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Temas multidisciplinares de Neuropsicologia e Aprendizagem 655 Teste de Competência de Leitura Silenciosa de Palavras (TCLP) para avaliação coletiva em sala de aula e de crianças com paralisia cerebral Fernando C. Capovilla, Luciana F. Marcílio (Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo) Alessandra G. S. Capovilla (Doutorado em Avaliação Psicométrica, Universidade São Francisco) O Teste de Competência de Leitura Silenciosa de Palavras (TCLP: A. Capovilla & F. Capovilla, 2003a; F. Capovilla & A. Capovilla, 2001a, 2001b; F. Capovilla, A. Capovilla, Macedo, & Duduchi, 2000) avalia o estágio de desenvolvimento da leitura ao longo das etapas logográfica, alfabética e ortográfica. É composto de oito itens de treino e setenta de teste reunidos num caderno de aplicação. Cada item é formado de uma figura e uma palavra ou pseudopalavra associada à figura. A tarefa do é circundar os itens corretos dos pontos de vista ortográfico e semântico, e riscar os incorretas em termos ortográficos (i.e., pseudopalavras) ou semânticos (i.e., palavra associada a uma figura incompatível com ela). O TCLP é, ao mesmo tempo, um instrumento psicométrico e neuropsicológico cognitivo para avaliar a competência de leitura silenciosa (em termos de decodificação grafêmica, reconhecimento visual da forma ortográfica, e acesso semântico) de itens escritos isolados, e um coadjuvante para o diagnóstico diferencial de distúrbios de aquisição de leitura. Como teste psicométrico, é acompanhado de tabelas de normatização que permitem avaliar o grau de desvio entre o padrão de leitura de um examinando surdo e o padrão de leitura normal de seu grupo de referência surdo de acordo com o nível de escolaridade. Como teste neuropsicológico, permite interpretar os dados do padrão de leitura específico apresentado por uma criança no que concerne ao modelo do desenvolvimento de leitura e escrita, e inferir o estágio de desenvolvimento (i.e., logográfico, alfabético, ortográfico) em que essa criança se encontra, bem como as estratégias de leitura (i.e., ideovisual ou logográfica, perilexical ou fonológica, lexical) que prevalecem em seu desempenho. Fornece uma visão integrada e aprofundada do grau de desenvolvimento e preservação dos diferentes mecanismos, rotas e estratégias envolvidos na leitura competente, de modo a lançar luz sobre a natureza da dificuldade específica do examinando. Para tanto, compara o desempenho sob diferentes tipos de itens psicolingüísticos, como palavras e pseudopalavras, e em diferentes associações com figuras. O processamento cognitivo desse

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Temas multidisciplinares de Neuropsicologia e Aprendizagem

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Teste de Competência de Leitura Silenciosa de Palavras (TCLP) para avaliação coletiva em sala de aula e de crianças com paralisia

cerebral

Fernando C. Capovilla, Luciana F. Marcílio (Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo)

Alessandra G. S. Capovilla (Doutorado em Avaliação Psicométrica, Universidade São Francisco)

O Teste de Competência de Leitura Silenciosa de Palavras (TCLP: A. Capovilla & F. Capovilla, 2003a; F. Capovilla & A. Capovilla, 2001a, 2001b; F. Capovilla, A. Capovilla, Macedo, & Duduchi, 2000) avalia o estágio de desenvolvimento da leitura ao longo das etapas logográfica, alfabética e ortográfica. É composto de oito itens de treino e setenta de teste reunidos num caderno de aplicação. Cada item é formado de uma figura e uma palavra ou pseudopalavra associada à figura. A tarefa do é circundar os itens corretos dos pontos de vista ortográfico e semântico, e riscar os incorretas em termos ortográficos (i.e., pseudopalavras) ou semânticos (i.e., palavra associada a uma figura incompatível com ela). O TCLP é, ao mesmo tempo, um instrumento psicométrico e neuropsicológico cognitivo para avaliar a competência de leitura silenciosa (em termos de decodificação grafêmica, reconhecimento visual da forma ortográfica, e acesso semântico) de itens escritos isolados, e um coadjuvante para o diagnóstico diferencial de distúrbios de aquisição de leitura. Como teste psicométrico, é acompanhado de tabelas de normatização que permitem avaliar o grau de desvio entre o padrão de leitura de um examinando surdo e o padrão de leitura normal de seu grupo de referência surdo de acordo com o nível de escolaridade. Como teste neuropsicológico, permite interpretar os dados do padrão de leitura específico apresentado por uma criança no que concerne ao modelo do desenvolvimento de leitura e escrita, e inferir o estágio de desenvolvimento (i.e., logográfico, alfabético, ortográfico) em que essa criança se encontra, bem como as estratégias de leitura (i.e., ideovisual ou logográfica, perilexical ou fonológica, lexical) que prevalecem em seu desempenho. Fornece uma visão integrada e aprofundada do grau de desenvolvimento e preservação dos diferentes mecanismos, rotas e estratégias envolvidos na leitura competente, de modo a lançar luz sobre a natureza da dificuldade específica do examinando. Para tanto, compara o desempenho sob diferentes tipos de itens psicolingüísticos, como palavras e pseudopalavras, e em diferentes associações com figuras. O processamento cognitivo desse

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material psicolingüístico requer diferentes competências, como a estratégia ideovisual ou logográfica, a estratégia fonológica ou perilexical (F. Capovilla, A. Capovilla, & Macedo, 2001; F. Capovilla, Macedo, Duduchi, & Sória, 1999), e a estratégia lexical (A. Capovilla, F. Capovilla, & Macedo, 1998; F. Capovilla, Macedo, & Charin, 2001), as quais se desenvolvem nas etapas logográfica, alfabética e ortográfica, respectivamente (A. Capovilla & F. Capovilla, 2003a, 2003b). Comparando o desempenho sob diferentes tipos de itens psicolingüísticos, o teste identifica o estágio de desenvolvimento de leitura do examinando e o seu grau de proficiência em cada um dos três tipos de processamento: O ideovisual ou logográfico, o perilexical ou fonológico por decodificação grafoquirêmica, e o lexical ou por reconhecimento visual direto assistido por decodificação grafoquirêmica eventual. Assim, o teste implementa com o leitor surdo essencialmente o mesmo modelo teórico de processamento cognitivo implementado com o leitor ouvinte, sendo que a única diferença diz respeito ao processamento perilexical, pois enquanto no leitor ouvinte o processamento perilexical se dá pela decodificação grafofonêmica, no leitor surdo esse processamento se dá pela decodificação grafoquirêmica.

O Teste de Competência de Leitura de Palavras (TCLP) é constituído de oito itens de treino e setenta itens de teste, cada qual com um par composto de uma figura e um elemento escrito, que é ou uma palavra ou uma pseudopalavra. Pseudopalavras são seqüências de caracteres que compõem um todo pronunciável mas carente de significado. Os elementos escritos são apresentados em letras maiúsculas para permitir manipular o efeito da similaridade visual. A tarefa do examinando é circundar os itens corretos e cruzar (i.e., assinalar com um “X”) os itens incorretos, ou seja, aqueles em que há disparidade semântica entre a figura e o elemento escrito, ou em que há disparidade ortográfica no elemento escrito, ou ambas as disparidades. Solicitando ao examinando que circule os itens corretos, o examinador pode assegurar-se de que o examinando teve oportunidade de processar todos os itens, sem saltar qualquer um deles. Há sete tipos de item (i.e., sete tipos de pares compostos de uma figura e um elemento escrito), todos distribuídos aleatoriamente ao longo do teste, sendo que há dez itens de teste para cada tipo de par. São eles:

• Tipo 1 (CR: Corretas Regulares): Palavras ortograficamente corretas, semanticamente corretas e grafofonemicamente regulares, a serem aceitas. Itens: Palavra escrita FADA sob a figura de fada; BATATA sob figura de batata, TOMADA sob

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figura de tomada, BUZINA sob figura de buzina, MAPA sob figura de mapa, MAIÔ sob figura de maiô, PIJAMA sob figura de pijama, BONÉ sob figura de boné, MENINA sob figura de menina e PIPA sob figura de pipa;

• Tipo 2 (CI: Corretas Irregulares): Palavras ortograficamente corretas, semanticamente corretas e grafofonemicamente irregulares, a serem aceitas. Itens: Palavra escrita BRUXA sob figura de bruxa, TÁXI sob figura de táxi, XADREZ sob figura de xadrez, CALÇAS sob figura de calças, AGASALHO sob figura de agasalho, TESOURA sob figura de tesoura, PINCEL sob figura de pincel, EXÉRCITO sob figura de exército, PRINCESA sob figura de princesa e EXERCÍCIO sob figura de exercício;

• Tipo 3 (VS: Vizinhas Semânticas): Palavras ortograficamente corretas mas semanticamente incorretas, a serem rejeitadas. Itens: Palavra escrita CACHORRO sob figura de camundongo, TREM sob figura de ônibus, TERRA sob figura de árvore, SOFÁ sob figura de cama, COBRA sob figura de peixe, RÁDIO sob figura de telefone, AVIÃO sob figura de águia, MAÇÃ sob figura de morango, CHINELO sob figura de sapato e SORVETE sob figura de bombom;

• Tipo 4 (VV: Vizinhas Visuais): Pseudopalavras ortograficamente incorretas, com trocas visuais, a serem rejeitadas. Itens: Pseudopalavra escrita CAEBÇA sob figura de cabeça, GAIO sob figura de gato, FÊRA sob a figura de pêra, CRIANQAS sob figura de crianças, TEIEUISÃO sob figura de televisão, CAINELO sob figura de chinelo, JACAPÉ sob figura de jacaré, PAROUE sob figura de parque, ESTERLA sob figura de estrela e CADEPMO sob figura de caderno;

• Tipo 5 (VF: Vizinhas Fonológicas): Pseudopalavras ortograficamente incorretas, com trocas fonológicas, a serem rejeitadas. Itens: Pseudopalavra escrita HAPELHA sob figura de abelha, FACA sob figura de vaca, CANCURU sob figura de um canguru, MÁCHICO sob figura de mágico, VENTILATOR sob figura de um ventilador, APATAR sob figura de apagar, PIPOTA sob figura de pipoca, RELÓCHIO sob figura de relógio, OFELHA sob figura de ovelha e PONECA sob figura de boneca;

• Tipo 6 (PH: Pseudopalavras Homófonas): Pseudopalavras ortograficamente incorretas, embora homófonas a palavras semanticamente corretas, a serem rejeitadas. Itens: Pseudopalavra escrita PÁÇARU sob figura de pássaro, CINAU sob figura de sinal, JÊLU sob figura de gelo, AUMOSSU sob figura de almoço,

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OSPITAU sob figura de hospital, XAPEL sob figura de chapéu, MININU sob figura de menino, TÁCSI sob figura de táxi, ÓMI sob figura de homem e BÓQUISSE sob figura de uma luta de boxe;

• Tipo 7 (PE: Pseudopalavras Estranhas): Pseudopalavras ortograficamente incorretas e estranhas, tanto fonologicamente quanto visualmente, a serem rejeitadas. Itens: Pseudopalavra escrita XUNVACO sob figura de sanfona, ASPELO sob figura de coelho, MITU sob figura de óculos, RASSUNO sob figura de uma mão, DILHA sob figura de pião, MELOCE sob figura de palhaço, FOTIS sob figura de meia, JAMELO sob figura de tigre, SOCATI sob figura de urso e CATUDO sob figura de tênis.

Há também oito itens de treino para ilustrar os sete tipos de item. São eles: 1.) Palavra UVA sob figura de uva. Trata-se de exemplo de treino envolvendo item do Tipo 1 (CR: Correta Regular), ou seja, palavra ortograficamente correta, semanticamente correta e grafofonemicamente regular, a ser aceita; 2 e 3.) Palavras CASA sob figura de casa, e CHAVE sob a figura de chave. Trata-se de dois exemplos de treino envolvendo itens do Tipo 2 (CI: Corretas Irregulares), ou seja, palavras ortograficamente corretas, semanticamente corretas e grafofonemicamente irregulares, a serem aceitas; 4.) Palavra LARANJA sob figura de banana. Trata-se de exemplo de treino envolvendo item do Tipo 3 (VS: Vizinha Semântica), ou seja, palavra ortograficamente correta mas semanticamente incorreta, a ser rejeitada; 5.) Pseudopalavra CADEIPA sob figura de cadeira. Trata-se de exemplo de treino envolvendo item do Tipo 4 (VV: Vizinha Visual), ou seja, pseudopalavra ortograficamente incorreta, com trocas visuais, a ser rejeitada; 6.) Pseudopalavra JUVEIRO sob figura de chuveiro. Trata-se de um exemplo de treino envolvendo item do Tipo 5 (VF: Vizinha Fonológica), ou seja, pseudopalavra ortograficamente incorreta, com trocas fonológicas, a ser rejeitada; 7.) Pseudopalavra JÊNIU sob figura de gênio. Trata-se de um exemplo de treino envolvendo item do Tipo 6 (PH: Pseudopalavra Homófona), ou seja, pseudopalavra ortograficamente incorreta, embora homófona a palavra semanticamente correta, a ser rejeitada; 8.) Pseudopalavra PAZIDO sob figura de xarope. Trata-se de um exemplo de treino envolvendo item do Tipo 7 (PE: Pseudopalavra Estranha), ou seja, pseudopalavra ortograficamente incorreta e estranha, tanto fonologicamente quanto visualmente, a ser rejeitada.

A Figura 1 ilustra sete pares compostos de figura e item escrito,

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que exemplificam cada um dos sete tipos de pares que compõem a versão original do Teste de Competência de Leitura de Palavras (TCLP1.1). Conforme ilustrado pela figura, no teste há dois tipos de pares corretos a serem aceitos, como a palavra grafofonemicamente regular FADA e a grafofonemicamente irregular TÁXI. Há também cinco tipos de pares incorretos a serem rejeitados, como a palavra RÁDIO que, sob a figura de um telefone, é semanticamente incorreta; e as quatro pseudopalavras: A homófona JÊNIU, a pseudo-homófona com troca fonológica MÁCHICO, a pseudo-homógrafa com troca visual TEIEUISÃO, e a pseudopalavra estranha MELOCE que permite controlar o efeito da atenção à tarefa.

FADA TÁXI RÁDIO

TEIEUISÃO MÁCHICO JÊNIU MELOCE Figura 1. Exemplos de cada um dos sete tipos de pares de figura e escrita do TCLP: Duas palavras corretas, uma regular (1–CR: FADA) e uma irregular (2–CI: TÁXI), uma palavra com incorreção semântica (3–VS: RÁDIO sob figura de telefone), uma pseudopalavra com troca visual (4–VV: TEIEUISÃO) e uma com troca fonológica (5–VF: MÁCHICO), uma pseudopalavra homófona (6–PH: JÊNIU) e uma pseudopalavra estranha (7–PE: MELOCE).

Os pares compostos de palavras ortograficamente corretas e

semanticamente corretas, quer grafofonemicamente regulares (i.e., Tipo 1) ou grafofonemicamente irregulares (i.e., Tipo 2), devem ser aceitos (i.e., circulados com o lápis). Por outro lado, os pares compostos de palavras com incorreção semântica (i.e., Tipo 3) ou de pseudopalavras (i.e., Tipos 4, 5, 6 e 7) devem ser rejeitados (i.e., cruzados com um “X”). Os acertos consistem em aceitar (i.e., assinalar

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com um círculo) os pares de Tipo 1 e 2, e em rejeitar (i.e., assinalar com um “X”) os pares de Tipo 3, 4, 5, 6 e 7. Reciprocamente, os erros consistem em rejeitar ou deixar de aceitar os pares corretos de Tipo 1 e 2, ou em aceitar ou deixar de rejeitar os pares incorretos de Tipo 3, 4, 5, 6 e 7. O padrão de distribuição dos tipos de erros é capaz de revelar a natureza específica do processamento cognitivo do examinando, além de indicar as estratégias de leitura que ele consegue usar e aquelas com que tem dificuldade. Assim, esse padrão tem elevado valor informativo para caracterizar a natureza particular da dificuldade de leitura de um determinado examinando. Contudo, essa caracterização de diferentes tipos de dificuldade requer que o padrão de erros exibido pela criança se configure de modo confiável e estatisticamente significativo.

Como descrito por A. Capovilla e F. Capovilla (2003a) e F. Capovilla e A. Capovilla (2001b), o insucesso na aceitação de palavras corretas grafofonemicamente irregulares (i.e., Tipo 2–CI) pode indicar dificuldade com o processamento lexical (ou falta dele). Do mesmo modo, o insucesso na rejeição de pseudopalavras homófonas (i.e., Tipo 6–PH) pode indicar a mesma dificuldade com o processamento lexical (ou falta dele) num nível ainda mais acentuado, com uma leitura mais limitada à decodificação fonológica. Quando um examinando ouvinte já tem pelo menos 9 anos de idade e já foi bastante exposto a textos, se ele deixar de rejeitar pseudopalavras homófonas, isso indica que ele está lendo pela rota fonológica, isto é, por decodificação grafofonêmica estrita, sem fazer recurso à rota lexical. Se ele fizesse recurso ao léxico ortográfico e encontrasse nesse léxico as palavras ortográfica e semanticamente adequadas às figuras (e.g., PÁSSARO, SINAL, GELO, ALMOÇO, HOSPITAL, CHAPÉU, MENINO, TÁXI, HOMEM, BOXE), ele seria capaz de identificar as malformações ortográficas das pseudopalavras homófonas e não teria dificuldade em rejeitar essas pseudopalavras. A falha em rejeitá-las sugere falta de representação apropriada no léxico ortográfico, quer por exposição insuficiente à leitura, quer por dificuldade de leitura. Um pouco mais sério é o insucesso na rejeição de pseudopalavras com trocas fonológicas (i.e., Tipo 5–VF), que poderia indicar a mesma falta de recurso ao léxico, mas com o agravante de dificuldades adicionais no próprio processamento fonológico. Já o insucesso na rejeição de palavras semanticamente incorretas (i.e., Tipo 3–VS) poderia indicar falta de acesso ao léxico semântico. Ainda mais sério, o insucesso na rejeição de pseudopalavras com trocas visuais (i.e., Tipo 4–VV) poderia indicar dificuldade com o processamento fonológico e recurso à estratégia de leitura logográfica. Finalmente, o

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insucesso na rejeição de pseudopalavras estranhas (i.e., Tipo 7–PE) poderia indicar sérios problemas de leitura, com ausência de processamento lexical, fonológico e, mesmo, logográfico. Alternativamente, essa falha em rejeitar pseudopalavras estranhas também poderia sugerir problemas com a atenção concentrada. Devido às relações intrínsecas ao Teste de Competência de Leitura de Palavras, ou seja, entre os sete tipos de pares compostos de figura e escrita, o TCLP permite uma checagem interna das conclusões e uma considerável validação cruzada das evidências fornecidas em cada tipo de par ou subteste.

A validade do TCLP em mapear o processamento cognitivo de leitura (A. Capovilla & F. Capovilla, 2003a; F. Capovilla & A. Capovilla, 2001a, 2004; F. Capovilla, A. Capovilla, Macedo, & Duduchi, 2000; F. Capovilla, Macedo, A. Capovilla, & Charin, 1998) já vinha sendo estabelecida em uma série de estudos recentemente publicados:

• 1.) Um primeiro exemplo de validação é o estudo de F. Capovilla e A. Capovilla (2002), que demonstrou que crianças que pontuam na faixa igual ou inferior a – 1 DP (i.e., desvio-padrão) em relação à média no TCLP apresentam maior dificuldade em discriminar fonemas, menor velocidade de processamento fonológico e menor capacidade de memória de trabalho fonológica, sendo que a dificuldade de percepção da fala tende a aumentar em proporção direta da velocidade com que a fala é apresentada (sobrecarregando, assim, a velocidade de discriminação fonêmica) ou da lentidão com que ela é apresentada (sobrecarregando, assim, a memória de trabalho fonológica);

• 2.) Um segundo exemplo de validação é encontrado no estudo de A. Capovilla, Miyamoto, e F. Capovilla (2002) que demonstrou que crianças com nistagmo pós-rotatório significativamente rebaixado ou significativamente exacerbado, tal como avaliado pelo Teste de Nistagmo Pós-Rotatório do Sensory Integration

and Praxis Test (Ayres, 1998), tendem a apresentar competência de leitura significativamente rebaixada, tal como medida pelo TCLP. Tal achado corrobora a bibliografia que atribui uma parte substancial dos distúrbios de aprendizagem a problemas de integração sensório-motora (Ayres, 1974, 1995). Por exemplo, Ayres (1978) relatou a presença de rebaixamento do nistagmo pós-rotatório em 50% das crianças com dificuldade de aprendizagem e a presença de exacerbação desse

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mesmo nistagmo pós-rotatório em outros 13% dos casos. Só em 37% dos casos de distúrbios de aprendizagem é que o nistagmo pós-rotatório se encontrava dentro dos limites da normalidade. Do mesmo modo, em sua revisão bibliográfica, Ottenbacher (1980) identificou uma clara relação entre a disfunção do sistema vestibular e os problemas de aprendizagem escolar, mostrando que as crianças com distúrbio de processamento vestibular, com exacerbação do nistagmo pós-rotatório, apresentam significativamente mais distúrbios de linguagem, além de escores significativamente rebaixados em testes de integração visomotora e de fluência de leitura (A. Capovilla, Miyamoto, & F. Capovilla, 2003a, 2003b);

• 3.) Um terceiro exemplo de validação é encontrado no estudo de A. Capovilla, Suiter, e F. Capovilla (2002), que demonstrou que crianças que pontuam na faixa igual ou inferior a – 1 DP (i.e., desvio-padrão) em relação à média no TCLP apresentam desempenho significativamente rebaixado em uma série de testes como: 3.1.) O teste brasileiro normatizado e validado intitulado Prova de Consciência Fonológica por Escolha de Figuras (PCFF: A. Capovilla & F. Capovilla, no prelo, baseada na Prova de Consciência Fonológica por Produção Oral PCFO de A. Capovilla & F. Capovilla, 1997, 1998a, 1998b, 2003b, e A. Capovilla, F. Capovilla, & Silveira, 1998), tanto no escore total quanto em cada um de seus nove subtestes; 3.2.) A versão brasileira normatizada e validada do Teste de Vocabulário por Imagens Peabody (TVIP: F. Capovilla & A. Capovilla, 1997; F. Capovilla, L. Nunes, Nogueira et al., 1997, F. Capovilla, L. Nunes, D. Nunes et al., 1997; PPVT–B: L. Dunn, D. Dunn, F. Capovilla, & A. Capovilla, 2004a, 2004b); e 3.3.) A versão brasileira do International Dyslexia Test (IDT–B: A. Capovilla & F. Capovilla, 2002a, 2002e; A. Capovilla, Smythe, F. Capovilla, & Everatt, 2001), nos subtestes de Ditado, Memória Fonológica, e Desenho de Memória;

• 4.) Um quarto exemplo de validação é encontrado no estudo de A. Capovilla, Machalous, e F. Capovilla (2002a, 2003b, 2003c), que demonstrou que o TCLP é sensível à escolaridade e capaz de discriminar entre séries sucessivas da 1a. à 3a. série e que, nessa mesma faixa de escolaridade, o desempenho em Teste de Competência de Leitura Silenciosa de Palavras está correlacionado de maneira positiva e significativa com o desempenho no Teste de Vocabulário por Figuras USP

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(TVFusp: F. Capovilla & A. Capovilla, no prelo; F. Capovilla, Viggiano, A. Capovilla, Mauricio, & Vilalba, 2002);

• 5.) Um quinto exemplo de validação é encontrado no estudo de A. Capovilla, Machalous, e F. Capovilla (2002b, 2003a), que traduzindo para o Alemão o Teste de Competência de Leitura Silenciosa de Palavras (TCLP–A) e comparando os desempenhos de crianças brasileiras e alemãs nos vários subtestes, demonstrou a existência de dupla dissociação entre os escores de reconhecimento visual direto e de decodificação grafofonêmica do TCLP, que foram uma clara função do grau de transparência da ortografia (i.e., Alemão mais transparente e Português menos transparente), isto é, do grau de regularidade grafofonêmica entre as duas ortografias (i.e., alta no Alemão e média no Português). Tal achado é de grande importância para validar o Teste de Competência de Leitura Silenciosa de Palavras em sua versão original em Português, bem como em sua versão traduzida para o Alemão. É também de grande importância para validar todo o modelo teórico em que o teste se fundamenta (A. Capovilla & F. Capovilla, 2003a, 2003b; F. Capovilla & A. Capovilla, 1999, 2001a, 2001b, 2004). Além disso, o achado é também de grande importância para a Psicologia Cognitiva da Leitura, pois corrobora a hipótese de que a maior transparência do Alemão incentiva a leitura pela rota fonológica, resultando em maior precisão na rejeição de pseudopalavras com trocas visuais (4–VV) mas em menor precisão na rejeição de pseudopalavras homófonas (6–PH), e que a relativamente menor transparência do Português incentiva a leitura pela rota lexical, resultando em maior precisão na aceitação de palavras corretas irregulares (2–CI) mas em menor precisão na rejeição de pseudopalavras com trocas visuais (4–VV);

• 6.) Um sexto exemplo de validação é encontrado no estudo longitudinal de A. Capovilla, Gütschow, e F. Capovilla (2002a) sobre a fidedignidade do Teste de Competência de Leitura Silenciosa de Palavras (TCLP), que demonstrou que os escores que as crianças obtêm durante a pré-escola predizem de modo confiável seus escores um ano depois, quando elas já cursam a 1a. série, o que sugere que os resultados do teste são estáveis e confiáveis;

• 7.) Um sétimo exemplo de validação é encontrado no estudo de A. Capovilla, Gütschow, e F. Capovilla (2002b) que demonstrou

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que a competência de leitura na 1a. série, tal como avaliada pelo TCLP, pode ser predita com precisão a partir dos escores das habilidades de aritmética, memória fonológica, consciência fonêmica e vocabulário (A. Capovilla & F. Capovilla, 2002b, 2002c), além de seqüenciamento apresentadas na pré-escola. De modo geral, esse estudo demonstrou que o desempenho em leitura e escrita correlaciona-se de forma positiva e significativa com as habilidades de processamento fonológico, mas não com as habilidades de processamento visual e motor, como a cópia de figuras e a qualidade da escrita, corroborando, assim, o modelo do déficit fonológico para a explicação dos distúrbios de leitura e escrita (Grégoire & Piérart, 1997);

• 8.) Um oitavo exemplo de validação do uso do TCLP é encontrado nos estudos de A. Capovilla & F. Capovilla (2002d) e de A. Capovilla e F. Capovilla (2003a). Os dois estudos usaram o Teste de Competência de Leitura Silenciosa de Palavras para avaliar a competência de leitura, em termos de reconhecimento e decodificação de palavras isoladas, juntamente com o Teste de Compreensão de Leitura de Sentenças (TCLS: F. Capovilla, Macedo, A. Capovilla, & Charin, 1998; F. Capovilla, Macedo, & Charin, 2001; F. Capovilla, Viggiano, A. Capovilla, Raphael, Bidá, Neves, & Mauricio, 2004) para avaliar a compreensão de texto. Este último teste avalia o processamento semântico no nível da sentença e requer, portanto, habilidades sintáticas consideráveis para o processamento da estrutura superficial de sentenças convolutas e a extração bem-sucedida de seu significado. Os dois estudos avaliaram, ao final do ano letivo, a competência de leitura, em termos de reconhecimento e decodificação de palavras isoladas e a compreensão de leitura de texto. Enquanto o primeiro estudo avaliou a competência de leitura de palavras e de textos por parte de 166 estudantes de 1a.

série de duas escolas de Ensino Fundamental, sendo três classes de cada escola; o segundo estudo avaliou as mesmas funções em 345 alfabetizandos provenientes de quatorze classes de 1a. série de escolas municipais de Ensino Fundamental do interior do estado de São Paulo. O objetivo dos dois estudos foi o de comparar a eficácia relativa dos métodos fônico e global no ensino de leitura e escrita pelas professoras em sala de aula. Para tanto, os estudos compararam as habilidades de reconhecimento e decodificação de palavras isoladas e de compreensão de texto como função do método de ensino (i.e., fônico versus global ou ideovisual) adotado por

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suas professoras. De modo a caracterizar os métodos de ensino empregados pelas professoras, ao mesmo tempo que as crianças respondiam aos dois testes, as professoras responderam a um questionário com perguntas sobre, dentre outras coisas, a porcentagem de tempo dedicado ao ensino de leitura com base em fonemas e a porcentagem de tempo dedicado ao ensino de leitura com base em textos. Os escores das crianças nos dois testes foram analisados como função da porcentagem de tempo dedicado pelas suas professoras para o ensino de leitura a partir de fonemas ou de textos. Os resultados dos estudos mostraram que, na faixa total de 0% a 30% de tempo que foi indicada pelas professoras, quanto maior a porcentagem de tempo dedicado pela professora ao ensino baseado em fonemas, tanto maiores os escores nos dois testes de competência de leitura e de compreensão de texto (i.e., TCLP e TCLS); e que, reciprocamente, na faixa total de 0% a 40% de tempo indicada pelas professoras, quanto maior a porcentagem de tempo dedicado pelas professoras ao ensino baseado em textos, tanto menores os escores nos dois testes de competência de leitura e de compreensão de texto. Em suma, analisando a competência de leitura de palavras e de textos por parte das crianças ao fim do ano letivo de alfabetização como função do tipo de atividade em que as professoras decidiram investir seu tempo durante o ano letivo, os estudos demonstraram que o desenvolvimento das crianças ao final do ano letivo é diretamente proporcional ao tempo dedicado à aprendizagem baseada em fonemas, e inversamente proporcional ao tempo dedicado à aprendizagem baseada em textos. Ou seja, considerando a distribuição de tempo dedicada ao ensino de leitura no início do ano letivo de alfabetização, quanto maior o tempo dedicado ao ensino por fonemas e quanto menor o tempo dedicado ao ensino por textos, tanto maiores os escores nos testes de competência de leitura de palavras (TCLP) e de compreensão de leitura de sentenças (TCLS) ao final do ano letivo.

• 9.) Um nono e último exemplo de validação e normatização é encontrado no estudo com 805 estudantes surdos de 1a. série do ensino fundamental à 1a. série do ensino médio (F. Capovilla, Viggiano, A. Capovilla, Raphael, Mauricio, & Bidá, 2004). Analisando a distribuição de acertos nos subtestes por 628 surdos de 1a. a 8a. série e comparando-a à distribuição de acertos de mil leitores ouvintes de 1a. a 3a. série, foi encontrado

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que o padrão de escores dos surdos (i.e., [VS = 8,4] > [PE = 8,0] > [PH = 7,4] > [VF = 6,5] > [VV = 6,0]) difere de modo marcante do padrão dos ouvintes (i.e., [PE = 9,2] > [VS = 8,8] > [VV = 7,9] > [VF = 6,9] > [PH = 5,9]). As discrepâncias entre os padrões são reveladoras: (1) Leitores ouvintes detectaram corretamente VV mais que PH e VF (i.e., deixando-se enganar mais pela semelhança fonológica), já leitores surdos detectaram corretamente mais PH e VF que VV (i.e., deixando-se enganar mais pela semelhança visual); (2) Leitores ouvintes detectaram corretamente mais VF que PH (i.e., deixando-se enganar mais pela homofonia que pela semi-homofonia), já leitores surdos detectaram corretamente mais PH que VF; (3) Leitores ouvintes detectaram corretamente mais PE do que VS (i.e., deixando-se enganar mais por palavras ortográfica e fonologicamente familiares ainda que semanticamente inadequadas às figuras do que por pseudopalavras ortográfica e fonologicamente estranhas), já leitores surdos detectaram corretamente mais VS que PE (i.e., privilegiando o processamento semântico-ortográfico do que o ortográfico-fonológico, com melhor detecção de inadequação semântica de palavras conhecidas do que de pseudopalavras, uma vez que, do ponto de vista deles, essas pseudopalavras poderiam ser simplesmente palavras que eles desconhecem). Foi descoberto ainda, que, embora em termos absolutos a ordem de pontuação dos leitores surdos tenha sido VS > PE > PH > VF > VV; quando sua pontuação em cada subteste é comparada à dos ouvintes, a ordem de pontuação dos leitores surdos foi a seguinte: Superioridade em PH (em que pontuaram pouco mais que os ouvintes de 3a. série) do que em VF e VS (em que pontuaram como os ouvintes entre a 1a. e a 2a. séries), e nestas do que em VV e PE (em que pontuaram como os ouvintes de 1a. série). Analisando as correlações entre os subtestes no TCLP1.1, foi descoberto que os surdos empregaram duas habilidades funcionalmente independentes: Uma para aceitar palavras corretas (sendo que, quanto melhor a aceitação de CR, tanto melhor a aceitação de CI), e outra para rejeitar, tanto pseudopalavras (sendo que, quanto melhor a rejeição de um tipo de pseudopalavras como VF, tanto melhor a rejeição dos outros tipos de pseudopalavras como PH, PE e VV, e vice-

versa), quanto palavras semanticamente incorretas (sendo que, quanto melhor a rejeição de VS, tanto melhor a rejeição dos quatro tipos de pseudopalavra VF, PH, PE e VV).

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O presente estudo objetivou fazer uma sondagem inicial do

crescimento do desempenho no TCLP como função da série escolar, tanto para o escore geral quanto para cada um de seus subtestes. Método Participantes

Participaram 116 escolares sem distúrbios do desenvolvimento, matriculados de 1ª a 3ª série do Ensino Fundamental de uma Escola da Rede Pública de Ensino do Município de São Paulo. As salas foram selecionadas a partir da indicação da professora de sala e da direção da escola. A Tabela 1 sumaria a distribuição das crianças por nível escolar, sexo e fornece a média de idade das crianças em cada série escolar.

Tabela 1. Distribuição de freqüência das crianças por nível escolar, sexo e idade média (em anos e meses) por nível escolar.

Meninos Meninas Total Idade Média 1ª série 13 16 29 7a1m 2ª série 19 23 42 8a1m 3ª série 21 24 45 9a3m Total 53 63 116

Instrumento

O TCLP, com seus setenta itens, foi aplicado coletivamente em sala de aula em uma única sessão para cada turma.

Resultados

A Tabela 2 sumaria a freqüência de erros no TCLP e em cada subteste em que houve efeito significativo da série escolar. Tabela 2. Freqüência de erros no TCLP e em cada um dos subtestes em que houve efeito significativo de série escolar. Média (M) e erro-padrão (EP).

1ª série 2ª série 3ª série subteste TCLP M EP M EP M EP

Freqüência total de erros no TCLP 10,90 0,92 8,43 0,77 5,20 0,74

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Palavras corretas regulares 0,72 0,14 0,50 0,11 0,20 0,11 Palavras corretas irregulares 1,45 0,23 1,19 0,19 0,53 0,18 Pseudopalavras com trocas fonológicas 3,00 0,40 1,95 0,33 1,18 0,32 Pseudopalavras homófonas 4,31 0,44 3,36 0,36 1,60 0,35

A Figura 1 representa o efeito da série escolar sobre a freqüência

de erros no TCLP. Conforme a figura, a freqüência de erros de leitura diminuiu com a série escolar. Anova da pontuação de competência de leitura como função da série escolar revelou efeito significativo, F (2, 113) = 12,16, p < 0,000. Análises de comparação de pares de Bonferroni revelaram que a freqüência de erros na 3ª série (5,20) foi significativamente menor que na 1ª (10,90) e 2ª séries (8,43).

Figura 1. Efeito da série escolar sobre a freqüência de erros de leitura no TCLP.

A Figura 2 (à esquerda) representa o efeito da série escolar sobre a freqüência de erros no subteste de Palavras Corretas Regulares do TCLP. Conforme a figura, a freqüência de erros de leitura silenciosa de Palavras Corretas Regulares foi uma função decrescente da série escolar. Anova de freqüência de erros de leitura silenciosa de corretas regulares como função da série escolar revelou efeito significativo, F (2, 113) = 4,83, p = 0,010. Análises de comparação de pares de Bonferroni revelaram que a freqüência de erros na 3ª série (0,20) foi significativamente menor que na 1ª série (0,72). A Figura 2 (à direita) representa o efeito da série escolar sobre a freqüência de erros no subteste de Palavras Corretas Irregulares do TCLP. Conforme a figura, a freqüência de erros de leitura silenciosa de palavras corretas irregulares foi uma função decrescente da série escolar. Anova de

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freqüência de erros de leitura silenciosa de corretas irregulares como função da série escolar revelou efeito significativo, F (2, 113) = 5,81, p = 0,004. Análises de comparação de pares de Bonferroni revelaram que a freqüência de erros na 3ª série (0,53) foi significativamente menor que na 1ª série (1,45) e na 2ª série (1,19).

Figura 2. Efeito da série escolar sobre a freqüência de erros de leitura em subtestes do TCLP. Freqüência de erro de rejeição indevida de palavras corretas regulares (à esquerda) e de rejeição indevida de palavras corretas irregulares (à direita).

A Figura 3 (à esquerda) representa o efeito da série escolar sobre a freqüência de erros no subteste de Pseudopalavras com Trocas Fonológicas do TCLP. Conforme a figura, a freqüência de erros de leitura silenciosa de Pseudopalavras com Trocas Fonológicas foi uma

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função decrescente da série escolar. Anova de freqüência de erros de leitura silenciosa de Pseudopalavras com Trocas Fonológicas como função da série escolar revelou efeito significativo, F (2, 113) = 6,42, p = 0,002. Análises de comparação de pares de Bonferroni revelaram que a freqüência de erros na 3ª série (1,18) foi significativamente menor que na 1ª série (3,00). A Figura 3 (à direita) representa o efeito da série escolar sobre a freqüência de erros no subteste de Pseudopalavras Homófonas do TCLP. Conforme a figura, a freqüência de erros de leitura silenciosa de Pseudopalavras Homófonas foi uma função decrescente da série escolar. Anova de freqüência de erros de leitura silenciosa de Pseudopalavras Homófonas como função da série escolar revelou efeito significativo, F (2, 113) = 12,77, p < 0,000. Análises de comparação de pares de Bonferroni revelaram que a freqüência de erros na 3ª série (1,60) foi significativamente menor que na 1ª série (4,31) e na 2ª série (3,36).

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Figura 3. Efeito da série escolar sobre a freqüência de erros de leitura em subtestes do TCLP. Freqüência de erro de aceitação indevida de pseudopalavras com trocas fonológicas (à esquerda) e de aceitação indevida de pseudopalavras homófonas (à direita).

Segundo as Anovas, não houve efeito significativo de série sobre a freqüência de erros nos seguintes subtestes: palavras heterossêmicas: (M geral = 0,08); pseudopalavras com trocas visuais (M geral = 1,00), e pseudopalavras estranhas (M geral`= 0,07).

Conclusões Os dados se coadunaram às expectativas. Comparando as escalas das ordenadas dos dois gráficos da

Figura 2 (à esquerda e à direita) fica claro que a presença de irregularidades grafofonêmicas dificulta o processamento de leitura leitura (i.e., a aceitação de palavras corretas). Isso é revelado pela maior freqüência de erros na aceitação de palavras irregulares do que na de palavras regulares. Comparando o aspecto das curvas, fica também aparente que a grande melhora no processamento de palavras corretas irregulares se dá da 2a. para a 3a. série, exatamente quando se consolida a rota lexical, com a penetração no estágio ortográfico. Por outro lado, diferentemente do ganho mais abrupto da 2a. para a 3a. série no processamento de palavras irregulares, a melhora no processamento de palavras corretas regulares parece ter sido mais contínuo e monotônico, o que sugere que os processos contínuos de automatismo e fluência crescentes da rota fonológica são suficientes para dar conta dessas palavras regulares, sem qualquer descontinuidade. A continuidade de ganho da 1a. para a 2a. para a 3a.

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série presente na leitura de palavras grafofonemicamente regulares sugere a progressiva eficácia do processamento original fonológico, de decodificação grafofonêmica que cede lugar ao lexical à medida que vai se automatizando. Reciprocamente, a descontinuidade (no caso, maior ganho da 2a. para a 3a. série) presente na leitura de palavras irregulares sugere que o processamento original de decodificação não é suficiente, sendo necessário o envolvimento de um processo ulterior de reconhecimento visual direto de formas não muito precisamente decodificáveis. Como a leitura adequada de palavras irregulares só pode se dar pelo processo de reconhecimento visual direto (já que a decodificação grafofonêmica estrita levaria a formas fonológicas estranhas e irreconhecíveis como echército e táchi), e como esse processo lexical (i.e., de reconhecimento visual direto da forma ortográfica familiar) só pode operar eficientemente quando as palavras a serem reconhecidas têm forma ortográfica familiar, ele deve esperar até que essas formas adquiram familiaridade suficiente, o que só se dá depois que a decodificação grafofonêmica se tornou suficientemente automática e fluente para liberar recursos centrais de atenção e memória e engajar o léxico semântico, ou seja, depois que ocorreu domínio da fase ortográfica.

Comparando as escalas das ordenadas dos dois gráficos da Figura 3 (à esquerda e à direita), fica claro que é mais fácil identificar trocas fonológicas (como representado na figura esquerda) do que reconhecer malformações ortográficas (como representado na figura direita) em palavras que soam como as palavras reais e adequadas às fgiguras a elas associadas. Isso porque o domínio do segundo estágio (i.e., o alfabético, com o desenvolvimento pleno da rota fonológica e sua habilidade de decodificação grafofonêmica fluente e precisa) já basta para poder identificar eficientemente as trocas fonológicas, ao passo que só o domínio do terceiro estágio (i.e., o ortográfico, com o desenvolvimento pleno da rota lexical) é que permite identificar malformações ortográficas (i.e., reconhecer que, ainda que sejam homófonas e condizentes com as figuras às quais se encontram associadas, pseudopalavras não pertencem ao léxico, ou seja, reconhecer que "não é assim que se escreve" uma certa palavra).

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