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8/13/2019 Textos IL - Colaboradores - A entrevista de Armnio
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CCOOLLAA BBOORR AADD OORREESS30.10.09
A entrevista de Armnio
RODRIGO CONSTANTINO*
O jornal Valor Econmico publicou hoje (29/10/09) uma
entrevista com Armnio Fraga que merece ser lida com
ateno. Nela, o ex-presidente do Banco Central afirma que
preciso reestatizar o Estado. Em outras palavras, Armnio
est lutando contra o patrimonialismo que representa o cncer
na poltica nacional. Uma patota chega ao poder e privatiza
o Estado para si, locupletando-se atravs da coisa pblica. O
governo atual parece mais faminto que o de praxe, e Armnio
se mostra preocupado com a postura agressiva do governo
Lula na ampliao da presena do Estado na economia.
Naquele que talvez seja o principal trecho da entrevista, Armnio vai direto ao ponto:
Vejo com preocupao a sensao de que o Estado passou a servir a interesses
partidrios, s vezes ligados ou poltica ou a interesses privados, sindicais. Esses
sinais no so de agora. Comearam bem antes da crise, com as tentativas de controlar a
imprensa (com a proposta de criao do Conselho Federal de Jornalismo), os meios
eletrnicos (tentativa de criao da Agncia Nacional do Cinema e do Audiovisual).
Defendo uma reestatizao do Estado.
Como homem pblico, Armnio deve sempre pesar bem suas palavras. Alm disso, ele
conhece os inimigos da liberdade, a esquerda organizada que busca rotular as pessoas eimpedir um debate srio calcado em argumentos. Dito isso, sua entrevista merece
aplausos, pela coragem de tocar na ferida, de chamar a ateno para a ameaa que o
governo tem representado para a liberdade econmica. Armnio est condenando
abertamente a tentativa do governo Lula de partir para uma receita j testada e
comprovadamente falida, ou seja, transformar o Estado num agente executor,
empresrio. Outros empresrios deveriam seguir o exemplo e tomar coragem para atacar
esta postura tambm, que representa um enorme perigo para nossas liberdades.
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Entretanto, dois pontos merecem ser criticados na entrevista. Em primeiro lugar,
Armnio tenta evitar a dicotomia entre Estado mximo e mnimo, alegando que ningum
defende o ltimo: Nunca ouvi falar em algum que defenda o Estado mnimo. Como
assim? Armnio precisa escutar melhor. Entendo sua postura pragmtica aqui, evitando
o rtulo de liberal que a esquerda, de forma prfida, usaria para encerrar o debate.
Basta vestir algum com o manto de defensor do Estado mnimo para jog-lo no
ostracismo e fugir de seus argumentos. Mesmo assim, entendo que saudvel se manter
fiel aos conceitos condizentes com os valores defendidos. Os liberais no deveriam ter
medo ou vergonha de se assumirem como tal.
Em segundo lugar, Armnio contemporiza com a esquerda no final da entrevista de
forma condenvel, aceitando a verso mentirosa da histria nacional. Ele diz: curiosover que muita gente que hoje est no governo, que fez oposio herica contra a
ditadura e na poca tambm defendia, de certa maneira, reestatizao do Estado, hoje
olha para trs e se identifica com muita coisa da poca da ditadura. Como assim
oposio herica? Essa gente lutava por outra ditadura, aquela que at hoje existe em
Cuba, e que seu colega Chvez tenta impor na Venezuela. Aceitar sem protesto essa
inverso histrica foi uma concesso que Armnio no deveria ter feito. Claro que
muitos hoje no governo se identificam com vrias coisas da poca da ditadura. Elessempre lutaram pelo poder, e quanto mais concentrado este fosse, melhor. A esquerda
no queria reestatizar o Estado, e sim tom-lo na marra.
No obstante essas duas falhas que destaquei, considero importante a entrevista de
Armnio, e recomendo sua leitura na ntegra..
* Economista, articulista, lanou seu quinto livro: "Economia do indivduo - o legado daEscola Austraca"; outros livros: "Prisioneiros da Liberdade", "Estrela Cadente: As
Contradies e Trapalhadas do PT", "Egosmo Racional: O Individualismo de Ayn Rand", e "UmaLuz na Escurido". membro-fundador do Instituto Millenium e diretor do Instituto Liberalno RJ.
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