tribunal de exceÇÃo o mercado...de intenções de voto para a eleição presidencial, é tido como...

4
www.bancariosbahia.org.br bancariosbahia bancariosbahia Filiado à O BANCÁRIO O único jornal diário dos movimentos sociais no país REUNIÃO DO COMANDO NACIONAL DOS BANCÁRIOS, 28 DE FEVEREIRO Edição Diária 7380| Salvador, de 26.01.2018 a 28.01.2018 Presidente Augusto Vasconcelos TRIBUNAL DE EXCEÇÃO Brasil de Temer: milhões voltam a viver na rua Página 3 Os donos do dinheiro grosso fizeram a festa com a condenação, sem provas, do ex-presidente Lula pelo TRF4. A Bolsa de Valores subiu e o dólar caiu. Se o mercado comemora, não há o que o povo festejar. Lula, líder nas pesquisas de intenções de voto para a eleição presidencial, é tido como o candidato capaz de desfazer as reformas impostas pela agenda neoliberal. Página 4 O mercado faz a festa Temer, que na foto mostra certa intimidade com o juiz Sérgio Moro, comemorou, em Davos, condenação de Lula, sem provas. À imprensa, disse que não tolera corrupção. É muita cara de pau. Não é à toa que o Brasil virou motivo de piada mundial No Brasil das elites, bancos ganham com política neoliberal e pobre perde toda proteção social. Resultado, tem de voltar para as ruas MANOEL PORTO

Upload: others

Post on 11-Jun-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: TRIBUNAL DE EXCEÇÃO O mercado...de intenções de voto para a eleição presidencial, é tido como o candidato capaz de desfazer as reformas impostas pela agenda neoliberal. Página

www.bancariosbahia.org.br bancariosbahia bancariosbahia

Filiado à

O BANCÁRIOO único jornal diário dos movimentos sociais no país

REUNIÃO DO COMANDO NACIONAL DOS BANCÁRIOS, 28 DE FEVEREIRO

Edição Diária 7380| Salvador, de 26.01.2018 a 28.01.2018 Presidente Augusto Vasconcelos

TRIBUNAL DE EXCEÇÃO

Brasil de Temer:milhões voltama viver na ruaPágina 3

Os donos do dinheiro grosso fizeram a festa com a condenação, sem provas, do ex-presidente Lula pelo TRF4. A Bolsa de Valores subiu e o dólar caiu. Se o mercado comemora, não há o que o povo festejar. Lula, líder nas pesquisas de intenções de voto para a eleição presidencial, é tido como o candidato capaz de desfazer as reformas impostas pela agenda neoliberal. Página 4

O mercado faz a festa

Temer, que na foto mostra certa intimidade com o juiz Sérgio Moro, comemorou, em Davos, condenação de Lula, sem provas. À imprensa, disse que não tolera corrupção. É muita cara de pau. Não é à toa que o Brasil virou motivo de piada mundial

No Brasil das elites, bancos ganham com política neoliberal e pobre perde toda proteção social. Resultado, tem de voltar para as ruas

manoel porto

Page 2: TRIBUNAL DE EXCEÇÃO O mercado...de intenções de voto para a eleição presidencial, é tido como o candidato capaz de desfazer as reformas impostas pela agenda neoliberal. Página

o bancário• www.bancariosbahia.org.br Salvador, de 26.01.2018 a 28.01.20182 BANCÁRIOS

Os bancários vão tentar antecipar as negociações da campanha salarialROSe [email protected]

joão ubaldo

Fundado em 30 de outubro de 1939. Edição diária desde 1º de dezembro de 1989 Fundado em 4 de fevereiro de 1933

O BANCÁRIO

Definido o calendário de atividades

informativo do Sindicato dos Bancários da Bahia. editado e publicado sob a responsabilidade da diretoria da entidade - Presidente: Augusto Vasconcelos. Diretor de imprensa e Comunicação: Adelmo Andrade.endereço: Avenida Sete de Setembro, 1.001, mercês, Centro, Salvador-Bahia. CeP: 40.060-000 - Fone: (71) 3329-2333 - Fax: 3329-2309 - www.bancariosbahia.org.br - [email protected] responsável: Rogaciano medeiros - Reg. mTe 879 DRT-BA. Chefe de Reportagem: Rose Lima - Reg. mTe 4645 DRT-BA. Repórteres: Ana Beatriz Leal - Reg. mTe 4590 DRT-BA e Renata Andrade- Reg. mTe 4409 SRTe-BA . estagiária em jornalismo: ilana Pepe e Felipe iruatã . Projeto gráfico: márcio Lima. Diagramação: André Pitombo. impressão: muttigraf. Tiragem: 10 mil exemplares. Os textos assinados são de inteira responsabilidade dos autores.

Funcef corre risco. É preciso reagirOS pARTICIpANTES da Fun-cef têm mais um motivo para ficar atentos. A Fundação estu-da colocar em prática uma nova metodologia para contabilizar o contencioso. De interesse da

Caixa, a medida visa reduzir a contabilização do déficit a curto prazo sem que o risco seja efe-tivamente atenuado, ação que pode impactar na sustentabili-dade dos planos no futuro.

Fechado acordo com a BV Financeira OS EMpREgADOS da BV Financeira aprovaram o acordo coletivo de tra-balho sobre o sistema alternativo de Controle de Jornada de Traba-lho e sobre o Programa Próprio de Participação nos Resultados da or-ganização financeira. O acordo, que é nacional, foi homologado e tem vi-gência de um ano.

OS BANCÁRIOS terão um ano de mui-ta mobilização. Até a campanha salarial, a data base da categoria é 1º de setembro, muitos debates estão programados. A de-finição foi feita ontem, durante reunião do Comando Nacional, em Porto Alegre.

Antes de ajustar o calendário e como não podia deixar de ser, os bancários analisa-ram a condenação, em segunda instância, de Lula. O entendimento é de que a decisão visa inviabilizar a candidatura do ex-pre-sidente e impedir a retomada das políticas voltadas para a redução das desigualdades sociais e desconcentração da riqueza.

O avanço das forças reacionárias, que to-mam conta das instituições públicas que deveriam defender os interresses de toda sociedade, coloca o país em uma situação muito complicada. A aposta é no aprofun-damento da crise para continuar com a política de retrocessos, que prevê a priva-tização das estatais e o desmonte de toda

política de proteção social. É neste contexto que acontece a campanha salarial.

O presidente da Federação da Bahia e Sergipe, Hermelino Neto, destaca que a in-tenção é "fortalecer os encontros estaduais e regionais e trabalhar intensamente para envolver ainda mais a categoria em todo o processo de discussão da campanha sala-rial e dos rumos políticos do país".

O Comando Nacional também vai ten-tar antecipar as negociações com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos). Mas, an-

tes, a categoria define o que deve ser priori-dade na pauta de reivindicações durante os encontros regionais e nacionais. As confe-rências regionais e estaduais acontecem en-tre 13 e 20 de maio. Entre 18 e 20 de maio tem o Encontro do BNB e BASA.

Dias 7 e 8 de junho ocorrem o Encontro dos Bancos Privados, o Conecef e o CNFBB. Logo depois, 9 e 10 de junho, está marcada a 20ª Conferência Nacional dos Bancários. O Encontro dos Financiários é um pouco antes, de 4 a 6 de maio.

A intenção é alterar a lógica de caracterização do que é iden-tificado como uma ação judicial de perda provável, cujo valor é provisionado, e de perda possí-vel, avaliada em 50%.

Os representantes dos em-pregados querem que a metodo-logia seja discutida com os par-ticipantes. A perda de ações sem que a quantia tenha sido provi-sionada anteriormente pode re-sultar na falta de recursos para o pagamento.

Para ficar claro, o passivo trabalhista que a Caixa empur-ra para os participantes cresce. Pelo cálculo de perda provável, o passivo já ultrapassa os R$ 2,6 bilhões e da perda possível che-ga a R$ 15,3 bilhões.

Presidente da Federação da Bahia e Sergipe, Hermelino Neto, em reunião do Comando Nacional

Sindicato tem feito manifestações para cobrar responsabilidade da Funcef

Page 3: TRIBUNAL DE EXCEÇÃO O mercado...de intenções de voto para a eleição presidencial, é tido como o candidato capaz de desfazer as reformas impostas pela agenda neoliberal. Página

o bancáriowww.bancariosbahia.org.br • Salvador, de 26.01.2018 a 28.01.2018 3RETROCESSO

Quase 25 milhões viviam com menos de R$ 220 em 2016FeLiPe iRuATã [email protected]

No Brasil de Temer, só a desigualdade avança

A BAIXA inflação de 2,07% em 2017 não significa absolutamen-te nada. O motivo do patamar rebaixado é um sintoma da cri-se instalada no Brasil. Até por-que, os preços da energia, dos combustíveis e do gás de cozi-nha não param de aumentar.

Segundo pesquisa do Ban-co Central, o PIB brasileiro vai ter crescimento da ordem de 2,69%, com uma inflação de 3,95%. Por mais que o país vol-te a crescer, os indicadores mos-tram que os ricos continuarão ganhando mais dinheiro e os pobres cada vez mais carentes.

Diante das medidas neolibe-rais e da crise, o pobre voltou a passar fome. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-tística) revela aumento no nú-mero de pessoas na extrema po-breza no Brasil.

O país encerrou 2016 com 24,8 milhões de cidadãos, 12,1% da população, vivendo com o

Temer garanteacabar com aaposentadoriaNÃO é novidade que a meta do governo é atacar a apo-sentadoria. Como não tem os 308 votos necessários, Temer tem como prioridade a partir de hoje conquistar o quórum mínimo para aprovar a refor-ma da Previdência.

A promessa foi feita ao mercado, durante o Fórum Econômico Mundial, em Da-vos. Para isso, vai abrir os cofres públicos. O governo anunciou que possui R$ 30 bi para comprar os votos. A intenção é aprovar a proposta em fevereiro. Caso não consi-ga agora, a equipe econômi-ca estuda colocar em votação em novembro, quando o pro-cesso eleitoral já tiver acaba-do e os deputados puderem votar sem medo.

equivalente a R$ 220,00. O re-sultado representa alta de 50% em dois anos e colocou o Brasil de novo no Mapa da Fome.

Os números só mostram o quanto o país retrocedeu a par-

tir do golpe de 2016. Os dados indicam queda de 83% em po-líticas voltadas a área social. O desemprego também assombra a população. Hoje, são 12,6 mi-lhões de desempregados.

Políticas públicas do país são colocadas para escanteioESTUDO do Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos), feito em parceria com a Oxfam Brasil, revela queda de até 83% nos investimentos em progra-mas sociais nos últimos dois anos. É nítido que o governo Temer está a serviço exclusiva-mente dos mais ricos. Políticas públicas voltadas para as mu-lheres, negros, jovens e pobres são colocadas para escanteio.

Deixou de ser prioridade áre-as como segurança alimentar, perdendo até 76% dos investi-mentos, políticas para preven-

ção às mudanças climáticas (-72%), habitação (-62%), as-sim como defesa dos direitos da

criança e adolescente. Também foram cortados recursos que promoviam igualdade racial em

60% e programas para as mu-lheres em 53%.

A redução em programas alimentares empurra o país de volta ao quadro da fome. Em 2017, Temer diminuiu em 55% os investimentos em seguran-ça alimentar. Para 2018, cor-te de mais 21%. Os programas que promoviam o fortalecimen-to das mulheres, igualdade de gênero e a previsão de serviços para as mulheres em situação de violência tinha orçamento de R$ 96,5 milhões, mas apenas R$ 32,2 milhões foram liberados.

Trabalhador rural está na mira

enquanto os manipulados pelas elites, que encheram as ruas em 2016 para protestar pelo falso combate à corrupção, se escondem envergonhados pelo papel deprimente que fizeram, população carente sofre com a redução da política de proteção social, resultado do golpe

Programa de plantio nas escolas acabou no governo de michel Temer

Page 4: TRIBUNAL DE EXCEÇÃO O mercado...de intenções de voto para a eleição presidencial, é tido como o candidato capaz de desfazer as reformas impostas pela agenda neoliberal. Página

o bancário• www.bancariosbahia.org.br Salvador, de 26.01.2018 a 28.01.20184

SAQUE

TRIBUNAL DE EXCEÇÃO

mercado comemora a condenação de Lula, sem provasFeLiPe iRuATã[email protected]

Justiça elitista contra o povo

BENEFICIÁRIO A condenação, sem provas, pelo TRF4, deve ampliar ainda mais a larga vantagem de Lula nas pesqui-sas da corrida presidencial. É o que diz o diretor do Datafolha, Mauro Paulino. “Ele sempre sai fortalecido de episódios como esses”. O instituto faz nova pesquisa agora em fevereiro. Na última, feita em dezembro, o ex-presidente tinha 34%, Bolso-naro 17%, Marina 9%, Ciro 6% e Alckmin 6%.

SENZALA Em nota pública, o CEN (Coletivo de Entidades Negras) afirma que a condenação no TRF4 atende os interes-ses dos mesmos senhores que vendiam escravos. "Na ence-nação montada para o julgamento do ex-presidente Lula, as forças progressistas nacionais sentiram pela Justiça o mesmo desgosto e descrença que nós negros sentimos e denunciamos diariamente. Afinal, somos os pobres e trabalhadores que as elites sempre exploraram e detestaram".

gOZO Responsável diretamente pelo golpe jurídido-parla-mentar-midiático de 2016, a Rede Globo, desde quarta-feira, faz festa com a condenação de Lula, sem provas, em segunda instância. É visível a olho nu. Leva horas e mais horas só fa-lando em prisão. Os apresentadores estão em estado de orgas-mo. Parece até que tomaram Viagra. Dá nojo.

ASSESSORIA Ao reafirmar a sentença condenatória do juiz Sérgio Moro, baseada unicamente em convicções políti-cas, o Judiciário assume o papel de “assessor do golpe”. Quem afirma é Paulo Sérgio Pinheiro, ex-ministro de Direitos Hu-manos do governo de Fernando Henrique Cardoso. "Essa de-cisão confirma que não há condições de Lula ser examinado por uma Justiça equânime".

MANCOMUNADOS "Me surpreendeu muito nem tanto pela condenação, mas pela homogeneidade de entendimen-to. Eles iguais em tudo, nos pressupostos e até na dosimetria. Parece uma única pessoa dando o voto. Uma coisa impressio-nante. Esse tipo de performance em um tribunal de segundo grau, principalmente em um caso complexo, é raríssima". Da professora de Direito da UnB, Beatriz Vargas.

SE pARA a democracia e o povo brasileiro a condenação do ex--presidente Lula sem uma pro-va sequer pelo TRF4 (Tribunal Regional Federal) foi um novo golpe, para o capital e o mer-cado não poderia ser melhor. A Bolsa de Valores subiu e o dólar caiu a cada voto dos envolvidos na comédia pastelão.

Os desembargadores que condenaram Lula, líder dispa-rado nas pesquisas de intenção de voto para a eleição presiden-cial, expressam o pensamento político das elites que retiram direitos, cortam salários, ne-gam aposentadoria e uma vida digna a milhões de brasileiros. Até porque fazem parte dela.

O CEN (Coletivo de Entida-des Negras) toca no cerne da

NO MESMO dia em que Lula era condenado, sem provas, no TRF4, o latifúndio matava o líder do MST na Chapada Dia-mantina, Márcio Matos.

Duas vítimas das mesmas elites ultraconservadoras, rai-

Vítimas do ódio da elite

questão ao afirmar, em nota, que “as elites responsáveis pela condenação de Lula, são as mes-mas que vendiam escravos”. As mesmas que expõem o traba-lhador a uma jornada exaustiva e pagam um salário rebaixado, que são contra a lei que regula o trabalho doméstico, contra a regularização das terras indíge-nas, contra a política de cotas. A Casa Grande realmente faz a festa, desde o golpe de 2016.

vosas, golpistas e violentas, que tanta dor e sofrimento têm cau-sado ao Brasil e aos brasileiros.

O governador Rui Costa exi-giu rapidez e rigor nas inves-tigações de mais um crime de morte do latifúndio.

márcio matos, líder do mST, queria apenas justiça social para os sem terra