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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E BIOLÓGICAS CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS SENSORIAMENTO REMOTO NA ANÁLISE DOS CAMPOS DE CRIÚVA CAXIAS DO SUL RS CASSIANO ALVES MARCHETT Caxias do Sul 2010

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E BIOLÓGICAS

CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

SENSORIAMENTO REMOTO NA ANÁLISE DOS

CAMPOS DE CRIÚVA – CAXIAS DO SUL – RS

CASSIANO ALVES MARCHETT

Caxias do Sul

2010

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CASSIANO ALVES MARCHETT

SENSORIAMENTO REMOTO NA ANÁLISE DOS

CAMPOS DE CRIÚVA – CAXIAS DO SUL – RS

Trabalho apresentado à disciplina de Estágio II

em Biologia, como um dos pré-requisitos para a

obtenção do título de bacharel em Ciências

Biológicas da Universidade de Caxias do Sul.

Orientadora: Prof. Drª. Luciana Scur

Co-orientador: Prof. MSc. Siclério Ahlert

Caxias do Sul

2010

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“Pode-se, muitas vezes, perguntar: se o clima do Rio Grande é favorável à vegetação florestal,

porque cessam as matas bruscamente limitadas, apesar de que

nem o clima nem o solo a impedem?”

Lindman, 1906.

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AGRADECIMENTOS

À minha orientadora, professora Luciana Scur, pelas instigantes conversas sobre Campos de

Cima da Serra, pelos encontros e desencontros na UCS para orientar meu trabalho, pela

paciência, por junto se aventurar pelos „„Campos de Criúva‟‟ interpretando as imagens de satélite

e pelos intensos esforços para concluir o trabalho, sem esquecer-se das boas risadas.

Ao meu co-orientador, professor Siclério Ahlert, que mesmo com pouco tempo disponível, foi

sempre muito prestativo e alegre em auxiliar e esclarecer dúvidas quanto ao geoprocessamento e

sensoriamento remoto, neste estudo e em tantos outros trabalhos.

Aos professores Alois Schäfer e Rosane Lanzer, pelo apoio para a realização do trabalho e pelos

conhecimentos compartilhados.

Aos colegas do SIGRA, biólogos Andrigo Ulian e Renata Pereira, que foram muito importantes

em muitos trabalhos que contribuíram para a realização deste.

À minha colega do SIGRA, bióloga Francieli Sbersi, pelo companheirismo desde o projeto

Lagoas Costeiras, e troca de opiniões neste e em tantos outros trabalhos.

Aos colegas dos laboratórios de limnologia e toxicologia, pelas animadas conversas e amizade.

À colega Aline Correa Mazzoni, pela pessoa maravilhosa e pelo apoio e exemplo de altruísmo.

Aos colegas de curso Maurício Bettio e Letícia Osório da Rosa pela valiosa amizade e pelos

bons momentos nas saídas a campo e aos amigos que estiveram torcendo pelo sucesso do meu

trabalho: Flaviane Magrini, Márcia Toigo, Marina Bueno, Wagner, César Schenkel, Luciana

Brancher Juliana Martins, Andressa Fetter e Viviane Marin, Lissandra Pasquali, Valdirene

Camatti Sartori, Jéferson Reche e Saionara Rambor.

À bióloga Liziane Bertotti Crippa, pela grande amizade e exemplo de perseverança.

À bióloga Juliana Martins, pelo companheirismo e troca de conhecimentos.

Aos meus colegas e chefes do Movimento Escoteiro, com os quais pude passar muitos momentos

junto à natureza.

À minha família, pelo apoio e compreensão, e em especial aos meus pais, que incentivaram e

sempre deram apoio incondicional à minha formação.

E a todos, que de alguma maneira, me ajudaram no decorrer deste trabalho.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 12

2. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................................. 14

2.1 As formações campestres no Rio Grande do Sul ................................................................... 14

2.2 Gênese dos campos .................................................................................................................. 16

2.3 Os Campos de Cima da Serra .................................................................................................. 20

2.4 Conservação dos campos ......................................................................................................... 21

2.5 Geoprocessamento e sensoriamento remoto .......................................................................... 23

2.6 Análise multitemporal da vegetação ....................................................................................... 26

2.7 Comportamento Espectral das Imagens de Satélite ............................................................... 26

2.8 O programa Landsat................................................................................................................. 28

2.9 Processamento dos Dados Orbitais ......................................................................................... 29

3. MATERIAIS E MÉTODOS....................................................................................................... 32

3.1 Área de estudo .......................................................................................................................... 32

3.1.1 Clima .................................................................................................................................. 34

3.1.2 Geologia, geomorfologia e pedologia .............................................................................. 34

3.2 Materiais ................................................................................................................................... 36

3.2.1 Dados orbitais .................................................................................................................... 36

3.2.2 Dados cartográficos........................................................................................................... 36

3.3 Metodologia.............................................................................................................................. 37

3.3.1 Processamento digital inicial ............................................................................................ 37

3.4.2 Etapas realizadas a campo ................................................................................................ 39

3.4.3 Classificação digital .......................................................................................................... 40

3.4.4 Mapas temáticos ................................................................................................................ 40

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................................. 41

4.1 Classes de Uso e Cobertura da Terra ...................................................................................... 41

4.1.1 Campo nativo .................................................................................................................... 41

4.1.2 Capoeira ............................................................................................................................. 42

4.1.3 Mata ................................................................................................................................... 43

4.1.4 Campo antrópico ............................................................................................................... 44

4.1.5 Cultivos Agrícolas............................................................................................................. 44

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4.1.6 Silvicultura......................................................................................................................... 45

4.1.7 Classe Água ....................................................................................................................... 46

4.2 Uso e cobertura da terra no ano de 1986 ................................................................................ 47

4.3 Uso e cobertura da terra no ano de 2009 ................................................................................ 50

4.4 Análise das Mudanças ............................................................................................................. 53

4.5 Extensão dos tipos de solos no distrito de Criúva.................................................................. 58

4.6 Extensão das classes de uso e cobertura da terra por tipo de solo ........................................ 60

5. CONCLUSÕES ............................................................................................................................ 63

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 64

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Síntese do clima e vegetação para as áreas de campo do sul do Brasil desde o Último

Máximo Glacial. ......................................................................................................................... 17

Tabela 2: principais aplicações das bandas espectrais do sensor TM Landsat 5. .......................... 29

Tabela 3: Órbita-ponto e data das imagens Lansat 5 TM utilizadas no trabalho. .......................... 36

Tabela 4: Dados cartográficos utilizados no trabalho. ..................................................................... 37

Tabela 5: Extensão das classes de uso e cobertura da terra no ano de 1986. ................................. 49

Tabela 6: Extensão das classes de uso e cobertura da terra no ano de 2009. ................................. 52

Tabela 7: Tabela de comparação espacial entre os valores de todas as classes nos anos de 1986 e

2009. ............................................................................................................................................ 56

Tabela 8: Origem das classes de cobertura em 2009 em relação a 1986........................................ 57

Tabela 9: Extensão dos tipos de solo de primeira ordem categórica no distrito de Criúva ........... 60

Tabela 10: Extensão das classes de uso e cobertura da terra por tipo de solo no ano de 2009. .... 61

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Distribuição das formações campestres no sul do Brasil. ............................................... 14

Figura 2: Diagrama de porcentagem de pólen para uma turfeira em Cambará do Sul. ................. 17

Figura 3: Mapa de distribuição da vegetação natural potencial da América do Sul e previsões de

diferentes cenários para os próximos anos................................................................................ 18

Figura 4: Mapa de vegetação de 1974 e 1999 entre CPCN Pró-Mata e uma fazenda localizada no

setor noroeste. ............................................................................................................................. 19

Figura 5: Mapa das unidades de vegetação no nordeste do Rio Grande do Sul. ........................... 20

Figura 6: A: campo pastejado. B: campo não pastejado.................................................................. 20

Figura 7: Distribuição das famílias mais representativas da composição florística dos Campos de

Cima da Serra. ............................................................................................................................ 21

Figura 8: Áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade da Mata Atlântica e Campos no

sul do Brasil. ............................................................................................................................... 22

Figura 9: Espectro eletromagnético. ................................................................................................. 24

Figura 10: Curva média típica do comportamento espectral de uma folha verde sadia. ............... 27

Figura 11: Base fisiológica para o desenvolvimento de Índices de Vegetação. ............................ 27

Figura 12: Modo como os dados medidos remotamente podem ser transformados em informação

útil. ............................................................................................................................................... 29

Figura 13: Localização do município de Caxias do Sul com o distrito de Criúva em destaque. .. 32

Figura 14: Imagem de Satélite do distrito de Criúva. ...................................................................... 33

Figura 15: Diagrama climático para a estação climática de Caxias do Sul. ................................... 34

Figura 16: Mapa de elevação do distrito de Criúva. ........................................................................ 35

Figura 17: Ampliação de um trecho do distrito de Criúva – Caxias do Sul – RS com as principais

composições utilizadas em imagens Landsat TM. ................................................................... 38

Figura 18: Janelas de visualização do programa ENVI mostrando a mesma área. A: banda 5 -

áreas sombreadas. B: o NDVI - minimização do sombreamento. ........................................... 39

Figura 19: A: campo com predominância de capim-caninha (verão). B: campo com aspecto

paleáceo (outono). ...................................................................................................................... 42

Figura 20: A: capoeira sucedendo o Campo Nativo. B: regeneração por capoeira de área onde foi

suprimida Floresta Ombrófila Mista. ........................................................................................ 43

Figura 21: Floresta Ombrófila Mista (mata de araucária) entremeando os campos nativos. ........ 43

Figura 22: Pastagem característica onde antes havia Floresta Ombrófila Mista. .......................... 44

Figura 23: Diferentes fisionomias da classe “Cultivos Agrícolas”. A e B: culturas perenes. C e

D: culturas temporárias. ............................................................................................................. 45

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Figura 24: Plantio de Pinus sp. entre fragmentos de mata nativa. .................................................. 46

Figura 25: Classe água, representada nas fotos pelo Arroio da Mulada. ........................................ 46

Figura 26: Mapa do uso e cobertura da terra em 1986 do distrito de Criúva, Caxias do Sul, RS. 48

Figura 27: Representatividade das classes de uso e cobertura da terra no ano de 1986. ............... 49

Figura 28: Mapa do uso e cobertura da terra no ano de 2009 do distrito de Criúva, Caxias do Sul,

RS. ............................................................................................................................................... 51

Figura 29: Representatividade das classes de uso e cobertura da terra no ano de 2009. ............... 52

Figura 30: Comparação da extensão das classes de uso e cobertura da terra entre os anos de 1986

e 2009. ......................................................................................................................................... 53

Figura 31: Variação das classes de uso o cobertura da terra relativa à área total entre os de 1986 e

2009. ............................................................................................................................................ 54

Figura 32: Incremento e redução da extensão das classes de uso e cobertura da terra em 2009 em

relação à mesma classe em 1986. .............................................................................................. 54

Figura 33: Comparação da área com cobertura natural, antrópica e água entre os anos de 1986 e

2009. ............................................................................................................................................ 55

Figura 34: Mapa de solos do Criúva – Caxias do Sul – RS. ........................................................... 59

Figura 35: Extensão dos tipos de solo de primeiro nível categórico no distrito de Criúva. .......... 60

Figura 36: Extensão das classes do uso e cobertura da terra nos quatro tipos de solos de Criúva

no ano de 2009. ........................................................................................................................... 61

Figura 37: Classes do uso e cobertura da terra nos quatro tipos de solos de Criúva. .................... 62

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LISTA DE ABREVIATURAS

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

CONSEMA – Conselho Estadual do Meio Ambiente

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

ENVI® – Environment for Visualizing Imagens

GPS – Global Positioning System (Sistema de Posicionamento Global)

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Brasil)

LASER – Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation (Amplificação da Luz por Emissão Estimulada de Radiação)

Landsat – Land Remote Sensing Satellite

MMA – Ministério do Meio Ambiente

MSS – Multiespectral Scanner Subsystem

NASA – National Aeronautics and Space Administration (EUA)

ND – Número Digital

NDVI – Normalized Difference Vegetation Index (Índice de Vegetação da Diferença

Normalizada)

Pixel – picture element

PROBIO – Programa de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira

RadamBrasil – Projeto RadamBrasil

Radar – Radio Detection And Ranging (Detecção e Telemetria pelo Rádio)

RS – Rio Grande do Sul

SIG – Sistema de Informações Geográficas

SPOT – Satellite Pour l'Observation de la Terre (Satélite Para a Observação da Terra)

TM – Thematic Mapper

UTM – Universal Transversa de Mercator

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RESUMO

Sensoriamento remoto na análise dos Campos de Criúva – Caxias do Sul – RS

Os Campos de Cima da Serra apresentam uma situação rara no mundo em termos de associação

de floresta de araucária e campos naturais. Variações espaciais e temporais da distribuição

campestre são fatores importantes que contribuem para o entendimento da existência dos atuais

campos do sul do Brasil. A utilização de sensoriamento remoto pode auxiliar na obtenção de

informações de forma mais rápida, precisa e de menor custo, quando comparadas às técnicas

tradicionalmente utilizadas. O motivo deste estudo foram as ameaças sofridas pelos campos

nativos. Apesar da enorme biodiversidade associada, a proteção dos campos tem sido

negligenciada, como se estes tivessem menor valor para conservação se comparados às florestas

nativas. O objetivo do presente trabalho foi analisar o uso e cobertura da terra e as mudanças

ocorridas entre os anos de 1986 e 2009, com ênfase na distribuição das formações campestres e

sua dinâmica espacial no distrito de Criúva, Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, através de

técnicas de sensoriamento remoto, e verificar, também, a distribuição e extensão do uso e

cobertura da terra para os tipos de solos da área estudada. Foram utilizadas imagens Landsat TM

5, órbita-ponto 221/80 dos anos de 1986 e 2009, processadas no software ENVI® 4.6.1. Para o

georreferenciamento foi utilizada a base cartográfica digital da Serra Gaúcha. Através da

classificação não supervisionada Isodata, definiram-se as regiões a serem verificadas a campo.

Foram realizadas visitas à área de estudo e a fotodocumentação dos tipos de uso e cobertura da

terra. As verdades de campo, as composições de bandas e o NDVI foram utilizados para a

seleção das amostras da classificação supervisionada do algoritmo Máxima Verossimilhança.

Através da metodologia utilizada no trabalho foi possível separar as duas formações campestres

da área estudada, bem como matas, capoeiras e outros usos. Foram gerados mapas temáticos e as

classes identificadas apresentaram, nas datas de 1986 e 2009, respectivamente: campo nativo

(29-27%), capoeira (34-30%), mata (28-30%), campo antrópico (3-5%), cultivos agrícolas (2-

3%), silvicultura (0,2-2%) e água (0,7-1%). Constatou-se a redução das classes campo nativo e

capoeira, evidenciando a ameaça que estes ecossistemas sofrem. Na análise da distribuição

espacial das classes, não observou-se mudança considerável entre as duas datas. O estudo

mostrou que no ano de 2009 as matas encontravam-se majoritariamente sobre neossolos

enquanto campo nativo e capoeira apresentavam predominância, com valores similares, nos

solos cambissolos, nitossolos e gleissolos.

Palavras-chave: campos nativos, sensoriamento remoto, distrito de Criúva.

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ABSTRACT

Analysis of Natural Grasslands in the district of Criúva, Caxias do Sul, Rio Grande do Sul,

Brazil, using remote sensing techniques.

The „„Campos de Cima da Serra‟‟ grasslands present a rare situation, in the world, in terms of

association of Araucaria forest and natural grasslands. Spatial and temporal distribution of the

lands are important factors that contribute to understanding the existence of current grasslands in

southern Brazil. The use of remote sensing can assist in obtaining information quickly, precise

and with less cost when compared to the traditionally used techniques. The reason of this study

were the threats faced by native grasslands. In spite the enormous associated biodiversity, the

protection of the grasslands has been neglected, as if they had a smaller value for conservation if

compared to the native forests. This study has the aim to examine the land use, and the changes

between the years 1986 and 2009, with emphasis on the distribution of grassland and their spatial

dynamics in the district of Criúva, Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Brazil, using remote

sensing techniques. Was also evaluated, the distribution and extent of landuse for the soil types

in the study area. Were used Landsat TM 5 images, orbit-point 221/80 from the years 1986 and

2009, processed using ENVI ® 4.6.1. For the georeferencing was used the digital cartographic

base of the region. By Isodata unsupervised classification, were defined the regions to be

checked in the field work. Were done visits to the study area and the photo documentation of the

types of land use. The knowledge of the area, the satellite images and the NDVI were used for

the samples selection for the supervised classification with Maximum Likelihood algorithim.

Through the methodology of the study was possible to separate two grassland types, forests,

shrubs and other uses. Thematic maps were done and the land use classes were identified by the

dates 1986 and 2009, respectively: native grassland (29-27%), shrubs (34-30%), forest (28-30%),

grazing (3-5%), crops (2-3%), wood forests (0.2 to 2%) and water (0.7 to 1%). It found a

reduction in natural grasslands and shrubs classes, highlighting the threat to these ecosystems. In

the analysis of the spatial distribution, no substantial change was observed between the two

dates. The study showed that in 2009 the forests were mostly on “neossolo” while grassland and

shrubs were mainly, with similar values, on “cambissolo”, “nitossolo” and “gleissolo”.

Keywords: natural grassland, remote sensing, southern Brazil.

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1. INTRODUÇÃO

Os Campos de Cima da Serra, localizados no nordeste do Estado do Rio Grande do Sul,

apresentam uma situação rara no mundo em termos de associação de mata de araucária e campo

natural. Os campos apresentam alta diversidade de espécies vegetais e constituem as bases da

pecuária praticada em pequenas e médias propriedades.

A história dos campos no sul do Brasil, incluindo sua origem, desenvolvimento,

distribuição, composição e biodiversidade, assim como o papel do fogo e do impacto humano,

tem sido estudada apenas recentemente. Variações espaciais e temporais da distribuição

campestre são fatores importantes que contribuem para o entendimento da existência dos atuais

campos do sul do Brasil.

A geração de informações a respeito do meio físico da região é fundamental não apenas

para o conhecimento da região, mas também para adoção de tecnologias sustentáveis, que

promovam uma melhoria das condições de vida dos produtores rurais, e para conservação destes

ecossistemas.

A busca por novas metodologias de obtenção de informações sobre uma região, de forma

rápida e, sobretudo, confiável, visa agilizar os processos de tomada de decisão. Neste contexto, a

utilização de imagens de sensoriamento remoto em conjunto com os Sistemas de Informação

Geográfica (SIG) e sistemas de posicionamento global, tais como o GPS, podem auxiliar na

obtenção de informações regionais de forma mais rápida, precisa e, quando houver escala

suficiente, com menor custo, quando comparadas às geradas pelas técnicas tradicionalmente

utilizadas.

A utilização de sensoriamento remoto no estudo das transformações do uso da terra é

muito apropriada, principalmente na elaboração de uma base georreferenciada que promove a

representação e a análise do espaço geográfico de forma dinâmica, além da possibilidade de

análises multitemporais de uma mesma área.

O sensoriamento remoto permite a obtenção de informações sobre determinado alvo sem

que haja contato físico com o mesmo. Sensores a bordo de satélites são sensibilizados pela

resposta dos alvos à incidência de ondas eletromagnéticas que geram imagens em determinados

intervalos do espectro eletromagnético, de acordo com o sensor utilizado. A análise por

programas de computador pode extrair informações e gerar, entre outras possibilidades,

classificações quanto ao uso da terra e possibilitando o monitoramento multitemporal.

Através da interpretação e classificação de imagens de satélite obtém-se, de forma rápida e

a baixo custo, um mapa temático atualizado do uso e cobertura da terra. A análise de imagens de

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datas distintas para a mesma área permite a detecção espacial de mudanças na cobertura da terra,

auxiliando no entendimento da dinâmica da vegetação e na tomada de decisões das atividades

humanas.

O que motivou este estudo foi o ritmo acelerado com que os campos estão sendo

convertidos em lavouras ou silvicultura, ou, pelo abandono da atividade pastoril, sendo

transformados em campos arbustivos e capoeiras pela ação da sucessão natural. Apesar da

enorme biodiversidade associada aos campos e serem uma formação vegetal importante tanto do

ponto de vista biológico quanto cultural e econômico, sua proteção tem sido negligenciada, como

se estes tivessem menor valor para conservação se comparados às florestas nativas.

O objetivo do presente trabalho foi analisar o uso e cobertura da terra e as mudanças

ocorridas entre os anos de 1986 e 2009, com ênfase na distribuição das formações campestres e

sua dinâmica espacial no distrito de Criúva – Caxias do Sul – Rio Grande do Sul, através de

técnicas de sensoriamento remoto. Foi analisada, também, a distribuição e extensão do uso e

cobertura da área de estudo com os tipos de solos.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 As formações campestres no Rio Grande do Sul

As formações campestres no Brasil encontram-se melhor representadas nos estados da

Região Sul (Figura 1). O Rio Grande do Sul concentra aproximadamente 75% desta vegetação

(Overbeck et al., 2007), encontrando-se no Estado em dois diferentes biomas: Mata Atlântica e

Pampa.

Os campos do bioma Pampa dominam a região sul e oeste do Rio Grande do Sul e são

também chamados de campos da Campanha, da região da Serra do Sudeste, da Depressão

Central ou simplesmente Pampa (Porto, 2002). Os campos do bioma Mata Atlântica, encontrados

nos estados do Paraná, Santa Catarina e porção nordeste do Rio Grande do Sul, são também

chamados de campos de altitude, formando mosaicos de vegetação como a Floresta Ombrófila

Mista (mata de araucária).

Figura 1: Distribuição das formações campestres no sul do Brasil.

Fonte: Adaptado de Pillar et al. (2006, p.2).

Os limites geográficos dos campos, bem como a nomenclatura adotada, têm tido uma

interpretação variada por diversos autores, gerando uma certa confusão.

Lindman (1906), que esteve no RS entre 1892 e 1893, foi um dos primeiros autores a

sugerir uma classificação sistemática para os campos. O botânico sueco sugeriu a utilização da

palavra “campos” na geografia botânica do Estado, para designar áreas desprovidas de mata.

Este naturalista salientou a diversidade destas formações e sugeriu uma caracterização dos

RS

SC

PR

Formações campestres

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campos através de uma análise fisionômica, separando-os em campos subarbustivos ou sujos,

campos paleáceos e gramados ou potreiros.

Rambo (1956) na sua obra “A fisionomia do Rio Grande do Sul” sugeriu a classificação da

vegetação do Rio Grande do Sul em cinco regiões fisionômicas: Litoral, Serra do Sudeste,

Campanha do Sudoeste, Depressão Central e Planalto. Os campos de altitude foram situados na

região do planalto, enquanto as formações do atual bioma pampa distribuem-se nas demais

regiões fisionômicas.

Cabrera & Willink (1980) incluíram na Província1 Pampeana os campos meridionais que

abrangem o Uruguai e a metade sul do Rio Grande do Sul. Por sua vez, os campos de altitude

foram relacionados à Província Paranaense.

Teixeira et al. (1986) buscaram uma classificação baseada na nomenclatura fitogeográfica

internacional, através dos trabalhos do projeto RadamBrasil2. As formações campestres do

estado foram classificadas em Savanas, Estepes e Savanas-estépicas. As formações campestres

foram ainda incluídas nas Áreas de Tensão Ecológica e Áreas Pioneiras.

Boldrini (1997) analisou aspectos florísticos e fisionômicos para caracterizar os campos do

Rio Grande do Sul por regiões fisiográficas. Este trabalho trouxe uma lista das principais

espécies e considerações sobre os meios físico, biológico e sócio-econômico de cada região. A

autora separou os campos sulinos em Campos do bioma Mata Atlântica, onde se incluem os

campos de altitude, e Campos do bioma Pampa, este com diversas subdivisões.

Segundo Waechter et al. (2002), nos sistemas de classificação vegetacional publicados por

pesquisadores do projeto RadamBrasil e vinculados ao Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), os campos sulinos foram denominados de savanas e estepes, visando uma

concordância com terminologias internacionais. Interessantes discussões sobre essas

terminologias foram publicadas por Marchiori (2002, 2004).

Na última edição dos mapas oficiais de vegetação e biomas do Brasil (IBGE, 2004),

desenvolvida a partir do trabalho de Leite (1990), grande parte da savana passou a ser

denominada estepe. O termo savana, que era anteriormente utilizado pelo projeto RadamBrasil

1 Os autores Cabrera e Willink, neste caso, consideram para o termo Província uma região fisionômica, e não o uso

tradicional do termo província como divisão política.

2 O Projeto RadamBrasil foi responsável, nos anos 70 e 80, pelo levantamento dos recursos naturais do território

brasileiro. A equipe e todo o acervo técnico encontram-se, atualmente, incorporados ao IBGE. Fonte: Projeto

RadamBrasil, disponível online: <http://www.projeto.radam.nom.br>. Acessado em 25 de junho de 2010.

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para denominar grande parte dos campos do Rio Grande do Sul, passou a ser reservado às

formações abertas do Brasil Central e Amazônia.

Estudos botânicos e fitogeográficos clássicos (Lindman, 1906; Rambo; 1956) e trabalhos

mais recentes sobre vegetação campestre no sul do Brasil (Boldrini, 1997; Behling et al., 2004;

Scur, 2005; Pillar et al., 2009), preferem referir-se a estas formações campestres simplesmente

como “Campos”.

2.2 Gênese dos campos

Os fatores que conduziram à atual fisionomia e diversidade dos campos, bem como à

distribuição espacial das comunidades campestres e florestais, ainda não foram totalmente

elucidados (Overbeck et al., 2007).

“Desde muitos anos os cientistas que se ocupam do estudo da vegetação se surpreendem

pelo fato das formações campestres dominarem uma região da América do Sul sob um clima

aparentemente adequado para comportar florestas.” (Quadros & Pillar, 1990). Segundo o mesmo

autor, a análise do clima atual não pode explicar a ausência de potencial vegetação florestal, mas

permite discorrer sobre evidências de climas pretéritos.

A existência de campos como ecossistemas naturais é anterior à chegada dos primeiros

grupos humanos, há cerca de 12 mil anos, conforme evidências obtidas por Behling et al. (2004,

2005). Na figura 2 é apresentado o diagrama polínico da análise de pólen e partículas de carvão

de turfeira no município de Cambará do Sul, mostrando a soma de percentagem polínica das

formações vegetais e taxa de concentração e acumulação de partículas carbonizadas, incluindo a

escala de tempo e as zonas polínica (Behling et al., 2004).

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Figura 2: Diagrama de porcentagem de pólen para uma turfeira em Cambará do Sul.

Fonte: Adaptado de Behling et al. (2004, p. 283).

Behling et al. (2009) sintetizam as variações climáticas na tabela 1, sendo o clima mais frio

e seco até 10.000 anos atrás, quente e seco até 3.000 anos passados, voltando a tornar-se frio

porém úmido no período até 1.000 anos atrás, para finalmente no último milênio tornar-se quente

e úmido. Em função do clima mais seco e frio, a composição de espécies provavelmente diferia

da atual, mas já constituía essencialmente ambientes com predomínio de gramíneas.

Tabela 1: Síntese do clima e vegetação para as áreas de campo do sul do Brasil desde o Último Máximo Glacial.

Fonte: Behling et al. (2009, p.19).

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De acordo com Pillar (2006), por volta de 4 mil anos antes do presente, teve início a

expansão natural das florestas a partir de refúgios em vales profundos, formando em algumas

regiões maciços florestais e florestas ripárias, indicando mudança para um clima mais úmido,

semelhante ao atual. Entretanto a paisagem do Rio Grande do Sul manteve-se

predominantemente campestre, sendo que os campos não se originaram pelo desmatamento,

como se pode equivocadamente pensar, mas sim por eventos de épocas remotas (Pillar, 2006).

Antes da introdução do gado realizada pelos jesuítas nas Missões do Rio Grande do Sul, os

animais pastadores da fauna nativa nos campos eram de pequeno porte, especialmente veados,

emas, capivaras, antas e pequenos roedores. Essas espécies submetiam a vegetação campestre a

uma pequena pressão de pastejo, provavelmente incapaz de controlar a expansão de vegetação

lenhosa. Existem, entretanto, evidências fósseis de grandes mamíferos pastadores de Equidae,

Camelidae e Cervidae que viveram na região até cerca de 8,5 mil anos (Bombin & Klamt, 1975

apud Quadros & Pillar, 1990).

De acordo com estudos do clima de Salazar et al. (2007) junto ao Instituto Nacional de

Pesquisas Espaciais (INPE), toda a região sul do Brasil seria potencialmente recoberta por

florestas. A distribuição da vegetação potencial tende a se manter e até avançar para o Uruguai,

no presente século (figura 3).

Figura 3: Mapa de distribuição da vegetação natural potencial da América do Sul e previsões

de diferentes cenários para os próximos anos.

Fonte: Salazar et al. (2007).

Segundo estudos conduzidos por Buriol et al. (2007), no Estado do Rio Grande do Sul as

condições climáticas são favoráveis à formação de vegetação natural do tipo floresta. Entretanto,

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aproximadamente metade da área do estado é do tipo campestre. Pelos mesmos autores, o mais

contraditório é que, em uma mesma região, com características climáticas homogêneas, existem

áreas de campos e florestas intercaladas. Indagação para este assunto já havia sido formulada em

1906 por Lindman.

Segundo Rambo (1956), isto ocorre, principalmente, em função de que apesar das

disponibilidades climáticas atuais, as condições de solo impedem a formação de floresta em

grande parte do Estado. Pelos estudos climáticos, ao menos em um futuro remoto, toda a área do

Estado pode vir a ser ocupada por esta formação.

Por sua vez, Oliveira & Pillar (2004) verificaram o avanço de formações arbustivas sobre

campos, em estudo realizado em São Francisco de Paula, sobre fotografias aéreas entre os anos

de 1974 e 1999, através do programa Pró-Mata do CPCN (Centro de Pesquisa e Conservação da

Natureza) (Figura 4).

Figura 4: Mapa de vegetação de 1974 e 1999 entre CPCN Pró-Mata e uma fazenda localizada no setor noroeste.

Legenda: Campo (GRA), Campo com arbustos (GSR), Campo com arbustos altos (GTS), Floresta (FOR),

Vegetação antrópica (ANT).

Fonte: Oliveira & Pillar (2004, p.200).

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2.3 Os Campos de Cima da Serra

Historicamente, os campos distribuídos no Planalto das Araucárias são denominados de

Campos de Cima da Serra. O paralelismo dos Campos de Cima da Serra com o Pampa é

principalmente fisionômico, uma vez que no planalto o regime pluvial é mais intenso e uniforme,

com temperaturas mais baixas e com alta freqüência de geadas (Leite, 1990).

Sua vegetação é representada por grandes extensões de campo, entremeados com matas de

araucária e turfeiras. (Boldrini, 2009). De acordo com o mapa das unidades de vegetação do Rio

Grande do Sul (IBGE, 2004), são reconhecidas duas formações campestres para a região

nordeste do Estado (figura 5).

Figura 5: Mapa das unidades de vegetação no nordeste do Rio Grande do Sul.

Fonte: Adaptado de IBGE (2004).

Outros elementos importantes desta região são os capões e as florestas de galeria,

constituídos por representantes das florestas pluviais (ombrófilas) e estacionais circunvizinhas.

As araucárias (Araucaria angustifolia), associadas a outras espécies como o pinheiro-bravo

(Podocarpus lambertii) e a bracatinga (Mimosa scabrela) cobertas por barba-de-pau (Tillandsia

usneoides), encontram-se junto a coxilhas amareladas pela grande quantidade de capim-caninha

(Andropogon lateralis), espécie dominante e característica da área (Boldrini, 2009).

Bond-Buckup (2008) diferencia os campos desta região em campos limpos ou pastejados

(Figura 6A) e campos sujos ou não pastejados (Figura 6B).

Figura 6: A: campo pastejado. B: campo não pastejado.

Fonte: Bond-Buckup (2008, p. 26).

A B

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Apesar da aparente uniformidade, os campos sulinos possuem grande biodiversidade e

espécies vegetais de alto valor forrageiro (Fonseca et al. 2006). A estimativa do número de

espécies de gramíneas varia de 3000 a 4000 para todo o estado do Rio Grande do Sul, com

diferentes eficiências na produção de biomassa (Quadros & Pillar, 2002; Overbeck et al. 2007).

Os Campos de Cima da Serra constituem-se de uma importante região de campos naturais,

caracterizada, especialmente, por um tapete de hemicriptófitos cespitosos baixos e de geófitos

rizomatosos intercalados de caméfitas (Leite, 1990).

De modo geral, os campos são fisionomicamente caracterizados pelas Poaceae que

constituem o grupo dominante. Nos campos de altitude do Rio Grande do Sul, a família

Asteraceae apresenta o maior número de espécies. Apesar da sua dominância, seus indivíduos

ocorrem isolados em meio às gramíneas. Nos estudos de Boldrini (2009), estas duas famílias

aparecem como as mais representativas nos Campos de Cima da Serra, seguidas das

Leguminosae, Cyperaceae e Apiaceae. (figura 7).

Figura 7: Distribuição das famílias mais representativas da composição florística dos Campos de Cima da Serra.

Fonte: Boldrini (2009, p.71).

2.4 Conservação dos campos

Os campos do Rio Grande do Sul destacam-se quanto ao seu uso econômico. As extensas

pastagens encontradas pelos colonizadores europeus possibilitaram a criação de um grande

número de bovinos, eqüinos e ovinos ao longo dos últimos séculos. Esta atividade caracterizou

um dos principais ciclos econômicos do Estado durante o século XIX, o Ciclo das Charqueadas

(Lindman, 1906).

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A pecuária utilizou por mais de cem anos o manejo por queimadas no final de cada inverno

ou a cada dois anos, com o intuito de propiciar o rebrote da vegetação que será utilizada na

alimentação do rebanho bovino na primavera e verão (Boldrini, 2009). Técnicas de manejo,

como o pastoreio e o fogo, aparecem como essenciais para a manutenção dos campos (Quadros

& Pillar, 2002). Atualmente, a atividade de da pecuária vem sendo substituída pela agricultura e

a silvicultura, porém, permanece como um dos principais elementos da economia do Estado.

Estudos conduzidos pelo Ministério do Meio Ambiente3 (MMA, 2000) revelam um mapa

de áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade da Mata Atlântica e Campos Sulinos

no Brasil. A quase totalidade dos campos de altitude do sul do Brasil é classificada como de alta,

muito alta ou extrema importância biológica (figura 8).

Figura 8: Áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade da Mata Atlântica e Campos no sul do Brasil.

Fonte: Adaptado de MMA (2000).

A resolução CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) nº 10 de 1º de outubro de

1993 define Campo de Altitude no seu Art. 4º, como sendo:

III - Campo de Altitude: Vegetação típica de ambientes montano e alto-montano,

com estrutura arbustiva e/ou herbácea, que ocorre geralmente nos cumes litólicos das

serras com altitudes elevadas, predominando em clima subtropical ou temperado.

Caracteriza-se por uma ruptura na seqüência natural das espécies presentes nas

formações fisionômicas circunvizinhas. As comunidades florísticas próprias dessa

vegetação são caracterizadas por endemismos.

3 Estudos realizados em conjunto das seguintes instituições: Conservation International do Brasil, Fundação S.O.S

Mata Atlântica, Fundação Biodiversitas, Instituto de Pesquisas Ecológicas, Secretaria do Meio Ambiente do Estado

de São Paulo, SEMAD (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável)/Instituto Estadual

de Florestas de Minas Gerais.

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O Código Florestal Federal (1965) prevê proteção de parcelas do solo sob forma de Áreas

de Preservação e Reserva Legal. Medidas de proteção mais restritiva para o bioma Mata

Atlântica são encontradas na Lei da Mata Atlântica (2006).

Não somente as florestas, mas também as demais formações vegetais naturais são

protegidas pelo Código Florestal Estadual (2000), como consta no seu Art. 6º:

Art. 6º - As florestas nativas e demais formas de vegetação natural de seu interior

são consideradas bens de interesse comum, sendo proibido o corte e a destruição parcial

ou total dessas formações sem autorização prévia do órgão florestal competente.

Neste contexto encontram-se os Campos de Cima da Serra. Entretanto não possuem de

mecanismos específicos para autorização de uso, excetuando-se casos como implantação da

silvicultura, atividade que possui legislação específica exclusivamente no estado do Rio Grande

do Sul (CONSEMA, 2009). Tramitam ainda propostas para a criação de mecanismos de proteção

dos Campos de Altitude4. Estas medidas esbarram não somente em discussões acerca da

composição florística e estrutura destes campos, mas principalmente no que se refere à

localização e extensão geográfica dos campos.

Aliado a isto, para a gestão ambiental são necessários, além dos estudos de vegetação,

elementos componentes das paisagens e os usos das terras, para que estes possam orientar

estratégias de planejamento (Oliveira et al., 2007).

2.5 Geoprocessamento e sensoriamento remoto

O geoprocessamento pode ser entendido como a utilização de técnicas matemáticas e

computacionais para tratar dados obtidos de objetos ou fenômenos geograficamente identificados

ou extrair informações desses objetos ou fenômenos quando eles são observados por um sistema

sensor (Moreira, 2005).

Sensoriamento Remoto é segundo Florenzano (2002) a tecnologia que permite obter

imagens e outros tipos de dados da superfície terrestre através da captação e do registro da

energia refletida ou emitida pela superfície. O termo sensoriamento refere-se à obtenção de

dados, e remoto é utilizado porque a obtenção é feita à distância, sem contato físico entre o

sensor e a superfície terrestre.

4 Proposta de Resolução da 54ª Reunião da Câmara Técnica de Assuntos Jurídicos do CONAMA de 4 a 6 de

novembro de 2009.

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Com o surgimento dos primeiros satélites artificiais, a disponibilidade de dados para

sensoriamento remoto orbital têm aumentado em particular para estudos e observações do meio

ambiente, possibilitando o estudo da vegetação, especialmente dados de satélites Landsat (Land

Remote Sensing Satellite) e SPOT (Satellite Pour l'Observation de la Terre) (Yi, 1998). Isto se

deve às resoluções espectrais de seus sensores.

Imagens multi-espectrais da superfície da terra adquiridas por aeronaves ou satélites estão

disponíveis em formato digital. A grande vantagem disto é que estas imagens podem ser

processadas com o uso de computadores para realçar a informação. Tanto os sensores colocados

a bordo de satélites metereológicos quanto de satélites voltados para estudos de recursos naturais

terrestres operam nas mesmas faixas do espectro eletromagnético (Ponzoni & Shimabukuro,

2007).

No sensoriamento remoto, a maioria dos sensores utilizados para quantificar a radiação

eletromagnética (REM), proveniente dos alvos na superfície da Terra, utiliza como fonte de

radiação o sol, exceto os sensores ativos (radares e laser) que possuem suas próprias fontes de

radiação.

As interações entre a radiação eletromagnética e os objetos variam ao longo do espectro

eletromagnético. O olho humano apenas pode perceber a faixa compreendida no espectro visível

(figura 9), entretanto, sensores de sensoriamento remoto podem captar a energia de ondas de

menor ou maior comprimento de onda.

Figura 9: Espectro eletromagnético.

Fonte: Radiação Eletromagnética, disponível online: Wikipédia. Acessado em 30 de maio de 2010.

A REM é uma forma de transmissão da energia que consiste na aceleração de uma carga

elétrica que provoca perturbações no campo elétrico e magnético, se propagando no vácuo

(Novo, 1989). Quando essa radiação interage com a matéria, o resultado desta interação

dependerá das propriedades elétricas e magnéticas do material. Como resultado dessa interação,

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a energia incidente é fracionada em três componentes, ou seja: parte é absorvida, parte é

transmitida e parte é refletida de volta para o espaço.

As imagens geradas por sensores remotos captam de forma seqüencial a radiância média

de uma área do terreno, equivalente ao tamanho do pixel (picture element), que corresponde à

resolução espacial. Estas são constituídas por um conjunto de pixels arranjados de forma

matricial, onde cada um tem uma localização definida em um sistema de coordenadas (linha e

coluna), representados por “x” e “y” (Crósta, 1992).

Cada pixel assume um atributo numérico que representa o nível de cinza, variando de preto

ao branco chamado de ND (número digital). Este ND corresponde à resolução radiométrica e

está relacionado com a média da intensidade da energia eletromagnética, refletida ou emitida

pelos diferentes materiais existentes na superfície da Terra.

Os fatores gerais que contribuem para o êxito da análise de dados de satélite são: época de

obtenção de imagens de satélite, tipo de produto, bandas espectrais, escala das imagens e

experiência do foto intérprete (Moreira, 2005).

Outros fatores que influenciam o mapeamento são o método de classificação, a qualidade

das imagens utilizadas, o tamanho da área de mapeamento (número de imagens necessárias) e o

tipo de amostragem.

Segundo Moreira (2005), a época de obtenção de imagens influencia muito no sucesso em

obter resultados sobre os alvos na superfície terrestre. Um bom exemplo para este fato é mapear

áreas ocupadas por culturas anuais. Sabe-se que após o plantio ocorre a emergência e o

crescimento da planta, até que ela atinja seu completo desenvolvimento vegetativo. Até esta fase,

a resposta espectral da cultura é muito influenciada pela resposta espectral do solo, que será

maior ou menor, dependendo do estádio de desenvolvimento da cultura. O sinal registrado nas

imagens do satélite será uma mistura da resposta espectral da cultura e do solo. Inicialmente, o

„pixel misturado‟ terá maior contribuição da resposta espectral do solo, que diminui à medida

que a cultura o sobrepõe, passando a influenciar mais no comportamento espectral. Por outro

lado, após a fecundação a cultura entra na fase de declínio (senescência), voltando o solo a

exercer influência no comportamento espectral do dossel da cultura.

A escolha das bandas espectrais é outro fator importante para o sucesso de uma

interpretação de imagens, e a seleção das bandas espectrais depende dos objetivos do trabalho.

Os produtos coloridos resultam da combinação de bandas espectrais, sendo cada banda associada

a uma das cores primárias. (Moreira, 2005).

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2.6 Análise multitemporal da vegetação

O sensoriamento remoto, quando aplicado ao estudo do ambiente natural, permite a

comparação de uma mesma área em diferentes momentos, através da análise multitemporal,

analisando a cobertura natural e as atividades humanas (Pereira et al., 2009).

O conhecimento dos componentes do meio físico torna-se necessário para subsidiar

políticas direcionadas para a sua ocupação ordenada. Para isso, tecnologias espaciais que

fornecem dados do terreno de forma sinóptica e repetitiva apresentam-se com um instrumento

básico auxiliando no levantamento dos recursos naturais (Hernandez Filho et al., 1998).

O uso de imagens de sensoriamento remoto na cartografia da vegetação constitui um

grande diferencial em relação aos métodos tradicionais. A grande vantagem é ter um registro

georreferenciado a um momento único no tempo para uma área de grande extensão (Yi, 1998).

A análise de apenas uma data de dados obtidos por sensores remotos, visando extrair

informações importantes de variáveis biofísicas da vegetação, freqüentemente é de grande valor.

Porém, quando se pretende analisar a dinâmica do ecossistema, é necessário monitorar a

vegetação através do tempo e determinar quais sucessões de mudanças estão ocorrendo (Jensen,

2009).

2.7 Comportamento Espectral das Imagens de Satélite

O estudo da vegetação por sensoriamento remoto possui diversas escalas de trabalho

possíveis, desde as que permitem o estudo de partes de uma planta, como de um conjunto de

plantas (Ponzoni, & Shimabukuro, 2007). Para o estudo da vegetação é necessário considerar

dois aspectos principais: folhas independentemente e dossel.

Os três processos que descrevem as propriedades espectrais da vegetação são: absorbância,

reflectância e transmitância (Moreira, 2005). A energia absorvida pelos pigmentos das plantas

em determinados comprimentos de ondas é, em grande parte, dissipada em forma de calor ou

fluorescência, sendo que apenas uma pequena parcela é armazenada em forma de compostos

orgânicos através da fotossíntese (Gates et al., 1965 apud Yi, 1998).

Na figura 10, é representada a curva média típica de uma folha verde sadia. Nessa figura,

verifica-se que a região do visível (0,45 - 0,70 μm) caracteriza-se por uma alta absorção da REM

por parte dos pigmentos existentes nos cloroplastos. Eles são os responsáveis pela baixa

reflectância da vegetação na faixa do visível. Esses pigmentos são a clorofila, os carotenos e as

xantofilas presentes nas folhas em percentagens variadas (Kumar, 1972 apud Yi, 1998).

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Figura 10: Curva média típica do comportamento espectral de uma folha verde sadia.

Fonte: Kumar (1972), apud Yi (1998 p.6).

O dossel é composto pelo conjunto de diferentes tipos de elementos da vegetação como:

folhas, galhos, frutas, flores, etc. (Goel, 1988 apud Yi, 1998), e a aplicação de técnicas de

sensoriamento remoto inclui a necessidade de compreender o processo de interação entre a

radiação eletromagnética e os diversos tipos de dosséis (Ponzoni, & Shimabukuro, 2007).

Neste sentido são utilizados índices de vegetação para monitorar e quantificar as condições

espaciais das vegetações, através da reflectância eletromagnética (Liu, 2006). Muitos índices

relacionam as reflectâncias do vermelho e do infravermelho próximo associada à vegetação

verde sadia, como pode ser visto na figura 11 (Jensen, 2009).

Figura 11: Base fisiológica para o desenvolvimento de Índices de Vegetação.

Fonte: Jensen (2009, p.385).

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Um dos índices de vegetação mais utilizados é o Índice de Vegetação da Diferença

Normalizada, conhecido por NDVI (Normalized Difference Vegetation Index) (Liu, 2006) e

calculado pela fórmula:

NDVI = (NIR – VIS)

(NIR + VIS)

Em que: NDVI: Índice de Vegetação da Diferença Normalizada

NIR: reflectância da faixa no infravermelho próximo.

VIS: reflectância da faixa do visível

2.8 O programa Landsat

Existem diversos tipos de sensores a bordo de satélites, mas segundo Rosa (2001), o

sistema Landsat, desenvolvido pela NASA, vem permitindo a aquisição de dados espaciais,

espectrais e temporais da superfície terrestre de forma global, sinóptica e repetitiva.

Segundo Siqueira et. al. (2007), a utilização de imagens do sensor TM como base de dados

para o levantamento da cobertura e ocupação das terras da região sul do estado do Rio Grande do

Sul demonstra-se eficiente e capaz de suprir a necessidade de base de dados desta região.

O programa Landsat foi desenvolvido pela NASA (National Aeronautics and Space

Administration) no início dos anos 70. Este programa fez o lançamento de pelo menos sete

satélites encontrando-se atualmente em operação apenas o Landsat 5.

O Landsat 5 apresenta uma órbita polar de forma hélio-sícrona de aproximadamente 98° de

inclinação girando em órbita da Terra a uma altitude de 705 Km; a faixa de imageamento do

sensor TM é 185 X 185 Km, apresenta resolução temporal de 16 dias (NASA, 2010).

Existem dois sensores a bordo do satélite Landsat 5, o MSS (Multiespectral Scanner

Subsystem) e o TM (Thematic Mapper). No Brasil, quase que a totalidade dos trabalhos

desenvolvidos com o Lansat 5, na área de recursos naturais, utiliza dados coletados pelo sensor

TM (Novo, 1989).

O sensor Landsat TM 5 possui resolução espacial de 30m x 30m, com exceção da banda no

infravermelho termal com resolução de 120m x 120m. O espectro eletromagnético encontra-se

agrupado em sete bandas, como consta na tabela 2.

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Tabela 2: principais aplicações das bandas espectrais do sensor TM Landsat 5.

Fonte: Adaptado de Novo (1989).

Banda Faixa espectral (μm) Aplicações

1 0,45 – 0,52 Mapeamento de águas costeiras; Diferenciação entre solo e vegetação; Apresenta sensibilidade a plumas de fumaça oriundas de queimadas.

2 0,52 – 0,60 Reflectância de vegetação verde sadia.

3 0,63 – 0,69 Absorção da clorofila;

Delimitação de manchas urbanas.

4 0,76 – 0,90 Levantamento de biomassa; Delineamento de corpos d‟água.

5 1,55 – 1,75 Medidas de umidade de vegetação.

Diferenciação entre nuvens e neve;

6 10,4 – 12,5 Mapeamento de estresses térmico em plantas; Outros mapeamentos térmicos.

7 2,08 – 2,35 Mapeamento hidrotermal.

2.9 Processamento dos Dados Orbitais

Uma revisão de como os dados de sensoriamento remoto podem ser transformados em

informação útil é apresentado na figura 12.

Figura 12: Modo como os dados medidos remotamente podem ser transformados em informação útil.

Fonte: Jensen (2009, p.196).

Durante o processo de imageamento e geração das imagens orbitais, estas estão sujeitas a

diversas fontes de erros, os quais introduzem distorções geométricas. As imagens apresentam

várias distorções espaciais causadas pelos movimentos dos satélites, não tendo nenhuma precisão

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cartográfica em relação ao posicionamento dos objetos (x e y) na superfície terrestre, sendo

necessárias transformações para o uso correto destas imagens.

Segundo Moura (2000), essa transformação é conhecida por georreferenciamento (correção

geométrica ou registro de imagens), e relaciona as coordenadas da imagem (linha e coluna) com

as coordenadas geográficas (latitude e longitude). Para Crósta (1992), o georreferenciamento

além de transformar uma imagem, possibilita que a mesma assuma as propriedades de escala e

de projeção próprias de um mapa. Deste modo, pode-se gerar novos arranjos numéricos que

possibilitem a extração de informações confiáveis das imagens.

O procedimento da correção geométrica envolve diretamente três etapas: (I) determinação

da relação entre o sistema de coordenadas geográficas e a imagem, (II) Estabelecimento de um

conjunto de pontos de controle para definir a posição dos pixels na imagem corrigida, sendo que

este conjunto define um “grid” com as propriedades cartográficas do mapa; (III) cálculo dos

valores de intensidade dos pixels na imagem corrigida, por interpolação das intensidades dos

pixels da imagem original.

Em estudos multitemporais se procura analisar uma mesma Órbita/Ponto, mas de

diferentes datas. Nestes casos, é preciso assegurar que todos os pixels das imagens a serem

trabalhadas sejam referentes às mesmas áreas no terreno (Crósta, 1992; D‟Alge, 1999).

Muitas vezes, as pesquisas realizadas com dados de satélites ocorrem em áreas menores do

que a área de abrangência de uma cena imageada por determinado satélite (Moreira, 2005). Para

tal, aplicam-se máscaras a fim de eliminar as áreas fora da área de estudo, com o intuito de

diminuir o tempo computacional e as interferências da área alheia.

Para Crósta (1992), o processo de classificação digital de imagens multiespectrais tem por

objetivo associar cada pixel ou região de uma imagem a uma determinada classe, descrevendo o

tipo de cobertura no terreno (vegetação, agricultura, solo, água, áreas urbanas e outras feições de

interesse), ou seja, é um processo que extrai informações da imagem para reconhecer padrões

espectrais e objetos homogêneos. Segundo Moura (2000), entende-se por técnicas de

classificação digital de imagens os procedimentos utilizados para separar e identificar alvos na

superfície terrestre utilizando sistemas eletrônicos, auxiliando o elemento humano na

interpretação das informações contidas na cena.

Durante a classificação de dados digitais, os alvos da imagem recebem a denominação

genérica de classes, ou seja, na classificação procura-se rotular cada pixel da imagem segundo a

ocupação do solo, semelhante ao que se faz na abordagem visual. Para isso utilizam-se

programas apropriados, chamados de classificadores. A categorização dos valores dos níveis de

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cinza é feita utilizando algoritmos estatísticos (programas computacionais) de reconhecimento de

padrões espectrais e radiométricos. Dependendo do algoritmo utilizado neste procedimento, a

classificação é dita supervisionada ou não-supervisionada, envolvendo duas fases distintas: o

treinamento e a classificação propriamente dita.

A classificação não supervisionada não possui uma fase de treinamento realizada pelo foto-

intérprete, logo, esta técnica é muito utilizada quando não se possui conhecimento prévio da área

de estudo e esta seja uma área relativamente grande (Jensen, 1986). Tal abordagem de

classificação corresponde a uma técnica de segmentação de imagens, onde as mesmas são

divididas em classes não conhecidas, ou seja, o algoritmo define as classes de similaridade com

base em regras estatísticas.

Na abordagem supervisionada, faz-se necessário o conhecimento prévio da área de estudo.

Schowengerdt (1997) afirma que, neste tipo de classificação, o analista deve ter bom

conhecimento da área de estudo, que é obtido por intensos trabalhos de campo.

Nesta classificação, o usuário deverá inicialmente escolher um conjunto de áreas

denominadas de amostras de treinamento, que consiste no reconhecimento de cada classe de uso

da terra na área imageada. O grande problema nesta fase é obter amostras de pixels puros,

representativos de cada classe. A resposta espectral de um alvo contido numa área do terreno

nunca é homogênea, e um mesmo tipo de alvo pode apresentar mais de um comportamento

espectral. Estas amostras são utilizadas para treinar o algoritmo de classificação que identificará

todas as feições que apresentam características espectrais similares na imagem a ser classificada.

Dentre os algoritmos supervisionados, os mais empregados são o Mapeador de Ângulo

Espectral, o Método do Paralelepípedo e a Máxima Verossimilhança.

O método do Mapeador de Ângulo Espectral (SAM) distribui os pixels das amostras em

diversas dimensões e utiliza o ângulo entre eles para determinar a que classe cada pixel pertence.

Já o Método do Paralelepípedo considera uma área retangular no entorno de cada área de

treinamento, com os níveis máximo e mínimo para aquela classe, para determinar a que classe

pertence o conjunto de pixeis. O algoritmo da Máxima verossimilhança (MaxVer) é o método de

classificação supervisionado mais comum. Considera as distâncias entre as médias dos níveis

digitais das classes e considera a probabilidade distribuição de normal de cada pixel pertencer à

determinada classe pré-estabelecida. (Ribeiro e Centeno, 2001).

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Área de estudo

O estudo foi realizado no distrito de Criúva, situado no Planalto Sul-Brasileiro e

pertencente ao Município de Caxias do Sul, Rio Grande do Sul (figura 13). Os 457 km² do

distrito de Criúva perfazem 28% dos 1588 km² do município de Caxias do Sul.

Figura 13: Localização do município de Caxias do Sul com o distrito de Criúva em destaque.

Fonte: adaptado de Hasenack & Weber, 2007.

A área de estudo está limitada pelas latitudes 28°47‟S a 29°3‟S e longitudes 50°46‟W a

51°7‟W.

O mapa da figura 14 tem como permite a visão geral do distrito de Criúva e foi elaborado a

partir de uma imagem Landsat TM 5 órbita-ponto 221/080 de 13/04/2009, na composição de

bandas RGB/543.

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Figura 14: Imagem de Satélite do distrito de Criúva.

Fonte: Landsat TM 5 composição RGB543 de 13/04/2009.

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3.1.1 Clima

De acordo com o sistema de classificação de Köppen, o clima da área de estudo é do tipo

Cfb, ou seja, clima temperado úmido, com média de temperatura do mês mais quente não

ultrapassando 22ºC (Buriol et al., 2007). As temperaturas e precipitações médias anuais oscilam,

respectivamente, em torno de 17ºC e 130mm mensais, não apresentando déficit hídrico (figura

15).

Figura 15: Diagrama climático para a estação climática de Caxias do Sul.

Fonte: Buriol et al. (2007, p. 98).

3.1.2 Geologia, geomorfologia e pedologia

A base geológica encontrada na área de estudo pertence à Formação Serra Geral,

apresentando rochas de composição mais básica (basalto) nas seqüências inferiores e rochas mais

ácidas nas seqüências superiores, onde se destacam os riolitos e riodacitos, freqüentemente

visíveis sob forma de afloramentos (Almeida, 2009). Tal formação corresponde a processos

vulcânicos de efusão ocorridos entre 130 e 140 milhões de anos atrás (Jurássico-Cretáceo).

Geomorfologicamente, segundo o IBGE (1986), a área está compreendida na região do

Planalto das Araucárias, unidade Planalto dos Campos Gerais, composta exclusivamente de

rochas efusivas ácidas. Esta unidade geomorfológica apresenta um denso sistema de fraturas,

falhas e diaclases o que configura o sistema de drenagem em rios encaixados, em forma

dendrítica. Na área de estudo são encontrados os vales dos Rios das Antas e Lageado Grande,

além de inúmeros arroios, sendo os mais relevantes os Arroios da Mulada e Ranchinho.

A área de estudo possui amplitude altimétrica que varia de 260 a 965 metros (Brasil, 1979)

(figura 16).

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Figura 16: Mapa de elevação do distrito de Criúva.

Fonte: Adaptado de Hasenack & Weber (2007).

Segundo Flores et al. (2007), na área de estudo são reconhecidos quatro tipos de solo em 1º

Nível Categórico (ordens), de distribuição intimamente associada aos padrões geomorfológicos e

litológicos da região. São eles, segundo a nomenclatura proposta por EMBRAPA (Empresa

Brasileira de Pesquisa Agropecuária) (2006):

1. Cambissolo: pedogênese pouco avançada evidenciada pelo desenvolvimento da

estrutura do solo com alteração do material de origem; grupo de solos pouco desenvolvidos com

horizonte B incipiente em seqüência ao horizonte superficial de qualquer natureza, podendo o

horizonte B apresentar argila de atividade baixa e/ou saturação por base baixa.

2. Gleissolo: manifestação de atributos que evidenciam a gleização, resultante de

processos de intensa redução de compostos de ferro, por efeito de flutuação de nível do lençol

freático, em condições de regime de excesso de umidade.

Limite do distrito

de Criúva

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3. Neossolo: grupamento de solos pouco evoluídos, sem horizonte B diagnóstico

definido, com individualização de horizonte A seguido de C; solos em via de formação seja pela

reduzida atuação dos processos pedogenéticos ou por características inerentes ao material

originário.

4. Nitossolo: grupamento de solos com horizonte B nítico, com argila de baixa atividade;

avançada evolução pedogenética pela atuação de ferralitização com intensa hidrólise, originando

composição caulinítica-oxídica ou hidróxi-Al entre camadas.

3.2 Materiais

3.2.1 Dados orbitais

Foram selecionadas imagens Landsat TM 5 correspondentes à órbita-ponto 221/080

disponibilizadas gratuitamente na página eletrônica do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais. Selecionaram-se imagens dos períodos outono-inverno de 1986 e 2009 (tabela 3).

Tabela 3: Órbita-ponto e data das imagens Lansat 5 TM utilizadas no trabalho.

Órbita-ponto Data da Passagem do Satélite

221/080 11/06/1986

221/080 13/04/2009

Para a escolha das datas das imagens considerou-se a época de menor cobertura de nuvens

e a senescência da vegetação. Não foram utilizadas imagens do período pós-inverno a fim de

evitar a interferência de queimadas, eventualmente ocorrentes na área de estudo, assim como do

intenso brotamento da primavera.

3.2.2 Dados cartográficos

Foram utilizadas cartas topográficas do Exército (Brasil, 1979), em escala 1: 50.000,

referentes às folhas SH.22VD-III-2 Caxias do Sul, SH.V-B-VI-4 São Marcos, SH.22-X-C-I-1

Oliva, SH.22-X-A-IV-3 Criúva.

Estes cartas também se encontram na Base Cartográfica digital da região da Serra Gaúcha,

disponível em trabalho coordenado por Hasenack & Weber (2007). Também foram consultados

os mapas disponibilizados em meio digital pela Prefeitura Municipal de Caxias do Sul. Os dados

cartográficos utilizados são apresentados na tabela 4.

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Tabela 4: Dados cartográficos utilizados no trabalho.

Tipo Fonte

Folha SH.22VD- III-2 Caxias do Sul Brasil – Exército

Folha SH.V-B-VI-4 São Marcos Brasil – Exército

Folha SH.22-X-C-I-1 Oliva Brasil – Exército

Folha SH.22-X-A-IV-3 Criúva Brasil – Exército

Base Cartográfica Digital da Serra Gaúcha Hasenack & Weber

Plano Diretor de Caxias do Sul – Anexo 1 Prefeitura de Caxias do Sul

Zonas de Interesse Ambiental – Anexo 3 Prefeitura de Caxias do Sul

3.3 Metodologia

3.3.1 Processamento digital inicial

As imagens foram processadas no programa computacional ENVI® (Environment for

Visualizing Imagens) versão 4.6.1 disponível no Centro de Ciências Agrárias e Biológicas da

Universidade de Caxias do Sul. Para a etapa inicial do trabalho foram observados os seguintes

processamentos:

Georreferenciamento: foi realizado de imagem a imagem com o objetivo de se obter uma

perfeita correspondência de localização das áreas de ocupação da terra nas diferentes imagens,

uma vez que o mapeamento do uso e cobertura do solo no município teve como base o critério

multitemporal. Foram tomados como base geográfica para o georreferenciamento os dados

digitais das cartas topográficas do exército digitalizados pelo Centro de Ecologia da

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Hasenack & Weber, 2007). Foram coletados 50

pontos de controle distribuídos por toda a área de cada imagem, apresentando erro médio

quadrático menor que 1 pixel. A transformação utilizada foi polinomial de primeiro grau. A

projeção adotada foi a UTM (Universal Transversa de Mercator), fuso 22 sul e datum horizontal

SAD-69 (South American Datum 1969).

Técnicas de realce: permitiram melhor diferenciar as feições nas imagens, com a

vantagem de não alterar o padrão de resposta do histograma original.

Composições coloridas: utilizaram-se imagens Landsat TM 5 em todas as suas bandas

espectrais. Isto permitiu que fossem compostas diversas combinações entre as bandas da imagem

Landsat (figura 17). As mais relevantes neste trabalho foram:

- RGB 321: composição em cores reais. Procura representar as cores próximo à condição

do olho humano, mas nem sempre apresentando uma boa discriminação entre as feições.

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- RGB 543: composição falsa-cor para uso da terra. Apresenta uma boa discriminação para

diversas feições como vegetação campestre e florestal, áreas degradadas, corpos d‟água, área

urbana entre outros. É a composição mais utilizadas para análises genéricas.

- RGB 453: é uma composição falsa-cor semelhante à RGB 543, pelo contraste visível

entre as feições, destacadamente diferenciando as áreas florestais dos demais usos, permitindo

visualmente uma melhor diferenciação entre as diferentes formações florestais, como por

exemplo áreas de mata nativa e silvicultura.

- RGB 432: composição falsa-cor infravermelho. Ressalta a absorção da radiação

eletromagnética pela vegetação densa, através do infra-vermelho próximo e o verde do visível.

Figura 17: Ampliação de um trecho do distrito de Criúva – Caxias do Sul – RS com as principais composições

utilizadas em imagens Landsat TM.

Fonte: Adaptado de imagem Landsat órbita-ponto 221/080 de 11 de junho de 1986.

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NDVI: possibilitou uma análise aprofundada da vegetação, pois este índice de vegetação

evidencia as diferenças no que se refere à absorção da radiação eletromagnética. Esta foi uma

ferramenta importante na tomada de decisões do trabalho, determinando a seleção da assinatura

espectral (coleta de amostras). Outra função importante do NDVI foi a possibilidade de analisar

a vegetação com redução da interferência de áreas sombreadas, como nos vales mais profundos.

A figura 18 mostra a diferença de visualização de uma mesma área no distrito de Criúva, em

uma imagem rodada na banda 5 (aparecimento de áreas sombreadas) e com NDVI (normalização

da interferência do sombreamento). Deve-se considerar que nas áreas sombreadas a reflectância

mínima inviabiliza a obtenção mais confiável do real uso do solo nesses locais, como se tratam

de áreas de alta declividade, mas em geral recobertas por matas.

Figura 18: Janelas de visualização do programa ENVI mostrando a mesma área. A: banda 5 - áreas sombreadas. B:

o NDVI - minimização do sombreamento.

Fonte: Adaptado de imagem Landsat órbita-ponto 221/080 de 13 de abril de 2009.

Limites da área de estudo: Os limites do distrito foram construídos sob a forma de vetor,

a partir dos limites municipais disponibilizados pelo IBGE, adaptando estes às imagens de

satélite georreferenciadas e aos mapas disponíveis na página eletrônica da prefeitura de Caxias

do Sul.

Máscara: com os limites do município estabelecidos, foi aplicada uma máscara a fim de

eliminar o entorno da área de estudo, diminuindo assim tempo computacional e as interferências

da área alheia.

Classificação não-sepervisionada: foi realizada uma classificação não-supervisionada do

tipo Isodata para que se pudessem definir os alvos a serem verificados a campo.

3.4.2 Etapas realizadas a campo

O conhecimento in loco da área de estudo é uma etapa indispensável para a realização da

classificação supervisionada. Foram efetuadas duas visitas à área de estudo para reconhecimento

A B

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de área, coleta de amostras para a assinatura espectral e a identificação e fotodocumentação das

classes de uso e cobertura da terra. Estas incursões ocorreram em 19 de dezembro de 2009 e 22

de janeiro de 2010. Para auxiliar os trabalhos de registro geográfico a campo, foi utilizado um

receptor GPS Garmin® Etrex, e para a fotodocumetação, uma máquina fotográfica digital.

Sempre que possível, as fotos tiveram registro da posição geográfica.

3.4.3 Classificação digital

A partir das observações a campo foram estabelecidas as classes mais representativas. As

verdades de campo foram utilizadas como amostras de treinamento.

Com a assinatura espectral foram realizadas a classificações supervisionadas preliminares

pelos seguintes métodos: Mapeador de Ângulo Espectral (SAM), Método do Paralelepípedo e

Método da Máxima Verossimilhança (MaxVer). O algorítmo da Máxima Verossimilhança

apresentou o menor número de pixels não classificados e melhor correspondência com a

realidade do local, sendo este classificador empregado em todas as classificações subseqüentes.

Após concluída a classificação supervisionada, foi realizada a terceira saída a campo em 2

de maio de 2010, para verificar a acurácia da classificação computacional.

Para a correção de eventuais erros, foi utilizado o aplicativo ClassEdit do programa

computacional ENVI®. Com isto, também foi atenuado o efeito da presença de pixels isolados,

comuns em produtos de classificações com o algoritmo de máxima verossimilhança.

3.4.4 Mapas temáticos

Com os resultados das classificações foram feitos mapas temáticos do uso e cobertura da

terra e demais temas abordados em escala 1:100.000. Os mapas foram construídos no programa

computacional ArcGIS®, sobre a base cartográfica digital da região da Serra Gaúcha, disponível

em trabalho coordenado por Hasenack & Weber (2007).

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Classes de Uso e Cobertura da Terra

Para o distrito de Criúva, a análise da imagem Landsat 5 TM a partir de padrões de

interpretação (cor, tonalidade, textura e forma), aliado às observações realizadas a campo,

permitiu identificar e agrupar as seguintes classes de uso e cobertura da terra:

Campo nativo;

Capoeira;

Matas;

Campo antrópico;

Cultivos agrícolas;

Silvicultura;

Água.

Devido à preponderância de pequenos banhados na área de estudo, aliado à resolução

espacial de 30 metros imagens Landsat TM 5, não foi possível identificar este ecossistema pela

metodologia utilizada. Os banhados de maiores extensões foram incluídos pelo classificador

digital na classe Capoeira ou eventualmente em outra classe com resposta espectral semelhante.

4.1.1 Campo nativo

Nesta classe foram incluídas as formações campestres consideradas climácicas para a área

de estudo (figura 19A). O capim-caninha (Andropogon lateralis) é a espécie dominante nesta

formação, sendo este um fator determinante para a classificação florística deste campo. O capim-

caninha possui estrutura cespitosa e apresenta senescência da parte aérea no outono-inverno, o

que confere a esta gramínea a coloração amarelo-avermelhada e aspecto paleáceo (figura 19B), o

que permite a sua identificação a partir das imagens de satélite e pelo NDVI.

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Figura 19: A: campo com predominância de capim-caninha (verão). B: campo com aspecto paleáceo (outono).

Este tipo de formação é classificado pelo projeto RadamBrasil como estepe-parque (IBGE,

2004). Corresponde aos campos paleáceos de Lindman (1906). Estes campos foram descritos por

Scur (2005) como a associação TRICHOCLINO CATARINENSE ANDROPOGETUM

LATERALIS encontrada associada às áreas de Floresta Ombrófila Mista, no estado do Rio

Grande do Sul, e desenvolvida sobre solos Cambissolos húmicos alumínicos e, raramente, em

solos mais profundos do tipo Neossolo Litótico distrófico típico. Para o mesmo autor, a

freqüência e o alto índice de cobertura das espécies Andropogon lateralis e Trichocline

catharinensis é considerado um aspecto importante desta associação, o que permite destacá-lo

quando feita a comparação com outras formações campestres.

4.1.2 Capoeira

Consideram-se dentro desta classe as formações de capoeira típicas, em estágio inicial de

sucessão, conhecidas como campos sujos ou subarbustivos (figura 20).

São comunidades arbustivas que constituem a etapa mais regressiva dos clímax arbóreos

da área estudada, principalmente em áreas submetidas ao manejo agropastoril e ao uso do fogo.

Desenvolvem-se sobre solos Cambissolos Alumínicos típicos, podendo encontrar-se também

sobre solos do tipo Neossolo Litólico distrófico (Scur, 2005).

Esta classe a campo foi considerada como sendo estágio inicial de regeneração, definido no

inciso I do Art. 2° da resolução CONAMA nº 33, de 7 de dezembro de 1994, como sendo:

I - Estágio inicial de regeneração: a) vegetação sucessora com fisionomia

herbácea/arbustiva, apresentando altura média da formação até 3 (três) m e Diâmetro à

Altura do Peito (DAP), menor ou igual a 8 (oito) cm, podendo eventualmente apresentar

dispersos na formação, indivíduos de porte arbóreo; b) epífitas, quando existentes, são

representadas principalmente por Liquens, Briófitas e Pteridófitas com baixa

diversidade; c) trepadeiras, se presentes, são geralmente herbáceas; d) serapilheira,

quando existente, forma uma camada fina, pouco decomposta, contínua ou não; e) a

diversidade biológica é variável, com poucas espécies arbóreas, podendo apresentar

plântulas de espécies características de outros estágios; f ) ausência de subosque; g)

A B

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composição florística consiste basicamente de: Andropogon bicornis (rabo-de-burro);

Pteridium aquilinum (samambaias); Rapanea ferruginea (capororoca); Baccharias spp.

(vassouras); entre outras espécies de arbustos e arboretas.

Figura 20: A: capoeira sucedendo o Campo Nativo. B: regeneração por capoeira de área onde foi suprimida

Floresta Ombrófila Mista.

4.1.3 Mata

Consiste nas formações florestais em diferentes estágios de sucessão (figura 21), que

formam, majoritariamente, a Floresta Ombrófila Mista, e em menor escala, a Floresta Estacional

Decidual. Nesta classe foram incluídos também pequenos plantios de eucaliptos, devido à

resolução espacial de 30 metros da imagem Landsat e à semelhança espectral deste cultivo com

as formações florestais nativas.

Na resolução CONAMA nº 33 (1994), corresponde às matas primárias e às matas

secundárias em estágios médio e avançado de regeneração, que possuem entre outras

características, porte arbustivo-arbóreo com mais de oito metros de altura.

Figura 21: Floresta Ombrófila Mista (mata de araucária) entremeando os campos nativos.

A B

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4.1.4 Campo antrópico

São incluídas áreas de vegetação campestre, nativa ou não, que se configurem como

resultado da ação humana (figura 22). Estas pastagens não são consideradas formações

climácicas e foram denominadas por Lindman (1906) de gramados ou potreiros.

Nesta classe predominam espécies de gramíneas do gênero Paspalum e, para Scur (2005),

a ausência das espécies Andropogon lateralis e Trichocline catharinensis distingue este tipo de

campo da classe Campos Nativos. Estes campos são encontrados junto às manchas de vegetação

arbórea, o que confere uma situação protegida e adubação natural pelo gado e pelas folhas caídas

das árvores próximas, contribuindo para a formação de um campo macio e com aspecto de

“gramado”. Segundo Porto (2002), o nome gramado parece se originar do fato de que algumas

espécies de Paspalum serem vulgarmente chamadas de “grama”.

As espécies que ocorrentes na classe Campo Antrópico não apresentam a rigidez de outros

tipos de campos, pois são verdes e com densa biomassa o ano todo, raramente apresentando

senescência de sua formação.

Figura 22: Pastagem característica onde antes havia Floresta Ombrófila Mista.

4.1.5 Cultivos Agrícolas

Esta classe agrega atividades de culturas permanentes (frutíferas em geral) ou temporárias

(lavouras) (figura 23). Também são incluídas áreas de solo exposto ou solos preparados para o

plantio de culturas anuais. No distrito de Criúva é pouco observada a rotação entre culturas

anuais e o pastoreio, como se verifica em outras regiões do Estado do Rio Grande do Sul.

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Não foram incluídas nesta categoria monoculturas de espécies florestais exóticas, as quais

foram incluídas na classe silvicultura, nem as pastagens cultivadas, que foram incluídas na classe

campo antrópico.

Figura 23: Diferentes fisionomias da classe “Cultivos Agrícolas”. A e B: culturas perenes. C e D: culturas

temporárias.

4.1.6 Silvicultura

Compreende as atividades relacionadas às monoculturas de espécies florestais para a

extração de madeira ou seus subprodutos. Nesta classe predominaram os plantios de Pinus sp.,

por ser uma das espécies silviculturais de maior extensão para a área de estudo.

Uma particularidade da silvicultura no distrito de Criúva é que somente grandes plantios

apresentam talhões ortogonais, ao passo que em muitas áreas foram realizados plantios de forma

aleatória, entremeando a vegetação nativa e criando mosaicos que dificultam o reconhecimento

desta classe (figura 24).

A B

C D

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Figura 24: Plantio de Pinus sp. entre fragmentos de mata nativa.

4.1.7 Classe Água

Esta classe é representada pelos cursos de água de maior volume (figura 25) e ou por

barramentos ou açudes dispersos por toda a área de estudo.

Figura 25: Classe água, representada nas fotos pelo Arroio da Mulada.

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4.2 Uso e cobertura da terra no ano de 1986

A figura 27 apresenta o mapa de uso e cobertura da terra do distrito de Criúva no ano de

1986. Os campos nativos encontram-se por toda a área e predominam na porção sul do distrito.

As maiores extensões de mata situam-se nas porções norte e noroeste do município, e de maneira

descontínua no extremo leste, relacionadas às calhas do Rio das Antas, Rio Lajeado Grande,

Arroio da Mulada, Arroio Ranchinho e seus tributários, coincidindo com as áreas de maior

declividade e menores cotas de altitude, ou distribuídas de forma aleatória por todo o distrito, sob

a forma de capões. As maiores extensões de capoeiras são encontradas na porção central do

distrito, associadas aos capões de mata e aos campos, ou então, na porção norte entremeando as

matas mais contínuas. A distribuição dos campos antrópicos está espacialmente relacionada às

formações de mata das porções norte e noroeste. As classes cultivos agrícolas e silvicultura

encontram-se de forma independente na área de estudo. A classe água coincide com os cursos de

água de maior volume.

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Figura 26: Mapa do uso e cobertura da terra em 1986 do distrito de Criúva, Caxias do Sul, RS.

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A análise dos dados de 1986 fornece a extensão das classes de uso e cobertura da terra, de

acordo com a figura 27 e a tabela 5:

Figura 27: Representatividade das classes de uso e cobertura da terra no ano de 1986.

Tabela 5: Extensão das classes de uso e cobertura da terra no ano de 1986.

Classe de Uso da Terra Área

1986 Hectares km² %

Campo Nativo 13.699 136,99 29,93

Capoeira 16.007 160,07 34,97

Mata 13.004 130,04 28,41

Campo Antrópico 1.646 16,46 3,60

Cultivos Agrícolas 952 9,52 2,08

Silvicultura 127 1,27 0,28

Água 335 3,35 0,73

Total 45.768 457,68 100,00

Nesta data, a maioria da área era ocupada pelas classes campos nativos e capoeira,

perfazendo juntas 64% da área. Pode-se observar que apenas 2,32% da área era ocupada pela

agricultura e silvicultura, o que reforça a vocação predominantemente pastoril de Criúva.

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4.3 Uso e cobertura da terra no ano de 2009

A figura 28 apresenta o mapa de uso e cobertura da terra do distrito de Criúva no ano de

2009. De um modo geral, a distribuição espacial das classes manteve-se semelhante à visualizada

no mapa de 1986. Os campos permanecem distribuídos por todo o distrito. As matas substituíram

muitas áreas de capoeira, em especial junto às calhas dos rios, e avançando para maiores

altitudes. A classe capoeira, que estava concentrada na porção central do distrito, encontra-se

agora distribuída de forma mais homogênea, observando-se também um avanço para o sul e uma

diminuição na porção norte, onde foram substituídas pela mata. Os campos antrópicos mantêm

sua distribuição espacial relacionada às formações de mata das porções norte e noroeste e

aparecem também, em 2009, nas porções centro-sul da área de estudo. As classes cultivos

agrícolas permanecem distribuídas aleatoriamente na área de estudo. A silvicultura aumentou

sua distribuição espacial na área de estudo, sendo seus plantios encontrados, em maior parte, nas

porções norte e noroeste, com exceção de um talhão de maior porte ao leste e outros menores na

porção central. A classe água continua coincidente aos cursos de água de maior volume, sendo

encontrada, também, sob a forma de açudes, por toda área de estudo.

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Figura 28: Mapa do uso e cobertura da terra no ano de 2009 do distrito de Criúva, Caxias do Sul, RS.

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A análise dos dados dá a extensão das classes de acordo com a figura 29 e a tabela 6:

Figura 29: Representatividade das classes de uso e cobertura da terra no ano de 2009.

Tabela 6: Extensão das classes de uso e cobertura da terra no ano de 2009.

Classe de Uso da Terra Área

2009 Hectares km² %

Campo Nativo 12.609,7 126,10 27,55

Capoeira 13.999,6 140,00 30,59

Mata 13.871,4 138,71 30,31

Campo Antrópico 2.321,7 23,22 5,07

Cultivos Agrícolas 1.377,8 13,78 3,01

Silvicultura 1.000,0 10,00 2,19

Água 584,6 5,85 1,28

Total 45.764,9 457,65 100,00

A partir dos resultados obtidos na classificação de 2009 verifica-se um aumento

considerável na representatividade das classes de cultivos agrícolas e silvicultura As classes

campo nativo, capoeira e mata continuam ocupando a maior parte do distrito.

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53

4.4 Análise das Mudanças

O gráfico da figura 30 permite comparar percentualmente a variação das classes de uso e

cobertura da terra entre os anos de 1986 e 2009.

Figura 30: Comparação da extensão das classes de uso e cobertura da terra entre os anos de 1986 e 2009.

Os dados são apresentados também na tabela 6, acompanhados pela variação em

quilômetros quadrados e pela variação relativa à área total, em porcentagem.

Tabela 6: Variação relativa das classes de uso e cobertura da terra entre os anos de 1986 e 2009.

Classe de Uso da

Terra

1986 2009 Variação

km² % km² % km² %

Campo Nativo 136,99 29,93 126,10 27,55 -10,90 -2,38

Capoeira 160,07 34,97 140,00 30,59 -20,07 -4,38

Mata 130,04 28,41 138,71 30,31 8,68 1,90

Campo Antrópico 16,46 3,60 23,22 5,07 6,76 1,48

Cultivos Agrícolas 9,52 2,08 13,78 3,01 4,26 0,93

Silvicultura 1,27 0,28 10,00 2,19 8,73 1,91

Água 3,35 0,73 5,85 1,28 2,50 0,55

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A variação relativa pode também ser visualizada no gráfico da figura 31.

Figura 31: Variação das classes de uso o cobertura da terra relativa à área total entre os de 1986 e 2009.

Foi calculado também o incremento e a redução das classes, como pode ser visualizado no

gráfico da figura 32. Destaca-se o aumento de 690% da classe Silvicultura, seguido de 75% para

Água, 45% para Cultivos Agrícolas, 41% para Campo Antrópico e 7% para Mata. Já as classes

Capoeira e Campo Nativo reduziram, respectivamente, 13% e 8% de sua extensão.

Figura 32: Incremento e redução da extensão das classes de uso e cobertura da terra em 2009 em relação à mesma

classe em 1986.

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Em relação às mudanças ocorridas entre cobertura natural e antrópica entre as datas

amostradas, observa-se a redução das classes de cobertura natural e aumento nas de uso

antrópico (figura 33). Como classes de cobertura natural foram consideradas: campo nativo,

capoeira e mata. Campo antrópico, cultivos agrícolas e silvicultura foram incluídos em uso

antrópico. Classe água foi computada separadamente.

Figura 33: Comparação da área com cobertura natural, antrópica e água entre os anos de 1986 e 2009.

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A tabela 7 é obtida pela análise comparativa espacial da cobertura da imagem de 1986 e

2009. As colunas representam a mudança da área de classe encontrada em 1986 e a que classes

elas pertencem em 2009. Por exemplo, a classe campo nativo que em 1986 tinha uma área total

de 136,92 km², manteve, em 2009, 84,90 km² de forma intacta espacialmente. Os 52,03 km²

restantes, migraram para as demais classes, nos valores observados na tabela, especialmente para

a classe capoeira (33,43 km²). Nas linhas pode-se observar, de maneira inversa, as classes de

origem de cada classe de cobertura atual. Para classe campo, dos 126,10 km² existentes em 2009,

84,90 km² se mantiveram como campo, e os 41,20 km² restantes são oriundos das demais

classes, especialmente da classe capoeira (32,14 km²).

Tabela 7: Tabela de comparação espacial entre os valores de todas as classes nos anos de 1986 e 2009.

Estado Inicial (1986)

Área (km²) Campo

Nativo Capoeira Mata

Campo

Antrópico

Cultivos

agrícolas Silvicultura Água

Total de

2009

Est

ado

Fin

al (

200

9)

Campo Nativo 84,90 32,14 1,64 4,40 2,83 0,07 0,13 126,10

Capoeira 33,43 78,82 21,36 2,84 2,64 0,21 0,67 139,97

Mata 3,56 29,99 99,52 2,43 1,01 0,66 1,55 138,71

Campo

Antrópico 5,51 8,46 2,98 5,40 0,81 0,02 0,02 23,22

Cultivos

agrícolas 6,73 3,55 0,86 0,82 1,74 0,03 0,06 13,78

Silvicultura 1,98 4,54 2,37 0,53 0,29 0,26 0,03 10,00

Água 0,81 2,58 1,31 0,03 0,20 0,02 0,89 5,85

Total de 1986 136,92 160,07 130,04 16,46 9,52 1,27 3,35

Mudança

de Classe 52,03 81,25 30,52 11,05 7,78 1,01 2,46

Incremento -10,83 -20,10 8,68 6,76 4,26 8,73 2,50

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A tabela 8 especifica todas as modificações ocorridas nas classes, no que se refere à sua

origem e seu uso atual, ou seja, a que classes pertencem cada classe analisada no ano de 1986.

Tabela 8: Origem das classes de cobertura em 2009 em relação a 1986.

Origem da classe campo nativo de 2009 Origem da classe campo antrópico de 2009

km² % km² %

Campo Nativo 84,90 67 Campo Nativo 5,51 24

Capoeira 32,14 25 Capoeira 8,46 36 Mata 1,64 1 Mata 2,98 13 Campo Antrópico 4,40 3 Campo Antrópico 5,40 23

Cultivos agrícolas 2,83 2 Cultivos agrícolas 0,81 4 Silvicultura 0,07 0 Silvicultura 0,02 0

Água 0,13 0 Água 0,02 0

Total 126,10 100 Total 23,22 100

Origem da classe capoeira de 2009 Origem da classe cultivos agrícolas de 2009 km² % km² %

Campo Nativo 33,43 24 Campo Nativo 6,73 49 Capoeira 78,82 56 Capoeira 3,55 26

Mata 21,36 15 Mata 0,86 6 Campo Antrópico 2,84 2 Campo Antrópico 0,82 6

Cultivos agrícolas 2,64 2 Cultivos agrícolas 1,74 13 Silvicultura 0,21 0 Silvicultura 0,03 0 Água 0,67 0 Água 0,06 0

Total 139,96 100 Total 13,78 100

Origem da classe mata de 2009 Origem da classe silvicultura de 2009 km² % km² %

Campo Nativo 3,56 3 Campo Nativo 1,98 20 Capoeira 29,99 22 Capoeira 4,54 45

Mata 99,52 72 Mata 2,37 24 Campo Antrópico 2,43 2 Campo Antrópico 0,53 5 Cultivos agrícolas 1,01 1 Cultivos agrícolas 0,29 3

Silvicultura 0,66 0 Silvicultura 0,26 3 Água 1,55 1 Água 0,03 0

Total 138,71 100 Total 10,00 100

Origem da classe água de 2009

km²

Campo Nativo 0,81 14

Capoeira 2,58 44 Mata 1,31 22

Campo Antrópico 0,03 0 Cultivos agrícolas 0,20 3

Silvicultura 0,02 0 Água 0,89 15

Total 5,85 100

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4.5 Extensão dos tipos de solos no distrito de Criúva

A figura 34 mostra a distribuição dos tipos de solo no distrito de Criúva. A maior extensão dos

Cambissolos localizam-se nas porções centro-sul. Os Neossolos predominam nas porções norte e

noroeste do município, e de maneira descontínua no extremo leste, associados às calhas do Rio

das Antas, Rio Lajeado Grande, Arroio da Mulada, Arroio Ranchinho e seus tributários. Os

Nitossolos localizam-se em posição intermediária entre os Cambissolos e Neossolos, enquanto

os Gleissolos encontram-se exclusivamente nas áreas planas junto ao Arroio da Mulada.

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Figura 34: Mapa de solos do Criúva – Caxias do Sul – RS.

Fonte: adaptado de Flores (2007).

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60

Com os dados do levantamento de solos realizado pela Universidade Federal do Rio

Grande do Sul (Flores, 2007) foram analisados os tipos de solo de primeira ordem categórica, em

sua extensão e distribuição na área de estudo. Pode-se observar a predominância de Cambissolo,

presente em 57% da área do distrito de Criúva, seguido de Neossolo (29%), Nitossolo (13%) e

Gleissolo (1%). Estes dados podem ser conferidos no gráfico da figura 35 e a tabela 9.

Figura 35: Extensão dos tipos de solo de primeiro nível categórico no distrito de Criúva.

Tabela 9: Extensão dos tipos de solo de primeira ordem categórica no distrito de Criúva

Tipo de solo km² %

Cambissolo 260 56,77

Neossolo 134 29,26

Nitossolo 58 12,66

Gleissolo 6 1,31

4.6 Extensão das classes de uso e cobertura da terra por tipo de solo

Os gráficos da figura 36 e a tabela 10 mostram a extensão dos 7 tipos de classe de uso e

cobertura da terra do ano de 2009 em cada tipo de solo do distrito de Criúva.

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Figura 36: Extensão das classes do uso e cobertura da terra nos quatro tipos de solos de Criúva no ano de 2009.

Tabela 10: Extensão das classes de uso e cobertura da terra por tipo de solo no ano de 2009.

Classe de Uso da Terra Cambissolo Neossolo Nitossolo Gleissolo

km² % km² % km² % km² %

Campo Nativo 93,18 36 9,11 7 21,98 38 1,77 32

Capoeira 94,06 36 23,39 17 20,30 35 2,05 37

Mata 43,37 17 85,18 64 9,24 16 0,58 11

Campo Antrópico 10,53 4 9,78 7 2,79 5 0,11 2

Cultivos Agrícolas 8,83 3 1,92 1 2,11 4 0,88 16

Silvicultura 6,61 3 2,69 2 0,69 1 0,01 0

Água 2,94 1 1,97 1 0,64 1 0,12 2

Total 256,58 100 132,05 100 57,12 100 5,40 100

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O gráfico da figura 37, por sua vez, compara todos os valores das classes e tipos de solos.

Figura 37: Classes do uso e cobertura da terra nos quatro tipos de solos de Criúva.

As classes campo nativo e capoeira apresentam predominância com valores similares nos

solos dos tipos cambissolo, nitossolo e gleissolo, e redução no neossolo. A classe mata foi

observada predominantemente sobre neossolos e com valores similares nos demais tipos de solo.

As classes campo antrópico e silvicultura comportam-se de forma idêntica nos cambissolos,

neossolos e nitossolos, e apresentam seus menos valores em gleissolos. Nestes, destaca-se a

classe cultivo agrícola, justificada pela aptidão deste tipo de solo para a agricultura.

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5. CONCLUSÕES

A classificação de Lindman, postulada a mais de um século, e as classificações de Scur

(2005) foram as que melhor se adaptaram à determinação das classes de uso e cobertura

da terra.

Através das técnicas de sensoriamento remoto utilizadas foi possível separar, com um

classificador digital, as duas formações campestres da área estudada: campo nativo e

campo antrópico. Também foi separada da mata o estágio intermediário de sucessão

natural, chamado de capoeira neste trabalho.

Na análise da distribuição espacial das classes no distrito como um todo, não se observou

mudança considerável entre as datas de 1986 e 2009.

Em relação às mudanças ocorridas entre as duas datas, constatou-se a redução das classes

campo nativo e capoeira, evidenciando a ameaça que estes ecossistemas, pois carecem de

mecanismos para sua proteção. Observou-se aumento das classes de uso antrópico, em

especial a silvicultura.

O estudo mostrou que no ano de 2009 as matas encontravam-se majoritariamente sobre

neossolos enquanto campo nativo e capoeira apresentavam predominância, com valores

similares, sobre solos dos tipos cambissolo, nitossolo e gleissolo.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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