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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA Uma Abordagem Metodológica para o Projeto de Produtos Inclusivos Autora: Flávia Bonilha Alvarenga Orientador: Prof. Dr. Franco Giuseppe Dedini 91/06

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

Uma Abordagem Metodológica para o Projeto de Produtos Inclusivos

Autora: Flávia Bonilha Alvarenga Orientador: Prof. Dr. Franco Giuseppe Dedini 91/06

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA DEPARTAMENTO DE PROJETO MECÂNICO

Uma Abordagem Metodológica para o Projeto de Produtos Inclusivos

Autora: Flávia Bonilha Alvarenga Orientador: Prof. Dr.Franco Giuseppe Dedini Curso: Engenharia Mecânica Área de Concentração: Mecânica dos Sólidos Tese de doutorado acadêmico apresentada à comissão de Pós Graduação da Faculdade de Engenharia Mecânica, como requisito para a obtenção do título de Doutor em Engenharia Mecânica.

Campinas, 2006 S.P. – Brasil

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA DEPARTAMENTO DE PROJETO MECÂNICO

TESE DE DOUTORADO ACADÊMICO

Uma Abordagem Metodológica para o Projeto de Produtos Inclusivos

Autora: Flávia Bonilha Alvarenga Orientador: Prof. Dr. Franco Giuseppe Dedini _________________________________________________ Prof. Dr. Franco Giuseppe Dedini Faculdade de Engenharia Mecânica - UNICAMP ____________________________________________________ Prof. Dr. Acires Dias Departamento de Engenharia Mecânica- UFSC ____________________________________________________ Prof. Dr. Luis Gonzaga Trabasso Instituto Tecnológico de Aeronáutica - ITA __________________________________________________ Prof. Dr. Euclides de Mesquita Neto Faculdade de Engenharia Mecânica – UNICAMP __________________________________________________ Prof. Dr. Milton Dias Júnior Faculdade de Engenharia Mecânica – UNICAMP

Campinas, 31 de Julho de 2006.

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Dedicatória Dedico este trabalho aos meus pais e aos meus irmãos Nelson e Maíra.

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Agradecimentos Este trabalho não poderia ser terminado sem a ajuda de diversas pessoas às quais presto minha

homenagem:

À Deus por me dar força nos momentos difíceis e por me iluminar nos momentos de

dúvida.

Aos meus pais e minha família pelo incentivo em todos os momentos da minha vida e pela compreensão da minha ausência. Ao meu orientador Franco Giuseppe Dedini, que se tornou um grande amigo e o qual eu tenho enorme admiração e carinho, agradeço pelos conselhos, pelo exemplo ético e pelas sugestões criativas. À Profa. Kátia Lucchesi Cavalca pelo apoio e incentivo, pelos trabalhos que confiou a mim e pela sua amizade. A todos os professores e colegas dos departamentos DPM e DMC, pelos momentos de apoio e descontração. À Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e aos Professores Nelson Back, Fernando Antônio Forcellini, Acires Dias, André Ogliari pelo apoio e orientação durante o doutorado sanduíche em Florianópolis. Aos colegas do Nedip e do GEPP. À Profa. Marta Dischinger (UFSC) pela orientação e atenção considerável para comigo e para o meu trabalho. À Profa. Maria Teresa Égler Mantoan (UNICAMP) pelo incentivo e pelos momentos de motivação. Aos colegas do Projeto Proesp que sempre estiveram com materiais disponíveis e dos quais tive um convívio excelente e engrandecedor. A CAPES e ao CNPq pelo apoio financeiro.

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Não se pode ensinar alguma coisa a um homem, apenas ajudá-lo a encontrá-la dentro de si mesmo

Galileu Galilei (1564 –1642)

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Resumo ALVARENGA, Flávia Bonilha, Uma Abordagem Metodológica para o Projeto de Produtos

Inclusivos, Campinas: Faculdade de Engenharia Mecânica, Universidade Estadual de Campinas, 2006. 218 p. Tese (Doutorado).

A população mundial está envelhecendo e o número de pessoas com necessidades especiais está aumentando. Atualmente novas tecnologias e novos produtos estão sendo desenvolvidos para melhorar a qualidade de vida. A maioria dos produtos não são acessíveis à toda a população, sendo geralmente projetados para um público alvo, excluindo pessoas com deficiência e idosos. A busca pela inclusão de pessoas com deficiência na sociedade gerou um grande número de leis e uma abordagem de projeto denominada Universal Design. O princípio do Universal Design é obter produtos que possam ser usados pelo maior número de pessoas possível. Esta tese tem o objetivo de propor uma metodologia de projeto para prover a inclusão dessas pessoas em relação ao uso de produtos. Para isso foi necessário um estudo aprofundado sobre os princípios do Universal Design, sua importância e suas principais abordagens. Através de estudos sobre metodologias de projeto e suas principais ferramentas foi possível propor uma metodologia de projeto onde se aplicam os conhecimentos do processo de projeto do produto norteados pelos princípios do Universal Design. O processo metodológico de projeto utilizado nesta tese foi baseado no estado da arte dos processos de desenvolvimento de produtos mais conhecidos, identificando e combinando ferramentas de projeto tradicionais de forma a conceber uma metodologia dedicada a encontrar o mais alto grau de inclusividade possível entre os processos em estudo. A metodologia proposta consiste no desdobramento das duas fases iniciais do projeto do produto denominadas estudo da viabilidade e projeto preliminar, em etapas e em tarefas que orientam o projetista na execução do desenvolvimento de um produto. Como forma de validação da metodologia proposta, um protótipo de um módulo de locomoção foi desenvolvido como estudo de caso que foi testado e o mesmo demonstrou desempenho satisfatório e com uma ampla gama de funções alternativas. Palavras Chave: Metodologia de Projeto, Projeto Inclusivo, Projeto Universal, Projeto para Todos,

Desenvolvimento de Produto, Cadeira de Rodas.

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Abstract ALVARENGA, Flávia Bonilha, A Methodological Approach for Inclusive Product Design,

Campinas: Faculty of Mechanical Engineering, State University of Campinas, 2006. 218 p. Ph.D. Thesis.

The world population is aging and the number of people with special needs is also increasing.

Nowadays, new technology and products have been developed to improve quality of life. Most of

the products are not accessible to all the population, being generally designed for a target public,

excluding disabled and elderly people. In order to include disabled people in the society, large

numbers of laws have been elaborated and a new approach of projects called Universal Design

has been created. The principle of Universal Design is to obtain products that can to be used by

the largest possible number of people. This thesis has the objective of proposing a design

methodology for including this category of people with respect to use of products. Therefore, it

was necessary to conduct a study about the main principles of Universal Design, its importance

and its main approaches. Through studies on design methodologies and its main tools, it was

possible to propose a new design methodology using the principles of Universal Design. The

design methodology proposed in this thesis was based on the state-of-the-art of well-known

design methodologies, identifying and combining traditional design tools in order to obtain an

inclusive design methodology. The proposed methodology consists in two initial phases of

product design: the viability study and the preliminary design. For the evaluation of the proposed

methodology, a locomotion module prototype has been developed as a case study. The prototype

was tested and demonstrated a satisfactory performance with great extent of alternative functions.

Key Words

Design methodology, Inclusive Design, Universal Design, Design for All, Product Development,

Wheelchair.

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i

Índice

Capítulo 1 .......................................................................................................................1

Introdução e Estrutura do Trabalho.............................................................................1 1.1 Introdução ...........................................................................................................................................1

1.2 Motivação............................................................................................................................................3

1.3 Apresentação do Problema.................................................................................................................4

1.4 Justificativa do trabalho.......................................................................................................................6

1.5 Relevância do trabalho .......................................................................................................................7

1.6 Objetivos do trabalho ..........................................................................................................................8

1.7 Abrangência e limitações do trabalho...............................................................................................10

1.8 Contribuições ....................................................................................................................................11

1.9 Estrutura do trabalho.........................................................................................................................11

Capítulo 2 .....................................................................................................................13

Projeto Inclusivo - Revisão da Literatura ..................................................................13 2.1 Projeto Inclusivo - Definição..............................................................................................................13

2.1.1 Definição de inclusão.................................................................................................................14

2.2 Evolução e motivação para o projeto inclusivo.................................................................................15

2.3 Discussão sobre a adoção do projeto inclusivo nas indústrias ........................................................17

2.4 Exemplos de projeto inclusivo...........................................................................................................20

2.5 Terminologia e classificação das deficiências ..................................................................................24

2.5.1 Dados Estatísticos .....................................................................................................................27

2.6 Abordagens para o projeto inclusivo.................................................................................................33

2.7 Exclusão de projeto...........................................................................................................................39

2.7.1 Populações ................................................................................................................................42

2.7.2 Mérito de inclusividade ..............................................................................................................43

2.8 O método do Cubo Inclusivo (CI)......................................................................................................44

2.9 Uma abordagem para o projeto inclusivo – metodologia dos sete níveis ........................................50

2.9.1 Aplicações de projeto inclusivo .................................................................................................55

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2.10 Sumário ...........................................................................................................................................57

Capítulo 3 .....................................................................................................................59

Processo de Projeto de Produtos e Metodologias de Projeto: Aspectos Gerais, Análise Crítica e Discussões...........................................................................59

3.1 Processo de desenvolvimento de produtos (PDP) ...........................................................................59

3.2 Metodologias de projeto....................................................................................................................62

3.2.1 Metodologias para o processo de desenvolvimento de produtos .............................................63

3.3 Comparativo entre as metodologias .................................................................................................65

3.4 Estudo sobre abordagens inclusivas ................................................................................................72

3.5 Sumário .............................................................................................................................................80

Capítulo 4 .....................................................................................................................81

Proposta de uma Abordagem Metodológica para o Projeto Inclusivo. ..................81 4.1 O Modelo...........................................................................................................................................81

4.2 Metodologia proposta........................................................................................................................83

4.3 Diretrizes para o desenvolvimento de metodologias de projeto .......................................................83

4.4 Fase do estudo da viabilidade do projeto inclusivo ..........................................................................87

4.5 Início do projeto.................................................................................................................................91

4.6 Fase 1- Estudo da viabilidade do projeto inclusivo...........................................................................91

4.6.1 Etapa 1.1: Pesquisar informações sobre o tema de projeto .....................................................92

4.6.2 Etapa 1.2: Definir o problema de projeto...................................................................................92

4.6.3 Etapa 1.3: Identificar os desejos e necessidades dos clientes do projeto inclusivo .................93

4.6.4 Etapa 1.4:Coletar os desejos e necessidades de usuários, clientes e especialistas................94

4.6.5 Etapa 1.5: Estabelecer requisitos dos clientes do produto inclusivo ........................................97

4.6.6 Etapa 1.6: Definir os requisitos de projeto do produto inclusivo ...............................................98

4.6.7 Etapa 1.7: Analisar, se houver, produtos concorrentes ............................................................99

4.6.8 Etapa 1.8: Estabelecer as especificações de projeto do projeto inclusivo..............................100

4.6.9 Etapa 1.9: Modelar funcionalmente o produto inclusivo..........................................................100

4.6.10 Etapa 1.10: Desenvolver princípios de solução ....................................................................102

4.6.11 Etapa 1.11: Desenvolver as alternativas de solução para o produto....................................104

4.6.12 Etapa 1.12: Definir a arquitetura............................................................................................104

4.6.13 Etapa 1.13: Realizar a viabilidade econômica ......................................................................107

4.7 Fase do projeto preliminar do projeto inclusivo ..............................................................................110

4.7.1 Etapa 2.1: Selecionar a melhor solução..................................................................................113

4.7.2 Etapa 2.2: Identificar DFX’s .....................................................................................................115

4.7.3 Etapa 2.3: Formular o modelo .................................................................................................116

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iii

4.7.4 Etapa 2.4: Análise da sensibilidade e compatibilidade das variáveis .....................................117

4.7.5 Etapa 2.5: Tornar o produto ergonômico.................................................................................118

4.7.6 Etapa 2.6: Prover segurança...................................................................................................121

4.7.7 Etapa 2.7: Otimizar parâmetros...............................................................................................121

4.7.8 Etapa 2.8: Prever o comportamento do sistema .....................................................................122

4.7.9 Etapa 2.9: Verficar a percepção do usuário ............................................................................124

4.7.10 Etapa 2.10: Desenvolver interação com usuário...................................................................126

4.7.11 Etapa 2.11: Prover inclusividade ...........................................................................................127

4.7.12 Etapa 2.12: Avaliar a aceitabilidade do produto....................................................................128

4.8 Sumário ...........................................................................................................................................129

Capítulo 5 ...................................................................................................................131

Estudo de Caso - Aplicação da metodologia no desenvolvimento de cadeiras de rodas................................................................................................................131

5.1 Fase do Estudo da Viabilidade .......................................................................................................132

5.1.1 Etapa 1.1 Pesquisar informações sobre o tema do projeto ....................................................132

5.1.2 Etapa 1.2: Definir o problema de projeto.................................................................................136

5.1.3 Etapa 1.3 Definição dos clientes do produto inclusivo ............................................................138

5.1.4 Etapa 1.4: Coletar os desejos e necessidades de usuários, clientes e especialistas.............138

5.1.5 Etapa 1.5: Estabelecer requisitos dos clientes do produto inclusivo ......................................141

5.1.6 Etapa 1.6: Definir os requisitos de projeto do produto inclusivo .............................................145

5.1.7 Etapa 1.7: Analisar, se houver, produtos concorrentes ..........................................................148

5.1.8 Etapa 1.8: Estabelecer as especificações de projeto do projeto inclusivo..............................150

5.1.9 Etapa 1.9: Modelar funcionalmente o produto inclusivo..........................................................152

5.1.10 Etapa 1.10: Desenvolver princípios de solução ....................................................................154

5.1.11 Etapa 1.11: Desenvolver as alternativas de solução para o produto....................................156

5.1.12 Etapa 1.12 Definir a arquitetura.............................................................................................157

5.1.13 Etapa 1.13: Realizar a viabilidade econômica ......................................................................160

5.2 Fase do Projeto Preliminar..............................................................................................................165

5.2.1 Etapa 2.1: Selecionar a melhor solução..................................................................................165

5.2.2 Etapa 2.2: Identificar DFX’s .....................................................................................................167

5.2.3 Etapa 2.3: Formular o modelo .................................................................................................167

5.2.4 Etapa 2.4: Análise da sensibilidade e compatibilidade das variáveis .....................................168

5.2.5 Etapa 2.5: Tornar o produto ergonômico.................................................................................168

5.2.6 Etapa 2.6: Prover segurança...................................................................................................170

5.2.7 Etapa 2.7: Otimizar parâmetros...............................................................................................170

5.2.8 Etapa 2.8: Prever o comportamento do sistema .....................................................................170

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iv

5.2.9 Etapa 2.9: Verficar a percepção do usuário ............................................................................174

5.2.10 Etapa 2.10: Desenvolver interação com usuário...................................................................175

5.2.11 Etapa 2.11: Avaliar a inclusividade do produto .....................................................................176

5.2.12 Etapa 2.12: Avaliar a aceitabilidade do produto....................................................................176

5.3 Sumário ...........................................................................................................................................176

Capítulo 6 ...................................................................................................................179

Conclusões e Perspectivas Futuras ........................................................................179 6.1 Finalização do Trabalho..................................................................................................................181

6.2 Sugestões para pesquisas futuras..................................................................................................182

6.3 Trabalhos publicados ......................................................................................................................182

6.3.1 Periódicos nacionais e internacionais .....................................................................................182

6.3.2 Anais de congressos nacionais e internacionais.....................................................................183

Apêndice A.................................................................................................................199

Projeto Inclusivo: Glossário de Termos (traduzido de Colleman, 2003) ..............199

Apêndice B.................................................................................................................205

Os Sete Princípios do Universal Design..................................................................205

Apêndice C.................................................................................................................211

Ferramentas aplicadas..............................................................................................211

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v

Lista de Figuras

Figura 1.1 Objetivos na sistematização da metodologia inclusiva.............................................................. 10

Figura 2.1 Site da rede de supermercados, complexo e interação difícil. .................................................. 21

Figura 2.2 Mínimo uso de figuras e interação com o usuário simplificada. ................................................ 21

Figura 2.3 Site atual do grupo Todos Nós, tela normal e tela com alto contrate e texto ampliado. ........... 22

Figura 2.4 Painel modificado para se tornar mais acessível e melhor utilizável para todas as pessoas. .. 23

Figura 2.5 Máquina de lavar roupa acessível para todas as pessoas (Toshiba, 2005) ............................. 23

Figura 2.6 Exemplos de projetos inclusivos. ............................................................................................... 24

Figura 2.7 Proporção de pessoas com mais de 60 anos em países selecionados nos anos de 1990 a

1999.......................................................................................................................................... 28

Figura 2.8 Modelo de terminologia para deficiência (Keates e Clarkson, 2003). ....................................... 29

Figura 2.9 Perda de capacidade individual e múltipla da população do Reino Unido com 16+ e 75+

respectivamente (Coleman et al., 2004) .................................................................................. 32

Figura 2.10 Membros da equipe de projeto simulando dificuldades na operação de seus produtos (fonte

Toshiba).................................................................................................................................... 35

Figura 2.11 Abordagem User Pyramid (Bentzon, 1993) ............................................................................. 36

Figura 2.12 Através da abordagem bi-dimensional User Pyramid para um mapa tri-dimensional de

abordagens de projeto – Inclusive Design Cube (IDC) (Keates e Clarkson, 1999)................. 38

Figura 2.13 Estrutura para a avaliação do produto..................................................................................... 41

Figura 2.14 Telefone britânico de botões grandes (Keates e Clarkson, 2003)........................................... 43

Figura 2.15 As populações WINIT (Keates e Clarkson, 2003). .................................................................. 43

Figura 2.16 Método do Cubo Inclusivo (CI) (Keates e Clarkson, 1999). .................................................... 45

Figura 2.17 Expansão do mercado em potencial no desenvolvimento de um esquentador de água

(adaptado de Clarkson et al., 2000). ........................................................................................ 47

Figura 2.18 Desenvolvimento de nova metodologia baseado no desenvolvimento de produto (Keates et

al., 2002)................................................................................................................................... 51

Figura 2.19 Metodologia dos 7 níveis (Keates et al., 2002)....................................................................... 53

Figura 2.20 O método do IC combinado com a metodologia dos 7 níveis Clarkson e Keates, 2001). ...... 55

Figura2.21 Ferramenta modelo CAD .......................................................................................................... 56

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vi

Figura 3.1 Influência percentual sobre o custo do produto, devido às decisões tomadas, referentes ao

projeto, material, mão-de-obra e instalações (Smith e Reinertsen, 1991)............................... 60

Figura 3.2 Custos de mudanças nas diversas fases de desenvolvimento do produto (Smith e Reinertsen,

1991)......................................................................................................................................... 61

Figura 3.3 Macrofases e Fases do Processo de Desenvolvimento de Produtos (Rozenfeld et al., 2006)

modificado e a localização das fases estudo da viabilidade e projeto preliminar.................... 63

Figura 3.4 Fluxograma da fase do estudo da viabilidade (Dedini e Cavalca, 2001). ................................. 69

Figura 3.5 Representação da fase do projeto preliminar (Pahl e Beitz, 1996). .......................................... 71

Figura 3.6 - Modelo gap de necessidades dos usuários............................................................................. 74

Figura 3.7- Projeto de fases genéricas (Stanton, 1998). ............................................................................ 74

Figura 3.8- Processo de projeto baseado na avaliação iterativa(Dong et al., 2002). ................................. 75

Figura 3.9- Abordagens bottom-up(A) e top down (B) para o projeto inclusivo.......................................... 76

Figura 3.10 Sinopse do kit de ferramentas (Dong et al., 2005). ................................................................. 78

Figura 3.11 Kit de ferramentas (Toolkit) (Dong et al., 2005)....................................................................... 78

Figura 3.12- Estrutura de cogumelo para a ferramenta do projeto inclusivo. ............................................. 79

Figura 4.1 Macrofases e fases do processo de desenvolvimento de produtos. ......................................... 82

Figura 4.2 Convenção básica de simbologia para a apresentação da metodologia (Maribondo, 2000).... 85

Figura 4.3 Modelo geral da metodologia de projeto para produtos inclusivos............................................ 87

Figura 4.4 Fase do estudo da viabilidade da metodologia proposta. ......................................................... 89

Figura 4.5 Detalhamento do início do projeto para o desenvolvimento do produto inclusivo..................... 91

Figura 4.6 Processo de pesquisa de informações sobre o tema do projeto............................................... 92

Figura 4.7 Atividades necessárias para a definição do problema de projeto. ............................................ 93

Figura 4.8 Tarefas necessárias para a definição dos clientes do projeto inclusivo. ................................... 94

Figura 4.9 Atividades necessárias para a coleta de desejos e necessidades dos usuários, clientes e

especialistas ............................................................................................................................. 95

Figura 4.10 Atividades básicas ao estabelecimento dos requisitos dos clientes do projeto. ..................... 97

Figura 4.11 Atividades básicas ao estabelecimento de requisitos de projeto. ........................................... 99

Figura 4.12 Atividade básica para análise dos sistemas concorrentes. ................................................... 100

Figura 4.13 Atividade básica para estabelecer as especificações de projeto do projeto inclusivo .......... 100

Figura 4.14 Atividades necessárias para estabelecer as estruturas funcionais. ...................................... 101

Figura 4.15 Atividades necessárias para o desenvolvimento de princípios de solução........................... 103

Figura 4.16 Atividades para a determinação de alternativas de projeto para o produto. ......................... 104

Figura 4.17 Atividades para a determinação da arquitetura do produto................................................... 105

Figura 4.18 Exemplo da aplicação de MIM............................................................................................... 105

Figura 4.19 Ferramentas de auxílio para a execução do projeto modular (Ferreira, 2002). .................... 107

Figura 4.20 Atividades para realizar a viabilidade econômica do produto................................................ 108

Figura 4.21 Exemplo de construção de matriz de consumo de recursos ................................................. 108

Figura 4.22 Exemplo de diagrama de Mudge. .......................................................................................... 109

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vii

Figura 4.23 Fase do projeto preliminar do produto inclusivo .................................................................... 111

Figura 4.24 Seleção da melhor solução de projeto................................................................................... 114

Figura 4.25 Ferramentas de métodos de seleção de alternativas de projeto........................................... 114

Figura 4.26 Identificação das DFX’s a serem utilizadas no projeto. ......................................................... 115

Figura 4.27 Modelagem do sistema. ......................................................................................................... 117

Figura 4.28 Atividades para a realização da análise de sensibilidade e compatibilidade das variáveis. . 118

Figura 4.29 Atividades para tornar o produto ergonômico........................................................................ 120

Figura 4.30 Atividades para tornar o produto seguro................................................................................ 121

Figura 4.31 Atividades para executar a otimização do projeto. ................................................................ 122

Figura 4.32 Atividades para prever o comportamento do sistema. .......................................................... 124

Figura 4.33 Atividades para verificar a percepção do usuário em relação ao produto............................. 125

Figura 4.34 Atividades para desenvolver a interação do usuário com o produto. .................................... 126

Figura 4.35 Atividades para prover a inclusividade do produto. ............................................................... 127

Figura 4.36 Atividades para avaliar a aceitabilidade do produto. ............................................................. 128

Figura 4.37 Avaliação dos produtos feita por pessoas com deficiência visual e por idosos. ................... 129

Figura 5.1 Pessoas com deficiência no Brasil, fonte IBGE censo demográfico 2000. ............................. 132

Figura 5.2 Definição da população que irá utilizar o produto em desenvolvimento.................................. 133

Figura 5.3 Casa da Qualidade – cadeira de rodas (parte 1)..................................................................... 146

Figura 5.4 Diagrama FAST de um sistema de motorização para cadeiras de rodas. .............................. 153

Figura 5.5 Arquitetura do produto, configurações possíveis do arranjo das baterias e motores, (a) baterias

na parte traseira do módulo e (b) baterias localizadas na parte central ................................ 158

Figura 5.6 Possíveis configurações do módulo utilizando baterias menores, localizadas entre os motores,

na parte central e na parte traseira do módulo,respectivamente........................................... 158

Figura 5.7 Aplicação da Matriz Indicadora de Módulos (MIM).................................................................. 160

Figura 5.8 Diagrama de Mudge para o módulo de locomoção. ................................................................ 162

Figura 5.9 Gráfico Compare. ..................................................................................................................... 163

Figura 5.10 Matriz de Pugh para seleção de alternativa de projeto. ........................................................ 166

Figura 5.11 Máximo alcance do usuário no plano sagital (a) e máximo alcance no plano transversal(b)

(Jarosz ,1996)......................................................................................................................... 169

Figura 5.12 Modelo da cadeira de rodas com o módulo acoplado na parte frontal da cadeira................ 171

Figura 5.13 Simulação da cadeira de rodas com o módulo acoplado na parte frontal da cadeira........... 171

Figura 5.14 Gráfico da posição (a), velocidade (b), aceleração (c) e força (d) do modelo da cadeira de

rodas com o módulo a frente.................................................................................................. 172

Figura 5.15 Modelo da cadeira de rodas com o módulo acoplado embaixo da cadeira. ......................... 172

Figura 5.16 Simulação da cadeira de rodas com o módulo localizado embaixo da cadeira. ................... 173

Figura 5.17 Gráfico da posição (a), velocidade (b), aceleração (c) e força (d) do modelo da cadeira de

rodas com módulo localizado embaixo da cadeira. ............................................................... 173

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viii

Figura 5.18 Configuração definindo a forma da estrutura do módulo com o arranjo dos motores e baterias.

174

Figura 5.19 Foto da primeira versão do protótipo do módulo de locomoção para cadeiras de rodas...... 175

Figura 5.20 Foto da segunda versão do protótipo do módulo de locomoção para cadeiras de rodas..... 175

Figura B.1 Portas automáticas são convenientes para todos, especialmente quando as mãos estão

ocupadas. ............................................................................................................................... 205

Figura B.2 Exemplo: Tesouras com empunhadura grande que podem ser seguradas tanto pela mão

esquerda, quanto pela mão direita......................................................................................... 207

Figura B.3 Manual de montagem de uma cadeira, as instruções ilustram a montagem auxiliando o

entendimento do procedimento.............................................................................................. 207

Figura B.4 Exemplo: Uma pessoa com baixa visão opera um termostato com números grandes,

indicadores tácteis e sinais audíveis. ..................................................................................... 208

Figura B.5 Exemplo: O menu do computador mostra a seta do mouse para a função “Undo”................ 209

Figura B.6 Exemplo: A mão fechada opera a alavanca da porta, empurrando para baixo. ..................... 209

Figura B.7 Uma pessoa em uma cadeira motorizada passa através de uma roleta. ............................... 210

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ix

Lista de Tabelas

Tabela 2.1 Diferenças nas perspectivas de implantação do projeto inclusivo entre indústrias do Reino

Unido e dos EUA (Donga et al., 2003). .................................................................................... 18

Tabela 2.2 População com mais de 60 anos de idade segundo continentes e países nos anos de 1990 a

1999 ......................................................................................................................................... 28

Tabela 2.3 Notas de incapacidade e severidade de perda de capacidade (capability loss) (Keates e

Clarkson, 2003) ........................................................................................................................ 30

Tabela 2.4 Perda de capacidade individual e múltipla da população do Reino Unido ............................... 31

Tabela 2.5 Perda de capacidade individual e múltipla (total) da população do Reino Unido..................... 31

Tabela 2.6 Os sete princípios do Universal Design (Story et al., 1998) ..................................................... 35

Tabela 2.7 Melhoria de usabilidade e inclusividade em chaleiras (adaptado de Clarkson et al., 2000). ... 49

Tabela 3.1 Comparativo entre as principais metodologias de projeto no processo de desenvolvimento de

produtos.................................................................................................................................... 66

Tabela 3.2 Lista de requisitos (Dong e Clarkson, 2004). ............................................................................ 77

Tabela 4.1 Funções de inclusividade ........................................................................................................ 102

Tabela 4.2 Métodos de criatividade (Rozenfeld, et al., 2006)................................................................... 103

Tabela 4.3 Diretrizes de modularização segundo Erixon et al. (1996). .................................................... 106

Tabela 5.1 Pesquisa de modelos e informações técnicas de cadeiras de rodas encontradas no mercado

atual. ....................................................................................................................................... 134

Tabela 5.2 Necessidades dos usuários coletadas durante as entrevistas e valoração dos requisitos feita

pelos usuários ........................................................................................................................ 141

Tabela 5.3 Requisitos dos clientes agrupados por categorias e subcategorias. ...................................... 144

Tabela 5.4 Comparação dos modelos de equipamentos encontrados no mercado atual........................ 149

Tabela 5.5 Especificações de projeto para o desenvolvimento de um sistema de motorização para

cadeiras de rodas, ordenadas segundo a classificação obtida pelo QFD. ............................ 150

Tabela 5.6 Princípios de soluções levantados para motorização de cadeiras de rodas convencionais. . 155

Tabela 5.7 Alternativas de projeto para motorização de cadeiras de rodas manuais. ............................. 157

Tabela 5.8 Matriz de consumo de recursos para o módulo de locomoção para cadeiras de rodas manuais.

......................................................................................................................................... 161

Tabela 5.9 Resultado da seleção das alternativas de projeto obtido através da matriz de Pugh. ........... 167

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x

Nomenclatura

Abreviações

ADA – American with Disabilities

ADL – Activities of Daily Living

AV- Análise do Valor

CAD- Computer Aided Design

CAE – Computer Aided Engineering

CAM – Computer Aided Manufacturing

EPSRC - Engineering and Physical Sciences Research Council

EQUAL- Extending Quality Life

FAST- Function Analysis System Technique

HCI - Human Computer Interfaces

ID – Inclusive Design

IDC- Inclusive Design Cube

IDEA- Individuals with Disabilities Education Act

MIM- Matriz Indicadora de Módulos

PDP - Processo de Desenvolvimento de Produtos

PR- Prototipagem Rápida

QFD – Quality Function Deployment

UD – Universal Design

VDI- Verein Deutscher Ingenieure

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xi

Siglas

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANSI- American National Standards Association

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CI- Método do Cubo Inclusivo’

DASDA – Dissemination Activities Supporting Design for All

DBA- Design Challenge

DFS- Disability Follow-up

DFX- Design for X

EUA – Estados Unidos da América

HHRC - Helen Hamlyn Research Centre

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas

ICD - International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems

ICF- International Classification of Functioning, Disability and Health

ICIDIH- Intenational Classification of Impairment, Disabilities and Handicaps

LAB – Laboratório de Acessibilidade

NBR- Norma Brasileira

OMS – Organização Mundial da Saúde

RCA- Royal College of Art

SIPP - Survey of Income and Program Participation

TRIZ- Teoria da Solução Inventiva de Problemas

UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina

UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas

WHO- World Health Organization

WINIT- Whole-Ideal-Negotiable-Include-Target

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1

Capítulo 1

Introdução e Estrutura do Trabalho

1.1 Introdução

O projeto inclusivo constitui uma nova abordagem para obter produtos utilizáveis

pelo maior número de pessoas possível. Essa abordagem provém de uma filosofia de

projeto que possui várias terminologias, tais como, Universal Design, Design for all e

Inclusive Design e que visa à criação de produtos e ambientes que possam ser usados por

um grande número de pessoas sem a necessidade de adaptação ou projeto especializado.

O projeto inclusivo consiste basicamente em identificar as necessidades e desejos dos

usuários, identificar os requisitos de projeto, expandí-los, avaliá-los e finalmente propor

uma concepção de produto mais inclusiva. Este conceito irá aumentar o mercado em

potencial do produto trazendo, consequentemente, benefícios para a indústria. O projeto

inclusivo não deve ser entendido como uma atividade separada que será aplicada no final

do processo. O desenvolvimento de um produto inclusivo deve ser planejado desde o início,

passando por todas as fases do processo de projeto. E finalmente, o projeto inclusivo não

deve ser visto como um desenvolvimento de produtos para pessoas com deficiência e

idosos.

O projeto inclusivo é uma abordagem que expande as fronteiras do processo de

projeto. É um projeto para alcançar a menor exclusão de usuários para um produto em

desenvolvimento, incluindo crianças, jovens, idosos, pessoas com deficiência, pessoas com

necessidades especiais, etc. Ou seja, o processo de projeto inclusivo é importante porque

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2

estimula a criação de novos produtos mais competitivos, conquista novos mercados de

consumidores que antes eram excluídos e aumenta significativamente as vendas na

indústria. O projeto inclusivo não é uma opção, é um processo de negócio que está se

tornando crítico para a concorrência na indústria. Países do mundo todo têm inserido

legislações em relação a assegurar os direitos das pessoas com deficiências e pessoas

idosas. Portanto as indústrias precisam se adequar à essas exigências, inovar e atender à

constante evolução do mercado competitivo, produzindo produtos inclusivos que seja

acessíveis e usáveis pelo maior número possível de consumidores.

Os produtos industriais estão cada vez mais complexos e sofisticados e na maioria

das vezes não atendem às reais necessidades do público alvo. Com o aumento da

competitividade, a complexidade e o grande número de informações agregadas aos

produtos, surge a necessidade da sistematização de metodologias que auxiliem o processo

de desenvolvimento de produtos. Sistematizar, neste contexto, é fazer o ordenamento e

sequenciamento metódico, lógico com determinada linha de pensamento, levando em conta

técnicas, métodos e ferramentas disponíveis e a serem desenvolvidas.

Vários pesquisadores vêm sugerindo metodologias que abordam o processo de

projeto para os diferentes ramos industriais, bem como ferramentas e métodos que podem

ser aplicados no andamento do projeto tais como, Asimow (1968); Back (1983); Blanchard

e Fabricky (1990), Clark e Fujimoto (1991), Ullman (1992), Ulrich e Eppinger (1995), Pahl

e Beitz (1996), Ertas e Jones (1996), Dedini e Cavalca (2001), entre outros. Segundo Pahl e

Beitz (1996), uma metodologia de projeto que integre os diferentes aspectos do projeto é

um meio pelo qual o processo se torna lógico e compreensível. A utilização de

metodologias proporciona alguns benefícios como: redução do tempo de projeto, auxílio na

formalização do processo de projeto e na produção de soluções bem definidas e precisas,

facilidade de implementação computacional, organização de atividades, entre outras.

É nesse sentido que o presente estudo se direciona, concentrando-se mais

especificamente nas fases iniciais do processo de projeto, denominadas, fase do estudo da

viabilidade e fase do projeto preliminar. Dessa forma, busca-se o entendimento e o

detalhamento dessas fases, a fim de contribuir com o processo de desenvolvimento de

produtos por meio da proposição de uma sistemática para as mesmas.

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3

1.2 Motivação

O Laboratório de Projeto Mecânico do Departamento de Projeto Mecânico da

Faculdade de Engenharia Mecânica da UNICAMP tem tradição e capacitação no

desenvolvimento e construção de protótipos. O histórico de atuação em cadeiras

motorizadas também é antigo para este departamento sendo a 1ª cadeira construída em

1982. Já nesta época ficou claro que o problema não era apenas de técnica de engenharia,

mas de estudos de informação das necessidades dos usuários, interação com o usuário,

estética, custo e condições de operação. Desta época até os dias atuais o departamento tem

atuado em problemas relacionados com a dinâmica dos veículos, metodologias de projeto,

ergonomia, confiabilidade e processos de otimização. Em várias outras ocasiões o

departamento e particularmente a autora desta tese e o professor orientador têm estado

envolvidos em projetos de cadeiras de rodas. Entre o período de 2000 a 2005 defendidas

duas dissertações de mestrado e duas teses de doutorado orientadas pelo professor.

Pesquisas realizadas no laboratório constataram que no Brasil a maioria das cadeiras

de rodas é do tipo convencional manual devido ao fato de que as cadeiras motorizadas

possuem um custo muito alto. As cadeiras de rodas manuais são efetivas e possuem um

custo baixo em relação às motorizadas, porém a grande limitação desse tipo de cadeira é a

dificuldade do usuário durante uma subida e ou descida de rampa e/ou em percorrer longas

distâncias. Para solucionar o problema aplicou-se metodologia de projeto e obtiveram-se

várias soluções de projeto que atenderiam às necessidades dos usuários. Através de um

projeto específico pode-se resolver um problema de acessibilidade e inclusão de mais

pessoas na participação da vida social. Essa solução motivou a utilização da filosofia e

princípios do Universal Design com os métodos e ferramentas de metodologias de projeto

para propor uma metodologia de projeto que desenvolva produtos que possam ser utilizados

pelo maior número de pessoas possíveis. Ou seja, a partir de um projeto feito para

solucionar um problema específico, pode-se expandir o conceito e chegar a uma

metodologia de projeto inclusivo que visa desenvolver produtos que atende pessoas com

deficiência e pessoas com necessidades especiais e também pessoas sem deficiência.

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4

Em 2002 foi criado o Laboratório de Acessibilidade (LAB) na Biblioteca Central da

Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para adequar a Universidade à uma

configuração mais inclusiva no atendimento de alunos com deficiência. O objetivo do LAB

é estimular a autonomia e a independência acadêmica dos usuários, por meio de material

adaptado e softwares.

Em 2003 foi aprovado o Proesp pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de

Pessoal de Nível Superior) o projeto intitulado: Acesso, Permanência e Prosseguimento da

Escolaridade de Nível Superior de Pessoas com Deficiência: Ambientes Inclusivos. Esse

projeto tem como amplo objetivo, garantir aos alunos com deficiência o direito de realizar

seus estudos de nível superior em ambientes inclusivos de ensino e aprendizagem. Trata-se

de um projeto de natureza interdisciplinar, cuja amplitude e complexidade exigem a

integração de áreas de conhecimento da educação, da computação, da engenharia mecânica,

da engenharia elétrica, da medicina e atendimento educacional especializado. A equipe do

projeto é formada por pesquisadores, professores, alunos de graduação e de pós-graduação

da Unicamp. E com a colaboração de profissionais nas áreas de pedagogia, engenharia,

artes visuais e jornalismo. A equipe do projeto construiu um site:

http://www.todosnos.unicamp.br, onde divulga as ações do projeto, artigos, legislações,

notícias e links de referência associados à ambientes inclusivos.

A participação no projeto gerou um convívio com pessoas com deficiência,

melhorando o entendimento das necessidades dessas pessoas. E a experiência de grandes

mestres do assunto gerou uma visão crítica do tratamento atual e legislações. Essa

experiência também motivou a pesquisa para o projeto inclusivo.

1.3 Apresentação do Problema

Atualmente estão surgindo novas tecnologias e novos produtos visando melhorar a

qualidade de vida das pessoas. No entanto, quase todos os produtos excluem alguns

usuários desnecessariamente, e o projeto inclusivo visa destacar e reduzir essa exclusão.

A indústria concorda com os benefícios que o projeto inclusivo trará à mesma, ao

mesmo tempo, que possue a opinião de que é impraticável a sua implementação, devido ao

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custo e tempo de desenvolvimento dessa nova concepção de produto. O projeto inclusivo

somente será aplicado ou encorajado quando os profissionais (empresários e projetistas)

puderem entender com clareza o impacto que suas decisões no projeto do produto irão

causar na usabilidade do produto (Keates e Clarkson, 2003).

Outro problema é a diversidade de pessoas que irão utilizar o produto, ou seja, a

diversidade de informações que devem ser colocadas na fase inicial do projeto. As pessoas

com deficiências ou sem deficiência não formam um grupo homogêneo, cada indivíduo é

único. Existem pessoas com deficiências mentais, visuais, auditivas, física e também a

combinação de algumas delas ou todas. E como fazer um produto que atenda a todas as

pessoas? É improvável que uma simples solução de um produto seja acessível a todos,

devido a enorme diversidade de pessoas e suas capacidades.

É importante saber diferenciar “acessibilidade” de “inclusividade”. Um ambiente

pode ser acessível, mas não inclusivo. Por exemplo, o cinema é um local acessível, pois

existe rampas e local apropriado para pessoas com cadeiras de rodas, no entanto não é um

ambiente inclusivo, pois a pessoa não tem a liberdade de escolher o lugar que quer assistir

ao filme. Outro exemplo é o projeto de um site. Um site pode ser projetado para cegos e

para pessoas não cegas, nesse aspecto as pessoas cegas estão tendo uma visão diferente das

pessoas que não são cegas, elas não vêem a mesma coisa. Neste caso o site é acessível, mas

não é inclusivo. O site deve ser flexível de modo que todos os tipos de pessoas possam

acessá-lo.

A grande dificuldade é de como fazer um projeto de produto inclusivo, pois existe

uma carência metodológica nessa área e isso se torna um desafio. Atualmente o que

existem são ferramentas para avaliação do produto, mas não existe nenhum processo de

projeto, de modo sistemático que possa resolver o problema.

Portanto, para resolver este problema, esta tese sugere uma metodologia de projeto,

onde se aplicam os conhecimentos do processo de projeto do produto norteados pelos

princípios do Universal Design.

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6

1.4 Justificativa do trabalho

A população mundial está envelhecendo e o número de pessoas com deficiência está

aumentando (Keates e Clarkson, 2003). Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS)

indicam que 10% da população mundial possui algum tipo de deficiência. Na Europa é

estimado que 24% do total da população terá idade acima de 65 anos em 2030 (Kinsella e

Velkoff, 2001). No Brasil, segundo o IBGE (2000) existiam aproximadamente nove

milhões de pessoas com deficiência física e/ou alguma deficiência motora (ter alguma ou

grande dificuldade permanente de caminhar ou subir escadas), 2,4 milhões com grande

dificuldade de enxergar, entre outras.

Estimando-se a população com algum tipo de deficiência em 14,5% da população

total, ou seja, aproximadamente 24,5 milhões de pessoas teriam algum tipo de deficiência

no país. Com a mudança demográfica global, não só mercado brasileiro, mas também o

mundial está necessitando do desenvolvimento de produtos e serviços que permitam a

inclusão e participação de todas as pessoas na sociedade, pois os produtos atuais,

desenvolvidos especificamente para o público com necessidades especiais possuem custo

alto. Essas pessoas formam um grande e potencial mercado consumidor que quer adquirir

produtos, ir para o lazer, participar de eventos, participar do mercado, e que ficam em suas

casas porque o sistema atual não está preparado para recebê-las. É possível que o motivo

seja a falta de conhecimento do assunto ou a falta de uma sistematização estruturada para

direcionar o processo de projeto.

Desde que surgiram os primeiros princípios sobre o Universal Design (Story et al.,

1998), foi observado o grande crescimento de textos e informações em sites internacionais

e a divulgação em revistas internacionais. No entanto tal conhecimento está se espalhando

de modo desorganizado, encontrando-se as informações repetitivas e inviáveis de se

consultar. Outro problema é a inexistência de métodos e ferramentas para apoiar os

profissionais nessa área. Portanto torna-se imprescindível a organização destes dados,

juntamente com o desenvolvimento de uma estrutura sistemática que auxilie os projetistas

no desenvolvimento de produtos inclusivos para consolidar esta atividade na indústria. É

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7

preciso direcionar o processo de projeto inclusivo, disponibilizar ferramentas e métodos e

exemplificar o momento correto de utilizá-los (Coy, 2003).

Com base no estado da arte, verificou-se que existe uma preocupação em incluir

pessoas com necessidades especiais no mercado de consumo, porém não existe ainda uma

metodologia de projeto para atingir o objetivo de fazer essa inclusão. Geralmente os

produtos são projetados para uma média de um grupo de uma população (Iida, 1990), no

entanto esse grupo não existe. Pirkl (1994) acredita que é possível criar produtos que

possam ser usados por qualquer pessoa, não importando a idade ou a habilidade do

indivíduo. Neste sentido, para haver uma inclusão das pessoas com necessidades especiais,

é necessário desenvolver uma metodologia inclusiva com métodos e ferramentas que possa

ser aplicada no processo de projeto utilizado nas indústrias. Essa atitude irá alertar o

projetista, durante o desenvolvimento de produto, a se preocupar com questões inclusivas e

assim desenvolver um produto inclusivo.

1.5 Relevância do trabalho

O desenvolvimento de uma metodologia para projetar produtos inclusivos, além de

estratégico para inovação de produtos e tornar os produtos mais competitivos na indústria,

também possui um grande aspecto social a ser considerado. A inclusão das pessoas com

necessidades especiais na sociedade (Mantoan, 1997, Ely et al., 2001, Dischinger et al.,

2004, Fávero et al., 2004, Mantoan, 2005, Hood et al., 2005) exige um trabalho de equipes

multidisciplinares em várias áreas, por exemplo, na área da educação, da engenharia civil,

engenharia mecânica, engenharia elétrica e da arquitetura. No âmbito social, têm-se as leis

e normas que estão cada vez mais se importando com essa inclusão. Atualmente as leis

estão ganhando força no Brasil e as normas estão sendo revisadas para melhor atender a

essas pessoas. Dischinger et al. (2004) diz que “para que haja inclusão e a participação de

pessoas na sociedade de forma eqüitativa é necessário garantir total acesso aos mais

diversos locais e atividades. As barreiras que comprometem a participação das pessoas em

atividades desejadas são de ordem diversa, compreendendo fatores sócio-culturais,

econômicos e espaciais. Quando as pessoas possuem algum tipo de deficiência, estas

barreiras se agravam afetando suas condições de acesso aos lugares, à obtenção de

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informações e o próprio desempenho das atividades. Compreender a natureza das restrições

para a participação de todas as pessoas é fundamental para buscar soluções que permitam

sua superação e possibilitem a inclusão”.

Devido às dimensões dos problemas e a urgência em buscar soluções para produtos, é

necessário que os projetistas adquiram conhecimento sobre as diferentes habilidades e

limitações de usuários com necessidades especiais, para que os produtos sejam acessíveis a

mais abrangente população possível. É fundamental também que estes profissionais possam

compreender a complexidade do problema para uma correta aplicação do método.

Finalmente é importante que se desenvolvam atitudes e métodos de projeto que permitam

desde a fase inicial do projeto, incorporar as diferentes necessidades dos usuários (Ely et

al., 2001).

A proposição de uma metodologia inclusiva sistematizada através de atividades,

etapas, tarefas, ferramentas e métodos irá direcionar e dar apoio ao projetista no

desenvolvimento dessa nova abordagem de produtos inclusivos. A importância do tema do

trabalho está em solucionar o problema de desenvolver um produto que seja inclusivo

baseado na filosofia nos princípios do Universal Design, através da linha de pesquisa de

desenvolvimento de metodologias de projeto.

Apesar da importância do tema, relativamente poucos trabalhos têm sido publicados.

Assim, foi necessária uma intensa pesquisa bibliográfica para levantar o estado da arte

sobre este assunto.

1.6 Objetivos do trabalho

O objetivo geral desta tese consiste em propor uma metodologia de projeto inclusivo

em suas fases iniciais para o desenvolvimento de produtos inclusivos, levando-se em conta

a multidiciplinaridade e a interdisciplinaridade das informações provenientes do

conhecimento do Universal Design, de especialistas em Universal Design, de grupos de

pessoas com deficiência e da experiência do grupo com excelência em metodologia de

projeto da UFSC.

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9

O domínio de estudo desta tese refere-se às fases de projeto estudo da viabilidade e

projeto preliminar e envolve a proposição e sistematização do processo de projeto através

da identificação de ferramentas de projeto para integrar o conhecimento (informações)

proveniente das distintas áreas envolvidas nesta atividade. A sistematização compreende a

prescrição, de maneira ordenada e coerente, do que fazer, quando fazer, como fazer e com

que fazer o projeto para tais fases do processo. Assim, pode-se subdividir o objetivo

principal em objetivos mais específicos, como:

• Realizar uma revisão bibliográfica sobre Universal Design e as principais

abordagens e métodos utilizados até o momento para a implementação do

projeto inclusivo.

• Elaborar uma metodologia de projeto inclusiva que integre as informações

vindas do Universal Design com as fases do processo de projeto.

• Propor meios para auxiliar nas atividades de projeto, em níveis de definições,

decisões e avaliações.

• Identificar métodos e ferramentas para dar suporte ao projetista desde o início

do projeto inclusivo.

• Aplicar a metodologia proposta no desenvolvimento de um sistema para

motorizar cadeiras de rodas convencionais, durante as fases iniciais do

projeto, estudo da viabilidade e projeto preliminar.

A Figura 1.1 apresenta a abordagem referente aos objetivos deste trabalho,

relacionando o estudo das metodologias para as fases iniciais do projeto e o Universal

Design.

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10

Sis

tem

atiz

açã o

Metodologia deProjeto Inclusiva

Início do Desenvolvimento do Produto Inclusivo

FASE 1 Estudo da Viabilidade do Produto Inclusivo

Pesquisar novas informações,rever estágios anteriores

e refazer o estágioem desenvolvimento

Tarefa 1.3.1 Revisar a ordem de início e asinformações pesquisadas

D1, D2,D3, D4

Etapa 1.2 Definir o problema de projeto

Tarefa 1.3.2 Identificar oportunidades de inovação

Tarefa 1.3.3 Definir a meta principal do objeto doprojeto

Etapa 1.3 Idenficar desejos e necessidadesdos clientes do produto inclusivo

Tarefa 1.1.1 Estabelecer o ciclo de vida do produto

Tarefa 1.1.2 Pesquisar informações técnicas

Tarefa 1.1.3 Pesquisar mercado

D2, D3

Etapa 1.1 Pesquisar informaçõessobre o tema do projeto

Tarefa 1.3.1 Definir os clientes e usuários doproduto

F1,F2,F3,

Tarefa 1.3.2Ampliar a faixa de usuários que possamusar o produto

Tarefa 1.3.3 Definir os especialistas envolvidos como produto

Etapa 1.4 Coletar os desejos e necessidadesdos usuários, clientes e especialistas

Tarefa 1.3.4Estabelecer a forma de coletar osdesejos e necessidades dos clientes,usuários e especialistas

Observar as interações que o usuário temcom o produto

Observar os usuário usando produtos, emsua rotina.

Marcar entrevistas com usuários,especiialistas e clientes

F1,F2,F4

Tarefa 1.4.6Selecionar usuários para fazer um passeioacompanhado

Tarefa 1.4.7 Fotografar usuários em espaços públicos

Etapa 1.5 Estabelecer os requisitos dosclientes do produto inclusivo

Tarefa 1.4.8

Tarefa 1.4.9

Tarefa 1.4.4 Entrevistar usuários, especialistas eclientes

Tarefa 1.4.5Enviar questionários estruturados viaemail, skype, msn, orkut, para usuários,especialistas e clientes

Tarefa 1.4.1 Identificar locais onde possíveis usuáriosdo produto possam ser encontrados

Tarefa 1.4.2 Entrar em contato com usuários, clientes eespecialistas explicando a pesquisa

Tarefa 1.4.3

F1,F6,F7, F8

Tarefa 1.5.1 Agrupar as necessidades dos clientes

Tarefa 1.5.2Classificar as necessidades dosclientes

Tarefa 1.5.3 Definir os requisitos dos clientes

Etapa 1.6 Definir os requisitos de projeto doproduto inclusivo

Tarefa 1.5.4 Valorar os requisitos dos clientes

F6, F7,F8, F9

Tarefa 1.6.1 Traduzir requisitos de clientes emexpressões mensuráveis

Tarefa 1.6.2Agrupar e classificar os requisitos deprojeto

Tarefa 1.6.3 Analisar os requisitos de projeto

Tarefa 1.6.4 Hierarquizar os requisitos de projeto

Informaçõessobre oproduto

Metas doprojeto

Público alvo

Necessidades dos

clientes

Requisitosdos clientesvalorados

Requisitosde projeto

Estudo da Viabilidade

Projeto Preliminar

Universal Design

Ferramentas de Projeto

Figura 1.1 Objetivos na sistematização da metodologia inclusiva

1.7 Abrangência e limitações do trabalho

Abordar um assunto tão diversificado como o Universal Design é um trabalho para

várias teses. Uma das dificuldades neste trabalho foi limitar o assunto, pois ele é muito

abrangente, multidisciplinar e pode ser aplicado em várias áreas, como por exemplo, na

educação, na computação, na engenharia civil, na engenharia mecânica, arquitetura,

medicina, entre outras. O grande desafio é desenvolver um produto ou local que possa

acomodar uma ampla faixa de usuários, incluindo crianças, idosos, pessoas com deficiência

e pessoas com tamanho ou formas atípicas.

Muito se pensou nessa questão e como a tese é uma pequena contribuição nesta área

tão vasta, e a contribuição é na área de engenharia mecânica, inicialmente optou-se por

limitar o trabalho a incluir na sociedade pessoas com deficiências físicas e idosos, já que

essas pessoas podem formar um grupo homogêneo. O fato é que se o produto for acessível

a esse grupo, ele será acessível e aceito pelas outras pessoas com maior facilidade, tanto no

uso quanto no entendimento do produto.

Outra dificuldade foi descobrir como seria a contribuição na área da engenharia

mecânica, devido à diversidade de pessoas, de deficiências e de produtos. Através da

revisão bibliográfica notou-se que falta uma ligação entre a abordagem de projeto

Universal Design e o desenvolvimento de produtos, ou seja, falta uma estrutura

sistematizada para implementar o projeto de produto inclusivo. A escolha de um produto a

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ser desenvolvido como aplicação foi devida à experiência no estudo de cadeiras de rodas

motorizadas do Laboratório de Projeto Mecânico da Faculdade de Engenharia Mecânica da

Unicamp (Becker, 2000, Alvarenga, 2002, Lombardi, 2002). Portanto, optou-se por aplicar

a metodologia inclusiva com o objetivo de incluir pessoas com mobilidade reduzida na

sociedade. Essa aplicação resultou no desenvolvimento de um sistema universal que

converte quase todos os tipos de cadeira de rodas manual em motorizada. Essa conversão se

dá pelo próprio usuário tornando-o independente.

1.8 Contribuições

Como contribuição, pode-se destacar que este trabalho disponibiliza informações e

conhecimento explícito, de maneira ampla e organizada, para a realização das fases iniciais

do processo de projeto para o desenvolvimento de produtos inclusivos. Alguns aspectos

mais específicos podem ser destacados, como:

• Melhor entendimento das fases iniciais do processo de projeto, suas

interfaces e interações com áreas e domínios de conhecimento no

desenvolvimento de produtos.

• Agregação de conhecimento de conceitos de Universal Design ao acervo de

pesquisas na área de metodologia de projeto.

• Identificação e detalhamento de técnicas, métodos, ferramentas e outros

pertinentes às fases que estão sendo tratadas.

• Formalização do processo de projeto, de maneira a possibilitar uma

sistematização que seja útil e coerente com as características de produtos

inclusivos.

1.9 Estrutura do trabalho

No Capítulo 1 são apresentados itens contendo introdução, objetivos, justificativas,

relevância do trabalho, finalizando com a apresentação da estrutura do trabalho.

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Apesar da importância desse tema, relativamente poucos trabalhos têm sido

publicados. Assim foi necessária uma intensa pesquisa bibliográfica para efetuar o

levantamento do estado da arte do assunto. Esta revisão da literatura é apresentada no

Capítulo 2.

O Capítulo 2 aborda alguns conceitos e definições, sobre Universal Design,

fundamentais para o perfeito entendimento do assunto, resultando em subsídios conceituais

para as proposições deste trabalho.

O Capítulo 3 apresenta um levantamento do estado da arte das várias abordagens de

metodologia de projeto bem como a identificação das as principais ferramentas utilizadas

nas fases iniciais da metodologia.

O Capítulo 4 aborda o modelo de referência utilizado, o desenvolvimento da

metodologia inclusiva proposta, a sistematização das fases iniciais da metodologia, estudo

da viabilidade e projeto preliminar, bem como os métodos e ferramentas utilizados nas

mesmas.

O Capítulo 5 apresenta aplicação desta metodologia através de um estudo de caso, a

validação do projeto através de testes do produto desenvolvido e seus resultados.

Finalizando o trabalho, no Capítulo 6 é apresentada numa avaliação final, uma avaliação

dos resultados obtidos em relação aos objetivos iniciais do projeto e as conclusões.

Também são feitas algumas considerações para trabalhos futuros, envolvendo a sistemática,

métodos, ferramentas e o projeto inclusivo.

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Capítulo 2

Projeto Inclusivo - Revisão da Literatura

Este capítulo aborda o tema projeto inclusivo, onde são apresentadas algumas definições e

terminologias necessárias para a compreensão do tema. São também discutidos aspectos

relacionados com a implantação na indústria. Na seqüência é apresentada a revisão da literatura

sobre as principais abordagens relacionadas com o projeto inclusivo, sendo analisadas suas

vantagens e desvantagens. E finalmente é mostrada uma seqüência de passos para atender as

necessidades do projeto inclusivo, com exemplos de aplicação.

2.1 Projeto Inclusivo - Definição

Universal Design é um termo que foi inicialmente usado nos Estados Unidos pelo arquiteto

Ron Mace em 1985 (Story et al. ,1998). Conceitos similares surgiram no mundo todo, como por

exemplo, Design for all (DASDA, 2004), Inclusive Design (Keates et al., 2002),

Trangenerational Design (Pirkl, 1994), Design for Disability, Design for a Broader Average

entre outros. A interpretação mais recente do Universal Design é: o projeto de produtos e

ambientes que possam ser usados por todas as pessoas, na maior extensão possível, sem a

necessidade de adaptação ou projeto especializado (Center of Universal Design). A seguir são

apresentadas as principais definições encontradas de Universal Design, Design for All e Inclusive

Design.

Story et al. (1998) definem que Universal Design é o projeto de produtos e ambientes que

possam ser usados pela maior extensão possível de pessoas de todas as idades e habilidades,

respeitando a diversidade humana e promovendo a inclusão de todas as pessoas em todas as

atividades de sua vida. Segundo Story et al. (1998) é possível desenvolver um produto ou local

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que possa acomodar uma ampla faixa de usuários, incluindo crianças, idosos, pessoas com

deficiência e pessoas com tamanho ou formas atípicas.

O Design for All é definido pela comissão de projeto européia (Dissemination Activities

Supporting Design for All, DASDA, 2005), como a criação de produtos, serviços e sistemas para

prover o mais abrangente possível das habilidades dos usuários e das circunstâncias de uso. É um

princípio para evitar a exclusão de pessoas, assegurando que as pessoas com habilidades que

diferem do normal tenham total acesso aos produtos e serviços. Segundo Dong (2003) o “Design

for All” tem sido cada vez mais usado na Europa desde 1967, como uma abordagem que tem

como objetivo melhorar a vida de todas as pessoas através do projeto.

O Inclusive Design é definido pelo Governo do Reino Unido como um processo onde os

projetistas, fabricantes e fornecedores de serviços asseguram que seus produtos e serviços se

dirigem às necessidades da mais ampla e possível população, independentemente da idade ou

habilidade (Keates et al., 1998).

Essas abordagens de projeto têm o mesmo objetivo e significado, ou seja, todas discutem o

projeto de produtos e ambientes que possam ser usados por toda a população e estão

particularmente concentradas na inclusão de idosos e pessoas com deficiências que geralmente

são desconsideradas nos projetos atuais.

Para fins de terminologia, neste trabalho será utilizado o termo “projeto inclusivo” como

um projeto de produto que seja acessível e usável pelo maior número de pessoas possíveis. O

adjetivo inclusivo (Werneck, 2003) é usado na busca da qualidade de vida para todas as pessoas,

com ou sem deficiência.

2.1.1 Definição de inclusão

Cabe aqui uma discussão sobre o que é inclusão. Segundo Mantoan (2005), “a inclusão tem

a ver com reconhecimento, valorização e questionamento constante da produção social da

diferença. É a capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter o privilégio de conviver e

compartilhar com pessoas diferentes. Inclusão é estar com, é interagir com o outro. E ainda a

inclusão remete à consideração da diferença, como um valor universal, que é disponível a todos –

desde os elementos de um dado grupo étnico, religioso, de gênero, à humanidade como um todo”.

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A maioria dos profissionais que desenvolvem produtos desconhece que seus produtos, se forem

concebidos com considerações de inclusividade, serão utilizados por um potencial mercado de

pessoas que atualmente são excluídas (Keates e Clarkson, 2003). Muitos acreditam que o produto

adaptado e especializado é o mais adequado para as necessidades das pessoas com deficiências.

Essa adaptação além de gerar altos custos, torna o usuário dependente e limitado reduzindo a

oportunidade de desenvolver suas capacidades de interação com os produtos. É necessária uma

mudança de paradigma no processo de desenvolvimento de produto que gera uma reorganização

no processo de projeto: estudo de viabilidade, projeto preliminar e projeto detalhado.

A inclusão não é de interesse apenas para as pessoas com deficiência, mas igualmente para

toda a população. Ao incluir pessoas com deficiência na utilização de produtos exigem-se dos

profissionais novos posicionamentos no processo de desenvolvimento de produtos através da

criatividade e novas práticas de projeto. A inclusão é um motivo para que haja inovação de

produtos, e sendo assim torna-se uma conseqüência natural de grande esforço de atualização e de

reestruturação das condições atuais do processo de projeto. (Mantoan, 1997). Um glossário de

termos (Coleman, 2003) no Apêndice A esclarece conceitos e expressões que são utilizados neste

trabalho. Segundo Werneck (2003), quando se tem a certeza de que todos são diferentes não

existem “os especiais”, “os normais”, os “os excepcionais”, o que existe são pessoas com

deficiência.

2.2 Evolução e motivação para o projeto inclusivo

Um dos primeiros movimentos sobre a importância do meio ambiente físico para a inclusão

das pessoas foi o Barrier-free, surgido nos Estados Unidos nos anos de 1950, onde se iniciou um

processo de mudança nas políticas públicas e práticas de projeto. O movimento foi estabelecido

em resposta às pessoas com deficiências para criar oportunidades na educação e empregos ao

invés de instituições de saúde e manutenção. As barreiras físicas no ambiente foram reconhecidas

como um significante impedimento para pessoas com deficiência física.

Em 1961, a associação de norma, American National Standards Association (ANSI),

publicou o primeiro padrão para acessibilidade intitulado como: “A 117.1- Fazendo Construções

Acessíveis e Usáveis para Deficientes Físicos”. Essas normas não eram seguidas, embora, até

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adotadas pelos estados ou entidades legislativas locais. A legislação federal dos Estados Unidos

começou a ser significativo no final dos anos de 1960, como se pode ver a seguir:

O ato Architectural Barriers Act de 1968, exigiu que as construções fossem alteradas para

se tornarem acessíveis aos deficientes físicos. A Sessão 504 do Rehabilitation Act de 1973, foi a

primeira lei dos direitos civis para pessoas com deficiências.

O ato de 1975, Education for Handicapped Children Act, atualmente denominado

Individuals with Disabilities Education Act (IDEA), garantiu educação apropriada para todas as

crianças com deficiência. Esse ato teve um efeito de progresso nos programas educacionais.

O ato Fair Housing Amendments Act de 1988, uma expansão do ato de 1968, estabeleceu

que todas as casas a serem construídas fossem acessíveis. O departamento US Department of

Housing and Urban Development criou, em 1991, guias de acessibilidade para facilitar a

implementação.

O ato Americans with Disabilities Act (ADA) de 1990, conscientizou e difundiu para o

público os direitos civis das pessoas com deficiências. Esse foi um importante ato que proibia a

discriminação das pessoas com deficiência no emprego, no acesso aos lugares públicos, nos

serviços, no transporte público e na telecomunicação. O ato implicava também na remoção das

barreiras físicas que impediriam o acesso.

O ato de 1996, Telecommunications Act, notificava que os serviços e equipamentos de

telecomunicações deveriam ser projetados, desenvolvidos e fabricados para serem acessíveis e

usáveis pelos indivíduos com deficiências. Esse ato se aplicava à todos os tipos de equipamentos

de telecomunicações, desde telefone, programação de televisão até computadores.

A Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação

contra as Pessoas Portadoras de Deficiência, realizada na Guatemala em 28 de maio de 1999, teve

por objetivo prevenir e eliminar todas as formas de discriminação contra as pessoas portadoras de

deficiência e propiciar a sua plena integração à sociedade. O Brasil é signatário desse documento,

que foi aprovado pelo Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo no. 198, de 13 de

junho de 2001, e promulgado pelo Decreto no. 3.956, de 8 de outubro de 2001, da Presidência da

República (Fávero et. al, 2004).

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A norma brasileira NBR 9050 (2004), visa proporcionar a acessibilidade e a utilização de

maneira autônoma e segura de ambientes, edificações, mobiliário e equipamentos urbanos à

maior quantidade de pessoas possível, considerando as condições de mobilidade e de percepção

do ambiente do indivíduo. Recentemente revisada, a NBR 9050 (2004) teve profundas mudanças

em todo seu contexto, na redefinição e inclusão de termos, na riqueza de conteúdo e até

abrangendo o atual conceito de desenho universal, como é designado por ela ao se referenciar ao

Universal Design.

Essas legislações citadas acima possuíam o mínimo de requerimentos de acessibilidade e,

no entanto foi um grande avanço para prover o acesso para as pessoas com deficiência, e

contribuiu para despertar o interesse em projetar equipamentos que permitissem a acessibilidade.

No momento que os profissionais da área, engenheiros civis e arquitetos se engajaram

profundamente com a real implementação das normas, tornou-se claro que características

acessíveis isoladas eram especiais, mais caras e geralmente não tinham boa aparência.

Consequentemente notou-se que as mudanças necessárias para atender as normas, ou seja, para

acomodar as pessoas com deficiência, beneficiariam a todas as pessoas. Houve um

reconhecimento de que muitas dessas características acessíveis poderiam ser providas

comumente e, portanto sairiam menos caras, mais atrativas e não seriam “rotuláveis”. Isso levou

à fundação para o movimento do Universal Design.

2.3 Discussão sobre a adoção do projeto inclusivo nas indústrias

A indústria tem respondido vagarosamente para as necessidades de adotar um projeto

inclusivo. Pesquisas mostram que apesar das empresas concordarem com os princípios de

projetar inclusivamente, elas também consideram impraticáveis adotar tais práticas (Donga et al.,

2003). As razões mais comuns citadas nessas pesquisas são a falta de recursos financeiros, o

tempo de implementação, o difícil acesso aos usuários, a inexperiência em trabalhar diretamente

com usuários e principalmente a falta de demanda de projetistas qualificados e informados sobre

o assunto. Entre as companhias que são receptivas à idéia do projeto inclusivo, a maioria gostaria

de ter um banco de dados de informação sobre os usuários finais para obter a perspectiva do

usuário. Existe também um grande número de empresas que não se preocupam em atender as

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necessidades de toda a população. Essa atitude tende a excluir pessoas com deficiência e idosos

que desejam interagir com o complexo desenvolvimento da tecnologia.

Donga et al., 2003 compararam indústrias nos EUA com indústrias no Reino Unido em

relação às perspectivas de implementação do projeto inclusivo e identificaram algumas

similaridades entre essas indústrias, como as que podem ser citadas: a) a percepção da adoção e

implementação do projeto inclusivo difere entre as grandes e pequenas empresas, b) o tempo e

custo são as maiores restrições na adoção do projeto inclusivo, c) a maioria das empresas, tanto

as pequenas quanto as grandes, preferem obter consultoria com especialistas para suporte e

informação e ainda, d) após a pesquisa, os projetistas se motivaram a procurar exemplos de

projetos inclusivos satisfatórios. A Tabela 2.1 mostra as diferenças nas perspectivas das indústria

em relação à implantação do projeto inclusivo. Donga et al., 2003 sugere como trabalhos futuros,

o desenvolvimento de uma estrutura sistematizada contendo métodos e ferramentas para dar

suporte ao desenvolvimento de produtos inclusivos.

Tabela 2.1 Diferenças nas perspectivas de implantação do projeto inclusivo entre indústrias do Reino Unido e dos EUA (Donga et al., 2003).

Baseado nas Indústrias doReino Unido

Baseado nas indústrias dosEUA

ID pode se tornar uma "norma" no futuro,porém até o momento é um "conceitoespecial"

UD é uma tendência emergente.

Os projetistas terão um papel importantena implementação do inclusive design

Os Ergonomistas terão um papelimportante para dar suporte ao UD

ID é fortemente associado com pessoascom deficiência. A inclusividade doproduto não é necessariamente de custoalto, mas o envolvimento do usuário custatempo e dinheiro.

UD é percebido pela maioria dascompanhias com uma área de interesseespecial, por exemplo pessoas comdeficiência. Adotando isso o tempopara para entrar no mercado será maiore aumentará os custos do produto.

A Legislação é o requerimento básico.Incorporar Inclusive Design é necessáriomudar as atitudes em relação as pessoascom deficiência. A ação da lei é maiormotivador para adotar ID.

As regulamentações do governo são osfatores mais efetivos. O segundo fatoré o lucro elevado.

Onde ID e UD são abreviações de Inclusive Designe Universal Design respectivamente

Algumas entrevistas foram realizadas com indústrias em 1999 (Dong et al., 2003) através

do grupo “inclusive design” da Universidade de Cambridge, Inglaterra, para saber as atitudes que

eram tomadas para o projeto inclusivo e as respostas negativas foram categorizadas a seguir:

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(categoria 1) “nós já fazemos projeto inclusivo, nós permitimos o acesso do cadeirante”;

(categoria 2) “Nós faríamos se o preço do produto final fosse maior”; (categoria 3) “nós faríamos

se pudéssemos contratar um consultor para fazer para nós”; (categoria 4) “nós não necessitamos

adotar práticas inclusivas de projeto porque nossos projetistas já sabem projetar”; (categoria 5)

“não há demanda de clientes”; (categoria 6) “Esse não é o nosso mercado alvo”.

A categoria 1 entende o projeto inclusivo como sendo um projeto para deficientes e mais

especificamente, para o acesso do cadeirante, já a categoria 2 quer aumentar o preço pela

vantagem do produto, essa categoria (2) não entendeu que o que aumentará é o mercado em

potencial. A categoria 3 quer investir no projeto inclusivo, mas querem um consultor externo,

uma saída para essa categoria, seria a parceria da pesquisa na universidade com a indústria,

implantando os conceitos de projeto inclusivo e desenvolvendo as ferramentas e os métodos para

aplicar na indústria. Outra solução são as empresas de base tecnológica que podem ser formadas

por pesquisadores especialistas em assuntos que envolvam o projeto inclusivo e que fornecerão

toda a estrutura para a aplicação e validação do projeto inclusivo nas indústrias.

Na categoria 4 preserva-se a idéia de que se os projetistas são bons, os produtos serão

automaticamente inclusivos. Existem ótimos produtos que são desenvolvidos, porém ainda

excluem muitas pessoas. Essa categoria (4) não reconheceu o objetivo da inclusividade no

processo de projeto. A categoria 5 admite que não existe mercado para produtos inclusivos. A

usabilidade e acessibilidade dos produtos mostram claramente a expansão do mercado e adiciona-

se a isso os dados estatísticos que mostram que a população está vivendo mais e quer qualidade

de vida. Similarmente a categoria 6 não apresenta entendimento do mercado em potencial que

existe na inclusividade de produtos.

Dados de pesquisas recentes com indústrias (Dong et al., 2004) mostram que existem

barreiras negativas para a implementação do projeto inclusivo, estas foram agrupadas em três

categorias: a) barreiras de percepção, por exemplo, a percepção de que o projeto de um produto

inclusivo é mais caro; b) barreiras técnicas, por exemplo, a falta de tempo para aprender sobre

projeto inclusivo, a complexidade de um produto inclusivo, a falta de ferramentas e métodos para

aplicação; e c) barreiras organizacionais, por exemplo, a dificuldade de mudar a política de

negócios da empresa, o risco de investimento. No entanto a pesquisa também aponta a percepção

da indústria em relação às vantagens de se ter um produto inclusivo, são elas: mercado em

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potencial, oportunidade de um novo mercado, a medição da exclusão do produto atual, a

insatisfação dos consumidores e a inovação de produtos.

A atitude da indústria em relação ao projeto inclusivo está começando a mudar. Existem

várias pesquisas nos EUA e no Reino Unido (Dong et al., 2004) motivando as indústrias a adotar

a prática de projetar inclusivamente. No entanto, para alcançar esse objetivo é necessário o

desenvolvimento de material informativo com exemplos de produtos inclusivos de sucesso e

também o desenvolvimento de métodos e ferramentas para dar suporte aos projetistas.

Portanto, existe a necessidade de inserir práticas de projeto inclusivo na indústria,

transferindo-as da pesquisa científica para a comunidade industrial. E isso somente acontecerá

quando essas práticas oferecerem o máximo de efetividade por um mínimo de interrupção no

processo e por um mínimo custo. Entretanto para alcançar esse objetivo, não se pode

simplesmente adicionar um estágio no processo de projeto. O processo completo de projeto

necessita ser revisado e técnicas adequadas inclusivas e métodos precisam ser aplicadas em

pontos estratégicos. Donga et al. (2003), sugere como trabalhos futuros, o desenvolvimento de

métodos e ferramentas para dar suporte ao desenvolvimento de produtos inclusivos. A seguir são

apresentados exemplos de produtos inclusivos que já estão disponíveis no mercado.

2.4 Exemplos de projeto inclusivo

A indústria está interessada em adotar o projeto inclusivo em seus produtos. Entretanto são

poucos os exemplos de um bom projeto de produto inclusivo.

Uma rede de supermercados do Reino Unido, para facilitar aos consumidores, realizava

suas vendas pela internet. No entanto, as pessoas com deficiência visual e baixa visão

reclamaram que o site não estava acessível. O site (Figura 2.1) era complexo, com muitos

gráficos e figuras, o acesso ao software era difícil e demorado e a interação com o usuário era

muito complexa.

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Figura 2.1 Site da rede de supermercados, complexo e interação difícil.

Uma instituição de pessoas com deficiência visual alertou essa rede de supermercados para

o problema e juntos fizeram um site mais acessível. O novo site retirou quase todas as figuras,

que faziam uma poluição visual no site. A página foi melhor estruturada e além de serem mais

acessíveis também eram mais rápidas para fazer download. O site revisado (Figura 2.2) se tornou

mais popular não somente para os usuários com baixa visão, mas para todas as pessoas que fazem

compras on-line, que acharam o site de fácil navegação e rápido de usar. O site atraiu mais de

25.000 clientes novos (Keates e Clarkson, 2003).

Figura 2.2 Mínimo uso de figuras e interação com o usuário simplificada.

Outro exemplo é a criação de um site pela equipe do projeto Proesp (Mantoan, 2003) do

grupo Todos Nós da Unicamp. O objetivo é informar as pessoas sobre inclusão e questões

relacionadas ao assunto, através de um site com acessibilidade e usabilidade para todas as

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pessoas. O site foi disponibilizado e a equipe do projeto atuou no papel de usuários e também

como observadores do uso do site, registrando críticas e sugestões para tornar o site mais

acessível. Baseado nas sugestões de pessoas com visão subnormal e da equipe de projeto e nos

resultados da pesquisa de Melo e Baranaukas (2005), o site foi modificado para se tornar mais

acessível. Entre as principais mudanças destacam-se a não redundância de links, as notícias em

destaque foram reduzidas de 5 para 3, a criação de um mapa do site estruturado, disponibilização

de teclas de atalho e nova possibilidade de apresentação em alto contraste. Enquanto o mapa do

site pode beneficiar a todos, oferecendo uma visão geral do portal e acesso rápido às suas seções,

as teclas de atalhos podem beneficiar usuários que utilizam principalmente (ou apenas) o teclado

para acionar links e elementos de formulários. Já a apresentação em alto contraste tende a

beneficiar alguns usuários com baixa visão. Veja a Figura 2.3.

Figura 2.3 Site atual do grupo Todos Nós, tela normal e tela com alto contrate e texto ampliado.

O objetivo é evoluir o site em termos de acessibilidade e usabilidade. O site está em

constante avaliação, pois no próprio site existe enquetes onde todos os usuário podem opinar e

reportar suas experiências.

A Toshiba vem aplicando os princípios do projeto inclusivo. Dois exemplos, um painel de

um produto e uma máquina de lavar roupas, são ilustrados nas Figura 2.4 e Figura 2.5,

respectivamente. O painel foi totalmente modificado através do aumento das letras e da

disposição dos comandos, facilitando a usabilidade para todas as pessoas.

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Figura 2.4 Painel modificado para se tornar mais acessível e melhor utilizável para todas as pessoas.

A utilização da máquina de lavar roupas exige uma posição de trabalho não ergonômica

Figura 2.5 (a). Após a modificação Figura 2.5(b), a máquina de lavar roupas atende às

necessidades de usuários de cadeiras de rodas, como também melhora a posição de trabalho para

todas as pessoas.

(a) (b)

Figura 2.5 Máquina de lavar roupa acessível para todas as pessoas (Toshiba, 2005)

Outros exemplos incluem bebedouros com duas alturas, telefones com botões e números

grandes, telefones com imagem e uma porta de refrigerador que abre com um toque da palma da

mão. Veja Figura 2.6.

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Figura 2.6 Exemplos de projetos inclusivos.

Através desses exemplos é possível observar que algumas indústrias estão se esforçando

para praticar os princípios do projeto inclusivo. O aumento da participação de pessoas com

deficiência na sociedade e o crescimento do número de pessoas idosas no mundo gerou a

necessidade da adequação da indústria para o projeto inclusivo. É natural que a indústria busque

por novas soluções inclusivas para atendimento desse público em expansão, que é um grande

mercado em potencial. Todos os exemplos citados acima atendem não somente as necessidades

das pessoas com deficiência e idosas, mas também são soluções de projeto melhores para todas as

pessoas, o que é o objetivo da filosofia do projeto inclusivo.

2.5 Terminologia e classificação das deficiências

A classificação das habilidades, das deficiências ou das restrições dos indivíduos não é uma

tarefa simples. A grande variedade de fatores individuais, sócios culturais e ambientais, o fato de

possuir um tipo de deficiência ou a combinação de duas ou múltiplas deficiências, torna qualquer

tipo de classificação incompleta. No entanto é fundamental a existência de classificações e

definições para que se possa compreender como os projetos podem se adequar a indivíduos com

diferentes habilidades e necessidades.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) organiza suas classificações em três grandes

agrupamentos ou famílias como são denominados pela mesma. A primeira é conhecida por ICD-

International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems (Classificação

Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde). Esta leva em

consideração as condições e patologias do ser humano e é a mais antiga classificação realizada

pela organização, estando na sua décima edição. O segundo grupo de classificações é o

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Intenational Classification of Impairment, Disabilities and Handicaps –ICIDIH (Classificação

Internacional de Deficiências, Incapacidades e Limitações) (1980) , que consiste em relacionar as

capacidades de funcionamento do corpo humano com suas possíveis deficiências e limitações

(Dischinger et. al, 2004). E finalmente, o terceiro agrupamento é intitulado como International

Classification of Functioning, Disability and Health- ICF (Classificação Internacional de

Funcionalidade, Incapacidade e Saúde) (2001). Segundo a ICF, o objetivo geral desta

classificação é proporcionar uma linguagem unificada e padronizada relacionada com a saúde

humana.

A ICIDH definiu três termos “deficiência (impairment), incapacidade (disability) e

deficiente (handicap)”. A “deficiência” (impairment) é referida como a perda de uma estrutura ou

função corporal, a “incapacidade” (disability) se refere à limitação ou perda da habilidade em

desenvolver alguma atividade. O termo “deficiente” (handicap) é definido como a situação de

desvantagem em que se encontra um indivíduo, geralmente em conseqüência de uma deficiência

ou de uma incapacidade que limita ou impede sua participação na vida da comunidade num nível

igual aos demais. A ICF classifica a saúde em funções e estruturas do corpo humano, atividades e

participação. O termo “funcionalidade” relaciona as funções do corpo com as atividades e

participação dos indivíduos, de maneira similar, “incapacidade” é um termo que inclui

deficiência, limitação ou restrição que um indivíduo possui para realizar uma atividade. Existem

algumas definições, segundo o item 4.2 da ICF que se fazem pertinentes a este trabalho,

“atividade, participação, limitações de atividades e restrição de participação”. A “atividade” é a

execução de uma tarefa ou ação por um indivíduo, a “participação” é o envolvimento numa

situação da vida. “Limitações de atividade” são dificuldades que um indivíduo pode encontrar na

execução de uma atividade e “restrições de participação” são problemas que um indivíduo pode

experimentar no envolvimento em situações reais da vida.

Devido à grande variação de termos utilizados para definir aspectos relacionados com

deficiência, foi necessário neste trabalho adotá-los com base na ICIDH e ICF, e outros termos

que se fazem pertinentes nesta tese são definidos a seguir: “Acessibilidade” (accessibility) é a

possibilidade de acesso, processo de conseguir a igualdade de oportunidades em todas as esferas

da sociedade (ONU), já a “usabilidade” (usability) é a medida da experiência, eficácia e

satisfação de usuários específicos ao interagir com um produto para objetivos específicos

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(ISO9241-11, 1998), “pessoa com deficiência” e capacidades (capabilities) do indivíduo que é

também conhecido como “habilidade” (ability).

Um termo recentemente usado para definir erroneamente “pessoa com deficiência” é

“pessoa com necessidades especiais”. Entende-se por “pessoas com necessidades especiais”,

pessoas que possuem qualquer tipo de restrição para realizar uma atividade, por exemplo, a

dificuldade de caminhar, um braço quebrado, ou seja, todas as pessoas possuem necessidades não

usuais, sejam elas permanentes ou temporárias. (Keates et al., 2002).

A seguir são reproduzidas algumas das definições da norma técnica brasileira NBR 9050

(2004) que são pertinentes à este trabalho:

• Deficiência: Redução, limitação ou inexistência das condições de percepção das

características do ambiente ou de mobilidade e de utilização de edificações, espaço,

mobiliário, equipamento urbano e elementos, em caráter temporário ou permanente.

• Pessoa com mobilidade reduzida: Aquela que, temporária ou permanentemente, tem

limitada sua capacidade de relacionar-se com o meio e de utilizá-lo. Entende-se por

pessoa com mobilidade reduzida, a pessoa com deficiência, idosa, obesa, gestante

entre outros.

• Desenho universal: Aquele que visa atender à maior gama de variações possíveis das

características antropométricas e sensoriais da população.

• Acessibilidade: Possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a

utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário,

equipamento urbano e elementos.

• Acessível: Espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento que possa

ser alcançado, acionado, utilizado e vivenciado por qualquer pessoa, inclusive

aquelas com mobilidade reduzida. O termo acessível implica tanto acessibilidade

física como de comunicação.

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27

Neste trabalho são usados os termos da norma brasileira NBR 9050 (2004), exceto a

definição de “desenho universal” que na norma se restringe à capacidade sensorial e

características antropométricas. Este termo será substituído pela definição de projeto inclusivo. A

terminologia “pessoa com deficiência” será utilizada em todo o trabalho definindo pessoas que

possuam algum tipo de deficiência e o termo “pessoas com necessidades especiais” também será

usado como já definido anteriormente.

2.5.1 Dados Estatísticos

De acordo com os dados do Censo dos EUA - Survey of Income and Program Participation

(Pesquisa de renda e participação no ano de 1994 a 1995 (SIPP) de 1994-95), 1.8 milhões de

pessoas com idade acima de 6 anos usavam cadeiras de rodas e 5.2 milhões de pessoas usavam

bengala, muletas ou andador. 8.8 milhões de pessoas possuíam dificuldades em enxergar palavras

mesmo usando lentes corretivas (óculos).10.1 milhões de pessoas tinham dificuldade para ouvir o

que as pessoas dizem em uma conversa normal e 1.0 milhão eram surdos (Story et al.,1998).

O idoso é definido pela OMS como uma pessoa que tem mais de 60 anos de idade. Este

limite é válido para países em desenvolvimento, aumentando para 65 anos nos países

desenvolvidos. Segundo o IBGE (2000) existiam no Brasil aproximadamente 15 milhões de

pessoas idosas. O crescimento da população de idosos é um fenômeno mundial que já está

ocorrendo. Em 1950, o número de idosos era de 204 milhões, já em 1998 aumentou para 509

milhões, ou seja, um crescimento de quase 8 milhões de idosos por ano. As projeções indicam

que em 2050, a população idosa será de 1 900 milhão de pessoas.

O crescimento da população idosa, de um modo geral, é mais acentuada nos países

desenvolvidos, embora nota-se o aumento de idosos, em menores proporções, nos países em

desenvolvimento. Em relação aos países da América Latina, o Brasil assume uma posição

intermediária correspondendo a 8,6% da população total. A região latino-americana tem uma

grande diversidade em relação à proporção de número de idosos, variando de 6,4% na Venezuela

a 17% no Uruguai. Já as populações européias apresentam proporções mais elevadas, com idosos

representando aproximadamente 1/5 da população de seus países, veja Figura 2.7 e Tabela 2.2.

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Figura 2.7 Proporção de pessoas com mais de 60 anos em países selecionados nos anos de 1990 a 1999.

Tabela 2.2 População com mais de 60 anos de idade segundo continentes e países nos anos de 1990 a 1999 .

A incapacidade aumenta com a idade por razões naturais ou causas externas. Muitas

pessoas, especialmente idosos, não aceitam ter alguma incapacidade, pois a sociedade identifica a

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incapacidade como deficiência. Incapacidade, portanto, é um fato normal e comum que faz parte

da vida. Enquanto algumas pessoas possuem condições crônicas, algumas pessoas podem ser

temporariamente deficientes. Por exemplo, quebrando uma perna, deslocando um pulso,

dilatando as pupilas em um exame de oculista, ou perdendo a audição em um concerto, são

exemplos de condições temporárias de incapacidade. Nos últimos 15 anos o conceito de projeto

para pessoas com deficiência tem sido modificado a partir de necessidades especiais para um

processo de projeto mais inclusivo para acomodar mais pessoas (Dong, 2003).

Atualmente existem várias fontes de dados estatísticos disponíveis, cada qual para

diferentes propósitos. Porém, esses dados não estão organizados para serem usados no projeto de

produtos inclusivos. Outro problema aparente é a confiabilidade dos dados, pois existe uma

confusão nos termos utilizados durante as pesquisas. No entanto, a ICIDH apresenta como

referência uma terminologia que é frequentemente utilizada, conforme citado no item anterior. A

Figura 2.8 apresenta um modelo de terminologia de deficiência baseado nas definições da ICIDH.

Doença, idade e acidente

Perda funcional

Incapacidade

Deficiente

Figura 2.8 Modelo de terminologia para deficiência (Keates e Clarkson, 2003).

Na ICIDH existem várias definições focadas nas deficiências e incapacidades, porém

atualmente esta linguagem é considerada negativa e é preferível descrever os usuários em termos

de suas capacidades ou habilidades.

Geralmente os projetos de produtos tendem a acomodar uma ou a principal deficiência, isso

porque é mais fácil adicionar ao produto características para compensar uma deficiência e não um

complexo sistema de interações com outras capacidades. No entanto, infelizmente muitas pessoas

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não possuem somente uma deficiência, porém várias. Consequentemente, os projetistas precisam

projetar não somente para uma única deficiência, mas para múltiplas capacidades perdidas.

O modelo de terminologia de deficiência mostrado na Figura 2.8 foi adotado nas pesquisas

Survey of Disability in Great Britain e Disability Follow-up (DFS), de onde Keates e Clarkson

(2003) descreveram os dados estatísticos de pessoas com deficiências no Reino Unido que podem

ser adaptados para a avaliação do produto. Esses dados forneceram informação sobre o número

de pessoas com deficiência no Reino Unido com diferentes níveis de severidade funcional de

capacidade. Uma característica inovadora da pesquisa foi a construção de uma escala de

severidade da deficiência, baseada no consenso de avaliação de especialistas, incluindo médicos,

fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos e representantes de pessoas com deficiência,

atuando como julgadores. Na essência, a severidade de 13 tipos de deficiências é estabelecida e

as três notas mais altas são combinadas dão uma nota geral, com a qual as pessoas são alocadas

para uma das dez categorias de severidade.

nota)pior terceira x(0.3 nota)pior (segunda x 0.4 notapior soma peso ++= (2.1)

Esse peso soma é traduzido em todas as categorias de severidade usando o mapeamento

mostrado na Tabela 2.3. Essa medida foi adotada pela WHO - World Health Organization (1996)

e foi usada na pesquisa British Disability Follow-up Survey.

Tabela 2.3 Notas de incapacidade e severidade de perda de capacidade (capability loss) (Keates e Clarkson, 2003)

Perda de Menor Moderado Maior

Nota de Incapacidade 0 0.5- 3- 5- 7- 9-10.95 11- 13- 15- 17- 19-

Categoria de severidade 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Os resultados da pesquisa Disability Follow-up (DFS) foram aplicados na pesquisa Family

Resources Survey, feita entre 1996 a 1997 (Grundy et al., 1999) e mostraram que em uma

população de adultos do Reino Unido de 8.592. 200, 20% possui deficiência. Dessa população,

34% possui um nível pequeno de deficiência (categorias 1-2, isto é, alta capacidade), 45% possui

nível moderado de deficiência (categorias 3-6, isto é média capacidade) e 21% possui nível grave

de deficiência (categorias 7-10, isto é, baixa capacidade). Também foi observado que 48% da

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população com deficiência possuíam idade acima de 65 anos e 29% possuíam idade acima de 75

anos.

Para o propósito de desenvolvimento de produto inclusivo, algumas capacidades são

pertinentes na avaliação de produtos. As capacidades de interesse que são usadas na interação

com o produto são: motora, destreza, alcance e alongamento, visão, audição, comunicação e

função intelectual.

Muitas pessoas, num estágio da vida, possuem mais de uma perda de capacidade. Do ponto

de vista do projeto isso é muito importante desde que a perda de capacidade em inglês capability

loss tem o potencial para causar a exclusão. As pesquisas focadas em deficiência provêem uma

valiosa informação para analisar as múltiplas capacidades. A Tabela 2.4 e a Tabela 2.5 resumem

os dados extraídos da pesquisa DFS (Keates e Clarkson, 2003).

Tabela 2.4 Perda de capacidade individual e múltipla da população do Reino Unido Tipo de perda de capacidade Números da população

GB 16+ Percentagem da população 16+

Perda de capacidade motora 2.195.000 6.2% Perda de capacidade sensorial 771.000 1.6% Perda de capacidade cognitiva 431000 0.9% Combinação perda motora e sensorial 1.819.000 3.9% Combinação perda sensorial e cognitiva 213.000 0.5% Combinação perda cognitiva e motora 801.000 1.7% Perda motora, sensorial e cognitiva 1.175.000 2.5% Tabela 2.5 Perda de capacidade individual e múltipla (total) da população do Reino Unido

Tipo de perda de capacidade Números da população GB 16+

Percentagem da população 16+

Alguma perda de capacidade motora 6.710.000 14.3% Alguma perda de capacidade sensorial 3.979.000 8.5% Alguma perda de capacidade cognitiva 2.622.000 5.6% Alguma perda motora, sensorial e cognitiva 8.126.000 17.3%

A Figura 2.9 apresenta dois diagramas da perda de capacidade individual e múltipla da

população com mais de 16 anos (16+) do Reino Unido e com mais de 75 anos (75+)

respectivamente (Coleman et al., 2004). O diagrama está em forma de três círculos que

representam a falta de capacidade motora, sensorial e cognitiva. Os círculos se interceptam

mostrando a combinação das perdas de capacidade. O primeiro diagrama (lado esquerdo) mostra

que a incapacidade motora é a maior, representando 6.2% da população, a categoria motora

combinada com a categoria sensorial perfazem 3.9% , 1.7% é a combinação da categoria motora

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com a categoria cognitiva e 2.5% combinam a categoria motora com as categorias sensorial e

cognitiva. 0.9% e 1.6% da população 16+ tem perda de capacidade cognitiva e sensorial

respectivamente, enquanto 0.5% têm a combinação das duas formas de incapacidade (sensorial e

cognitiva). O segundo diagrama (população 75+) mostra que 13.2% possuem perda de

capacidade motora e 13.2% possui a combinação de perda de capacidade motora com a categoria

sensorial. 2.7% da categoria motora combinada com a categoria cognitiva e 6.7% tem em comum

perda de capacidade motora, sensorial e cognitiva. 0.8% e 5.3% respectivamente possui

individualmente a categoria cognitiva e sensorial,enquanto que 0.8% tem a combinação das

categorias sensorial e cognitiva.

Figura 2.9 Perda de capacidade individual e múltipla da população do Reino Unido com 16+ e 75+ respectivamente (Coleman et al., 2004)

A capacidade motora é derivada da combinação da locomoção, do alcance e alongamento, e

da destreza. A capacidade sensorial é derivada da visão e audição. E a capacidade cognitiva

compreende a comunicação e a função intelectual do indivíduo.

A análise dos dados de capacidade gera uma informação útil para projetar para uma maior

faixa de usuários com capacidades múltiplas. No entanto existem várias definições de deficiência

e dados de pesquisa frequentemente resultam em dados que não são imediatamente comparáveis.

Portanto é importante identificar o propósito para o qual o dado é requerido, natureza dos dados e

escolher a fonte de dados mais apropriada. Após esse processo pode ser necessário modificar e

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adaptar os dados para encontrar uma específica informação. As capacidades múltiplas mais

comuns apresentam desafios e também oportunidades para melhorar o projeto de um produto.

Focar nas capacidades dos usuários ao invés de focar nas incapacidades, fornece aos

projetistas uma clarificação dos parâmetros de projeto. Portanto os dados de deficiência devem

ser interpretados não como uma fonte do que o usuário não pode fazer e sim como um meio de

deduzir o que ele pode fazer. Assim pode-se ter acesso ao nível de exclusão e então utilizar

métodos para conter essa exclusão de projeto.

2.6 Abordagens para o projeto inclusivo

O conceito de projetar produtos e serviços para deficientes, traduzido do inglês design for

disability (Coleman, 2001) surgiu para atender as necessidades específicas de um público alvo

em particular. Até recentemente, acredita-se que os principais grupos excluídos do uso de

produtos são as pessoas com deficiência e os idosos.

Existem muitas abordagens relacionadas com o desenvolvimento de produtos para pessoas

com deficiência, independentemente se a deficiência foi causada pela idade ou por má formação

congênita (Keates et al., 2002). Essas abordagens escolhem um público alvo em particular, por

exemplo, pessoas com deficiência física ou pessoas com paralisia cerebral, e desenvolvem

soluções exclusivas para atender às limitações específicas deste público alvo definido. O

objetivo, dessas abordagens, é permitir ao usuário uma melhor qualidade de vida, fornecendo

acessibilidade ao uso do produto ou ao uso do serviço.

Um exemplo é a abordagem Rehabilitation Design (Hewer et al. ,1995) que enfoca o

desenvolvimento de soluções de projeto específicas para deficiências específicas. Segundo os

alguns autores, os produtos resultantes desta abordagem não satisfazem as necessidades dos

idosos (Gardner et al., 1993) e não possuem funcionalidade para as pessoas com deficiência

(Buhler, 1998) e isso reflete em pouca aceitação no mercado (Mahoney, 1997).

Design by Story-Telling (Moggridge ,1993; Erickson, 1996) é uma abordagem similar,

porém possui uma estrutura com quatro estágios: (i) entender o que é ser um idoso; (ii) observar

o que os idosos fazem e seu comportamento; (iii) visualizar um cenário diferente sem restrições

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técnicas; (iv) avaliar o produto para estes usuários. Essa abordagem enfatiza a idade como uma

fonte de dificuldades ao invés de entender que essas dificuldades, apresentadas pelo avanço da

idade, serão a causa de deficiências futuras.

As abordagens mencionadas acima, focalizam os idosos ou as pessoas com deficiências

caracterizando suas necessidades especiais. Isso leva a um nicho de produtos que são exclusivos

para esse público. Muitos produtos foram desenvolvidos utilizando as abordagens citadas acima,

porém os produtos tinham custo alto, não possuíam acessibilidade e/ou não tinham utilidade. O

foco do desenvolvimento desses produtos, incluindo produtos para tecnologia assistiva, é projetar

produtos específicos para solucionar problemas específicos.

Um problema que ocorre nestas abordagens é o entendimento pelo projetista de como o

usuário utilizaria o produto em desenvolvimento. Para entender pessoas cegas, por exemplo, as

pessoas de visão normal utilizam vendas nos olhos para simular como uma pessoa cega reagiria à

uma situação. Essa não é a melhor maneira para entender o comportamento do indivíduo, pois a

pessoa cega possui outras habilidades e a percepção do cego é muito diferente da pessoa que está

simulando a situação. A Figura 2.10 mostra testes de avaliação realizados por alguns membros da

equipe de projeto da Toshiba. Nesses testes foram usados tampões para os ouvidos para simular a

deficiência auditiva, luvas nas mãos para simular a falta de destreza, óculos para simular pessoas

com baixa visão, pesos colocados nos cotovelos e tornozelos, imobilizador em uma das pernas

para simular a dificuldade de agachamento ou dobramento do joelho. Outro problema é a

rotulação de produtos para deficientes, por exemplo, “deficiente físico” e “portador de

deficiência”, em inglês disabled e handicapped. Desenvolver produtos inclusivos significa não

rotular os tipos de usuários.

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Figura 2.10 Membros da equipe de projeto simulando dificuldades na operação de seus produtos (fonte Toshiba).

Universal Design (Story et al., 1998) consiste em desenvolver um produto que seja

acessível e utilizável pelo maior número de pessoas possíveis. Esta abordagem segue os sete

princípios do Universal Design (Tabela 2.6) (Story, 1988), que estão exemplificados no

Apêndice B, e é interpretada erroneamente como sendo uma abordagem para desenvolver um

“produto para todos”. Essa filosofia propõe encorajar os projetistas a considerar as necessidades

do maior número possível de usuários, resultando em produtos que sejam usáveis pelo maior

número de pessoas possível e não por toda a população. Entretanto a principal questão é o quanto

realmente um produto é acessível universalmente, pois como existe uma enorme diversidade de

pessoas é improvável que uma simples solução de um produto seja acessível para todos.

Tabela 2.6 Os sete princípios do Universal Design (Story et al., 1998)

Os princípios do Universal Design 1 Uso eqüitativo 2 Uso flexível 3 Uso simples e intuitivo 4 Percepção da informação 5 Tolerância ao erro 6 Baixo esforço físico 7 Tamanho e espaço para a aproximação e uso

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Bentzon (1993) apresenta uma abordagem denominada User Pyramid, ilustrada na Figura

2.11. A pirâmide representa toda a população, isto é, pessoas com necessidades especiais,

pessoas sem deficiência e pessoas com deficiência, causada pelo avanço da idade, acidente ou por

má formação congênita.

pessoas com alto grau dedeficiência

pessoas com graumoderado de deficiência

pessoas sem deficiência e/ou com pequenas restrições

Pessoas que necessitam de ajuda para realizar as atividadesdiárias. Ex. pessoas em cadeiras de rodas e pessoas sem

movimentos nas mãos e braços

Pessoas com mobilidade e força reduzida de causa congênita ou poravanço da idade. Ex. pessoas idosas e com deficiências

Pessoas capazes de realizar atividades, incluindo idososque possuem pequena redução de força e mobilidade,

pessoas com deficiência de audição e de visão

Figura 2.11 Abordagem User Pyramid (Bentzon, 1993)

A abordagem User Pyramid divide esses usuários em três grupos, conforme mostrado na

Figura 2.11. Nesta figura adaptada de Bentzon (1993), a base da pirâmide é ocupada pelas

pessoas sem deficiência incluindo idosos com pequenas necessidades, que tem, por exemplo,

redução de força e mobilidade, e pessoas com deficiência de audição e visão. Na porção

intermediária da pirâmide estão as pessoas com força reduzida, mobilidade comprometida, e/ou

pessoas com algum tipo de deficiência causada por doenças ou avanço da idade, por exemplo,

pessoas que usam diferentes tipos de aparelhos para mobilidade ou sofrem de grave problema de

visão. Nesse grupo encontram-se os idosos e a maioria dos 10% da população considerada como

pessoas com deficiência. No topo da pirâmide são encontradas as pessoas que possuem um alto

grau de deficiência, pessoas com deficiência crítica, que necessitam da ajuda de outra pessoa para

realizar suas atividades diárias, por exemplo, pessoas em cadeiras de rodas e pessoas com grande

limitação de força e mobilidade nos membros inferiores e superiores. Muitos dos indivíduos que

compõem este grupo não conseguem segurar algo com as mãos.

É importante notar que se o ambiente for acessível para esse grupo de pessoas, a maioria

dessas pessoas será capaz de desempenhar suas atividades diárias com independência ou com um

mínimo de assistência. Um caso que pode ser citado, por exemplo, é o físico britânico Stephen

Hawking, o qual apesar de suas condições pode dar contribuições consideráveis para a pesquisa

científica. Esta abordagem, User Pyramid, consiste que se os produtos forem projetados para

serem acessíveis à uma determinada camada mais alta da pirâmide, então esses produtos devem

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ser acessíveis e melhores para as pessoas que estão incluídas nas camadas abaixo, ou seja, para as

pessoas que possuem deficiência de menor grau ou que não tenham deficiência alguma.

A abordagem User Pyramid classifica as capacidades das pessoas em três grandes

agrupamentos, porém esta classificação possui algumas inconsistências. Por exemplo, o fato de

uma pessoa que utiliza cadeira de rodas estar incluída no agrupamento do topo da pirâmide é um

erro, pois sabe-se que a maioria dos usuários de cadeiras de rodas possui uma vida independente,

moram sozinhos, dirigem carros adaptados e vão ao trabalho e lazer. Esta classificação é confusa

e generalista e poderia ser melhorada, talvez baseando-se na ICF. No entanto, esta abordagem é

importante para refletir sobre o projeto inclusivo, pois nota-se que os produtos podem ser obtidos

atravessando-se as fronteiras do processo de projeto através das capacidades do usuário,

resultando em produtos melhores para os usuários que não possuem deficiência.

Como foi mencionado neste item, existem várias abordagens para o desenvolvimento de

produtos e ambientes que sejam inclusivos. Entretanto nenhuma delas pode ser aplicada no

desenvolvimento de produtos inclusivos, pois o ponto fraco dessas abordagens é que o projeto

está direcionado para grupos específicos da população. Por exemplo, Trangenerational Design

(Woudhuysen, 1993) focaliza o projeto para pessoas idosas. Alternativamente outras abordagens

enfocam tipos específicos de deficiências, como o é o caso da Rehabilitation Design. Tais

abordagens também podem ser direcionadas para culturas específicas, por exemplo, o Universal

Design que domina os EUA e Japão para o projeto inclusivo, enquanto os países europeus

tendem a desenvolver suas próprias abordagens, como por exemplo, Design for All e User

Pyramid.

Talvez se todas, ou as principais, abordagens existentes para um projeto inclusivo fossem

combinadas, quase todas as necessidades da população seriam completamente atendidas, porém

se as abordagens fossem utilizadas individualmente elas não seriam suficientes. Porém sabe-se

que não é possível encampar todas as diferenças que existem nas pessoas, cada indivíduo é único.

As abordagens relacionadas com o intuito de projetar para toda a população podem ser

reunidas em três categorias:

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• Projeto universal - user-aware design: aumentar as fronteiras da funcionalidade do

projeto dos produtos para incluir o maior número de pessoas possível.

Projeto Modular – customisable / modular design: projeto que contém módulos

direcionados a necessidades específicas.

• Projeto Especial – special purpose design: projeto específico para usuários com

necessidades específicas.

Essas abordagens podem ser combinadas para promover a completa cobertura do modelo

User Pyramid (Figura 2.11). No entanto a pirâmide não é a única forma possível de se

representar a população.

Portanto, existe a necessidade do desenvolvimento de uma nova metodologia que aproveite

os pontos fortes das abordagens existentes para a implementação de um projeto inclusivo. Essa

inovação deve estabelecer um critério prático e mensurável de projeto que seja acessível para

quase toda a população.

Através da abordagem bi-dimensional User Pyramid, Keates e Clarkson (1999) propuseram

um modelo tri-dimensional que provê um sumário das abordagens para projetar para pessoas com

diferentes capacidades, veja a Figura 2.12

Projeto Especial

Projeto Modular

Projeto Universal

Figura 2.12 Através da abordagem bi-dimensional User Pyramid para um mapa tri-dimensional de abordagens de projeto – Inclusive Design Cube (IDC) (Keates e Clarkson,

1999).

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A representação de toda a população neste cubo será usada neste trabalho e será

referenciado como o método do Cubo Inclusivo (CI) traduzido do inglês Inclusive Design Cube

(IDC).

Os princípios da abordagem do projeto universal geram produtos amplamente acessíveis

para a população e, portanto oferecem uma boa inclusão da população. Consequentemente essa

abordagem domina o volume do cubo. Para usuários com deficiência grave é necessário adotar

abordagens para produtos especiais ou customizados para usuários específicos. Entre essas duas

abordagens, está o projeto modular, que toma como base o projeto universal com adaptabilidade

funcional através da combinação de módulos (Pahl e Beitz, 1996).

Novamente, o cubo reforça o fato de que a adoção de uma simples abordagem não resulta

no atendimento das necessidades da maioria dos usuários. Alguns usuários não serão incluídos e,

consequentemente, serão incapazes de usar os produtos e serviços resultantes. Eles serão

excluídos pelo projeto. Esse conceito de exclusão será discutido no próximo item.

2.7 Exclusão de projeto

O conceito de exclusão de projeto é importante para o desenvolvimento de um projeto

inclusivo, pois identificando “porque” e “como” os usuários não podem usar o produto, o

projetista pode ser capaz de conter tal exclusão. Uma das maneiras de assegurar que o projeto de

um produto é inclusivo é estabelecer métricas para definir o nível de inclusividade de um produto

durante o processo de projeto. Através dessas métricas, os projetistas serão capazes de medir o

sucesso do produto em desenvolvimento e também identificar as falhas de acessibilidade do

produto (Keates e Clarkson, 2003).

O objetivo deste item é discutir as métricas para medir a inclusividade de um produto e

apresentar uma ferramenta de representação gráfica que compara a população incluída com a

população excluída do projeto.

Para saber se um produto é inclusivo, parte-se da hipótese de medir o grau de exclusão do

produto, ou seja, se for possível saber quais e quantas pessoas não podem usar o produto fica

mais fácil ver os aspectos que o produto deve melhorar. Por exemplo, se um produto exclui uma

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significante porção da população porque os usuários não conseguem ouvir ou ver a saída do

produto, então os projetistas devem reprojetá-lo com características relacionadas em prover uma

saída mais adequada para esses usuários.

As abordagens existentes para promover o projeto inclusivo e o design for all, tendem a

desenvolver produtos e serviços mais acessíveis focalizando o conceito do produto em um

público alvo específico e expandindo esse conceito para atender um público maior. Essa atitude é

um bom ponto de partida, porém o produto resultante dependerá totalmente da escolha dos

usuários. A definição do público alvo deve ser a mais ampla possível.

Por exemplo, considere um projeto de um equipamento conectado ao computador que filtra

os tremores de uma pessoa, por exemplo, um mouse. O tremor pode surgir de várias condições,

como o resultado do avanço da idade, ou por condições do meio ambiente externo, o movimento

de um ônibus. Se os filtros forem projetados para atender somente uma condição, por exemplo,

paralisia cerebral, talvez o mouse tenha limitações de uso para pessoas com mal de Parkinson.

Portanto é importante considerar as necessidades de todos os usuários com condições similares

durante o processo de projeto e verificar quais os possíveis grupos de usuários podem se

beneficiar desse produto.

O desenvolvimento de um produto geralmente envolve a identificação das necessidades,

criação de soluções para atender as necessidades e uma revisão para assegurar que as

necessidades foram encontradas. Consequentemente, quando se considera uma metodologia

(Figura 2.13) é necessário também considerar uma medida de sucesso. Os requisitos estipulados

para um produto têm o potencial de excluir certas porções da população do uso do produto

resultante (Clarkson e Keates, 2003).

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Necessidadesdo usuário

Identificarprojeto ideal

Revisar o projetoideal

Desenvolverrequisitos

Revisar osrequisitos

Desenvolver oprojeto doproduto

Revisar o projetodo produto

Produtoaceitável

Figura 2.13 Estrutura para a avaliação do produto.

Uma definição para o “projeto inclusivo” relacionado com os requisitos do produto é que:

“um projeto de produto inclusivo deve somente excluir os usuários que os requisitos do produto

excluem” (Keates e Clarkson, 2003). Essa definição quer dizer que o projeto do produto falha na

inclusividade se as pessoas são excluídas pelo uso do produto, mesmo que essas pessoas possuam

as capacidades funcionais para as especificações do produto especificado. Os requisitos de

projeto refletem as características que os consumidores esperam encontrar em um novo produto,

sendo uma tradução das necessidades dos consumidores para uma linguagem técnica (linguagem

da empresa) (Dedini e Cavalca , 2001).

Qualquer discrepância entre as necessidades do produto (do usuário) e dos requisitos do

produto implica que os projetistas terão que introduzir novas necessidades de capacidade dos

usuários que não são atributos essenciais do produto. Essa discrepância é a base métrica para

medir se uma solução de projeto é satisfatoriamente inclusiva.

Em resumo, uma possível medida do mérito de inclusividade de um produto depende de

dois critérios: o mérito dos requisitos que o define e seu mérito quando julgado contra os

requisitos.

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42

2.7.1 Populações

Para definir o mérito de inclusividade de um produto é necessário primeiramente definir os

termos para se referir as populações. Keates e Clarkson (2003) definiram as populações descritas

a seguir.

O termo para a população global considerada, isto é, o máximo número absoluto de pessoas

que poderiam usar o produto é denominado como “Toda a População” (Whole Population). A

remoção das pessoas que não podem usar os produtos por causa da lei ou de condições de

segurança ou falta de capacidade leva ao conceito de “População Ideal” (Ideal Population). Essa

“População Ideal” é o máximo de pessoas que o produto pode atingir sob condições ideais. Por

exemplo, se um requisito for “produzir um produto para distribuir bebidas quentes”, o produto

deveria incluir as pessoas que não tem a capacidade de levantar e manipular copos de qualquer

tamanho, que não sabem como segurar jarras com bebida quente com segurança e que não

distinguem uma jarra de outros objetos.

Cada novo produto deve inicialmente ser definido por um conjunto de requisitos de projeto

antes do conceito do produto. Os usuários que não puderem usar o produto baseado nos requisitos

de projeto ideais, mas que alterando-se esses requisitos eles podem usá-lo, podem ser

denominados com “Máxima População Negociável” (Negotiable Maximum Population),

implicando que a população pode mudar conforme a mudança dos requisitos.

Com o progresso do projeto, conceitos e protótipos são desenvolvidos e a inclusividade do

produto pode ser avaliada através das propriedades físicas dos protótipos. As pessoas que

puderem usar o produto, baseado nas propriedades físicas são denominadas “População Incluída”

(Included Population).

Em nenhuma das definições acima foi mencionado a definição de “Público Alvo” porque

existem muitas opções para especificar esse público. No entanto, um possível “Público Alvo”

seriam as pessoas que tivessem interesse em adquirir o produto. Por exemplo, o “Público Alvo

Interessado” poderia ser grupos de pessoas com idade acima de 75 anos. O “Público Alvo” é

baseado em “toda a população” ou “população ideal” e seu tamanho e sua composição independe

da “Máxima População Negociável” e da “População Incluída”. Por exemplo, uma empresa

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britânica de telefones desenvolveu um telefone com botões grandes, veja Figura 2.14, o público

alvo poderia ser pessoas idosas. No entanto o produto final é usável, acessível e atraente para

mais pessoas que excedem o público alvo. Esse exemplo ilustra como a inclusividade pode

expandir o mercado de vendas do produto.

Figura 2.14 Telefone britânico de botões grandes (Keates e Clarkson, 2003).

Em resumo, essas populações foram reunidas e podem ser referidas como WINIT (“Whole-

Ideal-Negotiable-Include-Target”) e é usada para formar uma base de medida de sucesso para o

projeto inclusivo, veja Figura 2.15 (Keates e Clarkson, 2003).

POPULAÇÃO ALVO

TODA A POPULAÇÃO

POPULAÇÃO IDEAL

MÁXIMA POPULAÇÃO NEGOCIÁVEL

POPULAÇÃO INCLUÍDA

Figura 2.15 As populações WINIT (Keates e Clarkson, 2003).

2.7.2 Mérito de inclusividade

Tendo definido todos os tipos de populações a serem consideradas, é possível enumerar as

razões entre essas populações. Essas razões podem ser interpretadas como medidas de mérito de

inclusividade de um produto (Keates e Clarkson, 2003).

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A razão entre “Toda a População” e a “População Ideal” indica o nível de exclusão

associado com o conceito de tarefa, independente das soluções desenvolvidas. Veja equação 2.1.

População a TodaIdeal População ideal produto um de inclusão de Mérito = (2.2)

A razão entre a “Máxima População Negociável” e a “População Ideal” reflete o nível de

exclusão gerado pelos requisitos do produto.

Ideal PopulaçãoNegociável População Máxima requisitos dos inclusivo Mérito = (2.3)

A razão entre a “População Incluída” e a “Máxima População Negociável” indica o nível

de exclusão gerado por uma configuração particular do produto em certo momento. Com o

progresso do projeto e os requisitos sendo mais refinados, isto é, com o desenvolvimento de

protótipos, essa razão tende à aproximar-se de 1.

Negociável População MáximaIncluída População projeto do inclusivo Mérito = (2.4)

A razão entre a “População Incluída” e a “População Ideal” é a mais importante porque ela

provê uma comparação direta de quão bom o produto é, comparado com o máximo da teoria.

Ideal PopulaçãoIncluída População atual produto do inclusivo Mérito = (2.5)

Finalmente, a razão entre a “População Incluída” e o “Público Alvo” mostra o quanto

satisfatoriamente o produto encontra as necessidades para o público alvo.

Alvo PopulaçãoIncluída População atual produto do vendasMérito = (2.6)

2.8 O método do Cubo Inclusivo (CI)

O método do Cubo Inclusivo (CI) é uma representação gráfica que relaciona o nível de

capacidade dos indivíduos, o perfil da população e as abordagens adequadas de projeto que são

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representadas graficamente de forma simples e clara (Keates e Clarkson, 1999), o cubo inclusivo

é ilustrado na Figura 2.16.

Aumento dacapacidadecognitiva

Aumento dacapacidade

sensitiva

Aumento dacapacidade

motora

Projetoassistido

Projetouniversal

Projetoespecial

Projetomodular

O vértice frontal inferior do cubo representaos usuários com total capacidade.

Figura 2.16 Método do Cubo Inclusivo (CI) (Keates e Clarkson, 1999).

Cada eixo do cubo representa a capacidade sensorial, cognitiva e motora do usuário. A

direção das setas indica o aumento de capacidade dos usuários ao longo dos eixos apontando para

o ponto de máxima capacidade. Os respectivos volumes delimitados por cada abordagem de

projeto representam a população abrangida. O volume total do cubo representa toda a população,

sendo que os usuários que são mais capacitados para realizar atividades se encontram no vértice

frontal inferior do cubo e os menos capacitados no vértice superior atrás do cubo. Na Figura 2.16

o cubo é mostrado em volumes delimitados ocupados por diferentes abordagens de projeto. Cada

abordagem é apropriada para atender as necessidades particulares do usuário e consequentemente

estas abordagens estão posicionadas apropriadamente no cubo.

O cubo em sua forma, possui eixos qualitativos variando de total capacidade para nenhuma

capacidade. O eixo de capacidade motora representa fatores relacionados com restrição de força e

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coordenação, o eixo de capacidade cognitiva representa o nível de capacidade intelectual e o eixo

de capacidade sensorial abrange as capacidades visual e auditiva. Ao final de cada eixo (baixas

capacidades), entende-se que muitas das atividades realizadas na vida cotidiana necessitam da

ajuda de uma outra pessoa e essa porção do cubo é denominada Assisted by care que foi

traduzido neste trabalho por “projeto assistido”. Tão logo as incapacidades aumentam os

“projetos especiais”, tradução adotada de “Special purpose design”, deverão prover produtos para

necessidades específicas, por exemplo, cadeiras de rodas, andadores, aparelhos auditivos e

produtos que não são desenvolvidos para toda a população. O “projeto modular”, que neste

trabalho foi a tradução encontrada para “Modular/customizabe design”, permite variações no

produto para acomodar uma maior faixa de habilidades de indivíduos para a utilização de um

produto padrão, por exemplo, uma tábua de passar roupa que possui regulagem de altura. E

finalmente o “projeto universal”, traduzido de user-aware design que propõe o entendimento das

necessidades e desejos dos usuários e maximiza o número de pessoas que possam utilizar um

produto.

Sabe-se que o princípio do projeto inclusivo é gerar produtos que sejam amplamente

acessíveis para o maior número de pessoas possíveis e, portanto deve incluir a grande parte da

população. Conseqüentemente essa abordagem, “projeto universal” (user-aware design), domina

o volume do cubo. Entretanto nota-se que é improvável que os produtos resultantes desta

abordagem atendam indivíduos com menos capacidade, ou seja, com um maior grau de

deficiência (Keates, et al., 2002). Para as pessoas que possuem alto grau de deficiência pode ser

necessário adotar uma abordagem de engenharia de reabilitação para projetar produtos

específicos para usuários específicos. Essa abordagem é denominada purpose design, projeto

especial. Entre as duas abordagens existe uma intermediária abordagem de projeto que possui

fronteiras potencialmente flexível. O “projeto modular” (modular design) usa como base os

princípios do user-aware design, porém com uma interface cambiável de mudança que pode ser

adaptável ou trocada por uma série de projetos modulares.

Outra aplicação do modelo do Cubo Inclusivo é a possibilidade de mapear produtos

individuais. Se a demanda de capacidade de um produto pode ser acessada e então mapeada para

a população abrangida, o volume pode ser desenhado no cubo para representar a população

incluída. As revisões de projeto para o produto também poderão ser acessadas e incluídas no CI

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para prover uma simples e visual comparação da inclusividade do projeto de produto (Keates, et

al., 2002).

Segundo Clarkson et al. (2000), o IDC também tem a finalidade de ser uma ferramenta para

visualizar a expansão do mercado para um produto. Os autores acreditam que focalizando

esforços nos benefícios que o projeto inclusivo trará ao mercado, é bem provável que as empresas

ficarão mais incentivadas a desenvolver novos produtos inclusivos. A Figura 2.17 mostra um

exemplo da expansão do mercado para um aquecedor de água modelado pelo método do CI.

Neste caso, foram definidas três soluções para se aquecer água, a torneira elétrica (torneira de

água quente), a chaleira com cordão elétrico (Tabela 2.7(b)), composta de material metálico e

cordão para conectar a chaleira à energia elétrica, e a chaleira elétrica sem cordão (Tabela 2.7 (c))

Figura 2.17 Expansão do mercado em potencial no desenvolvimento de um esquentador de água (adaptado de Clarkson et al., 2000).

A chaleira elétrica com cordão requer um grau de destreza do usuário para conectar e

desconectar o cordão de energia elétrica e também para remover a tampa da chaleira para enchê-

la de água. Essas atividades se tornam difíceis para pessoas com força reduzida ou com pouca

flexão nos dedos causada por artrites. Por outro lado, a torneira elétrica é muito mais fácil de se

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usar, porém é pouco flexível, pois fica fixa em um lugar específico. No entanto, existe uma

porção da população, a qual nenhuma dessas duas soluções citadas acima é particularmente

atrativa, veja a Figura 2.17 (a).

A chaleira sem cordão foi desenvolvida inicialmente para atender as necessidades de

pessoas com deficiência física e mudou radicalmente mercado destes aparelhos. As versões mais

recentes dessas chaleiras sem cordão são geralmente de material plástico, diminuindo o peso a ser

levantado, e possuem bicos largos, possibilitando o enchimento da chaleira sem a necessidade de

remover a tampa, capacitando melhor o usuário na realização de atividades. Essa mudança tornou

o produto mais acessível para o usuário, abrangendo uma larga faixa de pessoas com capacidade

motora reduzida. Portanto o produto ficou mais acessível e pode ser usado por várias pessoas

com capacidade motora reduzida, expandindo assim o mercado em potencial do produto, Figura

2.17(b). Além disso, a maioria das chaleiras no mercado é do tipo sem cordão, e as chaleiras

elétricas antigas têm somente como atrativo o custo baixo.

O método do cubo inclusivo também pode ser usado como uma ferramenta para ajudar o

projetista à atingir o nível de usabilidade. O princípio do processo é apresentado aqui, embora

muito trabalho futuro é necessário antes desse objetivo ser atingido na prática. A Tabela 2.7

mostra a evolução de chaleiras com os problemas que ocorrem durante a melhoria de usabilidade

e, portanto inclusividade do produto. Pode se observar na Tabela 2.7 que existem contradições na

seleção de parâmetros, por exemplo, se por um lado o problema está sendo resolvido (retirar o

cordão), por outro lado foi introduzido um outro problema, (pouco equilíbrio). O método do

projeto inclusivo pode ser capaz de realçar o mercado em potencial, mas isto pode ser acoplado

com ergonomia para melhorar o projeto.

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Tabela 2.7 Melhoria de usabilidade e inclusividade em chaleiras (adaptado de Clarkson et al., 2000).

Tipos de chaleiras Descrição Material Dificuldade

Chaleira antiga (a)

Possui alças grandes montadas acima do corpo

da chaleira. metal Requer destreza

limitada.

Chaleira elétrica com cordão (b)

Chaleira elétrica de metal que possui um cordão que é encaixado na chaleira e

na energia elétrica.

Metal, mesma

forma das antigas

chaleiras.

Requer mais destreza para inserir e

remover o cordão.

Chaleira elétrica de

plástico(c)

Chaleira de plástico sem cordão. plástico

O lado da alça mudou o equilíbrio

da chaleira, tornando o uso difícil para

pessoas que tenham força limitada nos

membros superiores.

Chaleira não elétrica

de metal (d)

Chaleira mais recente, possui a forma tradicional da chaleira sem cordão.

metal

O peso da chaleira aumenta o problema

para pessoas com força limitada nos

membros superiores.

Último modelo,

chaleira elétrica sem cordão(e)

Última versão da chaleira, melhorou o problema do equilíbrio pela mudança

da forma do produto, movendo a alça para

frente.

plástico -

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O modelo IDC é uma poderosa ferramenta que destaca diferentes abordagens projeto que

podem ser utilizadas no desenvolvimento de produtos apropriados para uma dada faixa de

pessoas com necessidades especiais (Keates et al., 2000; Keates et al., 2002). Entretanto para

uma implementação de práticas de projeto inclusivo é necessário ter uma nova metodologia.

2.9 Uma abordagem para o projeto inclusivo – metodologia dos sete níveis

Keates et al. (2002), desenvolveram uma metodologia denominada metodologia dos 7

níveis para atender ao projeto inclusivo. Essa metodologia foi desenvolvida seguindo-se os

passos de Blessing (1995).

Segundo Blessing (1995), para desenvolver uma metodologia é necessário tratá-la como

um produto e adotar o desenvolvimento em três estágios: (1) definir o problema; (2) desenvolver

a solução e (3) avaliar a solução.

Estágio 1 – Definir o problema - entender os defeitos do design for all;

Estágio 2 – Desenvolver a solução - desenvolver uma solução de projeto com

conhecimento sobre pessoas com e sem deficiência física;

Estágio 3- Avaliar a solução – ter certeza de que a metodologia é eficaz.

Essa solução é a mesma para o desenvolvimento de um produto:

Estágio 1- Definir o problema – entender os requisitos do produto;

Estagio 2-Desenvolver a solução - desenvolver uma solução de projeto tendo

informações sobre o público alvo;

Estágio 3- Avaliar a solução – ter certeza de que o produto é eficaz.

Keates et al. (2002) afirmam em seu trabalho que é imperativo que cada estágio do

processo de desenvolvimento de produto deve ser centrado no usuário, traduzido do termo

original user- centred. Estudos a respeito de usabilidade em sistemas de software interativos

mostram que uma abordagem centrada no usuário é essencial se as necessidades dos usuários

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precisam ser encontradas (Newman, 1995). Consequentemente o envolvimento do usuário deve

ser caracterizado em todos os estágios do processo de projeto e os testes devem ser

frequentemente registrados. A Figura 2.18 mostra que o desenvolvimento de uma metodologia

pode ser baseado no processo de desenvolvimento de um produto. Para avaliar se a nova

metodologia é satisfatória faz-se necessário o desenvolvimento de um produto que passe pelas

etapas da metodologia, ou seja, a avaliação do novo produto apóia a avaliação da nova

metodologia.

Definir o problema

Desenvolver a solução

Avaliar a solução

Metodologia aproximada

Design for all?

Desenvolvimento de metodologia

A avaliação do novo produtoapóia a avaliação da nova

metodologia

Definir o problema

Desenvolver a solução

Avaliar a solução

Novo Produto

Especificar a necessidade

Desenvolvimento de produto

Figura 2.18 Desenvolvimento de nova metodologia baseado no desenvolvimento de produto (Keates et al., 2002).

A metodologia apresentada nesta tese é fundamentada em técnicas existentes de usabilidade

e práticas de projeto centradas no usuário (Keates et al., 2002).

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52

A Figura 2.19 mostra a metodologia dos 7 níveis desenvolvida por Keates et al. (2002),

para o desenvolvimento de uma interface, baseada nos estágios de interação e avaliações de

usabilidade heurísticas.

O desenvolvimento de uma interface de acesso universal envolve entender a natureza

fundamental da interação. Uma típica interação com a interface consiste na percepção do usuário

como a saída do sistema, decidindo o curso de ação e de implementação da resposta. Os passos

podem ser explicitamente identificados tais como, percepção, cognição e ações motoras que são

relacionados diretamente com as habilidades sensorial, cognitiva e motora do usuário

respectivamente. Três avaliações heurísticas (Nielsen, 1993) podem ajudar a explicitar essas

funções. A “visibilidade do estado do sistema” deve oferecer um feedback para o usuário

entender o estado atual do sistema completo. “Cruzar o sistema com o mundo real” significa que

o sistema deve seguir as intenções do usuário e “Controle do usuário e liberdade” constitui que o

sistema deve oferecer controles versáteis intuitivos para a comunicação.

E para produzir essa metodologia, os componentes de interação foram combinados com os

três estágios básicos de desenvolvimento de projeto citados acima (Blessing, 1995): (1) definir o

problema; (2) desenvolver a solução e (3) avaliar a solução. Essa metodologia foi aplicada com

sucesso no projeto de um software para interface de um robô interativo (Keates et al., 1999) e no

reprojeto de uma interface de um ponto de informação (Keates et al., 2000).

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Requisitos do problema----------------------------------------------------------------------------------------------------------

especificar o problema a ser solucionado

Especificação do problema----------------------------------------------------------------------------------------------------------

especificar o problema a ser solucionado

verificar a definição do problema

Visibilidade do estado do sistema----------------------------------------------------------------------------------------------------------

desenvolver o mínimo, porém suficiente representação doestado do sistema

verificar a definição do problema

verificar a percepção do usuário

Liberdade e controle do usuário----------------------------------------------------------------------------------------------------------desenvolver qualidade de controle e de entrada de dados do

usuário

Cruzar o sistema e o mundo real----------------------------------------------------------------------------------------------------------

estruturar a interação para cruzar com as expectativas dousuário

Avaliação / validação----------------------------------------------------------------------------------------------------------

avaliar a usabilidade e acessibilidade do sistema

verificar o entendimento do usuário

verificar o conforto do usuário

validar usabilidade/acessibilidade

Avaliação / validação----------------------------------------------------------------------------------------------------------

avaliar a usabilidade e acessibilidade do sistema

validar usabilidade/acessibilidade

Nível 1

O que ousuário quer

Nível 2

Necessidades dousuário

Nível 3

Nível 4

Nível 5

Nível 6

Nível 7

Percepção dousuário

Cognição dousuário

Função motora dousuário

Usabilidade dousuário

Aceitabilidadedo usuário

Definicão doProblema

ESTÁGIO 1

Definição doSistema

ESTÁGIO 2

ESTÁGIO 3Validação do

Sistema

Figura 2.19 Metodologia dos 7 níveis (Keates et al., 2002).

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Os níveis dessa metodologia serão explicados a seguir: O Nível 1 define as necessidades

dos usuários, que é a motivação para o desenvolvimento do produto. Os métodos que podem ser

úteis na identificação destas necessidades são questionários e entrevistas. O Nível 2 focaliza em

especificar a utilidade requerida do produto. Os requisitos do produto são capturados através de

métodos, tais como o QFD (Akao,1988; Pahl e Beitz,1996), e um benchmarking de produtos

pode ser feita e a utilização de métodos para obter a funcionalidade do produto (Dedini e

Cavalca, 2001).

Os níveis 3 ao 5 se concentram nos estágios de interação. As técnicas de usabilidade e

acessibilidade podem ser aplicadas diretamente para esses níveis, tais como antropometria e

ergonomia. Os protótipos têm um papel importante nesses níveis. Além disso, o nível 3 informa

como o usuário percebe a informação vinda do sistema proposto. O Nível 4 cruza o conteúdo do

sistema e o comportamento do modelo mental do usuário. Uma vez definidos os canais de saída,

a utilidade pode ser adicionada no sistema e avaliada, isso porque a funcionalidade para

monitorar o sistema está no local. O usuário pode ver, ouvir, etc. os dados. Técnicas comuns para

mapear o comportamento das expectativas do usuário no sistema incluem o assistente cognitivo,

semelhante ao assistente do Word da Microsoft.

O Nível 5 focaliza a entrada do usuário no sistema, envolvendo ajustabilidade e layout

físico. As medidas antropométricas são importantes para assegurar que as entradas estão dentro

da faixa de operação do usuário. Dados empíricos originados de testes devem ser reunidos para

avaliar as soluções de entrada, utilizando-se técnicas de modelagem do usuário. O nível 6

envolve a avaliação do sistema completo para assegurar a satisfação da utilidade, usabilidade e

acessibilidade. A avaliação e registro dos testes de usabilidade e acessibilidade com os usuários é

essencial para avançar para o nível 7. O nível 7 avalia o sistema resultante comparando com as

necessidades do usuário, é uma avaliação da aceitação social. E métodos mais qualitativos

geralmente são requeridos tais como pesquisa, entrevistas e questionários.

A metodologia dos 7 níveis e o método Inclusive Design Cube (IDC) focalizam a interação

que consiste em percepção, cognição e ações motoras. Combinando ambos durante o processo de

projeto (Clarkson e Keates, 2001), o IDC pode ser adaptado para monitorar o progresso do

processo de projeto, indicando a abrangência da população atingida pelas diferentes escolhas de

abordagem. Portanto a metodologia dos 7 níveis pode ser representada em cada eixo do cubo. A

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modificação necessária para o uso do IDC é simplesmente renomear os eixos do cubo para os

níveis 3 ao 5 da metodologia (Clarkson e Keates, 2001). O método resultante do Inclusive Design

Cube está representado na Figura 2.20. As setas indicam o aumento da população abrangida pelo

produto com a redução da habilidade do usuário para um melhoramento do projeto inclusivo.

Nível 4Capacidade motora do usuário/ Entrada do sistema

(aumento da população abrangida/diminuição da capacidade do usuário

Nível 3Entendimento do usuário/Sistema esclarecido

(aumento da população abrangida/diminuição da capacidade do usuário

Nível 2Percepção do usuário/Saída do sistema

(aumento da população abrangida/diminuição da capacidade do usuário

Usuários menos capacitados (pessoas com deficiência)Maioria da população abrangida / Máximo de inclusividade

Usuários mais capacitadosMinoria da população abrangida / Mínimo de inclusividade

Figura 2.20 O método do IC combinado com a metodologia dos 7 níveis Clarkson e Keates, 2001).

2.9.1 Aplicações de projeto inclusivo

Algumas aplicações foram escolhidas para exemplificar o projeto inclusivo. Estas

aplicações são citadas abaixo:

Clarkson et al. (1997), desenvolveram uma metodologia inclusiva para projetar HCI

(“Human Computer Interfaces”) iniciando o processo desde a fase de concepção até o sistema

final.

Aplicações de projeto inclusivo também têm sido desenvolvidas na área de ergonomia, tais

como o HANDRIAN (Porter et al., 2003) que é uma ferramenta CAD (Computer Aided Design)

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de modelagem que realiza a análise de tarefa, determinando a percentagem de pessoas que são

excluídas dessa tarefa.

Hood et al. (2005) fizeram um estudo com pessoas idosas realizando algumas tarefas e

desenvolveram um software que produz um modelo animado de uma pessoa idosa em atividade.

O modelo pode ser manipulado pelos projetistas respeitando os limites impostos pelo estudo e os

dados biomecânicos podem ser comunicados com o software CAD (Computer Aided Design)

para ajudar o projeto inclusivo.

Figura 2.21 Ferramenta modelo CAD

Coleman (1993) faz um estudo sobre a demografia das pessoas idosas do primeiro mundo

no futuro e a influência que a terceira idade terá em relação ao desenvolvimento de produtos e

serviços, realçando a necessidade de desenvolver produtos com mais usabilidade. Assim como

Blaikie (1993) identifica e analisa o estilo e as tendências de consumo das pessoas idosas, é

também necessário mapear e analisar as necessidades e atividades da terceira idade para obter um

completo entendimento dos problemas que ocorrem diariamente e portanto, poder listar requisitos

e usar ferramentas, estratégias para dar suporte ao desenvolvimento de produtos que atendam

essas necessidades (Bound e Coleman, 1993).

Outra aplicação é nos sistemas eletrônicos. Geralmente, os sistemas eletrônicos

encontrados em todos os lugares altamente são sofisticados. Segundo Wood (1993) o maior

desafio é simplificar a interface entre o homem e esse sistema complexo. As práticas de projeto

de interfaces são baseadas em modelos de usuários baseados em estudos de usuários sem

deficiência. No entanto estes usuários simbolizam somente um ponto na imensa e variada escala

de capacidades físicas. Keates et al. (1998) propõem calibrar estes modelos para usuários com

deficiência física. O trabalho mostrou que existem diferenças importantes entre usuários com

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deficiência física e usuários sem deficiência na interação com computadores e entendendo essas

diferenças pode-se projetar interfaces mais confortáveis para pessoas com deficiência física.

Embora os autores mencionem que através dos resultados do trabalho é possível o

desenvolvimento de uma metodologia de projeto para interfaces, nenhuma estrutura

metodológica foi apresentada no referido artigo.

2.10 Sumário

Neste capítulo foi apresentado um histórico do surgimento do projeto inclusivo, sua

definição e terminologias. Foi feita uma discussão sobre a percepção da indústria em relação à

implementação do projeto inclusivo e também foram mostrados alguns exemplos de projeto

inclusivo. Abordagens para o projeto inclusivo e suas aplicações foram mostradas. No capítulo

seguinte serão discutidas as metodologias de projeto e as abordagens de projeto inclusivo.

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59

Capítulo 3

Processo de Projeto de Produtos e Metodologias de Projeto: Aspectos Gerais, Análise Crítica e Discussões

O enfoque deste capítulo consiste em revisar, investigar e comparar algumas das

metodologias e ferramentas mais recentemente utilizadas na fase do estudo da viabilidade e do

projeto preliminar do processo de desenvolvimento de produtos. São apresentadas, discutidas e

analisadas algumas metodologias de projeto que têm uma possível relação com o projeto

inclusivo. Para isso, inicialmente é necessário entender o que é um processo de desenvolvimento

de produto e sua importância.

3.1 Processo de desenvolvimento de produtos (PDP)

O desenvolvimento de produtos consiste em um conjunto de atividades para chegar às

especificações de projeto de um produto e de seu processo de produção, a partir das necessidades

do mercado e das possibilidades e restrições tecnológicas, considerando as estratégias

competitivas da empresa (Rozenfeld et al., 2006).

O lançamento de um produto novo no mercado, para a maioria das empresas, não é uma

atividade rotineira e, sim o resultado de um esforço que pode durar um tempo significativo e

envolver quase todos os setores funcionais da empresa. Nas fases iniciais do PDP é que são

definidas as principais soluções construtivas e as especificações do produto. As escolhas de

alternativas ocorridas no início do ciclo de desenvolvimento são responsáveis por cerca de 85%

do custo do produto final. A tomada de decisões sobre o projeto de um produto, na fase de

desenvolvimento, pode antecipar problemas e soluções, além de reduzir o tempo de lançamento

do produto.

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60

No início da década de 1990, grandes corporações japonesas, européias e norte-americanas

identificaram o desenvolvimento de produtos como uma área de grandes oportunidades para

elevar a competitividade das empresas (Rozenfeld et al., 2006). O desenvolvimento deve buscar

algo mais do que custo. A competitividade envolve também: a qualidade do produto, tempo de

lançamento, manufaturabilidade (facilidade de produzir e montar) do produto e o fortalecimento

das capacitações requeridas para o desenvolvimento de produto no futuro.

A contribuição do PDP como fonte de vantagens competitivas está cada vez mais

enfatizada. Estima-se que 85% do custo do ciclo de vida de um produto é reflexo da fase de

projeto, e que são possíveis reduções de mais de 50% no tempo de lançamento de um produto,

quando os problemas de projeto são identificados e resolvidos com antecedência, reduzindo o

número de alterações e os tempos de manufatura, gerando competitividade (Rozenfeld, et al.,

2006).

5% 50% 15% 30%0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Influ

ênci

a pe

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cu

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tota

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Projeto Material Mão-de-obra Instalações

/<---------------------- Contabilidade de Custo --------------------->/

Figura 3.1 Influência percentual sobre o custo do produto, devido às decisões tomadas, referentes ao projeto, material, mão-de-obra e instalações (Smith e Reinertsen, 1991).

Conforme ilustra a Figura 3.1, a fase de projeto representa apenas 5% da contabilidade de

custo no desenvolvimento de um produto. As decisões tomadas nessa fase são responsáveis por

até 70% do custo total do produto, ou seja, se essa fase for negligenciada, o efeito da escala de

custos de mudanças do produto nas diversas fases de desenvolvimento, será muito maior, bem

como o aumento da influencia percentual no custo final do produto, Figura 3.2.

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61

Figura 3.2 Custos de mudanças nas diversas fases de desenvolvimento do produto (Smith e

Reinertsen, 1991).

O desempenho do processo de desenvolvimento do produto é avaliado por meio de

indicadores associados à qualidade total do produto desenvolvido, aos custos, ao tempo total de

desenvolvimento, e de sua contribuição para a competitividade da empresa. O modo como a

empresa desenvolve produtos, ou seja, sua estratégia de produto e como ela organiza e gerencia o

desenvolvimento é que determinará o desempenho do produto no mercado e a eficiência e

qualidade no processo de desenvolvimento. Em outras palavras, o desempenho do PDP depende

da gestão da empresa (estratégias, organização e gerenciamento). As empresas bem sucedidas em

desenvolvimento de produtos têm um padrão de coerência e consistência em todo o processo de

desenvolvimento.

Um marco importante para o desenvolvimento de produtos foi a proposição e a difusão das

Metodologias de Projeto que buscam encontrar uma seqüência de etapas e atividades considerada

mais adequada para se desenvolver um produto. Metodologias de Projeto têm sido desenvolvidas

(Ogliari, 1999, Maribondo, 2000, Ferreira, 2002, Romano, 2003, Scalice, 2003) focadas em

produtos ou sistemas diferentes. Ogliari (1999) apresenta uma proposta de sistematização do

projeto conceitual de produtos de plásticos injetados, incluindo as principais ferramentas de apoio

à concepção de componentes de plástico injetados. Maribondo (2000) realiza a sistematização de

uma metodologia de projeto para sistemas modulares. Ferreira (2002) propõe uma metodologia

de projeto para componentes de plástico injetado nas fases iniciais do processo integrando

aspectos de custo. Romano (2003) formula uma metodologia voltada para máquinas agrícolas, já

Scalice (2003) propõe uma metodologia de produtos modulares para o cultivo de mexilhões.

Delgado (2005) elabora um software para contribuir à uma metodologia para o desenvolvimento

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de brinquedos infantis. Assim como este trabalho propõe uma metodologia voltada a produtos

inclusivos.

O desenvolvimento de produto deve ser um processo eficiente para realmente cumprir sua

missão de favorecer a competitividade da empresa e o desempenho desse processo depende do

modelo geral para sua gestão. Assim, tendo em vista a importância do processo de

desenvolvimento e de obter bons resultados, é fundamental a adoção de um modelo de referência

mais adequado às necessidades da empresa para orientar a estruturação e gestão deste processo.

3.2 Metodologias de projeto

Metodologias que abordam o processo de projeto para diferentes ramos industriais têm sido

desenvolvidas (Asimow, 1968; Pahl e Beitz, 1971; Back, 1983; Blanchard e Fabricky, 1981,

Clark e Fujimoto, 1991, Ullman, 1992, Ertas e Jones, 1993, Ulrich e Eppinger, 1995,) entre

outros. No Brasil, no início dos anos 80, Back (1983) publicou, em português, a primeira obra

sobre metodologia e consolidou um grupo de pesquisa sobre metodologia de projeto na

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em Florianópolis, tornando-se a primeira

referência na área que cobria aspectos do produto, desde a especificação de projeto até a

construção e teste do protótipo.

De acordo com Rozenfeld et al., 2006, o custo das modificações de produto é cada vez

maior, conforme avançam as fases do desenvolvimento de produtos. Exemplificando-se, a

modificação o custo de uma máquina durante a fase do projeto informacional envolve definir

novos requisitos do produto e suas especificações e pode significar horas de trabalho. No entanto,

se a mudança ocorre na fase do lançamento, onde os desenhos, ferramental, máquinas, etc. já

foram definidos, especificados, comprados, construídos, o custo de modificação é da ordem de

até mil vezes o custo da mudança do projeto informacional. Mudanças sempre ocorrem, devido a

natureza do desenvolvimento, o importante é fazer com que elas ocorram no início do

desenvolvimento, quando o custo das alterações é menor.

A seguir serão apresentadas, discutidas e analisadas algumas metodologias de projeto que

têm uma possível relação com o projeto inclusivo.

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3.2.1 Metodologias para o processo de desenvolvimento de produtos

A metodologia tradicional para o Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP)

geralmente possui macrofases e fases e tem como base um modelo de referência. A Figura 3.3

ilustra as macrofases e fases do processo de desenvolvimento de produtos baseado num modelo

proposto por Rozenfeld et al.,2006, porém modificado. Neste trabalho somente serão abordadas

as duas fases iniciais da macro-fase “Desenvolvimento de Produtos”, as fases “estudo da

viabilidade” e a fase do “projeto preliminar”.

Figura 3.3 Macrofases e Fases do Processo de Desenvolvimento de Produtos (Rozenfeld et al., 2006) modificado e a localização das fases estudo da viabilidade e projeto preliminar.

O modelo é composto de três macro-fases: “Pré–desenvolvimento”, “Desenvolvimento de

Produtos” e “Pós-desenvolvimento”. A macro-fase “Pré–desenvolvimento” envolve a elaboração

do plano de projeto. A macro-fase “Desenvolvimento de Produtos” compreende na elaboração do

projeto do produto e se divide em três fases denominadas: Estudo da Viabilidade, Projeto

Preliminar e Projeto Detalhado. A macro-fase final “Pós - desenvolvimento” envolve a

implementação do plano de manufatura na produção da empresa e o encerramento do projeto.

Uma descrição sucinta de cada fase é apresentada a seguir (Romano, 2003; Dedini e

Cavalca, 2001; Back, 1983): A primeira fase e segunda fase da macro-fase “Pré –

desenvolvimento” do modelo denominadas “Planejamento estratégico do produto” e

“Planejamento do projeto” se destinam ao planejamento de um novo produto face às estratégias

de negócio da empresa e tem por objetivo orientar o desenvolvimento do produto. Nestas fases é

realizado o plano estratégico do produto, plano de gerenciamento, o planejamento de marketing,

a elaboração do escopo de projeto, a identificação de riscos de projeto, etc. Também são

identificadas as partes envolvidas do projeto, a equipe de gerenciamento e todas as demais

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atividades necessárias à elaboração do plano de projeto que orientará a execução das macro-fases

de “Desenvolvimento de Produtos” e “Pós-desenvolvimento”.

A fase “estudo da viabilidade”, primeira fase do “Desenvolvimento de Produtos”, se

destina à definição das especificações de projeto do produto. Para obter as especificações de

projeto são identificados as necessidades dos clientes e/ou usuários, requisitos de clientes e

requisitos de projeto. É também realizada uma avaliação (benchmarking) do produto em relação

aos produtos disponíveis no mercado com o objetivo de verificar o atendimento das

especificações de projeto aos requisitos dos clientes e de projeto. Através de métodos de

criatividade são geradas soluções alternativas para o produto em desenvolvimento, bem como a

análise das destas quanto a viabilidade física, econômica e financeira. Como resultado dessa fase,

obtém-se um conjunto de soluções possíveis para o produto em desenvolvimento.

A fase do “projeto preliminar” (preliminary design) inicia-se com um conjunto de soluções

desenvolvidas no “estudo da viabilidade” das quais são submetidas à uma análise detalhada para

que seja selecionada uma solução mais adequada em termos de facilidade em manufatura,

segurança, fornecedores, etc. Nesta fase também são realizadas tarefas envolvendo: síntese

funcional do produto, onde são definidas as funções que o produto deve ter; a identificação das

especificações do projeto, otimização dos parâmetros e do projeto, layout, definição dos

componentes, revisão de patentes, considerações sobre aspectos legais e de segurança, tipo de

material, processo de fabricação. Também são construídas maquetes para confirmar o

atendimento às especificações de projeto. Neste momento o layout final é definido e inicia-se o

desenvolvimento do plano de fabricação e de teste do protótipo que serve de parâmetro para o

cálculo inicial do custo do produto. Na seqüência, determina-se a análise de viabilidade

econômica do produto e a faz-se atualização do plano de projeto para iniciar a próxima fase.

A terceira e última fase da macro-fase “Desenvolvimento de Produtos”, “projeto detalhado”

(detail design), destina-se a vários propósitos: aprovação do protótipo, finalização das

especificações dos componentes, detalhamento do plano de manufatura e preparação de

solicitação de investimentos. O protótipo é construído de acordo com o plano de fabricação, os

desenhos dos componentes e os desenhos de layout, testes são realizados para a otimização do

produto. Os documentos do produto são elaborados, como desenhos técnicos, manual de

instruções, manual de assistência técnica e catálogo de peças. É feita uma preparação de

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solicitação de investimento considerando custos do produto em: ferramental de produção, custo

de lançamento, custo de desenvolvimento e produção de produto, e o preço final. O plano de

projeto é atualizado e devidamente registrado.

A primeira fase da macro-fase “Pós-Desenvolvimento”, “acompanhar produto/processo”,

produz o lote piloto (primeiro lote do produto), onde os procedimentos de montagem são testados

para a verificação de não-conformidades no processo. Caso necessário, novos testes são

realizados, assim como testes de homologação e de certificação de conformidade. Outras

atividades ocorrem em paralelo: revisão do plano de manufatura, implementação do plano de

qualidade, conclusão dos procedimentos de assistência técnica e treinamento da área de vendas e

pós-vendas. A segunda fase da macro-fase “Pós-Desenvolvimento” consiste no lançamento do

produto no mercado. A equipe de projeto é orientada a respeito das atualizações no plano de

projeto e principalmente em relação aos pontos críticos da fase de lançamento. Em seguida faz-se

a implementação do planejamento de marketing, com emissão de material promocional e

literatura técnica para a divulgação comercial do produto (catálogos). A produção de um lote

inicial é conduzida por auditorias de montagem, a fim de levantar os dados a respeito do

comportamento do processo produtivo. Os produtos produzidos são avaliados quanto as não

conformidades e é emitido um relatório final sobre a produção do lote inicial, o qual é avaliado

ao atendimento ao escopo do projeto. Após a aprovação do lote inicial do produto, o lançamento

do produto é realizado através da apresentação do produto aos clientes, imprensa, etc. A análise

de viabilidade econômica é finalizada nessa fase e o plano de projeto é atualizado para as

atividades da última fase do processo de desenvolvimento de produto.

A seguir, são descritas as principais características das duas fases iniciais da macro-fase

“Desenvolvimento de Produtos” do PDP, segundo os principais autores encontrados na literatura,

enfocando passos, métodos e ferramentas indicadas.

3.3 Comparativo entre as metodologias

A comparação de metodologias tem como objetivo não somente aprofundar o

conhecimento em metodologias, mas principalmente identificar as características em comum das

atividades que ocorrem nas fases de projeto. A identificação das ferramentas mais utilizadas

dentro de cada fase também é o objetivo dessa comparação. Assim, podem-se verificar as

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semelhanças entre as fases das metodologias e identificar métodos e ferramentas que possam

auxiliar na elaboração de uma metodologia inclusiva.

A Tabela 3.1 apresenta algumas das principais metodologias, ou modelos de projeto,

mostrando o autor, ano da publicação, forma de apresentação da metodologia, as fases envolvidas

e algumas das principais ferramentas e documentos que apóiam a execução dessas metodologias.

Tabela 3.1 Comparativo entre as principais metodologias de projeto no processo de desenvolvimento de produtos Autor (Ano da

publicação) Forma de

apresentação da metodologia

Fases envolvidas no processo de projeto Principais ferramentas e documentos utilizados

Asimow (1968)

Através de um fluxograma contendo fases e passos

Fase 1: Estudo de exeqüibilidade. Estabelecimento da necessidade; exploração do problema de projeto; identificação de parâmetros, principais restrições e critérios; geração de soluções; análise de soluções quanto a possibilidade de realização física, viabilidade econômica e financeira. Fase 2: Projeto preliminar. Seleção dos melhores soluções; análise das soluções (modelagem matemática, refinamento); seleção da melhor alternativa. Fase 3: Projeto detalhado. Detalhamento da solução e de suas partes (desenhos técnicos de montagem e de componentes); construção e teste do protótipo; revisões do projeto.

- Informações de mercado; -Informações técnicas; -Fatores econômicos e financeiros; -Registros de experiências e de técnicas; -Análise matemática; -Resultados dos testes.

Pahl & Beitz, (1971)

Através de um fluxograma contendo entradas e saídas que informam as ações a serem executadas nessa metodologia.

Fase 1: Planejamento da tarefa - Clarificação da tarefa e elaboração das especificações de projeto Fase 2:Projeto conceitual-Identificação dos problemas ; estabelecimento da estrutura de funções; pesquisa por princípios de solução; combinação de variantes de concepções; avaliação segundo os critérios técnicos e econômicos. Fase 3: Projeto Preliminar - Desenvolvimento de layouts e formas; seleção dos melhores leiautes preliminares; refinamento e avaliação sob critérios técnicos e econômicos; otimização, verificação de erros, controle de custos,preparação de lista das partes preliminares e os documentos de produção Fase 4: Projeto Detalhado- desenhos detalhados e documentos para produção; verificação de todos os documentos.

- Questionários - Informação de mercado - Lista de requisito de projeto - Síntese funcional - Lista de princípios de solução - Matriz morfológica - Critérios para seleção de combinações; - Checklists; - Projeto para modularização, projeto para ergonomia; projeto para estética, projeto para reciclagem, projeto para fácil manutenção, projeto para mínimo risco, projeto para mínimo custo, projeto para padronização, projeto para qualidade; - Métodos de avaliação; - Modelos; - Layouts - Desenhos detalhados

Blanchard e Fabrick (1981)

Através de um fluxograma contendo passos

Definição da necessidade: Identificação de desejos por sistemas. Projeto conceitual: Estudo da viabilidade; análise das necessidades; requisitos operacionais; concepção da manutenção; planejamento avançado do sistema. Projeto preliminar: Análise funcional do sistema; síntese preliminar e alocação de critérios de projeto; otimização do sistema; definição e síntese do sistema. Projeto detalhado: Projeto do produto do sistema; desenvolvimento do protótipo do sistema; teste e avaliação do protótipo do sistema. Produção e/ou construção: Avaliação do sistema; modificações para ações corretivas. Utilização e suporte: Avaliação do sistema; modificações para ações corretivas. Descarte.

- Ciclo de vida do produto; - Lista de questões; - Pesquisa de mercado; - Estudo da viabilidade; - Plano de suporte logístico; - Métodos de pesquisa; - Requisitos de projeto; - Requisitos de produção e/ou construção; - Requisitos de avaliação.

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Back (1983) Através de um fluxograma contendo etapas e dados

Estudo da viabilidade: Análise de necessidade; exploração de sistemas envolvidos; síntese de soluções alternativas; viabilidade física; viabilidade econômica, conjunto de soluções possíveis. Projeto preliminar: seleção da melhor solução, formulação do modelo matemático, análise de sensibilidade e compatibilidade das variáveis, otimização dos parâmetros, teste do processo e previsão do desempenho, simplificação. Projeto detalhado: especificação de subsistemas, especificação de componentes, descrição das partes, desenho de conjuntos de montagem, verificação de dimensões e a padronização, liberação do projeto para fabricação.

- Informações de mercado; - Informações tecnológicas; - Criatividade; -Análise de viabilidade física e econômica; - Análise de compatibilidade, estabilidade e sensibilidade; - Métodos de otimizações; - Avaliação de desempenho; - Recursos matemáticos; - Projeto para fabricação, projeto para modularização, projeto para ergonomia; - Testes de laboratório; - Ferramentas computacionais (CAD, CAE, etc) - normas; - catálogos; - Layouts - Desenhos detalhados

Ullman (1992) Através de um digrama contendo fases.

Fase 1: Desenvolvimento, planejamento e especificação. Entendimento do problema, desenvolvimento dos requisitos do cliente, assegurar competitividade, geração de requisitos de engenharia, estabelecimento dos objetivos de engenharia e planejamento do projeto. Fase 2: Projeto conceitual: Desenvolvimento de conceitos, desenvolvimento da decomposição funcional, geração conceitos a partir das funções, avaliação dos conceitos, seleção do melhor conceito. Fase 3: Projeto do produto: Geração do produto, definição do produto e fabricação, avaliação e refinamento do produto, avaliação do desempenho do produto, otimização do produto, avaliação de custos, finalização do produto.

- - Informações de mercado; - Questionários; - QFD; - Avaliação e julgamento da viabilidade; - Exame passa / não passa; - Avaliação matriz de decisão - Método Pugh; - modelos; - Layouts; - Desenhos detalhados

VDI 2221 (1987)

Através de um fluxograma contendo passos

Fase 1: Esclarecimento da tarefa: Esclarecimento e formulação da tarefa. Fase 2: Projeto conceitual: Verificação das funções e de suas estruturas, pesquisa por princípios de solução, divisão em módulos. Fase 3: Desenvolvimento do conceito: Configuração dos módulos principais e configuração do produto total. Fase 4: Projeto detalhado: Preparação de instruções de execução e uso.

- Informações de mercado; - Questionários; - Entrevistas; - Lista de condições e restrições; - Lista de requisitos; - Especificações de projeto; - Síntese funcional; - Lista de princípios de solução; - Métodos de criatividade; - Considerações técnicas e econômicas; - Layouts; - Desenhos detalhados.

Hubka(1988) Através de um diagrama contendo fases, passos e documentos de projetos.

Fase 1: Elaboração do problema: Elaboração das especificações. Fase 2: Projeto conceitual. Estabelecimento das estruturas de funções; estabelecimento das concepções. Fase 3: Layout. Estabelecimento do layout preliminar; estabelecimento do layout dimensional. Fase 4: Elaboração. Detalhamento e elaboração.

- Especificações de projeto; - Síntese funcional; - Matriz morfológica; - Concepções esquemáticas; - Análise do valor; - CAD, CAM - Checklist - Layouts preliminares; - Layouts dimensionais; - Desenhos detalhados; - Desenhos de montagens.

Baxter (1995) Através de um digrama contendo as fases

Fase1: Planejamento do produto- especificação da oportunidade: Pesquisa das necessidades de mercado; análise de produtos concorrentes, seleção sistemática de oportunidades, especificação do estilo. Fase 2: Projeto conceitual: geração de idéias,análise funcional; seleção das idéias, análise das possibilidades de falha e seus efeitos, construção e testes do protótipo. Fase 3: Projeto Detalhado: especificação dos materiais, novos componentes, procedimentos de montagem, componentes padronizados.

- Informação de mercado; - Criatividade; - Técnica de Tjalve (permutação das características do produto), - - Técnica MESCRAI (modificar, eliminar, substituir, combinar, rearranjar, adaptar e inverter); - Checklist; - Matriz de seleção;

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Ertas e Jones (1993)

Através de um fluxograma contendo passos

Passo 1: Identificação e reconhecimento das necessidades Passo 2: Conceituação de projeto Passo 3: Análise de viabilidade Passo 4: Processo decisório e liberação de fundos Passo 5: Determinação das responsabilidades e equipe de projeto Passo 6: Projeto preliminar Passo 7: Projeto detalhado e testes de qualificação Passo 8: Planejamento produtivo e ferramentas e produção.

- Informação de mercado; - Ferramentas computacionais (CAD, CAE); - QFD; - Análise do valor; - Matriz de decisão; - Análise de custo; - Desenhos detalhados; - Testes

Dedini e Cavalca (2001)

Através de um fluxograma contendo etapas.

Fase 1: Estudo da viabilidade: Identificação da necessidade, elaboração de conjunto de soluções alternativas, verificação da viabilidade física, verificação da viabilidade econômica financeira. Fase 2:Projeto preliminar: Seleção da melhor solução, especificação dos parâmetros de projeto, simulação, análise de sensibilidade dos parâmetros, otimização, testes, simplificação, Fase 3: Projeto detalhado: Detalhamento da melhor solução, verificação de formas construtivas, confecção de desenhos detalhados, de conjunto e de montagem, elaboração de lista final de peças, fabricação de protótipos em série, confecção de memorial de cálculos, elaboração de manuais de montagem, instalação, operação manutenção.

- Informações do mercado; - Métodos de criatividade; - Análise do valor; - Matriz de seleção; - Ferramentas computacionais (CAD, CAE); - Confiabilidade; - Testes experimentais; - Desenhos detalhados; - Layouts

Rozenfeld et al.(2006)

Através de um diagrama contendo fases e macrofases

Fase 1:Projeto informacional: desenvolvimento de um conjunto de informações, análise de tecnologias disponíveis, pesquisa em normas e patentes, pesquisa por produtos concorrentes, detalhamento do ciclo de vida do produto, identificação dos requisitos dos clientes, definição dos requisitos do produto, definição das especificações do produto, viabilidade econômica e financeira. Fase 2:Projeto conceitual: Modelamento funcional do produto, desenvolvimento de princípios de soluções, desenvolvimento das alternativas de solução para o produto, definição da arquitetura do produto, análise de sistemas, subsistemas e componentes (SSCs), definição da ergonomia e estética do produto, definição de fornecedores, seleção da concepção do produto, definição do plano macro de processo, atualização da viabilidade econômica e financeira. Fase 3:Projeto detalhado: Criação e detalhamento dos sistemas, subsistemas e componentes, codificação dos SSCs, cálculo e desenho dos SSCs, especificação de tolerâncias, integração dos SSCs, desenhos detalhados, configuração do produto, decisão em fazer ou comprar SSCs, desenvolvimento de fornecedores, planejamento do processo de fabricação e montagem, projeto de recursos de fabricação, avaliação dos SSCs e configuração do produto, otimização do produto e processo, criação de material de suporte do produto, projeto da embalagem, planejamento do fim da vida do produto, teste e homologação do produto, monitoramento da viabilidade econômica e financeira.

- Questionários; - Entrevistas; - Checklists; - Matrizes de mapeamento; - Estrutura de desdobramento do ciclo de vida; - Criatividade (TRIZ); - QFD; - Diagrama de Mudge; - Matriz de atributos; - Análise do valor; - Estruturas de funções (FAST); - Matriz de decisão; - Catálogos; - Matriz indicadora de módulos; - Matriz de interfaces; - DFX; - Normas; - CAD, CAE,CSM, CAM; - Confiabilidade; -

Analisando a Tabela 3.1 pode-se concluir vários aspectos em relação às atividades que são

executadas em cada fase. Neste trabalho somente serão comparadas as duas fases iniciais do

processo de projeto.

A primeira fase do processo de projeto das metodologias, geralmente tem o objetivo de

identificar a necessidade do mercado. Forma-se um conjunto de informações sobre o produto,

através de pesquisa de mercado, pesquisa em patentes, questionários, entrevistas, pesquisa por

produtos concorrentes. Em quase todas as metodologias (Asimow, 1968; Back, 1983; Dedini,

2001; Pahlz e Beitz, 1971; Ullman, 1992; Hubka, 1988; Rozenfeld et al., 2006) a primeira fase

do projeto tem como resultado as especificações do produto. Alguns autores (Asimow, 1968;

Back, 1983; Dedini, 2001) utilizam essa fase para realizar o estudo da viabilidade do produto,

gerando soluções alternativas e analisando a viabilidade econômica e financeira do produto a ser

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desenvolvido. Outros autores preferem inserir uma fase denominada projeto conceitual

(conceptual design) onde se realiza a geração de conceitos do produto (Pahlz e Beitz, 1971;

Blanchard e Fabrick, 1981; Ullman, 1992; VDI 2221, 1987; Hubka, 1988; Baxter, 1995; Ertas e

Jones, 1993; Rozenfeld et al., 2006). Essa fase geralmente compreende no estudo da viabilidade

síntese funcional, busca por princípios de solução e outros (veja Tabela 3.1). Como pode ser

observado, considera-se que a concepção gerada na fase conceitual é pouco detalhada e é

necessária a implementação da fase do projeto preliminar. A Figura 3.4 representa a fase do

estudo de viabilidade segundo Dedini e Cavalca (2001) na qual pode ser verificada a morfologia

do processo de projeto.

Informaçõesgerais

Análise denecessidades

Infornaçõesde mercado

Possíveiscompradores

Válidos?

Explorar sistemas envolvidosInfornaçõestecnológicas

Proposiçõestécnicas

Relevantescompletas?

CriatividadeSoluções

alternativas

Soluçõespropostas

Plausíveis

Sim

Não

Não

Não

Sim

Sim

Experiênciatecnológica

Viabilidadefísica

Teste deprincípios

Fisicamenterealizável?

Não

Sim

Soluçõesconstrutivas

Viabilidadeeconômica

Fatoreseconômicos

Modelo decustos

Lucro?

Sim

Não

Viabilidadefinanceira

Fontes deinvestimento

Existecapital?

Conjunto desoluções possíveis

Sim

Projeto preliminar

Não

Figura 3.4 Fluxograma da fase do estudo da viabilidade (Dedini e Cavalca, 2001).

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O projeto preliminar (preliminary design) é uma fase clássica do processo de

desenvolvimento de produtos e está em quase todas as metodologias, somente alguns autores

(Ullman, 1992; VDI 2221,1987; Hubka, 1988; Baxter, 1995; Rozenfeld et al., 2006) não utilizam

dessa fase, porém eles alocam suas atividades em fases anteriores e/ou posteriores. A

metodologia de Rozenfeld et al., 2006, por exemplo, não contempla a fase do projeto preliminar,

fase intermediária entre a primeira fase de projeto e o projeto detalhado. Rozenfeld, et al., 2006

considera que a fase do projeto preliminar é uma repetição de algumas atividades do projeto

conceitual e muitas atividades do projeto detalhado. A fase do projeto preliminar consiste,

segundo Pahl e Beitz (1996), em detalhar as soluções alternativas incluindo o estabelecimento do

layout do produto (arranjo espacial), projeto preliminar das formas (formato de componente e

materiais), procedimentos de produção. A fase do projeto preliminar tem como objetivo a seleção

da melhor alternativa de projeto, que atenda às necessidades dos clientes, e a otimização do

projeto. Na Figura 3.5 tem-se a representação da fase do projeto preliminar segundo Pahl e Beitz

(1996).

Neste trabalho, para fins de terminologia, será utilizada a denominação de “estudo da

viabilidade” e “projeto preliminar” para a primeira e segunda fase do processo de

desenvolvimento de produto respectivamente.

O item seguinte trata de um estudo sobre o que tem sido feito em relação à metodologias no

âmbito de projeto inclusivo.

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71

Concepção do produto

Identificar os requisitos determinantes para aconfiguração do produto

Elaborar desenhos em escala para determinar asrestrições espaciais

Identificar os portadores de funçõesprincipais determinantes da configuração do

produto

Desenvolver layouts preliminares e projetos de formas dosportadores de funções principais determinantes da

configuração do produto

Selecionar os layouts principais adequados

Desenvolver layouts preliminares e projetos de formas dosportadores de funções principais remanescentes

Pesquisar soluções para as funções auxiliares

Desenvolver layouts detalhados e projetos de formas dosportadores de funções principais assegurando a

compatibilidade com os portadores de funções auxiliares

Desenvolver layouts detalhados e projetos de formas dosportadores de funções auxiliares e complementar os

layouts globais

Avaliar contra critérios técnicos e econômicos

Otimizar e completar os projetos de formas

Verificar erros e fatores de distúrbio (perturbações)

Preparar lista preliminar de partes e documentosde produção

Layout preliminar

Layout defenitivo

Informação

Leia

utes

pre

limin

ares

e pr

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Leia

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Pro

jeto

pre

limin

ar

Definição

Criação

Avaliar everificar

Decisão

Criação

Avaliar everificar

Decisão

Figura 3.5 Representação da fase do projeto preliminar (Pahl e Beitz, 1996).

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72

3.4 Estudo sobre abordagens inclusivas

O primeiro estágio para desenvolver uma metodologia é definir o problema. Sabe-se que as

metodologias atuais não são suficientemente inclusivas e uma grande parte dos produtos não são

acessíveis para as pessoas com deficiência. Identificar os gargalos existentes nos produtos pode

mostrar a necessidade do desenvolvimento de uma nova metodologia e identificar as mudanças

que devem ser feitas no processo de projeto. O segundo estágio é formular e desenvolver uma

nova metodologia. E isso envolve revisão da literatura das melhores práticas de metodologia. O

terceiro e último estágio, avaliar a metodologia, consiste em aplicar a nova metodologia para um

caso de estudo e avaliar a usabilidade do produto final. Para se obter uma metodologia completa,

é necessário reunir os requisitos de aceitabilidade social em uma estrutura que seja de simples

aplicação (Keates e Clarkson, 2001).

A teoria emergente do projeto inclusivo, influenciada pelo usuário como centro do projeto,

tende a envolver o usuário final em todo o processo do projeto, desde o início, passando por

avaliações iterativas, até a validação do produto. No entanto o envolvimento do usuário final e a

avaliação iterativa são sinônimos de tempo e consequentemente custo alto.

Segundo Dong et al., 2003, não existem práticas de projetos inclusivos nas indústrias.

Tempo e custo são as maiores restrições na adoção do projeto inclusivo. No propósito de

encorajar a indústria a praticar o projeto inclusivo, o centro de pesquisa Helen Hamlyn Research

Centre (HHRC) da Universidade Royal College of Art, Inglaterra, realizou projetos intitulados:

DBA Design Challenge (2000) “care for our future selves” e o DBA Design Challenge (2001)

“innovation through inclusive design” onde as empresas que participaram do projeto receberam

informações e consultorias sobre o projeto inclusivo e foram desafiadas a desenvolver um projeto

de produto mais inclusivo, cada qual em sua área. Como resultado a maioria das empresas

afirmou que o projeto inclusivo é de interesse de todos, e que o envolvimento dos projetistas com

pessoas com deficiência, durante o projeto, foi uma nova experiência para as indústrias que a

consideraram muito útil e valiosa (Dong et al., 2002).

Também foi observado, durante a aplicação dos projetos, que não existe quase ou nenhuma

participação do usuário final. O envolvimento dos projetistas durante o projeto com pessoas com

deficiência foi uma experiência nova para as indústrias que a consideraram muito útil e valiosa,

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por exemplo, em um dos projetos em desenvolvimento, os usuários foram consultados e

forneceram informações que os projetistas não haviam premeditado. Tais informações foram

surpreendentes para a equipe de projeto que “achava” que já havia selecionado todas as possíveis

características do produto em questão. A solução de projeto resultou, para uma das empresas, em

um produto atraente, seguro, com preço menor que ¼ do valor estabelecido pelo usuário e ainda

utilizável por várias pessoas, incluindo crianças.

Nesse trabalho (Dong et al., 2002) observaram que não existe contato dos projetistas com o

usuário final, pois cinco das oito indústrias entrevistadas tiveram a primeira oportunidade de se

encontrar com o usuário final. Também foi observado que a avaliação do produto não está

explicitamente incluída no processo de projeto e algumas das empresas faziam a avaliação

através do próprio projetista fazendo o papel do usuário, simulando o usuário, por exemplo,

usando luvas para simular pouca destreza nas mãos no teste de um protótipo, e consultando

opiniões de familiares e amigos. Nota-se que existe um problema na metodologia em relação à

parte de avaliação e também no envolvimento do usuário, pois simular não é a mesma coisa que

obter resultados vindos do próprio usuário final.

Apesar do envolvimento do usuário ter sido útil para as empresas, este procedimento não é

aplicado no processo de projeto, segundo as empresas participantes do projeto, pelas seguintes

razões: tempo, procedimento complicado de se realizar, procedimento difícil de organizar, os

resultados podem não ser confiáveis, pois é difícil achar usuários representativos, os participantes

líderes, ou até mesmo os projetistas podem manipular o grupo, os projetistas não têm experiência

na interação com pessoas com deficiência. As empresas preferem coletar informações sobre

usuários em centros de pesquisas especializados, os quais podem formar grupos de pessoas e

prover soluções mais inclusivas.

Zeisel (1984) (Figura 3.6) apresenta a grande falta de comunicação que existe no processo

de projeto através de seu modelo que mostra dois “gaps” (gargalos) entre os usuários, os

projetistas e os clientes (Dong et al., 2002).

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ProjetistasProjetistas

ClientesClientes

UsuáriosUsuários

Gap

Gap

Figura 3.6 - Modelo gap de necessidades dos usuários.

A abordagem de Stanton (1998) presume que o processo de projeto deve ter três fases

genéricas, a fase de análise, a fase de criação e a fase de avaliação, como mostra a Figura 3.7

(Dong et al., 2002).

Análise

Criação

Avaliação

Figura 3.7- Projeto de fases genéricas (Stanton, 1998).

Outra abordagem para o desenvolvimento de um produto é a de seguir três estágios: estágio

1- definir o problema, estágio 2- desenvolver a solução e estágio 3- avaliar a solução (Blessing,

1995). Markus e Maver produziram uma representação de processo de projeto mais elaborado,

focado em arquitetura, mas que pode ser aplicado ao produto (Dong et al., 2002).

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Uma pesquisa recente em projeto inclusivo da Universidade de Cambrigde (Cambridge

Engineering Design Centre) propôs um processo de projeto revisado adicionando a importância

da avaliação, veja Figura 3.8 (Dong et al., 2002).

Desejos dosusuários

Identificar projeto idealMérito

inclusivo doproduto ideal

Méritoinclusivo dos

requisitos

Méritoinclusivo doproduto atual

Aceitável ?

Sim

Não

DesenvolverrequisitosAceitável ?

Não

Desenvolver projetodo produto

Sim

Aceitável ?

Produtoaceitável

Sim

Não

Revisão do produto ideal

Revisão dos requisitos do produto

Revisão do produto atual

Avaliação

Figura 3.8- Processo de projeto baseado na avaliação iterativa(Dong et al., 2002).

A avaliação iterativa dentro do processo de projeto é importante, no entanto o tempo

disponível pelas empresas é limitado (por exemplo, o início do projeto de um produto até o final

dura em média de 2 a 3 meses). A avaliação da usabilidade do produto deveria incluir pessoas

com deficiência que podem informar os problemas relacionados com o produto em questão. A

literatura possui pouca informação sobre métodos e ferramentas sobre usuários com deficiência

no teste de produtos.

Dong et al., 2002 sugerem dois tipos de abordagens: bottom-up e top-downn para o projeto

inclusivo, conforme ilustra a Figura 3.9.

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Figura 3.9- Abordagens bottom-up(A) e top down (B) para o projeto inclusivo.

O triângulo simboliza a abordagem User Pyramid (Bentzon,1993) com três cores: cinza escuro,

cinza claro e branco, representando respectivamente usuários totalmente capazes, usuários com

restrições de capacidade e usuários com graves restrições de capacidade. A seta A simboliza a

abordagem bottom-up que tende a estender a usabilidade dos produtos de um número grande de

pessoas com total capacidade pra incluir pessoas com deficiência. A seta B simboliza a aborgadem

top-down que encontra requisitos especiais de pessoas com deficiência mais grave e estende para

atrair um maior número de usuários com menor deficiência. Considerando que o objetivo do projeto

inclusivo é fazer produtos mais acessíveis para a que uma grande parte da população seja alcançada, a

abordagem bottom-up (A) é a mais recomendada. Entretanto no campo de projeto de produto

equipamentos especiais desenvolvidos para pessoas com deficiência são obtidos através da

abordagem top-down (B). A abordagem bottom-up (A) tem mais possibilidade de abranger mais

usuários, mas não pode alcançar o topo da pirâmide, assim, ambas as abordagens contribuem para o

projeto inclusivo.

Zimmermann et al., 2005 enumeraram 04 razões pelas quais o projeto inclusivo deve ser

aplicado em cadeiras de rodas: (1) redução de “rotulação” do usuário, (2) percepção do usuário de

cadeira de rodas, (3) escolha e individualidade do usuário e (4) encorajamento de aceitação do uso da

cadeira de rodas. Segundo os autores, os usuários de cadeiras de rodas ainda são associados à

“rotulação” de deficientes físicos, entretanto se as cadeiras forem inclusivamente projetadas

poderão aumentar a aceitabilidade social do usuário. Outra questão a considerar é que a cadeira

de rodas é uma extensão do corpo do usuário, e ela deve comunicar a personalidade, idade,

gênero e outras influências do usuário, preservando a individualidade de cada um. No entanto

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alguns usuários se recusam a aceitar de que necessitam de cadeira de rodas devido ao detrimento

da sua imagem pública, deterioração da saúde física e perda de mobilidade.

Dong e Clarkson, 2004 desenvolveram um kit de ferramentas de projeto inclusivo (Toolkit)

baseado na revisão da literatura e em resultados de pesquisa na indústria relacionados com a

captura de informação pelos projetistas. Os autores conduziram estudos com a indústria para

capturar requisitos para fornecer suporte para o projeto inclusivo. A Tabela 3.2 resume os

requisitos essenciais, capturados nesta pesquisa com as indústrias, para fornecer informação de

maneira apropriada sobre o projeto inclusivo. Os requisitos foram agrupados em quatro

categorias: “aumentar o conhecimento”, “fixar a atenção”, “prover informação” e “aumentar a

comunicação”. Veja a Tabela 3.2:

Tabela 3.2 Lista de requisitos (Dong e Clarkson, 2004).

RReeqquuiissiittooss PPrriinncciippaaiiss EEssppeecciiffiiccaaççõõeess Aumentar o conhecimento • Conhecimento dos projetistas

• Conhecimento dos clientes Fixar a atenção • Introdução ao projeto inclusivo

• Introdução ao projeto de exclusão • Introdução à tendência da população • Introdução à usabilidade • Introdução à deficiência • Introdução à direção para o projeto inclusivo • Introdução à fontes disponíveis • Introdução à práticas de projeto inclusivo

Prover informação • Exemplos de projetos inclusivos de sucesso • Exemplos de exclusão de projeto • Caso de estudos • Dados estatísticos de usuários • Dados estimados em exclusão de projeto • Métodos e ferramentas • Dados qualitativos de usuários • Diretrizes • Referências

Aumentar a comunicação • Comunicação entre as partes envolvidas no processo de desenvolvimento de produto

• Comunicação entre a indústria e a universidade

O kit de ferramentas para o projeto inclusivo foi desenvolvido para dar suporte ao projeto

inclusivo na indústria e cada requisito principal levou a um componente do kit: Demonstrator

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(objetos para aumentar a percepção), Primer (livro introdutório para capturar a atenção),

Informer (pacote de fontes para prover informação) e Comunicator (modelos para aumentar a

comunicação). Uma sinopse do kit é ilustrada na Figura 3.10. E o kit de ferramentas é ilustrado na

Figura 3.11.

"Comunicador" (modelo)

"Informador" (pacote)

"Informação Primária" (manual)

ProjetistasFabricantesVendedores

IntroduçãoEntendimento dos usuáriosIdentificar o mercadoEstudos de casoFontes de pesquisa

Combater barreirasMelhor prática

Compreender referência

Produtos reaisPerfis de UsuárioContexto "cubo"Ferramentas de Simulação

Sensibilização

Atenção

Informação

Comunicação

Requisitos Principais Ferramentas Ingredientes

Figura 3.10 Sinopse do kit de ferramentas (Dong et al., 2005).

Figura 3.11 Kit de ferramentas (Toolkit) (Dong et al., 2005)

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Segundo Dong e Clarksona, 2005, os três componentes do kit “Demonstrator”, “Primer” e

“Informer” disponibilizam a informação em três níveis diferentes, do simples até o mais

aprofundado. Esse kit foi baseado na representação de uma estrutura de “cogumelo” de múltiplos

gomos (Shneiderman, 2003) para acomodar todas as funções desse kit: O “Demonstrator” forma

o gomo 1, “Primer” gomo 2 e “Informer” gomo 3. Essa representação é utilizada para prover

uma seqüência de aprendizado na indústria de forma gradual, tendo dois ou três gomos seguidos

por um projeto modular que permite aos projetistas escolherem as características que são mais

relevantes. Veja Figura 3.12. Para cada gomo existem quatro temas que asseguram a qualidade da

informação (Donga e Clarkson, 2005):

• “Pontos de vista” (função de comunicador do kit de ferramentas)

• “Exemplos” (inclui exemplos de produtos e casos de estudos)

• “Dados dos usuários” (inclui dados quantitativos, números de usuários com perda

de capacidade, e dados qualitativos, descrições de perda de capacidade e o impacto

no estilo de vida dos usuários)

• “Referências”

"Demonstrator"

"Primer"

"Informer"

"Pontos deVista"

"Exemplos" "Dados dosusuários"

"Referências"

projetoinclusivoexclusãode projeto

dadosqualitativosdadosquantitativos

livrosWeb sitescontatosúteis

Fabricantesvendedoresprojetistas

3

2

1

Figura 3.12- Estrutura de cogumelo para a ferramenta do projeto inclusivo.

As outras abordagens relacionadas com o projeto inclusivo já foram citadas no capítulo 2.

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80

Embasado nos conceitos apresentados neste capítulo e na revisão da literatura, é possível

desenvolver uma metodologia de projeto para produtos inclusivos, assunto do capítulo seguinte.

3.5 Sumário

Neste capítulo foram apresentadas, comparadas e discutidas algumas metodologias e

ferramentas de projeto mais recentemente utilizadas na fase do estudo da viabilidade e na fase do

projeto preliminar do processo de desenvolvimento de produtos. Foram também apresentadas,

discutidas e analisadas algumas abordagens relacionadas com o projeto inclusivo. No capítulo

seguinte é apresentada uma abordagem metodológica para o projeto de produtos inclusivos.

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Capítulo 4

Proposta de uma Abordagem Metodológica para o Projeto Inclusivo.

Através do levantamento do estado da arte sobre projeto de produtos inclusivo e suas

abordagens, apresentado no segundo e terceiro capítulo desta tese, notou-se a falta de

alocação de métodos e ferramentas e de uma estrutura metodológica para dar suporte ao

desenvolvimento de produtos inclusivos. De forma a contornar este problema, optou-se por

desenvolver uma metodologia de projeto generalizada e mais completa que pode ser

aplicada e direcionada, no que abrange aspectos das metodologias estudadas, e

acrescentando-se aspectos de inclusividade, por exemplo, usabilidade e interação com o

usuário durante o processo.

Neste capítulo é apresentada a proposição da metodologia de projeto para produtos

inclusivos, objeto de desenvolvimento desta tese. Esta proposta está baseada no conjunto

dos conhecimentos de metodologia de projeto com o projeto inclusivo.

4.1 O Modelo

O primeiro passo eficiente para o gerenciamento do processo de desenvolvimento de

produto é torná-lo visível a todos os envolvidos no projeto. A modelagem de processos é

uma área de conhecimentos que estuda os métodos e ferramentas necessárias para descrever

os processos de negócio da empresa. O resultado final é um modelo, uma representação,

que descreve como é o processo de negócios. Modelos de referência geralmente são

apresentados na forma de fluxograma das atividades de projeto e de forma iterativa. Vários

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autores podem ser citados, tais como Asimow (1968), Pahl e Beitz (1996), Ogliari (1999),

Maribondo (2000), Ferreira (2002), Romano (2003), entre outros, além das normas alemãs,

VDI 2221(1987), e inglesa, BS 7000 (1990). Neste trabalho será apresentado um modelo

cujo objetivo é apresentar as melhores práticas em desenvolvimento de produtos inclusivos.

Um projeto pode ser representado como um conjunto de atividades organizadas,

sendo único e temporário, possuindo início, meio e fim. Ao definir um padrão de

desenvolvimento de produtos, a empresa garante de que certas práticas e ferramentas serão

aplicadas em todos os projetos em desenvolvimento. Esse padrão de desenvolvimento de

produtos é documentado na forma de um modelo de referência. As dificuldades de

comunicação e integração dos profissionais de desenvolvimento de uma empresa são

minimizadas com o modelo de referência que apresenta uma visão unificada do

desenvolvimento do produto.

O modelo de referência utilizado neste trabalho foi adaptado do modelo de Rozenfeld

et al. (2006) e está dividido em macrofases, fases, etapas e tarefas. As três macrofases são:

Pré-desenvolvimento, Desenvolvimento e Pós-desenvolvimento. As macrofases de pré- e

pós-desenvolvimento são mais genéricas e não serão abordadas nesta tese. A macrofase de

desenvolvimento de produtos corresponde à definição do produto, suas características e

forma de produção. A Figura 4.1 ilustra o modelo utilizado com suas macrofases e fases do

processo de desenvolvimento de produtos.

Figura 4.1 Macrofases e fases do processo de desenvolvimento de produtos.

Os resultados da primeira fase de desenvolvimento, o estudo de viabilidade,

compreendem nas especificações do produto contendo os requisitos e informações

qualitativas sobre o produto a ser desenvolvido. A fase seguinte, projeto preliminar

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corresponde à geração de soluções de projeto e escolha da melhor solução que atenda às

especificações do projeto. Nessa fase pode-se trabalhar com mais de uma solução até que

após o primeiro ciclo de detalhamento seja escolhida somente uma das concepções. Na fase

do projeto detalhado, a concepção do produto é detalhada gerando documentos tais como,

especificações finais, desenhos, protótipo funcional, dispositivos e ferramentas, etc.

4.2 Metodologia proposta

Através do levantamento do estado da arte das metodologias de projeto existentes,

notou-se a existência de uma ampla gama de métodos e ferramentas que podem ser

identificados e organizados para serem utilizados no projeto de produtos inclusivos. A

análise deste levantamento revelou a oportunidade de se combinarem os recursos

disponíveis com a abordagem de projeto Universal Design, de forma a compor um processo

de projeto com as seguintes características: 1- Esteja de acordo com os procedimentos das

metodologias estudadas no estado da arte; 2- Abranja o maior número de pessoas a

utilizarem o produto em desenvolvimento e seja voltada à inclusão de pessoas na sociedade

e 3- Definir adequadamente os requisitos.

A metodologia proposta é destinada a auxiliar a equipe de projeto a desenvolver

projetos inclusivos. O objetivo deste modelo é orientar tal equipe a sair do campo das idéias

(campo abstrato) e ir em direção ao campo físico (campo concreto), através de um processo

de coleta e transformação de informações que finalizará em requisitos de engenharia e

informações úteis para o desenvolvimento de produtos inclusivos.

4.3 Diretrizes para o desenvolvimento de metodologias de projeto

A metodologia apresentada seguiu as seguintes diretrizes (Maribondo,2000):

• Diretriz 1: Forma de apresentação do processo de projeto;

• Diretriz 2: Desdobramento do processo de projeto;

• Diretriz 3: Ferramentas e documentos básicos de apoio ao processo de projeto;

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• Diretriz 4: Mecanismos de avaliação dos resultados do processo de projeto e,

• Diretriz 5: Forma de apresentação dos resultados do processo de projeto.

A “Forma de apresentação do processo de projeto” (Diretriz 1) deve ser na forma de

um fluxo ou diagramação tendo uma convenção básica. Esta representação auxilia o

projetista a entender de forma resumida e clara o processo de projeto. A Figura 4.2 mostra a

convenção básica de simbologia utilizada neste trabalho. A forma de apresentação é feita

através de ferramentas, documentos e base de conhecimento. O “Desdobramento de

processo de projeto” (Diretriz 2) deve permitir uma visão clara do processo ou da atividade

a ser desenvolvida, buscando um detalhamento maior. O detalhamento do processo de

projeto deve ser realizado em três níveis: fases (primeiro nível de desdobramento), etapas

(segundo nível de desdobramento) e tarefas (terceiro nível de desdobramento). Onde

“fases” correspondem aos estágios mais abrangentes do processo de projeto, representando

as metas principais a serem desenvolvidas; “etapas” compreendem cada um dos estágios

que se pode dividir o desenvolvimento de uma fase, permitindo uma melhor visualização

do problema; e “tarefas” correspondem ao detalhamento de uma etapa em estágios.

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Significado dos símbolosdentro do processo de projeto

Símbolosbásicos

processo, ação, atividade a serexecutada

avaliação dentro do processo de projeto

documento

entrada ou saída dedados ou informações

armazenamento de dados e/ouinformações

comentário

Início ou fim doprocesso de projeto

sequênciado processo de projeto

retorno dentrodo processo de projeto

nó sequencial

Figura 4.2 Convenção básica de simbologia para a apresentação da metodologia

(Maribondo, 2000).

As “Ferramentas e documentos básicos de apoio ao processo de projeto” (Diretriz 3)

auxiliam o projetista a desenvolver as atividades na busca de solução para o problema do

projeto. Entre as principais atividades nos processos metodológicos, destacam-se aquelas

voltadas a: identificar os desejos e necessidades do usuário do projeto, estabelecer as

especificações de projeto, estruturar funcionalmente, obter os princípios de solução,

representar as concepções construtivas, escolher a melhor concepção de projeto, estabelecer

o projeto preliminar e detalhado das concepções escolhidas.

Os “Mecanismos de avaliação dos resultados do processo de projeto” (Diretriz 4),

devem ser empregados em cada estágio do projeto, principalmente nas mudanças de uma

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fase para a outra. Recomenda-se a utilização de check-lists tendo em vista as especificações

de projeto com o objetivo de deixar as informações fluírem ou fazendo-as retornar quando

tais informações ou resultados não atendam às especificações de projeto. A “forma de

apresentação dos resultados do processo de projeto” (Diretriz 5) deve ser na forma de

relatório das ações desenvolvidas e das atividades remanescentes ainda não concluídas.

Esta representação permite a equipe de projeto enxergar o nível de profundidade em que se

encontra o processo de projeto. Ao final do processo devem estar documentados todo o

detalhamento do projeto, como desenhos, lista de materiais, etc.

A apresentação da metodologia proposta é realizada através da descrição dos

processos, ferramentas e informações de projeto. Para auxiliar a apresentação desta

metodologia, será utilizado um modelo geral desse processo de projeto ilustrado na Figura

4.3 sugerida por Maribondo (2000).

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INÍCIO DOPROJETO

FASE 1 Estudo da Viabilidade do ProjetoInclusivo

Adequadas ?

FASE 2

FASE 3

Projeto Preliminar doProduto Inclusivo

Projeto Detalhadodo Produto Inclusivo

Base dedados da

metodologiade projetoinclusivo

Conjunto de soluçõespossíveis

Saída

Entrada

Documentos eferramentas de apoio

Sim

Não

Produto aceitável

Saída

Melhor e maisinclusivo?

Sim

Não

Adequado ? Produto inclusivodetalhado

Saída

FIM DOPROJETO

Não

Sim

Documentaçãopara a produção

Documentos eferramentas de apoio

Documentos eferramentas de apoio

LEGENDA

D1- Ordem de InícioD2- Catálogo de informações técnicasD3- Ciclo de vida do produtoD4- Formulário de identificação deoportunidadesD5 - Formulário método do passeioacompanhadoD6- Formulário de observação einteração do usuário com o produtoD7- Quadro de especificações deprojetosD8- Tabela de funções de inclusividadeD9- Principais métodos de criatividadepara obtenção de princípios de solução(Tabela 4.2 )D10- Normas técnicasD11- Lista de materiais

F1- Questionários estruturadosF2- EntrevistasF3- Whole-Negotiable-Included-Target (WINT)F4- Método passeio acompanhadoF5- Método de observaçãoF6- BrainstormingF7- QFD (Casa da Qualidade)F8- Diagrama de MudgeF9- Check-listsF10- Método morfológicoF11- Diagrama FASTF12- Matrix indicadora de módulos (MIM)F13- Design Structure Matrix (DSM)F14 - ErgonomiaF15 - Análise do ValorF16 - Método Compare

D1,D2,D3,D4,D5,D6,D7,D8,D9,F1,F2,F3,F4,F5,F6,F7,F8,F9,F10,F13,F14,F15,F16

F2,F5,F7,F11,F12,F15,F17,F18,F19,F20,F21,F22,F23,F24,F25,F26,F27,F28,F29,F30,F31,F32,F33,F34,F35,F36

F17- Matriz de PughF18- Matriz de avaliaçãoF19- Exame passa/não passaF20-Técnica FIREF21- Método da valoraçãoF22- Método do Cubo InclusivoF23 - DFX (Design for X)F24- Recursos matemáticosF25- CADF26- CAEF27- ErgonomiaF28- Mapa de riscosF29- ConfiabilidadeF30- Prototipagem rápidaF31- Matriz de contradição(TRIZ)

F32- Ferramentas dematemática computacionalF33- Métodos de otimizaçãoF34- Técnicas de usabilidadeF35- Método IDEOF36- Testes

D2,D10,D11,F9,F25,F36

Desejos e necessidades(mercado, usuários)

Saída

Figura 4.3 Modelo geral da metodologia de projeto para produtos inclusivos.

4.4 Fase do estudo da viabilidade do projeto inclusivo

Este item tem por objetivo apresentar de forma detalhada a primeira fase do processo

de projeto para o desenvolvimento de projetos de produtos inclusivos denominada: Estudo

da Viabilidade do Projeto Inclusivo.

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Esta fase está desdobrada em etapas e tarefas. As ferramentas e documentos de apoio

do processo de projeto são apresentados em cada etapa para auxiliar os projetistas a

visualizarem as ações necessárias e estabelecerem as especificações de projeto.

A Figura 4.4 mostra o desdobramento da fase do estudo da viabilidade do projeto

inclusivo em etapas e tarefas, contendo as principais ferramentas necessárias para a

realização das tarefas, a base de dados das informações pesquisadas e processadas, os

principais pontos de avaliação e as retro-alimentações necessárias no processo de tomada

de decisão.

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89

Início do Desenvolvimento do Produto Inclusivo

FASE 1 Estudo da Viabilidade do Produto Inclusivo

Tarefa 1.2.1 Revisar a ordem de início e as informaçõespesquisadas

D1, D2,D3, D4

Etapa 1.2 Definir o problema de projeto inclusivo

Tarefa 1.2.2 Identificar oportunidades de inovação

Tarefa 1.2.3 Definir a meta principal do objeto do projeto

Etapa 1.3 Idenficar desejos e necessidades dosclientes do produto inclusivo

Tarefa 1.1.1 Estabelecer o ciclo de vida do produto

Tarefa 1.1.2 Pesquisar informações técnicas

Tarefa 1.1.3 Pesquisar mercado

D2, D3

Etapa 1.1 Pesquisar informaçõessobre o tema do projeto inclusivo

Tarefa 1.3.1 Definir os clientes e usuários do produto

F1,F2,F3,

Tarefa 1.3.2 Ampliar a faixa de usuários que possamusar o produto

Tarefa 1.3.3 Definir os especialistas envolvidos com oproduto

Etapa 1.4 Coletar os desejos e necessidades dosusuários, clientes e especialistas em projeto

Tarefa 1.3.4Estabelecer a forma de coletar os desejos enecessidades dos clientes, usuários eespecialistas

Observar as interações que o usuário temcom o produto

Observar os usuário usando produtos, emsua rotina.

Marcar entrevistas com usuários,especiialistas e clientes

F1,F2,F4

Tarefa 1.4.6 Selecionar usuários para fazer um passeioacompanhado

Tarefa 1.4.7 Fotografar usuários em espaços públicos

Etapa 1.5 Estabelecer os requisitos dos clientesdo produto inclusivo

Tarefa 1.4.8

Tarefa 1.4.9

Tarefa 1.4.4 Entrevistar usuários, especialistas e clientes

Tarefa 1.4.5Enviar questionários estruturados via email,skype, msn, orkut, para usuários,especialistas e clientes

Tarefa 1.4.1 Identificar locais onde possíveis usuários doproduto possam ser encontrados

Tarefa 1.4.2 Preparar questionários e roteiros deentrevistas

Tarefa 1.4.3

F1,F6,F7, F8

Tarefa 1.5.1 Agrupar as necessidades dos clientes

Tarefa 1.5.2 Definir os requisitos dos clientes

Tarefa 1.5.3 Valorar os requisitos dos clientes

Etapa 1.6 Definir os requisitos de projeto doproduto inclusivo

Tarefa 1.5.4 Classificar as necessidades dos clientes

F6, F7,F8, F9

Tarefa 1.6.1 Traduzir requisitos de clientes emexpressões mensuráveis

Tarefa 1.6.2 Agrupar e classificar os requisitos deprojeto

Tarefa 1.6.3 Analisar os requisitos de projeto

Tarefa 1.6.4 Hierarquizar os requisitos de projeto

Informaçõessobre oproduto

Metas doprojeto

Público alvo

Necessidadesdos clientes

Requisitosdos clientesvalorados

Requisitos deprojeto

Figura 4.4 Fase do estudo da viabilidade da metodologia proposta.

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90

Etapa 1.7 Analisar , se houver, produtos concorrentes

D2,F6,F7

Tarefa 1.7.1 Identificar as características doconcorrente a serem superadas

Tarefa 1.7.2 Analisar as características identificadas

Tarefa 1.7.3 Estabelecer parâmetros competitivos aserem alcançados pelo produto inclusivo

Tarefa 1.7.4 Buscar soluções para superar estesparâmetros

Saída

FASE 2 Projeto Preliminar do Produto Inclusivo

Etapa 1.8 Estabelecer as especificações de projeto

Tarefa 1.8.1 Aplicar o quadro de especificações deprojeto

Tarefa 1.9.1 Estabelecer a função global do produto

Tarefa 1.9.2 Estabelecer as sub-funçoes do produto

Tarefa 1.9.3 Montar a árvore de funções do produto

Etapa 1.10 Desenvolver princípios de solução

Etapa 1.9 Modelar funcionalmente o produto inclusivo

Tarefa 1.10.1 Escolher os métodos de criatividadeadequados

Tarefa 1.10.2Analisar os principios de soluçãoestabelecidos em relação àsespecificações de projeto

Tarefa 1.10.3

Etapa 1.11 Desenvolver as alternativas de solução para oproduto

Aplicar os métodos de criatividade

Tarefa 1.11.1 Relacionar os princípios de solução comas necessidades dos clientes

Tarefa 1.11.2

Etapa 1.12 Definir arquitetura

Aplicar a matriz morfológica, TRIZ

Tarefa 1.11.3 Combinar os princípios de solução

Tarefa 1.11.4 Analisar as possíveis configurações

Tarefa 1.12.1 Realizar a configuração física do produto

Tarefa 1.12.2 Realizar a configuração funcional doscomponentes do produto

Tarefa 1.12.3 No caso de projeto modular, definir osmódulos

Tarefa 1.12.5 representar o produto através de layout,desenho

Tarefa 1.12.4 verificar compatibilidade física

Etapa 1.13 Realizar a viabilidade econômica

Tarefa 1.13.1 Determinar do valor do produto

Tarefa 1.13.2Construir a matriz de consumo derecursos, alocando custos às funçõesdos componentes do produto

Tarefa 1.13.3 Valorar as funções de acordo com osconsumidores

Tarefa 1.13.4 Comparar o custo relativo com avaloração das funções

Tarefa 1.13.5 Analisar possibilidade de melhorias

Especificaçõesde projeto

Informaçõessobre

produtosconcorrentes

Funções doproduto

Princípios desolução

Soluçõesalternativasdo produto

Configuraçãofísica doproduto

Viabilidadeeconômicado produto

D7

D2,D8,F11, F12

D9, F10

F10

F13,F14

Conjunto de soluções possíveis

F15,F16

Figura 4.4 Fase do projeto do estudo da viabilidade da metodologia proposta

(continuação).

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91

4.5 Início do projeto

O processo de projeto tem início a partir dos desejos e necessidades oriundos do

mercado, indústria ou contratante. A primeira atividade dos projetistas é registrar a

demanda inicial, vide Figura 4.5.

INÍCIO DOPROJETO

Desejos e necessidades(mercado, indústria, contratante)

DemandaInicial Registrar os desejos e necessidades

Adequadas ?

FASE 1 Estudo da Viabilidade do ProjetoInclusivo

Saída

Entrada

Sim

Não

Base dedados da

metodologiade projeto

de inclusivo

D1

Informações iniciais para o projetoinclusivo

Documentos eferramentas de apoio

Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer

Desejos e necessidades docontratante do projeto.

Informações iniciais paradesenvolvimento do projetoinclusivo.

D1- Ordem de Início

As informações obtidas podem estarincompletas sobre o problema deprojeto. Dificuldade na interpretação eno registro das informações.

Figura 4.5 Detalhamento do início do projeto para o desenvolvimento do produto

inclusivo.

Esta atividade consiste em realizar entrevistas com o contratante para obter as

necessidades e desejos do mesmo. O registro dessas informações é feito em um documento

denominado Ordem de Início. Se as informações iniciais não forem suficientes para o início

do projeto, a equipe deste projeto deve entrar em contato novamente com o contratante a

fim de capturar mais informações e esclarecimentos.

4.6 Fase 1- Estudo da viabilidade do projeto inclusivo

A fase do estudo da viabilidade é considerada neste caso, projeto inclusivo, uma

atividade importante no processo, pois é nela que são definidas as especificações de projeto

que se não forem adequadas, poderão excluir um ou mais grupos de pessoas. Por isso é

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92

necessário desenvolver uma série de etapas e tarefas para que a aplicação seja efetiva. Esse

conjunto de atividades é detalhado a seguir.

4.6.1 Etapa 1.1: Pesquisar informações sobre o tema de projeto

Nesta etapa, a equipe de projeto busca obter um entendimento claro do problema de

projeto do produto inclusivo. As tarefas necessárias para esse entendimento são

apresentadas na Figura 4.6

Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer

I n t e r p r e t a ç ã o d a sinformações registradas naordem de Início

Definição do problema deprojeto

D2- Catálogo deinformações técnicas.D3- Ciclo de vida doproduto

Necessidade de ampliação dos prazosp a r a o b t e n ç ã o d e i n f o r m a ç õ e sn e c e s s á r i a s a o e n t e d i m e n t o d oproblema de projeto

Tarefa 1.1.1 Estabelecer o ciclo de vida do produto

FASE 1 Estudo da Viabilidade do ProjetoInclusivo

D2, D3

Documentos eferramentas de apoio

Etapa 1.1 Pesquisar informaçõessobre o tema do projeto

Tarefa 1.1.2 Pesquisar informações técnicas

Tarefa 1.1.3 Pesquisar mercado

Base dedados dametodolo

gia deprojeto deinclusivo

Etapa 1.2 Definir o problema de projeto

Figura 4.6 Processo de pesquisa de informações sobre o tema do projeto.

4.6.2 Etapa 1.2: Definir o problema de projeto

O objetivo desta etapa é desenvolver ações com o propósito de estabelecer metas

específicas de projeto para o desenvolvimento do problema em estudo. Através das

informações anteriores busca-se identificar oportunidades de inovação em relação ao

projeto em desenvolvimento. As principais tarefas necessárias no auxílio à definição do

problema são apresentadas na Figura 4.7.

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93

Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer

Informações sobre o ciclo devida do produto; caracterísitcase i n fo r m aç ões t éc n i c as eeconômicas dos produtosconcorrentes

Objetivos e metas a serema t i n g i d o s c o m odesenvolvimento do projeto

D1- Ordem de inícioD2- Catálogo de informaçõestécnicasD3- Ciclo de vida do produtoD4- Formulário de identificaçãode oportunidades

As informações podem não ser suficientes,assim deve-se retornar a etapa anterior

Tarefa 1.2.1 Revisar a ordem de início e asinformações pesquisadas

D1, D2,D3, D4

Documentos eferramentas de apoio

Etapa 1.2 Definir o problema de projeto

Tarefa 1.2.2 Identificar oportunidades de inovação

Tarefa 1.2.3 Definir a meta principal do objeto doprojeto

Base dedados dametodolog

ia deprojeto deinclusivo

Etapa 1.3 Identificar desejos e necessidadesdos clientes do produto inclusivo

Figura 4.7 Atividades necessárias para a definição do problema de projeto.

Esta etapa possui um grande volume de informações por isso devem ser registradas e

documentadas. Concluída esta etapa, podem-se identificar os desejos e necessidades dos

clientes do projeto inclusivo.

4.6.3 Etapa 1.3: Identificar os desejos e necessidades dos clientes do projeto inclusivo

Neste momento, as necessidades dos clientes devem ser identificadas. A proposição

das tarefas para auxiliar o estabelecimento das necessidades dos clientes, ilustrada na

Figura 4.8, foi elaborada com base no trabalho de Fonseca (2000), que desenvolveu estudos

aprofundados à realização desta atividade.

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94

Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer

Objet ivo e metas a serema t i n g i d o s c o m odesenvolvimento do produto

lista de necessidades e desejosd o s c l i e n t e s u s u á r i o s eespecialistas

F1- Questionários estruturadosF2- EntrevistasF3- Whole-Negotiable-Included-Target (WINT)

Pouco retorno dos questionários,asinformações serem muito vagas

Tarefa 1.3.1 Definir os clientes e usuários do produto

F1,F2,F3,

Documentos eferramentas de apoio

Etapa 1.3 Definição dos clientesdo produto inclusivo

Tarefa 1.3.2 Ampliar a faixa de usuários que possamusar o produto

Tarefa 1.3.3 Definir os especialistas envolvidos com oproduto

Base dedados dametodolog

ia deprojeto deinclusivo

Etapa 1.4 Coletar os desejos e necessidadesdos usuários, clientes e especialistas

Tarefa 1.3.4Estabelecer a forma de coletar osdesejos e necessidades dos clientes,usuários e especialistas

Figura 4.8 Tarefas necessárias para a definição dos clientes do projeto inclusivo.

4.6.4 Etapa 1.4:Coletar os desejos e necessidades de usuários, clientes e especialistas

Esta etapa envolve algumas técnicas e métodos que foram distribuídas nas tarefas a

seguir, conforme ilustra a Figura 4.9. Um dos principais problemas nesta fase é o tempo

que se gasta para obter essa coleta, por isso na etapa anterior deve-se estabelecer a forma

mais adequada para a obtenção dos desejos e necessidades dos usuários, cliente e

especialistas.

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95

Observar as interações que o usuário temcom o produto

Observar os usuário usando produtos, emsua rotina.

Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer

C l i e n t e s , u s u á r i o s eespec ial i s tas e formas decoleta de dados

lista de necessidades e desejosd o s c l i e n t e s u s u á r i o s eespecialistas

F1- Questionários estruturadosF2- EntrevistasF4- Método passeioacompanhadoF5- Método de observaçãoD5 - Formulário do passeioacompanhadoD6- Formulário de observaçãoe interação do usuário com oproduto

Dificuldades para entrevistar as pessoas(marcar horários,remarcar, etc)

Marcar entrevistas com usuários,especiialistas e clientes

D5,D6,F1,F2, F4,F5

Documentos eferramentas de apoio

Etapa 1.4 Coletar os desejos e necessidadesdos usuários, clientes e especialistas

Tarefa 1.4.6 Selecionar usuários para fazer um passeioacompanhado

Tarefa 1.4.7 Fotografar usuários em espaços públicos

Base dedados dametodolog

ia deprojeto deinclusivo

Etapa 1.5 Estabelecer os requisitos dosclientes do produto inclusivo

Tarefa 1.4.8

Tarefa 1.4.9

Tarefa 1.4.4 Entrevistar usuários, especialistas e clientes

Tarefa 1.4.5Enviar questionários estruturados via email,skype, msn, orkut, para usuários,especialistas e clientes

Tarefa 1.4.1 Identificar locais onde possíveis usuários doproduto possam ser encontrados

Tarefa 1.4.2 Preparar questionários e roteiros deentrevistas

Tarefa 1.4.3

Figura 4.9 Atividades necessárias para a coleta de desejos e necessidades dos usuários,

clientes e especialistas

Esta etapa consiste na combinação de diferentes métodos de investigação para

levantar as necessidades dos clientes, são elas: entrevistas, questionários estruturados,

observação direta e passeios acompanhados. A utilização de diversos métodos é feita com a

intenção de suprir as limitações apresentadas por cada um, complementado-os. Pesquisas

Qualitativas são pesquisas que empregam vários métodos capazes de analisar informações

abstratas como conceitos e percepções dos consumidores. Existem também as Pesquisas

Quantitativas que tem por objetivo obter dados por meio de enquetes (Rozenfeld et al.,

2006). A aplicação destes métodos pode ser feita simultaneamente, sem seguir uma ordem

exata. Uma breve descrição dos métodos usados nesta fase é apresentada a seguir:

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96

As entrevistas consistem em conversas informais orientadas por um roteiro

estruturado de perguntas pré-formuladas que direcionam a entrevista. Já o método Passeio

acompanhado visa buscar informações em situações reais que não são obtidas com essas

entrevistas.

O método da entrevista individual é um tipo de pesquisa qualitativa. O entrevistador

aborda o consumidor com um conjunto de perguntas seguindo um roteiro pré-elaborado

para direcionar a entrevista anotando e gravando as explicações, percepções e os

comentários feitos pelo consumidor. É um tipo de pesquisa que exige preparação do

entrevistador que deve ser capaz de abordar adequadamente o cliente, conduzir a conversa e

realizar anotações importantes. A compilação dos resultados é trabalhosa e demorada.

Observação direta é um outro tipo de pesquisa qualitativa em que o pesquisador sai a

campo e observa diretamente o consumidor, utilizando ou comprando o produto. Pode-se

observar, por exemplo, o consumidor escolhendo um determinado produto e perguntar a ele

o porquê da escolha.

Um tipo de pesquisa quantitativa é a elaboração de um questionário estruturado com

perguntas objetivas que podem ser respondidas pelo consumidor ou com a ajuda do

entrevistador. O questionário pode ser aplicado por telefone, correio, fax, e-mail, programas

de troca de mensagens eletrônicas, tais como orkut, skype, MSN entre outros. A enquête é

mais fácil de ser respondida, pois trata-se de dados objetivos. Em um projeto de produto, o

questionário poderia ser, por exemplo, para obter o grau de prioridade dos clientes em

relação à um conjunto de características que foram obtidas de uma pesquisa qualitativa.

O método denominado passeio acompanhado (Dischinger, 2000) consiste em fazer

passeios realizados na companhia de pessoa ao local em estudo, onde são propostos

percursos e atividades, observando-se as respostas às situações criadas e registrando-as

através de gravação áudio e/ou visual, fotografias e anotações. Esse método pode ser

classificado como uma pesquisa qualitativa.

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97

4.6.5 Etapa 1.5: Estabelecer requisitos dos clientes do produto inclusivo

As necessidades dos clientes obtidas na etapa anterior são processadas, agrupadas,

classificadas e reescritas em forma de “requisitos dos clientes” nesta etapa. Os requisitos

dos clientes podem estar relacionados com aspectos, por exemplo: fatores humanos,

propriedades, desempenho funcional, confiabilidade, espaço e recursos. Os requisitos

fatores humanos estão relacionados com a interface do produto com as pessoas, os

requisitos de desempenho funcional representam os fatores de desempenho que descrevem

o comportamento desejado para o produto, já os requisitos ligados à recursos estão

associados ao tempo, custo, normas e meio ambiente.

Os requisitos dos clientes podem ser registrados diretamente na matriz da Casa da

Qualidade do QFD, ferramenta de apoio a esta atividade. A Figura 4.10 apresenta as

atividades básicas para o estabelecimento dos requisitos dos clientes.

F1,F6,F7, F8

Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer

L i s ta de nec es s i dades edesejos dos clientes

Requis i tos dos c l ientes doprojeto

F1- Questionário estruturadoF6- BrainstormingF7- QFD (Casa da Qualidade)F8- Diagrama de Mudge

D i f icu ldade na in terpretação dasnecessidades dos clientes

Tarefa 1.5.1 Agrupar as necessidades dos clientes

Documentos eferramentas de apoio

Etapa 1.5 Estabelecer os requisitos dosclientes do produto inclusivo

Tarefa 1.5.2 Definir os requisitos dos clientes

Tarefa 1.5.3 Valorar os requisitos dos clientes

Base dedados dametodolog

ia deprojeto deinclusivo

Etapa 1.6 Definir os requisitos de projeto doproduto inclusivo

Tarefa 1.5.4 Classificar as necessidades dos clientes

Figura 4.10 Atividades básicas ao estabelecimento dos requisitos dos clientes do

projeto.

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98

Concluída esta etapa, a equipe de projeto passa a interpretar e traduzir os requisitos

dos clientes em linguagem de projeto denominados requisitos de projeto, ou requisitos do

produto ou ainda requisitos de engenharia.

4.6.6 Etapa 1.6: Definir os requisitos de projeto do produto inclusivo

O objetivo desta etapa é traduzir as informações dos clientes em informações mais

adequadas, na linguagem de engenharia, ao desenvolvimento do produto inclusivo.

Segundo Fonseca (2000), um requisito de projeto é uma característica técnico-física

mensurável que o produto deve ter para satisfazer os requisitos do usuário.

Nesta etapa, assim como para as necessidades dos clientes, propõe-se o agrupamento

e classificação dos requisitos de projeto. As características técnicas mensuráveis de

engenharia estabelecidas nesta etapa podem ser, por exemplo: a dimensão de um produto, a

massa, a velocidade, entre outras. A obtenção dos requisitos de projeto a partir dos

requisitos dos clientes constitui a primeira decisão física do produto no processo de projeto.

Este momento é considerado importante, pois nele são definidos parâmetros mensuráveis

associados às características definitivas que o produto terá. Para esses requisitos utiliza-se

de diferentes ferramentas, tais como: brainstorming, check-lists e informações de outros

projetos. A Figura 4.11 apresenta as principais atividades a serem executadas nesta etapa.

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99

F6, F7,F8, F9

Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer

Requisitos dos clientes Requisitos de projeto

F6- BrainstormingF7- QFD (Casa da Qualidade)F8- Diagrama de MudgeF9- Check-lists

D i f i c u l d a d e n a i n t e r p r e t a ç ã o d a snecessidades dos clientesDificuldade em valorar os requisitos de projeto

Tarefa 1.6.1 Traduzir requisitos de clientes emexpressões mensuráveis

Documentos eferramentas de apoio

Etapa 1.6 Definir os requisitos de projeto doproduto inclusivo

Tarefa 1.6.2Agrupar e classificar os requisitos deprojeto

Tarefa 1.6.3 Analisar os requisitos de projeto

Base dedados dametodolo

gia deprojeto deinclusivo

Etapa 1.7 Analisar , se houver, produtosconcorrentes

Tarefa 1.6.4 Hierarquizar os requisitos de projeto

Figura 4.11 Atividades básicas ao estabelecimento de requisitos de projeto.

Após a conversão dos requisitos dos clientes em requisitos do produto,que é feita

através da matriz Casa da Qualidade do QFD, é analisada a correlação entre ambos através

de uma escala de intensidade, por exemplo, baixa, média ou elevada. A seguir é

estabelecido o grau de importância dos requisitos dos clientes e a intensidade de sua

contribuição. Ou seja, um requisito do produto que contribui intensamente no atendimento

de um requisito do cliente é mais importante e merece um foco maior do que outro que

contribui pouco.

4.6.7 Etapa 1.7: Analisar, se houver, produtos concorrentes

O objetivo desta etapa é analisar os produtos concorrentes frente ao produto inclusivo

em desenvolvimento. É nesta etapa que se analisa as características do sistema concorrente

a serem superadas e estabelecem-se os parâmetros competitivos a serem alcançados pelo

projeto em estudo. Pode-se utilizar nesta etapa métodos de engenharia reversa e processos

de desmontagem.

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100

D2,F6,F7

Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer

Requ is i t os dos c l i en tes es is temas concor ren tes dosistema em desenvolvimento

Parâmetros compet i t ivos aserem superados

D2- Catálogo de informaçõestécnicasF6- BrainstormingF7- QFD (Casa da Qualidade)

Dificuldade em obter as informações dosprodutos concorrentes.

Tarefa 1.7.1 Identificar as características doconcorrente a serem superadas

Documentos eferramentas de apoio

Etapa 1.7 Analisar , se houver, produtosconcorrentes

Tarefa 1.7.2 Analisar as características identificadas

Tarefa 1.7.3 Estabelecer parâmetros competitivos aserem alcançados pelo produto inclusivo

Base dedados dametodolo

gia deprojeto deinclusivo

Etapa 1.8 Estabelecer as especificações de projeto

Tarefa 1.7.4 Buscar soluções para superar estesparâmetros

Figura 4.12 Atividade básica para análise dos sistemas concorrentes.

4.6.8 Etapa 1.8: Estabelecer as especificações de projeto do projeto inclusivo

Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer

R e q u i s i t o s d e p r o j e t o sh ie ra rqu i zados pe lo g rau deimportância

R e q u i s i t o s d e p r o j e t o sespecificados para atender oprojeto inclusivo

D7: Quadro de especificaçõesde projetos

Fa l ta de in fo rmações, d i f i cu ldade emespecificar os requisitos adequadamente

Tarefa 1.8.1 Aplicar o quadro de especificações deprojeto D7

Documentos eferramentas de apoio

Etapa 1.8 Estabelecer as especificações deprojeto Base de

dados dametodolo

gia deprojeto deinclusivo

Etapa 1.9 Modelar funicionalmente o produtoinclusivo

Figura 4.13 Atividade básica para estabelecer as especificações de projeto do projeto

inclusivo

4.6.9 Etapa 1.9: Modelar funcionalmente o produto inclusivo

Nesta etapa o produto é modelado funcionalmente de maneira abstrata

independentemente dos princípios físicos, através da definição do produto em funções. Para

isso utiliza-se o método de síntese de funções (Pahl e Beitz, 1996) onde define-se uma

função global do produto e em seguida desdobra-a em várias estruturas de funções do

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101

produto. O objetivo é representar o produto por meio de suas funções, descrevendo-o em

um nível abstrato. A abordagem funcional proposta pelo método da Análise do Valor (AV)

(Miles, 1972; Csillag, 1995) pode ser utilizada nesta etapa como ferramenta.

Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer

Necessidades dos clientes,especificações do produto,catálogos técnicos

Es t ru tu ra f unc iona l doproduto inclusivo

D2- Catálogo deinformações técnicasD8- Tabela de funções deinclusividadeF11- Diagrama FAST

Dificuldade para definir a função global esub-funções devido à subjetividade

Tarefa 1.9.1 Estabelecer a função global do produtoD2,D8,

F11

Documentos eferramentas de apoio

Etapa 1.9 Modelar funcionalmente o produtoinclusivo

Tarefa 1.9.2 Estabelecer as sub-funçoes do produto

Tarefa 1.9.3 Montar a árvore de funções do produto

Base dedados dametodolo

gia deprojeto deinclusivo

Etapa 1.10 Desenvolver princípios de solução

Figura 4.14 Atividades necessárias para estabelecer as estruturas funcionais.

As funções podem ser geradas através das necessidades dos clientes. Estas funções

são definidas pela composição de um verbo (ação) e um substantivo (objeto da ação), tal

como, lavar roupa ou gerar ar frio (Csillag, 1995). A função definida com um verbo e um

substantivo mensurável por alguma unidade de medida é denominada “função de uso” e

estabelece relações quantitativas (Csillag, 1995; Dedini e Cavalca, 2001). A função

definida com um verbo e um substantivo não mensurável é denominada por “função de

estima” e estabelece relações qualitativas (Csillag, 1995; Dedini e Cavalca, 2001).

As funções podem ser classificadas em funções básicas ou primárias e funções

secundárias. A função básica ou primária é a função para qual o produto foi projetado, por

exemplo, a função básica de um relógio é marcar hora. Funções secundárias são aquelas

que ajudam o produto a ser vendido, por exemplo, as funções secundárias do relógio seriam

indicar data (calendário), contar segundos (cronômetro), sinalizar tempo (despertador).

O primeiro passo para o modelamento funcional é a elaboração da função global

(função básica) do produto, que resume a funcionalidade do produto. Essa função global

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102

deve ser decomposta em funções secundárias ou sub-funções, gerando uma estrutura de

funções do produto.

Um método bastante conhecido para se obter árvores de funções e entender como elas

se relacionam, é o método do diagrama FAST - Function Analysis System Technique (Fang

e Rogerson, 1999). O diagrama FAST é composto por uma função básica de onde são

derivadas funções secundárias até que se atinja um detalhamento conveniente. Ele pode

conter funções de uso e/ou funções de estima

As funções de inclusividade de um produto estão relacionadas com funções de

estima. Para auxiliar na identificação de funções de inclusividade de um produto inclusivo,

propõe-se uma lista de funções que devem ser executadas por este produto, resultado da

compilação da revisão de trabalhos e da observação de alguns produtos inclusivos. As

funções de inclusividade estão identificadas na Tabela 4.1.

Tabela 4.1 Funções de inclusividade Verbo Substantivo Verbo Substantivo

Melhorar Aparência Permitir Regulagem Tornar Atraente Prover Acessibilidade Ter Usabilidade Prover Adaptabilidade Aumentar Aceitabilidade Eliminar Complexidade Ser Ergonômico Maximizar Legibilidade Ser Simples Apresentar Informação redundante Ser Seguro Prover Contraste Oferecer Estabilidade Prover Compatibilidade Oferecer Feedback Impedir Segregação Ser Barato Reduzir Esforço Amplificar Saídas Prevenir Erros Facilitar Precisão Minimizar Ação repetitiva Ser Confortável Permitir Multiuso

Segundo a metodologia proposta, com as funções do produto inclusivo identificadas,

inicia-se a geração dos princípios de solução para cada uma destas funções.

4.6.10 Etapa 1.10: Desenvolver princípios de solução

O objetivo desta etapa é procurar princípios de solução que atendam a cada uma das

sub-funções definidas na etapa anterior. A busca por soluções de produtos já existentes é

feita através de catálogos, base de dados de patentes, produtos concorrentes, artigos e

livros. O processo de criação é auxiliado por métodos e ferramentas de criatividade e é

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103

direcionado pelas necessidades, requisitos e especificações do produto. Para auxiliar na

busca de princípios de soluções, existem os métodos de criatividade, que são de

conhecimento geral, tais como Brainstorming, Método Morfológico. A Tabela 4.2 sintetiza

os métodos de criatividade mais utilizados (King, 1998, Dedini e Cavalca, 2001; Rozenfeld,

et al., 2006).

Tabela 4.2 Métodos de criatividade (Rozenfeld, et al., 2006).

Métodos Intuitivos Métodos Sistemáticos Métodos Orientados

• Braisntorming • Brainstorming Imaginário • Método 6.3.5 • Método Delphi • Método da Sinética • Método Innotech • Método da criatividade

induzida • Lateral Thinking • Galeria

• Método Morfológico • Utilização de catálogos

construtivos • Analogia sistemática • Análise do valor • Método da inversão • Redefinição heurística • Matriz TILMAG • Análise e síntese funcional • Questionários e Checklists

• TRIZ • SIT

Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer

Estrutura funcional Princípios de solução

D9- Principais métodos decriatividade para obtenção deprincípios de solução(Tabela 4.2 )F10 - Método morfológico

Dificuldade na geração de idéias,poucainformação, dificuldade na utilização dosmétodos de criatividade

Tarefa 2.2.1 Escolher os métodos de criatividadeadequados

D9, F10

Documentos eferramentas de apoio

Etapa 1.10 Desenvolver princípios de solução

Tarefa 2.2.2Analisar os princípios de soluçãoestabelecidos em relação àsespecificações de projeto

Tarefa 2.2.3

Base dedados dametodolog

ia deprojeto deinclusivo

Etapa 1.11 Desenvolver as alternativas desolução para o produto

Aplicar os métodos de criatividade

Figura 4.15 Atividades necessárias para o desenvolvimento de princípios de solução

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104

4.6.11 Etapa 1.11: Desenvolver as alternativas de solução para o produto

Nesta etapa, os princípios de solução obtidos anteriormente são selecionados, de

acordo com as necessidades dos clientes, e são combinados para formar as alternativas de

solução do produto. A ferramenta mais adequada neste processo é a matriz morfológica

(Zwicky, 1948). Nas linhas da matriz morfológica devem estar as funções definidas e nas

colunas estão alocados os princípios de solução que atendem às funções. A equipe de

projeto deve analisar a matriz e escolher um princípio de solução em cada linha. Assim, os

princípios de solução escolhidos devem ser combinados gerando as alternativas de solução

para o produto. A matriz morfológica propicia uma análise das possíveis alternativas de

configuração do produto em desenvolvimento.

Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer

L i s t a de p r i nc í p i os d es o l u ç ã o , l i s t a d a snecessidades dos clientes

Alternativas de solução doproduto F10 - Matriz morfológica

Dificuldade na combinação dos princípiosde solução devido à compatibilidade físicae geométrica

Tarefa 2.3.1 Relacionar os princípios de solução comas necessidades dos clientes

F10

Documentos eferramentas de apoio

Etapa 1.11 Desenvolver as alternativas desolução para o produto

Tarefa 2.3.2Base dedados dametodolog

ia deprojeto deinclusivo

Etapa 1.12 Definir arquitetura

Aplicar a matriz morfológica, TRIZ

Tarefa 2.3.3 Combinar os princípios de solução

Tarefa 2.3.4 Analisar as possíveis configurações

Figura 4.16 Atividades para a determinação de alternativas de projeto para o

produto.

4.6.12 Etapa 1.12: Definir a arquitetura

Nesta etapa é definido um esquema da configuração física e funcional do produto

através do arranjo dos componentes e da análise da interação entre os mesmos. Para cada

alternativa de solução definida na etapa anterior tem-se uma arquitetura específica.

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105

Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer

Pr inc íp ios de solução,estrutura funcional

Croqui do produto coml a y o u t d e m o n t a g e mestabelecida

F13- DSMF14 - Ergonomia Dificuldade em interagir os componentes.

Tarefa 1.12.1 Realizar a configuração física doproduto

Documentos eferramentas de apoio

Etapa 1.12 Definir arquitetura

Tarefa 1.12.2 Base dedados dasconfigurações físicas efuncionais

dassoluçõe s

Etapa 1.13 Realizar a viabilidade econômica

Realizar a configuração funcional doscomponentes do produto

Tarefa 1.12.3 No caso de projeto modular, definir osmódulos

Tarefa 1.12.4 verificar compatibilidade física

Tarefa 1.12.5 representar o produto através de layout,desenho

F13,F14

Figura 4.17 Atividades para a determinação da arquitetura do produto

Figura 4.18 Exemplo da aplicação de MIM

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106

Tabela 4.3 Diretrizes de modularização segundo Erixon et al. (1996).

Multi-aplicativo (“Carry-Over”)

Uma função pode ser um módulo separado onde a solução tecnológica atual poderá ser levada para uma nova geração ou família de máquinas.

Evolução tecnológica

Uma função pode ser um módulo único se o mesmo possui uma tecnologia que irá ser superada no seu ciclo de vida.

Desenvolvimento de produtos

Planejamento de alteração de projeto

Uma função pode ser um módulo separado se esta possui características que serão alteradas segundo um plano.

Especificação técnica

Poderão ser concentradas alterações para se conseguir variantes em um módulo.

Variação

Estilo

Função pode ser um módulo separado se esta é influenciada por tendências e modas de tal maneira que as formas e/ou as cores tenham de ser alteradas.

Unidade comum Uma função poderá ser separada em um módulo se a mesma possuir a mesma solução física em todos os produtos variantes.

Fabricação

Processo e organização

Razões para separar uma função num módulo: • Ter uma tarefa específica num grupo; • Encaixar-se no conhecimento tecnológico da empresa; • Possuir uma montagem pedagógica; • Ter um tempo de montagem que difere extremamente dos outros

módulos. Qualidade Testes em

separado Uma função poderá ser separada em um módulo quando esta função puder ser testada separadamente.

Aquisição Compra de produtos prontos

Uma função que pode ser tratada como uma caixa preta por causa de redução dos custos logísticos.

Manutenção e mantenabilidade

Manutenções e reparos podem ser facilitados se uma função fica bem em um módulo separado.

Atualização Se for necessária pode ser facilitada se a função a ser atualizada for um módulo.

Após estar no Mercado

Reciclagem Isto pode ser uma vantagem para concentrar materiais poluentes ou recicláveis em um mesmo módulo ou em módulos separados, conforme o caso.

No projeto inclusivo a arquitetura do produto pode ser modular. Neste caso o produto

modular pode ser definido como um produto que realiza várias funções através da

combinação de módulos (Pahl e Beitz, 1996), sendo que um módulo é uma sub-montagem

que deve possuir adaptabilidade, interface padronizada e máxima permutabilidade

(Hillströn, 1994).

Uma ferramenta para a definição dos módulos, proposta por Erixon et al. (1996), é a

Matriz Indicadora de Módulos (MIM), a qual emprega 12 diretrizes (Tabela 4.3)

relacionadas às razões pela qual o produto deveria ser modularizado. Em um procedimento

semelhante ao empregado no QFD (Quality Function Deployment), estas diretrizes são

confrontadas com as funções desempenhadas pelo produto, atribuindo-se valores a cada

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107

relacionamento, tal qual ilustrado na Figura 4.18. As funções que apresentarem os melhores

resultados no somatório de pontos poderão ser modularizadas, bem como os grupos de

funções que apresentaram um forte relacionamento com alguma diretriz.

Outras ferramentas de auxílio ao projeto modular estão descritas na Figura 4.19. A

representação do produto pode ser feita através de croquis, maquetes, desenhos

computacionais.

Objetivo: auxiliar nas atividades do projeto modular

Ferramentas descriçãoSíntese funcional do sistema modular Esta ferramenta procura adaptar os conceitos da síntese funcional ao projeto de produtos modulares

(Maribondo, 2001)

Ferr

amen

tas

para

o P

roje

to M

odul

ar

Gerador de módulos construtivos Esta ferramenta utiliza-se dos princípios da matriz morfológica para a determinação de soluções paraproblemas construtivos. Constitui-se,basicamente, de uma tabela na qual são listadas as funções provenientesda síntese funcional e seus respectivos princípios de solução, os quais, quando selecionados, permitemidentificar os locais aonde deverão ser implementadas adaptações estruturais entre os princípios de solução.Módulos construtivos são módulos independentes das suas funções, sendo baseados apenas nos problemas deconstrução (Pahl e Beitz, 1996)

Matriz de concepção do sistema modular É uma ferramenta que tem por objetivo auxiliar a equipe de projeto aestabelecer, a partir dos módulos funcionais, as concepçõesconstrutivas para a solução dos problemas de projeto. Módulos funcionais módulos que ajudam a implementaras funções técnicas de forma independente ou em combinação com outras (Pahl e Beitz, 1996).

Avaliador das concepções construtivas dosistema modular

É uma ferramenta de decisão para determinação de qual alternativa deprojeto, dentre as que permaneceram até este instante, melhor atendea determinados requisitos de custo (Maribondo, 2001).

Figura 4.19 Ferramentas de auxílio para a execução do projeto modular (Ferreira,

2002).

4.6.13 Etapa 1.13: Realizar a viabilidade econômica

A análise da viabilidade econômica significa estimar e analisar as perspectivas de

custo financeiro do produto resultante do projeto. O método que pode ser utilizado nesta

etapa é a Análise do Valor (AV) e o método Compare (Csillag, 1995).

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108

Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer

Estrutura funcional C o n j u n t o d e s o l u ç õ e spossíveis

F15- Análise do Valor,F16- Método Compare Dificuldade em valorar as funções

Tarefa 1.13.1 Determinar do valor do produto

Documentos eferramentas de apoio

Etapa 1.13 Realizar a viabilidade econômica

Tarefa 1.13.2Base dedados

viabilidadefinanceirado produto

Construir a matriz de consumo derecursos, alocando custos às funçõesdos componentes do produto

Tarefa 1.13.3 Valorar as funções de acordo com osconsumidores

Tarefa 1.13.4 Comparar o custo relativo com avaloração das funções

Tarefa 1.13.5 Analisar possibilidade de melhorias

Conjunto de soluções possíveis

Saída

FASE 2 Projeto Preliminar do Produto Inclusivo

F15,F16

Figura 4.20 Atividades para realizar a viabilidade econômica do produto.

O método Compare resulta em um gráfico comparativo entre o custo das funções e a

importância das mesmas do ponto de vista do consumidor. O primeiro passo deste método é

o levantamento das funções e a construção do diagrama FAST. O segundo passo é alocar

recursos consumidos por cada função em relação aos componentes através da matriz de

consumo de recursos. A matriz de consumo de recursos é constituída por funções e por

componentes,conforme mostra a Figura 4.21.

Funções ComponentesComponente 1 150 50 200,00Componente 2 200 30 230,00Componente 3 90 5 195,00Componente 4 70 650 720,00 ... ... ...Componente n 575,00Soma 350 50 100 740 ... 5 1920,00Porcentagem (%) 100%Rank

Custo da Função

A B C D ... Z

Figura 4.21 Exemplo de construção de matriz de consumo de recursos

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O passo seguinte é compreender a percepção do cliente em relação ao produto em

desenvolvimento através do método proposto por Mudge (1967). Este método consiste em

comparar todas as possíveis combinações de pares de funções, determinando-se a mais

importante de cada par, com uma ponderação adequada, por exemplo, dá-se notas 1 para

pouco importante, 2 para importante e 3 para muito importante. Terminada essa

comparação, somam-se os pontos de cada função. Plotando-se os valores relativos de cada

função em um gráfico, tem-se a visualização da séria de funções com suas importâncias

relativas. Veja um exemplo na Figura 4.22.

Soma % RankA A2 C3 D2 E3 A3 A1 A1 A2 J2 K3 A1 10 8,8 6

B C3 D1 E2 B2 B1 B2 B1 J1 K3 B3 9 7,9 7C D1 C2 C1 C1 C1 C1 J1 K3 C1 13 11,4 4

D E1 D2 D2 D1 D1 J1 K1 D2 12 10,5 5E E3 E2 E1 E1 J1 E1 E1 15 13,2 3

F G1 H1 F1 J2 K1 L1 1 0,9 11G G2 G3 J2 K3 G1 7 6,1 8

H H3 J1 K3 H2 5 4,4 9I J2 K2 L2 0 0,0 12

J J3 J1 17 14,9 2K K3 22 19,3 1

L 3 2,6 10Total 114 100,0

Funções

Funções

Figura 4.22 Exemplo de diagrama de Mudge.

Registrando-se num mesmo gráfico os resultados da matriz de consumo de recursos,

que representam os consumos de recursos para as funções em porcentagem, e do diagrama

de Mudge, que representam as necessidades relativas das mesmas funções de acordo com o

consumidor em porcentagem, constrói-se o gráfico Compare. O gráfico permite a

visualização do consumo de recursos de cada função versus a percepção do consumidor.

Quanto mais as curvas se aproximam maior será o valor percebido pelo consumidor e maior

será a satisfação do mesmo pelo produto.

Nesta etapa pode-se aplicar também testes exploratórios para verificar a percepção do

usuário em relação ao produto. Os testes exploratórios têm como objetivo examinar o que o

usuário acha do conceito do produto. Isso é feito através de perguntas ao usuário, como por

exemplo, o que os usuários pensam sobre o uso do produto?; As funcionalidades do

produto possuem valor para os usuários?; A interface com o usuário é adequada e

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110

operável?; Como o usuário se sente em relação ao produto?; algum dos requisitos foi

entendido erroneamente?

4.7 Fase do projeto preliminar do projeto inclusivo

No projeto inclusivo a fase do projeto preliminar tem o objetivo de estabelecer quais

alternativas propostas apresenta a melhor solução de projeto. A seleção de soluções é feita

através de métodos apropriados baseados nas necessidades e requisitos previamente

definidos.

A Figura 4.23 ilustra a fase do projeto preliminar no processo de projeto para o

desenvolvimento de produtos inclusivos, juntamente com o detalhamento das etapas,

tarefas e ferramentas utilizadas nesta fase.

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111

Estudo da Viabilidade do Produto Inclusivo

FASE 2 Projeto Preliminar do Produto Inclusivo

Tarefa 2.1.1 Aplicar métodos de seleção

Tarefa 2.1.2 Comparar alternativas de solução

Tarefa 2.1.3 Analisar qual solução pode abranger ummercado maior de pessoas

Etapa 2.1 Selecionar a melhor solução

Base de dadosde análise e

comparaçõesdas soluções

Tarefa 2.2.1 Selecionar quais DFX's estãorelacionadas com o projeto atual

Etapa 2.2 Pesquisar e selecionar qual DFX aser utilizada no processo

Tarefa 2.2.2 Aplicar as DFX's

Tarefa 2.2.3 Aplicar Etapas 2.3 e 2.4 para cada DFX

Tarefa 2.3.1 Formular o modelo matemático, analíticoou experimental

Etapa 2.3 Formular o modelo

Tarefa 2.4.1 Realizar a análise de sensibilidade edeterminar variáveis críticas

Tarefa 2.4.2 Analisar a compatibilidade, determinandoas interferências entre os componentes

Tarefa 2.4.3Formular critérios para estabelecer quaisvariáveis devem ser minimizadas oumaximizadas

Tarefa 2.4.4 Analisar a compatibilidade, determinandoas interferências entre os componentes

Tarefa 2.3.2 Descrever o modelo

Etapa 2.4 Análise de sensibilidade ecompatibilidade das variáveis

Tarefa 2.3.3 Modelar geometricamente

Etapa 2.6 Prover segurança

Tarefa 2.6.1 Identificar possívieis acidentes

Tarefa 2.6.3 Eliminar as possíveis causas deacidentes

Tarefa 2.6.4 Inserir dispositivos de segurança emcaso d de fallha humana

Tarefa 2.6.5 Prover instruções claras de uso

Tarefa 2.6.6 Cerfificar se o tempo de resposta éadequado à capacidade do usuário

Tarefa 2.6.7 Prover mensagem de aviso de risco eerro

Tarefa 2.6.8 Inserir dispositivos de segurança

Tarefa 2.6.2 Arranjar os componentes para minimizarriscos e erros

Etapa 2.5 Tornar o produto ergonômico

Tarefa 2.5.1 Adequar o produto às característicasantropométricas

Tarefa 2.5.2 Acomodar variações de dimensões

Tarefa 2.5.3 Projetar de forma a reduzir o esforço dousuário ao utilizar o produto

Tarefa 2.5.4 Prever o alcande do usuário

Tarefa 2.5.5 Prover flexibilidade no uso do produto

Tarefa 2.5.6 Prover adaptabilidade à habilidade dousuário

Tarefa 2.5.7 Facilitar a precisão e acuidade do usuário

Tornar o produto atraenteTarefa 2.5.8

Aplicar as etapas 2.3 e 2.4Tarefa 2.5.9

Aplicar as etapas 2.3 e 2.4Tarefa 2.6.9

Base de dadosde DFX's do

projeto

Base de dadosda modelagem

Base de dadosda análise desensibilidade

Base de dadosdas

característicasergonomicas do

produto

Base de dadosda segurança

do produto

F15,F17,F18,F19,F20,F21,F22

F7,F23

F24,F25,F26

F24,F25,F26

F27

F25,F26,F27,F28,F29,F30

Figura 4.23 Fase do projeto preliminar do produto inclusivo

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112

Etapa 2.7 Otimizar projeto

Tarefa 2.7.3 Avaliar o desempenho

Tarefa 2.7.5Avaliar materiais, processo construtivos,arranjo de componentes e formageométrica

Tarefa 2.7.4 Obter os valores dos parâmetros

Tarefa 2.7.1 Avaliar resultados de cada DFX

Tarefa 2.7.2 Selecionar os parâmetros baseados emcada DFX

Base de dadosde parâmetros

otimizados

Tarefa 2.8.1 Simular funcionamento

Tarefa 2.8.2 Testar características de desempenho

Tarefa 2.8.3 Fazer maquetes ou protótipos em escala

Tarefa 2.8.4 Verificar problemas de montagem

Tarefa 2.8.5 Verificar problemas de acessibilidade

Etapa 2.8 Prever o comportamento do sistema

Tarefa 2.8.6 Verificar a percepção do usuário

Tarefa 2.8.7 Verificar as expectativas do usuário,interação do sistema/mundo real

Tarefa 2.8.8 simplificar o sistema, eliminarcomplexidades desnecessárias

Etapa 2.11 Avaliar a inclusividade

Etapa 2.10 Desenvolver interação com usuário

Tarefa 2.9.2 Testar o produto com usuários extremos eintermediário

Tarefa 2.9.3 Observar o comportamento do usuário emrelação ao produto

Tarefa 2.9.4 Entrevistar o usuário para detectarpossíveis problemas

Etapa 2.9 Verificar percepção do usuário

Tarefa 2.9.5 Verificar a funcionalidade do produto

Tarefa 2.9.6 Verificar se a interface do produto estáadequada com a percepção do usuário

Tarefa 2.10.1 Verificar percepção visual, luz

Tarefa 2.10.2 Verificar percepção sonora

Tarefa 2.10.3 Verificar percepção táctil

Tarefa 2.10.4 Mapear o comportamento do produto emrelação às expectativas do usuário

Tarefa 2.10.5 Calibrar o sistema para atender asnecessidades dos usuários

F12,F15,F17,F24,F26,F3

1,F32,F33

Tarefa 2.9.1 Elaborar protótipo funcional

F25,F26,F27,F30Base de dados

docomportamento

do sistema

F2,F5,F34,F35,F36

Base de dadosda percepção do

usuário emrelação ao

produto

Base de dadosda cognição do

usuário emrelação ao

produto

Base de dadosda inclusividade

do produto

F27,F34

F27,F34,F36

Tarefa 2.11.1 Prover utilização do produto por pessoascom habilidades diversas

Tarefa 2.11.2 Prover escolha na forma de utilização doproduto

Tarefa 2.11.3 Prover contraste adequado

Tarefa 2.11.4 Prover fácil entendimento do uso doproduto

Tarefa 2.11.5 Prover adaptabilidade ao ritmo do usuário

Tarefa 2.11.6 Prover interação para encontrar asexpectativas dos usuários

Tarefa 2.11.7Acomodar ampla faixa de habilidades,por exemplo, comunicação, leitura,escrita

Tarefa 2.11.8 Usar modos redundante para fornecerinformação (verbal, pictorial, táctil)

Tarefa 2.11.9 Maximizar a legibilidade das informações

Tarefa 2.11.10 Minimizar ações repetitivas

Tarefa 2.11.11 Minimizar esforço sustentável

Figura 4.23 Fase do projeto preliminar do produto inclusivo (continuação)

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113

Avaliar a aceitabilidade do produtoEtapa 2.12

Tarefa 2.12.1 Verificar e avaliar a usabilidade doproduto

Tarefa 2.12.2 Verificar acessibilidade do produto

Tarefa 2.12.3 Verificar utilidade do produto emrelação às expectativas do usuário

Tarefa 2.12.4 Verfiicar entendimento do usuário

Tarefa 2.12..5 Verfiicar conforto do usuário

Base de dadosda

aceitabilidadedo produto

F2,F5,F11,F34,F36

Produto aceitávelMelhor e maisinclusivo ?

Sim

FASE 3 Projeto Detalhado do Produto Inclusivo

Saída

Não

Figura 4.23 Fase do projeto preliminar do produto inclusivo (continuação)

O objetivo deste item é detalhar a segunda fase do processo de projeto para o

desenvolvimento de produtos inclusivos. Assim, como na fase anterior, faz-se o

desdobramento da mesma em etapas e tarefas e apresentam-se as ferramentas e documentos

de auxílio necessários à implementação desta fase.

4.7.1 Etapa 2.1: Selecionar a melhor solução

As alternativas de soluções geradas na fase anterior podem não ser promissoras para

as demais fases do desenvolvimento do produto. É necessário escolher a mais adequada

para conduzir o projeto preliminar e detalhado do produto. Nesse caso, a metodologia

proposta prescreve procedimentos sob os quais as alternativas de soluções estabelecidas

possam ser avaliadas e valoradas.

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114

Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer

L i s t a d e p r i n c í p i o s d es o l u ç õ e s , L i s t a d a sn e c e s s i d a d e s d o sconsumidores,soluçõesalternativas,requisitos deprojeto

A l ternat ivas de pro je toselecionadas

F17- Matriz de PughF18- Matriz de avaliaçãoF19- Exame passa/nãopassaF15- Análise do valorF20-Técnica FIREF21- Método da valoraçãoF22- Método do CuboInclusivo

Dificuldade de estabelecer critérios paravalorar as soluções

Tarefa 2.1.1 Aplicar métodos de seleção

Documentos eferramentas de apoio

Etapa 2.1 Selecionar a melhor solução

Tarefa 2.1.2Base de

dados deanálise e

comparaçõesdas soluções

Etapa 2.2 Pesquisar e selecionar quais DFX'sa serem utilizadas no processo

Comparar alternativas de solução

Tarefa 2.1.3 Analisar qual solução pode abrangerum mercado maior de pessoas

F15,F17,F18,F19,F20,F21,F22

Figura 4.24 Seleção da melhor solução de projeto.

Esta etapa tem como objetivo selecionar a melhor concepção através de métodos de

seleção, comparação e valoração que auxiliam na tomada de decisão quanto à seleção da

melhor concepção. Vários métodos têm sido propostos para a seleção de concepções de

produto, veja Figura 4.25.

Lista de princípiosde soluçõesLista dasnecessidades dosconsumidoressoluções alternativasrequisitos de projeto

Objetivo: selecionar as melhores alternativas de projeto para o produto em desenvolvimento

Entrada Ferramentas SaídaMatriz de Pugh (Pugh, 1991)Matriz de avaliação (Pahl e Beitz,1996)Julgamento da viabilidade,disponibilidade imediata detecnologia, exame passa/não passa(Ullman, 1992)Análise do valor (Miles,1972;Csillag, 1995)Técnica FIRE Método da valoração (Ogliari, 1999)

Alternativas de projetoselecionadas

Mét

odos

de

Sele

ção

Figura 4.25 Ferramentas de métodos de seleção de alternativas de projeto

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115

A análise comparativa de qual solução é mais inclusiva, se baseia no método do cubo

inclusivo (CI). Quanto maior for o volume do cubo, maior é o mercado do produto e

consequentemente maior será a população abrangida.

4.7.2 Etapa 2.2: Identificar DFX’s

O objetivo desta etapa é identificar quais DFX’s podem ser aplicadas no processo do

produto em desenvolvimento.

As ferramentas DFX’s, Design for X, onde “X” correspondem às habilidades ou

características de uma determinada área, podem ser definidas como um conjunto de regras e

procedimentos estabelecidos de forma organizada, para dar suporte à determinadas áreas no

processo de desenvolvimento do produto. A DFX é uma base de conhecimentos com o

objetivo de projetar produtos que maximizem todas as características, como: alta qualidade,

confiabilidade, serviços, segurança, usuários, meio ambiente e tempo de mercado – ao

mesmo tempo em que minimiza os custos do ciclo de vida e de manufatura do produto .

Referências sobre DFX’s podem ser encontradas em Arende (2003) e Rozenfeld et al.,

(2006). A escolha da DFX a ser utilizada depende do tipo de produto a ser desenvolvido, da

experiência da equipe de projeto e das metas de projeto.

Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer

s e l e ç ã o a l t e r n a t i v ae s c o l h i d a , l i s t a d enecessidades dos clientes,requisitos de projeto

Relação de DFX's a seremutilizadas no processo ded e s e n v o l v i m e n t o d oproduto

F7- QFDF23 - DFX Dificuldade na seleção do tipo de DFX a

ser utilizada

Tarefa 2.2.1 Selecionar quais DFX's estãorelacionadas com o projeto atual

Documentos eferramentas de apoio

Etapa 2.2 Pesquisar e selecionar quais DFX'sa serem utilizadas no processo

Tarefa 2.2.2Base de

dados deDFX's doprojeto

Etapa 2.3 Formular o modelo

Aplicar as DFX's

Tarefa 2.2.3 Aplicar Etapas 2.3 e 2.4 para cadaDFX

F7,F23

Figura 4.26 Identificação das DFX’s a serem utilizadas no projeto.

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116

4.7.3 Etapa 2.3: Formular o modelo

A alternativa de projeto selecionada é modelada matematicamente ou

experimentalmente através de recursos matemáticos nesta etapa. Pode-se formular o

modelo para cada DFX escolhida. O modelo permite antecipar, analiticamente, o

comportamento do produto. As características de um bom modelo matemático são: a)

realismo na previsão do desempenho; b) máximo de simplicidade; c) termos separados para

ações e fenômenos independentes; c) manipulação direta das expressões e; e) fácil

verificação(Back, 1983).

Em resumo a preparação de um modelo matemático necessita de (Back, 1983):

• Selecionar as variáveis e transformá-las em símbolos

• Fazer suposições para simplificar o problema, eliminando as variáveis menos

importantes

• Identificar as variáveis, parâmetros, constantes

• Fazer restrições ou condições de contorno

• Montar as expressões e equações iniciais de estrutura, comportamento e

desempenho

• Reduzir e simplificar as expressões de forma a descrever os aspectos mais

importantes do sistema

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117

Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer

S o l u ç ã o e s c o l h i d a ,variáveis de projeto

D a d o s d a s i m u l a ç ã o ,gráficos, geometria

F24- Recursos matemáticosF25- CADF26- CAE

Dificuldade na modelagem do produto, faltade habilidade com os recuros matemáticos,dificuladade na simplificação do modelo

Tarefa 2.3.1 Formular o modelo matemático,analítico ou experimental

Documentos eferramentas de apoio

Etapa 2.3 Formular o modelo

Tarefa 2.3.2 Base dedados da

modelagem

Etapa 2.4 Análise de sensibilidade ecompatibilidade das variáveis

Descrever o modelo

Tarefa 2.3.3 Modelar geometricamente

F24,F25,F26

Figura 4.27 Modelagem do sistema.

4.7.4 Etapa 2.4: Análise da sensibilidade e compatibilidade das variáveis

Nesta etapa o sistema é visualizado através de um conjunto de variáveis ou

parâmetros do projeto. A descrição é feita na forma de equações, modelo matemático,

envolvendo os parâmetros e as variáveis de entrada e de saída. O objetivo é saber o quão

sensível é o desempenho do sistema em relação ao ajuste dos parâmetros. Os parâmetros

representam várias características do sistema, como por exemplo, dimensões críticas,

propriedades, etc.

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118

Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer

modelo matemático, DFXparâmet ros c r í t i cos deprojeto, desempenho geraldo sistema,

F24- Recursos matemáticosF25- CADF26- CAE

D i f i c u l d ad e na i n t e r a ç ã o en t r e o scomponentes, dificuldade na determinaçãodos parâmetros críticos

Tarefa 2.4.1 Realizar a análise de sensibilidade edeterminar variáveis críticas

Documentos eferramentas de apoio

Etapa 2.4 Análise de sensibilidade ecompatibilidade das variáveis

Tarefa 2.4.2

Base dedados daanálise de

sensibilidade

Etapa 2.5 Tornar o produto ergonômico

Analisar a compatibilidade,determinando as interferências entreos componentes

Tarefa 2.4.3Formular critérios para estabelecerquais variáveis devem serminimizadas ou maximizadas

Tarefa 2.4.4Analisar a compatibilidade,determinando as interferências entreos componentes

F24,F25,F26

Figura 4.28 Atividades para a realização da análise de sensibilidade e compatibilidade

das variáveis.

Para prever o comportamento do sistema, escolhem-se alguns valores de entrada,

variáveis independentes e resolvem-se as equações para a obtenção dos resultados, ou seja,

as variáveis dependentes. As mudanças realizadas nas variáveis de entrada deverão induzir

algumas mudanças correspondentes nas variáveis de saída. Essa correspondência entre as

variáveis de entrada e saída é denominada de desempenho. A habilidade de manipular um

modelo matemático resulta em economia e rapidez nos primeiros estágios do projeto. A

variação dos parâmetros num protótipo físico aumentaria o custo do produto e seria

ineficaz. A compatibilidade deve prover a interação perfeita entre os componentes e pode

envolver considerações, tais como tolerâncias geométricas, tolerâncias físicas (resistência)

e tolerâncias químicas. Outra consideração é a compatibilidade de componentes em série

que dependem um do outro.

4.7.5 Etapa 2.5: Tornar o produto ergonômico

A ergonomia é uma ferramenta que pode ser definida como o estudo da adaptação do

trabalho ao homem. O objeto central é o usuário, suas habilidades, capacidades e

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119

limitações. A ergonomia aborda a antropometria que fornece informações sobre as

dimensões do corpo humano.

A primeira tarefa dessa fase é aplicar os dados antropométricos no projeto do produto

para que haja um bom dimensionamento e posicionamento adequado do produto em relação

ao usuário.

A Análise das atividades motoras envolve o uso dos seguintes critérios:

• Medir a velocidade da atividade

• Verificar a precisão da atividade

• Medir a força aplicada durante a atividade

• Medir o gasto energético da atividade

• Realizar a análise biomecânica

Os métodos de medida de velocidade, precisão e força dependem da tarefa motora

que está sendo realizada. Tais métodos incluem cronômetros, filmes, medidores de pressão,

dinamômetros, etc. O gasto energético pode ser medido através de aparelhos que estimam a

quantidade de energia em termos de calorias gastas por unidade de tempo. A análise

biomecânica pode ser feita através de filmes, fotografias e outras técnicas. Os dados são

registrados e analisados estatisticamente.

É necessário observar que as fontes de dados antropométricos devem ser extendidas

para dados de pessoas com deficiência, pois esses dados diferem.

- Informações táteis

A transmissão de informações por contato pode ser dividida em dois grupos:

• Estático: o exemplo mais utilizado é o código Braile, que consiste em pontos

em alto relevo que podem ser identificados pelo toque dos dedos da pessoa.

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120

• Dinâmico: os dispositivos dinâmicos procuram introduzir mudanças contínuas

ou intermitentes na informação através de vibrações na pele.

- Características de uso de controle

• O produto deve permitir o uso efetivo e não sobrecarregar os membros do

usuário

• Usar controle de rotação múltipla para trabalho com precisão

• O controle deve permitir boa visualização e facilidade de identificação

A utilização de um produto depende da capacidade psico-motora do usuário e de suas

características antropométricas. Neste contexto o projetista deve atentar para as diferenças

individuais, para que o produto possa ser utilizado por uma grande porcentagem de

população, incluindo por exemplo, pessoas com deficiência e idosos.

Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer

Dados antropométricos,l i s t a d e p r i n c í p i o s d oUniversal Design

C a r a c t e r í s t i c a sergonômicas do produto F27 - Ergonomia

D i f i c u l d a d e e m e n c o n t r a r d a d o sa n t r o p o m é t r i c o s d e p e s s o a s c o mdeficiência, dificuldade de atender à todasas faltas de capacidade

Tarefa 2.5.1 Adequar o produto às característicasantropométricas

Etapa 2.5 Tornar o produto ergonômico

Tarefa 2.5.2

Etapa 2.6 Prover segurança

Acomodar variações de dimensões

Tarefa 2.5.3 Projetar de forma a reduzir o esforçodo usuário ao utilizar o produto

Tarefa 2.5.4 Prever o alcande do usuário

Tarefa 2.5.5 Prover flexibilidade no uso do produto

Tarefa 2.5.6 Prover adaptabilidade à habilidade dousuário

Tarefa 2.5.7 Facilitar a precisão e acuidade dousuário

Documentos eferramentas de apoio

Base dedados das

características

ergonomicasdo produto

Tornar o produto atraenteTarefa 2.5.8

Aplicar as etapas 2.3 e 2.4Tarefa 2.5.9

F27

Figura 4.29 Atividades para tornar o produto ergonômico.

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121

4.7.6 Etapa 2.6: Prover segurança

Os acidentes na maioria das vezes não acontecem por erro de projeto, mas sim por

falta de atenção do usuário do produto. Portanto é importante que o projeto do produto

esteja prevenindo as possíveis causas de acidentes. Esta etapa sugere uma seqüência de

tarefas para prover segurança no produto. Arranjar os componentes para minimizar riscos e

erros, ou seja, colocar os elementos mais usados sendo mais acessíveis e eliminar ou

proteger os elementos de riscos.

Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer

Instruções de ergonomiaC a r a c t e r í s t i c a s d es eg u r an ç a d o p r od u t oinclusivo

F25-CADF26-CAEF27-ErgonomiaF28- Mapa de riscosF29- ConfiabilidadeF30- Prototipagem rápida

Dificuldade na identificação de possíveisacidentes,dif iculdade no arranjo dosdispositivos de segurança

Tarefa 2.6.1 Identificar possívieis acidentes

Etapa 2.6 Prover segurança

Tarefa 2.6.2

Etapa 2.7 Otimizar o projeto

Arranjar os componentes paraminimizar riscos e erros

Tarefa 2.6.3 Eliminar as possíveis causas deacidentes

Tarefa 2.6.4 Inserir dispositivos de segurança emcaso de fallha humana

Tarefa 2.6.5 Prover instruções claras de uso

Tarefa 2.6.6 Cerfificar se o tempo de resposta éadequado à capacidade do usuário

Tarefa 2.6.7 Prover mensagem de aviso de risco eerro

Tarefa 2.6.8 Inserir dispositivos de segurança

Documentos eferramentas de apoio

Base dedados dasegurançado produto

Aplicar as etapas 2.3 e 2.4Tarefa 2.6.9

F25,F26,F27,F28,F29,F30

Figura 4.30 Atividades para tornar o produto seguro.

4.7.7 Etapa 2.7: Otimizar parâmetros

Otimização é a pesquisa por uma solução, a qual proporciona o melhor resultado

(Back, 1983). Nesta etapa os parâmetros devem receber valores específicos. Um modo de

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122

determinar o valor que deve prevalecer é escolher combinações viáveis que sejam

consideradas convenientes. Pode-se supor que entre todas as combinações viáveis de

valores de parâmetros, exista uma que seja melhor às outras. Esta pode ser obtida por

aproximações sucessivas, modificando-se sucessivamente os resultados do projeto, por

métodos experimentais, nos quais os parâmetros são modificados, por meios matemáticos e

por simulações computacionais.

Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer

parâmetros de pro je to,condições de contorno,conhecimento técnico

parâmetros otimizados

F12- Matrix indicadora demódulos (MIM)F15- Análise do ValorF17- Matriz de PughF24- Recursos matemáticosF26- CAEF31- Matriz de contradição(TRIZ)F32- Ferramentas dematemática computacionalF33- Métodos deotimização: método dapesquisa exaustiva, métododa redução do intervalo dapesquisa, método de Hookee Jeeves, método deCauchy, método deprogramação linear, métodode programação não-linear

D i f i c u l d a d e n a c o n v e r g ê n c i a d o sparâmetros, dificuldade em identificar osparâmetros críticos

Documentos eferramentas de apoio

Etapa 2.7 Otimizar projeto

Base dedados de

parâmetrosotimizados

Etapa 2.8 Prever o comportamento do sistema

Tarefa 2.7.3 Avaliar o desempenho

Tarefa 2.7.5Avaliar materiais, processo construtivos,arranjo de componentes e formageométrica

Tarefa 2.7.4 Obter os valores dos parâmetros

Tarefa 2.7.1 Avaliar resultados de cada DFX

Tarefa 2.7.2 Selecionar os parâmetros baseados emcada DFX

F12,F15,F17,F24,F26,F31,

F32,F33

Figura 4.31 Atividades para executar a otimização do projeto.

4.7.8 Etapa 2.8: Prever o comportamento do sistema

Nesta etapa além das simulações podem ser construídos os protótipos que podem ser

virtuais ou físicos. O protótipo é uma parte essencial do ciclo de desenvolvimento de um

produto, é utilizado para analisar a forma, montagem e funcionalidade do projeto.

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123

Uma maneira rápida e eficiente de se produzir protótipos é a tecnologia da

Prototipagem Rápida (PR)- rapid prototyping. A PR é uma ferramenta usada para fabricar

protótipos físicos diretamente de um desenho tridimensional produzido em CAD.

A ferramenta de Prototipagem Rápida (PR) é capaz de produzir protótipos que se

enquadram dentro dos quatro grupos mencionados. A partir de um mesmo protótipo pode-se

analisar os quatro enfoques descritos (Pizzolito, 2004). A visualização do protótipo como um

produto permite utilizar a tecnologia para produzir modelos conceituais e avaliar os fatores

estéticos do produto final, como curvas, superfícies, forma, tamanho e ergonomia.

A avaliação do protótipo pelo usuário permite verificar a percepção diante da proposta do

produto. É possível testar as funcionalidades do produto com uso de protótipos que condizem

com as características, formas e dimensão dos componentes (Pizzolito, 2004). Além disso, o

protótipo pode ser usado para verificar a existência de interferências entre os componentes do

produto, evitando problemas de montagem.

A utilização da tecnologia de PR permite a otimização de soluções técnicas, redução de

custos e diminuição do prazo do lançamento do produto no mercado (Saura, 2003). Os custos

de desenvolvimento são reduzidos com a aplicação de protótipos devido à possibilidade de

identificar erros nas fases iniciais de projeto. O protótipo deve ser visto como um recurso

adicional às ferramentas tradicionais de projeto. A aplicação da PR representa uma melhora

substancial na qualidade do produto. Informações mais detalhada sobre Prototipagem Rápida

podem ser encontradas em Saura (2003) e Pizzolito (2004).

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124

Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer

parâmetros otimizadoscomportamento do sistemasimulado e percepção dousuário

F25-CADF26-CAEF27- ErgonomiaF30-Prototipagem rápida

Dificuldade na simplificação do sistema,falta de interação do sistema com usuário

Tarefa 2.8.1 Simular funcionamento

Etapa 2.8 Prever o comportamento do sistema

Etapa 2.9 Verificar percepção do usuário

Tarefa 2.8.2 Testar características de desempenho

Tarefa 2.8.3 Fazer maquetes ou protótipos emescala

Tarefa 2.8.4 Verificar problemas de montagem

Tarefa 2.8.5 Verificar problemas de acessibilidade

Tarefa 2.8.6 Verificar a percepção do usuário

Documentos eferramentas de apoio

Base dedados do

comportamento do sistema

Tarefa 2.8.7 Verificar as expectativas do usuário,interação do sistema/mundo real

Tarefa 2.8.8 Simplificar o sistema, eliminarcomplexidades desnecessárias

F25,F26,F27,F30

Figura 4.32 Atividades para prever o comportamento do sistema.

4.7.9 Etapa 2.9: Verficar a percepção do usuário

Nesta etapa verifica-se a percepção do usuário através de testes de avaliação, testes de

validação e testes comparativos. Os testes de avaliação envolvem uma análise detalhada de

soluções específicas. O principal objetivo de um teste de avaliação é assegurar que as

escolhas de projeto sejam apropriadas em relação às considerações iniciais. Os testes de

avaliação estão relacionados com a usabilidade e a funcionalidade do produto e em alguns

casos pode ser apropriado para avaliar índices de desempenho. Após selecionar uma

alternativa de projeto, o teste de avaliação vai garantir se a solução está sendo

implementada adequadamente e responderá a questões mais detalhadas como: A concepção

é utilizável? A concepção satisfaz todas as necessidades dos clientes? Como a concepção

será montada e testada? Testes de avaliação necessitam de simulação de modelos e

maquetes. O processo de avaliação pode ser realizado com usuários internos e usuários

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125

externos (consumidor final). As informações são qualitativas e baseadas na observação,

discussão e entrevistas.

Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer

Usuáriosp r o d u t o v a l i d a d o e mrelação à percepção dousuário

F2-EntrevistasF5-Método de observaçãoF34- Técnicas deusabilidadeF35-Método IDEOF36-Testes de laboratório

Dificuldades em testar o produto com ousuário final, a etapa demanda tempo

Tarefa 2.9.2 Testar o produto com usuáriosextremos e intermediário

Etapa 2.9 Verificar percepção do usuário

Tarefa 2.9.3

Etapa 2.10 Desenvolver interação com usuário

Observar o comportamento do usuárioem relação ao produto

Tarefa 2.9.4 Entrevistar o usuário para detectarpossíveis problemas

Tarefa 2.9.5 Verificar a funcionalidade do produto

Tarefa 2.9.6 Verificar se a interface do produto estáadequada com a percepção do usuário

Documentos eferramentas de apoio

Base dedados da

percepção dousuário emrelação ao

produto

Tarefa 2.9.1 Elaborar protótipo funcional

F2,F5,F34,F35,F36

Figura 4.33 Atividades para verificar a percepção do usuário em relação ao produto.

Os testes de validação são realizados no final do processo de desenvolvimento do

produto e servem para verificar se as especificações-meta do produto foram alcançadas.

Estes testes podem incluir usabilidade, desempenho, confiabilidade, mantenabilidade,

montagem e robustez. Os testes de validação servem para verificar a funcionalidade e o

desempenho do produto que será produzido. Nesta etapa a representabilidade do produto

deve ser a mais próxima do produto real. São testes experimentais que devem ser feitos

com o usuário final. O ideal é que o usuário use o produto sem treinamento ou preparação

para poder avaliar o produto. Os dados obtidos nesses testes são quantitativos e medem o

desempenho do produto. Esses dados devem ser confrontados com o desempenho esperado.

Medidas quantitativas podem ser obtidas nestes testes, tais como, tempo de realização

de uma tarefa, tempo de reposta do produto, número de falhas, número de erros de

operação.

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126

Nesta etapa é importante verificar possíveis problemas e identificar possíveis

melhorias, críticas e sugestões, talvez eliminar algumas funções desnecessárias, eliminar

complexidades, melhorar o entendimento do produto.

4.7.10 Etapa 2.10: Desenvolver interação com usuário

Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer

U s u á r i o s , l i s t a d enecessidades dos clientes,sistema

Características da interaçãodo produto com usuário

F27- ErgonomiaF34- Técnicas deusabilidade

Dificuldade em responder às expectativas dousuário, dificuldade em aplicar as técnicasde usabilidade, dificuldade em atender todasas solicitações dos diferentes usuários

Tarefa 2.10.1 Verificar percepção visual

Etapa 2.10 Desenvolver interação com usuário

Tarefa 2.10.2

Etapa 2.11 Avaliar a inclusividade

Verificar percepção sonora

Tarefa 2.10.3 Verificar percepção táctil

Tarefa 2.10.4 Mapear o comportamento do produtoem relação às expectativas do usuário

Tarefa 2.10.5 Calibrar o sistema para atender asnecessidades dos usuários

Documentos eferramentas de apoio

Base dedados da

cognição dousuário emrelação ao

produto

F27,F34

Figura 4.34 Atividades para desenvolver a interação do usuário com o produto.

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127

4.7.11 Etapa 2.11: Prover inclusividade

Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer

Maq u et es d o p r od u t o,usuários,protótipo funcional

C a r a c t e r í s t i c a s d einclusividade do produto

F27- ErgonomiaF34- TestesF36- Técnicas deusabilidade

Dificuldade em implementar todas as tarefas destaetapa

Tarefa 2.11.1 Prover utilização do produto porpessoas com habilidades diversas

Etapa 2.11 Avaliar a inclusividade

Tarefa 2.11.2

Etapa 2.12 Avaliar a aceitabilidade do produto

Prover escolha na forma de utilizaçãodo produto

Tarefa 2.11.3 Prover contraste adequado para

Tarefa 2.11.4 Prover fácil entendimento do uso doproduto

Tarefa 2.11.5 Prover adaptabilidade ao ritmo dousuário

Tarefa 2.11.6 Prover interação para encontrar asexpectativas dos usuários

Tarefa 2.11.7Acomodar ampla faixa de habilidades,por exemplo, comunicação, leitura,escrita

Documentos eferramentas de apoio

Base dedados da

inclusividadedo produto

Tarefa 2.11.12 Verfiicar entendimento do usuário

Tarefa 2.11.8 Usar modos redundante para fornecerinformação (verbal, pictorial, táctil)

Tarefa 2.11.9 Maximizar a legibilidade dasinformações

Tarefa 2.11.10 Minimizar ações repetitivas

Tarefa 2.11.11 Minimizar esforço sustentável

Tarefa 2.11.13 Verfiicar conforto do usuário

F27,F34,F36

Figura 4.35 Atividades para prover a inclusividade do produto.

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128

4.7.12 Etapa 2.12: Avaliar a aceitabilidade do produto

Entradas Saídas Ferramentas e/oudocumentos Problemas que podem ocorrer

U s u á r i o , p r o t ó t i p ofuncional,síntese funcionaldo produto

C a r a c t e r í s t i c a s d eaceitabilidade do produto

F2- EntrevistasF5- Método de observaçãoF11-Diagrama FASTF34- Técnicas deusabilidadeF36- Testes

D i f i cu ldade em encon t ra r usuár iosd ispon íve is pa ra os tes tes , t empo ,di f iculdade em modif icar a estruturafuncional do produto

Tarefa 2.12.1 Verificar e avaliar a usabilidade doproduto

Etapa 2.12 Avaliar a aceitabilidade do produto

Tarefa 2.12.2 Verificar acessibilidade do produto

Tarefa 2.12.3 Verificar utilidade do produto emrelação às expectativas do usuário

Documentos eferramentas de apoio

Base dedados da

aceitabilidadedo produtoTarefa 2.12.4 Verificar entendimento do usuário

Tarefa 2.12..5 Verificar conforto do usuário

Projeto melhoradoMelhor e mais

inclusivo ?

Sim

FASE 3

Não

Projeto Detalhado do Produto Inclusivo

Saída

F2,F5,F11,F34,F36

Figura 4.36 Atividades para avaliar a aceitabilidade do produto.

A avaliação do produto deve ser feita por pessoas que irão utilizar o produto, por

exemplo, a empresa Toshiba disponibilizou celulares e uma máquina de lavar roupa para

que as pessoas com deficiência visual e idosos testassem os produtos e dissessem quais as

dificuldades encontradas e os possíveis melhoramentos no produto, veja Figura 4.37. Já é

um passo que a indústria está tomando em direção ao projeto inclusivo, porém neste caso, a

empresa avalia o produto final, esse procedimento traria muitos benefícios se fosse aplicado

na fase do projeto preliminar do processo de desenvolvimento de produtos.

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129

Figura 4.37 Avaliação dos produtos feita por pessoas com deficiência visual e por idosos.

4.8 Sumário

Neste capítulo foi apresentado o modelo da abordagem metodológica proposta e sua

simbologia. Foram apresentadas de forma detalhada as duas primeiras fases do processo de

projeto do desenvolvimento de produtos inclusivos: a fase do Estudo de Viabilidade e a

Fase do Projeto Preliminar. As fases foram desdobradas em etapas e tarefas. Também

foram apresentadas as ferramentas de apoio utilizadas em cada etapa da abordagem

proposta. No capítulo seguinte será apresentada uma aplicação desta metodologia através

de um estudo de caso.

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130

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131

Capítulo 5

Estudo de Caso - Aplicação da metodologia no desenvolvimento de cadeiras de rodas

A maneira mais fácil de se entender como a metodologia proposta pode ser aplicada é

através de um estudo de caso. O estudo de caso em particular desta tese é o projeto

motorização de cadeiras de rodas manuais. Portanto, neste capítulo é apresentado o

desenvolvimento do Estudo da Viabilidade e do Projeto Preliminar para o estudo de caso de

um produto inclusivo: a cadeira de rodas. Este produto foi escolhido devido ao

conhecimento e experiência que o Orientador possui em relação à cadeiras de rodas e

devido à experiência do grupo e dos trabalhos que vêm sendo desenvolvidos no Laboratório

de Projeto Mecânico relacionados com cadeiras de rodas (Becker, 1997; Becker, 2000;

Alvarenga e Dedini, 2001; Alvarenga, 2002; Lombardi, 2002) entre outros. A cadeira de

rodas pode ser considerada como um produto inclusivo, ou seja, ela faz a inclusão dos

usuários de cadeiras de rodas na sociedade. A aplicação desta metodologia mostra que a

cadeira pode se tornar um produto mais inclusivo do que realmente ela é.

A metodologia proposta é exemplificada através de um estudo de caso aplicado ao

desenvolvimento de cadeiras de rodas. As etapas são detalhadas, mostrando como usar a

metodologia e suas ferramentas.

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132

5.1 Fase do Estudo da Viabilidade

5.1.1 Etapa 1.1 Pesquisar informações sobre o tema do projeto

Tarefa 1.1.1 Inicialmente foi estabelecido o ciclo de vida do produto.

Tarefa 1.1.3 Foi realizada uma pesquisa de mercado em relação à cadeiras de rodas.

Para isso utilizou-se de dados do Censo do IBGE de 2000, veja Figura 5.1.

22,9 %

16,7 %

8,3 % 4,1 %

16.644.842 7.939.784 5.735.099 2.844.937 1.416.060

Visual Motora Auditiva Mental Física

2244,,55 mmiillhhõõeess ddee bbrraassiilleeiirrooss

Número de pessoas com deficiência

48,1 %

Figura 5.1 Pessoas com deficiência no Brasil, fonte IBGE censo demográfico 2000.

O Censo do IBGE é uma referência para se ter uma estimativa do público alvo que

irá utilizar o produto em desenvolvimento. No Brasil, geralmente as empresas escolhem um

público alvo para um tipo de cadeira de rodas, por exemplo: pessoas que utilizam cadeira

manual ou pessoas que utilizam cadeiras motorizadas. Neste caso, o objetivo é atingir o

maior número de pessoas possíveis, logo é definido como público alvo, todas as pessoas

que possam eventualmente utilizar cadeiras de rodas, por exemplo, pessoas com paraplegia,

hemiplegia, tetraplegia (dependendo do grau de severidade), idosos e pessoas com

dificuldades em caminhar.

A definição do público alvo pode ser feita de acordo com as premissas estudadas no

projeto inclusivo. A “população total” pode ser definida como todas as pessoas que utilizam

cadeiras de rodas. Retirando dessa população as pessoas que não conseguem mover

sensores para movimentar o módulo com a cadeira ou as pessoas que não possuem

capacidade mental para se direcionar, tem-se a população ideal. Nas abordagens atuais de

projeto, seria escolhido um público alvo que deveria ser usuários de cadeiras de rodas

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133

manuais com movimento nos membros superiores, mas como se está realizando um projeto

inclusivo, deve-se pensar em extender ao máximo o número de pessoas que possam utilizar

o produto. A máxima população negociável pode conter pessoas que usam cadeiras

motorizadas e tetraplégicos que tenham algum movimento, por exemplo, com a boca ou

olhos, ou que não possuem coordenação motora, ou que tenham pouca força nos braços ou

que tenham tremores. A população incluída são as pessoas que podem usar o produto

através do protótipo físico que se encontra disponível para testes.Veja Figura 5.2.

UUUSSSUUUÁÁÁRRRIIIOOOSSS OOOUUU NNNÃÃÃOOO DDDEEECCCAAADDDEEEIIIRRRAAA DDDEEE RRROOODDDAAASSS

(((TTTooodddaaa PPPooopppuuulllaaaçççãããooo)))

IDOSOS, PESSOAS COM DEFICIÊNCIA TEMPORÁRIA OU

PERMANENTE (População Ideal)

USUÁRIOS DE CADEIRA MOTORIZADAS E TETRAPLÉGICOS

(Máxima População negociável)

USUÁRIOS DE CADERIAS DE RODAS QUE TESTARAM O PROTÓTIPO

(População Incluída)

UUUSSSUUUÁÁÁRRRIIIOOOSSS DDDEEE CCCAAADDDEEEIIIRRRAAASSS DDDEEE RRROOODDDAAASSS MMMAAANNNUUUAAAIIISSS CCCOOOMMM MMMOOOVVVIIIMMMEEENNNTTTOOO NNNOOOSSS MMMEEEMMMBBBRRROOOSSS SSSUUUPPPEEERRRIIIOOORRREEESSS

MMMEEEMMMBBBRRROOOSSS SSSUUUPPPEEERRRIIIOOORRREEESSS (((PPPooopppuuulllaaaçççãããooo aaalllvvvooo)))

Figura 5.2 Definição da população que irá utilizar o produto em desenvolvimento.

Tarefa 1.1.2 Para se obter dados sobre o produto em desenvolvimento é necessário

fazer uma pesquisa de informações técnicas dos produtos no mercado, através de catálogos

dos fabricantes e outras fontes, por exemplo, sites. Pesquisas sobre cadeiras de rodas

manuais e motorizadas detalhadas foram podem ser encontradas em Alvarenga (2002). Para

ilustrar alguns dos tipos pesquisados no mercado atual, veja Tabela 5.1.

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134

Tabela 5.1 Pesquisa de modelos e informações técnicas de cadeiras de rodas encontradas no mercado atual.

Modelo de Cadeira de Rodas Descrição Técnica

Cadeira de rodas manual modelo 1009: Essa cadeira foi desenvolvida pela empresa Baxman-Jaguaribe (www.baxmannjaguaribe.com.br), uma empresa brasileira fundada em 1947 e dedicada à fabricação de cadeiras de rodas manuais. Peso da cadeira: 12 kg Largura da cadeira: 62 cm Capacidade de carga: 80kg Preço: R$ 190,00

Cadeira de rodas manual Freedom Clean: Esta cadeira foi desenvolvida pela Freedom (www.freedom.ind.br), uma empresa brasileira fundada em 1991 em Pelotas-RS e dedicada à fabricação de cadeiras de rodas motorizadas e manuais. Peso da cadeira: 17,6 kg Distância entre eixos: 78cm Capacidade de carga: 130kg Largura da cadeira: 60 a 64 cm Cores: amarelo ,azul, branco, cinza, grafite, prata, preto,rosa,vermelho,vinho Preço: R$ 735,85

Cadeira de rodas manual Freedom Stand-up: Esta cadeira, também desenvolvida pela Freedom, possui o sistema stand-up com atuador linear elétrico (função que permite ao usuário ficar em pé, facilitando a acessibilidade e qualificando as funções circulatórias, digestivas e respiratórias). Peso da cadeira: 19,8 kg Distância entre eixos: 80 cm Capacidade de carga: 130kg Largura da cadeira: 62 a 66 cm Baterias: 2 baterias 12V x17A 1 atuador linear 1500W Preço: R$ 3.151,00 Preço da motoriza Freedom Stand-up R$ 9.000,00

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135

Cadeira de rodas motorizada Freedom “L”: Essa cadeira motorizada, também desenvolvida pela Freedom, possibilita a subida de rampas e ultrapassagem de pequenos desníveis. Peso da cadeira: 68 kg Distância entre eixos: 80 cm Capacidade de carga: 130kg Largura da cadeira: 60 a 64 cm Velocidade em terreno plano: 7 km/h Autonomia piso plano, usuário 80 Kg: 30 km Motores: 2 motores de 400 W (cada) Transmissão: pelas rodas traseiras através de correia Baterias: 02 baterias 12 V x 50 A Preço: R$ 7.124,00

Cadeira de rodas manual Ágile: Esta cadeira foi desenvolvida pela empresa Baxman-Jaguaribe (www.baxmannjaguaribe.com.br). Peso da cadeira: 16 kg Capacidade de carga: 100kg Largura da cadeira: 60 a 64 cm Preço: R$ 1.065,00

Cadeira de rodas motorizada Hummel Classic: Esta cadeira foi desenvolvida pela REA Team (www.reateam.com.br), uma empresa brasileira fundada em 2003 em Caxias do Sul -RS e dedicada à fabricação de cadeiras de rodas motorizadas. Peso da cadeira: 62 kg Capacidade de carga: 120kg Largura da cadeira: 60- 68 cm Transmissão blindada helicoidal 02 motores elétricos Velocidade: 8,5 km/h Autonomia: 15 à 30 km Baterias: 18 Ah Preço R$: 7.900,00

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136

Cadeira de rodas motorizada Jazzy 1122: Esta cadeira foi desenvolvida pela Pride Mobility Products Corp (www.pridemobility.com), uma empresa americana fundada em 1986 na Pennsylvania nos EUA e dedicada à fabricação de Scooters e cadeiras de rodas motorizadas. Peso da cadeira: 100 kg Capacidade de carga: 136 kg Largura da cadeira: 58 à - cm 02 motores elétricos Velocidade: 10 km Autonomia: 40 km Baterias: 2 x 12V Preço: R$ 14.300,00

Cadeira de rodas motorizada Nutron R51LXP: Esta cadeira foi desenvolvida pela Invacare (www.invacare.com), uma empresa americana fundada em 1970 em Ohio nos EUA e dedicada à fabricação de produtos para reabilitação incluindo cadeiras de rodas manuais e motorizadas. Motor: 650W Largura da cadeira: 66 cm Peso da cadeira: 77 kg Capacidade de carga: 160 kg Velocidade: 6mph Preço: US$ 5.195,00

5.1.2 Etapa 1.2: Definir o problema de projeto

Tarefa 1.2.1 Revisar a ordem de início e as informações pesquisadas. Organizar as

informações de modo que haja visualização de oportunidades de inclusividade.

Tarefa 1.2.2 As cadeiras de rodas manuais possuem qualidades físicas e funcionais

comuns à todas as cadeiras. Geralmente essas possuem similaridades em seus projetos, nas

dimensões físicas, atendendo às normas. Algumas regras, tais como, permitir a passagem da

cadeira através de portas e permitir o seu dobramento durante o transporte em um veículo.

Outras similaridades aparentes, tais como a construção do assento, do encosto e a

distribuição de peso o qual permite o usuário elevar as rodas frontais para transpor degraus

ou obstáculo qualquer.

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137

Cadeiras de rodas motorizadas são geralmente prescritas a usuários que não possuem

força ou coordenação motora para acionar manualmente uma cadeira convencional. Estas

cadeiras induzem o aumento de dependência do usuário na estabilidade e manobrabilidade

da cadeira. Entretanto, a cadeira motorizada é de difícil utilização em espaços confinados,

devido ao seu volume e peso. As cadeiras motorizadas requerem considerações de projeto

diferentes das manuais, devido às mudanças na distribuição de peso e outras funções

operacionais. A maioria destas cadeiras não é dobrável, são pesadas e incômodas para o

transporte.

Uma das dificuldades enfrentadas por deficientes com lesões medulares (paraplégicos

e tetraplégicos) além das evidentes limitações motoras de locomoção ou de integração

social, é a aquisição de um equipamento indispensável ao suprimento de suas necessidades

cotidianas: a cadeira de rodas. O custo de uma cadeira de rodas motorizada é um muito alto.

As cadeiras de rodas motorizadas existentes no mercado realizam múltiplas funções, não se

limitando ao movimento em si. Uma das desvantagens é a relação custo–benefício, já que

existe certo grau de sofisticação, elevando o custo do produto. Portanto a maioria dos

usuários opta pela cadeira de rodas manual convencional.

Outras desvantagens da cadeira de rodas motorizada são o peso, o tamanho (ocupam

muito espaço), não são aceitas esteticamente (pelo seu tamanho e agressividade estética), a

dificuldade de transporte, não é dobrável e a impossibilidade de executar exercícios físicos.

O usuário quer ter agilidade, em locais fechados ou espaços reduzidos, onde não é

necessário a motorização. Ou seja ele deseja ter uma cadeira leve, que se mova rapidamente

e que não ocupe muito espaço. Nestes ambientes, o usuário busca uma cadeira de rodas

manual. Quando o usuário deseja percorrer uma longa distância ou subir/descer uma rampa,

ele necessita de motorização. Portanto não é sempre que o usuário precisa de motorização.

Tarefa 1.2.3 Tendo em vista esses problemas, e no propósito de superá-los seria

interessante o desenvolvimento de um sistema de motorização para cadeiras de rodas

manuais convencionais, consistindo em aliar as características fundamentais dos dois tipos

de cadeiras de rodas: manual e motorizada, permitindo ao usuário usufruir os benefícios da

cadeira motorizada sem perder a liberdade que o modelo manual proporciona e com o custo

muito menor, sendo acoplado e desacoplado com grande facilidade.

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138

5.1.3 Etapa 1.3 Definição dos clientes do produto inclusivo

Tarefa 1.3.1- Nesta etapa os clientes foram definidos como hospitais, clínicas de

fisioterapia, clínicas médicas, supermercados e shoppings.

Tarefa 1.3.2 Os usuários do produto são o máximo número de pessoas que possam

utilizar cadeiras de rodas e que eventualmente podem ter deficiências múltiplas e

combinadas. Portanto o produto deve atender não somente pessoas com paraplegia, mas

também hemiplegia, tetraplegia (com certo grau independência), com deficiência auditiva,

cognitiva e motora.

Tarefa 1.3.4 Os especialistas foram definidos como fisioterapeutas, médicos e

projetistas de cadeiras de rodas. Como no Brasil existem poucas empresas que fabricam

cadeiras de rodas, pois a maioria importa, foi muito difícil o acesso à esses projetistas.

Tarefa 1.3.5 A forma de coletar os dados é uma tarefa importante, pois a obtenção de

dados deve ser confiável, uma vez que grande parte das decisões a serem tomadas durante o

projeto depende desses dados. Segundo Akao (1996), o meio mais conveniente de se fazer a

coleta das necessidades é através de diálogo direto com o usuário, cuja conversa objetiva

extrair exigências em relação ao uso do produto, bem como a comparação dos

concorrentes. Neste sentido, optou-se pelo emprego de entrevistas, baseadas num roteiro

pré-definido, no levantamento das necessidades dos clientes e usuários. Também foram

escolhidas técnicas tais como, questionários estruturados, método da observação e método

do passeio acompanhado.

5.1.4 Etapa 1.4: Coletar os desejos e necessidades de usuários, clientes e especialistas

Tarefa 1.4.1 A escolha de locais onde poderiam ser encontrados os usuários foi feita

baseada na experiência do grupo do Laboratório de Projeto Mecânico. Uma das formas para

se iniciar o contato com usuários de cadeiras de rodas foi a participação em eventos sobre

acessibilidade e inclusão. Como por exemplo, a participação no I Fórum Municipal para

Inclusão das Pessoas com Deficiência de Florianópolis em 2005, onde estavam presentes

usuários de cadeiras de rodas, e pessoas com deficiências variadas. E também celebridades,

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139

tais como Mara Gabrili que é a atual presidente da Secretaria Municipal dos Portadores de

Deficiência, da cidade de São Paulo. Outros locais foram as associações, hospitais e locais

públicos, como por exemplo, hospitais e shoppings. A indicação de um usuário para outro

também foi muito válida, pois geralmente eles possuem amigos que também utilizam

cadeiras de rodas.

Tarefa 1.4.2 Para se obter bons resultados, o questionário foi construído

cuidadosamente para se coletar informações com o mínimo de vícios. A seguir serão

apresentadas algumas considerações representativas no desenvolvimento do questionário.

Os entrevistados foram motivados a participar, sendo convencidos da importância da

participação dos mesmos. Outra característica do questionário foi o planejamento, se

iniciou antes das questões serem escritas. Durante o planejamento do questionário foi

importante verificar se a quantidade de perguntas era exaustiva, e preparação das questões

para avaliar aspectos técnicos, informações específicas, informações gerais, avaliação de

concorrentes, etc.

Tarefa 1.4.3 A coleta de dados foi feita através de entrevistas pessoalmente e de

questionário estruturado que foi enviado por e-mail. O contato também foi feito através de

comunidades do orkut (programa de comunicação virtual). O roteiro usado para conduzir as

entrevistas foi baseado no questionário estruturado adotado que se encontra no Apêndice C.

Tarefa 1.4.4 O processo de entrevista ocorreu durante dois meses e teve uma

abrangência considerada pela entrevistadora como satisfatória para o atendimento dos

objetivos determinados para essa pesquisa. No total, foram entrevistadas 25 pessoas,

usuários de cadeiras de rodas, prevalecendo a idade entre 23 e 50 anos. Sendo que 80% dos

entrevistados possuíam cadeiras de rodas manuais, 1 entrevistado possuía cadeira

motorizada e 4 dos entrevistados possuíam ambas. A renda mensal de 80% dos

entrevistados era de até R$ 1000,00 mensais. A duração das entrevistas foi em média de

quarenta minutos, podendo chegar até uma hora. Um fato que chamou atenção, ao contrário

do que se pensava, foi que no questionário enviado por e-mail, nem sempre o entrevistado

dispunha de idéias ou sugestões para a questão, preferindo optar por uma referência já

citada na questão ou não opinar.

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140

Tarefa 1.4.5 Foram enviados questionários por email para os usuários que se

dispuseram a responde-lo num primeiro convite feito via orkut em comunidades de usuários

de cadeiras de rodas.

Tarefa 1.4.6 O método do passeio acompanhado foi realizado na cidade de

Florianópolis, SC, (Guimarães et al., 2006) com um usuário de cadeira de rodas manual de

26 anos. O usuário foi atingido por um disparo acidental de arma de fogo, sofrendo a perda

dos movimentos nos membros inferiores. O usuário tinha preparo físico, pois era jogador

de basquete de cadeiras de rodas. O usuário superou os diversos obstáculos encontrados em

seu deslocamento devido suas habilidades especiais, força física e experiência com a

cadeira de rodas. O resultado deste método mostrou que as principais dificuldades deste

usuário são: subir e descer rampas e a transposição de obstáculos.

Tarefa 1.4.7 Foram fotografados usuários de cadeiras de rodas em shoppings,

faculdades, hospitais e nas ruas da cidade de Florianópolis, SC.

Tarefa 1.4.8 Foi observado o usuário utilizando sua cadeira em situações rotineiras.

Tarefa 1.4.9 Foram observadas as interações que os usuários fizeram com suas

cadeiras de rodas.

Através dos métodos aplicados, pôde-se observar a grande importância dada pelos

usuários de cadeiras de rodas à um sistema que permita a conversão temporária de cadeiras

de rodas manuais em motorizadas e que esse sistema possa ser facilmente acoplado e

desacoplado em suas próprias cadeiras pelos próprios usuários. Esse sistema ajudaria

principalmente o processo de subida e descida de rampas, transposição de obstáculos e o

processo exaustivo de percorrer longas distâncias. Porém, apesar desta opinião ser unânime,

foi observado que as necessidades reais foram poucas, tornando-se necessária a

interpretação das necessidades manifestadas e dos comentários feitos nas entrevistas,

principalmente em relação aos problemas encontrados com sua própria cadeira e a

experiência com outras anteriores e a comparação com as cadeiras disponíveis atualmente.

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141

5.1.5 Etapa 1.5: Estabelecer requisitos dos clientes do produto inclusivo

Tarefa 1.5.1 Nesta etapa as necessidades dos usuários foram listadas, classificadas e

agrupadas em categorias, de acordo com o ciclo de vida do produto e com as afinidades. O

agrupamento das necessidades possibilita a verificação de necessidades similares,

eliminando-se as repetições e as necessidades pouco relevantes ao processo.

Tarefa 1.5.2 A definição dos requisitos dos clientes ocorre através da interpretação

das necessidades dos usuários, obtidas na coleta de dados.

Tarefa 1.5.3 Os requisitos do cliente são valorados pelos usuários através de

atribuições de notas a cada necessidade, sendo (5) para requisito muito importante, (3) para

requisito importante e (1) para requisito pouco importante.

O resultado obtido é apresentado na Tabela 5.2, juntamente com os requisitos dos

clientes que serão usados como entrada no QFD.

Tabela 5.2 Necessidades dos usuários coletadas durante as entrevistas e valoração dos requisitos feita pelos usuários

Necessidade expressa pelo usuário Requisito do cliente Valoração

Que a cadeira não ocupe muito espaço Possuir dimensões compactas

5

Que a cadeira seja mais leve Ser leve 3 Que a cadeira não permita que o usuário sofra acidentes

Ser segura 5

Que a cadeira seja dobrável Ser dobrável 1

Que a cadeira seja fácil de frear Possuir freio eficaz 3

Que a cadeira facilite a locomoção Ser leve 3

Que a cadeira manual pudesse ser motorizada quando necessário

Possuir sistema de motorização flexível

5

Que a cadeira suba rampas mais facilmente Subir rampas 5

Que a cadeira funcione sem problemas Facilitar manutenção 1

Que a cadeira tenha preço baixo Ter preço acessível 5

Que a cadeira precise de pouca manutenção e que seja fácil de se fazer a manutenção

Facilitar manutenção 1

Que seja fácil de encontrar no mercado as peças de reposição

Ter componentes simples 3

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142

peças de reposição

Que o sistema de motorização tenha compatibilidade com a maioria das cadeiras

Ser compatível 5

Que o sistema de motorização seja fácil de montar

Facilitar montagem 5

Que a cadeira seja fácil de operar Facilitar uso 1

Que a cadeira possa solucionar a dificuldade em percorrer longas distâncias

Fornecer autonomia suficiente

5

Que a cadeira fosse mais discreta Ser discreta 1

Que a cadeira seja resistente Ser robusto 1

Que os freios não falhem Possuir freio eficiente 3

Que tenha custo baixo de manutenção Possuir manutenção barata 1

Que a cadeira seja rápida Ter velocidade 1

Que a cadeira tenha opção de ser manual e de ser motorizada

Ser híbrida 5

Que o sistema de motorização seja retirado para ter a cadeira manual

Ser leve 3

Que a cadeira tenha agilidade Ser ágil 1

Que o sistema não trave Possuir confiabilidade 3

Que o sistema tenha pneu macio Reduzir impacto 3

Que a cadeira tenha maior autonomia para distâncias mais longas

Maior autonomia 5

Que a cadeira possua níveis de velocidade Possuir níveis de velocidade

1

Que o sistema seja eficiente Ser eficiente 5

Que o sistema seja atraente Possuir cor atraente 1

Que a cadeira exija pouco esforço físico do usuário

Exigir pouco esforço 5

Que a cadeira seja dobrável e fácil de transportar

Ser fácil de transportar 5

Que a cadeira possa dobrar Ser dobrável 1

O tempo da duração da bateria é pequeno Ter autonomia suficiente 5

É difícil ultrapassar obstáculos Ultrapassar obstáculos 3

Que o sistema seja fácil de operar Ser fácil de operar 1

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143

Que a cadeira não caia para trás Ser segura 5

Que o sistemas tenha poucas quebras Ter poucas quebras 5

Que o sistema tenha indicador de carga de bateria

Ter indicador de carga da bateria

1

Que o sistema não tenha muita manutenção Exigir pouca manutenção 1

Que o sistema seja fácil de transportar Facilitar transporte 5

Tarefa 1.5.4 A classificação do agrupamento das necessidades (requisitos dos

clientes) foi feita obedecendo categorias, baseadas no ciclo de vida do produto (Rozenfeld

et al., 2006), e em aspectos específicos do projeto de produto inclusivo. São elas: (1)

Produto, (2) Uso, envolvendo interação homem-máquina, e (3) Específicos. O resultado

desse agrupamento pode ser visto na Tabela 5.3.

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144

Tabela 5.3 Requisitos dos clientes agrupados por categorias e subcategorias. Categoria Sub-categoria Necessidades

Preço Ter preço acessível Aparência Possuir cor atraente

Ser discreta Material Ser robusto

Produto

Manutenção Exigir pouca manutenção Possuir manutenção barata Facilitar manutenção

Operação Possuir sistema de motorização flexível (ter motorização flexível) Facilitar uso Facilitar montagem Facilitar desmontagem

Segurança Ter poucas quebras Oferecer estabilidade Possuir confiabilidade Possuir freio eficiente

Transporte Facilitar transporte Ser dobrável Ser leve Possuir dimensões compactas

Uso

Inclusividade Ter indicador de carga Ser fácil de operar Ser compatível Ter componentes simples Ser adaptável Permitir regulagem

Desempenho Subir rampas Ultrapassar obstáculos Fornecer autonomia suficiente Exigir pouco esforço Ser eficiente Possuir níveis de velocidade Reduzir impacto Ser ágil Possuir sistema de motorização flexível (ter motorização flexível)

Uso Específico Puxar cadeira Empurrar cadeira

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145

A aplicação desta etapa da metodologia é relativamente fácil, porém demanda tempo

e atenção. Deve-se ter cuidado para que todas as necessidades sejam listadas. Um problema

que pode ocorrer são as respostas amplas dos usuários, como por exemplo, o sistema deve

ser seguro. Neste caso é necessário realizar uma interpretação mais detalhada de “o que é

ser seguro” para o usuário. Pode-se refazer o questionário, com perguntas mais específicas

a respeito do tema.

O agrupamento realizado em categorias foi difícil e um pouco complicado de se

fazer, pois faltou uma referência de quais categorias poderiam ser usadas. O ciclo de vida

pode ser uma solução, mas ainda as categorias são muito amplas.

5.1.6 Etapa 1.6: Definir os requisitos de projeto do produto inclusivo Tarefa 1.6.1 Nesta etapa os requisitos dos clientes são traduzidos em requisitos de

projeto mensuráveis, agrupados e hierarquizados. E para isso utilizou-se como ferramenta

de apoio a matriz da Casa da Qualidade do QFD. Veja Figura 5.3.

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146

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Requisitos dos Usuários 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18Preço Ter preço acessível 5

Produto Estética Ser discreto 1Possuir cor atraente 1

Material Ser robusto 1Ser durável 3Exigir pouca manutenção 1

Manutenção Possuir manutenção barata 1Facilitar manutenção 1Ter motorização flexível 5

Operação Facilitar uso 1Facilitar montagem 5Facilitar desmontagem 5Ter poucas quebras 5

5Segurança 3

Possuir freio eficiente 3Facilitar transporte 5

Transporte Ser dobrável 1Ser leve 3Possuir dimensões compactas 5

Uso Ter indicador de carga 1Ser fácil de operar 1

Inclusividade Prover compatibilidade 5Possuir componentes simples 3Ser adaptável 5Permitir regulagem 5Subir rampas 5Ultrapassar obstáculos 3Fornecer autonomia suficiente 5

Desempenho Exigir pouco esforço 5Ser eficiente 5Possuír níveis de velocidade 1Reduzir impacto 3Ser ágil 1

Específicos Deslocamento Puxar cadeira 1Empurrar cadeira 1

Valor da matriz principal 175 81 12 38 84 116 95 18 157 61 27 38 6 58 12 6 6 48

Ranking 1 8 24 19 7 3 6 23 2 13 21 19 26 14 24 26 26 16

Oferecer estabilidadePossuir confiabilidade

Figura 5.3 Casa da Qualidade – cadeira de rodas (parte 1)

Relação: Requisito do usuário

xRequisito de projeto Forte = 9 Média = 3 Fraca= 1

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147

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Requisitos dos Usuários 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33Preço Ter preço acessível 5

Produto Estética Ser discreto 1Possuir cor atraente 1

Material Ser robusto 1Ser durável 3Exigir pouca manutenção 1

Manutenção Possuir manutenção barata 1Facilitar manutenção 1Ter motorização flexível 5

Operação Facilitar uso 1Facilitar montagem 5Facilitar desmontagem 5Ter poucas quebras 5

5Segurança 3

Possuir freio eficiente 3Facilitar transporte 5

Transporte Ser dobrável 1Ser leve 3Possuir dimensões compactas 5

Uso Ter indicador de carga 1Ser fácil de operar 1

Inclusividade Prover compatibilidade 5Possuir componentes simples 3Ser adaptável 5Permitir regulagem 5Subir rampas 5Ultrapassar obstáculos 3Fornecer autonomia suficiente 5

Desempenho Exigir pouco esforço 5Ser eficiente 5Possuír níveis de velocidade 1Reduzir impacto 3Ser ágil 1

Específicos Deslocamento Puxar cadeira 1Empurrar cadeira 1

Valor da matriz principal 18 4 71 79 46 67 101 56 98 77 33 8 45 21 27

Ranking 23 27 11 9 17 12 4 15 5 10 20 25 18 22 21

Oferecer estabilidadePossuir confiabilidade

Figura 5.3 Casa da Qualidade – cadeira de rodas (parte 2)

Tarefa 1.6.2 O agrupamento dos requisitos de projeto estão mostrados nas duas

primeiras colunas da casa da qualidade.

Relação: Requisito do usuário

xRequisito de projeto Forte = 9 Média = 3 Fraca= 1

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148

Tarefa 1.6.2 Através da Casa da Qualidade, pode-se observar que a priorização dos

requisitos de projetos está diretamente ligada com a percepção do usuário, como o preço, a

motorização flexível (manual e motorizado) e o desempenho em subida de rampas. Essa

observação mostra que a eficiência e praticidade do produto, juntamente com o preço terão

grande influência na decisão de compra do produto. Por outro lado, fatores não expressos

diretamente pelo usuário, como resistência do material, cor, tiveram sua importância para o

projeto reduzida.

Tarefa 1.6.4 A hierarquização dos requisitos de projeto é o resultado da Casa da

Qualidade, veja ranking.

Esta etapa requer muita atenção da equipe de projeto. A tradução dos requisitos de

clientes em requisitos de projeto é uma difícil tarefa, pois os requisitos de projeto devem ser

mensuráveis.

5.1.7 Etapa 1.7: Analisar, se houver, produtos concorrentes

Tarefa 1.7.1 Nesta etapa, faz –se a análise dos produtos concorrentes que são

encontrados no mercado atual. De acordo com as necessidades dos clientes obtidas na Casa

da Qualidade, busca-se no mercado atual quais produtos poderiam ser concorrentes.

Tarefa 1.7.2 Analisa-se as características identificadas em relação ao produto que se

pretende desenvolver.

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149

Tabela 5.4 Comparação dos modelos de equipamentos encontrados no mercado atual.

Modelos de equipamentos Tipo de motorização

Posição de montagem Velocidade

(km/h)

Quant. Motores

x potência (Watts)

Quant. Baterias

x voltagem

Autonomia do

produto

Peso total (Kg)

Capacidade carga (kg)

Preço US$

JWII

Motorização assistiva e

sistema motorizado

Troca das rodas

traseiras 6 2 x 60

- 2 h 17.2

- 4,289

e-fix (E20)

Sistema motorizado

Troca das rodas traseiras

1.5 to 6.5 2 x 75 2 x 12 V 12 Ah 15 km 27

120 c

7,450

iGlide

Motorização assistiva

Troca das rodas traseiras 6.4 2x 24 2x 24 12 km 25.5 100 7,900

e–motion

Motorização assistiva

Troca das rodas

traseiras 6.5 2x 150 2 x 24 V 3.0 Ah 13 km 28

113 c

5,995

AACD device

Sistema motorizado

Contato com rodas

traseiras 2 2 x 30 1x 12V 9 Ah 3 h 50 50 600

Roll Aid

Sistema motorizado

Adição de uma roda

frontal motorizada

8

- 2 x2 4V

5 Ah 30km 30 181 2,000

Swiss Track

Sistema motorizado / puxando a

cadeira

Adição de um

equipamento motorizado instalado na parte frontal da cadeira

10 2 x2 4V 40 Ah 30 km 65 130c 6,000

Power Trike

Sistema motorizado / puxando a

cadeira

Adição de uma roda

frontal motorizada

17 2x 150 - 30 km 18 90 c 3,600

WDU

Sistema motorizado/ empurrando

a cadeira

Adição de uma roda traseira

motorizada

2.1 1x220 2x12V 7.5 Ah 6.4 km 4.5 83 540

TGA

Sistema motorizado empurrando

a cadeira

Adição de uma roda traseira

motorizada

6.4 1x220 2x12V 17Ah 9.6 km 12.7 - 1,110

Hummel

Sistema motorizado

Troca das rodas

traseiras 8.5 2 2x12

18Ah 15 à 30km 62 120 3,950

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150

Tarefa 1.7.3 Na Tabela 5.4 foram estabelecidos os parâmetros competitivos a serem

alcançados.

Tarefa 1.7.4 Através de seções de brainstorming procura-se buscar soluções para

superar estes parâmetros. A avaliação dos competidores também pode ser feita através da

casa da qualidade, comparando-se os produtos concorrentes em relação aos requisitos dos

clientes.

5.1.8 Etapa 1.8: Estabelecer as especificações de projeto do projeto inclusivo

Tarefa 1.8.1 Com base nos resultados obtidos através da Casa da Qualidade e nos

produtos concorrentes, são listadas as especificações de projeto no quadro de especificações

de projeto, com o objetivo de direcionar o desenvolvimento do produto. As especificações

são compostas de valores meta a serem atingidos ou de restrições impostas ao produto.

Alguns valores são omitidos neste quadro pelo fato do produto, resultante da aplicação

desta metodologia, ter sido requerido para uma patente e estar sob processo sigiloso.

Tabela 5.5 Especificações de projeto para o desenvolvimento de um sistema de motorização para cadeiras de rodas, ordenadas segundo a classificação obtida pelo QFD. Requisito Objetivo Meta Saídas indesejadas 1 Custo do produto Minimizar o custo do equipamento ≤R$ 1.000,00 2 Tamanho da trava

Facilitar o encaixe do sistema -

3 Peso do sistema

Minimizar o peso do conjunto (cadeira +sistema motorizado)

≤ 18Kg

4 Distância máxima na regulagem

Adaptar o sistema motorizado ao maior número possível de cadeiras manuais

-

5 Torque

Melhorar a eficiência do sistema em subidas de rampas

≥ 25 N.m

6 Tempo de montagem

Minimizar o tempo de montagem do sistema na cadeira

≤ 1 min.

7 Projeto robusto

Maximizar a confiabilidade do equipamento

- Aumento no custodo equipamento

8 Volume do sistema

Minimizar o volume ocupado pelo sistema

≤ 0.37m -alt. ≤ 0.4 m larg. ≤ 0.4 m comp

9 Ângulo da garra da trava

Maximizar o número de cadeiras de rodas que podem ser adaptadas

-

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151

10 Tamanho do diâmetro das rodas

Maximizar a velocidade e o torque aplicado

≥ 0.95 m Aumento no custo do equipamento

11 Distância entre as garras da trava

Maximizar o número de cadeiras de rodas que podem ser adaptadas

12 Tamanho

Minimizar as dimensões totais do sistema

≤ 0.4 largura Aumento no custo do equipamento

13 Distância entre eixos

Maximizar a estabilidade do conjunto (cadeira +sistema)

14 Ângulo entre sistema e cadeira

Maximizar o torque aplicado e a eficiência do sistema

-

15 Distância mínima da regulagem

Maximizar o número de cadeiras de rodas que podem ser adaptadas

16 Tempo de desmontagem

Minimizar o tempo de desmontagem do sistema da cadeira

≤ 1min.

17 Especificar componentes padronizados

Minimizar o custo do produto e facilitar a reposição de peças

-

18 Tempo de duração da bateria

Maximizar o tempo de uso do sistema

≥ 12 h Aumento no custo e tamanho do sist.

19 Nível de rotação no eixo

Maximizar a eficiência do freio do sistema

≤ 100 rpm Aumento no custo do equipamento

20 Coeficiente de atrito da roda Maximizar a eficiência na subida de

rampas e ultrapassagem de obstáculo ≥ 0.6

Nível de confiança

Maximizar a confiabilidade do sistema

≥ 98% Aumento no custo do equipamento

21

Coeficiente de amortecimento

Minimizar o impacto causado ao usuário pelo terreno

-

22 Velocidade

Maximizar a velocidade do sistema ≥ 7 Km/h

Nível de sensibilidade no controle

Maximizar o número de usuários que possam utilizar o sistema

- Aumento no custo do equipamento

23

Distância entre a mão e o controle

Maximizar o número de usuários que possam utilizar o sistema

-

24 Nível de contraste de cor

Maximizar o número de usuários que possam utilizar o sistema

-

25 Dureza do material das rodas

Minimizar a manutenção nas rodas -

Tamanho do controle

Maximizar o número de usuários que possam utilizar o sistema, podendo ter vários tipos de controle

- 26

Nível sonoro de indicação

Maximizar o número de usuários que possam utilizar o sistema

≤ 80db

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152

Nível de contraste de informação

Maximizar o número de usuários que possam utilizar o sistema

-

27 Força de aplicação no controle

Maximizar o número de usuários que possam utilizar o sistema

- Aumento no custo do equipamento

5.1.9 Etapa 1.9: Modelar funcionalmente o produto inclusivo

Esta etapa compreende na identificação das funções que o produto em

desenvolvimento irá ter.

Tarefa 1.9.1 A função básica deste do sistema de motorização para cadeiras de rodas

é mover a cadeira de rodas manual e ser eficiente em subidas/descidas de rampa e percorrer

longas distâncias.

Tarefa 1.9.2 A obtenção das sub-funções está relacionada com fatores como

desempenho, inclusividade, manutenção, segurança, usabilidade e estética.

Tarefa 1.9.3 Para se obter as funções foi utilizada a ferramenta do diagrama FAST.

As funções mostradas no FAST foram obtidas dos requisitos dos clientes, listados na Casa

da Qualidade. A Figura 5.4 mostra as funções que um sistema para motorizar cadeiras de

rodas deve possuir.

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153

Deslocar-secom eficiência

Tornar o produtoatraente

Ser discreto

Possuir coratraemte

Possuir design

Ter preçoacessível

Ser robusto

Ser durável

Possuir materialresistente

Ter manutençãosimplificada

Exigir poucamanutenção

Possuirmanutenção barata

Facilitarmanutenção

Ter acesso fácil aoscomponentes

Possuir componentessimples

Promovermovimento

Fazer curva

Subir rampa

descer rampa

Desacelerar rodamotora

Ser seguro

Oferecerestabilidade

Ter poucas quebras

Possuir freioeficiente

Possuirconfiabilidade

Armazenar energia

Ser inclusivo

Ser ergonômico

Prover conforto

Possuir posiçãoadequada na montagem

Possuir posição adequadana desmontagem

Ter torquesuficiente

ter autonomia debateria

oferecerestabilidade

Ser ágil Oferecer potência

Exigir pouco tempopara o conserto

Possuir maior vidaútil

Poder se locomovermanualmente ou motorizado

Oferecer sistemamotorizado

acelerar 1 rodamotora

controlarmovimento

oferecer opções decontrole

possuir interfacesvariadas

exigir pouco esforço dousuário para o controle

atritar roda

diminuir rotação

Ser fácil de operar

Prover escolha naforma de locomoção

Eliminar complexidadesdesnecessárias

Provercompatibilidade

Ser adaptável

Ser flexível

Minimizar erros

Arranjarcomponentes

Prover mensagensde aviso de risco

Oferecerautonomia

Possuir usabilidade

Facilitar montagem

Facilitardesmontagem

Minimizar tempo

Facilitar uso

prover manualexplicativo

prover contrasteadequado

prover sinalsononoro

prover fácilentendimento

prover figurasilustrativas

prover adaptabilidadeao ritmo do usuário

usar modos redundantespara fornecer informação

usar modo verbal

usar modo pictorial

usar modo táctil

Minimizar esforçofísico pelo usuário

Minimizar açõesrepetitivas

Verificar distância do usuárioao sistema de acoplamento

Minimizar impactocausado pelo terreno

Minimizar esforçofísico do usuário

A

B

C

D

E

F

G

H

I

J

L

M

K

N

O

P

Q

R

T

S

U

V

Figura 5.4 Diagrama FAST de um sistema de motorização para cadeiras de rodas.

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154

As funções obtidas no diagrama FAST foram classificadas de acordo com os

resultados da Casa da Qualidade, portanto as principais funções para um sistema de

motorização para cadeiras de rodas manuais são: (A) Promover movimento, (B) Subir

rampa, (C) Ser ágil, (D) Ter autonomia de bateria, (E) Oferecer estabilidade, (F) Ter torque

suficiente, (G) Ser seguro, (H) Facilitar uso, (I) Fazer curva, (J) Prover escolha de

locomoção, (K) Prover compatibilidade, (L) Facilitar montagem/desmontagem, (M) Possuir

freio eficiente, (N) Ser robusto, (O) Ter preço acessível, (P) Possuir manutenção barata, (Q)

Possuir posição do usuário adequada na montagem, (R) Prover adaptabilidade ao ritmo do

usuário, (S) Oferecer opções de controle, (T) Minimizar erros, (U) Usar modos redundantes

para fornecer informação e (V) Minimizar esforço físico do usuário.

5.1.10 Etapa 1.10: Desenvolver princípios de solução

Tarefa 1.10.1 Nesta etapa foi efetuado o levantamento e a geração de princípios de

solução que pode vir a atender a cada um dos parâmetros listados. Para isso escolheu-se

métodos de criatividade, tais como o brainstorming, o método 6.5 e a Matriz Morfológica.

Tarefa 1.10.2 Utilizou-se a ferramenta Matriz Morfológica que é mostrada na Tabela

5.6. O processo de preenchimento da matriz morfológica é bastante simples e propicia uma

oportunidade para atualizar conhecimentos através do estudo de catálogos e de outros

materiais técnicos. Outras ferramentas de apoio utilizadas no preenchimento da matriz

morfológica foram as ferramentas de criatividade Brainstorming e o Método 6.3.5 que

contribuíram na geração de idéias.

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155

Tabela 5.6 Princípios de soluções levantados para motorização de cadeiras de rodas convencionais.

Parâmetros Princípios de Solução

Motorização

Substituir uma roda

frontal por uma roda

motorizada

Substituir as duas rodas frontais por duas rodas

motorizadas

Motorizar as duas rodas traseiras

Adicionar à cadeira uma quinta roda motorizada

Substituir as duas rodas

traseiras por duas

motorizadas (b) (c)

Acoplar um módulo

motorizado na frente da

cadeira (a)

Acoplar uma mochila

motorizada à cadeira

Motorizar uma roda traseira

Acoplar um módulo motorizado embaixo da

cadeira

Plataforma motorizada carregando a cadeira

Quantidade de motores 1 2

(a) (b) (c) 3 4

Capacidade de carga 50 kg 85 kg

(a) 100 Kg

(c) 120 kg

(b) 150 kg

Transmissão Correia Engrenagem Nenhuma (a) (b) (c) Corrente Diâmetro da

roda Fricção

Acumulador de energia

Volante de inércia

Bateria (a) (b) (c) Mola Capacitor Ar

comprimido Nenhum

Quantidade de baterias 1 2

(a) (b) (c) 3

Voltagem da bateria 1x 12Volt 2x 12Volt 1x 24Volt 2x 24Volt

(a) (b) (c) 1x 36Volt

Peso da bateria - cada

5 kg (b) (c)

10 kg (a)

Recarregador de bateria Alternador Célula foto -

elétrica

Recarregador elétrico

(a) Nenhum

Recarregador automático

(b) (c) Conversor

Recarregador acoplado na traseira

Voltagem de operação 12 Volt 24 Volt

(a) (b) (c)

Velocidade 2 km/h 6 km/h (b) 6.5 km/h 7.2 km/h

(a) 12 km/h

(c) 15 km/h

*Autonomia (por carga)

13 km (c)

16 km (a) (b) 24 km

Tempo de autonomia 2 horas 3 horas 4 horas

(c) 6 horas

(b) 7 horas

(a)

Sistema de direção

Diferencial na roda traseira

Diferencial na roda

dianteira

roda traseira motorizada

(b) (c)

Unidade motorizada

(a)

Sistema de acionamento Joystick Aro Botão

(a) Campo

magnético Comando de

voz

Desligar roda tras.

Motorizada (b) (c)

Sistema de freio

Alavanca (a)

Inverter rotação

Redução do motor

(b)

Manual (aro) (c) Travar motor Magnético Chave de

segurança Freio à disco

Freio à lona

Controle de direção

Joystick (a) (b)

Comando de Voz Manual Tela sensível Bola roll-on Teclado Olho Cartão Roda

traseira(c) Sobrancelh

a Montagem do sistema na cadeira

Engate rápido

Trava (a) Parafuso Trava com

pressão Gancho Grampo Quick release (b) (c)

Solda

Local de fixação da

motorização

Atrás da cadeira

Rodas traseiras

motorizadas (b)

Nos cubos das rodas traseiras

(c)

Embaixo do assento da

cadeira (a)

Preso na estrutura da

cadeira

Na frente da cadeira Nenhum

Tipo de fixação do controle l

Engate rápido

Trava (b) Parafuso Velcro

(a) Pressão Alavanca presa na estrutura

Nenhum (c)

Peso total do equipamento (excluindo a

cadeira)

11 kg 18 kg (a) 24 kg 27 kg(b) 28 kg (c)

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156

5.1.11 Etapa 1.11: Desenvolver as alternativas de solução para o produto

Tarefa 1.11.1 Os princípios de soluções foram relacionados com as necessidades dos

usuários.

Tarefa 1.11.2 Foi aplicada uma matriz morfológica e a ferramenta TRIZ .

Tarefa 1.11.3 Após a aplicação das ferramentas de criatividade da etapa anterior, tais

como “Brainstorming” (método intuitivo) e Matriz Morfológica (método discursivo), pode-

se organizar as idéias e desenvolver um conjunto de soluções possíveis para o produto em

desenvolvimento que atendem às necessidades dos clientes.

Tarefa 1.11.4 Portanto, nessa etapa foram geradas as alternativas de soluções

possíveis. A Tabela 5.7 mostra a análise das possíveis configurações.

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157

Tabela 5.7 Alternativas de projeto para motorização de cadeiras de rodas manuais. Alternativa -1 Alternativa- 2 Alternativa- 3 Alternativa- 4 Alternativa- 5

Uma mochila com motores acionando a periferia das rodas traseiras

Uma roda motorizada instalada com elevação da parte frontal da cadeira

Um módulo de locomoção que pode empurrar ou puxar a cadeira de rodas

Motorizar as duas rodas traseiras com polias

Trocar as duas rodas traseiras por duas motorizadas internamente pelos cubos das rodas.

Vantagens: o sistema possui dimensões compactas, é de fácil encaixe na cadeira, fácil desencaixe, o usuário utiliza somente em necessidades de motorização.

Desvantagens: o peso da mochila prejudica a estabilidade da cadeira em subidas, logo deve-se fazer um estudo para otimizar esse parâmetro.

Vantagens: a cadeira se torna um triciclo com uma roda motora, dando melhor estabilidade e dirigibilidade. Desvantagens: a instalação dessa roda deve ser feita sem o usuário na cadeira, não possibilitando autonomia.

Vantagens: o módulo não altera a cadeira, o peso ajuda na estabilidade do conjunto. O módulo pode ser posicionado na parte frontal ou embaixo da cadeira, permitindo o uso do conjunto em ambientes internos e externos. Não existe modificação na estrutura da cadeira e o usuário pode escolher entre manual e motorizada sem precisar carregar peso extra Desvantagens: o espaço ocupado pelo módulo.

Vantagens: o sistema é compacto, possui peso leve, permite que a cadeira seja dobrada. Desvantagens: o sistema de transmissão não é desejável, pois a sujeira do meio pode danificar a transmissão, o posicionamento do sistema de motorização pode causar acidentes, com as mãos ou roupas do usuário.

Vantagens: o sistema é compacto, ou seja, não altera a configuração da cadeira. Desvantagens: para montar o sistema na cadeira o usuário tem que se retirar da cadeira, difícil montagem, a cadeira fica com o sistema somente motorizado, carregando o peso da motorização continuamente.

5.1.12 Etapa 1.12 Definir a arquitetura

Tarefa 1.12.1, Tarefa 1.12.4 e Tarefa 1.12.5 Esta etapa visa uma primeira definição

da arquitetura do produto em desenvolvimento, ou seja um sistema de motorização para

cadeiras de rodas manuais. Tem-se uma primeira visão de como será a forma do produto e

como os componentes estão arranjados e sua compatibilidade física. Para isso utiliza-se de

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158

ferramentas de CAD ou faz-se uma maquete para se ter uma visualização mais concreta do

produto em desenvolvimento. Algumas configurações que foram feitas são mostradas nas

Figura 5.5, Figura 5.6 e Figura 5.18.

(a) (b) Figura 5.5 Arquitetura do produto, configurações possíveis do arranjo das baterias e motores, (a) baterias na parte traseira do módulo e (b) baterias localizadas na parte central

(a) (b) (c) Figura 5.6 Possíveis configurações do módulo utilizando baterias menores, localizadas entre os motores, na parte central e na parte traseira do módulo,respectivamente.

Tarefa 1.12.3 A geração de módulos, se houver, é feita por meio da ferramenta Matriz

Indicadora de Módulos (MIM). Neste estudo de caso, construiu-se uma MIM com o

objetivo de obter os módulos possíveis para o produto em desenvolvimento. Para o

preenchimento da MIM utilizou-se uma pontuação que avalia o relacionamento entre as

funções (retiradas dos requisitos dos clientes) e as diretrizes de modularização (Erixon, et

al., 1996): 5 pontos para relacionamentos forte, 3 para médio e 1 para fraco. Para definir se

a função deve ser um módulo, definiu-se que esta deveria ter um somatório de pontos acima

de 15, valor este que corresponde a um quarto da nota máxima obtida pelo uso da Matriz

Indicadora de Módulos.

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159

Da Matriz Indicadora de Módulos construída, ilustrada na Figura 5.7, definiu-se,

através do somatório das avaliações, as funções: controlar movimento e escolher a estrutura

como módulos separados. Este resultado permite visualizar a inclusividade que o produto

em desenvolvimento irá ter. Por exemplo, o produto pode ter módulos variados de controle,

como controle via voz, controle através de tela sensível, controle através dos olhos, através

das sobrancelhas, etc. Cada módulo pode ser adquirido separadamente, conforme a

necessidade do usuário. Outra função é a escolha da estrutura que prevê variação no estilo,

alterando a forma e cor. E ainda a escolha de níveis de inteligência que podem ser

adquiridos separadamente, como é o caso de um módulo de inteligência de seguir trilhas,

ou de desviar de obstáculos, e etc. O aspecto de modularização é interessante sob o aspecto

comercial, pois o usuário pode escolher o produto mais simples ou caracterizar seu produto

através de um módulo específico.

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160

Dir

etri

zes d

e M

odul

ariz

ação

Desenvolvimento deProdutos

Multi-aplicativo (Carry-over)

Evolução Tecnológica

Alteração de Projeto

Especificação Técnica

EstiloVariação

FabricaçãoProcesso e Organização

Unidade Comum

Qualidade

Manutenção e Mantenabilidade

Compra de Produtos Prontos

Testes em separado

Aquisição

Após estar nomercado

Reciclagem

Atualização

Funções

F1- C

ontro

lar o

mov

imen

to

F2- T

rans

porta

r cad

eira

F3 -

Aum

enta

r vel

ocid

ade

F4 -

Trav

ar m

ódul

o na

cad

eira

F5- E

scol

her e

stru

tura

Classificação

Fraca Relação (1 ponto)

Média Relação (3 pontos)

Forte Relação (5 pontos)

202

114

66

75

193

F5- T

er n

ívei

s de

inte

ligên

cia

231

Figura 5.7 Aplicação da Matriz Indicadora de Módulos (MIM).

5.1.13 Etapa 1.13: Realizar a viabilidade econômica

Nesta etapa é realizada a viabilidade econômica através das ferramentas matriz de

consumo de recursos, diagrama de Mudge e gráfico Compare. As seguintes tarefas são

realizadas:

Tarefa 1.13.1 Determinar o valor do produto – Para se cumprir esta tarefa é

necessária uma pesquisa de preços dos componentes que o produto irá ter. Tendo sempre

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161

como meta, para prover a inclusividade, a busca por componentes facilmente encontrados

no mercado atual e de custo baixo.

Tarefa 1.13.2 Construir a matriz de consumo de recursos, alocando custos a funções

dos produtos - A matriz de consumo de recursos é constituída pelos componentes do

produto em desenvolvimento e pelas funções principais do produto obtidas no diagrama

FAST (A, B, ...V). O objetivo desta matriz é dividir o custo dos componentes através das

funções obtidas no diagrama FAST desde que cada componente pode estar associado à uma

ou mais funções. Portanto, o custo de cada função é estimado de acordo com a divisão da

matriz. O custo de cada função é transformado em porcentagem para ser comparado na

Tarefa 1.13.4. A Tabela 5.8 mostra a matriz de consumo de recursos para a alternativa

módulo de locomoção.

Tabela 5.8 Matriz de consumo de recursos para o módulo de locomoção para cadeiras de rodas manuais.

Funções M N O P Q R S T U VComponentesMotores (2) 7 20 20 1 8 2 2 10 70,00Baterias (2) 10 20 14 20 5 13 3 5 90,00Recarregador 8 7 15,00Rodas de apoio 2 4 2 1 1 10,00Rodas motoras (2) 4 3 2 4 4 1 2 20,00Estrutura 2 1 1 5 10 6 5 5 1 3 2 40,00Sistema de acoplamento 1 0,5 0,3 0,2 2,5 4,0 0,3 0,2 1 10,00Joystick 1 2 4 0,2 0,3 1 4 2,2 3 2 0,3 20,00Módulo de controle 10 1 1 1 2 4 0,5 1 20,00Total 22 43 4 23 8 24 12 14 1 20 37 17 2,3 5 16 4 2 7 6 3 6 19 295,00Percentage (%) 7,5 14,6 1,2 7,8 2,7 8,1 3,9 4,8 0,4 6,8 12,5 5,8 0,8 1,7 5,5 1,4 0,7 2,4 2,1 1,0 1,9 6,5 100%Rank 5 1 18 4 12 3 11 10 22 6 2 8 20 16 9 17 21 13 14 19 15 7Nota: Tabela de preços dos componenentes Fonte: Bosh, Invacare, Edmond wheelchair (2005)

A B C D E F G H I J K L Custo R$

Tarefa 1.13.3 Valorar as funções de acordo com os consumidores – Para se cumprir

esta tarefa, foi utilizada a ferramenta diagrama de Mudge. O diagrama de Mudge faz uma

avaliação numérica do nível de importância das funções do produto, de acordo com o

cliente (usuário). Esta técnica consiste na comparação de pares de funções entre todas as

possíveis combinações dessas funções. Assim, determina-se quais dessas funções são mais

importantes, fazendo-se um rank das mesmas. O nível de importância é definido por pesos

1, 2 ou 3 correspondentes à pouco importante, importante e muito importante

respectivamente, e esses pesos são dados pelos clientes (usuários). A soma dos pesos de

cada função indica a importância relativa de cada uma delas, segundo a percepção do

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162

cliente. A Figura 5.8 mostra o diagrama de Mudge para o módulo de locomoção para

cadeiras de rodas

Total % RankA A2 A2 A2 A3 A2 A1 A2 A3 J3 K3 L3 M1 N1 O2 A1 A1 A1 A1 A1 A2 V1 24 5,6 8

B B3 B2 B1 B2 B1 B3 B3 J2 K3 L2 B2 B3 O1 B2 B3 B1 B1 B1 B2 V1 30 7,1 4C D2 E2 F2 G2 C1 C3 J3 K2 L3 M3 C2 O2 P1 Q1 C2 T1 U1 C1 V2 8 1,9 18

D D2 D1 G2 D3 D2 J2 K1 L1 D2 D2 O1 D2 D3 D1 D1 D1 D1 V1 23 5,4 9E E2 E1 E1 E2 J3 K2 L2 E1 E1 E1 E1 E1 E2 E1 E1 U1 E1 18 4,2 13

F F1 H3 F2 J1 K2 L3 F1 F2 O2 P1 Q1 R1 F1 F2 F2 V2 13 3,1 14G G3 G2 G1 G2 L1 G1 G2 G1 G1 G1 G1 G1 G2 G2 G2 25 5,9 7

H H3 J2 K2 L2 M1 N1 O3 P1 H2 R1 H2 H1 H1 V3 12 2,8 15(A) Promover movimento I J3 K3 L3 M3 P3 N2 P3 Q3 R3 S3 T2 U2 V3 0 0,0 20(B) Subir rampa J J2 J3 J3 J2 J3 J1 J2 S1 J1 J1 J1 V1 39 9,2 2(C) Ser ágil K K3 K2 K3 K1 K2 K3 K2 K2 K3 K3 V3 42 9,9 1(D) Ter autonomia de bateria L L3 L3 L1 L2 L1 L1 L1 L1 L1 L1 35 8,2 3(E) Oferecer estabilidade M M3 O3 M2 M2 M1 S2 M1 M1 M3 21 4,9 10(F) Ter torque suficiente N O3 P3 N1 N2 S3 T2 U1 V1 8 1,9 18(G) Ser seguro O O3 O1 O1 O1 O1 O2 V2 26 6,1 6(H) Facilitar uso P Q3 R3 S2 T3 P3 V2 11 2,6 16(I) Fazer curva Q R3 S3 T3 Q2 V2 10 2,4 17(J) Prover escolha de locomoção R R2 R2 R3 R1 19 4,5 12(K) Prover compatibilidade (L) Facilitar montagem/desmontagem S S3 S2 S2 20 4,7 11

(M) Possuir freio eficiente T T1 T1 10 2,4 17(N) Ser robusto U V3 4 0,9 19(O) Ter preço acessível V 27 6,4 5(P) Possuir manutenção barata 425 100,0(Q) Possuir posição do usuário adequada na montagem(R) Prover adaptabilidade ao ritmo do usuário(S) Oferecer opções de controle(T) Minimizar erros(U) Usar modos redundantes para fornecer informação(V) Minimizar esforço físico do usuário

Figura 5.8 Diagrama de Mudge para o módulo de locomoção.

Tarefa 1.13.4 Comparar custo relativo com a valoração das funções-

O gráfico Compare compara o custo relativo (proveniente da matriz de consumo de

recursos) e a importância relativa (proveniente do Diagrama de Mudge),como é mostrado

na Figura 5.9. A curva “importância relativa – cliente” do gráfico Compare, foi construída

de acordo com os dados coletados dos usuários de cadeiras de rodas , obtidos do diagrama

de Mudge . Essa curva mostra a avaliação do que o cliente espera encontrar no seu produto

em relação à cada função do produto. A outra curva, “custo relativo – produto” representa o

custo relativo do produto em desenvolvimento. Quanto mais as curvas forem aproximadas,

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163

maior tenderá a ser o valor do produto e, conseqüentemente, maior será o valor percebido

pelo consumidor.

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

16,0

K J L B V O G A D M S R E F H P T Q N C U I

importância relativa - clientecusto relativo - produto

Figura 5.9 Gráfico Compare.

Tarefa 1.13.5 Analisar possibilidades de melhorias

Comparando-se as duas curvas do gráfico Compare (Figura 5.9), nota-se que o custo

relativo do produto diferencia-se na maioria das funções, tornando-se similar em algumas

funções, como por exemplo, em (V) Minimizar esforço físico e (O) Preço acessível. As

funções da curva do custo relativo que estiverem acima da curva de importância relativa

devem ser revistas e analisadas para que o custo seja minimizado, pois conforme o gráfico

Compare mostra, o cliente não percebe valor nessa função e consequentemente não pagará

por ela. As funções que possuem custo relativo abaixo da curva da importância relativa,

como por exemplo, (J) Prover escolha de locomoção e (G) Ser seguro, podem ter seu custo

maximizado, pois o cliente quer perceber essas funções no produto e ele pagará por essas

funções.

A condição ideal deveria ser que a curva de custo relativo e a curva de importância

relativa fossem similares e coincidentes, o que não acontece neste caso mostrado na Figura

5.9. Para melhorar o conceito do produto é necessária então uma análise e uma modificação

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164

do custo relativo do produto e assim fazer novamente o gráfico Compare tornando as duas

curvas o mais próxima possível e consequentemente obtendo-se melhores resultados.

Durante a fase do Estudo da Viabilidade estudou-se as possibilidades de se motorizar

cadeiras de rodas manuais. Uma importante observação é o fato de existirem no mercado

internacional alguns equipamentos com essa característica, porém não atendem às

necessidades dos usuários de cadeiras de rodas. Os sistemas de motorização encontrados

atualmente são relativamente complexos e possuem alto custo. Geralmente são difíceis de

acoplar, e necessitam de modificações na estrutura da cadeira. Algumas unidades motoras

não são fáceis de operar e controlar. No entanto o que se objetiva neste trabalho é a

viabilização de um sistema de motorização que possa ser utilizado pelo maior número de

pessoas possível, podendo ser não só utilizado para movimentar cadeiras de rodas,mas

também pode motorizar macas hospitalares, bicicletas ou triciclos ou qualquer veículo que

possa ser motorizado por este sistema.

A pesquisa de mercado feita sobre o produto cadeiras de rodas e os sistemas de

motorização encontrados no mercado atual foi importante, pois notou-se que as

necessidades dos clientes, em sua maioria, não estão sendo satisfeitas. A impressão obtida

durante a realização das entrevistas era de que os entrevistados estavam insatisfeitos com os

produtos atuais, inclusive suas próprias cadeiras e ficavam entusiasmados em relação à um

sistema de motorização à um custo baixo. Avaliando-se as necessidades obtidas em relação

aos requisitos de projeto traduzidos na Cada da Qualidade, pode-se afirmar que o resultado

foi satisfatório. O estabelecimento de metas para os requisitos de projeto e

consequentemente a elaboração das especificações de projeto foram definidos e assim

definiu-se uma base na qual será desenvolvido o produto.

Ao se concluir a fase do Estudo da Viabilidade do projeto inclusivo, têm-se definidas

as alternativas de projeto para um sistema de motorização para cadeiras de rodas manuais.

A geração das alternativas de projeto foi realizada através da matriz Casa da Qualidade do

QFD (Akao,1988), a qual classificou e priorizou os requisitos de projeto, de forma a

garantir que o projeto venha a atender, da melhor maneira possível, às necessidades e

expectativas dos usuários. A definição das alternativas foi, em grande parte, proporcionada

pelo processo de definição de funções (FAST) (Fang e Rogerson, 1999), por catálogos e

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165

pela matriz morfológica (Zwick, 1948). Essas ferramentas facilitaram a obtenção das

melhores alternativas de projeto. Módulos também foram definidos através da Matriz

Indicadora de Módulos (Erixon, et al., 1996), promovendo a inclusividade no produto. No

entanto a aplicação poderia ter resultados diferentes no caso de reprojeto, onde tem-se

maiores informações sobre o ciclo de vida do produto.

5.2 Fase do Projeto Preliminar

O objetivo da fase do projeto preliminar é estabelecer qual das alternativas de projeto

propostas é a melhor solução para o problema de projeto. A aplicação desta fase é feita

através do estudo de caso proposto, continuação da fase Estudo da Viabilidade.

5.2.1 Etapa 2.1: Selecionar a melhor solução

Tarefa 2.1.1 Tendo-se definidas as alternativas de projeto, inicia-se a seleção

daquelas que melhor se adequam às necessidades dos usuários. Para isso, optou-se pela

aplicação da ferramenta de seleção matriz de Pugh (Pugh, 1991). A aplicação da ferramenta

matriz de Pugh tornou o processo de seleção simplificado e se mostrou eficiente na

comparação das alternativas de projeto. Para tanto, tomou-se uma alternativa, a favorita da

equipe, como referência, e todas as outras alternativas foram comparadas com a referência,

em relação aos requisitos dos clientes.

Tarefa 2.1.2 Para cada comparação com relação às necessidades, a alternativa de

projeto foi julgada como melhor que ou pior que a referência. Se uma necessidade de uma

alternativa for julgada melhor que, recebe um score “+”, se for igual recebe um “0” (zero) e

se a alternativa de projeto for pior que a referência no atendimento da necessidade, então

recebe um “-“. Após a comparação, quatros scores são obtidos: a quantidade de “+”, a

quantidade de “-“, o “total global” e o “peso total”. O total global é a diferença entre a soma

dos scores “+” e “-“. O peso total é a soma de cada score multiplicado pelo peso de

importância de cada necessidade, fornecido na matriz da Casa da Qualidade na etapa 1.6 da

fase do Estudo da Viabilidade.

A Figura 5.10 ilustra a matriz de Pugh elaborada para o sistema de motorização de

cadeiras de rodas manuais. Sendo que as alternativas correspondentes aos números são: 1-

Uma mochila com motores acionando a periferia das rodas traseiras; 2- Uma roda

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166

motorizada instalada com elevação da parte frontal da cadeira; 3- Um módulo de

locomoção que pode empurrar ou puxar a cadeira de rodas; 4- Motorizar as duas

rodas traseiras com polias e 5- Trocar as duas rodas traseiras por duas motorizadas

internamente pelos cubos das rodas. O resultado obtido define a classificação

apresentada na Tarefa 2.1.3 Através do método de seleção aplicado é possível classificar as

alternativas e analisar qual solução pode abranger um mercado maior de pessoas, veja

Tabela 5.9.

Tabela 5.9 Alternativas

Necessidades Peso 1 2 3 4 5Preço Ter preço acessível 5 + + + +

Produto Estética Ser discreto 1 - - - -Possuir cor atraente 1 0 0 0 0

Material Ser robusto 1 + 0 + 0Ser durável 3 0 0 + 0Exigir pouca manutenção 1 0 0 + -

Manutenção Possuir manutenção barata 1 + 0 + +Facilitar manutenção 1 0 + + 0Ter motorização flexível 5 - 0 + - R

Operação Facilitar uso 1 + - + 0 EFacilitar montagem 5 0 + + - FFacilitar desmontagem 5 0 - + - ETer poucas quebras 5 + - + 0 R

5 - 0 + 0 ÊSegurança 3 + 0 + - N

Possuir freio eficiente 3 - 0 + - CFacilitar transporte 5 + - 0 0 I

Transporte Ser dobrável 1 - - - 0 ASer leve 3 0 0 0 0Possuir dimensões compactas 5 - - - -

Uso Ter indicador de carga 1 0 0 0 0Ser fácil de operar 1 0 - 0 0

Inclusividade Prover compatibilidade 5 0 - + -Possuir componentes simples 3 + + + +Ser adaptável 5 0 - + -Permitir regulagem 5 0 0 0 0Subir rampas 5 0 - + 0Ultrapassar obstáculos 3 - - 0 0Fornecer autonomia suficiente 5 0 0 0 0

Desempenho Exigir pouco esforço 5 + 0 + +Ser eficiente 5 0 0 0 0Possuír níveis de velocidade 1 - - - -Reduzir impacto 3 0 0 0 0Ser ágil 1 0 0 0 0

Específicos Deslocamento Puxar cadeira 1 0 + + 0Empurrar cadeira 1 0 0 0 0

Total + 9 5 20 4 0Total - 8 -13 -4 -11 0Total global 1 -8 16 -7 0TOTAL (com pesos) 5 -28 60 -25 0

Oferecer estabilidadePossuir confiabilidade

Figura 5.10 Matriz de Pugh para seleção de alternativa de projeto.

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167

Tarefa 2.1.3 Através do método de seleção aplicado é possível classificar as

alternativas e analisar qual solução pode abranger um mercado maior de pessoas, veja

Tabela 5.9.

Tabela 5.9 Resultado da seleção das alternativas de projeto obtido através da matriz de Pugh.

Classificação das alternativas Processos

1º Colocada 2º Colocada

Sistema para motorizar cadeira de rodas 3 60 pontos 1 5 pontos

5.2.2 Etapa 2.2: Identificar DFX’s

Tarefa 2.2.1 Nesta etapa escolheu-se as possíveis DFX’s que poderiam contribuir no

desenvolvimento deste produto. São elas: Projeto para qualidade DFQ: design for quality;

Projeto para custo DFC: design for cost; Projeto para o mínimo custo: design to minimum

cost; Projeto para confiabilidade DFR: design for reliability; Projeto para mantenabilidade

DFMt: design for maintainability; Projeto para fatores humanos: design for manability;

Projeto para mínimo risco: design for minimum risk; Projeto para competição: design for

competition; Projeto para modularidade: design for modularity; Projeto para estética:

design for aesthetics; Projeto para segurança: design for safety e Projeto para manufatura e

montagem DFMA.

Tarefa 2.2.2 A aplicação das DFX’s não serão mostradas neste trabalho.

5.2.3 Etapa 2.3: Formular o modelo

Tarefa 2.3.1 Nesta etapa, a alternativa de projeto foi modelada matematicamente.

Como o laboratório de Projeto Mecânico já possui experiência no tema cadeiras de rodas, já

existiam estudos sobre estabilidade estática e dinâmica em cadeiras de rodas.

Tarefa 2.3.2 Becker (1997) estudou as configurações mais viáveis para a construção

de um veículo para pessoas com deficiência física. Seu estudo iniciou-se com uma

introdução às principais formas de acionamento utilizadas em robôs móveis encontradas na

literatura e o estudo dos movimentos das rodas. Através das equações dinâmicas foi feita a

análise de estabilidade dinâmica e de dirigibilidade para 3 configurações básicas de robôs

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168

móveis (4 rodas, 3 rodas - 2 frontais e 3 rodas - 1 frontal), para diferentes formas de

acionamento e esterçamento. E também discutiu sobre as opções de controle (convencional,

nebuloso, neural e neural-nebulosos) e desenvolveu um controlador nebuloso para

navegação e desvio de obstáculos.

Alvarenga (2002) estudou o problema de acessibilidade de usuários de cadeiras de

rodas. Foram pesquisados tipos de cadeiras de rodas nacionais e internacionais, suas

características de desempenho, forma, tamanho e preço e quais eram as possibilidades de se

motorizar cadeiras de rodas manuais. Também foi feito um estudo sobre a estabilidade

estática, dinâmica e dirigibilidade de cadeiras de rodas. Os resultados deste estudo

mostraram que é possível motorizar cadeiras de rodas convencional com custo baixo em

relação às cadeiras motorizadas. E, para solucionar o problema de acessibilidade e inclusão

de mais pessoas na participação da vida social, foi proposta esta tese que busca utilizar a

filosofia e princípios do “Universal Design” juntamente com as técnicas, métodos e

ferramentas de metodologias de projeto.

Outros trabalhos realizados no Laboratório de Projeto Mecânico relacionados com o

tema cadeiras de rodas que podem ser citados são Becker (2000), Lombardi (2002), e

Lombardi (2005), Alvarenga, Silva e Dedini (2005). Os resultados dos trabalhos citados

acima foram satisfatórios e não há a necessidade de repetí-los nesta tese. Portanto a

modelagem matemática pode se encontrada nos trabalhos citados.

5.2.4 Etapa 2.4: Análise da sensibilidade e compatibilidade das variáveis

Tarefa 2.4.1 a 2.4.4 A análise de sensibilidade e compatibilidade das variáveis pode

ser encontrada em Alvarenga, Silva e Dedini (2005). As equações, modelo matemático,

envolvendo os parâmetros e as variáveis de entrada e de saída estão neste trabalho e não é

conveniente colocá-las nesta tese. O objetivo desta etapa é saber o quão sensível é o

desempenho do sistema em relação ao ajuste dos parâmetros.

5.2.5 Etapa 2.5: Tornar o produto ergonômico

A ergonomia é um fator importante no desenvolvimento de um produto. Assim foram

analisados dados antropométricos de usuários de cadeiras de rodas. O estudo das medidas

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169

antropométricas de usuários de cadeiras de rodas é fundamental para eliminar posturas

prejudiciais e minimizar o stress do usuário (Das & Kozey, 1999).

Jarosz (1996) em seus estudos sobre a determinação do espaço de trabalho para

usuários de cadeiras de rodas realizou medidas antropométricas de 170 deficientes (101

homens e 69 mulheres) que usavam cadeiras de rodas e possuíam mobilidade eficiente nos

membros superiores. Essas pessoas possuíam idade de 18 a 39 anos, fase de ótima

capacidade profissional. Jarosz (1996) concluiu em seu trabalho que as medidas

antropométricas de usuários de cadeiras de rodas são diferentes da população que não

utiliza a cadeira e que estes usuários requerem espaços diferentes e também fez

comparações sobre o máximo alcance transversal e sagital. A Figura 5.11 mostram a

diferença do máximo alcance no plano sagital (a) e no plano transversal (b) para pessoas

com e sem deficiência.

(a) (b) Figura 5.11 Máximo alcance do usuário no plano sagital (a) e máximo alcance no plano transversal(b) (Jarosz ,1996).

O projeto seguiu as variações das medidas antropométricas do estudo de Jarosz

(1996) minimizando o esforço do usuário durante o acoplamento e o desacoplamento do

módulo de locomoção na cadeira de rodas e prevendo o alcance máximo que o usuário

deverá ter para o utilizar o produto confortavelmente. A flexibilidade no uso foi pensada

em termos de que o usuário pode utilizar o módulo em ambientes internos (utiliza o módulo

em baixo da cadeira) e em ambientes externos (o módulo puxa a cadeira). Outras aplicações

para o módulo de locomoção, que já foram citados, é utilizar o módulo como robô móvel,

ou como meio de transporte na indústria, etc. Para facilitar a precisão do usuário e adaptar o

módulo à habilidades de diferentes usuários, o módulo conta com níveis de inteligência e

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170

vários tipos de controle, por exemplo, joystick, bola roll-on, tela sensível, etc. As

características do módulo podem ser obtidas através de entrevistas com usuários de cadeiras

de rodas.

5.2.6 Etapa 2.6: Prover segurança

Nesta etapa seguiu-se as seguintes tarefas propostas na metodologia:

Tarefa 2.6.1 Identificação de possíveis acidentes, tais como, travamento do módulo,

desencaixe do módulo da cadeira, acabar a bateria, tombamento da cadeira em subidas e

descidas de rampas e tombamento da cadeira em curvas. Os componentes foram arranjados

para minimizar erros e riscos e foram inseridos dispositivos de segurança em caso de falha

humana e mensagens de aviso de erro ou risco.

5.2.7 Etapa 2.7: Otimizar parâmetros

Como a otimização dos parâmetros é uma etapa complexa e que é comum à todos os

projetos de engenharia, e está já foi realizada em trabalhos anteriores, não se achou

necessária a repetição destes estudos nesta tese.

5.2.8 Etapa 2.8: Prever o comportamento do sistema

Tarefa 2.8.1 O comportamento do sistema também pode ser encontrado nos trabalhos

citados neste capítulo (Becker, 1997; Becker, 2000; Alvarenga, 2002, Lombardi, 2002), e

mais especificamente em Alvarenga, Silva e Dedini (2005). Os resultados mostraram-se

satisfatórios.

Tarefa 2.8.2 A modelagem de controle de velocidade e aceleração seguiu as seguintes

configurações: Figura 5.12 módulo de locomoção localizado na frente da cadeira de rodas

(puxando a cadeira) e Figura 5.15 módulo de locomoção localizado embaixo da cadeira de

rodas (empurrando a cadeira).

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171

Figura 5.12 Modelo da cadeira de rodas com o módulo acoplado na parte frontal da

cadeira. Simulando o modelo, tem-se o comportamento que é ilustrado na Figura 5.13.

Figura 5.13 Simulação da cadeira de rodas com o módulo acoplado na parte frontal

da cadeira.

Da simulação, foram obtidos os gráficos de posição, velocidade, aceleração e força

para o módulo quando localizado na parte frontal da cadeira. Os gráficos são ilustrados na

Figura 5.14.

Módulo

Cadeira de rodas

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172

(a)

(b)

(c)

(d)

Figura 5.14 Gráfico da posição (a), velocidade (b), aceleração (c) e força (d) do modelo da cadeira de rodas com o módulo a frente.

Durante a simulação pode-se observar que o módulo deslizou, e também concluiu-se

que a velocidade, aceleração e a posição estão interligadas.

A outra opção é a utilização do módulo localizado embaixo da cadeira de rodas

(empurrando a cadeira), veja Figura 5.15.

Figura 5.15 Modelo da cadeira de rodas com o módulo acoplado embaixo da cadeira.

Simulando no software Working Model® 2D, obteve-se o comportamento da

simulação ilustrado na Figura 5.16.

Módulo

Cadeira de rodas

Usuário

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173

Figura 5.16 Simulação da cadeira de rodas com o módulo localizado embaixo da

cadeira.

Da simulação, foram obtidos os gráficos de posição, velocidade, aceleração e força

para o módulo quando localizado embaixo da cadeira. Os gráficos são ilustrados na Figura

5.14.

(a)

(b)

(c)

(d)

Figura 5.17 Gráfico da posição (a), velocidade (b), aceleração (c) e força (d) do modelo da cadeira de rodas com módulo localizado embaixo da cadeira.

Nesta simulação também percebeu-se que o módulo e a cadeira de rodas escorregam

e que a aceleração, a posição e a força estão relacionadas entre si.

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174

Tarefa 2.8.3 Através da construção da configuração do módulo em softwares de

CAD, neste caso utilizou-se o software Solid Works, verificou-se os problemas de

montagem e problemas de acessibilidade (Tarefa 2.84 e 2.85).

Figura 5.18 Configuração definindo a forma da estrutura do módulo com o arranjo dos motores e baterias.

5.2.9 Etapa 2.9: Verficar a percepção do usuário

Tarefa 2.9.1 Nesta etapa foi construído o protótipo funcional do módulo de

locomoção. A primeira versão do protótipo Figura 5.19 foi testada com engenheiros e

usuários de cadeiras de rodas.

Tarefa 2.92. a 2.9.4 Observou-se o comportamento dos usuários em relação ao uso do

protótipo e foram feitas entrevistas com os usuários com o objetivo de detectar possíveis

problemas no protótipo. Outra observação obtida dos usuários foi que a interface do

módulo era satisfatória, porém durante as entrevistas os usuários expressaram a necessidade

de se ter interfaces múltiplas, para que o usuário possa ter liberdade de escolha. Essa

observação é muito interessante, pois o cumprimento dessa necessidade leva o produto a ter

características de modularidade.

Tarefa 2.9.5 Uma tarefa importante nesta etapa é a verificação da funcionalidade do

produto, que foi considerada como satisfatória. Após os testes com usuários fez – se a

análise dos resultados e concluiu-se de que haveria a necessidade de uma segunda versão

do protótipo funcional. A segunda versão do protótipo foi construída e é ilustrada na Figura

5.20 Os procedimentos acima foram repetidos e os resultados obtidos foram considerados

satisfatórios.

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175

Figura 5.19 Foto da primeira versão do protótipo do módulo de locomoção para

cadeiras de rodas.

Figura 5.20 Foto da segunda versão do protótipo do módulo de locomoção para

cadeiras de rodas.

5.2.10 Etapa 2.10: Desenvolver interação com usuário

A interação do usuário com relação ao módulo foi feita através de testes feitos com

usuários de cadeiras de rodas com diferentes tipos de deficiência. Observou-se que o

módulo deveria possuir um indicador de bateria visual e sonoro e que no momento do

acoplamento da cadeira emita um sinal sonoro e visual informando que o sistema está

acoplado e pode ser utilizado.

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176

5.2.11 Etapa 2.11: Avaliar a inclusividade do produto

Esta etapa pode ser vista como um check-list de verificação se o produto tem

características de inclusividade.

Tarefa 2.11.1 Prover a utilização por pessoas com diversas habilidades. O módulo de

locomoção atende à essa necessidade, pois ele atende não somente pessoas que tem total

mobilidade nos membros superiores, mas também inclui usuários com mobilidade reduzida

nos membros superiores.

Tarefa 2.11.2 Prover a escolha de forma de utilização do produto. O módulo atende à

esse requisito de inclusividade, pois ele pode ser utilizado para empurrar a cadeira

(ambientes internos) e puxar a cadeira (ambientes externos). Além disso ele promove a

utilização da cadeira em duas modalidades motorizada e manual. E mais do que isso, ele

pode ter outros usos, tais como empurrar carrinhos de supermercado, empurrar macas, ser

robô móvel, etc.

Tarefa 2.11.4 Prover fácil entendimento do uso do produto. O módulo atende à essa

necessidade, visto a conclusão obtida através do uso dos próprios usuários quando testaram

o protótipo funcional.

As tarefas que não foram citadas, significam que não se aplicam a este estudo de

caso.

5.2.12 Etapa 2.12: Avaliar a aceitabilidade do produto

A aceitabilidade do protótipo funcional em relação ao produto foi realizada através de

testes na utilização do protótipo e entrevistas. Considerando os dados obtidos dos usuários,

o módulo de locomoção pode ser considerado como satisfatório em relação à aceitabilidade

do produto.

5.3 Sumário

Neste capítulo foi apresentada a aplicação da metodologia, desenvolvida nesta tese,

através de um estudo de caso de um projeto de uma cadeira de rodas. A metodologia foi

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177

aplicada nas duas primeiras fases do desenvolvimento do produto. Cada etapa foi detalhada

e aplicada, mostrando o uso da metodologia desenvolvida e suas ferramentas. O capítulo

seguinte apresenta as conclusões finais deste trabalho.

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179

Capítulo 6

Conclusões e Perspectivas Futuras

Neste capítulo são apresentadas as conclusões gerais desta tese, em função dos

objetivos traçados, e o estabelecimento de sugestões para trabalhos futuros sob o tema

desenvolvido, visando à aplicação e evolução da metodologia proposta e de suas

ferramentas. O objetivo principal desta tese foi aplicar uma metodologia de projeto para

tornar produtos inclusivos. Como forma de avaliação, a metodologia foi aplicada à um

produto, a cadeira de rodas, e dessa aplicação resultou-se num produto inclusivo, o

protótipo de um módulo de locomoção, que foi testado e o mesmo demonstrou desempenho

satisfatório e uma ampla gama de funções alternativas.

Um dos resultados esperados desta metodologia proposta foi que o produto resultante

do processo de projeto deveria abranger o maior número de pessoas possíveis. Tal meta fez

com que se procurasse, durante todo o processo de desenvolvimento, alternativas para

tornar o produto mais inclusivo e também para tornar menor possível o custo total do

produto, o que finalmente resultou em um módulo de locomoção básico utilizável não

somente para movimentar cadeiras de rodas, mas como base para brinquedos, AGV’s

(Automated Guided Vehicle), robôs de vigilância e outro veículos autônomos afins.

A maioria dos profissionais que desenvolvem produtos desconhece que se seus

produtos forem concebidos com considerações de inclusividade, estes produtos serão

utilizados por um grande número de pessoas que caracterizam um mercado de excelente

potencial. Alguns textos propõem que o produto adaptado e especializado é o mais

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180

adequado para as necessidades das pessoas com deficiências. Essa adaptação, porém além

de gerar altos custos, torna o usuário dependente e limitado reduzindo a oportunidade de

desenvolver suas capacidades de interação com os produtos. Por isso é necessária uma

mudança de paradigma no processo de desenvolvimento de produto gerando numa

reorganização do processo de projeto.

A execução da metodologia, etapa a etapa, tarefa a tarefa, pode tornar o processo de

desenvolvimento do produto mais trabalhoso e muito detalhado. Por outro lado, é

importante ressaltar que, justamente nas fases iniciais de projeto devem ser empreendidos

maiores esforços no desenvolvimento do produto, de modo a evitar possíveis problemas em

etapas posteriores do desenvolvimento do produto. Mesmo com a execução do processo de

projeto passando por essas etapas não existe a garantia de sucesso, apenas uma maior

probabilidade de acerto. É perceptível, portanto que um projeto executado de forma

descontinuada estará sujeito à uma maior probabilidade de ocorrência de falhas e omissões,

sendo mais restrita a sua possibilidade de sucesso.

Na metodologia proposta, são apresentados uma série de etapas, tarefas e ferramentas

que auxiliam a definição das especificações de projeto do produto inclusivo, assim como, a

obtenção de uma solução de projeto para o produto, considerando aspectos técnicos e

econômicos.

Com a proposição desta metodologia procurou-se organizar os conhecimentos

existentes na forma de um processo mais estruturado e que englobasse as perspectivas

adotadas na filosofia de projeto Universal Design. No entanto a metodologia proposta não

pode ser considerada uma mera combinação destes conhecimento, tendo sido necessário,

além dos esforços para interpretação das contribuições de cada trabalho estudado e a

avaliação de possíveis colaboração destes ao processo de projeto de produtos inclusivos,

também foi necessária a busca de ferramentas de forma a concatenar tais conhecimentos.

Todos estes esforços para a elaboração desta proposta de metodologia foram feitos no

sentido de propiciar ao projeto de produtos inclusivos, um processo de projeto que além de

corresponder aos aspectos principais do Universal Design, utiliza-se as principais etapas do

processo de desenvolvimento das metodologias existentes.

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181

A metodologia empregada para projetar um produto varia de empresa para empresa e

também de produto para produto, mas pode-se construir um roteiro global aplicável na

grande maioria dos casos. É provável que cada empresa já utilize sua própria metodologia,

adequada à sua linha de produtos. Baseado numa premissa básica, a empresa que for

utilizar o modelo proposto poderá adequar essa metodologia à seus produtos, podendo

sugerir novas etapas ou passar por algumas tarefas, ou seja a metodologia proposta é

flexível em sua aplicação.

A metodologia proposta foi divulgada para várias indústrias regionais, tanto do ramo

de reabilitação e cadeiras de rodas, tanto no ramo de produtos industriais, como por

exemplo, celulares, veículos, etc. Para que esta metodologia seja validada seria necessária a

aplicação da mesma em várias indústrias. Uma primeira proposta de aplicação futura será

em uma indústria de brinquedos para crianças com deficiência e cadeiras de rodas. Esta

indústria mostrou muito interesse em aplicar a metodologia e mostrar em trabalhos futuros

o resultado da mesma. Outra utilização direta desta tese é no ensino de engenharia, onde a

metodologia proposta poderá ser aplicada em disciplinas de projeto e assim testada e

validada pelos alunos.

6.1 Finalização do Trabalho

Tendo finalizado o trabalho, pode-se afirmar que a pesquisa foi bem sucedida,

viabilizando uma metodologia inclusiva aplicada a um produto que tem características

inclusivas, tais como ser adaptável a diferentes necessidades e ser simples. Conforme

observado nos testes, ao submeter o produto desenvolvido às condições reais de uso, este

apresentou bons resultados. Tal confirmação fica mais interessante levando-se em

consideração o fato de ainda ser possível, através de modificações tecnologicamente

simples, a melhoria de desempenho e a escolha do nível de sofisticação do produto.

Outra contribuição do trabalho foi na questão social, tendo-se viabilizado uma

contribuição ao processo de desenvolvimento de produtos no intuito de prover produtos

inclusivos. Neste aspecto, houve um comprometimento de direcionar o estudo em relação

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182

aos princípios do Universal Design para promover o desenvolvimento de produtos que

atendam às necessidades também de pessoas com deficiência e idosos. Neste trabalho

mostrou-se a importância e relevância do tema e os primeiros passos que levaram à

filosofia do projeto inclusivo, cujo futuro dependerá dos esforços integrados das áreas de

engenharia, arquitetura, medicina, psicologia, educação, do governo e da sociedade.

Como resultado da aplicação da metodologia obteve-se um sistema de motorização

para cadeiras de rodas denominado módulo de locomoção que teve grande aceitação social,

não somente pelos usuários, mas por toda a população, sendo avaliado como um produto de

custo acessível e que atende as principais necessidades dos usuários.

6.2 Sugestões para pesquisas futuras

Durante a execução desta tese, surgiram algumas idéias que podem servir para

pesquisas futuras. São elas:

• Aplicar a metodologia em produtos industriais em empresas regionais.

• Implementar essa metodologia computacionalmente e testá-la em indústrias.

• Desenvolver um site divulgando o projeto inclusivo com as principais fontes

de referência e colocando a metodologia proposta à disposição para ser

utilizada.

• Teste e desenvolvimento de novas ferramentas para a metodologia proposta.

6.3 Trabalhos publicados

Durante a realização desta tese, foram submetidos e publicados os seguintes artigos

em anais de congressos e em periódicos nacionais e internacionais:

6.3.1 Periódicos nacionais e internacionais

• Alvarenga, F. B., Dedini, F. G., “Development of Systems of Alternative

Motorization for Conventional Wheelchairs”, Product Management &

Development: Revista Brasileira de Gestão de Desenvolvimento de Produto,

ISBN , v. 2, n. 2, pp. 59-71, 2004.

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183

• Alvarenga, F. B., Dedini, F. G., “A systematic approach for identifying

alternative motorization systems for conventional wheelchairs”, submetido

para publicação em 2006 no Journal of Engineering Design.

6.3.2 Anais de congressos nacionais e internacionais

• Alvarenga, F. B., Dedini, F. G., “Development of Systems of Alternative

Motorization for Conventional Wheelchairs”, Proceedings of XII Congresso e

Exposição Internacionais de Tecnologia da Mobilidade, São Paulo, SP,

November ,v. 2003, pp. 1-10, 2003.

• Alvarenga, F. B., Dedini, F. G., “Metodologia de Projeto Aplicada ao

Desenvolvimento de Produtos para Pessoas com Necessidades Especiais”,

Proceedings of the III Latin American Congress of Artificial Organs and

Biomaterials (COLAOB), Campinas, SP, Julho 27- 30, CD-ROM, 7pp., 2004.

• Alvarenga, F. B., Dedini, F. G., “Application of Tools of the Quality (QFD) in

the Development of the Conventional Wheelchairs Motorization

Alternatives”, Anais do III Congresso Nacional de Engenharia Mecânica

(CONEM ), Belém, PA, Agosto 10-13, CD-ROM, 10pp., 2004.

• Alvarenga, F. B., Dedini, F. G., “Metodologia de Projeto Aplicada ao Projeto

de Produto para Pessoas com Necessidades Especiais em Disciplina do Curso

de Graduação de Engenharia”, Anais do XXXII Congresso Brasileiro de

Ensino de Engenharia (COBENGE), Brasília, DF, Setembro 14-17, CD-

ROM, 10pp., 2004.

• Alvarenga, F. B., Delgado, N. G. G., Dedini, F. G., “Desenvolvimento de um

Software de Metodologia de Projeto para a Indústria de Brinquedos”. Anais

do XI Simpósio de Engenharia de Produção (SIMPEP), Bauru, SP, Novembro

8-10, CD-ROM, 10pp. 2004.

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184

• Alvarenga, F. B., Dedini, F. G., “Dynamics of an Articulated Towboat”,

Proceedings of XIII Congresso e Exposição Internacionais de Tecnologia da

Mobilidade, São Paulo, SP, November 16 –18, v. 2004, pp. 1-10, 2004.

• Alvarenga, F. B., Dedini, F. G., “Design of Vehicles for the Disabled”,

Proceedings of the XI International Symposium on Dynamic Problems of

Mechanics (DINAME), Ouro Preto, MG, 28 February - 4 March, CD-ROM,

10pp., 2005.

• Alvarenga, F.B., Dedini, F.G., “Projeto de Produto para Pessoas com

Necessidades Especiais”, Anais do XII Congresso Nacional de Estudantes de

Engenharia Mecânica (CREEM), Ilha Solteira, SP, Agosto 22-26, CD-ROM,

2 pp., 2005.

• Alvarenga, F.B., Dedini, F.G., “Inclusive Methodology”. Anais do V

Congresso Brasileiro de Desenvolvimento de Produto (CGDP), Curitiba, PR,

Agosto 9-12, CD-ROM, 8pp., 2005.

• Alvarenga, F.B., Lombardi A.B.J, Dedini, F.G., “ Systems for Accessibility”,

Proceedings of the 1st International Congress University- Industry

Cooperation (UNINDU), Ubatuba, SP, September 11-15, CD-ROM, 11pp.,

2005.

• Alvarenga, F.B., Dedini, F.G., “The principles of Inclusive Design”,

Proceedings of the 18 th International Congress of Mechanical Engineering

(COBEM), Ouro Preto, MG, November, 6-11, CD-ROM, 6 pp.,2005.

• Alvarenga, F.B., Silva, L. C. A., Dedini, F.G., “Modeling of Powered Module

for Motorizing Manual Wheelchairs”, Proceedings of XIV Congresso e

Exposição Internacionais de Tecnologia da Mobilidade, São Paulo, SP,

November 22-24, v.2005, pp. 1-11, 2005.

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185

• Alvarenga, F.B., Dedini, F.G., “Revisão de Fontes e Ferramentas para o

Projeto Inclusivo”, Anais do IV Congresso Nacional de Engenharia Mecânica

(CONEM ), Recife, PE, Agosto 22- 25, CD-ROM, 10pp., 2006.

Patente Solicitada

• Alvarenga, F.B., Dedini, F.G., “Módulo de Locomoção para motorização de

veículos e Cadeira de Rodas Manual Convertida em Cadeiras de Rodas

Motorizada”, Campinas, SP, Patente sob número: PI0404089-9, 2004.

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186

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199

Apêndice A

Projeto Inclusivo: Glossário de Termos (traduzido de Colleman, 2003)

Modelo original da Organização Mundial da Saúde (Original WHO model)

O padrão internacional ou modelo WHO de inaptidão (disability) foi inicialmente

publicado pela Organização Mundial da Saúde em 1980. Esse conceito padrão estava

baseado no modelo médico, mas estendeu-se descrevendo um desdobramento de efeitos

que começam com a capacidade prejudicada (perda de estrutura ou função) que conduz a

inaptidão (Incapacidade ou restrição) (disability) (perda de habilidades ou capacidades) e

consequentemente ao deficiente (perda de função social). Esse conceito mudou a ênfase da

condição médica para a progressão para o deficiente e as condições ambientais e sociais sob

as quais isso acontece.

Novo modelo da Organização Mundial da Saúde (New WHO model)

Depois de uma investigação de 7 anos, o modelo original foi substituído por uma

nova Classificação Internacional de Funcionalidade, Inaptidão e Saúde (ICF), em novembro

de 2001. Em outras palavras o foco é em como as pessoas funcionam no contexto social,

fatores ambientais e fatores pessoais, e como isso causa impacto nas funções corporais e

estruturais e consequentemente na atividade e participação.

Condição de saúde ou estado ( Health condition or status)

Um termo usado pela WHO como um modo de agrupar doença, inaptidão e outros

fatores prescritos pelos termos médicos, enquadrando uma condição de saúde que pode

dificultar nossas vidas e aspirações. A condição de saúde pode ser temporário, crônico ou

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progressivo, por exemplo, febre é uma condição de saúde temporária, Esclerose Múltipla é

uma condição progressiva que pode resultar numa inaptidão significante.

Deficiência (Disability)

Condições de saúde, condições congênitas, o processo de envelhecimento e eventos

traumáticos podem resultar em incapacidade de realizar atividades. Os fatores sociais e

ambientais, o projeto dos ambientes, produtos e sistemas irão determinar se a capacidade do

indivíduo é significantemente prejudicada.

Incapacidade (Impaiment)

No passado, as pessoas eram vistas como incapacitadas pela suas condições, embora

exista um movimento que a incapacidade é o resultado da interação entre os indivíduos e o

ambiente social e físico. Algumas condições congênitas e eventos traumáticos conduzem à

deficiência significativa e assim para altos níveis de inaptidão. Nos EUA o termo usado é

“pessoas com incapacidade (deficiência)” na Europa utilizam o termo “disabled people”

traduzido para o português “pessoas deficientes”.

Envelhecimento (Ageing)

O processo de envelhecimento é caracterizado pela aquisição progressiva de

múltiplas deficiências secundárias predominantemente relacionadas com a visão, audição,

destreza, mobilidade e cognição. Combinando essas deficiências, elas podem conduzir a

altos níveis de deficiência e dependência. Os idosos não se vêem como deficientes e

provavelmente se sentem ofendidas pelo termo.

Participação (Participation)

Os fatores mais importantes para as pessoas com deficiência são a participação e

integração social. As pessoas que possuem alto nível de deficiência preferem ser assistidas

por alguém. A auto- realização para as pessoas jovens com deficiência é o envolvimento

social.

Independência (Independence)

O fator mais importante para os idosos é independência ou a habilidade /

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possibilidade de morar sozinhos na sua própria casa. A independência de um indivíduo

pode estar comprometida com um projeto de um produto, e também com a capacidade de

realizar as atividades diárias de vida (ADLs -activities of daily living), tais como tomar

banho, vestir-se , cozinhar e também se comunicar com a família, amigos e participar da

comunidade.

Projeto para incapacidade (Design for disability)

Existe uma tradição significante de projeto para deficientes, principalmente focalizada em

fazer adaptações nos equipamento cotidiano e em edificações. Recentemente, uma filosofia foi

divulgada para abranger uma gama muito mais ampla de projetar produtos para pessoas com

deficiências, por exemplo o Instituto britânico para Projeto e Deficiência (British Institute for

Design and Disability), estabelecido há 10 anos atrás, recentemente foi renomeado para Instituto

do Reino Unido Projeto Inclusivo (UK Institute for Inclusive Design).

Projeto para reabilitação (Rehabilitation design)

Relacionado com o item anterior, mas com um foco primário em habilitar

participação social das pessoas com altos níveis de deficiência, por exemplo, Steven

Hawking. O trabalho nesta área se preocupa em desenvolver soluções especiais para um

pequeno número de pessoas. Novas tecnologias emergentes, como a robótica, estão fazendo

interfaces adaptáveis e inteligentes assistentes numa real possibilidade. Não importa como

inclusivamente nós projetamos no futuro, sempre haverá uma necessidade por soluções

feitas sob encomenda de especialistas, fazendo este um campo importante ao lado do

projeto inclusivo.

Barreira-livre (Barrier- free)

O foco original de defensores da deficiência e arquitetos (por exemplo o Selwyn

Goldsmith no Reino Unido, Ron Mace nos EUA) estava no movimento barrier-free, no

acesso a edifícios e ambientes públicos. Isto conduziu a adoção de rebaixamneto de meio-

fio, entradas com rampas, entradas e corredores mais largos, a adaptação em construções

para o raio de giro de cadeiras de rodas.

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Acessibilidade (Acessibility)

O foco foi gradualmente estendido para incluir acesso sensorial em edifícios para

informação sensória e cognitiva, por exemplo, sites de internet, através de browsers que

emitem sons. A disponibilidade de documentos em braile, e uma gama de outros elementos

amigáveis, recentemente apoiados por exigências legais da ADA. A ênfase no momento é

aumentar a acessibilidade na Web para assegurar a qualquer pessoa acessar os seus

serviços. O projeto universal (Universal Design) especificamente estende o conceito para

incluir o acesso aos produtos.

Acesso universal (Universal Access)

O termo acesso universal é usado de modo semelhante ao Projeto Universal, mas com

uma ênfase em informação e tecnologia de comunicações (ICT). O termo é usado também

no campo da tecnologia assistiva onde especificamente é aplicado para desenvolver

interfaces e outros dispositivos de controle utilizáveis por pessoas com níveis mais altos de

deficiência.

Projeto Universal (Design Universal)

O conceito originou-se nos E.U.A. e é basedo num conjunto de 7 princípios propostos

pelo arquiteto Ron Mace. Foi uma extensão da idéia do movimento Barrier-free e do

Universal Acess.

Projeto para todos (Design for All)

De origem Européia, equivalente ao Projeto Universal, com uma ênfase em ICT. A

meta atual dos europeus é encorajar estabelecimentos de centros nacionais virtuais de

excelência pela Europa.

Transgenerational design

Conceito desenvolvido por James Pirkl nos E.U.A.. Propõe que na era de

envelhecimento da população, os projetistas deveriam projetar produtos para pessoas que

estão em processo de envelhecimento. Difere de Projeto Universal e do Projeto para

Todos, que não coloca a mesma ênfase em deficiência. Resultou em um livro de qualidade,

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com estudos de caso excelentes e também como material pedagógico e diretrizes extensas e

orientação para médicos e educadores.

Usuário-centrado (User centred)

O usuário é o centro do projeto e frequentemente é envolvido durante as fases do

desenvolvimento do produto.

Projeto para o nosso futuro (Design for our future selves)

Conceito desenvolvido na RCA, encorajar jovens projetistas a projetar para pessoas

diferentes que estão em processo de envelhecimento. Tornou o tema para muitos eventos na

RCA e de uma competição anual aberta a estudantes, resultando em muitos exemplares de

conceito de projeto de idade-amigável. Tem a vantagem de fazer considerações de

envelhecimento para uma atividade futuro-orientada e direcionado para a inovação.

EQUAL

Um objetivo do conselho de pesquisa identificado pelo DT “Technology Foresight”

programa como um foco fundamental para R&D no REINO UNIDO. A meta primária é

melhorar a qualidade de vida das pessoas idosas e deficientes desenvolvendo uma pesquisa

de base necessária e transferir tecnologia para a indústria.

i~design

Programa colaborativo de pesquisa fundado pelo Conselho de Engenharia e Pesquisa

de Ciências Físicos “Engineering and Physical Sciences Research Council” (EPSRC), sob

o programa EQUAL. O objetivo é desenvolver e disseminar ferramentas de projeto e

orientação para gerentes de projeto, para capacitar os projetistas a entender e responder

adequadamente às implicações do projeto para deficientes e da população em processo de

envelhecimento para alcançar uma sociedade mais inclusiva. Os membros do grupo

envolvem: “The Design for Ability Unit at Central St. Martins, The London Institute; The

Engineering Design Centre at the University of Cambridge; The Helen Hamlyn Research

Centre at the Royal College of Art, London; and the Design Council.

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Projeto de Exclusão (Design exclusion)

O termo foi desenvolvido pela equipe do i~design como um modo para dar substância

à idéia de projeto inclusivo, focalizando a atenção nas pessoas excluídas por particulares

projetos de produtos, serviços ou ambientes. Isso resultou em casos de estudo de exclusão

de projeto e a prática de projeto inclusivo, e tornou possível quantificar a exclusão do

projeto com referência a população. O ponto chave é que algumas pessoas sempre serão

excluídas por qualquer projeto específico, e aquelas tais decisões deveriam ser levadas

conscientemente e com justificação.

Modular

Projetos que, em virtude são podem ser intercambeáveis ou elementos podem ser

configurados acomodar ou ajustar usuários diferentes, estendendo potencialmente a gama

de usuários servidos por um único projeto ou produto.

Ajudante (Carer)

Se existe uma mistura de produtos, serviços e ambientes inclusivos, é importante

também que as pessoas que cuidam dessas pessoas com deficiência sejam acomodadas. Os

requerimentos de pessoas jovens, que podem tomar conta de idosos, são diferentes dos

requerimentos de pessoas idosas.

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Apêndice B

Os Sete Princípios do Universal Design

Em 1997, o Center of Universal Design coordenou o desenvolvimento dos sete

princípios do “Universal Design”. Estes princípios têm a intenção de prover um manual

para o projeto de produtos e ambientes (Story, 1998). Os sete princípios do Universal

Design são listados a seguir:

1. PRIMEIRO PRINCÍPIO: USO EQÜITATIVO

O produto é utilizável por pessoas com habilidades diversas.

• Figura B.1 Portas automáticas são convenientes para todos, especialmente

quando as mãos estão ocupadas.

*Norma 1a: Prover os mesmos significados para todos os usuários: idêntico quando

possível ou equivalente quando não for possível.

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Exemplo: Telefones públicos dispostos em duas alturas permitem a utilização por

pessoas de estatura variada, entre elas as crianças e as pessoas que usam cadeiras de

rodas.

*Norma 1b: Evitar a segregação ou estigmação dos usuários.

Exemplo: Garantir nas edificações ao menos um acesso destinado às pessoas com

deficiência. A informação sobre este acesso deverá ser escrita e pictórica, para

facilitar o seu entendimento. O rebaixamento do meio-fio possibilita à pessoa com

deficiência física motora locomover-se no meio urbano de forma autônoma.

*Norma 1c: Prover privacidade, segurança e proteção de forma igual a todos os

usuários.

Exemplo: Barras de apoio do sanitário permitem que a pessoa faça a transferência da

cadeira de rodas para o vaso sanitário de forma segura.

A projeção do telefone público, demarcada no chão com material e textura

diferenciados, faz com que pessoas com deficiência visual percebam a sua presença

através do toque da bengala.

*Norma 1d: Tornar o produto atraente para todos os usuários.

Exemplo: Cores que estimulam os sentidos fazem com que o ambiente se torne mais

agradável.

2. SEGUNDO PRINCÍPIO: FLEXIBILIDADE NO USO O projeto do produto acomoda uma ampla faixa de preferências e habilidades dos

indivíduos.

* Norma 2a: Prover escolhas na forma de utilização.

* Norma 2b: Acomodar acesso na utilização para destros e canhotos.

* Norma 2c: Facilitar a precisão e acuidade do usuário.

* Norma 2d: Prover adaptabilidade ao ritmo do usuário.

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Figura B.2 Exemplo: Tesouras com empunhadura grande que podem ser seguradas

tanto pela mão esquerda, quanto pela mão direita.

3. TERCEIRO PRINCÍPIO: USO SIMPLES E INTUITIVO O uso do produto é de fácil entendimento, independente da experiência,

conhecimento, nível de comunicação ou nível de concentração do usuário.

* Norma 3a: Eliminar complexidades desnecessárias.

* Norma 3b: Ser coerente com as expectativas e intuição do usuário.

* Norma 3c: Acomodar ampla faixa de habilidades em comunicação, leitura e

escrita.

* Norma 3d: Arranjar as informações de acordo com sua impotância.

* Norma 3e: Prover sinais de alerta e feedback durante e depois da conclusão de

uma tarefa

Figura B.3 Manual de montagem de uma cadeira, as instruções ilustram a montagem

auxiliando o entendimento do procedimento.

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4. QUARTO PRINCÍPIO: PERCEPÇÃO DA INFORMAÇÃO

O produto comunica informação suficiente para o usuário, independente das

condições ambientais ou das habilidades sensoriais do usuário.

* Norma 4a:Uso de diferentes modos (verbal, pictorial,táctil) para redundante

apresentação da informação essencial.

* Norma 4b: Prover contraste adequado entre a informação essencial outras

informações secundárias.

* Norma 4c: Maximizar a legibilidade da informação essencial.

* Norma 4d: Diferenciar elementos em caminhos que podem ser descritos (por

exemplo, tornar mais fácil dar as instruções ou direções).

* Norma 4e: Prover compatibilidade com uma variedade de técnicas ou

equipamentos usados por pessoas com limitações sensoriais.

Figura B.4 Exemplo: Uma pessoa com baixa visão opera um termostato com números

grandes, indicadores tácteis e sinais audíveis.

5. QUINTO PRINCÍPIO: TOLERÂNCIA AO ERRO

O produto minimiza riscos e conseqüências adversas de ações acidentais ou não

intencionais.

* Norma 5a: Arranjar os elementos para minimizar riscos e erros: elementos mais

usados, mais acessíveis; elementos de riscos, eliminados, isolados ou protegidos.

* Norma 5b: Prover mensagens de aviso de risco de perigo e erros.

* Norma 5c: Prover sistema com características segurança em caso de falha humana.

* Norma 5d: Desencorajar ações inconscientes em tarefas que requerem vigilância.

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Figura B.5 Exemplo: O menu do computador mostra a seta do mouse para a função

“Undo”.

6. SEXTO PRINCÍPIO: BAIXO ESFORÇO FÍSICO

O produto deve ser usado eficientemente e confortavelmente com um mínimo de

esforço físico.

* Norma 6a: Permitir ao usuário manter uma posição neutra do corpo.

* Norma 6b: Usar forças moderadas na operação.

* Norma 6c: Minimizar ações repetitivas

* Norma 6d: Minimizar o esforço físico sustentável.

Figura B.6 Exemplo: A mão fechada opera a alavanca da porta, empurrando para

baixo.

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7. SÉTIMO PRINCÍPIO: TAMANHO E ESPAÇO PARA

APROXIMAÇÃO E USO

Prover dimensões e espaços para o acesso, alcance, manipulação e uso, independente

do tamanho, postura ou mobilidade do usuário.

* Norma 7a: Prover os elementos importantes no campo visual de qualquer usuário,

sentado ou em pé.

* Norma 7b: Prover o alcance para todos os componentes para qualquer usuário

sentado ou em pé.

* Norma 7c: Acomodar variações da dimensão da mão e empunhadura.

* Norma 7d: Prover espaço adequado para o uso de equipamentos assistivos ou para

assistência pessoal.

Figura B.7 Uma pessoa em uma cadeira motorizada passa através de uma roleta.

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Apêndice C

Ferramentas aplicadas

RROOTTEEIIRROO DDEE EENNTTRREEVVIISSTTAA 1- Como você gostaria que fosse sua cadeira?

a - mais atraente,

b – mais discreta,

c - não importa a estética,

d- mais leve,

e- mais segura, etc.

2- O que você gostaria que sua cadeira fizesse?

a - subir escadas,

b - ficar em pé,

c - correr mais,

d - dobrar,

e- subir mais facilmente as rampas

3- Você acha sua cadeira segura? Quais os problemas que você encontra com respeito

a sua segurança na cadeira.

4- Já teve algum acidente com a cadeira?

5- O que você acha do preço da cadeira manual? Quanto pagaria por uma cadeira

manual?

a – se necessário dar uma estimativa de valores: R$ 190,00 até R$ 4.000,00

6- Em sua opinião quanto deveria custar uma cadeira motorizada? Quanto você

pagaria por uma?

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a - se necessário dar uma estimativa de valores: R$ 4.000,00 à R$ 20.000,00 ou

mais.

7- O que você NÃO gosta na sua cadeira?

a- a cor

b- a cadeira é fraca

c- Não acha segura

d- é muito grande

e- é pesada

f- é difícil para subir rampas

g- é difícil quando percorre longas distâncias (300m?)

h- é difícil de manobrar

i- é muito lenta (motorizada)

j- é difícil de ultrapassar um obstáculo

k- precisa de manutenção sempre

l- o freio

m- o tempo da duração da bateria é pequeno

n- a cadeira faz barulho

o- a cadeira quebra com freqüência

p- o controle é complicado de usar

q- não tem indicador de bateria, não sabe qdo a bateria vai acabar

8- Quanto tempo você fica na cadeira por dia?

9- Qual a velocidade ideal para sua cadeira?

10- Com que freqüência você faz manutenção na sua cadeira? Você leva para

assistência técnica especializada?

11- Alguma vez a cadeira quebrou e você não pode utilizá-la? O que aconteceu?

12- Você gostaria de ter uma motorização alternativa para sua cadeira manual. Por

exemplo um kit portátil de motorização, onde você sozinho poderia colocar e retirar

o kit, motorizando-a e desmotorizando-a.

13- Como você imagina esse kit de motorização?

a. compatibilidade com a maioria das cadeiras

b. facilidade de montagem

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c. ofereça segurança

d. fácil de operar

f. eficiente

14- Quanto você pagaria por um sistema que motorizasse sua cadeira convencional?

15- Como você vai para o trabalho? É difícil chegar lá? Você usa sua cadeira durante o

seu trabalho?

16- Que tipo de cadeira você gostaria de ter?

cadeira manual cadeira motorizada cadeira manual e motorizada

17- Quais os problemas que você enfrenta com a sua cadeira?

a dificuldade de acesso

b dificuldade em subir rampa

c dificuldade de se transportar dela para o carro

d dificuldade de se transportar dela para cama, sofá, cadeira

18- Você acha que a cadeira é uma extensão do seu corpo?

19- Você sai com freqüência para lazer?

uma vez por semana mais de uma vez por semana uma vez por mês quase nunca

20- Aonde você costuma ir ?

cinema shopping calçadão supermercado praia hospital teatro barzinhos

21- Aonde você gostaria de ir e não pode ir? Por que não pode ir?

22- O que sua cadeira deveria ter para ser mais útil para você?

23- O que faria você gostar de ter uma cadeira motorizada? O que você faria se tivesse

uma? O que não seria bom se sua cadeira fosse motorizada?

24- Se você tem uma cadeira motorizada ou já teve quais os defeitos que você achou

nela?

25- Qual o tempo que sua cadeira anda com uma carga de bateria? Você está satisfeito?

26- Com que freqüência você carrega a bateria? Em que período do dia você a carrega?

Quanto tempo leva para carregar?

27- Você gostaria que sua cadeira tivesse várias velocidades? Por exemplo, uma menor

e uma mais rápida?

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214

QQUUEESSTTIIOONNÁÁRRIIOO EESSTTRRUUTTUURRAADDOO EENNVVIIAADDOO PPOORR EE--MMAAIILL

UUNNIIVVEERRSSIIDDAADDEE EESSTTAADDUUAALL DDEE CCAAMMPPIINNAASS ((UUNNIICCAAMMPP)) FFAACCUULLDDAADDEE DDEE EENNGGEENNHHAARRIIAA MMEECCÂÂNNIICCAA DDEEPPAARRTTAAMMEENNTTOO DDEE PPRROOJJEETTOO MMEECCÂÂNNIICCOO

Flávia Bonilha Alvarenga, MSc. Pesquisadora e Investigadora principal Franco Giuseppe Dedini, Prof. Dr. Pesquisador e Orientador. email: [email protected]

QQUUEESSTTIIOONNÁÁRRIIOO

OO PPRROOPPÓÓSSIITTOO DDEESSSSAA PPEESSQQUUIISSAA ÉÉ OOBBTTEERR AASS NNEECCEESSSSIIDDAADDEESS DDOOSS

CCAADDEEIIRRAANNTTEESS EEMM RREELLAAÇÇÃÃOO ÀÀ CCAADDEEIIRRAA DDEE RROODDAASS PPAARRAA

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OOBBSSEERRVVAAÇÇÃÃOO:: AASS RREESSPPOOSSTTAASS DDEEVVEERRÃÃOO SSEERR PPRREEEENNCCHHIIDDAASS NNEESSTTEE FFOORRMMUULLÁÁRRIIOO EE EESSTTÃÃOO EEMM AAZZUULL

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Nome Completo:

Idade: Sexo: Masculino Feminino

Formação Acadêmica:

Profissão/Cargo:

email:

Tel.(não é obrigatório): Cel.(não é obrigatório):

Tipo de deficiência :

Há quanto tempo têm a deficiência?

Tipo de cadeira que usa: manual motorizada ambas

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Marca da cadeira: Modelo:

Renda pessoal:

até R$ 1.000,00 entre R$ 1.000,00 e R$ 5.000,00 acima de R$ 5.000,00

1- Como você gostaria que fosse sua cadeira?

a - mais atraente, b – mais discreta, c - não importa a estética, d- mais leve, e- mais segura, etc. R1-

2- O que você gostaria que sua cadeira fizesse? a - subir escadas, b - ficar em pé, c - correr mais, d - dobrar, e- subir mais facilmente as rampas R2-

3- Você acha sua cadeira segura? Quais os problemas que você encontra com respeito a sua segurança na cadeira.

R3-

4- Já teve algum acidente com a cadeira?

R4-

5- O que você acha do preço da cadeira manual? Quanto pagaria por uma cadeira manual?

a – a estimativa de preço de venda de cadeira manual no mercado atual é de R$ 190,00 até R$ 4.000,00, no Brasil.

R5-

6- Em sua opinião quanto deveria custar uma cadeira motorizada? Quanto você

pagaria por uma? a – a estimativa de preço de venda de uma cadeira motorizada no mercado atual é de R$ 4.000,00 à R$ 20.000,00 ou mais, no Brasil. R6 -

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7- O que você NÃO gosta na sua cadeira?

a- a cor b- a cadeira é fraca c- Não acha segura d- é muito grande e- é pesada f- é difícil para subir rampas g- é difícil quando percorre longas distâncias (300m?) h- é difícil de manobrar i- é muito lenta (motorizada) j- é difícil de ultrapassar um obstáculo k- precisa de manutenção sempre l- o freio m- o tempo da duração da bateria é pequeno n- a cadeira faz barulho o- a cadeira quebra com freqüência p- o controle é complicado de usar q- não tem indicador de bateria, não sabe qdo a bateria vai acabar R7-

8- Quanto tempo você fica na cadeira por dia? R8-

9- Qual a velocidade ideal para sua cadeira? R9-

10- Com que freqüência você faz manutenção na sua cadeira? Você leva para assistência técnica especializada?

R10- 11- Alguma vez a cadeira quebrou e você não pode utilizá-la? O que aconteceu?

R11-

12- Você gostaria de ter uma motorização alternativa para sua cadeira manual. Por exemplo um kit portátil de motorização, onde você sozinho poderia colocar e retirar o kit, motorizando-a e desmotorizando-a.

R12-

13- Como você imagina esse kit de motorização?

a. compatibilidade com a maioria das cadeiras b. facilidade de montagem c. ofereça segurança d. fácil de operar

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f. eficiente R13-

14- Quanto você pagaria por um sistema que motorizasse sua cadeira convencional? R14-

15- Como você vai para o trabalho? É difícil chegar lá? Você usa sua cadeira durante o seu trabalho?

R15-

16- Que tipo de cadeira você gostaria de ter? cadeira manual cadeira motorizada cadeira manual e motorizada 17- Quais os problemas que você enfrenta com a sua cadeira?

a dificuldade de acesso b dificuldade em subir rampa c dificuldade de se transportar dela para o carro d dificuldade de se transportar dela para cama, sofá, cadeira R17-

18- Você acha que a cadeira é uma extensão do seu corpo? R18-

19- Você sai com freqüência para lazer?

uma vez por semana mais de uma vez por semana uma vez por mês quase nunca Outro, explique.

R19-

20- Aonde você costuma ir ?

cinema shopping calçadão supermercado praia hospital teatro barzinhos Outros. Quais?

R20-

21- Aonde você gostaria de ir e não pode ir? Por que não pode ir? R21-

22- O que sua cadeira deveria ter para ser mais útil para você?

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R22- 23- Você teria mais algum comentário que gostaria de colocar nesta entrevista?

R23- Essas questões são relacionadas a Cadeira Motorizada, se você já teve uma ou quer dar sua opinião,por favor responda-as também.

24- O que faria você gostar de ter uma cadeira motorizada? O que você faria se tivesse uma? O que não seria bom se sua cadeira fosse motorizada?

R24-

25- Se você tem uma cadeira motorizada ou já teve quais os defeitos que você achou nela?

R25-

26- Qual o tempo que sua cadeira anda com uma carga de bateria? Você está satisfeito? R26-

27- Com que freqüência você carrega a bateria? Em que período do dia você a carrega? Quanto tempo leva para carregar?

R27-

28- Você gostaria que sua cadeira tivesse várias velocidades? Por exemplo, uma menor e uma mais rápida?

R28-