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QUESTÃO 1
Entende-se por gestão a prática e/ou processo que busca intervir na
melhoria da eficácia das organizações sociais. Trata-se de um processo que os
administrar recursos (humanos, materiais, etc.) e processos (de fabricação,
operacionais, etc.) de uma determinada organização social com objetivos
previamente delimitados. A gestão busca integrar toda a organização social para
que ela possa atingir sues objetivos de forma planejada. No âmbito das instituições escolares a gestão atua na coordenação e no
planejamento dos recursos (financeiros, humanos, etc.) e processos
(administrativos, metodológicos, relações interpessoais) com a finalidade de
atingir um objetivo, qual seja o da melhor aprendizagem dos educandos.
Uma tendência nas instituições educacionais é a gestão participativa, que
é conceituada como uma forma regular e significativa de envolver todos os atores
sociais e a comunidade escolar (pais, professores, alunos, especialistas,
comunidade ao entorno, gestores públicos, entre outros) no processo decisório
da escola. Ou seja, significa que todos esses atores participam efetivamente nas
decisões e no planejamento dos recursos e processos necessários para que a
escola possa melhorar sua eficácia.
QUESTÃO 2
Segundo os autores existe uma literatura científica que fundamenta a
importância da participação na gestão das instituições escolares. As principais
teorias sobre a importância da participação são: teoria administrativa ou modelo
cognitivo;; teoria das relações humanos ou modelo afetivo;; democracia clássica
e de consciência política. As duas primeiras abordagens são de natureza
psicológica e as duas últimas de natureza sociológica.
A teoria administrativa ou modelo cognitivo afirma que a participação de
todos nos processos decisórios aumenta a produtividade da organização, isso
porque qualifica todos as estratégias de planejamento e aumenta
qualitativamente as informações que circulam nas organizações.
A segunda teoria, das relações humanas ou modelo afetivo, se contrapõe
a primeira ao afirmar que os resultados de produção de uma organização estão
relacionados com a satisfação dos atores dessa instituição no ambiente de
trabalho. Trabalhar de forma participativa faz com que os indivíduos participem
mais da vida e dos objetivos das organizações, reduz as resistências contra
mudanças, entre outros.
A terceira e quarta teoria são de natureza sociológica. Essas teorias não
estão focadas somente no desempenho e na produtividade das organizações,
mas argumentam que existem valores, princípios e ideias que as instituições
escolares devem preservar e divulgar. O modelo de democracia clássica, por
exemplo, afirma a necessidade das escolas lutarem e promoverem debates e
mecanismos para problematizar os valores democráticos da sociedade, as
desigualdade sociais, econômicas, políticas e culturais. A participação na escola
seria uma forma de garantir direitos sociais mais amplos existentes na
sociedade.
A última teoria, chamada “consciência política”, afirma a necessidade de
conscientização dos trabalhadores a respeito das contrições econômicas e
políticas das sociedades, principalmente capitalistas. Afirma que a participação
deve levar o trabalhador a desenvolver uma consciência da luta de classes nas
sociedades. Essa teoria não enfatiza apenas os aspectos “micros” do interior das
instituições escolares, mas enfatiza a importância de pensar os aspectos “macro”
da sociedade, principalmente da economia e da política. Para a autora essa
perspectiva encontra bastante influencia nos países da América Latina, onde os
sindicatos e partidos de esquerda têm mais influência. É uma literatura
influenciada pelo marxismo.
Sinteticamente, as abordagens “psicológicas” enfatizam os aspectos da
relação dos atores de uma organização com a eficácia das instituições. Elas
buscam entender como a participação podem melhorar a performance. Já as
teorias sociológicas tendem a considerar mais a relação das escolas com a
sociedade em geral. E atribuem a escola um papel importante na preservação
de valores sociais importantes, como direitos civis, liberdade política, etc. A
última teoria, “consciência política”, enfatiza a importância de problematizar a
sociedade e as contradições sociais. A participação não está a serviço da
eficácia, mas da transformação social.
QUESTÃO 3
Ao longo da década de 80 surgiram várias tendências para se pensar a
importância e a participação na vida cotidiana das instituições escolares. Uma
dessas tendência busca relacionar a eficácia à participação de todos atores da
escola.
Essa tendência é baseada é pesquisas, principalmente de caráter
quantitativo e com amplas amostragens, sobre o sucesso e a eficácia das
organizações. Essas pesquisas, no geral, sugerem que as instituições que
apresentam maior envolvimento dos profissionais (gestores, professores,
especialistas, coordenadores, etc.) da escola apresentam melhores resultados,
eficácia. Uma dessas pesquisas, por exemplo, aponta que as características
organizações das escolas são diretamente responsáveis por cerca de 32% na
variação do desempenho acadêmico dos alunos (ROSENHOLTZ, 1985). Ou
seja, na prática essa tendência busca mostrar que instituições escolares que
apresentam um desenho organizacional mais aberto e participativo dos
profissionais apresentam melhores possiblidades de melhorar o desempenho
acadêmico dos alunos.
Essa tendência facilita que todos os profissionais da escola participem
ativamente da tomada de decisões, do planejamento e da vida cotidiana das
escolas. Essa perspectiva acaba envolvendo todos os profissionais na cultura
da organização, que ela crie vínculos com a instituição e não obedeça às ordens
de forma mecanizada. Do ponto de vista prática, mesmo que as escolas,
geralmente, tenham uma arquitetura e hierarquia organizacional, os gestores
podem envolver os demais profissionais nas tomadas de decisões,
principalmente através de mecanismos de conselhos, assembleias,
representações, reuniões abertas, acolhida das opiniões dos demais
profissionais, etc.
Do ponto de vista da legislação brasileira não há nada que impeça dos
gestores de envolverem os demais profissionais na esfera de decisões da
escola. Ao contrário, a Constituição Federal estabelece no artigo 206, inciso VI,
que a gestão democrática deve ser uma das principais diretrizes do ensino
público.
Esse princípio é reafirmado no artigo 14° da LDB/1996, que estabelece
que os princípios que devem guiar a gestão democrática da escola pública. O
inciso I do referido artigo estabelece que todos os profissionais da educação
podem participar na elaboração do projeto político pedagógico das escolas. E o
inciso II reafirma a participação e a efetivação de conselhos escolares e da
comunidade em geral.
A CF e da LDB constituem um arcabouço legal que fundamenta a
possibilidade de pensarmos a participação de todos profissionais da escola e da
comunidade em geral na tomada de decisão das escolas. Não há nenhuma lei
que impeça essa participação, ao contrário, ela é um dos princípios basilares da
escola pública. Os gestores podem então favorecer, facilitar e efetivar os
diversos conselhos escolares e comunitários em vários aspectos da vida da
escola. Pode-se criar conselhos pedagógicos, fiscais, consultivos, etc. E todos
podem participar.
Portanto, promover um desenho e uma cultura organizacional mais
participativa é perfeitamente possível e desejável, principalmente para escolas
públicas. E o mais importante, não há lei que impossibilite a criação de conselhos
escolares e a participação de todos os profissionais da escola nas tomadas de
decisões. Já nas escolas privadas, que gozam de maior autonomia financeira e
administrativa, a participação dos professores e da comunidade pode ser efetiva.
Não há lei que impeça essa participação. As escolas podem criar essa cultura
na própria organização.
QUESTÃO 4
Ghani encontrou o ambiente escolar totalmente desmotivado, tanto
alunos e professores. A desmotivação foi o resultado de longos anos de prática
de gestão autoritária e centralizada, que não ouvia a comunidade escolar. Ghani
aos poucos foi implementando uma outra prática de liderança. Uma liderança
mais propositiva e menos autoritária. Conversava com os professores, fazia
reunião com a equipe de disciplinas. Aos poucos foi envolvendo todos na esfera
de decisões da escola. Passou-se de uma gestão do século XIX para uma gestão
do século XXI, onde as instituições sociais e os setores produtivos são cada vez
mais dinâmicos, rápidos e eficientes.
Pode-se dizer que Ghani promoveu uma gestão e uma “autoridade
compartilhada”, na qual todos os profissionais estavam envolvidos nas grandes
decisões da escola. Ele fez com que os demais profissionais fossem importantes
na vida da escola, atribuindo e redistribuindo papéis e responsabilidades, ou
seja, delegou atividades e compartilhou responsabilidades.
Outro ponto significativo do caso de Ghani foi que ele se tornou um
personagem e uma liderança que sintetizou todo o espírito que gostaria para sua
equipe. Ele foi um exemplo vivo de dedicação, abertura e compromisso com a
eficácia e os resultados da escola. Ele incorporou todo o espírito da equipe. Além
disso, foi capaz de influenciar toda a equipe escolar. Sua liderança inspira pelo
exemplo. E o seu exemplo foi de um trabalho em equipe, de escutar os outros
profissionais. É um líder que ajuda navegar nas incertezas.
Todo a trajetória de Ghani na escola técnica o torna um exemplo de uma
liderança participativa. E um dos pilares de sua liderança participativa foi a
capacidade de delegar autoridades aos profissionais que o cercavam, mostrando
que assim tinha confiança em seu trabalho. Outro ponto importante da prática
de Ghani foi utilização de uma comunicação clara, com retorno e o feedback dos
problemas e questões levantadas pela equipe.
Ghani conseguiu se impor aos colegas não abusando da autoridade e do
cargo, mas compartilhando o poder. Não foi uma gestão onde detinha a última
palavra, mas aonde a palavra circulava em todos os ambientes e profissionais.
E além de compartilhar autoridade, Ghani sabia identificar e aproveitar as
potencialidades da equipe. Sabia exatamente as potencialidades dos
profissionais e de toda equipe e como aproveitá-las.
Sinteticamente, pode dizer que Ghani soube influencia positivamente a
equipe escolar, principalmente delegando funções, compartilhando autoridade,
com comunicação clara e efetiva. Ghani é o termômetro das mudanças que
buscava, conseguiu modificar a estrutura organização da escola. Ele soube criar
um bom ambiente escolar. Soube trabalhar e desenvolver os potenciais da
equipe.
Diante da trajetória de Ghani podemos fazer algumas proposições para o
cotidiano das escolas. O caso de Ghani é exemplar, mas notamos que algumas
coisas da liderança participativa podem ser aprofundadas.
É interessante que a participação seja uma característica da escola como
um todo e não a singularidade de um gestor. A participação deve ser trabalhada
e pensada em forma de rede e não a partir de uma decisão individual. A
participação deve ser institucionalizada, não apenas momentaneamente
delegada. Ela deve ser mais colaborativa e menos personalista.
Entretanto, lideranças como a de Ghani podem contribuir para que a
participação seja de fato institucionalizada. E o primeiro passo seria incorporar
ao próprio projeto politico pedagógico da escola os canais de institucionalização
da participação. A PPP deve ser vivo e refletir toda essa participação.
Entretanto, não basta apenas que o PPP reflita e cria canais de
participação, mas que ele seja um documento dinâmico e que ele próprio reflita
a participação dos profissionais e comunidade. Para isso os gestores podem
criar grupos de conscientização, entre todos os profissionais da escola, acerca
da importância da participação na decisão da escola. Esses grupos seriam
formadores e facilitariam o processo de participação dos profissionais. Não
existe participação do nada. Ela é apreendida. E na escola ela pode ser formada
entre os próprios profissionais. A participação deve ser uma característica da
escola, deve refletir a dinâmica da escola.
Nesse sentido, nossa principal proposta é criar inicialmente na escola
grupos formadores e conscientizadores do papel da participação. Esse grupo
seria responsável pela formação em serviço de novas lideranças. Um grupo que
aos poucos dissemine a importância da participação. Esse grupo aos poucos iria
institucionalizar a participação até que ela seja incorporada a vida da escola. E
que a participação não dependa de uma pessoa, mas que funcione em rede.
Uma liderança realmente participava contribui na formação de novas lideranças
participativas. E um lugar realmente participativo é o local onde vários indivíduos
estão aptos a ocupar lugar de líder, mesmo que de forma provisória.
Nossa proposta, portanto, seria criar um grupo de formação para
participação entre os profissionais. Um grupo de formação em serviço. E aos
poucos institucionalizar a participação.