unidade 5 classificacão e identificacão dos solos
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Notas de Aula - Mecânica dos Solos
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UNIDADE 5 - CLASSIFICACÃO E IDENTIFICACÃO DOS SOLOS 5.1 Introdução Dada a infinidade de solos que existem na natureza é necessário um sistema de classificação que indique características geotécnicas comuns de um determinado grupo de solos a partir de ensaios simples de identificação. Portanto, a elaboração de um sistema de classificação deve partir dos conhecimentos qualitativos e quantitativos existentes, ao longo do tempo ir acumulando informações e corrigindo distorções, até que em um mesmo grupo possam estar colocados solos com características semelhantes. No desenvolvimento de um sistema, se deve ter o cuidado para que o volume de informações requeridas ao usuário seja de fácil memorização, para que se torne prático. Estas informações poderão ser obtidas, tanto através da identificação visual e táctil como através de ensaios simples de laboratório. A identificação fornecerá dados para um conhecimento qualitativo, enquanto os ensaios de laboratório resultarão dados quantitativos sobre o solo. Conclui-se que a classificação dos solos permite resolver alguns problemas simples e serve de apoio na seleção de um dado solo quando se podem escolher vários materiais a serem utilizados. Apesar das inúmeras limitações a que estão sujeitas as diferentes classificações, estas constituem um meio prático para a caracterização e identificação dos solos. Existem diversos sistemas de classificação, podendo ser estes específicos ou não. Assim, tem-se um sistema com base na origem dos solos (solos residuais, solos transportados/sedimentares, solos orgânicos), um sistema de classificação pedológica (solos zonais, intrazonais e azonais), um sistema com base na textura (tamanho das partículas), um sistema de classificação visual e táctil, e sistemas que levam em consideração parâmetros do solo (Geotécnicos - SUCS, HRB/AASHO, MCT). A seguir, serão descritos o Sistema de Classificação Textural, o Sistema Unificado de Classificação dos Solos, o Sistema H.R.B., o Sistema de Classificação dos Solos Tropicais (MCT) e Classificação Táctil e Visual. 5.2 Classificação textural O sistema de classificação dos solos, quanto à textura, utiliza-se da curva granulométrica do solo e uma escala de classificação proposta por uma associação. A curva granulométrica obtida como mostrado na Unidade 3, define a função distribuição do tamanho das partículas do solo enquanto a escala define a posição dos quatro grupos: pedregulhos, areias, siltes e argilas. Não há uma escala única, em face das divergências existentes, mas as diferenças entre elas não alteram, sensivelmente, o nome dado ao solo. Para a classificação do solo, segundo a textura, a partir da sua curva granulométrica, obtida em laboratório, serão determinadas as porcentagens de cada fração do solo, que será adjetivado pela fração imediatamente abaixo, em termos percentuais. Exemplo: Dado o solo residual das Minas de calcáreo – Caçapava do Sul, apresentado como exemplo na Unidade 3, o qual apresentou as seguintes percentagens correspondentes a cada fração, segundo a escala da ABNT.
Fração Porcentagem (%) Pedregulho 3,0
Grossa 3,0 Média 6,0 Areia Fina
55,0 46,0
Silte 40,0 Argila 2,0
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A fração predominante é a areia, vindo a seguir a fração silte. Da observação dos valores, nota-se que o solo possui ainda pequena quantidades de argila, e pedregulhos. A subdivisão da fração arenosa mostrou uma predominância da parte fina sobre as demais. Em face dos valores obtidos e da escala adotada o solo será classificado como: areia fina siltosa. Se duas frações, não predominantes, se equivalerem em termos percentuais, o nome do solo continua ser o da fração predominante adjetivado pelas duas outras, conforme exemplo. Se as frações silte e argila, do exemplo anterior, se equivalessem, com leve predominância da fração silte, o solo passaria a receber o seguinte nome: areia fina silto-argilosa. A cor do solo quando seco (Munsell Soil Color Charts), e a compacidade das areias ou a consistência das argilas, são duas informações que normalmente acompanham a classificação textural. 5.3 Classificação H.R.B (Highway Research Board) ou A.A.S.H.O. (American Association
State Highway Officials) Esta classificação fundamenta-se na granulometria, limite de liquidez e índice de plasticidade dos solos, sendo proposta para ser utilizada na área de estradas. A Tabela 5.1 apresenta esta classificação, onde os solos estão reunidos por grupos e subgrupos. Um parâmetro adicionado nesta classificação é o índice de grupo (IG), que é um número inteiro variando de 0 a 20. O índice de grupo define a capacidade de suporte do terreno de fundação de um pavimento. Os valores extremos do “IG” representam solos ótimos para IG = 0 e solos péssimos para IG = 20. Portanto, este índice estabelece uma ordenação dos solos dentro de um grupo, conforme suas aptidões, sendo pior o solo que apresentar maior “IG”. A determinação do índice de grupo baseia-se nos limites de Atterberg (LL e IP) do solo e na porcentagem de material fino que passa na peneira número 200 (0,075mm). Seu valor é obtido utilizando a seguinte expressão: IG = 0,2 . a + 0,005 . a . c + 0,01 . b . d onde: a = porcentagem do solo que passa na peneira nº 200 menos 35%. Se o valor de “a” for negativo adota-se zero, e se for superior 40, adota-se este valor como limite máximo. a = Pp,200 - 35% (0 - 40). b = porcentagem do solo que passa na peneira nº 200 menos 15%. %. Se o valor de “b” for negativo adota-se zero, e se for superior 40, adota-se este valor como limite máximo. b = Pp,200 - 15% (0 - 40) c = valor do limite de liquidez menos 40%. Se o valor de “c” for negativo adota-se zero, e se for superior a 20, adota-se este valor como limite máximo. c = LL - 40% (0 - 20) d = valor do índice de plasticidade menos 10%. Se o valor de “d” for negativo adota-se zero, e se for superior a 20, adota-se este valor como limite máximo. d = IP - 10% (0 - 20) Os solos são classificados em sete grupos, de acordo com a granulometria (peneiras de nº 10, 40, 200) e de conformidade com os intervalos de variação dos limites de consistência e índice de grupo. De acordo com a Tabela 5.1 os solos se dividem em dois grupos: solos grossos (quando a % passante na peneira nº 200 é inferior a 35%) e solos finos (quando a % passante na peneira nº 200 é superior a 35%). A classificação é feita da esquerda para a direita do quadro apresentado.
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Notas de Aula - Mecânica dos Solos
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Verifica-se nesta tabela que: a) Os solos grossos foram divididos em três grupos, A1, A2 e A3.
Grupo A1 - Solos granulares sem finos (pedregulho e areia grossa bem graduada, com pouca ou nenhuma plasticidade).
Grupo A2 - Solos granulares com finos (pedregulho e areia grossa bem graduados, com material cimentante de natureza friável ou plástico). A-2-4 - finos siltosos de baixa compressibilidade A-2-5 - finos siltosos de alta compressibilidade A-2-6 - finos argilosos de média plasticidade A-2-7 - finos argilosos de alta plasticidade
Grupo A3 - Areias finas b) Os solos finos foram divididos em quatro grupos, A4, A5, A6 e A7
Grupo A4 - Solos siltosos com pequena quantidade de material grosso e de argila (baixa compressibilidade LL < 40%)
Grupo A5 - Solos siltosos com pequena quantidade de material grosso e argila, rico em mica e diatomita (alta compressibilidade LL > 40%)
Grupo A6 - Argilas siltosas medianamente plásticas com pouco ou nenhum material grosso (baixa compressibilidade)
Grupo A7 - Argilas plásticas com presença de matéria orgânica (alta compressibilidade). A7-5, IP ≤ LL - 30% A7-6, IP > LL - 30%
Em geral os solos granulares tem índice de grupo compreendidos entre 0 e 4, os siltosos entre
1 e 12 e os argilosos entre 1 e 20. 5.4 Sistema Unificado de Classificação dos Solos (S.U.C.S.) Este sistema é oriundo do Airfield Classification System idealizado por Arthur Casagrande, e inicialmente utilizado para classificação de solos para construção de aeroportos, e depois expandido para outras aplicações, e normalizado pela American Society for Testing and Materials (ASTM). Os solos neste sistema são classificados em solos grossos, solos finos e altamente orgânicos. Para a fração grossa, foram mantidas as características granulométricas como parâmetros mais representativos para a sua classificação, enquanto que para fração fina, Casagrande optou por usar os limites de consistência, por serem parâmetros mais importantes do que o tamanho das partículas.
Cada tipo de solo terá um símbolo e um nome. Os nomes dos grupos serão simbolizados por um par de letras. Onde o prefixo é uma das subdivisões ligada ao tipo de solo, e o sufixo, às características granulométricas e à plasticidade.
Na Tabela 5.2, nas duas últimas colunas, estão indicados os símbolos de cada grupo e seus respectivos nomes, bem como uma série de observações necessárias a classificação do solo.
Solos grossos Os solos grossos ou granulares são os que possuem partículas menores que 75mm e que tenham mais do que 50% de partículas com tamanhos maiores do que 0,075mm (# 200). Uma subdivisão separa os solos grossos em pedregulhos, quando mais do que 50% da fração grossa tem partículas com tamanho maior do que 4,8mm (retido na # 4), e areias, quando uma porcentagem maior ou igual, destas partículas, tem tamanho menor que 4,8mm (passa na # 4). Sempre que as porcentagens de finos estiver entre 5 e 12%, o solo deverá ser representado por um símbolo duplo, sendo o primeiro o do solo grosso (GW, GP, SW, SP), enquanto que o segundo símbolo dependerá da região onde se localizar o ponto representativo dos finos desse solo.
Notas de Aula - Mecânica dos Solos
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Para porcentagens de finos, maior do que 12%, e classificados como CL-ML resultará em um símbolo duplo para o solo grosso, GC-GM se for pedregulho ou SC-SM se for areia. As Tabelas 5.3 e 5.4, mostram os fluxogramas necessários à classificação dos solos grossos.
Solos finos Nesta divisão, foram colocados os solos que tem uma porcentagem maior ou igual a 50%, de partículas com tamanho menor do que 0,075mm (passando na # 200). Estes solos, siltes e argilas, foram inicialmente separados em função do limite de liquidez: menor que 50% e maior ou igual a 50%. Cada uma destas subdivisões leva em conta a origem inorgânica ou orgânica do solo. Para a definição de origem orgânica deverão ser realizados dois ensaios de limite de liquidez: um com o solo secado em estufa, (LL)s, e o outro nas condições naturais, (LL)n. Se a relação (LL)s/(LL)n < 0,75 o solo deverá ser considerado orgânico. Quando da proposição inicial do sistema de classificação por Casagrande, foi introduzido o gráfico de plasticidade, montado a partir dos limites de consistência dos solos finos. Com a revisão do sistema foram introduzidas algumas modificações, resultando o gráfico mostrado na Figura 5.1.
Nele, os grupos estão distribuídos em cinco regiões, sendo a linha “A” separadora dos solos argilosos inorgânicos (CL, CH) dos siltosos inorgânicos (ML, MH). A linha vertical LL = 50% separa os solos de alta plasticidade (MH, CH) dos de baixa plasticidade (ML, CL). Os solos orgânicos podem se situar, tanto acima quanto abaixo da linha “A”; as argilas orgânicas serão representadas por pontos situados sobre ou acima dessa linha, enquanto, os siltes orgânicos estarão abaixo. A quinta região é a hachurada, onde o solo deverá ter o símbolo duplo, CL-ML, representando solos LL < 50% e 4 ≤ IP ≤ 7. O gráfico de plasticidade deverá ser usado na classificação, tanto dos solos finos quanto da fração fina dos solos grossos. Na última revisão do SUCS foi introduzida, a linha “U” para ajudar na avaliação dos resultados dos ensaios de limites de consistência, visto que ela deve representar um limite superior empírico para os solos naturais. Qualquer ponto que venha se situar acima dessa linha deve ter os resultados dos ensaios verificados. A linha “U”, tanto quanto a linha “A”, é quebrada, iniciando-se na vertical para LL = 16% até IP = 7% e a partir desse ponto tem a equação: IP = 0,9 . (LL - 8).
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PARA CLASSIFICAR O SOLOS FINOS E A
FRAÇÃO FINA DOS SOLOS GROSSOS
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LINHA “U”VERTICAL PARA LL = 16 ATÉ IP = 7
IP = 0,9 (LL – 8)
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MH ou OH
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Figura 5.1 - Gráfico de plasticidade As Tabelas 5.5 e 5.6, mostram os fluxogramas necessários a classificação dos solos finos.
Notas de Aula - Mecânica dos Solos
62
CRITÉRIOS DO SISTEMA UNIFICADO DE CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS (ASTM, 1983)
CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS CRITÉRIOS PARA DETERMINAÇÃO DOS SUBGRUPOS E NOMES DOS GRUPOS
USANDO ENSAIOS DE LABORATÓRIO SÍMBOLO
GRUPO NOME DO GRUPO
Cu ≥ 4 e 1 ≤ Cc ≤ 3 GW Pedregulho bem graduado 5 Pedregulhos limpos Pp,200 < 5% Cu < 4 e/ou 1 > Cc > 3 GP Pedregulho mal graduado 5
ML MH GM Pedregulho siltoso 5, 6, 7
Pedregulhos mais que 50% da fração grossa retida na peneira 4,8mm (# 4)
Pedregulhos com finos Pp,200 > 12%
Finos classificados como CL
CH GC Pedregulho argiloso 5, 6, 7
Cu ≥ 6 e 1 ≤ Cc ≤ 3 SW Areia bem graduada 8 Areias limpas Pp,200 < 5% Cu < 6 e/ou 1 > Cc > 3 SP Areia mal graduada 8
ML MH SM Areia siltosa 6, 7, 8
Solos Grossos Pr,200 > 50%
Areias mais que 50% da fração grossa passa na peneira 4,8mm (#4)
Areias com finos Pp,200 > 12%
Finos classificados como CL
CH SC Areia argilosa 6, 7, 8
IP > 7, pontos sobre ou acima da linha A CL Argila pouco plástica 10, 11, 12
Inorgânicos IP < 4, pontos abaixo da linha A ML Silte 10, 11, 12
Siltes e argilas LL < 50% Orgânicos LLseco < 0,75 LLnatural OL Argila orgânica 10, 11, 12, 13
Silte orgânico 10, 11, 12, 14 Pontos sobre ou acima da
linha A CH Argila muito plástica 10, 11, 12Inorgânicos
Pontos abaixo da linha A MH Silte elástico 10, 11, 12
Solos Finos Pp,200 ≥ 50% Siltes e
argilas LL ≥ 50%
Orgânicos LLseco < 0,75 LLnatural OH Argila orgânica 10, 11, 12, 15 Silte orgânico 10, 11, 12, 16
Solos altamente orgânicos Principalmente matéria orgânica, cor escura e cheiro PT Turfa
1: Válido para material passando na peneira de 75mm abertura 2: Se a amostra contém seixos e matacões acrescentar “com seixos e matacões”, ao nome do grupo para Pp,200 entre 5 -
12% exigem símbolo duplo. 3: Pedregulhos
GW – CH: Pedregulho bem graduado com silte GW – GC: Pedregulho bem graduado com argila GP – GH: Pedregulho mal graduado com silte GP – GC: Pedregulho mal graduado com argila
4: Areias SW – SH: Areia bem graduada com silte SW – SC: Areia bem graduada com argila SP – SH: Areia mal graduada com silte SP – SC: Areia mal graduada com argila
5: Se % Areia ≥ 15, acrescentar “com areia” 6: Se finos: CL – ML, usar símbolo duplo: GC – GH; SC – SH 7: Se finos são orgânicos, acrescentar, “com finos orgânicos” 8: Se % Pedregulho ≥ 15%, acrescentar “com pedregulhos” 9: Se pontos estão na área hachurada, é CL – ML (argila-siltosa) 10: Se Pr,200: 15-29%, por “com areia” ou “com pedregulho”, Se Pr,200 ≥ 30%: 11: % pedregulho < 15%, acrescentar arenoso 12: % areia < 15%, acrescentar pedregulho 13: Para IP > 4%, e pontos sobre ou acima da linha A 14: Para IP < 4% ou pontos abaixo da linha A 15: Para pontos sobre ou acima da linha A 16: Para pontos abaixo da linha A Tabela 5.2 - Sistema de Classificação Unificada dos Solos (S.U.C.S)
Observação
Cu = D60 / D10 ( )
1060
230
DDD
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G gravel Cascalho (pedregulho) S sand areia C clay argila W well graded bem graduado P poor graded mal graduado F fines finos (pás. # 200) M mo mó ou limo (areia fina)O organic matéria orgânica L low liquid limit LL baixo H high liquid limit LL alto Pt peat turfa
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Notas de Aula - Mecânica dos Solos
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Notas de Aula - Mecânica dos Solos
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Notas de Aula - Mecânica dos Solos
67
Solos altamente orgânicos São solos que apresentam características muito diferentes dos solos inorgânicos; são compostos de matéria vegetal em vários estágios de decomposição, geralmente com odor orgânico, cor marrom escura a preta, textura variando de fibrosa a amorfa, aparência esponjosa e saturada. São solos com alto índice de vazios, muito compressíveis e baixa resistência ao cisalhamento. Em condições normais, não são utilizados como fundação nem como material de empréstimo. Os solos altamente orgânicos são, normalmente, designados por turfosos e simbolizados por Pt. A Tabela 5.7 apresenta algumas características dos solos a partir do Sistema de Classificação relativa às fundações de pavimentos. 5.5 Classificação Geotécnica M.C.T. para solos Tropicais O Sistema Unificado de Classificação dos Solos não se tem mostrado satisfatório, quando usado em projeto de pavimentos para solos tropicais, em face do seu comportamento diferenciado, conforme tem mostrado diversos autores. Uma classificação mais apropriada aos solos tropicais, com ênfase em projetos de estradas, foi proposta por Nogami e Villilbor (1981), separando-se os solos em dois grupos, um de comportamento laterítico e outro não laterítico. O resultado desse trabalho foi reunido no gráfico, mostrado na Figura 5.2, subdividido em sete regiões, onde os solos de comportamento não laterítico ocupam a parte superior e os de comportamento laterítico estão situados na parte inferior do gráfico. A cada uma das regiões foi associado um símbolo, duas letras, onde a primeira letra “N” ou “L” indica o comportamento não laterítico ou laterítico do solo e a segunda A, A’, G’, S’ completam a classificação conforme mostrado na figura. Há também referência ao tipo de mineral encontrado no solo. Neste gráfico os solos coesivos estão localizados à direita e os não coesivos à esquerda. O gráfico foi montado utilizando-se de variáveis extraídas dos resultados do ensaio de Mini-MCV (Mini - Moisture Condition Value) de forma que todas as regiões tivessem a mesma área. A primeira variável usada como abscissa e simbolizada por C’ representa a inclinação do trecho reto da curva Mini - MCV para 10 golpes e em ordenadas estão colocadas os valores e’, calculados pela equação: e’= (20/d’ + Pi/100) 1/3 onde d’ é a inclinação do ramo seco da curva de compactação para uma energia correspondente a 12 golpes (aproximadamente igual à do Proctor Normal - 6 kg/cm3 ) e Pi é a porcentagem de perda de material por imersão. A equação anterior é empírica, tendo-se chegado a ela através da imposição de áreas iguais para as diversas regiões do gráfico. O procedimento utilizado, com a descrição dos ensaios necessários a classificação dos solos tropicais está descrito em Nogami e Villibor (1985). 5.6 Classificação Táctil-Visual (A.S.T.M. - D2488-69) Esta classificação é feita de tal forma que a maioria dos solos possam se enquadrar em três grupos (granulação grossa, granulação fina e altamente orgânica), através de um exame visual e alguns ensaios simples de campo.
Para a fração grossa, pedregulhos e areias, informações quanto à composição granulométrica, forma das partículas, existência ou não de finos são sempre necessárias; estas partículas são ásperas ao tato, visíveis ao olho nú e se separam quando secas.
Notas de Aula - Mecânica dos Solos
68
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Notas de Aula - Mecânica dos Solos
69
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CORPOS DE PROVA COMPACTADOS NA MASSA ESPECÍFICA APARENTE SECA MÁXIMA DA ENERGIA NORMAL
EE = MUITO ELEVADO E = ELEVADO
M = MÉDIO (A) B = BAIXO (A)
VIDE QUADRO ABAIXO PARA
EQUIVALÊNCIANUMÉRICA
MINI-CBR (%)
EE – Muito elevado > 30 E – Elevado 12 a 30 M – Médio 4 a 12 B – Baixo < 4
PERDA DE SUPORTE MINI-CBR – POR
IMERSÃO (%)
E – Elevada > 70 M – Média 40 a 70 B – Baixa < 40
EXPANSÃO (%) E – Elevada > 3 M – Média 0,5 a 3 B – Baixa < 0,5
CONTRAÇÃO (%) E – Elevada > 3 M – Média 0,5 a 3 B – Baixa < 0,5
COEFICIENTE DE SORÇÃO – S log (cm/Vmín)
E – Elevada > (- 1) M – Média ( -1) a ( -2) B – Baixa < ( -2)
COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE K
log (cm/s)
E – Elevada > ( - 3) M – Média ( - 3) a ( - 6) B – Baixa < ( - 6)
CORRESPONDÊNCIA APROXIMADA COM U S C E SP
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SM SC ML
SM, CL ML, MH
MH CH
SP SC SC
MH ML CH
Figura 5.2 - Gráfico de classificação MCT e principais propriedades dos grupos dessa classificação.
Notas de Aula - Mecânica dos Solos
70
Para os solos finos, siltes e argilas, os principais ensaios de identificação no campo são: a) ensaio de dilatância; b) ensaio de plasticidade; c) determinação da resistência seca do solo; d) observações quanto à cor e cheiro (solos orgânicos).
Os itens a, b e c são feitos com material que passa na peneira nº 40 (0,42mm). No campo, muitas vezes, separa-se o material retido na peneira nº 40 fazendo-se o possível para retirar o material entre a peneira nº 10 e nº 40. O ensaio de dilatância consiste em adicionar água no material, tornando-o pegajoso. A massa formada deve ter um volume de 8 cm3 e é colocada na palma de uma das mãos em posição horizontal. Bate-se vigorosamente uma mão de encontro com a outra, várias vezes e espreme-se a massa entre os dedos. Segundo as reações ocorridas durante o ensaio de dilatância, os solos podem classificar-se em: - solos não plásticos (siltes e areias) apresentam uma reação rápida (presença de água livre quando sacudido); - solos altamente plásticos resultam em reação nula. Portanto, dependendo da velocidade que a massa muda de consistência, definimos que a reação do teste é rápida, lenta ou nula. Ensaio de plasticidade consiste em obter um cilindro de 3mm de diâmetro sobre uma superfície lisa ou entre as palmas da mão. À medida que o processo vai se desenvolvendo, o solo vem se tornando mais duro (perda de umidade). Os solos situados abaixo da linha “A” do gráfico de plasticidade formam cilindros frágeis e com exceção dos solos orgânicos. Estes solos resultam em cilindros muito moles e pegajosos quando estão próximos do limite de plasticidade. Quanto mais alta a posição do solo em relação à linha “A”, mais resistentes são os cilindros ao se aproximarem ao limite de plasticidade. O ensaio de resistência seca consiste em moldar uma amostra de solo úmido e deixar secar em estufa ou no ar livre. Após a secagem tenta-se desagregar a amostra com pressão dos dedos. De acordo com o esforço aplicado na amostra podemos definir como:
- os solos de pouca resistência seca (desagregam-se imediatamente com pequeno esforço - solos siltosos);
- os solos de resistência seca razoável (desagregam-se com certo esforço - solos argilosos e orgânicos). A cor serve para separar os horizontes de um perfil de solo e pode indicar a existência do nível do lençol freático. Utiliza-se em amostras de solos úmidos porque pode haver uma mudança razoável com a secagem. Adota-se a carta de cores de MUNSEEL preparado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Os solos de cor vermelha indicam a presença de óxidos de ferro e ausência do lençol freático próximo. Os solos de cor cinza ou manchados indicam que a variação do nível d’água. Quanto ao cheiro, os solos orgânicos apresentam, em geral, odores característico, que pode ajudar na identificação. Os métodos para estimar a porcentagem passante na peneira nº 200 são muitos e a escolha depende do tempo, habilidade do técnico e equipamento disponível. Entre eles podemos citar:
- decantação - consiste em misturar solo com água num recipiente e derramar a mistura turva de água e solo. Repete-se a operação várias vezes, até conseguir remover praticamente todos os finos. Por comparação do resíduo com o material primitivo tem-se idéia da quantidade de finos.
- sedimentação - consiste em misturar água com o solo em uma proveta e agitar bastante. As partículas maiores irão depositar logo (areia deposita em 20 ou 30 segundos).
Notas de Aula - Mecânica dos Solos
71
5.7 Exercícios
1) Com os dados obtidos no laboratório em ensaios de granulometria e plasticidade para três amostras de solo (solo A, B e C), apresentados abaixo, determine: a) diâmetro efetivo, b) coeficiente de curvatura, c) coeficiente de uniformidade, d) índice de plasticidade, e) atividade coloidal, f) classifique estas amostras de acordo com os sistemas textural, HRB/AASHO e SUCS.
Solo A Solo B Solo C
LL (%) 15 35 65 LP (%) - 20 35
Curva Granulométrica - ABNT - NBR 6502
CB
A
Silte Areia Fina Areia Média Areia Grossa PedregulhoArgila0
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2) Os dados obtidos no laboratório para determinação de umidade natural, do limite de liquidez e
do limite de plasticidade de uma amostra de argila foram os seguintes: Umidade natural W (g): 7,782 5,041 Ws (g): 6,682 4,312 w (%): Limite de liquidez W (g): 2,803 2,215 2,296 2,663 Ws (g): 2,210 1,752 1,825 2,123 w (%):
Nº Golp: 13 20 29 36 Limite de Plasticidade
W (g): 0,647 0,645 0,388 Ws (g): 0,557 0,566 0,337 w (%):
Notas de Aula - Mecânica dos Solos
72
Pede-se: a) qual a consistência dessa argila
3) O solo de uma jazida para uso de uma obra de terra tem as seguintes características: LL = 60% e LP = 27%. O teor de umidade natural do solo é de 32%. Determine: a) o índice de plasticidade, b) o índice de consistência, c) classifique o solo em função do valor obtido em (b).
4) As seguintes indicações são fornecidas para os solos A e B:
LL (%) LP (%) W (%) G S Solo A 30 12 15 2,70 100 Solo B 9 6 6 2,68 100
Pede-se: a) qual o solo de maior teor de argila? b) qual o solo de maior índice de vazios?
5) Um solo argiloso apresenta as seguintes características: LL = 59%, LP = 23,1% e IC =
0,44. Pede-se, calcular a quantidade de água necessária a adicionar a 2Kg deste solo para reduzir o IC a 0,20.
Respostas:
1) a) D10 A = 0,07; D10 B = 0,007 e D10 C = 0,0 (zero) b) D60 A = 0,38; D60 B = 0,10 e D60 C = 0,011 Cu A = 5,5; Cu B = 14,3 e Cu C = ∞
c) D30 A = 0,18; D30 B = 0,044 e D30 C = 0,0 (zero) Cc A = 1,2; Cc B = 2,8 e Cc C = 0 d) IP A = NP; IP B =15 e IP C = 30 e) Ac A = não possui finos; Ac B = 3,75 (Ac alta >1,25) e Ac C = 0,63 (Ac baixa < 0,75) f)
2)