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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA O ESTUDO DA DISLEXIA VOLTADO PARA ALUNOS PORTADORES DESSE TRANSTORNO DE APRENDIZAGEM Sidnéia Kátia dos Santos Orientador: Profª Maria Esther de Araújo Co-orientadora: Profª Giselle Böger Brand São Paulo 2015

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU

AVM FACULDADE INTEGRADA

O ESTUDO DA DISLEXIA VOLTADO PARA

ALUNOS PORTADORES DESSE TRANSTORNO

DE APRENDIZAGEM

Sidnéia Kátia dos Santos

Orientador: Profª Maria Esther de Araújo

Co-orientadora: Profª Giselle Böger Brand

São Paulo

2015

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O ESTUDO DA DISLEXIA VOLTADO PARA ALUNOS PORTADORES

DESSE TRANSTORNO DE APRENDIZAGEM

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre - Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Educação Especial e Inclusiva.

Sidnéia Kátia dos Santos

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus

pelo dom da vida, por guiar os meus passos e me

dar forças para conseguir realizar mais esse

projeto.

Meus sinceros agradecimentos as

Profªs Giselle e Maria Esther pelas

orientações, dicas, ensinamentos. Vocês

foram essenciais para a realização deste trabalho.

Aos meus pais que sempre me

incentivaram a continuar e não desistir mesmo em

meio a tantas dificuldades.

Aos meus alunos que são minha

fonte de inspiração.

A minha querida amiga-irmã

Daniel Rocha por ter me

auxiliado em minhas dificuldades de informática

e dispor do seu tempo.

.

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus alunos e ex-alunos

que enfrentam essa dificuldade e que muito me

ensinaram, afinal se a criança com dislexia não pode

aprender do jeito que ensinamos, temos que ensinar

do jeito que ela aprende. E eu não poderia deixar de

citar o que o evangelho de Marcos 9:23 diz: “ Tudo é

possível aquele que crê.”

RESUMO

A presente monografia tem como objetivo principal auxiliar alunos disléxicos

com estratégias específicas para esse Transtorno à luz de pesquisa

bibliográfica acerca das definições concernentes a ela. Pretende também

observar a realidade desses alunos, bem como as famílias encaram essa

situação.

De maneira peculiar este trabalho visa propor estratégias para auxiliar essas

crianças, tendo em vista que o professor tem papel fundamental nesse

processo; e este deve ser cauteloso visando sempre a educação integral do

aluno, conscientizando a família sobre a importância do seu papel.

Será possível conhecer o que alguns autores dizem a respeito da dislexia

remetendo-se a aspectos que se estendem de sintomas leves a severos, bem

como tudo aquilo que é pertinente se verificar em alunos portadores desse

transtorno, como por exemplo sua etiologia.

Mostrar que os pais tem uma responsabilidade grande em integrar-se junto a

escola para que o processo de organização se concretize na vida de seu filho;

e não há como deixar de citar que a expectativa gerada pelos familiares

acarretam alguns fatores emocionais.

As estratégias podem ser muito eficazes se aplicadas com empenho e

perseverança, identificando aquilo que é mais prazeroso a criança.

Chegando-se a conclusão de que para que o aluno portador dessa dificuldade

tenha êxito são necessários a união de alguns ingredientes fundamentais:

paciência, amor, conhecer a respeito da dificuldade e da realidade dessas

crianças e pais e professores se aliarem nesse processo e a utilização de

estratégias específicas.

Metodologia

Este trabalho será desenvolvido por meio de Pesquisa e Análise Bibliográfica

incluindo os autores: Jordano Copetti em : Dificuldades de Aprendizado; Sally

Shaywitz em : Entendendo a Dislexia; Simaia Sampaio em : atividades para

disléxicos e Mauro Muszkate e Sueli Rizzutti em: O professor e a dislexia.

Este estudo é dirigido aos alunos do ensino fundamental I ( 1º ao 5º )

portadores de Dislexia, através da elaboração e apresentação de estratégias

específicas para o desenvolvimento da aprendizagem desses alunos.

Apresentar um estudo de caso de uma criança de 9 anos matriculada na rede

particular de ensino em São Paulo que cursa a 2ª série/3º ano do ensino

fundamental I. Nesse estudo será mostrado o desenvolvimento da criança

antes e depois do laudo, bem como as estratégias utilizadas. Poderá ser

apresentada a Anamnese ( ficha de saúde/entrevista) que a professora fez com

a mãe da criança e o relatório da escola do quadro de evolução do aluno.

SUMÁRIO

Introdução

CAPÍTULO I - Dislexia

1.1 – Definições

1.2 - Etiologia – Fatores genéticos e ambientais

CAPÍTULO II - A realidade dos alunos portadores deste Transtorno

2.1 – Importância da família e outros fatores na superação das dificuldades da

criança

CAPÍTULO III - Estratégias para auxiliar alunos disléxicos

3.1 – Estudo de Caso

CONCLUSÃO

ANEXOS

BIBLIOGRAFIA

Introdução

O tema desta monografia é Dislexia – Transtorno de Aprendizado em Leitura. A

principal abordagem deste trabalho é descobrir estratégias que podem ser

usadas pelos professores com alunos disléxicos do ensino fundamental I para

que se desenvolvam no processo ensino aprendizagem.

É relevante citar que o tema sugerido propõe que todo professor que pretenda

ser bem sucedido com seus alunos disléxicos deve buscar, promover

estratégias para suas aulas. É tarefa do professor comprometido realizar essas

estratégias.

Seja na sala de aula ou fora dela, os disléxicos estão em constante

relacionamento com inúmeras pessoas que podem ou não colaborar com ele.

No caso da escola, são os professores que contribuem para seu

desenvolvimento.

O professor deve cuidar para que esse relacionamento seja proveitoso para

ambos os lados, visando sempre a educação global que é responsabilidade da

escola mas também dos pais.

O professor se torna democrático quando permite a sugestão dos pais nesse

processo; porém deve também se preocupar em conhecer bem a realidade de

seus alunos pois lhe fornecerá um perfil claro das dimensões humana, político

social, bem como dos recursos disponíveis; a partir de então, tornam-se

possíveis suas estratégias visando sempre a aprendizagem. Para tanto os

objetivos desta pesquisa são: propor estratégias para auxiliar alunos disléxicos,

pesquisar fontes de informação a respeito da dislexia e observar a realidade

dos alunos portadores deste Transtorno.

As estratégias específicas tem papel fundamental para o desenvolvimento da

aprendizagem do aluno disléxico.

O sucesso na aprendizagem da leitura e da escrita de uma criança depende do

seu amadurecimento fisiológico, emocional, neurológico, intelectual e social, ou

seja, depende do contexto no qual a criança está inserida. Por exemplo, uma

criança habituada a ouvir certo dialeto na vivência cotidiana, acaba por

absorver tais costumes, que irão influenciar no seu processo normal de

aquisição de linguagem, principalmente no que diz respeito à linguagem oral.

No processo de alfabetização tanto a leitura quanto a escrita vão acontecendo

simultaneamente, podendo haver algumas exceções, como em algumas

crianças que aprendem primeiramente a escrever e posteriormente a ler,

enquanto que em outras, pode acontecer o contrário: a leitura antecede a

escrita. Falhas nos processos cognitivos básicos podem ocasionar dificuldades

de leitura e escrita. Assim como qualquer deficiência na estruturação e na

organização da linguagem, que são atividades isoladas desde o processo de

desenvolvimento.

Na aquisição da leitura e da escrita, são necessários que estejam presentes

alguns pré-requisitos. São eles: prontidão para aprender, percepção, esquema

corporal, lateralidade; orientação espacial e temporal; coordenação visomotora;

análise e síntese visual e auditiva; habilidades visuais; habilidades auditivas;

memória sinestésica; linguagem oral. Todos esses pré- requisitos são

fundamentais, juntamente com o desenvolvimento físico emocional e intelectual

para a aprendizagem.

O capítulo I abordará algumas considerações sobre a dislexia, do ponto de

vista de que esta começa a ser percebida na fase da alfabetização, onde a

criança portadora ; omite, aglutina, troca letras, sílabas e espelha números e

letras. Bem como as definições segundo alguns autores e a etiologia.

Já o capítulo II irá enfatizar a realidade dos disléxicos, mostrar que suas

dificuldades não estão relacionadas com falta de inteligência e capacidade e

sim que ele tem um processamento diferente, tendo em vista que dislexia não é

uma doença. Também será apresentado o papel da família na superação das

dificuldades.

O capítulo III se trata de como os professores podem trabalhar com seus

alunos disléxicos para o seu desenvolvimento, a apresentação de estratégias

específicas tem sua importância nesse processo.

Por fim no capítulo IV será mostrado um estudo de caso de uma criança

disléxica, de 9 anos, que cursa a 2ª série/ 3º ano do ensino fundamental I na

rede particular de ensino.

Cap. I - DISLEXIA

Dislexia é o primeiro distúrbio específico de linguagem a ser considerado

porque é o mais comum e melhor compreendido Distúrbio de Aprendizagem na

infância.

De maneira simples, dislexia é uma dificuldade inesperada na aprendizagem

de leitura e soletração. Inesperada significa que não há qualquer razão óbvia

para dificuldade. Dislexia é um distúrbio de alta freqüência, cuja incidência e

estimada visualmente como variando de 5% a 10% (Benton & Pearl, 1978).

A proporção sexual de dislexia comumente citada de 3,5 a 4,0 meninos para

cada menina é baseada em amostras clínicas. (De Fries, 1989).

Uma descrição do transtorno que é designado por esse nome, transtorno

segundo o qual existem crianças que , sendo inteligentes ou muito inteligentes,

apresentam dificuldades para aprender a ler, embora sejam capazes de

realizar outras aprendizagens. A denominação do conceito seguiu uma linha

evolutiva segundo o qual chamaram de cegueira verbal congênita, alexia

congênita ,alexia de evolução e por último dislexia de evolução.

Este último nome oferece a vantagem de chamar a atenção para a significação

qualitativamente diferente que o transtorno tem, quando se manifesta nas

crianças. Para defini-lo, porém com maior rigor, já no começo das

investigações surgiram grandes dificuldades que , ao que parece, ainda não

foram vencidas.

É importante saber que trocas ortográficas nem sempre são dislexia. Os

disléxicos não tem comprometimento de inteligência e dislexia não é doença. É

o funcionamento peculiar do cérebro para processamento da linguagem. O

portador de dislexia tem um componente neurológico associado, pois tem uma

parte posterior a esquerda do cérebro diferenciada do não disléxico. Muitas

pessoas tem dificuldades na leitura e escrita, nem por isso são disléxicas. Não

existe ainda um exame médico, ou um eletroencefalograma , ou um exame

médico, ou mapeamento cerebral, uma ressonância que detecte a dislexia;

esta para ser constatada necessita de uma avaliação multidisciplinar por

exclusão.

A dislexia independe de alterações motoras, intelectuais, sensoriais,

emocionais ou método de ensino inadequado. Também se faz necessário dizer

que dificuldade sensorial é dificuldade auditiva e não dislexia , assim como

dificuldade mental não tem relação com esse transtorno específico.

Problemas emocionais, psicológicos, fatores ambientais, podem alterar a

aprendizagem mas não podem desenvolver um quadro de dislexia.

Eis alguns sinais de quem tem dislexia:

- vive no mundo da lua

- concentração baixa

- baixa auto estima

- esquiva-se de ler em voz alta

- dificuldade em sequências

- inventa, acrescenta, ou omite palavras na leitura

- extremamente lento ou rápido com muitos erros

- é impulsivo interrompendo as falas de outros

- desorganizado

- tem dificuldades de soletração, justamente porque não tem consciência

fonológica.

Na Educação Infantil os sinais são:

- demora pra falar

- dificuldade em reproduzir história em sequência

- dificuldades com rimas

No Ensino Fundamental são os sinais:

- dificuldade no planejamento motor fino

- dificuldade nos pares mínimos pb/fv/td

- dificuldades em orientação espacial e temporal

1.1 – Definições

A derivação grega de Dislexia, está à significação intrínseca do termo dys,

significando imperfeita como Disfunção, isto é uma função anormal ou

prejudicada ; e lexia que do grego, dá significação mais ampla ao termo

palavra, isto é, como Linguagem em seu sentido abrangente.

Dislexia é uma específica dificuldade de aprendizado da Linguagem em:

Leitura, Soletração, Escrita, em Linguagem Expressiva ou Receptiva, em

razão e Cálculo Matemáticos, como na Linguagem Corporal e Social. Não

tem como causa falta de interesse, de motivação, de esforço ou de

vontade, como nada tem a ver com acuidade visual ou auditiva como causa

primária. Dificuldades no Aprendizado da leitura, em diferentes graus, é

característica evidenciada em cerca de 80% dos disléxicos.

Dislexia, antes de qualquer definição, é um jeito de ser e de aprender;

reflete a expressão individual de uma mente, muitas vezes arguta e até

genial, mas que aprende de maneira diferente.

Segundo Pennington ( 1997) entendemos pela expressão dislexia

específica ou dislexia de evolução um conjunto de sintomas de uma

disfunção geralmente hereditária ou às vezes adquirida que afeta a

aprendizagem da leitura num contínuo que se estende do sintoma leve ao

severo. A dislexia é

freqüentemente acompanhada de transtornos na aprendizagem da escrita,

ortografia, gramática e redação.

A dislexia afeta os meninos numa proporção maior que as meninas.

O termo dislexia é aplicável a uma situação na qual a criança é incapaz de

ler com a mesma facilidade com a qual lêem seus iguais, apesar de possuir

uma inteligência normal, saúde e órgãos sensoriais intactos, liberdade

emocional, motivação e incentivos normais.

A fim de diferenciar qualitativamente a dislexia específica das demais

causas de dificuldades na leitura, é conveniente remeter-se ao seguinte

raciocínio levantado por Critcheley:

- A dificuldade para ler persiste até a idade adulta;

- Os erros na leitura e na escrita são de natureza peculiar e

específica;

- Existe uma incidência familiar de tipo hereditário da Síndrome.”

(BRASLAVSKY, 1996, p.39)

A dislexia está muito próxima da distorção visual e auditiva pois o indivíduo

apresenta dificuldades em distinguir semelhanças e diferenças entre os sons

acústicos, perceber sons no meio da palavra análise- síntese, memória e

sequência auditiva, ( os sons das letras ou palavras não são recordados),

dificuldades na percepção visual de palavra, memória visual e de orientação

espacial, é comum uma leitura bastante fonética e analítica, trocas entre letras

e palavras que tem a mesma configuração espacial, espelhamento.

Os pré requisitos para aquisição da leitura e escrita são:

* Prontidão para aprender – Segundo definição de vários autores, seria o nível

suficiente de preparação para se iniciar uma aprendizagem, onde as diferenças

individuais correspondem às diferenças na prontidão para aprender.

* Percepção – É através dos órgãos dos sentidos que é estabelecido o contato

da criança com o mundo exterior, organizando e compreendendo os

fenômenos que ocorrem. Na pré-escola, todos os aspectos devem ser

trabalhados: o visual, o auditivo, o tátil, o olfativo e o gustativo.

* Esquema corporal – É uma habilidade que implica o conhecimento do próprio

corpo, suas partes, movimentos, posturas e atitudes.

* Orientação espacial e temporal – Na orientação espacial ocorre a consciência

da relação do corpo com o meio. Na orientação temporal, a criança se organiza

temporalmente a partir de seu próprio tempo.

* Lateralidade – Define-se de acordo com a preferência neurológica que se tem

por um lado do corpo, no que diz respeito à mão, pé, olho e ouvido.

* Coordenação visomotora – É a integração entre os movimentos do corpo (

globais e específicos) e a visão.

* Ritmo – Possibilita à criança, no que diz respeito à percepção dos sons no

tempo.

* Análise e síntese visual auditiva – É a habilidade que a criança precisa ter de

visualizar o todo, dividi-lo em partes e depois juntá-las para voltar ao todo. No

processo da escrita, é preciso que a leitura venha antes, ou seja, a palavra

deve ser ouvida, visualizada e só depois escrita.

* Habilidades visuais – É através dos olhos que, na fase pré-escolar, a criança

faz a discriminação de semelhanças e diferenças, de formas e tamanhos,

desenvolve a percepção de figura-fundo e a memória visual.

* Habilidades auditivas – É através da visão e da audição que os símbolos

gráficos são recebidos e conduzidos ao cérebro para serem retidos. Na pré-

escola, as letras cujos sons são parecidos ( f/v, t/d, p/b, etc.) devem ser

estimuladas através da discriminação de sons.

* Memória sinestésica – Segundo Morais (1999) é a capacidade da criança

reter os movimentos motores necessários à realização gráfica. À medida que a

criança entra em contato com o universo simbólico (leitura e escrita), vão

ficando retidos em sua memória dos diferentes movimentos necessários para o

traçado gráfico das letras.

* Linguagem oral – Constitui um pré-requisito básico para a alfabetização e,

conseqüentemente, para a aprendizagem da leitura e da escrita. A

alfabetização só deve ser iniciada depois que a criança é capaz de pronunciar

corretamente todos os sons da língua. A ampliação do vocabulário é outro pré-

requisito importante.

Segundo Geraldina Witter ; dislexia é o primeiro distúrbio específico de

linguagem a ser considerado porque é o mais comum e melhor compreendido

distúrbio de aprendizagem na infância.

“Quando existem distúrbios neurológicos na criança disléxica estes referem-se

à Disfunção Cerebral Mínima (DCM) em nível de Sistema Nervoso Central.”

(QUIRÓS & DELLA CELLA, 2000, p.18)

“Na dislexia também observa-se a substituição de palavras por sinônimos,

como esses sujeitos percebem as palavras de forma global podem efetuar

trocas de palavras por outras semelhantes.” ( IAK, 2004, p.41)

1.2 – Etiologia – Fatores genéticos e ambientais

Fatores tanto genéticos como ambientais podem causar a dislexia. Porque há

mais de uma etiologia em cada categoria, a dislexia, é, sem dúvida

etiologicamente heterogênea. Do lado genético há evidência de transmissão

poligêmica, transmissão recessiva e transmissão dominante autossômica.

Acredita-se que um número de cromossomo sexual anormal, especificamente o

47, xxy , é uma das raras causas da dislexia.

As evidências atuais apóiam a perspectiva de que a dislexia é familial ( cerca

de 35% a 40% dos parentes de primeiro grau são afetados), herdada ( com

uma hereditariedade de cerca de 50%).

Em termos de herança familial, a agregação familial na dislexia foi logo notada

após o distúrbio ter sido descrito pela primeira vez por Kerr ( 1897) e Morgan (

1896) . Ela foi relatada em numerosos estudos de caso de crianças com

dislexia que freqüentemente tinham parentes afetados .

Dentre estes está o de Thomas (1905) , que relatou o caso de dois irmãos

afetados e uma outra criança com uma irmã e mãe afetadas; foi o primeiro a

mostrar a tendência familial da dislexia.

Stephenson relatou a história de três gerações de uma família afetando cinco

mulheres e um homem. Estes relatos documentaram vários aspectos da

apresentação clínica da dislexia.

Espera-se que as Etiologias heterogêneas que levam à dislexia não afetem

diretamente a leitura, mas que ao invés disso alterem o desenvolvimento de

habilidades de fala importante para o desenvolvimento posterior da leitura.

Estas análises genéticas de comportamento são consistentes com a

perspectiva de que o componente herdado na dislexia em nível da linguagem

escrita está na codificação fonológica e que o precursor herdado deste déficit

na codificação fonológica é um déficit na consciência do fonema.

Pouco é conhecido sobre as causas ambientais da dislexia. As complicações

perinatais apresentam uma associação fraca, não específica, com problemas

posteriores de leitura e alguns autores postulam que insultos ambientais

infecciosos ou tóxicos também poderão ter aqui um papel.

Além destes tipos de riscos bioambientais, há os aspectos do ambiente

sociológico, incluindo famílias grandes e baixo nível sócio econômico que

provavelmente contribuem para os problemas de leitura.

Adams( 1990) destaca que essas variações sub-culturais não são

necessariamente simples do nível sócio econômico ou da raça, uma vez que

algumas comunidades pobres cuidam do fornecimento de boas experiências de

pré alfabetização. Como a leitura é uma invenção cultural e a alfabetização

depende do treino cultural, diferenças ambientais em exposição ao material

impresso nos anos pré- escolares, sem dúvida, exercem um efeito principal na

ampla variação final em habilidade de leitura. Certamente, algumas crianças

que parecem ter dislexia não têm diferenças genéticas ou neurológicas como

causa e seus problemas de leitura.

Além disso, todas as crianças com problemas de leitura, a despeito de sua

etiologia requerem os mesmos esforços intensos para remediar ou prevenir

seus problemas.

Cap. II – A REALIDADE DOS ALUNOS PORTADORES DESTE

TRANSTORNO

Trocar letras como o /b/ e o /d/, ou o /p/ e o /q/, fazem parte da rotina das

crianças que têm que conviver com o problema. Assim como a dificuldade de

decifrar frases que a professora coloca no quadro negro, ou dar sentido às

contas matemáticas.

Os sintomas, no entanto, são frequentemente confundidos com problemas de

inteligência.

O disléxico tem, geralmente, a inteligência normal.

As principais características da dislexia são os problemas para ler, escrever e

lidar com números. As crianças costumam espelhar os sinais; o /p/ vira /q/, o

16, 61 – omitem letras e tem dificuldades para copiar o que está no quadro.

Também podem escrever frases juntando as palavras.

Em vários estudos realizados, tanto no Brasil como no exterior (MUSZKAT &

RIZUTTI,2012,p.28) constatara-se vários possíveis sinais de dislexia na 1ª

infância, dentre os quais podemos citar:

− atraso no desenvolvimento motor desde a fase de

engatinhar, sentar e andar;

− atraso ou deficiência na aquisição da fala, desde o

balbucio, à pronuncia de palavras

− parece difícil para essa criança entender o que está

ouvindo

− distúrbios do sono

− enurese noturna

− suscetibilidade às alergias e às infecções

− tendência à hiper ou hipo atividade motora

− chora muito e parece inquieta ou agitada com muita

freqüência

− dificuldades para aprender a andar de triciclo

− dificuldades de adaptação nos primeiros anos escolares

Pesquisas científicas neurobiológicas recentes concluíram que o sintoma mais

conclusivo acerca do risco de dislexia em uma criança pequena ou mais velha,

é o atraso na aquisição da fala e sua deficiente percepção fonética.

Quando este sintoma está associado a outros casos familiares de dificuldades

de aprendizado e a dislexia é, comprovadamente genética, afirmam

especialistas que essa criança pode vir a ser avaliada já a partir de cinco anos

e meio , idade ideal para o início de um programa remediativo. Esses

programas podem trazer as respostas mais favoráveis para superar ou

minimizar essa dificuldade.

A dificuldade de discriminação fonológica leva a criança a pronunciar as

palavras de maneira errada. Essa falta de consciência fonética, decorrente da

percepção imprecisa dos sons básicos que compõem as palavras, acontece, já,

a partir do som da letra e da sílaba. Essas crianças podem expressar um alto

nível de inteligência, “ entendendo o que ouvem” , como costumam observar

suas mães, porque têm uma excelente memória auditiva. Portanto, sua

dificuldade fonológica não se refere à identificação do significado de

discriminação sonora da palavra inteira, mas da percepção das partes sonoras

diferenciais de que a palavra é composta. Esta é a razão porque o disléxico

apresenta dificuldades significativas em leitura, que leva a tornar-se, até,

extremamente difícil sua soletração de sílabas e palavras.

Partindo para a idade de iniciação escolar, a partir dos 6 anos de idade,

constatam-se vários possíveis sinais de dislexia, dentre os quais se destacam :

∗ enorme lentidão ao fazer seus deveres;

∗ ao contrário, seus deveres podem ser feitos rapidamente e com muitos

erros;

∗ pode ter cópia com letra bonita, mas tem pobre compreensão do texto ou ao

lê o que escreve

∗ a fluência em leitura é inadequada para a idade

∗ inventa, acrescenta ou omite palavras ao ler e ao escrever;

∗ só faz leitura silenciosa;

∗ ao contrário, só entende o que lê, quando lê em voz alta para poder ouvir o

som da palavra;

∗ sua letra pode ser mal grafada e, até, ininteligível; pode borrar ou ligar as

palavras entre si;

∗ pode omitir, acrescentar, trocar ou inverter a ordem e direção das letras e

sílabas;

∗ esquece aquilo que aprendera muito bem, em poucas horas, dias ou

semanas

∗ tem grande imaginação e criatividade

∗ tem mudanças bruscas de humor

∗ é impulsivo e interrompe os demais

∗ confunde direito-esquerdo, em cima , embaixo, na frente, atrás

∗ é comum apresentar lateralidade cruzada, muitos são canhestros ou

ambidestros

∗ dificuldade para ler a horas; sequência de dia, mês e estação do ano

∗ é capaz de cálculos aritméticos, mas não resolve problemas matemáticos

ou algébricos

∗ são extremamente desordenados, seus cadernos e livros são borrados e

amassados

∗ dificuldades para andar de bicicleta abotoar, para amarrar o cordão dos

sapatos

∗ sua escrita pode ser extremamente lenta, laboriosa, ilegível, sem domínio

do espaço na página.

2.1 – A importância da família e outros fatores na superação das

dificuldades da criança

Segundo Peston( 2002) muitos fatores são importantes para garantir o bom

desempenho escolar. E a prevenção começa ainda na gestação, pois mães

desnutridas, com doenças infecciosas, com más condições de higiene e com o

uso de cigarro ou álcool na gestação vão gerar crianças com mais chances de

apresentarem déficits cognitivos e problemas no aprendizado escolar. Os

cuidados com a saúde física e mental da criança começam no parto e seguem

até que ela entre na escola. Mas mesmo crianças que tenham sido gestadas e

criadas nos ambientes mais saudáveis podem vir a apresentar déficits

cognitivos que tornem o aprendizado escolar uma tarefa árdua.

Crianças disléxicas apresentam combinações de sintomas, em intensidade de

níveis que variam entre o sutil ao severo, de modo absolutamente pessoal. Em

algumas delas há um nº maior de sintomas e sinais; em outras são observadas

somente algumas características. Quando os sinais só aparecem enquanto a

criança é pequena, ou se alguns desses sintomas somente se mostram

algumas vezes, isto não significa que possam estar associados à Dislexia.

Inclusive há crianças que só conquistam uma maturação neurológica mais

lentamente e que, por isto, somente têm um quadro mais satisfatório de

evolução, também em seu processo pessoal de aprendizado, mais tardiamente

do que a média de crianças de sua idade.

Pesquisadores têm enfatizado que a dificuldade de soletração tem-se

evidenciado como um sintoma muito forte da Dislexia. Mesmo com todas as

dificuldades que a dislexia pode trazer para a vida escolar de uma criança, é

possível contornar o problema. O mais importante é que os pais e,

principalmente os professores estejam sempre atentos. O grau da dislexia varia

muito e os sinais costumam ser inconstantes, porém é preciso identificar a

grande maioria dos sinais procurando possibilitar o reconhecimento de um

aluno disléxico.

Reconhecer os sintomas é o primeiro passo que a família deve ter para poupar

o disléxico de anos de dificuldades e até mesmo do desinteresse pela escola.

Hoje com tratamentos psicopedagógicos, psicomotores e acompanhamento

escolar, uma criança com dislexia pode chegar à faculdade sem problemas,

mesmo que mais lentamente.

Pais devem ser atuantes no processo de organização e estruturação de modo

que as ações a serem desenvolvidas na escola estejam voltadas para as

necessidades de todas as famílias, incluindo a sua própria.

Muitos pais não conhecem e não se interessam pelas dificuldades de seus

filhos, despejando assim sobre eles todas as suas expectativas em relação a

aprendizagem desta criança.

Quando os pais assumem essa postura é gerado na criança que já tem a

dificuldade, alguns fatores emocionais tais como: (GERBER, 1996, p.73)

- Agressividade dirigida à figura paterna e ao professor enquanto

autoridade.

- Desmotivação para com o conteúdo.

- Desatenção

- Inquietude

- Dificuldades na aceitação de limites

- Falta de adaptação ao Sistema Escolar

- Sentimento de fracasso e ressentimento

- Angústia e depressão

- Ansiedade

Percebe-se então que muitos são os fatores que podem impossibilitar a

aprendizagem de uma criança; no entanto é certo que a família pode, e muito,

auxiliar o aluno que enfrenta esses problemas, principalmente se os pais

estiverem dispensando esforços conjuntos com a escola e o professor da

criança.

“ A família em participação com a escola, pode ajudar a criança, na construção

de uma auto-imagem positiva, mostrando-lhe que é capaz, orientando-a na

questão do interesse e motivação; e a partir daí pais e professores tratarão de

transformar crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem, em

crianças seguras e inseridas na dinâmica familiar, social e escolar” (

PAMPLONA, 1997,p.51)

Cap. III – ESTRATÉGIAS PARA AUXILIAR ALUNOS DISLEXICOS

Depois de detectada a Dislexia, cabe à escola, juntamente com o professor,

trabalhar este aluno de maneira “distinta”, para fazer com que este consiga

amenizar seu distúrbio de aprendizagem. Mesmo com um trabalho

diferenciado, a criança nunca deixará de ser disléxica, mas poderá ter uma vida

escolar quase “normal” , podendo aprender a ler e escrever como os demais,

apesar das dificuldades que possui.( Copetti, 2008).

Para trabalhar com a criança disléxica , o professor necessita ser capacitado e

ter conhecimento à cerca da Dislexia. Ele precisa saber o que é a dislexia, sua

causa, conhecer a realidade de seus alunos. Com essas informações o

professor pode trabalhar com o aluno em sala de aula, não deixando que este

se sinta excluído e com auto-estima baixa.

Na maioria das vezes, os professores têm um conceito errado ao problema

apresentado pelo aluno, considerando-o relapso, desatento, preguiçoso e sem

vontade de aprender. Isso faz com que o aluno se sinta incapaz, sem

motivação, têm reações rebeldes e até desperta um quadro de depressão. O

quadro se agrava ainda mais quando ocorre a repetência e evasão escolar,

pois muitas vezes não se tem o real diagnóstico. Segundo OLIVEIRA ( 1997),

muitos professores, preocupados com o ensino das primeiras letras, e não

sabendo como resolver as dificuldades apresentadas por seus alunos, várias

vezes os encaminham para as diversas clínicas especializadas que os rotulam

como doentes, incapazes ou preguiçosos. Na realidade, muitas dessas

dificuldades poderiam ser resolvidas dentro da própria escola.

Em primeiro lugar, o professor precisa ter paciência para trabalhar com este

aluno buscando, através da motivação diária, atender as necessidades que o

mesmo apresenta. Este não deve ser alfabetizado pelo método tradicional, pois

a criança com dislexia não consegue internalizar o todo, necessitando ter um

trabalho individualizado, com bastante repetição, utilizando, também o método

fonético, pois sua dificuldade está, principalmente, em fixar os fonemas. Este

trabalho deve iniciar-se pela leitura de livros com uma simples compreensão,

aumentando gradativamente o conteúdo dos mesmos e só chegar ao todo

quando achar que o aluno já está preparado ou capacitado para ter esta

compreensão.

Este trabalho deve ser realizado em parceria com os pais do disléxico. Primeiro

passo é o diagnóstico real do problema emitido por um especialista, após

professores, juntos com os pais, necessitam conversar e expor o problema

para a criança portadora de Dislexia. Deverá buscar restabelecer sua auto-

estima, confiança através da orientação e instrução adequadas para que o

mesmo, pouco a pouco, vá superando o trauma da sua incapacidade de

aprender a ler e escrever corretamente.

Desta forma, os pais e professores precisam trabalhar em conjunto, onde um

não pode contradizer o outro, buscando aumentar a sua motivação para

restaurar a sua autoconfiança em si mesmo, valorizando o que ele faz mesmo

que não esteja correto tendo o cuidado para não enfatizar os erros cometidos

por ele.

É necessário valorizar todo o esforço e interesse demonstrado pelo mesmo,

respeitando seu ritmo, pois o disléxico necessita de mais tempo para pensar e

entender o que é para ser feito, que um aluno normal. Para isso o professor

necessita ter paciência e força de vontade ajudando este aluno, pois não existe

um método específico de alfabetizar os mesmos.

O educador precisa conhecer o assunto e buscar informações com pessoas

conhecedoras do assunto para daí elaborar atividades para esta criança, sendo

que, nenhum disléxico é igual, todos tem alguma peculiaridade a ser

desvendado pelo professor.

Uma outra maneira de ajudar este aluno é explicando para ele que sua

dificuldade na aprendizagem da leitura e escrita tem um nome: Dislexia, sendo

que, o professor quer ajudá-lo a superar este problema e depende dele superá-

lo, não desistindo no primeiro obstáculo, mas seguindo firme buscando com

coragem e persistência o conhecimento como os demais.

Novamente, intensifica-se a idéia de que o professor precisa ter calma com

este aluno, pois ele será mais lento que os demais, necessitam dar mais tempo

para ele fazer a prova, copiar a matéria da lousa, resolvê-la. Além disso, é

necessário usar de diferentes estratégias para com este aluno, para que ele

entenda o conteúdo como : o uso de materiais estimulantes e interessantes, os

quais ele possa ver, sentir, ouvir, manusear, etc. jogos, cartazes, histórias em

CD, material dourado, etc, buscando ensiná-lo da maneira como ele entender

melhor o conteúdo proposto mesmo que seja através de uma brincadeira onde

tudo seja realizado na oralidade. Segue algumas dicas para o cotidiano dos

alunos disléxicos em sala de aula: (LEFEVER, 2002,p.202)

- Trate o aluno disléxico com naturalidade. Ele é um aluno como

qualquer outro; apenas disléxico.

- Use linguagem direta, clara e objetiva quando falar com ele.

- Fale olhando diretamente para ele.

- Traga-o para perto da lousa e da mesa do professor.

- Verifique sempre e discretamente se ele demonstra estar

entendendo a sua exposição.

- Certifique-se de que as instruções para determinadas tarefas foram

compreendidas.

- Observe discretamente se ele fez as anotações da lousa e de

maneira correta antes de apagá-la.

- Observe se ele está se integrando com os colegas.

- Estimule-o, incentive-o, faça-o acreditar em si, a sentir-se forte,

capaz e seguro.

- Sugira-lhe dicas, atalhos, jeitos de fazer, associações, que o ajudem

a lembrar-se de, a executar atividades ou a resolver problemas.

- Atenção: em geral, o disléxico tende a lidar melhor com as partes do

que com o todo.

- Permita, sugira e estimule o uso de gravador, tabuada, calculadora,

recursos de informática.

- Permita, sugira e estimule o uso de outras linguagens.

Devem ser usados jogos que mexam com palavras e sons; por exemplo deve-

se ensinar as crianças disléxicas o conceito de rima, para que assim se

trabalhe o processamento fonológico.

Depois que a criança começar a ler de forma silábica, pode ser realizado o

treinamento de automatização onde a contribuição dos pais para tal atividade

se faz necessária. Ex: Os pais podem ler um texto e gravá-lo e enquanto a

criança ouve a gravação acompanha a leitura. Nessa estratégia é importante

utilizar textos, revistas e livros que sejam compatíveis com o atual estágio de

desenvolvimento do vocabulário. É fundamental dar preferência a textos e

assuntos que a criança gosta, como histórias infantis.

Em sala de aula a professora pode utilizar “flash cards” : são cartões onde são

escritas as palavras que a criança tem mais dificuldade e que necessitam ser

automatizadas. Estas palavras podem ser selecionadas enquanto o aluno está

lendo um texto.

Exercícios repetitivos e contínuos de leitura e escrita de palavras mais

complexas podem alcançar um nível eficiente de automatização.(Crepaldi &

Duarte, 2003). A melhor forma é fazer a criança ler um texto várias vezes, pois

assim irá ler cada vez mais rapidamente.

O objetivo da repetição é que a criança memorize a forma como as palavras

são escritas, assim da próxima vez que a ver, identificará mais rapidamente. A

leitura automática é um processo de rapidez de nomeação, ou seja, as letras

vistas devem ser processadas e associadas aos sons correspondentes e, para

o processo se tornar automático é preciso muita repetição.

Mapas mentais também são uma ótima estratégia quando se tratam de

trabalhar disciplinas como: geografia, história, ciências pois esse organograma

pode ser confeccionado pela professora juntamente à criança com canetas

hidorocores para compreensão, assimilação e retenção dos conteúdos.

É evidente que as dicas, as estratégias até aqui mencionadas não abordam

tudo que existe em termos de reabilitação e nem em termos do que as

neurociências sabem hoje sobre dislexia, mas muitas crianças podem ser

detectadas precocemente e auxiliadas no seu desenvolvimento a partir dos

conhecimentos e técnicas de treinamento.

Também pode haver o monitoramento das atividades como: certificar se as

tarefas de casa foram compreendidas e anotadas corretamente. Em sala de

aula o aluno disléxico pode sentar perto da professora para que receba ajuda

facilmente. Certificar de que o aluno leu e compreendeu o enunciado ou a

questão caso contrário o professor poderá ler as instruções para ele. Repetir as

novas informações e verificar se foram compreendidas, levar em consideração

as dificuldades específicas do aluno e as dificuldades da língua materna

quando corrigir os deveres, estimular a expressão verbal do aluno, dar

instruções e orientações curtas e simples que evitem confusões. Ensinar regras

ortográficas, permitir tempo suficiente para treinar competências fonológicas.

Praticar competência em termos de memorização, praticar soletração. Ter

sempre em mente que alunos com dislexia se cansam rapidamente.

Não sobrecarregar com trabalhos de casa, permitir o uso de gravador, deixar o

aluno ler aos poucos, programando intervalos freqüentes. Dar tempo suficiente

ao aluno pois ele precisa de mais tempo para ler e reler o material.

Esquematizar o conteúdo das aulas quando o assunto for muito difícil ( uma

imagem vale mais que mil palavras) . Explicar o significado de palavras novas,

estimular escrever palavras no ar.

Permitir em alguns casos, o uso da calculadora para verificar os problemas de

matemática porque ela fornece a visão e o tato. Praticar exercícios de

matemática em pequenas doses. Ajudar o aluno com enunciados simples e

dividir a tarefa em partes menores.

Nas avaliações é recomendável dar tempo necessário para fazer a prova com

calma.

Avaliações orais como forma principal ou complementar da avaliação.

A criança com dislexia pode ser bem sucedida em uma classe regular. O

sucesso dependerá do cuidado em relação à sua leitura e das estratégias

usadas.

3.1- Estudo de Caso

O caso N.

N. está na 2ª série/3ºano do Ensino Fundamental I, tem 9 anos, ficou retido no

1º ano mas ainda assim tem tido muita dificuldade para desenvolver a fluência

na leitura. Consegue ler corretamente palavras curtas e mais conhecidas, mas

lê de forma lenta e com muitos erros palavras novas ou um pouco mais longas,

como pátria ou telefone. N. lê

algumas palavras de forma errada que acabam ficando sem sentido, por

exemplo, a palavra “ escudo” é lida por ele como “ecuda”. Além disso, por

demorar muito para ler, ele acaba não compreendendo o que lê. Na anamnese(

Anexo I ) que a professora realizou com o propósito de conhecer algumas

áreas da vida de N. sua mãe diz que ele é uma criança retativamente tranqüila,

mas que se torna rebelde quando deve fazer os deveres escolares, detesta ler.

Acha que se ele se esforçasse, seria ótimo aluno. Julga que ele “não se

interessa” pelos estudos. A mãe diz: “ Provavelmente puxou ao pai, já que ele

não gosta de ler nem o jornal e abandonou os estudos na 5ª série”. Sua mãe

concluiu o Ensino Médio e seu pai não terminou o Fundamental II. A mãe da

criança relata que N. dorme bem, não fala, nem grita durante o sono. Na

alimentação não é forçado a comer. Quanto ao desenvolvimento da Linguagem

N. faz terapia fonológica há 18 meses, mas obteve pouco resultado, não

apresenta problemas na audição, usa óculos por ter sido diagnosticado com

hipermetropia em olho direito 3.0. Em relação a sua rotina N. tem horário para

as refeições mas resiste para dormir, assiste pouca televisão. Os antecedentes

familiares não apresentam problemas psiquiátricos, nem tóxicos. O ambiente

familiar é bom e existe diálogo, os problemas que surgem são resolvidos pelos

pais. A professora referiu à mãe de N. na Anamnese que o aluno se perde ao

copiar da lousa para o caderno, e tem dificuldade na escrita, letra irregular, as

vezes se esquece, não consegue realizar atividades dentro do tempo estimado.

A mãe por sua vez relatou que N. fica nervoso e bravo consigo mesmo quando

não consegue ou se esquece de como realiza determinada atividade. Em certa

avaliação lhe foi pedido que ele dissesse o número de sons que formariam

algumas palavras. Embora N. seja inteligente, apresentou dificuldades para

realizar esta prova. Ele não compreendia que as palavras eram formadas por

pequenas unidades de som. Por mais que se explicasse com exemplos, ele

sempre errava mais do que acertava. Por exemplo, quando lhe foi perguntado

quantos sons formavam a palavra VEZ , ele disse 2, pois não entendia que os

sons “vvv”, “eee” e “sss”, eram sons distintos e que unidos geravam a palavra

VEZ.

Em outro teste lhe foi mostrado os blocos lógicos ( círculos, quadrados,

retângulos e triângulos) de diferentes tamanhos ( grande ou pequeno) de

diferentes espessura ( fino, grosso) e diferentes cores ( azul, vermelho,

amarelo e verde).Esse teste denomina-se de RAPIDEZ DE NOMEAÇÃO,

consiste em mostrar as figuras para a criança e ela deve nomear o mais rápido

possível as figuras que lhe são mostradas. No total eram 40 figuras em que N.

deveria dar as 4 características visuais de cada uma; por exemplo, ele deveria

dizer: “quadrado, grande, amarelo, fino”, e assim por diante. Uma criança da

idade de N. de 9 anos, consegue em média, descrever as 40 figuras em torno

de 1 minuto e meio. N. descreveu corretamente as 40 figuras, mas levou 3

minutos. Isto significa que ele foi correto na descrição, mas lento na nomeação.

A lentidão na nomeação é um achado freqüente em crianças com dislexia.

Embora pareça que não há qualquer relação entre a descrição de figuras e a

leitura, os achados científicos recentes têm demonstrado que existe uma alta

correlação entre o desempenho nos testes de rapidez de nomeação com a

fluência na leitura. O que se pode explicar a respeito disso é que os sistemas

cerebrais envolvidos em testes de rapidez de nomeação são os mesmos

utilizados na leitura, pois, em ambos os casos, um símbolo visual precisa ser

percebido pelo cérebro, o símbolo precisa ser comparado a símbolos

armazenados na memória visual ( chamada ortográfica, no caso das letras)

para que possam ser reconhecidos. Posteriormente ao reconhecimento visual,

os aspectos verbais relacionados a estes símbolos são evocados da memória

verbal ( chamada de fonológica, no caso de sons da fala) e, por fim, são

exteriorizados pela fala ( ou pensamento, no caso da leitura silenciosa). Desta

forma, testes de rapidez de nomeação são excelentes para predizer a leitura

em anos posteriores e podem ser utilizados, junto com os testes de

processamento fonológico, em crianças pré-escolares que ainda nem mesmo

conhecem as letras, para prever, com boa segurança, como será a sua

capacidade para o desenvolvimento da leitura. Voltando ao caso de N. foi

explicado aos pais que ele não era preguiçoso e nem que ele “não se

interessava” pelos estudos. N. foi encaminhado para uma avaliação

multidisciplinar por suspeitas de um transtorno específico ( Dislexia). Após a

avaliação o laudo foi emitido e N. tem um quadro de dislexia e dificuldades para

o aprendizado eficiente da leitura. Como era de se esperar, ele tinha forte

tendência a fugir da leitura e dos deveres escolares, pois enquanto seus

colegas liam com fluência adequada para a 2ª série/3º ano, ele trancava nas

palavras e sua leitura não fluía com naturalidade. Além disso, ele não

conseguia acompanhar as lições, pois seu nível de leitura era muito inferior ao

nível do que estava sendo ensinado em sala de aula.

O trabalho diferenciado que a professora realizou( Anexos 2 a 30) para os

déficits de N. começaram assim que seu laudo foi emitido. O início do processo

de reabilitação com psicopedagoga se deu por meio de estratégias específicas

que trabalham o processamento fonológico e a automatização e após 6 meses

de intervenção foi nítida a evolução do aluno, pois N. passou a ler palavras

com sílabas complexas, discriminar b/d, f/v, t/d. Seus colegas passaram a

incentivá-lo e a comemorar o aumento de suas notas. Na Feira Cultural que

sua escola realizou N. se saiu muito bem mesmo que tenha ficado ansioso o

que é normal até para quem não tem dislexia.

N. decorou sua fala para expor aos visitantes, porém a presença dos pais o

intimidou, nesse momento a professora sabiamente percebeu a situação e

pediu educadamente para que os pais fossem dar uma volta nas outras salas

para que N. pudesse realizar sua tarefa e dessa forma a concluiu com êxito.

CONCLUSÃO

Conclui-se então através do desenvolvimento desta Monografia que Dislexia é

um conjunto de sintomas de um transtorno geralmente hereditário e ás vezes

adquirido que afeta a aprendizagem da leitura num contínuo que se estende do

sintoma leve ao severo e que a família tem fundamental importância para a

criança disléxica na superação da sua dificuldade ; onde reconhecer e aceitar

os sintomas por parte dos pais é o primeiro passo para facilitar a

aprendizagem.

Foi abordado também as expectativas que os pais têm em relação ao sucesso

e o desenvolvimento de seus filhos gerando assim um grande número de

crianças ansiosas, devido aos seus erros no processo de aprendizagem e

comprometendo assim alguns fatores emocionais.

Não é possível deixar de citar a importância das estratégias utilizadas pelo

professor que queira ser bem sucedido e ver o bom desempenho de seu aluno

com dificuldade. O papel do professor nesse processo é fundamental.

Foi possível perceber e conhecer algumas etiologias tais como: fatores

genéticos e ambientais. E que o diagnóstico só pode ser feito por uma equipe

multidisciplinar e as intervenções devem ser feitas por um psicopedagogo que

pode auxiliar como o professor pode aplicar as estratégias específicas para

esse Transtorno.

Tanto o professor quanto o psicopedagogo devem ter um olhar e uma postura

diferenciada, devem marcar o aprendente de forma positiva e intencional, ter o

compromisso de sentir-se responsável, interpretar a situação do aluno e intervir

com enfoque multidisciplinar e acima de tudo saber ouvir.

Em suma, a monografia realizada apontou definições acerca da dislexia bem

como sua etiologia, a realidade dessas crianças ou seja os sinais que elas

apresentam e como isso dificulta o processo de aprendizagem delas, o papel

da família em parceria com o professor e as estratégias específicas para que

esse aluno tenha resultados satisfatórios e leve uma vida normal e com êxito.

ANEXOS

ÍNDICE DE ANEXOS

Anexo 1 – Anamnese

Anexo 2 – Rimas

– Rimas

– Rimas

– Rimas

– Rimas

– Conhecimento das consoantes e seus sons

– Conhecendo a letra /b/

– Parlenda

– Conhecendo a letra /d/

– Conhecendo a letra /f

– Conhecendo a letra /p/

– Conhecendo a letra /t/

– Conhecendo a letra /v/

-- Estimulação Tátil- Visual /b/

– Estimulação Tátil- Visual /d/

-- Estimulação Tátil- Visual /p/

– Estimulação Tátil- Visual /q/

-- Discriminação Visual Grafemas Semelhantes /b/ /p/ /d/

– Discriminação Visual Grafemas Semelhantes

-- Discriminação Visual Grafemas Semelhantes /a/ /e/ /b/ /d/

-- Discriminação Visual Grafemas Semelhantes /p/ /q/

– Discriminação Visual Grafemas Semelhantes de acordo com a

posição

-- Discriminação Visual Grafemas Semelhantes /b/ /d/

-- Discriminação Visual Grafemas Semelhantes

– Texto- Tira de Jornal

– Discriminação Sonora Fonemas Semelhantes

– Manipulação de Fonemas Exclusão

– Manipulação de Fonemas Exclusão e Adição

– Manipulação de Fonemas Substituição

- Identidade Fonêmica ( Palavras erradas)

ANEXO 1

Início: _________

Data: _________

Término: _______

ANAMNESE

1- Identificação

Nome do aluno(a): ____________________________________________________________________

Data de Nasc:_______________sexo:________Idade:_________série:____________

Naturalidade:____________________Endereço:_____________________________

Fone:__________________________Cel________________ Operadora__________ Escola:_______________________________________________________________

Nome da Mãe:__________________________________idade:______Profissão:____

______________Nome do Pai: ____________________________idade:___________

Profissão:_____________________Nível de Instrução Pai:_____________________

Nível de Instrução Mãe:______________________Situação do casal: ( ) casados

( ) separados\divorciados ( ) união estável ( ) pais solteiros. Outros filhos (nome e idade)______________________________________________ _______________________________Outras pessoas que moram na casa:_________ _____________________________________________________________________

E-mail da mãe ______________________________________________________________________

2- Antecedentes Pessoais

A) Concepção A criança foi desejada? ________________Sexo esperado:_____idade da mãe quando engravidou:________

B) Gestação Doenças e medicamentos durante a gravidez

______________________________________________________________________

Ameaça ou tentativa de aborto:_____________Fez Pré Natal____________________ Sensações psicológicas na gravidez:________________________________________ C) Condições de Nascimento

Local do Nascimento:_________________________________________Tipo de Parto:

( ) cesariana ( ) normal\humanizado ( ) fórceps ( ) sucção ( ). Manobra de Recuperação:__________________Reação do Pai:__________________ Peso e comprimento ao nascer:____________________________________________

3 – Desenvolvimento e Comportamento

A) Alimentação È forçado (a) a comer?____________________Alimenta-se bem?______________

B) Sono Dorme bem?____________________________Como é o sono: agitado ( ) asssustado

( ) tranqüilo ( ) Leve ( ) pesado ( ). Dorme de boca aberta:___________________

Fala ou grita durante o sono: _______________Tem enurese noturna: “xixi na cama”

___________________Tem Encoprese: “fezes involuntária” ____________________

Dorme com quem no quarto:________________________Dorme ás _______ e acorda ás __________Reações durante o sono:_____________________Qual a atitude da família em relação ao problema do sono: _________________________________________________ C) Desenvolvimento Motor

Apresenta ou apresentou alguma dificuldade ao andar , correr, etc?

________________________________________________________________________ Já foi ao ortopedista?_____________________Motivo:___________________________

D) Desenvolvimento da Linguagem

Apresentou algum problema pra falar? _______________________________________ Gaguejou?____________________________Já fez tratamento com fono?___________ Quando?____________________motivo:__________________quanto tempo:________ E) Escolaridade

Desde que idade freqüenta a escola? _________________________________________

Quais escolas estudou?____________________________________________________ _______________________________________________________________________ Já repetiu alguma série?______________qual?_________motivo:__________________ A mãe ou responsável já foi chamado na escola?________________________________ Motivo:_________________________________________________________________

Como foi o Processo de Alfabetização: ( ) normal\ tranqüilo ( ) penoso ( ) não se alfabetizou na idade apropriada 7-8 anos ( ) não alfabetizada(o).

F) Sexualidade

Manifestou curiosidades sexuais? ____________________________________________ Sobre o que?_________________________________Qual foi a orientação dada?_____ _______________________________________________________________________

G) Tiques e Manias

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________ H) Sociabilidade

Tem amigos?________________ Os amigos que tem : ( ) conquista e mantém ;

( ) conquista e afasta . Gosta de fazer o que?__________________________________ ______________________Relacionamento na família:_____________________________ _________________________________________________________________________

4 – Doenças

Doenças durante a infância? __________________________________________________ Faz ou fez algum tratamento ou toma algum medicamento? _________________________ _________________________________________________________________________

Especifique o tratamento e as medicações utilizadas inclusive porcentagem \ miligramas e a posologia “quantidade” diária ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Cirurgias______________convulsões__________________Alergias__________________ Já foi ao psicólogo_____________________motivo_______________________________ Neurologista__________________motivo_______________________________________ Oftalmo_________motivo________________Otorrino_________motivo______________

Usa óculos__________enxerga bem_______________ouve bem_____________________

5- Descrição da Rotina de Vida

Tem horário para refeições e sono?_____________________________________________ ______________________É independente na realização dos hábitos de higiêne?________ Qual o horário escolar? _________________Tem atividade extra-escolar?______________

Televisão: Quanto tempo assiste por dia?_________________Que programas assiste:_____ _________________________________________________________________________

6- Antecedentes Familiares

Alguém nervoso na família? ________________________Problemas psiquiátricos______ ____________Alcoolismo______________Tabaco_________Tóxico________________

Grau de Parentesco com a criança: _____________________________________________

7- Ambiente Familiar e Social

Como é o clima em casa?__________________________________________________

Existe diálogo?______________________Quem resolve os problemas que surge?_____

____________________moram em casa ou apto________________A criança tem espaço para brincar?______________________Quais as diversões do aluno_________________

8 – Observações Relevantes __________________________________________________________________________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________ 9- Orientação _________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________

10- Encaminhamento

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Bibliografia Básica

01. BERVIAN, Pedro Alcino & CERVO, Amando Luis. Metodologia Científica

4ª Ed; São Paulo, Makron Books, 1996.

02. BRASLAVSKY, Berta P. de. Problemas e métodos no ensino da leitura.

São Paulo.Melhoramentos.

03. COPETTI, Jordano. Dificuldades de aprendizado. 2ª Ed; Curitiba, Editora

Juruá, 2008.

04. DUARTE, Patricia Moreira & ALMEIDA, Elizabeth Crepaldi. Consciência

Fonológica. Atividades Práticas, Rio de Janeiro, Revinter, 2003.

05. LEFEVER, Marlene D. Estilos de Aprendizagem, Rio de Janeiro, Cpad,

2002.

06. PAMPLONA, Antonio Manuel. Distúrbios da aprendizagem. 7ª Ed; São

Paulo, Edicon, 1997.

07. PENNINGTON, Bruce F. Diagnóstico de Distúrbio de aprendizagem,

Pioneira, 1997.

08. RIZZUTTI, Sueli & MUSZKAT, Mauro. O professor e a dislexia. São

Paulo, Editora Cortez, 2012.

09. SAMPAIO, Simaia. Atividades Corretivas de Leitura e Escrita. 2ª Ed; Rio

de Janeiro, Editora Wak, 2013.

10. SHAYWITZ, Sally. Entendendo a Dislexia, Porto Alegre, Artmed, 2006.