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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
A MOTIVAÇÃO COMO FATOR DIFERENCIA E COMPETITIVO NAS ORGANIZAÇÕES
Por: Luciana Soares Fernandes Pontes
Orientador
Prof. Aleksandra Sliwowska
Rio de Janeiro
Janeiro 2011
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃ “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A MOTIVAÇÃO COMO FATOR DIFERENCIAL E COMPETITIVO NAS ORGANIZAÇÕES
Apresentação de monografia à Universidade
Cândido Mendes – Instituto a Vez do Mestre
como requisito parcial para obtenção do grau
de especialista em Gestão de Recursos
Humanos.
Por: Luciana Soares Fernandes Pontes
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AGRADECIMENTOS
Agradeço à Deus por mais esta oportunidade, à
minha família pelo apoio, ao meu esposo Fabio
pela motivação e companheirismo e à
professora Aleksandra Sliwowska pela
objetividade na orientação durante a
elaboração deste trabalho.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu esposo Fabio pela
paciência, compreensão e companheirismo e
especialmente ao meu filho Nathan, um garoto
incrível, que tanto se privou da minha
companhia durante o período de aulas e que
me faz feliz pelo simples fato de existir.
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“O importante é não nos descuidarmos nunca
do fato de que o empenho em realizar sempre o
melhor de nós mesmos é, precisamente, o trampolim
para amplos e criativos saltos”.
Maurício Werner (2006, p. 122)
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RESUMO
As organizações vêm passando ao longo do tempo por um
processo de mudança em que a competitividade passou a ser cada vez maior.
Neste ambiente, o total envolvimento do capital humano com a estratégia da
organização em busca de seus objetivos passa a ser um diferencial. Neste
contexto, é importante que os líderes saibam exatamente o papel que devem
desempenhar para manter a motivação dos colaboradores de modo que a
empresa atinja seus objetivos e obtenha o retorno esperado. Embora a
motivação seja intrínseca ao ser humano, a condição emocional e as atitudes
do líder afetam de fato o estado de espírito e o desempenho de seus liderados.
As atitudes do líder influenciam na motivação da equipe e por isso o líder deve
criar no grupo um clima de entusiasmo e cooperação para alcançar o sucesso.
Este clima pode ser conquistado se o líder reconhecer que cada colaborador
tem uma necessidade motivacional diferente e que eles são essenciais à
capacidade da empresa de ser bem sucedida e não considerar os funcionários
apenas como um item na cadeia produtiva, que pode ser eliminado sem
maiores conseqüências. É importante reconhecer que a força de trabalho
consiste em indivíduos com habilidades e conhecimentos únicos. Porém,
somente a mudança na mentalidade gerencial será capaz de produzir bons
frutos para que o ambiente de trabalho possa ser um lugar agradável e
estimulante onde o colaborador não encare apenas como uma relação
contratual com uma contrapartida financeira, e sim como um lugar onde as
pessoas gostam de estar e realizam suas tarefas com satisfação.
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METODOLOGIA
O trabalho de pesquisa utilizado para a elaboração da presente
monografia foi montado através de estudo bibliográfico, sendo realizada uma
explanação geral sobre motivação, liderança e as principais teorias abordadas
com base na visão dos autores que estudaram amplamente o tema. Dentre
eles, destacam-se Stephen Robbins, Paul Hersey e Cecília Bergamini. Foi feita
uma análise do conteúdo reunido em livros, revistas, artigos e arquivos de
internet e emitida opinião sobre o tema propondo possíveis ações que
contribuam para o objetivo proposto.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................ 09
CAPÍTULO I
MOTIVAÇÃO E LIDERANÇA .......................................................................... 11
1.1 – Motivação ................................................................................................ 11
1.1.1 – Teorias tradicionais sobre a motivação .............................................. 15
1.1.2 – Teorias contemporâneas sobre a motivação ...................................... 20
1.2 – Liderança ................................................................................................ 27
1.2.1 – Teorias sobre liderança ...................................................................... 28
1.2.2 – Abordagens contemporâneas sobre liderança ................................... 31
CAPÍTULO II
A IMPORTÂNCIA DA MOTIVAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES......................... 35
2.1 – A motivação intrínseca ............................................................................ 37
2.2 – A motivação extrínseca ........................................................................... 38
2.3 – Fatores que influenciam na motivação .................................................... 39
2.4 – O papel do líder na motivação dos colaboradores .................................. 43
CAPÍTULO III
O QUE FAZER PARA MOTIVAR .................................................................... 46
CONCLUSÃO .................................................................................................. 55
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 58
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INTRODUÇÃO
A presente monografia trata do tema Motivação.
A relação que existe entre o homem e o trabalho foi objeto de estudo
durante mais de um século. Ela foi abordada sob vários pontos de vista e
desperta cada vez mais o interesse da comunidade científica e de cada um de
nós no dia a dia individual e organizacional.
Mesmo sabendo que o estudo da motivação humana tem raízes na
Antiguidade, dentro da Administração, ele surge a partir da Escola de Relações
Humanas, que foi a primeira a enfatizar a satisfação do funcionário, a se
ocupar com suas questões afetivas e pessoais, estudando e analisando de
maneira sistemática os aspectos humanos dentro da organização.
Para que as organizações cresçam é necessário que os seus
colaboradores estejam motivados e comprometidos com os objetivos da
organização. Desta forma é importante que as organizações ofereçam
condições satisfatórias para que o ambiente de trabalho seja motivador.
Assim como a motivação a liderança também passou a ser considerada
como característica relevante a partir da época da Escola das Relações
Humanas, hoje, porém, atinge seu ponto máximo de valorização, pois está
presente em praticamente em todas as listas de qualidades desejáveis. Os
líderes adquiriram essa importância porque as empresas estão se
convencendo de que não é possível realizar mudanças planejadas sem que
seus colaboradores se comprometam e adotem posturas coerentes com o
estabelecido e para isso é preciso estarem motivados. Só um líder que assume
o poder de motivar e influenciar e o faz acontecer de forma sistematizada tem
condições de ser vitorioso na obtenção desse estado de prontidão por parte
das pessoas.
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A força do novo cenário do mundo dos negócios exige um líder diferente
daquele dos padrões do passado, que se transformará acima de tudo em um
grande agente promotor e fomentador das adequações internas.
A questão central deste trabalho é compreender qual o papel do líder na
motivação dos colaboradores para que a empresa atinja seus objetivos e
obtenha o retorno esperado. O tema a ser estudado é de grande importância
pois nos últimos anos a influência e as implicações da valorização do capital
humano vêm sendo observados pelas organizações. Para que as empresas
possam qualificar seus produtos e serviços é fundamental o investimento no
ser humano, ou seja, na qualificação e motivação da mão-de-obra, entre outros
aspectos. Hoje, temos conhecimento de empresas que adotam práticas que
mantêm seus colaboradores motivados e envolvidos com a visão da empresa,
contribuindo para que a organização atinja seus objetivos. Tais práticas podem,
pelo menos em tese, ser aplicadas por qualquer empresa, seja qual for o seu
tamanho ou ramo de atuação, porém, muitas empresas ainda contam com
profissionais completamente desmotivados e líderes agindo como chefes.
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CAPÍTULO I
MOTIVAÇÃO E LIDERANÇA
Motivação e liderança são ferramentas imprescindíveis no mercado
atual. As empresas e/ou organizações necessitam desenvolver mecanismos
para alcançar seus objetivos, precisam locar pessoas para desenvolver a
liderança e gerar motivação. Sem estes elementos sua sobrevivência no
mercado competitivo fica em risco.
1.1 - Motivação
O estudo da motivação humana tem raízes na Antiguidade, mas dentro
da administração, ele surge a partir da Escola de Relações Humanas, que foi a
primeira a enfatizar a satisfação do funcionário, a se ocupar com suas questões
afetivas e pessoais, estudando e analisando de maneira sistemática os
aspectos humanos dentro da organização.
A experiência da fábrica de Hawthorne, da General Eletric Company, de
Chicago, Estados Unidos, no final da década de 1920 e começo da de 1930, é
tida como o primeiro dos experimentos e intervenção maior dos cientistas do
comportamento. O chamado Estudo Hawthorne realizado por Elton Mayo foi
planejado com o intuito de estabelecer a existência de alguma relação entre as
condições de trabalho e a incidência de fadiga ou monotonia entre os
empregados.
Surpreendentemente, as conclusões desse estudo apontaram para outra
direção. Provou-se que a ‘atenção’ dada ao trabalhador conseguia influir na
sua produtividade. Foi o passo inicial para que por volta da década de 1950 se
reiniciassem sérios estudos sobre o processo motivacional.
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Os trabalhos de Mayo serviram para mostrar que a produtividade
aumentou porque os trabalhadores conseguiram, pelas experiências
realizadas, um sentimento maior de valor pessoal devido a participação nas
decisões que afetavam o seu trabalho; ao envolvimento no próprio trabalho; por
sentir-se mais seguros ao realizarem as tarefas, devido ao tratamento
permissivo e amistoso do experimentador e por terem a oportunidade de
ganhar mais dinheiro, devido ao sistema de recompensa como incentivo ao
grupo.
A motivação é um requisito fundamental para que as pessoas,
organizações e países alcancem suas metas e objetivos.
A maioria das pessoas que atua no mundo dos negócios concorda que
os melhores colaboradores são os motivados. Os colaboradores motivados são
indivíduos que tomam iniciativa, que desejam fazer um bom trabalho, que
evoluem na carreira pelo próprio esforço e que, em geral, têm mais chance de
ser bem sucedidos. Mas afinal, o que é motivação?
Segundo Bergamini (2010), o termo motivação é geralmente empregado
como sinônimo de forças psicológicas, desejos, impulsos, instintos,
necessidades, vontade, intenção, etc.
Para Robbins (2008), motivação é a disposição de um indivíduo para
fazer alguma coisa que ao mesmo tempo seria condicionada pela capacidade
dessa ação trazer a satisfação de uma necessidade deste indivíduo.
A motivação varia de indivíduo para indivíduo e de situação para
situação.
Deste modo, é possível compreender que os aspectos motivacionais são
aqueles que movem a pessoa a determinado destino com determinado
objetivo. E estes objetivos são peculiares a cada um, formados a partir da
história de cada pessoa.
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De acordo com Paul Hersey (1976, p.11) “a motivação de uma pessoa
depende da força de seus motivos e estes são definidos como necessidades,
desejos ou impulsos no interior do indivíduo e são dirigidos para objetivos que
podem ser conscientes e inconscientes”.
Freud (HERSEY-BLANCHARD, 1986, p. 17, apud SILVA e
RODRIGUES, 2007, P.8) foi um dos primeiros a reconhecer a importância da
motivação inconsciente. Acreditava que as pessoas nem sempre estão cientes
de tudo aquilo que desejam e, portanto, grande parte de seu comportamento é
influenciada por necessidades e motivos inconscientes.
Todos os indivíduos têm necessidades próprias, carências que precisam
ser supridas para que se possa ficar em equilíbrio.
A motivação é um fenômeno que depende de numerosos fatores para
existir, dentre eles, o cargo em si, ou seja, a tarefa que o indivíduo executa, as
características individuais e os resultados que este trabalho pode oferecer.
Portanto, a motivação é uma força que se encontra no interior de cada pessoa,
estando geralmente ligada a um desejo. Dessa forma, suas fontes de energia
estão dentro de cada ser humano.
Maximiano (2006) descreve mais profundamente a motivação como a
interação entre motivos internos do indivíduo e estímulos externos causado por
uma situação.
• Motivos internos são os motivos que diferenciam as pessoas. Cada
indivíduo valoriza certas tarefas e não outras e tem certos desejos
menosprezando outros.
• Motivos externos são os estímulos e incentivos que as empresas, as
situações e ambientes oferecem que podem satisfazer necessidades e
despertar desejos.
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Citando ainda Paul Hersey (1976, p.27) “quando pretendemos
influenciar o comportamento de uma pessoa, precisamos primeiro conhecer os
motivos ou as necessidades que são mais importantes para ela naquele
momento. E para ser eficaz, o objetivo deve ser apropriado à estrutura das
necessidades das pessoas que se pretende incentivar”. Para este mesmo
autor, para um administrador entender, prevê e até controlar as atividades de
seus subordinados em um dado momento, precisa saber que motivos ou
necessidades das pessoas originam determinada ação.
“Os gerentes que conseguem motivar seu pessoal
com êxito são aqueles capazes de criar um
ambiente com objetivos (incentivos) compatíveis
com os motivos (necessidades) específicos dos
seus funcionários”
(PAUL HERSEY, 1976, p.19)
Segundo Bergamini (2010), é importante salientar que quando uma
pessoa se direciona a fazer algo ela não está necessariamente motivada.
Muitas vezes as pessoas fazem determinadas coisas por temerem uma
punição ou para receber uma recompensa, neste caso existe um fator externo
que leva a certa ação e, portanto a motivação não partiu do indivíduo, não
sendo uma motivação real, apesar de existir estudos que defendem a
recompensa e a punição. Mas se o impulso a esta ação for interno, gerado por
uma necessidade interior, há uma vontade própria o que caracteriza a
motivação.
O desejo de uma pessoa ser produtiva depende dos seus objetivos
particulares assim, em um ambiente organizacional a produtividade do
colaborador dependerá do quanto ele percebe o seu trabalho como um meio
para atingir seus objetivos e satisfazer suas necessidades. Assim, os objetivos
devem ser compatíveis com as suas necessidades para poder motivar o
comportamento.
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1.1.1 - Teorias Tradicionais sobre a Motivação
Graças a dedicação de vários estudiosos foram formuladas inúmeras
teorias sobre o tema, apresentando como resultado diversas correntes de
pensamentos, muitas controvérsias e discussões sobre motivação no trabalho.
Abaixo, alguns desses pensamentos e teorias.
A motivação segundo a Organização Racional do Trabalho
O princípio da divisão do trabalho afirma que se pode alcançar o máximo
de eficiência no trabalho, se o mesmo for simplificado e especializado no mais
alto grau em toda a extensão em que é realizado.
Segundo Taylor (apud SILVA e RUFINO, 2007, p. 13), para que o
trabalho seja executado conforme as leis científicas, é necessário que haja
melhor divisão de responsabilidades entre direção e trabalhador.
Ele propôs a racionalização do trabalho que permite à administração
planejar o trabalho a ser desenvolvido pelos operários. Ele acreditava que, se a
administração e os operários cooperassem entre si, no tocante à aplicação do
“método científico”, tanto a organização como os trabalhadores e a sociedade
sairiam lucrando.
Para garantir o aumento da produção, ele propôs, ainda, a divisão das
tarefas, atribuindo a cada operário uma única e simples função a ser executada
durante toda a jornada de trabalho.
A teoria de Taylor pecou bastante pela tentativa de simplificação da
conduta do ser humano, afirmando ser necessário apenas um bom sistema de
recompensa e punição, pois trabalhava com a hipótese de que o homem é
racional e passivo, preferindo a segurança de uma atividade precisa aos riscos
que acompanham a liberdade.
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O modelo de administração científica provocou forte reação de
insatisfação no empregado, e a falta de recompensa psicológica resultou em
absenteísmo, redução de velocidade de produção, mau relacionamento entre
empregado e empregador, sabotagem, rotatividade e greves. E, em
conseqüência desta divisão excessiva de trabalho, levou à conclusão de que o
modelo de administração científica era inadequado para motivar o empregado.
A motivação segundo a Teoria das Relações Humanas
A partir dos estudos realizados por Elton Mayo, no seu experimento em
Hawtorne, observou-se um estado de ânimo grupal chamado motivação
positiva provocando um comportamento bem produtivo.
As pesquisas realizadas por Mayo apresentaram as seguintes
conclusões:
• O nível de produção é resultante da integração social: quanto
mais integrado socialmente no grupo tanto maior a disposição de
produzir. Ao contrário do que pregava a Teoria Clássica, o nível de
produção não era determinado pela capacidade física ou fisiológica do
empregado, mas pelas normas sociais e expectativas que o envolvem;
• Comportamento social dos empregados: o comportamento do
indivíduo apóia-se totalmente no grupo. O grupo estabelece e até impõe
a quota de produção de seus membros;
• As recompensas e sanções sociais: os empregados, que produziam
muito acima ou abaixo da norma socialmente determinada, perderam a
afeição e o respeito dos colegas enquanto trabalhadores da sala de
montagens. Cada grupo social desenvolve crenças e expectativas com
relação à administração: essas crenças e expectativas – reais ou
imaginárias – influem não somente nas atitudes, como também nas
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normas e nos padrões de comportamento que o grupo define como
aceitáveis;
• Grupos informais: a empresa passou a ser visualizada como uma
organização social composta de diversos grupos sociais informais, cuja
estrutura nem sempre coincide com a organização formal da empresa.
Os grupos informais constituem a organização humana;
• As relações humanas: cada indivíduo é uma personalidade
diferenciada que influi no comportamento e atitudes dos outros com
quem mantém contatos e é, por outro lado, igualmente bastante
influenciado pelos outros;
• A importância do conteúdo do cargo: trabalhos simples e repetitivos
tendem a se tornar maçantes e monótonos, afetando negativamente as
atitudes do trabalhador e reduzindo sua eficiência;
• Ênfase nos aspectos emocionais: os elementos emocionais não
planejados e mesmo irracionais do comportamento humano passam a
receber a atenção necessária dos teóricos das Relações Humanas.
Tais resultados constataram que era necessário considerar a pessoa
inteira na execução da tarefa, mostrando, também, que a especialização
trazida por Taylor tornou difícil a motivação no desempenho da tarefa em si,
passando o empregado a buscá-la fora do ambiente de trabalho. Com isso,
fazer o empregado se sentir útil e importante à organização, proporcionando-
lhe reconhecimento e procurando atingir as necessidades de grupos passou a
ser o objetivo maior da escola de relações humanas. Mayo observou que os
trabalhadores eram solitários em conseqüência do trabalho, não tendo
qualquer contato com os colegas.
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Diante dessa situação, Mayo sugeriu o fortalecimento do comportamento
grupal em relação ao desenvolvimento da tarefa, tal qual se observou com o
grupo experimental na sala de testes no experimento de Hawthorne. Dessa
forma, o rumo que os gestores deveriam seguir seria o da formação de grupos
altamente coesos.
A escola de relações humanas pregava que a melhor maneira de
motivar os empregados seria dar ênfase ao comportamento social dos
mesmos, oferecendo-lhes oportunidades de se sentirem úteis e importantes
para o trabalho. Para isso, deveria promover o reconhecimento do valor de
cada pessoa. Deveria possibilitar aos trabalhadores um conhecimento mais
amplo da organização, tendo abertura para emitir opiniões a respeito de toda a
estratégia produtiva, bem como as diretrizes administrativas da organização.
É importante lembrar que, nem o dinheiro defendido por Taylor, nem o
relacionamento interpessoal de Mayo devem ser trabalhados de forma isolada
como forma de motivação pelas organizações, pois o homem é bem mais
complexo do que se imagina.
De acordo com a abordagem de Recursos Humanos mais recente, o
homem é motivado por um complexo conjunto de fatores inter-relacionados,
como salário, necessidades de afeição e de realização, desejo de um trabalho
significativo, admitindo que as pessoas são diferentes entre si e, assim, têm
objetivos diferentes no trabalho e diversidade de talentos a oferecer.
A motivação segundo a Teoria Comportamental
A crescente alienação do trabalhador, proveniente da simplificação e da
padronização do trabalho, colocou-se como a maior ameaça à produtividade e
provocou o surgimento de estudos e estratégias para mudar a situação
existente.
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Segundo Hulin (1973, apud RUFINO e RODRIGUES, 2007, p. 22),
quanto mais se amplia a especialização, mais cresce a monotonia. Afirma
ainda que, quanto mais curto o ciclo de tempo e maior for a simplificação do
trabalho, maior será a monotonia que provavelmente esteja associada a
sentimentos como tédio e insatisfação no trabalho, levando o empregado a um
comportamento indesejável, de acordo com a percepção da administração.
Para os comportamentalistas, os estímulos exteriores determinam o
comportamento das pessoas. Portanto, para eles seria necessário pesquisar o
tipo de ligação que ocorre entre determinado estímulo e sua resposta
específica. Ou seja, cada estímulo corresponde a uma resposta, tornando-se
uma lei segundo a qual, conhecendo-se o estímulo ao qual se submete a
pessoa, será viável determinar o tipo de resposta comportamental do sujeito.
Milhollan e Forissha (apud BERGAMINI, 1997, p. 40), conseguem
retratar, com grande clareza que, “a orientação comportamental considera o
homem um organismo passivo, governado por estímulos fornecidos pelo meio
externo. O homem pode ser manipulado, isto é, seu comportamento pode ser
controlado através de adequado controle de estímulos ambientais”.
Para que haja resposta é preciso que exista um estímulo anterior a ela.
Assim, todo comportamento é considerado como uma ação respondente.
De acordo com os comportamentalistas, a reação ao estímulo
representa uma forma de comportamento que foi sendo adquirida e
incorporada aos sistemas de hábitos independentemente da consciência ou
vontade própria dos que estão sendo controlados.
Foram levantadas algumas críticas contra o controle utilizado pela teoria
comportamental para explicar o comportamento motivacional dos
trabalhadores, dentre elas o fato de os comportamentalistas não considerarem
que as pessoas são diferentes umas das outras, utilizando para tanto os
mesmos estímulos e esperando destas as mesmas respostas, além de
acreditar que estas pessoas reagirão da mesma forma quando colocadas
diante do mesmo reforço, negando a capacidade de iniciativa e as opções
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pessoais dos indivíduos em mudar de trabalho, ou seja, de agir por conta
própria.
Esta teoria ignora predisposições interiores, as intenções das pessoas,
mascarando a compreensão dos motivos pessoais e seus potenciais de
energia motivacional e negando as liberdades individuais, não deixando espaço
para a auto-motivação.
1.1.2 – Teorias Contemporâneas sobre a Motivação
Teoria da hierarquia das necessidades de Abraham H. Maslow
A teoria das necessidades parte do princípio de que os motivos do
comportamento humano residem no próprio indivíduo, ou seja, sua motivação
para agir e se comportar deriva de forças que existem dentro dele. Segundo
essa teoria, dentro de cada ser humano existe uma hierarquia de cinco
necessidades. São elas:
1. Fisiológicas: são necessidades inatas, como necessidade de
alimentação (fome e sede), sono e repouso (cansaço), abrigo (contra o
frio ou calor) ou desejo sexual (reprodução da espécie). São
denominadas necessidades biológicas ou básicas e exigem satisfação
cíclica a fim de garantir a sobrevivência do indivíduo.
2. Segurança: levam a pessoa a proteger-se de qualquer perigo real ou
imaginário, físico ou abstrato. Surgem no comportamento humano
quando as necessidades fisiológicas estão relativamente satisfeitas.
3. Sociais: é a contrapartida da insegurança natural das pessoas:
estabilidade, proteção, livre do perigo; um abrigo, uma estrutura, uma
ordem, etc.
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4. Estima: refere-se ao sentimento das pessoas de sentirem-se valorizadas
pelos que as rodeiam; sua auto-estima; o desejo de sentir-se importante,
competente e valorizado.
5. Auto-realização: é o desejo dos indivíduos de renovar e reciclar seu
potencial; tornar-se cada vez mais o que cada um seria capaz de ser.
De acordo com Robbins (2002), Maslow estruturou as cinco
necessidades em patamares mais altos e mais baixos. As necessidades de
nível baixo são as necessidades que são satisfeitas extrinsecamente:
necessidades fisiológicas e de segurança. Necessidades de nível alto são as
que são satisfeitas intrinsecamente: necessidades sociais, de estima e auto-
realização.
À medida que cada uma dessas necessidades vai sendo atendida, uma
outra torna-se dominante.
Segundo Paul Hersey (1976, p. 25):
“O indivíduo pode ter várias necessidades em
determinado momento: fome, sede, cansaço, mas a
necessidade de maior intensidade é que determinará
o que fará primeiro. Uma necessidade nunca estará
definitivamente satisfeita. Satisfazemos nossas
necessidades apenas por determinado espaço de
tempo”.
“Para motivar alguém segundo a teoria das necessidades de Maslow é
preciso saber em que nível da hierarquia a pessoa se encontra no momento e
focar a satisfação neste nível ou no imediatamente superior. Assim, segundo
esta teoria, torna-se necessário que os administradores conheçam seu pessoal
para entender o que os motiva” (ROBBINS, 2002, p. 153).
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Maslow foi o primeiro teórico a sistematizar a motivação e a criar com
uma lógica intuitiva e de fácil compreensão. Por isso, suas concepções
rapidamente repercutiram no ambiente empresarial e têm exercido grande
influência na aplicação dos conceitos das ciências sociais às organizações.
A Teoria X e a Teoria Y de Douglas McGregor
McGregor foi outro estudioso que contribuiu de forma significativa para
uma melhor compreensão do fenômeno motivacional e da forma pela qual ele
ocorre no meio organizacional. Ele preocupou-se em comparar dois estilos
opostos de administrar: de um lado, um estilo baseado na teoria tradicional e
mecanicista (Teoria X), e, de outro, um estilo baseado nas concepções
modernas a respeito do comportamento humano (Teoria Y).
Segundo Robbins (2002, p. 153):
“As Teorias X e Y são atitudes ou predisposições em
relação às pessoas. A Teoria X tem a premissa de
que os funcionários não gostam de trabalhar, são
preguiçosos, evitam responsabilidade e precisam ser
coagidos para mostrar desempenho. A Teoria Y tem
a premissa de que os funcionários gostam de
trabalhar, são criativos, buscam responsabilidades e
podem demonstrar auto-orientação”.
McGregor defendeu que cada uma dessas orientações descreve dois
tipos básicos de crenças que os gerentes costumam ter sobre a natureza
humana, influenciando-os na decisão de adotar e praticar determinado tipo de
liderança e modelo organizacional.
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À fim de elevar o grau de satisfação dos funcionários, propôs idéias
como a do processo decisório participativo, a das tarefas desafiadoras, e com
muita responsabilidade a de um bom relacionamento de grupo. McGregor
acreditava que nas empresas onde existiam grupos de trabalho coeso e os
objetivos pessoais se identificam com os da organização a produtividade era
maior.
A Teoria dos dois Fatores de Frederick Herzberg
A Teoria dos dois fatores foi formulada e desenvolvida por Frederick
Herzberg, a partir de entrevistas feitas com 715 trabalhadores, entre
engenheiros, cientistas, supervisores, técnicos diaristas e montadoras diaristas
e contadores da indústria de Pittsburgh. Estas procuravam identificar quais as
conseqüências de determinados tipos de acontecimentos na vida profissional
dos entrevistados, visando determinar os fatores que os levavam a se sentirem
felizes e aqueles que os faziam sentir-se infelizes na situação de trabalho. Para
ele existem dois fatores que orientam o comportamento das pessoas:
1. Fatores higiênicos ou fatores extrínsecos: estão relacionados
com as condições sob os quais os trabalhos são realizados. Esses
fatores não levam ao aumento da satisfação no trabalho, mas a
ausência dos mesmos é capaz de levar à insatisfação. Têm caráter
exclusivamente preventivo, destinando-se simplesmente a evitar
fontes de insatisfação do meio ambiente ou ameaças potenciais ao
seu equilíbrio. Como exemplos estão os salários, os benefícios
sociais, o tipo de chefia ou supervisão, as condições físicas e
ambientais de trabalho, as políticas e diretrizes da empresa, o clima
de relações entre a empresa e as pessoas que nela trabalham, os
regulamentos internos.
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2. Fatores motivacionais ou fatores intrínsecos: estão
relacionados diretamente ao conteúdo do cargo e com a natureza
das tarefas que o indivíduo executa e influenciam diretamente a
produtividade das pessoas na organização. A motivação, segundo o
autor, é baseada nas necessidades de crescimento, e seus
benefícios aparecem em um longo período, já que a recompensa
final da motivação é o crescimento pessoal.
Herzberg concluiu que os fatores responsáveis pela satisfação
profissional são totalmente desligados e distintos dos fatores responsáveis pela
insatisfação profissional: o oposto de satisfação profissional não seria a
insatisfação, mas sim nenhuma satisfação profissional; e, da mesma maneira,
o oposto de insatisfação profissional seria nenhuma insatisfação profissional e
não a satisfação.
O Modelo Contingencial de Motivação de Victor Vroom
A teoria de motivação de Vroom diz respeito à motivação para produzir e
reconhece as diferenças individuais. Segundo Vroom existem três fatores que
determinam a motivação para produzir em cada indivíduo:
1. Os objetivos individuais, ou seja, a força do desejo de atingir objetivos:
podem incluir dinheiro, segurança no cargo, aceitação social,
reconhecimento e trabalho interessante.
2. A relação que o indivíduo percebe entre produtividade e alcance de
seus objetivos individuais: se um operário tem como importante objetivo
ter salário maior e se trabalha na base de remuneração por produção,
poderá ter uma forte motivação para produzir mais. Porém, se sua
necessidade de aceitação social pelos outros membros do grupo é mais
importante, poderá produzir abaixo do nível que consagrou como padrão
de produção informal. Produzir mais poderá significar a rejeição do
grupo.
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3. Capacidade de o indivíduo influenciar seu próprio nível de
produtividade, à medida que acredita poder influenciá-lo: se um
empregado acredita que um grande volume de esforço despendido tem
pouco efeito sobre o resultado, tenderá a não se esforçar muito, como é
o caso de uma pessoa colocada em cargo sem treinamento adequado
ou do operário colocado em uma linha de montagem de velocidade fixa.
Esse modelo é baseado na hipótese de que a motivação é um processo
que governa escolhas entre comportamentos. O indivíduo percebe as
conseqüências de cada alternativa de ação como um conjunto de possíveis
resultados provenientes do seu comportamento particular.
A Teoria das Necessidades Adquiridas de David McCelland
Dentre as teorias atualmente utilizadas, encontra-se a do norte
americano David McCelland baseada em três necessidades humanas que
motivam o comportamento do indivíduo – realização, associação e poder – que
estão relacionadas e se apresentam em níveis diversos de intensidade nas
pessoas, de acordo com seus perfis psicológicos e os processos de
socialização desenvolvidos ao longo de suas vidas. As necessidades são:
1. Necessidade de Realização: o desejo de fazer algo melhor ou com mais
eficiência, resolver problemas ou dominar tarefas complexas.
“Em sua pesquisa sobre a necessidade de realização, McClelland
descobriu que os grandes realizadores se diferenciam das outras pessoas pelo
seu desejo de fazer melhor as coisas. Buscam situações em que possam
assumir a responsabilidade de encontrar soluções para os problemas, nas
quais possam receber rápido feedback para saber se estão melhorando e para
as quais possam estabelecer metas moderadamente desafiadoras”.
(ROBBINS, 2002, P. 158)
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2. Necessidade de Associação: o desejo de criar e manter relações
amigáveis e calorosas com outras pessoas.
“Quando a necessidade mais forte é a de associação, a pessoa foca sua
atenção na manutenção de suas relações interpessoais, muitas vezes em
detrimento de seus interesses pessoais. Estar junto do outro e ser aceito por
ele é o que orienta sua ação” (RUFINO e RODRIGUES, 2007, p. 51).
3. Necessidade de Poder: o desejo de controlar os outros, de influenciar
seu comportamento ou de ser responsável por eles.
“As necessidades de poder e de associação costumam estar
intimamente relacionadas ao sucesso gerencial” (ROBBINS, 2002, p. 159).
“Quando a necessidade de poder é aquela que está predominando, a
pessoa se sente motivada pelo desejo de influenciar, reorientar e mudar as
atitudes e as condutas de outrem” (RUFINO e RODRIGUES, 2007, p. 51).
Essas três necessidades são adquiridas no decorrer do tempo e
representam as experiências de vida de cada um. As mesmas podem ser
aprendidas, desenvolvidas ou ensinadas.
Teoria de ERC de Clayton Alderfer
Desenvolvida pelo psicólogo Clayton Alderfer, a partir da teoria de
Maslow e de novas pesquisas, a Teoria ERC concorda que a motivação do
trabalhador pode ser medida seguindo uma hierarquia de necessidades, porém
diverge da Teoria de Maslow em alguns pontos básicos. Maslow via as
pessoas subindo progressivamente dentro da hierarquia das necessidades. Já
Alderfer percebia que as pessoas subiam e desciam dentro da hierarquia das
necessidades e que existia apenas três fatores essenciais para motivação:
1. Necessidade existencial: necessidades básicas de Maslow, ou seja,
necessidades de sobrevivência;
27
2. Necessidades de relacionamento: o ser humano tem necessidade de
relacionamentos interpessoais, ou seja, sociabilidade e relacionamento
social;
3. Necessidades de crescimento: necessidade que o ser humano tem de
criar, dar sugestões, participar, etc; desenvolvimento do potencial
humano.
Essa teoria adota o princípio de frustração-regressão, ou seja, uma
necessidade inferior pode ser ativada quando uma necessidade mais elevada
não pode ser satisfeita e também salienta que mais de uma necessidade poder
ser focalizada de uma única vez. Também reconhece que variáveis como
educação, antecedentes familiares e ambiente cultural podem alterar a
importância que cada um dos grupos de necessidades tem para uma pessoa.
Percebemos que pessoas em culturas diferentes classificam as necessidades
de maneira também diferente.
1.2 - Liderança
O fator liderança demonstra uma grande importância atualmente,
principalmente, dentro do contexto das organizações.
Com a Globalização e a entrada da humanidade na Era da Informação,
a competição e a concorrência entre as empresas se elevaram a níveis jamais
imaginados e tendem a continuar a crescer em velocidade cada vez maior.
Estes fenômenos demandam que as empresas tenham que melhorar e muito
sua competitividade como condição de sobrevivência. Para isso precisam de
lideranças capazes de conduzi-las na direção de seus objetivos estratégicos,
superando todas as dificuldades e cumprindo sua missão e visão.
Só a liderança faz a mágica de dois trabalhadores valerem por três e
ajuda as empresas a ter agilidade, pois o aumento da produtividade está ligado
diretamente a maneira como o chefe impõe a sua liderança perante os seus
28
liderados, motivando a sua equipe e com isso ganhando a agilidade que a
empresa precisa e busca.
Robbins (2002, p. 304) define a liderança como “a capacidade de
influenciar um grupo em direção ao alcance de objetivos. A liderança ocorre
sempre que alguém procura influenciar o comportamento de um indivíduo ou
de um grupo, qualquer que seja a finalidade”.
Já Paul Hersey (1976, p. 105) define a liderança como “o processo de
influenciar as atividades de indivíduos ou grupos para a consecução de um
objetivo numa dada situação”.
Um líder considerado eficaz, além de preocupar-se com o
desenvolvimento integral de toda a potencialidade dos seguidores, consegue
que os mesmos cheguem a desconsiderar seus próprios interesses para
comprometer-se com os objetivos propostos pelo grupo ao qual pertencem.
Esse tipo de liderança é, em geral, exercido de maneira natural. O seguidor
precisa admirar o líder para segui-lo.
1.2.1 - Teorias sobre a Liderança
Os estudos sobre liderança tiveram início com teorias bem simples e,
com o passar do tempo, as investigações se tornaram cada vez mais
complexas. Entre as abordagens assumidas pelas diferentes escolas de
pensamento em liderança, serão analisadas a teoria dos traços, as teorias
comportamentais e a teoria contingencial.
Teoria dos Traços
Segundo essa teoria os líderes são natos, ou seja, pessoas que reúnam
certas características de personalidade são líderes. Por outro lado, quem não
nasce com esses traços seria liderado.
29
“Esta teoria busca traços sociais, físicos, intelectuais ou de
personalidade que diferem líderes de não líderes. De acordo com a mesma,
seis traços que diferenciam os líderes dos liderados são ambição e energia,
desejo de liderar, honestidade e integridade, autoconfiança, inteligência e
conhecimentos relevantes para o trabalho” (Robbins 2002, p. 305).
No entanto essa teoria fracassou, pois não conseguiram provar a
existência de características que fossem iguais a todos os líderes. Conclui-se
apenas que determinados traços de personalidade poderiam ajudar no
processo de desenvolvimento e manutenção da capacidade de liderar.
Teorias Comportamentais
Essa teoria propõe que comportamentos específicos diferenciam os
líderes dos liderados. São quatro teorias comportamentais de liderança:
Estrutura de iniciação, consideração, orientação para o funcionário e orientação
para a produção.
A estrutura de iniciação se refere à extensão que um líder é capaz de
definir e estruturar o seu próprio papel e o dos seus subordinados na busca dos
objetivos. Isso inclui o comportamento que tenta organizar o trabalho, as
relações de trabalho e as metas. (Robbins, 2002)
A consideração é descrita como a extensão em que uma pessoa é
capaz de manter relacionamentos de trabalho caracterizados por confiança
mútua, respeito às idéias dos colaboradores e cuidado com os sentimentos
deles. Segundo Robbins (2002), este líder demonstra preocupação pelo bem
estar, conforto, status e satisfação de seus liderados.
O líder orientado para o funcionário é aquele que enfatiza as relações
interpessoais, demonstram interesse pessoal nas necessidades de seus
funcionários e aceitam as diferenças entre os membros do grupo. De acordo
com Robbins (2002) esse tipo de liderança está associada a maior
produtividade e maior satisfação no trabalho.
30
Os líderes orientados para a produção enfatizam os aspectos técnicos e
práticos do trabalho. Sua principal preocupação é com a execução das tarefas
do grupo e seus membros são considerados apenas um meio para atingir um
fim.
A premissa básica é que, em um mundo de mudanças, os líderes
eficazes devem exibir um comportamento orientado para o desenvolvimento.
Esses seriam líderes que valorizam a experimentação, buscam novas idéias,
geram e implementam mudanças. Tudo indica que os líderes que exibem
comportamento orientado para o desenvolvimento contam com funcionários
mais satisfeitos e são vistos por estes como mais competentes” (Robbins,
2002).
Teorias Contingenciais
As teorias contingenciais enfatizam os aspectos que cercam o processo
da liderança, sem deixar de enfocar os diferentes tipos de comportamento do
líder. Dentro do modelo contingencial, destaco o modelo do caminho-objetivo, a
teoria da liderança situacional e o modelo da participação do líder.
O modelo contingencial de liderança do caminho-objetivo destaca que a
função do líder é ajudar os subordinados no alcance de seus objetivos, dando-
lhes direção e apoio. O termo caminho-objetivo se dá devido a crença de que
os líderes eficazes orientam o caminho de seus seguidores na direção da
realização de seus objetivos de trabalho, ajudando-os na eliminação dos
obstáculos existentes no percurso (Robbins, 2002).
Para essa teoria, o efeito do comportamento do líder sobre a satisfação
do funcionário e o esforço deste para realizar a tarefa dependem de alguns
aspectos da situação, incluindo as características da tarefa e as características
do colaborador.
31
A teoria da liderança situacional é uma teoria contingencial cujo foco
está voltado para os seguidores. Segundo essa teoria, a liderança bem-
sucedida só será alcançada por meio da seleção de um estilo de liderança
adequado que depende do nível de preparo ou de maturidade dos seguidores.
O modelo de participação do líder relaciona comportamento de liderança
e participação dos liderados no processo decisório. O modelo fornece um
conjunto de regras a serem seguidas pelos líderes na definição da quantidade
e forma de decisão participativa que devem ser aplicadas em diferentes
situações.
1.2.2 - Abordagens Contemporâneas sobre Liderança
Estas teorias enfatizam o apelo emocional e o extraordinário
compromisso por parte dos liderados. O enfoque está dentro de uma
abordagem sistêmica que não mais dissocia a empresa e o líder do contexto
mais amplo em que se inserem, nem o homem do seu trabalho.
Liderança Carismática
Essa teoria diz que os seguidores do líder atribuem a ele capacidades
heróicas ou extraordinárias de liderança quando observam determinados
comportamentos. Comportamentos estes que diferenciam os líderes
carismáticos dos demais.
Segundo Robbins (2002, p. 318), “o líder carismático é aquele que
articula uma visão atrativa, comunica suas expectativas de alto desempenho e
expressa a confiança de que seus liderados irão conseguir alcançá-las. Isso
desperta a auto-estima e a auto confiança dos liderados. Em seguida,
comunica através de palavras e ações um novo sistema de valores, oferecendo
um exemplo de comportamento a ser seguido pelos liderados”.
32
Os líderes carismáticos possuem uma meta idealizada que desejam
atingir, são fortemente envolvidos com ela, são percebidos como
autoconfiantes e agentes de mudança. Com esse comportamento arrojado e
atitudes envolventes, tendem a levar as pessoas a exercerem esforço extra no
trabalho.
Liderança Visionária
A liderança visionária parte da crença de que a capacidade de criar a
visão de futuro é condição fundamental para a atuação bem-sucedida de todo
líder, pois o papel que desempenha para a organização vai além de ser uma
orientação para uma meta.
“Segundo esta teoria, uma vez identificada a visão, esses líderes
parecem possuir três qualidades relacionadas com a eficácia em seus papéis
de visionários. A primeira é a capacidade de explicar a visão para as outras
pessoas. A segunda qualidade é ser capaz de expressar sua visão não apenas
verbalmente, mas também através de seu comportamento. A terceira qualidade
é ser capaz de estender a visão para diferentes contextos de liderança. Esta é
a habilidade de seqüenciar as atividades para que a visão possa ser aplicada a
uma variedade de situações”. (ROBBINS, 2002, p. 322).
A liderança tem um papel crucial para a compreensão do grupo, pois é o
líder quem geralmente oferece a direção em relação ao alcance dos objetivos.
Liderança Transacional
Os líderes transacionais são aqueles que apelam aos interesses e,
especialmente, às necessidades primárias dos seguidores para alcançar os
resultados organizacionais desejados. Neste caso, os seguidores entram em
ação em troca de alguma coisa. Dessa forma, enquanto o líder puder trocar
com o liderado algo que ele valorize, esse liderado se manterá ligado a ele.
Nota-se que não se trata de uma verdadeira liderança, mas sim de uma forma
33
de controle. O líder personifica alguém que possui inquestionável poder sobre o
liderado, que concorda em cumprir suas tarefas em troca de seu emprego
remunerado.
Liderança Transformacional
Os líderes transformacionais oferecem consideração individualizada e
estímulo intelectual a seus liderados. Além de possuírem carisma, eles atuam
de forma a aumentar o conhecimento do seguidor sobre aquilo que é
considerado como certo e procuram levar os seguidores a ultrapassarem seus
próprios interesses em favor do grupo, da organização e da coletividade.
De acordo com Bergamini (2002, p. 136):
“É característico do líder transformacional
pautar-se pela intuição e não pela racionalidade no
estabelecimento de suas relações interpessoais –
nesse sentido, o líder transformacional é dotado de
grande sensibilidade perceptiva. Essa predisposição
está fundamentada não só na visão, mas também na
aceitação de cada seguidor, como uma pessoa única
e integral. Ao líder cabe orquestrar diferenças
individuais da participação dos seus seguidores no
grupo, para que a melodia seja compreendida por
todos”.
Este líder oferece oportunidade para que o colaborador desenvolva seu
próprio pensamento e mostram que o seu crescimento é importante para a
organização.
34
Teoria da Liderança Servidora
Muitas das teorias tradicionais sobre liderança focalizaram aspectos
relacionados com a personalidade e o comportamento do líder com fatores que
iriam determinar o sucesso da liderança e deixaram de explorar o líder e seus
seguidores como pessoas com seus valores, necessidades e interesses.
De acordo com esta teoria, o líder é aquele que está mais preocupado
em propiciar bem-estar para sua equipe e liderados do que com seu sucesso
ou projeção pessoal. Ele busca a opinião e a experiência de todos na empresa
e leva a equipe a aprender com seus erros, de forma que todos se sintam parte
de um todo, buscando atingir um resultado comum.
Segundo Oliveira e Marinho (2005), ser líder servidor significa estar a
serviço das pessoas e estar preocupado com o seu bem-estar e com o seu
desenvolvimento pessoal, pois ao agir assim, o líder experimenta intensa
alegria. No líder servidor a visão de servir cresce à medida que faz com que
seus liderados se desenvolvam e também cresçam.
35
CAPÍTULO II
A IMPORTÂNCIA DA MOTIVAÇÃO NAS
ORGANIZAÇÕES
As organizações dependem das pessoas para dirigi-las, organizá-las,
controlá-las, fazê-las funcionar e alcançar seus objetivos com sucesso e
continuidade. Não há organizações sem pessoas. As pessoas constituem o
capital humano da organização. Esse capital pode valer mais ou menos na
medida em que contenha talentos e competências capazes de agregar valor à
organização e torná-la mais ágil e competitiva. Esse capital vale mais na
medida em que consiga influenciar as ações e destinos da organização.
No mundo dos negócios concorda-se que, os melhores funcionários são
os motivados. Os funcionários motivados são os indivíduos que tomam
iniciativa, que desejam fazer um bom trabalho, que evoluem na carreira por
esforço próprio e que, em geral, têm mais probabilidade de ser bem sucedidos.
As empresas contratam corpo, mente, braços, mãos, cérebro, emoção,
enfim tudo relacionado à pessoa. A falta de motivação cria desinteresse pelo
trabalho faz do indivíduo um mero cumpridor de tarefas limitando sua visão e
desviando-o do processo como um todo. Quando o colaborador está motivado,
pode-se sentir a carga energética percorrendo dentro da espinha e contagiando
todo o ambiente, assim como o brilho nos olhos. Mesmo grupos desmotivados,
por vezes, ressurgem das cinzas quando expostos a ambientes motivados.
Isso faz diferença no desempenho da organização, bem como eleva o grau de
felicidade de todos. Um sistema de troca justa eleva a vontade de trabalhar
nesta ou naquela organização, mas isso tudo depende do potencial da
empresa em obter lucro. Afinal de contas, é o ser humano que acorda todos os
dias e dedica suas habilidades e criatividade para que o produto fique pronto,
agrade ao cliente e traga benefícios para a empresa. Felizmente, algumas
empresas brasileiras já realizaram essa vertente e se esforçam para satisfazer
36
seus clientes internos, mas as direções de algumas companhias agem como se
tudo estivesse perfeito e nunca se dispõem a discutir problemas francamente
com seus funcionários, aumentando a falta de comprometimento com a
integridade para os negócios e valores da empresa.
Para que a organização atinja seus objetivos com a colaboração e
comprometimento de seus colaboradores precisa utilizar intensivamente quatro
alavancadores indispensáveis, como:
1. Autoridade: dar poder às pessoas para que elas possam tomar decisões
independentes sobre ações e recursos. Nesse sentido, cada líder
reparte e delega autoridade às pessoas para que possam trabalhar de
acordo com o que elas aprendem e dominam. Ou seja, dar autonomia às
pessoas. É o chamado empowerment.
2. Informação: fomentar o acesso à informação ao longo de todas as
fronteiras. Criar condições para disseminar a informação e torná-la útil e
produtiva para as pessoas no sentido de facilitar a tomada de decisões e
a busca de novos e diferentes caminhos.
3. Recompensas: proporcionar incentivos compartilhados que promovam
os objetivos organizacionais. Um dos mais fortes motivadores é a
recompensa pelo trabalho bem feito. A recompensa funciona como um
reforço positivo e como um sinalizador do comportamento que a
organização espera de seus participantes.
4. Competências: ajudar as pessoas a desenvolver as habilidades e
competências para utilizar amplamente a informação e a autoridade. É
assim que se criam talentos na organização: definindo as competências
que a organização precisa para alcançar seus objetivos e criando
condições internas para que as pessoas aprendam e desenvolvam tais
competências da melhor maneira possível.
37
As pessoas são um ativo intangível das empresas. As máquinas
trabalham, mas não inventam. Na era da informação o conhecimento é o
recurso organizacional mais importante das organizações, uma riqueza maior e
mais importante que dinheiro.
2.1 – A Motivação Intrínseca
Segundo Bergamini (1997), é uma força que se encontra no interior de
cada pessoa e que pode estar ligada a um desejo. Esta força é vista como um
impulso que leva os seres vivos à ação. E esses impulsos são considerados
como os representantes de determinadas formas de equilíbrio. Esse equilíbrio
nunca é alcançado; e a satisfação nunca é plena, pois é exatamente o
desequilíbrio orgânico e/ou psicológico que impulsiona o ser humano à buscar
daquilo que seja capaz de saciar as carências vigentes, naquele dado
momento.
Quanto maior for o estado de carência, maior será a motivação vigente,
fazendo, assim, com que a necessidade seja sinônimo de motivação. O não
atendimento destas necessidades ameaça a integridade física e psicológica do
indivíduo. A satisfação de uma necessidade não paralisa a ação do ser
humano; pelo contrário, o próprio fato de satisfazer à uma necessidade faz com
que outra venha à tona, disparando assim, nova conduta de busca rumo ao
novo objetivo motivacional. Levando em conta este desencadeamento, toda e
qualquer generalização sobre tipos de objetivos motivacionais que sejam mais
freqüentemente perseguidos pela maioria dos indivíduos parece ingênua e
inadequada. Cada uma das pessoas a quem se pretende oferecer objetivos de
satisfação motivacional poderá ser portadora de diferentes estados de
carências internas (Bergamini, 2002).
38
Quando falamos de necessidade e conseqüentemente de motivação,
precisamos examinar as diferenças individuais, para chegarmos a um
conhecimento mais realista do que se passa naquele momento com cada um.
Podemos concluir, então, que a compreensão mais realista daquilo que
foi conceituado como motivação só é conseguida à medida que seja levada em
conta a dimensão intrínseca das necessidades humanas.
No caso das organizações, nada melhor como exemplo, do que
observarmos como fica claro comprovar este tipo de motivação, quando o
funcionário atua em uma função que lhe permite auto-realização
proporcionando desta forma a elevação de sua auto-estima. Quando isso
acontece, a sua eficiência é comprovada e produz resultados os quais superam
a expectativa da empresa.
2.2 – A Motivação Extrínseca
Vários teóricos se dedicaram ao estudo da motivação extrínseca, porém
foram os comportamentalistas que desenvolveram um estudo mais apurado
sobre esse tema, defendendo a teoria de que qualquer comportamento pode
ser modificado por meio das técnicas de condicionamento. Todo seu
comportamento foi aprendido por condicionamentos induzidos por fatores
extrínsecos à sua personalidade (Bergamini, 2002).
Partindo do pressuposto comportamentalista de que o comportamento
humano pode ser planejado, modelado ou mudado por meio da utilização
adequada dos vários tipos de recompensas ou punições disponíveis no meio
ambiente, podemos entender que motivação extrínseca seria este estímulo
externo, positivo, que busca uma resposta também positiva, através da
modificação de um comportamento inadequado.
39
Segundo Bergamini (2002), em termos de comportamento
organizacional, alguns estudos da linha comportamentalista propõem que o
interesse dos funcionários pelas recompensas externas tem grande poder para
determinar um desempenho satisfatório, como por exemplo, bônus salarial,
financiamento de entretenimentos, melhorias na estrutura física da empresa,
etc.
2.3 – Fatores que influenciam na motivação
“Pesquisas comprovam que além dos salários e das condições de
trabalho as relações interpessoais desenvolvidas nas organizações influenciam
na motivação e conseqüentemente no aumento da produtividade” (Paul
Hersey, 1976, p. 64).
De acordo com esse mesmo autor, num sistema social existem três
elementos: atividades, interações e sentimentos. As atividades são as tarefas
que as pessoas realizam. As interações são os comportamentos que ocorrem
entre as pessoas na realização dessas tarefas. E os sentimentos são as
atitudes que se desenvolvem entre os indivíduos dentro de grupos. Uma
mudança em qualquer um desses três elementos provocará alguma mudança
nos outros dois. Acredita-se que certas atividades, interações e sentimentos
são essenciais para que uma empresa possa existir. Portanto, o trabalho deve
dar uma satisfação suficiente para as pessoas continuarem a realizá-los.
Quando as pessoas interagem no seu trabalho, desenvolvem
sentimentos umas em relação às outras. À medida que as pessoas aumentam
a interação, mais sentimentos positivos tendem a desenvolver entre si. Quanto
mais positivo o sentimento, tanto mais as pessoas tenderão a interagir.
40
Nas empresas onde se desenvolvem grupos coesos de trabalho e os
objetivos pessoais se identificam com os da empresa, a produtividade se eleva
e as pessoas trabalham felizes porque o trabalho lhes traz uma satisfação
intrínseca. Assim, a tarefa do líder é oferecer um ambiente que tenha todas as
condições favoráveis ao bom desempenho das tarefas. Como por exemplo:
incluir as pessoas na definição dos objetivos para que o nível de engajamento
seja maior.
É importante também que as expectativas do chefe sejam possíveis de
realizar e alcançar, pois os subordinados só se sentirão motivados para
empenhar-se em níveis mais altos de produtividade se perceberem que as
metas são atingíveis. Se forem estimulados a lutar por objetivos inatingíveis
acabarão desistindo de lutar e escolhendo objetivos abaixo do nível de sua real
capacidade.
Para Paul Hersey (1976, p. 67) “se na empresa forem adotados valores
humanísticos ou democráticos, também se desenvolver-se-ão relações de
confiança e autenticidade entre as pessoas, aumentando a competência
interpessoal, a cooperação intergrupal, a flexibilidade, o que por sua vez
resultará em aumento da eficácia empresarial, pois sem competência
interpessoal ou um ambiente psicologicamente seguro a empresa transforma-
se num solo fértil para a germinação da desconfiança, dos conflitos
intergrupais, da rigidez, etc. o que por sua vez diminui o sucesso da empresa
na solução de problemas”.
Implícito na vivência desses valores está o tratamento de cada ser
humano como uma pessoa com um complexo conjunto de necessidades, todas
elas importantes para o seu trabalho e a sua vida.
Segundo Claret (1998), para que o Administrador possa planejar o seu
sistema motivacional, ele deve estar atento ao seguinte conjunto de incentivos:
41
Dinheiro - É o incentivo mais largamente usado. Embora devamos salientar
que sua utilização possibilita o atendimento das necessidades básicas e de
segurança (em parte). Porém, de modo algum, o pagamento pode, pura e
simplesmente, satisfazer às necessidades sociais e de auto- realização.
Segurança - Em vez de salários, muitas empresas atualmente procuram dar
segurança a seus funcionários, seja na formas de assistência médica,
hospitalar e dentária ou através de práticas administrativas, visando
proporcionar-lhes a estabilidade desejada. Entretanto se os salários oferecidos
não forem suficientes para satisfazer às necessidades fisiológicas, a possível
estabilidade oferecida não surtirá os efeitos desejados.
Elogio e Reconhecimento - Embora seja na prática pouco utilizados, como
agentes motivadores, o emprego do elogio e do reconhecimento profissional
pode estimular o auto respeito, a auto confiança e propiciar que o funcionário
explore suas próprias potencialidades.9
Participação - A participação dos funcionários no processo da tomada de
decisão e nas resoluções dos problemas do dia-a-dia propicia uma maior
integração na empresa e facilita a eliminação do "medo" pelo desconhecido e
aumenta sua segurança e auto confiança.
Aperfeiçoamento Profissional - O ser humano, geralmente é ávido por novos
conhecimentos, além do que a competitividade reinante em nossa sociedade,
obriga que o indivíduo busque o aperfeiçoamento profissional constante, para
que não fique desatualizado em função do surgimento de novas técnicas,
teorias e preceitos administrativos.
Avaliação de Esforços -Todo indivíduo é colaborador da empresa. Entretanto,
como as funções individuais encontram-se diluídas pela organização, em
alguns casos, fica muito difícil para o funcionário observar a importância do seu
trabalho para a consecução dos objetivos. Portanto, cabe ao administrador
salientar junto aos seus subordinados, que por mais insignificante que seja o
trabalho executado, ele é de grande importância para a empresa.
42
Incentivo a Criatividade - A criatividade é algo inerente ao homem. E, quanto
mais for estimulada, maior será a satisfação do indivíduo. Portanto, cabe ao
administrador facilitar o surgimento deste estímulo, pois assim poderá gerar um
maior interesse pelo trabalho que realiza.
Outro detalhe também é que quando a administração tem plena
confiança nos subordinados e existe amistosa interação entre líderes e
liderados há maior probabilidade de um registro contínuo de alta produtividade.
Da mesma forma quando a administração parece não ter confiança nos
colaboradores e estes não são envolvidos nos processos de decisão da
empresa, a probabilidade de baixa produtividade é maior
Por isso os gestores devem criar um clima de trabalho em que todos
tenham oportunidade para crescer e amadurecer como pessoas, como
membros de um grupo, satisfazendo suas próprias necessidades enquanto
trabalham para o sucesso da organização.
Assim, para motivar em uma dada situação é importante conhecer quais
são as necessidades mais intensas dos indivíduos que se deseja influenciar e à
partir daí determinar os objetivos a serem colocados para motivar tais
indivíduos. Nesse caso o conhecimento da natureza humana, seus motivos e
necessidades são de inestimável valor para as empresas e indivíduos.
As empresas precisam estar preparadas também para projetar horários,
planos de carreira, remuneração, benefícios, condições físicas de trabalho e
outros aspectos à fim de atender as variadas necessidades de seus
colaboradores, pois nem todo mundo é motivado pelo dinheiro e nem todo
mundo deseja um trabalho desafiador. Os funcionários que estudam ou têm
filhos costumam dar valor à flexibilidade de horário de trabalho, então estas
pessoas podem se sentirem atraídas por empresas que ofereçam horários
flexíveis ou tarefas temporárias.
43
2.4 – O papel do líder na motivação dos colaboradores
Com o aumento da competitividade no mercado, cada vez mais se exige
dos líderes perfis mais flexíveis, competentes e comprometidos com o que
fazem. Busca-se principalmente que eles saibam conviver com as diferenças e
administrar conflitos dentro das organizações para estabelecer com seus
colaboradores confiança no alcance dos objetivos organizacionais e individuais.
Atualmente, um dos grandes desafios enfrentado pelos líderes é a busca pelo
desenvolvimento de habilidades que facilitem o exercício da liderança nas
organizações.
De acordo com as teorias estudadas, a liderança é o processo de
influenciar as atividades dos indivíduos ou grupos para a consecução de um
objetivo numa dada situação.
“Um líder para ser bem sucedido deve contribuir para a realização do
objetivo e a manutenção do grupo. Os líderes eficazes segundo a teoria da
liderança situacional adaptam seu estilo de comportamento de líder às
necessidades dos liderados e à situação. Se os subordinados forem diferentes
precisam ser tratados de maneira diferente. Portanto, a eficácia depende do
líder, dos liderados e das variações situacionais” (PAUL HERSEY, 1976, p.
117).
Conforme a teoria da liderança situacional, vários estilos de
comportamento do líder podem ser eficazes e ineficazes dependendo dos
elementos importantes da situação. Como o comportamento é motivado por um
desejo de alcançar algum objetivo, para motivar seus colaboradores é
importante que os líderes conheçam quais são as necessidades dos seus
funcionários e o que os motiva, pois a motivação é o resultado da interação do
indivíduo com a situação e depende da intensidade dos seus motivos.
Motivar as pessoas dá trabalho, mas os esforços do líder serão
recompensados com uma força de trabalho mais dedicada e leal, menor taxa
de rotatividade e maior produtividade se observados os seguintes aspectos:
44
ü Criar um ambiente de confiança
ü Não presumir que os funcionários são, por natureza, motivados
ü Identificar os motivadores de cada funcionário
ü Reconhecer o bom trabalho com freqüência
ü Transformar as realizações em conquistas especiais
ü Não deixar o entusiasmo de um novo funcionário esmorecer
ü Não restringir um funcionário a tarefas triviais, sem responsabilidade
ü Não manter um funcionário no mesmo cargo por muito tempo
ü Oferecer oportunidades de aprendizagem e progresso
ü Não atribuir a si mesmo toda a autoridade para a tomada de decisões
ü Não presumir que salários competitivos solucionam problemas
motivacionais
ü Transformar os funcionários em parte de uma equipe e estimular a
cooperação
Na realidade, fomentar a motivação é um dos papéis mais importantes
do gestor.
Uma força de trabalho motivada não acontece da noite para o dia.
Empresas com força de trabalho motivada em geral são administradas por
pessoas que sabem como incentivar outras e trabalham com afinco para fazer
isso.
O respeito pelos funcionários permeia a cultura de muitas empresas bem
sucedidas. As empresas que contam com sua força de trabalho motivada são
aquelas que proporcionam aos funcionários a oportunidade de progredirem,
participam de suas carreiras e oferecem benefícios que melhoram a vida
pessoal deles.
45
Alguns líderes aprendem a duras penas que não podem motivar outras
pessoas se eles próprios não forem motivados. Como gestor, a pessoa
estabelece o tom do local de trabalho. A atitude do líder permeia seu grupo de
trabalho. Se for entusiasmado, os outros também serão.
O líder motivacional tende a estar um passo à frente dos liderados,
prevendo o que eles possam sentir em determinada ocasião. O líder é sensível,
solidário e compreensivo. Pode ser exigente, mas faz isso sem ser duro, rude
ou autoritário.
Os gestores inteligentes reconhecem a paixão de um indivíduo e tiram
vantagem dela. Por exemplo, se um funcionário gosta de cuidar dos detalhes
do funcionamento da empresa, o gestor poderia oferecer-lhe uma oportunidade
de analisar e melhorar as operações do departamento.
Os melhores líderes sentem quando a equipe está por baixo,
desestimulada, saturada de trabalhar tanto por tão pouco. Então, para revigorar
o ânimo das pessoas, eles tratam de despertar seus sentidos e consolidar os
princípios adotados para que surjam idéias, sugestões e planos de melhorias
em todas as áreas. Isso faz com que as pessoas percebam que têm um
potencial maior do que imaginavam.
A energia renovada que vem de pequenos gestos de quem ocupa
cargos de chefia é uma importante fonte de inspiração. Especialmente quando
se fala em espírito de equipe, um sentimento indefinível que leva as pessoas a
agirem de maneira entusiasmada e solidária.
O ideal é que os chefes consigam inspirar o ambiente de trabalho como
um todo. Só assim eles deixarão de ser simples administradores do dia-a-dia
corporativo e passarão a ser líderes e verdadeira fonte de inspiração que
impulsiona a equipe rumo à excelência.
46
CAPITULO III
O QUE FAZER PARA MOTIVAR
Motivação é um dos fatores de maior importância dentro das
organizações, pois possibilita um maior rendimento operacional, melhor clima
organizacional e um ambiente propício para o desenvolvimento das tarefas a
serem realizadas.
O atual mundo empresarial, extremamente globalizado, complexo e
competitivo, exige dos executivos e funcionários a constante motivação, seja
para lidar com os clientes internos (os próprios funcionários) e externos ou para
transformar a empresa em um ambiente de aprendizado profissional e social. O
fato é que as empresas estão se esforçando para melhorar a qualidade de vida
de seus funcionários visando melhor desempenho dos mesmos.
Entender por que as pessoas fazem o que fazem no trabalho não é uma
tarefa fácil para o administrador. Felizmente, existe bastante informação sobre
motivação para fornecer ao administrador sensato técnicas práticas e eficientes
para aumentar o esforço e o desempenho de seu pessoal. Quando o gestor
sabe lidar, liderar e principalmente motivar seus funcionários, ele aumenta as
chances de sucesso e diminui as chances de erros e da queda da produção.
Os índices de satisfação interna dos profissionais servem de alerta para
as empresas que desejam manter a competitividade em um mercado cada vez
mais acirrado e dinâmico. Afinal, ao conhecer a realidade do clima interno as
organizações podem identificar os pontos que contribuem para a satisfação e a
desmotivação dos seus profissionais. Isso faz com que indicadores negativos
sejam trabalhados e as pessoas, que fazem o real diferencial nas
organizações, continuem a dar o melhor de si.
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As pessoas que trabalham na empresa podem tornar-se mais do que
funcionários. Se o empresário investir na capacitação e em boas condições de
trabalho, esses profissionais podem se tornar verdadeiros parceiros do
empreendimento ajudando, inclusive, a tornar o negócio inovador. É isso o que
acontece quando os empregados se sentem valorizados e percebem que o
trabalho da equipe é reconhecido pelo superior.
Alguns donos de micro ou pequenos negócios deixam de arcar com
cursos de qualificação para os funcionários porque pensam que é um custo
desnecessário à empresa. Já os empresários inovadores sabem que pagar
treinamentos para a equipe é, na verdade, um investimento. Ou seja, todo o
dinheiro aplicado retornará ao empreendimento por meio do próprio trabalho
dos empregados, que passam a desempenhar tarefas com mais agilidade e
melhor técnica.
Existem diversas maneiras de incentivar a equipe. Uma delas é o
reconhecimento. O líder não deve deixar de elogiar e agradecer pelas tarefas
bem desempenhadas, mesmo que elas façam parte da lista de obrigações dos
empregados. A valorização das realizações é importante. O bom desempenho
sempre merece destaque.
Elaborar um plano de cargos e salários também é uma maneira eficaz
de motivar os funcionários. Assim, o empregado estará sempre preocupado em
demonstrar seu trabalho para conseguir uma promoção. Essa atitude é copiada
pelos colegas, que também passam a competir por um posto mais alto. Dessa
forma, a empresa consegue manter uma equipe trabalhando no limite de
produtividade e, mesmo assim, satisfeita pela possibilidade de crescimento
dentro da empresa.
Outra maneira também que costuma dar certo é eleger o funcionário do
mês ou conceder algum benefício mensal ao trabalhador que se destaca entre
os outros. Criar um bom ambiente de trabalho também é uma maneira de
estimular os funcionários. Boas condições de trabalho e ambiente agradável
melhoram o desempenho de todos os que compõem o grupo. Porém, além do
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básico como higiene, segurança, instrumentos de trabalho, etc. é preciso
preocupar-se com outros aspectos como o grau de satisfação com que os
subordinados estão desempenhando suas funções; a manutenção da disciplina
– a correção de comportamento indesejável deve ser resolvida por meio de
disciplina e não de punição, e aplicada independentemente do cargo que o
funcionário ocupe - e conscientização de todos sobre a melhoria das
condições do ambiente de trabalho, pois é importante a participação de todos
na implantação de mudanças e melhorias.
O importante é que o trabalhador se sinta necessário e valorizado. O
funcionário desmotivado percebe que o chefe não confia no seu trabalho e não
investe no seu talento. Quando se dá conta de que não aprende nada de novo
e que suas idéias são desmerecidas pelo patrão, o profissional passa a não
trabalhar em equipe. O empregado que poderia tornar-se um ótimo
colaborador, passa a ser desleixado e ocioso, o que facilita o desperdício de
tempo e de matéria prima. Por isso, é importante que o gestor dedique-se à
observação dos empregados. É necessário perceber se eles exercem suas
atividades com alegria e satisfação. É preciso manter contato. Alguns
executivos se afastam, evitando contato com sua equipe e essa atitude
desagrega o grupo. As pessoas precisam sentir seu líder por perto, não como
um cobrador incessante, mas como um motivador poderoso.
Outra forma para motivar os funcionários é estimulando a disputa
saudável. Vale estabelecer metas, mostrar que outros já conseguiram e
incentivá-los a superarem seus limites. A partir disso, eles precisarão de
retornos, que deverão ser dados, mesmo que negativos. Assim, eles se
sentirão considerados, e o nível de motivação será mantido.
Pequenas atitudes também têm, muitas vezes, um grande significado
para o ser humano do ponto de vista motivacional como, por exemplo, um
cartão de aniversário assinado por todos ou uma mensagem pessoal e
pequenos brindes podem ajudar a criar um clima positivo para o trabalho.
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Nos últimos quatro anos a empresa que desenvolveu o mais famoso
buscador da internet e serviços como o Google Earth e o Google Translate. foi
campeã da lista das melhores empresas para se trabalhar. É dona do Orkut,
YouTube e do Gmail. Além de definir o jeito como usamos a rede hoje, o
Google ajuda a difundir uma forma de trabalhar alternativa. Seu jeito
descontraído e cheio de benefícios para o empregado conquistou o primeiro
lugar na pesquisa GPTW (Great Place to Work) nos Estados Unidos em 2007
e 2008. No ano passado, concorrendo pela primeira vez na pesquisa brasileira,
a empresa ficou num ótimo 15º lugar, entre as 530 avaliadas. O modelo
Google chama a atenção, suas práticas não são coisas de outro mundo e
podem, pelo menos em tese, ser aplicadas por qualquer empresa seja qual for
o seu tamanho ou ramo de atuação.
Cada funcionário do Google escolhe a melhor hora de chegar ao
trabalho. A não ser que tenha algum compromisso agendado, pode organizar o
dia como achar melhor. Muitos deles, mesmo assim, tomam café da manhã
juntos na empresa, aproveitando a refeição gratuita e caprichada, com pães,
frutas, sucos e iogurtes. Depois de satisfeito, cada funcionário começa
trabalhar, em sua mesa ou em qualquer outro lugar da empresa que ache
melhor. Ele poderá interromper as atividades ao longo do dia para relaxar com
uma partida de videogame ou um lanchinho, sempre gratuito. Quando concluir
o que considera importante par o dia, irá embora – na hora que achar melhor.
Esse ambiente livre pode até parecer natural e espontâneo, mas não é.
Preservá-lo numa empresa produtiva, lucrativa e ambiciosa exige grandes
doses de empenho e cuidado. Por esse esforço, o Google foi considerado, em
2010, o melhor lugar para trabalhar no Brasil, segundo a pesquisa anual
GPTW, publicada com exclusividade pela Revista ÉPOCA – Edição Especial nº
640, publicada em 23 de agosto de 2010. A empresa combina descontração
com benefícios de alta qualidade. Entre os destaques estão:
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• Saúde – A companhia oferece reembolsos de R$ 374,00 por consulta
com médico fora do plano de saúde, R$ 145,00 para participar de
grupos de caminhada, R$ 140,00 para aulas de Pilates no escritório e
R$ 100,00 para academia. É possível também fazer sessões de
drenagem linfática por R$ 25,00 e de massagem por R$ 5,00 a R$
10,00. Quem completa 30, 35,38 e 40 anos ganha check-up grátis.
• Tecnologia – Cada funcionário ganha R$ 112,00 como ajuda de custo
para pagar a mensalidade da internet em casa. Ao ser admitido, o
novato ganha um notebook da marca que escolher. No trabalho
incentivam-se todas as formas de comunicação, por texto, voz e vídeo.
No Natal de 2009, toda a equipe ganhou smartphones equipados com o
sistema operacional Android, do Google.
• Indicações – O processo de seleção demora dois meses e é rígido. A
empresa incentiva cada funcionário a indicar conhecidos. Se ele for
contratado, quem fez a recomendação ganha R$ 5 mil. Mais da metade
das contratações é feita com base em sugestões da equipe.
• Brinquedos – O novato recebe em casa um kit de boas vindas com
camiseta, boné e autorização para gastar R$ 100,00 na decoração da
baia. Ele tem ainda R$ 250,00 para gastar na loja virtual da empresa, na
compra de blusões, mochilas, cubos mágicos e camisetas.
• Festas – O Google é uma empresa festeira. Um Comitê de Cultura e um
Comitê de Diversão se encarregam de propor atividades diversas. Há
noites de cinema, festas tradicionais e temáticas (como a Festa do
Pijama). Em Belo Horizonte, as sextas-feiras são dias de happy hour
dentro da empresa, como é tradição no Google ao redor do mundo. Em
São Paulo, a festa ocorre às quintas.
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• Bônus – O Google tem bons salários fixos, opções de ações e forte
cultura de remuneração variável. Além do bônus normal, baseado em
metas, ganham-se prêmios por indicação de colegas do mesmo nível (o
Peer Bônus, de R$ 200,00) e por recomendação proposta pelo chefe
imediato (o Spot Bônus de R$ 550,00 a R$ 28 mil). Há também
premiações para os coordenadores e condecorações simbólicas.
Os benefícios constroem um clima de bom humor, mas há um propósito
muito sério por trás disso tudo. “Procuramos pessoas que queiram se
desenvolver e com senso de responsabilidade muito forte”, diz Mônica Santos,
diretora de Recursos Humanos do Google para a América Latina que descreve
muito bem as condições para que toda essa mordomia continue à disposição.
“A empresa pode sim deixar que o funcionário defina seus horários – contanto
que ele seja rigoroso no cumprimento das tarefas. A empresa pode sim
compartilhar informação com ele – contanto que ele zele seriamente pelo sigilo,
tanto quanto qualquer alto executivo”. (Revista Época Edição Especial Nº 640
de 23 de agosto de 2010).
Esse relacionamento revela o que os funcionários mais apreciam na
companhia, além dos benefícios e da descontração: a autonomia individual, a
circulação livre da informação e a liberdade de comunicação e debate,
independentemente de hierarquia.
O gerente de Recursos Humanos da U&M Mineração e Construção S/A,
Kiko Schlinz, explica que os funcionários querem é dignidade. “Já vi pessoas
trocado de empresas e aceitando ganhar 30% menos dinheiro, por saber que
vão ter mais reconhecimento. Uma motivação eficaz só acontece quando
desde o presidente da instituição até o faxineiro se cumprimentam e trocam
pelo menos um bom dia entre si”, destaca. A empresa onde Kiko trabalha foi
eleita por uma renomada revista de economia, uma das melhores para se
trabalhar em todo o país, em pesquisa com os próprios funcionários. “Sem
dúvida esse é um belo reconhecimento de nosso trabalho. Pagamos os
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melhores salários, damos benéficos e reconhecimento. E o essencial é que
todos sabem que são importantes dentro da empresa”, conta.
O método utilizado para todos se sentirem bem é um trabalho feito com
líderes de cada setor. Cada uma dessas lideranças sempre dá os parabéns por
um bom trabalho, pede por favor, cumprimenta todos os funcionários. Kiko
destaca que essa boa convivência faz a pessoa se sentir bem dentro do
ambiente de trabalho. “O trabalhador sente dignidade e veste a camisa da
empresa. Ele valoriza seu trabalho, tem retorno e por isso rende muito mais. É
um ciclo vicioso de boa produtividade”, relata.
Em todo esse processo a palavra fundamental é o respeito. “Há três
anos começamos um trabalho para levantar a moral de nossos funcionários.
Sempre tratando todos da melhor forma possível para nos enquadrarmos no
patamar das melhores empresas do Brasil. Com o objetivo conquistado, hoje, a
cada dia, novas práticas de recursos humanos são colocadas em prática para
motivar nossos funcionários. É algo que não pode parar nunca”, enaltece Kiko.
(Publicado em 16/05/2007 no site www.acessa.com.br)
Vejamos mais alguns exemplos de práticas adotadas por algumas
empresas conhecidas, que são considerados fatores diferenciais e competitivos
para motivar seus funcionários, conforme publicado na Revista Você S/A –
Edição Especial - setembro de 2010):
• A Cecrisa, fabricante de cerâmica, lançou o Programa de Idéias Cecrisa
(PIC), pelo qual os funcionários escrevem suas sugestões num portal
interno e, se elas forem aceitas, ganham de R$ 1.000,00 a R$
20.000,00. A companhia valoriza a gestão participativa. O presidente
visita as fábricas, conversa com os empregados e cobra participação e
opinião nos negócios. Todos estão a par da estratégia da empresa por
meio de reuniões mensais e conversas constantes com os gestores.
• A Ticket Serviços, braço de serviços do grupo Accor, trata a qualidade
de vida com seriedade. Há programas consolidados para cuidar da
saúde dos colaboradores, como o Viva Melhor. O projeto oferece aos
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funcionários acompanhamento médico, de nutricionista, fisioterapeuta e
psicólogo, programas de vacinação extensivos aos dependentes e
tratamento especial para as gestantes. As grávidas recebem cesta com
produtos de higiene para bebês, podem optar pela licença-maternidade
de 180 dias e, quando retornam, têm direito a oito horas livres por mês
para amamentar. Durante a gestação, os pais podem tirar um dia de
folga por mês para acompanhar a esposa ao médico. Outro destaque é
a Semana Ticket é Cultura e Esporte, período em que é estimulado o
desenvolvimento cultural e atlético de seus funcionários por meio de
convênios com teatros, cinemas e centros culturais e esportivos. Em
2009, o evento reuniu 80.000 pessoas em cinco cidades. A empresa tem
programas de desenvolvimento técnico agrupados na Universidade
Accor e oferece bolsas de estudo de até 50% para graduação e tem
convênios com instituições como FIA e FGV, para a realização de pós e
MBA.
• As Lojas Renner, espalhadas por cinco estados brasileiros, com sede
na capital gaúcha conta com funcionários que apreciam o bom
relacionamento com os chefes e as ferramentas que contribuem para o
desenvolvimento profissional. Só em 2009, cada empregado recebeu,
em média, 140 horas de treinamentos. Um exemplo de foco no
desenvolvimento é o Magia Renner. O programa é anual e reúne todos
os empregados com o objetivo de alinhá-los à estratégia da companhia.
Para isso o time recebe treinamentos que focam no trabalho em equipe
e na criatividade. Para quem quer se tornar gestor há um programa de
trainee gerencial, que forma, em média, 40 profissionais por ano. E
aqueles que já são líderes podem usufruir da Universidade Renner, que
oferece, entre outros cursos, um MBA em gestão de varejo, que é 90%
custeado pela empresa. Com tudo isso o caminho para galgar outros
cargos fica mais fácil. Em 2009, 458 pessoas foram promovidas. Os
colaboradores também têm liberdade para sugerir mudanças que podem
contribuir com a redução de custos ou aumentar as vendas.
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De fato, o êxito nas maiores empresas é resultado da existência de uma
atmosfera motivacional que traz consigo o poder de entusiasmar os
funcionários a dedicarem-se totalmente para o sucesso.
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CONCLUSÃO
Motivar dentro das organizações no mundo globalizado não é uma tarefa
muito fácil de realizar, uma vez que os funcionários apresentam desejos,
carências, objetivos e necessidades diferentes para serem satisfeitos.
A motivação é resultado de fatores intrínsecos e também extrínsecos
como o ambiente de trabalho, o trabalho em si e as relações desenvolvidas
entre líderes e liderados e entre os próprios liderados.
Além do salário, da segurança no emprego e de boas condições para o
desenvolvimento do trabalho, os colaboradores desejam reconhecimento e
valorização do seu trabalho, pois os indivíduos agem de forma a satisfazer
suas necessidades, sejam elas físicas ou psicológicas, e a motivação é o que
vai direcionar o comportamento das pessoas em busca do alcance desses
objetivos.
O trabalho para ser motivador precisa ser interessante e deve possibilitar
que as pessoas tenham autonomia e responsabilidade, assim como a
possibilidade de auto realização e reconhecimento, segurança, feedback,
desenvolvimento e oportunidade de crescimento. Por isso é importante que os
líderes compreendam não só os fatores externos, mas também os fatores
internos de cada um dos membros de sua equipe para que possa usar as
ferramentas adequadas para motivá-los.
Como liderar é exercer influência para criar um ambiente motivador que
resulte em altos níveis de produtividade e traga satisfação às pessoas a curto e
longo prazo, é necessário pensar no estilo de liderança priorizando as
atividades e atitudes que induzam a um comportamento positivo nos
colaboradores.
A condição emocional e as atitudes do líder afetam de fato o estado de
espírito e o desempenho de seus liderados. As atitudes do líder influenciam na
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motivação da equipe, portanto o líder deve criar no grupo um clima de
entusiasmo e cooperação para alcançar o sucesso.
Motivar não é somente pagar uma remuneração decente aos
colaboradores, mas também é reconhecer que cada funcionário tem uma
necessidade motivacional diferente e que eles são essenciais à capacidade da
empresa de ser bem sucedida; não considerar os funcionários apenas como
um item na cadeia produtiva, que pode ser eliminado sem maiores
conseqüências; reconhecer que a força de trabalho consiste em indivíduos com
habilidades e conhecimentos únicos; proporcionar condições para que o
trabalho possa ser executado da melhor maneira possível; oferecer um bom
salário e benefícios, oportunidade de realizar um bom trabalho e estimular o
relacionamento satisfatório com os colegas; manter um modelo de
comunicação organizacional que realmente funcione; respeitar o ser humano
enquanto pessoa e enquanto profissional; manter a ética acima de qualquer
coisa; fazer com que os profissionais participem ativamente do dia-a-dia da
empresa; procurar sempre ouvir o que os colaboradores têm a dizer; estar
aberto a críticas; saber que o elemento humano não é uma máquina, pois tem
a capacidade de pensar e tem sentimentos; etc
Motivar os colaboradores para o trabalho é o somatório de tudo que foi
exposto acima e muito mais. É uma atividade contínua e ininterrupta. Um
verdadeiro exercício de humanização nas relações de trabalho.
A tarefa não é das mais fáceis, mas se tudo for feito da melhor maneira
possível os resultados serão surpreendentes.
O tema motivação continua bastante complexo e, devido às diferenças
individuais e grupais, às mudanças tecnológicas, aos efeitos da globalização,
dentre outros, deverá permanecer ainda durante algum tempo como sendo um
dos principais campos de estudo, principalmente, da Psicologia do Trabalho e
da Administração de Recursos Humanos.
A diferença entre o mercado de trabalho de hoje e o de nossos pais ou
avós é enorme, mas deverá crescer ainda mais nos próximos vinte anos. A
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tendência é as organizações se conscientizarem de que é imprescindível a
valorização do potencial humano que possuem, pois esses colaboradores,
quando motivados, tornam-se agentes expressivos de transformação dentro
dos setores onde atuam, e com isso contribuem para o crescimento da
organização. As mudanças já estão sendo vistas e não há melhor lugar para
observá-las do que a lista das 100 Melhores Empresas para Trabalhar
divulgada anualmente pelo Instituto Great Place to Work (GPTW) e pela
Revista ÉPOCA. São empresas de ponta, em diversos setores da economia e
regiões do país, convencidas de que o talento das pessoas é seu principal
recurso para o sucesso. Por isso elas adotam práticas que lhes permitem atrair,
motivar, preparar e reter os melhores profissionais possíveis.
Infelizmente, as empresas que não dão suficiente atenção às pessoas
ainda são maioria. É questão de tempo. Em apenas algumas décadas atrás, as
empresas admiradas eram bem hierarquizadas e funcionavam como máquinas.
Hoje, as organizações são vistas como organismos vivos que precisam lidar
com conceitos e valores fundamentais como sustentabilidade e conhecimento.
Somente a mudança na mentalidade gerencial será capaz de produzir
bons frutos para que o ambiente de trabalho possa ser um lugar agradável e
estimulante onde o colaborador não encare apenas como uma relação
contratual com uma contrapartida financeira, e sim como um lugar onde as
pessoas fazem o que gostam, sentem prazer em estar ali e recebem pelo que
fazem.
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