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THATIANA VERÔNICA RODRIGUES DE BARCELLOS FERNANDES SAÚDE AMBIENTAL INFANTIL: PROPOSTA DA CRIAÇÃO DE UMA METODOLOGIA EDUCATIVA EM SAÚDE PARA ESCOLARES RIO DE JANEIRO 2010 1

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THATIANA VERÔNICA RODRIGUES DE BARCELLOS FERNANDES

SAÚDE AMBIENTAL INFANTIL: PROPOSTA DA CRIAÇÃO DE UMA METODOLOGIA EDUCATIVA EM SAÚDE PARA

ESCOLARES

RIO DE JANEIRO2010

1

Thatiana Verônica Rodrigues de Barcellos Fernandes

SAÚDE AMBIENTAL INFANTIL: PROPOSTA DA CRIAÇÃO DE UMA METODOLOGIA EDUCATIVA EM SAÚDE PARA

ESCOLARES

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, do Instituto de Estudos em

Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio deJaneiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção

do título de Mestre em Saúde Pública.

Profa. Carmen Ildes Rodrigues Fróes Asmus

Rio de Janeiro2010

2

F363 Fernandes, Thatiana Verônica Rodrigues de Barcellos. Saúde ambiental infantil: proposta da criação de uma

metodologia educativa em saúde para escolares/ Thatiana Verônica Rodrigues de Barcellos Fernandes. – Rio de Janeiro:

UFRJ/ Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, 2010. 157 f.: il.; 30cm.

Orientador: Carmen Ildes Rodrigues Fróes Asmus.

Dissertação (Mestrado) - UFRJ/Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, 2010.

Referências: f. 98-103.

1. Saúde ambiental. 2. Saúde escolar. 3. Educação ambiental. 4. Educação em saúde. 5. Educação infantil. 6. Metodologia. I. Asmus, Carmen Ildes Rodrigues Fróes. II.

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva. III. Título.

CDD 616.98

3

FOLHA DE APROVAÇÃO

THATIANA VERÔNICA RODRIGUES DE BARCELLOS FERNANDES

SAÚDE AMBIENTAL INFANTIL: PROPOSTA DA CRIAÇÃO DE UMA METODOLOGIA EDUCATIVA EM SAÚDE PARA

ESCOLARES

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, do Instituto de Estudos em

Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio deJaneiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção

do título de Mestre em Saúde Pública.

Aprovada em 31/05/2010

________________________________________________________Profª. Drª. Carmen Ildes Rodrigues Fróes Asmus

Professora Adjunta do IESC/UFRJ e da Faculdade de Medicina/UFRJ

________________________________________________________Profª. Drª. Maria Helena Ruzany

Professora Adjunta - Doutora da Faculdade de Ciências Médicas da UERJ e Diretora do Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (NESA/UERJ)

_______________________________________________________Prof. Dr. Volney de Magalhães Câmara

Professor Titular da Faculdade de Medicina/UFRJ e Professor Titular do IESC/UFRJ

4

DEDICATÓRIA

À minha amada Mãe, por todo amor durante a minha vida e por me incentivar, valorizar, rezar e cooperar com esse processo em todos os sentidos. Te amo!

À minha princesinha Amanda, por chegar à minha vida transformando tudo o que existia em mim e me motivando a ser lutadora, e a valorizar sorrisos, caretinhas,

primeiros passinhos, qualquer palavrinha, chorinhos no meio da madrugada......... Fazendo tudo em minha vida ser muito mais emocionante!!!

Ao meu amado Adriano, por toda a força e amor sempre me impulsionando para a conquista deste sonho, me fazendo perceber que era possível e valia a pena todos

os esforços, sem você eu não teria conseguido!!!

À Profª. Carmen, por me orientar e compreender em todos os momentos. Você me ensinou muito mais do que a construção da dissertação, foi muito além, me mostrou

a cada encontro como ser uma pessoa melhor. Seu exemplo me incentivou a permanecer no curso e a ver que é possível conciliar os papéis de mãe cuidadosa e

dedicada e profissional talentosa e eficiente.

5

AGRADECIMENTOS

À Deus, em primeiro lugar, pela certeza de Seu cuidado e amor em todos os momentos.

Em especial, agradeço à Profª. Drª. Carmen Ildes Rodrigues Fróes Asmus, pela confiança que depositou em mim, aceitando me orientar e pelo incentivo e carinho durante todo o tempo. Agradeço pelo privilégio de conviver com você e poder aprender ao compartilhar de sua experiência, tanto profissional como pessoal, sempre orientando e acalmando o coração de “uma típica mãe de primeira viagem”.

Aos professores que participaram da banca de qualificação e defesa – Profª. Anamaria Tambelini, Profª. Maria Helena Ruzany e Prof. Volney Câmara – agradeço toda disponibilidade e contribuição neste trabalho.

As pesquisadoras, Carina Lino e Maria Isabel Filhote, por toda a energia e trabalho realizado com muita dedicação e responsabilidade. Participaram comigo nos diversos momentos de elaboração e execução do projeto. Agradeço imensamente a oportunidade de trabalhar com vocês.

Aos 10 bolsistas do projeto: Alejandra, Aline, Alice, Ana Carolina, Cintia, Márcia, Marcos, Mariana, Nathália, Tamara pela dedicação e empenho para o êxito do projeto durante toda a preparação e realização da pesquisa. E pelos momentos divertidos e agradáveis que estivemos nos relacionando e construindo essa proposta educativa dialógica.

As responsáveis pela direção das duas escolas, por colaborarem para a realização da pesquisa no espaço escolar. Especialmente, à Beth, por toda atenção, cuidado e cooperação com todos da equipe.

Aos escolares pelo prazer com que participaram deste estudo. Pela empolgação e receptividade a proposta e aos pais por permitirem a realização desta pesquisa. Aos meus colegas de mestrado, 2008 e 2009: Adyr, Ariana, Carla, Claudio, Ivisson, Márcia, Rodrigo e Vinólia..... pelas conversas, alegrias e momentos onde compartilhamos experiências no decorrer das disciplinas.

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Aos colegas doutorandos Raphael e Rodrigo por todo incentivo e atenção, especialmente me explicando epidemiologia, vocês são grandes motivadores!

Aos meus sobrinha(o)s e afilhada(o)s por compreenderem minhas ausências e por me amarem e manifestar um imenso carinho quando estamos juntos.

À minha Mãe e Vinicius por serem tudo que eu preciso e muito mais!!!

Adriano, meu amado marido, obrigada pela sua presença, pelos incentivos, por acreditar em mim, por suas tentativas desesperadas de organizar o meu “caos produtivo”, por seu amor e pelo valor que atribui a esta conquista.

Amanda, minha pequena princesa, obrigada pelos sorrisos e guargalhadinhas deliciosas, me fazendo feliz no meio da madrugada e os momentos preciosos de carinho e cuidado que me fazem melhor e que diminuem o estresse da mamãe!

Aos amigos e pessoas queridas da UFF, vocês me apoiaram e acolheram para a concretização deste sonho. Especialmente agradeço a Márcia, Jorge, Monique e Cristina amigos de disciplina. À Profª. Helen agradeço toda a força!

A todos os amigos do grupo, vocês me incentivaram e auxiliaram em aspectos diversos. Todos são fundamentais na minha vida!!! Quero manifestar meu agradecimento especial aos amigos Cláudio e Bebel sem vocês não teria terminado a dissertação. Agradeço a Bebel todo incentivo, confiança, amizade, oração e apoio tecnológico. Você sabe o quanto este processo também te pertence! Carlos Pedro e Bi pela grande ajuda na transcrição.

À Bebel, por ter vivido comigo este processo, com a mesma intensidade e carinho que impulsiona nossa amizade. Me pergunto sempre: o que seria de mim sem você? Sei que este percurso não teria o mesmo valor! Agradeço a Deus por você existir na minha vida!

À Erli por cuidar com carinho e dedicação de minha pequena e incentivar a viver esta conquista.

Aos amigos Pe. Cássio e Pe. Demétrio vocês são fundamentais neste processo.

Enfim..., foram muitos os amigos preciosos que me ajudaram agradeço imensamente a todos!!!

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EPÍGRAFE

"Grande é a poesia, a bondade e as danças. Mas o melhor do mundo são as crianças." Fernando Pessoa

“Vá até as pessoas.

Aprenda com elas.

Viva com elas.

Ame-as.

Comece com aquilo que elas sabem.

Construa com aquilo que elas têm.

Mas o melhor líder,

quando o trabalho estiver pronto,

quando a tarefa estiver cumprida,

as pessoas todas dirão,

nós fizemos isso sozinhas”.

Lao Tzu. 604 a.C.

“Comece fazendo o necessário, depois o que é possível,

e de repente estará fazendo o impossível”.São Francisco de Assis

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RESUMOFERNANDES, Thatiana Verônica Rodrigues de Barcellos. SAÚDE AMBIENTAL INFANTIL: proposta da criação de uma

metodologia educativa em saúde para escolares. Rio de janeiro, 2010. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) –

Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.

O presente trabalho foi desenvolvido em duas escolas públicas situadas no município do

Rio de Janeiro/ Brasil, com objetivo de construir uma metodologia de informação e reflexão

crítica – com abordagem lúdica - sobre as relações entre saúde e ambiente, específica para

crianças. Participaram deste estudo escolares de 8 a 10 anos. O estudo foi desenvolvido

em três momentos: a construção de uma proposta metodológica de atividades educativas

em saúde ambiental infantil, a dinâmica de aplicação das oficinas com os escolares e

avaliação das atividades realizadas junto às professoras e diretoras nas escolas

envolvidas, após um ano. Para tanto, foi adotada uma abordagem qualitativa. Os dados obtidos

foram coletados através da observação participante e entrevistas. A concepção

pedagógica teve base nos referenciais de Paulo Freire e Vygotsky. A pesquisa

demonstrou que a aplicação da metodologia educativa - através de jogos e dinâmicas -, é

uma ferramenta facilitadora da aprendizagem da qual os educadores/ profissionais de

saúde - educadores em saúde devem fazer uso no dia-a-dia escolar, pois os avanços

apresentados pela sensibilização dos alunos pesquisados após sua utilização foram

relevantes. Os resultados obtidos ressaltaram a necessidade da implantação de Projetos

da Educação Ambiental e da Saúde Ambiental, que articulem atores diversos, para criação

de ambientes favoráveis à saúde, especialmente para atingir o público escolar.

Finalmente, consideramos que o produto deste estudo, a Oficina Lúdica em Saúde

Ambiental, tem condições de ser replicada e como ganho secundário pode ser adequada

para capacitação dos profissionais da Educação e da Atenção Básica, para ampla

aplicação no cenário escolar. Ressalte-se que o território deve ser o norteador do

aprimoramento das características da metodologia e conseqüentemente, trazendo os

escolares para participar ativamente do processo e da forma que eles naturalmente se

interessam - a forma lúdica – o que possibilita a compreensão da Educação Ambiental

voltada para saúde que incorpore uma prática de promoção da saúde.

Palavras-chave: Saúde Ambiental, Saúde Ambiental Infantil, Saúde Escolar, Educação Ambiental, Educação em Saúde.

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ABSTRACT

FERNANDES, Thatiana Verônica Rodrigues de Barcellos. SAÚDE AMBIENTAL INFANTIL: proposta da criação de uma metodologia educativa em saúde para escolares. Rio de janeiro, 2010. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) – Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.

The present study was developed in 2 public schools located in the municipality of Rio

de Janeiro/Brazil and aims to propose an information methodology and a critical

reflection - with a playful approach- on the relation between health and environment,

specifically for children. Schoolchildren aged between 8 and 10 years were participants

in the study. The study was carried out in 3 stages: the construction of a methodological

proposal of educational activities for children’s environmental health, the dynamics of

administration of workshops directed to schoolchildren and the evaluation of the

activities developed among teachers and principals of the participant schools after 1

year. For such, a qualitative approach was adopted. Data were collected through

observation, participants and in-person interviews. The pedagogical conception was

based on Paulo Freire and Vygotsky referentials. The research showed that the

application of an educational methodology through games and class dynamics is a

learning tool to be used by educators/health professionals in their school routine, since

the advances obtained through the sensitization presented by the students following its

use were relevant. The results highlighted the need for the implementation of

Environmental Education and Health Projects that may associate several authors for the

creation of health-favorable environments, in special for the school community. Finally,

we consider that the product of this study, the Playful Workshop in Environmental Health

is worth of replication and, as a secondary gain, can be adequate for the qualification of

Education and Basic Healthcare professionals with wide application in a school setting.

It is important to point out that territory must guide the improvement of the methodology

features and consequently, bringing students into an active participation in the project in

the way they are naturally interested in, a playful way that can facilitate the

understanding of a health-oriented Environmental Education that may incorporate health

promotion practices.

KEY WORDS: Environmental health, Children's Environmental Health, Environmental

Education, Health Promotion, School Health.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FOTOGRAFIAS 1 e 2: Dinâmica inicial, contrato de convivência e grupos, momento 1.

FOTOGRAFIAS 3 e 4: Grupos na Dinâmica Inicial Escola 1, momento 2.

FOTOGRAFIAS 5 e 6: Grupos na Dinâmica Inicial Escola 1, momento 3 e 4.

FOTOGRAFIAS 7 e 8: Dinâmica inicial com figuras para motivar Escola 2, momento 5.

FOTOGRAFIAS 9 e 10: Equipes preparadas e mediador demonstrando o começo do

trajeto.

FOTOGRAFIAS 11 e 12: Equipes participando do jogo.

FOTOGRAFIAS 13 e 14: Jogo da Associação Escola 1, momento 2.

FOTOGRAFIAS 15 e 16: Jogo da Associação Escola 1, momento 3.

FOTOGRAFIAS 17 e 18: Jogo Imagem e Ação Ambiental Escola 2, momentos 5 e 6.

FOTOGRAFIA 19: Apresentação da Equipe Planeta

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1:Características das escolas do estudo (ano 2008).

QUADRO 2: Atividades desenvolvidas na escola 1 e 2.

QUADRO 3: Síntese das variações na Semana Educativa.

QUADRO 4: Entendimento dos conceitos de Saúde, Ambiente e Educação em Saúde.

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SUMÁRIO

p.1 INTRODUÇÃO 151.1 Justificativa 19

2 REVISÃO DE LITERATURA 222.1 Meio Ambiente e Saúde Humana 23

2.2 Saúde como proposta de Promoção da Saúde 24

2.3 Saúde Ambiental 34

2.4 Saúde Ambiental Infantil 46

2.5 Educação em saúde, Empoderamento e Ambientes Saudáveis 49

2.6 Educação Ambiental e voltadas para Promoção da Saúde 56

2.7 Metodologia Educativas com Crianças e Adolescentes 60

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 664 OBJETIVOS 74

5 MATERIAL E MÉTODOS 765.1 Delineamento Metodológico do Estudo 77

5.2 Cenário do Estudo 77

5.3 Participantes do Estudo 79

5.4 Procedimentos para desenvolvimento da Metodologia educativa em Saúde

Ambiental Infantil. 79

5.5 Instrumentos de coleta de dados 81

5.6 Análise dos Dados 82

5.7 Procedimentos Ético-legais 83

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO 866.1 Construção da Metodologia educativa 87

6.1.2 Preparando o material Educativo 88

6.2. Aplicação da metodologia educativa 89

13

6.2.2 Descrição da Semana Educativa nas escolas 91

6.3. Avaliação da Metodologia Educativa em Saúde Ambiental 81

6.3.1 Avaliação pela Equipe 100

6.3.2 Avaliação das Professoras e Diretoras 104

6.3.3 Convergências e divergências da temática saúde e

ambiente nos cenários 107

6.3.4 Avaliação dos resultados da Atividade Educativa 108

6.4 (Re)Projetando a Metodologia Educativa 110

7 CONCLUSÃO 1118 REFERÊNCIAS 1169 ANEXOS 123

14

“Como os pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazer um ninho no alto das árvores e nas

montanhas, longe dos predadores, das ameaças e dos perigos e mais perto de Deus,

devemos cuidar de nossos filhos como um bem sagrado, promover o respeito a seus direitos e

protegê-los.” Zilda Arns

15

INTRODUÇÃO

1. Introdução

Para alcançar a melhoria da qualidade de vida para a população humana devemos

ter em vista como necessário articular essa conquista com a forma de interação entre o

homem e o meio ambiente. Neste processo, as ações precisam estar focadas na

promoção da saúde, ou seja, a busca da saúde ambiental deve estar em pauta para

adequação das políticas de saúde. Precisamos desta forma, de transformações no que diz

respeito às atividades atuais relativas à produção e consumo que tem levado a

deterioração do meio ambiente, e conseqüentemente, aos ecossistemas que são

indispensáveis para a vida e saúde humana. Nesta perspectiva, pensamos em discutir a

temática saúde ambiental com escolares através de atividades de educação em saúde,

visando proporcionar uma iniciação ao tema para sensibilização e descoberta dos

problemas. Esse tema é atual e vem emergindo para reflexão, em busca de soluções,

através de uma tomada de consciência nos diversos setores da sociedade.

Os problemas socioambientais englobam várias interfaces que geram demandas a

serem solucionadas por vários setores, dentre eles a área da Saúde Coletiva. Dentre os

diversos campos do conhecimento, abarcados por esta área, encontra-se aquele que tem

como objeto as questões relativas à inter-relação entre saúde-produção-ambiente.

Pensar sobre as questões de saúde, numa visão abrangente, envolve uma reflexão

complexa, assumindo que múltiplos determinantes da saúde atuam modificando os

resultados. Toda organização produtiva traz consigo transformações na sociedade que

16

envolve a saúde, o ambiente e o trabalho. Tendo como base a situação na qual a maior

parte da população brasileira ocupa os espaços das cidades, como conseqüência

encontramos uma crescente degradação das condições de vida, manifestada pela atual

crise ambiental. Neste sentido, os desafios para mudar as formas de pensar e agir em

torno da questão ambiental, segundo afirma Leff1 (2001 apud JACOBI, 2003) para

conseguir reverter suas causas, é necessária uma mudança profunda “nos sistemas de

conhecimento, dos valores e dos comportamentos gerados pela dinâmica de racionalidade

existente, fundada no aspecto econômico do desenvolvimento”.

Desta forma, a questão ambiental começa a conquistar espaço nos últimos anos,

especialmente pelas situações de crise ambiental em nível global, e na tentativa dos

diversos atores sociais buscarem soluções conjuntas, para os problemas que podem

afetar a vida no planeta num futuro próximo. Neste sentido, os diversos setores da

população são atingidos pelos problemas ambientais. Segundo Tambelini & Câmara

(2002) algumas populações sofrerão de modo intenso e específico os agravos à saúde,

como por exemplo, os trabalhadores que ficam expostos aos riscos químicos, físicos,

biológicos, mecânicos, ergonômicos, de acordo com a profissão/processo de trabalho que

estão inseridos. No entanto, a população geral também fica exposta a riscos que não são

tão determinados quanto no ambiente de trabalho.

Ao pensar os problemas da saúde ambiental dentro da Saúde Coletiva, buscou-se

compreender os efeitos da produção fora do ambiente das empresas. Assim, pode-se

perceber a diversidade de exposições que atinge os grupos populacionais, dependendo

do local de moradia, idade, sexo, e condições socioambientais. Pode-se também entender

que grupos de maior risco são os que possuem, além de suas características biológicas

1 LEFF, E. Epistemologia ambiental. São Paulo: Cortez, 2001.

17

especificas, (gestantes, fetos, crianças, adolescentes e idosos) condições de

vulnerabilidade, como por exemplo: a pobreza, que amplia o leque de riscos a saúde.

(TAMBELLINI & CÂMARA, 2002)

As crianças são atualmente o foco de pesquisas para avaliação dos efeitos da

exposição aos riscos ambientais para a saúde. Esse enfoque se baseia no fato das

crianças estarem em processo de crescimento e desenvolvimento e assim, mais

susceptíveis as atuações danosas dos poluentes ambientais. Os fatores químicos, físicos

e biológicos presentes no ambiente onde as crianças vivem, brincam, aprendem e

trabalham são riscos ao seu desenvolvimento normal. As crianças podem estar expostas a

riscos à saúde por diversos meios, através do alimento, ar, água, objetos e animais. O

maior requisito para aumentar a sobrevida global das crianças é melhorar as condições do

ambiente onde elas vivem.

No Brasil, o desafio de garantir o desenvolvimento integral das crianças está

diretamente ligado a formar as famílias para que possam cuidar de suas crianças. E

também voltado para alcançar qualidade nos serviços destinados à atenção a esta faixa

etária, entre eles encontram-se prioritariamente a saúde e educação. Na tentativa de

formalizar um programa de informações para as crianças, o Ministério da Educação, neste

movimento para contribuir com formação de sujeitos com consciência ecológica e de

saúde, entre outros, implantou nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) os temas

transversais. Estes visam trazer para a escola temas da vida diária, com projetos que

perpassam todas as disciplinas

A Educação em Saúde Ambiental pode ser incluída como potencializadora das

atividades que promovam reflexão sobre as questões socioambientais e mobilizem as

famílias para mudanças nos estilos de vida que possam trazer melhoria da saúde, no

18

espaço privado. A nível das macropolíticas, possibilita contribuir para a articulação com

diversos atores sociais, reflexão e prática de ações rumo ao pleno desenvolvimento das

crianças.

Para pensar sobre a melhoria da atenção integral as crianças, necessariamente

incluímos propostas de melhoria da qualidade de vida destas. Assim, no contexto da

saúde ambiental, entendemos como impulsionador de ações a atuação com estratégias de

promoção da saúde visando ações intersetoriais e interdisciplinares, com a finalidade de

ampliar o conhecimento da população e junto dela buscar soluções.

Desta forma, por reconhecer tais situações ambientais e de risco a saúde das

crianças, a estratégia de potencializar o conhecimento e formação são importantes para

desenvolver critérios e a consciência necessária para tomar decisões futuras que

promovam condições de melhoria da sua qualidade de vida.

JUSTIFICATIVA

A proposta da Saúde Ambiental começa a ganha espaço por abarcar ações em

diversas áreas que são importantes para saúde humana e ficam explícitas na definição do

Ministério da Saúde(2007):

Trata-se de um campo de práticas intersetoriais e transdisciplinares voltadas aos reflexos, na saúde humana, das relações ecogeossociais do homem com o ambiente, com vistas ao bem-estar, à qualidade de vida e à sustentabilidade, a fim de orientar políticas públicas formuladas com utilização do conhecimento disponível e com participação e controle social (MS, 2007).

19

Cabe ressaltar que mesmo tendo entrado na pauta das discussões e intervenções,

o campo ainda é recente e necessita de ações. O documento sobre o Perfil de Saúde

Ambiental Infantil no Brasil conclui que:

“apesar dos diversos avanços já conquistados no país, são necessários maiores

esforços no sentido de fortalecer as ações existentes. A saúde ambiental infantil

requer a integração intersetorial de políticas que pressupõem os vários setores

respondendo por suas especificidades e buscando um objetivo comum: crianças

saudáveis com seus direitos garantidos em ambientes saudáveis. Este objetivo

não é só para o futuro, mas será principalmente para o presente, para fazer frente

aos desafios aqui identificados, em especial no que se refere aos riscos ambientais

gerados pelas más condições de vida impostas pelas desigualdades sociais ainda

existentes no país”. (BRASIL, 2003)

O Brasil é um país com enorme diversidade socioambiental entre as regiões e

estados, nos aspectos positivos e também negativos. Podemos notar no perfil

epidemiologico, segundo Augusto (2004) disparidades em diversos indicadores como:

desemprego, mortalidade geral, doenças infecto-parasitárias, acidentes com animais

peçonhentos, entre outros. Esses problemas impactam a saúde e estão diretamente

relacionados com a forma de urbanização e a industrialização, na medida que determinam

as populações padrões de produção e consumo como não imaginados em outras épocas,

conseqüentemente influenciando as condições sociais, econômicas e culturais. Temos

assim, “contextos extremamente complexos que por sua diversidade, iniqüidade e

estratégias de vida afetam profundamente a saúde humana” (AUGUSTO, 2004).

Na Agenda 21 encontramos o incentivo a participação social como prioritária e

fundamental para conseguir êxito na resolução dos grandes e graves problemas

socioambientais. A participação social baseia-se no entendimento de que a mobilização

dos mais variados segmentos sociais só é possível mediante a sensibilização, a

20

organização e o empoderamento dos envolvidos e o conseqüente fortalecimento da

cidadania.

Desta forma, por reconhecermos a importância do conhecimento sobre tais

situações de risco ambiental com relação à saúde, o presente trabalho se propõe a

desenvolver uma metodologia educativa que promova a percepção do ambiente em que

os escolares vivem, incentivando-os a reconhecer seus problemas e a construir soluções

de modo coletivo, propiciando a reflexão crítica sobre a temática, e assim visando que no

futuro suas ações possam colaborar para a melhoria da qualidade de vida, numa

perspectiva sustentável.

21

“Nenhum problema pode ser resolvido a partir da mesma consciência que o criou.

Precisamos aprender a ver o mundo renovado.

Isto é, precisamos ver diferente, deslocar e renovar nosso ponto de vista,

22

para compreender e agir diferentemente.

Supõe que, aprendizado e mudança são inseparáveis ou, dito de outra forma,

não é possível mudar sem aprender (ver o novo), ou aprender sem mudar.”

EINSTEIN

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Meio Ambiente e Saúde Humana.

A saúde e o ambiente, nas últimas décadas, são incluídos como temática de para

discussões no campo da saúde coletiva, especialmente nos eventos relacionados à

promoção da saúde. Todo o pensar complexo que envolve a saúde humana reforça a

direta ligação com o ambiente. As questões socioambientais que envolvem a saúde

humana são delineadas através da intervenção da sociedade sobre o ambiente. Assim,

‘podemos entender que os problemas são sentidos nas ações interpessoais, das

sociedades e sobre os recursos naturais’ (AUGUSTO, 2003). O entendimento do ambiente

como determinante das condições de saúde é estudado há muito tempo, são exemplos os

trabalhos de Engel, Jonh Snow, Virchow, Villermé, Chadwik (ALBUQUERQUE, 2005,

BUSS, 2000; CAMARA, 2002; CZERESNIA, 2003). No entanto, a partir da era

bacteriológica, floresce o saber biomédico, e sobre a influência do modelo flexeneriano, a

saúde passa a ser medida pela ausência de doença, reduzindo assim a uma visão

unicausal e individual o processo saúde-doença. Nesse contexto, fica reduzida a forma de

pensar saúde.

23

Para ultrapassar esta corrente de pensamento, na direção da construção do

conhecimento visando o entendimento das situações de riscos à saúde decorrentes de

processo social influenciando no ambiente, faz-se necessário o desenvolvimento de

abordagens adequadas para a compreensão dos processos que são inerentes à

complexidade desses sistemas. Para tanto, características especificas servem para

englobar esta abordagem necessitando “integrar a percepção das pessoas sobre os riscos

e sobre o processo saúde doença com participação de todas as esferas sociais, com

atuação intersetorial e interdisciplinar” (AUGUSTO, 2004; PORTO, 2007).

Na tentativa de romper com o modelo predominantemente, voltado para a

assistência individual e curativista, nos últimos 30 anos são propostos os pressupostos da

promoção da saúde. Com isto, propõe de forma ampla entender os fatores sociais:

coletivos e pessoais que determinam a saúde.

2.2 Saúde como proposta de Promoção da Saúde

Conceituar saúde não é tarefa fácil, porém, em diversos momentos históricos,

grande número de atores sociais enfrentou o desafio de refletir sobre saúde. O conceito de

saúde foi definido de várias formas ao longo do tempo, de acordo com os modelos

vigentes em cada época. Neste estudo vamos assumir o conceito de saúde abrangente,

onde esta é pensada como um direito e definida conforme o 8ª Conselho Nacional de

Saúde (1986):

“Em seu sentido mais abrangente, a saúde é resultante das condições de

alimentação, habitação, educação, renda, meio-ambiente, trabalho, transporte,

24

emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de

saúde. É, assim, antes de tudo, os resultados das formas sociais de organização

da produção, as quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis de vida.”

Essa forma de pensar saúde surge como uma proposta de mudança no foco da

atenção à saúde, assim sendo, o modelo biomédico recebe diversas críticas em relação

ao alcance de sua ação para melhoria da saúde da população. Para demonstrar essa

situação trazemos Buss (2000) afirmando que:

“A revalorização da promoção da saúde resgata, com um novo discurso, o

pensamento médico social do século XIX expresso na obra de autores como

Virchow, Villermée, Chadwick e outros, afirmando as relações entre saúde e

condições de vida. Uma das motivações centrais dessa retomada foi a

necessidade de controlar os custos desmedidamente crescentes da assistência

médica, que não correspondem a resultados igualmente significativos”. (BUSS 2 ,

apud CZERESNIA, 2003, p. 39)

Nesse processo, analisar a saúde fica associado aos determinantes sociais de

saúde, que a Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS)

define como “os fatores sociais, econômicos, culturais, étnico-raciais, psicológicos e

comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de

risco na população”. (BUSS e FILHO, 2007).

As diversas definições de determinantes sociais da saúde (DSS) expressam, com

maior ou menor nível de detalhe, o conceito atualmente bastante generalizado de que as

22 BUSS, P M. Promoção da saúde e qualidade de vida. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, 2000.

25

condições de vida e trabalho dos indivíduos e de grupos da população estão relacionadas

com a sua situação de saúde.

Para Augusto (2001) atualmente ainda encontramos como “limitador para abordar a

saúde como uma resultante bio-psico-antropo-socioambiental é o paradigma científico

positivista, ainda dominante, nos mais diversos campos científicos”. Em contrapartida, o

conceito de saúde estruturado na 8ª CNS, abrange a saúde como construção social,

sendo organizada historicamente e entende, portanto, que a população determina suas

conquistas pelos enfrentamentos para aquisição de maior qualidade de vida (8ª CNS,

1986).

Vale situarmos que a preocupação com os efeitos na saúde provocados pelas

condições ambientais aparece desde a Antigüidade. No decorrer tempo encontramos

questões envolvendo a visão das formas de adoecer como um processo relacional entre

homem e ambiente que o cerca, na teoria dos miasmas, em estudos sobre aspectos

específicos do ambiente de trabalho sobre a saúde do trabalhador, entre outras. No

entanto, é a partir do crescimento da industrialização que temos uma ampliação da ação

dos efeitos ambientais sobre a saúde. Estes ocorrem associado aos processos de

desenvolvimento – tanto na expressão da industrialização como na urbanização –

resultando em conformações expressivas no processo saúde-doença. (CÂMARA, 2009,

PETERSEN & LUPTON, 1996, apud FREITAS, 2003; PEREIRA, 1995).

Na tentativa de introdução de novas formas de entender o processo saúde-doença,

o ambiente entra nesse contexto a partir do modelo da história natural das doenças. A

promoção da saúde surge inicialmente dentro da proposta de prevenção primária, no

período pré-patogênico, de Leavell e Clark3 (1976, apud ROUQUAIROL, 2003). De tal

33 ROUQUAYROL, M. Z. Epidemiologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Medsi, 2003.

26

forma, percebe-se que a intervenção na promoção da saúde tem eficácia na saúde das

populações. Essa etapa dentro do período pré-patogênico correspondente a prevenção

primária impulsiona para uma nova forma de atuar no processo saúde-doença. Então, nas

últimas décadas, o movimento ganha expressão e se torna uma nova concepção do

processo de atenção à saúde integral. Este modelo supõe que para se alcançar aumento

de qualidade de vida de uma população devem se investir nos determinantes sociais da

saúde.

O movimento tem início no Canadá com o Informe Lalonde, que agrupa os

determinantes de saúde em quatro blocos: biologia humana, ambiente, estilo de vida e

organização da assistência à saúde (BUSS, 2000).

A I Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, em Alma-Ata no

ano de 1978, apresentou como meta a ‘Saúde para todos no Ano 2000’. E para alcançar a

meta definida orientou a utilização de oito ‘elementos essenciais’. Ela serviu de referencial

para modelar uma nova proposta de assistência, que hoje é chamada de nível de atenção

primária em saúde. (BUSS, 2000).

Os impactos de Alma-Ata levaram a realização da I Conferência Internacional sobre

Promoção da Saúde, em Ottawa, 1986. Esta conferência é considerada o marco

referencial da promoção da saúde. Como produto deste evento foi construído o

documento chamado: Carta de Ottawa, onde promoção da saúde é definida como “o

processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida

e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo”. Neste conceito, a

saúde é entendida possível voltada para o desenvolvimento integral abrangendo as

dimensões social, econômica e pessoal. Buss (2000), completa afirmando que são

27

“condições e requisitos para a saúde paz, educação, habitação, alimentação, renda,

ecossistema estável, recursos sustentáveis, justiça social e eqüidade” (BUSS, 2000).

Assim, aponta para fatores determinantes da saúde, além do setor saúde, dentro do

serviço de gestão pública que são prioritários para a promoção da saúde.

Este movimento tem seu campo de práticas no Canadá, onde são desdobradas as

atividades relativas à promoção da saúde. No começo estava focada nos estilos de vida,

visando educação em saúde como forma de mudança individual. Ao prosseguir com o

processo, na Conferência “Além do Cuidado da Saúde”, em 1984, o ministro Jake Epp,

tendo a participação do Escritório Europeu da Organização Mundial da Saúde

(EURO/OMS), instituiu dois novos conceitos: 1. política pública saudável e 2. cidade ou

comunidade saudável. Desta forma, ficou marcada a influência de decisões políticas

externas ao setor saúde, na situação de saúde. E o entendimento de “cidade saudável”,

fortalece os conceitos de: “empoderamento” e participação social, articulados como

estratégias de promover saúde com a descentralização do poder. Um fortelecimento para

comunidades locais (BRASIL, 2001, cartas). A Atenção Primária a Saúde, iniciada em

Alma-Ata e fomentada em Ottawa reforça que é fundamental o enfoque intersetorial, como

também a participação comunitária, que desloca o poder de decisões para o âmbito local,

impulsionando a promoção da saúde na direção da saúde ambiental.

A Carta de Ottawa propõe cinco campos centrais de ação: elaboração e

implementação de políticas públicas saudáveis; criação de ambientes favoráveis à

saúde; reforço da ação comunitária; desenvolvimento de habilidades pessoais;

reorientação do sistema de saúde. (BRASIL, 2001; BUSS, 2000, grifo nosso).

28

No texto da Carta de Ottawa encontramos a descrição de como atuar na

elaboração e implementação de políticas públicas saudáveis. A promoção da saúde

reforça a idéia de ações além do setor saúde, e sendo assim, ressaltada como

preocupação central nas pautas de políticas em todos os níveis. Salientando, que as

decisões tomadas no campo da saúde geram conseqüências a todos os outros setores.

Desta forma, dirigentes que se comprometem com adoção de políticas públicas saudáveis

nos setores outros visando à saúde, tornam possível o objetivo de construir ambientes

saudáveis.

O “empoderamento” individual e coletivo, na tomada de decisões e na definição e

implementação de estratégias para alcançar um melhor nível de saúde, é essencial nas

iniciativas de promoção da saúde. A educação para a saúde é uma iniciativa a ser

desenvolvida no lar, na escola, no trabalho e em muitos outros espaços coletivos, sendo

fundamental neste processo. Diversas organizações devem se responsabilizar por tais

ações. Esse componente da Carta de Ottawa resgata a dimensão da educação em saúde,

embora também avance com a idéia de empowerment, ou seja, o processo de

capacitação (aquisição de conhecimentos) e de poder político por parte dos indivíduos e

da comunidade (BUSS, 2000).

Neste contexto, as propostas de atuação na área da promoção da saúde recriam

espaço para a prática assistencial em saúde. Vários documentos foram publicados a partir

dos debates em torno da promoção da saúde, especialmente no Canadá, onde

enfatizaram a discussão da promoção da saúde para além da educação em saúde. O

modelo, assim, vai ganhando força e diversas contribuições nas próximas Conferências

29

Internacionais que determinaram metas e ações em cada campo. As temáticas retornam

para os campos centrais de ação propostos em Ottawa.

Vemos então, na II Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, em

Adelaide (1988), como tema central as políticas públicas saudáveis caracterizadas pelo

‘interesse e preocupação explícitos de todas as áreas das políticas públicas em relação à

saúde e à eqüidade e pelos compromissos com o impacto de tais políticas sobre a saúde

da população’ (BUSS, 2000). Salientando a questão da intersetorialidade, fortalecendo-a

na promoção da saúde.

A III Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, realizada em Sundsvall,

na Suécia (1991), apresentou como temática: “ambientes saudáveis” ou “ambientes

favoráveis à saúde”, ressaltando a relação entre saúde e ambiente. Antecedeu e preparou

com a temática para as discussões da Conferência das Nações Unidas sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92. (BUSS, 2000). A área da saúde conseguiu tratar

a temática ambiental articulada a saúde humana de forma abrangente, assim, todos os

aspectos foram salientados deste as questões física (ou natural), até as mais complexas

questões como social, econômica, política e cultural. Desta forma, são propostas formas

de criação de ambientes saudáveis.

Oportunizar a criação de ambientes favoráveis a saúde, lembrando que

experiências de promoção a saúde ocorrem por todo o mundo. As desenvolvidas

particularmente no nível local demonstram serem as que atuam nas áreas reunidas como

cenários para a ação na denominada pirâmide dos ambientes favoráveis de Sundsvall:

educação, alimentação e nutrição, moradia e vizinhanças, apoio e atenção social, trabalho

30

e transporte. (Hanglund et al., 1996). Estas experiências fortalecem a avaliação positiva

obtida para a saúde da população ao atuar em vários setores.

A IV Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, em Jacarta (1997) é

realizada num país em desenvolvimento - pela primeira vez. Neste contexto, até pelo seu

subtítulo (novos atores para uma nova era), afirma a discussão sobre um dos campos de

ação definidos em Ottawa: o reforço da ação comunitária.

A conferência reconheceu que os métodos de promoção da saúde tendo por base

a utilização articulada das cinco estratégias de Ottawa, demonstra mais potência que a

prática voltada para um único campo, e afirma que os variados cenários (cidades,

comunidades locais, escolas, lugares de trabalho etc.) oferecem oportunidades práticas

para a efetivação destas estratégias integrais.

Vale ressaltar, que no evento da Declaração de Santa Fé de Bogotá, ocorrido na

Colômbia em 1992 (BUSS, 2000), temos o documento de lançamento da promoção da

saúde na América Latina. Este evento é regional e reconhece a relação de mútua

determinação entre saúde e desenvolvimento. Ao considerar a realidade da região

sinaliza para a questão da desigualdade. Entendendo que esta característica,

comprometida pela crise econômica e pela política econômica da América Latina gera a

deterioração das condições de vida da maioria da população. E, conseqüentemente leva

a um aumento dos riscos para a saúde e uma redução dos recursos para enfrentá-los.

Neste sentido, atuar na promoção da saúde na América Latina foi entendido como um

desafio que requer “transformar as relações excludentes, conciliando os interesses

econômicos e os propósitos sociais de bem-estar para todos, assim como trabalhar pela

31

solidariedade e a eqüidade social, condições indispensáveis para a saúde e o

desenvolvimento” (OPAS, 1992). Na Declaração de Santa Fé de Bogotá (BUSS, 2000)

são assinaladas três estratégias para a promoção da saúde na América Latina: a

modificação de valores, crenças e atitudes e a construção de um compromisso social que

determine a saúde como uma prioridade, pondo em relevo a promoção da saúde. Em

Bogotá, acontece uma mudança em relação à forma articular a ação, pois se refere à

países periféricos. É neste momento que o Brasil torna-se signatário das propostas de

promoção da saúde.

Todo este processo de mudança, na forma de atender as demandas de saúde no

Brasil, se consolida com a conquista do Sistema Único de Saúde (SUS) instituído na

Constituição Brasileira em 1988, e pela Lei Orgânica de Saúde (LOS) nº 8080 de 1990,

demonstrando a construção de um conceito amplo de saúde. O SUS é fundamentado nos

princípios da universalidade, integralidade e eqüidade. As diretrizes principais são a

descentralização, a participação e o controle social. No processo de contínua construção

desse modelo, o Brasil avança para a assistência a saúde em nível primário.

Na década de 90, vivenciamos a expansão da Atenção Básica da Saúde (ABS),

que se inicia com a meta de: atuar em todos os municípios do país, buscando ampliar a

cobertura assistencial nas áreas mais carentes. Atualmente se confirma o modelo da ABS

como estratégia para construção do modelo de atenção à saúde, que visa orientar a

organização dos níveis de maior complexidade. Os Programa Saúde da Família (PSF) e

de Agentes Comunitários (PAC) são criados e utilizados como os principais instrumentos

desse novo modelo de atenção à saúde. Porém, após o primeiro momento onde, a partir

do documento ministerial de 1994, onde o PSF foi entendido como um programa, no seu

32

desenvolvimento passou a ser considerado como uma estratégia para reorientação do

modelo assistencial, com caráter substitutivo das práticas convencionais. (MS,2003)

Toda a possibilidade demonstrada pela estratégia, devida à forte capilarização no

território nacional, amplia a possibilidade de práticas mais efetivas no campo da promoção

da saúde e de prevenção de riscos ambientais para a saúde das populações locais, em

especial de crianças e de adolescentes (AUGUSTO, 2009). Potencializando as práticas

efetivas com ações possíveis no campo da vigilância em saúde.

A Vigilância em saúde é um campo novo de prática e reflexão, que trata da

compreensão e da análise dos condicionantes que afetam a saúde humana. Sendo

definida:

“A Vigilância da Situação de Saúde desenvolve ações de monitoramento contínuo

do país/estado/região/município/equipes, por meio de estudos e análises que

revelem o comportamento dos principais indicadores de saúde, dando prioridade a

questões relevantes e contribuindo para um planejamento de saúde mais

abrangente.” (BRASIL, 2007a)

Desta forma, percebemos como a situação de saúde num dado local ou território

envolve as ações da ABS, em especial a Estratégia de Saúde da Família. Sendo que o

território em saúde “não é apenas um espaço delimitado geograficamente, mas sim um

espaço onde as pessoas vivem, trabalham, mantém seus vínculos e relações sociais”

(SANTOS, 2000).

A territorialização é base do trabalho das equipes da Estratégia de Saúde da

Família (ESF) funcional para a prática da Vigilância em Saúde. Salientamos que o

propósito deste processo é permitir eleger situações que promovam a efetividade no

enfrentamento dos problemas identificados nos territórios de atuação. Isto

33

conseqüentemente, moldará a definição das ações mais adequadas, fortalecendo a

participação, o planejamento e programação local. Para tanto, no primeiro momento deve

haver o reconhecimento e mapeamento do território, detalhando “toda lógica das relações

sociais e de condições de vida, saúde e acesso às ações e serviços de saúde”. Para que a

etapa anterior tenha êxito é importante ocorrer o “processo de coleta e sistematização de

dados demográficos, socioeconômicos, político-culturais, epidemiológicos e sanitários”.

Estes dados servirão de base para entender esse e território e deverão ser atualizados

periodicamente pela equipe de saúde (BRASIL, 2007). Estas atividades articulam a

questão da saúde e ambiente ao reconhecer o território como instrumento essencial para

alcançar melhor nível de saúde para a população.

2.3 Saúde Ambiental

O ambiente ressurge, a partir da metade do século XX, como temática ao ser

revalorizado pelas questões que abarcam a saúde coletiva e nesta nova perspectiva é

movimento ecologista que trouxe uma importante contribuição. Esse olhar do ambiente,

como um componente da saúde, a partir da demonstração de situações resultando em

danos gerados pelos processos de produção e consumo, resultantes de atividades

humanas desregradas que afetaram negativamente a saúde e o ambiente.Todo este efeito

é conseqüente ao modelos de desenvolvimento econômico adotado. Configurando a falta

de compromissos efetivos com o desenvolvimento sustentável. (AUGUSTO, 2004)

Concordamos com Augusto (2003), que afirma haver uma cultura predominante

fortalecendo um discurso sobre o ambiente em seu aspecto físico ou natural como sendo

“infinitamente pródiga de recursos materiais e energéticos, com capacidade reparadora

34

ilimitada”. Esse modo de pensar envolveu a sociedade impulsionando a utilização de uma

forma desordenada. Logicamente, “todo esse processo afetou profundamente a qualidade

do ambiente e da vida de suas populações”.

Notamos os efeitos da forma de desenvolvimento adotada, que ora se apropria de

recursos naturais, e ora domina sua exploração até esgotamento pelos processos

industriais. Assim, estas situações tão atuais mostram como “conflitos ou problemas

relacionais emergentes, comuns a toda a humanidade” (AUGUSTO, 2003). São elencados

os problemas que comprometem intensamente as relações, em diversos níveis, sendo

entre: “os seres humanos (diferenças culturais, econômicas, étnicas, religiosas), das

sociedades entre si (países do Norte sobre os do Sul) e das sociedades com a natureza

(exploração dos recursos naturais)” (AUGUSTO, 2003). Contudo, apesar de entendimento

dos diversos modelos explicativos do processo saúde-doença incorporando o

ambiente,este ainda tem sido “incorporado como uma dimensão externa ao homem, como

cenário de onde emanam os perigos (fatores de risco) para a saúde” (TAMBELLINI &

CÂMARA, 1998; AUGUSTO, 2003, RIGOTO,2002).

Em contrapartida, Leff (2001) critica a visão reducionista sobre o ambiente

afirmando que “não é a ecologia, mas a complexidade do mundo; é um saber sobre as

formas de apropriação do mundo e da natureza através das relações de poder que se

inscreveram nas formas dominantes de conhecimento” (Leff, 2001). Desta forma, o

ambiente não é entendido somente como natural, mas como o local das relações sociais –

moldado por características culturais, históricas, políticas e econômicas.

Neste contexto, Augusto (2003) salienta que o ambiente, ou mesmo a ecologia “é

um conceito e deve ser entendida como uma ciência de relações e não apenas centrada

nos aspectos biológicos, em detrimento dos socioculturais”. Esta autora avança no

35

conceito de ecologia entendendo como central para saúde humana em todos os

processos e aspectos.

Neste sentido, na busca por novos caminhos que possibilitem a intervenção sobre o

processo saúde-doença nas coletividades e ao considerar toda complexidade deste

enfoque conceitual o ambiente é focado no espaço. Encontramos Tambellini (2003 apud

ALBUQUERQUE, 2005) que examinou a relação saúde – ambiente segundo diversos

modelos utilizados pela saúde pública. Esta autora utilizou três modelos explicativos para

demonstrar as diferenças ocorridas ao longo do tempo sobre a forma de incorporação do

ambiente no processo saúde – doença. No primeiro modelo, que predominou até a

metade dos anos 70, o ambiente é visto como agressor e o homem como agredido. Trata-

se de um modelo de caráter antropocêntrico, fragmentado, unidisciplinar, centrado na

biologia, em que a lógica social e da natureza estão separadas. O modelo de Levell Clark

é um representante dessa compreensão: as categorias ambiente, agente e hospedeiro

são vistas como pertencentes a um mesmo plano, destituídas de hierarquização entre

elas. As doenças infecto-parasitárias, por exemplo, são vistas como conseqüência de uma

relação causa-efeito, em que o causador da doença (agente etiológico) penetra o

organismo humano produzindo a lesão patológica/doença (efeito) em determinadas

condições ambientais (TAMBELLINI, 2003 apud ALBUQUERQUE, 2005). Esse modelo,

embora vencido teoricamente, ainda está presente hegemonicamente na prática de saúde

pública (AUGUSTO, 2004).

O segundo modelo, segundo Tambellini (2003 apud ALBUQUERQUE, 2005),

apresenta o ambiente como um sistema ecológico organizado hierarquicamente,

composto por elementos bióticos e abióticos, além de fontes energéticas (energia solar e

alimentar) em relação. Nesse modelo, o homem é visto como uma espécie animal,

36

predadora, que invade os nichos ecológicos, e por falta de condições adaptativas adoece.

É um modelo do tipo ecológico clássico, de característica multidisciplinar, do campo das

ciências da natureza. Aqui, as ações de prevenção visam recompor o equilíbrio do sistema

ecológico e o antropocentrismo é relativizado. Esse modelo foi utilizado por

parasitologistas, mas não teve um papel importante na orientação de políticas no campo

da saúde.

No terceiro modelo, a autora coloca o ambiente como um sistema socioecológico,

de alta complexidade, organizado hierarquicamente, cujos componentes são muito

diversificados (sociais, culturais, históricos, biológicos, físicos, químicos). Nele, a

causalidade incorpora a incerteza e nela estão em jogo duas lógicas: a lógica da natureza

e a lógica social. Assim, o homem é visto como um ser vivo sociopolítico, que além do

fluxo energético (solar e alimentar), tem também o fluxo das relações sociais, tal como a

afetividade (TAMBELLINI, 2003 apud ALBUQUERQUE, 2005). No modelo proposto, a

teoria e as práticas do campo da saúde incorporam o ambiente e a produção. Todos esses

elementos podem ser examinados em dualidades relacionais, tais como: produção-saúde

(ambiente socialmente organizado pelas esferas da produção de bens e reprodução social

da força de trabalho); saúde-ambiente (condições e transformações do ecossistema,

quaisquer que sejam as causas, que possam produzir danos/riscos à saúde da população)

e produção-ambiente (TAMBELLINI, 2003 apud ALBUQUERQUE, 2005).

Nesta mesma direção, Laurell (1982 apud RIGOTO, 2003) confirmam a importância

do modelo baseado na relação focada na dualidade, definindo que o processo saúde-

doença “é determinado pelo modo como o Homem se apropria da natureza em um dado

momento,apropriação esta que se realiza por meio do processo de trabalho, baseado em

37

determinado grau de desenvolvimento das forças produtivas e relações sociais de

produção”(RIGOTO, 2003).

Esse modelo é defendido como o mais adequado para tratar o processo saúde-

doença, porque permite apreender toda a sua complexidade. Essa compreensão do

ambiente foi incorporada no conceito de Santos (2004), para quem “o ambiente é o

espaço de desenvolvimento humano”, entendendo assim que ambiente está além da

natureza sendo “espaços socialmente construídos”. Para esse autor, nesses espaços os

recursos naturais sofreram a ação do homem e estão constituídos por um conjunto de

elementos, nos quais intervêm processos sociais, econômicos e políticos. Sua globalidade

está conformada pelas inter-relações e interações de seus elementos entre si e com os

outros subsistemas (AUGUSTO; CARNEIRO; COSTA, 2001 apud ALBUQUERQUE, 2005)

Todo esse repensar a interação saúde e ambiente impulsiona diversas discussões,

nas quais atores sociais propõem novas formas de atuação e reflexão sobre o meio

ambiente. Deste momento importante para a questão ambiental, podemos destacar:

a) A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em

1972, em Estocolmo, Suécia, marco da Educação Ambiental - onde o tema é

levado pela primeira vez para a agenda dos temas internacionais: a crise ambiental.

b) A Conferência Internacional sobre Atenção Primária à Saúde (APS), reunida em

Alma-Ata, URSS, em setembro de 1978, reafirmou “que a saúde, estado de

completo bem-estar físico, mental e social e não somente a ausência de

enfermidade ou doença, é um direito humano fundamental e que o alcance do

maior grau possível de saúde é um objetivo social sumamente importante em todo

o mundo, cuja realização exige a intervenção de muitos outros setores sociais e

econômicos, além do da saúde”.

38

c) A III Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, realizada em Sundsvall,

na Suécia (1991), apresentou como temática: “ambientes saudáveis” ou “ambientes

favoráveis à saúde”, ressaltando a relação entre saúde e ambiente.

d) A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento de

1992 (RIO/92 ou ECO/92 ou Cúpula da Terra), realizada no Rio de Janeiro,

apresentou uma mensagem clara aos políticos, representantes internacionais e ao

público em geral, sobre a necessidade de um melhor ambiente e desenvolvimento

sustentável para alcançar a eqüidade.

e) A Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (1992),

estabelece como Princípio nº 1: “Os seres humanos constituem o centro das

preocupações do desenvolvimento sustentável. Por conseguinte, têm o direito a

uma vida saudável e produtiva em harmonia com o ambiente natural”. Também

proclamou como princípio a participação de todas as pessoas e o direito delas à

informação, quando, em seu Princípio nº 10, assinala que: “O melhor modo de

tratar as questões ambientais é com a participação de todos os cidadãos

interessados, no nível correspondente. No plano nacional, toda pessoa deverá ter

acesso adequado à informação sobre o meio ambiente de que disponham as

autoridades públicas, inclusive a informação sobre os materiais e as atividades que

encerram perigo em suas comunidades, assim como a oportunidade de participar

nos processos de adoção de decisões. Os Estados deverão facilitar e fomentar a

sensibilização e a participação da população pondo a informação à disposição de

todos...”.

f) A Carta Pan-Americana sobre Saúde e Ambiente no Desenvolvimento Humano

Sustentável, produto da Conferência Pan-Americana sobre Saúde e Ambiente no

39

Desenvolvimento Humano Sustentável (COPASADHS), realizada em Washington,

em 1995, estabelece como princípios de política e estratégia que: “a participação

dos indivíduos e das comunidades para manter e melhorar seus ambientes de vida

deve ser promovida e apoiada”. E na continuidade institui como efetiva “a

participação comunitária deve basear-se em estratégias para o desenvolvimento

sustentável incluindo a atenção primária do ambiente, a atenção primária à saúde e

a educação das crianças e adultos” (OPAS, 1999).

g) A Rio +10 Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento e o Meio

Ambiente, em Johnnesburgo em 2002, acontece dez anos após a RIO-92, a Rio+10

apenas avalia o que foi ou não implementado dentre as referencias da Rio-92,

especialmente, da Agenda 21. Seus documentos são: a Declaração de

Joanesburgo e o Plano de Implementação. Foi lançada a Aliança Ambientes

Saudáveis para as Crianças (BRASIL, 2008).

Todos os eventos citados anteriormente elencam a mobilização para reflexão e

ação sobre a inter-relação da saúde, ambiente e desenvolvimento. Nossa sociedade se

encontra em um estágio de desenvolvimento econômico e tecnológico tão fantástico e

realizado de forma quase que inacreditável, pela rapidez com que aparecem “inovações,

descobertas de novas tecnologias e produtos, e possibilidades de consumo num modelo

que impulsiona uma sensação de necessidade” (FREITAS e PORTO, 2006). No entanto,

este modelo preocupa, criando assim conflitos para as sociedades modernas. Reforçamos

que esta forma de desenvolvimento tecnológico visa muito além do atendimento a bens

necessários a continuidade da vida, atuam influenciados interesses como: “de ampliação

do poder, da dominação e do consumo de supérfluos” (AUGUSTO, BRASIL, NETTO,

2008).

40

Desta forma, como resultado negativo de todos os avanços nos diversos campos, -

por ex.: científicos, econômicos e materiais - trouxeram problemas relacionados ao modelo

de desenvolvimento vigente. Estes efeitos têm sido sentido mais intensamente nos últimos

anos e revelam todo o custo deste processo para a sociedade, e leva a crer que esse

ritmo de produção tem como preço a destruição da vida no planeta. Dessa forma, para

compreender as inter-relações entre saúde e ambiente, o debate sobre a sustentabilidade

ambiental e da saúde deve passar pela questão do modelo de desenvolvimento

atualmente hegemônico. Este é aceito como crescimento econômico que é traduzido

como sinônimo de progresso, e sem considerar como central a saúde humana e o

ambiente. (FREITAS E PORTO, 2006).

No mesmo sentido, Acserald, aponta como tem sido construído o modelo de

desenvolvimento:

“... modelo de desenvolvimento tem configurado historicamente dois tipos de

território: de um lado, o território do mercado, representado pelo avanço da

apropriação e da adoção de esquemas de ocupação em larga escala, em geral

ambientalmente agressivos e devoradores dos recursos naturais; de outro, uma

multiplicidade de territórios definidos dominante e buscam reinventar seus

espaços de vida e trabalho no confronto...” (ACSELRAD, 2008)

O modelo econômico adotado no Brasil não têm levado em conta prioritariamente a

saúde e o ambiente. Esse modelo de desenvolvimento perpetua alguns processos

produtivos inadequados que provocam danos evitáveis à saúde humana e ao meio

ambiente. Infelizmente aqui no Brasil, ainda encontramos tanto “relações e processos de

trabalho primários” que trazem um lado da problemática associada ao desenvolvimento,

quanto “processos produtivos com riscos tecnológicos complexos que incorporam

41

tecnologias nucleares, químicas e biológicas” que agregam também suas incertezas

(BRASIL, 2009).

Neste contexto, estes padrões de desenvolvimento utilizados, sem pensar na

sustentabilidade, acabam por favorecer a degradação ambiental, e com isso alteram a

saúde e qualidade de vida humana. Desta forma, alteram significativamente o meio

ambiente ”pela destruição de diversos ecossistemas que levam a mudanças nos padrões

de distribuição de doenças e nas condições de saúde dos diferentes grupos

populacionais” (BRASIL, 2009).

Nesta perspectiva, chama a atenção as situações relacionadas aos problemas de

saúde e ambiente ou saúde ambiental, pois eles são associados a dimensão social que

apresenta características de grandeza e complexidade aumentadas. Desta forma, autores

como Freitas e Porto (2006) afirmam a necessidade de ultrapassar o conceito de

desenvolvimento sustentável. Este conceito tem levado autores a discutir e discordar do

lugar comum ocupado pelo caráter assumido e assim acaba por servir a estrutura

ideológica hegemônica – que busca interesse economicistas e tirando o foco de questões

significativas na discussão dos problemas socioambientais. Desta forma, apontam para a

utilização de conceitos mais expressivos, adotado pelos atores dos movimentos sociais,

como “’sustentabilidade socioambiental’, que enfatiza a idéia de o desenvolvimento ser um

processo em construção, que precisa necessariamente integrar dimensões ambientais e

sociais”. (FREITAS E PORTO,2006)

No documento Subsídios para a construção da Política Nacional de Saúde

Ambiental encontramos propostas de pontos fundamentais para a ação. Preconiza assim

a incorporação ao campo da saúde novos princípios e instrumentos vindos do direito

ambiental nacional e internacional, especialmente aqueles derivados da Eco-92, como o

42

“princípio do direito humano fundamental”, o da “precaução”, o do “poluidor pagador” e o

da “cooperação”. (BRASIL, 2009)

O “Princípio da Precaução” declara que, tendo como “finalidade a proteção do meio

ambiente, os estados devem aplicar amplamente o critério de precaução conforme as

suas capacidades”. Deve-se atuar nas situações são observadas “a vigência de perigo de

dano grave ou irreversível, a falta de uma certeza absoluta não deverá ser utilizada para

postergar-se a adoção de medidas eficazes, em função do custo, para impedir a

degradação do meio ambiente” (BRASIL, 2009 ; WYNNE, 1992, apud AUGUSTO E

FREITAS, 1998).

Nesse sentido, o Princípio da Precaução afirma que ‘não sejam produzidas inter-

venções no meio ambiente antes de se ter a certeza de que não serão prejudiciais à

saúde humana e ao ambiente’. Desta forma, na adoção deste principio se avalia se o a

empresa ou ramo de atividade é realmente necessário ou não, tendo em vista o bem-estar

da coletividade e não somente “o risco causado por uma determinada atividade que deve

pautar a tomada de decisões de políticas públicas saudáveis, mas, sim, se aquele

empreendimento” (BRASIL, 2009). Concordamos com Augusto (2003) que afirma ser

alterada na adoção deste princípio o momento foco da ponta final do processo para a

inicial.

Outro que está na lista é o “Princípio do Poluidor Pagador” visando reforçar a

“atitude coletiva de precaução, pois busca evitar a ocorrência de danos ambientais.

Ocorrido o dano, objetiva-se a sua reparação” (BRASIL, 2009).

O último, o “Princípio da Cooperação” usado pelo direito ambiental e vai além

fazendo parte da estrutura do Estado Social. Sendo conceituado: como um princípio de

orientação do desenvolvimento político e de integração das políticas públicas, por meio do

43

qual se pretende maior composição das forças sociais. Pressupõe uma atuação conjunta

da União, dos estados, do Distrito Federal, dos municípios e, fundamentalmente, da

sociedade, na escolha de prioridades e nos processos decisórios. Autores da área saúde

propõem que a nomenclatura seja adaptada à saúde ambiental para: “Princípio da

Colaboração”, por existir a “atribuição constitucional do SUS de colaborar na proteção do

meio ambiente, nele incluído o ambiente de trabalho” (BRASIL, 2009).

Desta forma, assumimos que existem riscos associados ao viver humano.

Concordamos com Rigoto (2008), que propõe baseada em Buttel (2000) um conceito de

“sociedade de risco” apontando para a “noção de igualdade de risco, ou seja, todos,

independente da classe social, não escapariam dos azares e dos riscos de grande

escala”. Neste sentido todos são afetados pelos problemas globais. Entretanto, esse

pressuposto é transposto na realidade de muitos os países , onde existe o contexto de

desigualdade social como nos países em desenvolvimento, nos quais “a desigualdade

ambiental é mais a regra que a exceção. Murphy (1994 apud RIGOTO, 2002) propôs o

conceito de "classes ambientais" baseado na existência da desigualdade ambiental,

visando afirmar “a desigualdade do risco, dos azares e outros processos ambientais”

(RIGOTO,2002).

Neste contexto, entendemos que as parcelas excluídas e vulneráveis destes países

acabam não tendo acesso aos serviços como: de saneamento e saúde – existentes para

uma parcela que é favorecida pelo “processo de modernização da sociedade” - , e por fim

são sujeitas a” trabalhar, morar, circular, e se alimentar em situações de risco para a

saúde” (PORTO, 2004).

44

Por isso, autores como Porto (2004), que analisam a transição epidemiológica do

Brasil, refletem sobre o quadro de complexidade, afirmando ser como característica

central, pois combinam tanto “a persistência ou reemergência de doenças antigas

resultantes da miséria e precárias condições sanitárias (fome, desnutrição, falta de

sistemas de água, esgoto e coleta de lixo)”, como também agrega “as doenças da

modernidade – câncer, acidentes de trabalho e de trânsito, violência, estresse, entre

outros” (POSSAS, 1989 ; PORTO, 2004).

Tavares, et. al. (2008) referem que aproximadamente 30% dos danos à saúde

estão relacionados aos fatores ambientais. Dentre estes fatores se encontram: a

“inadequação do saneamento básico (água, lixo, esgoto), poluição atmosférica, exposição

a substâncias químicas e físicas, desastres naturais, fatores biológicos (vetores,

hospedeiros e reservatórios) dentre outros”.

Deste contexto citado anteriormente e da necessidade de ações surge a Justiça

Ambiental, um movimento ambientalista, que vem se desenvolvendo nas últimas décadas,

baseado em premissas que visam “à luta contra a divisão desproporcional dos produtos

negativos do desenvolvimento econômico e industrial sobre populações vulneráveis”.

Estas populações são exemplificas no grupos étnicos, raciais ou de classes sociais

desfavorecidas (PORTO, 2004; HERCULANO,2002).

Desta forma, o Movimento de Justiça Ambiental luta contra a injustiça ambiental.

Entendida como a forma das sociedades gerarem a maior carga dos danos ambientais do

desenvolvimento as populações vulneráveis (PORTO, 2004; HERCULANO,2002). Fica

assim posto que os riscos do atual modelo de desenvolvimento são destinados aos que

estão à margem da proteção social e por isso são afetados em sua saúde e pela

permanência em ambientes muitas vezes desfavoráveis a saúde.

45

Em 1998, a Organização Mundial da Saúde (OMS) propõe um modelo de Vigilância

Ambiental com uma matriz de causa-efeito, sendo os fatores hierarquizados em força

motriz, pressões, situação, exposição e efeito e propostas de ações para a minimização

do impacto na saúde humana. Esse modelo apresenta a vantagem de possibilitar a

identificação, em cada nível, das condições e dos fatores de risco envolvidos no impacto

sobre a saúde ambiental e propor ações para cada nível. Desta forma, os problemas são

vistos na sua totalidade, permitindo não só efetivar ações na causa imediata (exposição),

mas buscar as causas responsáveis pela criação das condições (forças-motrizes) e intervir

nelas também. Desta forma, esse modelo supõe um avanço em relação aos unicausais e

amplia as perspectivas de ação sobre a relação saúde e ambiente (AUGUSTO, 2003;

CÂMARA, 2009; RIGOTO, 2000 e 2003). Neste sentido, favorece a população de uma

forma geral dos possíveis impactos a saúde, especialmente, os grupos mais vulneráveis a

exposição a riscos ambientais como exemplo, as crianças.

2.4 Saúde Ambiental Infantil

A problemática ambiental, influenciada pela forma de desenvolvimento da

sociedade, conforma os padrões de saúde-doença da população, especialmente de

grupos vulneráveis e susceptíveis. Dentre estes grupos vulneráveis destacam-se as

crianças. Neste contexto, a saúde ambiental infantil vem se desenvolvendo com foco em

ambientes saudáveis para a vida da criança. Em 2003, o tema do Dia Mundial da Saúde

foi “O Futuro da vida: ambientes saudáveis para as crianças” salientando a importância

deste foco de atuação.

46

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define criança o individuo até completar

10 anos, a partir dos 10 anos e até 19 é considerado adolescente. No Brasil, no Estatuto

da Criança e do Adolescente, art. 2º considera-se criança a pessoa até doze anos de

idade incompleto, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.

A relação entre infância e ambiente foi reconhecida em várias declarações

internacionais e acordos nas últimas décadas. Citamos como exemplo: a Convenção dos

Direitos da Criança, adotada pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 1989, definiu

e defendeu princípios básicos para todos os jovens do mundo até a idade de 18 anos.

Durante a década de 90, milhares de crianças sobreviveram como resultado do aumento

da imunização e expansão dos serviços sociais básicos, incluindo programas de nutrição

para mulheres e crianças, suprimento de água limpa e saneamento adequado.

No entanto, apesar desses avanços, temos como resultado negativo apenas

propostas teóricas. Muitas das promessas feitas na Cúpula Mundial para a Criança (World

Summit for Children), em 1990, não foram cumpridas e a vida de inúmeras crianças e suas

famílias continuam afetadas. No entanto, podemos notar como aspecto positivo deste

movimento de conscientização em diversos eventos o reconhecimento formal nas políticas

nacionais e internacionais sobre as especificidades da população infantil. Este fato

demonstra um progresso e gera a expectativa de que os países passem a adotar

legislações que protejam a criança dos efeitos adversos da exposição a contaminantes

ambientais.

Entre os fatores determinantes da saúde infantil, as condições ambientais são

responsáveis por uma parcela significativa. Situações desfavoráveis referentes ao acesso

à água potável, destinação de dejetos (saneamento) e habitação contribuem para a

morbidade e mortalidade significativa de crianças nos chamados países em

47

desenvolvimento. Além disso, tem crescido em todo o mundo, nas últimas décadas, a

preocupação com a contaminação do meio ambiente por agentes químicos resultantes de

atividades industriais, de exploração mineral e produção agrícola, e sua possível relação

com o aumento observado em anos recentes, na prevalência de malformações

congênitas, asma, câncer e distúrbios neurológicos e comportamentais em crianças

(Mello-da-Silva & Fruchtengarten, 2005).

A infância é um período de desaceleração do crescimento e desenvolvimento,

acompanhado por mudanças no funcionamento dos órgãos, na capacidade metabólica, no

tamanho corporal físico e no comportamento. Essas mudanças, especialmente no sistema

nervoso, pulmões, órgão reprodutor e sistema imunológico, ocorrem da infância à

adolescência.

As crianças são particularmente vulneráveis à exposição a agentes químicos

presentes no ambiente, por suas características fisiológicas que através de múltiplos

fatores aumentam as chances de exposição: ingerem mais água e alimentos e respiram

maior quantidade de ar por unidade de peso corporal que os adultos. Os lactentes devido

a características específicas de sua alimentação podem sofrer maior exposição caso o

leite materno apresente contaminantes ambientais. Nesta faixa etária também existe a

falta da ingestão de alimentos ricos em nutrientes, podendo ocasionar doenças carenciais

(especialmente deficiência de ferro e cálcio), que facilitariam a absorção de metais como

chumbo e cádmio, entre outros. A inalação de ar em um lactente em repouso é o dobro do

observado em um indivíduo adulto. Além disso, hábitos peculiares, como levar

constantemente a mão à boca e brincar e se locomover próximo ao solo, também

contribuem para maior exposição. Assim sendo, quaisquer contaminantes ambientais

48

presentes no ar, água, solo e alimentos têm uma probabilidade maior de ser absorvido por

crianças do que por adultos. (HUMAYTÁ, KUNO E FERNICOLA, 2005)

A criança no período pré-escolar e escolar, por suas necessidades nutricionais,

demandas metabólicas e características comportamentais, interage de maneira

permanente com o meio que a cerca. Além do ambiente doméstico, novos cenários, como

áreas de lazer e escola, podem favorecer o contato com substâncias químicas. É oportuno

lembrar que, em se tratando de países ditos em desenvolvimento, como o Brasil, muitas

crianças habitam, freqüentam a escola e têm seus espaços de lazer, em áreas com solo

potencialmente contaminados por despejos industriais, próximas a depósitos de lixo ou a

mananciais hídricos contaminados (Mello-da-Silva & Fruchtengarten, 2005).

Em relação a má qualidade do ar nas grandes cidades e pólos industriais constitui-

se, também, em importante fator para a ocorrência e agravamento de problemas

respiratórios, ressaltando que as crianças de até um ano de idade são especialmente

vulneráveis. A poluição atmosférica deve também ser considerada nas áreas das

queimadas praticadas com freqüência, em extensas áreas agrícolas do país (MS,2003).

Segundo os registros do sistema SINITOX, em 1999, um contingente de 5,5 % de

crianças e adolescentes entre cinco a 14 anos foram intoxicados por agrotóxicos de uso

agrícola e doméstico. Segundo ainda esse mesmo sistema de informação, no período de

1993 a 2000, foi registrado 130.295 casos de intoxicações infantis com 301 óbitos

ocorrendo entre crianças menores de cinco anos (MS,2003).

Todas as características relativas à infância reforçam a necessidade de atenção

quanto possíveis exposições aos contaminantes ambientais. Desta forma, para melhorar a

condições de vida das crianças e suas famílias são medidas importantes a adoção de

estratégias de promoção da saúde relacionadas a saúde ambiental.

49

2.5. Educação em saúde, Empoderamento e Ambientes saudáveis.

A promoção da saúde é vista como a nova saúde pública em virtude do seu

enfoque técnico e político que atua em diferentes setores, fomenta o empoderamento e

melhora a qualidade de vida. Pelo fato de não se concentrar em enfermidades ou

doenças, a promoção da saúde fornece os instrumentos para fazer face às mudanças no

perfil sócio-demográfico e epidemiológico e ao subseqüente desafio de promover estilos

de vida e espaços sociais saudáveis, bem como de evitar doenças infecciosas e não

transmissíveis, respondendo às necessidades de grupos populacionais vulneráveis.

A Educação em Saúde está inserida entre as práticas da Promoção da Saúde,

porém pode ter diferentes formas de ser desenvolvida. Pode concentrar-se nos

componentes educativos relacionados a comportamentos de risco a saúde, atuando nos

estilos de vida e responsabilizando os indivíduos por suas práticas. Ou seja, entende que

o indivíduo deve ser orientado, tendo em vista que ele teria a escolha pelo seu

comportamento. Outra forma teria como característica a promoção da saúde moderna,

com atenção voltada para os determinantes sociais da saúde. Busca atuar na coletividade

e no ambiente, através dos campos de ação propostos na Carta de Ottawa, conseguindo

alcançar as coletividades, proporcionando uma ação positiva na saúde (BUSS, 2003).

Podemos conceituar Educação em Saúde, segundo Candeias(1997), como

“quaisquer combinações de experiências de aprendizagem delineadas com vistas a

facilitar ações voluntárias conducentes à saúde.”

50

Nessa mesma linha, Alves (2005) afirma que é um recurso para difundir o

conhecimento cientifico produzido no campo da saúde, que pode ser mediado pelos

profissionais de saúde, e abrange a vida cotidiana das pessoas, possibilitando a

compreensão dos condicionantes do processo saúde-doença. E neste sentido, favorece a

promoção da reflexão crítica sobre as informações, para a aquisição de hábitos e/ou

condutas positivas a saúde.

Em seus diferentes momentos históricos, os saberes e as práticas de educação em

saúde foram impregnados por um discurso sanitário subjacente e fizeram uso de

estratégias comunicacionais coerentes com este discurso. O discurso higienista e as

intervenções normativas tradicionalmente têm marcado o campo de práticas da educação

em saúde. De acordo com Costa (1987 apud ALVES, 2005) neste momento a estratégia

da educação em saúde tinha como finalidade: regulamentar, enquadrar, controlar todos os

gestos, atitudes, comportamentos, hábitos e discursos das classes subalternas.

Uma das concepções mais generalizadas sobre educação em saúde é aquela cujas

atividades se desenvolvem mediante situações formais de ensino-aprendizagem,

funcionando como agregadas aos espaços das práticas de saúde. Os traços mais

evidentes das relações que se estabelecem em situações desse tipo são o didatismo e a

assimetria expressa na ação que parte do profissional de saúde, na condição de

“educador”, em direção ao usuário dos serviços de saúde, na condição de “educando”

(Flores, 2007)

Estas práticas eram orientadas por um discurso “biologicista”, que reduzia a

determinação do processo saúde-doença à dimensão individual, não assimilando as

implicações das políticas sociais e das condições de vida e de trabalho para a saúde. Ele

propagava que os problemas de saúde eram decorrentes da não observância das normas

51

de higiene pelos indivíduos e que a mudança de atitudes e comportamentos individuais

garantiria a resolutividade dos problemas de saúde. Esta visão predominou no campo da

educação em saúde durante décadas, podendo ser encontrada ainda hoje como

orientador de práticas educativas.

No início da década de 1960, com advento da Medicina Comunitária, verifica-se um

apelo à participação da comunidade para a solução dos problemas de saúde nela

vivenciados. Entretanto, por trás deste apelo de participação comunitária, parece camuflar-

se o mesmo discurso da culpabilidade dos sujeitos, com a ressalva da culpabilização

passar da individualidade para a coletividade. As práticas de educação em saúde

comunitárias partiam, então, do pressuposto de que as comunidades seriam as

responsáveis pela resolução de seus problemas de saúde devendo, para isto, ser

conscientizadas. Os determinantes sociais desses problemas, contudo, não eram levados

em consideração.

As propostas pedagógicas de Paulo Freire revisaram estas práticas, a partir da

interlocução com as teorias das ciências humanas, por um novo projeto em saúde. Elas

deram início as críticas das práticas educativas autoritárias e normativas, apontando, ao

mesmo tempo, para uma ruptura.

O movimento da Educação Popular em Saúde começou na década de 1970, ele

buscava modificar o quadro existente de “tradição autoritária e normativa da relação entre

os serviços de saúde e a população” (Vasconcelos, 2001). Seu inicio se deve a

insatisfação de alguns profissionais de saúde com a forma de atenção a saúde das

pessoas. Estes buscaram atuar nas “periferias dos grandes centros urbanos e regiões

rurais” com intenção de estar próximos a realidade das classes populares e dos

movimentos sociais locais. Em conseqüência, obtiveram o favorecimento do entendimento

52

da “dinâmica do processo de adoecimento e cura no meio popular, bem como o confronto

com a complexidade dos problemas de saúde nessas populações, o que levou muitos

profissionais a buscarem a reorientação de suas práticas, com a finalidade de enfrentar de

forma mais global os problemas de saúde identificados” (Vasconcelos, 2001).

No movimento da Educação Popular em Saúde acontece de forma prioritária “a

relação educativa com a população”. Esta estratégia busca acabar com a verticalidade da

relação profissional-usuário. Neste sentido, tem valor “as trocas interpessoais, as

iniciativas da população e usuários e, pelo diálogo, buscam-se a explicitação e

compreensão do saber popular”. Esta metodologia visa a contraposição ao processo que

se baseia em uma passividade da população nas práticas educativas tradicionais. Desta

forma, o usuário tem lugar como de direito, sendo visto como “sujeito portador de um

saber sobre o processo saúde-doença-cuidado”. Este sujeito, no seu encontro com o

profissional de saúde tem em vista estabelecer uma relação dialógica, sendo participante

capaz de “desenvolver uma análise crítica sobre a realidade e o aperfeiçoamento das

estratégias de luta e enfrentamento” (Vasconcelos 1999; 2001).

A Educação Popular em Saúde sobrevive em nosso país em meios a modalidades

de serviços hegemônicas. Desde a década de 1970, com todo o amadurecimento da

metodologia, as experiências em Educação Popular apresentam-se de forma: “pontuais,

alternativas e transitórias”. De acordo com Vasconcelos (2001), para conseguir na atenção

a saúde que experiências educativas ocorram na prática cotidiana ainda entendemos

como um desafio. Nos serviços de atenção do SUS encontramos entre os profissionais a

lógica de uma atuação fragmentada e baseada na racionalidade da doença.

Vasconcelos et. al. (2001), definem construção compartilhada do conhecimento

como:

53

“uma metodologia, desenvolvida na prática da Educação e Saúde, que considera a

experiência cotidiana dos atores envolvidos e tem por finalidade a conquista, pelos

indivíduos e grupos populares, de maior poder e intervenção nas relações sociais

que influenciam a qualidade de suas vidas”. Esse conceito vem sendo apropriado

pelo campo da Educação Popular e Saúde e ganhando importância por vários

motivos que tornam o diálogo entre saberes inevitável, dentre eles, a existência de

diferentes sistemas médicos que tendem a ser excludentes, uns em relação aos

outros – o que afeta diretamente as práticas de saúde; a certeza de que, na

concepção de integralidade da pessoa e não só das ações, os problemas

emocionais relacionados ao drama da vida de cada um atuam diretamente no

aparecimento, tratamento e cura, de inúmeras enfermidades.

Na busca por caminhos ampliados a prática educativa em saúde potencializa-se,

por ultrapassar ”a relação de ensino/aprendizagem didatizada e assimétrica”. Vai além,

“extrapola o cultivo de hábitos e comportamentos saudáveis; incorpora a concepção de

direção e intencionalidade, visando um projeto de sociedade; será sempre construída

tendo por referência situações de saúde de um grupo social, ou de uma classe específica”.

desta forma, pressupõe que a relação seja dialógica visando a “horizontalidade entre os

seus sujeitos” e sendo vista como atribuição dos trabalhadores da saúde. É, portanto,

abrangente “porque não são as atividades formais de ensino que educam, mas sim, as

relações mediante as quais, num processo de trabalho, transformamos a nossa

consciência em uma nova consciência” (Flores, 2007).

Concordamos ainda, com Flores (2007), ao afirmar que “A prática

educativa parte do princípio de respeitar o universo cultural das pessoas e as

formas de organização da comunidade, considera que todas as pessoas

54

acumulam experiências, valores, crenças, conhecimentos e são detentoras de

um potencial para se organizar e agir.”

Todo esse processo deve produzir uma maior participação dos atores

sociais para resolução de demandas que dizem respeito a sua própria vida. Ou

seja, o empoderamento, definido como:

“um processo de ação social que promove a participação das pessoas, organizações e comunidades com o objetivo de aumentar o controle individual e comunitário, a eficácia política, a melhora da qualidade de vida e a justiça social (OPAS/OMS, 2002).

Desta forma, tem se dado ênfase ao empoderamento comunitário e ao

fortalecimento de estruturas decisórias democráticas, o Movimento de Municípios e

Comunidades Saudáveis (MCS) que influencia a ação e a formulação de políticas públicas

para abranger os múltiplos determinantes da saúde. Esta iniciativa de promoção da saúde

é uma forma de alcançar ambientes ou entorno saudáveis. Neste sentido, a construção

dos ambientes saudáveis podem ser o local de moradia (cidades/município), trabalho ou

estudo.

As Escolas Promotoras da Saúde estão dentro do pensado para ambientes

saudáveis com os princípios e compromissos firmados junto a Organização Pan

Americana de Saúde (OPAS) que considera as “interfaces do espaço escolar com a

sociedade, e o compromisso com as condições de vida das gerações futuras, ‘fomentando

o desenvolvimento humano saudável, e relações humanas construtivas e harmônicas e

que promovam aptidões e atitudes positivas para a saúde’” (BRASIL, 2007).

55

Sob esta concepção, a promoção da saúde nas escolas compreende três

componentes principais: A educação em saúde com enfoque integral; a criação de

entornos saudáveis e; a provisão de serviços de saúde (BRASIL, 2006).

Neste sentido, para que pratique os pressupostos da promoção da saúde e se

atinja a população escolar foi criado o Programa Saúde na Escola (PSE), instituído

pelo decreto presidencial nº 6.286, de 5 de dezembro de 2007, como proposição de uma política

intersetorial entre os Ministérios da Saúde e da Educação, na perspectiva da atenção integral

(prevenção, promoção e atenção) à saúde de crianças, adolescentes e jovens do ensino básico

público (educação infantil, ensino fundamental e médio, educação profissional e

tecnológica e na educação de jovens e adultos (EJA), no âmbito das escolas e/ou das

unidades básicas de saúde, realizadas pelas Equipes de Saúde da Família. O PSE é uma

estratégia que atua em consonância com o Programa Mais Educação, para atender à

atenção integral de crianças e adolescentes, integrando os campos da saúde e da

educação. A consolidação deste programa seria interessante para articulação eficaz

educação e saúde, favorecendo a prática de atividades transversais diversas, inclusive de

EA.

2.6 Estratégias de Educação Ambiental voltadas para Promoção da Saúde.

No Brasil a Educação Ambiental (EA) tem seu conceito evoluindo associado a

mudança na forma de entender o ambiente , desde 1970 com o surgimento oficial da

Educação Ambiental no âmbito internacional, da Carta de Belgrado (1975) – evento que

56

propõe a nova ética global, defendendo que não deve ocorrer o desenvolvimento da uma

nação as custas de outras -, e da 1ª Conferência Intergovernamental em Educação

Ambiental, Tbilisi (1977) – afirmando o caráter: interdisciplinar, crítico, ético e

transformador que dever ter as atividades de EA -, até a Conferência Internacional de

Thessaloniki (1997) – avaliando os 20 anos após Tbilisi e trabalhado com Ambiente e

Sociedade -, muito pouco foi produzido na prática para que um processo de educação

ambiental, como o desejado pelos participantes destes eventos, pudesse se consolidar

como direção prática de atuação nas escolas e locais de ensino não-formal.

Reigota (2000) critica a distância entre as atividades de educação ambiental. Fala

do valor, porém, salienta que são ações que ainda ocorrem isoladas, mesmo quando

consideram a importância do trabalho em educação ambiental. Ressalta ainda que

existem muitas práticas sendo realizadas por modismos e outras que ainda estão focando

apenas um ponto da educação ambiental. Por exemplo, só a preservação da natureza

sem considerar todas as interrelações que devem ser feitas.

A educação ambiental se propõe a “fomentar processos continuados que

possibilitem o respeito à diversidade biológica, cultural, étnica, juntamente com o

fortalecimento da resistência da sociedade a um modelo devastador das relações dos

seres humanos entre si e destes com o meio ambiente” (Sorrentino e Trajber, 2007).

A questão ambiental é importante para a sociedade, e toda a forma de degradação

ambiental está prejudicando o futuro da humanidade, pois depende da relação

estabelecida entre a natureza e o uso pelo homem dos recursos naturais disponíveis.

Essa consciência chegou nas escolas e diversas propostas têm sido desenvolvidas em

torno da temática ambiental, por educadores de todo o País. Ainda existem diversas

melhorias a serem realizadas nos projetos escolares, mas esse impulso é interessante

57

para novas ações.

Na realidade brasileira, o movimento em busca da resolução das questões

ambientais acontece devido às lutas organizadas a partir da década de setenta, com a

participação de diversos atores sociais da sociedade civil brasileira, Organizações Não

Governamentais (ONGs), lideranças comunitárias, profissionais de diversas áreas. Como

um dos resultados tem-se a inserção do capítulo que trata especificamente do meio

ambiente na Constituição Federal de 1988 (CF. 88). Pode-se citar também, a tomada de

consciência acerca dos problemas ambientais emergentes no mundo, e das propostas

internacionais para superá-los, que naquele momento levam a uma série de

compromissos internacionais assumidos pelos diversos países, dentre eles o Brasil.

A CF 88, no artigo 225 diz que: “Todos têm direito ao meio ambiente

ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de

vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo

para as presentes e futuras gerações.” E para isso propõe proteção e preservação dos

ecossistemas, regulação da produção e exploração ecológica e a realização da educação

ambiental em todos os níveis de ensino.

Para o cumprimento deste preceito constitucional foram posteriormente criados

instrumentos legais (leis, decretos portarias) no âmbito federal, estadual e municipal. Esse

enfoque impulsiona o desenvolvimento de ações voltadas para a construção de políticas

na área da educação ambiental.

Nesta direção acontece a Primeira Conferência Nacional de Educação Ambiental,

em Brasília, no ano de 1997, (CNEA, 1997). Em 1999, inicia-se a elaboração do Programa

Nacional de Educação Ambiental (ProNEA), após a Diretoria de Educação Ambiental

(DEA) ser criada no Ministério do Meio Ambiente (MMA). Este programa posteriormente

58

vem a ser fortalecido com aprovação da Lei 9.795/99 que estabelece a Política Nacional

de Educação Ambiental(PNEA).

Os princípios orientadores do ProNEA dão corpo a todo o ideário que deve ser

promovido na prática da educação ambiental, ressalta o entendimento da centralidade dos

conflitos sociais agindo sobre o meio ambiente e a busca de soluções a serem elaboradas

por diversos atores, começando a envolver as escolas nesta articulação.

Nesta mesma direção, a Política Nacional de Educação Ambiental (2002) define

educação ambiental fora dos antigos padrões meramente biológicos/ecológicos e

preservacionistas, inserindo o homem como agente das transformações e responsável

pela qualidade e sustentabilidade da vida no planeta, deixando de ser um mero

espectador.

Desta forma, a inclusão da educação ambiental como componente de todos os

processos educativos nacionais, garante um espaço privilegiado de ação, inserindo-se no

âmbito da educação formal e dos processos educativos não formais.

Do mesmo modo, a definição das políticas públicas por parte do poder público, com

a incorporação da dimensão ambiental, além de fortalecer a educação ambiental no

espaço escolar, propicia o engajamento da sociedade nos processos de gestão ambiental.

Os princípios da educação ambiental na PNEA incorporam o enfoque humanista,

neste entendimento de ampliar a concepção de meio ambiente, incorporando os aspectos

socioambientais e culturais. Há ainda a indicação do trabalho pedagógico visando à

interdisciplinaridade, a incorporação da ética, a garantia de continuidade, a articulação

entre o global e o local, o respeito à pluralidade cultural, conferem a esta lei um caráter

atual, consoante com as discussões internacionais e nacionais sobre o tema.

59

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) trazem como um dos temas

transversais a temática do Meio-Ambiente, perpassando toda prática educacional. Nos

PCNs, as orientações para tratar das questões relativas ao meio-ambiente em que

vivemos, enfatizam que devem ser considerados seus elementos físicos e biológicos e os

modos de interação do homem e da natureza, por meio do trabalho, da ciência, da arte e

da tecnologia.

No PCN com tema transversal Meio Ambiente encontramos: na primeira parte faz

um breve histórico da situação da questão ambiental e apresenta os modelos de

desenvolvimento. Trata de assuntos como: o reconhecimento da importância da educação

ambiental – trazendo visão de organizações governamentais e lideranças nacionais e

internacionais - focando nas noções comumente associadas ao tema. Enfim, este

documento apresenta ao final da primeira parte, os objetivos gerais do tema Meio

Ambiente para todo o ensino fundamental. Este material merece ser consultado,

especialmente, por profissionais da saúde e educação em atividades de educação em

saúde com escolares.

2.7 Metodologias educativas em Saúde com crianças e adolescentes

A utilização de metodologias educativas parte do entendimento de que o processo

de intervenção é fundamentado no desenvolvimento de competências na criança e no

adolescente, pressupondo ser esse um instrumento eficaz, capaz de potencializar sua

capacidade crítica e desta forma, favorecer a adoção de comportamentos e atitudes

favoráveis a saúde, e a forma de entender a realidade que o cerca. A educação em saúde,

60

utilizada como metodologia de ação, entende que a experiência de construção favorece a

transformação do homem anônimo em um protagonista de sua história, assumindo

responsabilidade e compromisso com a vida no alcance de formas positivas de pensar a

saúde. (AUGUSTO et. al. 2002)

Aqui traremos de diversas experiências educativas realizadas com adolescentes e

crianças, no Brasil, voltadas para temática ambiente – saúde – trabalho. As abordagens

apresentadas são variadas. Auxiliando no conhecimento de algumas ações educativas

praticadas no Brasil. Possibilitando o entendimento das propostas e de sua abrangência e

as possibilidades de aplicação tanto relativa a temática e faixa etária estudada nesta

pesquisa.

No trabalho de Asmus, et al. (2005) é relatada a experiência com adolescentes

trabalhadores que são atendidos no Programa de Saúde do Trabalhador Adolescente do

Núcleo de Estudos de Saúde do Adolescente (NESA) da Universidade Estadual do Rio de

Janeiro, em um programa de atenção à saúde específico para o adolescente trabalhador.

A equipe multidisciplinar atua na assistência e desenvolve atividades de pesquisa e

extensão. Na assistência e pesquisa atuam para avaliar possíveis nexos causais entre o

processo de adoecimento e a participação dos adolescentes nos processos produtivos.

Nas atividades de extensão foi construída uma metodologia de educação em saúde

participativa com os adolescentes, além de material educativo específico.

Outra experiência de educação em saúde realizada com adolescentes escolares,

focalizando o tema trabalho, foi realizada por Câmara, et. al. (2001). Foi utilizada uma

metodologia educativa com escolares da 5ª e a 8ª séries, no estado de Minas Gerais. A

metodologia foi desenvolvida com um programa em cinco fases. Na seqüência se

61

estabelece um conhecimento do que os adolescentes têm de informação, eles introduzem

conceitos de acidentes de trabalho, abrem espaço para os relatos dos adolescentes

relativos ao tema, planejam, realizam e apresentam uma atividade. Os autores afirmam

que a metodologia leva a um repensar sobre o cotidiano dos sujeitos e promove a

reflexão crítica e criativa, pois incentiva a produção dos participantes. Ressaltam o espaço

escolar como potencial para o desenvolvimento de programas voltados para a temática da

saúde do trabalhador, favorecendo a multiplicação do conhecimento e assim, a prevenção

dos acidentes de trabalho.

Encontramos um trabalho interessante com escolares na dissertação de Santos

(2000) com o título: “A educação ambiental como instrumento de integração educação-

saúde-ambiente.” Este estudo foi realizado com escolares do ensino fundamental e médio,

numa região endêmica da Esquitossomose mansônica . Os resultados encontrados no

estudo fizeram a pesquisadora relacionar a dificuldade de aplicação do conhecimento

compreendido no cotidiano, como fator de expansão da transmissão da doença, tanto no

nível individual como coletivo.

No livro “Escolas Promotoras de Saúde: experiências no Brasil“ (ANO) são

relatados diversos projetos, com experiências voltadas para a temática meio ambiente. O

“Projeto Fundo de Quintal: a experiência de Escola Promotora de Saúde no Município de

Itaoca - São Paulo” é realizado em uma escola pública com estratégias para resolução de

problemas locais identificados na comunidade. Pensando na vulnerabilidade dos

adolescentes e notando a falta de espaços de lazer foi pensado o projeto. Num primeiro

momento os alunos da escola foram estimulados a desenhar o que deveria ser realizado

como área de lazer no fundo da escola. Essa estratégia valoriza o potencial criativo e

62

envolve toda a comunidade escolar. Neste processo tornaram-se sujeitos e perceberam

que podem, apesar das dificuldades, buscarem soluções coletivas para suas vidas (MS,

2006).

Outra atividade envolvendo a temática é o projeto “Ambientes Saudáveis, Escolas

Saudáveis: uma estratégia de promoção da saúde em Curitiba – Paraná” com

características de uma grande mobilização em função da construção de espaços

promotores de saúde. Informa que mobiliza 18 escolas de ensino fundamental, cinco

universidades e 23 empresas no desenvolvimento de ações de promoção da saúde e

troca de experiências. Para aderir ao projeto são necessárias ações pautadas em três

pontos: 1. Currículo, ensino e aprendizagem, 2. Organização escolar, ethos e ambiente e

3. Parcerias com a comunidade. Como produtos deste projeto foram realizados dois

seminários sobre a temática que possibilitaram momentos para relatos das experiências

dos diversos atores envolvidos.

Outra experiência na área de educação ambiental é relatada no trabalho de Schall

et al.(2007) tendo como produto uma cartilha intitulada “Saúde e ambiente questão de

qualidade de vida – o exemplo de Bamburral”. Para levantamento dos dados do local

foram realizados diversos encontros e seminários populares com a temática ambiental, e

deste trabalho é construída uma matriz de impacto ambiental e de saúde, contendo as

propostas aprovadas pelos moradores. Em 2007, professoras da Escola local participaram

de um curso de atualização em educação ambiental. Após, alunos (7 a 10 anos) e

professores constroem uma cartilha, dentro da proposta de criar um material educativo

sobre a temática saúde e ambiente dentro das situações locais e com vistas à procura de

soluções sustentáveis para a comunidade (SCHALL et al, 2007).

63

Por último, trazemos as experiências para implantação da Atenção Primária

Ambiental (APA) em diversos estados do Brasil (Paraná, Espírito Santo, Minas Gerais)

citadas no trabalho de Quintieri (2003). Todos os exemplos aqui citados entendem que a

utilização do espaço escolar ou o público escolar atinge toda a população, de forma direta

ou indireta. Consideram também que a difusão do conhecimento sobre a temática saúde e

ambiente facilita a participação popular para investigação de problemas e soluções.

O primeiro município a estruturar uma APA foi Toledo, no estado do Paraná,

através do programa “Cidadão Ambiental” do governo municipal, iniciado em 1998. Os

cenários escolhidos foram às escolas do Município, por entender que os resultados

atingiriam, diretamente, toda a comunidade escolar e, indiretamente, toda a população

urbana e rural, sendo priorizados as crianças, os jovens e os professores. Tinha como

objetivo o envolvimento das pessoas para possibilitar a compreensão da inter-relação

homem-natureza e seu comprometimento com o destino do município, quanto a questão

ambiental. O projeto buscava no ambiente escolar, com ações educativas, teóricas e

práticas, envolver cada cidadão (alunos, pais professores, funcionários e moradores do

bairro) no levantamento dos principais problemas na comunidade, elegendo,

prioritariamente, aquele que seria resolvido e a forma de atuação, criando soluções por

caso-problema. As escolas desenvolveram os trabalhos que, ao mesmo tempo, foram

sendo acompanhados e avaliados pela equipe técnica. Após serem levantados os

principais itens a serem atendidos, os temas e ações foram levados a um grupo maior,

chamado Fórum de experiências de Meio Ambiente de Toledo (QUINTIERI, 2003).

No Município de São Mateus, estado do Espírito Santo, desenvolveu-se o “Projeto

Araçá", um projeto alternativo de educação e cultura que visava à formação de crianças e

jovens em seus aspectos: físico, intelectual, moral e espiritual. O trabalho era realizado por

64

equipe formada por diversos profissionais e atendia no momento da pesquisa a 407

escolares com idades entre sete e dezoito anos e familiares, envolvendo também a

comunidade. A equipe do projeto deu início a formação do Centro de Atenção Primária

Ambiental (CAPA) de São Mateus, cuja finalidade principal é de auxiliar e orientar a

comunidade na reivindicação dos seus direitos junto ao poder público, além de

participarem de movimentos organizados que visam a proteção, conservação e

recuperação do meio ambiente. A Eco-Oficina foi transformada em Eco-clube, onde dois

desses jovens foram a Toledo para capacitação.

No distrito de São Sebastião da Vala, Município de Aimorés, estado de Minas

Gerais também foi desenvolvida uma experiência de formação de um Eco-clube, com

jovens estudantes do primeiro grau de uma escola municipal. A iniciativa ocorreu após um

convite da Coordenação Regional da FUNASA do Espírito Santo, para que três alunos

participassem de um curso sobre Atenção Primária Ambiental, em Vitória. Os jovens

receberam informações sobre os princípios da APA e seus objetivos e foram incentivados

a repassar a idéia da formação de um Eco-clube no distrito. Visitaram o Projeto Araçá em

São Mateus, conhecendo o projeto e recebendo informações sobre o Eco-clube existente

naquele município. E duas pessoas (facilitadores) viajaram para Toledo/PR a fim de

participar de encontro de Eco-clubes, conhecer a experiência daquele município e tomar

conhecimento do Estatuto Nacional dos Eco-clubes (QUINTIERI, 2003).

Podemos notar que as metodologias educativas utilizadas partem de princípios

diferentes, algumas da Educação ambiental outras da Educação em Saúde. O foco

também se modifica e amplia, tendo desde percepções para prevenção de doenças, até

mobilização da comunidade para busca de qualidade de vida, através da criação de

65

ambientes saudáveis. Fica explicita que a valorização do uso de metodologias educativas

com crianças e adolescentes, incentiva a participação da comunidade em prol da melhoria

da qualidade de vida dos mesmos.

“É impossível ter acesso ao significado simplesmente através de leitura de palavras.

66

Deve-se primeiramente ler o mundo no qual tais palavras existem” Freire

FUNDAMENTAÇAO TEÓRICA

3.1 Pressupostos utilizados para construção da metodologia educativa.

Toda a equipe envolvida no projeto contribuiu para a realização desta etapa. Alguns

profissionais já traziam experiências na área da educação em saúde. Não havia

homogeneidade no grupo e por existir a intenção da realização da atividade educativa

através da construção coletiva, no desenvolvimento da estruturação da proposta, em

todos os aspectos - desde o que abordar até como falar sobre as ações interdependentes

da saúde e ambiente, foram amplamente analisados e discutidos.

Por envolver a faixa etária de 8 a 10 anos, surgiu a proposta de atuação educativa

através do lúdico. Havia um consenso de que ensinar algo a crianças utilizando meios

lúdicos é um estímulo que atrai e motiva, mobilizando para o desenvolvimento integral da

criança. E ao pensar no lúdico, diversas sugestões de metodologias como: editar um filme

com a temática, fazer dramatizações, criar historinhas e jogos. Todas as idéias foram

apreciadas e o grupo acolheu o jogo por desejar a participação das crianças. E a essa

estratégia fica associado: entusiasmo, motivação, energia, cooperação, trabalho em

equipe, entre outros. Os jogos mantêm uma relação estreita com construção do

conhecimento e possuem influência como elemento motivador no processo de ensino e

aprendizagem.

Para Freire (2004) ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar as

possibilidades para a sua própria produção, ou a sua construção. Essa linha de

67

pensamento vem ao encontro com o pressuposto pedagógico que a equipe utiliza como

ferramenta educativa e incentiva experimentar, a partir da utilização dos jogos de forma a

estimular as crianças à prática do real, e assim poder obter os benefícios educativos desta

atividade.

Vale ressaltar que entendemos a infância como uma etapa do desenvolvimento

humano. Desta forma, engloba características inerentes a essa faixa etária, sendo

importante sua expressão através do simbólico e do lúdico. As crianças fazem a leitura do

mundo a partir de sua própria vivência, criando um significado ou ressignificando

(BLANCO, 2007).

O processo de aprendizagem pode congregar duas expressões, na qual uma é a

mudança de comportamento onde pode acontecer o entendimento de novos

conhecimentos, novas habilidades ou reorganização do que existe, no campo cognitivo.

Por outro lado a aprendizagem pode ser vista como um movimento que envolve o sujeito

para participar ativamente em prol da saúde, sendo conhecedor das situações e podendo

ser participante na busca de soluções (ANDRADE, 2000).

Os jogos em grupos permitem que a criança aprenda mais do que com lições e

exercícios, pois além da motivação em observar os demais jogadores, as crianças tem a

resposta imediata dos colegas, o que é mais valioso para a construção da sua autonomia

(KAMII e DE VRIES, 1990).

Os jogos podem ser classificados de diferentes formas. Piaget criou uma

“classificação baseada na evolução das estruturas” (Piaget apud Rizzi e Haydt, 1997),

formulando três grandes categorias que correspondem às fases do desenvolvimento

infantil.

68

• Fase sensório-motora (do nascimento até cerca de 2 anos): a criança

brinca sozinha, sem utilização da noção de regras.

• Fase pré-operatória (dos 2 aos 5 ou 6 anos): as crianças adquirem a

noção da existência de regras e começam a jogar umas com as outras

os jogos de faz-de-conta.

• Fase das operações concretas (dos 7 aos 11 anos): as crianças

aprendem as regras e jogam em grupos. Esta é a fase dos jogos com

regras como futebol, damas, etc.

Piaget classificou os jogos de acordo com cada tipo de estrutura mental:

• Jogos de exercício sensório-motor

No ser humano podemos dizer que o ato de jogar é uma atividade natural. No principio

temos a atividade lúdica aparecendo através de exercícios motores simples em seqüência.

O objetivo deste ato é vivenciar o prazeroso gosto de conseguir realizar a atividade.

Variam e se dão por uma série de exercícios que consistem em repetição de gestos e

movimentos simples como balançar os braços, sacudir objetos, emitir sons, caminhar,

pular, correr, etc. Podemos notar o inicio destes jogos no desenvolvimento do lactente - na

fase maternal e permanece com força até os 2 anos, porém, eles permanecem na infância

e até na fase adulta. Um exemplo interessante durante a fase adulta é andar de bicicleta,

moto ou carro (Piaget apud Rizzi e Haydt, 1997).

• Jogos simbólicos

O jogo simbólico costuma predominar na faixa dos 2 e 6 anos. A atividade exerce, de

acordo com Piaget, a função que "consiste em satisfazer o eu por meio de uma

69

transformação do real em função dos desejos", ou seja, mobiliza a assimilação da

realidade (Piaget apud Rizzi e Haydt, 1997).

A criança tende a reproduzir nesses jogos as relações predominantes no seu meio

ambiente e assimilar, dessa maneira, a realidade, sendo uma maneira de se auto-

expressar. Esses jogos de faz-de-conta possibilitam à criança a realização de sonhos e

fantasias, revelação de conflitos, medos e angústias, aliviando tensões e frustrações.

Entre os 7 e 11-12 anos, o simbolismo decai e começam a aparecer com mais freqüência

desenhos, trabalhos manuais, construções com materiais didáticos, representações

teatrais, etc. Piaget não considera este tipo de jogo como sendo um segundo estágio e

sim como uma etapa entre os jogos simbólicos e de regras. O próprio Piaget afirma: "... é

evidente que os jogos de construção não definem uma fase entre outras, mas ocupam, no

segundo e, sobretudo no terceiro nível, uma posição situada a meio do caminho entre o

jogo e o trabalho inteligente..."(Piaget apud Rizzi e Haydt, 1997).

• Jogos de regras

O jogo de regras começa a aparecer nas atividades da criança por volta dos cinco anos,

com desenvolvimento predominante na faixa etária 7 aos 12 anos. Este tipo de jogo pode

permanecer durante toda a vida do indivíduo (esportes, trabalho, baralho, RPG, etc).

Os jogos de regras são classificados em jogos de exercícios sensório-motor (exemplo

futebol), e intelectuais (exemplo xadrez). O que caracteriza o jogo de regras é a existência

de um conjunto de leis imposto pelo grupo, sendo que seu descumprimento é

normalmente penalizado, e uma forte competição entre os indivíduos. O jogo de regra

pressupõe a existência de parceiros e um conjunto de obrigações (as regras), o que lhe

confere um caráter eminentemente social. Só é possível este jogo quando a criança

70

abandona a fase egocêntrica, neste momento existe a possibilidade de desenvolver os

relacionamentos afetivo-sociais(Piaget apud Rizzi e Haydt, 1997).

Utilizamos como base Vygotsky, para afirmar que o sujeito é interativo e, por este

motivo, dá tanta importância à fala. E que o desenvolvimento cognitivo resulta da interação

entre a criança e as pessoas com quem mantém contatos regulares.

No brinquedo, a criança projeta-se nas atividades adultas de sua cultura e ensaia seus

futuros papéis e valores. Assim, o brinquedo antecipa o desenvolvimento que só pode ser

completamente atingido com assistência de seus companheiros da mesma idade e/ou

mais velhos. Durante a brincadeira, todos os aspectos importantes da vida da criança

tornam-se tema do jogo. Vygotsky vê a aprendizagem como um processo social. A

interação com os adultos e o uso da linguagem fazem o desenvolvimento cognitivo do

sujeito acontecer.

Por priorizar a relação educativa com a população escolar, na busca por romper

com a verticalidade da relação, utilizamos as bases da educação em saúde do movimento

da Educação Popular em Saúde. Neste são valorizadas as trocas interpessoais, as

iniciativas da população envolvida e, pelo diálogo, buscam-se a explicitação e

compreensão do saber popular, contrapondo-se à perspectiva de passividade utilizada nas

práticas educativas tradicionais. Nosso público é visto como sujeito portador de um saber

sobre o processo saúde-doença-cuidado, capaz de estabelecer uma interlocução dialógica

com o serviço de saúde e de desenvolver uma análise crítica sobre a realidade e o

aperfeiçoamento das estratégias de luta e enfrentamento. (Vasconcelos 1999; 2001)

Esse enfoque é baseado em Freire (1979), sobre o papel da educação na transformação social, em

que o relaciona com o processo de sensibilização através da ação crítica das pessoas sobre o cotidiano que

os cerca. Com essa abordagem teórica, questionamos as ações pedagógicas do tipo bancário, centrada na

71

autoridade do educador e do conhecimento, exercitando um novo olhar sobre a educação, onde educador e

educando participam e colaboram no processo de aprendizagem, numa relação com o diálogo e a resolução

de problemas. Utilizando esta orientação teórica introduzimos uma dimensão política e social à educação,

ampliando a discussão sobre aprendizagem, e ao analisar a prioridade do desenvolvimento cognitivo e

emocional da pessoa a ser educada. Por isso, a metodologia educativa aqui proposta foi pensada como um

momento onde todos têm a palavra, lêem e escrevem o mundo. Um espaço de trabalho,

pesquisa, exposição de práticas, dinâmicas, vivências que possibilitam a todos a

construção coletiva do conhecimento.

Desta forma, afirmamos que o excesso de informação não garante ao indivíduo a

compreensão, o conhecimento. Para que isso aconteça, é preciso que antes o homem

seja preparado e essa preparação se dá através da educação. A comunicação pode,

através da informação, ajudar o homem a compreender, mas não compreender por ele.

Morin (2003) reforça nosso pensamento quando afirma:

O fenômeno comunicacional não se esgota na presunção de eficácia do

emissor. Existe sempre um receptor dotado de inteligência na outra ponta da

relação comunicacional. A mídia permanece um meio. A complexidade da

comunicação continua a enfrentar o desafio da compreensão. (MORIN, 2003)

Para autores como Reigota (1998), Pádua e Tabanez (1998 apud Jacobi, 2003) a

educação ambiental aponta para propostas pedagógicas: de conscientização, mudança de

comportamento, desenvolvimento de competências, capacidade de avaliação e

participação dos educandos. Deste modo, possibilita o aumento de conhecimentos,

mudança de valores e aperfeiçoamento de habilidades, condições motivadoras para

integração da saúde humana com o meio ambiente.

72

Sorrentino afirma que (1998 apud JACOBI, 2003), os educadores ambientais tem

grandes desafios para ultrapassar. Divididos em duas partes: a primeira - o resgate e o

desenvolvimento de valores e comportamentos (confiança, respeito mútuo,

responsabilidade, compromisso, solidariedade e iniciativa) e na segunda: o estímulo a

uma visão global e crítica das questões ambientais e a promoção de um enfoque

interdisciplinar que resgate e construa saberes.

Para concretizar o desenvolvimento de uma proposta de educação ambiental

precisamos formular a educação para a cidadania, sendo o elemento fundamental na

transformação de sujeitos cidadãos. Para vencer este desafio da cidadania vivenciada

para a totalidade da população somente materializará pela possibilidade dos sujeitos se

entenderem portadores de direitos e deveres, atuando como pessoa empoderada co-

responsável na defesa da qualidade de vida. (JACOBI, 2003)

Desta forma, acreditamos numa participação que pode promover a mobilização do

que existe dentro de cada criança, e que esta pode responder/solucionar as demandas de

saúde conforme se sensibiliza e envolve com a temática, na medida em que se torne um

sujeito participativo do processo. Assim, a busca de soluções não se dá somente pela

aplicação da atividade, mas da continuidade do envolvimento participativo entre a

comunidade, e os setores educação e saúde.

73

“Os indivíduos conhecem, pensam e agem segundo

paradigmas inscritos culturalmente neles.”

Morin

OBJETIVOS

74

4. OBJETIVOS:

Objetivo Geral

Construir uma metodologia de informação e reflexão crítica – com abordagem lúdica -

sobre as relações entre saúde e ambiente, específica para crianças.

Objetivos Específicos

1. Sensibilizar crianças escolares para a identificação, prevenção e controle de riscos a

saúde humana causados pelas interrelações produção- ambiente-saúde;

2. Verificar a presença do conteúdo sobre saúde e ambiente nas diretrizes curriculares

da Secretaria Municipal de Educação (SME) e como está sendo implantado nos

projetos das duas escolas.

3. Analisar se a inserção de oficinas de educação em saúde ambiental no ambiente

escolar contribui para o conhecimento das relações saúde -ambiente-produção.

75

“Não há amanhã sem projeto, sem sonho, sem utopia, sem esperança, sem o trabalho de criação e desenvolvimento de possibilidades que viabilizem sua concretização”

Freire

5. MATERIAL E MÉTODOS

76

5.1 Delineamento Metodológico do Estudo

Para atingir os objetivos propostos a pesquisa emprega uma abordagem qualitativa.

O estudo foi desenvolvido em três momentos. No primeiro realizamos a construção de

uma proposta metodológica de atividades educativas em saúde ambiental infantil; no

segundo são implementadas as oficinas com escolares; e no terceiro voltamos um ano

após para fazer avaliação das atividades realizadas junto às professoras e diretoras nas

escolas envolvidas.

5.2 Cenário do Estudo

Este projeto está vinculado ao “Projeto Piloto do I Inquérito Nacional de

Populações Expostas a Substâncias Químicas: subprojeto “crianças escolares”

financiado pelo MS ainda em desenvolvimento. A presente pesquisa foi desenvolvida em

duas escolas municipais situadas no Rio de Janeiro. A escolha das escolas objeto deste

estudo foi determinada pela necessidade de atender as especificidades para a realização

do Inquérito, quais sejam: escolas com mais de 300 alunos na faixa etária de 8 a 10 anos

e regiões ambientais diferenciadas. As escolas são regidas pela Secretaria Municipal de

Educação (SME) que indicou duas Coordenadorias Regionais de Educação (CRE) onde o

estudo poderia ser realizado, na 4ª. CRE (da AP 3.1) e na 7ª CRE (da AP 4.0). Cada CRE

selecionou uma escola para aplicação da metodologia.

77

A 4ª. CRE atende aos seguintes bairros: Zumbi, Ilha do Governador, Penha, Tauá,

Freguesia, Jardim América, Manguinhos, Portuguesa, Penha Circular, Bancários, Olaria,

Vila do João / Maré, Pitangueiras, Penha Circular, Jardim Guanabara, Vila Da Penha,

Guarabu, Brás de Pina, Cocotá, Cidade Universitária, Itacolomi, Galeão, Parada de Lucas,

Praça da Bandeira, Moneró, Bancários, Tubiacanga, Parada de Lucas, Jardim Guanabara,

Ramos, Praça Do Carmo/Penha, Benfica, Bonsucesso, Ilha do Governador, Jardim

Carioca, Vigário Geral, Cordovil e Brás de Pina. Conta com 134 Unidades Escolares (119

Escolas Municipais e 15 CIEP’s).

A 7ª CRE atende aos bairros Praça Seca, Taquara, Camorim, Jacarepaguá, Vila

Valqueire, Recreio dos Bandeirantes, Rio das Pedras, Curicica, Jacarepaguá – Taquara,

Pechincha, Barra da Tijuca, Cidade de Deus, Anil, Vargem Grande, Barra da Tijuca, Rio

das Pedras – Jacarepaguá, Freguesia, Tanque, Recreio, Itanhangá, Anil, Gardênia Azul,

Vargem Pequena e Anil -Jacarepaguá. Tem 117 Unidades Escolares (108 Escolas

Municipais e 09 CIEP’s).

No quadro 1 abaixo estão descritas algumas informações específicas sobre as

escolas onde o estudo foi realizado.

QUADRO 1:Características das escolas do estudo (ano 2008)Características Escola 1 Escola 2

Ano de fundação 1984 1987

Número de alunos 922 1380

Número de turmas 31 57

Número de professores

28 52

Sala de aula 16 25

78

5.3 Participantes do estudo

Crianças escolares, de ambos os sexos, com idades entre 08 e 11 anos que,

aceitaram participar mediante a assinatura pelos pais ou responsáveis do termo de

consentimento livre e esclarecido. Professoras e diretoras das duas escolas que tiveram

suas turmas participantes das atividades educativas.

5.4 Procedimentos para desenvolvimento da Metodologia educativa em Saúde

Ambiental Infantil.

a) Preparação da proposta metodológica de Educação em Saúde Ambiental

Fizeram parte da equipe de elaboração da metodologia 14 pessoas. Sendo 04

pesquisadoras e 10 bolsistas. Para a realização do trabalho houve uma integração

transdisciplinar da equipe da pesquisa sendo positivo para a realização da proposta. Desta

forma, a área de conhecimento e atuação profissional de cada uma somou para o

resultado final da metodologia desenvolvida pela equipe.

Foram realizados 10 encontros com fim de preparação da metodologia, nos meses

de setembro e outubro de 2008. Nesses encontros, a primeira etapa foi discutir diversos

textos sobre o conceito de saúde ambiental infantil, que enfatizavam a vulnerabilidade das

crianças. Depois de três encontros fomentando as discussões com base em 11 textos

selecionados pelas pesquisadoras do projeto piloto, o próximo passo foi a preparação da

metodologia educativa que seria utilizada com os pais e com as crianças escolares.

79

Durante os encontros os bolsistas, todos acadêmicos de medicina, começaram a refletir

sobre a saúde ambiental e em um dos encontros foi interessante um bolsista que afirmou

ter realizado um diagnóstico com base no conhecimento adquirido nesta etapa. Durante os

encontros o grupo entrou num consenso, que a abordagem lúdica seria a ideal para

crianças. Foram sugeridas diversas estratégias como: utilizar filmes, outra proposta foi

realizar dramatização e por fim, a equipe identificou como ferramenta a utilização de jogos.

No último encontro foram confeccionados os materiais para as Oficinas Lúdicas de

Educação em Saúde Ambiental Infantil.

Foram realizadas reuniões com pais e professores nas duas escolas que tiveram

como objetivo dar a conhecer o projeto e sensibilizá-los para refletir sobre a temática

saúde ambiental infantil. Na primeira reunião apresentamos o projeto numa exposição oral

e houve um período para retirada de dúvidas. A segunda atividade com os pais foi uma

ação educativa onde buscou-se, de forma ilustrativa, aprofundar temas como: o meio

ambiente e a saúde humana, riscos ambientais, promoção da saúde e preservação do

ambiente, efeitos clínicos de exposição aos contaminantes, justificando a escolha das

crianças para o estudo. O recurso utilizado foi o data-show e as explicações partiram de

situações do cotidiano (no ambiente familiar, comunidade e trabalho). No fim, houve em

momento aberto aos pais para se posicionarem e levantarem questões quanto à temática

e ao projeto piloto.

Informou-se aos pais sobre a proposta da oficina lúdica em saúde ambiental que

seria realizada com as crianças, composta de: Dinâmicas (de apresentação, sensibilização

com introdução de conceitos e de finalização) e Jogos (Corrida da Coleta Seletiva, Jogo

da Associação, Imagem e Ação Ambiental), e nesse momento explicamos sobre

autorização para participação por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

80

b) Realização da Oficina Lúdica de Educação em Saúde Ambiental

A realização das oficinas lúdicas nas duas escolas foi o momento fundamental

desta pesquisa. Neste momento, colocamos em prática a metodologia preparada pela

equipe e pudemos avaliar a mesma durante a aplicação nas diversas turmas das duas

escolas.

Tendo em vista a aplicabilidade da atividade, visando a motivação e com intenção

de não comprometer a dinâmica de funcionamento escolar, o tempo de duração foi

planejado em no máximo duas horas, seguindo o roteiro (Anexo 2).

Durante a oficina foram fotografados diversos momentos e feitas observações

registradas no diário de campo pela pesquisadora principal e pelos bolsistas que foram

mediadores.

5.5 Instrumentos de coleta de dados

Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram: diário de campo, registros

dos bolsistas e fotografias realizados no segundo semestre de 2008, e entrevistas com as

professoras/diretoras no final de 2009.

a) Diário de Campo: instrumento utilizado para descrever os diversos momentos da

observação da pesquisa no cenário de estudo. Através da observação participante

ocorreu o registro da atividade educativa. Em geral, há um registro por dia, dividido

em turno da manhã e da tarde.

81

b) Registros dos Bolsistas: avaliação dos bolsistas quanto à realização da etapa de

aplicação da metodologia educativa.

c) Fotografias: foram fotografados os momentos de execução da atividade educativa e

os produtos das crianças escolares.

d) Entrevistas: instrumento utilizado como recurso de avaliação remota da pesquisa

(Anexo 5). Na entrevista com professoras/diretoras tivemos uma possibilidade de

diálogo sobre a proposta educativa utilizada na escola e conhecer opinião dos

mesmos em relação à temática. Foram realizadas 12 entrevistas, sendo 07 na

escola 1 e 05 na escola 2.

5.6 Análise dos Dados

Segundo Bardin (1999) tudo que é escrito ou dito torna possível à realização da

analise de conteúdo. Neste sentido, os instrumentos desta pesquisa foram utilizados por

se constituírem em recursos importantes na investigação, escolhidos pela natureza do

objeto de estudo e permitiram a análise de conteúdo posterior.

Considerando a quantidade de material recolhido nas etapas da pesquisa, através

dos diferentes instrumentos optou-se por organizá-los da seguinte forma:

1) Análise das notas do diário de campo na tentativa de apresentar um panorama do

percurso realizado no campo.

2) Análise dos registros dos bolsistas da aplicação da proposta educativa.

3) Análise das entrevistas para avaliação de conteúdos e impactos da atividade

educativa.

82

5.7 Procedimentos Ético-legais

Os procedimentos deste subprojeto respeitam os procedimentos éticos da

Declaração de Helsinque e da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde sobre

Pesquisa Envolvendo Seres Humanos que exige aprovação do projeto por um Comitê de

Ética em Pesquisa (CEP) institucionalmente formalizado e que incorpore um Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido a ser assinado pelos sujeitos da pesquisa. Seguindo as

normas de realização de pesquisa da CGDEP e da Instituição colaboradora (Instituto de

Estudos de Saúde Coletiva), o subprojeto foi submetido ao Comitê de Ética do IESC tendo

sido aprovado.

Este subprojeto faz parte do projeto piloto do I Inquérito Nacional de Populações

Expostas a Substâncias Químicas que contém dois outros subprojetos em realização com a

colaboração de outras duas instituições acadêmicas, a pedido e sob os auspícios da

Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental da Secretaria de Vigilância em Saúde

do Ministério da Saúde. Todas as informações geradas pelo projeto serão de domínio da

administração pública, em observância à Portaria nº 66 da SVS, de 2004 e à Lei 8666, de

1993. As informações servirão para a CGVAM/SVS/MS subsidiar as ações relacionadas

ao I Inquérito Nacional de Populações Expostas a Substâncias Químicas. Os aspectos

relacionados à autoria das publicações encontram-se detalhados nos referidos

documentos. Trata-se, portanto, de um estudo operacional, cujos dados serão utilizados pela

referida área (vigilância) para a elaboração do Inquérito acima citado ressalvadas as

identidades dos conscritos envolvidos, bem como sua localização, que serão mantidas sob a

83

guarda exclusiva da equipe de pesquisa. Ou seja, deve-se entender os benefícios do

subprojeto numa escala mais ampla que aquela dos sujeitos particulares, ou da faixa etária

pesquisada neste subprojeto em particular, tendo em vista que o Inquérito em construção

terá cobertura universal, de acordo com os princípios do SUS. Não obstante, a divulgação

dos resultados da pesquisa deverá ser pública e, em primeiro lugar, endereçada aos sujeitos

da pesquisa.

As Instituições são públicas e habilitadas para a realização de investigações

científicas. Finalmente, no que tange aos critérios para suspensão ou encerramento do

subprojeto, caso ocorra algum motivo imprevisto, este deverá ser decidido após discussão

com todos os atores sociais envolvidos, incluindo o CEP, e análise das razões pelos

responsáveis pelo subprojeto.

Os sujeitos da pesquisa (pais e crianças) terão garantia de Livre Consentimento

(ANEXO 1) após total esclarecimento de todos os benefícios e possíveis riscos que poderão

advir do processo investigatório.

Segundo informações oriundas da Secretaria de Educação do Município do Rio de

Janeiro, a autorização para a realização de qualquer tipo de pesquisa nas escolas municipais

do Rio de Janeiro é fornecida por um assessor designado do Gabinete da secretária

municipal de educação que analisará o projeto e, quando pertinente, viabilizará sua

realização autorizando o contato com as escolas previamente identificadas. Esta autorização

já foi fornecida pela dita secretaria, tendo sido adicionada ao presente processo. À direção

da escola selecionada e aos professores foi entregue carta informando quanto ao contexto

de realização da pesquisa e seus objetivos, e realizadas reuniões para esclarecimento das

84

dúvidas e viabilização da coleta dos dados com o objetivo de minimizar ao máximo os

transtornos sobre a dinâmica escolar.

85

Fonte: Dados da pesquisa, 2008.

“Mestre é aquele que, de repente, aprende.”Guimarães Rosa

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

86

Organizamos a descrição dos resultados do estudo em três itens, a construção da

Metodologia Educativa, a dinâmica de aplicação da metodologia e a avaliação desta

realizada pela equipe de pesquisadores e professores das escolas envolvidas.

6.1. Construção da Metodologia educativa

Toda a equipe envolvida no projeto piloto contribuiu para a realização desta etapa.

Alguns profissionais já traziam experiências na área da educação em saúde. A

estruturação da proposta da atividade educativa foi desenvolvida através da construção

coletiva, sendo todos os aspectos (desde o que abordar até como realizar as ações),

amplamente analisados e discutidos. A equipe nomeou a proposta metodológica em

construção de: Oficina Lúdica de Educação em Saúde Ambiental.

Por envolver a faixa etária de 8 a 10 anos, surgiu a proposta de atuação educativa

através do lúdico. Havia um consenso de que ensinar algo a crianças utilizando meios

lúdicos é um estímulo que atrai e motiva, mobilizando para o desenvolvimento integral

delas. Como atividade lúdica foram sugeridas diversas propostas: editar um filme com a

temática, fazer dramatizações, criar historinhas e jogos. Todas as idéias foram apreciadas

e o grupo acolheu o jogo por desejar a participação das crianças e porque a essa

estratégia fica associado: entusiasmo, motivação, energia, cooperação, trabalho em

equipe, entre outros. Os jogos mantêm uma relação estreita com a construção do

conhecimento e possuem influência como elemento motivador no processo de ensino e

aprendizagem.

87

Desta forma, visando a construção coletiva do conhecimento e buscando a

sensibilização dos escolares, a metodologia educativa ficou organizada como no roteiro

descrito no anexo 2. Ela constou de uma dinâmica inicial, onde acontecia um diálogo

sobre a temática e os escolares eram estimulados a produzir algo com base em seus

conhecimentos prévios. Essa construção foi pautada em conceitos que os facilitadores

introduziam e nas respostas dos escolares. A produção investia em desenhos que eram

apresentados pelo grupo.

O período de concentração das crianças nessa faixa etária é pequeno e, após a

fase inicial de introdução dos conceitos, definiu-se a estratégia de utilização dos jogos

(anexo 3) a fim de proporcionar uma motivação para a continuidade do processo

educativo, porém de forma lúdica e prazerosa. No terceiro e último momento aconteceu o

fechamento da atividade, onde se aproveitou o clima de competição para explicar que

todos que procuravam a manutenção e melhoria da saúde e do ambiente eram

vencedores. Desta forma, como todos participaram do processo e puderam experimentar

esta vivência, possibilitando a sensibilização para a temática, todos ganhavam.

6.1.2 Preparando o material Educativo

A preparação do material ocorreu após a definição da dinâmica e conteúdo da

atividade educativa. A oficina foi constituída de 3 jogos voltados para a temática ambiental,

procurando abordar situações do cotidiano, o material utilizado deveria ser atrativo porém,

com custo baixo, para possível replicação desta metodologia nas escolas públicas e por

profissionais do setor de atenção primária em saúde.

88

O material constou de um dado, feito de E.V.A. (Etil Vinil Acetato) e caixa de

papelão; Jogo da Associação, com figuras de revistas e dado; material reciclável;

bandeirinhas para torcida, de papel colorido.

Para o Jogo da Corrida da coleta seletiva, a equipe levou alguns materiais como

corda, material reciclável, bambolê e contou com o material já existente na escola para as

aulas de educação física (pneus e cones).

Toda a equipe participou da confecção dos materiais para a atividade educativa,

sendo esta uma etapa importante para o planejamento desta atividade. Neste momento,

estivemos juntos pensando na abordagem que seria adequada a faixa etária envolvida no

processo, nas expectativas dos escolares quanto à temática e em sua realidade.

6.2. Aplicação da metodologia educativa

Acordamos com os pais, escolares e corpo docente/direção das escolas que

ocorreriam atividades com os alunos que denominamos de Semanas Educativas. O

planejamento da semana ficou organizado da seguinte forma:

• 1º dia – primeiro contato com os escolares, informando da realização das

atividades.

• 2º, 3º e 4º dia – atividades da oficina lúdica de educação em saúde ambiental.

• 5º dia – retirada de dúvidas.

Para a efetividade do processo educativo, após a aplicação da metodologia na

escola 1, combinamos uma avaliação para re-planejar ou fortalecer algum ponto confuso

ou inadequado da dinâmica que tivesse sido percebido pela equipe no decorrer da

semana educativa. Desta forma, criamos um plano que visava a revisão do trabalho

89

realizado e sua re-elaboração de acordo com a experiência obtida, fomentando uma

reflexão sobre a ação e entre os envolvidos no projeto.

Na Escola 1, a semana educativa foi planejada para acontecer de 10 a 14 de

novembro de 2008. A realização das atividades em apenas dois dias foi devido a

compromissos assumidos previamente pelos bolsistas junto às suas atividades

acadêmicas.

Já na escola 2, a semana educativa foi planejada para ocorrer de 24 a 28 de

novembro de 2008. Mesmo com o planejamento previsto para haverem atividades em três

dias, infelizmente por questões de programação da escola, a qual nos foi avisada no

momento da confirmação da atividade, ficamos restritos a um dia. Esse dia era chamado

de Centro de Estudos, no qual ocorre redução do tempo de aula para reunião dos

professores. Contamos assim, com um quantitativo reduzido de alunos neste cenário.

Como a intenção era envolver todas as turmas que tivessem escolares na faixa

etária de 8 a 10 anos, no primeiro dia de atividade nas duas escolas a pesquisadora

visitou as turmas e informou da atividade que aconteceria na semana. O número de

escolares participantes foi menor na escola 2. A organização das atividades nas escolas

esta descrita no quadro 2, a seguir, assim como o quantitativo de alunos participantes nas

duas escolas envolvidas no estudo.

.

90

QUADRO 2: ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA ESCOLA 1 e 2

6.2.2 Descrição da Semana Educativa nas escolas

Para apresentação dos resultados da semana educativa realizamos uma descrição

geral do roteiro da atividade (Anexo 2). No quadro 3 apresentamos as variações ocorridas

nos diversos momentos.

PARTICIPANTES NAS ATIVIDADES

DATA ATIVIDADES NÚMERO DE ALUNOS / TURMAS

NÚMERO TOTAL DE ALUNOS

PERIODOMANHÃ TARDE

ESCOLA 11º DIA 10/11/08 Informe das

atividades(5) (4) (9)

2º DIA 11/11/08 Atividade Educativa com as crianças

64 (3) 54 (2) 118 (5)

3º DIA 13/11/08 Atividade Educativa com as crianças

44 (2) 70 (3) 114 (5)

4º DIA 14/11/08 Conversa pós ação educativa

(5) (4) (9)

ESCOLA 2 1º DIA 24/11/08 Informe das

atividades(4) (4) (8)

2º DIA Atividade Educativa com as crianças

40 (4) 61 (4) 101 (8)

3º DIA ----- ------ ----------- ----------- -----------4º DIA Conversa

pós ação educativa

(4) (4) (8)

91

QUADRO 3: Síntese das variações na Semana Educativa

MOMENTO ESCOLA TURNO NÚMERO DE

TURMAS

LOCAL JOGO

1 1 MANHÃ 3 QUADRA CORRIDA DA COLETA

SELETIVA2 1 TARDE 2 SALA DE LEITURA JOGO DA ASSOCIAÇÃO3 1 MANHÃ 2 PÁTIO DA FRENTE JOGO DA ASSOCIAÇÃO4 1 TARDE 3 PÁTIO DA FRENTE JOGO DA ASSOCIAÇÃO5 2 MANHÃ 4 AUDITÓRIO IMAGEM E AÇÃO AMBIENTAL6 2 TARDE 4 AUDITÓRIO IMAGEM E AÇÃO AMBIENTAL

A primeira atividade se deu sempre iniciando com a apresentação da equipe e em

seguida fizemos o contrato de convivência, que supõe um acordo entre nós sobre as

regras comuns a todos participantes. Nas fotografias 1 e 2, vemos esse contrato e a

distribuição dos grupos.

92

Fotografias 1 e 2: Dinâmica inicial, contrato de convivência e grupos, momento 1.

Nos seis momentos temos de 5 a 8 grupos organizados com número variado de

participantes. Cada equipe tem um mediador (aluno bolsista) e o nome da equipe (tema

gerador) é escolhido pelos escolares. Procede-se então a dinâmica inicial (fotografias 3, 4,

5 e 6 abaixo).

93

Fotografias 3 e 4: Grupos na Dinâmica Inicial Escola 1, momento 2.

Fotografias 5 e 6: Grupos na Dinâmica Inicial Escola 1, momento 3 e 4.

Realizamos as atividades iniciais com mais tranqüilidade na Escola 2, os escolares

prestaram atenção e participaram. Uma mudança na dinâmica inicial foi a utilização das

peças do jogo da associação, separadas previamente pelos mediadores para cada equipe,

com a função de através das imagens motivarem a conversa. Esse incentivo visual

pareceu funcionar. Nas Fotografias 7 e 8 vemos os grupos menores, o que facilitou o

diálogo, espaço amplo e as figuras de incentivo para trabalhar os assuntos geradores de

cada grupo de alunos. Para a equipe participante da pesquisa foi positivo este momento.

94

Fotografias 7 e 8: Dinâmica inicial com figuras para motivar Escola 2, momento 5.

Na seqüência, temos a realização do jogo. A intenção da equipe era utilizar mais

que um jogo em cada momento, porém não é possível com o tempo que dispomos. Desta

forma, decidimos variar o jogo nos diversos momentos para testar a viabilidade de cada

um.

Na Corrida da Coleta Seletiva na escola 1, momento 1, todos os grupos são

organizados para realizar o trajeto. Um mediador mostra o percurso e são explicadas as

regras. As fotografias 9 e 10 mostram na seqüência, as equipes para inicio do jogo, o

mediador mostrando o trajeto e os coletores para o destino do material.

95

Fotografias 9 e 10: equipes preparadas e mediador demonstrando o começo do

trajeto.

Este jogo visou motivar os escolares para a realização da coleta seletiva. Mostrou-

se interessante até para ser usado nas aulas de educação física e assim poder trabalhar

os conteúdos transversais do PCN. Vimos as equipes empolgadas torcendo, sendo

escolhidos os escolares mais rápidos para fazer o trajeto, embora quando estes chegavam

nos coletores alguns demonstravam dificuldade para depositar corretamente. São então

incentivados a perguntar para o grupo. Como ponto negativo temos o calor e o grande

número de escolares. Neste momento temos três turmas, o que dificulta a concentração.

Nas Fotografias 11 e 12 podemos ver o jogo.

Fotografias 11 e 12: equipes participando do jogo.

No momento 2, temos o jogo da associação, notamos que espaço e conformação

são favoráveis à execução da atividade. Os grupos ficam divididos em mesas e sentados,

dando conforto. A sala tem ar condicionado. A única coisa que não temos é um espaço

grande para movimentação, assim o jogo escolhido para as turmas foi o da Associação

(Fotografias 13 e 14).

96

Fotografia 13 e 14: Jogo da Associação Escola 1, momento 2.

No jogo temos as equipes concentradas, alguma dificuldade de visualização por

todos. Notamos que os escolares não percebem que a associação é sempre da mesma

cor e têm dificuldade de memorizar o local das figuras já viradas pelos outros jogadores.

Esta dinâmica é produtiva por facilitar a discussão da temática a cada jogada,

possibilitando aos escolares uma continua reflexão sobre o que está sendo apresentado.

O jogo da associação é utilizado nos momentos 3 e 4, onde notamos também a falta de

percepção da associação das figuras por cor e dificuldade de lembrar os cartões já

virados. Nas Fotografias 15 e 16 temos a mediadora conferindo a associação e

parabenizando a jogadora.

97

Fotografia 15 e 16: Jogo da Associação Escola 1, momento 3.

O último jogo a ser testado foi o Jogo Imagem e Ação Ambiental, sendo utilizado

com o objetivo de integrar atividade lúdica e a temática saúde ambiental. Na escola 2 foi

possível obter caixa de som e microfone o que facilitou a realização do jogo. Este foi

interessante por possibilitar diversas participações dos grupos e pelas modalidades

diferentes de atividades propostas. As mímicas eram especialmente divertidas. Após cada

98

resposta foi possível explicar alguma questão que envolvia a pergunta (Fotografias 17 e

18).

Fotografias 17 e 18: Jogo Imagem e Ação Ambiental Escola 2, momentos 5 e 6.

A apresentação dos trabalhos das equipes aconteceu após o jogo nos momentos 1

e 2. Os escolares estavam agitados, até mesmo pela dinâmica do jogo. Nas primeiras

apresentações havia atenção, porém posteriormente eles se tornavam dispersos, sendo

quase impossível ouvir e prestar atenção aos grupos expondo o produto da dinâmica

inicial. Tentamos de toda forma solicitar o silêncio para ouvir as apresentações, falamos

do contrato, nada resolveu. Mesmo assim, os mediadores se esforçaram para que cada

equipe apresentasse o seu produto explicando de forma incentivadora.

No momento 2, foi possível ouvir os grupos apesar da ausência de silêncio

completo. Acreditamos que a presença das professoras que ficaram participando e

auxiliando na organização facilitaram. Deste modo, percebemos que os escolares

prestaram atenção e fizeram ótimas apresentações. Os mediadores também parecem ter

captado a importância de enfatizar a inter-relação saúde e ambiente. E foi possível

perceber a diferença do incentivo para a apresentação do produto. Eles lembravam o que

99

os escolares haviam falado no grupo, sempre resgatando: - e o que isso tem haver com a

saúde?

Fotografia 19: apresentação da Equipe Planeta

A partir do segundo dia na Escola 1, combinamos uma alteração no roteiro

realizando a apresentação dos trabalhos logo após a dinâmica inicial, e depois o jogo, o

que foi mais produtivo, pois esta aconteceu de forma muito melhor, do que quando ao final

do jogo.

No momento da apresentação, temos vários escolares falando ao mesmo tempo

em que a equipe. Fica difícil conseguir que eles ouçam o grupo que está apresentando.

Mesmo assim, a equipe de pesquisadores nota como as apresentações estão boas,

destacando-se um grupo no qual o representante fala de contaminação do solo por pilhas

e baterias, associando a saúde. Foi bem interessante.

Por termos apenas uma hora e trinta minutos não fizemos a apresentação dos

produtos das equipes nos momentos 5 e 6, e acreditamos que este foi um ponto negativo

para aprendizagem. Entendemos que na apresentação aconteceria a fixação do que foi

produzido coletivamente e a troca entre os diversos grupos.

100

Por fim, ao término das apresentações, a dinâmica final tinha como objetivo explicar

a importância da participação de todos para a construção do conhecimento comum, no

entanto não houve tempo disponível no momento 1. No momento 5 a dinâmica final foi a

que obteve mais atenção, pois todos estavam em silêncio para saber a equipe ganhadora.

Quando explicado que todos eram ganhadores, houve vibração.

Na reunião de avaliação com os bolsistas, estes referiram à dificuldade de

conseguir fazer com que os escolares prestassem atenção. Ficaram impressionados com

o retorno positivo da escola 1. Apontaram como grandes dificuldades: à agitação dos

escolares, não cumprimento do contrato de convivência, três turmas para a atividade e a

mudança de ambiente. Como pontos positivos destacaram os fatores da atividade da tarde

do primeiro dia: sala aconchegante e com ar condicionado, duas turmas, possibilidade de

realizar a dinâmica de sensibilização sentados com mobiliário, mesa e cadeira, a presença

das professoras intervindo ativamente, escolares participativos. Afirmaram que gostaram

do Jogo da Associação e falam da dificuldade dos escolares relativa ao jogo. Combinamos

que na próxima escola faríamos com duas turmas em cada momento e usaríamos o jogo

que ainda não foi testado (jogo 3 – imagem e ação ambiental) e o jogo 2 – da Associação

serviria para a dinâmica inicial.

A conversa após ação educativa na escola 1, realizada pela pesquisadora com os

escolares, tinha o objetivo de levantar as impressões dos alunos e retirar dúvidas.

Houveram perguntas se haveria mais brincadeira, os escolares demonstrando terem

gostado bastante da atividade. As professoras afirmaram que gostaram da forma como

foram conduzidas as atividades, tanto a dinâmica como a relação dialógica.

Já na Escola 2, os escolares de 4 turmas receberam a pesquisadora com animação

e vivo interesse em novas atividades. A única proposta que não conseguimos cumprir para

101

a segunda escola foi o número de turmas devido a redução de dois dias de atividade para

um, porém, por ter sido dia de Centro de Estudos o quantitativo de 4 turmas equivaleu a 2.

Nas outras 4 turmas, que também participaram da atividade, os escolares em sua maioria

quase não prestaram atenção ao que é falado e não manifestaram interesse.

6.3. Avaliação da Metodologia Educativa em Saúde Ambiental

6.3.1 Avaliação pela Equipe

Na reunião de avaliação final os mediadores discutiram que sentiram boa diferença

entre os escolares das duas escolas. Na segunda escola os alunos tinham acesso a mais

recursos, como cartazes produzidos com fotos e diversos papéis coloridos, maquetes com

reprodução de diversas músicas (ex.: Garota de Ipanema) e apresentações de danças

ensaiadas ao longo do desenvolvimento do projeto trimestral. Porém, isso também

pareceu fazer com que eles dessem menor valor à atividade. Isso se refletiu para a equipe

de pesquisadores quando observamos os trabalhos nos corredores da escola 2 voltados

para o fechamento do projeto de Bossa Nova da própria escola, e nossos materiais

embora atraentes, foram pensados para se adequar à realidade de uso mínimo de

material.

Como ponto comum nas duas escolas havia nos escolares conteúdos expressos

mecanicamente, mas não traduzidos em vivência. Expressavam conceitos de senso

comum, por exemplo, “não devemos jogar lixo no rio.”. Mas, quando confrontados com o

cotidiano não se observava sua aplicação prática, por exemplo, quando o mediador

pergunta “e como é o rio perto da casa de vocês?”, eles respondem “cheio de lixo”. Nova

pergunta “quem joga o lixo?”, eles respondem “os moradores”. Nos pareceu que falta

reflexão sobre a ação, ou que, eles acreditam que não é possível fazer diferente.

102

Os mediadores ressaltaram como positiva a semana educativa por toda a vivência e

aprendizagem obtidas, porém como ponto negativo, a falta de um dia de atividade na

escola 2.

Interessante destacar que entre todos os nomes sugeridos para as equipes, os

temas geradores, o Planeta e a Água, foram escolhidos em todos os seis momentos,

enquanto Família foi escolhido apenas duas vezes e Animal não foi escolhido.

Isto pode refletir os conteúdos ecológicos mais trabalhados pelas escolas no tema

ambiente. Reforça esse achado o projeto “A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL:

Análise da produção acadêmica (dissertações e teses) - 1ª Fase – Projeto de Pesquisa”

da UNICAMP (FRACALANZA, et. al., 2006) que em seu relatório afirma que, após analisar

a produção na área de Educação Ambiental, encontra de forma privilegiada a prática da

educação ambiental com foco voltado para a ecologia, sendo o ambiente escolar o

prioritário como escolha de campo para a ação.

Dentre as variações ocorridas entre os dois cenários temos na escola 1 o

envolvimento da comunidade escolar (direção, funcionários administrativos, corpo

docente, pais e escolares) parecendo estar sensibilizada com o projeto. Alcançamos a

maioria dos escolares da faixa etária de 08 a 10 anos, no entanto, as mudanças de

espaço para realização da atividade prejudicaram a concentração dos mesmos.

Já na escola 2 temos um bom espaço (auditório) disponibilizado para realização da

atividade e recursos materiais (caixa de som e microfone), porém a comunidade escolar

não pareceu tão envolvida com o projeto, ocorrendo somente um dia de atividade

educativa com os escolares, contemplando menor número de escolares da faixa etária.

As dificuldades encontradas para realização da atividade educativa, em geral, com

os escolares foram: manter a concentração nas atividades até o seu término; cumprimento

103

do contrato de convivência; encontrar escolares que não sabiam ler ou apresentavam

dificuldades para esta habilidade; dificuldade de compreensão das instruções das regras

dos jogos e/ou capacidade de associar algo que está implícito nas atividades; capacidade

e/ou motivação para relacionar as diversas informações com as ações de sua vida; e

conseguir o local adequado para atividade.

Os mediadores relataram como dificuldades para eles a necessidade de adequação

da linguagem acadêmica à compreensão das crianças; o pouco tempo para realização da

atividade; e o grande número de escolares por equipe. A atuação deles melhorou com a

continuidade da atividade demonstrando que a capacitação precisa ser teórica e prática.

As situações avaliadas como favoráveis na aplicação da atividade foram: a

capacitação critica e reflexiva dos mediadores para estabelecimento de uma relação

dialógica; a adoção da abordagem lúdica que envolveu os escolares; a utilização da

problematização na sensibilização inicial; participação das professoras próximas e/ou

ativas no momento da atividade; utilização de espaço adequado; e o menor quantitativo de

escolares por equipe/mediador, o ideal nos pareceu cinco por equipe;

Quanto à temática saúde ambiental foi importante a percepção da escolha natural

como temas geradores dos assuntos mais trabalhados no ambiente escolar: água, ar,

floresta, os quais são voltados para ecologia. A atividade educativa realizada propiciou sua

conexão com o campo da saúde. Identificamos também que inicialmente os escolares

sentiam dificuldade de trazer questões do cotidiano, porém, após algum incentivo falavam

e articulavam com a realidade. Os jogos se mostraram instrumentos poderosos para a

mobilização dos esforços para adquirir o conhecimento sobre a temática.

Uma questão que nos chamou atenção nos produtos realizados pelos escolares foi

comprovar que não escrevem bem, e alguns nem sabem escrever, mas, quando

104

estimulados a desenhar e dialogar (estimulados a acreditar que podem), produzem bem.

Notamos que os desenhos de alguns escolares são voltados para o que sabem como

correto e aceito, porém quando efetuada a mediação na proposta problematizadora e

argumentando pode ou não pode e/ou é faz bem ou mal para saúde e ambiente, os

resultados apresentados são empolgantes, ou seja, acontecem discussões muito

interessantes até relativas à contaminação.

6.3.2 Avaliação das Professoras e Diretoras

Foi realizada uma avaliação da metodologia educativa com os professores das

escolas cenários do estudo, 12 meses após sua aplicação. Neste espaço, apresentamos

as análises das entrevistas com as professoras e diretoras. O roteiro completo está

descrito no anexo 8. Do total de turmas em que foram realizadas as atividades educativas

nas duas escolas, conseguimos entrevistar 10 professoras, que tiveram suas turmas

envolvidas na atividade educativa e 02 professoras membros da direção, uma de cada

escola.

Todas as participantes eram do sexo feminino. As idades variaram de 31 a 59 anos,

com média de 43 anos. Todas tinham formação de nível superior, sendo que duas

referiram 3º grau incompleto e duas são Especialistas (Educação Especial e

Psicopedagogia). Somente duas professoras tinham algum tipo de capacitação na

temática saúde e ambiente, sendo que uma com foco no uso e abuso de drogas. O tempo

de atividade profissional variou entre as participantes de 8 a 30 anos de docência.

105

O entendimento do conceito de Saúde, Ambiente e Educação em Saúde está

descrito no quadro 4. Nos conceitos obtivemos 5 categorias para Saúde, 3 categorias para

Ambiente e 3 categorias para educação em Saúde nas falas das professoras. Estes

conceitos das professoras nos dão base para avaliar o que os escolares já traziam de

conteúdo sobre a temática.

QUADRO 4: Entendimento dos conceitos de Saúde, Ambiente e Educação em Saúde

CONCEITO SAÚDE AMBIENTE EDUCAÇÃO EM SAÚDEA) Ausência de doenças – 1 profa.

A) Ambiente (Natureza e preservação - compartimentalizado) – 4 profas.

A) Educação para saúde – 5 profas

B) Conceito OMS – 3 profas

B) Ambiente (visão socioambiental) – 5 profas.

B) interligação de conceitos saúde, ambiente e educação em saúde – 4 profas.

C) interligação de conceitos saúde, ambiente e educação em saúde .- 3 profas.

C) interligação de conceitos saúde, ambiente e educação em saúde – 3 profas

C) não responderam (diretamente) – 3 profas.

D) conceito amplo, diversos determinantes interferem na saúde. – 2 profas.E) o que ensina ou falta de conhecimento nas crianças – 3 profas.

Como podemos visualizar neste quadro, apenas uma docente entende o saúde

enquanto ausência de doença, segundo sua fala.

A visão de saúde segundo o conceito da OMS é expressa na fala de três

entrevistadas, mostrando identificação com o PCN da temática saúde onde o conceito

utilizado é o da OMS.

106

As representantes da quarta categoria já conseguem trazer nas falas a questão dos

determinantes da saúde. Essa visão da professora se reforça na observação da turma,

nas conversas da semana educativa e se reflete positivamente nos produtos dos

escolares.

Na última categoria as entrevistadas falam dos conteúdos que devem ensinar,

como exemplo da preocupação e da responsabilidade que acabam tendo que assumir

com ou pela família. Neste aspecto conceitual percebemos quanto o conceito da OMS

permeia a concepção de saúde das professoras.

Pode-se observar no quadro que 04 professoras apresentaram uma visão

naturalista de ambiente. Esta representação do entendimento do ambiente enquanto

apenas meio natural leva ao tratamento de maneira fragmentada das questões

ambientais, normalmente voltadas para a preservação.

A maioria das professoras se enquadra na primeira categoria, que entendem

Educação para a Saúde, conforme o PCN, destacando os objetivos de conscientizar os

alunos para o direito à saúde, sensibilizá-los para a busca permanente da compreensão

de seus determinantes e capacitá-los para a utilização de medidas práticas de promoção,

proteção e recuperação da saúde ao seu alcance (PCN, 1998).

Concordamos com Tambelini e Câmara (1998) que apontam como importante,

dentre outras, as ações que promovam o desenvolvimento de programas de educação

ambiental voltados para a saúde.

Ressaltamos que os produtos dos escolares trazem a marca da aprendizagem em

sala de aula com as professoras. Os produtos que acreditamos de melhor qualidade são

das turmas em que as professoras trazem a conceituação de saúde ampliada e pensando

o ambiente na visão socioambiental. A turma com maior dificuldade apresentada na tarefa

107

tem a professora que conceitua saúde como ausência de doença e ambiente na visão

compartimentada. Enfatizamos que diversos outros fatores contribuem para os resultados,

porém essa avaliação reforça a importância de incorporar as professoras nas atividades

da semana educativa.

6.3.3 Convergências e divergências da temática saúde e ambiente nos cenários

Dentre as situações convergentes temos nas duas escolas: escolares que não

sabem ler ou com dificuldade para leitura e um sofrimento dos docentes em relação a esta

situação.

Neste sentido, relativo à formação do aluno, decorre naturalmente da posição

singular do professor (entre outros, como: familiares, amigos...). Na escola ambiente de

formação o professor é a figura de valor. Sendo o aluno um sujeito em formação e o

professor, uma figura psicologicamente mais amadurecida e culturalmente valorizada, é

natural que exerça influências sobre os seus jovens interlocutores. Neste sentido, é

importante destacar alguns aspectos de influência natural do professor sobre seus alunos.

Apenas mencionamos dois. A conduta do professor em relação ao aluno influencia

fortemente o conceito que este aluno faz de si mesmo. De fato, os sentimentos que um

aluno tem sobre si mesmo dependem, em grande parte, dos comportamentos que percebe

que o professor mantém em relação a ele. Assim, uma atitude continuada e consistente de

alta expectativa sobre o êxito de um aluno potencializa sua confiança em si mesmo, reduz

a ansiedade diante do fracasso e facilita resultados positivos. Pelo contrário, uma atitude

108

de desconfiança a respeito das capacidades do aluno, ou até de surpresa diante de seu

sucesso, fomenta insegurança e reduz as possibilidades de enfrentar os problemas,

criando no aluno um sentimento e uma tendência prognóstica de incapacidade e de

fracasso. Desta forma, as expectativas do professor em relação ao aluno tendem a se

transformar em profecias. O aluno tende a formar o conceito de si mesmo a partir do

autoconceito do professor. Aqueles professores que possuem sentimentos positivos a

respeito de si mesmos tendem a aceitar os outros com mais facilidade. O professor com

um elevado sentimento de eficácia, segurança em suas ações e pouca ansiedade,

fomenta nos alunos o desenvolvimento de percepções positivas a respeito de si mesmos e

de seus colegas. Tanto as atitudes que mantém com os alunos, quanto à imagem geral

que passa para os mesmos, têm um impacto sobre o autoconceito e desempenho deles

(BRASIL, 2002b).

Em relação às divergências temos especialmente o fato de uma escola não ter o

PPP em 2008 e em 2009 ter sido realizado, porém o projeto não parece contribuir no

relativo a temática saúde e ambiente. Na escola que tem o PPP, aparece nas falas das

professoras que houve uma melhora na articulação saúde e ambiente. E o projeto tem

como título “tudo que você faz conta”, dando exatamente esse sentido de inter-relação

socioambiental e para a saúde.

6.3.4 Avaliação dos resultados da Atividade Educativa

Os relatos evidenciaram que a grande maioria das entrevistadas (nove) aprovaram

a metodologia educativa. Afirmaram que gostaram da forma como foi trabalhada a

temática, especialmente o aspecto lúdico, dinâmico, participativo, bem planejado, com

envolvimento da equipe de pesquisadores, que motivou os escolares que gostaram e

109

comentaram em sala. Dentre essas, duas ressaltaram como positiva a parceria com a

escola. Outras duas informaram dificuldade de lembrar, por já ter se passado um ano e

por elas não estarem no momento da atividade, mesmo assim afirmaram que a atividade

foi positiva pelo entusiasmo dos alunos nas salas de aula. Ainda ressaltaram a

possibilidade de outra pessoa estar falando coisas que eles afirmam em sala como

importante porém, sem a cobrança do conteúdo específico, e também o encadeamento

das questão da saúde ambiental que possibilitou a retirada de diversas dúvidas,

especialmente com a aproximação do vivenciado no cotidiano.

Os pontos negativos levantados na avaliação, apesar de apresentados em menor

grau do que os positivos, contemplaram diversos aspectos interessantes do processo. São

destacados a presença de muitas crianças, o espaço pequeno para o número de

escolares, a restrição da atividade a uma faixa etária da escola, a freqüência flutuante dos

escolares durante a semana, e o dia da atividade lúdica ter coincidido com o dia de centro

de estudos.

Algumas entrevistadas avaliaram todas as etapas do subprojeto citando como

pontos negativos a dificuldade para conseguir a presença dos pais no primeiro momento

anterior a oficina, e o intervalo considerado grande entre as atividades.

Uma professora trouxe como ponto negativo algo muito significativo relativo a

resultados pautados em competências, pois informa que os escolares não mudaram muito

o comportamento depois da atividade. Afirma que falam, e a distancia entre o que é

“falado” e o que é “feito” permaneceu grande. E deixa como proposta iniciar com as

crianças das séries iniciais afirmando que eles fixam mais.

Consideramos que avaliação remota reforçou e identificou pontos congruentes em

relação aos pressupostos do trabalho e as questões que refletiram as dificuldades

110

assinaladas pela equipe nas reuniões avaliativas. Importante salientar, que os

pressupostos foram positivos para a realidade estudada e na avaliação remota,

encontramos nas respostas a expectativa de uma continuidade de atividades em parceria

entre a escola e profissionais de saúde.

6.4 (Re)Projetando a Metodologia Educativa

O desenvolvimento da metodologia e sua avaliação nos possibilitou reorganizar as

atividades educativas para sua replicação em outros momentos:

• Ampliar a capacitação dos mediadores para que aconteça uma etapa preparatória

que possa abarcar os professores;

• Propiciar o desenvolvimento das atividades dentro do projeto da escola, sendo

proposta como culminância do projeto saúde e ambiente, a semana educativa –

com abordagem lúdica e participação dos profissionais da educação e de

profissionais da saúde;

• Favorecer a participação dos profissionais de saúde na escola através da Atenção

Básica e/ou Estratégia de Saúde da Família.

Neste sentido, como forma de facilitar a abordagem interdisciplinar da temática

saúde e ambiente, nessa parceria educação e saúde, o Programa Saúde na Escola (PSE)

(ME e MS, 2007) possibilita e incentiva ações deste porte. O PSE permite aos grupos de

trabalhos envolvidos atuarem com ampliação de temas além dos explicitados no

programa.

111

Entendemos que a metodologia educativa aqui desenvolvida e descrita, orientou

uma forma de aproximação com as escolas e profissionais de saúde, tendo motivado os

escolares a vivência com a temática saúde e ambiente, mesmo desenvolvida em tempo

menor que os projetos desenvolvidos dentro do PPP das escolas.

112

Fonte: Dados da pesquisa, 2008.

“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós,

Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.”

Antoine de Saint-Exupery

7. CONCLUSÃO

113

O desenvolvimento deste estudo possibilitou a preparação do conteúdo teórico,

metodológico e pedagógico da Oficina Lúdica de Educação em Saúde Ambiental, através

da descrição de todas as etapas. A atividade educativa criada e aplicada aos escolares de

8 a 10 anos, de duas escolas do município do Rio de Janeiro, se mostrou uma estratégia

interessante para a sensibilização da população infantil na temática saúde e ambiente.

Destaca-se o envolvimento entre os mediadores e escolares como facilitador das reflexões

realizadas.

Consideramos o conteúdo apresentado abrangente, com uma abordagem onde o

ser humano está inserido e modifica, e é modificado, pela interação com o ambiente.

Desta forma, a atividade educativa trabalhou conteúdos do cotidiano, possibilitando um

novo olhar sobre a realidade que cerca os escolares, levando-os a repensar sobre o que já

traziam de conhecimento no tema, e motivados a avaliar suas atitudes e situações da

organização diária. A forma participativa e lúdica de desenvolvimento da oficina tornou o

processo atrativo aos participantes.

Um dos desafios enfrentados foi o de entrar na dinâmica do cotidiano escolar, o que

ora favoreceu a pesquisa, e ora dificultou o processo. Em uma das escolas o envolvimento

ocorreu de forma impressionante, todos as propostas foram pensadas e propostas em

parceria. Na outra escola alguns momentos foram difíceis, pois as propostas eram

exclusivas da equipe e a participação da escola foi com a organização da oficina, sem

maior envolvimento da comunidade escolar.

Percebeu-se a importância da proposta da Oficina Lúdica de Educação em Saúde

Ambiental para facilitar a sensibilização (o processo ensino-aprendizagem), pois os alunos

114

participaram ativamente. Todo o processo transcorreu em um clima muito divertido, com

os escolares trazendo suas vivencias e aprendendo conteúdos e conceitos na dinâmica

inicial, reforçando isto através da conexão da temática na atividade de jogo. Com isso as

atividades transcorreram com expressões diversas (integração com grupo, desenho,

cognitiva, lúdica) que além do aprendizado, contribuiu também para que o aluno utilizasse

e reconhecesse o seu valor, como sujeito participativo do processo. É possível que, se a

oficina fomentasse apenas o meio da escrita e leitura num cenário onde uma parte dos

escolares (de 3º e 4º ciclo – antiga segunda e terceira series) ainda tem dificuldades para

ler e escrever, o resultado fosse diferente.

A concepção pedagógica com base nos referenciais de Paulo Freire e Vygotsky

favoreceram ao diálogo reflexivo sobre a temática saúde ambiental, valorizando o

cotidiano e o vivido pelos participantes.

O desenvolvimento de uma etapa de capacitação com os mediadores demonstrou-

se importante para a criação da atividade educativa. Por haver diversos profissionais na

pesquisa foi evidenciado que a complexidade da temática se enriquece com os diversos

olhares e experiência sobre o processo.

Este estudo atingiu o objetivo proposto que era verificar se a incorporação de uma

metodologia de informação e reflexão crítica – com abordagem lúdica - sobre as relações

entre saúde e ambiente, específica para crianças podia fazer diferença no processo ensino-

aprendizagem. Por meio das atividades realizadas e da observação do comportamento

dos escolares e da avaliação das professoras, foi possível perceber que realmente as

crianças interagem e mostram mais vontade em participar quando estão “brincando” e

essa estratégia possibilita a aquisição de competências nos escolares.

115

Observamos que a aplicação da metodologia educativa, através de jogos e

dinâmicas, demonstra que é uma ferramenta da quais os educadores/ profissionais de

saúde - educadores em saúde devem fazer uso no dia-a-dia escolar, pois os avanços

apresentados pela sensibilização dos alunos pesquisados após sua utilização foram

relevantes.

Avaliamos como positiva a construção e aplicação da atividade educativa, pela

solicitação dos escolares e professores da continuidade das Semanas Educativas em

Saúde Ambiental nas escolas.

Desta forma, programas ou propostas de Educação em Saúde visando a Promoção

da Saúde Ambiental, podem ser realizados por atores da Atenção Primária em Saúde, da

Atenção Primária Ambiental, da Vigilância em Saúde Ambiental. Podendo acontecer

através de capacitação dos profissionais da Estratégia de Saúde da Família, Programa de

Agentes Comunitários de Saúde, e/ou de Educadores Ambientais (professores), sendo

voltados para a integração saúde e ambiente e podem ser meio para a transformação da

atuação e entendimento do contexto de saúde num dado território.

Vale destacar, que a continuidade e permanência do desenvolvimento de projetos

de Educação Ambiental voltados para Saúde (Saúde Ambiental) nas escolas, visa não só

a formação da cidadania ambiental dos educandos, mas também que as comunidades no

entorno das escolas visualizem as mesmas, como instituições promotoras de saúde, que

podem ser mediadoras e atuantes em conjunto com os profissionais da atenção básica,

em prol de melhorias de sua qualidade de vida.

Finalmente, consideramos que o produto deste estudo, a Oficina Lúdica em Saúde

Ambiental, tem condições de ser replicada aos escolares e como ganho secundário ser

adequada para capacitação dos profissionais da Educação e da Atenção Básica, para

116

ampla aplicação no cenário escolar. Ressalte-se que o território deve ser o norteador do

aprimoramento das características da metodologia e conseqüentemente, trazendo os

escolares para participar ativamente do processo e da forma que eles naturalmente se

interessam, forma lúdica, possibilita que a Educação Ambiental voltada para saúde

incorpore uma prática promoção da saúde.

117

“Se não houver frutos, valeu a beleza das flores.

Se não houver flores, valeu a sombra das folhas.

Se não houver folhas, valeu a intenção da semente.”

Henfil

REFERÊNCIAS

118

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124

“Talvez não tenhamos conseguido fazer o melhor, mas lutamos para que o melhor fosse feito (...) não somos o que deveríamos ser, não somos o que iremos ser.

125

Mas, graças a Deus, não somos o que éramos.”Martin Luther King

ANEXOSANEXO 1: TERMO DE CONSENTIMENTO

Subsistema de Monitoramento de Populações Expostas a Substâncias Químicas

Subprojeto Piloto com Crianças Escolares

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Seu filho/filha, ou criança sob sua responsabilidade, está convidado(a) a participar do projeto SUBSISTEMA DE MONITORAMENTO DE POPULAÇÕES EXPOSTAS A SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS. SUBPROJETO PILOTO COM CRIANÇAS ESCOLARES. As informações sobre os objetivos, equipe responsável e execução deste projeto estão descritas abaixo. Caso o senhor / senhora, responsável pela criança convidada, ao final da leitura deste documento, sentir-se esclarecido quanto a este projeto, por favor, assine este Termo de Consentimento.

A qualquer momento, os pesquisadores responsáveis poderão ser acionados e estarão disponíveis para novos esclarecimentos, podendo ser contatados através dos telefones: 25989328, 25989271 e 25989777.

A qualquer momento, o senhor / senhora poderá recusar a participação neste projeto e contatar o Comitê de Pesquisa do IESC através do telefone: (21) 25989328.

1. O objetivo deste subprojeto é avaliar a exposição de crianças escolares residentes no Município do Rio de Janeiro às substâncias químicas selecionadas (metais e agrotóxicos), sendo coordenado pela Enfermeira Maria Isabel de F. Filhote, Dr. Armando Meyer e pela Dra. Carmen Ildes R. Fróes Asmus do IESC / UFRJ.

2. Para cumprir este objetivo serão coletadas amostras de sangue e unha. A coleta destas amostras será realizada por alunos de graduação da Faculdade de Medicina, sob a coordenação das professoras Maria Isabel e Carmen, na escola durante o horário escolar.

3. Antes da coleta do material, será apresentado ao senhor / senhora, responsável pela criança, um questionário (em anexo) com perguntas sobre tempo de residência no Município do Rio de Janeiro (há pelo menos um ano), possíveis exposições ambientais e ocupacionais a estas substâncias químicas, hábitos pessoais como tipo de alimentação e origem da água de beber dentre outros, que vão auxiliar na análise e interpretação dos resultados.

4. Com antecedência de 1 mês, serão realizadas na escola reuniões com o senhor / senhora, responsáveis legais das crianças escolares selecionadas, para informação e esclarecimento quanto ao projeto. Paralelamente, gostaríamos de realizar atividades

126

educativas com as crianças, responsáveis e professores, para informações quanto aos efeitos sobre a saúde humana da poluição ambiental por substâncias químicas, em data a ser definida de comum acordo.

5. Caso seu filho/a se recuse a realizar a coleta do sangue, ou da unha, o senhor / senhora será contatado e discutido o caso com o senhor / senhora.

6. As identidades das crianças e familiares envolvidos serão mantidas sob a guarda exclusiva da equipe de pesquisa. Não obstante, a divulgação dos resultados da pesquisa deverá ser pública e, em primeiro lugar, endereçada aos pais, responsáveis e crianças avaliadas pela pesquisa.

7. Será marcada uma data para entrega individual dos resultados, pelos pesquisadores responsáveis por este projeto, de comum acordo com a direção da escola, quando será esclarecido o significado destes resultados e feitas às orientações necessárias. Caso seja detectada alguma anormalidade, seu (sua) filho (a) será encaminhado (a) para avaliação médica, no Programa de Saúde Escolar de sua escola ou no Centro de Saúde de referência, de acordo com a sua concordância.

1. O nome do (a) meu (minha) filho (a) é:Nome do pai / mãe ou responsável legal:Identidade:Assinatura do pesquisador responsável:

Rio de Janeiro, de de 2008 .

127

ANEXO 2: ROTEIRO DA OFICINA LÚDICA EM SAÚDE AMBIENTAL

ATIVIDADES:A Oficina Lúdica será realizada através de:

• Dinâmicas: de apresentação, formação com introdução de conceitos e de finalização.

• Jogos: Corrida da Coleta Seletiva, Jogo da Associação, Imagem e Ação Ambiental.

DURAÇÃO TOTAL: 2 HORASEQUIPES: 10 ALUNOS (no máximo) PARA 1 MODERADOR.

1ª. ATIVIDADE: DINÂMICA INICIAL/APRESENTAÇÃO Tempo: 10 minutos1. Explicação do projeto, nossa apresentação.2. Elaboração do contrato de convivência.(Combinar o que podemos fazer e não podemos fazer no grupo durante a atividade)

2ª. ATIVIDADE : DIVISÃO DAS EQUIPES Tempo: 20 minutos

Cada equipe de 10 alunos contará com um moderador (acadêmicos de medicina)1. Identificar as crianças2. Escolha do nome da equipe3. Escolha dos Representantes (1 líder + 2 auxiliares)

Sugestões de Nomes para as Equipes:1 – Natureza, 2- Água, 3- Floresta, 4 – Ar, 5 – Solo/Terra, 6 – Escola, 7 – Comunidade, 8- Trabalho, 9 – Família, 10- Animal, 11- Planeta, 12 – Saúde, 13- Cidade, 14 - Reciclagem.

3ª ATIVIDADE : DINÂMICA DE SENSIBILIZAÇÃO:INTRODUZINDO CONCEITOS Tempo: 30 minutos1. Objetivos • Geral:

– Discutir com as crianças a problemática ambiental e seus efeitos sobre a saúde humana.

• Específicos: – Levantar o conhecimento das crianças acerca da temática

saúde/ambiente/trabalho,

128

– Identificar os fatores de risco relativos aos estilos de vida adotados,– Socializar conceitos básicos de Ambiente, Saúde e Trabalho.

2. Material: papel para desenhar, lápis cera, canetinha colorida, papel pardo.3. Metodologia:

a. Será realizada uma técnica de colagem nos diversos grupos.b. Cada equipe deverá ser estimulada a refletir sobre a temática: ambiente,

saúde, riscos ambientais, poluição X contaminação, lixo, prevenção e preservação.

Para iniciar o trabalho, sugerimos que se comece estimulando os alunos a tentarem lembrar e expressar a leitura que fazem do cotidiano nos ambientes em que vivem e se divertem, ex.: a casa, a escola, a igreja, os locais de trabalho dos pais e de lazer, a cidade. Nossa intenção é que os alunos falem do vivido e do observado, aprendendo a realizar a construção do conhecimento como fruto também de suas vivências individuais e coletivas, em constante transformação. E, desta forma, motivá-los a escrever o que já trazem de conceitos.1. Perguntar o que é o nome do grupo? O que entende? Como está a Natureza ou

Escola (de acordo com o tema gerador)? O que vê? Sente algum cheiro? Ouve alguma coisa a respeito?

2. Pedir para desenhar.

Falar do Ambiente: é o conjunto de tudo aquilo que existe em torno de nós.No ambiente, existe seres que têm vida e seres que não tem vida.Relacionar: seres vivos e não vivos como dependentes entre si.O homem nem sempre utiliza com consciência os recursos que a natureza oferece. Muitos homens destroem os recursos naturais sem se importar com as conseqüências para sua própria vida. Fazem desmatamentos e queimadas. Matam animais para aproveitar um pedaço de pele. Contaminam o ar que respiram e a água que bebem. Contaminam o solo/terra que pisam e que usam para plantar seus próprios alimentos. Cada um de nós como bom cidadão não faz isso. Preservamos a natureza e a nossa própria vida.Contaminação: quando contém micróbios ou coisas que podem causar doenças.Transformação dos recursos naturais (processo produtivo).Perguntar o que os pais fazem e trazer exemplos do cotidiano, que eles usam para alimentação, limpeza e higiene.

4ª ATIVIDADE: JOGOS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE AMBIENTAL. Tempo: 50 minutos

5ª ATIVIDADE: FINALIZAÇÃO. Tempo: 10 minutos

129

ANEXO 3: DESCRIÇÃO DOS JOGOS

JOGO 1: Corrida da Coleta seletiva:

Componentes: Jogo composto de material para circuito (cordas, pneus, cones – todos os materiais que proporcionem atividade física) materiais recicláveis e recipientes para coleta seletiva.Participantes: de 2 a 10 grupos.Início as equipes em ordem de sorteio ou ordenação desejada.Regra: cada equipe deve pegar um material reciclável fazer o percurso do circuito e depositar o material no latão específico (papel, metal, vidro e plástico). Cada equipe fará o circuito e será contado o tempo.Final do jogo: Duas possibilidades: 1ª – de acordo com tempo e 2ª – por fim do material.Vencedores: Equipe que realizar a prova em menor tempo – tendo acertado o material no local correto.Objetivos: trabalhar o conteúdo da coleta seletiva na tentativa de mobilizá-los para a prática da ação por meio da realização de forma lúdica os recipientes corretos para a coleta seletiva e, assim na continuidade poder levar essa atitude para a vida.

JOGO 2: Associação Saúde e Ambiente

Componentes: Jogo confeccionado com palavra ou frase e figura para associar. Feito em EVA. e as figuras retiradas de revistas. No total 16 associações (32 fichas), destas havia 5 azul, 4 laranja, 6 amarela e 1 branca. Todas as associações têm valor idêntico para pontuação.Participantes: de 2 a 10 gruposRegra para início: sorteio com o dado (soma de duas jogadas) para ver equipe que começa. Continua em sentido horário a partir da primeira. Jogo: Cada equipe deve escolher uma peça e tentar encontrar a associação. Só pode virar duas fichas por vez. Conseguindo associação ganha um ponto para equipe. Cada equipe pode realizar uma associação por rodada.Final do Jogo: o jogo pode terminar de duas maneiras. Primeira por atingir a totalidade de associações e a segunda por tempo, onde ao termino do tempo são contadas as pontuações das equipes.Vencedores: equipe com maior pontuação.Objetivos:Exercitar a memorização a partir da visualização de imagens e instigar curiosidade e a observação.

130

JOGO 3: Imagem e Ação Ambiental

Participantes: 2 a 10 equipes.Regra para início: sorteio com o dado (soma de duas jogadas) para ver equipe que começa. Continua em sentido horário a partir da primeira. Jogo: será jogado o dado para que o participante saiba o que irá ser realizado. As atividades ficam divididas em: números 1 e 4 – Perguntas Múltipla escolha; 2 e 5 – Antônimos ou Sinônimos e 3 e 6 – Mímicas.A equipe escolhe alguém para realizar a atividade sorteada. Na mímica o componente da equipe fará a mímica sem poder falar ou desenhar, apenas por gestos para a equipe acertar a situação. Nos outros itens o componente poderá pedir ajuda da equipe para responder. Pode levar até 90 segundos para dar resposta. E 120 segundos para realização da mímica. Pontua a equipe que acertar as respostas.Final do Jogo: Poder ser por tempo ou por total de 05 pontos.Orientação ao organizador da atividade: as atividades são escolhidas por ordem crescente. Assim, na primeira jogada mímica 1, na próxima vez que sair será a 2. Objetivos: Desenvolver a expressão corporal, conhecimento de conceitos e impactos causados pela ação humana.

131

ANEXO 4: JOGO 3

PERGUNTAS

1 - QUAL A SITUAÇÃO QUE DEMONSTRA UM PREJUÍZO AO AMBIENTE?A) LIXO JOGADO PELO PARQUEB) CRIANÇA NADANDO NO RIO COM ÁGUA LIMPA

2 - O HOMEM MODIFICA OS SERES BRUTOS (SEM VIDA) PARA USAR NA:A) NA CONSTRUÇÃO DE CASASB) NA ALIMENTAÇÃO

3 - QUAL A SITUAÇÃO É BOA PARA SAÚDE?A) MANTER O QUINTAL LIMPOB) COMER FRUTAS SEM LAVAR

4 - ONDE O AR ESTÁ MAIS PURO?A) PERTO DE INDÚSTRIAS COM FUMAÇA SENDO LIBERADA PELA CHAMINÉB) PERTO DE INDÚSTRIA COM FILTROS DE AR

5 - COMO A NATUREZA AJUDA O HOMEM?A) FLORESTAB) TERREMOTOS

6 - É UMA PAISAGEM NATURAL:A) MONTANHAB) PRÉDIO

7 - NA COLETA SELETIVA FAZEMOS:A) MISTURA DO LIXOB) SEPARAÇÃO PARA RECICLAVEM

8 - AMBIENTE SAUDÁVEL É:A) COM LUGARES CHEIOS DE CONTAMINAÇÃOB) COM ESCOLAS, CASAS, TRABALHOS SAUDÁVEIS

9 - SÃO CUIDADOS DE HIGIENE:

132

A) CORTAR E MANTER AS UNHAS LIMPASB) DEIXAR DE ESCOVAR OS DENTES

10- QUAL DAS ATITUDES AJUDA A CONSERVAR O AMBIENTE SAUDÁVEL?A) PLANTAR ÁRVORESB) CORTAR ÁRVORES

Complete as frases:11 - A) AS PLANTAS E OS ANIMAIS SÃO EXEMPLOS DE SERES ___________.12 - B) O AR, A ÁGUA E O SOLO SÃO EXEMPLOS DE ELEMENTOS ___________.13 - CLASSIFIQUE EM SERES VIVOS E ELEMENTOS NÃO-VIVOS:ÁGUA – PEIXES – SOLO – ROCHAS – PÁSSAROS – LUZ – AR – PLANTAS

ANTÔNIMOS

1 - AR CONTAMINADO – AR PURO

2 - RIO CONTAMINADO – RIO LIMPO

3 - FLORESTA PRESERVADA – FLORESTA DEGRADADA

4 - DESPERDÍCIO DE ÁGUA – ECONÔMIA DE ÁGUA

5 - PRAÇA SUJA – PRAÇA LIMPA

6 - LIXO MISTURADO – COLETA SELETIVA

7 - ALIMENTO COM AGROTÓXICO – ALIMENTO ORGÂNICO

8 - MATERIAS NÃO-DEGRADÁVEIS – MATERIAIS BIODEGRADÁVEIS

9 - AMBIENTE CONTAMINADO – AMBIENTE SAUDÁVEL

10 - DESTRUIR O AMBIENTE – PRESERVAR O AMBIENTE

11 - ATRAPALHAR O AMIGO - AJUDAR O AMIGO

12 - SOM ALTO – SOM BAIXO

13 - COMER MUITO – COMER POUCO

14 - ALIMENTOS DIFERENTES – ALIMENTOS IGUAIS

15 - MUITA PRODUÇÃO DE LIXO – POUCA PRODUÇÃO DE LIXO

133

16 - DESMATAMENTO – REFLORESTAMENTO

17 - RECURSOS NATURAIS INFINITOS – RECURSOS NATURAIS FINITOS

18 - ESGOTO SEM TRATAMENTO – ESGOTO TRATADO

19 - DEGRADAÇÃO DA NATUREZA – CONSERVAÇÃO DA NATUREZA

SINÔNIMOS

1 - INSETICIDAS – PESTICIDAS – DEFENSIVOS AGRÍCOLAS

2 - LIXO RECICLÁVEL – MATERIAL RECICLÁVEL – RESÍDUOS SÓLIDOS RECICLÁVEIS

3 - MATERIAIS BIODEGRADÁVEIS – MATERIAIS QUE A NATUREZA TRANSFORMA

4 - ALIMENTO CONTAMINADO – ALIMENTO QUE FAZ MAL A SAÚDE – ALIMENTO ESTRAGADO

5 - SUBSTÂNCIA TÓXICA – VENENO

6 - CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL - LIXÃO

7 - AMBIENTE SAUDÁVEL – AMBIENTE LIMPO – AMBIENTE SEGURO – AMBIENTE BOM PARA VIVER

8 - COMUNIDADE – GRUPO – SOCIEDADE

9 - MATÉRIA-PRIMA – ELEMENTOS DA NATUREZA

10 - AR PURO – AR LIMPO – AR SAUDÁVEL

11 - COLETA SELETIVA – LIXO SEPARADO POR MATERIAIS QUE PODEM SER RECICLADOS.

12 - CUIDADOS DE HIGIENE – CUIDADOS COM O CORPO

13 - ECOSSISTEMA – MEIO AMBIENTE

14 - ÁREA COM PLANTAS - COBERTURA VEGETAL

MÍMICAS

134

1 - SEPARANDO MATERIAL PARA COLETA SELETIVA

2 - LAVANDO e COMENDO FRUTAS

3 - ESTUDANDO

4 - BRINCANDO DE BOLA

5 - FUMAÇA POLUÍDA DOS CARROS

6 - LIMPANDO A CASA

7 - CHUVA

8 - ENCHENTE

9 - VARENDO A RUA

10- TOMANDO BANHO

11 - ESCOVANDO OS DENTES

12 - AJUNDANDO IDOSOS

13 - LAVANDO AS MÃOS

14 - CUIDANDO DOS ANIMAIS

15 - CUIDANDO DE CRIANÇAS

16 - PLANTANDO ÁRVORE

17 - PEDREIRO TRABALHANDO

18 - MECÂNICO TRABALHANDO

19 - PROFESSOR TRABALHANDO

20 - MOTORISTA TRABALHANDO

135

ANEXO 5:ROTEIRO RELATÓRIO FACILITADORES (BOLSISTAS)

Descrever a atividade: o que fizeram, o tema, mudanças, pontos positivos e negativos; o

comportamento das crianças (atentos, participativos, entendem, ou não), falas

interessantes e avaliação de vocês.

Algumas questões que podem auxiliar:

O que foi realizado?

Atenção das crianças durante a atividade?

Interesse das crianças em participar da oficina lúdica ?

Criatividade das crianças na realização da dinâmica inicial?

A socialização e divisão dos materiais?

O respeito com os monitores e colegas?

A construção foi pertinente ao tema?

A descrição da atividade pelas crianças?

A construção coletiva das crianças foi apresentada?

O relacionamento com os colegas durante a atividade?

136

As atividades atenderam as expectativas das crianças?

ANEXO 6: DIÁRIO DE CAMPO

ESCOLA 1:

1º DIA:MANHÃ

Apresentação aos escolares. Boa recepção pela direção para início das atividades

com escolares. A vice-diretora vai as salas com a pesquisadora para informar da atividade

que aconteceria durante a semana. Nas turmas são realizadas as apresentações,

conversa com escolares e professoras, e motivar para participação nas atividades da

semana. Durante este momento a maioria das professoras permanece na sala. O que

facilita para a manter a turma quieta para essa conversa. Na maioria das turmas há

crianças que não sabem ler, somente uma turma contém os melhores alunos da escola e

todos sabem ler. Os escolares gostam da proposta, nesse momento a pesquisadora pôde

conhecer um pouco o perfil das turmas que participarão da oficina. O tempo em cada

turma varia de vinte a trinta minutos. O procedimento é realizado no período da manhã e

da tarde. Na conversa informal com as professoras a pesquisadora pergunta quanto à

forma como está sendo abordada a temática e elas dizem aprovar, afirmam que está

adequado ao esperado para o aprendizado nessa faixa etária.

Turma 1: antiga terceira serie,

2 º DIA

MANHÃ

137

Começamos a atividade com um pouco de atraso. As turmas demoram a serem

liberadas. A escola encontra-se em obra, está sendo realizada reforma no local escolhido

inicialmente pela equipe para a realização da atividade. Uma grande sala onde ocorreu à

reunião com os pais. Assim, tivemos que escolher entre o pátio interno (coberto), porém

próximo aos outros alunos durante o recreio ou a quadra (sem cobertura), mas que só

estaria a equipe de pesquisadores com os escolares. Desta forma, acreditando que este

espaço seria propício para a realização da atividade e que seria mais tranqüilo em relação

a interferências externas para a condução das oficinas optamos pela quadra. Quando

chegamos encontramos o local sujo, com lixo que parecia ter sido jogado pelos próprios

alunos, copos de guaraná, sacos de biscoitos diversos, papéis e tentamos varrer mais o

vento espalhava tudo. Participaram 3 turmas do terceiro ano (antiga segunda série) desse

momento. Começamos dividindo as equipes (contando nove participantes e orientando

para ficar com um monitor). Após este momento passamos para a montagem do contrato

de convivência. Momento onde combinamos com os escolares o que podia ou não ser

feito durante a atividade. Estimulamos a dizer coisas que podiam ser feitas e eles falam:

respeitar, ajudar, torcer, aplaudir. As coisas que não podem ser feitas são: brigar, xingar,

bater, falar palavrão, ... Eles começam a falar e se agitam eles mesmos dizem está escrito

que não pode. Muito difícil conter tanta euforia, os escolares acabam se espalhando pela

grande quadra, somado com o calor do sol, são diversos fatores interferentes. Mesmo

assim, os monitores fazem de tudo para efetivação da primeira etapa que é a

sensibilização. Cada equipe escolhe um nome e este nome serve como tema gerador para

os conceitos de saúde e ambiente. Assim, por exemplo à equipe ar começa a perguntar se

o ar pode fazer mal a saúde, como? E os escolares respondem e são motivados a

desenhar e escrever sobre isso que falaram. Três pessoas ficam responsáveis por

organizar o tempo e por dividir materiais e dar apoio as equipes que no que precisavam.

Após manter as equipes na atividade, observo que as professoras se encontram a

distância me aproximo delas para dizer que podem ficar mais perto e participar ativamente

do processo e elas dizem que preferem ficar observando. E falam do quanto depositam a

confiança no projeto. Elas se sentem responsabilizadas pelas dificuldades enfrentadas no

cotidiano escolar e entendem que os profissionais de saúde podem fazer mais que elas. A

conversa é mais ou menos assim, aquele aluno ali (aponta um) tem algum problema

138

visível de retardo é uma dificuldade, mal consegue falar. Presta atenção nele que ele deve

dar trabalho. Nós da educação não podemos fazer nada, vocês podem. Vocês podem dar

um diagnóstico e a família aceita. Nós ensinamos passamos o ano inteiro e nada e ainda

somos as culpadas. Quando achamos que a criança tem algo precisamos ter todo o jeito

para fazer o encaminhamento e a família não leva. Esperamos que o projeto continue. E

queremos saber o resultado. Pergunto o que estão achando da oficina elas dizem que

está bem adequada para faixa etária. Participativa e gostam do modo como está sendo

conduzida. Volto para incentivar acelerar na finalização dos produtos das equipes.

Ordenamos as equipes e realizamos uma demonstração que era para ser realizado na

corrida da coleta seletiva. Ainda durante a explicação mal dava para entender o que

estava sendo feito. Os escolares começaram a se agitar precisamos explicar e pedir

silêncio varias vezes. Solicitamos a intervenção dos monitores que fizeram o possível para

manter suas equipes nas filas. O calor e o tempo que já havia decorrido, mais uma hora

de atividade, levavam a natural mobilização das crianças, o que nos impressionou foi a

tamanha agitação. Consideramos que foi muito, alem do que esperávamos e somado a

falta de cumprimento do combinado no contrato de convivência, que havia sido

combinado. Eles se dispersam e não nos respeitavam. Demos continuidade à dinâmica da

oficina e eles conseguiram completar o percurso em 1minuto e 15 segundos a 2 minutos.

As equipes que estavam fazendo a atividade prestavam atenção e faziam o máximo,

torcendo ou realizando o percurso. O escolhido da equipe pegava embalo e saia correndo

para fazer o menor tempo possível, porem alguns erravam na hora de jogar o material no

coletor certo. Alguns perguntavam para a equipe onde jogo? E o pessoal dizia o coletor

correspondente. Na escola tem coletores para a coleta seletiva, porém fomos informadas

que não é possível fazer a coleta porque as crianças misturam tudo. Idealizamos que este

jogo poderia estimulá-los a pensar e praticar a coleta seletiva. Pelo adiantar do tempo

fomos para apresentação dos cartazes das equipes. Foi difícil, pois eles não se ouviam.

Não se respeitavam e nem nos respeitavam. As apresentações foram feitas e começamos

a dinâmica de finalização explicando quem era o vencedor. Neste momento eles falaram a

equipe água foi a mais rápida e explicamos que todos haviam ganhado pois, aprendemos.

Antes que terminasse a explicação o sinal tocou e uma das professoras se levantou

automaticamente todos correram em direção as professoras e foram se arrumando para a

139

saída. Avaliação da equipe: como primeiro momento foi um ótimo teste. Pudemos testar o

local, o tempo programado, a organização do roteiro, a atuação dos

monitores/mediadores. Não conseguimos controlar as crianças (identificamos diversos

fatores: números de escolares juntos, o tamanho da quadra e o sol que estava bem

quente). O dinâmica inicial precisa de mais questões com a linguagem deles. O tempo só

da para uma atividade lúdica. E a dinâmica final não pareceu ter sido ouvida ou

aproveitada. Acreditamos que é viável, especialmente para aulas de Educação Física. Na

hora do almoço aproveitamos para conversar com os mediadores que eles deviam

incentivar mais a sensibilização para os problemas nas atividades do cotidiano das

crianças, perguntando do local onde moram, onde os pais trabalham, eles brincam, sobre

o lixo. Fazendo sempre a conexão com a saúde, pois na apresentação dos cartazes

percebemos uma fala mecânica nos escolares de algo que ouvem mais não fazem.

Exemplo: não devemos jogar o lixo nos rios porque polui e precisamos da água limpa. (na

visita que fizemos ao entorno da escola vimos um rio que corta a comunidade e esse rio é

cheio de lixo que é jogado pelos moradores. E eles depois sofrem com as conseqüências.

Não há coleta, existe um local para recolhimento, as pessoas precisariam levar até esse

local). A maior queixa do grupo com a atividade é por não termos conseguido um diálogo

precisamos ficar chamando a atenção e pedindo silêncio muitas vezes e essa não era a

nossa intenção. Interessante que o aluno apontado pela professora fica participando,

desenha e presta atenção na atividade, acreditavam que ele se negaria a participar. Não é

uma criança desinibida e de fácil adaptação, no início mal consegue falar o nome para

colocar no crachá, na continuidade desenha junto ao grupo e interage bem.

TARDE

Solicitamos alguma outra opção de espaço. É possibilitado a equipe utilizar uma

sala que é reservada para o espaço de leitura. Por termos 2 turmas do 3 ano, aceitamos

este local. Reorganizamos o cronograma para ser realizado apenas um jogo e a equipe

baseada no espaço escolheu o jogo da associação. Ao chegar na sala separamos as

equipes por afinidade e após colocá-los sentados fizemos a apresentação e o contrato de

convivência. Foi fácil fazer o contrato eles se concentraram e participaram bem. As duas

professoras permaneceram na sala e faziam atuação para manutenção da disciplina, elas

140

sabem conhecem bem seus alunos e sabem quais dão trabalho e como fazê-los cooperar

para ordem geral. Na dinâmica inicial os monitores/mediadores deram ênfase nas relações

saúde-ambiente. Conseguiram perceber que o restante já havia ouvido falar. Exemplo:

Equipe Comunidade – falam do lixo e da dengue, mas no inicio não conseguem perceber

como eles estão envolvidos. O dialogo acontece mais ou menos assim, vocês sabem

algum problema que está relacionado ao ambiente na sua comunidade? Eles respondem:

o lixo. E que problema o lixo traz? Faz mal ao ambiente? Como? Suja, polui o rio e volta

tudo nas casas. E as pessoas como ficam? Tem dengue. Outra dialogo, Equipe Trabalho

pergunta: existem coisas que contaminam o ambiente e faz mal a saúde no trabalho? Em

que seus pais trabalham? (ficam tímidos de responder) Um responde: meu pai é pedreiro.

Uma vez tive alergia, minha mãe falou que foi por causa da roupa que ficava junto. Do

trabalho com cimento. E o trabalho em casa da mãe tem alguma coisa? Os produtos. A

motivadora explica a questão dos domissanitários, na linguagem deles. Os escolares

acabam lembrando-se de outras situações e relatam. Uma equipe, concentrou o time dos

bagunceiros e a mediadora precisou desafiá-los para conseguir desenvolver o trabalho.

No jogo da associação começamos com as equipes sorteando o dado duas vezes e o

maior soma conseguida seria a primeira a jogar e a rodada continuaria no sentido horário.

Explicamos que o jogo consistia em associar uma figura a uma palavra ou frase que desse

sentido. Nas primeiras rodadas as equipes não conseguiram associar. O quarto grupo

conseguiu por sorte. Na seqüência percebemos que as pecas que eram viradas não eram

decoradas pelos participantes e eles retiravam aleatoriamente. Na segunda rodada duas

equipes retiraram a mesma peça parecendo não pensar na escolha, o que dificultava a

associação. Em cada associação falávamos um pouco do que era a temática. Na

apresentação dos cartazes tivemos mais atenção das outras equipes em comparação ao

evento da manhã. Porém, ainda ficaram dispersos nesse momento, parecem que tem

dificuldade de se ouvirem. Havia um grupo com componentes mais inteligentes, se uniram.

A apresentação desse grupo foi muito boa em relação as demais. Esse grupo já estava

sensibilizado, pelo menos com relação à temática. Não sabemos se os procedimentos

diferem da maioria. A dinâmica final foi produtiva, conseguimos desenvolver com os

escolares prestando atenção e parecem que entenderam que todos ganharam com o

processo. Avaliação: no geral, muito bom. O espaço era pequeno, mas tinha ar

141

condicionado e facilitava para minimizar dispersão. A presença das professoras também

foi positiva, elas cooperaram para o bom desenvolvimento da atividade. A experiência da

manhã também conta a favor dos mediadores que conseguiram pontuar mais as relações

saúde e ambiente. Uma das turmas é considerada a melhor da escola, acredito que isso

também influencia na produtividade conseguida. Outro fator foi o número de turmas menor

que pela manhã. Quanto ao jogo entendemos que alguns participantes estavam mais

preocupados com o tempo e não pensavam nas escolhas das peças e acabavam não

pontuando. As professoras e os monitores tentavam dar dicas, mas eles não retinham.

3 º DIA: MANHÃ

A equipe teve como possibilidade de espaço para a atividade o pátio da frente.

Duas turmas participam da atividade. Para tentar minimizar a distração fazemos a

seguinte alteração no roteiro acontece tudo normal até à dinâmica inicial de sensibilização,

em seguida a apresentação dos trabalhos e depois o jogo. Uma das turmas demora um

pouco para chegar. O espaço é aberto, porem não tão grande como a quadra e tem

sombra da árvore. As crianças se agitaram, mas conseguiram prestar um pouco mais de

atenção. Começa a atividade com a apresentação, divisão dos grupos e contrato de

convivência. Na seqüência temos a dinâmica de sensibilização para o tema. Os monitores

levam as crianças a discutir os temas e eles conseguem falar bem o que o grupo discuti.

Parece que apresentar logo após a confecção dos cartazes facilitou. Para o jogo são

explicadas as regras e o sorteio realizado para ver a equipe que começa. Durante o jogo

percebemos que as crianças ficam motivadas com a competição, porém não fazem muitos

pontos nas rodadas iniciais e com a seqüência não memorizam onde está os pares. Ficam

animados e participativos, mas chama atenção que mesmo após vários pares terem sido

retirados não associam que estes têm a mesma cor e escolhem cores diferentes – não

conseguindo a associação. Os escolares conseguem permanecer sentados durante o jogo

o que facilita a participação de todas as equipes. Para finalização a pergunta quem

ganhou e eles falam o nome da equipe com mais pontos. E a mediadora responde

fazendo-os pensar em tudo que foi conversado na atividade e termina pedindo aplausos

para todos e eles parecem entender e manifestam com um entusiasmo nos aplausos.

Avaliação: a mudança da ordem para a apresentação antes do jogo parece ter sido boa

142

para manter a atenção dos escolares. No jogo dá para explicar os conceitos nas

associações e dúvidas.

TARDE

Pedimos o pátio interno para a atividade por causa do calor. Iniciamos a atividade

neste pátio, porém acabamos tendo que mudar de local e voltar para o pátio externo por

causa do recreio. Tivemos três turmas. A quantidade de turmas dificulta a concentração

das crianças que ficam eufóricas juntas. Iniciamos a atividade e mantemos a mesma

seqüência da manhã. Neste momento os mediadores dominam bem as temáticas e quase

não solicitam intervenções das pesquisadoras que ficaram no suporte. Só uma equipe

encontra dificuldade, a equipe floresta tem escolares que gostam de falar gracinhas e não

entram no clima da temática. O que tem de bom na floresta? – pergunta a mediadora. Os

escolares respondem: - Ótimo lugar para fumar maconha. E todos começam a falar coisas

bobas e ficam rindo. Na apresentação tem dificuldade. Os outros grupos surpreendem,

pois, dão ótimas explicações para os temas abordados. Na equipe terra o representante

fala de contaminação do solo e como o lixo com pilhas e baterias contamina o solo e

adoece as pessoas, chega a citar alguns contaminantes. Para o jogo da associação está

calor e pedimos para que façam uma grade roda de pé, mas eles ficam amontoados. No

decorrer alguns abaixam que é observar as jogadas, enquanto a maioria fica num

empurra-empurra de pé.

ESCOLA 21º Dia

A pesquisadora é recebida pela direção que explica quais são as salas que ela

deve procurar. Desta forma, a pesquisadora procura as professoras em cada turma e

explica o que será realizado e solicita autorização para conversar com a turma. Sou

informada que estão preparando a culminância do projeto, porém me abrem um espaço

para a atividade de apresentação da semana educativa.

2º Dia

MANHÃ

143

Ao chegar no ambiente escolar a equipe é informada que poderia ficar na quadra

ou no auditório. De comum acordo, escolhem o auditório. No auditório temos ampla sala

bem iluminada e contamos até com caixa de som e microfone. Como é dia de Centro de

Estudos temos poucas crianças para atividade em média 12 por turma, totalizando 48

escolares. As crianças chegam tranqüilas, fazemos o contrato de convivência e elas

cumprem o acordado. Os grupos ficam com cinco crianças e isso facilita para a discussão

do tema motivador e o grupo introduz algumas figuras para conduzir a conversa. Assim,

todos falaram, escreviam e desenhavam com concentração. Nosso tempo foi menor do

que o pensado e planejado por ser dia de Centro de Estudos, as atividades aconteceram

das 9:30 as 11horas, ficamos com 1:30 de atividade. Desta forma, não foi possível a

apresentação dos trabalhos. Fomos direto para o jogo e na explicação do imagem e ação

ambiental – junta a explicação das regras, pactuamos silencio durante o momento da

pergunta ou mímica. Porém, eles ficaram quietos e nem torciam direito, batiam palmas de

leve e nem vibravam. Apresentadora paciente com as crianças, mas pouco animada. O

jogo começa com cada líder de equipe jogando o dado duas vezes e o de maior soma

começa. Para o jogo o dado lançado equivale a dois tipos de tarefas: perguntas ou

mímica. Nos números pares perguntas: antônimos ou sinônimos e nos números impares

mímica. As crianças gostavam especialmente quando era para fazer mímica. Mesmo

valendo ponto para o grupo do líder representante todos os grupos tentavam adivinhar. O

grupo fez dois pontos e depois todos os grupos fizeram um ponto e por fim o primeiro

grupo fez mais ponto. Os escolares participaram ativamente e pareciam estar gostando do

jogo. Foi interessante poder explicar após cada jogada e as crianças prestaram atenção.

Em uma mímica era para fazer enchente e o escolar colocou a mão na cabeça e todos

gritavam pensando, pensando, e animadora. Repetiu para o escolar que era enchente e

ele disse que não sabia como fazer. E todos começaram a fazer gestos de como seria.

Nesse momento a animadora aproveitou para perguntar se o valão enchia na época das

chuvas e falou do lixo, jogado nas águas e da possível contaminação. Algumas crianças

faziam mímicas que pareciam que não seriam correspondentes, mas os grupos iam

chutando durante o tempo de um minuto e muitos acertavam. Nas perguntas o

representante era quem respondia sozinho, nos antônimos todos acertaram, nos

sinônimos encontraram maior dificuldade. Para terminar a apresentadora perguntou quem

144

ganhou e eles responderam a equipe planeta. Ela perguntou se era possível o planeta

ganhar se perder a vida ou água ou escola. E o desfecho ocorre com todos prestando

atenção e eles parecem entender a interdependência entre saúde e ambiente. E por fim a

apresentadora afirma que todos ganharam, pois a experiência auxiliou a todos. E eles

vibram com uma salva de palmas.

ANEXO 7: Roteiro de Entrevista (Diretoras e Professor(a)s)

Dados Pessoais:Idade:_____________________Sexo:______________________Formação: _____________________________________________________Curso ou Capacitação em Educação Ambiental/Saúde e Ambiente/ Educação em Saúde/... _____________________________________________________Atuação profissional(em anos): total:___________ nesta escola:____________Mora próximo a escola pesquisada?__________________________________Série de atuação:_________________________________________________

PERGUNTAS1. Conceitue saúde, ambiente e educação em saúde.

2. A abordagem teórica utilizada na escola contém a temática saúde e ambiente e temas do PCN”s.

3.Fale dos projetos.(explicar como são)

4.Plano de trabalho 2008 e 2009. (projetos saúde e ambiente)

5.Avaliação do Projeto de saúde ambiental infantil/UFRJ que aconteceu aqui na escola.

145

ANEXO 8: TRANSCRIÇÃO DAS ENTREVISTAS

1. Conceitue saúde, ambiente e educação em saúde.

Profa.1: Saúde é o bem-estar da pessoa. O ambiente e educação em saúde, é em relação à saúde aqui no ambiente da escola? O ambiente tem que ser sempre preservado. E educação em saúde a pessoa tem que ter educação para poder ter saúde. Porque se ela não tiver conhecimento, muitas coisas ela faz sem saber e está prejudicando a saúde dela.

Profa. 2: Saúde é o estado da pessoa estar bem, para poder exercer suas funções. O ambiente é o lugar onde a gente atua, mora, estuda, trabalha. Educação em saúde é a pessoa saber o mínimo para poder manter-se bem, alimentar-se bem, entendeu.

Profa. 3: No trabalho com o quarto ano a matéria deles inclui higiene e saúde, educação ambiental. Mas eu sempre converso com eles, porque eles têm aula de educação física, a questão da saúde num todo, a questão do corpo também, de movimentar o corpo para ter saúde, a questão da leitura que entra o pensamento que é importante para ter uma vida saudável, a questão da higiene, cuidado com o ambiente também, na escola e em casa. Saúde inclui muitas coisas. E o ambiente também. E até aqui no projeto da escola que a gente fala do meio ambiente eles tem sempre a idéia dessa questão da natureza, das florestas e aí trabalho a questão do ambiente deles na sala, além de trabalhar também o meio ambiente numa questão global, sempre ressaltando que eles fazem parte do meio ambiente e, falo da floresta dessa questão e tal e falo que fazem parte desse ambiente e precisam se cuidar também. E educação em saúde, acho que inclui isso tudo.

Profa. 4: Saúde é o todo, é o bem-estar do ser humano, o que a gente pode estar fazendo, de forma efetiva, para ter uma boa saúde. Na alimentação, no dia-a-dia dentro da gente em termos de higiene e de alimentação, que isso tudo que acho que vai proporcionar uma boa saúde. Os cuidados que a gente deve ter diariamente no nosso cotidiano, desde a nossa casa, na rua, no trabalho, no lazer, tudo isso acho que envolve saúde. Saúde é uma questão social. E ambiente, até costumo brincar com meus alunos, meio ambiente é tudo. As pessoas estão confundindo um pouco ambiente só assim, separadamente natureza, ecologia, e ambiente é tudo. É você estar inserido nesse ambiente, nesse meio ambiente. Então tudo que você faz, até teve um projeto que a gente trabalho aqui na escola com tema tudo que você faz conta. Que você está participando diretamente nessa questão do

146

ambiente. De estar trabalhando para você tenha um bom ambiente, que é isso que vai gerar uma nova posição, postura, em relação à questão da ecologia, do meio ambiente como as pessoas acham que é. Educação em saúde uma questão básica de você estar educando para que se tenha saúde, no ato de lavar as mãos, não ficar colocando a mão toda hora na boca, saber se alimentar bem, observar o seu entorno a poluição dos rios, onde a criança está mexendo. É a criança ter uma noção que tudo tem uma conseqüência, uma causa e conseqüência.

Profa. 5: Uma coisa está bem inter-ligada a outra. O conceito de saúde que se tem hoje é muito mais complexo, mais amplo do que se tinha anteriormente. Antigamente o conceito de saúde que era só a ausência de doenças. E hoje a gente sabe que não os estudos, todos os avanços em todas as áreas, vêm mostrando que, até a própria Organização Mundial de Saúde tem um conceito mais amplo não só a ausência de doenças. Então, falar em saúde pode envolver educação com certeza. Até não só na prevenção, mas a manutenção e a conscientização. Então, realmente está interligado, e a gente vê as crianças, que o ambiente onde elas estão inseridas interfere sim, muito. Não só no próprio conceito de saúde com foco mais amplo, como também a questão da educação, que está interligado e eu observo na prática.

Profa. 6: A gente quer que caracterize para a criança a princípio a ausência de doença, se você não tem doença você tem saúde, mas só que a saúde, eu acho que a gente não pode ficar só presa a parte da saúde vamos dizer assim propriamente dita da doença. - Ah não tem doença ele é saudável. A gente sabe que a saúde é uma coisa mais abrangente tem a saúde mental, à saúde física, tudo que a gente precisa utilizar para que a gente tenha boa saúde. Até o próprio lazer que às vezes a gente ignora. O lazer também faz bem para a saúde. Alimentação também que contribui para você ter uma boa saúde. Então, isso a gente vai tentando repassar para a criança. Porque às vezes eu tenho saúde, não tenho nada nunca, às vezes vou ao médico, sou saudável? Nem sempre, mas cadê sua parte mental. Como você trabalha a saúde mental dessa criança? Ela pratica esporte, ela passeia... tem um lazer... e a alimentação dessa criança... ou ela só utiliza a alimentação da escola. Como é a alimentação dessa criança em casa. Então, acho que todos esses conceitos que a gente pode aproveitar para trabalhar dentro da escola fazendo uma globalização desses assuntos para que esse assunto básico da saúde seja interpretado pela criança. Até porque, qual é a visão que a criança tem, até quando a gente fala da alimentação, é saudável quem comeu muito aquele prato cheio de bata-frita com arroz e feijão. Você está saudável se está barriguinha cheia, pesada, então ela não entende a diferença. Que comendo um bife, um arroz, um legume, uma salada vai te dar muito mais em termos calóricos e protéicos daquela refeição do que um prato de batata-frita que deixou a barriga pesada. A criança precisa também ter essa conscientização então, aí entraria a contribuição da escola na parte da saúde. Para envolver esse aspecto todo da parte da saúde. [E o ambiente?] O ambiente que você me fala e o quê? O ambiente da criança, vamos considerar assim, eu acho que o ambiente, por exemplo, da nossa clientela da escola? Quer dizer como esse ambiente vamos até jogar a parte social da criança? Como isso é trabalhado, eu acho que a nossa clientela é bastante dividida. Nós temos um grupinho que realmente tem essa formação social, que pode dar esses argumentos para que ela possa entender esses conceitos e, tem crianças que vivem realmente sem, é um grupo pequeno, mas temos. Crianças que vivem realmente a

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margem disso tudo, ou seja, em relação à condição social, a condição financeira. Por exemplo, nós temos um grupo de crianças que realmente vem para a escola visando a alimentação do dia. É um grupo pequeno, não constitui o todo da escola não, mas nós temos. Trabalhamos com esse grupo, então, é aquela criança que realmente sente a necessidade do muito da comida da escola. É difícil para entender, para ela que sente fome, ela não vai querer saber que aquele pouquinho do bife tem mais proteína, tem mais vitamina, ela quer aquele montão da escola que vai dar a sensação de peso, e a sensação de estar alimentada. Entendeu? Então, eu acho que nós temos esse grupo sim. É mais difícil para gente trabalhar, pois não é só o trabalho com a criança é muito mais. Ela pode até entender os conceitos que você passa acerca do que ela pode fazer para que ela tenha uma alimentação saudável, uma alimentação rica para ela em termos de tudo que ela precisa para sobreviver, mas se em casa ela não convive com isso. Em termos financeiros, ou seja, eles não têm essa condição para poder fazer. Ela pode até entender esse conceito que você trabalha e essa construção toda que você faz, desenvolve no trabalho na escola, mas, ela não tem oportunidade de vivenciar isso. [E a educação em saúde?] A educação e saúde, o que a gente pode fazer? Eu acho que a educação e saúde, eu acho que a gente trabalha no dia a dia. É o que a gente faz mesmo no dia a dia, não a gente ficar assim, presa, vamos ver eu estou trabalhando agora saúde..Vou trabalhar isso e depois você fecha o livro, acabou e a gente não fala mais. A saúde é o dia-a-dia são os hábitos de higiene, que a gente precisa trabalhar, é o lavar a mão, escovar os dentes, é claro, que minha turma já é dos maiores, então, a gente não tem mais aquela preocupação de formar determinados hábitos como: escovar os dentes, não tem mais essa prática na nossa turma, mais nas séries menores. Nos já temos que acabar, lavar as mãozinhas, escovar os dentinhos, isso tem. Escovar os dentes já saiu da nossa fase, mas tem a parte de higiene que é lavar as mãos o cuidado que a gente precisa ter de higiene, não impossibilitando a criança que quer ao acabar de fazer a refeição, escovar os dentes e manter os hábitos de higiene. Estou falando isso porque o nosso tempo é curto, então nós temos de merenda 20 minutos. Em 20 minutos ela precisa fazer a refeição, merendar. Não que a gente não vai considerar que o hábito de higiene não é importante, mas a gente pega o básico, lavar as mãos, saber como você vai comer, se comportar. E aquela criança que come rápido em 2 minutos, ela pega aquele prato, quer dizer, aquela comida. Que todo mundo diz que faz bem para ela. Que ela precisa de todo um trabalho do organismo para fazer aquela digestão. E quanto mais rápido ela come, ela não vai aproveitar muita coisa do que ela está comendo. Trabalho todos esses aspectos, você não precisa estar preso ao conceito. Hoje eu dei saúde, só, fechou o livro e acabou! Isso é no dia-a-dia, então, a cada situação que você vai experimentando, é o momento que você vai trabalhando com a criança para resolver a situação. Exemplo: temos crianças que comem de pé. Algumas vezes, a gente vê uma criança que a aceleração dela é tão grande que ela pega o prato, e ela quer comer em pé para ser mais rápido. Você vai trabalhar com ela hábitos e atitudes. Diz: - Espera ai, porque você está comendo em pé. Vamos sentar, vamos ver porque que é importante você comer devagar. Claro que em 20 minutos também, não vai dar para fazer aquela refeição, de descansar, mas pelo menos um tempo para ela praticar uma refeição elas vão ter. Explicar como pegar no talher para comer são coisas que a gente vai desenvolvendo, um assunto vai desencadeando outro. Ali você já pega tudo e já fecha. Vai estar sempre renovando.

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Profa. 7: Saúde a gente tenta levar para eles aquilo que, aqueles conhecimentos mais básicos. Que a criança tem que ter com o seu próprio corpo, coisa que muitas vezes eles não trazem de casa. Então, tento formar aquilo desde o começo, os hábitos mais rudimentares como lavar as mãos, ir ao banheiro ter aquele hábito de se limpar mesmo. A gente procura começar daí, e depois vai expandido para outras coisas. Fala sobre doenças como cuidar, uso da vacina como forma de prevenir. Sobre o ambiente nós falamos muito dependendo da série, você trabalha com conteúdos mais elevados, Por exemplo, para os pequenos a gente fala sobre preservação, dizer que eles fazem parte desse ambiente, precisam cuidar desse ambiente, pois é a casa deles. É uma forma de preparar um futuro para eles. Preparar a casa para o futuro. Educação em Saúde é a criança saber cuidar do seu corpo, cuidar do ambiente é fazer uso consciente do que está no seu entorno.

Profa. 8: Eu acho que sem isso a gente não consegue nada na educação. Acho que é a base mesmo da educação, sem isso você não tem como trabalhar. Você primeiro vai trabalhar esses conceitos com eles durante anos, alguns vão assimilar, e outros não, mas, você fica na tentativa durante anos. Saúde é um bem-estar de todos, tanto físico, quanto mental, quanto social. Não tem outro conceito. Ambiente como assim? Saudável? Ambiente o local que a gente vive, ou que a gente participa de alguma ação para mim ambiente é isso. Educação para mim é a base e sem saúde você também não consegue ter uma boa educação então, é tudo interligado.

Profa. 9: O que eu entendo é que está tudo interligado. O ambiente, a gente precisa que seja limpo, saudável, para ter saúde. Sem isso se perde. Saúde bem-estar pessoal. Ambiente eu acho que o ambiente nos traz felicidade. Devendo suprir nossas necessidades e trazendo assim a felicidade das pessoas.

Profa. 10: Eu acredito que estas três coisas estão interligadas. Porque a saúde da gente depende muito de um ambiente limpo, saudável e para que isso aconteça à gente precisa realmente contar com a educação que não é educação de escola. É educação num sentido do comprometimento de cuidar da nossa saúde. De viver bem, procurar viver da melhor forma possível. Com alimentação, higiene, tudo isso. Acho que é mais ou menos isso.

Profa. 11: Eles não vêm com a formação de saúde de casa, além de dar a formação e educação mesmo educação de base, a gente tem que inserir valores de preservação e de conservação tanto do ambiente como do estado físico mesmo.

Profa. 12: De uma forma geral a gente trabalha com tudo. Primeiro a higiene pessoal, que eles vêm assim de uma forma muito precária. Muito sujinho, sem tomar bainho, cheio de marcas no corpo, cheio de doenças. A gente trabalha sempre o ano todo, essa questão da higiene pessoal. De lavar as mãos, escovar os dentes, pentear os cabelos, vir limpinho para escola. Isso a gente sempre cobra e é muito difícil porque ele não tem esse exemplo em casa, fica muito difícil. Porque ele não consegue se perceber como sujo. Então, tipo assim, olha sua blusa olha como é que está sua blusa. Aí ele olha e não vê nada demais, então a gente tem que pegar outra criança, olha só, olha a cor dessa blusa, olha a cor da blusa do colega. Tudo bem não precisa chegar nesse branquinho aqui mas, olha a

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mancha aqui. Você tem que apontar até ele perceber. Chega ao ponto de a criança vir com piolhos caindo da cabeça em cima do caderno. Noutro dia chegou o ponto da professora ter que pegar a criança tirar da sala de aula porque ela estava chorando porque os amiguinhos estavam rindo dela, e ela não é uma criança das mais descuidadas não, ta? Os piolhos estavam caindo e ela chorando e a tia teve que tirá-la da sala de aula. A menina da limpeza pegou-a levou para o banheiro, lavou a cabeça dela e tirou uma grande quantidade para ela poder voltar para sala, porque ela estava com vergonha e chorando. Até foi um problema eu falei com ela que ela não pode fazer isso, porque o pai pode te acusar de constrangimento e foi o que realmente aconteceu e a gente teve que mandar um bilhetinho para ele depois dizendo que a menina estava sofrendo constrangimento dentro da sala de aula porque os coleguinhas estavam rindo dela. Então, tem essa questão dos pais não ajudarem porque tudo eles levam para o lado do ponto de vista de determinadas coisas que você não pode fazer. E tem que ter muito jeito para.. Nós fizemos uma semana da higiene, onde pedimos autorização dos pais e fizemos, temos até fotos. A gente fez assim uma autorização da parte dos pais e nós trouxemos cabeleireiro, nós trouxemos varias mães voluntárias, nós da secretaria, e trouxemos também o pessoal do posto de saúde para fazer palestra. E fomos até o posto de saúde para perguntar de que forma que a gente poderia trabalhar essa questão do piolho com as crianças. Nós fazermos o tratamento sem que isso causasse nenhum tipo alergia, então eles trouxeram para gente uma formula bem natural para que agente usar nessas crianças, então fizemos uma semana inteira, assim nos fechamos um laboratório e a sala, aquela sala que vocês trabalharam. Nós fechamos as duas salas e nós trouxemos cabeleireiro, ficavam numa sala as crianças que tinham autorização para cortar o cabelo. Davam um trato no cabelo, cortavam as unhas das mãos e dos pés, fizemos a lavagem do cabelo da criança. Vinha aquela criança que estava com muito piolho, ela vinha uma semana e na semana seguinte todo dia ela vinha naquele determinado horário, a gente lavava a cabeça com aquele produto e deixava ela um tempinho lá. Depois passava o pente fino, depois lavava de novo. Fomos à Wella ganhamos shampoo, condicionador, tudo. Nós fizemos esse tratamento com eles durante uma semana, então a gente tem esse tipo de preocupação. Nem sempre dá certo, nem sempre a gente consegue. Ultimamente não esta dando nem para conseguir, por causa dessas confusões todas de obra. Não tem espaço. Está até mais difícil, mas nós temos esse tipo de preocupação. De ambiente também, devido essa questão da escola como você pode ver não é nada pichado. Porque a gente dá em cima, eu vou atrás, eu vejo uma pichação já vou atrás. Vejo e normalmente eu consigo descobrir quem fez a pichação, então a gente quase não tem esse tipo de problema aqui na escola. Tenho, assim, eu até considero alto o número de mesas quebradas, mas quem vem aqui da CRE diz que não, que a escola não tem esse problema não. Que é um número até bem razoável dentro do quantitativo de alunos na escola, até pelo desgaste do tempo, que é uma coisa dentro da normalidade.E educação do ambiente em si, trabalhamos com projetos, no Parque da Pedra Branca. A gente faz, às vezes, passeios com eles aqui da escola, sobe lá a Estrada do Camorim para trabalhar com eles a vegetação, trabalhar os rios. A gente costuma fazer esse tipo de trabalho, assim, com eles também. De visualização dos lugares e de falar sobre essa questão ambiental, e sempre que tem um foco, por exemplo, da dengue, da gripe suína agora, a gente sempre procura fazer trabalhos com eles. E expõem esses trabalhos você sempre vê esses trabalhos expostos por aí. Sempre procuramos fazer esses trabalhos e expor, que eu acho que é importante para eles ver esses trabalhos expostos. E o que a

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gente tem feito agora, todo ano a gente faz esse tipo de trabalho, todo ano a gente sempre tem um período que e mais focado para isso, mas, a gente procura fazer isso o ano inteiro.

2. A abordagem teórica utilizada na escola contém a temática saúde e ambiente e temas do PCN”s.

Profa. 1: No 5º ano tem isso, no último bimestre um tópico de ambiente e saúde. Mas, é uma folha só, no último bimestre.

Profa. 2: Tudo que a gente faz dentro das escolas, a gente procura colocar os PCN’s e a gente trabalhou sim. A gente trabalhou projetos de meio ambiente no ano passado. A gente trabalhou um pouco sim, acho que no primeiro semestre: meio ambiente – reciclagem. Eu era terceiro ano do ciclo também, eu já venho atuando a três anos nesta mesma série. Ano que vem estou pensando em voltar para o primeiro ano, mas durante três anos eu trabalhei, eu gosto muito da segunda série. Eles são maiores, talvez ano que vem eu desça. Eles são mais espertinhos já podemos explicar muitas coisas, eles já entendem. Diariamente a gente fala. Mesmo esse ano a gente está trabalhando outras coisas, mas estou sempre falando. Eles moram em comunidade, a gente sempre fala da questão do lixo: que se joga dentro do rio, e quando chove o rio enche e joga tudo para dentro da casa deles. A gente procura trabalhar isso, para poder botar na cabeça dessa criança e ele ser um agente multiplicador em casa também. E assim realmente a gente sente, eles falam: ah tia agora a gente carrega o lixo e bota lá fora. Porque tem certas comunidades que o lixeiro não vai lá dentro, então eles têm que trazer o lixo. Eu tenho falado bastante traz o lixo coloque em lugares, até perto da escola, onde sabem que vai coletar. Todo dia fazendo isso, a família toda vai melhorando bastante. Então eu sempre procuro trabalhar isso. O meio ambiente é sempre uma coisa ampla. A questão da água: da gente economizar a água, deles não deixarem as bicas dos banheiros abertas , que vai ao banheiro e esquece. Não pode tem que fechar. A água pode ser que tenha uma hora que a gente tenha que ficar sem água. É melhor a gente poupar, já pensou ficar sem água que coisa horrorosa. É melhor a gente poupar. Mesmo não sendo parte do programa, do projeto da escola no momento, mas a gente sempre trabalha isso.

Profa. 3: Na escola no início do ano sempre fazemos PPP , a coordenadora pedagógica utilizando os PCN’s e sempre faz projetos bimestrais. E sempre começa com a questão da identidade – trabalhando a saúde e mais no final do ano, acho que o terceiro tem a temática ambiente. E vendo a questão do conteúdo do ciclo envolvido. E também em sala de aula trabalho com musicas, maquetes. E também vendo a questão do ano da série.

Profa. 4: Todo ano tem um projeto que fala da saúde e do ambiente.

Profa. 5: Faz parte dos PPP da escola a gente estar com certeza trabalhando os temas dos PCNs com certeza. Agora mesmo no momento, no centro de estudo, discutimos não só a obrigatoriedade, mas também pela necessidade. Vemos a necessidade emergindo.

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Profa. 6: A escola como um todo, a gente costuma trabalhar em projetos. Sempre nas nossas reuniões a gente costuma fazer, ou de final de ano ou de inicio, depende da data que é dada o calendário escolar. Seguimos o calendário a não ser que a escola seja grande, mas ai eu acho que tem que pedir autorização, mas normalmente é seguida as regras do calendário escolar. Nós trabalhamos com projetos, então a escola monta nas reuniões os projetos de acordo com a necessidade da clientela que a gente esta recebendo e sempre têm alguma coisa voltada para saúde, dentro os outros fatores pedagógicos. E do “projetão”, do projeto que é da escola inteira, você pode organizar subprojetos dentro da tua turma de acordo com a necessidade deles. Você vai desenvolver outras áreas de atividades, fazendo outros subprojetos, mas sem fugir do projeto inicial proposto pelo grupo.

Profa. 7: Eu sou nova na escola, não sei muito destes documentos. Mas nos projetos sempre tem essa temática. Durante o ano tem vários assuntos em relação ao ambiente, neste último bimestre, nos falamos sobre isso estamos sempre com essa preocupação de conscientizar, de tentar chegar até a família. Porque através deles a gente chega à família, leva algumas idéias. Não pode poluir. Muita criança mora em beira de rio por aqui, então eles contam ah a gente joga bolsa de lixo sim a gente joga as coisas pela janela sim entao a nossa forma de chegar ao pais, que acredito que seja o mais difícil, é assim todo dia falando com as crianças. Através de trabalho de músicas, o projeto procura sempre envolver, mesmo que seja outro tema a gente ta sempre voltando a isso.

Profa. 8: Eu particularmente não utilizo. Mas sempre estamos trabalhando projetos da saúde e meio ambiente, seja um ou dois por ano. Sempre trabalhamos projetos que tenham essa ligação. Olha agora mesmo nós acabamos um de educação ambiental, que nem tivemos oportunidade de fazer apresentação. Nós fizemos trabalhos dentro da sala. Hoje mesmo acabei de fazer um trabalho sobre conscientização de lixo nas ruas, eu dei uma crônica de Walcyr Carrasco para eles. Dessa crônica fizeram uma dupla e fizeram os passos que eles acham para conscientizar a população sobre os lixos nas ruas, o que deve ser feito e como deve ser feito. A gente trabalha sempre, mesmo não tendo projeto da escola, este tema está misturado em todas as disciplinas.

Profa. 9: Está sim dentro dos PCN.

Profa. 10: Independente dos PCN’s a escola sempre, esses anos todos que eu lido com educação, em todas as escolas que eu já passei lidam com esse tema. Saúde, higiene, ambiente esses realmente são temas que as escolas abordam todos os anos.

Profa. 11: São. Todo trabalho das escolas da rede pública municipal tem que ser pautado e ter abordagem dos PCN’s, porque é um trabalho voltado da Secretaria Municipal de Educação mesmo. Ela que orienta.

Profa. 12:

3.Fale dos projetos.

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Profa. 1: Trabalhamos o ambiente. Só o ambiente, saúde não. Até algumas pessoas abordaram saúde, mas o projeto era mais falando do ambiente.

Profa. 2: Falamos do meio ambiente, reciclagem, no primeiro semestre do ano passado.

Profa. 3: Sempre começa com a questão da identidade – trabalhando a saúde e mais no final do ano, acho que o terceiro tem a temática ambiente. E vendo a questão do conteúdo do ciclo envolvido.

Profa. 4: O último do meio ambiente foi o projeto: tudo que você faz conta.

Profa. 5: A gente com certeza adota todos os temas do PCN a gente procura estar adotando.

Profa. 6: O último foi relacionado a cultura, já tivemos saúde, a parte ambiental também. Trabalhamos o meio ambiente e vários outros, cada ano trabalhamos alguma coisinha.

Profa. 7: A visão que eu tenho dos projetos ficou bem diferente em relação a mim, porque eu estava numa turma que era de terceira série. É completamente diferente, o tema é o mesmo, mas a forma de desenvolver é outra. O que nos conseguimos de produto final foi bem maior neste ano, pois as crianças menores, eu acho, que elas são mais abertas para aprender mesmo. Eles entendem se estão fazendo errado e dizem, vamos tentar fazer isso que é proposto. Com os grandes é muito difícil, eles já vem com aquele ranço, aquela coisa errada que não tira, joguei o lixo no chão não aconteceu nada, até a forma de trabalhar era muito mais difícil. Porque a gente vinha com a proposta vamos fazer assim, vamos tentar limpar esse ambiente nosso da escola, e eles se recusam demais porque a cultura deles eu acho que já e assim. Está sujo aqui a gente brinca ali. Ah, não fui eu que sujei, eu não vou limpar, é muito mais difícil. Acredito que este ano até a forma de abordar o projeto ficou bem diferente e teve mais lucro.

Profa. 8: Fizemos um projeto agora mesmo. Dei uma crônica eles fizeram reflexão sobre a questão do lixo.

Profa. 9: Nós falamos muito da dengue no ano passado e esse ano foi mais tranqüilo. E veio a gripe suína.

Profa. 10: O nome de projeto eu não me lembro. A temática é essa qualidade de vida, higiene, quando fala da dengue, agora da gripe suína, todos esses são temas que a escola sempre aborda. Esse ano então, com a gripe suína a gente se sente obrigada até enquanto cidadã mesmo de atuar envolvendo os alunos.

Profa. 11: A gente não tem um Projeto Político Pedagógico, no entanto a gente trabalhou com dois sub-projetos um em cada semestre. Tudo voltado para a temática da criação do mundo e o homem como que, ressaltando a importância da preservação da espécie e da conservação do meio ambiente. Está tudo interligado.

Profa. 12:

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4.Plano de trabalho 2008 e 2009. (projetos saúde e ambiente)

Profa. 1: 2009 – Não saúde, trabalhamos ambiente. Só o ambiente, saúde não. Algumas pessoas trabalharam saúde, mas o projeto era falando do ambiente.No ano passado não teve projeto. O pessoal trabalhava com datas festivas. De acordo com as datas as pessoas faziam em cima disso o trabalho. Esse ano que a gente tem a coordenadora pedagógica e aí ela começou com o projeto.

Profa. 2: Diariamente a gente fala, mesmo esse ano a gente está trabalhando outras coisas, mas a gente está sempre falando. Eles moram em comunidade, a questão do lixo que se joga dentro do rio, e quando chove o rio enche e joga tudo para dentro da casa deles. A gente procura trabalhar isso para poder botar na cabeça dessa criança e ele ser agente multiplicador em casa. E assim a realmente a gente sente, em alguns lugares que eles moram não passam vejo e, meio ambiente é sempre uma questão muito. A questão da água eles deixam a torneira aberta, é melhor a gente poupar, já pensou ficar sem água que coisa horrorosa.

Profa. 3; Eu acho que a partir do ano passado esse projeto do meio ambiente mais é, não sei, achei que ficou melhor agora. A escola deu uma, até com a vinda do projeto (Ufrj) para cá, acho que é um projeto que eles gostam muito de fazer. Esse ano senti deu uma ênfase maior. A gente sempre falou do meio ambiente, mas assim como está agora, a culminância e concentração do alunos, acho que está mais forte.

Profa. 4: Mudou sim. Você enquanto sujeito participante dessa pesquisa.

Profa. 5: Este ano foi muito tumultuado no município. Muitas mudanças, então foi assim meio complicado. Somos educadoras, então a gente tem que ter a flexibilidade. Entendendo que há necessidade mesmo, de esta avaliando. Sempre a gente está achando que a mudança vem para melhor. Procuro ver o que a mudança pode ocasionar para melhor, mas esse ano foi um ano bem atípico. A própria obra na escola, então foi um ano assim bem diferente mesmo, mas a gente procurou estar alcançando todos os objetivos traçados inicialmente. Acho, que apesar de tudo, a gente pode ter um saldo bem positivo.

Profa. 6: Sempre entra alguma noção relacionada a saúde. Porque também tem a nossa preocupação, com isso que a gente já conhece na clientela. Por exemplo, pode até não ficar um projeto direcionado para saúde, mas sempre tem alguma coisa que você pode falar, mesmo que não seja o tema, que não esteja diretamente ligado a saúde. Tem sempre alguma coisa que você pode acrescentar a esse assunto para poder enriquecer seu trabalho.

Profa. 7: A visão que eu tenho dos projetos ficou bem diferente em relação a mim. Pois fiquei em ciclos diferentes. E percebi que os menores trouxeram maior resultado. Os maiores já têm um ranço, é muito mais difícil. E teve mais lucro agora com os menores.

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Profa. 8: Tem coisas que são parecidas e outras agente vai colocando mais alguma coisa diferenciando. Por exemplo, eu continuei com as duas turmas, então precisei mudar. Eu tive que fazer uma diferenciação sim. Mas eu sempre uso uma nova forma de lidar com o assunto.

Profa. 9: Sempre tem diferença, tem acréscimos. Esse ano foi a gripe suína que teve impacto maior. Esses anos tiveram muitas avaliações, em cima das crianças uma mudança mesmo.

Profa. 10: Olha eu acredito que esses projetos ficaram um pouco mais bem amarrados. Até por conta de uma organização da escola, por esse ano está contando com uma orientadora pedagógica, tudo isso ajuda muito.

Profa. 11: [Não quis fazer comparações.]

Profa. 12:

5.Avaliação do Projeto de saúde ambiental infantil/UFRJ que aconteceu aqui na escola.

Profa. 1: Achei bastante interessante porque muitas crianças tiraram dúvidas e chegaram a conclusão de que a saúde é muito importante para o ser humano sobreviver e o ambiente também.

Profa. 2: Olha eu acho que é muito bom, isso é uma coisa muito válida. Os pais que se propuseram a participar estão realmente interessados e ficaram preocupados com essa questão. Inclusive alguns vieram me perguntar. A questão da contaminação eles perguntaram: se vocês estavam achando que aqui era algum solo contaminado? Se vocês estavam achando que aqui era um solo contaminado. Sinceramente eu não tenho certeza, mas se eles estão aqui é porque deve haver algum indicio algum estudo que pode haver algo contaminando o filho de vocês. Não é que seja nada grave, sobre contaminação. Eu dizia que devia Os pais vinham perguntar e eu incentivava em aderir, pois era. Saber se tem algum problema com os filhos de vocês. A atividade educativa foi ótima. As crianças vieram para sala falando bem. Falaram: - Tia gostamos muito, foi muito legal. De uma forma geral foi muito positivo. Ponto negativo: quando vieram, foi dia de centro de estudos e as crianças faltam. Em dia de centro de estudos muitos pais não trazem, então se algum

Profa. 3: Achei muito bom. Achei que eles gostaram muito. Principalmente aquelas oficinas, pois foi uma coisa dinâmica, eles gostam disso e a questão do lúdico. Só achei que a continuidade do projeto ficou um pouco espaçada, o tempo que vocês voltaram esse ano – e sei que não depende só de vocês e acho que contribuiu bastante aqui para a escola.

Profa. 4: eu achei bem interessante, eles ficaram muito motivados. Responderam bem. Entenderam qual era a mensagem. Inseriram-se naquilo. Ponto negativo ficou muita criança junta num pequeno espaço. Imagino que até para vocês avaliaram deve ter sido difícil. A sala pequena para duas turmas juntas. No geral foi bem positivo.

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Profa. 5: Positivo acho assim, o interesse das crianças, uma coisa diferente. Achei que vocês trouxeram essa maneira bem interessante, bem atraente e bem estimulante. Tudo isso achei bem positivo, eu particularmente não esperava a maneira que foi abordada. Achei que tudo isso foi muito positivo, muito bem planejado. Negativo, foi assim, uma etapa muito distante da outra. Muitas pausas acho que é o negativo, porque são crianças. E isso, às vezes, desestimula até pelas mudanças. Foi bem negativo, talvez, se pudesse diminuir o tempo de uma etapa para outra acho que seria bem positivo.

Profa. 6: Olha eu adorei o projeto já desde o inicio eu tava sempre sinalizando isso as atividades realizadas as propostas eu achei muito interessante ate que embora vocês não pertençam a área da educação propriamente dita os recursos que vocês utilizaram, a maneira que vocês estavam participando com as crianças ate das atividades que vocês fizeram ali fora eu achei bem direcionado ao pedagógica embora não seja a área de vocês. Muito bom! Agora pena que atinja apenas um grupinho pequeno da escola a gente não possa estar envolvendo outros profissionais, outras turmas para estar apanhando a escola como um todo. Eu acho que só ai entraria o aspecto vamos dizer assim nem negativo, acho que a gente não pode nem considerar negativa. Acho que deveria pegar o grupo toda a escola toda já que você vai trabalhar uma pesquisa então porque trabalhar um grupo só então a gente tem o grupo daquele que realmente vive em condição vamos dizer desfavorável em relação ao conforto as necessidades básicas até para manter a saúde da criança e tem aquele que vem também. Então seriam duas realidades que nós iríamos trabalhar para podermos ver realmente se o problema existe em que área e só na área daquela criança que e desfavorecida em relação ao trabalho social ou até o trabalho mesmo da própria educação e saúde ou e da outra criança também que já vive uma condição social melhor. Então eu acho que deveria pegar a escola toda. Agora a participação à medida que foi conduzida não participei de alguma reuniões que vocês fizeram estou desconfiada que não participei, porque estava dando aula mas o trabalho a maneira com que vocês conduziram achei ótimo não tenho nada a acrescentar.

Profa. 7: Vou tentar recordar o que eu vi. Eu na me lembro, mas acho que Não fiquei na quadra naquele dia para acompanhar não. Mas quando eles voltaram pra sala eles comentaram muito eles gostaram muito porque existe muito aquilo na sala de aula aquele compromisso a gente tem falar sobre isso esse assunto aqui e aquela coisa mais presa com um conteúdo e levar práticas diferentes eles já tem mais liberdade para discutir aquele assunto para poder participar mesmo e uma coisa mais espontânea, então acho que foi o maior ponto positivo. Negativo é que não mudaram muito o comportamento depois. É aquilo falam, falam. E a ação? Há uma distância entre aquilo que você fala e o que você faz ficou muito grande. Isso eu não sei de que forma poderia ser trabalhado para ficar mesmo fixado neles. Não, eu tenho que cuidar do mundo, eu tenho que cuidar do que e meu. Eu só achei que não teve uma continuidade assim, eles não quiseram parece.Obs.: Profa. 7: Deveria fazer esse ano com os menores. Eles fixam mais.

Profa. 8: Olha eu tenho mais positivos do que negativos. Eu gostei os alunos gostaram elogiaram. Achei que de uma forma lúdica vocês passaram muitas coisas. Brincando eles aprendem, porque a idade deles ainda é voltada mais para a parte lúdica. O único negativo foi que os meus alunos do ano passado tiveram uma experiência negativa. Eles

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reclamaram por causa da idade não puderam participar esse ano. Eu acho assim que deveria dar uma continuidade para aqueles que já estavam no ano passado. Só isso que tenho negativo, porque o resto eu adorei, eles também gostaram muito. O pessoal é muito legal. Profa. 9: Não me lembro. São muitas coisas, não me lembro. A gente teria que ter o papel para lembrar. Eu não participei das oficinas. Eles adoraram. Você participou das oficinas? O que eu sei que eles adoraram. Falaram muito. E teve aquela questão da água, elas mostraram para eles. Mais eles são muito miúdos ainda, até com os pais fica difícil conversar.

Profa. 10: Olha eu acho que foi bem interessante. As crianças gostavam muito. Eu acho que foi interessante para eles, porque coisas que a gente fala na escola, que a professora orienta na sala e dá as aulas. E aí também vem uma pessoa de fora, e com as mesmas informações de outra forma, usando outro método e tudo mais. Com certeza que tem aquelas crianças que acabam não levam realmente. Que não tem interesse, mas acho que é uma minoria. A escola agradece e acho que é uma parceria bem legal. Negativo: Não sei se torna negativo, mas é não poder estar dando o suporte que vocês precisam por falta de tempo para dar atenção e recurso de pessoal de apoio às atividades.

Profa. 11: As famílias tiveram uma boa aceitação e a única dificuldade que a gente teve realmente foi com relação a freqüência. Por que é uma freqüência flutuante e alguns alunos que vinham num dia não vinham no outro. E a própria presença dos pais eles não estão muito acostumados a vir na escola ouvir e de acreditar nos novos conceitos, e trabalhos de pesquisas feitos. Tirando essa grande dificuldade acho que o projeto foi bem aceito.

Profa. 12: De uma forma geral a gente trabalha tudo. Trabalha a ano tudo a questão da higiene pessoal.

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