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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE SANEAMENTO AMBIENTAL Qualidade de vida em populações rurais e áreas carentes Por: Belanisa Pimenta Orientador Prof. Maria Esther de Araujo Oliveira Rio de Janeiro 2010

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  • UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

    PS-GRADUAO LATO SENSU

    INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

    SANEAMENTO AMBIENTAL

    Qualidade de vida em populaes rurais e reas carentes

    Por: Belanisa Pimenta

    Orientador

    Prof. Maria Esther de Araujo Oliveira

    Rio de Janeiro

    2010

  • 2

    UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

    PS-GRADUAO LATO SENSU

    INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

    SANEAMENTO AMBIENTAL

    Qualidade de vida em populaes rurais e reas carentes

    Apresentao de monografia Universidade Candido Mendes

    como requisito parcial para obteno do grau de especialista

    em Gesto Ambiental

    Por: Belanisa Pimenta

  • 3

    AGRADECIMENTOS

    Ao Celso, meu marido, a Letcia, Rafael e

    Betnia, meus filhos e a Rodrigo e Estevo,

    meus genros por estarem sempre perto de

    mim.

  • 4

    DEDICATRIA

    Dedico a meus pais, Pedro e Belaniza e a querida

    tia D pelos exemplos e por tudo que sempre

    representaram na minha vida.

  • 5

    (...) At agora no pudemos ver se h ouro ou prata nela, outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si de muitos bons ares frescos e temperados como os de Entre-Douro e Minho, porque neste tempo de agora assim os achvamos como os de l. guas so muitas, infinitasguas so muitas, infinitasguas so muitas, infinitasguas so muitas, infinitas e transparentese transparentese transparentese transparentes. Em tal maneira graciosa, querendo-a aproveitar, dar-se nela tudo; por causa daspor causa daspor causa daspor causa das suassuassuassuas guas.guas.guas.guas.

    (Pero Vaz de Caminha, 1500)

  • 6

    RESUMO

    Embora a relao entre as medidas de saneamento ambiental, a melhoria da sade pblica e qualidade de vida seja das mais ponderveis e reconhecidas no meio tcnico-cientfico, persiste a existncia de populaes que no tm acesso a gua potvel e a locais adequados para deposio de excretas, guas servidas e lixo. Este trabalho tem por objetivos mostrar a carncia de saneamento bsico no Brasil, principalmente em reas rurais e comunidades carentes e que saneamento ambiental deve ser entendido, fundamentalmente, como sade pblica, compreendendo o conjunto de aes que visam melhorar a salubridade ambiental, a incluindo o abastecimento de gua em quantidade e qualidade, o manejo sustentvel dos resduos lquidos e slidos, o manejo e o destino adequados das guas pluviais, o controle ambiental de vetores de doenas transmissveis e demais servios e obras que visem promover a sade e a qualidade de vida. A ONU, quando estabeleceu as Metas de Desenvolvimento do Milnio, contemplou o abastecimento de gua e o esgotamento sanitrio como investimentos prioritrios para melhorar a qualidade de vida das populaes marginalizadas e consequentemene o meio ambiente.

  • 7

    METODOLOGIA

    O trabalho ser desenvolvido atravs de pesquisas bibliogrficas em

    livros, revistas e publicaes acadmicas na rea de Saneamento Ambiental

    que possam informar como andam as aes econmicas e socioambientais em

    polticas pblicas e privadas que tenham por objetivo alcanar a Salubridade

    Ambiental atravs de projetos para o abastecimento de gua potvel, coleta e

    disposio de resduos slidos (lixo), lquidos (esgoto) e gasosos (poluio

    atmosfrica), promoo da disciplina sanitria do uso do solo, drenagem

    urbana e captao pluvial, controle de doenas transmissveis e seus vetores,

    com a finalidade de proteger e melhorar as condies de vida das populaes

    urbanas e rurais.

  • 8

    SUMRIO

    Introduo

    Captulo I - Abastecimento de gua Potvel 22

    Captulo II - Esgotamento Sanitrio 29

    Captulo III - Limpeza Urbana e Manejo de Resduos Slidos 39

    Captulo IV - guas Pluviais e Drenagem Urbana 72

    Concluso 78

    Anexos 81

    Bibliografia Consultada 96

    ndice 98

  • 9

    INTRODUO

    Este trabalho tem como objetivo mostrar a necessidade de se estimular

    a populao brasileira, principalmente a que vive margem da sociedade a

    buscar junto aos rgos pblicos, a iniciativa privada e o setor de saneamento

    ambiental em particular a melhoria dos sistemas de saneamento, de forma a

    superar o grande dficit e as desigualdades observadas no acesso prestao

    destes servios essenciais.

    O saneamento ambiental envolve um conjunto de aes tcnicas e

    scio-econmicas, entendidas fundamentalmente como sade pblica, tendo

    como objetivo alcanar nveis crescentes de salubridade ambiental,

    compreendendo o abastecimento de gua em quantidade e dentro dos padres

    de potabilidade vigentes, o manejo de esgotos sanitrios, de guas pluviais, de

    resduos slidos e emisses atmosfricas, o controle ambiental de vetores e

    reservatrios de doenas, a promoo sanitria e o controle ambiental do uso

    do solo, a preveno e controle do excesso de rudos, tendo como finalidade

    melhorar as condies de vida urbana e rural.

    Paralelamente, a sade pblica a cincia e a arte de prevenir

    doenas, prolongar a vida, promover sade e eficincia fsica e mental, atravs

    de esforos organizados entre os rgos pblicos e a comunidade para o

    saneamento do meio, o controle das doenas infecto contagiosas, a educao

    do indivduo em princpios de higiene pessoal, a organizao de servios

    mdicos e de enfermagem para diagnstico precoce e tratamento preventivo

    das doenas e o desenvolvimento da maquinaria social de modo a assegurar a

    cada indivduo das comunidades um padro de vida adequado manuteno

    da sade.

    Com isto surge o conceito de Saneamento Ambiental, que comea a se

    ampliar e passa a ser o foco de ateno de instituies governamentais e da

    sociedade civil, no s por causa do impacto no ambiente natural, como

    tambm na sade humana.

  • 10

    Uma rpida insero na histria do saneamento permite concluir que

    desde os primrdios as aes de saneamento sempre estiveram articuladas s

    de sade pblica.

    A importncia do saneamento e sua associao sade humana remota

    s mais antigas culturas. O saneamento desenvolveu-se de acordo com a

    evoluo das diversas civilizaes, ora retrocedendo com a queda das

    mesmas, ora renascendo com o aparecimento de outras.

    Os poucos e precrios meios de comunicao na antiguidade podem ser

    responsabilizados, em grande parte, pela descontinuidade da evoluo dos

    processos de saneamento e retrocessos havidos.

    Conquistas alcanadas em pocas remotas ficaram esquecidas durante

    sculos porque no chegaram a fazer parte do saber do povo em geral, uma

    vez que seu conhecimento era privilgio de poucos homens de maior cultura.

    Por exemplo, foram encontradas runas de uma civilizao na ndia que

    se desenvolveu a cerca de 4000 anos, onde foram encontrados banheiros,

    esgotos nas construes e drenagem nas ruas (ROSEN, 1994).

    O velho testamento apresenta diversas abordagens vinculadas s

    prticas sanitrias do povo judeu como, por exemplo, o uso da gua para

    limpeza: roupa suja pode levar a doenas como escabiose (piolhos). Desta

    forma os poos para abastecimento eram mantidos tampados, limpos e

    distantes de possveis fontes de poluio e contaminao como esgotos e

    latrinas.

    Existem relatos do ano 2000 a.C., de tradies mdicas, na ndia,

    recomendando que a gua impura deve ser purificada pela fervura sobre o

    fogo, pelo aquecimento ao sol, mergulhando um ferro em brasa dentro dela ou

    ainda por filtrao em areia e cascalho (ROSEN,1994).

    No desenvolvimento da civilizao greco-romana, so inmeras as

    referncias s prticas sanitrias e higinicas vigentes e construo do

    conhecimento relativo associao entre esses cuidados e o controle de

    doenas.

    Das prticas sanitrias coletivas mais marcantes na antiguidade

    podemos citar a construo de aquedutos, banhos pblicos, termas e esgotos

    romanos, tendo com smbolo histrico a conhecida Cloaca Mxima de Roma.

  • 11

    A Cloaca Mxima (em latim Cloaca Mxima, em italiano Cloaca

    Massima) foi uma das mais antigas redes de esgotos do mundo.

    Foi construda na antiga Roma nos finais do sculo VI a.C. pelos ltimos

    reis de Roma, que usufruram da experincia desenvolvida pela engenharia

    etrusca para drenar as guas residuais e o lixo de Roma, uma das mais

    populosas cidades do mundo na antiguidade, para o rio Tibre, que atravessa a

    cidade em direo ao Mar Tirreno. Ainda que Tito Lvio a descreva como

    escavada no subsolo da cidade, escrevendo no entanto muito depois da sua

    construo, outras fontes (e pelo seu percurso) indicam que o sistema original

    se tratasse de um canal a cu aberto que recolhia as guas dos cursos

    naturais que desciam das colinas, drenando tambm a plancie do Frum

    Romano; este canal, por vezes escavado abaixo do nvel do solo, seria

    progressivamente coberto devido s exigncias do espao do centro citadino.

    A Cloaca Mxima foi mantida em bom estado durante toda a idade

    imperial romana. H notcia, por exemplo, de uma inspeo e trabalhos de

    manuteno sob a alada de Marco Visnio Agripa, a 33 a.C.. Os traos

    arqueolgicos revelam intervenes em pocas distintas, com diversos

    materiais e tcnicas de construo. O seu funcionamento prosseguiu durante

    bastante tempo aps a queda do Imprio Romano.

    Entretanto, a falta de difuso dos conhecimentos de saneamento levou

    os povos a um retrocesso, originando o pouco uso de gua durante a Idade

    Mdia, quando o per capta de certas cidades europias chegou nfima

    quantidade de um litro por habitante/dia.

    Nessa poca houve uma enorme queda nas conquistas sanitrias e

    conseqentemente inmeras epidemias, tais como a peste negra (febre

    bubnica) que praticamente dizimou metade da populao da Europa. O

    quadro caracterstico deste perodo o lanamento de dejees nas ruas

    depois de coletadas em urinis.

    Cumpre assinalar, todavia, nessa ocasio, a construo de aquedutos

    pelos mouros, o reparo do aqueduto de Sevilha em 1235, a construo do

    aqueduto de Londres com o emprego de alvenaria e chumbo, e, em 1283, o

    abastecimento inicial de guas em Paris.

    http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.romanaqueducts.info/aquasite/foto/cloacamax_gt_I.jpg&imgrefurl=http://www.romanaqueducts.info/aquapub/tardieu_photos.htm&h=540&w=800&sz=500&tbnid=fhCySioIg_hkqM:&tbnh=97&tbnw=143&prev=/images%3Fq%3Dcloaca%2Bmaxima&hl=pt-BR&usg=__U3D9mdJ2bwPNTpWNzjivd79mzMo=&sa=X&ei=1X5ZTICUMMKKuAeCmZjMCg&ved=0CCsQ9QEwBghttp://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.romanaqueducts.info/aquasite/foto/cloacamax_gt_I.jpg&imgrefurl=http://www.romanaqueducts.info/aquapub/tardieu_photos.htm&h=540&w=800&sz=500&tbnid=fhCySioIg_hkqM:&tbnh=97&tbnw=143&prev=/images%3Fq%3Dcloaca%2Bmaxima&hl=pt-BR&usg=__U3D9mdJ2bwPNTpWNzjivd79mzMo=&sa=X&ei=1X5ZTICUMMKKuAeCmZjMCg&ved=0CCsQ9QEwBghttp://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.romanaqueducts.info/aquasite/foto/cloacamax_gt_I.jpg&imgrefurl=http://www.romanaqueducts.info/aquapub/tardieu_photos.htm&h=540&w=800&sz=500&tbnid=fhCySioIg_hkqM:&tbnh=97&tbnw=143&prev=/images%3Fq%3Dcloaca%2Bmaxima&hl=pt-BR&usg=__U3D9mdJ2bwPNTpWNzjivd79mzMo=&sa=X&ei=1X5ZTICUMMKKuAeCmZjMCg&ved=0CCsQ9QEwBg

  • 12

    No Brasil, a histria do saneamento tem incio no Perodo Colonial,

    quando a economia estava condicionada explorao intensiva de recursos

    naturais e s monoculturas, principalmente o pau-brasil, o acar, o ouro, a

    borracha e o caf. Mais tarde, com a chegada da famlia real em 1808, a

    populao duplicou rapidamente, chegando a 100.000 habitantes em 1822,

    fazendo com que as demandas por abastecimento dgua e eliminao de

    dejetos aumentassem (ver anexo 1).

    Com o fim do Imprio e incio da Repblica os servios de utilidade

    pblica foram subordinados ao capital estrangeiro. Nesta poca, o Rio de

    Janeiro foi a quinta cidade no mundo a adotar um sistema de coleta de esgoto.

    Apesar disso, as redes de esgoto sanitrio cobriam apenas as reas urbanas e

    atendiam uma parcela mnima da populao. Esta situao se prolongou at as

    primeiras dcadas do sculo XX.

    Aps a 1 Guerra Mundial, o Brasil apresenta um declnio da influncia

    estrangeira no campo das concesses dos servios pblicos, ocasionada pela

    insatisfao generalizada com o atendimento e principalmente, pela falta de

    investimentos para a ampliao das redes pblicas de saneamento bsico.

    A partir de 1950 h um agravamento dos conflitos sociais,

    desencadeados pelo aumento da pobreza e a grande concentrao

    populacional. Para agravar o quadro, o pas sofre uma exausto contnua e

    prolongada dos recursos naturais.

    Assim, a histria do saneamento no Brasil pode ser dividida em trs

    fases entre os sculos XVI e XX: na primeira, o estado estava totalmente

    ausente das questes sanitrias (sculo XVI at meados do sculo XIX); na

    segunda o estado assume as aes sanitrias havendo uma relao entre as

    melhorias sanitrias e a produtividade do trabalho (meados do sculo XIX at o

    final de 1950); e na terceira, (a partir da dcada de 60), ocorre uma

    bipolarizao entre aes de sade e saneamento. A sade passa a ter cada

    vez mais carter assistencialista e o saneamento passa a ser tratado como

    medida de infra-estrutura.

    Foi na dcada de 70 que acontece no Brasil a criao do Plano Nacional

    de Saneamento (PLANASA) e tambm neste perodo que surgem as

  • 13

    Companhias Estaduais de Saneamento (as CESBs) que passaram a prestar

    servio aos municpios. O PLANASA considerado a poltica mais incisiva

    aplicada no pas e at hoje define o modelo institucional dominante no setor.

    Atualmente, apesar da importncia para a sade e meio ambiente, o

    saneamento bsico no Brasil est longe de ser adequado. As estatsticas

    oficiais apontam que mais da metade da populao no conta com redes para

    a coleta de esgotos. Alm disso, mais de 80% dos resduos gerados so

    lanados diretamente nos rios, sem nenhum tipo de tratamento. Os ndices

    indicam que a regio sudeste a que apresenta os melhores servios de

    saneamento.

    O Atlas do Saneamento, publicado em 2004 pelo IBGE, informa que

    cerca de 87,7% dos municpios brasileiros contam com rede de abastecimento

    de gua, mas no entanto, apenas metade deles possui rede de esgoto.

    Outro dado relevante diz respeito aos aterros sanitrios e a coleta

    seletiva de lixo. O Atlas mostra que a grande maioria dos municpios (63,3%)

    deposita seus resduos em lixes a cu aberto e sem nenhum tratamento. J

    os aterros sanitrios esto presentes em apenas 13,8% dos municpios e

    apenas 8% deles realiza a coleta seletiva.

    Liderando a lista dos piores ndices no quesito saneamento, esto os

    Estados da Regio Norte e Nordeste. No Nordeste, mais da metade dos

    municpios no conta com rede de abastecimento de gua e de esgotos.

    Nos dias de hoje, mesmo com os diversos meios de comunicao

    existentes, verifica-se uma enorme falta de divulgao sobre estas deficincias.

    Em comunidades carentes e reas rurais a populao consome recursos para

    construir suas casas sem nelas incluir as necessidades sanitrias

    indispensveis, como fossas spticas, poos e caixas dgua protegidos, coleta

    de lixo e etc.

    O conceito de promoo de saneamento ambiental proposto pela

    Organizao Mundial de Sade (OMS), desde a Conferncia de Ottawa, em

    1986, visto como um dos mais importantes princpios orientador das aes de

    sade e preservao do meio ambiente em todo mundo.

  • 14

    Assim sendo, parte-se do pressuposto que o processo sade versus

    doenas no deve ser entendido como uma questo puramente individual e

    sim como um problema coletivo, e que a utilizao do saneamento ambiental

    como instrumento de promoo de sade deve superar os entraves

    tecnolgicos, polticos e gerenciais que tm dificultado a extenso deste

    importante benefcio aos residentes em reas carentes, rurais, municpios e

    localidades de pequeno porte distante dos grandes centros metropolitanos.

    O saneamento ambiental invariavelmente uma atividade econmica

    monopolista em todos os pases do mundo, j que seu monoplio um poder

    tpico do Estado, sendo que este pode delegar s empresas o direito de

    explorar estes servios atravs das chamadas concesses de servios

    pblicos.

    Tendo em vista a dificuldade fsica e prtica em se assentar duas ou trs

    redes de gua e/ou esgotos de empresas diferentes no equipamento urbano,

    geralmente, apenas uma empresa, seja pblica ou privada, realiza e explora

    economicamente esse servio.

    O saneamento de responsabilidade do municpio. No entanto, em

    virtude dos custos envolvidos, algumas das principais obras sempre foram

    administradas por rgos estaduais ou federais e quase sempre restritas a

    solues para os problemas ocasionados por enchentes e inundaes.

    O setor de saneamento bsico tambm se caracteriza por necessidade

    de um elevado investimento em obras e constantes melhoramentos, sendo que

    os resultados destes investimentos na forma de receitas e lucros so de longa

    maturao.

    Com o crescimento desordenado das cidades, no entanto, as obras de

    saneamento tm se restringido ao atendimento de emergncias: evitar o

    aumento do nmero de vtimas de desabamentos, contornar os problemas de

    enchentes ou controlar epidemias.

    A maioria dos problemas sanitrios que afetam a populao mundial

    est intrinsecamente relacionada com o saneamento bsico e a preservao

    do meio ambiente. Um exemplo disto a diarria que com mais de quatro

    bilhes de casos por ano, a doena que mais aflige a humanidade, e entre as

    principais causas relacionadas com esta doena destaca-se as condies

    inadequadas de saneamento ambiental.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Estado

  • 15

    Mais de um bilho dos habitantes da terra no tm acesso habitao

    segura e a servios bsicos, embora todo ser humano de acordo com

    ONU/UNICEF/PNUD/PNUMA, etc., tenha direito a uma vida saudvel,

    produtiva e em harmonia com a natureza.

    No Brasil as doenas resultantes da falta ou inadequao de

    saneamento ambiental, especialmente em reas mais pobres, tm agravado de

    forma alarmante o quadro epidemiolgico, pois males como clera, dengue,

    malria, esquistossomose e leptospirose so exemplos desta situao.

    Essa situao de precariedade do saneamento ambiental no Brasil tem

    conseqncias muito graves para a qualidade de vida de uma grande parcela

    da populao.

    Da populao diretamente afetada, as crianas so as que mais sofrem,

    pois 65% das internaes hospitalares de crianas menores de 10 anos esto

    associadas falta de saneamento bsico (BNDES, 2008);

    a falta de saneamento ambiental bsico a principal responsvel

    pela morte por diarria de menores de 5 anos no Brasil (Jornal Folha

    de So Paulo - FSP, 17/dez/2009);

    em 2008, morreram 29 pessoas por dia no Brasil de doenas

    decorrentes de falta de gua encanada, esgoto e coleta de lixo,

    segundo clculos da FUNASA realizados a pedido do Jornal Folha de

    So Paulo (FSP, 16/jul/2009);

    a eficcia dos programas federais de combate mortalidade infantil

    esbarra na falta de saneamento ambiental bsico (FSP,

    17/dez/2009);

    os ndices de mortalidade infantil em geral caem 21% quando so

    feitos investimentos em saneamento ambiental bsico (FSP,

    17/dez/2009);

    as doenas decorrentes da falta de saneamento ambiental bsico

    mataram, em 2008, mais gente do que a AIDS (FSP, 16/jul/2009);

    aplicao do soro caseiro uma das principais armas para a diarria,

    mas s faz o efeito desejado se a gua utiliza for limpa

    (FSP,17/dez/2009).

  • 16

    Resumindo, 15 crianas de 0 a 4 anos de idade, uma a cada 96 minutos

    morrem por dia no Brasil em decorrncia da falta de saneamento bsico,

    principalmente de esgoto sanitrio (FUNASA-FSP, 16/jul/2009).

    Outros pases, principalmente os subdesenvolvidos, tambm sofrem com

    este problema. Reportagem publicada em uma das mais importantes revistas

    semanais brasileiras (Veja, 22/12/2009) mostrou que a falta de saneamento

    bsico ainda nos dias de hoje atinge uma parcela expressiva da populao

    mundial, com conseqncias gravssimas para as crianas.

    Hoje no mundo, 8 milhes de crianas morrem anualmente em

    decorrncia de enfermidades relacionadas falta de saneamento.

    Isto representa:

    913 crianas por hora, 15 por minuto ou seja, uma a cada quatro

    segundos morrem no mundo por doenas relacionadas falta de

    saneamento ambiental bsico.

    1,8 bilhes de pessoas no tm acesso a sanitrios e esgotos.

    1 bilho de pessoas no dispe de gua potvel.

    A percepo de que a maior parte das doenas transmitida

    principalmente atravs do contato com a gua poluda e esgotos no tratados

    levaram especialistas a procurar as solues integrando vrias reas da

    administrao pblica.

    Atualmente emprega-se o conceito mais adequado de saneamento

    ambiental, pois a coleta, o tratamento e a disposio ambientalmente

    adequada do esgoto sanitrio so fundamentais para a melhoria do quadro de

    sade das populaes menos favorecidas.

    Vale destacar que os investimentos em saneamento tm um efeito direto

    na reduo dos gastos pblicos com servios de sade.

    Investir em saneamento a nica forma de se reverter o quadro

    existente, pois estes investimentos, principalmente no tratamento de esgotos,

    diminuem a incidncia de doenas e internaes hospitalares e evita o

    comprometimento dos recursos hdricos do municpio.

    Dados divulgados pelo Ministrio da Sade afirmam que para cada um

    real investido no setor de saneamento, economizam-se quatro reais na rea de

    medicina preventiva e curativa.

    http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./agua/doce/index.html&conteudo=./agua/doce/doencas.html

  • 17

    Ainda que s 0,1% do esgoto de origem domstica sejam constitudos

    de impurezas de natureza fsica, qumica e biolgica, e o restante seja gua, o

    contato com esses efluentes e a sua ingesto responsvel por cerca de 80%

    das doenas e 65% das internaes hospitalares. Atualmente, apenas 10% do

    total de esgotos produzido recebem algum tipo de tratamento, os outros 90%

    so despejados "in natura" nos solos, rios, crregos e nascentes, constituindo-

    se na maior fonte de degradao do meio ambiente e de proliferao de

    doenas.

    O esgotamento sanitrio requer no s a implantao de uma rede de

    coleta, mas tambm um adequado sistema de tratamento e disposio final.

    Alternativas de coleta mais baratas que as convencionais vm sendo

    implementado em algumas cidades brasileiras, como o sistema condominial

    (ver anexo 2).

    Quanto ao tratamento, h vrias opes atualmente disponveis que

    devem ser avaliadas segundo critrios de viabilidade tcnica e econmica,

    alm de adequao s caractersticas topogrficas e ambientais da regio.

    Dependendo das necessidades locais, o tratamento pode se resumir aos

    estgios preliminar, primrio e secundrio. No entanto, quando o lanamento

    dos efluentes tratados se der em corpos dgua importantes para a populao,

    seja porque deles se capta a gua para o consumo, seja porque so espaos

    de lazer, recomenda-se tambm o tratamento tercirio seguido de desinfeco,

    via clorao das guas residuais.

    Investir no saneamento de comunidades carentes e zonas rurais do

    municpio melhora a qualidade de vida da populao, bem como a proteo ao

    meio ambiente urbano. Combinado com polticas de sade e habitao, o

    saneamento ambiental diminui a incidncia de doenas e internaes

    hospitalares. Por evitar comprometer os recursos hdricos disponveis na

    regio, o saneamento ambiental garante o abastecimento e a qualidade da

    gua.

    Nas obras de instalao da rede de coleta de esgotos podero ser

    empregados os moradores locais, gerando emprego e renda para a populao

  • 18

    beneficiada, que tambm pode colaborar na manuteno e operao dos

    equipamentos.

    Conduzido pela administrao pblica municipal, o saneamento

    ambiental uma excelente oportunidade para desenvolver instrumentos de

    educao sanitria e ambiental, o que aumenta sua eficcia e eficincia. Por

    meio da participao popular ampliam-se os mecanismos de controle externo

    da administrao pblica, concorrendo tambm para a garantia da continuidade

    na prestao dos servios e para o exerccio da cidadania.

    Apesar de requerer investimentos para as obras iniciais, as empresas de

    saneamento municipais so financiadas pela cobrana de tarifas (gua e

    esgoto) o que garante a amortizao das dvidas contradas e a

    sustentabilidade em mdio prazo. Como a cobrana realizada em funo do

    consumo (o total de esgoto produzido por domiclio calculado em funo do

    consumo de gua), os administradores pblicos podem programar polticas

    educativas de economia em pocas de escassez de gua e praticar uma

    cobrana justa e escalonada.

    Atualmente, cerca de 80% da populao urbana brasileira atendida

    com gua potvel e 45% com redes coletoras de esgoto. O enorme dficit

    ainda existente est localizado basicamente, nos bolses de pobreza, ou seja,

    nas favelas, nas periferias das cidades, nas zonas rurais e no interior.

    Assim podemos demonstrar que o saneamento ambiental bsico pode

    ser entendido como o conjunto de medidas que visam preservar ou modificar

    condies do meio ambiente com a finalidade de prevenir doenas e promover

    a sade.

    O sistema de saneamento bsico de um municpio ou de uma regio

    possui estreita relao com a comunidade a qual atende, sendo fundamental

    para a salubridade ambiental do municpio e para a qualidade de vida da

    populao.

    Sendo assim, um planejamento e uma gesto adequada desse servio

    concorrem para a valorizao, proteo e gesto equilibrada dos recursos

    ambientais e tornam-se essenciais para garantir a eficincia desse sistema, em

    busca da universalizao do atendimento, e a harmonia com o

    desenvolvimento local e regional.

  • 19

    Sem gua potvel, coleta de lixo e tratamento de esgoto no h sade,

    no se preserva o meio ambiente, no h desenvolvimento, no se constri

    um Pas justo para os brasileiros.

  • 20

    CAPTULO I

    ABASTECIMENTO DE GUA POTVEL

    A gua um direito humano fundamental j reconhecido pelo Comit sobre Direitos Econmicos, Culturais e Sociais da Organizao das Naes Unidas (ONU).

    De acordo com a Fundao Nacional de Sade (FUNASA, 2006) a gua

    e a sade da populao so dois fatores indissociveis. A disponibilidade de

    gua de qualidade condio indispensvel para a prpria vida e, mais do que

    qualquer outro fator, a qualidade da gua direciona a qualidade da vida.

    Podemos ento concluir que os grandes responsveis pelo abastecimento de

    gua so tambm os responsveis pela qualidade de vida das populaes.

    Sem dvida, um dos maiores desafios com que se defrontam os

    pesquisadores ligados ao desenvolvimento social e econmico diz respeito aos

    dados preocupantes dos indicadores que afetam a qualidade de vida das

    pessoas carentes, principalmente as que residem em zonas rurais e periferia

    dos grandes centros urbanos.

    Esses indicadores tm uma relao muito ntima com o desempenho

    das economias, visto que as necessidades humanas, conseqentemente das

    comunidades, diz respeito aos servios sociais bsicos.

    Todavia, ocorre que o nvel econmico alcanado pelos pases em vias

    de desenvolvimento no tem sido capaz de trazer estes benefcios, nem

    mesmo chamada zona urbana das cidades, quanto mais no que diz respeito

    melhoria da qualidade de vida dos segmentos populacionais que habitam

    comunidades carentes e as zonas rurais. O pobre dessa zona geralmente tem

    alguma fonte disponvel a uma distncia considervel de sua casa, mesmo que

    esta no seja potvel.

    Sabe-se que em muitas regies, apesar do progresso se fazer presente,

    tem se revelado totalmente sem condies de estend-lo para zonas rurais,

    oportunizando maiores condies de vida para as populaes locais.

    A Organizao Mundial da Sade tem constatado, com certa constncia,

    o fato de que a enorme maioria das pessoas que habitam os pases em

    desenvolvimento no conta com o que considerado de extrema importncia

  • 21

    para a sade nos pases ditos industrializados e desenvolvidos, isto , um

    acesso razovel e um abastecimento de gua potvel.

    Entende-se por abastecimento de gua potvel, o fornecimento do

    precioso lquido desde um sistema de poo protegido com ou sem sistema de

    armazenamento, tratamento ou distribuio.

    A natureza tem mostrado que a gua, que escoa nos rios (depende das

    chuvas), aleatria e varia muito entre o perodo mido e nas estiagens. O

    homem, na sua histria, procurou controlar essa gua para seu benefcio por

    meio de obras hidrulicas. Essas obras procuram reduzir a escassez e o risco

    de falta de gua pela regularizao das vazes, aumentando a disponibilidade

    ao longo do tempo (CORDEIRO,2009).

    No passado, quando as cidades eram menores, a populao retirava

    gua a montante do rio e despejava sem tratamento a jusante, poluindo os rios

    e deixando para a natureza a funo de recuperar a sua qualidade. Os

    impactos eram menores devido ao baixo volume de esgoto despejado com

    relao capacidade de diluio dos rios.

    Com o aumento da urbanizao e com o uso de produtos qumicos na

    agricultura e no ambiente em geral, a gua utilizada nas cidades, indstrias e

    na agricultura retorna aos rios totalmente contaminados e, em grande

    quantidade.

    Alm disso, com o inchao populacional sempre haver uma cidade a

    montante e outra a jusante, contaminando o manancial superficial e as

    diferentes camadas do subsolo e o manancial subterrneo (CORDEIRO,2009).

    A conseqncia da expanso sem uma viso ambiental a deteriorao

    dos mananciais e a reduo da cobertura de gua segura para a populao, ou

    seja, a escassez qualitativa. Este processo necessita de diferentes aes

    preventivas de planejamento urbano e ambiental, visando minimizar os

    impactos e buscar o desenvolvimento sustentvel.

    aceito universalmente que o abastecimento adequado de gua para

    beber, para higiene pessoal e outros fins domsticos essencial sade

    pblica e ao bem-estar. Infelizmente um nmero muito expressivo de pessoas

    no mundo em desenvolvimento, grande parte residentes em zonas rurais e

    comunidades carentes, nem sequer tem acesso a uma fonte higinica e

    conveniente de gua (MENEZES, 1994).

  • 22

    A situao to crtica que a Organizao Mundial de Sade mostra

    que, em 91 pases em desenvolvimento, somente 68% da populao urbana e

    14% da rural dispem deste benefcio.

    A triste realidade que os programas de abastecimento de gua potvel

    para comunidades carentes e reas rurais esto muito atrasados em todas as

    partes do mundo em desenvolvimento. Entre os benefcios que so solicitados

    na maioria dos programas para pequenas comunidades, sem dvida o maior

    deles a melhoria das condies de sade.

    Essas condies de ausncia de tratamento e ou da gua sem

    condies adequadas de ser consumida acaba por acarretar populao como

    um todo um acmulo significativo de doenas e, por conseguinte, internaes

    hospitalares.

    O ideal seria que todas as casas estivessem contatadas a um sistema

    de abastecimento de gua e rede de esgoto. Infelizmente isto no se encontra

    ao alcance de grandes segmentos da populao na maioria das regies do

    nosso pas, principalmente devido a restries de natureza mais

    socioeconmica que tcnica. Embora seja mais eficiente e mais barato serem

    satisfeitas coletivamente suas necessidades de abastecimento de gua atravs

    de sistemas comunitrios, tal enfoque necessita de aplicao de capital e de

    desenvolvimento institucional, assim como tambm de trocas no conhecimento

    de atitudes e prticas da comunidade, e de um fortalecimento da vontade

    poltica. Tudo requer tempo, recursos e esforo (MORAIS; BORJA, 2005)

    Para pr em prtica essa operao de abastecimento de gua para

    comunidades carentes e reas rurais, h a necessidade, antes de mais nada,

    que os prefeitos se interessem, se engajem, se preocupem e tomem as

    iniciativas que o caso requer. importante ressaltar que os recursos

    financeiros para implantao de redes de abastecimento de gua e esgoto so

    oriundos em sua grande parte do governo federal, sendo o restante coberto

    pelas prefeituras municipais. Se as recomendaes exigidas para o projeto,

    pelo governo federal, forem satisfeitas, ento a populao economicamente

    marginalizada poder desfrutar dos benefcios que a disponibilidade de gua

    potvel trs para a sade, para o bem estar e principalmente para a auto-

    estima (REZENDE, 2002)

  • 23

    As doenas relacionadas com a gua, que afetam a sade do homem,

    so relativamente muito difundidas e abundantes nas reas relacionadas com

    pequenas comunidades nos chamados pases em desenvolvimento. Assim,

    poliomielite, meningite, hepatite, febre tifide, infeces intestinais graves e

    outras doenas endmicas e epidmicas so apenas alguns exemplos de

    riscos que ocorrem a milhares de famlias, que no tm o benefcio do

    fornecimento de gua potvel ou consomem gua de poos contaminados.

    A crise sanitria brasileira mais sria do que se pensa, basta lembrar

    que no perodo compreendido entre as duas grandes guerras mundiais, as

    principais doenas transmissveis pela gua estavam erradicadas do pas. O

    percentual de pessoas que gozam do benefcio do abastecimento com gua

    desinfetada desalentador. No meio rural somente 2% da populao so

    atendidos por sistemas de esgoto sanitrio e 24 milhes de pessoas no

    dispem de gua potvel, isto sem falar de milhes de pessoas que recebem

    gua cuja qualidade no corresponde s recomendaes da Organizao

    Mundial da Sade, nem aos padres nacionais e internacionais

    (MENEZES,1994).

    Um sistema de Abastecimento de gua pode ser concebido e projetado

    para pequenos povoados, comunidades, reas rurais ou grandes cidades,

    variando nas caractersticas e no porte das suas instalaes. Caracteriza-se

    pela retirada da gua da natureza, adequao de sua qualidade, transporte at

    os aglomerados humanos e fornecimento em quantidade compatvel com suas

    necessidades.

    Como definio o Sistema de Abastecimento Pblico de gua constitui-

    se no conjunto de obras, instalaes e servios, destinados a produzir e

    distribuir gua a uma comunidade, em quantidade e qualidade compatveis

    com as necessidades da populao, para fins de consumo domstico, servios

    pblicos, consumo industrial, agrcola, etc.

    A gua constitui elemento essencial vida vegetal e animal. O homem

    necessita de gua de qualidade adequada e em quantidade suficiente para

    atender suas necessidades, para proteo de sua sade e para propiciar o

    desenvolvimento socioeconmico (FUNASA, 2006).

    Sob o ponto de vista sanitrio, a soluo coletiva a mais interessante

    por diversos aspectos como:

  • 24

    ser mais fcil proteger o manancial;

    ser mais fcil supervisionar um sistema do que fazer a superviso

    de um grande nmero de mananciais e sistemas isolados;

    ser mais fcil controlar a qualidade da gua a ser consumida;

    proporcionar uma grande reduo em recursos humanos e

    financeiros.

    Os sistemas individuais so normalmente solues precrias para os

    grandes centros urbanos, porm bastante indicados para as reas rurais onde

    a populao dispersa, para reas perifricas dos centros urbanos, para

    comunidades urbanas com caractersticas rurais e como soluo provisria,

    enquanto se aguardam solues mais adequadas.

    Mesmo para pequenas comunidades e reas perifricas, a soluo

    coletiva , atualmente, possvel e economicamente vivel, desde que exista

    vontade poltica por parte dos governantes e se adotem projetos adequados s

    necessidades destas populaes (ver anexo 4).

    Sob o aspecto sanitrio e social, o abastecimento de gua visa e

    proporciona, fundamentalmente:

    controle e preveno de doenas;

    implantar hbitos de higiene na populao, como, por exemplo, a

    lavagem das mos, o banho, a limpeza de utenslios e higiene do

    ambiente onde se vive;

    facilitar limpeza pblica;

    propiciar conforto, bem estar e segurana;

    aumentar a auto-estima e a esperana de vida da populao.

    J sob o aspecto econmico, o abastecimento de gua visa em primeiro

    lugar, a:

    aumentar a vida mdia da populao atravs da reduo da

    mortalidade;

    aumentar a vida produtiva dos indivduos, quer pelo aumento da vida

    mdia ou tambm pela reduo do tempo perdido com doenas e

    tratamentos e internaes hospitalares

    contribuir para o maior progresso das comunidades.

  • 25

    O acesso gua tratada, como parte do saneamento ambiental, est

    intimamente ligado s condies de sade e higiene da populao e

    conseqentemente possibilidade de desenvolvimento da comunidade.

    Segundo (Heller,1997) a classificao ambiental das infeces

    relacionadas com a gua, seja em quantidade ou qualidade, origina-se a partir

    da compreenso dos mecanismos de transmisso, que podem ser agrupados

    em quatro categorias, a saber:

    transmisso hdrica: ocorre quando o patognico encontra-se na

    gua que ingerida (exemplos: diarrias, disenterias, febres

    entricas, Hepatite A);

    transmisso relacionada com a higiene: identificada como aquela que

    pode ser interrompida pela implantao de higiene pessoal e

    domstica (exemplo: doenas infecciosas da pele e dos olhos);

    transmisso baseada na gua: caracterizada quando o patognico

    desenvolve parte do seu ciclo vital em um animal aqutico (exemplo:

    esquistossomose);

    transmisso por um inseto vetor: insetos que procriam na gua ou

    cuja picadura ocorre prximo a ela, so exemplos destes

    transmissores a febre amarela e dengue.

    Dados do Sistema de Informaes Hospitalares do Sistema nico de

    Sade SIH/SUS demonstram que no perodo de 1995 a 2005, ocorreram a

    cada ano, cerca de 700 mil internaes hospitalares em todo o Pas

    provocadas por doenas relacionadas com a gua e falta de saneamento

    bsico.

    Desses registros, cabe ressaltar que Regio Nordeste foi a que

    contribuiu com 45% deste total.

    Este dado nos leva constatao que a cobertura deste servio bsico

    decresce com o IDH ndice de Desenvolvimento Humano, ou seja, onde

    existe baixo desenvolvimento humano, existe tambm precariedade no

    abastecimento de gua (MORAIS; BORJA, 2005).

  • 26

    CAPTULO II

    ESGOTAMENTO SANITRIO

    O crescimento econmico no mais encarado como soluo para a

    pobreza e os demais problemas que afetam a populao (REZENDE, 2002).

    O desenvolvimento passou a envolver questes sociais, culturais,

    ambientais e poltico-institucionais de uma forma interligada.

    A bandeira do desenvolvimento sustentvel defendida entre os pases

    com potencial de crescimento. O desafio elevar o nvel geral de riqueza e

    qualidade de vida da populao em sintonia com a eficincia econmica, a

    equidade social e a conservao dos recursos naturais.

    No Brasil h um longo caminho para se atingir o desenvolvimento

    sustentvel.

    A concentrao de renda uma das maiores em todo mundo;

    A pobreza registra ndices alarmantes;

    A maior parte da populao no tem acesso a bens e servios culturais;

    Muitas instituies ainda no funcionam em sua plenitude;

    O meio ambiente continua sendo intensamente agredido;

    A situao do saneamento alarmante.

    Na questo especfica do saneamento bsico, o quadro apontado em

    levantamento do IBGE de 2003 dramtico:

    Cerca de 8,6 milhes (17,5%) dos 49,1 milhes de domiclios existentes

    no Brasil no ano de 2003 no eram atendidos por rede geral de

    abastecimento de gua.

    25,6 milhes (52,0% do total) de domiclios no tinham acesso a

    sistemas de coleta (redes coletoras) de esgoto sanitrio.

    Na zona urbana, 80% dos domiclios no dispunham de gua tratada e

    4,7% no eram atendidos por redes coletoras de esgoto sanitrio.

    Destes dados concluiu-se que: Cerca de 90,5 milhes de brasileiros vivem

    em domiclios desprovidos de sistemas de coleta do esgoto sanitrio.

    Isto no significa, porm, que o restante da populao conta com servios

    de saneamento adequado.Segundo dados do Governo Federal, apenas 28,2%

    do esgoto sanitrio coletado nos domiclios brasileiros recebem tratamento e s

  • 27

    uma pequena parcela tem destinao final sanitariamente adequada no meio

    ambiente.

    O servio de saneamento bsico chegar a 100% da populao brasileira

    em 2122 se mantidos os atuais nveis no setor, de 0,22% do PIB.. Atualmente,

    quase metade dos brasileiros no tem rede de coleta de esgotos, mas apesar

    disso, uma pesquisa coordenada pela Fundao Getlio Vargas, diz que a

    situao pode ser resolvida em 20 anos se for mantida a meta do Governo

    Federal de investir, com o Programa de Acelerao do Crescimento (PAC), 10

    bilhes ao ano, ou seja, 0,63% do PIB (MORAIS; BORJA, 2005).

    medida que as comunidades e a concentrao humana tornam-se

    maiores, as solues individuais para remoo e destino do esgoto domstico

    devem dar lugar s solues de carter coletivo, ou seja um sistema de

    esgotos abrangente e eficiente.

    Mais de 2/3 do esgoto brasileiro vo direto para o meio ambiente,

    poluindo as guas, o solo e elevando os ndices de doenas.

    Mapa de saneamento: em azul, as cidades mais bem colocadas no ranking; em vermelho, as que menos tratam seu

    esgoto (Instituto Trata Brasil)

  • 28

    A populao brasileira produz, em mdia, 8,4 bilhes de litros de esgoto

    por dia. Deste total, 5,4 bilhes no recebem nenhum tratamento. Constata-se

    assim que apenas 1/3 do esgoto gerado nas cidades do pas so tratados. O

    restante despejado no meio ambiente, contaminando solo, rios, mananciais e

    praias do pas inteiro - sem contar os danos diretos que esse tipo de prtica

    causa sade da populao.

    A constatao foi feita pelo Instituto Trata Brasil, que acaba de finalizar,

    com o apoio do Sistema Nacional de Informao sobre Saneamento (SNIS),

    um estudo que avaliou os servios de saneamento ambiental prestado nas 79

    cidades mais populosas do Brasil - com mais de 300 mil habitantes.

    O estudo revelou que, entre os anos de 2003 e 2007, houve avano de

    14% no atendimento de esgoto nas cidades observadas e de 5% no

    tratamento. A base de dados consultada para se chegar a esses ndices foi

    extrada do Sistema Nacional de Informao sobre Saneamento (SNIS),

    divulgado em abril de 2008 pelo Ministrio das Cidades, que rene informaes

    dos servios de gua e esgoto fornecidos espontaneamente pelas empresas

    prestadoras dos servios nessas cidades.

    A pesquisa do Instituto Trata Brasil mostra os municpios do pas que

    mais se destacaram na avaliao esto todos, na regio Sudeste do pas. So

    eles Franca (SP), Uberlndia (MG), Sorocaba (SP), Santos (SP), Jundia (SP),

    Niteri (RJ), Maring (PR), Santo Andr (SP), Mogi das Cruzes (SP) e

    Piracicaba (SP), em ordem de classificao.

    J as ltimas cidades do ranking so Belm (PA), Cariacica (ES), Porto

    Velho (RO), Nova Iguau (RJ) e Duque de Caxias (RJ). Todas elas apresentam

    falta de investimento ou queda progressiva dos recursos destinados aos

    servios de coleta e de tratamento de esgoto municipal.

    Para confeccionar o mapa do saneamento nacional, o estudo considerou

    a populao total atendida com gua tratada e com rede de esgoto; o

    tratamento de esgoto por gua consumida; e o ndice total de perda de gua

    tratada, o que demonstra a eficincia do operador; alm do volume de

    investimentos em relao gerao de caixa dos sistemas.

    Os municpios que no quiseram divulgar dados ao SNIS foram

    rebaixados, automaticamente, para as ltimas posies do rankink.

  • 29

    Uma parcela significativa das guas, depois de utilizadas para o

    abastecimento pblico e nos processos produtivos, retorna suja aos cursos

    dgua, em muitos casos levando ao comprometimento de sua qualidade para

    os diversos usos, inclusive para a agricultura. Dependendo do grau de

    poluio, essa gua residual pode ser imprpria para a vida, causando, por

    exemplo, a mortandade de peixes. Tambm pode haver liberao de

    compostos volteis, que provocam mal odor, sabor acentuado, e podero

    trazer problemas em uma nova operao de purificao e tratamento dessa

    gua.

    Com a utilizao da gua para abastecimento, como conseqncia h a

    gerao de esgotos. Se a destinao deste esgoto no for adequada, acabam

    contaminando as guas superficiais, subterrneas e o solo.

    O que ocorre na maioria dos municpios brasileiros que os esgotos

    escoam a cu aberto, constituindo perigosos focos de disseminao de

    doenas.

    Com a construo de um sistema de esgotos sanitrios em uma

    comunidade procura-se atingir os seguintes objetivos e benefcios

    afastamento seguro e rpido dos esgotos;

    coleta dos esgotos individual ou coletiva (fossas ou rede coletora);

    tratamento e disposio adequada dos esgotos tratados.

    conservao dos recursos naturais;

    melhoria das condies sanitrias locais;

    eliminao de focos de contaminao e poluio;

    eliminao de problemas estticos desagradveis;

    reduo das doenas ocasionadas pela gua contaminada;

    reduo dos recursos aplicados no tratamento de doenas;

    diminuio dos custos no tratamento de gua para abastecimento.

    2.1 Tipos de esgotos

    Esgotos Domsticos: incluem as guas contendo matria fecal e as

    guas servidas, resultantes de banho e de lavagem de utenslios e roupas;

    Esgotos Industriais: compreendem os resduos orgnicos, de indstria

    de alimentos, matadouros, etc.; as guas residurias agressivas, procedentes

  • 30

    de indstrias de metais etc.; as guas residurias procedentes de indstrias de

    cermica gua de refrigerao, etc.;

    guas Pluviais: so as guas procedentes das chuvas;

    gua de Infiltrao: so as guas do subsolo que se introduzem na

    rede.

    O esgoto sanitrio aquele que provem principalmente de residncias,

    estabelecimentos comerciais, industriais ou quaisquer edificaes que dispe

    de instalaes de banheiros, lavanderias e cozinhas. Compem

    essencialmente da gua de banho, excretas, papel higinico, restos de comida,

    detergentes e guas de lavagem (FUNASA, 2006).

    Os dejetos humanos podem ser veculos de germes patognicos de

    vrias doenas. Por isso, torna-se indispensvel afastar as possibilidades do

    seu contato com:

    homem;

    guas de abastecimento

    vetores (mocas, ratos, baratas)

    alimentos

    Observa-se no entanto que, em virtude da falta de medidas prticas

    saneamento e educao sanitria, grande parte da populao tende a lanar

    dejetos diretamente sobre o solo, criando, desse modo, situaes favorveis a

    transmisso de doenas.

    A soluo recomendada a construo de instalaes sanitrias com

    veiculao hdrica, ligadas a um sistema pblico de esgotos, com adequado

    destino final. Essa soluo , contudo, impraticvel no meio rural e s vezes

    difcil, por razes principalmente poltico-econmicas, em muitas comunidades

    urbanas e suburbanas e neste caso so criadas solues individuais, nem

    sempre compatvel com a salubridade das populaes e do meio ambiente.

    Sob o aspecto sanitrio, o destino adequado dos dejetos humanos visa,

    fundamentalmente, ao controle e preveno de doenas a eles relacionadas

    (MENEZES, 1994).

    As solues a serem adotadas tero os seguintes objetivos:

    evitar a poluio do solo e dos mananciais de abastecimento de

    gua;

    evitar contato de vetores com fezes;

  • 31

    propiciar a promoo de novos hbitos de higiene na populao;

    promover conforto e proteger o meio ambiente.

    A ocorrncia de doenas, principalmente as doenas infecciosas e

    parasitrias ocasionadas pela falta de condies adequadas do destino de

    dejetos causam tambm graves prejuzos econmicos, pois podem levar o

    homem inatividade ou reduzir sua potencialidade para o trabalho.

    Assim sendo, sob o prisma da importncia econmica, so considerados

    os seguintes aspectos:

    aumento da vida mdia do homem, pela reduo da mortalidade em

    conseqncia da reduo dos casos de doena;

    reduo das despesas com tratamento de doenas infecto

    contagiosas;

    reduo do custo do tratamento da gua de abastecimento, pela

    preveno da poluio dos mananciais;

    controle da poluio das praias e locais de recreao com o objetivo

    de promover o turismo;

    preservao da fauna aqutica, especialmente os nascedouros e

    criadouros de peixes.

    As principais caractersticas fsicas ligadas aos esgotos domsticos so

    matria slida, temperatura, odor, cor , turbidez e variao da vazo:

    matria slida os esgotos domsticos contm aproximadamente

    99,9% de gua, e apenas 0,1% de slidos. devido a esse

    percentual de 0,1% de slidos que ocorrem os problemas de poluio

    das guas, trazendo em conseqncia a necessidade de se ratar os

    esgotos;

    temperatura a temperatura do esgoto , em geral, pouco superior

    das guas de abastecimento. A velocidade de decomposio do

    esgoto proporcional ao aumento da temperatura;

    odor os odores caractersticos do esgoto so causados pelos gases

    formados no processo de decomposio, assim o odor de mofo,

    tpico de esgoto fresco razoavelmente suportvel e o odor de ovo

    podre, insuportvel, tpico do esgoto velho ou sptico, em virtude

    da presena de gs sulfdrico. A decomposio de material orgnico

    provocada por ao bacteriana d origem a um gs com cheiro de

  • 32

    ovo podre: o gs Sulfdrico (H2S) tambm chamado de Sulfeto de

    Hidrognio. Os efeitos desse gs em nosso organismo so

    perigosos, ele afeta as mucosas respiratria e ocular provocando

    fortes irritaes e compromete a sade do indivduo que tem contato

    com o gs. O gs sulfdrico s formado na ausncia de oxignio, e

    pode ser encontrado em rios poludos e estaes de tratamento de

    esgoto, pois resultante de processos de biodegradao;

    Fotos 01/02 Esgoto in natura no canal da Joatinga Barra da Tijuca tiradas em 2000 e 2009 (Fotos Bilogo Mrio

    Moscatelli)

    cor e turbidez a cor e turbidez indicam de imediato o estado de

    decomposio do esgoto. A tonalidade acinzentada acompanhada de

    alguma turbidez tpica do esgoto fresco e a cor preta do velho;

    variao de vazo a variao de vazo do efluente de um sistema

    de esgoto domstico em funo dos costumes dos habitantes. A

    vazo domstica do esgoto calculada em funo do consumo

    mdio dirio de gua de um indivduo. Estima-se que para cada 100

    http://www.mundoeducacao.com.br/quimica/gas-sulfidrico.htm##

  • 33

    litros de gua consumida, so lanados aproximadamente 80 litros

    de esgoto na rede coletora, ou seja 80%.

    Os problemas decorrentes da falta de um sistema de coleta, tratamento

    e disposio final de esgoto sanitrio agravam-se quando existe apenas o

    fornecimento de gua tratada populao. Cada metro cbico de gua

    utilizada produz, pelo menos, outro metro cbico de esgoto sanitrio

    (MENEZES).

    Esquema 01 Estao conjunta de abastecimento de gua e rede de esgoto (FUNASA)

    Assim, quando o poder pblico leva uma rede de abastecimento dgua

    para uma comunidade est implantando mini-fbricas de esgoto sanitrio nos

    domiclios atendidos. Se esta comunidade no tem uma rede de ligao com a

    estao de tratamentos, todos os efluentes destas mini fbricas sero

    despejados em natura em vales a cu aberto e tero o seu destino final em

    lagoas, rios ou praias das redondezas.

    Investir em esgoto pode significar um grande salto para o municpio, em

    termos da dotao da infra-estrutura requerida para a instalao das modernas

    empresas cada vez mais comuns nessa era da globalizao.

    Segundo dados do BNDES o custo mdio do investimento em sistemas

    de esgoto sanitrio compostos de coleta e tratamento varia proporcionalmente

  • 34

    ao tamanho da populao do municpio, de US$ 420 a US$ 840 por domiclio

    atendido.

    Ainda segundo a mesma fonte, os custos mdios anuais de operao

    variam de forma igualmente proporcional entre US$ 6.00 e US$ 13.00 por

    domiclio atendido.Observaes preliminares de profissionais ligados ao setor

    indicam que esses custos podem se reduzir em at 40%, quando baseados em

    componentes 100% plsticos.

    Esses aspectos evidenciam que no faz mais qualquer sentido pensar

    em sistemas de esgoto sanitrio como obras enterradas que podem ser

    construdas de qualquer jeito.

    Os sistemas de esgoto apresentam-se, nos dias atuais, como obras de

    engenharia que incorporam elevado nvel de evoluo tecnolgica e se

    caracterizam por maior qualidade, mais simplificao no processo construtivo e

    menor custo de implantao e operao (REZENDE, 2002).

    Dos mais de 5.563 municpios existentes no Brasil, cerca de 3.700

    concederam seus servios de saneamento s companhias estaduais (CESB)

    Companhia Estadual de Saneamento Bsico.

    Grande parte dessas concesses, que so da dcada de 70, encontra-

    se com os respectivos contratos vencidos ou a vencer a curto prazo.

    Os demais municpios, quando possuem tratamento de esgoto, tm seus

    servios de saneamento operados por autarquias ou empresas municipais,

    pela FUNASA ou pela iniciativa privada.

    Praticamente todos os municpios brasileiros so totalmente carentes

    neste setor, no apresentando, por parte das administraes municipais,

    sistemas adequados de regulao e controle da prestao do servio.

    As cobranas para um maior envolvimento da administrao municipal

    nas questes relativas ao setor de saneamento bsico so cada vez mais

    amplas, pois a insero da administrao municipal no processo pode ser

    regulamentada atravs de outros tipos de convnios como os de cooperao

    tcnica, cooperao mtua e como j mencionada, de gesto

    compartilhada. Todos esses podem ser, inclusive, negociados entre o estado e

    vrios municpios de uma mesma regio metropolitana ou que tenham

    sistemas interligados.

  • 35

    As instituies financiadoras e os principais programas que aportam

    recursos no retornveis ou atravs de financiamentos, para os investimentos

    em sistemas de esgoto sanitrio so:

    Ministrio das Cidades Secretaria Nacional de Saneamento

    Ambiental;

    Fundao Nacional de Sade FUNASA

    Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social BNDES

    Agencia Nacional de guas ANA

    Ministrio do Meio Ambiente

  • 36

    CAPTULO III

    Limpeza Pblica e Manejo de Resduos Slidos

    A Constituio Federal de 1988 foi um marco no que se refere proteo do meio ambiente no Brasil. O artigo 23 da constituio determina ser

    competncia comum da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos

    municpios a manuteno da qualidade ambiental (FUNASA,2006).

    Com a criao desta Constituio os resduos slidos foram abordados

    com maior destaque, devido ao seu grau altamente poluidor, recomendando-se

    maior fiscalizao e atuao dos rgos pblicos e privados responsveis pela

    preservao ambiental.

    No entanto, a tarefa de limpeza pblica atribuda aos municpios nos

    termos do artigo 30 da Constituio de 1988, e deve estar prevista na Lei

    Orgnica Municipal, que tem como finalidade estabelecer princpios e diretrizes

    gerais que condicionem as aes pretendidas pelo servio pblico municipal.

    Dentro do conjunto de propostas de planejamento para o municpio,

    existem instrumentos normativos que podem condicionar e colaborar com a

    prestao dos servios de limpeza urbana, como: o Plano Diretor, a Lei de Uso

    e Ocupao do Solo, a Lei de Parcelamento do Solo Urbano, a Lei

    Oramentria, o Cdigo Tributrio, o Cdigo de Obras e o Cdigo de Posturas.

    Foto 3 Limpeza de vales (COMLURB)

    Varrio ou varredura a principal atividade de limpeza de logradouros

    pblicos.

  • 37

    A limpeza urbana, em particular, por vezes vista predominantemente

    como fator de embelezamento das vias pblicas. Em verdade, o tratamento de

    resduos e dejetos e sua destinao final apropriada so essenciais

    eliminao de focos transmissores de doenas e preservao do meio

    ambiente.

    De acordo com a Revista Limpeza Pblica, para comear a pensar em

    um servio de limpeza urbana preciso identificar as caractersticas dos

    resduos gerados, pois a cara do lixo varia conforme a cidade, em funo de

    diversos fatores, como por exemplo, a atividade dominante (industrial,

    comercial, turstica, etc.), os hbitos e costumes da populao (principalmente

    quanto alimentao) e o clima.

    O principal objetivo da remoo regular do lixo gerado pela comunidade

    evitar a proliferao de vetores causadores de doenas. Ratos, baratas,

    moscas encontram nos restos do que consumimos as condies ideais para se

    desenvolverem.

    Foto 4 Lixo acumulado (COMLURB) Foto 5 Capina (COMLURB)

    Entretanto, se o lixo no coletado regularmente os efeitos sobre a

    sade pblica s aparecem um pouco mais tarde e, quando as doenas

    ocorrem as comunidades nem sempre a associam sujeira.

    Quando o lixo no recolhido, a cidade fica com mau aspecto e mau

    cheiro. isto que costuma incomodar diretamente a populao, que passa a

    criticar a Administrao Municipal. As possibilidades de desgaste poltico so

    grandes e principalmente por isto que muitas Prefeituras acabam por

    promover investimentos no setor de coleta de lixo.

  • 38

    Os servios de limpeza requerem, alm de elevados investimentos,

    tcnicas de engenharia sanitria adequadas a cada localidade.

    De um modo geral, os Municpios, em razo de limitaes financeiras e

    da falta de pessoal capacitado, enfrentam dificuldades na organizao e

    operao desses servios.

    Lixo , basicamente, todo e qualquer resduo slido proveniente das

    atividades humanas ou gerado pela natureza em aglomeraes urbanas, como

    folhas, galhos de rvores, terra e areia espalhados pelo vento, etc.

    A limpeza urbana deve ser vista como um conjunto de atividades, infra-

    instrutura e instalaes operacionais de coleta, transporte, tratamento e

    destinao final do lixo domstico e do lixo originrio da varrio e limpeza de

    logradouros e vias pblicas.

    Vrias etapas devem ser executadas para se ter com eficincia a

    limpeza urbana, tais como: acondicionamento, varrio de vias pblicas, praas

    e jardins, capina, aceiro e roagem, coleta do lixo urbano, remoo de poda,

    animais mortos, entulhos, restos de feira, mveis inservveis, limpeza de praias,

    pintura de meio fio, limpeza de crregos e canais, limpeza e conservao de

    monumentos, de cemitrios, alm de outros eventuais servios pertinentes

    limpeza pblica.

    A coleta do lixo de uma cidade dever ter como meta atender

    indistintamente a toda a populao, pois o lixo no coletado de uma

    determinada rea e lanado em terrenos baldios, por exemplo, causar

    problemas sanitrios que afetaro no apenas populao das proximidades.

    O envolvimento da populao na limpeza urbana de fundamental

    importncia sob dois aspectos bsicos: participando com a remunerao do

    servio (tarifas) e sua fiscalizao e colaborando na limpeza, seja reduzindo,

    reaproveitando ou reciclando e acima de tudo dispondo adequadamente o lixo

    para a coleta nos horrios previamente estabelecidos.

    A mobilizao comunitria importante porque alm de permitir um grau

    de conscientizao das pessoas em relao aos graves problemas

    ocasionados pelo acmulo de resduos slidos, contribui para a formao de

    uma viso crtica e participativa do uso do patrimnio ambiental (FREIRE,

    2004).

  • 39

    No caso da mobilizao em comunidades carentes ou reas rurais,

    recomenda-se dar mais nfase aos trabalhos nas escolas, por tratar-se de uma

    populao ainda em formao, o que facilita mudanas de hbitos e

    consequentemente obtm um maior nmero de multiplicadores.

    No basta compreender os problemas de resduos slidos e suas

    causas; preciso agir. O ideal que as sugestes para as aes e solues

    dos problemas surjam das comunidades.

    Constitui-se em um item importante na limpeza urbana o

    acondicionamento correto dos resduos. Acondicionar de forma correta significa

    prepar-los para coleta de forma sanitariamente adequada, como ainda

    compatvel com o tipo e a quantidade de resduos, pois a qualidade da

    operao da coleta e transporte do lixo depende da forma adequada do seu

    acondicionamento, armazenamento e da disposio dos recipientes no local,

    dia e horrio estabelecidos pelo rgo de limpeza urbana para a coleta.

    Portanto, a populao tem participao decisiva neste sistema.

    A importncia do acondicionamento adequado do lixo est em evitar

    acidentes, evitar a proliferao de vetores, minimizarem o impacto visual e

    olfativo, facilitando desta forma realizao da coleta.

    No entanto, infelizmente o que temos observado o surgimento de

    pontos de disposio de lixo a cu aberto, expostos indevidamente ou

    espalhados nos logradouros, vias pblicas e terrenos baldios, prejudicando o

    ambiente e trazendo riscos a sade pblica, alm de trazer uma imagem

    negativa aos turistas.

    Fotos 6/7 Formas correta e incorreta de acondicionar o lixo (COMLURB)

  • 40

    3.1 Resduos slidos

    A necessidade de estabelecer procedimentos mnimos para o

    gerenciamento dos resduos, com vista a preservar e a minimizar os danos

    ambientais, como a sade pblica e a qualidade do meio ambiente so

    atribudas na Resoluo do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA)

    n5 de 05 de agosto de 1993, que possui a definio tcnica de resduos

    slidos conforme a Norma Brasileira de Resduos Slidos 10.004 (NBR, 2004)

    que classifica os resduos slidos como: resduos nos estados slido e semi-

    slido, que resultam de atividades de origem industrial, domstica, hospitalar,

    comercial, agrcola, de servios e de varrio. Ficam includos nesta definio

    os lodos provenientes de sistemas de tratamento de gua, aqueles gerados em

    equipamentos e instalaes de controle de poluio, bem como determinados

    lquidos cujas particularidades tornem invivel o seu lanamento na rede

    pblica de esgotos ou corpos de gua, ou exijam para isso solues tcnicas e

    economicamente viveis em face melhor tecnologia disponvel.

    Essa definio torna evidente a diversidade e a complexidade dos

    resduos slidos. Os resduos slidos de origem urbana (RSU) compreendem

    aqueles produzidos pelas inmeras atividades desenvolvidas em reas de

    grandes aglomeraes humanas de um municpio, abrangendo resduos de

    vrias origens (FUNASA, 2006; GRIPPI, 2006).

    Os resduos slidos so materiais heterogneos, (inertes, minerais e

    orgnicos) resultantes das atividades humanas e da natureza, que podem ser

    parcialmente reutilizados, gerando, entre outros aspectos, proteo a sade

    pblica e economia de recursos naturais.

    De modo geral, os resduos slidos so constitudos de substncias:

    facilmente degradveis (DF) restos de comida, sobras de cozinha,

    folhas, capim, cascas de frutas, animais mortos e excrementos;

    moderadamente degradveis (MD) papel, papelo e outros

    produtos celulsicos;

    dificilmente degradveis (DD) trapo, couro, pano, madeira

    borracha, cabelo, pena de aves, ossos, plsticos;

    no degradveis (ND) metais no ferrosos, vidros, pedras, cinzas,

    terra, areia, cermica.

  • 41

    Sua composio varia de comunidade para comunidade, de acordo com

    os hbitos e costumes da populao, nmero de habitantes dos municpios,

    poder aquisitivo, variaes sazonais, clima, desenvolvimento, nvel

    educacional, variando ainda para a mesma comunidade e acordo com as

    estaes do ano.

    Os resduos slidos so classificados quanto a sua origem:

    domiciliar;

    comercial;

    industrial

    hospitalar;

    portos, aeroportos, terminais ferrovirios e rodovirios;

    agrcola;

    construo civil;

    limpeza pblica (logradouros, feiras, praias, eventos,etc);

    abatedouro de aves;

    matadouros, estbulos.

    Quanto as suas caractersticas fsicas:

    compressividade a capacidade de reduo de volume quando

    submetido a uma presso (compactao);

    teor de umidade compreende a quantidade de gua existente na

    massa dos resduos;

    composio gravimtrica determina a porcentagem de cada

    constituinte da massa de resduos slidos, proporcionalmente a seu

    peso;

    per capta a massa de resduos produzida produzidas por uma

    pessoa em um dia (kg/hab/dia);

    peso especfico peso dos resduos em relao ao seu volume;

    De acordo com a composio qumica, o lixo pode ser classificado em

    duas categorias, ou seja orgnico e inorgnico.

    Quanto as suas caractersticas qumicas

  • 42

    poder calorfico indica a quantidade de calor desprendida durante a

    combusto de um quilo de resduos slidos;

    teores de matria orgnica o percentual de cada constituinte da

    matria orgnica (cinzas,gorduras, macro nutrientes, micronutrientes,

    resduos, minerais, etc);

    relao carbono/nitrognio (C/N) determina o grau de degradao

    da matria orgnica;

    potencial de hidrognio (pH) o teor de alcalinidade ou acidez da

    massa de resduos.

    Quanto as suas caractersticas biolgicas, na massa de resduos slidos

    apresentam-se agentes patognicos e microorganismos extremamente

    prejudiciais a sade humana e causadores de srios problemas para a

    salubridade ambiental (HELLER, 1997).

    O estudo da populao microbiana e dos agentes patognicos presentes

    no lixo urbano, ao lado das suas caractersticas qumicas, permite que sejam

    discriminados os mtodos de tratamento e disposio mais adequados. Nessa

    rea so necessrios procedimentos de pesquisa.

    Os resduos slidos constituem problema sanitrio de importncia

    quando no recebem os cuidados convenientes.

    As medidas tomadas para a soluo adequada do problema dos

    resduos slidos tm, sob o aspecto sanitrio, objetivo comum a outras

    medidas de saneamento: de prevenir e controlar doenas a eles relacionadas.

    Alm desse objetivo, visa-se ao efeito psicolgico que uma comunidade

    limpa exerce influncia positiva sobre os hbitos da populao em geral,

    facilitando a instituio de medidas de higiene e salubridade.

    Obviamente, os resduos slidos constituem problemas sanitrios

    porque favorecem a proliferao de vetores e roedores. Podem ser vetores

    mecnicos de agentes etiolgicos causadores de doenas, tais como diarria

    infecciosa, amebase, salmonelas, helmintoses como ascaridase, tenase e

    outras parasitoses, bouba, difteria tracoma, etc. Serve ainda de criadouro e

    esconderijo de ratos, animais esses envolvidos na transmisso da peste

    bubnica, leptospirose e tifo murino.

  • 43

    As baratas que pousam e vivem nos resduos slidos onde encontram

    lquidos fermentveis (chorume), tm grande importncia sanitria relacionada

    com a transmisso de doenas gastrointestinais, por meio do transporte

    mecnico de bactrias e parasitos das imundices para os alimentos e pela

    eliminao de fezes infectadas. Podem, ainda, transmitir doenas do trato

    respiratrio e outras de contgio direto, pelo mesmo processo.

    importante, tambm salientar, a possibilidade de contaminao do

    homem pelo contato direto com os resduos slidos ou pela massa de gua por

    eles poluda. Estes resduos, por disporem gua e alimento, so pontos de

    alimentao para animais como ces, aves, sunos, eqinos e bovinos.

    Prestam-se ainda perpetuao de certas parasitoses, como as

    triquinoses, quando se faz o aproveitamento de restos de comida,

    principalmente carnes contaminadas, para alimentao de porcos e

    possibilitam a proliferao de moscas e mosquitos que se desenvolvem em

    pequenas quantidades de gua acumuladas em latas, vidros e outros

    recipientes abertos, comumente encontrados nos monturos de lixo.

    Por serem fontes contnuas de microorganismos patognicos, torna-se

    uma ameaa real sobrevivncia dos catadores de resduos slidos.

    Alis, este um fator de grande relevncia que deve ser inspecionado

    pela administrao municipal, as condies de trabalho e sade das pessoas

    que exercem atividades em contato direto com o lixo.

    Para que os funcionrios possam trabalhar em condies de segurana

    de fundamental importncia para a preveno de doenas, as vacinas, os

    exames de sade peridicos, e os devidos cuidados com ferimentos e

    acidentes assim como a utilizao dos Equipamentos de Proteo Individual

    (EPI) estabelecido pela Norma Regulamentadora n 6 do Ministrio do

    Trabalho, que indica os equipamentos que devem ser utilizados pelos

    trabalhadores em suas atividades, como luvas, botas, capas, etc (GRIPPI,

    2006).

    Em geral e, principalmente, os catadores que trabalham nos lixes

    convivem com constantes perigos, como gs metano, poeira, fogo, bem como

    com resduos qumicos e txicos.

    Porto et al. (2004) realizou uma pesquisa sobre as condies de vida,

    trabalho e sade com 218 catadores no aterro do Gramacho, no Rio de Janeiro

  • 44

    e identificou que 42,3% dos trabalhadores se alimentavam do que encontram

    no lixo, 71,7% j tinham tido algum acidente (corte com vidro, topada,

    queimaduras, atropelamento, perfuraes, quedas e contuses na cabea),

    72% reconheciam que existiam riscos no local de trabalho, mas somente

    47,5% identificam que esses riscos poderiam causar danos sade. Alm de

    todas as enfermidades j conhecidas que so relacionadas com os macros e

    micros vetores (gado e porcos, ratos, baratas, pulgas, moscas e mosquitos)

    encontrados em reservatrios de resduos slidos, outras doenas como

    hipertenso (31,1%), varizes (20,2%), problemas osteomusculares (13,8%),

    problemas cardacos (9,6%) e asma (4,2%) foram citadas pelos catadores

    durante a pesquisa.

    A definio de lixo como material inservvel e no aproveitvel , na

    atualidade, com o crescimento da indstria da reciclagem, considerada relativa,

    pois um resduo poder ser intil para algumas pessoas e, ao mesmo tempo,

    considerado como aproveitvel para outras.

    A soluo adequada do manejo da enorme quantidade de resduos

    slidos gerados pela sociedade pode se tornar um ganho para as comunidades

    devido ao desenvolvimento de inmeros projetos de reciclagem de resduos

    orgnicos e inorgnicos criados pelo governo, ONGs e iniciativa privada.

    3.2 Destinos dos Resduos Slidos

    3.2.1 Resduos descartados sem tratamento:

    Caso o lixo no tenha um tratamento adequado, ele acarretar srios

    danos ao meio ambiente:

    poluio do solo: alterando suas caractersticas fsico-qumicas,

    representar uma sria ameaa sade pblica tornando-se

    ambiente propcio ao desenvolvimento de transmissores de doenas,

    alm do visual degradante associado aos montes de lixo.

    poluio da gua: alterando as caractersticas do ambiente aqutico,

    atravs da percolao do lquido gerado pela decomposio da

    matria orgnica presente no lixo, associado com as guas pluviais e

    nascentes existentes nos locais de descarga dos resduos.

  • 45

    poluio do ar: provocando formao de gases naturais na massa de

    lixo, pela decomposio dos resduos com e sem a presena de

    oxignio no meio, originando riscos de migrao de gs, exploses e

    at de doenas respiratrias, se em contato direto com os mesmos.

    3.2.2 Resduos descartados com tratamento:

    A destinao final e o tratamento do lixo podem ser realizados atravs

    dos seguintes mtodos:

    aterros sanitrios (disposio no solo de resduos domiciliares);

    reciclagem energtica (incinerao ou queima de resduos perigosos,

    com reaproveitamento e transformao da energia gerada);

    reciclagem orgnica (compostagem da matria orgnica);

    reciclagem industrial (reaproveitamento e transformao dos

    materiais reciclveis)

    esterilizao a vapor e desinfeco por microondas (tratamento dos

    resduos patognicos, spticos, hospitalares).

    programas educativos ou processos industriais que tenham como

    objetivo a reduo da quantidade de lixo produzido, tambm podem

    ser considerados como formas de tratamento.

    3.3 Aterros Sanitrios

    Esclarecemos inicialmente que existe uma enorme diferena

    operacional, com reflexos ambientais imediatos, entre Lixo e Aterro Sanitrio,

    conforme pode ser observado nas figuras 1 e 2 do anexo 8.

    O lixo representa o que h de mais primitivo em termos de disposio

    final de resduos. Todo o lixo coletado transportado para um local afastado e

    descarregado diretamente no solo, sem tratamento algum.

    Um lixo uma rea de disposio final de resduos slidos sem

    nenhuma preparao anterior do solo. No tem nenhum sistema de tratamento

    de efluentes lquidos - o chorume (lquido preto que escorre do lixo). Este

  • 46

    penetra pela terra levando substancias contaminantes para o solo e para o

    lenol fretico. Moscas, pssaros e ratos convivem com o lixo livremente no

    lixo a cu aberto, e pior ainda, crianas, adolescentes e adultos catam comida

    e materiais reciclveis para vender. No lixo o lixo fica exposto sem nenhum

    procedimento que evite as conseqncias ambientais e sociais negativas.

    A disposio inadequada dos resduos slidos em lixes gera diversos

    efeitos negativos, tanto para o meio ambiente quanto para a sociedade, na

    medida em que h a poluio do solo, contaminao da gua subterrnea e

    dos mananciais, e proliferao de vetores causadores de doenas.

    Assim, todos os efeitos negativos para a populao e para o meio

    ambiente, vistos anteriormente, se manifestaro. Infelizmente, dessa forma

    que a maioria das cidades brasileiras ainda "trata" os seus resduos slidos

    domiciliares.

    O Aterro Sanitrio um tratamento baseado em tcnicas sanitrias

    (impermeabilizao do solo/compactao e cobertura diria das clulas de

    lixo/coleta e tratamento de gases/coleta e tratamento do chorume), entre outros

    procedimentos tcnico-operacionais responsveis em evitar os aspectos

    negativos da deposio final do lixo, ou seja, proliferao de ratos e moscas,

    exalao do mau cheiro, contaminao dos lenis freticos, surgimento de

    doenas e o transtorno do visual desolador por um local com toneladas de lixo

    amontoado (REVISTA LIMPEZA PBLICA, 2010).

    Os aterros sanitrios so apenas uma das iniciativas que contribuem

    para o gerenciamento adequado dos resduos slidos, cujo xito pode ser

    potencializado atravs da implantao conjunta de programas de reciclagem e

    compostagem.

    Entretanto, apesar das vantagens, este mtodo enfrenta limitaes por

    causa do crescimento das cidades, associado ao aumento da quantidade de

    lixo produzido.

    O sistema de aterro sanitrio precisa ser associado coleta seletiva de

    lixo e reciclagem, o que permitir que sua vida til seja bastante prolongada,

    alm do aspecto altamente positivo de se implantar uma educao ambiental

  • 47

    com resultados promissores na comunidade, desenvolvendo coletivamente

    uma conscincia ecolgica, cujo resultado sempre uma maior participao da

    populao na defesa e preservao do meio ambiente (FUNASA, 2006).

    As reas destinadas para implantao de aterros tm uma vida til

    limitada e novas reas so cada vez mais difceis de serem encontradas

    prximas aos centros urbanos. Aperfeioam-se os critrios e requisitos

    analisados nas aprovaes dos Estudos de Impacto Ambiental pelos rgos de

    controle do meio ambiente; alm do fato de que os gastos com a sua operao

    se elevam, com o seu distanciamento.

    Devido a suas desvantagens, a instalao de Aterros Sanitrios deve

    planejada sempre associada implantao da coletiva seletiva e de uma

    indstria de reciclagem, que ganha cada vez mais fora.

    3.4 Coleta Seletiva e Reciclagem

    A coleta seletiva e a reciclagem de lixo tm um papel muito importante

    para o meio ambiente. Por meio delas,recuperam-se matrias-primas que de

    outro modo seriam tiradas da natureza. A ameaa de exausto dos recursos

    naturais no-renovveis aumenta a necessidade de reaproveitamento dos

    materiais reciclveis, que so separados na coleta seletiva de lixo (GRIPPI,

    2006).

    A coleta seletiva funciona, tambm, como um processo de educao

    ambiental na medida em que sensibiliza a comunidade sobre os problemas do

    desperdcio de recursos naturais e da poluio causada pelo lixo, o processo

    de transformao de um material, cuja primeira utilidade terminou, em outro

    produto. Por exemplo: transformar o plstico da garrafa PET em cerdas de

    vassoura ou fibras para moletom (FREIRE, 2004).

    A reciclagem gera economia de matrias-primas, gua e energia,

    menos poluente e aliviam os aterros sanitrios, cuja vida til aumentada,

    poupando espaos preciosos da cidade que poderiam ser usados para outros

    fins como parques,casas, hospitais, etc (GRIPPI, 2006).

    A corrida desenfreada na produo de bens de consumo pelo ser

    humano associada escassez de recursos no renovveis e a contaminao

    do meio ambiente, leva-o a ser o maior predador do universo.Este problema

  • 48

    tem despertado no ser humano um pensar mais profundo sobre a reciclagem e

    reutilizao de produtos que simplesmente seriam considerados inservveis.

    O lixo, uma vez aproveitado, pode ter reduzidos os custos com a sua

    coleta e disposio final. Seu aproveitamento se faz atravs da coleta seletiva

    e reciclagem de materiais recuperveis (papel, plstico, metal, vidro, etc.),com

    a fabricao de composto orgnico ou, ainda, pelo aproveitamento do gs

    metano produzido durante a sua decomposio na ausncia de oxignio.

    A palavra reciclagem ganhou destaque na mdia a partir do final da

    dcada de 1980, quando foi constatado que as fontes de petrleo e de outras

    matrias-primas no renovveis estavam se esgotando rapidamente, e que

    havia falta de espao para a disposio de resduos e de outros dejetos na

    natureza.

    A expresso vem do ingls recycle (re = repetir, e cycle = ciclo).

    Reciclar diferente de separar. Reciclar consiste em transformar

    materiais j usados em outros novos, por meio de processo industrial ou

    artesanal. Separar deixar fora do lixo tudo que pode ser reaproveitado ou

    reciclado.

    A separao ou triagem do lixo pode ser feita em casa, na escola ou na

    empresa. importante lembrar que a separao dos materiais de nada adianta

    se eles no forem coletados separadamente e encaminhados para a

    reciclagem.

    Sendo assim reciclagem o reaproveitamento de materiais beneficiados

    como matria-prima para um novo produto. Muitos materiais podem ser

    reciclados e os exemplos mais comuns so o papel, o vidro, o metal e o

    plstico, de acordo com os esquemas encontrados no anexo 9.

    As maiores vantagens da reciclagem so a minimizao da utilizao de

    fontes naturais, muitas vezes no renovveis; e a minimizao da quantidade

    de resduos que necessita de tratamento final, como aterramento, ou

    incinerao (GRIPPI, 2006).

    Algumas vezes, o material que foi reciclado pode sofrer o processo de

    reciclagem novamente. Certos materiais, embora reciclveis, no so

    aproveitados devido ao custo do processo ou falta de mercado para o

    produto resultante.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%ADdiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/D%C3%A9cada_de_1980http://pt.wikipedia.org/wiki/Petr%C3%B3leohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Papelhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Vidrohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Metalhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Pl%C3%A1stico

  • 49

    Um exemplo claro da diferena entre os dois conceitos, o

    reaproveitamento do papel, pois este tem algumas de suas propriedades

    fsicas minimizadas a cada processo de reciclagem, devido ao inevitvel

    encurtamento das fibras de celulose.O papel chamado de reciclado no nada

    parecido com aquele que foi beneficiado pela primeira vez. Este novo papel

    tem cor diferente, textura diferente e gramatura diferente. Isto acontece devido

    a no possibilidade de retornar o material utilizado ao seu estado original e sim

    transform-lo em uma massa que ao final do processo resulta em um novo

    material de caractersticas diferentes. Outro exemplo o vidro. Mesmo que

    seja "derretido", nunca ir ser feito um outro com as mesmas caractersticas

    tais como cor e dureza, pois na primeira vez em que foi feito, utilizou-se de uma

    mistura formulada a partir da areia.

    Em outros casos, felizmente, isso no acontece. Na reciclagem do alumnio

    por exemplo, uma lata de alumnio pode ser derretida de volta ao estado em

    que estava antes de ser beneficiada, podendo novamente voltar a ser uma lata

    com as mesmas caractersticas, pois o alumnio no perde nenhuma das suas

    propriedades fsicas

    No Brasil os recipientes para receber materiais reciclveis seguem o

    seguinte padro:

    Azul: papel/papelo

    Vermelho: plstico

    Verde: vidro

    Amarelo: metal

    Preto: madeira

    Laranja: resduos perigosos

    Branco: resduos ambulatoriais e de servios de sade

    Roxo: resduos radioativos

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Celulosehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Papelhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Alum%C3%ADniohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Papelhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Pl%C3%A1sticohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Vidro

  • 50

    Castanho: resduos orgnicos

    Cinza: resduo geralmente no reciclvel, misturado ou contaminado,

    no sendo possvel de separao.

    Os resultados da reciclagem so expressivos tanto no campo ambiental,

    como nos campos econmico e social.

    Economia resultante dos processos de reciclagem.

    1000 kg de papel reciclado= 20 rvores poupadas;

    1000 kg de vidro reciclado= 1300 kg de areia extrada poupada;

    1000 kg de plstico reciclado= milhares de litros de petrleo poupados;

    1000 kg de alumnio reciclado= 5000 kg de minrios extrados poupados.

    Quando reciclamos temos inmeras vantagens, dentre as quais, citamos:

    Gerao de empregos;

    Reduo da poluio;

    Economia de energia;

    Melhoria da limpeza e higiene da cidade;

    Diminuio da extrao de recursos naturais;

    Diminuio do lixo no aterro.

    No meio-ambiente a reciclagem pode reduzir a acumulao progressiva de

    resduos a produo de novos materiais, como por exemplo o papel, que

    exigiria o corte de mais rvores; as emisses de gases como metano e gs

    carbnico; as agresses ao solo, ar e gua; entre outros tantos fatores

    negativos.

    No aspecto econmico a reciclagem contribui para o uso mais racional dos

    recursos naturais e a reposio daqueles recursos que so passveis de re-

    aproveitamento.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Meio-ambientehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Res%C3%ADduoshttp://pt.wikipedia.org/wiki/Papelhttp://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81rvorehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Metanohttp://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%A1s_carb%C3%B4nicohttp://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%A1s_carb%C3%B4nicohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Solohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Arhttp://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81guahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Recursos_naturais

  • 51

    No mbito social, a reciclagem no s proporciona melhor qualidade de

    vida para as pessoas, atravs das melhorias ambientais, como tambm tem

    gerado muitos postos de trabalho e rendimento para pessoas que vivem nas

    camadas mais pobres (FREIRE,2004).

    No Brasil existem os carroceiros ou catadores de papel, que vivem da

    venda de sucatas, papis,alumnio e outros materiais reciclveis deixados no

    lixo. Eles tambm trabalham na colecta ou na classificao de materiais para a

    reciclagem. Como um servio penoso, pesado e sujo, no tem grande poder

    atrativo para as fatias mais qualificadas da populao.

    Assim, para muitas pessoas que trabalham na reciclagem (em especial

    os que tm menos educao formal), a coleta e venda de materiais passveis

    de reciclagem uma das nicas alternativas de ganhar o seu sustento.

    3.4.1 Tipos de reciclagem

    Reciclagem de ao

    Reciclagem de alumnio

    Reciclagem de baterias

    Reciclagem de computadores

    Reciclagem de embalagens longa vida

    Reciclagem de entulho