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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA COMO EVITAR OU REVERTER O EFEITO TESOURA A gestão do capital de giro das empresas com foco na sobrevivência. Por: Arminda Paula de Oliveira Vital Orientadora Prof. Luciana Madeira Rio de Janeiro Outubro de 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

COMO EVITAR OU REVERTER O EFEITO TESOURA

A gestão do capital de giro das empresas com foco na

sobrevivência.

Por: Arminda Paula de Oliveira Vital

Orientadora

Prof. Luciana Madeira

Rio de Janeiro

Outubro de 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

COMO EVITAR OU REVERTER O EFEITO TESOURA

A gestão do capital de giro das empresas com foco na

sobrevivência.

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Auditoria e Controladoria.

Por: . Arminda Paula de Oliveira Vital.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, a meu marido João

que sempre me motivou, à minha mãe

Zilda que me ajudou a ter condições de

continuar e à minha filha Laura que me

estimula a melhorar sempre.

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho à minha família

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RESUMO

A sobrevivência de uma organização está diretamente relacionada à

qualidade da gestão da mesma, principalmente no que tange a gestão dos

seus recursos financeiros.

A gestão do capital de giro da empresa, suas fontes, suas origens e o

correto dimensionamento do mesmo depende de uma idéia clara quanto ao

seu entendimento e aos mecanismos que o movem, tanto em direção ao uma

situação financeira saudável quanto à situação de deficiência financeira.

O correto gerenciamento do capital de giro passa pelo conhecimento do

denominado efeito tesoura o qual é verificado através da observação da curva

formada pelo valor de tesouraria no decorrer de determinado período bem

como a curva do capital circulante próprio que quando sobrepostas podem

apresentar tendência a afastar-se formando um desenho que se assemelha ao

formato de uma tesoura aberta.

Essa característica indica que a empresa vem piorando sua capacidade

de gerar recursos próprios para o financiamento de sua necessidade de capital

de giro bem como uma tendência à gerar saldos negativos de tesouraria.

Esse trabalho visa demonstrar que com a correta gestão das fontes e

aplicações de recursos, bem como a administração de prazos, a empresa pode

reduzir sua necessidade de capital de giro à medida que busca as melhores

fontes para cobri-lo, evitando assim o efeito tesoura, um dos principais

ocasionadores da descontinuidade de empresas.

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METODOLOGIA

O trabalho foi desenvolvido tendo como base de pesquisa a consulta a

material bibliográfico amplamente utilizado no meio acadêmico, tais como

Análise financeira de balanços: abordagem gerencial de Dante Carmine

Matarazzo (2010), Gestão e análise de risco de crédito de José Pereira da

Silva (2000) e Princípios da administração financeira de Lawrence J Gitman

(2008) além de pesquisa de campo junto a profissional da área de gestão de

risco de crédito de instituição financeira e estudo de caso de empresas reais,

entre os anos de 2007 e 2010.

A pesquisa de campo considerou entrevistas junto ao gestor

responsável pela área de risco de Instituição Financeira com cerca de dez

anos de experiência na análise de empresas de diferentes setores de atuação,

suas opiniões e percepções dentro do escopo de seu trabalho e das empresas

as quais foram objeto de seu estudo com fins de concessão de crédito

comercial.

Os estudos de caso são apresentados de forma comparativa de modo a

apresentar, de formar sucinta, os efeitos da gestão de prazos, dos fontes e

aplicações e o efeito dessa gestão conjunta na necessidade de capital de giro

da empresa.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - O Conceito da Necessidade de Capital de Giro 09

CAPÍTULO II - O Efeito Tesoura 21

CAPÍTULO III – Evitando o Efeito Tesoura 26

CAPÍTULO IV – Redução da Necessidade de Capital de Giro 29

CAPÍTULO V – Estudo de Casos Reais 32

CONCLUSÃO 37

ANEXOS 38

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 48

ÍNDICE 49

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INTRODUÇÃO

Entender os elementos que determinam a necessidade de capital de

giro da empresa e os fatores que implicam a melhor gestão do mesmo é

essencial para a manutenção da saúde financeira da empresa.

O crescimento do volume de negócios ocasionado basicamente pelo

crescimento do faturamento acompanhado do aumento de contas patrimoniais

tais como Clientes e Estoques acarretam a necessidade de buscar fontes que

financiem tais contas, que podem ser não onerosas como é o caso do

financiamento através de Fornecedores ou onerosas como a contratação de

empréstimos bancários.

Evitar o aumento da necessidade de capital de giro não é saudável

para a empresa, pois isso pode representar um refreamento de seu

crescimento natural. O que se deve buscar é uma melhor gestão das fontes

de financiamento dessa necessidade de capital de giro no intuito de não

aumentar despesas financeiras desnecessariamente, bem como a gestão do

ciclo financeiro e operacional da empresa.

O efeito tesoura (SILVA, 2000) pode e deve ser evitado a cada decisão

da empresa no que diz respeito a quais fontes e aplicações de recursos utilizar

no âmbito da administração financeira da empresa, seja ela de que segmento

for, independentemente do modelo de gestão a qual subordina-se, seja ela

familiar ou de quadro profissionalizado.

A sobrevivência de cada companhia bem como a qualidade de vida de

seus colaboradores depende da gestão desses recursos, cabendo aos

profissionais responsáveis pela tomada de decisão, considerar os aspectos

inerentes às suas decisões e as variáveis impactantes de tais decisões.

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CAPÍTULO I

O CONCEITO DA NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO

... Jesus é a solução para todas as coisas.

Para um melhor entendimento do conceito de Necessidade de Capital

de Giro, é preciso compreender o conceito de Investimento Operacional em

Giro, ou IOG.

É importante termos em mente o que José Pereira da Silva, destaca:

“É importante destacar que podemos encontrar , nas

diversas bibliografias, três denominações que podem

designar o mesmo conceito, podendo trazer apenas

pequenas variações, isto é: Investimento Operacional em

Giro (IOG), Working Investment (WI) e Necessidade de

Capital de Giro (NCG)” (SILVA, 2000, p.245)

1.1 – Investimento Operacional em Giro

O IOG é uma metodologia de análise relativamente simples e muito útil

para determinarmos a saúde financeira de uma empresa, a partir do momento

que nos fornece uma visão sistêmica sobre a relação de diversas áreas de

decisão na empresa e sobre suas interações no âmbito de negócios, gestão e

resultado financeiro (SILVA, 2000).

O IOG é a chave para a administração financeira de uma empresa.

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Segundo Dante Carmine Matarazzo em seu livro Análise Financeira de

Balanços,

“Necessidade de Capital de Giro, que designaremos

NCG, não é só um conceito fundamental para a análise

da empresa do ponto de vista financeiro, ou seja, análise

de caixa, mas também estratégias de financiamento,

crescimento e lucratividade.” (MATARAZZO, 2010, p.283)

Ainda, segundo Matarazzo:

“Nenhuma análise econômico-financeira de empresa

produtiva (excluem-se, portanto empresas financeiras e

securitárias) pode prescindir de abordar a NCG, tamanha

a sua importância.” (MATARAZZO, 2010, p.284)

O IOG está contido no CCL (Capital Circulante Líquido), sendo

representado por recursos que apesar de pertencerem ao ativo circulante,

estão de certa forma, relacionados ou possuem significado voltado a

aplicações permanentes. Tais aplicações estão relacionadas de forma direta

com a atividade operacional da empresa, como duplicatas a receber, estoques,

adiantamentos a fornecedores etc.

Entretanto, existem algumas fontes de recursos que estão

relacionadas à atividade operacional da empresa e que se renovam

espontaneamente, no desenrolar de suas operações, tais como fornecedores,

salários a pagar, tributos a recolher etc.

Ao desmembrarmos o balanço patrimonial separando suas contas

operacionais das demais, teremos uma estrutura que melhor nos auxiliar a

visualizar e estruturar três conceitos básicos (SILVA):

IOG = ACO – PCO

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CPL = PNC – ANC

T = ACF – PCF

Sendo:

IOG = Investimento Operacional em Giro

ACO = Ativo Circulante Cíclico (ou operacional)

PCO = Passivo Circulante Cíclico (ou operacional)

CPL = Capital Permanente Líquido

PNC – Passivo Não Circulante

ANC = Ativo Não Circulante

T = Tesouraria

ACF = Ativo Circulante Financeiro

PCF = Passivo Circulante Financeiro

É preciso, primeiramente, analisar o IOG.

O ACO, assim como os demais itens do Ativo é uma aplicação de

recursos, enquanto que o PCO é uma fonte de recursos. Tanto o ACO quanto

o PCO decorrem do ciclo das operações da empresa. A tendência é de que o

IOG seja uma aplicação líquida de recursos que ocorre em função do tipo de

atividade exercida pela empresa.

As situações mais elementares que podem ocorrer dentro de uma

empresa, com relação ao ativo circulante operacional (ACO) e o passivo

circulante operacional (PCO), podem ser assim resumidas (SILVA, 2000):

ACO > PCO

É a situação normal na maioria das empresas. Neste caso, existe uma

necessidade de capital de giro ou investimento operacional em giro, para a

qual devem ser encontradas fontes de financiamento que sejam adequadas

(SILVA).

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ACO = PCO

No caso em que o ativo circulante operacional é igual ao passivo

circulante operacional, temos que a necessidade de capital de giro ou

investimento operacional em giro é equivalente a zero ou inexistente (SILVA).

ACO < PCO

A empresa tem mais financiamentos operacionais do que investimentos

operacionais. Neste caso, sobram recursos das suas atividades operacionais,

que poderão ser utilizados para aplicação no mercado financeiros ou para

outros fins de cunhos operacionais da empresa ou mesmo expansão de sua

planta física, por exemplo. Neste caso, temos um financiamento operacional

em giro, quando o total das fontes operacionais superam suas aplicações

(SILVA).

O montante de recursos que cada empresa necessita para financiar o

IOG é função do tipo de atividade que desenvolve.

1.2 – Ciclo Financeiro da empresa

Cada atividade tem suas características próprias. O ciclo de operação

de uma empresa agrícola que produz milho, por exemplo, será diferente do

ciclo de uma empresa também agrícola que produza café. O ciclo de produção

de um navio é diferente do clico de produção de canetas esferográficas (Silva,

2000).

As atividades normais de uma empresa comercial, por exemplo,

compreendem as seguintes fases:

COMPRA è ESTOCAGEM è VENDA

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As compras podem ser a vista ou à prazo. As mercadorias adquiridas

podem ser vendidas rapidamente ou podem demorar a serem vendidas,

ficando retidas nos estoques. Da mesma forma, as vendas podem acontecer à

vista ou a prazo. A variação nesses prazos dependerá das escolhas feitas

pelo gestor da empresa frente às condições de mercado e demanda.

Para exemplificação, considera-se que um supermercado trabalhe com

as seguintes condições:

Prazo médio de rotação dos estoques è 34 dias

Prazo médio de recebimento de vendas è à vista

Prazo médio de pagamento de compras è 51 dias.

O ciclo financeiro é o período que a empresa leva até que o dinheiro

investido volte ao caixa, ou seja, compreende o prazo médio de estoques, mais

o prazo médio de recebimento de vendas menos o prazo médio de pagamento

a fornecedores. No exemplo temos 34 dias + 0 dias – 51 dias = - 17 dia.

(SILVA, 2000)

Para este supermercado em questão, verifica-se que sua atividade

permite que trabalhe 17 dias com o dinheiro do fornecedor, período que tem

para pagar após o recebimento. Nesse caso ao invés de um investimento

operacional em giro, verifica-se um financiamento operacional em giro. Dessa

forma, o supermercado não precisará de recursos próprios para financiar sua

atividade.

Enquanto na empresa comercial (como é o caso de um

supermercado), o foco de sua atividade está na intermediação, numa empresa

industrial ocorre a transformação de matéria prima em produtos.

Nesse caso, o ciclo começa na compra da matéria-prima e termina na

venda do produto acabado. O tempo dependerá do tipo de atividade da

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empresa bem como da modernização de seus processos entre outros

elementos tais como prazo do recebimento dos clientes.

Considere-se que essa empresa industrial trabalhe com os seguintes

prazos:

Prazo médio de rotação de estoques è 523 dias

Prazo médio de recebimento de vendas è 128 dias

Prazo médio de pagamento de compras è 93 dias

Uma empresa com um ciclo financeiro dessa magnitude requer

elevado volume de IOG.

Abaixo, uma demonstração gráfica do ciclo financeiro e operacional de

uma empresa industrial.

Fonte: Internet

Quanto maior o ciclo financeiro de uma empresa, maior sua

necessidade capital de giro.

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1.3 – Capital Permanente Líquido e Saldo de Tesouraria

Sendo o investimento operacional em giro, tratado como uma

aplicação de recursos decorrente da própria atividade da empresa, e a efetiva

avaliação de sua saúde financeira será resultado de como a empresa financia

tal aplicação.

Os investimentos no ativo permanente e no realizável a longo prazo,

mais uma parcela do ativo circulante líquido deveriam ser financiados com

recursos próprios mais passivo não circulante (exigível a longo prazo).

Abaixo, a exemplificação no quadro 1:

Ativo $ Mil Passivo $ MilDisponibilidades 1.525 Duplicatas descontadas 0Aplicações Financeiras 40.467 Insituições financeiras 15.727Ativo Circulante Financeiro 41.992 Outros não ciclicos 13.267

Passivo circulante financeiro 28.994Duplicatas a receber 72.457 Fornecedores 14.460Estoques 50.223 Salários e encargos 14.762Outros circulantes 22.702 Impostos e taxas 6.407Ativo circulante cíclico 145.382 Outros circulantes 7.461

Passivo Circulante cíclico 43.090Total do ativo circulante 187.374 Passivo Circulante 72.084

Realizavel a longo prazo 22.146 Exigível a longo prazo 20.692Permanente 277.304 Patrimonio líquido 394.048Ativo Não ciurculante 299.450 Passivo Não circulante 414.740

Ativo total 486.824 Passivo total 486.824

Balanço Patrimonial Exemplo

Fonte: elaboração pelo autor

Com base no exemplo acima, desenvolvem-se os cálculos a seguir

(Silva, 2000):

CCL = AC – PC è CCL = 187.374 – 72.084 è CCL=115.920

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IOG = ACO - PCO è IOG = 145.382 – 43.090 è IOG = 102.292

CPL = PNC – ANC è CPL = 414.740 – 299.450 è CPL = 115.920

T = CPL – IOG è T = 115.920 – 102.292 è T = 12.998

T = ACF – PCF è T = 41.992 – 28.994 è T = 12.998

O conceito de CCL baseia-se na diferença entre os ativos e passivos

circulantes. Muitos afirmam que quanto maior o CCL, melhor será a condição

de liquidez da empresa. No que possa pesar certo cunho de verdade nessa

afirmativa é preciso destacar que a qualidade da liquidez tomando com base o

CCL, dependerá do segmento em que a empresa atua. Para uma empresa em

funcionamento, é possível encontrarmos CCL negativo com boa liquidez, como

ocorre com muitos supermercados, que compram a prazo e vendem à vista.

Entretanto, uma empresa pode ter CCL positivo e apresentar dificuldade

financeira, dependendo apenas da incompatibilidade dos prazos de realização

dos ativos circulantes, em face dos vencimentos de suas obrigações de curto

prazo. A condição de liquidez medida pelo CCL para duas empresas com igual

porte e características operacionais, será no sentido de que aquela que

apresentar maior CCL será a de maior liquidez.

O IOG (Investimento Operacional em Giro) é uma metodologia de

análise de relativa simplicidade e de grande utilidade no auxílio da

determinação da saúde financeira de uma empresa, fornecendo uma visão

sistêmica sobre o impacto das diversas áreas de decisão da empresa e sobre

suas interações. O IOG está encravado no CCL, sendo representado por

aplicações de recursos que, embora pertencentes ao ativo circulante, tem uma

conotação de aplicações permanentes, aplicações estas relacionadas, de

forma direta, com as atividades operacionais da empresa. O IOG é a diferença

entre o ativo circulante cíclico e o passivo circulante cíclico (MATARAZZO,

2010).

O conceito de CPL leva ao mesmo valor de CCL, porém trabalha com

as contas permanentes. Ele é a diferença entre os grupos não circulantes do

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balanço patrimonial. Apesar de matematicamente o valor do CPL ser igual ao

do CCL, sua interpretação é diferente. De um lado consideram-se itens

circulantes em que muitos deles são operacionais (CCL). De outro lado (CPL),

trabalha-se com os itens permanentes e que tendem a representar as grandes

decisões estratégicas da empresa, em nível de investimento em ativos

permanentes, de fontes de financiamento por meio de recursos de longo prazo

e de recursos próprios (Matarazzo, 2010).

O CPL será o conceito considerado para caracterizar as fontes de

recursos que financiam o IOG. Portanto, enquanto o IOG caracteriza uma

necessidade, o CPL será a fonte para financiá-lo. Note no quadro 1 que,

quando consideradas as contas que compõem o IOG e o CPL, restam no

balanço apenas o ACF e o PCF, as quais compõem o chamado saldo de

tesouraria (T). Daí o T pode ser obtido tanto pela diferença entre CPL e o

IOG quanto pela diferença entre ACF e PCF.

Em resumo, os três conceitos principais são:

IOG = ACC - PCCAplicação de natureza

operacional

CPL = PNC - ANCFonte de natureza

estratégica

T = CPL - IOGVariável dependente do

IOG e do CPL

Demonstração dos conceitos de IOG, CPL e T

Fonte: elaboração pelo autor

O saldo de tesouraria (T) pode ser maior ou menor que zero. Quando

for menor, significa que a empresa tem débitos de curto prazo junto a

Instituições Financeiras ou mesmo outras dívidas de curto prazo não

relacionadas ao seu ciclo operacional, superior aos seus recursos financeiros

de curto prazo.

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Portanto, os valores relativos ao CPL e ao IOG é que vão definir o

saldo em tesouraria. Daí temos as duas configurações básicas de relação

entre CPL e IOG:

CPL > IOG T > 0

CPL < IOG T < 0

Configurações básicas do saldo de tesouraria

Fonte: elaboração pelo autor

Vale convencionar o tratamento do IOG como aplicação de recursos e

o CPL como a fonte de financiamento, que é o que tende a ocorrer em

condições normais com a maioria das empresas (Matarazzo, 2010).

Abaixo, algumas considerações que precisam ser feitas, de acordo

com Matarazzo:

a) Quando o IOG for negativo, ao invés de ser um “investimento”,

estará sendo um “financiamento”, ou seja, ao invés de tomar

recursos, o IOG libera recursos;

b) Quando o CPL for negativo, ao invés de ser uma “fonte”, será

uma “aplicação líquida” de recursos;

c) Se os dois (IOG e CPL) forem negativos, significa que o IOG está

financiando o CPL, ou seja, a empresa está financiando

aplicações de caráter permanente com recursos decorrentes de

suas atividades operacionais. Em qualquer hipótese, prevalece a

regra matemática considerando os sinais (negativos ou positivos)

nas equações, resultando num saldo de tesouraria (T) maior ou

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menor que zero, conforme a magnitude do CPL e do IOG. No

caso de IOG e CPL negativos, há um risco financeiro da empresa

associado a suas operações, ou seja, uma retração em seu nível

de atividade reduzirá as entradas de dinheiros e os compromissos

da empresa começarão a vencer, sem que o caixa seja suficiente

para efetuar os pagamentos.

Ao longo do tempo, ou seja, no decorrer de um exercício para outro, as

variações sofridas poderão provocar mudanças na saúde financeira da

empresa. Desse modo, temos:

a) Variação do saldo de tesouraria (∆T)

∆ CPL > ∆ IOG è T cresce

∆ CPL < ∆ IOG è T diminui

b) Variação no IOG (∆IOG)

∆ ACO > ∆ PCO è IOG cresce

∆ ACO < ∆ PCO è IOG diminui

c) Variação no CPL (∆ CPL)

∆ PNC > ∆ ANC è CPL cresce

∆ PNC < ∆ ANC è CPL diminui

O CPL cresce quando a variação do passivo não circulante (PNC) for

superior à variação do ativo não circulante (ANC). Quando ocorrer o inverso,

ou seja, a variação do passivo não circulante for menor que a variação do ativo

não circulante, o CPL diminui.

O passivo não circulante cresce em função de:

§ Obtenção de novos empréstimos;

§ Aumento de capital com aporte de recursos;

§ Geração de lucros pela empresa.

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Os lucros gerados devem ser suficientes para:

§ Cobrir os acréscimos de aplicação no IOG;

§ Pagar as parcelas de empréstimos de longo prazo que estejam

vencendo;

§ Pagar os dividendos e participações que normalmente são

percentagens dos lucros, e

§ Pagar imposto de renda.

O ativo não circulante cresce em função de:

§ Aquisição, reformas ou ampliações do imobilizado, visando

aumentar a capacidade produtiva;

§ Aquisição de participações em outras empresas;

§ Aumento do realizável a longo prazo

O crescimento do ativo não circulante deve ser financiado com

recursos próprios ou com financiamentos de longo prazo. Quando ocorrerem

imobilizações a partir de financiamento de longo prazo, é necessário que os

estudos de viabilidade indiquem que a empresa tem potencial para gerar lucros

suficientes para amortizar os respectivos financiamentos.

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CAPÍTULO II

O EFEITO TESOURA

Quando uma empresa, ao longo de consecutivos exercícios, apresenta

saldos em tesouraria com tendência a apresentarem-se negativos, ou seja, as

variações em CCL forem inferiores às variações em NCG, ocorre o que se

denomina de Efeito Tesoura.

Quando demonstrados comparativamente em forma de gráfico,

constituem um gráfico cujas retas se cruzam formando uma figura que se

assemelha a uma tesoura aberta.

Demonstração gráfica do efeito tesoura

Fonte: Silva, Gestão e Análise do Risco de Crédito, p. 260

O Efeito Tesoura ocorre, principalmente, quando as vendas da

empresa crescem a taxas elevadas e a relação entre o quociente NCG sobre

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vendas é mais elevada do que o autofinanciamento sobre vendas (Silva,

2000).

O Autofinanciamento é a parcela de recursos livres, gerada pela

empresa, capaz de financiar os investimentos e as adaptações necessárias

para manter o crescimento equilibrado das operações da organização (Silva,

2000).

Visualizando as características de cada uma das operações realizadas

pelas empresas e, aliando estas características ao conceito de

Autofinanciamento, tem-se que o Autofinanciamento corresponde ao Lucro da

empresa após a distribuição de lucros e a soma dos recursos que não

representaram saída efetiva de caixa, como depreciações e amortizações.

Outras razões que, apesar de estarem contidas no conceito

apresentado, podem fazer com que a empresa entre no Efeito Tesoura, são:

(a) Elevado Ciclo Financeiro; (b) Alto nível de imobilização; e (c) Apresentação

de prejuízos operacionais.

Outras situações incluem: (a) Crescimento muito elevado de vendas;

(b) Investimentos elevados com retornos a longo prazo; (c) Crescimento

expressivo no ciclo financeiro; (d) Baixa geração de lucros; (e) Investimentos

com baixos retornos; (f) Inflação elevada; (g) Distribuição de resultados

elevada com alto percentual de dividendos; e (h) Redução das vendas.

Para um melhor entendimento do Efeito Tesoura, consideremos o

exemplo abaixo, de uma empresa A e a correlação entre sua NCG, Tesouraria

e CCL ao longo dos últimos anos.

2007 2008 2009 2010NCG 2.269,00 3.219,00 8.443,00 9.988,00CCL 1.485,00 4.662,00 7.902,00 7.046,00TES (784,00) 1.443,00 (541,00) (2.942,00)

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23

Quadro resumo das contas para demonstração do efeito tesoura

Fonte: elaboração pelo autor

(4.000,00)

(2.000,00)

0,00

2.000,00

4.000,00

6.000,00

8.000,00

10.000,00

12.000,00

2007 2008 2009 2010

NCG

CCL

TES

Gráfico demonstrativo do efeito tesoura

Fonte: elaboração pelo autor

Pode ser observado que enquanto a reta que determina o

comportamento dos saldos de tesouraria apresenta resultados negativos

(inclinando a reta para baixo), a reta que representa a NCG apresenta

elevação, demonstrando o afastamento entre as duas retas.

Ao mesmo tempo, o CCP (cujo valor é o mesmo do CCL conforme

abordado anteriormente) apresenta-se inferior à NCG demonstrando a

necessidade de captar recursos de terceiros para financiar suas operações, ou

sua necessidade de capital de giro.

As possíveis causas do efeito tesoura são o crescimento das vendas

nominais (por inflação ou crescimento real) a taxas muito elevadas; o

endividamento de perfil de retorno inadequado; imobilização excessiva de

recursos tais como a aquisição de imóveis, equipamentos etc.; prejuízos

sucessivos; distribuição excessiva de dividendos; relação NCG sobre Vendas

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crescendo a um ritmo maior que a relação Autofinanciamento sobre Vendas; e

altas taxas de juros.

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25

Abaixo, o detalhamento de alguns dos elementos citados acima:

Crescimento de vendas – esse fator está diretamente relacionado ao

volume de negócios da empresa que pode variar de acordo com diferentes

elementos mercadológicos tais como oferta e demanda, preço, concorrência,

relação de emprego e renda, prazo concedido para o pagamento por parte dos

clientes, entre outros.

O crescimento do volume de vendas pode implicar diretamente o

aumento de contas do passivo operacional tais como a conta clientes e

estoques, aumentando as aplicações. Tal incremento vem a acarretar um

aumento na necessidade de capital de giro da empresa que precisará ser

financiado, seja através e recursos próprios (lucro, capital integralizado etc.) ou

recursos de terceiros (fontes operacionais tais como fornecedores e bancos).

Endividamento – o perfil do endividamento da empresa precisa estar

de acordo com a aplicação dos recursos a serem utilizados. Caso a empresa

opte pelo investimento em imobilizado, é de suma importância que os recursos

captados tenham prazo estendido bem como taxas compatíveis. No caso de

utilização de recursos de terceiros para o financiamento de seu giro, prazos e

taxas precisam estar adequadas ao seu ciclo a fim de que a utilização por

longos períodos de tempo de recursos de curto prazo não venham a reverter-

se em elevados custos financeiros redutores de lucro e a elevados saldos

devedores junto a bancos, reduzindo o saldo de tesouraria.

Prejuízos – uma das formas da empresa obter recursos próprios para o

financiamento de sua necessidade de capital de giro é a geração de lucros

líquidos que venham a ser revertidos para o patrimônio líquido em sua conta

de reserva de lucros. Dessa forma, a empresa poderá contar com recursos

próprios e consequentemente não onerosos. A geração de sucessivos

prejuízos, de modo oposto, acarretará a redução de suas reservas aumentos

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sua necessidade de financiamento a fim de fazer jus a todo o investimento

efetuado em suas operações.

É primordial para a saúde financeira da empresa que a mesma

administre seus recursos a fim de que a geração de lucro seja constante.

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CAPÍTULO III

EVITANDO O EFEITO TESOURA

O aumento da Necessidade de Capital de Giro não é danoso à

empresa, pois pode ser o resultado direto da implementação de ações que

visem aumento das vendas, com conseqüente aumento das contas

operacionais conforme já abordado anteriormente.

O aumento da NCG somente pode tornar-se danoso à empresa

quando não vem acompanhado de fontes adequadas que o financiem.

A melhor forma de buscar um equilíbrio na relação NCG, CCP e Saldo

de Tesouraria, é buscar adequar estratégias para financiamento da NCG

concomitantemente à elaboração de estratégias para aumento de vendas.

3.1 – Estratégias que reduzem o efeito tesoura

É importante evitar a ocorrência de ações que aumentem o ciclo

financeiro, tais como redução de prazo de pagamento junto a fornecedores e o

aumento do prazo de pagamento junto a clientes.

Uma das maneiras de controlar os níveis da Necessidade de Capital

de Giro de uma empresa ao longo de determinado período de tempo,

encontra-se na elaboração do Fluxo de Caixa Operacional. O FCO é o elo

entre a nova classificação funcional do Balanço Patrimonial e o Demonstrativo

de Resultados do exercício.

De uma maneira geral, pode-se dizer que o FCO é obtido pela

diferença entre as entradas operacionais pelas saídas operacionais.

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O Fluxo de Caixa Operacional demonstra as entradas e saídas de

caixa relacionadas diretamente com a operação da empresa. Tendo, então, o

Lucro Bruto Operacional como o resultado contábil que mais se aproxima a

esse conceito, pode-se acrescentar o elo de ligação entre o Demonstrativo de

Resultado e Balanço, através da NCG.

Esta medida é importante, pois através da utilização exclusiva das

contas cíclicas, permite visualizar o desempenho da empresa frente suas

operações e sua administração do ciclo financeiro.

Além da necessidade de verificar o desenvolvimento do nível da

Necessidade de Capital de Giro, é importante verificar também os níveis de

Autofinanciamento, como forma de mensurar a saúde financeira da empresa

(Matarazzo, 2010).

A fim de garantir o equilíbrio financeiro de uma empresa, a mesma

deve controlar o aumento do Capital de Giro Líquido em função do aumento da

Necessidade de Capital de Giro, evitando Saldos em Tesouraria Negativos. O

autofinanciamento, então, funciona como um moderador do nível de

investimento que a empresa pode realizar, evitando aplicações excessivas a

longo prazo, em outras palavras, evitando diminuições do CCL

desproporcionais aos níveis do Autofinanciamento ou da NCG.

Empresas que aspiram ao crescimento de seus negócios precisam

evitar situações que demonstram insuficiências de Autofinanciamento, pois

representa uma maior necessidade de utilização de recursos de terceiros para

financiar a expansão desejada. O Autofinanciamento é um fator essencial para

o crescimento do Capital de Giro. Ao relacionar o CCL com a NCG, conforme

demonstrado anteriormente obtém-se o valor do Saldo em Tesouraria. Este

índice demonstra, então, a folga financeira que uma empresa obteve através

de suas operações, fornecendo uma importante informação acerca da liquidez

da organização.

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Uma das preocupações dos gestores deve ser o de acompanhar os

níveis dos saldos em tesouraria, a fim de manter uma estrutura financeira

adequada. Isso porque a presença de saldos negativos demonstra que a

empresa necessita de empréstimos onerosos, seja de bancos ou de qualquer

outra instituição financeira. Além de incorrer com os custos financeiros da

operação, a necessidade destes recursos de terceiros é agravada quando, por

motivos diversos, os agentes financeiros não renovam estes empréstimos.

Assim, pode-se dizer que, com a finalidade de manter o crescimento da

empresa de forma a não implicar em alterações negativas em sua estrutura

financeira e de Capital de Giro, existem duas forma básicas de planejamento:

(a) Identificação de taxas limites de crescimento; (b) Identificação de estruturas

que permitam que a empresa supere os limites de crescimento.

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CAPÍTULO IV

REDUÇÃO DA NECESSIDADE DE

CAPITAL DE GIRO

Conforme abordado no capítulo I, a manutenção de um ciclo financeiro

curto permite maior giro de caixa, que, por sua vez, implica menor necessidade

de capital de giro.

O ciclo financeiro de uma empresa depende de três fatores: prazo de

pagamento das compras, prazo de produção ou estocagem e prazo de

recebimento das vendas. Os prazos de pagamento de compras e de

recebimento das vendas são determinados pelas condições de mercado.

Alterações desses prazos podem ser conseguidas a partir de

negociações com fornecedores e clientes, bem como alterações do fluxo de

produção reduzindo o tempo de produção, reduzindo o prazo médio.

Apenas o encurtamento do prazo de produção ou estocagem pode

representar mudanças significativas e duradouras sobre o ciclo financeiro da

empresa. Essas medidas, entretanto, estão fora do escopo da área financeira,

exigindo a ação das áreas técnicas, como de produção, operação ou logística

para sua implementação.

Diversas técnicas podem proporcionar o encurtamento da etapa de

produção ou operação da empresa, dentre as quais se podem destacar Just in

Time (JIT), Administração Total da Qualidade (TQM), Supply Chain

Management, etc. as quais não são escopo desse trabalho (Silva, 2000).

Da mesma forma, o encurtamento do prazo médio de recebimento de

clientes pode ser obtido através da parceira com empresas da área financeira

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que venham a financiar diretamente a compra dos clientes, bem como ações

promocionais que venham a proporcionar incremento no volume de vendas à

vista. Vale ressaltar que tais ações devem ser planejadas e projetadas de

modo a evitar elevação desnecessária de custos no caso de ações

promocionais de marketing.

No que tange o prazo de pagamento a fornecedores, é preciso evitar a

compra com pagamento à vista no intuito de obter descontos, sem que seja

feito estudo do impacto dessas ações no seu ciclo financeiro e

consequentemente na necessidade de capital de giro que pode ocasionar a

busca por fontes onerosas desse financiamento, jogando por terra a vantagem

obtida com o pagamento à vista aos fornecedores.

Em suma, dos muitos problemas ocorridos com as empresas que as

obrigam a recorrer a bancos e a outras instituições financeiras em busca de

recursos para seu capital de giro, destacam-se (Matarazzo, 2010):

§ Má administração da empresa em diversas áreas elevando

demais os custos fixos, o que ocasiona redução das margens de

lucro e conseqüente redução de fontes próprias de

financiamento da necessidade de capital de giro;

§ Sazonalidade das vendas, que ocasionam redução de margens

de lucro, quando a redução do volume de vendas não é

acompanhada de uma redução proporcional de despesas e

custos;

§ Ciclo operacional e ciclo financeiro muito longos;

§ Excesso de inadimplência por parte de clientes;

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§ Empréstimos e financiamentos obtidos a custos muito elevados

que aumentam as despesas financeiras reduzindo o lucro;

A redução da necessidade de capital de giro contempla ações que

visem evitar o surgimento dos problemas relacionados acima.

A utilização de relatórios de acompanhamento e ferramentas de

predição, sejam elas eletrônicas ou manuais são essenciais para a rápida

detecção do surgimento de tais problemas, bem como agilidade na tomada de

decisões que visem contorna-los.

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CAPÍTULO V

ESTUDO DE CASOS REAIS

Os casos apresentados acima são reais. Entretanto, os nomes das

empresas foram preservados de modo a manter a sigilo quanto aos dados

disponibilizados.

5.1 – Empresa Alfa

A empresa Alfa apresenta elevado ciclo financeiro, ocasionando

elevada necessidade de capital de giro a qual não é atendida por recursos

próprios ou provenientes de fontes não onerosas, ocasionando tesouraria

negativa e efeito tesoura, conforme demonstrado abaixo.

2007 2008 2009 2010 Necessidade de Cap. de Giro 2.269,00 3.219,00 8.443,00 9.988,00 Capital Circulante Líquido 1.485,00 4.662,00 7.902,00 7.046,00 Tesouraria -784,00 1.443,00 -541,00 -2.942,00 Quadro resumo das contas para demonstração do efeito tesoura da Alfa

Fonte: elaboração pelo autor

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Gráfico Demonstrativo do efeito tesoura da empresa Alfa

Fonte: elaboração pelo autor

A gestão do ciclo financeiro implica gestão da necessidade de capital

de giro e as fontes que a atendem. No quadro abaixo vemos que à medida

que aumenta o ciclo financeiro em dias, aumenta a necessidade de capital de

giro e reduz o capital circulante líquido ocasionando tesouraria negativa em

todo o período.

CICLO 2008 2009 2010 Contas a receber 28 33 21 Estoques (Estoques médio / Custos X 360) 109 178 216 Fornecedores (Fornecedores médio / Compras X 360) 59 0 9 Ciclo operacional 137 211 237 Ciclo financeiro 78 211 228 Prazos médios e ciclos da empresa Alfa

Fonte: elaboração pelo autor

5.2 – Empresa Beta

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A empresa Beta apresenta ciclo financeiro adequado à sua atividade,

mantendo-se em níveis os quais acarretam necessidade de capital de giro

suprida pelo seu capital circulante próprio. Esse quadro acarreta tesouraria

positiva, ou seja, a empresa consegue suprir sua necessidade de capital de

giro ao ponto de gerar sobra de caixa que pode ser reinvestida em suas

operações. Conforme gráfico abaixo, a empresa não apresenta efeito tesoura,

tendo em vista gestão de seus recursos ocasionando reversão de tesouraria

negativa e de efeito tesoura a partir de 2008.

2007 2008 2009 2010 Necessidade de Cap. de Giro 27.263,00 47.897,00 30.458,00 42.159,00 Capital Circulante Líquido 16.398,00 17.456,00 21.542,00 32.986,00 Tesouraria -10.979,00 -30.488,00 2.836,00 3.678,00 Quadro resumo das contas para demonstração do efeito tesoura da Beta

Fonte: elaboração pelo autor

Gráfico Demonstrativo do efeito tesoura da empresa Beta

Fonte: elaboração pelo autor

Da mesma forma que o demonstrado na empresa Alfa, observa-se

uma ligeira melhora no ciclo financeiro da empresa Beta,que apresentou

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melhora no seu ciclo financeiro no decorrer dos exercícios analisados,

passando de um ciclo de 138 dias a um ciclo de 80 dias. Podemos observar

um comportamento de redução da necessidade de capital de giro com

conseqüente melhora no capital circulante líquido e tesouraria.

CICLO 2008 2009 2010 Contas a receber 72 61 43 Estoques (Estoques médio / Custos X 360) 119 95 81 Fornecedores (Fornecedores médio / Compras X 360) 53 56 44 Ciclo operacional 191 156 125 Ciclo financeiro 138 100 80 Prazos médios e ciclos da empresa Beta

Fonte: elaboração pelo autor

5.3 – Empresa Gama

A empresa Gama apresenta investimento operacional em giro, ou

seja, suas fontes operacionais superam as aplicações efetuadas em suas

atividades operacionais, características de empresas cujo recebimento de

clientes acontece antes do pagamento a fornecedores. Essa características

tende a acarretar tesouraria positiva a qual é pertencente aos fornecedores os

quais deverão ser pagos quando do vencimento dessas obrigações.

É comum que as empresas que apresentem investimento operacional

em giro efetuem aplicação desses recursos em sua atividade operacional,

evitando, por exemplo, a utilização de fontes onerosas de financiamento do

giro, como utilização de cheque especial junto a bancos.

2007 2008 2009 2010 Necessidade de Cap de Giro (1.126,00) (1.877,00) (2.135,00) (631,00)

Capital Circulante Líquido 489,00 4.548,00 1.982,00 6.586,00 Tesouraria 638,00 1.986,00 2.877,00 3.250,00 Quadro resumo das contas para demonstração do efeito tesoura Gama

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Fonte: elaboração pelo autor

(3.000,00)

(2.000,00)

(1.000,00)

0,00

1.000,00

2.000,00

3.000,00

4.000,00

5.000,00

6.000,00

7.000,00

8.000,00

2007 2008 2009 2010

NCG

CCL

Tes

Gráfico Demonstrativo do efeito tesoura da empresa Gama

Fonte: elaboração pelo autor

Abaixo vemos que o prazo médio de recebimento de clientes é menor

que o prazo médio de pagamento a fornecedores, favorecendo o ciclo

financeiro da empresa que tende a reduzir à medida que o prazo de

recebimento de clientes diminui e o prazo de pagamento a fornecedores

aumenta.

CICLO Contas a receber (Créditos a receb.médio / ROB x 360) 10 8 7 Estoques (Estoques médio / Custos X 360) 29 25 22 Fornecedores (Fornecedores médio / Compras X 360) 19 17 22 Ciclo operacional 39 33 29 Ciclo financeiro 19 16 7 Prazos médios e ciclos da empresa Gama

Fonte: elaboração pelo autor

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CONCLUSÃO

Fatores inerentes aos ciclos operacional e financeiro da empresa tais

como a gestão das aplicações operacionais (ativos operacionais) bem como as

fontes de financiamentos dessas aplicações (fontes financeiras ou

operacionais) determinam o crescimento saudável da empresa ou mesmo sua

descontinuidade, dada sua incapacidade de financiar suas operações e saldar

seus compromissos.

O administrador, seja ele profissional qualificado ou mesmo o dono da

empresa ou outra pessoa com essa atribuição, precisa entender os

mecanismos financeiros que interferem direta ou indiretamente na saúde

financeira da empresa e, até que ponto, a gestão desses fatores implica um

resultado mais ou menos favorável para a empresa.

A correta identificação dos elementos do ativo operacional (aplicações)

bem como do passivo operacional (fontes) que constituem as peças chave

para o equilíbrio financeiro da empresa, assim como a gestão eficiente desses

elementos representa a chave para a continuidade da empresa num ambiente

permeado por oportunidades de crescimento que podem transformar-se em

armadilhas capazes de levar à insolvência da empresa.

O melhor aproveitamento das oportunidades de negócio e de

crescimento somente poderá levar a um incremento das receitas e fluxos de

caixa positivo quando a gestão da companhia está alinhada com as melhores

práticas no que diz respeito à decisão sobre quais fontes e quais aplicações

dos recursos. Da mesma maneira, de crescimento e melhor aproveitamento

das oportunidades.

Crescer sem atentar para os pilares financeiros que sustentam esse

crescimento pode significar correr a passos largos para o encerramento das

atividades por falta de condições de sustentar tal crescimento.

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O resultado dessa gestão financeira e estratégica reflete-se no

denominado efeito tesoura, como apresentado por José Pereira da Silva, o

qual indica o movimento da empresa rumo a uma capacidade de geração de

caixa ou de dependência de elementos externos.

A gestão das contas procurando identificar o surgimento do efeito

tesoura bem como evitar seu surgimento como forma de gestão da

necessidade de capital de giro é imprescindível para as empresas que buscam

sua perenidade no mercado.

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> Entrevista ao Gestor de Área de Risco de Crédito 39

Anexo 2 >> Matéria do Jornal Valor Econômico 42

Anexo 3 >> Artigo SEBRAE 44

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ANEXO I

ENTREVISTA COM GESTOR DE ÁREA DE RISCO DE

CRÉDITO DE INSTITUIÇÃO FINANCEIRA

A fim de obter um melhor entendimento da importância da gestão do

ciclo financeiro de instituição financeira a partir da análise da gestão do risco

de empresas de diferentes portes e segmentos, segue entrevista realizada

com experiente gestor de área de risco de credito de instituição financeira de

expressão no mercado nacional.

6.1 Qual a principal característica observada nas empresas no que diz

respeito à sua saúde financeira?

Uma das características mais evidentes é a forma pela qual a empresa

faz a gestão de seu ciclo financeiro e operacional.

6.2 Há grande diferenciação entre essas empresas no que tange as

características do setor de atuação e mercado?

Sim. Cada setor de atuação apresenta características diferenciadas no

que diz respeito aos prazos concedidos a clientes e os prazos recebidos de

fornecedores. Da mesma forma, o produto elaborado pode ter diferentes

prazos de produtos e de venda, ocasionando ciclos que poderão ser

totalmente diferentes de uma empresa de outro setor. Temos como exemplo

uma empresa que atual na indústria naval na produção de embarcações que

apresentam ciclos maiores que uma confecção, por exemplo.

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6.3 Quais as características que tais empresas apresentam em

comum?

A característica em comum que pode ser apontada é que os ciclos

financeiros e operacionais são influenciados pelos mesmos elementos: os

prazos dados aos clientes, o tempo que o produto transita pelos estoques e o

prazo para pagar o fornecedor. Esses prazos vão impactar a necessidade de

capital de giro da empresa e estão relacionados à gestão desse capital e à

saúde financeira da empresa. A empresa precisa adequar a gestão desses

prazos de modo a obter a melhor composição possível.

6.4 Quais os principais fatores que sinalizam a deterioração financeira

de uma empresa?

Um dos principais sinalizadores é o valor de tesouraria gerada pela

empresa e como ela vem se comportando no decorrer dos períodos

analisados.

Muitas empresas ao experimentarem um crescimento de vendas

acabam por ter aumentada sua necessidade de capital de giro. Quando a

mesma não consegue financiar essa necessidade com recursos próprios

acaba por recorrer a fontes onerosas (mais caras, provenientes de bancos),

fazendo com que suas despesas aumentem, reduzindo suas margens e

colocando a empresa em um ciclo vicioso que leva a empresa a manter uma

tendência de geração de tesouraria cada vez menor podendo ser esta

negativa. Tal comportamento financeiro pode ser fatal para a empresa.

6.5 Que conselho pode ser dado às empresas nesse sentido?

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Uma das principais coisas a atentar, além da melhor gestão dos prazos

e fontes de recursos é o planejamento financeiro.

Planejar o crescimento da empresa, buscar as fontes mais adequadas

para financiar esse crescimento e crescer menos se for necessário, são

iniciativas essenciais para que a empresa possa seguir crescendo a passos

firmes.

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ANEXO II

MATÉRIA DO JORNAL VALOR ECONÔMICO

01/10/2009 às 00h00 Negócios voltam com mais força no terceiro trimestre

Por Por Nelson Niero, de São Paulo Mercado inicia curva ascendente depois de retração com a crise, mostram dados da KPMG e PwC.

Os negócios voltaram a ganhar força no mercado de fusões e aquisições do Brasil nos últimos três meses, segundo levantamentos de duas firmas de consultoria e auditoria divulgados ontem.

Depois de dois trimestres de curva descendente, a KPMG contabilizou 117 operações entre julho e setembro, 21% acima dos três meses anteriores, mas ainda abaixo dos 196 do mesmo período do ano passado. "Tudo que foi represado com a crise começou a ser feito neste semestre", avalia Luís Motta, sócio da KPMG.

Pelas contas de Alexandre Pierantoni, sócio da PricewaterhouseCoopers (PwC), foram 68 negócios em setembro, comparados a 56 em agosto e 59 há um ano, quando a quebra do banco de investimentos Lehman Brothers marcou o início do período agudo da crise financeira. A partir de então, o número de transações despencou, chegando a 27 no começo deste ano.

Os números são apurados com base em negócios divulgados na imprensa e incluem transações de empresas, brasileiras e estrangeiras, nos mercados local e externo.

As duas consultorias também assessoram esse tipo de operação, mas não abrem as transações em andamento. "O volume de trabalho dobrou nos meses recentes", diz Motta, sem dar detalhes. Pierantoni também anda muito ocupado e destaca que, além do movimento intenso de compradores e vendedores, há o que ele chama de negócios "conjunturais", de empresas em situação de aperto financeiro, em consequência da falta de crédito ou de aventuras com derivativos exóticos, que acabam entrando na lista.

Para Motta, o ano deve fechar com cerca de 470 negócios, um número próximo do que aconteceu em 2006. No grande ano do setor, 2007, foram 699 operações, com um recorde de 235 no terceiro trimestre.

"As empresas brasileiras, que haviam recuado com a crise, agora estão de volta", afirma Motta. Os estrangeiros, diz Pierantoni, cuja participação havia caído para 25%, já estão no patamar de 40%.

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Os setores mais ativos continuam sendo tecnologia e alimentos, porém construção e serviços apareceram bem no último levantamento da KPMG.

Pierantoni prevê que este ano fique equiparado com 2008. No acumulado até setembro, foram 446 transações, comparado a 520 no mesmo período do ano passado. A diferença, afirma, vem no quarto trimestre, quando veremos o "efeito tesoura": em 2004 a curva era francamente descendente e, agora, é o inverso.

O sócio da PwC lembra da situação privilegiada do Brasil para investimentos e destaca que os fundos de participações, também conhecidos como "private equities", estão "fortemente ativos no Brasil".

Esses fundos representaram 15% dos negócios em 2007, passaram para 20% no ano seguinte e chegaram a 25% neste ano. "É um recorde", afirma. Trata-se, segundo ele, de uma "capital inteligente", que já vem junto com governança e planejamento.

http://www.valor.com.br/arquivo/786095/negocios-voltam-com-mais-forca-no-

terceiro-trimestre

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ANEXO 3

Artigo SEBRAE

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

Análise financeira de balanços: abordagem gerencial / Dante Carmine

Matarazzo. – 7. Ed. – São Paulo : Atlas, 2010.

Gestão e análise de risco de crédito / José Pereira da Silva. – 3. Ed. – São

Paulo : Atlas, 2000.

Princípios da administração financeira / Lawrence J Gitman. – 10. Ed. – São

Paulo : Pearson Education, 2008.

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BIBLIOGRAFIA CITADA

Análise financeira de balanços: abordagem gerencial / Dante Carmine

Matarazzo. – 7. Ed. – São Paulo : Atlas, 2010.

Gestão e análise de risco de crédito / José Pereira da Silva. – 3. Ed. – São

Paulo : Atlas, 2000.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO

1

AGRADECIMENTO

3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAP I - O CONCEITO DA NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO 9

1.1 – Investimento Operacional em Giro

9

1.2 – Ciclo Financeiro da Empresa 12

1.3 – Capital Permanente Líquido e Saldo de Tesouraria 14

CAP II – O EFEITO TESOURA 21

CAP III – EVITANDOO EFEITO TESOURA 26

3.1 – Estratégias que Reduzem o Efeito Tesoura 26

CAP IV - REDUÇÃO DA NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO 29

CAP V – ESTUDO DE CASOS REAIS 32

5.1 – Empresa Alfa 32

5.2 – Empresa Beta

33

5.3 – Empresa Gama 34

CONCLUSÃO 37

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ANEXOS 38

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 48

BIBLIOGRAFIA CITADA 49

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