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Anais do I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA - Recursos Florestais para o Semi-árido I I I S S S S S S N N N : : : 2 2 2 2 2 2 3 3 3 6 6 6 - - - 2 2 2 7 7 7 4 4 4 6 6 6

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Anais do

I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA -

Recursos Florestais para o Semi-árido

IIISSSSSSNNN::: 222222333666---222777444666

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I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA ISSN: 2236 - 2746

Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 2

FICHA CATALOGRÁFICA

Elinei Carvalho Santana – CRB-5/1026

Bibliotecária – UESB - Campus de Vitória da Conquista-BA

S474a Seminário Florestal do Sudoeste da Bahia (1. : 2009 : Vitória da

Conquista, BA)

Anais do I Seminário Florestal do Sudoeste da Bahia / Valdemiro

Conceição Júnior (org.). – Vitória da Conquista: Edições UESB, 2010.

1 CD ROM: il.; color.

Vários colaboradores.

Tema: Recursos florestais para o semi-árido.

ISSN: 2236 - 2746

1. Silvicultura – Semi-árido nordestino – Congressos.

2. Recursos florestais – Sudoeste da Bahia - Congressos.

3. Produção florestal – Desenvolvimento econômico – Sudoeste

da Bahia – Congressos. I. Conceição Júnior, Valdemiro. II.

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. III.T.

CDD: 634.95098142

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 3

COMISSÃO ORGANIZADORA

Cordenador:

Valdemiro Conceição Júnior

Professores colaboradores:

Alessandro de Paula

Daise Cardoso de Souza Bernadino

Gilmar Correia Silva

Rita de Cássia Antunes Lima de Paula

Discentes colaboradores:

Adilson Almeida dos Santos

Alcides Pereira Santos Neto

Andressa Mota Rios Barreto

Cássio Maggi Sailvia Maciel

Deborah Santos Moreira

Gileno Brito de Azevedo

Giovanni Correia Vieira

Helane França Silva

Higaro Gobira

Iury Costa Oliveira

José Alvim Pinto Júnior

Lais Caetano de Oliveira

Lais Ribeiro Lima Lacerda

Lorena de Cassia Souza Caires da Silva

Mabel Oliveira Santos

Mariana de Carvalho Aguiar Ribas

Mauricio santos souza

Regileide Santana Franco Candido

Roger Luiz da Silva Almeida Filho

Valdereis Correia Souza

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 4

APRESENTAÇÃO

A crescente exigência dos mercados por novos padrões de qualidade para os bens

produzidos, a preocupação com a conservação dos recursos naturais e com a auto-

sustentabilidade da produção agrícola, colocam o conhecimento do meio ambiente, a

geração e a transferência de conhecimentos, como fatores estratégicos para um

desempenho competitivo das atividades envolvendo os recursos florestais. Assim, a

importância técnico-científica do Seminário focado nos aspectos silviculturais da região do

semi-árido têm como base a difusão e sistematização do conhecimento dos elementos que

constituem esse ecossistema, bem como, suas espécies, solo, sistemas de manejo e

conservação, além da adequação de sistemas de produção e exploração dos recursos como

potencial econômico.

O presente evento teve como proposta a realização palestras, mesas-redondas e mini-

cursos, além da apresentação de trabalhos em painéis e oral na área de abrangência da

silvicultura voltada para condições do semi-árido. O evento proporcionará a troca de

experiências e a integração de diferentes Instituições de ensino, além da comunidade do

entorno, através da exposição, discussão e atualização da situação de manejo, produção e

conservação dos recursos advindos da região semi-árida, tão escassamente discutida

considerando sua importante relevância para realidade de diversas Para comunidades, nos

seus aspectos sociais, ambientais ou econômicos.

O evento foi realizado com foco no fortalecimento e desenvolvimento da Região

Sudoeste da Bahia, a partir do incremento da produção florestal. Espera-se que ao final

deste os participantes estejam preparados para elaborar e executar projetos florestais, tão

necessários para a consolidação da Cadeia produtiva da madeira.

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 5

OBJETIVOS

Objetivo Geral

Discutir temas atuais e perspectivas para o setor florestal da região do semi-árido

nordestino, considerando aspectos sociais, ambientais e técnicos. As inovações trazidas

pelos técnicos e pesquisadores do setor florestal e sua disseminação para estudantes e

produtores certamente assegurarão ganhos contínuos de competitividade da silvicultura e

perspectivas na adequação de manejo e conservação de seus recursos.

Objetivos específicos

- Promover o intercâmbio técnico-científico entre estudantes, profissionais e

instituições que atuam na área florestal;

- Debater questões essenciais ligadas ao desenvolvimento do setor florestal,

especialmente a silvicultura do semi-árido; - Divulgar resultados de pesquisa e inovações

tecnológicas;

- Discutir perspectivas para o manejo e conservação dos recursos do semi-árido;

- Realizar um evento regional capaz de inserir a discussão sobre a produção florestal

nos processos de desenvolvimento da Região Sudoeste da Bahia

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 6

SUMÁRIO

ATENÇÃO: Todo conteúdo e formatação dos

resumos é de responsabilidade de seus autores.

A educação ambiental na zona rural do município de Vitória da Conquista – Bahia

Daniel Amorim Vieira Aleixo, Renan Rodrigues Souza, Ivana Paula Ferraz Santos de

Brito, Valdemiro Conceição Júnior......................................................................................................................Página 11

Antagonismo in vitro de Trichoderma spp. á Pestalotiopsis sp., agente causal de

mancha foliar em Macadamia integrifólia.

Gileno Brito de Azevedo, Poliana Coqueiro Dias, Quelmo Silva de Novaes..................... Página 14

Ataque de Lampetis nigerrima (Kerremans) (Coleoptera: Buprestidae) e poda de

correção na produção de eucalipto

Janaína De Nadai; Norivaldo dos Anjos...

..................................................................................................... Página 19

Atributos físicos do solo da reserva florestal do Poço Escuro/BA

Risely Ferraz de Almeida, Diego Queiroz de Sousa, Carlos Henrique Farias Amorim,

Luciana Gomes Castro.................................................................................................................................................. Página 24

Atuação do Recicluesb frente às problemáticas ambientais da região Sudoeste da

Bahia

Mary Anne Assis Lopes de Oliveira, Alcides Pereira Santos Neto, Siléia Oliveira

Guimarães............................................................................................................................................................................... Página 30

Avaliação da germinação de sementes de Adenanthera pavonina l. em diferentes

tratamentos para a quebra de dormência

João Paulo Silva, Juliano Lima Correia, Alex Pimentel Cesar, Rita de Cassia Antunes de

Paula........................................................................................................................................................................................... Página 34

Avaliação da sanidade de sementes de pata-de-vaca (Bauhinia forficata Link.)

Glauce Taís de Oliveira Sousa, Gileno Brito de Azevedo, Jamille da Silva Amorim,

Quelmo Silva de Novaes.............................................................................................................................................. Página 38

Biometria e germinabilidade de sementes de Caesalpinia ferrea Mart. Ex Tul

(Caesalpiniaceae)

Arlete da Silva Bandeira, Kátia Dias Carvalho, Simone Vieira, Débora Leonardo dos

Santos.......................................................................................................................................................................................... Página 42

Características químicas do solo da reserva florestal Poço Escuro/BA

Risely Ferraz de Almeida, Vinícius Santos Sousa, Carlos Henrique Farias Amorim,

Luciana Gomes Castro.................................................................................................................................................. Página 47

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 7

Características químicas dos solos do município de Barra da Estiva – Bahia

Dilson Sousa Rocha Júnior; Helane França Silva; Daíse Cardoso de Souza Bernardino;

Carlos Henriques Farias Amorim......................................................................................................................... Página 51

Caracterização biométrica das sementes de Spondias tuberosa arruda (umbu)

Kátia Dias Carvalho, Arlete da Silva Bandeira, Rita de Cássia Silva Carneiro, Débora

Leonardo dos Santos....................................................................................................................................................... Página 56

Caracterização do comércio madeireiro na cidade de Seabra – BA

Poliana Coqueiro Dias, Alcides Pereira Santos Neto, Mariana de Carvalho Aguiar Ribas,

Giovanni Correia Vieira ............................................................................................................................................. Página 60

Caracterização do consumo de lenha no Polo Cerâmico de Ibiassucê-BA

Gileno Brito de Azevedo, Glauce Taís de Oliveira Sousa, Gilmar Correia

Silva.............................................................................................................................................................................................. Página 63

Caracterização macroscópica da madeira de Neoxythece elegans (A.DC.) Aubret

Pedro Henrique Alcântara, Diego Oliveira Rocha, Lucas Moreno Sousa Nolasco, Gilmar

Correia Silva.......................................................................................................................................................................... Página 66

Comercialização de produtos madeireiros no município de Barra do Choça – BA

Mariana de Carvalho Aguiar Ribas, Alcides Pereira Santos Neto, Giovanni Correia

Vieira, Gilmar Correia Silva..................................................................................................................................... Página 69

Consumo familiar em diferentes classes sociais do município de Vitória da Conquista

– Bahia

Mary Anne Assis Lopes de Oliveira, Andrêssa Mota Rios Barreto, Anne Mota Vinhas, Laís

Caetano de Oliveira......................................................................................................................................................... Página 73

Desenvolvimento sustentável, senso crítico e habilidade de pensamento: a filosofia

ambiental

Déborah Santos Moreira, Alcides Pereira Santos Neto, Siléia Oliveira

Guimarães............................................................................................................................................................................... Página 76

Estoque de serrapilheira como bioindicador em Mata de Cipó e plantio de eucaliptos

Alcides Pereira Santos Neto, Heloísa Cintra Pinto, Ana Carolina Dantas Moreira,

Marayana Prado Pinheiro.......................................................................................................................................... Página 79

Estudo de serrapilheira em dois fragmentos de caatinga com diferentes graus de

degradação no município de Seabra, BA

Lais Ribeiro Lima Lacerda, Élen Vilaronga De Jesus, Alcides Pereira Santos Neto,

Aguiberto Ranulfo Amaral.......................................................................................................................................... Página 82

Frações oxidáveis do carbono orgânico de um planossolo sobre dois manejos

florestais

Giovanni Correia Vieira, Alcides Pereira Neto, Marcos Gervasio Pereira², Arcângelo

Loss............................................................................................................................................................................................... Página 85

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 8

Geração de resíduos e obtenção da matéria-prima no setor madeireira: o caso do

município de Seabra, BA

Poliana Coqueiro Dias, Alcides Pereira Santos Neto, Mariana de Carvalho Aguiar Ribas,

Giovanni Correia Vieira.............................................................................................................................................. Página 89

Gestão ambiental e universidade: o caso dos cursos promovidos pelo projeto

Recicluesb, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Andrêssa Mota Rios Barreto, Alcides Pereira Santos Neto, Anne Mota Vinhas, Laís

Caetano de Oliveira......................................................................................................................................................... Página 92

Identificação e quantificação das espécies arbóreas do campus da Universidade

Estadual do Sudoeste da Bahia- Vitória da Conquista Bahia

Warlei Souza Campos, Flavia Maria Silva Brito, Theotônio Ângelo de Oliveira, Nayane

Ameral Santos....................................................................................................................................................................... Página 95

Impactos da utilização da madeira nativa na industrialização de produtos florestais

Mabel de Oliveira Santos, Regileide Santana Franco Cândido, Raoni Sousa

Botelho,Gilmar Correia Silva............................................................................... ................................................ Página 99

Impactos gerados pela atividade ceramista e consumo de lenha nos municípios de

Piatã e Abaíra

Edmar de Souza Araújo, Juliana Gomes Messias, Elton Rodrigo Pereira Veiga, Gilmar

Correia Silva....................................................................................................................................................................... Página 103

Levantamento da arborização urbana do bairro Santa Rita, município de Poções,

Bahia

Catia Dias do Carmo, Danusia Valeria Porto da Cunha, João Paulo

Silva........................................................................................................................................................................................... Página 107

Manejo e conservação dos recursos naturais em comunidades quilombolas na micro-

região de Vitória da Conquista

Adilson Almeida dos Santos, Laís Ribeiro Lima Lacerda, Ivana Paula Ferraz Santos de

Brito, Valdemiro Conceição Júnior.................................................................................................................. Página 111

Matéria-prima e resíduos na industrialização de produtos madeireiros no município

de Barra do Choça – BA

Giovanni Correia Vieira, Mariana de Carvalho Aguiar Ribas, Alcides Pereira Neto,

Gilmar Correia Silva................................................................................................................................................... Página 114

Matéria-prima florestal em olarias nos municípios de Piatã e Abaíra na Chapada

Diamantina – Bahia

Edmar de Souza Araújo, Magno Pacheco Fraga, Diego Oliveira Rocha, Gilmar Correia

Silva........................................................................................................................................................................................... Página 117

Matéria-prima, setor florestal e resíduo na indústria madeireira do município de

Planalto – BA

Mariana de Carvalho Aguiar Ribas, Giovanni Correia Vieira, Alcides Pereira Neto,

Gilmar Correia Silva................................................................................................................................................... Página 121

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 9

Morfologia de Lampetis nigerrima (Kerremans, 1897) (Coleoptera: Buprestidae)

Janaína De Nadai; Norivaldo dos Anjos........................................................................................................ Página 126

O uso dos recursos naturais na zona rural do território de Vitória da Conquista –

Bahia

Jusciária Aragão Vieira, Samilla Joana Santos de Deus, Ivana Paula Ferraz Santos de

Brito, Valdemiro Conceição Júnior................................................................................................................... Página 131

Ocorrência de antracnose em mudas de teca (Tectona grandis) no estado de Mato

Grosso

Marina Nunes Rondon, Solange Maria Bonaldo..................................................................................... Página 135

Ocorrência de Nasutitermes sp. (Isoptera – Termitidae) em Pterogyne nitens tull.,

(Leguminosae – Caesalpinioideae) em Vitória da Conquista – BA

Poliana Coqueiro Dias, Rita de Cássia Antunes Lima de Paula................................................. Página 139

Os estudantes de engenharia florestal da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

e o consumo consciente - a importância da educação ambiental para a formação do

consumidor

Siléia Oliveira Guimarães, Helane França Silva, Alcides Pereira Santos Neto, Daíse

Cardoso de Souza Bernardino............................................................................................................................... Página 143

Percepção ambiental na área do entorno do parque urbano Lagoa das Bateias,

Vitória da Conquista/BA

Lícia Priscila Azevedo; Mariana Lemos Santana; Mariana de Carvalho Aguiar

Ribas.......................................................................................................................................................................................... Página 147

Praga da seringueira, Tapuruia felisbertoi Lane (Coleoptera: Cerambycidae) em

plantios comerciais no município de Sinop-MT

Ronaldo Augusto Dreher Ferrare, Janaína De Nadai, Jacqueline Jesus N. da Silva, Bianca

J. Fruet Dacroce ............................................................................................................................................................. Página 151

Presença de cupim de montículo e custos de remoção do cupinzeiro em plantios de

teca

Ronaldo Augusto Dreher Ferrari, Janaína De Nadai, Evandro Mauro Tibola, Fábio

Ferreira de Azevedo...................................................................................................................................................... Página 155

Qualidade sanitária de sementes de madeira nova (Pterogyne nitens Tull.)

Jamille da Silva Amorim, Gileno Brito de Azevedo, Glauce Taís de Oliveira Sousa,

Quelmo Silva de Novaes............................................................................................................................................ Página 160

Quantificação de lipídios, proteínas e carboidratos em sementes de angico vermelho

(Anadenanthera peregrina)

Helane França Silva; Warlei Souza Campos; Daíse Cardoso de Souza Bernardino;

Eduardo Euclydes de Lima e Borges........................................................................................................... Página 164

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 10

Superação da dormência tegumentar de sementes de surucucu por meio de imersão

em acido sulfúrico

Isaac Santos da Luz, Sylvana Naomi Matsumoto; Lucialdo Oliveira D’arede, Jerffson

Lucas Santos....................................................................................................................................................................... Página 168

OBS: Os resumos estão apresentados de acordo o título em

ordem alfabética. O conteúdo e a formatação de cada

resumo é de responsabilidade de seus autores.

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 11

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ZONA RURAL DO MUNICÍPIO DE

VITÓRIA DA CONQUISTA - BAHIA

Daniel Amorim Vieira Aleixo1, Renan Rodrigues Souza

1, Ivana Paula Ferraz Santos de

Brito2, Valdemiro Conceição Júnior

3

Discente do curso de Engenharia Agronômica da UESB, Vitória da Conquista1;

Engenheira Agrônoma, UESB, Vitória da Conquista2; Docente do Departamento de

Fitotecnia e Zootecnia da UESB, Vitória da Conquista3

E-mails: [email protected]; [email protected];

[email protected]; [email protected]

RESUMO

Este trabalho discute os níveis de educação ambiental de produtores em comunidades

rurais do município de Vitória da Conquista Bahia, desenvolvendo um estudo baseado na

metodologia descrita, bem como através de comparações do grau de educação ambiental

existente nas regiões da Caatinga, Mata e Mata de Cipó. Desta forma, foi possível a

obtenção de informações em relação ao modo de exploração da agricultura local, com o

que nota-se que na maioria dos casos essas práticas não condizem com os princípios

propostos pela educação ambiental, visto que ainda são realizada queimadas, derrubada de

mata nativa e na maioria das propriedades não tem presença da reserva legal.

Palavras-chave: Agricultura, Educação ambiental, Práticas agrícolas

INTRODUÇÃO

A partir do final da década de 1980 e início da de 1990 surgiram grandes

preocupações e ações no sentido de fortalecer a educação ambiental. A partir disso, houve

uma conscientização de que os recursos do planeta Terra são finitos e limitados, a

constatação de que os sistemas naturais são frágeis e interdependentes e a gravidade dos

problemas ambientais (ANDRADE, 2003),

Extremamente integrada ao contexto atual, a Educação Ambiental, em sua

definição mais modesta, visa o desenvolvimento de novas formas de relação dos homens

entre si e com a natureza, a preservação dos recursos naturais e a redução das

desigualdades sociais em prol de uma sociedade mais justa e sustentável (SOARES, 2007).

Dessa forma, o método mais eficaz de conscientizar as pessoas da importância de preservar

o meio em que vivem é através da educação ambiental, utilizando formas de educar e de

agir coletivamente em prol de um objetivo, buscando soluções para os problemas da

sociedade.

O município de Vitória da Conquista possui sua população rural distribuída em

284 povoados, e está localizado em uma região de transição entre a Mata Atlântica e a

Caatinga, com altitude variando de 857 a 950 (PMVC, 2008) metros acima do nível do mar

e pluviosidade variando de 500 a 1000 mm/ano, aproximadamente. Esta grande

diversidade ambiental gera realidades diferentes de disponibilidade dos recursos naturais e,

conseqüentemente, das formas de exploração das atividades agrícolas bem como da

consciência ambiental por parte dos produtores.

O presente trabalho tem por objetivo discutir através de um estudo comparativo

entre os distritos do município as ações/grau de educação ambiental.

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MATERIAIS E MÉTODOS

Foram realizadas, entre os meses de março a outubro de 2009, visitas de campo aos

distritos do município de Vitória da Conquista - Ba, para o levantamento de dados e

leituras de paisagem, tendo por base a metodologia Análise Diagnóstico de Sistemas

Agrários, sistematizada por Garcia Filho (1999).

Nessas visitas foram aplicados 160 questionários pré-estruturados individualmente

a agricultores familiares com a finalidade de observar algumas práticas e características

dos sistemas de produção dos entrevistados, tais como a realização de queimadas, o uso da

terra, a preocupação com os recursos naturais disponíveis e as ações desenvolvidas neles.

Foram identificadas três realidades ambientais distintas, sendo possível a criação de

tipologias para uma melhor análise dos dados coletados. Na região da Caatinga foram

amostradas as localidades de José Gonçalves e Bate Pé; na região da mata de cipó

Cercadinho, Dantilândia, Inhobim e Veredinha; e na mata úmida, Capinal.

Após este procedimento inicial, utilizando-se de planilhas de Excel as informações

foram tabuladas e analisadas quantitativa e qualitativamente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A realização de queimadas no preparo do solo para a agricultura é uma técnica

antiga e da forma que é realizada não condiz com ações ambientalmente corretas. Por ser

uma técnica comumente passada de geração após geração, por obter resposta rápida e ser

de baixo custo em relação às outras técnicas agrícolas, continua sendo ainda realizada por

43% dos entrevistados, sendo que 75% destes estão situados na região da caatinga. Do

ponto de vista agrícola, o ato de queimar áreas para o desenvolvimento da agricultura é

uma ação totalmente negativa, uma vez que o solo perde nutrientes, além de exterminar

todos os microrganismos presentes no mesmo que garante a fertilidade, dessa forma, a fina

camada da superfície fica empobrecida e ao decorrer de consecutivos plantios a situação se

agrava gradativamente resultando na infertilidade (FREITAS, 2009) .

Outro dado importante é a utilização de lenha com diversas finalidades, sendo a

principal delas a utilização na cozinha, aumentando assim o grau de desmatamento. Na

região da caatinga 13% dos que responderam ao questionário realizam derrubadas de mata

nativa. Já na região da mata não existe praticamente o desmatamento, pois menos de 1%

dos que ainda possuem mata em sua propriedade estão nesta região, o mesmo acontece na

mata de cipó, onde apenas 8% realiza essa prática. Além da utilização no consumo

doméstico o desmatamento é praticado para aquisição de madeiras para construção de

cercas, comercialização, e no preparo do solo para a agricultura, caracterizando assim um

contexto marcado pela degradação permanente do ambiente e do seu ecossistema.

Devido à concentração das chuvas em apenas algumas épocas do ano, 32% dos

agricultores entrevistados na região da caatinga realizam o plantio nos períodos chuvosos e

deixam o solo em repouso nas épocas de estiagens. Por outro lado, o solo em repouso sob

essas condições não indica exatamente uma prática de educação ambiental, pois ficará

descoberto e exposto a condições desfavoráveis tais como, ventos, sol e mesmo chuvas

fora de época, podendo causar erosão, perdas de nutrientes e da vida microbiana do solo.

Dos entrevistados na região da mata, onde as chuvas são mais freqüentes e em

maior quantidade em relação à caatinga e mata de cipó, apenas 3% deixam o solo em

repouso, sendo que os demais não realizam essa prática considerando que o plantio pode

ser efetuado durante todo o ano. Para produzir bem, a terra, assim como os seres humanos,

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 13

precisa de descanso. A prática do pousio não é usada dentre a grande maioria (PEREIRA et

al., 2005).

Segundo Assis (2008), a micro fauna presente no solo também pode sofrer uma

grave redução pelo uso de agrotóxicos (pesticidas e herbicidas), comprometendo o

funcionamento normal do ecossistema. Na região estudada os maiores índices de uso estão

na mata, com 44% e na mata de cipó com 46%. Esse fato não condiz com o percentual de

entrevistados sobre o acesso a algum tipo de assistência técnica prestada por órgãos e

instituições públicas existentes no município, como a UESB, EBDA e PMVC. Destes, 5%

estão na região da mata, 35% na mata de cipó e 60% na região da caatinga.

Nota-se assim na maioria dos casos o maior uso de agrotóxicos nas localidades que

não receberam assistência técnica. Entretanto pode-se observar que a utilização é feita sem

o devido acompanhamento técnico para orientação da dosagem correta, devolução e

tríplice lavagem das embalagens, bem como não foi notado a utilização de Equipamentos

de Proteção Individual – EPI.

CONCLUSÃO

Diante dos dados obtidos observa-se que a realização de algumas práticas, tais

como o uso de queimadas, a utilização de agrotóxicos, aparentemente da forma incorreta,

demonstram a existência de um menor grau de educação ambiental nos distritos aos quais

densenvolveu-se a pesquisa. Observa-se também, nas três regiões, a necessidade de um

programa de educação ambiental que conscientize para realização de práticas mais

ambientalmente corretas.

REFERÊNCIAS

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ANTAGONISMO in vitro DE Trichoderma spp. À Pestalotiopsis sp.,

AGENTE CAUSAL DE MANCHA FOLIAR EM Macadamia integrifolia.

Gileno Brito de Azevedo¹, Poliana Coqueiro Dias ², Quelmo Silva de Novaes ³ 1 Graduando em Engenharia florestal pela UESB,

2Mestranda em Silvicultura clonal,

Universidade Federal de Viçosa – Viçosa-MG, 3Departamento de Fitotecnia e Zootecnia,

UESB - Vitória da Conquista-BA. E-mail: [email protected]

RESUMO

A macadâmia (Macadamia integlifolia), ainda pouco cultivada no Brasil, tem como

principais produtores: São Paulo, Espírito e Bahia. No Brasil, ainda não há relatos de

Pestalotiopsis sp. em cultivos de macadâmia, no entanto, alguns autores já descrevem esse

fungo como agente patogênico em algumas culturas, inclusive na cultura do eucalipto.

Com este trabalho, objetivou-se iniciar estudos que visam o controle alternativo para

Pestalotiopsis sp., avaliando-se o efeito antagonista in vitro de Trichoderma spp. à

Pestalotiopsis sp.. Foram utilizadas quatro espécies de Trichoderma (T. viride, T. virens, T.

stromaticum e T. harzianum) e um isolado de Pestalotiopsis sp. coletado em uma árvore de

macadâmia localizada na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Vitória da

Conquista-BA. Todos os fungos foram isolados em BDA, do qual, retirou-se discos de 7

mm de diâmetro dos antagonistas, separadamente, e de Pestalotiopsis sp.,com os quais fez-

se o pareamento de colônias em placas contendo BDA. As placas foram colocadas em

BOD a 25 ± 1ºC, com fotoperíodo de 12 h e avaliadas de 2 em 2 dias, até o 6º dia, quando

as placas estavam totalmente tomadas pelo antagonista. Os isolados de Trichoderma spp.

demonstraram efeito significativo na inibição do crescimento micelial de Pestalotiopsis

sp., sendo que os fungos T.virens e T. stromaticum apresentaram maior e menor

antagonismo à Pestalotiopsis sp., respectivamente.

Palavras-chave: Controle biológico; doenças fúngicas; manchas foliares

INTRODUÇÃO

A macadâmia (Macadamia integrifolia) é uma planta arbórea de clima subtropical,

pertencente à família botânica Proteaceae, e é apreciada principalmente pelas suas nozes. É

originária da Austrália, onde é encontrada em florestas naturais. No Brasil, foi introduzida em

1931, entretanto, o cultivo comercial foi modesto e só a partir do final da década de 90, com a

estabilização econômica, a cultura consolidou-se e vem apresentando perspectivas de

crescimento. Atualmente, estima-se uma área de aproximadamente 6.000 ha plantados, com

produção anual de 3.200 toneladas de noz em casca, sendo que os principais Estados

produtores são: São Paulo (33%), Espírito Santo (31%) e Bahia (18%). Nos últimos anos, esta

fruteira vem sendo considerada como alternativa de investimento ou como fonte de

diversificação de renda na propriedade. Isto, em função de o mercado externo apresentar

demanda crescente pelo produto e pelo fato de as processadoras e exportadoras brasileiras

encontrarem-se consolidadas neste mercado. Além disso, há um imenso mercado interno

inexplorado, que pode ser fator de incremento no agronegócio nacional (PIMENTEL, 2007).

A produtividade de várias culturas, seja ela agrícola ou florestal, se torna prejudicada

pela ação dos patógenos que agem afetando a sua produtividade, qualidade e muitas vezes

devastando totalmente ou parcialmente a cultura. Fungos do gênero Pestalotiopsis são muito

freqüentes, porém são poucos citados na literatura. Para alguns autores, são considerados como

oportunistas ou secundários, porém podem ser relevantes em alguma fase do desenvolvimento

das plantas. Já foram relatados em viveiros de mudas de eucalipto (FILHO, 2008), causando

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manchas foliares em palmeiras ornamentais (RUSSOMANNO et al., 2007), e podridão no

caule de goiabeira (CARDOSO, 2002). Batista et al. (2007) relatou o fungo em 13 espécies

arbóreas, com um nível de ocorrência de 100% na área estudada. Mesquita (2006) relatou

Pestalotiopsis sp. como manchador de madeiras em Eucalyptus grandis, durante o processo de

secagem da madeira.

O manejo integrado de doenças em plantas contempla varias medidas para reduzir a

severidade e manter o potencial produtivo das culturas agronômicas. Dentre essas medidas

destaca-se o controle biológico, o qual utiliza microrganismos antagônicos, como o fungo do

gênero Trichoderma. O uso do controle biológico em substituição ao químico é dependente da

disponibilidade e da efetividade dos agentes de controle, bem como dos produtos comerciais

contendo estes microorganismos. Entretanto, até o momento, são poucos os produtos

biológicos disponíveis no mercado para essa modalidade de controle. Além disso, a maioria

não é devidamente registrada para uso em escala comercial (LOPES, 2001).

Segundo Chet et al. (1997), o sucesso no uso de Trichoderma no biocontrole de

fitopatógenos é devido a sua alta capacidade reprodutiva, capacidade de sobreviver em

condições desfavoráveis, eficiência na mobilização e absorção de nutrientes, capacidade de

modificar a rizosfera (pela produção de ácidos orgânicos), altamente agressivos contra

fungos fitopatogênicos e eficiência como promotor no desenvolvimento de plantas. Os

mecanismos de ação pelos quais o Trichoderma pode atuar são: antibiose,

hiperparasitismo, competição e também em alguns casos através de promoção de

crescimento (MELO, 1996). O controle biológico, com o uso de fungos antagonistas, tem

sido utilizado com êxito em algumas culturas, como uma alternativa ao controle químico.

Com este trabalho objetivou-se avaliar o efeito antagonista in vitro de Trichoderma spp. ao

fungo Pestalotiopsis sp., em condições de laboratório.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado no Laboratório de Fitopatologia, Departamento de

Fitotecnia e Zootecnia, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), campus

de Vitória da Conquista, BA. Como antagonistas, utilizou-se os fungos Trichoderma viride

(TVD), T. virens (TVN), T. harzianum (TH) e T. stromaticum (TS).

O isolado de Pestalotiopsis sp. foi obtido, no campus da UESB, em plantas de

Macadamia integrifolia com manchas foliares, e posteriormente transferido para placas

contendo BDA, o qual foi repicado para a manutenção do isolado sempre viável e

patogênico.

Para avaliar o antagonismo de Tricoderma spp. contra o isolado de Pestalotiopsis sp.

realizou- se o confronto direto através do pareamento de colônias em placas de Petri, onde

cada fungo antagonista foi utilizado contra o isolado de Pestalotiopsis sp.. Retirou-se

discos de sete milímetros de diâmetro das colônias dos fungos antagonistas contidas em

placas com BDA, separadamente, e colocou-se a três cm da borda em placas de Petri de

nove cm de diâmetro, contendo BDA. Eqüidistante do fungo antagonista e da outra

extremidade da placa foi colocado um segundo disco de igual tamanho, contendo o

Pestalotiopsis sp., formando assim, o pareamento das colônias. Como testemunha, usou-se

o patógeno cultivado isoladamente, colocando-se um disco de micélio no centro de cada

placa.O delineamento experiental foi inteiramente casualizado, com 05 repetições. As

placas foram mantidas em BOD a 25 ± 1ºC e fotoperíodo de 12 horas.

As avaliações foram realizadas de dois em dois dias, sendo as colônias dos fungos

medidas com uma régua milimetrada pela parte superior da placa. As avaliações foram

encerradas no sexto dia, pois as placas já estavam completamente tomadas pelos fungos.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

O pareamento das espécies de Trichoderma spp. com os isolados de Pestalotiopsis

sp. demonstrou efeito antagônico significativo do primeiro sobre o crescimento micelial do

segundo. As colônias de Pestalotiopsis sp. quando pareadas com Trichoderma spp.

apresentaram tamanho médio bem menor quando comparado com a cultura pura de

Pestalotioppsis sp.. Esses valores foram mais significativos a partir do 4º dia, conforme

pode ser observado na figura 1.

Figura 1. Tamanho médio das colônias de Pestalotiopsis sp. sozinhas (P) quando

pareadas com Trichoderma viride (P x TVD), T.virens (P x TVN), T. harsianum (P

x TH) e T. stromaticum (P x TS).

Os percentuais de inibição estão apresentados na Tabela 1. Pode-se observar que

isolados de T. virens e T. viride foram os que apresentaram maior antagonismo à

Pestalotiopsis sp., em relação à inibição do crescimento micelial.

Tabela 1 - Inibição do crescimento micelial de isolados de Pestalotiopsis sp., pareados

com espécies de Trichoderma spp. após 2, 4 e 6 dias.

Pestalotiopsis sp.

Antagonistas 2 dias 4 dias 6 dias

Diâmetro

(mm)

%

inibição

Diâmetro

(mm)

%

inibição

Diâmetro

(mm)

%

inibição

Sem antagonista 32,2 a 0 59,8 a 0 90 a 0

T. stromaticum 30,1ab 32,3 47,9 b 63,4 48,9 b 82

T. harzianum 31,4 ab 23,3 48,7 b 65,5 43,8 bc 87

T. viride 26,5 b 12,6 36,2 c 35,8 38,2 cd 70,5

T. virens 28,2 ab 4,9 35,1 c 33,7 32,4 d 71,2

Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem estatisticamente, pelo teste de

Tukei, a 5% de probabilidade.

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Também se observou que no 6º dia a colônia de Pestalotiopsis sp estava toda

colonizada por Trichoderma, com exceção do T. stromaticum, ou seja, este último não

apresentou hiperparasitismo. A total colonização se deve ao alto potencial de

hiperparasitismo das espécies de Trichoderma, fato este que não tem ocorrido com o T.

stromaticum. Condições de temperatura e umidade podem está associada à esta

característica.

Embora Santos et al. (2008) não revelou quais foram as espécies de Trichoderma

utilizadas em sua pesquisa, também foi observado a capacidade de Trichoderma spp. em

causar redução no crescimento micelial de Pestalotiopsis sp. Silva (2008), utilizando os

mesmos antagonistas para Phytophthora citrophthora obteve maior hiperparasitismo com

T. stromaticum, diferindo dos resultados encontrados neste trabalho

Os resultados obtidos apontam um grande potencial de controle de Pestalotiopsis sp.

da Macadamia integrifolia utilizando-se espécies de Trichoderma. O antagonismo

observado in vitro aponta para um possível sucesso no controle in vivo.

CONCLUSÃO

Todas as espécies de Trichoderma mostraram efeito antagônico sobre o isolado de

Pestalotiopsis sp., embora nas condições que o estudo foi realizado, tenha sido as espécies

T. virens e T. viride que apresentaram maior taxa de inibição.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ATAQUE DE Lampetis nigerrima (KERREMANS) (COLEOPTERA:

BUPRESTIDAE) E PODA DE CORREÇÃO NA PRODUÇÃO DE

EUCALIPTO

Janaína De Nadai1; Norivaldo dos Anjos

2

1 Universidade Federal de Mato Grosso, Sinop;

2 Universidade Federal de Viçosa, Viçosa

e-mails: [email protected]; [email protected]

RESUMO: Objetivou-se avaliar os efeitos do ataque de L. nigerrima sobre eucaliptos com

três meses de idade e da poda de correção do crescimento, aplicada cinco meses depois do

ataque. O experimento foi conduzido em plantação de híbridos de eucaliptos clonados

(Eucalyptus grandis vs E. urophylla), no município de Grão Mogol, MG, utilizando-se um

delineamento em blocos casualizados, com quatro repetições de 100 árvores por

tratamento. Os tratamentos consistiram em “Árvores não atacadas por L. nigerrima e não

podadas”; “Árvores atacadas por L. nigerrima e que receberam poda de correção” e em

“Árvores atacadas pelo besouro e que não receberam poda de correção”. O crescimento das

árvores foi avaliado até os 32 meses de idade. Observou-se que árvores não atacadas por

besouros de L. nigerrima e não podadas apresentaram, 29 meses após o ataque do besouro,

volume de madeira maior do que árvores atacadas e não podadas. A poda de correção fez

diminuir as perdas em crescimento e aumentar a qualidade dos fustes de árvores atacadas

em comparação com aquelas sem poda. O ataque de L. nigerrima a plantios de eucalipto

prejudicou a produção de madeira.

Palavras-chave: Eucalipto, entomologia, besouro desfolhador, poda, madeira

ABSTRACT: This work deals to the effect of tree damage by Lampetis nigerrima

(Kerremans, 1897) and the correction pruning on the tree development under field

conditions. Activities was conducted in a commercial eucalypt plantation of cloned hybrid

(Eucalyptus grandis vs E. urophylla), in the Grão Mogol, Minas Gerais. A randomized

experimental 4-block design was used; each experimental unity had 100 trees randomly

marked. Treatments were “Trees damaged by beetles, but receiving a correction pruning 5

months latter”; “Damaged, but not pruned trees” and “Trees with no damage and no

pruning” (=Control). Trees’ growing were evaluated 29 months after insect outbreak and

two years after tree pruning. As results, we found control trees got higher wood production

than damaged trees. Correction pruning improved the wood production in relation to that

observed on damaged/not pruned trees. It is concluded that L. nigerrima beetle is capable

to cause significant losses to the wood production in which control is merited.

Key-words: Forest entomology, leaf eating beetle, eucalypt, tree pruning

INTRODUÇÃO

O ataque de insetos desfolhadores a plantações florestais resulta, entre outras

conseqüências, na diminuição da área foliar, implicando em reduções na taxa fotossintética

(SHEPHERD 1994). Como a produção de madeira depende da fotossíntese ocorrente nas

folhas, qualquer fator que altere a extensão da área foliar nas árvores pode afetar a

produção do material lenhoso (CEULEMANS & SAUGIER, 1991).

Entre os principais besouros desfolhadores de eucaliptais no Brasil, destacam-se os

da família Buprestidae, que atacam as folhas novas, roem os galhos tenros e decepam o

ponteiro principal de árvores em plantações comerciais (ANJOS & MAJER, 2003 e DE

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NADAI, 2005). Apenas um inseto adulto é capaz de destruir o ramo principal de uma

árvore de até dois metros de altura (RIBEIRO et al., 2001). Entre os vários buprestídeos de

interesse florestal no Brasil, os do gênero Lampetis vem alcançando posição de destaque

em plantações comerciais de eucalipto (RIBEIRO et al., 2001, ANJOS & MAJER, 2003 e

DE NADA,I 2005). Lampetis nigerrima (Kerremans, 1897), ou besouro “Cai-cai-de-

pintas-brancas”, é uma destas espécies destacadas como importantes para a

eucaliptocultura brasileira. Ataques de Lampetis nigerrima em plantações comerciais de

eucaliptos foram registrados por Anjos & Majer (2003), Anjos et al. (2004), De Nadai et

al. (2004) e De Nadai (2005). As conseqüências do ataque de L. nigerrima às árvores de

eucalipto ainda são mal conhecidas limitando a tomada de decisão em casos de surtos.

Algumas técnicas de manejo, como adubação e poda controlada ou desrama

artificial, são empregadas como forma de melhorar a produtividade da cultura do eucalipto

(PIRES et al., 2000; SCHNEIDER, 1993) e poderiam ser usadas para auxiliar na

recuperação de árvores danificadas pelo ataque de insetos-praga. No presente estudo

objetivou-se avaliar os efeitos do ataque de L. nigerrima e da poda de correção em cultivos

comerciais de clones eucalipto sobre a produção de madeira com casca.

MATERIAIS E MÉTODOS

O trabalho foi realizado em um povoamento de clone de Eucalyptus grandis vs E.

urophylla localizado no município de Grão Mogol, MG, com espaçamento 3 x 3 m. Nos

arredores do referido povoamento haviam culturas antigas de eucalipto, pastagens e

fragmentos nativos da região. O local foi utilizado devido à ocorrência de um surto

populacional do besouro Cai-cai-de-pintas-brancas [Lampetis nigerrima (KERREMANS,

1897)], quando as plantas tinham três meses de idade. Antes e após este surto não houve

registro de outro surto de insetos desfolhadores no local.

Foram utilizadas 1200 árvores em delineamento experimental de blocos

casualizados, com três tratamentos e quatro repetições e 100 árvores por unidade

experimental. Como bordadura, foram utilizadas as dez primeiras árvores a partir da

margem do talhão. Os tratamentos avaliados foram: T1 = árvores não atacadas pelo

besouro L. nigerrima e não podadas (testemunha); T2 = árvores atacadas pelo besouro L.

nigerrima e que receberam poda de correção (com poda) e T3 = árvores atacadas pelo

besouro L. nigerrima e que não receberam poda de correção (sem poda).

A poda de correção foi realizada cinco meses após o surto, coincidindo com a época

mais fria do ano, sendo aplicada na porção da copa onde aconteceu o ataque dos besouros.

Com uso de serrote, foram retirados apenas os galhos anormalmente grossos e retidos na

base da árvore e os fustes secundários que se desenvolveram pela dominância de galhos

laterais, deixando-se somente um fuste dominante, de maneira a interferir o mínimo

possível na arquitetura da copa. As coletas de dados ocorreram aos 5, 17, 23 e 29 meses

após o surto, nas idades de 8, 20, 26 e 32 meses, respectivamente. O diâmetro foi obtido a

partir da leitura da circunferência a altura do peito, medida a 1,30 m do terreno. A

produção volumétrica de madeira em pé com casca por hectare foi calculada à partir da

fórmula: Vcc = (π (DAP2/10000))/4xHxFF, utilizando fator de forma 0,46.

Foram ajustadas equações de regressão, através do modelo Logístico, utilizando-se

o software CURVE EXPERT 1.3 (HYAMS 2001), para estimar volume de madeira com

casca por hectare em função da idade. Para avaliar diferenças entre as equações geradas

para cada tratamento, foi aplicado o Teste L&O, proposto por Leite & Oliveira (2002), em

nível de 1% de probabilidade.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

As equações ajustadas para estimar o volume de madeira com casca (Vcc), em

função da idade em meses (I), de árvores de eucalipto híbrido (clone de Eucalyptus grandis

vs E. urophylla), em local de ocorrência de ataque por Lampetis nigerrima (Kerremans,

1897) foram Vcc=117,07375(1+452,55966e-0,22964781I

)-1

; Vcc=113,67369(1+472,02889e-

0,23074128I)

-1; e Vcc=111,0383(1+463,65245e

-0,2274755I)

-1 para os tratamentos testemunha;

atacadas e que receberam poda de correção e árvores atacadas e que não receberam poda

de correção, respectivamente. À partir das equações foi possível estimar a produção de

volume de madeira com casca (Figura 1).

Figura 1. Curvas de crescimento em volume de madeira com casca (Vcc), em função da

idade (I), de árvores de eucalipto híbrido em local de ocorrência de ataque por Lampetis

nigerrima (Kerremans, 1897). Grão Mogol, MG.

Os resultados obtidos ao aplicar o teste L&O, em nível de 1% de probabilidade,

demonstram que houve alteração prejudicial do ataque do besouro desfolhador sobre a taxa

de crescimento em volume de madeira com casca, em plantios de clone de eucalipto dos 8

aos 32 meses de idade. Para cada uma dessas variáveis, o teste L&O indicou diferença

significativa ao correlacionar Testemunhas vs Atacadas e submetidas à poda de correção

(T2 vs T1); Testemunhas vs Atacadas e sem poda (T1 vs T3); e Atacadas e submetidas à

poda de correção e Atacadas sem poda (T2 vs T3).

Pode-se perceber que existe uma grande tendência de distanciamento entre as

curvas de crescimento volumétrico das árvores nos três tratamentos analisados, à medida

que avança a idade das árvores. Esta constatação está de acordo com aquela apontada por

Mendes (2004), que estudando as consequências do ataque de Costalimaita ferruginea

(Coleoptera: Chrysomelidae) constatou efeitos adversos altamente relevantes no

crescimento das árvores de eucalipto, principalmente em relação ao crescimento das

árvores que perderam o ponteiro principal.

Para Anjos & Majer (2003), a perda em altura a partir do ataque de besouros

desfolhadores no primeiro ano de idade nunca será recuperada por ser esta a fase de

desenvolvimento da árvore que determina seu potencial de crescimento. Isto ficou muito

bem evidenciado no presente trabalho, uma vez que o ataque do besouro desfolhador não

permitiu que, com o aumento da idade em árvores atacadas e não podadas, fosse possível

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recuperar a produção volumétrica perdida, em relação às árvores testemunhas. Além de

aproximar árvores atacadas às testemunhas em termos de volume, é possível sugerir que a

poda utilizada neste trabalho, assim como acontece com a desrama artificial (PIRES et al.,

2000), melhorou substancialmente a qualidade da madeira podendo ser adotada no manejo

de povoamento de eucaliptos.

O potencial nocivo de insetos do gênero Lampetis, como o aqui demonstrado para

L. nigerrima, já havia sido sugerido como importante por Ribeiro et al. (2001) em

eucaliptos no Brasil. As constatações do presente trabalho apresentam-se de acordo,

também, com aquelas registradas por Fernandes (2004), ao investigar a repercussão

produtiva em sistema agroflorestal decorrente do ataque do besouro desfolhador

Metaxyonycha angusta (PERTY, 1832) (Coleoptera: Chrysomelidae), cujas injúrias são

predominantemente localizadas nas extremidades dos ramos laterais e na extremidade

superior da copa de eucaliptos jovens. Semelhante ratificação dos resultados aqui obtidos

pode ser encontrada nos trabalhos de Mendes (2004).

CONCLUSÃO

O ataque do besouro desfolhador Lampetis nigerrima (KERREMANS, 1897)

(Coleoptera: Buprestidae) prejudicou a produção de madeira, em plantações comerciais

clonadas do híbrido Eucalyptus grandis vs E. urophylla, em até 32 meses de idade. A poda

de correção quando aplicada aos cinco meses após o ataque deste besouro desfolhador,

permite reduzir as perdas no volume de madeira produzida até os 32 meses de idade.

REFERENCIAS

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eucaliptais de Minas Gerais. In: XX Congresso Brasileiro de Entomologia, 2004. Anais...

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of Environmental Biology. Austrália. n.23, 2003. p.10-11, (Boletim de pesquisa).

CEULEMANS, R.J.; SAUGIER, B. Photosynthesis. In: RAGHAVENDRA, A.S.

Physiology of Trees. Hyderabad: John Wiley & Sons, 1991. p.21-50.

DE NADAI, J.; ANJOS, N.; CORDEIRO, G. Catação manual no controle populacional de

buprestídeos. In: XIV Simpósio de Iniciação Científica (SIC) IV Mostra Científica da Pós-

graduação e o II Simpósio de Extensão Universitária, Viçosa, MG, 20 a 23 de outubro de

2004, 73p.

DE NADAI. Biologia de Lampetis nigerrima (Kerremans, 1897) (Coleoptera:

Buprestidae) em eucalipto. 44p. Dissertação (Mestrado em Entomologia) - Universidade

Federal de Viçosa, Viçosa-MG. 2005.

FERNANDES, L.C. Biologia de Metaxyonycha angusta (Perty) (Coleoptera:

Chrysomelidae) e efeitos do seu ataque em eucaliptos, num sistema agroflorestal.

Dissertação (Mestrado em Entomologia) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa-MG.

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HYAMS, D. CURVE EXPERT 1.3: A comprehensive curve fitting system for Windows.

Copyright ©. 2001

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p.1105-1118, 2002.

MENDES, J.E.P. Efeitos do ataque de Costalimaita ferruginea (Fabr.) (Coleoptera:

Chrysomelidae) sobre crescimento e produção de Eucalyptus grandis Hill ex Maiden.

Dissertação (Doutorado em Entomologia)-Universidade Federal de Viçosa, Viçosa-MG.

49f. 2004.

PIRES, B.M., REIS, M.G.F., REIS, G.G., VITAL, B.R., ALMADO, R.P. Efeito da

desrama artificial na qualidade de madeira serrada de Eucalpytus grandis. In: VI

Congresso e Exposição Internacional sobre Florestas – FOREST 2000, 2000, 105 p.

RIBEIRO, G.T.; ZANÚNCIO, J.C.; SOSSAI, F.M.; ZANÚNCIO JUNIOR, J.S.O besouro

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ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO

DA RESERVA FLORESTAL DO POÇO ESCURO/BA

Risely Ferraz de Almeida

1, Diego Queiroz de Sousa

1, Carlos Henrique Farias Amorim

2,

Luciana Gomes Castro2

1Graduando do curso de Agronomia da UESB, Vitória da Conquista/BA;

2Professor Adjunto da UESB/DEAS, Vitória da Conquista/BA

e-mails: [email protected], [email protected], [email protected],

[email protected]

RESUMO: Estudos de caracterização geoespacial da granulometria da camada superficial

de solo e espessura do horizonte orgânico da Reserva do Poço Escuro, município de

Vitória da Conquista/BA, foram realizados por meio da coleta de material em 68 locais,

distribuídos aleatoriamente, em uma área de 17 ha. Análises físicas da textura e

enquadramento da classe textural foram realizadas no Laboratório de Física do Solo da

UESB, enquanto medidas diretas da espessura de material orgânico foram efetuadas

diretamente no local. As variáveis foram avaliadas por quantitativo de classe e

espacializadas pela técnica krigagem. Concluiu-se que a reserva possui solo

predominantemente arenoso, com influencia de urbanismo e a manutenção da Reserva se

dá pela reciclagem de nutrientes oriundos das maiores profundidades do solo.

Palavras-chave: física do solo; granulometria; matéria orgânica.

ABSTRACT: Studies of geoespacial characterization of the particle-size of the soil

surface and thickness of the organic horizon of the Reserva do Poço Escuro, of the city

Vitória da Conquista/BA, had been carried through by means of the collection of 68 places,

distributed randomly, in 17 ha. Physical analyses of the particle-size and textural classe

had been carried through in the Laboratório de Física do Solo da UESB, while measured

direct of the thickness of organic material had been effected directly in the place. The

variable had been evaluated by quantitative of classroom and presented in the map by with

use of the krigagem technique. It was concluded that the Reserve is had soil with sand

predominantly therefore influences of urbanism. The reserve if keeps for the recycling of

nutrients brought of deep layers of the soil.

Key-words: soil physics; particle size; organic residue.

INTRODUÇÃO

A Reserva do Poço Escuro é uma área, protegida por Lei (Vitória da Conquista,

1999), com 17 hectares de Mata Ciliar, situada na Serra do Periperi, perímetro urbano do

Município de Vitória da Conquista, Sudoeste da Bahia, que abriga a nascente do Rio

Verruga, afluente do Rio Pardo, e a única mata remanescente na zona urbana caracterizada

por um bioma próprio de cobertura vegetal típica de transição entre a Mata Atlântica e a

Caatinga, localmente conhecida como Mata de Cipó (FAM, 2009; LOUREIRO, 2008).

O Poço Escuro, assim como é conhecido, oferece momentos de tranqüilidade em

ambientes para contemplação da natureza, aliado alta diversidade biológica (vegetal e

animal) e a beleza da paisagem natural. Fatos que atraem visitas da comunidade em geral e

a curiosidade de pesquisadores, estudantes do entorno e região (OLIVEIRA et al., 2006;

SILVA, 2007).

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A busca de alternativas que garantam a proteção é uma prioridade dos educadores,

pesquisadores, ambientalistas e políticos locais. Neste contexto, a mata urbana torna-se um

referencial para o processo de conscientização da comunidade do entorno da reserva

quanto ao seu valor ambiental, histórico e cultural. Portanto, objetivou-se avaliar a

variabilidade de alguns atributos físico-químicos da superfície do solo da Reserva do Poço

Escuro.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado na Reserva do Poço Escuro, em uma área de 17 ha. Esta se

localiza na região central do município de Vitória da Conquista/BA, entre as coordenadas

14º50’S e 14º50’W. Efetuaram-se análises físicas da superfície do solo que foram

confrontadas com o levantamento exploratório de variações de altitude na Reserva. A

amostragem de solo nas camadas de 0-10 cm e de 10-20 cm, foram georreferenciadas por

meio do aparelho GPS Garmin Etrex HCx, seguindo um caminhamento aleatório desde a

porção superior até a mais inferior das encostas da Reserva, percorrendo toda sua extensão,

totalizando 34 unidades experimentais e 68 amostras. Em cada local amostrado também foi

medida e registrada a altura do horizonte orgânico, também chamado de serrapilheira, com

auxílio de régua. Para fins de construção de condições de contorno para o mapeamento

foram utilizadas as coordenadas do entorno do Poço Escuro obtidas pelo programa

“Google Earth” (2009), disponível gratuitamente na Internet.

A granulometria foi avaliada segundo o método da pipeta (GEE & OR, 2002) e a

classe textural caracterizada conforme recomendação da Sociedade Brasileira de Ciência

do Solo - SBCS para condições brasileiras (SANTOS et al., 2005). Estas foram

confrontadas com o registro da altitude que se encontravam.

Os dados foram avaliados por quantitativo de classe e krigagem para interpolação de

níveis e apresentação gráfica.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Reserva do Poço Escuro possui relevo ondulado (8-20 %) a fortemente ondulado

(20 a 45 %) que abriga a nascente difusa do rio Verruga, caracterizada pela captação de

água translocada interna e lateralmente pelo perfil do solo, transformando-se em dois veios

de água que acabam se juntando a medida que o terreno adquire uma redução de sua

largura pela conformação do relevo local (Figura 1).

Figura 1. Perímetro e conformação altimétrica da Reserva do Poço Escuro.

N

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O solo apresentou textura arenosa nas duas camadas estudadas (0 a 10 cm e de 10 a

20 cm), alto desvio padrão e coeficiente de variação para a argila e silte e baixo para a areia

em ambas as camadas de solo. Os valores brutos de argila, silte e areia não tiveram

variação granulométrica até 20 cm de profundidade.

Tabela 1. Caracterização granulométrica do solo do Poço Escuro.

Granulometria (%)

Variável Camada de 0-10 cm Camada de 10-20 cm

Argila Silte Areia Argila Silte Areia

Média 14.5 16.1 69.4 14.1 15.0 70.9

Desv. Pad. 7.3 10.4 13.1 6.2 9.7 11.0 Coef. Var. 0,50 0,65 0,19 0,44 0,65 0,16

A concentração de áreas mais arenosas situa-se na porção superior do relevo pela presença

de grande quantidade de material de origem de difícil intemperismo e em alguns locais

individualizados da porção leste e inferior sul, provavelmente pela contribuição de

depósito de entulho urbano e/ou assoreamento (Figura 1).

Figura 1. Avaliação espacial granulométrica da areia (%) presente na Reserva do Poço

Escuro, nas camadas de 0 a 10 cm (direita) e de 10 a 20 cm (esquerda).

A concentração de silte e de argila tiveram comportamentos semelhantes em profundidade,

porém em localização inversa da areia (Figura 2). Ressalta-se que estas duas classes de

tamanho de partículas tiveram os maiores valores para coeficiente de variação, ou seja, os

valores obtidos para argila variaram em torno de 50 % em relação as suas médias na

camada de 0 a 10 cm e 45 % para a camada de 10 a 20 cm, enquanto o silte variou mais

(65 %) nas duas camadas estudadas.

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Silte Argila

Figura 2. Avaliação espacial granulométrica (%) do silte e argila presente na Reserva do

Poço Escuro, nas camadas de 0 a 10 cm (superior) e de 10 a 20 cm (inferior).

A classe textural predominante foi a franco arenosa, seguida da areia franca, compostas

com um mínimo de 45 % e 70 % de areia, respectivamente, o que pode ser observado

também na tabela 1.

a b

Figura 3. Distribuição da classe textural nas camadas de 0 a 10 cm (a) e de 10 a 20 cm (a).

Apesar da falta de nutrientes presente em textura arenosa predominantemente

formada por minerais tectossilicatados tipo quartzo, a Reserva possui um elevado potencial

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14.835

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Areia franca

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Areia franca

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de formação e depósito de material orgânico sobre a superfície do solo, facilmente

visualizado pela figura 3, provavelmente pela reciclagem de nutrientes oriundos de maiores

profundidades do solo, uma vez que a estrutura cristalina do mineral quartzo é basicamente

formada pelos elementos oxigênio, silício e alumínio, não considerados essenciais às

plantas. Este fato ressalta a importância de manutenção da floresta para a preservação das

características naturais do recurso solo.

Figura 3. Avaliação espacial da espessura do horizonte orgânico (cm) da Reserva do Poço

Escuro.

CONCLUSÃO

Conclui-se que a textura predominante é a arenosa oriunda de características do

material de origem aliada a depósitos de resíduos minerais urbanos de elevada resistência.

REFERÊNCIAS

GEE, G. & OR, D. Paticle-Size Analysis. In: Methods of Soil Analysis - Part 4: Physical

Methods, Madison: Soil Science Society of America. 2002. p. 255-289.

FUNDO CONQUISTENSE DE APOIO AO MEIO AMBIENTE (FAM). Poço Escuro.

http://www.semmapmvc.com.br/interface/conteudo_local.asp?cod=62. Acessado em

outubro de 2009.

LOUREIRO, A.L.C.; SILVA, S.L.C.; SILVA, D.C. Parque Municipal da Serra do Periperi:

uma contribuição à Unidade de Conservação. Enciclopédia Biosfera: Instituto Construir e

Conhecer: Goiânia N.05, 2008. 9 pp.

OLIVEIRA, M.F.S.; OLIVEIRA, O.J.R.; BARTHOLO, R. Da Representação Simbólica

ao Princípio da Responsabilidade: Linguagem Fotográfica e Educação Ambiental. II

Encontro da ANPPAS, Brasília-DF, 2006.

SANTOS, R.D.; LEMOS, R.C.; SANTOS, H.G. et al. Manual de descrição e coleta de solo

no campo. 5ª Ed. Viçosa: SBCS. 2005. 100p.

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SILVA, I.S. A Serra do Periperi impactada pela ação humana. Monografia do Curso de

Especialização em Ciências Ambientais da UESB. Vitória da Conquista: UESB, 2007

VITÓRIA DA CONQUISTA. Decreto Municipal n.º 9.480/99. Vitória da Conquista, BA.

1999.

AGRADECIMENTOS

À Prefeitura do Município de Vitória da Conquista pela colaboração quanto a liberação da

área para o presente estudo.

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ATUAÇÃO DO RECICLUESB FRENTE ÀS PROBLEMÁTICAS

AMBIENTAIS DA REGIÃO SUDOESTE DA BAHIA

Mary Anne Assis Lopes de Oliveira¹, Alcides Pereira Santos Neto², Siléia Oliveira

Guimarães³

¹Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos

Comunitários – Proex, Estrada do Bem Querer, Km 4 – Caixa Postal 95, mestre em

Desenvolvimento Sustentável. ²Estudante de Engenharia Florestal, ex-bolsista de extensão

da UESB, Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários – Proex, Estrada do Bem

Querer, Km 4 – Caixa Postal 95.

³Estudante de Engenharia Florestal.

RESUMO

O projeto Gestão Ambiental e Cidadania/RECICLUESB é uma atividade extensionista de

caráter contínuo, cujo enfoque é dado à temática meio ambiente e desenvolvimento

sustentável, com atuação no Município de Vitória da Conquista – junto à comunidade

acadêmica da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, professores e alunos da rede

pública de ensino, representantes de entidades, associações de bairros, e demais

interessados – com vistas à geração de multiplicadores, sensibilizados, conscientes e

atuantes, principalmente, no que diz respeito ao descarte adequado do lixo e o estímulo

para a não geração e a minimização de resíduos. Com mais de três anos de existência, o

RECICLUESB tem contribuído para o desenvolvimento sustentável regional.

PALAVRAS-CHAVE

Desenvolvimento sustentável, meio ambiente, reciclagem.

ENVIRONMENTAL ACTION PROJECT MANAGEMENT AND CITIZENSHIP -

RECICLUESB PROMOTION OF SUSTAINABLE DEVELOPMENT IN REGIONAL

ABSTRACT

The project Environmental Management and Citizenship / RECICLUESB is a continuous

activity extensionista of character, whose thematic focus is given to environment and

sustainable development, with activities in the city of Vitoria da Conquista - with the

academic community at the State University of Southwest Bahia, teachers students and the

public network of education, representatives of organizations, associations of districts, and

other stakeholders - in order to generate multiplier, aware, conscious and engaged mainly

in regard to the proper disposal of garbage and encouragement for not and minimization of

waste generation. With more than three years of existence, the RECICLUESB has

contributed to regional sustainable development.

KEYWORDS

Sustainable development, environment, recycling.

INTRODUÇÃO

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De acordo com Loureiro (2003), a questão ambiental constitui uma das mais importantes

dimensões de atenção e análise por parte dos múltiplos segmentos, grupos e classes sociais

que compõem a sociedade contemporânea.

Para o autor, por diferentes motivações e necessidades, praticamente todo sujeito

individual e coletivo menciona e reconhece o ambiente como dimensão indissociável da

vida humana e base para a manutenção e perpetuação da vida na Terra.

Atentos a essas reflexões e conscientes da capacidade da extensão universitária em

contribuir significativamente para a discussão e o apontamento de alternativas e soluções

que atendam às necessidades e às demandas da sociedade, surge, em caráter contínuo, o

projeto Gestão Ambiental e Cidadania.

A proposta expressa-se, assim, na responsabilidade da Universidade Estadual do Sudoeste

da Bahia em estar sinalizada para com os problemas sócio-ambientais vivenciados pela

comunidade, contribuindo para que a relação indivíduo-natureza seja consciente,

responsável e atuante. Tudo isso a partir de uma sensibilização contínua com os seguintes

objetivos: buscar indicadores de políticas corretas para as questões ambientais e da

sustentabilidade econômica e social; propor alternativas referentes à eliminação de

desperdícios e à triagem de resíduos sólidos na fonte; articular ações de incentivo à

reutilização e à reciclagem de materiais, entre outros.

DESENVOLVIMENTO

Para promover o processo de conscientização ambiental junto ao público diverso –

professores e alunos da rede pública, acadêmicos e egressos, representantes da sociedade

civil e de entidades variadas –, o projeto empregou como metodologia a realização de

oficinas e palestras, apresentação de banner e painel, distribuição de material informativo

e exposição de material reciclado, entrevistas concedidas à mídia televisiva e aplicação de

questionário sobre a temática ambiental.

No ano de 2006 várias atividades foram realizadas, entre elas Oficinas de Reciclagem de

Papel e Confecção de Caixas, executadas no Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima, em

três etapas (25 a 27 de julho; 11 a 13 de dezembro e 18 a 20 de dezembro). A Creche Bem

Querer também foi beneficiada com oficinas de reaproveitamento de papel (09 e 16 de

outubro de 2006).

Ainda durante o ano de 2006, o projeto Gestão Ambiental e Cidadania/RECICLUESB

realizou palestras e oficinas nos eventos: Semana de Agronomia (12 a 15 de novembro);

Semana do Biólogo da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (29 de novembro a 03

de dezembro); II Congresso Brasileiro de Medicina e Arte (apresentação de banner); Expo

Brasil 2006 e outros.

Também deve ser considerado como resultado do Projeto a sensibilização promovida junto

à administração da UESB quanto à necessidade da aquisição de coletores de resíduos

sólidos, os quais, no ano de2006, foram distribuídos no Campus de Vitória da Conquista.

Além disso, houve uma eficaz sensibilização do quadro técnico dos três campi da Uesb por

meio da distribuição de calendários educativos.

O ano de 2007 também foi marcado por muitas ações promovidas pelo Projeto, o que

reafirmou a relevância do mesmo para a consolidação do desenvolvimento sustentável

regional. Merece destaque a produção de marcas-texto em papel reciclado para ser

distribuído junto ao X Congresso de Pesquisa e Extensão /CONPEX da Universidade

Estadual do Sudoeste da Bahia/UESB. Nesta ocasião estabeleceu-se parceria com o projeto

Juventude Cidadã de Vitória da Conquista.

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FIGURA 1: Realização de Oficina para confecção de caixas com papel reciclado.

No mês de março de 2008 foi realizada oficina de reciclagem durante a Semana do

Calouro no campus de Jequié. Em maio do mesmo ano foi a vez da Escola Poliana receber

oficinas de papietagem, ocasião que envolveu alunos, professores e comunidade escolar.

Ainda em maio no campus de Jequié, ocorreu outra oficina, desta vez de papietagem.

A Semana Nacional do Meio Ambiente em Vitória da Conquista no mês de junho foi

marcada com uma grande oficina de papietagem em Praça pública, envolvendo alunos da

Escola Fernando Spínola. A Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista foi parceira

nessa ação.

A associação de Moradores do Bairro Vila América foi também beneficiada com a mesma

oficina, assim como os calouros do curso de Engenharia Florestal no campus de Vitória da

Conquista (agosto de 2008).

FIGURA 2: jarros artesanais produzidos em oficina do projeto Gestão Ambiental e

Cidadania/RECICLUESB.

CONCLUSÕES

As diversas ações do projeto Gestão Ambiental e Cidadania/RECICLUESB promovem um

processo de sensibilização e intervenção ambiental – junto aos professores e alunos da rede

pública de ensino e a comunidade interna e externa da UESB. Assim, aspectos como o

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tratamento adequado aos resíduos sólidos, o incentivo à reciclagem de materiais, os

cuidados com a água e outros são enfatizados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Econômicos. Rio de Janeiro: Fase, 2003.

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Ambiente. Salvador: Instituto de Geociências da UFBA, Espaço Cultural

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AVALIAÇÃO DA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE Adenanthera

pavonina L. EM DIFERENTES TRATAMENTOS PARA A QUEBRA

DE DORMENCIA

João Paulo Silva1, Juliano Lima Correia

1, Alex Pimentel Cesar

1, Rita de Cassia Antunes de

Paula2.

1Graduandos do Curso de Engenharia Florestal – UESB,

2Docente do DFZ – UESB.

[email protected], [email protected], [email protected],

[email protected].

RESUMO: Neste trabalho, objetivou-se avaliar o desempenho de diferentes tratamentos

para a quebra de dormência na germinação de sementes de Adenanthera pavonina L. Para

o tratamento 01 foi feito a imersão das sementes em água por 1 hora. Para o tratamento 02

foi feito a escarificação das sementes com lixa. E o tratamento 03 foi feito a escarificação

com lixa e imersão em água por 1 hora. Tendo como testemunha sementes sem nenhum

tratamento. As sementes foram postas pra germinar em papel filtro sobre placas de Petri e

levadas a câmara de germinação a temperatura de 30° C. O experimento foi acompanhado

diariamente por um período de oito dias. Após 08 dias de acompanhamento, os tratamentos

T02 e T03 apresentaram melhor desempenho com 100 % de sementes germinadas, tendo

os demais tratamentos 0,0% germinação nesse período.

PALAVRAS-CHAVE: Germinação; quebra de dormência; sementes.

INTRODUÇÃO

Adenanthera pavonina L., espécie pertencente à família Fabaceae, subfamília

Mimosoideae, conhecida popularmente como tento-vermelho, carolina ou olho-dedragão é

uma leguminosa arbórea, originária da Índia e Malásia, encontrada em todo o litoral

brasileiro. Sua utilização estende-se desde fins ornamentais, arborização de ruas e praças,

para sombreamento, artesanato etc. Árvore semidecídua, de 15-20 metros de altura, possui

um crescimento rápido, sendo um bom dossel para plantas herbáceas, arbustivas e

trepadeiras que não toleram altas intensidades luminosas, segundo revisões de Fonseca &

Perez (2001). O tronco caracteriza-se por possuir uma casca parda e lisa enquanto que a

ramagem é longa e esparsa formando copa aberta. As inflorescências de pedúnculos

longos, axilares ou terminais, em racemos curtos, com flores amarelas, formadas

principalmente em março-abril. Os frutos são vagens estreitas, achatadas, marrons,

espiraladas quando se abrem, expondo as sementes globosas, achatadas, duras, vermelho-

brilhantes. As sementes apresentam o tamanho médio de 10x12mm, e podem variar de

tonalidade, tamanho e formato.

Segundo Cardoso et al. (2005) as sementes de A. pavonina apresentam dormência

em razão da impermeabilidade do tegumento à água e, para superação dessa dormência, é

necessária a aplicação de tratamento pré-germinativo. Apresentam em média, 89% de

germinação e velocidade de germinação de 0 a 180 dias (FONSECA & PEREZ, 2001). A

temperatura e o substrato são dois fatores importantes que afetam o comportamento

germinativo das sementes (ALVES et al., 2002).

Santos et al. (2004), em sua revisão, observaram que espécies florestais tropicais

com sementes duras representam problemas para os viveiristas porque os tegumentos duros

e impermeáveis restringem a entrada de água e oxigênio e oferecem alta resistência física

ao crescimento do embrião. Esse processo retarda a germinação das sementes,

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submetendo-as por longo tempo à exposição a fatores adversos no solo. Essa

impermeabilidade do tegumento pode ser superada escarificando as sementes com ácido

sulfúrico, solventes orgânicos como álcool, acetona ou éter, ou escarificação mecânica

(BRUNO et al., 2001).

Os objetivos deste trabalho foram determinar o melhor tratamento para a quebra de

dormência, bem como avaliar a velocidade de germinação das sementes de A. pavonina em

condições de laboratório.

MATERIAIS E MÉTODOS

Este experimento foi realizado no laboratório de silvicultura da Universidade

Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, no período de 29/06/2009 a 06/07/2009.

Foram coletadas sementes de A. pavonina que apresentavam frutos maduros. Estas

sementes foram provenientes de árvores do campus da UESB, diretamente colhidas da

planta. Após a coleta, as sementes foram lavadas e imersas em solução 70% de hipoclorito

de sódio para evitar a proliferação de fungos. Em sequencia, foram secas, divididas em 04

lotes de 30 sementes e expostas aos seguintes tratamentos: T01 – Imersão em água por 1

hora, T02 – Escarificação com lixa; T03 – Escarificação com lixa e imersão em água por 1

hora e T4 a testemunha. Para cada tratamento houve 03 repetições sendo 10 sementes para

cada repetição. Após a exposição aos tratamentos as sementes foram colocadas em placas

de Petri forradas com papel filtro, este umidecido e posteriormente colocadas para

germinar em câmara de germinação a uma temperatura de 30° graus centígrados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na tabela 01 encontram-se os valores da germinação total e a quantidade de

sementes germinadas nos diferentes tratamentos no período de oito dias.

TABELA 01 – Valores da germinação total e a quantidade de sementes germinadas nos

diferentes tratamentos no período de oito dias.

Repetições/Tratamentos

Quantidade de sementes germinadas

Testemunha T01 T02 T03

R01 0,0 0,0 10,0 10,0

R02 0,0 0,0 10,0 10,0

R03 0,0 0,0 10,0 10,0

Total (%) 0,0 0,0 100,0 100,0

Os dados apresentados na tabela acima, mostram que não ocorreu germinação

daquelas sementes que não foram escarificadas e as que ficaram imersas na água por 1

hora. Por outro lado, os tratamentos T02 e T03 (escarificação com lixa e escarificação com

lixa e imersão em água por 1 hora respectivamente) obtiveram uma maior germinação que

os demais tratamentos. Tal resultado provavelmente deve-se ao fato de que a escarificação

feita nestes dois tratamentos favoreceu a entrada de água, permitindo a quebra de

dormência das sementes. Santos et al. (2004) obteve uma maior germinação de sementes

de chicá (Sterculia foetida L.) quando da escarificação mecânica em relação a outros

tratamentos submetidos às sementes desta espécie.

Na tabela 02 encontram-se os valores do tempo de germinação para cada tratamento

no período de oito dias.

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TABELA 02 - Valores do tempo de germinação para cada tratamento no período de oito

dias.

Tempo (dias)

Quantidade de sementes germinadas

Testemunha T01 T02 T03

0 – 2 0,0 0,0 0,0 0,0

3 – 4 0,0 0,0 26,0 12,0

5 – 6 0,0 0,0 30,0 21,0

7 – 8 0,0 0,0 30,0 30,0

Total (%) 0,0 0,0 100,0 100,0

Os resultados apresentados mostram que sementes desta espécie florestal, nestas

condições, tiveram início a germinação a partir do terceiro dia que foi posta para germinar.

O tempo de germinação no tratamento T02 foi menor que nos demais tratamentos e

germinou uma quantidade maior de sementes num período menor de tempo. O tratamento

T03 também demonstrou um bom desempenho, com 100% de germinação, mas com uma

velocidade de germinação menor que o tratamento T02. Tal fato provavelmente se explica

devido ao tempo de imersão em água, o que provocou uma maior embebição da semente

fazendo com que a mesma ficasse mais túrgida em relação às demais, favorecendo assim,

os mecanismos existentes na realização da germinação. Kissmann et. al (2008) para

estudos com sementes de A. pavonina L. em escarificação com ácido sulfúrico e

semeadura sobre papel em placa de Petri, dentre outros tratamentos, observaram que o

valor de D50 (tempo em dias para alcançar 50% de germinação) foi maior que em outros

tratamentos.

CONCLUSÕES

Os tratamentos T02 e T03 (escarificação com lixa e escarificação com lixa e

imersão em água por 1 hora respectivamente) se mostraram eficientes para a quebra

de dormência das sementes de A. pavonina L. com 100% de germinação no período

de oito dias, nestas condições.

O tratamento T02 (escarificação com lixa) foi o que apresentou maior velocidade

de germinação para sementes de A. pavonina L.

O tratamento T02 (escarificação com lixa) é o melhor para a quebra de dormência

de sementes de A. pavonina L.

REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA

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germinativos para superar a dormência de sementes de Mimosa caesalpiniaefolia Benth.

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Acesso em: 18 jun. 2009.

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Brasileira de Sementes, Brasília, v. 23, n. 2, p. 14- 20, 2001.

KISSMANN, C.; SCALON, S. de P. Q.; FILHO, H. S.; RIBEIRO, N. Tratamentos para

quebra e dormência, temperaturas e substratos na germinação de Adenanthera pavonina L.

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AVALIAÇÃO DA SANIDADE DE SEMENTES DE PATA-DE-VACA

(Bauhinia forficata Link.)

Glauce Taís de Oliveira Sousa¹, Gileno Brito de Azevedo¹, Jamille da Silva Amorim¹,

Quelmo Silva de Novaes2

¹ Graduandos em Engenharia florestal pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-

UESB. Vitória da Conquista-BA.

² Departamento de Fitotecnia e Zootecnia, UESB - Vitória da Conquista-BA.

E-mails: ¹ [email protected][email protected]; ¹

[email protected][email protected]

RESUMO: A Bauhinia forficata apresenta características ideais para o paisagismo urbano,

recuperação de áreas degradadas, além de ser utilizada na medicina popular. No entanto, há

carência de estudos científicos relacionados à espécie. O objetivo deste trabalho foi avaliar

a qualidade sanitária das sementes de B. forficata coletadas em árvores da arborização

urbana da cidade de Vitória da Conquista-BA. A avaliação da sanidade foi feita utilizando-

se o “Blotter-test”, acondicionando-se 100 sementes de B. forficata em 04 placas de Petri

de 150mm, contendo duas folhas de papel filtro em cada uma delas, as quais foram

umedecidas com quatro mililitros de água esterilizada. Em seguida, as placas foram

incubadas em B.O.D. com temperatura de 25 ± 1 ºC, com fotoperíodo de 12 horas, por um

período de 7 dias. A qualidade sanitária foi avaliada pela identificação dos

microorganismos associados às sementes, bem como pela porcentagem de ocorrência

destes. Os fungos encontrados nas sementes foram Aspergillus niger, Penicillium sp.,

Curvularia sp., Aspergillus sp., Cladosporium sp. e Alternaria sp., sendo que A. niger e

Penicillium sp. foram os que apresentaram maior incidência, 24% e 23% respectivamente.

Palavras-chave: qualidade sanitária; arborização urbana; fungos.

INTRODUÇÃO

A Bauhinia forficata Link pertence à família Leguminosae, subfamília

Caesalpinoideae. É uma espécie nativa da América do Sul distribuída na Argentina,

Paraguai, Uruguai, Bolívia e Brasil. Neste último, se distribui nos Estados de Alagoas,

Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Santa

Catarina e São Paulo (VAZ & TOZZI 2005). É conhecida popularmente por pata-de-vaca

ou unha-de-vaca, pois apresenta folha fendida no meio, formando dois lobos ou folíolos,

que a assemelham a uma pata de bovino. Seus frutos são legumes - ou vagens - achatados e

deiscentes (LORENZI & MATOS 2002). Possui porte médio, até 10 metros de altura,

presença de folhas grandes, copa de largura moderada e flores com bom aspecto visual.

A pata-de-vaca apresenta boas características paisagísticas, sendo por isso,

amplamente utilizada na arborização urbana. É uma espécie de rápido crescimento e

recomendada para plantios mistos destinados a recuperação de áreas degradadas. É

também largamente utilizada na medicina popular como diurético e em casos de diabetes,

visto que possui propriedades hipogliceminantes, comprovada através de diversas

pesquisas na área farmacológica.

A observação acurada da época ideal para a colheita das sementes é uma tarefa

imprescindível, pois o grau de maturação fisiológica e sanidade das sementes são fatores

limitantes para se obter uma boa germinação (POPINIGIS, 1977). A interferência dos

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 39

patógenos associados às sementes pode promover a redução da população de plantas, a

debilitação das mesmas e o desenvolvimento de epidemias (MENTEN, 1991). O teste de

sanidade tem como objetivo determinar a condição sanitária de um lote de sementes,

fornecendo informações para programas de certificação, serviços de vigilância vegetal,

tratamento de sementes, melhoramento de plantas e outros (MACHADO, 2000). Sendo

assim o teste de sanidade é de fundamental importância tanto nos programas de quarentena

quanto no sistema de produção de semente melhorada. Esses testes devem fornecer

informações confiáveis acerca da qualidade sanitária da semente destinada à semeadura ou

aos serviços de quarentena (HENNING, 2004).

Na área florestal brasileira, poucos estudos têm sido feitos sobre a transmissão de

fungos por sementes (SANTOS et al., 2000). A crescente importância, em diversas áreas,

sobre a pata-de-vaca torna necessário que estudos sobre detecção de patógenos em

sementes sejam conduzidos a fim de garantir a sanidade e a identificação de patógenos

associados às suas sementes. Desta forma, este trabalho teve como objetivo avaliar a

qualidade sanitária de sementes de B. forficata.

MATERIAL E MÉTODOS

Os frutos de B. forficata foram coletados, antes da deiscência, direto em plantas da

arborização urbana do município de Vitória da Conquista, BA. O teste de sanidade foi

realizado no Laboratório de Fitopatologia, Departamento de Fitotecnia e Zootecnia, da

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB no campus da referida cidade.

Primeiramente, os frutos foram beneficiados para a obtenção de sementes, gerando

um lote de onde se retirou 100 sementes, que foram submetidas a um pré-tratamento para

desinfecção em solução de hipoclorito de sódio a 1% por um minuto e solução de álcool

70% por um minuto, e em seguida lavadas em água destilada e secas em papel toalha,

sendo essas operações realizadas em câmara de fluxo laminar.

A avaliação da sanidade foi feita utilizando-se o “Blotter-test”, acondicionando-se

100 sementes de B. forficata em 04 placas de Petri de 150mm, contendo duas folhas de

papel filtro em cada uma delas, as quis foram umedecidas com quatro mililitros de água

esterilizada. Em seguida, as placas foram incubadas em B.O.D. com temperatura de 25 ± 1

ºC, com fotoperíodo de 12 horas, por um período de 7 dias.

As avaliações foram feitas utilizando-se microscópio estereoscópico, com o qual se

analisou cada semente, para verificar a presença de estruturas fúngica e, quando

necessário, foram feitas lâminas para observação em microscópio óptico.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na avaliação sanitária das sementes de B. forficata detectaram-se cinco gêneros de

fungos. As espécies encontradas e suas respectivas incidências estão dispostas na Tabela 1.

A maior porcentagem de infecção se deu pelos fungos dos gêneros Aspergillus e

Penicillium que, segundo citação de Seneme et al. (2006), podem afetar a germinação,

causar perda dos constituintes químicos essenciais e diminuir o crescimento das plântulas.

O Aspergillus niger tem sua patogenicidade confirmada por Mital (1983), sendo prejudicial

à germinação e ao desenvolvimento das plântulas de Cedrus deodora. Estes fatos foram

constatados também em sementes e plântulas de Eucalyptus (hibrido) (MITAL & WANG,

1986). Já Munjal & Sharma (1976) constataram Aspergillus niger e Penicillium sp.

causando danos de pré-emergência em espécies de Pinus.

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Tabela 1. Incidência de fungos (%) associadosàs sementes de frutos de

Bauhinia forficata em Vitória da Conquista-BA. (2009).

FUNGOS INCIDÊNCIA (%)

Aspergillus Níger 24

Penicillium sp. 23

Curvularia sp. 10

Aspergillus sp. 9

Cladosporium sp. 5

Alternaria sp. 2

Segundo Carneiro (1986), Curvularia sp. e Alternaria sp. são patógenos de várias

culturas e causam podridão de sementes, desfolhamento e curvatura de ponteiros em

mudas de espécies florestais. Santos et al (2001), além desses fungos, também observou

Cladosporium sp. associado às sementes de canafístula, timbaúva, coração-de-negro e

pata-de-vaca.

Seneme et al. (2006) detectou os fungos Trichothecium sp., Aspergillus sp.,

Cladosporium sp., Coletotrichum sp., Fusarium sp., Penicillium sp. e Rhizopus sp. em

sementes de Bauhinia variegata, porém não exerceram efeitos na germinação e vigor das

sementes. Para B. forficata, devido à quantidade e incidência de fungos nas sementes, é

necessário a realização de trabalhos para verificar a patogenicidade e os efeitos dos fungos

encontrados na germinação e vigor das sementes.

CONCLUSÃO

Os fungos Aspergillus niger, Aspergillus sp., Penicillium sp., Curvularia sp.,

Cladosporium sp. e Alternaria sp. foram encontrados associados às sementes de Bauhinia.

forficata.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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cultivadas. Nova Odessa, Instituto Plantarum. 2002.

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MENTEN, J.O.M. Patógenos em sementes: detecção, danos e controle químico.

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BIOMETRIA E GEMINABILIDADE DE SEMENTES DE Caesalpinia

ferrea Mart. ex Tul (CAESALPINIACEAE)

Arlete da Silva Bandeira1, Kátia Dias Carvalho

2, Simone Vieira

3, Débora Leonardo dos

Santos4.

1,2,3Graduanda do Curso de Engenharia Agronômica da UESB, Vitória da Conquista,

BA; 4Professora Adjunta do DCN da UESB, Vitória da Conquista, BA.

E-mails: [email protected]; [email protected]

RESUMO: Sementes de Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul., conhecida como pau-ferro

foram caracterizadas biométrica e fisiologicamente. As sementes foram retiradas de frutos

maduros coletados de matrizes selecionadas no Campus da Universidade Estadual do

Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista - BA. O experimento foi conduzido no

Laboratório de Biodiversidade do Semi-árido - LABISA. Após o beneficiamento, o lote de

sementes foi avaliado através de medidas de comprimento, largura e espessura,

determinando o teor de umidade, peso de mil sementes e quantidade média de sementes

por quilo. A qualidade fisiológica foi avaliada através da porcentagem e velocidade de

germinação em sementes intactas e escarificadas. Os testes de germinação foram realizados

em caixas tipo Gerbox transparentes utilizando como substrato vermiculita e mantidas à

25ºC. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado. O tamanho médio das

sementes foi de 9,9 mm de comprimento, 6,9 mm de largura e 4,0 mm de espessura.

Sementes intactas tiveram porcentagem de germinação de 3,75 e as sementes escarificadas

81,25%. A escarificação mecânica favoreceu a porcentagem e a velocidade de germinação.

Palavras-chave: Caesalpinia ferrea; biometria; dormência; sementes.

BIOMETRIC AND GERMINATION OF SEEDS OF Caesalpinia ferrea

Mart. ex Tul (CAESALPINIACEAE)

Abstract - Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul., known as ironwood was characterized

physiologically and biometrics. The seeds were removed from ripe fruits collected from

selected matrices of the University Estadual of the Sudoeste of the Bahia, Vitória da

Conquista - BA. The experiment was conducted at the Laboratory of Biodiversity in the

Semi-arid – LABISA. After processing, the seed lot was assessed through measurements of

length, width and thickness determining the moisture content, thousand seed weight and

average amount of seeds per pound. The physiological quality was evaluated by the

percentage and speed of germination in intact seeds and scarified. Germination tests were

performed in gerbox transparent using as vermiculite and kept at 25 ºC. The experimental

design was completely randomized. The average size of seeds was 9.9 mm length, 6.9 mm

width and 4.0 mm thickness. Intact seeds had germination of 3.75 and 81.25% scarified

seeds. Mechanical scarification favored the percentage and germination rate.

Key-words: Caesalpinia ferrea; biometrics; dormancy; seeds.

INTRODUÇÃO

Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul., popularmente conhecida como pau-ferro, pertence

à família Caesalpiniaceae, é uma árvore de grande porte, atingindo cerca 30 metros de

altura, nativa do Brasil com ocorrência na caatinga nordestina. Possui manchas claras nos

troncos, folíolos pequenos, flores amarelas e legumes lisos, duros e aromáticos (RIZZINI,

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1995). É uma espécie de relevante importância econômica, ecológica e medicinal, com

múltiplos usos: as folhas servem para forragem; a madeira muita pesada é aplicada na

construção civil, obras externas e marcenaria; pode ser também utilizada para recuperação

de áreas degradadas e paisagismo. Na medicina natural a madeira é anticatarral e

cicatrizante; a casca é desobstruente; as raízes são debrífugas e antidiarréicas; os frutos têm

propriedades béquicas e antidiabéticas (TIGRE, 1976; DUCKE, 1979; PIO CORREIA,

1984; LORENZI, 1998; BRAGA, 2001).

A caracterização biométrica de sementes pode fornecer importantes informações à

cerca de diferenças entre espécies do mesmo gênero no campo, como ocorre com

Hymenaea courbaril, que tem sementes cerca de duas vezes mais pesadas que as de H.

parvifolia (CARPANEZZINI & MARQUES, 1981). Durante o amadurecimento, as

sementes desenvolvem-se até atingirem a dimensão característica para a espécie, mas

devido às influências ambientais durante a maturação das sementes e da variabilidade

genética entre as matrizes, ocorre variação individual dentro da mesma espécie

(TURNBULL, 1975). A biometria de sementes constitui um instrumento importante para

detectar a variabilidade dentro de populações de uma mesma espécie e está relacionada a

características de estabelecimento e de disseminação de plântulas, além de ser utilizadas

para distinguir espécies pioneiras e não pioneiras em florestas tropicais (BASKIN &

BASKIN, 1998).

Muitas sementes de espécies tropicais, embora sendo viáveis e tendo todas as

condições consideradas adequadas, deixam de germinar. Isso ocorre porque seus

tegumentos duros e impermeáveis impedem a entrada de água e oxigênio, oferecendo alta

resistência física ao desenvolvimento do embrião. Assim, a dormência passa a ser um

contratempo quando as sementes são usadas para cultivo de mudas, em virtude do longo

tempo que leva para ocorrer à germinação, ficando as mesmas sujeitas às condições

adversas (BORGES et al., 1982). A escarificação mecânica é um tratamento eficiente no

rompimento ou abrasão do tegumento da semente, tornando-o permeável, permitindo a

germinação. É uma técnica freqüentemente utilizada e constitui a opção mais prática entre

os procedimentos utilizados para superação da dormência tegumentar. Além de ser um

método de baixo custo, simples e segura, é eficaz para promover uma germinação

acelerada e uniforme. No entanto, deve ser efetuada com muito cuidado para evitar que a

escarificação excessiva possa causar danos ao tegumento e diminuir a germinação

(MCDONALD & COPELAND, 1997).

O objetivo do presente trabalho foi avaliar as características biométricas e a

germinabilidade em sementes de Caesalpinia ferrea, com a finalidade de caracterizar o

lote de sementes utilizadas no projeto.

MATERIAL E MÉTODOS

Frutos maduros de pau-ferro (Caesalpinia férrea Mart. ex Tul.) foram coletados de

matrizes existentes no campus da UESB. Após a coleta, os frutos ficaram armazenados em

ambiente natural, no LABISA, onde os experimentos foram conduzidos. Para a remoção

das sementes foi necessário quebrar os frutos com auxílio de martelo, após o

beneficiamento as sementes foram armazenadas em vidros âmbar na geladeira. Foram

determinados comprimento, largura e a espessura de 100 sementes, com auxilio de

paquímetro digital. A determinação do grau de umidade foi realizada em quatro repetições

de 25 sementes, adotando-se o método de estufa a 105°C, durante 24 horas, conforme

Brasil (1992). O peso de mil foi determinado utilizando-se oito repetições de 100

sementes. Os testes de germinação foram realizados com sementes intactas e escarificadas

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com lixa número 4, até o desgaste do tegumento, no lado oposto à micrópila, atritando o

tegumento sem ferir o embrião. Após a escarificação, as sementes foram semeadas em

caixas tipo Gerbox (11 cm x 11 cm) transparentes, o substrato utilizado foi vermiculita,

previamente esterilizada em estufa a 200C°. A umidade do substrato foi mantida com regas

a cada dois dias. O experimento foi conduzido em câmara de germinação tipo BOD

regulada para temperatura constante de 25ºC e luz branca continua. Os testes de

germinação foram conduzidos em delineamento inteiramente casualizado com dois

tratamentos e quatro repetições de 20 sementes.

A germinabilidade foi avaliada através da percentagem, tempo médio e freqüência

relativa de germinação. O acompanhamento da germinação foi diário, sendo consideradas

germinadas as sementes que apresentaram protusão radicular, o experimento foi finalizado

quando a germinação permaneceu nula por três dias seguidos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O lote de sementes de Caesalpinia férrea Mart. ex Tul., coletada no Campus da

UESB em abril de 2009 apresentou teor de umidade de 7,22% e o tamanho das sementes

variou de 8,0 a 11,5 mm de comprimento; 4,0 a 9,1 mm de largura e 3,0 a 5,7 mm de

espessura (Figura 1), sendo que a maioria das sementes apresentou comprimento variando

entre 9,2 a 10,3 mm; largura de 5,8 a 7,9 mm e espessura de 3,6 a 5,7mm. O tamanho

médio das sementes em comprimento, largura e espessura foram 9,9 ±0,6 mm, 6,9 ±0,7

mm e 4,0 ±0,6 mm respectivamente, a massa média de mil sementes foi 183,1±0,18, o que

permite calcular que um quilograma de pau ferro pode conter 5.461 sementes.

Figura 1. Comprimento (A), largura (B) e espessura (C) de Caesalpinia ferrea.

A porcentagem de germinação das sementes intactas foi muito baixa (3,75) e das

sementes escarificadas mecanicamente atingiu 81,25% em 13 dias (Figura 2A). A baixa

germinação das sementes ocorre devido a um baixo ganho de água durante a embebição,

uma vez que as sementes de pau-ferro apresentam dormência tegumentar, indicando que

naturalmente poucas sementes germinam logo após a dispersão, e que de alguma maneira o

tegumento deve ser rompido para que ocorra a emergência das plântulas. As sementes com

tegumento impermeável à água que apresentam resistência a germinação, torna-se

indesejável ao manejo agrícola, mas o mesmo é reconhecidamente importante por proteger

a semente das oscilações de temperatura, umidade e da incidência de microorganismos. A

dormência é um processo que impede a germinação em condições desfavoráveis a seu

desenvolvimento, implicando num mecanismo satisfatório à perpetuação das espécies em

seu habitat natural (MOHAMED - YASSEEN et al, 1994).

As sementes intactas iniciaram a germinação no terceiro dia, mas poucas sementes

germinaram. As escarificadas iniciaram a germinação no quinto dia, atingindo o pico

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8,0 - 8,5 8,6 - 9,1 9,2 - 9,7 9,8 - 10,3 10,4 - 10,9 11,0 - 11,5

Comprimento (mm)

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4,0 - 4,5 4,6 - 5,1 5,2 - 5,7 5,8 - 6,3 6,4 - 7,9 8.0 - 8,5 8,6 - 9,1

Largura (mm)

Qu

an

tid

ad

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tes

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3,0 - 3,5 3,6 - 4,1 4,2 - 5,7

Espessura (mm)

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em

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máximo no sétimo dia e decrescendo lentamente ate o décimo dia. O polígono de

freqüência apresentado na figura 2B, mostra uma distribuição unimodal para as sementes

escarificadas e polimodal para as sementes intactas, indicando que a escarificação promove

a uniformidade da distribuição das germinações, concentrando a maioria no início do

experimento, enquanto que as intactas germinam irregularmente. Na agricultura a

sincronização da germinação é importante para o crescimento homogêneo das plantas,

enquanto que na natureza a distribuição irregular da germinação pode representar uma

vantagem, pois muitas sementes permanecem no banco de sementes do solo e podem

germinar em épocas mais favoráveis para o estabelecimento das plântulas.

Figura 2. Porcentagem de germinação (A) e Polígonos de freqüência relativa (B) da germinação de

sementes de Caesalpinia ferrea escarificadas mecanicamente (▲) n=3 e intactas (■) n=65.

Grus et al. (1984), através da lixação, obteve um alto porcentual de germinação em

um menor período de tempo, para sementes de Caesalpinia leiostachya. Resultados

semelhantes foram obtidos por Barbosa et al. (1996), ao utilizarem a escarificação

mecânica com lixa para superação de dormência de três espécies leguminosas. Entretanto,

Antônio et al. (1985) indicam a escarificação manual com lixa somente para pouca

quantidade de sementes, visto tratar-se de sementes pequenas, de casca dura e escorregadia

e recomendam o uso do método equivalente mecanizado, quando a quantidade de sementes

a ser beneficiada fosse grande.

CONCLUSÃO

O lote de sementes estudado apresentou sementes com tamanho médio de

comprimento, largura e espessura de 9,9 ±0,6 mm, 6,9 ±0,7 mm e 4,0 ±0,6 mm,

respectivamente. O teor de umidade de 7,22 confirmou que as sementes são ortodoxas.

Para avaliar o vigor e viabilidade das sementes através da porcentagem de germinação, é

recomendada a utilização de tratamento para quebra da dormência. A escarificação

mecânica foi um tratamento eficaz na quebra de dormência, favorecendo a porcentagem e a

velocidade de germinação.

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Quebra de Dormência em Sementes de Galactia spp. Campo Grande: Embrapa-

CNPGC, 1985. 5p. (Comunicado Técnico nº 29).

0

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CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DO SOLO

DA RESERVA FLORESTAL DO POÇO ESCURO/BA

Risely Ferraz de Almeida1, Vinícius Santos Sousa

1, Carlos Henrique Farias Amorim

2,

Luciana Gomes Castro2

1Graduando do curso de Agronomia da UESB, Vitória da Conquista/BA;

2Professor Adjunto da UESB/DEAS, Vitória da Conquista/BA

e-mails: [email protected], [email protected]

RESUMO: O objetivo deste trabalho foi avaliar os atributos químicos da camada

superficial e as quantidades de matéria orgânica da Reserva do Poço Escuro, município de

Vitória da Conquista/BA. A área foi dividida em três parcelas nas quais foram coletadas 68

amostras, distribuídas aleatoriamente, as amostras foram homogeneizadas em amostras

compostas. As mesmas foram analisadas no Laboratório de Química do Solo da

Universidade Estadual da Bahia/UESB. Concluiu-se que a reserva possui o solo infértil,

apresentando teores altos de alumínio, porém a ação de toxidez deste não afeta a floresta,

graças a ação da material orgânica que tem a habilidade em formar complexos estáveis do

Al.

Palavras-chave: química do solo; reserva; matéria orgânica.

ABSTRACT: The objective of this study was to evaluate the chemical properties of the

surface layer and the quantities of organic material in the Poço escuro reserve, located in of

Vitoria da Conquista / BA. The area was divided into three portions in which 68 samples

were collected, randomly distributed, the samples were homogenized in composite

samples. The samples were analyzed at the Laboratory of Soil Chemistry at UESB. It was

concluded that the reservation has the soil infertile, with high levels of aluminum, but the

action of this toxicity does not affect the forest, through the action of organic material that

has the ability to form stable complexes of Aluminum

Key-words: soil physics; reserve; organic residue.

INTRODUÇÃO

A fertilidade do solo é capacidade da manutenção de nutrientes para a planta

através da absorção dos elementos essenciais. O pH é um dos fatores que altera a

disponibilidade de elementos como Cálcio, Magnésio e fósforo do solo-planta alem de

tornar disponível o Alumínio que é altamente tóxico para a planta. Segundo

MALAVOLTA (1985).

Localizada no perímetro urbano do município de Vitória da Conquista, Sudoeste da

Bahia, a Reserva do Poço Escuro possui uma área protegida por Lei (Vitória da Conquista,

1999), com 17 hectares de Mata Ciliar, abriga a nascente do Rio Verruga, afluente do Rio

Pardo, e a única mata remanescente na zona urbana caracterizada por um bioma próprio de

cobertura vegetal típica de transição entre a Mata Atlântica e a Caatinga, localmente

conhecida como Mata de Cipó (FAM, 2009; LOUREIRO, 2008).

Devido a sua beleza da paisagem natural e diversidade biológica (vegetal e animal) o

local oferece momentos de tranqüilidade e contemplação da natureza. Fatos que atraem,

além da comunidade, a atenção de estudantes e pesquisadores do entorno e região

(OLIVEIRA et al., 2006; SILVA, 2007).

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A crescente mobilização de pesquisadores, ambientalistas, órgão de proteção e

políticos locais, buscando alternativas que garantam a proteção da reserva, uma vez que

esta possui valore ambientais, histórico e cultural. Desta forma, o presente trabalho tem o

objetivo de apresentar algumas características químicas, macro e micronutrientes, pH e

matéria orgânica, da superfície do solo da Reserva do Poço Escuro.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado na Reserva do Poço Escuro, em uma área de 17 ha. Esta se

localiza na região central do município de Vitória da Conquista/BA, entre as coordenadas

14º50’S e 14º50’W. Efetuaram-se análises físicas da superfície do solo que foram

confrontadas com o levantamento exploratório de variações de altitude na Reserva. A

amostragem de solo nas camadas de 0-10 cm e de 10-20 cm, foram georreferenciadas por

meio do aparelho GPS Garmin Etrex HCx, seguindo um caminhamento aleatório desde a

porção superior até a mais inferior das encostas da Reserva, percorrendo toda sua extensão,

totalizando 34 unidades experimentais e 68 amostras. Em cada local amostrado também foi

medida e registrada a altura do horizonte orgânico, também chamado de serrapilheira, com

auxílio de régua.

As análises químicas foram realizadas no Laboratório de Química do Solo, da

Universidade do Sudoeste da Bahia/UESB, Vitória da Conquista. As amostras foram

divididas em três grupos, levando em consideração as características do local, cada um foi

homogeneizado em amostras compostas –A1, A2 eA3-, e foram feitas as determinações do

pH (SMP), Ca, Mg e Al (KCl) e K, P e H (N/C) todas as metodologias preconizadas pela

EMBRAPA.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados das análises químicas de ambas as do solo encontrados na Tabela 1

permitem determinar que o solo da Reserva Poço Escuro tenha caráter álico, uma vez que

os valores de alumínio representam mais de 50% da CTC efetiva do solo. No entanto as

plantas não apresentavam sintomas de intoxicação.

A matéria orgânica tem acentuado efeito sobre a fertilidade do solo. Sendo fonte de

nutrientes, principalmente N, S e P, além de possuir cargas elétricas de superfície e

contribuir para a capacidade de troca de cátions, 20 a 70% na maioria dos solos tropicais

(Meurer, 2006). Esta exerce tamanha função no solo da Reserva, pois o solo apresenta

baixos teores de bases, cálcio, magnésio, aliados os altos teores de alumínio e íons de

hidrogênio, conferindo valores bastante elevados de acidez, ou seja, pH baixo. Foi

observado que o fósforo apresentou concentrações médias, valores superiores aos solos

brasileiros que são pobre neste nutriente, provavelmente por ação da matéria orgênica.

Evidenciando que as substancias húmicas tem a habilidade em formar complexos estáveis

do Al com os grupos funcionais que contem oxigênio, como fenóis, ácidos carboxílicos

(Vance et al, 1995; Cambry,2004).

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Tabela 1: Valores dos atributos químicos do Solo da Reserva do Poço Escuro, Vitória da

Conquista - BA.

Características Químicas A1 A2 A3

pH (SMP) 4,7 4,6 4,3

Fósforo (mgc.dm-3) 9 8 10

Potássio (cmolc.dm-3) 0,14 0,12 0,1

Cálcio (cmolc.dm-3) 0,7 0,7 0,6

Magnésio (cmolc.dm-3) 0,5 0,5 0,6

Alumínio (cmolc.dm-3) 2,8 3,4 4

Al + H (cmocc.dm-3) 16,8 18,5 24,5

Soma das bases (cmolc.dm-3) 1,34 1,32 1,3

CTCe (cmolc.dm-3) 4,14 4,72 5,3

CTC (cmolc.dm-3) 17,94 19,82 25,8

Saturação por bases (%) 7,47 6,66 5,04

Saturação por alumínio (%) 67,63 72,03 75,47

Matéria ongânica (g.dm-3) 6,82 6,59 6,92

O solo da Reserva apresentou índice de bases trocáveis (%V) baixos,

caracterizando-o como distrófico e também valores baixos de Ca e Mg, elementos que

possuem relação direta com o alumínio e o pH do solo, geralmente solo ácidos apresentam

baixos teores destes elementos. De acordo a soma das bases à fertilidade das as três

amostras apresenta um solo infértil, com baixa disponibilidade de elementos essenciais à

planta. Na Figura 1 é possível observar que mais de 70% das cargas positivas do solo é

preenchida por cátions de hidrogênio e mais de 15% de cátions de alumínio, caracterizado

com uma acidez total ou parcial muito alta, o que limita muito a disponibilidade de

nutrientes às plantas.

A1

A2

A3

Figura 1. Distribuição dos elementos H, K, Al, Ca e Mg. (%) nas três amostras compostas.

CONCLUSÃO

Concluiu-se que o solo do Poço-Escuro é distrófico, apresenta grande quantidade de

alumínio, álico, todavia encontra-se imobilizado por ação da matéria orgânica, que confere

a esse solo uma CTC alta. Portanto o que mantém a nutrição das plantas nesse solo é a

reciclagem das plantas.

76,9%

0,8%

15,6%

3,9%2,8%

Hidrogênio Potássio Alumínio Cálcio Magnésio

2,5%3,5%

17,2%

0,6%

76,2%

Hidrogênio Potássio Alumínio Cálcio Magnésio

79,5%

0,4%

15,5%

2,3%2,3%

Hidrogênio Potássio Alumínio Cálcio Magnésio

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REFERÊNCIAS

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http://www.semmapmvc.com.br/interface/conteudo_local.asp?cod=62. Acessado em

outubro de 2009.

LOUREIRO, A.L.C.; SILVA, S.L.C.; SILVA, D.C. Parque Municipal da Serra do Periperi:

uma contribuição à Unidade de Conservação. Enciclopédia Biosfera: Instituto Construir e

Conhecer: Goiânia N.05, 2008. 9 pp

MALVOLTA, E. Manual de química agrícola: adubos e adubação. 3.ed. São Paulo:

Agronômica Ceres, 1981 ... Agrícola, 1985

OLIVEIRA, M.F.S.; OLIVEIRA, O.J.R.; BARTHOLO, R. Da Representação Simbólica

ao Princípio da Responsabilidade: Linguagem Fotográfica e Educação Ambiental. II

Encontro da ANPPAS, Brasília-DF, 2006.

SANTOS, R.D.; LEMOS, R.C.; SANTOS, H.G. et al. Manual de descrição e coleta de solo

no campo. 5ª Ed. Viçosa: SBCS. 2005. 100p.

SILVA, I.S. A Serra do Periperi impactada pela ação humana. Monografia do Curso de

Especialização em Ciências Ambientais da UESB. Vitória da Conquista: UESB, 2007

VITÓRIA DA CONQUISTA. Decreto Municipal n.º 9.480/99. Vitória da Conquista, BA.

1999.

MEURER, EGON JOSÉ. Fundamentos de Química do Solo 3ª Ed., Porto Alegre:

Evangraf, 2006. p. 70 – 72.

AGRADECIMENTOS

À Prefeitura do Município de Vitória da Conquista pela colaboração quanto a liberação da

área para o presente estudo.

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CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DOS SOLOS DO MUNICÍPIO

DE BARRA DA ESTIVA – BAHIA

Dilson Sousa Rocha Júnior

(1); Helane França Silva

(2); Daíse Cardoso de Souza

Bernardino(3)

e Carlos Henriques Farias Amorim(4)

(1)Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, Curso de Engenharia Florestal. Estrada do Bem

Querer, Km 04, Caixa Postal 95, Vitória da Conquista, BA. Email: [email protected] (2)Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, Curso de Engenharia Florestal. Estrada do Bem

Querer, Km 04, Caixa Postal 95, Vitória da Conquista, BA. Email: [email protected] (3)Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, Departamento de Fitotecnia e Zootecnia. Estrada do

Bem Querer, Km 04, Caixa Postal 95, Vitória da Conquista, BA. Email: [email protected] (4)Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, Departamento de Engenharia Agrícola e Solos.

Estrada do Bem Querer, Km 04, Caixa Postal 95, Vitória da Conquista, BA. Email: [email protected]

RESUMO

Com o objetivo de caracterizar quimicamente os solos do município de Barra da Estiva,

Bahia, visando diagnosticar a situação em que se encontram e oferecer subsídios que

possibilitem a recomendação de manejo mais adequado dos mesmos, foram utilizadas 252

amostras de horizontes superficiais de solos do município e encaminhadas ao Laboratório

de Solos do Departamento de Engenharia Agrícola e Solos da Universidade Estadual do

Sudoeste da Bahia, as quais foram avaliadas as seguintes características: pH, acidez

potencial (H + Al), alumínio trocável (Al3+

), Cálcio (Ca2+

) e Magnésio (Mg2+

) trocáveis,

potássio (K+) e fósforo (P) disponíveis, CTC efetiva (t) e a pH 7,0 (T), soma de bases (SB),

saturação por bases (V) e saturação por alumínio (m). Os resultados foram avaliados por

meio das seguintes medidas descritivas: média, mediana, desvio padrão, valores máximos e

mínimos e coeficiente de variação. Após a análise dos dados, concluiu-se que predominam

na área estudada solos com reação de média acidez. Apresentaram baixa saturação por

bases (V) e por alumínio (m), médio teor de fósforo, cálcio, CTC efetiva (t) e soma de

bases (SB), e alto teor de potássio, magnésio, alumínio, CTC a pH 7 (T) e acidez potencial

(H + Al). Diferentes graus de variabilidade foram verificados nas propriedades químicas

consideradas.

PALAVRAS-CHAVE

Fertilidade, reação do solo, acidez do solo

SOILS CHEMICAL CHARACTERISTCS FROM

BARRA DA ESTIVA – BAHIA

ABSTRACT

The purpose of this study was the soils chemical characterization from Barra da Estiva,

Bahia, intending to diagnose the real situation that they are found and to present some

support that make possible a correct management recommendation for its soils, it was used

252 samples from soils surface horizons from that city and they were sent to the

Laboratório de Solos of the Departamento de Engenharia Agrícola e Solos from

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. It was valued the following characteristics:

pH, potential acidity (H + Al), changeable aluminum (Al3+

), interchangeable bases (Ca2+

e

Mg2+

), available potassium (K+), available phosphorus (P), effective CTC (t) and at pH 7

(T), bases sum (SB), base saturation (V) and aluminum saturation (m). The results were

appraised by the following measures: average, median, standard deviation, maximum

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values and minimal values and variation coefficient. After the data analysis, it was deduced

that in the studied area predominates soils medium acidity reaction. The samples revealed

low base saturation (V) and calcium, medium percentage of bases sum (SB), and high

percentage of, phosphorus, potassium, magnesium, aluminum, CTC at pH 7 (T), aluminum

saturation (m) and potential acidity (H + Al). Different variability rates were checked in

the observed chemical properties.

KEYWORDS

Fertility, soil reaction, soil acidity.

INTRODUÇÃO

A fertilidade do solo caracteriza-se por apresentar boas características físicas e

fornecer às plantas os nutrientes que dele são absorvidos em quantidades razoáveis,

convenientemente balanceadas. (MACIEL, 1983).

No estado da Bahia predominam solos ácidos e de baixa fertilidade, cujo

aproveitamento racional, com médios a altos rendimentos, só é conseguido com o emprego

de corretivos e fertilizantes, em quantidades adequadas e variáveis conforme as exigências

específicas de cada cultura e tipo de solo (CORRÊA & MORAES FILHO, 2001).

Segundo Brady (1989) a acidez é um processo natural, característico de solos onde

a ação do intemperismo é mais intensa, sendo comum em todas as regiões onde a

precipitação é suficientemente elevada para lixiviar quantidades apreciáveis de bases

trocáveis do solo.

Para Quaggio (2000), o comportamento diferencial entre culturas quanto ao grau de

tolerância às condições de acidez do solo e resposta à calagem deve ser considerado

quando se pretende racionalizar o uso de corretivos de acidez, uma vez que a dose mais

econômica de calcário depende fundamentalmente da magnitude de respostas das culturas

à prática.

Geralmente, a perda da potencialidade produtiva do solo ocorre devido à baixa

disponibilidade de nutrientes no solo e à elevada concentração de alumínio em solução. A

presença de alumínio tóxico em níveis elevados provoca menor crescimento e

engrossamento das raízes (TAYLOR, 1988).

A adoção de certo modelo de recomendação da necessidade e da dosagem de

calcário é inerente às características do solo da região, aliado aos princípios adotados pelos

pesquisadores, para eleger o procedimento que mais se adapta às condições de acidez do

local (NOLLA & ANGHINONI, 2004).

A calagem, além de elevar o pH do solo, neutraliza ou reduz os efeitos tóxicos do

alumínio e manganês, fornecem os nutrientes cálcio e magnésio para as plantas, e ainda,

propicia melhor estruturação dos solos e maior desenvolvimento radicular, o que favorece

a disponibilidade e absorção dos outros nutrientes e a maior resistência ao estresse hídrico

(CORRÊA & MORAES FILHO, 2001).

Objetivou-se, com este trabalho, caracterizar quimicamente os solos de Barra da

Estiva, Bahia, visando diagnosticar a situação em que se encontram e oferecer subsídios

que possibilitem a recomendação de manejo mais adequado do mesmo.

MATERIAL E MÉTODOS

O presente trabalho foi conduzido no município de Barra da Estiva com área de

1.401,979 km², situado a 13°14’ de latitude Sul e 41°02’ de longitude Oeste, região

fisiográfica da Chapada Diamantina (SILVA & AZEVEDO, 2000).

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Foram utilizadas 252 amostras coletadas aleatoriamente, de horizontes superficiais

de solos do município de Barra da Estiva – BA, e encaminhadas ao Laboratório de Solos

do Departamento de Engenharia Agrícola e Solos da Universidade Estadual do Sudoeste da

Bahia, onde, depois de secas ao ar e classificadas em peneira com malha de 2 mm de

diâmetro, foram analisadas quimicamente.

Os métodos e técnicas empregados na extração e determinação dos elementos de

interesse no estudo, foram desenvolvidas segundo padrões da Empresa Brasileira de

Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA (1979).

Para proceder a extração dos macronutrientes foi utilizado um erlenmeyer de 125

ml, onde foi adicionado 10 cm³ de terra fina seca ao ar (TFSA) e 100 ml de solução

extratora, agitando-se por cinco minutos e deixando-a em repouso por uma noite.

A partir disso, foi avaliada a acidez ativa: com auxílio do potenciômetro com

eletrodo combinado esta foi determinada através do pH na suspensão solo-água na

proporção 1:2,5; também foram determinados cálcio (Ca2+

), magnésio (Mg2+

) e alumínio

trocáveis (Al3+

) os quais foram extraídos com solução de KCl 1 mol/l, sendo determinados

por complexação com EDTA dissódico 0,0125 mol/l e titulação com NaOH 0,025 mol/l,

respectivamente; o potássio (K+) e fósforo disponíveis (P) que foram extraídos por solução

Mehlich 1 e procedida à leitura em fotometro de chama e fotocalorímetro,

respectivamente; e o pH SMP o qual foi determinado segundo Raij & Quaggio (1983).

Para análise de solos foram adicionados, então, em frasco plástico de 50 ml, 10 cm3 de

TFSA, 25 ml de solução de CaCl2 0,01 mol/l e 5 ml da solução-tampão SMP, agitando-se

por 15 minutos a 220 rpm em agitador orbital horizontal, após o repouso de uma hora,

procedeu-se a leitura em potenciômetro com eletrodo combinado.

O comportamento das variáveis do solo foi avaliado por meio das seguintes

medidas descritivas: média, mediana, desvio padrão, valores máximos e mínimos e

coeficiente de variação. Avaliou-se também a distribuição de frequência para

acompanhamento gráfico das distribuições das amostras frente aos seus teores.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados químicos dos solos foram comparados segundo padrões de

classificação descritas por Maciel (1983).

Na Tabela 1 é apresentado o resumo das medidas descritivas dos macronutrientes P,

K, Ca, Mg, da acidez ativa e trocável, pH, soma de bases trocáveis (SB), capacidade de

troca catiônica efetiva (t) e potencial (T), e saturação de bases (V) e de alumínio (m).

De acordo com os valores, mínimo (3,30) e máximo (8,20), de pH (Tabela 1),

constatou-se que as amostras de solo apresentaram reação variando de acidez elevada a

elevada alcalinidade. No entanto, de acordo com os valores da média e mediana,

predominam na área estudada, solos com reação de média acidez, quanto a classificação

química de Maciel (1983).

Em relação aos teores de P, foram considerados altos, em relação ao valor médio.

Os teores de K nas amostras de solo variaram de 0,02 a 2,10 cmolc/dm3

(Tabela 1),

sendo classificado como de muito baixo a muito alto. Entretando, a partir dos valores da

média e mediana, o teor de K foi considerado alto e médio, respectivamente.

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Tabela 1 – Dados descritivos das propriedades químicas de 252 amostras de solo do

município de Barra da Estiva - BA.

Medida pH P K

+ Ca

2+ Mg

2+ Al

3+ H

+ SB t T V m

(H2O) mg/dm3 _______________ cmolc/dm

3 _______________ ___ % ___

Média 5,25 16,80 0,30 1,88 1,08 1,16 5,89 3,27 4,42 10,31 35,68 28,59

Mediana 5,10 5,00 0,24 1,60 0,90 0,60 4,85 2,96 4,02 8,87 33,08 18,73

D.P. 0,74 29,36 0,25 1,46 0,71 1,45 3,77 2,21 1,90 4,55 22,90 28,05

Máximo 8,20 170,00 2,10 8,20 5,80 7,10 21,00 13,66 13,66 29,16 89,73 88,77

Mínimo 3,30 1,00 0,02 0,10 0,20 0,00 0,90 0,34 1,57 3,84 3,26 0,00

C.V. % 14,15 174,77 82,21 77,58 65,25 125,21 64,01 67,57 43,06 44,07 64,18 98,10

D.P. = Desvio Padrão; C.V. = Coeficiente de Variação

Os teores de cálcio trocável foram considerados como baixos e os de magnésio

apresentaram nível bom para os solos avaliados, conforme a classificação descrita por

Maciel (1983), embora tenha ocorrido uma grande amplitude de variação, como pode ser

observado pelos valores máximo e mínimo (Tabela 1).

Mediante os valores mínimo (0,00 cmolc/dm3) e máximo (7,10 cmolc/dm

3) de Al,

foram classificados de baixo a alto os seus teores. De acordo a média dos solos analisados,

o teor de Al foi considerado alto, evidenciando a necessidade da correção da acidez antes

da implantação das culturas.

Para a CTC a pH 7, foi classificada como alta, mediante valor médio. A

característica soma de bases (SB) foi classificada como média, apresentando uma saturação

por bases classificada como baixa, reforçando a necessidade da prática da calagem nos

solos analisados.

CONCLUSÃO

A partir dos dados obtidos na área estudada, é possível afirmar quanto à

classificação química, a predominâcia de solos com reação de média a elevada acidez,

indicando presença de alumínio e deficiência de bases trocáveis. Para tanto, faz-se

necessário a utilização adequada de calcário, a fim de neutralizar o alumínio, elevar o pH,

fornecer cálcio e magnésio e melhorar as disponibilidades dos nutrientes essenciais ao bom

desenvolvimento vegetal.

Com isso, é evidente a grande importância do conhecimento da variabilidade das

propriedades químicas do solo, principalmente para definir o manejo mais adequado a ser

utilizado na área de estudo.

REFERÊNCIAS

BRADY, N.C. Natureza e propriedades dos solos. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1989.

878p.

BRAUNER, J.L., GARCEZ, J.R.B. Lixiviação de potássio, cálcio e magnésio em solos do

Rio Grande do Sul submetidos à calagem, avaliada em condições de laboratório. Revista

Brasileira de Ciência do Solo, v.6, p.89-93, 1982.

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 55

CORRÊA, P.R.S., MORAES FILHO, O. Síntese das necessidades de calcário para os

solos dos estados da Bahia e Sergipe. Superintendência Regional de Salvador. Informe de

Recursos Minerais, Série Insumos Minerais para Agricultura, n.6, 2001.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Serviço Nacional de

Levantamento e Classificação de Solos. Manual de métodos de análise de solo. Rio de

Janeiro: Embrapa-SNLCS, 1979. 255p.

MACIEL, C.A.C. Métodos de Análise Química de Solos. Espírito Santo do Pinhal:

Faculdade de Agronomia e Zootecnia Manoel Carlos Gonçalves, 1983. 26p.

(mimeografado)

NOLLA, A., ANGHINONI, I. Métodos utilizados para a correção da acidez do solo no

Brasil. Revista Ciências Exatas e Naturais. Universidade Federal do Rio Grande do Sul,

Porto Alegre, v.6, n.1, p.97-111, jan./jun. 2004.

QUAGGIO, J.A. Acidez e calagem em solos tropicais. Campinas: Instituto Agronômico,

2000. 111p.

SILVA, G.B.; AZEVEDO, P.V. Potencial edafoclimático da “Chapada Diamantina” no

estado da Bahia para o cultivo de citrus. Revista Brasileira de Agrometeorologia, Santa

Maria, v.8, n.1, p,133-139, mar. 2000.

TAYLOR, G.J . The physiology of aluminum phytotoxicity. In: SIEGAL, H., SIEGAL, A.

(Eds.) Metals Ions in Biological Systems. New York: Marcel Dekker, p.123-163, 1988.

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CARACTERIZAÇÃO BIOMÉTRICA DAS SEMENTES DE Spondias

tuberosa arruda (umbu)

Kátia Dias Carvalho1, Arlete da Silva Bandeira

1, Rita de Cássia Silva Carneiro

2, Débora

Leonardo dos Santos3.

1Graduanda do Curso de Engenharia Agronômica da UESB, Vitória da Conquista, BA;

2Engenheira Agrônoma, mestranda em Agronomia pela UESB, área de concentração em

Fitotecnia, Vitória da Conquista, BA;

3Professora Adjunta do DCN da UESB, Vitória da Conquista, BA.

e-mails:

[email protected]

[email protected]

RESUMO: Uma das principais características do semi-árido nordestino é a escassez de

recursos naturais assim como de água. No entanto algumas plantas conseguem sobreviver e

produzir em diversas áreas dessa região, entre estas se encontra o umbuzeiro, (Spondias

tuberosa Arruda), frutífera nativa de grande importância socioeconômico e ambiental. O

objetivo deste trabalho foi a caracterização biométrica das sementes de umbu no intuito de

subsidiar futuros trabalhos relacionados à espécie. Determinou-se medidas de

comprimento, largura, espessura, teor de umidade, peso de mil e número de sementes/kg.

O comprimento variou de 1,94 a 2,92; a largura de 1,25 a 2,28 e a espessura de 0,53 a 1,89;

sendo que a media foi de 2,34, 1,75 e 1,44cm para comprimento, largura e espessura

respectivamente. O peso de mil sementes foi de 2105,4 g, um quilograma contem 474,97

sementes e o teor de umidade foi de 6,81%.

Palavras-chave: umbu; sementes; biometria;

ABSTRACT: One of the main features of the semi-arid region is the scarcity of natural

resources like water. However some plants can survive and produce in various parts of the

region, among these is the umbuzeiro (Spondias tuberosa Arruda), native fruit of major

socio-economic and environmental. The objective of this study was to characterize

biometric seeds of unripe (Spondias tuberosa Arruda) in order to support future work

related to the species. Determined measures of length, width, thickness, moisture content,

weight of thousand and the number of seeds per kg. The length ranged from 1.94 to 2.92,

the width of 1:25 to 2:28 and thickness of 0.53 to 1.89, while the average was 2.34, 1.75

and 1.44cm in length, width and thickness respectively. The thousand seed weight was

2105.4 g, the number of seeds / kg was 474.97, and the moisture content is 6.81%.

Word-keys: umbu, seed, biometrics

INTRODUÇÃO

Uma das principais características do semi-árido nordestino é a escassez de recursos

naturais assim como de água. No entanto algumas plantas conseguem sobreviver e

produzir em diversas áreas dessa região, entre estas se encontra o umbuzeiro, (Spondias

tuberosa Arruda), frutífera nativa de grande importância socioeconômico e ambiental. Essa

xerófila pertence à família Anacardiaceae e seus frutos são fonte de alimentação para os

habitantes e animais da caatinga. Ainda durante a florada as flores alimentam inúmeras

abelhas e vespas que habitam na região. Todavia, a ocorrência de plântulas de imbuzeiro é

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 57

pouco registrada o que põem em risco a sobrevivência desta planta e a sua contribuição

para a região. (CAVALCANTI, 2006).

Segundo Oliveira e Pereira, (1984) o conhecimento da morfologia das sementes é

imprescindível para a identificação e certificação do material empregado nas análises de

sementes. Além disso, esses conhecimentos podem auxiliar na conservação da fauna e da

flora e colaborar nos estudos de sucessão ecológica e regeneração dos ecossistemas

(BELTRATI, 1994). A caracterização biométrica de sementes pode ser fonte para

diferenciar espécies de mesmo gênero e até mesmo variedades diferentes.

Na natureza, diversos fatores contribuem para a variabilidade da forma e tamanho de

frutos e sementes (AMARO et al., 2006). Vários autores ressaltam a importância dos

caracteres estruturais externos e internos dos diásporos vegetais, uma vez que o tamanho

dessas estruturas é indispensável para que se possa conhecer melhor determinada espécie

(RAVEN et al., 1996).

O objetivo deste trabalho foi a caracterização biométrica das sementes de umbu

(Spondias tuberosa Arruda) no intuito de subsidiar futuros trabalhos relacionados à

espécie.

MATERIAIS E MÉTODOS

Este trabalho foi realizado no Laboratório de Biodiversidade do Semi-árido LABISA,

na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. As sementes utilizadas no trabalho foram

provenientes de frutos maduros coletados no chão ou na parte aérea da árvore, em

fevereiro de 2009 na zona rural de Caraíbas. A coleta foi manual, aleatória e de varias

matrizes. Em seguida os frutos foram postos num balde com água para fermentação, e

retirados a polpa para extração das sementes. Após isso foram secadas ao sol e levadas ao

laboratório, onde foram armazenas em vasilhas plásticas na geladeira.

Biometria das sementes: Foram utilizadas 100 sementes. O comprimento, a largura e

a espessura das sementes foram determinados com auxílio de um paquímetro digital com

precisão 0,1; sendo o comprimento medido do ápice até a base, e a largura e espessura

medidas na linha mediana da semente, conforme metodologia de Ferreira et al., (2001), os

resultados foram expressos em cm.

Determinação do Peso de mil sementes: Foram retiradas aleatoriamente oito amostras

de 100 sementes cada. Logo após calculou-se a média das amostras e o peso/Kg.

Determinação do Grau de umidade: Segundo BRASIL (1992), utilizando 4 amostras

com 20 sementes secas em estufa à 105ºC por 24 horas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As sementes de umbu apresentaram valores médios para comprimento, largura e

espessura, de 2,34; 1,75 e 1,44 cm, respectivamente (Tabela1). Sendo que o comprimento

variou de 1,94 a 2,92, a largura de 1,25 a 2,28 e a espessura de 0,53 a 1,89. Em

comprimento, a maior parte das sementes se encontra no intervalo de 2,11 a 2,4; em

largura de 1,71 a 1,9; e em espessura no intervalo de 1,31 a 1,6.(Figura1). Resultados

semelhantes foram encontrados por Amaral et.al., (2007) em sementes da mesma espécie.

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Figura 1. Comprimento (A), largura (B) e espessura (C) de sementes de Spondias tuberosa.

O peso de mil sementes foi de 2105,4 g, e o número de sementes/kg foi de 474,97,

sendo que o desvio padrão foi de 10,38g. Já o teor de umidade foi de 6,81% com desvio

padrão de 1,76%, como indicado na Tabela 1.

0

5

10

15

20

25

30

Fre

qu

en

cia

(%

)

Comprimento (cm)

A

0

5

10

15

20

25

30

Fre

qu

en

cia

(%

)

Largura (cm)

B

0

5

10

15

20

25

30

35

Fre

qu

en

cia

(%

)

Espessura (cm)

C

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 59

Tabela 1. Valores médios e desvio padrão de algumas características de Spondias

tuberosa Arruda

Característica Media Desvio Padrão

Massa de 100 sementes(g) 210,54 10,38

Peso de mil (g) 2105,4 -

Nº de sementes/kg 474,97 -

Teor de umidade 6,81 1,76

Comprimento 2,34 0,21

Largura 1,75 0,19

Espessura 1,44 0,18

CONCLUSÃO

As sementes de umbu apresentam comprimento de 2,34; 1,75 de largura e 1,44cm de

espessura. Sendo que o peso de mil sementes foi de 2105,4g; o número de sementes/kg foi

de 474,97; o peso médio de cada semente é de 2,10 g e o teor de umidade é de 6,81%, que

mostra que a semente é ortodoxa, podendo ser armazenada.

REFERÊNCIAS

AMARAL, V.B.; SOUZA, S.C.A.; MORAIS, F.; BARBOSA, C.M.; SALES, H.R.;

VELOSO, M.D.M & Y.F.R. Biometria de frutos e sementes de umbuzeiro, Spondias

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In: VIII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL, Caxambu-MG. Anais..., Minas

Gerais: 2007.

AMARO, M. S.; FILHO, S M.; GUIMARAES, S. M.; TEÓFILO, E. M. Morfologia de

frutos, sementes e de plântulas de janaguba (Himatanthus drasticus (Mart.) Plumel. –

Apocynaceae). Pelotas, Brasil. Revista Brasileira de Sementes, v.28, 2006.

BELTRATI, C.M. Morfologia e anatomia de sementes In: CURSO DE PÓS-

GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS, ÁREA DE BIOLOGIA VEGETAL.

Apostila. Rio Claro: Departamento de Botânica / Instituto de Biociências / UNESP, 1994.

112p.

BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes.

Brasília: SNDA/DNDV/CLAV, 1992. 362p

CAVALCANTI, N. de B.; RESENDE, G.M.; DRUMOND, M.A. Período de Dormência

de Sementes de Imbuzeiro, Mossoró,Brasil. Revista Caatinga, v.19, p. 135-139, 2006.

OLIVEIRA, E.C.; PEREIRA, T.S. Myrtaceae: morfologia da germinação de algumas

espécies. In: CONGRESSO NACIONAL DE BOTÂNICA, 2., 1984. Porto Alegre.

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RAVEN, P.H; EVERT, R.F.; EICHHORN, S.E. Biologia vegetal. 6.ed. Rio de Janeiro:

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CARACTERIZAÇÃO DO COMÉRCIO MADEIREIRO NA CIDADE

DE SEABRA – BA Poliana Coqueiro Dias¹, Alcides Pereira Santos Neto², Mariana de Carvalho Aguiar Ribas²,

Giovanni Correia Vieira²

¹Mestranda em Ciência Florestal, UFV, Avenida Peter Henry Rolfs, s/n Campus

Universitário, CEP: 36570-000, VIÇOSA – MG. ²

Discente do Curso de Engenharia

Florestal, UESB, Estrada do Bem Querer, km04, Vitória da Conquista – BA.

RESUMO: O presente trabalho apresenta o perfil da comercialização dos produtos

madeireiros do município de Seabra, localizado na região da Chapada Diamantina, no

estado da Bahia. A cidade apresenta pleno desenvolvimento econômico e social, fazendo-

se necessários a utilização de materiais cuja origem é a árvore. Por meio da aplicação de

questionários, percebeu-se um elevado número de funcionários, em relação ao início da

atividade comercial, assim como uma a comercialização de diversas espécies, oriundas

principalmente do estado do Pará. Evidencia-se a necessidade de utilização de florestas

plantadas e manejadas adequadamente, para que se minimize impacto às florestas nativas.

As empresas mostram-se interessadas em consumir madeiras originadas de plantios

homogêneos, alegando, entretanto, ausência de orientação para realizarem tal atividade.

ABSTRACT: This paper presents the profile of the marketing of wood products in the city

of Seabra, located in the Chapada Diamantina, in Bahia state. The city has full economic

and social development, making it necessary the use of materials whose origin is the tree.

Through questionnaires, we noticed a large number of employees at the start of

commercial activity, as well as the marketing of various species, mostly from the state of

Pará This study highlights the need for use of planted forests and appropriately managed,

so that they minimize impact to native forests. The companies express an interest in

consuming timber originating from homogeneous stands, saying, however, no guidance to

carry out such activity.

Palavras-chave: Setor madeireiro; Comercialização de produtos madeireiros;

Industrialização de produtos florestais.

INTRODUÇÃO

O setor florestal possui uma grande importância como fornecedor de energia ou

matéria-prima para a indústria da construção civil e de transformação, apresentando no

Brasil, características mais singulares em razão do país contar com recursos florestais

abundantes (BUAINAIN & BATALHA, 2007). Assim, o consumo de madeira para uso

industrial no Brasil passou de 66 milhões de metros cúbicos (m³), em 1990, para 156

milhões de m³, em 2006. Carvalho et al. (2006) consideram que as principais

características da indústria madeireira brasileira são: grande número de pequenas unidades

de produção, localização geográfica bastante descentralizada, as tecnologias e

equipamentos utilizados são nacionais, geralmente remunera atributos de qualidade e têm

baixos investimentos anuais, além de possuir carência de mão-de-obra qualificada.

O objetivo deste trabalho foi realizar um diagnóstico sobre perfil do setor

madeireiro da cidade de Seabra - Bahia, baseado na comercialização dos produtos de

origem madeireira através da identificação e descrição dos pontos comerciais registrados e

em atividade no ano de 2008.

MATERIAL E MÉTODOS

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 61

As informações referentes ao diagnóstico da atividade comercial de madeiras foram

levantadas no município de Seabra – BA. Localizada no centro do estado da Bahia e às

margens de importante rodovia federal (BR-242), a cidade de Seabra consolidou-se como o

mais importante centro regional da Chapada Diamantina, tornando-se sede das

representações locais dos órgãos governamentais. O município conta também com a

maioria dos estabelecimentos prestadores de serviços, industriais, comerciais e financeiros

da região.

O presente estudo foi realizado em seis empresas regularizadas e cadastradas na

atividade que envolve a comercialização de produtos madeireiros seja na transformação

primária, secundária ou no beneficiamento e produção de peças para diferentes finalidades.

Os dados foram obtidos por meio de entrevista e preenchimento de um questionário

sistemático, o qual possuía um conjunto de dados referentes aos processos e procedimentos

adotados pela empresa, bem como, a sua movimentação visando à comercialização dos

produtos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com os dados obtidos através dos questionários sistemáticos preenchidos junto aos

proprietários ou responsáveis pelos pontos comerciais, pode-se observar uma expansão na

geração de empregos diretos associados ao mercado madeireiro, onde no início da

atividade havia, em média, três funcionários, e atualmente há, em média, 16 funcionários o

que corresponde um aumento de 400% no número de funcionários.

Nos estabelecimentos madeireiros estudados, 50% trabalham com madeira serrada

e 50% com movelaria, sendo que os produtos comercializados compõem-se de produtos

com alto valor agregado (portas, janelas, caixotes, etc.) sendo comercializados em 100%

dos pontos comerciais. A madeira serrada para construção civil é utilizada em 66,66% dos

estabelecimentos consultados, os compensados são utilizados em 50% dos

estabelecimentos, já os laminados são comercializados em menos pontos comerciais

(33,33%). Quanto à origem destes produtos verificou-se que a madeira serrada,

compensados e os laminados são advindos 100% do Estado do Pará, já os produtos com

alto valor agregado (portas, janelas, caixotes, etc.) 50% vem Estado do Pará e 50% da

Bahia. Devido a grande distância existente entre os pontos comerciais e o local de origem

da matéria-prima o custo com transporte acaba onerando o custo final dos produtos para os

consumidores. Em 100% dos pontos comerciais a matéria-prima é transportada via

transporte rodoviário, sendo que 70% dos estabelecimentos alugam veículos para efetuar o

transporte da madeira e em 30% a madeira é transportada por veículos das próprias

empresas.

De acordo com os estabelecimentos entrevistados os consumidores dos produtos

finais são a construção civil, marcenarias e varejo, sendo que 50% dos produtos

comercializados são destinados ao consumo dos moradores da própria cidade e os 50%

restantes são vendidos para os consumidores da região. Dentre os itens que preocupam os

comerciantes estão a oferta de matéria-prima, custo da matéria-prima e defeito no produto

comercializado. No entanto, com a intenção de oferecer produtos de melhor qualidade para

os consumidores 66,66% dos comerciantes pretendem investir com a utilização de recursos

próprios na melhoria da qualidade de seus produtos principalmente, na compra de

equipamentos que conferem melhor acabamento.

O custo médio do m³ da madeira, incluindo o valor do frete, para o consumidor

final em Seabra é de R$ 230,00. O consumo de madeira em 2008 nos estabelecimentos

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 62

consultados somou 993m³ e segundo 66,66% dos comerciantes se houvesse maior

disponibilidade de madeira, as mesmas seriam vendidas. O consumo previsto até o final de

2009, não supera àquele obtido no ano anterior, e para os proprietários, a maior dificuldade

está relacionada à obtenção da matéria-prima e em virtude da regularização da

documentação para a compra e transporte, a fiscalização, necessidade de mão-de-obra,

preço, acesso e distância da origem. De acordo com 66,66% dos entrevistados em épocas

mais chuvosas (novembro a dezembro) a oferta de matéria-prima é menor devido as

dificuldades de transporte e corte da madeira no local de origem.

Há um equilíbrio na entrada e saída do produto, seja de madeira serrada ou de

produtos industrializados. Estes últimos referem-se principalmente à produção de portas,

esquadrias, caixetas, móveis, laminados, treliças e materiais para construção civil. Para

tanto, foi verificado a presença de um setor de transformação secundária e acabamento,

com a presença de equipamentos como serra circular, torno, lixadeira, furadeira, utilizando

fonte de energia fornecida pela companhia elétrica do Estado.

Dentre as espécies florestais comercializadas estão roxinho (Peltogyne sp.), copaíba

(Copaifera sp.), guajará (Neoxythece sp.), angelim (Dinizia sp.), madeira nova (Pterogyne

nitens), jatobá (Hymenaea courbaril), maçaranduba (Manilkara sp.), eucalipto (Eucalyptus

sp.), pinus (Pinus sp.) e madeira mista (composta por espécies de menor valor comercial e

com propriedades físicas inferiores as demais). O pinus e o eucalipto são utilizados apenas

na composição de laminados e compensados, não sendo utilizados para fins de construção

civil. Pode-se observar que as espécies nativas estão sendo utilizadas em maior quantidade.

A relação custo/benefício é considerada significativa apenas para aquelas espécies nativas

de maior valor em função de suas propriedades tecnológicas e consequente diversidade de

usos e aplicações. Os principais critérios observados na estocagem da matéria-prima estão

relacionados diretamente à limitação de capital e a presença de defeitos que ocorrem na

madeira entre o transporte e o armazenamento. Quanto à comercialização dos produtos,

regulam os preços em função da lei da procura e oferta e utilizam-se dos meios de

comunicação para realizar propaganda.

CONCLUSÃO

O setor de comercialização de produtos de madeira no município de Seabra, tem

como fatores limitantes à sua expansão e incremento de seus produtos, a falta de

fornecimento de matéria-prima de origem local e a falta de informação sobre as

propriedades tecnológicas e possibilidades de utilização da madeira proveniente de

florestas plantadas, bem como, seu manejo e adequação das condições de armazenamento.

REFERÊNCIAS

BUAINAIN, A. M. & BATALHA, M. O. Cadeia produtiva de madeira. Brasília: IICA:

MAPA/SPA, 2007. 84p.

CARVALHO, R. M. M. A.; SOARES, T. S.; VALVERDE, S. R. Setor florestal é destaque

na economia brasileira. Revista da madeira. Curitiba, n.95, 2006.

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 63

CARACTERIZAÇÃO DO CONSUMO DE LENHA NO POLO

CERÂMICO DE IBIASSUCÊ-BA

Gileno Brito de Azevedo1, Glauce Taís de Oliveira Sousa

2, Gilmar Correia Silva

3

1,2,3UESB, Vitória da Conquista

e-mails: [email protected]

RESUMO: Ibiassucê, município localizado na região Sudoeste da Bahia, limitando com

os municípios de Caetité, Caculé, Lagoa Real e Rio do Antônio e área de 384 km² vive a

mesma realidade da Caatinga, onde o uso da terra é principalmente para a agricultura e

pecuária, nas quais as áreas são desmatadas para a extração de madeira e lenha. O tipo de

vegetação predominante em Ibiassucê é a caatinga, com presença de algumas áreas que

apresentam transição da caatinga com o cerrado. No município, juntamente com seus

vizinhos Caculé e Caetité, são mais de 200 estabelecimentos que usam a lenha como fonte

de energia para fabricar seus produtos. Só em Ibiassucê, são 11 cerâmicas que utilizam

lenha, e isso, exige uma alta demanda pelo produto com um intenso consumo, para um

município de área geográfica pequena. A realização deste estudo objetivou caracterizar o

consumo de lenha pelo Pólo Cerâmico do município de Ibiassucê-BA. Para tanto, foi

verificada a demanda de lenha pelo Pólo Cerâmico do município; a origem da lenha

consumida; e a produção nos fornos.

Palavras-chave: Madeira; Lenha; Cerâmica.

INTRODUÇÃO

A prática extrativista de produtos florestais, principalmente madeira foi

aumentando a medida que foram surgindo novas atividades econômicas que necessitavam

de madeira, como é o caso da produção de açúcar, das locomotivas a lenha, das cerâmicas,

das siderúrgicas e dentre outras. Conforme Goldemberg & Villanueva (2003), a causa mais

importante do corte das árvores é a necessidade de tornar acessível uma maior quantidade

de terras para a agricultura e pecuária, seguido do uso das árvores para uso comercial pelos

usuários urbanos e industriais, como as cerâmicas e siderúrgicas. Em conseqüência destas

práticas, que pouco se preocupavam com a preservação dos recursos naturais, não há mais

florestas nativa heterogênea suficiente para atender a demanda de madeira e lenha para

todas as finalidades de interesse do homem. Como efeito, a sociedade exige pressa, para

que se plantem árvores de crescimento rápido e que possa ser colhidas o mais rápido

possível (em torno de 6 ou 7 anos de idade) e que possam ser utilizadas imediatamente.

A preferência para atender essa demanda tem sido principalmente por Eucaliptus e

Pinus. Mas há autores, que se manifestam contra esse tipo de prática silvicultural. Quanto

menos se produzem por unidade de tempo e por área plantada, mais áreas rurais serão

exigidas, culminando com desmatamentos e destruição de ecossistemas (DE PAULA

&ALVES, 1997). No semi-árido, a área de cobertura florestal varia de 30 a 50%, e as

terras usadas para fins agrícolas representam apenas de 5 a 10%. As demais terras são

transformadas em pastagens naturais ou vegetação rasteira. No Brasil, de acordo com SÁ

(2006), o Nordeste concentra-se os casos mais graves de degradação ambiental. 70% dessa

região é composta pelo bioma Caatinga (LEAL et al, 2003) e esse bioma tem um potencial

econômico pouco valorizado e encontra-se ameaçado pela exploração extrativista, de

forma irracional, desde o processo de ocupação local, com mais de três séculos de uso

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 64

inadequado da terra, transformando a Caatinga em um dos biomas mais degradados do

Brasil. A Caatinga, com vegetação de rara biodiversidade, vem sustentando a economia da

região Nordeste ao longo dos anos por meio de duas vertentes: a) pelo fornecimento de

energia, onde 33% da matriz energética é obtida de lenha por meio não sustentável, e b)

pelo fornecimento de uma série de produtos florestais não madeireiros.

Ibiassucê, município localizado na região Sudoeste da Bahia, limitando com os

municípios de Caetité, Caculé, Lagoa Real e Rio do Antonio e área de 384 km² vive a

mesma realidade da Caatinga, onde o uso da terra é principalmente para a agricultura e

pecuária, nas quais as áreas são desmatadas para a extração de madeira e lenha. Utilizam-

se estas áreas durante algum tempo com a agricultura de subsistência e depois as

transformam em pastagens, ou então as usam diretamente para a implantação de pastos,

onde geralmente alguns anos depois passam a terem como cobertura vegetal as “capoeiras”

ou matas secundárias.

O tipo de vegetação predominante em Ibiassucê é a caatinga, com presença de

algumas áreas que apresentam transição da caatinga com o cerrado. No município,

juntamente com seus vizinhos Caculé e Caetité, são mais de 200 estabelecimentos que

usam a lenha como fonte de energia para fabricar seus produtos. Só em Ibiassucê, são 11

cerâmicas que utilizam lenha, e isso, exige uma alta demanda pelo produto com um intenso

consumo, para um município de área geográfica pequena. Segundo dados do Censo

Agropecuário 2006 (IBGE, 2006) no município, no mesmo ano, havia somente 28% de

áreas cobertas por matas e florestas, enquanto que as pastagens chegavam a 36%. Ainda

em 2006, a produção de lenha chegou à ordem de 120 mil m³, que foi consumida nos

estabelecimentos domésticos e pelos estabelecimentos que utilizam a lenha na fabricação

de seus produtos, principalmente as cerâmicas. A realização deste estudo teve como

objetivo caracterizar quantitativa e qualitativamente o consumo de lenha pelo Pólo

Cerâmico do município de Ibiassucê-BA.

MATERIAIS E MÉTODOS

A área de estudos foi o Pólo Cerâmico localizado no município de Ibiassucê,

constituído de 11 cerâmicas, cujos produtos principais são telhas e blocos. Esse município

possui uma área geográfica de aproximadamente 384 km2, localizado na Região Sudoeste

da Bahia.

Inicialmente foi verificado junto ao órgão competente de registro, o endereço de

cada uma das cerâmicas, com a finalidade de não deixar nenhum estabelecimento de

estudo sem ser visitado. Em seguida foi realizada uma visita a cada uma das cerâmicas,

onde foi entregue uma cópia do projeto, explicado a importância do mesmo tanto para os

ceramistas quanto para o desenvolvimento da região. Também foi agendada uma data para

entrevista com o objetivo de observar em loco e para realizar a coleta de dados.

A coleta de dados foi realizada por aplicação de um questionário sistemático,

preenchido por um entrevistador mediante as informações prestadas pelos ceramistas. O

questionário foi composto de questões visando caracterizar quantitativamente e

qualitativamente o consumo de lenha na área de estudo, principalmente quanto a sua

origem.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A média de empregos diretos nos estabelecimentos visitados é de 33,78, sendo o

número mínimo de 15 e o máximo de 72 empregados. A atuação na linha de produção

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 65

concentra-se em dois tipos de produtos, quais sejam: telhas e cerâmicas. No primeiro, a

média é de 214.000 unidades e a segunda, de 141.429 unidades, com tempo médio entre o

enchimento e esvaziamento dos fornos de quatro a oito dias, não havendo estoque de lenha

para produção, sendo, portanto, a aquisição da lenha feita de acordo a necessidade de

consumo.

Para atender a produção, o consumo anual de lenha é de 14.040m3, ressaltando que

uma das onze cerâmicas não apresentou este dado, e que 39% são oriundas de florestas

plantadas pelos próprios ceramistas.

93% informaram que a lenha consumida é proveniente de floresta plantada, oriunda

de municípios como Lagoa Real, Licínio de Almeida, Vitória da Conquista e Barra do

Choça, sendo as duas últimas principalmente de cultivos de café e eucalipto. 7%

representam, portanto, madeiras de florestas nativas, tais como jurema, tatarena, sete

cascas, joão danta e jurema preta, oriundas dos municípios de Lagoa Real, Caculé, Guajerú

e Licínio de Almeida.

Com relação à preocupação com a escassez da matéria-prima e/ou incremento de

produção através de florestas manejadas, observou-se que a ausência de informações

técnicas e presença de assistência, são fatores significativos que interferem no

planejamento e operação dos estabelecimentos.

A aquisição da lenha é basicamente voltada para a demanda imediata na região,

sem perspectivas para incremento da mesma, especialmente por limitação existente na

aquisição da matéria-prima.

Os dados apresentados neste trabalho devem ser considerados com uma margem de

erro, considerando que nem todas as informações prestadas pelos proprietários, podem

corresponder à 100% da realidade.

CONCLUSÃO

- A atividade é responsável pela geração direta de empregos no município,

responsável pelo sustento de famílias de baixa renda;

- O consumo médio anual de lenha está em torno de 14.040 m3, oriundas de

diferentes municípios circunvizinhos;

- 39% da lenha consumida é proveniente de florestas do próprio ceramista;

- A maior parte da matéria-prima é oriunda de florestas plantadas;

- A ausência de planejamento, falta de assistência técnica interferem diretamente

nas operações e produção das cerâmicas.

REFERÊNCIAS

Censo Agropecuário 2006 - Resultados Preliminares. Disponível em: <http:

www.ibge.gov.br/cidadesat/xtras/perfilwindowat.php?codmun=291200>. Acesso em 16 out

2008.

DE PAULA, J.E. & ALVES, J.L.H. Madeiras Nativas. Anatomia, dendrologia,

dendrometria, produção e uso. Fundação Mokiti Okada. Brasília-DF. 1997.

GOLDEMBERG, J. & VILLANUEVA, L. D. Energia, meio ambiente & desenvolvimento,

São Paulo, 2° Edição rev., Editora da Universidade de São Paulo, 226p, 2003.

LEAL, I. R., TABARELLI, M., & SILVA, J. M. C. (ed.). Ecologia e conservação da

caatinga. Vol. 1. Recife, Editora Universitária UFPE. 2003

SÁ, I.B. Ambiente: Teoria e Prática. 2º Reimpressão . Rio de Janeiro, 2006.

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CARACTERIZAÇÃO MACROSCÓPICA DA MADEIRA DE

Neoxythece elegans (A.DC.) Aubret

Pedro Henrique Alcântara1, Diego Oliveira Rocha

1, Lucas Moreno Sousa Nolasco

1,

Gilmar Correia Silva1

1UESB, Vitória da Conquista

e-mail: [email protected]

RESUMO: Para o entendimento do comportamento tecnológico da madeira, em suas

inúmeras aplicações, é fundamental a aquisição de conhecimento sobre as suas

propriedades mecânicas, físicas, químicas e, principalmente, anatômicas. A estrutura

anatômica do xilema secundário das gimnospermas e das angiospermas é rica em detalhes

que muitas vezes revelam características que as tornam absolutamente inconfundíveis. A

observação macroscópica do cerne do xilema secundário é uma técnica eficiente, rápida e

que não utiliza equipamentos de custo elevado. O objetivo do presente trabalho foi

caracterizar a madeira de Neoxythece elegans através da descrição da macroscópica.

Palavras-chave: Anatomia da madeira; Descrição macroscópica; Neoxythece elegans.

INTRODUÇÃO

Os estudos anatômicos de madeiras têm sido realizados na sua grande maioria,

como respaldo e subsídio à taxonomia e em pequena escala relacionados com a fisiologia e

ecologia. Em alguns casos, são puramente anatômicos, ou seja, sem correlacionar as

características anatômicas com as funções biológicas e o uso adequado da madeira

(BURGER & RICHTER, 1991). Atualmente a madeira tem grande valor comercial no

setor moveleiro, com isso é de fundamental importância o estudo de novas espécies que

apresentem as características potenciais para geração de um produto de qualidade.

Zenid & Ceccantini (2007), citam que a identificação de uma árvore depende,

portanto, da disponibilidade dessas características morfológicas. Porém, a presença dos

órgãos reprodutores da árvore é efêmera, o que dificulta, por exemplo, a sua identificação

nos trabalhos de inventário florestal. No processo de extração e de transformação da árvore

em madeira serrada, obviamente, as características morfológicas do vegetal, necessárias

para a identificação, são eliminadas. É nesse contexto que anatomia de madeiras tem

demonstrado ser uma excelente ferramenta alternativa para se obter uma identificação

científica de uma madeira ou árvore, com bom grau de confiabilidade.

A madeira de Neoxythece elegans, popularmente conhecida como guajará-pedra,

abiurana, caramurí, maparajuba do igapó, é uma das principais madeiras utilizadas na

comercialização de produtos industrializados no município de Vitória da Conquista e

região. Pertencente à família Sapotaceae e originária da Região Amazônica, apresenta

como principal atrativo, a durabilidade natural, tonalidade comercial atrativa e resistência

mecânica, o que permite sua utilização como material estrutural e voltado para produção de

peças para uso externo. As características anatômicas da madeira influenciam na qualidade

final do produto, como, por exemplo, nos desenhos, em propriedades ocasionadas durante

e depois do processamento e no acabamento. Deste modo, com o conhecimento correto da

espécie é possível um melhor aproveitamento da madeira com a utilização de técnicas

adequadas e específicas(MARCHIORE, 1984).

A identificação microscópica é um processo preciso, porém apresenta certa

demanda de tempo, onde se confecciona uma lâmina histológica e observa-se a estrutura da

madeira minuciosamente avaliando a estrutura anatômica da madeira. Já a identificação

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 67

macroscópica é um método rápido e seguro, o qual permite a identificação da maioria das

madeiras comerciais, sendo realizada com vista desarmada ou com auxílio de uma lupa

conta-fios (10x), sob a superfície polida nas três seções de corte (MUNIZ & CORADIN,

1992). Assim, o objetivo desse trabalho foi caracterizar a madeira de N. elegans através da

descrição da macroscópica.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foram utilizadas cinco amostras de madeira da espécie N. elegans, com dimensões

nominais de 5 x 2,5 x 10 cm (largura, espessura e comprimento), provenientes de

diferentes serrarias do município de Vitória da Conquista.

Para a observação da estrutura da madeira fez-se uso, quando necessário, de lupa

profissional de 10 vezes de aumento com escala milimétrica. A análise macroscópica teve

como base as Normas de Procedimento para Identificação de Madeiras do IPT.

Das amostras retiraram-se lascas de madeira no sentido longitudinal, tangencial e

radial para a observação de características como cor e brilho. O brilho foi observado no

plano longitudinal e radial, constatando o contraste com a luz. Ainda no plano longitudinal

identificaram-se os desenhos produzidos pela presença de elementos constituintes do

lenho, anéis de crescimento, agentes biológicos, grã, entre outros. Para a definição da

inclinação da grã, realizou-se a abertura da amostra, no sentido longitudinal.

No corte transversal, detectou-se a resistência ao corte manual, com o auxilio de

estilete. Verificou-se a textura, analisando a dimensão dos poros e visibilidade do

parênquima. Para esta etapa, foi utilizada a lupa, que confirmaria ou não as observações

feitas a vista desarmada.

A massa específica da madeira foi definida através da comparação de pesos com

uma amostra de água de mesmo volume, apenas com o auxilio das mãos. Ainda no plano

transversal observou-se a visibilidade dos anéis de crescimento, a existência ou não de

parênquima, classificando-o de acordo com sua disposição. Da mesma forma realizaram-se

as observações de raios e poros. Os raios foram classificados segundo sua visibilidade,

largura e frequência. Os poros, segundo sua visibilidade, agrupamento e distribuição no

lenho.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir das características gerais da madeira de N. elegans foi observada a cor do

cerne, cuja coloração observada em superfície longitudinal foi classificada como castanho

amarelado a castanho rosado. O contraste de luz no plano longitudinal verificou que os

raios apresentaram brilho moderado tendendo a acentuado. Com relação ao odor, este foi

definido de forma muito moderada a indistinta, não sendo considerado como perceptível.

Para determinar a grã, foi realizada a comprovação nas cinco amostras, sendo

definidas como direita. A textura observada foi média a fina.

A resistência ao corte manual foi considerada grande no plano transversal, podendo

ser considerada como dura. A massa específica, porém, foi considerada como média.

Quanto a visibilidade dos vasos, foi possível observá-los com vista desarmada,

classificados como distintos a olho nu, com diâmetro médio e numerosos.

Com relação à distribuição dos poros, observaram-se os mesmos de forma difusa no lenho,

dispersos de forma aproximadamente uniforme, agrupados de forma diagonal e/ou radial,

dispostos de forma paralela aos raios ou de forma intermediária entre radial e tangencial. A

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 68

maioria dos vasos foram múltiplos e poucos solitários. Apresentaram ainda, obstrução

parcial por tilos.

A espécie apresentou parênquima axial pouco contrastado, visível apenas sob lente

de aumento de 10 vezes, em finíssimas linhas, sinuosas, aproximadas, regularmente

espaçadas e reticuladas.

Os raios parenquimáticos, feixes de células alongados, formados por células

dispostas horizontalmente, orientados do centro para a periferia da árvore, foram vistos

somente com lente de aumento de 10 vezes, como linhas muito finas e frequentes. Quanto

a presença de estratificação, causada pela ocorrência de ordenação dos elementos celulares,

observando-se a seção tangencial percebeu-se a ocorrência de listras horizontais

As camadas de crescimento podem ser mais ou menos demarcadas, ocorrendo

concentricamente nos troncos. Elas demarcam os inícios e as paradas do crescimento das

árvores que são determinados pelas condições ambientais. Para N. elegans foi classificada

sem o auxílio de lupa como indistintas. Todavia observaram-se zonas tangenciais mais

escuras.

CONCLUSÕES

A análise dos resultados obtidos no presente estudo permite concluir que a espécie

apresentara características semelhantes àquelas madeiras comumente classificadas como

potenciais para o mercado moveleiro e da construção civil, especialmente por apresentar

características organolépticas aceitáveis, padrão de cor uniforme, grã direita indicando

maior homogeneidade na sua estrutura mecânica, além da densidade com elevada

resistência ao corte manual.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BURGER, L.M. & RICHTER, H.G. Anatomia da Madeira, Editora Nobel, São Paulo

1991.154p.

CORADIN, V.T.R.; MUNIZ, G.I.B. Normas e procedimentos em estudos de anatomia

da madeira: I – Angiospermae, II- Gimnospermae. Brasília. IBAMA, DIRPED, LPF.

19p. 1992. (Série Técnica, 15).

MARCHIORI, J.N.C. Anatomia descritiva da madeira de B Neoxythece elegans. Ciência

e Natura, Santa Maria, v. 9, p. 113-120, 1987.

ZENID, G.J. & CECCANTINI, G.C.T. Identificação Macroscópica de Madeiras. IPT -

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO. São

Paulo: IPT, 2007.

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 69

COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS MADEIREIROS NO

MUNICÍPIO DE BARRA DO CHOÇA - BA

Mariana de Carvalho Aguiar Ribas

1, Alcides Pereira Santos Neto

1, Giovanni Correia

Vieira1, Gilmar Correia Silva

2

1Discente do Curso de Engenharia Florestal, UESB, Estrada do Bem Querer, km04, Vitória

da Conquista - BA 2Docente do Curso de Engenharia Florestal, UESB, Estrada do Bem Querer, km04,

Vitória da Conquista – BA.

e-mails: [email protected]; [email protected]; [email protected];

[email protected]

RESUMO: No Brasil o setor florestal tem se expandido devido à grande demanda, porém

a escassez de matéria-prima que não seja proveniente da mata nativa dificulta o processo

de maior ampliação do setor madeireiro. O município de Barra do Choça caracteriza-se por

sua economia baseada principalmente na cultura cafeeira. Em alguns casos tem-se o

consorcio do café com a grevílea (Grevillea robusta), assim, depois do eucalipto

(Eucalyptus sp.), a grevílea é a espécie mais utilizada na região destinada principalmente

para construção civil e confecção de móveis. Os dados foram obtidos através de

questionários aplicados com os donos dos estabelecimentos que trabalham no setor

madeireiro do município. O consumo de madeira para o ano de 2009 tende a ser menor em

relação ao de 2008, devido a dificuldade de se obter a matéria-prima, além de outros

fatores avaliados.

Palavras-chave: Produtos florestais; Comercialização; Matéria-prima florestal.

INTRODUÇÃO

No Brasil, o setor florestal contribui com uma parcela importante para a economia,

gerando produtos para consumo direto ou para exportação, agregando para economia,

recursos provenientes de impostos, além de postos de emprego e renda, atuando também

na conservação e preservação dos recursos naturais (LADEIRA, 2002).

Contudo, as estimativas sobre o consumo interno de madeira no Brasil revelam o

caráter predominantemente imediatista da exploração florestal já que 300 milhões de m3 de

madeira são consumidos anualmente no país, nos quais 110 milhões provêm de florestas

plantadas e 190 milhões, de florestas nativas. Nota-se com esses dados que as florestas

nativas têm sofrido grandes impactos devido a esse caráter imediatista (TONELLO et al.,

2009).

A importância de saber sobre o perfil da atividade comercial dos produtos

madeireiros de uma região baseia-se na expansão do crescimento do setor florestal que

proporcionam o surgimento de vários segmentos no seu entorno.

Esse trabalho teve como objetivo realizar um diagnóstico do setor madeireiro do

município de Barra do Choça- BA, baseado na comercialização dos produtos de origem

madeireira através da identificação e descrição dos pontos comerciais em atividade no ano

de 2008.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de Estudo

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 70

O município de Barra do Choça fica a leste da cidade de Vitória da Conquista,

localizado no Planalto Sul Baiano, mais precisamente sobre a Serra Geral. O município faz

parte da região de clima Tropical Sub-úmido, representando uma área de transição entre o

clima úmido, localizado à leste, e o clima semi-árido, localizado a oeste. Sua economia é

centrada na lavoura cafeeira, que corresponde a 83% da atividade econômica do município

e da ocupação da mão-de-obra (PREFEITURA MUNICIPAL DE BARRA DO CHOÇA,

2009).

Coleta de Dados

O levantamento das informações referentes ao diagnóstico da atividade comercial

de madeiras foi realizado em outubro de 2009. Para o levantamento dessas informações

entrevistou-se os proprietários de oito empresas (serrarias, madeireiras, movelaria,

marcenarias), aplicando-se um questionário contendo questões abordando desde a

caracterização da matéria-prima (origem, transporte), caracterização do processo industrial

(planejamento da produção), caracterização da comercialização (produtos comercializados

e o destino do produto final), e também, informações gerais do mercado madeireiro na

região.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A partir dos dados coletados notou-se que, a maioria dos estabelecimentos que

trabalham no setor madeireiro no município de Barra do Choça estão relacionados

principalmente com a atividade da marcenaria, seguido pelas madeireiras, observando-se

apenas a presença de uma serraria e uma movelaria no município. A marcenaria é o

trabalho de transformação da madeira em um objeto útil ou então decorativo

(WIKIPÉDIA, 2009).

O recurso humano existente nos estabelecimentos é muito restrito numericamente,

sendo que na maior parte do tempo, a mesma pessoa que trabalha no setor administrativo,

trabalha também, no setor industrial e no processamento da madeira. Verificou-se que não

ocorrem mudanças desde a abertura dos estabelecimentos, quanto ao quantitativo de

pessoal contratado devido, principalmente, demanda de serviços e atividades ligadas ao

setor.

Nos estabelecimentos avaliados, a espécie mais trabalhada é o eucalipto

(Eucalyptus sp.) proveniente principalmente da região de Vitória da Conquista, seguido da

grevílea (Grevillea robusta). Isso pode ser compreendido com a análise da figura 1, onde

foi feito o somatório da freqüência de cada individuo, obtendo assim a participação

percentual de cada espécie utilizada. Portanto, as espécies mais utilizadas em termos de

freqüência foi o eucalipto com 25%, seguido da grevílea com 20%. Resultado semelhante

foi encontrado num trabalho realizado na cidade de Londrina- PR, onde 37,5% era

proveniente de Eucalipto e 22,5% grevílea( IPARDES, 1993). O uso de Eucalipto pode ser

explicado devido aos projetos de reflorestamento que vêem sendo executados em áreas

degradadas da região. E a utilização da grevílea pode ser elucidada devido ao consórcio

existente entre grevílea e café, sendo este a principal atividade econômica da região. O

jatobá (Hymenaea courbaril) e jequitibá (Cariniana sp.), também aparecem com relativa

importância, 15% e 10% respectivamente, seguidos por: vinhático, angelim.

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 71

Figura 1 – Espécies mais utilizadas no município de Barra do Choça- Bahia

A Figura 2 ilustra o consumo de madeira em 2008 e o consumo esperado para o ano

de 2009.

Figura 2. Consumo de madeira em 2008 e o consumo esperado para o ano de 2009 no

município de Barra do Choça – BA.

Pode-se prever com a análise da Figura 2 que o consumo de madeira esperado para

o ano de 2009 teve um decréscimo significativo, isto decorre principalmente do previsto

fechamento da única serraria existente na cidade. Porém nos outros estabelecimentos, nota-

se um avanço no setor, embora um fator limitante para o desenvolvimento do mesmo é

principalmente em virtude da dificuldade de obtenção da madeira que é um fator

preocupante na região, já que essa juntamente com a necessidade de mão-de-obra

qualificada e florestas com baixo volume de madeira constituem em um problema no

trabalho com madeira. Dificuldades essas também mencionadas em estudo do Plano

Nacional de Conservação e Desenvolvimento Florestal (s/d), Santos & Hummel (1987) citado

por Hummel et al. (1994), onde as principais dificuldades citadas foram: mão de obra,

dificuldade de ampliar o suprimento de matéria prima, falta de integração floresta indústria,

baixo aproveitamento de resíduos e subprodutos, falta de modernização, equipamentos

obsoletos, matéria prima de baixa qualidade, baixo rendimento de madeira serrada entre outros.

A qualidade da tora processada influencia as operações de desdobro gerando

madeira serrada com defeitos, principalmente empenamento, rachadura e broca,

especialmente devido ao processo de secagem e estocagem. A estocagem inadequada das

toras resulta em perdas devido aos danos causados por insetos e por rachaduras. Após um

período de estocagem típica, de várias semanas a um mês, aproximadamente 15% do volume

de madeira é danificado por insetos. O rachamento das toras, devido à secagem não uniforme

entre o centro e as extremidades do tronco durante a estocagem, também causa perda de

madeira em algumas espécies diminuindo seu rendimento (VIDAL et al., 1997).

Eucalipto

Grevilea

Jatobá

Jequiiiba

Oiti

Maçaranduba

Vinhático

25%

5%5%

5%

10% 15%20%

5%5%5%

Espécies mais utilizadas no munícipio de Barra do Choça-

Bahia

0

100

200

300

400

Consumo total de madeira em 2008 Consumo esperado de madeira para 2009

312,5 m3

234,5m3

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 72

O processo de industrialização é limitado também, devido à ausência de

capacitação da mão-de-obra qualificada. Em relação a mão-de-obra, Gonçalves (2000)

mostra que a pouca qualificação desta acarreta sérios entraves na produção, tais como queda na

eficiência na entrada e na saída, baixa eficácia, e por isso é sem duvida alguma um fator

limitante já que a utilização de mão de obra com falta de qualificação gera altos índices de

desperdício afetando a lucratividade. Não ocorre a estocagem de madeira pelos

estabelecimentos, percebendo-se certa preocupação dos entrevistados em relação a oferta

da matéria-prima menor no período de chuvas devido as condições das estradas e a

dificuldade de colheita no campo. Sendo o principal destino dos produtos a confecção de

móveis e a construção civil e na comercialização da madeira serrada.

Quanto à expansão da atividade, não foi verificado possibilidades por parte dos

proprietários, o desejo de investir no negócio ou de inovar a produção, devido

principalmente, a falta de matéria-prima e custos decorrentes.

CONCLUSÕES

- Não existe planejamento quanto à expansão na comercialização dos produtos

florestais;

- As espécies mais utilizadas nas madeireiras são Eucalipto e grevílea.

- A principal finalidade da comercialização é na construção civil e confecção de

moveis.

- Fator limitante no desenvolvimento do setor na região é a dificuldade em obter a

matéria - prima.

REFERÊNCIAS

GONÇALVES, S. L. F. Indústria e Mercado Madeireiro no Amazonas: Uma breve

Reflexão. Revista da Universidade do Amazonas, série Ciências Tecnológicas, nº especial

Manaus/AM, v 2,p 107-113, jan-dez 2000.

HUMMEL, A. C. et al. Diagnóstico do Subsetor Madeireiro do Estado do Amazonas. Série

Estudos Setoriais. Ed. SEBRAE, Manaus/AM, 1994.

IPARDES. Instituto Paranaense de desenvolvimento Economico e Social. Cobertura Vegetal e

consumo de Madeira, lenha e carvão nas microregioes de Londrina, Maringá e Paranavaí:

subsidio pra uma politica florestal no estado do Paraná / Instituto Paranaense de

desenvolvimento Economico e Social. Curitiba: IPARDES, 1993. 44p.

LADEIRA, H. Quatro décadas de Engenharia Floresta no Brasil. Viçosa: Sociedade de

Investigações Florestais, 2002. 207p.

PREFEITURA MUNICIPAL DE BARRA DO CHOÇA. Disponível em:

<http://www.barradochoca.ba.gov.br>. Acessado em: 12 fr out. de 09.

TONELLO, K. C.; COTTA, M. K.; ALVES, R.R.; RIBEIRO, C.F. A. ;POLLI, H.J.; O

destaque econômico do setor florestal brasileiro. Universidade Estadual de Campinas –

UNICAMP.

VIDAL, E.; GERWING, J.; BARRETO, P.; AMARAL, P.; JOHNS, J. Redução de

Desperdício na Produção de Madeira na Amazônia. Série Amazônia 5. Belém/PA, Imazon,

20p., 199

REVISTA DA MADEIRA. Brasil Começa a Marcar Presença. Ano 3, nº 19, 1994.

WIKIPÉDIA. Marcenaria. Acesso em: 12 de out. de 09 Disponivel em: <

http://pt.wikipedia.org/wiki/Marcenaria

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 73

CONSUMO FAMILIAR EM DIFERENTES CLASSES SOCIAIS DO

MUNICÍPIO DE VITÓRIA DA CONQUISTA - BAHIA

Mary Anne Assis Lopes de Oliveira¹, Andrêssa Mota Rios Barreto², Anne Mota Vinhas³,

Laís Caetano de Oliveira4,

²Mestre em Desenvolvimento Sustentável Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia -

UESB, Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários – Proex, Estrada do Bem

Querer, Km 4 – Caixa Postal 95. ¹Estudantes do curso de Engenharia Florestal, UESB.

[email protected], [email protected], [email protected] ,

[email protected]

RESUMO: Este trabalho foi realizado entre os meses de maio e julho de 2009 no

município de Vitória da Conquista, Sudoeste baiano e caracteriza os resíduos domésticos

gerados por duas classes sociais distintas (média e baixa renda) da cidade de Vitória da

Conquista, assim como apontar a percepção dos mesmos sobre coleta seletiva. Entrevistou-

se um total de 36(trinta e seis) pessoas, escolhendo como amostra uma rua de cada bairro e

para a obtenção dos dados, aplicou-se um questionário constituído por 12 (doze) tópicos.

Percebe-se também que entre os moradores com renda mais baixa fazem menos coletas

seletivas, além de consumirem mais lixo orgânico, diferentemente daquelas classes com

maior renda familiar.

Palavras-chave: Geração de resíduos; Coleta Seletiva; Consumo sustentável.

ABSTRACT: This study was conducted between May and July 2009 in Vitória da

Conquista, Bahia Southwest and features domestic waste generated by two different social

classes (low and middle income) from the city of Vitoria da Conquista, as well as point to

their perception about collection. We interviewed a total of 36 (thirty six) people, choosing

to sample a street in each neighborhood and to obtaining the data, we applied a

questionnaire consisting of twelve (12) topics. It is also evident that among residents with

lower income are less selective samples, and consume more organic waste, unlike those

classes with higher family income.

INTRODUÇÃO

A criação das cidades e a crescente ampliação das áreas urbanas têm contribuído

para o crescimento de impactos ambientais negativos. No ambiente urbano, determinados

aspectos culturais como o consumo de produtos industrializados influencia diretamente no

meio ambiente (VIOLA, 1987). A problemática dos resíduos sólidos gera bastante

polêmica e preocupação, todavia pode também gerar oportunidades de emprego,

sustentabilidade ambiental e econômica. O lixo doméstico, por sua vez, merece atenção

especial, fazendo-se necessário compreender o que se produz e qual a visão dos residentes

acerca do lixo.

É neste contexto que nasce o presente estudo, o qual visa caracterizar os resíduos

domésticos gerados por duas classes sociais distintas (média e baixa renda) da cidade de

Vitória da Conquista, assim como apontar a percepção dos mesmos sobre coleta seletiva.

MATERIAL E MÉTODOS

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 74

O presente trabalho foi realizado entre os meses de maio e julho de 2009, no

município de Vitória da Conquista, Sudoeste baiano. Para definir as populações

analisadas, utilizou-se o critério de renda por residência, separando dois grupos aqui

definidos como moradores de bairro de classe média (média de quatro salários mínimos) e

classe baixa (média de dois salários mínimos).

Para obtenção dos dados, aplicou-se um questionário constituído por 12 (doze)

tópicos: número de moradores por residência; a casa é própria ou não; sexo do

entrevistado; renda familiar (em salários mínimos); profissão do entrevistado (a); como

analisa questões relativas ao consumo sustentável; existência de coleta seletiva na

residência do entrevistado (a); se considera que há desperdício no consumo (alimento)

doméstico do entrevistado; quem é o responsável pela administração (preparo) dos

alimentos para consumo; qual a percepção sobre o lixo; quanto a casa gera de lixo por dia

(Kg); qual o resíduo (alimento) descartado com mais freqüência (orgânico ou industrial).

Entrevistou-se um total de 36 pessoas, escolhendo como amostra uma rua de cada bairro.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Há poucas diferenças acerca da percepção do lixo nas diferentes classes sociais

estudadas. No que tange a coleta seletiva, na classe média 70% dos entrevistados declaram

realizá-la, enquanto na classe baixa 85,5 realizam coleta seletiva. Os dados, quando

comparados com médias brasileiras, chamam atenção, sendo maiores. Isto pode ser

decorrente da existência de cooperativas de reciclagem existentes no município de Vitória

da Conquista. A coleta seletiva que separa o lixo reciclável (vidro, agulhas, latas,

madeiras) ganha cada vez mais espaço entre os mais variados segmentos sociais. O lixo,

visto como resíduo desprezado, passa a ser considerado matéria-prima, podendo ser

transformado e reutilizado pela população.

Das residências com maior renda, 77 % analisam as questões relativas a o consumo

sustentável como significativas, 7% consideram não significativas, e o restante não opinou.

Tais dados não são semelhantes quando se analisa a outra classe: 85,5 % acreditam ser

significativas, e 9% não significativa, sendo 5,5% indiferentes. Tais dados corroboram com

as respostas obtidas a partir do questionamento “de que forma você vê o lixo”, uma vez

que para 100% dos entrevistados da classe média e 95,5% da classe baixa o lixo é visto

como reutilizável, reaproveitável ou reciclável, e apenas 4,5% da classe baixa são

indiferentes.

No entanto, percebem-se maiores diferenças quando se analisa as quantidades e

origem do lixo. Antes, vale informar que as residências de classe média possuem cerca de

três moradores por residência, enquanto a classe baixa tem média de cinco moradores. As

primeiras declaram como resíduo (alimento) descartado com mais freqüência o industrial

(57%), seguido pelo orgânico (43%); enquanto na classe baixa 100% dos resíduos são

principalmente orgânicos. Em termos quantitativos, esta última classe gera menos lixo

(0,360 Kg/pessoa), enquanto a classe média produz 67,9% a mais (0,530 Kg/pessoa) em

relação a classe baixa.

Os resíduos domésticos possuem um potencial muito grande para a reciclagem, pois

contém em sua composição muita matéria orgânica compostável, além de substâncias que

possuem mercado comprador, tais como: papel e papelão, metais ferrosos e não ferrosos,

plásticos e vidros.

CONCLUSÃO

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As diferenças acerca da produção de lixo ficam evidentes ao analisar as duas classes,

como o a quantidade maior de lixo industrializado e maior produção de lixo por pessoa. No

entanto, a percepção a respeito da coleta seletiva e do reaproveitamento de lixo é bastante

similar entre as classes analisas, as quais demonstram interesse em práticas ecologicamente

corretas.

Para tornar o lixo um aliado da humanidade, não bastam apenas políticas públicas. É

preciso sensibilizar cada cidadão, no sentido de reduzir o consumo desenfreado, reutilizar e

reciclar os resíduos gerados.

REFERÊNCIAS

DEL RIO, V. Cidade da mente, cidade real: percepção ambiental e revitalização na área

portuária do Rio de Janeiro. In: Percepção Ambiental: a experiência brasileira. São

Carlos: Studio Nobel: Universidade Federal de São Carlos, 1999, p. 21.

VIOLA, E. et al. Ecologia e Política no Brasil. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo: IUPERJ,

1987. p. 57.

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 76

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, SENSO CRÍTICO E

HABILIDADE DE PENSAMENTO: A FILOSOFIA AMBIENTAL

Déborah Santos Moreira*, Alcides Pereira Santos Neto*, Siléia Oliveira Guimarães*

*Discente do Curso de Engenharia Florestal, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia,

Vitória da Conquista – BA

RESUMO: Atualmente, torna-se cada vez mais necessário o envolvimento das mais

variadas formas de pensamento e atitudes na busca do desenvolvimento sustentável. A

filosofia mostra-se como importante ferramenta. Sua disseminação deve envolver diversos

segmentos sociais: de professores a alunos, leigos a técnicos, crianças a adultos, enfim,

toda a comunidade. O presente estudo visa relacionar os benefícios da filosofia no debate

de questões de ordem ambiental. Têm-se um enfoque no filósofo Martin Buber, o qual

contribui com a filosofia do diálogo entre ser humano e natureza. Assim, o homem deve

aprender sobre o seu meio para saber interpretá-lo e utilizar de maneira sustentável dos

recursos naturais. A filosofia ambiental, encontra-se em crescimento no Brasil, assim o

presente trabalho vem contribuir também como acervo para esta área. Pesquisas posteriores

são sugeridas, à proporção que se espera o envolvimento e engajamento principalmente do

meio pedagógico.

Palavras-chave: Desenvolvimento sustentável. Filosofia. Comunicação e Meio ambiente.

ABSTRACT: Currently, it is increasingly necessary to involve a variety of ways of

thinking and attitudes in the pursuit of sustainable development. The philosophy shows

itself as an important tool. Its spread to involve various segments of society: teachers to

students, lay the technical, children to adults, in short, the whole community. This study

aims to relate the benefits of philosophy in the discussion of environmental considerations.

There has been a focus on the philosopher Martin Buber, which contributes to the

philosophy of dialogue between humans and nature. Thus, man must learn about their

environment to learn to interpret it and sustainably use natural resources. The

environmental philosophy, is growing in Brazil, so this work contributes as well as the

acquis in this area. Further research is suggested, as we expected the involvement and

engagement primarily through the teaching.

INTRODUÇÃO

A filosofia na condição de instrumento racional do ser humano tem contribuição direta

na resolução de diversas problemáticas sociais, uma vez que leva o indivíduo à reflexão de

si e do seu meio. As questões de ordem ambiental, aliadas a filosofia, representam

importante alternativa para a busca do desenvolvimento sustentável. Assim, surge à

“Filosofia Ambiental”, a qual se ocupa em promover o progresso a partir da reflexão e do

bom senso.

Segundo LOUREIRO (2003), a temática ambiental constitui uma das mais

importantes dimensões de atenção e análise por parte dos múltiplos segmentos, grupos e

classes sociais que compõem a sociedade contemporânea.

De acordo com BOFF (1999), para que se possa cuidar do planeta é preciso que todos

passem por uma alfabetização ecológica capaz de rever os hábitos do consumo,

desenvolvendo a ética do cuidado, fazendo-se necessário o binômio senso crítico e

reflexão, mecanismos estes que embasam a filosofia.

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Este trabalho tem como objetivo apresentar a filosofia como ferramenta eficaz para a

promoção do desenvolvimento sustentável, sobretudo na ótica do filósofo Martin Buber.

MATERIAL E MÉTODOS

Realizou-se revisão de literatura acerca dos fundamentos da filosofia ambiental e da

vida de Martin Buber. Grande parte do acervo foi consultado na biblioteca da Universidade

Estadual do Sudoeste da Bahia, campus da cidade de Vitória da Conquista, Bahia.

Procurou-se contextualizar este trabalho a partir de pesquisas atualizadas e observação

da realidade global e local. Além disto, profissionais e estudantes de áreas diversas como

ciências humanas e engenharias participam da execução deste resumo expandido.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A história da humanidade é marcada pelas dificuldades e desafios, desde o seu

surgimento a cinco milhões de anos. De acordo com BARROS (2001), a sobrevivência

estava intrinsecamente relacionada ao ambiente. O conhecimento ambiental era

extremamente necessário para a proteção contra ataques da natureza e aproveitamento de

suas riquezas. Este conhecimento foi passado de geração para geração, acrescido de novas

descobertas, inspirações artísticas, míticas e religiosas, na construção de valores internos e

perenes.

O Ministério da Educação orienta que a temática ambiental, seja introduzida em todas

as disciplinas do ensino básico, caracterizando-a como tema transversal. No entanto, a

aplicação da filosofia não deve restringir-se apenas às salas de aula. A discussão de

questões ambientais pode representar uma forma instigante de socialização da filosofia.

Diversos filósofos e sociólogos pensaram a respeito das problemáticas ambientais,

chegando-se as suas raízes e propondo soluções. Entre este grupo de pensadores, o

vanguardista Martin Buber (1878 – 1965) contribui com a “Filosofia do Diálogo”, a qual

afirma a necessidade de uma comunicação inteligente entre ser humano e os recursos

bióticos e abióticos.

Martin Buber nasceu em Jerusalém. Era filósofo, escritor e pedagogo, judeu de origem

austríaca, e de inspiração sionista. Suas pesquisas se aprofundaram em estudo sobre o

diálogo interpessoal e com a natureza (BUBER, 2006).

FIGURA 01: Martin Buber

Segundo Buber, quando uma árvore é observada, acontece o contato do ser humano

com a natureza, no processo exclusivo da força utilizada, transformando o valor do isso em

fator emotivo, podendo então surgir o valor da conservação.

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Buber cita ainda o exemplo do homem que tem poder para domar os animais, e este,

por sua vez, sabe discernir as manifestações de ternura recebida. A natureza pode ser vista

pelo homem com dotes espirituais, tentado corresponder e ser correspondido.

Desta forma, o filósofo propõe o diálogo como forma de desenvolver a afetividade e

reciprocidade humana, e a harmonia com a natureza.

CONCLUSÃO

O combate às problemáticas ambientais exige o envolvimento e integração de diversas

áreas do conhecimento. A filosofia representa importante ferramenta para a promoção do

desenvolvimento sustentável, uma vez que estimula o ser humano a formular conjuntos de

idéias e atitudes conscientes.

O filósofo Martin Buber tem relevante contribuição para a filosofia ambiental,

propondo um diálogo entre ser humano/natureza capaz de observar as especificidades de

cada membro envolvido, pautado no bom senso.

REFERÊNCIAS

BARROS, M. I. M. S. A educação no contexto do desenvolvimento sustentável. In:

OLIVEIRO, M. F. S.; OLIVEIRA, O. J. R. De olho na mata: fotografia, educação

ambiental e sustentabilidade. Vitória da Conquista: Brasil, 2001. p. 89-101.

BOFF, L. Ecologia grito da terra grito dos povos. SP: Ática, 1999. p. 51.

BUBER, M. EU e TU, Introdução e tradução de Neuton Aquiles Von Zuben. 10ª ed.

Centauro: São Paulo, 2006. p. 45-53.

LOUREIRO, C. F. B. O movimento ambentalista e o pensamento crítico: uma

abordagem política. Rio de Janeiro: Quartel Editora & e Comunicação Ltda, 2003.

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 79

ESTOQUE DE SERRAPILHEIRA COMO BIOINDICADOR EM

MATA DE CIPÓ E PLANTIO DE EUCALIPTOS.

Alcides Pereira Santos Neto¹, Heloísa Cintra Pinto¹, Ana Carolina Dantas Moreira¹,

Marayana Prado Pinheiro² ¹Discente do Curso de Engenharia Florestal, Laboratório de Ecologia da Universidade

Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, Estrada do Bem Querer, km 04, Vitória da

Conquista – BA.

²Bióloga, especialista em Biologia de Florestas Tropicais e mestre em Desenvolvimento e

Meio Ambiente.

RESUMO: A serrapilheira é um componente florestal imprescindível no equilíbrio de

qualquer bioma. Ela constitui-se de matéria orgânica de origem vegetal e animal que é

depositada sobre o solo, sob diferentes estágios de decomposição, representando assim,

uma forma de entrada e posterior incremento da matéria orgânica do solo.Por meio de

coletas aleatórias, percebeu-se que a floresta nativa apresenta maior estoque e diversidade

de frações de serrapilheira. A fração cascas e ramos é a principal constituinte da

serrapilheira de mata de cipó, enquanto as folhas prevalecem no plantio de eucalipto. A

presença de subosque no eucaliptal parece melhorar as condições de estocagem de

serrapilheira, surgindo como relevante componente neste sistema. Assim, nota-se que a

diversidade de espécies melhora as condições da floresta.

Palavras-chave: Serrapilheira. Indicador Biológico. Mata de cipó. Eucalipto.

ABSTRACT: The litter is an essential component of forestry in the balance of any biome.

It is made up of organic matter of plant and animal that is on the soil under different stages

of decomposition, thus representing a form of entry and subsequent increase in organic

matter solo.Por means of random samples, we noticed that the native forest is more stock

and variety of litter fractions. The fraction of bark and branches is the main constituent of

litter of forest vines, while the leaves prevail in eucalyptus. The presence of the plantation

understory seems to improve the conditions of storage of litter, emerging as important

component in this system. Thus, it is noted that the species diversity improves the

conditions of the fores

INTRODUÇÃO

A serrapilheira é formada por folhas, caules, ramos, frutos, flores e outras partes da

planta, bem como restos de animais e material fecal. Uma vez depositada sobre o solo ela é

submetida a um processo de decomposição com a liberação eventual dos elementos

minerais que compõem os tecidos orgânicos (GOLLEY, 1975).

Os principais mecanismos responsáveis pela transferência de nutrientes da biomassa

de espécies arbóreas para o solo são a lavagem da vegetação pela chuva, que extrai

substâncias minerais e orgânicas das estruturas da parte aérea, e a decomposição da

biomassa morta, que inclui a serrapilheira, troncos e galhos caídos e raízes mortas

(SANCHEZ, 1976; GONZALEZ & GALLARDO, 1986). Desta forma, a quantidade e

diversidade da composição de serrapilheira em um determinado sistema é indicativo

biológico, merecendo estudo apurado.

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 80

Bioindicadores são empregados para monitorar alterações ambientais (KLUMPP, 2001)

e, por serem capazes de determinar o grau de degradação ou recuperação de um

ecossistema, podem ser utilizados na comparação de diferentes sistemas de revegetação.

Assim, esta pesquisa tem como objetivo realizar avaliação e inferências do estoque e

composição de serrapilheira em Floresta Estacional Latifoliada Caducifólia não-Espinhosa

(Mata de Cipó) e plantio de eucalipto, na cidade de Vitória da Conquista.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi conduzido durante os meses de abril a julho de 2009, em um fragmento

de Floresta Estacional Latifoliada Caducifólia não-Espinhosa (Mata de Cipó), no

município de Vitória da Conquista (40° 48’W; 14° 53), Sudoeste da Bahia, cuja altitude

média é de 915m e plantio de Eucalyptus spp, cujo espaçamento é de 3m x 3m.

Primeiramente, demarcou-se em cada sistema uma área de 50m x 100m (5.000m²).

Para a amostragem da serrapilheira lançou-se, aleatoriamente 10 bambolês com área

se 0,328 m² cada, coletando o material ali contido.

Através de cálculos, estimou-se a quantidade de serrapilheira por hectare em cada

sistema, e também a porcentagem da composição de folhas, ramos e cascas, material

reprodutivo (frutos, sementes e flores) e restos (solos, excrementos de animais e resíduos)

contida neste total, realizando-se a triagem destes materiais.

O material coletado em cada sistema foi misturado e levado para estufa de ventilação

forçada de ar a 65°C até atingir massa constante.

Submeteu-se os dados obtidos a análise de normalidade (Lilliefors, 5%) e de

homogeneidade de variância do erro (Cochran, 5%).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Houve diferenças entre a quantidade de serrapilheira estocada nos dois sistemas

estudados, sobretudo na proporção de cada uma das frações.

No sistema florestal nativo há maior estoque de serrapilehira, além frações mais

eqüitativas em relação a uma floresta com predominância de espécies exóticas e ou/

homogêneos. Para Vital et al. (2004), é mediante a produção de serapilheira que ocorre

parte do processo de retorno de matéria orgânica e de nutrientes para o solo florestal, sendo

ela considerada o meio mais importante de transferência de elementos essenciais da

vegetação (nutrientes) para o solo. Assim, a mata de cipó sugere um ambiente com maior

equilíbrio ecológico.

A floresta nativa apresentou um total de 4,75 t/ha de serrapilheira, enquanto a sistema

exótico 3,56 t/ha. O total obtido na mata de cipó é representado principalmente pela fração

ramos e cascas (48,4%), seguido pela fração folha (36,2%), material reprodutivo (9,3%) e

restos (6,1%). Ao analisar o estoque de serrapilheira em Mata Atlântica, GAMA-

RODRIGUES et al. (1997) encontraram valores próximos (total de 5,3 /ha), e com

proporções de frações semelhantes.

Das 3,56 t/ha estocadas de serrapilheira no plantio de eucalipto, 45,8% é constituído da

fração folha, enquanto 36,3% é representada por ramos e cascas, seguida por 14,3% de

material reprodutivo (flor, fruto, casca) e 3,6% de restos. GAMA-RODRIGUES (1997), ao

analisar plantio de eucaliptos, encontrou /um estoque médio de 2,5 t/ha. A diferença pode

ser explicada pelo fato de que o plantio estudado neste trabalho apresenta subosque

bastante desenvolvido, contribuindo assim para uma maior deposição e acúmulo do

material.

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 81

O conhecimento da estrutura de tais comunidades pode ser utilizado como um

indicador do funcionamento do subsistema do solo, fornecendo informações sobre o grau

de degradação ou recuperação de uma área (LAVELLE & KOHLMANN, 1984).

CONCLUSÃO

A floresta nativa apresenta maior estoque e diversidade de frações de serrapilheira, o

que indica um ambiente mais equilibrado ecologicamente em relação ao sistema exótico. A

fração cascas e ramos é a principal constituinte da serrapilheira de mata de cipó, enquanto

as folhas prevalecem no plantio de eucalipto.

REFERÊNCIAS

CARAMORI, P. H.; ANDROCIOLO FILHO, A.; BAGGIO, A. J. Arborização do cafezal

com Grevílea robusta no norte do estado do Paraná. Arquivos de Biologia e Tecnologia.,

v.38, p.1031-1037, 1995. R. Árvore, Viçosa-MG, v.31, n.5, p.812, 2007.

GAMA-RODRIGUES, A. C. da. Ciclagem de nutrientes por espécies florestais em

povoamentos puros e mistos, em solo de Mabuleiro da Bahia, Brasil. Viçosa, UFV,

1997, 107p. (Tese de Doutorado).

GOLLEY, F.B. Ciclagem de minerais em um ecossistema de floresta tropical úmida;

tradução de Eurípides Malavolta. São Paulo: EPU. Ed. da Universidade de São Paulo,

1975. 256p.

KLUMPP, A. Utilização de bioindicadores de poluição em condições temperadas e

tropicais. In: MAIA, N. B.; MARTOS, H. L.; BARRELLA, W. (Eds.). Indicadores

ambientais: conceitos e aplicações. São Paulo: EDUC/COMPED/INEP, 2001. p.77-94.

LAVELLE, P. & KOHLMANN, B. Étude quantitative de la macrofaune du sol dans une

forêt tropicale humide du Mexique (Bonampak, Chiapas). Pedobiologia, Jena, p.377 1984.

VITAL, A. R. T. et al. Produção de serrapilheira e ciclagem de nutrientes de uma floresta

estacional semidecidual em zona ripária. Revista Árvore, v.28, n.6, p.793, 2004.

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 82

ESTUDO DE SERRAPILHEIRA EM DOIS FRAGMENTOS DE

CAATINGA COM DIFERENTES GRAUS DE DEGRADAÇÃO NO

MUNICÍPIO DE SEABRA, BA

LAIS RIBEIRO LIMA LACERDA*, ÉLEN VILARONGA DE JESUS *, ALCIDES

PEREIRA SANTOS NETO*, AGUIBERTO RANULFO AMARAL*

*Discente do Curso de Engenharia Florestal, Laboratório de Ecologia da Universidade

Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, Estrada do Bem Querer, km 04, Vitória da

Conquista – BA.

RESUMO: A serrapilheira é formada por folhas, caules, ramos, frutos, flores e outras

partes da planta, bem como restos de animais e material fecal. Uma vez depositada sobre o

solo ela é submetida a um processo de decomposição com a liberação eventual dos

elementos minerais que compõem os tecidos orgânicos. A Caatinga representa área de

atenção no que diz respeito a sua degradação, o que ressalta a necessidade de estudos neste

relevante bioma. O estudo da serrapilheira do bioma agrega valor às ciências florestais e

possibilita várias inferências. Percebeu-se que a área mais degradada apresenta menor

estoque de serrapilheira.

Assim, a quantidade do material parece ser proporcional ao nível de conservação e

equilíbrio da área florestal.

Palavras-chave: Serrapilheira. Caatinga. Antropização.

ABSTRACT: The litter consists of leaves, stems, branches, fruit, flowers and other plant

and animal remains and fecal material. Once deposited on the soil it undergoes a

decomposition process with the eventual release of mineral elements that make up tissues.

The Caatinga is the area of focus in regard to their degradation, which emphasizes the need

for relevant studies in this biome. The study of the biome litter adds value to forest science

and allows several inferences. It was noticed that the area has less deteriorating stock of

litter. Thus, the amount of material appears to be proportional to the level of conservation

and balance of the forest area.

INTRODUÇÃO

A caatinga constitui-se na cobertura vegetal típica do semi-árido nordestino. É uma

mistura de ervas, arbustos e árvores de pequeno porte, de folhas caducas e pequenas,

tortuosas, espinhentas e de elevada resistência às secas. Nas caatingas também são

encontradas algumas espécies arbóreas e arbustivas de folhas perenes (Mendes, 1992). A

serrapilheira é um componente florestal imprescindível no equilíbrio de qualquer bioma.

Os principais mecanismos responsáveis pela transferência de nutrientes da biomassa

de espécies arbóreas para o solo são a lavagem da vegetação pela chuva, que extrai

substâncias minerais e orgânicas das estruturas da parte aérea, e a decomposição da

biomassa morta, que inclui a serrapilheira, troncos e galhos caídos e raízes mortas

(SANCHEZ, 1976; GONZALEZ & GALLARDO, 1986).

O estudo qualitativo e quantitativo da serrapilheira é importante para a compreensão

do funcionamento dos ecossistemas florestais. De acordo com CÉSAR (1991) a qualidade

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 83

do sítio florestal é a soma total de todos os fatores que afetam a capacidade produtiva do

local, incluindo os fatores climáticos, edáficos e biológicos.

A ciclagem de nutrientes em florestas pode ser analisada através da

compartimentalização da biomassa acumulada nos diferentes estratos e a quantificação das

taxas de nutrientes que se movimentam entre seus compartimentos, através da produção de

serrapilheira, sua decomposição, lixiviação e outros.

Esta pesquisa tem como objetivo realizar avaliações e inferências do estoque e

frações de serrapilheira em duas áreas com diferentes níveis de degradação da Mata de

Caatinga.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi conduzido durante os meses junho e julho de 2009, em dois fragmentos

de mata de caatinga, no município de Seabra, Centroeste da Bahia. A primeira área é pouco

antropizada, possuindo uma maior diversidade e densidade florestal em relação à segunda

área, notória a degradação. Primeiramente, demarcou-se uma área de 50m x 50m (2.500

m²) dentro de cada um dos sistemas.

Para a amostragem da serrapilheira lançou-se aleatoriamente 5 bambolês com área se

0,328 m² cada.

Através de cálculos, estimou-se a quantidade de serrapilheira por hectare em cada

sistema, e também a porcentagem da composição de folhas, ramos e cascas, material

reprodutivo (frutos, sementes e flores) e restos (solos, excrementos de animais e resíduos)

contida neste total, realizando-se a triagem destes materiais.

O material coletado em cada sistema foi misturado e levado para estufa de ventilação

forçada de ar a 65°C até atingir massa constante.

Submeteu-se os dados obtidos a análise de normalidade (Lilliefors, 5%) e de

homogeneidade de variância do erro (Cochran, 5%). Quando necessário, os dados foram

transformados em Ln. Por fim, realizaram-se comparações e inferências com os resultados

obtidos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O estado de equilíbrio de um determinado sistema é atingido quando as taxas de adição

e de perdas se equivalem (ADDISCOT, 1992). Houve diferenças entre a quantidade de

serrapilheira estocada nas duas áreas.

No sistema florestal com menor degradação há maior estoque de serrapilehira, além

frações mais equivalentes em relação a uma floresta com níveis mais altos de degradação.

De acordo com Vital et al. (2004), é mediante a produção de serapilheira que ocorre parte

do processo de retorno de matéria orgânica e de nutrientes para o solo florestal, sendo ela

considerada o meio mais importante de transferência de elementos essenciais da vegetação

(nutrientes) para o solo.

A área com menor nível de antropização apresentou um total de 3,78 t/ha de

serrapilheira estocada, enquanto a floresta mais antropizada totalizou 1,55 t/ha. O total

obtido na primeira área é represento principalmente pela fração ramos e cascas (43,6%),

seguido pela fração folha (22,8%), material reprodutivo (18,2%) e restos (15,4%). Ao

analisar o estoque de serrapilheira na área mais antropizada, chega-se a 42,5% de folhas,

29,8% de cascas e ramos, 23, 3% de restos (incluindo excrementos e material não

identificado) e 4,4% de materiais reprodutivos. A menor quantidade se serrapilheira

encontrada na área mais antropizada é decorrente, sobretudo, da baixa densidade vegetal.

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 84

Outro destaque consiste no fato de que a porcentagem da fração restos é considerável, o

que é justificado pela presença de animais na área, como caprinos e bovinos.

O conhecimento da estrutura de tais comunidades pode ser utilizado como um

indicador do funcionamento do subsistema do solo, fornecendo informações sobre o grau

de degradação ou recuperação de uma área (LAVELLE & KOHLMANN, 1984).

CONCLUSÃO

A área de caatinga mais antropizada apresenta menor estoque de serrapilheira e é

representada principalmente pela fração folha, possuindo também considerável nível de

excrementos. Por sua vez, a área menos antropizada possui mais serrapilheira acumulada,

sendo os ramos e galhos seus principais representantes. Desta forma, a quantidade de

serrapilheira parece ser proporcional ao nível de conservação e equilíbrio da área florestal.

REFERÊNCIAS

GAMA-RODRIGUES, A. C. da. Ciclagem de nutrientes por espécies florestais em

povoamentos puros e mistos, em solo de Mabuleiro da Bahia, Brasil. Viçosa, UFV,

1997, 107p. (Tese de Doutorado).

GOLLEY, F.B. Ciclagem de minerais em um ecossistema de floresta tropical úmida;

tradução de Eurípides Malavolta. São Paulo: EPU. Ed. da Universidade de São Paulo,

1975. 256p.

LAVELLE, P. & KOHLMANN, B. Étude quantitative de la macrofaune du sol dans

une forêt tropicale humide du Mexique (Bonampak, Chiapas). Pedobiologia, Jena,

p.377, 1984.

MENDES, B. V. O semi-árido brasileiro. Revista do Instituto Florestal, v. 4, n. único,

edição especial, 1992, p.394.

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FRAÇÕES OXIDÁVEIS DO CARBONO ORGÂNICO DE UM

PLANOSSOLO SOBRE DOIS MANEJOS FLORESTAIS

Giovanni Correia Vieira1, Alcides Pereira Neto

1, Marcos Gervasio Pereira², Arcângelo

Loss². 1UESB, Vitória da Conquista – BA

²UFRRJ, Departamento de Solos, Seropédica – RJ

e-mail: [email protected]; [email protected]

RESUMO: O fracionamento do carbono orgânico total (COT) do solo pode contribuir no

entendimento da dinâmica da matéria orgânica em áreas sob manejos florestais distintos. O

objetivo desse trabalho foi avaliar o grau de oxidação do carbono orgânico de um

planossolo háplico sobre dois manejos florestais no município de Seropédica- RJ. Uma

área reflorestada com Floresta Ombrófila Densa, em estádio secundário, e outra área com

Eucalyptus urophylla. O clima segundo Köppen, é tropical chuvoso (As) com estação seca

no inverno. Possui temperatura e precipitação média dos últimos dez anos,

respectivamente, 25 °C e 1.279,91 mm (Estação Meteorológica da PESAGRO -

Seropédica- RJ). A área reflorestada com Eucalyptus urophylla apresentou maior teor de

carbono orgânico que a Floresta Ombrófila Densa, em estádio secundário.

Palavras chave: matéria orgânica; carbono orgânico; fertilidade do solo.

INTRODUÇÃO

A matéria orgânica é de fundamental importância na manutenção e equilíbrio dos

processos químicos, físicos e biológicos nos solos. Ela contribui para a biodiversidade dos

organismos no solo, atuando como reservatório de nutrientes e criando um ambiente mais

favorável a vida. Melhora a estrutura aumentando a taxa de infiltração e formação dos

agregados, reduzindo a compactação e erosão. Os agregados resultam do rearranjo das

partículas, floculação e cimentação. Esses processos são mediados pelo C orgânico do

solo, biota, ponte iônica, argila e carbonatos, sendo o C agente de ligação e núcleo na

formação dos agregados (Bronick & Lal, 2005). Segundo Roscoe & Machado (2002),

desequilíbrios na sua quantidade, qualidade e taxas de decomposição podem provocar

degradação.

Com o objetivo de avaliar diferentes frações de oxidação do carbono do solo, Chan

et al. (2001) modificou o método clássico de determinação do C desenvolvido por

Walkley & Black (1934). No método clássico, o C era determinado pela utilização de uma

única concentração de ácido sulfúrico (12 mol L-1

) e, com a modificação proposta por

Chan et al. (2001), foi possível separar quatro frações com graus decrescentes de oxidação,

por meio da utilização de quantidades crescentes de ácido sulfúrico. Um entrave ao uso

dessa metodologia é a dificuldade de se comparar os valores obtidos com os determinados

pelos métodos descritos por Blair et al. (1995) e Shang & Tiessen (1997), pois é evidente

que, com a mudança nas concentrações de ácidos e dos oxidantes, determinadas formas de

carbono, antes não afetadas, serão oxidadas pela solução oxidante proposta por Chan et al.

(2001).

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado no município de Seropédica- RJ em duas áreas reflorestada:

uma área com Eucalyptus urophylla e outra com Floresta Ombrófila Densa secundária

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(com idade de 80 anos, aproximadamente). O clima segundo Köppen, tropical chuvoso

(As) com estação seca no inverno. Possui temperatura e precipitação média dos últimos

dez anos, respectivamente, 25 °C e 1.279,91 mm (Estação Meteorológica da PESAGRO -

Seropédica- RJ). Possui Planossolo Háplico distrófico (Embrapa, 2006).

Foram coletadas em cada área três amostras compostas de dez simples, nas

profundidades de 0 – 0,05 e 0,05 – 0,10m. Foram quantificados os teores de carbono

orgânico total (COT) do solo segundo (Yeomans & Bremner, 1988) e realizado o

fracionamento do carbono por graus de oxidação (Chan et al., 2001; Freitas et al., 2004).

Amostras de 0,5 g de solo foram acondicionadas em erlenmeyer de 250 mL, onde

adicionaram-se 10 mL K2Cr2O7,0,167 mol L-1

e quantidades de H2SO4, correspondentes às

concentrações de 3, 6, 9 e 12 mol L-1

. A oxidação foi realizada sem fonte externa de calor e

a titulação dos extratos foi feita com uma solução de Fe(NH4)2(SO4)2.6H2O 0,5 mol L-1

,

utilizando-se como indicador a fenantrolina. O fracionamento do carbono produziu quatro

frações, com graus decrescentes de oxidação:

-Fração 1(F1): C oxidado por K2Cr2O7 em meio ácido de 3 mol L-1

de H2SO4;

-Fração 2 (F2): diferença do C oxidado por K2Cr2O7 em meio ácido com 6 e 3 mol L-1

de

H2SO4;

-Fração 3 (F3): diferença do C oxidado por K2Cr2O7 em meio ácido com 9 e 6 mol L-1

de

H2SO4;

-Fração 4 (F4): diferença do C oxidado por K2Cr2O7 em meio ácido com 12 e 9 mol L-1

de

H2SO4.

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, sendo

realizadas análises estatísticas entre as áreas, com 6 repetições. Os dados obtidos foram

submetidos ao teste de Lilliefors (normalidade dos dados) e testes de Cochran e Bartlett

(homogeneidade de variâncias).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A área com Eucalyptus urophylla apresentou maior teor de carbono orgânico total

nas duas profundidades estudadas quando comparada com F. Ombrófila Densa secundária.

Esse comportamento pode ser em função da maior quantidade de serrapilheira nesse

sistema, gerado pelo desenvolvimento acelerado dessa espécie. Outra hipótese é que essa

área foi mais degradada, o que levou a uma perda maior da fertilidade, com isso perdeu a

diversidade dos microorganismos que realiza a decomposição dos compostos orgânicos.

Entretanto, a área com F. Ombrófila Densa secundária, tende a possuir compostos

orgânicos de maior qualidade devido à maior biodiversidade e equilíbrio do sistema.

A fração F1(lábil) é a que representa a maior parte do COT nas duas profundidades

estudadas, principalmente na profundidade de 0-5 cm. Geralmente as florestas possuem

esse comportamento, devido à grande quantidade de resíduos vegetais resultantes da

cobertura da floresta. Segundo Blair et al. (1995); Chan et al. (2001), áreas onde possui boa

quantidade matéria orgânica vindo de resíduos vegetais possui esse comportamento. A F.

Ombrófila Densa secundaria apresentou um maior valor para as frações F2 e F3, na

profundidade de 0,05 – 0,10m. Segundo Stevenson (1994), isso pode ocorrer devido ao

acúmulo de compostos orgânicos mais estáveis e de peso molecular alto, gerados pela

decomposição e humificação da matéria orgânica.

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Áreas avaliadas

Frações oxidáveis de carbono (g kg-1)

0 - 0,05m

F1 F2 F3 F4 COT

Eucalyptus urophylla 14,38(61%) 3,50(15%) 4,80(20%) 1,00(4%) 23,68

F. Ombrófila Densa secundaria 10,34(62%) 2,5(15%) 2,9(18%) 0,9(5%) 16,64

0,05 - 0,10m

Eucalyptus urophylla 3,50(27%) 2,30(18%) 4,00(31%) 3,00(24%) 12,80

F. Ombrófila Densa secundaria 1,50(18%) 2,60(30%) 2,90(34%) 1,50(18%) 8,50

CONCLUSÕES

- A área com Eucalyptus urophylla apresentou maior carbono orgânico que a área

de F. Ombrófila Densa secundária;

- A fração F1 apresentou maior teor de carbono orgânico total;

- A camada de 0 - 0,05m apresentou maior carbono orgânico total que a de 0,05 –

0,10m;

- A fração F2 e F3, na camada 0,05 – 0,10m da F. Ombrófila Densa secundária

apresentou maior valor que a fração F1.

REFERÊNCIAS

BLAIR, G. J.; LEFROY, R. D. B.; LISLE, L. Soil carbon fractions based on their degree

of oxidation, and the development of a carbon management index for agricultural systems.

Australian Journal of Agricultural Research, 46: 1459-1466, 1995.

BRONICK, C.J. & LAL, R. Soil structure and management: A review. Geoderma, 124:3-

22, 2005.

CHAN, K. Y.; BOWMAN, A.; OATES, A. Oxidizidable organic carbon fractions and soil

quality changes in an oxic paleustalf under different pasture ley. Soil Science, 166: 61-67,

2001.

EMBRAPA. Sistema brasileiro de classificação de solos. 2ª Edição. Rio de Janeiro,

Embrapa Solos, 2006. 306p.

FREITAS, A. G.; MATOS, E. S.; MENDONÇA, E. S. Matéria orgânica e estabilidade de

agregados em diferentes sistemas de adubação. In: FERTBIO, 2004, Lages. Anais... Lages:

UDESC/SBCS, 2004. CD-ROM.

ROSCOE, R. & MACHADO, P. L. O. A. Fracionamento físico do solo em estudos da

matéria orgânica. Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste; Rio de Janeiro: Embrapa Solos,

86p. 2002.

SHANG, C.; TIESSEN, H. Organic matter lability in a tropical oxisol: evidence from

shifting cultivation, chemical oxidation, particle size, density and magnetic fractionations.

Soil Science, 162: 795-807, 1997.

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 88

STEVENSON, F. J. Humus chemistry: genesis, composition, reactions. 2. ed. New

York: J. Wiley & Sons, 1994. 496 p.

WALKLEY, A.; BLACK, A. An examination of the Degtjareff method for determining

soil organic matter and a proposed modification of the chromic acid titration method. Soil

Science, Baltimore, v. 37, p. 29-38, 1934.

YEOMANS, J.C. & BREMNER, J. M. A rapid and precise method for routine

determination of organic carbon in soil. Commun. in Soil Sci. Plant Anal., 19:1467-1476,

1988

AGRADECIMENTO

À Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) pela oportunidade de

estágio no Departamento de Solos, na pessoa do Prof. Dr.º Marcos Gervasio Pereira.

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GERAÇÃO DE RESÍDUOS E OBTENÇÃO DA MATÉRIA-PRIMA

NO SETOR MADEIREIRA: O CASO DO MUNICÍPIO DE SEABRA

Poliana Coqueiro Dias¹, Alcides Pereira Santos Neto², Mariana de Carvalho Aguiar Ribas²,

Giovanni Correia Vieira²

¹Mestranda em Ciência Florestal, UFV, Avenida Peter Henry Rolfs, s/n Campus

Universitário, CEP: 36570-000, VIÇOSA – MG.

²Discente do Curso de Engenharia Florestal, UESB, Estrada do Bem Querer, km04, Vitória

da Conquista – BA.

RESUMO: O objetivo deste trabalho foi avaliar a relação da comercialização dos produtos

madeireiros no município de Seabra – BA com potenciais de impactos gerados pela

utilização de florestas nativas e a caracterizar a geração dos resíduos do processamento ou

beneficiamento dos produtos com base nos aspectos legais da política ambiental do

município. Assim, foram realizadas visitas nos pontos comerciais cadastrado no órgão

público municipal responsável pelo licenciamento destes estabelecimentos e foram

coletadas informações através de entrevistas e a partir de questionários aplicados aos

proprietários e/ou responsáveis pelo local. Foram observados os aspectos relacionados à

obtenção da matéria-prima e a utilização de seus resíduos, bem como, a sua destinação

final além de verificar a presença ou não de práticas relacionadas a práticas ambientais no

local. De acordo com os resultados, foi possível concluir que o consumo de espécies de

florestas nativas agregam valor aos produtos embora não haja grandes expansões em

função de fatores como a distância. Também pôde-se averiguar que os resíduos geralmente

não agregam valor aos produtos.

Palavras chave: Comercialização de produtos madeireiros, Impactos ambientais, Resíduo

madeireiro.

ABSTRACT: The purpose of this study was to evaluate the marketing of wood products

in the city of Seabra - BA with potential impacts arising from the use of native forests and

characterize the generation of waste processing or processing of products based on the

legal aspects of policy environmental council. Thus, visits were made in commercial

locations registered with local public agency responsible for licensing of such

establishments, information was collected through interviews and from questionnaires to

the owners and / or responsible for the site. We observed the aspects related to the

acquisition of raw materials and the use of waste materials, as well as their final destination

in addition to verifying the presence or absence of practices related to environmental

practices on site. According to the results, we concluded that the consumption of species of

native forests add value to products but there are no major expansions in terms of factors

such as distance. It was possible to verify that the waste does not generally add value to

products.

INTRODUÇÃO

Os aspectos legais para comercialização e industrialização dos produtos madeireiros devem

seguir padrões de conformidade ambiental que são estipulados principalmente quando na

fase de seu licenciamento. As legislações locais, também são parâmetros para execução

plena dessas atividades, uma vez que os resíduos gerados, quando não são bem destinados,

potencialmente são causadores de impactos ambientais locais ou regionais (MARTINE et

al., 1993). Em muitas empresas de base florestal, os resíduos dos processos produtivos,

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principalmente de serrarias, por serem materiais sólidos e que não sofreram severos

tratamentos químicos capazes de causar impacto ambiental no ecossistema, tem a

possibilidade de serem aproveitados com sucesso, tanto na devolução de parte dos

nutrientes retirados do povoamento por ocasião da colheita, como no reaproveitamento do

material na criação de novos produtos (FRUMHOLF, 1995).

Percebendo a necessidade de obter o padrão de consumo e origem da matéria-prima e a

destinação dos resíduos gerados pelos estabelecimentos que atuam na comercialização de

produtos madeireiros no município de Seabra – BA, este trabalho teve como objetivo,

discutir sobre o potencial do impacto gerado nas florestas de origem da matéria-prima e a

destinação dos resíduos no processamento ou beneficiamento dos produtos e relacioná-los

com os aspectos legais da política ambiental do município.

MATERIAL E MÉTODOS

As informações referentes à obtenção da matéria-prima e geração de resíduos na

comercialização de produtos madeireiros foram levantadas na cidade de Seabra – BA

localizada no centro do estado da Bahia e às margens de importante rodovia federal (BR-

242), a cidade de Seabra consolidou-se como o mais importante centro regional da

Chapada Diamantina, tornando-se sede das representações locais dos órgãos

governamentais. O município conta também com a maioria dos estabelecimentos

prestadores de serviços, industriais, comerciais e financeiros.

O presente estudo foi realizado em 6 empresas regularizadas e cadastradas na atividade que

envolve a comercialização de produtos madeireiros seja na transformação primária,

secundária ou no beneficiamento e produção de peças para diferentes finalidades. Os dados

foram obtidos por meio de entrevista e preenchimento de um questionário sistemático, o

qual possuía um conjunto de dados referentes aos processos e procedimentos adotados pela

empresa, bem como, a sua movimentação visando à comercialização dos produtos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em relação ao tipo de matéria-prima, verificou-se que 90% são provenientes de florestas

nativas, sendo que 85% vêm do estado do Pará e 15% da Bahia. Considerando a aquisição

anual de 975m3 de madeira e considerando-se ainda os dados de exploração nos estados de

origem, poderia-se inferir sobre a participação de Seabra no processo de exploração

florestal. Entretanto, a ausência ou dados não oficiais poderia incidir em suposições

errôneas. Porém, é possível verificar que pelo valor médio apresentado, o município possui

uma participação não muito significativa e esse parâmetro está associado, especialmente à

distância da origem que onera os custos com transporte e a regularização com documentos

para justificar sua procedência. Outro fator averiguado foi a ausência do interesse

comercial pelas espécies de floresta plantada, que tem ainda uma pequena participação,

cerca de 10%. Comparando com outros municípios de outras regiões, pode-se considerar

um valor extremamente baixo, visto as possibilidades e qualidade do material dessas

espécies.

Os principais órgãos ambientais que realizam a fiscalização anual são: IBAMA, Secretaria

Estadual de Meio Ambiente SEMA e o setor responsável da Prefeitura Municipal. O papel

destes órgãos de acordo com os proprietários está pautado em processos de licenciamento e

fiscalização do cumprimento de condicionantes, além de observar o consumo de madeira

proveniente das origens já citadas para fins de controle do desmatamento ilegal.

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Na cidade de Seabra ainda não existe uma legislação ambiental municipal em vigor, assim

a produção e destinação de resíduos sólidos de empreendimentos é responsabilidade do

proprietário, o que implica em destinos variáveis para os resíduos, sendo comumente

praticado no município o abandono em lixões, reuso e reciclagem dos mesmos. Quanto à

geração de resíduos foi possível observar que o destino deste subproduto dos processos de

beneficiamento da madeira nos estabelecimentos é voltado para o descarte em lixões em

50% das empresas consultadas, são vendidos para abastecer fornos da região por 33,33%

dos locais entrevistados e doados para produtores rurais por 16,66% dos entrevistados.

Assim, parte significativa dos resíduos é vendida para outros setores comerciais para

utilização do material em fornos e ainda há locais que descartam totalmente o material

como rejeito. Associado a este aspecto, embora o cumprimento de condicionantes seja um

fator determinante para funcionamento da atividade, não foi verificado a adoção de plano

de gerenciamento de resíduos sólidos, bem como, a adoção de critérios que considerem

fatores ambientais no processo de produção.

De acordo com os dados coletados 428 Kg de resíduos são gerados mensalmente pelo setor

madeireiro de Seabra. Destes 300kg (70%) são aproveitados e 128 Kg (30%) são

descartados em lixões. Pode-se perceber que os estabelecimentos que geram maior

quantidade de resíduos realizam o aproveitamento, principalmente para abastecer fornos

locais, enquanto os menores produtores descartam os resíduos em lixões.

CONCLUSÕES

A utilização de espécies de florestas nativas influencia na baixa expansão do comércio

madeireiro em função da distância de origem, o que teoricamente, gera uma participação

relativamente menor na atividade de sua exploração. Os resíduos gerados dos processos

não incrementam a produção e, em sua maioria, é repassado para outros setores.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FRUMHOLF, P. C. Conserving wildlife in tropical forests managed for timber.

Bioscience, 1995, n.45, p.456-464

MARTINI, A., ROSA, N., UHL, C. Espécies Madeireiras: Primeira Tentativa de

Avaliar a Resistência aos Impactos da Exploração.Ciência Hoje, 1993, n.16, p.11-13.

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GESTÃO AMBIENTAL E UNIVERSIDADE: O CASO DOS CURSOS

PROMOVIDOS PELO PROJETO RECICLUESB, DA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA

Andrêssa Mota Rios Barreto², Alcides Pereira Santos Neto², Anne Mota Vinhas²,

Laís Caetano de Oliveira².

²Estudantes do curso de Engenharia Florestal, UESB. [email protected],

[email protected], [email protected] e [email protected]

RESUMO:Este trabalho relata as contribuições sócio-ambientais do projeto de extensão

Gestão Ambiental e Cidadania, focalizando os cursos realizados nos anos de 2008 e 2009

na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e ministrados pelos professores desta

instituição. Em termos de quantidade de participantes, totalizaram-se 125, sendo 30 no

curso intitulado Percepção Ambiental, 50 em Legislação Ambiental, 30 em Identificação

Macroscópica de Madeiras e 15 em Programas Computacionais Voltados ao Meio

Ambiente. As ações demonstram a relevância do Projeto na região, o qual desempenha

papel na formação de indivíduos conscientes.

Palavras-chave: Geração de resíduos. Coleta Seletiva. Consumo sustentável.

ABSTRACT: This paper describes the social and environmental contributions of the

extension project Environmental Management and citizenship, focusing on the courses

taken in the years 2008 and 2009 at the University of Southwest Bahia and taught by

teachers of this institution. In terms of number of participants amounted to 125, with 30 in

the course entitled Environmental Perception, 50 in Environmental Law, 30 in

Macroscopic Identification of Wood and 15 Computer Oriented Programs in the

Environment. The actions demonstrate the relevance of the project in the region, which

plays a role in the formation of conscious individuals.

INTRODUÇÃO

O projeto Gestão Ambiental e Cidadania (RECICLUESB) é uma atividade

extensionista de caráter contínuo, cujo enfoque é dado à temática meio ambiente e

desenvolvimento sustentável, com atuação no município de Vitória da Conquista, junto à

comunidade acadêmica da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, professores e

alunos da rede pública de ensino, representantes de entidades, associações de bairros, e

demais interessados. Nesta perspectiva, acontece a geração de multiplicadores

sensibilizados, conscientes e atuantes, principalmente, no que diz respeito ao descarte

adequado do lixo e o estímulo para a não geração e a minimização de resíduos.

A extensão universitária é uma ferramenta de grande importância, como política

pública, para ser usada como inserção social, aproximando a academia das comunidades

que a envolve. Das diversas ações promovidas pelo Projeto, destaca-se a realização de

cursos com temáticas ambientais voltados à comunidade como um todo, aproximando

muitos segmentos sociais da Universidade. O presente trabalho destaca quatro destes

cursos: Percepção Ambiental, Legislação Ambiental, Identificação Macroscópicos de

Madeiras e Programas Computacionais Voltados ao Meio Ambiente.

Assim, este trabalho objetiva relatar as contribuições sócio-ambientais do projeto de

extensão Gestão Ambiental e Cidadania, focalizando os cursos de capacitação promovidos

junto à sociedade em geral.

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MATERIAL E MÉTODOS

Os cursos, realizados nos anos de 2008 e 2009, foram promovidos pelo projeto de

extensão denominado Gestão Ambiental e Cidadania (RECICLUESB), pertencente a Pró-

Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários – Proex da Universidade Estadual do

Sudoeste da Bahia (UESB), localizada na Estrada do Bem Querer, Km 4, município de

Vitória da Conquista Bahia. Estudantes de graduação em Engenharia Florestal e Ciências

Biológicas, além de funcionários e docentes da Universidade, envolveram-se na

organização de cada curso.

Os quatro cursos oferecidos possuíam carga-horária variando entre quatro e 8 horas,

sendo ministrado por docentes da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.

Tendo como público alvo a sociedade em geral, os cursos e respectivos ministrantes,

datas, local e público alvo são os seguintes:

A. Percepção Ambiental – Professor Doutor em Ecologia e Recursos Naturais

Alessandro de Paula, realizado em agosto de 2008, no Centro de Extensão da

UESB.

B. Legislação Ambiental – Professora Mestre em Ciências Florestais, Daíse Cardoso

Bernardino, realizado em novembro de 2008, no Centro de Extensão da UESB.

C. Identificação Macroscópica de Madeira – Professor Mestra em Ciências Florestais

e Ambientais, Gilmar Correia Silva, realizado em abril de 2009, no Laboratório de

Ecologia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.

D. Programas Computacionais Voltados ao Meio Ambiente – Professor Doutor em

Ciências Florestais Luis Carlos Freiras,, realizado em junho de 2009, no

Laboratório de Geoprocessamentos da Universidade Estadual do Sudoeste da

Bahia.

Realizou-se a divulgação dos cursos por meio de cartazes, além da divulgação de

toda a programação no site da Universidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ações direcionadas ao uso sustentável dos recursos naturais mostram relevância cada

vez maior, uma vez que à medida que a humanidade aumenta sua capacidade de intervir na

natureza para satisfação de necessidades e desejos crescentes, surgem tensões e conflitos

quanto ao uso do espaço e dos recursos. De acordo com Loureiro (2003), a questão

ambiental constitui uma das mais importantes dimensões de atenção e análise por parte dos

múltiplos segmentos, grupos e classes sociais que compõem a sociedade contemporânea.

Os resultados alcançados pelo Projeto, através dos cursos oferecidos, traduzem-se na

formação de uma sociedade mais consciente do seu papel como protagonista na promoção

do desenvolvimento sustentável.

Em termos de quantidade de participantes, totalizaram-se 125, sendo 30 no curso

intitulado Percepção Ambiental, 50 em Legislação Ambiental, 30 em Identificação

Macroscópica de Madeiras e 15 em Programas Computacionais Voltados ao Meio

Ambiente. Observou-se a grande participação de educadores da rede de Ensino Básico,

sobretudo nos dois primeiros cursos. A presença de pessoas de cidades vizinhas também,

chama atenção o sucesso alcançado pelos cursos.

A extensão universitária é uma forma de interação existente entre a universidade e a

sociedade e seus diversos setores. Funciona como uma via de duas mãos, em que a

Universidade leva conhecimentos e/ou assistência à comunidade, e recebe dela influxos

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positivos como retroalimentação tais como suas reais necessidades, seus anseios,

aspirações e também aprendendo com o saber dessas comunidades.

CONCLUSÃO

A universidade, através da Extensão, influencia e também é influenciada pela

comunidade, ou seja, possibilita uma troca de valores entre a universidade e o meio.

Assim, os conhecimentos ligados à temática ambiental não se traduzem em privilégio

apenas da minoria que é aprovada no vestibular, mas difundido pela comunidade,

consoante os próprios interesses dessa mesma comunidade.

REFERÊNCIAS

LOUREIRO, C. F. B. O Movimento Ambientalista e o Pensamento Crítico: uma

abordagem política. Rio de Janeiro: Quartel Editora & Comunicação Ltda, 2003. p.35.

PROEXT. Programa de Extensão Universitária Trabalha Inclusão Social MEC /

PROEXT, Brasília, DF. 2005 . p. 24.

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 95

IDENTIFICAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES ARBÓREAS

DO CAMPUS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA

BAHIA- VITÓRIA DA CONQUISTA BAHIA

Warlei Souza Campos¹, Flavia Maria Silva Brito², Theotônio Ângelo de Oliveira³, Nayane

Ameral Santos4

1Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia- Vitória da Conquista-BA - Estudante do

Curso de Engenharia Florestal - [email protected];

[email protected]; [email protected]; nay-

[email protected];

²Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - Vitória da Conquista - BA

RESUMO: O campus da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia em Vitória da

Conquista situa-se em uma área de 278 ha. Sua estrutura física soma um total de 22.311 m²

de salas de aulas, laboratórios, biblioteca, auditórios, módulos administrativos e

acadêmicos e ginásio de esportes, além de jardins e áreas arborizadas. Estas áreas são

utilizadas constantemente por estudantes em aulas práticas do curso de Engenharia

Florestal. Para auxiliar a realização destas aulas, objetivou-se então realizar um inventário

das árvores do campus, fazendo-se a identificação e quantificação dessas espécies. No

levantamento, foram inventariadas 354 árvores, dessas, 47,4% são nativas e 48,5 exóticas e

4,1% não foram identificadas. A espécie Ficus benjamina L. popularmente conhecida

como fícus, foi a que apresentou maior ocorrência, com 65 indivíduos, seguida da

Caesalpinia. peltophoroides Benth. com 59 indivíduos. Essas espécies estão distribuídas

em 24 famílias caracterizando uma grande diversidade no local.

Palavras-chave: inventário florestal; arborização; planejamento

1. INTRODUÇÃO

A vegetação, pelos vários benefícios que pode proporcionar ao meio urbano, tem

um papel muito importante no restabelecimento da relação entre o homem e o meio

natural, garantindo uma melhor qualidade de vida. Nas últimas décadas, foram realizados

trabalhos científicos abordando a preocupação com a arborização urbana, dessa forma

produzindo novos conhecimentos a respeito do comportamento das árvores nesse

ambiente. Grey & Deneke (1978), definem a arborização urbana como o conjunto de

árvores que se desenvolvem em áreas públicas e privadas em uma cidade, visando o bem

estar sócio-ambiental, fisiológico e econômico da sociedade local. Fernandes (2002)

ressalta que a vegetação urbana desempenha funções muito importantes sob vários

aspectos: proporcionam bem estar psicológico ao homem, melhor efeito estético, sombra

aos pedestres e veículos, direcionam o vento, amortecem o som, amenizando a poluição

sonora, reduzem o impacto da água de chuva e seu escorrimento superficial, auxiliam

também na diminuição da temperatura, pois, absorvem os raios solares e refrescam o

ambiente pela grande quantidade de água transpirada pelas folhas, melhoram a qualidade

do ar, preservam a fauna silvestre. Dessa forma faz-se necessário um bom planejamento da

arborização urbana levando em consideração todas as condicionantes técnicas tais como,

condições do ambiente, características das espécies, largura das calçadas e rua, fiação aérea

e subterrânea, asfaltamentos, diversificação das espécies além do plantio e manejo das

espécies.

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 96

Moura et al. (1997), realizou um levantamento da arborização no campus da

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, e foram registradas 212 árvores,

pertencentes a 16 famílias e 37 espécies dessas onze são leguminosas que constituíram a

predominância dessa arborização. Paiva et al. (2002) conclui que no canteiro central da

Universidade Federal de Lavras - MG, existem 46 espécies de árvores que foram plantadas

aleatoriamente com objetivo de embelezamento e uso em aulas práticas. Com o presente

trabalho objetivou-se fazer a identificação e quantificação das espécies arbóreas

localizadas no campus da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia em Vitória da

Conquista BA, para auxiliar a realização de aulas práticas.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1. Descrição da área de estudos

Esse trabalho foi realizado no campus da Universidade Estadual do Sudoeste da

Bahia, localizado na Estrada do Bem-querer, Km 04 - Bairro Universitário, Vitória da

Conquista, situada no sudoeste da Bahia. Localizada a 14º 50'19"S e 44º 50'19"W, a uma

altitude de 921 metros, o clima é semi-árido e considerado ameno em função da altitude, a

precipitação varia de 700 a 1100 mm anuais e a temperatura média anual é de 21 ºC.

De acordo com a prefeitura de campi da Universidade Estadual do Sudoeste da

Bahia o campus de Vitória da Conquista situa-se em uma área de 278 ha. Sua estrutura

física soma um total de 22.311 m² de salas de aulas, laboratórios, biblioteca, auditórios,

módulos administrativos e acadêmicos e ginásio de esportes. Para fins do levantamento da

arborização existente a área de estudo foi subdividida em blocos de observação delimitados

por módulos, esses módulos correspondem a: 1) Módulo I e II; 2) Módulo Biblioteca; 3)

Módulo Luizão; 4) Módulo laboratórios.

2.2. Levantamento de dados

Realizou-se um inventário florestal 100%. Foram avaliadas todas as árvores com

DAP acima de 10 cm e as árvores bifurcadas com essa mesma medida logo abaixo da

primeira bifurcação (caso não atinja 1,30 m) que estavam situadas ao longo dos passeios

ou em canteiros centrais dos referidos módulos. Nesse levantamento foram coletados dados

morfológicos das espécies tais como; aspecto geral (hábito), tronco, raízes, ramificações,

folhas, flores, frutos, sementes. As espécies foram fotografadas e as que por ventura não

foram identificadas no local conforme Tabela 1 foram coletadas exsicatas e estas levadas

ao herbário deste campus para posterior identificação.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

No inventário, foram avaliadas 354 árvores, dessas, 47,4% são nativas e 48,5

exóticas e 4.1% não identificadas. A espécie, Ficus benjamina popularmente conhecida

como fícus, foi a que apresentou maior ocorrência, com 65 indivíduos, seguida da

Caesalpinia. peltophoroides com 59 indivíduos. Na Tabela 1 são apresentados os nomes

comuns, científico, família, origem e o número de indivíduos de cada espécie arbórea

localizada nos módulos do campus da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, em

Vitória da Conquista - BA.

TABELA 1- Espécies arbóreas presentes no campus da Universidade Estadual do

Sudoeste da Bahia. Vitória da Conquista. BA

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Nome comum Nome científico Familia Origem Nº de

indivíduos

Ficus Ficus Benjamina Moraceae Exótica 65

Sibipiruna Caesalpinia. peltophoroides Caesalpinaceae Brasil 59

Casuarina Casuarina equisetifolia Casuarinaceae Exótica 23

Palmeira Imperial Roystonia regia Palmae Exótica 21

Madeira nova Pterogyne nitens Caesalpinaceae Brasil 20

Oiti Licani tomentosa Rosaceae Brasil 16

Pata de vaca Bauhinia forficata Caesalpinaceae Brasil 11

Sombreiro Clitoria fairchildiana Fabaceae Brasil 10

Ipê-amarelo Tabebuia serratifolia Bignoniaceae Brasil 9

Flamboyant Delonix regia Fabaceae Exótica 8

Ipê-roxo Tabebuia impetiginosa Bignoniaceae Brasil 8

Boguevilhe Bougainvillea sp. Nyctaginaceae Brasil 8

Palmerinha Dypsis lutescens Arecaceae Exótica 8

Murta Murraya paniculata Rutacea Exótica 6

Jacarandá mimoso Jacaranda mimosifolia Bignoniaceae Exótica 5

Pau-Ferro Caesalpinia ferrea Caesalpinioideae Brasil 5

Bisnagueira Spathodea campanulata Bignoneaceae Exótica 5

Sete cascas Astronium fraxinifolium Anacardiaceae Brasil 4

Cassia Cassia grandis Fabacea Brasil 4

Manga Mangifera indica Anacardiaceae Exótica 3

Pau-brasil Caesalpinia echinata Fabaceae Brasil 3

Quaresmeira Tibouchina granulosa Melastomataceae Brasil 3

Castanheiro Terminalia catappa Combretaceae Exótica 3

Macadâmia Macadamea integrifolia Proteaceae Exótica 3

Monguba Pachira aquatica Bombacaceae Exótica 3

Cedro Australiano Toona ciliata Miliaceae Exótica 3

Salgueiro colunar Salix nigra Salicaceae Exótica 3

Tento -carolina Adenanthera pavolina Fabaceae Exótica 3

Jacarandá da baía Dalbergia nigra Fabaceae Brasil 2

Tamarindo Tamarindus indica Fabaceae Exótica 2

Nespera Eriobotrya japônica Rosaceae Exótica 2

Algaroba Prosopis juliflora Mimosaceae Brasil 2

Acácia Acacia mangium Mimosaceae Exótica 1

Pinheiro-do- Parana Araucaria angustifolia Araucariaceae Brasil 1

Cipreste Cupressus sp. Cupressaceae Exótica 1

Abacate Persea americana . Lauraceae Exótica 1

Jaca Artocarpus interglifolia Moraceae Brasil 1

Amora Norus nigra Moraceae Exótica 1

Chuva de ouro Cassia fistula Caesalpinaceae Exótica 1

Bico de papagaio Euphorbia pulcherrima Euforbiacea Exótica 1

Espirradeira Chorisia speciosa Malvaceae Brasil 1

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Nome comum Nome científico Familia Origem Nº de

indivíduos

Boleira Joanesia princeps Euphorbiaceae Brasil 1

Não Identificada Myrtaceae sp Myrtaceae - 2

Não Identificada Prosops sp Prosops - 3

Não Identificadas Palmae Palmae - 3

Não Identificadas - - - 6

4. CONCLUSÃO

Com a realização deste trabalho, concluiu-se que existem 354 indivíduos arbóreos

com DAP acima de 10 cm, distribuídos em 42 espécies identificadas e em 24 famílias. O

que caracteriza uma grande diversidade de espécies. A identificação e quantificação dessas

árvores facilitarão um novo planejamento para o plantio de novas árvores, que poderão ser

utilizadas em aulas práticas e no embelezamento do campus.

5. REFERÊNCIAS

FERNANDES Kathia,D.F.S. Arborização Urbana. Boletim Acadêmico. Serie

Arborização Urbana. UNESP/FCAV/FUNEP.Jaboticabal, SP – 2002.69p

GREY, G.; DENEKE, F. J. Urban forestry. New York: Wiley,1978. 279 p.

LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas

arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum, v.1, 1992. 352p.

LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas

arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum, v.2, 1998. 352p

LUIS, D.K.; IMANÂ, J.C.; ELIAS, J.P. Levantamento da arborização do campus da

Universidade de Brasília. Cerne, v. 11, n. 2, p. 127-136, abr./jun. 2005.

MILANO, M. S. Arborização urbana. Curitiba: UFPR, 1995. 120 p (Apostila)

MOURA, F. A. E.; OLIVEIRA, R. T.; MAGALHÃES, L. M.S.; SOBRINHO, J. A.

Mapeamento, identificação botânica e caracterização plástica das árvores do campus da

UFRRJ/quadra dos alojamentos. Revista Floresta e Ambiente, v. 4, 1997.60p

PAIVA, P. D. de O. et al. Identificação e caracterização das espécies arbóreas do canteiro

central da Universidade Federal de Lavras/MG. Ciênc. agrotec., v. 28, n. 3, p. 515-519,

maio/jun. 2004.

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IMPACTOS DA UTILIZAÇÃO DA MADEIRA NATIVA NA

INDUSTRIALIZAÇÃO DE PRODUTOS FLORESTAIS Mabel de Oliveira Santos

1, Regileide Santana Franco Cândido

1, Raoni Sousa

Botelho1,Gilmar Correia Silva

2

1UESB, Vitória da Conquista

e-mail: [email protected], [email protected],

[email protected], [email protected]

RESUMO: Este trabalho foi desenvolvido com base em informações prestadas por

estabelecimentos que utilizam a madeira como matéria-prima na industrialização de seus

produtos comercializados no município de Vitória da Conquista – BA. Foi verificado que a

grande maioria da matéria-prima, cerca de 88%, é oriunda da exploração de florestas

nativas das regiões norte ou sul do país, e apenas 12% proveniente de plantios de eucalipto

ou pinus. Sendo assim, percebe-se que os impactos ambientais oriundos da exploração,

industrialização e comercialização de produtos madeiráveis quando não manejados

tecnicamente, tendem a reduzir gradativamente a fonte principal de matéria-prima,

interferindo diretamente na dinâmica ambiental, econômica e social de uma região. Assim,

objetivo deste trabalho, foi avaliar os potenciais impactos causados e limitações de

mercado em função da utilização maciça de espécies nativas no município.

Palavras-chave: Floresta nativa; Industrialização de produtos florestais; Impactos.

INTRODUÇÃO

O método que tradicionalmente se explora as florestas nativas é economicamente

rentável, não considerando os princípios de sustentabilidade da produção florestal. Os

impactos da utilização da madeira e de produtos madeiráveis, tanto nos ecossistemas

quanto para a sociedade, devem ser levados em consideração, sejam eles positivos ou

negativos. Sendo positivos, saber explorá-lo de maneira eficaz, sendo negativos, procurar

utilizá-lo de maneira sustentável promovendo a redução dos impactos em função da

exploração, tais como, a compactação do solo, alteração das características físicas,

dificultando a regeneração natural da floresta.

Carvalho et al. (2006) consideram que as principais características da indústria

madeireira brasileira são: grande número de pequenas unidades de produção, localização

geográfica bastante descentralizada, as tecnologias e equipamentos utilizados são

nacionais, geralmente remunera atributos de qualidade e têm baixos investimentos anuais,

além de possuir carência de mão-de-obra qualificada.

O setor florestal tem uma grande importância como fornecedor de energia ou

matéria-prima para a indústria da construção civil e de transformação, apresentando no

Brasil, características mais singulares em razão do país contar com recursos florestais

abundantes (BUAINAIN & BATALHA, 2007). Assim, o consumo de madeira para uso

industrial no Brasil passou de 66 milhões de metros cúbicos (m³), em 1990, para 156

milhões de m³, em 2006.

Este trabalho tem como objetivo analisar os impactos gerados pela utilização da

madeira nativa na industrialização e a comercialização de produtos florestais no município

de Vitória da Conquista - BA, analisando os impactos positivos e negativos gerados.

1 Discente do Curso de Engenharia Florestal, UESB, Estrada do Bem Querer, km04, Vitória da Conquista – BA.

2 Docente do Curso de Engenharia Florestal, UESB, Estrada do Bem Querer, km04, Vitória da Conquista – BA.

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MATERIAIS E MÉTODOS

O presente trabalho foi realizado no município de Vitória da Conquista -BA, região

que possui um clima tropical de altitude, amenizado pela altitude elevada (mais de 1.000

metros) predominantemente, sendo uma das cidades mais frias do Norte/Nordeste do país

registrando temperaturas inferiores a 7°C em vários dias do ano.

Possui um relevo geralmente pouco acidentado na parte mais elevada, suavemente

ondulada, com pequenas elevações de topos arredondados. Seus vales são largos,

desproporcionais aos finos cursos d'água que aí correm, de fundo chato e com cabeceiras

em forma de anfiteatro. Ocorrem no platô elevações geralmente de encostas suaves

(embora existam aquelas com encostas íngremes), que podem atingir 1.000m ou mais. A

vegetação da região é caracterizada por apresentar diferentes faixas:

Faixa A - Caatinga ou cobertura acatingada - Vegetação típica de áreas com deficiências

hídricas acentuadas, incompatíveis com a cafeicultura. Seus solos são em geral rasos,

pedregosos e acidentados.

Faixa B - Carrasco, também conhecido como "campos gerais” ou cerrado - É uma

vegetação baixa, mais aberta, típica de terra muito pobre e seca. Encontra-se em solos

arenosos.

Faixa C - Mata de Cipó. Esta cobertura parece ser a predominante no platô. Vem em geral

logo abaixo do carrasco. É uma vegetação alta, fechada com muitas lianas, ou cipós,

epífitas (orquídeas) e musgos (barba de mono). Encontram-se muitas madeiras de lei, como

pau-de-leite, jacarandá, angico, etc. Também farinha-seca, ipê (pau-d'arco) são frequentes.

Faixa D - Mata-de-Larga. É mais baixa e mais aberta que a de Cipó. Apresenta muita

samambaia, sapé, capim Andrequicé e muitas leguminosas. São também encontradas

muitas palmeiras, planta que falta na Mata-de-Cipó. As áreas de Mata-de-Larga são mais

úmidas.

Faixas E e F - Mata Fria e Mata Fluvial Úmida - São as vegetações que aparecem nas

bordas e nas escarpas sudeste do platô, logo depois da Mata-de-Larga. São áreas úmidas

que estão sob influência das correntes aéreas frias e úmidas vindas do oceano. A mata não

apresenta praticamente nenhuma madeira de lei. Predomina a madeira

branca."(MEDEIROS, Ruy H. A., 1996 ).

A comercialização de produtos madeireiros é voltada especialmente para

construção civil na região, cuja demanda apresenta-se em uma curva positiva a pelo menos

alguns anos. O município não apresenta unidade de produção comercial para desdobro

primário da madeira, sendo obtidas peças oriundas das regiões norte e sul, na sua grande

maioria, onde se procede o processamento secundário e acabamento de peças.

Neste estudo foram levantadas informações através da aplicação de alguns

instrumentos, tais como:

- Aplicação de Questionários: este caracteriza como técnica de pesquisa direta,

onde foi utilizado como um tipo de observação.

- Entrevista: realizada com proprietários das madeireiras, sendo fundamental para

a compreensão do processo de utilização e industrialização dos produtos florestais.

- Levantamento Bibliográfico: foi realizada uma pesquisa buscando material

bibliográfico que caracterizasse a atividade comercial envolvendo a utilização de madeira

como matéria-prima

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 101

Foram coletadas informações referentes às empresas do setor florestal, com a

intenção de se analisar os procedimentos e identificar os impactos causados pela utilização

de espécies nativas na comercialização de produtos industrializados. 14 pontos comerciais

cadastrados na Prefeitura Municipal, cujas atividades envolvem a comercialização de

produtos madeireiros, seja na transformação primária, secundária ou no beneficiamento e

produção de peças para diversos fins foram analisadas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A comercialização dos produtos madeireiros em Vitória da Conquista tem como

base a utilização de matéria-prima oriunda de florestas nativas, cujas espécies apresentam

maior valor comercial. Esta representa cerca de 88%, enquanto 12% são oriundas de

plantios de eucaliptos ou pinus, provenientes da própria região ou do sul do país.

Considerando a aquisição média anual de 1.760,04m3 de madeira e ainda os dados de

exploração nos estados de origem, pode-se inferir sobre a participação do Município de

Vitória da Conquista no processo de exploração florestal no país.

Um fator averiguado foi a ausência do interesse comercial pelas espécies de floresta

plantada, que tem ainda uma pequena participação. Comparando com outros municípios de

outras regiões, pode-se considerar um valor extremamente baixo, visto as possibilidades e

qualidade do material dessas espécies. O maior entrave observado refere-se ao

conhecimento das propriedades tecnológicas de espécies como o eucalipto.

Por outro lado, a centralização na utilização de espécies nativas oriundas de outras

regiões, interferem na expansão da atividade comercial, uma vez que se faz necessário o

transporte a longas distâncias, interferindo no custo final, na qualidade da madeira, e

também na regularização junto a órgãos fiscalizadores. Estes têm o papel pautado em

processos de licenciamento e fiscalização, além de observar o consumo de madeira e a sua

origem.

A Tabela 1 apresenta os impactos potenciais gerados pela utilização de espécies

nativas, sem a utilização de técnicas de manejo adequado, na comercialização de produtos

madeireiros pelo município.

Tabela 1. Impactos potenciais gerados pela utilização de espécies nativas sem manejo

adequado.

Impactos Potenciais Negativos Impactos Potenciais Positivos

Comprometimento da diversidade de espécies da

fauna e da flora Geração de empregos

Redução da capacidade produtiva das florestas Obtenção de matéria-prima pré-industrializada

reduzindo custo com energia

Alteração na qualidade de vida da população do

entorno Redução de área para estocagem

Predisposição à queimadas Maior valor do produto comercializado

Erosão e empobrecimento do solo Comercialização de acordo com a demanda da

região

Alteração na qualidade do ar e das águas Manutenção das áreas na região de destino

Os impactos ambientais oriundos da exploração, industrialização e comercialização

de produtos madeiráveis quando não manejados tecnicamente, tendem a reduzir

gradativamente a fonte principal de matéria-prima, interferindo diretamente na dinâmica

ambiental, econômica e social de uma região. Em princípio, a perspectiva no incremento

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 102

da atividade em Vitória da Conquista, depende atualmente, de acordo com a maioria dos

proprietários, de um pólo florestal, associada a uma assistência técnica que propicie a

industrialização de uma madeira de qualidade, capaz de satisfazer as demandas da região.

CONCLUSÃO

A utilização de madeiras nativas no município de Vitória da Conquista, voltada

para a industrialização e comercialização dos seus produtos, teve como fator limitante a

carência de matéria-prima de origem local, a falta de informação sobre o manejo adequado

para as condições de armazenamento, a utilização e propriedades tecnológicas de madeiras

provenientes de florestas plantadas.

REFERÊNCIAS

BUAINAIN, A. M.; BATALHA, M. O. Cadeia produtiva de madeira. Brasília: IICA:

MAPA/SPA, 2007. 84p.

CARVALHO, R. M. M. A.; SOARES, T. S.; VALVERDE, S. R. Setor florestal é destaque

na economia brasileira. Revista da madeira. Curitiba, n.95, 2006.

GOMES, F. P.; GARCIA, C. H. Estatística aplicada a experimentos agronômicos e

florestais: exposição com exemplos e orientações para uso de aplicativos. Piracicaba:

FEALQ, 2002. 309p.

MARTINS, S. S et al. Impactos da exploração madeireira em florestas nativas sobre alguns

atributos físicos do solo. Revista Árvore. Viçosa, v.22, n.1, p.69-76, 1998

MEDEIROS, R. H. Notas Críticas ao livro "O Município da Vitória"de Tranquilino

Torres. Vitória da Conquista: Museu Regional; UESB, 1996. 87p.

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IMPACTOS GERADOS PELA ATIVIDADE CERAMISTA E

CONSUMO DE LENHA NOS MUNICÍPIOS DE PIATÃ E ABAÍRA

Edmar de Souza Araújo1, Juliana Gomes Messias

2, Elton Rodrigo Pereira Veiga

3,

Gilmar Correia Silva4

1,2,3,4UESB, Vitória da Conquista

e-mail: [email protected]

RESUMO: O desmatamento gerado pela implantação de culturas agrícolas e outras

práticas exploratórias para atender a demandas econômicas, tem gerado grande

desequilíbrio ambiental em várias regiões do país. A atividade relacionada a fabricação de

produtos cerâmicos demanda uma grande área de florestas nativas ou exóticas. Esta

atividade é uma das principais fontes propulsoras da economia nos municípios de Piatã e

Abaíra, localizadas na região da Chapada Diamantina na Bahia. O município de Piatã e

Abaíra ficam a 24km de distância, apresentam clima e vegetação distintas, porém

assemelham-se nos impactos gerados pela atividade ceramista na região. O presente

trabalho vem a analisar os impactos ambientais gerados com o consumo de lenha para a

produção de tijolos e blocos nos município de Piatã e Abaíra.

Palavras-chave: Lenha, Impactos, Cerâmica.

INTRODUÇÃO

O município de Piatã e Abaíra estão situados na Chapada Diamantina no centro da

Bahia, onde nascem quase todos os rios das bacias do Paraguaçu, do Jacuípe e do Rio das

Contas. Compõe a unidade geológica conhecida como a serra do espinhaço. Apresenta-se

em geral como um altiplano extenso, com altitude média entre 800 e 1.200m. Os dois

pontos mais altos da Bahia estão na Chapada: o Pico do Barbado com 2.080m (o mais alto

do nordeste) e o Pico das Almas com 1.958m.

Sistemas de manejos empregados em biomas localizados na região nordeste

deveriam ser mais frequentes, a fim de reduzir possíveis impactos ambientais gerados pela

falta de um planejamento adequado de extração de madeira. Geralmente é praticado através

de desmatamentos e queimadas oriundas de práticas agrícolas, principal atividade da

região. A demanda por madeira foi aumentando à medida que foram surgindo novas

atividades econômicas no Brasil e não diferente nos municípios de Piatã e Abaíra. Essa

demanda é mais frequente e mais remota quando se refere às padarias da região, que há

décadas utilizam a madeira como principal fonte de energia, e que atualmente os olhos da

sociedade estão voltados para a fábrica de telhas e blocos. Em decorrência dessas

atividades que pouco se preocupava com a preservação de recursos naturais, as florestas

nativas heterogênea ficaram mais escassas não podendo atender a demanda de lenha para

todos os interesses.

A busca pelo desenvolvimento sustentável está diretamente ligada ao grau de

satisfação da sociedade em relação às suas expectativas. Essas expectativas são

consideradas por Flores & Nascimento (1994) como relacionadas ao estádio de

desenvolvimento sob os aspectos social, econômico, ecológico e político. A garantia da

reprodução de um sistema produtivo é manter a renovação de seus elementos constitutivos

e das funções que garantem esta renovação. A retirada de florestas e vegetações nativas

para a construção de infra-estrutura agrícola e pecuária, em geral, fraciona e reduz o espaço

dos ecossistemas naturais, provocando a diminuição considerável da fauna local. De

acordo com Alvarenga (1996) no tocante a indicadores de impactos, observa-se que alguns

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 104

parâmetros são bastante sensíveis às alterações provocadas pelos diferentes manejos

adotados em diferentes atividades. Este trabalho teve como objetivo, analisar os impactos

ambientais gerados pelo consumo de lenha para a produção de tijolos e blocos nos

município de Piatã e Abaíra.

MATERIAIS E MÉTODOS

Coleta de dados sobre o ecossistema da região

Segundo o IBGE (2008) o município de Piatã apresenta área geográfica de

1.508,036km2 sendo que a maior parte da sua superfície é constituída por áreas íngremes

que diminui a área disponível para a técnica de plantio florestal. Já o município de Abaíra

de acordo com o IBGE (2008) apresenta área geográfica de 179, 906km² de acordo com os

dados levantados a pequena umidade da localidade é que diminui a técnica de plantio de

árvores.

Exploração madeireira na região

A atividade relacionada à extração de madeira na região da Chapada Diamantina é

constante, mesmo com todas as adversidades relacionada com o seu relevo, clima e o tipo

de vegetação. A época do ano que a região é mais propícia para a ocorrência de incêndios

florestais é no início de setembro, por causa do calor. Passada a época de incêndios, a

vegetação existente é de total destruição o que resta são cinza e pedras e algumas árvores

queimadas e mortas que resistem em ficar em pé. Justamente essas árvores que mais tarde

são extraídas para serem utilizadas para diversas formas de obtenção de energia.

Outra maneira de obtenção de madeira morta é quando a árvore por algum motivo

deixa de realizar sua atividade fisiológica e acaba morrendo. A atividade de

reflorestamento florestal na região ainda é muito pequena tanto com mudas nativas como

mudas exótica. A falta de iniciativas e incentivos fiscais a técnica de reflorestamento são

requisitos para a baixa quantidade de hectares plantados. O município de Seabra é uma das

primeiras cidades a aderir o sistema de reflorestamento com mudas exóticas na Chapada,

visando assim, atender as necessidades do fornecimento de energia para a produção de

produtos cerâmicos e atividades afins.

Dados das Cerâmicas

O trabalho foi realizado em duas unidades distintas, onde se realiza a atividades de

fabricação de produtos cerâmicos. A primeira olaria avaliada localiza-se no município de

Piatã e a segunda olaria no município de Abaíra. A coleta de dados foi realizada pela

verificação local e interpretação de dados obtidos através de questionário sistemático,

incluindo informações que fosse possível diagnosticar os impactos gerados pelo consumo

de lenha como fonte de energia para produção da cerâmica.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi verificado que nos dois municípios, a única fonte de energia utilizada na

produção de blocos e telhas de cerâmica é a madeira, classificada como lenha.

A Figura 1 apresenta as principais fontes de extração da matéria-prima nos dois

municípios desde a sua implantação.

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Figura 1. Fontes de obtenção de matéria-prima para geração de energia nas cerâmicas.

Pode-se verificar que a principal fonte de extração da matéria-prima é oriunda de

remanescentes de florestas nativas, cujo material retirado é considerado madeira morta, ou

seja, troncos e galhos mortos ou com aspecto de baixa atividade fisiológica devido à

prática de queimadas, representando, assim, 40% do total. A extração da matéria-prima

pelo corte de árvores vivas nos remanescentes representa 30%, seguida de árvores de

reflorestamento com 20% e de outras formas, como resíduos que representam 10%.

A Tabela 1 apresenta a matriz de impactos potenciais gerados pela atividade

ceramista, especialmente em relação à utilização de matéria-prima florestal na região.

Tabela 1. Impactos potenciais causadores de degradação do meio ambiente.

Impactos ambientais potenciais Medidas mitigadoras e/ou compensatórias

Redução da diversidade de espécies da

fauna e da flora.

Praticar a conservação da paisagem natural, mantendo os principais

biótopos, considerando a necessidade de manutenção da Reserva

Legal e das demais áreas protegidas por lei.

Selecionar culturas de acordo com o princípio da vocação do local.

Utilizar práticas conservacionistas no sistema de produção e

manejo do solo.

Contaminação dos recursos naturais.

Utilizar rotação de culturas, favorecimento do controle biológico e

integrado de pragas.

Buscar sempre assistência de profissional qualificado para

utilização de produtos.

Aumento da velocidade do vento

devido ao desmatamento.

Implantação de quebra-ventos.

Implantação de sistemas como a agrossilvivultura.

Poluição do ar e liberação de material

particulado devido à queimada.

Banir a prática de queimada, especialmente em grandes áreas,

buscando sempre a orientação e autorização de órgão competente.

Erosão e empobrecimento do solo

especialmente próximo à bacia do Rio

de Contas.

Adotar práticas de conservação que permitam a manutenção da

cobertura e proteção do solo contra intempéries.

Cultivos integrados e pousio.

Formação de faixas de proteção contra erosão, utilizando curvas de

nível e terraços.

Adoção do cultivo mínimo e plantio direto evitando a utilização de

máquinas pesadas.

Reflorestamento de áreas mais pobres e com alto declive.

Adubação orgânica incrementando o teor de matéria orgânica do

solo.

Mudanças climáticas. Planejamento e organização das áreas de produção.

Utilização de cultivares resistentes às variações climáticas.

Contaminação das áreas e dos animais,

devido ao uso inadequado de produtos

químicos.

Evitar o uso de insumos que possam contaminar as áreas de

pastoreio, assim como, produtos veterinários que produzam

resíduos potencialmente perigosos.

Utilização de métodos de controle biológico e/ou integrado de

pragas, visando a redução de agrotóxicos.

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CONCLUSÃO

É possível constatar que a utilização dos recursos florestais para atividade

ceramista, pode provocar, sem prévio planejamento e manejo das áreas, impactos negativos

ao ambiente, promovendo numa escala temporal, consequente perda da capacidade

produtiva do solo, especialmente pelas práticas de queimadas na região. Prevê-se ainda,

uma possível expansão de áreas de extração a fim de atender a demanda comercial das

cerâmicas localizadas nos dois municípios.

REFERÊNCIAS

ALVARENGA, M. I. N. Propriedades físicas, químicas e biológicas de um Latossolo

Vermelho-Escuro em diferentes ecossistemas. Lavras: UFLA, 1996. 211p. Tese

(Doutorado). Universidade Federal de Lavras, 1996.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (Rio de Janeiro, RJ). Produção da

Extração Vegetal e da Silvicultura. IBGE, 2007.

MAILHO, M.L. & CAVANAGHI, V. Gestão de Estoque no Processo de Fabricação:

Um estudo de caso na indústria de processamento de madeira. IV Congresso Nacional

de Excelência em Gestão. 2008.

SIDERSKY, P. Agricultura familiar: uma opção para o Brasil. Rio de Janeiro: AS-PTA, 1994.

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LEVANTAMENTO DA ARBORIZAÇÃO URBANA DO BAIRRO

SANTA RITA, MUNICÍPIO DE POÇÕES, BAHIA Catia Dias do Carmo

1, Danusia Valeria Porto da Cunha

1, João Paulo Silva

1

1Uesb, Vitória da Conquista

e-mails: [email protected]; [email protected];

[email protected]

RESUMO: Realizou-se inventário do tipo censo das árvores existentes no bairro Santa

Rita, município de Poções/BA, visando conhecer sua composição florística. Foram

encontrados 131 indivíduos distribuídos em dez espécies sendo que destes 58,8%

pertencem à espécie Ficus benjamina e 21,8% a espécie Licania tomentosa. Verificou-se a

maior incidência de podas do tipo topiaria sendo a mesma subsidiada pela prefeitura do

município. O vandalismo apesar de pouco significativo em termos percentuais foi

detectado na avaliação qualitativa dos indivíduos.

Palavras-chave: Arborização urbana; Inventário; podas; vandalismo.

INTRODUÇÃO

Rezende (1997) citado por Gonçalves et al. (2004) em consonância com Fiedler, et

al. (2006) descreve como vantagens da arborização urbana a melhoria na qualidade do ar;

efeito quebra-vento; absorção de poeira; aumento do prazer contemplativo, por meio da

melhoria do aspecto estético e visual; estabilidade microclimática e, por conseguinte,

conforto térmico; redução de poluição sonora; valorização de espaços; abrigo e alimento

para pássaros. Dessa forma, a arborização urbana contribui enormemente para a qualidade

de vida e o bem-estar da população, seja de um grande centro urbano ou de pequenas

cidades.

Para Pedrosa (1983) citado por Fiedler et al. (2006), o planejamento na implantação

de novas áreas arborizadas é de extrema importância, pois caso se escolha espécies de

porte compatível não há necessidade de qualquer tipo de poda de manutenção. Entretanto,

em muitas situações o planejamento urbano deixa de incluir a arborização como prática a

ser devidamente planejada, permitindo, muitas vezes, que iniciativas particulares pontuais

e desprovidas de conhecimento técnico atualizado tomem espaço com plantios irregulares

de espécies sem compatibilidade com o planejamento anterior havendo, portanto perda de

eficácia na arborização.

A avaliação da arborização é realizada por meio de inventário qualitativo,

quantitativo ou ainda qualiquantitativo com vistas à manutenção das áreas arborizadas,

prevenção de acidentes e depreciação das vias públicas e ainda visando a inclusão de novas

áreas.

Em relação à composição florística, Santos & Teixeira citados por Pires et al (2007)

coloca que a maioria das cidades brasileiras apresenta-se pouco diversificadas com

predomínio das espécies exóticas em detrimento das possibilidades de se explorar a riqueza

da flora local. Ainda segundo o mesmo autor a uniformização da vegetação nos centros

urbanos constitui um dos maiores perigos para o equilíbrio ecológico devendo ser evitada.

Objetivou-se com este trabalho conhecer a composição arbórea e arbustiva das vias

públicas do bairro Santa Rita como instrumento para seu planejamento.

MATERIAIS E MÉTODOS

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O estudo foi realizado no bairro Santa Rita no município de Poções, Bahia em

detalhe no mapa (Figura 1). A cidade possui uma área total de 962,86 km2

com 44.759

habitantes e está inserida nos biomas Caatinga e Mata (IBGE, 2009). O bairro Santa Rita

foi implantado há mais ou menos 26 anos e possui características de ocupação de padrão

médio com 95% da pavimentação já concluída e 100% da rede de esgotamento implantada.

Predominantemente residencial, o bairro possui 16 ruas apresentando lotes pequenos,

traçado irregular e ruas estreitas com ocupação da população de baixa renda (PDDU2).

Figura 01: Mapa político da cidade de Poções. Fonte IBGE modificado (2009).

O clima na região do Planalto Conquista onde a cidade está inserida é classificado

como C 1 wB’3 a’ (Tornthwait) e Bswh (Koppen), variando de semi-úmido na borda leste

a semi-árido da borda oeste da região do Planalto Conquistense, com temperatura média de

19,5 ºC (BARRETO et al., 1998 apud SOARES FILHO, 2000).

Realizou-se inventário do tipo censo nas dezesseis ruas do referido bairro entre os

meses de junho e julho de 2008.

A identificação das espécies foi realizada através de morfologia comparada, usando

bibliografia especializada e consultas a especialistas.

Observou-se a presença ou ausência de podas classificadas em: de formação,

drástica ou prática de topiaria. As podas de formação são aquelas relativas à condução da

árvore geralmente realizadas no viveiro, mas passíveis de se realizar quando do indivíduo

estabelecido na via pública. A poda drástica é bastante prejudicial ao desenvolvimento da

planta utilizada para rebaixar a copa. E temos ainda a topiaria utilizada para formação de

figuras.

A presença ou ausência de vandalismo também foi observada sendo considerado

como ato de vandalismo as seguintes práticas: injúrias ao tronco provocadas por cortes de

qualquer tipo de lâmina; presença de ramos arrancados; utilização do tronco ou galhos

como suporte para qualquer finalidade como placas de propaganda, cestas de lixo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nas ruas do bairro foram encontradas 131 árvores apresentadas na Tabela 01.

Foram encontradas ainda três mudas não identificadas e uma árvore morta excluídas do

processamento dos dados, por conta do seu não estabelecimento.

2 O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano se encontra em processo de conclusão.

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Tabela 01: Relação das espécies encontradas no bairro.

ESPÉCIES Nome Vulgar N.º de ind. %

Ficus benjamina L. Sempre verde 77 58,8

Licania tomentosa (Benth) Oiti 28 21,4

Ficus benjamina variegata Ficus (branco) 10 7,6

Pachira aquatica Aubl. Falso cacau 09 6,9

Bougainvillea sp. Bougainvillia 02 1,5

Malpighia sp. L. Acerola 01 0,8

Psidium guajava L. Goiabeira 01 0,8

Bauhinia sp. Pata de vaca 01 0,8

Eucalyptus sp. Eucalipto 01 0,8

Senna splendida (Vog) H.S. Irtum & Barnely Canjõao 01 0,8

Total 131

Mais de 58% dos indivíduos são da espécie F. benjamina e 21,4% da L. Tomentosa

totalizando 82% dos indivíduos encontrados pertencentes apenas a duas espécies. Os

resultados estão em consonância com os encontrados por Rocha et al. (2004) que

apresentam as espécies F. benjamina e L. tomentosa entre as três primeiras espécies mais

frequentes. Segundo o mesmo autor a espécie F. Benjamina é inadequada para a

arborização de vias públicas devido à incompatibilização com as estruturas urbanas.

Como previsto a prática de topiaria compreende a maioria das atividades de podas

no bairro (Gráfico 01) sendo subsidiada pela prefeitura. Em 22% dos indivíduos não há

vestígios de podas não significando, entretanto que a mesma não foi realizada.

Gráfico 01: Ocorrência de podas em porcentagem das espécies encontradas.

O vandalismo foi detectado em 30% dos indivíduos indicando a necessidade de

interferência junto à população no sentido de conscientizar sobre a importância da

arborização urbana e sua manutenção.

1%

70%

8%

22%

Ocorência de Podas

Drástica

Topiaria

Formação

Inexistente

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Gráfico 02: Ocorrência de vandalismo em porcentagem das espécies encontradas.

CONCLUSÃO

A quantidade de espécies encontradas no levantamento e sua inadequação com as

vias públicas indicam a ocorrência de plantio indiscriminado no bairro.

O vandalismo apesar de existente não foi apontado como fator de risco à

arborização do bairro, porém deve ser combatido por meio de conscientização da

população.

A topiaria, prática mantida pela secretaria de obras do município pode ser entendida

como medida de prevenção a possíveis danos causados pelos indivíduos arbóreos.

REFERÊNCIAS

FIEDLER, N. C.; SONE, E. H.; VALE, A. T.; JUVÊNCIO; J. de F.; MINETTE. L. J.;

Avaliação dos Riscos de Acidentes em Atividades de Poda de Árvores na Arborização

Urbana do Distrito Federal. Revista Árvore, Viçosa-MG, v.30, n.2, p.223-233, 2006.

GONÇALVES, S.; ROCHA, F.T. Caracterização da Arborização Urbana do Bairro de Vila

Maria Baixa Com SCIENTIAE SAÚDE. Revista Cientifica, UNINOVE – São Paulo. v.2,

p. 67-75. 2004.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em:

<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1> Acesso em: Jul 2008.

PIRES, N. A M. T.; MELO, M da S.; OLIVEIRA, D. E de; Xavier-Santos, S. Diagnóstico

da Arborização Urbana do Município de Goiandira, Goiás. Revista Brasileira de

Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 1, p. 537-539, jul. 2007 .

ROCHA, R. T., LELES, P. S. S.; NETO, S. N. O. Arborização de Vias Públicas em Nova

Iguaçu, Rio de Janeiro: O Caso dos Bairros Rancho Novo e Centro. Revista Árvore,

Viçosa-MG, v.28, n.4, p.599-607, 2004.

SOARES FILHO, A. O. Estudo Fitossociológico de Duas Florestas em Região Ecotonal

no Planalto de Vitória da Conquista. Dissertação (Mestrado) Instituto de Biociências da

Universidade de São Paulo – Departamento de Ecologia. São Paulo, 2000.

70%

30%

Ocorrência de Vandalismo

Ausente

Exixtente

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MANEJO E CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS EM

COMUNIDADES QUILOMBOLAS NA MICRO-REGIÃO DE

VITÓRIA DA CONQUISTA

Adilson Almeida dos Santos1, Laís Ribeiro Lima Lacerda1, Ivana Paula Ferraz Santos de

Brito2, Valdemiro Conceição Júnior3

Discente do curso de Engenharia Florestal, UESB, Vitória da Conquista1; Engenheira

Agrônoma, UESB, Vitória da Conquista2; Docente do Departamento de Fitotecnia e Zootecnia,

UESB, Vitória da Conquista3.

e-mails: [email protected]; [email protected]; [email protected];

[email protected]

RESUMO

Este trabalho buscou demonstrar o manejo e conservação dos recursos naturais realizado

pelos agricultores nas comunidades remanescentes de quilombos da micro-região de

Vitória da Conquista – Bahia. Para tal, foram realizadas etapas de acordo com metodologia

descrita, como revisão de literatura, leitura de paisagem e entrevistas direcionadas a 176

agricultores remanescentes de quilombo. Dessa forma foi possível perceber que os existem

uma grande valorização das terras pelos quilombolas, tendo em vista que a terra é o

principal meio de sobrevivência destes. No entanto, é observado um manejo incorreto dos

recursos naturais sendo que estes usam de técnicas que não garantem uma conservação dos

recursos naturais.

Palavras-chave: Conservação ambiental; Quilombolas; Recursos naturais.

INTRODUÇÃO

Na micro-região de Vitória da Conquista a agricultura familiar predomina na zona

rural, sendo incluídas neste universo as comunidades remanescentes de quilombos.

Comunidades tradicionais, de acordo com a Política Nacional de Desenvolvimento

Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (BRASIL, 2007) são grupos

diferenciados, que se reconhecem como tais, que se organizam socialmente de formas

próprias, que ocupam e usam territórios e recursos naturais para sua reprodução cultural,

social, religiosa e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e

transmitidos pela tradição.

Na cidade de Vitória da Conquista há uma forte presença histórico-cultural afro-

brasileira, e identificadas Fundação Cultural Palmares mais de 25 comunidades

quilombolas (FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES, 2009).

Este trabalho teve por objetivo fazer um diagnóstico do uso e da conservação dos

recursos naturais praticados em comunidades quilombolas na micro-região de Vitória da

Conquista.

MATERIAIS E MÉTODOS

O trabalho foi realizado utilizando-se por base alguns aspectos descritos por Garcia

Filho (1999) na metodologia Análise Diagnóstico de Sistemas Agrários, sendo as

informações levantadas através de questionários. No período compreendido entre março e

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 112

agosto de 2009 foram realizadas leitura de paisagem e aplicação de 176 questionários pré-

estruturados a agricultores de comunidades remanescentes de quilombo, como Água Doce,

Antero, Baixa Seca, Baixão, Bate-pé, Bomba, Boqueirão, Campo Formoso, Cinzento,

Corta Lote, Esconço, Furadinho, Guaribas, Lagoa de Maria Clemência, Lagoa de

Melquiades, Lajinha, Lamarão, Ribeirão dos Paneleiros, São Joaquim, Velame, e, na

micro-região de Vitória da Conquista - Bahia, que permitiram obter informações a respeito

do manejo e da conservação dos recursos naturais.

Para melhor compreensão, e complementação das informações realizadas

entrevistas com lideranças das comunidades que permitiram também conhecer um pouco

mais da história de cada local.

Os dados tabulados foram analisados em planilhas do sistema Microsoft Excel tanto

quantitativa como qualitativamente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As comunidades quilombolas costumam conservar recursos por dependerem e

aprenderem, ao longo das gerações a lidar com a natureza. Como dependem do meio,

buscam trabalhar a propriedade em paralelo à manutenção da qualidade ambiental, muito

influenciada por serem sociedades de consumo reduzido e limitados à pequena produção

agrícola e extração de produtos. O uso dos recursos pelos quilombolas visa à necessidade

de permitir às gerações futuras a qualidade das propriedades que herdarão e terão como

principal meio de sobrevivência.

Mas isto não significa que essas populações sempre conservem o meio e os

recursos disponíveis. A categoria comunidades remanescentes de quilombos tem como

característica uma herança cultural muito forte, herdada anteriormente à herança da terra

(FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES, 2009). Essa forma de aquisição de terras é a

declarada por 77% dos entrevistados. Nesta herança cultural estão presentes práticas de uso

e manejo dos recursos naturais consideradas incorretas e que certamente diminuirão a

qualidade e a quantidade dos recursos disponíveis a cada geração.

Quando perguntados se efetuam derrubada de mata nativa, apenas 22% afirmaram

fazer. Já quando tratamos no uso de lenha na propriedade 91% responderam que usam este

tipo de energia, sendo que desses, a maioria, 78% usam lenha retirada na propriedade e

22% lenha comprada. Essa utilização justifica em muito o fato da realização da derrubada

da mata nativa, assim como pela necessidade de maior quantidade de terra para produzir,

tendo em vista a exaustão do solo com o uso de determinada práticas e depois de longos

períodos produzindo. Na região 47% dos entrevistados realizam queimadas e 48% não

costumam deixar a terra em repouso.

Segundo Sampaio & Sampaio (2009), a agricultura itinerante, que depois da

derrubada e da queima, aproveitando o aumento da fertilidade do solo com as cinzas e a

pouca presença de ervas daninhas, cultiva a terra por alguns anos e depois, em nos poucos

casos em que há o abandono para o pousio, este freqüentemente mais curto que o

necessário, tem efeitos tão drásticos quanto a retirada da lenha.

No entanto, no que diz respeito à consorciação de culturas, 70% dos agricultores a

fazem, visando terras com uma maior vida produtiva, melhorando a utilização da terra, a

exploração de água e nutrientes, a proteção do solo contra erosão, além de aumentar a

eficiência no controle de predadores.

Outra informação importante diz respeito à presença de recursos hídricos na

propriedade, 37% responderam possuir, sendo que 49% estão protegidos. A preocupação

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 113

com a conservação dos recursos hídricos aparenta-se pequena, no entanto é maior que em

outras comunidades não inseridas na categoria remanescentes de quilombos.

CONCLUSÃO

Os dados permitem perceber que da forma como são usados atualmente, os recursos

naturais das propriedades de comunidades remanescentes de quilombos estão perdendo

qualidade e quantidade, por conta de algumas práticas incorretas de uso e manejo destes

recursos. É portanto, necessário desenvolver ações que permitam unir as atuais formas de

conservação com a recuperação dos recursos existentes.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Decreto Presidencial Nº 6.040, de 7 de fevereiro de 2007. Disponível em: <

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6040.htm >. Acesso

em 17 de outubro de 2009.

FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES, MANIFESTO PELOS DIREITOS

QUILOMBOLAS, 2009.

GARCIA FILHO, D. P. Análise e Diagnóstico de Sistemas Agrários - Guia

Metodológico. INCRA/FAO, 1999.65 p.

SAMPAIO, E. V. S. B.; SAMPAIO, Y.; Preservação da vegetação nativa,

especialmente da caatinga: custos e responsabilidades. Universidade Federal de

Pernambuco – UFPE, 2009.

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 114

MATÉRIA-PRIMA E RESÍDUOS NA INDUSTRIALIZAÇÃO DE

PRODUTOS MADEIREIROS NO MUNICÍPIO DE BARRA DO

CHOÇA – BA

Giovanni Correia Vieira1, Mariana de Carvalho Aguiar Ribas

1, Alcides Pereira Neto

1,

Gilmar Correia Silva1

1UESB, Vitória da Conquista

e-mail: [email protected]

RESUMO: O objetivo desse trabalho foi caracterizar a matéria-prima e os resíduos

gerados pelo processamento ou beneficiamento dos produtos madeireiros comercializados

no município de Barra do Choça. Os dados foram obtidos através de entrevistas com

aplicação de questionários aos responsáveis em todas as madeireiras do município. Os

aspectos observados foram a origem da matéria prima, a finalidade da madeira e a

utilização de seus resíduos, bem como, a sua destinação final. Foi observado o consumo

médio de 312,5 m3 de madeira no ano de 2008, sendo essa, na maioria de florestas

plantadas. Também pôde-se observar um baixo aproveitamento dos resíduos gerados nos

estabelecimentos.

Palavras chave: Produtos madeireiros; Matéria-prima florestal; Resíduo madeireiro.

INTRODUÇÃO

O setor florestal é responsável pelo fornecimento de energia, matéria-prima para a

indústria de construção civil e de transformação, sendo o Brasil, um país privilegiado por

estar entre os principais detentores de recursos florestais, possuindo uma extensa área de

florestas tropicais (BUAINAIN & BATALHA, 2007). A Sociedade Brasileira de

Silvicultura estima que o consumo de madeira é de 400 milhões de m3/ano. Desse total,

100 milhões de m3/ano, referem-se ao consumo florestas plantadas para uso industrial e

300 milhões de m3/ano a florestas nativas e plantadas para diversos fins.

Acredita-se que a produção de madeira serrada deverá continuar apresentando taxas

de crescimento positivas, e que o principal responsável pelo aumento da produção de

madeira serrada deverá ser originado de florestas plantadas (eucalipto e pinus). Já a

produção de madeira serrada de florestas naturais deverá estabilizar e sequencialmente

apresentar quedas nas próximas décadas, devido a pressões ambientais, perda de

competitividade em virtude de aspectos regulatórios sobre a matéria-prima (ABIMCI,

2007).

Estima-se que no processamento de uma tora seja aproveitado apenas 35% da

madeira. Os volumes de perdas são muito grandes, mesmo em pequenas serrarias (MADY,

2000). A maioria das serrarias não aproveita os resíduos e possui baixa eficiência no

beneficiamento da madeira. Segundo Leeuwstein (2001), a Legislação Brasileira aponta a

responsabilidade das empresas na estocagem, tratamento de resíduos gerados pelos

processos de produção e descarte final, a partir de procedimentos adequados para a

conservação do meio ambiente. O planejamento correto do corte, uso de maquinários

adequados, investimentos na qualificação dos funcionários podem reduzir os desperdícios.

O aproveitamento dos resíduos, assim, pode reverter-se em lucro para a pequena e média

empresa, além de diminuir o impacto ambiental gerado por essa atividade.

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 115

O objetivo deste trabalho foi caracterizar a matéria-prima e os resíduos gerados na

industrialização de produtos florestais no município de Barra do Choça – BA.

MATERIAL E MÉTODOS

Os dados foram obtidos através de observação “in loco” e aplicação de

questionários aos estabelecimentos comerciais e/ou transformação de produtos madeireiros

do município da Barra do Choça.

Foram avaliados oito estabelecimentos: 1 serraria; 1 movelaria; 2 madeireiras e 4

marcenarias. Observou-se e registrou-se os seguintes aspectos: volume médio de madeira

utilizado no ano de 2008; origem da matéria-prima; as dificuldades na obtenção de

matéria-prima; e o destino final dos resíduos gerados no processamento da madeira.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O volume médio de madeira em 2008 foi de 312,5 m3, valor considerado baixo

quando se considera o porte do município. Os motivos mais citados pelos responsáveis são:

dificuldade de documentação para obtenção da matéria-pirma, floresta com baixo volume

de madeira e o custo da madeira. Cerca de 75% da madeira vem de florestas plantadas, isso

ocorre devido aos plantios de eucaliptos em áreas degradadas próxima da cidade, ao

plantio de grevíleas no sombreamento de café na região e forte fiscalização na região pelo

IBAMA e Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

Os resíduos, como mostra a Figura 1, não são reutilizados no local como

incremento da produção. Cerca de 78% são vendidos para serem queimados, 11% são

doados, 10% são descartados nos lixões da cidade. Isso ocorre pela baixa qualificação

profissional dos trabalhadores e administradores das madeireiras e a cultura da população

local. Esses resíduos podem ser utilizados de diversas formas, como: na geração de

energia, pois segundo Woods & Hall (1994) estimam em 35 EJ/ano (10GW) o potencial

energético dos resíduos da extração florestal, no mundo; em usina de compostagem para

produzir adubo orgânico; artigos doméstico, decorativo, brinquedo, uso pessoal, esportivo,

artesanato, proporcionando renda e diminuindo o desperdício da matéria-prima

(STERNARD, 2002). Opções como transformar a serragem em cilindros compactos

denominados “briquetes”, facilita o manuseio e o transporte, agregando maior valor aos

resíduos, pois substitui diretamente a lenha nos equipamentos onde esta é queimada

(LIMA, 1998).

Figura 1. Destinação dos resíduos gerados no processamento da madeira.

9%

68%10% 0% 3%

10%

Destino final dos resíduos

Doados para fornos

Vendidos para serem queimados

Descartado nos lixões da cidade

Pó é doado para baia de cavalo

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 116

CONCLUSÕES

- No município de Barra do Choça, foram consumidas pela indústria de

industrialização de madeira, um volume médio de 312,5 m3 no ano de 2008;

- A dificuldade na documentação para obtenção da matéria-prima, a

indisponibilidade de madeira e o seu custo, limitam o crescimento do mercado na região;

- A maioria da madeira consumida é proveniente de florestas plantadas;

- Os resíduos não são aproveitados no local do beneficiamento da madeira.

REFERÊNCIAS

ABIMCI - Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada mecanicamente.

Estudo setorial. 2007. Disponível em:<http://www.abimci.com.br>. Acessado em: 12 de

out. de 2009.

BUAINAIN, A.M. & BATALHA, M.O. Cadeia produtiva de madeira. Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Secretaria de Política Agrícola, Instituto

Interamericano de Cooperação para a Agricultura. Brasília: IICA: MAPA/ SPA.

Agronegócios, v.6 84p, 2007.

LEEUWSTEIN, J.M.Gerenciamento Ambiental, São Paulo: v. 3, n. 13, p. 52-53,

jan./fev.2001.

LIMA, C.R. de. Viabilidade econômica da produção de briquetes a partir da serragem

de Pinus sp. Trabalho apresentado no 3 Congresso Brasileiro de Planejamento Energético,

São Paulo,1998, 4p.

MADY, F.T.M. Conhecendo a madeira: informações sobre 90 espécies comerciais.

Programa de Desenvolvimento Tecnológico. Manaus: SEBRAE, 2000. 212p.

STERNADT, G. H. Pequenos objetos de madeira - POM, compostagem de serragem

de madeira. Brasília, DF: Ibama-Laboratório de Produtos Florestais, 2002.

Woods, J. & Hall, D.O. Bioenergy for Development: Technical and Environmental

Dimensions, FAO. Environment and Energy Paper 13, 1994.

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MATÉRIA-PRIMA FLORESTAL EM OLARIAS NOS MUNICÍPIOS

DE PIATÃ E ABAÍRA NA CHAPADA DIAMANTINA - BAHIA

Edmar de Souza Araújo

1, Magno Pacheco Fraga

2, Diego Oliveira Rocha

3, Gilmar

Correia Silva4

1,2,3,4UESB, Vitória da Conquista

e-mail: [email protected]

RESUMO: A sociedade, como todo, busca espécies florestais de crescimento rápido para

suprir a falta de lenha gerada pelo espaço ocupado por atividades agropecuárias em

diversas regiões do país. Uma das alternativas é o plantio de Eucalyptus sp. que apresenta

espécies resistentes a déficits hídricos severos e solos de baixa fertilidade, entre outras

espécies também bem adaptadas a essas condições, em estudo. Entretanto, em muitos

municípios do estado da Bahia, as atividades que demandam a utilização de energia,

utilizam à matéria-prima oriunda de florestas remanescentes nativas, causando impactos e

reduzindo a capacidade produtiva dos ecossistemas. O presente trabalho teve como

objetivo realizar um diagnóstico da utilização de madeira em olarias nos municípios de

Piatã e Abaíra, localizados na Chapada Diamantina na Bahia.

Palavras-chave: Matéria-prima florestal, Olaria, Lenha.

INTRODUÇÃO

A Chapada Diamantina está situada no centro da Bahia é uma região serrana onde

nascem quase todos os rios das bacias do Paraguaçu, do Jacuípe e do Rio das Contas.

Compõe a unidade geológica conhecida como a serra do espinhaço. Apresenta-se em geral

como um altiplano extenso, com altitude média entre 800 e 1.200m. Os dois pontos mais

altos da Bahia estão na Chapada: o Pico do Barbado com 2.080m (o mais alto do nordeste)

e o Pico das Almas com 1.958m.

O município de Piatã apresenta características edafoclimáticas diferenciadas em

relação às demais cidades circunvizinhas. Seu clima tropical de altitude propicia um índice

pluviométrico considerável ao bom desenvolvimento de técnicas de plantio florestal. O

município de Abaíra apresenta vegetação variada em virtude do relevo acentuado,

predominando a caatinga, interrompida por formações de cerrado, conhecidos como gerais

ou carrascos. Em certos trechos a vegetação se adensa com características de florestas

surgindo a Mata cipó. A região, assim como as várias outras localidades vem padecendo

com o avanço desordenado do desmatamento ilegal, causada pela agricultura e pela

extração da madeira. Esta última visa atender o comércio, principalmente padarias,

consumo doméstico e mais recentemente as fábricas de cerâmica.

O fato mostrado vem constatando a urgência de medidas e soluções em relação ao

processo de desmatamento da mata nativa. Projetos relacionados à implantação de mudas

nativas e exóticas devem ser considerados, pois a principal fonte de energia desses

estabelecimentos, certamente poderá vim a desaparecer interrompendo a cadeia produtiva.

Aspecto negativo relacionado à falta de projetos e incentivos ao reflorestamento, vem a

causar vários impactos ambientais, sociais e econômicos.

Com relação ao planejamento logístico MAILHO & CAVENAGHI (2008) fazem

referência ao envolvimento e determinação do número, tamanho e localização das

instalações. Sendo que, o objetivo do planejamento é encontrar a melhor forma de

distribuir os produtos aos clientes e este planejamento gira em torno de um triângulo de

decisões de localização, de estoque e de transporte chegando ao destino final. Assim, o

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 118

presente trabalho teve como objetivo realizar um diagnóstico da utilização de madeira

como matéria-prima em olarias, nos municípios de Piatã e Abaíra, localizados na Chapada

Diamantina na Bahia.

MATERIAIS E MÉTODOS

Coleta de dados sobre o ecossistema da região

O presente trabalho foi desenvolvido utilizando-se ferramentas teóricas e

metodológicas associadas ao ecossistema da região. Os dados foram obtidos através de

entrevistas diretas e indiretas. Segundo o IBGE (2008) o município de Piatã apresenta área

geográfica de 1.508,036 km2 sendo que a maior parte da sua superfície é constituída por

áreas íngremes que diminui a área disponível para a técnica de plantio florestal. Já o

município de Abaíra de acordo com o IBGE (2008) apresenta área geográfica de 179, 906

km² de acordo com os dados levantados a pequena umidade da localidade é que diminui a

técnica de plantio de árvores.

Dados sobre o processo de exploração madeireira na região

A atividade relacionada à extração de madeira na região da Chapada Diamantina é

constante, mesmo com todas as adversidades relacionada com o seu relevo, clima e o tipo

de vegetação.

A época do ano que a região é mais propícia para a ocorrência de incêndios

florestais é no início de setembro, por causa do calor. Passada a época de incêndios, a

vegetação existente é de total destruição o que resta são cinza e pedras e algumas árvores

queimadas e mortas que resistem em ficar em pé. Justamente essas árvores que mais tarde

são extraídas para serem utilizadas para diversas formas de obtenção de energia.

Outra maneira de obtenção de madeira morta é quando a árvore por algum motivo

deixa de realizar sua atividade fisiológica e acaba morrendo. A atividade de

reflorestamento florestal na região ainda é muito pequena tanto com mudas nativas como

mudas exótica. A falta de iniciativas e incentivos fiscais a técnica de reflorestamento são

requisitos para a baixa quantidade de hectares plantados.

O município de Seabra é uma das primeiras cidades a aderir o sistema de

reflorestamento com mudas exóticas na Chapada, visando assim a atender as necessidades

do fornecimento de energia para a produção de produtos cerâmicos e outras atividades

afins.

Coleta de dados das empresas através de questionários

O trabalho foi realizado em duas unidades distintas, onde se realiza a atividades de

fabricação de produtos cerâmicos. A primeira olaria avaliada localiza-se no município de

Piatã e a segunda olaria no município de Abaíra que fica equidistante 24 km.

A coleta de dados foi mediante aplicação de um questionário, com diversos itens

necessários para realização deste estudo. Com as informações foi possível diagnosticar a

cadeia produtiva destas atividades, além de analisar a demanda de lenha necessária para a

fabricação dos produtos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 119

A atividade de produção de tijolos no município de Abaíra teve início no ano de

1999, com a construção do primeiro forno com capacidade de produzir mil tijolos mês, que

geralmente é consumido 2m3 de lenha por mês. No ano de 2001 foi construído mais um

forno com a mesma capacidade de produção e no ano de 2003 repetiu-se a iniciativa com a

construção de mais um forno com a mesma demanda de produção.

Com o aumento da demanda pelo produto, associado ao crescente desenvolvimento

das cidades da região, os proprietários em 2005 construíram mais um forno com

capacidade de produzir dois mil tijolos mês, consumindo em média 3m3 de lenha por mês.

E por fim, no início do ano de 2008, foi construído outro forno com a mesma demanda de

produção do último forno.

No município de Piatã, a ideia de construir uma olaria teve início na década de 80,

até mesmo com a obtenção do CMPJ da fábrica. Mas, a instalação da olaria só veio a se

concretizar no ano de 2007. A olaria possui dois fornos, sendo que cada forno produz 20

mil tijolos mês e consomem 25m3 de lenha e no mês a olaria produz 60 mil tijolos. No

primeiro ano de funcionamento da olaria eram produzidos apenas 40 mil tijolos por mês

com consumo médio de 50m3 de lenha e nos anos seguintes são queimados três fornos por

mês.

A Figura 1 mostra um comparativo entre os dois municípios na atividade da

produção de cerâmicas nos últimos anos.

Figura 1. Comparação de consumo entre os dois municípios na atividade de produção de

cerâmicas.

Pela análise da Figura 1, é possível constatar que a fabricação de produtos

cerâmicos no município de Abaíra, mesmo tendo iniciado antes, apresenta característica de

produção artesanal, pela quantidade de produtos cerâmicos ou pela quantidade de matéria-

prima (lenha) para a queima dos fornos.

A olaria de Piatã em termos industriais ainda está abaixo da média, comparando

com uma grande olaria que produz 5 mil tijolos diários, de acordo com Diário do Grande

ABC (2007). Contudo, já apresenta requisitos de uma média empresa.

Com relação à obtenção da matéria-prima para o fornecimento de energia aos

fornos foi feito uma análise da demanda de lenha na região e observou-se que a quantidade

de produtos madeireiros utilizados pelos fornos é relativamente baixa e observa-se que a

madeira utilizada nos fornos de Abaíra é oriunda 100% da mata nativa do município. A

Figura 2 mostra a quantidade e sua origem no fornecimento de energia aos fornos da outra

olaria em questão.

0

1000

2000

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 total

Comparativo de consumo de madeira entre as olarias de Piatã e de Abaíra nos últimos

11 anos.

Abaíra Piatã

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 120

Figura 2. Produtos madeireiros e não madeireiros utilizados nos fornos para fornecimento

de energia.

Pelo fato da empresa necessitar, na grande maioria, de produtos madeireiros, houve

por parte dos seus proprietários, uma falta de planejamento em relação a reflorestamento,

onde viesse a suprir a demanda de madeira para o fornecimento de energia aos fornos. A

falta de um bom planejamento, qualquer que seja a atividade, o retorno do capital à

empresa é comprometido. Um planejamento bem feito evita que a empresa fique sem

alternativas para a falta de fornecimento da matéria-prima para produção além de saber

como buscar o cliente.

CONCLUSÃO

É possível constatar que a falta de um planejamento adequado para suas

instalações, pode acarretar possíveis problemas de produção futura. Iniciativas de

incentivos a implantação do sistema de reflorestamento com mudas nativas e exóticas,

devem ser implantadas e manejadas nas localidades. A produção nos municípios, ainda é

considerado baixo e sem planejamento adequado para expansão.

REFERÊNCIAS

DIÁRIO DO GRANDE ABC. Olarias o fim das mais antigas industrias do ABC. Disponível

em: http://blog.controversia.com.br. 2007. Acesso em: 20 set 2009.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (Rio de Janeiro, RJ). Produção da

Extração Vegetal e da Silvicultura. IBGE, 2007.

LEANDRO, P. Queimadas causam desolação entre habitantes da Chapada

Diamantina. Disponível em: http://www.coreiodabahia.com.br/parking. Acesso em set

2009.

MAILHO, M.L. & CAVANAGHI, V. Gestão de Estoque no Processo de Fabricação:

Um estudo de caso na indústria de processamento de madeira. IV Congresso Nacional

de Excelência em Gestão. 2008.

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%

mata nativa

Seabra (reflorestamento eucalipto)

outros materiais queimados

Origem da madeira utilizada na olaria de Piatã

madeira utilizada nos fornos

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MATÉRIA-PRIMA, SETOR FLORESTAL E RESÍDUO NA

INDÚSTRIA MADEIREIRA DO MUNICÍPIO DE PLANALTO – BA

Mariana de Carvalho Aguiar Ribas

1, Giovanni Correia Vieira

1, Alcides Pereira Neto

1,

Gilmar Correia Silva2

1Discente do Curso de Engenharia Florestal, UESB, Estrada do Bem Querer, km04, Vitória

da Conquista - BA 2Docente do Curso de Engenharia Florestal, UESB, Estrada do Bem Querer, km04,

Vitória da Conquista – BA.

e-mails: [email protected]; [email protected]; [email protected];

[email protected]

RESUMO: O município de Planalto, localizado próximo da cidade de Vitória da

Conquista, enfrenta problemas devido à utilização de espécies nativas da região para a

construção civil e confecção de móveis, o que torna essa situação ainda mais agravante é o

desmatamento ilegal de extensas áreas para que haja destinação da madeira para estes fins.

O presente trabalho teve como objetivo avaliar a origem da matéria-prima, a situação do

setor florestal na região e a geração de resíduos na atividade industrial de transformação da

madeira no município de Planalto – BA. Muitos municípios caracterizaram-se pela falta de

mão-de-obra qualificada, equipamentos obsoletos e alto índice de desperdício nas

indústrias de transformação da madeira. As serrarias integram grande parte deste setor, e

trabalham sem mecanismos para inserção de tecnologia no pátio de desdobro ou de

otimização da produção, o que gera um baixo rendimento no processamento da madeira.

Palavras-chave: Setor florestal; Resíduos; Industrialização da madeira.

INTRODUÇÃO

A cobertura vegetal do estado da Bahia encontra-se atualmente numa situação muito

critica, tendo em vista a devastação que as florestas vêm sofrendo ao longo dos anos

através da atividade madeireira e do avanço da fronteira agrícola, as quais são estimuladas

pelo rápido crescimento populacional. A atividade madeireira contribui com o

desmatamento, quando não planejada, já que a maioria das madeiras, tanto madeira serrada

como para geração de energia, utilizadas são provenientes de mata nativa (CAF, 2008)

O resíduo que é gerado pela indústria madeireira é um material que constitui uma

ameaça para o meio ambiente quando é disposto de forma inadequada, porém pode ser

utilizado para fortalecer a economia de algumas cidades (FRANCESCHINI, 2004). A

questão do resíduo florestal na indústria é muito importante já que gera algumas perdas no

processo, estima-se que do volume total de uma tora, seja aproveitado cerca de 40% a

60%, significando que a cada 10 árvores cortadas, apenas 5 serão aproveitadas

comercialmente (FEITOSA, 2008).

Segundo Vianez (2008) a perda média, em serrarias, chega a 50%, ou seja, metade da

madeira vira resíduo, isso mostra que uma grande quantidade de resíduos é gerada pelo

processamento inadequado da madeira pela indústria, porém essa percentagem poderia ser

aumentada através da manutenção de maquinas e no treinamento de mão-de-obra. No

processo de desdobro de uma tora de madeira que ocorre na serraria, a geração de resíduos

é inevitável, sendo que o volume e tipos de pedaços de fragmentos gerados são

dependentes de vários fatores, então, o planejamento correto do tipo de corte, uso de serras

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 122

e maquinário adequado, podem ser utilizados para diminuir os resíduos (CAF, 2008). A

maioria das serrarias não aproveita os resíduos, repassando-os para a utilização em fábricas

de compensados, olarias e caldeiras.

O aproveitamento de resíduos tem proporcionado uma alternativa socioeconômica às

empresas, ambientalmente adequadas ao gerenciamento de resíduos sólidos industriais

(FEITOSA, 2008). O presente trabalho teve como objetivo avaliar a origem da matéria-

prima, o diagnóstico do setor florestal e a geração de resíduos na atividade industrial de

transformação da madeira no município de Planalto – BA.

MATERIAIS E MÉTODOS

Área de estudo

O município de Planalto é cortado pela Rio-Bahia/BR 116, com uma área de

aproximadamente 815 km2. Apresenta clima variado com períodos do ano frio e chuvoso e

períodos muito quentes. A vegetação é formada pela zona da mata e a zona da caatinga. A

zona da mata apresenta vegetação alta e viçosa. Lá se encontram árvores como o jacarandá,

o cedro, a sucupira, pau-d’arco, entre outras. A Zona da Caatinga com vegetação rasteira,

arbustos e quando não chove é de difícil produtividade.

Coleta de Dados

O levantamento das informações da atividade industrial de processamento da

madeira, origem da matéria-prima e geração de resíduos foi realizado através de visita e

avaliação in loco, entrevista com os proprietários de quatro empresas do setor, aplicando-se

ainda, um questionário contendo questões desde a caracterização da matéria-prima

(origem, transporte), caracterização do processo industrial (planejamento da produção),

caracterização da comercialização (produtos comercializados, e o destino do produto final),

rendimento de madeira processada e resíduos gerados, contendo também algumas

informações gerais sobre o mercado madeireiro na região.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A matéria-prima utilizada na região é proveniente principalmente de florestas nativas

dos estados da Região Norte do Brasil (Rondônia e Pará), correspondendo a 87,5% da

origem da matéria-prima, conforme o ilustrado na Figura 1.

Figura 1. Origem da matéria-prima madeireira no município de Planalto – BA.

0%

20%

40%

60%

80%

Pará Rondônia Bahia

Origem da Matéria - Prima

12,5%

12,5%

75%

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 123

Dados semelhantes ao da Figura 1 podem ser observados em um trabalho realizado

na cidade de Seabra, onde 85% da madeira é proveniente do Pará e 15% do estado da

Bahia. Observa-se que um pequeno percentual de madeira é oriundo do próprio estado,

onde apesar da distância e do custo do frete, considera-se viável a aquisição de

determinadas espécies de locais distantes, em função do valor final da madeira processada.

Outros fatores que influência na utilização da madeira oriunda de florestas nativas são: a

falta de tecnologia para produzir madeira de boa qualidade em florestas plantadas, a cultura

da população local e a estética das madeiras.

A falta de matéria prima florestal para suprir de maneira sustentável as demandas

locais e regionais do setor madeireiro da Região Sudoeste da Bahia tem contribuído para

intensificar o processo de desmatamento com intensa retirada de madeira de áreas de mata

nativa.

No quadro 1, é apresentado o consumo anual de madeira em m3 em 2008 e o

esperado para o ano de 2009.

Quadro 1. Consumo de madeira em 2008 e o esperado em 2009 pela indústria madeireira

de Planalto.

Consumo total de Madeira (m3)

Consumo por tipo florestal (%)

Floresta Nativa Floresta Plantada

Ano de 2008 75 100 0

Esperado para 2009 94 100 0

O consumo refere-se ao somatório de madeira serrada de cada estabelecimento

consumido pelas quatro empresas da cidade. Dados semelhantes foram encontrados num

estudo realizado na região de Londrina, Maringá e Paranavaí. Um fator verificado ao

analisar o consumo por tipo de floresta foi à ausência da utilização de espécies oriundas de

floresta plantada, que ainda não tem participação nesse mercado, isso mostra a necessidade

de projetos nessa área para diminuir a demanda por produtos da floresta nativa e aumentar

as florestas plantadas, que possuem material também de qualidade quando bem manejadas.

Os entrevistados quando questionados se por acaso no ano de 2008 existisse uma

oferta maior de madeira se esse consumo seria ascendente, 100% dos proprietários,

afirmaram que sim, já que a principais dificuldades de se trabalhar com a mesma estão

relacionados com a obtenção do material e principalmente a indisponibilidade de mão-de-

obra qualificada.

As principais espécies utilizadas para fins mais nobres (portas, portões, movéis) são

o jatobá(Hymenaea courbaril), angelim(Andira sp.), favinha(Macrosamanea Pedicellaris),

vinhático(Plathymenia reticulata). As madeiras mistas são utilizadas principalmente na

construção civil. Os principais defeitos que essas madeiras apresentam são a presença de

rachaduras e empenamento causados por defeitos de secagem. A madeira como material

higroscópico e anisotrópico favorece durante o processo de secagem o surgimento de

deformações e tensões. Essas alterações verificadas na estrutura da madeira são chamadas

de defeitos de secagem. Estes defeitos além de dificultarem o processo de industrialização

dos serrados e lâminas de madeira, também geram perda de produtividade. As rachaduras

que se desenvolvem durante o processo de secagem, são decorrentes da formação de

gradientes de umidade acentuados em uma mesma peça. Elas são formadas no início do

processo, e acentuadas durante a secagem. Empenamentos são distorções no comprimento

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da peça. São decorrentes de tensões internas da madeira, grã irregular e, principalmente,

devido a problemas de empilhamento(ABIMCI, 2008).

Essas empresas realizam somente o beneficiamento, ou seja, já compram a madeira

serrada e realizam apenas as transformações nos estabelecimentos. Nessas transformações

há uma geração de residuos considerável. O resíduo é um subproduto dos processos de

beneficiamento da madeira, nos estabelecimentos pesquisados nota-se que 50% desses

resíduos são destinados para a venda (abastecimento de fornos) e que 50% é doado

principalmente para abastecer fornos e forrar caminhão de gado da região. A utilização

dos resíduos para geração de energia é uma alternativa ideal para evitar o destino

inadequado desse material no ambiente. A doação desse material foi justificada pelo

espaço que esse material ocupa. Isso mostra a necessidade de projetos na área para que

esses resíduos possam ser utilizados totalmente para a venda, maximizando assim, os

ganhos e agregando valor na cadeia produtiva.

No Brasil, uma grande quantidade de resíduos florestais são gerados anualmente

pelas diversas indústrias de base florestal, um exemplo pode ser dado pela geração de

resíduos na cadeia produtiva de serrados de Pinus que é da ordem de 75%, ou seja, apenas

25% do volume total de uma árvore é colocado no mercado na forma de tábuas, caibros,

ripas (CAF, 2008). Observando que o Brasil tem hoje um índice de aproveitamento de

madeira tropical que não ultrapassa os 42% na indústria, com o restante dividido em 30%

nas caldeiras e queima de carvão e 28% de desperdício (UFPR, 2008).

Portanto, para diminuir os impactos nas florestas nativas e ter um desenvolvimento

sustentável faz necessário: a utilização de madeiras de florestas plantadas, principalmente

em áreas degradadas; otimização dos processos de produção; aproveitamento dos

resíduos; qualificação dos profissionais do setor.

CONCLUSÃO

- A região adquire 100% da madeira de florestas nativas;

- 87,5% da madeira utilizada vêm da região norte do país, Rondônia e Pará;

- As principais espécies utilizadas para fins mais nobres são: jatobá Hymenaea

courbaril, angelim(Andira sp.), favinha(Macrosamanea Pedicellaris),

vinhático(Plathymenia reticulata);

- As madeireiras da região não possui tecnologia e mão-de-obra qualificada para

aproveitar o resíduo e incrementar a receita.

REFERÊNCIAS

ABIMCI, Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente.

Defeitos de secagem. Dez 2004- 15-Artigo Técnico 28

CAF. Energia a partir de resíduos florestais. Consultoria agroflorestal. Disponível em:

<www.cafltda.com.br/01/2005_01.htm > Acesso em: 13 set. 2009.

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para minimização de problemas sócio-ambientais no estado do Pará. Rev. Madeira. nº 114.

FRANCESCHIN, G. L. Biomassa de madeira pode gerar 28 MW de energia. GM,

20/04/2004, Saneamento & Meio Ambiente, p. A25. Disponivel em:

<pib.socioambiental.org/c/noticias?id=32081> Acesso em: 10 set. 2009

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 125

UFPR. Projeto da Engenharia Florestal da UFPR visa eliminar o desperdício

na indústria madeireira. Universidade Federal do Paraná. Disponível em:

<www.bastaclicar.com.br/noticias/noticia_mostra.asp?id=8551> Acesso em: 10 set. 2009.

VIANEZ, F. B. Uso de resíduos madeireiros na economia e ecologia amazônicas IBICT. Canal

Ciência. Disponível em:

<www.canalciencia.ibict.br/pesquisas/pesquisa.php?ref_pesquisa=4> Acesso em: 13 set.

2009.

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MORFOLOGIA DE Lampetis nigerrima (KERREMANS, 1897)

(COLEOPTERA: BUPRESTIDAE)

Janaína De Nadai

1; Norivaldo dos Anjos

2

1 Universidade Federal de Mato Grosso, Sinop; 2 Universidade Federal de Viçosa, Viçosa

e-mails: [email protected]; [email protected]

RESUMO: Objetivou-se definir caracteres e estado de caracteres para diagnose e

descrições da a morfologia de adultos de Lampetis nigerrima. Foram utilizados insetos

coletados em povoamento de Eucalyptus grandis vs E. urophylla de Grão Mogol-MG. Os

estudos foram realizados no Laboratório de Entomologia da Universidade Federal de

Viçosa. Os desenhos foram realizados com o auxílio de estereomicroscópio e microscópio,

ambos acoplados a câmara-clara. L. nigerrima tem como caracteres diagnósticos o corpo

fortemente quitinizado e alongado, tegumento com pontuações na região ventral; élitros de

cor verde-escura metálica, longos e estreitando-se gradativamente na parte posterior,

margem posterior apical bilobada contendo cerdas brancas inseridas em depressões

circulares. Cabeça hipognata, dorsalmente mais larga do que longa, não ultrapassando a

maior largura do pronoto. Pernas perfeitamente livres e desenvolvidas, fêmur, tíbia e

tarsomêros sem modificações nos três pares de pernas. Abdome com coloração preto-

violácea brilhante, com cincos esternitos visíveis em ambos os sexos. Quilha mediana

presente do primeiro ao quinto segmento, apresentando-se muito saliente no primeiro. A

forma da margem posterior do sétimo uroesternito é arredondada nas fêmeas e há uma

projeção pontiaguda no centro da margem posterior do sétimo uroesternito nos machos.

Palavras-chave: Entomologia, taxonomia, besouro desfolhador, eucalipto, Brasil

ABSTRACT: Objective was to define characters and character state for diagnosis and

descriptions of the morphology of adults of Lampetis nigerrima (Kerremans, 1897) in

order to find out important characters which can be used in this specie identification. Field

activities were carried out in a commercial eucalypt plantation of cloned hybrid trees

(Eucalyptus grandis vs E. urophylla), in the Grão Mogol, Minas Gerais. Lab works were

developed at the Federal University of Viçosa. Redescriptions of the species L. nigerrima

is made. The main structures used in species differentiation were body strongly chitinized

and elongated, tegument covered by visible punctuations with the naked eye in ventral

view; elytra dark-green -, long and being narrowed in the subsequent part, margin

subsequent apical 2-lobed, containing white bristles inserted in circular depressions,

indicating strong evidence to this species identification. Head hypognathous, wider than

long, not surpassing the largest width of the pronotum. Abdomen black with violacea

diamond, with five visible sternites in both sexes. First to the fifth segment with a keel

medium, very salient in the first. The form of the subsequent margin of the seventh round

urosternites in females and a sharp projection in the center of the subsequent margin of the

seventh urosternites in males. These structures could be used for discrimination of male

and female.

Key-words: Entomology, taxonomy, leaf eating beetle, eucalypt, Brazil

INTRODUÇÃO

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A família Buprestidae compreende besouros de tamanho variado com muitas

espécies de ocorrência no território brasileiro. Entre estas, há Lampetis nigerrima

(KERREMANS 1897) apontado como importante besouro desfolhador de essências

florestais e classificado como Família Buprestidae Leach, 1815; Subfamília

Chrysochroinae Laporte, 1835; Tribo Dicercini Gistel, 1848; Subtribo Dicercina Gistel,

1848; Gênero Lampetis Dejean, 1833 e espécie Lampetis nigerrima (KERREMANS,

1897). O primeiro registro e descrição dessa espécie no Brasil foram realizados por

Kerremans em 1897 que o descreveu ocorrendo no estado da Bahia. Ao realizar a primeira

descrição, o autor classificou a espécie como subgênero de Psiloptera solier, conforme

constatou Kurosawa (1993).

Segundo De Nadai (2005), os adultos de L. nigerrima podem atingir até 28 mm

(21,8 ± 0,4 mm), de comprimento. Machos e fêmeas têm estruturas, morfologicamente,

distintas no esternitos abdominais (DE NADAI et al. 2005).

Considerando que são limitadas as informações sobre insetos desfolhadores de

ocorrência no Brasil objetivou-se definir caracteres e estado de caracteres para diagnose e

descrições da morfologia de adultos de Lampetis nigérrima.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foram coletados espécimes adultos de L. nigerrima em novembro de 2005 em

plantio comercial de eucaliptos híbridos (Eucalyptus grandis vs E. urophylla), no

município de Grão Mogol, MG, a 42048’30’’W e 16

012’30’’S

de longitude e latitude,

respectivamente, em região de Cerrado, plano e com 829 m de altitude. Os trabalhos foram

realizados nos laboratórios de Entomologia da Universidade Federal de Viçosa e da

Universidade Federal do Paraná. A identificação da espécie foi realizada pelo Dr. Maurízio

Gigli, da Universitá di Lècce, Roma – Itália.

Foram utilizados dez besouros de cada sexo para caracterização e desenho das

estruturas. Para as observações o material foi preparado de acordo com Lima (1992) sendo

(i) hidratação em água destilada; (ii) dissecação do corpo em cabeça, tórax e abdome; e

(iii) hidratação e clarificação em KOH do abdome para o estudo da genitália. Cabeça,

tórax, abdome e élitros foram acomodados em placas de Petri contendo areia do mar, fina e

branca, imersa em água destilada. Outras estruturas como pernas e antenas foram montadas

em lâminas com glicerina ou água destilada. Peças bucais e asas foram montadas entre

lâmina e lamínula em glicerina.

Os estudos de morfologia externa e genitália foram feitos utilizando-se

estereomicroscópio Zeiss Stemi SV6 e para as demais estruturas o microscópio Standard

20, acoplados à câmara-clara (LIMA, 1992). As estruturas foram registradas em desenhos

obtidos em estereomicroscópio com ocular duplicada. A genitália foi observada e

desenhada em lâminas escavadas contendo glicerina e os desenhos foram escaneados e

editados com o programa Adobe Photoshop 7.0.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A morfologia do adulto de L. nigérrima confere corpo fusiforme, fortemente

esclerotizado, tegumento coberto por pontuações na região ventral. Élitros verde-escuros

com margens externas contendo cerdas brancas inseridas em depressões circulares na

região dorsal. Cabeça hipognata. Pronoto, região ventral do tórax, pernas e esternitos

abdominais, preto-violácea metálica. Parte superior dos tarsômeros azul-violácea, com

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 128

intenso brilho metálico. Região ventral do abdome com cerdas muito finas, no sentido

longitudinal, nas margens e no centro de cada segmento abdominal e no centro da quilha.

Quanto a descrição da cabeça apresenta região dorsal duas vezes mais larga do que

longa, não ultrapassando a maior largura do pronoto. Olhos compostos ocupando a maior

parte das margens laterais da cabeça. Clípeo estreito com margens retilíneas. Frontalmente

presença nítida de um sulco preenchido com pubescências brancas, observadas quando o

inseto encontra-se seco. Ventralmente sutura gular não fusionada. Antenas serreadas e

inseridas ventralmente azul-violácea; com 11 artículos não ultrapassando o comprimento

do pronoto; escapo mais longo e mais largo que o pedicelo.

A presença de um nítido sulco localizado na fronte da cabeça é uma característica

observada também em espécies de outras tribos da família Buprestidae, como em

Pachyschelini e Aphanisticini, segundo Kogan (1964) e Hornburg (2003), respectivamente.

Segundo o primeiro autor, Pachyschelus mimus Obenberger, além de possuir cabeça

nitidamente sulcada apresenta ainda pubescências brancas adensadas em ambos os lados

do sulco frontal.

Certos tipos de antenas apresentam estruturas especializadas, como sensilas ou

pêlos, que são responsáveis por diversas modalidades sensoriais (CARVALHO et al.

1977). Na superfície de cada artículo antenal de L. nigerrima foram constatados apenas

pêlos curtos, os quais devem servir para detecção sensorial, como já demonstrado na

família por Volkovitsh (2001).

A porção do tórax apresenta pronoto vista dorsal mais largo que longo; convexo;

bordas - ângulos laterais- com extremidades arredondadas; mais largo que a cabeça e o

mais largo entre os segmentos torácicos; tegumento com sulco abrupto evidente no centro,

em sentido longitudinal.

Pernas livres e desenvolvidas. Fêmur, tíbia e tarsomêros sem modificações nos três

pares de pernas. Fórmula tarsal 5-5-5; o primeiro e segundo tarsômeros iguais em

comprimento; parte superior de todos os tarsômeros de coloração azul-violácea e com

intenso brilho metálico; parte inferior de coloração marrom. Élitros longos; duas vezes

mais longo que largo. Asa membranosa quase três vezes mais longa que larga. Quanto a

sua venação apresenta veia subcostal forte e não ramificada unindo-se à veia radial ao final

do terço inicial do comprimento da asa, estendendo-se apicalmente ao longo da margem

anterior. Presença de veias transversais, oriundas da união de duas outras veias,

apresentando as veias 2A-3A1, cúbito-anal, radial-subcostal, radial-mediana.

A presença de um sulco muito evidente no pronoto e pontuações no tegumento

também foram evidenciadas por Volkovitsh & Kalashian (2003) para algumas espécies do

gênero Sphenoptera, mesma família de L. nigerrima.

Uma característica muito marcante em machos e fêmeas da espécie em estudo é a

presença aleatória, nas margens externas dos élitros, de depressões preenchidas com cerdas

brancas, em formato de manchas com coloração branca. Não foi encontrada nenhuma

evidência de que esta característica de L. nigerrima ocorra em outros insetos do mesmo

grupo, de forma que pode ser mesmo considerada como uma característica externa muito

importante na identificação da espécie, como concluiu De Nadai (2005).

De acordo com Good (1925), coalescência de veias pode ser considerada como

condição evolutiva, como das veias 2A2 e 2A1 que se separaram da veia 2A e a veia 2A4

que se coalesceu com a 3A1, constatados em L. nigerrima. Elas são fundidas apicalmente

em coleópteros primitivos e se tornam extensamente divergentes nos mais especializados,

como em Buprestidae, permitindo caracterizar L. nigerrima como uma espécie bastante

evoluída.

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 129

A avaliação do abdome evidencou parte ventral com cincos esternitos visíveis, em

ambos os sexos. Quilha mediana presente do primeiro ao quinto esternito, apresentando-se

muito saliente no primeiro.

Na fêmea, o quinto uroesternito é mais largo e convexo no ápice; a margem

posterior do sétimo uroesternito apresenta-se arredondada. Genitália com coxitos

arredondados e medianamente desenvolvidos. Espermateca globosa e muito flexível, em

vista ventral. No macho, o quinto uroesternito é côncavo e o sétimo apresenta uma

projeção pontiaguda no centro da margem posterior. Genitália com lobos laterais bem

desenvolvidos, arredondados na região apical e esta, com pontuações, cerdas longas e

esparsas. Lobos laterais quase do mesmo tamanho que o lobo médio (pênis ou sifão), com

o ápice afilado.

As estruturas dispostas em torno do lobo mediano de L. nigerrima servem para

proteção (SCUDDER 1971) e se apresentaram dentro dos padrões da família Buprestidae,

como registrado por Volkovitsh & Liberto (2002) em A. guayarmina. A forma dos

parâmeros, bilobada em L. nigerrima, contradiz o que Gardner (1989) registrou como

característica da família, a qual deveria ser trilobada.

CONCLUSÃO

A espécie Lampetis nigerrima foi redescrita de forma detalhada pela primeira vez

sendo evidenciadas características importantes para sua identificação. As novas

informações morfológicas obtidas são, principalmente, as descrições morfológicas das

antenas, olhos, peças bucais, pernas, élitros, asas membranosas, superfície external, área

uroesternal e as descrições morfológicas das genitálias de machos e fêmeas.

REFERÊNCIAS

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d. Rev. Recife: UFRPE- Departamento de Biologia, 1977. 342p.

DE NADAI, J. Biologia de Lampetis nigerrima (Kerremans, 1897) (Coleoptera:

Buprestidae) em eucalipto.. Dissertação (Mestrado em Entomologia Florestal)-

Universidade Federal de Viçosa, 44f. 2005.

DE NADAI, J.; ANJOS, N.; SOUZA, R.M.; SILVEIRA, R.D. Dimorfismo sexual em

Lampetis spp. (Coleoptera: Buprestidae). Acta Biológica Leopoldensia, v. 27, n.1, p.43-

46, 2005.

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HORNBURG. A new Cylindromorphoides Kerremans, 1903 from the “Gran Sabana” in

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 131

O USO DOS RECURSOS NATURAIS NA ZONA RURAL DO

TERRITÓRIO DE VITÓRIA DA CONQUISTA – BAHIA

Jusciária Aragão Vieira

1, Samilla Joana Santos de Deus

1, Ivana Paula Ferraz Santos de

Brito2, Valdemiro Conceição Júnior

3

Discente do curso de Engenharia Agronômica da UESB, Vitória da Conquista1;

Engenheira Agrônoma, UESB, Vitória da Conquista2; Docente do Departamento de

Fitotecnia e Zootecnia da UESB, Vitória da Conquista 3.

E-mails: [email protected]; [email protected];

[email protected]; [email protected]

RESUMO

Este trabalho discute a relação de produtores rurais do município de Vitoria da Conquista -

Bahia com os recursos naturais em suas propriedades. Nesse sentido foram realizadas

etapas de acordo à metodologia descrita, tais como revisão de literatura, leitura de

paisagem e aplicação de questionários a 336 agricultores familiares locais. Dessa forma foi

possível perceber a não existência de grandes preocupações com os aspectos ambientais,

visto que dos entrevistados, poucos possuem reserva legal e que apesar da grande

importância da preservação dessas, uma parcela expressiva, dos que ainda possuem mata

nativa, continua a realizar derrubada, seja para preparo do solo para agricultura, para uso

doméstico ou para fins comerciais da madeira. O inadequado uso do solo associado a

poucas práticas de conservação, bastante ligado à disponibilidade de capital e áreas, além

da quantidade limitada de chuvas, acarreta na sua baixa fertilidade e uma conseqüente

diminuição da produção.

Palavras-chave: Agricultura Familiar, Desmatamento, Recursos naturais, Reserva legal.

INTRODUÇÃO

Em razão do alto consumo, do progresso tecnológico e do crescimento demográfico

aliados à despreocupação com a limitada disponibilidade dos recursos naturais, os

problemas ambientais passaram a apresentar cada vez maiores proporções. Considerar que

os aspectos econômicos da agricultura são mais importantes e ter como objetivos cada vez

maiores áreas cultivadas e alta produtividade, levaram à degradação e à geração de

impactos irreversíveis em curto prazo.

A grande perda de solos agricultáveis através da erosão e da sua redução da

capacidade produtiva, o assoreamento dos cursos de água e represas e, conseqüentemente,

o empobrecimento do produtor rural, (MORAES et al., 2009) são problemas que geram

reflexos ambientais, na produção agrícola, e também nas áreas sociais e econômicas de

uma região.

Vitória da Conquista é o terceiro maior município do estado da Bahia e segundo o

IBGE (1996) a agricultura familiar é predominante em seus estabelecimentos rurais, sendo

a principal responsável por grande parte da produção de alimentos e ocupação da

população local. Esse modelo de agricultura segundo Gasson & Errington (1993)

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 132

caracteriza-se pela gestão e trabalho serem realizados pela família, o que acaba criando

uma relação direta entre produtor e ambiente, havendo assim a necessidade de maior

conscientização e preservação dos recursos naturais.

Esse trabalho teve por objetivo identificar a relação de agricultores familiares do

território de Vitória da Conquista com os recursos naturais disponíveis em suas

propriedades.

MATERIAIS E MÉTODOS

O trabalho foi realizado utilizando-se por base alguns aspectos descritos por Garcia

Filho (1999) na metodologia Análise Diagnóstico de Sistemas Agrários, sendo as

informações levantadas através de questionários. Entre os meses de março e agosto de

2009 foram realizadas leitura de paisagem e aplicação de 336 questionários a produtores

familiares nos municípios de Anagé, Belo Campo, Planalto, Piripá, e no município de

Vitória da Conquista - Bahia distritos de Bate-pé, Capinal, Cercadinho, Dantilândia,

Inhobim, José Gonçalves e Veredinha, que permitiram obter informações a respeito da

disponibilidade e do uso dos recursos naturais das propriedades.

Para melhor compreensão, e complementação das informações obtidas nas

entrevistas foram realizados estudos bibliográficos sobre o uso permitido da reserva legal,

populações tradicionais e a proteção dos recursos naturais.

Os dados foram tabulados em planilhas do sistema Microsoft Excel para análise

quantitativa, o que permitiu maiores subsídios para a posterior análise qualitativa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A lei número 4.771 de 15 de setembro de 1965 que institui o novo Código Florestal

Brasileiro (BRASIL, 2009) visa proteger a vegetação nativa do país, e entre outras

providências estabelece o percentual mínimo da área a ser destinada à reserva legal,

variando de acordo com as diferentes regiões políticas do país. Apesar do estado da Bahia

se enquadrar nos parâmetros que estabelecem que sejam mantidos, a título de reserva legal,

20% da área total, entre os agricultores entrevistados apenas 36% a possuem nas suas

propriedades. A reserva legal é fundamental para o uso sustentável dos recursos naturais, à

conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao

abrigo e proteção de fauna e flora nativas (BRASIL, 2009).

Mesmo com toda essa importância, com a lei impedindo a supressão dessa

vegetação, e com as sanções fortemente aplicadas a quem realiza desmatamento ilegal,

23% declararam continuar ainda hoje a fazer derrubadas da mata nativa, por vários

motivos. A principal justificativa está relacionada à ampliação da área agricultável e

conseqüentemente da possibilidade de geração de renda agrícola. Dos que declararam a

área da propriedade, 42% disseram ser esta de até 3 ha, sendo assim, torna-se necessário

utilizá-la ao máximo para que seja mantida a propriedade e as necessidades da família

sejam atendidas. Também vinculada à ampliação da renda obtida na propriedade, a

comercialização da madeira como lenha representa uma possibilidade concreta de renda

em épocas de estiagem, onde a agricultura de sequeiro fica impossibilitada (OLIVEIRA &

VALERY, 2007), além de gerar economia para grande parte dos 93% de entrevistados que

afirmaram utilizá-la, no processamento agroindustrial, e principalmente para fins

domésticos.

Uma informação importante e preocupante é que a não derrubada da mata, em

muitos dos casos, não significa consciência ou responsabilidade ecológica. Essa retirada na

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 133

realidade é impossibilitada pela ausência de áreas com mata. A respeito da utilização da

área, dos que sabem informá-la, 64% declararam ser de no máximo 80% do total, porém,

isso não significa que possuem vegetação nativa, visto a existência de áreas não cultivadas

e as destinadas às estradas e à infra-estrutura da propriedade, como casas e benfeitorias.

No que se refere à preocupação do produtor com a utilização de técnicas de

conservação da qualidade do solo, 63% afirmaram utilizar a consorciação de culturas,

também relacionada à máxima utilização da área disponível e a cobertura do solo, evitando

o surgimento de ervas daninhas e diminuindo os custos de produção. O consórcio

comumente realizado é o de culturas alimentares básicas, como o feijão que ainda tem a

vantagem de fixar o nitrogênio, o milho e a mandioca, espécies com sistemas radiculares

diferentes que permitem a exploração de diversas faixas do solo. Essa realidade poderia

cumprir melhor seus objetivos se fosse ainda associada à rotação das culturas, porém

apenas 9% dos entrevistados a fazem, o que poderia também reduzir possíveis usos de

produtos químicos para o controle de pragas e doenças

Deixar a terra em repouso para a conservação e manutenção dos solos é

recomendado e de fundamental importância para que seja possível a recuperação natural da

sua capacidade produtiva. Na região estudada 55% dos produtores costumam deixar a terra

sem cultivar, porém o período de pousio está relacionado à disponibilidade ou não de

chuva durante o ano. Um forte motivo para a não utilização dessa técnica é também ligado

à extensão das propriedades, visto que áreas pequenas limitam a possibilidade de rotação

das áreas de plantio. Com isso, a tendência é a redução das produtividades, e como solução

amplamente difundida pela agricultura “moderna”, a aplicação de cada vez mais insumos

para o desenvolvimento das atividades.

Matas ciliares, de acordo com Kageyama (1986) e Lima (1989), atuam como

barreira física, regulam os processos de troca entre os ecossistemas terrestres e aquáticos, e

desenvolvem condições propícias à infiltração da água, além de reduzir a possibilidade de

contaminações por resíduos de produtos químicos e do assoreamento dos cursos d’água.

Dos entrevistados que possuem algum recurso hídrico nas propriedades, como riachos,

nascentes e aguadas, 53% não mantêm mata ciliar e não os protegem da degradação. A

ausência dessa proteção gera prejuízos ambientais como as alterações na qualidade e

quantidade da água disponível, na biodiversidade e no microclima local e regional, na

freqüência e na intensidade das chuvas, que resultam em prejuízos diretos também para a

produção da unidade agrícola.

CONCLUSÃO

Os dados permitem perceber que da forma como são usados atualmente, os recursos

naturais das propriedades agrícolas da região amostrada estão perdendo qualidade, e no

caso da vegetação nativa, por causa do desmatamento, ficando cada vez mais escassa. É

portanto, de fundamental importância o desenvolvimento de ações que visem a

recuperação e a preservação dos recursos existentes.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei 4.771 de 15 de setembro de 1965. Presidência da República, Casa Civil.

Disponível em < http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/LEIS/L4771compilado.htm >.

Acesso em: 10 de outubro de 2009.

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 134

GARCIA FILHO, D. P. Análise e Diagnóstico de Sistemas Agrários - Guia

Metodológico. INCRA/FAO, 1999.65 p.

GASSON, R. ERRINGTON, A. - The farm family business - Wallingford, Cab

International (1993).

KAGEYAMA. P.Y. Estudo para implantação de matas de galeria na bacia

hidrográfica do Passa Cinco visando à utilização para abastecimento público.

Piracicaba: Universidade de São Paulo, 1986.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – Censo Agropecuário, Brasília,

1996.

LIMA, W.P. Função hidrológica da mata ciliar. In: Simpósio sobre Mata Ciliar, 1.,

1989, Campinas. Anais... Campinas: Fundação Cargil, 1989.

MORAES, A. R. et al; Recursos Naturais Programa Educ@r – USP. Disponível em <

http://educar.sc.usp.br/ciencias/recursos/solo.html > Acesso em: 10 de outubro de 2009.

OLIVEIRA, L. C. S.; VALERY, F. D.; Discutindo as Questões do Ambiente Urbano e

Rural na Cidade de Governador Dix Sept Rosado/RN. Periódico eletrônico do III

Fórum Ambiental da Alta Paulista, ANAP, 2007

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OCORRÊNCIA DE ANTRACNOSE EM MUDAS DE TECA (Tectona

grandis) NO ESTADO DE MATO GROSSO

Marina Nunes Rondon1, Solange Maria Bonaldo

1

1Universidade Federal de Mato Grosso/Campus Sinop, Sinop,MT

e-mail: [email protected]

RESUMO: A teca (Tectona grandis) é uma árvore de grande porte, originária da

Birmânia, Tailândia e algumas partes da Índia. No Brasil está presente em diversas regiões

do Mato Grosso onde é cultivada para a extração da madeira utilizada em construções

navais, pontes, decorações, carpintaria e principalmente para móveis, devido a excelente

qualidade, resistência, durabilidade e beleza. Em visita a um viveiro de mudas de espécies

florestais em Sinop (MT) observou-se a presença de lesões necróticas nas folhas de mudas

de teca (T. grandis). Amostras foram recolhidas para realizar a identificação do patógeno

em laboratório. O isolamento do patógeno foi realizado através de isolamento indireto que

consiste na transferência, para o meio de cultura BDA (Batata-Dextrose-Ágar), de

fragmentos infectados de tecido do hospedeiro. Após incubação de sete dias observou-se a

formação de colônias fúngicas. Na análise do material ao microscópio óptico (aumento

final: 400x) observou-se conídios oblongos e hialinos. Para o teste de patogenicidade,

cinco mudas sadias de teca foram inoculadas com suspensão de esporos de 1,0x105

esporos/mL e após quatro dias, verificou-se nas folhas a presença de sintomas, semelhantes

aos observados a campo. Para completar os postulados de Koch o patógeno foi reisolado.

O patógeno encontrado foi identificado pelos sintomas típicos que causa nas folhas, pelas

características das colônias formadas em meio de cultura BDA e, pelas características dos

conídios, concluindo-se de que se trata do fungo do gênero Colletotrichum, causador da

antracnose em diversas culturas e ainda não relatado para a cultura da teca no Estado do

Mato Grosso.

Palavras-chave: Tectona grandis; patogenicidade; antracnose.

Abstract: Teak (Tectona grandis) is a large tree, originally from Burma, Thailand and

some parts of India. In Brazil is present in various regions of the Mato Grosso where is

cultivated for the extraction of wood used in naval constructions, bridges, carpentry, and

mainly for furniture, because of excellent quality, strength, durability and beauty. Visiting

a nursery seedlings of forest species in Sinop (MT) it was observed the presence of

necrotic lesions on leaves of seedlings of teak (T. grandis). Samples were collected to

perform the identification of the pathogen in the laboratory. The isolation of the pathogen

was performed by indirect isolation which consists in the transfer, to the culture medium

(Potato-Dextrose-Agar), fragments of infected host tissue. After incubation for seven days

showed the formation of fungal colonies. In the analysis of the material under an optical

microscope (final magnification: 400x) it was observed oblong conidia and hyaline. For

the pathogenicity test, five healthy teak seedlings were inoculated with spores´s suspension

of 1.0 x105 spores/mL and after four days, were found in the leaves the presence of

symptoms similar to those observed in the field. To complete Koch's postulates, the

pathogen was reisolated. The pathogen found was identified by the typical symptoms that

cause in leaves, characteristics of colonies formed in culture medium and the

characteristics of conidia, concluding that it is the fungus Colletotrichum, the causal agent

of anthracnose in various cultures and not yet reported to the culture of teak in the State of

Mato Grosso.

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 136

Keywords: Tectona grandis; pathogenicity; anthracnose.

INTRODUÇÃO

A teca (Tectona grandis Linn. F.) é uma espécie arbórea de grande porte com

origem asiática bastante utilizada para áreas de reflorestamento. Possui tronco retilíneo o

que facilita os tratos culturais e também é uma planta rústica, com grande rendimento,

rápido crescimento e certa tolerância ao calor, pragas e doenças. Sua madeira é muito

valorizada no mercado internacional devido à sua excelente qualidade para utilização em

móveis finos e na construção naval (DELGADO et al., 2008; MACEDO et al., 2005;

POLTRONIERI et al., 2008).

Nos últimos anos aumentou-se a demanda dessa espécie pelo setor madeireiro,

tornando-a uma alternativa viável para a região Matogrossense, onde a produção tem se

destacado (CALDEIRA et al., 2000). Segundo Caldeira & Oliveira (2008) os primeiros

plantios comerciais de teca no estado de Mato Grosso foram realizados em 1970 e que

atualmente apresenta mais de 50 mil hectares destinados a essa espécie.

Poltronieri et al. (2008) relataram a ocorrência do patógeno Rhizoctonia solani em

plantas de teca no estado do Pará e comentam que por ser uma espécie relativamente

resistente não há registros de doenças que provoquem danos econômicos aos povoamentos

no Brasil.

Em observações em um viveiro de mudas de espécies florestais, localizado no

município de Sinop (MT), verificou-se a presença de lesões foliares em mudas de teca. As

lesões encontradas na superfície abaxial acompanhavam as nervuras das folhas

assemelhando-se a sintomas de antracnose (Colletotrichum sp.). Até o momento nenhum

registro foi realizado sobre a patogenicidade de Colletotrichum sp. em teca no Estado do

Mato Grosso, portanto, pela falta de maiores informações, este trabalho foi desenvolvido

com o objetivo de confirmar a sua patogenicidade.

MATERIAIS E MÉTODOS

Amostras de folhas de teca que apresentavam os sintomas da doença foram

coletadas para realização de análises no laboratório de Microbiologia/Fitopatologia da

Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Sinop.

A partir das folhas coletadas a campo retirou-se pequenos fragmentos de tecido da

região de transição da lesão. Estes fragmentos foram desinfestados em solução de álcool

70% por 30 segundos e, em seguida, em uma solução de hipoclorito de sódio (0,5%) por 2

minutos para então ser transferido, em condições assépticas, para placas de Petri contendo

meio de cultura batata-dextrose-ágar (BDA). As placas foram incubadas por sete dias em

temperatura ambiente com fotoperíodo de 12 h luz/12 h escuro.

Para a realização do teste de patogenicidade inoculou-se cinco plantas sadias de

teca com discos de micélio da colônia do patógeno com dez dias de idade (Figura 1 - A),

enquanto que outras cinco plantas, utilizadas como testemunha, não foram inoculadas.

Depois de realizada a inoculação, todas as plantas foram submetidas a uma câmara úmida

durante 24 horas, período necessário para a germinação dos esporos e penetração na folha

do hospedeiro (Figura 1 - B).

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 137

Figura 2: (A) Muda de teca inoculada com um disco de micélio do patógeno; (B) Mudas de teca

inoculadas em câmara úmida.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Quatro dias após a inoculação observou-se o desenvolvimento dos primeiros

sintomas de necrose nas nervuras centrais e adjacentes das folhas de teca (Figura 2) que se

assemelharam aos sintomas vistos inicialmente em campo.

Figura 3: Primeiros sintomas observados quatro dias após a inoculação, na superfície adaxial (A) e

abaxial (B).

Para confirmar a patogenicidade do isolado nas plantas inoculadas em que se

observou o sintoma da doença procedeu-se o reisolamento do patógeno em meio BDA para

completar o postulado de Koch, verificando-se tratar do mesmo patógeno.

A identificação do fungo se deu através dos sintomas apresentados nas folhas,

típicos de antracnose, das características da colônia e, também, por meio de preparações

em lâminas e observações ao microscópio. As colônias formadas a partir do patógeno

reisolado apresentaram as mesmas características das colônias obtidas do fungo encontrado

no campo, como coloração rósea, rápido crescimento e intensa esporulação. Em

observações ao microscópio verificou-se a presença de grande quantidade de esporos de

Colletotrichum sp. os conídios, apresentando conídios de formato oblongo, coloração

hialina e uninucleados.

CONCLUSÃO

A BA B

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 138

Pelos resultados obtidos neste trabalho concluiu-se que os sintomas encontrados nas

mudas de teca a campo e confirmados pelo teste de patogenicidade são causados pelo

fungo do gênero Colletotrichum, sendo necessários outros estudos a cerca do assunto para

identificação da espécie do mesmo.

REFERÊNCIAS

CALDEIRA, S.F.; CALDEIRA, S.A.F.; MENDONÇA, E.A.F.M.; DINIZ, N.N.

Caracterização e avaliação da qualidade dos frutos de teca (Tectona grandis L.f.)

produzidos no Mato Grosso. Revista Brasileira de Sementes, vol. 22, n.1, p.216-224,

2000.

CALDEIRA, S.F.; OLIVEIRA, D.L.C. Desbaste seletivo em povoamentos de Tectona

grandis com diferentes idades. Acta Amazônica, vol. 38, n.2, p.223-228, 2008.

DELGADO, L.G.M.; GOMES, J.E.; ARAUJO, H.B. Análise do sistema de produção de

teca (Tectona grandis L.f.) no Brasil. Revista científica eletrônica de engenharia

florestal. ISSN 1678-3867. n.11, fev. 2008.

MACEDO, R.L.G.; GOMES, J.E.; VENTURIN, N.; SALGADO, B.G. Desenvolvimento

inicial de Tectona grandis L.f. (teca) em diferentes espaçamentos no município de

Paracatu, MG. Revista Cerne, Lavras, v.11, p.61-69, jan./mar. 2005.

POLTRONIERI, L.S.; VERZIGNASSI, J.R.; BENCHIMOL, R.L. Tectona grandis, nova

hospedeira de Rhizoctonia solani no Pará. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.34, n.2,

p.291, 2008.

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OCORRÊNCIA DE Nasutitermes sp. (ISOPTERA –

TERMITIDAE) EM Pterogyne nitens TULL., (LEGUMINOSAE –

CAESALPINIOIDEAE) EM VITÓRIA DA CONQUISTA – BA

Poliana Coqueiro Dias¹, Rita de Cássia Antunes Lima de Paula ²

¹ Mestranda em Silvicultura, UFV, Viçosa – MG

²Docente do Curso de Engenharia Florestal, UESB – Vitória da Conquista - BA

e-mail: [email protected]

RESUMO: Pterogyne nitens Tull. é uma espécie nativa na região sudoeste da Bahia. Sua madeira

é normalmente utilizada para produção de carvão, lenha, mourões, peças estruturais e estacas.

Árvores desta espécie foram constatadas, em campo, com presença de biodegradadores. Desta

forma, objetivou-se neste trabalho identificar e descrever as injúrias provocadas por agentes

xilófagos associados à P. nitens no município de Vitória da Conquista – BA. Realizou-se, no mês

de novembro de 2008, a avaliação de um plantio de 500 árvores de P. nitens, quanto à presença de

ataque de xilófagos nesta espécie arbórea. Os insetos coletados, foram acondicionados em potes,

etiquetados ,contendo álcool 70% e enviados para identificação em nível de espécie. Após observar

cada árvore verificou-se a presença de quatro termiteiros em plena atividade, atacando 11 árvores

deste plantio. As injúrias provocadas na madeira foram detalhadamente descritas. Após análise dos

insetos, pode se afirmar a ocorrência de Nasutitermes sp. (Ordem Isoptera, Família Termitidae)

associados a biodegradação da madeira de P. nitens. Este xilófago broqueou a madeira de 11

indivíduos, provocando a morte de 45% destas e nas outras 55% havia total colonização com

presença de galerias e caminhos ao longo do tronco. Com isto, conclui-se neste breve trabalho que

a P. nitens é uma espécie que se mostrou degradante pelos xilófagos do gênero Nasutitermes,

salientando-se a necessidade de estudos nesta área para que se possam contribuir futuros trabalhos

que viabilizem o uso correto da madeira desta essência florestal.

Palavras-chaves: Cupim-de-solo; amendoim-do-mato; biodegradação

INTRODUÇÃO

O amendoim-bravo, como também é conhecido a madeira nova (Pterogyne nitens

Tull., Leguminosae – Caesalpinioideae) é uma planta nativa desta região da Bahia. A

madeira desta espécie é normalmente utilizada para diferentes fins, como exemplo na

construção de móveis, construção civil (como vigas, caibros, ripas, tacos e tábuas para

assoalhos), construção de carrocerias, interiores de embarcações, vagões, barris e mourões

(LORENZI 2002), estando inclusive, com risco de extinção no estado de São Paulo

(ITOMAN et al., 1992).

No Estado da Bahia de acordo com Novaes et al. (1992) P. nitens pode ser

aproveitada com finalidade econômica na região de Vitória da Conquista possuindo

múltiplos usos da madeira e sendo utilizada em sistemas agroflorestais. Carvalho (1994)

afirmou que a grande utilização da madeira desta espécie florestal é pelo fato das

características da madeira moderadamente densa e resistente.

A madeira, entretanto, apresenta algumas desvantagens como a biodegradação por

agentes biológicos, como microorganismos (fungos e bactérias) e alguns animais, dentre

estes da classe Insecta, merecendo destaque para os cupins-de-solo e besouros (LEPAGE

et al. 1986).

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 140

Cupins ou térmitas constituem a ordem Isoptera, e são insetos sociais e

predominantemente tropicais (BERTI FILHO, 1993). Assim, climas quentes e úmidos

como o do Brasil lhes são favoráveis. Atualmente estão descritas no mundo 2.861 espécies

de cupim, das quais 290 ocorrem no Brasil (CONSTANTINO, 1999 citado por

TREVISAN et al., 2007) sendo os mais severos agentes destruidores da madeira (PAES &

VITAL, 2000), contudo, os de solos, ou subterrâneos, são responsáveis pelos maiores

volumes de perdas de madeira no mundo (RICHARDSON, 1993 citados por DUARTE et

al., 2008). Até o momento, em plantios de P. nitens ainda não havia relatos sobre a

incidência de biodegradadores, desta forma, objetivou-se neste trabalho identificar e

descrever as injúrias provocadas por agentes xilófagos associados à P. nitens no município

de Vitória da Conquista – BA.

MATERIAL E MÉTODOS

Este trabalho foi realizado no município de Vitória da Conquista – BA, no campus

da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, em novembro de 2008. Durante este mês,

realizou-se um caminhamento na área experimental de Pterogyne nitens observando cada

árvores de um plantio de 500 indivíduos. Em cada árvore, buscaram-se vestígios de

broqueadores (orifícios, serragem, galerias e caminhos) e ou presença de termiteiro na

área.

Ao detectar a presença dos insetos, os indivíduos foram coletados com a ajuda de

um pincel e armazenados em frascos de vidro, contendo álcool 70% e identificados

segundo a chave taxonômica de Constantino (1999), além da análise da madeira

danificada.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi constatado, num plantio de 500 arvóres de Pterogyne nitens ,11 indivíduos com

presença de cupim-de-solo do gênero Nasutitermes (Classe Insecta, Ordem Isoptera,

Família Termitidae, Subfamília: Nasutitermitinae) (Figura 1). Observou-se a presença de

quatro ninhos deste indivíduos, sendo três destes localizados dentro do plantio e um fora, a

aproximadamente a 10m do plantio. Segundo Polato & Alves-Jùnior (2009) Nasutitermes

sp. constroem ninhos do tipo arborícula e são encontrados com freqüência em locais que

possuam alimento em abundancia.

Das árvores atacadas 45% encontraram-se mortas com o tronco já se desfazendo,

com grande quantidade de galerias e caminhos, mas ainda em pé. As outras 55% ainda

estavam vivas, mas com caminhos (ativos) ao longo de todo o tronco. Na Figura 2 pode-se

observar as galerias e caminhos construídos nas paredes da madeira de Pterogyne nitens .

FIGURA 1: Amostra de soldado de Nasutirmes sp.

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FIGURA 2: Amostra de P. nitens coletada em campo apresentando galerias (A) e

caminhos (B) construídos por Nasutirmes sp. em Vitória da Conquista –Ba.

A madeira de P. nitens é de resistência moderada a ataques de organismos xilófagos

o que foi comprovado com o ataque de Nasutitermes sp., em árvores ainda em campo.

A ocorrência destes insetos associados P. nitens poderá ser um dos fatores que

limitarão a utilização da madeira desta espécie para diferentes utilidades, havendo

necessidade de se ter um maior conhecimento ao ataque deste xilófago. Cavalcante et al.

(1982).salientou, inclusive que estacas de cerne desta espécie florestal é dita como

resistente ao ataque de fungos e cupins.

Diante desta constatação recomendam-se mais estudos nesta área, no intuito de se

obter mais informações sobre a relação deste biodegradador e a madeira de P. nitens para

fornecer subsídios que possam viabilizar o uso correto da madeira desta essência florestal.

CONCLUSÃO

A madeira nova (P. nitens) pode ser atacada por cupins do gênero Nasutitermes,

broqueando toda árvore e podendo, inclusive levar alguns indivíduos a morte, necessitando

portanto de maiores estudos nesta área para que se possa viabilizar a utilização correta da

madeira desta espécie.

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OS ESTUDANTES DE ENGENHARIA FLORESTAL DA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA E O

CONSUMO CONSCIENTE - A Importância da Educação Ambiental

Para a Formação do Consumidor

Siléia Oliveira Guimarães¹, Helane França Silva¹, Alcides Pereira Santos Neto², Daíse

Cardoso de Souza Bernardino²

¹ Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista - BA, Discentes do

Curso de Engenharia Florestal

² Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conuqista - BA, Departamento

de Fitotecnia e Zootecnia

RESUMO - O reconhecimento da degradação causada ao meio ambiente pelo consumo

exagerado de bens e serviços é o que torna possível a diminuição deste consumo. Durante

o curso de Engenharia Florestal os estudantes são colocados a par dos efeitos de nossas

ações sobre o meio ambiente graças à transdisciplinariedade da Educação Ambiental, que

não existe no curso na forma de disciplina formal, mas se expressa dentro do conteúdo

curricular de outras. Para avaliar o impacto da educação ambiental na transformação destes

alunos em consumidores conscientes foi aplicado um questionário de acordo com a

metodologia adotada por Akatu (2007) em todas as turmas de Engenharia Florestal da

UESB sendo que 75% dos alunos matriculados responderam a avaliação. Destes 30%

podem ser considerados consumidores conscientes e outros 56% engajados nesta questão,

comparativamente aos resultados de Akatu (2007) os estudantes de Engenharia Florestal

estão muito acima da média nacional. Ademais, a maioria dos estudantes que se

preocupam com o que estão consumindo e como estão consumindo são aqueles que

possuem renda média familiar abaixo de cinco salários mínimos. Com isso podemos

concluir que consumo consciente está ligado à consciência ambiental e que quanto maior o

acesso a educação ambiental em todas as classes e todos os níveis de escolaridade menores

serão os impactos do consumo desenfreado sobre o meio ambiente.

Palavras-chave: Consumo consciente, educação ambiental, educação para o consumo.

1. INTRODUÇÃO

Segundo Layrargues (1997) no inicio do ambientalismo existia uma necessidade de

se escolher entre desenvolvimento e proteção ao meio ambiente, atualmente a escolha a ser

feita é a respeito do tipo de desenvolvimento que se pretende implementar uma vez que

desenvolvimento e meio ambiente deixaram de ser antagônicos e passaram a ser

complementares. Hoje quando se fala em justiça social planetária há sempre uma

referência a aumento de consumo médio de energia per capita para melhorar o padrão de

vida de países pobres, considerando-se o estado atual de desenvolvimento tecnológico,

elevar o consumo para o padrão dos países de primeiro mundo é definitivamente

insustentável e não-generalizável ao conjunto da humanidade.

O conceito “sociedade sustentável” parece ser o mais adequado uma vez que

permite a cada cidade definir seu padrão de consumo e bem-estar levando em conta sua

cultura, história e ambiente natural (Diegues, 1992). Em geral entendemos que as

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sociedades de consumo impuseram o fim das “comunidades tradicionais” e que

deveríamos buscar novas formas de consumo e produção baseadas em tradições perdidas

(Rocha, 2005).

Atualmente fala-se em consumidor “verde” ou ecológico que pode ser definido

como aquele que busca para consumo apenas produtos que causem menores ou nenhum

prejuízo ao meio ambiente. Ou seja: “aqueles que buscam conscientemente produzir,

através do seu comportamento de consumo, um efeito nulo ou favorável sobre o meio

ambiente e a sociedade como um todo. Uma questão recorrente nos estudos que tentam

identificar o perfil destes consumidores é a ausência de relação direta entre consciência

ecológica e o comportamento de compra, indicando que nem sempre o conhecimento das

questões ambientais signifique um comportamento de compra ecologicamente correto

obrigatoriamente (Lages & Neto, 2002).

Com base em todas estas informações este trabalho visou verificar se o

conhecimento das questões ambientais por meio da educação ambiental aplicada as

disciplinas constantes na grade curricular do curso de Engenharia Florestal da

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia pode ser considerada como fator

determinante na formação de consumidores conscientes.

2. METODOLOGIA

Com base no trabalho de Akatu (2007) foi elaborado um questionário que foi

aplicado aos alunos regularmente matriculados no curso de Engenharia Florestal da

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, 94 no total, sendo 47 moças e 47 rapazes.

As perguntas foram utilizadas como critérios para a segmentação do consumidor,

tal segmentação foi estruturada de acordo com a Tabela 1, tendo como base o trabalho de

Akatu (2007).

Tabela 1. Segmentação dos resultados obtidos com a tabulação dos dados dos

questionários.

Segmento Critério

Indiferentes 0 a 2 comportamentos

Iniciantes 3 a 6 comportamentos

Engajados 7 a 9 comportamentos

Conscientes 10 ou 11 comportamentos

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Apenas 72,3% dos estudantes responderam aos questionários, e em sua grande

maioria foram enquadrados nos segmentos mais conscientes (engajados e conscientes) e

destes a maioria foi do sexo feminino.

Tais resultados diferem em muito dos dados encontrados por Akatu (2007) onde

apenas cinco por cento dos jovens podem ser considerados conscientes e 28% como

engajados, e de acordo com a pesquisa original a escolaridade não é um fator limitador,

pois a maioria dos consumidores conscientes possuía apenas o nível fundamental de

ensino.

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Avaliando a renda dos estudantes também há uma diferença entre a população geral

e os estudantes avaliados, enquanto entre a população geral brasileira encontramos 7% de

classe A, 23% de classe B, 37% de classe C e 33% das classes D/E, entre os estudantes

avaliados encontramos 63% entre as classes D/E, 30% de classe C e 7% na classe A,

corroborando com os dados de Akatu (2007) que diz que o consumo consciente não é

exclusividade das classes de maior renda.

A diferença de comportamento avaliada entre os estudantes conscientes/engajados é

significativa quando comparada aos estudantes indiferentes/iniciantes, quando o grupo de

estudantes menos conscientes tem algum comportamento positivo em geral ele está

relacionado a economia seja de água ou energia elétrica, o que enfatiza o fato de que o

consumo consciente está diretamente relacionado com a educação. Desde a mais tenra

idade os pais sempre lembram aos filhos que não devem deixar a luz ou as torneiras abertas

não para poupar os recursos do planeta mas para poupar dinheiro, são comportamento

intrínsecos que acabam sendo executados de forma mecânica sem analisar o por quê de tal

ato.

Entretanto quando comparamos os diferentes comportamentos entre os estudantes

conscientes e os engajados fica evidente uma preocupação com o meio ambiente, já que os

comportamentos mais divergentes tem a ver com a reciclagem de materiais e o consumo de

produtos orgânicos (Figura 1).

Figura 1. Diferença de comportamento entre os diferentes grupos de consumidores

observados entre os estudantes de Engenharia Florestal da Universidade Estadual do

Sudoeste da Bahia.

4. CONCLUSÕES

- Os estudantes do curso de Engenharia Florestal da Universidade Estadual do

Sudoeste da Bahia podem ser considerados consumidores mais conscientes que a média

nacional.

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- Ao contrário da média nacional os estudantes de baixa renda se apresentaram

mais conscientes que aqueles com maior poder aquisitivo.

- O envolvimento feminino nas questões ambientais parece maior que o

envolvimento masculino uma vez que há mais consumidoras conscientes.

- Pode-se concluir que o contato dos estudantes com a educação ambiental aplicada

transdisciplinarmente ao longo do curso contribui para a formação de consumidores mais

conscientes.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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PERCEPÇÃO AMBIENTAL NA ÁREA DO ENTORNO DO PARQUE

URBANO LAGOA DAS BATEIAS, VITÓRIA DA CONQUISTA/BA

Lícia Priscila Azevedo1; Mariana Lemos Santana

1; Mariana de Carvalho Aguiar Ribas

1;

1UESB, Vitória da Conquista

e-mail: [email protected]

RESUMO: Estudos de percepção ambiental vêm sendo incluídos em projetos de educação

ambiental que visam subsidiar ações educativas que propiciem maior envolvimento da

população local na conservação e proteção do ambiente natural. Dentro desse contexto este

trabalho teve como objetivo avaliar a percepção ambiental da comunidade do entorno

(bairro Santa Cruz) a respeito do Parque Urbano Lagoa das Bateias. Os dados foram

coletados por meio de um questionário aplicados aos moradores do entorno do Parque. A

análise dos resultados permitiu concluir que maioria dos habitantes entrevistados (42,9%)

reside a mais de 20 anos no bairro; 72,8% dos efluentes domésticos são lançados

diretamente na lagoa por falta de infra-estrutura sanitária; a grande maioria dos

entrevistados (84,4%) desconhecia o conceito de Unidade de Conservação; e 78,9% não

tinham conhecimento que o Parque é uma área de preservação.

Palavras–chave: Unidades de conservação; percepção ambiental; Parque Urbano Lagoa

das Bateias.

INTRODUÇÃO

A criação de unidades de conservação é uma estratégia política que vem sendo

adotada em termos globais como uma das maneiras de possibilitar a conservação dos

ecossistemas naturais, sendo, portanto, considerada uma via essencial à proteção dos

processos ecológicos fundamentais (SÃO PAULO, 1998). Entretanto, a criação de

unidades de conservação não é o bastante para assegurar a proteção dos recursos naturais,

culturais e históricos. Segundo Milano (2000) citado por Bezerra et al. (2008) a criação,

por força de lei, de parques, reservas ecológicas e outras áreas naturais protegidas, não têm

conseguido solucionar os problemas decorrentes das pressões antrópicas, que por sua vez

comprometem a conservação dos recursos naturais e culturais dessas áreas.

Segundo Bezerra et al. (2008) citado por Jesus (1993), projetos de conservação de

áreas naturais devem ter como base um estudo do estado inicial da área, em que sejam

consideradas suas dimensões ecológicas, culturais e socioeconômicas, visando assim,

compreender melhor as relações existentes entre os diferentes componentes dos

ecossistemas, inclusive o ser humano. De acordo com Santos et al. (2000), pesquisas de

percepção ambiental podem ser instrumentos educativos e transformadores desde que

propiciem condições para reflexão do próprio indivíduo.

O Parque Urbano Lagoa das Bateias está localizado no perímetro urbano e vem

sofrendo constantes processos de degradação, principalmente por parte da população do

entorno, que, em sua maioria, não possui o conhecimento acerca da importância ecológica

da área. A falta de esclarecimento da comunidade dos bairros adjacentes contribui com a

degradação do local através de pesca predatória, disposição inadequada do lixo, captura de

aves, lançamento de efluentes residenciais na lagoa, dentre outras formas de agressão.

Diante desses problemas, verifica-se a necessidade de utilizar instrumentos que

possibilitem a compreensão das interações homem-ambiente, bem como, as necessidades e

expectativas da população local com relação ao Parque. A descrição dos conhecimentos e

sentimentos da população em relação ao ambiente em que vive pode representar uma

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ferramenta estratégica para monitorar e promover mudanças de atitudes nos grupos socio-

culturais (moradores e proprietários de terra do entorno), considerando o pressuposto de

que a sensibilização, por meio do conhecimento do sistema ambiental, é condição básica

para o envolvimento efetivo dos mesmos.

Neste sentido, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a percepção ambiental

da comunidade do entorno (bairro Santa Cruz) a respeito do Parque Urbano Lagoa das

Bateias, visando subsidiar ações educativas que propiciem maior envolvimento da

população local na conservação e proteção do ambiente natural.

MATERIAL E MÉTODOS

Caracterização da área de estudo

A unidade de conservação Parque Urbano Lagoa das Bateias localiza-se na zona

oeste de Vitória da Conquista/BA, entre os bairros Santa Cruz, Bateias, Loteamento Terras

do Remanso, Cidade de Serrinha, Urbis II e Urbis III, compreendendo uma área de

aproximadamente 53 ha que representa 0,4% da bacia do córrego Santa Rita. O mesmo faz

parte da bacia do Rio Pardo e encontra-se a 900 m acima do nível do mar (LIMA et al.,

1999). A lagoa se caracteriza em três tipos de ambientes: o espelho d’água (26 ha); o

litoral (13 ha) e a zona alagada com taboas (14 ha). Essas áreas podem sofrer alterações

em suas dimensões em virtude das mudanças nos níveis das chuvas. A heterogeneidade de

habitat e a variação sazonal possibilitam uma grande diversidade biológica (VITÓRIA DA

CONQUISTA, 2006).

O bairro Santa Cruz foi escolhido para coleta de dados por possuir maior

proximidade com o Parque, localiza-se na zona oeste da cidade e abrange uma área de

35,11ha, trata-se de uma invasão urbana. A população que reside neste bairro não dispõe

de infra-estrutura adequada, principalmente, esgotamento sanitário e rede drenagem.

Coleta dos dados

Os dados foram coletados por meio da aplicação de um questionário no período de

30 de março a 08 de abril de 2009. Os moradores foram selecionados de forma aleatória

simples.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Foram entrevistados 147 moradores do bairro, sendo que 103 do sexo feminino e 44

do sexo masculino. Em relação ao grau de instrução, 10,2% dos entrevistados são

analfabetos, 57,2% concluíram o ensino fundamental, 17,7% possuem o ensino médio e

nenhum dos entrevistados completou o ensino superior. Os resultados apontam o baixo

grau de escolaridade da comunidade do bairro Santa Cruz.

O tempo de residência foi uma questão levantada, uma vez que poderia trazer

maiores esclarecimentos sobre as relações da população com a área de estudo. Dos

entrevistados 6,1% declaram que vivem no bairro há menos de um ano, 11,6% entre 1 a 5

anos, 19% entre 5 e 10 anos, 20,4% entre 10 a 20 anos e 42,9% residem no local há mais

de 20 anos.

No tocante ao esgotamento sanitário, 87,8% dos entrevistados afirmaram que não

existe rede de esgoto. Já com relação ao destino do esgoto, 72,8% dos moradores

responderam que é lançado diretamente na lagoa e apenas 18,4% é destinado para fossa

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séptica. A falta de esgotamento sanitário é um dos fatores cruciais para a degradação do

Parque, pois leva os residentes a lançarem os efluentes domésticos na lagoa.

A maioria da população se mostra satisfeita com a obra de urbanização do Parque,

conforme mostra a Figura 1. A proteção da Lagoa das Bateias, com a criação do Parque,

promoveu um conjunto de benefícios sociais, ambientais, sanitários e econômicos para as

comunidades do entorno, visto que, a criação da unidade de conservação tem promovido um

foco constante de atenção do poder público para estes locais por meio da instalação de

estruturas e serviços públicos (VITÓRIA DA CONQUISTA, 2006).

Figura 1. Opinião dos moradores em relação à obra de urbanização do Parque.

Quando questionados em relação às visitas ao Parque, 68% dos entrevistados

afirmaram freqüentar a unidade. No que diz respeito à finalidade da utilização, 42,2%

afirmaram utilizar o espaço como área de lazer, seguido de 38,7% que utilizam para a

prática de exercícios físicos, 17,7% para outras finalidades e 1,4% utilizam apenas com

trajeto para o trabalho. Malavasi & Malavasi (2004) citado por Rempel et al. (2008),

entrevistando a população urbana próxima a uma unidade de conservação no Paraná,

constataram que a maioria da população tem conhecimento da existência desse local.

Porém, apenas 59,3% dos entrevistados responderam que já visitaram ou fizeram alguma

atividade na área. No que se refere ao conhecimento com a relação à Unidade de Conservação, 78,9%

das pessoas questionadas não sabiam que o Parque é uma área preservação. Em relação ao

termo Unidade de Conservação, 84,4% do total de entrevistados desconheciam o conceito,

e dos 16,6% dos que afirmaram saber, a maioria definiu de forma equivocada. A falta de

conhecimento dos moradores do entorno do Parque pode ser reflexo da falta de programas

de divulgação a respeito desta unidade.

Autores como Santos et al. (2000), Rempel et al.(2008) afirmam que a percepção

ambiental de populações do entorno de áreas relevantes à conservação é uma importante

ferramenta que serve de subsidio para orientar no planejamento, tanto dos usos e

conservação do local como também de atividades para a educação ambiental.

CONCLUSÃO

As áreas urbanas próximas a Unidade de conservação constituem efetivamente

vetores de pressão para a conservação deste importante fragmento ambiental.

Opinião em relação a obra de urbanização do

Parque:

64%10,20%

1,40%

8,80%

6,10%

9,50%

Boa 94 entrevistados

Ótima 15 entrevistados

Exelente 2 entrevistados

Ruim 13 entrevistados

Regular 9 entrevistados

Péssima 14

entrevistados

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Considerando-se que o objetivo maior da Educação Ambiental é contribuir para as

mudanças de atitudes humanas em relação ao meio, os resultados adquiridos com a

presente pesquisa servirão de base para ações com vistas à educação ambiental tanto na

comunidade do entorno como no próprio Parque.

Verifica-se a necessidade de um trabalho conjunto entre o órgão gestor e a

comunidade a fim de promover a sensibilização ambiental em relação à preservação do

Parque, sua importância ambiental enquanto Unidade de Conservação, bem como

implementar alternativas de lazer e entretenimento para atender a demanda desta

população.

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PRAGA DA SERINGUEIRA, Tapuruia felisbertoi LANE

(COLEOPTERA: CERAMBYCIDAE) EM PLANTIOS COMERCIAIS

NO MUNICÍPIO DE SINOP-MT

Ronaldo Augusto Dreher Ferrari

1, Janaína De Nadai

1, Jacqueline Jesus N. da Silva

1, Bianca

J. Fruet Dacroce1

1 Universidade Federal de Mato Grosso, Sinop

e-mails:[email protected]; [email protected];

[email protected]; [email protected]

RESUMO: Objetivou-se registrar a presença do inseto Tapuruia felisbertoi e as injúrias

causadas pelo seu ataque em árvores de seringueira no município de Sinop-MT. Foi

realizado monitoramento da área no período de abril a outubro de 2009, através de

inspeções mensais, para notificação da presença ou não de insetos praga no plantio. A

partir da observação da presença de larvas dos insetos foram coletadas exemplares para

identificação taxonômica no ao Laboratório de Biologia Animal da UFMT-Sinop. A coleta

dos insetos adultos foi realizada através de gaiolas de “Voil” e armadilhas com atrativos. O

registro da presença da forma jovem dos insetos praga ao plantio ocorreu em maio de

2009. O inseto pertence à família Cerambycidae e espécie Tapuruia felisbertoi Lane. O

ataque ocorreu em todas as árvores do plantio. O inseto adulto realiza a postura entre a

casca e o lenho da árvore. A presença de Tapuruia felisbertoi Lane dificulta o processo de

extração do látex.

Palavras-chave: Proteção Florestal; Sinop; Besouro; Praga Florestal

ABSTRACT: Was aimed at to register the presence of the insect Tapuruia felisbertoi and

the damages caused by your attack in seringueira trees Sinop-MT. The area was

accompanied in the period of April to October of 2009, through monthly inspections, for

notification of the presence or not, of insects curse in the planting. Starting from the

observation of the presence of larvas of the insects copies were collected for taxonomic

identification in the Laboratory of Animal Biology of UFMT-Sinop. The collection of the

adult insects was accomplished through cages of " Voil " and traps with attractions. The

registration of the presence in the young way of the insects curse to the planting happened

in May of 2009. The insect belongs to the family Cerambycidae and specie Tapuruia

felisbertoi Lane. The attack happened in all the trees of the planting. The adult insect

accomplishes the posture between the peel and the log of the tree. The presence of

Tapuruia felisbertoi Lane hinders the process of extraction of the latex.

Key-words: Forest protection; Sinop; Beetle; Forestry Prague

Introdução

A Seringueira, Hevea brasiliensis (Euphorbiaceae) é uma árvore originária da bacia

hidrográfica do Rio Amazonas, do seu tronco extrai-se o látex que por coagulação

espontânea ou por processos químico-industriais, se transforma no produto comercial

denominado de borracha. Embora tenha sido extraída bem antes do descobrimento do

Brasil pelos indígenas latino-americanos (CIIAGRO 2005), a borracha ganhou grande

importância na economia nacional entre 1880 e 1910, quando constituiu o segundo produto

na pauta de exportações brasileiras (VIRGENS FILHO, 1983, apud GASPAROTTO et al.,

1997).

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A área plantada com seringueira no Brasil ocupa atualmente 150 mil hectares, o que

representa apenas 1,50% da área Nacional, segundo dados de 2008 do grupo Internacional

de Estudos da borracha (IRSG, 2009).

Tapuruia felisbertoi é um inseto nativo do Brasil, apresenta distribuição geográfica

relacionada à Floresta Amazônica e região central do Brasil nas florestas de galeria

(GONÇALVES et al., 2009). Ainda, segundo o mesmo autor, o inseto adulto é

caracterizado por apresentar coloração preta com a metade apical dos élitros avermelhada e

uma mancha esbranquiçada no meio da metade anterior.

Levantamentos realizados por DALL’OGLIO & FILHO (1997) a plantios de

seringueira no estado de Mato Grosso, não relatam a ocorrência desse inseto no ano em

que foi realizado o estudo. O primeiro relato e descrição desta espécie foram realizados por

Lane (1973) no município de Fordlândia, no estado do Pará e nas margens do Rio

Tapajós, no estado do Amazonas. No estado de Mato Grosso, o primeiro registro foi feito

por GONÇALVES et al. (2009) no município de Nova Xavantina.

Este estudo tem objetivo de registrar pela primeira vez a presença de Tapuruia

felisbertoi e as injurias causadas a árvores de seringueira no município de Sinop-MT.

Materiais e Métodos

O estudo foi realizado em monocultura de seringueira, localizado no município do

Sinop-MT, (21° 19’S e 43° 06’ W) em região plana de transição entre cerrado e floresta

amazônica, com cerca de 384 metros de altitude, precipitação pluviométrica média de

2000mm/ano e temperatura média anual entre 24 e 26° C (INMET, 2009).

O povoamento compreende área de seis hectares composto por mudas produzidas

por enxerto e semente, com espaçamento 3,5 x 7,0 m entre linhas e plantas, com 19 anos

de idade, entretanto a extração de látex vem sendo realizado nos últimos três anos. Nas

áreas adjacentes ao plantio havia culturas antigas de eucalipto, pastagens, milho, cana de

açúcar e fragmentos florestais nativos da região.

Foi realizado monitoramento da área no período de abril a outubro de 2009, através

de inspeções mensais, para notificação da presença ou não de insetos praga no plantio.

A partir da observação da presença de larvas dos insetos foram coletadas

exemplares para identificação taxonômica. A coleta foi realizada manualmente com auxílio

de canivete e a amostra foi enviada ao laboratório de Biologia Animal da UFMT-Sinop

para identificação em nível de família.

A coleta dos insetos adultos foi realizada a partir da captura dos exemplares que

emergiam do tronco das árvores e daqueles que já estavam no ambiente. Para a primeira

forma de captura foram confeccionadas gaiolas de “Voil” com dimensões de 1,5 m de

altura x 1,0 m de largura e instaladas em cinco árvores de forma a envolver os troncos das

árvores infestadas, assim, quando os insetos adultos saíssem da casca seriam apreendidos

na gaiola. Para segunda forma de captura do inseto adulto foram confeccionadas dez

armadilhas atrativas com garrafa tipo pet, sendo cinco contendo como atrativo caldo de

cana e cinco contendo álcool 70% de acordo com metodologia descrita por CORDEIRO

(2005). As armadilhas foram vistoriadas semanalmente para coleta e caracterização do

inseto adulto.

Resultados e Discussão

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O registro da presença da forma jovem dos insetos praga ao plantio ocorreu no mês

de maio de 2009, no entanto, a forma adulta foi observada no mês de setembro de 2009,

logo após a ocorrência das primeiras chuvas na região, caracterizando o fim da estação

seca.

A captura dos insetos adultos só foi possível através das armadilhas de gaiolas, pois

as armadilhas contendo atrativo não foram eficazes para atrair o inseto praga. Entretanto, a

forma adulta era facilmente coletada utilizando catação manual dos insetos adultos quando

estavam ainda entre a casca e o lenho da seringueira.

Os insetos adultos coletados no mês de setembro de 2009 foram identificados como

pertencentes à família Cerambycidae e a espécie Tapuruia felisbertoi Lane (Coleoptera:

Cerambycidae).

Durante o monitoramento, através da vistoria detalhada da área foi possível

constatar que todas as árvores do plantio foram atacadas por T. felisbertae, e que houve

maior incidência de injúrias àquelas oriundas de mudas produzidas por sementes.

GONÇALVES et al. (2009) ao relatar o ataque desse mesmo coleóptero em cultura de

seringueira, no município de Goianésia-GO, registrou ataque em apenas 5% das árvores.

Observou-se que o inseto adulto realiza a postura entre a casca e o lenho da árvore

viva, as larvas ao eclodirem permanecem embaixo da casca se alimentado da madeira e

produzindo serragem. Esta tarefa realizada pelos insetos, quando em conjunto, produz sons

característicos audíveis ao ouvido humano, quando a pessoa se aproxima do tronco da

árvore. No entanto, apesar da presença de serragem não foram observadas perfurações no

tronco das árvores ocasionado pela forma jovem.

A presença da larva de Tapuruia felisbertoi na seringueira torna sua casca flexível.

A pupa do inseto fica aderida entre o súber e lenho em casulo construído com a própria

casca da árvore. Assim, forma-se crescimento anormal de lenho, conhecido popularmente

como “ferida” que, quando se desenvolve em grandes infestações, como na registrada neste

trabalho, dificulta o processo de sangria do látex, pois reduz a área de corte e quando este é

realizado sobre a área afetada impede o direcionamento da seiva para o pote coletor,

diminuindo o volume de extração e por conseqüência, a produtividade do povoamento. Em

plantas muito atacadas, as alterações de lenho ocasionadas pelas larvas provocaram

excessiva transpiração, diminuindo seu teor de umidade, o que pode levá-las à morte,

especialmente no período de seca.

A espécie Tapuruia felisbertoi pode ser considerado uma praga existente há pouco

tempo no estado de Mato Grosso. Em uma pesquisa realizada em janeiro de 1992 a maio

de 1993, por DALL’OGLIO & FILHO (1997), o inseto não foi registrado no estado, mas

no ano de 2008 houve registro no município de Nova Xavantina-MT (GONÇALVES et al.,

2009).

Conclusão

A praga da seringueira, Tapuruia felisbertoi LANE (COLEOPTERA:

CERAMBYCIDAE) foi registrado pela primeira vez no mês de maio de 2009 em plantio

comercial em Sinop-MT. A presença de Tapuruia felisbertoi Lane dificulta o processo de

extração do látex.

Referências

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 154

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 155

PRESENÇA DE CUPIM DE MONTÍCULO E CUSTOS DE REMOÇÃO

DO CUPINZEIRO EM PLANTIOS DE TECA

Ronaldo Augusto Dreher Ferrari

1, Janaína De Nadai

1, Evandro Mauro Tibola

1, Fábio

Ferreira de Azevedo1

1 Universidade Federal de Mato Grosso, Sinop

e-mails: [email protected], [email protected],

[email protected], [email protected]

RESUMO: A incidência de cupins semi-arborícolas (Nasutiterme sp.) na cultura da Teca

(Tectona grandis L. f.) tem causado prejuízos quanto à colheita da madeira devido ao custo

de remoção dos cupinzeiros. Foi realizado um estudo com o objetivo de relatar pela

primeira vez o prejuízo ocasionado por cupins semi-arborícolas a plantios de Teca. Foram

selecionadas aleatoriamente 200 árvores em um talhão de Teca com aproximadamente

quatro hectares em Sinop-MT. 61 árvores apresentaram pelo menos um montículo em seu

fuste. A partir destes dados e com um nível de significância de 5%, foi construído

estatisticamente um intervalo de confiança para a proporção de plantas atacadas,

considerando uma população finita. O referido intervalo ficou entre [24,22%; 36,78%] de

plantas atacadas por hectare.

Palavras-chave: Proteção Florestal; Sinop; Engenharia Florestal; Praga Florestal

ABSTRACT: The incidence of semi arboricolous termite’s (Nasutitermes sp.)in Teca

cultivation (Tectona grandis l. f.) has caused damage at harvest of wood due to the cost of

removal of the nests. A study was conducted to report for the first time the damage caused

by semi-arboreal termites on forest’s teca. Was selected randomly 200 trees in a block of

teak with approximately four acres in Sinop-MT. 61 trees had at least one mound in its

trunk. From these data and with a significance level of 5% was statistically constructed a

confidence interval for the proportion of plants attacked, considering a finite population.

This range was between [24.22%, 36.78%] of damaged plants per hectare.

Key-words: Forest protection; Sinop; Forestry; Forestry Prague

INTRODUÇÃO

A Teca, Tectona grandis L. f. (Lamiaceae), é uma árvore de grande porte, nativa

das florestas tropicais situadas entre 10° e 25°N no subcontinente índico e no sudeste

asiático, principalmente na Índia, Burma, Tailândia, Laos, Camboja, Vietnã e Java (IPEF

2009). Devido sua dispersão geográfica e a variedade de ambientes onde ocorre

naturalmente, pode ser considerada uma espécie de alta adaptabilidade, com dispersão

vertical entre 0 e 1.300m acima do nível do mar, ocorrendo em áreas com precipitação

anual de 800 a 2500 mm, e temperaturas extremas variando de 2°a 42°C, porém não resiste

à geada (IPEF 2009). Esta essência florestal tem sido cultivada desde o século XVIII,

quando os britânicos demandavam grandes quantidades de madeira para construção naval.

No sul da Ásia, a cultura de Teca é tradicional, sendo a espécie cultivada em grande escala.

Atualmente a área mundial plantada excede os três milhões de hectares, incluindo, além

dos asiáticos, outros países tropicais, como Togo, Camarões, Zaire, Nigéria, Trinidad,

Honduras, Brasil, entre outros (IPEF 2009).

O reflorestamento praticado na Amazônia tornou-se um desafio para os utilizadores

de matéria-prima florestal, por serem incipientes os estudos e pesquisas capazes de

subsidiar a adoção de procedimentos técnicos adaptados às condições regionais. O tempo

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 156

comprovou que o comportamento de algumas espécies nativas implantadas em

reflorestamento não apresentou desempenho satisfatório, passando, a maioria delas, por

severos ataques de pragas e doenças, outras não resistiram às práticas silviculturais

inadequadas, a exemplo dos reflorestamentos com Mogno (Swietenia macrophylla King.) e

Cedro (Cedrella odorata L.), ambos atacados por Hypsipyla grandella (Zeller)

(Lepidoptera: Pyralidae), que destrói o meristema apical, promovendo um crescimento

irregular do tronco e não permitindo seu aproveitamento comercial. Por outro lado,

espécies exóticas como a Teca, adaptaram-se muito bem, isto é explicado pelo rápido

crescimento inicial e rusticidade (FIGUEIREDO, 2009) . Apesar de poder ser cultivada

apenas em regiões tropicais, a madeira de Teca é muito procurada, principalmente, no

continente Europeu, onde o preço por metro cúbico supera o do próprio Mogno (IPEF

2009). Mundialmente, a Teca é apreciada pela qualidade de sua madeira, bem como pela

sua durabilidade.

No Brasil, existem alguns plantios experimentais com Teca, entretanto, o mais

antigo e expressivo reflorestamento foi implantado em Cáceres, no Mato Grosso. Em 1968,

a Cáceres Florestal testou espécies madeireiras que pudessem impulsionar o

reflorestamento daquela região. Dentre estas, a Teca se destacou pelo rápido crescimento e

pelo alto valor da madeira, principalmente, no mercado internacional. No estado do Mato

Grosso a área cultivada com Teca ultrapassa 50 mil hectares (IPEF 2009). No Brasil, a

Teca tem sido manejada em ciclos de corte de 25 anos, enquanto nos demais países de

cultivo, esse ciclo varia de 60 a 80 anos. Apesar da diferença de idade no ponto de corte, as

propriedades físicas e mecânicas são semelhantes às madeiras de Teca oriundas do sudeste

asiático (IPEF 2009).

A principal praga da Teca tem sido a Hyblaea puera Cramer. (Lepidoptera:

Hyblaeidae), larva desfolhadora que já ocasionou perdas de 44% do volume, em plantios

na África e Ásia (FIGUEIREDO et al., 2005). No Estado de Mato Grosso, constatou-se a

ocorrência dessa praga em plantios homogêneos de Teca nos Municípios de Cáceres e

Rosário Oeste, em 1997 e 1998, respectivamente, no início da estação chuvosa. No

entanto, os danos causados pela praga no Brasil não foram considerados de importância

econômica (FIGUEIREDO et al., 2005). Outro inseto que comumente é encontrado em

plantios homogêneos de Teca é o cupim de montículo, Nasutiterme sp. (Isoptera:

Nasutitermitidae). Esses insetos vivem em estruturas denominadas de ninho, cupinzeiro ou

montículo, que servem de moradia e segurança contra inimigos naturais e contra as

adversidades do meio ambiente. No entanto, os montículos muitas vezes encontram-se

aderidos na base do fuste da árvore de Teca, apesar de não causar prejuízo direto à

madeira, por não se alimentar da árvore viva, ele causa prejuízo indireto ao silvicultor, pois

ao construir seu ninho aderido na base do fuste, exatamente onde é realizado o corte da

árvore, impossibilita a colheita. Assim, o silvicultor necessita remover os montículos para

posteriormente realizar o corte raso da árvore. Nessa contribuição objetiva-se relatar, pela

primeira vez, a ocorrência de cupins de montículo, Nasutiterme sp. em Teca e o prejuízo

ocasionado por eles ao silvicultor dessa essência florestal.

MATERIAIS E MÉTODOS

O estudo foi realizado em um plantio de quatro hectares de Teca com treze anos de

idade, plantada em espaçamento 3x2m entre linhas e plantas. A área fica situada na estrada

Ruth s/n lote 69 na cidade de Sinop, estado de Mato Grosso, em região plana de transição

entre cerrado e floresta amazônica, com cerca de 384 metros de altitude, precipitação

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 157

pluviométrica média de 2000mm/ano e temperatura média anual entre 24 e 26° C (INMET

2009).

O plantio, constituído de 6600 árvores, foi vistoriado nas seguintes datas,

27/03/2009; 17/04/2009; 08/05/2009; 22/05/2009 e 05/06/2009. A amostragem de árvores

contendo montículos aderidos na base do fuste foi realizada de forma aleatória,

selecionando-se 200 árvores. Para isto, foi construída uma matriz em que cada árvore foi

codificada em função da combinação linha-coluna.

Para calcular o valor gasto em remover os montículos aderidos na base de cada

árvore foi considerado o custo de um trabalhador diarista, bem como a quantidade de

montículos capaz de retirar da base do fuste das árvores em um dia. A partir dos dados

coletados a campo e com um nível de significância de 5%, foi construído estatisticamente

um intervalo de confiança para a proporção de plantas atacadas, considerando uma

população finita, conforme o seguinte modelo matemático:

IC = [ ep̂ ]; 1

.ˆ.ˆ

.

2N

nN

n

qpZe ;

n

xp̂ ; q̂ = 1 - p̂

Onde:

IC = intervalo de confiança;

e = erro

p̂ = proporção amostral;

x = número de sucessos ocorridos em n tentativas;

n = tamanho da amostra

q̂ = proporção de fracasso amostral;

Z = é a estatística definida em função de (valor tabelado);

= Nível de significância

N = tamanho da população

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Das 200 árvores analisadas 61 apresentaram em seu fuste pelo menos um montículo

aderido, portanto com 95% de confiança, a probabilidade de ocorrência de cupins

associados à base do fuste das árvores está compreendida no intervalo entre [24,22% ;

36,78%] de plantas atacadas no talhão de quatro hectares, que corresponde as 6600

árvores.

O custo do combate para a retirada dos montículos aderidos ao fuste é 10 % do

salário mínimo (DE NADAI, 2005), que para o ano de 2009 foi de R$ 47,00/homem/dia,

que consegue nesse período retirar aproximadamente 100 montículos, deste modo para o

caso aqui apresentado, no cenário positivo (24,22% de plantas atacadas), são 399 plantas

atacadas/ha o que representa um custo de R$187,53/ha correspondendo a 40,33% do

salário mínimo vigente em 2009 e, no cenário negativo (36,78% de plantas atacadas) são

607 plantas atacadas/ha o que representa um custo de R$285,29/ha ou 61,35% do salário

mínimo.

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JUAREZ et al. (2007) ao submeterem a madeira da Teca à ação de Nasutitermes

corniger (Isoptera: Nasutitermitidae) em condições de laboratório, registraram que apenas

a parte externa da madeira foi atacada. Entretanto, nesse estudo, os cupinzeiros localizados

na base do fuste das árvores avaliadas não estavam provocando injúria direta à plantação,

mas, como o cupinzeiro está localizado na base das árvores, exatamente onde se realiza o

corte para colheita da madeira, o silvicultor necessita remove-lo antes, gerando gastos.

Até o presente momento, poucos trabalhos de pesquisa foram realizados no sentido

de elucidar as relações ecológicas entre cupins semi-arborícolas associados a plantios

homogêneos de Teca. Os trabalhos publicados e disponíveis à consulta, na grande maioria

têm por objetivo quantificar e qualificar danos causados por cupins à madeira serrada

(JUAREZ et al., 2007) e a mudas recém plantadas no campo (SILVA et al., 2008), mas

trabalhos que relatem os prejuízos ocasionados por cupim de montículo, não foi

encontrado na literatura.

Na cultura de Teca, não existe relatos quanto aos danos econômicos causados aos

silvicultores pela incidência excessiva de montículos aderidos a base do fuste dessa árvore.

CONCLUSÃO

A incidência de montículos de Nasutiterme sp. associados a base do fuste da Teca

pode, quando em proporções iguais ou superiores que 399 plantas por hectare, causar

prejuízos econômicos ao silvicultor, sem contudo prejudicar diretamente as plantas.

Os cupins de montículo aderidos à base do tronco das árvores de Teca não estavam

causando injúria às árvores.

Este é o primeiro relato da presença e do prejuízo ocasionado por Nasutiterme sp. a

árvores de Teca em Sinop, Mato Grosso.

REFERENCIAS

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 159

SILVA, J. M. S.; FERREIRA, R. A.; TOSTA, W. F. G.; GIACOMETTI, V. G.; SOUZA,

G. O. Entomofauna Observada na Cultura da Teca (Tectona grandis L. f.), no campo,

Revista Científica Eletrônica de Engenharia Florestal – ISSN: 1678-3867, Ano VII –

Número 12 – Agosto de 2008 – Periódico Semestral.

AGRADECIMENTOS

A Profa Dr. Janaína De Nadai Corassa pelas orientações e ao Eng° Florestal Jaldes Langer,

proprietário do viveiro Flora Sinop, por disponibilizar a área estudada.

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QUALIDADE SANITÁRIA DE SEMENTES DE MADEIRA NOVA

(Pterogyne nitens Tull.).

Jamille da Silva Amorim¹, Gileno Brito de Azevedo¹, Glauce Taís de Oliveira Sousa¹,

Quelmo Silva de Novaes²

¹ Graduandos em Engenharia florestal pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

(UESB) - Vitória da Conquista-BA.

² Departamento de Fitotecnia e Zootecnia, UESB - Vitória da Conquista-BA.

e-mails: [email protected]; [email protected]; [email protected];

²[email protected]

RESUMO:

Surge cada vez mais a necessidade de utilização de espécies que apresentam rápido

crescimento, e ideais para a recuperação de áreas degradadas e para plantios comerciais.

Neste contexto, a madeira nova (Pterogyne nitens) apresenta potencial para ser utilizada,

no entanto, tem seu uso limitado pela falta de informações científicas sobre a espécie. Com

esse trabalho, objetivou-se avaliar a qualidade sanitária das sementes de P. nitens coletadas

em árvores localizadas na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, campus de Vitória

da Conquista-BA. A avaliação da sanidade foi feita utilizando-se o “Blotter-test”,

acondicionando-se 100 sementes de P. nitens em quatro placas de Petri de 150mm,

contendo duas folhas de papel filtro em cada uma delas, as quais foram umedecidas com

quatro mililitros de água esterilizada. Em seguida, as placas foram incubadas em B.O.D.

com temperatura de 25 ± 1 ºC, com fotoperíodo de 12 horas, por um período de 7 dias. A

qualidade sanitária foi avaliada pela identificação dos microorganismos associados às

sementes, bem como pela porcentagem de ocorrência destes. Os fungos encontrados nas

sementes foram Penicillium sp. e Cladosporium sp., apresentando incidências de 5% e 2%,

respectivamente.

Palavras-chave: sanidade; reflorestamento; fungos.

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, o Brasil vem apresentando uma crescente demanda por produtos

florestais, principalmente a madeira, e isso, tem proporcionado um grande aumento das

áreas reflorestadas com espécies de rápido crescimento. Na região do Planalto da

Conquista (BA), as atividades de reflorestamento com espécies exóticas vêm se

intensificando. Portanto, a utilização de uma espécie florestal adaptada às condições

ambientais da região é de fundamental importância em um programa de reflorestamento.

Pterogyne nitens, conhecida vulgarmente na região como madeira nova, é uma

espécie que apresenta potencial para ser utilizada em áreas de reflorestamento, no entanto,

faltam estudos sobre a espécie, o que dificulta a sua utilização. A espécie pertence à

família Fabaceae, tem como origem a Mata Atlântica e ocorre desde o Nordeste do Brasil

até o Paraná (LORENZI, 2002). Segundo Carvalho (1994) é uma árvore com alto valor

ornamental, sendo recomendada para vias urbanas e arborização de rodovias. Também

apresenta valor ambiental sendo recomendada para reposição de mata ciliar em locais com

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inundações periódicas e para revegetação em solos arenosos e degradados. Ainda segundo

aquele autor, sua madeira possui diversos usos, além de produzir lenha de boa qualidade.

O uso de espécies para reflorestamento é limitado devido à falta de informações

sobre o comportamento fitossanitário e exigências ecológicas, bem como pela carência de

reservas florestais de produção de sementes que sejam manejadas de forma adequada. Uma

das principais causas da perda de viabilidade das sementes é a falta de informação a

respeito da qualidade sanitária e fisiológica destas, quando são levadas para o campo

(DUBOIS, 1970). A sanidade da semente refere-se, à presença ou ausência de agentes

patogênicos, tais como fungos, bactérias, vírus e nematóides (BRASIL, 1992). Entre os

organismos presentes nas sementes e que podem ser transmitidos para plântulas, o grupo

dos fungos é o mais numeroso, seguido das bactérias, vírus e alguns nematóides

(MACHADO, 1988). Sementes infectadas são as melhores formas de transmissão e

disseminação de doenças (ANSELME, 1987), podendo servir como meio de introdução e

acúmulo de patógenos em novas áreas de cultivo. As sementes contendo patógenos não são

facilmente reconhecidas e são distribuídas aleatoriamente no campo, constituindo um foco

primário de infecção na fase inicial da cultura.

Sabe-se que sementes de baixa qualidade sanitária são capazes de comprometer a

sustentabilidade do plantio, causando prejuízos muitas vezes irreparáveis aos

agroecossistemas, pois elas são portadoras de grande variedade fúngica. Por essa razão,

torna-se importante conhecer a sanidade das sementes para auxiliar na execução dos testes

de germinação em laboratório e na formação de mudas em viveiro. Diante do exposto, com

este trabalho objetivou-se avaliar a qualidade sanitária de sementes de P. nitens coletadas

na planta, na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, campus de Vitória da

Conquista,BA.

MATERIAL E MÉTODOS

Frutos de P. nitens foram coletados a partir de árvores localizadas na Universidade

Estadual do Sudoeste da Bahia, campus de Vitoria da Conquista-BA, os quais foram

beneficiados manualmente para a obtenção das sementes. O teste de sanidade foi realizado

no Laboratório de Fitopatologia, Departamento de Fitotecnia e Zootecnia, da referida

Universidade.

As sementes obtidas foram submetidas a um pré-tratamento para desinfecção em

solução de hipoclorito de sódio a 1% por um minuto e solução de álcool 70% por um

minuto, e em seguida lavadas em água destilada e secas em papel toalha, sendo estas

operações realizadas dentro da câmara de fluxo laminar.

A avaliação da sanidade foi feita utilizando-se o “Blotter-test”, acondicionando-se

100 sementes de P. nitens em 04 placas de Petri de 150mm, contendo duas folhas de papel

filtro em cada uma delas, as quais foram umedecidas com quatro mililitros de água

esterilizada. Em seguida, as placas foram incubadas em B.O.D. com temperatura de 25 ± 1

ºC, com fotoperíodo de 12 horas, por um período de 7 dias.

As avaliações foram feitas utilizando-se microscópio estereoscópico, com o qual se

analisou cada semente, para verificar a presença de estruturas fúngica e, quando

necessário, foram feitas lâminas para observação em microscópio óptico.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na avaliação das sementes de P. nitens detectou-se dois gêneros de fungos,

Penicillium e Cladosporium, cuja incidência encontram-se na Tabela 1. Apesar de as

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sementes terem baixa incidência de fungos, o conhecimento da ocorrência desses

patógenos é necessário para o armazenamento e uso posterior das mesmas.

Tabela 1. Incidência de fungos em sementes de

Pterogyne nitens.Vitória da Conquista-BA. (2009).

FUNGOS INCIDÊNCIA (%)

Penicillium sp. 5

Cladosporium sp. 2

Nascimento (2006) detectou Cladosporium sp e Penicillium sp. sendo fungos freqüentes

em sementes de P. nitens, juntamente com Aspergillus sp. Martins (1991), além de

encontrar fungos do gênero Fusarium, Phoma, Phomopsis, Alternaria, Aspergillus,

Chaetomium e Trichoderma em sementes de barbatimão, ipê-roxo e ipê-amarelo,

encontrou Penicillium e Cladosporium com freqüência. Medeiros et al. (1996) também

encontrou esses dois gêneros em sementes de aroeira do sertão (Myracrodruon

urundeuva).

Os fungos associados às sementes podem ser considerados saprófitas ou

potencialmente patogênicos. O gênero Penicillium está entre os gêneros de fungos

saprófitas que ocorrem mais freqüentemente associados às sementes de espécies florestais

e o gênero Cladosporium está entre os potencialmente patogênicos (SANTOS et al., 2000).

Segundo Machado (1988), a associação de sementes com fungos do

gênero Penicillium, ocorre após a colheita, durante o beneficiamento e armazenamento das

mesmas. Esse gênero é citado com freqüência na literatura em sementes de espécies

florestais.

Ávila et al. (2005) verificaram que Cladosporium sp., em pitangueira (Eugenia

uniflora), inicia a contaminação das semente a partir da infecção de frutos e folhas. Rego

(2008) verificou uma baixa transmissão de Cladosporium sp. das sementes para as

plântulas de Blepharocalyx salicifolius (Mirtaceae), mesmo tendo um alto índice de

emergência. Para P. nitens é necessário que se realize trabalhos para verificar o potencial

patogênico dos fungos encontrados em suas sementes.

CONCLUSÃO

Os fungos Penicillium sp. e Cladosporium sp. foram encontrados associados às

sementes de Pterogyne nitens.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 164

QUANTIFICAÇÃO DE LIPÍDIOS, PROTEÍNAS E CARBOIDRATOS

EM SEMENTES DE ANGICO VERMELHO (Anadenanthera peregrina)

Helane França Silva(1); Warlei Souza Campos(2); Daíse Cardoso de Souza Bernardino(3); Eduardo

Euclydes de Lima e Borges(4).

(1) e (2) Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, Curso de Engenharia Florestal. Estrada

do Bem Querer, Km 04, Caixa Postal 95, Vitória da Conquista, BA. Email:

[email protected]; [email protected] (3) Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, Departamento de Fitotecnia e Zootecnia.

Estrada do Bem Querer, Km 04, Caixa Postal 95, Vitória da Conquista, BA. Email:

[email protected] (4) Universidade Federal de Viçosa – UFV, Departamento de Engenharia Florestal. Viçosa – MG.

Email: [email protected]

RESUMO

Este trabalho teve como objetivo a extração dos compostos químicos lipídios,

proteínas e carboidratos nas sementes de angico vermelho (Anadenanthera peregrina),

bem como a quantificação dos mesmos.

A extração e quantificação do teor de lipídios foram realizados em aparelho tipo

Soxhlet, pelo método de extração a frio com éter de petróleo por 24 horas, conforme Silva

(1990). A extração de proteínas foi feita conforme Alfenas et al. (1991), utilizando-se o

tampão TRIS-HCL, 0,1 M, pH 7,5 como solução de extração. Já a quantificação foi feita

pelo método de Bradford (1976), utilizando-se albumina sérica bovina (BSA) como

padrão. A extração de açúcares solúveis foi feita em banho-maria por 30 min. a 75 ºC

(BUCKERIDGE & DIETRICH, 1990). Os açúcares solúveis e o amido foram

quantificados pelo método fenol-sulfúrico (DUBOIS et al., 1956), usando-se glicose como

padrão.

Dentre os compostos químicos quantificados, o lipídio foi o que teve o maior teor

nas sementes de Angico Vermelho.

PALAVRAS-CHAVES: fisiologia de sementes, sementes florestais, angico vermelho.

INTRODUÇÃO

De acordo com o Sistema de Classificação de Cronquist, o gênero Anadenanthera

pertence á família Mimosaceae. Esse gênero possui quatro espécies arbóreas denominadas

popularmente como angico. Segundo Lorenzi (2002) a espécie Anadenanthera peregrina

possui fruto tipo folículo (vagem com uma única fenda longitudinal) achatado e deiscente,

contendo sementes circulares, achatadas, brilhantes e de coloração escura (marrom escura a

preta).

A semente desde os primórdios da humanidade até os dias atuais se apresenta como

um material de grande importância para a tranqüilidade e prosperidade dos povos. Uma das

características da semente que a faz ser a grande responsável pela perpetuação das espécies

vegetais, sendo o principal veículo de reprodução das plantas, é a sua capacidade de

distribuir a germinação no tempo por meio dos mecanismos de dormência.

As sementes têm sido estudadas quanto à composição química de suas reservas, e

tal interesse não se dá apenas por seu teor nutritivo, mas por serem úteis na confecção de

produtos industrializados (BUCKERIDGE et al., 2004), entre diversos fins.

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 165

As principais substâncias de reserva nas sementes são carboidratos, proteínas e

lipídios. A proporção dessa composição pode variar de espécie para espécie e até entre

espécies de uma mesma família (BORGES & RENA, 1993; BEWLEY & BLACK, 1994).

O estudo da composição química é do interesse prático da tecnologia de sementes,

porque tanto o vigor quanto o potencial de armazenamento de sementes são influenciados

pelo teor dos compostos presentes (CARVALHO & NAKAGAWA, 2000).

Para tanto, este trabalho teve como objetivo quantificar os compostos químicos

lipídios, proteínas e carboidratos em sementes de angico vermelho.

MATERIAL E MÉTODOS

A extração e quantificação do teor de lipídios foram realizados em aparelho tipo

Soxhlet, pelo método de extração a frio com éter de petróleo por 24 horas, conforme Silva

(1990).

A extração de proteínas foi feita conforme Alfenas et al. (1991), utilizando-se o

tampão TRIS-HCL, 0,1 M, pH 7,5 como solução de extração.

A quantificação dos teores de proteínas foi feita pelo método de Bradford (1976),

utilizando-se albumina sérica bovina (BSA) como padrão.

A extração de açúcares solúveis foi feita em banho-maria por 30 min. a 75 ºC

(BUCKERIDGE & DIETRICH, 1990) e repetida três vezes. Após cada extração, a mistura

foi centrifugada, retirando-se o sobrenadante. O precipitado foi seco em estufa a 45 ºC, por

48h, e submetido à digestão do amido com um mL de ácido perclórico 35% (PASSOS,

1996). Os açúcares solúveis e o amido foram quantificados pelo método fenol-sulfúrico

(DUBOIS et al., 1956), usando-se glicose como padrão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Tabela 1- Resultados da quantificação de lipídios em sementes de angico vermelho.

Repetições Amostra Óleo Óleo %

R1 0,6560 g 1g 0,3440 g 34,4

R2 0,6380 g 1g 0,362 g 36,2

R3 0,650 g 1g 0,350 g 35,0

R4 0,533 g 1g 0,467 g 46,7

Tabela 2 – Resultados da quantificação de proteína solúvel em sementes de angico vermelho.

Concentração Absorvância Repetições Leitura 1 Leitura 2 Leitura 3 Média

0,05 0,528 R1 1,450 1,399 1,398 1,416

0,1 0,676 R2 1,569 1,596 1,494 1,553

0,2 0,776 R3 1,549 1,547 1,526 1,541

0,4 1,457 R4 1,358 1,398 1,408 1,388

0,6 1,957

0,8 2,022

1 2,049

Carboidrato

Tabela 3 – Resultados da quantificação de carboidrato solúvel em sementes de angico vermelho.

Concentração Absorvância Repetições Leitura 1 Leitura 2 Leitura 3 Média

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 166

0,2 0,357 R1 1,398 1,143 1,402 1,314333

0,4 0,646 R2 1,137 1,154 1,194 1,161667

0,6 0,954 R3 1,376 1,468 1,57 1,471333

0,8 1,211

1 1,568

Amido

Tabela 4 – Resultados da quantificação de amido em sementes de angico vermelho.

Concentração Absorvância Repetições Leitura 1 Leitura 2 Leitura 3 Média

0,2 0,413 R1 0,798 0,869 0,879 0,84867

0,4 0,698 R2 0,761 0,841 0,97 0,85733

0,6 1,002 R3 0,853 0,901 0,935 0,89633

0,8 1,334

1 1,66

As sementes de angico vermelho apresentaram por grama de massa seca em média

38,1% de teor de óleo (lipídio). Comparando o presente trabalho com um estudo feito com

sementes de sibipiruna (Caesalpinia peltophoroides Benth) por Corte at al. (2006), no qual

foi avaliado a mobilização das reservas (lipídio, proteína e carboidratos) durante a

germinação e crescimento das plântulas utilizando o mesmo método de extração e

quantificação destes compostos químicos empregado nas sementes de angico vermelho,

observa-se que estas duas leguminosas apresentaram características semelhantes quanto ao

teor de compostos químicos presentes em suas sementes, sendo que ambas tiveram um

maior teor de lipídios, seguidos de carboidratos solúveis, proteínas solúveis e amido.

CONCLUSÃO

A partir dos resultados obtidos pode-se inferir que dentre os compostos químicos

quantificados, o lipídio foi o que apresentou maior teor nas sementes de Angico Vermelho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Recursos Florestais para o Semi-árido. Página 168

SUPERAÇÃO DA DORMÊNCIA TEGUMENTAR DE SEMENTES DE

SURUCUCU POR MEIO DE IMERSÃO EM ACIDO SULFÚRICO.

Isaac Santos da Luz3, Sylvana Naomi Matsumoto

2; Lucialdo Oliveira D’arede

3,

Jerffson Lucas Santos.4

UESB, Vitória da Conquista

e-mails: [email protected]

RESUMO: O trabalho teve como objetivo investigar a duração do período de exposição

das sementes de surucucu a escarificação química em acido sulfúrico (H2SO4) concentrado,

para otimização da superação de dormência. As sementes de surucucu (Piptadenia

viridiflora (Kunth) Benth) foram submetidos a tratamentos variando o tempo de exposição

destas ao ácido sulfúrico concentrado (98%) os períodos foram de 15, 30, 45, 60 minutos

e a testemunha. Posteriormente foram mantidas em câmera BOD com temperatura de 25 º

C e fotoperiodo de 8 horas. As avaliações realizadas durante dez dias foram porcentagens

de germinação (GERM), sementes mortas (MOR) e sementes duras (DUR) e índice de

velocidade de germinação (IVG). Os valores máximos de germinação e índice de

velocidade de germinação, IVG (98% e 35,5) foram obtida com a exposição das semente a

H2SO4 por um período de 35 e 38 minutos, respectivamente.

Palavras-chave: Piptadenia viridiflora; Sementes; Escarificação química.

INTRODUÇÃO

O surucucu (Piptadenia viridiflora (Kunth) Benth) é uma leguminosa arbórea,

nativa da região Semi-árida do Nordeste brasileiro da família Mimosaceae. É uma planta

rústica, que apresenta madeira de alta densidade, utilizada como lenha no setor ceramista

da região Sudoeste do Estado da Bahia. Além da utilização como fonte de energia, diante

dos crescentes problemas ambientais, resultante do desmatamento de áreas nativas, o

surucucu é visto por ambientalistas, como uma alternativa para o reflorestamento destas

regiões (PESSOA, 2007).

A propagação dessa espécie arbórea é via semente, e a dormência é um dos

problemas que restringe a produção de mudas. A dormência se caracteriza pela

incapacidade de germinação das sementes, mesmo estando expostas a condições

ambientais favoráveis. Este fenômeno pode ser primário, quando já presente na semente

logo que colhida, ou secundário, quando desenvolvida pela exposição da semente a algum

fator negativo à germinação após a colheita. (VIEIRA & FERNANDES, 1997). A

dormência é um importante mecanismo de adaptação ecológica para sobrevivência das

espécies, pois proporciona a sincronia entre as condições ambientais favoráveis e a

germinação das sementes. Entretanto, por restringir a germinação, torna-se uma

dificuldade para a produção de mudas por via sexuada. (KRANER & KOSLOWSKI,

1972).

3 Graduando do Curso de Agronomia, Bolsista Fapesb

2 Professora Titular, Departamento de Fitotecnia e Zootecnia UESB

3 Graduando do Curso de Agronomia, Bolsista PIBIC

4 Graduando do Curso de Agronomia, Bolsista Fapesb

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O trabalho teve como objetivo investigar a duração do período de exposição das

sementes de surucucu a escarificação química em acido sulfúrico, para otimização da

superação de dormência.

MATERIAIS E MÉTODOS

As vagens de surucucu foram coletadas manualmente a partir de 20 arvores,

localizadas na fazenda Riacho D’antas, município de Riacho de Santana, Bahia.

Após a coleta, o material foi levado ao Laboratório de Fisiologia Vegetal da

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia- UESB, campus de Vitória da Conquista,

onde foram realizadas as análises. Para a determinação da umidade das sementes, foi

adotado o método da estufa, conforme descrito por Brasil (1992), com alteração do período

de permanência em estufa para 24 horas. Para análise da condutividade elétrica, foi

determinada a massa umidade para 200 sementes e, em seguida foram submetidas imersão

em 50 ml de água deionizada, sendo mantidas em BOD a 25° C. Depois de 24 horas

procedeu-se a leitura da conduitividade da solução (condutivímetro, modelo DM31,

Digimed, São Paulo) (Tabela 1)

Tabela 1-Peso de massa úmida (g), massa seca (g), teor de água (%) e condutividade

elétrica μC.cm-1.g-1 ) em sementes de surucucu (Piptadenia viridiflora). Vitória da Conquista,

Bahia, 2009.

MASSA UMIDA

(g)

MASSA SECA

(g)

UMIDADE

(%)

CONDUTIVIDADE( μC.cm-

1.g

-1)

MEDIA* 2,004 1,841 8,133 44,376

*Média de quatro repetições constituídas de 50 sementes cada.

Para o tratamento de quebra de dormência por escarificação química, as sementes

foram imersas em acido sulfúrico concentrado (98%) por períodos de 15, 30, 45, 60

minutos. Posteriormente as sementes tratadas assim como a testemunha foram submetidas

à água corrente por 2 horas a temperatura ambiente de aproximadamente 25°C.

O experimento seguiu o delineamento inteiramente casualizado, com quatro

repetições, sendo a parcela experimental constituída por placa de Petri (145 mm de

diâmetro) contendo 50 sementes. as avaliações de sementes germinadas foram feitas a cada

24 horas, durante 10 dias.

A partir dos dados obtidos foi estimada a porcentagem de sementes germinadas,

duras e moras e IVG. Os valores foram submetidos à analise de variância (p<0,05), teste de

Tukey (p<0,05) e análise de variância da regressão (p<0,05) utilizando-se o Programa de

Análises Estatísticas e Genéticas, Saeg, versão 9.1.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi observado o efeito dos diferentes períodos de exposição ao ácido sulfúrico

quando foi avaliada a porcentagem de sementes germinadas (GERM) e duras (DUR) e

IVG (Tabela 2). Para GERM foi ajustado o modelo polinomial raiz quadrática,

verificando-se valor máximo de 98,19% no período de imersão de 35’24’’ em ácido

sulfúrico. Os valores de GERM verificados para sementes não expostas à imersão em ácido

sulfúrico concentrado foram (aproximadamente 4%). Portanto, a semelhança de outras

leguminosas arbóreas nativas da região Semi-árida, foi caracterizada a dormência

tegumentar para as sementes de surucucu. Para a otimização de ações de manejo

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relacionadas à propagação, o tratamento de imersão em acido sulfúrico foi um excelente

agente químico para superação de dormência,. LULA et al., (2000) verificou para o capim

marmelada um aumento de 400% na germinação, quando as sementes foram submetidas à

tratamento com ácido sulfúrico.

Para o IVG, foi ajustado o modelo quadrático o valor máximo foi de 35,5, quando

as sementes foram submetidas ao acido sulfúrico por um período de 38’53’’.

Até o período de 35 a 38 minutos de exposição ao ácido sulfúrico, foi verificada

uma elevação semelhante para GER e IVG (Figura 1 e 2). Entretanto, a intensidade dos

decréscimos verificados para períodos de exposição maiores foram maiores para IVG em

relação a GERM. De acordo com Alves et al. (2009), períodos prolongados de exposição

ao ácido sulfúrico podem promover danos aos tecidos internos das sementes, resultando

em desuniformidade do processo germinativo.

Tabela 2. Resumo da análise de variância referente a porcentagem de sementes de surucu,

(Piptadenia viridiflora (Kunth) Benth)) germinadas (GERM), mortas (MOR) e duras

(DUR) e Índice de Velocidade de Germinação (IVG), submetidas á escarificação química

com H2SO4 concentrado em diferentes períodos de tempo de exposição. Vitória da

Conquista, Bahia, 2009.

Causa da

variação

GL QM

GERM IVG MOR DUR

TRATAMENTO 4 6327,700** 743,750** 10,700 6492,000**

RESÍDUO 15 17,933 5,834 15,533 2,933

TOTAL 19

CV(%) 5,639 10,277 66,801 9,014

Figura 1: Porcentagem de germinação em sementes de surucu, (Piptadenia viridiflora

(Kunth) Benth)) submetidas a diferentes períodos de exposição á escarificação química

com H2SO4 concentrado. Vitória da Conquista, Bahia, 2009.

**Significativo a 1%, pela análise de variância da regressão

0

20

40

60

80

100

120

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 Tempo (minutos)

Ger

min

ação

(%

)

ŷ** =4,82197 +31,4740x 0,5

- 2,65219x (R2=0,9882)

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Figura 2: Índice de Velocidade de Germinação (IVG) em sementes de surucu, (Piptadenia

viridiflora (Kunth) Benth)) submetidas a diferentes períodos de exposição á escarificação

química com H2SO4 concentrado. Vitória da Conquista, Bahia, 2009.

**Significativo a 1%, pela análise de variância da regressão

CONCLUSÃO

A germinação das sementes de surucucu é restringida pela presença da dormência

tegumentar.

A porcentagem de germinação e o Índice de velocidade de germinação (IVG) das

sementes de surucucu foram influenciadas pelo período ao qual foram submetidas ao acido

sulfúrico.

A otimização do processo de germinação foi obtida para as sementes de surucucu

quando estas foram submetidas a um período de 35 a 38 minutos de exposição ao ácido

sulfúrico concentrado.

REFERÊNCIAS

ALVES, E. U.,BRUNO, R. L.,OLIVEIRA, A. P., ALVES, A. U., ALVES, A. U.

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(Caesalpinea ferrea mart.ex tu. Var. leiostachya Benth.). Caatinga (Mossoró,Brasil),

v.22, n.1, p.37-47, janeiro/março de 2009

BRASIL. Ministério da Agricultura. Regras para analises de sementes. Brasília: 1992.

365 p.

LULA, A. de A.; ALVARENGA, A. A. de; ALMEIDA, L. P. de; ALVES, J. D.;

MAGALHÃES, M. M. Estudos de agentes químicos na quebra da dormência de

sementes de Paspalum paniculatum l. Ciênc. agrotec., v.24, n.2, p.358-366, abr./jun.,

2000

0

5

10

15

20

25

30

35

40

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 Tempo (minutos)

IVG

ŷ** =1,18893 + 1,76493x – 0,0226913x

2 (R

2=0,9831)

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KRAMER, Paul J. e KOZLOWSKI, T. Fisiologia das árvores. Lisboa: Fundação Calouste

Gulbenkian, 1972. 745 p.

PESSOA, R. C. Estádios de frutificação e qualidade fisiológica de sementes de

Piptadenia viridiflora (Kunth) Benth. 2007, 67p. Dissertação de Mestrado, Universidade

Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista, 2007.

VIEIRA, Israel G.; FERNADES, Gelson D. Métodos de Quebra de Dormência de

Sementes. Piracicaba: IPEF-LCF/ESALQ/USP, Informativo Sementes IPEF, nov-1997.

Disponível em: Http://www.ipef.br/sementes. Acesso em: 20/04/2009.

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