uma história para o paulo
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Sob orientação de José Carlos Sebe Bom Meihy amigos prestam homenagem a Paulo de Tarso Venceslau.TRANSCRIPT
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Uma histór ia para o Paulo
organizada por
José Carlos Sebe Bom Meihy
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Ângelo José Domingues de Moraes
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Meu caro Paulo de Tarso, cidadão taubateano, amigo.
Esta mensagem, ainda que escrita por mim é atestado
de uma geração e de quantos se perfi lam ao seu lado como parentes,
amigos, parceiros. Letras e imagens se juntaram de formas plurais,
mas sempre insatisfeitas por não dar conta da missão de falar na
intimidade do significado de sua presença em nossas vidas. Precisei de
seu exemplo de moço insistente para chegar a algum termo, ainda que
imperfeito e merecedor de apagamento. A tarefa foi árdua, creia, e
por mais que buscasse solução presumível, não conseguiria reproduzir
o caleidoscópio tradutor de seu desenho em histórias comparti lhadas.
De toda forma , pense i , j un tamente com Ana Laura e Luc i ano
Dinamarco, em um inventário afetivo, depósito amoroso de frações,
passagens de convívios costurados na vivência de tantos. Sua marca em
cada pessoa constitui a vida deste texto que não existiria sem você.
Confesso minha temeridade frente à aventura de ser o
repórter da aventura de mu itos que , de uma forma ou outra ,
participaram de sua trajetória. Por tentativas repetidas, tudo ficava
mais intricado na medida da pal idez das palavras que, por mais que se
combinassem, não dimensionavam a fecundidade de experimentos que
afinal não são apenas seus. Ao fazer nossa a sua história ou sua a
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nossa, imaginei as cores possíveis para um desenho vivo que deveria
fugir da frugalidade transparente na saudade antiga, na nostalgia
encantada, em passagens pitorescas. Sobretudo, me pareceu dever
retraçar a construção do respeito e dignidade, conseguidos pela luta
de alguém que pagou para ver. Foi assim que se pensou em juntar
recortes amigos que se perf i laram como atestado do que você
representa para nós. Saiba que em todos que escreveram transpareceu
o afeto admirado, o sentido histórico de ser parte do seu/nosso
mundo. E se comemorar é “ação de compartir memória”, hoje a festa
não é exclusiva sua. E há razões para tanto, posto que se insiste em
evocações a lgo mito lóg icas , grandi loqüentes , reve ladoras de seu
significado que funde a figura pública e o amigo especial íssimo. Sobre
você, tenha certeza, cada um tem uma história singular a ser narrada
e assim, na delegação do Título de Cidadão Taubateano, conferido
neste dia 19 de outubro de 2010, se interna mais do que a homenagem
oportuna. Falo de justiça; de reparação também. Animando os motivos
expressos no tributo que segue reside o reconhecimento de todos que
o reconhecem como guerreiro incansável e o “taubateano” mais
utopista da nossa turma.
A excepcionalidade da cerimônia de hoje inverte o
correr dos dias comuns da aparente pacata Taubaté. Há motivos, pois
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não é qualquer pessoa que agora recebe a cidadania delegada pela
n o s s a C â m a r a M u n i c i p a l , c e n á r i o d e t a n t a s b a t a l h a s . V o c ê ,
seguramente, merece mais do que ninguém o beijo cívico implicado no
ato protocolar, mas não só. Ao contemplar hoje sua faina torna-se
possível rever os caminhos tri lhados por um conjunto completo de
meninos que aprenderam a se tornar jovens e maduros no trajeto
político de um país que passou pelo trauma da ditadura política e da
superação que nos fez construir o caminho da l iberdade. Diria, sem
medo de equívoco, que você é a melhor estampa, metáfora perfeita do
bom combate de taubateanos pela democracia. Assumamos desde logo
dois predicados seus: 1- o retorno ao lar e 2- a insistência – por vezes
incompreensível – pela l iberdade de imprensa.
Sua presença em Taubaté, depois de tudo remonta a
volta de um Ulisses que não se cansou da Odisséia. É como se
prestasse conta de tudo que fez e assumisse o dever de olhar nos
nossos olhos coletivos e dizer: fui , fiz e voltei . Imaginemos o que
seria Taubaté sem você. Pensou?! Antes o menino rebelde, inquieto,
travesso, namorador, fanfarrão, depois o agitador que avermelhou
nossas esperanças e circulou sangue no sistema político nacional . Como
ninguém, você assumiu uma proposta que tinha que ser radical . E foi
por completo, inteiro, com tudo, sem medir forças, afetos, riscos. E
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levou nossa passividade ao l imite do suportável . Paulo, voltar à “Terra
d e L o b a t o ” ( p a r a u s a r s u a e x p r e s s ã o c a r a ) m e p a r e c e g e s t o
exuberante de dignidade. Nossa Ithaca só tem a agradecer. Seu
retorno foi como se fincasse no solo pessoal de cada taubateano, o
estandarte de uma luta que, de certo modo, acabou sendo nossa porque
fi ltrada em você. Na dor da prisão, saiba, muitos sofreram. As
lágrimas de sua mãe, a dor de seu pai e irmãos, eram coletivas.
Mesmos os detratores da l iberdade sentiam em você o “nosso menino
guerri lheiro”. Não resisto lembrar que até mesmo aquele delegado que
nos atormentava se sentiu constrangido em não faci l itar visitas e até
trazer notícias que se espalhavam medrosas, mas sutis e insistentes. E
foi para essa Taubaté que você voltou. Isto é memorável . Sempre falo
com o Renato Teixeira dos di lemas dos que ficam X os que saem. Os
que ficam, muitas vezes, sacrificam a dimensão de carreira; os que
saem ganham alguma notoriedade e, entre uns e outros, você, que teria
tudo para se engrandecer fora, preferiu voltar. Outro dia, pensando
em você, concluí que a dose de água que lhe foi dada da Bica do Bugre
foi exagerada.
Mas você não voltou como saiu. De maneira alguma. Não
mesmo. Entre tantas coisas que padeceu, a l ição que nos trouxe foi de
aprendiz de negociador. Você se tornou doce mediador de causas
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inabaláveis, ainda que nem sempre oportunas. Ao trocar a luta pelo
diálogo, juntou o guerreiro sonhador com o respeitável homem público
que é. Primeiro insistiu na luta institucional e fez vigorar o que alguns
diziam na surdina “ele é PT ao quadrado”. Era o Paulo de Tarso (PT) no
Partido dos Trabalhadores (PT) . Inic ia is complexas se fundidas.
C o m p l e x a s e c o n t r a d i t ó r i a s n a p a u t a d o t e m p o . O u t r a v e z o
arquitetador visionário rendia tributo às l inhas da ordem. Pensava
você então que nos tri lhos pol ítico-partidários seria viável mudar o
país. Era outra tentativa. Ao constatar as artimanhas da política
institucional , mediu o caminho das impossibi l idades. Saldou a dívida
com o caro salário do sonho aposentado. Continuou lutando, contudo, e
sua voz ecoou ao denunciar, mesmo queimando o lugar que lhe poderia
ser bem posto. Caríssimo, você negou e foi negado, mas. . . mas
continuou lutando. Quixote birrento, você montou em outro cavalo e
constituiu um Sancho Pança também coletivo e o eterno “Cavaleiro
Solitário” resolveu virar jornalista.
Em sala pequena inventou o Contato e “contatando”,
formulou a constante desculpa de que seria para o fi lho o jornal . Na
realidade, o nosso guerreiro mudava de armas e assumia uma guerra
doméstica. O campo de batalha variou para as letras e o cenário amplo
se internou no local . O que jamais deixou de ser abdicado, porém,
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foram os valores essenciais: a luta pela democracia, pelo bem estar e
pela boa política. E aqui a história do Paulo se fecha em círculo
perfe i to . O eterno retorno se just i f i ca na tra jetór i a de seu
personagem i lustre: saiu de Taubaté, para Taubaté voltou; saiu lutador
da democracia e para a democracia local voltou. Mudou as armas,
variou o cenário. Só. Mas cumpriu-se nesse périplo uma meta redonda.
É curioso como o círculo vale como figura ideal . Curioso, sobretudo
porque é também a imagem do abraço que se lhe faz centro de uma
roda; roda de amigos.
Paulo, emocionado termino esta mensagem que continua
nas palavras de demais. Sei que você entende cada gesto inscrito
neste esforço, mas saiba que, sobretudo, ele é apenas projeção do que
você nos é. E continuará sendo agora, ainda mais TAUBATEANO.
José Carlos Sebe Bom Meihy
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UMA HISTÓRIA PARA O PAULO
Imaginemos cenas famil iares e nesse devaneio aceitemos o apoio de
mensagens como do irmão Zé que escreveu “Queria que Papai, Mamãe e a Lourdes
estivessem aqui agora conosco para abraçá-lo e demonstrar-lhe o nosso orgulho
por essa sua conquista". E somo as palavras da irmã Mareju que reconhece nele
“o desejo de viver, o valor que dá a vida, o alto preço que pagou para estar hoje
conosco. Esta é a sua grande marca. Eu sou testemunha disso” arremata. O apreço
famil iar ecoa a justiça do título e as palavras da Malu confirmam "quando soube
que você receberia essa homenagem pensei que escolheram a pessoa certa, o
Taubateano certo. Pelo quanto você ama e prestigia essa SUA cidade. Lembrei-me
do vovô Venceslau, seu pai , recebendo essa homenagem, fiquei fel iz e tenho
certeza de que ele está muito feliz também. Parabéns, beijos da sua sobrinha." A
Teca também se manifestou chamando para a intimidade de suas lembranças o tio
amado e remetendo ao passado disse "Taubaté é minha referência de infância: a
casa de minha avó, o mercado, a praça, o carnaval no clube e você brincando com a
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gente na piscina do TCC. Sempre boas as lembranças. Te vejo como um apaixonado
por suas ra ízes c idadãs , por sua h istór ia de juventude que vo l tou para
acrescentar alguns capítulos. Essa é mesmo sua casa. Um grande beijo com muita
alegria " . Marcos , sobrinho, também se manifestou traduzindo emoções "tiozão,
todo mundo tem um ou deveria ter, aquele que brinca, faz palhaçada, te trata
como moleque de verdade e ensina coisas que só ele sabe! Esse foi meu tio PT, de
quem, como menino, sempre tive orgulho de ser sobrinho! ! !" , mas que dizer das
palavras do fi lho querido? Assim Pedro , mais merecedor do pai que tem, revelou
seu zelo emocionado:
“Eu estava na quarta série do primeiro grau quando ganhei de meu
pai a primeira (e única) máquina de escrever. O presente foi um
incentivo à idéia de montar um jornal da classe ( imagino que ele
tenha ficado al iviado por eu não pedir uma sapati lha de balé ou
u m r e v ó l v e r d e b r i n q u e d o ) . O f a t o é q u e a p u b l i c a ç ã o ,
reproduzida por Xerox, foi um sucesso retumbante entre os
demais ! 20 coleguinhas. ! O mini império midiático durou pouco.
Logo outro aluno - fi lho de pais abastados - apareceu na escola
com outra publicação feita em computador (coisa fina na época) e
todo colorido. Resultado: ! a escola deu de costas à l iberdade de
imprensa e proibiu os dois. Meu pai tomou as dores e tentou
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reverter o quadro, sem sucesso. Muitos anos depois, ele lembrou
dessa história quando contou que estava montando um jornal de
verdade em Taubaté. !Custei a acreditar que poderia dar certo. E
lá se foram dez anos. Mesmo sem estar no calor da luta dos
fechamentos diários, escrevi e acompanhei todas as edições do
Contato. Na incrível história do Paulo de Tarso, o verdadeiro PT,
esse foi sem dúvida o combate mais longo. Uma década de
resistência aos encantos do ! poder e ataques dos pequenos
coronéis. Dez anos de imprensa l ivre e investigativa. Não podia
ser diferente. Afinal , a gente nasce e morre todos os dias. . .”
Fora da famíl ia, a história do nosso PT se desdobra em outras
variações. Sobretudo a amorosa ganha dimensão. E foi a Bolacha quem revelou
duas passagens deliciosas, não sem antes abrir com uma paráfrase apoiada no
Roberto Carlos. Assim escreveu Eliana Malta : “você foi o maior dos meus sonhos
e de todos os abraços, o que eu nunca esqueci . . . ! ! A maturidade me ensinou a te
amar. . .de outro jeito!” e soltou os seguintes casos:
“Num dos carnavais da década de 60, o Paulo e eu éramos
namorados . Muito jovens e apa ixonados . Mas , carnava l era
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carnaval e o moço se l ibertava das amarras do cotidiano para cair
na farra dos quatro dias de momo. Eu, a mocinha da história ia
aos bai les mas deveria me comportar muito bem. Não ficávamos o
bai le todo juntos, pois o Paulo chegava bem mais tarde ficando no
‘esquenta’ com a turma. Nesse carnaval , eu estava vestida com um
sarongue azul turquesa e o Paulo com o famoso índio que vez ou
outra era também usado pelo Dino. Além de muita bebida, também
c h e i r á v a m o s m u i t o l a n ç a p e r f u m e , r o d o r o p u r i n h o . T u d o
escondido, mas l iberado no salão. Como o Paulo era muito visado,
não arriscou entrar com o aroma enlouquecedor. Mandou me
chamar para fora do clube e lá pediu que eu entrasse levando o
lança perfume entre meus seios avantajados. Lá fomos nós para
mais voltas no salão. Num dado momento aquele índio sedutor me
arrasta para o ‘elefantinho’ , lugar para um bom ‘amasso’ e também
para usufruir do rodoro. Assim que apertou não saiu nada. . . havia
evaporado em meu corpo durante as várias voltas dadas pelo
salão. O índio virou bicho e me deixou de castigo o resto do bai le,
sem ficar comigo. Chorei, chorei até que acabou o som e na
escadaria do gri l l voltamos a ser namorados com muitos beijos e
juras de nunca mais me fazer chorar, até a próxima noite de
f o l i a , q u a n d o e n t ã o n o s t r a n s f o r m á v a m o s e m t i r o l e s a s ,
colombinas, espanholas à espera do homem amado”. . . .
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!
Outro caso:
“ E r a 1 9 6 9 , o P a u l o j á n ã o v i n h a m u i t o p a r a T a u b a t é . A
clandestinidade não permitia mais ter uma vida comum. Nessa, eu
não o via já mais de um mês. Sem notícias, tomei uma decisão, iria
procurá-lo na cidade grande. Eu tinha 17 anos, cursava 3º ano do
normal no Bom Conselho na parte da manhã. Com a ajuda da
Maúcha, minha prima, arquitetamos um plano. De manhã bem cedo,
quando nossos pais fossem para o trabalho, eu iria para casa dela,
trocava o uniforme por roupa normal e seguiria para a rodoviária
rumo à São Paulo. Assim foi . Chegando lá, fui direto para o
endereço que peguei com ele já fazia tempo. Era na Praça
Roosevelt. Entrei no prédio com muito medo, Bati na porta, e
depois de uns 10 minutos ela se abre com um dos companheiros
com uma arma na mão. Quase caí . . .mas era apenas um dos
sequestradores do embaixador americano Charles Elbrick que ao
me ver, disse. . .PT, seu bauzinho está aqui” . . .
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E foram os amigos que ajudaram a escrever a passagens da vida do
Paulo. Entre tantos, o “Conde Afonso” relembrou:
“A data que nos conhecemos deve ter sido lá pelos idos de 1958
ou 59. O PT sendo muito eclético freqüentava ! alternadamente o
Clube da Lona ( do qual sou membro) !Miseráveis, Clube do Cabide
e outros grupos de nossa juventude. O Paulo demonstrou ser uma
pessoa do bem quando em S J Campos estudando Economia,
morava na casa de minha tia ( como pensionista) porém numa
ocasião, não tendo sido muito bem tratado, ele ao saber, não se
conformou e ! na mesma noite me levou para sua República onde
tivemos que dormir de valete ! vários dias, até eu conseguir a
doação de uma cama. Continuando nossa amizade, o Paulo foi meu
bicho me Faculdade e, tendo os veteranos resolvido não apl icar
trote, ele me pediu encarecidamente que raspasse seu cabelo (o
que fiz) . Antes disso, houve uma fato hi lário que ocorreu quando
membros do Clube da Lona foram roubar frango (ato corriqueiro
em nossa juventude), desta vez do quintal do Seu Filhinho da
Farmácia em Ubatuba. Embora o PT nunca tivesse participado até
aquela noite, o Seu Fi lhinho estava de tocaia e saiu atrás da
g e n t e c o m u m a g a r r u c h a v e l h a e n o s f o r ç o u a ! s a i r e m
desembalada corrida parando na praia do Cruzeiro, ! pondo os
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bofes pra fora. Naquela data acusamos o PT de "pé frio", coitado,
pois participamos de outras gatunagens de penosas e tudo correu
bem. Complementando, devo ! informar que o PT foi nosso padrinho
de casamento ! juntamente com a tia Abigai l , por parte da
Heloísa”. Incontido, o Conde Afonso conclui “AMIGO PRESENTE !
E DE ! CONVICÇÕES SÓLIDAS, QUE NUNCA SE DEIXOU
ABATER PELOS REVEZES DA VIDA”
Com leveza e ironia, Herbert Bretherick , então vizinho da Eliana
Bolacha em 1969 contou que o “Paulo de Tarso foi responsável pela minha infância
totalmente segura. Nenhuma rua de Taubaté era tão segura quanto a minha.
Graças ao Paulo, nossas brincadeiras de rua eram vigiadas pelos órgãos de
repressão 24 horas por dia.”
Na contramão de quantos aprenderam o convívio com o Paulo na
carti lha da infância, a Beti Oliveira Costa , agora Beatriz Cruz relata uma outra
versão:
“Não fomos colegas de classe, nunca estudei com o Paulo, como
muita gente. Aliás, eu nem o conhecia. Só de nome e de vista,
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principalmente na adolescência, lá em Ubatuba. Mais tarde fiquei
sabendo das suas atividades, prisão e participação política junto
ao PT. Conversamos mesmo pela primeira vez numa dessas festas
do Elo. Aí eu comecei a colaborar com o Contato, enviando
crônicas. Quando passei a fazer a revisão do jornal é que nos
tornamos amigos. Amigos de infância, depois de coroas! O Paulo é
brincalhão, gosta de provocar as pessoas, vive me chamando de
Maria Beatriz de Orleans e Bragança Oliveira Costa da Cruz. . . Diz
a todo mundo que pagava meu trabalho com passagens pra Paris,
todo ano. . . Admiro sua dedicação ao Jornal, ele vai atrás de tudo,
sempre querendo mostrar o que está errado, para que Taubaté
possa melhorar, dando assim preciosa contribuição à cidade que
ele ama e adotou como sua. Embora não tenha nascido aqui, tenha
estudado, vivido e participado de atividades em outros locais, é
nesta terra de Lobato (como ele costuma dizer) que estão
fincadas suas raízes. Aqui ele tem milhões de amigos, é sempre
festejado e muito querido. Admiro sobretudo sua honestidade e a
coragem que teve ao denunciar as irregularidades que percebeu,
tempos atrás, dentro do partido que ajudou a fundar, o PT.
Enfrentou o Chefe e foi expulso. O resto da história todos
conhecemos. . . Mas Paulo de Tarso Venceslau saiu dessa de cabeça
erguida. Íntegro! Parabéns, Cidadão Taubateano!”
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Fernando Delgado, Paulo de Trarso e Jurandir Campos, posse do Grémio Câmara Leal em 1961
Abraão , amigo de tantas aventuras teria histórias para encher
páginas multipl icadas pela saudade. Eis algumas que deixou registradas:
“Comecei no Estadão em 1954; um ou dois anos depois, conheci
Paulo de Tarso. Tínhamos 12 ou 13 anos de idade. A primeira vez
que falei com ele, tive a impressão de que disse que era de
Campinas, mas depois soube que na verdade ele veio de Santa
Barbara do Oeste. Paulo tinha muita faci l idade de fazer amigos.
Nós nos aproximamos na época da Fanfarra. Era um grupo grande
- dentre outros, eu e o Renato Teixeira. . . Além da Fanfarra,
tínhamos outras rodas de relacionamento na cidade, dentre as
quais o TCC, isso por volta de 1957. Paulo fazia parte da Equipe
de natação do Clube, eu não. Durante todos os anos do Estadão
fomos colegas, alguns anos na mesma sala, outros em salas
diferentes. Iniciamos o científico no ‘Estadão’ , mas ele não
chegou a terminar porque fo i ‘ conv idado a se ret i rar ’ e ,
sinceramente, não sei bem o motivo. Em 1961 participamos e
vencemos as eleições do ! Grêmio Doutor Câmara Leal, entidade
representativa dos alunos.
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Duas chapas concorreram , uma composta por Pau l o , c omo
presidente; acho que o vice era o Jurandir Batista Campos, o
Jura. ! Acredito que se chamava chapa Alvorada, eu também
participava dessa chapa. Depois, criamos um Jornal que se
chamava ! “O Caravelle”.
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Entre nossas ações no Grêmio renovamos a Caderneta escolar,
antes era um l ivrinho volumoso, amassava muito, tivemos a idéia
de fazer nova carteirinha e conseguimos a façanha da identidade
valer para pagar meia entrada nos cinemas da cidade: Cine Palas,
Metrópole, Urupês, Boa Vista, na Vila Nossa Senhora das Graças
e Cine Odeon, do pessoal da Rádio Difusora. ! Logo começaram
boatos de emissão de carteiras falsas, uti l izadas por alunos que
não eram do Estadão. Comentei com o Fernando Delgado que fazia
Clássico, e também pertencia à diretoria do Grêmio sobre os
boatos, fomos falar com o Paulo que também havia ouvido, e não
acreditava serem verdadeiros. O resultado foi que as companhias
de cinema souberam desse boato e não quiseram aceitar mais a
carteirinha, nos chamaram e pediram que emitíssemos um outro
modelo ou que revalidássemos aquela. Nunca se soube se, de fato,
existiram carteiras falsas. Depois que Paulo saiu daqui, meu
convívio com ele diminuiu. De toda forma nossa maior realização
era a Fanfarra, porque quem tocava tinha orgulho, e, imaginem,
t ínhamos até que pagar para tocar - para manutenção dos
instrumentos, Geraldo Marins, o Cuco era o diretor, ! e sempre
falava ‘vocês cuidem de tudo na Fanfarra pois dinheiro não tem’;
fazíamos rifas, recebíamos colaborações para manutenção dos
instrumentos, trocar pele, para lustrar os instrumentos com kaol .
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Sempre tínhamos despesas. No momento em que passei a ser
instrutor da Fanfarra, eu controlava tudo. Cada um pagava sua
passagem nas viagens que realizávamos, tínhamos prazer, todo
mundo queria participar. Fomos tocar em Resende, Cachoeira
Paulista, Cruzeiro, Pindamonhangaba, Campos do Jordão, Ubatuba;
a gente ia tocar, éramos requisitados. ! Paulo de Tarso, Kajita,
Paiva e Antonio Luiz tocavam corneta; Renato tocava prato e
depois, tuba.
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! Uma vez fomos tocar em Cachoeira Paulista - acredito que era
aniversário da cidade - fomos de trem, cada um levou o seu
instrumento, saíamos pelas ruas tocando, era uma Fanfarra
d i ferente das que ex i st i am na época , no me io dos toque
g r i t á v amos ‘ C achoe i r a P au l i s t a ’ , o p o v o go s tou , e l a f az i a
espetáculo. ! Um dia Paulo Cicchi, professor de educação física,
chegou e falou “sua Fanfarra é maravi lhosa, mas para o desfi le
ela não é muito boa, pois para o desfile tinha que fazer uma
cadência mil itar, mas era isso que nos interessava: inovar. Na
volta de Cachoeira Paul ista estava sentado de frente no vagão e,
diante de mim, ao contrário, o meu irmão ! que tinha 7 anos à
época , José Car los , estávamos nós, as meninas , todos da
Fanfarra, até que chega alguém, não me lembro quem e disse:
‘Abraão, o Paulo está em cima do trem e não quer descer, é
melhor você ir lá ver ’ . Saí de onde estava e fui lá na parte de
trás, entre um vagão e outro, na l igação entre vagões existia uma
escadinha; subi e lá em cima ! vejo o Paulo sentado, imagina, o
trem caminhando e ele lá em cima. Eu gritei ‘Paulo desce, você
pode cair daí ’ , e ele falou o mesmo para mim: ‘Abraão, desce
primeiro e eu vou depois ’ Descemos os dois. Na porta do vagão
todos apreens ivos , nos recepc ionaram com br incade iras . A
história repercutiu, e virou uma lenda entre os alunos, a diretoria
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nunca soube de nada. De tempos em tempos se falava sobre isso,
o passeio do Paulo em cima do trem. E hoje a gente escuta muita
gente brincando que foi o Paulo o pioneiro do surfe sobre o trem,
comum na periferia do Rio de Janeiro e São Paulo”. . .
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Duda, Getúlio, Abraão, Antônio Luiz, Tony Andrade, Murilo, Fafá, Paulo de Tarso, Azzollini, Elly, Reynol, Nivaldo, Tinoco, Mané, Fredy, Fogaça, Odulpho e Laurentino dentre outros
Mas foi com o Contato que Paulo de Tarso marcou o retorno a
Taubaté. Atento, José Bernardo Ortiz sintetiza a opinião geral ao dizer que:
“O companheiro Paulo é o responsável pelo (re)nascimento da
imprensa independente e opinat iva em Taubaté, c idade que
escolheu e que hoje finalmente o escolhe, reconhecendo sua
importância como cidadão que caminha com passos firmes e com
propósito, provocando reflexões e consciências, num momento em
que Taubaté tanto clama pelo exercício crít ico e pleno de
cidadania”. . .
É importante lembrar que a verve jornal ística que resultou no
Contato teve uma raiz e quem conta é Mouzar Benedito, que revela:
“Conheci o Paulo de Tarso quando trabalhava no jornal Versus.
Recém saído da prisão - foi preso político - ele se integrou ao
jornal e foi um grande companheiro. Ficou lá até o jornal ser
‘ tomado ’ pe la Convergência Socia l ista . A lém dele e da sua
namorada na época, Renata Vilas Boas, eu fui o único a ficar
contra a Convergência, mas permaneci no jornal até achar que
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tinha virado um mero boletim. De mais belo jornal da imprensa
alternativa, tornou-se boletim de uma tendência pol ítica. Aí, saí
também. Depois nos encontramos no PT. Se for para dizer uma
só ! frase sobre ele, lá vai : ‘Durante todo o tempo em que tive um
convívio com o Paulo de Tarso, desde sua saída da prisão até a
fundação do PT, sempre foi um grande e fiel companheiro de
mil itância pol ítica e jornalística ’" .
Também Jane Elizabeth Kraus engrossa o time dos que veem em
Paulo um grande companheiro de nítido perfi l agregador:
“É difíci l definir o Paulo de Tarso em poucas palavras pois ele
reúne muitas qualidades, porém sua característica mais marcante
é ser um elemento sociopolítico congregante. Este atributo de
sua personalidade possibi l itou ter uma história pol ítica relevante,
hoje continuada no Jornal Contato e em diversas atividades
sociais. O Paulo, além disso, representa um dos elos da nossa
geração”.
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Pois Régis Machado , hoje residindo na vizinha São José dos
Campos, fala desse ‘elo ’ , desse Paulo amigo, divertido e tão querido:
“Morei trinta anos em Taubaté. Conheci Paulo de Tarso há mais
de quarenta e cinco anos. Garoto, magrelo, agitado, louco e
do idão , sempre aprontador , d i vert ido pra caramba , tantas
histórias por Taubaté. Lembro-me das comemorações no bar do
Alemão, era um bar del ic ioso, gostoso, em frente ao Cine
Metrópole, áureos tempos, o bar era frequentado pela el ite do
Vale do Paraíba, a cada vitória da nossa Fanfarra íamos lá
comemorar e em muitas ocasiões terminávamos ! travando guerras
de mostarda. E o Paulo junto com a gente al i , sempre. O bilhar da
praça era o lugar onde os juízes, desembargadores, médicos hoje
famosos f icavam também. ! Depois a gente f icava jogando
conversa fora al i debaixo de um poste que tinha na esquina,
t o m a n d o u m a c e r v e j i n h a : e u , P a u l o d e T a r s o , M o r g a d o ,
Mascaretti , Renatinho Teixeira… Depois, quando prenderam o
Paulo foi aquela correria, eu era muito amigo do pai do Paulo,
queria muito bem ao Dr. Venceslau, passava na porta da casa dele
e ele sempre estava al i , de terninho elegante, a cada encontro
confessava preocupação com Paulo e com a falta de notícias e
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sucessivamente contava que e le hav ia entrado com recurso
tentando reverter as acusações atribuídas ao fi lho.Todos nós
ficamos assustados com a prisão do Paulo, as informações não
chegavam direito para a gente, chegavam distorcidas, nós não
sabíamos o que de fato estava ocorrendo com ele, chegavam
notícias de tortura e isso amedrontava, era assustador”.
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Jurema e Dr. Venceslau, Rio de Janeiro em 1929
E conclui antevendo o futuro do Contato :
“Paulo é, essencialmente, um idealista, ele vai chegar com esse
jornal Contato em lugares inimagináveis, de uma hora para outra
ele vai surpreender todo mundo, sei disso, vai se transformar
num grande jornal, numa editora… porque ele tem a coisa na
cabeça, é idealista no duro, é um cara honesto e lutador, tanto
que aqui em São José ele denunciou as falcatruas que ocorriam e
que anos depois se confirmaram, al i foi o começo da corrupção
que existe hoje”.
Talvez o aspecto mais escondido do Contato seja o caráter de escola
que assume com os colaboradores. A esse respeito, Marlon Maciel relata sua
trajetória dizendo que:
“Conheci o Paulo de Tarso, sempre com um Contato em mãos, numa
quarta-feira de sessão na Câmara em maio de 2005. Dias
depois,sentávamos na redação, já na Francisco Eugênio de Toledo,
para que ele me orientasse no que seria a minha primeira de
muitas pautas para o seu combativo jornal . Uma escola que me
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serviu de casa; um homem que terei sempre como exemplo.
Passados esses cinco anos, querido Paulo, mesmo à distância,
nesta oportuna e merecida homenagem, renovo o compromisso de
conservar esse vínculo com o rigor daqueles que amam. Parabéns,
meu amigo. Amamos você. Beijos”. . .
Poucos sabem que Paulo de Tarso entre tantas virtudes tem uma a
mais: ser corinthiano e isso é revelado por Fabrício Junqueira que narra sua
aproximação com ele:
“Eu o conheci como leitor, escrevia no "Matéria Prima" do
internacional Barão de Passa Quatro. L ia atentamente seus
textos , e em segu ida , t i ve a oportun idade de conhecê- l o
pessoalmente quando comecei pela Jovem Pan a ! fazer cobertura
da Câmara Municipal de Taubaté. Conhecia sua trajetória pol ítica,
e convidado pelo meu grande amigo Marlon Maciel Leme, comecei
a escrever no "Contato" e conheci o Paulo. Pessoa sempre séria,
comprometido até a raiz do cabelo com a informação e que não se
curva a nenhum poder. Ganhou minha admiração e um colunista
e s p o r t i v o . P a r a b é n s P a u l o p e l a h o m e n a g e m e s a u d a ç õ e s
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corinthianas, pois além de ser um ótimo jornalista, é também
corinthiano”. !
Na luta pela afirmação do Contato , nosso editor aprendeu a garimpar
talentos e assim Nicole Doná diz:
“Posso dizer que foi Paulo de Tarso quem foi atrás de mim,
quando eu ainda era estagiária na Câmara Municipal de Taubaté e
ele precisava de fotos para o encarte especial , aquele que sai
todo final de ano no jornal CONTATO. Acabei virando funcionária
do semanário e, em pouco mais de um ano, já acumulo cargos.
Além de diagramadora, sou guru de tecnologia e, nas palavras
dele, sempre presente com alguma mandinga para quando “Bil l
Gates” trava seu notebook ou “Steve Jobs” some com a campainha
do Iphone. Brincadeiras à parte, o título de cidadania taubateana
só vem confirmar ainda mais a importância do tempo e amor
gastos por Paulo em prol da cidade”.
Marcos Limão narra sua experiência revelando o que aprendeu:
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“Conhecer e trabalhar com Paulo de Tarso Venceslau foi um
presente que o destino me reservou. Eu o considero meu pai de
profissão. Fui seu estagiário, repórter, editor e fotógrafo no
Jornal CONTATO, por sinal , o jornal mais polêmico de Taubaté.
Mais que isso: junto à atividade jornalística, aprendi a ser
honesto. Ele me ensinou a querer as coisas certas no país da
impunidade. Vou carregar para sempre estes ensinamentos. Pra
mim, o Paulo de Tarso Venceslau é o t íp ico revolucionário
incorruptível” .
Foi Luiz Antonio Consorte quem deu a passagem do papel do Contato
para o público e assim mostrou:
“Paulo Contato de Tarso, amigo de décadas que sempre manteve
relações estreitas com toda minha famíl ia e que emocionou a
todos na homenagem que prestou ! a meu pai . Parabéns pelo título
mais do que merecido pelo homem, amigo, cidadão e também pelas
informações que nos têm dado no seu folhetim”.
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Seria exaustivo retomar as opiniões sobre o papel do Contato
em nosso meio. Muitos, emocionados sempre, reverenciaram nosso amigo
com passagens que contam encontros, registram impressões que assim se
expressam:
Mayra Salles confessa que:
“A primeira vez que ouvi falar do Paulo de Tarso foi pelo
codinome Paulo Cadela. Meu tio-avô Carlos Neves sempre conta
uma história dos tempos de menino em que eles brigaram e o
Paulo foi com um canivete para cima dele. Anos depois descobri
que o Paulo de Tarso e o Paulo Cadela eram a mesma pessoa. E que
a história contada pelo meu tio tinha uma outra versão. Com o
tempo fui conhecendo um pouco mais da pessoa e da história de
vida do Paulo de Tarso. Logo depois que minha fi lha nasceu,
queria muito voltar a trabalhar, mas não tinha com quem deixá-la.
A solução era levá-la junto comigo para a redação do jornal , que
ganhou uma decoração d iferenc iada com os br inquedos da
Manuella. É difíci l imaginar uma redação a pleno vapor em meio a
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fraldas, mamadeiras e brinquedos. Sempre serei muito grata pela
oportunidade e compreensão do Paulo”.
Revelando a experiência fami l iar do General Sampaio , Zuleika,
Dolores e Márcia contam que:
“Quando Paulo saiu da prisão, algum tempo depois, fomos visitá-lo
na casa de Dona Jurema: papai, mamãe, eu e Márcia. Levamos uma
capanga de presente e Paulo, abismado, nos perguntava: “mas os
homens usam isso, essa bolsa?” e “vocês estão me gozando?”. Eu
me lembro de que Paulo também se mostrava inconformado de
todos usarem calças coloridas e com boca de sino (os homens, em
especial) . Demos boas risadas, para variar”. !
O que segue é a colagem de frases amigas, ternas, agradecidas e
capazes de justificar a atitude da Câmara Municipal de Taubaté. Vejamos:
“ Fiquei muito fel iz e quero abraçá-lo, nossa amizade é muito
grande. Esse título mais do que merecido demorou a chegar,
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temos que comemorar como antes faz í amos , f azemos e
faremos, sempre” João Bosco Padula de Castro
“PT, eis mais uma oportunidade de enfatizarmos a grandeza
dessa nossa amizade. Saúde e Paz” Ivam Negrão
“Assoc iamo-nos a Câmara Munic ipa l ! de Taubaté na justa
homenagem prestada a você, e estamos muito ! honrados ! em tê-
lo ! em ! nossa famíl ia taubateana. Seu nome com certeza ajuda a
dignificar nossa terra”. Marilda e Danilo Miranda.
“Hércules: Paulo Cadela, como é conhecido entre amigos, talvez
foi um dos poucos que deu a cara a tapa e pagou caro. Colocou
o dedo na ferida. Fiquei muito orgulhoso quando foi fazer a sua
acareação no Congresso Nacional defendendo a ética. Paulo
será um eterno guerri lheiro com alma taubateana”. Fernando
Ito.
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“Paulo de Tarso: ética e verdade. Além do mais, meu MANO
VÉIO”. Isa Márcia Tavares de Mattos
“É com emoção que dizemos ao amigo Paulo do nosso carinho,
admiração e, do grande contentamento por estarmos ao seu
lado nesse dia, onde se torna oficialmente fi lho desta terra,
que já o carrega em seu ventre desde sempre! Lidia e Kiko
Meirelles
“Ilustre, o mais i lustre dos meus amigos. Acho que tem muito a
ver com integridade, pouco com celebridade, pois então: manda
um beijo meu estalado na bunda dele”. Sayuri Carbonnier
“Paulo de Tarso, ! com certeza o mais fiel dos amigos. Está
sempre presente com a sua simpatia , alegria e sol idariedade.
Tem sido uma grande bênção tê-lo como amigo durante todos
esses anos”. Terezinha e Nilton Romeu
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”Taubaté abraça um fi lho escolhido, um idealista inoxidável . Eu
abraço o amigo generoso”. Paulinho de Almeida
“ P a u l o d e T a r s o , u m c i d a d ã o d e v e r d a d e , q u e c o l o c o u
bravamente sua vida em risco, lutando por um Brasi l com
l iberdade política, l ivre expressão do povo, numa época difíci l ,
em que as opiniões eram l imitadas e censuradas”. Bernardo
G u e r r e i r o , 1 6 a n o s , v e s t i b u l a n d o d e C o m u n i c a ç ã o ,
esperançoso de estagiar no Jornal Contato em 2011.
“Paulo de Tarso Venceslau: Guerreiro! Grande Amigo! Certo nas
horas incertas. Um abração”. Wladimir Salim Minhoto
“O Paulo de Tarso cultiva como poucos, a amizade que, segundo
o p r o f e s s o r D o u t o r A n t ô n i o M a r m o d e O l i v e i r a , ‘ é
exclusividade dos honestos’. O título que merecidamente lhe
conferem, deixou-o eufórico e permite por tripla razão que o
chamem de PT , além de Patriota, agora também Taubateano…
Ainda se fará justiça pela sua exemplar partic ipação na
história recente do Brasi l” . André Saiki
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“Quando eu era adolescente ele fazia parte do meu imaginário,
como se fosse um herói dos quadrinhos, um cara atrevido de
alma revolucionária que lutava por um ideal e peitava os
homens de ferro! Não o conhecia pessoalmente mas tinha por
ele uma grande admiração e confesso, uma certa inveja! Um
dia, quando o sol já bri lhava diferente dos anos de chumbo, eis
que ele reaparece num bar do largo do Rosário, ! senta-se à
nossa mesa e começa a escrever uma nova história. E dessa,
tenho certeza, eu também faço parte!” Ya San Levy.
Entre tantas opiniões, a mensagem assinada por Ana Lúcia Vianna
condensa o que muitos pensam:
‘”Sempre é difíci l escrever sobre um amigo especial pois
queremos guardar só para nós ! o que de melhor enxergamos
nele. Seria como nos espelharmos no que ! não pudemos ou não
soubermos ser. !É aquele segredo que não queremos que ninguém
saiba. Paulo pertence ao grupo das pessoas que não ficam
perguntando o que aconteceu ou então ao das que olham as
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coisas acontecerem. Ele ainda faz as coisas acontecerem. Um
grande abraço e parabéns por também fazer parte do grupo de
amigos especiais” .
E vale estendendo a ladainha dos amigos com a reflexão proposta por
amigo de outras plagas. Eis o relato de Lapa, proprietário do quiosque que leva seu
nome em Paraty:
“Paraty, Quiosque do Lapa !entre as !décadas de 70 e 80. . .
Começa a manhã no Pontal, Paulo de Tarso conversa !com seu Lapa, o
proprietário do famoso ! quiosque. Falam ! sobre política, vida e
Paraty. Tudo regado a caipirinhas e casadinhos. !
PT, como era chamado pelo Bijú (f i lho mais novo do Lapa) ,
naquela !época era !casado com a fi lha do Jacques, o francês.
Começa a tarde,mais caipirinha e mais casadinho, embalados agora
pela ! voz ! marcante do Vicente do Cana Verde com sua inseparável
esposa Vitória, acompanhado !pelo violão mágico do Aldo Cruz.
Com a chegada !da noite, o porre e a sensibi l idade já !vão altos e PT
com os olhos mareados e fixos, ouvidos atentos ! de modo a
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não ! perder uma só palavra ! que vinha ! de um ! barbudo recitando sua
poesia, o poeta ! Zé kleber.
N o i t e a l t a , P a u l o c o m o s e m p r e , e d u c a d a m e n t e s e d e s p e d e
prometendo voltar de manhã.
! Hoje, ! Toninho do Lapa gostaria de um grande abraço, mas as
manhãs se vão !e a mesa do Paulo continua vazia”. . . Seu Lapa .
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Ao terminar, as palavras pacientes dos dois artesãos desta recolha:
“Certo dia Mil lôr disse: ‘sou contra a extrema-direita, contra a
extrema-esquerda ! e sobretudo contra o extremo-centro’ . Pois
meu amigo ! ! Paulo de Tarso Venceslau também é, perseguido
pela direita e pela esquerda, defendendo a coerência sem
jamais temer opinar” Luciano Dinamarco
“Eu tinha 8 anos. Perdi meu pai e recebia a visita e o carinho
de Dona Jurema. Paulo estava preso. Mesmo al i , ele me ensinou
a não ter medo, a fazer minhas próprias guerras à procura do
que fizesse sentido, do novo, bom, audacioso, desregrado até.
Fez-me ver que não perdemos a capacidade de sonhar. Hoje
vejo que sempre fomos amigos, e comparti lhamos, de certa
forma e desde sempre, as mesmas lutas, alegrias, perdas e
desi lusões” Ana Laura de Camargo.
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Ivan Fernandes, José Roberto Gambier Costa, Aloisio Moreira, Geraldo Cursino Filho, Claúdio José Ramos de Almeida, Moacir Pimentel Rosa, Eros José de Almeida, Jaime Sckelnick, Paulo de Tarso Venceslau, Marcos Barbosa Vasquez, Dirceu Nunes do Patrocinio, Alfredo Ortiz Abraão, Antonio Carlos Conde Azzolline, Claudemir Simeão, Amaury Fonseca Braga, José Luiz Morais Rego Elias, Roberto Ferreira de Morais
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Depoimentos e frases dos amigos
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Alfredo Ortiz AbrãaoAna Laura de Camargo
Ana Lúcia ViannaAndré Saiki
Bernardo GuerreiroBeti Cruz
Conde AfonsoEliana Malta
Fabrício JunqueiraFernando Ito
Herbert BretherickIsa Márcia Tavares de Mattos
Ivan NegrãoJane Elizabeth Krauss
João Bosco Padula de CastroJosé Bernardo Ortiz
José Carlos Sebe Bom MeihyJosé Venceslau Neto
Lídia !e Kiko MeirellesLuciano Dinamarco
Luiz Antonio ConsorteMarcos Limão
Maria Júlia, Malu, Teca, MarcosMarilda e Danilo Miranda
Marlon, Carol e Miguel !MacielMayra Salles
Mouzar BeneditoNicole Doná
Paulinho de AlmeidaPedro VenceslauRégis Machado
Sayuri CarbonnierTerezinha e Nilton Romeu
Toninho do LapaWladimir Salim Minhoto
Ya San LevyZuleika, Dolores e Márcia Sampaio
Fotografias dos acervos de Alfredo Ortiz Abraão (Tomihiro Kajita - Foto Ásia), de Paulo de Tarso Venceslau e de Luciano Dinamarco