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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DOUTORADO EM ODONTOLOGIA Estudo da imunomarcação da interleucina-6 (IL-6) no periodonto de ratos submetidos à movimentação ortodôntica e laserterapia de baixa intensidade FRANCISCO ANTONIO DELGADO GRIECO Orientador: Prof. Dr. Lúcio Frigo Tese apresentada ao Doutorado em Odontologia, da Universidade Cruzeiro do Sul, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Doutor em Odontologia. SÃO PAULO 2014

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Page 1: UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PROGRAMA DE PÓS … · ortodôntica. Os resultados sugerem o potencial da LTBI para aplicação clinica embora haja necessidade de estabelecimento de

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

DOUTORADO EM ODONTOLOGIA

Estudo da imunomarcação da interleucina-6 (IL-6) no

periodonto de ratos submetidos à movimentação

ortodôntica e laserterapia de baixa intensidade

FRANCISCO ANTONIO DELGADO GRIECO

Orientador: Prof. Dr. Lúcio Frigo

Tese apresentada ao Doutorado em Odontologia, da Universidade Cruzeiro do Sul, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Doutor em Odontologia.

SÃO PAULO

2014

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

G863m

Grieco, Francisco Antonio Delgado. Estudo da imunomarcação da interleucina-6 (IL-6) no periodonto

de ratos submetidos à movimentação ortodôntica e laserterapia de baixa intensidade / Francisco Antonio Delgado Grieco. -- São Paulo; SP: [s.n], 2014.

63 p. : il. ; 30 cm. Orientador: Lúcio Frigo. Tese (doutorado) - Programa de Pós-Graduação em

Odontologia, Universidade Cruzeiro do Sul. 1. Movimentação ortodôntica 2. Laserterapia de baixa

intensidade 3. Inflamação 4. Ratos I. Frigo, Lúcio. II. Universidade Cruzeiro do Sul. Programa de Pós-Graduação em Odontologia. III. Título.

CDU: 616.314-089.23(043.2)

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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

Estudo da imunomarcação da interleucina-6 (IL-6) no

periodonto de ratos submetidos à movimentação

ortodôntica e laserterapia de baixa intensidade

Francisco Antonio Delgado Grieco

Tese de doutorado defendida e aprovada

pela Banca Examinadora em 09/05/2014.

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Dr. Lúcio Frigo

Universidade Cruzeiro do Sul

Presidente

Prof. Dr. Maurício Teixeira Duarte

Universidade Cruzeiro do Sul

Prof. Dr. Pedro Antonio Fernandes

Universidade Cruzeiro do Sul

Prof. Dr. José Cássio de Almeida Magalhães

Universidade Camilo Castelo Branco

Prof. Dr. Artênio José Isper Garbin

UNESP – Araçatuba

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Paulo Grieco (in memorian), e Dalva Apparecida Delgado Grieco,

pelo dom da vida, pela minha educação e por tudo que fizeram por mim durante esta

jornada.

À Flávia Z. P Grieco, minha esposa pela paciência, compreensão da minha

ausência e o apoio nas horas difíceis.

À minha filha Giovanna Grieco, sempre ao meu lado apertando alguma tecla e

tentando me distrair.

Aos meus parceiros de docência Prof. Dr. Artênio José Isper Garbin e Prof. Dr.

Eduardo Guedes Pinto (in memorian), Prof. Marcelo de Gouveia Sahad, Prof.

Joseli Maria Cordeiro Danielli, Prof. Leandro Augusto Pinto e Prof. Rodrigo

Prata Rocha.

Dedico este Trabalho

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AGRADECIMENTOS

Agradeço;

À DEUS pela saúde, força e perseverança para cumprir esta

maravilhosa jornada que é a vida.

Ao Professor Lúcio Frigo pela orientação, compreensão, incentivo e

apoio no desenvolvimento deste Trabalho.

Ao Professor Marcelo de Gouveia Sahad pelo seu companheirismo

tanto no nosso mestrado como no doutorado, onde não mediu

esforços para me ajudar na conclusão deste trabalho.

A Professora Joseli Maria Cordeiro Danile pela sua paciência

comigo, por me entender e pela sua amizade.

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GRIECO, F. A. D. Estudo da imunomarcação da interleucina-6 (IL-6) no periodonto de ratos submetidos à movimentação ortodôntica e laserterapia de baixa intensidade. 2014. 63 f. Tese (Doutorado em Odontologia)-Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2014.

RESUMO

Introdução. A laserterapia de baixa intensidade (LTBI) tem ganhado atenção dos

pesquisadores devido aos consistentes resultados encontrados e sua promissora

aplicação clínica. Tal cenário levou diversos autores a investigar a relação entre a

laser terapia de baixa intensidade e a movimentação ortodôntica almejando diminuir

os efeitos adversos do aparelho ortodôntico e melhorar sua eficácia. Os processos

inflamatórios são reconhecidos como ponto chave na movimentação ortodôntica. No

entanto, pouco se sabe sobre os efeitos da LTBI nos marcadores inflamatórios.

Neste contexto, este trabalho teve como foco investigar os níveis da interleucinas-6

na movimentação ortodôntica de ratos submetidos a LTBI. Dois grupos de 15 ratos

(irradiados, não-irradiados) tiveram o primeiro molar tracionado por um aparelho

ortodôntico, sendo que um dos grupos recebeu irradiação por três dias consecutivos

(As-Ga-Al, λ=880nm, 100mW) e densidade de energia de 5J/cm2. Foi acrescentado

um terceiro grupo (5 ratos) sem movimentação dentária, nem irradiação. Os animais

foram sacrificados em 3, 5 e 7 dias e analisados pelas técnicas histológicas HE e

Picrosirius. A quantificação da IL-6 foi realizada por imunohistoquimica no ligamento

periodontal, posteriormente a laminas foram submetidas a analise morfométrica

através da lente CoolSNAP-Procf (Media Cybernetics Inc) acoplada a microscópio

Nikon Eclipse-E800. As analises estatísticas foram performadas pelo programa

GrapgPad Prism versão 3.0 utilizando o teste estatístico não paramétrico de Mann

Whitney. Foram encontradas diferenças estatisticamente significantes após 3 e 5

dias entre o grupo irradiado e o não irradiado. Nossos dados reafirmam a relevância

da IL-6 para a reabsorção óssea e o papel da inflamação na movimentação

ortodôntica. Os resultados sugerem o potencial da LTBI para aplicação clinica

embora haja necessidade de estabelecimento de protocolos.

Palavras-chave: Laserterapia de baixa intensidade, Movimentação ortodôntica,

Inflamação, IL-6.

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GRIECO, F. A. D. Immunohistochemistry study of Interleuketin-6 in rats periodontal tissue after tooth movement and low intensity laser therapy. 2014. 63 f. Tese (Doutorado em Odontologia)-Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2014.

ABSTRACT

Low intensity laser therapy (LILT) has been caching the attention of researchers due

to its consistent study results and promising clinical application. This scenario has

been leading many authors to investigate the relationship between the low intensity

laser therapy and tooth movement in order to decrease its side effects and increase

its efficacy. It is well know that inflammatory process is a key point of regulation in

this process. Nevertheless, little is known about the effects of LILT in the

inflammatory makers levels. In this context, this study focused on investigates the

levels of IL-6 in rats after LILT. Thirty rats were divided in two groups (irradiated, non-

irradiated) and had instaled an orthodontic apparatus to pull rat’s first molar. Laser

irradiation (As-Ga-Al, λ=880nm, 100mW) took place in three consecutive days,

starting immediately after apparatus installation with 5J/cm2 of energy density. It was

added a third group (n=5) non-irradiated and non orthodontic apparatus instaled.

Animals were killed after 3, 5, 7 days (n=5) analyzed by Picrosirius and HE staining

technics. IL-6 was quantified by immunohistochemistry technique in the periodontal

ligament. Then, all slides were analyzed morphologically with CoolSNAP-Procf

(Media Cybernetics Inc) lense associated with the Nikon Eclipse-E800 microscope.

Statistics analyses were performed by GrapgPad Prism software version 3.0 using

the non- parametric test by Mann Whitney. The results showed a statistic difference

after 3 and 5 days of LILT between non-irradiated group and irradiated group. Our

data reaffirms the role of IL-6 in bone reabsorption process and the role of

inflammation in the tooth movement. The results suggest the potential clinical

application of LILT but it still requires the establishment of protocols.

Keywords: Low intensity laser therapy, Tooth movement, Inflammation, IL-6.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Preparado histológico mostrando a estrutura do ligamento

periodontal ........................................................................................... 16

Figura 2 Principais eventos envolvidos na movimentação ortodôntica ....... 19

Figura 3 Espectro eletromegnático, evidenciando onde se encontra a faixa

relacionada ao laser ............................................................................ 30

Figura 4 Caracteristica da luz laser monocromaticidade ............................... 31

Figura 5 Caracteristica de coerência da luz laser. (A) Comprimento de ondas

coerentes no tempo e espaço. (B) Comprimentos de ondas

incoerentes no tempo e espaço ......................................................... 31

Figura 6 Caracteristica da luz laser de unidirecionaliade ou colimação. A luz

natural é divergente e a luz laser é paralela ao tubo onde é

produzida ............................................................................................. 32

Figura 7 Dispositivo ortodôntico instalado e preso no 1º molar e nos

incisivos com resina utilizado neste estudo .................................... 39

Figura 8 Perfuração com motor de alta rotação e broca diamantada na

mesial dos incisivos superiores ........................................................ 40

Figura 9 Amarrilho na região posterior envolvendo molar ............................ 41

Figura 10 Resina utilizada para fixar o amarrilho .............................................. 41

Figura 11 Tensiomêtro calibrado a força aplicada ............................................ 42

Figura 12 Desgaste nos incisivos inferiores para evitar interferências .......... 42

Figura 13 Aparelho utilizado no estudo ............................................................. 43

Figura 14 Níveis de IL-6 observados no grupo controle e nos tempos 3, 5 e 7

dias após tratamento ortodôntico sem laserterapia de baixa

intensidade (72h- TO/ SL, 120h- TO/ SL e 168h- TO/ SL) e com a

laserterapia de baixa intensidade (72h- TO/ L, 120h- TO/ L e 168h-

TO/ L). ................................................................................................... 49

Figura 15 Preparado histológico (método imunohistoquímico) do grupo

controle, no momento zero. Aumento de 200x ................................. 49

Figura 16 Preparado histológico (método imuno-histoquímico) dos grupos

controle e irradiado após diferentes tempos de movimentação

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ortodontica. Aumento de 200x (A) Grupo controle após 3 dias (72h-

TO/ SL) ado após 3 dias (72h- TO/ L).. (C) Grup ............................... 49

Tabela 1 Distribuição dos animais utilizados no experimento ....................... 38

Tabela 2 Mostram as diferentes soluções utilizadas para inclusão em

parafina ................................................................................................ 44

Tabela 3 Mostra as diferentes soluções utilizadas para desparafinização ... 45

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AINES Antinflamatórios não- estoroidais

Ar Argônio

AsGa Arseniato de gálio

AsGaAl Arseniato de gálio e alumínio

ATP Adenosina Trifosfato

BSA Albumina de soro bovino

Co Monóxido de carbono

CO2 Dióxido de carbono

COX-2 Cicloxigenase

DAB Diaminobenzina

HCL Cloreto de hidrgênio

HE Hematoxilina e eosina

He-Ne Hélio- Neônio

IHQ Imuno-histoquimica

IL Interleucina

IL-1 Interleucina- 1

IL-10 Interleucina-10

IL-12 Interleucina-12

IL-1B Interleucina-1

IL-2 Interleucina- 2

IL-3 Interleucina-3

IL-4 Interleucina-4

IL-6 Interleucina-6

IL-8 Interleucina-8

INF-γ Interfero-

Krf Krypton Floride Lase

LBI Laser de baixa intensidade

LDP Ligamento Periodontal

LTBI Laserterapia de baixa intensidade

M-CSF Fator estimulador de colônia de macrófagos

MEC Matriz extracelular

MMPs Metaloproteinases da matriz

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NAC N-acetilcisteína

NO Óxido nítrico

OPG Osteoprotegerina

PTH Paratormonio

RANK Receptor ativador de fator nuclear-κB

RANKL ligante de RANK

Th0 T- helper 0

Th1 T- helper 1

Th2 T- helper 2

TIMPs Inibidores de tecido de metaloproteinases

TNF-± Fator de necrose tumoral

TNF-α Fator de necrose tumoral-a

VEGF Fator de crescimento vascular endotelial

XeCl Monocloreto de xenon

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 12

2 REVISÃO DA LITERATURA ....................................................................... 14

2.1 Movimentação Ortodôntica ....................................................................... 14

2.1.1 Estrutura e Função do Ligamento Periodontal (LDP) ............................. 15

2.1.2 A Movimentação Ortodôntica: Sequência de Eventos ............................ 17

2.1.3 Forças e Tipos de Movimento Dentário .................................................... 17

2.1.3.1 Modelo Bioelétrico ..................................................................................... 19

2.1.3.2 Teoria da Pressão- Tensão ........................................................................ 20

2.2.1 Citocinas pro-Inflamatórias ....................................................................... 23

2.3 Laserterapia de Baixa Intensidade na Movimentação Ortodôntica ....... 29

2.3.1 Características da Luz Laser ..................................................................... 30

2.4 Citocinas pro-Inflamatórias e Laserterapia de Baixa Intensidade ......... 33

2.4.1 Laserterapia de Baixa Intensidade e IL-6 ................................................. 34

3 OBJETIVOS ................................................................................................. 36

4 METODOLOGIA .......................................................................................... 37

5 RESULTADOS ............................................................................................. 48

6 DISCUSSÃO ................................................................................................ 50

6.1 Limitações do Estudo .............................................................................. 503

7 CONCLUSÃO .............................................................................................. 53

REFERÊNCIAS ............................................................................................ 54

ANEXOS ...................................................................................................... 62

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1 INTRODUÇÃO

Os eventos moleculares envolvidos na movimentação ortodôntica vêm

instigando pesquisadores devido ao seu alto grau de complexidade e grande

potencial clinico. Sabe-se que compreende a remodelação do tecido ósseo alveolar

o qual devido a sua grande plasticidade, responde ao estimulo mecânico.

Os constantes avanços no conhecimento tem sugerido que o movimento

ortodôntico é resultante de um processo de transdução no qual envolve a

transformação de um estimulo físico em biológicos através de robustos processos

bioquímicos e moleculares no tecido ósseo, dentário, periodontal e ligamentar

(MEIKLE, 2006).

Diversos autores tem proposto teorias para explicar tais fatos. Dentre elas, a

teoria da pressão-tensão é uma das mais aceitas atualmente. De acordo com essa

teoria, as células do ligamento periodontal se diferenciam em osteoclastos na

interface de pressão, resultando em reabsorção óssea e em osteoblastos e

fibroblastos na interface de tensão, possibilitando a osteogênese. Assim, a

remodelação óssea alveolar ocorre para que haja alívio da pressão sobre o

ligamento, viabilizando a movimentação dentária. (BECKER DE OLIVEIRA, 2002;

KRISHNAN; DAVIDOVITCH, 2006; PROFFIT, et al., 2007).

Neste modelo, as forças incidentes acarretam menor perfusão sanguínea na

zona de compressão, quando comparada a de tensão; suscitando o surgimento de

áreas de hipóxia, o que leva ao rompimento da homeostasia celular (MARTYN;

DIBIASE, 2010).

Como consequência, cria-se um estado inflamatório localizado e crônico

com migração leucocitária, liberação de mediares químicos como fatores de

crescimento e citocinas. Diversos estudos tem demonstrado o papel fundamental da

inflamação na movimentação ortodôntica.

No entanto, os eventos do processo inflamatório são aliados a dor, edema e

rubor sintomas os quais geram desconforto a maioria dos pacientes. Neste contexto,

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diversos autores tem demonstrado o efeito benéfico da terapia com laser de baixa

intensidade na diminuição dos sintomas inflamatórios e na aumento da velocidade

da cicatrização (AIMBRE et al., 2006). Postula-se que os lasers de baixa

intensidade agem por meio da proliferação de fibroblastos e a síntese de colageno,

regeneração nervosa, reparação óssea e analgesia.

Haja vista os resultados preliminares obtidos por diversos pesquisadores, a

LBI vem se destacando como uma ferramenta promissora para o tratamento

ortodôntico. Neste contexto, este estudo insere-se na perspectiva de contribuir

para o entendimento da relação da laserterapia de baixa intensidade e infamação

através do investigação dos níveis de IL-6.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Movimentação Ortodôntica

A palavra ortodontia se define: orthus do grego (direito, reto, posição) e

dontia do grego (dos dentes), porem a Ortodontia é a especialidade da Odontologia

que tem como objetivo o tratamento de dentes mal posicionados podendo alterar até

mesmo o perfil facial em busca de uma melhora estética e funcional.

Um dente mal posicionado para ser corrigido sofre a ação de um

determinado aparelho ortodôntico que aplica uma força pré-determinada a um ou

mais dentes e a partir de então temos a movimentação ortodôntica dentária, é

notório um aumento no número de trabalhos de pesquisas científicas com o intuito

de entendermos melhor os processos biológicos que ocorrem nos tecidos

envolvidos e a otimização dos estímulos aplicados (NEMCOVSKY et al.; CRUZ et

al., 2004; KAWASAKI; SHIMIZU, 2009).

A movimentação ortodôntica dentária é possível devido à grande

capacidade de remodelação do tecido ósseo em resposta as estimulações

mecânicas.

A interface de compressão no ligamento periodontal sofre um processo de

reabsorção da matriz óssea, por outro lado, na interface de tração ocorre um

processo de aposição óssea.

Os osteoclastos têm como precursores os monócitos do sangue. Quando

recrutados, através da sinalização fornecida pelos osteoblastos agregam-se

formando células gigantes multinucleadas, passando a dispor de todo arsenal

bioquímico para desempenhar sua função, os osteoclastos selam uma pequena

região da matriz (lacuna de Howship) e liberam HCl que dissocia o cristal de

hidroxiapatita, a seguir libera colagenase que degrada as fibras colágenas, dessa

maneira reabsorvendo a matriz óssea (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2008)

O conhecimento da biologia da movimentação dentária induzida implica em

reconhecer os fenômenos teciduais, celulares e moleculares a cada dia de sua

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evolução. Assim, poder-se-á interferir de forma segura e consciente com

medicação, procedimentos e intervenções para otimizar o tratamento ortodôntico e o

conforto do paciente, reduzir as reabsorções radiculares ou evitá-las e, ainda,

viabilizar o tratamento ortodôntico para pacientes sistemicamente comprometidos.

O movimento ortodôntico ocorre em resposta à aplicação de uma força

mecânica por meio da remodelação dos tecidos periodontais, sendo que vários

mediadores químicos são sintetizados e liberados para seu início e manutenção.

Dentre esses mediadores, o óxido nítrico (NO) atua como modulador da atividade

de osteoclastos e osteoblastos na remodelação óssea. Interleucina-1 (IL-1),

interleucina-6 (IL-6) e fator de necrose tumoral-± (TNF-±) estimulam a reabsorção

óssea e encontram-se aumentados no movimento ortodôntico (NOGUEIRA, 2010).

IL-6 regula as respostas imunes em locais com inflamação, tem uma

atividade autócrina (quando o sinal age sobre a célula que o emitiu) e parácrina

(Comunicação entre células vizinhas que não utiliza a circulação). Ex: células

endoteliais-musculatura lisa vascular, onde o óxido nítrico atua como modulador do

tônus que estimula a formação de osteoclastos e a atividade de reabsorção óssea.

(ALHASHIMI, 2001)

2.1.1 Estrutura e Função do Ligamento Periodontal (LDP)

A) Estrutura do LDP

O ligamento periodontal (LPD) é um tecido conjuntivo frouxo atravessado

por grossos feixes de fibras colágena que se inserem do cemento ao osso alveolar.

A figura 1 mostra a estrutura do ligamento periodontal

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Figura 1 – Preparado Histológico Mostrando a Estrutura do Ligamento Periodontal

O ligamento periodontal ocupa o espaço entre a parede do alvéolo e o

cemento, e é o responsável pela articulação dental. É constituído principalmente por

fibras colágenas inseridas de um lado no cemento radicular e do outro no osso

alveolar, sendo entremeadas por vasos sanguíneos, elementos celulares,

terminações nervosas e fluido intersticial. Os vasos sanguíneos são responsáveis

pela nutrição do ligamento periodontal, assim como servirão de via de acesso para

as células responsáveis pela remodelação do osso cortical e ligamentos. As

terminações nervosas ali existentes transmitirão as sensações de pressão e a

noção proprioceptiva. Já as fibras periodontais e o fluido intersticial formam, em

conjunto, um eficiente sistema amortizado r e dissipador das forças fisiológicas

aplicadas por um breve intervalo de tempo, durante as funções oclusais.

(FERREIRA, 2012)

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17

O ligamento periodontal é um tecido mole que se encontra interposto entre o

dente e o osso alveolar e mede, frequentemente 0,25mm de espessura, ou menos

(REITAN, 1960; 1985). É responsável pela transmissão de forças in vivo e sua

compressão induz estímulos geradores de inflamação local, favorecendo o

surgimento de um micro-ambiente susceptível à reabsorção óssea (CONSOLARO,

2002; WAGLE et al., 2005).

Segundo Freeman (1985), as funções físicas do ligamento periodontal são:

I) transmissão das forças oclusais ao osso;

2) inserção dos dentes;

3) manutenção da relação adequada entre gengiva e dente;

4) resistência ao impacto das forças oclusais;

5) provisão de um envoltório de tecido mole para proteger os vasos e nervos

de possíveis lesões mecânicas.

2.1.2 A movimentação Ortodôntica: Sequência de Eventos

A movimentação ortodôntica somente é possível devido à propriedade

plástica do osso, adaptando-se as forças funcionais que sobre ele se manifestam.

Ele reage de forma a depositar tecido ósseo nas áreas submetidas às forças de

tração e reabsorver nas áreas onde há pressão. A sequência de eventos que

decorrem da aplicação de uma força ortodôntica contínua produz o deslocamento

horizontal de um dente. Normalmente, uma força aplicada movimenta o dente para

a direção da linha de força, comprimindo o ligamento periodontal (LPD) e o osso

alveolar dessa área é alongando no lado oposto da raiz.

2.1.3 Forças e Tipos de Movimento Dentário

Força e histopatologia. Infelizmente, cortes histopatológicos adequados de

dentes humanos movimentados ortodonticamente e dos tecidos envolvidos são

raros. O estudo liderado por Reitan et al. (1957), entretanto, nos forneceram

algumas informações úteis com relação à natureza da resposta histológica às forças

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ortodônticas. É possível que possamos correlacionar alguns desses dados com

nossas observações clínicas. Por exemplo, o longo período retardatário após a

aplicação de uma força excessivamente pesada pode estar relacionado à formação

de uma superabundância de tecido conjuntivo hialinizado que impede a reabsorção

direta e respostas apositivas.

Enquanto há poucos ortodontistas que discordam seriamente desses

critérios para a avaliação de força (isto é, a dor, o índice de movimentação dentária,

a mobilidade dentária, a conservação da ancoragem e a histopatologia), há uma

grande variação na interpretação individual e na aplicação em situações clínicas

específicas.

Acredita-se que devemos relacionar esses critérios não à magnitude de

força, em termos de gramas, onças ou libras aplicadas à coroa, mas à distribuição

da pressão no ligamento periodontal. Afinal, estamos utilizando a coroa do dente

apenas como um instrumento com a qual transmitimos forças ao ligamento

periodontal. O conhecimento das forças corretas para se aplicar na região coronal

surgirá apenas por meio da compreensão da resposta biológica às pressões no

ligamento periodontal e sua relação às forças aplicadas sobre a coroa. Há uma

distribuição ideal de pressão no ligamento periodontal para cada tipo de

movimentação dentária, e o trabalho do ortodontista é detectar aquela força ou

conjunto de forças aplicada à coroa que produzirá esta configuração. Embora

algumas tentativas tenham sido realizadas no sentido de solucionar esse problema,

nossas respostas devem ser consideradas apenas como aproximações

simplificadas. No sentido de fornecer, no mínimo, uma resposta á alguns de nossos

questionamentos, consideramos a forma radicular de um dente com uma única raiz

como uma parabolóide.

Os fundamentos da física podem ser utilizados para se estabelecer os

requisitos de equilíbrio a serem detectados a qualquer momento. Além disso, caso

consideremos o ligamento periodontal como sendo uniforme em largura e em suas

propriedades mecânicas (por exemplo, o módulo de elasticidade), torna-se possível

teorizar sobre a posição da raiz quando um determinado conjunto de forças é

aplicado à coroa dentária.

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A figura 2 abaixo ilustra os principais eventos ocorridos após a colocação do

aparelho ortodôntico.

Figura 2 – Principais eventos envolvidos na movimentação ortodôntica

2.1.3.1 Modelo Bioelétrico

Cochran, Pawluck e Basset (1967), aceitando na hipótese de que, durante a

mastigação e a deglutição, as forças intermitentes geram potenciais elétricos,

acreditaram que estes estariam presentes também no tratamento ortodôntico e

deveriam variar com a mudança da magnitude e direção das forças aplicadas. Os

fatores mostrados pareciam afetar a amplitude da voltagem e a polaridade em seus

experimentos, e também demonstraram estar relacionados a algumas das

mecânicas introduzidas por procedimentos ortodônticos.

Andrew e Basset (1968) definiram a piezeletricidade como sendo a

eletricidade resultante da pressão nos cristais e como sendo um fenômeno que têm

importância crescente na pesquisa dos tecidos mineralizados. Os autores afirmaram

que a energia mecânica gasta nessas estruturas pode produzir potenciais elétricos

de magnitude suficiente para exercer uma ampla variedade de efeitos nos sistemas

vivos. Esses incluem, teoricamente, controle da nutrição celular, controle do pH

local, ativação ou supressão enzimática, orientação de macro moléculas intra e

extracelular, atividade de migração e proliferação das células, capacidade sintética e

funções específicas das células, constrição e permeabilidade da membrana celular

e transferência de energia. Outros autores, concluíram que o mineral ósseo por si só

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não contribui para o efeito piezelétrico no osso, recebendo as fibras colágenas a

maior responsabilidade pela piezeletricidade. Para Mostafa, Weaks-Dybvig e

Osdoby (1983), a conversão da resposta piezelétrica na atividade bioquímica

proporciona o componente direcional do movimento ortodôntico. Marino e Gross

(1989) compararam as propriedades piezelétricas do cemento, dentina e osso. A

dentina e o cemento demonstraram menor piezeletricidade se comparados com o

osso, o qual possui coeficiente significantemente maior.

Proffit (1995) relatou em seu livro que existem dois elementos de controle

do movimento dentário ortodôntico: a eletricidade biológica ou piezeletricidade e a

pressão-tensão sobre o ligamento periodontal, afetando o fluxo sanguíneo. A Teoria

da Bioeletricidade relaciona o movimento dentário controlado por sinais elétricos

produzidos quando o osso flexiona e se dobra. (PIETRO, 2005)

2.1.3.2 Teoria da Pressão- Tensão

Quando uma força mesiodistal é aplicada sobre a crista óssea interdentária,

a deflexão existe em um determinado nível de intensidade, mas quando a força for

linguovestibulal esta deflexão será muito maior. O deslocamento, a deformação ou a

inclinação da face óssea livre alveolar tenderá, pela sua elasticidade, a gerar

tensão, ou estiramento, ou a esticar algumas estruturas fibrosas, vasculares e

celulares de permeio a uma predominante ação de forças compressivas. Em

modelos matemáticos, como o método do elemento finito utilizado por Cattaneo,

Dastra e Melsen, em 2005, foi possível detectar estas forças de tensão nas áreas de

compressão periodontal, mesmo que pequenas, interrompidas ou em pequenos

espaços ou arcos. O movimento simulado foi no sentido linguovestibular ao nível

cervical das raízes.

Na biologia óssea, reconhecidamente, sabe-se que os mediadores indutores

da reabsorção óssea, se em nível elevados, promovem-na. Porém, em níveis

discretamente elevados, induzem fenômenos de neoformação óssea. O nível de

mediadores determina se a resposta será neoformadora ou de reabsorção óssea.

Nas reações ósseas frente a agentes de baixa intensidade e longa duração, a

inflamação e o estresse celular são discretos e moderados e acumulam pequena

quantidade de mediadores difusamente localizados; em decorrência, a região fica

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com esclerose óssea e cortical mais espessa. Em áreas com inflamação mais

intensa e focalizada, os mediadores se acumulam em grandes níveis e predominam

fenômenos reabsortivos. Nas lesões periapicais crônicas, como o granuloma

periapical, pode-se notar estes dois fenômenos: no centro ele se apresenta

radiolúcido, mas na periferia o osso está denso ou esclerosado.

No lado de tensão, as fibras ficam estiradas, esticadas ou alongadas. Os

vasos se comprimem, porém nem tanto quanto em uma compressão radicular. As

células se deformam, porém nem tanto. Desta forma, o estresse celular mecânico e

bioquímico promove um discreto aumento na concentração de mediadores,

induzindo fenômenos de aposição óssea, predominantemente. Mas, se também

houver rompimento de fibras colágenas, destacamento das mesmas da superfície

óssea ou cementária, isto indica que a força de tensão foi excessiva, que houve

morte celular; compressão excessiva de vasos e áreas hialinas com morte celular

pode ter ocorrido. Nesta situação, mesmo com forças de tensão, haverá, nos

primeiros dias da movimentação, fenômenos predominantemente reabsortivos nas

superfícies ósseas e até dentárias, pois os cementoblastos poderão ser também

afetados.

Para uma maior efetividade da movimentação dentária, o ideal consiste em

desorganizar o ligamento, comprimindo as estruturas periodontais e promover

discreta hipóxia, a ponto de induzir acúmulos de mediadores em nível suficiente

para induzir fenômenos reabsortivos na região, onde se faz a compressão do

ligamento entre o dente e o osso alveolar.Se induzirmos morte celular, áreas de

hialinização extensas e desorganização excessiva podem atrasar o processo de

reabsorção óssea na face periodontal da lâmina dura. Para as unidades

osteorremodeladoras trabalharem requer-se migração celular, mas as áreas hialinas

e de necrose atrapalham. Requer-se, ainda, um mínimo de organização tecidual,

para que ocorram as interações celulares necessárias, e uma boa vascularização

para se obter os nutrientes necessários e energia para o processo. Ao concluir,

pode-se afirmar que é simplista pensar em binômios diretos como pressão-

reabsorção e tensão-aposição óssea, embora sejam didáticos. Com maior precisão,

pode-se afirmar que em áreas onde o ligamento periodontal é comprimido durante a

movimentação dentária, predominam as forças de pressão e os fenômenos

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reabsortivos decorrentes dos mediadores e eventos celulares. E, nas áreas em que

atuam predominantemente as forças de tensão, a aposição óssea será exuberante,

em função dos mediadores de fenômenos celulares induzidos (CONSOLARO,

2007).

2.2 Inflamação e Movimentação Ortodôntica

Com o avanço das pesquisas de base molecular, os processos inflamatórios

vêm se destacando como ponto chave na regulação dos processos biológicos.

Como por exemplo, a remodelação óssea, resultante da movimentação ortodôntica,

é regulada pela liberação de importantes mediadores inflamatórios (ALHASHIMI et

al., 2001; WELTMAN et al., 2010; CHAE et al., 2011; ELLIAS, 2012; NIKLAS et al.,

2013).

Diversos autores têm sugerido teorias para explicar as bases moleculares

da movimentação ortodôntica. A teoria da pressão-tensão foi primeiramente descrita

por Sandstedt et al. atualmente é uma das mais aceitas para explicar esse

fenômeno (DAVIDOVITCH; KRISHNAM, 2006).

A partir dos estudos histológicos realizados por Sandstedt em 1904 e

aprofundados por Schwarz em 1932, os autores propuseram a formação de zonas

de pressão e zonas de tensão as quais conduziram a alterações biológicas

necessárias para a movimentação ortodôntica (DAVIDOVITCH; KRISHNAM, 2006).

Dentre as alterações, as forças incidentes alteram sua vascularização dentária

resultando em zonas com menor perfusão sanguínea formando microambientes de

hipóxia (PROFFIT; FIELDS, 200; OLIVEIRA 2002).

A desestabilização da homeostasia celular, pelo déficit de oxigênio, é uns

dos principais desencadeantes da cascata de reações inflamatórias

(DAVIDOVITCH; KRISHNAM, 2006; NIKLAS et al., 2013). Ocorre migração

leucocitária, liberação de mediadores químicos como aminas vasoativas, fatores de

crescimento, metabólitos do ácido araquidônico, quimiocinas e citocinas (DE

PAULA, 1988; NIKLAS et al., 2013).

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2.2.1 Citocinas Pro-Inflamatórias

As Citocinas são polipeptídios produzidos em resposta a microrganismos e

outros antígenos que medeiam e regulam reações imunológicas e inflamatórias. A

secreção de citocinas é transitória sendo iniciada por novas transcrições de genes

resultantes da ativação celular. A produção de citocinas é controlada por

processamento de RNA e por mecanismos pós-transcricionais. Uma vez

sintetizadas, as citocinas são instantaneamente secretadas iniciando uma ação local

ou sistêmica. Após a secreção das citocinas elas se ligam a receptores específicos

de membrana nas células-alvo e agirão de forma antagônica, singérgica,

redundante e/ou pleiotrópica para induzir a expressão gênica em células-alvo

culminando na expressão de novas funções e, algumas vezes, na proliferação de

células alvo (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2008).

A importância de citocinas pro-inflamatórias para a movimentação dentária

foi pioneiramente investigada por Saito et al. (SAITO et al., 1991). Estes autores

instigaram a hipóteses de que a remodelação óssea estaria diretamente relacionada

com a inflamação. Desde então, os estudos foram direcionados no sentido de

entender os mecanismos específicos envolvidos no aumento de citocinas pro-

inflamatórias em resposta ao estresse mecânico.

Em uma conferência em 1986, Meikle, et al. já haviam lançado a hipótese

de que os eventos de remodelação do tecido ósseo seriam modulados por citocinas.

Davidovitch, et al. (1988) produziram a primeira evidência experimental, ao

identificar a presença da IL-1 no LPD de gatos submetidos à forças ortodônticas.

Desde então, inúmeros estudos clínicos tem demonstrado a presença de

vários tipos de citocinas, em altas concentrações, no fluido crevicular gengival de

pacientes durante o movimento ortodôntico (GRIEVE et al., 1994; LOWNEY et al.,

1995; UEMATSU; MOGI; DEGUCHI,1996).

Ainda, o estudo conduzido por Viegas (2005) demonstrou que os

osteoblastos sintetizam e secretam diversas citocinas durante o processo de

remodelação óssea, modulando a atividade de outros tipos celulares do tecido

ósseo.

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As citocinas interagem com receptores celulares de alta afinidade, alterando

as funções da célula-alvo. A ligação no receptor desencadeia uma via de

transdução de sinais, que altera a expressão gênica celular. O efeito produzido

consiste na modulação da atividade imunitária e na regulação da resposta anti e

pró-inflamatória, através da comunicação intercelular. Além de exercer uma ação

autócrina e parácrina, alguns desses mediadores também podem agir em nível

endócrino (ABBAS et al., 2003; SHETTY et al., 2011).

As citocinas podem ter ações pleiotrópicas, redundantes, sinérgicas ou

antagônicas e geralmente participam de um sistema de indução em cascata,

influenciando a homeostasia tecidual (HAMBLIN, 1993; SANDY; FARNDALE;

MEIKLE, 1993; ALHASHIMI et al., 2001; ABBAS et al., 2003).

Monócitos, macrófagos, células endoteliais, fibroblastos e células

mesenquimais, sintetizam citocinas que agem na adesão, quimiotaxia e ativação

leucocitária, além de promoverem o recrutamento, diferenciação e proliferação de

células inflamatórias.

No LPD, além das células endoteliais, os fibroblastos e osteoblastos

sintetizam o VEGF, promovendo a angiogênese na interface de tensão (Figura 2),

enquanto que na interface oposta (Figura 3), as células mesenquimais secretam o

M-CSF, promovendo a sobrevivência, proliferação e diferenciação de células

hematopoiéticas das séries monócito-macrófago. A Figura 4 mostra a seqüência de

eventos orquestrada por M-CSF, RANKL e osteoprotegerina (OPG) na regulação da

maturação e função dos osteoclastos por osteoblastos (MEIKLE, 2002).

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Figura 2 – Sequencia de eventos desencadeados pelas citocinas produzidas na interface de tensão do LPD (MEIKLE, 2006).

Na Figura 2, os fibroblastos sob tensão (1), sintetizam várias citocinas (IL-1

e IL-6) que, por sua vez, estimulam as metaloproteinases de matriz (MMPs) e

desativam os inibidores de tecido de metaloproteinases (TIMPs). As MMPs

degradam o colágeno e as glicosaminaglicanas (2), enquanto que o VEGF promove

a angiogênese (3). A degradação da matriz extracelular (MEC) por MMPs facilita a

proliferação celular e o crescimento capilar. Os fibroblastos (4) remodelam a matriz,

sintetizando mais MEC, enquanto que os osteoblastos (5) sintetizam o osteóide,

fase inicial da aposição óssea.

Já na interface de pressão, há intensa atividade reabsortiva, conforme

mostra a figura abaixo.

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Figura 3 – Sequencia de eventos desencadeados pelas citocinas produzidas na interface de pressão do LPD (MEIKLE, 2006).

As células do LPD na interface de pressão (Figura 3), sintetizam IL-1 e IL-6

(1), que atuam de forma autócrina e parácrina, ativando o RANKL (2) e as MMPs

(3). Os osteoblastos liberam as MMPs que degradam o osteóide, enquanto que as

MMPs produzidas pelos fibroblastos degradam a MEC (4). O RANKL estimula a

osteoclastogênese a partir de células predecessoras. Os osteoclastos diferenciados

degradam a matriz óssea mineralizada (5). Os osteócitos da superfície óssea

regulam a deformação do osso alveolar modulando a expressão de MMPs

Os promotores da reabsorção óssea (Figura 4), tais como a vitamina D

[1,25(OH2)D3], o paratormônio (PTH) e a interleucina-1 (IL-1) aumentam a formação

dos osteoclastos, estimulando a expressão de RANKL por osteoblastos e células

mesenquimais, enquanto que a OPG faz a contra-regulação, atuando como um

inibidor da osteoclastogenese, ao competir com o RANKL pelo receptor de

membrana dos osteoblastos e células predecessoras. O M- CSF age diretamente

sobre as células precursoras dos osteoclastos, regulando sua proliferação e

diferenciação.

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Figura 4 – Regulação da ativação de osteoclastos por osteoblastos na interface de pressão do LPD (MEIKLE, 2002).

No tecido periodontal os macrófagos sintetizam e liberam TNF-α, citocina

que estimula a diferenciação e atividade dos osteoclastos, estimulando a

reabsorção óssea (DI DOMENICO et al., 2012).

Conforme o processo inflamatório evolui, os linfócitos T ativados chegam à

interface de pressão e sintetizam o interferon tipo II (INF-γ) citocina que aumenta a

atividade fagocítica dos osteoclastos e assim como os leucotrienos, também

estimula a sua diferenciação, consistindo em exemplos de ações sinérgicas e

redundantes (ASSUMA et al., 1998; KUBY et al., 1999; ALHASHIMI et al., 2000;

BINGHAM, 2002; MALE et al., 2006).

A comunicação entre os linfócitos é orquestrada pelas interleucinas,

também conhecidas como linfocinas.

O termo interleucina (IL) refere-se às citocinas produzidas, majoritariamente,

por linfócitos T ativados, embora algumas delas sejam sintetizadas também por

outros tipos celulares. As interleucinas possuem várias funções, mas a maioria está

envolvida na ativação, diferenciação e promoção do crescimento de linfócitos e na

indução da proliferação de outras células. Entre os principais alvos destes

mediadores estão os próprios linfócitos T, os linfócitos B, os fibroblastos,

osteoblastos, osteoclastos e as células endoteliais (ABBAS et al., 2003).

Vários estudos têm apontado a presença de interleucinas no fluido gengival

de pacientes submetidos à movimentação ortodôntica, como a IL-1, IL-2, IL-3, IL-6,

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IL-8, IL-10 e IL-12, entre outras citocinas (ALHASHIMI et al., 2000; MEIKLE, 2002;

IWASAKI et al., 2005; GARLET et al., 2007; REN et al., 2007).

Na resposta inflamatória aguda há a participação de interleucinas que

participam da imunidade inata, como a IL-1, que é a primeira a ser secretada pelos

macrófagos. A IL-1 ativa os fibroblastos, aumentando a proliferação e produção da

matriz extracelular, além de promover a osteoclastogênese. Logo os fagócitos

passam a liberar IL-6, que age em sinergia com a IL-1, amplificando a resposta

inflamatória imediata (GLANTSCHNIG H, et al., 2003; SEIDENBERG e AN, 2004;

KUMAR et al., 2008; YAO et al., 2008).

A IL-1 também atua na ativação dos linfócitos T, dando início a ação da

imunidade adaptativa (GOWEN et al., 1983; HEATH et al., 1985).Com o

recrutamento e ativação dos linfócitos T, inicia-se uma fase de limpeza e reparação

tecidual, na qual são sintetizadas e liberadas outras interleucinas, conforme a

resposta inflamatória progride para a resolução do processo.

A célula T diretamente implicada nos processos inflamatórios é o linfócito T-

helper (Th) por sua estreita interação com os macrófagos. As células Th são

mensageiras fundamentais, propiciando a intercomunicação de todo o sistema

imune. Há dois subtipos de linfócito T-helper: Th1 e Th2; sendo que cada subtipo

sintetiza interleucinas específicas.

As células Th não ativadas permanecem em estado de quiescência, sendo

denominadas linfócitos Th0. A diferenciação destes nos subtipos 1 ou 2 depende da

interleucina presente no microambiente tecidual no momento. Os Th0 serão

diferenciados em Th1 na presença da IL-12, mantendo a resposta inflamatória;

porém, se a IL-4 estiver presente, os Th0 se diferenciarão no subtipo Th2, que

determinam uma resposta antiinflamatória.

A revisão conduzida por Vandevaska-Radunovic et al. a presença de

mediadores inflamatórios pode ser evidenciado em todo o tecido periodontal de

suporte durante a reação inflamatória produzida pela movimentação ortodondica.

O estudo liderado por Alhashimi et al. foi pioneiro em quantificar a

expressão de RNA mensageiro de citocinas pro-inflamatórias como IL-1B, IL-6 e

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TNF- em 3, 7 e 10 dias após a aplicação de força ortodôntica no primeiro molar de

12 ratos. Esses autores observaram um pico de expressão de IL-6 e Il-1b no tempo

6 e uma redução constante nos tempos 7 e 10 dias. O fator de necrose tumoral não

foi detectado nas conduções metodológicas empregadas. Com esses resultados, os

autores sugerem que as citocinas pro-inflamatórias podem exercer papel central na

reabsorção óssea.

Outro estudo conduzido por Chae et al. investigou a produção de citocinas

pro inflamatórias na movimentação ortodôntica de ratos. Consistente com outros

estudos, os níveis desses marcadores inflamatórios estavam aumentados no

ligamento periodontal nos fibroblastos (CHAE et al., 2011). Ainda, quando os

mesmos autores administraram resveratrol e N-acetilcisteina (NAC) na população

de estudo, tanto os níveis de citocinas pro-inflamatórias quanto a movimentação

ortodôntica estavam diminuídos quando comparados ao grupo controle. Chae et al.

(2011) discutiram os efeitos anti-inflamatório do revesveratol e NAC e sugerem que

antioxidantes podem retardar a movimentação ortodôntica uma vez que as citocinas

pro-inflamatórias são fatores essenciais para o tratamento ortodôntico (CHAE et al.,

2011).

Outros autores têm sugerido mecanismos para explicar a relação da

inflamação com e a movimentação ortodôntica (OLIVEIRA 2002; CHAE et al., 2011).

De Carlos et al. encontraram uma diminuição estatisticamente significante na

movimentação dentária após administrar diferentes classes de inibidor da

ciclooxigenase (COX-2) em ratos (n=7) (CARLOS et al., 2006). Não obstante, é

consenso na literatura o papel das citocinas pro-inflamatórias em estimular a

secreção de prostaglandinas. Assim, esses estudos reafirmam o papel das citocinas

pro-inflamatórios na movimentação ortodôntica embora os mecanismos ainda

permaneçam obscuros (CARLOS et al., 2006).

2.3 Laserterapia de Baixa Intensidade na Movimentação Ortodôntica

A palavra laser é uma abreviatura para "Light Amplification of Stimulated

Emission of Radiation" que na Língua Portuguesa significa Amplificação da Luz por

Emissão Estimulada de Radiação. O laser é uma radiação que se encontra no

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espectro de luz que varia do infravermelho ao ultravioleta, passando pelo espectro

visível (Figura 3).

Figura 3 – Espectro eletromegnático, evidenciando onde se encontra a faixa relacionada ao laser

A utilização terapêutica da energia luminosa vem desde os primórdios da

civilização, e em 1903, o prêmio Nobel de medicina foi destinado ao Dr. Nielo

Ryberg Finsen pelo tratamento realizado com a luz solar em um paciente que

apresentava um tipo de tuberculose de pele.

Albert Einstein, em 1916, formulou os princípios da amplificação da luz por

emissão estimulada de radiação, quando percebeu em seu experimento que a

emissão induzida poderia existir e a radiação eletromagnética seria produzida por

um processo atômico. No ano de 1960, Theodoro H. Maiman desenvolveu o

primeiro aparelho emissor de laser, a cristal de rubi, que passou a ser

comercializado. No ano seguinte foi realizada a primeira intervenção cirúrgica com o

laser, no Hospital Presbiteriano de Nova York, para a retirada de um pequeno tumor

de retina que impedia a visão. Em 1965, Sinclair e Knoll desenvolveram o laser

terapêutico, não mais com efeito de corte, mas de bioestimulação dos tecidos.

2.3.1 Características da Luz Laser

A luz laser oferece uma segurança relevante ao ser utilizada, e difere das

outras formas de luz devido principalmente a três características:

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A monocromaticidade a luz laser é composta de fótons, todos da mesma cor

e com o mesmo comprimento de onda. É, portanto, uma luz pura. Essa

característica é importante devido à absorção seletiva do tecido humano.

Figura 4 – Característica da luz laser monocromaticidade

A coerência (as ondas viajam ordenadamente em relação ao tempo e suas

amplitudes são iguais. A coerência mantém-se ao longo do tempo e espaço).

Figura 5 – Característica de coerência da luz laser. (A) Comprimento de ondas coerentes no tempo e espaço. (B) Comprimentos de ondas incoerentes no tempo e espaço

A unidirecionalidade ou colimação (o feixe de fótons é paralelo ao eixo do

tubo que produz este tipo de energia; a luz laser possui divergência angular muito

pequena, toda a energia do laser concentra-se precisamente em um ponto focal).

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Figura 6 – Característica da luz laser de unidirecionaliade ou colimação. A luz natural é divergente e a luz laser é paralela ao tubo onde é produzida

2.3.2 Classificação dos Lasers e Modo de Ação

Os aparelhos de laser são constituídos por um meio ativo, que pode ser

sólido (Rubi), gasoso (mais comuns, como exemplo o CO2, He-Ne, Ar),

semicondutor (Diodo - AsGaAl, AsGa), semi-sólido (Nd-YAG, Er-YAG, YAP),

Excímero (KrF, XeCl) ou líquido (pouco usado, como exemplo, rodamine e cumarina

- Dy laser).

Os lasers são classificados de acordo com a potência de emissão da

radiação, podendo ser: laser de alta, média e baixa intensidade.

Os lasers de alta intensidade, também conhecidos como laser cirúrgico,

laser quente, laser duro ou hard laser emitem radiação de alta potência, o que

propicia um potencial destrutivo, sendo utilizados para viabilizar cirurgias ou

remoção de tecido cariado, ou seja, possui uma ação fototérmica de corte,

vaporização, coagulação e esterilização dos tecidos. Os principais lasers de alta

intensidade são o Excimer, Argônio, Kripton, Dye, Rubi, Família YAG (ítrio-alumínio-

granada) e CO2.

Os lasers de média intensidade ou mid-laser emitem radiações com

potências medianas, sem poder destrutivo, sendo mais utilizados em fisioterapia.

Entre eles se encontram o laser de Hélio-Neônio (He-Ne) e o Arseniato de gálio

(AsGa).

Os lasers de baixa intensidade, também denominados laser mole, laser frio,

laser terapêutico ou "soft-laser", emitem radiações de baixas potências, sem

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potencial destrutivo, e possuem uma ação fotoquímica de analgesia, anti-

inflamatória e de bioestimulação tecidual. Entre os lasers de baixa intensidade

encontra-se os lasers: He-Ne (Hélio-Neônio), diodo (Arseniato de gálio - AsGa e

Arseniato de gálio e alumínio - AsGaAl).

A técnica a laser é eficaz em muitos procedimentos cirúrgicos e durante a

terapia ortodôntica. Mais estudos são necessários para definir os protocolos de

tratamento em bioestimulação ortodôntica.

2.4 Citocinas Pro-Inflamatórias e Laserterapia de Baixa Intensidade

A cascata de reações inflamatórias geram simplificadamente três sintomas:

calor, rubor e dor. A dor durante a terapia ortodôntica foi relatada por Krishinan et al.

como um dos efeitos colaterais mais incidentes nas publicações da área

(KRISHNAN, 2007). Os dados apontam que 90% dos pacientes relatam algum grau

de dor e, em torno de 30% encerram o tratamento mais cedo por esse motivo.

Desde a década de 60 os estudos acerca dos benefícios da laserterapia de baixa

intensidade (LBI) na ortodontia vêm crescendo (KRISHNAN, 2007).

Os benefícios biológicos da LBI nos tratamentos musculo-esqueletais,

neuro-musculares, citogênicos e condições traumática são coletivamente

conhecidos por fotobioestimulação. A utilização da luz vermelha e infra-vermelho

somado a sua interação com os tecidos biológicos, estimulam e melhoram a

cicatrização e reduzem a dor. Postula-se que a LBI é capaz de modular o

metabolismo celular e estimular a respiração mitocondrial na produção de oxigênio e

síntese de ATP. Tais efeitos produziriam um aumento no DNA, RNA e síntese

proteica regulatória do ciclo celular que estimula a proliferação celular (PERON,

2010).

LBI trata-se de um tratamento não-invasivo, rápido, embora o custo ainda

seja um desafio para a disseminação na pratica clínica. Ao contrário de medicações

via oral ou injetável, estudos apontam que a LBI não tem efeito sistêmico como as

drogas anti-inflamatórias de não-esteroidais (AINES) (BIRD; WILLIANS; KULA,

2007; PERON, 2010). Além disso, AINES diminuem a produção de prostaglandinas

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e diminuem a movimentação ortodôntica (BRADLEY et al., 2007; YOUSSEF et al.,

2008; PERON, 2010).

Os benefícios da LBI na ortodontia foi documentado por diversos autores

(KREISLER et al., 2004; KIM et al., 2007; FUJITA et al., 2008; PINHEIRO et al.,

2008; YOUSSEF et al., 2008; PERON, 2010). A literatura aponta benefícios para a

cicatrização de feridas, como úlceras orais provocadas pela ortodontia, proliferação

mais rápida de fibroblastos, síntese de colágeno, regeneração óssea e nervosa, e

aumento da atividade enzimática (PERON, 2010). Adicionalmente, foram relatados

efeitos analgésicos pela estimulação de células nervosas e do processo aeróbico

dos linfócitos, estabilização do potencial de membrana, liberação de

neurotransmissores no tecido inflamatório, aumento da síntese de endorfinas,

bradicininas e limiar de dor. No entanto, embora haja estudos que apontam

resultados satisfatórios da LBI para analgesia em pacientes (KIM et al., 2007;

FUJITA et al., 2008; TORTAMANO et al., 2009; PERON, 2010), outros estudos

encontraram resultados pouco satisfatórios na redução na dor de pacientes durante

o tratamento ortodôntico (KREISLER et al., 2004; PINHEIRO et al., 2008; PERON,

2010).

2.4.1 Laserterapia de Baixa Intensidade e IL-6

A Interleucina-6 (IL-6) foi descrita em 1986 como fator de diferenciação das

células B essencial para produção de imunoglobulinas (Hirano, 1986). No entanto,

foi demonstrada a produção de IL-6 por células T, monócitos, fibroblastos,

keratócitos, células endoteliais, adipócitos e células tumorais. A revisão liderada por

Mihara discorre uma série de doenças relacionadas ao aumento da produção de IL-

6 com repercussão sistêmica (MIHARA et al., 2012). Por exemplo, foi demonstrada

uma estreita correlação entre o aumento de IL-6 e a angiogênese.

A importância da IL-6 para a ortodontia tem sido alvo de debates por sua

ação autócrina/ parácrina estimulando à formação de osteoblastos e a reabsorção

óssea de osteoclastos pré-formados. Nesse contexto, diversos autores estudaram

os níveis de IL-6 após força ortodôntica (LIHN et al., 2003; BAŞARAN et al., 2006;

MIHARA et al., 2012).

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IL-6 é uma interleucina que age como uma citocina pro-inflamatória e anti-

inflamatória. É secretada por células T e macrófagos para estimular a resposta

imune ao trauma, especialmente queimaduras ou outro dano ao tecido levando a

inflamação (SILVA, 2012).

O estímulo mecânico gera uma resposta inflamatória asséptica e transitória

nos tecidos periodontais. Mediadores de sinalização são então produzidos para

desencadear uma resposta biológica associada à remodelação do ligamento

periodontal (PDL) e osso alveolar. Há desta forma, reabsorção óssea nas áreas de

compressão do PDL e aposição nas áreas de tensão (SILVA, 2012)

As citocinas são mediadores chave envolvidos no turnover fisiológico do

osso alveolar e movimento dentário. A citocina interleucina-6 (IL-6) interage

diretamente com as células ósseas, regulando localmente o processo de

remodelação, particularmente a reabsorção óssea. A aplicação de força ortodôntica

é capaz de aumentar a expressão de IL-6 nos tecidos periodontais humanos

(SILVA, 2012).

O estudo conduzido por Ryuiichi et al. mensurou os níveis de IL-6 em 15

pacientes submetidos a tratamento ortodôntico (KUNII et al., 2013). Os resultados

mostraram níveis aumentados de IL-6 no fluido gengival crevicular com uma relação

dose dependente (KUNII et al., 2013). Não obstante, esses resultados corroboram

com os dados obtidos por Mihara et al. (MIHARA et al., 2012) e Lihn et al. (LIHN et

al., 2003) sugerindo envolvimento da IL-6 na movimentação ortodôntica.

Neste contexto, este trabalho se insere na perspectiva de investigar o

impacto da LBI nos níveis de IL-6 como biomarcador inflamatório a fim de contribuir

para o esclarecimento dos mecanismos moleculares da LBI no tratamento

ortodôntico.

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3 OBJETIVOS

Quantificar a imunomarcação da Interleucina 6 (IL-6) no ligamento

periodontontal de dentes de ratos frente à estimulação ortodôntica e aplicação da

laserterapia de baixa intensidade.

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4 METODOLOGIA

4.1 Animais Experimentais

O projeto foi avaliado e aprovado pela Comissão de Ética para Análise de

Projetos de Pesquisa, na Universidade Cruzeiro do Sul (protocolo 011/07).

Foram utilizados 35 ratos machos, da linhagem Wistar (Rattus norvegicus),

fornecidos pelo biotério da Universidade Cruzeiro do Sul, pesando de 200 a 300

gramas.

Durante o período experimental, os animais foram mantidos no biotério da

Universidade Cruzeiro do Sul, em gaiolas específicas para este fim. Estas

permaneceram forradas com raspas de madeira seca, fornecendo condições de

higiene necessárias ao bem-estar e à saúde dos animais.

Suprimento constante de água mineral foi garantido aos animais por

dispensadores apropriados, com bico de aço inoxidável e capacidade para 1000 ml,

disponível permanentemente na gaiola. Os animais receberam ração comercial

(Labina Purina®), pulverizada e umidificada com água mineral, para evitar danos ao

dispositivo ortodôntico durante a mastigação. Com a finalidade de evitar a formação

e proliferação de fungos, por exposição prolongada do alimento, a troca da ração foi

efetuada diariamente.

A temperatura ambiente foi mantida entre 21 e 23ºC, considerada ideal para

o crescimento e desenvolvimento dos animais, segundo o Colégio Brasileiro de

Experimentação Animal (COBEA).

Os animais foram divididos aleatoriamente, em dois grupos experimentais:

grupo não-irradiado (TO/SL), composto de 15 animais submetidos à movimentação

dentária ortodôntica; e grupo-irradiado (TO/L), com 15 animais submetidos à

movimentação dentária ortodôntica e à irradiação pelo laser de baixa potência. E um

grupo de 05 animais foi utilizado como controle sem laser e sem movimentação

ortodôntica. Os animais dos grupos NI e IR foram divididos em três subgrupos,

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compostos, por sua vez, de cinco animais, divididos de acordo com o momento do

sacrifício (72hs, 120hs, 168hs).

Tabela 1 - Distribuição dos animais utilizados no experimento

Grupo Sacrifício N° de Animais

Não-Irradiado (TO/SL)

72 horas (3 dias) 5

120 horas (5 dias) 5

168 horas (7 dias) 5

Irradiado (TO/SL)

72 horas (3 dias) 5

120 horas (5 dias) 5

168 horas (7 dias) 5

Controle (STO/SL) 5

Os animais do grupo (S/L) caracterizam os aspectos clínicos e histológicos

da movimentação dentária sem a influência do laser, servindo como parâmetro para

comparação com animais do grupo (L) e (Co), da mesma forma que o grupo (Co)

serve de parâmetro para comparação com (L) e (S/L).

4.2 Procedimentos Experimentais

O dispositivo ortodôntico utilizado consistiu de uma mola helicoidal de

níquel-titânio de tração com 7mm de comprimento (ref. 35.20.064 - Morelli),

distendida entre os incisivos superiores e o primeiro molar superior direito para

promover a mesialização do molar (Figura 7), criando áreas de pressão e de tração

no ligamento periodontal.

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Figura 7 - Dispositivo ortodôntico instalado e preso no 1º molar e nos

incisivos com resina utilizado neste estudo

Os animais foram anestesiados em todos os procedimentos com risco de

resultar em ansiedade e/ou dor com cloridrato de ketamina e Xilasina (2:1) 1,5 cc

por 100 gramas por animal, administrada por via intramuscular com agulha

hipodérmica descartável, acoplada à seringa de 1cc.

Iniciou-se a montagem do dispositivo e o animal foi posicionado em decúbito

dorsal e mantido em mesa operatória apropriada. Realizou-se uma perfuração na

mesial dos incisivos superiores com uma broca diamantada n°1090 (KG.Sorensen)

e com um motor de alta rotação (Kavo), (Figura 8).

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Figura 8 - Perfuração com motor de alta rotação e broca diamantada na mesial

dos incisivos superiores

Essa perfuração serviu para passar o fio de amarrilho 0,25mm (Morelli), que

envolveu o incisivo superior e, nesse amarrilho, fixou-se a extremidade anterior da

mola.

Com o objetivo de aumentar a retenção do amarrilho, impedindo seu

deslocamento, este foi recoberto com resina composta (Fill Magic ortodôntico) e

fotopolimerizada com um aparelho fotopolimerizador (Gnatus Opty 600). A adição

de resina foi precedida pelo preparo da superfície dentária, o qual inclui: profilaxia,

lavagem, secagem, condicionamento da superfície (ácido ortofosfórico a 37%), nova

lavagem e secagem (de acordo com o fabricante).

Na região posterior utilizou-se fio de amarrilho 0,25mm para envolver o

molar que passou por baixo do ponto de contato desse dente com o segundo molar,

fixando a extremidade posterior da mola utilizando-se uma pinça Mathiew (Figura 4).

Depois de cortado o excesso de fio, a ponta foi dobrada de modo a não causar

trauma ou desconforto para o animal; logo em seguida realizou-se o preparo da

superfície dentária, o qual inclui: profilaxia, lavagem, secagem, condicionamento da

superfície (ácido ortofosfórico a 37%), nova lavagem e secagem (de acordo com o

fabricante); para aumentar a retenção do amarrilho, impedindo seu deslocamento,

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este foi recoberto com resina composta (Fill Magic ortodôntico) e fotopolimerizada

com aparelho fotopolimerizador (Gnatus 600) (Figura 10).

Figura 9 - Amarrilho na região posterior envolvendo molar

Figura 10 - Resina utilizada para fixar o amarrilho

A mola foi ativada para liberar uma força de 250mg, calibrada por um

tensiomêtro (Morelli) (Figura 11). Não foram realizadas reativações.

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Figura 11 - Tensiomêtro calibrado a força aplicada

Por fim, as bordas dos incisivos inferiores foram reduzidas com brocas

diamantadas nº1090 (K.G.Sorensen) para evitar possíveis interferências oclusais

com o dispositivo instalado.

Figura 12 - Desgaste nos incisivos inferiores para evitar interferências

Em seguida, foi realizada a aplicação do laser de baixa intensidade Ar-Ga-Al

(PHOTON LASE III - DMC), tensão de operação: 90 a 230V, potência elétrica: 1,2W,

emissor invisível de luz em comprimento de onda: 808nm (típico) na potência de

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100mW, emissão contínua na região do molar com uma densidade de energia de

5J/cm2 (Figura 13).

Figura 13 - Aparelho utilizado no estudo

A aplicação do laser baseou-se no protocolo estabelecido por Genovese

(2000). Três dias consecutivos assim, foi iniciada imediatamente após a instalação

do aparelho ortodôntico, 24horas e 48horas após. As irradiações foram feitas

através de fibra óptica utilizando-se o método direto e pontual sobre a região

vestibular e lingual do primeiro molar permanente superior direito. O tempo de

aplicação foi de 50 segundos, totalizando um período de 1 minuto e quarenta

segundos de aplicação por animal.

No grupo controle foi utilizado o mesmo procedimento para preparar os

molares e o incisivo, mas não foi aplicado o laser de baixa intensidade.

Após os períodos de 3, 5 e 7dias os animais foram sacrificados com

overdose de anestésico (Hidrato de cloral) 1ml/100grs do animal. Após o sacrifício,

as maxilas dos animais foram e submetidas ao processamento histológico.

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4.3 Preparação das Peças Anatopatológicas

As maxilas permaneceram imersas em solução de formol (10%) por 48h

para a fixação dos tecidos e, em seguida, descalcificadas em solução de ácido

fórmico (25%) por 7 dias.

As peças foram incluídas em parafina paralelamente em relação à superfície

da mandíbula e a seguir os cortes histológicos foram cortados transversalmente

com 5m de espessura em micrótomo manual (Leica-RM2145), para coloração com

Picrossírus e Hematoxilina Eosina (HE).

Os cortes foram desidratados em banhos sucessivos de etanol em

concentrações crescentes (70 a 100%) e diafanizados em xilol. Três banhos de

duas horas em xilol precederam a inclusão em bloco em parafina, como mostrado

na tabela 2.

Tabela 2 - Mostram as diferentes soluções utilizadas para inclusão em parafina

Solução Tempo

Álcool 70% 1 hora

Álcool 95% 1 hora

Álcool absoluto 6 horas

Xilol 3 horas

Parafina 6 horas

Os cortes, uma vez coletados em lâminas, foram desparafinizados. Tendo

as lâminas passadas pela sequência de imersões descritas na Quadro 3, foram

coradas pela Hematoxilina de Harris e Eosina de Lison.

Para a coloração Picrosirius os cortes histológicos receberam, inicialmente,

dois banhos de xilol (20 min. cada) e reidratados em banhos de álcoois em

concentração decrescente (100 a 70%) e, finalmente, lavados em água corrente. A

seguir, os cortes foram banhados por 15 a 30 min. em solução de picrosirius (1%),

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lavados em água corrente, secos e contra-corados com solução de azul de metileno

(3%).

Tabela 3 - Mostra as diferentes soluções utilizadas para desparafinização

Solução Tempo

Xilol I 10 min

Xilol II 10 min

Álcool absoluto 5 min

Álcool 95% 5 min

Álcool 70% 5 min

Lavar em áqua corrente 3 min

Hematoxilina 5 min

Diferenciador passagem instantânea

Eosina 1 min

Lavagem rápida

Álcool 70% 30 s

Álcool 95% 30 s

Álcool absoluto 3 min

Álcool absoluto 5 min

Àlcool /xilol (1:1) 5 min

Xilol 5 min

Xilol 5 min

4.4 Imunohistoquímica

Cortes de 4µm de espessura foram colocados em lâminas silanizadas (3-

Aminopropil-trietoxi-silano-Sigma Chemical Co.; St. Louis, Missouri, EUA) em

suporte adequado. O processo de desparanifinização foi feito ao colocar as lâminas

em xilol quente, em estufa a 60 – 65º C, durante 5 minutos e passadas rapidamente

em 3 banhos de xilol frio. Para hidratação dos cortes as lâminas foram colocadas

em dois banhos de álcool absoluto, um banho de álcool 95° e um banho de álcool

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70°. Em seguida, foram lavadas em água corrente, água deionizada e deixadas em

tampão fosfato pH 7,4. O próximo passo foi a recuperação dos sítios antigênicos

realizada em alta temperatura em solução de ácido cítrico 10 mM PH 6. O bloqueio

da peroxidase endógena presente nas hemácias foi feito com água oxigenada 10v

(3%).O bloqueio das proteínas inespecíficas foi feito com imersão das lâminas em

com caseína diluída em tampão fosfato pH 7,4 (Synth, São Paulo, Brasil) por 5

minutos em temperatura ambiente. As lâminas foram incubadas com o anticorpo

primário para IL-6 diluidos 1:100 e, incubados em 1% de albumina de soro bovino

(BSA) por 24 horas à 4ºC e posteriormente incubados com o anticorpo secundário

ABC Kit Vectastain (Vector LabCA) e utilizado como cromógeno Diaminobenzidina

(DAB) (Sigma-Aldrich Chemie, Steinheim, Alemanha). Posteriormente ocorreu a

contra-coloração com Hematoxilina de Harris (Merck, Darmstadt, Alemanha) para

todos os casos.

4.5 Análise Morfométrica – Imunohistoquímica para Interleucina 6

O efeito dos tratamentos, sobre a expressão da interleucina 6 (IL-6),

observado na reação de imunohistoquímica foi analisado pela quantificação da área

marcada positivamente para esta proteína. Toda a região correspondente ao

ligamento periodontal foi fotografada em aumento de 200x (objetiva de 20x), pela

câmera CoolSNAP-Procf (Media Cybernetics Inc) acoplada a microscópio Nikon

Eclipse-E800. Após a obtenção das imagens, a área marcada foi identificada por

ferramenta de reconhecimento colorimétrico, com auxílio do sistema

computadorizado de imagens Image-ProPlus, versão 4.5 (Media Cybernetics Inc).

Esta ferramenta possibilita que o usuário forneça para o sistema a cor

correspondente à marcação positiva para o colágeno de interesse, e a partir desta

padronização, o sistema reconhece e quantifica a área. Em seguida, as áreas

marcadas foram somadas individualmente por lâmina; e calculada a porcentagem

de IL-6 em relação à área total analisada. Os resultados foram expressos em

porcentagem média e desvio padrão.

4.6 Análise Estatística

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As áreas percentuais obtidas com a análise da marcação da interleucina 6

(IL-6) foram submetidas ao teste estatístico não paramétrico de Mann Whitney, com

auxílio do programa GraphPad Prism, versão 3.0. As comparações foram realizadas

entre os pares de grupos, dentro de cada período experimental. Foram

consideradas estatisticamente significativas as diferenças onde p<0,05.

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5 RESULTADOS

Foram avaliados os níveis de IL-6 no início do estudo, após 3 dias, 5 dias, e

7 dias de experimentação para os grupos controle, sem a terapia LBI, e para o

grupo teste o qual foi submetido a terapia com laser de baixa intensidade.

Após 3 dias de estudo, foram encontrados valores médios de 7,27% com

desvio padrão de 2,96% e 6,68% com desvio padrão 1,52% de área relativa

referente a IL-6 para o grupos controle e irradiados respectivamente. No grupo

submetido a 5 dias de experimentação, a expressão de IL-6 no grupo controle foi

aproximadamente três vezes maior do que a expressão de IL-6 no grupo submetido

a terapia com laser de baixa intensidade (média de 19,59% no grupo controle com

desvio de 2,11 e média de 7,02 no grupo irradiado com desvio padrão de 0,63,

respectivamente). Não obstante, após 7 dias de experimentação os resultados

demonstram que a expressão de IL-6 referente ao grupo controle foi

aproximadamente duas vezes maior quando comparada ao grupo irradiado (média

de 16,23% com desvio padrão de 2,08´para o grupo controle e média de 7,86% e

desvio padrão de 1,08 para grupo irradiado respectivamente).

Ainda, a análise estatística revela diferenças significativas entre os dois

grupos. Primeiro, após 5 dias a diferença numérica encontrada entre o grupo

controle e o grupo teste foi confirmada estatisticamente (p< 0,01). Similarmente, o

grupo com 7 dias de experimentação apresentou diferença significante entre o

grupo controle e teste (p< 0,01) (Tabela 4).

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Figura 14 - Níveis de IL-6 observados no grupo controle e nos tempos 3, 5 e 7 dias após tratamento ortodôntico sem laserterapia de baixa intensidade (72h- TO/ SL, 120h- TO/ SL e 168h- TO/ SL) e com a laserterapia de baixa intensidade (72h- TO/ L, 120h- TO/ L e 168h- TO/ L).

Abaixo seguem fotomicrografias dos cortes histológicos preparados por

método imunohistoquímico, nos diferentes momentos do experimento. A primeira

imagem (Figura 14) é a fotomicrografia de lâmina do grupo controle, em aumento de

200 vezes, no momento zero do experimento.

A figura 15 ilustra os padrões histológicos encontrados após tratamento

ortodôntico nos tempos 3, 5 e 7 dias com seus respectivos controles.

1.01

7.27

6.68

19.59

7.02

16.23

7.86

0

5

10

15

20

25

STO/ SL 72hs-TO/SL 72hs-TO/L 120h-TO/SL 120h-TO/L 168h-TO/SL 168h-TO/L

Áre

a IL

-6 P

osi

tiva

(%

)

Grupos

**

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6 DISCUSSÃO

A relação dos processos inflamatórios com movimentação ortodôntica vem

ganhando a atenção dos cientistas após importantes resultados obtidos por

Sandstedt et al. (1904, 1905) há mais de um século atrás. Embora tenham ocorrido

avanços importantes na elucidação dos mecanismos moleculares envolvendo

inflamação e movimentação ortodôntica, ainda se trata de um assunto não

totalmente entendido.

A laserterapia de baixa intensidade foi vastamente explorada e hoje é

consenso entre os pesquisadores seu papel na otimização da microcirculação,

síntese de ATP e aceleração dos processos biológicos irradiados com laser. Juntos,

propiciam o ganho de qualidade na resposta tissular a inflamação, resultando em

aceleração da fase reparativa (KARU, 1989; GENOVESE, 2000; BRUGNERA

JÚNIOR, 2004; STEIN et al., 2005)

Da mesma forma, a terapia com laser de baixa intensidade é uma área

promissora que tem sido foco de estudos devido ao seu alto potencial terapêutico.

Diversos grupos tem obtidos melhora significativa na qualidade dos tratamentos

ortodônticos. Contudo, mais estudos ainda são necessários para o

estabelecimentos de técnicas padronizadas e protocolos terapêuticos (PEREIRA et

al., 2002)

Neste contexto, esse trabalho inseriu-se na perspectiva de contribuir para os

avanços no conhecimento relacionando inflamação e terapia com LBI. Assim, o

presente trabalho se propôs a investigar a interferência da terapia com laser de

baixa intensidade na movimentação ortodontia em relação aos parâmetros

inflamatórios. Para isso, foi definido como parâmetro de inflamação a interleucina- 6.

Nossos dados apontam um aumento significativo de IL-6 quando

comparado com o controle no tempo zero indicando um aumento do estado

inflamatório. Esses dados são consistentes como os obtidos por outros estudos

quando estudaram marcadores inflamatórios na movimentação ortodôntica.

(MIHARA et al., 2012; KUNII et al., 2013; LIHN et al., 2003)

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Quando os níveis de IL-6 foram mensurados frente com o LTBI observou-se

diminuição desta interleucina em relação ao mesmo grupo tratado sem laser nos

tempos 5 dias e 7 dias. Destes dados, podemos extrair duas observações

importantes. Primeiramente a laserterapia pode ter contribuído para um efeito

antinflamatório visto que a IL-6, no balanço de suas funções, diminui o processo

inflamatório via efeito inibitório indireto sobre TNF-e IL-10 e IL-1 (BAKKER, 2014).

Como isso, podemos assumir que processos mediados por essas citocinas estariam

suprimidos, resultando em benefícios para o paciente como a diminuição da

sensação de dor.

Além disso, a IL-6 tem papel fundamental na reabsorção óssea através da

ativação de osteoblastos adjacentes ao tecido dentário. De fato, estudo em animais

para IL-6 demonstraram baixa massa óssea, reduzido número de osteoblastos e

retardo na cicatrização de fraturas (BAKKER, 2014). Desta forma, os níveis

menores de IL-6 podem se refletir em aceleração da movimentação ortodôntica e

ela age numa fase adaptativa da remodelação e no aumento de osteoclastos na

área de pressão e tração.

Não obstante, nossos dados sugerem que a TLBI deve ser realizadas em

múltiplas seções visto que só foram constadas diferenças significativas após 5 dias

de tratamento.

Este estudo apontou a importância do protocolo de aplicação e destaca-se

pois a laserterapia é no local da movimentação (Tecido ósseo e LPD) levando

grande vantagem quando comparada a administração drogas sistêmicas que fazem

sua metabolização em diferentes locais para depois chegarem a área de atuação.

Entretanto, trata-se de um estudo pioneiro na investigação entre a

inflamação, movimentação ortodôntica e laserterapia de baixa intensidade e IL-6.

Considerando a complexidade e a sinergia dos processos biológicos cabe ressaltar

a necessidade de estudos mais profundos para se confirmar os resultados. Assim,

espera-se que este trabalho preliminar inspire outros pesquisadores a fazer estudos

semelhantes avaliando outros marcadores inflamatórios como IL-1 e TNF-maior

tempo de analise para se avaliar o tempo ótimo de TLBI e, quando mais

estabelecido as condições em modelos animais, evoluir para testes em humanos.

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6.1 Limitações do Estudo

Imuno-histoquimica (IHQ) é definida como um conjunto de técnicas as quais

permitem a identificação de constituintes celulares no próprio corte histológico. Essa

técnica analítica está cada vez mais se difundindo como ferramenta diagnostica. No

entanto, cabe ressaltar algumas limitações intrínsecas ao método.

A sensibilidade do método pode ser afetada pelo método de fixação,

processamento do tecido e metodologia utilizada (clone de anticorpos e sistema de

detecção). Como exemplo, se a fixação não for padronizada ao longo do tecido,

pode resultar em autólise tecidual, com perda de antigenicidade (falso negativo), no

caso de fixação reduzida. No especifico estudo, nossos resultados dos níveis de IL-

6 poderiam ter sido subestimados.

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7 CONCLUSÃO

A mensuração dos níveis de IL-6 em periodonto de ratos durante o

movimento ortodôntico, com e sem a terapia com laser de baixa intensidade,

confirmam o papel desta interleucina na reabsorção óssea bem como seus

possíveis efeitos na cascata da reação inflamatória. Contudo, mais estudos, com

técnicas mais precisas e avaliando outros parâmetros, são necessários para se

reafirmar os resultados.

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REFERÊNCIAS

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ANEXO A – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa

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ANEXO B – Resultados da análise imuno-histoquímica

Análise imuno-histoquímica para Interleucina (IL-6) - Grupo 3d-MDL

(3 dias)

Amostras Lâmina % área

marcada % área média

marcada

R1 L1 11.07 8.93

L2 6.80

R2 L1 3.05 3.74

L2 4.42

R3 L1 6.14 6.14

L2 6.15

R4 L1 10.72 9.55

L2 8.39

R5 L1 5.42 6.53

L2 7.65

Média 6.98 6.98

Desvio 2.56 2.34

1. Análise imuno-histoquímica para Interleucina 6 (IL-6) - Grupo Controle 3d-

MDC (3 dias).

Amostras Lâmina % área

marcada % área média

marcada

R1 L1 14.48 13.31

L2 12.13

R2 L1 7.00 5.24

L2 3.48

R3 L1 6.63 6.60

L2 6.57

R4 L1 4.03 3.59

L2 3.14

Média 7.18 7.18

Desvio 4.11 4.26

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2. Análise imuno-histoquímica para Interleucina (IL-6) - Grupo 5d-MDL (5

dias)

Amostras Lâmina % área

marcada % área média

marcada

R1 L1 6.36 8.20

L2 10.04

R2 L1 11.00 9.37

L2 7.74

R3 L1 7.53 7.84

L2 8.15

R4 L1 7.07 6.74

L2 6.41

R5 L1 7.04 8.21

L2 9.38

Média 8.07 8.07

Desvio 1.57 0.94

3. Análise imuno-histoquímica para Interleucina 6 (IL-6) - Grupo Controle 5d-

MDC (5 dias).

Amostras Lâmina % área

marcada % área média

marcada

R6 L1 11.06 8.06

L2 5.07

R7 L1 21.52 22.98

L2 24.43

R8 L1 16.53 18.31

L2 20.09

R9 L1 42.90 29.47

L2 16.04

R10 L1 20.72 21.18

L2 21.64

Média 20.00 20.00

Desvio 9.89 7.83

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4. Análise imuno-histoquímica para Interleucina (IL-6) - Grupo 7d-MDL (7

dias)

Amostras Lâmina % área

marcada % área média

marcada

R1 L1 8.96 9.72

L2 10.49

R2 L1 7.41 7.20

L2 6.99

R3 L1 6.20 5.89

L2 5.59

R4 L1 8.47 7.45

L2 6.42

R5 L1 8.26 6.99

L2 5.72

Média 7.45 7.45

Desvio 1.58 1.40

5. Análise imuno-histoquímica para Interleucina 6 (IL-6) - Grupo Controle 7d-

MDC (7 dias).

Amostras Lâmina % área

marcada % área média

marcada

R1 L1 20.50 20.11

L2 19.71

R2 L1 26.60 23.98

L2 21.36

R3 L1 15.98 15.48

L2 14.98

R4 L1 13.41 14.09

L2 14.77

R5 L1 14.47 21.30

L2 28.13

Média 18.99 18.99

Desvio 5.21 4.12