tipologia textual 20131

Upload: lubuchala5592

Post on 18-Oct-2015

64 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

CoEso e CoeRncia: desenVolvendo a CompetnciA Textual

TIPOLOGIA TEXTUAL: desenVolvendoa CompetnciA Textual

Profa. Fatima BarbosaEmail: [email protected]

Tipologia Textual

TIPOS TEXTUAIS COMO FERRAMENTA

Para Bakhtin (1997), quando um indivduo utiliza a lngua, sempre o faz por meio de um tipo de texto ainda que possa no ter conscincia disso; ou seja, a escolha de um tipo um dos passos - se no o primeiro - a ser seguidos no processo de comunicao.

Por isso, e nessa perspectiva de continuum, os tipos textuais podem ser uma ferramenta que est disposio do falante, sendo por ele escolhidos da maneira que melhor lhe convm para, no processo de comunicao, auxili-lo na sua expresso lingstica.

Tomar um tipo textual como uma estrutura bsica normalmente usada em uma determinada situao o torna uma valiosa ferramenta (ou instrumento de carter cognitivo) que o falante procura, guia e controla para poder expressar a funo maior da linguagem que atingir uma comunicao, em maior ou menor grau, argumentativa, ou seja, uma comunicao cujo objetivo eficazmente alcanado e concretizado; da dizer-se que a argumentatividade est inscrita no uso da lngua (Schneuwly, mimeo; Koch. 1984; Silva, 1995; Neves, 1997).Cada discurso historicamente produzido e interpretado, isto , est situado no tempo e no espao. Muitas das concepes bsicas da LC/ACD que se destacavam nos estgios iniciais de estabelecimento do campo, e que foram elaboradas em desenvolvimentos posteriores da teoria, so articuladas no trabalho de Kress. Elas incluem concepes como:A linguagem um fenmeno social. No apenas indivduos, mas tambm as instituies e os grupos sociais possuem significados e valores especficos, que so expressos de forma sistemtica por meio da linguagem. Os textos so as unidades relevantes da linguagem na comunicao. Os leitores/ouvintes no so recipientes passivos quando se relacionam com os textos. H similaridades entre a linguagem da cincia e a linguagem das instituies, e assim por diante (KRESS, 1989).

Glossrio: Anlise Crtica do Discurso (ACD) Lingstica Crtica(LC )

WODAK, Ruth. Do que trata a ACD um resumo de sua histria, conceitos importantes e seus desenvolvimentos. Linguagem em (Dis)curso. v. 4, n.esp, Tubaro : Ed. Unisul, 2004. p.223-256.

Tipologia Textual

A palavra texto vem do Latim e significa tecido. Literalmente, quer nos dizer que ao produzir um texto estamos entrelaando fios de idias. Tipos textuais correspondem s categorias: Narrao Descrio Dissertao/argumentao

Um escritor competente algum que sabe reconhecer diferentes tipos de texto e escolher o apropriado a seus objetivos num determinado momento. (Koch, 2002).

Conhecimentos requeridos para entender o textoPara entender um texto, devemos recorrer ao sistema de conhecimento que temos. So eles:

Conhecimento lingusticoAbrange o conhecimento gramatical e lexical. Com esse conhecimento podemos compreender: a organizao do material lingstico na superfcie textual, o uso dos meios coesivos para efetuar a remisso ou seqenciao textual, a seleo lexical adequada ao tema ou aos modelos cognitivos ativados.

Conhecimento enciclopdicoRefere-se a conhecimentos gerais sobre o mundo. Uma espcie de thesaurus mental bem como a conhecimentos alusivos a vivncias pessoais e eventos espcio-temporalmente situados, permitindo a produo de sentidos.

Unidade 1: Redao Criativa e sua EstruturaEstratgias para descobrir o texto

Conhecimento interacional

Refere-se s formas de interao por meio da linguagem e engloba os conhecimentos:Conhecimento Ilocucional Esse conhecimento permite-nos conhecer os objetivos ou propsitos pretendidos pelo produtor do texto, em uma dada situao interacional.Conhecimento ComunicacionalEsse conhecimento diz respeito :- Quantidade de informao necessria, numa situao comunicativa concreta, para que o parceiro seja capaz de reconstruir o objetivo da produo do texto;- seleo da variante lingstica adequada a cada situao de interao;- adequao do gnero textual situao comunicativa.

Conhecimentos requisitadosConhecimento MetacognitivoSo recursos dentro do texto que permitem ao locutor assegurar a compreenso do texto e conseguir a aceitao pelo parceiro dos objetivos com que produzido. So utilizados vrios tipos de aes lingsticas configuradas no texto por meio da introduo de sinais de articulao ou apoios textuais, atividades de formulao ou construo textual.Conhecimento sobre gneros textuaisPermite a identificao de textos como exemplares adequados aos diversos eventos da vida social. Envolve tambm conhecimentos sobre as macrocategorias ou unidades globais que distinguem os vrios tipos de textos.

Nesse caso, devemos olhar o texto e identificar a categoria a qual ele pertence. Por exemplo: horscopo, fbula, etc. Observe o Grfico de Gneros Textuais. Escolha no mapa um gnero que lhe seja familiar ou com o qual voc tenha afinidade e elabore um texto dentro deste gnero.

2. Escolha o Grfico de Gneros Textuais , escolha cinco gneros. Agora d um exemplo de texto que caiba dentro de cada um desses gneros.

Todo texto tem um propsito, um objetivo, uma funo. Identifique esse tpico no seu texto.1. Qual o tema do texto? 2. Qual a funo do texto: informar, descrever, induzir.Atividades:

descrio, narrao e dissertao A descrio se caracteriza por ser o retrato verbal ou textual de pessoas, objetos, cenas ou ambientes. o tipo de redao na qual se apontam as caractersticas que compem um determinado objeto, pessoa, ambiente ou paisagem. traduzir com palavras aquilo que se viu e se observou. (Mazaroto et al., p. 4)

Uma boa descrio no deve resumir-se a uma simples enumerao. fundamental captar o trao distintivo que diferencia o ser descrito dos demais. A descrio de pessoas deve, alm dos traos fsicos, ressaltar os traos psicolgicos para que se tenha um retrato mais completo da pessoa descrita.

Exemplo: A sua estatura era alta e seu corpo, esbelto. A pele morena refletia o sol dos trpicos. Os olhos negros e amendoados espalhavam a luz interior de sua alegria de viver e jovialidade. Os traos bem desenhados compunham uma fisionomia calma, que mais parecia uma pintura.DESCRIOdescrio, narrao e dissertao Retrato de pessoas, ambientes e objetos; Predomnio de atributos; Uso de verbos de ligao; Emprego freqente de metforas, comparaes e outras figuras de linguagem; Apresentao de uma imagem fsica ou psicolgica.

Contedo especficoRetrato verbal: Imagem: aspectos que caracterizam, singularizam o ser ou objeto descrito.Faculdade humana Observao: percepo-relativismo desta percepo

Trabalho de composio Coleta de dados: seleo de imagens, aspectos os mais singularizantes Classificao: enumerao das imagens e/ou aspectos selecionados

Formas Descrio subjetiva: criao, estrutura mais livre Descrio objetiva: preciso, descrio e modo cientfico.DESCRIODescrio, narrao e dissertao a modalidade de redao na qual contamos um ou mais fatos que ocorreram em determinado tempo e lugar, envolvendo certas personagens. Por outras palavras, contar uma histria, que pode ser real ou imaginria. Tanto possvel contar uma histria que ocorreu com outras pessoas como narrar fatos acontecidos consigo. Portanto, quando vai redigir uma histria, a primeira deciso que deve tomar se voc vai ou no fazer parte da narrativa.

Exemplo: Numa noite chuvosa do ms de Agosto, Paulo e o irmo caminhavam pela rua mal-iluminada que conduzia sua residncia. Subitamente foram abordados por um homem estranho. Pararam, atemorizados, e tentaram saber o que o homem queria, receosos de que se tratasse de um assalto. Era, entretanto, somente um bbado que tentava encontrar, com dificuldade, o caminho de sua casa.NARRAODescrio, narrao e dissertao Relato de fatos; Presena de narrador, personagens, enredo, cenrios, tempo; Apresentao de um conflito; Uso de verbos de ao; Freqncia de dilogos.

Contedo especficoFatos Pessoas e aes que geram o fato e as circunstncias em que este ocorre: tempo, lugar, causa, conseqncia, etc.Faculdade humana Imaginao: fatos fictcios Pesquisa/observao : fatos reais

Trabalho de composio Levantamento: (criao ou pesquisa) dos fatos Organizao dos elementos narrativos (fatos, personagens, ambiente, tempo e outras circunstncias) Classificao-sucesso

Formas Narrao artstica: subjetividade, criao, fatos fictcios Narrao objetiva: fatos reais, fidelidade.NARRAODescrio, narrao e dissertao Produzir um texto dissertativo, ou dissertao, consiste em defender uma idia. o tipo de composio na qual expomos idias gerais, seguidas da apresentao de argumentos que as comprovem. O autor do texto dissertativo trabalha com argumentos, com fatos, com dados, que utiliza para reforar ou justificar o desenvolvimento de suas idias.Exemplo: Tem havido muitos debates sobre a eficincia do sistema educacional. Argumentam alguns que ele deve ter por objetivo despertar no estudante a capacidade de absorver informaes dos mais diferentes tipos e relacion-las com a realidade circundante. Um sistema de ensino voltado para a compreenso dos problemas socioeconmicos e que despertasse no aluno a curiosidade cientfica seria por demais desejvel.Para se obter uma exposio clara e ordenada, uma dissertao geralmente dividida em trs partes: introduo, desenvolvimento ou argumentao e concluso. DISSERTAODescrio, narrao e dissertao Defesa de um argumento; Predomnio da linguagem objetiva e da denotao.Exigncia de uma estrutura em trs partes: introduo, desenvolvimento e concluso.

Contedo especficoIdiasExposio, debate, interpretao, avaliao (explicar, discutir, interpretar, avaliar idias).Faculdade humana Predomnio da razo: Reflexo - raciocnio- argumentao.

Trabalho de composio Levantamento das idiasDefinio do ponto de vista dissertativo: exposio, discusso, interpretao.

Formas Dissertao cientfica: objetividade, coerncia, solidez na argumentao, ausncia de intervenes pessoais, emocionais, anlise de idias. Dissertao literria: criatividade e argumentao. DISSERTAO

Tipo TextualExemplos de Gnero TextualNarrativoFbulaChargeDescritivoRelato PessoalPoema (descritivo)DissertativoCarta de LeitorCarta de reclamaoResumindoDescrio So descritos vrios aspectos concretos ou psicolgicos de um lugar, de uma pessoa, de um objeto.

Narrao Relata fatos concretos ou fictcios, num espao e num tempo (concretos ou fictcios). Entre os fatos narrados h uma relao de anterioridade e posterioridade (antes e depois).

Dissertao Interpreta, analisa, por meio de conceitos abstratos, os dados concretos da realidade. Aparecem dados concretos como recursos de confirmao das idias abstratas. H uma relao lgica entre os enunciados (coeso e coerncia so fundamentais).

Algumas ferramentas para entender a tipologia textualLeia bem os textos e classifique quanto tipologia:

Texto 1: Tentara dormir, mas no conseguira. A cama dava voltas. Tinha vomitado. Encontrou o uruguaio no saguo. Pediu-lhe desculpas pelo que pudesse ter feito de inconveniente. No se lembrava de quase nada. O homem o tranqilizou. Estava acostumado com aquilo. Afinal, era ou no era o dono de hotel h quarenta anos ? Que no se preocupasse, que tomasse o seu caf em paz. Compreendia, era excesso de preocupao com la muerte de nuestro Ignacio.Texto 2: Nessa noite, no jantar, o suposto Aureliano Segundo partiu o po com a mo direita e tomou a sopa com a esquerda. Seu irmo gmeo. O suposto Jos Arcdio, partiu o po com a mo esquerda e tomou a sopa com a direita. Era to precisa a coordenao dos seus movimentos que no pareciam dois irmos sentados um em frente ao outro, e sim um artifcio de espelhos. O espetculo que os gmeos tinham concebido desde que tomaram conscincia de que eram iguais foi repetido em honra do recm-chegado.Texto 3: Portas, janelas fechadas ou se fechando. A cidade acabou de esvaziar-se, mas ainda o calor da febre e a marca da violncia dos homens... No asfalto cuspido, pontas de cigarro, pedaos de papel e poeira - ltimos vestgios da passagem deles. Daqui de cima que se sente como a alma das casas s comea a expandir-se depois que a multido abandona as ruas.Texto 4: Depois de comer a salada e aproveitar a ltima gota da caldinho aucarado,o professor encaminhou-se para a saleta. O apartamento ficava no quinto andar e a saleta tinha s uma janela. Como as demais, os vidros estavam trincados e os caixilhos apodrecidos. Dali, se quisesse, poderia recrear a vista com uma nesga verde entre altos edifcios, onde voejavam pombos.Ou ento, debruado ver l embaixo no ptio, o senhor gordo e calvo andando, de c pra l, de l pra c, em exerccio para emagrecer, mas, os olhos sempre voltados para dentro de si mesmo e para os livros, o professor no pensou na nesga verde, nos pombos voejando, no senhor gordo e calvo em seu vaivm no ptio. Texto 5: Taninha queria ser adulta naquela hora. Queria ser alta para poder ser vista do outro lado do balco da padaria e gritar bem alto e firme: O senhor me roubou no troco. Mas apenas olhou o dinheiro na sua mo e saiu revoltada da padaria.Texto 6: Dario vinha apressado, guarda-chuva no brao esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo at parar, encostando-se parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calada, ainda mida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo.Texto 7: Os problemas que atingem o sistema educacional no comportam solues fceis que possam ser vendidas como um mero produto eleitoral.Os candidatos a prefeito tm obrigao de dizer a verdade. De onde viro os recursos que asseguraro o direito constitucional de Educao para todos?Como e em que prazo conseguiro construir todas as unidades para o atendimento da demanda ?O que pensam e como agiro no atendimento das reivindicaes econmicas e sociais dos profissionais do ensino ?Se dizem a verdade, quando apontam a soluo para todos os problemas, devem dizer tambm quem pagar a conta ?Do contrrio, somente estaro contribuindo com a mxima popular de que, para os polticos, a defesa dos pobres e da educao s ocorre na poca de eleio.Com as palavras os candidatos.

Referncias utilizadas

GARCIA, Othon M. Comunicao em prosa moderna. Rio de Janeiro. 19 - Editora FGV, 2000.GRION, Laurinda. Dicas para uma boa redao. So Paulo : Edicta, s/d.MAZZAROTTO, Lus Fernando. Manual de Redao. So Paulo. DCL, 2001.MASSAUD, Moiss. Guia prtico de redao. So Paulo. Cultrix, 1977.http://www.malhatantica.pt/jorgefborges/principi1.htm#Esquema%20%narraoMEDEIROS, J. B. Redao empresarial. 3a. ed. So Paulo: Atlas, 1998.PASSOS, Rosemary e SANTOS Gildenir Carolino. Como elaborar um relatrio Tcnico-cientfico. Disponvel em: < http://www.bibli.fae.unicamp.br/relat2.html > Acesso em 31/12/2004.