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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
Pós Graduação em Docência no Ensino Superior
Impactos da Internet na Educação
PorIvone Alves de Oliveira Pinto
Rio de JaneiroFevereiro de 2002
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
Pós Graduação em Docência no Ensino Superior
Impactos da Internet na Educação
Rio de JaneiroFevereiro de 2002
Trabalho Monografia apresentadocomo exigência final do Curso dePós Graduação em Docência noEnsino Superior
PorIvone Alves de Oliveira Pinto
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Impactos da Internet na Educação
IVONE ALVES DE OLIVEIRA PINTO
Dissertação submetida ao Departamento de Pós Graduação -Projeto a vez do Mestre da Universidade Cândido Mendes, como requisito final doCurso de Pós Graduação em Docência no Ensino Superior.
Rio de Janeiro 2002
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AGRADECIMENTOS
Ao professor Palmiro, orientador desta dissertação, meus agradecimentos peladedicação;
À Professora Christie, por seu apoio, incentivo e interesse;
Ao Professor Vilson, toda força e incentivo que foram fundamentais no transcurso dapesquisa;
À minha família pela ajuda e compreensão nos momentos difíceis;
Aos meus filhos Samuel e Nathália, por tão gentilmente terem cedido os sábado delazer para que pudesse realizar este curso.
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SUMÁRIO
I – Introdução ...................................................................... 6
II – Computadores nas escolas ........................................ 7
III – Capacitação ................................................................... 11
IV – A educação, frente ao avanço tecnológico ............... 13
V – Informação e Conhecimento ........................................ 15
VI – Utilização eficiente da tecnologia ................................ 16
VII – Expectativas ................................................................... 21
VIII – Conclusão ...................................................................... 22
IX – Referências bibliográficas ........................................... 23
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I. INTRODUÇÃO
Estamos vivendo uma época de desconexão em relação ao passado, de
mudança e de imprevisibilidade. Estamos na globalização, na Nova Economia, que
na verdade é a economia movida pelo pelo mundo digital – pelos negócios digitais,
pela informação e pela internet. A Nova Economia está mudando as organizações, a
maneira como as pessoas trabalham e até mesmo como estudam.
Dois aspectos fundamentais do mundo atual, que contribuem para dificultar
quaisquer previsões acerca do futuro, são o ritmo acelerado de mudanças sociais e
tecnológicas e a importância crescente do conhecimento como fator de sucesso. As
mudanças, de certa forma, impactantes, que num curto espaço de tempo obrigou
uma profusão de conceitos tão intensa. E com eles, exigências de novas posturas,
paradigmas e modelos mentais.
Aprender, no caso, não significa ser capaz de reproduzir comportamentos ou
memorizar conteúdos pré fixados. Aprender, no sentido sistêmico e abrangente do
termo, significa ser capaz de transformar-se, de modo a modificar a própria estrutura
de comportamento, tornando-a mais eficaz no sentido de perseguir os valores
essenciais da própria pessoa, grupo social ou comunidade.
Na verdade, o processo de globalização está trazendo profundas
transformações para as sociedades contemporâneas, isto porque, o acelerado
desenvolvimento tecnológico e cultural, principalmente na área de comunicação,
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caracteriza uma nova etapa, onde coloca novos desafios para o homem,
principalmente nas seguintes esferas: cultura, estado, mundo do trabalho, educação,
entre outros. Essas esferas sofrem as influências de um novo paradigma, devendo-
se adequarem ao mesmo, pois quem não se der conta desse processo de
transformação e não conseguir enxergar o futuro tende a inércia ou ao atraso.
Quanto ao que tange à educação, a transformação está em possibilitar o
desenvolvimento desse valor (educação) trabalhando o homem integralmente para
que ele possa não só atender aos requisitos do mercado, mas também atuar como
cidadão do mundo globalizado.
Muito se tem falado sobre o uso de tecnologias de informação para melhoria
dos processos produtivos das empresas num cenário globalizado mas pouco ou
quase nada se fala sobre as possibilidades de seu uso no ensino, e as
oportunidades de aprendizagem que podem advir desse processo, ou seja, da
internet na educação. Nesse sentido, este trabalho visa abordar e dar destaque a
discussão que envolve a tecnologia nas escolas, ou seja, o uso da tecnologia da
informação como ferramenta essencial para desenvolvimento de métodos
educacionais.
II. COMPUTADORES NAS ESCOLAS
A internacionalização do saber e das relações humanas "virtuais" terão um
impacto significativo sobre a visão do mundo de crianças e jovens, e sobre as
nossas metas de progresso e nossos referenciais de qualidade.
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O mais importante, no entanto, é que a Internet na escola provocará uma
profunda e duradoura revolução nas relações entre o professor e o aluno, pois o
domínio dos professores baseado no acesso ao conhecimento será desafiado pela
estrutura aberta e interativa da grande rede. Se os professores não entenderem
isso, vão passar por crises no mínimo interessantes dentro da escola.
A preparação para o novo milênio, no que diz respeito à educação secundária,
passa obrigatoriamente pela familiaridade de nossos jovens com a informática e a
Internet. O único problema é que muitas escolas e professores ainda não
perceberam isso. Ou, se perceberam, estão fazendo muito pouca coisa a respeito.
Não basta colocar alguns micros na escola, com um acesso precário à Internet. É
preciso fazer com que todos os alunos tenham oportunidade de usar o computador
quando for necessário, tanto para fins didáticos, quanto para permitir o "aprendizado
pela exploração livre", que é a forma que os jovens mais gostam e a que tem
melhores resultados. Para democratizar o acesso é preciso ter uma infraestrutura
material e humana muito boa, no entanto, isso custa caro. É preciso treinar também
muito bem os professores, que é caro e difícil, principalmente por problemas
culturais.
Os recursos mais modernos que a Informática e a Internet colocam à
disposição do professor são fantásticos, mas ainda pouco conhecidos.
Vivemos atualmente uma espécie de síndrome de modernidade: tudo o que
estiver envolvido em uma aura de tecnologia computadorizada em sua produção e
disseminação é considerado de qualidade positiva. Sendo a informatização, com
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toda razão, entendida como a marca mais significativa destes tempos, o que a ela
estiver atrelado ganha um pendão de moderno e, portanto, de imprescindibilidade. A
Educação não escapou dessa síndrome. Quase dizemos que uma escola sem
computadores é atrasada, arcaica, possuindo, dessa forma, uma qualidade menor.
Faltaria a ela o sinal da modernidade: o computador. Muitos têm uma convicção: a
solução para os problemas educacionais está no uso da Informática, como se a
lacuna prioritária em Educação fosse exclusivamente a da tecnologia educacional.
Não são raras as vezes em que, ao visitarmos uma escola, somos levados
inicialmente para ver a sala de informática; com indisfarçado orgulho, mostram-nos a
"modernidade": Vejam como nossa escola é boa; já temos computadores!. Neste
momento não sabemos ao certo qual é o projeto pedagógico dessa escola. Por isso,
não podemos conceber a informatização do trabalho pedagógico como panacéia
para os males de nosso campo; o computador não deve ser visto como algo além do
que, de fato, é: uma ferramenta pedagógica. Seu uso carece de uma inserção
consciente e competente no interior de um projeto mais amplo, no qual os princípios
(ponto de partida) e as metas (ponto de chegada) do nosso fazer
político/educacional estejam claros.
- QUESTÕES EM DISCUSSÃO
- Como fazer com que os alunos utilizem a Internet de forma inteligente?
- Como torná-la uma ferramenta de estudo, que não possibilite somente a
simples cópia de trabalhos?
- Quais os cuidados que devem ser tornados para evitar práticas erradas?
- Como colocar a tecnologia a serviço da cidadania?
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- Como torná-la um instrumento para despertar a criatividade dos jovens?
Nos últimos tempos, com o avanço das novas tecnologias, essas questões
têm inquietado professores, pais e escolas. O uso da Internet é uma realidade e,
mais que isso, torna-se uma necessidade na medida em que amplia o horizonte de
possibilidades de conhecimento para os alunos. Não é possível portanto pensar o
processo educativo sem levar em conta essa nova tecnologia. Realmente a Internet
é de grande auxílio, no sentido de fornecer subsídios, no caso, informações.
Entretanto ela soziinha não dá conta da complexidade do aprender hoje, da troca, do
estudo em grupo, da leitura, do estudo em campo com experiências reais. A
tecnologia é tão somente um grande apoio, uma âncora, indispensável, mas não é
ela que faz flutuar ou evita o naufrágio, isto é, grande aliada ou bicho-papão. A
Internet traz saídas e levanta problemas, como por exemplo, saber de que maneira
gerenciar essa grande quantidade de informação com qualidade. Como, então,
torná-la instrumento para a busca do aprendizado?
Cláudio Sales, diretor do ProInfo, um programa do Ministério da Educação
(MEC) para a introdução de novas tecnologias na escola, afirma que
“fundamentalmente, a utilidade da Internet na educação é diretamente proporcional
à capacidade do professor de gerenciar o assunto”. Segundo ele, a postura do
professor é o elo fundamental nesse mecanismo, pois a tecnologia, por si só, não é
capaz de provocar mudanças. Diz mais: é necessário que se tenha uma postura
crítica com relação à Internet. “Não se pode considerar, que tudo o que vem da
Internet é bom apenas porque veio de lá. A Internet, é na verdade, um instrumento
fundamental para a educação por dois aspectos muito significativos. Em primeiro
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lugar, a Internet dá acesso a conhecimentos que, para muitas pessoas, seriam
impossíveis sem ela. Em segundo lugar, ela aumenta enormemente a capacidade de
comunicação, de interação e permite que as pessoas trabalhem de forma
cooperativa.
III. CAPACITAÇÃO
Um aspecto muito importante é compreender o que significa, de fato, a
introdução dessa tecnologia nas escolas. Na verdade, é necessário compreender
esse processo sob o ponto de vista da educação. Toda vez que alguém introduz
tecnologia na educação, deve atentar para um detalhe: ele não está trabalhando
num programa de tecnologia e sim num programa de educação. É bom ressaltar
que, a educação em si, necessita sem dúvida alguma, da capacitação de recursos
humanos, sem o qual tende ao insucesso.
A tecnologia é na verdade, uma ferramenta de apoio para ser usada a serviço
do processo de qualificação da educação. E, nesse contexto, a figura do professor
bem preparado é imprescindível. Percebe-se então que, nesse sentido que os
resultados positivos do processo de introdução de novas tecnologias na educação
dependem do trabalho e da interferência da “figura humana”, chamada professor.
Um professor bem qualificado tem condições, de orientar seus alunos a pesquisar
em sites construtivos.
Para que o processo de aprendizagem seja produtivo, é importante que
inicialmente, o professor descubra um conteúdo que possa ser aprendido com o
apoio dos recursos da Internet, atentando para o fato que não seja uma pesquisa
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comum, pois na maioria dos casos a Internet é utilizada normalmente por estudantes
para “copiar e colar”. O enfoque precisa ser outro. É um paradigma novo, muito
diferente do livro didático. A concepção do aprender passa ser de forma cooperativa
e não mais competitiva. Anteriormente o processo de aprendizagem estava muito
voltado só para se obter notas. Atualmente a tecnologia proporciona não só ao
aluno, mas também ao professor, a possibilidade de participarem de ambiente
virtuais de aprendizagem, tanto de uma forma simples, publicando um trabalho em
uma página, quanto criando debates, fóruns ou listas de discussão por e-mail. Cada
escola e cada professor, dependendo do número de alunos que ele tenha ou da
situação tecnológica em que se encontra, pode buscar soluções mais adequadas. O
importante é o foco, que o aluno e o professor estejam estimulados, a fim de fazer
parte de um espaço virtual de referência que disponibilize o que é feito em sala de
aula.
O oceano de informações que a Internet disponibiliza aos alunos obriga os
professores a se atualizar constantemente e se preparar para lidar com as múltiplas
interpretações da realidade. Os educadores que ignorarem este momento, estarão
fadados ao insucesso. Entretanto a questão fundamental que prevalece é a
interação humana, de forma colaborativa, entre alunos e professores. Continua a
caber ao professor dois papéis: ajudar na aprendizagem de conteúdos e ser um elo
para uma compreensão maior da vida. A novidade é que hoje os alunos têm a
possibilidade de participarem de ambientes virtuais de aprendizagem. O grande
desafio do professor, é motivá-los a continuar aprendendo quando não estão em
sala de aula.
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É bom ressaltar que, embora a Internet preste serviços inestimávies à
educação, nada numa educação escolar se passa sem que seja necessária a ação
qualificada de um bom professor.
IV. A EDUCAÇÃO, FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO
Como fica a educação, frente a todo esse progresso? No Brasil, o panorama
não é dos melhores, isto porque, são poucas as entidades de ensino que dispõem
de toda uma infra-estrutura, necessária para este contexto. Por outro lado, existe
também o fato das diferenças sociais, uma parcela da sociedade tem acesso a toda
esta nova tecnologia e outra, não. As novas tecnologias de comunicação que toda a
sociedade está experimentando no seu dia-a-dia, acabará por influenciar de forma
radical as mudanças sociais e econômicas. O abismo educacional entre as classes
irá aumentar de forma assustadora. As diferenças educacionais entre os jovens que
têm e os que não têm acesso às novas tecnologias de ensino (computadores, redes,
TV interativa, CD-ROM, videodisco, etc.) serão um elemento a mais de tensão em
uma sociedade já plena deles. Hoje hoje mais do que nunca, o cidadão que não
souber o mínimo dessa tecnologia vai estar tão excluído e tão marginalizado quanto
um analfabeto num país de primeiro mundo. Será até pior, porque ele não
conseguirá fazer nada, nem mesmo ir ao banco. Então a escola, principalmente a da
rede pública, deve dar prioridade total a isso: levar o aluno a aprender a lidar o
mínimo com o computador. Depois, a médio e longo prazos, com a evolução,
ampliar para sua utilização no ensino curricular, que esbarra no professor, que
deverá saber utilizar essa ferramenta. Na escola pública, em que a grande maioria
não tem computador em casa, isso deve ser feito dentro da escola. Assim como no
passado se ensinava datilografia, hoje é preciso pensar em ensinar informática.
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Uma das questões em discussão é exatamente como colocar a tecnologia a
serviço da cidadania? Para formar o cidadão é preciso começar por informá-lo e
introduzi-lo às diferentes áreas do conhecimento. A falta de insuficiência de
informação reforça as desigualdades, fomenta injustiças e pode levar a uma
verdadeira segregação.
Indubitavelmente, a nova tecnologia da informação abre possibilidades para
atingir melhores resultados na Educação, mas não é uma garantia em si mesma. No
momento, existe um fascínio de amplitude mundial por esta tecnologia que
ocasionalmente assume um caráter quase onipotente e messiânico: a nova
tecnologia irá resolver todos os problemas e milagrosamente transformar a sala de
aula tradicional em poderosa área de aprendizagem. O fascínio, entretanto, está
sempre baseado em certo grau de ignorância: quanto menos se conhece, tanto mais
se é vítima dele.
Há dois tipos de fascínio: o positivo e o negativo. Geralmente o positivo é
caracterizado por um grande conhecimento de computadores e da tecnologia e pela
falta simultânea de conhecimento sobre a Educação. Esta leva a uma crença de
que, para ensinar e educar, é necessário apenas embutir todo o conhecimento em
programas de computador e apresentá-los aos alunos. O negativo é geralmente
caracterizado por um grande conhecimento da Educação e pela falta simultânea de
conhecimento sobre computadores e tecnologia, o que leva à crença oposta de que
a nova tecnologia irá destruir toda a Educação humana e, como conseqüência
derradeira, matar a própria cultura.
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Em lugar disso, dever-se-ia adotar uma atitude realista ante a nova tecnologia
aplicada na Educação e assumir, como princípio fundamental para o trabalho de
desenvolvimento com computadores, que a tecnologia é um conjunto de ferramentas
– nunca um objetivo em si mesmo. Isto significa reconhecer que a qualidade da
aprendizagem produzida pela tecnologia depende da qualidade das considerações
educacionais sobre o seu uso e não da sofisticação da própria tecnologia.
V. INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO
Numa sociedade na qual a atenção no momento é pesadamente dirigida para
a informação e a tecnologia da informação, existe um risco óbvio, de se criar uma
geração de alunos que tenham mais informação em comparação com qualquer
geração precedente – mas ao mesmo tempo sem nenhum conhecimento.
A conseqüência desta compreensão leva a uma afirmação quase provocativa,
ou seja, de que o conhecimento não pode ser transmitido. Ele não pode ser
transmitido diretamente de uma pessoa sabedora – um professor – para uma pessoa
aprendiz – um aluno – de uma maneira simples e direta, nem mesmo através do
processo de comunicação. O processo de ensinar e aprender não é simplesmente
uma questão de transmissão, mas envolve um processo muito mais fundamental e
complicado de transformação. O conhecimento não pode ser transmitido
diretamente; ele precisa ser induzido devido a seu caráter informal.
Para atingir o cerne do processo educacional, é preciso entender que
aprender é ser mudado; assim, o estudante não é apenas "um contribuinte muito
significativo", mas a própria origem e o iniciador daquelas mudanças internas que
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formam a base de qualquer aprendizagem. Vista desta perspectiva, a aprendizagem
é uma espécie de autocriação que torna as etapas finais da aprendizagem um
processo derradeiramente subjetivo. Esta visão implica que o foco de controle deve
ser movido do professor para dentro do aluno, o que atribui ao professor um papel
de enzima no processo educacional, como algo que pode facilitar, aumentar e
acelerar o processo interno no aluno, sem ser parte do produto final. Conhecimento
é criado fazendo relações entre as informações relevantes e, desta forma,
transformando-as em um padrão coerente. A informação pode ser transmitida aos
alunos, enquanto o estado do conhecimento pessoal pode ser construído apenas
pelo próprio aluno. O conceito-chave aqui é trabalho. O processo de aprendizagem é
um processo de trabalho, o que significa que não se pode aprender nada sem
trabalhar. Por este motivo, um uso eficiente da nova tecnologia na Educação não é
servir-se dos computadores como professores eletrônicos, pois quanto mais o
computador trabalhar pelo aluno tanto menos o aluno irá aprender.
VI. UTILIZAÇÃO EFICIENTE DA TECNOLOGIA
Para a Educação e o Ensino, o que devemos esperar? Ambos também são
afetados significativamente pelo Mercado da Informação, mas as mudanças
qualificarão melhor esse Mercado? "Aprender sempre foi uma experiência de
contato direto entre pessoas, de modo que é razoável acreditar na necessidade de
um processo de relações humanas mediado por computadores, para aprimorar o
ensino". Embora tenham sido feitas experiências ricas e promissoras nos últimos 20
anos, ainda é cedo para julgar se o ensino mediado pelo computador produz ou vai
produzir mudanças significativas."
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Cabe ressaltar que grande parte de professores valorizam as vantagens
operacionais do computador, tais como distribuir lições de casa, receber trabalhos
de alunos, passar notas, sem que contudo essas vantagens impliquem benefícios
diretos à Educação.
A Internet com certeza trouxe vantagens, pois os alunos podem acessar,
usando comandos em linguagem comum, uma biblioteca de arquivos de fotos e
muito mais. As vantagens de passar aos estudantes o controle do aprendizado
podem ser prejudicadas pela falta de orientação de um professor experiente. Na
maioria dos casos, combinar as duas abordagens pode exigir mais tempo e esforço
do que dispõem tanto o aluno como o professor.
O ensino está deixando de ser uma atividade meramente presencial, restrita
ao quadro e ao giz, para ser uma atividade rica em termos do alcance, escala de
atuação, intercâmbio acadêmico, escopo científico e flexibilidade.
A partir do domínio de um provedor de rede, alguns professores que possuem
página doméstica (home page) e trabalham com o ensino à distância já estão
utilizando seu portfólio de aulas, testes, textos, arquivos, imagens e bancos de
dados, na sala de aula; disponibilizando via Internet para os alunos informações
sobre temas trabalhados em sala de aula, bibliografias retidas nos diretórios de seu
portfólio
Atualmente, em função do que a Internet disponibiliza, a interação com o
professor, na forma de perguntas, tira-dúvidas, etc., podem ser resolvidas via correio
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eletrônico. A vantagem é que as perguntas e respostas podem ser publicadas num
FAQ do curso, para todos os demais alunos consultarem. Uma aula em classe, ou
seminário de discussão, podem ser realizados através do famoso “chat” (um recurso
de software que permite o diálogo on-line entre várias pessoas, ao mesmo tempo). O
professor pode dar uma aula, mandar textos, software, imagens, e outros recursos
instrucionais. O problema é que o chat comum não foi feito para isso, e dificulta para
o professor o controle da classe, Entretanto existem “chats” específicos, para essa
finalidade, inclusive utilizados por algumas faculdades/universidades, que oferecem
cursos à distância.
Em função do vasto recurso da tecnologia, à medida em que a capacidade e
a velocidade da rede Internet vai crescendo, tornar-se cada vez mais comuns os
“chats” de vídeo e de áudio (ou dos dois combinados), permitindo uma verdadeira
videoconferência através da Internet. A transmissão de aulas ao vivo via Internet
também é possível, graça a implementação de dispositivos que facilitam esta
interação.
Existem muitas variantes de interação através da rede que podem ser usadas
pelos professores e alunos para dar suporte ao ensino à distância.
O que faz a Internet ser revolucionária na educação não é propriamente a
replicação ou imitação "eletrônica" de modelos consagrados há séculos como sendo
de valor no processo educacional, como o livro didático, a sala de aulas, o professor,
os exercícios, o dever de casa, as provas. É outra coisa: é o acesso praticamente
instantâneo do professor e do aluno a um vastíssimo repositório de informação, em
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nível planetário, que permite explorar novas formas de aprendizado autônomo, que
nossas paupérrimas bibliotecas escolares jamais permitiriam.
O Mercado de Informação tende a mudar o papel das escolas, das
universidades e da comunidade educacional. Em certas situações, o aprendizado à
distância fará muito sentido. Entretanto, na Educação, as abordagens do
aprendizado à distância não funcionam tão bem quanto os sistemas tradicionais, isto
porque, a Educação é muito mais do que a transferência de conhecimento dos
professores para os alunos. Criar vínculos entre professores e alunos são ainda
fatores essenciais para sucesso do aprendizado. Estas necessidades não podem
ser satisfeitas pela tecnologia informática. Portanto a tecnologia, neste caso, a
Internet, capacita o aprimoramento do ensino, mas com certeza o instrumento
pedagógico é mais importante.
O uso correto e eficiente da nova tecnologia exige uma nova filosofia
educacional que compreende que as partes envolvidas no processo educacional,
estejam sempre presentes neste contexto. Isso significa que as tradicionais salas de
aula de auditórios devem ser complementadas com laboratórios, onde os alunos
sejam os agentes de trabalho. Assim, uma das melhores tendências quanto aos
computadores na Educação é compreender que todos os projetos instrucionais
devem englobar estas duas partes: a de auditório e a de laboratório. Na parte de
auditório, os alunos são ensinados por professores e apresentações e programas de
multimídia; na de laboratório, eles transformam a informação recebida em
conhecimento pessoal através de seu próprio trabalho. No auditório deve-se, utilizar
as possibilidades de multimídia da nova tecnologia para fazer apresentações de
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material relevante tão autêntico quanto possível: gráficos, figuras, sons, simulações
e videoclipes, Entretanto, o educador, deve atentar para um fator muito importante,
ele deve ter a preocupação em não se ater em mostrar o que as técnicas multimídias
realmente conseguem fazer, pois do contrário, se arrisca a entrar no entretenimento
e perder o referencial de educar os alunos.
Naturalmente, esta possível mudança nas escolas, de auditórios para
laboratórios, deve ser bem-vinda. Contudo, as vantagens de uma nova tecnologia da
informação podem, do ponto de vista educacional, ser transformadas em
desvantagens, se ela não for usada de acordo com uma filosofia educacional
explícita e bem definida. Por este motivo, a nova tecnologia da informação pode ser
utilizada como ferramenta poderosa para trazer praticamente qualquer tipo de
informação para a sala de aula.
A maior integração da nova tecnologia da informação à Educação implica,
portanto, na compreensão de que a educação não é meramente uma questão de
instrução. A nova tecnologia está sendo considerada não mais como máquina de
ensinar, para a qual é preciso desenvolver softwares (programas) qualificados, mas
como dispositivo que, controlado pelo aprendiz, pode se constituir em ferramenta
poderosa para o desenvolvimento do conhecimento pessoal. Nesta perspectiva, a
tecnologia da informação é apenas um aspecto do ambiente social no qual a
educação tem lugar. Portanto, o necessário agora é não uma tecnologia mais
sofisticada ou maior interesse e atenção para as suas características e usos, mas
uma "sociologia educacional" revisada. Os princípios sobre os quais os sistemas
educacionais atuais se assentam estão mais de acordo com as idéias pertencentes
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ao século passado do que com as possibilidades inerentes à nova tecnologia. Os
edifícios, as salas de aula, os currículos e livros didáticos.
VII. EXPECTATIVAS
Um dos maiores temores dos que lidam com Educação: a possibilidade de
apartar o corpo docente da relação ensino-aprendizagem, isto é, no sentido de
presença física diante dos discentes. Constantemente, escuta-se manifestações no
sentido de que a figura do professor é insubstituível!. Nada substitui uma relação
direta entre professores e alunos! A interação frontal docente (x) discente é a base
do processo pedagógico! etc. No atual século e na última década do século
passado, em função de profundas e rápidas mudanças tecnológicas, muitos
educadores, demonstram certo grau de descontentamento com a preferência
demonstrada por alunos, no sentido desses, se atirarem pra tecnologia da
informação (Internet), em vez de aderirem a aula convencional. É provável que este
descontentamento provém de um medo, ou seja, tenha origem na dificuldade de
incorporarem e aprenderem outros procedimentos, enfim, a resistência a mudanças.
O educador deve entender e perceber que o computador não é adversário
nem tão pouco o messias; ele é mais uma extensão do corpo docente. Que ele
necessita de uma maior afinidade com essa nova ferramenta, sem temê-la e sem
incensá-la.
Porém, há ainda outro equívoco: supor que a Informática é a "solução final"
para os problemas da Educação, entendendo que sem o computador não é possível
fazer um bom trabalho educacional.
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VIII. CONCLUSÃO
A conclusão imediata que se chega é que a nova tecnologia amplia as
possibilidades educacionais. Em parte, porque um volume colossal de informação
está à disposição dos alunos, e em parte, porque a Internet abre um tipo mais
prático de atividade educacional do que as operações mentais que dominam a
aprendizagem mais tradicional em sala de aula.
Também, a internet é importante instrumento para o acúmulo de informações
e poder, mas também é, ao mesmo tempo, instrumento de descentralização e
democratização, ao possibilitar a informação e seu controle e a mobilização
praticamente a todos e de forma sem precedente.
A entrada na era da Informática não é uma opção para a Escola ou para o
professor: é uma realidade tão inelutável como foi a da introdução da palavra escrita;
a informática está nos bancos, nos telefones, na cabine de votação, nos
supermercados. Enfim, está na vida das pessoas comuns – portanto, não pode ser
ignorada pela escola.
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IX. Referências Bibliográficas
SABBATINI, Renato - Correio Popular, Caderno de Informática, 14 e 21/7/98
Pierre LEVY, As tecnologias da inteligência
Revista Infoexame, 2000, pag. 32
SABBATINI, Renato - Jornal Correio Popular, Campinas, 1/10/99
Cavalcanti, José Carlos. Internet: o modelo nacional, Revista de Economia Política,
Vol.17, nº2(66), abril-junho/1997, pp.130-144.
Comitê gestor da Internet no Brasil: http://www.cg.org.br
Gutierrez, Francisco e Prieto, Daniel. A Mediação Pedagógica, Campinas – São Paulo,
Editôra Papirus, 1994.
Lévy, Pierre. As tecnologias da inteligência, Rio de Janeiro, Editôra 34, 1993.