um estudo de caso em eletrostática

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  • Uso de ontologias e mapas conceituais

    na descoberta e anlise de objetos de

    aprendizagem: um estudo de caso

    em eletrosttica

    Andria Cristina Grisolio Machion

    TESE APRESENTADA AO

    INSTITUTO DE MATEMTICA E ESTATSTICA

    DA UNIVERSIDADE DE SO PAULO

    PARA OBTENO DO TTULO DE

    DOUTOR EM CINCIAS

    rea de Concentrao: Cincia da Computao

    Orientadora: Prof. Dra. Leliane Nunes de Barros

    So Paulo, 05 fevereiro de 2007

  • Uso de ontologias e mapas conceituais na

    descoberta e anlise de objetos de aprendizagem:

    um estudo de caso em eletrosttica

    Este exemplar corresponde redao nal

    da tese devidamente corrigida e defendida

    por Andreia Cristina Grisolio Machion e

    aprovada pela Comisso Julgadora.

    So Paulo, 05 de fevereiro de 2007

    Banca Examinadora :

    Profa. Dra. Leliane Nunes de Barros (Orientadora) - IME-USP

    Prof. Dr. Lenidas de Oliveira Brando - IME-USP

    Prof. Dr. Mauricio Pietrocola Pinto de Oliveira - FE USP

    Prof. Dr. Jaime Simo Sichman - EP-USP

    Profa. Dra. Graa Bressan - EP-USP

  • Dedicatria

    Aos meus super pais Jos Antonio e Edite e minha linda irm Ane, com amor e gratido

    por sua compreenso e carinho.

    v

  • Agradecimentos

    professora Leliane Nunes de Barros, pela orientao, conana

    e amizade nas horas todas em que precisei.

    Aos professores do Departamento de Computao e da Faculdade de Educao que contriburam em

    muito na minha formao.

    Agradeo ao IME e USP pela oportunidade de realizao do curso de doutorado nesta Instuitio.

    Agradeo aos amigos Paulo, Francisco, Karina e Silvio pelo apoio nas horas difceis, durante o

    trabalho.

    Aos amigos l de Limeira, que sempre estavam me esperando nos nais de semana.

    minha familia maravilhosa que sempre esteve do meu lado.

    A Deus que nunca deixou me faltar fora.

    vii

  • Resumo

    A falta de materiais instrucionais digitais disponveis em larga escala e com baixo custo levou

    criao da tecnologia de Objetos de Aprendizagem (OAs) [Wiley 2000]. Nessa tecnologia, materiais

    para ensino e aprendizagem so construdos na forma de pequenos componentes (objetos) para que

    possam ser combinados de vrias maneiras diferentes, ou seja, possam ser reutilizados na composio

    de seqncias didticas que cubram um determinado domnio de aprendizagem, por exemplo, Geome-

    tria Euclidiana ou Eletrosttica. Nessa viso, cabe ao professor (ou ao prprio aluno) decidir qual

    a seqncia de OAs mais adequada para um determinado contexto instrucional (ou de acordo com as

    preferncias do aluno). OAs podem estar disponveis em grandes repositrios na Internet, de maneira

    que qualquer usurio - professor ou estudante - possa busc-los e recuper-los de acordo com suas

    necessidades. Para tornar a busca e recuperao mais ecientes, cada objeto precisa ser descrito num

    formato padro o que permite a sua utilizao em diversas plataformas.

    Atualmente, cada uma das tarefas associadas descoberta e utilizao de OAs realizada de

    forma no automatizada, ou seja, um professor ao elaborar um curso, deve fazer uma busca nos

    repositrios de OAs disponveis, ou na prpria Web, e selecionar os objetos de interesse. Nessa etapa,

    preciso que o professor analise cada OA recuperado a m de decidir: (a) se ele satisfaz ou no os

    objetivos didticos em questo; (b) em que ponto do curso o OA pode ser inserido, dadas as suposies

    sobre o conhecimento prvio feitas no projeto de construo do OA; (c) qual o nvel de diculdade,

    o contexto instrucional e o tipo de recurso de aprendizagem do OA desejados (por exemplo, exerccio,

    simulao, notas de aula, testes etc.). Alm disso, quando o professor faz a busca por OAs, ele utiliza

    somente palavras-chave, sem nenhuma referncia sobre a estrutura do domnio de conhecimento. Essa

    ix

  • x Resumo

    a principal limitao dessa tecnologia: no existem padres para a representao do contedo de

    um OA, que possibilite automatizar a recuperao e anlise de OAs em termos do seu contedo

    relacionado ao domnio no qual ele se insere.

    Esse trabalho prope uma ferramenta, chamada SEQUOA (Seqenciamento de OAs), que d

    suporte ao professor para a tarefa de seleo e composio de OAs, com base na tecnologia da Web

    Semntica. Com esse objetivo, foi feito um estudo de caso para o domnio da Eletrosttica. Foram

    construdas ontologias para: formalizar as descries de OAs, baseando-se em padres largamente

    adotados, e descrever o domnio de aprendizagem de uma maneira didtica (segundo educadores

    experientes no domnio em questo). O uso dessas ontologias permite que a ferramenta SEQUOA

    seja capaz de realizar inferncias sobre as diferentes caractersticas dos OAs e gerar um conjunto de

    seqncias alternativas de OAs, para um determinado domnio de aprendizagem, promovendo assim

    o reuso de OAs.

  • Abstract

    The lack of large amounts of digital instructional material available at a low cost lead to the

    creation of Learning Objects (LOs) [Wiley 2000]. With this technology, instructional material is built

    in the form of small components (objects) that can be combined in dierent arrangements allowing

    for their re-utilization in the composition of didactic sequences that cover a domain, for example,

    Euclidian Geometry or Electrostatic. Hence it is the teacher (or even the student) who decides which

    is the more appropriate LO sequence for a determined instructional context (or in accordance with

    the students' preference). LOs maybe available in Internet repositories, so that any user a teacher

    or a student can search and retrieve them as needed. To make this search and retrieval more

    eective, every object must be described in a standard format what is also useful to allow its use in

    any platform.

    Currently, the tasks associated with LOs discovery and utilization are accomplished manually.

    The teacher who needs to elaborate an instructional module must do a search in the available reposi-

    tories and select useful and relevant objects inspecting one by one, eventually spending large amounts

    of time searching for keywords. In this stage its necessary that the teacher analyzes each retrieved

    LO in order to decide: a) if it satises or not the course didactic objectives; b) in each part of the

    course the LO may be inserted, considering its assumptions about the previous knowledge made in its

    design; c) which are the diculty level, instructional context and type of earning resource (example,

    exercise, simulation, notes, tests, etc). Moreover, when a teacher searches for LOs, she only has

    keywords, there are no references to the knowledge domain structure. This is this technology main

    shortcoming: there are no standards to represent a LO content which makes it possible to automate

    xi

  • xii Abstract

    LOs retrieval and analysis considering its content related to the knowledge domain it pertains to.

    Automating this search has been the aim of many research projects, with the goal of time saving

    and optimality, in terms of selecting the LOs that will best satisfy the teacher's needs. Based on

    Articial Intelligence techniques, this work proposes a new way of structuring a learning domain and

    a framework that allows a teacher to select LOs automatically in accordance with her preferences or

    needs. This work also proposes a set of ontologies to formalize LOs descriptions, based on domain

    knowledge structure and on standard descriptions that are widely adopted, allowing the utilization

    of theorem provers based on description logics to make inferences.

  • ndice

    Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ix

    Abstract . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xi

    1 Introduo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

    1.1 Objetos de Aprendizagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

    1.2 Mapas Conceituais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

    1.3 Ontologias e a Web Semntica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

    1.4 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

    1.5 Contribuies . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

    1.6 Estrutura da Tese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

    2 Objetos de Aprendizagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

    2.1 Metadados para objetos de aprendizagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

    2.2 O padro LOM de metadados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

    2.2.1 Crticas e Propostas de Extenso no Padro LOM . . . . . . . . . . . . . . . . 21

    xiii

  • xiv ndice

    3 Mapas Conceituais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

    3.1 Mapas conceituais e a teoria cognitiva de Ausubel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

    3.2 Uso dos mapas conceituais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

    3.2.1 Mapas conceituais como instrumento didtico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

    3.2.2 Mapas conceituais como instrumento de avaliao . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

    3.2.3 Mapas conceituais como ferramenta para anlise e planejamento de contedo

    de cursos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

    3.3 Um mapa conceitual sobre Eletrosttica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

    3.4 Diferentes leituras do mapa conceitual de Eletrosttica . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

    3.5 Concluso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

    4 Ontologias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

    4.1 Linguagens para implementao de ontologias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

    4.1.1 Lgica de Descries . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

    4.1.2 OWL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

    4.2 Desenvolvimento de ontologias e inferncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

    5 Objeto de Aprendizagem Didtico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

    5.1 Fragmentos de um mapa conceitual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

    5.2 Objetos de aprendizagem didticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

    5.3 Concluso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

    6 Uma ferramenta de suporte para a composio de OAs: modelo conceitual . . . 65

    6.1 O modelo conceitual da ferramenta SEQUOA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

  • ndice xv

    6.2 Questes respondidas pela ferramenta SEQUOA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

    6.3 Trabalhos Relacionados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

    7 Estudo de Caso: a ferramenta SEQUOA para Eletrosttica . . . . . . . . . . . . 77

    7.1 Identicao de fragmentos e seqncias didticas no MCE . . . . . . . . . . . . . . . 80

    7.1.1 Metodologia para o desenvolvimento das ontologias . . . . . . . . . . . . . . . . 84

    7.1.2 Ontologias da ferramenta SEQUOA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85

    7.2 Exemplos de inferncias com as ontologias OntoLOM e OntoMCE . . . . . . . . . . . . 89

    7.3 Ontologia de fragmentos: OntoFrag . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92

    7.4 Complexidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94

    8 Anlise dos Resultados para o Estudo de Caso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95

    9 Concluso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101

    Glossrio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105

    A Apndice A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107

    B Apndice B . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109

    Referncias Bibliogrcas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120

  • Lista de Figuras

    2.1 Esquema Conceitual do LOM [IMS 2004]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

    2.2 Exemplo para a categoria Classificao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

    3.1 Mapa conceitual dos principais conceitos da Eletrosttica e a relao manifestao

    da carga eltrica. A direo das linhas indica que os 4 conceitos ~E, ~F , V e U so

    manifestaes de Q. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

    3.2 Exemplo de mapa conceitual que descreve os tipos de relacionamentos. . . . . . . . . . 24

    3.3 Exemplo de hierarquia de conceitos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

    3.4 Exemplo de diferenciao progressiva, na qual so acrescentados novos conceitos: cam-

    pos eltricos convergente e divergente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

    3.5 Exemplo de reconciliao integradora, na qual so estabelecidos relacionamentos entre

    conceitos j aprendidos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

    3.6 Mapa bsico dos conceitos da Eletrosttica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

    3.7 Mapa conceitual obtido a partir da incluso dos primeiros conceitos mais especcos

    no relacionamento campo - carga [Salem 1986]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

    3.8 Mapa conceitual obtido a partir da incluso de novos conceitos e relacionamentos ao

    mapa anterior mostrado na Figura 3.7 [Salem 1986]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

    xvii

  • xviii Lista de Figuras

    3.9 Mapa conceitual obtido a partir da incluso de novos conceitos e relacionamentos ao

    mapa anterior mostrado na Figura 3.8. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

    3.10 Mapa conceitual obtido a partir da incluso de novos conceitos e relacionamentos ao

    mapa anterior mostrado na Figura 3.9. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

    3.11 Mapa conceitual completo da Eletrosttica (MCE) [Salem 1986]. . . . . . . . . . . . . 36

    3.12 Interpretaes das hierarquias implcitas do MCE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

    3.13 Interpretaes sobre as hierarquias do MCE, feitas em [Salem 1986]. . . . . . . . . . . 40

    4.1 Exemplo de relacionamentos entre termos que podem ser denidos em uma ontologia . 44

    6.1 Tela inicial da ferramenta SEQUOA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

    6.2 Tela em que o usurio pode selecionar os fragmentos nas seqncias sugeridas e montar

    a sua prpria seqncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

    6.3 Tela da ferramenta SEQUOA que mostra seqncias que o usurio construiu e os

    conceitos associados aos fragmentos escolhidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72

    7.1 Exemplo de OA descrito pelos metadados LOM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80

    7.2 Classe ConceitosPrincipais e suas sub-classes da OntoMCE e algumas instncias. . . 87

    7.3 Ontologia LOM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89

    8.1 Freqncia de OAs por fragmentos identicados, considerando-se os livros e os stios

    na Web. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96

    8.2 Fragmentos ordenados pelo nmero de OAs correspondentes. . . . . . . . . . . . . . . . 96

  • Lista de Tabelas

    2.1 Repositrios de OAs de propsito geral. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

    2.2 Repositrios de OAs especcos por disciplina. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

    2.3 Exemplo de elementos de descrio de metadados - categoria 1.Geral [IEEE 2002]. . . 19

    2.4 Exemplo de elementos de descrio de metadados - categoria 5.Educacional [IEEE 2002]. 20

    3.1 Relacionamentos matemticos contidos no MCE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

    4.1 Regras sintticas para denio de um conceito complexo em LD. . . . . . . . . . . . . 49

    5.1 Seqncia de contedo adotada em Luz e Alvarenga para Eletrosttica ( [Luz e Alva-

    renga 1972]). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

    5.2 Seqncia de contedo adotada em Halliday e Resnick para Eletrosttica ( [Halliday,

    Resnick e Walker 1993]). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60

    5.3 OAs encontrados na Web que no esto de acordo com as recomendaes. . . . . . . . 63

    7.1 Stios especcos de material didtico (nvel superior) pesquisados para identicao

    dos fragmentos didticos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78

    7.2 Livros utilizados para identicao dos fragmentos didticos. . . . . . . . . . . . . . . 79

    xix

  • xx Lista de Tabelas

    7.3 Fragmentos identicados nos livros e stios pesquisados. . . . . . . . . . . . . . . . . . 82

    7.4 Seqncias de fragmentos identicadas nos livros e stios pesquisados. . . . . . . . . . . 84

    7.5 Consulta correspondente Questo 2 para um conceito simples. . . . . . . . . . . . . . 90

    7.6 Resultado da consulta correspondente Questo 2 para um conceito simples. . . . . . 90

    7.7 Consulta correspondente Questo 2 para um conceito que pode ser descrito de vrias

    maneiras diferentes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91

    7.8 Resultado correspondente consulta da Tabela 7.7. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91

    7.9 Axioma que dene a classe F06. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93

    7.10 Consulta para recuperar OAs para o fragmento F06. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94

    8.1 Seqncias de fragmentos identicadas nos livros e stios pesquisados, com o clculo

    do nmero de seqncias possveis de OAs geradas por cada seqncia de fragmentos,

    dado o nmero de OAs encontrados para cada fragmento. . . . . . . . . . . . . . . . . 99

    A.1 Exemplo de conjunto de OAs com alguns metadados compilados a partir dos OAs

    descobertos na Web. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108

    B.1 Fragmentos identicados nos livros e stios pesquisados. . . . . . . . . . . . . . . . . . 112

  • Captulo 1

    Introduo

    Em geral, quando um professor prepara um material didtico (ou instrucional) para um curso

    que ele ministra pela primeira vez, seja ele para o ensino tradicional ou para o ensino baseado em

    computador (tambm chamado ensino eletrnico), ele parte do zero para construir um material

    instrucional de sua prpria autoria. So raras as vezes em que um professor consegue elaborar

    um curso a partir de uma nica fonte, por exemplo, uma apostila, livro ou stio WWW e selecionar

    diferentes partes de materiais de cursos de fontes diversas, para combin-los num contedo conciso,

    coerente e de fcil compreenso no uma tarefa simples, pois, envolve a descoberta, anlise e seleo

    de contedo de diferentes fontes, na Web ou em livros, que sejam relevantes disciplina em questo

    e a um contexto instrucional [Downes 2004].

    Por exemplo, se zermos uma busca na Internet por material instrucional para o ensino bsico de

    cincias, veremos que existem milhares de stios no assunto. Depois de fazer uma pr-seleo, esco-

    lhendo aqueles aparentemente mais relevantes, veremos que ainda restam muitos. Alm disso, poss-

    vel perceber que vrios desses materiais so muito similares seno idnticos (por exemplo, denies,

    grcos etc.). Se existissem apenas algumas cpias desses materiais distribudas estrategicamente na

    Web, seria possvel compartilh-las e reutiliz-las na construo de materiais instrucionais [Downes

    2001]. Essa uma das motivaes que levaram criao dos Objetos de Aprendizagem.

    1

  • 2 Introduo

    1.1 Objetos de Aprendizagem

    Objetos de aprendizagem constituem uma nova tecnologia [Wiley 2000] para construo de ma-

    terial didtico na Web, na qual se criam vrios componentes (objetos) que podem ser reutilizados

    em mltiplos contextos instrucionais. O termo Objeto de Aprendizagem (OA) tornou-se popular a

    partir de 19941 e foi originalmente proposto para descrever materiais de aprendizagem criados da ma-

    neira mais independente possvel que pudessem ser combinados com vrios outros. Esses materiais,

    compostos de modo adequado, devem permitir a construo de mdulos instrucionais personalizados

    e com menor custo. importante observar que o professor no o nico beneciado com essa fa-

    cilidade: projetistas instrucionais, que so prossionais especialistas na construo de materiais

    didticos, sob a superviso ou no de educadores conforme a necessidade, tambm podem fazer uso da

    modularidade dos OAs para tornarem o seu trabalho mais produtivo; alm disso, um aluno pode, por

    exemplo, escolher o seu material de estudo de acordo com as caractersticas que melhor correspondem

    s suas necessidades, estilo, conhecimento prvio, ritmo de aprendizagem etc.

    No entanto, falta ainda estabelecer padres e ferramentas de edio, descoberta, anlise e compo-

    sio de OAs que permitam que professores, projetistas instrucionais ou alunos utilizem amplamente

    essa tecnologia para que ela se torne uma realidade no ensino atual.

    1.2 Mapas Conceituais

    Para representar a estrutura conceitual de um domnio comum, entre os educadores, a mo-

    delagem e utilizao de mapas conceituais [Moreira 2006]: representaes grcas que indicam

    relaes entre conceitos, desde os mais gerais at os mais especcos. Os mapas mostram ainda uma

    organizao hierrquica do contedo de ensino e aprendizagem, de forma a oferecer uma viso geral

    do domnio que est sendo estudado. Acredita-se tambm que um estudante construa o seu prprio

    mapa conceitual quando est aprendendo um determinado assunto, com uma estrutura similar, se-

    no idntica, ao mapa conceitual original construdo pelo professor quando elaborou a estrutura do

    1Esse termo foi escolhido dentro do grupo de trabalho Computer Education Management Association cha-mado Learning Architectures, APIs, and Learning Objects [CEdMA 2003].

  • 1.3 Ontologias e a Web Semntica 3

    contedo a ser ensinado.

    Alm disso, um professor procura fragmentar o seu curso em unidades didticas, ou seja, em

    conjuntos de atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a realizao de determinados

    objetivos educacionais, que tm um princpio e um m conhecidos tanto por ele quanto pelos alunos

    [Zabala 1998], para um melhor aproveitamento dos estudantes.

    Sendo assim, os mapas conceituais podem ser utilizados como instrumento didtico (na apresen-

    tao e fragmentao de um contedo), porm, no claro como eles podem ser usados na denio

    de objetivos didticos ou atividades didticas de objetos de aprendizagem, sendo essa uma das moti-

    vaes desta tese.

    1.3 Ontologias e a Web Semntica

    A proposta da Web Semntica que os dados disponveis na Web sejam denidos e relacionados

    de modo que possam ser processados por mquinas, no s para apresentao, mas tambm para

    o seu processamento em aplicaes avanadas na Web. As tecnologias da Web Semntica [Berners-

    Lee, Hendler e Lassila 2001] fornecem tais tcnicas utilizando representaes formais (ontologias) e

    ferramentas para realizar inferncias lgicas sobre essas ontologias e suas instncias.

    As ontologias fornecem o vocabulrio necessrio para denir os conceitos de um domnio e as

    relaes entre eles. Elas podem ser usadas por pessoas, bancos de dados e aplicaes que necessitam

    compartilhar informaes.

    1.4 Objetivos

    Neste trabalho, acredita-se que OAs possam ser selecionados e compostos de modo semi-automtico

    (isto , com o uso de uma ferramenta de suporte), utilizando-se:

    1. os mapas conceituais como base para a identicao de fragmentos do domnio que correspon-

    dam a atividades didticas e

  • 4 Introduo

    2. formalismos mais ricos para a representao de OAs e seu contedo, com base nos fundamentos

    da Web Semntica.

    Sendo assim, o objetivo deste trabalho propor uma metodologia original para modelagem de um

    domnio de aprendizagem com base (i) na denio de fragmentos didticos de mapas conceituais,

    cujas instncias foram chamadas de objetos de aprendizagem didticos; e (ii) nas idias da Web

    Semntica. Pretende-se tambm desenvolver o prottipo de uma ferramenta, chamada de SEQUOA,

    que sirva como suporte ao professor, nas tarefas de descoberta, anlise, seleo e composio de

    OAs. Essa ferramenta deve utilizar a tecnologia de ontologias da Web Semntica para descrever

    formalmente OAs e mapas conceituais sobre o domnio de aprendizagem, permitindo assim o uso de

    um mecanismo automtico de inferncia lgica para dar suporte a um professor durante a elaborao

    de um curso baseado em objetos de aprendizagem. Para o desenvolvimento da ferramenta foi feito

    um estudo de caso em Eletrosttica.

    1.5 Contribuies

    As contribuies deste trabalho so:

    uma metodologia original para modelagem de um domnio de aprendizagem com base na de-

    nio de fragmentos didticos de mapas conceitual, cujas instncias so chamadas de objetos

    de aprendizagem didticos;

    uso da tecnologia de objetos de aprendizagem, mapas conceituais e ontologias para Web, para

    o desenvolvimento de um prottipo de uma ferramenta de descoberta, anlise e composio de

    material didtico para um curso;

    uma ferramenta que, a partir de um mapa conceitual sobre um domnio especco e um conjunto

    de seqncias didticas, capaz de habilitar ou desabilitar OAs nessas seqncias para serem

    escolhidos pelo professor;

    uma reviso do padro LOM que acrescenta informaes pedaggicas, tais como objetivos

  • 1.6 Estrutura da Tese 5

    didticos e suposies sobre o conhecimento prvio necessrio, para prover suporte na seleo

    e composio de OAs didticos em seqncias que cubram um determinado mapa conceitual.

    1.6 Estrutura da Tese

    O restante dessa tese est organizado da seguinte maneira:

    Captulo 2: Mostra uma viso geral sobre OAs e sua utilizao. Tambm so denidos metadados

    para objetos de aprendizagem e mostra-se o padro LOM, o mais utilizado atualmente.

    Captulo 3: Contm a denio, fundamentao terica e utilizaes dos mapas conceituais. Explica

    como so construdos esses mapas e explora a elaborao de um mapa conceitual especco para

    o domnio de estudo de caso deste trabalho: a Eletrosttica.

    Captulo 4: Dene o que so ontologias, como so construdas e sua utilizao, alm de mostrar

    algumas linguagens que permitem implement-las. Explica lgicas de descries, sua sintaxe e

    semntica.

    Captulo 5: Dene o que so fragmentos didticos de Mapas Conceituais (MCs) e mostra que, dado

    um conjunto de fragmentos didticos que cobrem um MC, possvel utiliz-los para recuperar

    OAs na Web (OAs didticos).

    Captulo 6: Apresenta o modelo conceitual da ferramenta de suporte para a composio de OAs,

    proposta nesta tese e contm uma descrio dos trabalhos correlatos.

    Captulo 7: Mostra como a ferramenta SEQUOA e as ontologias utilizadas neste trabalho podem

    ser usadas para compor seqncias de fragmentos didticos por meio de um estudo de caso em

    Eletrosttica.

    Captulo 8: Faz a anlise do estudo de caso.

    Captulo 9: Contm as concluses tiradas a partir desta tese.

  • Captulo 2

    Objetos de Aprendizagem

    Embora o nome Objeto de Aprendizagem seja consenso entre vrios grupos de desenvolvimento

    de tecnologias para educao, muitos termos diferentes ainda so usados para designar um material

    de aprendizagem na forma eletrnica: objeto de conhecimento [Merrill, Li e Jones 1991], componente

    instrucional [Merrill 2001], documento pedaggico [ARIADNE 2000], componente de software educa-

    cional [ESCOT 2000], material de aprendizagem online [MERLOT 2000] e recurso [ALI 2000]. Neste

    texto, adotaremos o nome objeto de aprendizagem, ou simplesmente OA.

    Uma das denies mais adotadas para objeto de aprendizagem : qualquer recurso de apren-

    dizagem digital que possa ser utilizado em vrios contextos instrucionais para dar suporte apren-

    dizagem [Wiley 2000]. No entanto, alguns autores tambm consideram recursos de aprendizagem

    no-digitais como um OA.

    Atualmente, existem vrios grupos de pesquisa, distribudos pelo mundo, visando alcanar os

    objetivos propostos para a tecnologia de OAs [ADL 2005] [IMS 1997] [IEEE 2002] [IEEE-LTSC

    2000] [ARIADNE 2000] [W3C 1994] [DCMI 2005] [CETIS 2005] [EdNA 2003] [ALIC 2004] [Distncia

    2006] [Sul 2006] [USP 2006]. Esses grupos desenvolvem padres, especicaes tcnicas e ferramentas

    para promover a interoperabilidade e reuso de objetos de aprendizagem. As especicaes [ADL

    2005] [IMS 1997] incluem padres de metadados para descrio de OAs [IEEE-LTSC 2000] [DCMI

    2005] e formas de empacotamento de contedos para sua distribuio. Alguns grupos constituem

    instituies governamentais [EdNA 2003] [ALIC 2004] criadas para divulgar os currculos de seus

    7

  • 8 Objetos de Aprendizagem

    pases, de forma padronizada. Outros produzem contedos pedaggicos digitais, com o objetivo de

    melhorar o aprendizado em disciplinas de educao bsica [Distncia 2006].

    De maneira geral, possvel sintetizar trs funcionalidades fundamentais para os OAs [Robson

    2001]: reusabilidade, acessibilidade e interoperabilidade. No entanto, como sua denio bastante

    abrangente, eles podem ter diferentes tamanhos, nveis de agregao e nmeros de objetivos. Sendo

    assim, para que um OA possa ser largamente utilizado, ele deve ter idealmente as seguintes caracte-

    rsticas [Longmire 2000]:

    Ser construdo de forma modular. Nesse caso, os mdulos (OAs) podem ser combinados em

    diferentes seqncias para compor as unidades didticas, em diferentes contextos instrucionais.

    Ser autocontido no que se refere aos seus conceitos fundamentais.

    Cobrir um nico objetivo didtico, pois um OA que cobre o contedo inteiro de um curso, por

    exemplo, na forma de uma apostila, no pode ser usado em diferentes contextos.

    Ser coerente, de forma que uma pequena quantidade de termos (palavras-chave) consiga cap-

    turar a idia principal do contedo.

    Ser facilmente descoberto (recuperado na Web) com o uso de tecnologias como, por exemplo,

    metadados para sua descrio. Com isso, tanto a busca quanto o gerenciamento de contedo

    podem ser feito utilizando-se ltros que selecionam somente elementos relevantes para um

    determinado contexto.

    Ser portvel entre diferentes aplicaes e plataformas.

    OAs podem ser desenvolvidos para comporem um curso especco ou para carem disponveis

    individualmente em repositrios de materiais didticos. O fundamental que um educador ou um

    projetista instrucional construa pequenos componentes didticos (quando comparados com um curso

    inteiro), que facilitem o reuso.

    Sob o ponto de vista pedaggico, Wiley [Wiley 2000] cita as pesquisas de Reigeluth e Nelson

    [Reigeluth e Nelson 1997] sobre a modularizao de material instrucional, observando que professores,

  • 9

    quando recebem um novo material, primeiro fazem a sua fragmentao para depois recombin-lo a seu

    modo. Essa idia no exclusiva da Educao, ela similar metodologia de Orientao a Objetos

    (OO) que tem como fundamentos o reuso e a prototipagem de componentes de software [Leavens e

    Sitaraman 2000] visando reduzir a complexidade no desenvolvimento e aumentar a produtividade.

    Como conseqncia do crescente interesse na tecnologia de OAs, tanto na pesquisa quanto no

    uso, existe atualmente um grande nmero de repositrios de OAs (Tabelas 2.1 e 2.2) distribudos na

    Web. Esses repositrios correspondem a bancos de dados que armazenam metadados e referncias

    (URLs) para objetos de aprendizagem e, em alguns casos, armazenam os prprios objetos. Nesses

    repositrios, possvel localizar e recuperar OAs para incorpor-los a qualquer aplicao ou para uso

    direto por professores e aprendizes.

    Repositrio Localizao

    Apple Learning Interchange - Learning

    Resources

    http://ali.apple.com/ali/resources.shtml

    ARIADNE - European knowledge Pool

    System

    www.ariadne-eu.org/

    Blue Web'n www.kn.sbc.com/wired/bluewebn/

    Canada's SchoolNet www.schoolnet.ca/home/e/

    CAREO - Campus Alberta Repository of

    Educational Objects

    http://careo.netera.ca

    CLOE - Cooperative Learning Object Ex-

    change

    http://cloe.on.ca/

    Connexions http://cnx.org/

    EdNA - Education Network Australia www.edna.edu.au/edna/go

    EOE1 - Educational Object Economy: Le-

    arning Objects Java Applet Library

    www.natomagroup.com/eoe.html

    continua na prxima pgina. . .

    1Permite busca por palavra-chave.

    http://ali.apple.com/ali/resources.shtmlwww.ariadne-eu.org/www.kn.sbc.com/wired/bluewebn/www.schoolnet.ca/home/e/http://careo.netera.cahttp://cloe.on.ca/http://cnx.org/www.edna.edu.au/edna/gowww.natomagroup.com/eoe.html

  • 10 Objetos de Aprendizagem

    Tabela 2.1 continuao

    Repositrio Localizao

    ESCOT - Educational Software Compo-

    nents of Tomorrow

    www.escot.org/

    Fathom Archive www.fathom.com

    Filamentality2 www.kn.pacbell.com/wired/fil/

    Gateway3 to 21st Century Skills of the

    GEM Exchange

    www.thegateway.org/browse

    IDEAS - Interactive Dialogue with Educa-

    tors from Across the State

    http://ideas.wisconsin.edu/

    Interactive University (IU) Project http://interactiveu.berkeley.edu:8000/

    DLMIndex/

    Intute www.intute.ac.uk/

    LRC - Learning Resource Catalogue www.lrc3.unsw.edu.au

    Learn-Alberta www.learnalberta.ca/

    Learning-Objects.net www.learning-objects.net/modules.php?name=

    Web_Links

    LoLa Exchange: Learning Objects, Lear-

    ning Activities

    http://www.lolaexchange.org/

    MLX - Maricopa Learning Exchange www.mcli.dist.maricopa.edu/mlx

    MERLOT www.merlot.org

    Merlot-CATS: Community of Academic

    Technology Sta

    http://cats.merlot.org/Home.po

    MIT OpenCourseWare http://ocw.mit.edu/index.html

    National Learning Network: Materials http://www.nln.ac.uk/Materials/default.asp

    PBS TeacherSource www.pbs.org/teachersource/

    continua na prxima pgina. . .

    2Oferece busca usando ltros.3Permite busca por palavra-chave e outros requisitos.

    www.escot.org/www.fathom.comwww.kn.pacbell.com/wired/fil/www.thegateway.org/browsehttp://ideas.wisconsin.edu/http://interactiveu.berkeley.edu:8000/DLMIndex/http://interactiveu.berkeley.edu:8000/DLMIndex/www.intute.ac.uk/www.lrc3.unsw.edu.auwww.learnalberta.ca/www.learning-objects.net/modules.php?name=Web_Linkswww.learning-objects.net/modules.php?name=Web_Linkshttp://www.lolaexchange.org/www.mcli.dist.maricopa.edu/mlxwww.merlot.orghttp://cats.merlot.org/Home.pohttp://ocw.mit.edu/index.htmlhttp://www.nln.ac.uk/Materials/default.aspwww.pbs.org/teachersource/

  • 11

    Tabela 2.1 continuao

    Repositrio Localizao

    Problem-Based Learning Clearinghouse https://chico.nss.udel.edu/Pbl/

    Wisconsin Online Resource Center www.wisc-online.com/Info/LODevProc.htm

    Tabela 2.1: Repositrios de OAs de propsito geral.

    A Tabela 2.1 mostra repositrios de propsito geral, com coletneas de objetos sobre os

    mais diversos assuntos. A maioria deles de acesso e utilizao livres, permitindo a utilizao

    e a incluso de OAs, sem a necessidade de se inscrever; outros permitem a utilizao livre,

    mas requerem a inscrio (gratuita) para incluso de objetos; so raros os repositrios que

    no so livres. Tambm possvel observar na Tabela 2.1, que vrios repositrios oferecem

    servios de busca, sendo que cada um deles possui o seu prprio sistema de indexao de OAs,

    o que torna difcil a interoperabilidade entre eles. Por exemplo, o repositrio Filamentality

    (www.kn.pacbell.com/wired/fil/) oferece um campo de busca na pgina, no qual possvel

    digitar qualquer palavra. Uma busca com a palavra geometry resulta numa lista com pelo

    menos 730 itens sendo que para se encontrar algo especco necessrio analisar o contedo

    desse resultado um a um.

    https://chico.nss.udel.edu/Pbl/www.wisc-online.com/Info/LODevProc.htmwww.kn.pacbell.com/wired/fil/

  • 12 Objetos de Aprendizagem

    Repositrio Localizao

    CSTC1 - Computer Science Teaching Cen-

    ter

    www.cstc.org

    CITIDEL1 - Computing and Information

    Technology Interactive Technology Inte-

    ractive Digital Education Library

    www.citidel.org

    Exploratories1 www.cs.brown.edu/exploratories/home.html

    DLESE2 - Digital Library for Earth Sys-

    tem Education

    www.dlese.org

    HEAL2 - Health Education Assets Library www.healcentral.org/index.jsp

    The Harvey Project3 http://opencourse.org/Collaboratories/

    harveyproject

    FLORE3 - French Learning Object Repo-

    sitory for Education

    http://flore.uvic.ca/welcome.php

    Digital Scriptorium3 http://sunsite.berkeley.edu/Scriptorium

    The Learning Exchange3 www.sieswe.org/learnx

    iLumina4 www.ilumina-dlib.org/

    Math Forum4 http://mathforum.org

    NEEDS - National Engineering Education

    Delivery System4

    http://www.needs.org

    NSDL4 - National Science Digital Library http://nsdl.org/

    SMETE4 www.smete.org/smete/

    CESTA4 - Coletnea de Entidades de Su-

    porte ao uso de Tecnologia na Aprendiza-

    gem

    www.cinted.ufrgs.br/CESTA/

    RIVED4 http://rived.proinfo.mec.gov.br/site_

    objeto_lis.php

    continua na prxima pgina. . .

    www.cstc.orgwww.citidel.orgwww.cs.brown.edu/exploratories/home.htmlwww.dlese.orgwww.healcentral.org/index.jsphttp://opencourse.org/Collaboratories/harveyprojecthttp://opencourse.org/Collaboratories/harveyprojecthttp://flore.uvic.ca/welcome.phphttp://sunsite.berkeley.edu/Scriptoriumwww.sieswe.org/learnxwww.ilumina-dlib.org/http://mathforum.orghttp://www.needs.orghttp://nsdl.org/www.smete.org/smete/www.cinted.ufrgs.br/CESTA/http://rived.proinfo.mec.gov.br/site_objeto_lis.phphttp://rived.proinfo.mec.gov.br/site_objeto_lis.php

  • 13

    Tabela 2.2 continuao

    Repositrio Localizao

    LABVIRT4 - Laboratrio Didtico Virtual http://www.labvirt.futuro.usp.br/

    Objetos de Aprendizagem4 - NOA/UFPB www.fisica.ufpb.br/~romero/

    objetosaprendizagem/index.html

    Tabela 2.2: Repositrios de OAs especcos por disciplina.

    1- Cincia da Computao. 2- Cincias Biomdicas e Sade.

    3- Humanidades e Trabalho Social. 4- Cincias, Matemtica,

    Engenharia e Tecnologia.

    Os repositrios mostrados na Tabela 2.2 so especcos por disciplina e tambm so todos

    livres. A maioria deles possui materiais para as reas de Cincias, Matemtica, Engenharia e

    Tecnologia.

    Como visto anteriormente, a construo de materiais instrucionais na forma de objetos

    de aprendizagem tem como objetivo promover a interoperabilidade e a reusabilidade desses

    materiais, porm, a denio de OAs bastante abrangente, permitindo que eles variem desde

    um pargrafo de texto explicativo at um curso completo.

    Assim, uma forma dessa tecnologia atingir seus objetivos descrever os OAs utilizando

    elementos que permitam a sua descoberta de acordo com algum critrio de uso e a combina-

    o de vrios OAs para formar uma unidade instrucional maior. Tal descrio pode ser feita

    utilizando-se metadados, os quais, se adotados dentro de um padro, podem facilitar a desco-

    berta, anlise e seleo de OAs, bem como sua composio em seqncias para a construo

    de mdulos instrucionais maiores. No entanto, atualmente, no existem muitos OAs descritos

    por um padro de metadados e, ainda que existisse, a composio de OAs s poderia ser feita

    com a participao ativa de um especialista humano no domnio de conhecimento, uma vez

    que difcil representar o contedo de um OA utilizando-se metadados.

    http://www.labvirt.futuro.usp.br/www.fisica.ufpb.br/~romero/objetosaprendizagem/index.htmlwww.fisica.ufpb.br/~romero/objetosaprendizagem/index.html

  • 14 Objetos de Aprendizagem

    2.1 Metadados para objetos de aprendizagem

    Na seo anterior mostrou-se que vrios repositrios fornecem mecanismos prprios de

    busca para recuperar OAs baseados, essencialmente, em palavras-chave. No caso do OA ser

    um documento do tipo HTML, txt, doc, pdf ou ps, possvel recuper-lo por palavras-chave

    internas ao OA. J no caso de um OA na forma de um documento binrio (forma que a maioria

    dos applets4 de educao so disponibilizados na Web), esse tipo de busca dicilmente devolve

    os resultados desejados. Portanto, a descoberta de objetos de aprendizagem pode ser mais

    eciente se eles forem descritos externamente, isto , por um documento parte. Uma soluo

    possvel a utilizao da tecnologia de metadados.

    Uma denio simples para metadados que eles so dados sobre dados. Os metadados

    para OAs devem trazer informaes que permitam conhecer as suas caractersticas facilitando

    assim, o compartilhamento de informaes pelas comunidades de interesse e a interoperabili-

    dade entre os diferentes repositrios.

    Alguns padres de metadados para OAs incluem desde elementos bsicos como ttulo,

    autor, ano de publicao etc., at caractersticas tcnicas como direitos autorais e formas de

    empacotamento do software. Entre os vrios padres de metadados para OAs existentes, um

    deles tem sido mais utilizado: o padro LOM de metadados proposto pelo IEEE (que dene

    um modelo conceitual de metadados para OAs).

    2.2 O padro LOM de metadados

    A especicao IEEE Learning Object Metadata (LOM) [IEEE 2002] foi desenvolvida para

    dar uma estrutura taxonmica, isto , uma hierarquia de categorias de metadados para descre-

    verem OAs. Essa especicao dene uma taxonomia (Figura 2.1) que agrupa os metadados

    4Applets so programas em Java que podem ser inseridos em pginas HTML

  • 2.2 O padro LOM de metadados 15

    em nove categorias, a saber:

    Geral. Descreve os aspectos gerais do OA, incluindo elementos tais como identicador, ttulo,

    lngua, palavras-chave etc.

    Ciclo de Vida. Descreve as caractersticas relacionadas ao histrico e ao estado atual do OA.

    Tambm descreve as pessoas ou organizaes que trabalharam no seu desenvolvimento,

    verso, status e contribuidores.

    Meta-metadados. So informaes sobre as instncias dos metadados de um OA5, incluem

    um identicador para a instncia do metadado, contribuidores (autores da descrio do

    OA), verso do padro LOM utilizada, lngua no qual so escritos etc.

    Tcnica. Contm os requisitos e as caractersticas tcnicas do OA, descrevendo, por exemplo,

    o tamanho, a localizao, os requisitos de software e hardware etc.

    Educacional. Inclui as caractersticas instrucionais do OA, indicando grau e tipo de inte-

    ratividade, tipo de recurso (exerccio, simulao, . . . ), contexto instrucional (educao

    bsica, educao superior, treinamento prossional . . . ), faixa etria alvo etc.

    Direitos Autorais. Informaes sobre as propriedades intelectuais e as condies de uso de

    um OA.

    Relao. Informaes que denem como um OA se relaciona com outros, caso isso ocorra,

    indicando o tipo de relacionamento (baseado em, parte de etc.).

    Anotao. Permite incluir comentrios sobre o uso dos OAs e informaes sobre quando e

    quem criou tais comentrios.

    Classicao. Permite denir novas taxonomias para classicao de um OA e com isso,

    pode-se criar classicaes mais elaboradas do que as j existentes no prprio padro

    5Existem diferentes instncias de metadados, devido ao fato de no existir ainda um consenso geral sobreo conjunto metadados necessrios para descrever OAs.

  • 16 Objetos de Aprendizagem

    (nvel de agregao, nvel de interatividade etc.) ou mesmo acrescentar detalhes a es-

    sas. Um exemplo pode ser visto na Figura 2.2, que ilustra a classicao do nvel de

    diculdade de um determinado objeto de aprendizagem, de acordo com a srie na qual

    ele est sendo aplicado. Nessa gura, a classicao do OA Eletro_01 usando a ta-

    xonomia Taxonomia_USP_escalaA pode resultar em dois conjuntos de dados (Txons):

    Srie9/MuitoDificil ou Srie11/Fcil.

    Ainda observando a Figura 2.1, verica-se que algumas categorias podem ser subdivididas,

    permitindo acrescentar detalhes s descries em termos de elementos agregados (compostos)

    e elemento simples (ns folha da hierarquia), sendo que somente os ltimos possuem valores.

    No exemplo ilustrado na Figura 2.2, os elementos Classificao, Caminho do Txon e Txon

    so agregados, enquanto que Propsito, Origem, Id e Entrada so simples. Observe que cada

    metadado do padro LOM denido por:

    nome: nome pelo qual o metadado referido (por exemplo, relao, tipo, recurso etc.);

    explicao: a denio do metadado (por exemplo, identicao do OA relacionado);

    tamanho: nmero de valores permitidos;

    ordem: informa se os valores do metadado constituem uma lista e se a ordem da lista importa;

    exemplo: um exemplo ilustrativo.

    Alm disso, para os ns folha, que possuem valores individuais, tambm so descritos:

    espao de valores: conjunto de valores permitidos para o metadado;

    tipo de dados: tipo do metadado, por exemplo, cadeia de caracteres, data etc.

  • 2.2 O padro LOM de metadados 17

    Figura2.1:

    EsquemaConceitualdo

    LOM

    [IMS2004].

  • 18 Objetos de Aprendizagem

    Figura 2.2: Exemplo para a categoria Classificao.

    Exemplos de detalhamento e instanciao das categorias Geral e Educacional do padro

    LOM so mostrados nas Tabelas 2.3 e 2.4.

  • 2.2 O padro LOM de metadados 19

    Nr.

    Nome

    Explicao

    Tamanho

    Ordem

    Espao

    de

    Valo-

    res

    TipodeDa-

    dos

    Exemplo

    1Geral

    Estacategoriaagrupaasinfor-

    maes

    geraisquedescrevem

    oobjeto

    deaprendizagem

    como

    um

    todo

    1noespeci-

    cada

    1.1

    Identicador

    Rtulo

    globalnicoqueiden-

    tica

    oobjeto

    deaprendiza-

    gem

    menorm-

    xim

    oper-

    mitido:10

    itens

    noespeci-

    cada

    1.1.2

    Entrada

    Valordoidenticadordentro

    deum

    esquem

    adecataloga-

    oqueidentica

    oobjeto

    de

    aprendizagem

    .Umacadeiade

    caracteres

    especca

    dentrode

    um

    contexto

    1noespeci-

    cada

    Repertrio

    da

    ISO/IEC

    10646-

    1:2000

    Cadeia

    de

    Caracte-

    res

    (menor

    mxim

    oper-

    mitido:

    1000

    caracteres)

    Eletro_01,

    www.ime.usp.br/amachion/oas

    1.2

    Ttulo

    Nome

    dado

    ao

    objeto

    de

    aprendizagem

    1noespeci-

    cada

    LnguaeCa-

    deia

    (menor

    mxim

    oper-

    mitido:

    1000

    caracteres)

    (pt,

    Fenmenos

    provocados

    pelaForaEltrica)

    1.5

    Palavra-

    Chave

    Umapalavra

    ouumafrase

    que

    descreve

    otpico

    abrangido

    peloOA

    menorm-

    xim

    oper-

    mitido:10

    itens

    no

    orde-

    nado

    LnguaeCa-

    deia

    (menor

    mxim

    oper-

    mitido:

    1000

    caracteres)

    (pt,Eletrizao)

    Tabela2.3:

    Exemplode

    elem

    entosde

    descriode

    metadados

    -categoria1.Geral

    [IEEE2002].

  • 20 Objetos de Aprendizagem

    Nr.

    Nome

    Explicao

    Tamanho

    Ordem

    EspaodeValores

    TipodeDa-

    dos

    Exemplo

    5.2

    Tipo

    de

    Recurso

    de

    Aprendiza-

    gem

    TipodoOA.O

    tipopredomi-

    nante

    deveaparecerantes.

    menorm-

    xim

    oper-

    mitido:10

    itens

    ordenado

    exerccio,

    simula-

    o,

    questionrio,

    diagrama,

    gura,

    grco,ndice,

    apre-

    sentao,

    tabela,

    texto,exame,

    expe-

    rimento,

    problema,

    auto-avaliao,aula

    Vocabulrio

    5.6

    Contexto

    Ambiente

    de

    aprendizagem

    dentrodoqualoOA

    deveser

    utilizado

    menorm-

    xim

    oper-

    mitido:10

    itens

    no

    orde-

    nado

    escola,

    ensino

    supe-

    rior,treinamento,ou-

    tros

    Vocabulrio

    5.8

    Diculdade

    Quodifciltrabalharcom

    oOA,dentrodocontexto

    reco-

    mendado

    1noespeci-

    cada

    muitofcil,fcil,m-

    dio,difcil,muitodi-

    fcil

    Vocabulrio

    Tabela2.4:

    Exemplode

    elem

    entosde

    descriode

    metadados

    -categoria5.Edu

    cacional

    [IEEE2002].

  • 2.2 O padro LOM de metadados 21

    Entre os repositrios listados nas Tabelas 2.1 e 2.2, vrios deles permitem a descrio de

    OAs utilizando o padro LOM, a saber: ARIADNE, EdNA e Merlot, sendo esse ltimo um

    dos maiores repositrios de OAs da Web.

    2.2.1 Crticas e Propostas de Extenso no Padro LOM

    Uma das crticas que se pode fazer ao padro LOM que ele foi proposto especica-

    mente para permitir o gerenciamento dos repositrios de OAs, particularmente com relao

    aos aspectos tcnicos e de catalogao de objetos dentro de ambientes de redes e no para dar

    subsdios pedaggicos a quem o utiliza. Embora o LOM contenha algumas categorias que des-

    crevam os OAs sob o aspecto pedaggico (Categoria 5 - Educacional), essas informaes

    nem sempre so sucientes para dar suporte ao professor (ou sistemas de busca) na seleo de

    OAs relevantes.

    Note que o metadado palavra-chave denido como: uma palavra-chave ou frase des-

    crevendo o tpico do OA. Porm, como ser discutido nos prximos captulos, um tpico

    tratado por um OA pode envolver um conjunto de conceitos e seus relacionamentos, identi-

    cados em um Mapa Conceitual. Por exemplo, um OA que descrito por eletrizao envolve

    os conceitos fora, carga, atrito, entre outros. Esse conjunto de conceitos e suas relaes que

    devero ser aprendidos pelo aluno com o uso do OA so os objetivos didticos do OA, de acordo

    com a denio de unidade didtica (Captulo 1). Neste trabalho, adotaremos o metadado

    palavra-chave para descrever os objetivos didticos do OA.

    J a Categoria 7 - Relao descreve como um OA especco se relaciona com outros

    OAs especcos, mas no identica explicitamente os conceitos que so pr-requisitos para

    o seu uso efetivo. Assim sendo, apesar do metadado palavras-chave poder ser usado para

    indicar os objetivos didticos do OA, no possvel determinar em que ponto de uma seqncia

    de atividades didticas propostas pelo professor o OA pode ser utilizado, nem saber quais so

    os conceitos que esse OA supe como j aprendidos, simplesmente por meio da Categoria 7

  • 22 Objetos de Aprendizagem

    - Relao. Isto , o padro LOM no faz referncia ao conhecimento prvio necessrio para

    que um OA possa ser utilizado efetivamente. Seria interessante ento, acrescentar ao LOM na

    Categoria Geral, o metadado suposies sobre o conhecimento prvio do aprendiz, que

    chamaremos de 1.9 - Suposies. Esse novo metadado deve conter uma lista de conceitos

    e seus relacionamentos que permitam que o professor possa analisar OAs em termos de suas

    dependncias conceituais e no dependncias entre objetos.

    Sendo assim, uma das propostas desse trabalho estender o padro LOM com um novo

    metadado dentro da Categoria Geral 1.9 - Suposies e tambm re-denir o Metadado 1.5

    - Palavra-chave como uma lista de conceitos e seus relacionamentos que correspondem aos

    objetivos didticos do OA.

    importante frisar que os objetivos didticos, junto com as suposies denem um OA com

    mais detalhes sob o ponto de vista pedaggico do que simplesmente o tpico que ele aborda. No

    Captulo 5 ser visto que as duas listas de conceitos, palavras-chave e suposies, representam

    fragmentos da estrutura conceitual do domnio de aprendizagem - aspecto fundamental desta

    tese para garantir que uma composio de OAs cubra um determinado contedo.

  • Captulo 3

    Mapas Conceituais

    Mapas Conceituais (MCs) so representaes grcas, freqentemente utilizadas por edu-

    cadores no processo ensino e aprendizagem, que indicam relaes entre os conceitos de um

    domnio de conhecimento [Caas et al. 2003]. Nesses diagramas, os conceitos aparecem sempre

    representados por termos geralmente circunscritos por guras geomtricas (por exemplo, elip-

    ses ou retngulos) as quais no tm signicado especco. As relaes so expressas por linhas

    conectando os conceitos. Sobre essas linhas, podem ser escritos outros termos que funcionam

    como conectivos, de modo que os dois conceitos mais o conectivo indicam uma proposio (no

    uma frase completa) que d uma idia da relao entre eles [Moreira 2006]. Num MC, sempre

    deve car claro quais so os conceitos mais importantes, chamados de conceitos principais,

    e quais so os conceitos secundrios. Setas podem, mas no necessariamente, ser utilizadas

    para dar um sentido de direo a determinadas relaes. Em alguns casos, as setas podem

    denir relaes de hierarquia (ou subordinao) entre conceitos, ou seja, exibir os conceitos

    numa ordem que vai dos mais inclusivos para os menos inclusivos (ou seja, dos mais gerais

    ou principais para os mais especcos ou secundrios). Um exemplo de mapa conceitual

    ilustrado na Figura 3.1. Esse mapa mostra os principais conceitos da Eletrosttica, campo

    ( ~E), fora (~F ), potencial (V ) e energia potencial U como manifestao da carga eltrica (Q).

    A Figura 3.2 mostra um exemplo de representao grca da relao manifestao de entre

    23

  • 24 Mapas Conceituais

    Q e ~E, utilizando um conectivo sobre a linha.

    Figura 3.1: Mapa conceitual dos principais conceitos da Eletrosttica e a relao manifestao dacarga eltrica. A direo das linhas indica que os 4 conceitos ~E, ~F , V e U so manifestaes de Q.

    Figura 3.2: Exemplo de mapa conceitual que descreve os tipos de relacionamentos.

    Uma representao formal para mapas conceituais pode ser feita utilizando-se o conceito

    de grafos: sejam C um conjunto de conceitos e R um conjunto de relacionamentos entre esses

    conceitos; um mapa conceitual M pode ser denido como um par ordenado M = (C, R) em

    que os elementos de C so chamados de vrtices e os de R, arestas. Para o caso em que o

    mapa conceitual possuir setas, cada aresta de R um par ordenado de vrtices de C, caso

    contrrio, cada aresta um par no-ordenado.

    MCs podem ser construdos para representar os conceitos envolvidos em uma disciplina,

    parte dela ou somente um tpico especco. MCs desenhados por diferentes especialistas

    em uma mesma rea de conhecimento podem reetir pequenas diferenas de compreenso

    ou interpretao das relaes entre conceitos principais dessa rea, sendo assim, podemos ter

    mapas conceituais diferentes para representar um mesmo conjunto de conceitos e suas relaes.

    O ponto importante que um mapa conceitual deve ser sempre visto como uma das vrias

    maneiras possveis de modelar [Moreira 2006] um domnio de conhecimento.

  • 3.1 Mapas conceituais e a teoria cognitiva de Ausubel 25

    3.1 Mapas conceituais e a teoria cognitiva de Ausubel

    A idia de mapa conceitual foi originalmente desenvolvida em 1972 durante um projeto

    de pesquisa de Joseph Novak na Universidade de Cornell, no qual ele pretendia entender

    como ocorrem as mudanas no conhecimento sobre cincias em crianas [Novak e Canas 2006].

    Durante esse estudo, muitas crianas foram entrevistadas, porm, era muito difcil identicar

    tais mudanas atravs das entrevistas. A partir da necessidade de se encontrar uma forma de

    representar gracamente o entendimento conceitual das crianas, surgiu a idia dos mapas

    conceituais. O projeto de pesquisa em questo era baseado na teoria de David Ausubel

    [Ausubel, Novak e Hanesian 1978] sobreAprendizagem Signicativa: processo em que uma

    nova informao, para ser aprendida, deve se relacionar com um aspecto relevante da estrutura

    de conhecimento existente do indivduo (em oposio a uma aprendizagem de memorizao ou

    aprendizagem receptiva). Essa estrutura de conceitos, que corresponde a uma abstrao da

    experincia de um indivduo, denominada estrutura cognitiva. Os conceitos preexistentes

    so chamados nesta teoria de subsunores e servem como ncora para as novas informaes1.

    O processo de ligar novas informaes a segmentos de uma estrutura cognitiva preexistente

    chamado subsuno2 [Ausubel, Novak e Hanesian 1978]. Na aprendizagem signicativa h

    uma interao entre o conhecimento prvio e o novo, na qual ambos se modicam: medida

    que o conhecimento prvio serve de ncora para dar signicado nova informao, os conceitos

    que formam esse conhecimento vo adquirindo novos signicados, interagindo entre si e com os

    novos, com isso, novas ncoras vo se formando. Ou seja, de acordo com Ausubel, a estrutura

    cognitiva constantemente reestruturada durante a aprendizagem signicativa [Moreira 2003].

    Por exemplo, na aprendizagem de Eletrosttica, um aluno, antes mesmo de aprender o conceito

    fora eltrica, provavelmente j tenha o conceito sobre fora ou sobre atrao e repulso de

    corpos diante dos fenmenos de eletrizao (por exemplo, quando os pelos do corpo se levantam

    1Neste trabalho, chamaremos os conceitos subsunores de ncoras.2No dicionrio [Ferreira 2004]: 1. Conceber (um indivduo) como compreendido numa espcie; 2. conceber

    (uma espcie) como compreendida em um gnero; 3. considerar (um fato) como aplicao de uma lei. Nalgica, subsuno um tipo de inferncia correta da Lgica de Descries [Baader, Horrocks e Sattler 2003].

  • 26 Mapas Conceituais

    nas proximidades da tela da televiso).

    O modelo ausubeliano de mapa conceitual supe um tipo de hierarquia de conceitos [Caas

    et al. 2003] na qual os conceitos mais gerais ou mais inclusivos cam no topo do mapa e os

    mais especcos ou menos inclusivos, organizados abaixo. A Figura 3.3 ilustra um exemplo de

    mapa conceitual que tem conceitos mais inclusivos (Fora) acima dos menos inclusivos (Fora

    Eltrica). Na Eletrosttica, o conceito Carga tambm pode ser considerado mais geral do

    que seu sinal, sua quantizao e a prpria Fora Eltrica, uma vez que essa uma de suas

    manifestaes.

    Figura 3.3: Exemplo de hierarquia de conceitos.

    De acordo com sua denio, com a aprendizagem signicativa de Ausubel ocorrem dois

    processos na estrutura cognitiva de um indivduo: diferenciao progressiva e reconcilia-

    o integradora [Moreira 2003].

    Diferenciao progressiva o princpio segundo o qual os conceitos mais gerais ou

    inclusivos da disciplina devem ser apresentados primeiro para depois serem progressivamente

    diferenciados em detalhes e especicidades, com a introduo de novos conceitos. A Figura 3.4

    mostra um exemplo no qual o professor, depois de ter ensinado que carga eltrica gera campo

    eltrico, acrescenta a informao de que dependendo do sinal da carga que gerou o campo,

    esse pode ser convergente ou divergente.

    Reconciliao integradora o estabelecimento de relaes entre os conceitos e propo-

  • 3.1 Mapas conceituais e a teoria cognitiva de Ausubel 27

    Figura 3.4: Exemplo de diferenciao progressiva, na qual so acrescentados novos conceitos: camposeltricos convergente e divergente.

    sies j conhecidas, ou seja, conceitos j aprendidos so relacionados, levando a uma reorga-

    nizao da estrutura cognitiva. A Figura 3.5 ilustra a situao em que o professor j ensinou

    os conceitos de campo e fora eltrica e agora possvel mostrar que esses dois conceitos se

    relacionam.

    Figura 3.5: Exemplo de reconciliao integradora, na qual so estabelecidos relacionamentos entreconceitos j aprendidos.

    Com base na teoria de aprendizagem signicativa de Ausubel, o professor assume um papel

    importante: o de encorajar o aprendiz a pensar sobre os conceitos sob diferentes perspectivas,

    usando os conceitos ncora para a aprendizagem de novos conceitos.

  • 28 Mapas Conceituais

    3.2 Uso dos mapas conceituais

    Como so ferramentas exveis, os MCs podem ser usados: (i) como instrumento didtico,

    (ii) como instrumento de avaliao e (iii) como um recurso auxiliar na anlise e planejamento

    de contedo de cursos [Moreira 2006], como descrito nas prximas sub-sees.

    3.2.1 Mapas conceituais como instrumento didtico

    Como instrumento didtico, os mapas podem ser usados pelo professor ou diretamente pelo

    aluno. O professor pode utilizar um MC para mostrar tanto as relaes hierrquicas entre os

    conceitos que esto sendo ensinados quanto outros tipos de relaes explcitas no mapa. Isso

    pode facilitar a aprendizagem [Moreira 2006]. Por exemplo, na Figura 3.4 o professor pode

    ter discutido com os alunos sobre como a fora eltrica se manifesta na presena de uma carga

    eltrica e depois explicar que diferentes tipos de carga podem gerar diferentes tipos de fora,

    usando o mapa conceitual.

    O modelo hierrquico dos mapas conceituais est de acordo com o princpio ausubeliano

    da diferenciao progressiva. Porm, a utilizao de um MC no precisa ser exclusivamente

    de cima para baixo, como sugere esse modelo. Para promover a reconciliao integradora,

    preciso tambm explorar, explicitamente, relaes entre proposies e conceitos de mesmo

    nvel, evidenciando semelhanas, diferenas e resolvendo inconsistncias reais ou aparentes

    [Moreira e Masine 1982].

    O uso de MCs no processo ensino e aprendizagem apresenta vantagens e desvantagens

    [Moreira 2006]. Entre as possveis vantagens, pode-se mencionar:

    1. a nfase na estrutura conceitual de uma disciplina;

    2. a possibilidade de mostrar que os conceitos de uma determinada disciplina diferem

    quanto ao grau de generalidade e apresentar esses conceitos nessa ordem hierrquica

  • 3.2 Uso dos mapas conceituais 29

    de maneira a facilitar a aprendizagem;

    3. uma viso integrada do assunto e uma espcie de listagem dos tpicos que foram abor-

    dados nos materiais instrucionais.

    Algumas desvantagens que ocorrem quando os mapas so diretamente apresentados para

    os alunos so:

    1. se o mapa no tem signicado para os alunos, eles podem encar-lo como algo mais a

    ser memorizado;

    2. os mapas podem ser muito complexos e confusos, dicultando a aprendizagem, ao invs

    de facilit-la;

    3. a habilidade dos alunos em construir suas prprias hierarquias conceituais pode car ini-

    bida em funo de j receberem prontas as estruturas propostas pelo professor (segundo

    sua prpria percepo e preferncia, que pode ser uma entre vrias).

    Outra forma de uso dos mapas conceituais como instrumento didtico propor que eles

    sejam criados pelo prprio estudante e assim serem utilizados de diversas formas para facilitar

    a aprendizagem signicativa. Os mapas resumem esquematicamente o que os alunos sabem,

    podendo ser usados para mostrar o seu conhecimento prvio sobre um determinado tpico

    e tambm o que eles aprenderam depois de uma aula. Dessa forma, MCs so usados como

    anotaes para ajudar nos estudos. Alm disso, por ser uma atividade criativa, na qual o estu-

    dante deve esclarecer suas dvidas, identicando os conceitos principais, seus relacionamentos

    e a estrutura do domnio estudado, a elaborao de mapas conceituais tambm estimula a

    reexo sobre o prprio conhecimento, fornecendo uma ferramenta que pode ajudar o aluno a

    monitorar seu aprendizado [Caas et al. 2003].

  • 30 Mapas Conceituais

    3.2.2 Mapas conceituais como instrumento de avaliao

    Como instrumento de avaliao os MCs tm como objetivo fornecer para o instrutor,

    informaes sobre o tipo de estrutura que o aluno absorve em um dado conjunto de conceitos,

    no necessariamente para testar seu conhecimento e dar-lhe uma nota. Para isso, pode-

    se solicitar ao aluno que construa seu prprio mapa ou esse pode ser obtido indiretamente

    atravs de suas respostas a testes escritos ou entrevistas orais. Numa avaliao utilizando

    mapas conceituais, a principal idia avaliar o que o aluno sabe em termos conceituais, isto

    , como ele relaciona os conceitos que lhe foram transmitidos.

    Segundo Ausubel, o conhecimento prvio de um aluno o fator isolado que mais inuencia

    a aprendizagem subseqente [Ausubel, Novak e Hanesian 1978]. Portanto, importante avaliar

    esse conhecimento da melhor maneira possvel para que o professor possa decidir qual ser a

    prxima atividade a ser proposta ao aluno. Considerando que a estrutura cognitiva de um

    indivduo em uma rea de conhecimento representada pela organizao conceitual de suas

    idias nessa rea e sabendo que os MCs so uma visualizao de conceitos e suas relaes,

    pode-se dizer que os MCs so teis na determinao do conhecimento prvio do aluno. Alm

    disso, os MCs servem para investigar as mudanas que ocorrem na estrutura cognitiva do

    aprendiz durante a instruo.

    Finalmente, MCs podem ser usados tanto em avaliaes continuadas quanto em avalia-

    es nais. Em avaliaes continuadas, os alunos devem desenhar MCs em vrios pontos da

    aprendizagem e os professores podem usar esses mapas para avaliar os alunos e tambm para

    adaptar o currculo de acordo com as necessidades. Nas avaliaes nais, MCs podem ser

    usados para avaliar o entendimento dos alunos e atribuir-lhes nota.

  • 3.2 Uso dos mapas conceituais 31

    3.2.3 Mapas conceituais como ferramenta para anlise e planeja-

    mento de contedo de cursos

    MCs tambm podem ser utilizados pelo professor para denir o contedo de uma aula,

    de uma disciplina, de um conjunto de disciplinas ou de um currculo completo. Cada uma

    dessas funcionalidades requer diferentes nveis de generalidade ou especicidade dos conceitos

    que esto no mapa. Por exemplo, conceitos mais abrangentes podem servir de base para o

    planejamento curricular de um determinado curso, enquanto conceitos mais especcos podem

    orientar a seleo de material e atividades instrucionais especcas [Moreira 2006].

    Um bom planejamento de currculo requer uma anlise cuidadosa sobre quais so os concei-

    tos centrais para o entendimento de uma disciplina, ou parte dela que est sendo considerada.

    Por exemplo, ao construir um mapa conceitual de um curso completo j existente, possvel

    observar que o nmero de conceitos importantes relativamente pequeno (sendo que esses

    conceitos s vezes so repetidos com nomes diferentes em vrias disciplinas). No raro, ao

    fazer isso, chegar-se concluso de que o programa est cheio de repeties e no focaliza

    adequadamente os conceitos que so realmente importantes [Moreira 2006].

    Um planejamento curricular tambm pode ser dinmico: dependendo da avaliao dos

    alunos, o professor pode decidir selecionar diferentes atividades didticas.

    Neste trabalho, MCs so usados para dar suporte anlise de contedo na elaborao de

    material didtico, ou seja, o mapa conceitual usado para auxiliar um professor na deciso

    sobre como construir uma seqncia do contedo de um curso, utilizando OAs. Isso feito

    gerando-se automaticamente vrias seqncias possveis de OAs e deixando para o professor

    escolher, dinamicamente, a(s) prxima(s) atividades didticas num curso.

  • 32 Mapas Conceituais

    3.3 Um mapa conceitual sobre Eletrosttica

    Existem vrias pesquisas [Moreira 2006] [Tavares 2006] [Konrath 2002] [Navarro et al.

    2005] [Faria 1995] sobre a elaborao e vericao de mapas conceituais junto com alunos.

    Entre essas pesquisas, possvel citar o trabalho de Sonia Salem [Salem 1986], no qual foi

    elaborado um mapa conceitual sobre o domnio da Eletrosttica sob a superviso de educadores

    experientes no assunto. Esse mapa, que chamaremos MCE, utilizado para o estudo de caso

    deste trabalho. O MCE descreve a teoria da Eletrosttica na forma como ela abordada em

    cursos bsicos oferecidos a estudantes dos cursos de Fsica, Matemtica ou Engenharia das

    universidades brasileiras. Nesse caso, a Eletrosttica tratada com mais nfase nos conceitos

    fsicos e o formalismo matemtico no muito avanado [Salem 1986]. Esse mesmo mapa

    pode ser simplicado e servir ainda para o ensino mdio.

    A construo do mapa foi feita como um trabalho de mestrado pelo Instituto de Fsica da

    Universidade de So Paulo. Para isso partiu-se dos conceitos mais signicativos da Eletros-

    ttica e seus relacionamentos, tendo como fonte principal a leitura detalhada da bibliograa

    utilizada no curso Fsica III do Instituto de Fsica da Universidade de So Paulo [Purcell

    1970]. O primeiro esboo do mapa pode ser visto na Figura 3.6 na qual so mostrados os

    principais conceitos e relaes que compem a estrutura conceitual da Eletrosttica [Salem

    1986]. Como visto anteriormente, essa estrutura exibe a carga eltrica (Q) como elemento

    central e suas manifestaes: campo eltrico ( ~E), fora eltrica (~F ), potencial eltrico (V ) e

    energia potencial eltrica (U), bem como as suas inter-relaes.

    A seguir, fazemos uma descrio detalhada dos relacionamentos entre os conceitos prin-

    cipais, carga (Q) e campo ( ~E) com os conceitos menos inclusivos. Uma propriedade bsica

    da carga eltrica ser uma grandeza escalar. Supondo que o espao vazio seja isotrpico,

    isto , sem variao nas suas caractersticas, o campo vetorial criado por uma carga deve ser

    esfericamente simtrico e portanto, radial. O mapa conceitual obtido para essas relaes

    mostrado na Figura 3.7.

  • 3.3 Um mapa conceitual sobre Eletrosttica 33

    Figura 3.6: Mapa bsico dos conceitos da Eletrosttica.

    Figura 3.7: Mapa conceitual obtido a partir da incluso dos primeiros conceitos mais especcos norelacionamento campo - carga [Salem 1986].

    Uma carga medida em unidades discretas, isto , em mltiplos inteiros de uma mesma

    quantidade elementar e. Assim sendo, uma carga elementar puntiforme, ou seja, no

    constituda por outras cargas, no separvel em partes, nem tem estrutura interna. Com

    isso, uma carga eltrica puntiforme colocada sobre um ponto no espao no alterada por

    qualquer outra carga situada nas suas proximidades. Isso implica que o campo eltrico criado

    por uma carga puntiforme no se altera pela presena de outras cargas. por isso que o

    campo criado por um sistema de cargas, em um determinado ponto, igual soma vetorial

    dos campos criados pelas cargas isoladamente. Essa propriedade conhecida como Princpio

    da Superposio. A Figura 3.8 mostra o mapa anterior (Figura 3.7) acrescido desses novos

    conceitos e relacionamentos.

  • 34 Mapas Conceituais

    Figura 3.8: Mapa conceitual obtido a partir da incluso de novos conceitos e relacionamentos ao mapaanterior mostrado na Figura 3.7 [Salem 1986].

    Como existem dois tipos de carga (positiva e negativa), temos dois sentidos para campo

    eltrico: carga positiva gera campo divergente e negativa gera campo convergente. A intensi-

    dade do vetor campo eltrico proporcional carga que o gerou e ao inverso do quadrado da

    distncia r dessa carga. O mapa conceitual obtido com a incluso desses novos conceitos e

    relacionamentos mostrado na Figura 3.9.

    Figura 3.9: Mapa conceitual obtido a partir da incluso de novos conceitos e relacionamentos ao mapaanterior mostrado na Figura 3.8.

    O campo eltrico pode ser denido tambm pela Lei de Gauss, a partir do conceito de

    uxo () do vetor campo eltrico que atravessa uma superfcie fechada. Essa lei arma que o

    uxo do vetor campo eltrico atravs da superfcie diretamente proporcional carga eltrica

  • 3.3 Um mapa conceitual sobre Eletrosttica 35

    e tambm ao inverso do quadrado da distncia r dessa carga. A Figura 3.10 mostra o mapa

    conceitual obtido acrescentando-se esse novo conceito ao mapa anterior (Figura 3.9).

    Figura 3.10: Mapa conceitual obtido a partir da incluso de novos conceitos e relacionamentos aomapa anterior mostrado na Figura 3.9.

    O mapa conceitual completo contendo todas os conceitos e relacionamentos da Eletrost-

    tica elaborado por Sonia Salem ( [Salem 1986]) mostrado na Figura 3.11. Esse mapa tem

    por objetivo explicitar a estrutura conceitual completa da Eletrosttica que abordada num

    curso superior do nvel descrito no incio desta seo.

    A validao do mapa foi feita vericando-se a maneira como os alunos do curso de Fsica

    III, citado anteriormente, construam a estrutura conceitual da Eletrosttica ao nal do curso.

    Na pesquisa realizada, 50% dos alunos foram capazes de reproduzir mais que 90% dos conceitos

    e relacionamentos do mapa e 70% dos alunos foram capazes de reproduzir pelo menos 70% do

    mapa original [Salem 1986].

  • 36 Mapas Conceituais

    Figura 3.11: Mapa conceitual completo da Eletrosttica (MCE) [Salem 1986].

    3.4 Diferentes leituras do mapa conceitual de Eletrost-

    tica

    O mapa conceitual MCE construdo por Sonia Salem, foi elaborado a partir dos conceitos

    principais e dos relacionamentos entre eles. No entanto, no est claro nesse mapa quais so

    os conceitos mais inclusivos da teoria, ou seja, quais so as relaes hierrquicas entre os

  • 3.4 Diferentes leituras do mapa conceitual de Eletrosttica 37

    conceitos do mapa. Na Figura 3.12, so mostradas algumas hierarquias que, apesar de no

    estarem explcitas no MCE original, so facilmente identicadas.

    A Figura 3.12 (a) indica que a carga Q um conceito mais importante que ~E, ~F , U e

    V , pois ela que os gera. A Figura 3.12 (b) indica que carga um conceito mais importante

    que suas propriedades. A parte (c) da gura mostra que o conceito de campo ( ~E) mais

    importante que suas propriedades, o mesmo acontece com a parte (d) que mostra que ~F )

    tambm mais importante que suas propriedades.

    Alm disso, o MCE possibilita vrias interpretaes para a Eletrosttica, ou seja, pode-se

    escolher qualquer um dos relacionamentos entre os conceitos representados nos vrtices ( ~E,

    ~F , U e V ) e o conceito central (Q), como o relacionamento inicial e, a partir desse, deduzir

    os demais conceitos e relacionamentos. Isso permite leituras diferentes do mapa, que por sua

    vez reetem diferentes abordagens pedaggicas para o ensino da disciplina [Salem 1986].

    Uma possvel leitura do MCE feita comeando-se com o par ordenado (Q, ~E), e sua

    relao de manifestao, ou seja, campo eltrico uma manifestao da carga eltrica. Sendo

    a carga eltrica fonte de campo eltrico, pode-se dizer que uma carga eltrica q, quando

    colocada em um campo eltrico ~E criado por outra carga q, sente uma fora ~F , sendo que as

    propriedades da fora a partir das propriedades do campo so: a direo da reta que une as

    duas cargas; o sentido atrativo quando as cargas possuem sinais opostos e o sentido repulsivo,

    caso contrrio; a intensidade diretamente proporcional ao produto das cargas e inversamente

    proporcional ao quadrado da distncia entre elas (Lei de Coulomb).

    O potencial eletrosttico V tambm pode ser denido a partir do campo ~E. Para isso,

    pressupe-se que esse seja conservativo. A relao entre o potencial e o campo eletrosttico

    passa, ento, pelo seguinte caminho de conceitos e relaes:

    campo eltrico radial simetria esfrica conservativo potencial eltrico.

    Finalmente, a energia potencial eletrosttica U tambm pode ser denida a partir do

  • 38 Mapas Conceituais

    Figura 3.12: Interpretaes das hierarquias implcitas do MCE.

    campo eltrico, pressupondo a relao ~E ~F j discutida, nesse caso, a energia U pode ser

    associada fora por ser conservativa. Assim, a relao entre a energia potencial e a fora

    passa pelo seguinte caminho de conceitos e relaes:

    fora eltrica central coordenada relativa conservativa energia potencial.

  • 3.4 Diferentes leituras do mapa conceitual de Eletrosttica 39

    Como o campo tambm transfere o princpio da superposio para a energia, um caminho

    alternativo para denir a energia U em funo do campo ~E diretamente baseia-se no fato da

    densidade de energia num volume de espao ser dada em funo do campo eltrico resultante.

    Nesse caso, o caminho de conceitos e relaes percorrido :

    campo eltrico uxo princpio da superposio energia potencial.

    Essa primeira leitura determinou o caminho cognitivo que passa pela seguinte seqncia

    de conceitos principais

    Q ~E ~F V U (3.1)

    As outras leituras so descritas em detalhe em [Salem 1986] e identicam os seguintes

    caminhos:

    Q ~F ~E U V (3.2)

    Q U V ~E ~F ou Q U ~F ~E V (3.3)

    Q V U ~E ~F (3.4)

    Note que as seqncias de conceitos correspondentes s diferentes leituras do MCE (ca-

    minhos 3.1, 3.2, 3.3 e 3.4) foram apresentadas somente com seus conceitos principais. Num

    curso real, essas seqncias podem ser bem mais complexas, envolvendo alm dos conceitos

    secundrios, vrios conceitos e relacionamentos denidos matematicamente. Algumas dessas

    denies constituem leis conhecidas da teoria da Eletrosttica. A Tabela 3.1 contm a lista

  • 40 Mapas Conceituais

    das relaes entre conceitos, indicadas no MCE (Figura 3.11) pelos nmeros da coluna da

    esquerda.

    Figura 3.13: Interpretaes sobre as hierarquias do MCE, feitas em [Salem 1986].

    Um exemplo de seqncia mais complexa de contedo do mapa conceitual de Eletrosttica

  • 3.4 Diferentes leituras do mapa conceitual de Eletrosttica 41

    Identicaono mapa daFigura 3.11

    Conceitos envolvidos Caracterizao

    (1) fora e campo ~E = ~Fq

    ou ~F = q ~E

    (2) potencial e campo V =

    ~Ed~s ou ~E = gradV

    (3) energia potencial e potencial V = Uq

    ou U = qV (V x U)

    (4) fora e energia U =

    ~Fd~s ou ~F = gradU

    (5) uxo do vetor campo eltrico e carga = q0

    (Lei de Gauss)

    (6) campo eltrico e carga E = k Qr2

    (Lei de Coulomb)

    (7) potencial eltrico e carga V = kQr

    (8) energia potencial e carga U = k qQr

    (9) fora e carga F = k qQr2

    (Lei de Coulomb)

    (10) campo e uxo

    ~Ed ~A = qin0

    ( ~E x Lei de Gauss)

    Tabela 3.1: Relacionamentos matemticos contidos no MCE.

    dado por:

    Q sinal atrao repulso elementar conservao V ~F

    Lei de Coulomb superposio ~E mdulo direo

    Lei de Gauss fluxo Lei de Coulomb x Lei de Gauss

    ~E x Lei de Gauss U V x U (3.5)

  • 42 Mapas Conceituais

    importante destacar que os conceitos principais do MCE tambm podem ser vistos como

    uma hierarquia de conceitos (segundo a teoria de aprendizagem signicativa), na qual os mais

    gerais servem como ncora para a aprendizagem dos conceitos subseqentes. Dependendo das

    escolhas do professor ou do conhecimento prvio do aluno, pode-se denir diferentes hierarquias

    entre os conceitos principais, como mostra a Figura 3.13. Note que essas hierarquias seguem

    as possveis seqncias geradas pelas diferentes leituras do MCE propostas pela autora. Na

    Figura 3.13, a hierarquia (a) corresponde ao caminho (3.1), a (b) ao caminho (3.2), a (c)

    primeira opo do caminho (3.3), a (d) segunda e a (e) corresponde ao caminho (3.4).

    3.5 Concluso

    Neste captulo foram denidos mapas conceituais e a teoria de aprendizagem signicativa

    de Ausubel. Tambm, foi apresentado um exemplo de mapa conceitual para a Eletrosttica

    (MCE) que ser utilizado no estudo de caso que ser feito no Captulo 7. Alm disso, foram

    descritas diferentes leituras desse mapa conceitual, gerando diferentes seqncias de conceitos

    e relacionamentos. Foi mostrado ainda que essas seqncias esto de acordo com a teoria de

    Ausubel em que os conceitos mais gerais aparecem antes dos mais especcos, de acordo com

    as relaes de hierarquia implcitas no MCE.

    Todas as interpretaes de hierarquias de conceitos e de relaes nesta tese foram feitas a

    partir do trabalho de Sonia Salem [Salem 1986].

    Como ser visto no prximo captulo, a idia de dependncia hierrquica nas seqncias

    de um MC ser usada para denir fragmentos de um mapa conceitual, uma nova forma de se

    representar contedos que ser usada como base para a construo da ferramenta de anlise,

    seleo e composio de OAs.

  • Captulo 4

    Ontologias

    A WWW tornou-se nos ltimos anos uma das formas mais importantes de divulgar e

    recuperar contedos digitais. No entanto, a busca por recursos na Web, feita nos moldes

    atuais, no satisfatria para o usurio. Ela traz muitas informaes irrelevantes e no

    garante que as mais importantes sejam recuperadas. Uma das razes para isso que a maioria

    dos recursos Web projetada para uso de pessoas. As ferramentas atuais fornecem apenas

    um formato para visualizao de informaes, sem se preocupar com a descrio do contedo

    e seu signicado, por exemplo, utilizando linguagens de marcao.

    A Web Semntica [Berners-Lee, Hendler e Lassila 2001] tem por objetivo prover infor-

    maes mais renadas sobre o contedo dos recursos disponveis na Web, que possam ser

    processadas por mquinas. Para isso, so necessrias marcaes semnticas, isto , anotaes

    que contenham informaes sobre o contedo do recurso Web, por meio de uma linguagem

    expressiva o bastante para descrever os detalhes relevantes. Alm disso, para que os recursos

    possam ser compartilhados por diferentes sistemas da Web, essa linguagem deve ser adotada

    como padro pelas comunidades ans.

    Um elemento chave para a Web Semntica a idia de ontologias. Segundo o dicionrio

    [Ferreira 2004], ontologia . . . a parte da losoa que trata do ser enquanto ser, isto , do

    ser concebido como tendo uma natureza comum, que inerente a todos e a cada um dos

    43

  • 44 Ontologias

    seres. A rea de Representao de Conhecimento da IA adotou esse termo dando-lhe um

    novo signicado, sendo que a denio mais adotada . . . uma especicao formal, explcita

    e compartilhada de uma conceitualizao [Gruber 1993]. Sendo assim, pode-se dizer que uma

    ontologia descreve formalmente um domnio de conhecimento.

    As ontologias incluem denies que podem ser utilizadas por pessoas ou mquinas,

    constituindo-se em listas nitas de termos e relacionamentos [Antoniou e Harmelen 2004].

    Os termos referem-se aos conceitos bsicos de um domnio (classes de objetos) enquanto que

    os relacionamentos podem expressar hierarquias entre os conceitos ou outros tipos de relaes,

    como mostrado no exemplo da Figura 4.1.

    Figura 4.1: Exemplo de relacionamentos entre termos que podem ser denidos em uma ontologia.

    Sendo assim, no contexto da Web, as ontologias podem oferecer um entendimento compar-

    tilhado sobre um domnio, necessrio para superar diferenas entre as diversas terminologias

    da rede WWW. Alm disso, elas podem ser utilizadas para representar a semntica de docu-

    mentos, permitindo que esses sejam utilizados por aplicaes de software na Web, por exemplo,

    aplicaes que precisam realizar buscas inteligentes de informaes.

    Para que as ontologias na Web possam ser de fato processadas pelos computadores preciso

    que a linguagem utilizada para descrev-las seja bem projetada, bem denida, compatvel

    com a Web e com suporte para mecanismos de inferncia. Finalmente, a expressividade

    da linguagem de ontologias deve ser adequada, para comportar a denio dos conceitos e

    relacionamentos com detalhes sucientes, sem prejudicar a factibilidade das inferncias em

    termos de tratabilidade computacional [Baader, Horrocks e Sattler 2003]. Para satisfazer

    esses objetivos, normalmente, as ontologias so expressas em linguagens baseadas em lgica

    e, dessa forma possvel realizar inferncias lgicas automticas por meio de provadores de

  • 4.1 Linguagens para implementao de ontologias 45

    teoremas e fornecer servios sosticados para Web.

    4.1 Linguagens para implementao de ontologias

    Desde o comeo dos anos 90, foram desenvolvidas vrias linguagens para implementao

    de ontologias, entre elas: KIF [Genesereth e Fikes 1992], baseada na lgica de primeira ordem;

    Ontolingua [Gruber 1993], OCML [Motta 1998] e FLogic [Kifer, Lausen e Wu 1995], todas

    baseadas na combinao de frames com lgica de primeira ordem; e Loom [MacGregor e Bates

    1987], baseada em lgica de descries. Com o crescimento da Internet, foram desenvolvidas

    novas linguagens para explorar suas caractersticas. A primeira linguagem para desenvolver

    ontologias na Internet, SHOE [Hein, Hendler e Luke 1999], comeou a ser desenvolvida

    em 1996 utilizando a sintaxe HTML, porm, quando a linguagem XML passou a ser uma

    recomendao W3C para troca de informaes na Web, a linguagem SHOE teve sua sintaxe

    alterada e vrias outras linguagens foram desenvolvidas a partir dessa nova sintaxe. Por

    exemplo, a linguagem RDF [Klyne e Carroll 2003], baseada no formalismo de redes semnticas

    (desenvolvida pela W3C, para descrever recursos Web). Uma extenso da linguagem RDF,

    RDF Schema (RDF(S)) [Brickley e Guha 2003], foi desenvolvida utilizando primitivas baseadas

    em frames. Essas trs linguagens passaram a ser os padres da Web [Baader, Horrocks e

    Sattler 2003]. Nesse contexto, novas linguagens para implementao de ontologias foram

    desenvolvidas:

    DAML: DARPA Agent Markup Language [Connolly et al. 2001] - foi desenvolvida como uma

    extenso da XML e RDF com o objetivo de aumentar a interoperabilidade entre agentes

    de software para Web;

    OIL: desenvolvida [Fensel et al. 2001] sobre a sintaxe RDF(S), considerando as primitivas de

    ontologias baseadas em frames e tem seu formalismo baseado em lgica de descries.

  • 46 Ontologias

    possvel representar conceitos, classicaes de conceitos, relaes binrias, funes e

    instncias;

    DAML-OIL: criada a partir de um comit que uniu esforos americano (DARPA) e europeu

    (OIL) [Connolly et al. 2001]. Tambm considera primitivas de ontologias baseadas em

    frames e tem seu formalismo baseado em lgica de descries;

    OWL: recomendao atual da W3C [McGuinness e Harmelen 2004], teve forte inuncia

    da linguagem DAML-OIL. Portanto, seu formalismo baseado em lgica de descries

    e sua estrutura baseada em frames. No entanto, sua sintaxe baseada em RDF. O

    que diferencia esta linguagem das anteriores a preocupao com a decidibilidade das

    inferncias realizadas, o que ser descrito mais adiante.

    4.1.1 Lgica de Descries

    A Lgica de Descries (LD) constitui uma famlia de linguagens que podem ser usa-

    das para representar o conhecimento de um domnio de aplicao de uma maneira formal,

    estruturada e bem denida [Baader, Horrocks e Sattler 2003]. O nome Lgica de Descries

    signica, por um lado, que os conceitos relevantes de um domnio so apresentados na forma d