toque 14 juniaandrade

24
Rua das Marrecas, 15 – Centro – CEP 20031-120. Rio de Janeiro – RJ. Telefax: (21) 2544-3752/2544-9202 RACIOCÍNIO CRÍTICO VERBAL Profa. Júnia Andrade Profa. de português e de discursivas para concursos Autora do livro Redação para Concursos – Editora Ferreira Olá candidatos! Mais uma vez, outro desafio é imposto à vida dos concurseiros: resolver questões de raciocínio crítico, conforme está expresso no concurso para o ICMS de São Paulo. Bom, vamos a alguns esclarecimentos que podem ajudar vocês quanto ao entendimento do que venha a ser raciocínio crítico: a) Em primeiro lugar, raciocínio crítico, considerando seu aspecto geral, tem a ver com todo o tipo de pensamento lógico, baseado em diferentes argumentos que possam justificar determinada ideia ou conclusão. Trata-se de algo permeável a todas as áreas de conhecimento, já que herdamos o processo científico-racional como forma de chegarmos a determinadas conclusões. O termo senso crítico, por exemplo, já seria uma visão pessoal sobre os objetos a serem analisados; e o raciocínio crítico, se comparado ao senso crítico, seria a construção de uma ideia mais objetiva, facilmente comprovada e objetivamente demonstrada aos demais. b) Tecnicamente falando, também me restringindo mais à situação de vocês nos concursos, podemos dividir as linhas de raciocínio entre duas vertentes: a de uma lógica numérica, ou seja, pertinente ao campo matemático, e a de uma lógica textual, pertinente ao campo do julgamento de inferências e de interpretações. Resumindo isso seria dizer que o raciocínio crítico envolve conhecimentos de raciocínio lógico- matemático e conhecimentos sobre técnicas de interpretação. Daí a explicação para o surgimento de duas nomenclaturas: raciocínio crítico verbal e raciocínio lógico-numérico ou matemático. c) Também esclareço, pessoal, que, a despeito de as bancas terem deixado de apresentar o nome raciocínio crítico nos edital, o assunto já apareceu em diversas provas de concursos públicos: na FGV (a maior especialista no assunto, a meu ver, vocês podem conferir isso nas provas de português do ICMS RJ), no Cespe (em questões de raciocínio

Upload: jcatanhede

Post on 08-Feb-2016

33 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: Toque 14 Juniaandrade

 

 

Rua das Marrecas, 15 – Centro – CEP 20031-120. Rio de Janeiro – RJ. Telefax: (21) 2544-3752/2544-9202

RACIOCÍNIO CRÍTICO VERBAL

Profa. Júnia Andrade Profa. de português e de discursivas para concursos

Autora do livro Redação para Concursos – Editora Ferreira

Olá candidatos! Mais uma vez, outro desafio é imposto à vida dos concurseiros: resolver

questões de raciocínio crítico, conforme está expresso no concurso para o ICMS de São Paulo.

Bom, vamos a alguns esclarecimentos que podem ajudar vocês quanto ao entendimento do que venha a ser raciocínio crítico:

a) Em primeiro lugar, raciocínio crítico, considerando seu aspecto geral, tem a ver com todo o tipo de pensamento lógico, baseado em diferentes argumentos que possam justificar determinada ideia ou conclusão. Trata-se de algo permeável a todas as áreas de conhecimento, já que herdamos o processo científico-racional como forma de chegarmos a determinadas conclusões. O termo senso crítico, por exemplo, já seria uma visão pessoal sobre os objetos a serem analisados; e o raciocínio crítico, se comparado ao senso crítico, seria a construção de uma ideia mais objetiva, facilmente comprovada e objetivamente demonstrada aos demais.

b) Tecnicamente falando, também me restringindo mais à situação de vocês nos concursos, podemos dividir as linhas de raciocínio entre duas vertentes: a de uma lógica numérica, ou seja, pertinente ao campo matemático, e a de uma lógica textual, pertinente ao campo do julgamento de inferências e de interpretações. Resumindo isso seria dizer que o raciocínio crítico envolve conhecimentos de raciocínio lógico-matemático e conhecimentos sobre técnicas de interpretação. Daí a explicação para o surgimento de duas nomenclaturas: raciocínio crítico verbal e raciocínio lógico-numérico ou matemático.

c) Também esclareço, pessoal, que, a despeito de as bancas terem deixado de apresentar o nome raciocínio crítico nos edital, o assunto já apareceu em diversas provas de concursos públicos: na FGV (a maior especialista no assunto, a meu ver, vocês podem conferir isso nas provas de português do ICMS RJ), no Cespe (em questões de raciocínio

Page 2: Toque 14 Juniaandrade

 

 

Rua das Marrecas, 15 – Centro – CEP 20031-120. Rio de Janeiro – RJ. Telefax: (21) 2544-3752/2544-9202

lógico propriamente dizendo ou em provas de português como as do TJRJ de 2008), na FCC (em menor número, está principalmente nas provas de português para as áreas fiscais), na Esaf (nas primeiras questões de interpretação) e no NCE (nas provas antigas de português do Núcleo de Computação, que hoje responde pela alcunha de Fundação José Bonifácio). Então, não é novidade esse assutno nas provas e mostrarei algumas questões para vocês.

d) O que vocês precisam efetivamente saber para as provas que cobram expressamente raciocínio crítico em seus editais?

É preciso aprofundar o estudo da lógica matemática, porque vocês podem não estar livres disso, já que o campo do estudo da argumentação é muito amplo e o raciocínio lógico é ferramenta imprescindível para a melhoria quanto à observação de relações de causa e efeito, de modalizações, de contradições etc.

Além disso, devem treinar bastante interpretação (cursos de português para concursos), porque tudo leva a crer que a FCC exporá problemas de lógica, inseridos em textos com eventos em sequência. Mas, sem problemas, pois, nos exemplos que comentarei daqui a algumas linhas, tentarei mostrar tudo isso com clareza para vocês.

Bom, esclareço, antes de entrar nos exemplos comentados, que não estou dizendo que a prova será meramente vinculada ao campo das Letras. Meu papel aqui é somar conhecimentos, com base em fatos objetivos, para ajudá-los a se preparar adequadamente para a prova. Por isso, entendam que é para somar os problemas que vou elucidar a outros que são pertinentes à seara do Raciocínio Lógico-quantitativo.

Então, vamos recuperar o que a FCC propôs para Raciocínio Crítico. Para tal, vou “fatiar” o programa para explicar caso a caso:

• A Prova de Raciocínio Crítico objetiva testar as habilidades de raciocínio, envolvendo: (a) elaboração de argumentos; (b) avaliação da argumentação; e (c) formulação ou avaliação de planos de ação.

Primeiramente, cabe explicar que, apesar do termo “elaboração”, a prova de vocês será objetiva, ou seja, não há que se elaborar texto, porque o edital é claro é incluir raciocínio crítico no rol das disciplinas listadas para conhecimentos gerais.

Por que tanto se fala em argumentação?

Page 3: Toque 14 Juniaandrade

 

 

Rua das Marrecas, 15 – Centro – CEP 20031-120. Rio de Janeiro – RJ. Telefax: (21) 2544-3752/2544-9202

Porque, certamente, haverá textos que precedem muitas questões seguidas de opções construídas com oposições, com relações de causa e efeito, com relação de condicionalidade, com alternâncias etc.

Caberia ao candidato, então, saber, a partir da narrativa textual, julgar que conclusão ou que argumento seria pertinente para cumprir o problema exposto pelo enunciado.

• As questões podem abordar assuntos de quaisquer áreas, e sua resolução independe do conhecimento específico do assunto envolvido.

Viram? O próprio edital não explica que os conhecimentos que envolvem raciocínio crítico são transversais. É até interessante dizer isso, porque o candidato pode pensar o seguinte: ora, se é pertinente à interpretação, porque isso já não vem incluído no programa de português?

Na verdade, pessoal, em português isso já existe há muito tempo. Inclusive isso explica por que alguns alunos erram tanto as questões de interpretação, mesmo sendo exímios leitores.

As bancas, certamente, estão cientes de que interpretações inteligentes e objetivas são instrumentos decisivos na seleção de candidatos. Seria um modo claro, por exemplo, de as bancas dizerem o seguinte: em minhas provas não cabe somente decoreba, é preciso raciocinar o que consta nelas. E a FCC, como muitos já o sabem, precisava dessa desculpa. Afinal, sempre foi considerada pelos candidatos que fazem provas para tribunais como uma banca pró-decoreba, cujas provas eram quase “fechadas” por candidatos que decoravam todo o programa. Agora, ela reservou uma área só para cobrar leitura e raciocínio.

• Programa Construção de argumentos: reconhecimento da estrutura básica de um argumento; conclusões apropriadas; hipóteses subjacentes; hipóteses explicativas fundamentadas; analogia entre argumentos com estrutura semelhantes.

Bacana! Nesta “aulinha”, vou apresentar a vocês algumas “ferramentas” imprescindíveis à validação de argumentos. A gente vai entender um pouco como funcionam os modos verbais, como operam as conjunções, como entendemos as relações de causa e efeito etc.

Como sempre, serei bem objetiva (falo muito agora, mas explico pontualmente o necessário), para evitar o tralalá, trololó do estudo da interpretação. Bom, espero cumprir isso!

Page 4: Toque 14 Juniaandrade

 

 

Rua das Marrecas, 15 – Centro – CEP 20031-120. Rio de Janeiro – RJ. Telefax: (21) 2544-3752/2544-9202

• Avaliação de argumentos: fatores que reforçam ou enfraquecem uma argumentação; erros de raciocínio; método utilizado na exposição de razões.

Também vou mostrar que a construção de uma interpretação racional é mais objetiva do que subjetiva. Esse é o primeiro passo para vocês acertarem questões.

• Formulação e avaliação de um Plano de Ação: reconhecimento da conveniência, eficácia e eficiência de diferentes planos de ação; fatores que reforçam ou enfraquecem as perspectivas de sucesso de um plano proposto; hipóteses subjacentes a um plano proposto.

Essa parte do programa é praticamente uma cópia de programas anteriores da FGV. Fica, portanto, a recomendação para que estudem questões de lógica e de interpretação extraídas da prova de português da FGV. É um norte certeiro para esperar o que vem por aí na prova da FCC.

Essa parte que envolve “Plano de Ação” indicia claramente que haverá um enredo, ou seja, um conjunto de ações que culminará num evento ou num conclusão, que será o mote para vocês julgarem a validade deles. Portanto, friso, acho quase impossível essas questões estarem destituídas de um viés crítico-verbal.

Só para reforçar esse meu ponto de vista, eu convido vocês a analisarem um programa de Raciocínio Lógico-matemático de um concurso contemporâneo ao do ICMS/SP. Trata-se do programa do TRT da 9ª região:

Raciocínio lógico-matemático: Estrutura lógica de relações arbitrárias entre pessoas, lugares, objetos ou eventos fictícios; deduzir novas informações das relações fornecidas e avaliar as condições usadas para estabelecer a estrutura daquelas relações. Compreensão e elaboração da lógica das situações por meio de: raciocínio verbal, raciocínio matemático, raciocínio sequencial, orientação espacial e temporal, formação de conceitos, discriminação de elementos. Compreensão do processo lógico que, a partir de um conjunto de hipóteses, conduz, de forma válida, a conclusões determinadas.

O edital deste concurso, o do TRT da 9ª R., foi publicado em 2012, mas as provas ocorrem em 2013. Se vocês repararem bem, apesar da troca de palavras, há semelhanças evidentes entre o que ela passará a exigir para a lógica matemática com a razão crítico-verbal. A única diferença entre o programa do ICMS e os programas explícitos de raciocínio lógico está no fato de o anterior remeter-se claramente à formação e análise de argumentos e de narrativas. Reafirmo, no entanto, que argumentos podem ser construídos com palavras e com símbolos. E um dado inesquecível dessa transversalidade está numa questão de português do ICMS RJ (FGV) em que variáveis X e Y

Page 5: Toque 14 Juniaandrade

 

 

Rua das Marrecas, 15 – Centro – CEP 20031-120. Rio de Janeiro – RJ. Telefax: (21) 2544-3752/2544-9202

tomaram conta da construção de relações de condicionalidade, adição, alternância etc.

Então, vamos a algumas demonstrações importantes de como resolver questões de raciocínio crítico-verbal:

1º DICA: OS LIMITES DA INTERPRETAÇÃO

Humberto Eco empregou esse título que também dou a esta passagem de dicas para expor, por meio de ensaios, as possibilidades de se interpretar o texto. Não querendo entrar em toda discussão proposta por Eco, vou tocar num ponto central do que apregoa o teórico: a relação entre o leitor e o texto deve ser íntima.

Entendamos, Eco propõe essa relação mais estreita, pessoal, para evitar os excessos de interpretação. Notem bem este termo: “excessos de interpretação”.

E o que isso tem exatamente a ver bom o que pretendemos no campo do raciocínio crítico?

Tomando-se o exposto por Eco, o que vocês deverão fazer é aproveitar o que está expressamente escrito no texto. Suposições, possibilidades interpretativas não devem ser abandonadas, não é isso que quero dizer. Mas, quando lemos um enunciado e voltamos ao texto em busca de respostas, devemos, num primeiro momento, entender exatamente o que está no texto, considerar a essência objetiva de suas palavras.

Depois dessa análise objetiva, se necessário o for, faremos uma análise suplementar do texto, ou seja, de suas possibilidades, das intencionalidades do autor, por exemplo.

Por enquanto, importa-nos limitar o entendimento ao que está no texto, aproveitando a essência de palavras-chave.

Guardem esse trechinho destacado, porque vou acioná-lo, ao mostrar os exercícios.

Page 6: Toque 14 Juniaandrade

 

 

Rua das Marrecas, 15 – Centro – CEP 20031-120. Rio de Janeiro – RJ. Telefax: (21) 2544-3752/2544-9202

2ª DICA: A SEMÂNTICA DE ALGUMAS FLEXÕES VERBAIS

Como o verbo é a classe de palavras que mais sofre acidentes, ou seja, flexões, é natural que o verbo se encarregue de boa parte do sentido transmitido pelo texto ou pelas sentenças.

Então, conheçamos alguns pontos basilares das flexões:

1º - temos três modos verbais – indicativo, subjuntivo e imperativo. Cada modo possui um significado natural, ou seja, um significa-raiz, digamos assim.

Então, verbos flexionados no indicativo estão vinculados à ideia de fato, de certeza. Já verbos flexionados no subjuntivo trazem a essência de uma suposição, de uma dúvida. Importam-nos esses dois modos, ok. O imperativo, que indica ações de ordem, conselho, pedido etc., não é tão interessante para o momento. Mas guardem o seguinte:

• Indicativo = certeza, fato, coisa concreta.

• Subjuntivo = dúvida, possibilidade, sugestão.

Em contrapartida, esclareço, pessoal, que o aspecto semântico não é estático em termos de sentido. Há construções do indicativo, por exemplo, que fogem a essa regra geral. Mas fiquemos, por enquanto, com a generalização mesmo.

2º - Flexões de tempo: alguns tempos verbais se destacam na análise textual e apresentam diferenças de sentido notórias. A gente não pode, por exemplo, entender que, em geral, uma frase que traz um verbo flexionado no passado possa ter o mesmo sentido de outra com verbo flexionado no presente. Até há a possibilidade de isso ocorrer, mas em geral passado é passado e presente é presente.

Assim, se vamos raciocinar uma sentença, precisamos prestar muita atenção à sutileza verbal da frase. Então, comecemos pelo seguinte:

a. Pretérito Perfeito do Indicativo: trata-se de um tempo verbal vinculado a ações ou estados já findados, ou seja, bem concluídos. Exemplo: Passei no concurso em 2008.

O Perfeito do Indicativo é um tempo típico dos textos narrativos, já que seu aspecto conclusivo pode dar aos eventos do texto mais movimento, ou seja,

Page 7: Toque 14 Juniaandrade

 

 

Rua das Marrecas, 15 – Centro – CEP 20031-120. Rio de Janeiro – RJ. Telefax: (21) 2544-3752/2544-9202

mais dinamismo; e as narrativas, em geral, são marcadas por acontecimentos que sucedem outros.

b. Pretérito imperfeito do indicativo: trata-se de um tempo verbal passado, menos dinâmico do que anterior. É muito comum haver pretérito imperfeito em textos descritivos, pois o tempo tende ao estático. Com ele, é possível “fotografar” imagens, cores etc. Por ser imperfeito, este pretérito é responsável por ações que se prolongaram num determinado período temporal no passado. Por isso, ele traz imprecisão temporal quanto às ações ou estados descritos. Exemplo: antes, eu estudava sozinho.

Comparando os exemplos de um de outro, vejam que temos o seguinte: a ação “passar” é conclusiva e é mais precisa, pois o candidato passou em 2008; já a ação “estudar” foi prolongada num tempo muito impreciso, “antes”. Temos, então, respectivamente, pretérito perfeito e pretérito imperfeito.

c. Futuro do Pretérito do Indicativo: apesar de ser exatamente do indicativo, o futuro do pretérito (-ria) não contém a certeza que, em geral, está expressa nos demais tempos do indicativo. O Futuro do Pretérito indicia possibilidade, probabilidade e hipótese. A gente não pode julgar que ele indica exatamente uma dúvida pontual, porque a dúvida é, em regra, a incerteza máxima. Mas a hipótese, por exemplo, é o meio termo entre a certeza e a dúvida. Portanto, guardem isto: Futuro do Pretérito indica hipótese, possibilidade.

Exemplo: se tivesse uma boa grana, montaria um negócio próprio.

Veja que o enunciador não tem dúvidas sobre montar seu negócio. Mas ele depende de “ter grana”; montar o negócio, portanto, é possível, desde que se tenha grana.

Então, guardemos essas noções gerais:

• Pretérito perfeito: ação concluída.

• Pretérito imperfeito: ação que se prolongou no passado.

• Futuro do pretérito: ação provável, possível, dependente de outra ação.

Page 8: Toque 14 Juniaandrade

 

 

Rua das Marrecas, 15 – Centro – CEP 20031-120. Rio de Janeiro – RJ. Telefax: (21) 2544-3752/2544-9202

3ª DICA: O PAPEL DE ALGUNS CONECTORES

No campo dos conectores, nós vamos nos limitar às conjunções. Na verdade, lançaremos luz sobre algumas poucas conjunções que são comumente empregadas nas construções lógico-argumentativas.

Assim, a gente precisa conhecer as conjunções seguintes:

a. As causais: porque, já que, como (esta é a mais empregada nas questões de raciocínio crítico), visto que, na medida em que, em razão de, por, porquanto etc.

O nome já diz tudo: tais conjunções representam aquilo que é fato, causa, ou, no limiar do entendimento, justificativa, explicação para a existência de algum evento.

b. As conjunções concessivas: embora, apesar de, posto que, mesmo que, não obstante, por mais que, ainda que, a despeito de, malgrado etc.

As concessivas representam a leve oposição, considerada também ressalva.

c. As finais: para (que), a fim de (que).

O nome já diz que representam finalidade.

d. Condicionais: se, desde que, contanto que etc.

As condições geralmente se vinculam a ideias de dúvida. Então, a gente já pode antecipar que elas estão ligadas a ideias de dúvida ou hipótese, ou seja, ao subjuntivo mesmo.

e. Consecutivas: tal... que, tão... que, tanto...que etc.

Evidenciam-se o efeito gerado por uma ação anteriormente expressa.

f. Aditivas: e, nem, mas também, fora, afora etc.

Desse grupo, a mais empregada é o “e” mesmo. E é bom estar atento sempre à soma de ações dadas nos eventos listados nas questões-problema.

g. Alternativas: ou...ou, ora...ora, seja...seja.

Também são altamente empregadas nas questões de raciocínio.

Page 9: Toque 14 Juniaandrade

 

 

Rua das Marrecas, 15 – Centro – CEP 20031-120. Rio de Janeiro – RJ. Telefax: (21) 2544-3752/2544-9202

h. Adversativas: mas, no entanto, entretanto, todavia, contudo, porém.

Ajudam a formular oposições declaradamente fortes, mas explícitas que as concessivas.

i. Conclusivas: portanto, por isso, por conseguinte, logo etc.

Apresentam a conclusão extraída da narrativa. Normalmente, as bancas pedem para o candidato julgar a validade de uma conclusão.

Então, amigos, guardemos esse rol de conjunções. Será útil na hora de entender como funcionam as relações entre sentenças e, mais tarde, como se chegar à solução mais adequada para os problemas enunciados.

4ª DICA: RADICALISMOS E MODALIZAÇÕES

A criação de uma lógica pressupõe também o uso, em geral, de expressões que denotam radicalismo, tal como supor uma generalização, empregada por pronomes indefinidos ou por advérbios de restrição: todo, qualquer, nenhum, apenas, somente, só etc.

Naturalmente, a gente deve grifar no texto esses radicalismos, porque eles não podem ser vistos como similares a expressões atenuantes, como as seguintes: muitos, quase, a maioria, a minoria, poucos, em alguns casos etc.

Alguns verbos também ajudam nesse processo de modalização. Os verbos PODER, DEVER e expressões como É POSSÍVEL etc. também são atenuantes que devem ser levados em conta na hora de analisarmos cada caso.

Sendo assim, não podemos compreender que são de mesmo valor as proposições: vai chover hoje à noite e pode chover hoje à noite.

A primeira frase está vinculada à ideia de certeza e a segunda, apesar de trazer um verbo no indicativo, está vinculada à ideia de possibilidade, já que o verbo PODER atenua a certeza de haver chuva.

5ª DICA: AS RELAÇÕES ENTRE SENTENÇAS

Conhecidas as ferramentas básicas da interpretação, vamos à parte intermediária do nosso estudo: as relações entre sentenças.

Comecemos pelas relações de causa e efeito (=consequência):

Page 10: Toque 14 Juniaandrade

 

 

Rua das Marrecas, 15 – Centro – CEP 20031-120. Rio de Janeiro – RJ. Telefax: (21) 2544-3752/2544-9202

a. Fiquem bem atentos à relação entre verbos, quando as sentenças trouxerem mais de um verbo. É o sinal mais seguro para se compreender causa e efeito.

Exemplo A:

Comprei o carro para chegar mais pontualmente ao trabalho.

Observem que há duas ações verbais: comprar e chegar.

Agora, pensemos a ordem desses eventos, considerando-se o contexto frasal: compra-se o carro primeiramente e depois se chega pontualmente ao trabalho.

Ou seja, comprar é primeira ação e chegar é ação secundária, permitida por aquela primeira.

Então, se comprar é a primeira ação, ela será a causa. Se chegar é a segunda, ela é será o efeito ou consequência. O que a gente vê é que “comprar X” permite à pessoa “chegar a Y”.

A relação que temos é de Causa e Efeito, nessa ordem.

Exemplo B: vou a Brasília, porque prometi lecionar português para uma turma de lá.

Neste exemplo B, a gente vê que ordem se inverteu, porque o feito veio na primeira parte da sentença, enquanto a causa veio na segunda. Retomando, temos o seguinte: “ir”...é o efeito, motivado pelo “prometer”. Primeiramente, “eu prometo..., depois eu vou’.

b. Depois fiquem atentos às conjunções, preferencialmente, causais e consecutivas. Mas lembro a vocês que há conjunções, como as finais e as conclusivas, que podem também indicar o efeito advindo de uma causa.

Vou a Brasília, porque prometi...

Ação secundária = efeito  Ação primária = causa 

Relação de efeito e causa – nessa ordem

Page 11: Toque 14 Juniaandrade

 

 

Rua das Marrecas, 15 – Centro – CEP 20031-120. Rio de Janeiro – RJ. Telefax: (21) 2544-3752/2544-9202

Naquele exemplo do “comprei o carro para chegar mais pontualmente ao trabalho”, vejam que temos uma conjunção final (para), mas a relação entre sentenças é de causa e efeito.

Então, atenção! Não confundamos o papel da conjunção com a relação entre sentenças. Uma conjunção pode ser final, expressar realmente finalidade, mas as relações entre frases podem ser também de causa e efeito.

Então, a gente não pode entender que causa e efeito é uma relação exclusivamente marcada por conjunções causais ou consecutivas. Elas ajudam muito no processo. Mas a relação ocorre entre os eventos (verbos principalmente) intercambiados entre as sentenças.

Agora, vamos para outra relação entre frases, muito comum, nas provas de raciocínio crítico: a relação de condicionalidade.

Tomemos os seguintes exemplos:

a. Se todos obedecessem às leis, haveria menos violência.

b. Se todos obedecem às leis, há menos violência.

Tanto em a quanto em b, há a conjunção condicional SE. Mas somente um período expressa uma condição propriamente dita.

Seria o período de sentenças da opção a, já que a condição está vinculada à ideia de dúvida, possibilidade, sugestão.

Vejam que o verbo obedecer, na primeira sentença, está flexionado no subjuntivo, indicando exatamente uma suposição, uma hipótese.

Já o verbo da opção b está flexionado no presente do indicativo (eles obedecem). Então, mesmo havendo a conjunção condicional SE, o que está expresso ali é uma certeza!

Então, amiguinhos, é comum as bancas apresentarem uma conjunção, mas as relações entre verbos revelarem outra verdade. Isso quer dizer que muitas vezes as conjunções mascaram uma relação revelada pelo verbo.

Façam um teste simples para entender a causa: tentem trocar a conjunção SE, de ambas as opções, por uma causal também simples – PORQUE.

Page 12: Toque 14 Juniaandrade

 

 

Rua das Marrecas, 15 – Centro – CEP 20031-120. Rio de Janeiro – RJ. Telefax: (21) 2544-3752/2544-9202

Fizemos o devido ajuste frasal, mantendo a substituição na mesma oração em que estava a conjunção original e chegamos ao seguinte: há menos violência porque todos obedecem às leis.

Vejam que, na sentença a, isso não ocorre com facilidade.

Resumindo para o concurso: SE + verbo no indicativo = Causa.

De posse dessas informações bem basilares, a gente já possui instrumentos suficientes para solucionar questões de raciocínio crítico.

Vamos a elas!

Page 13: Toque 14 Juniaandrade

 

 

Rua das Marrecas, 15 – Centro – CEP 20031-120. Rio de Janeiro – RJ. Telefax: (21) 2544-3752/2544-9202

QUESTÕES COMENTADAS

Texto para as questões 01, 02 e 03

Questão 1 - Cespe. Infere-se do primeiro período do texto que algumas reminiscências

a) não nos dão descanso, sejam boas, sejam dolorosas. b) não nos deixam em paz até causar muita dor. c) precisam vir a público, oralmente ou por escrito. d) são impublicáveis ou dolorosas. e) E devem ser esquecidas de vez.

Questão 2 - Cespe. No segundo parágrafo do texto, o autor usa o exemplo de quem passa a vida “na mesma casa de família” (R.10-11) para reforçar sua ideia de que

a) a convivência rotineira favorece as lembranças de pessoas e fatos. b) ele próprio poderia ser um conviva de muito boa memória. c) a vida familiar faz lembrar somente as circunstâncias, e não os fatos.

Page 14: Toque 14 Juniaandrade

 

 

Rua das Marrecas, 15 – Centro – CEP 20031-120. Rio de Janeiro – RJ. Telefax: (21) 2544-3752/2544-9202

d) viver em casa de família ou em hospedarias faz mal à memória. e) viver em família com seus eternos móveis e costumes descansa a mente

e estimula a memória. Questão 3 - Cespe. No terceiro parágrafo do texto, o autor explica por que escreveu “antes seja olvido que confusão” (R.17). De acordo com sua argumentação,

a) livros confusos são mais fáceis de interpretar que os omissos. b) livros confusos despertam nele “ideias finas”. c) livros omissos despertam a imaginação dele. d) livros confusos podem ser melhorados com reflexões profundas. e) E livros omissos são piores porque não é possível complementá-los.

Questão 4 – FGV. Os computadores estão presentes na vida da maioria das pessoas. Para não ficar desatualizado, o Sr. Aderbal deseja comprar um computador pessoal. Esse computador, para satisfazer suas necessidades, precisa ser muito rápido. Sabe-se que, além do processador, todos os periféricos influenciam no desempenho geral do computador. Caso o Sr. Aderbal compre um Pentium 200 MMX, um dos processadores mais rápidos do mercado, pode-se concluir que:

a.) Com certeza o computador atenderá suas necessidades. b.) Pode ser que esse computador atenda suas necessidades. c.) Esse computador não atenderá suas necessidades. d.) Possuindo uma placa de vídeo, este computador com certeza atenderá suas necessidades. e.) As alternativas (b) e (d) estão corretas.

Questão 5 – FGV. O dono de uma livraria enfrenta um problema para administrar seu estoque. Ele precisa optar por uma metodologia que mantenha uma grande quantidade de livros organizada, de forma que seus funcionários possam encontrar o que o cliente deseja. Sabe-se que 100% dos livros que vende são para os alunos de um colégio de 1° e 2° graus localizado em frente à sua loja e que, conhecendo os hábitos de seus clientes, os pequenos estudantes, que normalmente já viram o livro que desejam mas sempre esquecem o nome do autor e o nome do livro, a forma mais rápida e prática de organizar seu estoque atendendo suas necessidades é:

a.) Disciplina / Assunto / Cor da Capa b.) Autor / Nome do Livro c.) Editora / Autor / Nome do Livro d.) Assunto / Editora / Autor / Nome do Livro e.) Disciplina / Assunto / Editora / Autor / Nome do Livro

Page 15: Toque 14 Juniaandrade

 

 

Rua das Marrecas, 15 – Centro – CEP 20031-120. Rio de Janeiro – RJ. Telefax: (21) 2544-3752/2544-9202

Questão 6. FGV. Dois dicionários de sinônimos e antônimos de uma mesma língua apresentam definições diferentes para uma mesma palavra. Os dois são de autores diferentes e produzidos na mesma época. Podemos concluir que:

a.) Os dois dicionários estão errados. b.) Os dois dicionários estão corretos. c.) Os dois autores são inimigos. d.) Os dois dicionários podem ser incompletos, mas corretos. e.) Os dois dicionários podem ser completos e corretos.

Questão 7. FGV. Para que certa dieta seja efetiva, ou seja, proporcione perda de peso corporal à pessoa que a ela se submete, é necessário que seja administrada exatamente como prescrita por um nutricionista qualificado. A dieta é administrada exatamente como prescrita por um nutricionista qualificado apenas se a pessoa que a ela se submete paga por uma consulta particular com esse profissional.

Sabe-se que, em geral, nutricionistas qualificados cobram valores de consulta acessíveis a apenas uma pequena parcela da população brasileira.

A partir das informações acima, é possível concluir que:

a) Se uma pessoa administra a dieta exatamente como prescrita por um nutricionista qualificado, conseguirá perder peso corporal.

b) Uma pessoa que não possua renda elevada não poderá perder peso corporal por meio dessa dieta.

c) Entre as pessoas que se submeterem a essa dieta, a proporção das que possuem alta renda deverá ser superior à proporção das que possuem baixa renda.

d) Se uma pessoa não perde peso corporal ao administrar essa dieta, é porque não a administrou exatamente como prescrita por um nutricionista qualificado.

e) Se uma pessoa não paga por uma consulta particular com um nutricionista qualificado, não perderá peso corporal ao administrar essa dieta.

Page 16: Toque 14 Juniaandrade

 

 

Rua das Marrecas, 15 – Centro – CEP 20031-120. Rio de Janeiro – RJ. Telefax: (21) 2544-3752/2544-9202

Questão 8 – FGV. Dada a seguinte afirmação:

Se há emprego de controle biológico eficaz em lavouras, então não há perda de produção decorrente do ataque de pragas agrícolas. Por sua vez, se não há perda de produção decorrente do ataque de pragas agrícolas, então, há lucro suficiente para investir no aprimoramento de alternativas ao uso de agrotóxicos em lavouras.

Se não há lucro suficiente para investir no aprimoramento de alternativas ao uso de agrotóxicos em lavouras, pode-se concluir que:

a) Não há emprego de controle biológico eficaz e há perda de produção decorrente do ataque de pragas agrícolas.

b) Há emprego de controle biológico eficaz e há perda de produção decorrente do ataque de pragas agrícolas.

c) Há emprego de controle biológico eficaz e não há perda de produção decorrente do ataque de pragas agrícolas.

d) Não há emprego de controle biológico eficaz e não há perda de produção decorrente do ataque de pragas agrícolas.

e) Pode haver emprego de controle biológico eficaz, mas não pode haver perda de produção decorrente do ataque de pragas agrícolas.

Questão 9. Uma sentença lógica equivalente a “Se o prato X é feito com bons ingredientes, então os gestores do restaurante Y fizeram boas contratações” é:

A. Se o prato X não é feito com bons ingredientes, então os gestores do restaurante Y não fizeram boas contratações.

B. Se os gestores do restaurante Y não fizeram boas contratações, então o prato X não é feito com bons ingredientes.

C. O prato X é feito com bons ingredientes ou os gestores do restaurante Y fizeram boas contratações.

D. Se os gestores do restaurante Y fizeram boas contratações, então o prato X é feito com bons ingredientes.

E. O prato X é feito com bons ingredientes ou os gestores do restaurante Y não fizeram boas contratações.

Page 17: Toque 14 Juniaandrade

 

 

Rua das Marrecas, 15 – Centro – CEP 20031-120. Rio de Janeiro – RJ. Telefax: (21) 2544-3752/2544-9202

Questão 10. NCE. “a diminuição dos processos normais de metabolismo e crescimento economizam energia...” equivale a “a energia é economizada ao se reduzirem os processos normais de metabolismo e crescimento”; o item abaixo em que as duas frases NÃO se equivalem é:

(A) O governo criou a cesta básica para ajudar os pobres.

O governo pretende ajudar os pobres, criando a cesta básica.

(B) Os alunos estão mais contentes hoje do que ontem.

Os alunos estavam menos contentes ontem do que estão hoje.

(C) Melões estão na promoção: compre dois a R$1,00 cada e leve

outro de graça.

Melões estão na promoção, três por R$2,00.

(D) O aluguel é de R$10,00 por volta na pista, a qualquer hora.

Não há momento em que a taxa por volta na pista seja diferente de R$10,00.

(E) O quadrado é azul, com manchas vermelhas dentro.

O objeto azul é um quadrado com manchas vermelhas dentro.

Gabarito em destaque e solução para os problemas propostos:

1. B – primeiramente, vamos nos limitar ao texto. Não pensemos nada fora dele, ok.

Assim, temos o seguinte: o enunciado diz para a gente analisar apenas o primeiro período. Assim, não é bom ler o texto todo. O certo é limitar-se a ler a passagem “Há dessas reminiscências que não descansam antes que a pena ou a língua as publique.”.

Vejam como é fácil solucionar a questão. Tomemos para isso as palavras-chave desse trecho: reminiscência, não descansam, pena, língua, publique.

Ora, pessoal, a opção A será eliminada porque o trecho não fala nada sobre “dor”, ou seja, isso é interpretação além do escrito.

Page 18: Toque 14 Juniaandrade

 

 

Rua das Marrecas, 15 – Centro – CEP 20031-120. Rio de Janeiro – RJ. Telefax: (21) 2544-3752/2544-9202

A opção B traz vários termos similares aos do trecho: público, oralmente (=língua), escrito (=pena). É esta a correta, ok.

A opção C diz que “são impublicáveis”. Mas o texto diz “publique”. Está contraditória, então.

A opção D diz “devem ser esquecidas”. Isso não tem no texto.

Resposta correta: opção C.

2. vamos nos limitar novamente ao que o enunciado pede. Então, devemos ler apenas o que consta no segundo parágrafo. Leiam e acompanhem a eliminação de opções:

Opção B: o narrador deixa claro que sua memória não é boa. Portanto, a opção contradiz o texto.

Opção C: há o radicalismo “somente”. O texto não se limita a isso.

Opção D: a alternância é inválida, porque, segundo narrador, a memória dele que é ruim é similar a alguém que tivesse vivido em hospedarias. Daí conclui-se que viver em hospedarias não faz bem à memória. Já quem passa a vida em casa de família grava tudo pela continuidade e repetição conforme diz claramente o texto.

Opção E: esta opção perde a resposta para a opção A, porque na E consta a ideia de “descansar a memória”. Esta ideia não está presente no texto.

Opção A é a correta por eliminação, pois temos o seguinte jogo de palavras-chave:

- convivência rotineira = continuidade e repetição.

- lembrança de pessoas e de fatos =...é que se lhe grava tudo..

3. novamente vamos nos ater ao pedido do enunciado. Assim, devemos ler, agora, objetivamente o terceiro parágrafo.

Observando também as opções, notamos a existência de um jogo de palavras entre dois tipos de livros “os confusos e os omissos”. Então, vamos às eliminações de opções por comparação com o que consta no texto:

Page 19: Toque 14 Juniaandrade

 

 

Rua das Marrecas, 15 – Centro – CEP 20031-120. Rio de Janeiro – RJ. Telefax: (21) 2544-3752/2544-9202

a. livros confusos não são mais fáceis de interpretar porque “nada se emenda bem nos livros confusos”.

b. Os livros que despertam nele “ideias finais” são os omissos.

c. Os livros omissos despertam a imaginação dele? Sim, porque despertam nele “ideias finais”.

d. Não, porque nada se emenda bem nos livros confusos.

e. Não, porque novamente nada se emenda bem nos confusos.

3. Primeiramente fujamos provisoriamente do “com certeza” da opção A. Vamos por eliminação:

a. cortamos o “com certeza”, porque não há esta certeza expressa no texto. A opção até poderia ser válida, se não tivéssemos outra melhor.

b. Como o sr. Aderbal comprou um computador com processador veloz, pode ser que o computador atenda às suas necessidades.

c. Errado. O computador possui um processador rápido e sr. Aderbal precisa desse tipo de computador para satisfazer suas necessidades.

d. Novamente aparece o radicalismo “com certeza” e a limitação “placa de vídeo”. Mas o texto diz que a velocidade é influenciada por “todos” os periféricos.

e. Como a ideia da placa de vídeo não traz outros periféricos, a opção ficou limitada novamente.

Portanto, a melhor resposta é a da opção B, já que, em meio aos radicalismos e limitações impostas pela argumentação das demais opções, a B trabalha com a ideia de modalização, indicando que é possível que o computador atenda às necessidades do sr. Aderbal.

4. Vamos resolver a questão por eliminação.

Opções C, E e D: devem ser refutadas, porque trazem muitos elementos para solucionar o problema do esquecimento dos

Page 20: Toque 14 Juniaandrade

 

 

Rua das Marrecas, 15 – Centro – CEP 20031-120. Rio de Janeiro – RJ. Telefax: (21) 2544-3752/2544-9202

clientes ( há termo que nem é abarcado pelo texto – editora) e trazem “autor” e “ nome do livro”, justamente os itens que não colaboram, segundo o texto, com a lembrança dos livros que eles desejam adquirir.

Opção B - muita gente marcaria esta. Mas pensemos um pouco no seguinte: se os alunos esquecem o nome do autor e do livro, porque organizar a loja, obedecendo estes itens?

Não dá. O texto negou os itens.

Então sobra a opção A, que traz outros itens, sem os que atrapalham a lembrança dos clientes.

5. Vamos por eliminação, mas sempre recorrendo ao texto. Se pensarem ideias que não estão no texto, continuarão errando questões:

a. não há nada no texto que diz que eles estariam “errados”.

b. A informação é insuficiente.

c. Isso não tem no texto.

d. É a resposta correta. Mas leia a E antes de entender a explicação para a resposta D.

e. Eles não são completos, porque um dicionário não traz o significado proposto pelo outro para a mesma palavra. Portanto, a resposta correta é a opção D. Eles são incompletos. Julgar que são corretos ou incorretos não vem ao caso. O que “mata a questão” é o fato de um de ter um tipo de informação que o outro não tem.

6. Novamente, leiamos o texto com atenção e a cada opção lida, comparemos seu conteúdo com o que há no texto. Recomendo sempre que trabalhemos com eliminação de opções. Outro dado interessante é trazer para o texto os conhecimentos que listei para interpretar textos (modos verbais etc.). Vamos eliminar algumas passagens:

a. incorreta. A opção diz, no indicativo, que a pessoa “perderá peso”. Mas, voltando ao texto, há uma construção no

Page 21: Toque 14 Juniaandrade

 

 

Rua das Marrecas, 15 – Centro – CEP 20031-120. Rio de Janeiro – RJ. Telefax: (21) 2544-3752/2544-9202

subjuntivo: “Para que a dieta seja efetiva”. Nós temos uma suposição no texto, não uma certeza, como quer a opção A.

b. Incorreta. A informação excede o texto. Não se fala no texto sobre pessoas com renda elevada. Quem entendeu isso inferiu possibilidade interpretativa, já que o texto se limita a dizer que “nutricionistas cobram valores de consulta acessíveis a apenas uma pequena parcela da população brasileira”. Quando lemos essa frase, esquecemos a leitura, sem querer, e já pensamos em quem tem dinheiro. Assim, julgamos que quem não o tem não pode ter acesso a um nutricionista qualificado e, por isso, não perderá peso. Cuidado com isso também, porque a afirmativa “perderá” está novamente no indicativo e o texto trabalha com a possibilidade de perda do peso.

c. Isso não dá para julgar, porque o texto não expressa a relação entre rendas. A relação está entre a perda de peso e o acesso ao nutricionista qualificado.

d. O texto não traz informação sobre a pessoa que não perde peso. Ele fala sobre a possibilidade de ser perder peso. Assim, limitem-se bem ao que está no texto.

e. Corretíssima, porque o texto defende que a possibilidade de perder peso está necessariamente ligada à dieta prescrita por nutricionista qualificado que cobra pela consulta.

“Para que certa dieta seja efetiva,...é necessária que seja administrada exatamente como prescrita por um nutricionista qualificado”.

9. Vamos compreender a sentença dada. Quando há sentença, ou seja, um texto mais curto, é bom que saibamos entender a relação estabelecida entre os verbos da sentença:

“Se o prato X é feito com bons ingredientes, então os gestores do restaurante Y fizeram boas contratações.”

Ora, pensemos o seguinte: o que deve ocorrer primeiro? O prato ser feito com bons ingredientes ou os gestores fazerem boas contratações?

Page 22: Toque 14 Juniaandrade

 

 

Rua das Marrecas, 15 – Centro – CEP 20031-120. Rio de Janeiro – RJ. Telefax: (21) 2544-3752/2544-9202

Como fazer o prato X é posterior às contrações. Pela ordem frasal tem-se uma relação de efeito e causa, ou seja, a frase trouxe e efeito primeiramente e causa depois, isso considerando a ordem em que as palavras estão escritas:

a. fazer o prato X com bons ingredientes = efeito

b. os gestores fizeram boas contratações = causa.

Então, vamos à análise das opções:

a. errada, porque não relação de causa e efeito está errada. Coloca-se o prato com bons ingredientes como condição para as boas contratações. Traduzindo: as contratações podem ser boas, e o prato poderá não ser bom.

b. Correta. Agora sim! A ordem é direta, respeitando-se primeiramente a causa – contratar bem ou não – e fazer pratos com bons ingredientes ou não. Ou seja, a negativa é mero engodo, o traz a correção é fato de ordem dos eventos seguir o curso direito: causa e efeito. Mesmo os tempos verbais sendo diversos, a questão traz algo verdadeiro: se no presente o prato X deve-se às boas contratações, então, se os gestores não fizeram boas contratações, os ingredientes não são bons.

c. Incorreto, porque o texto não trabalha com alternância.

d. Incorreto, porque o tempo verbal é diferente do que foi exposto no enunciado. Na opção há verbo no passado, ao passo que no enunciado há verbo no presente.

e. Novamente houve alternância e a questão está incorreta.

10. a correta aqui é a opção C. Vejamos o motivo: em todas as opções, se vocês forem eliminando palavras-chave entre as duas sentenças, notarão que em quase todas as palavras originais são mantidas. Já a opção C traz uma construção que não conserva as palavras-chave originais. Desse modo, o candidato tende a julgá-la equivalente à reescrita, porque ele interpreta o que não está escrito ali.

Notemos a demonstração:

a. “o governo criou a cesta básica para ajudar os pobres.”

Page 23: Toque 14 Juniaandrade

 

 

Rua das Marrecas, 15 – Centro – CEP 20031-120. Rio de Janeiro – RJ. Telefax: (21) 2544-3752/2544-9202

O governo pretende ajudar os pobres, criando a cesta básica.

Veja que temos entre as duas opções os seguintes termos similares: governo, ajudar, os pobres, criar, cesta básica.

Há só uma diferença: pretende ajudar e ajudar.

É a mesma interpretação entre as duas expressões verbais? Não!

Mas numa prova de raciocínio crítico vocês devem sempre procurar a melhor resposta. Isso não quer dizer um compromisso com a verdade, como solução única para questão. O compromisso muitas vezes está em se julgar a solução mais adequada, mediante a eliminação das menos adequadas ao proposto.

No caso desse exercício, vale lembrar que a banca quer NÃO equivalência entre frases.

Vamos para a b:

“Os alunos estão mais contentes hoje do que ontem”

Os alunos estavam menos contentes ontem do que estão hoje.

A interpretação correta é visível, mas contemos palavras, pois é mais seguro e, praticamente, infalível: alunos, contentes, hoje, ontem.

Há diferença entre tempos verbais? Há.

Mas há uma lógica construída pelo advérbio “mais” e pelo advérbio “ menos”.

Agora, vejamos a C:

“melões estão na promoção: compre dois a R$ 1,00 e leve outro de graça”.

Melões estão na promoção, três por R$2,00.

Amigos, não fiquem fazendo contas, porque vocês esquecem o texto, quando fazem isso. Analisem as palavras, sem atribuir significados a elas, pensem nelas como um mecanismo chave-fechadura, ou seja, para se ter equivalência, tal como pede o enunciado, é preciso encaixá-las umas às outras.

Page 24: Toque 14 Juniaandrade

 

 

Rua das Marrecas, 15 – Centro – CEP 20031-120. Rio de Janeiro – RJ. Telefax: (21) 2544-3752/2544-9202

Então, responda para si: tudo o que está na primeira frase encaixa na segunda?

Se não entenderam, explico: na segunda frase, não se fala em compra e ou em levar, ou seja, falta a essência da língua – os verbos!

Raciocínio crítico verbal é isso! Espero que ajudado com este pouquinho!

Até me esqueci da apresentação. Mas há tempo! Meu nome é Júnia Andrade Viana, sou professora de português e de discursivas para concursos públicos, no Ponto dos Concursos, e sou autora do livro Redação para Concursos, pela Editora Ferreira.

Acompanhem o site da Editora, porque em breve (em fevereiro) darei uma palestra gratuita sobre Raciocínio Crítico. A motivação da palestra é esclarecer mais sobre o assunto, resolver questões e ajudar as vítimas das chuvas de verão no Rio de Janeiro.

No dia 10/01, haverá uma palestra sobre questões de língua portuguesa nas provas da FCC. Darei dicas também sobre as questões com mais chances de aparecerem nas provas. A palestra também tem a finalidade solidária, tal como a palestra de fevereiro sobre Raciocínio Crítico. Haverá também para os interessados uma palestra para quem irá fazer o concurso da OAB – 2ª fase. Darei dicas importantes sobre como organizar o texto.

Enfim, confiram tudo isso na página da Editora Ferreira!

Boa prova para todos!

Profa. Júnia Andrade