tese_desempenho logÍstico
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEAR
PROGRAMA DE MESTRADO EM ENGENHARIA DE TRANSPORTES
AVALIAO DO DESEMPENHO LOGSTICO
DE CADEIAS PRODUTIVAS AGROINDUSTRIAIS:
UM MODELO COM BASE NO TEMPO DE CICLO
Eugnio Jos Saraiva Cmara Costa
Dissertao submetida ao Programa de
Mestrado em Engenharia de Transportes
da Universidade Federal do Cear, como
parte dos requisitos para a obteno do
ttulo de Mestre em Cincias (M. Sc.) em
Engenharia de Transportes
ORIENTADOR: Prof. Dr. Joo Bosco Furtado Arruda
Fortaleza, CE
Novembro/2002
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FICHA CATALOGRFICA
COSTA, EUGNIO JOS SARAIVA CMARA
Avaliao do Desempenho Logstico de Cadeias Produtivas Agroindustriais:
um Modelo com Base no Tempo de Ciclo. Fortaleza, 2002.
XV, 182 fl., Dissertao (Mestrado em Engenharia de Transportes) Programa
de Mestrado em Engenharia de Transportes, Centro de Tecnologia, Universidade
Federal do Cear, Fortaleza, 2002.
1. Transportes Dissertao
3. Cadeia Produtiva Agroindustrial
2. Avaliao de Desempenho Logstico
4. Redes de Petri
CDD 388
REFERNCIA BIBLIOGRFICA
COSTA, E. J. S. C. (2002) Avaliao do Desempenho Logstico de Cadeias Produtivas
Agroindustriais: um Modelo com Base no Tempo de Ciclo. Dissertao de Mestrado,
Programa de Mestrado em Engenharia de Transportes, Universidade Federal do Cear,
Fortaleza, CE, 182 fl.
CESSO DE DIREITOS
NOME DO AUTOR: Eugnio Jos Saraiva Cmara Costa
TTULO DA DISSERTAO DE MESTRADO: Avaliao do Desempenho Logstico
de Cadeias Produtivas Agroindustriais: um Modelo com Base no Tempo de Ciclo.
Mestre / 2002
concedida Universidade Federal do Cear permisso para reproduzir cpias
desta dissertao de mestrado e para emprestar ou vender tais cpias somente para
propsitos acadmicos e cientficos. O autor reserva outros direitos de publicao e
nenhuma parte desta dissertao de mestrado pode ser reproduzida sem a autorizao
por escrito do autor.
________________________________________
Eugnio Jos Saraiva Cmara Costa
Av. Desembargador Moreira, 700 apto. 401 Meireles
60.170-000 Fortaleza (CE) BRASIL
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AVALIAO DO DESEMPENHO LOGSTICO DE CADEIAS PRODUTIVAS
AGROINDUSTRIAIS: UM MODELO COM BASE NO TEMPO DE CICLO
Eugnio Jos Saraiva Cmara Costa
DISSERTAO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO PROGRAMA DE
MESTRADO EM ENGENHARIA DE TRANSPORTES DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO CEAR COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSRIOS
OBTENO DO GRAU DE MESTRE EM CINCIAS EM ENGENHARIA DE
TRANSPORTES.
Aprovada por:
_____________________________________ Prof. Joo Bosco Furtado Arruda, Ph. D
(Orientador)
_____________________________________ Prof. Antnio Clcio Fontelles Thomaz, Ph. D
(Examinador Interno)
_____________________________________ Prof. Orlando Fontes Lima Jnior, Ph. D
(Examinador Externo)
_____________________________________ Prof. Giovanni Cordeiro Barroso, Ph. D
(Examinador Externo)
FORTALEZA, CE BRASIL
NOVEMBRO / 2002
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AGRADECIMENTOS
A concluso deste trabalho s foi possvel graas colaborao das seguintes
pessoas, a quem dedico os meus sinceros agradecimentos:
A meus pais Rubens e Tereza, exemplos de honestidade e perseverana, pelo
apoio em todos os momentos desta longa trajetria.
Tica, segunda me, pela dedicao e carinho.
Livinha, pela compreenso e incondicional ajuda.
Aos Professores Joo Bosco Furtado Arruda e Giovanni Cordeiro Barroso, pela
pacincia, incentivo e, sobretudo, amizade.
Ao Professor Jos Renato de Brito Sousa, pelo incentivo e a participao
fundamental que teve neste trabalho.
Aos produtores de melo do Baixo Jaguaribe, na pessoa do Sr. Francisco ureo,
por todas as informaes que me forneceram da forma mais atenciosa possvel.
Aos queridos Emmanoel, Marcelo e Ariosvaldo, pelo pensamento positivo.
Ao Dr. Petrnio Magalhes, pelos conselhos e incentivo.
Fundao Cearense de Amparo Pesquisa FUNCAP, pelo suporte dado
durante todo o curso de mestrado.
Secretaria de Agricultura Irrigada do Estado do Cear SEAGRI, na pessoa
da Dra. Luza Helena, pela ajuda prestada em diversos momentos da elaborao deste
trabalho.
Galera do Caldo, pelo companheirismo e a constante alegria de viver.
Aos amigos Fabio Abreu, Miguel Ary, Iran Lopes e Alysson Correia, pela
colaborao com informaes e bom humor.
A Ivone Sales Aleixo, Aliatar Digenes Neto e demais funcionrios, professores
e alunos do PETRAN, pelo excelente convvio que tivemos ao longo dos ltimos anos.
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Ningum ignora tudo. Ningum sabe tudo. Todos ns sabemos alguma coisa.
Todos ns ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre
Paulo Freire
Aprender a nica coisa de que a mente nunca se
cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende
Leonardo da Vinci
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Resumo da dissertao submetida ao PETRAN/UFC como parte dos requisitos para a
obteno do ttulo de Mestre em Cincias (M. Sc.) em Engenharia de Transportes
AVALIAO DO DESEMPENHO LOGSTICO DE CADEIAS PRODUTIVAS
AGROINDUSTRIAIS: UM MODELO COM BASE NO TEMPO DE CICLO
Eugnio Jos Saraiva Cmara Costa
Novembro/2002
Orientador: Joo Bosco Furtado Arruda
Em menos de duas dcadas, um novo mundo competitivo emergiu despertando
nas organizaes a necessidade de um controle mais efetivo de seu desempenho
logstico, tanto individual quanto coletivamente (ao longo da supply chain). Embora no
sejam um fim em si mesmos, os parmetros de desempenho so fundamentais na
medida em que possibilitam s empresas avaliarem se os objetivos estabelecidos dentro
da estrutura logstica adotada esto sendo alcanados. Todavia, a complexidade e
abrangncia do assunto implicam na simplificao deste processo (de avaliao) e na
utilizao de ferramentas que o auxiliem.
Nesse sentido, o presente trabalho apresenta um modelo de avaliao do
desempenho logstico de cadeias produtivas agroindustriais, elaborado a partir de redes
de Petri e que teve como ambiente de aplicao o segmento da fruticultura irrigada,
especificamente, a cadeia logstica do melo in natura produzido no Agroplo Baixo
Jaguaribe (Cear). A escolha da fruticultura irrigada se deve ao fato desta vir se
constituindo numa das principais atividades da cena econmica nordestina. Nesse
contexto, o melo se coloca como a principal fruta exportada pelo Brasil e o Cear, por
sua vez, como o segundo maior produtor de melo do pas.
O Modelo de Avaliao do Desempenho Logstico de Cadeias Produtivas
ADELCAP permite, alm da avaliao de desempenho (com base no tempo de ciclo) a
visualizao e anlise, a qualquer instante, da dinmica da estrutura modelada. Mostra-
se, no trabalho, que esta caracterstica, subjacente aos modelos desenvolvidos com redes
de Petri, pode auxiliar o tomador de decises atravs da construo de cenrios e
simulaes operacionais na cadeia estudada. Seu emprego apresentou bons resultados
quando comparados situao atual das unidades de mdio porte que produzem melo
no Agroplo Baixo Jaguaribe.
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vii
Abstract of Thesis submitted to PETRAN/UFC as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M. Sc) in Transportation Engineering
PERFORMANCE ASSESSMENT OF AGRIBUSINESS SUPPLY CHAIN:
A CICLE TIME-BASED LOGISTICAL MODEL
Eugnio Jos Saraiva Cmara Costa
Novembro/2002
Advisor: Joo Bosco Furtado Arruda
In the past two decades enterprises have been forced to adopt a more effective
control of theirs logistics performance both in activities which depends on their own as
in those linked to the supply chain they take part of. In performance assessment tasks,
indicators are crucial to make feasible the evaluation process, which must show in what
degree the enterprises stated objectives are being reached. The broad scope and the
high complexity of the logistics performance evaluation process make necessary to use
a due simplification on its modeling.
This work presents a performance assessment model focused on the agribusiness
supply chains, making use of Petri nets technique. A case study is presented and
discussed concerning the melon in natura in the Agroplo Baixo Jaguaribe, a fruit
production region supported by irrigation and situated in Cear State, northeastern
Brazil. The melon fruit is presently the main export fruit in Brazil and Cear is the
second larger exporter state.
The proposed model is mainly based on the lead time variable and makes easily
possible to visualize and to understand the performance involved with the dynamic
structure analyzed in the melon supply chain. It was found that Petri nets technique may
be useful in decision-taking process through the construction of scenarios and analyses
of simulated courses of action. The model application results duly replicates real outputs
in the case study.
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SUMRIO
CAPTULO 1
INTRODUO......................................................................................................01
1.1 JUSTIFICATIVA DA TEMTICA ABORDADA................................ 01
1.2 DEFINIO DO PROBLEMA DE PESQUISA.................................... 08
1.3 OBJETIVOS............................................................................................... 09
1.3.1 Objetivo Geral.............................................................................................. 09
1.3.2 Objetivos Especficos...................................................................................09
1.4 METODOLOGIA EMPREGADA........................................................... 10
1.4.1 Pesquisa do Estado da Arte.......................................................................... 10
1.4.2 Coleta de dados sobre sistemas agroindustriais........................................... 10
1.4.3 Elaborao do modelo de avaliao do desempenho logstico de cadeias produtivas.................................................................... 10
1.4.4 Aplicao do modelo ao caso da cadeia logstica do melo in natura produzido no Agroplo Baixo Jaguaribe (Cear)........................ 10
1.4.5 Anlise de resultados e concluses.............................................................. 12
1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAO........................................................ 12
CAPTULO 2
ANLISE E AVALIAO DE DESEMPENHO DE SISTEMAS LOGSTICOS............................................... 13
2.1 INTRODUO.......................................................................................... 13
2.2 CONCEITOS IMPORTANTES............................................................... 14
2.2.1 Logstica....................................................................................................... 14
2.2.2 Sistema Logstico......................................................................................... 15
2.2.3 Nvel de Servio........................................................................................... 16
2.3 A IMPORTNCIA DA AVALIAO DE DESEMPENHO................ 20
2.3.1 Controle do esforo logstico....................................................................... 22
2.4 EVOLUO DO CONCEITO DE DESEMPENHO............................. 24
2.5 FUNDAMENTOS PARA ANLISE DE DESEMPENHO................... 26
2.6 AVALIAO DE DESEMPENHO......................................................... 28
2.7 MEDIO DE DESEMPENHO.............................................................. 29
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ix
2.7.1 Custos........................................................................................................... 30
2.7.2 Capacidade................................................................................................... 31
2.7.3 Tempo de Ciclo............................................................................................ 32
2.7.4 Qualidade e Nvel de Servio...................................................................... 34
2.8 INDICADORES DE DESEMPENHO..................................................... 34
2.9 CONCLUSES.......................................................................................... 35
CAPTULO 3
FRUTICULTURA: SEGMENTO DO AGRONEGCIO BRASILEIRO...... 36
3.1 INTRODUO.......................................................................................... 36
3.1.1 Agronegcio: evoluo e aspectos conceituais............................................ 36
3.1.2 Nveis de anlise do sistema agroindustrial................................................. 37
3.1.3 Cadeias de Produo Agroindustrial (CPA)................................................ 39
3.2 O AGRONEGCIO BRASILEIRO........................................................ 42
3.2.1 Panorama atual............................................................................................. 42
3.2.2 Fruticultura: importncia e organizao da cadeia de frutas frescas........... 43
3.2.3 A fruticultura e sua participao no agronegcio brasileiro........................ 52
3.2.4 A fruticultura irrigada como segmento importante do agronegcio nordestino........................................................ 55
3.3 MELO IN NATURA: PRODUO E COMERCIALIZAO........ 58
3.3.1 Produo e exportao de meles em nvel mundial................................... 58
3.3.2 Produo e exportao de meles em nvel nacional e regional.................. 60
3.4 CONCLUSES.......................................................................................... 63
CAPTULO 4
REDES DE PETRI................................................................................................ 65
4.1 HISTRICO.............................................................................................. 65
4.2 APRESENTAO INFORMAL DE REDES DE PETRI.................... 66
4.2.1 Elementos bsicos........................................................................................ 66
4.2.2 Comportamento dinmico............................................................................ 68
4.3 CONCEITOS BSICOS........................................................................... 68
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x
4.3.1 Estrutura de uma Rede de Petri................................................................... 69
4.3.2 Redes de Petri.............................................................................................. 70
4.3.3 Grafo associado e notao matricial............................................................ 70
4.3.4 Transio sensibilizada................................................................................ 72
4.3.5 Disparo de uma transio............................................................................. 72
4.4 PROPRIEDADES DO MODELO............................................................ 73
4.4.1 Propriedades comportamentais.................................................................... 73
4.4.2 Propriedades estruturais............................................................................... 76
4.5 MTODOS DE ANLISE........................................................................ 77
4.5.1 rvore de cobertura..................................................................................... 78
4.5.2 Matriz de incidncia e equaes de estado.................................................. 80
4.5.3 Tcnicas de reduo ou decomposio........................................................ 80
4.6 REDES DE ALTO NVEL........................................................................82
4.7 REDES DE PETRI E A REPRESENTAO DO TEMPO................. 83
4.7.1 Rede de Petri temporal................................................................................. 83
4.8 CONCLUSO............................................................................................ 85
CAPTULO 5
O MODELO DE AVALIAO DO DESEMPENHO LOGSTICO DE CADEIAS PRODUTIVAS........................ 86
5.1 CONTEXTUALIZAO DO AMBIENTE DE APLICAO DO MODELO...................................... 86
5.1.1 Caractersticas gerais da regio semi-rida nordestina................................ 86
5.1.2 Caractersticas gerais do Agroplo Baixo Jaguaribe (ABJ)........................ 89
5.1.3 Descrio da cadeia logstica do melo in natura produzido no ABJ......... 92
5.2 O MODELO ADELCAP........................................................................... 97
5.2.1 Introduo.................................................................................................... 97
5.2.2 Objetivo do modelo......................................................................................98
5.2.3 Conceitos bsicos de sistemas..................................................................... 98
5.2.4 Procedimento de desenvolvimento do modelo ADELCAP......................... 104
5.2.5 Resumo dos resultados obtidos a partir do modelo ADELCAP.................. 136
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xi
5.3 CONCLUSES ACERCA DA UTILIZAO E DOS RESULTADOS DO MODELO ADELCAP............................... 140
CAPTULO 6
CONCLUSES E RECOMENDAES............................................................142
6.1 INTRODUO.......................................................................................... 142
6.2 RELEVNCIA, ORIGINALIDADE E RESULTADOS DO MODELO............................................................ 143
6.3 LIMITAES NA APLICAO DO MODELO ADELCAP............. 147
6.4 INDICAES PARA O APROFUNDAMENTO DA PESQUISA...... 148
6.5 CONSIDERAES FINAIS.................................................................... 149
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.................................................................152
ANEXOS................................................................................................................. 158
Anexo 1 Quadros completos de todos os cenrios............................................... 159
Anexo 2 Pesos dos arcos e intervalos de disparo das transies.......................... 172
Anexo 3 Questionrio aplicado nas visitas ao ABJ.............................................. 174
Anexo 4 Questionrios aplicados nas demais visitas........................................... 176
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xii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 Relacionamento entre medidas e estratgia..................................... 02
Figura 2.1 Sistema Logstico............................................................................. 16
Figura 2.2 Elementos do nvel de servio......................................................... 17
Figura 2.3 Componentes de um ciclo de pedido............................................... 20
Figura 2.4 Representao esquemtica do processo de controle logstico........ 23
Figura 2.5 Desempenho de sistemas logsticos................................................. 27
Figura 3.1 Sistema agroindustrial...................................................................... 38
Figura 3.2 Exemplo de cadeia de produo agroindustrial............................... 40
Figura 3.3 Fluxograma Cadeias de frutas no mercado domstico.................. 48
Figura 3.4 Fluxograma Cadeias de frutas no mercado internacional............. 51
Figura 3.5 Participao do agronegcio na balana comercial brasileira......... 53
Figura 4.1 Exemplos de redes de Petri.............................................................. 67
Figura 4.2 Exemplo de uma rede de Petri......................................................... 71
Figura 4.3 Rede de Petri no limitada............................................................... 74
Figura 4.4. Rede no reinicivel e grafo associado............................................ 75
Figura 4.5 Rede de Petri com invariante de lugar............................................. 76
Figura 4.6 Rede de Petri.................................................................................... 79
Figura 4.7 rvore de cobertura......................................................................... 79
Figura 4.8 Seis transformaes preservando vivacidade, segurana e limitabilidade............................................ 81
Figura 4.9 Rede de Petri Temporal.................................................................... 84
Figura 5.1 Localizao dos principais agroplos no Estado do Cear.............. 88
Figura 5.2 Agroplo Baixo Jaguaribe (ABJ)..................................................... 89
Figura 5.3 Localizao do Baixo Jaguaribe em relao a alguns dos principais centros consumidores e portos do Nordeste brasileiro.... 91
Figura 5.4 Carroes com meles (Aracati, CE)............................................... 94
Figura 5.5 Vala dificultando transporte interno dos meles (Aracati, CE)....... 95
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xiii
Figura 5.6 Com as chuvas, as condies de transporte dentro das unidades produtivas ficam ainda piores (Aracati, CE).............. 95
Figura 5.7 Representao de um sistema com processo de retro-alimentao.. 100
Figura 5.8 Representao simplificada do processo de modelagem................. 102
Figura 5.9 Ilustrao da cadeia logstica do melo in natura............................ 104
Figura 5.10 Detalhe da parte da cadeia logstica do melo in natura a ser modelada.................................... 105
Figura 5.11 Estrutura de rede de Petri Temporal (RPT) representando parte da cadeia produtiva agroindustrial.................. 106
Figura 5.12 RPT simplificada - Dentro do espao tracejado, o caminho que a fruta segue no caso de Exportao........................ 108
Figura 5.13 RPT simplificada - Dentro do espao tracejado, o caminho que a fruta segue no caso de ficar no Mercado Interno..... 109
Figura 5.14 Cenrio atual (Exportao).............................................................. 111
Figura 5.15 Estrutura da rede de Petri temporizada (RPT) modificada para o caso de duas packing houses.............................. 119
Figura 5.16 Cenrio atual (Mercado Interno)...................................................... 126
Figura 5.17 Grfico de linhas com a produtividade dos principais cenrios em termos de tempo de ciclo (Exportao)....... 138
Figura 5.18 Grfico de linhas com a produtividade de cada cenrio em termos de tempo de ciclo (Mercado Interno)................ 139
Figura 5.19 Taxas percentuais de reduo do tempo mdio para os principais cenrios 8o continer (Exportao).................. 139
Figura 5.20 Taxas percentuais de reduo do tempo mdio para os cenrios 1 e 2 2o e 4o caminhes (Mercado Interno)........ 140
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xiv
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.1 Indicadores mtricos de resultados.................................................. 04
Tabela 1.2 Destino das exportaes do Cear (2002)........................................ 07
Tabela 1.3 reas de melo e nmero de empresas no Cear (2002)................. 08
Tabela 2.1 Anlise regional da classificao do interesse por reas de pesquisa em logstica.................................... 21
Tabela 3.1 Unidades scio-econmicas de produo que formam um SAI...... 38
Tabela 3.2 Principais pases produtores de frutas frescas (1994 2001).......... 52
Tabela 3.3 Balana comercial brasileira e do agronegcio (1998 a 2001)........ 53
Tabela 3.4 Participao das frutas nas exportaes do agronegcio brasileiro (1998 a 2001)..................... 54
Tabela 3.5 Indicadores econmicos da fruticultura........................................... 56
Tabela 3.6 Principais exportadores mundiais de melo (1997)......................... 59
Tabela 3.7 Exportaes mundiais de frutas frescas (1995 a 1999).................... 59
Tabela 3.8 Exportaes brasileiras de frutas frescas (1996 a 2001).................. 60
Tabela 3.9 Principais pases importadores de meles frescos do Brasil (2000 e 2001)........................................... 61
Tabela 3.10 Produo e rea colhida dos principais produtores de melo no Brasil (1990 2001).................................. 62
Tabela 3.11 Metas da agricultura irrigada do Estado do Cear - Valor de exportao (1998 a 2010).................... 63
Tabela 5.1 Agroplos do Cear e suas respectivas reas de cultivo (2002)...... 88
Tabela 5.2 Distribuio geral de reas por cultura no ABJ (2001 e 2002)........ 90
Tabela 5.3 Movimentao das fichas no exemplo do Cenrio Atual (Exportao)......................................... 114
Tabela 5.4 Diferena de tempo entre os cenrios 11 e 12..................................124
Tabela 5.5 Diferena de tempo entre os cenrios Atual e 2............................... 131
Tabela 5.6 Resumo dos resultados obtidos em todos os cenrios......................137
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xv
LISTA DE QUADROS
Quadro 1.1 Manchetes de jornais locais destacando a fruticultura e assuntos afins........................................ 06
Quadro 2.1 Comparao entre os enfoques de desempenho nas diferentes eras da Logstica.............................. 26
Quadro 2.2 Principais itens de uma estrutura de custos logsticos..................... 31
Quadro 2.3 Roteiro para elaborao de indicadores........................................... 35
Quadro A Resultados do Cenrio Atual (Exportao)...................................... 160
Quadro B Resultados do Cenrio 1.................................................................. 161
Quadro C Resultados do Cenrio 2.1............................................................... 162
Quadro D Resultados do Cenrio 2.2............................................................... 162
Quadro E Resultados do Cenrio 3.................................................................. 163
Quadro F Resultados do Cenrio 4.................................................................. 163
Quadro G Resultados do Cenrio 5.................................................................. 164
Quadro H Resultados do Cenrio 6.................................................................. 165
Quadro I Resultados do Cenrio 7.................................................................. 166
Quadro J Resultados do Cenrio 8.................................................................. 166
Quadro K Resultados do Cenrio 9.................................................................. 167
Quadro L Resultados do Cenrio 10................................................................ 167
Quadro M Resultados do Cenrio 11................................................................ 168
Quadro N Resultados do Cenrio 12................................................................ 168
Quadro O Resultados do Cenrio 13................................................................ 169
Quadro P Resultados do Cenrio Atual (Mercado Interno)............................. 170
Quadro Q Resultados do Cenrio 1 (Mercado interno).................................... 171
Quadro R Resultados do Cenrio 2 (Mercado interno).................................... 171
Quadro S Pesos dos arcos das redes analisadas na subseo 5.2.4.2............... 172
Quadro T Intervalos de disparo das transies (Exportao)........................... 173
Quadro U Intervalos de disparo das transies (Mercado Interno).................. 173
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CAPTULO 1
INTRODUO
Este captulo resume a abrangncia do presente trabalho, apresentando a
importncia do tema avaliao de desempenho de sistemas logsticos e introduzindo
o leitor no universo do agronegcio brasileiro e, em especial, da fruticultura irrigada
cearense. Assim, so apresentados a justificativa da temtica abordada, a definio do
problema de pesquisa, o objetivo geral e aqueles de carter especfico, a metodologia
empregada no trabalho e, finalmente, uma descrio sucinta dos demais captulos.
1.1 JUSTIFICATIVA DA TEMTICA ABORDADA
Em menos de duas dcadas, um novo mundo competitivo emergiu despertando
nas organizaes a necessidade de um controle mais efetivo de seu desempenho
logstico, tanto individual quanto coletivamente (ao longo da supply chain). Neste novo
ambiente requerido o uso de tcnicas e parmetros consistentes que consigam
direcionar as estratgias de negcios. Os parmetros devem ser, tambm, de carter no
financeiro, devem direcionar mudanas, mostrar a posio competitiva da empresa e
contribuir para o aprimoramento dos processos.
Assim, conforme Razzolini (2000), apud Sigoli (2001), embora no sejam um
fim em si mesmas as medidas de desempenho so fundamentais para permitir que se
determine um posicionamento estratgico competitivo. Sua importncia est no fato de
que as empresas necessitam saber se os objetivos estabelecidos dentro da estrutura
logstica adotada esto realmente sendo atingidos.
Fleury (1999) tambm julga fundamental a criao de um conjunto de
indicadores do nvel de desempenho quando da implementao de uma cadeia de
suprimento, objetivando torn-la mais eficiente e gil.
Corroborando com esta idia, Rey (1999) destaca que, para a tomada de deciso,
sobretudo quanto s funes de carter logstico, necessita-se de um conjunto de
indicadores que apresentem alto grau de sinergia. Segundo esta autora, o que no se
mede no pode ser melhorado.
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2
Por outro lado, Dornier et. al (2000), destacam que:
As medidas ou indicadores logsticos relevantes so as ferramentas-chaves do sistema de controle, permitindo aes e decises coerentes e orientadas para a estratgia (Figura 1.1). A base de medidas eficazes uma anlise de fatores de sucesso para um produto ou passo de um processo. Medidas apropriadas para a competio global de hoje medem mais que indicadores de produtividade tradicionais (razo entre produo real e entrada real) e incluem indicadores de utilizao e desempenho. Os indicadores de utilizao concentram-se na freqncia com que os meios so disponibilizados para a logstica. Os indicadores de desempenho medem as atividades comparadas a objetivos ou padres definidos. No total, as medidas podem mensurar o nvel de:
Eficincia das funes gerenciais envolvidas em particular: qualidade, organizao e custos;
Adaptabilidade s necessidades dos clientes, o que envolve a medio de desempenho da empresa ao lidar com a demanda imprevisvel do cliente; e
Adaptabilidade s necessidades de mercado, ou desempenho relativo s incertezas no mercado.
Figura 1.1: Relacionamento entre medidas e estratgia Fonte: Dornier et. al (2000)
Ainda na viso de Dornier et. al (2000), a velocidade, a confiabilidade e a
simplicidade so os principais critrios para medidas eficientes. Os conjuntos de
medidas devem ser usados especificamente para cada empresa, expressando a
individualidade para sua estrutura.
Em relao hierarquizao de medidas, Moreira (1996) afirma que no h
uma regra definida para se testar a relevncia de uma certa medida de desempenho,
mesmo porque a relevncia est ligada estrutura organizacional da empresa e a um
Estratgia
Ao Indicadores de
desempenho
Processos de oramento e projeto traduzem a estratgia em planos de ao
Coerncia garantida pela escolha de indicadores traduzindo as
orientaes estratgicas e os planos de ao
Informaes sobre novas oportunidades
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3
momento especfico considerado. A partir disso, percebe-se que a avaliao e anlise
de desempenho de sistemas logsticos devem levar em conta aspectos particulares,
conforme o ambiente no qual se insere e a circunstncia.
Os clientes tm necessidades diferentes de servios; portanto, o nvel e a
composio desses servios tambm devem variar de acordo com o tipo de cliente. As
ferramentas que permitem verificar o quanto um sistema logstico eficiente so os
indicadores de desempenho. Eles possibilitam a identificao de componentes-chaves
do servio e o estabelecimento da importncia relativa que os clientes atribuem aos
componentes identificados. Atravs das medies fornecidas pelos indicadores, pode-se
determinar se as tticas adotadas para garantir o fornecimento de produtos e servios
esto de acordo com as expectativas do cliente ou no.
Reforando esta idia, Rodriguez (1998), apud Sigoli (2001), deixa claro que
vrios tipos de medida podem ser escolhidos, mas para enfocar os pontos relevantes
necessrio priorizar aquilo que mais importante para a cadeia logstica e a utilidade
das informaes obtidas com a medio. Isto funo: do sistema, das tarefas e do
desempenho. Segundo o mesmo autor, avaliar no s medir; as medidas, por si
mesmas, carecem de sentido.
Quanto ao posicionamento estratgico competitivo, Merli (1998), apud Sigoli
(2001), afirma que, qualquer que seja a escolha estratgica, o tempo a dimenso
fundamental e indispensvel, sem a qual todas as vantagens competitivas em potencial
deixam de existir ou tornam-se pontos fracos.
Stalk (1988), apud Di Serio e Duarte (1999), considera o tempo como uma
importante fonte de vantagem competitiva para as empresas em seus processos
produtivos, na introduo e desenvolvimento de novos produtos e na distribuio e
venda dos mesmos. Ele coloca o tempo como uma varivel fundamental do desempenho
dos negcios; isto , assim como o custo, o tempo tambm quantificvel e por isto
administrvel.
As empresas devem estar estruturadas para produzirem respostas rpidas aos
seus clientes, concentrando-se na eliminao de atrasos e conseguindo, com isto, atrair
novos clientes. Aumentar a velocidade com que o fluxo de materiais e informaes
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passa atravs de uma empresa torna-a mais enxuta e produtiva, alm de aproximar as
necessidades do cliente e a resposta da empresa, dando maior satisfao ao consumidor
e menor complexidade para a empresa.
Rohr e Corra (1998), apud Di Serio e Duarte (1999), propem trs estratgias
bsicas, que devem ser sistematicamente exploradas, para que as empresas possam
competir em tempo:
a) Eliminao das atividades que no adicionam valor;
b) Melhor coordenao entre as atividades (integrao);
c) Reduo no tempo das atividades que adicionam valor;
Para o Conselho de Gesto Logstica (CLM - Council of Logistics Management),
organizao norte-americana de gestores de logstica, professores e prticos, citado por
Sigoli (2001), o desempenho perfeito traduzido no nmero de ordens entregues
completas, dentro do tempo e totalmente livres de erros. Assim, a lio fundamental a
ser aprendida que empresas de classe mundial devem focar sua ateno na medio do
tempo, em um desempenho amplo da cadeia de abastecimento.
Segundo Ching (1999), alguns indicadores mtricos podem ser teis para
aferio de desempenho e para fazer um comparativo com os melhores exemplos do
mercado. Pode-se observar, atravs da Tabela 1.1, alguns dos indicadores propostos
pelo autor, bem como seu objetivo e descrio.
Tabela 1.1: Indicadores mtricos de resultado Indicador mtrico do resultado atual Objetivo Descrio / Clculo
Tempo de ciclo do pedido
Melhoria do servio ao cliente
Tempo decorrido desde a solicitao do pedido e a sua entrega completa
Entrega a tempo Melhoria na satisfao do cliente Porcentagem dos pedidos entregues a tempo sobre o total dos pedidos
Ciclo de tempo para reposio dos centros de
distribuio
Reduo do tempo de reposio e
do nvel de estoque
Tempo de reposio do CD por cada remessa dividido pelo total das remessas
Taxa de atendimento de pedidos e produtos
Primeira vez
Melhoria de servio ao cliente
Pedido: porcentagem de pedidos atendidos integralmente na 1a vez
Produto: porcentagem de produtos atendidos da primeira vez (sem troca por outro produto)
Tempo de atendimento de pedidos de emergncia
Melhoria de servio ao cliente
Rapidez para atender pedidos de emergncia tempo para obteno do pedido e sua entrega
Custo de manter estoque
Reduo do custo da logstica distribuio
Custo do seguro, impostos, obsolescncia, armazenagem, manuseio como porcentagem do valor dos estoques.
Fonte: Ching (1999)
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Faz-se necessrio enfatizar que a concepo logstica dos sistemas produtivos
pressupe a gesto integrada dos sistemas. Nesse sentido, os sistemas logsticos devem
buscar a efetividade, que nada mais do que a sinergia resultante da eficincia interna e
da eficincia externa. Contudo, s possvel conhecer a efetividade de um sistema
logstico se a ele for aplicado algum processo de avaliao de desempenho, capaz de
mensurar as atividades componentes desse sistema.
Atravs da anlise de diversas abordagens tratando da avaliao do desempenho
logstico, criou-se uma base para a formulao de um modelo de avaliao do
desempenho de sistemas logsticos Modelo ADELCAP. Neste modelo, procura-se
avaliar o lead time e a frota utilizada nas fases de produo e entrega intermediria
caracterizando, desta forma, uma mensurao da eficincia externa e interna do sistema
analisado.
O sistema escolhido para servir de contexto aplicao do modelo proposto
neste trabalho foi a cadeia logstica do melo in natura produzido em unidades de
mdio porte situadas no Agroplo Baixo Jaguaribe (Cear).
Pode-se dizer que o Cear hoje um Estado com potencialidade no campo da
fruticultura irrigada. Prova disso so os dados da Secretaria de Agricultura Irrigada
(SEAGRI) que do conta de um incremento de 1.500% nas exportaes de frutas, no
perodo de 1998 a 2001, quando o volume exportado saltou de US$ 835 mil para US$
12,6 milhes. Ao final de 2002 os produtores cearenses devero contabilizar um
montante de US$ 15,3 milhes em vendas externas.
Para deixar ainda mais visvel a importncia da fruticultura irrigada
especialmente a cultura do melo para a economia do Estado do Cear, reproduz-se no
Quadro 1.1 resumos de algumas das reportagens publicadas recentemente nos principais
jornais de Fortaleza, trazendo informaes acerca deste assunto.
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Quadro 1.1: Manchetes de jornais locais destacando a fruticultura e assuntos afins Meles cearenses na cesta de Natal europia (O Povo, 30/12/2001)
Os frutos chegaram ao Porto de Anturpia (Blgica) duas semanas antes do Natal. A remessa faz parte do contrato firmado entre a empresa holandesa Dole uma das maiores importadoras e distribuidoras de frutos tropicais para a Europa que prev o envio total de 140 mil caixas at o final de fevereiro.
Cear produz 120 mil toneladas de melo (O Povo, 31/12/2001) Com potencial para duplicar a rea de cultivo do melo de 4 para 8 mil hectares, o Cear est conseguindo produzir hoje cerca de 120 mil toneladas/ano da fruta. O nmero est muito prximo ao desempenho do Rio Grande do Norte, maior produtor brasileiro de melo, cujas safras anuais giram em torno de 160 mil toneladas, distribudas numa rea de 7 mil ha. Os maiores mercados do fruto cearense so Sudeste brasileiro e Europa, principalmente Holanda (que atua como repassador para outros pases, como Alemanha, Blgica e Frana) e Inglaterra. Segundo a SEAGRI, a safra de 2001 dever fechar em torno de 35 mil toneladas, o que corresponderia a 30% da produo total de melo do Estado
Aeroporto de Fortaleza: flores e frutas ganharo terminal refrigerado (O Povo, 10/04/2002) Dever ser inaugurado em maio um terminal de cargas refrigerado no Aeroporto Internacional Pinto Martins, para viabilizar a exportao de flores e frutas. O Cear o segundo maior exportador de flores do Brasil, de acordo com dados da Secretaria do Comrcio Exterior (Secex), perdendo apenas para SP.
Agricultura irrigada alvo de investimentos (O Povo, 21/04/2002) Algumas empresas do setor de fruticultura e rosas j esto apostando no solo e no clima cearense. Dentre elas: Cearosa, investindo R$ 2,4 milhes (rosas); Cia Jos Gomes Parente, R$ 225 mil; Del Monte, R$ 26 milhes (melo e abacaxi); GMA, R$ 2,18 milhes (melo); Reijers, R$ 10 milhes (rosas) e AS Rodrigues Folhas e Folhagens, R$ 500 mil. Outras trs empresas assinaram protocolo de intenes para instalao no Cear e devem investir um total de R$ 7,3 milhes, entre as quais a Nolem.
Limoeiro pode ter sala de agronegcios (O Povo, 16/07/2002) O municpio de Limoeiro do Norte, a 204 Km de Fortaleza, dever ser pioneiro na implantao de uma sala de agronegcios no Estado, seguindo modelo que j existe com sucesso em Petrolina (PE). O objetivo da sala ser ponto de encontro para negcios, tendo o Banco do Brasil como crdito, a FAEC e SEAGRI no apoio tcnico e a UFC no respaldo tecnolgico.
Fruticultura: meta faturar US$ 15,3 mi em 2002 (O Povo, 17/09/2002) Bons ventos para a fruticultura do Cear. O negcio comea a ganhar flego no Estado com a melhoria da infra-estrutura evidenciada nos ltimos anos. A expectativa de que o setor cresa 21% em 2002. Mas a produo ainda necessita desenvolver tecnologia e atrair mais investimentos para ganhar competitividade internacional. Estrada do melo: rota da fruticultura no Cear (Dirio do Nordeste, 01/10/2002)
O ttulo do Cear de segundo maior produtor de melo do Brasil tem tudo para se expandir a partir de outubro, com a inaugurao da Estrada do Melo, no Baixo Jaguaribe, o que deve ocorrer em 20 dias. O trecho de 41,8 Km responsvel pelo trfego de 80% da mercadoria local. A estrada j existia mas era de piarra, o que provocava trepidaes que prejudicavam o fruto no transporte. Durante o percurso, a poeira sujava o melo e os tremores causados por pedras e cascalhos faziam as sementes se desligares da polpa. Com a via asfaltada, os veculos vo chegar mais rpidos aos portos e s CEs e BRs. Segundo a SEAGRI, foram investidos R$ 4 milhes nas obras.
Melo cearense: estrada facilitar exportao (O Povo, 23/10/2002) Cortando o principal plo de cultivo de melo do Cear, o municpio de Quixer (Baixo Jaguaribe), a CE-377, inaugurada ontem, vai ser responsvel pelo escoamento de 80% da produo da regio. A estrada passa na porta de grandes empresas produtoras e exportadoras de melo, como a Del Monte. Entretanto, outras culturas vo passar pela rodovia, como banana e mamo. A CE-377 desemboca na BR-116 e chega Grande Fortaleza, de onde o melo exportado pelos portos do Pecm e do Mucuripe, inclusive pelos produtores do Rio Grande do Norte.
Frutas: exportadores devem faturar US$ 15,3 (O Povo, 01/11/2002) Os produtores cearenses de frutas devero contabilizar, em 2002, US$ 15,3 milhes em vendas externas. O principal responsvel pelo aumento das exportaes de frutas produzidas no Cear o melo, que de uma receita de US$ 835 mil, em 1998, passou para US$ 12,6 milhes, em 2001.. Alm das exportaes, a SEAGRI destaca o aumento da rea total irrigada no Cear. Se as projees da secretaria se confirmarem, em dezembro de 2002 o Estado dever contar com 62 mil ha irrigados. Em 1999 esse nmero girava em torno de 53 mil ha.
Fonte: Jornais O Povo e Dirio do Nordeste Acervo do autor
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Nas reportagens apresentadas no Quadro 1.1, pode-se perceber o dinamismo que
caracteriza atualmente o agronegcio cearense e a fruticultura irrigada.
Segundo dados da SEAGRI, a partir de 2002, a fruticultura passou a representar
10% das exportaes cearenses, enquanto que em 1998 este ndice era de apenas 0,5%.
O melo, como carro-chefe de todo esse processo, responde por quase 90% do
montante acumulado anualmente atravs das transaes internacionais envolvendo
frutas, a maioria delas (cerca de 80%) produzida no Baixo Jaguaribe, regio situada no
sudeste do Estado.
Em declarao ao Jornal O Povo1, o titular da Secretaria de Agricultura Irrigada,
Sr. Carlos Matos, revelou que a prxima etapa para a fruticultura no Cear alcanar a
meta de US$ 24 milhes em frutas exportadas, em 2003, e US$ 50 milhes, j em
2005. Para atingir este objetivo o Estado vai apostar na agricultura orgnica que ter
como principal destino os pases europeus. Segundo o secretrio, este mercado cresce
25% ao ano na Europa, sendo seguido pelos produtos processados e as frutas frescas.
Na Tabela 1.2 tem-se os principais destinos das exportaes cearenses.
Tabela 1.2: Destino das exportaes do Cear Agroplos Produtos Destino
Baixo Jaguaribe melo, manga, pimenta tabasco Holanda, Inglaterra, Argentina, Espanha, Uruguai, Alemanha e EUA
Baixo Acara melo Dinamarca, Costa Rica, Holanda e Inglaterra Cariri manga Holanda e Reino Unido
Metropolitano flores tropicais, bulbos amaralis, coco verde, pimenta tabasco Portugal, Holanda, Alemanha,
EUA, Itlia e Costa Rica Ibiapaba rosas Holanda
Fonte: SEAGRI/2002
Segundo dados da SEAGRI, o Agroplo Baixo Jaguaribe gera 5.532 empregos
diretos e 11.065 indiretos, abrigando 5 dos 6 municpios que mais produzem melo no
Cear, ou seja, Quixer, Aracati, Icapu, Itaiaba e Jaguaruana (Tabela 1.3). Sua rea
plantada atual de 5.349 ha, mas a rea prevista para produo de quase 7.500 ha.
Normalmente so obtidas 2,5 safras por ano, podendo chegar a 3 (o normal em pases
do hemisfrio norte de apenas 2). O melhor perodo vai de setembro a fevereiro.
1 Jornal O Povo, Caderno de Economia. Reportagem de Manoella Monteiro. Fortaleza, 17/09/2002.
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Alm disso, o ciclo de maturao do melo cearense bem mais curto se
comparado aos de outros pases. Enquanto na Espanha o ciclo de 110 dias e na Costa
Rica de 90 dias, o fruto produzido no Cear chega a levar, em certas regies, apenas 57
dias para ser colhido.
Tabela 1.3: reas de melo e nmero de empresas no Cear (2002) Municpio rea produtiva (ha) Nmero de empresas
Quixer 2.620 6 Aracati 1.900 6 Acara 1.181 9 Icapu 564 2
Itaiaba 180 1 Jaguaruana 85 2
TOTAL 6.530 26 Fonte: SEAGRI/2002
Sabe-se que a Logstica se integrou de tal maneira s demais funes das
organizaes que no se pode mais discutir o desempenho de algum de seus segmentos
sem considerar o desempenho da organizao inteira, bem como da cadeia de
suprimentos em que est inserida.
Portanto, a partir das informaes referentes viabilidade da fruticultura irrigada
no Cear e reconhecendo o peso que ela tem na pauta de exportaes do Estado,
imagina-se que tenha ficado notria a importncia da temtica abordada, isto , a
avaliao de desempenho logstico, a partir de parmetros como lead time e frota
utilizada nas fases de produo e entrega do melo in natura produzido no Baixo
Jaguaribe (Cear) caracterizando, desta forma, uma mensurao da eficincia interna e
externa (parcial) do sistema analisado.
1.2 DEFINIO DO PROBLEMA DE PESQUISA
O problema da cadeia logstica do melo in natura se revela na dinmica das
relaes entre seus segmentos e se reflete no tempo consumido nas fases de produo e
entrega do produto. Tal dinmica envolve questes referentes frota (de tratores e
caminhes) utilizada, quantidade de recursos de armazenagem (equipamentos, mo-
de-obra, rea e facilidades diversas) e aos mtodos e processos adotados ao longo da
cadeia.
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Este trabalho apresenta, ento, a hiptese de que a dinmica da cadeia acima
referida pode ser melhor coordenada e analisada a partir de processos de mensurao de
seu desempenho logstico. Ao longo das etapas preliminares da pesquisa
consubstanciada no presente trabalho, foi escolhido o fator tempo de ciclo como
principal parmetro a ser avaliado no processo logstico inerente s cadeias produtivas
do setor agroindustrial.
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Objetivo geral
O objetivo geral do trabalho elaborar um modelo de avaliao do desempenho
logstico de cadeias produtivas centrado no tempo gasto nos processos de produo e
entrega em portas de escoamento do produto (como os portos) ou em centros de
distribuio (como as CEASAs).
1.3.2 Objetivos Especficos
Como objetivos especficos podem ser citados:
a) Diagnosticar o atual nvel de desenvolvimento logstico do agronegcio
cearense, especificamente da fruticultura irrigada no Baixo Jaguaribe
(Cear), quanto produo e distribuio de seus produtos, tanto para o
mercado externo quanto para o mercado domstico;
b) Evidenciar a importncia deste setor para o desenvolvimento econmico
regional e nacional;
c) Apresentar as redes de Petri como nova opo de ferramenta de
modelagem para cadeias produtivas, tentando destacar suas vantagens e
desvantagens;
d) Simular e analisar, a partir do modelo proposto, cenrios definidos por
possibilidades de incremento de recursos fsicos, utilizando redes de
Petri, e tendo como referencial a situao atual das unidades de mdio
porte que produzem melo no Baixo Jaguaribe.
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1.4 METODOLOGIA EMPREGADA
A metodologia aplicada ao longo do trabalho descrita a seguir:
1.4.1 Pesquisa do Estado da Arte
Foi efetuada utilizando material bibliogrfico de produo recente, pesquisas na
Internet e entrevistas com autoridades e tcnicos ligados logstica agroindustrial, bem
como com especialistas na utilizao de redes de Petri para modelagem de sistemas dos
setores industrial e de servios. Abordou-se, por um lado, o avano hodierno no campo
da avaliao de desempenho logstico em cadeias produtivas (Captulo 2) e, por outro,
aprofundou-se no estudo da teoria e das aplicaes das redes de Petri (Captulo 4). Esta
etapa, alm de permitir uma viso inicial do problema, possibilitou a identificao das
reas para as quais tornou-se necessria a busca de informaes adicionais.
1.4.2 Coleta de dados sobre sistemas agroindustriais
Teve importncia fundamental para a melhor compreenso do problema. Nesta
etapa, foram realizadas visitas a produtores de melo do Agroplo Baixo Jaguaribe
(Cear). Durante as visitas houve a aplicao de questionrios, observao in loco dos
problemas logsticos destas unidades produtivas e definio preliminar das variveis-
chaves (Captulo 3). Tambm foi feito registro fotogrfico das principais etapas
constituintes da cadeia produtiva do melo, bem como de sua estrutura fsica de suporte.
1.4.3 Elaborao do modelo de avaliao do desempenho logstico de cadeias
produtivas
Cumpridas as etapas acima descritas, foi concebido um modelo de avaliao do
desempenho logstico de cadeias produtivas quanto ao tempo gasto nos processos de
produo e entrega do produto em portas de escoamento ou em centros de distribuio.
Os detalhes acerca da elaborao do modelo, da metodologia utilizada e de sua
aplicao encontram-se no Captulo 5.
1.4.4 Aplicao do modelo ao caso da cadeia logstica do melo in natura
produzido no Baixo Jaguaribe (Cear)
O modelo foi aplicado a uma empresa de mdio porte situada no municpio de
Aracati (regio do Baixo Jaguaribe). Esta etapa se dividiu em quatro fases:
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1.4.4.1 Anlise da estrutura e dos componentes da cadeia logstica do melo in natura
produzido pela empresa
Envolveu pesquisa de dados secundrios e novas entrevistas. Nas entrevistas
foram obtidas informaes sobre o fornecimento de insumos, o transporte dos insumos
at a unidade produtiva, o funcionamento da prpria unidade produtiva, o transporte
interno (utilizado para levar as frutas at a packing house), o funcionamento e estrutura
da packing house e, finalmente, o transporte externo (utilizado para levar as frutas at
seu destino final So Paulo ou intermedirio Fortaleza ou Pecm).
1.4.4.2 Diagnstico do funcionamento atual da cadeia logstica do melo in natura
produzido pela empresa, com nfase para o seu desempenho quanto ao tempo
de ciclo
O estgio atual (caractersticas, procedimentos e tecnologia empregados) de
desenvolvimento da referida cadeia, bem como outros recursos de natureza logstica,
foram conhecidos e avaliados em relao ao desempenho em termos de tempo de ciclo.
1.4.4.3 Simulao de cenrios de aplicao do modelo
Foram construdos cenrios de funcionamento da cadeia estudada para aplicao
do modelo concebido.
1.4.4.4 Avaliao dos impactos decorrentes das modificaes promovidas em cada
cenrio
Analisou-se, ento, o desempenho em termos de tempo de ciclo e utilizao de
frota (tratores e caminhes) associado a cada cenrio simulado, em contraposio
situao atual da cadeia logstica do melo in natura produzido pela empresa. A partir
disso, foram determinadas as variveis:
a) Tempo de atendimento dos pedidos (lead time); e
b) Frota de tratores vinculando a lavoura packing house.
Com isso, foi conhecido o impacto que as modificaes propostas em cada
cenrio exerceriam na cadeia logstica do melo in natura produzido pela empresa.
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1.4.5 Anlise de resultados e concluses
Finalmente, realizou-se a anlise final dos resultados obtidos com o estudo,
explicitando-se as concluses e recomendaes para trabalhos futuros (Captulo 6).
1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAO
Esta dissertao encontra-se estruturada em seis captulos, incluindo este
introdutrio.
No Captulo 2 feita uma reviso bibliogrfica sobre anlise e avaliao de
desempenho de sistemas logsticos. Alguns assuntos correlatos considerados
importantes para a compreenso do assunto como Logstica, Sistema Logstico e
Nvel de Servio tambm so explorados.
O Captulo 3 apresenta os principais conceitos referentes ao agronegcio: sua
evoluo, seus nveis de anlise, as cadeias de produo agroindustrial etc. Tambm,
feito um panorama da situao atual do agronegcio brasileiro e nordestino destacando-
se, em ambos os contextos, a fruticultura como importante elemento desse sistema.
O Captulo 4 traz informaes bsicas para a compreenso da utilizao de redes
de Petri, tendo como inteno deixar o leitor familiarizado com a referida ferramenta, a
qual ser explorada de forma especfica na elaborao e aplicao do modelo.
O Captulo 5 contm o modelo ADELCAP de avaliao de desempenho
logstico de cadeias produtivas, desenvolvido com redes de Petri. Contm, ainda, a
definio do contexto de sua aplicao, a formulao de cenrios para simulaes e a
anlise dos resultados decorrentes da aplicao do modelo.
Por fim, no Captulo 6, so apresentadas as consideraes finais, concluses e
recomendaes para trabalhos futuros.
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CAPTULO 2
ANLISE E AVALIAO DE DESEMPENHO
DE SISTEMAS LOGSTICOS
Neste captulo so abordados os principais conceitos relacionados com anlise e
avaliao de desempenho de sistemas logsticos. Inicialmente, outros conceitos
considerados importantes para a compreenso do assunto como Logstica, Sistema
Logstico e Nvel de Servio so explorados. Em seguida, apresenta-se a evoluo
do conceito de desempenho, alguns fundamentos para anlise de desempenho, avaliao
e medidas de desempenho e, finalmente, indicadores de desempenho logstico.
2.1 INTRODUO
Para alcanar excelncia em logstica deve-se ter em vista a busca da qualidade
do servio como pr-requisito e no apenas como fator de diferenciao. Assim, as
estratgias logsticas devem basear-se na integrao da cadeia de suprimentos e em sua
avaliao contnua de desempenho, j que o desempenho logstico reflete-se
diretamente no nvel de servio oferecido ao cliente e, indiretamente, na qualidade do
produto que chega s mos do cliente.
Usando conceitos de competitividade baseados no tempo, tem-se em vista a
obteno da satisfao das exigncias do cliente ou consumidor final. Isto
particularmente importante para sistemas agroindustriais (fruticultura irrigada, por
exemplo), onde o aspecto de perecibilidade crtico.
Sabe-se que o problema da avaliao de desempenho logstico de sistemas
agroindustriais no tem recebido a ateno que merece por parte da comunidade
tcnico-cientfica, muito provavelmente devido sua abrangncia e complexidade.
Assim, no foi tarefa fcil reunir de forma ordenada informaes e estudos consistentes
relativos referida questo. A prova disso que grande parte deste captulo se baseou
no trabalho de Lima (2001), que foi aquele que mais se aproximou do que estvamos a
procurar para a reviso bibliogrfica.
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Outro fator que agrava a dificuldade da pesquisa a grande diversidade dos
produtos agroindustriais. Uma maioria consiste em produtos alimentares, mas outros
como tecidos ou borracha atendem outros anseios dos consumidores. Alguns so
perecveis, como os derivados do leite, enquanto outros podem ser estocados por mais
tempo sem cuidados exagerados, como o caf. Finalmente, alguns necessitam de um
processamento complexo, como papel, enquanto outros demandam apenas
acondicionamento adequado, como frutas in natura.
Assim, percebeu-se que a atitude mais correta a se tomar seria tentar estudar o
estado da arte da avaliao de desempenho de sistemas logsticos de uma forma geral e,
somente no estudo de caso (captulo 5), fazer uma aplicao ao caso dos sistemas
agroindustriais.
2.2 CONCEITOS IMPORTANTES
A fim de facilitar a compreenso do leitor acerca de outros assuntos
considerados importantes para a anlise e avaliao de desempenho logstico, achamos
conveniente iniciar o captulo tecendo alguns comentrios sobre Logstica, Sistema
Logstico e Nvel de Servio.
2.2.1 Logstica
A Logstica a ltima fronteira gerencial que resta ser explorada para reduzir
tempos e custos, melhorar o nvel e a qualidade dos servios e agregar valores que
diferenciem e fortaleam a posio competitiva de uma empresa. Com esta declarao,
Peter Drucker (1995), uma das maiores referncias mundiais da administrao
contempornea, demonstra a importncia da Logstica como instrumento de
diferenciao dentro do mercado competitivo que temos hoje.
Fleury (2000), por sua vez, classifica a Logstica como um verdadeiro paradoxo.
Segundo ele,
...a Logstica , ao mesmo tempo, uma das atividades econmicas mais antigas e um dos conceitos gerenciais mais modernos. Desde que o homem abandonou a economia extrativista e deu incio s atividades produtivas organizadas, com produo especializada e troca dos excedentes com outros produtores, surgiram trs das mais importantes
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funes logsticas, ou seja, estoque, armazenagem e transporte. A produo em excesso, ainda no consumida, vira estoque. Para garantir sua integridade, o estoque necessita de armazenagem. E para que a troca possa ser efetivada, necessrio transport-lo do local de produo ao local de consumo. Portanto, a funo logstica muito antiga e seu surgimento se confunde com a origem da atividade econmica organizada.
Segundo o Conselho de Gesto Logstica (CLM - Council of Logistics
Management), citado por Bowersox e Closs (1996),
...Logstica o processo de planejamento, implementao e controle eficiente e economicamente eficaz do fluxo de matrias-primas, estoques em processo, produtos acabados, servios, bem como das informaes relativas a estas atividades, desde o ponto de origem at o ponto de consumo, com o propsito de atender os requisitos do cliente.
Fica claro, ento, que a misso da Logstica dispor a mercadoria ou o servio
certo, no lugar certo, no tempo certo e nas condies desejadas, ao menor custo
possvel.
2.2.2 Sistema Logstico
Com base na definio apresentada na subseo anterior, pode-se afirmar que
um sistema logstico qualquer deve estabelecer a integrao dos fluxos fsicos e de
informaes, responsveis pela movimentao de materiais e produtos, desde a previso
das necessidades para suprimento de matrias-primas e componentes, passando pelo
planejamento da produo e conseqente programao de fornecimento aos canais de
distribuio para o mercado consumidor.
Conforme explicao de Alves (1997), os bens e servios produzidos por uma
empresa so obtidos a partir de bens e servios provenientes de um mercado a montante
e podero sofrer processamentos a jusante ou apenas seguirem por um canal de
distribuio simples at o consumidor final. A cada transformao que o produto passa,
seja fsica, temporal e/ou espacial, lhe agregado valor e incorporado a ele condies de
melhor atendimento ao consumo. Este valor adicionado adquirido a partir da
transferncia de propriedade entre agentes, os quais estabelecem entre si uma relao de
troca destes bens e servios.
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Assim, a gesto logstica cuida da movimentao geral dos produtos, que se d
por trs reas principais: suprimento, apoio produo e distribuio fsica. Para vencer
a distncia que separa os clientes dos fornecedores, a gesto logstica deve enfrentar
problemas referentes a tempo, espao, custo, comunicao, movimentao e transporte
de materiais e produtos. Em funo dessas dificuldades, so criadas estratgias
logsticas, as quais devem promover a integrao das operaes existentes dentro e entre
as reas de suprimento, apoio produo e distribuio fsica.
Esta integrao deve se refletir em termos de custos totais e desempenho
operacional do sistema logstico. Para reforar isso, Bowersox et al. (1986) afirmam que
uma estratgia logstica deve definir um plano que detalhe o comprometimento de
recursos financeiros e humanos nas operaes de suprimento, apoio produo e
distribuio fsica, tendo como objetivo a formulao de polticas para criao de
instalaes e sistemas de gesto, capazes de atingir a meta definida de desempenho ao
menor custo total.
Na Figura 2.1 tem-se a representao esquemtica de um sistema logstico
qualquer.
Figura 2.1: Sistema Logstico Fonte: adaptado de Bowersox e Closs (1996)
2.2.3 Nvel de Servio
Conforme j destacado anteriormente, um sistema logstico adota padres de
desempenho segundo os nveis de servio estabelecidos para atendimento do mercado.
Fornecedores Suprimento - Aquisio de
materiais
Distribuio
Fsica
Apoio
produo
Canais de distribuio Clientes
Fluxo Fsico
Fluxo de Informaes
Transaes comerciais
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Uma vez que a estratgia da empresa tenha posicionado o servio ao cliente, so
estabelecidos os canais de distribuio. Portanto, uma empresa pode apresentar
diferentes nveis de servio para canais de distribuio distintos.
Segundo Ballou (1993), o servio logstico pode estar associado a elementos de
pr-transao, transao e ps-transao, relacionados troca de produtos entre as
partes envolvidas (fornecedor e cliente).
Os fatores de pr-transao favorecem o ambiente para a troca, informando ao
cliente o que deve esperar do produto. Os fatores de transao relacionam-se com a
entrega do produto ao cliente, influenciando no tempo e condies de entrega. Os
fatores de ps-transao, por sua vez, relacionam-se com o acompanhamento do
produto depois de sua transferncia ao cliente.
Estes fatores podem ser visualizados em detalhes na Figura 2.2.
Figura 2.2: Elementos do nvel de servio Fonte: La Londe e Zinszer (1975), apud Ballou (1993)
Para definir nvel de servio La Londe e Zinszer (1976), apud Bowersox e
Closs (1996), fizeram pesquisas junto a empresas e profissionais de diversas reas. Os
resultados apontaram que o nvel de servio pode ser visto de trs formas:
a) Como uma atividade: sugere um processo a ser administrado, cuja meta
resulta em complementar as aes prescritas no contrato estabelecido
para a troca do produto/servio;
Nvel de servio
Elementos de pr-transao: - Poltica posta por escrito; - Poltica nas mos do cliente; - Estrutura organizacional; - Flexibilidade do sistema; - Servios tcnicos.
Elementos de ps-transao: - Instalao, garantias, reparos, peas de reposio; - Rastreamento do produto; - Queixas e reclamaes dos clientes; - Embalagem; - Reposio temporria do produto durante reparos.
Elementos de transao: - Nvel de estoque; - Habilidade no trato de atrasos; - Elementos do ciclo de pedido; - TEMPO; - Transbordo; - Preciso; - Convenincia do pedido; - Substituio do produto.
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b) Em termos de nveis de desempenho: um exemplo simples disso seria o
caso em que se deve ter pelo menos 95% de disponibilidade de estoque.
Sob esta forma, o servio ao cliente um fim e no um meio para
alcanar as metas estabelecidas;
c) Como uma filosofia de gesto: a dimenso mais ligada ao conceito de
mercado. Sugere a integrao e o gerenciamento de todos os elementos
de interface dentro de um mix de mercado predeterminado, tendo como
objetivo principal a otimizao da relao Custo versus Servio.
Uma definio ampla de nvel de servio deve abranger essas trs perspectivas.
Assim, a empresa deve: adotar uma filosofia dirigida ao cliente, isto , identificar as
necessidades de seus clientes; definir medidas para avaliao (padro de nvel de
servio), quantitativas por natureza; e estabelecer procedimentos de execuo e medio
das atividades, monitorando o desempenho do sistema, ou seja, garantir a
disponibilizao de recursos humanos e de informao para o controle do nvel de
servio, atravs dos padres estabelecidos.
O nvel de servio tambm pode ser caracterizado atravs de trs atributos
(Alves, 1997; Ballou, 2001):
a) Disponibilidade do produto
Permite que se avalie a habilidade da empresa em disponibilizar os produtos,
segundo uma base previsvel, frente aos pedidos realizados. Fundamenta as polticas de
estoque. Trata-se de medidas de resposta ao atendimento de mercado. O no
atendimento facilmente percebido pelo cliente/consumidor e esta a razo de se ter
medidas de disponibilidade refletindo este no atendimento.
b) Competncia
Permite que se avalie a habilidade da empresa em entregar o produto na
velocidade e consistncia prometidas. Refere-se principalmente a medidas de tempo de
ciclo dos pedidos e flexibilidade de respostas dos canais de distribuio.
Tempo de ciclo de pedido (ou de servio) pode ser entendido como o lapso de
tempo entre o momento em que o pedido do cliente, o pedido de compra ou a requisio
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de um servio colocado e o momento em que o produto recebido pelo cliente. Ele
est sujeito a uma srie de incertezas e depende do projeto do sistema logstico. Em
funo do nvel tecnolgico de comunicao e transporte, o tempo de ciclo pode variar
entre algumas horas e vrias semanas. Seu objetivo o controle da eficincia
operacional, buscando-se rastrear as causas dos desvios frente a padres estabelecidos.
Conhecidas as causas, faz-se ento a anlise do impacto dos eventos responsveis por
estes desvios, definindo procedimentos para diminuir a variabilidade nas ocorrncias.
Como medidas para caracterizao do tempo de ciclo (Figura 2.3), podem ser
usadas a mdia e a varincia associadas aos tempos de comunicao, de processamento
e de seleo dos pedidos, assim como os tempos operacionais para consolidao de
carga, despacho, embarque, transferncia e entrega dos pedidos.
J as medidas de flexibilidade avaliam a capacidade da empresa em oferecer
servios especiais, como: processamento de pedidos urgentes, espera para atendimento
destes pedidos, capacidade de oferta de produtos substitutos queles no disponveis
para completar um pedido, transporte premium etc.
c) Qualidade
Permite que se avalie a habilidade da empresa em fornecer informaes
consistentes sobre os pedidos e dar assistncia ao cliente quando o produto j est em
suas mos. Assim, as medidas de qualidade tratam da efetividade com que as tarefas
logsticas so cumpridas, avaliando o suporte pr e ps-transao.
A medida de informao sobre os pedidos torna-se cada vez mais importante no
relacionamento fornecedor/comprador. Os clientes querem informaes corretas sobre
disponibilidade e data de entrega. Os fornecedores, por sua vez, podem ajustar seus
problemas causados por falta de estoque ou necessidade de substituio de produtos se
forem comunicados a respeito desses problemas a tempo.
J as medidas de suporte ao produto devem ser monitoradas em todos os pontos
de transao comercial, demonstrando a capacidade da empresa em oferecer assistncia
tcnica e servios de reparo e manuteno.
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Figura 2.3: Componentes de um ciclo de pedido Fonte: Ballou (2001)
2.3 A IMPORTNCIA DA AVALIAO DE DESEMPENHO
A combinao de crescimento econmico mais lento e a concorrncia mais
acirrada foraram empresas em todos os setores a se concentrarem na apropriao eficaz
e eficiente de recursos logsticos. Um resultado desse esforo foi o surgimento de uma
nova posio nas empresas dedicada ao controle logstico. O controller de logstica est
interessado na avaliao contnua do desempenho de sua empresa. Ao executar o
processo de mensurao, o controller concentra-se na avaliao da vinculao de
recursos e no alcance de metas.
Bowersox e Closs (1996) destacam que numerosas pesquisas feitas nos EUA
identificaram alta correlao entre nveis superiores de desempenho e o
desenvolvimento de sofisticados mtodos de avaliao ou de capacitaes voltados para
a mensurao de desempenho. Segundo os mesmos autores, no incio de 1985, a
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21
empresa norte-americana A. T. Kearney Consultants observou que organizaes
empenhadas numa avaliao de desempenho abrangente obtinham melhorias na
produtividade geral entre 14 e 22%.
Novas pesquisas continuam a sustentar a tese de que companhias de vanguarda
possuem um comprometimento quase que compulsivo com relao mensurao de
desempenho. A Tabela 2.1 relata como executivos que participaram de pesquisa
realizada pela Michigan State University classificaram seu desejo por informao
relacionada mensurao de desempenho.
Tabela 2.1: Anlise regional da classificao do interesse por reas de pesquisa em logstica
Classificao por regio (*) Tpicos
Europa EUA Pacfico Gesto de relacionamentos 4 3 7
Questes ambientais 9 10 9
Globalizao 10 8 10
Tecnologia da informao 1 1 1
Gesto de estoques 5 5 4
Reestruturao da rede logstica 6 6 2
Estrutura organizacional 8 9 8
Avaliao de desempenho 2 2 3
Estratgias logsticas baseadas no tempo 7 7 5
Estratgias de distribuio customizadas para clientes selecionados 3 4 6 (*) O valor 1 representa a melhor classificao e o valor 10, a pior. Fonte: Council of Logistics Management CLM (1995).
Pela classificao feita na Tabela 2.1, percebe-se o grande interesse pela rea de
pesquisa em logstica referente avaliao de desempenho.
Os trs objetivos principais do desenvolvimento e da implementao de sistemas
de avaliao de desempenho so monitorar, controlar e direcionar as operaes
logsticas (Bowersox e Closs, 1996).
O monitoramento das medidas acompanha o desempenho histrico do sistema
logstico para que a gerncia e os clientes estejam sempre informados acerca de tudo o
que ocorre nesse sistema. Medidas de avaliao tpicas incluem nvel de servio e os
componentes dos custos logsticos.
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As medidas de controle acompanham continuamente o desempenho e so
utilizadas para aprimorar um processo logstico de modo a coloc-lo em conformidade
quando excede padres de controle. Um exemplo de aplicao o controle de avarias
no transporte: se houver um sistema estabelecido para informar periodicamente avarias
nos produtos, a gerncia de logstica poder identificar a causa e adequar a embalagem
ou mesmo o processo de carregamento, quando necessrio.
J as medidas de direcionamento so projetadas para motivar os funcionrios.
Exemplos tpicos destas medidas so as prticas de pagamento de adicionais de
produtividade, utilizadas para incentivar o pessoal de transporte ou de depsito a atingir
nveis mais altos de produtividade. Quando medidas dessa natureza so utilizadas
importante avaliar conjuntamente desempenhos negativos e positivos. A concluso de
uma tarefa em menor tempo que o padro como, por exemplo, a separao de um
pedido, deve ser comparada relativamente a um maior nmero de erros ou avarias.
2.3.1 Controle do esforo logstico
Sabe-se que deve existir um controle efetivo na administrao de qualquer
sistema logstico. Consumo de produtos e servios, custos, requisitos de nvel de
servio, restries legais, tudo pode mudar com o passar do tempo. Se os objetivos
logsticos de custo e servio devem ser atingidos, ento o desempenho do sistema deve
ser mantido dentro do planejado. Esta a responsabilidade do controle gerencial.
Segundo Ballou (2001), sob alguns aspectos, o controle significa administrar por
exceo. Isto , enquanto o sistema logstico estiver funcionando com nveis de custo e
servio dentro do planejado no necessrio tomar qualquer ao para ajustar as
atividades. O instante de agir determinado pela comparao do desempenho medido
com metas ou padres preestabelecidos. Assim, este processo pode ser descrito por trs
itens:
a) padres ou metas;
b) medidas de desempenho; e
c) comparao e ao corretiva.
A Figura 2.4 ilustra as caractersticas bsicas do processo de controle.
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23
Figura 2.4: Representao esquemtica do processo de controle logstico Fonte: Adaptada de Ballou (2001)
2.3.1.1 Padres e Metas
O estabelecimento de padres e metas para avaliar desempenho logstico pode
ser feito de diversas formas. Expectativas de custo (oramento) e de nvel de servio
(objetivos) so determinadas a partir do planejamento dos meios e mtodos para a
movimentao e armazenagem de mercadorias. Essas expectativas podem ser usadas
para guiar o desempenho, medida que o sistema planejado operado ao longo do
tempo. Alm disso, pode-se definir padres a partir das operaes de empresas
concorrentes. As metas tambm podem ser estabelecidas com base no desempenho
obtido em algum perodo anterior.
2.3.1.2 Medidas de desempenho
Ballou (2001) afirma que as atividades logsticas devem ser encaradas como
processo contnuo, cujo desempenho deve ser monitorado. A tarefa da medida de
desempenho ento prover informaes sobre o desempenho das atividades logsticas,
especialmente quando a variabilidade exceder uma amplitude aceitvel. A
administrao desenvolveu uma srie de mtodos para obter tais informaes, quais
sejam:
Padres ou metas
Relatrios de desempenho
Monitorao Comparao pelo
gerente, consultor ou computador
Ao corretiva
Processamento Atividades da cadeia
de suprimentos em andamento
Foras externas/internas e mudanas
Entradas Sadas
Atividades da cadeia de suprimentos e nveis de
servio ao cliente
Custos da atividade e servio ao cliente
Elementos do processo de controle
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a) Relatrios: para finalidades logsticas, os relatrios mais comuns so os
de posio de estoques, de utilizao da frota, de custos de transporte, de
classificao de fornecedores, de utilizao de armazenagem e de
atividades de processamento de pedidos. Eles oferecem informaes
detalhadas acerca de atividades especficas, sendo gerados
periodicamente. Seu propsito mostrar tendncias no tempo;
b) Auditorias: a medio de desempenho em intervalos regulares nem
sempre acurada. Os relatrios podem indicar que os resultados esto
dentro de limites aceitveis quando na verdade no esto. Por isso, s
vezes, necessrio revisar completamente a situao do sistema, o que
geralmente feito atravs de auditorias de controle logstico. Os tipos
mais comuns so as auditorias de estoque e de notas de cobrana de
fretes.
2.3.1.3 Comparao e ao corretiva
O controle gerencial no est completo at que a comparao do desempenho
obtido com os padres e metas tenha ocorrido e, caso os nveis de desempenho estejam
aqum do aceitvel, a ao corretiva tenha sido tomada.
A principal forma de se efetuar esta comparao atravs de computadores, com
programas especficos para a funo de controle. O controle de estoques atualmente o
melhor exemplo disso. Os computadores so programados para manipular todo o
processo de controle. Comparam os nveis de estoque com valores pr-determinados
para reposio. Quando o nvel do inventrio cai abaixo do ponto de pedido para dado
produto, uma ordem de ressuprimento liberada para repor o estoque.
2.4 EVOLUO DO CONCEITO DE DESEMPENHO
Segundo Lima (2001), o conceito de desempenho de sistemas logsticos e de
transporte est muito relacionado com a evoluo histrica da forma de gesto desses
sistemas. Poist (1989) apud Lima (2001) apresenta uma classificao dessa evoluo
(Quadro 2.1), identificando trs eras logsticas distintas.
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Na primeira era (Pr-Logstica), a grande nfase de gesto voltada para o custo
do transporte, tanto na busca da reduo do frete das frotas, como na reduo de custos
operacionais das frotas prprias. Nessa fase o transporte era administrado como uma
funo independente das demais dentro da organizao.
Na segunda era (Logstica propriamente dita), o conceito de desempenho
ampliado e passa a considerar primeiro os custos dos outros componentes da logstica
da organizao, sobretudo o estoque e, em seguida, os fatores relacionados qualidade e
nvel de servio. nessa era que o desempenho da funo transporte passa a ser
analisado no mais de forma esttica e independente, comeando a se dar maior
destaque para os trade-offs entre custos e servios logsticos, primeiro no mbito da
organizao e, depois, ao longo da cadeia logstica.
Na terceira era (Neologstica), a nfase se d no desempenho do sistema em
relao a seu meio, sendo a logstica no mais um subsistema com desempenho prprio
e independente, mas parte integrante de toda a organizao, bem como de sua cadeia.
neste momento que surge o conceito de cadeia de suprimentos, o qual engloba desde a
matria-prima e todos os fornecedores envolvidos at o consumidor final. A partir desta
era, dimenses anteriormente tratadas como externalidades (impactos ambientais e
sociais, por exemplo) tambm passam incorporar as anlises de desempenho.
Hoje, entende-se desempenho como um conceito mais amplo que deve fazer
parte de qualquer estratgia. Heskett et al. (1997), apud Lima (2001), identificam alguns
aspectos relacionados com a medio de desempenho que reforam esta idia:
Cresce a utilizao de medies relacionadas com a satisfao e lealdade de clientes e empregados, taxas de inovao, segurana e sade no trabalho, alm das medidas clssicas de rentabilidade de investimento, crescimento e fluxo de caixa;
As bases e referncias adotadas vm deixando de ser apenas monetrias;
As medidas que antes tinham uma grande nfase no passado comeam a incorporar elementos para a predio do futuro;
Passam a apresentar no s os resultados de crescimento e lucro, mas tambm os determinantes que levam a estes valores;
Busca-se a identificao do potencial de desempenho futuro.
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Quadro 2.1: Comparao entre os enfoques de desempenho nas diferentes eras da Logstica
Era logstica
Natureza do
trabalho
Natureza do projeto da
tarefa
Natureza dos
conflitos (trade-offs)
Perspectivas para
ampliao do sistema
Critrio para o projeto
do sistema
Grau de dificuldade
de implantao
Pr-Logstica
Enfoque frete modal Terico
Projeto do sistema de transporte
Frete Fretes Frete mnimo Baixo
Enfoque custo modal
Custo do transporte
Olhando alm dos fretes
Mnimo custo total de
transporte Baixo
Logstica
Enfoque do custo total
Conflitos intra-
funcionais
Olhando alm do custo de transporte
Mnimo custo total
Moderado
Enfoque do lucro total
Gerente especialista
Projeto do sistema logstico
Conflitos custo-servio
Olhando alm do custo total
Mximo lucro total Alto
Enfoque de canal
logstico Conflitos entre firmas
Olhando alm da firma
Mximo lucro do canal logstico
Muito alto
Neologstica (momento atual)
Enfoque do empreen-dimento
Gerente generalista
Adaptao dos subsistemas com o sistema global
e a sociedade
Conflitos inter-
funcionais
Olhando alm da funo logstica
Mximo lucro do empreendimento
total
Muito alto
Enfoque da responsabi-lidade total
Conflitos na sociedade
Olhando alm das
consideraes econmicas
Mxima relao benefcio-custo
Muito alto
Fonte: Poist (1989) apud Lima (2001)
2.5 FUNDAMENTOS PARA ANLISE DE DESEMPENHO
Lima (2001) conceitua desempenho como o resultado da combinao das
categorias de dado sujeito ou sistema, relacionado com sua finalidade ou essncia e
representado principalmente por qualidades e quantidades.
O mesmo autor sugere que, para identificar as finalidades do servio e seus
atributos mais importantes, seja utilizado o enfoque sistmico. Este mtodo busca a
identificao do sistema, sua interao com o ambiente, sua estrutura e objetivos,
tornando mais simples a tarefa de reconhecimento e delimitao de variveis endgenas
e exgenas do problema e dos fatores que permitem saber se as metas do sistema foram
atingidas ou no.
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Lima (2001) prope uma extenso do modelo desenvolvido por Manheim (1979)
o qual caracteriza o transporte como uma funo de desempenho incorporando a ele
a dimenso qualidade. Com base nessa idia e tentando ampli-la para sistemas
logsticos, poderamos dizer que, no processo de avaliao de desempenho de um
sistema logstico qualquer, temos como principais entradas: o sistema de transporte
(ST), o sistema de processamento de pedidos (SPP), o sistema de armazenagem (SA), o
sistema de informao (SI), o volume de pedidos (V), os clientes (C) e o ambiente (A).
Assim, o desempenho do sistema logstico seria dependente: do servio (que funo
de ST, SPP, SA, SI, V e A), da satisfao (que funo de ST, SPP, SA, SI, V, A e C) e
dos recursos (que funo de ST, SPP, SA, SI, V e A). Esta idia apresentada
esquematicamente na Figura 2.5.
Figura 2.5: Desempenho de sistemas logsticos Fonte: Adaptado de Lima (1995)
Essas relaes podem ser exemplificadas para o caso de uma packing house2 de
uma fazenda produtora de frutas que apresente pelo menos dois nveis de desempenho3:
capacidade diria de processamento saturada ou no. Seu desempenho poderia ser
representado por funes que relacionassem volume de movimentao, tempo de
permanncia de veculos e frutas, horas de operao, quantidade de funcionrios, custos
etc. Assim, poderamos avaliar os impactos provenientes da compra de novos
equipamentos para a packing house, ou da melhoria das vias internas de transporte
atravs das quais as frutas chegam packing house, ou da construo de mais uma
2 Conforme ser visto em detalhas nos captulos 3 e 5, packing houses so centros que aglutinam as operaes de limpeza, seleo, embalagem, acondicionamento e padronizao de frutas; 3 Exemplo anlogo ao apresentado por Lima (2001, p. 115) para um terminal multimodal de carga.
Desempenho do Sistema Logstico
Sistema de transporte - ST
Sistema de proces. de pedidos - SPP
Sistema de armazenagem - SA
Sistema de informao - SI
Clientes - C
Volume de pedidos - V
Servio (S)
Satisfao (F)
R = f (ST, SPP, SA, SI, V e A)
Recursos (R)
F = f (ST, SPP, SA, SI, V, A e C)
S = f (ST, SPP, SA, SI, V e A)
Ambiente (A)
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packing house, ou, ainda, da utilizao de um maior nmero de funcionrios em mais
turnos de trabalho.
2.6 AVALIAO DE DESEMPENHO
Antes de avaliar qualquer sistema quanto ao seu desempenho necessrio
represent-lo, descrevendo suas caractersticas e comportamento previsto. necessrio,
tambm, definir previamente quais sero as formas de tratamento e anlise a se utilizar.
Segundo Lima (2001), o incio do processo de avaliao de desempenho
pressupe que trs perguntas bsicas sejam respondidas: Por que avaliar? O que avaliar?
Como avaliar?
Essas respostas correspondem definio: da estratgia de avaliao a ser
utilizada, das dimenses e atributos que sero considerados (e como se relacionaro) e,
finalmente, da tcnica de medio das variveis relacionadas.
Lima (2001) identifica trs objetivos distintos para a criao de uma sistemtica
de avaliao de desempenho:
a) a monitorao de variveis e a antecipao de aes dentro de uma
postura preventiva;
b) a resoluo de problemas visando eliminao de causas de
insatisfaes ou elevao do nvel de satisfao, buscando um processo
de melhoria contnua;
c) a dissoluo do sistema pela obsolescncia de sua finalidade.
Quanto as demais questes (o que avaliar? e como avaliar), sugere-se
consultar o trabalho de Lima (2001), tentando expandir os conceitos referentes funo
transporte de forma a incorporar os demais elementos dos sistemas logsticos.
2.7 MEDIO DE DESEMPENHO
Para se realizar uma avaliao de desempenho necessrio desenvolver o seu
processo de medio. Lima (2001) define quatro passos para a criao de um processo
de medio de desempenho:
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a) Definir os atributos ou tipos de fatores (tempo, custo, nvel de servio,
qualidade, etc.) que so crticos para o alcance dos objetivos do sistema;
b) Mapear os processos interfuncionais usados para obter resultados e
identificar as relaes de causa e efeito existentes;
c) Identificar os elementos crticos e as capacidades necessrias para a
execuo satisfatria dos processos;
d) Conceber medidas de monitoramento desses elementos e capacidades,
bem como de seus respectivos padres e metas.
O objet