hz Frequência associada a Uneg num ensaio de LDA
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes XX
Símbolo Unidades Designação
f pos Hz Frequência associada a Upos num ensaio de LDA
g m/s2 Aceleração gravítica
k m2 /s2 Energia cinética turbulenta
Le m Comprimento característico dos turbilhões
lε m Escala de comprimentos que caracteriza a dissipaçãoturbulenta
m kg Massa
M m Dimensão da malha da grelha usada por Snyder e Lumley(1971) e por Wells e Stock (1983)
m3 kgMassa de substância activa depositada na zona 3 doimpactador em cascata de vidro
mt kgMassa total de substância activa presente numa dose para
inalaçãon - Índice de refracção
Nf - Número de franjas num volume de medição
p Pa Pressão
P -Parâmetro adimensional; razão entre forças de resistênciaviscosa associadas ao caudal de ar no inalador e forças desedimentação gravitacional
q m3·s-1 Caudal volumétrico
Q -Parâmetro adimensional; razão entre forças de inércia eforças de arrastamento viscoso
R0 m Raio externo do cilindro
Ra m Distância entre o centro do cilindro e o ponto de entrada dosraios, medido perpendicularmente a estes
Re – Número de Reynolds
Rep – Número de Reynolds da partícula
Rf m Distância entre o centro da câmara e a posição do volume demedição
Ri m Raio interno do cilindro
Rm m
Raio da cavidade numa superfície líquida, provocada pelo
impacto de uma partículaRp Distância pretendida entre o centro da câmara e a posição do
volume de medição Ry - Número de Reynolds local
St - Número de Strouhal
Stk - Número de Stokes
t s Tempo
T -
K
Intensidade de turbulência (Cap. 3 e 5)
Temperatura (Cap. 4)
Te s Tempo de vida característico dos turbilhões
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes XXI
Símbolo Unidades Designação
Ur
m·s-1 Velocidade do fluido, vectorial
uf , vf , wf m·s-1 Velocidade do fluido segundo cada um dos eixos ortogonais
Uneg m·s-1
Velocidade das partículas no sentido negativo do eixo, nos
ensaios de LDAup, vp, wp m·s-1 Velocidade da partícula segundo cada um dos eixos ortogonais
Upos m·s-1 Velocidade das partículas no sentido positivo do eixo, nosensaios de LDA
Uτ m·s-1 Velocidade de fricção
Vr
m·s-1 Velocidade das partículas, vectorial
*Vr
m·s-1 Velocidade da partícula após restituição pela parede
Vd m/s Velocidade terminal
Xr
m Posição das partículas, vectorial
x, y, z m Coordenadas espaciais
Y - Coeficiente de interpolação
Z m Altura manométrica
Z0 m Distância da partícula à parede
Símbolos gregos
Símbolo Unidades Designação
β rad Ângulo de impacto das partículas na parede
δ x, δ y, δ z m Dimensões do volume de medição
Δp Pa Perda de carga
ε m2·s-3 Taxa de dissipação da energia cinética turbulenta
Φ rad Diferença de fase nos detectores do PDA
φ f rad Ângulo da linha de desvio
ς - Valor aleatórioκ - Constante de von Kármán = 0,42
κ b J·K-1 Constante de Boltzmann
λ m
m
Comprimento de onda da luz
Distância média entre as moléculas do gás
μ kg·m-1·s-1 Viscosidade dinâmica do fluido
ν m2·s-1 Viscosidade cinemática do fluido
ρ kg·m-3 Massa específica ou volúmica
γ Pa Tensão superficial
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes XXII
Símbolo Unidades Designação
τ Pa Tensão de corte
θ rad Ângulo entre os feixes laser
ψ rad Ângulo entre o plano que contem o volume de medição e a
linha que une o volume de medição a cada detector do PDAϕ rad Ângulo de recepção dos detectores do PDA; ângulo entre os
detectores e a direcção de emissão dos feixes laser
Índices
1 – Um nível (Aerosizer®)
2 – Dois níveis (Aerosizer®)
c – Cinética (energia)
f – Fluido
g – Potencial gravítica (energia)
i – Instante temporal
min – Mínima
N – Normal
p – Partícula(s)
s – Tensão superficial (energia)
T – Tangencial
Total – Do nível mais baixo para o mais alto (Aerosizer®)
Abreviaturas
CFC – Clorofluorocarboneto
D – Desaglomeracção (Aerosizer
®
)DPI – (Dry Powder Inhaler) – Inalador de pó seco
EIM – (Eddy Interaction Model) Modelo de interacção de turbilhões
FPF – Fracção de Partículas Finas
FR - (Feed Rate) – Taxa de alimentação (Aerosizer®)
GMD - (Geometric Mean Diameter) – Diâmetro médio geométrico
GSD - (Geometric Standard Deviation) – Desvio padrão geométrico
HFA – Hidrofluoroalcano
HFC - HidrofluorcarbonetoLDA – (Laser Doppler Anemometry) – Anemometria Laser por efeito Doppler
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes XXIII
PDA – (Phase Doppler Anemometry) – Anemometria Laser por fase Doppler
pMDI – (pressurized Meter Dose Inhaler) – Inalador pressurizado
PMV – (Photo Multiplier Voltage) – Tensão ao fotomultiplicador (Aerosizer®)
PV – (Pin Vibration) – Vibração da agulha (Aerosizer®)
SF - (Shear Force) – Tensão de corte (Aerosizer®)
TOF – (Time Of Flight) – Analisador do tempo de voo
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes XXIV
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 1
1 Introdução
1.1. Motivação
Nos últimos anos tem sido possível observar um grande desenvolvimento
dos aerossoles∗ para inalação, bem como na tecnologia com eles relacionada.Estes aerossoles têm sido usados na administração de fármacos para o
tratamento de várias patologias que afectam principalmente o tracto respiratório.
As principais vantagens desta via de administração, quando comparada com a
via oral, são a menor dose de fármaco requerida para o mesmo efeito
terapêutico e a obtenção de um efeito mais rápido (Wierlik et al., 2002),
administrando o fármaco directamente no local a tratar ou no local em que se
pretende a sua absorção. Trata-se também de uma forma terapêutica bem aceitepor pacientes e profissionais da área da saúde.
Os aerossoles têm sido tradicionalmente usados no tratamento de asma e
outras doenças pulmonares, mas recentemente a via pulmonar tem-se
apresentado como uma escolha interessante para a administração de proteínas,
como por exemplo a insulina (Goodall et al., 2002).
Comparando os inaladores pressurizados com os inaladores de pó seco, os
segundos apresentam várias vantagens, apresentando por isso um papel cada
vez mais importante neste tipo de terapia. Contudo, apenas uma pequena
fracção da dose inalada atinge a zona visada, habitualmente os alvéolos
pulmonares.
O desenvolvimento de novas formulações e dispositivos de inalação requer
a realização de diversos testes in vitro, de modo a assegurar a qualidade do
conjunto. Estes testes obrigam à produção de amostras dos novos medicamentos
∗ Foi preferida a grafia ‘aerossole’ em detrimento de ‘aerossol’ por ser a primeira aquelaque é utilizada na área Farmacêutica.
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 2
e/ou de protótipos dos inaladores. São caros, demorados, consumidores de
recursos, e todo este desenvolvimento é maioritariamente feito de forma
empírica (Telko e Hickey, 2005).
Assim, uma melhor compreensão dos processos de transporte e de
deposição in vitro das partículas provenientes de aerossoles de pó seco para
inalação, bem como dos mecanismos associados, terá grande utilidade no
incremento da eficiência de deposição e contribuirá para tornar o
desenvolvimento deste tipo de medicamentos menos empírica.
1.2. Enquadramento
1.2.1. Perspectiva geral sobre aerossoles
É frequente ouvir-se falar em aerossoles, sendo estes muitas vezes
associados a sprays que afectam negativamente o ambiente, mais
concretamente a camada de ozono. Contudo, embora um spray seja um
aerossole, a sua definição não se esgota por aqui. Um aerossole é uma
suspensão de partículas sólidas ou líquidas de pequenas dimensões em meio
gasoso. Por outras palavras é uma mistura bifásica, de um sólido ou de um
líquido (fase dispersa) com um gás (fase contínua).
Com base nesta definição de aerossole, uma nuvem de chuva, pó disperso
no ar ou o fumo de um cigarro são exemplos de aerossoles com os quais todoslidamos frequentemente. Os referidos sprays, pressurizados ou não, que são
usados para insecticidas, perfumes e produtos de limpeza, entre outros, são
também exemplos de aerossoles. É igualmente sob a forma de um aerossole que
alguns pulverizadores, usados por exemplo na agricultura, espalham diversas
substâncias (herbicidas, pesticidas, adubos, …). A fuligem emanada pelas
chaminés de diversas indústrias e pelos tubos de escape de alguns automóveis
podem ser igualmente exemplos de aerossoles. Um problema grave em muitascidades é o da existência de partículas no ar, que podem ser assumidas como um
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 3
aerossole de partículas sólidas e líquidas de poluentes. Representa uma mistura
complexa de substâncias orgânicas e inorgânicas, tendo um largo espectro de
dimensão de partículas, algumas das quais capazes de serem inaladas e
atingirem os alvéolos pulmonares. Esta matéria está associada com o
aparecimento de diversas doenças, principalmente doenças pulmonares
(Mazzarela et al., 2007). As emissões dos motores Diesel são um dos grandes
responsáveis pela presença destas partículas. As partículas com esta
proveniência apresentam dimensões muito pequenas (~0,1 μm) (Virtanen et al.,
2004; Zielinska et al., 2004) tendo uma baixa contribuição mássica, mas uma
elevada contribuição numérica, sendo para mais muito facilmente absorvidas
(Mazzarela et al., 2007). Os aerossoles são também responsáveis pela
transmissão de outras doenças (Rothman et al., 2006). Por exemplo, numespirro são libertadas pequenas gotículas de saliva ou expectoração portadoras
dos agentes patogénicos que se dispersam num meio gasoso (ar). Estas são
frequentemente transmitidas em meio hospitalar ou escolar e outros locais
frequentados por um elevado número de pessoas. O contágio pode ocorrer pela
via respiratória, mas também pela ocular (Chow, 2004) ou pela via cutânea
(Andersson et al., 2006).
Existem profissionais sujeitos à acção diária nefasta de aerossoles, muitasvezes inalando-os inadvertidamente. Estes aerossoles são resultado de processos
industriais e naturalmente não deveriam ser inalados. A inalação profissional de
aerossoles é inclusivamente um problema grave de saúde pública. Entre estes
profissionais assumem particular destaque os mineiros, trabalhadores de túneis
ou operários da construção civil. Estes aerossoles são de diversos tipos (Attonoos
e Gibbs, 2004) e têm em comum um tamanho e uma forma propícia à sua
inalação, transporte e deposição nas vias aéreas (Kaegi, 2004), causando
doenças pulmonares graves.
Recentemente os aerossoles passaram a constituir uma nova fonte de
preocupação, aparecendo ligados aos perigos do terrorismo, ou mais
concretamente do bioterrorismo (Venkatesh e Memish, 2003; Donaghy, 2006).
Este tipo de aerossoles pode ser um pó (antraz), ou um líquido contendo um
microrganismo que se pode depositar no local em que é libertado, ou ser ainda
transportado pelo vento e actuar num outro local (Venkatesh e Memish, 2003).
Com base no que foi referido facilmente se percebe que um aerossole, porsi só, não afecta o meio ambiente e ainda menos a camada de ozono. Esta ideia
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 4
vem de, no passado, os aerossoles pressurizados usarem como elemento
pressurizante clorofluorocarbonetos (CFCs) que, esses sim, são prejudiciais para
a camada de ozono que envolve o planeta que habitamos (Leach, 2005). Os
problemas associados à degradação da camada de ozono começaram a ser
motivo de preocupação real em 1985 quando, pela primeira vez, foi observado o
buraco existente nesta camada, localizado sobre a Antártida (Kerr, 1986), apesar
de alguns anos antes já existirem motivos de preocupação (Molina e Rowland,
1974). Em Setembro de 1987, 31 países assinaram o "Protocolo de Montreal",
sob o programa das Nações Unidas para protecção do meio ambiente, em que se
comprometiam a reduzir para metade a produção mundial de CFCs até ao ano
2000. Este protocolo entrou em vigor a 1 de Janeiro de 1989, contando já com a
adesão de 81 países. A partir de 1990 a utilização de CFCs para pressurizaraerossoles passou a ser proibida, com excepção dos aerossoles para
administração de fármacos (Leach, 2005), nos casos em que essas substâncias
não pudessem ser substituídas por nenhuma outra que garantisse idênticos
resultados terapêuticos.
Para colmatar o problema da impossibilidade de utilizar os CFCs surgiram
outros compostos, como por exemplo os hidrofluoroalcanos (HFAs), ou novas
formas de administração dos fármacos. Uma alternativa à utilização deelementos pressurizantes foi a utilização de ar comprimido no interior dos
reservatórios. Todavia, esta solução apresenta alterações do funcionamento ao
longo do tempo, uma vez que, à medida que a substância activa a aerossolizar é
libertada, a pressão no interior do reservatório diminui. Este problema não se
coloca no caso dos sistemas tradicionais, onde a substância pressurizante se
encontra em duas fases distintas, líquida e gasosa, existindo um equilíbrio entre
as duas e havendo poucas alterações na pressão de funcionamento. Noutros
casos a matéria deixou de estar na fase líquida passando a apresentar-se como
um pó, ou seja na fase sólida, fazendo-se passar uma corrente de gás, no
interior do dispositivo que contém o pó, para formar o aerossole.
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1.2.2. Vias respiratórias e aerossoles para inalação
As vias respiratórias humanas são um sistema ramificado de canais para
passagem de ar, com mais de 23 bifurcações, desde a boca até aos alvéolos
pulmonares, apresentando o aspecto de uma árvore invertida. Este sistema pode
ser dividido em três regiões, que se distinguem pela estrutura, padrão do
escoamento de ar, função e sensibilidade à deposição de partículas. A primeira
região compreende as vias aéreas superiores, inclui a boca e nariz, faringe e
laringe. As principais funções desta região consistem em aquecer, humidificar e
filtrar o ar inspirado. A segunda região, é a região de condução, inclui a traqueia,
os brônquios e os bronquíolos, e estende-se até à 16ª bifurcação. Nestas duasprimeiras regiões ainda não existem trocas gasosas. A terceira região estende-se
da 17ª até à última bifurcação e é a zona respiratória. Inclui os bronquíolos
respiratórios, os ductos alveolares, os sacos alveolares e os alvéolos pulmonares.
Nos bronquíolos respiratórios já ocorrem trocas gasosas, embora limitadas, mas
os alvéolos pulmonares são a principal zona responsável pelas trocas gasosas
(West, 1985). Na primeira região ficam depositadas as partículas com diâmetros
maiores que 7 μm. Na segunda região é onde ficam maioritariamente
depositadas as partículas com diâmetros superiores a 2 μm. Finalmente as
partículas de menores dimensões ficam principalmente depositadas na última
região. A Figura 1.1 apresenta esquematicamente as vias aéreas humanas e o
nível de bifurcação dos órgãos do aparelho respiratório, segundo West (1985).
Historicamente os aerossoles para inalação apareceram pela primeira vez
na antiga Índia há vários milénios atrás, onde folhas da planta Atropa
belladonna, que contêm atropina, um broncodilatador, eram fumadas como
supressante de tosse (Grossman, 1994). Em termos modernos a terapia deinalação teve início no século XIX com a invenção do nebulizador de esfera de
vidro (glass bulb nebulizer) (Labiris e Dolovich, 2003b). A inalação de aerossoles
é usada para a administração de anestésicos, de fármacos para o tratamento de
doenças pulmonares (asma), ou do trato respiratório, embora também possam
ser usados no tratamento de outras doenças. Os medicamentos para inalação
apresentam inúmeras vantagens clínicas, quando comparados com outros
medicamentos administrados oralmente. No que se refere aos tratamentos de
doenças pulmonares, apresentam a vantagem de serem administrados
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 6
directamente na zona a tratar, reduzindo-se a dose do fármaco, expondo menos
o paciente à substância activa em causa e minimizando possíveis efeitos laterais.
No tratamento de outras doenças existe a vantagem de não ficarem sujeitos à
acção dos agentes digestivos (Telko e Hickey, 2005). A via pulmonar admite uma
variedade de propriedades físico-químicas dos fármacos maior do que a via oral
(Tronde et al., 2003), sendo a via de administração não invasiva (sem
introdução de um elemento estranho para a administração do fármaco, como por
exemplo uma agulha) com maior biodisponibilidade para macromoléculas (Telko
e Hickey, 2005). Recentemente foi licenciado um aerossole para administração
de insulina (U.S. FDA, 2006). Estes fármacos são administrados através de
dispositivos especialmente concebidos para esse efeito, que serão apresentados
na secção 1.2.3.
Figura 1.1 – Representação esquemática das vias aéreas humanas (West,1985).
A eficácia de qualquer sistema de inalação é determinada pela percentagem
de substância activa que atinge a região visada, frequentemente os alvéolospulmonares. É geralmente baixa, muito raramente indo além dos 40%. O
Traqueia
Brônquios
Bronquíolosrespiratórios
Ductosalveolares
Sacos alveolares
Z o n a d e c o n d
u ç ã o
Z o n a d e
t r a n s i ç ã o e
r e s p i r a t ó r i a
Bronquíolos
Bifurcação
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 7
restante fármaco fica depositado ao longo das vias respiratórias e no próprio
dispositivo. A deposição do medicamento ao longo das vias respiratórias do
paciente depende da dimensão das gotas ou das partículas (Gonda, 1992), da
sua forma (nos pós para inalação), do seu comportamento aerodinâmico
(Kleinstreuer e Zhang, 2003), das características do dispositivo usado na
inalação (Van Der Palen, 2003) e das características particulares de cada
paciente (Van Der Palen, 2003), nomeadamente o padrão respiratório, o volume
respirado e o caudal do escoamento de ar (Chavan e Dalby, 2002, Van Der
Palen, 2003; Martin e Finlay, 2007). Existe também um conjunto de
características do sistema respiratório humano que se destinam a evitar a
entrada das partículas que existem em suspensão na atmosfera e que
condicionam a eficiência dos dispositivos de inalação (West, 1985; Labiris eDolovich, 2003a).
Existem diversos mecanismos físicos que actuam sobre as partículas, após
serem inaladas. Estes mecanismos são responsáveis pelo transporte e deposição
das partículas ao longo das vias aéreas. Os principais mecanismos de transporte
são o arrastamento por resistência aerodinâmica, nas partículas maiores, e a
difusão Browniana, nas partículas mais pequenas [Diâmetro da partícula (Dp)
inferior a 0,5 μm].É geralmente aceite que as partículas ficam depositadas no primeiro local
de contacto, havendo uma grande variedade de locais do sistema respiratório,
em que a deposição pode ocorrer. Os principais mecanismos de deposição nas
vias aéreas são (Hickey, 2002):
• Impactação, ocorre principalmente com partículas de maiores
dimensões (Dp>10μm), nas zonas em que a velocidade do ar é mais
elevada (primeiras bifurcações) e onde existam alterações
significativas da geometria, com mudança de direcção (Labiris e
Dolovich, 2003a);
• Sedimentação gravitacional, ocorre com partículas de dimensão
intermédia e em zonas onde a velocidade do escoamento já é mais
baixa, não conseguindo arrastar as partículas;
• Difusão (movimento Browniano), ocorre com as partículas mais
pequenas (Dp<0,5 μm) e em zonas onde a velocidade do ar é já muito
baixa;
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• Intercepção, ocorre quando as partículas contactam com as superfícies
das vias aéreas respiratórias, embora não se desviem das linhas de
corrente. Ocorre perto de obstruções, nas vias aéreas mais estreitas,
onde a dimensão da partícula é maior que a secção da via.
Em face do que foi exposto é compreensível que a geometria das vias
respiratórias seja um factor que é único em cada indivíduo e que contribui para
diferentes padrões de deposição (Labiris e Dolovich, 2003a; Grgic et al., 2004a).
Também a humidade, mecanismos fisiológicos de eliminação e até as patologias
de que possa sofrer, são factores anatómicos individuais que contribuem para
diferentes padrões de deposição (Labiris e Dolovich, 2003a). A par do tamanho
das partículas, o caudal de inspiração tem igualmente sido apresentado comorelevante (Vanderbist et al., 1999; Newman et al., 2000). Em diversos trabalhos
(Newman et al., 1991; Newman et al., 1994; Pitcairn et al., 1994) foi verificado
que também o caudal máximo de inspiração, o volume inspirado, o tempo de
retenção da inspiração e a posição da cabeça influenciam o padrão de deposição.
Newman et al., (1994) observaram inclusivamente que manter a cabeça direita
conduz a melhores resultados do que mantê-la ligeiramente inclinada para trás,
o que está em contradição com o que até então era apresentado (Agnew, 1984)e é frequentemente divulgado, já que reduz o ângulo ao nível da garganta,
devendo reduzir o impacto nessa região. Tem sido referido (Corcoran e Chigier,
2002; Grgic et al., 2004a) que a deposição de partículas na garganta é um
processo dependente do número de Stokes.
É possível educar os pacientes para que utilizem os dispositivos de inalação
de forma correcta, mas este é um processo longo e complicado (Urek, 2005), em
que muitos pacientes desistem (Yilmaz e Akkaya, 2002) e verifica-se que ao fim
de algum tempo os ensinamentos obtidos são esquecidos ou ignorados e os
dispositivos não são usados da forma desejada. Por outro lado, alterar a
morfologia de cada paciente não é possível ou pelo menos praticável. Torna-se
assim necessário actuar ao nível dos dispositivos e das substâncias por eles
administrados para se obterem boas eficiências de deposição e acções
terapêuticas adequadas.
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1.2.2.1 Preparações líquidas para inalação e sua formulação
As preparações líquidas para inalação podem ser soluções, emulsões ou
suspensões. Fundamentalmente contêm uma substância activa, um ou maisexcipientes (transportador ou solvente), lubrificantes e um elemento
pressurizante (no caso dos inaladores pressurizados, ver secção 1.2.2) (Poukkula
et al., 1998).
Entre os elementos apresentados a substância activa é naturalmente a mais
importante. A substância activa pode apresentar-se na forma de um líquido,
como um pó dissolvido ou emulsionado, ou ainda na forma de partículas sólidas
em suspensão (Hickey, 2002). Os restantes constituintes são usados para
auxiliar a administração da substância activa. Contudo, a sua escolha tem de ser
cuidadosa, para evitar reacções químicas que possam degradar a substância
activa. O excipiente serve para conferir estabilidade e transportar a substância
activa para fora do dispositivo de inalação. Suspendendo, emulsionando ou
dissolvendo um pó, consegue-se que este passe com facilidade os componentes
do inalador. Por outro lado, o aumento do volume do aerossole a inalar, torna a
sua dosagem mais fácil. Os excipientes mais usados são a água e o etanol
(Hickey, 2002). O etanol, após a saída do dispositivo de inalação, evapora commaior facilidade, criando gotas mais pequenas e consequentemente mais fáceis
de inalar. Contudo a sua inalação pode sugerir níveis elevados, mas falsos, de
álcool no sangue (Gomez et al., 1995), conduzindo a falsos positivos num
controlo policial, e sendo particularmente de evitar em pediatria.
Os lubrificantes servem para lubrificar alguns componentes mecânicos dos
dispositivos de inalação, nomeadamente as válvulas dos inaladores pressurizados
(Hickey, 2002), mas podem ser causadores de irritação, principalmente ao níveldas mucosas brônquicas (Poukkula et al., 1998). Os elementos pressurizantes
tradicionais são os CFCs. Contudo, devido à degradação que provocam na
camada de ozono, começaram a ser substituídos por outros compostos (como
referido anteriormente) e, tal como os lubrificantes, também podem ser
causadores de irritação, nomeadamente das mucosas (Poukkula et al., 1998).
As preparações líquidas podem ainda conter outros constituintes para
ajudarem a sua estabilização, nomeadamente tensioactivos. Estes constituintes,
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sendo necessários à formulação, têm também de ser seleccionados de forma a
não causarem efeitos nefastos ao paciente.
1.2.2.2 Pós secos para inalação e sua formulação
Os pós para inalação são um grupo particular, dentro dos medicamentos
para inalação. Comparando os pós com as soluções líquidas, os primeiros são
mais fáceis de formular e apresentam maior estabilidade.
Para além da substância activa, cada dose inalada contém frequentemente
um excipiente, também designado por transportador. Os excipientes são
normalmente caracterizados por terem partículas com dimensões superiores, e
correspondem à maior parte da massa e do volume da dose inalada (Figura
1.2 a). Existem diversas razões para a adição do excipiente. Uma das principais
razões para a sua presença no pó é ajudar a transportar as partículas de
substância activa para fora do inalador. As partículas de substância activa são
muito pequenas, sendo por isso difíceis de arrastar do dispositivo pelo caudal de
ar. O processo fica facilitado quando agregadas a partículas maiores. Em
alternativa à presença do transportador, as partículas poderão estar aglomeradas(Figura 1.2 b). No entanto, em qualquer um dos casos, a dimensão destes
conjuntos é muito grande para a correcta deposição pulmonar (Suarez e Hickey,
2000). Assim, têm de existir mecanismos de desaglomeração, para que se forme
um aerossole com partículas individualizadas. A força de ligação entre partículas
de excipiente e partículas de substância activa é frequentemente menor que a
força de ligação entre partículas de substância activa, facilitando assim a
desaglomeração. As principais forças de ligação entre partículas incluem forçasde van der Walls, electrostáticas e de tensão superficial de líquidos adsorvidos à
superfície das partículas. Estas forças são influenciadas por diversas
propriedades físico-químicas fundamentais: densidade e distribuição de
tamanhos das partículas, morfologia (forma, textura, etc.) e composição da
superfície (Hickey et al., 1990).
Para além de ajudar na formação do aerossole, existem outros motivos para
a existência de excipiente na formulação. Ao serem partículas maiores, impactam
na orofaringe do paciente, ficando aí depositadas, e se por um lado tal lhe
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provoca alguma irritação, por outro dá-lhe a sensação e a confiança de ter
inalado o medicamento (Newman, 1991). Contudo, a simples sensação de que a
dose embateu na orofaringe não é garantia de que tenha sido inalada (Newman,
1991), ou pelo menos correctamente inalada. Uma última razão, mas também
importante para a adição de excipiente, consiste no facto de a substância activa
encontrando-se dissolvida num volume maior facilitar o doseamento (Prime et
al., 1997) e, nos casos em que a dose é muito baixa, a existência de um
excipiente com partículas de dimensões idênticas às da substância activa fazer
aumentar o volume dos aglomerados. Contudo, Vanderbist et al. (1999)
mostraram que a razão entre a massa de substância activa e a massa da
substância do transportador também tem influência na deposição das partículas,
havendo reduções na eficácia de deposição para razões inferiores a 1:5.Embora a presença do transportador tenha diversas vantagens, a influência
do seu material na estabilidade do medicamento a inalar tem de ser bem
avaliada. Por razões toxicológicas a gama de materiais disponíveis para serem
usados como excipientes é reduzida, estando limitada à lactose e outros
açúcares.
Figura 1.2 – Aglomerados de partículas para um melhor transporte: a) misturade partículas de substância activa e de transportador com dimensões distintas;b) aglomerado de partículas com dimensões idênticas.
A dimensão das partículas, caracterizada pelo seu diâmetro aerodinâmico
[diâmetro da esfera de densidade unitária que tem a mesma velocidade de
sedimentação que a partícula em causa (Hickey, 2002)], tem sido apresentada
a b
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como o factor mais importante na sua deposição (Telko e Hickey, 2005). Mas não
só o diâmetro médio é importante, como também a distribuição ao longo de toda
a gama de diâmetros. Partículas grandes ficam facilmente depositadas nas vias
aéreas superiores (Labiris e Dolovich, 2003a), não produzindo grande efeito
terapêutico. Partículas muito pequenas, para as quais o transporte ocorre
principalmente por difusão Browniana, podem nem chegar a se depositar, sendo
exaladas com o ar expirado. Estas partículas não representam uma quantidade
muito significativa de substância activa, já que uma partícula com diâmetro de
0,5 μm tem apenas ⅛ da massa de uma partícula com diâmetro de 1 μm.
Contudo, apresentam uma relação área de superfície/massa elevada. É
interessante referir aqui o fumo de cigarros como um aerossol de partículas
muito pequenas. Quando inalado, as partículas penetram profundamente nospulmões, mas são facilmente exaladas (Hickey, 2002).
O diâmetro aerodinâmico de uma partícula está naturalmente dependente
do seu diâmetro geométrico, mas também da sua massa específica, pelo que se
nota que este é também um factor importante (Hickey, 2002). Quanto menor a
densidade, menor o diâmetro aerodinâmico, para o mesmo diâmetro geométrico.
A maior parte das partículas de substância activa de aerossoles para
inalação são produzidas por micronização ou microcristalização. Neste tipo departículas, na gama de tamanhos requeridos para inalação, as forças
interpartículas que influenciam o escoamento e a dispersão das partículas são
particularmente fortes. Foram procuradas modificações físicas e químicas na
substância medicamentosa para melhorar o desempenho do medicamento.
Vidgren et al. (1987) mostraram que produzindo partículas de cromoglicato
disódico através de secagem por aspersão (spray drying), estas exibem melhores
características aerodinâmicas. Usando o mesmo método, Chawla et al. (1994)
produziram partículas de sulfato de salbutamol que possuíam um desempenho
idêntico ao de partículas da mesma substância, obtidas por micronização.
Alternativamente, a agregação controlada, a minimização do crescimento devido
a higroscopia e a utilização de revestimentos com materiais lipofílicos têm sido
igualmente consideradas. A questão da higroscopicidade das substâncias
inaladas é verdadeiramente importante. Sendo a humidade relativa dos pulmões
de aproximadamente 95%, a absorção de água pode afectar significativamente a
dimensão das partículas, sendo mais influente nas partículas menores, isto é
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aquelas com maior área de superfície específica, promovendo a sua aglomeração
(Labiris e Dolovich, 2003a).
A grande maioria das teorias que pretendem explicar os processos físicos
relativos aos aerossoles assumem que as partículas são esféricas. No entanto,
frequentemente, tal não corresponde à verdade (Figura 1.2 a). A lei de Stokes
prevê correctamente a resistência viscosa em esferas, mas não se aplica
formalmente a partículas não esféricas. Contudo, existem factores de forma que
permitem colmatar este problema. Estes factores de forma consistem num termo
que se multiplica à lei de Stokes e, se correctamente calculados, permitem
determinar eficazmente a força de resistência aerodinâmica de um objecto não
esférico (Leith, 1987). Os factores de forma dependem não só da forma do
objecto ou da partícula, mas, no caso de objectos ou partículas com formairregular, dependem também da sua orientação (Crowder et al., 2002). Por
exemplo, um cilindro que tenha uma relação comprimento/diâmetro igual a dois,
alinhado verticalmente com o escoamento terá um factor de forma de 1,01,
enquanto se estiver alinhado horizontalmente com o escoamento o factor de
forma será de 1,14.
Assim a forma das partículas é também um factor importante no transporte
e deposição destas, já que altera o seu comportamento aerodinâmico, fazendocom que duas partículas com massas e volumes iguais, mas com formas
diferentes, possam ficar depositadas em locais distintos.
1.2.3. Dispositivos para inalação
A administração dos aerossoles para inalação é feita através de dispositivos
inaladores, especialmente concebidos para o efeito, e que se dividem em três
classes principais: os nebulizadores, os inaladores pressurizados (pMDIs,
pressurized Metered Dose Inhalers) e os inaladores de pó seco (DPIs, Dry
Powder Inhalers) (Figura 1.3).
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Figura 1.3 – Exemplos dos diferentes tipos de dispositivos usados para ainalação de aerossoles farmacêuticos: a) nebulizador, b) inalador pressurizado,c) inaladores de pó seco.
Estes dispositivos dividem-se globalmente em dois grupos: os
nebulizadores, tradicionalmente equipamentos de grandes dimensões,
dificilmente transportáveis e de utilização doméstica ou mais frequentemente
hospitalar, e o conjunto pMDIs - DPIs, dispositivos de pequenas dimensões e
portáteis.
Os nebulizadores são o sistema mais antigo e o método mais tradicional na
terapia por inalação de aerossoles (Labiris e Dolovich, 2003b). Basicamente,
estes equipamentos funcionam gerando pequenas partículas, a partir de uma
solução, emulsão ou suspensão medicamentosa, que são depois transportadas
numa corrente de ar. Os equipamentos mais antigos utilizam a técnica de
nebulização pneumática, em que um jacto de ar é usado para separar um líquido
contendo o fármaco em gotas discretas (Figura 1.4). Este jacto, ao passar pela
tubeira do nebulizador, produz as gotas por um mecanismo baseado no efeito de
Bernoulli (Venturi) (Hickey, 2002). As gotas de dimensões grandes são
removidas impactando-as contra uma divisória, retornando depois ao
reservatório, enquanto as gotas pequenas acompanham o escoamento de ar. Os
equipamentos mais recentes usam ondas ultrassónicas de alta frequência para
aerossolizar o sistema líquido. Quando comparados com os primeiros, estes
equipamentos, permitem acelerar o processo de administração do medicamento,
sendo capazes de produzir uma maior concentração de gotas e gotas de menor
dimensão. Contudo, estes nebulizadores geram calor e por isso têm a sua
utilização limitada a fármacos cuja estabilidade não seja afectada pelo aumento
a b c
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Figura 1.4 – Formação e administração de gotículas por um nebulizadorpneumático (Hickey, 2002).
de temperatura. Assim, pelas formas usadas para aerossolizar os medicamentos,percebe-se que os nebulizadores necessitam de uma fonte externa de energia,
sendo esta uma das suas principais limitações. Tipicamente, os nebulizadores
operam por períodos de tempo alargados (minutos) com caudal constante,
independente do padrão respiratório do paciente, apresentando uma baixa
eficiência de deposição (Le Brum et al., 2000). Para um aumento da eficiência
foram desenvolvidos equipamentos em que a inalação do paciente é usada para
aumentar o caudal de ar que passa através do nebulizador, existindo nebulização
apenas nesta situação. Para além destas características importa ainda referir que
estes equipamentos são caros e necessitam de manutenção. A saída de gotículas
do copo do nebulizador depende da tensão superficial, densidade e viscosidade
do fluido e ainda da pressão do ar (Hickey, 2002).
Contrariamente ao que se passa com os nebulizadores, os inaladores
pressurizados não necessitam de uma fonte externa de energia, são
comparativamente baratos e não requerem manutenção. Todavia obrigam a que
exista coordenação entre a actuação e a inalação, podendo apresentar limitaçõesde utilização por parte de certos grupos de doentes (Crompton, 1990),
Aerossole
Placa deseparação
Solução
Ar comprimido
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nomeadamente em pediatria e geriatria. Os pMDIs consistem em quatro
elementos funcionais básicos: reservatório, válvula doseadora, actuador e bucal.
Nestes sistemas, a substância activa, de todas as doses, é armazenada no
reservatório (contentor pressurizado), juntamente com um propelente. Este
propelente serve como fonte de energia para expelir a formulação pela válvula e
como meio dispersor do medicamento e dos excipientes que possam existir. O
propelente tradicionalmente usado era um clorofluorocarboneto (CFC), que é
prejudicial para a camada de ozono. Por este motivo passou a ser substituído por
hidrofluorcarbonetos (HFCs) (Noakes, 2002) e hidrofluoralcanos (HFAs) (Leach,
2005), o que contribuiu também para um maior desenvolvimento dos DPIs
(Leach, 2005). A dose administrada é precisa e constante, controlada pela
válvula medidora. O actuador faz abrir a válvula que liberta a preparação líquida,sob a forma de pequenas gotas, ficando assim formado o aerossole. As gotas do
aerossole saem do orifício da válvula a velocidades que podem exceder os
40 m/s, impactando na primeira superfície com que contactam. Existem vários
tipos de espaçadores, que são colocados na saída do bucal do inalador, para
reduzir a velocidade das gotas e a necessidade de coordenação entre a actuação
e a inalação. Estes espaçadores possuem uma válvula unidireccional, que abre
durante a inalação, permitindo assim que pelo menos uma parte do aerossoleatinja o local pretendido, mesmo que a actuação ocorra no momento da
expiração. A sua utilização iniciou-se há cerca de 50 anos, sendo muito
provavelmente a forma de inalação de aerossoles mais conhecida do público em
geral, principalmente para o tratamento de doenças bronco-pulmonares.
Os inaladores de pó seco são os dispositivos que estão na base do trabalho
desta tese. Basicamente, dispersam uma determinada quantidade de pó num
escoamento de ar que passa pelo inalador, em consequência da inspiração do
paciente. É difícil definir quando apareceram estes dispositivos. Uma patente de
W.B. Stuart, registada nos Estados Unidos da América, datada de 1939, descreve
um dispositivo concebido para auxiliar a inalação de pó de alumínio como
quelante de sílica inalada. No entanto, este dispositivo nunca foi comercializado
(Clark, 1995). Em 1949, uma nova patente de M.R. Fields, descreve um inalador
de pó seco para a administração de sulfato de isoprenalina, tendo sido o primeiro
DPI disponível comercialmente (Clark, 1995). Em 1971 surge uma nova
evolução, aparecendo o primeiro DPI unidose, no qual o pó se encontrava numa
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cápsula de gelatina dura, desenvolvido para administrar 50 mg de cromoglicato
de sódio (Bell et al.,1971).
Os DPIs são o meio de administração na forma de aerossole com maior
número de variantes, visto que uma boa dispersão dos pós pode ser conseguida
de diversas formas. À semelhança dos pMDIs, estes dispositivos são baratos e
não necessitam de uma fonte externa de energia nem de manutenção. Mas
contrariamente a estes inaladores, os DPI não têm propelentes, por isso são
isentos de CFCs, sendo o aerossole disperso de forma passiva. O paciente não
tem de coordenar a inalação com a actuação, e assim são mais fáceis de usar,
pois o aerossole é formado pelo ar inalado pelo paciente quando atravessa o
inalador (Newman, 1991). No entanto este facto é também uma limitação. Toda
a energia necessária à formação do aerossole e à inalação tem de ser fornecidapelo paciente, tornando estes dispositivos inadequados para pessoas fisicamente
mais debilitadas, como por exemplo crianças e idosos. Esta é inclusivamente a
principal limitação apontada a este tipo de inaladores. Ainda em comparação com
os pMDIs, os DPIs são mais fáceis de formular e mais estáveis em relação a
alterações ambientais (e.g., temperatura) (Ramon et al., 2000)
Nos últimos anos têm sido desenvolvidos DPIs com um sistema activo para
dispersar os pós, um pouco à semelhança do funcionamento dos pMDIs. Oprocesso de formação do aerossole fica facilitado, mas é necessário coordenar a
administração do fármaco com a inalação.
1.2.3.1 Constituição básica dos inaladores de pó seco
Qualquer dispositivo de inalação de pó seco apresenta quatro elementosfuncionais básicos: recipiente contentor do pó, sistema de dosagem, sistema de
desaglomeração e bucal. O primeiro elemento é o local onde o pó fica guardado
até ser preparado para ser inalado. O sistema de dosagem é o sistema que
define e controla a dose que vai ser usada. O terceiro elemento é aquele que
separa as partículas de substância activa das do transportador (Figura 1.2 a),
caso exista, ou os aglomerados de partículas (Figura 1.2 b). O bucal, como se
percebe pelo seu nome, é a peça que fica em contacto com a boca do paciente,
sendo a saída do inalador.
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A geometria do inalador é condicionada pelas particularidades de cada um
dos seus elementos constituintes. Neste aspecto, o principal elemento é sem
dúvida o sistema de desaglomeração, já que uma boa desaglomeração dos pós
pode ser obtida com geometrias diversas. A desaglomeração dos pós é
conseguida pela aplicação de tensões de corte aos aglomerados de partículas,
pela acção de turbulência ou simplesmente pela existência de zonas de
passagem do ar de pequenas dimensões. Por sua vez, a geometria interna do
inalador condiciona o escoamento de ar inalado, introduzindo necessariamente
uma perda de carga e um determinado nível de turbulência, existindo grandes
diferenças entre inaladores (Srichana et al., 1998). A turbulência gerada pelo
inalador influencia a resistência ao escoamento e a dispersão de partículas
(Srichana et al., 1998; Voss e Finlay, 2002), sendo um misto da turbulênciaproduzida no interior do inalador com aquela gerada no jacto de ar após a saída
deste. Pensa-se também que a turbulência do ar no jacto formado na saída do
inalador ajuda à desaglomeração das partículas e promove a sua dispersão
(Terzano e Colombo, 1999). Inclusivamente, alguns fabricantes desenvolvem os
dispositivos de modo a que se tenha uma intensidade de turbulência elevada na
saída, inserindo grelhas de turbulência ou geradores de rotação (swirl), sendo,
estes os elementos também responsáveis pela desaglomeração do pó.O bucal pode também introduzir alguns condicionalismos em termos do
desenho dos inaladores, pois deve ajustar-se bem à boca dos pacientes, para
que o seu uso não seja muito desconfortável e para evitar entradas de ar
adicionais, indesejadas.
1.2.3.2 Tipos de inaladores de pó seco
Os DPIs são apresentados em duas formas básicas: sistemas unidose e
sistemas multidose. Na primeira (Figura 1.5), cada dose do medicamento a
inalar está individualizada, normalmente numa cápsula ou num alvéolo externos
em relação ao inalador, constituindo uma unidade independente que tem de ser
aberta ou quebrada para a inalação, tendo o inalador de ser carregado
momentos antes da inalação. Nos sistemas multidose existem várias doses no
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a b Figura 1.5 – Dispositivo unidose a) inalador [Aerolizer® (Novartis Farma)] ecápsula b) sistema de abertura da cápsula.
Figura 1.6 – Esquema representativo de um dispositivo multidose [Turbohaler® (AstraZeneca)].
Entrada de ar
Entrada de ar Accionamento
Bucal com gerador de rotação
Entrada de ar adicionalEntrada de ar adicional
Reservatório do pó
Unidade doseadora
Cápsulas
Grelha dedesaglomeração eretenção da cápsula
Sistema paraabertura da cápsula
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Figura 1.7 – Interior de um dispositivo multi-unidose [Diskus® (GlaxoSmithKline)].
interior do inalador. Este tipo de dispositivos divide-se em dois subtipos. O
primeiro, em que cada dose individual sai de um reservatório onde se encontram
reunidas todas as doses (Figura 1.6), e o segundo, em que cada dose está
individualizada no interior do dispositivo de inalação, que tal como nos
dispositivos unidose podem estar contidas em cápsulas ou alvéolos. Os
inaladores deste segundo subtipo são por vezes conhecidos por sistemas multi-
unidose, precisamente por terem várias doses individualizadas no seu interior
(Figura 1.7).
Nos sistemas unidose ou multi-unidose os dois primeiros elementos
constituintes referidos na sub-secção anterior (recipiente e sistema doseador)
são de facto um único elemento. Uma cápsula ou um alvéolo não só guarda o pó
como individualiza a dose, auto-doseando o fármaco. Nos sistemas multidose
tem de existir um elemento específico para dosear o medicamento. Este
elemento pode ser por exemplo um conjunto de orifícios calibrados (Figura 1.8),
que uma vez cheios contêm a quantidade de pó correspondente a uma dose.
A principal desvantagem apresentada por Prime et al. (1997) em relação
aos dispositivos unidose é o incómodo ou a dificuldade em carregar o inalador, oque pode não ser correctamente realizado durante um ataque de asma. Estes
Alvéolos cheios
Local de administraçãodo fármaco
Local de aberturados alvéolos
Bucal
Alvéolos vazios
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autores apresentam duas vantagens deste tipo de dispositivo, que são
extensíveis aos dispositivos multi-unidose:
• A precisão das doses é superior à de um sistema multidose pois as
doses são carregadas em unidade industrial, no momento do fabrico;
• As doses individualizadas e seladas em contentor próprio ficam mais
protegidas das adversidades ambientais.
Figura 1.8 – Orifícios calibrados de um dispositivo multidose, usados paradosear o medicamento [Turbohaler® (AstraZeneca)].
A primeira destas vantagens foi demonstrada por Malton et al. (1995) ao
compararem um sistema de inalação em que as doses eram previamente
individualizadas, dispositivo unidose ou multi-unidose, com um sistema em que
as doses eram guardadas num reservatório comum, dispositivo multidose, tendo
o primeiro sistema apresentado maior reprodutibilidade e valores mais próximos
do valor indicado, variando entre 80% e 100%. Neste trabalho o sistema
multidose apresentou grandes diferenças na dose libertada com valores entre
25% e 130%. Em relação à segunda vantagem é importante referir que Brindley
et al. (1995) verificaram que a dose de sulfato de salmeterol contida em cada
alvéolo e administrada a 60 l/min pelo dispositivo Diskus® (Figura 1.7) não era
afectada ao ser guardada num ambiente com humidade elevada. Por outro lado,
foram já mostradas algumas limitações na utilização de elementos secantes emdispositivos multidose (Meakin et al., 1993). Contudo, um sistema multidose
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permite que se disponibilize um elevado número de doses no dispositivo
apresentando uma boa relação preço/dose (Prime et al., 1997), sendo esta a
principal vantagem destes dispositivos, principalmente quando comparados com
os dispositivos multi-unidose.
O sistema de desaglomeração é talvez o elemento mais complexo e aquele
que apresenta maior número de variantes, podendo ir desde grelhas (Figura
1.9 a), a geradores de escoamento em rotação (Figura 1.9 b). Estes elementos
são também frequentemente usados como geradores de turbulência. Nos
sistemas unidose, uma grelha como a que é apresentada na Figura 1.9 a) serve
ainda para reter a cápsula.
a
b
Figura 1.9 – Sistemas de desaglomeração de par tículas: a) grelha; b) gerador derotação (de Koning, 2001).
As características do dispositivo de inalação têm naturalmente influência na
deposição dos aerossoles no tracto respiratório. Entre estas podem ser
Escoamento
Escoamento
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destacadas a perda de carga à passagem do ar (Srichana et al., 1998) e a
turbulência gerada (Voss e Finlay, 2002). Uma maior resistência ao escoamento
conduz a uma maior perda de carga e produz um caudal mais baixo para o
mesmo esforço de inalação (de Koning et al., 2002), o que poderá dar origem a
uma redução na deposição de partículas. Contudo, uma maior perda de carga no
inalador poderá resultar da existência de áreas de passagem do ar menores,
responsáveis pela aplicação de maiores tensões de corte, ou por maior produção
de turbulência interna, promovendo a desaglomeração, e tendo assim um efeito
benéfico na geração de partículas finas (Labiris e Dolovich, 2003b).
Por consequência, a turbulência gerada pelo inalador também é considerada
como sendo um parâmetro importante. Níveis mais elevados de turbulência e
efeitos como a resistência ao escoamento e a dispersão das partículasencontram-se relacionados (Srichana et al., 1998; Voss e Finlay, 2002),
promovendo a desaglomeração das partículas e ajudando na dispersão do pó
(Terzano e Colombo, 1999).
1.2.4. Caracterização de aerossoles
As partículas dos aerossoles possuem diversas características que
influenciam a sua deposição e que importa caracterizar (Suarez e Hickey, 2000).
Entre estas propriedades, a medição do diâmetro aerodinâmico das partículas
assume particular importância, por ser considerada a principal característica com
influência no padrão de deposição das mesmas (Telko e Hickey, 2005). Para
além do tamanho pode também ser importante conhecer a forma como se
distribuem ao longo da gama de tamanhos, a forma e a densidade das
partículas.
Deve notar-se ainda que, embora as partículas de substância activa sejam o
elemento principal de um medicamento para inalação, a análise desta não deve
ser dissociada do dispositivo de inalação.
Existem diversos equipamentos e técnicas de caracterização dos aerossoles
que se encontram estabelecidos nas diversas farmacopeias, das quais a
Farmacopeia Portuguesa não é excepção. Estes métodos e equipamentos são
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certificados, sendo descritos na secção 1.2.4.1. Em alternativa têm surgido
outros métodos, que embora não sejam certificados, apresentam diversas
vantagens em relação aos primeiros. Estes métodos são debatidos na secção
1.2.4.2.
1.2.4.1 Equipamentos da Farmacopeia
Existem diversos equipamentos certificados que permitem fazer a avaliação
da dimensão das partículas dos aerossoles, os quais podem ser encontrados, por
exemplo, na Farmacopeia Portuguesa (FP8, 2006), na Farmacopeia Europeia
(EP5, 2004) ou na Farmacopeia Americana (USP29, 2006). O princípio de
funcionamento é comum a todos. O conjunto, dispositivo para inalação-
-aerossole, é colocado na entrada do equipamento, sendo de seguida
atravessado por um caudal de ar predeterminado. Este escoamento de ar arrasta
as partículas para dentro do equipamento, onde se depositam. Estes
equipamentos são divididos em dois grandes grupos. De um lado os
impactadores em cascata e do outro os impactadores líquidos de múltiplos
estágios. Distinguem-se por os segundos terem, em funcionamento, zonas comlíquidos no seu interior.
Um ponto comum a todos estes equipamentos é o de possuírem diversos
estágios ou zonas, correspondendo cada um deles a uma determinada gama de
dimensões de partículas depositadas. Estes equipamentos permitem assim fazer
uma avaliação aerodinâmica dos aerossoles, para se conhecer a dimensão das
suas partículas por gamas. Pela forma de funcionamento compreende-se que as
partículas são classificadas pelo diâmetro aerodinâmico e não pelo diâmetrogeométrico. Acima de tudo, permitem definir a Fracção de Partículas Finas (FPF),
que é a fracção mássica das partículas de substância activa que fica depositada
no último ou nos últimos estágios de cada um destes equipamentos. A FPF
corresponde correntemente a partículas com diâmetro aerodinâmico inferior a
5 μm (Telko e Hickey, 2005), entendida como a gama de tamanhos que se
deposita nos bronquíolos e alvéolos (ver Figura 1.1).
Os equipamentos com diversos estágios têm normalmente uma melhor
discretização nos diâmetros mais pequenos. Contudo o número de estágios é
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sempre reduzido e, como tal, a discretização permitida é algo grosseira, não
sendo muito precisos. Esta pode ser uma limitação grande quando se pretende
conhecer com precisão a distribuição de tamanhos de partículas.
Estes equipamentos também sofrem de alguma falta de exactidão. Por
exemplo, o impactador em cascata de vidro é dividido em duas zonas segundo a
Farmacopeia Portuguesa (FP8, 2006), ficando tipicamente depositadas na
primeira zona as partículas cujo diâmetro aerodinâmico é superior a 6,4 μm, e na
segunda aquelas cujo diâmetro aerodinâmico é menor que este valor, quando
operado com um caudal de 60 l/min. Contudo, Marques e Schmidt (2002)
mostraram que existem partículas cujo diâmetro é maior que o valor referido que
não ficam depositadas na primeira zona, sendo então também previsível que
algumas partículas mais pequenas possam não chegar à segunda zona. Estefacto também já foi mencionado por outros autores (Vaughan, 1989), em relação
a outros equipamentos. A Figura 1.10 mostra a eficiência de deposição de uma
gama genérica de diâmetros de partículas para um estágio genérico de um
equipamento. Conforme se observa, apesar de para cada estágio existir um
diâmetro teórico acima do qual todas as partículas ficam retidas e abaixo do qual
não ocorre retenção, na realidade tal diâmetro exacto não existe, observando-
-se antes uma evolução contínua ao longo de determinada gama de diâmetros.
Figura 1.10 – Curva da eficiência de deposição generalizada.
Estes equipamentos não fazem qualquer tipo de contagem de partículas, ou
medição directa sobre as mesmas, sendo quantificadas as massas depositadasem cada zona ou estágio, e apresentando por isso distribuições mássicas ou
Diâmetro da partícula 0
Teórica100
Eficiênciade
deposição(%)
Real
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volúmicas. Necessitam de métodos auxiliares de quantificação, normalmente
processos físicos e/ou químicos e, para uma correcta avaliação da dimensão das
partículas, podem ainda necessitar de calibração, o que torna a sua utilização
bastante morosa.
Contudo estes equipamentos testam os fármacos em condições próximas
das de uma utilização real, tendo em conta a influência dos dispositivos de
inalação, sabendo-se que os locais de deposição das partículas nestes
equipamentos apresentam uma boa correlação com os locais correspondentes de
deposição nas vias respiratórias humanas. Existe mesmo uma correlação directa
entre a FPF e a fracção respirável (fracção da massa de substância activa que se
deposita na região da vias respiratórias onde ocorrem trocas gasosas) (Newman
et al., 2000), sendo a FPF referida como fracção respirável em alguns trabalhospublicados (Geuns et al., 1997; Poukkula et al., 1998; Marques e Schmidt,
2002).
É importante notar ainda que estes equipamentos permitem não só efectuar
medições com partículas de pó seco, mas também com gotas provenientes de
inaladores pressurizados ou de nebulizadores (FP8, 2006) e que, contrariamente
ao que o nome sugere, o impactador em cascata de vidro (equipamento usado
neste trabalho) é, na verdade, um impactador líquido de múltiplos estágios.Também importa avaliar a massa volúmica das partículas. Para esta
propriedade existem igualmente equipamentos certificados pela Farmacopeia. No
caso de partículas sólidas poderão ser usados um picnómetro ou uma balança
hidrostática (FP8, 2006).
Embora as Farmacopeias estejam bastante completas no que toca à
caracterização e quantificação das substâncias activas e das substâncias que
constituem um DPI, estas não descrevem meios ou procedimentos para
caracterizar ou validar os dispositivos de inalação, confiando no resultado final,
isto é, na quantificação da massa de partículas depositada.
1.2.4.2 Outros Equipamentos e Técnicas
Existem alguns métodos e equipamentos, alternativos aos apresentados no
ponto anterior, para medir a dimensão de partículas ou gotas de aerossoles
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medicamentosos. Entre estes assumem particular destaque os analisadores do
tempo de voo (TOF, Time Of Flight) (Figura 1.11). Estes equipamentos baseiam-
-se na medição do tempo que as partículas necessitam para percorrer uma
determinada distância. Para tal as partículas são arrastadas e aceleradas num
escoamento de ar, sendo a aceleração, e consequentemente a velocidade de
passagem pela zona de medição, inversamente proporcional à sua dimensão.
Pela forma como operam percebe-se que estes equipamentos também medem
diâmetros aerodinâmicos, à semelhança dos equipamentos apresentados nas
Farmacopeias. Contudo têm uma precisão superior e permitem conhecer a
distribuição de tamanhos de partículas de forma mais detalhada.
Os analisadores do tempo de voo não têm a sua utilização limitada a
aerossoles medicamentosos, mas a sua utilização na avaliação deste tipo deaerossoles é já bastante divulgada, sendo principalmente usados para analisar
pós secos (Shekunov et al., 2001) e gotas provenientes de pMDIs (Mitchell et al.,
1999). A sua utilização para avaliar gotas que provenham de nebulizadores não é
muito viável (Mitchell e Nagel, 1997) porque numa utilização normal de um
nebulizador as gotas são geradas e inaladas de seguida, durante um período
alargado e com uma taxa de produção muito inferior à taxa de alimentação do
TOF.
Figura 1.11 - Esquema de operação de um analisador do tempo de voo (Mitche lle Nagel, 2004).
Fotomultiplicador
Fotomultiplicador
Aerossole
Feixes de raios laser
Escoamento de ar adicional
Prisma reflector
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As principais vantagens do TOF, em relação às técnicas descritas nas
Farmacopeias, são o menor tempo necessário para a análise, o uso de apenas
uma pequena quantidade de amostra e o facto de não necessitar de meios
auxiliares de diagnóstico ou calibração. Contudo os medicamentos não são
analisados em condições próximas das de uma utilização real, não se
considerando a influência do inalador, pelo que não existe uma correlação directa
com a fracção respirável ou com a fracção de partículas finas.
Existem ainda outras técnicas, maioritariamente recorrendo a laser, que
possibilitam a medição do tamanho das partículas. A anemometria de fase
Doppler (PDA, Phase Doppler Anemometry) (Figura 1.12) permite medir a
dimensão de partículas existentes num escoamento de ar. Ao contrário da
técnica anterior, este equipamento mede directamente diâmetros geométricos, oque pode ser uma fonte de erros quando as partículas não são esféricas, pois
esta medição é feita directamente na superfície das partículas sólidas. Ainda ao
contrário do TOF, as partículas não necessitam de ser sujeitas a uma aceleração
específica e a medição da sua dimensão não depende do tempo, ou da
Figura 1.12 – Representação do funcionamento de um anemómetro de fase
Doppler (Mitchell e Nagel, 2004).
Laser
Volume demedição
Detectores
Unidade óptica detransmissão
Processadorde sinais
Unidade óptica de recepção
Feixe 1
Feixe 2
Ângulo de recepção
SinalDoppler
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velocidade, na zona de medição. Contudo, tem de existir um escoamento para
que as partículas atravessem o volume de medição, de modo a que possam ser
analisadas.
O PDA opera cruzando pares de feixes monocromáticos de luz laser, que
formam volumes de medição. Ao atravessarem estes volumes de medição, as
partículas reflectem ou refractam luz que é detectada pelos detectores. A
diferença de fase entre a luz capturada pelos detectores é proporcional ao
diâmetro das partículas. Quando se trabalha com luz refractada, o que não
acontece com as partículas sólidas dos aerossoles por estas serem opacas, é
necessário conhecer também propriedades ópticas dos materiais das partículas
em análise.
A complexidade do equipamento e a sua operacionalidade limitam bastanteo respectivo uso e também não existe correlação directa com a fracção respirável
ou com a fracção de partículas finas. Esta técnica permite não só medir o
diâmetro, mas também a velocidade das partículas, podendo ser muito útil
quando tal for pretendido.
Uma outra técnica, também usada para determinar a dimensão das
partículas, em que se incluem os aerossoles para inalação, é a difracção laser
(Kippax et al., 2001; de Bóer et al., 2002), a qual se baseia no trabalhodesenvolvido por Swithenbank et al. (1977). Nesta técnica as partículas a
analisar passam por um feixe laser expandido. É usada uma lente que aplica uma
transformada de Fourier pela via óptica e simultaneamente permite focar a luz
num detector. A luz que não é difractada pelas partículas converge e é focada
num único ponto no centro do detector. As partículas difractam luz com ângulos
inversamente proporcionais à sua dimensão, formando no detector anéis
circulares concêntricos. Medindo a energia da luz associada a estes anéis é
obtida uma medição directa do diâmetro das partículas. Tal como no PDA, e ao
contrário do TOF, com esta técnica não são medidos diâmetros aerodinâmicos,
mas sim diâmetros geométricos das partículas. Uma das principais limitações
desta técnica, que pode inviabilizar a sua utilização, é que na gama de tamanhos
dos aerossoles para inalação, é necessário conhecer características ópticas da
substância em análise. A Figura 1.13 apresenta de forma esquemática o
funcionamento de um equipamento de difracção laser.
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Figura 1.13 – Esquema de funcionamento de um equ ipamento de difracção laser
(Mitchell e Nagel, 2004).
Corcoran et al. (2000) compararam as três últimas técnicas apresentadas
na medição de gotas de água e propilenoglicol produzidas por nebulizadores,
usando um PDA, um analisador TOF e três aparelhos de difracção laser, estes
três últimos provenientes do mesmo fabricante. Os resultados (Tabela 1.1)
revelaram existirem diferenças entre as medições dos diferentes equipamentos,
inclusivamente usando a mesma técnica. Um facto que deve ser tido em
consideração ao observar estes resultados é serem os analisadores do tempo de
voo equipamentos mais específicos para a análise de aerossoles
medicamentosos, tendo em conta a gama de operação destes equipamentos.
Tabela 1.1 – Resultados obtidos por Corcoran et a l . (2000) usando diferentestécnicas de análise [μm].
Nebulizador 1água
Nebulizador 2água
Nebulizador 1propilenoglicol
Nebulizador 2propilenoglicol
PDA 4,9 3,7 4,7 2,6
TOF 6,4 5,4 3,3 3,1
Difracção laser 1 5,0 3,4 2,5 2,0
Difracção laser 2 4,9 4,2 2,1 1,9
Difracção laser 3 4,5 3,2 2,5 2,0
DetectorZona de medição
Feixe laserexpandido
Lente
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 31
A análise de imagens é também um método usado na caracterização do
tamanho de partículas. Este método consiste em obter uma imagem
(habitualmente digital) da amostra de uma população de partículas, determinar a
escala da imagem e, a partir desta, medir as partículas. Este tratamento é em
geral efectuado informaticamente, obtendo-se a distribuição dos tamanhos de
partículas. Como existem diversos programas informáticos para realizar este
tratamento é fácil obter diferentes resultados (Telko e Hickey, 2005). Através de
uma imagem bidimensional é feita uma análise tridimensional, sendo esta uma
das principais limitações desta técnica. Outra limitação ainda é o tempo que é
necessário para efectuar uma análise estatisticamente representativa. Contudo,
para além de se analisar o tamanho é possível ainda fazer uma análise da forma
das partículas.Os processos de sedimentação ou centrifugação também permitem
determinar a dimensão e distribuição de tamanhos de partículas. A análise por
sedimentação baseia-se na lei de Stokes. Uma partícula sólida a sedimentar num
fluido tem uma velocidade terminal de sedimentação que é proporcional ao seu
diâmetro. Medindo a velocidade terminal de sedimentação num fluido é possível
calcular o diâmetro de cada partícula. Nesta técnica as partículas também são
assumidas como sendo esféricas e é necessário conhecer a sua densidade, talcomo as propriedades físicas do fluido onde se encontram.
Informação mais detalhada sobre técnicas de medição de tamanho de
partículas pode ser encontrada em diversos artigos de revisão sobre o assunto
(Mitchell e Nagel, 2004; Telko e Hickey, 2005).
Para além de permitirem medir a dimensão de partículas, as técnicas laser
são usadas com outros fins no campo científico. Uma aplicação muito útil é a já
mencionada medição da velocidade de partículas, gotas ou bolhas imersas num
fluido. Para além do PDA anteriormente referido, têm particular destaque nesta
matéria a velocimetria por imagens de partículas (PIV, Particle Image
Velocimetry) e a anemometria laser por efeito Doppler (LDA, Laser Doppler
Anemometry). Destas três técnicas, apenas a primeira foi elaborada para
também medir a dimensão das partículas em simultâneo com a velocidade. Se as
partículas apresentarem pequenas dimensões e uma densidade próxima da
densidade do fluido em que estão imersas, estas serão traçadores quase
perfeitos do escoamento e então podemos ter uma medida da velocidade dofluido. Esta característica é útil e encontra aplicação em numerosas aplicações,
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como o estudo da aerodinâmica de veículos, do escoamento no interior de
canais, ou em torno de um qualquer obstáculo (Sousa, 2002). Uma das
principais limitações a qualquer destas técnicas para medir a velocidade de um
fluido é a necessidade de existir acesso óptico e a presença de partículas
traçadoras no fluido a estudar. No entanto, tratando-se de técnicas ópticas, são
não intrusivas, isto é, não é necessário introduzir nenhuma sonda no fluido, não
perturbando desta forma o seu comportamento, o que constitui uma vantagem.
A LDA é uma técnica que permite medir a velocidade e determinar a
direcção e o sentido de deslocação de um fluido em uma, duas ou três
dimensões, sendo possível distinguir o sentido de deslocamento da partícula.
Resumidamente, na aplicação desta técnica são cruzados pares de feixes
monocromáticos de luz laser, formando volumes de medição de dimensões muitopequenas (Doebelin, 1990), um para cada componente da velocidade, na zona
de cruzamento. Estes volumes de medição são atravessados pelas partículas,
que dispersam luz para um detector, com uma frequência característica que
permite calcular, através do efeito Doppler, a velocidade da partícula. Contudo,
esta grande resolução espacial faz também com que seja necessário um grande
número de medições para caracterizar o escoamento num volume de dimensões
razoáveis, o que requer muito tempo.Esta técnica é muito sensível às flutuações da velocidade [é possível obter
frequências de resposta na ordem do MHz (Doebelin, 1990)], permitindo medir
com grande precisão não só a componente média da velocidade do escoamento
como também a componente turbulenta e não é necessário calibrar o
equipamento.
Tal como o LDA, o PIV (Figura 1.14) também permite medir a velocidade e
determinar o sentido de deslocação do fluido, igualmente em uma, duas ou três
dimensões. O equipamento consiste basicamente de uma câmara fotográfica
(actualmente vídeo digital) um laser e equipamento óptico para formar um plano
de luz. O laser é pulsado, estando sincronizado com a câmara e agindo como um
flash fotográfico. As partículas traçadoras reflectem a luz incidente que é
visualizada pela câmara. Para medir a velocidade são necessárias pelo menos
duas exposições, correlacionando-se a posição das partículas entre essas duas
imagens. A grande vantagem deste método em relação ao LDA é o de permitir
medir um plano inteiro, equivalente a uma secção da peça em estudo, emsimultâneo. Com os meios actuais, o tratamento dos resultados é bastante
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rápido, sendo que um número elevado de pares de imagens pode ser analisado
num computador pessoal em tempo real. No entanto a técnica apresenta uma
menor sensibilidade que o LDA em relação às flutuações da velocidade do
escoamento provocadas pela turbulência, devido a ter menores resoluções
espacial e temporal.
Figura 1.14 – Esquema de um sistema de velocimetria por imagem de par tículas
em funcionamento.
Uma outra técnica que, não recorrendo a laser, também é muito usada na
medição da velocidade de escoamentos, é a anemometria de fio/filme quente
(Figura 1.15). Contrariamente às anteriores, esta não é uma técnica óptica,
sendo por isso intrusiva. Nesta técnica, um pequeno filamento que é atravessado
por uma corrente eléctrica é introduzido no escoamento a analisar, sendo medida
a potência térmica dissipada para o fluido. É de notar a grande sensibilidadedesta técnica às flutuações da velocidade, provocadas pela turbulência.
Existem alguns trabalhos em que foram usados modelos físicos realistas de
parte da árvore brônquica. Grgic et al. (2004b) estudaram o escoamento do ar
na boca, faringe, laringe e traqueia, fazendo medições da velocidade do
escoamento num modelo realista recorrendo a PIV. No mesmo trabalho,
mostraram que a deposição de partículas nestas zonas aumenta com o aumento
da dimensão das partículas e do caudal de ar inalado, dependendo dos números
Escoamento
Plano de luz
Campo de medição
Câmara
Sistema óptico de emissão(laser + lente)
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Figura 1.15 – Sonda de anemometria de fio quente (Neu et a l ., 2007).
de Stokes e de Reynolds. No mesmo sentido, Corcoran e Chigier (2002)
observaram o escoamento e a deposição de partículas de aerossoles na traqueia.
Por seu lado, Ramuzat e Riethmuller (2001) estudaram o padrão do escoamento
tanto na inspiração como na expiração entre a quinta e a sétima bifurcação
(bronquíolos) para dois números de Reynolds (caudais) diferentes. Embora todos
estes trabalhos revelem um grande esforço para obter uma melhor compreensão
do escoamento de ar e da deposição de partículas nas vias respiratórias,
representam sempre modelos muito simplificados. Adicionalmente, não sãoconsideradas nestes estudos as alterações geométricas causadas por caudais
superiores, conforme é reconhecido por Grgic et al. (2004b).
1.2.5. Modelação computacional de aerossoles
Os modelos computacionais são uma ferramenta útil em diversas áreas.
Embora o seu desenvolvimento possa ser longo e por vezes caro, permitem, uma
vez concluídos, tornar os processos mais rápidos e menos consumidores de
recursos, ou ainda efectuar a análise de múltiplos cenários antes de implementar
uma solução. Este método foi também já aplicado na área dos aerossoles para
inalação. As aplicações podem ser encontradas tanto no desenvolvimento dos
dispositivos de inalação (Coates et al., 2004, 2006), como na simulação da
trajectória e deposição das partículas dos aerossoles.
Suporte
Filamento paramedição
Apoios do filamento
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Quando aplicados a aerossoles, os modelos numéricos permitem fazer o
estudo de dispositivos de inalação sem haver a necessidade de produzir
protótipos. É tambem viável comparar diversos conjuntos dispositivo/partículas,
mais uma vez sem ser necessário produzir os protótipos dos inaladores ou as
amostras dos medicamentos a inalar.
Frequentemente são usados modelos numéricos realistas das vias aéreas
humanas para fazer a simulação do transporte e deposição dos aerossoles
(Heenan et al., 2003; Matida et al., 2004; Asgharian et al., 2006; Xi e Longest,
2007), mas a modelação computacional foi também já aplicada a um dos
equipamentos apresentados na secção 1.2.4.1 (Swanson et al., 1996). Se por
um lado o uso de modelos realistas das vias aéreas humanas pode simular o
transporte e a deposição das partículas para onde elas são projectadas, por outroestes modelos são apenas realistas e não reais. De facto, os modelos não
reproduzem fielmente as vias respiratórias humanas, e ainda menos as variações
que existem entre indivíduos, sendo difícil indicar uma geometria específica que
possa ser usada como um modelo geral (Sosnowski et al., 2007), e não sendo
raro tratar-se de modelos simplificados. Inclusivamente, a maioria destes
modelos não reproduz a totalidade da árvore brônquica, mas apenas algumas
bifurcações (Hofmann, 2001; Versteeg e Hargrave, 2001). Deve ser referido queEhtezazi et al. (2004) e Pritchard e McRobbie (2004) efectuaram medições da
geometria da árvore brônquica humana, usando imagens obtidas por ressonância
magnética, as quais confirmaram a sua complexidade e a variabilidade entre
indivíduos. Mais ainda, não é fácil fazer medições directamente nas vias aéreas
de um indivíduo, para confirmar os resultados, ou simplesmente para conhecer o
movimento da fase contínua do escoamento. Assim, não só o transporte das
partículas é simulado, como também tem de ser feita a simulação do movimento
do ar.
Os equipamentos referidos na secção 1.2.4.1 são certificados e, de alguma
forma, reproduzem o que se passa no interior do corpo humano. Assim, os
resultados obtidos através da modelação computacional daqueles equipamentos
apresentam uma validade acrescida. Uma vez escolhido o equipamento, a sua
forma é única. Mesmo que a geometria seja muito complexa, é sempre
matematicamente reprodutível e, como tal, o modelo numérico pode ser
considerado real. Estes equipamentos permitem fazer medições no seu interior,
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principalmente para conhecer o escoamento do ar, sendo essa informação usada
na construção do modelo computacional.
1.2.5.1 Transporte de partículas
O transporte de partículas tem interesse não só no estudo de aerossoles
para inalação, mas também em diversos processos industriais, nomeadamente
em sistemas de alimentação.
A simulação destes processos não é um procedimento simples. Para
começar é necessário construir um modelo virtual do espaço em que as
partículas se movimentam. Os modelos têm não só que representar fisicamente
esse espaço, como de conter os dados relativos à fase contínua do escoamento.
Os dados podem ser definidos sobre domínios bidimensionais (2D),
tridimensionais (3D), ou genericamente, multidimensionais. O conjunto de dados
possui geralmente uma certa organização como uma malha (ou grade) de
células. As informações associadas a cada ponto da malha podem ser um ou
mais valores escalares (e.g., coordenadas espaciais do ponto), vectoriais (e.g.,
velocidade) ou tensoriais. As células são elementos unitários, ou volumes decontrolo, em que os dados estão normalmente posicionados nos seus vértices, ou
no seu interior. Por vezes encontram-se situações em que se conhecem as
coordenadas espaciais dos vértices e os dados relativos aos campos de
velocidade da fase contínua no centro das células. Os dados também podem
constituir um conjunto de pontos esparsos ou malhas geométricas de diversas
naturezas.
O volume de dados representa a zona do espaço em que o objecto selocaliza. Uma malha faz referência à organização do volume de dados. Existem
diferentes tipos de malhas que se dividem em dois grandes grupos (Ferziger e
Peric, 2002):
• Malhas estruturadas, que apresentam um relacionamento inerente
entre os pontos aos quais estão associados os dados. Os elementos
são quadriláteros ou hexaedros, alinhados ou não com os eixos
principais (Figura 1.16 a);
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• Malhas não-estruturadas, que contêm polígonos ou poliedros sem
qualquer padrão explícito de conectividade. No caso 3D, as células
podem ser tetraedros, hexaedros, pirâmides, etc. (Figura 1.16 b).
a
b
c
Figura 1.16 – Diferentes tipos de malhas computacionais: a) estruturada;b) não-estruturada; c) estruturada por blocos
A principal vantagem das malhas estruturadas é a maior facilidade da sua
utilização em programação computacional. As malhas não-estruturadas são mais
fáceis de adaptar a formas muito complexas e, principalmente, permitem um
fácil refinamento local nas zonas mais sensíveis do escoamento. Um caso
particular das primeiras, que permite uma melhor adaptação a uma estruturacomplexa, é a malha estruturada por blocos. Trata-se neste caso de um conjunto
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de malhas estruturadas agrupadas, em que um elemento é representado por
blocos de malhas estruturadas ligadas, mas que diferem entre si (Figura 1.16 c).
Mais detalhes sobre este assunto podem ser encontrados na literatura
especializada (Ferziger e Peric, 2002).
Na prática não existe uma divisão restrita, havendo alguma flexibilidade na
construção ou designação de uma malha, podendo nomeadamente existir malhas
híbridas, que são combinações dos dois tipos anteriores. É também frequente
encontrarem-se malhas, estruturadas ou não, nas quais as células próximo das
fronteiras têm uma menor dimensão (refinamento local).
Para se poder simular o comportamento das partículas é necessário
conhecer previamente as características da fase contínua do escoamento ao
longo de todo o domínio, conforme tem sido referido. Este conhecimento podeser originado por medições efectuadas em modelos do sistema a simular, ou
igualmente por simulação. No primeiro caso, as medições podem ser feitas
recorrendo a uma das técnicas descritas anteriormente, na secção 1.2.4.2, como
o PIV, LDA ou anemometria de fio/filme quente. Para tal é necessário dispor da
instalação experimental e do modelo a usar. Nos casos em que é possível usar a
própria peça, é possível conhecer o comportamento exacto do escoamento,
exceptuando os erros associados à medição.No caso de se recorrer a simulação numérica para conhecer a fase contínua
do escoamento, existem inclusivamente programas comerciais capazes de
efectuar esta tarefa e que têm sido usados (Matida et al., 2004; Sosnowski et
al., 2007). Contudo os programas comerciais não são desenvolvidos para uma
utilização específica, particularmente para o caso em estudo, e embora os
resultados produzidos se possam considerar de boa qualidade e se aproximem
dos produzidos por programas específicos, são significativamente mais lentos.
Para a simulação computacional de escoamentos turbulentos existem
actualmente três métodos frequentemente usados:
• Modelos de fecho das equações médias de Reynolds (RANS, Reynolds
Averaged Navier-Stokes). É um método simples em que se simula
apenas a evolução de estatísticas da turbulência. Consequentemente o
efeito das não-estacionaridades associadas a toda a gama de escalas
de comprimento da turbulência tem de ser modelado, usando desde
relações algébricas a equações de transporte adicionais. Deste último
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caso é exemplo típico o bem sucedido modelo k-ε de Jones e Launder
(1972);
• Simulação das grandes escalas (LES, Large Eddy Simulation). Neste
método as grandes escalas do movimento do fluido são calculadas,
enquanto que as pequenas escalas são simuladas. De alguma forma é
um compromisso entre o método descrito no ponto anterior e o
método da simulação numérica directa (descrito no próximo ponto);
• Simulação numérica directa (DNS, Direct Numerical Simulation). É o
método mais complexo, que apresenta o maior tempo de
processamento, mas também o mais eficaz, em que as equações que
governam o escoamento são resolvidas para todas as escalas.
Comum a todos estes métodos é o facto de requererem a resolução de
equações de conservação de massa, quantidade de movimento ou energia.
Diferem na complexidade e na exactidão dos resultados obtidos (Lübcke, 2001;
Constantinescu, 2007), bem como no esforço computacional envolvido.
Na simulação do transporte das partículas por escoamentos turbulentos,
mesmo nos casos em que se usam resultados experimentais, recorre-se com
frequência à modelação da turbulência, existindo para o efeito uma grandediversidade de opções (Wilcox, 1998; Versteeg e Malalasekera, 1995; Chung,
2002). Os designados modelos de duas equações permitem o cálculo da energia
cinética turbulenta e das escalas de tempo ou de comprimento (Wilcox, 1998).
Entre os modelos de duas equações, o modelo k-ε tem particular destaque por
ser o mais usado e validado (Versteeg e Malalasekera, 1995; Chung, 2002),
simples de implementar (Versteeg e Malalasekera, 1995) e apresentando um
bom desempenho (Launder e Spalding, 1974; Versteeg e Malalasekera, 1995).
Existem diversas forças envolvidas no transporte de partículas. Estas forças
e as suas importâncias relativas aprecem listadas na Tabela 1.2 (Chen, 1994).
Conforme seria de esperar, a força de resistência aerodinâmica é a que mais
importância tem neste processo.
Embora todas as forças apresentadas na Tabela 1.2 estejam presentes no
movimento real das partículas quando estas viajam pelas vias aéreas de um
indivíduo, pelo interior de um dos equipamentos certificados já apresentados, ou
ainda num qualquer outro ambiente, numa simulação computacional do seumovimento é habitual considerar apenas as mais importantes. Caso contrário, o
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modelo computacional seria muito pesado e o processamento extremamente
lento.
Tabela 1.2 – Forças envolvidas no transporte aerodinâmico de partículas e suaimportância relativa (Chen, 1994).
Força Contribuição relativa típica
Resistência aerodinâmica 0,93
Impulsão 0,001
Massa virtual 0,01
Força de Magnus <0,0001
Força de Basset 0,001
Força gravítica 0,05Força de Saffman <0,0001
Força de propulsão 0,01
Nos casos em que as partículas apresentam grandes dimensões, como por
exemplo em processos industriais, a difusão Browniana não tem normalmente
importância significativa e pode ser ignorada. Contudo, conforme foi referido,
para as partículas que apresentam uma dimensão inferior a 0,5 μm, comoacontece em parte dos aerossoles farmacêuticos, a difusão Browniana não pode
ser desprezada (Hofmann et al., 2001; Sosnowski et al., 2007).
Na descrição dos fenómenos de transporte podem ser adoptadas diferentes
perspectivas (ou modelos). O conceito que está na base do modelo Euleriano é a
descrição espaço-temporal do fenómeno físico, em que as coordenadas espacial
e temporal são tomadas como variáveis independentes e as alterações nas
restantes variáveis expressas com respeito a estas (Ishii, 1990), sendo a fase
dispersa considerada como um outro meio contínuo (Lai e Chen, 2007). As
equações de base derivam da conservação de massa, que são resolvidas para ser
conhecido o campo de concentração de partículas. Por sua vez, o modelo
Lagrangiano estuda a dinâmica de uma única partícula, acompanhando a sua
trajectória (Lai e Chen, 2007). Os valores médios Lagrangianos estão
directamente relacionados com a descrição Lagrangiana da Mecânica (Ishii,
1990). Assim, se existir interesse em conhecer o comportamento de uma
partícula individual, o modelo Lagrangiano será preferível. Pelo contrário, se
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houver maior interesse no comportamento colectivo de um grupo de partículas,
será mais apropriado o uso de um modelo Euleriano (Ishii, 1990).
Nos processos de simulação podem ser usados modelos Eulerianos ou
Lagrangianos, tanto para o escoamento da fase contínua como para o da fase
dispersa. Para ser possível aplicar um modelo Lagrangiano na fase contínua é
necessário ter um conhecimento do escoamento em todo o domínio, de forma
contínua. Tal só é aplicável simulando a fase contínua, já que as medições de um
escoamento são sempre feitas de forma discreta. Contudo, mesmo neste último
caso, a simulação das duas fases do escoamento teria de ser feita em paralelo, o
que torna o processo mais complicado e demorado.
Em relação à fase dispersa, os modelos Lagrangianos produzem menos
erros numéricos e um melhor significado físico no tracejamento (tracking) eidentificação da posição da partícula (Suh, 2006), sendo naturalmente mais
eficazes nas situações em que as partículas estão muito dispersas ou a fracção
volúmica da fase dispersa não é elevada. Contudo, têm um peso computacional
mais elevado por necessitarem de um sistema de coordenadas móvel (Suh,
2006).
Num processo de simulação é necessário algum cuidado especial quando se
abordam regiões próximas de uma superfície sólida. Nestas zonas, os gradientesde velocidade da fase contínua são mais elevados do que em regiões afastadas
de superfícies sólidas, no interior da peça simulada. Este maior gradiente de
velocidade tem uma influência determinante no comportamento da fase discreta
do escoamento. O uso de uma malha mais refinada nestas regiões pode ajudar a
resolver o problema. Contudo, não só pode acarretar algumas dificuldades em
termos de programação, como, nos casos em que se usam resultados
experimentais da fase contínua, a eficácia desta medida está fortemente
dependente da resolução com que as medições próximo da parede foram
efectuadas. Uma alternativa passa por utilizar uma lei de parede (Launder e
Spalding, 1974) que, com base na informação conhecida, simula o escoamento
da fase contínua nestas regiões.
Conforme foi referido a informação relativa à fase contínua dos
escoamentos está associada aos pontos da malha computacional. Desta forma,
para serem conhecidas as condições da fase contínua que em dado momento
estão a influenciar a partícula, é necessário saber em que volume de controlo damalha a partícula se encontra. Existem diversos modelos para realizar esta
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tarefa, quer para sistemas 2D, quer para sistemas 3D (Chen, 1997; Zhou e
Leschziner, 1999; Chen e Pereira, 1999; Chorda et al., 2002). Entre os métodos
mais recentes é difícil definir os mais eficazes, recaindo a escolha do método a
usar na facilidade de implementação ou aplicabilidade para cada caso em
concreto.
De forma a obter resultados estatisticamente representativos na simulação
Lagrangiana do transporte de partículas em escoamentos turbulentos, são
habitualmente usados modelos estocásticos. Um modelo estocástico é um
modelo cujos resultados dependem de um valor aleatório. A variação aleatória é
geralmente baseada nas flutuações observadas em dados históricos por um
período seleccionado usando técnicas padrão, ou em séries temporais. É uma
ferramenta útil para estimar distribuições de probabilidade nos resultados. Estesmodelos são aplicados em diversas áreas, incluindo a área social (Côté e Stein,
2007). Quando usados na simulação da trajectória de partículas em escoamentos
multifásicos, permitem que os elementos da fase discreta se dispersem de
acordo com os efeitos da turbulência na fase contínua (Schmidt e Rutland, 2000;
Oliveira et al., 2002; Matida et al., 2004; Constantinescu et al., 2007), tendo
esta metodologia sido originalmente proposta por Hutchinson et al. (1971).
Nestes casos, para a aplicação dos modelos, é necessário conhecer as flutuaçõesna velocidade do fluido, ou a energia cinética turbulenta, o que pode ser obtido
pela via experimental ou pela simulação da fase contínua.
1.2.5.2 Deposição de partículas
O fenómeno da deposição de partículas está directamente relacionado com
o transporte de partículas analisado no ponto anterior, e ainda com o impacto
em superfícies. Este fenómeno não tem interesse apenas no estudo de
aerossoles para inalação (Béghein et al., 2005). Também nas áreas da impressão
(Rimai e DeMejo, 1996) e da limpeza (Busnaina et al., 2002), por exemplo, o
tema da deposição de partículas assume particular relevância, existindo assim
múltiplos trabalhos publicados sobre o assunto.
A problemática associada à deposição de partículas no interior das vias
respiratórias foi já anteriormente abordada na secção 1.2.2. Importa aquirelembrar que os principais mecanismos de deposição são, genericamente: a
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impactação, a sedimentação gravitacional, a intercepção (quando o diâmetro das
partículas já é maior que a dimensão da via) e a atracção electrostática. Os dois
últimos mecanismos ocorrem geralmente em regiões onde a velocidade do ar é
muito baixa e predomina o transporte das partículas por difusão Browniana.
Ainda no interior das vias aéreas humanas, é normalmente considerado e aceite
que as partículas ficam retidas no primeiro local com que contactam, devido à
existência de mucosas e regiões húmidas que retêm as partículas.
Quando se considera um equipamento de vidro ou metal os mecanismos
envolvidos na deposição são idênticos, embora o fenómeno de intercepção seja
aqui relativamente raro. Contudo, nestes casos, não é legítimo considerar que as
partículas ficam depositadas num qualquer ponto, só porque com ele contactam.
É necessário estabelecer um critério que permita determinar se as partículasficam ou não depositadas numa superfície sólida. Este critério deve ser baseado
em princípios físicos e não aleatórios, embora também já tenham sido usados
critérios estatísticos/probabilísticos (Swanson et al., 1996).
A adesão entre partículas de pequenas dimensões e superfícies sólidas é o
resultado de uma combinação de forças. A contribuição de cada força depende
de vários factores, que incluem propriedades das superfícies (Ahfat et al. 1997;
Cline e Dalby, 2002), propriedades mecânicas das partículas e do corpo com quecontactam (Rimai e DeMejo, 1996), área de contacto e condições ambientais
(Price et al., 2002). Na ausência de forças electrostáticas, as principais forças
que contribuem para a adesão das partículas são as forças de van der Waals e de
capilaridade (Begat et al., 2004).
Têm existido alguns esforços para definir modelos completos que possam
ser usados para prever a deposição e adesão de partículas em superfícies sólidas
(Rimai e DeMejo, 1996; Cheng et al., 2002). No entanto, na aplicação destes
modelos, surge invariavelmente o problema do desconhecimento de muitas das
propriedades necessárias para os implementar, principalmente propriedades das
partículas que se depositam.
Quando as partículas impactam numa superfície sólida, mas não aderem,
são restituídas (rebound). Como o choque entre as partículas e as superfícies
não é totalmente elástico, ocorre uma diminuição da energia cinética e da
quantidade de movimento da partícula. Também para estas situações existem
modelos propostos que se baseiam em coeficientes de restituição para prever a
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velocidade das partículas após serem restituídas (Chen e Pereira, 1997; Cheng et
al. 2002).
De um modo semelhante, as partículas aderem às superfícies líquidas, ou
ficam lá retidas devido a um conjunto de forças que existe entre elas. Algumas
destas forças são idênticas, quer se trate de superfícies sólidas ou líquidas. No
entanto, no caso de superfícies líquidas, o facto de as partículas serem
hidrofóbicas ou hidrofílicas tem influência no seu comportamento. Se a
interacção entre partículas sólidas e superfícies sólidas se encontra relativamente
bem estudada e documentada, o mesmo não pode ser dito no que respeita à
interacção entre partículas sólidas e superfícies líquidas. Contudo existem alguns
trabalhos nesta área, mas nos quais foi essencialmente estudada a interacção
com objectos de grande dimensão (Thoroddsen et al., 2004) ou em que foiestudado o impacto de gotas em superfícies líquidas (Fedorchenko e Wang,
2004; Yarin, 2006). Li et al. (2006) apresentam no seu trabalho um modelo para
prever a retenção de partículas por parte de superfícies líquidas, embora estes
autores trabalhassem com esferas cerca de 1000 vezes maiores que as partículas
de aerossoles para inalação. Dos trabalhos apresentados ressalta a importância
da tensão superficial da superfície líquida na retenção das partículas.
Em face do exposto, torna-se evidente que as grandes dificuldades nasimulação da deposição de partículas resultam do facto de as forças envolvidas
na adesão dependerem das características das superfícies e das próprias
partículas. Deve ainda ser referido que, também no que respeita aos fenómenos
de deposição e adesão, nem sempre existe interesse em considerar todas as
forças envolvidas, mas apenas as mais importantes, de modo a não
sobrecarregar o processo de cálculo computacional.
1.3. Objectivos e Presente Contribuição
De tudo o que foi referido nas secções anteriores é notório que têm existido
esforços para melhorar a deposição de partículas provenientes de aerossoles
para inalação. Estes esforços revelam-se, por um lado, em tentativas de melhor
compreender os factores que têm influência na deposição e, por outro lado, em
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 45
tentativas de desenvolver modelos computacionais que permitam simular as
trajectórias descritas pelas partículas e os seus locais de deposição. A presente
tese pretende acima de tudo contribuir para este esforço e ajudar a melhorar a
eficiência da deposição de aerossoles em pó seco para inalação.
O trabalho que é aqui apresentado divide-se em duas partes distintas. A
primeira está relacionada com a compreensão do fenómeno de deposição de
partículas in vitro (impactador em cascata de vidro), nomeadamente com as
variáveis de que este depende. A segunda centra-se no desenvolvimento de um
modelo computacional para descrever o transporte e caracterizar a deposição de
partículas de aerossoles no interior do impactador em cascata de vidro.
Na primeira parte do trabalho foram estudados diversos medicamentos para
inalação (diferentes dispositivos de inalação e diferentes substâncias activas),com características distintas. Assim, os principais contributos desta tese no que
respeita a esta parte são a clara identificação das variáveis de que depende uma
eficaz deposição dos pós, e o establecimento da relação que existe entre
algumas das principais variáveis. Para cumprir este objectivo foi ainda estudado
o desempenho de um analisador do tempo de voo (Aerosizer®, equipado com o
Aerodisperser®) na avaliação de pós secos para inalação.
Na segunda parte foi reunido num único modelo computacional um conjuntoalargado de modelos teóricos e numéricos, com o objectivo de descrever o
transporte das partículas de aerossoles e a sua interacção com superfícies sólidas
e líquidas, tendo aquele sido aplicado na previsão da dispersão e deposição de
partículas de pó seco no interior do primeiro estágio do impactador em cascata
de vidro. No que respeita a esta parte, a principal contribuição deste trabalho
consistiu no desenvolvimento e validação do referido modelo. Para cumprir este
objectivo foi ainda efectuada uma completa caracterização do escoamento
turbulento tridimensional dentro do primeiro estágio do impactador, o que
também é inédito.
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1.4. Organização da Tese
A presente tese está organizada em seis capítulos, dos quais o presente
constitui a introdução.
No Capítulo 2 são inicialmente apresentados os materiais empregues ao
longo do trabalho. Na segunda parte deste capítulo são descritos os principais
equipamentos usados, apresentando as suas principais características e a forma
de funcionamento.
O Capítulo 3 descreve os procedimentos experimentais aplicados,
apresentando as técnicas usadas, descrevendo as suas principais características
e o modo de operação. Neste capítulo é dada especial atenção às limitaçõesapontadas a cada uma das técnicas usadas, e é discutida a forma como foram
superadas. São ainda apresentadas as instalações que foram concebidas e
utilizadas para a realização do presente trabalho.
No Capítulo 4 é descrito o modelo computacional elaborado para simular o
transporte e o local de deposição de partículas de aerossoles, no interior do
impactador em cascata de vidro. Neste capítulo são apresentados e discutidos os
modelos adoptados para os diversos passos necessários à referida simulação.
São ainda apresentadas e justificadas algumas das hipóteses simplificativas que
foram consideradas.
Finalmente, no Capítulo 5 são apresentados e discutidos os resultados
obtidos.
No sexto e último capítulo, é apresentado um resumo do trabalho
desenvolvido, destacando-se as principais conclusões do trabalho. Neste capítulo
são também indicadas algumas sugestões para trabalho futuro.
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2 Materiais e equipamentos
Neste capítulo são apresentados os materiais e equipamentos usados para
realizar os trabalhos que estão na base desta tese. Alguns dos materiais aqui
apresentados foram usados ao longo de todo o trabalho e tiveram uma presença
constante. Outros foram apenas usados numa fase específica do trabalho, mas
não é por isso que têm uma importância menor. De igual forma, alguns
equipamentos ou instrumentos tiveram uma presença mais habitual do que
outros.
2.1. Materiais
Sendo o tema desta tese o estudo da dispersão e deposição de aerossolesmedicamentosos gerados por inaladores de pó seco, é de esperar que estes
tenham uma presença quase constante no trabalho. Na Tabela 2.1 apresentam-
-se os medicamentos para inalação usados nesta tese bem como as suas
principais características. Foram usadas duas versões diferentes do inalador
produzido pela AstraZeneca, o Turbohaler®, sendo uma de comercialização mais
antiga e a outra mais recente. Para as distinguir, a primeira versão é designada
ao longo do texto por “Turbohaler® antigo”, ao passo que a versão mais recente
é designada por “Turbohaler® novo”.
De entre todos os medicamentos apresentados na Tabela 2.1 existe um
com uma característica própria, mas que não transparece do que está assinalado
na tabela. As duas substâncias activas administradas pelo dispositivo
Turbohaler® novo (budesonida e fumarato de formoterol) encontram-se
combinadas num único medicamento, sendo este o único caso em que tal
acontece, entre os medicamentos aqui assinalados. É de referir que nos
dispositivos unidose aqui presentes, o pó a inalar está contido em cápsulas durasde gelatina. Conforme foi referido no capítulo anterior, o dispositivo Diskus® é
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 48
um dispositivo multi-unidose, em que cada dose a inalar está individualizada no
seu interior, em alvéolos, reunidos numa fita (Figura 1.7). No momento da
inalação um dos alvéolos é aberto para libertar a dose. Nos dispositivos
Turbohaler® as doses estão todas reunidas num reservatório único, existindo um
elemento doseador (Figura 1.8).
Tabela 2.1 – Medicamentos considerados neste trabalho.
DispositivoSubstância
activaDose Excipiente Tipo
200 μg Lactose UnidoseBudesonida
400 μg Lactose UnidoseAerolizer® (Novartis Farma) Fumarato de
Formoterol12 μg Lactose Unidose
Budesonida 200 μg Não Multidose
Fumarato deFormoterol
9 μg Lactose MultidoseTurbohaler® antigo(AstraZeneca)
Terbutalina 500 μg Não Multidose
Budesonida 160 μg Lactose Multidose
Turbohaler
®
novo(AstraZeneca) Fumarato deFormoterol
4,5 μg Lactose Multidose
Beclometasona 100 μg Lactose UnidoseRotahaler® (GlaxoSmithKline) Sulfato de
Salbutamol200 μg Lactose Unidose
Diskus® (GlaxoSmithKline)
Sulfato deSalmeterol
50 μg Lactose Multi-unidose
Os medicamentos listados na Tabela 2.1 representam os principais
inaladores de pó seco presentes no mercado português, na data em que os
trabalhos se iniciaram, mantendo-se esta informação actualizada, apesar do
aparecimento de novos medicamentos para inalação.
Para a realização deste trabalho foi necessário usar outros materiais para
além dos medicamentos indicados na Tabela 2.1. Nomeadamente foram usadas
lactose monohidratada (Granulac 200, Meggle, Alemanha) e celulosemicrocristalina (Avicel PH-101, FMC Corp., EUA), sem qualquer tipo de
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tratamento prévio. São dois excipientes, com características conhecidas,
presentes em diversos medicamentos, sendo a lactose monohidratada
frequentemente usada como excipiente de diversos medicamentos de inalação de
pó seco, observando-se também este facto na Tabela 2.1. Foram ainda usadas
esferas de calibração de nylon (Dp=5 μm ± 1,5 μm, ρ =1,02 g/cm3; Dantec
Measurement Technology GmbH, Alemanha) e de vidro (Dp=10,0 μm ± 1,0 μm;
Duke Corporation, Palo Alto, CA, USA). Estas partículas, para além de terem
características conhecidas, com um diâmetro médio e um desvio padrão muito
bem definidos, são ainda constituídas por materiais dificilmente solúveis, sendo
mesmo insolúveis em água.
Foram também usadas partículas de um derivado de Irídio (Iriodin 100
Silberperl, Merck, Alemanha). Tal como as anteriores, estas partículas têmcaracterísticas comercialmente conhecidas, são insolúveis em água e, sendo
metálicas, reflectem eficientemente a luz que nelas incide, tornando-se por essa
razão adequadas para a visualização de escoamentos.
2.2. Equipamentos
2.2.1. Analisador do tempo de voo
O equipamento testado e usado foi o Aerosizer® (TSI, GmbH, Aachen,
Alemanha), equipado com o Aerodisperser® (Figura 2.1). Este equipamentofunciona suspendendo as partículas a analisar em ar, sendo o Aerodisperser®
usado para dispersar, desaglomerar e fluidizar as partículas do pó. Devido à
existência de vácuo, estas partículas são de seguida arrastadas até uma tubeira
de alta velocidade (subsónica), no Aerosizer®, sujeitas a uma aceleração precisa
e controlada (Allen, 1990).
A velocidade do ar permanece constante na região de medida, mas a
aceleração das partículas varia de forma inversamente proporcional ao diâmetroaerodinâmico (Barber, 1993) e, consequentemente, também a sua velocidade na
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região de medida (Figura 2.2). Dois feixes laser instalados na saída da tubeira,
com distância entre eles conhecida, permitem medir o tempo que as partículas
necessitam para percorrer a distância que os separa e assim determinar a sua
velocidade média. Ao atravessarem os feixes, as partículas dispersam a sua luz,
induzindo a emissão de um sinal eléctrico pelo detector, constituído por díodos
fotomultiplicadores, arrancando ou parando o temporizador quando passam pelo
primeiro ou pelo segundo feixe, respectivamente. O diâmetro aerodinâmico das
partículas é calculado a partir do tempo decorrido entre os dois sinais (Laitinen e
Juppo, 2003). O tempo de voo é da ordem das centenas de nanossegundo para
as partículas pequenas e da ordem dos milhares de nanossegundo para as
partículas de maiores dimensões.
Figura 2.1 – Aerosizer® com Aerodisperser®.
As partículas aceleram devido às forças que o ar exerce sobre elas, forças
de resistência aerodinâmica, sendo a velocidade de passagem na zona de
detecção inversamente proporcional à sua massa. Desta forma percebe-se que
este equipamento mede diâmetros aerodinâmicos. A medição do tamanho
aerodinâmico das partículas permite, de certo modo, considerar implicitamente oefeito de irregularidades geométricas (por exemplo partículas não esféricas).
FotomultiplicadoresRegião de medida
Tubeira
Agulha de dispersão(Vibração da agulha ligada/desligada)
Copo da amostra(Controlo da taxa de alimentação)
Abertura anelar(Controlo da tensão de corte)
Jacto de ar à entrada(Controlo da desaglomeração)
Ligação à bomba devácuo
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Figura 2.2 – Velocidade de duas partículas com dimensões diferentes aoatravessarem a região de medida do Aerosizer® (Amherst ProcessInstruments).
Este equipamento permite determinar o diâmetro das partículas de forma
simples, rápida e directa, necessitando de amostras de pequena dimensão e sem
necessidade de calibração ou qualquer meio auxiliar de diagnóstico,
contrariamente ao que se passa com os métodos tradicionais in vitro, usando
equipamentos como os impactadores em cascata ou os impactadores de
múltiplos estágios líquidos (secção 2.2.2). Estes métodos tradicionais requerem
calibração e meios auxiliares para determinar a dimensão das partículas. Estes
equipamentos têm também uma menor precisão, discretizando a dimensão das
partículas através de um número muito limitado de intervalos, de acordo com
cada um dos estágios do equipamento.
O analisador utilizado apresenta o resultado da distribuição do tamanho daspartículas em distribuições por número, por área da superfície ou por volume. De
Posição [mm]
5 μm
Região demedida
V e l o c i d a d
e d a p a r t í c u l a [ m / s ]
1 μm
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acordo com o tipo de distribuição pretendida é apresentado o diâmetro médio
geométrico (GMD, Geometric Mean Diameter), calculado da seguinte forma, para
a distribuição por número:
( )( )[ ]
N
DlognGMDlog i
ii∑= (2.1)
em que ni é o número de partículas com diâmetro Di e N é o número total de
partículas. De forma semelhante é calculado o desvio padrão geométrico (GSD,
Geometric Standard Deviation):
( )( ) ( )[ ]
1N
GMDlogDlognGSDlog i
2ii
−
−
=∑
(2.2)
No caso dos outros tipos de distribuição, acima mencionados, ocorrem as
seguintes alterações:
• Distribuição por área de superfície,
ni por 2iii Dns = e N por ∑= isS
• Distribuição por volume,
ni por 3iii Dnv = e N por ∑= ivV
2.2.2. Impactador em cascata de vidro
O impactador em cascata de vidro (FP8, 2006) é um equipamento para uso
farmacêutico, utilizado na avaliação aerodinâmica de tamanhos de partículas de
aerossoles para inalação, permitindo determinar a fracção de partículas finas
(FPF) nos aerossoles produzidos a partir de preparações para inalação e ainda
prever o local de deposição no aparelho respiratório humano (Figura 2.3 e Tabela
2.2). Este equipamento, ou outros similares, é normalmente usado em controlo
de qualidade, por rotina, para confirmar as características dos medicamentos,
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sendo igualmente utilizados, com frequência, na comparação da eficácia de
deposição de fármacos para inalação.
A FPF é a fracção da dose inicial que fica depositada na zona 3 do
impactador (Figura 2.4), que supostamente corresponde a partículas com um
diâmetro aerodinâmico inferior a 5,7 ou a 6,4 μm, quando o impactador é
atravessado por um caudal de ar de 30 ou 60 l/min, respectivamente (Hallworth
e Westmoreland, 1987; Srichana et al. 1998). A FPF está relacionada com a
fracção respirável (fracção da massa de substância activa que se deposita na
região da vias respiratórias onde ocorrem trocas gasosas).
Figura 2.3 – Dimensões e geometria do impactador em cascata de vidro (FP8,2006).
Existem autores que apresentam o impactador em cascata de vidro dividido
em três zonas (Figura 2.4) (Braun et al. 1996; Marques e Schmidt, 2002),
apesar de segundo a Farmacopeia as zonas 1 e 2 não se encontrarem divididas,
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correspondendo a um único estágio. A divisão em três zonas permite uma maior
discretização, o que, naturalmente, permite também uma melhor comparação de
resultados. No entanto, segundo a Farmacopeia, esta divisão, e o facto de as
partículas se depositarem na primeira ou na segunda zona, não assume qualquer
significado particular. Apesar disso, optou-se por dividir o impactador em três
zonas, como apresentado na Figura 2.4. Este equipamento é construído em vidro
DURAN, exibindo este material um índice de refracção (n) de 1,473.
Tabela 2.2 - Dimensões e descrição do impactador em cascata de vidro (FP8,2006).
Código Elemento Descrição Dimensões *
A Adaptador daponteira Adaptador de borracha moldada para junçãocom a ponteira do inalador Balão de fundo redondo modificado 50 ml
Entrada: junta cónica esmerilada fêmea 29/32 B Colo
Saída: junta cónica esmerilada macho 24/29 Adaptador de vidro modificado
Entrada: junto cónica esmerilada fêmea 24/29
Saída: junta cónica esmerilada macho 24/29 Parte inferior: tubo de vidro calibrado
Diâmetro interno 14
C Adaptador
Tubo de vidro de parede fina diâmetro interno 17
Balão de fundo redondo modificado 100 mlEntrada: Junta cónica esmerilada fêmea 24/29D Câmara dodepósito superior
Saída: junta cónica esmerilada macho 24/29 Tubo de vidro de parede média Junta cónica esmerilada macho 14/23
Curva e parte direita superior diâmetroexterno
13E Tubo de ligação
Parte direita inferior Diâmetro externo 8Cobertura enroscada de plástico
Junta de silicone 28/13 Anilha PTFE 28/11
Roscado de vidro 28/11 Passo da rosca 28
F
Adaptador comtubuladuralateral ecoberturaenroscada
Ramo lateral (saída para a bomba e vácuo)diâmetro interno mínimo 5
Porta-filtro modificado em polipropileno ligadoà parte inferior do tubo de ligação por um
tubo de PTFEVer fig. 2.3
Disco circular de acetal com 4 injectoresdispostos em círculo de 5,3 mm de diâmetro e
uma cavilha de afastamento central 10 G Injector
Diâmetro da cavilhaAltura da saliência da cavilha
22
H Câmara dodepósito inferior Balão cónicoJunta cónica esmerilada fêmea 250 ml24/29
* Dimensões em milímetros salvo indicação em contrário
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Figura 2.4 - Zonas em que foi dividido o impactador em cascata de vidro.
2.2.3. Anemómetro laser Doppler
A anemometria laser Doppler (LDA, Laser Doppler Anemometry) é um
método experimental óptico para medição dos campos de velocidades associados
a um escoamento. Trata-se portanto de um método em que não existe intrusão
de qualquer sonda no escoamento, não ocorrendo por este motivo qualquer
perturbação física do mesmo. Estes equipamentos permitem fazer medições de
uma, duas ou das três componentes do escoamento. A configuração básica de
um sistema de LDA consiste de quatro elementos básicos (Figura 2.5):
• Uma fonte contínua de luz laser;
• Sistema óptico de transmissão, incluindo um separador de feixes e uma
lente de focagem;
• Sistema óptico de recepção, que inclui lente de focagem, filtro e
fotodetectores;• Processador de sinais.
Zona 3
Zona 2
Zona 1
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No exemplo da Figura 2.5 a separação dos feixes foi feita pela célula de
Bragg, embora como acontece no equipamento usado, também possa ser feito
por um prisma separador de feixes. Trata-se de um equipamento óptico,
semi-transparente que reflecte 50% da luz a 90º, deixando passar a restante
(Figura 2.6). As lentes de focagem destinam-se a fazer convergir os feixes
emitidos num ponto para formarem o volume de medição, ou para fazer
convergir a luz dispersa pelas partículas no detector.
Figura 2.5 – Princípio de funcionamento de um sistema LDA (Dantec, 2007).
Figura 2.6 – Sistema de LDA com separador de feixes independente da célula deBragg.
Célula deBragg
Lente
Célula de Bragg
Fotodetector
Fibras ópticas
Escoamento compartículas traçadoras
Volume demedição
Sinal
Sérietemporal
Análiseestatística
Processamentode sinal
Sonda óptica detransmissão e recepção
Separador defeixe
Laser
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Esta técnica tira partido do facto de o sinal produzido por um fotodetector
que recebe luz dispersa por pequenas partículas em suspensão no fluido que se
escoa se apresentar modulado a uma frequência que se verifica ser proporcional
à velocidade dessas mesmas partículas. Estas, designadas por partículas
traçadoras, são deliberadamente inseridas no fluido, e sem elas não é possível
efectuar as medições, assumindo-se que acompanham as linhas de corrente do
escoamento do fluido. Para tal, as partículas deverão apresentar um número de
Stokes (Stk) (equação 2.3; Grgic, 2004a e b) inferior a 0,1 (Eaton e Fessler,
1994; Liu et al., 2007):
D18Ud
UD
18
d
Stk 2pp
2pp
f
p
μ
ρ μ
ρ
τ
τ === (2.3)
onde τ p é a constante de relaxação das partículas, τ f é um tempo característico
do fluido, ρ p é a massa volúmica e dp o diâmetro geométrico das partículas, U e
D são escalas de velocidade e de comprimento características do escoamento, e
μ é a viscosidade dinâmica do fluido.
Figura 2.7 – Volume de medição no anemómetro laser Doppler (Dantec, 2007).
Escoamento com partículastraçadoras
d (conhecido) t (medido)
Sinal
Tempo
Laser Célula Bragg Luz dispersa (Backscattering)t
Volume de medição
Processador
Detector
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As partículas traçadoras atravessam um volume de medição de dimensões
reduzidas, formado pelo cruzamento de dois feixes laser. Este volume de
medição tem a forma de um elipsóide (Figura 2.7, para um plano de corte e
Figura 2.8). Para cada componente da velocidade a medir existe um par de
feixes laser e, naturalmente, um volume de medição. A luz de cada par de feixes
laser que formam um volume de medição tem um comprimento de onda
diferente das restantes, de modo a que seja possível efectuar a distinção das
várias componentes através dos filtros.
Figura 2.8 – Dimensões de um volume de medi ção de acordo com os eixos x , y ez (Dantec, 2007).
Ao passarem pelas franjas de interferência dos feixes laser, existentes no
volume de medição e representadas nas Figura 2.7 e Figura 2.8, as partículas
emitem os sinais luminosos que são detectados pelo fotodetector. A distância
entre franjas é conhecida e dada pela equação 2.4, e o número de franjas em
cada volume de medição pode ser determinado através da equação 2.5. O
intervalo de tempo entre dois sinais luminosos é medido e assim pode ser
calculada a velocidade da partícula. Cada volume de medição apenas mede a
componente da velocidade segundo a direcção perpendicular aos planos das
franjas.
( )2sin2df
θ
λ = (2.4)
z δx
δz
δy x y
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L
b
f D2
tanf 8N
π
θ ⎟ ⎠
⎞⎜⎝
⎛
= (2.5)
A equação 2.4 mostra que também a distância que existe entre duas franjasconsecutivas sofre uma alteração com a troca de lente de focagem e diferem
entre componentes, enquanto que a equação 2.5 mostra que o número de
franjas depende também da lente de focagem usada, cuja distância focal
determina o valor do ângulo θ entre os feixes laser.
O fotodetector converte os sinais luminosos das partículas num sinal
eléctrico (Doppler burst), que é um sinal sinusoidal com “pedestal” e intensidade
aproximadamente Gaussianos (Figura 2.7) (Adrian, 1983), devido ao perfil de
intensidade dos feixes laser (também Gaussiano) ao longo do diâmetro dos
feixes. Os sinais Doppler são filtrados e amplificados no processador de sinal que
determina a respectiva frequência, frequentemente utilizando um analisador de
frequência que aplica transformadas de Fourier (alternativamente pode ser usado
um contador de frequência, counter).
Figura 2.9 – Intensidade da luz dispersa de acordo com diferentes modos dedispersão e polarização da luz (Dantec, 2007).
-3
Lorenz-Mie
Refracção de2ª ordem
5-3 -2 -1 1 2 3 4
-2
-1
1
2
3Polarizaçãoparalela
Polarizaçãoperpendicular
Refracção de1ª ordem
Reflexão
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A luz que incide nas partículas é parcialmente reflectida e refractada,
quando se está a trabalhar com partículas ou gotas transparentes, ou apenas
reflectida quando são opacas. A razão de intensidades é dada pelos coeficientes
de Fresnel e depende do ângulo de incidência, polarização da luz e dos índices de
refracção relativos da partícula e do meio que a envolve. O ângulo do plano de
dispersão é dado pela lei de Snell. A fase do sinal depende do comprimento
percorrido pelo raio. A maior parte da intensidade de luz está contida na reflexão
e na primeira e segunda ordens de refracção (Figura 2.9).
A Figura 2.10 apresenta a quantidade de luz dispersa em cada direcção, de
acordo com a razão entre a dimensão da partícula e o comprimento de onda da
luz. Conforme se observa, a dispersão de luz é inconstante, variando em torno
da partícula e dependendo da sua dimensão, mas a maior intensidade ocorrepara um ângulo de zero graus em relação à direcção da luz emitida, sendo, deste
ponto de vista, esta a posição ideal para se colocar a sonda receptora. Contudo,
diversos factores como por exemplo dificuldades de acesso, óptico ou físico,
podem fazer com que a sonda receptora tenha uma localização diferente.
180 0
90
270
210
150
240
120
300
60
330
30
λ= 2,0dp
180 0
330210
240 300270
150
120
90
60
30
λ=pd
180 0
210
150
240
120
270
90
60
300
30
330
λ= 10dp
a b cFigura 2.10 – Dispersão de luz de acordo com o ângu lo em relação à emissão ede acordo com a razão entre a dimensão da partícula e o comprimento de onda(Dantec, 2007).
No caso de duas partículas passarem pelo volume de medição com
velocidades iguais em módulo, segundo a mesma direcção, mas com sentidos
opostos, iriam provocar padrões de dispersão da luz idênticos e sinais iguais no
fotodetector, não sendo possível ao sistema determinar qual o sentido de
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deslocação da partícula. Para evitar este problema é introduzido um
desfasamento em frequência entre os feixes laser de cada par. A introdução
deste desfasamento é feito pela célula de Bragg e origina o movimento das
franjas a uma velocidade proporcional àquele, eliminando a ambiguidade
descrita. Observando a Figura 2.11, uma partícula que não se esteja a mover irá
gerar um sinal igual à frequência de desfasamento f desv. Partículas com
velocidades iguais em módulo, mas direcções opostas (velocidades Uneg e Upos)
geram frequências f neg e f pos, respectivamente. Um sistema sem desfasamento de
frequência também não pode medir velocidade zero, porque nesse caso as
partículas não atravessariam nenhuma franja, não produzindo qualquer sinal.
Uma descrição mais completa sobre esta técnica, fundamentos e aplicação,
pode ser encontrada em diversos textos especializados como por exemplo emAdrian (1983) ou Albrecht et al. (2003).
Figura 2.11 – Efeito do desfasamento em frequência.
Neste trabalho foi usado um equipamento comercial da Dantec. Este
equipamento baseia-se num sistema em que a recepção da luz dispersa era
efectuada pela mesma unidade que efectuava a emissão dos raios
(funcionamento em backward scattering), logo encontrando-se localizada a 180º
em relação à emissão de luz (Figura 2.10). Esta configuração não só diminui onúmero de componentes, como garante que as duas sondas se encontram
U
f
f os
f neg
f desv
UposUneg
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sempre alinhadas. Existia uma unidade emissora/receptora, a sonda óptica, de
quatro feixes de duas cores distintas, que permitia medir simultaneamente duas
componentes da velocidade, a que se poderia ter juntado uma segunda unidade
emissora/receptora de dois feixes de uma cor, para medir a terceira componente
da velocidade, em simultâneo com as outras duas.
Este equipamento usa a tecnologia de fibras ópticas para o transporte da
radiação emitida e recebida, permitindo assim que uma parte significativa dos
elementos ópticos de transmissão e de recepção fiquem centralizados numa
unidade independente, sendo apenas necessário manobrar a sonda óptica
referida para posicionar o volume de medição no local pretendido. Para esta
operação a sonda óptica encontrava-se montada num sistema de posicionamento
tridimensional (ISEL-automation, Alemanha) com uma precisão de deslocamentode 0,1 mm e controlado por computador. Na Figura 2.12 apresenta-se uma
representação esquemática do anemómetro laser Doppler usado. A unidade
óptica de transmissão incorpora um prisma separador de feixes, que divide em
dois o feixe emitido pelo laser, uma célula de Bragg que introduz o desfasamento
de frequência, permitindo distinguir o sentido de deslocamento das partículas, e
um separador de cores que separa os feixes nas cores de cada uma das
componentes. O funcionamento das células de Bragg é controlado por um dosprocessadores de sinal. As características principais deste sistema são
apresentadas na Tabela 2.3.
Figura 2.12 – Representação esquemática do anemómetro laser Doppler deduas componentes usado.
Laser
Sonda ópticatransmissora e
receptora
Sistema deposicionamento 3D
Unidade óptica detransmissão
Osciloscópio
Analisadores espectrais
Fotomultiplicadores
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Os sinais analógicos recolhidos pelo receptor da sonda óptica são
convertidos em sinais eléctricos através dos fotomultiplicadores, passando de
seguida por um filtro do tipo passa-banda para remoção do “pedestal” e ruído.
Os sinais filtrados são processados por dois analisadores espectrais (DANTEC
57N20/57N35). Estes equipamentos convertem a frequência produzida pela luz
dispersa na velocidade instantânea das partículas, enviando depois estes
resultados para o computador. Os sinais dos analisadores espectrais foram
monitorizados num osciloscópio de quatro canais.
Tabela 2.3 – Características principais do anemómetro laser -Doppler usado.
Potência máxima 5 W
Potência usada 3 W
Comprimento de onda da luz (Ar-ion) 514,5 nm488,0 nm
(verde)(azul)
Diâmetro do raio incidente 1,35 mm
lente 1 400 mm533 mm
(em ar)(em água)Distância focal da lente
lente 2 130 mm (em ar)
Distância entre feixes 38 mm
lente 1 (água)7,225 μm6,853 μm
(verde)(azul)Distância entre duas franjas
consecutivaslente 2 (ar) 1,778 μm
1,687 μm(verde)(azul)
Número de franjas de interferência 36
7,269 mm (δx)0,258 mm (δy)0,258 mm (δz)
(verde)
lente 1 (água)6,894 mm (δx)0,245 mm (
δy)
0,245 mm (δz) (azul)
7,269 mm (δx)0,258 mm (δy)0,258 mm (δz)
(verde)
Dimensões do volume de medição
lente 2 (ar)6,894 mm (δx)0,245 mm (δy)0,245 mm (δz)
(azul)
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2.2.4. Anemómetro de fase Doppler
A anemometria de fase Doppler (PDA, Phase Doppler Anemometry) é uma
extensão da anemometria laser Doppler, permitindo medir adicionalmente os
diâmetros das partículas que passam pelo volume de medição. À semelhança do
que se passa com a LDA, a PDA é também uma técnica experimental óptica, não
intrusiva, que permite medir os campos de velocidade em escoamentos
multifásicos, sendo o diâmetro das partículas medido em simultâneo. Neste
sistema existem diversos receptores dos sinais luminosos que se podem
encontrar reunidos numa única sonda.
A medição da velocidade das partículas processa-se da mesma forma quepara o LDA, de acordo com a descrição efectuada na subsecção anterior. Quando
as partículas passam pelo volume de medição são emitidos sinais luminosos na
direcção de cada um dos detectores (Figura 2.13). Para medir o seu diâmetro o
processador mede a diferença de fases entre os sinais de Doppler nos diferentes
detectores, que é dependente do diâmetro das partículas, fazendo assim uma
medição directa do diâmetro das partículas. Este equipamento efectua medições
directamente sobre a superfície das partículas sólidas e ao contrário do
analisador do tempo de voo, mede diâmetros geométricos. O diâmetro
geométrico (Dg) e o diâmetro aerodinâmico (Da) de uma partícula estão
relacionados através da densidade da partícula, de acordo com a seguinte
expressão:
água
pga DD
ρ
ρ = (2.6)
Os principais parâmetros geométricos que é necessário ter em atenção na
montagem de sistemas de PDA, e que têm influência na obtenção de resultados,
estão apresentados na Figura 2.14. Tal como referido anteriormente importa
ainda conhecer o tipo de polarização da luz usada, paralela ou perpendicular ao
plano de dispersão, bom como a forma e o tamanho das aberturas (filtro
espacial) dos detectores.
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Figura 2.13 – Diferenças de fase obtidas para três partículas diferentes em quese observa a forma de determinar o diâmetro das partículas pela diferença entreos dois detectores (Detect. 1 e Detect. 2) e ambiguidade na determinação dodiâmetro da partícula maior (Dantec, 2007).
Figura 2.14 – Principais parâmetros geométricos a considerar num anemómetrode fase Doppler (Dantec, 2007).
Φ
Φ
Φ
Φ
Φ
Φ
x
z
y
ϕ
Detector 1
Detector 2
Plano de dispersãoda luz
θ
ψ
intensidade
Escoamento com partículas (ou gotas)
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A diferença de fases nos detectores aumenta com o aumento do diâmetro
das partículas. Também neste caso poderá existir indefinição na determinação do
diâmetro das partículas se a diferença de fase for superior a 2π. Na Figura 2.13,
a primeira e a terceira partícula produzem sinais no detector com o mesmo
espaçamento temporal. Para contornar este problema é montado um terceiro
detector e comparadas as diferenças de fases de dois pares de detectores
(Figura 2.15). Desta forma a ambiguidade é ultrapassada, sendo aumentada a
gama de medida, e mantendo-se uma elevada resolução de medição. Alterando
o ângulo existente entre os detectores é possível alterar a gama de medida,
alterando-se também a resolução de medida.
A dimensão efectiva do volume de medição é determinado por:
• Volume de medição formado pelo cruzamento dos feixes laser,conforme explicado para o LDA;
• Dimensão do filtro espacial montado na óptica de recepção.
A utilização de dois pares de feixes laser obriga a utilizar um detector
adicional, mas tal permite também medir mais uma componente da velocidade
(tal como acontece com o LDA) e, na determinação da dimensão das partículas,
permite acima de tudo comparar os resultados obtidos por cada detector. Assim,quando os sinais individuais dos detectores são muito diferentes entre si (e.g.,
em virtude de um grande desvio em esfericidade), a medição é rejeitada.
Figura 2.15 – Diferenças de fase obtidas entre dois pares de detectores (Dantec,2007).
dmax
Φ
Φ 1-2
Φ 1-3
360°
0d
dmeas
Φ 1-2 Φ 1-3
Φ i-j – diferença defase entre o
detector i e odetector j
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Informações mais detalhadas sobre esta técnica, fundamentos e aplicação,
podem ser encontradas em diversos textos especializados, como por exemplo em
Albrecht et al. (2003).
Em relação ao sistema de emissão, o sistema usado era semelhante ao
usado no LDA. A fonte de luz laser, a sonda emissora e os restantes elementos
de transmissão foram os mesmos. Contudo, a unidade receptora do sinal era
uma unidade própria para PDA e independente da unidade emissora, existindo
assim duas sondas, uma emissora e outra receptora, as quais era necessário
mover conjuntamente para posicionar o volume de medição. O posicionamento
ideal da sonda de recepção, em relação à de emissão, depende das
características das gotas ou partículas a analisar e do meio em que se deslocam.
Alguns exemplos podem por vezes ser encontrados nos manuais dosequipamentos, embora em muitas situações reais seja necessário procurar o
posicionamento ideal, servindo aquela informação, por vezes, apenas como
referência. Ainda de referir que, em vez dos analisadores espectrais usados no
LDA, foi neste caso usado um módulo de interface para a análise dinâmica de
gotas/partículas da DANTEC, modelo 58N10.
2.2.5. Micromanómetros
Em algumas experiências deste trabalho existiu a necessidade de medir
pressões. Para realizar estas medições foram usados dois micromanómetros
digitais (Figura 2.16), provenientes do mesmo fabricante e com a mesma
designação (FC012, Furness Controls Ltd., UK), mas que se distinguiam pelas
gamas de medida permitidas e pela precisão obtida. Cada um destes
equipamentos permitia realizar medições com duas escalas diferentes. Na Tabela
2.4 são apresentadas as características de cada um dos micromanómetros.
Houve necessidade de usar dois micromanómetros em virtude de ter sido
necessário medir pressões numa gama de valores alargada, inclusivamente num
único ponto de trabalho. Ao serem usados dois equipamentos, com gamas de
trabalho distintas, é possível obter uma melhor precisão e exactidão nas
medições.
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Figura 2.16 – Imagem de um dos micromanómetros digitais usados.
Tabela 2.4 – Características principais dos dois m icromanómetros digitaisusados.
Micromanómetro 1 Micromanómetro 2
Escala0 a 1960 Pa
(0 a 199,9 mm H2O)0 a 19600 Pa
(0 a 1999 mm H2O)Escalacompleta
Precisão 1 Pa (0,1 mm H2O) 10 Pa (1 mm H2O)
Escala 0 a 196 Pa(0 a 19,99 mm H2O)
0 a 1960 Pa(0 a 199,9 mm H2O)Escala
parcialPrecisão 0.1 Pa (0,01 mm H2O) 1 Pa (0,1 mm H2O)
2.2.6. Picnómetro
Um picnómetro é um equipamento laboratorial usado para determinar a
densidade de materiais e a sua utilização foi determinada pela necessidade de
quantificar a massa volúmica das partículas.
Foi usado um picnómetro moderno (Micromeritics AccuPyc 1330, USA)(Figura 2.17), concebido para determinar a densidade de sólidos. Este
equipamento é basicamente constituído por duas câmaras ligadas por uma
válvula, com volume total invariável. Inicialmente estas duas câmaras
encontram-se à pressão atmosférica, sendo colocada numa delas a amostra da
substância a analisar. As câmaras, e a válvula entre elas, são fechadas de forma
estanque, e a pressão da câmara que contem a amostra é aumentada até um
valor predeterminado, por injecção de um gás inerte, de preferência
monoatómico, como o Hélio. A abertura das válvulas entre a câmara da amostra
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e a câmara de referência permite o equilíbrio de pressões. A pressão final é
inversamente proporcional ao volume ocupado pela amostra. Conhecendo a
massa da amostra facilmente se obtém a sua densidade.
Figura 2.17 – Imagem do picnómetro usado.
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3 Métodos Experimentais
Neste capítulo são apresentados os métodos experimentais empregues no
desenvolvimento desta tese, usando os materiais e os equipamentos descritos no
capítulo anterior. Alguns materiais ou equipamentos, que não foram referidos no
capítulo anterior, serão agora apresentados.
3.1. Estudo do analisador do tempo de voo
Nesta fase do trabalho pretendia-se avaliar o funcionamento do analisador
do tempo de voo (Aerosizer®), apresentado no Capítulo 2, e quantificar os efeitos
da alteração de alguns dos seus parâmetros. O equipamento foi testado com o
sulfato de salbutamol (200 μg) e o sulfato de terbutalina (500 μg) apresentados
na Tabela 2.1, para além da lactose, da celulose microcristalina e das esferas de
calibração (vidro e nylon).
Inicialmente foi confirmada a calibração e a exactidão do equipamento,
usando-se as esferas de calibração, tendo sido também validada a sua
reprodutibilidade e eficiência de contagem. Estas características foram avaliadas
pelo tempo do ensaio e pela análise dos resultados de acordo com a distribuição
de tamanhos por número e por volume. Para verificar a eficiência de contagemdo Aerosizer® usaram-se lactose monohidratada e celulose microcristalina,
sempre em quantidades idênticas (6 mg).
Os testes em que se pretendia avaliar o efeito das alterações na
parametrização do equipamento foram realizados de acordo com um arranjo
factorial de nível 4 e os resultados analisados pelo método de Montgomery
(Montgomery, 1996) (ver apêndice A). Os parâmetros considerados e os
respectivos níveis encontram-se listados na Tabela 3.1. O primeiro parâmetro
apresentado diz respeito à tensão aplicada aos fotomultiplicadores e os restantes
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são relativos à preparação da amostra, sendo os responsáveis pelo tratamento
desta (e.g., desaglomeração de aglomerados) antes e durante a passagem pelos
detectores. Os níveis usados, nos parâmetros que podem ser traduzidos
numericamente, são os preestabelecidos pelo fabricante do equipamento.
Excepto quando indicado, a distribuição das populações foi caracterizada pela
moda da distribuição de tamanhos das partículas.
As diferentes magnitudes dos efeitos observados foram comparadas por
uma análise de variância (ANOVA) do arranjo factorial com mais de dois níveis
(Armstrong e James, 1996) (ver apêndice B), e a significância dos resultados
avaliada por um teste de Fisher (teste f ). Devido ao elevado número de
experiências diferentes (96) não foram realizados replicados para todos os casos.
Assim, foi considerado que o erro experimental corresponde aos valores maisbaixos dos valores dos quadrados médios obtidos.
Tabela 3.1 – Parâmetros e respectivos níveis considerados na análise doanalisador do tempo de voo.
Parâmetros Níveis
Voltagem ao fotomultiplicador (PMV) [V] 850 - 1100
Tensão de corte (SF) [Psi]* 0,5 - 1,5 - 3,0 - 4,0Desaglomeração (D) Normal – Alta
Taxa de alimentação x 103 (FR) [contagens/s] 1 – 5 – 10
Vibração da Agulha (PV) Desligado - Ligado* Embora não seja uma unidade do Sistema Internacional é a apresentada e usada pelo equipamento e serámantida por uma questão de coerência, 1 psi= 6,895×103 Pa
3.2. Diâmetro aerodinâmico das partículas
3.2.1. Analisador do tempo de voo
Com base nos resultados obtidos nos ensaios descritos no ponto anterior,e usando o mesmo equipamento, foram medidas as dimensões das partículas
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dos restantes aerossoles apresentados na Tabela 2.1. Para estes ensaios o
equipamento foi parametrizado da seguinte forma: voltagem no
fotomultiplicador de 1100 V; tensão de corte de 1,5 Psi; desaglomeração
normal; taxa de alimentação de 5 x 103 e vibração da agulha ligada.
Estes resultados foram expressos através das modas e das médias das
distribuições de tamanho de partículas por número e por volume. Cada corrida
só foi considerada válida quando apresentava no mínimo 200.000 contagens. O
valor dos diâmetros de cada aerossole corresponde ao valor médio de pelo
menos três corridas.
As principais limitações apresentadas por Mitchell e Nagel (1996) em
relação a este equipamento são:
• O equipamento não distingue partículas de populações diferentespresentes numa amostra (por exemplo substância activa e excipiente,
ou duas substâncias activas diferentes), e assim as partículas têm
todas o mesmo tratamento;
• O equipamento assume que todas as partículas são esféricas;
• As partículas são detectadas uma de cada vez, o que leva a que
algumas possam não ser detectadas;
• O equipamento requer o conhecimento da massa volúmica da amostra.
O primeiro problema referido não é de fácil solução. Contudo, se as
partículas de cada uma das populações apresentarem dimensões bastante
distintas poderão ser distinguidas por uma de duas formas. Se as amostras
apresentarem idêntico número de partículas ou se estas ocuparem volumes
idênticos surgirão no espectro de distribuição, por número ou por volume
respectivamente, dois picos, correspondendo cada um a uma população. De
outra forma, se uma das populações apresentar um maior número de partículas,
mas as partículas da outra população ocuparem um maior volume, caso que se
aplica aos medicamentos estudados que contêm excipiente, com excepção dos
administrados pelos Turbohaler®, as duas populações podem ser analisadas
separadamente, uma por número (a de partículas de menores dimensões) e a
outra por volume (a de partículas de maiores dimensões). Contudo usando
qualquer uma destas duas formas existirá sempre alguma contaminação
cruzada, e como tal a análise teve de ser feita de forma cuidada. Parte dosaerossoles administrados pelo Turbohaler® apresentam apenas uma população
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de partículas e, por essa razão, esta dificuldade não se coloca. No caso dos
medicamentos que contêm excipiente, administrados por aquele dispositivo, não
é possível distinguir as duas populações, porque as partículas de ambas as
populações apresentam dimensões idênticas. Contudo, ao apresentarem
dimensões muito próximas (conforme foi possível observar) o erro cometido na
avaliação dos diâmetros não será muito grande. O mesmo comentário pode ser
feito em relação ao medicamento que contem duas substâncias activas.
Caso as partículas não sejam esféricas e se pretenda conhecer as suas
dimensões exactas, este equipamento não seria útil. Contudo num aerossole
farmacêutico importa conhecer o diâmetro aerodinâmico das partículas, valor
medido directamente pelo equipamento, e que compensa irregularidades de
forma (Laitinen e Luppo, 2003). Assim este factor não é um problema, podendoinclusivamente ser considerado vantajoso, para esta aplicação.
Uma solução para a terceira limitação apresentada poderia passar por
utilizar uma taxa de alimentação baixa, fazendo com que menos partículas
passassem pelo detector em cada unidade de tempo. Contudo, por razões
apresentadas no Capítulo 5, não houve necessidade de adoptar esta solução.
A necessidade de conhecer a massa volúmica das partículas pode ser um
problema relevante quando se pretende conhecer o seu diâmetro geométrico,visto que este equipamento mede o diâmetro aerodinâmico, calculando depois o
diâmetro geométrico com base na massa volúmica. Mais uma vez, no caso dos
aerossoles farmacêuticos, em que o valor do diâmetro aerodinâmico é mais
importante que o valor do diâmetro geométrico, este problema não se coloca. No
entanto, para que este equipamento funcione é necessário introduzir um valor da
massa volúmica dos materiais a analisar. No caso dos aerossoles para inalação,
em que não era conhecida a massa volúmica das partículas de substância activa,
foi considerada a densidade do excipiente (lactose), que apresenta uma massa
volúmica semelhante à das substâncias activas.
Como se nota, não foi necessário ter precauções especiais na execução
destes ensaios, para solucionar as principais limitações apontadas a este
equipamento.
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3.2.2. Anemómetro de fase Doppler
A determinação do diâmetro das partículas envolveu também a utilização
da técnica óptica de anemometria de fase Doppler (PDA, Phase Doppler
Anemometry). Esta técnica é pouco frequente na análise de aerossoles para
inalação, embora já tenha sido usada (Stapleton et al., 1994). Para a aplicação
desta técnica foi desenvolvida a instalação de ensaio apresentada na Figura 3.1.
A zona de ensaio é construída por polimetil-metacrilato (PMMA) transparente,
tendo uma secção transversal quadrada com 100×100 mm. Um ventilador fazia
circular o ar, e consequentemente as partículas, no interior da instalação,
fazendo com que estas passassem repetidamente pela zona de ensaio. Destaforma as partículas eram reutilizadas, conseguindo-se ter um número elevado a
passar na zona de ensaio, e necessitando assim de uma quantidade de amostra
relativamente pequena. As dimensões do volume de medição são muito
pequenas, quando comparadas com a área da secção transversal da zona de
ensaio, e as características da instalação promovem uma grande movimentação
e dispersão das partículas, fazendo com que seja pouco provável que uma
partícula passe repetidamente pelo volume de medição.
Os ensaios com este equipamento foram realizados com um medicamento
que contém sulfato de salbutamol apresentado na Tabela 2.1, tendo sido usado o
conteúdo de 30 cápsulas. Foram ainda usadas lactose monohidratada, celulose
microcristalina e esferas calibradas de nylon. O ângulo formado entre a sonda de
recepção e a sonda de emissão dependia da substância a analisar. Para cada
amostra de partículas efectuavam-se medições a 1, 3 e 5 mm da parede, com
excepção da celulose microcristalina em que apenas existiram medições num
único ponto a 3 mm da parede, recolhendo-se em cada ensaio 10.000 sinais departículas validadas.
As principais limitações apresentadas em relação a esta técnica, para a
análise de aerossoles para inalação, são:
• Estes sistemas medem directamente diâmetros geométricos e não
diâmetros aerodinâmicos;
• O equipamento presume que as partículas são esféricas, medindo
diâmetros e não a dimensão efectiva das partículas;
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Figura 3.1 – Instalação usada para medir diâmetros de partículas através deanemometria de fase Doppler.
Conhecendo-se a densidade das partículas, e tratando-se de partículas
esféricas, a primeira limitação é facilmente superada pela relação entre
diâmetros geométricos e aerodinâmicos anteriormente apresentada (equação
2.6).
A segunda limitação é crítica quando as partículas não são esféricas e os
equipamentos têm apenas um detector. Neste caso é natural que surjam muitas
medições erradas. Nos sistemas com múltiplos detectores este problema pode
ser parcialmente superado, pois os resultados dos pares de detectores sãocomparados e quando diferem muito entre si, a medição da partícula é rejeitada,
pois neste caso a sua forma difere muito da de uma esfera, conforme referido na
secção 2.2.4. Contudo podem ficar por medir muitas partículas, o que obriga a
que exista uma taxa de passagem de partículas, pelo volume de medição,
elevada, para garantir um número suficiente de amostras, de modo a obter
resultados válidos num período de tempo não muito alargado. A rejeição de um
elevado número de partículas e o facto de apenas se considerarem partículas
com esfericidade elevada, também pode conduzir a um resultado final errado.
Ventilador parafazer circular as
partículasZona deensaio
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Neste trabalho procurou-se chegar a um compromisso, usando um critério
de validação mais alargado do que é frequente, sendo aceite um desfasamento
de 20° entre os sinais dos dois pares de detectores.
3.3. Densidade dos pós
A massa volúmica das partículas ( ρ ) que constituem os aerossoles que não
contêm excipientes (sulfato de terbutalina e budesonida), foi medida usando o
picnómetro apresentado no Capítulo 2 (Micromeritics AccuPyc 1330, USA). Nos
outros casos, em que a quantidade de substância activa é pequena, quando
comparada com a de excipiente, considerou-se que a massa volúmica das
partículas que formam o pó era igual à da lactose ( ρ =1,55 g/cm3). A excepção
acontece para o pó administrado através da versão mais recente do Turbohaler®,
visto que neste caso, a massa de budesonida não é negligenciável face à massa
de excipiente, tendo sido considerada a média ponderada das densidades destas
duas substâncias.
3.4. Deposição de partículas
Estes ensaios foram realizados usando o impactador em cascata de vidro,
seguindo os procedimentos descritos na Farmacopeia Portuguesa (FP8, 2006),
segundo a qual os dispositivos de inalação devem ser adaptados à entrada do
impactador, carregados com uma dose, fazendo-se passar pelo equipamento um
caudal de ar de 60 l/min durante um período de 5 s, e devendo este
procedimento ser repetido num total de 10 corridas. Este procedimento foi
alterado no caso do sulfato de salbutamol, em que foram usados caudais
diferentes (30, 45, 60 e 75 l/min), e o tempo durante o qual decorriam os
ensaios foi adaptado para que o impactador fosse sempre atravessado pelo
mesmo volume de ar. Os procedimentos foram também alterados no caso dofumarato de formoterol, em que foram realizadas 100 corridas devido às
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dificuldades de detecção desta substância (van Hoof et al., 2005). Ainda devido
às dificuldades de detecção, a quantificação desta substância foi feita por HPLC
(High Pressure Liquid Chromatografy) [coluna RP-18 Merck LiChroSphere 100
(5 µm), bomba L-7100 e detector L-7450A diode-array (Merck Hitachi,
Alemanha)], enquanto que a quantificação das restantes substâncias foi feita por
espectrofotometria de ultravioleta (Hitachi, U-2000, Japão). Os comprimentos de
onda usados com cada uma das substâncias activas encontram-se listados na
Tabela 3.2 (FP8, 2006). A tabela apresenta ainda os solventes usados, que foram
escolhidos dependendo da solubilidade das substâncias presentes em cada
medicamento (FP8, 2006).
Tabela 3.2 – Comprimen to de onda (λ) usado na detecção e solventes usados noimpactador em cascata de vidro para cada substância activa.
λ [nm] Solvente
Sulfato de Salbutamol 276 Água
Sulfato de Terbutalina 276 Água
Xinafoato de Salmeterol 278 Água
Budesonida 240 Etanol e água
Dipropionato de Beclometasona 254 Etanol e águaFumarato de Formoterol 214 (por HPLC) Etanol e água
Após cada ensaio o equipamento era desmontado e cada uma das suas
zonas (Figura 2.4), bem como o dispositivo de inalação, eram lavados com o
solvente que inicialmente tinha sido colocado no interior do impactador. A
quantidade de substância retida na zona 3 foi considerada como correspondendo
à Fracção de Partículas Finas (FPF).
Para uma melhor caracterização dos inaladores, e melhor compreensão do
efeito do inalador na deposição de partículas, foi feito um cruzamento entre
inalador e pó para inalação. Especificamente, cápsulas contendo budesonida, as
quais haviam sido produzidas para serem usadas no Aerolizer® (Novartis Farma),
foram aerossolizadas empregando-se o Rotahaler® (GlaxoSmithKline).
Para além disso, um dispositivo Rotahaler® foi modificado para aumentar a
perda de carga e procurar aumentar a turbulência no seu interior, tendo sidofechada uma das entradas de ar que existem na parte posterior do inalador
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(Figura 3.2). Este dispositivo modificado foi testado usando sulfato de salbutamol
(200 μg), que foi concebido para ser usado na versão original deste dispositivo.
Figura 3.2 – Parte posterior do dispositivo Rotahaler®, em que é possívelobservar a alteração introduzida num dos dispositivos.
3.5. Perda de carga nos inaladores
A perda de carga no interior dos dispositivos de inalação de aerossoles
farmacêuticos foi medida usando a instalação apresentada na Figura 3.3 (sem o
sistema de LDA). A bomba de vácuo (Welch 2585C-02, USA) era usada para
forçar o ar a passar pela instalação, incluindo os inaladores, de acordo com o
caudal pretendido (15-90 l/min com intervalos de 15 l/min), controlado e
monitorizado através da válvula e do rotâmetro (Bailey-Fischer and Porter 1/2”-
27-G-70/80, Alemanha). A zona de medida consistia num tubo transparente e
circular, construído em polimetil-metacrilato (PMMA), com 20 mm de diâmetro
interno, no qual existiam quatro tomadas de pressão estática que eram ligadas
aos micromanómetros. A temperatura do ar durante os ensaios foi mantida a298± 2 K.
A pressão era medida com e sem os dispositivos de inalação, mantendo o
caudal de ar igual nas duas situações. A perda de carga entre dois pontos de um
circuito é dada pela equação de Bernoulli generalizada (Sabersky et al., 1989):
pZgV21
pV21
p 222
211 ΔΔ ρ ρ ρ +++=+ (3.1)
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em que o ponto 1 está a montante do local de instalação do inalador e o ponto 2
a jusante, V é a velocidade do ar, ΔZ uma diferença de cotas e Δp a perda de
carga. Aplicado a equação 3.1 às duas situações, a perda de carga provocada
pelo inalador vem dada pela equação 3.2:
'22 ppp −=Δ (3.2)
onde '2p é o valor da pressão a jusante, medido com o inalador instalado.
Os inaladores em que a dose de substância activa é armazenada usando
uma cápsula foram testados usando cápsulas vazias, em condições de operação
normais. Os restantes inaladores foram ainda testados sem o pó para inalação, e
igualmente em condições de operação normais. Como o pó é libertado na fase
inicial da inalação, este procedimento é realista, não afectando os resultados da
perda de carga.
Figura 3.3 – Representação esquemática da instalação usada para medir aperda de carga e a intensidade de turbulência do ar na saída dos dispositivos de
inalação (o sistema de LDA foi usado apenas nos ensaios de medição daintensidade de turbulência).
Sonda do LDA
DPIVálvula
Bomba de vácuo
Rotâmetro
Micromanómetro
Tubos deligaçãoZona de
medida
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Deve ainda ser mencionado que foi moldada uma junção específica para
cada inalador, de forma a garantir uma transição suave entre os bucais dos
inaladores e a zona de medida, e garantir uma expansão suave da secção
transversal. Desta forma pretendeu-se, tanto quanto possível, quantificar apenas
a perda de carga introduzida pelo próprio dispositivo de inalação.
3.6. Caudal de ar efectivo no impactador em cascata de vidro
Uma vez que, para o mesmo esforço ou potência, uma maior perda de cargaconduz a um caudal mais reduzido, e visto que, segundo o que é descrito na
Farmacopeia Portuguesa (FP8, 2006), o caudal de ar que atravessa o impactador
em cascata de vidro deve ser regulado sem o dispositivo de inalação no local, é
de esperar que numa situação de ensaio, com o inalador no local, o caudal de ar
que efectivamente atravessa o impactador seja menor que aquele para que foi
calibrado. Assim, foi avaliado o caudal de ar que na realidade passa pelo
impactador durante o ensaio, medindo o caudal na saída da bomba de vácuo queforça o ar a atravessar o impactador. O sistema foi calibrado para o caudal de
ensaio referido na Farmacopeia Portuguesa (FP8, 2006), 60 l/min, tendo sido
medida a pressão dinâmica em 40 pontos de um perfil vertical no jacto à saída
da bomba de vácuo, com aproximadamente 10 mm de diâmetro, usando um
tubo de pressão total em conjunto com o micromanómetro de menor amplitude
de escala (secção 2.2.5). Foi considerado que o eixo do perfil medido
correspondia a um eixo de simetria. Usando estas medições, e tomando em
consideração a massa volúmica do ar nas condições de saída (à temperatura de
332 K), foi calculada a velocidade do ar em cada ponto, tendo-se obtido o perfil
de velocidades na extremidade do tubo de saída da bomba de vácuo. O caudal
de ar no tubo de saída foi calculado integrando numericamente a velocidade do
ar em cada ponto sobre a secção transversal deste tubo. Para uma boa exactidão
e precisão dos pontos de medição da pressão, o tubo de pressão total (Figura
3.4 a) foi instalado num graminho (Figura 3.4 b), o qual foi usado como sistema
de posicionamento manual.
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a b
Figura 3.4 – Equipamento usado na medição da pressão dinâmica na saída dabomba de vácuo do impactador em cascata de vidro: a) tubo de pressão total;b) graminho com o tubo de pressão total instalado.
3.7. Intensidade de turbulência na saída dos
inaladores
A intensidade de turbulência do ar na saída dos dispositivos de inalação foi
medida usando o sistema de anemometria laser Doppler (LDA) descrito no
Capítulo 2. Foi utilizada a instalação que tinha sido usada para medir a perda de
carga nos dispositivos (Figura 3.3), apenas lhe tendo sido adicionado este
equipamento, operando a um caudal de 60 l/min. Os feixes laser atravessam a
zona de medida logo após a localização das tomadas de pressão estática (Figura3.3). Nestes ensaios registaram-se a velocidade média e a energia cinética
turbulenta do escoamento.
Cada corrida demorava 300 segundos obtendo-se tipicamente 20.000
sinais de partículas, garantindo assim um erro estatístico inferior a 1% para um
intervalo de confiança de 95% (Yanta e Smith, 1973). O ar foi contaminado com
fumo de incenso, obtido através da combustão de pequenas barras de incenso
comercial, que forneceu as partículas traçadoras para estes ensaios. Estas
partículas apresentam uma massa volúmica de 1,06x103 kg/m3 (Jetter et al.,
1 cm
Tubo depressão total
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2002) e dimensões inferiores a 1 μm (Chang et al., 2007; Yang et al., 2007).
Com base nestes valores e no diâmetro da zona de ensaio, o número de Stokes
(equação 2.3) calculado para estas partículas é da ordem de 10-4, sendo portanto
apropriadas para estes ensaios (Eaton e Fessler, 1994; Liu et al., 2007).
Tendo em conta a respectiva geometria, o escoamento na zona de medida
foi considerado axissimétrico. Assim, a partir de medições de duas componentes
da velocidade no eixo central, foi obtido um valor característico da energia
cinética turbulenta na saída dos dispositivos de inalação, k, de acordo com a
definição:
∑=
i
2iu
2
1k (3.3)
em que 2iu representa a variância da componente i do campo de velocidades.
3.8. Visualização do escoamento no interior do
impactador em cascata de vidro
Antes da realização dos ensaios de medição dos campos de velocidade
média e turbulenta no impactador em cascata de vidro, foram efectuados
ensaios de visualização. O objectivo destes ensaios era o de identificar as
regiões críticas do escoamento, que necessitariam de maior atenção na fase dos
ensaios de quantificação do escoamento, e permitir uma visão preliminar,
global e prolongada dos acontecimentos. Esta análise disponibiliza uma
informação predominantemente qualitativa, que permite fazer um melhor
planeamento das medições a efectuar, podendo também ser útil na avaliação
de modelos analíticos.
Os ensaios de visualização foram realizados nas zonas 1 e 2 do impactador
em cascata de vidro (Figura 2.4), representando o primeiro estágio segundo a
Farmacopeia, e correspondendo às vias aéreas superiores. Procedeu-se à
observação do escoamento nos planos centrais, segundo uma de vista frontal,
em cada uma das duas câmaras que constituem este estágio e também numplano equatorial da primeira câmara (vista de topo), e ainda num segundo
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plano central da segunda câmara, numa vista lateral. Foi colocada uma lente
cilíndrica em frente de um feixe de luz laser (λ=514,5 nm), para criar uma folha
de luz, com aproximadamente 2 mm de espessura, necessária às observações.
Como partículas traçadoras foram usadas as partículas metálicas do derivado
de irídio anteriormente descritas (secção 2.1), em suspensão no fluido de
trabalho.
Devido ao facto do impactador ser construído em vidro DURAN (n=1,473),
e apresentar peças com pequenos diâmetros (Figura 2.3), foi necessário
submergir este equipamento num fluido com um índice de refracção mais
próximo do índice de refracção do vidro DURAN do que o do ar. Este fluido tinha
de ser bombado para obter semelhança dinâmica, impondo um número de
Reynolds próximo do que se obtém em condições normais de funcionamento,usando ar (Figura 3.5). Os fluidos com índices de refracção próximos de 1,473
apresentam habitualmente viscosidades elevadas, sendo difíceis de bombar e
conduzindo a uma elevada geração de calor devido à dissipação viscosa. Por
essa razão foi usada água (n=1,337 para λ=500 nm) como fluido de trabalho,
que apresenta uma baixa viscosidade, minimizando então os problemas
apresentados, em detrimento de um ajuste perfeito do índice de refracção.
Figura 3.5 – Esquema da instalação usada para visualizar o escoamento equantificar os campos de velocidade no interior do impactador em cascata devidro.
Os ensaios foram efectuados com um caudal de água de 1,98 l/min (quecorresponde a aproximadamente 33 l/min de ar) que foi mantido constante ao
Rotâmetro Banhotermostático
Zona de ensaio
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longo do ensaio, controlado por um rotâmetro, a uma temperatura controlada
de 298±1 K, em banho termostático. O número de Reynolds, baseado no
diâmetro de entrada do impactador é de 1,6x103.
As observações realizadas foram registadas em fotografia e vídeo digital,
sendo os equipamentos de registo colocados segundo a normal ao plano em
que se efectuavam as observações.
3.9. Quantificação dos campos de velocidade nointerior do impactador em cascata de vidro
Tal como nos ensaios de visualização descritos no ponto anterior, também
nestes ensaios se verificavam os mesmos problemas devido às características
geométricas e ao valor do índice de refracção do vidro DURAN de que é feito o
impactador (n=1,473). Pelos motivos também já apresentados, o impactador em
cascata de vidro permaneceu, durante a maior parte das experiências, submerso
em água. Posteriormente, um ajustamento perfeito do índice de refracção foi
obtido usando um fluido especial (weiβöl FC 2012 W, Fauth & Co, Alemanha) embanho termostático (temperatura de 293±1 K), empregando a instalação
apresentada na Figura 3.5. Foi também realizada uma análise teórica do erro
cometido no posicionamento do volume de medição (Pereira, 1989), operando-se
com água, em quatro pontos da zona 1 (Figura 3.6).
Dos quatro pontos considerados, dois estão localizados em zonas
cilíndricas (A e D), enquanto que os outros dois (B e C) estão localizados em
zonas esféricas. Em cada um dos dois pontos pertencentes a zonas esféricas,
dois dos feixes laser encontram-se alinhados com o centro da esfera, medindo a
componente radial da velocidade, e respondendo apenas a uma das curvaturas
da esfera, tornando assim possível considerar o procedimento usado nas
superfícies cilíndricas (Figura 3.7 a, caso 1). Os feixes usados para medir a
componente axial da velocidade são desviados, conduzindo a um desvio da
posição do volume de medição, devido à curvatura da superfície, conforme é
mostrado na Figura 3.7 b). No entanto, a existência da outra curvatura da esfera
pode causar um desvio do volume de medição na direcção dos raios laser (caso2, Figura 3.7 a). Estes desvio são somados, podendo considerar-se que os feixes
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passam por duas superfícies cilíndricas perpendiculares entre si. A primeira
superfície cilíndrica tem um diâmetro igual ao da esfera (ver Tabela 3.3), sendo
usada a metodologia para determinar o desvio do volume de medição da
componente radial da velocidade. A segunda superfície cilíndrica tem o diâmetro
da secção da esfera atravessada pelo plano que contém os feixes. Neste caso é
usada a metodologia para estimar o desvio do volume de medição da
componente axial da velocidade.
Figura 3.6 – Pontos críticos considerados na avaliação dos erros cometidos noposicionamento do volume de medição.
a b
Figura 3.7 – Esquema para determinar a verdadeira posição do volume demedição: a) componente axial; b) componente radial da velocidade; ( n1 , n 2 en 3 – índices de refracção).
Tabela 3.3 – Valores das variáveis relevantes em cada um dos quatro pontosconsiderados para estimar os erros na localização do volume de medição.
A B C D
Ri [mm] 13.5 23.9 23.9 8.7
R0 [mm] 14.5 24.9 24.9 9.7Ra [mm] 12.0 23.0 21.0 6.0
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Nestes ensaios de quantificação dos campos de velocidade no interior do
impactador em cascata de vidro foram medidos os campos médio e turbulento da
velocidade em cinco planos a partir do plano central, com este incluído. O caudal
de água era calibrado para um valor constante de 1,98 l/min ou de 3,54 l/min, a
uma temperatura de 298±1 K. Estes valores são equivalentes a escoamentos de
ar de aproximadamente 33 l/min e 60 l/min, e a eles correspondem números de
Reynolds baseados no diâmetro de entrada do impactador de 1,6x103 e 2,8x103
respectivamente. O valor mais baixo destes caudais está associado ao caudal de
inalação de crianças e doentes asmáticos numa situação de crise, enquanto o
valor mais elevado corresponde ao caudal de pico de inspiração normal de um
indivíduo adulto saudável.
As medições com o caudal mais elevado foram também realizadas com ointuito de investigar a independência do número de Reynolds nesta gama de
operação. A comparação com os resultados obtidos a 1,98 l/min foi realizada
usando valores normalizados, baseados na velocidade média à entrada do
impactador.
Estes ensaios foram realizados empregando o sistema de anemometria
laser Doppler descrito no capítulo anterior, tendo sido usadas as partículas de
nylon em suspensão na água, igualmente apresentadas no capítulo anterior(secção 2.1), para obter traçadores. O número de Stokes (equação 2.3) destas
partículas, é várias ordens de grandeza inferior a 0,1 (Eaton e Fessler, 1994; Liu
et al., 2007), sendo por isso indicadas para estes ensaios. O processamento
estatístico das velocidades em cada ponto medido foi realizado sobre 5×103 ou
7,5x103 amostras, respectivamente para o menor e para o maior dos caudais
testados.
Para caracterizar a oscilação de baixa frequência que foi observada no
cimo da primeira câmara do impactador foram realizadas medições mais
prolongadas, empregando o caudal de 1,98 l/min.
Devido às condições de ensaio apenas foi possível medir duas das
componentes da velocidade. Usando o sistema tridimensional, ao deslocar-se a
sonda numa direcção que não a vertical, o volume de medição que mediria a
terceira componente deixaria de estar coincidente com os volumes de medição
das outras componentes, dificultando muito a realização de um número elevado
de medições. A terceira componente da velocidade foi então calculada usando oprincípio da continuidade, conforme explicado em Sousa (2002). Para este efeito,
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as zonas 1 e 2 do impactador em cascata de vidro foram divididas em três
secções, conforme representado na Figura 3.8, e cada uma destas secções foi
representada por uma malha estruturada. A Figura 3.9 apresenta as malhas
usadas para a primeira e para a segunda câmara. As Figura 3.8 a) e c)
apresentam a evolução segundo as direcções i e j, enquanto as Figura 3.8 b) e
d) mostram a evolução segundo a direcção k. As estruturas apresentadas em a)
e c) foram obtidas pelo método proposto por Thompson et al. (1977), tendo
depois sido adaptadas para representar todo o domínio pretendido. Na Tabela
3.4 é apresentado o número de nós de cada uma das secções segundo cada uma
das direcções i, j e k. A velocidade média e a energia cinética turbulenta do
escoamento em cada nó das malhas foram obtidas por interpolação dos
resultados das medições, usando o método de kriging.
Figura 3.8 – Secções em que foram divididas as zonas 1 e 2 do impactador emcascata de vidro para efeitos de simulação.
Secção 1
Secção 2
Secção 3
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a b
c d Figura 3.9 – Representação da malha usada para simular o impactador emcascata de vidro: a) e b) primeira câmara, c) e d) segunda câmara; a) e c)evolução segundo as direcções i e j , b) e d) evolução segundo a d irecção k .
Tabela 3.4 – Número de nós das malhas estruturadas que representam cadauma das secções em que se dividiu as zonas 1 e 2 do impactador em cascata devidro, segundo cada uma das direcções i , j e k .
i j k
Secção 1 32 32 70
Secção 2 32 32 45
Secção 3 32 32 55
As principais fontes de erro nas medidas de velocidade obtidas através da
utilização da técnica de LDA são:
• Desvio e distorção do volume de medição devido à refracção no
atravessamento das paredes do impactador;
• Alargamento fictício dos sinais de Doppler (Doppler broadening, na
literatura inglesa);
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• Desvio tendencioso (bias, na literatura inglesa) dos resultados devido a
eventuais correlações estabelecidas entre os valores da velocidade e
determinados fenómenos associados ao funcionamento do velocímetro
laser Doppler;
• Erros estatísticos.
Para além dos cuidados referidos no início desta secção, para minimizar o
primeiro dos problemas apresentados, foi também realizada a análise teórica do
desvio sofrido na localização do volume de medição, para que fosse quantificado
e pudesse haver uma noção do erro cometido.
A segunda fonte de erro descrita pode ser desprezada no cálculo da média
e não terá muito impacto no cálculo do desvio padrão, porque de acordo comAlbrecht et al. (2003), são essencialmente afectadas as quantidades estatísticas
de ordem superior.
Em relação ao desvio tendencioso dos resultados, as principais origens
apresentadas por Adrian (1983) são o efeito da orientação das franjas em
relação ao vector velocidade das partículas e a insuficiência de medições
validadas que permitam uma correcta descrição da evolução temporal da
velocidade. A primeira situação foi eliminada pela aplicação do desfasamento emfrequência. A segunda situação está associada a uma predominância de sinais
associados às partículas com maior velocidade, levando a que o valor médio da
velocidade sofra um desvio para valores superiores. Para minimizar este
problema adicionaram-se partículas ao fluido de forma a se obter uma taxa de
passagem de partículas pelo volume de medição elevada, quando comparada
com as flutuações do campo de velocidade do escoamento, conforme sugerido
por Dimotakis (1976) e Erdmann et al. (1984).
O número de contagem de sinais individuais utilizado permitiu concluir, de
acordo com Yanta e Smith (1973), que o erro estatístico é inferior a 1% na
determinação estatística das velocidades médias e inferior a 2% no caso das
variâncias da velocidade, num intervalo de confiança de 95%.
Deve ser notado que se pretendia conhecer o movimento das partículas
dos aerossoles, e não apenas o movimento do ar. A técnica de LDA (ou o PDA)
também permitiria medir a velocidade destas partículas. Para tal seria necessário
efectuar uma discriminação do sinal por diâmetros e, particularmente, respeitardurante todos os ensaios não apenas o valor real do número de Reynolds, mas
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também o valor real do número de Stokes (equação 2.3). Assim, para que se
verificasse semelhança dinâmica nas condições de ensaio, usando água e o
impactador em cascata de vidro à escala real, teriam de ser utilizadas partículas
com dimensões idênticas às dos aerossoles medicamentosos, mas com uma
massa volúmica de 2x106 kg/m3, o que não é exequível.
3.10. Modelação dos mecanismos de deposição de partículas “in vitro”
O diâmetro das partículas, a perda de carga e a intensidade de turbulênciado ar na saída dos dispositivos de inalação, juntamente com o caudal de ar que
atravessa o impactador, são factores controláveis que influenciam a deposição
das partículas no interior do impactador. Outras variáveis também importantes
são a densidade média das partículas, a aceleração gravítica e a viscosidade do
fluido de transporte. Usando estas variáveis foi feita uma análise dimensional do
problema de deposição das partículas dos aerossoles no interior do impactador
em cascata de vidro.As variáveis apresentadas foram seleccionadas com base numa análise
simplificada dos mecanismos de transporte e deposição de partículas de pó seco.
Naturalmente que a massa de substância activa que fica depositada em cada
zona do impactador depende também da massa inicial. Assim identificam-se
nove variáveis com grande influência na massa de substância activa que fica
depositada na última zona do impactador, que é a décima variável e a incógnita
do problema. Este problema pode ser escrito de forma simbólica do seguinte
modo:
( )e,k,,g,,d,p,q,mm t3 μ ρ Δφ = (3.4)
em que φ representa uma relação funcional. As variáveis presentes na equação
3.4 provêm da quantificação da deposição [massa de substância activa
depositada na zona 3 do impactador em cascata de vidro (Figura 2.4), m3, e
massa total de substância activa, mt], do papel do paciente (simulação dainspiração, que gera as forças de inércia e estabelece o caudal de ar, q), das
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características do dispositivo de inalação (perda de carga, Δp, e valores
característicos da energia cinética média e turbulenta, e e k, respectivamente),
das características das partículas do pó da substância activa (diâmetro, Dp e
massa volúmica, ρ ) e outras forças que actuam nas partículas (aceleração
gravítica, g, e resistência viscosa devido à viscosidade do ar, μ ). A equação 3.4
pode ser escrita numa forma adimensional:
) 0e,k,,g,,D,p,q,m,mf pt31 =μ ρ Δ (3.5)
onde f 1 representa a nova relação funcional, adimensional. Para se obter esta
relação adimensional as variáveis da equação 3.5 devem ser combinadas, de
forma a formar grupos, eles próprios adimensionais. Tendo em atenção onúmero de variáveis e o número de dimensões envolvidas, seguindo o teorema
de Buckingham (Sabersky, 1989), deveriam ser considerados sete parâmetros
adimensionais, para uma completa caracterização do problema. Contudo existem
dois grupos adimensionais, Π 1 e Π 2, facilmente identificáveis a partir das
variáveis em jogo. São eles a fracção de partículas finas (FPF) e a intensidade de
turbulência (T), respectivamente:
t
31 m
mFPF =≡Π (3.6)
ek
T2 =≡Π (3.7)
Retirando as quatro variáveis que surgem nestes dois parâmetros, o mesmo
teorema indica que com as restantes variáveis devem definidos três grupos
adimensionais. As variáveis ρ , g e Dp foram neste caso seleccionadas como as
variáveis de base. As restantes variáveis foram adimensionalizadas usando as
anteriores. Assim foram obtidos os seguintes grupos adimensionais:
gdp
gDdp
P3p
2
3 ρ
Δ
ρ
ΔΠ ==≡ (3.8)
5p
4gDq=Π (3.9)
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3p
5gD ρ
μ Π = (3.10)
O significado físico do terceiro grupo adimensional (equação 3.8) é
facilmente compreensível: razão entre forças de resistência viscosa ao ar que
atravessa o inalador e forças de sedimentação gravitacional. O mesmo já não
pode ser dito sobre os grupos adimensionais das equações 3.9 e 3.10. Assim, e
devido à existência de termos idênticos nos dois grupos, estes foram combinados
num único parâmetro:
QD
qgD
gD
q
p
3p
5p
54
'
4 ≡=⋅== μ
ρ
μ
ρ
Π Π Π (3.11)
Este novo parâmetro é mais fácil de interpretar, representando uma razão
entre forças de inércia e forças de resistência aerodinâmica das partículas.
Evidenciando o parâmetro (dimensional) de impacto inercial ( ρ qDp2), referido por
Grgic et al. (2004b), esta relação torna-se mais evidente:
μ
ρ
μ
ρ
p3p
2p
Dq
DqDQ == (3.12)
Deve ser referido que existe uma correspondência directa entre este último
parâmetro adimensional e o número de Stokes (equação 2.3), tendo em atenção
que um caudal é uma velocidade por unidade de área, e notando ainda que este
parâmetro também pode ser entendido como um produto de números
adimensionais, nomeadamente o número de Stokes e o cubo de uma razão de
escalas de comprimento características da partícula e do fluido (a qual tomará
neste caso sempre valores muitos elevados).
Assim o problema da deposição de partículas in vitro fica descrito com
apenas estes quatro parâmetros adimensionais (FPF, T, P e Q), que se
relacionam através de uma outra relação funcional, adimensional, f 2, ainda
desconhecida:
( )Q,P,Tf FPF 2= (3.13)
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4 Métodos computacionais
Sendo um dos objectivos deste trabalho estudar a deposição de partículas
sólidas de aerossoles no interior do impactador em cascata de vidro, é
necessário conhecer o movimento dessas partículas no seu interior. Contudo,
conforme foi referido anteriormente, não foi possível medir o movimento das
partículas, e assim esse movimento teve de ser simulado. O uso de simulação,
para além de permitir conhecer o movimento das partículas de aerossoles
existentes, permite também simular a dispersão e a deposição de aerossoles
em desenvolvimento com o objectivo de optimizar esta última.
4.1. Descrição geral do modelo de tracejamento e deposição de partículas
A Figura 4.1 apresenta um fluxograma que descreve sucintamente o modelo
computacional que foi desenvolvido para simular o transporte e o local de
deposição das partículas. Inicialmente é necessário conhecer a geometria e os
campos de velocidade média e turbulenta em cada ponto da malha. É igualmente
necessário conhecer as condições iniciais de cada partícula (posição e
velocidade). Depois, para cada passo de tempo de cada partícula é necessário
saber a sua localização espacial e determinar o volume de controlo Euleriano emque esta se encontra para se saber a velocidade do ar que em cada momento
afecta a partícula, visto que a fase contínua é conhecida de forma discreta.
Conhecendo a posição ocupada pelas partículas após cada passo de tempo,
obtém-se directamente a trajectória descrita. Se a partícula em causa se
encontrar próximo da parede, este facto tem de ser tido em consideração devido
aos elevados gradientes de velocidade que se verificam nestas zonas. É
igualmente necessário verificar se a partícula embateu numa superfície e agir em
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Figura 4.1 – Fluxograma geral do modelo computacional desenvolvido.
Calcula velocidade do arusando lei da parede
Bateu nasuperfície?
Não
Cálculo da distância à
parede
Calculo dacomponenteturbulenta da
velocidade do ar
Verifica em que volume de controlo a partícula está
Partícula próximoda fronteira?
Não Sim
Sim
Recalcula posição dapartícula e velocidade do ar
usando lei da paredeAderiu?Não
Sim
Lê posições da malha velocidade eturbulência em cada ponto
Sim
Não
Lê diâmetro e posição e velocidade inicial da partícula
De 1 a nº total de partículas
De 1 a nº máximo de passos de tempo
Fim
Calculo da velocidade da partícula
Partícula já chegou aofim da peça?
Define passo de tempo Lagrangiano
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conformidade. Não ficando as partículas retidas numa superfície sólida ou líquida,
é necessário recalcular a velocidade da partícula, o que é sempre efectuado
usando um modelo Lagrangiano estocástico (tracejamento Lagrangiano
estocástico; stochastic Lagrangian tracking) aplicado à fase discreta, e repetir o
processo.
O modelo desenvolvido considera a parte do impactador em que existiram
medições dos campos de velocidade da fase contínua, zonas 1 e 2, conforme
descrito no Capítulo 3, que foram igualmente divididas nas secções apresentadas
na Figura 3.8. Este modelo é baseado nos resultados dessas medições.
Foram definidos planos de controlo, na saída de cada uma das zonas, que
permitem compreender a forma como as partículas se movem entre elas. Nestes
planos de controlo são registadas a velocidade e o ponto em que sãoatravessados pelas partículas. É igualmente registado o diâmetro de cada
partícula. Como a simulação numa zona só começa quando termina a simulação
na zona anterior, esta informação é fundamental para que se conheçam as
propriedades das partículas no início de cada zona. Para um desempenho mais
rápido do código desenvolvido, é igualmente registado o volume de controlo em
que a partícula se encontra, na zona em que entra. Esta informação é guardada
num ficheiro próprio, sendo um dos ficheiros de entrada do modelocomputacional. Existe também um ficheiro com o mesmo tipo de informação na
estrada da primeira câmara, para se iniciar o processo.
Existe ainda um outro ficheiro de entrada que contém informação referente
à geometria das peças e aos campos de velocidade da fase contínua do
escoamento. Este ficheiro contém a malha, com a localização espacial de cada
nó, e os valores de cada uma das componentes da velocidade e da energia
cinética turbulenta em cada nó da malha.
Os testes no modelo computacional foram realizados com partículas geradas
computacionalmente, as quais procuravam simular a distribuição de tamanho de
partículas do sulfato de salbutamol, presente no medicamento administrado pelo
Rotahaler® (GlaxoSmithKline). A distribuição de tamanhos deste medicamento foi
superiormente truncada a 12,7 μm, para evitar considerar as partículas maiores
da lactose, mas englobando ainda 95% das partículas do medicamento. Foram
ainda simuladas partículas de lactose cujas distribuições tinham diâmetros
médios geométricos de 3, 5 e 7 μm e desvio padrão geométrico de 1,5.
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 98
Este modelo é apresentado de forma mais detalhada nas páginas que se
seguem.
4.2. Descrição da trajectória das partículas
No desenvolvimento deste código foi usado um modelo Euleriano para
descrever a fase contínua do escoamento enquanto que para a simulação da fase
discreta foi usado um modelo Lagrangiano.
Conforme referido, foi usado um modelo Lagrangiano estocástico para o
tracejamento das partículas, tratando-se de facto de um modelo Lagrangiano de
interacção de turbilhões (EIM, Eddy Interaction Model; Sommerfeld, 1993).
As forças consideradas para o tracejamento das partículas dentro do modelo
virtual foram as forças consideradas de maior importância, designadamente
forças de inércia, de resistência aerodinâmica, gravíticas, de impulsão e de
massa virtual (Chen, 1994). A trajectória das partículas é descrita pelas
seguintes equações (Sommerfeld, 1993):
Vdt
Xd r
r
= (4.1)
( ) FVUVUF21
1dtVd
Dp
f rrrrr
r
+−−=⎟⎟ ⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛ +
ρ
ρ (4.2)
Nestas equações, Xr
é o vector da posição da partícula, Vr
e Ur
são
respectivamente os vectores da velocidade da partícula e do escoamento, ρ p e ρ f
são respectivamente as massas volúmicas da partícula e do fluido, FD é um
coeficiente da força de resistência aerodinâmica e Fr
é a força por unidade de
massa resultante da soma das restantes forças mássicas consideradas. Para
partículas com um diâmetro superior a 0,5 μm, em que a difusão Browniana
pode ser desprezada, tem-se:
g1Fp
f rr
⎟⎟ ⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛ −= ρ
ρ (4.3)
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pp
f DD D
C43
F ρ
ρ = (4.4)
onde gr
é a aceleração gravítica, CD o coeficiente de resistência aerodinâmica e
DP o diâmetro da partícula. A equação 4.3 engloba a aceleração produzida pelo
peso e pela força de impulsão. Na equação 4.4 o coeficiente de resistência
aerodinâmica é dado pelo valor máximo da equação 4.5:
( )
⎪⎩
⎪⎨
⎧
=
+=
44,0C
Re
Re15,0124C
D
p
687,0p
D (4.5)
onde Rep é o número de Reynolds da partícula, dado por:
μ
ρ VUDRe
pf
p
rr
−= (4.6)
em que μ é a viscosidade dinâmica de fluido. A difusão Browniana pode ser
considerada adicionando mais um termo às forças mássicas dadas pela equação
4.3 e corrigindo a equação 4.4 (Moskal e Gradon, 2002):
tCD
T216g1F
Cf
P5pf
b
p
f
Δ ρ
ρ ρ π
κ ν ς
ρ
ρ
⎟ ⎠ ⎞
⎜⎝ ⎛
+⎟⎟ ⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛ −=
rr
(4.7)
Cpp
f D CD
18F
ρ
ρ = (4.8)
onde ς representa um valor aleatório, ν a viscosidade cinemática do fluido, κ b a
constante de Boltzmann, T a temperatura, t o tempo e CC é o factor de
Cunningham:
⎟⎟⎟
⎠
⎞
⎜⎜⎜
⎝
⎛ ++=
⎟⎟ ⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛ −
λ λ 2D
1,1
pC
P
e4,0257,1D2
1C (4.9)
em que λ é a distância média entre as moléculas do gás.
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Forças de Magnus, Saffman e Basset não foram consideradas porque, ainda
segundo Chen (1994), a sua importância relativa é muito baixa quando
comparada com a das outras, como se observa na Tabela 1.2.
4.2.1. Modelação numérica do problema
A equação 4.2 é uma equação diferencial ordinária do tipo:
( )
( )[ ]ty,thtd
tyd
= (4.10) Pretende-se resolver a equação 4.2 para t Є [t0, t1], supondo conhecido
y(t0)=y0. Este é então um problema de condição inicial. Existe uma grande
diversidade de métodos numéricos que permitem o cálculo/aproximação da
solução deste problema (Pina, 1995). Neste trabalho foi usado o método de Euler
regressivo, também conhecido por método de Euler implícito, que apesar de ser
um método implícito, o que requer um cálculo iterativo, é estável e não obriga a
um esforço computacional muito elevado (Pina, 1995). Trata-se de um método
de passo simples, tendo também sido avaliados métodos de passos múltiplos,
que não conduziram a resultados de trajectórias de partículas significativamente
diferentes, mas que requeriam um tempo de processamento mais elevado, e que
por este motivo não foram posteriormente usados. Com a aplicação deste
método a equação 4.2 vem:
( ) )
⎟⎟ ⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛ +
+−−+=
++
+
p
f
1i1iDi
1i
21
1
tFtVUVUFVV
ρ
ρ
ΔΔrrrrrr
r
(4.11)
Um dos métodos iterativos subjacente ao método de Euler regressivo é o
método de ponto fixo. Este método impõe algumas condições para que se
verifique convergência (Pina, 1995), e a equação 4.2, fruto de depender da
velocidade local do fluido, varia no espaço. Estas condições podem ser difíceis de
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garantir em todo o volume do impactador e o método escolhido terá de garantir
a convergência. A equação 4.11 é uma equação do tipo:
y=g(y) (4.12)
e para solucionar este problema define-se uma nova função f(y) da seguinte
forma:
f(y)=y-g(y) (4.13)
Com esta nova função tem de se encontrar o valor de y tal que f(y)=0. Ou
seja, na prática, aproximar f(y) o mais possível de zero. Existe um maior número
de métodos que podem ser usados, e é conveniente usar um método que
garanta convergência independentemente da função usada. Foi adoptado o
método da falsa posição modificado (Pina, 1995). Para garantir que se consegue
obter convergência, antes de aplicar o método é determinado um intervalo de
valores de y em que a função é côncava ou convexa e em que existe um zero da
equação 4.13.
Na aplicação deste método à equação em causa, no critério de
convergência, foi exigido que o erro máximo correspondesse a menos de 1% davelocidade média na entrada, estando contudo o procedimento limitado a um
máximo de 15000 iterações. Uma vez conhecida a velocidade da partícula, é
calculado o seu deslocamento e novo posicionamento, novamente por integração
numérica em ordem ao tempo, mas agora da equação 4.1, através da regra do
trapézio, que tem grau de exactidão igual a um (Pina, 1995) e não exige um
grande esforço computacional.
O passo de tempo Lagrangiano usado em cada simulação é definido no
início de cada simulação, podendo ser alterado entre simulações. No entanto, em
toda as simulações realizadas foi usado um passo de tempo máximo de 10 μs,
para todas as partículas, em qualquer condição. Contudo, o passo de tempo
máximo, para cada partícula, depende do seu diâmetro, uma vez que partículas
mais pequenas têm menor tempo de resposta estocástico, estando por isso
sujeitas a maiores variações da velocidade, e requerendo assim passos de tempo
mais pequenos para se garantir a convergência do método interpolativo. Em
cada instante o passo de tempo está ainda limitado ao tempo de vida
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característico do turbilhão onde a partícula se encontra, tal como será descrito
seguidamente.
A validação deste modelo foi feita usando os resultados obtidos por Snyder
e Lumley (1971) e por Wells e Stock (1983), conforme é apresentado na secção
seguinte.
4.2.2. Modelação da turbulência
No modelo EIM uma partícula interage sucessivamente com vários
turbilhões. Cada turbilhão tem um determinado tempo de vida, uma velocidade e
um comprimento característicos, sendo considerado que cada interacção termina
quando a partícula acaba de atravessar o turbilhão, ou quando termina o tempo
de vida deste, iniciando-se nessa altura uma interacção com um novo turbilhão.
Neste trabalho foi seguido o modelo proposto por Gosman e Ioannides (1983),
em que o comprimento característico, o tempo característico e as escalas de
velocidade de cada turbilhão eram relacionados de acordo com o modelo de
turbulência k−ε .Experimentalmente foram medidas as variâncias de duas das componentes
da velocidade. Assim, de acordo com uma aproximação, exacta para turbulência
isotrópica, vem para a energia cinética turbulenta:
( )2f
2f vu
43
k += (4.14)
Como a taxa de dissipação de energia cinética turbulenta, ε , não foi medida,
esta será estimada pelo modelo de Wolfshtein (1969), o qual foi desenvolvido
para escoamento a baixo número de Reynolds na proximidade de paredes:
ε
ε ε l
kC
23
= (4.15)
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em que Cε é uma constante do modelo, neste caso considerada unitária, e lε é
uma escala de comprimentos que caracteriza a dissipação turbulenta, sendo esta
expressa pela equação 4.16:
( )Ry261,0parede
43
e1DCl −−
−= μ ε κ (4.16)
onde κ é a constante de von Kármán de valor igual a 0,42, Cμ é uma constante
numérica de valor igual a 0,09 e Dparede é a distância do ponto em que a partícula
se encontra até à parede. Ry é o número de Reynolds local e vem dado por:
μ
ρ kD
Ryparedef
= (4.17)
O comprimento característico dos turbilhões (Le) vem dado por:
ε μ
23
43
ek
CL = (4.18)
Substituindo sucessivamente a equação 4.17 na equação 4.16, esta na
equação 4.15 e por fim as equações 4.14 e 4.15 na equação 4.18, o
comprimento característico do turbilhões resulta dado por:
( )Ry261,0paredee e1DL −−= κ (4.19)
Conhecendo o comprimento característico dos turbilhões, o seu tempo de
vida vem dado por:
k32
LT e
e = (4.20)
Embora se possa questionar a validade de aplicação deste modelo a regiões
afastadas da parede, fora da camada limite, este modelo encontra-se totalmente
validado para regiões próximas das paredes. Sendo um dos principais objectivos
deste trabalho prever a deposição das partículas, é na proximidade das paredesque importa garantir maior exactidão da modelação. Deve ainda referir-se que o
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uso de funções de amortecimento do tipo exponencial, tal como a apresentada
na equação 4.19, foi identificada como sendo determinante na obtenção de
resultados realistas na simulação da deposição de partículas num problema de
natureza semelhante (Matida et al., 2004).
A relação entre a escala de comprimentos e a escala de tempos considerada
foi validada por comparação com os resultados apresentados por Snyder e
Lumley (1971).
4.2.3. Validação do modelo
A validação do modelo computacional usado para descrever a trajectória
das partículas foi feita através da simulação das condições das experiências
realizadas por Snyder e Lumley (1971) e por Wells e Stock (1983), comparando
depois os resultados experimentais obtidos por estes autores com os resultados
obtidos computacionalmente. Em qualquer um destes trabalhos foi estudada a
dispersão de partículas dentro de uma conduta. Snyder e Lumley (1971) usaram
uma conduta vertical, onde a direcção da aceleração gravítica era contrária àdirecção do escoamento. Neste trabalho usaram diferentes partículas com
constantes de relaxação (equação 2.3) também distintas. Na Tabela 4.1
apresentam-se as partículas usadas por estes autores e igualmente usadas na
validação do modelo.
Tabela 4.1 Características das partículas usadas por Snyder e Lumley (1971),também usadas na validação do modelo.
Diâmetro daspartículas [μm]
massa volúmica[g/cm³]
Constante derelaxação [ms]
Vidro oco 46,5 0,26 1,7
Pólen de milho 87 1,0 20
Grânulos de vidro 87 2,5 45
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Wells e Stock (1983) estudaram um escoamento horizontal, tendo aplicado
um campo eléctrico para alterar o efeito da força gravítica. Na Tabela 4.2 são
apresentadas os valores da aceleração gravítica resultante e da velocidade
terminal das partículas, Vd, para cada caso. Apresentam-se apenas os valores
referentes às partículas de 57 μm de diâmetro e massa volúmica de 2,42 g/cm3,
que foram usadas na validação do modelo.
Tabela 4.2 – Aceleração gravítica equivalente e respectiva velocidade terminalusadas por Wells e Stock (1983).
Aceleração gravítica [m s-2] Velocidade terminal (V d ) [m s-1]
0 028,4 0,545
72,4 1,216
Nos dois casos foi usada uma grelha no início da conduta para criar uma
intensidade de turbulência conhecida, a qual decaía ao longo da conduta. Assim,
em ambos os casos são conhecidas a energia cinética turbulenta (k) e a
respectiva taxa de dissipação viscosa (ε ). Nesta validação também foi tambémusado o EIM, mas, naturalmente, sem ser necessário usar um modelo
complementar para estimar a taxa de dissipação viscosa. Para ambos os casos,
tem-se:
( )22 v2u21
k += (4.21)
em que:
⎟ ⎠
⎞⎜⎝
⎛ += uu
2
2
bMx
au
U (4.22 a)
⎟ ⎠
⎞⎜⎝
⎛ += vv2
2
bMx
av
U (4.22 b)
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onde U é a velocidade média do escoamento, de 6,55 m/s nos dois trabalhos, e
M é a dimensão da malha da grelha, que era de 25,4 mm igualmente nos dois
casos. Os coeficientes au, bu, av e bv são apresentados na Tabela 4.3
A taxa de dissipação da energia cinética turbulenta é obtida a partir da
equação de transporte correspondente, após simplificação, resultando:
dxdk
2U 2
−=ε (4.23)
Tabela 4.3 – Constantes para a determinação da componente da flutuaçãomédia nas experiências de Snyder e Lumley (1971) e Wells e Stock (1983).
au bu av bv
Snyder & Lumley (1971) 42,4 -16,0 39,4 -12,0
Wells & Stock (1983 56,55 -8,87 53,22 -7,05
Substituindo as equações 4.22a) e b) na equação 4.21 e esta na equação
4.23 vem:
⎟⎟⎟⎟⎟
⎠
⎞
⎜⎜⎜⎜⎜
⎝
⎛
⎟ ⎠
⎞⎜⎝
⎛ +
+
⎟ ⎠
⎞⎜⎝
⎛ +
=2
vv
2
uu
3
bMx
a
2
bMx
a
1M2
Uε (4.24)
Para calcular o tempo e o comprimento característico dos turbilhões é
apenas necessário substituir as equações 4.21 e 4.24 nas equações 4.25 e 4.26:
ε
kCT 1e = (4.25)
k32
TCL e2e = (4.26)
onde as constantes tomam os valores: C1 = 0,235 (Mehrotra et al., 1998) e
C2 = 1 [para Snyder e Lumley (1971)] ou C2 = 2,5 [para Wells e Stock (1983)]
(Mehrotra, 1998). O valor da constante C2 difere entre os casos de teste porque
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no primeiro caso se tem a gravidade a actuar na direcção do escoamento,
enquanto no segundo caso a gravidade actua perpendicularmente ao
escoamento, reduzindo assim o tempo de interacção das partículas com cada
turbilhão (crossing trajectories effect), tal como observado por Wells e Stock
(1983). Chama-se a atenção para a semelhança das equações 4.18 e 4.20 com
as equações 4.25 e 4.26. Para o caso de Snyder e Lumley (1971) a equação 4.26
é exactamente a inversa da equação 4.20.
Na aplicação destes testes de dispersão foram calculadas as trajectórias de
5.000 partículas, o que se verificou produzir independência estatística dos
resultados.
4.3. Interacção entre as partículas e as superfícies
No desenvolvimento do modelo foi assumido que as partículas se encontram
suficientemente dispersas, de forma a serem desprezáveis as interacções entre
elas. Este facto permite ainda considerar que, em boa aproximação, a sua
presença não afecta o escoamento da fase contínua. No entanto as
consequências do impacto das partículas nas superfícies não são desprezáveis.
4.3.1. Superfícies sólidas
A interacção das partículas com as superfícies sólidas foi simulada usandoum modelo que usa coeficientes de restituição, que dependem do ângulo de
impacto (Chen e Pereira, 1997). Decompondo a velocidade da partícula ( pVr
) nas
componentes normal ( NVr
) e tangencial ( TVr
) no ponto de impacto na parede,
vem:
TNpVVVrrr
+= , (4.27)
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No impacto, não sendo este totalmente elástico, a energia cinética da
partícula diminui. Após o impacto, as componentes normal e tangencial da
velocidade vêm afectadas por coeficientes de restituição:
NN*N VcV
rr
= , (4.28 a)
TT*T VcV
rr
= (4.28 b)
Os expoentes assinalados com (*) representam as componentes normal e
tangencial da velocidade da partícula após o impacto na parede, CN e CT são os
coeficientes de restituição normal e tangencial, que são definidos na equação
4.29 (Chen e Pereira, 1997):
32N 1,10775,312,21c β β β −+−= (4.29 a)
32T 292,04994,04159,01c β β β −+−= (4.29 b)
onde β é o valor do ângulo de impacto da partícula na parede, tal como
esquematizado na Figura 4.2.
Figura 4.2 – Definição do ângulo de impacto (β) da partícula na parede.
No modelo foi considerado que as partículas aderem às paredes quando asua velocidade após o impacto, a que corresponde um determinado valor de
energia cinética, não é suficiente para compensar as forças de van der Waals
(Rimai e De Mejo, 1996). Esta velocidade mínima, que as partículas têm de
possuir para que não fiquem retidas numa superfície sólida, é dada pela equação
4.30:
p02p
min ZD
AV ρ π = , (4.30)
pVr
*p
Vr
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Nesta expressão foi assumido que a constante de Hamaker, A, tem o valor
de 1,15×10-20 J e que a distância entre a partícula e a parede para a qual actuam
as forças de van der Waals, Z0, é de 0,4×10-9 m.
4.3.2. Superfícies líquidas
Para além da interacção com superfícies sólidas, foi igualmente necessário
considerar a interacção entre as partículas e a superfície do solvente líquido que
existe na segunda câmara. À semelhança do que se passa com a interacção com
as paredes sólidas, ao embater no líquido as partículas poderão ser capturadas,
ficando retidas, ou serem restituídas ao interior da câmara. Foi considerado o
modelo proposto por Li et al. (2006), em que é feito um balanço energético entre
a energia cinética das partículas antes do embate, EC, a energia potencial
gravítica, Eg, e a energia associada à tensão superficial do líquido na zona que se
deforma devido ao embate, Eγ , de acordo com a seguinte equação:
γ EEE gc += , (4.31)
em que a energia cinética da partícula é dada por:
2p
3pp
c V12
DE
ρπ= , (4.32)
a energia potencial gravítica por:
4m
pg R
4
gE
ρ π = , (4.33)
e a energia associada à tensão superficial do líquido, na cavidade formada por
deformação deste após o impacto da partícula, por:
2
mRE γ π
γ = , (4.34)
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Quando a energia cinética da partícula é pequena, a cavidade gerada na
superfície líquida é também pequena, e a maior pressão está concentrada na
parte inferior da cavidade (Li et al., 2006). Assim, a recuperação da cavidade
inicia-se na parte inferior, o que faz com que a partícula seja devolvida,
afastando-se da superfície líquida (Figura 4.3 a).
Com o aumento da energia cinética da partícula, o volume da cavidade
também aumenta. Quando é atingida a situação crítica, a cavidade torna-se
quase cilíndrica, e a maior pressão deixa de se verificar na parte inferior desta
para se passar a verificar num ponto mais acima, inclusivamente acima da
própria partícula (Li et al., 2006). Assim a cavidade colapsa, retendo a partícula
no seu interior (Figura 4.3 b).
a
Figura 4.3 – Cavidades na superfície líquida provocadas pelo impacto departículas sólidas: a) partícula com baixa energia cinética; b) partícula comelevada energia cinética (as setas mostram o sentido do movimento da água)(de Li et a l ., 2006).
Considera-se que as partículas são capturadas pelo solvente quando a sua
energia cinética, antes de embaterem na superfície líquida, é maior do que a
soma do valor máximo das duas energias presentes no lado direito da equação
4.31, sendo por isso suficiente para vencer a tensão superficial. O valor crítico doraio da cavidade, Rm, foi considerado de 1,7 Dp, situando-se abaixo do limite
inferior do intervalo apresentado por Li et al. (2006), mas estes autores também
indicam que os valores apresentados são ligeiramente maiores que os valores
observados experimentalmente. O termo correspondente à energia potencial
gravítica não foi efectivamente considerado no modelo computacional por ser
desprezável para os valores em causa, quando comparado com os termos
correspondentes à energia cinética das partículas e à energia associada à tensãosuperficial do líquido.
b
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 111
À semelhança do que acontece com o impacto nas superfícies sólidas, as
partículas devem apresentar uma velocidade mínima para que não fiquem
retidas, que resulta da equação 4.31, sendo esta naturalmente dependente da
tensão superficial do solvente simulado, e dada pela equação 4.35:
p3p
2m
minD
R6V
ρ
γ = , (4.35)
Deve ainda notar-se que, neste desenvolvimento, foi considerado que as
partículas não têm qualquer afinidade com o solvente, isto é, no caso da água,
não são hidrófilas, mas também não são hidrofóbicas, porque não se conhece
esta propriedade das partículas.
4.4. Localização da partícula no conjunto de volumes de controlo Eulerianos
Para encontrar o volume de controlo Euleriano em que a partícula se
localiza após cada passo de tempo Lagrangiano, o modelo computacional executa
uma pesquisa circular em torno do centro do volume de controlo onde que a
partícula estava no passo de tempo anterior, procurando pelo nó da malha que
se encontra mais próximo da partícula, numa direcção preferencial. Os nós da
malha caracterizados por terem o mesmo valor de k formam planos (Figura 3.9)
em que é aplicado o esquema de busca (Figura 4.4). De acordo com o sinal do
produto interno de dois vectores é possível saber de que lado do plano apartícula se encontra. O primeiro destes dois vectores é definido entre o nó da
malha mais próximo da partícula no passo de tempo Lagrangiano anterior e a
actual posição da partícula, e o segundo é o vector normal ao plano k que
continha o nó mais próximo da partícula no passo de tempo Lagrangiano
anterior. Assim a pesquisa é feita apenas do lado plano em que a partícula se
encontra. A Figura 4.4 ilustra este procedimento. A é o nó da malha mais
próximo da partícula no passo de tempo Lagrangiano anterior, P é a actual
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 112
posição da partícula e B é um ponto que está na direcção normal ao plano em A,
permitindo definir o vector normal ao plano. Neste caso:
0ABAP >⋅ (4.36)
e assim P está no lado direito do plano. Se o produto interno fosse negativo, P
estaria do lado esquerdo do plano. Conhecendo a relação que existe entre a
distância que separa o nó da malha mais próximo da partícula no passo de
tempo Lagrangiano anterior e a actual posição da partícula e a distância entre
dois nós consecutivos da malha, é possível limitar a região de pesquisa. Na
Figura 4.5 A também representa o nó mais próximo da partícula no passo de
tempo Lagrangiano anterior, B o próximo nó da malha e P é novamente a actual
posição da partícula. Neste caso:
2AB
AP1 << (4.37)
e assim a região de pesquisa fica limitada a 2 nós em torno de A, isto é, entre D
e C.
Figura 4.4 – Esquema mostrando de que lado do plano k a partícula se encontra,pelo cálculo do produto interno dos dois vectores representados: A , nó da malhamais próximo da partícula no passo de tempo Lagrangiano anterior; P, actualposição da partícula; B, ponto que está na direcção normal ao plano em A.
Procurar o nó da malha mais próximo da partícula, em vez de procurar o
centro do volume de controlo Euleriano, simplifica o processo e conduz a uma
poupança de tempo. Com este procedimento, uma segunda malha é
k k+1
A B
P
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Figura 4.5 – Esquema mostrando o procedimento para limitar a região depesquisa, pela razão entre a distância de A (nó da malha mais próximo dapartícula no passo de tempo Lagrangiano anterior) a P (actual posição dapartícula) e a distância entre dois nós consecutivos da malha.
Y
X
Z
P
A
B
B'
Figura 4.6 – Pormenor de uma parte da zona 1, em que se observa existir umponto P no exterior da peça que está mais próximo de A do que de B ou B’.
virtualmente definida e considerada, em que os nós da malha original são os
centros dos volumes de controlo da segunda malha. Nos nós da malha original
encontra-se a informação relativa aos campos de velocidade, informação
relevante neste processo. Apenas quando as partículas se encontram próximas
da parede virtual do impactador, nos três volumes de controlo mais próximos da
parede, o modelo verifica exactamente em que volume de controlo Euleriano a
partícula se localiza (Zhou e Leschziner, 1999). Esta verificação tem de ser feita
a partir do terceiro conjunto de volumes de controlo, não porque os gradientes
AED CB
P
ii-1i-2 i+2i+1
j
j+1
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 114
da velocidade sejam elevados nesta zona, mas porque devido a alguma distorção
existente na malha a partícula pode já estar fora da peça virtual, mas ter como
nó mais próximo um nó da terceira linha de superfícies de volumes de controlo.
A Figura 4.6 apresenta um detalhe da zona 1, junto da fronteira, onde este efeito
é observado. O ponto P está mais próximo do ponto A do que dos pontos B ou B’ ,
apesar de estar junto da fronteira, já no exterior da peça virtual.
Naturalmente, na proximidade da parede também é sempre verificado se a
partícula se encontra já fora da peça virtual, para que a partícula nunca se
localize no exterior do modelo como na Figura 4.6.
4.5. Escoamento da fase contínua próximo das superfícies sólidas
Quando a partícula não está próxima da parede, é legítimo considerar que
os gradientes de velocidade não são significativos e que a velocidade é
aproximadamente constante no interior de cada um dos volumes de controlo
Eulerianos, sendo esta a razão porque não é necessário determinar exactamenteem que volume de controlo a partícula está. Contudo, nas regiões próximas da
parede (no volume de controlo Euleriano que contém a fronteira exterior),
observam-se gradientes de velocidade elevados, e como tal não é aceitável
considerar que a velocidade do fluido é constante nesta zona. Por outro lado, as
medições do escoamento da fase contínua apresentavam uma resolução espacial
insuficiente para caracterizar correctamente as variações de velocidade nesta
região, e prever correctamente a deposição das partículas. Assim, para aumentar
a precisão da variação da velocidade do escoamento nesta região foram testadas
duas aproximações:
a) Na primeira aproximação, quando a partícula está nesta região, a
velocidade do fluido é calculada através de uma combinação linear,
tendo em consideração a distância entre a partícula e o ponto da parede
considerado como o mais próximo da partícula, entre a partícula e os 17
nós da malha em torno do nó que pertence à parede e está mais
próximo da partícula, usando o valor da velocidade de cada um destes18 pontos num esquema interpolativo. Esta aproximação considera que
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a distância entre a partícula e a parede é a distância da partícula até ao
plano que contém a superfície da fronteira do volume de controlo
Euleriano em que a partícula se encontra (Figura 4.7, fronteira d e ponto
A). O peso, Yi, de cada ponto na interpolação é inversamente
proporcional ao quadrado da sua distância até à partícula, sendo
calculado através da equação 4.38:
∑∏
∏
=≠=
==n
1k
n
kl1l
2l
n
1 j
2 j
2i
i
d
d
d1
Y (4.38)
b) Na segunda e mais precisa aproximação, usada na determinação da
distância da partícula à parede, o modelo considera não só o volume de
controlo Euleriano em que a partícula se encontra, mas também os oito
volumes de controlo à sua volta, procurando a menor distância e
verificando se o ponto encontrado pertence à fronteira do impactador
virtual, podendo ser considerado um ponto da aresta ou do vértice entre
superfícies. Nesta aproximação o cálculo da velocidade do ar é feito de
acordo com uma lei de parede. Conforme se observa na Figura 4.7, a
determinação da velocidade do fluido no ponto em que a partícula se
localiza usa o ponto da parede mais próximo da partícula (Figura 4.7,
ponto B) e o ponto de intercepção da linha que passa pela posição da
partícula e pelo ponto B com a primeira superfície de um volume de
controlo Euleriano, contando a partir da parede (ponto C). Este ponto de
intercepção está localizado, naturalmente, entre os quatro nós da
superfície a que pertence e a velocidade do fluido neste ponto é
determinada pela interpolação do valor da velocidade dos quatro nós
vizinhos, em que o peso de cada nó é também inversamente
proporcional ao quadrado da sua distância até ao ponto em que se
pretende conhecer a velocidade (equação 4.38).
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Figura 4.7 – Representação esquemática da determinação do segundo pontopara aplicação da lei de parede, para o cálculo da velocidade: P , posição dapartícula; A, ponto mais próximo da partícula (primeira aproximação); B , ponto
mais próximo da partícula (segunda aproximação); d e e , superfícies defronteira; as linhas carregadas são os limites dos volumes de contro lo.
A lei logarítmica e a velocidade de fricção são dadas por:
f
paredeUDEln
1UU
ρ μ κ
τ
τ
= (4.39 a)
f
wU ρ
τ τ = (4.39 b)
onde E é uma constante dependente da rugosidade da parede, considerada igual
a 8,4 para paredes lisas. Seguindo o modelo proposto por Launder e Spalding
(1974), a tensão de corte é dada pela equação 4.40:
( )RyEln kCU4
1
f w κ ρ τ μ τ = (4.40)
e o número de Reynolds local, Ry, é dado por:
μ
ρ μ kDCRy parede
41
f = (4.41)
Para que a lei logarítmica de parede seja aplicável, o número de Reynoldslocal, dado pela equação 4.41, tem de ser superior a 11,3. Se o número de
e
d
P
C
B
A
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 117
Reynolds local for inferior a este valor, considera-se que o ponto encontra-se na
subcamada linear, onde a velocidade do fluido varia linearmente com a distância
à parede. No desenvolvimento do modelo computacional que se apresenta, foi
ainda considerado que a energia cinética turbulenta é proporcional à distância à
parede no volume de controlo Euleriano mais próximo da parede, variando
linearmente, por forma a ser possível calcular o número de Reynolds local no
ponto em que se localiza a partícula.
No caso de a partícula e o primeiro ponto após a parede, em que a
velocidade do escoamento é conhecida, estarem localizados na região linear é
imediata a determinação da velocidade no ponto em que a partícula se encontra.
Igualmente, no caso em que os dois pontos já estão fora desta região, o
processo também não é complicado, bastando substituir valores, nas expressõesapresentadas (equações 4.39 a 4.41). Contudo, no caso em que a partícula
esteja na região linear, mas o primeiro ponto da malha após a parede não, o
cálculo da velocidade no ponto em que a partícula se encontra é efectuado
usando a equação 4.42:
μ τ
paredew
DU = (4.42)
4.6. Sumário
Neste capítulo foi descrito um modelo computacional para simular o
transporte e a deposição de partículas de um aerossole dentro do impactador em
cascata de vidro. Trata-se de um modelo estocástico Lagrangiano sendo apenas
simulado o comportamento da fase dispersa, uma vez que o comportamento da
fase contínua foi obtido por medições experimentais (secção 3.9).
Na descrição do movimento das partículas foi usado um balanço de forças,
tendo sido também utilizado um modelo de turbulência do tipo k-ε . Foi
considerado que as partículas se encontravam suficientemente dispersas para
que não existisse interacção entre elas. Na interacção com as paredes foi
considerado um modelo que usava coeficientes de restituição e um balançoenergético, entre a energia cinética das partículas e a energia associada às
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forças de van der Waals, para a adesão. Na interacção das partículas com a
superfície líquida também se considerou um balanço energético, neste caso entre
a energia cinética das partículas e a energia associada às tensões superficiais no
líquido. Foram ainda considerados dois modelos para a simulação do escoamento
do fluido próximo das paredes, na região com maiores gradientes de velocidade.
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5 Resultados
5.1. Escoamento da fase contínua no interior doimpactador em cascata de vidro
5.1.1. Visualização do escoamento
As observações realizadas durante os ensaios de visualização do
escoamento da fase contínua, usando água, dentro do impactador em cascata de
vidro, indicaram alguma instabilidade no escoamento e a existência de zonas de
recirculação e de estagnação.
A Figura 5.1 mostra imagens da visualização do escoamento do fluido
dentro da primeira câmara do impactador em cascata de vidro. Importa aqui
relembrar que os resultados destes ensaios não são quantitativos, mas sim
qualitativos. Assim, na Figura 5.1 a), plano central da primeira câmara, numa
vista de frente, é possível identificar uma zona de recirculação no topo da
câmara, enquanto na Figura 5.1 b), vista de topo do plano equatorial, se observa
a existência de duas zonas de recirculação nas regiões laterais da câmara. Nas
duas imagens é possível verificar que existe uma zona de estagnação na parte
posterior da câmara, isto é, junto da parede localizada no lado oposto àquele da
entrada desta câmara.
Nestes ensaios observou-se que a zona de recirculação no topo da câmara
não ocupa sempre o mesmo espaço. Observou-se ainda que cada uma das duas
zonas de recirculação que existem nas zonas laterais da câmara, por vezes
ocupa todo o volume (Figura 5.2). Estes dois factos indiciam a existência de
oscilações de baixa frequência nesta câmara.
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Figura 5.1 – Visualização do escoamento dentro da primeira câmara doimpactador em cascata de vidro: a) vista de frente; b) vista de topo.
Figura 5.2 – Visualização do escoamento na primeira câmara em que se observaprogressivamente um dos vórtices a ocupar toda a câmara: de a) para c).
a b
a b c
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A Figura 5.3 a) mostra uma imagem do escoamento numa vista de frente,
também do plano central, mas agora da segunda câmara do impactador. Nesta
imagem observa-se a existência de uma zona de recirculação no lado oposto ao
da saída da câmara. Na Figura 5.3 b), que mostra uma vista lateral da mesma
câmara, observa-se que existe recirculação de ambos os lados do tubo que
transporta o fluido da primeira para a segunda câmara. Pode depreender-se que
a recirculação em torno do tubo que liga as duas câmaras assume uma forma
toroidal, aberta junto da saída da câmara. Nestas imagens é ainda perceptível
que, genericamente, o escoamento na segunda câmara se apresentava mais
turbulento do que na primeira.
Figura 5.3 – Visualização do escoamento dentro da segunda câmara doimpactador em cascata de vidro: a) vista de frente; b) vista de lado.
Estes ensaios permitiram ainda observar a existência de um escoamento
secundário no início do tubo que liga as câmaras das zonas 1 e 2 do impactador
(resultados não apresentados). Este escoamento secundário é originado
conjuntamente pela existência dos dois vórtices que existem na primeira câmara(Figura 5.1) e pela mudança de direcção do escoamento médio.
a b
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A presença das zonas de recirculação e de estagnação referidas nos
parágrafos anteriores é muito importante na deposição das partículas. As
partículas que se aproximem das paredes adjacentes às zonas de estagnação
serão difíceis de remover, enquanto que para as partículas capturadas nas zonas
de recirculação será mais difícil continuarem o seu percurso pelo interior do
impactador até à zona 3, local onde se pretende que as partículas maiores
fiquem depositadas.
Basicamente, este estudo permitiu ter um conhecimento global e qualitativo
do escoamento no interior do impactador em cascata de vidro, permitindo
perceber que este apresenta um padrão de escoamento complexo. Permitiu
ainda identificar os locais críticos e que necessitaram de maior atenção nos
ensaios em que o escoamento foi quantificado.
5.1.2. Medição dos campos de velocidade
Na sua grande maioria, as observações efectuadas durante os ensaios de
visualização do escoamento foram confirmadas nos ensaios de medição doscampos médio e turbulento da velocidade do fluido no interior do impactador. A
localização dos pontos de medição também teve em consideração as referidas
observações.
A Figura 5.4 apresenta o campo médio de velocidade (vectores) e o campo
de energia cinética turbulenta (mapa de níveis colorido) das duas câmaras,
obtidos por anemometria laser Doppler (LDA), usando água, para os dois valores
do número de Reynolds analisados, correspondentes a caudais de 1,98 l/min
(aproximadamente equivalente a 33 l/min em ar) e de 3,54 l/min
(aproximadamente equivalente a 60 l/min em ar).
Os resultados apresentados nas Figura 5.4 a) e c) são relativos aos
resultados dos ensaios de visualização apresentados na Figura 5.1 a) e os
resultados presentes nas Figura 5.4 b) e d) aos resultados dos ensaios de
visualização apresentados na Figura 5.3 a).
A partir da Figura 5.4 é possível comparar os resultados obtidos usando os
dois números de Reynolds diferentes. Os dados foram normalizados com base na
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velocidade média na entrada e apenas se apresenta o plano central das duas
câmaras do impactador analisadas. Nas duas situações é possível identificar a
zona de recirculação existente no topo da primeira câmara e a zona de
estagnação que existe na parte de trás desta câmara, que haviam sido referidas
anteriormente. Na segunda câmara observa-se novamente, e nas duas
situações, a existência de recirculação em torno do tubo que transporta o fluido
da primeira câmara para esta. Ao nível do campo médio apenas existem
diferenças muito ligeiras entre as duas situações, que são devidas a incertezas
experimentais e dificuldades de repetibilidade. O padrão do campo médio é
idêntico nas duas situações, com os vectores de velocidade a apresentarem
magnitudes e orientações idênticas em cada uma das localizações.
a b
c dFigura 5.4 – Resultados de LDA dos campos médio e turbulento, normalizados,
para os dois caudais testados: a) e b) Re=1,6x103
; c) e d) Re=2,8x103
; a) e c)primeira câmara; b) e d) segunda câmara. Os contornos indicam a posiçãoaproximada das superfícies exteriores.
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Em relação ao campo turbulento, nas Figura 5.4 a) e c) identificam-se
quatro zonas distintas, com diferentes intensidades de turbulência. A primeira
zona na entrada da câmara, a segunda coincidente com a recirculação existente
no topo, a terceira zona na saída da câmara e a quarta na parte central.
Observa-se que na segunda câmara os valores da intensidade de turbulência são
geralmente maiores do que na primeira e que estes se localizam na proximidade
das paredes do fundo e na saída da câmara. Nota-se ainda alguma
correspondência entre os locais onde ocorrem os valores de intensidade de
turbulência mais elevados com aqueles onde se verificam os valores também
mais elevados do gradiente de velocidade média. Existe novamente uma grande
semelhança entre as duas condições de escoamento analisadas. As duas
situações apresentam padrões e magnitudes próximos, exibindo as mesmasregiões características. Nomeadamente, identificam-se em ambas as situações as
quatro zonas distintas na primeira câmara, anteriormente mencionadas.
Em face dos resultados apresentados é legítimo concluir que o
comportamento exibido pelo escoamento tem uma dependência quase
negligenciável em relação ao número de Reynolds, na gama estudada.
Nestes ensaios também se quantificou a oscilação de baixa frequência,
observada durante os ensaios de visualização do escoamento, apresentando estaum número de Strouhal de aproximadamente 0,02, como se pode observar na
Figura 5.5.
1,0E-02 1,0E-01 1,0E+00 1,0E+01
St
P S D
Figura 5.5 – Espectro de potência medido dentro da primeira câmara,identificando a oscilação de baixa frequência.
0,01 0,1 1 10
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Nos ensaios realizados usando o fluido especial que permitiu obter o
ajustamento perfeito do índice de refracção (Figura 5.6, Figura 5.7 e Figura 5.8),
não foi possível obter semelhança dinâmica com qualquer um dos dois caudais
estudados, devido à elevada viscosidade do fluido. O valor máximo do número
de Reynolds na entrada do impactador que se conseguiu obter foi de apenas 48,
muito longe dos valores pretendidos. Nestas condições o escoamento é
naturalmente laminar e como seria de esperar apresenta um padrão muito
diferente. Contudo com este fluido foi possível chegar mais próximo da parede
(<1 mm), conhecendo-se o erro cometido na aproximação à parede.
Na Figura 5.6 a) e b) apresentam-se dois perfis de velocidade medidos no
tubo de entrada e no tubo de saída, respectivamente, cujas localizações são
apresentadas na Figura 5.8. Na Figura 5.6 a) observa-se que os pontosexperimentais se aproximam muito do perfil parabólico apresentado
(representação idealizada de um escoamento laminar) resultando um coeficiente
de correlação de 0,99, o que é demonstrativo da elevada precisão das medições.
O perfil apresentado por estes pontos experimentais é muito diferente dos que
observam na mesma zona do impactador na Figura 5.4, que no mesmo tipo de
comparação com um perfil parabólico produz um coeficiente de correlação de
apenas 0,83.No caso dos resultados apresentados na Figura 5.6 b) nota-se que o perfil
representado pelos pontos experimentais é muito assimétrico, em contraste com
o que se observa na Figura 5.6 a), apresentando valores mais elevados da
velocidade do lado exterior (lado positivo do eixo Z). Esta assimetria no perfil de
velocidade é devida à curva descrita pelo fluido quando passa do tubo de entrada
para o de saída. Naturalmente os pontos mais próximos da parede acompanham
melhor o perfil parabólico de referência, parecendo também neste caso confirmar
a elevada precisão das medições na vizinhança imediata da parede.
Na Figura 5.7 apresentam-se os restantes perfis assinalados na Figura 5.8.
Na Figura 5.7 a) são mostrados os dois perfis assinalados no topo da câmara
(perfis 3 e 4). Apesar de não existir semelhança dinâmica, é possível observar
nesta figura a existência da recirculação primária no topo da câmara, tal como
antes, e ainda de uma diminuta recirculação secundária, adjacente à parede e
caracterizada por baixíssimas velocidades. Todavia, não parece provável que
esta última estrutura persista em regime de escoamento turbulento. Em relaçãoao perfil 5 (Figura 5.7 b), é de realçar a continuidade exibida pela evolução dos
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vectores na proximidade da parede, mesmo para muito baixos valores do módulo
da velocidade, o que é mais uma vez indicativo da muito boa precisão dos
resultados conseguida nesta região.
0
0,04
0,08
0,12
0,16
0,2
-15 -10 -5 0 5 10 15
Z [mm]
V e l
o c i d a d e [ m / s ]
Pontosexperimentais
Perfil
parabólico
a
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
-15 -10 -5 0 5 10 15
Z [mm]
V e l o c i d a d e [ m / s ]
Pontosexperimentais
Perfilparabólico
b
Figura 5.6 – Perfis de velocidade obtidos usando um ajustamento perfeito doíndice de refracção, mas com um número de Reynolds na entrada de apenas 48:a) perfil no tudo de entrada; b) perfil no tubo de saída.
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Figura 5.7 – Velocidade média do escoamento usando um ajustamento perfeito
do índice de refracção, mas com um número de Reynolds de apenas 48: a) topoda 1ª câmara; b) parte posterior da 1ª câmara.
Figura 5.8 – Localização dos perfis analisados com um ajustamento perfeito doíndice de refracção, mas com um número de Reynolds na entrada de apenas 48.
Importa agora quantificar os erros cometidos na localização do volume de
medição para as medições da velocidade do escoamento do fluido no interior do
impactador, nos testes realizados com água, devido ao ajustamento imperfeito
do índice de refracção, os quais são apresentados da Tabela 5.1 à Tabela 5.3. O
significado dos parâmetros presentes nestas tabelas é apresentado na Figura 3.6
e na Figura 3.7. A primeira destas tabelas mostra o desvio sofrido pelo volumede medição, na quantificação da componente radial da velocidade. A distância
10Ur
1
2
3 4
5
a b
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entre o centro da câmara e a posição do volume de medição, Rf , é idêntica à
distância seleccionada, e o ângulo da linha de desvio, φ f (ângulo definido entre a
linha que une o centro do cilindro ao ponto em que se pretende ter posicionado o
volume de medição e a linha que une o centro do cilindro e o ponto em que
efectivamente se localiza o volume de medição), é bastante pequeno.
Tabela 5.1 – Erros na posição do volume de med ição da componente radial, paraos pontos característicos.
A B C D
Rf [mm] 12.0 23.0 21.0 6.0
Rp [mm] 12.0 23.0 21.0 6.0
φ f [rad] -3.19x10-02 -5.04x10-02 -1.85x10-02 -1.42x10-02
Rf – Distância entre o centro da câmara e a posição do volume de medição;Rp – Distância pretendida entre o centro da câmara e a posição do volume de medição; φ f – Ângulo da linha de desvio.
A Tabela 5.2 mostra o desvio do volume de medição usado na quantificação
da componente axial da velocidade, para os dois pontos considerados (A e D),
localizados em regiões cilíndricas (ver Figura 3.6). Os desvios sofridos, de, foram
também neste caso muito pequenos (alguns micrómetros) e as distâncias entre o
centro dos cilindros e a posição dos volumes de medição, Rf , são novamente
idênticos aos valores esperados. Também neste caso o ângulo da linha de desvio
é pequeno, sendo inclusivamente menor que no caso anterior.
Tabela 5.2 – Erros na posição do volume de controlo da componente axial dos
dois pontos localizados nas regiões cilíndricas.A D
de [mm] -1.09x10-02 2.13x10-02
Rf [mm] 12.0 6.0
Rp [mm] 12.0 6.0
φ f [rad] -9.07x10-04 3.55x10-03
de – Desvio da posição do volume de medição em relação à linha central;Rf - Distância entre o centro da câmara e a posição do volume de medição;Rp – Distância pretendida entre o centro da câmara e a posição do volume de medição;φ f – Ângulo da linha de desvio.
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Os desvios sofridos pelo volume de medição que mede a componente axial
da velocidade, nos pontos das regiões esféricas, são apresentados na Tabela 5.3.
Como explicado anteriormente, os desvios nestes pontos podem ser entendidos
como a adição de dois desvios distintos, associados a duas paredes cilíndricas
distintas. Os dois feixes aproximam-se da parede com ângulos iguais, mas com
direcções opostas. Como o meio em que os feixes se deslocam é o mesmo,
dentro e fora do impactador, e a parede tem espessura constante, uma vez
colocado o volume de medição no centro, não existe deslocamento axial no local
pretendido. O desvio causado pela outra curvatura da esfera é também muito
pequeno, para os dois pontos considerados. Os erros no posicionamento do
volume de medição nestas localizações, foram apenas causados por este
segundo factor.
Tabela 5.3 – Valores do diâmetro da secção da esfera e variáveis associadas, eos erros cometidos na posição do volume de medição que mede a componenteaxial da velocidade nos dois pontos localizados em reg iões esféricas.
B C
de [mm] -4,05x10-02 -1.14x10-02
Rf [mm] 23,0 21.0
Rp [mm] 23.0 21.0
1 º C i l i n d r o i m a g
i n á r i o
φ f [rad] -1.76x10-03 -5.45x10-04
Diâmetro da secção daesfera [mm] 13.0 22.8
Ri [mm] 6.5 11.4
R0 [mm] 7.5 12.4
Ra [mm] 0 0
Rf [mm] 0 0 2 º C i l i n d
r o i m a g i n á r i o
φ f [mm] 0 0
de – Desvio do volume de medição em relação à linha central;Rf – Distância entre o centro do cilindro e a posição do volume de medição;Rp – Distância pretendida entre o centro da câmara e a posição do volume de medição;φ f – Ângulo da linha de desvio;Ri – Raio interno do cilindro;R0 – Raio externo do cilindro;Ra –Distância entre o centro do cilindro e o ponto de entrada dos raios, medido
perpendicularmente a estes.
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Os quatro pontos analisados localizam-se na proximidade da parede, região
em que o deslocamento sofrido pelo volume de medição é maior. Em qualquer
um destes pontos o erro cometido na localização do volume de medição é
pequeno, sendo previsível que nos outros pontos desta câmara esta tendência se
mantenha. O diâmetro da esfera que constitui a segunda câmara é maior que o
diâmetro da esfera da primeira câmara. Assim é de esperar que ocorra um
pequeno aumento do erro na posição do volume de medição que mede as
componentes radiais da velocidade, mas uma diminuição no erro da localização
do volume de medição que mede as componentes axiais. Contudo, em qualquer
destes casos, estes valores serão sempre pequenos, não havendo necessidade
de cuidados especiais na análise dos resultados.
5.1.3. Campo tridimensional de velocidade
A Figura 5.9 apresenta o campo médio de velocidade (vectores) e o campo
de energia cinética turbulenta (mapas de níveis colorido) da primeira câmara,
após o processamento para obter a terceira componente da velocidade. Osresultados apresentados nas Figura 5.9 a) e b) são relativos aos planos
apresentados na Figura 5.1 a) e b), respectivamente. À semelhança da Figura
5.4, nesta figura é possível identificar a zona de recirculação existente no topo
da câmara e a zona de estagnação que existe na parte de trás da câmara e que
haviam sido referidas anteriormente. Na vista de topo (Figura 5.9 b) observam-
se as duas zonas de recirculação que existem nas zonas laterais das câmaras e
que tinham sido identificadas nos ensaios de visualização (Figura 5.1). Na Figura
5.9 a) continuam a ser vistas as quatro zonas distintas, com diferentes
intensidades de turbulência. Na Figura 5.9 b) é notório que os centros dos
vórtices coincidem com os pontos que apresentam os maiores valores de energia
cinética turbulenta nesta câmara.
A Figura 5.10 apresenta os resultados das medições dos campos de
velocidade média e turbulenta da segunda câmara, igualmente após o
processamento dos resultados em que se obteve a terceira componente da
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velocidade. Tal como anteriormente existe correspondência entre a Figura 5.3 a)
e b) e a Figura 5.10 a) e b), respectivamente.
Figura 5.9 – Resultados de LDA da primeira câmara do impactador em cascatade vidro, após processamento para obtenção da 3ª componente da velocidade,com Re=1,6x103, baseado no diâmetro de entrada: a) vista de frente; b) vistade topo.
Olhando para a Figura 5.10 observa-se novamente a existência de
recirculação em torno do tubo que transporta o fluido da primeira câmara para
esta. Continua-se a observar que os valores da intensidade de turbulência são
geralmente maiores do que na primeira câmara e que estes se localizam naproximidade das paredes do fundo e na saída da câmara e que existe alguma
correspondência entre os valores de intensidade de turbulência mais elevados
com os valores de velocidade média também mais elevados.
As diferenças que existem entre a Figura 5.4 a) e a Figura 5.9 a) e entre a
Figura 5.4 b) e a Figura 5.10 a) são observadas porque as Figura 5.9 e Figura
5.10 são obtidas após interpolação para a malha usada e processamento dos
resultados para obtenção da terceira componente da velocidade, enquanto a
Figura 5.4 mostra os resultados antes do processamento, conforme são obtidos.
a
Ur
b
k/ U2
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Figura 5.10 - Resultados de LDA da segunda câmara do impactador em cascatade vidro, após processamento para obtenção da 3ª componente da velocidade,com Re=1,6x103, baseado no diâmetro de entrada: a) vista de frente; b) vista
de lado.
Após o processamento dos resultados das medições com LDA, de modo a
construir um modelo tridimensional do escoamento da fase contínua, também se
observou o escoamento secundário no início do tubo que liga as duas câmaras
(Figura 5.11 a), devido à acção conjunta dos dois vórtices que existem no
interior da primeira câmara (Figura 5.9 b) e da mudança de direcção do
escoamento. À medida que se avança em direcção à saída do tubo, e à entrada
da segunda câmara, os centros dos vórtices deslocam-se ligeiramente na
direcção Z (Figura 5.11 b). Contudo, o efeito da difusão turbulenta é a
característica mais relevante nesta evolução, tendendo a suprimir o escoamento
secundário. Na entrada da segunda câmara já não é de todo observável a
existência dos vórtices do escoamento secundário, sendo o escoamento
praticamente unidireccional (Figura 5.11 c).
a b cFigura 5.11 – Escoamento secundário ao longo do tubo que liga as duascâmaras.
a
Ur
Ur
b
k/ U2
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5.2. Caracterização dos inaladores
5.2.1. Perda de carga nos inaladores
A variação da perda de carga produzida pelos inaladores com o aumento do
caudal é apresentada na Figura 5.12 e, mais detalhadamente, na Tabela 5.4.
Como esperado, observa-se que esta relação não se afasta significativamente de
uma evolução parabólica. O dispositivo que apresenta um maior valor da perda
de carga é o Turbohaler
®
, na sua versão mais antiga, apresentando a versãomais recente valores próximos. Os dispositivos Diskus® e Aerolizer® produzem
valores intermédios, enquanto que o Rotahaler® apresenta os valores mais
baixos de perda de carga, neste conjunto. A alteração realizada no Rotahaler®
fez com que este dispositivo produzisse valores de perda de carga três vezes
superiores aos originais, ficando próximos dos valores apresentados pelo
Diskus®.
Observa-se que com caudais inferiores a 45 l/min as diferenças absolutas
entre os valores apresentados pelos diferentes dispositivos são reduzidas, sendo
de esperar que os pacientes se sintam igualmente confortáveis com qualquer um
destes dispositivos. A 60 l/min e acima, as diferenças já são mais significativas,
sendo possível identificar dois grupos, o primeiro formado pelas duas versões do
Turbohaler®, e o segundo pelos restantes inaladores. Expectavelmente, as
diferenças entre dispositivos aumentam com o aumento do caudal. Estas
evoluções são justificadas pela não linearidade da dependência da perda de
carga em relação ao caudal.Deve referir-se que são necessários alguns cuidados na comparação destes
resultados de perda de carga com os valores relatados por outros autores (Clark
e Hollingworth, 1993; de Boer et al., 1996b; Srichana et al., 1998; Broeders et
al., 2001; de Koning et al., 2002), embora também se observem algumas
discrepâncias entre os resultados anteriormente publicados. O procedimento
descrito na secção 3.5 foi elaborado especialmente para quantificar a resistência
ao escoamento do ar devido aos efeitos viscosos, avaliando assim a perda de
carga causada pelo inalador (equação 3.2). Este procedimento não coincide com
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 134
as metodologias mais habitualmente seguidas, nas quais são consideradas tanto
a contribuição viscosa como a invíscida que conduzem à queda de pressão
através dos dispositivos. A escolha de considerar somente a contribuição viscosa
foi feita no contexto deste estudo devido à relação directa desta quantidade com
as tensões de corte. Apesar das diferenças previstas nos valores absolutos, a
hierarquização relativa dos vários inaladores não parece ser afectada por esta
opção.
0
1
2
3
4
5
6
7
0 15 30 45 60 75 90Caudal [l/ min]
P e r d a d e c a r g a
[ k P a ]
Turbohaler Antigo Turbohaler Novo Diskus
Aerolizer Rotahaler Rotahaler modificado
Figura 5.12 – Perda de carga nos dispositivos de inalação em função do caudal.
Tabela 5.4 – Perda de carga nos dispositivos de inalação em função do caudal ecoeficientes da curva aproximada na forma Δp = a q b .
Perda de carga (kPa) vs. caudal (l/min) CoeficientesDispositivos15 30 45 60 75 90 a ×105 b
Turbohaler® (versão antiga)
0,044 0,197 0,556 1,476 3,265 6,173 1,967 2,763
Turbohaler® (versão nova)
0,047 0,185 0,579 1,344 3,314 5,599 2,421 2,703
Diskus® 0,025 0,095 0,276 0,701 1,525 2,854 1,449 2,656
Aerolizer® 0,016 0,061 0,180 0,442 0,916 1,579 1,081 2,606
Rotahaler® 0,008 0,032 0,095 0,226 0,500 0,930 0,424 2,686
Rotahaler® (modificado)
0,023 0,107 0,297 0,719 1,518 – 1,878 2,579
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 135
Os resultados obtidos na medição do caudal de ar na saída da bomba de
vácuo do impactador em cascata de vidro, mostraram que a presença do
inalador com maior perda de carga (Turbohaler® antigo, Figura 5.12) conduz a
um decréscimo do caudal que efectivamente passa pelo impactador em cascata
de vidro em cerca de 7%, estando o impactador calibrado para um caudal de
60 l/min. Na Figura 5.13 é notória a existência de uma velocidade mais baixa ao
longo de todo o perfil de pressão dinâmica, devido à presença do inalador. Com
os restantes dispositivos, a redução de caudal, será naturalmente inferior.
0
10
20
30
40
50
0 2 4 6 8 10 12
h [mm]
p [ m m H
2 O ]
sem inalador com in alador
Figura 5.13 – Perfis de pressão dinâmica do escoamento de ar na saída dabomba de vácuo do impactador em cascata de vidro, funcionado sem nenhum
inalador e com o Turbohaler®
antigo (dispositivo que apresentou a maior perdade carga).
5.2.2. Turbulência na saída dos inaladores
Tal como para outras características investigadas, dos inaladores e dos
pós, também existem grandes diferenças na intensidade de turbulência do ar nasaída dos inaladores, conforme mostrado na Figura 5.14. Contudo, e
Δ
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 136
contrariamente ao que se poderia esperar, esta figura também indica que não
existe uma correlação aparente entre esta característica e a perda de carga nos
inaladores. O Diskus® é o inalador exibindo um nível de turbulência mais elevado
(equação 3.7), enquanto que a versão original e a versão modificada do
Rotahaler® apresentam os valores mais baixos. A Figura 5.14 mostra ainda que a
alteração introduzida neste inalador (ver secção 3.4), aparentemente não produz
alteração nesta característica, apresentando estes dois dispositivos valores de
intensidade de turbulência muito próximos, o que em face das expectativas
iniciais não deixa de ser algo surpreendente. Uma explicação para o que foi
observado poderá ser encontrada assumindo que a maior parte da turbulência
que se observa na saída de ar deste dispositivo é gerada pela grelha localizada à
saída da câmara onde o pó é libertado. Todavia, devido às diferenças degeometria entre inaladores, esta observação poderá não ser generalizável.
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0 0,4 0,8 1,2 1,6
Perda de carga a 60 l/ min [kPa]
I n t e n s i d a d e d e t u r b
u l ê n c i a a
Turbohaler antigo Turbohaler novo Diskus
Aerolizer Rotahaler modificado Rotahaler
Figura 5.14 – In tensidade de turbulência, ek , no escoamento de ar na saídados dispositivos de inalação em função da perda de carga a 60 l/ min.
A existência de geradores de rotação, grelhas e ainda tubeiras que o ar tem
de atravessar antes de abandonar o dispositivo de inalação condicionam a
intensidade de turbulência que se observa na sua saída, tendo sido apenas nestazona que a turbulência foi quantificada neste trabalho. Os elementos referidos
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 137
poderão também fazer com que inaladores com grande intensidade de
turbulência no interior não a manifestem na saída. Contudo, a simples
observação dos dispositivos não permitiu tirar conclusões inequívocas a este
respeito.
5.3. Caracterização dos pós para inalação
5.3.1. Morfologia das partículas
As imagens obtidas por microscopia electrónica de varrimento (Figura 5.15)
permitem observar as partículas, ver a sua forma e detectar algumas das
diferenças existentes entre elas, ajudando a explicar alguns resultados obtidos.
O facto de apenas se observar uma face de partículas que são tridimensionais, as
irregularidades observadas nas superfícies visíveis, que também devem existir na
direcção não observada, e ainda o reduzido número de partículas em cadaimagem, impediram que se efectuassem medições sobre elas, para conhecer as
suas dimensões, tendo os resultados daqui apresentados um carácter apenas
qualitativo e não quantitativo.
Nas imagens da Figura 5.15 referentes a aerossoles que não são
administrados pelos dispositivos Turbohaler®, observa-se claramente a existência
de duas populações de partículas com dimensões distintas. As partículas mais
pequenas correspondem naturalmente, na sua maioria, a partículas da
substância activa, cujo objectivo é serem inaladas, correspondendo as partículas
maiores a partículas do excipiente. No entanto, é também possível que algumas
das partículas mais pequenas sejam de excipiente e algumas das maiores de
substância activa. Contudo, nas imagens correspondentes aos fármacos
administrados pelo Turbohaler® (Figura 5.15 e e Figura 5.15 f), existe uma
grande uniformidade no tamanho das partículas, tanto nos medicamentos que
não contêm excipiente como naqueles em que existe. Inclusivamente, no caso do
fármaco combinado, isto é, no que contém duas substâncias activas diferentes(Figura 5.15 f), pela observação da imagem não é possível distinguir as
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partículas que pertencem a cada uma das substâncias presentes na mistura
(budesonida, fumarato de formoterol e lactose).
a) Sulfato de salbutamol (Rotahaler®) b) Sulfato de salmeterol (Diskus®)
c) Budesonida (Aerolizer®) d) Fumarato de formoterol (Aerolizer®)
e) Sulfato de terbutalina (Turbohaler®)f) Budesonida + fumarato de formoterol
(Turbohaler®)
Figura 5.15 – Imagens de partículas de aerossoles farmacêuticos obtidas pormicroscopia electrónica de varrimento.
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 139
5.3.2. Diâmetro das partículas
5.3.2.1 Estudo prévio do analisador do tempo de voo
O desempenho do analisador do tempo de voo, descrito nas secções 2.2.1 e
3.2.1, foi verificado usando as esferas de calibração. Os resultados obtidos para
os diâmetros geométricos médios, medidos por número, foram de 4,97 μm e
10,45 μm para as esferas de calibração de nylon e de vidro, respectivamente. As
diferenças em relação aos valores nominais de 5.00 μm e de 10.00 μm foram
consequentemente, 0,03 μm (0,6%) e 0,45 μm (4,5%), respectivamente. Estas
diferenças foram consideradas aceitáveis e indicativas da boa capacidade do
equipamento para medir correctamente o diâmetro de partículas nesta gama de
tamanhos. Além disso, as distribuições do diâmetro geométrico das partículas,
mostrada na Figura 5.16, são idênticas às apresentada pelos fabricantes das
esferas de calibração. Os diâmetros geométricos destas partículas foram obtidos
recorrendo à equação 2.6, uma vez que são conhecidas as massas volúmicas
destas substâncias.
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
0,1 1 10 100 1000
Diâmetro Geométrico [μm]
N ú m e r o p a r t í c u l a s
( n o r m a l i z a d o )
Esferas de Nylon Esferas de Vidro
Figura 5.16 – Distribuição dos diâmetros geométricos das esferas de calibração.
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 140
Num outro conjunto de experiências observou-se, conforme esperado, que
o tempo de cada corrida era proporcional ao número de partículas contadas e
dependente da taxa de alimentação: maior taxa de alimentação, menor tempo
de corrida (Tabela 5.5 e Figura 5.17). Na Tabela 5.5 apresenta-se a taxa de
passagem de partículas observada de acordo com a parametrização do
equipamento. Contudo, deve ser referido que, em qualquer destes casos, a taxa
média de passagem de partículas é muito inferior à referida pelo fabricante
(Tabela 3.1). Ainda segundo o fabricante, a diferença entre os níveis baixo e
médio é 20% menor que a diferença entre os níveis médio e alto. Na prática
verifica-se que a diferença entre os níveis baixo e médio é aproximadamente três
vezes maior que a diferença entre os níveis médio e alto. Observa-se ainda que,
quanto maior a taxa de alimentação, maior a diferença, absoluta e relativa, entreo valor real e o seleccionado. É natural que no decorrer de uma análise a taxa de
alimentação possa atingir o valor indicado pelo fabricante. No entanto, na fase
inicial, enquanto não estabiliza, a taxa de alimentação pode ser um pouco menor
e principalmente na fase final, em que o número de partículas é reduzido, pode
ser difícil manter a taxa de alimentação pretendida. Quanto maior for a taxa de
alimentação seleccionada, maior será o tempo necessário até se atingir o valor
pretendido, supondo igual taxa de crescimento, e mais se sentirá o efeito doreduzido número de partículas. Consequentemente seria espectável que, com o
aumento do número total de partículas, a taxa de alimentação média também
aumentasse. Contudo olhando para a Figura 5.17 não é o que se verifica, o que
mostra que estes efeitos não serão muito importantes. No entanto, nesta figura
observa-se que o decaimento para zero do número de partículas não
corresponde a um tempo de análise de zero segundos. Este espaço de tempo
pode justificar parcialmente a existência de uma taxa de alimentação média
inferior ao esperado. Na Figura 5.17 também se observa que com a taxa de
alimentação ‘Baixa’ existe uma maior dispersão de resultados do que com os
outros valores. É também interessante de observar na Figura 5.17 que quase
não exista sobreposição de resultados. Este facto mostra que, apesar de menos
significativa do que o previsto, existe uma efectiva diferença entre os níveis do
equipamento.
O efeito do número de partículas contadas no diâmetro medido foi estudado
usando o medicamento que contem sulfato de salbutamol. Com os parâmetrosdo equipamento ajustados, observou-se que, para um número de partículas
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 141
contadas superior a 120.000, o diâmetro aerodinâmico das partículas (moda das
distribuições) distribuía-se de forma mais uniforme (Figura 5.18). Esta figura
mostra os resultados de 54 corridas e apresenta-os por número e por volume,
em função do número de partículas contadas em cada corrida. Como esperado,
um aumento do tamanho da amostra (reflectido pelo número de contagens)
aumenta também a exactidão das medidas (reflectida pela diminuição do desvio
padrão). Acima de 120.000 partículas, a dispersão da moda dos valores era
suficientemente pequena para ser considerada aceitável. Na análise de amostras
de outros materiais era requerido um número diferente de contagens (resultados
não apresentados) para que as leituras fossem reprodutíveis. Por exemplo,
usando celulose microcristalina, eram requeridas amostras com um mínimo de 8
mg e 4 mg, com a tensão do fotomultiplicador a 850 V ou 1100 Vrespectivamente (Figura 5.19).
Tabela 5.5 – Taxa de passagem de partículas pelo detector em função daparameterização do equipamento.
Taxa de alimentação (Feed Rat e ) Taxa de passagem
Alta (higher) 1950
Media (medium) 1460Baixa (lower). 590
0
100.000
200.000
300.000
400.000
500.000
600.000
700.000
800.000
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
Tempo [s]
N ú m e r o d e c o n
t a g e n s
BaixaMédia
Alta
Figura 5.17 – Relação entre o tempo da experiência e o número de partículasdetectadas para as diferentes taxas de alimentação.
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 142
1,2
1,3
1,4
1,5
1,6
1,7
1,8
0 100.000 200.000 300.000 400.000 500.000 600.000 700.000Número de contagens
D i â m e t r o p o r n ú m e r o [μ m ] a
55,0
60,0
65,0
70,0
75,0
80,0
85,0
D i â m e t r o p o r v o l u m e [μ m ] a
Distribuição por número Distribuição por volume
Figura 5.18 – Dependência do valor medido do diâmetro das partículas com onúmero de partículas medidas.
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
0,1 1 10 100 1000
Diâmetro aerodinâmico [μm]
N ú m e r o d e p a r t í c u l a s ( n o r m a l i z a d o )
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
0,1 1 10 100 1000
Diâmetro aerodinâmico [μm]
N ú m
e r o d e p a r t í c u l a s ( n o r m a l i z a d o )
1 mg 4 mg 8 mg 16 mg 24 mg Figura 5.19 – Distribuição de tamanho de partículas de celulose microcristalina:a) 850 V; b) 1100 V.
a) b)
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 143
Conforme referido anteriormente, quando se considera um DPI, deve ter-
-se em atenção que numa única amostra podem estar presentes mais do que
uma população de partículas (Figura 5.15), usualmente a população das
partículas de substância activa (partículas de menores dimensões) e uma outra
população das partículas do transportador (partículas geralmente de maiores
dimensões). A proporção de cada uma das populações tem impacto no efeito
terapêutico do medicamento e, consequentemente, é importante caracterizá-las
adequadamente. Nesta parte do estudo, realizada usando o medicamento
apresentado na Tabela 2.1, que contém sulfato de salbutamol e lactose, foi
possível avaliar as duas populações considerando a distribuição do tamanho das
partículas por número (partículas mais pequenas da substância activa) e por
volume (partículas maiores do transportador), tornando-se assim possívelestimar os diâmetros (modas) das partículas de cada uma das duas
componentes da formulação devido à grande diferença de tamanho entre si. A
média das modas registadas em 54 corridas foi calculada, obtendo-se os valores
de 1,48µm (por número) e 68,9µm (por volume), que foram considerados como
sendo os diâmetros estimados das partículas da substância activa e do
transportador, respectivamente. A validade deste procedimento é suportada pelo
facto de que diferentes corridas mostraram que a distribuição de diâmetros pornúmero e por volume não estão relacionadas, existindo na Figura 5.20 uma
distribuição dispersa.
55,0
60,0
65,0
70,0
75,0
80,0
85,0
1,30 1,35 1,40 1,45 1,50 1,55 1,60 1,65 1,70
Diâmetro por Número
D i â m e t r o p o r v
o l u m e
Figura 5.20 – Relação entre o diâmetro medido por número e por volume.
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 144
Thornburg et al. (1998) observaram que a eficiência de contagem (razão
entre o número de partículas detectadas e o número de partículas que passam
pelo detector) do Aerosizer® não é constante. Os mesmos autores (Thornburg et
al., 1998) indicam que eficiências de contagem inferiores a 100%, ou variações
dependentes do tamanho das partículas, resultam em distribuições do tamanho
das partículas incorrectas. Para além disto, factores tais como a concentração da
amostra, o modelo do equipamento e a voltagem aplicada ao detector, a
medição de partículas com diâmetros inferiores a 7 µm ou a existência de taxas
de contagem superiores a 20.000 partículas por segundo, foram também
descritas como afectando a eficiência de contagem do equipamento. Estas
observações foram confirmadas neste trabalho, quando amostras de lactose com
massas iguais, apresentaram números de contagem diferentes.Após alguns testes usando o medicamento apresentado na Tabela 2.1 que
contém sulfato de salbutamol, observou-se que a distribuição do tamanho de
partículas não era constante entre corridas realizadas sob as mesmas condições,
mesmo para amostras retiradas da mesma cápsula, embora a moda das
distribuições (picos) se mantivesse constante. Este facto mostra que a eficiência
de contagem varia com o tamanho das partículas em diferentes corridas e
amostras. Além disso, notou-se que os valores lidos no aparelho eramdescontínuos, isto é, valores iguais eram registados frequentemente, enquanto
que os valores entre eles nunca apareciam. Isto acontece porque o Aerosizer®
guarda o tempo de voo das partículas em 2048 canais linearmente espaçados no
tempo, que são convertidos pelo software em 500 intervalos logaritmicamente
espaçados (Amherst Process Instruments). Consequentemente o equipamento
apresenta o valor arredondado no intervalo em vez de apresentar o valor real.
Este efeito de arredondamento dos resultados é difícil de avaliar, porque o
software do equipamento apresenta os resultados já em intervalos e, por este
motivo, pode existir alguma falta de consistência nas medidas. Os resultados são
apresentados de uma forma mais discreta do que as medições, e
consequentemente pode ocorrer alguma falta de exactidão, reprodutibilidade ou
sensibilidade. Os resultados apresentados na Figura 5.18 e na Figura 5.20
confirmam estas observações pois estão organizados em linhas horizontais e
verticais, e não distribuídos de forma dispersa. Este problema pode afectar a
análise das amostras, especialmente das amostras com partículas de maioresdimensões. Quando os resultados são apresentados como percentagem esta
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 145
diferença é menos significativa, mas diferenças no diâmetro aerodinâmico e
geométrico podem ainda assim ser observados, mesmo que as amostras tenham
sido preparadas exactamente nas mesmas condições.
O desempenho do Aerosizer® altera-se com a voltagem aplicada ao
detector. Este facto foi observado quando a voltagem foi alterada entre
medições, usando o mesmo aerossole. Quando a voltagem aumentou, foi obtida
uma curva de distribuição de tamanho de partículas mais estreita (Figura 5.21) e
um maior número de contagens de partículas, conforme já observado por
Thornburg et al. (1998). Em concordância com o trabalho apresentado por
Mitchell e Nagel (1996), as diferentes sensibilidades do detector não afectaram o
diâmetro geométrico médio das esferas de calibração (nylon) com uma
distribuição muito estreita, em oposição aos resultados observados com os pósdos aerossoles (distribuição de tamanhos maiores).
No caso do medicamento que contem sulfato de terbutalina, apresentado
na Tabela 2.1, as distribuições têm formas idênticas para os dois valores
recomendados para a voltagem do fotomultiplicador (850V e 1100V), embora se
tenham observado valores das médias geométricas dos diâmetros menores e
bases dos picos mais estreitas, usando a voltagem mais elevada (Figura 5.21,
linhas verde e azul). Tal como as esferas de calibração, este medicamentoapresenta apenas uma população de partículas [Figura 5.15 e)], mas apresenta
uma distribuição de tamanhos mais alargada (Figura 5.21). Em ambos os casos
apenas se observou um pico. Quando se aumenta a sensibilidade do
equipamento, as partículas mais pequenas são detectadas mais facilmente, e
assim um desvio da curva de distribuição para tamanhos mais pequenos é
observada. Contudo, quando a tensão de corte (shear force) foi alterada de ‘pico’
(peak) para ‘baixo’ (low), o diâmetro aerodinâmico (moda) aumentou de 0,76μm
para 0,79μm (aumento de 3,8%). Como este medicamento não contém nenhum
excipiente, pode assumir-se que a tensão de corte promove a separação das
partículas de sulfato de terbutalina, o único componente na formulação (Figura
5.21, linhas verde e azul).
Quando se considera o medicamento que contém sulfato de salbutamol, o
diâmetro aerodinâmico, expresso por número de contagens, origina três picos na
distribuição [Figura 5.15 a) e Figura 5.21, linhas vermelha e cor de laranja]. Este
tipo de distribuição deve-se à presença de diversos grupos de partículaspresentes no medicamento. Para este fármaco, uma voltagem mais alta aplicada
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 146
ao fotomultiplicador conduz a um desvio dos picos no sentido dos tamanhos mais
pequenos (Figura 5.21). Quando os resultados são expressos por volume,
também se observa um desvio dos resultados no sentido dos tamanhos mais
pequenos, sugerindo uma maior sensibilidade do detector para partículas mais
pequenas, conforme mencionado anteriormente. Para o sulfato de salbutamol as
diferenças entre os resultados obtidos para o diâmetro médio das partículas
observado para as voltagens alta e baixa do detector foram de 0,52μm (33%) e
23,02μm (33%), nas distribuições por número e por volume, respectivamente
(Tabela 5.6).
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
0,1 1 10 100 1000Diâmetero aerodinâmico [μm]
N ú m e r o d e p a r t í c u l a s
( n o r m a l i z a d o )
Sulfato de terbutalina (1100 V) Sulfato de terbutalina (850 V)
Sulfato de salbutamol (1100 V) Sulfato de salbutamol (850 V)
Figura 5.21 – Efeito da voltagem ao fotomultiplicador no tamanho das partículasmedido.
Quando todos os resultados são considerados, é possível expressá-los em
termos das modas do diâmetro aerodinâmico, tanto por número como por
volume. Os resultados dos efeitos são apresentados nas Tabela 5.6 e Tabela 5.7.
A Tabela 5.6 apresenta as variações na distribuição por número e por volume do
diâmetro aerodinâmico observado para as diferentes amostras dos fármacos
considerados. A parte superior refere-se aos efeitos principais ou efeitos
individuais quando apenas uma variável é alterada. Assim é possível conhecer o
impacto de cada parâmetro na distribuição de tamanhos da amostra. A Tabela
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 147
5.7, apresenta o resultado da análise de variância (ANOVA, ver apêndice B)
aplicada aos resultados experimentais mostrando o seu grau de significância,
reflectido pelos valores do teste de Fisher (teste F). A variável mais significativa,
que provoca maiores alterações, é a voltagem aplicada ao fotomultiplicador. A
sensibilidade do detector afecta o número de contagens, e assim, o tamanho da
amostra. Para se obter resultados consistentes e reprodutíveis a selecção da
voltagem do fotomultiplicador deve ser cuidadosamente escolhida.
Tabela 5.6 – Resultados dos efeitos principais e interacções dos resultadosexperimentais, realizados de acordo com a técnica de Montgomery.
Variáveis e interacçõesDistribuição por
número(μm)
Distribuição porvolume(μm)
Voltagem ao fotomultiplicador (PMV) -0,52 -23.0
Total (SFtotal) 0,17 -1,15
1 nível (SF1) 0,05 -0,49
2 níveis (SF2) 0,12 -0,66Tensão de
corte
Forma da linha de tendência 0,01 -0,52
Desaglomeração (D) 0,00 -1,65
Total (FRtotal) -0,02 -1,92
1 nível (FR1) -0,01 -0,96Taxa dealimentação
Forma da linha de tendência 0,00 3,51
E f e i t o s p r i n c i p a i s
Vibração da Agulha (PV) -0,02 0,23
PMV - SFtotal 0,12 -0,26
PMV – D -0,03 0,19
PMV - FRtotal 0,01 -0,06
PMV – PV -0,01 -0,05
SFtotal – D 0,03 0,58
SFtotal – FRtotal -0,03 0,90SFtotal – PV -0,02 -0,20
D - FRtotal -0,02 -1,06
D –PV -0,01 0,66
I n t e r a c ç õ
e s b i n á r i a s
FRtotal – PV -0,01 -1,06
Quando a tensão de corte (shear force) aplicada aumenta, de ‘baixo’ (low)
para ‘pico’ (peak), observa-se um aumento do diâmetro medido por número(Figura 5.22 a e b), e de facto, quando dois níveis são considerados (baixo para
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 148
alto e médio para pico), o efeito é significativo (SF2, Tabela 5.6 e p<0,01, Tabela
5.7). Esta tendência de aumento é afectada apenas em alguns casos no aumento
de ‘alto’ (high, 3 Psi) para ‘pico’ (peak, 4 Psi) resultando em diâmetros medidos
que foram iguais ou inferiores. Os resultados da Tabela 5.6 não mostram esta
tendência linear, porque as diferenças entre os níveis ‘baixo’ (low) e ‘médio’
(medium) e entre os níveis ‘alto’ (high) e ‘pico’ (peak) é de apenas 1 Psi,
enquanto que a diferença entre ‘médio’ (medium) e ‘alto’ (high) é de 1,5 Psi. Por
outro lado, um aumento na tensão de corte também conduz a uma diminuição
no diâmetro medido para as partículas de maiores dimensões (parte superior dos
gráficos da Figura 5.22 a e b). Embora a observação não seja muito significativa,
(Tabela 5.7, distribuição por volume) e os resultados não mostrem uma
tendência particular, é possível sugerir que incrementando a tensão de corte, sepromove a separação entre as partículas, como já mencionado por Houzego
(2002). Como as partículas de maiores dimensões têm maiores áreas de
contacto, a adesão e coesão entre elas é igualmente maior. Consequentemente,
o efeito da tensão de corte é observado principalmente nas partículas maiores do
fármaco, com um desvio do pico, observado na distribuição por número, para
dimensões maiores. Este parâmetro é particularmente importante para amostras
que contêm mais do que uma população, mas mesmo para amostras que contêmapenas uma população de partículas, a tensão de corte altera os valores
medidos, como consequência da maior desaglomeração produzida.
Em relação ao parâmetro de desaglomeração (deagglomeration), quando
este parâmetro é ajustado para ‘alto’ (high) as partículas são transportadas do
copo da amostra (sample cup) para a agulha de dispersão (dispersion pin) a uma
velocidade maior. Daqui resulta um impacto mais forte na agulha, gerando uma
maior força de separação das partículas (Houzego, 2002). Assim, a explicação
apresentada para o efeito da tensão de corte também se aplica a esta variável.
Para as partículas mais pequenas, uma alteração de ‘normal’ (normal) para ‘alto’
(high) produz uma diferença importante nos resultados (Tabela 5.6), enquanto
que para as partículas maiores se observou uma redução no diâmetro medido
(Figura 5.22 a e b), mas que estaticamente não é significativa (Tabela 5.7).
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 149
Pico
Alto
Med
Baixo
Alto
Normal
BaixoMed
Alto
Desl Lig
PicoAlto
MedBaixo
Alto
Normal
Alto
Med
Baixo
Lig
Desl
1,40
1,50
1,60
1,70
1,80
1,90
2,00
2,10
2,20
2,30
Níveis dos parâmetros
D i â m e t r o a e r o d i n â m i c o [μ m ]
63,00
64,00
65,00
66,00
67,00
68,00
69,00
70,00
71,00
72,00
a
PicoAlto
MedBaixo
Alto
Normal
Alto
Med
BaixoLig
Desl
Baixo
Med
Alto
Pico
Alto
Normal
Baixo
Med
Alto
Desl
Lig
1,00
1,05
1,10
1,15
1,20
1,25
1,30
1,35
1,40
Níveis dos parâmetros
D i â m e t r o a e r o d i n â m i c o [ m m ] a
36,00
38,00
40,00
42,00
44,00
46,00
48,00
50,00
52,00
b
Tensão de corte Desaglomeração Taxa de alimentação Vibração da agulha
Figura 5.22 - Diâmetro aerodinâmico das partículas em função dos níveis dosparâmetros: a) tensão do detector alta; b) tensão do detector baixa.
68,0
69,0
70,0
71,0
72,0
44,0
46,0
48,0
50,0
52,0
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 150
F
1 7 9 3 , 5
* * *
2 , 0
9
3 , 9
7
2 4 , 5
4 * *
3 , 7
4
2 , 6
4
2 , 0
4
1 0 , 3
4 *
6 , 0
7
6 , 1
5
6 , 7
2 *
2 , 8
3
6 , 1
4 *
V a r i â n c i a s
1 1 8 0 6 , 4
1 3 , 7
3
2 6 , 1
4
1 6 1 , 5
2 4 , 6
3
1 7 , 3
8
1 3 , 3
9
6 8 , 0
8
3 , 9
4
3 9 , 9
2
4 0 , 4
7
3 , 2
8
4 4 , 2
0
1 8 , 6
1
4 0 , 3
9
D i s t r i b u i ç ã o p o r v o l u m e
S o
m a d e
q u a d r a d o s
1
1 8 0 6 , 4
4 1 , 2
1
2 6 , 1
5
3 2 3 , 0
2 4 , 6
3
5 2 , 1
5
1 3 , 3
9
1 3 6 , 1
3 , 9
5
1 1 9 , 8
2 4 2 , 8
9 , 8
7
8 8 , 4
1
1 8 , 6
2
8 0 , 8
0
F
9 4 4 3 , 0
* * *
2 4 5 , 0
* * *
0 , 0
0
4 , 8
5
1 1 , 0
8 *
5 9 , 0
8 * * *
4 2 , 9
2 * * *
1 5 , 2
3 * *
5 , 5
4
3 1 , 8
5 * * *
1 2 , 0
0 * *
3 9 , 2
3 * * *
3 , 4
6
2 0 , 0
8 * *
V a
r i â n c i a s
6 , 8
2
0 , 1
7
0 , 0
0
0 , 0
0
0 , 0
1
0 , 0
4
0 , 0
3
0 , 0
1
0 , 0
0
0 , 0
2
0 , 0
1
0 , 0
3
0 , 0
0
0 , 0
0
0 , 0
1
D i s t r i b u i ç ã o p o r n ú m e r o
S o m a d e
q u a d r a d o s
6 , 8
2
0 , 5
3
0 , 0
0
0 , 0
1
0 , 0
1
0 , 1
3
0 , 0
3
0 , 0
2
0 , 0
0
0 , 0
7
0 , 0
5
0 , 0
9
0 , 0
1
0 , 0
0
0 , 0
3
G r a u s d e
l i b
e r d a d e
1 3 1 2 1 3 1 2 1 3 6 3 2 1 2
V o l t a g e m a
o
f o t o m u l t i p l i c a d o r ( P M V )
T e n s ã o d e c o r t e ( S F )
D e s a g l o m e r a ç ã o ( D )
T a x a d e a l i m e n t a ç ã o ( F R )
V i b r a ç ã o d a a g u l h a ( P V )
P M V - S F
P M V - D
P M V - F R
P M V - P V
S F - D
S F - F R
S F - P V
D - F R
D - P V
F R - P V
T a
b e l a 5 . 7 – R e s u l t a d o s d a A
n á l i s e d e V a r i â n c i a ( A N O V
A ) p a r a o s d i f e r e n t e s e n s a
i o s e x p e r i m e n t a i s .
Variáveis Interacções binárias E s p a ç o s e m b
r a n c o r e p r e s e n t a m o
s
r e s u l t a d o s a s s o c i a d o s a o e r r o e x
p e r i m e n t a l . * p < 0 , 0
5 ; * * p < 0 , 0 1
; * * * p < 0 , 0
0 1
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 151
A taxa de alimentação (feed rate) influencia directamente o número de
partículas contadas por unidade de tempo (Figura 5.17). O Aerodisperser® ajusta
automaticamente o caudal de ar para satisfazer o valor seleccionado para este
parâmetro. A Tabela 5.6 e a Figura 5.22 (a e b) mostram um decréscimo no
tamanho medido tanto das partículas pequenas, como das grandes, quando o
valor deste parâmetro é incrementado. Contudo, as diferenças verificadas nas
partículas de dimensões menores não é muito significativa, embora esta variável
promova um decréscimo significativo (p<0.01, Tabela 5.7) no diâmetro
aerodinâmico por volume, isto é, sobre as partículas de maiores dimensões.
Eventualmente poderá ocorrer um efeito sinergético a taxas de alimentação mais
elevadas, devido à presença de mais partículas, levando à formação de
aglomerados de partículas, e à detecção de partículas aparentemente maiores. Avibração da agulha (pin vibration) de desaglomeração afecta a deposição de
partículas neste elemento, no seu trajecto para o detector. Os resultados
mostram claramente que se observa um padrão mais consistente quando se
considera uma distribuição por número em vez de uma distribuição por volume.
O estado da vibração da agulha não tem um efeito muito importante na medição
do tamanho das partículas (Figura 5.22 a e b, Tabela 5.6) e a distribuição por
número quase não é afectada (Tabela 5.7). Quando se considera a distribuiçãopor volume, duas observações têm de ser feitas: a) algumas das diferenças
observadas não se devem ao Aerosizer®, mas a variações no conteúdo das
cápsulas; b) o componente mais importante das cápsulas é o sulfato de
salbutamol que se assume como representando as partículas mais pequenas,
enquanto que o excipiente é associado às partículas maiores cujos tamanhos
estão distribuídos de uma forma menos uniforme.
As interacções de variáveis a dois níveis (interacções binárias) são mais
relevantes para os resultados apresentados por número (partículas mais
pequenas) do que para os resultados apresentados por volume, sugerindo que a
distribuição por número é mais sensível a alterações destas variáveis do que a
distribuição por volume. Estas interacções podem ocorrer entre 2, 3, 4 ou os 5
parâmetros (resultados não apresentados). Contudo, quando o número de
interacções aumenta, a interpretação dos efeitos torna-se mais complicada
porque as variáveis contribuem diferentemente para o resultado final. Os
resultados que não estão presentes mostraram que, com o aumento do nível deinteracções, o módulo do resultado tende a diminuir, mesmo que o resultado
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 152
seja altamente significativo. Assim, interacções com um elevado número de
níveis (mais de 3) mostraram ser mais difíceis de discutir, com base apenas nos
dados disponíveis.
É interessante observar os resultados para a interacção entre PMV e SF
(p<0,001, Tabela 5.7). Um valor positivo para a distribuição por número (Tabela
5.6) sugere uma interacção entre as duas variáveis, pelo que o decréscimo no
valor da moda é apenas metade do valor esperado. O aumento da SF faz
aumentar o número de partículas com uma dimensão um pouco maior, o que faz
com que a maior sensibilidade do detector, por lhe ser aplicada uma tensão
maior, não seja tão importante. As interacções entre PMV e D e entre PMV e FR,
produzem um efeito menor do que a interacção entre PMV e SF, mas são
significativas com p<0,001 e p<0,01, respectivamente (Tabela 5.7). Podeassumir-se que estas variáveis alteram a amostra, na forma como é apresentada
ao detector. Também significativas são as interacções entre a tensão de corte e
as outras variáveis (desaglomeração, taxa de alimentação e vibração da agulha).
Pelo contrário as interacções PMV-PV, D-FR ou D-PV não são significativas. Uma
possível explicação para estas observações é que a tensão de corte transforma
aglomerados de partículas em partículas individuais que são medidas pelo
detector. Como nem a vibração da agulha nem a desaglomeração afectamdirectamente o processo de contagem, as suas interacções não são significativas.
Devido ao facto de que as interacções mais significativas foram observadas
para as distribuições por número, que correspondem aos valores dos diâmetros
da substância activa, os resultados apresentados por volume não serão aqui
discutidos em detalhe.
5.3.2.2 Usando o analisador do tempo de voo
Conforme foi referido no Capítulo 3, os resultados apresentados no ponto
anterior serviram de base à análise dos fármacos apresentados no Capítulo 2. A
Figura 5.23 mostra os valores dos diâmetros obtidos por número, que
correspondem aos diâmetros das partículas de substância activa nos aerossoles
para inalação apresentados na Tabela 2.1. Esta figura mostra não só o valor da
moda das distribuições, mas também o valor da média.
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 153
Da observação da Figura 5.23, é claro que os aerossoles se dividem em dois
grandes grupos: o primeiro com partículas de menores dimensões e valores do
desvio padrão geométrico mais pequeno, correspondente aos aerossoles
administrados através dos Turbohaler®, e o segundo grupo em que as partículas
têm maiores dimensões e também maiores valores do desvio padrão geométrico.
É igualmente claro que, quando se considera a moda das distribuições, os
valores medidos são mais uniformes. Este facto pode ser explicado tendo em
atenção que as partículas do excipiente têm maior impacto no valor da média da
distribuição do que no valor da moda, não sendo estas tão importantes no
medicamento como as partículas da substância activa.
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
T e r b u t a l i n a
5 0 0
B u d e s o n i d a
2 0 0
F o r m o t e r o l 9
B u d e s o n i d a
1 6 0 +
F o r m o t e r o l 4 . 5
S a l m e t e r o l 5 0
F o r m o t e r o l 1 2
B u d e s o n i d a
2 0 0
B u d e s o n i d a
4 0 0
B e c l o m e t a s o n a
1 0 0
S a l b u t a m o l
2 0 0
Turbohaler (antigo) Turbohaler
(novo)
Diskus Aerolizer Rotahaler
D i â m e t r o d a s
p a r t í c u l a s [μ m ]
Moda da distribuição Média da distribuição
Figura 5.23 – Valores dos diâmetros das par tículas de substância activa obtidoscom o analisador do tempo de voo (as barras associadas ao valor da médiaindicam o desvio padrão geométrico).
As diferenças que possam existir entre o valor do diâmetro das partículas de
sulfato de salbutamol apresentado na Figura 5.23 e os valores presentes nasfiguras anteriores, ou anteriormente referidos, é devido ao facto de nesta figura
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 154
apenas serem considerados valores obtidos com a tensão do fotomultiplicador
mais elevada, enquanto que nas restantes todos os valores são considerados, ou
inclusivamente apenas os valores obtidos com a tensão mais baixa.
Da Figura 5.23 é possível ainda observar que as diferenças entre os valores
das médias e das modas das distribuições dos aerossoles administrados pelos
Turbohaler® é bastante menor do que as diferenças observadas para os
restantes aerossoles. Estas observações são explicadas pelo facto de os
aerossoles administrados fazendo uso dos Turbohaler® não possuírem excipiente,
ou as partículas do excipiente (quando presente) terem nestes casos dimensões
idênticas às da substância activa.
5.3.2.3 Usando o anemómetro de fase Doppler
Uma das primeiras observações registadas na utilização deste equipamento
foi a elevada rejeição de partículas, por não serem esféricas, o que já poderia ser
esperado tendo em atenção a Figura 5.15. Para se obterem as 10.000 amostras
válidas, o sistema verificava frequentemente valores superiores a 150.000
partículas. Este facto, por si só, mostra a pouca eficiência do anemómetro defase Doppler (PDA) na análise de aerossoles de pós secos. Esta elevada taxa de
rejeição pode também provocar desvios significativos nos resultados. É de
realçar que o equipamento usado dispunha de vários detectores, permitindo
estabelecer os critérios de rejeição. Caso se tratasse de um equipamento mais
simples certamente que muitas mais partículas teriam sido registadas, mas
porventura com valores de diâmetro errados.
Este equipamento efectua algum tratamento dos resultados, apresentandodiâmetros médios, igualmente por número, área de superfície ou volume, bem
como outros resultados estatísticos, e ainda os valores da velocidade das
partículas, os quais não foram considerados nesta análise. Contudo, para
comparar estes resultados com os resultados obtidos com o analisador do tempo
de voo, é necessário usar a mesma base de comparação, isto é, o tratamento
dos resultados tem de ser feito da mesma forma. Assim, foi necessário efectuar
algumas operações sobre os resultados base obtidos com o PDA. Primeiramente
é necessário ter em atenção que, enquanto o analisador do tempo de voo mede
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 155
diâmetros aerodinâmicos, o PDA mede diâmetros geométricos. Assim, os
diâmetros das partículas medidos com o PDA foram convertidos em diâmetros
aerodinâmicos, com excepção das esfera calibradas de nylon, recorrendo à
equação 2.6, e o diâmetro médio (média geométrica) das partículas medidas por
este equipamento foi determinado pela equação 2.1, que é usada pelo analisador
do tempo de voo. O diâmetro das esferas de nylon não foi convertido em
diâmetro aerodinâmico porque o diâmetro geométrico é previamente indicado
pelo fabricante e, por esta razão, faz mais sentido converter o diâmetro medido
pelo analisador do tempo de voo para diâmetro geométrico.
Como se pode observar na Tabela 5.8, o tamanho medido das partículas
diferia entre os locais onde a medição era realizada na instalação de teste
(secção 3.2.2), apresentando o ponto mais próximo da parede um valor superior.A diferença entre medições é maior entre os dois primeiros pontos, a partir da
parede, do que entre o segundo e o terceiro. Naturalmente, estes resultados
traduzem a ocorrência de estratificação das partículas, sendo que as partículas
maiores passavam mais próximo da parede. Este facto explica-se pela existência
de curvas na instalação, pois as partículas com maior inércia viajam pela parte
exterior, onde o diâmetro é maior.
As diferenças apresentadas na Tabela 5.8 são significativas, não podendoser ignoradas. Assim, para um correcta caracterização dos pós usando o PDA,
seria com certeza necessário um número de pontos de medição bastante mais
elevado. Todavia, nesse caso, a utilização desta técnica tornar-se-ia bastante
morosa. Consequentemente é notório que este sistema, pelo menos quando
conjugado com a instalação usada, não é adequado para a análise deste tipo de
partículas. A excepção a este caso acontece de uma forma algo natural para as
partículas calibradas de nylon (duas últimas linhas da Tabela 5.8), em que as
diferenças são menores que para os pós farmacêuticos. Inclusivamente, neste
caso, o ponto mais afastado da parede não é aquele em que a medição produziu
um valor menor, cabendo essa posição ao ponto intermédio, mas continuando o
valor mais elevado a ser obtido no ponto de medição mais próximo da parede. A
primeira das duas linhas acima referidas mostra os resultados obtidos com o
PDA, mas tratados usando a equação 2.1, do TOF. A segunda linha mostra os
resultados dos diâmetros destas partículas conforme apresentados pelo PDA.
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 156
Tabela 5.8 – Diâmetros médios das substâncias analisadas pelo anemómetro defase Doppler em função da distância à parede na instalação de teste ecomparação com os resultados obtidos com o analisador do tempo de voo.
Distância à parede
1 mm 3 mm 5 mm
TOF
Lactose 5,84 μm 5,58 μm 5,49 μm 7,37 μm
Celulose microcristalina 13,26 μm 6,67 μm
Sulfato de salbutamol 4,25 μm 3,86 μm 3,63 μm 2,48 μm
Esferas calibradas de nylon 6,02 μm 5,79 μm 6,00 μm 4,97 μm **
Esferas calibradas de nylon* 6,09 μm 5,80 μm 5,97 μm −
* Valores da média aritmética do diâmetro geométrico apresentado pelo PDA.** Valor da média geométrica do diâmetro geométrico apresentado pelo TOF.
Comparando os resultados obtidos com o PDA e com o TOF, presentes na
Tabela 5.8, é notório que existem grandes diferenças. A diferença mais
significativa ocorre para a celulose microcristalina, sendo o valor apresentado
pelo PDA próximo do dobro do valor apresentado pelo TOF. A justificação para a
diferença encontrada poderá ser devida ao facto de as partículas desta
substância apresentarem formas muito irregulares e, por isso, muito afastadas
da forma esférica. Para as restantes substâncias farmacêuticas as diferenças
entre os resultados apresentados pelos dois equipamentos não é tão grande,
mas continua a ser superior à diferença observada para as esferas de calibração
de nylon. A diferença entre as medições observadas resulta certamente de
medições erradas do PDA, essencialmente devidas à reduzida esfericidade das
partículas dos pós secos.
Se no caso dos medicamentos pode ser questionado qual o equipamento
mais exacto, no caso das esferas calibradas não se passa o mesmo. Com estas
esferas, antes de efectuar o ensaio, o valor esperado é conhecido, e o analisadordo tempo de voo mostrou uma grande exactidão a medir estas partículas. Como
se observa nas últimas duas linhas da Tabela 5.8, mais uma vez os valores
medidos pelos dois equipamentos diferem e o PDA afasta-se mais do valor
indicado de 5 μm, em qualquer um dos pontos medidos, principalmente
considerando os valores apresentados pelo próprio equipamento e não os
resultados processados de acordo com o método do TOF.
Apesar de, analisando apenas os valores dos diâmetros médios obtidos, o
TOF se apresentar mais adequado à medição do diâmetro dos aerossoles para
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 157
inalação, e de o PDA revelar grandes limitações, importa também comparar as
distribuições do tamanho das partículas, obtidas com cada um destes
equipamentos.
Na Figura 5.24 observa-se a distribuição do tamanho das partículas de
nylon obtida com o PDA. As irregularidades observadas na linha de distribuição
podem ser devidas a um número não muito elevado de determinações (10.000),
podendo ser eliminadas com o aumento do número de amostras recolhidas, mas
aumentando também o tempo de ensaio. Comparando estes resultados com os
resultados apresentados na Figura 5.16 para o TOF (reproduzidos pela linha
tracejada na Figura 5.24), verifica-se que os resultados apresentados pelo PDA
exibem um espectro mais largo, principalmente no sentido dos diâmetros mais
pequenos, apresentando o pico mais elevado, moda da distribuição, um valor dediâmetro superior.
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
0,1 1 10 100 1000
Diâmetro geométrico [μm]
N ú m e r o d e p a r t í c u l a s
( n o r m a l i z a d o
)
Distribuição obtida com o PDA Distribuição obtida com o TOF
Figura 5.24 - Distribuição dos diâmetros das esferas de calibração de ny l on obtida com o PDA.
Os comentários feitos sobre as irregularidades observadas na distribuição
de tamanhos das esferas de calibração de nylon podem ser repetidos para a
distribuição dos diâmetros do medicamento que contém sulfato de salbutamol(Figura 5.25). Comparando esta figura com os resultados da Figura 5.21 para o
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 158
TOF, a qual é reproduzida a tracejado na Figura 5.25, são observadas ainda
maiores diferenças entre as distribuições apresentadas pelos dois equipamentos.
Mais uma vez a moda da distribuição apresentada pelo PDA é superior,
mostrando um pico mais alargado, principalmente no sentido dos diâmetros
inferiores. Contudo também se verificam diferenças importantes na gama de
partículas maiores. Com o PDA apenas se observa a presença de uma única
população (um pico na distribuição), praticamente não se observando partículas
com diâmetro superior a cerca de 20 μm, enquanto que com o TOF se observam
três picos, apesar de o segundo e o terceiro serem bastante menores que o
primeiro. A esta observação não é certamente alheia ao facto de o arranjo óptico
então usado no PDA limitar as medições a diâmetros inferiores a 56 μm, mas que
por si só não justifica estes resultados. A rejeição de partículas de maioresdimensões por apresentarem grandes desvios de esfericidade, os erros
cometidos na determinação devido à hipótese de as partícula serem esféricas e a
estratificação observada nesta gama de diâmetros, constituem razões de monta.
O uso de um filtro espacial (secção 2.2.4) no detector do PDA que desviasse a
gama de medição para diâmetros maiores poderia solucionar o problema da
truncatura a 56 μm, mas impediria a análise dos pós da substância activa. Por
outro lado, o uso de um filtro espacial que permitisse uma gama mais alargada
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
0,1 1 10 100 1000
Diâmetro aerodinâmico [μm]
N ú m e r o d
e p a r t í c u l a s
( n o r m a l i z a d o )
Distribuição obtida com o PDA Distribuição obtida com o TOF
Figura 5.25 – Distribuição de tamanho de partículas de sulfato de salbutamol.
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 159
de diâmetros permitiria analisar todas as partículas do pó, mas à custa de uma
diminuição da sensibilidade do equipamento. Todavia, as principais limitações do
PDA não seriam efectivamente solucionadas.
Em face do que foi observado é legítimo concluir que a capacidade do
anemómetro de fase Doppler para analisar estes materiais é limitada, sendo o
analisador do tempo de voo como uma melhor alternativa. Assim, nos estudos
subsequentes, foram considerados os valores dos diâmetros das partículas
obtidos com o analisador do tempo de voo, não tendo sido prosseguido o
trabalho com o anemómetro de fase Doppler.
5.3.3. Densidade dos pós
Conforme foi referido no Capítulo 3, para os fármacos que contêm
excipiente, e em que a massa de substância activa é muito inferior à massa do
excipiente (duas ordens de grandeza inferior), foi considerado que a massa
volúmica das amostras era igual à massa volúmica do excipiente que o
medicamento contém (lactose), que é de 1,55×103 kg/m3. Contudo, existem trêsmedicamentos para os quais esta suposição não é legítima. Dois por não
conterem excipiente (sulfato de terbutalina e budesonida), e o terceiro, por a
massa de uma das substâncias activas (budesonida) não ser desprezável face à
massa de excipiente (budesonida+ fumarato de formoterol + lactose). A Tabela
5.9 apresenta os valores da massa volúmica determinados para estes fármacos.
Tabela 5.9 – Valores da massa volúmica dos fármacos.
Fármaco Massa volúmica [kg/ m3]
Sulfato de terbutalina 1,34 × 103
Budesonida 1,24 × 103
Budesonida + fumarato de formoterol + lactose 1,50 × 103
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 160
5.4. Dispersão e deposição de partículas
5.4.1. No impactador em cascata de vidro
A Figura 5.26 apresenta a percentagem de substância activa que ficou retida em
cada zona de recolha do impactador em cascata de vidro. Observam-
-se diferenças entre substâncias administradas pelo mesmo dispositivo, mas
especialmente entre substâncias administradas por dispositivos diferentes. As
colunas a e b são ambas referentes a budesonida (200 μg), quando libertadopelo Aerolizer® e pelo Rotahaler®, respectivamente. As colunas c e d são
referentes a sulfato de salbutamol, quando libertado pelo Rotahaler® e pelo
Rotahaler® modificado (identificado como “Rot2” na figura), também
respectivamente. Comparando estes dois pares de colunas conclui-se que as
características do dispositivo de inalação são muito importantes, afectando
significativamente a deposição das partículas. Os valores da Fracção de
Partículas Finas (FPF, fracção da massa total que se deposita na zona 3 do
impactador em cascata de vidro) referentes à deposição de Budesonida diferem
em mais de 15%, considerando os dois dispositivos, enquanto que no caso do
sulfato de salbutamol esta diferença é ainda mais dramática, atingindo um valor
de 50%.
Olhando para as diferenças existentes na Figura 5.26 entre fármacos
diferentes administrados pelo mesmo inalador facilmente nos apercebemos que
não são só as características dos inaladores que são importantes na deposição
das partículas e que as características das substâncias a inalar têm também umpapel importante no padrão de deposição das partículas.
Importa relacionar os resultados apresentados na Figura 5.26 para a
deposição de partículas na zona 3 do impactador com as variáveis de que
depende este processo, as quais foram anteriormente apresentados (secção
3.10), para uma melhor compreensão deste fenómeno (Figura 5.27 a Figura
5.30).
A Figura 5.27 mostra a dependência da FPF em relação ao caudal de ar que
estava calibrado para atravessar o impactador, no caso do Rotahaler®. É notório
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 161
que o aumento do caudal conduz a um aumento da FPF, a uma taxa de
crescimento quase constante. No entanto, comparando estes resultados com os
apresentados por outros autores (Srichana et al., 1998), nota-se que para outros
dispositivos de inalação a FPF também aumenta com o incremento do caudal de
ar, apesar de a taxa de crescimento ter tendência a reduzir-se à medida que o
caudal aumenta, para a generalidade dos dispositivos de inalação.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
T e r b u
t a l i n a
5 0 0
B u d e s
o n i d a
2 0
0
F o r m o t e
r o l 9
B u d e s
o n i d a
1 6
0
F o r m o t e r
o l 4 . 5
S a l m e t e
r o l 5 0
F o r m o t e
r o l 1 2
B u d e s
o n i d a
2 0
0
B u d e s
o n i d a
4 0
0
B u d e s
o n i d a
2 0
0
S a l b u
t a m o l
2 0 0
B e c l o m e t a s o n a
1 0 0
S a l b u
t a m o l
2 0 0
Turbohaler
(antigo)
Turbolhaler
(novo)
Diskus Aeroliser Rotahaler Rot2
F r a c ç ã o [ % ]
Dispositivo
Zona 1
Zona 2
Zona 3
Figura 5.26 – Percentagem de substância activa retida em cada uma das zonasde recolha.
Na Figura 5.28 é mostrada a relação existente entre o diâmetro
aerodinâmico das partículas (modas das distribuições) e a FPF. Tal como se
esperava, pelo que foi referido na introdução, existe uma forte dependência da
segunda variável em relação à primeira, sendo que, de um modo geral, um
menor diâmetro das partículas se traduz num aumento da percentagem de
substância activa que se deposita na zona 3 do impactador em cascata de vidro.
Contudo, pela dispersão dos pontos experimentais observada nesta figura, e
apesar da inegável importância da dimensão das partículas, também fica claro
a b c d
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 162
não ser este o único factor de que depende a FPF, em concordância com o que
tinha sido anteriormente mencionado sobre a Figura 5.26.
0
5
10
15
20
25
30
30 45 60 75
Caudal de ar [l/ min]
F r a c ç ã
o P a r t i c u l a s F i n a s
[ % ]
Figura 5.27 – Relação entre o caudal de calibração do impactador em cascata devidro e a fracção de partículas finas.
0
10
20
30
40
50
0,60 0,80 1,00 1,20 1,40 1,60
Diâmetro das partículas [μm]
F r a c ç ã o P a r t í c u l a s F i n a s [ % ]
Figura 5.28 – Relação entre a moda das distribuições de diâmetro dos pós e afracção de partículas finas.
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Em regra, com o impactador calibrado para um caudal fixo (60 l/min), os
dispositivos que exibem as perdas de carga mais elevadas produziram também
os maiores valores da fracção de partículas finas (Figura 5.29), mesmo que
operando a um caudal efectivo ligeiramente inferior (Figura 5.13). A perda de
carga pode ser compreendida como uma medida da obstrução ao escoamento do
ar dentro do dispositivo. Assim, uma perda de carga maior está provavelmente
associada com a presença de secções transversais de passagem de ar menores,
conduzindo velocidades locais do ar mais elevadas. Finalmente, este efeito causa
o desenvolvimento de tensões de corte mais intensas e, possivelmente, níveis de
turbulência local mais elevados. Complementarmente, estes factores promovem
a desaglomeração das partículas e a dispersão do pó, de que resultam partículas
de menores dimensões e um aumento da fracção de partículas finas (Labiris eDolovich, 2003b).
0
10
20
30
40
50
0 0,4 0,8 1,2 1,6
Perda de Carga [kPa]
F r a c ç ã o P a r í c u l a s F i
n a s [ % ]
Turbohaler antigo Turbohaler novo
Diskus Aerolizer
Budenosida 200 via Aerolizer Rotahaler
Budenosida 200 via Rotahaler Salbutamol 200 via Rotahaler or
Salbutamol 200 via Rotahaler modificado
Figura 5.29 – Relação entre a perda de carga nos inaladores e a fracção departículas finas.
Em função dos resultados apresentados na Figura 5.14 e na Figura 5.29 nãoé expectável que exista uma forte correlação entre a intensidade de turbulência
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 164
na saída dos inaladores e a fracção de partículas finas (Figura 5.30). Contudo,
verifica-se uma ligeira tendência no aumento da FPF quando a intensidade de
turbulência também aumenta, o que pode indicar que a turbulência gerada pelo
inalador na sua saída ajuda de facto no processo de desaglomeração das
partículas, apesar de não ser um mecanismo muito importante neste âmbito.
0
10
20
30
40
50
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25
Intensidade de turbulência
F r a c ç ã o p a r t í c
u l a s f i n a [ % ]
Figura 5.30 – Relação entre a intensidade de turbulência ( ek ) e a fracção departículas finas a 60 l/ min.
Os resultados da deposição na zona 3 do impactador, obtidos para os
diferentes casos considerados, e os resultados das medições dos diâmetros das
partículas, da perda de carga nos dispositivos e da intensidade de turbulência à
saída destes, foram analisados com o auxílio da equação 3.13, conforme
discutido no Capítulo 3. Os valores dos quatro parâmetros adimensionais
definidos pelas equações 3.6, 3.7, 3.8 e 3.11 foram calculados para os pares
dispositivo de inalação/substância activa analisados, e combinados para se obter
experimentalmente a relação funcional adimensional. É possível identificar uma
dependência clara entre a FPF e os restantes parâmetros. Esta relação é dada
pela equação 5.1 e mostrada na Figura 5.31.
10141213 TQPf FPF ⋅⋅= (5.1)
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 165
Os expoentes de P, Q e T da equação anterior foram obtidos procurando a
melhor aproximação (por mínimos quadrados) aos resultados experimentais,
usando apenas números racionais.
As duas curvas que se observam na Figura 5.31, e que expressam a relação
funcional da equação 5.1, são funções quadráticas. O coeficiente do termo linear
é positivo, enquanto que o termo parabólico é negativo, explicando assim a
concavidade das curvas. As barras associadas aos resultados expressam o erro
experimental na determinação da FPF. O coeficiente de correlação, considerando
todos os pontos experimentais (linha contínua), é de 0,91, o que constitui um
indicador inegável da validade desta formulação.
Os pontos experimentais representados na Figura 5.31 que não seguem a
linha de tendência de uma forma tão próxima como a maioria dos pontosexperimentais correspondem a fumarato de formoterol (O) e ao dipropionato de
beclometasona (Δ). Em relação à primeira destas duas substâncias activas, deve
realçar-se o facto de terem existido diferenças nos procedimentos experimentais
0
10
20
30
40
50
0 30.000 60.000 90.000 120.000 150.000 180.000
P1/ 2 Q1/ 4 T1/10
F r a c ç ã
o d e P a r t í c u l a s F i n a s [ % ]
Figura 5.31 – Relação entre a fracção de partículas finas e os restantesparâmetros adimensionais: —— considerando todos os pontos experimentais;
- - - sem os pontos experimentais correspondentes ao fumarato de formoterol(O) e ao dipropionato de beclometasona (Δ).
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e na metodologia usada quantificar a deposição desta substância, conforme
discutido no Capítulo 3. Estes factos constituem uma diferença em relação às
restantes substância activas que pode, pelo menos parcialmente, explicar as
discrepâncias observadas. Em relação ao dipropionato de beclometasona, deve
ser mencionado que Geuns et al. (1997) já haviam observado uma inexplicável
diferença entre experiências produzindo dois valores da FPF completamente
distintos, nomeadamente 8,2% a 15,9%. O menor destes valores está próximo
do presente resultado (8,4%) mas, se fosse considerado o valor mais elevado, o
ponto corresponde a esta substância localizar-se-ia na Figura 5.31 praticamente
sobre a curva de tendência. Assim, removendo da análise os quatro pontos
experimentais correspondentes àquelas substâncias activas, o factor de
correlação da curva correspondente (linha descontínua) sobe para 0,97.Em ambos os casos a adaptação aos pontos experimentais é boa. Deste
modo, é razoável notar que as variáveis mais importantes a considerar na
caracterização da deposição in vitro de DPIs foram identificadas. Apesar de não
se tratar de um modelo para determinar a FPF, a partir das outras variáveis,
convém ainda assim referir que são necessários alguns cuidados na aplicação
destes resultados fora da gama estudada nesta investigação. Apesar disso, esta
análise permitiu demonstrar que o diâmetro das partículas é a variável maisrelevante no processo, de acordo com o que tinha sido já notado na introdução
desta tese (Capítulo 1). A perda de carga no inalador e a densidade dos pós
mostraram ser também duas variáveis muito importantes.
5.4.2. No modelo computacional
5.4.2.1 Validação do modelo de dispersão das partículas
Conforme foi referido no capítulo anterior o modelo estocástico Lagrangiano
usado para simular o transporte das partículas foi validado usando os resultados
obtidos por Snyder e Lumley (1971) e por Wells e Stock (1983).
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 167
Os resultados obtidos experimentalmente pelos primeiros destes autores
são comparados com os resultados obtidos computacionalmente para 5.000
partículas na Figura 5.32. A dispersão das partículas (Figura 5.32 a) produzida
pelo modelo computacional aproxima-se bastante dos resultados experimentais,
para todos os exemplos analisados. O decaimento da variância da velocidade das
partículas, segundo a direcção transversal ao escoamento (Figura 5.32 b), obtida
computacionalmente, está bastante próxima dos resultados experimentais para o
caso das partículas de pólen de milho (linha e pontos vermelhos), e
principalmente das partículas de vidro oco (linha e pontos verdes), que são
inclusivamente as que têm características mais próximas dos pós farmacêuticos.
Contudo, para os grânulos de vidro a diferencia registada é grande, mas idêntico
resultado foi já anteriormente observado (Sommerfeld et al., 1993; Mehrotra etal. 1998).
Na Figura 5.33 são comparados os resultados experimentais de Wells e
Stock (1983) com os resultados computacionais, mais uma vez obtidos com
5.000 partículas. No caso deste teste não se conhecia o ponto de referência para
comparação. Assim foi seguido o procedimento usado também por Sommerfeld
et al. (1993), e os resultados computacionais foram deslocados para que na
posição X/M=30 fossem coincidentes com os resultados experimentais, tomando-se este local como ponto de referência para comparação. Tal como nas evoluções
apresentadas na Figura 5.32 a), os resultados computacionais da dispersão das
partículas encontram-se razoavelmente próximos dos resultados obtidos por
Wells e Stock (1983), para todos os casos analisados. Contudo, no que diz
respeito que à evolução das variâncias da velocidade das partículas não se passa
o mesmo. Nesta comparação os resultados diferem significativamente, tal como
observado por Sommerfeld et al. (1993) ao aplicarem também o EIM
apresentado na secção 4.2.2.
Com base nos resultados apresentados nesta secção é legítimo concluir que
o modelo desenvolvido é válido e produz resultados correctos para a dispersão
das partículas.
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 168
0
1
2
3
4
5
0 100 200 300 400 500
t (ms)
D i s p e r s ã o -σ 2 (
c m
2 )
0
5
10
15
20
25
30
35
0 100 200 300 400 500
t (ms)
U 2 / v ' 2
Grânulos de vidro (Snyder e Lumley) Grânulos de vidro (modelo)
Pólen de milho (Snyler e Lumley) Pólen de milho (modelo)
Vidro oco (Snyder e Lumley) Vidro oco (modelo)
Figura 5.32 – Comparação entre os resultados obtidos por Snyder e Lumley(1971) com os obtidos pelo modelo (5.000 partículas) usado para simular otransporte das partículas: a) dispersão das partículas ao longo do tempo;b) decaimento da variância da velocidade das partículas segundo a direcçãotransversal.
a)
b)
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 169
0
1
2
3
4
5
20 30 40 50 60 70 80X/ M
y 2 [
c m
2 ]
0
5
10
15
20
20 30 40 50 60 70 80
X/ M
U 2 / u
2
Vd=0 m/s (Wells e Stock) Vd=0 m/s (modelo)
Vd=0,545 m/s (Wells e Stock) Vd=0,545 m/s (modelo)
Vd=1,216 m/s (Wells e Stock) Vd=1,216 m/s (modelo)
Figura 5.33 – Comparação entre os resu ltados obtidos por W ells e Stock (1983)com os obtidos pelo modelo (5000 partículas) usado para simular o transportedas partículas: a) dispersão das partículas ao longo do tempo; b) decaimento davariância da velocidade das partículas segundo a direcção transversal.
b)
a)
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 170
5.4.2.2 Deposição das partículas
Na primeira fase do trabalho importava avaliar os efeitos, na deposição das
partículas, das diferenças entre as duas aproximações usadas para simular avelocidade na proximidade de uma superfície sólida (secção 4.5). A Figura 5.34
mostra o padrão de deposição na primeira câmara usando a forma mais simples,
enquanto a Figura 5.35 apresenta o padrão de deposição na mesma câmara,
mas fazendo uso do modelo mais complexo, tendo sido usada nas duas situações
a mesma amostra, com 15.000 partículas de 5±1,5 μm segundo uma distribuição
normal.
Tanto na Figura 5.34 como na Figura 5.35, a maior concentração de
partículas é observada nas zonas laterais no final do tubo de entrada (A), na
parede que está localizada no lado oposto ao da entrada (B) e no início do tubo
de saída (C). Ainda nas duas figuras (a e c) é observável o padrão definido pelas
partículas no tubo de saída, em consequência do escoamento secundário que
existe neste tubo. Todavia deve ser referido que, na representação gráfica das
partículas, não foi considerada a sua dimensão relativa.
Na região (B) da Figura 5.34, as partículas encontram-se preferencialmente
alinhadas paralelamente à malha, mas na Figura 5.35 este comportamentoanormal das partículas já não é observado, existindo um padrão mais uniforme e
disperso. Os aglomerados de partículas que se observam na região (C) têm uma
dimensão bastante maior na Figura 5.34 do que na Figura 5.35, onde estes
apresentam uma distribuição mais contínua. A transição da região (C) para a
deposição ao logo do tubo de saída é mais abrupta na primeira destas duas
figuras do que na segunda.
Em consequência do que foi observado, a segunda, e mais precisa,metodologia considerada para calcular a distância da partícula à parede e
determinar a velocidade do fluido no ponto em que a partícula se encontra
produziu resultados fisicamente mais realistas. Apesar do aumento verificado na
uniformidade da distribuição das partículas depositadas nas principais zonas, (A),
(B) e (C), estas regiões permaneceram as mesmas em ambos os casos.
Contudo, ocorreu um aumento de 8,6% no número de partículas depositadas,
usando a determinação mais precisa e o tempo de cálculo aumentou cerca de
quatro vezes.
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 171
Usando a primeira aproximação para determinar a velocidade do fluido
próximo da parede, quando a partícula viaja paralelamente a uma parede plana,
a sua distância em relação a este elemento é constante, independentemente da
distância a um nó. Assim, quanto mais próximo a partícula estiver do seu nó
mais próximo, mais importante se torna o primeiro nó a partir da parede, na
direcção do nó mais próximo da partícula, para a determinação da velocidade da
fase contínua do escoamento na localização da partícula. A importância dos
dezasseis nós vizinhos não varia muito, visto que a distância em relação a estes
pontos também não varia muito. Desta forma, a importância do ponto da parede
mais próximo da partícula também varia, de forma inversa à da importância do
primeiro nó da malha, a partir da parede, na direcção do nó mais próximo da
partícula. Assim, a velocidade do escoamento calculada na posição da partículaapresenta o valor mais baixo quando a partícula está no ponto médio entre dois
nós. Por esta razão, este é também o ponto onde a velocidade da partícula será
menor e onde as partículas apresentam uma maior tendência para se
depositarem.
A Figura 5.36 mostra as trajectórias de duas partículas próximo da parede. As
trajectórias apresentadas nesta figura são circulares e localmente paralelas a
uma superfície também circular semelhante àquelas do impactador em cascatade vidro. Enquanto a trajectória da partícula 1 está localizada no interior da
circunferência, a partícula 2 desloca-se pelo exterior. O ponto A na superfície é o
ponto mais próximo da partícula 1, quando esta partícula está na posição A1, e
também o ponto mais próximo da partícula 2, quando esta está na posição A2.
No entanto, enquanto o ponto mais próximo da trajectória da partícula 1 em
relação à parede simulada é o ponto A1, o ponto A2 é o ponto da trajectória da
partícula 2 mais afastado da parede. Quando a partícula 1 está na posição B1, o
ponto da parede mais próximo é tanto o ponto B como o ponto B’ . Os pontos da
parede entre B e C e entre C e B’ nunca são os pontos da parede mais próximos
da partícula 1. Pelo contrário, os pontos entre B e C são os pontos mais próximos
da trajectória da partícula 2 entre B2 e C2 e os pontos entre C e B’ são os pontos
mais próximos da trajectória da mesma partícula entre C2’ e B2’ . Pode ainda ser
notado que o ponto C é o ponto da parede mais próximo da partícula 2, quando
esta se encontra entre C2 e C2’ .
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a b c
Figura 5.34 – Deposição de partículas na primeira câmara do impactador emcascata de vidro usando uma determinação simples da velocidade do fluidopróximo da parede: a) vista de frente; b) vista de topo; c) vista de lado.
a) b) c)Figura 5.35 – Deposição de partículas na primeira câmara do impactador emcascata de vidro usando uma determinação da velocidade do fluido próximo daparede mais precisa: a) vista de frente; b) vista de topo; c) vista de lado.
Usando a primeira metodologia para determinar a velocidade do fluido
próximo da parede ao longo de uma superfície côncava (partícula 1, Figura
5.36), os dois efeitos anteriormente descritos manifestam-se em conjunto e as
partículas ficam depositadas entre os nós (Figura 5.34). Numa superfície convexaé possível que ocorra um equilíbrio entre efeitos. Predominância do primeiro
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 173
efeito ocorre com distâncias mais pequenas entre um nó da parede com o seu nó
mais próximo fora da parede, ou maiores das superfícies (dos volumes de
controlo Eulerianos) que pertencem à fronteira da peça virtual. Predominância do
segundo efeito ocorre com maiores ângulos entre duas superfícies da fronteira
(ângulo medido pelo interior). Nesta situação não ocorre equilíbrio, e as
partículas aderem às paredes, preferencialmente entre os nós, mesmo quando o
ângulo entre as superficies é maior do que π radianos, conduzindo à formação de
aglomerados sem significado físico na região (C) da Figura 5.34. Ao longo de
uma superfície plana o segundo efeito não se verifica e a adesão das partículas
ocorre preferencialmente entre os nós da malha.
Figura 5.36 – Exemplos de trajectórias de partículas próximo da parede.
Usando a segunda aproximação, a partícula 1 (Figura 5.36) é afectada por
um escoamento do fluido mais lento no ponto A1. Este facto ocorre para apartícula 2 entre os pontos C2 e C2’ , e por um período mais longo, deslocando-se
esta a idêntica velocidade. A partícula 1 é afectada por uma maior velocidade do
fluido no ponto B1, e a partícula 2 no ponto A2. Como resultado, a velocidade
das partículas será maior ou menor, respectivamente, em cada um destes
pontos. Desta forma, ao longo de uma superfície côncava, a partícula
apresentará a mesma tendência, não se depositando preferencialmente próximo
dos nós ou das linhas que separam os volumes de controlo Eulerianos. Numa
superfície convexa, as partículas têm tendência para formar aglomerados nestes
Partícula 2
Partícula 1
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 174
pontos ou próximo deles. Estes efeitos são incrementados com o aumento do
ângulo entre as superfícies. Ao longo de uma superfície plana estes efeitos não
ocorrem e uma partícula que de desloca paralelamente a uma superfície não
apresenta a dependência em relação à malha acima descrita, para a deposição.
Conforme observado nos resultados da deposição mostrados na Figura 5.35, a
segunda aproximação conduz a uma deposição mais realista das partículas nas
paredes do impactador virtual. Na região (B) as partículas distribuem-se de uma
forma mais aleatória e, na região (C), os aglomerados são menos notórios, de
modo que a transição desta região para outras regiões é mais suave.
Figura 5.37 – Exemplo de trajectórias de partículas na primeira câmara: a) vistade frente; b) vista de topo.
A Figura 5.37 mostra exemplos de trajectórias calculadas de algumas
partículas dentro da primeira câmara do impactador. Embora esta amostra sejapequena (contém apenas as trajectórias descritas por 256 partículas) e, como
tal, não seja estatisticamente relevante, observa-se que um número elevado de
partículas impactam nas paredes do dispositivo, o que ajuda a explicar o elevado
número de partículas que ficam retidas nesta câmara. É naturalmente possível
encontrar alguma correlação entre as zonas de impacto e as zonas em que as
partículas ficam predominantemente retidas (Figura 5.34 e Figura 5.35),
principalmente no que respeita à região B. Nos restantes resultados foi sempre
a b
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 175
usado um número de partículas muito superior, conforme oportunamente
referido.
Na Figura 5.38 são apresentadas as distribuições de densidade mássica e de
densidade de partículas simuladas de sulfato de salbutamol, na passagem da
primeira câmara para o tubo que liga as duas câmaras do impactador virtual,
quando este é operado a 60 l/min. As áreas a vermelho reflectem as zonas em
que as densidades são mais elevadas, em contraste com as áreas a azul escuro,
que correspondem às zonas de menor densidade. Nesta figura observa-se que a
maior densidade de partículas se encontra próximo da região central do tubo,
ocorrendo picos localizados de elevada densidade mássica junto à parede. Esta
situação resulta do facto de as partículas de maior dimensão passarem nesta
zona junto da parede, enquanto que as partículas menores, que são em maiornúmero, seguem melhor o escoamento da fase contínua e estão na gama com
acção terapêutica, passam no centro. É oportuno notar que a massa de uma
partícula de 10 μm é 103 vezes maior que a massa de uma partícula de 1 μm.
A Figura 5.39 mostra o mesmo tipo de resultados que a Figura 5.38, mas
agora na secção de entrada da segunda câmara, tendo sido obtida nas mesmas
condições. Nestas imagens é de destacar algum alinhamento que existe segundo
o eixo Z, que é devido à acção do escoamento secundário presente neste tubo(Figura 5.11). Mais uma vez, a maior densidade de partículas é observada no
centro do tubo. Em relação à densidade mássica observa-se que, embora junto
da parede continuem a surgir densidades elevadas, os valores no centro do tubo
são agora comparáveis. Nestas figuras é observável a existência de alguma
assimetria em relação ao eixo Z. No entanto, os desvios observados não são
acentuados e seriam minimizados aumentando a dimensão da amostra.
Os resultados da deposição das partículas obtidos através do modelo
computacional foram comparados com os valores experimentais de deposição no
impactador em cascata de vidro (secção 5.4.1). O modelo computacional não
quantifica de forma alguma as partículas que ficam depositadas no inalador ou
nas cápsulas, considerando apenas as partículas que entram no impactador.
Assim, a comparação dos resultados deve ter este aspecto em consideração, não
sendo por isso legítimo comparar directamente com os resultados apresentados
na Figura 5.26. A estes resultados deve ser retirada massa que não entra no
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 176
Figura 5.38 – Distribuições de densidades na secção de saída da primeiracâmara: a) mássica; b) de partículas.
Figura 5.39 – Distribuições de densidades na secção de entrada da segundacâmara: a) mássica; b) de partículas.
impactador, considerando como 100% a que efectivamente lá entra. Na Figura5.40 são comparados os resultados obtidos experimentalmente com os obtidos
por simulação, a dois caudais diferentes. Os resultados experimentais são
referentes a partículas de sulfato de salbutamol administradas via Rotahaler®,
tendo sido simulada uma distribuição de partículas deste medicamento com
diâmetro médio de 2,7 μm e desvio padrão geométrico igual a 2,1. Contudo, o
diâmetro máximo foi limitado a 12,7 μm, tal como referido na secção 4.1, para
evitar considerar as partículas maiores de lactose, mas englobando ainda 95%
das partículas do medicamento. Em ambos os caudais o padrão de deposição é
Kg m-2 /kg
a
Nº m-2 /Nº
b
Nº m-2 /Nº
b
Kg m-2 /kg
a
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 177
similar para os dois casos. É natural que as diferenças observadas entre os
resultados experimentais e os simulados, nas três zonas de deposição
consideradas, não evoluam da mesma forma quando o caudal aumenta porque o
modelo computacional não considera o efeito do inalador, o qual já se
demonstrou influenciar, em certa medida, o comportamento das partículas.
Conforme foi observado, a perda de carga no inalador tem grande importância
na FPF. Sendo esta perda de carga causada por agentes desaglomerantes, e
dependendo do caudal que atravessa o inalador, para um maior caudal é de
esperar que exista uma maior e mais eficaz desaglomeração. Este efeito não é
considerado no modelo, assumindo-se implicitamente que a distribuição de
partículas à entrada não se altera.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Experimental Simulação Experimental Simulação
30 l/min 60 l/min
F r a
c ç ã o [ % ]
Zona 1
Zona 2
FPF
Figura 5.40 Comparação entre os resultados de deposição num impactador emcascata de vidro obtidos exper imentalmente e por simulação, com caudais de ar
de 30 e 60 l/ min e considerando partículas de sulfato de salbutamoladministradas via Rotahaler®.
Foram ainda efectuados testes de sensibilidade ao modelo, relativamente ao
efeito de variações na distribuição de diâmetros das partículas à entrada. A
Figura 5.41 mostra a distribuição de tamanhos de quatro distribuições de
partículas com 3, 5, 7 e 50 μm de diâmetro médio geométrico e desvio padrão
geométrico igual a 1,5, que foram usadas para avaliar o comportamento domodelo, com um caudal de 60 l/min.
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0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
0,1 1 10 100 1000
N ú m e r o d e p a r t í c u l a s ( n o r m a l i z a d o )
3 m 5 m 7 m 50 m
Figura 5.41 – Distribuição de tamanhos de partículas usadas para avaliar ocomportamento do modelo computacional desenvolvido (GSD=1,5).
A Figura 5.42 mostra a deposição das partículas apresentadas na Figura
5.41. Considerando apenas as distribuições das partículas com 3, 5 e 7 μm
verifica-se que o aumento do diâmetro conduz a um aumento da deposição das
partículas na primeira câmara. Mas, para as partículas de 50 μm, a deposição na
primeira câmara é muito baixa. As partículas com maior inércia impactam com
maior facilidade nas paredes da câmara. Por outro lado, estas encontram-se
geralmente animadas de uma energia cinética superior (e são mais pesadas),
tendo por isso maior facilidade em retornar ao interior da câmara. Do balanço
entre estes dois fenómenos resulta uma maior ou menor deposição das
partículas na primeira câmara. Inclusivamente, observando a deposição das
partículas de 5 e 7 μm de diâmetro nesta câmara, a diferença é já muitopequena, motivada por este equilíbrio. As três distribuições com menores
diâmetros médios, principalmente a de 3 μm, não contêm muitas partículas com
dimensão suficiente para ficarem retidas na superfície líquida. O mesmo não se
passa com a distribuição de 50 μm, observando-se uma grande deposição de
partículas na zona 2 do impactador. A Figura 5.42 confirma que um aumento do
tamanho das partículas leva a uma diminuição da FPF. Seria talvez de esperar
que a FPF fosse ainda menor para as partículas de 50 μm. Contudo, sabe-se que
existem sempre algumas partículas de maior dimensão que não ficam
μmμmμm μm
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 179
depositadas nas primeiras câmaras, sendo capazes de passar para a zona 3 do
impactador.
Deve ainda notar-se que é necessário algum cuidado ao comparar os
resultados apresentados na Figura 5.40 com os resultados apresentados na
Figura 5.42. Mesmo para a distribuição correspondente a 3 μm, que apresenta
um diâmetro médio geométrico próximo do da distribuição usada para obter os
resultados apresentados na Figura 5.40, as distribuições diferem nas estatísticas
de ordem superior, justificando as diferenças observadas.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
3 5 7 50
Zona 1
Zona 2
FPF
Figura 5.42 – Deposição de partículas de 3, 5, 7 e 50 μm no modelo virtual doimpactador em cascata de vidro, com um caudal de 60 l/ min.
A Figura 5.43 mostra a distribuição do tamanho de partículas que saem da
segunda câmara do impactador virtual. A distribuição apresentada na Figura 5.43
foi obtida com a distribuição de partículas que apresentava um diâmetro médio
de 7 μm (Figura 5.41). Nesta distribuição, não só o valor da média era superior
ao diâmetro de corte (cut-off ) teórico do equipamento (6,4 μm; secção 2.2.2),
como muitas das partículas desta distribuição se encontram também acima deste
valor. Na distribuição apresentada na Figura 5.43 o valor máximo é próximo de
6,4 μm, assinalado pela linha preta, diminuindo o número de partículas de forma
acentuada a partir deste valor, principalmente quando se compara com adistribuição de partida (simétrica). Ao diâmetro de 10 μm existe já um número
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 180
bastante reduzido de partículas que passam para a zona da FPF, caindo este
valor a zero pouco depois dos 12 μm, enquanto que na distribuição original tal só
acontecia acima dos 20 μm. Também esta análise é demonstrativa das
capacidades do modelo em prever correctamente a deposição de partículas no
impactador.
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1 10 100
Diâmetro aerodinâmico [μm]
N ú m e r o d e p a r t í c u l a s
( n o r m a l i z a
d o )
Figura 5.43 – Distribuição de tamanhos das partículas da fracção de partículasfinas resultante da deposição de partículas com um diâmetro médio geométricode 7 μm, com um caudal de 60 l/ min. A linha preta assinala o diâmetro de cortede 6,4 μm.
5.5. Sumário
Neste capítulo começou-se por visualizar o escoamento do fluido dentro do
impactador em cascata de vidro. É um escoamento complexo, com zonas de
recirculação e estagnação, diferentes intensidades de turbulência locais,
existindo ainda uma oscilação de baixa frequência dentro da primeira câmara. A
geometria do impactador em cascata de vidro originou a formação de um
escoamento secundário na saída da primeira câmara, mas que se dissipa, já não
estando presente na entrada da segunda câmara. Foi ainda observado que o
comportamento do escoamento é praticamente independente do número de
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 181
Reynolds na gama estudada. Da análise dos erros cometidos na localização do
volume de medição devido a um imperfeito ajustamento do índice de refracção,
quando o fluido de trabalho era água, foi possível concluir que estes não são
muito significativos.
Na caracterização dos dispositivos de inalação foi mostrado que o
dispositivo que apresenta maior perda de carga é o Turbohaler® novo, seguido
pelo Turbohaler® antigo, Diskus®, Aerolizer® e Rotahaler®. Um dispositivo
Rotahaler® modificado apresentou uma perda de carga próxima da do dispositivo
Diskus®. Até um caudal de 45 l/min não existem grandes diferenças na perda de
carga dos diferentes dispositivos. Contudo, a partir deste valor, as diferenças são
já notórias, identificando-se dois grupos, em que o primeiro engloba os dois
Turbohaler® e o segundo os restantes. A intensidade de turbulência na saída dosinaladores não é dependente da perda de carga, tendo sido o dispositivo Diskus®
aquele que apresentou o valor de perda de carga mais elevado e os dois
dispositivos Rotahaler® (original e modificado) os que apresentaram a
intensidade de turbulência mais baixa, não existindo grande diferença entre eles.
Pela análise das imagens obtidas por microscopia electrónica de varrimento
foi possível observar que a forma das partículas difere significativamente entre
amostras, que os medicamentos que contêm excipiente apresentamnormalmente uma grande heterogeneidade de dimensões de partículas e,
principalmente, que as partículas não são esféricas. Na análise da dimensão das
partículas voltou a ser observado a existência de dois grupos, o primeiro
incluindo os pós administrados pelos Turbohaler® e o segundo formado pelos pós
administrados pelos restantes inaladores, à semelhança do que se passou com a
perda de carga nos dispositivos de inalação.
Da análise e comparação dos dois equipamentos usados para determinar a
dimensão das partículas dos aerossoles concluiu-se que o analisador do tempo
de voo (Aerosizer®) é mais eficaz e conduz a resultados mais fiáveis do que o
anemómetro de fase Doppler. Na análise do primeiro equipamento observou-se
também a influência das diferentes parametrizações do equipamento, tendo
ficado demonstrado que a tensão ao fotomultiplicador é o parâmetro mais
importante, seguido pela tensão de corte aplicada às partículas.
Na deposição dos aerossoles no impactador em cascata de vidro verificou-
-se que existem grandes diferenças entre medicamentos administrados pordiferentes inaladores, mas também entre medicamentos administrados pelo
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mesmo inalador. A importância do inalador ficou demonstrada quando se fez o
cruzamento entre inaladores e pós e quando se usou o dispositivo Rotahaler®
modificado. Foi ainda verificado que a fracção de partículas finas aumenta com a
diminuição do tamanho das partículas, com o aumento da perda de carga do
inalador e com o aumento do caudal que atravessa o impactador em cascata de
vidro.
Em relação à deposição virtual de partículas de aerossoles, ficou
inicialmente demonstrado que o modelo usado prevê correctamente a dispersão
das partículas. Para além disso quando se altera o caudal que atravessa o
impactador em cascata de vidro, ou a dimensão do tamanho médio das
partículas, a evolução da deposição das partículas foi a esperada, aumentando
com o aumento do caudal e diminuindo com o aumento do tamanho médio daspartículas. Foram ainda testados dois modelos de cálculo da distância das
partículas à parede e do escoamento da fase contínua junto das paredes. O
método mais complexo e mais exacto revelou ser também o mais eficaz,
produzindo um padrão de deposição fisicamente mais realista, mas requerendo
um tempo de cálculo quatro vezes superior.
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6 Notas finais
Este capítulo encontra-se dividido em duas secções, sendo que na primeira
secção são apresentadas e sintetizadas as principais conclusões deste trabalho,
as quais foram entretanto sendo referidas durante a apresentação dos
resultados. Na segunda secção descreve algumas sugestões e recomendações
para trabalhos futuros.
6.1. Conclusões
O escoamento do ar no interior das zonas 1 e 2 do impactador em cascata
de vidro revelou ser complexo com diferentes zonas de recirculação e
estagnação. Apresenta ainda valores de intensidade de turbulência locais
significativamente diferentes, uma oscilação de baixa frequência no interior daprimeira câmara e existe escoamento secundário no tubo que liga as duas
câmaras, provocado pela geometria da primeira câmara. Na gama de caudais
mais importantes revelou padrões, tanto do campo médio como do campo
turbulento, independentes do número de Reynolds. O escoamento na segunda
câmara apresenta intensidades de turbulência maiores, bem como velocidades
médias locais igualmente superiores. O procedimento experimental usado foi
eficaz e adequado para caracterizar este escoamento.Foram encontradas grandes diferenças entre os medicamentos para
inalação disponíveis comercialmente e considerados neste trabalho. Nos
dispositivos de inalação foram observadas diferenças importantes tanto na perda
de carga como na intensidade de turbulência do ar na saída dos inaladores, entre
os vários aparelhos analisados, embora não exista uma relação clara entre estas
duas características. A dimensão das partículas também difere bastante entre os
diferentes medicamentos analisados, sendo que as partículas dos pós secos
apresentam igualmente formas irregulares.
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Em consequência das diferenças existentes entre os vários inaladores e pós
para inalação, observaram-se diferentes padrões de deposição de partículas in
vitro. Acima de tudo, foi observado que a fracção de partículas finas aumenta
com a diminuição do tamanho das partículas e com o aumento da perda de carga
do inalador, mesmo tendo em atenção que, para o mesmo esforço de inalação, o
caudal efectivo que passa pelo inalador é um pouco inferior, para os dispositivos
com maior perda de carga. Contudo também foi mostrado que, para o mesmo
dispositivo e para a mesma substância activa, maiores caudais de inalação
também produzem maiores valores da fracção de partículas finas.
Usando análise dimensional e modelação física, foi possível estabelecer uma
formulação para o problema da deposição in vitro de partículas provenientes de
inaladores de pó seco. Foi estabelecida uma relação entre a fracção de partículasfinas e três outros parâmetros adimensionais. Em consequência deste estudo a
dimensão das partículas foi identificada como a variável mais importante,
seguida pela perda de carga dos dispositivos e a densidade das partículas. No
pólo oposto está a turbulência na saída dos dispositivos que se revelou como a
variável menos importante de entre as estudadas. A Fracção de Partículas Finas
(FPF) está relacionada com as restantes variáveis pela expressão:
⎥⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢⎢
⎣
⎡⎟ ⎠
⎞⎜⎝
⎛ ⎟⎟ ⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛ ⎟⎟ ⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛ =
1014
1
p
21
p3 e
kD
qgD
pf FPF
μ
ρ
ρ
Δ (6.1)
onde Δp é a perda de carga nos inaladores, Dp o diâmetro das partículas, ρ a
massa volúmica, g a aceleração gravítica, q o caudal de ar que passa pelos
dispositivos, e μ a viscosidade dinâmica do ar; k e e são, respectivamente, a
energia cinética média e a energia cinética turbulenta do ar na saída dosdispositivos de inalação.
Esta informação é útil no desenvolvimento de novos medicamentos para
inalação de pós secos, contribuindo para tornar o processo menos empírico.
Na caracterização do tamanho das partículas o analisador do tempo de voo
(Aerosizer®) revelou ser mais eficaz que o anemómetro de fase Doppler.
Contudo, a forma como o analisador do tempo de voo é parametrizado influencia
o desempenho do equipamento e tem consequências no tamanho medido das
partículas. É igualmente necessário ter atenção que existe uma quantidade
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 185
mínima de matéria a analisar e um número mínimo de contagens para que a
medição seja correcta e reprodutível. Entre os parâmetros analisados, o mais
importante e que maiores variações produz, é a tensão ao fotomultiplicador,
seguido pela tensão de corte.
Embora o analisador do tempo de voo estudado não faça qualquer distinção
entre partículas de populações diferentes, se estas populações apresentarem
dimensões bastante distintas é possível analisar as dimensões das partículas das
duas populações: a população das partículas menores analisada através de uma
distribuição por número e a das partículas maiores analisada através de uma
distribuição por volume, não esquecendo porém que não se evita alguma
contaminação cruzada. Numa situação destas não existe correlação entre os
valores apresentados para cada uma das distribuições.O modelo computacional desenvolvido identificou as superfícies de impacto
e quantificou a adesão das partículas. Permitiu ainda identificar o trajecto
preferencial do movimento das partículas entre as diferentes zonas do
impactador em cascata de vidro.
Os resultados obtidos com o modelo computacional mostraram que uma
determinação mais precisa da distância das partículas às paredes e uma melhor
simulação numérica do escoamento do ar nas regiões próximas das paredespermitem diminuir a dependência da malha no padrão de deposição das
partículas, obtendo-se um padrão de deposição fisicamente mais realista.
Contudo, esta melhoria dos resultados conduz a um aumento do tempo de
processamento, que neste caso foi de aproximadamente de quatro vezes. Na
aplicação destes modelos é necessário ponderar as vantagens obtidas, face à
obtenção de resultados mais rápida.
A comparação dos resultados produzidos pelo modelo com os resultados
experimentais demonstrou as capacidades do modelo proposto na simulação da
deposição de partículas provenientes de aerossoles de pó seco para inalação. Na
simulação da utilização de um aerossole real, o modelo conseguiu reproduzir de
forma correcta a deposição das partículas simulando dois caudais de ar de
funcionamento diferentes, tendo apresentado a resposta esperada à variação do
caudal. O modelo respondeu também da forma esperada à variação do tamanho
das partículas: um aumento do tamanho médio conduziu a uma diminuição da
fracção de partículas finas.
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Apesar das referidas capacidades, o modelo desenvolvido não considera o
inalador, embora a forma do bucal possa ser tida em consideração quando se
define a área de entrada das partículas. Assim, não considerando o inalador, este
modelo é uma ferramenta para o desenvolvimento de partículas, permitido o
estudo comparativo de partículas com propriedades diferentes, e não de
medicamentos para inalação.
Todavia, este modelo computacional permite não só o estudo comparativo
de diferentes distribuições de partículas, como ainda poderá ser uma base útil no
desenvolvimento de outros modelos que permitam auxiliar o projecto de novos
impactadores.
6.2. Sugestões para trabalho futuro
Embora na análise efectuada tenham sido identificados os principais
factores que influenciam a deposição de partículas de aerossoles in vitro, seria
útil conhecer a intensidade de turbulência e o movimento do ar dentro dos
dispositivos de inalação. Assim, a criação e utilização de modelos transparentes
dos inaladores poderia ser de grande utilidade.
Conforme foi observado as partículas dos aerossoles existentes é muito
diferente da forma esférica. Existem algumas formas de partículas que
potenciam a sua deposição podendo no futuro haver interesse em as produzir.
Assim, seria de grande utilidade introduzir no código desenvolvido modelos que
permitam considerar os efeitos associados a partículas não-esféricas.
Quanto maior for o número de partículas simuladas melhores serão também
os resultados, do ponto de vista estatístico. Em consequência da simulação de
um elevado número de partículas, o tempo de processamento será também
elevado. A paralelização do código poderá minimizar este problema, podendo ser
implementada em clusters ou tirando partido dos modernos computadores com
múltiplos núcleos de processamento. A forma como o código foi desenhado, em
que o cálculo do movimento de partículas individuais é independente, facilita a
implementação deste método.
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Pedro Augusto de Morais Sarmento Jorge Mendes 187
Um tema que se observou estar ainda pouco estudado, mas que é
importante no estudo do escoamento de partículas de aerossoles, é o estudo do
impacto de partículas sólidas de pequenas dimensões em superfícies líquidas.
Em face das evoluções actuais, do surgimento de novos impactadores e da
consequente desactualização do impactador em cascata de vidro seria
interessante repetir as medições do escoamento da fase contínua num aparelho
mais recente e proceder à adaptação do código a este novo equipamento.
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Apêndices
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A. Técnica de Montgomery
A.1. Factorial 2k
Frequentemente, nos processos científicos, é necessário utilizar concepção
factoriais, mas muitas vezes cada factor tem apenas dois níveis, sendo
designados por concepção factorial 2k (k factores com dois níveis cada).
Num dos métodos para resolver factoriais do tipo 2k o processo inicia-se
com uma tabela com k colunas e 2k linhas. Cada coluna corresponde ao efeito
principal do factor e cada linha a cada uma das experiências, ou combinação de
factores a tratar. Existem diversas notações para o preenchimento desta tabela.
A notação geométrica usa os símbolos (-) e (+). Quando na linha da experiência
que está a ser considerada o factor a que a coluna corresponde está no nível
mais baixo, é usado o símbolo (-) e quando o factor está no nível mais alto, osímbolo (+). Esta tabela é depois estendida para uma tabela com 2k-1 colunas,
para analisar a interacção de factores. Em cada coluna multiplica-se linha a linha
os valores dos coeficientes presentes nas primeiras k colunas, a que essa coluna
se refere.
Tabela A.1 - Tabela para factorial 23
A B C AB AC BC ABC
(-1) - - - + + + -
a + - - - - + +
b - + - - + - +
c - - + + - - +
ab + + - + - - -
ac + - + - + - -
bc - + + - - + -
abc + + + + + + +
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A Tabela A.1mostra um exemplo de tabela, para um factorial 23.
O símbolo (-1), na primeira linha, indica que todos os factores estavam no
nível baixo. As etiquetas com as letras minúsculas indicam os factores que
estavam no nível alto na experiência a que se refere a linha, enquanto que as
letras maiúsculas o factor ou interacção de factores em estudo nessa coluna.
Para conhecer o efeito principal ou a interacção de efeitos, multiplicam-se
os sinais na coluna apropriada da tabela pelo resultado da combinação
correspondente, somam-se e divide-se por 2k-1. Por exemplo para o efeito de A:
( ) ( )( )[ ]bccb1abcacaba2
1A
13+++−−+++=
− (A.1)
E para a interacção ABC:
( ) ( )( )[ ]bcacab1cbaabc21
ABC 13 +++−−+++=−
(A.2)
A.2. Mais de 2 níveis por factor
Embora os factoriais de dois níveis sejam usados em muitos casos, por
vezes não é suficiente, sendo necessário considerar mais níveis em cada factor.
O método descrito na secção anterior não é directamente aplicável a factoriais
com mais de dois níveis por factor. Mas Montgomery desenvolveu uma técnica
que permite analisar factoriais com três ou quatro níveis em cada factor.
Em cada um desses casos um factor X com três ou quatro níveis é divididoem dois factores com dois níveis cada um. Se X é um factor de três níveis (x1, x2,
x3) a decomposição nos factores A e B é feita de acordo com o que se apresenta
na Tabela A.2 . Para um factor Y de quatro níveis (y1, y2, y3, y4) a decomposição em
factores C e D de dois níveis cada é apresentada na Tabela A.3.
Na análise dos resultados o efeito de A tem de ser adicionado ao de B e o
de C ao de D para conhecer os efeitos de X e de Y respectivamente. Assim, para
uma variável com dois níveis esta técnica indica o efeito da variável quando variado nível mais baixo para o mais alto. Para uma variável com três níveis, indica o
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efeito médio de quando varia um nível (do nível 1 para o 2 ou do nível 2 para o
3) e quando a variável é alterada do nível mais baixo para o mais alto a variação
será o dobro. Para uma variável com quatro níveis a técnica de Montgomery
produz três resultados: o primeiro correspondente ao efeito médio de alterar do
nível 1 para o 2 ou do 3 para o 4, o segundo a passar do nível 1 para o 3 ou do 2
para o 4 e o terceiro valor produzido a tendência da linha de alteração. O efeito
total, de passar do nível 1 para o 4, é a soma do primeiro e segundo valores
produzidos.
Tabela A.2 - Conversão de um factor de três níveis em factores de dois níveis
3 níveis 2 níveis
X A B
x1 - -
x2 + -
x2 - +
x3 + +
Tabela A.3 - Conversão de um factor de quatro níveis em factores de dois níveis
4 níveis 2 níveis
Y C D
y1 - -
y2 + -
y3 - +
y4 + +
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B. Análise de Variância (ANOVA)
Uma análise de variância compara a magnitude numérica das variações
provocadas pelos vários factores avaliando a sua importância relativa e decidir se
são ou não significativamente diferentes, através de um teste de Fisher (teste F).
É aqui apresentada uma aplicação para um factorial de vários factores com mais
de dois níveis por factor. Factoriais com menos factores ou apenas dois níveis
por factor são casos particulares deste. Para facilitar, a explicação será
acompanhada por um exemplo de um factorial de três factores com três níveiscada um, cujos resultados se apresentam na Tabela B.1
Tabela B.1 – Exemplo de um problema com três factores de três níveis cadapara aplicação de uma análise de variância.
Factor A
0 1 2
Factor BFactorC 0 1 2 0 1 2 0 1 2 Total
0 52,5 53,2 56,3 50,0 47,9 41,3 39,1 33,1 24,1 397,5
1 46,2 53,8 33,5 52,9 43,4 19,1 47,0 32,7 18,5 347,1
2 40,3 38,6 29,4 39,7 34,2 21,9 40,2 30,5 15,0 289,8
Total 139,0 145,6 119,2 142,6 125,5 82,3 126,3 96,3 57,6 1034,4
Na aplicação desta técnica é necessário começar por definir os graus de
liberdade de cada factor e das interacções. O número de graus de liberdade de
um factor é igual ao número de níveis desse factor menos 1, e o número de
graus de liberdade de uma interacção de factores é dado pela multiplicação dos
graus de liberdade dos factores que nela intervêm. Neste caso cada factor tem 2
graus de liberdade, uma interacção de dois níveis 4 e a interacção dos três níveis
8.
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Seguidamente calcula-se o designado termo de correcção (TC). O TC é dado
pelo quadrado da soma de todas as experiências a dividir pelo número total de
experiências:
TC=1034,4 2 /27=39.629,0
De seguida calcula-se a soma de quadrados para cada um dos factores.
Para esta soma de quadrados calcula-se primeiro o quadrado da soma dos
valores obtidos para cada nível, que se divide pelo número de experiências com
esse nível. Soma-se depois o resultado obtido para todos os níveis a que se
subtrai o termo de correcção. Desta forma ignoram-se as variações dos outros
factores. Para o factor A (ignora-se as variações dos factores B e C):
Nível 0:(52,5+53,2+56,3+46,2+53,8+33,5+40,3+38,6+29,4)2 /9=18.117,2
Nível 1:
(50,0+47,9+41,3+52,9+43,4+19,1+39,7+34,2+21,9) 2 /9=13.642,2
Nível 2:
(39,1+33,1+24,1+47,0+32,7+18,5+40,2+30,5+15,0)
2
/9=8.723,6
A soma de quadrados para este factor é dada por:
(Nível 0 + Nível 1 + Nível 2)-TC = 40.483,0-39.629,0=854,0
Para os factores B e C o procedimento seria idêntico, e os resultados
encontram-se na Tabela B.2.
Para calcular as interacções de dois níveis, para cada par de níveis de dos
dois factores somam-se todos os resultados obtidos, eleva-se ao quadrado e
divide-se pelo número de experiências realizadas com esses pares de níveis.
Somam-se os valores obtidos e subtrai-se o termo de correcção e a soma de
quadrados dos factores intervenientes, obtendo-se então a soma de quadrados.
Assim para a interacção entre o factor A e o factor B vem:
(52,5+46,2+40,3) 2 /3 + (53,2+53,8+38,6) 2 /3 + … + (24,1+18,5+15,0) 2 /3
– 39.629,0 – 854,0 – 1.315,2 = 245,3
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O mesmo procedimento seria aplicado às restantes interacções e os
resultados são apresentados na Tabela B.2.
Para interacções superiores o procedimento é análogo. Somam-se todos os
resultados obtidos, eleva-se ao quadrado e divide-se pelo número de
experiências realizadas com esses pares de níveis. Somam-se os valores obtidos
e subtrai-se o termo de correcção, a soma de quadrados dos factores
intervenientes, e as suas interacções. Obtém-se então a soma de quadrados.
Para o exemplo aqui apresentado, a soma de quadrados para a interacção de
três níveis:
(52,52 + 46,22 + … + 15,02)
-39.629,0 (Termo de correcção)
-(854,0 + 1.315,2 + 645,4) (Factores independentes)-(245,3 + 180,9 + 297,1) (Interacções de dois níveis)
=88,1
Os quadrados médios são obtidos dividindo a soma de quadrados pelos
graus de liberdade, aplicando-se depois o teste de Fisher, obtendo-se o valor de
F.
Tabela B.2 – Resultados da análise de variância aplicada ao exemploapresentado.
Factores einteracções
Graus deLiberdade
Soma dequadrados
Quadradosmédios
F
A 2 854,0 427,0 38,8
B 2 1.315,2 657,6 59,8
C 2 645,4 322,7 29,3
AB 4 245,3 61,3 5,6
AC 4 180,9 45,2 4,1
BC 4 297,1 74,3 6,8
ABC 8 88,1 11,0