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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO "LATO SENSU"
AVM FACULDADE INTEGRADA
A NEUROCIÊNCIA PEDAGÓGICA EM PROL DA EDUCAÇÃO FÍSICA
INFANTIL: Corpo é Movimento.
Por: Lucineide da Silva Almirante
Orientador(a)
Prof. Marta Relvas
Rio de Janeiro
2015
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO "LATO SENSU"
AVM FACULDADE INTEGRADA
A NEUROCIÊNCIA PEDAGÓGICA EM PROL DA EDUCAÇÃO FÍSICA
INFANTIL: Corpo é Movimento.
Apresentação de monografia à AVM
Faculdade Integrada como requisito parcial
para obtenção do grau de especialista e
Neurociência Pedagógica.
Por: Lucineide da Silva Almirante
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter mostrado-se
sempre presente em todos os momentos da minha
vida, assumindo o controle de tudo quando as
tribulações mais me afligiram, pois não teria concluído
este curso sem seu incondicional amor.
Agradeço aos meus pais e aos meus irmãos por todo
apoio e paciência. Aos amigos, em especial, a Marcela
Campos que levou-me "na marra" para fazer a
inscrição no curso não deixando-me desanimar e
fazendo-me crer que era possível.
Não menos, aos professores que sempre me ajudaram
a organizar meus planos e orientando-me quanto ao
melhor caminho a seguir.
Por fim, a todos os que fazem parte da Escola Estadual
Municipalizada Tancredo Neves em Duque de Caxias,
onde trabalho, pelas conversas, paciência e
compartilhamento de conhecimentos.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todos os
educadores que atuam, principalmente,
na Educação Infantil e a todos os que
possam mostrar interesse pelo assunto.
Aos meus amigos, aos inúmeros
professores que passaram por minha vida
e deixaram uma marca positiva de
crescimento e valorização da Educação
como um todo. Também, aos meus
alunos que fazem valer a pena todo o
meu esforço empregado em melhorar a
cada dia mais.
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RESUMO
Este trabalho tem como objetivo propor uma reflexão, sobre a importância
da Educação Física na Educação Infantil sob o olhar da Neurociência
Pedagógica, atentando para o desenvolvimento psicomotor de crianças entre
três e seis anos de idade, ou seja, em idade pré-escolar. Trata-se de um
estudo de revisão bibliográfica onde busca-se selecionar argumentos que
possam fundamentar a importância da não dissociação do componente
curricular que é a Educação Física deste segmento inicial da Educação Básica
que é a Educação Infantil, em prol de um trabalho que vise à criança na faixa
etária em destaque respeitando suas características e necessidades básicas
de desenvolvimento pautados nos conhecimentos neurocientíficos como
comprovação desta ação.
Palavras – Chave: Educação Infantil, Educação Física, Neurociência
Pedagógica.
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METODOLOGIA
O estudo caracteriza-se pelos princípios de uma pesquisa teórica. Trata-
se de um trabalho de revisão bibliográfica, através de dados obtidos na
literatura no período de 1981 a 2014, pesquisados também em Artigos e nas
bases de dados de páginas virtuais: Scielo, Google Acadêmico e Wikipédia.
Optou-se por meios que abordassem o tema ou que explicassem partes que
seriam importantes para a elaboração deste trabalho baseando-se
principalmente nos seguintes autores: RELVAS, Marta; ALVES, Fátima;
FONSECA, Vitor da; LE BOUCH, Jean; FREIRE, João Batista; PAPALIA,
Diane E. e FELDMAN, Ruth Duskin; VIGOSTSKY, Levi; WALLON, Henri e
LENT, Roberto.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I. UMA REFLEXÃO SOBRE A EDUCAÇÃO INFANTIL 10
CAPÍTULO II. POR UM ESQUEMA CORPORAL MELHOR VIVENCIADO
PELA CRIANÇA DE 3 A 6 ANOS. 20
CAPÍTULO III. A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO
INFANTIL 30
CAPÍTULO IV. SOB O OLHAR DA NEUROCIÊNCIA. 40
CONCLUSÃO 50
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 52
ÍNDICE 56 FOLHA DE AVALIAÇÃO 57
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INTRODUÇÃO
O presente estudo pretende levantar alguns aspectos relacionados à ação
da Educação Física na Educação Infantil. Tratará inicialmente de uma reflexão
sobre este segmento inicial da Educação Básica, sua função, propósitos e a
prática atual. Posteriormente, tratar-se-á sobre o que a Educação Física tem
haver com essa fase escolar, quais as suas contribuições, o que dizem alguns
autores voltados para as questões do desenvolvimento infantil, além de
abordar a importância desta disciplina segundo documentos como os PCN’s de
Educação Física (Parâmetros Curriculares Nacionais da Educação Física),
LDBEN (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), o RCNEI
(Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil) e o PNEI ( Política
Nacional de Educação Infantil), pretende-se demonstrar, por meio dos
mesmos, qual a contribuição da Educação Física no desenvolvimento
psicomotor (movimento, intelecto e afeto) de crianças entre três e seis anos de
idade e, assim finalizar-se-á com valoroso respaldo dos conhecimentos
fornecidos pela Neurociência Pedagógica em prol desta prática educacional.
Pretende-se assim, articular sobre esse espaço educacional que é a
Educação Infantil, quem é a criança dessa fase, suas características principais,
suas necessidades e seu desenvolvimento psicomotor. A valorização do
movimento corporal em prol das questões motrizes, cognitivas, afetivas e
sociais, ou seja, a participação da Educação Física na Educação Infantil como
forma qualitativa à formação, à aprendizagem, o desenvolvimento global dessa
criança de três a seis anos de idade e o fato de que o profissional de Educação
Física possui ferramentas importantes e estimulantes que poderão levar a esse
desenvolvimento de forma bastante prazerosa: as brincadeiras, os jogos, as
cantigas, etc.
Assim, tratar-se-á no decorrer deste estudo a importante e direta relação
da Educação Física com a Educação Infantil permeando os pontos
característicos da criança, bem como suas necessidades e possibilidades de
desenvolvimento num âmbito integral. Pretende-se articular que quanto mais
cedo a criança puder experimentar as mais variadas possibilidades de
movimentação, melhor será o seu desenvolvimento ao longo de sua vida,
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permitindo-lhe assim, um efetivo conhecimento e controle do seu corpo, de
suas emoções e da sua relação com o meio em que se encontra.
Contudo, acredita-se ser possível demonstrar, ao final deste projeto de
estudo, a grande contribuição dos conhecimentos em Neurociência aliados à
prática da Educação Física como benefícios para o desenvolvimento
psicomotor das crianças na faixa etária em destaque.
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1º Capítulo
REFLETINDO SOBRE A EDUCAÇÃO INFANTIL
Os conceitos que envolvem os estudos sobre a infância vêm, ao longo do
tempo, sendo construídos e reformulados com bases históricas. A Educação
Infantil seguiu diferentes caminhos por ser relacionada com a realidade social e
o modo de ver a infância em cada época. Este segmento era organizado e
dividido de acordo com as camadas sociais a serem atendidas.
Desde suas origens, as modalidades de educação das crianças
eram criadas e organizadas para atender a objetivos e a
camadas sociais diferenciadas: as creches concentravam-se
predominantemente na educação da população de baixo poder
econômico, enquanto as pré-escolas eram organizadas,
principalmente, para os filhos das classes média e alta.(PNEI -
2005).
Embora fossem inúmeros os caminhos percorridos para formular um
segmento educativo à infância, o caráter assistencialista da Educação Infantil
durou muito tempo. Entretanto, com a inserção da mulher no mercado de
trabalho na década de 1970, desencadeou-se um aumento na procura por
vagas nas escolas de para crianças de 0 a 6 anos. Isso fez com que a
precariedade no serviço oferecido ficasse em evidência, pois os profissionais
da área não possuíam, em sua maioria, uma formação acadêmica que lhes
respaldasse com conhecimentos pedagógicos apropriados ao segmento em
questão.
A pressão da demanda, a urgência do seu atendimento, a
omissão da legislação educacional vigente, a difusão da
ideologia da educação como compensação de carências e a
insuficiência de recursos financeiros levaram as instituições de
Educação Infantil a se expandirem "fora" dos sistemas de
ensino. Difundiram-se "formas alternativas de atendimento"
onde inexistiam critérios básicos relativos à infraestrutura e à
escolaridade das pessoas que lidavam diretamente com as
crianças, em geral mulheres, sem formação específica,
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chamadas de crecheiras, pajens, babás, auxiliares, etc.(PNEI -
2005)
Assim, diante de tanta pressão, na Constituição de 1988, a educação de
crianças de 0 a 6 anos passou a ser representada por um ponto de vista
educacional. Essa ação alavancou a crescente evolução da Educação Infantil,
abrindo caminhos para outros projetos e leis que garantiriam uma melhor
qualidade no atendimento educacional às crianças de 0 a 6 anos.
A Educação Infantil, embora tenha mais de um século de
história como cuidado e educação extradomiciliar, somente
nos últimos anos foi reconhecida como direito da criança, das
famílias, como dever do Estado e como primeira etapa da
Educação Básica.(PNEI - 2005).
Posteriormente, em 1990, esse direito da criança à educação fora
reforçado pelo ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), seguido da
elaboração do documento PNEI (Política Nacional de Educação Infantil) em
1994 e tendo sua consolidação em 1996 quando, a LDBEN(Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional) destaca e valoriza a Educação Infantil
considerando-a, pela sua importância, como a primeira etapa da Educação
Básica.
Segundo a LDBEN – 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional), em seu artigo 29:
A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, tem
por finalidade o desenvolvimento integral da criança até cinco
anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual
e social, complementando a ação da família e da comunidade.
Esta passagem da LDBEN remete a uma discussão sobre a função da
Educação Infantil (Creches e pré-escolas) e é possível perceber que esta não
deve ser meramente vista como um espaço onde os pais deixam seus filhos
para que alguém tome conta deles, “depósito de crianças”, mas que seja
reconhecida e valorizada por ser um espaço de aprendizagem, de
desenvolvimento, de contato com diversos tipos de conhecimentos e
possibilidades de exploração e construção no mundo de forma lúdica e
prazerosa. Um local, uma parte da educação escolar que visa o
desenvolvimento integral da criança, não ocupando o lugar da família ou da
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sociedade, mas agindo concomitantemente a estas. Desta maneira, a partir da
Lei 9394/96 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Educação Infantil
ganhara importância vital para o desenvolvimento do educando.
A criança da Educação Infantil, ao entrar em contato com este novo
mundo que é a escola, passa por um processo de adaptação e aceitação do
novo. Ela acaba de ver rompida a fronteira da família e de sua casa para
adentrar no mundo escolar, ou seja, sofre uma ruptura da sua dependência
familiar para a construção da sua independência, autonomia de movimentos,
pensamentos, experimentando possibilidades de desenvolvimento e condições
sócio-afetivas diferenciadas. E que ambiente é este? O que se faz por lá?
Assim, o impacto dessa mudança de fase é maior quando a escola de
Educação Infantil acaba por levar, a criança, a travar uma luta, em sua maioria,
contra si mesma ao ter que negar sua existência corporal de movimentos por
inúmeras vezes em que vê e sente a regra de que na escola o corpo tem lugar
e hora para se manifestar e a mente é que lidera a maior parte desse “ser”, se
é que existe algum “ser” dentro desta separação. E assim, compreende-se
essa passagem refletindo sobre a fala de João Batista Freire (1997): “Sugiro
que, a cada início de ano letivo, por ocasião das matrículas, também o corpo
das crianças seja matriculado”.
Atualmente, as escolas de Educação Infantil, em específico no que diz
respeito à pré-escola, têm sustentado a bandeira da alfabetização e assim vão
abrindo cada vez mais as portas para a anulação de uma cultura corporal
infantil que antecede e dá base de sustentação e significação às demais
aprendizagens.
De nada vale esse enorme esforço para alfabetizar se
aprendizagem não for significativa. E o significado, nessa
primeira fase da vida, depende mais que em qualquer outra, da
ação corporal[...]. Existe um mediador, às vezes esquecido,
que é a ação corporal. (FREIRE – 1997, p.21)
Sendo assim, a Educação Infantil ao produzir um espaço de
aprendizagem deve estar preocupada em oferecer momentos de prazer,
curiosidades e ludicidade, propiciando um melhor desenvolvimento dessa
criança, levando-a a familiarizar-se com a imagem do próprio corpo e
ampliando as possibilidades expressivas do próprio movimento com
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significação. Desta maneira vale lembrar que se o conhecimento do próprio
corpo for deficitário, comprometerá todas as ações que necessitam deste
conhecimento e alfabetizar a criança na pré-escola não se limita apenas à
leitura e à escrita como preparação para séries seguintes, mas, principalmente
à alfabetização motora que conforme a maturação e domínio de seus
movimentos, a criança estará mais disposta, segura e preparada para encarar
novos e mais elaborados conhecimentos.
“Quanto mais a pré-escola abrir para a criança a possibilidade
do acesso às diferentes linguagens que estão postas no
mundo, mais seu universo cultural se ampliará. Quanto mais
amplo for o seu entendimento do real, menos ameaçada ficará
para a possibilidade do novo.” (GARCIA – 1993, p.59).
Segundo a Portaria Estadual 48/2004 (SEERJ), a Educação Infantil
caracteriza-se como diagnóstica, continuada, diversificada e tem como meta o
desempenho do aluno, sem retenção. Também não faz parte desta fase a
promoção da criança para o ensino fundamental, mas o acompanhamento de
seu desenvolvimento. A Educação Infantil não vai deixar de considerar a sua
articulação com o Ensino Fundamental, mas deve ter a criança como ponto de
partida valorizando as suas várias formas de expressão: oral, gestual, musical,
cultural, corporal.
Os conteúdos da Educação Infantil devem priorizar o
desenvolvimento das capacidades instrumentais do
movimento, possibilitando a apropriação corporal pelas
crianças de forma que possam agir com cada vez mais
intencionalidade. Devem ser organizados num processo
contínuo e integrado que envolve múltiplas experiências
corporais, possíveis de serem realizadas pela criança sozinha
ou em situações de interação. (RCNEI, 1998 – Conteúdos,
p.29).
A partir desta citação, é possível perceber que brincar é preciso para
melhor educar e a Educação Infantil é uma parte importante no processo de
formação de todo ser humano. “Quem pensa certo está cansado de saber que
as palavras a que falta a corporeidade do exemplo pouco ou quase nada
valem. Pensar certo é fazer certo”. (FREIRE, Paulo – 1996, p.34).
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Neste segmento, portanto, contemplam-se as mais variadas formas e
possibilidades de aprendizagem visando à valorização das especificidades da
infância. E levar em consideração a importância que tem o conhecimento das
possibilidades do seu corpo, permite à criança um melhor domínio do mesmo,
respeitando-se os aspectos cognitivo, afetivo, social e psicomotor.
Uma Educação Infantil com função pedagógica, certamente
privilegia um trabalho que tome a realidade e os
conhecimentos infantis como ponto de partida e os amplia,
através de atividades que tenham um significado concreto para
a vida das crianças e dos professores e que simultaneamente
assegurem aquisição de novos conhecimentos. (LOBO;
CARVALHO - 2005, p.69)
Apesar de todos os esforços em prol da valorização da infância na sua
essência, espaços de Educação Infantil, em sua maioria, embasados na
justificativa da falta de recursos materiais, de espaço físico e da extrema
necessidade de preparar a criança para o ensino o 1º ano do Ensino
Fundamental, acabam por impedir um amplo e prazeroso desenvolvimento da
criança impondo-a um certo "adestramento" do que se diz necessário ao
trabalho nas séries iniciais quanto à aquisição da leitura e da escrita,
principalmente.
A criança, segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação
Infantil é:
Sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e
práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade
pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende,
observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos
sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura. (DCNEI -
2012).
Além disso, na intenção de garantir uma verdadeira qualidade de ensino
na Educação Infantil, este mesmo documento, DCNEI, expõe os como uma
das bases de trabalho, o respeito pelos princípios éticos, políticos e, não
menos importante e bem destacados, os princípios Estéticos: da sensibilidade,
da criatividade, da ludicidade e da liberdade de expressão nas diferentes
manifestações artísticas e culturais.
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A instituição de Educação Infantil pode e deve ampliar o
universo da criança no que se refere ao seu criar, ouvir, ver,ler
e escrever o mundo que a cerca e a instiga. A criança é ser
potente e tem direito de revelar com prazer e inteligência seus
porquês, para quê, como, sua imagens e angústias. (
Embora hajam inúmeras práticas fundamentadas neste segmento em prol
do avanço da criança ao ensino fundamental, a Educação Infantil, ainda
carrega, na maioria dos casos, o ranço do assistencialismo histórico que visa o
"cuidar" com base apenas nas necessidades básicas inerentes a todo ser
como fome, sono, sede, etc. Porém, não descartando essas necessidades,
mas unindo-as à tantas outras de suma importância ao desenvolvimento da
criança no segmento em questão, é que observa-se o quanto de vocação e
ainda mais de conhecimento sobre essa fase do desenvolvimento infantil
precisa ter o docente que inserir-se nesta área. Não bastará apenas o "cuidar",
pois este docente, junto à família, deverá agir como parceiro e mediador de um
rico processo de construção e aquisição de saberes que a criança levará como
base na sequencia de seus aprendizados.
O trabalho direto com crianças pequenas exige que o professor
tenha uma competência polivalente. Ser polivalente significa
que ao professor cabe trabalhar com conteúdos de naturezas
diversas que abrangem desde cuidados básicos essenciais até
conhecimentos específicos provenientes das diversas áreas do
conhecimento. Este caráter polivalente demanda, por sua vez,
uma formação bastante ampla do profissional que deve tornar-
se, ele também, um aprendiz, refletindo constantemente sobre
sua prática, debatendo com seus pares, dialogando com as
famílias e a comunidade e buscando informações necessárias
para o trabalho que desenvolve. São instrumentos essenciais
para a reflexão sobre a prática direta com as crianças a
observação, o registro, o planejamento e a avaliação.( RCNEI,
p. 41 , 1998).
Cada vez mais, torna-se imprescindível que o profissional docente que
atua na Educação Infantil atente para importância de estar munido de
conhecimentos sobre os caminhos do desenvolvimento infantil e,
principalmente como se dá a aprendizagem nesta fase. Além disso, é de suma
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importância reconhecer nas distintas fases do desenvolvimento da criança, os
estímulos corretos para a aquisição do que se deseja.
Isso pode ser alcançado, por exemplo, dentro dos ensinos em
neurociência que proporcionará um conhecimento do "maquinário cerebral" e,
com isso, sair dos rótulos e meios obsoletos dos caminhos da aprendizagem
para adentrar com base de conhecimento científico na atuação dentro deste
período crucial à aprendizagem de desenvolvimento escolar que é a Pré-
escola.
A Neurociência e o desvendar dos estudos dos cérebros na
sala de aula podem e muito contribuir para uma educação mais
justa e menos excludente, pois assim o educador tema
possibilidade de compreender melhor como ensinar, pois
existem diferentes maneiras de se aprender. (RELVAS, p.18,
2012).
O período pré-escolar é onde a evolução da aprendizagem se dá de
forma intensa e rápida, assim, é de suma importância estimular ao máximo a
criança desta fase e, isso é possível de maneira efetiva e eficaz quando se tem
conhecimento sobr4e o funcionamento do cérebro e daí, quais áreas são mais
solicitadas e, por isso, devem receber os estímulos corretos para que
proporcione-se um melhor desenvolvimento e novas conexões.
Como o sistema nervoso de uma criança em desenvolvimento
é mais plástico que o sistema nervoso do adulto, a atuação
correta e eficaz na estimulação da plasticidade é de
fundamental importância para a máxima da função
motora/sensitiva do aprendente, visando facilitar o processo de
aprender a aprender no cotidiano escolar. é o nosso grande
desafio como educador, conhecer o cérebro de nossos
aprendizes, e tão logo o funcionamento, pois cada um tem as
suas próprias características. (RELVAS, p. 44, 2005).
Fala-se muito em oferecer, na Educação Infantil, um ambiente
enriquecedor com inúmeros estímulos. Porém, é importante lembrar que o
docente atuante neste segmento, precisa saber como se dá a aprendizagem
nesta fase respeitando as particularidades de cada criança e, tendo um
conhecimento do funcionamento cerebral para isto. Assim, organizará o
ambiente escolar e, oferecerá com qualidade e domínio, os estímulos
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necessários e não um acúmulo de informações variadas sem ordem e regras.
Vale, desta maneira, observar que a Educação Infantil não é um espaço para
enxertar estímulos a esmo pela premisse de que crianças devem ter muitas
experiências. Quanto mais experiências, melhor. Porém, sem um objetivo,
sem organização desses estímulos, conteúdos de grande poder atrativo
misturados perder-se-á o foco do que se quer e nada será verdadeiramente
consolidado. Tais experiências podem refletir um acúmulo de informações
desorganizadas e, por isso mesmo, nocivas.
As atividades pedagógicas apresentadas em sala de aula e na
escola devem promover especificamente o aprofundamento
dos conceitos e o desenvolvimento de pensamentos mais
abrangentes e complexos do cérebro, a fim de saber aplicar e
provocar diferentes estímulos no momento certo no processo
do acompanhamento nos métodos pedagógicos. (RELVAS, p.
58, 2012).
É claro que educador algum provocará imediata alteração no organismo
alheio, o da criança, mas, por meio da oferta de um ambiente rico em estímulos
bem estruturados e direcionados, propiciará ao educando modificar-se por
meio das próprias experiências, pois sabe-se bem que, nesta fase, a criança
aprende muito mais pela observação e experimentação.
Vimos que o único educador capaz de formar novas reações
no organismo é a sua própria experiência. Só aquela relação
que ele adquiriu na experiência pessoal permanece efetiva
para ele. É por isso que a experiência pessoal do educando se
torna a base principal do trabalho pedagógico. Em termos
rigorosos, do ponto de vista científico não se pode educar o
outro. É impossível exercer influência imediata e provocar
mudanças no organismo alheio, é possível apenas a própria
pessoa educar-se, ou seja, modificar as suas reações inatas
através da própria experiência. (VIGOTSKI, p. 64, 2010).
Assim como em toda instituição, para que haja uma organização e que os
objetivos sejam alvos em comum e, daí, sejam atingidos com afinco, faz-se
necessário o respeito a determinados princípios e, com as propostas
pedagógicas na Educação Infantil não é diferente ao atentar para os princípios
Éticos, Polílitos e Estéticos na sua prática.
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I – Éticos: da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade
e do respeito ao bem comum, ao meio ambiente e às
diferentes, identidades e singularidades.
II – Políticos: dos direitos de cidadania, do exercício da
criticidade e do respeito à ordem democrática.
III – Estéticos: da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e
da liberdade de expressão nas diferentes manifestações
artísticas e culturais. (LDB, Res. Nº 5, 17/ 12/ 2009).
Com isso, vale salientar o quão importante e organizado é, principalmente
nos dias atuas, o ambiente da Educação Infantil e, além disso, preserva-se o
respeito à criança na sua essência e enquanto cidadã. É evidente que ainda
traz em suas bases o caráter assistencialista, porém com ênfase na Educação
propriamente dita, dando à criança, neste período em questão, todo o respaldo
e estrutura necessários ao seu pleno desenvolvimento.
Art. 8º A proposta pedagógica das instituições de Educação
infantil deve ter como objetivo garantir à criança acesso a
processos de apropriação, renovação e articulação de
conhecimentos e aprendizagens de diferentes linguagens,
assim como o direito à proteção, à saúde, à liberdade, à
confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à
convivência e à interação com outras crianças. (LDB, Res. Nº
5, 17/ 12/ 2009).
Enfim, não cabe mais, atualmente, conceber as escolas de Educação
Infantil como um espaço para acúmulo de crianças e, tão pouco aos
profissionais da área como meros “cuidadores de crianças” enquanto seus pais
trabalham.
Ao se pensar em uma proposta curricular deve-se levar em
conta não só o número de horas que a criança passa na
instituição, mas também a idade em que começou a freqüentá-
la e quantos anos terá pela frente. Estas questões acabam
influindo na seleção dos conteúdos a serem trabalhados com
as crianças, na articulação curricular de maneira a garantir um
maior número de experiências diversificadas a todas as
crianças que a freqüentam. Muitas instituições de educação
infantil têm a tarefa complexa de receber crianças a qualquer
tempo e idade. É possível, por exemplo, que crianças
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ingressem com seis meses, com dois anos ou cinco anos. Esta
especificidade da educação infantil exige uma flexibilidade em
relação às propostas pedagógicas e em relação aos objetivos
educacionais que se pretende alcançar.(RCNEI, vol. 1, 2011)
Sabe-se bem que este é um espaço de suma importância para a
Educação como um todo e que, seus profissionais estão cada vez mais
capacitados, especializados no tocante ao desenvolvimento das crianças na
faixa etária em questão.
Faz-se cada vez mais necessário empregar tempo, pesquisas e esforços
dentro do trabalho com a Educação Infantil, pois já não se trata mais de
“adultos em miniatura”, mas de seres em pleno desenvolvimento que, de
acordo com o que lhes for fornecido e como for fornecido neste período,
colherão bons frutos da sua evolução nos períodos seguintes levando uma
significativa bagagem quanto às suas aprendizagens.
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2º Capítulo
POR UM ESQUEMA CORPORAL MELHOR VIVENCIADO PELA
CRIANÇA DE 3 A 6 ANOS.
"Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo; se é
triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los
sentados enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis,
sem valor para a formação do homem."
Carlos Drummond de Andrade
Buscando uma maior compreensão do Esquema Corporal, Mattos & Neira
(1999) o divide em quatro partes:
• Estrutura corporal: que é noção da nomenclatura e
localização das partes do corpo;
• Postura: diz respeito ao posicionamento do corpo parado
ou em movimento;
• Respiração: troca gasosa com o meio liga-se intimamente
a atenção;
• Relaxamento: refere-se à capacidade de descontração da
musculatura voluntária
Falar da importância de um trabalho voltado para o desenvolvimento
integral da criança tem se tornado um tema redundante para alguns. Apesar
de uma discussão bibliográfica extensa, pouco se concretiza de realização e
execução de um trabalho que realmente valorize a principal característica da
criança que é o movimento, pois é por meio deste, como se sabe e já citado
anteriormente, que esta irá produzir toda a sua base de conhecimentos
necessários ao seu crescimento, formação de sua imagem corporal (como o
corpo se apresenta para si; sofre influência do meio e das situações
enfrentadas), seu desenvolvimento e integração total e segura com o meio que
a cerca.
“Criança em idade pré-escolar é um ser dinâmico, cheio de indagações
espontâneas e com múltiplas habilidades físicas. Sua habilidade motora é
utilizada por expansão de seu desenvolvimento”. (FLINCHUM, 1981, p.2).
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Percebe-se facilmente, na faixa etária em questão, o grande envolvimento e
interesse dessa criança em relação às atividades que lhes permite sonhar,
imaginar, dançar, pular, cantar, ou seja, expressar-se de maneira diversificada
e divertida e ao mesmo tempo descobrindo novas formas de se fazer uma
mesma coisa.
Desta maneira, valorizando a sua principal característica, pode-se refletir
sobre ações que nos remeta ao ideal de um esquema motor melhor trabalhado
na criança de três a seis anos. Refletir antes de tudo sobre seus movimentos,
sobre o conhecimento do seu corpo trata-se também de uma forma de
alfabetização voltada para o desenvolvimento e aprendizagem motora.
“Esquema corporal é a consciência do corpo como meio
de comunicação consigo mesmo e com o meio. Um bom
desenvolvimento do esquema corporal pressupõe uma
boa evolução da motricidade, das percepções espaciais e
temporais, e da afetividade.
O conhecimento adequado do corpo engloba a Imagem
corporal e o Conceito corporal, que podem ser
desenvolvidos com atividades que favoreça: o conhecer
do corpo como um todo; o conhecer do corpo
segmentado; o controle dos movimentos globais e
segmentados; o equilibrar estático e dinâmico; o
expressar corporal harmônico.” (Wikipédia, 15/11/08).
Antecedendo a faixa etária em questão, a criança passara pelo estágio
Sensório Motor que, segundo Piaget, compreende a criança de zero a dois
anos de idade, onde conhece apenas o mundo sobre o qual age, percebe o
ambiente e age sobre ele, ou seja, é por meio de seu corpo, do contato com o
corpo da mãe e com tudo o que está próximo de si e uma coisa por vez, já que
não tem uma noção espacial que contemple todos os objetos juntos, que irá
construir uma base inicial de possibilidades de movimentos para dar seqüência
ao seu desenvolvimento, passando para o estágio Pré-Operacional, que
contempla a criança de dois a seis anos, que tem como fator de progresso,
segundo BARROS (2002, p.104), “o desenvolvimento da sua capacidade
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simbólica, pois a criança começa a usar símbolos mentais – imagens ou
palavras – que representam objetos que não estão presentes”. Assim, o
período Pré-Operacional, diz respeito à faixa etária destacada neste estudo.
A criança nesta fase é aquela que não pára, é curiosa, mexe em tudo, que
usa da imaginação para se relacionar com a realidade, explora, pesquisa e
com isso vai aperfeiçoando gradativamente seus movimentos e firmando cada
vez mais a construção de sua imagem corporal, seu mapa mental.
“O movimento humano é mais do que simples
deslocamento do corpo no espaço constitui-se em
uma linguagem que permite às crianças agirem sobre
o meio físico e atuarem sobre o ambiente humano,
mobilizando as pessoas por meio de seu teor
expressivo. As maneiras de andar, correr,
arremessar, saltar, resultam das interações sociais e
da relação dos homens com o meio; são movimentos
cujos significados têm sido construídos em função
das diferentes necessidades, interesses e
possibilidades corporais humanas presentes nas
diferentes culturas em diversas épocas da história.
Esses movimentos incorporam-se aos
comportamentos dos homens, constituindo-se assim
numa cultura corporal” (RCNEI, 1998, p.15).
O desenvolvimento da criança se dá através de movimentos corporais:
sorrisos, gestos, rolar, agarrar, arrastar-se, engatinhar, balançar a cabeça e os
braços, etc. Assim, a estimulação nessa fase é imprescindível à formação da
sua imagem corporal, bem como a valorização dos seus momentos de
imaginação e fantasia que fazem com que ela reflita sobre a dinâmica do
mundo que a cerca e assim vá se adequando à realidade conforme suas
necessidades, lembrando que a resposta a essa estimulação é dada na
continuidade de seu desenvolvimento e não de forma imediata. Por isso, é
importante que essa primeira experiência escolar da criança seja sem medo e
que ela descubra o prazer de aprender, assim não perderá a confiança em sua
capacidade de agir e pensar.
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Segundo Gallardo (2005), a criança de três a seis anos de idade
passa por três estágios de aquisição do seu conhecimento corporal que
são:
1 – Estágio dos Movimentos Fundamentais: 3 a 4 anos, onde já tem um
melhor domínio de seu corpo, o que facilita a sua exploração do meio, novas
descobertas e possibilidades de diversificar seus movimentos e suas
habilidades. Entretanto, esta criança está mais preocupada com a execução
do movimento do que com produto desta execução. A criança constrói sua
aprendizagem a partir de um modelo (Modelação, segundo Bandura). Assim,
torna-se preciso que a criança tenha o maior contato possível com as mais
variadas formas e possibilidades de realização dos Movimentos Fundamentais
para então, atingir o Estágio Elementar de Execução dos Movimentos
Fundamentais.
2 – Estágio Elementar de Execução dos Movimentos Fundamentais: 4
a 5 anos. Este estágio é caracterizado pela descoberta de novas formas
de utilização das habilidades. O individualismo ainda muito expressivo no
estágio anterior, dá lugar a capacidade de brincar junto com o outro por
um tempo maior e suas ações já são mais baseadas na cooperatividade e
responsabilidade desde que tenham interesse pela atividade proposta.
Desta forma, é interessante propiciar à criança situações onde possam
descobrir as mais variadas formas de execução de seus movimentos
fundamentais, além das possibilidades de ampliação desses movimentos
para atingirem o Estágio Maduro de Execução dessas habilidades. Neste
estágio abre-se, de forma mais incisiva, possibilidades para vivenciar
valores humanos por meio de jogos e brincadeiras.
3 – Estágio Maduro de Execução dos Fundamentais: 5 a 6 anos.
Estágio caracterizado pela combinação de movimentos, já que é a uma
fase de transição do estágio elementar para o maduro de execução dos
movimentos fundamentais. Assim, oportunizam-se situações de
combinação de movimentos mais complexos por meio de jogos, danças e
brincadeiras do seu contexto social. Neste estágio a criança já gosta de
brincar junto com outras, são cooperativas e demonstram certa
responsabilidade. Possibilita-se, portanto, condições de vivenciar os
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valores humanos em seu dia-a-dia quanto a sua participação na sociedade
em relação a si, ao outro e diante das regras estabelecidas para a vida em
sociedade.
Ainda no tocante do desenvolvimento psicomotor da criança na fase
pré-escolar, podemos citar Flinchum (1981) que trata desse
desenvolvimento permeado por cinco níveis de aprendizagem, a imitação,
a manipulação, a conceituação, a discriminação e a naturalidade.
Entretanto, é a partir da fase de Conceituação que a criança de três a seis
anos está inserida. Citamos ainda Harrow (1988) que trata dos níveis de
aprendizagem e domínio psicomotor, onde a criança na faixa etária em
questão, passa pelos seguintes níveis: Movimentos básicos (imitação,
manipulação e naturalidade), Capacidades perceptivas (imitação,
manipulação e naturalidade), Capacidades físicas (descriminação e
naturalidade) Movimentos especializados (imitação, conceituação,
discriminação e naturalidade) e Movimentos não verbais (conceituação,
discriminação e naturalidade).
“Os movimentos e atividades motoras na primeira infância
são de tal forma inerentes à vida da criança que merecem
ser observados com maior atenção e compreensão para
que atitudes e capacidades nessa idade sejam aferidas”.
(Flinchum, 1981, p.2).
Toda experiência vivida pela criança inicialmente é corporal. É por
meio do movimento que a criança passa a acumular informações ou
memória que ela precisará para por todo o seu desenvolvimento, seja na
escola ou no seu dia-a-dia. O significado da aprendizagem da criança se
dá especialmente por meio do movimento e, é através deste que ela
adquire a maior parte e importante base de seus conhecimentos.
Corroborando com FONSECA (2008) que cita a criança desta fase
como aquela que encontra-se no Estádio Personalístico ("enriquecimento
do eu"), de acordo com Wallon, é possível percebê-la como aquela que
começa a trabalhar intensamente a diferenciação do "eu" e do "outro". É,
de certa forma, bastante egocêntrica e, por isso, entra num conflito
evolutivo de disputa pelo direito de posse.
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A distinção do eu e do outro é normal, a posse de objetos
ou de brinquedos, características desta fase, esboça o
desejo de propriedade e pode ilustrar um sentimento de
competição ou de disputa que pode observar-se em muitas
situações lúdicas, muitas vezes acabando em frustrações
mal metabolizadas emocionalmente. (FONSECA, p.33,
2008).
A autoimagem deste educando não será construída apenas
biologicamente, mas concomitante e influenciadamente pela a interação
social que é de suma importância já que, este, aprende mais por exemplos
práticos do que por mera oralidade.
O movimento permite à criança explorar o mundo exterior
por meio de experiências concretas sobre as quais são
construídas as noções básicas para o desenvolvimento
intelectual. É importante que a criança viva o concreto.
É a exploração que desenvolve na criança a consciência de
si mesma e do mundo exterior. a criança se desenvolve
desde os primeiros dias de vida, de maneira contínua. (
ALVES - 2012, p.19).
A afetividade embasará sua motricidade e, esta, neste período,
principalmente, é a grande representante da sua inteligência e assim, da
sua capacidade de aprendizagem.
Assim como a motricidade não se reduz a ações
musculares, também a autoimagem psíquica do corpo não
pode ser redutível a eventos neurológicos, mais ou menos
localizados na zona parietal co cérebro, onde tal imagem
tende a concentrar-se neurofuncionalmente.
A inteligência, neste estádio, manifesta-se pela motricidade
e pela afetividade, que se transforma, por via de sua
expressão, em uma fonte de conhecimento, na medida em
que se edifica com base em duas componentes psíquicas,
a ideação e a execução. (FONSECA, p.33, 2008).
Atentar para um trabalho psicomotor que ofereça uma verdadeira qualidade
de desenvolvimento e aprendizagem para a criança da Educação Infantil é, antes
de tudo, ter o pleno conhecimento de que a ação mental e a ação motora
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não estão dissociadas, não podem ser tratadas como uma questão
dualista, mas reconhecidas dentro de uma "relação dialética".
A função psicomotora, no entanto, não pode ser estudada
senão como uma unidade onde se integram a incitação, a
preparação, a organização temporal, a memória, a
motivação, a atenção, etc. (ALVES, p.18, 2012).
Permitir que a criança da Educação Infantil vivencie experiências
adequadas à formação do seu esquema corporal é, antes de tudo,
reconhecê-la e respeitá-la como um ser em constante evolução
"biopsicossocial" e, por isso mesmo, influenciável. Esse esquema será
formado com base nas relações sociais, na evolução do seu
amadurecimento neurológico, bem como o desenvolvimento de suas
percepções e movimentos.
Esquema corporal: é a organização das sensações
relativas ao próprio corpo, como resultado da associação
de elementos cada vez mais coordenados e complexos. O
esquema corporal nada mais é do que a imagem de si
mesmo, isto é, uma imagem que como particularidade o
interesse afetivo que lhe dirige o sujeito. A par da
elaboração do esquema corporal, que resulta de
atividades mentais, temos de considerar a tomada de
consciência de si, como Ego corporal, que resulta da
relação do sujeito com os demais. (ALVES, p. 28, 2012).
Assim, há de se ter muito cuidado com as atividades que lhe serão
propostas e não impostas. Ter conhecimento científico sobre cada período
com o qual irá trabalhar, para que não infrinja a regra do respeito à
individualidade evolutiva do educando dentro das generalidades
educacionais, pois o trabalho desse esquema corporal sucederá a
maneira como essa criança percebe seu próprio corpo (imagem corporal)
que está "ligada a aspectos relacionais e envolve experiências interiores,
expectativas sociais e emoções" (ALVES, p. 27, 2012).
Assim, percebe-se o quão importante é o movimento para a formação
integral da criança e, principalmente nesta faixa etária de três a seis anos
onde, os períodos pelos quais passa, independente da denominação dada,
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são de caráter crucial para a formação de uma base de sustentação às
aquisições de conhecimentos ainda mais complexos que serão exigidos ao
longo de seu desenvolver.
“Se, de fato, as experiências passadas das crianças
funcionam como mediadoras em relação às experiências
presentes, então a utilização eficiente do corpo e o
desenvolvimento da capacidade de percepção tornam-se
de capital importância para a educação delas”. (HARROW,
1988).
Compreende-se, portanto, a importância de conhecer a criança em
seus aspectos cognitivo, afetivo e psicomotor, ou seja, percebê-la no
tocante psicomotor e propiciar um ambiente repleto de possibilidades de
movimentos e expressões em prol de um esquema corporal melhor
vivenciado nessa tão importante fase que é a primeira infância.
Oportunizar-se-á a construção de uma base de experiências e
conhecimentos para que essa criança se desenvolva e se perceba como
um ser atuante e capaz de realizar ações mais complexas exigidas ao
longo de sua evolução.
Refletir sobre um trabalho na Educação Infantil que vise a criança
desta faixa etária e, que seus profissionais verdadeiramente atuem por um
esquema corporal melhor vivenciado pela criança é, não somente considerar a
atividade prática, mas relacioná-la com a atividade simbólica constitui um meio
importantíssimo no processo de aprendizagem.
A evolução da imagem do corpo e a aprendizagem da
autenticidade dependem de um equilíbrio que abre (vivo) entre
a quantidade e a qualidade das relações e das correlações
(objetos e corpo integrados). A absoluta imagem do corpo é
função da organização das emoções, o que naturalmente
implica e exige a relação com o outro, isto é, implica um
determinado tempo e momento. (ALVES, p.63, 2012).
Essa ação simbólica é carregada de significado para a criança que, na
maioria das vezes, utilizando-se da imitação como subsídio aos seus
processos de aquisição de conhecimentos dentro da sua vivência social, ela
coloca suas representações psicológicas por meio do movimento integrando
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ação motriz com linguagem e ação simbólica (imitação) com o a construção da
sua inteligência.
FONSECA (2008) escreve que: "O próprio Wallon (1931, 1963a)
reconhece a interligação sistêmica e dinâmica de todos estes aspectos como
uma totalidade no desenvolvimento da personalidade da criança". O que é
exemplificado no gráfico a seguir:
Tirar o foco, muita das vezes, alienante da necessidade de alfabetizar a
criança na Educação Infantil preparando este sujeito para o Ensino
Fundamental onde, na maioria dos casos, esquece-se de que a aprendizagem
exige significado e, neste segmento, o significado é forte e basicamente
corporal.
... de nada vale esse enorme esforço para alfabetizar se a
aprendizagem não for significativa. E o significado, nessa fase
da vida, depende, mais que em qualquer outra, da ação
corporal. entre os sinais de uma língua escrita e o mundo
concreto, existe um mediador, às vezes esquecido, que é a
ação corporal. (FREIRE, p. 20, 1997).
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"Sugiro que, a cada início de ano letivo, por ocasião das matrículas,
também o corpo das crianças seja matriculado" (FREIRE, p.14, 1997).
Com isso, respeita-se o educando deste segmento, recebendo e
reconhecendo-o em sua totalidade. Liberta-se a Educação Infantil da base
de um conhecimento cientificamente pobre e dualista.
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3º Capítulo
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO
INFANTIL.
A Educação Física, assim como a Educação Infantil, tem na sua história
inúmeras faces arraigadas e, moduladas pelos acontecimentos históricos da
nossa sociedade.
Inicialmente, era tida dentro de uma ideologia higienista, onde, seu caráter
era estritamente voltado ao trabalho de formação de hábitos higiênicos, de
cuidado com o corpo. Posteriormente, as Escolas de Ginástica que surgiram
na Alemanha, século XIX, provocou grande pressão em outros países para que
esta, a Ginástica, fosse inserida como educação física, mas não enquadrava-
se nas escola, pois necessitava de adaptações. Tais adaptações surgiram
dando ênfase sistematizada aos chamados Métodos Ginásticos que, dentro do
meio escolar deram à chamada educação física na escola um significativo
destaque em relação às demais disciplinas do currículo escolar, principalmente
pelo fato de que médicos higienistas eram os responsáveis pelos
conhecimentos de cunho biológico. Além disso, a Educação Física, baseava-
se no fortalecimento físico e moral dos indivíduos, onde seus Métodos
Ginásticos ministrados por componentes do exército, davam a esta, um foco
militarista no controle e formação dita ideal do indivíduo.
No Brasil, especialmente nas quatro primeiras décadas do
século XX, foi marcante no sistema educacional a influência de
Métodos Ginásticos e da Instituição Militar. Ressalta-se que o
auge da militarização da escola corresponde à execução do
projeto de sociedade idealizado pela ditadura do Estado Novo.
(COLETIVO DE AUTORES, p. 53, 1992).
Ainda, segundo o COLETIVO DE AUTORES (1992), "Somente em 1939
foi criada a primeira escola civil de formação de professores de Educação
Física (Brasil, Decreto-lei nº1212, de 17 de abril de 1939)". Daí em diante
foram inúmeras as tendências em Educação Física que buscavam, no meio
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escolar, firmarem-se como absolutas e eficazes no que se pretendia em cada
época.
Assim como na história da Educação Infantil, também a Educação Física,
teve sua renovação nas décadas de 70 e 80 com teorias embasadas no
estímulo ao desenvolvimento psicomotor. Entretanto, essa teoria é seguida,
posteriormente, pelo movimento do Esporte Para Todos como alternativo à
prática esportiva de rendimento.
Essa concepção de Esporte Para Todos se impregna de uma
antropologia, que coloca a autonomia do ser humano no
centro. Não é o esporte que faz o homem, mas o homem que
faz o esporte, ele determina o que, como, onde, quando, por
quanto tempo, com quem, sob que regras, com que objetivos
sob que condições o pratica. (COLETIVO DE AUTORES, p. 56,
1992).
Com isso, durante muitos anos, a Educação Física teve como
característica principal dentro da escola, especificamente, a responsabilidade
pelo desenvolvimento desportivo. Entretanto, com base nas inúmeras
pesquisas dentro deste segmento com estudos de comprovação científica da
sua importância, das suas vertentes educacionais, seu caráter biológico e
social, suas contribuições no tocante ao desenvolvimento humano por meio da
prática da motricidade, hoje é fato e irrevogável a compreensão e o
reconhecimento da Educação Física como componente curricular de suma
importância ao processo de ensino-aprendizagem nas escolas por meio de
atividades corporais como o jogo, a dança, as brincadeiras, ginástica, esporte,
onde ambas visam um desenvolvimento integral do ser humano,
biopsicossocialmente.
O homem se apropria da cultura corporal dispondo sua
intencionalidade para o lúdico, o artístico, o agnóstico, o
estético ou outros, que são representações, ideias, conceitos
produzidos pela consciência social e que chamaremos de
"significações objetivas". Em face delas, ele desenvolve um
"sentido pessoal" que exprime sua subjetividade e relaciona as
significações objetivas com a realidade da sua própria vida, do
seu mundo e das suas motivações. (COLETICO DE
AUTORES, p. 62, 1992).
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É fácil perceber que a grande maioria dos profissionais envolvidos no
trabalho com a Educação Infantil não vão contra a importância de se valorizar
atividades motoras para a criança, mas quando se fala em ação prática dessas
atividades, percebemos facilmente que estão resumidas a um período
experimentação dos aparelhos do parque ou brincadeiras livres nos espaço
escolar, ou seja, todas essas atividades com cunho unicamente recreativo. Se
o mover-se e o brincar são desencadeadores do desenvolvimento infantil não
podemos tratá-los simplesmente como ações recreativas, principalmente na
faixa etária em destaque.
Não creio que a Educação Física e o jogo sejam a única
solução para os problemas pedagógicos, mas diante das
características da criança na primeira infância, não há por que
não valorizá-los. se o contexto for significativo para a criança,
o jogo, como qualquer outro recurso pedagógico, tem
consequências importantes em seu desenvolvimento.
(FREIRE, p. 21, 1997).
“Carpenter declarou: Não há muito conhecimento sobre atividades que
estimulam o desenvolvimento educacional de uma criança, mas é provável que
as respostas às atividades de Educação Física constituam sua parte total”.
(FLINCHUM, 1981, p.5).
Daí, a importância da presença de um profissional de Educação Física
nesta fase escolar pelo fato de ser dotado de conhecimentos e ferramentas
facilitadoras e estimulantes para o desenvolvimento integral da criança como
os jogos, as brincadeiras, cantigas e danças que propiciarão um melhor
domínio de elementos psicomotores como percepção espacial (dentro e fora;
longe e perto; em cima e embaixo), percepção temporal (coordenação da
velocidade; duração e intervalo entre fatos ordenados), esquema corporal
(consciência do nosso corpo relacionado em função do meio), lateralidade
(oferecer oportunidades de movimento à criança para que seu lado dominante
se acentue), ritmo (dá à criança a noção de duração e sucessão), equilíbrio
(estático, dinâmico e recuperado), coordenação óculo-pedal (coordenação
entre olhos e pés), cooordenção óculo-manual (coordenação entre olhos e
mãos) e tônus (hipertonia: aumento anormal da contração muscular e
hipotonia: diminuição anormal da contração muscular). E em continuidade ao
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pensamento destaca-se Le Boulch (1982) por dizer que “a educação
psicomotora deve ser praticada desde a mais tenra idade; conduzida com
perseverança, permite prevenir inadaptações, difíceis de corrigir quando já
estruturadas...”.
Desta maneira, é perceptível e incontestável a gravidade da condição
motora atual da grande maioria de nossas crianças que já tão cedo se deparam
com problemas como: obesidade, pressão alta, não saber correr, responder
corporalmente à situações do dia-a-dia como pular uma poça d’água, correr
para pegar um ônibus, desviar com destreza de obstáculos no caminho, etc.
Não nos interessa aqui, ressaltar as questões sociais às quais estamos
sujeitos, mas não se pode permitir que estas questões coloquem nossas
crianças em condição de risco por inatividade e tenham assim, seu
desenvolvimento integral, normal e saudável prejudicado.
Embora numa aula de Educação Física os aspectos corporais
sejam mais evidentes, mais facilmente observáveis, e a
aprendizagem esteja vinculada à experiência prática, o aluno
precisa ser considerado como um todo no qual aspectos
cognitivos, afetivos e corporais estão inter-relacionados em
todas as situações. (PCN – 1998, p.27).
O desenvolvimento da criança se dá através de movimentos corporais,
principalmente nesta primeira fase da Educação Básica que é a Educação
Infantil. Assim, a Educação Física mostra-se como um importante componente,
um “meio educativo” que visará o desenvolvimento integral da criança, não
apenas com base no conhecimento das práticas desportivas, mas
primordialmente pela grande quantidade de conhecimento voltada aos
processos de desenvolvimento cognitivo, afetivo-social e psicomotor. Se a
criança nessa faixa etária de três a seis anos de idade tem como característica
a sua intensidade motora como meio de comunicação e expressividade, vem,
portanto, neste rastro, a Educação Física como meio de aprendizagem e de
desenvolvimento desse movimento ou dessas habilidades motoras. O
movimento é espontâneo na criança e a Educação Física Infantil, por sua vez,
propiciará um trabalhado que ajudará essa criança no desenvolver das
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capacidades motrizes e na sua organização em prol de um esquema corporal
melhor vivenciado.
Quanto mais domínio sobre os próprios movimentos o indivíduo
conquistar, quanto mais conhecimentos construir sobre a
especificidade gestual de determinada modalidade esportiva,
de dança ou de luta que exerce mais pode se utilizar dessa
mesma linguagem para expressar seus sentimentos, suas
emoções e o seu estilo pessoal de forma intencional e
espontânea. (PCN –1998, p.31).
Desta forma, a Educação Física vem nesta importante fase escolar
oportunizar, com base nas suas competências, que a criança se aproprie do
processo de construção de conhecimentos relativos ao corpo e ao movimento e
que construa uma possibilidade de utilização de seu potencial expressivo,
gestual. Essa criança saberá com maior confiança e daí, autonomia a se
relacionar com o meio, movimentar-se, estruturar seu pensamento em favor de
determinados movimentos, relacionar seu corpo e suas ações com o espaço e
o tempo em que estiver inserida, além de um melhor domínio da sua
afetividade e das atitudes de ação e reação.
Gradualmente, ao longo do processo de aprendizagem, a
criança concebe as práticas culturais de movimento como
instrumentos para o conhecimento e a expressão de
sensações, sentimentos e emoções individuais nas relações
com o outro. Em paralelo com a construção de uma melhor
coordenação corporal ocorre uma construção de natureza mais
sutil, de caráter mais subjetivo, que diz respeito ao estilo
pessoal de se movimentar dentro das práticas corporais
cultivadas socialmente. (PCN – 1998, p.30)
Ensinar e aprender na Educação Física, não está meramente voltado à
prática de certas habilidades, mas sim a capacitação do indivíduo para que
reflita sobre suas possibilidades corporais e, com autonomia, possa utilizá-las
de forma significativa. E ao falar da presença de um profissional de Educação
Física na Educação Infantil, pensa-se num trabalho de parceria, de
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colaboração positiva ao desenvolvimento das crianças sem hierarquizar a
questão do ensino, mas possibilitando a construção de um espaço em que a
criança também brinque com seu corpo, com o movimento e não venha ser
futuramente mais uma vítima do que se pode chamar de “analfabetismo motor”.
O brincar e as brincadeiras são indissociáveis do uso das
diversas formas de linguagem. Afinal, os jogos requerem a
comunicação, seja para a compreensão das regras, seja para o
relacionamento entre os diferentes participantes.(RELVAS -
2012, p.29)
A realização do trabalho em Educação Física na Educação Infantil, nesta
fase, onde o "enriquecimento do eu" é base importante para a evolução desta
criança, agirá por meios das inúmeras vertentes das atividades lúdicas que
propiciarão ao educando, integrar-se ainda mais com o meio, com o outro,
percebendo-se como parte de um todo e, desenvolvendo a partir da sua
imagem corporal as mais distintas possibilidades de se fazer presente e
participante deste ambiente, compartilhando-o com os demais.
É necessário que leve-se em conta o importantíssimo fato de que a
afetividade, a emoção, é base fundamental para a aprendizagem da criança e
que, prazeres e frustrações estão presentes neste processo evolutivo como
causadores de "desequilíbrios" fundamentais ao reconhecimento de si e do
meio que a cerca. Desta maneira, o trabalho docente precisa estar bem
embasado, pois poderá ditar as nuances positivas ou negativas desta fase, na
mediação tais conflitos.
A emoção fazer parte do movimento é algo que não se pode
separar, porque está dentro do feixe neural, do organismo
neural que funciona no movimento. O movimento tem sempre
um "peso" de sentimento, de emoção. Quando um indivíduo
não quer fazer um movimento, ou está motivado para fazê-lo, o
comportamento emocional se sobressai. (RELVAS, p.135-136,
2012).
Sendo a Educação Física vista como a disciplina "queridinha" das
crianças no meio escolar, usa da afetividade, da emoção para atrair a atenção
dos educandos e assim, envolvê-los nas atividades pertinentes a cada fase dos
mesmos. Porém, é sabido que, o meio traz inúmeras e importantes
interferências nesse processo de aprendizagem e, nesta fase principalmente,
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deve-se ter um olhar mais atento e cuidadoso em relação à abordagem das
crianças para a execução das atividades, pois elas trazem consigo um histórico
social que talvez não as desperte muito interesse pelas práticas corporais. Por
isso, a importância de um profissional com conhecimento científico específico
das práticas motrizes e como estas se dão em cada fase de desenvolvimento,
além do domínio dos recursos cabíveis ao alcance dos objetivos propostos
para cada segmento.
Deve-se ressaltar, no trabalho da Psicomotricidade, o papel do
professor, que, se ao invés de ensinar, de transmitir
conhecimentos já estabelecidos, assumir o papel de facilitador
do desenvolvimento da capacidade de aprender, dando à
criança tempo para as suas próprias descobertas, oferecendo
situações e estímulos cada vez mais variados, proporcionando
experiências concretas e plenamente vividas com o corpo
inteiro; não deixar que sejam transmitidas apenas verbalmente,
para que ela própria possa construir seu desenvolvimento
global. (ALVES, p.153, 2012).
Ao pensar num meio facilitador do desenvolvimento da capacidade de
aprender, a Educação Física, por suas inúmeras possibilidades de atuação,
trará para a Educação Infantil o necessário respeito à cultura já estabelecida
na criança como, por exemplo, o conhecimento de jogos, cantigas e
brincadeiras que esta já traz do seu meio social extraescolar. Evita-se a
recorrente imposição de uma cultura corporal, de movimentos muitas vezes
complexos, dando à criança desta faixa etária a chance de, por meio do que
ela já é capaz, já domina, avançar gradativamente e, desta maneira, abrindo
espaço e formando uma base forte de conhecimentos sobre suas
possibilidades e capacidades de movimentos para então alcançar novas
formas de realizá-los.
[...]Assim como a linguagem verbal falada pela professora em
sala de aula é, por vezes, incompreensível para os alunos,
também a linguagem corporal pode sê-lo, se não se referir, de
início, à cultura que é própria dos alunos [...] a adoção de
atividades da cultura infantil como conteúdo pedagógico facilita
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o trabalho de professores das escolas de primeira infância, pois
garante o interesse e a motivação das crianças. (FREIRE, p.
24, 1997).
Estimular-se-á assim, a capacidade de construir memórias variadas que,
mais adiante, serão como um "arquivo" onde se pode buscar caminhos
diferentes para o enfrentamentos dos sucessíveis desequilíbrios causados
pelo desafio de novas aprendizagens. Brincando, a criança sente-se mais à
vontade e, de certa forma mais confiante para adquirir o sucesso de um novo
conhecimento pensando e organizando-se sobre aquilo que ela já adquiriu.
[...] Ou seja, da ação motora pode-se abstrair um primeiro
material de reflexão. Porém, pensar não é só representar
mentalmente uma ação realizada corporalmente; pensar não é
só copiar mentalmente a realidade corporal. Os pensamentos
combinam-se entre si em processos mais complexos, ou seja,
formam-se pensamentos de pensamentos. Produtos já
destilados são destilados novamente, resultando outros
produtos de melhor qualidade ainda. Por sua vez, estes
últimos combinam-se de várias formas, num processo
sucessivo de abstrações sobre abstrações, e isso pode nunca
ter fim. (FREIRE, p. 125, 1997).
Evidencia-se assim, todo o conhecimento científico, biológico e psicopedagógico
que embasa a Educação Física como uma disciplina tão importante quanto as demais
no meio escolar. Ainda mais quando trata-se de desenvolvimento infantil e, vem aí a
parte da Educação Física onde atuam, principalmente, a ludicidade e o suporte da
Psicomotricidade maior ênfase ao trabalho com as crianças e, garantindo-lhes um real
e verdadeiro desenvolvimento integral.
Em relação ao seu papel pedagógico, a Educação Física deve
atuar como qualquer outra disciplina da escola, e não
desintegrada dela. As habilidades motoras precisam ser
desenvolvidas, sem dúvida, mas deve estar claro quais serão
as consequências disso do ponto de vista cognitivo, social e
afetivo. Sem se tornar uma disciplina auxiliar de outras.
(FREIRE, p. 24, 1997).
A Educação Física, atuando desde a mais tenra idade, dentro da
Educação Infantil, enriquece a contribuição para a formação integral da criança
e proporciona assim, oportunidades de um futuro de aprendizagens menos
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conflitante construído no tocante das questões físicas, afetivas, cognitivas e
sociais.
Quando o professor conscientizar-se de que a educação pelo
movimento é uma peça mestra da área pedagógica, que
permite à criança resolver mais facilmente os problemas atuais
de sua escolaridade e a prepara, por outro lado, para a sua
existência futura de adulto, essa atividade não ficará mais para
segundo plano, sobretudo porque o professor constatará que
esse material educativo não verbal, constituído pelo
movimento, é, por vezes, um meio insubstituível para afirmar
certas percepções, desenvolver formas de atenção, pondo em
jogo certos aspectos da inteligência. (ALVES, p.155, 2012).
Tal caráter figurativo dado à Educação Física que, ainda vigora no meio
escolar, se dá, na maioria dos casos, pela resistência em deixar de visualizar a
Educação Física como uma prática excludente ou meramente recreativa. É
fato que, ao longo da sua História, a Educação Física apresentou-se dentro dos
parâmetros competitivos e, daí, era bastante excludente em sua essência. Os
jogos, camuflados nas raízes desportivas, destacavam um fator de mero
desenvolvimento atlético e, daí, pensar a prática destas atividades para
crianças menores como as da Educação Infantil ou pensar a Educação Física
como uma disciplina de importante contribuição para a infância tornou-se
durante muito tempo algo sem significância ou sem valorização.
O esporte, como prática social que institucionaliza temas
lúdicos da cultura corporal, se projeta numa dimensão
complexa de fenômeno que envolve códigos, sentidos e
significados da sociedade que o cria e o pratica. Por isso, deve
ser analisado nos seus vaiados aspectos, para determinar a
forma em que deve ser abordado pedagogicamente no sentido
de esporte “da” escola e não como o esporte “na” escola.
Porém, atualmente, torna-se inconcebível que profissionais da Educação não
estejam inteirados das possibilidades de aprendizagem inerentes ao ser humano e,
daí não vejam que, pensar a Educação Física como disciplina, como parte integrante e
irrelevante do currículo escolar desde a mais tenra idade é valorizar uma Educação
verdadeiramente integral do indivíduo. Não submeter as crianças à restrição de
movimentos, submetendo-as a uma espécie de temor escolar, onde por ter que negar
sua essência infantil, muitas veem na escola de Educação Infantil o terror de além de
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separar-se do seio familiar por um tempo ainda são tolhidas no que mais sabem fazer
e, o fazem com prazer, que é brincar.
Às vezes falta visão ao sistema escolar, às vezes faltam
escrúpulos. É difícil explicar a imobilidade a que são
submetidas as crianças quando entram na escola. Mesmo se
fosse possível provar (e não é) que uma pessoa aprende
melhor quando está imóvel e em silêncio, isso não poderia ser
imposto, desde o primeiro dia de aula, de forma súbita e
violenta. (FREIRE, p. 12, 1997).
Eis a Educação Física como protagonista no trabalho voltado ao
desenvolvimento infantil e não mais como mera coadjuvante, pois, em casos
extremos, ainda é possível deparar-se com quem ouse dizer que, a esta
disciplina, cabe mesmo a função de figurante no meio escolar.
[...]É por isso que não é justo, do ponto de vista pedagógico,
investir-se na formação dos movimentos sem levar em conta o
desejo humano de compreender o mundo. O ser humano tem
o direito de fazer e compreender. A tarefa fundamental da
escola é promover o fazer juntamente com o compreender.
(FREIRE, p.27, 1997)
Assim a Educação Física lança mãos da ludicidade através dos jogos coletivos e
individuais, das brincadeiras, cantigas, pequenos desafios, etc., trazendo significância
e prazer ao aprendizado e desenvolvimento das crianças, principalmente de 3 a 5
anos, fase essa, considerada importantíssima à aquisição de novos conhecimentos,
explorações e descobertas de novas possibilidades individuais e no meio.
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4º Capítulo
SOB O OLHAR DA NEUROCIÊNCIA.
“Ensinar a uma pessoa uma habilidade nova implica maximizar
o potencial de funcionamento de seu cérebro. Isso porque
aprender exige necessariamente planejar novas maneiras de
solucionar desafios, atividades que estimulem diferentes áreas
cerebrais a trabalhar com máxima capacidade de eficiência. ”
Pensar uma prática pedagógica sem atentar para a importância de
conhecer o funcionamento cerebral é lançar-se num mar de incertezas e
experimentos que, por muitas vezes, podem ser infundados e nocivos. Além
disso, o conhecimento apropriado da evolução humana dentro dos parâmetros
cerebrais, leva a uma compreensão mais articulada e produtora de ações
eficazes na busca de meios que garantam um melhor desenvolvimento integral
dos educandos.
O sistema nervoso humano, o mais complexo da natureza,
parte do mesmo plano neuronal dos vertebrados:
rombencéfalo (metencéfalo e mielencéfalo); mesencéfalo e
prosencéfalo (diencéfalo e telencéfalo); milhões de células e de
glias; redes neuronais progressivamente centralizadas e
encefalizadas; áreas cerebrais de regionalização e de
espacialização bem definidas (primárias, secundárias e
terciárias sensoriais e motoras); tronco cerebral, cerebelo e
medula; axônios distais versáteis (boca, face, pés e mãos);
analisadores sensoriais sofisticados, lobos supradesenvolvidos;
e, finalmente, uma neuroplasticidade potencial ilimitada para
conquistar novas habilidades motoras, afetivas e cognitivas.
(FONSECA, p. 41, 2010).
Assim, a estimulação bem feita possibilita a ativação da área específica e
promove a plasticidade cerebral (capacidade de reorganização e
reestruturação do cérebro) ao formar novas conexões e caminhos cada vez
mais complexos e embasados de experiências para alcançar os objetivos
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propostos. A melhor forma está no conhecimento do cérebro, conhecer aquele
que é o principal órgão da estrutura humana.
O cérebro humano divide-se me dois hemisférios e, estes, estão divididos
em lobos: “frontal (processamentos complexos – planejamento, iniciação os
movimentos voluntários), parietal (área de projeção e processamento
somestésico), occipital (área de projeção e processamento visual) e temporal
(área de projeção e processamento auditivo), além destes há a ínsula que fica
oculta sob os lobos frontais e temporal”. Tais hemisférios e suas respectivas
funções destacam-se no quadro a seguir:
RELVAS, 2005, p.31
Essa duplicidade cerebral exige que os estímulos sejam específicos e
evolutivamente contínuos, ou seja, conhecendo o cérebro, suas áreas e
especificidades, também os estímulos serão melhor direcionados facilitando o
alcance dos objetivos traçados à aprendizagem em questão.
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Sabe-se, entretanto, que estas áreas não executam uma função
isoladamente ou são ativadas por um único estímulo. Tais organizações não
agem independentemente, apesar de uma área sobressair funcionalmente em
relação à outra em relação o estímulo recebido, haverá um combinado de
ações para a execução de determinadas funções. Quando uma área
sobressai, há sempre outra ou outras envolvidas numa ação secundária,
concomitantemente à uma formação complexa como resposta às interligações
das mesmas. Destaca-se assim a complexidade funcional do sistema nervoso
humano.
Corroborando com RELVAS, 2012, p.35, “a Neurociência é, assim, o
conjunto das disciplinas que estudam, pelos mais variados métodos, o sistema
nervoso e a relação entre as funções cerebrais e mentais”. Daí, tem-se no
campo das Neurociências as bases científicas necessárias e inerentes ao
conhecimento de como se dão, cerebralmente falando, as ações de ensino e
aprendizagem do ser humano, levando-se em consideração toda a
complexidade das práticas educacionais. Dentro desse campo educacional
está a Educação Física como detentora de conhecimentos voltados ao
desenvolvimento humano a partir da Motricidade e, embasados no campo da
Psicomotricidade.
Em síntese, a motricidade humana procura ilustrar a evolução
e a aprendizagem do ser humano, na medida em que é o meio
privilegiado do organismo para interagir ativamente com o
mundo exterior e, concomitantemente, para aprender com a
ajuda do qual o indivíduo constrói a sua própria representação
do real. Os efeitos produzidos pela motricidade no ser humano
são simultaneamente psíquicos, pois tanto revelam ao sujeito a
sua própria subjetividade e identidade como revelam as
propriedades dos objetos e do meio ambiente que o rodeia.
Esta dimensão da motricidade nos animais não ocorre, pois os
seus níveis de explicação são genéticos e dependentes de
instintos, enquanto os da motricidade humana são
biopsicossociais e dependentes do processo histórico e
cultural. (FONSECA, p. 57, 2010)
Como exposto anteriormente, a criança do pré-escolar, é aquela que seu
desenvolvimento se dá através de movimentos corporais principalmente, e daí
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sua aprendizagem vem pautada no brincar como um elemento de suma
importância na construção do seu esquema corporal, reconhecendo-se como
parte integrante do meio em que vive.
O brincar é importante para o desenvolvimento saudável do
corpo e do cérebro. Ele permite que as crianças envolvam-se
com o mundo à volta delas, usem sua imaginação, descubram
formas flexíveis de usar objetos e solucionar problemas e
preparem-se para papéis adultos.
O brincar contribui para todos os domínios do desenvolvimento.
Por meio dele, as crianças estimulam os sentidos, exercitam os
músculos, coordenam a visão com o movimento, obtêm
domínio sobre seus corpos, tomam decisões e adquirem novas
habilidades. (PAPALIA; FELDMAN, 2013, P.296).
Ter a Educação Física como disciplina integradora das práticas
educacionais na Educação Infantil, não resume-se apenas em trabalhar o
brincar isoladamente e desvencilhando dos demais profissionais envolvidos
com a criança deste período, mais uma “obrigação”. É mais que sabido do
quão importante é a prática de atividade física ou exercício físico par o adulto e,
principalmente, para a criança. O brincar entra nessa história para trazer
significado, pois afetiva e emocionalmente atrairá a criança e, esta,
desenvolverá tudo o que se espera para ela a partir da estimulação dos jogos,
brincadeiras, cantigas, etc.
Não trata-se apenas de fortalecimento de músculos, mas de ossos,
beneficiamento dos sistemas respiratório, circulatório, excretor, melhora da
condição mental, corporal e emocional.
“Enfim, trazer atividades corporais, para além da sala de aula,
propiciando experiências que favorecerão a motricidade fina,
auxiliariam os alunos de ritmo normal e os de aprendizagem
lenta a vencer melhor os desafios da leitura e da escrita”.
(ALVES, p. 149, 2012).
A Educação Física vai tratar o indivíduo em sua totalidade e, assim,
permitir um melhor desenvolvimento e embasamento para desafios futuros
como os da leitura e escrita, por exemplo.
A criança, cujo desenvolvimento psicomotor é mal constituído,
poderá apresentar problemas na escrita, na leitura, na direção
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gráfica, na distinção de letras (Exemplo: b/d), na ordenação de
sílabas, na abstração (Matemática), na análise gramatical,
entre outras. (ALVES, p. 144, 2012).
A prática motriz, num tocante neuronal, é importante suporte ao processo
de aprendizagem da criança, na Educação Infantil, principalmente. É nesta
fase que a criança está mais apta ao aprendizado e a ação corporal é o
principal meio para isto.
A Educação Física tem como objetivo estimular o
desenvolvimento psicomotor e, como princípio fundamental,
despertar a criatividade, além de contribuir para a formação
integral do educando. Utilizando-se das atividades físicas e da
educação psicomotora, que associadas aos potenciais
intelectuais, afetivos e sociais, garantirá à criança segurança e
equilíbrio, permitindo-lhe desenvolver-se e organizar
corretamente as suas relações com os diferentes meios nos
quais deve evoluir. (ALVES; Kyrillos; Sanches [et al.], p. 174,
2011).
Os estímulos provocados através de brincadeiras, jogos, cantigas, levam
ao despertar de interesses que fazem com que a criança, primeiramente,
receba sensorialmente esta informação, crie para ela uma representação
mental, organize-a dentro dos seus conhecimentos e da relação que tem como
meio, gere uma possível resposta e daí a execute corporalmente. Pode-se
perceber como se dão essas informações numa colocação de
AJURIAGUERRA, 1974, citada por FONSECA, 2010:
A execução de uma ação desencadeia mecanismos cerebrais
comuns equivalentes à sua observação, e, deste modo, as
representações próprias e internas das ações dos próprios
sujeitos desencadeiam representações nascidas das
interações externas como os outros indivíduos. A intenção e a
realização da ação são coincidentes. Pensar em uma ação é
preparar-se para executá-la, e, por isso, a ontogênese da
criança revela a filogênese e a sociogênese da espécie, passa
primeiro por ser receptora, depois, espectadora e, só mais
tarde, atriz de modelos sociais. (AJURIAGUERRA,1974).
Essa vivência dará a essa criança uma possibilidade de criar memórias
significativas em relação ao aprendizado em questão. Há um circuito nervoso
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de formação e comando dessas respostas motrizes e, essas respostas, dão ao
cérebro novas informações e cheias de significados à formação de novas
memórias para execuções futuras mais complexas.
Não estou afirmando que a mente se encontra no corpo. Mas
que o corpo contribui para o cérebro com mais do que
manutenção da vida e com mais do que efeitos modulatórios.
Contribui com um conteúdo essencial para o funcionamento da
mente normal. (DAMÁSIO, p. 202, 2012).
“O circuito humano cérebro-motricidade-cérebro: FONSECA, p.168, 2010.
“O movimento influencia a maturação do sistema Nervoso da criança que
é, no seu acabamento e formação individual, função das relações e das
correlações entre a ação e a sua representação” (ALVES, p.143, 2012).
Porém, o movimento voluntário está ligado à cognição, à motivação. Essa
motivação, por sua vez, depende de um estímulo e é aí que entra a importância
do conhecimento do funcionamento do cérebro, das vias pelas quais se dá a
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realização dos movimentos e quais estímulos irão propiciar o alcance dos
objetivos educacionalmente traçados. Estar motivado, e isso é algo intrínseco,
é muito importante para a aquisição de novos conhecimentos, para a
aprendizagem em geral.
Deste modo, em vez de a motricidade depender mais das
condições externas do meio, como na maioria dos animais, a
motricidade humana ao longo da Hominização foi dependendo
cada vez mais da organização mental interna que se impôs
ao meio, ilustrando que a evolução da regulação da
motricidade foi ocorrendo do reflexo à reflexão.
A motricidade humana, ou melhor, a Psicomotricidade,
funciona como um todo, pois resulta da interconexão de
reflexos, de automatismos e de praxias. Em outro plano de
fundamentação, resulta da integração de reflexos, emoções e
de símbolos. (FONSECA, p. 161, 2010).
Daí tamanha dependência dos estímulos oferecidos em todos os campos:
visual, auditivo, tátil, olfativo e, até mesmo, gustativo, dependendo da
aprendizagem que se deseja desenvolver. Quanto maior o leque de
informações e vivencias corporais oferecido à criança na Educação Infantil,
melhor a qualidade de aquisição de conhecimentos.
Para crianças acima dos três anos - os estímulos qualitativos
devem ser direcionados para a espacialidade. Realizar
atividades, como pular amarelinha, pular corda, montar peças
de um quebra cabeça, relacionar o jogo das letras com as
palavras, trabalhar com as cores, contar estórias e pedir à
criança que elabore uma também. Desenvolver as habilidades
finas e refinadas usando as pontas dos dedos e dos pés.
(RELVAS, p. 180, 2014).
Tal variedade e qualidade de estímulos levará à promoção de uma
plasticidade neural no cérebro dessa criança, pois suas possibilidades neurais
de aquisição de conhecimentos, de aprendizagem são infinitas. O que irá
determinar o quantitativo dessas aprendizagens é a qualidade dos estímulos
que receberão.
Pode se falar da plasticidade quando, a cada nova experiência
do indivíduo, redes de neurônios são rearranjadas, outras
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tantas sinapses são reforçadas, e múltiplas possibilidades de
respostas ao ambiente tornam-se possíveis. (RELVAS, p. 203,
2012).
Assim, corrobora-se com Damásio, 2012 quando diz que “o cérebro e o
corpo encontram-se indissociavelmente integrados por circuitos bioquímicos e
neurais recíprocos dirigidos um para o outro”. E, estando corpo e cérebro,
dirigidos um para o outro, não se pode tratar da Educação Física e da sua
prática pautada na ludicidade como fator de significância dentro da Educação
Infantil, sem atentar para os fatores emocionais que modulam as respostas aos
estímulos dados conforme forem recebidos. Assim, “aprendemos com a
cognição, mas, sem dúvida alguma, aprendemos pela emoção. O desafio é
unir conteúdos coerentes, desejos, curiosidades e afetos para uma prazerosa
aprendizagem” (RELVAS, p.129, 2014).
Conforme vai vivenciando e experimentando, a criança vai acumulando
essas informações, formando seus “arquivos” de memórias variadas que, em
seguida servirão de base para a aquisição de novos conhecimentos e
ampliação de suas aprendizagens. Sabendo que tudo esse circuito não faz do
cérebro o único responsável, pois para que este incrível órgão seja capaz de
executar tantos comandos, suas ações dependerão de demais sistemas,
principalmente no tocante sensorial.
A forma de aprender está relacionada ao recebimento de
estímulos que captamos pelos nossos sentidos, esses nossos
fiéis escudeiros e selecionadores de estímulos chamados
sensoriais. Esses estímulos conhecidos como informações
(som, visão, tato, gustação, olfação) chegam ao tálamo que é
uma estrutura do cérebro que tem a função de receber esses
estímulos e reenviá-los para áreas específicas que são
responsáveis na elaboração, decodificação e associação
dessas informações. O tálamo funciona como um “aeroporto” e
junto com o hipotálamo, as amígdalas cerebrais (responsável
pela emoção), e o hipocampo (responsável pela memória de
longo prazo) promovem as lembranças e a aprendizagem
significativa. (RELVAS, p.132, 2014).
Assim, não se pode declarar, em sã consciência, que é possível promover
modificações no organismo alheio, modulando-o de acordo com os objetivos de
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quem assim o deseja. Porém, uma vez proporcionando variações de estímulos
e de possibilidades de aprendizagens também diferenciadas, permitir-se-á ao
próximo, que, com base nas suas experiências, vivências e em conformidade
com o meio no qual está inserido, modificar-se de acordo com seu interesse.
Com isso, a Educação Física, dentro do tocante lúdico que é prazeroso para a
criança, pode até aproximar-se ao máximo desta e com suas estratégias
oferecer diversas formas de desenvolvimento integral e aprendizagens
significativas, mas a intensidade e qualidade de apreensão dos conceitos
caberá à criança dentro das especificidades no seu desenvolvimento individual.
Vimos que o único educador capaz de formar novas reações
no organismo é a sua própria experiência. Só aquela relação
que ele adquiriu na experiência pessoal permanece efetiva
para ele. É por isso que a experiência pessoal do educando se
torna a base principal do trabalho pedagógico... É impossível
exercer influência imediata e provocar mudanças no organismo
alheio, é possível apenas a própria pessoa educar-se, ou seja,
modificar as suas reações inatas através da própria
experiência. “Os nossos movimentos são os nossos mestres”.
No fim das contas, a própria criança se educa. (VIGOTSKY,
p.63-64, 2010)
Daí a força que a Educação Infantil encontra no trabalho da Educação
Física pela condição e capacidade desta área em atuar com as mais variadas
possibilidades de expressão e aprendizagens. As brincadeiras, as cantigas,
danças, jogos, os inúmeros desafios criados servirão de fatores estimulantes
ao desenvolvimento da criança neste período, pois o novo é sempre um
importante alimento à evolução da capacidade cerebral para a aquisição de
novos conhecimentos.
As bases peculiares da infância são necessárias ao adequado
desenvolvimento de cada indivíduo. A Educação Infantil
caminha entre acertos e experimentações, e as Neurociências,
mais precisamente as ciências cognitivas, propõem promover
uma compreensão maior dos processos de ensino e
aprendizagem. O educador deve oferecer, por meio de sua
prática, um ambiente que respeite as diferenças individuais,
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permitindo que os indivíduos se sintam estimulados do ponto
de vista intelectual e emocional. (RELVAS, p. 203, 2012).
A prática da Educação Física na Educação Infantil não pode mais ser
tratada como uma espécie de “conto de fadas” ou como uma atividade
puramente recreativa, pois há muita contribuição a ser dada por esta disciplina,
principalmente no período em questão. A criança da Educação Infantil, no
período pré-escolar, é pura ludicidade e, esta vertente lúdica se dá, especial e
significativamente num estilo de aprendizagem cinestésico. O movimento é o
melhor meio de experimentação prática das suas possibilidades corporais que,
levarão assim, ao exercício da sua capacidade e evolução cognitiva, seja pela
exigência de atenção, concentração, busca de estratégias, controle emocional
nas relações com o outro, com o erro e o êxito, etc. É exatamente, neste
momento, que a criança está mais suscetível à aquisição de novas
aprendizagens e melhor desenvolvimento de forma integral.
Como o sistema nervoso de uma criança em desenvolvimento
é mais plástico que o de um adulto, é muito importante a
atuação correta e eficaz na estimulação da plasticidade para
favorecer a máxima da função motora/ sensitiva do aprendiz,
visando facilitar o processo de aprender no cotidiano escolar.
(RELVAS, p.38, 2010).
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CONCLUSÃO
Faz-se necessário refletir, neurocientíficamente, os benefícios da prática
da Educação Física desde a idade pré-escolar, sendo mais do que sabido que
propiciar um ambiente rico em estímulos dos mais variados às crianças desde
a mais tenra idade é, garantir a este ser, um desenvolvimento psicomotor mais
amplo e enriquecido. É garantir a esta criança, possibilidades de crescer com
mais propriedade do seu esquema corporal bem trabalhado.
Sabe-se bem que a criança, neste período da Educação Infantil, é puro
movimento e, desta maneira aprende muito ou tudo por meio deste com total
significância.
Crianças que chegam monossilábicas à escola por inúmeros motivos
provenientes do ambiente no qual estavam inseridas. Cantigas, brincadeiras e
jogos recreativos ajudarão numa aquisição mais ampla de novas palavras,
enriquecendo assim, seu vocabulário.
Deste modo, o processo de ensino e aprendizagem na pré-escola visando
valorizar as práticas educacionais pertinentes à Educação Física, possibilitará
que o educando desta fase seja atendido sob uma perspectiva global de seu
desenvolvimento, uma vez que, esta área da Educação possui mecanismos de
base científica que garantirão um trabalho integral em prol da aprendizagem
das crianças na fase em questão. Partindo do conhecimento que se tem sobre
o sistema nervoso, por meios dos movimentos, jogos e brincadeiras, propiciará
um significativo trabalho dentro do campo da plasticidade cerebral tão vasto e
mais acentuado na criança.
Vale ressaltar que o quanto antes for oportunizado ao educando meios de
melhor se desenvolver, respeitando suas individualidades, capacidades, com
significância dentro da sua fase de desenvolvimento e o reconhecendo dentro
das possibilidades comuns à todo ser, melhor será a sua capacidade de
aprender já que sabemos que, esta, é infinita e, menores serão as condições
de exclusão e, ou rotulações identicamente excludentes.
Conclui-se, portanto, respaldando-se nos conhecimentos modulados pela
Neurociência no campo da aprendizagem que, dissociar no meio educacional,
principalmente na Educação infantil, o corpo do cérebro é andar na contramão
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da ciência educacional e, daí, negar a integralidade do ser humano
propriamente dito total em todas as suas facetas.
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I. UMA REFLEXÃO SOBRE A EDUCAÇÃO INFANTIL 10
CAPÍTULO II. POR UM ESQUEMA CORPORAL MELHOR VIVENCIADO
PELA CRIANÇA DE 3 A 6 ANOS. 20
CAPÍTULO III. A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO
INFANTIL 30
CAPÍTULO IV. SOB O OLHAR DA NEUROCIÊNCIA. 40
CONCLUSÃO 50
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 52
ÍNDICE 56 FOLHA DE AVALIAÇÃO 57
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FOLHA DE AVALIAÇÃO