testes temporais para estudo do processamento …...teste padrão de duração (tpd) e a criação...
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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Testes Temporais para Estudo do
Processamento Auditivo Central
Cristina Jordão Nazaré
Porto, Setembro de 2009
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
Dissertação submetida para satisfação dos requisitos do grau de
Mestre em Engenharia Biomédica
pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Cristina Jordão Nazaré
Licenciada em Audiologia
pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra
Dissertação realizada sob supervisão de:
Professor Doutor Rui Paulo Soares Ribeiro,
do Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial
da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Professor Doutor Armando Luís Dinis Mónica Oliveira,
da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra
Dedico aos meus Pais
Agradecimentos
Agradeço imenso a todos os que tornaram possível a elaboração deste trabalho
O meu muito obrigado pelo vosso apoio, disponibilidade e incentivo:
Ao Doutor Fernando Monteiro
Ao Doutor Rui Ribeiro
Ao Doutor Armando Oliveira
Ao Doutor António Carvalho
Ao Doutor Joaquim Gabriel
À minha amiga Dr.ª Cláudia Reis
À minha amiga Mestre Elsa Martins
Ao Mestre João Figueiredo
À Mestre Margarida Serrano
Ao Mestre Jorge Martins
À Mestre Carla Silva
Aos meus Pais
À minha Família
Aos meus Amigos
Aos Alunos do Curso de Audiologia da ESTeSC
Às Crianças que participaram no estudo
Aos Encarregados de Educação das Crianças
Aos indivíduos da amostra
Aos Colegas da ESTeSC
E todos os que directa ou indirectamente participaram no estudo
IX
Resumo
O estudo pretende ser um ponto de partida para o crescimento de instrumentos de avaliação do
processamento auditivo central em Portugal. Um dos resultados principais do trabalho está relacionado
com o facto de se ter desenvolvido testes que permitem avaliar o processamento auditivo temporal, o
Teste Padrão de Duração (TPD) e a criação do Teste Padrão de Duração – Versão Infantil (TPD-VI),
através da realização de rotinas em MATLABTM, para a apresentação de sequências de sons com
características específicas. Outros resultados provêm da aplicação dos testes a 41 indivíduos normo-
ouvintes com idades entre os 7 e os 37 anos. Esta amostra foi dividida em três grupos: o grupo de
crianças, com idades dos 7 aos 12 anos, e dois grupos de adultos, o grupo controlo e o grupo com
queixas de dificuldades de percepção auditiva e/ou histórico de patologias que podem afectar o sistema
nervoso central. Ao grupo das crianças foi aplicado o TPD-VI e aos dos adultos o TPD, o TPD-VI assim
como o Teste Padrão de Frequência (TPF). Os resultados indicam que os valores obtidos no TPD são
superiores e diferem estatisticamente dos do teste referência de Musiek et al. em 1990. Não existem
diferenças estatisticamente significativas entre os grupos de adultos, porém os resultados são inferiores
no grupo de adultos com queixas e/ou histórico em todos os testes. Existe correlação entre o
desempenho obtido no TPD e no TPD-VI que não se observa entre o TPD e o TPF. Verifica-se inexistência
de diferenças nos resultados entre o ouvido direito e esquerdo no TPD e no TPD-VI. Observa-se também
que as variáveis idade e prática musical têm influência no desempenho dos indivíduos no teste TPD-VI.
Palavras-chave
Processamento Auditivo Central, Processamento Auditivo Temporal, Ordenação Temporal, Teste Padrão
de Duração, Teste Padrão de Duração – Versão Infantil, Teste Padrão de Frequência
XI
Abstract
The study intends to be a starting point for the growth of instruments of evaluation of the central
auditory processing in Portugal. One of the main results of the work is related with the fact of to have
been developed tests that allow to evaluate the temporal auditory processing, the Duration Pattern Test
(DPT or TPD from the Portuguese short form) and the Duration Pattern Test - Child Version (DPT-CV or
TPD-VI), through the creation of routines in MATLABTM for the presentation of sequences of sounds with
specific cues. Other results come from the application of the tests to 41 normal hearing individuals with
ages between the 7 and the 37 years. This sample was divided in three groups: the children's group,
with ages of the 7 to the 12 years, and two groups of adults, the control group and the group with
auditory perception difficulties and/or historical of pathologies that can affect the central nervous
system. To the children's group were applied the TPD-VI and to the adults the TPD, the TPD-VI as well as
the Frequency Pattern Test (TPF). The results indicate that the values obtained in TPD are superior and
different when compared with of the original test of Musiek et al. in 1990. Statistically significant
differences don’t exist among the adults' groups; however the results are inferior in the adults' group
with auditory perception difficulties and/or historical background. Correlation exists between the
performances obtained in TPD and in the TPD-VI and that it is not observed between TPD and TPF.
Inexistence of differences is demonstrated in the results among the right and left ear in TPD and in the
TPD-VI. It is also observed that the variables age and musical practice have influence in the individual’s
performance in the TPD-VI test.
Key-Words
Central Auditory Processing, Temporal Auditory Processing, Temporal Ordering, Duration Pattern Test,
Duration Pattern Test – Child Version, Frequency Pattern Test.
Índice
XIII
Índice
Agradecimentos ......................................................................................... VII
Resumo .................................................................................................IX
Palavras-chave ..........................................................................................IX
Abstract ................................................................................................XI
Key-Words ..............................................................................................XI
Índice ................................................................................................ XIII
Índice de Figuras ....................................................................................... XVI
Lista de Abreviaturas e Símbolos .......................................................................... XX
1 Introdução à Dissertação ................................................................................................. 1 1.1 Introdução ................................................................................. 3
1.2 Organização da Dissertação ............................................................ 4
2 Anatomo-Fisiologia do Sistema Auditivo ..................................................................... 5 2.1 Sistema Auditivo Periférico ............................................................. 7
2.1.1 Ouvido Externo ............................................................................ 8
2.1.2 Ouvido Médio .............................................................................. 9
2.1.3 Ouvido Interno .......................................................................... 10
2.1.4 Nervo Auditivo ........................................................................... 12
2.2 Sistema Auditivo Central ............................................................... 12
2.2.1 Núcleo Coclear .......................................................................... 13
2.2.2 Complexo Olivar Superior ............................................................. 14
2.2.3 Lemnisco Lateral ........................................................................ 15
2.2.4 Colículo Inferior ......................................................................... 15
2.2.5 Corpo Geniculado Médio ............................................................... 15
2.2.6 Córtex Auditivo .......................................................................... 15
2.2.7 Vias Inter-hemisféricas ................................................................. 18
2.3 Maturação do Sistema Auditivo ....................................................... 19
3 Processamento Auditivo Central .................................................................................. 21 3.1 Alterações de Processamento Auditivo Central .................................... 24
3.2 Avaliação do Processamento Auditivo Central ...................................... 26
4 Processamento Auditivo Temporal ............................................................................. 35 4.1 Resolução Temporal .................................................................... 39
4.1.1 Importância da Capacidade de Resolução Temporal .............................. 40
Índice
XIV
4.2 Integração Temporal.................................................................... 41
4.2.1 Moledo Clássico de Integração Temporal ........................................... 42
4.2.2 Moledo “Multiple Looks” ............................................................... 43
4.2.3 Importância da Capacidade de Integração Temporal ............................. 44
4.3 Mascaramento Temporal ............................................................... 45
4.3.1 Efeito de Máscara Antecipado (Forward Masking) ................................. 46
4.3.2 Efeito de Máscara Atrasado (Backward Masking) .................................. 47
4.4 Ordenação Temporal ................................................................... 48
4.4.1 Factores que influenciam a capacidade de ordenação temporal ............... 48
4.4.2 Reconhecimento do Padrão Temporal ............................................... 52
4.4.3 Importância da Capacidade de Ordenação Temporal ............................. 53
4.5 Alterações do Processamento Auditivo Temporal .................................. 54
4.6 Avaliação do Processamento Auditivo Temporal ................................... 55
4.6.1 Frequency Pattern Test (FPT) ou Pitch Pattern Sequences (PPS) Test ......... 55
4.6.2 Auditory Repetition Test (ART) ou Auditory Repetition Task (ART)............. 57
4.6.3 Psychoacoustic Pattern Discrimination Test (PPDT) ............................... 58
4.6.4 Duration Pattern Test (DPT) ou Duration Pattern Sequence (DPS) Test ........ 58
4.6.5 Auditory Fusion Test-Revised (AFT-R) ............................................... 60
4.6.6 Random Gap Detection Test (RGDT) e Random Gap Detection Test- Expanded
(RGDT-EXP) ......................................................................................... 61
4.6.7 Gap-In-Noise (GIN©) Test .............................................................. 62
5 Selecção e Criação de Testes Temporais para Estudo do Processamento
Auditivo Central ............................................................................................................................. 65 5.1 Selecção dos Testes de Processamento Auditivo Temporal ...................... 67
5.2 Metodologia Usada na Criação dos Testes ........................................... 68
5.2.1 Descrição das Etapas ................................................................... 68
5.2.1.1 1ª Etapa – Criação dos Estímulos ..................................................... 68
5.2.1.1 2ª Etapa – Criação dos Padrões de Estímulos ....................................... 72
5.2.1.2 3ª Etapa – Organização de listas de Padrões ....................................... 73
5.2.1.3 4ª Etapa – Criação dos comandos de identificação e armazenamento de dados
74
5.2.1.4 4ª Etapa – Criação dos comandos para a apresentação dos padrões ........... 74
5.2.1.1 5ª Etapa – Execução dos comandos .................................................. 75
6 Aplicação dos Testes de Processamento Auditivo Central .................................. 77
Índice
XV
6.1 Definição da População e da Amostra ............................................... 79
6.1.1 Critérios de Inclusão .................................................................... 79
6.2 Instrumentos Utilizados ................................................................ 80
6.3 Metodologia Utilizada na Recolha de Dados ........................................ 80
6.4 Formulação das Questões de Investigação .......................................... 84
6.5 Características Gerais da Amostra .................................................... 85
7 Análise dos Resultados ................................................................................................... 91 7.1 Resultados ................................................................................ 93
8 Discussão dos Resultados ............................................................................................. 111
9 Conclusões ........................................................................................................................ 121 9.1 Síntese e Conclusão ................................................................... 123
9.2 Limites do Estudo ..................................................................... 125
9.3 Perspectivas de Trabalhos Futuros ................................................. 125
10 Referências Bibliográficas ........................................................................................... 127
11 Anexos .............................................................................................................................. 139
Índice
XVI
Índice de Figuras
Figura 2.1 - Representação esquemática do sistema auditivo periférico. ....................................... 7 Figura 2.2 - Sistema auditivo periférico. .............................................................................. 8 Figura 2.3 – Ouvido Médio. .............................................................................................. 9 Figura 2.4 – Amplificação do ouvido médio. .......................................................................... 9 Figura 2.5 - Cadeia ossicular do ouvido médio. .................................................................... 10 Figura 2.6 - Efeito de alavanca da cadeia ossicular do ouvido médio. ......................................... 10 Figura 2.7 – (a) Ouvido interno. (b) – Secção da cóclea. (c) - Órgão de Corti. (d) - Célula ciliada interna.
............................................................................................................................. 11 Figura 2.8 – Sistema Auditivo Central. ............................................................................... 13 Figura 2.9 - Representação esquemática das vias auditivas do sistema auditivo central. .................. 14 Figura 2.10 – Córtex Auditivo Primário e o Córtex Auditivo de Associação. ................................... 16 Figura 2.11- Córtex Auditivo .......................................................................................... 16 Figura 2.12 – Estruturas do sistema nervoso central. ............................................................. 19 Figura 4.1 - Representação esquemática de um exemplo de detecção de intervalos ou interrupções. .. 39 Figura 4.2 -Integração temporal. ..................................................................................... 42 Figura 4.3 – Integração temporal. .................................................................................... 43 Figura 4.4 – Representação esquemática do mascaramento temporal. ........................................ 45 Figura 4.5 – Efeito de máscara antecipado (Forward Masking). ................................................. 46 Figura 4.6 - Efeito de máscara atrasado (Backward Masking). .................................................. 47 Figura 4.7 – Representação esquemática dos mecanismos que envolvidos o processamento de padrões
temporais. ................................................................................................................ 52 Figura 4.8 - Teste Padrão de Frequência - Frequency (Pitch) Patterns. L- Low (Baixo); H - High (Alto). 56 Figura 4.9 - Teste Padrão de Frequência (TPF) .................................................................... 57 Figura 4.10 – Durations Patterns - Padrão de Duração. L – Long (Longo); S – Short (Curto) ................ 59 Figura 4.11 - Exemplo de três itens do GIN© Test, mostrando a durações do estímulo, intervalos inter-
estímulos (ISI) e durações de intervalos de silêncio (Gap). ...................................................... 62 Figura 5.1 – Ilustração dos componentes de duração de um sinal tone burst. ................................ 68 Figura 5.2 - Envelope da subida (rise) do tone burst, t1=0:Ta:p1, p1= 0.005 s ............................... 69 Figura 5.3 - Envelope do plateau do tone burst, t2=p1:Ta:p2, t2(1)=[ ]; p2=0.245 s ........................ 69 Figura 5.4 - Envelope da descida (fall) do tone burst, t3=p2:Ta:p3, t3(1)=[ ]; p3=0.250 s. ................ 70 Figura 5.5 - Envelope do tone burst de 250 ms ttotal=0:Ta:p3 .................................................. 70 Figura 5.6 – Forma onda do início do sinal tone burst de 250 ms ............................................... 71 Figura 5.7 – Representação esquemática da forma onda do sinal tone burst total, de 250 ms. Nota: A
representação não está à escala. .................................................................................... 71 Figura 5.10 - Representação esquemática da forma onda do padrão LCC. A representação não está à
escala. .................................................................................................................... 72 Figura 5.8 – Representação esquemática do padrão LCC do TPD. ............................................... 72 Figura 5.9 - Representação esquemática do padrão LCC do TPD – VI. .......................................... 72 Figura 6.1 – Representação esquemática da ligação dos equipamentos para a realização do TPD, TPD-VI e
TPF. ....................................................................................................................... 82 Figura 6.2 - Representação esquemática dos seis padrões de duração usados no TPD e TPD-VI. .......... 83
Índice de Gráficos
XVII
Índice de Gráficos
Gráfico 6.1 – Distribuição dos grupos da amostra. ................................................................. 85 Gráfico 6.2 – Distribuição do género (Feminino, Masculino) nos grupos de adultos com e sem queixas
e/ou histórico e do grupo de crianças. .............................................................................. 86 Gráfico 6.3 - Distribuição da variável Idade no grupo de adultos sem queixas e/ou histórico (grupo
controlo). ................................................................................................................. 86 Gráfico 6.4 – Distribuição da idade em faixas etárias no grupo de crianças. .................................. 87 Gráfico 6.5 - Distribuição da variável Idade no grupo de adultos com queixas e/ou histórico. ............ 87 Gráfico 6.6 – Representação gráfica dos testes efectuados na amostra........................................ 88 Gráfico 6.7 – Testes de processamento auditivo temporal realizados no universo amostral. Distribuição
dos grupos pelos diferentes testes. .................................................................................. 89 Gráfico 6.8 - Distribuição da variável prática musical nos grupos de adultos com e sem queixas e/ou
histórico e no grupo de crianças. ..................................................................................... 90 Gráfico 7.1 – Gráfico de caixa representativo da percentagem de respostas correctas (% RC) do Teste
Padrão de Duração (TPD) no ouvido direito (OD) e no esquerdo (OE) nos grupos de adultos com e sem
queixas e/ou histórico. ................................................................................................ 95 Gráfico 7.2 - Gráfico de caixa representativo da percentagem de respostas correctas (%RC) do Teste
Padrão de Duração – Versão Infantil (TPD-VI) no ouvido direito (OD) e no ouvido esquerdo (OE) nos
grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico. ............................................................ 97 Gráfico 7.3 - Gráfico representativo da percentagem de respostas correctas (% RC) do Teste Padrão de
Frequência (TPF) no ouvido direito (OD) e no esquerdo (OE) nos grupos de adultos com e sem queixas
e/ou histórico. .......................................................................................................... 99 Gráfico 7.4 – Gráfico representativo da percentagem de respostas correctas (% RC) do Teste Padrão de
Duração (TPD) e do Teste Padrão de Duração – Versão Infantil (TPD-VI) nos grupos de adultos com e sem
queixas e/ou histórico. ............................................................................................... 101 Gráfico 7.5 – Gráfico representativo da média da percentagem de respostas correctas (% RC) do Teste
Padrão de Duração (TPD) e do Teste Padrão de Frequência (TPF) nos grupos de adultos com e sem
queixas e/ou histórico. ............................................................................................... 102 Gráfico 7.6 – Gráfico da percentagem de respostas correctas (% RC) do TPD-VI no ouvido direito (OD) e
no ouvido esquerdo (OD) no grupo de crianças e no controlo de adultos segundo a idade (em faixas
etárias). ................................................................................................................. 104
Gráfico 7.7 - Gráfico da percentagem de respostas correctas (% RC) do Teste Padrão de Duração – Versão
Infantil TPD-VI no ouvido direito (OD) e no ouvido esquerdo (OD) no grupo de crianças segundo a idade
(em meses). ............................................................................................................. 105 Gráfico 7.8 - Gráfico de caixas representativo da percentagem de respostas correctas (% RC) do Teste
Padrão de Duração (TPD) no ouvido direito (OD) e no ouvido esquerdo (OE) nos adultos para a variável
prática musical. ........................................................................................................ 107 Gráfico 7.9 - Gráfico de caixas da percentagem de respostas correctas (% RC) do TPD-VI no ouvido
direito (OD) e no ouvido esquerdo (OE) nos adultos para a variável prática musical. ...................... 108
Índice de Tabelas
XVIII
Índice de Tabelas
Tabela 3.1 – Testes de Audição Dicótica. ........................................................................... 31 Tabela 3.2 – Testes de Interacção Binaural. ........................................................................ 31 Tabela 3.3 – Testes de Monoaurais de Baixa Redundância. ...................................................... 32 Tabela 3.4 – Testes de Testes de Processamento Temporal. .................................................... 33 Tabela 5.1 – Listas de Padrões - Teste Padrão de Duração e Teste Padrão de Duração (Versão Infantil)
para cada ouvido. ....................................................................................................... 73 Tabela 7.1 – Estatística descritiva da percentagem de respostas correctas (% RC) no ouvido direito (OD) e
esquerdo (OE) do grupo controlo no Teste Padrão de Duração (TPD). ......................................... 93 Tabela 7.2 – Teste t-Student para uma amostra - Comparação de médias da percentagem de respostas
correctas (%RC) do ouvido direito (OD) e esquerdo (OE) no Teste Padrão de Duração (TPD) com os
valores obtidos no Duration Pattern Test (DPT) por Musiek et al. (1990). .................................... 94 Tabela 7.3 – Estatística descritiva da percentagem de respostas correctas (%RC) no Teste Padrão de
Duração (TPD) do ouvido direito (OD) e esquerdo (OE) nos grupos de adultos com e sem queixas e/ou
histórico. ................................................................................................................. 95 Tabela 7.4 – Teste U de Mann-Whitney da percentagem de respostas correctas (% RC) no Teste Padrão de
Duração (TPD) no ouvido direito (OD) e no ouvido esquerdo (OE) nos grupos de adultos com e sem
queixas e/ou histórico. ................................................................................................ 96 Tabela 7.5 - Estatística descritiva da percentagem de respostas correctas (%RC) no Teste Padrão de
Duração – Versão Infantil (TPD-VI) nos grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico. ............. 96 Tabela 7.6 – Teste Mann-Whitney U da percentagem de respostas correctas (% RC) no Teste Padrão de
Duração – Versão Infantil (TPD-VI) no ouvido direito (OD) e no ouvido esquerdo (OE) nos grupos de
adultos com e sem queixas e/ou histórico. ......................................................................... 98 Tabela 7.7 - Estatística descritiva da percentagem de respostas correctas (%RC) no Teste Padrão de
Frequência (TPF) nos grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico. .................................. 98 Tabela 7.8 – Teste U de Mann-Whitney da percentagem de respostas correctas (% RC) no Teste Padrão de
Frequência (TPF) no ouvido direito (OD) e no ouvido esquerdo (OE) nos grupos de adultos com e sem
queixas e/ou histórico. ................................................................................................ 99 Tabela 7.9 – Correlação não paramétrica entre a percentagem de respostas correctas (% RC) no Teste
Padrão de Duração (TPD) e no Teste Padrão de Duração Versão Infantil (TPD-VI) nos grupos de adultos.
............................................................................................................................ 100 Tabela 7.10 - Correlação não paramétrica entre a percentagem de respostas correctas (% RC) no Teste
Padrão de Duração (TPD) e no Teste Padrão de Frequência (TPF) no grupo de adultos. ................... 101 Tabela 7.11 - Estatística descritiva da percentagem de respostas correctas (%RC) no Teste Padrão de
Duração – Versão Infantil (TPD-VI) no grupo de adultos sem queixas e/ou histórico (grupo controlo) e no
grupo de crianças. ..................................................................................................... 103 Tabela 7.12 – Teste U de Mann-Whitney da percentagem de respostas correctas (%RC) no ouvido direito
(OD) e no ouvido esquerdo (OE) no grupo controlo de adultos e no grupo de crianças ..................... 103
Índice de Tabelas
XIX
Tabela 7.13 - Estatística descritiva da percentagem de respostas correctas (% RC) no Teste Padrão de
Duração – Versão Infantil (TPD-VI) no ouvido direito (OD) e no ouvido esquerdo (OE), no grupo de
crianças e no grupo controlo de adultos para a variável idade (em faixas etárias). ........................ 104 Tabela 7.14 – Média da percentagem de respostas correctas (% RC) no Teste Padrão de Duração – Versão
Infantil (TPD-VI) no ouvido direito (OD) e no ouvido esquerdo (OE) de acordo com a idade das crianças
(em meses). ............................................................................................................. 105 Tabela 7.15 – Teste de Wilcoxon para amostras emparelhadas entre a percentagem de respostas
correctas (%RC) do ouvido direito (OD) e do ouvido esquerdo (OE) no Teste Padrão Duração (TPD) e no
Teste Padrão de Duração - Versão Infantil (TPD-VI) nos grupos de adultos com e sem queixas e/ou
histórico e no grupo de crianças. .................................................................................... 106 Tabela 7.16 - Estatística descritiva da percentagem de respostas correctas (% RC) no Teste Padrão de
Duração (TPD) e no Teste Padrão de Duração - Versão Infantil (TPD-VI) segundo a variável prática
musical nos indivíduos adultos. ...................................................................................... 107 Tabela 7.17 – Teste U de Mann-Whitney da percentagem de respostas correctas (% RC) do Teste Padrão
de Duração (TPD) e do Teste Padrão de Duração – Versão Infantil (TPD-VI) no ouvido direito (OD) e no
ouvido esquerdo (OE) nos adultos com e sem prática musical. ................................................. 108
Lista de Abreviaturas e Símbolos
XX
Lista de Abreviaturas e Símbolos
AAB Alto-Alto-Baixo
ABA Alto-Baixo-Alto
ABB Alto-Baixo-Baixo
AFT-R Auditory Fusion Test-Revised
ART Auditory Repetition Test
ASHA American Speech-Language-Hearing Association
ATS Audiograma Tonal Simples
BAA Baixo-Alto-Alto
BAB Baixo-Alto-Baixo
BBA Baixo-Baixo-Alto
CAP Central Auditory Processing
(C)APD (Central) Auditory Processing Disorders
CAE Canal Auditivo Externo
CCL Curto-Curto-Longo
CI Colículo Inferior
CLC Curto-Longo-Curto
CLL Curto-Longo-Longo
COS Complexo Olivar Superior
dB Decibel
dB HL dB Hearing Level
dB SL dB Sensation Level
dB SPL dB Sound Pressure Level
DPS Duration Pattern Sequence Test
DPOEA Otoemissões Acústicas por Produtos de Distorção
DPT Duration Pattern Test
FPT Frequency Pattern Test
GIN Gap-In-Noise Test
Hz Hertz
LCC Longo-Curto-Curto
LCL Longo-Curto-Longo
LL Lemnisco Lateral
LLC Longo-Longo-Curto
ms Milissegundo
NC Núcleo Coclear
OD Ouvido Direito
Lista de Abreviaturas e Símbolos
XXI
OE Ouvido Esquerdo
PA Processamento Auditivo
PAC Processamento Auditivo Central
PEA Potenciais Evocados Auditivos
PEATC Potenciais Evocados Auditivos do Tronco Cerebral
PEALL Potenciais Evocados Auditivos de Longa Latência
PPDT Psychoacoustic Pattern Discrimination Test
PPS Pitch Pattern Sequences Test
RC Respostas Correctas
RGDT Random Gap Detection Test
RGDT-EXP Random Gap Detection Test- Expanded
s Segundo
SAC Sistema Auditivo Central
SAP Sistema Auditivo Periférico
TPD Teste Padrão de Duração
TPD – VI Teste Padrão de Duração – Versão Infantil
TPF Teste Padrão de Frequência
1 Introdução à Dissertação
Introdução à Dissertação
Cristina Nazaré | FEUP 3
1.1 Introdução
A percepção do meio que nos rodeia é efectuada sobretudo com base na informação adquirida
pelos nossos sentidos. O processamento desta informação nos sistemas sensoriais é um
processo complexo que muito se deve ao desenvolvimento de capacidades em função das
necessidades com que a nossa espécie se deparou ao longo dos tempos e do seu contacto com
estímulos diversificados. Em termos de importância evolutiva e ecológica, o aperfeiçoamento
da percepção sensorial está fortemente relacionado com a nossa segurança, crescimento e
socialização (Hoglund, 2007).
O sistema auditivo humano é um desses sistemas sensoriais. Possuí capacidades altamente
especializadas para recolher e processar informação de eventos acústicos. A audição resulta
de um dos mecanismos de transdução mais complexos e sofisticados presentes na natureza
(Northern & Downs, 2002) e tem suscitado bastante interesse a numerosos investigadores de
ciências e áreas diversas, na medida em que parte dos processos envolvidos ainda não são
completamente compreendidos e os meios de avaliar o seu funcionamento e estabelecer a sua
função também não estão disponíveis na totalidade.
Nos últimos anos, várias pesquisas têm demonstrado que uma audição normal não implica
eficácia de processamento da informação auditiva, verificando-se na prática clínica que
alguns indivíduos com audição dentro dos parâmetros da normalidade apresentam um
desempenho reduzido em determinadas capacidades do processamento perceptivo da
informação auditiva no sistema nervoso central, manifestando alterações no processamento
auditivo (Keith, 2000; Fuente & McPherson, 2006; Chemark, 2007; Dawes et al., 2007).
O crescente progresso no estudo do processamento auditivo central e das suas alterações e o
reconhecimento da sua relevância na prevenção, diagnóstico, orientação terapêutica e
prognóstico evidenciam a necessidade de implementação de testes de avaliação do
processamento auditivo (Souza et al., 2002).
Um dos fenómenos do funcionamento auditivo menos explorado, apesar das evidências deste
como componente fundamental do processamento auditivo e crucial em muitos dos aspectos
da nossa percepção auditiva tem sido o processamento auditivo temporal, que nos
proporciona a capacidade de processar os aspectos de um estímulo acústico com o decorrer
do tempo (Neves, 2002; Shinn, 2003).
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
4 Cristina Nazaré | FEUP
Como refere Shinn (2007) são essenciais medições adicionais para estudar completamente o
processamento temporal. Deve-se reconhecer a carência de testes nesta área da saúde e
começar a desenvolver-se instrumentos e equipamentos de interface, dado que as
ferramentas de diagnóstico são limitadas e a nível clínico não surgiram meios de medir de
uma forma fácil algumas das capacidades temporais.
Em Portugal está desenvolvido só um teste de processamento auditivo temporal numa versão
não comercial (Martins, 2008) existindo falta de instrumentos de diagnóstico de problemas de
processamento auditivo para adultos e crianças.
Este trabalho, realizado no âmbito do Curso de Mestrado em Engenharia Biomédica tem como
principal objectivo criar testes que possibilitem avaliar o processamento auditivo central, o
Teste Padrão de Duração e o Teste Padrão de Duração – Versão Infantil, com o
desenvolvimento de sequências de sinais acústicos e de rotinas em MATLABTM. O estudo tem
ainda como finalidade a aplicação dos testes criados a grupos de indivíduos e analisar o
desempenho alcançado pelos sujeitos.
1.2 Organização da Dissertação
No actual capítulo, a introdução à dissertação, encontra-se uma breve referência ao tema do
trabalho e os objectivos do estudo. O segundo capítulo engloba uma pequena descrição da
anatomia e fisiologia do sistema auditivo. No terceiro capítulo são descritos alguns aspectos
importantes do processamento auditivo central, as suas alterações e uma alusão aos
instrumentos de avaliação desta capacidade. No quarto capítulo é efectuada uma abordagem
ao processamento auditivo temporal, após a qual se analisa mais especificamente os sub-
processos desta aptidão, alterações e os testes que estudam esta capacidade auditiva de
processamento da informação de duração dos estímulos acústicos. No quinto capítulo são
descritos alguns aspectos que conduziram à selecção dos testes usados para o estudo e o seu
processo de adaptação/desenvolvimento em MATLABTM. No sexto capítulo é explicada a
metodologia usada na aplicação dos testes criados à amostra. Os últimos três capítulos, o
sétimo, oitavo e nono referem-se à análise dos resultados obtidos com os testes de
processamento auditivo temporal, à sua discussão, terminando com as conclusões do trabalho
e perspectivas de estudos futuros.
2 Anatomo-Fisiologia do Sistema Auditivo
Anatomo-fisiologia do Sistema Auditivo
Cristina Nazaré | FEUP 7
O conhecimento da anatomia e fisiologia do sistema auditivo é um requisito importante na
compreensão do processamento de informações auditivas (Zorzetto et al., 2007). Como tal,
neste capítulo serão abordados aspectos anatomo-fisiológicos do sistema auditivo.
O sistema auditivo divide-se em componentes periféricos e centrais e as suas estruturas
interagem com funções distintas, porém complementares, nos fenómenos auditivos. O
sistema auditivo actua como um transdutor onde a energia acústica captada pelo ouvido
externo é transformada em mecânica no ouvido médio e posteriormente convertida pelo
ouvido interno em impulsos bioelétricos que são transmitidos para o sistema auditivo central
onde são processados e alcançam o córtex auditivo que os interpreta (Musiek & Baran, 2007).
2.1 Sistema Auditivo Periférico
O sistema auditivo periférico (Figura 2.2) está localizado no osso temporal e do ponto de vista
anatómico inclui o ouvido externo (external ear), o ouvido médio (middlle ear), o ouvido
interno (inner ear) e o nervo auditivo (cochlear nerve) (Gelfand, 2001).
Figura 2.1 - Representação esquemática do sistema auditivo periférico.
(Saladin, 2007)
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
8 Cristina Nazaré | FEUP
2.1.1 Ouvido Externo
O ouvido externo abrange o pavilhão auricular (auricle), porção visível, e o canal auditivo
externo (CAE) (Roeser et al., 2007).
O pavilhão auricular apresenta uma forma e geometria específica que permite captar,
atenuar e amplificar as ondas sonoras, sendo estas características relevantes no processo de
localização da fonte sonora (Moore, 2003; Clapton & Voigt, 2006).
O CAE conduz o som até à membrana timpânica (tympanic membrane). Tem a forma
aproximada de um cilindro em “S” de 2,5 cm de comprimento, fechado apenas numa das
extremidades pelo tímpano (Gelfand, 2001). Devido à sua dimensão e configuração apresenta
uma ressonância natural na gama frequências de 3000 a 4000 Hz, em indivíduos adultos,
provocando nestas frequências uma ampliação de 10 a 15 dB (Musiek & Baran, 2007).
Figura 2.2 - Sistema auditivo periférico.
(Seeley et al, 2007)
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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
10 Cristina Nazaré | FEUP
A cadeia de ossículos (Figura 2.5) permite a transmissão da pressão sonora que chega à
membrana timpânica e possibilita a amplificação da energia sonora de modo a igualar as
impedâncias entre o meio gasoso do CAE e o meio líquido do ouvido interno. Esta
amplificação, demonstrada na Figura 2.4, ocorre pelo facto da área do estribo que está em
contacto com a janela oval do ouvido interno ser 17 vezes menor que a membrana timpânica,
e pelo efeito de alavanca da cadeia ossicular (Figura 2.6), que origina um acréscimo de 1.3 na
energia sonora. Este mecanismo faz com que a pressão acústica exercida na janela oval seja
amplificada aproximadamente 22 vezes em relação à efectuada sobre o tímpano (Musiek &
Baran, 2007).
2.1.3 Ouvido Interno
O ouvido interno (Figura 2.7 (a)) é uma estrutura que pode ser dividida em duas partes: o
labirinto anterior ou cóclea (cochlea) que é o órgão periférico da audição e o labirinto
posterior responsável pelo equilíbrio que engloba os canais semicirculares (semecircular
canals) e o vestíbulo (vestibule). Estes labirintos por sua vez possuem uma parte óssea (bone
labyrinth) e uma membranosa (membranous labyrinth) (Roeser et al., 2007).
Na cóclea, o esqueleto ósseo forma um canal em espiral de duas voltas e meia que diminui de
diâmetro da base para o ápice. A base é estimulada pelos sinais de alta frequência e o ápice
pelos de baixa frequência. No interior da cóclea existe a membrana de Reissner e a
membrana basilar (basilar membrane) que também formam canais em espiral, denominados
por rampa timpânica (scala tympani) e rampa vestibular (scala vestibuli) e que contêm
Figura 2.5 - Cadeia ossicular do ouvido
médio.
(SciencePhotoLibrary, 2008)
Figura 2.6 - Efeito de alavanca da cadeia ossicular do ouvido médio.
(Henrique, 2002)
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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
12 Cristina Nazaré | FEUP
2.1.4 Nervo Auditivo
O nervo auditivo ou VIII par craniano situa-se no canal auditivo interno, é um nervo bastante
curto, com cerca de 5 milímetros de comprimento e relativamente espesso que contém cerca
de 30000 fibras nervosas que se dividem em dois ramos: o nervo coclear e o vestibular. O
nervo coclear tem a sua origem no gânglio espiral de Corti que recebe as conexões das células
sensoriais do órgão de Corti. O núcleo do nervo é formado por fibras da região mais apical da
cóclea e a periferia do nervo por fibras da base. Cada fibra do nervo pode efectuar pelo
menos, 1000 impulsos nervosos por segundo, sendo a sensação de intensidade sonora
determinante para a sua velocidade de transmissão. Geralmente, para sons de 2000 a 4000
Hz, os impulsos do nervo coclear ocorrem em sincronização com a frequência do som, mas
não necessariamente com os ciclos da onda sonora. O nervo auditivo termina com sinapses
com os neurónios do núcleo coclear, que é considerado uma estrutura do sistema auditivo
central (Zemlin, 2000; Hall & Guyton, 2006).
2.2 Sistema Auditivo Central
O sistema nervoso central é constituído por vias aferentes ou ascendentes, que conduzem as
informações da cóclea ao córtex auditivo, e por vias eferentes ou descendentes, que provêm
do córtex auditivo e terminam no órgão de Corti e que actuam na inibição e excitação de
algumas informações (Gelfand, 2001). As vias auditivas eferentes são responsáveis por
mecanismos de feedback que permitem a troca de informação entre várias estruturas do
sistema auditivo, como o controlo e protecção contra sons de elevada intensidade que
chegam à cóclea (Aquino & Araújo, 2002).
O sistema auditivo central (SAC) envolve os núcleos cocleares (cochlear nucleus), o complexo
olivar superior (superior olivary nucleus ou superior olive), o lemnisco lateral (lateral
lemniscus), o colículo inferior (inferior colliculus), o corpo geniculado médio (medial
geniculate nucleus), o córtex auditivo (auditory cortex) e as vias inter-hemisféricas (Musiek &
Baran, 2007). Algumas das estruturas do SAC e suas conexões podem ser visualizadas no
desenho da Figura 2.8. e na representação esquemática da Figura 2.9.
Anatomo-fisiologia do Sistema Auditivo
Cristina Nazaré | FEUP 13
2.2.1 Núcleo Coclear
O núcleo coclear (NC) é a primeira estrutura do SAC e pode ser dividido em núcleo coclear
dorsal, núcleo coclear posterior ventral e núcleo coclear anterior ventral (Roeser et al.,
2000). O NC é a única estrutura auditiva do tronco cerebral que recebe apenas entradas
aferentes ipsilaterais e envia a maioria das fibras aferentes para o complexo olivar superior
contra-lateral (Musiek & Oxholm, 2000). Ou seja, os estímulos que chegam aos núcleos
cocleares são transmitidos bilateralmente para as vias auditivas mas com maior
preponderância para a via contra-lateral ao ouvido estimulado (Figura 2.9). O cruzamento das
fibras nervosas a nível dos núcleos cocleares leva a algumas destas passem directamente para
o núcleo coclear dorsal (dorsal cochlear nucleus) e enquanto as restantes passam para o
núcleo coclear ventral (ventral cochlear nucleus) e cruzam a linha média do tronco cerebral
em direcção ao complexo olivar superior (Zemlin, 2000; Hall & Guyton, 2006). O NC contribui
para a codificação de intensidades, resolução temporal e codificação de sons complexos
(Aquino & Araújo, 2002).
Figura 2.8 – Sistema Auditivo Central.
(Seeley et al., 2007)
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
14 Cristina Nazaré | FEUP
2.2.2 Complexo Olivar Superior
O complexo olivar superior (COS) é constituído por grupos de núcleos que recebem
informação auditiva ipsi e contralateral vinda dos núcleos cocleares. A análise da informação
neural que chega a cada um dos ouvidos depende desta conexão bilateral que faculta a fusão
binaural, a detecção de diferenças interaurais de intensidade e de diferenças interaurais de
tempo fundamentais para a lateralização e localização sonora e para o aumento da relação
sinal/ruído. Pensa-se também que o complexo olivar superior é a área do tronco cerebral que
mais poderá contribuir para a codificação da ordem temporal (Balen, 1997; Musiek & Oxholm,
2000; Aquino & Araújo, 2002; Musiek & Baran, 2007).
Figura 2.9 - Representação esquemática das vias auditivas do sistema auditivo central.
(Moore, 2003)
Anatomo-fisiologia do Sistema Auditivo
Cristina Nazaré | FEUP 15
2.2.3 Lemnisco Lateral
O lemnisco lateral (LL) recebe sobretudo conexões da via contralateral e envia fibras nervosas
para o colículo inferior ipsi-lateral (Aquino & Araújo, 2002).
No tronco cerebral, excepto para frequências menores que 200 Hz e nas regiões acima ao
colículo inferior já não se verifica a sincronização dos impulsos com a frequência sonora como
no ocorre no nervo auditivo. Isto evidencia que a transmissão da informação sonora através
dos impulsos nervosos é modificada desde o núcleo coclear até ao córtex auditivo (Hall &
Guyton, 2006).
2.2.4 Colículo Inferior
O colículo inferior (CI) localiza-se no mesencéfalo. Grande parte das fibras do lemnisco
lateral e dos centros auditivos inferiores estabelecem sinapses directa ou indirectamente com
o CI e apresenta ligações auditivas e extra-auditivas (Musiek & Oxholm, 2000).
É uma das estruturas do sistema nervoso auditivo com neurónios sensíveis à duração dos sons,
apresentando a capacidade de responder a alterações temporais no estímulo sonoro, como
detecção de intervalos (Musiek & Baran, 2007). Em conjunto com outras estruturas apresenta
características necessárias na codificação da intensidade e na localização sonora (Musiek &
Oxholm, 2000).
2.2.5 Corpo Geniculado Médio
O corpo geniculado médio localiza-se no tálamo e apresenta três divisões: dorsal, ventral e
medial. Está relacionado com a atenção auditiva e também com a codificação da intensidade
e da frequência do som, a resolução temporal, apresentando muitos neurónios sensíveis à
estimulação binaural. (Musiek & Oxholm, 2000).
2.2.6 Córtex Auditivo
O córtex auditivo localiza-se principalmente no plano supra-temporal do giro temporal
superior, abrangendo também o lado lateral do lobo temporal, o córtex insular e uma porção
lateral do operculum parietal. É dividido em duas partes, o córtex auditivo primário (primary)
e o córtex auditivo secundário ou córtex auditivo de associação (association) (Figura 2.10)
(Hall & Guyton, 2006).
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
16 Cristina Nazaré | FEUP
No córtex auditivo primário, a primeira estrutura que recebe a informação sensorial auditiva
directamente do corpo geniculado médio é o giro transversal de Heschl, situado no giro
temporal superior (superior temporal gyrus), dentro da fissura lateral (lateral fissure)
(Hendelman, 2006) (Figura 2.11.) O córtex auditivo secundário recebe conexões do córtex
auditivo primário e de áreas de associação do tálamo adjacentes ao corpo geniculado médio
(Hall & Guyton, 2006).
No córtex auditivo primário e secundário a representação cortical está organizada de acordo
com a localização tonotópica periférica (as altas e baixas frequências na cóclea)
apresentando pelo menos seis mapas. Na maioria dos mapas tonotópicos os sons de baixa
frequência estão localizados na parte anterior e os sons de frequências mais altas estimulam
os neurónios da região posterior. Possivelmente os vários mapas do córtex auditivo estão
Figura 2.10 – Córtex Auditivo Primário e o Córtex Auditivo de Associação.
(Hall & Guyton, 2006).
Figura 2.11- Córtex Auditivo
(Brodal, 2004).
Anatomo-fisiologia do Sistema Auditivo
Cristina Nazaré | FEUP 17
relacionados com diferentes características dos sons. Pensa-se que um dos mapas maiores do
córtex auditivo primário é o que possibilita discriminar as próprias frequências e que nos
permite ter a percepção de frequência (pitch). Outros talvez sejam usados para detectar a
direcção da fonte sonora, sons súbitos e modulações como o ruído (Aquino & Araújo, 2002;
Hall & Guyton, 2006).
No córtex auditivo cada neurónio responde a uma gama de frequências muito mais estreita
que a nível do tronco cerebral ou coclear. Acredita-se que este efeito de diminuição da
resposta em frequência ao longo das vias auditivas é causado sobretudo pela inibição das
frequências sonoras ao lado da frequência principal, por fibras colaterais à via primária do
sinal (Hall & Guyton, 2006).
No córtex auditivo secundário, muitos dos neurónios reagem não só a sons de frequências
específicas como associam informação sonora de outras áreas sensoriais que se sobrepõem no
córtex auditivo (Hall & Guyton, 2006).
O sistema auditivo apresenta muitas fibras colaterais. Umas conectam directamente com o
sistema nervoso reticular do tronco cerebral, e são activadas em resposta a sons de
intensidade elevada, outras estabelecem ligação com o cerebelo e reagem instantaneamente
a estímulos inesperados (Hall & Guyton, 2006; Musiek & Baran, 2007).
A transmissão nervosa também é processada principalmente em paralelo. Isso permite que
possam ser usados aspectos processados previamente para distinguir as várias informações
recebidas (Stafford & Webb, 2004).
A investigação em animais tem demonstrado que a remoção completa e bilateral do córtex
auditivo não impede que estes possam detectar ou reagir de uma forma brusca a sons, apesar
de reduzir ou anular a capacidade de discriminar diferentes frequências e particularmente
padrões sonoros. Se forem treinados a reconhecer a sequência de sons e ocorrer a destruição
do córtex auditivo perdem esta habilidade e não conseguem reaprendê-la. A destruição do
córtex auditivo primário bilateral em humanos reduz imenso a sensibilidade auditiva (Hall &
Guyton, 2006). Em caso de lesão de uma das vias auditivas ou de um dos lados do córtex, o
sistema auditivo, enquanto estrutura anatómica e funcional bilateral e pelo facto de
apresentar cruzamento das vias auditivas apenas reduz ligeiramente a audição no ouvido
oposto à lesão não permitindo que ocorra perda auditiva total neste ouvido. Porém, afecta a
nossa capacidade de discriminação de padrões sonoros sequenciais que exige a comparação
dos dois lados do córtex (Hendelman, 2006).
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
18 Cristina Nazaré | FEUP
As lesões que afectam as áreas auditivas de associação, como por exemplo, a área de
Wernicke (responsável pelo conhecimento dos estímulos linguísticos a pela compreensão da
fala) na porção posterior do giro temporal superior, mas não atingem o córtex auditivo
primário, não reduzem a nossa capacidade de ouvir e repetir, de discriminar sons tonais.
Contudo, quase sempre impossibilitam que o indivíduo seja capaz de interpretar o significado
do que ouviu (Aquino & Araújo, 2002; Hall & Guyton, 2006).
Devido a diferenças de simetria, supõe-se que existe uma diferenciação funcional entre o
córtex auditivo no hemisfério direito e no hemisfério esquerdo. A ciência tem atribuído a
processamento da fala ao hemisfério esquerdo e o processamento da música ao direito, sendo
o lobo temporal esquerdo maior que o direito. Contudo, investigadores referem também que
nos indivíduos com experiência musical o lobo temporal esquerdo pode chegar a ser duas
vezes superior ao direito. O que surpreende, pois ao hemisfério esquerdo tem sido atribuídas
funções verbais e analíticas e ao direito funções relacionadas com a intuição e as artes. Isto
pode indicar que o hemisfério esquerdo recebe também informações musicais, e assim, a
música para além de ser uma arte também é linguagem. Os estudos indicam que à medida
que um indivíduo adquire treino musical o domínio do hemisfério passa do direito para o
esquerdo, desempenhando a música um papel importante na activação de células corticais
(Silveira et al., 2002).
2.2.7 Vias Inter-hemisféricas
O corpo caloso (corpus callosum) (Figura 2.12) é a maior estrutura do sistema nervoso central
que estabelece conexão entre o hemisfério cerebral direito e esquerdo permitindo a
comunicação inter-hemisférica. O tempo de transferência da informação de um hemisfério
para o outro é um dos aspectos mais importantes relacionados com a função do corpo caloso.
Os impulsos nervosos dessa transferência podem variar dos 3-6 ms aos 100 ms dependendo se
ocorre uma excitação ou inibição das fibras nervosas. O tempo de transferência inter-
hemisférica vai diminuindo até à adolescência e o que esta relacionado com o aumento da
maturação do corpo caloso (Musiek & Baran, 2007).
As lesões cerebrais envolvem frequentemente o corpo caloso, dado que é uma estrutura que
ocupa um espaço considerável na linha média dois hemisférios. Estudos indicam que as lesões
na parte posterior do corpo caloso, onde se encontra a maioria das fibras para o lobo
temporal, atingem a integração da informação entre os hemisférios e prejudicam as tarefas
dicóticas que requerem essa interacção de hemisférios (Aquino & Araújo, 2002).
Anatomo-fisiologia do Sistema Auditivo
Cristina Nazaré | FEUP 19
2.3 Maturação do Sistema Auditivo
Ao longo do desenvolvimento de um indivíduo, várias estruturas do sistema auditivo e do
cérebro passam por um processo de maturação que ocorre a diferentes velocidades.
Geralmente a maturação do sistema auditivo dá-se da periferia para o córtex e envolve vários
mecanismos como a diferenciação e migração celular, mielinização, arborização e formação
de sinapses (Whitelaw & Yuskow, 2006; Roeser et al., 2007).
A partir do vigésimo dia de gestação a cóclea começa o seu desenvolvimento e o sistema
auditivo encontra-se funcional, embora ainda com capacidades reduzidas a partir do início do
terceiro trimestre, cerca da 25ª semana. Rapidamente ocorre uma melhora funcional e várias
semanas antes do nascimento, um som já pode estimular o sistema auditivo e provocar uma
resposta comportamental do feto. Pesquisas têm mostrado que a experiência auditiva pré-
natal terá implicações fundamentais na vida pós-natal (Aquino, 2002). À nascença o sistema
auditivo periférico está completamente desenvolvido (Aslin & Hunt, 2001; Whitelaw &
Yuskow, 2006).
Embora um recém-nascido apresente capacidades auditivas desenvolvidas, o seu sistema
auditivo central ainda está imaturo, o que vai fazer com que a capacidade de processar
aspectos mais complexos do som só seja possível alguns meses depois do nascimento. Perto
dos seis meses de idade o processamento da informação auditiva de intensidade e de
Figura 2.12 – Estruturas do sistema nervoso central.
(Fox, 2006)
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
20 Cristina Nazaré | FEUP
frequência parece atingir valores similares aos adultos, porém o desenvolvimento do
processamento temporal é mais demorado, continuando na infância (Aslin & Hunt, 2001).
Estudos indicam que a região auditiva pré-tálamo apresenta mielinização completa aos cinco,
seis meses depois do nascimento, a região auditiva pós-tálamo nunca antes dos cinco, seis
anos e o corpo caloso e as áreas associativas só perto dos dez aos doze anos. Considera-se que
as diferenças encontradas no desempenho das crianças em alguns testes auditivos pode estar
relacionada com a quantidade de mielina em várias regiões críticas do cérebro (Aslin & Hunt,
2001).
É nos primeiros seis meses pós-natais ocorrem melhorias substanciais em quase todos os
aspectos do funcionamento do sistema auditivo (Aslin & Hunt, 2001). Por outro lado, na
ausência de estimulação como no caso da perda auditiva a maturação do sistema auditivo
pode ficar comprometida modificando a forma como as vias auditivas processam a
informação. Contudo, o sistema auditivo consegue reter durante algum tempo a sua
plasticidade e o córtex auditivo pode voltar a se desenvolver após estimulação (Aquino,
2002). Isto mostra que é uma estrutura dinâmica que se ajusta contentemente as exigências
em termos de actividade e aprendizagem, incluindo o processamento da informação auditiva
(Whitelaw & Yuskow, 2006).
3 Processamento Auditivo Central
Processamento Auditivo Central
Cristina Nazaré | FEUP 23
Definição
O Processamento Auditivo Central (PAC) é um mecanismo responsável por vários fenómenos
do sistema auditivo, reflectindo a eficácia com que o sistema nervoso central (SNC) utiliza a
informação auditiva (Northern & Downs, 2002) e a integra com outros estímulos sensoriais
(Fuente & McPherson, 2006). Katz (1999) descreve o Processamento Auditivo como “aquilo
que nós fazemos com o que ouvimos”.
Capacidades
O processamento da informação auditiva é possível porque o sistema auditivo desempenha
capacidades como: a detecção do som, que se refere à capacidade de determinar a presença
ou não de um estímulo auditivo; a localização, de modo a identificar a origem da fonte
sonora; a atenção, que implica a capacidade de nos focarmos num estímulo durante um
determinado tempo; a atenção selectiva que nos permite analisar um som mesmo na presença
de outros estímulos ou com atenção primária noutras modalidades sensoriais; a figura-fundo,
que possibilita a identificação de sons de fala quando existem sons competitivos; a integração
binaural, que é a capacidade de reconhecer sons apresentados aos dois ouvidos; a separação
binaural, importante para distinguir informações auditivas distintas que alcançam os dois
ouvidos em simultâneo; o fechamento, que se refere à aptidão para reconhecer o som quando
são omissas partes deste; o reconhecimento, ou seja, capacidade de identificar
correctamente um estímulo conhecido previamente; a discriminação, de forma a detectar
diferenças entre padrões de estímulos acústicos; a combinação que consiste na capacidade de
a partir de fonemas articulados separadamente, formar palavras; a associação que é o
processo para estabelecer relações não linguísticas com o estímulo; a compreensão é a
capacidade que possibilita estabelecer relações entre o estímulo linguístico e o seu
significado; e a memorização que nos permite armazenar e recuperar a informação a auditiva
(Jacob et al., 2000).
Ao longo dos últimos anos alguns trabalhos têm tentado demonstrar a influência positiva que
música pode ter no desenvolvimento cognitivo, na obtenção de novas capacidades e o
especialmente no aperfeiçoamento de habilidades de percepção auditiva. A música tem sido
responsabilizada pelo desenvolvimento de diversas capacidades do processamento auditivo
apresentando-se com potencial para ser usada como instrumento de prevenção e, ou
instrumento terapêutico em possíveis alterações de processamento auditivo, de linguagem e
aprendizagem (Silveira et al., 2002).
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
24 Cristina Nazaré | FEUP
3.1 Alterações de Processamento Auditivo Central
As alterações de Processamento Auditivo Central (Central Auditory Processing Disorders -
CAPD) estão relacionados com as dificuldades no processamento perceptivo da informação
auditiva no SNC e no SAC, e podem verificar-se através de um baixo desempenho em algumas
das capacidades do PAC (Keith, 2000; Fuente & McPherson, 2006), apesar da audição se
apresentar normal em grande parte dos indivíduos (Dawes et al., 2007).
Características
Um indivíduo com alterações de Processamento Auditivo Central pode apresentar dificuldades
na localização auditiva do som, na distinção de sons fracos de sons fortes, em compreender a
fala com ruído de fundo, seguir conversações longas, ler, soletrar, escrever, compreender
duplo sentido, na memória auditiva e em seguir instruções auditivas (Northern & Downs,
2002; Souza & Souza, 2002). Pode também apresentar dificuldades em manter a atenção, no
desenvolvimento de capacidades de linguagem, em aprender música, na associação dos sons
às fontes que os produzem ou letras do alfabeto aos sons respectivos. Podem também fazer
diferentes expressões faciais ou posturas corporais enquanto ouvem e apresentar uma baixa
auto-estima, hiperactividade ou hipoactividade, e um histórico de otite média e problemas
respiratórios (Souza & Souza, 2002).
Um défice no processamento neural do estímulo auditivo, em uma ou mais áreas do PAC é
sugestivo de problemas de processamento auditivo central e não devido a factores cognitivos
ou de linguagem. Porém, pode estar associado, ou conduzir, a dificuldades de aprendizagem
e comunicação e comprometer o desenvolvimento educacional, social e psicológico dos
indivíduos (Gama, 2001; ASHA, 2005).
Para alguns indivíduos, as CAPD podem resultar de uma disfunção dos processos e mecanismos
envolvidos na audição, mas para outros podem surgir de disfunções gerais como um défice de
atenção ou um défice no tempo neural que afecta o desempenho de várias modalidades
(keith, 2000).
Processamento Auditivo Central
Cristina Nazaré | FEUP 25
Etiologia
O SAC é um sistema complexo de vias neurais que podem ser afectadas por imensas situações
intrínsecas ao seu desenvolvimento e danos sofridos (Gama, 2001; Zorzetto et al., 2007).
Problemas como as doenças degenerativas, alterações bioquímicas e neurológicas, doenças
metabólicas, drogas ototóxicas ou exposição a substâncias tóxicas, o envelhecimento, a
presbiacúsia, indivíduos com história otológica como a otite média recorrente, privação
auditiva por tempo prolongado devido a perda auditiva periférica e perdas auditivas induzidas
por ruído podem ser algumas das causas que provocam alterações centrais e de
processamento auditivo (Gama, 2001; Chermak, 2007; Hurley & Hurley, 2007).
Têm sido igualmente observadas alterações de processamento auditivo central em várias
populações clínicas, onde existem suspeitas de patologias que afectam o SNC como alterações
do desenvolvimento da linguagem, dislexia, dificuldades de aprendizagem e de atenção e em
casos onde existe a evidência de patologias do SNC como na afasia, esclerose múltipla,
epilepsia, doença de Alzheimer ou de Parkinson (Chermak, 2003).
As alterações de PAC podem verificar-se em populações com factores de risco incluindo
alterações relacionadas com o desenvolvimento, a prematuridade, infecções ou lesões pré ou
pós-natais como a anóxia que pode afectar a distribuição de oxigénio no SNC, a
hiperbilirubinémia e uma incompatibilidade do factor do Rhesus (Rh). Os distúrbios de PAC
são encontradas também em indivíduos que sofreram de traumatismos cranianos, acidentes
vasculares cerebrais, tumores, meningites e encefalites, atrasos de maturação neurológica do
SNC (Chermak, 2007; Hurley & Hurley, 2007). Em alguns casos crianças podem apresentar uma
predisposição genética para as CAPD, quando os pais manifestam dificuldades similares
(Yellin, 2004).
Especula-se que degeneração neural das vias auditivas seja uma das causas das alterações
funcionais associadas ao processamento auditivo. Porém, a maioria dos casos de problemas de
processamento auditivo central ocorre na ausência de neuropatologias e lesões estruturais
que expliquem directamente essa alteração, o que sugere que os problemas de
processamento se devem a disfunções orgânicas no sistema nervoso auditivo central e a
alterações metabólicas cerebrais como por exemplo as que ocorrem no processo natural de
envelhecimento (Baraldi et al., 2004; Yellin, 2004).
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
26 Cristina Nazaré | FEUP
Prevalência
Actualmente a determinação da prevalência de alterações de processamento auditivo
(central) é um processo complexo. Sabe-se que estas alterações ocorrem principalmente em
crianças e idosos (Yellin, 2004). Em crianças a prevalência é aproximadamente de 2 – 3%, com
uma relação de 2:1 entre o sexo masculino e o feminino (Yellin, 2004, Meister et al., 2004),
embora se acredite numa maior extensão da problemática dado que muitas não são
diagnosticadas ou não identificadas. Em adultos, a estimativa de CAPD poderá ser de 10-20%,
sendo a prevalência estimada a 70% em indivíduos com mais de 60 anos de idade (Yellin,
2004).
3.2 Avaliação do Processamento Auditivo Central
A avaliação auditiva do sistema nervoso central teve início nos anos 50 com Bocca e desde
então, vários testes têm sido usados para estudar o Processamento Auditivo Central (Zorzetto
et al., 2007).
Surgiu como forma de clarificar manifestações auditivas que os testes convencionais não
evidenciavam. Na maioria dos casos, estes testes apresentavam-se normais porém, os
resultados eram incompatíveis com sintomas apresentados pelo indivíduo em relação a uma
utilização eficiente da audição (Souza & Souza, 2002).
Nas últimas duas décadas têm ocorrido imensos progressos na investigação do PAC e de
acordo com a literatura, apesar de alguns testes de processamento auditivo terem sido
criados com objectivos específicos, curiosamente, grande parte destes têm sido aplicados de
várias formas e a populações para as quais não tinham sido planeados (Machado, 2003).
Até ao momento tem havido uma dificuldade em adquirir procedimentos para a avaliação do
sistema auditivo central devido à complexidade do sistema auditivo, sobretudo porque sua
anatomia e a fisiologia ainda não estão totalmente compreendidas, e pelo facto de os efeitos
dos problemas do sistema nervoso central poderem ser discretos e os resultados dos testes
muitíssimo variáveis em função dos procedimentos usados. As condições do próprio sujeito,
como a existência de perda auditiva periférica, a idade, o nível cognitivo, o conhecimento
linguístico, o desenvolvimento da linguagem, a língua materna, os factores culturais e
Processamento Auditivo Central
Cristina Nazaré | FEUP 27
socioeconómicos, a motivação, a fadiga e a atenção também podem interferir na avaliação
(Gama, 2001; West & Guenette, 2007; Zorzetto et al., 2007).
A divergência sobre os testes mais indicados ou sensíveis para avaliar as capacidades do
processamento auditivo tem igualmente dificultado o seu desenvolvimento e implementação
(Gama, 2001; Zorzetto et al., 2007).
Em adição a estes factores a criação de testes para execução na prática clínica necessita da
cooperação e transferência de conhecimentos entre investigadores e clínicos, o que não tem
sido uma prática muito comum (Shinn, 2007).
Contudo, o crescente aumento da produção científica nesta área e o eclodir de novos recursos
tecnológicos possibilitará encontrar os testes mais apropriados e eficientes para avaliar as
capacidades do processamento auditivo central (Zeigelboim et al., 2000; Cameron et al.,
2006).
Objectivo
Uma das finalidades do desenvolvimento deste tipo de testes para avaliação do SAC é auxiliar
no diagnóstico de alterações de processamento auditivo, descrever os parâmetros de
extensão, avaliar alterações de maturação do sistema nervoso central, evidenciar o
desempenho/défice funcional auditivo as capacidades auditivas centrais em indivíduos com
patologias centrais, monitorizar situações neurológicas e auditivas em indivíduos em avaliação
pré e pós-cirúrgica e durante o processo de reabilitação auditiva e de terapia da fala, criar
estratégias e directrizes para um programa de reabilitação das capacidades de processamento
auditivo através de treino dessas habilidades e determinar o encaminhamento a outros
profissionais (Gama, 2001; Muniz et al., 2007). Outro dos objectivos essenciais é tentar
efectuar um diagnóstico diferencial entre alterações de processamento auditivo central,
défices de atenção/hiperactividade e distúrbios de linguagem ou de aprendizagem. Porém,
em alguns indivíduos, estes problemas podem coexistir. Devido a este facto a determinação
da origem primária ou secundária do problema pode ser complexa (Keith, 2000).
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
28 Cristina Nazaré | FEUP
Testes
A avaliação do processamento auditivo é multidimensional, sendo efectuada por vários testes
que exploram informações complementares sobre o sistema auditivo periférico e central.
Estes testes podem ser classificados em testes acústicos ou fisiológicos, testes
electrofisiológicos e testes psicoacústicos ou comportamentais (Gelfand, 2001; Muniz et al.,
2007).
A avaliação deve iniciar-se com a Anamnese que para além de auxiliar no diagnóstico
permitirá orientar o examinador nos procedimentos e testes a executar (Baraldi et al., 2004).
Deve ser efectuada a Otoscopia que é uma observação direita para certificar a ausência de
alterações visíveis na anatomia do ouvido externo, perfuração ou de obstruções que
impossibilitassem a passagem do som, como o cerúmen obliterante.
Os testes acústicos ou fisiológicos incluem testes como o Timpanograma e os Reflexos
Estapédicos. O Timpanograma permite avaliar de forma objectiva a integridade funcional da
cadeia tímpano-ossicular e da trompa de Eustáquio, de forma a excluir patologias do ouvido
médio. O teste é um registo gráfico baseado na análise das modificações de impedância do
ouvido médio, em função das variações de pressão efectuadas de modo artificial no canal
auditivo externo. Os Reflexos Estapédicos Ipsi e Contra-laterias possibilitam, de uma forma
indirecta, o estudo funcional das estruturas constituintes do arco reflexo estapédico. Este
exame é uma representação gráfica resultante da contracção do músculo do estribo, que
provoca alguma rigidez na cadeia tímpano-ossicular após estimulação com um som. A
verificação de ausência de resposta do reflexo do músculo estapédico em alguns casos pode
ser uma pista para levantar a hipótese de um problema de processamento auditivo (Machado,
2003).
Os testes psicoacústicos ou comportamentais incluem o Audiograma Tonal Simples (ATS), o
Audiograma Vocal e os testes de processamento auditivo central (Gelfand, 2001).
A maioria dos problemas que afectam as vias auditivas centrais não produz alterações no
limiar de sensibilidade auditiva. Por isso o ATS com sons puros geralmente não identifica as
alterações de processamento auditivo central (Keith, 2000).
Os testes de processamento auditivo, mesmo que englobem tarefas não linguísticas podem ser
mais susceptíveis a alterações do processamento auditivo que testes de discriminação da fala
Processamento Auditivo Central
Cristina Nazaré | FEUP 29
no silêncio, como o Audiograma Vocal em que o indivíduo tem que repetir as palavras que
ouvir.
As Otoemissões Acústicas (OEA) são sons que têm origem nas células ciliadas externas da
cóclea e podem ser captadas no CAE com um microfone com grande sensibilidade (Gelfand,
2001).
Os Potenciais Evocados Auditivos (PEA) são um sinal bioeléctrico do sistema auditivo evocado
por estímulos acústicos e captado à superfície por eléctrodos. Este exame pretende estudar o
funcionamento das vias auditivas e analisar o seu grau de integridade neurofisiológica (Hall,
2007).
A avaliação do electrofisiológica do processamento auditivo com Potenciais Evocados
Auditivos, dá informação sobre o tempo neural com fracções de milissegundos de precisão,
contudo, os modelos complexos da conectividade das vias auditivas e a natureza da
percepção, como a dependência de um contexto tornam difícil atribuir um défice perceptivo
específico a um local anatómico específico ao longo das vias auditivas sem recorrer a
informação adicional (Banan et al., 2006).
Os testes comportamentais como os de processamento auditivo em comparação com os testes
de electrofisiologia e testes de imagem como o mapeamento da actividade cerebral podem
assumir importância não só devido ao seu contributo no diagnóstico dos problemas centrais
que os restantes podem não evidenciar, como no facto da avaliação ser de maior
acessibilidade e de menor custo (Gama, 2001).
O ideal para a avaliação do PAC seria poder associar os testes comportamentais aos testes
mais objectivos como os fisiológicos e electrofisiológicos que avaliem especificamente cada
um dos aspectos relacionados com as capacidades do processamento auditivo (Gama, 2001;
Fuente & McPherson, 2006).
Grande parte dos testes de processamento auditivo central assenta em fenómenos
psicoacústicos que revelam a eficiência do funcionamento do sistema auditivo central e do
processamento da informação auditiva (Hurley & Fulton 2007; Ferreira et al., 2008)
Pensa-se que a partir dos 7 anos de idade as crianças estão aptas para realizar testes de
processamento auditivo central (Neves & Schochat, 2005).
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
30 Cristina Nazaré | FEUP
Para avaliação do PAC podem ser usados vários estímulos. A ASHA (2005) propôs que a bateria
de testes para examinar os CAPD devia incluir estímulos verbais e não verbais para avaliar
diferentes aspectos do processamento auditivo assim como diversas regiões do sistema
nervoso auditivo (keith, 2000; ASHA, 2005).
Os não-verbais como os sons puros e os ruídos, ao contrário dos estímulos verbais podem em
alguns casos assumir vantagens, dado que podem ser modificados e medidos de várias formas
e não são directamente dependentes de um idioma. São igualmente valorizados para
indivíduos que ainda não desenvolveram completamente a fala ou que apresentam distúrbios
da linguagem. Além disso, os testes com estímulos verbais poderiam mascarar alguns dos
problemas de processamento auditivo central, dado que o indivíduo pode usar as suas
capacidades linguísticas e intelectuais para compensar a dificuldade do PAC (Schaeny, 1999).
De acordo com Gama (2001) para um diagnóstico diferencial é essencial dissociar as
alterações auditivas das não auditivas e de outras modalidades sensoriais. Para isso os testes
não verbais e que demonstrem menor informação cognitiva devem ser aplicados.
Categorias de Testes de Processamento Auditivo
A ASHA (2005) recomenda que o conjunto de testes de avaliação do processamento auditivo
central inclua testes de discriminação auditiva, dicóticos, de interacção binaural, monoaurais
de baixa redundância e de processamento auditivo temporal.
Testes de Discriminação Auditiva Avaliam a capacidade de diferenciar características semelhantes nos estímulos que diferem
em frequência, intensidade e/ou duração como por exemplo os limiares diferenciais (ASHA,
2005).
Testes Dicóticos Avaliam a habilidade de separar (separação binaural) ou integrar (integração binaural)
estímulos auditivos diferentes apresentados em cada um dos ouvidos simultaneamente (ASHA,
2005).
Processamento Auditivo Central
Cristina Nazaré | FEUP 31
Testes de Interacção Binaural
Avaliam processos binaurais (dióticos) que dependem de diferenças de intensidade e de
tempo do som (ASHA, 2005). São testes que necessitam da interacção de ambos os ouvidos.
Tabela 3.1 – Testes de Audição Dicótica.
(Bellis, 2002; Emanuel, 2002; Fuente & McPherson, 2006; Martins, 2007; Auditec, 2008; Martins, 2008)
Testes de Processamento Auditivo Central Desenvolvido por: Em:
SCAN-A, Competing Words
SCAN-C, Competing Sentences
SCAN-A, Competing Sentences
SCAN, Competing Words
Dichotic Digits1 Kimura/Musiek 1961/1983
Staggered Spondiac Words (SSW)2 Katz 1962
Synthetic Sentence Identification with Contralateral
Competition1 Speaks & Jerger 1965
Dichotic Consonant/Vowel (D-CV)1 Shankweiler & Studdert-Kennedy 1966
Competing Sentences Test (CST)1 Willeford 1968
Dichotic Rhyme Test Wexler & Halwes/Musiek 1983/1989
Dichotic Sentence Identification (DSI) Test1 Fifer, Jerger, Berlin,Tobey, Campbell 1983
SCAN-C, Competing Words Keith 1986
SSW – Português Europeuª Martins 2007
Comercializado por: 1AuditecTM St. Louis; 2Precision Acoustics
aDesenvolvido em Portugal
Tabela 3.2 – Testes de Interacção Binaural.
(Bellis, 2002; Emanuel, 2002; Fuente & McPherson, 2006; Auditec, 2008; Martins, 2008)
Testes de Processamento Auditivo Central Desenvolvido por: Em:
Binaural Fusion (bandpassed), NU-6
Segmented-alternated consonant-vowel-consonant fusion test
Rapid Alternating Speech Perception Test1 Bocca & Calearo 1963
Masking Level Difference (MLD) (Release from Masking)1 Hirsch 1959
Listening in Spatialized Noise Test (LINS) Cameron & Dillon 2005
Teste de Fusão Binauralª Martins 2008
Comercializado por: 1AuditecTM St. Louis
Desenvolvido em: aPortugal
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
32 Cristina Nazaré | FEUP
Testes de Baixa Redundância Avaliam por ouvido a discriminação de estímulos de fala alterados (como filtrados, com sons
competitivos ou com sons distorcidos) (ASHA, 2005).
Testes de Processamento Auditivo Temporal Estudam a nossa habilidade de analisar eventos acústicos em função do tempo (ASHA, 2005).
Tabela 3.3 – Testes de Monoaurais de Baixa Redundância.
(Bellis, 2002; Emanuel, 2002; Fuente & McPherson, 2006; Auditec, 2008; Martins, 2008)
Testes de Processamento Auditivo Central Desenvolvido por: Em:
Speech in Noise1
Time Compressed Monosyllabic Word Tests1
Time-compressed speech test plus reverberation
SCAN-C, Filtered Words
SCAN-A, Filtered Words
SCAN-C, Auditory Figure Ground
SCAN, Filtered Words
Discrimination of PB-K in Noise (Discrimination of Phonetically
Balanced Kindergarten in Noise - PBKN)1 Haskins 1949
Time-compressed speech test, NU-6 Fairbanks, Everitt & Jaejer 1954
Synthetic Sentence Identification with Ipsilateral Competition1 Speaks & Jerger 1965
Low Pass Filtered Lists; NU-6, PBK-50, Word Intelligibility by
Picture Identification1 Ivey 1969
NU-6 with various competitions1 Beasley 1972
Pediatric Speech Intelligibility Test1 Jerger, Lewis e Hawkins 1980
SCAN, Auditory Figure Ground Keith 1986
Speech in noise word recognition test Cord, Walden, Atack 1992
SCAN-A, Auditory Figure Ground Keith 2000
Time Compressed Sentence Test (TCST)1 Keith 2002
Teste de Fala Filtradaª Martins 2008
Teste de Fala no Ruídoª Martins 2008
Comercializado por: 1AuditecTM St. Louis aDesenvolvido em Portugal
Processamento Auditivo Central
Cristina Nazaré | FEUP 33
Nas tabelas alguns dados referentes aos testes não foram completados por motivos de
referências insuficientes ou não claras. Também se constata que muitos dos testes
apresentados não são recentes e alguns são somente conjuntos de procedimentos
psicoacústicos tradicionais que avaliam as capacidades auditivas de processamento da
informação, e não têm sido aplicados de forma generalizada a nível clínico por falta de
instrumentos que os possam tornar mais acessíveis e rápidos (Shinn, 2007). Nos últimos anos o
progresso científico e tecnológico e a interligação dos diversos saberes, como é o caso da
engenharia biomédica (Plonsey, 2000), permitiram que alguns testes fossem revistos,
melhorados e adaptados, contribuindo para uma avaliação auditiva mais eficaz. Em muitos
casos surgiram mesmo implementações práticas de testes inexistentes. Para além dos avanços
verificados no diagnóstico de alterações de processamento auditivo central estão a emergir
nesta área projectos relacionados com o treino auditivo e plasticidade cerebral, formas de
tratamento farmacológico e investigação genética das alterações de PAC (Chermak & Musiek,
2007).
Tabela 3.4 – Testes de Testes de Processamento Temporal.
(Bellis, 2002; Emanuel, 2002; Fuente & McPherson, 2006; Auditec, 2008; Martins, 2008)
Testes de Processamento Auditivo Central Desenvolvido por: Em:
Auditory Repetition Test (ART)
Tallal e Piercy
1973
Pitch Pattern Sequence-Child Version1
Intensity Pattern Sequence Test
Gap detection test
Auditory Fusion Test (AFT) Matzker 1959
Pitch Pattern Sequence (PPS) Test1 Pinheiro 1976
Frequency Pattern Test2 Pinheiro 1976
Psychoacoustic Pattern Discrimination Test Blaettner 1982
Duration Pattern Sequence (DPS) Test1 Musiek & Pinheiro 1987
Duration Pattern Test3 Musiek & Pinheiro 1987
Auditory Fusion Test-Revised (AFT-R)1 McCroskey & Keith 1996
Random Gap Detection Test (RGDT)1 Keith 2000
Gap-in-Noise Test (GIN©) Musiek, Shinn, Jirsa, Bamiou, Baran & Zaiden 2003
Random Gap Detection Test- Expanded (RGDT-EXP)1 Keith 2005
Teste Padrão de Frequência (TPF)ª Martins 2008
Teste Padrão de Duração (TPD)b 2009
Teste Padrão de Duração – Versão Infantil (TPD-VI)b 2009
Comercializado por: 1AuditecTM St. Louis, 2Audiology Illustrad; 3Veteran’s Administration
aDesenvolvido em Portugal
bDesenvolvido no presente estudo
4 Processamento Auditivo Temporal
Processamento Auditivo Temporal
Cristina Nazaré | FEUP 37
Definição
O processamento auditivo temporal pode ser definido como a capacidade de percepção ou de
modificação do som dentro de um domínio restrito ou definido de tempo (Shinn, 2003; Baran
et al., 2006). Avalia a competência de analisar fenómenos temporais da audição e envolve
sub-processos ou capacidades como a resolução temporal, a integração temporal, o
mascaramento temporal e a ordenação temporal (Shinn, 2007).
No processamento auditivo, o tempo é tudo afirma Parthasarathy (2005). Shinn (2003; 2007) e
Parthasarathy (2005) referem que o processamento auditivo temporal é uma habilidade
fundamental, subjacente da maioria, ou mesmo de todas as capacidades do processamento
auditivo. Como descreve Allen (2000) existem evidências neste sentido pois a fonte primária
de informação de todos os sinais auditivos tem por base uma estrutura temporal.
De um modo indiscutível, o processamento temporal contribui para várias funções auditivas,
para além dos sub-processos desta habilidade. Os factos seguintes demonstram como o tempo
é a chave de determinados processos auditivos. Por exemplo, na localização da fonte sonora o
sistema auditivo analisa as diferenças interaurais de tempo na chegada do som a cada um dos
ouvidos conseguindo detectar diferenças de 20 μs (Musiek & Oxholm, 2000; Stafford & Webb,
2004). Este apresenta igualmente uma enorme sensibilidade temporal para as diferenças de
fase do estímulo acústico que nos podem ajudar em condições de ruído, e de forma evidente
a percepção da frequência de sons depende do tempo e das repetições rápidas do estímulo.
Em adição, o factor tempo está presente em processos que actuam em períodos de tempo
específicos (Musiek & Oxholm, 2000).
Dado que a maioria da informação auditiva é influenciada pela duração do estímulo, no que
diz respeito a percepção da fala e da música o processamento auditivo temporal assume um
papel essencial visto que estes sons apresentam um número elevado de informações expressas
por alterações nas características do som com o tempo (Neves et al., 2003; Shinn, 2007).
Estudos têm mostrado poder igualmente existir interferências da experiência linguística na
capacidade de percepção das características temporais do som. Mesmo em testes que
envolverem estímulos não verbais, a forma como estes são processados pelo indivíduo pode
variar de acordo com diferentes línguas. Cada uma apresenta características fonéticas
específicas que requerem uma percepção auditiva particular (Murphy & Schochat, 2007).
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
38 Cristina Nazaré | FEUP
A informação temporal é desde modo vital para a detecção, reconhecimento e discriminação
de estímulos acústicos, extraindo o nosso sistema auditivo mais informação dos sons que
qualquer outro sentido dos respectivos estímulos (Allen, 2000; Clopton & Voigt, 2006). O
princípio dominante do sistema auditivo tem como finalidade dizer-nos quando os factos
acontecem, ao contrário do sistema visual que processa a informação de forma a indicar-nos
onde as coisas estão. Embora a visão numa situação de conflito de informação prevaleça
sobre outros sentidos, a sensibilidade do sistema auditivo faz com que a audição domine a
visão na determinação temporal dos eventos (Stafford & Webb, 2004).
Contudo, os mecanismos neuronais do processamento auditivo temporal ainda não estão
completamente compreendidos. Existem dados que sugerem que a codificação da informação
temporal começa no núcleo coclear e continua até ao córtex auditivo (Banai & Kraus, 2007).
Sabe-se igualmente que o processamento temporal depende principalmente de processos
cerebrais e inter-hemisféricos, apesar de mecanismos do tronco cerebral e sub-corticais
também contribuírem (Shinn, 2007).
É importante também mencionar que o termo o “processamento temporal”, em relação ao
sistema auditivo, pode ser ambíguo e designar conceitos distintos. Assim, e de acordo com a
literatura pode referir-se à capacidade do sistema auditivo processar os componentes
temporais dos estímulos acústicos, indicando a performance em testes auditivos que
requerem algum tipo de decisão temporal em relação ao estímulo apresentado, sendo este o
conceito abordado neste trabalho, ou, por outro lado, dizer respeito à capacidade dos
neurónios codificarem os parâmetros acústicos em padrões temporais da actividade neural
(Musiek & Oxholm, 2000; Hall et al., 2005; Shinn, 2007). Dependendo do tipo de estímulo
auditivo esta actividade neural envolve processos distintos. Por exemplo, alguns neurónios
apenas reagem a uma estimulação rápida, outros a estímulos mais longos e outros apenas
respondem quando cessa o estímulo (Musiek & Oxholm, 2000).
Seguidamente serão abordados os sub-processos do processamento temporal que analisam
aspectos como a discriminação de durações e intervalos de tempo do sinal acústico, a
integração da energia acústica com o tempo do estímulo, o mascaramento de sons que estão
muito próximos temporalmente e a percepção da sequência de estímulos sucessivos.
Processamento Auditivo Temporal
Cristina Nazaré | FEUP 39
4.1 Resolução Temporal
Definição
A resolução temporal também designada por discriminação temporal ou acuidade auditiva
temporal é um fenómeno que se refere à mais pequena duração de tempo na qual um
indivíduo pode discriminar dois estímulos auditivos (Neves et al, 2003; Shinn, 2007).
Esta capacidade pode ser estudada através da detecção de breves interrupções e mudanças
no estímulo acústico ao longo do tempo como a detecção de durações, de fase, modulações
(Neves et al., 2003; Shinn, 2007).
O limiar de detecção de interrupções (Gap detection threshold) refere-se ao intervalo de
tempo mínimo necessário para detectarmos a presença de uma pausa ou intervalo de silêncio
entre dois sons. É medido em função da duração dessa pausa e dependendo desse intervalo
possuímos a capacidade de discriminar um ou dois sinais (Neves et al., 2003; Parthasarathy,
2005).
Para sons breves geralmente conseguimos detectar intervalos de silêncio de cerca de 2 a 3 ms
(Shinn, 2007).
Intervalo
Intervalo
Estímulo
Intervalo
Estímulo
Estímulo Estímulo
Estímulo Estímulo
Tempo
Figura 4.1 - Representação esquemática de um exemplo de detecção de intervalos ou interrupções.
Adaptado de (Shinn, 2007)
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
40 Cristina Nazaré | FEUP
A resolução temporal também pode ser avaliada pelo limiar de fusão auditivo que é o
processo recíproco do limiar de detecção de interrupções. Nas tarefas de detecção da fusão,
o indivíduo tem que indicar quando dois estímulos se fundem num só. O limiar de fusão
representa o intervalo de silêncio mais pequeno no estímulo que o ouvinte não consegue
detectar (Chermak & Lee, 2005).
Ainda não é claro se a detecção de interrupções e de fusão são tarefas que reflectem o
mesmo processo neurológico. A descontinuidade dos impulsos ou a adaptação neural parece
estar na base das duas tarefas. Investigadores têm verificado que existe correlação entre o
limiar de fusão auditivo e a redução da actividade neural após a apresentação do segundo
estímulo (Chermak & Lee, 2005).
A capacidade de resolução temporal é influenciada por vários factores que podem estar
relacionados com o sujeito, com o estímulo ou com tarefas que envolvem a apresentação do
estímulo. O limiar de fusão auditiva melhora, ou seja diminui o intervalo entre os sons, com o
aumento da idade dos 3 aos 9 anos. Nos indivíduos idosos verifica-se uma discriminação de
intervalos pobre. Em relação à intensidade do estímulo tem se verificado que a baixos níveis
de intensidade a detecção de intervalos melhora com o aumento desta. Os estudos não têm
observado influência da variável frequência de 250 a 4000 Hz no limiar de fusão e de 500 a
4000 Hz no limiar de detecção de interrupções (Chermak & Lee, 2005).
4.1.1 Importância da Capacidade de Resolução Temporal
Uma percepção auditiva adequada requer uma óptima resolução temporal em várias escalas
de tempo. O processamento das características binaurais encontra-se na escala dos micro-
segundos, o processamento da sincronia temporal ocorre em milissegundos, o processamento
de informações rápidas da fala surge na dimensão dos dez milissegundos, e o processamento
das características prosódicas na ordem de centenas de milissegundos, a segundos (Banai &
Kraus, 2007).
Na fala a capacidade de detectar mudanças temporais muito rápidas de um som para outro,
permite-nos discriminar os diferentes fonemas que a constituem (Balan, 1997). Por exemplo,
a distinção entre os fonemas surdo/sonoro como /pa/ e /ba/ é baseada no comprimento do
intervalo de silêncio entre a consoante e a vogal sendo neste caso de 35 ms (Samelli, 2005).
Processamento Auditivo Temporal
Cristina Nazaré | FEUP 41
4.2 Integração Temporal
Definição
A integração temporal, também designada por somação temporal, refere-se à habilidade que
o sistema auditivo possui de acumular informação durante algum tempo para melhorar a
detecção ou discriminação de sons, ou seja, à habilidade para integrar características
acústicas do estímulo ao longo do tempo (Moore, 2003; Rawool, 2006; Plack, 2007; Recanzone
et al., 2007). O sistema auditivo ao combinar deste modo a energia do estímulo à sua duração
melhora o desempenho auditivo, resultando num limiar auditivo mais baixo, isto é, melhor
(Plack, 2007).
Esta capacidade pode ocorrer no limiar auditivo como pode acontecer para intensidades
superiores a este (Shinn, 2003; Rawool, 2006). Neste caso, a integração temporal supra-limiar
refere-se ao aumento da percepção de intensidade sonora (loudness) com o aumento da
duração do estímulo. Assim, quando dois estímulos de igual intensidade diferem na duração, o
estímulo com duração mais longa, dentro de certos limites, apresentará uma percepção de
intensidade superior (Rawool, 2006).
Historicamente, a integração temporal é a área de estudo mais antiga dos fenómenos
auditivos temporais, porém, também a menos compreendida (Neves et al., 2003). Em 1876,
já era do conhecimento que os limiares absolutos dos sons dependiam da sua duração (Moore,
2003). Desde então, diversos estudos procuram explicar a habilidade de integração temporal,
tendo ocorrido um acréscimo de investigação após 1946, data em que Hughes descobriu que
em normo-ouvintes, assim que a duração de um som breve diminuía para valores inferiores a
200 ms, a intensidade necessária para o limiar auditivo aumentava progressivamente (Bellis,
2002).
A integração temporal tem sido abordada ao longo dos anos como um processo simples de
acumulação de energia. Contudo, alguns estudos têm-se mostrado incompatíveis com esta
visão clássica de integração temporal (Viemeister & Wakefield, 1991; Moore, 2003; Moore,
2003b). De acordo com investigações mais recentes pensa-se que será mais apropriado
considerar a capacidade de integração temporal como uma combinação da informação de
múltiplas e independentes “perspectivas” (“looks”), sendo mais provável uma acumulação da
actividade neural ao longo tempo, consistente com a noção que cadências de estímulo
elevadas acrescentam mais informação (Moore, 2003; Moore, 2003b).
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
42 Cristina Nazaré | FEUP
4.2.1 Moledo Clássico de Integração Temporal
Segundo este modelo para que um som possa ser detectado pelo ouvido humano é necessário
um período de tempo crítico e uma determinada intensidade sonora. Sabe-se que o limiar
pode melhorar com o aumento da duração do som, contudo, nem sempre é afectado pela
duração do estímulo. De acordo com Gelfand, (2001) a integração temporal só ocorre quando
a duração deste é aproximadamente um terço de segundo. Quando a duração de um som é
maior que 300 ms, o limiar permanece constante. E como refere Rawool (2006) convém
mencionar que se a duração do estímulo for muito longa, como 2 minutos, o limiar pode
tornar-se pior, devido ao fenómeno de adaptação auditiva. Se os sons forem menores que 300
ms o limiar sofre alterações, verificando-se um aumento deste com a diminuição da duração
do estímulo, e vice-versa. Ou seja, se o tempo de duração do estímulo decrescer um décimo o
limiar auditivo piora aproximadamente 10 dB, podendo observar-se o oposto quando a
duração aumenta (Figura 4.2) (Gelfand, 2001; Shinn, 2007).
Imagine-se um caso de integração temporal em que para um som de 250 ms, o limiar de um
indivíduo é 18 dB como expõe Gelfand (2001). O que se verifica é que a redução da duração
do estímulo dez vezes, de 250 para 25 ms, provocará um aumento do limiar de 10 dB, de 18
para 28 dB. De forma similar, se o limiar auditivo de um som de 25 ms corresponde a 28 dB,
um aumento da duração de dez vezes, de 25 para 250 ms, irá originar uma melhoria de 10 dB
no limiar, de 28 para 18 dB.
A maioria da investigação demonstra que o tempo de integração em populações sem
alterações funcionais no sistema auditivo ocorre até aos 200 ms e não aos 300 ms de duração
do estímulo como explica Gelfand (2001) (Shinn, 2003; Recanzone et al., 2007; Shinn, 2007)
Figura 4.2 -Integração temporal.
(Gelfand, 2001)
Processamento Auditivo Temporal
Cristina Nazaré | FEUP 43
De acordo com este modelo os investigadores têm chegado à conclusão que a integração
temporal resulta da agregação da actividade neuronal apenas para um determinado tempo de
integração (Rawool, 2006). Considera-se assim que a somação temporal reflecte a habilidade
do ouvido integrar energia dentro de um espaço de tempo. Este fenómeno pode ser ilustrado
através da Figura 4.3. Verifica-se que a quantidade de energia presente no estímulo é
representada pela área de cada rectângulo e que independentemente de o rectângulo ser
mais alto e estreito, demonstrando um som mais intenso e de curta duração, ou mais pequeno
e largo, indicando um estímulo menos intenso e mais longo em duração, a área, ou seja, a
energia é a mesma (Gelfand, 2001).
4.2.2 Moledo “Multiple Looks”
Uma alternativa ao modelo clássico de integração temporal é o modelo “multiple looks” que
explica que o sistema auditivo não efectua uma função de integração, mas que a melhoria do
limiar ocorre porque estímulos com durações maiores providenciam mais oportunidades para
o sistema auditivo detectar o estímulo (Hurley & Fulton, 2007), mais hipóteses para detectar
o sinal através de amostras repetidas (Moore, 2003).
Como Plack (2004) descreve o sistema auditivo é excelente na detecção de variações rápidas
no nível de intensidade do estímulo ao longo do tempo, conseguindo detectar essas flutuações
em cadências de 1000 ciclos por segundo. Por isso, considera-se que este modelo de somação
temporal está relacionado com a velocidade de apresentação do estímulo. Segundo Rawool
(2006) o limiar auditivo pode melhorar com o aumento deste, porque um som de cadência
Figura 4.3 – Integração temporal.
Gelfand, 2001
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
44 Cristina Nazaré | FEUP
elevada apresenta mais estímulos num curto período de tempo, em comparação com um som
de cadência mais baixa, e deste modo, sons de cadências mais rápidas acrescentam mais
energia, dado que o nosso ouvido adquiriu mais oportunidades para detectar o estímulo.
Ross et al. (2005) demonstram que o sistema auditivo tem a capacidade de adquirir de um
som de cadências elevadas, pequenas amostras, que são armazenadas em paralelo, não
havendo necessidade de um longo tempo de integração, apenas a sua combinação para se
efectuar uma melhor detecção do som. Como explica Moore (2003b) assume-se este modelo
como um mecanismo central, que faz uso “inteligente” da informação calculada através
padrões espectro-temporais de estimulação para melhorar a discriminação, detecção e
identificação do sinal. Os modelos podem ser baseados na representação interna dos sinais, e
a percepção na similaridade ou discrepância entre os estímulos apresentados e os guardados
em memória.
Neubauer e Heil (2004) referem que não verifica a influência da idade e do género nos
resultados de um estudo de integração temporal efectuado a um grupo de normo-ouvintes de
6 a 24 anos.
4.2.3 Importância da Capacidade de Integração Temporal
Recanzone e colegas (2007) referem que este fenómeno do sistema auditivo através do qual
se verifica uma melhoria da qualidade do sinal com a finalidade de conseguirmos adquirir
grande quantidade de informação de qualidade num curto espaço de tempo assume
relevância em ambientes ruidosos, dado que permite que o estímulo mascarado seja
detectado mais facilmente devido ao processamento da razão sinal/ruído quando integrada
ao longo de um determinado período de tempo.
De acordo com White & Carlyon (1997) a somação temporal é uma das capacidades mais
importantes do sistema auditivo e um dos principais mecanismos da organização do som. Os
investigadores acreditam que esta habilidade é um processo automático, como que um estado
de pré-atenção do processamento da informação auditiva (Yabe et al., 2001). Mustovic et al.
(2003) consideram esta capacidade um processo elementar que o cérebro efectua para
construir percepções coerentes de eventos sensoriais consecutivos particularmente relevantes
na interpretação da informação, na elaboração perceptiva e na detecção de mudanças no
ambiente que nos rodeia.
Processamento Auditivo Temporal
Cristina Nazaré | FEUP 45
4.3 Mascaramento Temporal
O efeito de máscara ou mascaramento é o processo pelo qual o limiar auditivo de um som fica
pior na presença de outro som, a máscara. Um som pode assim tornar-se inaudível devido à
interferência de outro som (Gelfand, 2001).
Existem dois tipos básicos de efeito de máscara. O efeito de máscara simultâneo e o efeito de
máscara não simultâneo. Este último está relacionado com o processamento auditivo
temporal (Gelfand, 2001).
Definição
O mascaramento temporal refere-se ao mascaramento que ocorre quando o limiar auditivo de
um som fica pior devido à presença de outro estímulo acústico que o precede ou segue
(Shinn, 2003). Ou seja, ocorre quando o sinal e o som de máscara não são apresentados ao
mesmo tempo (Figura 4.4) e engloba o efeito de máscara antecipado também conhecido por
Forward Masking ou Post-masking e o efeito de máscara atrasado designado igualmente por
Backward Masking ou Pre-masking (Gelfand, 2001; Henrique 2002). E ainda a combinação do
efeito de máscara antecipado com o efeito de mascara atrasado (Feilding, 2006).
Para que o fenómeno de mascaramento temporal se processe é necessário ter em
consideração alguns parâmetros como a duração do intervalo inter-estímulos, entre o sinal e a
máscara, a intensidade e duração do sinal e da máscara e as semelhanças entre o som da
máscara e o som do estímulo (Shinn, 2007).
Figura 4.4 – Representação esquemática do mascaramento temporal.
(Fastl & Zwicker, 2007)
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
46 Cristina Nazaré | FEUP
Em relação à duração do intervalo entre o sinal e a máscara, e assumindo que todas as
restantes variáveis são iguais, verifica-se uma enorme diminuição do mascaramento temporal
à medida que aumenta a duração do intervalo entre a máscara e o sinal (Shinn, 2007).
Sabe-se também que o efeito depende da gama de frequências do som da máscara,
verificando-se a maior perda de sensibilidade do estímulo quando ambos se encontram dentro
da mesma região frequencial (Shinn, 2003).
Apesar de a literatura demonstrar os efeitos do mascaramento temporal, os mecanismos
subjacentes a este fenómeno ainda não são entendidos na totalidade (Shinn, 2007). Existe
também uma variabilidade considerável entre indivíduos em relação aos intervalos de tempo
em que ocorre o efeito de máscara antecipado e atrasado em cada um (Feilding, 2006).
4.3.1 Efeito de Máscara Antecipado (Forward Masking)
O efeito de máscara antecipado ocorre quando a máscara precede o sinal (Gelfand, 2001),
Figura 4.5. O primeiro som pode mascarar o segundo se o intervalo de tempo entre os dois for
até cerca de 20 a 30 ms explica Henrique (2002). Segundo este, o efeito de máscara
antecipado ocorre possivelmente porque as células ciliadas estimuladas recentemente não
apresentam sensibilidade igual às que estavam em repouso. Estas células apresentam um
tempo limite de recuperação da sua sensibilidade depois de um som terminar e a magnitude
da recuperação depende da duração do som. Se um som de frequência similar ocorre durante
o período de recuperação, as células ciliadas podem não ser capazes de processar o som e
consequentemente pode ser inaudível (Hall & Guyton, 2006).
Máscara Sinal
Tempo
Direcção da máscara
Figura 4.5 – Efeito de máscara antecipado (Forward Masking).
Adaptado de (Shinn, 2007)
Processamento Auditivo Temporal
Cristina Nazaré | FEUP 47
O efeito de máscara antecipado de acordo com Gelfand (2001) é efectivo para intervalos até
100 ms entre o sinal e máscara. Shinn (2007) refere que no efeito de máscara antecipado, não
ocorre mascaramento quando este intervalo atinge ou excede os 200 ms. Esta autora realça o
facto de esta ser também a duração necessária para determinar o limiar mínimo de
integração temporal (Shinn, 2007). O efeito de máscara antecipado aumenta para durações
de máscara de aproximadamente 50 m (Feilding, 2006).
4.3.2 Efeito de Máscara Atrasado (Backward Masking)
No efeito de máscara atrasado, Figura 4.6, a máscara surge depois do sinal e se esta se iniciar
alguns milissegundos, de acordo com Henrique (2002) até 10 ms após o primeiro som
terminar, o som pode ser mascarado pelo segundo estímulo.
Segundo Gelfand (2001) o efeito de máscara atrasado ocorre para intervalos entre a máscara
e o sinal de 50 ms. Já Shinn (2007) refere que se verifica uma redução do efeito para
intervalos de 25 ms entre sons (Shinn, 2007).
O efeito de máscara atrasado parece ocorrer no sistema nervoso central onde ocorre
processamento de informação; e o estímulo que ocorre depois, a máscara, interfere com o
anterior (Feilding, 2006).
Estudos efectuados mostram que o efeito de máscara atrasado diminui consideravelmente,
em alguns casos para zero, com o treino de tarefas que englobam mascaramento de sons
(Feilding, 2006).
Sinal Máscara
Tempo
Direcção da máscara
Figura 4.6 - Efeito de máscara atrasado (Backward Masking).
Adaptado de (Shinn, 2007)
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
48 Cristina Nazaré | FEUP
4.4 Ordenação Temporal
Definição
A ordenação temporal ou sequenciação temporal diz respeito à nossa capacidade de
identificar correctamente a ordem de ocorrência dos estímulos apresentados (Banai & Kraus,
2007).
Quando falamos do sistema auditivo a ordenação temporal refere-se ao processamento no
qual dois ou mais estímulos auditivos são organizados de acordo com a sequência dos eventos
acústicos (Shinn, 2003; Banai & Kraus, 2007; Shinn 2007).
Esta capacidade de identificar a sequência dos sons envolve outras habilidades como o
reconhecimento do estímulo sonoro isolado, a sua discriminação em relação a outros
estímulos, o seu armazenamento por um curto período de tempo e a sua reprodução ou
verbalização (Musiek, 1990; Balen, 1997).
De acordo com diversas pesquisas é o córtex auditivo que assume um papel relevante na
discriminação da ordenação temporal, realizando-se a percepção sequencial do estímulo no
lobo temporal – Giro de Heschl (Balen, 1997) e noutras áreas corticais, intra e inter-
hemisféricas, que podem também variar de acordo com o tipo de resposta efectuada pelo
ouvinte (como o lobo frontal, responsável pelas respostas motoras) (Baraldi et al., 2004;
Shinn, 2007). A especialização hemisférica desta habilidade depende igualmente do tipo de
sequência. O hemisfério esquerdo compara e analisa as relações entre os estímulos de uma
sequência sendo fundamental na ordenação das informações temporais apresentadas em
série. O hemisfério direito é importante na percepção do padrão total da sequência e os seus
contornos (Balen, 1997; Baraldi et al. 2004). Estas tarefas apresentam por isso sensibilidade a
lesões hemisféricas e inter-hemisféricas (Shinn, 2007).
4.4.1 Factores que influenciam a capacidade de ordenação temporal
A ordenação temporal é uma capacidade amplamente afectada por variáveis relacionadas
com o estímulo e com o indivíduo avaliado e devem ser consideradas quando se desenvolvem
ou aplicam testes de sequenciação temporal (Shinn, 2007). Seguidamente serão abordados
alguns desses factores que podem alterar a eficácia da percepção da ordem temporal.
Processamento Auditivo Temporal
Cristina Nazaré | FEUP 49
Tipos de estímulos Os estímulos usados para estudar esta habilidade podem ser diversos como sons puros, clicks,
ruídos, sons de fala, entre outros. (Shinn, 2007).
Estudos referem que a identificação da ordem temporal com sequências de sons puros torna-
se mais difícil em comparação com estímulos como dígitos numéricos e mais simples em
relação a sequências de ruído branco (Balen, 1997).
Se os sons apresentados numa determinada ordem tiverem significado a tarefa de discriminar
a ordem temporal destes torna-se mais fácil, como por exemplo os sons dos elementos da fala
(Allen, 2000).
Número de estímulos O aumento do número de estímulos aumenta a complexidade do processamento da
informação, ou seja, é mais difícil ordenar três componentes do que duas, ou quatro em
relação a três (Shinn, 2007).
Duração dos estímulos A duração é uma característica essencial do padrão sonoro. Uma das considerações mais
críticas a ter em relação a este factor é o fenómeno de integração temporal, abordado
anteriormente (Shinn, 2007).
Estudos tem demonstrado que quanto maior a duração, melhor o desempenho do indivíduo na
tarefa de ordenação temporal (Murphy & Schochat, 2007).
E mesmo que a percepção de frequência e de intensidade estejam alteradas no caso de
perdas auditivas cocleares, a percepção de duração não é afectada (Musiek et al., 1990).
Intervalo inter-estímulos O intervalo de tempo mínimo necessário entre sequências de sons para podermos perceber
correctamente a ordem dos estímulos é designado por limiar de ordenação temporal.
Geralmente, este é superior ao intervalo de tempo que necessitamos para detectar a
presença de uma pausa entre dois sons e depende do número de estímulos existentes na
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
50 Cristina Nazaré | FEUP
sequência (Rawool, 2006). Em alguns casos são suficientes 20 a 40 ms de intervalo inter-
estímulo para a ordenação de sons, alguns estudos não apresentam consenso no valor do
limiar de ordenação temporal e outros ainda referem que poderá ser de 300 ms (Murphy &
Schochat, 2007).
Modo de apresentação das sequências de estímulos As sequências de estímulos podem ser apresentadas na condição intra-hemisférica, ou com
diferentes condições intra-hemisféricas. Na condição intra-hemisférica o som é apresentado
ao ouvido e seguido após um intervalo por outro som diferente. A tarefa do indivíduo é
reconhecer a ordem temporal dos dois estímulos. Na condição inter-hemisférica o primeiro
som é apresentado a um ouvido e o segundo ao outro, sendo os estímulos separados por um
intervalo de tempo e o indivíduo tem que dizer qual o estímulo que ouviu primeiro. Neste
caso, normalmente os estímulos possuem características semelhantes (Mittmann & Fink,
2004).
Tipo de resposta da pelo sujeito Depois de ouvir cada sequência de estímulos o indivíduo pode ser solicitado a responder
verbalmente a ordem dos sons que a compõe, a imitar a sequência ou ainda apontar
manualmente uma esquema ou desenho que a represente (Gelfand, 2001; Gerger & Glorig,
2001). As respostas verbais ou manuais ao padrão de sons apresentados requerem
processamento combinado de ambos os hemisférios. O hemisfério direito reconhece os
padrões e o hemisfério esquerdo codifica e coloca-os em sequência, exigindo uma
transferência inter-hemisférica através do corpo caloso visto que o esquerdo também é
dominante para a fala (Gerger & Glorig, 2001). As respostas verbais podem não proporcionar
informações suficientes da lateralidade da lesão devido à interacção dos hemisférios na
descodificação dos padrões. Estudos têm demonstrado que indivíduos com lesões cerebrais
unilaterais podem apresentar alterações bilaterais nos resultados dos testes de padrões
temporais (Musiek, 1990; Hall & Mueller, 1996; Balen, 1997; Shinn, 2007). No caso de lesões
no corpo caloso e no lobo temporal esquerdo, têm se encontrado alterações nas tarefas de
ordenação temporal que envolvem mais do que dois estímulos, quando a resposta é verbal o
que não se verifica quando a resposta consiste em imitar a sequência ouvida. Quando as
lesões são no lobo temporal direito a habilidade de ordenação temporal apresenta alterações
nos dois tipos de resposta (Bellis, 2002). As respostas verbais correctas revelam a integridade
do hemisfério contra-lateral e do corpo caloso.
Processamento Auditivo Temporal
Cristina Nazaré | FEUP 51
Treino auditivo da capacidade de ordenação temporal Na maioria dos indivíduos e especialmente nas crianças o treino auditivo pode melhorar as
capacidades de processamento auditivo (Jack & Wilde, 1999). Estudos têm demonstrado que o
processamento temporal é um processo muito influenciado por este tipo de tarefas, podendo
ser muito útil o treino de sequências temporais nos indivíduos com dificuldades em organizar
e colocar em sucessão a informação que ouvem (Shinn, 2007). Um dos programas usado para o
treino auditivo é o Fast ForWord no qual a função é colocar por sequência temporal vários
segmentos de fala e sons complexos. Este método tem mostrado melhorias no processamento
temporal e na aprendizagem da linguagem (Musiek, 2005b).
Atenção A atenção é um aspecto de extrema importância nos testes que envolvem um comportamento
pela parte do indivíduo, podendo contribuir para uma grande variabilidade no desempenho
dos testes que avaliam o processamento auditivo (Murphy & Schochat, 2007).
Memória Esta capacidade parece envolver a memória a curto prazo dado que uma sequência de
estímulos só pode ser processada depois de completa a sua duração de apresentação (Baraldi
et al., 2004). Assim, a habilidade requer o processamento de padrões que evoluem no tempo,
não dependendo só do estímulo apresentado no momento mas também dos passados (Haykin,
2005). Como diz Newton, (2009) para a identificação do padrão temporal para além da sua
discriminação necessitamos de relembrar as diferentes sequências (padrões) ouvidas.
Idade A idade pode possuir efeito significativo no desempenho desta capacidade, reflexo da
maturação ou do envelhecimento das estruturas responsáveis pela resposta (Baraldi et al.,
2004).
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
52 Cristina Nazaré | FEUP
Instruções Se o examinador explicar instruções mais detalhadas ao ouvinte poderá assegurar uma melhor
compreensão da tarefa a executar (Bellis, 2002).
4.4.2 Reconhecimento do Padrão Temporal
O reconhecimento de um padrão temporal refere-se a habilidade do ouvinte reconhecer os
contornos acústicos do sinal e abrange uma diversidade de processos perceptivos e cognitivos
como a discriminação de diferenças no estímulo e da ordem temporal da sequência, a
percepção do padrão no geral e envolve a memória. Existem três tipos principais de padrões
que podem variar em intensidade, frequência ou duração (Musiek et al., 1990; Balen, 1997;
Zeigelboim et al., 2000; Bellis, 2002).
Investigadores têm questionado qual dos padrões será mais sensível a disfunções corticais. Os
estudos têm sugerido que os padrões auditivos com duração podem ser muitíssimo sensíveis a
patologia do córtex auditivo, dado que nestes casos tanto a percepção de padrões auditivos
como a discriminação auditiva de durações estão afectadas, o que nem sempre acontece com
a intensidade e frequência. (Musiek et al., 1990).
Figura 4.7 – Representação esquemática dos mecanismos que envolvidos o processamento de padrões temporais.
(Shinn, 2007)
Processamento Auditivo Temporal
Cristina Nazaré | FEUP 53
A Figura 4.7 é uma representação esquemática dos mecanismos que envolvidos o
processamento de padrões temporais. O reconhecimento do contorno (contour recognition)
do padrão como referido anteriormente é processado no hemisfério direito (right
hemisphere), atravessa o corpo caloso para o hemisfério esquerdo (left hemisphere) para o
processamento linguístico. Os indivíduos que demonstram um baixo desempenho com as
respostas verbais e as respostas com imitação dos estímulos tonais revelam resultados
normais na sequencialização dos padrões, sugere uma disfunção na transferência inter-
hemisférica para o hemisfério esquerdo ou no hemisfério esquerdo, onde se considera o local
de processamento da fala (speech-language) (Shinn, 2007).
A investigação tem evidenciado que os seres humanos agrupam de uma forma natural,
conjuntos de sons de modo a formar padrões. Um exemplo básico é o facto de quando
ouvimos o som do trabalhar de um relógio, ouvimos frequentemente dois sons diferentes, o
“tic” e o “tac” (“tic-tac”), apesar de o som ser só um. Iversen e Ohgushi (2006) referem que
esta capacidade de agrupar sons não é inata, nem universal. Verificaram que em culturas
diferentes (Ocidental/Oriental) os indivíduos percebem padrões rítmicos distintos em
sequências de sons iguais. Esta aptidão para formar e reconhecer padrões sonoros pode estar
relacionada com a língua materna, sendo o idioma também responsável pelo modo como
percebemos os sons não verbais (Iversen & Ohgushi, 2006).
4.4.3 Importância da Capacidade de Ordenação Temporal
A comunidade científica refere também a habilidade de ordenação temporal como uma das
mais básicas e importantes funções do sistema nervoso auditivo central (Ferreira et al.,
2008).
Tem sido investigada devido à sua relevância na percepção dos sons da fala (Shinn, 2007). A
correcta identificação da ordem em que fonemas ocorrem nas palavras é um processo
essencial. Nós organizamos numa ordem sequencial os seus segmentos, vogais e consoantes de
acordo com o padrão da língua aprendida. Caso esta habilidade esteja alterada a inversão dos
segmentos pode modificar a estrutura semântica e sintáctica da mensagem, como no exemplo
da palavra [amor], em que o não reconhecimento da ordem dos seus sons pode mudar o seu
significado para [Roma], [mora] ou a percepção do incorrecta do [s] na palavra [pasta] para
[patas] (Balen, 1997).
A habilidade de reconhecer os padrões temporais permite ao ouvinte extrair e usar os
aspectos prosódicos da fala como o ritmo, a tonalidade, o acento, a entonação.
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
54 Cristina Nazaré | FEUP
Características da fala que possibilitam que o ouvinte identifique aspectos essenciais para a
mensagem, como a discriminação subtil de diferenças no significado, as palavras-chave, a
intenção, o estado emocional do falante (Bellis, 2002).
4.5 Alterações do Processamento Auditivo Temporal
As alterações de processamento auditivo relacionadas com aspectos temporais da audição de
acordo com Stach (2000) são comuns nos problemas de PAC e a causa subjacente de muitos
outros associados a estes. Parthasarathy (2005) afirma mesmo que todos os problemas de
processamento auditivo apresentam na essência, este tipo de alterações.
Os problemas de processamento temporal podem resultar numa gama de perturbações
funcionais como habilidades musicais pobres, dificuldade nos aspectos prosódicos da fala,
referidos anteriormente, o que pode levar a uma dificuldade em compreender poesia e piadas
(Zeigelboim et al., 2000; Shinn, 2007).
As alterações de processamento temporal no caso das crianças podem dificultar a leitura ou
impedir a aquisição da fala e de um idioma. Estudos têm demonstrado que crianças com
dificuldades de aprendizagem, indivíduos com dislexia e sujeitos com afasia devido a
patologias cerebrais no hemisfério esquerdo, apresentam dificuldades em identificar
correctamente a ordem de estímulos não verbais apresentados rapidamente (Wittmann &
Fink, 2004).
Em indivíduos mais velhos, estudos realizados nos últimos anos revelam que para além das
alterações associadas ao processo envelhecimento já identificadas, os idosos podem
manifestar problemas no processamento auditivo temporal, que podem não possuir qualquer
relação com os seus limiares auditivos, o que leva a suspeitar que seja a causa desta
população apresentar frequentes dificuldades em compreender a fala (Pinheiro & Pereira,
2004). Esta diminuição de inteligibilidade da fala possivelmente relacionada com as
alterações no processamento rápido de sons complexos pode também prejudicar os benefícios
que poderiam advir de amplificação sonora no caso de apresentarem perda auditiva (Ferreira
et al., 2008).
Processamento Auditivo Temporal
Cristina Nazaré | FEUP 55
4.6 Avaliação do Processamento Auditivo Temporal
De acordo com Shinn (2007), na prática clínica, a avaliação do processamento auditivo
temporal está restrita à resolução e ordenação temporal, existindo escassez de testes de
processamento auditivo temporal e falta informação no que diz respeito às suas aplicações
clínicas. Sabe-se que os testes de processamento auditivo temporal reflectem diferentes
processos neurofisiológicos e apresentam grande sensibilidade a disfunções a níveis elevados
do sistema auditivo central.
Para além dos sub-processos alguns dos testes que investigam o processamento auditivo
central também podem avaliar aspectos temporais de sinais acústicos como a localização
sonora, as diferenças de intensidade no mascaramento binaural, a fala com distorção,
comprimida e rápida em condições reverberantes ou com outros ruídos em competição, o
efeito de precedência entre outros (Fielding & Rawool, 2002).
Nos próximos pontos são abordados alguns testes de processamento auditivo temporal.
4.6.1 Frequency Pattern Test (FPT) ou Pitch Pattern Sequences (PPS) Test
O Pitch Pattern Sequence Test foi criado em 1971 por Pinheiro e Ptacek (Hall & Muller, 1996)
existem várias versões do teste. Na versão de Wilson desenvolvida em 1993 o teste consiste
em identificar a ordem de três sons bursts de 200 ms (cada um com 10 ms de tempo subida e
descida) sendo que em cada uma das sequências de três estímulos, dois apresentam
frequência igual. Os sons apenas se distinguem em termos de percepção de frequência
(Pitch). As frequências usadas no teste são os 880 Hz, de Baixo Pitch (B) [Low Pitch (L)] e os
1122 Hz de Alto Pitch (A) [High Pitch (H)] que são combinadas para criar seis padrões
diferentes, com intervalo entre os estímulos de 150 ms (LLH, LHL, LHH, HLH, HLL, HHL)
(Bellis, 2002; Shinn, 2007), como na Figura 4.8.
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56
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Processamento Auditivo Temporal
Cristina Nazaré | FEUP 57
disponíveis normas para idades de 7 anos a adultos, mas há um grande grau de variabilidade
em crianças com idades inferiores a 7 anos (Musiek, 1990; Hall & Mueller, 1996; Balen, 1997;
Bellis, 2002; Shinn, 2007).
Bellis (2002) expõe dados normativos para o Frequency Pattern Test. Os valores foram
determinados em indivíduos da faixa etária dos sete anos até à idade adulta, verificando-se
uma percentagem de 35% de respostas correctas dos 7 anos aos 7 anos e 11 meses, 42% dos 8
anos aos 8 anos e 11 meses, 63% dos 9 anos aos 9 anos e 11 meses, 78% dos 10 anos aos 10
anos e 11 meses, 78% dos 11 anos aos 11 anos e 11 meses e 80% dos 12 anos a adultos.
Em Portugal existe um teste de ordenação temporal o Teste Padrão de Frequência (TPF), uma
versão adaptada do Frequency Pattern Sequence Test (FPT) ou do Picth Pattern Sequence
Test (da AuditecTM St. Louis), com a diferença da duração dos estímulos que é 200 ms no TPF.
A versão portuguesa (Figura 4.9) foi desenvolvida recentemente por uma investigadora em
colaboração com a Universidade de Aveiro, Martins (2008), estando o teste em processo de
normalização.
4.6.2 Auditory Repetition Test (ART) ou Auditory Repetition Task (ART)
O ART foi desenvolvido por Tallal e Piercy em 1973, inicialmente com o objectivo de avaliar a
percepção auditiva de crianças com dificuldades de linguagem. Primeiro as crianças são
treinadas a associar diferentes (dois sons complexos que diferem no pitch e que estão
separados por um intervalo que varia em duração sons) a diferentes respostas. A tarefa
consiste em ouvir sequências e assinalar a ordem desses estímulos pressionando um botão
Figura 4.9 - Teste Padrão de Frequência (TPF)
(Martins, 2008)
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
58 Cristina Nazaré | FEUP
(Trueswell & Gleitman, 2007; Hulme & Snowling, 2009). O teste contém quatro sub-testes de
discriminação, dois de frequência e dois de duração e quatro sub-testes de ordenação, dois
de frequência e dois de duração (Murphy & Schochat, 2007).
Esta tarefa de discriminação e de ordenação temporal tem sido muito usada para estudar a
eficácia do processamento auditivo em crianças com dislexia (Trueswell & Gleitman, 2007;
Hulme & Snowling, 2009).
4.6.3 Psychoacoustic Pattern Discrimination Test (PPDT)
O PPDT foi criado por Blaettner em 1982 para avaliar a discriminação auditiva temporal
através de sequências dicóticas de ruídos bursts ou de clicks. O indivíduo é instruído a indicar
discriminação de alterações monaurais nos padrões temporais pressionando um botão, não
necessitando o teste de um suporte verbal (Bellis, 2002).
Trabalhos indicam que o PPDT apresenta sensibilidade a lesões dos hemisférios cerebrais
incluindo áreas auditivas de associação. Bellis (2002) refere que apesar do potencial do teste
este não se encontra disponível em formato para uso clínico.
4.6.4 Duration Pattern Test (DPT) ou Duration Pattern Sequence (DPS) Test
O teste DPT/DPS foi descrito por Musiek e Pinheiro em 1985 (Bellis, 2002) e desenvolvido por
Musiek, Baran e Pinheiro em 1990 (Musiek et al., 1990).
O teste avalia a capacidade de ordenação temporal, a percepção de padrões, a discriminação
de duração e a nomeação linguística sendo um dos testes desta categoria mais usados
clinicamente (Fuente & McPherson, 2006; Shinn, 2007).
O ouvinte tem como tarefa tentar fazer a discriminação da sequência de três sons bursts de
1000 Hz que divergem em duas durações, dois curtos e um longo ou dois longos e um curto.
Os estímulos de Curta (C) [Short (S)] e de Longa (L) [Long (L)] duração têm respectivamente
250 ms e 500 ms e apresentam uma subida/descida de 10 ms. O teste é constituído por seis
padrões ou seis sequências diferentes, LLS, LSL, LSS, SLS, SLL, SSL, repetidas dez vezes para
gerar sessenta padrões. Além destes o teste apresenta mais 10 padrões para prática. Cada
sequência possui um intervalo inter-estímulo de 300 ms, sendo o intervalo entre padrões de 6
s. O teste deve ser administrado a uma intensidade de 50 dB SL (Musiek et al., 1990; Bellis,
2002; Shinn, 2007).
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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
60 Cristina Nazaré | FEUP
Newton (2009) comenta outra situação que se refere ao facto de testes como DPS não serem
apropriados para crianças pequenas dado o elevado grau de variabilidade dos resultados
obtidos, devendo ser adaptados a esta população.
Actualmente o Durattion Pattern Sequence Test é comercializado pela AuditecTM, St. Louis,
Audiology Illustrated e Veteran’s Administration (Emanuel, 2002).
A versão da AuditecTM, St. Louis e da Audiology Illustrated possuem instruções de realização
do teste e informações referentes aos valores de normalidade. De acordo com a Auditec, um
teste DPS com valores inferiores a 67% deve ser considerado alterado, contudo não menciona
a que grupo etário corresponde essa percentagem. O teste da Veteran’s Administration não é
acompanhado por nenhuma literatura de suporte. A Audiology Illustrated apresenta valores
normativos apenas para adultos, referindo que valores de 70% ou superiores são considerados
normais. Recomenda também que cada clínico estabeleça os seus próprios valores normativos
para crianças (Emanuel, 2002). Quando Musiek e colegas desenvolveram o Duration Pattern
Test determinaram que a percentagem de 70% alcançada no teste seria o valor inferior limite
do desempenho normal no teste. Este foi calculado, tendo em consideração o valor da média
da percentagem de respostas correctas do grupo controlo menos dois desvios padrões. O teste
por eles aplicado a três grupos de indivíduos (um de controlo, um com perda auditiva
sensorioneural coclear e um com lesões cerebrais) revelou uma sensibilidade de 86% e
especificidade de 92% (Musiek et al., 1990).
4.6.5 Auditory Fusion Test-Revised (AFT-R)
O AFT-R é uma versão digitalizada do Wichita Auditory Fusion Test que foi adaptada por
McCroskey e Keith em 1996 (Chemark & Lee, 2005).
É um procedimento que permite avaliar a resolução temporal por determinação do limiar de
fusão auditiva em milissegundos. O ouvinte tem assim como tarefa tentar discriminar um ou
dois sons à medida que se altera a duração dos intervalos inter-estímulos de uma série de
pares de sons puros (250, 500, 1000, 2000 e 4000 Hz). O limiar de fusão auditiva corresponde
à média dos valores em que os dois sons são percebidos como um (Chemark & Lee, 2005;
Cassab & Zorzetto, 2006; Roeser et al., 2007).
Os sons são aplicados a 50 dB SL em séries ascendentes e descendentes 5 ms relativamente à
duração do intervalo inter-estímulo. Podendo este teste ser utilizado com todos os indivíduos
que compreendem o conceito de um versus dois, podendo estes dizer verbalmente, um ou
dois, apontando para a resposta num cartão ou elevando um ou dois dedos (Chemark & Lee,
2005).
Processamento Auditivo Temporal
Cristina Nazaré | FEUP 61
O teste apresenta três sub-testes. O Sub-teste 1 de triagem e prática, com dezoito pares de
sons e intervalos inter-estímulos variam de 0 a 300 ms. Este tem como finalidade indicar qual
dos outros dois sub-testes deve ser efectuado. Aplica-se o sub-teste 2 (AFT-R Padrão) se até
aos 60 ms de intervalo inter-estímulos o indivíduo perceber duas vezes consecutivas a
presença de dois sons num par de estímulos, e o sub-teste 3 (AFT-R Expandido) quando o
limiar de fusão auditiva for superior a 60 ms. O sub-teste 2 e 3 apresentam respectivamente
cinco e três sequências, ambos com dezoito pares de sons por frequência, nove ascendentes e
nove descententes. No sub-teste 2 estas são aplicadas pela ordem seguinte: 500, 1000, 4000,
250, 2000 e 500 Hz, não sendo incluída na análise do teste a primeira frequência de 500 Hz
que é usada como treino. O sub-teste 3 apresenta as frequências por esta ordem: 1000, 4000
e 250 Hz. Actualmente o AFT-R é comercializado pela AuditecTM St. Louis (Cassab & Zorzetto,
2006).
4.6.6 Random Gap Detection Test (RGDT) e Random Gap Detection Test- Expanded (RGDT-EXP)
O Random Gap Detection Test foi desenvolvido por keith em 2000 sendo uma adaptação do
AFT-R (Kellythe, 2007).
O teste consiste em séries de estímulos tonais que diferem em frequências e com intervalos
inter-estímulos ascendentes e descendentes (sub-teste 1 e 3) ou aleatórios (sub-teste 2 e 4),
sendo esta imprevisibilidade, uma das alterações a salientar em relação ao AFT-R (Chemark &
Lee, 2005).
É apresentado em modo binaural a 55 dB SL e o indivíduo deve contar o número de sons que
ouve e responder verbalmente ou de forma não verbal como no AFT-R (Chemark & Lee, 2005;
Kellythe, 2007).
Os estímulos têm uma duração de 15 ms e frequências de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz. Os sub-
testes 2 e 4 incluem também o estímulo click para além dos tonais. O RGPT possui quatro sub-
testes, todos com nove intervalos inter-estímulos variando de 0 a 40 ms (0, 2, 5, 10, 15, 20,
25, 30 e 40 ms) (Chemark & Lee, 2005; Kellythe, 2007).
No sub-teste 1 (de prática) são usados nove estímulos de 500 Hz com intervalos inter-
estímulos crescentes entre pares de sons. No sub-teste 2 apresenta aleatoriamente nove
intervalos para os pares de sons tonais entre os 500 e 4000 Hz. O sub-teste 3 é um teste de
prática para o estímulo click. O sub-teste 4 apresenta pares de cliks separados por nove
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Processamento Auditivo Temporal
Cristina Nazaré | FEUP 63
O local onde surgem as pausas por segmento e a quantidade de intervalos altera
aleatoriamente ao longo do teste, de forma a se obter informação estatisticamente
significativa e a reduzir a probabilidade de os indivíduos adivinharem os intervalos (Baran et
al., 2006).
O teste é constituído por quatro listas, cada uma com sessenta intervalos de silêncio nos
segmentos de ruído branco e por dez listas de prática que precedem a administração do teste
(Baran et al., 2006).
O GIN© possui dois índices para calcular o desempenho auditivo temporal. O limiar
(aproximado) de detecção de interrupções que foi definido como a duração dos intervalos de
silêncio mais curta para a qual há pelo menos quatro em seis identificações correctas e
percentagem de identificação correcta destes intervalos (Baran et al., 2006).
A média do limiar de detecção de interrupções segundo Baran et al. (2006) é de 4.8 ms para o
ouvido esquerdo e 4.9 ms para o direito, sendo ligeiramente mais elevada que nas pesquisas
psicoacústicas encontradas na literatura, possivelmente devido a um diferente treino desta
capacidade por parte dos indivíduos avaliados.
O GIN© Test demonstra sensibilidade de 67% a lesões do sistema auditivo nervoso central e
especificidade de 94% (Baran et al., 2006; Weihing et al., 2007).
5 Selecção e Criação de Testes Temporais para Estudo do
Processamento Auditivo Central
Selecção e Criação de Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
Cristina Nazaré | FEUP 67
5.1 Selecção dos Testes de Processamento Auditivo Temporal
A escolha dos testes de processamento temporal do conjunto de testes que avaliam o
processamento auditivo central foi baseada em vários autores como Parthasarathy (2005) e
Shinn (2007) os quais consideram que uma das maiores necessidades no diagnóstico dos
problemas de processamento auditivo é o desenvolvimento de testes de processamento
auditivo temporal disponíveis. Exprimem também que devem ser realizados todos esforços de
forma a superar essa lacuna porque enquanto esses testes não forem uma realidade este
aspecto essencial do processamento auditivo continua a estar omisso.
Outra razão foi o facto de actualmente em Portugal só estar desenvolvido/adaptado um teste
de processamento auditivo temporal, o Teste Padrão de Frequência (TPF), ainda numa versão
não comercial e como a autora refere, no nosso país é necessário minorar a escassez de
instrumentos de avaliação do processamento auditivo de forma a se poder contribuir para um
correcto diagnóstico (Martins, 2008).
Optou-se pelo Teste Padrão de Duração, uma versão do Duration Pattern Sequence Test (DPS)
ou Duration Pattern Test (DPT), segundo Fuente & McPherson (2006) e Shinn, (2007) um dos
testes de ordenação temporal mais usados clinicamente a nível internacional, porque estudos
têm demonstrado que em relação ao Pitch Pattern Sequence Test (PPS) o teste apresenta
uma maior sensibilidade a lesões cerebrais. Além disso, as perdas auditivas cocleares exercem
pouca influência nos resultados do exame o que amplia o potencial do teste (Hall & Mueller,
1996).
Por outro lado, vários estudos apontam para o facto de o processamento auditivo temporal
nas crianças não atingir valores de desempenho iguais aos dos adultos (Parthasarathy, 2005) e
existir a necessidade de estudos adicionais de testes de duração de padrões em crianças como
menciona Emanuel (2002).
Assim, não se tendo conhecimento da existência de um Teste Padrão de Duração para
crianças tentou-se efectuar uma versão infantil deste teste que nos possibilite realizar uma
avaliação do sistema auditivo central desta população, versão denominada por Teste Padrão
de Duração – Versão Infantil (TPD-VI).
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Selecção e Criação de Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
Cristina Nazaré | FEUP 69
fa=44100; %frequência de amostragem (Hz)
Ta=1/fa; %período de amostragem
f=1000; %frequência do estímulo (Hz)
A=1; %amplitude
m=1/(p3-p2); %declive rise/fall
p1=0.005; %duração (s)
t1=0:Ta:p1;
y1=1/p1*t1;
p2=0.245;
t2=p1:Ta:p2;
t2(1)=[]; %retira o primeiro valor da matriz (vector)
Figura 5.2 - Envelope da subida (rise) do tone burst, t1=0:Ta:p1, p1= 0.005 s
(MATLABTM 7.0)
Figura 5.3 - Envelope do plateau do tone burst, t2=p1:Ta:p2, t2(1)=[ ]; p2=0.245 s
(MATLABTM 7.0)
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
70 Cristina Nazaré | FEUP
y2=0*t2+1;
p3=0.250;
t3=p2:Ta:p3;
t3(1)=[];
y3=-m*t3+(m*p3);
ttotal=0:Ta:p3;
Figura 5.4 - Envelope da descida (fall) do tone burst, t3=p2:Ta:p3, t3(1)=[ ]; p3=0.250 s.
(MATLABTM 7.0).
Figura 5.5 - Envelope do tone burst de 250 ms ttotal=0:Ta:p3
(MATLABTM 7.0)
Selecção e Criação de Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
Cristina Nazaré | FEUP 71
yburst=[y1 y2 y3];
tburst=[t1 t2 t3];
ysin=sin(2*pi*f*tburst); %multiplica dois vectores ponto a ponto
yfinalC=yburst.*ysin;
Após o desenvolvimento do primeiro sinal foram criados os restantes três sons bursts, o de
500 ms para o TPD e os de 300 e 600 ms para o TPD-VI.
Figura 5.6 – Forma onda do início do sinal tone burst de 250 ms
(MATLABTM 7.0)
Figura 5.7 – Representação esquemática da forma onda do sinal tone burst total, de 250 ms. Nota: A representação não
está à escala.
(MATLABTM 7.0)
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
72 Cristina Nazaré | FEUP
5.2.1.1 2ª Etapa – Criação dos Padrões de Estímulos
Nesta etapa foram combinadas sequências de três estímulos bursts que diferem em duas
durações, dois curtos (C) e um longo (L) ou o inverso para criar seis padrões ou sequências
diferentes: LCC, CLL, LCL, CLC, LLC, CCL. Os estímulos de curta e de longa duração
apresentam respectivamente 250 ms e 500 ms para o TPD e 300 e 600 ms para TPD – VI. Cada
sequência possuiu um intervalo inter-estímulos de 300 ms. As figuras seguintes mostram um
dos padrões para cada teste.
Foram produzidas em MATLABTM as doze sequências de sons, seis para cada teste. Em
continuação do processo da 1ª etapa, segue o exemplo do padrão LCC.
t7=0:Ta:0.300; %duração do intervalo inter-estímulo
y7=0*t7; %intervalo inter-estímulo
LCC=[yfinalL y7 yfinalC y7 yfinalC]; %padrão LCC
Figura 5.10 - Representação esquemática da forma onda do padrão LCC. A representação não está à escala.
(MATLABTM 7.0)
Figura 5.8 – Representação esquemática do padrão LCC do TPD.
300 ms 300 ms 500 ms 250 ms 250 ms
300 ms 300 ms 600 ms 300 ms 300 ms
Figura 5.9 - Representação esquemática do padrão LCC do TPD – VI.
Selecção e Criação de Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
Cristina Nazaré | FEUP 73
As sequências dos vários estímulos foram também gravadas em formato wave e usadas para
treino da capacidade em estudo antes do inicio do teste.
5.2.1.2 3ª Etapa – Organização de listas de Padrões
Após a criação das sequências de estímulos construíram-se dez listas com os diversos padrões.
Em todas as listas do TPD, cada padrão foi repetido cinco vezes de forma a originar trinta
sequências para cada ouvido. No TPD – VI, o total de padrões por ouvido foi de vinte e quatro,
encontrando-se cada sequência repetida quatro vezes. Nos dois testes a ordem de
apresentação dos padrões foi organizada de modo a não juntar dois padrões iguais seguidos. A
tabela seguinte mostra a posição dos padrões na lista 1 do TPD e TPD – VI.
Na versão que serviu de base para o TPD as sequências eram repetidas dez vezes para gerar
sessenta padrões por ouvido.
Tabela 5.1 – Listas de Padrões - Teste Padrão de Duração e Teste Padrão de Duração (Versão Infantil) para
cada ouvido.
Lista 1 Lista 1
TPD Ouvido Direito
TPD Ouvido Esquerdo
TPD – VI Ouvido Direito
TPD – VI Ouvido Esquerdo
LCC LCL LCC LCL LCC LCL LCC LCL
CLC LCC CLC LCC CLC LCC CLC LCC
LLC CLC LLC CLC LLC CLC LLC CLC
LCL LLC LCL LLC LCL LLC LCL LLC
CCL CCL CCL CCL CCL CCL CCL CCL
CLC CLL CLC CLL CLC CLL CLC CLL
LLC LCL LLC LCL LLC LCL LLC LCL
CCL CLC CCL CLC CCL LCC CCL LCC
CLL LCC CLL LCC CLL CLL CLL CLL
CLC CLL CLC CLL CLC CLC
LCC LCL LCC LCL LCC LCC
LCL LLC LCL LLC LCL LCL
LLC CCL LLC CCL LLC LLC
CLL LCC CLL LCC CLL CLL
CCL CLL CCL CLL CCL CCL
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
74 Cristina Nazaré | FEUP
5.2.1.3 4ª Etapa – Criação dos comandos de identificação e armazenamento de dados
Nesta fase foram efectuados comandos que permitissem inserir dados durante o teste e
guardar num ficheiro esses dados do utente, como o nome no exemplo que segue.
reiniciar = input('Deseja reiniciar os dados pessoais? S/N ','s');
if (reiniciar == 'S')|(reiniciar == 's')
nome = input('Nome do utente: ','s');
if isempty(nome)
nome = 'em branco';
end;
fid = fopen('c:\tpd_250_500.txt','a'); % nome do ficheiro
fprintf(fid,'nome:%s:',nome); % adiciona o nome no ficheiro de dados
5.2.1.4 4ª Etapa – Criação dos comandos para a apresentação dos padrões
Nesta etapa gerou-se um número aleatório de 0 a 10 para seleccionar a lista de padrões a
reproduzir.
lista=int8(rand(1)*10);
n_acertos=0;
De seguida criaram-se os comandos para iniciar o teste. Como mostra no exemplo em baixo, o
primeiro padrão da lista 1 é o LCC de acordo com as listas definidas previamente. Depois
desenvolveram-se os comandos para a reprodução do padrão, para o registo da resposta dada
pelo indivíduo testado e se acertou ou não a sequência. No final a opção dos dados serem
adicionados ao ficheiro.
switch lista
case 1
avancar= 'N';
while (avancar ~= 'S')
avancar = input('Lista 1 - Iniciar - LCC? S/N: ','s');
if isempty(avancar)
avancar = 'N'
end;
end;
Selecção e Criação de Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
Cristina Nazaré | FEUP 75
P1='LCC';
avancar = 'S';
while (avancar == 'S')|(avancar == 's');
soundsc(LCC,fa);
Resposta = input('Resposta? ','s');
avancar = input('Repetir - LCC? S/N: ','s');
if isempty(avancar)
avancar = 'S'
end;
acertou = input('Acertou - LCC? S/N: ','s');
if (acertou == 'S')|(acertou == 's')
n_acertos=n_acertos+1;
end;
end;
fprintf(fid,'lista:%f:P1:%s:resposta:%s:acertou:%s',lista,P1,Resposta,acertou)
;
5.2.1.1 5ª Etapa – Execução dos comandos
Nesta etapa, procedeu-se à execução dos comandos criados anteriormente de forma a iniciar
os testes, neste caso o TPD.
>>tpd_250_500 Deseja reiniciar os dados pessoais? S/N: S Nome do utente: A Identificação do exame: 01 Idade: 20 Genero: F Ouvido: D Lista 1 - Iniciar - LCC? S/N: S Resposta? LCC Repetir - LCC? S/N: N Acertou - LCC? S/N: S Avançar - CLC? S/N: S Resposta? CLC Repetir - CLC? S/N: N Acertou - CLC? S/N: N …
6 Aplicação dos Testes de Processamento Auditivo Central
Aplicação dos Testes de Processamento Auditivo Central
79 Cristina Nazaré | FEUP
6.1 Definição da População e da Amostra
A população do estudo da qual foi recolhida a amostra foi constituída por indivíduos normo-
ouvintes.
Foram avaliados 41 indivíduos, sendo a amostra dividida em três grupos: o grupo de adultos
sem queixas e/ou histórico (grupo controlo), o grupo de adultos com queixas e/ou histórico e
o grupo de crianças.
Os dois grupos de adultos foram criados com base nas respostas destes a um questionário, que
pretendeu verificar a presença ou não de queixas de dificuldades de percepção auditiva que
podem estar associadas a alterações do processamento auditivo central e/ou histórico de
patologias que podem afectar o sistema nervoso central. Dentro destes dois grupos os
indivíduos foram distribuídos de acordo com conjunto de testes PAC realizados: o TPD, o TPD-
VI, e o TPF.
6.1.1 Critérios de Inclusão
Seguidamente serão referidos os critérios de inclusão dos indivíduos da amostra dos grupos de
adultos com e sem queixas e/ou histórico: idade entre os 13 anos e os 40 anos, ausência de
alterações na Otoscopia, Timpanograma tipo A (pressão entre -100 e +100 deca Pascais),
Reflexos Acústicos Ipsi-laterais e Contra-laterais presentes, audição dentro dos parâmetros da
normalidade (limiares auditivos ≤ 20 dB HL nas frequências de 250, 500, 1000, 2000, 4000 e
8000 Hz), Audiograma Vocal com 50% discriminação entre os 0 e 20 dB HL, Otoemissões
Acústicas presentes, Potenciais Evocados Auditivos do Tronco Cerebral presentes e
reprodutíveis a 80 dB SPL.
A inclusão no grupo com queixas de dificuldades de percepção auditiva e/ou histórico de
patologias que podem ter afectado o SNC, denominado por grupo com queixas e/ou histórico
ao longo do trabalho, tinha também como critério a presença de respostas positivas a estes
factores no Questionário (Anexo 4). Enquanto o grupo de adultos sem queixas e/ou histórico
era caracterizado pela ausência dessas respostas.
O grupo de crianças teve com critérios de inclusão: idade compreendida entre 7 e 12 anos,
ausência de alterações na Otoscopia, Timpanograma tipo A, audição dentro dos parâmetros
da normalidade (limiares auditivos ≤ 20 dB HL nas frequências de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz),
Otoemissões Acústicas Presentes, Potenciais Evocados Auditivos do Tronco Cerebral presentes
e reprodutíveis a 80 dB SPL.
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
80 Cristina Nazaré | FEUP
6.2 Instrumentos Utilizados
A criação dos estímulos envolveu instrumentos como: PC TOSHIBA Satellite® M70 e Software
MATLABTM 7.0.
A aplicação dos testes foi efectuada nas cabines insonorizadas do Laboratório de Audiologia
da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra entre 1 de Julho e 6 de Agosto de
2009, com os equipamentos e materiais a seguir referidos: Questionários elaborados para o
estudo (Anexo 4), Otoscópio Heine - mini 2000, Impedanciómetro Interacoustics® - Impedance
Audiometer AT235, Impedanciómetro GSITM-38 Auto TYMP, Audiómetro MADSEN Electronics®-
Orbiter 922-2, Auscultadores TDH39, Cabo de interface, Microfone, Aparelho de Otoemissões
Acústicas Otodynamics® - Echoport OEA Screener ILO 288 USB com o Programa EZ Screen 2,
Equipamento de PEA SmartEP Intelligent Hearing Systems Corp®, CD com o Teste Padrão de
Frequência (Martins, 2008), PC TOSHIBA Satellite® M70, Espéculos, Olivas, Eléctrodos, Álcool
etílico, Compressas.
Para efectuar o tratamento estatístico dos dados foi utilizado o software SPSS versão 17.0.
6.3 Metodologia Utilizada na Recolha de Dados
Inicialmente os indivíduos e os responsáveis e/ou representantes legais das crianças foram
informados sobre o carácter voluntário e os objectivos da investigação, assim como o tipo, a
duração dos exames a realizar e todos os seus procedimentos. Foi também garantida a
confidencialidade dos dados adquiridos. Após a explicação, os que concordam como exposto
assinaram o termo de consentimento livre e informado (Anexo 2 e 3) e passou-se à fase
seguinte que englobou várias etapas e exames.
Primeiro realizou-se a Anamnese, com o preenchimento do Questionário em anexo (Anexo 4),
a partir do qual se seleccionou os indivíduos a avaliar.
De seguida realizou-se a Otoscopia, o Timpanograma e os Reflexos Estapédicos Ipsi-laterais e
Contra-laterias nas frequências de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz.
Análise dos Resultados
Cristina Nazaré | FEUP 81
No Audiograma Tonal Simples (ATS) pesquisou-se pelo método descendente e ascendente o
limiar auditivo de 5 em 5 dB HL, na via aérea, nas frequências de 125, 250 Hz, 500 Hz, 1000
Hz, 2000 Hz, 4000 Hz e 8000 Hz.
No Audiograma Vocal foram apresentadas listas de palavras dissilábicas distribuídas em
conjuntos de 10. Iniciou-se o teste 30 dB acima da média tonal de 500, 1000 e 2000 Hz obtida
no ATS e foi-se diminuindo a intensidade de 10 em 10 dB HL até o indivíduo não repetir
correctamente as palavras da lista.
Pesquisou-se a presença de Otoemissões Acústicas por Produtos de Distorção (DPOEA) nas
frequências de 842, 1001, 1184, 1416, 1685, 2002, 2380, 2832, 3369, 4004, 4761, 5652, 6726
e 7996 Hz com uma amplitude de 6 dB acima do nível do ruído de fundo. O estímulo
apresentou a frequência f1 à intensidade 65 dB e f2 a intensidade de 55 dB, e a relação f1/f2
de 1,22.
Foram realizados Potenciais Evocados Auditivos do Tronco Cerebral (PEATC) com o estímulo
click (som constituído por pulsos eléctricos rectangulares de 100 μs), à intensidade de
estímulo de 80 dB SPL, cadência de 21.1 ciclos/s, polaridade alterna e estimulação monoural.
Para a realização dos testes especiais de processamento auditivo o computador portátil foi
ligado, por um cabo de interface, da saída dos auscultadores a uma das entradas CD/Tape do
audiómetro (Figura 6.1). No painel deste equipamento foi seleccionada a opção speech,
escolheu-se a intensidade inicial, o teste e o canal e realizou-se uma calibração. Após a
explicação do objectivo do teste, colocaram-se no indivíduo os auscultadores que estão
ligados ao audiómetro. O teste (TPD ou TPD-VI) inicia com a execução no programa MATLABTM
dos comandos previamente criados (Capítulo 5).
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
82 Cristina Nazaré | FEUP
O TPD consiste em identificar a ordem de três sons consecutivos, do tipo tone bursts, de 1000
Hz consecutivos, em que um difere na duração longa ou curta em relação aos outros dois. A
duração do som curto (C) é de 250 ms e a do estímulo longo de 500 ms, cada um com 10 ms
de subida e descida e um intervalo inter-estímulo de 300 ms, como explicado no capítulo 5. O
teste tem seis sequências diferentes, LLC, LCL, LCC, CLC, CLL, CCL, sendo cada sequência
repetida cinco vezes para produzir trinta padrões no total. Após ouvir cada padrão o indivíduo
responde verbalmente à ordem dos sons pela qual a sequência de estímulos é constituída. A
estimulação foi monaural a 50 dB SL (acima da média dos limiares auditivos), sendo a escolha
do primeiro ouvido a testar completamente aleatória. O tempo de duração do TPD nos dois
ouvidos foi, em média, de 15 minutos.
O teste TPD-VI é semelhante ao TPD-VI. Esta versão foi criada com a finalidade de ser
aplicada a crianças e por isso possuí diferenças na duração dos estímulos e o no número de
repetições das sequências, de modo a ser mais adequado a esta população. Assim no TPD-VI o
estímulo curto tem 300 ms e o estímulo longo 600 ms (para uma menor dificuldade de
percepção) e as seis sequências do teste são repetidas quatro vezes de modo a originar vinte
e quatro padrões (com o objectivo de ser mais rápido que o anterior, logo menos cansativo).
Pelas características específicas desta população, em alguns casos só foi testado um ouvido. A
aplicação do TPD-VI nos dois ouvidos teve a uma duração média de 12 minutos.
Figura 6.1 – Representação esquemática da ligação dos equipamentos para a realização do TPD, TPD-VI e TPF.
Adaptado de: (GN Otometrics, 2002).
Cristina
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Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
84 Cristina Nazaré | FEUP
Sempre que se avaliou no mesmo indivíduo mais do que um teste de processamento auditivo
central, a ordem de realização do TPD, TPV-VI foi contra balanceada através dos sujeitos e os
ouvidos.
Os resultados dos testes são expressos em termos de percentagem de respostas correctas
(percentagem de padrões referidos correctamente) por ouvido.
6.4 Formulação das Questões de Investigação
Tendo em consideração os aspectos relacionados com avaliação do processamento auditivo
central referidos na literatura internacional e o desenvolvimento de testes temporais,
procurou-se com o trabalho responder às seguintes questões de investigação (as quais se
encontram mais detalhadas no capítulo 7 e no capítulo 8):
Questão 1 - A percentagem de respostas correctas do TPD difere dos valores do teste de
referência?
Questão 2 - Existem diferenças estaticamente significativas nos resultados do TPD, do TPD –
VI e do TPF entre o grupo de indivíduos adultos com e sem queixas e/ou
histórico?
Questão 3 - Existe relação entre o desempenho dos adultos no TPD e no TPD – VI?
Questão 4 - Existe correlação entre o TPD e o TPF?
Questão 5 - A idade influencia o desempenho dos indivíduos no TPD - VI?
Questão 6 - Existem diferenças entre os resultados obtidos nos dois ouvidos no TPD e no TPD-
VI?
Questão 7 - Existem diferenças estatisticamente significativas nos resultados do TPD e do
TPD-VI entre os indivíduos adultos com e sem prática musical?
Análise dos Resultados
Cristina Nazaré | FEUP 85
6.5 Características Gerais da Amostra
A amostra é composta por 41 elementos, 33 (80,5%) do género feminino e 8 (19,5%) do género
masculino, com idades compreendidas entre os 7 e os 37 anos sendo a média de 20,12 anos.
Os 41 indivíduos foram divididos em três grupos, como mostra a representação do Gráfico 6.1.
O grupo de adultos sem queixas e/ou histórico tem 19 elementos, constituindo 46,3% da
amostra, o grupo de adultos com queixas e/ou histórico é composto 12 indivíduos,
representando 29,3% da amostra e o último grupo é constituído por 10 crianças, 24,4% da
amostra.
O Gráfico 6.2 mostra a distribuição dos géneros pelos respectivos grupos da amostra. Dos 19
indivíduos do grupo de adultos sem queixas e/ou histórico, 17 fazem parte do sexo feminino
(89,5%) e 2 do sexo masculino (10,5%). O grupo de adultos com queixas e/ou histórico possuí
11 elementos do género feminino (91,7%) e 1 do género masculino (8,3%). O grupo das
crianças apresenta 5 sujeitos do género feminino (50%) e 5 do género masculino (50%).
Gráfico 6.1 – Distribuição dos grupos da amostra.
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
86 Cristina Nazaré | FEUP
Os gráficos seguintes (o Gráfico 6.3, o Gráfico 6.5 e o Gráfico 6.4) mostram a distribuição da
variável idade pelos grupos da amostra. O Gráfico 6.3 refere-se ao grupo de adultos sem
queixas e/ou histórico (grupo controlo). Os 19 elementos deste grupo apresentam idades
compreendidas entre 19 e 28 anos sendo a média de idades de 22,68 anos.
Gráfico 6.2 – Distribuição do género (Feminino, Masculino) nos grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico e
do grupo de crianças.
Gráfico 6.3 - Distribuição da variável Idade no grupo de adultos sem queixas e/ou histórico (grupo controlo).
Análise dos Resultados
Cristina Nazaré | FEUP 87
O Gráfico 6.3 diz respeito ao grupo de adultos com queixas e/ou histórico. Os 12 indivíduos
que o compõem possuem idades entre 19 e 37 anos sendo a média de idades de 25,25 anos.
Gráfico 6.4 – Distribuição da idade em faixas etárias no grupo de crianças.
Gráfico 6.5 - Distribuição da variável Idade no grupo de adultos com queixas e/ou histórico.
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
88 Cristina Nazaré | FEUP
No Gráfico 6.4 verifica-se que os 10 elementos do grupo das crianças estão distribuídos por
seis faixas etárias compreendidas entre os 7 anos e os 12 anos e 11 meses. A faixa etária dos 8
anos aos 8 anos e 11 meses é a que apresenta maior número de crianças, com 4 sujeitos
(40%).
O Gráfico 6.6 e o Gráfico 6.7 mostram quais foram os testes realizados pelos indivíduos da
amostra, sendo que alguns elementos realizaram mais que um teste. Dos três testes de
processamento auditivo temporal avaliados, 22 indivíduos efectuaram o TPD, 31 o TPD-VI, e
17 realizaram o TPF. No total foram realizados 67 testes de processamento auditivo temporal
em ouvidos direitos e 67 testes em ouvidos esquerdos, mais 3 testes em 3 elementos do grupo
das crianças, nas quais apenas se avaliou um ouvido.
Dos testes de processamento auditivo central as 10 crianças só realizaram o TPD-VI e nos
indivíduos adultos, 9 efectuaram só o TPF, 14 foram avaliados com o TPD e TPD-VI e 1 com o
TPD e TPF, e 7 sujeitos foram examinados com os três testes, ou seja, no TPD, no TPD-VI e no
TPF.
Gráfico 6.6 – Representação gráfica dos testes efectuados na amostra.
Análise dos Resultados
Cristina Nazaré | FEUP 89
Dos 22 indivíduos que realizaram o TPD, 12 faziam parte do grupo controlo (grupo sem
queixas e ou histórico) e 10 do grupo de adultos com queixas e/ou histórico. Em relação aos
31 indivíduos que efectuaram o TPD-VI, 11 estavam incluídos no grupo controlo, 10 no grupo
com queixas e/ou histórico e 10 no grupo das crianças. 17 sujeitos foram avaliados com o
TPF, sendo 12 do grupo controlo e 5 do grupo sem queixas e/ou histórico.
Os 12 indivíduos do grupo dos adultos com queixas e/ou histórico apresentam dificuldades:
em manter a atenção auditiva, 8 indivíduos (66,7%); menorizar a informação auditiva, 4
(33,3%); perceber em condições de ruído 7 indivíduos (58,3%); localizar a fonte sonora, 3
indivíduos (25%). 5 elementos (41,7%) referiram possuir histórico de perda auditiva devida a
otite média, 2 elementos (16,7%) histórico de depressão e 1 elemento (0,8%) possuía
histórico de epilepsia. Alguns indivíduos apresentam mais do que um factor.
Gráfico 6.7 – Testes de processamento auditivo temporal realizados no universo amostral. Distribuição dos grupos
pelos diferentes testes.
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
90 Cristina Nazaré | FEUP
A amostra é composta por 14 indivíduos com prática musical (34,1%) e 27 sem prática musical
(65,9%). O Gráfico 6.8 mostra a distribuição da prática musical nos diferentes grupos.
Seguidamente é apresentada a distribuição da variável prática musical pelos testes realizados
pela amostra. Dos indivíduos que realizaram o TPD, 9 (40,9%) tinham prática musical e 13
(59,1%) não. Dos que fizeram o TPD-VI, 13 (41,9%) apresentavam prática musical, 18 (58,1%)
não. Destes, 21 eram adultos; 9 com prática musical e 12 sem prática musical. Dos 17 sujeitos
examinados no TPF, apenas 3 (17,6%) tinham prática musical.
Em relação a outras características como a dominância manual, o universo amostral é
constituído por 38 indivíduos (92,7%) destros e 3 (7,3%) canhotos. A língua materna
predominante é a portuguesa em 40 elementos (97,6%). A maioria dos participantes é
estudante, 30 indivíduos (73,1%) incluindo crianças e adultos. Todos os 20 estudantes adultos
(48,8) frequentam o ensino superior. Dos restantes indivíduos adultos, 9 possuem licenciatura
(22%) e 2 o 12º ano (4,9%).
Gráfico 6.8 - Distribuição da variável prática musical nos grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico e no grupo
de crianças.
7 Análise dos Resultados
Análise dos Resultados
Cristina Nazaré | FEUP 93
7.1 Resultados
Neste capítulo está descrita a análise estatística dos resultados com base nas questões de
investigação referidas anteriormente e agora expostas pela mesma ordem. Os dados dizem
respeito principalmente à percentagem de respostas correctas (%RC) dos indivíduos da
amostra nos vários testes de processamento auditivo central (Teste Padrão de Duração – TPD;
Teste Padrão de Duração – Versão Infantil - TPD-VI; Teste Padrão de Frequência - TPF).
Questão 1 - A percentagem de respostas correctas do TPD difere dos valores do teste de referência?
Hipóteses:
H0: A percentagem de respostas correctas do TPD não difere dos valores do teste de
referência.
H1: A percentagem de respostas correctas do TPD difere dos valores do teste de referência.
Neste estudo a média da percentagem de respostas correctas no TPD (Tabela 7.1) do ouvido
direito dos elementos do grupo controlo foi de 95%, sendo de 83,3% no teste referência
(Duration Pattern Test - DPT) de Musiek et al. (1990) com uma amostra de 50 normo-ouvintes
adultos sem histórico de patologias otológicas e neurológicas. Em relação ao ouvido esquerdo
obteve-se uma média de percentagem de respostas correctas de 94,45% e Musiek et al. (1990)
no DPT obteve 88,7%.
Tabela 7.1 – Estatística descritiva da percentagem de respostas correctas (% RC) no ouvido direito (OD) e esquerdo
(OE) do grupo controlo no Teste Padrão de Duração (TPD).
Grupo sem queixas e/ou histórico (grupo controlo)
N Média Desvio Padrão
% RC TPD OD 12 95,002 4,381
% RC TPD OE 12 94,445 7,154
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
94 Cristina Nazaré | FEUP
Pela Tabela 7.2 verifica-se que o nível de significância nos dois casos é inferior a 5%, pelo que
se deve rejeitar a hipótese H0 que diz que a diferença na média é 0, ou seja, a percentagem
de respostas correctas do TPD difere dos valores do DPT de referência, sendo o desempenho
dos indivíduos superior no teste TPD. Este facto pode estar relacionado com o diferente
idioma dos indivíduos das duas amostras como é discutido no capítulo 8.
Questão 2 - Existem diferenças estaticamente significativas nos resultados do TPD, do TPD – VI e do TPF entre o grupo de indivíduos adultos com e sem queixas e/ou histórico?
Cada teste de processamento auditivo temporal (TPD; TPD-VI; TPF) foi analisado
separadamente e por ouvido (Ouvido Direito - OD; Ouvido Esquerdo - OE) e por grupos (grupo
de adultos sem queixa e/ou histórico – grupo controlo; grupo de adultos com queixas
e/histórico).
Hipóteses:
H0: Não existem diferenças estatisticamente significativas nos resultados do TPD, do TPD-VI e
do TPF entre o grupo de adultos com e sem queixas e/ou histórico.
H1: Existem diferenças estatisticamente significativas nos resultados do TPD, do TPD-VI e do
TPF entre o grupo de adultos com e sem queixas e/ou histórico.
Tabela 7.2 – Teste t-Student para uma amostra - Comparação de médias da percentagem de respostas correctas
(%RC) do ouvido direito (OD) e esquerdo (OE) no Teste Padrão de Duração (TPD) com os valores obtidos no Duration
Pattern Test (DPT) por Musiek et al. (1990).
Valor de Teste (DPT) = 88.3 Grupo sem queixas e/ou histórico (grupo controlo)
t Graus de liberdade
Significância (2-tailed)
Diferença na Média
Intervalo de Confiança da Diferença de 95%
Inferior Superior
% RC TPD OD 5,300 11 0,000 6,702 3,918 9,485
Valor de Teste (DPT) = 88.7
% RC TPD OE 2,78 11 0,020 5,745 1,199 10,291
Análise dos Resultados
Cristina Nazaré | FEUP 95
Teste Padrão de Duração (TPD)
Através da Tabela 7.3 pode verificar-se que no Teste Padrão de Duração o grupo sem queixas
e/ou histórico, constituído por 12 elementos, N, apresentou no ouvido direito uma
percentagem média de respostas correctas de 95%, sendo o mínimo de 86,67% e o máximo de
100%. No ouvido esquerdo a média foi de 94,45%, o mínimo de 80% e o máximo de 100%.
O grupo de 10 adultos com queixas e/ou histórico evidenciou no TPD uma percentagem média
de 87,33% e 89,67% no ouvido direito e esquerdo respectivamente e um mínimo de 70% e um
máximo de 100% em ambos os ouvidos.
Tabela 7.3 – Estatística descritiva da percentagem de respostas correctas (%RC) no Teste Padrão de Duração (TPD)
do ouvido direito (OD) e esquerdo (OE) nos grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico.
Grupo de adultos
% Respostas Correctas (RC)
N Mínimo Máximo Média Desvio Padrão
Grupo sem queixas e/ou histórico
% RC TPD OD 12 86,670 100,000 95,002 4,381
% RC TPD OE 12 80,000 100,000 94,445 7,154
Grupo com queixas e/ou histórico
% RC TPD OD 10 70,000 100,000 87,333 10,281
% RC TPD OE 10 70,000 100,000 89,666 10,937
Gráfico 7.1 – Gráfico de caixa representativo da percentagem de respostas correctas (% RC) do Teste Padrão de
Duração (TPD) no ouvido direito (OD) e no esquerdo (OE) nos grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico.
Nota: As caixas compreendem 50% dos valores (entre o 1º e 3º quartil). A linha dentro da caixa representa a mediana; os círculos
representam outliers (valores situados a uma distância das extremidades de 1,5 a 3 vezes a amplitude do intervalo inter-
quartílico).
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
96 Cristina Nazaré | FEUP
O Gráfico 7.1 ajuda a perceber essa distribuição verificando-se no grupo de adultos com
queixas e/ou histórico, uma média da percentagem de respostas correctas menor e um maior
desvio-padrão em relação ao outro grupo.
Tendo-se verificado pelo teste de Kolmogorov-Smirnov que a distribuição dos valores a
comparar difere significativamente da distribuição normal (p=0,002) em algumas variáveis,
utilizou-se o teste U de Man-Whitney para amostras independentes para avaliar a hipótese de
uma diferença significativa associada aos grupos.
Observando o valor de significância no ouvido direito (p=0,080) e no ouvido esquerdo
(p=0,392), valores superiores a 0,05, levam a rejeitar a hipótese H1 e a concluir que não
existem diferenças estatisticamente significativas no TPD entre o grupo de adultos com e sem
queixas e/ou histórico, apesar do decréscimo de percentagem de respostas correctas
observadas no grupo com queixas nos dois ouvidos em relação ao grupo sem queixas e/ou
histórico.
Teste Padrão de Duração – Versão Infantil (TPD-VI)
Tabela 7.4 – Teste U de Mann-Whitney da percentagem de respostas correctas (% RC) no Teste Padrão de Duração
(TPD) no ouvido direito (OD) e no ouvido esquerdo (OE) nos grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico.
Grupos de adultos com e sem queixas e ou/histórico
% RC TPD OD % RC TPD OE Mann-Whitney U 34,000 47,500
Z -1,751 -0,856
Asymp. Sig. (2-tailed) 0,080 0,392
Tabela 7.5 - Estatística descritiva da percentagem de respostas correctas (%RC) no Teste Padrão de Duração – Versão
Infantil (TPD-VI) nos grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico.
Grupo de adultos
Respostas Correctas (RC)
N Mínimo Máximo Média Desvio Padrão
Grupo sem queixas e/ou histórico
% RC TPD-VI OD 11 79,170 100,000 95,454 6,024
% RC TPD-VI OE 11 79,170 100,000 94,696 6,478
Grupo com queixas e/ou histórico
% RC TPD-VI OD 10 79,170 100,000 94,166 7,401
% RC TPD-VI OE 10 83,330 100,000 92,915 5,215
Análise dos Resultados
Cristina Nazaré | FEUP 97
No Teste Padrão de Duração – Versão infantil verifica-se que o grupo de 11 indivíduos sem
queixas e/ou histórico evidenciou no ouvido direito uma percentagem média de respostas
correctas de 95,45% e no ouvido esquerdo de 94,70%, sendo o mínimo e o máximo de ambos
79,17% e 100% respectivamente.
Os 10 indivíduos adultos do grupo com queixas e/ou histórico obtiveram uma percentagem
média de respostas correctas de 94,17% no ouvido direito sendo o mínimo e máximo iguais ao
grupo anterior. No esquerdo a média foi de 92,92%, oscilando a percentagem de respostas
correctas entre um mínimo de 83,33% e um máximo de 100%. No grupo com queixas e/ou
histórico observa-se uma média de percentagem de respostas correctas ligeiramente inferior
à do grupo sem queixas e/ou histórico.
O Gráfico 7.2 apresenta a distribuição da média da percentagem de respostas correctas
obtidas no teste TPD-VI, no grupo de adultos com e sem queixas e/ou histórico.
Gráfico 7.2 - Gráfico de caixa representativo da percentagem de respostas correctas (%RC) do Teste Padrão de
Duração – Versão Infantil (TPD-VI) no ouvido direito (OD) e no ouvido esquerdo (OE) nos grupos de adultos com e
sem queixas e/ou histórico.
Nota: As caixas compreendem 50% dos valores (entre o 1º e 3º quartil). A linha dentro da caixa representa a mediana; os círculos
representam outliers (valores situados a uma distância das extremidades de 1,5 a 3 vezes a amplitude do intervalo inter-quartílico);
os asteriscos indicam os valores extremos (valores a mais de 3 comprimentos da extremidade da caixa).
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
98 Cristina Nazaré | FEUP
Tendo-se verificado pelo teste de Kolmogorov-Smirnov um afastamento significativo à
normalidade da distribuição de algumas das variáveis dependentes a comparar (p=0,001),
utilizou-se o teste U de Mann-Whitney.
A significância observada no teste é de 0,852 no ouvido direito e 0,283 no esquerdo, logo
rejeita-se a hipótese H1, e considera-se que não existem diferenças estatisticamente
significativas entre os grupos com e sem queixas e/ou histórico para ambos ouvidos no TPD-
VI.
Teste Padrão de Frequência (TPF)
O grupo de indivíduos sem queixas e/ou histórico que realizou o Teste Padrão de Frequência
obteve uma percentagem média de respostas correctas de 89,45% no ouvido direito e no
ouvido esquerdo de 87,79% obtendo-se para ambos o mínimo de 70% e o máximo de 100%.
Pela análise da Tabela 7.7 e do Gráfico 7.3 pode observar-se que o grupo com queixas e/ou
histórico obtive para os dois ouvidos uma percentagem média de respostas correctas inferior
às verificadas para o grupo anterior. A média no ouvido direito foi 77,33%, o mínimo de
46,67% e o máximo de 93,33%. No ouvido esquerdo a média foi de 76%, um mínimo de 36,67%
e um máximo de 96,70%.
Tabela 7.6 – Teste Mann-Whitney U da percentagem de respostas correctas (% RC) no Teste Padrão de Duração –
Versão Infantil (TPD-VI) no ouvido direito (OD) e no ouvido esquerdo (OE) nos grupos de adultos com e sem
queixas e/ou histórico.
Grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico
% RC TPD-VI OD % RC TPD-VI OE Mann-Whitney U 52,500 40,500
Z -0,187 -1,073
Asymp. Sig. (2-tailed) 0,852 0,283
Tabela 7.7 - Estatística descritiva da percentagem de respostas correctas (%RC) no Teste Padrão de Frequência
(TPF) nos grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico.
Grupo de adultos
Respostas Correctas (RC)
N Mínimo Máximo Média Desvio Padrão
Grupo sem queixas e/ou histórico
% RC TPF OD 12 70,000 100,000 89,445 8,267
% RC TPF OE 12 70,000 100,000 87,779 8,329
Grupo com queixas e/ou histórico
% RC TPF OD 5 46,670 93,330 77,332 19,633
% RC TPF OE 5 36,670 96,670 76,002 23,142
Análise dos Resultados
Cristina Nazaré | FEUP 99
No ouvido direito o valor de significância é de 0,199 e no esquerdo de 0,220, valores
superiores a 0,05, o que leva à rejeição da hipótese H1, concluindo-se que as diferenças
encontradas na média das respostas do ouvido direito e esquerdo não são estatisticamente
significativas entre os dois grupos, apesar de se constatar que o grupo com queixas e/ou
histórico apresenta uma percentagem de respostas correctas inferior em ao grupo sem
queixas e/ou histórico em cerca de 12% em ambos os ouvidos.
Gráfico 7.3 - Gráfico representativo da percentagem de respostas correctas (% RC) do Teste Padrão de Frequência
(TPF) no ouvido direito (OD) e no esquerdo (OE) nos grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico.
Nota: As caixas compreendem 50% dos valores (entre o 1º e 3º quartil). A linha dentro da caixa representa a mediana; os círculos
representam outliers (valores situados a uma distância das extremidades de 1,5 a 3 vezes a amplitude do intervalo inter-
quartílico); os asteriscos indicam os valores extremos (valores a mais de 3 comprimentos da extremidade da caixa).
Tabela 7.8 – Teste U de Mann-Whitney da percentagem de respostas correctas (% RC) no Teste Padrão de
Frequência (TPF) no ouvido direito (OD) e no ouvido esquerdo (OE) nos grupos de adultos com e sem queixas
e/ou histórico.
Grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico
% RC TPF OD % RC TPF OE Mann-Whitney U 18,000 18,500
Z -1,283 -1,227
Asymp. Sig. (2-tailed) 0,199 0,220
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
100 Cristina Nazaré | FEUP
Questão 3 - Existe relação entre o desempenho dos adultos no TPD e no TPD – VI?
Hipóteses:
H0: Não existe relação entre o desempenho dos adultos no TPD e no TPD-VI.
H1: Existe relação entre o desempenho dos adultos no TPD e no TPD-VI.
Aplicando o teste de correlação de Spearman verifica-se que correlação entre as
percentagens de respostas correctas (agregadas através dos ouvidos) do TPD e do TPD-VI nos
grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico é significativa ao nível α=0,001. É uma
correlação positiva, o que indica que uma maior percentagem de respostas correctas no TPD
está associada a uma maior percentagem de respostas no TPD-VI. Deste modo, rejeita-se a H0
e pode-se concluir que existe relação entre o desempenho dos adultos no TPD e no TPD-VI.
O Gráfico 7.4 representa a percentagem de respostas correctas dos adultos no TPD e no TPD-
VI. Estes resultados, combinados com a inspecção do gráfico, revelam que, apesar da
correlação significativa entre os dois testes, a diferenciação entre os dois grupos de sujeitos
adultos é mais clara no TPD. As linhas do Gráfico 7.4 ilustram as diferenças entre os dois
grupos em cada teste, revelando um decréscimo mais acentuado da percentagem de
respostas correctas do grupo com queixas e/ou histórico no TPD.
Tabela 7.9 – Correlação não paramétrica entre a percentagem de respostas correctas (% RC) no Teste Padrão de
Duração (TPD) e no Teste Padrão de Duração Versão Infantil (TPD-VI) nos grupos de adultos.
% RC TPC-VI Spearman's rho % RC TPD Coeficiente de Correlação 0,672*
Significância (2-tailed) 0,001
N 21
*. Correlação significativa a 0.01 (2-tailed).
Análise dos Resultados
Cristina Nazaré | FEUP 101
Questão 4 - Existe correlação entre o TPD e o TPF?
Hipóteses:
H0: Não existe correlação entre o TPD e o TPF.
H1: Existe correlação entre o TPD e o TPF.
Após a aplicação do teste de correlação de Spearman entre as percentagens de respostas
correctas (agregadas em ouvidos) do TPD e do TPF constata-se que a correlação não é
significativa (ρ = 0,117) entre o TPD e o TPF, verificando-se a hipótese H0 e rejeitando-se a
hipótese H1 que diz que existe correlação.
Gráfico 7.4 – Gráfico representativo da percentagem de respostas correctas (% RC) do Teste Padrão de Duração
(TPD) e do Teste Padrão de Duração – Versão Infantil (TPD-VI) nos grupos de adultos com e sem queixas e/ou
histórico.
Tabela 7.10 - Correlação não paramétrica entre a percentagem de respostas correctas (% RC) no Teste Padrão de
Duração (TPD) e no Teste Padrão de Frequência (TPF) no grupo de adultos.
% RC TPF Spearman's rho % RC TPD Coeficiente de Correlação 0,599
Significância (2-tailed) 0,117 N 8
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
102 Cristina Nazaré | FEUP
O Gráfico 7.5 representa a percentagem média de respostas correctas do TPD e do TPF nos
grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico. As linhas ilustram as diferenças entre os
dois grupos em cada teste, documentando em particular o decréscimo da percentagem de
respostas correctas do grupo com queixas e/ou histórico no TPF.
Questão 5 - A idade influencia o desempenho dos indivíduos no TPD - VI?
Hipóteses:
H0: A idade não influencia o desempenho dos indivíduos no TPD-VI.
H1: A idade influencia o desempenho dos indivíduos no TPD-VI.
O primeiro passo foi verificar o desempenho dos adultos no TPD-VI e compará-lo com o
desempenho da população infantil. Os resultados encontrados (Tabela 7.11) no TPD-VI no
grupo de crianças dos 7 aos 12 anos mostram uma média de percentagens de respostas
correctas de 73,15% no ouvido direito e 70,83% no esquerdo, enquanto a média dos adultos do
grupo controlo é de 95,45% e 94,69% para o ouvido direito e esquerdo respectivamente.
Gráfico 7.5 – Gráfico representativo da média da percentagem de respostas correctas (% RC) do Teste Padrão de
Duração (TPD) e do Teste Padrão de Frequência (TPF) nos grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico.
Análise dos Resultados
Cristina Nazaré | FEUP 103
Tendo-se verificado pelo teste de Kolmogorov-Smirnov um afastamento significativo à
normalidade da distribuição de algumas das variáveis dependentes a comparar, utilizou-se o
teste U de Mann-Whitney (Tabela 7.12), o qual comprovou a existência de diferenças
estatisticamente significativas entre os resultados obtidos pelo grupo de adultos e pelo de
crianças no TPD-VI. O nível de significância observado foi de 0,016 no ouvido direito e 0,034
no ouvido esquerdo (ambos inferiores a 0,05) o que permite rejeitar a hipótese H0, para um
nível de confiança de 95% e deste modo concluí-se que a idade influencia o desempenho dos
indivíduos no TPD-VI.
Após a obtenção destes resultados considerou-se relevante verificar a influência da idade
principalmente no grupo das crianças em várias faixas etárias.
A Tabela 7.13 mostra os resultados das crianças e dos adultos no TPD-VI de acordo com idade
em faixas etárias. Estes resultados podem ser igualmente visualizados no Gráfico 7.6 para os
ouvidos direito e esquerdo, respectivamente. Verifica-se que o desempenho obtido pelas
crianças melhora à medida que a idade aumenta dos 7 aos 10 anos. A partir dos 10 anos, os
resultados obtidos pelas crianças aproximam-se dos alcançados pelos adultos.
Tabela 7.11 - Estatística descritiva da percentagem de respostas correctas (%RC) no Teste Padrão de Duração –
Versão Infantil (TPD-VI) no grupo de adultos sem queixas e/ou histórico (grupo controlo) e no grupo de crianças.
N Média Desvio Padrão
Mínimo Máximo
Grupo de adultos sem queixas e/ou histórico
% RC TPD-VI OD 11 95,454 6,024 79,170 100,000
% RD TPD-VI OE 11 94,696 6,478 79,170 100,000
Grupo de Crianças % RC TPD-VI OD 9 73,149 31,187 16,670 100,000
% RC TPD-VI OE 7 70,834 33,332 16,670 100,000
Tabela 7.12 – Teste U de Mann-Whitney da percentagem de respostas correctas (%RC) no ouvido direito (OD) e no
ouvido esquerdo (OE) no grupo controlo de adultos e no grupo de crianças
Teste Padrão de Duração – Versão Infantil (TPD-VI)
% RC TPD-VI OD % RC TPD-VI OE Mann-Whitney U 18,500 15,500 Z -2,409 -2,122 Asymp. Sig. (2-tailed) 0,016 0,034
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
104 Cristina Nazaré | FEUP
Tabela 7.13 - Estatística descritiva da percentagem de respostas correctas (% RC) no Teste Padrão de Duração –
Versão Infantil (TPD-VI) no ouvido direito (OD) e no ouvido esquerdo (OE), no grupo de crianças e no grupo controlo
de adultos para a variável idade (em faixas etárias).
% RC Idade (Faixas etárias) N Média Desvio Padrão Mínimo Máximo % RC TPD-VI OD 7-7 Anos e 11 Meses 0 -------- -------- -------- --------
8-8 Anos e 11 Meses 4 53,125 37,479 16,670 87,500
9-9 Anos e 11 Meses 1 66,670 -------- 66,670 66,670
10-10 Anos e 11 Meses 2 95,835 5,890 91,670 100,000
11-11 Anos e 11 Meses 1 95,830 -------- 95,830 95,830
12-12 Anos e 11 Meses 1 91,670 -------- 91,670 91,670
20 - 27 Anos 11 95,454 6,024 79,170 100,00
% RC TPD-VI OE 7-7 Anos e 11 Meses 1 29,170 -------- 29,170 29,170
8-8 Anos e 11 Meses 2 50,000 47,136 16,670 83,330
9-9 Anos e 11 Meses 0 -------- -------- -------- --------
10-10 Anos e 11 Meses 2 95,835 5,890 91,670 100,000
11-11 Anos e 11 Meses 1 87,500 -------- 87,500 87,500
12-12 Anos e 11 Meses 1 87,500 -------- 87,500 87,500
20-27 Anos 11 94,696 6,478 79,170 100,00
Gráfico 7.6 – Gráfico da percentagem de respostas correctas (% RC) do TPD-VI no ouvido direito (OD) e no ouvido
esquerdo (OD) no grupo de crianças e no controlo de adultos segundo a idade (em faixas etárias).
Análise dos Resultados
Cristina Nazaré | FEUP 105
Dadas as diferenças nos resultados das crianças com idades inferiores a 10 anos em relação às
restantes e ao desvio-padrão nas respostas das crianças dos 8 aos 8 anos e 11 meses, tentou
observar-se o desempenho das crianças no TPD-VI de acordo com a sua idade em meses. Os
valores médios podem ser visualizados na Tabela 7.14 e encontram-se igualmente
representados no Gráfico 7.7. onde de observa que nas crianças, uma diferença de poucos
meses de idade (como é o caso dos 99 para os 103 meses no ouvido direito) pode ser
relevante para o desempenho que estas atingirão no TPD-V. Verifica-se também, que aos 126
meses de idade conseguem atingir uma percentagem de respostas correctas máxima (100%).
Tabela 7.14 – Média da percentagem de respostas correctas (% RC) no Teste Padrão de Duração – Versão Infantil (TPD-
VI) no ouvido direito (OD) e no ouvido esquerdo (OE) de acordo com a idade das crianças (em meses).
Média Idade (Meses) % RC TPD-VI OD % RC TPD-VI OE 90 -------- 29,170
99 25,000 16,670
101 16,670 --------
103 87,500 --------
106 83,330 83,330
115 66,670 --------
126 100,000 100,000
131 91,670 91,670
140 95,830 87,500
146 91,670 87,500
Gráfico 7.7 - Gráfico da percentagem de respostas correctas (% RC) do Teste Padrão de Duração – Versão Infantil
TPD-VI no ouvido direito (OD) e no ouvido esquerdo (OD) no grupo de crianças segundo a idade (em meses).
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
106 Cristina Nazaré | FEUP
Questão 6 - Existem diferenças entre os resultados obtidos nos dois ouvidos no TPD e no TPD-VI?
Hipóteses:
H0: Não existem diferenças entre os resultados obtidos nos dois ouvidos.
H1: Existem diferenças nos resultados obtidos nos dois ouvidos.
Pelo teste de Kolmogorov-Smirnov verificou-se que a distribuição dos valores em comparação
difere significativamente da distribuição normal, pelo que se utilizou o teste de Wilcoxon
para amostras emparelhadas para avaliar a hipótese de uma diferença significativa entre os
dois ouvidos.
O teste de Wilcoxon revelou a inexistência de diferenças entre os dois ouvidos em ambos os
testes e nos vários grupos (Sig Z ≥ 0,102). A análise estatística conduz assim à rejeição a
hipótese H1, verificando-se que não existem diferenças entre os resultados obtidos nos dois
ouvidos.
Questão 7 - Existem diferenças estatisticamente significativas nos resultados do TPD e do TPD-VI entre os indivíduos adultos com e sem prática musical?
Hipóteses:
H0: Não existem diferenças estatisticamente significativas nos resultados do TPD e do TPD-VI
entre os indivíduos adultos com e sem prática musical.
H1: Existem diferenças estatisticamente significativas nos resultados do TPD e do TPD-VI entre
os indivíduos adultos com e sem prática musical.
Tabela 7.15 – Teste de Wilcoxon para amostras emparelhadas entre a percentagem de respostas correctas (%RC) do
ouvido direito (OD) e do ouvido esquerdo (OE) no Teste Padrão Duração (TPD) e no Teste Padrão de Duração -
Versão Infantil (TPD-VI) nos grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico e no grupo de crianças.
%RC Z Asymp. Sig. (2-tailed) Grupo sem queixas e/ou histórico
TPD OE - TPD OD -0,106 0,916
TPD-VI OE - TPD-VI OD -0,271 0,786
Grupo com queixas e/ou histórico
TPD OE - TPD OD -0,762 0,446
TPD-VI OE - TPD-VI OD -0,513 0,608
Grupo de crianças TPD-VI OE - TPD-VI OD -1,633 0,102
Análise dos Resultados
Cristina Nazaré | FEUP 107
Após a análise da estatística apresentada na Tabela 7.16 e a observação do Gráfico 7.8 e do
Gráfico 7.9 verifica-se que nos dois testes, TPD e TPD-VI, e nos dois ouvidos existem
diferenças entre os indivíduos adultos com e sem prática musical, mostrando os indivíduos
com prática musical um desempenho superior nos testes.
Tabela 7.16 - Estatística descritiva da percentagem de respostas correctas (% RC) no Teste Padrão de Duração
(TPD) e no Teste Padrão de Duração - Versão Infantil (TPD-VI) segundo a variável prática musical nos indivíduos
adultos.
Respostas Correctas Prática Musical N Média Desvio Padrão Mínimo Máximo % RC TPD OD Não 13 88,975 9,467 70,000 100,000
Sim 9 95,186 5,033 83,330 100,000
Total 22 91,516 8,404 70,000 100,000
%RC TPD OE Não 13 89,487 10,350 70,000 100,000
Sim 9 96,297 5,388 83,330 100,000
Total 22 92,273 9,166 70,000 100,000
% RC TPD-VI OD Não 12 93,749 6,527 79,170 100,000
Sim 9 96,296 6,732 79,170 100,000
Total 21 94,840 6,575 79,170 100,000
% RC TPD-VI OE Não 12 91,318 5,744 79,170 95,830
Sim 9 97,221 4,167 87,500 100,000
Total 21 93,848 5,835 79,170 100,000
Gráfico 7.8 - Gráfico de caixas representativo da percentagem de respostas correctas (% RC) do Teste Padrão de
Duração (TPD) no ouvido direito (OD) e no ouvido esquerdo (OE) nos adultos para a variável prática musical.
Nota: As caixas compreendem 50% dos valores (entre o 1º e 3º quartil). A linha dentro da caixa representa a mediana; os círculos
representam outliers (valores situados a uma distância das extremidades de 1,5 a 3 vezes a amplitude do intervalo inter-quartílico);
os asteriscos indicam os valores extremos (valores a mais de 3 comprimentos da extremidade da caixa).
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
108 Cristina Nazaré | FEUP
Pelo facto de se ter verificado pelo teste de Kolmogorov-Smirnov que a distribuição dos
valores em comparação difere significativamente da distribuição normal em algumas variáveis
(p≤0,037), utilizou-se o teste U Mann-Whitney para amostras independentes de forma a
avaliar a hipótese de uma diferença significativa associada à prática musical.
Gráfico 7.9 - Gráfico de caixas da percentagem de respostas correctas (% RC) do TPD-VI no ouvido direito (OD) e no
ouvido esquerdo (OE) nos adultos para a variável prática musical.
Nota: As caixas compreendem 50% dos valores (entre o 1º e 3º quartil). A linha dentro da caixa representa a mediana; os círculos
representam outliers (valores situados a uma distância das extremidades de 1,5 a 3 vezes a amplitude do intervalo inter-quartílico);
os asteriscos indicam os valores extremos (valores a mais de 3 comprimentos da extremidade da caixa).
Tabela 7.17 – Teste U de Mann-Whitney da percentagem de respostas correctas (% RC) do Teste Padrão de
Duração (TPD) e do Teste Padrão de Duração – Versão Infantil (TPD-VI) no ouvido direito (OD) e no ouvido esquerdo
(OE) nos adultos com e sem prática musical.
Prática musical
Mann-Whitney U Z Asymp. Sig. (2-tailed) % RC TPD OD 36,500 -1,500 0,134
% RC TPD OE 39,500 -1,318 0,188
% RC TPD-VI OD 35,500 -1,394 0,163
% RC TPD-VI OE 18,000 -2,688 0,007
Análise dos Resultados
Cristina Nazaré | FEUP 109
A análise dos dados do teste U de Mann-Whitney indica que existem diferenças
estatisticamente significativas (p=0,007) entre os indivíduos com e sem prática musical no
TPD-VI no ouvido esquerdo. Embora existam diferenças nos resultados em todos os testes
entre os indivíduos adultos com e sem prática musical estas apenas são estatisticamente
significativas para o TPD-VI no ouvido esquerdo. Estes resultados conduzem à rejeição da H0,
apenas para este caso, hipótese que diz que não existem estatisticamente significativas nos
resultados do TPD e do TPD-VI entre os indivíduos adultos com e sem prática musical.
8 Discussão dos Resultados
Discussão dos Resultados
Cristina Nazaré | FEUP 113
O trabalho teve como finalidade o estudo e a adaptação/criação de dois testes de
processamento auditivo temporal, o teste Padrão de Duração (TPD) e o Teste Padrão de
Duração – Versão Infantil (TPD–VI) (uma versão do TPD com o objectivo de ser mais adequada
a esta população), o que foi possível através da criação em MATLABTM de rotinas que
permitissem a produção de sequências estímulos acústicos. Com o estudo pretendeu-se ainda
avaliar o desempenho de um grupo de crianças dos 7 aos 12 anos no TPD-VI, e de dois grupos
de adultos (um com e outro sem queixas de dificuldades de percepção auditiva e/ou histórico
de patologias que podem ter afectado o SNC) no TPD, no TPD-VI e no TPF, e comparar
variáveis entre grupos e testes.
O tratamento estatístico efectuado aos dados do Teste Padrão de Duração, do Teste Padrão
de Duração – Versão Infantil e do Teste Padrão de Frequência (TPF) permitiu de algum modo
uma melhor compreensão da capacidade de processamento auditivo temporal. Nesta secção
são abordados e discutidos esses resultados.
A primeira questão visou perceber se os resultados encontrados no TPD são similares ou
diferem dos obtidos por Musiek et al. em 1990 como Duration Pattern Test (DPT), versão de
referência do TPD.
No presente trabalho a média da percentagem de respostas correctas dos 12 adultos do grupo
de indivíduos sem queixas e ou/histórico obtida no Teste Padrão de Duração foi de 95% no
ouvido direito e 94,45% no ouvido esquerdo. Estes valores diferem dos do teste de referência
recolhidos por Musiek et al. (1990) que obtiveram uma percentagem de 83,3% no ouvido
direito e de 88,7% no ouvido esquerdo numa amostra de 50 indivíduos normo-ouvintes sem
histórico de patologias otológicas e neurológicas, sendo a percentagem de respostas correctas
inferiores no estudo de Musiek et al. (1990).
Estas diferenças entre os resultados obtidos no TPD e os resultados de Musiek et al. (1990)
podem estar relacionadas com as várias variáveis que podem afectar o desempenho e a
avaliação processamento auditivo central e que não foram estudadas. Por exemplo, a variável
representada pelo idioma, é certamente diferente nas duas amostras e não foi estudada a sua
influência no resultado deste teste e na amostra tomada como referência também não há
indicação que esta variável seja considerada.
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
114 Cristina Nazaré | FEUP
Com a questão 2 pretendeu-se saber se a média das percentagens de respostas correctas dos
testes diferem estatisticamente nos dois grupos de adultos, de forma a poder efectuar-se uma
separação entre grupos.
Comparando com os resultados obtidos no TPD pelo grupo controlo, já expostos
anteriormente, verifica-se que os valores do grupo de adultos com queixas e/ou histórico
evidenciam uma percentagem média de respostas correctas inferior ao grupo controlo, de
87,33% no ouvido direito e de 89,67% no esquerdo, bem como um desvio-padrão superior.
Estas diferenças de médias não atingem a significância estatística entre as respostas dos dois
grupos. Contudo, apesar de não significativas, o desempenho inferior do grupo com queixas
e/ou histórico no TPD pode sugerir que as queixas de dificuldades de percepção auditiva
assinaladas no questionário são de algum modo concordantes com os resultados e que o
histórico de patologias referidas pelos indivíduos podem ter afectado de alguma forma o
processamento auditivo, revelando-se num desempenho não tão bom no teste.
Apesar das diferenças entre os grupos não serem tão evidentes no TPD-VI como no TPD, o
grupo com queixas e/ou histórico também apresentou no Teste Padrão de Duração – Versão
infantil uma percentagem média de respostas correctas inferir à grupo controlo em ambos os
ouvidos, diferenças que também não atingem a significância estatística. Os resultados do
ouvido direito do grupo controlo revelam uma média de 95,45% e de 94,70% no ouvido
esquerdo. A percentagem de respostas correctas do grupo com queixas e/ou histórico é de
94,17% e de 92,92% no ouvido direito e esquerdo, respectivamente.
A análise feita aos dados do Teste Padrão de Frequência leva a concluir que as diferenças
encontradas na média das respostas correctas do ouvido direito e esquerdo entre os dois
grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico não são estatisticamente significativas,
embora a dispersão dos resultados no grupo com queixas e/ou histórico seja mais elevada e a
média de respostas correctas inferior ao grupo controlo. Verificou-se neste teste que a média
da percentagem de respostas correctas apresentadas no ouvido direito pelo grupo controlo foi
de 89,45% e de 77,33% no grupo de indivíduos com queixas e/ou histórico, apresentando estes
um resultado de 76% no ouvido esquerdo e 87,79% no grupo controlo no mesmo ouvido.
Discussão dos Resultados
Cristina Nazaré | FEUP 115
Por outro lado, constatou-se que a diferença entre a média da percentagem de respostas
correctas obtidas pelo grupo controlo no TPD e no TPF foi de 6% no ouvido direito e 6,7% no
esquerdo, sendo os valores do TPF inferiores. No seu estudo, Bellis (2002) observou que o
Duration Pattern Test apresentou maior grau de dificuldade para os ouvintes que o Frequency
Pattern Test, sendo os valores normativos do Duration Pattern Test aproximadamente 7 a 10%
menores que os do Frequency Pattern Test.
Esta inversão de acertos entre os dois testes também foi verificada noutros estudos que
abordam tarefas temporais que envolvem duração e frequência, e supõe-se que poderá estar
relacionada com o diferente padrão da língua usada pelo ouvinte (Murphy & Schochat, 2007).
Pensa-se que as línguas que possuem mais fonemas que se distinguem pela percepção de
frequência, como é o caso do Inglês, apresentam indivíduos mais sensíveis a este aspecto
acústico em relação aos que falam Português, que possuem uma língua na qual os fonemas se
diferenciam pela duração (Murphy & Schochat, 2007).
Neste sentido, como a amostra em estudo é falante do Português, a discriminação de duração
poderá ser superior à de frequência, daí resultando o melhor desempenho no TPD em relação
ao TPF. Esta poderá ser também uma das explicações para o facto do grupo controlo no Teste
Padrão de Duração apresentar um desempenho superior aos obtidos pelo grupo de Musiek et
al. (1990) no Duration Pattern Test realizado nos EUA.
Outra questão que se levantou (questão 3) na aplicação do TPD-VI foi saber se os adultos
apresentam neste teste um desempenho igual ao demonstrado no TPD, isto é, se existe
relação entre o desempenho nos dois testes. Os resultados permitem observar a existência de
correlação significativa (p=0,1) entre o desempenho dos adultos no TPD e no TPD-VI. Isto
indica que as respostas dadas pelos indivíduos no TPD e TPD-VI são concordantes, visto que os
testes pretendem avaliar o mesmo.
O grupo sem queixas e/ou histórico apresentou resultados muito idênticos nos dois testes, o
que parece mostrar que para estes indivíduos o desempenho não foi influenciado pela duração
do estímulo. No grupo de adultos com queixas e/ou histórico o desempenho foi superior no
TPD-VI, o que possivelmente está relacionado com o aumento da duração do estímulo. Esta
modificação nas sequências do estímulo pode facilitar a execução da tarefa no TPD-VI,
principalmente em indivíduos que apresentam mais dificuldade em realizar o TPD, ou seja, a
tarefa exigida no TPD parece ser mais difícil que a do TPD-VI. Deste modo a criação do TPD-VI
parece cumprir com a finalidade de diminuição do grau de dificuldade do TPD.
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
116 Cristina Nazaré | FEUP
Pensou-se também ser importante analisar a correlação entre o TPD e o TPF para verificar se
há necessidade de se aplicar os dois testes que avaliam a capacidade de ordenação temporal.
O estudo possibilitou verificar que a correlação entre o TPD e o TPF não é significativa. Este
resultado pode sugerir que os dois testes poderão envolver um diferente processamento da
informação auditiva, logo poderão ser complementares na avaliação.
É importante realçar que os valores obtidos pelo elemento 11 da amostra do grupo com
queixas e/ou histórico no TPF foram muito baixos, de 46,67% no OD e 36,70% no OE (expostos
na Tabela 7.7 como valores mínimos) em comparação com a média do grupo e em
comparação com os valores por ele obtidos no TPD e que foram 83,33% no OD e 100% no OE.
Isto pode sugerir que os testes se complementam, dado que parece existir uma alteração na
capacidade de ordenação de padrões de frequência, mas não é revelada no TPD.
Bellis (2002) também refere que diferenças de desempenho nestes dois tipos de testes podem
dever-se a processos funcionais distintos, e por isso, sempre que possível e até surgir mais
investigação que esclareça essas divergências, ambos devem ser utilizados, pois um pode
detectar alterações que o outro não revela.
Além disso, a inclusão na avaliação clínica de um teste de padrão de duração é relevante pois
estes são pouco influenciados por perdas auditivas cocleares. Estudos têm demonstrado que a
característica “duração” em comparação com a característica “frequência” ou “intensidade”
é mais resistente a estas perdas. Como o teste só utiliza uma frequência não necessita que a
discriminação auditiva em frequência esteja preservada (Musiek, 1990; Hall & Mueller, 1996;
Balen, 1997; Bellis, 2002; Shinn, 2007). De acordo com Hall & Mueller (1996) o Duration
Pattern Test também apresenta maior sensibilidade a lesões cerebrais do que outros testes
com paradigmas similares como o Pitch Pattern Sequence Test (PPS) (ou Teste Padrão de
Frequência). Logo, o TPD poderá ser um teste a incluir na avaliação do processamento
auditivo central em conjunto com o TPF.
A literatura diz que a idade poderá influenciar o desempenho das crianças nos testes de
processamento auditivo temporal. Por esse motivo considerou-se relevante estudar este
factor visto que o TPD-VI foi desenvolvido com o objectivo de o aplicar a crianças. Com a
questão 5 pretendeu-se assim analisar se a idade influencia o desempenho no TPD-VI.
Os valores obtidos no TPD-VI evidenciam uma média de percentagens de respostas correctas
de 73,15% no ouvido direito e 70,83% no esquerdo no grupo de crianças dos 7 aos 12 anos e
uma média de 95,45% e 94,69% para o ouvido direito e esquerdo respectivamente, nos adultos
do grupo controlo com idades compreendidas entre os 20 e os 27 anos. O resultado da análise
estatística demonstra a existência diferenças estatisticamente significativas entre os
Discussão dos Resultados
Cristina Nazaré | FEUP 117
resultados obtidos no TPD-VI pelo grupo de adultos e pelo de crianças, ou seja, a idade
influencia o desempenho dos indivíduos no TPD-VI nas faixas etárias estudadas.
No grupo das crianças entre os 7 anos aos 9 anos e 11 meses observa-se um aumento do
desempenho com a idade, contudo verifica-se grande variabilidade nas respostas de crianças
na idade de 8-8 anos e 11 meses. Estes resultados na avaliação parecem reflectir a
imaturidade do sistema nervoso central desta população. De acordo com Musiek e Baran
(2007) os testes de discriminação de padrões tendem a revelar um desempenho consistente
como a maturação do corpo caloso.
Os resultados do grupo de crianças estudadas indicam também que a partir dos 10 anos, a
idade parece não influenciar a percentagem de respostas correctas, alcançando nesta altura
os valores dos adultos.
A percentagem de respostas correctas obtidas no TPD-VI pelo grupo das crianças revela
valores médios de 29,17% no ouvido esquerdo (OE) para a faixa etária dos 7-7 anos e 11
meses, 53,13% no ouvido direito (OD) e 50% no OE dos 8-8 anos e 11 meses, 66,67% no OD dos
9-9 anos e 11 meses, 95,84% no OD e 95,84% no OE dos 10-10 anos e 11 meses, 95,83% no OD e
87,50% no OE dos 11-11 anos e 11 meses e 91,67% no OD e 87,50% no OE dos 12-12 anos a 11
meses. A duração do estímulo longo do TPD-VI é 600 ms, a do estímulo curto é 300 ms e o
intervalo inter-estímulo é de 300 ms.
Bellis (2002) expõe dados normativos para o Duration Pattern Test, que é uma versão com
estímulos iguais aos do TPD desenvolvido neste trabalho (estímulo longo de 500 ms, estímulo
curto de 250 ms e intervalo inter-estímulo de 300 ms). Os valores de Bellis (2002) foram
determinados em indivíduos da faixa etária dos 7 anos até à idade adulta, verificando-se uma
percentagem de 25% de respostas correctas dos 7 - 7 anos e 11 meses, 35% dos 8 - 8 anos e 11
meses, 54% dos 9 - 9 anos e 11 meses, 70% dos 10 - 10 anos e 11 meses, 71% dos 11 -11 anos e
11 meses e 73% dos 12 anos a adultos. Este autor refere que os valores encontrados sugerem
que a tarefa exigida pelo teste parece ser muito difícil especialmente para crianças menores
que 9 ou 10 anos.
Tanto neste estudo como no de Bellis (2002), as crianças evidenciam maior dificuldade na
realização dos testes até aos 10 anos aproximadamente. Nesta pesquisa os valores alcançados
em cada faixa etária são superiores aos de Bellis (2002) possivelmente devido ao facto de a
duração mais longa dos estímulos, facilitar o processamento da informação por estes
indivíduos.
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
118 Cristina Nazaré | FEUP
Outra pergunta que se tentou investigar (questão 6), e que está patente quando se avalia o
processamento auditivo, sobretudo nos testes que englobam as vias inter-hemisféricas é
verificar se o teste aplicado no ouvido direito é equivalente ao apresentado ao ouvido
esquerdo, ou seja, se existem diferenças entre os resultados obtidos nos dois ouvidos no TPD
e no TPD-VI. A análise estatística comprovou a inexistência de diferenças nos resultados entre
os dois ouvidos no TPD e no TPD-VI, nos vários grupos.
Tendo em consideração que a amostra respondeu aos padrões sonoros de forma verbal e que
como refere Gerger & Glorig (2001), este modo de resposta a estes estímulos requer
processamento combinado do hemisfério direito e do hemisfério esquerdo, a correlação
encontrada entre o ouvido direito e esquerdo pode ser reflexo dessa interacção inter-
hemisférica. Estes resultados podem levar à constatação que sempre que é usada esta forma
de resposta, o teste pode ser aplicado binauralmente, ou seja, nos dois ouvidos em
simultâneo.
Dada a relevância que o processamento auditivo assume na percepção temporal dos sons, em
especial em sons como a fala e a música, e o papel que a experiência musical pode exercer
no desenvolvimento de habilidades auditivas, considerou-se interessante observar a influência
da prática musical dos indivíduos adultos no resultado dos TPD e do TPD-VI (questão 7).
Os resultados desta pesquisa mostram que os indivíduos adultos com prática musical
apresentam uma média de percentagens correctas superior nos testes e nos dois ouvidos em
relação aos indivíduos sem prática musical. E a análise dos dados indica que existem
diferenças estatisticamente significativas entre os indivíduos com e sem prática musical no
teste TPD-VI no ouvido esquerdo. Neste caso, os indivíduos com prática musical obtiveram
uma média da percentagem de repostas correctas de 97,22% em contraste com os 91,32%
apresentados pelos sujeitos sem prática musical.
Num estudo referido por Silveira et al. (2002) os autores comparam o desempenho de dez
normo-ouvintes músicos e dez não músicos nos testes padrão de duração e verificaram que os
músicos obtiveram melhores resultados do que os indivíduos não músicos, diferenças essas
estatisticamente significativas. Referem ainda que os músicos demonstraram durante a
aplicação dos testes uma maior capacidade de atenção aos sons.
Ambos os trabalhos estão de acordo no que se refere ao desempenho superior nos indivíduos
com prática musical. Porém, a não existência de significância estatística em todos os testes
de processamento auditivo realizados neste estudo em comparação com o referido
anteriormente pode estar relacionada com o facto da prática musical de todos os indivíduos
Discussão dos Resultados
Cristina Nazaré | FEUP 119
da amostra ser um hobby e não actividade profissional. De qualquer forma, os resultados
sugerem que a prática musical favorece a eficácia de capacidades auditivas. Chermak &
Musiek (2007) expressam igualmente os efeitos benéficos do treino musical no acréscimo de
eficiência cerebral para a distinção de diferenças subtis nas modificações rápidas dos sons e
por isso uma melhoria no processamento temporal.
9 Conclusões
Conclusões
Cristina Nazaré | FEUP 123
9.1 Síntese e Conclusão
O processamento auditivo temporal é uma capacidade fundamental de percepção auditiva,
que está fortemente relacionada com todos os mecanismos do processamento auditivo
central. Inclui capacidades como a ordenação temporal, a resolução temporal, a integração
temporal e o mascaramento temporal.
A ordenação temporal, como sub-processo do processamento auditivo temporal é uma das
principais funções do sistema nervoso central que assume relevância, por exemplo, na
percepção dos sons da fala e da música.
As alterações de processamento da informação auditiva associadas aos aspectos temporais dos
sons são frequentes e podem estar na origem de outras dificuldades relacionadas com a
percepção sonora.
A investigação incidiu no estudo e desenvolvimento de testes de processamento auditivo
temporal, o Teste Padrão de Duração e o Teste Padrão de Duração – Versão Infantil (não se
tendo o conhecimento da existência deste) através da criação de sequências de sinais
acústicos específicos e de rotinas de MATLABTM. Estes testes, assim como o Teste Padrão de
Frequência, foram aplicados a um conjunto de indivíduos para avaliação do processamento
auditivo temporal. O desenvolvimento do TPD e do TPD-VI para avaliação auditiva, os
resultados obtidos com os testes, e as conclusões retiradas a partir da sua análise, foram a
motivação deste estudo.
Nesta investigação verificou-se que a média das percentagens de respostas correctas obtidas
no TPD (95,00% de no ouvido direito e 94,45% no ouvido esquerdo) é superior e difere
estatisticamente dos valores do teste referência obtidos no estudo de Musiek et al. em 1990.
Observou-se a inexistência de diferenças estatisticamente significativas, entre as respostas
dos grupos de adultos com e sem queixas e/ou histórico. Porém, a média da percentagem de
respostas correctas é inferior em ambos os ouvidos no grupo com queixas de dificuldades de
percepção auditiva e/ou histórico de patologias que podem afectar o processamento auditivo.
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
124 Cristina Nazaré
Existe correlação entre o desempenho obtido no TPD e no TPD-VI, sendo a média da
percentagem de respostas correctas no grupo de adultos sem queixas e/ou histórico
semelhante nos dois testes, e no grupo de adultos com queixas e/ou histórico, superior no
TPD-VI em relação ao TPD.
A pesquisa revelou que a correlação entre o TPD e o TPF não é significativa, possivelmente os
testes são complementares, apresentando os indivíduos um desempenho inferior no TPF.
A análise estatística evidenciou a existência diferenças estatisticamente significativas entre a
média de percentagens de respostas correctas obtida no TPD-VI pelo grupo de adultos (95,45%
no ouvido direito e 94,69% no esquerdo) com idades dos 20 aos 27 anos e pelo grupo de
crianças (73,15% no ouvido direito e 70,83% no esquerdo) dos 7 aos 12 anos. Isto leva a
concluir que a idade influencia o desempenho dos indivíduos no TPD-VI. Também se constatou
que por volta dos 10 anos a idade parece já não interferir no desempenho das crianças no
TPD-VI.
A investigação demonstrou a inexistência de diferenças entre os resultados encontrados no
ouvido direito e no ouvido esquerdo nos grupos de adultos e no grupo de crianças.
No TPD-VI os resultados comprovaram a existência de diferenças estatisticamente
significativas no ouvido esquerdo entre os indivíduos adultos com e sem prática musical e
verificou-se que nos testes analisados os valores médios são bastante inferiores no grupo sem
prática musical.
As conclusões retiradas da aplicação dos testes desenvolvidos e as suas potencialidades são
um incentivo para ampliar amostra e estudar a influência de novas variáveis, bem como
tornar mais clara a influência das variáveis aqui abordadas.
A avaliação do processamento auditivo central tem como finalidade detectar as capacidades
alteradas para as poder restabelecer com treino auditivo específico. Nesse sentido, este
trabalho pode ser um ponto de partida para alargar o leque os instrumentos disponíveis para a
avaliação do processamento auditivo central, que escasseiam em Portugal.
Conclusões
Cristina Nazaré | FEUP 125
9.2 Limites do Estudo
Um limite que pode ter influenciado os resultados obtidos foi a dimensão da amostra, que
com a sua divisão em grupos e pelos testes realizados pelos indivíduos se tornou reduzida.
Esta circunstância não põe em questão o padrão das diferenças significativas encontradas. No
entanto, no caso dos resultados “nulos”, a redução no poder estatístico em consequência do
número de sujeitos pode ter impedido a manifestação de diferenças adicionais.
Neste tipo de avaliação, também existe dificuldade em isolar variáveis dado o número
daquelas que são susceptíveis de influenciar o desempenho alcançado nos testes e os limites
práticos à sua manipulação independente.
Outro dos obstáculos encontrados neste estudo prendeu-se com o facto do conjunto de todos
os exames (de avaliação auditiva periférica e central) aplicados a cada elemento da amostra
ser demorado (aproximadamente uma hora e trinta minutos) e poder alterar a capacidade de
atenção e concentração dos participantes (como é o caso das crianças) essencial para a
correcta realização de alguns testes. Apesar disso, a consistência global dos resultados com
alguns dos reportados anteriormente na literatura, sugere que uma eventual interferência de
factores atencionais, a acontecer, não terá tido um impacto significativo.
9.3 Perspectivas de Trabalhos Futuros
Futuramente pensa-se ser relevante a criação de um software de aplicação do TPD e do TPD-
VI, tornando os testes mais versáteis e de fácil implementação clínica, de forma a divulgá-los
entre os intervenientes na área de Audiologia/Otorrinolaringologia.
Um projecto a desenvolver poderá ser também uma aplicação informática com uma versão
infantil do TPF assim como um software com todos os testes de ordenação temporal.
Os testes criados poderão ser usados para ensino/investigação. A investigação nesta área
poderá passar pela produção de sequências de estímulos com diferentes durações, intervalos
inter-estímulos, entre outros os factores relacionados com o estímulo e que influenciam a
capacidade de ordenação temporal e de reconhecimento de padrões.
Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
126 Cristina Nazaré
A realização de diversos estudos poderá ser igualmente direccionada para a sua futura
aplicação clínica. Para tal, será essencial aplicar o TPD a uma amostra de maiores dimensões
e estabelecer valores normativos para as faixas etárias e para os dois géneros. Assim como
será relevante estudar o efeito da maturação do sistema auditivo no desempenho do TPD-VI
nas crianças em várias faixas etárias e géneros, com uma amostra superior de forma a dar
continuidade a este estudo e investigar o efeito do envelhecimento do sistema auditivo no
desempenho do TPD e do TPF.
No estudo do processamento auditivo central são diversos os factores que podem influenciar o
desempenho dos indivíduos. Seria interessante verificar variáveis como a formação académica
e musical, a preferência manual, a influência de diferentes línguas maternas, o treino
auditivo, a perda auditiva nos resultados do TPD, TPD-VI e TPF.
Pesquisar a interacção dos hemisférios na descodificação dos padrões através de diferentes
tipos de resposta como a verbal e não verbal no TPD, TPD-VI e TPF e com diferentes modos de
estimulação como efectuar avaliações monaurais e binaurais, poderá conduzir a conclusões
úteis para a sua aplicação prática.
As potencialidades dos testes poderão ser imensas como refere a literatura, devendo estas ser
exploradas de forma a poder estabelecer relações entre os resultados dos testes de
processamento auditivo temporal (TPD, TPD-VI e TPF) e várias patologias como as
neurológicas e outras situações que possam afectar o processamento da informação auditiva,
como as alterações da linguagem, da fala e da escrita, problemas de aprendizagem, entre
outras etiologias e populações (como as mencionadas no ponto 3.1 deste trabalho).
A avaliação do processamento auditivo central só faz sentido se forem realizados todos os
esforços e desenvolvidos os meios de reabilitar as suas capacidades, por isso é importante
encontrar estratégias para melhorar o desempenho dos indivíduos com alterações desta
natureza.
10 Referências Bibliográficas
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11 Anexos
Anexo 1
Cristina Nazaré| FEUP 141
Anexo 1 – Pedido de Autorização
Anexo 2
142 Cristina Nazaré| FEUP
Anexo 2 - Termo de Consentimento Livre e Informado
Termo de Consentimento Livre e Informado
Cristina Jordão Nazaré vem por este meio requerer a V. Ex.ª autorização para efectuar vários
exames que avaliam o seu sistema auditivo e usar esses dados para elaboração de um trabalho
de investigação intitulado “Testes Temporais para Estudo do Processamento Auditivo
Central” para o Mestrado de Engenharia Biomédica na Faculdade de Engenharia da
Universidade de Porto.
Eu, abaixo assinado, declaro que fui informado sobre o objectivo e todos os procedimentos do
estudo e tomei conhecimento que os dados serão tratados de forma confidencial. Aceito
participar voluntariamente na amostra da pesquisa e autorizo que os meus dados sejam
usados.
Coimbra, ………… de ……………………………… de 2009
……………………………………………………………………………………………………………………………………
(Assinatura do participante)
……………………………………………………………………………………………………………………………………
(Assinatura do investigador)
Anexo 3
Cristina Nazaré| FEUP 143
Anexo 3 - Termo de Consentimento Livre e Informado
Termo de Consentimento Livre e Informado
Ex.mo Encarregado de Educação:
Cristina Jordão Nazaré vem por este meio requerer a V. Ex.ª autorização para efectuar ao seu
educando vários exames simples e indolores que avaliam o sistema auditivo e usar esses dados
para elaboração de um trabalho de investigação intitulado “Testes Temporais para Estudo do
Processamento Auditivo Central” para o Mestrado de Engenharia Biomédica na Faculdade de
Engenharia da Universidade de Porto.
Eu abaixo assinado, declaro que fui informado sobre o objectivo e todos procedimentos do
estudo e tomei conhecimento que os dados serão tratados de forma confidencial. Aceito de
forma voluntária que o meu educando participe na amostra da pesquisa e autorizo que os
dados sejam usados.
Coimbra, ………… de ……………………………… de 2009
……………………………………………………………………………………………………………………………………
(Assinatura do encarregado de educação do participante)
……………………………………………………………………………………………………………………………………
(Assinatura do investigador)
Anexo 4
144 Cristina Nazaré| FEUP
Anexo 4 - Questionário
Questionário
Código……………
Idade:
Género:
Naturalidade:
Língua materna:
Distrito de residência:
Profissão:
Habilitações:
Nível de escolaridade:
Mão com que escreve:
Sim Não
1. Acha que ouve bem?
2. Pede com frequência para repetirem o que disseram?
3. Sente dificuldade:
3.1. Em perceber em condições de pouco ruído?
3.2. Em ouvir a conversação pelo telefone?
3.3. Em manter a atenção e por isso e distraí-se facilmente?
3.4. Em memorizar (ex: nomes, instruções, histórias)?
3.5. Em seguir ordens auditivas?
3.6. Na fala e/ou na escrita?
3.7. Em perceber pequenas diferenças em palavras parecidas?
3.8. Na localização da fonte sonora?
3.9. Em aprender músicas?
4. Tem prática musical?
5. Está exposto a ruído muito intenso?
Anexo 4
Cristina Nazaré| FEUP 145
Sim Não
6. Tem histórico de:
6.1. Perda auditiva devido a otites?
6.2. Vertigem?
6.3. Acufenos?
6.4. Outros problemas otológicos?
6.4.1. Se sim, quais? ……………………………………
6.5. Dificuldades de linguagem ou aprendizagem?
6.6. Factores considerados de risco para a audição (ex: prematuridade)?
6.6.1. Se sim, quais? ……………………………………
6.7. Problemas respiratórios?
6.7.1. Se sim, quais? ……………………………………
6.8. Doenças neurológicas?
6.8.1. Se sim, quais? ……………………………………
6.9. Doenças psicológicas?
6.9.1. Se sim, quais? ……………………………………
6.10. Doenças metabólicas?
6.10.1. Se sim, quais? ……………………………………
Questionário elaborado com base nas referências bibliográficas (Frascá, 2005; Murphy & Schochat, 2007; Martins,
2008).
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Mestrado em Engenharia Biomédica
Temporais para Estudo do Processamento Auditivo Central
Porto, ………… de Setembro de 2009
……………………………………………………………………………………
(Cristina Jordão Nazaré)