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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO NA ADEQUAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO DO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO.
Carlos Eduardo dos Santos Silva
Orientador: Prof.: Luiz Cláudio Lopes Alves
Rio de Janeiro, 11 de setembro de 2004
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO NA ADEQUAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO DO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO.
Este trabalho tem por finalidade cooperar com os profissionais graduados na área de educação, que atuam no ensino fundamental e médio.
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AGRADECIMENTOS
Ao meu Deus, Senhor Jesus, que me deu a
oportunidade de concluir este curso. E a todos
amigos e professores que cooperaram direta ou
indiretamente para que este dia acontecesse.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha esposa Valéria e a
minha filha Deborah, e a todos os meus irmãos em
Cristo, pelas orações a meu favor.
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RESUMO
Em nossas vidas estamos sempre planejando algo, mesmo que
inconscientemente, tais como, agendar um jantar, uma reunião, uma viagem,
enfim, seja a negócios ou lazer. Mas existem situações de planejamento que
são mais complexas, para estas situações existem, metodologias e processos
que auxiliam o indivíduo ou grupo.
Neste trabalho farei uma exposição de alguns métodos e processos do
planejamento participativo. Acredito que o planejamento participativo busca um
posicionamento crítico e de participação dos envolvidos, uma consciência
crítica da realidade, determinando uma ação coerente e eficaz, a fim de
promover as mudanças e as transformações desejadas, com vistas a uma
aproximação do ideal projetado. O objetivo do Planejamento participativo é de
integrar escola, família e comunidade visando, assim, a realização das pessoas
e a transformação da comunidade.
No mundo em que vivemos, temos observado as constantes e rápidas
mudanças ao nosso redor. Mas o que seria esta mudança? Para muitos é
transformação de pensamento, transformação de comportamento, superar o
medo do novo, é sair da mesmice, evoluir.
Mas a experiência da vida nos faz ver que grandes projetos de
mudanças não tiveram sucessos ou não atingiram o objetivo desejado por não
terem sidos planejados. Isto ocorre em vários setores da sociedade e
principalmente em instituições de ensino do curso fundamental e médio, que
têm vivênciado grandes mudanças nos métodos de transmissão de ensino.
Este trabalho mostrará a implantação de um projeto para a adequação
do material didático de um colégio particular de ensino fundamental e médio no
estado do Rio de Janeiro. Onde a direção decidiu de um ano para o outro ,
trocar de uma só vez todo o material didático, de todas as séries , desde do
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ensino fundamental até o ensino médio.
Embora, a proposta da direção tenha sido melhorar a qualidade de
ensino oferecido pelo colégio, o método que a direção utilizou para a
implantação do mesmo não gerou os resultados desejados, causando grandes
transtornos para o corpo docente, o corpo discente, a equipe pedagógica e os
pais dos alunos.
Acredito que o planejamento participativo, se aplicado neste caso, teria
colaborado para se obter uma chance maior de sucesso do projeto.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I 11
PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO 11
CAPÍTULO II 21
INÍCIO DA EXECUÇÃO DO PROCESSO 21
CAPÍTULO III 21
PLANEJAMENTO PARTICPATIVO E A ESCOLA 22
CONCLUSÃO 28
BIBLIOGRAFIA 30
ÌNDICE 31
8
INTRODUÇÃO
No nosso dia a dia, temos verificado as constantes mudanças no
mercado de trabalho. Isto nos conduz às mudanças nos métodos empregados
para a transmissão de conhecimentos dos que se preparam para este mercado
tão competitivo. Mas estas mudanças deverão ser feitas com um planejamento
para que possam ter sucesso.
Este trabalho tem por finalidade cooperar com os profissionais
graduados na área de educação, mostrando a necessidade de um
planejamento participativo na adequação do material didático do ensino
fundamental e médio.
O Planejamento faz parte da nossa vida diária, e planejamos mesmo
sem perceber este ato. Quando pensamos em fazer algo por mais simples que
seja usamos o planejamento. Exemplos: Ao pensarmos que roupa iremos
vestir para ir a um determinado lugar, ao pensarmos em uma viagem, seja à
negócios ou lazer, em nossos trabalhos e em muitas outras situações. O ato de
pararmos para pensar o que fazer é o que chamamos de planejar.
Existem situações que são bem mais complexas exigindo um
planejamento mais cuidadoso, de um indivíduo ou grupo. O planejamento tem
métodos diferentes para cada objetivo. Irei falar sobre o planejamento e seus
métodos voltados para a instituição de ensino ou educacional. Quando
falamos em planejamento voltado para a área de educação encontramos várias
definições, uma delas é:
“Planejamento é o processo de tomadas de decisões em conjunto, visando
preparar a ação educativa”.
( Bongiovanni, Vissoto e Laureano – 1990 )
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Partindo desse pressuposto, o trabalho abordará o tema planejamento
participativo, uma vez que esse planejamento deve ser transformador dentro
desse processo ensino – aprendizagem. É preciso sair da “mesmice”, para que
se alcance êxito neste trabalho complexo e sútil de engenharia humana, no
ensino voltado para essa nova geração. O planejamento participativo visa a
uma troca com a comunidade, com os alunos; uma participação responsável
para não se colocar a necessidade pessoal à frente da comunidade escolar.
Precisa ser elaborado com sondagens, diagnósticos e demandas para se
alcançar determinados objetivos.
Acredito que o grande desafio, hoje da educação, é um
diálogo verdadeiramente criativo, com princípios e valores. Para tanto, a
proposta de um planejamento participativo no âmbito escolar precisa ser
transformador, acompanhar as mudanças, mas respeitando-se certos
princípios e condutas, que hoje encontram-se em conflitos na sociedade atual
em que vivemos.
O planejamento participativo deve resgatar a participação
da comunidade escolar, no sentido de atribuir a responsabilidade da educação
também à sociedade. Os tempos modernos têm-nos mostrado uma
transferência de responsabilidades em nossa sociedade, onde os pais estão
transferindo para a escola a responsabilidade da educação plena de seus
filhos. A escola, assim como os pais, têm o grande dever de educar, pois ela
também está inserida na sociedade; é parte integrante, onde cada lado, tanto a
escola como a família possuem a responsabilidade na formação do cidadão.
Os professores de hoje, precisam se conscientizar dessa nova realidade que
nos é imposta, e agarrar esse papel com coragem, acreditando que nós
professores também somos responsáveis no dever de educar.
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CAPÍTULO I
PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO
1.1- Metodologia de planejamento
Para um entendimento mais
abrangente do significado de planejamento, segue
abaixo uma lista de definições do mesmo.
Alguns dos autores que, (Dalmás ,Ângelo cita na
pg.24 . )
A)( Gandin – 1983, pgs. 18 e 19 . )
1 – Planejar é transformar a realidade numa
direção escolhida.
1 – Planejar é organizar a própria ação.
2 – Planejar é implantar um processo de intervenção
na realidade.
3 – Planejar é agir racionalmente.
4 – Planejar é dar clareza e precisão à própria ação
( de grupo, sobretudo).
11
5 – Planejar é explicitar os fundamentos de um
grupo.
6 – Planejar é pôr em ação um conjunto de técnicas
para racionalizar a
ação.
7 – Planejar é realizar um conjunto de ações,
propostas para aproximar
uma realidade de um ideal.
8 – Planejar é realizar o que é importante ( essencial
) e, além disso,
sobreviver...
B) ( Croacy – 1972, pg. 79. )
Planejamento é um processo que se preocupa
com “ para onde ir e quais as maneiras adequadas
de chegar lá ”, tendo em vista a situação presente e
possibilidades futuras, para que o desenvolvimento
da educação atenda tanto as necessidades do
desenvolvimento da sociedade, quanto as do
indivíduo.
O Planejamento tem no mínimo duas etapas:
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• Primeira etapa - Estudo da programação visando à reflexão; Verificar os
conteúdos mais significativos; Decidir o que ensinar; Prever a seqüência
para expor os conteúdos que serão ensinados; Técnicas de ensino, material
didático, abordagem, coerência entre os procedimentos, continuidade de
tratamento didático do componente curricular.
• Segunda etapa - Distribuição do conteúdo no período letivo; Previsão para
cada período letivo.
O ensino voltado para as novas gerações é um trabalho complexo e sútil
de engenharia humana pois é o início de um processo ( ensino –aprendizagem
) que busca desenvolver e formar o caráter, a inteligência e a personalidade
das novas gerações de modo a integrá-las na conjuntura da vida social como
fator positivo de bem-estar, de produtividade e de melhoria no progresso
humano. Não mais se pode partir do pressuposto de que basta a intenção de
se ensinar para que a aprendizagem seja atingida.
Compreende-se que no processo ensino – aprendizagem, não é
suficiente que haja uma intenção, um planejamento, uma quantidade de bom
material auxiliar e etc, para que esse ensino seja efetivado. Todos os fatores
apresentados são importantes, mas não garantem a efetiva aprendizagem,
assim só podemos dizer que houve ensino se, em verdade, ocorrer a
aprendizagem.
Sabe-se também que não se pode mais conceituar o
ensino, apenas como transmissão de conhecimentos e informações nas várias
áreas da vida. Hoje, é importante que se forme o educando para a vida, onde
as informações estão embutidas no todo maior da formação, e que faça parte
do seu cotidiano para transformá-lo.
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1.2 – Planejamento participativo
O Planejamento participativo coloca
como ideal a participação de toda a comunidade,
onde:
• A comunidade participa na elaboração do planejamento, com trabalhos.
• A comunidade participa na execução para alcançar as metas da
comunidade.
• A comunidade acompanha os resultados, e observa se necessitam de
reavaliações e replanejamentos.
• A comunidade é a gestora do planejamento. ( auto gestão ).
• Todos são responsáveis, com graus de responsabilidades diferentes, mas
que são necessários para alcançar a meta da comunidade.
1.3 - Fases do planejamento participativo
(Dalmás, Angelo - 1999 )
1.3.1 - Utopia - o que se deseja alcançar.
É o levantamento das diretrizes gerais,
onde temos o conjunto das definições conceituais,
dos objetivos fundamentais e dos conteúdos sobre
os aspectos teóricos que envolvem a realidade
planejada. O desejo de alcançar este ideal cria um
processo contínuo de planejar e replanejar com o
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objetivo de se aproximar o máximo do ideal
desejado.
• Marco Situacional
É a fase do planejamento que
descreve a realidade que se vive e trabalha, é
observada no sentido:
• Global - seus aspectos econômicos, políticos, sociais, religiosos e cultural.
• Local - seus aspectos econômicos, políticos, sociais, religiosos e cultural.
• Do mais amplo ao mais localizado - país, estado, município, bairro,...
Nesta fase, teremos um espelho da
realidade atual. Onde o objetivo a ser alcançado
deverá ser melhor do que o existente. O processo
para se obter a realidade observada deve ser
participativo.
• Marco Doutrinal
É a fase do planejamento que
pretende mostrar onde se quer chegar. O ideal, a
utopia.
Quanto maior for o número de pessoas
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envolvidas no processo, maior será a probabilidade
de sucesso. É a fase do planejamento onde a
comunidade é motivada a agir para alcançar a sua
meta.
É nesta fase que também se define:
• O modelo de pessoa que, se julga, todos devem
desenvolver, aqui e agora, para viver e agir.
• O modelo de sociedade que se apresenta como
proposta.
• O modelo de educação que se quer assumir.
• Marco operacional
É a fase da tomada de decisões
concretas do grupo de planejamento, que deverá
provocar as transformações da comunidade e da
sociedade. É o processo de orientação do grupo que
indicará o caminho para se alcançar o ideal
desejado.
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1.3.2 - Diagnóstico - a distância entre o que existe e o
. que se deseja alcançar.
É a fase do planejamento onde, de
posse do marco doutrinal e do marco operacional,
faz-se um julgamento detalhado das causas dos
problemas existentes, com o objetivo de se
aproximar o máximo do ideal planejado.
É a fase do conhecimento da real
situação da comunidade educativa, é imprescindível
e deve ser feito com rigor para não mascarar onde
se deseja chegar.
Para a realização de um bom diagnóstico devemos ter em mente o
seguinte:
• Identificar os avanços transformadores conseguidos, e os processos que os
tornaram possíveis.
• Identificar os limites, as dificuldades e os problemas que impedem o avanço
do processo.
• Identificar prioridades para a continuação do avanço do processo. O que
será feito para vencer as dificuldades e solucionar os problemas.
1.3.3 - Programação - o que será feito para diminuir a
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distância entre o que existe e o que se deseja alcançar.
É a fase do planejamento onde se
decide o que fazer, o que é necessário para fazer, o
que é possível fazer com os recursos disponíveis.
Fixando objetivos, políticas e estratégias de
ação. A programação tem que ser viável dando
prioridade ao que é mais urgente.
• Objetivos
• São ações concretas
• Transformam a estrutura existente
• Tomam recursos próprios
• Duram determinado tempo
• São bem definidos
• Políticas
• Linhas de ação
• Princípios orientadores
• Atitudes básicas assumidas como necessárias
para desenvolver o plano.
• Estratégias
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• São modos práticos e particulares de
concretizar cada política de ação.
1.3.4 - Avaliação
A avaliação deve ser feita em todas as
etapas do processo. Ela é a fase do planejamento
onde existe um confronto constante dos resultados
alcançados com os resultados desejados.
Analisando as causas dos objetivos alcançados e os
não alcançados.
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CAPÍTULO II
INÍCIO DA EXECUÇÃO DO PROCESSO
2.1 - Alguns itens importantes para iniciar a execução do
processo.
2.1.2 - Clima favorável
Clima é tudo que envolve as vivências de uma
escola, manifestando-se sobretudo, nas relações ,
no agir, no encontro e no envolvimento das pessoas
de uma comunidade.
O planejamento participativo exige,
participação , compromisso, diálogo, amizade,
respeito mútuo, motivação e valorização da
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comunidade envolvida. Sem estes princípios será
difícil realizar um processo participativo.
2.1.3 - Integração do grupo
Para um clima favorável é necessário
que a direção da escola esteja preocupada com a
coesão do grupo, para isto poderá promover várias
atividades tais como:
• Debates
• Reflexões sobre assuntos específicos
• Confraternização
• Palestras
• Dinâmica de grupo
• Encontros pessoais
Quanto mais coeso for o grupo, maior será o seu
comprometimento com o objetivo desejado.
2.1.4 - Visão crítica
É de suma importância que a maioria
dos participantes do processo tenham uma visão
crítica da micro e da macro realidade, com o objetivo
de alcançar a sua transformação.
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Para ( Marques – 1987, pg.18. ) O
pensamento crítico leva o indivíduo ao discernimento
diferenciado frente à realidade.
“O que é relevante do que é irrelevante, o que
é principal do que é secundário, o que é transitório
do que é estável, o que é aparente do que é
essencial, tanto a nível pessoal , como a nível social
e comunitário. ”
2.1.5 - Descentralizar o poder
Todo grupo depende de um líder para
fazer o processo acontecer. No planejamento
participativo o objetivo é de descentralizar o poder .
Fazendo com que o líder tenha em mente que todos
têm o direito de fazer e de opinar, seja na
elaboração , execução ou avaliação do
planejamento. O líder trabalha com o consenso do
grupo, e não com uma posição pessoal.
Ressaltamos, entretanto, que em todo trabalho
de grupo há a necessidade de uma pessoa para
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liderar as atividades.
2.1.6 – Motivação
Não é uma tarefa fácil, motivar alguém
a fazer algo ou crer na realização de um projeto. A
motivação tem que iniciar na liderança do grupo.
Cabe à liderança estar motivado de tal maneira que
contagie os participantes do processo.
2.1.7 - Envolvimento dos participantes
O processo participativo visa a
envolver todas as pessoas da instituição escolar na
busca e na responsabilidade pelo todo da
instituição.
(Rossa, Leonardo – 1990 ), afirma que deve
haver “ aceitação de ao menos, 30% dos integrantes
do corpo docente”.
A força transformadora de uma escola
está em seu corpo docente, com auxílio e apoio da
direção e dos serviços.
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2.1.8 - Disposição de correr o risco
O dito “só não erra quem não faz nada” é uma
idéia–força da necessidade de correr riscos.
( Sousa, Maria do Socorro de ). Salienta que,
“numa instituição de educação formal, para se
implantar o planejamento participativo, necessita-se,
em primeiro lugar, estar consciente que ocorrerão
alguns riscos salutares, como instabilidade,
mudança nas relações de poder, compromisso com
as prioridades emergentes...”
O risco de errar, de ter falhas, surgimento de
inseguranças e até mesmo questionamentos na
elaboração, é parte integrante do próprio processo.
Para ( Marques – 198, pg.201) “ não há exercício da
criatividade sem riscos”. São estas situações
desafiadoras que ajudam a crescer.
Os que se envolvem no planejamento
participativo necessitam estar cientes da
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possibilidade de conflitos, choques,
questionamentos, exigências diferentes e até
contraditórias, incertezas, dúvidas e inseguranças.
Até desvios poderão acontecer. O risco é o preço de
aceitar o desafio.
É preferível o risco, a uma segurança aparente,
provinda de belos planos, que, todavia, não
conduzem a nada.
Aos poucos, criar no grupo a consciência de
que, assumindo o processo , corre-se riscos,
provenientes da dinâmica, do conteúdo e dos
objetivo do mesmo.
2.1.9 - Infra-estrutura adequada
É tudo o que dá suporte para tornar
real o desejado. Recursos humanos, físicos,
econômico financeiro e ambiental.
Cada realidade tem as suas prioridades,
devendo ser analisadas com bastante rigor. Abaixo
temos alguns recursos que ( Rossa, Leandro – 1990
) considera indispensáveis.
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Recursos físicos, local e material adequado:
• Sala ampla e ventilada,
• Papel, fotocopiadora
• Quadro de giz, giz
• pincéis atômicos,
• Refeitório para alimentação,
• Local para alojamento,
Recursos econômico – financeiros:
• Para gastos com viagens, alimentação e
materiais diversos.
Recursos ambientais:
• Acolhedor e tranqüilo ( Gandin 1983-pg 24; 1991-pg 60 ), nos fornece um
roteiro, para a orientação global dos participantes do processo de
planejamento. Ele também considera importante que a coordenação tenha um
roteiro para seguí-lo como suporte de avaliação e execução do processo.
2.2 - Plano global de uma escola
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• Marco referencial
• Marco Situacional
• Marco doutrinal
• Marco operativo
2.2.1 - Diagnósticos
• Demandas
2.2.2 - Programação
• Objetivos
• Políticas e estratégias
• Determinações gerais
• Atividades permanentes
Agora irei mostrar etapas que Gandin considera imprescindíveis para um
conjunto de planos de uma instituição. Eles servirão para organizar e
consolidar o conjunto de processos do planejamento.
2.3 - Preparação
2.3.1- Elaboração do plano global a médio
prazo
• Elaboração do marco referencial
• Elaboração do diagnóstico
• Elaboração da programação
• Revisão geral
2.3.2 - Elaboração dos planos globais a curto prazo
O objetivo das etapas acima citado é
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para que nenhum participante do grupo seja pego de
surpresa no decorrer do processo. Para que isto
ocorra é necessário que todos os participantes dos
processos tenham o conhecimento prévio e com
clareza. Isto fará com que a execução do processo
ocorra com mais tranqüilidade e confiança.
CAPÍTULO III
PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO E A ESCOLA
3.1- Planejamento participativo em uma escola
( Dalmás, Angelo – 1999 – pgs. 28 e 29 ). A
escola é um segmento da sociedade. E com esta,
aquela está comprometida na manutenção dos
esquemas relacionais do mundo atual. Em outras
palavras, a escola está compromissada com a
continuidade das relações de dominação e de
exploração vigentes, alimentando, constantemente,
a opressão e a injustiça.
A transformação desta sociedade é o enfoque
28
primeiro da educação libertadora. A vivência de uma
metodologia participativa na qual as relações
solidárias de convivência pontificam, provoca,
mesmo que lentamente, a concretização de uma
nova ordem social, iniciando pela parcela menor,
que é a escola. É preciso propiciar à pessoa a
possibilidade de poder vivenciar uma nova
dimensão da vida social, na qual não participe só na
execução, mas também na discussão dos rumos da
instituição escolar. Em outras palavras, presença
ativa e criativa na elaboração, execução e avaliação,
isto é, na decisão e no fazer do planejamento.
O planejamento participativo na escola não
pode reduzir-se a integrar escola – família –
comunidade , mas também visar a realização das
pessoas e a transformação da comunidade, na qual
a escola está inserida.
A tradição educativa se firmou numa estrutura
eminentemente verticalista. Redimensionar a
29
administração escolar, para uma dimensão
horizontal, é uma das dificuldades, ao mesmo
tempo, pressuposto para o planejamento
participativo. O encontro de pessoas, por meio do
diálogo e do debate, em que discutem, decidem e
assumem as realidades comuns, provoca
crescimento pessoal e comunitário, tornando
possível uma educação escolar mais humana e mais
participativa.
Trata-se de uma nova maneira de decidir e
agir, a fim de tentar uma saída para a difícil situação
em que se encontra a educação formal.
3.2 - A troca do material didático de um colégio particular do
Rio de Janeiro
O fato que será exposto é real, foi vivido por um amigo de classe do
autor deste trabalho em um colégio onde ambos trabalharam, sendo que o fato
ocorreu depois que o autor saiu desta escola. O problema surgiu quando a
diretora e proprietária do “Centro Educacional Senhor do Saber” decidiu trocar
o material didático de seu colégio.
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Como foi dito anteriormente grandes projetos às vezes são perdidos ou
tachados de ruins por falta de um planejamento. Foi o que ocorreu neste caso.
O problema não foi a substituição do material didático e sim a maneira como
foi implantado o novo material didático..
Por motivos éticos irei usar nomes fictícios:
• Instituição de ensino- “Centro Educacional Senhor do Saber”;
• Diretora/Proprietária- “Geniosilda da Silva”;
• Material didático adotado- Apostilas do “Sistema Negativo de
Ensino”.
O “Centro Educacional Senhor do Saber”,
através da diretora Sra. “Geniosilda da Silva”,
decidiu no ano letivo de 2003 trocar todo o seu
material didático de uma só vez, de todas as séries,
desde do ensino fundamental até o ensino médio.
Os livros didáticos foram substituídos pelas apostilas
do “Sistema Negativo de Ensino”.
O colégio trabalhava anualmente adotando livros de
diversos autores como material didático, no entanto, a direção do colégio, sem
nenhuma consulta às coordenadoras pedagógicas e muito menos aos
professores, ou seja sem nenhum planejamento participativo ou pedagógico,
decidiu adotar no início do ano letivo de 2003, apostilas de mercado, que tem
como objetivo trabalhar a construção do conhecimento do aluno.
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A grande questão é que os alunos desse colégio estavam
direcionados a um sistema tradicional de ensino onde essa construção do
conhecimento era raramente trabalhada em sala de aula.
Os alunos estavam moldados a seguinte situação: o
professor entrava na sala de aula, abordava o tema da aula colocando
conteúdos rigorosamente organizados no quadro negro, e a partir daí, os
alunos desenvolviam exercícios de fixação da matéria dada.
A nova proposta com base na construção do
conhecimento, é sem dúvida alguma aplicável, desde que esses alunos e
professores tivessem sidos preparados para essa mudança.
Acredito, que essa mudança tinha que ter sido gradativa;
adotando esse novo material didático por série, e não ter sido adotado para
todas as séries de uma só vez. Além da participação de todos os envolvidos
nesta mudança, diretamente ou indiretamente.
3.3 - PROCEDIMENTOS ADOTADOS PELA DIREÇÃO DO
COLÉGIO, NA TROCA DO MATERIAL DIDÁTICO
• Reuniu os professores no primeiro encontro do ano letivo de 2003.
• Comunicou que a partir daquela data o “Centro Educacional Senhor do
Saber” estava trocando o seu material didático pelas apostilas do “Sistema
Negativo de Ensino”;
• Cada disciplina teria o seu texto exclusivo divididos no ano letivo em quatro
apostilas correspondentes a cada bimestre;
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• Todos os conteúdos dos textos teriam que ser ministrados sem exceções;
• A hora aula para cada unidade teria que ser cumprida com rigor;
• A troca pelas apostilas seria feita de uma só fez. ( todas as séries dos
ensinos fundamental e médio);
• A exposição dos conteúdos teriam que ser feito como uma cópia fiel da
apostila;
• Todos teriam as suas apostilas a partir daquela data ( apostilas do professor
);
• As avaliações teriam que ser elaboradas de acordo com o nível da apostila;
• Os professores teriam que se adaptar a partir daquela data ao novo material
didático;
• Os professores que não se adaptassem ao novo material didático, não
estariam aptos a permanecerem no colégio.
Entendo com clareza que o objetivo da nova proposta com base na
construção do conhecimento foi esquecida e o material elaborado para um fim,
não iria atingir o seu objetivo devido a maneira errada que foi implantado.
3.4 - RESULTADOS DA IMPLANTAÇÃO DO NOVO MATERIAL
DIDÁTICO NO PRIMEIRO SEMESTRE DO ANO LETIVO
DE 2003
33
3.4.1- Impacto no corpo docente
• Professores desmotivados;
• Professores trabalhando sobre pressão para cumprir os conteúdos das
apostilas;
• Professores pedindo demissão por não terem se adaptado ao novo material
didático;
• Professores sendo demitidos por não terem se adaptado ao novo material
didático;
• Relacionamento difícil entre professores e diretoria.
• Relacionamento difícil entre professores e alunos.
3.4.2- Impacto no corpo discente
• Alunos desmotivados;
• Alunos com dificuldades de aprendizagem;
• Alunos mudando de instituição de ensino;
• Um alto índice de notas vermelhas;
• Alunos reclamando do material didático.
3.4.3 - Aceitação do novo material didático pelos pais dos
alunos
• Um alto índice de reclamações do preço das apostilas;
• Um alto índice de reclamações referente ao corpo docente da escola;
• Uma insatisfação geral.
Vejo através dos resultados obtidos que a situação atual é pior que a
anterior isto mostra a necessidade de um planejamento participativo para a
adequação do material didático.
3.5 - PROCEDIMENTOS SUGERIDOS PARA A IMPLANTAÇÃO
DE UM NOVO MATERIAL DIDÁTICO.
3.5.1- Processo de mudança
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Todo processo de mudança passa por pelo menos três fases.
• Consciência da realidade – O que se tem não atende às expectativas
atuais.
• Necessidade de reformular o atual – Ter uma visão do real, ou seja saber o
quanto o atual está distante do real.
• Propostas de novas ações para lidar com o real.
3.5.2 - Procedimento sugeridos
O primeiro passo para se iniciar um projeto de mudança é
a certeza que a situação atual não satisfaz a necessidade da comunidade. Esta
necessidade de mudança já havia sido detectada pela direção do colégio do
estudo do caso acima. Com base nesta necessidade irei expor um
procedimento para se obter propostas de novas ações e a execução das
mesmas.
Os procedimentos abaixo estão moldados no planejamento participativo
e na visão do autor deste trabalho, não tem a pretensão de afirmar que eles
irão proporcionar resultados transformadores positivos, podendo ser incluído
ou excluído itens de acordo com a necessidade de cada projeto. Mas a
finalidade é de contribuir positivamente, para que o projeto tenha sucesso, ou
seja , é um orientador para se chegar onde se deseja.
3.5.3 - Lista de procedimentos
• Reunir o corpo docente e comunicar o desejo de trocar o material didático
pelas apostilas .
• Separar grupos de professores de acordo com as disciplinas que ministram
e passar para cada grupo as respectivas apostilas pedindo uma análise
profunda do conteúdo de cada uma delas;
• Supondo que avaliação tenha sido positiva; fazer um diagnóstico da
realidade da instituição e do local;
• Reunir os grupos de professores para definirem a necessidade dos
conteúdos, prioridades para cada série e a maneira que seriam expostos;
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• Reunir todo o corpo docente para definir como implantar o novo material
didático de uma forma parcial;
• A diretoria fazer uma avaliação do custo das apostilas;
• Comunicar aos pais dos alunos o novo material didático e o seu custo;
• Fazer uma pesquisa com os pais para saber a aceitação do custo do novo
material didático;
• Elaborar um método de avaliação para adequar a nova proposta de ensino;
• Corrigir os desvios;
• Analisar no final do primeiro ano letivo o quanto se aproximou do objetivo
desejado;
• Reunir o corpo docente e de acordo com o diagnóstico, decidir a
continuação ou não da implantação do novo material.
CONCLUSÃO
O foco de todo o problema é que não houve um planejamento
participativo com a parte pedagógica do colégio, com os professores, enfim; a
decisão foi unicamente e exclusivamente da direção do colégio.
As apostilas são entregues aos professores a cada
bimestre. Não foi feito um planejamento de curso, os professores não sabem
36
sequer qual o conteúdo a ser trabalhado no bimestre a seguir.
Acredito da necessidade de se oferecer um treinamento
para os professores, porque muitos não sabem trabalhar com a nova realidade
que lhe foi imposta. Essa necessidade de treinamento, seria porque aqueles
professores formados a mais tempo estão arraigados ao sistema tradicional de
ensino e nem sequer conhecem as mudanças no âmbito da educação, ou até
aqueles que se formaram a pouco tempo, não sabem como aplicar a nova
proposta dos parâmetros curriculares nacionais e por ser algo novo para todos.
A proposta do colégio é melhorar a qualidade do ensino oferecido,
adequando os conteúdos a essa nova proposta de ensino.
Porém, essa qualidade ainda deve ser questionada, pois, a troca do
material didático foi apenas uma mudança superficial ao sistema de ensino
oferecido a comunidade; uma vez que, ainda precisa ser reavaliada a aplicação
desse material didático pelos docentes em sua prática escolar.
O planejamento participativo sugere uma auto-gestão da comunidade,
para alcançar um objetivo comum desejado por todos. Uma liderança
democrática.
Na sua metodologia verifica-se pontos importantes para o sucesso de
um planejamento participativo, tais como:
• O conhecimento da realidade que se vive;
• O que se deseja alcançar para aquela comunidade de forma a
transformá-la ( supondo ser o melhor e diferente da realidade atual.);
• Ter consciência da distância que existe entre o real e o desejado;
• Ter consciência que o material humano, físico e econômico podem
ser obstáculos na realização do projeto em sua plenitude. Por isto
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deverá ser feito ajuste que possibilite iniciar o projeto com o material
existente, buscando no decorrer do mesmo suprir estas
necessidades. Esperar ter em mãos todo o material necessário para
iniciar o projeto, pode significar o seu fracasso, causando descrédito ,
desmotivação e até mesmo esquecimento.
Dos pontos vistos na metodologia do planejamento participativo, gostaria
de citar um que pareceu-me o mais difícil, que é a disposição para correr o
risco de mudar. Na linguagem do futebol vemos isto claramente, na seguinte
frase “ Time que está ganhando não se mexe”. Mas o que é ganhar em uma
instituição de ensino?
É o lucro financeiro para os seus proprietários, é permanecer como está
porque funciona, é manter a tradição de anos, é negar a realidade existente
para não correr o risco de mudar, ou é de formar indivíduos pensantes que
sejam capazes de olhar com responsabilidade para o futuro sem medo de
correr o risco de mudar? É lógico que além desta disposição de correr o risco
de mudar, deve-se também ter um bom planejamento e pessoas que creiam
nesta mudança de maneira que estejam comprometidas com o projeto.
No problema apresentado, existe uma pessoa que está
disposta a correr o risco de mudar, mas de uma maneira que provavelmente
não terá sucesso. A sua mudança está ocorrendo sem um método de
planejamento, sem uma consciência da realidade da sua comunidade, sem um
objetivo maduro para ser alcançado, sem a motivação daqueles que seriam ou
são a mola mestra para o sucesso da mudança proposta, o corpo docente da
comunidade.
Chego a conclusão que a melhor didática a ser aplicada
neste estudo de caso, é o planejamento participativo. Aprendi com o problema
apresentado que, não basta mudar, temos que planejar.
38
Um resultado de sucesso vai depender da consciência do planejamento,
seja ele qual for, da capacidade de vencer obstáculos que surgirão no decorrer
do processo, do comprometimento de todos para alcançar o objetivo desejado.
BIBLIOGRAFIA
BONGIOVANNI, Vissoto e Laureano. Matemática e Vida. São Paulo. Editora .
Ática, 1990
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas. RJ. Editora Campos, 1999.
CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos novos tempos. RJ. Editora .
Campos, 1999.
39
DALMÁS, Angelo. Planejamento Participativo na Escola. Editora Vozes,1999
GIKOVATE, Flávio. A Arte de Educar. São Paulo. MG Editores, 2002.
LUCKESI, Cipriano. Filosofia da Educação. São Paulo. Editora Cortez, 1994.
ÍNDICE
INTRODUÇÃO
08
40
CAPÍTULO I 10
PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO 10
1.1 - Metodologia de planejamento 10
1.2 - Planejamento participativo 12
1.3 - Fases do planejamento participativo 12
1.3.1 - Utopia - o que se deseja alcançar 12
1.3.2 - Diagnóstico a distância entre o que existe e o que se deseja .
. alcançar 14
1.3.3 - Programação – o que será feito para diminuir a distância entre o
que existe e o que se deseja alcançar 14
1.3.4 – Avaliação 15
CAPÍTULO I I 16
INICIO DA EXECUÇÃO DO PROCESSO 16
2.1 - Alguns itens importantes para iniciar a execução do processo 16
2.1.2 - Clima favorável 16
2.1.3 - Integração do grupo 16
2.1.4 - Visão crítica 17
2.1.5 - Descentralizar o poder 17
2.1.6 - Motivação 17
2.1.7 - Envolvimento dos participantes 17
2.1.8 - Disposição de correr o risco 18
2.1.9 - Infra-estrutura adequada 19
2.2 - Plano global de uma escola 19
2.2.1 - Diagnóstico 20
2.2.2 - Programação 20
2.3 – PREPARAÇÃO 20
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2.3.1- Elaboração do plano global médio prazo 20
2.3.2- Elaboração do plano global curto prazo 20
CAPÍTULO III 21
PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO E A ESCOLA 21
3.1 - Planejamento participativo em uma escola 21
3.2 - A troca do material didático numa escola particular do Estado
do Rio de Janeiro 22
3.3 - Procedimentos adotados pela direção do colégio, na troca do
. material didático 24
3.4 - Resultados da implantação do novo material didático no primeiro
. semestre do ano letivo de 2003 25
3.4.1 - Impacto no corpo docente 25
3.4.2 - Impacto no corpo discente 25
3.4.3 - Aceitação do novo material didático pelos pais dos alunos 25
3.5 - Procedimentos sugeridos para a implantação do novo material
. didático 26
3.5.1- Processo de mudança 26
3.5.2 - Procedimento sugeridos 26
3.5.3 - Lista de procedimentos 26
CONCLUSÃO 28
BIBLIOGRAFIA 31
ÌNDICE 32