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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A AFETIVIDADE COMO UM FATOR PRIMORDIAL NA
ALFABETIZAÇÃO
Por: Carla Cristina da Silva Gomes
Orientador
Prof. Msc. Mary Sue Carvalho Pereira
Rio de Janeiro
2009
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A AFETIVIDADE COMO UM FATOR PRIMORDIAL NA
ALFABETIZAÇÃO
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez
do Mestre – Universidade Candido Mendes
como requisito parcial para obtenção do grau
de especialista em educação infantil e
desenvolvimento.
Por: . Carla Cristina da Silva Gomes
3
AGRADECIMENTOS
... Aos meus Pais,
Jose Gomes e Maria Neusa,
Ao meu esposo,
Antônio Leonardo,
e ao meu Irmão,
Carlos Eduardo.
4
DEDICATÓRIA
Aos meus Pais,
Jose Gomes e Maria Neusa,
Ao meu esposo,
Antônio Leonardo,
e ao meu Irmão,
Carlos Eduardo,
Em tudo em minha vida.
5
RESUMO
O trabalho de monografia tem como objetivo analisar a importância da
afetividade como uma vertente favorável na vida cognitiva das crianças sendo
mostrada como instrumento de eficácia na aprendizagem dos alunos. Para
isso, o estudo procurou abordar através de uma pesquisa bibliográfica de
como a relação entre professor e aluno são importantes no início da vida
escolar e se dá como resposta na alfabetização. Aos teóricos apresentados
neste trabalho, Jean Piaget, Lev Vygotsky e o Henri Wallon, são os
interlocutores que dão suporte para entender de como se dá o
desenvolvimento da criança na dimensão afetiva. Neste sentido o presente
estudo tem como pretensão levar o professor a analisar suas práticas
pedagógicas e a perceber que afetividade é um dos principais elementos que
se associam a cognição na arte de ensinar.
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METODOLOGIA
A Pesquisa foi realizada através de uma coleta de dados bibliográficos, através
de teóricos que defendem a afetividade como ponto positivo para o bom
desempenho da criança no processo de inicialização e alfabetização escolar.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
A IMPORTÂNCIA DA ALFABETIZAÇÃO 12
CAPÍTULOII
A APRENDIZAGEM SE ENTRELAÇANDO
COM AFETIVIDADE E ASPECTOS COGNITIVOS 17
CAPÍTULO III
AFETIVIDADE NA RELAÇÃO
PROFESSOR-ALUNO 29
CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA 40
ANEXO 42
ÍNDICE 43
FOLHA DE AVALIAÇÃO 44
8
INTRODUÇÃO
O primeiro tema proposto foi escolhido com a intenção de discutir sobre
técnicas positivas que nós, especialistas em educação podemos enfatizar na
luta contra o analfabetismo no Brasil, que por uma grande escala se dá
principalmente pela má formação de leitores e um esclarecimento sobre a
dificuldade da escola em iniciar a criança no mundo das letras, que está na raiz
da evasão e da repetência, no primeiro e segundo ciclo do ensino fundamental.
Visando ensinar as crianças a ler, a escrever e a se expressarem de
maneira competente na língua portuguesa é o grande desafio dos professores
das cinco primeiros anos do Ensino fundamental. Informando várias mudanças
importantes sendo realizadas por vários estados onde estão remodelando seus
currículos e investindo mais na atualização dos professores.
Não fugindo da verdade é que o índice de repetência e de evasão
escolar no Brasil, um dos mais altos do mundo aproximadamente um milhão
de crianças estão fora da escola.
Objetivando a importância da criança se expressar em diferentes
situações sendo caráter privado, ou seja, com a família e os amigos, ou em
público, na apresentação de um trabalho em classe ou numa solenidade
escolar para o seu próprio crescimento social, ou seja, expressar-se de
diferentes maneiras, para que desde pequeno possa usar a linguagem
adequada a cada ambiente: a coloquial, em situações de intimidade; ou a
formal, que utiliza a norma culta (valorizada socialmente), em situações
cerimoniais, para que quando alcançar a fase adulta conheça e respeite as
variedades lingüísticas do português falado.
Mas ao decorrer deste trabalho comecei a responder a algumas
questões que me provocaram profundas marcas ao longo de minha trajetória
escolar, tal qual a que Rossini (2001, p.9 apud QUINTANILHA, 2005, p.9)
apresenta: “[...] as crianças que possuem uma boa relação afetiva, são
seguras, têm interesse pelo mundo que as cerca, compreendem melhor a
realidade e representam melhor desenvolvimento intelectual”.
9
Lembro-me perfeitamente destas marcas na escola, logo vem a mente
sentimento de desconforto, medo de falar, sentir, incapacidade e uma imensa
escuridão. Estas muitas das vezes ocasionadas pela ação educativa exercida
pelos professores, outras pela falta do relacionamento afetivo entre professor-
aluno. Embora, saibamos que estas duas linhas de pensamento não sejam
os únicos fatores de interrupção para aprendizagem, pretendemos neste
momento situar apenas neste pensamento para que possamos interagir nos
fatores que romperam agressivamente o processo de ensino-aprendizagem.
Foi partindo das minhas experiências como aluna que decidi
redirecionar esta pesquisa, buscando perceber a importância dos
sentimentos e emoções no aprendizado, frisando o papel do professor como
fator primordial na formação integral (intelectual, afetiva e social) das
crianças. Acredita-se que, ambos integrados, facilitam o processo de ensino-
aprendizagem.
O presente estudo busca apresentar algumas reflexões acerca do
tema afetividade no desenvolvimento mental da criança. No decorrer do
estudo serão discutidos alguns fatores preponderantes que se encontram na
base do desenvolvimento cognitivo e afetivo. Complementando o estudo, será
abordada a afetividade como contribuição para este desenvolvimento
cognitivo, e se estes estão relacionados ao ambiente que o sujeito convive,
influenciando no seu processo de ensino-aprendizagem.
Buscando compreender um pouco da história, procura-se, neste
estudo, definir o que são emoções, os estados afetivos, o histórico da teoria
das emoções e a entender as contribuições dos teóricos Piaget, Vygotsky e
Wallon no campo do desenvolvimento mental da criança.
Por fim, serão apresentadas idéias, onde através do processo de
aprendizagem, discutiremos o profundo entrelaçamento das duas áreas:
afetividade e cognição. O enfoque dado neste estudo será compreender a
afetividade como fator importante no processo de construção do aprendizado.
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Para justificar estes princípios, o estudo partirá da premissa que no
trabalho educativo não existe uma aprendizagem apenas cognitiva ou
racional, os alunos no cotidiano escolar não deixam os sentimentos que
compõem a sua personalidade fora da escola, ou seja, quando estão
interagindo com os objetos de conhecimento não deixam suas relações
afetivas enquanto pensam.
É nesse sentido que se atribui relevância ao tema afetividade como
processo que possibilita a criança garantir uma construção cognitiva.
Acredita-se que à medida que tais necessidades sentimentais são vinculadas
na relação do ambiente escolar, parte do aprendizado poderá ser afetada.
Pretende-se abordar questões norteadoras relativas à afetividade e
aos eixos auxiliadores neste processo de ensino-aprendizagem. Para tanto, o
direcionamento do estudo tem por intenção investigar a afetividade e
cognição sob duas perspectivas: a primeira envolvendo áreas emocionais e a
segunda voltada para as habilidades e seus processos.
O trabalho esclarece o que são emoções e os estados afetivos, tendo
como base o desenvolvimento infantil, os conflitos do eu e a construção da
aprendizagem de cada indivíduo. Busca, também, através da prática
pedagógica, da relação professor-aluno, compreender como se dá este
processo de aprendizagem.
Pretende-se neste trabalho frisar que pensar e sentir são ações
indissociáveis, ou seja, que ambos estão conectados para o desenvolvimento
da construção de cada indivíduo. Acredita-se que as discussões podem
avançar na medida em que apontam para a articulação nas relações entre
cognição e afetividade da criança.
Como base teórica, com o aprofundamento em afetividade como
conjunção para a aprendizagem infantil, estarei pesquisando bibliografias que
enfatizem o desenvolvimento do sistema cognitivo e emocional das crianças,
para tentar buscar soluções para questionamentos sobre o analfabetismo.
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A pesquisa será do tipo qualitativa. O instrumento de pesquisa será a
pesquisa bibliográfica com objetivo de investigação como resposta a
dificuldade da aprendizagem no início da escolarização infantil.
No primeiro capítulo, falaremos da importância da alfabetização como
um fator social e cultural, que estabelecem o indivíduo como um ser em
aprendizagem.
No segundo capítulo, abordamos as idéias pedagógicas dos teóricos
Jean Piaget, Lev Vygotsky e Henry Wallon, como discussão importante no
que diz respeito ao funcionamento da inteligência e da afetividade no campo
educacional. Estes ao implementarem investigações acerca do
desenvolvimento psicológico humano identificaram na afetividade o seu
caráter social, amplamente dinâmico e construtor da personalidade humana,
além de estabelecer o elo de ligação entre o indivíduo e a busca do saber.
No terceiro capítulo, nos propusemos a analisar a relação professor-
aluno mediante os contornos traçados pela história da educação e da
sociedade, que mostra um prejuízo na dimensão afetiva em paralelo a ação
pedagógica. Neste caso, procuramos mostrar que apesar da história ter
tratado a dimensão afetiva separada da cognitiva, alguns teóricos se
dedicaram a estudar que o desenvolvimento cognitivo está intimamente
ligado ao afetivo. Portanto, vale dizer a importância do ato amoroso na vida
da escola, na vida do aluno.
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CAPÍTULO I
A IMPORTÂNCIA DA ALFABETIZAÇÃO
Iniciamos este capítulo mencionado a devida importância da
alfabetização do ser humano e na inserção do indivíduo no mundo letrado1 e
como a esclola e um bem precioso na vida do estudante.
A alfabetização é definida como um processo no qual o indivíduo constrói a gramática e em suas variações. Esse processo não se resume apenas na aquisição dessas habilidades mecânicas (codificação e decodificação) do acto de ler, mas na capacidade de interpretar, compreender, criticar, resignificar e produzir conhecimento.(FERREIRO,1993,p.09)
Sendo assim a alfabetização visa compreensão e uso da linguagem de
uma maneira geral de um indivíduo, promovendo sua socialização, já que
possibilita o estabelecimento de novos tipos de trocas simbólicas com outros
indivíduos, acesso a bens culturais e a facilidades oferecidas pelas instituições
sociais sendo um fator propulsor do exercício consciente da cidadania e do
desenvolvimento da sociedade como um todo.
Diferentes teorias de aprendizagem que serão abordada no próximo
capítulo, se propõem a explicar como a criança aprende, se é por
associação(estímulo-resposta), pela ação do sujeitos sobre o objeto do
conhecimento, pela inalteração do aprendiz como objeto do conhecimento
intermediado por outros sujeitos e forma essas teorias que assumiram na
formação de professores em diferentes momentos históricos.
O fracasso escolar é um fenômeno social antigo e persistente em nosso país não é uma questão de métodos. A pesquisa sobre alfabetização tem indicado um conjunto de fatores escolares e extra-escolares responsáveis pela evasão e repetência, que afetam fortemente as classes de alfabetização e da primeira série. (CARVALHO,1987, p.14)
1 Letrado é o indivíduo que resultado da ação de ensinar a ler e escrever. É o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como conseqüência de ter-se apropriado da
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As condições inadequadas de ensino, que estamos ainda longe de
superar, mesmo nas grandes cidades onde são turmas numerosas, jornada
escolar insuficiente, despreparo dos professores, métodos inadequados ou mal
aplicados, material didático desinteressante, falta de bibliotecas, salas de
leitura, e falta de afetividade na relação professor aluno, são os desafios
concretos para superar as expectativas contra a evasão escolar2.
Os fatores extra–escolares são sociais e decorrem da pobreza das famílias, um ingresso tardio nas escolas, freqüência irregular devido a doenças ou a condições de trabalho dos pais e das crianças, falta de recurso para comprar material didático,ausência de livros e jornais no lar, pais analfabetos, pouca ou nenhuma cooperação entre escola e as famílias (CARVALHO,1987,p.15)
Cada um desses fatores, isoladamente, não é suficiente para explicar a
dificuldade de um determinado aluno. Há fracassos sociologicamente
previsíveis, mas há também meninos e meninas pobres, de famílias iletradas,
estudando em escolas de baixa qualidade, que aprendem a ler no seu primeiro
ano escolar, superando as condições precárias e adversas ao seu meio.
Os repetentes crônicos geralmente acumulam uma série de
desvantagens: freqüentam escolas ruins, tiveram pouco contato com a leitura e
a escrita antes de ingressar na escola, faltam muito, perderam a motivação
para aprender , tem baixo auto-estima decorrente da pobreza, de maus tratos,
da falta de afetividade familiar.
Muitas dessas crianças não freqüentaram a educação infantil que é
uma, o período de vida escolar em que se atende, pedagogicamente, crianças
com idade entre 0 e 6 anos (Brasil). Na Educação Infantil as crianças são
estimuladas através de atividades lúdicas e jogos educacionais que visam a
exercitar suas capacidades motoras, fazer descobertas, e iniciar o processo de
letramento favorecendo os fatores de inserçao da criança no meio social e
ajudando significamente desenvolvimento cognitivo
14
Estes são os casos claros e concretos que representam os maiores
desafios para os educadores
Pois ao longo do tempo e em diferentes meios sociais, variam os tipos
de leitores que são cultivados pela escola.
Ate o final da Segunda Guerra Mundial, mais da metade da população
brasileira eram analfabetos e viviam predominantemente em áreas rurais. A
partir dos anos cinqüenta, com a crescente taxa de urbanização e
industrialização, aumentou a matrícula das crianças nas escolas, porém os
índices de analfabetismo permaneceram elevados, principalmente nas áreas
rurais. Como podemos confirmar na citação abaixo:
O governo federal criou várias campanhas de alfabetização para
jovens e adultos cujo objetivo era ensinar a decifrar palavras e frases
simples, mas a produção contínua de analfabetos causadas por
sistemas escolares inadequados e condições sociais de extrema
desigualdade não cessou (CARVALHO,1977, p.18)
Assim chegamos ao século XXI com cerca de nove milhões de
analfabetos,Conforme estatísticas mencionada pelo IBGE ,em anexo, realizado
no ano de 2007, aos quais se somam outros tantos cidadãos, que possuem
apenas rudimentos de leitura e escrita.
No entanto o meio social econômico espera que estes cidadãos que são
trabalhadores urbanos nas funções mais modestas tenham no mínimo
condições de ler e entender avisos, ordens e instruções. Para as funções
qualificadas, exigem-se pessoas capazes de usar a leitura e a escrita para
obter e transmitir informações, para comunicar-se, para registrar fatos.
Delimitando então qual a verdadeira responsabilidade da escola que é
oferecer oportunidades de alfabetização e letramento a todos .
Para a professora, a turma de alfabetização é uma responsabilidade
que preocupa e assusta, pois, a direção e a família dos alunos, estão atentos
2 Evasão escolar é o afastamento do aluno da escola. Esse desvio se dá por vários motivos sociais e econômicos.
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aos resultados . Quem tem êxito constroi uma reputação valiosa. Quem não
consegue superar as expectativas é tido como um incapaz .
Mas são muitas hipóteses que podem ser consideradas, tais como ao
alfabetizar uma turma de vinte e oito alunos é muito diferente de alfabetizar
uma única pessoa, em particular. Os ritmos de aprendizagem variam, as
experiências anteriores que a criança teve com a leitura e escrita também
mudam.
Afirma Carvalho, que crianças pequenas, especialmente as que não freqüentaram o jardim de infância, devem assimilar normas escolares de conduta e aprender a viver em grupo. A turma tem vida social intensa, alianças se formam e se desfazem , surgem afinidades e antipatias. Há conflitos e disputas (CARVALHO,2005.p.19)
Cabe então a professora ser: a facilitadora e ao mesmo tempo
mediadora, juíza, apaziguadora, estimuladora, autoridade responsável pela
segurança, animadora da aprendizagem, amiga e professora que ensina a
criança a ler e escrever.
Do ponto de vista de quem esta vivenciando esta realidade, confirma
as relações interpessoais que se estabelecem na classe, tanto as de harmonia
e cooperação, ou de conflito que constituem como um desafio de superar tais
circunstâncias , com carinho paciência e afeto.
Como mencionado no início deste capítulo, as teorias educacionais e os
métodos de alfabetização ensinados nos cursos normais e nas faculdades de
educação, nem sempre respondem as questões que acontecem na prática.
Pois, para toda as crianças confrontar suas idéias com as do colega e
oferecer informações é essencial. Essa troca, que leva ao avanço da
aprendizagem e o convívio social.
Achar que os métodos por si só, garantem sucesso na alfabetização é
ignorar ou desconhecer o desenvolvimento da criança, porque, na atualidade
a metodologia não é mais a questão central ou mais importante na área de
alfabetização, mas quem se propõe a alfabetizar deve ter um conhecimento
básico sobre os princípios teórico-metodológico da alfabetização, pois
16
sabemos que não existe um método pronto ou milagroso , mas existe através
da prática, o professor criar o seu próprio caminho embasado em pesquisas
teóricas e as práticas pedagógicas.
As professoras que estão comprometidas com o aprendizado do aluno
procura melhorar seu metodologia de ensino através da tecnologia, reciclagem,
reflexão cria caminhos, a partir de um método, adapta seu conhecimento a
realidade cultural e social da criança, cria recursos, inova, se dedica com o
amor e compromisso pela sua profissão, favorecendo as crianças as
aprender e se desenvolver cognitivamente.
No Brasil, Soares (1991) demonstrou que, nas décadas de setenta e
oitenta, a produção de conhecimento teórico-prático relativos às metodologias
foi decrescendo paulatinamente, embora fossem produzidos alguns trabalhos
sobre propostas didáticas alternativas.
Segundo Borges (1998), há duas explicações plausíveis para o
desinteresse cientifico em relação às metodologias: de um lado, os métodos
tradicionais (fossem analíticos ou sintéticos) não deram conta de alfabetizar os
grandes contingentes de alunos que acorriam às escolas; por outro, a intensa
divulgação e o elevado prestigio acadêmico das idéias de Emilia Ferreiro
(Especialista em Alfabetização), fizeram com que o interesse sobre como o
professor ensina se deslocasse para a questão como a criança aprende o que
gerou mudanças importantes nos paradigmas de pesquisa e nos temas
tratados pelos teóricos.
Assim, a pesquisa e as publicações sobre métodos foram relegadas a
segundo plano, tornando-se praticamente ausentes da produção acadêmica
dos anos noventa.
Nessas condições confirmamos que quando a escola ou a professora,
esta pronto a escolher o método a qual vai adotar na prática, não pode
esquecer do material a ser adotado, quais serão as etapas, pois as escolas
tem que estimular as crianças facilitando a aprendizagem principalmente na
alfabetização.
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CAPÍTULO II
A APRENDIZAGEM SE ENTRELAÇANDO COM A AFETIVIDADE E ASPECTOS COGNITIVOS
Autores como Emília Ferreiro e Ana Teberosky, ao estudarem sobre a
alfabetização utilizaram os pressupostos de Piaget para elaborar a
psicogênese da escrita, ou seja, a perspectiva Piagetiana vai ao encontro de
processos pedagógicos em que os alunos são tratados de acordo com suas
particularidades cognitivas. O que está em causa não é o binômio acerto ou
erro nas atividades escolares, mas sim o potencial dessas mesmas atividades
para promover o progresso intelectual de cada um dos educandos. Os
conceitos epistemológicos na idéia de Piaget que o conhecimento é discutido e
elaborados através do termo genético que refere-se ao modo de abordagem
do de estudo desde seu estado elementar ou sua gênese até o estagio mais
adiantado acompanhando cada uma de suas sucessivas etapas de
desenvolvimento no conhecimento, ou seja, da concepção humana até a fase
adulta.
É pela ação do sujeito sobre o objeto do conhecimento que a teoria
construtivista3 se desenvolve como processo de ensino e aprendizagem da
escrita.
3 O construtivismo é uma teoria de conhecimento que engloba numa só estrutura dois polos, o sujeito histórico e objeto cultural em interação recíproca(MATUI,1995,p.460)
A alfabetização dada como teoria construtivista é muito importante, pois
evidencia como o indivíduo desde o nascimento constrói o seu conhecimento,
ocorrendo quando acontecem ações físicas ou mentais sobre objetos que,
provocando o desequilíbrio, resultam a assimilação fazendo assim a
construção de esquemas, é importante ressaltar nesta teoria é de como o
ambiente físico é valorizado, que a escola pode e deve proporcionar qualidade,
um bom espaço, fazendo com que as salas de aula tenham uma organização
que facilite a movimentação das crianças e de como a afetividade acaba se
18
afirmando como um elemento preponderante para o desenvolvimento cognitivo
da criança.
Um ambiente construtivista favorece a aprendizagem das crianças uma
vez que elas poderão expressar seus pensamentos, seus medos, suas dúvidas
e questionamentos.
Buscaremos teóricos que como Jean Piaget e Lev Vygotsky que se
destacam por suas obras fundamentadas em quatro elementos básicos: a
afetividade, o movimento, a inteligência e a formação do eu como pessoa,
sendo um dos pilares básico para um processo de ensino aprendizagem.
Jean Piaget (1896-1980) foi o nome mais influente no campo de
educação durante a metade do século XX. O cientista Suíço revolucionou o
modo de encarar a educação das crianças ao mostrar que elas não pensam
como adultos e constrói o próprio aprendizado facilitando a criança se inserir
no mundo das letras.
A contribuição de Piaget para pedagogia tem sido até hoje, inestimável, sobretudo devido ás indicações sobre o estágio adequado para serem ensinados determinados conteúdos ás crianças, sem desrespeitar suas reais possibilidades mentais, ou seja, de acordo com seu desenvolvimento intelectual e afetivo. (ARANHA, 1996, p.185).
Para Piaget (1896-1980), falar de desenvolvimento cognitivo é, antes de
tudo, saber respeitar cada fase da criança, sabendo que a teoria piagetiana
fundamenta-se na observação dos fenômenos psicológicos, desde o
nascimento até a adolescência. Isto quer dizer que durante aprendizagem, ele
considerava o afeto como elemento indissociável da relação humana e
intelectual.
Existe, com efeito, um paralelo constante entre a vida afetiva e a intelectual. Tal constatação só surpreende quando se reparte, de acordo com o senso comum, a vida do espírito em dois compartimentos estanques: os dos sentimentos e do pensamento. Afetividade e inteligência são assim, indissociáveis e constituem os dois aspectos complementares de toda conduta humana. (PIAGET, 1999, p.22-36 apud QUINTANILHA, 2005, p.20).
Antes de iniciarmos a discussão em torno de idéias de Vygotsky, é
importante mencionar que Piaget não propõe um método de ensino , mas
permite compreender como a criança e o adolescente aprende , fornecendo
19
uma contribuição nas limitações de cada indivíduo. Desta maneira, oferece ao
professor uma atitude de respeito às condições intelectuais do aluno e um
modo de interpretar que os aspectos cognitivos se desenvolvem mediante a
relação afetiva.
“Para Piaget, a afetividade atua no desenvolvimento intelectual na forma
de motivação e interesse; para Vygotsky, a afetividade atua na construção das
relações do ser humano dentro de uma perspectiva social e cultural”.
(FERREIRA, 2003, p.4).
Lev Vygotsky (1896-1934) nasceu na Rússia e junto com os
colaboradores Luria e Leontiev desenvolveu uma teoria original e fecunda.
Apesar de ter morrido muito jovem, produziu volumosa obra, além de ter
aplicado em múltiplas atividades. (ARANHA, 1996, p.186).
Vygotsky atribuiu muita importância ao papel do professor como
impulsionador do desenvolvimento psíquico das crianças. Os estudos sobre
aprendizagem decorrem da compreensão do homem como um ser que se
forma em contato com a sociedade. (REVISTA NOVA ESCOLA, 2003, p.59-
60).
Para explicitar as idéias de Vygotsky sobre o desenvolvimento mental no
remetemos a seguinte discussão:
As concepções de Vygotsky sobre o funcionamento do cérebro humano fundamentam-se em suas idéias de que as funções psicológicas superiores são construídas ao longo da historia social do homem. (Na sua relação com o mundo, mediada pelos instrumentos e símbolos desenvolvidos culturalmente, o ser humano cria as formas de ação que distinguem de outros animais). (VYGOTSKY, 1989 apud LA TAILLE, 1992, p.23).
A alfabetização como método sócio-interacionista é um dos pontos
fundamentais como aprendizagem quando se refere ao desenvolvimento dos
processos internos na interação com outras pessoas, pois suas concepções
sobre o desenvolvimento é a socialização, ou seja, a distância do que a criança
faz sozinha para o que ela é capaz de fazer com a intervenção de um adulto;
que a potencialidade para aprender, que não e a mesma para todas as
20
pessoas, ou seja, distancia entre o nível de desenvolvimento real e o potencial,
nas quais as interações sociais são centrais, estando então ambos os
processos, aprendizagem e desenvolvimento. O aluno neste método não é tão
somente sujeito da aprendizagem, mas aquele que aprende com o outro o que
o seu grupo social produz, tal como: valores, linguagens, interferindo como
uma situação política. Por isso destacamos:
Ao estudar sobre letramento e escrita afirmam que é possível alfabetizar letrando, considerando uma teoria de Vygotsky que é a internalização, ou seja, reconstrução do processo psicológico, que é considerado sócio-interacionista. A autora considera que o letramento traz conseqüências políticas, econômicas e culturais. (CARVALHO, 2005, p.15).
Enfatizamos então que, para Vygotsky, a formação do sujeito se dá pela
relação dialética com a sociedade e para que esse aprendizado seja efetivado
é necessário detectar o que a criança consegue fazer sozinha e o que ela esta
perto de desenvolver sem a ajuda do adulto. É nesse sentido que o teórico
ressalta o papel do professor no desenvolvimento psíquico das crianças,
afirmando que a aprendizagem, que é possível alfabetizar, através de uma
reconstrução do processo psicológico.
Para Vygotsky(1896-1934), o sujeito desenvolve seus processos
mentais a partir do processo sócio-histórico e de sua interação com o meio.
“No processo de internalização é fundamental a interferência do outro –
seja mãe, os companheiros de brincadeira e estudo, os professores - a fim de
que os conceitos sejam construídos e sofram constantes transformações”.
(ARANHA, 1996, p.186)
Nesse sentido, ao formular o conceito de zona de desenvolvimento
proximal, Vygotsky destaca a importância que devemos dar a criança em seu
processo de aprendizagem, ou seja, dar possibilidade a criança para
solucionar os problemas e atingir um nível de compreensão.
Para Vygotsky (1896-1934) o que interessa é a relação do sujeito com o
ambiente tornando o aprendizado um processo gradual.
21
A zona de desenvolvimento proximal é a distância entre o nível real (da criança) de desenvolvimento determinado pela resolução de problemas independentes e o nível de desenvolvimento potencial determinado pela resolução de problemas sob orientação de adultos ou em colaboração com companheiros mais capacitados. (VYGOTSKY, 1998, p.175).
Assim sendo, Vygotsky e seus colaboradores na medida em que vêem o
aprendizado da criança um processo altamente social, enfatizam a importância
da mediação. Acreditam que este elemento mediador entre os indivíduos e as
influências exteriores contribui para o desenvolvimento da linguagem do
pensamento.
Seus estudos do desenvolvimento da linguagem e do pensamento
focalizam a evolução da espécie humana. “Ele considera o desenvolvimento
da linguagem e suas relações com o pensamento como a principal questão da
psicologia humana. Para esse pensador, a linguagem tem duas funções
básicas: a da comunicação do pensamento e a de instrumento do
pensamento”. (BARROS, 1996, p.120).
Podemos entender que Vygotsky considera como dimensão social, o ser
humano enquanto está em contato com o outro tornando-se um ser social,
neste sistema de significados adquiridos entre o indivíduo e o mundo (sujeito e
objeto) que os circunda.
Entretanto, vejamos a fundamentação do processo de formação da
linguagem e do pensamento no desenvolvimento da criança:
A linguagem humana sistema simbólico fundamental na mediação, entre sujeito e objeto de conhecimento, tem para Vygotsky, duas funções básicas: a de intercambio social e a de pensamento generalizante. Isto é, além de servir ao propósito de comunicação entre indivíduos, a linguagem simplifica e generaliza a experiência ordenada às instâncias do mundo (...) A utilização da linguagem favorece, assim processo de abstração e generalização. (VYGOTSKY, 1989 apud LA TAILLE, 1995, p.27).
22
Para o autor, além da linguagem humana se configurar na teoria, como
elemento cultural e simbólico para entender as origens do psiquismo. A
temática entre afeto, como um ápice na base da integração como uma
abordagem unificadora é importantíssima, pois é através do afeto que a
criança vai reestruturar seus conhecimentos.
As dimensões cognitiva e afetiva do funcionamento psicológico têm sido tratadas, ao longo da história da psicologia como ciência, de forma separada, correspondendo a diferentes tradições dentro dessa disciplina. Atualmente, no entanto, percebe-se a tendência de reunião desses dois aspectos, numa tentativa de recomposição do ser psicológico completo. (VYGOTSKY, 1989 apud LA TAILLE, 1992, p. 75).
Para o autor, a separação da cognição e do afetivo foi durante muito
tempo desprezada e interpretada, como se fossem dois elementos distintos.
Assim sendo, a base teórica de discussão ao longo do período foi estudar o
cognitivo isolado dos aspectos afetivos.
A propósito, os argumentos salientados dispõem evidenciar a crítica de
Vygotsky à “Psicologia Tradicional é a separação entre os aspectos
intelectuais, de um lado, e os volitivo 4 e afetivos , de outro, propondo a
consideração da unidade entre esses processos”.(ibidem,p.76).
Encontramos, assim, na Psicologia Tradicional uma dissociação entre
afeto e intelecto, que para Vygotsky “é fechar as portas à questão da causa e
origem de nossos pensamentos, uma vez que a análise determinista exigiria
o esclarecimento das forças motrizes que dirigem o pensamento para esse ou
aquele canal”. (ibidem,p. 77) .
Nesse sentido, Vygotsky explicita sua abordagem entre as dimensões
cognitiva e afetiva, indicando sua contribuição para o desenvolvimento
humano.
4 Segundo dicionário aurélio o termo Volitivo :ato que há determinação de vontade.
23
Demonstra a existência de um sistema dinâmico de significados em que o afetivo e o intelectual se unem. Mostra que cada idéia contém uma atitude afetiva transmutada com relação ao fragmento de realidade ao qual se refere. Permite-nos ainda seguir a trajetória que vai das necessidades e impulsos de uma pessoa até à direção específica tomada por seus pensamentos, até o seu comportamento e a sua atividade. (VYGOTSKY, 1989, p. 6-7 apud LA TAILLE, 1992, p. 77).
Nessa perspectiva, podemos notar que Vygotsky propõe uma
abordagem que permite compreender que o afeto é um caminho perfeito para
alcançar o funcionamento psicológico. Segundo o teórico, é preciso que
estejamos abertos às questões relacionadas à dimensão afetiva para que
esta seja mola propulsora para estruturar as funções mentais da criança.
Até aqui falamos sobre alguns conceitos construídos por Vygotsky,
como a mediação, a zona de desenvolvimento proximal, o desenvolvimento
mental da criança, o pensamento, a linguagem e o ser social. Entretanto,
para o teórico e psicólogo “a consciência representaria, assim, um salto
qualitativo na filogênese5, sendo o componente mais elevado na hierarquia
das funções psicológicas humanas”. (ibidem, p.79).
Para Vygotsky, através das relações sociais o processo dinâmico
aconteceria como substância importante para o desenvolvimento interno da
consciência, que em contrapartida contribuiria para o intelecto e afetivo.
Segundo Matui(1995), “a subjetividade e a consciência deixam de ser
uma qualidade inerente ao ser humano, uma coisa sem história de formação.
Elas são a forma mais elevada do reflexo da realidade criada pelo
desenvolvimento sócio-histórico”.(MATUI.1995, p.61-62).
O conceito que Vygotsky dá ao termo consciência está intimamente
ligado a discussão que vemos tratando no decorrer do estudo, que é a
abordagem sócio-histórico do sujeito e a importância dos processos de
mediação. No caso da subjetividade é o processo de internalização mediada
simbolicamente com a construção do sujeito formando a consciência.
24
A exploração da obra de Vygotsky propõe uma abordagem unificadora
das dimensões afetiva e cognitiva no funcionamento psicológico. Portanto, a
discussão esboçada até aqui nos traz a idéia que necessitamos construir um
sistema educativo que sustente o cognitivo e afetivo.
Nesse sentido, acreditamos que o pensamento está associado aos
sentimentos e é exatamente isto que devemos levar em conta, já que podem
favorecer ao desenvolvimento cognitivo. Portanto, as idéias expostas até aqui
nos levam a acreditar na afetividade como uma sustentação e como inclusão
no sistema cognitivo. Cabe a todos os envolvidos com a educação avançar e
perceber a influência do amor, da emoção, do carinho nos processos
cognitivos da criança.
Vygotsky destaca que, desde os primeiros dias do desenvolvimento da
criança, as atividades são atividades com significação. Wallon concorda com
isso e acrescenta que o universo tem um profundo significado emocional para
a criança. (MATUI, 1995, p. 61).
Embora a teoria de Vygotsky tenha contribuído para a temática da
relação afetividade e desenvolvimento cognitivo, o estudo de Wallon dar um
amplo embasamento para “o estudo da criança, não como um mero
instrumento para a compreensão do psiquismo humano, mas também uma
maneira de contribuir para a educação”. (GALVÃO, 1995, p.12).
O médico, psicólogo e filósofo francês Henri Wallon (1879-1962)
mostrou que as crianças têm também corpo e emoções (e não apenas
cabeça) na sala de aula. Para ele, a escola deve proporcionar formação
integral (intelectual, afetiva e social). (Revista Nova Escola, 2003, p.40) .
Wallon propõe o estudo integrado do desenvolvimento, ou seja, que este abarque os vários campos funcionais nos quais se distribui a atividade infantil (afetividade, motricidade, inteligência). Vendo o desenvolvimento do homem, ser “geneticamente social”, como processo em estreita dependência das condições concretas em que ocorre, propõe o estudo da criança contextualizada, isto é, nas suas relações com o meio. Podemos definir o projeto teórico de Wallon
5 Segundo Barros Filogênese é o desenvolvimento da evolução da espécie humana (1996,p.120).
25
como a elaboração de uma psicogênese da pessoa completa. (GALVÃO, 1995, p. 32).
Assim, vemos que Wallon propõe o desenvolvimento do sujeito como
um todo, suscita uma prática que atenda as necessidades das crianças
desde o afetivo até atingir o cognitivo. Para isso “elege a observação como o
instrumento privilegiado da psicologia genética. A observação permite o
acesso à atividade da criança em seus contextos”. (ibidem, p.36).
Nesse sentido, recomenda que observe o desenvolvimento, partindo
da própria criança e que este não seja enraizado pelo olhar “lógico” do adulto.
É exatamente neste contexto que a obra de Wallon se remete, em estudar a
criança contextualizada, em cada etapa, na interação com o outro e seu
ambiente.
A psicogenética walloniana contrapõe-se às concepções que vêem no desenvolvimento uma linearidade, e o encaram como simples adição de sistemas progressivamente mais complexos que resultariam da reorganização desde o início. Para Wallon, a passagem de um a outro estágio não é simples ampliação, mas uma reformulação. Com frequência, instala-se, nos momentos de passagem, uma crise que pode afetar visilmente a conduta da criança. (ibidem, p. 41).
Wallon vê o desenvolvimento do sujeito como uma construção
progressiva, em que as etapas dos estágios se sucedem em função da
dimensão afetiva e cognitiva. Para compreender este ritmo de
desenvolvimento passemos superficialmente nos cincos estágios.
No primeiro ano de vida, considerado por Wallon como estágio
impulsivo-emocional, é marcado pela emoção que se manifesta da interação
da criança com o meio. A afetividade como diz Wallon orienta as primeiras
reações da criança.
Do impulsivo-emocional ao sensório-motor e projetivo, a criança
começa anunciar o desenvolvimento da linguagem, ou seja, o início do
desenvolvimento mental. A partir deste estágio predomina a dimensão
cognitiva com o meio.
26
Logo após este estágio, inicia-se a formação da personalidade da
criança, que se estende dos três até aos seis anos. Predomina neste estágio
a construção da consciência e da culminância das relações afetivas.
O último estágio, considerado como categorial é denominado pelos
avanços na personalidade e da inteligência, perpetuando assim o
desenvolvimento cognitivo. Nesse sentido, cabe-nos ressaltar a
predominância que Wallon dar à sucessão dos estágios.
O predomínio do caráter intelectual corresponde às etapas em que a ênfase está na elaboração do real e no conhecimento do mundo físico. A dominância do caráter afetivo e, consequentemente, das relações com o mundo humano, correspondem às etapas que se prestam à construção do eu. (ibidem, p. 45).
Na perspectiva de Wallon, as dimensões afetivas e cognitivas se
mantêm interligadas umas às outras, ocorrendo apenas uma alternância no
decorrer dos estágios. Em algumas etapas aparecem para dar forma e
sentido ao estágio, em outras, ambas aparecem integradas como é o caso do
último estágio. “A afetividade torna-se cada vez mais racionalizada – os
sentimentos são elaborados no plano mental, os jovens teorizam sobre suas
relações afetivas”. (ibidem, p.46).
A partir dessas considerações, pode-se compreender melhor as
características advindas do vínculo afetivo e mental que se estende ao
desenvolvimento infantil até a fase da adolescência.
A longa fase emocional da infância tem sua correspondente na história da espécie; nas associações mais primitivas, o contágio afetivo supre, pela criação de um vínculo poderoso para a ação comum, as insuficiências da técnica e dos instrumentos intelectuais. Enquanto não for possível a articulação sofisticada de pontos de vista bem diferenciados, a emoção garantirá, para o indivíduo como para a espécie, uma forma de solidariedade afetiva. (WALLON apud DANTAS, 1992, p.89).
Para tanto, é conveniente apresentarmos a reflexão de Barros (1995,
p.5): a emoção é o primeiro e mais poderoso instrumento de sobrevivência da
espécie humana, pelas seguintes razões: mobiliza o ambiente e proporciona
o mais forte vínculo afetivo entre as pessoas.
27
Nesse sentido, compreendemos que o meio desempenha papel
importante na vida do homem, assim a produção afetiva fornece bases para
garantir a evolução cognitiva. A partir daí, ambas interagem, não
paralelamente, mas integradas para realizar as conquistas do
desenvolvimento da inteligência. Portanto, para Wallon a afetividade e
inteligência estão somadas no mesmo plano, com predomínio da primeira.
Podemos enfatizar até aqui que teoria walloniana postula a
indissociabilidade entre a dimensão afetiva e cognitiva e que as emoções tem
papel preponderante no desenvolvimento da pessoa. “Ao dirigir o foco de sua
análise para a criança, Wallon revela que é na ação sobre o meio humano, e
não sobre o meio físico, que dever ser buscado o significado das emoções”.
(GALVÃO, 1995, p. 59).
Ancorada no debate de Dantas (1992, p. 97) “em que o vínculo afetivo
supre a insuficiência da inteligência no início. Quando ainda não é possível a
ação cooperativa que vem da articulação de pontos de vista bem
diferenciados, contágio afetivo cria elos”.
O presente capítulo buscou explorar as idéias dos teóricos no intuito de
demonstrar uma compreensão a respeito da afetividade no funcionamento
mental da criança. Dentro destes aspectos gerais destacamos a contribuição
de Wallon no diz respeito à educação.
Consagrando esta discussão damos ênfase ao próximo enfoque do
estudo, para perceber a relação professor-aluno face as diferentes teorias
expostas até o momento do trabalho. Neste caso, citamos a contribuição da
teoria walloniana à educação:
Em suas ideías pedagógicas, Wallon propõe que a escola reflita acerca de suas dimensões sócio-políticas e aproprie-se de seu papel no movimento de transformações da sociedade. Propõe uma escola engajada, inserida na sociedade e na cultura, e, ao mesmo tempo, uma escola comprometida com o desenvolvimento dos indvíduos, numa prática que integre a dimensão social e a individual. (GALVÃO, 1995, p. 113).
28
Nesse sentido, não poderíamos deixar de discutir a dimensão afetiva
como elemento importante na relação professor-aluno.
Quando se fala de qual o papel da afetividade como um fator primordial
na alfabetização é porque podemos afirmar que a afetividade interfere na
alfabetização porque toda aprendizagem não se dá apenas no plano cognitivo.
Além da inteligência , aprendizagem envolve aspectos orgânicos , corporais
afetivos, sociais e para que aprendizagem ocorra é necessário que estejam em
perfeita harmonia. Quando se fala em sentimentos e sua relação com
aprendizagem, estamos tratando os dois tipos de sentimentos. Um deles se
refere ao vínculo da criança com objeto de estudo e o outro relacionamento
afetivo é a relação entre aluno e professor.
Com este objetivo, anteciparmos o terceiro capítulo para refletir a
seguinte interrogação: A alfabetização como um ato de afetividade e cognição
seria um elo possível na relação de ensino e aprendizagem.
29
CAPÍTULO III
A AFETIVIDADE NA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO A discussão esboçada no primeiro capítulo nos traz a certeza de que
necessitamos construir uma relação afetuosa entre professor-aluno.
Precisamos romper com os papéis tradicionalmente desempenhados pelos
professores e definitivamente permitir a criança um ambiente repleto de amor
e que favoreça a aprendizagem.
Para isso, precisamos estar cientes que “a educação moderna está em
crise, porque não é humanizada, separa o pensador do conhecimento, o
professor da matéria, o aluno da escola, enfim, separa o sujeito do objeto”.
(CURY, 2003, p. 139).
Nesse sentido, é fundamental que seja embutido em sala de aula
sentimento de confiança e de respeito. Valores, essenciais que devem ser
resgatados urgentemente para a vida escola e para vida de cada criança
ameaçada por este mundo amargo, corrupto, violento e principalmente sem
amor.
(...) É chegada a hora de assumir o comando dessa embarcação em direção ao futuro. Não podemos esperar que as novas gerações modifiquem o que está errado, se não despertamos para o fato de cabe a nós, desde já, dar o exemplo. Para isso, nossos pensamentos e ações devem ser um misto de altruísmo, capacidade de doação e amor ao próximo. Cabe a nós estar conscientes da importância de nosso papel e amparar, reerguer, reavivar os sentimentos, valores e atitudes que poderão renovar a confiança em dias melhores. (CHALITA, 2003, p. 11-12).
É desejo, a partir deste segundo capítulo, plantar sementes de amor
nos arredores das escolas, na nossa vida e na relação professor-aluno.
Nesse sentido, esperamos que este estudo seja útil para todas as pessoas
comprometidas com o ato de educar, e principalmente, “afeto – esse signo
que deveria reger todos os relacionamentos, todas as ações, todos os
vínculos. Afeto por se saber centelha divina e partícula de amor no espaço
universal”. (CHALITA, 2003, p. 15) .
30
Acreditamos que somente com a inclusão dos afetos conseguiremos
efetivar um aprendizado qualitativo, voltado para o prazer, para o interesse de
aprender e para o bem estar da criança. A escola, bem como a figura do
professor, precisa compreender o aluno e seu universo sócio-cutural. Este
conhecer está intimamente ligado ao desenvolvimento mental da criança,
dando respaldo principal às etapas deste processo e o mundo que os
circunda.
... não estamos educando a emoção nem estimulando o desenvolvimento das funções mais importantes da inteligência, tais como contemplar o belo, pensar antes de reagir, expor e não impor idéias, gerenciar os pensamentos, ter espírito empreendedor. Estamos informando os jovens, e não formando sua personalidade. (CURY, 2003, p. 15).
Wallon considera, portanto, que “a educação deve, obrigatoriamente,
integrar, à sua prática e aos seus objetivos, essas duas dimensões, a social e
a individual: deve, portanto, atender simultaneamente à formação do
indivíduo e à da sociedade”. (GALVÃO, 1995, p.91).
Entretanto, das idéias pedagógicas explicitadas por Wallon, destaca-se
que é exatamente no confronto entre o outro que se forma o indivíduo.
Vejamos o percurso dado pela teoria walloniana para obter uma educação da
pessoa completa.
Da psicogenética walloniana não resulta, todavia, uma pedagogia meramente conteudista, limitada a propiciar a passiva incorporação de elementos da cultura pelo sujeito. Resulta, ao contrário, uma prática em que a dimensão estética da realidade é valorizada e a expressividade do sujeito ocupa lugar de destaque. Afinal, o processo de construção da personalidade que, em diferentes graus percorre toda a psicogênese, traz como necessidade fundamental a expressão do eu. (ibidem, p.99).
É nesse sentido que a escola desempenha um decisivo papel, como
promotora que favorece ao sujeito possibilidade de exteriorização do eu e de
expressividade enquanto sujeito deste processo. Por isso, à medida que
damos espaço ao sujeito criamos vínculos afetivos, e estes, abarcam estados
inusitados em sala de aula.
31
Transpondo esta reflexão para a escola percebemos a necessidade de
se planejar a estruturação do ambiente escolar. Para planejar essa
estruturação somos, mais uma vez, obrigados a ampliar o raio de
abrangência da reflexão pedagógica. (ibidem, p.101).
Assim, entendemos que a prática escolar não deve se resumir ao
conteúdo sistematizado, mas as diversas dimensões que podem ser
produzidas de um estímulo externo - o social, para um estímulo interno - o
mundo das emoções.
Para discorremos sobre a dimensão afetiva no campo da educação,
recorremos à discussão acerca do cotidiano escolar, mais precisamente as
situações de conflito entre professor e aluno.
O professor, se estiver ciente do papel desempenhado pelo conflito eu-
outro na construção da personalidade, pode receber com mais
distanciamento as atitudes de oposição, sem tomá-las como afronta pessoal.
(ibidem, p.107).
Percebemos a relevância que Wallon dá as crises e conflitos
envolvendo professor e aluno. No entanto, vale destacar que o exercício de
reflexão e avaliação do professor deve estar presente na prática pedagógica
para amenizar o conflito e evitar ações e termos indesejáveis no ambiente
escolar. Nesse sentido, cabe ao professor desenvolver uma dimensão afetiva
com os educandos.
Acreditamos que os afetos ajudam-nos a avaliar as situações, servem de critério de valoração positiva ou negativa para as situações de nossa vida; eles preparam nossas ações, ou seja, participam ativamente da percepção que temos das situações vividas e do planejamento de nossas reações com o meio. Os afetos também têm uma outra característica – eles estão ligados à consciência, o que permite dizer ao outro o que sentimento, expressando, através da linguagem, nossas emoções. (BOCK, A.M.B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M.L.T, 1999, p. 193).
Precisamos antever cotidianamente o espírito de amor no campo da
educação, para sermos capazes de despertar dentro de cada criança os mais
secretos desejos e anseios. Nesse sentido, Cury (2003, p. 17) diz que “um
32
excelente educador não é um ser humano perfeito, mas alguém que tem
serenidade para se esvaziar e sensibilidade para aprender”.
Porém, ao contrário deste pensamento citado acima, nos deixamos
envolver com os pensamentos negativos, memorizando involuntariamente os
registros que possuem um grande teor emocional. O mesmo acontece com
nossas crianças, através das “nossas agressividades, rejeições e atitudes
impensadas podem criar um alto volume de tensão emocional em nossos
filhos, gerando cicatrizes para sempre”. (CURY, 2003, p. 24).
No entanto, precisamos equilibrar esta tensão para não tornar a vida
de nossas crianças, um círculo virtuoso de incerteza, medo e insegurança.
Desta forma, é fundamental que o educador preocupado com a ação
pedagógica se sensibilize para a necessidade de desenvolver uma dimensão
afetiva dentro do ambiente escolar.
Dentro dessa linha, salientamos, o que cabe à educação em cada um
dos seus momentos:
A satisfação das necessidades orgânicas e afetivas, a oportunidade para a manipulação da realidade e a estimulação da função simbólica, depois a construção de si mesmo. Esta exige espaço para todo tipo de manifestação expressiva: plástica, verbal, dramática, escrita, direta ou indireta, através de personagens suscetíveis de provocar identificação. Uma dieta curricular de exclusivamente constituída de atividades de conhecimento da realidade estaria obstruindo grandemente o desenvolvimento, se esta concepção estiver correta. (WALLON apud DANTAS, 1992, p.95).
A citação acima aponta para um currículo escolar que priorize a
personalidade do “eu” como um todo e que façam do processo educativo uma
dimensão afetiva. Além disso, precisamos romper com o sentimento de
autoritarismo na educação e cultivar o espírito afetivo com as nossas
crianças. Como diz Cury (2003, p. 45) “o toque e o diálogo são mágicos,
criam uma esfera de solidariedade, enriquecem a emoção e resgatam o
sentido da vida”.
Nesse sentido, vemos a necessidade de ampliar na prática educativa
os horizontes de solidariedade, de amor, de situações que dê prazer tanto
33
para aluno - que está sendo contagiado pela arte de aprender, quanto para o
professor. Neste entrelaçamento, da arte de aprender com a de ensinar, nos
remetemos à fala de Cury (ibidem, p.64):
Bons professores possuem metodologia, professores fascinantes possuem sensibilidade. Bons professores falam com a voz, professores fascinantes falam com os olhos. Bons professores são didáticos, professores fascinantes vão além. Possuem sensibilidade para falar ao coração dos seus alunos.
Além do autor indicar pontos essenciais para a prática pedagógica,
sugere uma reflexão enquanto sujeito que fala com o coração, ensina com a
alma e se preocupa com o ato de educar. Para ele, os bons professores
devem educar com a emoção, e esta última tem poder de transformação na
educação.
Eduque a emoção com a inteligência. E o que é educar a emoção? É estimular o aluno a pensar antes de reagir, não a não ter medo do medo, a ser líder de si mesmo, autor da sua história, a saber filtrar os estímulos estressantes e a trabalhar não apenas com fatos lógicos e problema concretos, mas também com as contradições da vida. (ibidem, p.66).
Vemos a necessidade de o professor experimentar em suas aulas o
afeto, fazer com que o aluno seja o centro do processo. E para isso, é
importante que tenhamos em mente o verdadeiro sentido de educar, que
estejamos preocupados com o processo gradual de cada aluno, desde
aquele que não se expressa por medo ou vergonha, até aquele que se sente
à vontade no ambiente escolar.
É atentar para o educando que está retraído seja por dificuldade de
aprender, seja por vergonha. Os professores devem demonstrar uma vivência
cercada de relação calorosa, íntima e contínua, mostrar que o espaço
educacional é para todos os que desejam ser sujeito da história.
Educadores, pais e todos os que acreditam na importância dos valores essenciais para a formação de gerações mais conscientes e críticas devem propagar e demonstrar por meio de exemplos e ações que, independentemente das diferenças, todos temos necessidades físicas e psicológicas semelhantes. Todos precisamos de alimento para o corpo e para o espírito. Todos precisamos de afeto, de amor, de aceitação e de compreensão para desenvolver um caráter que nos torne dignos de exercer a inteligência e o livre-arbítrio concedidos quando nascemos. (CHALITA, 2003, p. 175).
34
Vemos que somos ponto de referência para nossas crianças e jovens e
responsáveis pelo desenvolvimento cognitivo de cada indivíduo que se
encontra inserido na escola. Sabemos que apesar das dificuldades impostas
pela sociedade temos por obrigação e por amor oferecer esta viagem ao
aluno – o direito de aprender e sentir.
Por isso, é fundamental para o educador preocupado com sua ação
pedagógica se sensibilize para a necessidade de desenvolver a afetividade
de seus alunos e garantir um ambiente mais justo e humano.
Temos que acreditar numa educação mais viva e para isso é
fundamental que a criança se sinta amada, aceita, valorizada e respeitada
diante dos seus sentimentos. Acreditar que elas aprendem melhor quando
estão satisfeitas com o ambiente e principalmente com os sentimentos.
Tendo como base a importância de vínculos afetivos, compreendemos
que o professor deve ser um construtor de vínculos positivos na dimensão
pedagógica, e que este facilita a relação professor-aluno. Acreditamos que o
vínculo possibilita uma contribuição no fazer pedagógico do educador e
possibilita perceber no educando as dimensões antes despercebidas.
Segundo Bowlby(1990), os sentimentos e emoções vividos por uma
pessoa em relação a uma outra, refletem a ligação estabelecidas entre elas.
Muitas das mais intensas emoções humanas surgem durante a formação, manutenção, rompimento e renovação de vínculos emocionais. Em termos de experiência subjetiva, a formação de um vínculo e descrita como “apaixonar-se, a manutenção de um vínculo como “amar alguém”. (BOWLBY,1990, p.65 apud MULLER e GLAT, 1999, p. 67).
Com base no autor, o vínculo estabelecido entre aluno e professor,
além de ser positivo para construção da relação, é um facilitador para o
processo de ensino-aprendizagem. Para o autor, “a pessoa ligação, é que
ganha a confiança da criança, que fornece uma base segura, estabelecendo
com ela uma relação mutuamente gratificante”. (ibidem, p. 70).
35
Portanto, configura-se neste último capítulo a possibilidade de alterar
as atitudes pedagógicas não apenas no discurso, mas no processo de
ensino-aprendizagem e nas atitudes com os educandos. Que o professor
possa compreender o ato pedagógico como um ato além de político, como
um espaço de amor na arte de ensinar.
Os aspectos discutidos até aqui derivam a unificação da afetividade e
da cognição no sistema educativo. Que assim seja: que o ensinar nos leve a
tecer a chama do amor na dimensão pedagógica e que possamos enquanto
educadores desafiar e vencer as dificuldades no dia-a-dia. As reflexões
acerca da afetividade na relação professor e aluno, feitas até aqui são vistas
como elementos fundamentais para cognição. Acreditamos que no ambiente
escolar deve haver uma relação de afeto, não como visão assistencialista e
do cuidar, mas como elemento importante na formação intelectual do sujeito.
Dentro da prática reflexiva ou em outro tipo de alfabetização o método
mais completo, mostrando como o professor reflexivo, na qual coloca sua
afetividade em prova, e faz daí uma junção entre ensinar com amor podendo
então através da ação objetivando a recepção dos alunos, buscar o
aprimoramento e respostas para um saber docente, alcançando através de
pesquisas feitas com os alunos, crescerem positivamente na vida escolar.
A prática reflexiva, enfatizando a coletividade, a pesquisa continuada para um aprendizado de formação contínua que visa a produzir saberes de cunho geral, duráveis, que possam ser integrados a teoria, afirmando que na pratica reflexiva o professor dirige o olhar para o seu próprio trabalho. (PERRENOUD, 1999, p.186).
A profissão de professor se caracteriza pelas ações práticas que realiza
e pelo domínio de suas regras e saberes, pois na educação essas regras não
podem ser fixas, havendo necessidade de um permanente processo de
reflexão dos professores diante das suas ações.
No decorrer deste processo, muitos são os conflitos a serem superados porque novamente depara-se com que é inerente á nossa humanidade, mas que pretende disseminadamente velada a singularidade. Aquilo que nos torna iguais porque universal, é também o que nos separa, discrimina e distancia: a condição de sermos únicos. ”(CAVANELLAS, Psicologia Ciência e Profissão p.20)
36
A atuação docente está ligada a uma gama de atividades, desde a
formulação da aula, como o termino da unidade trabalhada.
Um bom começo para refletir sobre os tópicos de ensino e
aprendizagem para os alunos do ensino fundamental é consultar os
Parâmetros Curriculares Nacionais. Enfatizando sobre o combate ao
analfabetismo afirmando sempre sobre o que ensinar nos cinco anos iniciais:
Tendo como o primeiro objetivo a afetividade no ato de ensinar para que
os alunos terminem o Ensino Fundamental dominando a linguagem de maneira
eficaz.
Em outras palavras, devem ser capazes de produzir e interpretar textos,
tanto para solucionar as necessidades do dia-a-dia, como escrever um recado,
ler as instruções de uso de um eletrodoméstico, para ter acesso aos bens
culturais e à participação plena no mundo letrado, entender o que é dito num
telejornal e ser capaz de ler um livro de poesias, mas esta leitura deve ser
introduzida de forma prazerosa.
Cabe à escola desenvolver também a linguagem oral de seus alunos.
Aprende-se a falar fora dos bancos da escola, mas na sala de aula é possível
mostrar as falas mais adequadas e eficientes nas diferentes situações
cotidianas.
Ler e escrever são atividades que se completam. Os bons leitores têm
grandes chances de escrever bem, já que a leitura fornece a matéria-prima
para a escrita. Quem lê mais dispõe de um vocabulário mais rico e
compreende melhor a estrutura gramatical e as normas ortográficas da Língua
Portuguesa. Quanto mais variados, interessantes e divertidos forem os textos
que você apresentar às crianças, maior será a chance de elas se tornarem
leitoras hábeis. Se na sua sala só entrarem textos didáticos,
descontextualizados da realidade das crianças, que despertam pouca atenção
nos alunos, eles se desinteressarão da leitura e terão dificuldade em aprender.
37
Pois, aprendemos que o segredo do sucesso da Alfabetização como um
processo de aprendizagem se dá principalmente pela afetividade e interação,
ou seja, um ato amoroso na arte de ensinar, tendo como um instrumento chave
no desenvolvimento cognitivo de uma criança.
38
CONCLUSÃO
A preocupação deste presente estudo foi destacar a necessidade de
estarmos enquanto educadores assumindo nosso papel não apenas como
mero executador de tarefas, mas como um profissional que se dedica de
corpo e alma ao que faz. Estas idéias reforçam a necessidade dos
professores incrementarem no âmbito escolar uma ação pedagógica que
tenha sabor de amor, carinho, atenção e respeito.
Ao longo deste trabalho, foi possível evidenciar as idéias desses
autores por colocar a importância da afetividade no processo da educação,
não pelo fato de apenas tornar um ambiente amoroso, mas pelo fato de tal
sentimento ajudar no desenvolvimento cognitivo de um ser humano.
Espera-se que este estudo possa contribuir como elemento de
discussão no meio educacional e assim cada profissional possa refeltir e
transformar a sua prática em sala de aula. Para isso precisamos tornar a
escola um ambiente receptivo para aqueles que se preocupam pela arte de
aprender, é nesse sentido que o professor deve promover a construção de
uma sociedade mais fraterna e justa.
Considero que quando a criança se sente emocionalmente segura,
parte do processo cognitivo se contempla, pois acredita que o ambiente está
seguro, desprovido de fracasso, medo, insegurança e principalmente de
amor. Essas questões vêm me intrigando e me desafiando a investigar cada
vez mais o motivo pelos quais tais estas crianças sentem dificuldade de
aprendizagem.
Muitas vezes a escola ignora a questão da afetividade, preocupando-se
apenas com os conteúdos, ignorando a organização dos sistemas afetivos. As
relações afetivas não podem ser desprezadas, pois estão presentes no
desenvolvimento, fazem parte do ser humano e podem interferir de forma
positiva nos processos cognitivos.
39
Acredito que o relacionamento afetivo pressupõe interação entre todos
os envolvidos neste processo. Assim, caro professor, ao conhecer melhor o
seu aluno, terá melhor oportunidade de preparar os conteúdos, propiciando
excelentes desenvolvimentos cognitivos e tornando a aprendizagem mais
agradável e produtiva.
Vale dizer que é extremamente relevante e imprescindível à formação
integral da criança, seja na questão cognitiva como na relação afetiva. Mas
para isso considero importante enquanto profissionais da educação, estarmos
fazendo uma recapitulação das nossas ações dentro do ambiente escolar, seja
na sala de aula, seja no pátio da escola. É necessário manter vivo o
sentimento de amor com nossos alunos.
Em suma, a escolha da temática foi no intuito de propormos uma
educação que atente para os laços afetivos, pois de acordo com os autores
apresentados neste trabalho, quando a aprendizagem ocorre de forma
prazerosa, parte do processo de ensino-aprendizagem se desenvolve e ambos
são recompensados.
Espero que este estudo possa contribuir para a discussão de um
processo de ensino-aprendizagem reflexivo, visando não apenas o
desenvolvimento da criança, mas todo um resgate do tema afetividade que
raramente encontra-se no cotidiano escolar. Esta reflexão significa pensar no
próprio ato educativo, desde o primeiro contato, na suavidade da fala, no
senso de humor, de equilíbrio e da manifestação de afeto do professor.
Acredito ter provocado reflexão acerca da prática docente e ao mesmo tempo
convidar o professor a assumir o seu ofício não meramente como um
transmissor de conhecimento, mas aquele capaz de compreender o seu aluno
através do coração e da alma.
40
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Bertrand Brasil S/A, 1980.
REVISTA NOVA ESCOLA: Grandes Pensadores: A história do pensamento
pedagógico no Ocidente pela obra de seus maiores expoentes. Edição
Especial: São Paulo: Abril, 2003.
SOUZA, M.; Projeto de pesquisa: A literatura infantil e suas contribuições
para a formação de futuros leitores. Rio de Janeiro, 2000.
VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. Trad. José Cipolla Neto, Luís
Silveira Menna Barreto e Solange castro Afeche. 6º. ed. São Paulo: Martins
Fontes, 1998.
42
ANEXO
Dados Estatísticos do Analfabetismo no Brasil – IBGE – Censo 2000
População 15 anos ou
mais População Alfabetizada 15 anos ou
mais População Analfabeta 15 anos ou
mais Taxa de Analfabetismo
121.345.163 106.238.159 14.694.889 10,83 %
Dados Estatísticos do Analfabetismo no Brasil – IBGE – Censo 2007
População 15 anos ou
mais População Alfabetizada 15 anos ou
mais População Analfabeta 15 anos ou mais
Taxa de Analfabetismo
129.533.148 119.738.159 9.794.889 5,47 %
Dados estatístico do IBGE, retirado da Revista Nova escola, 2007.
43
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
A IMPORTÂNCIA DA ALFABETIZAÇÃO 12
CAPÍTULOII
APRENDIZAGEM SE ENTRELAÇANDO COM
A AFETIVIDADE E ASPECTOS COGNITIVOS 17
CAPÍTULOIII
AFETIVIDADE NA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO 29
CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA 40
ANEXO 42
ÍNDICE 43
FOLHA DE AVALIAÇÃO 44
44
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Pós-Graduação “Lato Sensu”
A afetividade como um fator primordial na alfabetização
Data da entrega:___________
Avaliado por:_________________________Grau_____________________
___________________,______de _____________________de 2009.