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QUASE TUDO QUE EU SEI SOBRE

CARTEIRA DE AÇÕES

(o que não é muito)

Edição 2020 – II

Bastter

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Texto por Maurício Hissa (Bastter) © 2016; 2018, 2019,2020

Todos os direitos reservados

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Costumo revisar nossos livros uma vez por ano, no início do ano e lançar

uma edição anual. Este não deu para ficar em uma só. A evolução da

comunidade Bastter.com em relação a carteira de ações e ser sócios de

empresas foi tremenda neste ano levando a Edição 2020 II que é esta.

Progredimos muito no entendimento do que o que importa é o valor geral

do seu patrimônio e não ativos individuais e na percepção de que temos de

ficar nas empresas pois não temos como saber qual vai explodir e dar

retorno extraordinário, quais serão boas e quais ficarão ruins. Nos

rendemos a humildade de reconhecer que nossa análise não determina

nada na empresa. Tudo isso levou a uma grande revisão, a maior que este

livro já teve desde o lançamento em 2016 inclusive com alguns capítulos

sendo trocados completamente. Acredito que o caminho para quem deseja

montar uma carteira de ações e se beneficiar dela, compreendendo que o

mais importante é o seu trabalho e os aportes, se tornou mais fácil com esta

edição de Quase Tudo que eu sei sobre Carteira de Ações, 2020 – II.

- Bastter

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SUMÁRIO

1 - PORQUE TER AÇÕES

2 – ANTES DE ENTRAR NA BOLSA

3 - ASPECTOS GERAIS

4 - ESCOLHER

5 - AS EMPRESAS NA SUA CARTEIRA PODEM ESTAR EM QUATRO SITUAÇÕES DIFERENTES:

6 - DIVERSIFICAÇÃO

7 - QUANTAS EMPRESAS COMPRAR POR MÊS

8 - DIVIDENDOS E OUTROS PROVENTOS

9 - EVENTOS COM AÇÕES

10 - IPO e OPA

11 - SÓCIO É ON

12 - FRACIONARIO, LIQUIDEZ E FREE FLOAT

13 - PREÇO DE COMPRA, COTAÇÃO E RENTABILIDADE

14 – A SUPOSTA REMUNERAÇÃO DA CARTEIRA DE AÇÕES

15 - ACOMPANHAR EMPRESAS

16 – NÃO SAIR DE EMPRESAS

17 - IMPOSTO DE RENDA

18 – HISTÓRIAS QUE EU LEMBRO MAIS OU MENOS

19 - FRASES DO BASTTER

20 – RESUMINDO E SIMPLIFICANDO

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1 - PORQUE TER AÇÕES

Neste gráfico elaborado por Jeremy Seigel, vemos o extraordinário retorno

das ações em relação aos títulos de renda fixa e outros investimentos nos

EUA analisando em mais de 200 anos. Claro que não temos todo este tempo

para analisar no Brasil, a situação aqui é diferente, pois temos uma Bolsa

muito menor e uma taxa de juros bem maior. Ainda assim, as ações de

empresas boas tem sido um importante componente no acúmulo de

patrimônio no Brasil.

As boas empresas tendem a ter um rendimento maior do que a taxa livre

de risco no longo prazo, senão não haveria mais produção no país, pois não

teria por que investir na produção ou em serviços.

Equivocadamente as comparações por aqui utilizam o IBOVESPA (IBOV),

que é um índice que não reflete a economia do país e nem mesmo as

empresas que tem ação na Bolsa, e por retornar menos que a renda fixa em

alguns períodos, muitos consideram que o investimento em ações no Brasil

não tem sido eficiente. O problema é que o IBOV é um índice muito mal

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elaborado que não reflete os investimentos em ações no Brasil. Ações de

boas empresas tem retorno muito superior ao IBOV no longo prazo e

superam com folga a renda fixa. Não há por que abrir mão de ser sócio de

empresas boas utilizando a Bolsa para isso. Mas para tanto, é necessário

montar uma carteira diversificada de boas empresas e outros investimentos

o que possibilita resistir à pressão de venda nos longos e intensos períodos

de queda da Bolsa. Isso que vamos mostrar neste livro, de forma simples,

possibilitando a todos ter uma carteira de ações que tenha o potencial de

contribuir expressivamente para o acúmulo de patrimônio no longo prazo

e que permita a tranquilidade financeira.

Vejam abaixo a comparação do retorno de ser sócio de empresas boas com

o IBOV e CDI. Realmente o IBOV, que não representa nada, perde para o

CDI mas não dá nem para comparar ser sócio de boas empresas com o CDI.

Renda Fixa é estacionamento de dinheiro, nem deveria ser chamado de

investimento. Tem grande utilidade para reserva de emergência, dinheiro

com prazo e diminuir a volatilidade de nossos investimentos, mas o retorno

no longo prazo é muito menor do que de boas empresas por motivos

óbvios. Se não fosse assim só teria dinheiro na renda fixa e não existiriam

empresas porque não haveria motivação para empreender. Mas nada em

renda variável é garantido. Incluir ações de boas empresas nos seus

investimentos melhoram a expectativa dos seus retornos, mas garantia não

há e por isso que precisamos sempre diversificar inclusive no exterior.

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2 – ANTES DE ENTRAR NA BOLSA A primeira pergunta que você deve responder antes de entrar é: se a Bolsa

cair 70% e ficar em queda por cinco anos, estarei tranquilo? Depois de

respondido, só coloque em Bolsa a quantidade que acontecendo isso vai

estar realmente tranquilo, senão acaba saindo no fundo em pânico e aí já

era o buy and hold (compra de ações para sócio sem prazo). Tranquilo é

meio exagero porque ninguém fica totalmente tranquilo nesta situação,

mas tem de saber o que está fazendo e estar suficientemente diversificado

para poder passar por esta fase sem fazer besteira.

Isso é muito importante porque para a compra de ações para ser sócio dar

certo é necessário que o foco esteja em aportes periódicos e TEMPO. Sem

tempo já era e se vende no fundo em pânico, perdeu o tempo e começa

tudo de novo. Para os juros compostos agirem expressivamente e seu

patrimônio crescer a ponto de te prover tranquilidade financeira, só

deixando o tempo agir sobre valor diversificado através de aportes mensais.

Sem isso já era, vai ser só mais um sustentador de sistema iludido. Para o

tempo agir tem de estar preparado para investir em renda variável e não

vender no fundo em pânico porque as quedas fortes sempre vão ocorrer

durante a vida do investidor e pior do que as quedas fortes são as longas

que duram anos.

FAQ da Bastter.com Queda Forte da Bolsa, como se preparar para não vender no fundo: Primeiro não temos como prever o futuro, mas é altamente improvável que nunca mais tenha uma grande queda e se não tiver é melhor estar preparado e não acontecer do que acontecer e não estar preparado. Então o que pode fazer para se preparar: - Saber que é burro e saber que vai sofrer - Os que falam que não vão vender porque entenderam a filosofia Basttter.com, que não tem problema nenhum, vão ser os primeiros a vender. Na hora é pika, até para quem entendeu e decorou tudo. É pika até para quem já passou por outras quedas. Você tem de passar por isso sem vender, mas vai doer, não se iluda.

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- Compreender que se você não passou por uma grande queda de anos e anos, não sabe nada, não sabe como vai reagir na hora. Prepare-se adequadamente e deixe de ser arrogante. - Estudar o material básico do site Bastter.com, os livros, etc. Só isso não basta, mas ajuda. Sem isso fica complicado. - Se afastar de todos os sites de sardinhagem, sites de bullshit, fóruns de sardinha, mídia de manada, etc. Na hora do sufoco se estiver acompanhando essas coisas não vai resistir. - Dar a Bolsa e investimentos a importância que eles têm = Pouca. Se ficar dedicando sua vida a isso, indo a todos days, sei lá o que, analisando trimestral até a morte, etc., quando ficar 6 anos em queda não vai resistir porque aquilo é a coisa mais importante da sua vida. E o day sei lá o que num período de queda é só sardinhagem e perguntas sobre cotação - Entrar no mercado de renda variável bem devagar, aos poucos, para dar tempo de compreender as variações e não se emocionar com elas e para que quando chegar a queda grande já ter passado por algumas pequenas e já ter experimentado variações no patrimônio. - Diversificação - MUITA diversificação em diversas categorias de ativos, em ativos dentro das categorias e no exterior também. Repito. MUITA DIVERSIFICAÇÃO. Sem isso pode fazer todo o resto que não vai adiantar. - Análise simples de empresas, de preferência só usando o Modo #PAS da Área de Ações da Bastter.com. Isso vale também para os outros investimentos. Uma análise simples varia menos, e tem menos chance de ficar arrumando desculpa para vender no fundo que a empresa piorou. - Desligar o financeiro do Bastter System e olhar o mínimo possível cotação, seu patrimônio, etc. O ideal é manter o financeiro sempre desligado, mas se começar a desabar desligue mesmo, não olhe. Ok, está se enganando, mas não importa, ajuda a passar por isso. Não olhe. - Não olhar cotação, já vá treinando durante a alta, você vai conseguir uma hora abstrair e mesmo que olhe não vai ver.

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- Não ficar que nem sardinha dizendo que bom que está caindo porque aí compro mais, e mais barato. Isso é só uma forma de enganar o desespero, e não vai parar de cair enquanto você não desistir e vender tudo no fundo. - Não repetir babaquices de manada que nem que na crise tem os que choram e os que vendem lenço. Todo comportamento de manada leva a venda no fundo e manada 2 que é a manada que acha que é esperta e que vai contra a manada, é a que mais ferros leva. Ninguém tá vendendo lenço nenhum. - Nunca falar dos seus investimentos para ninguém. Na alta fica tirando onda e querendo dar aulas. Na queda tem de aguentar o cunhado falando que você é burro é que está perdendo um dinheirão com ações porque não vendeu no topo quando ele avisou, e outras pessoas te enchendo o saco. Não é fácil e qualquer coisa que irrite nessa época pode levar a vendas no fundo. Nem fale que investe em ações. Não fale nada, diga que a situação está difícil, que está devendo dinheiro, assim te esquecem. - Pare de ficar deslumbrado com ações e querer dar aulas para os outros. Na alta você não está ganhando porque é o novo Buffet. Qualquer imbecil ganha na alta, tudo sobe. A Bolsa não perdoa arrogância. Vai ser o primeiro a vender no fundo. - Compreender bem o que ser sócio é ter uma parte de uma empresa e não ter um papel. Compreendendo que tem partes de empresas fica mais fácil ver que a cotação não influencia no seu patrimônio no curto prazo. - Nunca em hipótese alguma meça rentabilidade ou qualquer métrica, seja de dividendos, renda passiva, o que for. Qualquer métrica vai levar a vendas no fundo. Na crise braba vai tudo para o buraco. - Focar no seu trabalho sempre. Focando no trabalho dá para esquecer os períodos de queda e saber que está aportando e evoluindo o que facilita passar por essa fase - Esporte - Praticar esporte diminui a ansiedade, faz ter outros objetivos, e ajuda a não vender. - Focar na família, entender o que realmente importa na vida.

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Alguns conceitos que você tem de estar ciente antes de entrar na Bolsa:

- Renda Variável varia e varia para cima e para baixo e às vezes não varia

por longos períodos. Importante não se emocionar com alta ou queda da

Bolsa, pois são eventos normais. No longo prazo a Bolsa segue

fundamentos, então o que importa é que você seja sócio de boas empresas.

No curto prazo a Bolsa e qualquer ação faz o que quiser. Não perca tempo

com explicações.

- Boas empresas não significa ter de virar expert em análise e não significa

as melhores empresas. A busca das melhores termina quase sempre em

prejuízos. Basta ser sócio de valor, não precisa ser o melhor valor e

inevitavelmente vai ter empresas ruins no meio. Faz parte. Desde que sua

carteira tenha valor como um todo isso que importa. E isso não é difícil

como veremos mais à frente.

- No início você tem mais chance de fazer besteiras, então entre devagar,

bem devagar. Pouco dinheiro em pequenos aportes mensais. Você não vai

perder oportunidade alguma, vai sim evitar perdas grandes. Permita-se ter

tempo de aprender enquanto o dinheiro vai se acumulando.

- Não existe dica, indicações, oportunidades etc. Ou você aprende a montar

uma carteira diversificada de empresas boas e cuidar do seu dinheiro ou é

melhor nem entrar na Bolsa. Ninguém ganha nada seguindo dicas.

- Proteja seu patrimônio. Se você perder tudo, game over. Vá com calma,

devagar. Rico só se fica devagar. Rápido só se consegue é perder tudo.

- Mantenha seus erros com custo baixo, diversificando bastante desde o

início. Quanto maior a diversificação, menor o custo do erro e menor a

necessidade de acompanhamento de suas empresas. No início não tem

muito como diversificar, mas se entra devagar e com pouco não tem

problema, mas a ideia e objetivo de diversificar deve estar presente desde

o início.

Sabendo disso tudo, entre bem devagar, comprando um pouco todo mês.

Comece com um valor mensal bem baixo. Dê tempo para ir aprendendo a

analisar empresas e a suportar a volatilidade da bolsa e ir tendo mais

dinheiro na Renda Variável. Assim você não vai sair no fundo em pânico.

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3 - ASPECTOS GERAIS Antes de tudo é necessário entender o conceito de ser sócio de empresas

comprando ações. Você passa a ter uma pequena participação na empresa

como acionista minoritário e sendo assim, se beneficia do crescimento e/ou

da distribuição de lucros da empresa que é sócio.

Você não tem um papel, um título e outras besteiras que falam por aí que

termina em ficar atrás de cotação e achando que aquilo é um instrumento

para realizar lucros. Isso só leva a sustentar o sistema com custos,

corretagens, impostos, taxas, spread, erro etc. Entender que tem

participação numa empresa e o q importa somente é se a empresa é boa

muda tudo e te tira da sardinhagem da manada. Os analistas e corretoras

ensinam a maioria que tem de realizar lucro, que tem um papel etc. porque

é assim que ELES ganham dinheiro e você é apenas o instrumento

apressado para doar seu dinheiro na Bolsa quando entra nessa. Seja sócio,

acompanhe empresas e não cotações.

Importante ter em mente, que a grande vantagem de ser sócio minoritário

através da Bolsa de Valores é não ter de trabalhar na empresa. Se for para

trabalhar, faça isso na sua empresa e/ou na sua atividade principal. Deixe

os gestores das empresas que você possui ações trabalharem para você e

se eles não fizerem isso bem, não seja sócio dessa empresa.

Se você gastar horas e horas, as quais poderiam estar exercendo a sua

atividade principal, analisando empresas para ser sócio, perdeu a maior

vantagem, que é ser um acúmulo de patrimônio extra sem precisar

trabalhar. Quem analisa em detalhes e fica obcecado por estudar balanços,

releases, participar de apresentações da empresa, perde de diversas

formas. Primeiro e mais importante está perdendo tempo de vida com algo

inútil. Vá ao cinema ao invés de ir à apresentação da empresa, vá a praia.

Ao menos vai se divertir. Depois está deixando de se dedicar a sua

formação, ao seu trabalho o que poderia levar a ganhar mais e aportar mais

que é o principal fator do enriquecimento e o que temos mais controle.

Analisar demais leva a giro do patrimônio pois começa a achar razões para

sair de empresas já que qualquer detalhe pode ser interpretado como algo

ruim, além do mais nenhuma empresa fica boa e cresce todo trimestre.

Analisar demais e ficar com as empresas simples que qualquer um sabe que

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é boa não tem graça então acabam por procurar empresas ruins que

supostamente em alguma análise estão melhorando e acabam por ter

empresas piores já que empresas boas tendem a continuar boas e ruins

tendem a continuar ruins. Por fim desenvolve a arrogância, o que sempre

tem um custo enorme na Bolsa e se ilude que sua análise diminui o risco da

empresa que não se altera não importa o quanto se analise. O resultado

mais provável é que pessoas que ficam obcecadas por análise de empresas

em detalhes acabam com patrimônio muito menor do que os que analisam

apenas o necessário.

Por isso eu mantenho sempre tudo da forma mais simples possível.

Costumo dizer que eu analiso minha carteira de ações durante meia hora

uma vez por ano, após os balanços anuais, em abril. E não estou brincando!

Nesta época eu olho os quadros simples com os balanços atualizados na

Bastter.com, ajusto os pesos que desejo ter de cada empresa no Bastter

System (nosso sistema online de administração de patrimônio), tomo as

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decisões necessárias quanto a mudar uma empresa de categoria na minha

carteira e até o ano que vem.

Desenvolvemos recentemente no site o MODO #PAS em que as empresas

são representadas por cachorrinhos verdes, amarelos ou vermelho. A

despeito do ideal ser verificar pessoalmente os dados para quem possui

muitos ativos é uma forma de acompanhar durante o ano ficando mais

tranquilo quanto a não ser necessário acompanhar de perto as com

cachorrinho verde. Junto a isso no MODO #PAS vemos o gráfico de lucros

que vamos apresentar mais a frente e só ele, junto a informação da

empresa possuir ONs ou não já é suficiente na maioria dos casos para

diferenciar empresas para ser sócio daquelas que não servem para isso.

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Claro que tudo tem de ter bom senso, se acontecerem casos extremos ou

alguma empresa estiver sob estudo, para troca de categoria, posso olhar

durante o ano, mas a princípio estudo anualmente, o que faz sobrar muito

mais tempo para minha atividade principal. O grande motor do

enriquecimento, no que diz respeito a parte do seu patrimônio em ações,

não é acertar as melhores empresas para ser sócio, mas sim o tamanho dos

aportes mensais e o tempo que o dinheiro fica investido em empresas boas.

Deve-se tentar, nesse processo não ser sócio de empresas ruins.

Felizmente, descartar as ruins é bem mais fácil do que escolher as melhores,

especialmente utilizando os quadros da Área de Ações da Bastter.com.

Participando dos murais das empresas na Área de Ações da Bastter.com e

seguindo as empresas que é sócio, consegue se informar sobre elas. O

pessoal discute tudo sobre as empresas nos murais e qualquer evento ou

acontecimento digno de nota ou que leve a alguma decisão ficará sabendo.

Aprendo muito com as discussões, não perca esta oportunidade.

Vale lembrar aqui que sócio não tem prazo. Você pode sair da empresa

amanhã ou nunca, mas a motivação para sair deve ser sempre valor,

fundamentos e nunca preços. O sócio deve ignorar totalmente preços e

qualquer coisa ligada a preços. No longo prazo cotações tendem a seguir os

fundamentos, portanto foque neles e esqueça os preços. Esqueça esta

baboseira de oportunidade e que está barato. Sócio compra todo mês um

pouco, o preço vai se diluindo, o que menos importa é o preço de compra.

Outro dado importante é saber que sócio é só quem tem ações ordinárias,

as ONs. A despeito das besteiras que falam sobre PNs (Preferenciais), como

ter vantagens na distribuição de dividendos, esqueça isso. Você deve ter a

mesma ação dos controladores, somente quem tem ON é sócio. Você não

é obrigado a ser acionista de empresa alguma, só seja das que te permitem

ser sócio, que tenham ONs com boa liquidez. De nada adianta a empresa

ser boa se ela é boa somente para controladores e diretores. O ideal é que

a empresa nem tenha PNs (com exceção de bancos em que isso não é tão

importante pois eles não tem propriamente dividas e lidam com dinheiro,

mas ainda assim se só tiver ONs melhor), mas ao menos tem de ter boa

liquidez nas ONs para que você possa ser sócio com tranquilidade.

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Mas não se iluda que só por ser ON você está garantido e não pode ter

problemas. Não há garantia absoluta em nenhum investimento. Porém,

tendo a mesma ação dos controladores, sendo realmente sócio, suas

chances serão melhores do que possuindo apenas um ativo que não lhe dá

as mesmas garantias (PNs). Mais grave ainda são as empresas que lançam

UNITs que é uma combinação de ONs e PNs. Esqueça, o pior nem é a UNIT

que já é bem ruim, mas o sinal de que a empresa passa quando lança UNITs,

de péssima governança e gestão e de pensamento totalmente atrasado.

E por fim sempre perguntam: como eu ganho? Não ganha. Exatamente. A

maioria perde na Bolsa porque acha que vai ganhar alguma coisa. Você não

ganha, acumula. Esqueça lucrar e realizar lucros. Isso só serve para pagar

taxas e impostos e diminuir seu patrimônio. Patrimônio não se gira, se

acumula, enquanto tiver valor. Só se deve sair se perder valor e mesmo

assim com muita calma e muita análise e se tiver bem diversificado pode

até não sair já que você considerar que perdeu valor não significa que

necessariamente perdeu valor. Claro que tem de ter bom senso, se já tem

um patrimônio considerável e tranquilidade financeira, nada demais vender

um pouco para fazer uma viagem ou comprar algo que queira. Para isso que

acumulou ao longo do tempo. Mas como patrimônio produz renda, muitas

vezes nem precisa vender. Durante o caminho deve-se acumular mais do

que se gasta ou o bolo não cresce, mas nada impede que eventualmente se

use também. Para isso que está lá. O seu melhor resultado virá de quanto

mais tempo conseguir ficar em empresas boas.

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4 - ESCOLHER "Nenhum número serve para nada se você não conhece a empresa,

análise de empresas não é matemática, é arte..."

Para ser sócio de empresas através da Bolsa de Valores há quatro aspectos

que podem ser analisados, mas não é necessário analisar todos e

especialmente o tempo todo.

Tempo de IPO

Segurança para ser sócio

Lucros Consistentes

Caixa e Dívida equilibrados

No início mais importante do que aprender a escolher, é aprender a

descartar:

Não dá lucro, tchau!

Não tem liquidez nas ONs, tchau!

Sinais de má gestão, tchau!

Foi lançada na Bolsa outro dia, tchau!

Alguns desses itens, você percebe em uma análise de 30 segundos ou

menos usando os quadros de ações da Bastter.com, que te fornecem os

dados dos balanços oficiais. Basta digitar o código ou nome da empresa que

deseja estudar e ir para a página dela.

No MODO #PAS da nossa Área de Ações temos um cachorrinho

simbolizando cada uma destas categorias e que juntos perfazem o

cachorrinho da empresa como no exemplo abaixo:

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Vamos ver os critérios para ser sócio:

- TEMPO DE IPO. Critério bastante simples. Só seja sócio de empresas que

já lançaram ações na Bolsa há pelo menos 5 anos, de preferência 10. O

lançamento de ações muitas vezes distorce os balanços e fica difícil

entender uma empresa sem histórico. Claro que isso vai fazer com que

eventualmente se demore mais a entrar numa empresa boa, mas vai evitar

que se entre em muito mais empresas ruins. Tenha calma, nenhuma

empresa pode ser fundamental para sua carteira e todo o movimento em

volta de IPOs (lançamento de empresas na Bolsa) deixa todo mundo meio

louco. Espere para conhecer mais a empresa e ter dados para estudar e

ainda assim entre devagar. Sem contar que toda alta da Bolsa tem uma

febre de IPOs e muitas das empresas que aproveitam a onda para se

capitalizar ficam pelo caminho saindo da Bolsa depois de um tempo ou

simplesmente se mantendo apenas pelos benefícios sem qualquer respeito

ou retorno aos sócios minoritários. É bom que a empresa tenha algum

histórico de lucros consistentes para ser sócio dela e em IPOs isso é

impossível.

Além do mais para evoluir como investidor é necessário abandonar as

sardinhices e se afastar da manada. IPO é território de manada, corretoras,

analistas, etc. Tudo que você precisa se afastar para evoluir e começar a

acumular patrimônio e não sustentar o sistema. É muito difícil evoluir e

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abandonar as sardinhices porque o mundo é sardinha. Se fica chafurdando

na lama não vai ficar limpo nunca...

Todo o objetivo no acúmulo de patrimônio é colocar as chances a seu favor.

As imagens abaixo mostram como investir em IPOs coloca as chances

contra. E quem tem a capacidade de escolher as poucas IPOs que realmente

vão trazer retornos extraordinários não está lendo este livro, ta bilionário

em Mônaco.

As IPOs em média são tão ruins que conseguem perder até para o IBOV que

já demonstramos que é um péssimo índice que perde expressivamente

para ações de empresas boas.

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O gráfico acima demonstra exatamente o que acontece em média. Uma

subida de euforia, mas no longo prazo retornos bem abaixo da média dos

mercados de ações e MUITO abaixo da média das empresas boas com

lucros consistentes.

Enfim investir em IPOs é colocar as chances contra a não ser que seja algum

tipo de gênio fora de série que não está lendo este livro porque se você é

este gênio está lendo este livro feito para o investidor comum exatamente

por quê?

- SEGURANÇA PARA SER SÓCIO. De nada adianta a empresa ser boa, se ela

não dá um mínimo de segurança ao minoritário. Aqui a análise é bem

simples. A empresa tem de oferecer ONs com boa liquidez e Free Float

(percentual das ações ONs disponíveis para o público) razoável de

preferência próximo ou acima de 25%. Na página da empresa na Área de

Ações da Bastter.com, clique na aba Liquidez que terá acesso a estas duas

informações. O ideal são empresas que só possuem ONs, participam do

Novo Mercado e tem o capital pulverizado, ou seja, Free Float acima de

50%. Mas podemos ser sócios de empresas boas que não ofereçam tudo

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isso, desde que ofereçam ONs e oferecer tudo isso não garante por si só

que não haverá problemas, mas melhoram as chances. Importante notar

que ter somente ONs, ser do Novo Mercado e ter capital pulverizado é

interessante e permite segurança para ser sócio, mas isso não garante que

a empresa seja boa para ser sócio pois temos de verificar se ela possui

lucros consistentes há um tempo razoável pelo menos.

As ONs podem ter tag along de 80% ou 100%, mas é fundamental que

tenham boa liquidez (o tag along garante ao minoritário receber o mesmo,

se for 100%, ou 80% do que os controladores recebem por ação no caso de

troca de controle da empresa). O ideal é que a empresa seja do Novo

Mercado possuindo só ONs, com 100% de tag along. Mas ainda que não

seja do Novo Mercado, se possuir ONs com boa liquidez é possível ser sócio.

Lembrando que ser do Novo Mercado por si só não garante nada. Pode ter

essa classificação e ser uma péssima empresa. Você não é obrigado a ser

sócio de nenhuma empresa, só seja das que te dão o mínimo de segurança.

PN e especialmente UNIT, você não é sócio. Empresas que não oferecem

ONs já estão dizendo de antemão que pretendem prejudicar os

minoritários. Não que as que oferecem ONs não possam prejudicar, mas as

que não oferecem estão dizendo claramente que pretendem prejudicá-los.

Coloque as chances a seu favor, sócio, só ON.

De preferência só aceite empresa que possuem somente ONs, porque as

PNs, mesmo que a empresa possua ONs, são um peso desnecessário e sinal

de má gestão e má governança. Até podemos aceitar empresas antigas que

possuem PNs (desde que ofereçam ONs com liquidez) pois era o comum há

muitos anos e para algumas recomprar todas as PNs pode ser bem

complexo (especialmente os grandes bancos). Nas empresas que abriram

capital recentemente na Bolsa, nos últimos 10 a 15 anos, é mais difícil

aceitar isso pois já demonstram que não estão interessadas em

minoritários.

Este é um critério excludente. Não temos como ser sócios de empresas que

não oferecem ONs com boa liquidez, mas oferecer ON e até ser do Novo

Mercado por si só, não caracteriza uma boa empresa. Há empresas

péssimas no Novo Mercado.

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Trecho do livro Sonho Grande que demonstra claramente que as PNs são

uma ilusão pois não é sócio da empresa e não tem a mesma ação dos

controladores. Quando certas situações acontecem que escancaram a falta

de valor das PNs o próprio mercado precifica isso.

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Há diferenças nas PNs nos EUA e aqui mas no fim das contas podemos

considerar o que Warren Buffet diz acima sem contar que cada vez mais, há

investidores brasileiros investindo no exterior. O que vemos no final é que

grandes empresários, donos de empresas como Jorge Paul Lemann e

Warren Buffet sabem que PN não é sócio e que no fim não valem muito.

Como bem diz Lemann, compram um Fiat e acham que estão comprando

uma Ferrari. Sócio é ON. Esqueçam que as PNs existem e de preferência

esqueçam que empresas que possuem PNs existem com exceção talvez dos

grandes bancos.

- LUCROS CONSISTENTES. Aqui avaliamos se a empresa realmente faz

dinheiro de forma eficiente através de suas atividades, principalmente

operacionais. Da mesma forma que com os critérios anteriores, o mais fácil

nessa fase é excluir empresas ruins. Olhe a coluna e o gráfico de lucros no

quadro da empresa na Área de Ações da Bastter.com, ou em qualquer outro

lugar ou ainda em uma planilha que apresente os lucros através dos anos.

Se estiver cheio de prejuízos ou sem uma curva consistente de lucros,

esqueça a empresa. Exclua em dez segundos empresas que só tem prejuízo

ou tem prejuízo na maior parte do tempo. Se não dá lucro não serve para

ser sócio e você não tem nada a ganhar. Alguns podem alegar que numa

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análise mais complexa podem-se encontrar empresas que dão prejuízo que

são interessantes, mas não estamos interessados em empresas que

necessitam de análises complexas. Queremos empresas boas e simples,

pois não pretendemos dedicar muitas horas a estas análises. É mais

eficiente dedicá-las a nosso trabalho ou a nossa vida.

Este negócio de empresa que tem de analisar diferente, que tem de fazer

análises complexas, que os lucros não importam é muito bonito, mas na

prática não serve para nada. Se tem empresa boa e simples para que

procurar as complicadas? Para que ter trabalho extra? No fim acaba virando

ego e a ilusão da esperteza que sempre termina em ferro. Usualmente não

é uma empresa ruim que precisa de uma análise complexa, é só uma

empresa ruim mesmo.

Apenas para ilustrar, vemos uma evidente curva de lucros consistentes:

100% dos anos com lucros e 26 anos seguidos com lucros. Além do mais o

gráfico informa também que possui ONs com liquidez. No fim quando a

empresa é boa mesmo basta este gráfico para ver que dá para ser sócio.

Claro que isso não garante que a empresa é boa e vai permanecer boa mas

quando pensamos em patrimônio e não em ativos individuais, e

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diversificamos bastante, empresas com gráficos de lucros como este e ONs

bastam para entrar na carteira.

Já essa evidentemente não tem lucros consistentes e é bem fácil constatar

isso rapidamente:

Prejuízos quase todos os anos apenas um terço dos anos com lucro e pior

nem liquidez nas Nos tem. Pode-se ate discutir se só olhar um gráfico destes

bons como o anterior é suficiente para se tornar sócio, mas para descartar

basta isso. Uma empresa com este gráfico não precisa mais olhar nada nem

perder tempo, em 30 segundos ou até menos pode esquecer que existe e

ir estudar outras.

Esta abaixo é um exemplo mais difícil e não tão claro:

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A empresa tem lucros praticamente todos anos, mas recentemente eles

vem caindo e teve um prejuízo há apenas 4 anos. Além disso apesar de ter

liquidez nas ONs não é novo mercado. É uma empresa que se já formos

sócios continua tendo lucros a maior parte do tempo então aparentemente

não há razão para sair, mas como teve prejuízos recentes e o lucro vem

caindo se não somos sócios vale estudar mais um tempo. Veremos que há

empresas bem óbvias como a primeira e a segunda acima e outras que

ficam na área cinzenta como esta terceira. Estas se já somos sócios ficamos

mas se não somos esperamos se tornar óbvio e aí fica fácil decidir.

A primeira empresa a despeito de só lucros não determinarem uma boa

empresa, só esta curva tendo somente ONs é quase que suficiente para se

investir nela. A segunda basta olhar esta curva para excluir a empresa. Os

lucros por si só podem não ser critério de escolha, mas a ausência deles é

critério absoluto de exclusão. A terceira realmente ficamos em dúvida e aí

a decisão mais ponderada é ficar se já é sócio, mas se não é esperar e

estudar mais.

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O gráfico acima que está na Área de Ações da Bastter.com sendo atualizado

a cada trimestre demonstra a importância da consistência dos lucros

especialmente quando se compreende que o que importa é o patrimônio e

não ativos individuais. Com cada empresa individualmente pode acontecer

qualquer coisa, mas se a sua carteira de ações está primordialmente em

lucros consistentes a tendência é que eles continuem existindo fazendo

com que seu patrimônio cresça e caminhe para tranquilidade financeira.

Empresas que tem lucros há muito tempo tendem a continuar tendo lucro

e empresas ruins com prejuízo tem uma chance pequena de ter lucros.

Junto com a análise inicial do lucro, além da curva propriamente dita

através dos anos, temos outros dados que podem ser analisados apesar que

para quem vai se dedicar a sua profissão e diversificar bastante basta o

gráfico acima. De qualquer forma os outros parâmetros que analisam a

produtividade das empresas são estes:

- Margem Líquida = Lucro Líquido / Receita Líquida. Em última instância, é

o quanto da receita (ou simplificando, do dinheiro das vendas) que sobra

na forma de lucro após as despesas, custos, impostos, juros etc.

Obviamente que quanto maior melhor, mas não podemos simplificar e sair

colocando padrões absolutos. A margem varia de setor para setor, de

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empresa para empresa por razões diversas. E varia também de tempos em

tempos, em diferentes épocas. O mais importante aqui é você conhecer a

empresa e o setor, saber que nenhum dado isolado determina se uma

empresa é boa ou ruim. Há empresas boas com margem de 5% e empresas

ruins com margem de 10%.

Mais complicado ainda há empresas que diminuem sua margem

propositalmente, sendo um exemplo clássico a Amazon. Teoricamente

seria bom ter margem maior, mas em última instância o que importa é a

quantidade absoluta de lucro e pode-se conseguir mais vendas e menos

concorrência com margem menor. Claro que conseguir manter uma

margem alta através dos tempos como a Apple é sensacional mas nem

todas conseguem e algumas conseguem lucros expressivos em valores

absolutos por ter vendas expressivas mesmo com margens baixas.

Para avaliar margem, você tem de saber com que tipo de empresa está

lidando. Há empresas, especialmente no setor de consumo, que giram

muito sobre o patrimônio, trabalham com um patrimônio bem menor do

que a receita e sofrem enorme concorrência. Estas empresas vão ter

margens mais baixas, mas isso não quer dizer que sejam empresas ruins.

Como sempre, não adianta ficar só olhando números, tem de conhecer a

empresa, como ela trabalha e como ela faz dinheiro.

Pode-se comparar margens entre empresas semelhantes, do mesmo setor,

de preferência do mesmo segmento. É uma das formas de tentar

determinar qual tem vantagem competitiva sobre as outras. Este é um dado

a ser considerado. Mas novamente, nenhum dado isolado é determinante

na escolha de empresas. No mais, não é necessário ser sócio das melhores

empresas, esta busca leva ao giro de patrimônio. Basta que suas empresas

sejam boas e com lucros consistentes. Até mesmo porque saber qual vai ser

a melhor empresa do segmento nos próximos 20, 30 anos, é apenas chute.

Não há nenhuma métrica que possa determinar isso. No mais se duas

empresas do mesmo segmento são boas tenha as duas, mais fácil do que

ficar escolhendo. Com bom senso, quanto mais diversificar, melhor. Seja

sócio de empresas boas, quanto menos ficar comparando uma com a outra

melhor.

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- ROE = Lucro Líquido / Patrimônio Líquido. Avalia o retorno sobre o

investimento. O quanto se lucra sobre o capital investido, já que o

patrimônio líquido é em última essência o patrimônio do sócio na empresa.

Teoricamente, excetuando-se as distorções, quanto maior melhor. Mas

novamente há empresas em situações especiais. Da mesma forma que

patrimônio baixo distorce a margem para baixo, um patrimônio muito

grande (como é visto nas empresas donas de Shoppings ou com intangível

muito grande) distorce o ROE para baixo. No fim qualquer dado que envolva

Patrimônio Líquido deve ser ignorado porque há poucas coisas que

distorcem tanto. Para mim ROE é um dado que deve ser totalmente

ignorado não tendo qualquer utilidade.

É praticamente impossível ter qualquer padrão confiável. Análise de

empresa não deve ser baseada em números isolados ou menos ainda fazer

relação de investimentos em ações com dados de renda fixa já que alguns

querem relacionar o ROE com a SELIC. Índices de Renda Fixa tem prazo,

investimentos em ações como sócio não tem prazo. Assim como a renda

variável varia, o resultado das empresas também. Alguns também usam o

ROE para comparar empresas do mesmo segmento, o que é ainda mais

inútil do que a Margem Líquida. O melhor mesmo é conhecer as empresas

e ver qual te agrada mais, se tiver dúvidas fique com as duas. Não perca seu

tempo comparando empresas.

Todos os índices que utilizam o Patrimônio Líquido, assim como os que

utilizam preços, são falhos. O Patrimônio Líquido é um dado muitas vezes

totalmente distorcido. Sendo assim o ROE pode e na minha opinião deve

ser totalmente ignorado.

- EBIT = Lucros antes dos impostos e juros (Earnings before Interests and

Taxes). Também chamado de lucro operacional, pois comporta somente a

parte operacional da empresa excluindo o resultado financeiro e os

impostos. Serve para verificar a parte operacional da empresa. Mas tome

cuidado, porque juros de empréstimos e impostos existem, especialmente

juros de empréstimos. De nada adianta uma empresa ter uma parte

operacional boa e pagar tudo em juros de empréstimos tendo prejuízo no

final. Vale a pena em algumas empresas comparar o Lucro Líquido com o

EBIT para ter ideia do quanto a empresa está gastando em juros. Quando o

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EBIT é muito maior que o Lucro Líquido proporcionalmente ao tamanho da

empresa, ligue o alerta, especialmente se os outros dados de análise de

caixa e dívidas estão apresentando problemas. De qualquer forma é fácil de

ver o quanto a empresa está pagando de juros de empréstimos e temos

este dado nos quadros de ações do site. Isso tudo já entra na esfera do

detalhinho e para quem tem uma carteira diversificado de boas empresas

e outros investimentos não há menor necessidade de chegar até aqui mas

é sempre bom ao menos saber do que se trata.

- EBITDA = Lucros antes do impostos, dos juros, da depreciação e

amortização. (Earnings before interests, taxes, depreciation and

amortization). Para se chegar ao EBITDA basta somar a Depreciação e a

Amortização ao EBIT. Em último caso seria o quanto a empresa gera de

caixa nas suas atividades fim. É um complemento ao estudo do lucro

líquido, pois todos estes dados podem distorcer o lucro. Mas assim como

com o EBIT não adianta, ao menos em seguidos anos, ter EBITDA positivo

com lucro líquido negativo. Alguma coisa pode estar errada. Que isso

aconteça um ano por um resultado não recorrente (não usual) ok, mas ano

após ano demonstra algum problema.

A depreciação do imobilizado e a amortização do intangível, são

descontados do lucro líquido, ou seja, diminuem o lucro líquido, mas não

há um efeito caixa, não está havendo uma despesa propriamente dita. É

apenas uma conta da perda de valor de ativos da empresa pela passagem

do tempo e utilização deles. Esta perda de valor não é determinada de

forma arbitrária, mas dentro de parâmetros e limites estabelecidos pela

Receita Federal.

No fim o EBITDA seria a geração de caixa propriamente dita da empresa

pelas suas atividades operacionais. É um dado interessante para os que

analisam mais a fundo. Só não pode começar a considerar mais importante

do que lucro e achar que empresa com prejuízos seguidos, mas EBITDA

positivo é boa. Lucro por si só pode não ser critério que determine que a

empresa é boa, mas sem ele a empresa é ruim, ao menos sem a consistência

dele através dos anos. O EBITDA parece uma coisa chique e muitos gostam

de falar dele para se mostrar entendido, mas no fim é bem simples e sem

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lucro como mostrado lá atrás não tem nem de chegar no EBITDA porque a

empresa já foi descartada.

- Fluxo de Caixa. Até agora vimos dados do Regime de Competência que

considera os recebimentos e obrigações contratados pela empresa, mas

não obrigatoriamente recebidos ou pagos. No Regime de Caixa, só se

considera o dinheiro que efetivamente entrou ou saiu do caixa da empresa.

Exemplificando: Eu posso fazer uma venda para ser paga em três prestações

mensais e incluir toda a venda na Receita, mas no Regime de Caixa eu só

posso incluir a primeira prestação já paga e recebida (já entrou no caixa da

empresa).

No Fluxo de Caixa temos o Fluxo de Caixa Operacional (FCO), que é o caixa

gerado nas operações da empresa menos as despesas e gastos ligados a

atividade da empresa. O Fluxo de Caixa de Investimentos (FCI), que lida com

a parte de investimentos da empresa, mas também considera

investimentos em aplicações financeiras. O dinheiro entra no caixa nesta

parte também quando a empresa resgata aplicações financeiras ou vende

ativos. No Fluxo de caixa de Financiamentos aborda-se a parte de

empréstimos da empresa, entrando dinheiro quando adquire empréstimos

e saindo quando paga empréstimos ou dividendos.

Se somarmos todos temos o Fluxo de Caixa Total (FCT), que reflete o

resultado do caixa da empresa. Como ele inclui empréstimos este dado

pode ser distorcido, pois pode demonstrar entrada de dinheiro no caixa da

empresa que não necessariamente veio de suas operações.

O Fluxo de Caixa Livre considera somente o FCO + FCI e demonstra se a

empresa realmente está produzindo caixa a partir de suas operações. Para

“limpar” ainda mais este dado podemos utilizar no lugar do FCI, o CAPEX,

que seria o FCI sem a parte de aplicações financeiras e a soma do FCO +

CAPEX nos daria o resultado operacional propriamente dito do caixa da

empresa. O Ideal é que o FCL CAPEX seja positivo e expressivo e junto com

o lucro, o EBITDA e a margens, completam a avaliação do quanto a empresa

está produzindo de caixa e lucros e basicamente da produtividade da

empresa, mas Fluxo de Caixa é bem mais volátil que os dados do Regime de

Competência então avalie com cuidado. Um ou dois anos de fluxo de caixa

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líquido negativo, principalmente se tiver uma explicação como um grande

investimento ou compra, não é nada demais. Analise historicamente

usando os quadros da Área de Ações da Bastter.com. De qualquer forma o

Fluxo de Caixa Líquido CAPEX histórico considero mais interessante que

todos estes outros complementos do lucro porque demonstra

especificamente quanto está sobrando ou não de dinheiro. É uma medida

bem direta e real e excetuando empresas com detalhes que distorcem o

Fluxo de Caixa, se o lucro é consistente o FCL Capes tende a ser

primordialmente positivo.

- CAIXA E DÍVIDA EQUILIBRADOS. Analisar caixa e dívida como qualquer

coisa não é uma análise de números, mas sim analisar como a dívida

interfere na empresa e como ela lida com esse déficit. Empresas diferentes

podem trabalhar com mais ou menos dívidas sem haver desequilíbrio. Há

empresas que trabalham alavancadas e deve-se aceitar isso antes de se

tornar sócio. Tudo deve ser avaliado dentro da história da empresa e não

com números isolados.

Antes de tudo, há de se compreender que dívidas não são iguais para

empresas e pessoas físicas. Pessoa Física a princípio não deve ter dívida.

Empresas podem se beneficiar de dívidas. O capital de terceiros diminui o

custo total de capital da empresa, pois há um benefício fiscal relacionado a

dívidas. Mas a pressão alta de juros se está além das possibilidades da

empresa, acaba levando a risco de insolvência e desequilíbrio. A

administração tem de gerir o quanto do capital da empresa deve ser próprio

e o quanto pode vir de terceiros. Não há um número mágico, cabe à gestão

administrar este percentual para maior benefício à empresa. Há empresas

conservadoras que preferem trabalhar praticamente só com capital

próprio. Podem ter menos crescimento do que se usassem capital de

terceiros, mas ao mesmo tempo assumem menos risco. Outras empresas

alavancam mais ou por ter receita garantida ou por estar em um segmento

em que é necessário buscar muito crescimento.

No fim é controverso se devemos nos preocupar com dívidas ou se isso não

é um problema puramente da gestão. Se a empresa mantém lucros

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consistentes que diferença faz se tem dívida ou não? Significa que a gestão

está usando o capital de terceiros de forma eficiente. Se não tem lucros

consistentes a dívida também não faz diferença pois não seremos sócios em

primeiro lugar. De qualquer forma o que interessa para os que vão analisar

dívidas é entender como funciona a empresa e acompanhar se está

havendo equilíbrio. Vamos aos dados que podem ser analisados em dividas,

todos eles encontrados nos Quadros da Área de Ações da Bastter.com.

- Dívida Bruta. Empréstimos e Financiamentos bancários e debêntures

emitidas ainda válidas. Basicamente as dívidas da empresa. Importante

entender aqui que não é o passivo total da empresa. Há diversos passivos

que não são dívida como, por exemplo, obrigações trabalhistas,

fornecedores etc. A dívida é uma parte do passivo da empresa, mas não o

passivo total.

Outra confusão que deve ser esclarecida é que a dívida já está incluída no

Patrimônio Líquido, então quando falam que se a dívida é maior que o

Patrimônio Líquido significa que a empresa está inadimplente, é uma

informação errada. Além de errada nem necessariamente é uma

informação que demonstra desequilíbrio. Vai depender do tipo de empresa

e de outros fatores. O Patrimônio Líquido é a diferença dos Ativos da

empresa menos os Passivos, logo a dívida já é descontada do Patrimônio

Líquido. Se o Patrimônio Líquido é positivo a empresa ainda tem mais Ativos

do que Passivos e não está insolvente.

Não há muito que analisar olhando apenas a Dívida Bruta, números

absolutos não definem nada. É necessário comparar a dívida com outros

dados da empresa para que se possa analisar. O que interessa é o que a

dívida representa na empresa. Claro que se pode observar a evolução dela

e há de se ter bom senso quando são números absolutos obviamente

absurdos, mas a princípio vamos analisar a proporção da dívida em relação

a outros dados da empresa.

Outro dado que pode ser analisado na Dívida Bruta é o quanto da dívida é

de Curto Prazo e de Longo Prazo, sendo o risco maior quanto mais dela é

de Curto Prazo, mas sempre mantenha o bom senso. Se uma empresa tem

uma dívida ínfima, desprezível, pode ser toda de Curto Prazo que não tem

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problema. Sempre analise a situação geral e não dados isolados. Podemos

verificar também quanto da dívida é em moeda estrangeira o que traz mais

risco e quanto é em debentures que é uma dívida normalmente cara. Todos

estes dados podem ser verificados nos quadros da Área de Ações da

Bastter.com ou nos balanços e releases das empresas.

- Dívida Líquida = Dívida Bruta - Caixa. Quando negativa significa que o Caixa

é maior do que a Dívida. O Caixa consiste no numerário disponível

(dinheiro) e investimentos de liquidez imediata. Teoricamente o que

importa é a dívida líquida, pois se ela é negativa ou pequena, temos em

caixa toda ou praticamente toda a dívida, então não importa o tamanho,

temos controle sobre ela. A princípio se a dívida líquida é negativa ou muito

baixa, nem precisa olhar mais nada sobre dívida. Está equilibrada.

Temos de acompanhar, e por isso os Quadros na Área de Ações da

Bastter.com demonstram os resultados ano a ano, para que possamos

acompanhar a evolução da empresa em todos os sentidos.

- Dívida Bruta/PL = Dívida Bruta / Patrimônio Líquido. Todos dados que

incluem Patrimônio Líquido podem estar distorcidos e não são muito

confiáveis. Muitas empresas giram muito sobre o Patrimônio,

especialmente no varejo, onde vemos empresas com a Receita Líquida o

dobro, o triplo ou até mais do que o Patrimônio Líquido. Se a empresa

trabalha com Patrimônio pequeno, este dado irá distorcer para cima, mas

isso não quer dizer que haja desequilíbrio.

Pode-se ignorar este marcador em empresas com patrimônio pequeno,

pois se a dívida for mesmo desequilibrada, isso irá aparecer em outros

dados. Por outro lado, há empresas como as de shopping, por exemplo, que

trabalham com patrimônio bem grande em relação à receita liquida, nesse

caso, este marcador distorce para baixo e não quer dizer que a dívida está

equilibrada, então outros dados precisarão também ser analisados. Não há

como analisar dados isolados, é necessário sempre conhecer a empresa.

De qualquer forma, quando há equilíbrio Patrimônio – Receita vamos

querer que a dívida bruta não seja maior que o patrimônio, ideal que seja

menos do que a metade. Mas são padrões arbitrários que devem ser

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analisados no contexto e na verdade o melhor é ignorar totalmente este

dado.

- Dívida Líquida / EBITDA. Como a empresa precisa gerar caixa para pagar

suas dívidas e em última instancia o objetivo das dívidas é gerar caixa,

comparar a dívida liquida com o EBITDA pode nos trazer uma análise

fidedigna do equilíbrio da empresa.

Como padrão se utiliza 3 como limite desse marcador, mas deve-se

acompanhar os planos e as características de cada empresa. Algumas

trabalham com limites mais altos. Isso pode ser aceito por um período, em

empresas com receita garantida ou nas que necessitam de mais

alavancagem, mas sempre vai trazer mais risco. O fato de a empresa

determinar um limite mais alto por um período, não garante equilíbrio.

Analise junto com os outros dados e veja se passa nos seus parâmetros para

ser sócio. Não aceite o que não serve para você, não importa o que a

empresa diga. O ideal são empresas que não precisam dar muitas

explicações. Por outro lado, se a empresa usualmente trabalha alavancado,

admite uma relação mais alta, e você aceita ser sócio, não adianta ficar

reclamando disso.

Além de verificar o resultado, veja a evolução. Uma empresa que costuma

trabalhar próximo de 3, por exemplo, mas que se mantém equilibrada, é

diferente de uma empresa que trabalha próximo de 0,5 e subitamente vai

para 3 ou mais. Isso pode representar um desiquilíbrio. Pode representar

também um grande investimento que deve ser acompanhado, mas de

qualquer forma é uma situação diferente que merece mais atenção.

Dívida Líquida/EBITDA baixa, próxima de 1 ou menos, nem precisa mais

analisar dívidas. Basta isso e está equilibrada.

- Índice de Cobertura de Juros = EBIT / Despesas com Juros. É o quanto os

juros dos empréstimos pressionam o operacional da empresa

(Representado pelo EBIT ou lucro antes dos impostos e juros), quantas

vezes o EBIT paga as despesas com juros. Quanto maior o resultado, mais

tranquila é a posição da empresa que vai se agravando abaixo de 2 e se

torna bastante preocupante abaixo de 1, pois a despesa com juros estará

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maior do que a geração de caixa operacional da empresa o que pode

demonstrar desequilíbrio em termos de caixa e dívida.

- Liquidez e Solvência. São índices que complementam a análise de caixa e

dívida. O mais importante é a Liquidez Corrente, que são os Ativos divididos

pelos Passivos. Quando abaixo de 1, demonstra que os passivos da empresa

são maiores que os ativos e podem levar a insolvência. Deve-se se verificar

se há justificativas para isso, mas usualmente não é uma boa situação. Para

ser mais rígido nesta análise, podem-se substituir ativos por caixa e chegar

a Liquidez Imediata, que analisa a capacidade da empresa de honrar seus

compromissos de curto prazo. Ideal que também não esteja abaixo de 1,

mas podemos ter mais maleabilidade aqui, especialmente em fortes

geradoras de caixa.

Não é um índice muito importante e está muito sujeito a distorções, tendo

de ser analisado somente em situações especiais em que há dúvidas

considerando os outros aspectos da análise de dívidas.

Os dados estão aí para os que desejam analisar dívidas. Pode-se ignorar e

deixar como problema da gestão considerando apenas se tem tempo

suficiente de Bolsa, se oferece ONs com boa liquidez e se tem lucros

consistentes. Para os que desejam analisar dívidas apenas entendam que

não pode se sobrepor a lucros e se a Dívida Líquida / Ebitda está abaixo de

2 não precisa olhar mais nada. Não se percam em detalhes, o foco deve ser

sempre o seu trabalho e não perder horas analisando empresas.

GESTÃO E GOVERNANÇA. São critérios muito subjetivos e difíceis de

avaliar. Praticamente não faço mais análise disso para ser sócio. Se a

empresa me oferece ON, tem lucros consistentes e dívida equilibrada e vem

trazendo retorno eficiente aos sócios através dos anos já me basta. Nessa

situação a gestão tem de ser boa e governança é bastante complexa de

analisar se resumindo para mim em última instancia se me permite comprar

ONs com a devida segurança para ser sócio.

Uma coisa importante é entender que você não vai conhecer uma empresa

de primeira só porque faz uma análise ou estuda o quadro de ações dela na

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Bastter.com. Conhecer uma empresa leva tempo. Você se torna sócio, vai

acompanhando, vai aprendendo sobre ela, vai conhecendo, vai

entendendo como ela funciona e assim por diante. Participar da página dela

na Área de Ações da Bastter.com é fundamental pois discute a empresa, se

informa, vê diversos dados, etc. Entre aos poucos, para dar tempo de saber

o que está fazendo.

Em Governança há alguns dados objetivos que até podem ser analisados:

Se ela oferece ON com liquidez e se tem PN ou não. Ter só ON é melhor e

não ter ON com liquidez é o pior. Qual o nível de Governança (do Tradicional

que é o pior, para o Novo Mercado que é o melhor). Free Float (percentual

das ações da empresa que estão disponíveis para o público, ou seja, não

estão nas mãos dos controladores), o ideal é que seja acima de 25% e acima

de 50% torna a empresa de capital pulverizado o que tende a ser

interessante em termos de governança. Fique de olho e não aceite

empresas que tem um imenso free float nas PNs e um percentual irrisório

das ONs. Ela pode até ter Free Float acima de 25% mas de uma forma não

muito interessante para o minoritário.

Não há garantias, mas uma empresa que só possui ONs, do Novo Mercado

e com um Free Float alto, tende a ser uma situação mais segura do que uma

empresa que só tem liquidez nas PNs e está no segmento tradicional. Ao

menos, a primeira permite ao minoritário ser sócio com alguma segurança.

Mas novamente, isso por si só não quer dizer nada. Só interessa se a

empresa for boa. Está cheio de empresas ruins no Novo Mercado e há

empresas boas fora dele. Na dúvida, esses são dados positivos ou negativos

que te ajudam a decidir e entre duas empresas semelhantes; escolhe-se

nesse caso a de maiores níveis de governança.

Conforme você vai conhecendo a empresa, acompanhando os balanços,

discutindo os aspectos dela nos murais das empresas na Área de Ações da

Bastter.com vai tendo uma ideia da Gestão da empresa. Algo que deve ser

observado é se os dados dos balanços são fáceis de analisar ou está cheio

de não recorrentes (lucros ou prejuízos eventuais por acontecimentos que

não fazem da vida comum da empresa) ou dados que se misturam com os

lucros que devem ser descontados para uma perfeita análise? Não há por

que ser sócio de empresas ainda que boas, cuja análise é muito complexa e

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leva horas e horas. Cai no problema que estas horas seriam mais eficientes

no seu trabalho para ganhar mais e poupar mais. Eu pessoalmente não

analiso mais nada disso, mas fica aí a ideia para os que desejam analisar

mais a fundo mas tomem cuidado para não virar Jose Detalino que acaba

perdendo horas e horas analisando empresas que poderiam estar sendo

usadas para aportar mais, e pior, acabando girando mais o patrimônio.

É muito importante deixar a gestão trabalhar para você. Não queira saber

de tudo, estudar tudo, acompanhar tudo porque perde o sentido de ter

ações. Trabalhe no seu negócio, nas ações os gestores trabalham para você.

Basta um acompanhamento pelo alto e de coisas muito graves. Só o fato de

apresentar bons balanços e bom retorno aos sócios por si só já demonstra

uma boa gestão. No fim é o que podemos acompanhar.

Muita gente dá importância ao RI e eu já levei isso mais a sério. Hoje eu

acho que o RI (Relação com os Investidores) serve para tirar dúvidas

específicas sobre a empresa, mas não para avaliar a empresa. Qualquer

empresa ruim pode pagar um RI para responder as pessoas com a maior

atenção do mundo e isso não quer dizer que a governança seja boa muito

menos que a empresa é boa. Use o RI se quiser, mas não avalie a empresa

nem a governança pelo RI.

Conforme acompanha a empresa e os balanços, vai compreendendo mais

a gestão se desejar porque isso não é essencial para ser sócio. Observe os

planos da empresa e posteriormente o quanto ela cumpre suas

expectativas ou mesmo o que promete. Como ela lida com investimentos,

o quanto ela se mantém equilibrada em termos de dívidas, como ela reage

à concorrência, enfim, conhecer a empresa só dá para ir conhecendo aos

poucos. Você deve participar do mural da empresa na Área de Ações da

Bastter.com se tornando seguidor da empresa, isso faz com que seja

notificado de tudo que acontece na página dela, é o ideal para ir se

tornando intimo da empresa.

Resumindo, uma empresa para ser boa para ser sócio minoritário, precisa

ter boas condições para ser sócio:

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Não ser IPO recente

ONs com boa liquidez e Free Float.

Lucros consistentes

Ter dívida equilibrada pode ser observado ou não, mas não é

essencial. Se a empresa tem os três acima a dívida pode ser

considerada problema da gestão.

Boa gestão e governança podem ser considerados essenciais por alguns,

mas a avaliação é muito subjetiva e prefiro deixar de fora. Se tem os três

(ou quatro) acima provavelmente a gestão é boa e a governança ao menos

oferece ONs com segurança que é o mínimo obrigatório para ser sócio de

empresas.

Nem sempre tudo é perfeito o tempo todo, acompanhe a empresa e

compreenda as dificuldades passageiras, mas o objetivo é que estes

aspectos estejam indo bem, para que como sócio seja beneficiado. A

despeito disso, compreenda que igual você, as empresas têm períodos

melhores e piores. Só ganha com ações quem senta a bunda nelas por

enormes períodos. Seja criterioso para escolher empresas para ser sócio,

mas depois que entrou só saia nas catástrofes se sair. Se você se permitir

sair por qualquer coisinha vai virar trade com compra no topo e venda no

fundo. Cuidado com os trimestrais e os histerismos.

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Não é uma empresa do Brasil, mas o que importa é o conceito. 13 anos de

lado e um retorno extraordinário aos acionistas no longo prazo. Se não

aguenta ficar em empresas que passam por períodos ruins é melhor

esquecer a renda variável porque sua vida vai ser compra no topo quando

tudo está bem e venda no fundo quando está tudo mais ou menos.

Muito, mas muito cuidado com o que eu chamo de Falácia do Analista. As

pessoas começam a se aprofundar na análise de empresas e começam a

confundir sua análise com a realidade e pior, achar que a sua análise

determina o futuro da empresa e altera o risco dela. A sua análise é só a sua

análise. Nada garante que ela esteja certa e muitas vezes vai estar errada.

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Por isso diversificamos e tentamos manter a humildade de saber que não

somos maiores do que o mercado e ele que decide o que vai acontecer.

Quando analisamos uma empresa não mudamos as características dela e

nem o risco, nada nela muda na verdade. Ela continua sendo exatamente a

mesma empresa independente de nossa análise. É muito importante para

quem deseja sobreviver com ações mudar a abordagem de achar que é o

esperto que vai escolher as melhores empresas para simplesmente colocar

as chances a seu favor diversificando bastante numa carteira de boas

empresas. As empresas boas tendem a continuar boas. Nada é garantido,

mas colocaremos as chances a nosso favor que é tudo que podemos fazer.

A imagem abaixo demonstra um exemplo gritante. Diversas pessoas

analisaram que a empresa teve uma grave falha de governança e depois da

análise em que muitos a abandonaram ela subiu 400% em um ano. Teve

falha de governança? Não sei. O que sabemos na linha de cima é que os

lucros nunca caíram expressivamente. Misturar notícias, histerismo,

acompanhar cotação e ficar achando que sabe analisar melhor que os

outros vai levar muitas vezes a isso. O pior é que a maioria que vendeu no

fundo volta a comprar no topo. Não estamos analisando cotações, só o que

acontece quando bate a arrogância de achar que nossa análise decide a

empresa. Quem só acompanhou lucros, dívida etc. não viu nada demais

acontecendo e continuou na empresa.

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5 - AS EMPRESAS NA SUA CARTEIRA PODEM ESTAR EM

QUATRO SITUAÇÕES DIFERENTES: Empresas em Estudo são aquelas que você pretende ser sócio, mas ainda

está estudando para ver se realmente vale a pena e se atinge seus critérios.

Você as acompanha e coloca na sua carteira com objetivo percentual de

0%. Ou seja, você vai acompanhar os balanços da empresa, mas o sistema

nunca vai mandar comprá-las.

A partir do momento que você inclui um objetivo percentual, você se torna

Sócio da empresa, não importa se tem na carteira ou não. O que importa

nos investimentos são os objetivos que você determina e não propriamente

a posição atual. As empresas que você é sócio podem ser acompanhadas

pelo balanço anual para ver se continua indo tudo bem. Se está tudo bem,

pode-se analisar somente no próximo balanço anual. Se há algum problema

e deseja mudar de categoria, tome a decisão de acordo com os dados dos

balanços ou algum acontecimento importante. Nunca se baseie em notícias

ou cotações.

O ideal é acompanhar somente os balanços anuais pois os trimestrais

variam muito. Se ainda assim for acompanhar os balanços trimestrais,

analise os últimos 12 meses e não o trimestral isolado, que muitas vezes

distorce os dados e leva a conclusões precipitadas. Muita atenção para não

tomar decisões baseadas em eventos não recorrentes (eventos isolados,

exceções que provavelmente não vão se repetir como o pagamento de uma

causa judicial, a venda de um ativo etc.).

Normalmente se transfere uma empresa em que há muitas dúvidas para a

Quarentena. Na quarentena você não vende a empresa, mas para de

comprar, coloca 0% como objetivo. Cada um vai ter de criar os seus critérios

para colocar empresas de quarentena, de uma forma que fique mais

confortável. A mentalidade deve estar sempre direcionada a ficar o máximo

possível nas empresas. É bem melhor errar aqui sendo conservador na saída

do que sendo precipitado. Decida com bastante calma e seja bastante rígido

para deixar de comprar e principalmente sair de empresas. O prejuízo de

sair ou até de parar de comprar empresas boas ao seu patrimônio é muito

maior do que o de ficar em empresas ruins. Empresas boas não tem limite

do que podem crescer. Empresas ruins tem limite do que podem ficar ruins

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pois não tem como passar de zero. O objetivo é ficar o máximo de tempo

em valor. O desespero do iniciante é ser sócio de empresas ruim ou ficar

em empresa ruim. Modifique esta abordagem e passa a ter medo de sair de

boas porque aí que está o grande prejuízo ao seu patrimônio. E para não

sair de boas vai ter de ficar com algumas ruins. Veremos isso em detalhes

mais a frente.

Quanto mais complacente você for com empresas que supostamente

pioraram, mais tempo você vai ficar em empresas ruins, mas por outro lado

vai girar menos seu patrimônio, tendo menos custos e vai sair menos vezes

de empresas boas. Isso vai levar a um patrimônio maior a não ser que sua

carteira só tenha lixo. O que se perde nas ruins desde que se diversifique, é

limitado. O ganho nas boas é ilimitado. Perder uma empresa boa na carteira

é um dano enorme ao patrimônio.

Quanto mais rígido você for com empresas que supostamente pioraram,

menos tempo vai ficar em empresas ruins, mas por outro lado vai girar mais

seu patrimônio, tendo mais custos e vai sair mais vezes de empresas boas.

O dano ao patrimônio aqui tende a ser bem maior.

O dano ao seu patrimônio de sair de empresas boas é muito maior do que

de ficar em ruins então o ideal é ser bem conservador na saída. Colocar de

quarentena o dano é bem menor especialmente se tiver uma boa

diversificação, mas calma na saída e se for sair, saia devagar.

Não há regra absoluta, você tem de achar o seu ponto de equilíbrio,

determinar seus critérios e segui-los. A decisão de sair de empresas que

você é sócio, como de qualquer investimento, tem de ser baseada em valor,

nos fundamentos da empresa, em balanços ruins. Nunca em histerismo de

mídia, dicas de analistas ou queda da cotação. Lembre-se, a empresa piorar

não é necessariamente ficar ruim. Uma empresa muito boa pode

apresentar um balanço anual pior do que o do ano anterior, mas ainda

assim bom. Nenhuma empresa cresce ou melhora para sempre todos os

balanços. É necessário haver bom senso!

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Pois bem, anualmente você vai estudar os balanços anuais e determinar as

empresas que você continua sócio, ações em estudo que agora vai ser sócio,

ações que era sócio que passam para quarentena, ações em quarentena

que pode voltar a ser sócio ou que irão sair da carteira e assim por diante.

Vai determinar também os objetivos percentuais de cada uma podendo

deixar na mesma, aumentar ou diminuir.

As empresas em quarentena são aquelas que você está em dúvida se

permanece como sócio ou retira da sua carteira. Nessas pode-se até

acompanhar mais de perto, mas cuidado com o barulho dos trimestrais,

acompanhe sempre os últimos 12 meses. As empresas em quarentena têm

objetivo percentual na carteira de 0% (não importando a posição atual

delas na carteira), fazendo com que o sistema nunca mande comprá-las. O

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objetivo da quarentena é ter mais tempo para decidir, portanto nesse

tempo você não vende as ações, mas também não compra. Se depois

decidir que a empresa é boa ao menos não saiu dela. E se decidir que é ruim

não comprou mais fazendo com que sua posição nela se tornasse

progressivamente menor na sua carteira enquanto continua comprando

outras.

Estando uma empresa em quarentena, se você realmente decide que não

quer mais ser sócio, é hora de sair. Não há necessidade de correria, isso

pode ser feito aos poucos. Basta uma vez por mês ir diminuindo sua posição

na empresa e o dinheiro da venda se soma ao aporte mensal para ir a outros

investimentos que ainda tem valor dentro dos seus critérios. Nesse

processo, continue acompanhando os balanços da empresa e se ficar em

dúvida retorne para a quarentena. Os movimentos pequenos são benéficos.

Se a empresa for boa você ainda tem uma parte do que tinha. Se a empresa

for mesmo ruim, já saiu de uma parte. O grande problema aqui é realmente

definir que a empresa é ruim.

Acostume-se não só na carteira de ações, mas em todos os investimentos a

movimentos pequenos. Mexer em grandes quantidades de dinheiro de uma

vez leva a riscos grandes e pode terminar em perdas importantes do

patrimônio.

As ações da sua carteira têm de estar sempre em uma destas quatro

categorias e os objetivos percentuais sendo ajustados anualmente após

todos os balanços anuais da sua carteira ser liberados, quando inclusive

você vai poder estudá-los nos quadros de ações da Bastter.com. As

empresas em estudo, em quarentena e que você está saindo, se desejar,

estude também os balanços trimestrais, mas sempre olhando os últimos 12

meses. As que você é sócio e está tranquilo, basta o anual. Considero que o

melhor mesmo é nunca olhar trimestral. Difícil resistir ao barulho e a

volatilidade deles. Acaba girando mais o patrimônio do que deve o que

sempre termina em menos patrimônio.

No Bastter System da Bastter.com as ações podem estar em três categorias:

Comprar = Sócio

Neutro = Quarentena ou Estudo

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Vender = Sair

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6 - DIVERSIFICAÇÃO O dado mais importante na sua carteira é a qualidade das empresas que

você é sócio, mas isso só não basta. O fato de as empresas terem valor ou

você achar que tenha, não garante nada. Elas podem perder valor ou você

pode ter avaliado errado. Por isso é necessário diversificar para diminuir

seu risco. Na verdade, para o acúmulo de patrimônio os dados mais

importantes são o aporte mensal e o tempo, mas falando especificamente

da carteira de ações podemos considerar que a qualidade das empresas é

fundamental no sentido geral e não específico empresa por empresa. É

necessário que sua carteira de ações tenha valor como um todo, mas não

necessariamente o melhor valor, que é impossível e não vai conseguir que

todas tenham valor. No meio vão ter empresas com valor fantástico, com

valor médio e sem valor. O que importa é o aspecto geral da carteira e não

o específico empresa por empresa. Acostumem-se a pensar nos

investimentos em patrimônio geral e não ativos específicos.

Há dois aspectos na diversificação de uma carteira de ações:

Quantidade de empresas da carteira.

Distribuição das empresas por setores e segmentos.

No que diz respeito à quantidade é bem simples:

Se você tem duas empresas, o risco médio por empresa é de 50% de

sua carteira de ações.

Se você tem quatro empresas, o risco médio por empresa é de 25%

da sua carteira de ações. 10 empresas, 10%. 20 empresas, 5%.

E se, por exemplo, você tem 20 empresas e 30% dos seus investimentos são

em ações, o risco médio em relação a seus investimentos totais é de

5%*30% ou apenas 1,5%.

Estes são dados matemáticos simples que não tem muito que discutir.

Muitos já ouviram aqueles conceitos sem sentido que quando você

diversifica demais, diminui o retorno da sua carteira. Totalmente sem

sentido. Se você diversificar com empresas melhores, como o retorno vai

diminuir? No mais e daí o retorno, o que importa no patrimônio é valor. E

importa especialmente para o amador diminuir o risco. O que ferra amador

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não é baixo retorno, mas alto risco. É uma das inúmeras coisas que só

servem para profissionais e instituições, que tentam oferecer para

investidores amadores. Não somos nem seremos foras de série. Estes não

estão escrevendo nem lendo este livro. O que vai nos enriquecer é nosso

trabalho. A Bolsa é só complemento. Além do mais estes estudos

académicos, normalmente ensinado em faculdades por professores que

nunca compraram uma ação estão falando do risco da volatilidade que não

importa para quem compra ações para ser sócio.

A imagem mostra claramente o melhor retorno da carteira com mais ativos.

Serve apenas de exemplo porque nenhuma das duas são boas para

investimento como já mostramos lá atrás quando falamos de índices mas

serve para demonstrar que diferente do que se fala diversificar mais não

diminui o retorno, muito pelo contrário.

Não há como determinar um número ideal de empresas na carteira. Quanto

mais empresas, menor o risco, mas maior a chance de entrar alguma

empresa ruim no meio. Por outro lado, é maior a chance também de pegar

algumas empresas com retornos espetaculares, o que só dá para saber

depois. Quanto menos empresas, maior o risco, mas menor a chance de

entrarem empresas ruins no meio. E menor também a chance de entrarem

empresas espetaculares. A balança pesa claramente para mais empresas.

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Ache seu equilíbrio. Apenas para dar algum padrão, algo entre 20 e 30

empresas no Brasil é razoável, mas não é obrigatório que fique nisso. Na

verdade, quanto mais empresas boas conseguir colocar na carteira, desde

que com bom senso, melhor.

Outra coisa sem sentido que se repete toda hora sobre diversificação é a de

ter poucas empresas porque não tem tempo para acompanhar. É

justamente o contrário. Já vimos que quanto menos empresas, maior o

risco por empresa, então, quanto menos tempo para acompanhar mais

empresas você deve ter.

Então por que não acompanhar mais as empresas de perto e mais

detalhado? Porque em primeiro lugar acompanhar mais não significa

necessariamente uma análise melhor. Às vezes, e isso é muito comum, as

pessoas se perdem em detalhes sem importância, fazem rolos mentais

olhando demais e acabam por analisar pior. No mais é bem difícil, a não ser

que você seja realmente um fora de série, que o tempo gasto com isso seja

mais eficiente do que gastá-lo na sua atividade principal, trabalhar mais,

ganhar mais e poupar mais. Aportes maiores levam a mais riqueza

acumulada de uma forma muito mais eficiente para quase todos do que

estudar empresas até o último detalhe. Sem contar que você pode usar este

tempo para ir ao cinema, a praia, namorar, ou seja, aproveitar a vida, que é

o objetivo final.

No que diz respeito à distribuição das empresas por setores e segmentos, é

mais complexo, mas especialmente no Brasil apesar que nos EUA também,

pela quantidade de empresas que se consegue acumular lá, pode ser

totalmente ignorado. Pode parecer interessante espalhar as empresas por

setores e segmentos, mas na Bovespa, o problema é que as divisões são

malfeitas e há poucas empresas boas. Para quem tem muitas empresas e

bom senso isso pode ser totalmente dispensado. E atenção, uma coisa é

achar empresas boas em diversos setores e segmentos. Outra é querer ter

empresas de diversos setores e segmentos. Só seja sócio de empresas boas.

Não compre uma empresa só porque acha que precisa diversificar em todos

os segmentos.

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Se você tem 20 empresas, mas são todas do mesmo segmento, está

assumindo um risco maior, pois se ocorrer um problema naquele segmento

da economia, toda sua carteira de ações pode sofrer. Mas na Bovespa nem

tem 20 empresas no mesmo segmento. Hoje em dia, ignoro isso

totalmente. Basta diversificar bastante e ter bom senso. Naturalmente

haverá diversificação. Nos EUA pode-se encontrar 20 empresas no mesmo

segmento, mas se tiver bom senso e diversificar bastante isso pode ser

ignorado também. Quanto menos detalhe que vai tomar o tempo que

poderia estar se dedicando a sua atividade para aumentar os aportes,

melhor. Nenhum detalhinho em análise de empresas ou montagem de

carteira de ações supera os aportes no crescimento do patrimônio.

No Bastter System da Bastter.com você visualiza gráficos da distribuição de

suas ações por setores e segmento se quiser, mas não fique muito focado

nisso. Há gráficos de diversificação geral também e até internacional. Não

é assunto deste livro, mas é importante também a diversificação

internacional, diminuindo ainda mais o risco da sua carteira.

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7 - QUANTAS EMPRESAS COMPRAR POR MÊS Após montar sua carteira e colocar na sua planilha de investimentos (ou no

Bastter System da Bastter.com), o investidor fica aflito porque seguindo um

sistema razoável de compras, comprando uma ou duas no máximo por mês,

pode levar alguns anos até comprar todas as empresas da carteira. Aí

começa a fazer besteiras como comprar todas num mês, uma pequena

quantidade de cada uma. Isso aumenta os custos além de criar rolos com o

imposto de renda e diminuir a eficiência de sistemas que mandam comprar

o que está mais distante do objetivo como o Bastter System. Sem contar

que o foco no que não interessa sempre leva a erros. Vá comprando aos

poucos sem problemas, é até bom que comece devagar e vá entrado aos

poucos nas empresas. Se demorar, demorou, é a sua realidade. Não é

álbum de figurinhas que tem de completar rápido. O que importa é aportar

todo mês em valor e permanecer em valor o máximo de tempo possível.

Esqueça os detalhes sem importância. Uma vez por mês pegue todo o

dinheiro novo e compre o que o sistema mandar. Uma coisa, no máximo

duas. Desde que compre valor todo mês está no caminho certo. Quanto a

decidir entre duas ou três se o sistema mandar comprar mais de uma tanto

faz, compre qualquer uma delas. Desde que sejam empresas boas é o que

importa.

Gerenciando seu patrimônio:

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8 - DIVIDENDOS E OUTROS PROVENTOS Quando falamos de montar carteira de ações, temos de falar de dividendos,

pois não há assunto que traga mais confusão do que este. É muito comum

que recomendações sem sentido sejam feitas por analistas e congêneres,

como comprar ação porque vai distribuir dividendos ou comprar ação

porque é uma boa pagadora de dividendos. Falou bons dividendos, uma

fada morre.

OIBR = Excelente pagadora de dividendos

APPLE = Péssima pagadora de dividendos

Qual você acha que tem trazido resultados melhores para os sócios?

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Pagar ou não dividendos não muda em nada a qualidade da empresa e nem

os retornos para o acionista, e mais, se a empresa for realmente boa, pagar

menos dividendos pode ser até melhor para o minoritário, porque

provavelmente ela vai investir dinheiro melhor do que você. Só não saia de

uma sardinhice que é ficar atrás de empresa que paga “bons dividendos”

para outra que é começar a achar que é ruim pagar dividendos. O correto é

ignorar dividendos e só focar se a empresa é boa.

Não tenho nada contra dividendos e no Brasil a maioria acaba pagando de

uma forma ou de outra se tiver lucros, mas se a empresa for muito

conservadora ou não tiver para onde crescer, você tem de estar ciente que

provavelmente o crescimento será pequeno. Não há nada de errado nisso,

muitos preferem empresas conservadoras. O que importa é conhecer as

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características das empresas que você é sócio e só ser sócio de boas

empresas. Se cresce mais e paga menos dividendos ou se cresce menos e

paga mais, tanto faz, inclusive as empresas muitas vezes mudam as

características pagando mais ou menos por períodos. Só importa se a

empresa é boa.

Parte dos lucros da empresa (às vezes até todo), pode ser distribuído aos

acionistas na forma de dividendos ou juros sobre o capital próprio. Este

dinheiro cai na sua conta e deve ser colocado junto com o dinheiro novo

dos investimentos mensais. Não importa de onde vêm os dividendos e nem

aonde você vai investi-los, o que importa é reaplicá-los, senão seu

patrimônio não vai crescer. A renda dos dividendos assim como qualquer

renda obtida a partir do patrimônio, pode ser eventualmente utilizada para

seus gastos, mas até ter tranquilidade financeira, a tônica deve ser reaplicá-

los senão o patrimônio não vai crescer em todo seu potencial de juros

compostos e você poderá nunca chegar à tranquilidade financeira quando

aí sim pode usufruir mais da renda. Este é um balanço que cada um tem de

ir equilibrando com bom senso.

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Dividendos não são brinde, são descontados do preço da ação e retirados

do caixa da empresa para distribuir aos sócios. Logo, seu patrimônio diminui

quando dividendos são distribuídos se não os reaplicar. Para se aproveitar

do potencial dos juros compostos, você precisa reaplicá-los. Estas ideias

que espalham por aí de dividendos como renda são absurdas. A não ser

numa fase mais avançada em que seu patrimônio já é grande o suficiente

para que se possa gastar a renda proveniente dos dividendos. Importante

notar que a reaplicação não precisa e nem deve ser feita na mesma

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empresa que distribuiu os dividendos. Junte ao dinheiro do mês para aporte

e compre um ou dois ativos que a planilha mandar.

Distribuir mais ou menos dividendos não faz com que a empresa seja

melhor ou pior e não faz parte da análise de empresas para ser sócio. Trate

dividendos sem emoção e com simplicidade. Caiu na conta? Junta com o

dinheiro do mês e investe em alguma coisa. Já tem tranquilidade financeira

e quer usá-los? Ok também. Mas o ideal é ignorar totalmente dividendos.

Se analistas, mídia e toda a sardinhada são obcecados por dividendos, não

é esse o caminho certamente.

Juros sobre o Capital Próprio devem ser interpretados da mesma forma que

os dividendos. A única diferença aqui é que há um benefício fiscal, por isso

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há limite do quanto à empresa pode pagar em JCP aos acionistas. No mais

é tudo igual.

Não fique doido com dividendos, não devem ser usados para escolher

empresas. Se paga mais ou menos dividendos tanto faz, o que importa é

que a empresa seja boa. Se for boa e pagar menos vai crescer mais, se

crescer menos vai pagar mais e isso pode ir mudando durante a vida da

empresa. Dividendos são descontados da cotação da empresa, portanto

não trazem nenhuma vantagem imediata. Podem ser interessantes quando

reaplicados e como instrumento de renda quando já tiver tranquilidade

financeira. Mas lembre-se, o que importa em dividendos são reais e não

percentual.

Uma boa empresa de crescimento pode terminar pagando mais dividendos

do que uma de dividendos, porque ela vai crescer mais e a despeito de

pagar menos em %, pode terminar pagando mais em reais. Portanto foque

em ser sócio de empresas boas, esqueça dividendos na hora de escolher

empresas para ser sócio.

Se você tem muito, vender um pouco ou receber dividendos é a mesma

coisa. O que importa no fim das contas é se a empresa produz caixa, produz

dinheiro e é equilibrada. Se ela com este dinheiro, investe no seu

crescimento, compra outras empresas, recompra ações ou distribui

dividendos, tanto faz. Desde que ela produza caixa e administre ele de

forma eficiente, é indiferente o que ela faz com o caixa e o quanto ela

distribui aos sócios. Se a empresa for boa você vai ganhar crescimento e/ou

dividendos, então o quanto paga de dividendos não faz diferença. Importa

só se a empresa é boa. Se deseja sobreviver comprando ações para ser sócio

ignore os dividendos, nem fique sabendo que a empresa distribui.

Sim, eu repeti a mesma coisa dez vezes neste capítulo, mas ainda assim a

maioria que ler vai continuar na sardinhice de dividendos achando que eles

são brinde. Não tem sardinhice mais resiliente na Bolsa.

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Importar notar que o Bastter System desconta automaticamente os

dividendos e inclui na aba de Imposto de Renda.

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9 - EVENTOS COM AÇÕES Há diversos eventos que podem ocorrer com a sua carteira de ações. A

maioria deles você não tem de fazer nada. O principal é compreender que

não importa o evento, o seu capital antes e depois do evento será sempre

o mesmo. Ninguém te dá dinheiro de graça e nem leva o seu dinheiro

embora automaticamente. Não há por que comemorar eventos ou achar

que está ganhando alguma coisa ou vantagem ou que empresa são boas

por causa de eventos. Isso vale para dividendos também. Se eventos ou

dividendos trouxessem alguma vantagem por si só teriam toda semana já

que os maiores beneficiados seriam os majoritários das empresas que

possuem mais ações e que tomam estas decisões.

- Bonificação em ações. A partir da quantidade de ações de uma empresa

que você tem, recebe uma quantidade de ações da mesma empresa. Por

exemplo, se a empresa bonifica em 10% e você tem 1000 ações, recebe 100

ações e passa a ter 1100 ações. Mas o seu capital, como em qualquer

evento, permanece o mesmo já que ninguém vai te dar dinheiro de graça.

O preço da ação é descontado na mesma proporção no dia que ocorre a

bonificação. O preço da bonificação para efeitos de Imposto de Renda é

comunicado pela empresa e está na aba Proventos da Área de Ações da

Bastter.com. O Bastter System inclui automaticamente a bonificação de

suas ações e prepara as informações para o imposto de renda. Você é

avisado por alerta no Bastter System também.

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- Bonificação em dinheiro. Evento bem raro que na prática para o

minoritário funciona igual aos dividendos. Você recebe a bonificação em

dinheiro, na sua conta, o preço da ação é descontado, e tudo fica igual.

- Desdobramento. Seria como uma bonificação só que normalmente maior.

A empresa normalmente desdobra um múltiplo. Duas vezes, quatro vezes

etc. Se você tem 1000 ações e a empresa desdobrou quatro vezes (1 para

4), passa a ter 4000 ações. Da mesma forma o preço da ação é dividido por

quatro e fica tudo na mesma. O desdobramento é utilizado para manter a

liquidez da ação quando o preço em valores absolutos começa a ficar muito

alto, dificultando as negociações.

- Agrupamento. É o contrário do desdobramento, divide o número de ações

e multiplica o preço pelo mesmo fator ficando tudo na mesma. É utilizado

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normalmente por empresas cuja cotação vai a centavos dificultando as

negociações, inclusive há uma recomendação na Bovespa neste sentido.

- Subscrição. Único desses eventos que você precisa fazer alguma coisa se

quiser, mas nada demais. A subscrição é um direito de comprar a ação a

determinado preço. De acordo com a sua quantidade de ações, você recebe

X direitos. Normalmente o preço de exercício do direito, ou seja, o preço

que você vai comprar as ações é menor do que o do mercado, mas isso não

é garantido. O mais fácil é sempre exercer o direito e pronto. Tudo que for

possível para aumentar seu patrimônio com valor e diminuir os rolos deve

ser feito. Claro que sempre há de ter bom senso. Se a ação está 10 reais e o

direito de subscrição é de 20 reais, vai exercer para que? Mas normalmente

a quantidade que você recebe de direito é pequena, logo não tem porque

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ficar perdendo muito tempo avaliando se vale ou não exercer e comprar as

ações. Tenha apenas bom senso e mande exercer.

É necessário ter o dinheiro em conta para o exercício. Normalmente não é

cobrada corretagem, mas veja com sua corretora. Após o exercício, os

direitos irão virar recibos. Depois de um tempo os recibos somem da sua

custódia e alguns dias depois viram ações. Não fique histérico quando eles

sumirem. Vão voltar na forma de ação que é o que interessa.

Se não quiser exercer deixe para lá. Normalmente não compensa vender os

direitos pois tem custos e vale uma merreca e tem rolo com o imposto de

renda. A não ser que seja um valor expressivo esqueça. Mas de preferência

exerça. Eu nunca olho nada, sempre mando exercer e pronto. Mesmo que

seja uma ação que está de quarentena, tanto faz. Claro que há de ser ter

bom senso. É uma ação que está de quarentena, a subscrição é expressiva,

está bem acima do preço de mercado, ok exceção. Mas se não for isso e for

como na maioria das vezes valores pequenos mando exercer todas e

pronto. Dá menos trabalho e menos rolo normalmente é igual a mais tempo

e mais dinheiro.

Mandar exercer todas é diferente de ficar histérico ou tendo trabalho com

isso. Para exercer é só clicar em um botão no homebroker, ok. Tem de fazer

contas, assinar papeis, participar de sei lá o que, ficar discutindo o assunto,

ignora, esquece. Subscrição não traz qualquer vantagem e não exercer não

faz a menor diferença. Se quiser ignorar todas subscrições pode também.

Tanto faz. No fim o que importa são aportes e tempo. Portanto se quiser

exercer e for simples exercer ótimo. Se não quiser exercer, se não quiser

tomar conta disso, ou se for complexo, esquece que existe.

Eventualmente empresas lançam subscrições volumosas, mas isso é bem

raro. O usual é serem posições bem pequenas que não tem qualquer

importância. Mas se ocorrer uma volumosa tipo 1/3 da posição pode-se ter

de pensar no que fazer. Diferente do que se pensa não acontece nada

demais se ignorar, mas nesse caso exercer pode ser um valor financeiro

muito alto e o valor dos direitos pode compensar vender. Vender os direitos

não tem uma definição exata do que fazer no imposto de renda então se

fizer isso ao menos pague 15% do valor. Uma solução para quem não deseja

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exercer a posição toda nestes casos e quer se livrar de rolos com o IR é

exercer completamente e depois vender a parte que não quer ficar. Ao

menos o IR fica direitinho. De qualquer forma quase que a totalidade das

subscrições serão de valor pequeno e não haverá necessidade de se

preocupar com nada disso. E não precisa ficar histérico nem

acompanhando. Se esquecer uma nada acontece.

Importante notar que o desconto no preço das ações com os eventos não

ocorre somente no preço atual, mas em todo o histórico. Vamos

exemplificar. Um evento que a ação estava 10 e o provento ou evento, seja

lá o que for foi de 1 real. A ação fecha a 10 reais no último dia EX (último

dia sem o evento contabilizado). Após o fechamento o preço passa para 9

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reais e todo o histórico de cotações da empresa é descontado em 10%. Fica

tudo igual. Você tinha 10 e agora tem 9 +1. No primeiro dia COM (na manhã

do pregão seguinte, primeiro dia com o evento contabilizado), ocorre leilão

de abertura e o mercado determina os preços como quiser como em

qualquer dia, mas o evento já está contabilizado. Tem direito ao evento ou

provento todos que possuíam a ação até o fim do pregão do último dia EX.

Outra consideração sobre eventos são as sobras. Muitas vezes nas divisões

ou multiplicações sobram frações de ações. Vamos dizer que você tem 45

ações e ocorre uma bonificação de 1 ação para cada 4. Você iria receber

11,25 ações, logo você recebe 11 ações e o 0,25 vai para um leilão de

frações e o dinheiro depois é depositado na sua conta. Não fique atrás dessa

merreca, ele vai ser depositado na sua conta em dinheiro, aí junta com o

resto e reaplica, mas não precisa ficar tomando conta. Ignore os leilões de

sobras. Não há razão alguma para se meter em rolos ou ficar se

preocupando com isso. Não há vantagem alguma ocorrendo e isso só

interessa a grandes investidores.

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10 - IPO e OPA IPO ou Oferta Pública Inicial (as iniciais são em inglês) é quando ocorre o

lançamento de ações no mercado, quando uma empresa entra na Bolsa.

OPA ou Oferta Pública de Aquisição é quando a empresa fecha capital e sai

da Bolsa. (obs.: há também OPAs obrigatórias quando a empresa faz

algumas mudanças onde ela estaria apenas dando direito de saída aos

investidores. Este caso é diferente, informe-se nos comunicados ou no FAQ

da página da empresa na Área de Ações da Bastter.com). Estas OPAs

obrigatórias ignore, não acontece nada, é apenas uma obrigação legal que

a empresa dê saída a quem quiser quando certos eventos ocorrem.

EPA é o que você deve falar em relação a estes dois eventos.

IPO chama muita atenção e muita gente entra sem saber bem no que está

se metendo, e pior, como se fosse a última chance de ter aquela ação. No

momento seguinte da IPO a ação vai ser vendida no mercado como

qualquer outra. Como sócio você entra aos poucos nas empresas e compra

todo mês um pouco, diluindo o preço de compra, então entrar ou não na

IPO, não faz a menor diferença. A mídia e os analistas sempre vendem a IPO

como se fosse uma oportunidade do século. Você vai sobreviver na Bolsa

se afastando da manada e não participando dela.

Não há como analisar corretamente a empresa que está lançando ações,

pois não existem balanços nem tempo de Bolsa suficiente para isso. Além

do mais o dinheiro da IPO muitas vezes distorce totalmente os balanços

durante um tempo.

Se você realmente considera que uma empresa que vai lançar ações na

Bolsa é interessante, é simples. Inclua a empresa na sua carteira sem

colocar objetivo percentual e vá estudando. Se realmente for interessante

depois de uns anos, monte uma posição bem pequena nela, um percentual

irrisório da sua carteira e espere o próximo balanço anual. Se o balanço

anual for bom, aumente um pouco o percentual, se for ruim, não aumente.

Fazendo assim você vai entrando aos poucos se a empresa for boa e não

arrisca muito se for ruim. Pequenos movimentos e pequeno risco. De

qualquer forma minha recomendação é aguardar 5 anos de Bolsa para

começar a analisar a empresa.

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Se você ainda sente a ansiedade que vai perder uma grande oportunidade

e está tentado a colocar grandes somas em IPOs, o problema não está na

IPO, mas em você que não tem qualquer chance na Bolsa. Pare tudo, estude

mais, esqueça ações por enquanto. O pode te enriquecer são os aportes

provenientes do trabalho investido em valor por muito tempo, e não

supostas grandes oportunidades.

Então IPO é simples, ignore. Se a empresa for interessante, estude e dê

tempo para poder conhecê-la e ver se deseja mesmo ser sócio. Se for

entrar, entre aos poucos, a mercado mesmo. Não há a menor necessidade

de entrar na IPO. Como se entra na empresa aos poucos, o preço de compra

não importa. Ainda assim, a maioria das IPOs depois de um tempo está com

preços mais baixos do que do lançamento, como vimos num gráfico

colocado num capítulo anterior, até mesmo porque o objetivo da IPO é

lançar a empresa a preços maiores do que vale.

Apesar da nossa preocupação maios ser valor e não retornos esta tabela

acima demonstra claramente como a maioria das IPOs tem retornos

negativos após 5 anos e poucas tem retornos realmente expressivos. Quem

sabe escolher estas poucas não está lendo este livro, está bilionário em

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Mônaco. Cinco anos portanto parece ser um prazo razoável para começar

a montar posição nas poucas IPOs que após este período estão mostrando

lucros consistentes ou ao menos começar a estuda-las.

Já OPA é mais simples ainda. Se a empresa anunciar OPA e a intenção de

fechar capital, saia dela a mercado e parta para empresas que ainda

desejam ter minoritários. Se as empresas já não costumam respeitar muito

os minoritários imagine quando ela pretende fechar capital. Vemos muitos

se revoltando, se unindo para impedir a OPA, disputar preços melhores de

OPA e outras besteiras. A sua evolução como investidor inclui se afastar

destes grupos de perdedores, porque se vai participar de grupos de

perdedores, como pretende vencer? Cuide dos seus investimentos, foque

no seu trabalho e guarde suas emoções para a família, a namorada etc.

Quando o anúncio da OPA for oficial, e não boatos, quando a empresa

realmente determinar a data e comunicar, vá vendendo sua posição a

mercado e adicione o valor da venda aos aportes mensais. Se o valor for

muito alto em relação aos aportes deixe na caderneta por um tempo e vá

realocando aos poucos. Veja a data da OPA e divida sua posição em saídas

mensais se for grande suficiente para isso. Se for pequena ou o prazo for

curto, saia de uma vez e pronto. Se puder vender menos de 20 mil por mês

para não ter de pagar impostos se sair no lucro, melhor.

Você pode seguir as empresas que possui ações na Área de Ações da

Bastter.com e ser notificado de tudo sobre ela, inclusive se houver anuncio

de OPA.

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11 - SÓCIO É ON Basicamente, você pode comprar ação ON, PN ou UNIT (não é ação, é um

pacote com ONs e PNs normalmente com mais PNs do que ONs), mas para

ser sócio realmente somente ON. PN não é propriamente sócio e você não

tem a mesma ação dos controladores, ficando exposto a mais riscos. UNIT

não é nada, apenas uma enganação fingindo que é ação.

Claro que ter ON não garante que problemas não poderão ocorrer e que os

controladores não poderão te prejudicar, mas tendo a mesma ação que

eles, fica mais difícil disso acontecer. Em qualquer tipo de investimentos

não há garantia absoluta, mas o que se pode fazer é colocar as chances a

seu favor. Você faz isso comprando somente ONs.

As ONs sempre têm no mínimo 80% de tag along, que é mais uma proteção.

O tag along te protege no caso de troca de controle, pois garante que você

irá receber o mesmo (100% de tag along) ou 80% do que os controladores

por ação. Recentemente tivemos casos de empresas que trocaram de

controle e depois o novo dono fechou capital. O mercado precificou as PNs

10 a 20 vezes menos que as ONs.

Algumas PNs possuem tag along, mas ainda assim não são ONs, você não é

sócio e não tem a mesma ação do controlador. PNs sem tag along são

proibitivas e devem ser sempre ignoradas. PNs com tag along não são ONs

e você não é sócio, mas ao menos tem alguma proteção. Ainda assim ignore

as PNs. O objetivo é ser sócio de boas empresas e isso só é possível com

ONs. Eu iria mais além, mesmo que a empresa ofereça ONs com boa

liquidez, só o fato dela possuir PNs, já é um sinal ruim, de má gestão e de

má governança. Podemos até aceitar em empresas tradicionais que estão

na Bolsa há muito tempo, mas nunca nas recentes que entraram na Bolsa

nos últimos 15 anos. Ainda assim, mesmo que aceite que a empresa possua

PN, compre somente as ONs. E se não tiver boa liquidez nas ONs, esqueça

que existe.

As UNITs são combinações, um pacote com ONs e PNs e são igualmente

ruins, pois para comprar ONs e ser socio, você é obrigado a ter PNs e a

maioria dos pacotes possui mais PNs do que ONs. O pior da UNIT não são

nem as UNITs em si, mas a mensagem que a empresa manda, pois, criando

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UNITs ao invés de oferecer ONs, ela está claramente prejudicando os

minoritários.

Em algumas empresas as ONs não têm liquidez e aí o que fazer? Lembre-se

que você não é obrigado a ser sócio de empresa alguma, mas cada um

decide seus riscos. Para mim se não tem liquidez nas ONs eu esqueço que

a empresa existe até pela mensagem que ela está passando que claramente

não deseja minoritários como sócios. Empresas que abrem capital e só

oferecem PNs ou UNITs estão enganando a todos pois estão fingindo que

abriram capital quando na verdade não querem sócios, mas só

financiadores.

As PNs são um problema adicional para a empresa mesmo que ela possua

ONs com liquidez. É um peso para a empresa. A empresa vai sempre ter de

ficar distribuindo dividendos a quem tem PN então acaba sendo um

financiamento mais caro do que dívidas, que podem ser pagas. Claro que a

empresa pode recomprar as PNs e acabar com elas, ou trocar por ONs, mas

este será um custo alto ainda que bom. De qualquer forma enquanto tiver

PNs, haverá este peso. O ideal não é só que a empresa possua ONs com

liquidez, o ideal é que ela só possua ONs.

No final da história, se você quer mesmo ser sócio com máximo de

segurança possível, pois garantia absoluta não há, tenha só ONs e de

preferência de empresas que só oferecem esse tipo de ação. Se for do Novo

Mercado melhor ainda. Lembrando novamente que ser do Novo Mercado

ou só oferecer ONs por si só não faz da empresa boa. Antes de tudo a

empresa tem de ser boa. Veja se a empresa oferece ONs com liquidez, de

preferência só ONs. Não oferece esqueça que existe, não serve para ser

sócio. Mas não determine que é boa só porque é do Novo Mercado ou só

porque só tem ON. Isso isoladamente não quer dizer nada. Nos Quadros de

Ações da Bastter.com está indicado se as ONs tem ou não liquidez.

Mais uma vez é um critério de exclusão. Não oferece liquidez nas ONs não

posso ser sócio já que sócio é só ON. Logo se não tem liquidez nas ONs

esquece que a empresa existe. Mas ter liquidez nas ONs não garante que a

empresa é boa e nem que não possa haver problemas de gestão e

governança.

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O Tag along te protege no caso de troca de controle da empresa. Toda ON

oferece no mínimo 80% de tag along e as do Novo Mercado 100%. PNs

podem oferecer tag along ou não. Verifique na página da empresa na Área

de Ações da Bastter.com, quanto a empresa oferece de tag along.

Temos casos recentes de empresas que trocaram de controle e os

acionistas que possuíam PNs sem tag alog receberam bem menos do que

os que tinham ONs. É assim que deve ser, pois assumiram este risco. A

recomendação é possuir só ONs que possuem sempre no mínimo 80% de

tag along. Estes casos em que as PNs foram extremamente depreciadas não

é que os donos fizeram alguma coisa, o mercado as depreciou. De repente

as PNs desabam de valor porque na eminência de um evento como

fechamento de capital ou semelhante o mercado sai da PN e o preço delas

desaba. Isso normalmente ocorre rapidamente e quando o incauto que tem

PN achando que era sócio vai ver, já é tarde. Falamos que preço de compra

não importa, mas isso não quer dizer que você ter um ativo sem valor que

desaba de preço subitamente e você vai ter de vender por aquela preço

baixo, não seja prejuízo. É apenas a realidade se expressando. Se você

compra algo sem valor (PNs) um dia a conta chega.

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12 - FRACIONARIO, LIQUIDEZ E FREE FLOAT - Fracionário e lote são apenas formas de comprar, as ações são as mesmas.

Se não tem dinheiro suficiente para comprar um lote, compre no

fracionário sem problema algum. Aos poucos você vai formando lotes. Às

vezes o fracionário tem baixa liquidez, veja o preço que está no mercado a

vista (lotes) e coloque uma ordem de compra próxima com prazo longo. Vai

sair na maioria das vezes e se não sair é só colocar de novo. Aprenda a não

se preocupar com detalhes. O foco é sempre aporte, tempo e valor.

Detalhes como comprar hoje ou amanhã, a este ou aquele preço,

fracionário etc., não tem a menor importância. Tudo isso se dilui no longo

prazo e só o que importa é aportar o máximo que puder e manter seus

investimentos em valor pelo maior prazo possível.

O Fracionário é apenas uma forma de comprar quantidades inferiores ao

lote, mas a ação que você compra é a mesma e conforme vão se juntando

lotes pode-se negociar nos lotes na venda se desejar. O importante é

comprar ações de empresas boas, se é um lote completo ou no fracionário

não faz a menor diferença.

- Um lote geralmente é composto por 100 ações.

- Ações negociadas no fracionário tem F no final do código da ação.

- Liquidez diz respeito ao número de negócios por dia. Volume negociado

não tem importância para o sócio, pois pode ter um negócio apenas no dia

com um volume imenso e ser impossível operar se não tiver mais negócios,

mesmo com volume alto.

O problema da liquidez baixa, poucos negócios, é que o spread entre a

melhor oferta de compra e a melhor oferta de venda tende a aumentar,

passando a ser difícil comprar ou vender a empresa em preços próximos do

praticado pelo mercado, tendo prejuízo na entrada e saída ou nem

conseguindo sair ás vezes. Claro que já dissemos que preço de compra não

importa, mas uma coisa é não se importar com o preço que o mercado está

praticando, outra bem diferente é pagar muito mais caro toda vez que for

comprar porque não tem liquidez. E pior do que isso, este sim o grande risco

da baixa liquidez, que é não conseguir sair se a empresa tiver um problema

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grave, situação em que a liquidez já baixa tende a diminuir mais ainda.

Dinheiro nunca deve ir para onde é difícil sair mesmo que não pretenda sair.

Além do mais empresas com baixa liquidez refletem majoritários que não

desejam abrir mão de suas posições ou que não querem minoritários.

Refletem muitas vezes praticas de gestão ultrapassadas. Outra explicação é

que o mercado não se interessa por aquela empresa. De uma forma ou de

outra provavelmente a empresa não é interessante para ser sócio.

Portanto, em empresas de baixa liquidez não se deve montar posição

grande. Verifique se a ON tem liquidez ao menos no à vista, e não adianta

ter liquidez somente na PN. A empresa é boa, mas não te oferece condições

de ser sócio com segurança então não interessa. Você não é obrigado a ser

sócio de nenhuma empresa.

Não há um número padrão de negócios que se possa dizer que é tranquilo.

Algo como 50 negócios em média por dia é razoável, mas muitos aceitam

menos do que isso. Cada um vai ter de ver onde está seu equilíbrio, mas

sempre esteja ciente que baixa liquidez aumenta o risco.

- Free Float é a quantidade de ações que estão disponíveis ao público, ou

seja, as que não pertencem aos controladores ou estão na tesouraria. O

Free Float baixo dificulta a liquidez e torna o investimento de maior risco.

Empresas no Novo Mercado ou no nível 1 e 2 de governança devem manter

um Free Float acima de 25%. Mas atenção para as que ainda possuem PNs,

pois muitas vemos um Free Float enorme nas PNs e baixíssimo nas ONs,

significando que a empresa não deseja sócios minoritários e não oferece

aos mesmos a possibilidade de ser sócio com segurança.

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13 - PREÇO DE COMPRA, COTAÇÃO E RENTABILIDADE Antes de tudo vamos demonstrar a fórmula de acúmulo de patrimônio

através de juros compostos:

Acúmulo de patrimônio (JC)= Aporte X Taxa ^Tempo

O que vai te enriquecer é aportar em valor todo mês e manter investido em

valor pelo máximo de tempo que conseguir. Percebam na fórmula que o

tempo é exponencial, sendo o maior acelerador dos juros compostos do

patrimônio.

Os dados fundamentais para o crescimento da sua carteira de ações então

são:

O quanto você aporta por mês

Valor das empresas que você é sócio

Tempo que você consegue permanecer em boas empresas

Diversificar para aguentar sem sair, os períodos ruins dos bons

investimentos

Quanto mais você aportar em boas empresas e quanto mais tempo

conseguir ficar nelas, maior será sua carteira. Como no buy and hold se

compra todo mês pequenas quantidades em relação ao tamanho da

carteira (que vão ficando proporcionalmente menores conforme a carteira

cresce), o preço de compra se dilui e é o dado menos importante para o

sucesso da carteira. Não é à toa que esse é o dado que a maioria mais se

importa. E mais, se você é um dos poucos seres humanos do mundo que

consegue acertar timing de entrada e saída e lucrar expressivamente com

isso, para que exatamente está lendo este livro se já é ou poderia ser

milionário?

A coisa é bem simples, quando você compra ações de empresas na Bolsa:

Se a empresa for boa seu preço médio tende a zero, então o preço

de compra pouco importa.

Se a empresa for ruim o seu dinheiro nela tende a zero, então o preço

de compra pouco importa.

E por que o preço médio tende a zero quando a empresa é boa? Porque os

dividendos, desdobramentos etc., vão sendo descontados do histórico da

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ação. Exemplo: uma ação está 10 reais e distribui 1 real de dividendo, todo

o histórico é descontado em 10%. Se a empresa for boa, de tempos em

tempos ela irá distribuir dividendos e pela alta da cotação, poderá haver

desdobramentos e bonificações que também serão descontados do

histórico.

Pegue o gráfico histórico de empresas boas que estão na Bolsa desde os

anos 90 e vai ver os preços próximos a centavos ou até abaixo de 1 centavo!

Não que na época em valor nominal fossem centavos, mas o histórico foi

sendo descontado e a preços de hoje são centavos.

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Portanto só o que interessa é se a empresa é boa, o que vai lhe trazer um

bom resultado como sócio dela, não importando o preço médio de compra.

Se a empresa é ruim, vai te trazer um péssimo resultado não importando o

preço de compra. Mesmo o preço médio para Imposto de Renda é um erro,

pois o que deve ser colocado no IR é o custo de aquisição e isso o Bastter

System calcula para você se incluir os dados de compra.

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Observem neste gráfico acima que o aporte maior é que realmente

aumenta o patrimônio, junto com valor e tempo. Preço de compra, mesmo

que fosse possível acertar, não faz muita diferença.

- Cotação. O grande autor americano Peter Lynch diz que as pessoas

perdem na Bolsa porque olham muita cotação e pouco balanço. Ele

recomenda olhar a cotação das empresas que possui ações somente

quando for trocar o óleo do carro, ou seja, uma ou duas vezes por ano e

olhe lá. Já eu considero que nunca se deve olhar cotação. Mesmo que olhe

não veja, abstraia. O ideal é nem saber a dezena das ações que possui e

mais a frente evoluir mais ainda para nem lembrar as ações que possui a

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não ser quando for rever anualmente os seus investimentos. Aprenda a

olhar sem ver.

No longo prazo cotação segue fundamentos, no curto prazo cotação faz o

que quiser. Para o sócio só interessam os fundamentos. Quanto menos

olhar a cotação, melhor. O problema é que a cotação no curto prazo faz o

que quiser e o ser humano é muito influenciado por isso e pode tomar

decisões erradas, emocionais, então, ignore a cotação e foque só nos

fundamentos. A cotação tende a seguir os fundamentos no longo prazo e

mesmo que não siga tanto faz se estiver bem diversificado. Perder em uma

empresa ou até duas ou três é normal na vida de quem faz buy and hold e

é sócio de diversas empresas boas. Se ficar preocupado com isso vai acabar

girando patrimônio e saindo de empresas boas o que vai causar muito mais

dano ao patrimônio. O que você prefere? Ter 200 mil e nunca ter errado ou

errar algumas vezes e ter 2 milhões? Na Área de Ações da Bastter.com entre

nas páginas das empresas e observe os gráficos lucros X cotações que vai

perceber a inutilidade de acompanhar cotações para o sócio.

Gráfico de lucro x cotação de uma empresa boa.

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Gráfico de lucro X cotação de uma empresa ruim.

A cotação tende a seguir os lucros, seja para cima ou para baixo, no longo

prazo, portanto pare de olhar cotação e acompanhe apenas os balanços.

No fim o que importa mesmo são os aportes e o tempo:

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Mais um estudo mostrando que o preço de compra não faz muita diferença

mesmo quando se considera hipóteses impossíveis na prática como acertar

todas as mínimas. O que domina é aporte e tempo.

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Claro que não teremos a fortuna do Warren Buffet mas o gráfico mostra

claramente o efeito do tempo. Efeito esse que só ganha quem não girar, se

ficar girando nunca vai chegar nas barras grandes:

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- Rentabilidade. Eu costumo chamar rentabilidade de máquina de triturar

sardinha. Se você entendeu o conceito de acumular patrimônio, que o que

enriquece é comprar valor e se sentar em cima, vai perceber facilmente que

rentabilidade não interessa.

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Qualquer um que acompanhar a rentabilidade da sua carteira, obviamente

vai comprar no topo quando a rentabilidade estiver alta e vender ou não

comprar no fundo quando estiver baixa, piorando expressivamente o seu

acúmulo de patrimônio. Pior ainda são as comparações de ações com renda

fixa. A rentabilidade da renda fixa normalmente é positiva, mas uma

carteira de ações tem enorme volatilidade e apesar de tender a retornar

bem mais que a renda fixa, tem períodos de rentabilidade negativa, logo,

não há como comparar com renda fixa ou ficar com besteiras como bater o

CDI. Patrimônio não tem de bater nada, tem de ter valor.

Mais uma vez o que acumula mais patrimônio é aporte. Mesmo colocando

rentabilidades cada vez maiores, nunca vai superar o aporte. E no mundo

real rentabilidade maior = risco maior e muitas vezes

desproporcionalmente maior.

O foco deve estar sempre no processo. Trabalhar melhor, aportar mais,

colocar em valor, manter por muito tempo. O produto ou o resultado é

consequência do processo. Abandone métricas e metas. Foque em evoluir

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e investir em você e acumular valor em patrimônio diversificado e deixar o

tempo agir.

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14 – A SUPOSTA REMUNERAÇÃO DA CARTEIRA DE AÇÕES Há toda uma fantasia em cima de renda sobre a carteira de ações levando

a sardinhices em torno de dividendos achar que vai comprar ações que

pagam dividendos e viver de renda em cima de pouco dinheiro como se

dividendo fosse brinde. Só acreditar nisso já demonstra que o investidor

não está preparado para ter ações e vai ser vítima de muitos golpes por aí.

Não existe lanche de graça e não se faz dinheiro a partir do nada.

Patrimônio pode produzir renda sim, mas sempre proporcional ao

patrimônio. Quanto maior o patrimônio mais renda ele produz e viver de

renda necessita de um patrimônio enorme em relação a retirada mensal o

que só vai se conseguir com trabalho e aporte e reaplicando a renda nas

fases iniciais.

Na fase de formação da carteira a renda deve ser reaplicada. Todo

patrimônio em formação deve ter a renda reaplicada ou não crescerá

efetivamente. Tudo deve ter bom senso. Não tem nada demais que

eventualmente se use parte da renda para seus gastos, para uma viagem

ou o que for, mas a rotina deve ser reaplicar a renda até que se obtenha

tranquilidade financeira.

O primeiro nível de remuneração é passivo, você não tem de fazer nada,

são os proventos (dividendos e juros sobre o capital próprio) já falados

acima. Única coisa que você tem de fazer é reaplicá-los e sem maluquice de

querer reaplicar sempre na mesma ação. Os valores usualmente são baixos

e não compensa ficar atrás de colocar tudo na mesma ação que distribuiu.

Junte com o dinheiro do mês para investir e compre uma coisa só, no

máximo duas. Se usar o Bastter System ele te dirá o que comprar a cada

mês.

A remuneração ativa é o aluguel de ações. Você pode alugar suas ações e

receber uma pequena remuneração por isso. O risco é bem baixo, mas a

remuneração também. De qualquer forma se for possível alugar sem muito

trabalho, é um dinheirinho que entra que pode ser usado para comprar

mais patrimônio.

O grande problema é conseguir alugar especialmente carteiras bem

pequenas. Às vezes não compensa. De qualquer forma, verifique na sua

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corretora as taxas e condições para aluguel e as ações que já tiver alguns

lotes pode tentar alugar. Não foque muito nas taxas, se conseguir alugar vai

receber algum valor que será depositado na sua conta quando as ações

forem devolvidas. Junte com todo o dinheiro do mês para comprar mais

patrimônio.

O aluguel de ações é bastante controverso. Alguns dizem fazer com bons

resultados e outros não fazem pois dizem não valer a pena. Cada um vai ter

de testar e ver o que acontece. Se der muito trabalho certamente não vale

a pena. Nas corretoras que oferecem o aluguel sem que você tenha de fazer

muita coisa, pode ser interessante. Verifique também o Imposto de Renda

referente ao aluguel pois pode ficar complicado. O aluguel leva também a

alguns rolos com eventos que tem de ser verificado. Como você não está

de posse das ações os eventos que ocorrem durante o aluguel podem

demorar a virem para sua conta ou se o aluguel da posição numa determina

ação é parcial pode haver frações adicionais.

A remuneração com opções não recomendo. No fim só leva a stress e se

aproxima do vício de trade. O tempo que se perde com isso dedique a seu

trabalho. Cuidado com as recomendações de proteger a carteira com PUTs

(opções de venda). Não tem mágica. Primeiro, proteção de carteira de

ações de sócio é ter boas empresas com dinheiro que não vai precisar e

saber que vai ter períodos de queda e diversificar bastante. Depois todo

hedge é feito às custas de perdas. Para ter “proteção” você tem de abrir

mão de alguma coisa ou o seguro do seu carro é grátis? Depois de uns anos

fazendo seguro, poderia ter comprado outro carro com o dinheiro que

“gastou” em seguro. Só que no caso do carro há justificativa para fazer

seguro, especialmente contra terceiros. Carteira de ações não precisam de

seguro e eles são muito caros, especialmente porque o operador na hora

das perdas pelo seguro, não as aceita, faz rolos imensos e acaba que fica

mais caro ainda.

O fundamental aqui, é perceber que no início a renda produzida, seja

através de proventos ou de aluguel, deve ser em sua maioria reaplicada,

não necessariamente em ações, mas no patrimônio. Conforme o

patrimônio aumenta uma porção maior da renda pode ser gasta.

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Por que é uma suposta renda de ações? Porque não há nada diferente em

ações no que diz respeito a renda. Quanto maior o patrimônio mais renda.

Não tem oportunidade nenhuma muito menos dividendos são brinde ou

algo mágico. Se a carteira de ações crescer ela vai naturalmente produzir

mais renda como qualquer investimento. E no início tem de

primordialmente reaplicar a renda ou o patrimônio não vai crescer.

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15 - ACOMPANHAR EMPRESAS Na teoria quanto mais acompanhar suas empresas melhor, na prática na

maior parte das vezes acontece o contrário. Acompanhar demais e

especialmente se perder em detalhes, tem diversos problemas: Primeiro

são horas que poderiam estar trabalhando mais, ganhando mais e

poupando mais. o que contribui muito mais para o enriquecimento do que

qualquer escolha de empresa. Em segundo lugar, muitos que acompanham

demais terminam girando patrimônio, entrando e saindo de empresas toda

hora pois são influenciados pelos detalhes. Por fim, de que adianta ficar

olhando detalhe de empresa e gastar horas e horas de análise para entrar

nas empresas boas, óbvias que são fáceis de analisar. Os detalhistas querem

descobrir a empresa ruim que ninguém viu e acabam com empresas piores.

Importante não se perder nos trimestrais. Há muitas variações em um

trimestre isolado e ao mesmo tempo um trimestre por si só não quer dizer

nada. Se não resistir no início ao menos olhe os dados dos últimos 12 meses.

Os Quadros da Área de Ações da Bastter.com apresentam os resultados dos

últimos 12 meses que possuem menos distorções do que olhar somente o

trimestral. Empresas boas da sua carteira podem ser analisadas somente

no balanço anual sem qualquer problema ou até menos do que isso. Tente

não olhar nunca uma fotográfica da empresa, um balanço, mas sim,

acompanhar o histórico. Não olhe o lucro de um ano, mas a curva histórica

de lucros por exemplo. Seguir a empresa nos quadros da Bastter.com e

acompanhar as discussões te permite ficar sabendo de qualquer novidade

importante.

Se você está tranquilo com a parte do seu patrimônio em ações e com as

empresas que é sócio, pode olhar e estudar as empresas uma vez por ano,

após os balanços anuais mas tente sempre acompanhar o histórico nestes

momentos e não aquele balanço isoladamente o que pode trazer muito

barulho. Um balanço ruim ou pior não faz uma empresa boa ficar ruim e as

vezes isoladamente ele dá uma mensagem muito pior do que olhando no

contexto, no histórico.

O que se faz neste acompanhamento? Simples. Volte ao capítulo de

escolha. Veja se empresa mantem ONs com liquidez e lucro consistente

historicamente falando e não uma fotografia do momento. Se mantem,

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olhe ano que vem. Se alguma coisa piorou um pouco anote e olhe ano que

vem. Se houve uma piora expressiva e os dados ficaram ruins, aí sim pode

ser que esta precise de mais acompanhamento. Mas mesmo neste caso veja

se é uma empresa boa que teve um ano ruim ou se é uma empresa ruim

mesmo. Veja o histórico, a curva de lucros e não aquele balanço

isoladamente. Só aumente o acompanhamento se for estritamente

necessário, mas não tome nenhuma atitude a não ser colocar de

quarentena, se te deixar mais confortável. Sair das empresas, com exceção

de eventos graves como fechamento de capital ou ela parar de oferecer

ONs, deve ser algo bem raro na sua vida de um sócio.

Toda a pseudociência em torno de análise e acompanhamento de empresas

é pura fantasia e tem como objetivo vender cursos, livros e gerar

corretagem. Para quem diversifica bastante e foca no seu trabalho montar

uma carteira de ações sendo sócio de empresas boas é bem simples. Desde

que se compreenda que o que importa é o patrimônio e focar no trabalho

e que não tem de ficar atrás das melhores é tranquilo. Acima de tudo saber

que o que enriquece é aporte e tempo e não a fantasia que vai escolher as

melhores empresas ou adivinhar o que vai “bombar” baseado em

baboseiras que todos sabem como P/L ou contas sem qualquer sentido de

conhecimento público. Se estas fórmulas bobocas coisas que estão escritas

em livros funcionassem Bolsa já tinha virado renda fixa porque todos fariam

isso. Não tem fórmula nenhuma e qualquer coisa ligada a preços é pura

ilusão. O máximo que você pode conseguir é em média ter valor nas

empresas que é sócio e mantê-las por tempo suficiente para que o tempo

possa agir. E dentro as coisas que domina a mais importante são os aportes.

Sendo assim montar a carteira e mais ainda acompanhar é bem simples.

Compre lucro com ON e se mantenha em histórico de lucro com ON. Se

quiser pode nem acompanhar quase. Sair de empresas deve ser um evento

bem raro na vida do investidor já que entrega o tempo que é o maior

acelerador do patrimônio em troca da suposta ilusão que sabe dizer que

uma empresa piorou.

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16 – NÃO SAIR DE EMPRESAS Uma das grandes dificuldades de quem tem uma carteira de ações é a

decisão de sair de empresas que ficaram ruins e acima de tudo conseguir

decidir se a empresa ficou mesmo ruim ou não.

Primeiro entendam que piorar é diferente de ficar ruim. Nenhuma empresa

melhora todos os trimestres e só apresenta resultados bons sempre.

Empresas boas podem piorar e continuarem boas. Você até poderia em

tese sair de empresas ruins, mas nunca deveria sair de empresas que

pioraram, mas continuam boas. Mas é complicado saber que empresa ficou

ruim, por que quem decide que a empresa é ruim? Sua análise? Se você

tivesse capacidade de decidir isso numa análise de balanços valia seu peso

em ouro. É muito difícil diferenciar empresas boas e ruins, especialmente

por um momento, portanto para a maioria o ideal é ser MUITO conservador

na saída ou mesmo nunca sair a não ser em situações especiais.

Deve-se em primeiro lugar compreender um conceito simples: O dano

provocado a um patrimônio diversificado da saída de empresas boas é

muito maior do que o dano causado por ficar em ruins. Isso é fácil de

entender. Não há limite para o ganho numa empresa boa. A perda em

empresas ruins é limitada pela participação dela no patrimônio, que será

menor quanto mais se diversifique. Exemplificando. Se temos 1,5% do

patrimônio em cada empresa, a boa pode ir para 3%, 5%, 10%, não temos

como saber e não há limite para o retorno numa empresa boa. A ruim só

podemos perder 1,5%, isso se quebrar mesmo que é extremamente raro.

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Este quadro mostra o retorno em 18 anos de algumas empresas com

balanços ruins, algumas há mais tempo que outras. Isso não é uma

indicação de investir em empresas com balanços ruins, mas apenas

mostrando que o dano de não sair delas não é tão grave quanto se pensa e

que o tempo age mesmo em empresas supostamente ruins.

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Este outro estudo demonstra que mesmo não tendo excluído as empresas

ruins de uma carteira diversificada, o retorno das ações ainda assim foi

expressivo.

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O estudo acima demonstra claramente que sair de empresas boas traz

muito mais dano ao patrimônio do que ficar em ruins. A Carteira ruim tem

25 empresas estando incluído nela a empresa de melhor resultado e as

quatro com pior resultado. A carteira dois retira estas cinco e tem apenas

20 empresas. A empresa que explodiu fez com que a Carteira 1 tivesse

quase 3 vezes o patrimônio da Carteira 2 mesmo carregando as 4 empresas

ruins.

Estando ciente de que o dano ao patrimônio de sair de empresas boas é

muito maior do que o de ficar em ruins, seguimos em frente, considerando

sermos muito conservadores na saída de empresas ou ainda nunca saindo

a não ser em circunstâncias especiais como fechamento de capital. No fim

sair de empresas acaba sendo mais um comprar no topo e vender no fundo,

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sem contar que se entrega TEMPO que é nosso maior aliado em troca da

ilusão que sabemos analisar empresa tão bem ao ponto de determinar que

uma empresa ficou ruim e não vai mais dar qualquer retorno aos sócios. O

preço na figura acima de ter a empresa que explodiu é ficar com as ruins. E

este preço é barato porque se saísse da que explodiu e das quatro ruins o

patrimônio seria menor. Ah ele seria maior sem as quatro ruins e ficando

com a que explodiu. Sim, mas quem acerta isso está bilionário em Mônaco

em não lendo este livro. Este é um ponto fundamental de aceitar. Algumas

empresas da minha carteira se eu diversificar bastante vão explodir e dar

retorno excepcional. Outras vão ser bem ruins. O que importa é que o

patrimônio como um todo tenha valor em média e bom retorno.

Considerando que eu fique em todas e que eu tenha a capacidade mínima

de escolher valor o que não é difícil, umas poucas vão explodir e algumas

provavelmente mais serão ruins. Mas as que explodirem vão compensar

com folga pela convexidade do mercado de ações. Não há limite para a alta,

mas a queda não pode passar de zero. Se duas empresas estão custando 10

reais e uma fica ruim e outra boa não há limite para a alta da boa, mas a

ruim só pode cair 10 reais. Logo para ter as que explodem temos de aceitar

ter as ruins, e ser ruim não significa ir aa zero como mostramos numa figura

acima, o retorno pode até ser mais ou menos e machucar menos ainda o

patrimônio. E por que temos de aceitar as ruins? Porque como já foi dito

inúmeras vezes se tivéssemos este nível fantástico de análise de empresas

fora de série estaríamos bilionários. Pessoas normais, idiotas que nem eu,

tem de pensar em patrimônio e não ativos individuais.

É tão difícil a decisão de sair de empresas e tão sujeito a erros, que

provavelmente a melhor decisão seja mesmo nunca sair, apenas colocar de

quarentena as que consideram que não tem mais valor. Mesmo colocar de

quarentena é uma muleta para não vender porque depende da nossa

análise. Além do mais esta decisão torna tudo mais simples e sobra mais

tempo para trabalhar e tudo mais. Não tenho dúvidas de que quem escolhe

empresas sem inventar muito apenas focando em lucros e ter ONs com

liquidez e diversifica adequadamente e não sai das empresas

provavelmente vai terminar com mais patrimônio sem contar que elimina

o stress de uma análise e decisão dificílima de sair ou não de empresas que

supostamente ficaram ruins.

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Para sair de uma empresa teoricamente ela não estaria mais oferecendo os

critérios para ser sócio, ou seja, ONs com liquidez, lucros consistentes e

dívida equilibrada. Mas isso não é tão fácil e nem tão objetivo, tirante a

parte de ONs com liquidez, tipo a empresa passou a ter UNITs e não negocia

mais ONs. Mesmo esse caso para mim seria razão para não comprar mais,

colocar de quarentena, mas não necessariamente sair. O problema da

decisão de sair de empresas baseado em análise é que sempre vai haver

alguma decisão por parte do investidor e aí que mora o perigo,

especialmente pela influência das cotações. A cotação cai e o sujeito

começa a achar defeitos na empresa que não veria se a cotação estivesse

subindo. Não acompanhe cotações!

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Uma situação que não tem saída é quando a empresa anuncia fechamento

de capital. Não é uma decisão sua, mas da empresa. Não espere a OPA, saia

a mercado. Se a posição for grande, aos poucos, senão de uma vez mesmo.

Junte o dinheiro aos aportes mensais.

Não repita aquela frase de sardinha que diz que se você não comprasse a

empresa para ser sócio deve sair dela. É apenas mais uma frase divulgada

por analistas e corretoras para estimular o giro do seu patrimônio. Os

critérios para sair se existirem devem ser muito mais rígidos que os critérios

para entrar. Mesmo numa empresa que não entraria, a decisão inicial deve

ser apenas colocar de quarentena e as vezes nem isso.

Uma coisa importante é não virar trader de trimestral e começar a sair de

qualquer empresa que apresente um trimestral ruim. Tome decisões

baseado no anual ou ao menos nos últimos 12 meses. Toda empresa

eventualmente tem um trimestral ruim. Se não resiste pare de olhar

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trimestrais e decida só pelos anuais. Na verdade, nem pelos anuais, mas

pela curva histórica dos lucros e dos outros dados. Para quem segue as

empresas nos murais da Bastter.com e acompanha as discussões, bastam

os anuais, porque se acontecer alguma coisa entre os anuais você vai ficar

sabendo.

Não tome decisões sob forte emoção, em meio a Bolsa desabando, fatos

relevantes que levam a histerismo, jornais metendo o pau na empresa etc.

Se está emocionado algo está errado, está colocando mais dinheiro em

ações do que aguenta e diversificando pouco e vai fazer besteiras.

Acompanhe somente os dados históricos da empresa, mais nada, e saiba

que mesmo eles vão piorar de vez em quando em empresas boas.

Quem deve determinar a sua saída, se você considera sair de empresas, é a

própria empresa. Mantendo de quarentena e acompanhando os balanços,

se estes continuarem a vir ruins, realmente ruins, sem lucros consistentes

e/ou com dívida desequilibrada, e as curvas históricas da empresa

começarem a ficar feias a empresa está te dizendo para sair dela. Deixe-a

te mostrar isso com piora clara dela, não tente adivinhar. Ainda assim vá

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com calma e sempre coloque de quarentena primeiro por um tempo antes

de sair. Os casos de não oferecer mais ONs ou OPA são mais fáceis porque

são totalmente objetivos.

Se realmente decidir sair depois de um período de quarentena, crie uma

estratégia de saída, trimestral ou até mais lenta. Divida a sua posição na

empresa em 5 partes, 10 partes e vá saindo aos poucos. Da mesma forma

que se entra aos poucos. Se concluir que a empresa é mesmo ruim, você já

saiu de parte e acima de tudo parou de comprar. Se voltar a considerar a

empresa boa, ainda está nela, pode parar de vender e voltar a comprar. Se

tiver dúvida volte a quarentena e aos estudos. Estar saindo não quer dizer

esquecer a empresa, continue acompanhando até sair totalmente, pois

pode mudar de ideia se os balanços vierem bons e se estava saindo

precipitadamente por causa de cotação, emoção, notícias etc., ainda há

tempo de desistir.

Os pequenos movimentos diminuem o custo dos erros e tornam as decisões

mais fáceis. Deixe a empresa decidir, com seus balanços se você deve ser

sócio dela ou não. Não precisa tomar esta decisão de uma vez a ferro e fogo.

Se os balanços continuarem a vir ruins, a empresa está te dizendo que você

não deve ser sócio, continue saindo até sair totalmente. Se os balanços

melhorarem, você pode dar uma pausa, colocar na quarentena até que

novos balanços te digam o que fazer. Apesar de parecer fácil aqui por

escrito, este é um processo MUITO complicado e muito fadado a erros. Sem

contar que a eventual saída de uma empresa boa pode significar um dano

enorme a seu patrimônio. Pense bem se não é melhor adotar o buy and

danesse e não sair de empresas em definitivo, apenas colocar de

quarentena. Uma alternativa bem interessante é, para cada empresa que

considera ruim e colocou de quarentena, adicione mais uma empresa boa

na carteira.

O dinheiro das vendas, deve ser incluído nas compras mensais, comprando

o que a planilha mandar. Não troque uma empresa por outra. Junte o

dinheiro da venda com todo o dinheiro novo do aporte mensal e compre o

que a planilha mandar. Se for outra empresa, compre outra empresa, se for

renda fixa, ou outro investimento, compre. Não tem de trocar uma empresa

por outra e isso nem faz sentido. Sempre seguindo a planilha. Neste caso

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como é mais dinheiro que o aporte mensal, se necessário compre dois

ativos, mas o que o sistema mandar. Não decida nada nem faça trocas.

Depois que saiu da empresa esqueça. Não importa para você se depois virar

a melhor empresa do mundo ou a cotação subir 5000%. Se isso faz diferença

algo está errado nos seus investimentos e no seu preparo para investir e não

vai ser esta empresa que vai fazer diferença. De qualquer forma ela volta a

ser uma empresa como qualquer outra e não é proibido entrar de novo.

Apenas se isso acontecer pense se não está sendo precipitado na saída das

empresas. A gente está sempre arrumando formas de girar patrimônio.

Tome cuidado. O que acontece muito é vender a empresa no fundo porque

está supostamente ruim e voltar a comprar no topo onde ela voltou a ficar

boa. Comprar no topo e vender no fundo, o destino do sardinha. Para fazer

isso não precisa estudar.

No fim o que vai mesmo combater a sardinhice de forma mais simples é a

decisão de não vender as empresas que é sócio a não ser no caso de

fechamento de capital que não é sua decisão. Os três últimos parágrafos

estão em itálico porque realmente eu tenho bastante dúvidas sobre essa

estratégia. Mas como nem todos vão conseguir não vender achei que

deveria deixar alguma orientação para os que ainda estão na ilusão de

acertar que empresas sair. É melhor seguir estas estratégias do que sair de

qualquer forma. De qualquer forma a quarentena já é uma boa muleta para

os que tem dificuldade em manter empresas que eles acham que ficaram

ruins. Os analistas e corretoras focam muito mais no risco de ficar em

empresas ruins, pois sair de empresas leva ao giro que beneficia a eles, do

que no risco de sair de boas. A maioria tem pânico de empresas ruins e acha

que elas vão destruir sua carteira. Claro que uma carteira só de empresas

ruins vai ser bem ruim, mas uma ou outra empresa ruim é natural que faça

parte da carteira e não vai trazer grande dano. O que vai trazer grande dano

é sair de boas. Portanto a quarentena vai dar tranquilidade aos que ainda

tem dificuldade com isso. Ao menos não compra mais a não ser que volte a

considerar a empresa boa. De certa forma vai acabar comprando mais nos

topos, mas ao menos não vai mais vender nos fundos.

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O que te permite passar por este capítulo tranquilamente, sem se

emocionar, é a diversificação. Se diversificar bastante, nenhum ativo vai

fazer muita diferença no seu patrimônio e tudo pode ser feito com calma.

Aos poucos e percebendo como é difícil determinar se uma empresa

realmente ficou ruim e o dano que sair de empresas boas causa ao

patrimônio, fomos criando na Bastter.com o Buy and Danesse que é

utilizado cada vez por mais usuários. Consiste em só comprar empresas e

nunca sair. Pode-se colocar de quarentena, mas nunca se sai, não importa

o quanto a empresa piore. A exceção seriam se a empresa anunciar

fechamento de capital. Condição sine qua non para poder adotar esta

estratégia é muita diversificação não só em ações, mas também em outros

investimentos e de preferência no exterior também. O buy and danesse é

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interessante pois é bem mais fácil de administrar e por definição tem menos

giro de patrimônio. Sobra mais tempo também para se dedicar a sua

profissão, aumentando os aportes e, por que não, para viver a vida.

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17 - IMPOSTO DE RENDA A parte de Imposto de Renda é bem simples apesar dos rolos que o pessoal

faz. Você precisa saber o custo de aquisição de suas ações. Este custo de

aquisição é para ser informado na Declaração de Imposto de Renda

considerando apenas o pago pelas ações mais os custos. Não entram

dividendos nem eventos, nada disso. Você precisa saber quanto dinheiro

gastou para comprar as ações, para que se caso vender e tiver que pagar IR,

saber a diferença se positiva e na lei atual pagar 15% sobre o lucro se vender

mais de 20 mil reais em ações no mês. O Bastter System da Bastter.com faz

este acompanhamento para você, prepara todo o imposto de renda, sendo

necessário apenas informar os dados de compra.

A princípio, a legislação permite que o holder praticamente não pague

impostos. Enquanto não vender, não há imposto algum a pagar, se compra

e guarda, não paga imposto. Todos eventos como dividendos, juros sobre o

capital, bonificações, etc. ou são isentos ou se houver imposto, é

descontado na fonte e você já recebe livre de impostos.

Os proventos devem ser incluídos na declaração, mas o Bastter System faz

este controle e te entrega tudo pronto, ou pode pedir na sua corretora ou

nos bancos escrituradores. Teoricamente você receberá as informações no

fim do ano por carta mas não é garantido.

Mesmos as vendas são isentas se vender menos de 20 mil reais em ações

no mês, portanto se for sair de uma empresa saia como ensinado acima,

aos poucos e pronto, não vai pagar imposto de renda. Vendendo menos de

20 mil reais em ações por mês não precisa pagar impostos. Se por acaso

tiver que pagar, será de 15% sobre os lucros. Logo, sabendo quanto gastou

para comprar a ação, veja quanto recebeu na venda e se for mais, pague

15% de IR sobre a diferença positiva. Este pagamento é feito em DARF até

no máximo o último dia útil do mês seguinte à venda da ação. Se

administrar direitinho sua carteira e sair devagar como ensinado aqui,

provavelmente não terá de pagar imposto algum.

As ações devem ser declaradas na parte de Bens e Direitos do IR, utilizando

o valor gasto para a compra das ações que pode ser consultado no Bastter

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System ou na sua corretora. Dividendos e Juros sobre Capital Próprio devem

ser declarados também.

Na Área de Imposto de Renda da Bastter.com tem artigos e FAQ sobe IR e

um mural para colocar suas dúvidas. O Bastter System prepara para você

grande parte da sua declaração no que diz respeito a investimentos.

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18 – HISTÓRIAS QUE EU LEMBRO MAIS OU MENOS Pedem sempre para que eu conte minhas histórias do mercado, mas o

problema é que eu não lembro de nada. De qualquer forma vou tentar

lembrar de algumas e o que não lembrar dou uma inventada...

Para os que tem ilusão com trade e com estes caça clientes que mostram

boleta na Internet lembro do daytrade, daytrolha. Cara trabalhava na

corretora e sempre ficava lá com uma planilha imensa depois do expediente

e eu não entendi o que ele estava fazendo.

Um dia fiquei com ele e fui tentar descobrir o que era aquela planilha e o

monte de coisas que ele ficava fazendo. Na época só precisava colocar o

comitente (CPF) no fim do dia. Sujeito fazia um monte de trades durante o

dia comprando e vendendo para ele, para a corretora e para um monte de

clientes. Uma tonelada de compras e vendas no escuro mesmo, só queria

comprar e vender de monte. Final do dia ele pegava as compras e vendas e

começa a dar nomes:

Esse cliente é muito chato, daytrolha.

Uma vitória para a corretora, daytrade.

Esse está perdendo muito, um daytradezinho para ele ficar feliz.

Opa, se juntar este com aquele dá um belo daytrade para mim.

Daytrolha, Daytrolha, Daytrolha.

Ele ia combinando as compras e vendas, colocando de quem era e fechando

de acordo com o que interessa a ele.

E, óbvio, era cheio de cliente, dava curso de trade e tudo mais. Ele era rico,

claro porque além dos trades que ajustava para ele recebia percentual da

corretagem deste giro todo e além do mais sempre tinha um trade

vencedor verdadeiro, com boleta para mostrar para os tontos. Todo dia ele

acertava um trade. Um fenômeno hehehehe...

Hoje é obrigado a determinar o comitente antes de fazer a operação, mas

podem ficar tranquilos que tem jeito especialmente de mostrar boletas

vencedoras para atrair incautos para ser cliente ou fazer cursos.

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Vocês não são do tempo que ficava um sujeito lá na Bolsa cantando o

mercado e dentro da corretora ou distribuidora ficava lá tipo um rádio o

sujeito falando Bradesco no bola sete, vai a 8000 com Peb e assim por

diante. Ele cantava o Índice, o valor e quem estava comprando quem estava

vendendo. Era a Internet da época. Pois bem, todo dia perguntavam a este

cara como ele estava na Bolsa o que ele estava achando do mercado e todo

dia ele respondia: Se está subindo é para vender, se está caindo é para

comprar. Nunca respondeu outra coisa o tempo todo que fiquei lá. E todo

dia perguntavam as vezes mais de uma vez por dia. Assim são os doidos

dominados pelo mercado. Eles precisam tanto de ouvir alguma coisa que

pode até ser sempre a mesma coisa...

Lembro de uma de nossas maiores vitórias quando eu e Predador nos

iludimos com opções. Falei para o Predador pelo telefone para fazer uma

compra grande em diversas posições. Predador como todo gênio confunde

coisas básicas. Quando eu cheguei no escritório e perguntei se ele tinha

comprado, ele falou era para comprar? Eu vendi. Mercado óbvio

disparando. Liguei correndo para a corretora e comprei tudo em dobro que

ele tinha vendido para zerar a venda dele e fazer a compra que eu queria e

tive de sair. Final do dia vou ver a posição está enorme. Final da história

Predador tinha mesmo comprado e achou que vendeu e eu comprei o

dobro, ou seja, fizemos o triplo da posição pretendida assumindo um risco

enorme, mas sem saber. Ganhamos bem, mas só porque não sabíamos.

Burrão (antigo frequentador da Bastter.com) contava a história de um

grande ganho porque achou que tinha fechado a posição e foi viajar. Somos

medrosos na vitória estes ganhos grandes só vêm sem querer. Mas fiquem

tranquilos que perdemos tudo isso e muito mais no final e não foi só uma

vez.

Quando veio a privatização das empresas de telefonia havia os Recibos da

Telebrás. Eram deles as opções mais negociadas. Pois bem num dos dias lá

que foi anunciada a privatização ou alguma coisa assim as ações subiram

tanto que era impossível fechar as posições vendidas nas opções. Só

sobreviveu quem tinha a ação para entregar, ou seja, estava coberto. A

pedra de opções era uma coisa doida. Ou não tinha nenhum vendedor ou a

opção estava algo como 0,50 cents e o melhor vendedor era 28 reais

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hahaha. Sabia de um cara na distribuidora que adorava vender descoberto

apesar de eu sempre alertar para não fazer isso. Fui saber o que tinha

acontecido com ele e perguntei lá. Me disseram que ele foi para salto. Como

eu era novo por lá e ainda meio bobão (na verdade sou até hoje) fiquei

tentando entender o que era isso. Se era alguma gíria do mercado ou

alguma operação que ele fez para se proteger. Fiquem calado para não

demonstrar burrice porque como vocês sabem o burro calado é menos

burro do que o que fala. Fiquei tentando aprender o que era aquilo até que

um dia chegou um cartão postal. O sujeito tinha ido para Salto de Guairá

cidade paraguaia que faz fronteira com o Paraná. Como ele tinha parentes

no Paraná foi para lá que era perto e os parentes podiam visitá-lo. Última

vez que soube ainda estava lá. Se você não controla risco adequadamente

é isso, um dia pode terminar no Paraguai.

Uma vez me chamaram para uma grande operação de opções. Consistia

em fazer uma operação combinada que na época eu chamava de Vaca. Mais

ou menos você compra uma posição e vende três vezes ou quatro vezes em

opções de menor valor e pega as de centavos e trava. Era um grupo

riquíssimo chefiado pelo filho de um dos maiores operadores do Rio. Eles

queriam que eu fosse um dos que tomaria conta da posição. Ganharia

percentual pelo trabalho. Estava tudo indo bem até que me disseram que

não iam travar porque fizeram um cálculo e gastariam muito por mês com

travas. A trava seria na volatilidade e foi uma das razões que me chamaram.

Falei para eles que não existe trava na volatilidade, que toda opção vendida

deve estar sempre coberta ou travada, e até contei do caso que é contado

no livro Quando Gênios Falham de um dos ganhadores de Prêmio Nobel por

ter criado o Método Black and Scholes de precificação de opções que levou

a quebra do maior fundo de hedge da história por achar que poderia

controlar a imprevisibilidade do mercado. Não teve jeito eles não queriam

travar então eu disse que não ia participar. Eles falaram seu nome não entra

e você não coloca dinheiro nem tem risco, só trabalha, qual é o problema.

Eu dei uma desculpa, mas o problema era como é até hoje que se você bule

com o bullshit ele te domina.

Pois bem o tempo foi passando e eu não soube de nada. Um dia estava

dando palestra na Expomoney (sim eu já fiz estas coisas e muito) e começou

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um burburinho danado. Fui ver o que era e estava um Ministro na TV ou o

Presidente da Petrobrás não lembro, falando da descoberta do TUPI, e com

a Bolsa aberta! Lembrou os Recibos da Telebras! Opção de 10 centavos foi

a 13 reais, opção de 1 real foi a 50 reais em segundos. Não tinha venda na

pedra. Depois chegou a mim o fim da história lá do pessoal que resolveu

que não iam travar. Perderam tudo e o pai teve que pagar com dois terços

do patrimônio que ele tinha acumulado a vida toda. No mercado é assim,

se você colocar o seu na reta, um dia a conta vem. Ou aprende a andar na

sombra ou melhor ficar na caderneta.

Eu lá dando palestra na corretora ainda na época que os homebrokers

estavam começando e ainda tinha aquário que era um local em que os

clientes iam para acompanhar o mercado. Coisa meio de viciado que nem

jockey mas enfim. Pessoal queria que eu ensinasse o pessoal a operar

opções e tal. Problema que mesmo quando eu tinha a ilusão que era

possível utilizar as opções em benefício do acúmulo de patrimônio já sabia

que o mais importante era aporte e comprar valor. Começava todas as

palestras assim e falando de acúmulo de patrimônio, focar no trabalho, não

girar, buy and hold etc. Belo dia meu chefe chega, isso é sério, e fala, ok eu

concordo com tudo que você fala, mas não dá para falar de uma forma mais

trader? Isso, falar de buy and hold de uma forma mais trader. Ele está

esperando até hoje e serve para mostrar a vocês a visão curta da maioria

das corretoras.

Uma boa. Me mandaram aprender opções e na época não tinha Internet e

os livros eram complicadíssimos e quase não tinha também. Aí arrumaram

um cara que era o papa das opções, mas falaram, você senta lá, mas não

abre a boca, ele não gosta que fale com ele. Não tinha Internet que nem

hoje, mas já tinha uns computadores ligados no mercado, umas centrais nas

distribuidoras e corretoras. Fiquei sentado lá uma semana sem falar nada e

sem entender nada. Uma semana depois ele me pede um café e eu vou lá

e pego. Na volta ele diz que não gosta de café. Que pediu só para ver se eu

estava prestando atenção. Acabou que eu consegui aprender bastante lá

olhando, mas ele nunca falou mais que umas três palavras comigo. Aí

começou a Internet dava para comprar livros na Amazon e eu comi uns 20

livros e consegui ir aprendendo. Outro que me ensinou tinha papagaio

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(conta bloqueada por dívidas) em quase todas corretoras do Rio no nome

dele, da esposa, dos filhos, coisa de doido. Sabia tudo de volatilidade, só

não sabia operar, ou confundia compra com venda que nem o Predador.

Não consigo nem entender a dificuldade das pessoas para aprender as

coisas hoje em dia. Foi essa luta aí, mas eu consegui aprender.

Um belo dia estava dando palestra de opções na Expomoney no Rio, e no

fim ficava autografando meu livro. Saude e Paz, Bastter. Já autografava

assim, quem comprar uma edição física dos atuais lá no site, vai ver esta

dedicatória neles. Pois bem, assino o livro de um sujeito e ele fala obrigado

e não sei como reconheci a voz de quem só falou uma meia dúzia de

palavras comigo. Era o sujeito lá, o primeiro do computador que não falava.

Fui falar com ele, o que você está fazendo aqui, para que comprou o livro?

Ele olhou, sorriu e saiu andando. Parece filme isso, até hoje fico pensando

nisso as vezes. Acho que ele realmente não gostava de falar. Ou estava me

zoando sei lá...

Lá na distribuidora, como não podia deixar de ser, tinha um grafista. Parecia

um gênio, um Deus. A gente via ele lá e achava que era o Gandalfo (não

tinha saído o filme, mas já tínhamos lido os livros). Ele sempre dizia que

estava esperando uma figura lá que não lembro o nome e começou aa

parecer algo que ia mudar o mundo quando esta figura aparecesse. Ele foi

montando uma operação que ia ganhar sei lá quantas vezes quando esta

figura aparecesse. Era que nem bolão, ninguém queria ficar de fora, mas a

figura nunca aparecia e todos iam colocando mais dinheiro porque vai que

a figura aparece e a gente está de fora. Era uma época que ninguém sabia

nada (como se hoje a gente sabe) e ainda não tínhamos a dimensão do

rolando lero que é grafismo.

O que eu sei é que eu saí da distribuidora e a tal figura nunca apareceu.

Meu dinheiro? Nunca mais vi o que é normal quando você coloca dinheiro

no lixo.

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19 - FRASES DO BASTTER - Se a Bolsa só variasse para cima não seria Renda Variável, seria Renda que

só varia para cima.

- Ação PN é algo inventado para te ferrar. Compra quem quer, mas depois

não venha de mimimi.

- Invista em ações e não em rolos.

- Bebe o leite e esqueça a vaca.

- Queda não é sinal de força.

- Empresa que não lucra não é oportunidade, é empresa ruim.

- Qual a forma de perder dinheiro que você vai criar com isso?

- Se é para dar seu dinheiro para os outros seguindo métodos de riqueza

fácil na Bolsa, por que não dá para os pobres? Ao menos fica feliz.

- Tudo que sobe, desce, tudo que desce sobe, ou não seria Renda Variável.

- Os capitalistas não criaram uma Bolsa de Valores para colocar dinheiro

fácil no Bolso de amadores. Se acredita nisso melhor se manter afastado.

- Passarinho que muito pula quer é chumbo! (Predador)

- Vai se tratar meu filho! (Predador)

- Vocês são burros assim mesmo ou estão de sacanagem com a minha cara?

- Faz tudo igual a maioria perdedora e acha que vai vencer. É o escolhido?

- Se começarem a te perguntar sobre investimentos, saia de fininho e diga

que está atrasado para uma corrida de Kombis...

- Os investimentos dos outros não te interessam e os seus só interessam a

você.

- Nunca se esqueça que você é um idiota. Vai te poupar muitas perdas no

mercado.

- Esporte dói, falta de esporte mata.

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- No longo prazo as cotações seguem os lucros, no curto prazo qualquer

coisa pode acontecer e tentar entender por que sobe ou cai no curto prazo

é uma das melhores formas de perder tempo e dinheiro na Bolsa.

- Investimentos em ações para ser sócio não têm prazo. Se tem prazo é

trade, mesmo que longo.

- Só coloque na Bolsa dinheiro que você não precisa e que não tem prazo.

- A Bolsa só paga salário para seus funcionários.

- Taxa não ganha de Tempo! Taxa não ganha de Tempo! Taxa não ganha de

Tempo!

- O cara pula do décimo andar, passa no terceiro e diz, até aqui tá tudo bem.

Mais ou menos como a maioria analisa risco.

- Se a análise de risco fosse pelo resultado, roleta russa seria um excelente

investimento, pois 83% saem no lucro.

- Se for fazer trade, escolha o método que tem de estudar menos e mais

barato. Como você vai perder de qualquer forma, quanto menos tempo e

dinheiro perder com isso melhor.

- Sócio é ON!

- Coisa que avoa nunca foi bom para ser sócio. Seu dinheiro avoa também...

- É fácil perder muito, não é tão difícil perder pouco, é difícil ganhar pouco

e quase impossível ganhar muito. Quanto mais se tenta ganhar muito,

maior a chance de perder muito. Matemática de primeiro ano.

- Os retornos correspondem aos riscos.

- Quando me oferecem algo com ganho grande e garantido eu saio

correndo e vejo se minha carteira ainda está no bolso.

- A única oportunidade que existe nas oportunidades na Bolsa é a

oportunidade de você perder o seu dinheiro.

- Só se fica rico de forma tediosa. Quer emoção? Vá ao teatro.

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- Tá atrás de adrenalina na Bolsa? Vá praticar esportes que sai bem mais

barato.

- Empresa com muito não recorrente é igual a mulher que vai ao cabelereiro

todo dia. Alguma coisa está errada...

- Para de olhar cotação! Para de ficar obcecado com dividendos! Para de

olhar trimestral! Para de calcular rentabilidade! Vai trabalhar, vai praticar

esportes, vai namorar!

- Banco pequeno não passo nem na porta...

- Patrimônio não se gira, patrimônio se acumula.

- Bom senso é igual a bunda, ou você nasce com ou morre sem...

- Rentabilidade é máquina de triturar sardinha.

- Sardinha acha que a Bolsa foi criada para ele ficar rico fácil e de preferência

adivinhando o futuro. Aí dá errado a culpa é do Sunda!

- O que te protege é investir em você e diversificar em valor e não ficar na

ilusão que vai prever as tragédias...

- Se você fosse capaz de acertar a hora de entrar e sair da Bolsa não estava

aqui lendo isso, era um dos poucos bilionários do mundo.

- O mercado pode fazer tudo, mas não precisa fazer nada. (Burrão ou

Predador)

- Opere o provável, mas defenda-se do possível. (usuário do site

Bastter.com)

- Opere Pequeno! Menor!

- Clube de Investimentos são ótimos se você está precisando brigar com

alguém e não consegue.

- Se meter nos investimentos do amigo vai perder dinheiro e o amigo.

- Análise de empresas não é matemática, é arte.

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- Release de empresas é fácil de interpretar. Começou falando em lucro está

bom, falou em EBITDA mais ou menos. Começou pela receita, já era...

- Está triste porque ação caiu? Tristeza é doença na família. O resto se

resolve.

- O Governo é seu inimigo pessoal e está lá só para te prejudicar. Qualquer

governo de qualquer partido em qualquer país em qualquer época. Cuide

do seu e dos seus e esqueça os políticos ou nunca vai vencer.

- Só se vence e se cresce individualmente.

- Ou você cria sua aposentadoria ou é melhor tratar muito bem seus filhos.

- Se seu plano na velhice é que o Governo ou um Banco cuide de você é

melhor começar a estocar alimentos.

- P/L é o dado mais usado pela sardinhada, pelos analistas e mais citado na

mídia de manada. Não é surpreendente que ele não sirva para nada,

especialmente para os sócios.

- Patrimônio não tem rentabilidade, tem valor.

- Se você acredita que banco vai te oferecer taxa acima do mercado com

risco igual, acredita também que banco é instituição de caridade.

- Ação de empresa boa com P/L baixo fora de crise sistêmica só se você

acredita que na Bolsa só tem idiota e você é o único esperto.

- A idade do porquê vai até uns 6 anos...

- A empresa pode até ser boa para donos e diretores, mas se ele não oferece

ON com boa liquidez, de que adianta para o minoritário?

- Já vi muita gente ficar rica com daytrade, mas é ganhando corretagem...

- Eu conheço bem os erros porque já cometi todos.

- O primeiro prejuízo é sempre o menor. (Predador)

- Nada dá mais prejuízo do que tentar recuperar prejuízo.

- Eu nunca errei uma análise do passado!

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- O que te enriquece é comprar e acumular patrimônio em valor. Girar seu

patrimônio enriquece o Governo e os intermediários.

- Você não é obrigado a ser sócio de empresa nenhuma nem de ter

investimento algum.

- O que enriquece é trabalhar e poupar. Investimentos são apenas

instrumentos.

- O IBOV não serve para nada. Esqueça.

- O que enriquece é aporte, tempo e valor. Taxa, preços, lucros,

rentabilidade enriquece os outros, especialmente governos e

intermediários.

- A taxa multiplica, mas o tempo é exponencial. Fique o máximo de tempo

que puder em bons investimentos para ter o máximo de juros compostos.

- O que coloca comida na mesa é dinheiro e não percentual.

- Crie! Crie! Crie! Ou vai ser mais um escravo.

- Toda vez que você compra cai. Toda vez que você vende, sobe. Então para

de jogar pó de mico no galinheiro e vai trabalhar.

- O que você tem vale o que estão pagando e não o que você acha que vale.

- Anotar chiclete e bala Juquinha não é cuidar das finanças, é TOC. Procure

tratamento.

- É melhor ser feliz do que ter razão.

- Teve prejuízo? Poe uma pedra e vamos daqui para frente.

- Eu tenho nojo de PN!

- A única coisa certa na Bolsa é que vamos perder dinheiro

- Ficar pensando no mercado com o mercado fechado só serve para minar

suas capacidades de operar quando o mercado abrir. (Predador)

- Em se tratando de risco temos de nos prevenir antes de acontecer. Não

tentar consertar depois que já aconteceu. (Predador)

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- Um plano é fundamental, mas tem que saber agir porque se planejar e na

hora ficar anestesiado não resolve. - Predador"

- Aprenda a aceitar e administrar as perdas na bolsa, e especialmente a

reagir as mesmas, mas não se vicie nelas

- Ser famoso na internet é a mesma coisa que ser rico no banco imobiliário.

- “Coisas que você vê todo mundo falando o tempo todo, provavelmente

não é o melhor caminho na bolsa...”

- Empresa ruim quebra porque é ruim e não por causa do Governo ou crise,

ou seja, lá o que for

- Toda vez que um analista compara Renda Fixa com Ações uma fada

morre...

- Quem luta com monstros deve velar porque, ao fazê-lo, não se transforme

também em monstro. E se tu olhares, durante muito tempo, para um

abismo, o abismo também olha para dentro de ti. (Friedrich Nietzsche)

- Prefiro ser o último da fila dos ricos ao primeiro da fila dos pobres.

- Quem não sabe brincar, não desce para o Play!

- Não é operar grande que te fará grande, é se tornar grande que te

permitirá operar grande!

- É Mintira!

- Arrowgansa!

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20 – RESUMINDO E SIMPLIFICANDO

Em primeiro lugar aprenda, compreenda e aceite que a renda variável varia

para cima e para baixo. E para baixo as variações muitas vezes são intensas

e longas. E nesses períodos as notícias são muito ruins e o histerismo é

geral. Resistir nestes períodos e não vender suas ações que vai determinar

o seu sucesso ou fracasso comprando ações para ser sócio.

Para resistir a estes períodos é necessário diversificar bastante e focar na

sua vida e não nas ações, especialmente parando de acompanhar cotações.

Sócio tem uma parte da empresa e pretende receber parte dos lucros e se

beneficiar do crescimento dela. Cotação não entra na conta.

Parar de acompanhar cotação é uma luta que todos devem se dedicar pois

não há como resistir aos períodos de queda se o foco é cotação. O foco tem

de estar no seu trabalho e na sua vida. Trabalhar melhor e conseguir aportar

mais é mais determinante para seu patrimônio do que qualquer escolha de

empresa para ser sócio ou qualquer investimento.

Tempo é fundamental. Quanto mais tempo conseguir ficar em boas

empresas mais patrimônio vai ter. E até em empresas mais ou menos o

tempo age a seu favor. Para ganhar o tempo precisa compreender que

renda variável varia e não acompanhar cotações, focando no seu trabalho

e na sua vida.

Fundamental então é não vender suas ações na fase de histerismo, focar no

seu trabalho e nos aportes e com estas duas medidas, ganhar o tempo.

Depois vem escolha de empresas para ser sócio que é bem menos

importante que os fatores acima. E nem é tão difícil como os assessores que

querem levar seu dinheiro fazem parecer para criar dependência neles.

Difícil é mudar a mentalidade de incauto que acha que vai ganhar na

variação de preços e gira patrimônio para sócio de empresas que foca mais

no trabalho e na vida.

Na parte de escolha de empresas é bem simples. Primeiro descartar

empresas ruins.

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Não oferece ONs com segurança, tchau, não dá lucro, tchau, IPO recente,

tchau, cheio de rolos, tchau. Tem de combater a sardinhice de achar que

alguma empresa faz diferença na sua vida. Se faz, alguma coisa está errada.

Você não tem de ser sócio de empresa nenhuma. Não misture emoções. E

se diversifica que é o correto, ser ou não sócio de qualquer empresa não vai

mudar nada na sua vida. Portanto, se a empresa é complicada, esqueça que

existe. Na Bastter.com tem a lista de empresas viáveis para ser sócio,

escolhidas pela comunidade que facilita uma primeira seleção do que

estudar.

Na análise de empresas para ser sócio é bem simples. As que passaram

pelos critérios excludentes que são oferecer ONs com segurança e não ser

IPO recente, basta analisar se ela faz dinheiro de forma eficiente e se quiser

porque não é essencial, se não se enrola com dívidas. É só isso. Mais nada.

Fazer dinheiro de forma eficiente basta ver se os lucros são consistentes. Se

quiser ser mais detalhista olhe o Ebitda se é consistente e se o Fluxo de

Caixa Líquido Capex é positivo a maior parte do tempo (a não ser em

segmentos que justifica não ser). Mas mais simples ainda que isso, veja a

curva histórica de lucros, se é ou quase é uma linha para cima, não precisa

olhar mais nada.

Dívida é mais fácil ainda. Dívida líquida/Ebitda menor que 1, esquece, não

precisa ver mais nada. Abaixo de 2 ainda pode deixar para lá, mas se quiser

e somente acima de 3 acende o alerta, mas ainda assim tem de ver o

histórico, se é uma empresa que sempre trabalha mais alavancada ou não.

Se a empresa trabalha alavancada porque é da natureza do segmento ou

dela própria, cabe a você aceitar ou não, mas não tem por que ficar se

preocupando se aceitar e for sócio. Se uma empresa que sempre trabalhou

com níveis baixos de endividamento de repente sobe, veja por que, se é um

investimento e acompanhe. De qualquer forma se o lucro é consistente a

dívida é um problema da gestão que até este momento está administrando

bem portanto pode ser ignorada.

Escolha o máximo de empresas que puder para diversificar bastante. Invista

em outros ativos e no exterior. Só assim vai aguentar passar pelos períodos

de queda sem vender. Tendo montado sua carteira, estabeleça objetivos

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percentuais para cada uma (se estiver começando tenha o mesmo para

todas). Uma vez por mês junte todo dinheiro novo, inclusive de dividendos

e compre o que o sistema mandar.

GERENCIANDO SEU PATRIMÔNIO:

1 - Coloque todos seus investimentos no Bastter System, mesmo os que

ainda não tem, mas planeja ter.

2 - Estabeleça objetivos percentuais para cada categoria de investimentos

e dentro de cada categoria, pesos para cada ativo. Se está em dúvida,

distribua o mesmo peso para todos.

3 - Uma vez por mês pegue todo o dinheiro novo (inclusive dividendos) e

compre um ativo, no máximo dois, que o Bastter System mandar. (Se o

Bastter System mandar comprar mais de um ativo, ou vários, compre

qualquer um, tanto faz).

4 - Os ajustes são sempre feitos na compra. Nunca venda nada para ajustar

ou perseguir os objetivos.

5 – Coloque de quarentena o que considera que não tem mais valor. Só saia

se após um bom tempo de análise considerar realmente que não tem valor,

ainda assim saia devagar em partes, e acrescente o dinheiro da venda a

compra mensal. Se preferir usar o buy and danesse não saia nunca, apenas

coloque de quarentena. Uma boa alternativa é para cada empresa que

colocar de quarentena e não for sair, acrescentar uma nova empresa boa

na carteira.

6 – Se necessário, mas com muita parcimônia, reavalie seus ativos e os

objetivos percentuais anualmente, de preferência em abril, após os

balanços anuais. Para a maioria talvez o mais simples seja o Buy and

Danesse em que você só compra ações e acumula e nunca vende. Na

eventualidade do patrimônio ir aumentando, pode-se utilizar os proventos

ao invés de reaplicar e pode até vender algumas ações, mas não se decide

vender porque acha que a empresa está ruim. Nó máximo se diminui a

participação dela na carteira ou até se coloca de quarentena. É muito mais

fácil de administrar e diminui a necessidade de tomar decisões.

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Por fim mantenham sempre o foco no seu trabalho e na sua vida. A Bolsa é

uma parte bem pouco importante de nossa vida e assim deve permanecer.

Ser sócio de boas empresas não implica em participar da Bolsa, participar

do mercado, acompanhar o mercado, afaste-se de tudo isso. Nada de bom

vem de ficar acompanhando o mercado. Só vai perder tempo que podia

estar trabalhando, perder saúde e perder dinheiro no giro. Finalizo com a

imagem para mim mais marcante de todas que já fizemos na Basttter.com

e que demonstra o quanto a Bolsa é irrelevante. A última coluna da direita

demonstra o percentual de ações de cada empresa que é negociado em

média a cada dia e que determina as cotações naquele dia: