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C.E.S.A.R – CENTRO DE ESTUDOS E SISTEMAS AVANÇADOS DO RECIFE PRISCILA SIQUEIRA DE ALCÂNTARA UMA PROPOSTA DE PROTÓTIPO PARA APOIAR O PROCESSO DE ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS EM HOSPITAIS UTILIZANDO A PERSPECTIVA DE DESIGN CENTRADO NO USUÁRIO Recife 2013

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Administrar medicamentos aos pacientes dentro do hospital envolve o trabalho colaborativo de uma equipe multidisciplinar composta por médicos, farmacêuticos, enfermeiros, técnicos entre diversos outros profissionais. Prevenir erros na administração de drogas implica na redução de custos desnecessários e, ainda mais importante, evitam consequências negativas para a equipe assistencial e para os pacientes, que podem sofrer danos severos, entre eles, a morte. Sistemas de suporte à decisão (SSD) projetados através de uma perspectiva de design centrado no usuário permitem uma comunicação eficiente entre os diferentes envolvidos no processo de administrar drogas e ajudam a garantir a correta aplicação de medicamentos aos pacientes. Este artigo descreve o processo de design centrado no usuário percorrido com o objetivo de conceber a interface gráfica de usuário de um sistema de informação que apoie a administração de medicamentos dentro do ambiente hospitalar de forma mais segura por parte da equipe assistencial.

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Page 1: Uma Proposta de Protótipo para Apoiar o Processo de Administração de Medicamentos em Hospitais Utilizando a Perspectiva de Design Centrado no Usuário

C.E.S.A.R – CENTRO DE ESTUDOS E SISTEMAS AVANÇADOS

DO RECIFE

PRISCILA SIQUEIRA DE ALCÂNTARA

UMA PROPOSTA DE PROTÓTIPO PARA APOIAR O

PROCESSO DE ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS

EM HOSPITAIS UTILIZANDO A PERSPECTIVA DE DESIGN

CENTRADO NO USUÁRIO

Recife

2013

Page 2: Uma Proposta de Protótipo para Apoiar o Processo de Administração de Medicamentos em Hospitais Utilizando a Perspectiva de Design Centrado no Usuário

PRISCILA SIQUEIRA DE ALCÂNTARA

UMA PROPOSTA DE PROTÓTIPO PARA APOIAR O

PROCESSO DE ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS

EM HOSPITAIS UTILIZANDO A PERSPECTIVA DE DESIGN

CENTRADO NO USUÁRIO

Artigo apresentado ao programa de

Especialização Lato Sensu em Design de

Interação e Interfaces para Dispositivos Digitais

do Centro de Estudos e Sistemas Educacionais

do Recife – C.E.S.A.R, como requisito para a

obtenção do título de especialista em Design de

Interação e Interfaces para Dispositivos Digitais.

Orientação: Prof. Paulo Melo

Recife

2013

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Uma Proposta de Protótipo para Apoiar o Processo de

Administração de Medicamentos em Hospitais Utilizando a

Perspectiva de Design Centrado no Usuário

Priscila Siqueira de Alcântara

[email protected]

Resumo. Administrar medicamentos aos pacientes dentro do hospital envolve

o trabalho colaborativo de uma equipe multidisciplinar composta por

médicos, farmacêuticos, enfermeiros, técnicos entre diversos outros

profissionais. Prevenir erros na administração de drogas implica na redução

de custos desnecessários e, ainda mais importante, evitam consequências

negativas para a equipe assistencial e para os pacientes, que podem sofrer

danos severos, entre eles, a morte. Sistemas de suporte à decisão (SSD)

projetados através de uma perspectiva de design centrado no usuário

permitem uma comunicação eficiente entre os diferentes envolvidos no

processo de administrar drogas e ajudam a garantir a correta aplicação de

medicamentos aos pacientes. Este artigo descreve o processo de design

centrado no usuário percorrido com o objetivo de conceber a interface gráfica

de usuário de um sistema de informação que apoie a administração de

medicamentos dentro do ambiente hospitalar de forma mais segura por parte

da equipe assistencial.

Palavras-chave: Design centrado no usuário. Cuidados com a saúde.

Administração de medicamentos. Cuidados assistenciais. Sistemas de suporte

à decisão. Erros de medicação.

Abstract. Administration of medicines to patients in hospitals involves

collaborative work of a multidisciplinary team composed of physicians,

pharmacists, nurses, technicians among several other professionals.

Preventing mistakes in drug administration implies the reduction of

unnecessary costs and, more importantly, avoids negative consequences for

staff and patients, which may suffer severe damage, including death. Decision

support systems (DSS) designed through a user-centered perspective allows an

efficient communication among the various stakeholders in the process of

administering drugs and helps ensure the correct application of medicines to

patients. This paper describes the process of user-centered design driven with

the goal is to conceive a Graphical User Interface for an information system

to support the drugs administration more safely by the care team in the

hospital environment.

Keywords: User-centered design. Healthcare. Drug administration. Nursing

care. Decision support systems. Medication errors.

1. Introdução

Ao longo dos anos é possível verificar avanços nos campos de ciência e

tecnologia que tem permitido melhorias consideráveis na promoção da saúde e

prevenção de doenças. As drogas têm sido o principal instrumento no tratamento

Page 4: Uma Proposta de Protótipo para Apoiar o Processo de Administração de Medicamentos em Hospitais Utilizando a Perspectiva de Design Centrado no Usuário

médico de enfermidades e, assim, têm se tornado cada vez mais eficazes contra as

epidemias que costumavam dizimar milhares de vidas ao longo dos séculos.

Apesar dos diversos avanços nos campos da farmacêutica e medicina com

respeito à pesquisa para o desenvolvimento de novos medicamentos, ainda é um grande

desafio administrar medicação de forma segura aos pacientes dentro dos hospitais

(GIMENES, 2007). Aspectos sociais, econômicos e psicológicos são elementos chave

para entender os motivos pelos quais nem sempre os medicamentos são administrados

corretamente. Gimenes (2007) aponta que um em cada dez pacientes admitidos em

instituições de saúde sofrem com erros na administração de medicação dentro das suas

instalações. Estes eventos podem causar danos irreversíveis à saúde do indivíduo e, às

vezes, até a morte.

Figura 1. Erros na administração de medicamentos nas unidades de internação (TOFFOLETTO,

PADILHA. 2005).

Conforme figura 1, entre os diversos problemas na administração de drogas

dentro dos hospitais, a maioria dos erros acontece por omissão da medicação prescrita

pelos médicos. Embora outras causas importantes para as falhas sejam apontadas,

algumas delas até mesmo contribuem para que a omissão seja ampliada. Um exemplo

disso é a administração incorreta do medicamento que, além de ser um erro por si só,

implica no não cumprimento do tratamento terapêutico recomendado (TOFFOLETTO,

PADILHA. 2005).

Segundo dados do Institute of Medicine of the National Academies (IOM), uma

organização americana não-governamental que fornece aconselhamento para os

tomadores de decisão e ao público na área de medicina, estima-se que pelo menos

44.000 pessoas morrem a cada ano em resultado de erros médicos que poderiam ser

prevenidos somente nos Estados Unidos. Este índice eleva os erros médicos a uma das

dez principais causas de morte naquele país. (IOM, 2012; KOHN, CORRIGAN,

DONALDSON, 2000; GIMENES, 2007). Destes, cerca de 7.000 estão relacionados ao

erro na administração de remédios.

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No Brasil, não há índice conclusivo divulgado para os casos de erro de

medicação em hospitais. Os dados mais recentes em relação aos erros médicos

cometidos no país são do Superior Tribunal de Justiça, relativos ao ano de 2008, onde

até o mês de outubro foram registrados 360 casos (BRASIL, 2008).

A preocupação com a melhoria da eficiência da equipe de cuidados em relação à

saúde e à segurança do paciente, bem como a redução de despesas por parte da

administração das instituições de saúde já podem ser vistas no planejamento das

instalações físicas dos seus espaços. Esse fator fica claro na demanda crescente de

projetos para espaços físicos nos hospitais utilizando as técnicas de Design Baseado em

Evidências, um processo cada vez mais frequente, utilizado por diversos profissionais

no planejamento, projeto e construção de instalações de saúde. (MCCOLLOUGH,

2008).

No que se referem aos processos, em um esforço para aumentar a eficácia dos

serviços assistenciais, bem como a segurança na tarefa da equipe de enfermagem que

administra medicamentos, a Sistematização da Assistência à Enfermagem (SAE), que já

vem sendo utilizada por profissionais de saúde ao longo dos anos, tornou-se obrigatória

no Brasil em 2002 (DOMINGUES, AMESTOY, SANTOS, 2006). O modelo de

enfermagem estabelecido pela SAE tem como objetivo garantir atendimento humano e

de qualidade contínua (CARRARO, 2007). A administração de medicamentos de forma

segura figura entre as suas preocupações, pois este fator influencia a qualidade do

atendimento por parte dos profissionais envolvidos no cuidado dos pacientes.

A adoção de sistemas de informação tem se mostrado extremamente útil ao

prestar suporte a profissionais na tomada de decisões em diversos campos de atuação

(SMITH, GEDDES, BEATTY, 2007). Os SSDs, como prontuários eletrônicos do

paciente, têm permitido que profissionais de dentro da área de atuação de assistência à

saúde sejam mais assertivos nas suas atividades. A medicina diagnóstica, por exemplo,

entrega, a cada dia, resultados mais precisos com a ajuda de sistemas de informática.

Apesar da ajuda que estes sistemas podem trazer (SANTANA, et al., 2012),

ainda há uma grande preocupação entre os profissionais que os utilizam devido a termos

e taxonomias incompreensíveis utilizadas em interfaces mal projetadas. Quando o

cuidado no desenvolvimento e planejamento das interações com o usuário são

ignorados, possivelmente os sistemas terão seus benefícios suplantados por problemas

no uso. Tais dificuldades podem causar a frustração do usuário, falhas e até mesmo

erros graves em procedimentos importantes para a cura e manutenção da saúde do

paciente. Visando evitar esses problemas, é fundamental levar em conta a forma como

os profissionais realizam, de fato, suas atividades de rotina. Portanto, administração do

medicamento, prescrição, dispensação da farmácia e todas as necessidades que um

profissional pode ter durante a execução das atividades diárias devem ser observadas e

compreendidas cuidadosamente para ajudar no processo de concepção de qualquer

sistema cujo objetivo seja o de auxiliar no processo de administração de drogas para os

pacientes dentro de uma instituição de saúde.

Embora a informática aplicada à enfermagem tenha tido início há mais de 30

anos, para muitos profissionais assistenciais a capacidade de interagir com estes

sistemas ainda é escassa. Somente em 2001 um estudo demonstrou que diferentes perfis

de profissionais de saúde usam recursos computacionais com padrões de

comportamento diferentes, para propósitos diferentes e tem necessidades diferentes

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(SAINFORT, et al., 2007). E, apesar do aumento no número de fábricas de softwares e

instituições envolvidas em desenvolver meios eletrônicos para prescrição de medicação

como um caminho para aumentar a segurança do paciente, poucas soluções no mercado

de sistemas para a equipe de cuidados com a saúde estão focadas nas necessidades,

comportamento, contexto e fluxo de trabalho dos profissionais assistenciais.

A presença de transcrições de prescrições médicas por parte dos enfermeiros,

anotações e rasuras em páginas impressas de prontuários em papel, são constantes e

reduzem a eficácia de sistemas utilizados por profissionais de saúde. Grande parte das

inserções realizadas fora do sistema de informação é devido à utilização de uma

quantidade insuficiente de computadores fixos, em relação ao número de profissionais,

nos postos de enfermagem. Outro fator a ser considerado é o de que os sistemas

disponibilizados não são concebidos para necessidades, ambientes e fluxos de trabalho

específicos de prestadores do sistema hospitalar (CALLEN, et al., 2010).

Com base nos problemas levantados neste artigo até então, justifica-se uma

pesquisa para entender a rotina da equipe assistencial, que administra diretamente a

medicação ao paciente, e propor uma solução de suporte à decisão focada em suas

necessidades, de forma que a administração de drogas terapêuticas ao paciente seja

realizada de forma colaborativa e confiável.

1.1 Objetivos

Este artigo descreve uma pesquisa cujo objetivo foi o de entender as

necessidades dos profissionais envolvidos na administração de medicação dentro de

hospitais e instituições de saúde, a fim de projetar, prototipar e validar, seguindo um

processo de design centrado no usuário, uma interface para um sistema de suporte à

decisão que auxilie a tarefa assistencial de administração de medicamentos de forma

segura para o paciente.

Este artigo contém cinco seções além desta introdução e das referências.

Encontra-se estruturado da seguinte forma:

Na seção 2 são apresentadas as metodologias e métodos utilizados durante a

pesquisa que deu origem a este artigo. Em seguida, a seção 3 relata e discute os

resultados obtidos através da pesquisa explanada no artigo. A seção 4 conta com as

conclusões obtidas no estudo. Na seção 5 são sugeridos tópicos que podem ser

abordados como trabalhos futuros relacionados à pesquisa apresentada neste artigo. Por

fim, na seção 6, os agradecimentos aos que possibilitaram a realização do que será

descrito aqui.

2. Metodologia e métodos

A pesquisa descrita neste artigo adotou o Processo de Inovação C.E.S.A.R.

(PIC) (C.E.S.A.R, 2011) para sua execução. A escolha se deu devido à adaptabilidade

do PIC a projetos com temas, períodos de tempo e equipes diversificadas.

O PIC é um processo baseado em princípios de design centrado no usuário que

vem sendo utilizado com êxito no desenvolvimento de soluções para diversos clientes

pelo C.E.S.A.R1, uma instituição privada, fundada em 1996, que oferece soluções

1 www.cesar.org.br

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incluindo todo o processo de geração de inovação para tecnologia da informação e

comunicação (TIC). Empresas de diversos países com foco em inovação têm utilizado

ferramentas que, assim como o PIC, permitem a aplicação de várias técnicas onde a

interação com o usuário durante o desenvolvimento de produtos é privilegiada. Um

exemplo do que se tem sido usado é o kit de ferramentas para Human Centered Design

(HCD2, Design centrado no ser humano, em português), cujos pilares são ouvir, criar e

implementar.

O PIC é iterativo e realizado à parte do processo de implementação da solução e

apresenta quatro fases: pesquisa, ideação, prototipação e avaliação (figura 2). Embora

na pesquisa que deu origem a este artigo tenha sido utilizado o ciclo original, devido à

sua natureza flexível, o processo pode ser adaptado para funcionar de forma eficaz em

menos fases, de acordo com as necessidades dos clientes e seus projetos.

Figura 2. Fluxo do Processo de Inovação do C.E.S.A.R (PIC) (C.E.S.A.R, 2011)

Na fase de pesquisa deste projeto (ALCÂNTARA; MELO, 2013a, 2013b),

foram utilizadas diversas técnicas: entrevistas não estruturadas e semiestruturadas,

questionários, grupos de foco, observação naturalística, revisão de literatura e análise

dos concorrentes (benchmarking) (PREECE, ROGERS, SHARP, 2008).

Inicialmente foram coletadas fontes na literatura disponível a respeito de

questões de segurança na administração de medicações. Esta técnica permitiu que os

2 Disponível através do endereço http://www.ideo.com/work/human-centered-design-

toolkit/, acesso em 01/11/2013

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dados coletados fossem utilizados, tanto na elaboração de um guia para a realização das

entrevistas, quanto na análise dos resultados.

17 profissionais foram envolvidos na fase de entrevistas: um administrador de

hospital, quatro enfermeiras, três técnicos em enfermagem, sete farmacêuticos e dois

médicos. Os profissionais entrevistados pertenciam a faixas etárias variadas, entre 25 e

60 anos, tinham entre 5 e 20 anos de atuação em instituições de saúde públicas e

particulares no estado de Pernambuco e São Paulo.

Por meio das entrevistas, foi possível identificar diferentes causas para o

problema de segurança na administração de medicamentos aos pacientes, incluindo:

drogas não dispensadas no horário correto, falta de medicação, rejeição dos pacientes ou

acompanhantes ao tratamento prescrito e grande quantidade de remédios diferentes

manuseados ao mesmo tempo.

Para compreender melhor os pontos coletados com os profissionais

entrevistados, bom como descritos na literatura, foi realizada pesquisa de campo

observacional em três hospitais na Região Metropolitana do Recife. Esta técnica

permitiu visualizar como os profissionais de saúde envolvidos no processo de

administrar medicação encaram esta tarefa no seu cotidiano, além de observar o seu

comportamento, artefatos utilizados e situações relativas ao processo de aplicar a

medicação aos pacientes dentro do hospital.

Durante a fase de ideação, os dados coletados por meio das técnicas de pesquisa

foram convertidos em requisitos do projeto que, mais tarde foram utilizados para a

construção de protótipos de baixa e alta fidelidade. Os protótipos gerados foram

validados com possíveis usuários através de testes de usabilidade e, finalmente, através

da aplicação do System Usability Scale (SUS) (BROOKE, 1996) com os usuários que

participaram da fase de avaliação, foi possível quantificar o grau de satisfação dos

possíveis usuários do sistema em relação à interface projetada.

3. Resultados e discussão

Aplicando as técnicas exibidas na figura 3 e seguindo a proposta do processo

PIC utilizando todas as suas etapas, foi possível obter um protótipo de interface para a

equipe assistencial validado quanto à satisfação da interface e interação do usuário,

visando auxiliar a administração de medicamentos de forma mais segura para o paciente

e a equipe de instituições de saúde públicas e privadas por meio da abordagem de

design centrado no usuário de forma bem sucedida.

Page 9: Uma Proposta de Protótipo para Apoiar o Processo de Administração de Medicamentos em Hospitais Utilizando a Perspectiva de Design Centrado no Usuário

Figura 3. Fluxo do processo seguido durante o estudo.

3.1. Pesquisa

Os dados coletados nos questionários, entrevistas e grupos de foco realizados

inicialmente permitiram uma análise qualitativa por categorização (PREECE,

ROGERS, SHARP, 2008) que, mais tarde, foi refinada com o uso de análise da tarefa,

cuja meta foi a de examinar cuidadosamente os passos necessários para administrar

medicamentos com segurança ao paciente em ambiente hospitalar (GARRET, 2011).

Dos sete farmacêuticos que fizeram parte da pesquisa, quatro indicaram os erros

no momento da prescrição, tais como a falta da descrição da apresentação (por exemplo,

gotas ou comprimidos), não indicação de via de administração (se o medicamento vai

ser aplicado por via oral, intravenosa, por exemplo) como a causa mais comum para que

houvesse problemas de segurança na administração de medicamentos ao paciente.

Metade dos profissionais consultados durante o estudo reportou que a omissão da

medicação é um problema de medicação comum e recorrente. Durante as entrevistas, foi

possível verificar com os profissionais que a omissão de medicamentos pode se dar por

diversas razões mencionadas anteriormente na introdução deste artigo, sendo que

algumas delas escapam ao poder dos profissionais para resolvê-los como, por exemplo,

a falta de medicamentos para a dispensação ou rejeição do paciente ou seu

acompanhante à droga prescrita pelo médico.

Os dados coletados diretamente com os profissionais tornaram possível definir

qual o fluxo seguido pelos envolvidos na administração de medicamentos. Para que não

houvesse desvio de foco para outros profissionais dentro dos hospitais, foram criadas

personas, conforme ilustrado nas figuras de 4 a 7. Foi criada uma persona para cada

perfil principal de usuário encontrado dentro do fluxo de administração da droga ao

paciente: um enfermeiro, uma técnica em enfermagem, uma farmacêutica e uma

médica. As personas foram usadas para ajudar na construção de cenários de uso da

aplicação de medicamentos dentro do hospital (CARROLL, 1999; LIN et al., 2007).

Entrevistas e questionários

Observação Grupos de

foco

Prototipação em papel

Prototipação no Photoshop

Teste com o usuário

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Figura 4. Persona para o perfil de Enfermeiro.

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Figura 5. Persona para o perfil de Técnico em enfermagem.

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Figura 6. Persona para o perfil de Médico.

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Figura 7. Persona para o perfil de Farmacêutico.

Com as personas e os cenários criados, foi reunido um grupo com possíveis

usuários, contendo um enfermeiro, uma farmacêutica e uma técnica em enfermagem

para que esses artefatos fossem apresentados a eles. Foi deixado claro que aquelas

personas não eram a descrição de pessoas reais, no entanto, seu objetivo era que elas

fossem ilustrações de pessoas reais e acontecimentos dos quais deveria lembrar ao

projetar a solução. Primeiramente lhes foram apresentados cartões com as personas.

Após um período de exame dos cartões pelo grupo, lhes foi questionado se lembravam

de pessoas com quem já trabalharam em algum momento ou trabalhavam na ocasião

que se parecesse com as descrições que lhes foram entregues. Todos os representantes

Page 14: Uma Proposta de Protótipo para Apoiar o Processo de Administração de Medicamentos em Hospitais Utilizando a Perspectiva de Design Centrado no Usuário

no grupo lembraram-se de duas ou mais pessoas conhecidas que tinham perfis

semelhantes aos descritos.

O mesmo procedimento foi realizado em relação aos cenários criados. Foi

solicitado que examinassem cartões com cenários, e lhes foi questionado se eles já

haviam participado ou haviam atuado como observadores em situações semelhantes. À

medida que os membros do grupo iam confirmando sua participação em cenários como

os que lhes foram mostrados, era solicitado que eles falassem da experiência deles

naquela situação, quanto tempo fazia desde que os fatos haviam ocorrido e com que

frequência eles aconteciam em seus ambientes de trabalho.

O grupo de foco foi realizado com o objetivo de apresentar artefatos da pesquisa

e ouvir o que os usuários tinham a relatar sobre eles confirmou a validade das personas

e cenários gerados, permitindo que a pesquisa continuasse de forma mais assertiva,

sabendo que os dados colhidos durante entrevistas e questionários foram compreendidos

e processados de maneira que a rotina dos participantes havia sido captada de forma

eficiente.

Através da técnica de análise de concorrentes foram comparados os métodos de

checagem de medicação, que é o procedimento em que a equipe de enfermagem utiliza

para dar visibilidade aos médicos e equipe de farmácia a respeito do sucesso do

procedimento de administração prescrita ao paciente pelo médico, utilizados pelos

profissionais que fizeram parte do estudo. Foi possível constatar que todos os

entrevistados realizavam a checagem da medicação numa versão impressa ou transcrita

à mão da prescrição realizada pelo médico. Embora pelo menos dois profissionais de

enfermagem tivessem à sua disposição sistemas de prontuário eletrônico onde haviam

recursos de checagem dos medicamentos, esta não era utilizada. Foram citados pelos

usuários como justificativa para a não realização da checagem através dos sistemas de

informática problemas como fontes em tamanho pequeno, quantidade insuficiente de

computadores sempre fixos nos postos de enfermagem, dificuldade de entender como

funciona a checagem eletrônica e grande quantidade de cliques necessários para a

realização do processo através do sistema implantado pela instituição, tornando assim, a

checagem em papel mais rápida para a equipe assistencial.

Um problema citado de forma recorrente pelos profissionais assistenciais e de

farmácia em relação aos sistemas de prescrição de medicamentos e checagem, foi o de

que, na visão deles, os sistemas disponíveis no idioma português do Brasil se

concentram no ato de prescrever, mas não preveem de maneira adequada as tarefas dos

demais profissionais dentro do fluxo de dispensação e administração ao paciente.

Quando as soluções estão disponíveis para a enfermagem e farmácia, não fogem aos

problemas citados pelos entrevistados, tais como: não é possível ver todos os itens da

prescrição, fonte utilizada no sistema é inapropriada, não é possível ver outros

documentos do paciente, como exames ou histórico do paciente no mesmo dispositivo.

3.2. Ideação

No estágio de ideação foram executadas sessões de geração de ideias através da

técnica de análise de concorrentes (GARRET, 2011; COOPER, EDGETT, 2008). A

técnica foi aplicada em duas sessões de 30 minutos cada, realizadas em dias diferentes

de uma mesma semana. Fotografias capturadas durante a fase de pesquisa, bem como

trechos de entrevistas transcritos em post-its foram dispostos em um local visível aos

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participantes em cada sessão e utilizados como referência visual dos problemas

encontrados. Com base nos artefatos, foi criado um mapa mental (BUZAN, 2005) que

representava as ideias de soluções geradas para os problemas levantados e destacados.

Concluído o mapa mental da sessão de ideação, foi apresentada uma lista de

tarefas onde o gerenciamento do fluxo de medicação estava envolvido. Esta lista de

tarefas foi organizada na forma de cenários épicos que, neste caso, mostraram ser um

conjunto de 92 histórias contadas do ponto de vista dos usuários, semelhantes ao

modelo demonstrado na figura 8, dos recursos relacionados com as questões de

prescrição e de checagem (COHN, 2004). Juntamente com um técnico em enfermagem

e uma enfermeira foram estabelecidos valores de prioridade entre 1 e 4 para cada uma

das histórias, sendo a prioridade 1 o mais crítico e para as tarefas menos importantes

foram dadas a prioridade 4. Essas tarefas referem-se à administração segura de

medicamentos pela equipe de cuidados em ambiente hospitalar. Os valores apresentados

mostram prioridades que guiariam as características prototipadas na próxima fase do

estudo.

Figura 8. Uma das histórias de usuário criadas e priorizadas junto com usuários durante a fase de

ideação

Os recursos citados como importantes pelos entrevistados na fase de pesquisa e

que fizeram parte da lista de tarefas, foram separados em duas categorias com a ajuda de

uma enfermeira e uma técnica em enfermagem: recursos diretamente relacionados à

administração de drogas aos pacientes e recursos importantes para o time de cuidados,

mas que, no entanto, não fazem parte do processo de administração de medicamentos de

forma direta. As funcionalidades listadas no primeiro grupo fariam parte do escopo

positivo deste estudo, e seriam prototipados, enquanto os demais recursos entrariam na

lista de escopo negativo. Foram eles:

Escopo positivo, que foram considerados na fase subsequente da pesquisa:

Lista de pacientes;

Alergias;

Prescrição;

Eu, como enfermeiro,

gostaria de visualizar as

medicações suspensas pelo

médico, para não continuar a

administrá-las ao paciente.

Page 16: Uma Proposta de Protótipo para Apoiar o Processo de Administração de Medicamentos em Hospitais Utilizando a Perspectiva de Design Centrado no Usuário

Checagem; e

Rastreio de medicação.

Escopo negativo, recursos necessários à equipe assistencial, mas não abordados

nesse estudo:

Evolução médica multidisciplinar;

Resultados de exames laboratórios e de imagem; e

Diagnóstico de enfermagem.

Ao final dessas atividades, havia uma lista pronta com uma série de

funcionalidades priorizadas que norteariam a prototipação de um SSD móvel para

ajudar na segurança da administração de medicamentos dentro do hospital pronta para

ser validada com possíveis usuários.

3.3. Prototipação e avaliação

Baseado nos recursos definidos, o primeiro passo da fase de prototipação foi o

de elaborar a forma de navegar entre opções de recursos, avaliar o tamanho da fonte e

dos componentes da interface gráfica na aplicação móvel que foram primeiramente

rascunhados em papel e então projetados digitalmente utilizando o software Adobe

Photoshop CS5.

Com os componentes projetados, foi criada uma imagem de uma tela que não

fizesse qualquer sentido e não apresentasse um fluxo inteligível, visto que a ideia era

validar apenas os elementos da interface em relação ao seu manuseio e tamanhos

adequados às tarefas realizadas pelos usuários, o que não seria possível se os

avaliadores se distraíssem com tarefas e informações cujo refinamento seria realizado

em uma etapa mais adiante no processo.

Para testar o protótipo da aplicação, foi utilizado como dispositivo de suporte um

tablet, devido ao tamanho do display. Outro motivo para a escolha de um dispositivo

móvel com tela maior foi o fato de que dispositivos com telas muito pequenas foram

mencionados pelos usuários participantes na fase de pesquisa com alguma resistência.

Mais um fator que pesou na escolha do tablet é formato próximo ao utilizado no registro

do paciente em papel, em sua forma tradicional, frequentemente páginas em tamanho

A4 anexadas umas às outras em uma prancheta ou pasta.

Para a avaliação com o usuário, capturas de tela dos componentes comuns da

interface foram apresentadas em um tablet de 10.1”. Os usuários foram propositalmente

selecionados de diferentes faixas etárias para realizar a avaliação dos protótipos da

interface, devido ao fato de que durante o processo de pesquisa alguns usuários com a

faixa etária mais avançada se mostraram um pouco reticentes quanto ao uso de soluções

eletrônicas.

A avaliação dos protótipos foi conduzida em diferentes ocasiões, onde foi

requisitado que três potenciais usuários, uma enfermeira, um farmacêutico e uma

técnica de enfermagem, avaliassem pontos da interface predeterminados, atribuindo a

eles uma pontuação de 1 a 5, onde a pontuação 5 significa que o desempenho alcançado

foi excelente e 1 era atribuído a pontos muito ruins. Os itens que foram solicitados para

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avaliação com os usuários foram: tamanho dos elementos apresentados na tela,

espaçamento entre os elementos, e disposição dos elementos na tela. Para o teste houve

a preocupação de ser realizado em condições de ambiente similares às de onde a

aplicação seria utilizada pelos profissionais. Os resultados das avaliações dos usuários

foram considerados satisfatórios, dado que nenhum dos itens avaliados atingiu valor

menor do que 4.

Com os componentes básicos da interface considerados aprovados para a

continuidade do estudo, foi realizado um momento de cocriação com os mesmos

usuários que realizaram a avaliação dos componentes. Através de sugestões foram

construídos protótipos de baixa fidelidade (PREECE, ROGERS, SHARP, 2008) no

papel, de como eles achavam que a funcionalidade de prescrever medicamentos, checar

o que foi administrado ao paciente, receber os medicamentos dispensados pela farmácia

deveriam ser, em conformidade com os requisitos estabelecidos nas fases de pesquisa e

ideação. Foram criados 5 protótipos, um deles representado pela figura 9.

Figura 9. Um dos protótipos gerados a partir de sugestões de usuários em um grupo de foco.

Os artefatos foram discutidos com os participantes, sendo-lhes questionado o

que eles acreditavam que aconteceria ao tocar nos elementos da interface, como eles

imaginavam os ações executadas através dos pictogramas que foram incluídos durante a

execução dos desenhos, como eles imaginavam o funcionamento dos botões e, caso

alguma interação não parecesse muito clara, era demonstrado através de desenhos ou

exemplos em outros aplicativos para dispositivos móveis com finalidades diversas,

como gerenciadores de e-mail, aplicações para fotografia e redes sociais.

Utilizando como base os artefatos gerados em papel com o grupo de foco, foram

criados protótipos com um nível de fidelidade mais alta para o fluxo das funções

Page 18: Uma Proposta de Protótipo para Apoiar o Processo de Administração de Medicamentos em Hospitais Utilizando a Perspectiva de Design Centrado no Usuário

principais de administração de medicamentos no hospital: lista de pacientes, prescrição

e checagem da prescrição (figura 10).

Figura 10. Uma das telas dos protótipos avaliados com os usuários.

Com um conjunto de 27 protótipos de tela desenvolvidos para prescrever

medicação, dispensação da farmácia para a enfermagem e checagem que representam,

passo-a-passo, o fluxo principal de prescrição e administração de drogas à pacientes, foi

planejada e realizada uma sessão de avaliação, dentro de um hospital, junto ao mesmo

grupo de possíveis usuários que participaram da fase de pesquisa, porém que não

estavam presentes nas seções de ideação e prototipação colaborativa. O fluxo seguido

durante o teste foi executado em 4 etapas:

1. Atribuir a tarefa que precisava ser realizada para o profissional antes de

exibir o protótipo;

2. Exibir o protótipo no tablet de forma semelhante ao modo como

funcionaria se fosse a aplicação real;

3. O usuário executa a tarefa, simulando a ação no tablet onde a imagem do

protótipo é mostrada;

4. A imagem do protótipo é substituída por outra com o próximo estado na

tela correspondente à ação executada até que o fluxo de administração da

medicação ao paciente tenha sido executado até o final.

Page 19: Uma Proposta de Protótipo para Apoiar o Processo de Administração de Medicamentos em Hospitais Utilizando a Perspectiva de Design Centrado no Usuário

Após a avaliação do fluxo com os usuários por meio de protótipos, com o

objetivo de quantificar o grau de satisfação com a interface prototipada, os participantes

foram convidados a responder um questionário de satisfação com dez perguntas

utilizando a escala SUS (Figura 11), desenvolvida a partir de uma escala Likert onde as

proposições de concordância e discordância são projetadas de forma a evitar

contradições, nela os itens ímpares têm um tom positivo, o tom dos itens pares é

negativo a respeito do sistema. A média atingida pelo teste SUS foi de 80 pontos de

satisfação com o uso da interface, obtendo uma pontuação acima da média, que é de 68

pontos (SAURO; LEWIS, 2012). Este resultado indica que os usuários que participaram

das sessões de teste se mostraram satisfeitos em relação à interface projetada para

auxiliá-los.

Figura 11. Modelo de questionário utilizando a escala SUS adotado com os usuários para avaliação.

Através das avaliações foram encontrados pontos que necessitavam de melhoria,

como, por exemplo, ajustes nos destaques de itens de alerta de interação

medicamentosa, item de prescrição duplicado e prescrição de item ao qual o paciente é

alérgico. Os protótipos foram atualizados de acordo com os comentários fornecidos

pelos usuários e lhes foram reapresentados em uma ocasião posterior, obtendo-se uma

avaliação positiva.

Page 20: Uma Proposta de Protótipo para Apoiar o Processo de Administração de Medicamentos em Hospitais Utilizando a Perspectiva de Design Centrado no Usuário

4. Conclusões

Envolver os usuários ao projetar soluções implica em compreender a sua rotina,

seus desejos e necessidades. Isso requer tempo e um trabalho colaborativo, mas que

trará como consequência uma maior satisfação do indivíduo, tanto durante o processo,

visto que ele se sente ouvido e que os seus anseios não são ignorados pela equipe de

desenvolvimento, quanto durante a interação com as soluções geradas. O campo para

inovação através do design centrado no usuário na atenção à saúde é grande e ainda

pouco explorado no que se refere melhoria dos fluxos de comunicação que podem

ajudar na segurança dos procedimentos entre os envolvidos nos cuidados do paciente,

como é o caso da administração de medicamentos.

Esta pesquisa mostrou a importância de projetar SSD na área da saúde a partir de

uma perspectiva centrada no usuário e os benefícios que tal metodologia pode oferecer.

O setor de saúde ainda carece de soluções projetadas para seus profissionais. O uso de

uma solução tecnológica que atenda às necessidades dos usuários na área da saúde tem

o poder de otimizar processos e melhorar a produtividade, fazendo com que pacientes

sejam tratados de forma mais segura e menos onerosa para as instituições e profissionais

de saúde.

5. Trabalhos futuros

O estudo realizado abre um leque de novas possibilidades para a criação de

outros módulos de um prontuário eletrônico do paciente através de uma abordagem

centrada no usuário. O escopo negativo levantado durante a fase de ideação está

relacionado com algumas das funcionalidades necessárias para a equipe assistencial, tais

como: as evoluções multidisciplinares, resultados de exames laboratoriais e de imagem,

diagnóstico de enfermagem, por exemplo. Também é possível estender este estudo com

o objetivo de investigar a malha logística de medicamentos em hospitais e aprofundar os

processos de rastreio de medicamentos, utilizando, por exemplo, as tecnologias como

radiofrequência. Além de desenvolver meios de comunicação mais eficientes entre os

envolvidos no fluxo de cuidados do paciente dentro do sistema hospitalar.

6. Agradecimentos

Agradecemos àqueles que fizeram este projeto possível de diferentes formas: o

C.E.S.A.R., por disponibilizar sua metodologia utilizada nesta pesquisa. Os

profissionais de saúde que participaram do projeto de pesquisa respondendo a

questionários e entrevistas, bem como os que testaram e validaram os artefatos, doando

seu tempo junto aos pacientes e sua família. Aqueles que abdicaram da presença dos

envolvidos nesta pesquisa em suas vidas durante a sua realização e todos os que

forneceram o seu apoio, cada um à sua maneira.

7. Referências

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Administração de Medicamentos Utilizando Técnicas de Design Centrado no Usuário.

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