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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE FÍSICA PROPRIEDADES TERMOLUMINESCENTES DA FLUORITA BRASILEIRA DE COLORAÇÃO VIOLETA TESE APRESENTADA AO INSTITUTO DE FÍSICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE "DOUTOR EM CIÊNCIAS" MARÍLIA TEIXEIRA DA CRUZ i /LIVRO SAO PAULO-1972

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE FÍSICA

PROPRIEDADES TERMOLUMINESCENTES DA FLUORITA BRASILEIRA DE COLORAÇÃO VIOLETA

TESE APRESENTADA AO INSTITUTO DE FÍSICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE "DOUTOR EM CIÊNCIAS"

MARÍLIA TEIXEIRA DA CRUZ

i / L I V R O

SAO PAULO-1972

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«A

à minha mãe

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A G R A D E C I M E N T O S

Expressamos nosso reconhecimento de modo espe­

cial:

Ao Prof. Dr. Shigueo Watanabe pela oportunidade

de pesquisa, pelo seu interesse e orientação do presente

trabalho;

Ao Dr. Michael R. Mayhugh pelo apoio, incentivo,

sugestões e debates.

Nossos agradecimentos se estendem:

Ao Prof. Dr. Rómulo Ribeiro Pieroni, Diretor do

Instituto de Energia Atômica, pela conceção de licença pa

ra utilizar os equipamentos da Divisão de Física do Esta­

do Solido daquela Instituição;

à Profa. Ewa Wanda Cybulska pela colaboração na

montagem de parte do equipamento utilizado;

 Profa. Wanda Cecília Las pelo auxílio na par­

te de cálculos;

Ao Sr. José Dias Baeta e demais membros da equi

pe técnica do Laboratório do Acelerador Linear do Institu

to de Física da U.S.P. pela valiosa ajuda, apreciável di­

ligencia e extrema boa vontade na confecção das peças ne­

cessárias aos vários equipamentos utilizados na realiza­

ção deste trabalho;

Ao Eng? Carlos Eduardo Fernandez Falcão,Sr. Hen

rique Monteiro Alves e Eng? Santiago Valverde, da Divisão

de Instrumentação e Eletrônica Nuclear do Instituto de

Energia Atômica, pela assistência técnica aos vários equi.

pamentos eletrônicos;

à Srta. Marina Tokumaru pelo serviço datilogrã-

fico;

Ao Sr. Atsushi Endo pelo esmero dos desenhos e

f iguras;

Ao Lir. Geraldo Nunes pelos trabalhos fotográfi­

cos ,

Ao Sr. Bruno Manzon pela impressão e ao Sr. Jo­

sé Florentino dos Santos pela encadernação;

Aos colegas e amigos pelo estímulo e apoio du­

rante o desenvolvimento deste trabalho.

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R E S U M O

Foram investigadas algumas propriedades termolu

minescentes da fluorita violeta proveniente do Estado de

Santa Catarina, Brasil.

As formas das curvas de emissão TL do fósforo,

conforme fica demonstrado, variam com a exposição.

Foram pesquisados os efeitos dos primeiros reco

zimentos sobre a sensibilidade TL da fluorita virgem.

Foram igualmente estudadas as conseqüências sobre a sensi_

bilidade de recozimentos isotérmicos realizados em amos-14. 5

tras sensibilizadas por 2 , 8 x 10 R, 3,5 x 10 R e

1,0 x 10 6R.

Verificou-se que a fluorita é sensibilizada pe­

las exposições acima e que os recozimentos isotérmicos di

minuem essa sensibilização. A redução se intensifica com

o tempo e/ou a temperatura do recozimento.

Uma comparação entre essas duas experiências

permitiu concluir que a fluorita virgem se acha sensibili

zada pela dose natural de irradiação. Observou-se, tam­

bém, que os recozimentos durante tempos superiores a duas

horas a 500°C (ou mais), no ar, destroem de forma mais es

tavel a sensibilidade, que não ê totalmente recuperada mes_

mo que a amostra seja submetida a uma exposição elevada.

A resposta TL ã exposição y mostrou-se su-

pralinear. Foi estabelecida uma correlação entre a sensi

bilização e a presença de cargas capturadas nas armadi -

lhas TL profundas.

As respostas TL ãs radiações ultravioletas de

comprimentos de onda iguais a 36 5 nm e 249 nm foram

medidas com varias amostras de fluorita (violeta, verde e

amarela). As respostas TL ao aclaramento total são con

sistentes com o modelo proposto por Watanabe e Okuno, que

sugere a transferência de cargas já capturadas nos cen-

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tros profundos para as armadilhas TL rasas e o esvazia­

mento ótico destas últimas. A resposta TL a exposições

sucessivas â luz faz supor que algumas cargas liberadas

das armadilhas rasas são recapturadas pelos centros pro­

fundos .

Foi medido o espectro de excitação da TL foto

estimulada. Verificou-se que a resposta TL ã luz varia

com a temperatura da amostra durante a iluminação.

Foram determinados finalmente os efeitos dos re

cozimentos isotérmicos sobre a sensibilidade TL ã luz

de ' 249 nm e de 36 5 nm.

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A B S T R A C T

Some properties of thermoluminescence in Brazilian fluorite have been investigated. The form of the glow curves of this phosphors varies with exposure.

The effects of annealing on the TL sensitivity have been examined for virgin fluorite. Samples

LL 5 previously irradiated with 2,8 x 10 R, 3,5 x 10 R and

6 1,0 x 10 R were also annealed and changes in the sensitivity were observed. These exposures sensitize the TL response of the fluorite whereas the annealings reduce this sensitization. This reduction is larger the longer the annealing time or the higher the temperature.

By comparison between these two experiments it is possible to conclude that the virgin fluorite is sensitized by the natural dose. Annealings longer than two hours at 500°C destroy the sensitivity in a seemingly irreversible way, that is, the sensitivity is not re­covered by a subsequent high exposure.

The TL response as a function of exposure was observed. A correlation between the sensitization and the area under the residual peaks was found.

The TL response to ultraviolet light of wave-lenghts 249 nm and 365 nm was measured using several samples of fluorite (violet, green and yellow). The TL response to increasing light exposures is consistent with the model proposed by Watanabe and Okuno. This model postulates that the light transfers charges from the deep centers to the TL traps, and also empty the shallow TL traps. The TL response to successive light exposures suggests that the charges liberated from the shallow traps are sometimes retrapped in the deep centers.

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The photostimulated (PSTL) excitation spectrum was measured. The PSTL was verified to vary with the sample temperature during the illumination. Finally the PSTL sensitivity to 249 nm and 365 nm light was in­vestigated as a function of previous thermal treatment. In general increasing the annealing temperature, or time, reduces the PSTL sensitivity.

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Í N D I C E

CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO 1

Modelo simples de termoluminescência 2

Modelos explicativos das propriedades da TL 7

Objetivos do presente trabalho 9

CAPÍTULO II

MATERIAIS E MÉTODOS EXPERIMENTAIS 10

a) Fluorita 10

b) Recozimentos 12

c) Método de irradiação 12

d) Medida da termoluminescência 18

CAPÍTULO III

CARACTERÍSTICAS GERAIS DA TL DA FLUORITA VIOLETA 21

a) Curvas de emissão 21

b) Recozimentos 30

c) Estabilidade ã temperatura ambiente 36

CAPÍTULO IV

EFEITOS DE RECOZIMENTOS A VÁRIAS TEMPERATURAS NAS

PROPRIEDADES TL DA FLUORITA VIOLETA 37

a) Efeitos dos primeiros recozimentos 37

Recozimentos a 300°C durante vários

intervalos de tempo 38

Recozimentos a 400°C durante vários

intervalos de tempo 40

Recozimentos a 500°C durante vários

intervalos de tempo 4 5

Recozimentos a 650°C durante vários

intervalos de tempo 45

- vi -

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b) Efeitos causados por uma dose elevada de

radiação 5 0

1. Recozimentos a 300°C 53

2. Recozimentos a 400°C 58

3. Recozimentos a 500°C 62

c) Discussão do fenômeno da sensibilização

da fluorita violeta 69

d) Comparação entre os resultados dos reco­

zimentos do fosforo apôs ter sido sensi­

bilizado com os dos primeiros recozimen­

tos da fluorita virgem 86

CAPITULO V

RESPOSTA TL DA FLUORITA A RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA 9 8

a) Resposta TL da fluorita ao aclaramento

total 99

b) Efeito da radiação ultravioleta sobre uma

amostra previamente exposta â radiação X 111

c) Dependência da resposta TL do comprimento

de onda da luz incidente 115

d) Modelos explicativos do fenômeno da TL

fotoestimulada 121

e) Efeito da temperatura das amostras na

sensibilidade TL fotoestimulada 124

f) Resposta da fluorita violeta a exposições

sucessivas â luz ultravioleta 129

g) Efeito de uma irradiação prévia, da expo­

sição sensibilizante e de recozimentos iso

térmicos na sensibilidade TL fotoestimulada 134

CONCLUSÕES FINAIS 142

SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS 14 4

APÊNDICE 145

REFERÊNCIAS 147

- vi i -

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CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

O fenômeno da termoluminescência (TL) ê conhe­

cido há muito tempo. Boyle observou-o nos diamantes e

fluoritas em 1663"^. Os estudos sistemáticos, por outro 2 )

lado, so foram iniciados, por volta de 19 30, por Urbach ,

que relacionou a energia de ativação de uma armadilha TL

com a temperatura em que o pico, que lhe corresponde ,

ocorre na curva de emissão. Posteriormente, em 1945, 3)

Randall e Wilkins formularam um modelo teórico para a

termoluminescência, baseado numa cinética de primeira ar

dem da ionização térmica dos centros. A partir dessa da

ta, a TL passou a receber maior atenção dos cientistas. 4)

Em 1947, Daniels e colaboradores iniciaram

uma serie de experiências na Universidade de Wisconsin ,

visando ã utilização da TL na dosimetria da radiação ,

dando início a uma das mais importantes aplicações da TL.

Suas pesquisas tiveram novo impulso em 1960, quando John

Cameron deu prosseguimento aos estudos sobre as proprie­

dades do LiF:Mg.

Atualmente a dosimetria TL ocupa lugar de des­

taque entre as técnicas de medida das radiações, por 5)

apresentar varias vantagens sobre as outras. Dentre

elas sobressaem:

1) Os dosímetros são pequenos, podendo ser uti

lizados em locais não acessíveis a outras técnicas;

2) A TL pode medir exposições desde 10 ate

10 6R;

3) A TL pode ser usada na dosimetria das radia

ções a, 3, y> X e ultravioleta, partículas carregadas co

mo elétrons, mesons, prõtons e íons. A dosimetria TL de

nêutrons pode ser feita indiretamente por intermédio de - 1 -

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reações nucleares;

4) 0 custo dos dosímetros e relativamente bai­

xo, já que uma grande parte dos fósforos pode ser reapro

veitada.

A dosimetria das radiações, de um modo geral,

tem-se tornado necessária, pois a sua aplicação aos cam­

pos da Física, Química, Biologia, Medicina e outros,crês

ce rapidamente devido aos seus efeitos úteis. Por outro

lado, as radiações produzem efeitos altamente prejudi­

ciais, conforme a dose, sobre os tecidos e organismos vi

vos, sendo necessário proteger as pessoas expostas a tais

radiações, quase diariamente, em virtude do trabalho a

que se dedicam.

A aplicação da TL ã dosimetria reforçou o inte

resse pelo estudo das propriedades TL de vários materiais

e, conseqüentemente, uma serie de trabalhos visando ago

ra não sõ â dosimetria TL, mas também ã identificação das

armadilhas TL, ã compreensão dos mecanismos envolvidos e

a sua correlação com outros fenômenos físicos que ocor­

rem nos fósforos TL.

Ampla bibliografia sobre o assunto pode ser en

contrada nas refs. 5) e 6).

Modelo simples da termoluminescência

Termoluminescência e o fenômeno físico caracte

rizado pela emissão de luz por um material em processo

de aquecimento. Essa emissão difere da incandescência.

Se o material for aquecido uma segunda vez, sem receber

nenhum tratamento, sõ esta última e observada. As subs

tâncias que apresentam termoluminescência são denomina­

das "fósforos termoluminescentes" ou simplesmente "fôsfo

ros ".

A TL pode ser induzida no fósforo por uma ra­

diação; este tipo de excitação e o mais conhecido. Obser

- 2 -

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va-se, também, a termoluminescência após o fósforo ter

sido submetido a outros tratamentos, tais como choques

mecânicos, campos elétricos ou pressões elevadas.

Os fósforos TL são em sua maioria cristais ió­

nicos .

Embora não exista uma teoria exata, física ou

química, que explique a termoluminescência, ê possível

fazê-lo qualitativamente pelo modelo descrito a seguir.

Os cristais iónicos são sólidos nos quais a

banda de valência se encontra repleta e a banda de condu

ção, que ê vazia, esta separada da primeira por uma fai­

xa de energia bastante larga, cujos estados são proibi­

dos aos elétrons.

A presença de uma impureza ou de um defeito na

rede cristalina modifica-a localmente, levando ao apare­

cimento de níveis de energia permitidos metastãveis nes

sa faixa proibida. Um elétron que, eventualmente, este

ja na banda de condução pode ser capturado num desses ní

veis conhecidos como armadilhas.

As armadilhas podem ser criadas pela radiação,

pela presença de impurezas naturais, pelo aquecimento do

cristal, ou ainda provocadas propositadamente durante o

seu crescimento, pela introdução de átomos estranhos.

A radiação, ao encontrar o cristal, ioniza-o,

havendo, portanto, durante o processo de irradiação elé­

trons e buracos livres nas bandas de condução e valência

respectivamente. Parte desses elétrons e buracos poderã

vir a ser capturada pelas armadilhas ja existentes no

cristal. A figura abaixo ilustra o processo:

BANDA DE CONDUÇÃO BANDA^DE CONDUÇÃO BANDA DE CONDUÇÃO

LUZ

BANDA DE VALENCIA BANDA DE VALENCIA BANDA DE VALENCIA

A) IRRADIAÇÃO B) AQUECIMENTO C) AQUECIMENTO

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Durante o aquecimento posterior (b), os elé­

trons são libertados das armadilhas, passando para a ban

da de condução. AÍ eles podem mover-se livremente até

se recombinarem com os buracos capturados, emitindo fo-

tons. Se os buracos, todavia, forem menos estáveis que

os elétrons, eles poderão ser libertados primeiro, indo

para a banda de valência, onde permanecerão até se recom

binarem com os elétrons capturados, havendo também a emis

são de luz (c).

0 centro responsável pela emissão de luz ê co­

nhecido como "centro de luminescência".

A vida média de um elétron ou de um buraco nu­

ma armadilha é expressa por

' 1 E

- = se kT , T

onde E ê a profundidade da armadilha em energia contada

a partir da banda de condução (armadilha de elétrons) ou

da de valência (buracos); T ê a temperatura do fósforo

em °K; k = constante de Boltzmann e s_ ê uma constante pa

ra cada centro, conhecida como fator de freqüência.

. , Durante o aquecimento, essa vida média diminui,

chegando a tornar-se bastante pequena. A luz emitida pe

lo fósforo depende naturalmente dessa vida média, tendo

uma intensidade fraca quando se inicia o aquecimento, a

qual vai aumentando até atingir um máximo para decrescer

em seguida. A existência do máximo ê explicada, supondo

se que há um número (limitado) de cargas capturadas nas

armadilhas (devido â irradiação), que podem ser libera­

das (pelo aquecimento). Isso explica também por que, nu

ma segunda leitura TL, realizada logo apos a primeira ,-

não se observa mais emissão de luz, visto não haver mais

cargas capturadas. 0 gráfico da luz emitida em função

da temperatura ou do tempo de aquecimento ê a chamada cur

va de emissão. 0 máximo atingido ê chamado altura do pi

co de emissão.

- 4 -

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A TL emitida por um fósforo pode ser medida

através da observação das curvas de emissão. Ela depen­

de do fósforo particular utilizado, do tipo e da dose da

radiação incidente, das histórias térmica e radioativa

do fósforo. Suas principais características são:

1) Curva de emissão

A curva de emissão é o que melhor caracteriza

a emissão TL de um fósforo.

A sua forma depende dos tipos de armadilhas e

de centros de luminescência existentes no cristal, da ra

zão de aquecimento e do aparelho detetor utilizado.

A presença de mais um pico na curva de emissão

revela a existência de mais de um tipo de armadilha TL.

As temperaturas em que aparecem estão ligadas ãs profun­

didades E das armadilhas TL que lhes correspondem.

A integral da TL em função do tempo de aqueci

mento ê proporcional a TL total e ê usada como medida da

TL. A altura de um pico também ê proporcional ã TL

(quando se reproduz a forma de aquecimento).

2) Resposta ã exposição X ou y

A TL emitida por um fósforo cresce como função

da exposição até que, para exposições elevadas, atinge

um valor máximo, não variando mais com o aumento da expo

sição. Em alguns fósforos essa resposta ê linear, em ou

tros observa-se um crescimento mais rápido do que o li

near, em alguns intervalos da exposição. A esse ultimo

comportamento dá-se o nome de supralinearidade.

A exposição é medida em Roentgens. 1 R corres­

ponde ã quantidade de radiação X ou y que, incidindo so-- 4

bre 1 kg de ar, produz 2,5 8 x 10 coulombs.

3) Resposta TL a outros tipos de radiação

A TL tem sido também empregada na dosimetria

de nêutrons, prótons, elétrons e partículas a.

Em todos os casos, verifica-se que a resposta

cresce com a dose absorvida. Esta aplicação da TL, en-

- 5 -

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tretanto, e relativamente recente e somente foi estudada

em alguns fósforos.

A dose absorvida é medida em rad. 1 rad cor

responde â absorção de 100 ergs da energia da radiação

por grama do material a ela exposto.

k) Resposta TL â radiação ultravioleta

Alguns fósforos TL apresentam resposta TL foto

estimulada apôs terem sido submetidos a uma exposição

elevada e a um recozimento adequado.

A resposta TL ã radiação U.V. cresce, a princí

pio, em função do aclaramento total, atinge um máximo e

decresce em seguida.

Por aclaramento total entende-se a integral do

aclaramento durante o tempo de exposição. Ele represen-2

ta a energia luminosa total que incide em um cm da amojs 2 2

tra. É medido em joules/cm = wattseg/cm . A energia

luminosa absorvida pelo fósforo depende do aclaramento

total.

5) Sensibilidade

Mede-se a sensibilidade TL de um fósforo pela

quantidade de luz emitida por uma dada massa do mesmo e

por unidade de dose da radiação a que foi exposto.

6) Dependência da energia das radiações inci­

dentes

A sensibilidade dos fósforos TL em geral depen

de da energia da radiação incidente, pois esta interage

com o cristal de forma diversa quando sua energia varia.

7) Estabilidade

Dependendo da profundidade de suas armadilhas

TL, um fósforo pode apresentar um decréscimo na resposta

TL devido ao tempo decorrido entre a irradiação e a lei

tura. Esse fenômeno é* conhecido como "fading". É impor

tante saber como contornã-lo quando se for utilizar a TL

na dosimetria.

- 6 -

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8) Sensibilização

A sensibilidade dos fósforos TL, em geral, de­

pende da historia térmica e radioativa dos mesmos. Al­

guns deles apresentam um aumento na sua sensibilidade ã

radiação depois de terem sido submetidos a um recozimen-

to (sensibilização térmica) ou a uma exposição elevada

seguida de um recozimento conveniente (sensibilização de

vida ã radiação).

9) Recozimento

A sensibilidade TL de um fósforo é muito in­

fluenciada pelos recozimentos a que o mesmo é submetido.

Estes podem aumenta-la ou diminuí-la, dependendo do tem­

po, da temperatura e do fósforo.

Quando realizados antes da irradiação, denomi­

nam-se pré-recozimentos e, se depois, põs-recozimentos.

Os recozimentos atuam de modo diferente nas ar

madilhas do cristal, podendo destruir algumas e aumentar

o número de outras. Uma descrição detalhada dos efeitos

dos recozimentos de alguns fósforos pode ser encontrada

nas refs. 5 ) , 8) e 9).

10) Espectro de emissão TL

A luz emitida por um fósforo apresenta um cer­

to espectro de emissão característico do fósforo. 0 es­

pectro de emissão é em geral independente do tipo de ar­

madilha TL que é esvaziada, mas para alguns fósforos va­

ria com a exposição. A observação do espectro de emis­

são permite tirar conclusões a respeito da natureza dos

centros de luminescência.

Modelos explicativos das propriedades da TL

Utilizando o conceito de armadilha TL descrito

no item anterior e na explicação da TL como sendo a li­

bertação térmica das cargas capturadas nessas armadilhas

- 7 -

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e posterior recombinação emitindo luz, vários modelos ma

temáticos foram propostos visando a descrever: a) as

curvas de emissão T L 3 ) ' 1 0 ) > ^ > 1 2 ) ' 1 3 ) > 1 4 > j b) a

resposta TL ã exposição, supralinearidade e sensibiliza-

~ 15), 16), 17), 18) , _ çao ; c) os efeitos do pos-recozimen-

. 12), 3) „ T _ , . . 19), 20) to ' ; d) a TL fotoestimulada '

Quando necessária, será feita a descrição de

alguns desses modelos no decorrer do trabalho.

Alguns modelos mais físicos foram também propojs

tos visando â identificação das armadilhas TL com os de-21) 22) 23) 6)

feitos ou impurezas existentes no cristal ' ' ' .

Para isso tornou-se necessário observar outros

fenômenos que ocorrem nos fósforos TL, tais como espec­

tros EPR, absorção ótica, corrente fotoestimulada, foto-

condutividade, radioluminescência e outros.

Muitos trabalhos apresentados procuram relacio

nar as armadilhas TL com os centros de cor.

Denomina-se "centro de cor" a uma configuração

eletrônica especial dentro de um sólido, em virtude do

que o mesmo produz absorção ótica de uma região do espec - . - 24)

tro para a qual ordinariamente o solido e transparente

Um centro de cor corresponde, no diagrama de

bandas de energia do cristal, a um dos estados metastã -

veis de energia existentes na faixa proibida que captu­

rou um ou mais elétrons ou buracos.

BANDA DE CONDUÇÃO

BANDA DE VALENCIA

- 8 -

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A absorção de luz corresponde a transições ele

trônicas entre alguns desses estados metastãveis de ener

gia ou entre eles e as bandas de condução e de valência.

Alguns centros de cor são bem conhecidos, de

tal forma que, se um deles puder ser identificado com

uma armadilha TL ou com um centro de recombinação, poder

se-ã entender o fenômeno da TL de um ponto de vista mais

físico.

Objetivos do presente trabalho

Neste trabalho, foram estudadas algumas das

propriedades TL da fluorita violeta proveniente de Cri­

ciúma, em Santa Catarina, visando ã sua utilização na do

simetria TL da radiação y e também da radiação U.V., bem

como compreender melhor alguns aspectos do mecanismo da

TL.

0 conhecimento dos efeitos de recozimentos e

da sensibilização na fluorita pode levar a uma melhor

aplicação da mesma na dosimetria, razão pela qual parte

deste trabalho foi dedicada a observã-los. Paralelamen­

te foi feito um estudo do mecanismo da supralinearidade

e da sensibilização.

As propriedades da TL fotoestimulada também fo

ram estudadas, pois só assim será possível aplicar-se a

fluorita ã dosimetria U.V.. Algumas experiências reali

zadas visaram ã compreensão do mecanismo envolvido nesse

processo. Foram também observadas algumas propriedades

da TL fotoestimulada das fluoritas verde e amarela.

- 9 -

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CAPÍTULO II

MATERIAIS E MfíTODOS EXPERIMENTAIS

a) Fluorita

0 fósforo usado na realização da maior parte

deste trabalho foi o fluoreto de cálcio, natural, de co-\

loração violeta, proveniente de Criciúma, Santa Catarina.

Foram empregadas varias amostras de fluorita violeta pui

verizada, cada uma delas preparada a partir de um bloco

de cristal de coloração similar; no decorrer do trabalho

serão mencionadas como I, II, III e t c . Preparou-se ain

da uma segunda remessa da amostra II do mesmo bloco cris_

talino de onde se havia retirado a primeira (A II-l e

A II-2).

A fig. II-l mostra as curvas de emissão TL de

quatro dessas amostras submetidas aos mesmos tratamentos

térmicos e radioativos. Nota-se que todas elas apresen­

tam picos de emissão TL nas mesmas temperaturas (dentro

dos erros experimentais), mas esses picos são de alturas

relativas e absolutas diferentes, dependendo da amostra

utilizada. Esse fato tornou possível a observação de

mais detalhes das curvas de emissão TL. Por outro lado,

verificou-se que, no emprego pratico da fluorita para do

simetria, e necessário repetirem-se as calibrações cada

vez que uma remessa diferente de amostra pulverizada e

preparada.

Algumas experiências de pre-recozimento e expo

sição ã luz ultravioleta foram repetidas para mais de

uma amostra, tendo-se observado que o comportamento ge­

ral e o mesmo, como se vera no decorrer do trabalho.

A termoluminescência foi medida para as amos­

tras em pó com granulação entre 85 e 185u.

Uma análise por ativação química da amostra II

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F ig .n -1

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6 0 -

4 0 -

20 -

CURVA DE AQUECIMENTO

<

QC

< ÜJ

- 4 0 0

-300

- 2 0 0

-100

O 30 60 (SEGUNDOS)

TEMPO DE AQUECIMENTO Amostra I

8 0 -

6 0 - 2

4 0 -

2 0 -

-400

-300

-200

-100

O 30 TEMPO DE

Amostra

60 (SEGUNDOS)

AQUECIMENTO m

80-CURVA DE

AQUECIMENTO

- 4 0 0

-300

•200

100

O 30 60 (SEGUNDOS)

TEMPO DE AQUECIMENTO Amostra I I - I

80 - - J

6 0 -

4 0 -

20 -

- 4 0 0

-300

-200

100

O 30 60 (SEGUNOOS)

TEMPO DE AQUECIMENTO Amostra JJZ

CURVAS DE EMISSÃO TL DE VARIAS AMOSTRAS FLUORITA VIOLETA.

DE

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foi realizada pela Divisão de Radioquímica do Instituto

de Energia Atômica, por Michelle Guénin e Diva Glasser

Leme, tendo-se verificado a presença das seguintes im

purezas de terras raras: La = 4,10 ± 0,02 ppm; Ce =

= 10,0 ± 0,4 ppm; Nd = 9,74 ± 0,0 3 ppm; Sm = 7,70 ± 0,03

ppm; Eu = 0,776 ± 0,004 ppm; Tb = 2,16 ± 0,03 ppm; Ho =

= 3,28 ± 0,04 ppm; Yb = 6,26 ± 0,04 ppm; Lu = 0,76 ±

± 0,01 ppm. Foram ainda encontrados Tm; Gd e Dy, mas

suas quantidades nao foram determinados."

b) Recozimentos

Os recozimentos foram realizados em fornos cu­

jos reguladores de temperatura eram essencialmente de

dois tipos: num deles, a temperatura era regulada median

te o uso de um relé que ligava e desligava a corrente

através das resistências do forno, quando a temperatura

variava cerca de 5°C acima ou abaixo do valor desejado.

No outro tipo, uma corrente constante fluía através das

resistências do forno, sendo possível controlar a sua

temperatura aumentando ou diminuindo a corrente. Neste

tipo de forno, a temperatura pode ser mantida constante

com maior precisão.

Os recozimentos se fizeram em cadinhos prê-

aquecidos, o que reduziu o tempo de aquecimento do fósfo

ro. A temperatura dos recozimentos foi medida com termo

par de Ni-Cr, colocado no interior do forno durante os

recozimentos. A calibração do mesmo revelou um erro de

0.5% na indicação da temperatura.

c) Método de irradiação

1) Irradiação com raios X.

0 aparelho utilizado foi o modelo F, tipo A da

* Comunicação particular. Agradecemos ao Prof. Fausto W.

Lima pela orientação dessa analise.

- 12 -

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General Electric, com ânodo da válvula de tungsténio, co

mumente usado nos gabinetes dentarios. A sua calibração

já havia sido feita com o condenser R-meter da Victoreen,

modelo 5 33, bem como a determinação da energia efetiva

da radiação.

As irradiações com a radiação X foram usadas

como teste da reprodutibilidade da sensibilidade das

amostras, sendo, pois, mais importante a reprodutibilida

de da máquina do que o valor absoluto de cada exposição.

Essa reprodutibilidade já havia sido determinada por E.

Okuno, que encontrou uma variação de 5% (desvio quadrãti 9) ~

co medio de 10 exposições). ~ ~ 137 2) Irradiação com a radiação y do Cs.

As irradiações foram feitas utilizando-se as 137

fontes de Cs do Departamento de Biologia do Instituto

de Biociências da U.S.P.* e do Hospital A.C. Camargo**.

A fonte do Departamento de Biologia já havia

sido calibrada utilizando-se o condenser R-meter da 9)

Victoreen, modelo 533. Foi encontrado para o feixe a

5 0 cm da fonte o valor de (0,68 ± 0,03)R/min., em setem­

bro de 196 8.

Durante as irradiações com essa fonte, os fós­

foros estavam situados a 10 cm da mesma, tendo a razão

de exposição, nessa posição, variado de 16,5R/min., em

julho de 1970, ate 15,7R/min., em julho de 1972, período

em que as experiências foram realizadas.

0 sistema de blindagem construído para a fonte * A fonte de Cs do Instituto de Biociencias foi prepara

da pelo Oak Ridge National Laboratory 3 que forneceu a

sua atividade antes do encapsulamento. Foi doada ãque_

le Instituto pela Fundação Rochefeller. Agradecemos

ao Departamento de Biologia a permissão para utiliza-

la .

** Algumas exposições foram realizadas com a ajuda do Sr.

Francisco Contreras Morales, a quem agradecemos.

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permite que a mesma seja suspensa por um fio a uma distân

cia de aproximadamente 2 cm acima da altura de uma mesa,

quando descoberta, o que possibilita a irradiação de va­

rias amostras ao mesmo tempo. Estas, jã pulverizadas,fo

ram colocadas em capsulas de polietileno de 5 mm de diâ­

metro, 17 mm de comprimento e 1 mm de espessura de pare­

de, durante as irradiações.

Os erros devidos â colocação e ao tempo de ex-• ~ 9) posição foram determinados por E. Okuno como sendo

iguais a 5% (desvio-padrão de 10 exposições).

Essas exposições foram também utilizadas como

testes da sensibilidade das amostras de fluorita apôs te

rem sido submetidas aos vários tratamentos térmicos e ra

dioativos. Um erro sistemático, que porventura exista

devido ao fato de não se ter alcançado o equilíbrio ele­

trônico nas exposições, não influirá nas medidas, pois

neste caso também é mais importante a reprodutibilidade

das exposições do que o seu valor absoluto. 13 7

0 rendimento da fonte de Cs do Hospital A.C.

Camargo, jã localizada no Cesa Gammatron, marca Siemens,

foi medido pela equipe técnica do Hospital e o valor en

contrado foi 175R/min. a 20 cm, com erro de 5%. As irra

diações foram feitas no interior de uma caixa de plásti­

co de 8 cm x 4,5 cm x 1,2 cm, coberta por uma placa de

polietileno de 3 mm de espessura, que produziu o equilí­

brio eletrônico.

A caixa foi colocada a 15 cm da fonte durante

as exposições. Essa distância foi escolhida para se po-6

der, com mais facilidade, atingir a exposição de 10 R.

Todavia, verificou-se que, nessa posição, a amostra fica

va praticamente encostada â blindagem da fonte, o que

acarretou um erro sistemático na medida das exposições ,

devido â existência de radiação espalhada, cujo valor não

foi determinado.

Utilizou-se esse aparelho para se levantar uma

curva de resposta TL â exposição e para se irradiarem as

- 14 -

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tres amostras com exposições de 2,8 x 10 R, 3,5 x 10 R

e 1,0 x 10 R, que foram usadas no estudo da sensibiliza­

ção da fluorita pela irradiação (cap. IV).

No primeiro caso, o efeito da radiação espalha

da ê mais crítico, não se podendo confiar totalmente nos

resultados como uma medida exata da exposição. Por ou­

tro lado, quando se faz, por exemplo, uma comparação en­

tre a sensibilização de uma amostra e a área residual

sob os picos V e VI (vide cap. IV), o erro sistemático

não interfere. Nesse caso, as amostras foram colocadas

no centro da caixa, tendo-se, dessa forma, mantido a dis_

tância aproximadamente constante durante as irradiações.

Quando se irradiaram as três amostras com

2,8 x 10 4R, 3,5 x 10 5R e 1,0 x 10 6R, a caixa de piás

tico foi dividida em três partes, cada uma com aproxima­

damente 4,0 cm x 1,5 cm. 0 fósforo que foi distribuí­

do nos três compartimentos foi retirado de um só deles,-

após cada exposição ter sido completada. Isso levou a

uma irradiação mais homogênea de cada amostra e possibi

litou irradiá-las de uma só vez, diminuindo o tempo to­

tal de irradiação.

0 estudo da influência da exposição sensibiLi

zante sobre a sensibilidade da fluorita que foi levado a

efeito no Capítulo IV, independe do valor absoluto da ex

posição e, portanto, os erros sistemáticos cometidos

não interferiram nas conclusões.

3) Irradiações com raios X e y de várias ener­

gias .

Algumas irradiações y foram feitas no interior

da piscina do reator do Instituto de Energia Atômica de

São Paulo; as amostras colocadas em plásticos e mergu­

lhadas na guia do reator, logo apos este ter sido desli­

gado, ficaram assim expostas ã radiação y remanescente

por uma noite ou por todo um fim de semana.

As exposições foram estimadas pelo método da

medida da absorção ótica, utilizando-se cristais puros

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de LiF e postulando-se que o crescimento das bandas M e

R em função da exposição e universal." Como curva de

calibração, foi utilizada a publicada por Vaughan e

Miller. 2 5 )

Para este trabalho, entretanto, so uma ordem

de grandeza da exposição era suficiente, pois ela foi

utilizada somente para saturar as armadilhas TL do cris­

tal (vide cap. IV).

4) Irradiações com a radiação ultravioleta.

Foi utilizado um monocromador de retículo com

1.200 linhas por milímetro, ângulo de "blaze" 220 nm, al

canee de 200 a 700 nm, dispersão 7,4 nm/mm, fabricado pe

la Bausch & Lomb. Como fontes de luz foram usadas lâm­

padas de alta pressão de Hg e Xe.

0 monocromador permitia a variação contínua das

fendas de entrada e de saída entre 0 e 6 mm. No decor­

rer do trabalho foram usadas fendas de saída desde 0,3

até 3 mm, correspondendo a bandas passantes de 2,2 a

22,2 nm. Foi utilizada a fenda de 3 mm somente para 2

aclaramentos totais acima de 5 wâttseg/cm , para se redu

zir o tempo de iluminação.

0 aclaramento foi medido por um radiómetro mod. 2

5 80-11A da E.G. & G, que fornecia o valor em watt/cm

através de uma tabela que relacionava o valor da corren-

te lida com o valor do aclaramento para^ cada comprimento

de onda da luz incidente.

A fig. II-2 mostra os espectros das lampadas

de Xe e de Hg, saindo do monocromador com banda passante

de 5,2 nm medidos pelo radiómetro.

0 erro no aclaramento total foi determinado ex -2 2

pondo-se sete amostras a 1,1 x 10 wattseg/cm . 0 va­

lor encontrado foi 8% (desvio-médio quadrático). Para

cada iluminação foram feitas cinco leituras.

Para a banda passante de 5,2 nm, foram feitas * Agradecemos ã Sra. Linda V.E. Caldas pelas medidas.

- 16 -

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Fig. n

BANDA PASSANTE 5,18 nm LUZ DE Hg

LUZ DE Xe

E S P E C T R O DAS LAMPADAS

DE Hg e de Xe.

200 250 3 0 0 350 4 0 0 450

COMPRIMENTO DE ONDA (nm)

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medidas da luz espalhada pelo monocromador nos comprimen

tos de onda iguais a 200, 225, 250, 275 e 300 nm. Foram

expostas amostras de fluorita â radiação U.V. com e sem

filtro, que cortava radiações de comprimento de onda abai

xo de 300 nm. A resposta TL quando se utilizou o filtro,

em todos os casos, foi aproximadamente 10 0 vezes menor.

d) Medida da termoluminescência

Para medida da TL foi utilizado o aparelho de

leitura TL da Harshaw Chemical Co., mod. 2000A, acoplado

ao pico amperímetro automático, mod. 2000B. Como regis­

trador das curvas de emissão, utilizou-se um registrador

mod. 370 da Keithley Instruments Co.. Um segundo amperí

metro foi acoplado â saída do sistema de leitura da TL,

o que permitiu uma expansão da escala de correntes de um

fator 3 quando necessário.

Um sistema de leitura TL consta essencialmente

de uma prancheta de aquecimento do fósforo, uma fotomul-

tiplicadora, um sistema de alimentação da fotomultiplica

dora, um para medir as correntes e outro para integrá-

las .

No aparelho da Harshaw, o elemento que aquece

e uma prancheta feita de uma liga especial que reduz a

incandescência quando aquecido.

Isso tornou possível a observação dos picos de

alta temperatura da fluorita.

0 controle de temperatura do aparelho Harshaw

e feito por um termopar de ferro-constantã, que fica en­

costado ã prancheta. A tensão acusada pelo termopar ê

amplificada e comparada com um programador de temperatu­

ra. Esse sistema de aquecimento permite obter razões de

aquecimento lineares para a temperatura sentida pelo ter

mopar e, portanto, aproximadamente lineares para o fõsfo

ro.

0 ganho do amplificador e ajustado de tal for-

- 18 -

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ma que o termopar indica corretamente a temperatura de

200°C, quando o aparelho esta calibrado. Nessas condi­

ções , a temperatura máxima atingida pela prancheta é de

aproximadamente 40 0°C.

Essa calibração foi mantida durante a realiza­

ção da maior parte deste trabalho. Na parte final, toda

via, ela foi mudada, permitindo que a prancheta atingis­

se 500°C para se observarem os picos de emissão TL de al

ta temperatura da fluorita.

Esse sistema de controle de temperatura supõe

que as perdas devido ao contato térmico do termopar com

a prancheta são independentes da temperatura desta. Is­

so, todavia, não ocorre, o que introduz um erro na medi­

da da temperatura nos valores diferentes dos utilizados

para a calibração.

Por outro lado, o fósforo também fica encosta­

do â prancheta durante a leitura TL, o que faz supor que

a sua temperatura seja mais próxima da indicada pelo ter

mopar.

0 erro na medida da temperatura por esse méto­

do foi avaliado em aproximadamente 3 0°C. Por outro lado,

a reprodutibilidade do ciclo de aquecimento, que é o que

mais interessa quando se utiliza a altura de um pico de

emissão TL como medida da TL, nesse aparelho é mantido

dentro de 5°C.

No decorrer do trabalho, quando não especifica

da, a medida da TL foi expressa pela altura dos picos de

emissão.

Esta adaptado ao aparelho um conjunto de resis_

tências que permite escolher facilmente a razão de aque­

cimento desejada. No trabalho foram utilizadas as ra­

zões 2°C/s e 10°C/s para as leituras TL.

0 aparelho possui uma luz padrão que emite

fluorescência constante e possibilita a calibração do ga

nho do aparelho, bem como possíveis correções para valo­

res diferentes de alta tensão na fotomultiplicadora.

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Durante todas as experiências, esse ganho foi mantido

constante.

Existe ainda uma entrada de gás na câmara de

leitura TL, tendo as leituras sido feitas em ambiente de

nitrogênio para reduzir a TL espúria.

Para cada leitura, foi utilizada uma quantida­

de de fósforo igual a (8,3 ± 0,3) mg, correspondente ao

volume contido em uma pequena cavidade feita na superfí­

cie superior de um cilindro maciço de lucite. 0 valor

0,3 mg corresponde* ao desvio quadrático médio determina

do a partir de 16 pesagens diferentes.

Os fatores acima mencionados, ou seja, uma va­

riação no ciclo de aquecimento, na quantidade de amostra

utilizada e ainda uma variação da corrente de fundo da

fotomultiplicadora devida ao seu aquecimento quando o pe

ríodo de leituras ê longo, contribuem para os erros come

tidos na leitura da TL. 0 desvio médio quadrático foi

de - 7 % .

- 20 -

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CAPÍTULO III

CARACTERÍSTICAS GERAIS DA TL DA FLUORITA VIOLETA

a) Curvas de emissão

Como foi visto no Capítulo I, o estudo da ter-

moluminescência é feito pela observação das curvas de

emissão.

Comumente essas curvas expressam, em unidades

arbitrarias, a intensidade da luz emitida pelo fósforo

durante o aquecimento. No presente trabalho, preferiu-

se representar essa luz pela corrente elétrica correspon

dente, lida pelo aparelho Harshaw, a qual, como se sabe,

não corresponde ao seu valor absoluto. Pode-se, contudo,

comparar os resultados obtidos nas diversas experiências

pelo confronto dos respectivos gráficos.

As figs. III-l a III-U são as curvas de emis­

são da fluorita violeta A II-2, obtidas utilizando-se a

razão de aquecimento igual a 2°C/s.

Na fig. III-l, vê-se, em linha tracejada,a cur

va de emissão da fluorita violeta virgem, isto é, a que

apenas foi triturada e peneirada no laboratório. A ter-

moluminescência, nesse caso, resulta da irradiação rece­

bida pela fluorita quando no interior da terra e devida

aos traços de elementos radioativos existentes no solo e

â radiação cósmica local.

0 fósforo apresenta, assim, o que se denomina

"dose natural de radiação". Observa-se, nesse caso, um

só pico de emissão, mas que ê bastante largo na escala

de temperatura.

Cumpre salientar que nessa, como em todas as

figuras que apresentam as curvas de emissão (III-l a

III-7), a escala de correntes foi mudada várias vezes no

decorrer de uma leitura para possibilitar uma melhor vi-

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F i g U I - I

CURVAS DE EMISSÃO DA FLUORITA VIOLETA COM A EXPOSIÇÃO NATURAL E COM A EXPOSIÇÃO NATURAL E ~ 7 X I 0 6 R DA RADIAÇÃO Tf REMANESCENTE NA PISCINA DO REATOR.

EXPOSIÇÃO NATURAL

EXPOSIÇÃO NATURAL +-7X IO R

TEMPO DE AQUECIMENTO (MINUTO)

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sualização dos picos de emissão. Nota-se, sobre cada

trecho da curva, a indicação de um fator pelo qual deve

ser multiplicada a escala lateral para se ler a corrente

correspondente aquele trecho.

A fig. III-2 mostra as curvas de emissão de

amostras de fluorita violeta A II-2, que foram recozidas

durante 10 minutos a 680°C, a seguir 95 minutos a 400°C 3

e irradiadas com 500R e com 5 x 10 R da radiação y do 13 7

Cs. Essas temperaturas e tempos de recozimentos fo -ram escolhidos a partir dos dados existentes na litera-

9) 2 2) 26)

tura ' ' , escolha essa discutida com mais deta -

lhes no Capítulo IV.

Observa-se a existência de 4 picos, ãs tempera

turas aproximadas de 90°C, 130°C, 225°C, 315°C. Nota

se que a curva se eleva para temperaturas mais altas, in

dicando a existência de pelo menos mais um pico, que nes

se caso não ê observado por aparecer em temperatura supe

rior ã alcançada pelo aparelho, fato que foi confirmado 3

posteriormente. Na curva correspondente a 5 x 10 R, ve-

se que o pico II apresenta uma estrutura, fazendo supor

que ê composto por dois picos, o II e o chamado I I 1 , que

ê observado ã temperatura de ~ 115°C.

As figs. III-3 e III-4 apresentam as curvas de

emissão de outras porções do mesmo material submetidas ã

exposição de 10 4R, 2,8 x 10 4R, 6 x 10 4R, 3,5 x 10 5R ,

10 R e a fluorita com a dose natural. Nota-se que, pa-. ~ 4 . .

ra a exposição de 2,8 x 10 R, aparece mais um pico, o

III', â temperatura de aproximadamente 250°C, que vai-

se tornando mais nítido com o aumento da exposição. As - ~ 5 6

curvas correspondentes as exposições de 3,5 x 10 R, 10 R

e a natural foram medidas com aparelho calibrado para

atingir a temperatura aproximada de 500°C. Pode-se, nes

ses casos, observar a existência de mais 2 picos, o V

e o VI, âs temperaturas de ~ 410°C e ~ 485°C, respecti

vãmente.

Essas temperaturas correspondem as indicadas - 23 -

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F Í Q . m - 2

u r

I 2 3 TEMPO DE AQUECIMENTO (minutos)

500R

5X10 3R

CURVAS DE EMISSÃO DA FLUORITA VIOLETA EXPOSTA A 5 0 0 R E A 5 0 0 0 R DA

RADIAÇÃO * do ' 3 ? Cs

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F i q i n - 3 CURVAS DE EMISSÃO DA FLUORITA VIOLETA

EXPOSTA A I 0 4 R , 2 , 8 X I 0 4 R E 6 X I 0 4 R DA

RADIAÇÃO tf DO l 3 7 C s .

TEMPO DE AQUECIMENTO (MINUTOS)

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Fig. TH-4

100 H

80 H

SO-i

4 0 H

20 H

CURVAS DE EMISSÃO DA FLUORITA VIOLETA EXPOSTA A

3,5X 10 R, 10 R DA RADIAÇÃO * DO Cs E A EXPOSIÇÃO

NATURAL.

EXPOSIÇÃO NATURAL

T 2 3

TEMPO DE AQUECIMENTO (minutos)

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pelo sistema de controle de temperaturas do aparelho

Harshaw.

A forma da curva de emissão da fluorita virgem

faz supor que a mesma é composta pelos picos III, III',

IV, V e VI; os picos IV, V e VI, menos intensos do que

os picos III e III', tendo jã atingido os seus valores

máximos. Os picos I, II e II' e parte do pico III não

são observados porque teriam decaído devido ao tempo de

vida da amostra no interior da terra. Todavia, ê possí­

vel que o recozimento secular que a fluorita sofreu te

nha modificado as características da mesma, tornando bas_

tante difícil a resolução dos picos IV, V e VI. Na fig.

III-l pode-se ver, alem da curva de emissão da fluorita

virgem, a de uma amostra que, além da irradiação natural, 6 ~

foi exposta a ~ 7 x 10 R da radiação y remanescente na

piscina do reator. Verifica-se, na segunda curva, o apa

recimento dos picos II', II e III, mas que a luz emiti­

da as temperaturas correspondentes aos picos IV, V e VI

não aumentou, o que confirma a afirmação feita acima de

que eles jã haviam atingido os seus valores máximos (sa­

turação). A leitura TL foi feita vários dias após a ex-

posição de ~ 7 x 10 R e por isso não se observa o pico

I. A presença dos picos II, II' e III, bem como dos pi­

cos III', IV, V e VI vem mostrar que as armadilhas que

a eles correspondem não são criadas pelos recozimentos

que antecedem as exposições, mas jã existem no cristal

quando e retirado da terra.

A fig. III-5 apresenta curvas de emissão da

fluorita violeta A II-2, com o mesmo tratamento térmico 3 6

anterior e expostas a 250R, 2,5 x 10 R e 10 R, mas utili

zando-se agora 10°C/s como razão de aquecimento no apa­

relho leitor de Harshaw. Nota-se que os picos se tornam

mais altos e pontiagudos quando a razão de aquecimento 5)

aumenta, fato bastante conhecido. Essas curvas sao

apresentadas, contudo, pois as demais partes deste traba

lho foram realizadas utilizando-se essa razão de aqueci

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1 1 1 T E M P E R . C C ) X o o ó ° o O § = l\> W ° O O -

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Fig. TH - 6

CURVAS DE EMISSÃO DA FLUORITA VIOLETA EXPOSTA A IÒ2WATT SEG./Crn. DA RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA DE COMPRI­MENTOS DE ONDA IGUAIS A 250 nm e 365 nm.

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mento do fósforo durante as leituras TL.

Na fig. III-6 são vistas as curvas de emissão

de amostras de fluorita violeta que foram recozidas 15

minutos a 520°C, 60 minutos a 400°C e depois expostas

a luzes ultravioletas de comprimentos de onda iguais a

365 e 250 nm. Nas duas curvas, observa-se a presença

dos picos I, II, III e IV, cujas alturas absolutas e re­

lativas dependem, além de outros fatores, do comprimento

de onda da luz incidente.

b) Recozimentos

Como jã foi mencionado no item a ) , a fluorita

retirada do solo apresenta uma "dose natural" de radia­

ção bastante elevada. Para utiliza-la, deve-se neutrali

zar essa dose, submetendo-a, para isso, a um recozimento

adequado.

Cumpre encontrar, também, um recozimento conve

niente a que a fluorita deve ser submetida, apos uma ir­

radiação, para que readquira a mesma sensibilidade.

As experiências foram inicialmente conduzidas

com os objetivos acima, ou seja, determinar as temperatu

ras e os intervalos de tempo desses recozimentos. 9)

Okuno mostrou que, apos um recozimento de

10 minutos a 5 80°C seguido por cerca de outros 5 de 15 ou

30 minutos a 400°C, a sensibilidade TL da fluorita verde

â exposição torna-se constante. Observou também que

os 5 recozimentos a 400°C acima mencionados podiam ser

substituídos por um de duas horas â mesma temperatura.

Foram utilizadas para as experiências acima va

rias amostras de fluorita violeta (A I, A II-l, A III e

A IV). Para cada uma delas, apos um tratamento térmico

inicial â temperatura mais elevada, foi feita uma série

de recozimentos a 400°C intercalados de exposições de

10R ã radiação X.

Um exemplo pode ser visto na fig. III-7, que

- 30 -

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10 A

o

lò8-

»ò9

Fig. TH - 7

PICO I PICO 2 CURVA DE RESPOSTA TL AS EXPOSIÇÕES

- K i u u d SUCESSIVAS DE 10 R DA RADIAÇÃO X g x PICO 3 INTERCALADOS POR RECOZIMENTOS A

° - A PICO 4 400 °C POR 60 MINUTOS in o o

o o ° ° o o % S

|'Ó°I I ' i I I I I I L 5 6 7 8 9 10 II 12 13 14 15 16 NÚMERO DO RECOZIMENTO

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apresenta as respostas TL da fluorita violeta A IV â ex­

posição de 10R em função do número do recozimento. Nes

se caso particular, o primeiro recozimento foi de 10 mi­

nutos a 600°C, o segundo de 90 minutos a 400°C e os de­

mais de 60 minutos também a 400°C. Nota-se que, a par­

tir do terceiro recozimento, a resposta TL â exposição

torna-se constante. Resultados similares foram encontra

dos para as outras amostras. Conclui-se que a fluorita

violeta apresenta um comportamento análogo ao da verde,

podendo ser também utilizada como dosímetro.

Observou-se ainda que a sensibilidade TL da

fluorita depende mais do recozimento inicial ã temperatu

ra elevada do que dos subseqüentes, realizados a tempera

turas inferiores. Esse fato é ilustrado nas figs. III-8

e III-9.

Na fig. III-8 vêem-se as respostas TL a 100R 137

da radiação y do Cs de duas amostras de fluorita vio­

leta A II-l, que foram previamente recozidas, uma delas

durante 10 minutos a 600°C e a outra durante 3 minutos a

700°C, e depois ambas durante vários intervalos de tempo

a 300°C em função do tempo do recozimento a 300°C. No

ta-se que os recozimentos realizados a 300°C, mesmo por

longos intervalos de tempo, não afetam a sensibilidade

da fluorita ã radiação e que a amostra recozida â tempe­

ratura de ~ 700°C se revelou menos sensível do que a ou­

tra.

Na fig. III-9 são apresentadas as respostas TL 13 7

a 100R da radiação y do Cs, antes e depois dos reco­

zimentos de 35, 60 e 120 minutos a 300°C e de 90 minutos

a 400°C de três amostras de fluorita violeta A II-l, re­

cozidas inicialmente a 600, 650 e 700°C, durante 10 minu

tos,e de uma amostra A III recozida durante o mesmo tem-,

po a 700°C. Novamente observa-se que a sensibilidade d_i

minui com o aumento de temperatura do primeiro recozimen

to, mas que quase não sofre alteração devido aos outros.

Esse fato, que se revelou merecedor de maior

- 32 -

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Fig. I J J - 8

10 AH

5

2h:

O ü

c I O

V. O Ü

N O .' O

to •o (0

10 CO O O

< QC -9

3 10 AH^i

5 -(<

2 -

-10 10

o

•o to

10

CURVAS ^DE RESPOSTA T L A EXPOSIÇÃO DE 100 R DE RADIAÇÃO tf DO l 3 7 C s EM FUNÇÃO DO TEMPO DE R E C 0 Z I -MENT0 A 3 0 0 °C.

x 12 R E C 0 Z I M E N T 0 600 °C - 10 MINUTOS

5 I 0 Z 2 5 10* T E M P O DE RECOZIMENTO

I O 4 (minutos) • PICO n

x PICO TU

x x x X |2 RECOZIMENTO

700 °C - 3 MINUTOS

I O 2 I O 3

T E M P O DE R E C O Z I M E N T O I O 4 (minutos)

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Fig. HI - 9

CO O Ü

CO o o

10 D

A U - I

l s RECOZIMENTO - 6 0 0 ° C - 10 MINUTOS

Í300 °C-35,60 OU 120 MIN. 22 RECOZIMENTO 1400 ° C - 90 MINUTOS

IÓ8A

X

60 120 TEMPO DE RECOZIMENTO (MIN.)

io.

co o o

CO

o

< -10

10

An-1 l ? RECOZIMENTO-650°C-10 MINUTOS

? « R F r n 7 i M F N i T n / 3 0 0 ° c - 3 5 ' 6 0 o u '20MIN. 2- RECOZIMENTO { 4 0 Q <>c _ 9 Q w ^

X

60 120 TEMPO DE RECOZIMENTO (MIN.)

A n - i

I» RECOZIMENTO - 700 t - 10 MIN.

2 s RECOZIMENTO -300 C- 35,60 OU 120 MIN.

A -

CO o< o 0.

to» o !• < -10 10

IÕ9AH

CO o o Q_

60 120 TEMPO DE RECOZIMENTO (MIN.)

CO o o

-10 10

A TU

I» RECOZIMENTO- 700 °C - 10 MINUTOS

2«REC0ZIMENT0

X

300 C - 35.60 OU L20MIN. 400°C - 90 MINUTOS

o X

o X

o

X

i 60 120

TEMPO DE RECOZIMENTO (MIN.)

o PICO I

• PICO 2

x PICO 3

RESPOSTAS T L t DE AMOSTRAS DE FLUORITA VIOLETA

SUBMETIDAS A D I F E R E N T E S RECOZIMENTOS A 100 R

DA RADIAÇÃO ò" DO , 3 7 Cs

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ALTURA DOS

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PICOS >" -x-

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observação, deu causa a um estudo mais detalhado dos

efeitos dos recozimentos a diferentes temperaturas duran

te vários intervalos de tempo sobre a sensibilidade TL

da fluorita â radiação, que será descrito no capítulo se

guinte.

c) Estabilidade ã temperatura ambiente

A fig. 111-10 (a e b) mostra os resultados

das leituras TL de duas amostras de fluorita violeta A

IV em função do tempo decorrido, desde o momento da expo

sição aos raios X (fig. lOa) e â luz ultravioleta (fig.

10b). Verifica-se que as alturas dos picos de emissão

TL ainda permanecem as mesmas 80 dias depois.

- 36 -

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CAPÍTULO IV

EFEITOS DE RECOZIMENTOS A VÁRIAS TEMPERATURAS NAS PROPRIE­

DADES TL DA FLUORITA VIOLETA

Como foi visto no Capítulo III, a fluorita vio­

leta retirada do solo apresenta uma dose "natural" de ra­

diação que ê elevada. Por outro lado, embora não se co­

nheça com exatidão a sua historia, supõe-se que ela acom­

panhou as variações de temperatura local do subsolo en­

quanto lã permaneceu. Vi-se, assim, que a fluorita vir­

gem é um fósforo em que os efeitos causados por dose de

radiação elevada e por recozimentos jã estão presentes.

Por outro lado, boa parte dos fósforos TL conhecidos é

composta de cristais artificiais. Assim, habitualmente,-

quando se empregam as expressões pré e pos-recozimentos ,

sensibilização e outras similares, subentendem-se os efei

tos causados pelos diversos tratamentos, a que o fósforo

foi submetido sobre a sua sensibilidade TL. Esta é a que

o fósforo apresenta apôs ter sido produzido.

Para se poder, pois, comparar as propriedades -

TL da fluorita com as dos cristais artificiais,' torna-se

necessário conhecer as conseqüências dos tratamentos a

que a mesma foi submetida, enquanto no subsolo, sobre a sua

sensibilidade TL. As experiências descritas a seguir fo­

ram realizadas visando a determinar tais conseqüências.

a) Efeitos dos primeiros recozimentos

Denominou-se "primeiro recozimento" ao primei­

ro tratamento térmico a que o fósforo foi submetido no la

boratõrio.

As várias amostras de fluorita A II-l virgem

foram recozidas a uma determinada temperatura durante um

- 37 -

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certo intervalo de tempo. Os recozimentos deram-se nas

temperaturas de 300°C, 400°C, 500°C e 650°C em interva-

los de tempo de 5 a 10 mxnutos. Resultados preliminares

demonstraram que os recozimentos a temperaturas acima de

450°C diminuem a sensibilidade TL do fósforo à radiação

e quase não se fazem sentir quando se dão a temperaturas

da ordem de 300°C. Esses fatos determinaram a escolha do

intervalo de temperaturas acima mencionados para os reco­

zimentos .

Depois dos recozimentos, as próximas etapas fo­

ram:

a) Leitura TL do fósforo sem exposição teste".

b) Irradiação com exposições testes de 100R , 3 4

10 R e 10 R. No decorrer do trabalho, quando nao especi­

ficadas , subentendem-se exposições testes as realizadas 137

mediante raios y do Cs. Foram utilizadas varias expo

sições para se melhorar a precisão, pois os recozimentos

de tempo maior do que 6 0 minutos a temperaturas iguais ou

superiores a 500°C diminuem muito a sensibilidade do fõs_

foro ã radiação.

c) Leitura TL.

Os resultados encontrados foram os seguintes:

Recozimentos a 300°C durante vários intervalos de tempo.

As figs. IV-1, 2 e 3 mostram, respectivamente,

as leituras TL do fósforo recozido a 300°C sem exposição

teste, irradiado com 100R e com 1000R em função do tempo

de recozimento.

Pela fig. IV-1 pode-se verificar que o pico cor

respondente â radiação natural (pico natural) ainda perma

nece e vai diminuindo com o aumento do tempo de recozi­

mento. Comparando-se as figs. IV-1, 2 e 3, observa-se

Entende-se por "exposição teste" a que e aplicada so­

mente para verificar a sensibilidade TL de um fósforo.

- 38 -

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id5A

5-

IÓ5A Fig E M

(O 5 O ü E (o 2^ o

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(0 2-1 O O s

10 < QC

= 5H J <

2 -t

10

TEMPO DE RECOZIMENTO (min.)

Fig. EZ-2

X X

5

2

ió7H

2-

lò8

Fig. 12-3

10 10 10*

TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

P R I M E I R O S RECOZIMENTOS A 300 °C

Fig. E M PICO N A T U R A L Fig. Et-2 E X P O S I Ç Ã O T E S T E - 100 R 0ÜI'=-O,O6 <£E=-0,02 1̂11 =-0,07

Fig.ET-3 E X P O S I Ç Ã O T E S T E - I O O O R

<£H*-0,03 <fjtt-0p4 ^01=0,10

v PICO n '

• PICO n

x PICO m

A PICO NATURAL

' * r 3 ^ r v ^ , ^ ^

z_ 10 10* 10

TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

10"

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que a altura do pico natural não aumentou pela exposição

adicional de 100R ou mesmo de 1000R. Como no capítulo an

terior, notou-se que a quantidade de luz emitida pelo fõs_

foro, na região de temperatura correspondente aos picos

IV, V e VI, não variou; novamente, confirmou-se que os pi

cos IV, V e VI haviam atingido seus valores máximos. Po­

de-se entender esse valor máximo como sendo devido a um

preenchimento (pela dose natural) de todas as armadilhas

correspondentes aos picos IV, V e VI existentes no cris­

tal.

As sensibilidades dos picos II e II', como se

pode notar pelos gráficos, não são afetadas pelos recozi-

mentos. 0 pico III, na fig. IV-2, sõ e observado depois

de 900 minutos de recozimento, pois a partir daí o pico

natural torna-se suficientemente pequeno e não interfere

mais nas medidas do pico III. Esse fato é ilustrado na

fig. IV-4, onde são vistas as curvas de emissão da fluori

ta violeta apôs um recozimento de 30 ou de 900 minutos,

sem exposição adicional e com a exposição de 1000R.

Observa-se também que a sensibilidade do pico III não e

afetada pelo tempo de recozimento a 300°C. Na fig. IV-5,

podem-se ver os gráficos das temperaturas em que os picos

são observados na curva de emissão em função do tempo de

recozimento. Apesar dos erros experimentais serem gran­

des, nota-se que o pico natural chega a deslocar-se

~ 10 0°C para temperaturas maiores, quando o tempo de reco­

zimento varia de 15 para 1.440 minutos. Esse fato fica

explicado se novamente se admite que o pico natural é com

posto pelos picos III, III', IV, V e VI, alguns deles com

temperaturas superiores a 300°C. Fato similar ocorre nas

medidas do efeito da sensibilização da fluorita pela expo

sição ã radiação y, fato que será descrito nos itens se­

guintes .

Recozimentos a 400°C durante vários intervalos

de tempo.

Nas figs. IV-6 , 7 e 8, podem-se ver os resulta-

- 40 -

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Fig. E T - 5

° ° 4 0 0

en o o ---300-

o o

T E M P E R A T U R A DOS P I C O S

P R I M E I R O S R E C 0 Z I M E N T 0 S A 3 0 0 ° C

o

8

o o

8 o

o o o

o o

o o

o o

X X

o o

PICO rr

• PICO n

X PICO TU

A PICO 1 2

A PICO NATURAL

OS VÁRIOS PONTOS PARA CADA PICO C O R R E S P O N D E M A S V Á R I A S E X P O S I Ç Õ E S

< 2 0 0

I -<

£ 100- V 9 s l 3

9 9 9 i 9

ÜJ

10 TEMPO DE

10'

RECOZIMENTO (minutos)

Í0 J

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dos das leituras TL da fluorita recozida a 400°C durante

vários intervalos de tempo, com e sem as exposições tes­

tes de 100R e 1000R, respectivamente.

Como no caso dos recozimentos a 300°C, na fig.

IV-6 nota-se que o pico natural decai em função do tempo

de recozimento. Esse decaimento obedece a uma lei do ti-

po TL = TL 0t , t > t Q ; o significado da expressão

matemática será discutido no item IV-C. A temperatura em

que esse pico aparece na curva de emissão não excede, en­

tretanto, aos erros experimentais, como no caso dos reco­

zimentos a 300°C.

Nas figs. seguintes, vê-se que as alturas dos

vários picos de emissão TL decrescem também como função

do tempo de recozimento de forma similar â do pico natu-— ct • ral, ou seia, TL. = TL .t 1 , t > t„ . Os valores dos ' J .' i 0 1 ' o

expoentes são diferentes para os vários picos de

emissão TL e dependem da temperatura do recozimento e

da exposição sensibilizante , fato esse discutido com

mais detalhes no item IV-B.

Para os vários foram encontrados os valores:

Exposição teste

Pico 100R 1000R

a-j- i 0,08 ± 0 ,01

air li» 0,07 ± 0,02 0,07 ± 0,01

a n ii 0,13 ± 0 ,01 0,12 ± 0,01

a i n I H 0,25 ± 0,02 0,26 ± 0,01

aiv IV 0,33 ± 0,03 0,33 ± 0,01

Os resultados são acompanhados dos erros medios

quadráticos.

" Define-se "exposição sensibilizante" como uma exposi­

ção elevada a que o fósforo e submetido e cujo efeito

consiste em aumentar a sua sensibilidade ã radiação

nas exposições futuras.

- 43 -

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5*4

10" tO o o 5 CL

s 2 H

V

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<

Fig. n r - 6

PICO N A T U R A L

P R I M E I R O S R E C O Z I M E N T O S A 400 °C

o PICO I

v P I C O n'

• P I C O n

x PICO m

A P I C O u

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10

(tf

10 10 10" TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

10a

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to O O o. CO O

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<

3 °

X v

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A

V Y ^ r v -

v*

Fig. ET.- 7

EXPOSIÇÃO TESTE! 100 R ori=-0,07 orn=-0,l3

orm>-o,25 orB7s-o,33

M 10 10 10

TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

cnlOH o

K 5H

to

§ 2H

3 "

- A

< 10 or 3 I -

s

5A

- ^ A A

^ A .

V

A

AA

Fig. ET-8

EXPOSIÇÃO TESTE I000R ofl=-0,08 C3fn'=-0,07 o - i i » - o , i 2 c / n i * - o , 2 6

oírST=-0,33

10 10' 10 IO4

TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos) 10

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Recebimentos a 5 0 0°C durante vários intervalos

- 45 -

de tempo.

Os resultados do decréscimo da sensibilidade da

fluorita em função do tempo de recozimento a 500°C são

apresentados na fig. IV-9, tendo sido a exposição teste 3

de 10 R. Novamente, observou-se que as alturas dos picos

diminuiram segundo leis de potência, cujos expoentes en­

contrados foram:

ttj = 0,31 ± 0,03 ; aXI - 0,53 ± 0,03 ;

alll = ° ' 5 9 ± ° ' 0 3 6 aIV = ° ' 5 1 ± ° ' 0 5 ••

Nesse caso, o pico natural não foi observado por

já haver decaído bastante e por se ter, durante a leitura

TL, somente aquecido a fluorita a temperaturas inferiores

a 500°C.

Recozimentos a 65 0°C durante vários intervalos

de tempo.

Esta experiência foi repetida duas vezes, por­

que na primeira vez notou-se que, depois de um recozimen­

to de duas horas, a resposta TL da fluorita ã exposição y 4 -

de ate ~ 10 R era semelhante a obtida com uma amostra

não irradiada (amostra de controle).

Pode-se destacar, entre outras, como causas da

TL nas amostras de controle a triboluminescência e a TL

estimulada pela luz ambiente que incide nas amostras du­

rante os processos de leitura e encapsulamento. Essa TL

espúria, como ê comumente chamada, variou de amostra para

amostra. As leituras TL foram consideradas válidas quan­

do apresentaram valor igual ou superior ao dobro do da TL

espúria.

A segunda vez revelou problemas semelhantes, de

monstrando que um recozimento no ar a 6 5 0°C, durante duas

horas, torna a fluorita quase insensível ã radiação y ate

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ALTURA DOS PICOS -_ — — V ^ '

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aproximadamente 10 R.

Observando-se os vários gráficos (fig. IV-10 a

IV-13), nota-se que os pontos se desviam das retas, tor

nando bastante imprecisos os cálculos dos ou. Os valores

obtidos estão resumidos no quadro abaixo.

Pico 100R

Exposições

1000R

testes

3 x ÍO^R 10 0 0R(2a.exp. )

a l 1 0 ,74±0 ,03 0,84±0,02 0 ,88±0 ,01 0,97±0,22

all II 0 ,86±0 ,02 0 ,88±0 ,07 0,91±0 ,05 1,3 ±0,2

aIII III 0 ,81 + 0 ,08 0,85±0 ,39 0,87±0,04 1,3 ±0,2

aIV IV 0,99±0 ,06 1,01±0,13

Schayes et al. observaram também que a sen­

sibilidade da fluorita belga decresce muito rapidamente -

quando recozida a temperaturas superiores a ~ 6 0 0°C. No­

taram que o decréscimo da sensibilidade e pequeno quando

a temperatura do recozimento e inferior a 450°C, fato

que concorda com os resultados obtidos no presente traba­

lho. Todavia, no caso da fluorita belga, o decréscimo da

sensibilidade e igual para os picos I, I 1 , II e III, con­

trariamente ao verificado para a fluorita brasileira. 9)

Okuno notou que a sensibilidade da fluorita -

de coloração verde, também procedente de Santa Catarina ,

a radiação y decresce quando o fósforo e recozido a tempe

raturas superiores a 400°C e que o pico III e mais sensí­

vel aos efeitos do recozimento do que o pico II, como foi

verificado para a fluorita violeta.

Resumindo, pode-se destacar como principais efei

tos dos primeiros recozimentos sobre a sensibilidade TL

da fluorita violeta os seguintes:

- 47 -

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Jf AH o o

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-10 10-

-6 . 10 A-?

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S 2H O

a:

? 5 H

2H

-9

10

FigTJT-10

PRIMEIROS RECOZIMENTOS A 650 °C FLUORITA VIOLETA A Tf- I

EXPOSIÇÃO TESTE I00R o r l = - 0 , 7 4 orn = - 0,86

orjrj>- 0,81

10 s. >. \

TEMPO OE RECOZIMENTO (min.)

Fig.JJZ>l2

EXPOSIÇÃO TESTE 3 X I 0 4 R

OC1- -0 ,88 orH s -0 ,9 l

orm=-o,87 of E?=-| ,0

o P I C O I

• P I C O n

x P I C O TJX

A P I C O rz

- i n TT 10 10 10 TEMPO DE RECOZIMENTO (min.)

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Fig.rg-lt EXPOSIÇÃO T E S T E IOOO R

-8

10 A H

</> o o a. 2 J

to q I O H

< 2H

-i<H 10

2A

.Õ8H

5H to o o

to §.õ9-

< I -

2H

10

c r i = -0 ,85

or E=-0,88

Of TJE=-0,99

or ET*-0,99

PRIMEIROS RECOZIMENTOS A 650 °C FLUORITA V I O L E T A A H - I

7o~ TEMPO DE RECOZIMENTO (min.)

Fig. IS -13

EXPOSIÇÃO T E S T E 1000 R

or I = 0,97

or E — 1 , 3

or JH = - I , 3

o PICOI

• P I C O n

x PICO m á P ICO ET

7õ 1 0 * IS5" TEMPO OE RECOZIMENTO (min.)

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1) Diminuem a sensibilidade do fósforo para as

próximas irradiações;

2) 0 decréscimo da sensibilidade pode ser ex­

presso como função de potência do tempo de recozimento

TL = TL 0t"ai , t > t 0 ;

3) Os valores dos expoentes crescem ã medi

da que a temperatura do recozimento aumenta;

4) Os valores dos expoentes são diferentes

para os vários picos de emissão TL. Notou-se que esses

valores tendem a crescer quando a temperatura dos picos

de emissão TL aumenta ( ajy ^ aIII > aII > ^l^»

5) Um recozimento de duas horas a 6 5 0°C, no ar,

ê suficiente para tornar a fluorita violeta praticamente

insensível a futuras exposições de ate 10 R.

Os resultados estão de acordo com os encontra-9)

dos por Okuno , para a fluorita verde, e so discordam da 2 6)

queles obtidos por Schayes et al. , no que diz respeito

a uma redução diferente da sensibilidade dos vários picos

de emissão TL que foi observada na fluorita brasileira

e não na belga.

b) Efeitos causados por uma dose elevada de radiação

Ê fato conhecido que alguns fósforos apresentam

um aumento na sua sensibilidade TL ã radiação após te­

rem sido submetidos a uma exposição elevada e a um recozi_ , . 5 ) 26) 28) 29) 30) 31) A , -mento adequado . A esse fenómeno,ja

mencionado no Capítulo I, dã-se o nome de sensibilização.

Se amostras de fósforo sensibilizadas e não sensibiliza -

das são submetidas ã mesma exposição teste, as primeiras

apresentam, em baixa temperatura (100°C a 300°C), picos

de emissão TL maiores do que os picos correspondentes -

das últimas.

0 recozimento intermediário, a que a amostra

sensibilizada ê submetida, tem como finalidade esvaziar as

- 50 -

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armadilhas correspondentes aos picos cujas alturas são

utilizadas como medida da sensibilidade, as quais haviam

sido preenchidas pela exposição sensibilizante.

A sensibilização do fosforo depende da tempera­

tura e do tempo do recozimento realizado apôs a exposição

5)

sensibilizante . Sunta observou, ainda, qúe, quando a

temperatura desse recozimento é ~ 400°C para o LiF e

- 600°C para o CaF^, a sensibilização e por ele des­

truída, voltando o fosforo a se comportar como anterior

2 9) —

mente

Foi observado, também, que os recozimentos in­

fluem de forma diversa sobre a sensibilidade TL de um

fósforo sensibilizãvel, se forem realizados após a exposi

ção sensibilizante, ou se executados nos cristais sem es­

sa irradiação. Assim, se a fluorita violeta, quando sub­

metida a uma irradiação elevada, for sensibilizada, certa

mente os efeitos dos primeiros recozimentos descritos no

item A devem ser comparados com os efeitos dos recozimen­

tos realizados no CaF2 artificial, também sensibilizado.

Por outro lado, se esse efeito não existir, então impor-

se-ã comparar os resultados descritos no item A com os

dos pré-recozimentos nos cristais artificiais.

As experiências descritas neste item foram, en­

tão, realizadas para verificar a existência do fenômeno -137

da sensibilização pela radiação y do Cs na fluorita

violeta e o efeito da exposição e dos intervalos de tem­

po dos recozimentos a varias temperaturas sobre essa sen­

sibilização .

Admitiu-se primeiramente que a fluorita violeta

estava sensibilizada pela dose natural; seria, então, ne­

cessário destruir essa sensibilização, para depois reindu

zi-la artificialmente. Para isso, amostras de fluorita

violeta A II-2 foram submetidas a um recozimento de 10

minutos a 680°C, seguido por outro de 95 minutos a 400°C.

Havia-se observado que um recozimento no ar de poucos mi­

nutos, a uma temperatura elevada, não destruía totalmente

a sensibilidade da fluorita ã radiação (cap. III, e cap.IV-

- 51 -

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item A ) ; por outro lado, era necessário esvaziar as arma

dilhas correspondentes a todos os picos de emissão TL ob­

servados, para que o cristal pudesse ser comparado com ou

tro nunca anteriormente irradiado. Isso, possivelmente,

seria conseguido com esse recozimento. Para estabilizar

a sensibilidade TL ã radiação (vide cap. III), foi reali­

zado um recozimento a 400°C durante 95 minutos. Esse tra

tamento térmico, ou seja, o recozimento a 6 80°C durante

10 minutos, seguido de outro a 400°C durante 95 minutos,

serã denominado, no decorrer do trabalho, "recozimento pa

drão".

As amostras de fluorita violeta A II-2 , depois

de submetidas ao recozimento padrão, foram divididas em

varias porções.

A primeira porção foi guardada sem irradiação

para servir de referência (amostra de controle). . . . 4

A segunda foi irradiada com 2,8 x 10 R da ra-13 7

diaçao y do Cs. A terceira e a quarta, com as expo 5 6

siçoes de 3,5 x 10 R e 1,0 x 10 R também da radiação 13 7

y do Cs. As irradiações foram realizadas com a fon­

te do Hospital A.C. Camargo, como mencionado no Capítulo

II.

Depois de irradiadas, cada uma das porções foi

novamente subdividida em três partes, sendo uma delas re-

cozida a 300°C, outra a 400°C, e a terceira a 500°C, du­

rante diferentes intervalos de tempo. Esses recozimentos

esvaziam as armadilhas da fluorita, de tal forma que se

esperaria que as alturas dos picos de emissão TL corres­

pondentes a essas armadilhas, quando submetidos ã exposi­

ção teste, fossem iguais as das amostras de controle, se

o fenômeno da sensibilização não existisse. Foram também

recozidas porções da amostra de controle a 300°C, 400°C

e 5 0 0°C, durante varios intervalos de tempo, para se po­

der separar o efeito da sensibilização de qualquer efeito

puramente térmico que possa existir.5'' Em seguida, todas * Por "efeito -puramente térmico" entende-se a variação

de sensibilidade de uma amostra devida a um recozimen­to , quer a mesma tenha ou não sido sensibilizada.

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as porções foram irradiadas com a exposição teste de

100R e lidas para se determinar as alturas dos picos cor

respondentes ãs armadilhas TL rasas (I, II, III e IV).

As leituras revelaram que as exposições de

2,8 x 10 4R, 3,5 x 10 5R e 1,0 x 10 6R sensibilizaram o

fósforo, o que pode ser verificado pelo aumento da emis­

são TL das amostras irradiadas em relação ã das amostras

de controle. Os recozimentos a 300°C, 400°C e 500°C fo­

ram diminuindo essa sensibilização ã medida que o tempo

de recozimento aumentou. Resultados mais detalhados são

apresentados a seguir.

1. Recozimentos a 300°C

Para efeito de clareza de exposição, são apre­

sentados, neste item, os resultados da sensibilização da

fluorita violeta,amostra A II-2, pelas exposições de

2,8 x 10 4R, 3,5 x 10 5R e 1,0 x 10 6R e também o efeito

do tempo do recozimento a 300°C, posterior a essas expo­

sições, sobre essa sensibilização.

Primeiramente recozeu-se a amostra de controle

durante vários intervalos de tempo a 300°C, para verifi­

car a influência desses recozimentos sobre a sua sensibi

lidade. Quase não se observou diferença na resposta TL

a 100R devido a esses recozimentos.

A fig. IV-14a apresenta os gráficos das altu­

ras dos picos de emissão TL em função do tempo de reco­

zimento a 300°C da fluorita que recebeu exposição sensi-

bxlizante de 2,8 x 10 R e teste de 100R. Notou-se que

essas alturas foram maiores do que as obtidas com a amos

tra de controle e que decresceram com o aumento do tempo

de recozimento; esse fato pode ser expresso por uma ~ — cu •

equação da forma TL = TL Qt 1 , t > t Q .

Cumpre lembrar que os primeiros recozimentos

causam também um decréscimo nas alturas dos picos de

emissão TL, que pode ser expresso por uma equação simi­

lar, como foi descrito no item A. Os valores das potên-

- 53 -

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1 IÓ7AH

5-1 o

o. •6

(O 10 -\ o

<

H _ J

<

5-

2-

10

F ig .LY- 14 o

R E C 0 Z I M E N T 0 S A 3 0 0 °C

• *—•

Ç o--o o . _o_. •o-

—— , r"2

10 10 TÉMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

7^

•10 en

5-

Fig. DZ - 14b

CURVA DE D E S S E N S I B I L I Z A Ç Ã O

o- -o—- o.

o P I C O I

• P ICO n

x P ICO m

— o -

1 1 2 - 3

1 10 10 , 10 TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

F L U O R I T A V I O L E T A ATX- 2

R E C O Z I M E N T O PADRÃO. E X P O S I Ç Ã O S E N S I B I L I Z A N T E : 2 , 8 X I 0 4 R R E C O Z I M E N T O S A 3 0 0 °C i E X P O S I Ç Ã O T E S T E : IOOR

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cias otj_ dependem, aqui como lã, da temperatura do reco

zimento, do pico particular observado e também da exposi

ção sensibilizante.

Para a exposição sensibilizante de 2,8 x 10 4R,

os valores obtidos para ct-j_ foram: 0,0 3 ± 0,01 para aj,

0,05 ± 0,02 para e 0,22 ± 0,01 para a I I X -

Na fig. IV-14b podem-se ver as curvas de

S£/S 0£, onde é igual ã sensibilidade da amostra sen­ti - ^

sxbxlizada por 2,8 x 10 R, e SQ^ e xgual a sensxbxlida

de da amostra de controle em função do tempo do recozi -

mento a 300°C. Foi construída dividindo-se a altura dos

varios picos da curva de emissão da amostra sensibiliza­

da pela altura dos picos correspondentes da amostra de

controle, quando ambas foram expostas a 100R, depois de

terem sido submetidas aos mesmos recozimentos. Dessa for

ma, um efeito puramente térmico que possa existir fica

corrigido. As curvas de S./S . mostram somente o efei-° X ox

to do recozimento na dessensibilização da fluorita e por

isso serão denominadas curvas de "dessensibilização".

Na fig. IV-15a podem-se ver as respostas TL

da fluorita violeta ã exposição teste de 100R depois de 5

sensibilxzada por 3,5 x 10 R em função do tempo do re­

cozimento a 300°C. Novamente, os pontos correspondentes

aos log das alturas dos vários picos de emissão alinham

se ao redor de retas quando representadas como função do

log do tempo de recozimento. Os valores dos coeficien­

tes angulares das várias retas podem ser encontrados na

tabela IV-1.

Na fig. IV-15b, onde se vêem as curvas de

"dessensibilização" pelos recozimentos a 300°C, nota-se

que os valores das razões S^/S 0^ são maiores do que os obtidos quando a exposição dessensibilizante foi

14 2,8 x 10 R (fig. IV-14b) , indicando que a sensibiliza­

ção cresce com a irradiação.

A fig. IV-16 representa a resposta TL do fõsfo

ro a 100R depois de sensibilizado pela exposição de

- 55 -

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I

5^ en O

O

<

10

Fig.TJg- 15a

RECOZIMENTOS A 300 °C

~~ - • — f - t -

o - • - o 5 - - ° . .o_

' 1 r B

I 10 10 10 TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

10-

5-

o 2H

(0 10-

5-

2 -

I I

Fig. TJg- I5b

CURVA DE D E S S E N S I B I L I Z A Ç Ã O

o P I C O 1

• P I C O n

x P ICO m

— o-—.

• - • - — • o o

- o — o _ I

,2 10 10* 10" TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

FLUORITA V I O L E T A A I I - 2

RECOZIMENTO P A D R Ã O : E X P O S I Ç Ã O S E N S I B I L I Z A N T E : 3 , 5 X I 0 5 R RECOZIMENTOS A 3 0 0 *C : E X P O S I Ç Ã O T E S T E : 100 R

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A i -7

10 H

5H

o

o) ió8H o ° 5 < ce

i -

2-

< l ó 9

I

Fig. PZ- I6Q

RECOZIMENTOS A 300 °C

—o —õ O — .Q.

1 H» i-í 10 I02 10*

TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

4 I02H

5 -

e

2"

10-

2-

F ig .TJ -16 b

CURVA DE DESSENSIBIL IZAÇÃO

o PICO I

• P ICO E

x pico m

o

O— O. .—Q. " ' — < - í — • —

1 r-z r~ I 10 I02 I03

TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

6 FLUORITA VIOLETA A I I - 2

RECOZIMENTO PADRÃO; EXPOSIÇÃO S E N S I B I L I Z A N T E : IXICTR RECOZIMENTOS A 300 * C : EXPOSIÇÃO T E S T E ! IOOR

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1,0 x 10 R em função do tempo do recozimento a 300°C,

realizado entre as duas exposições. Analogamente, nota-

se que as alturas dos picos decaem segundo leis de potên

cia do tempo de recozimento. Os valores numéricos dos

expoentes das varias curvas podem ser encontrados na ta­

bela IV-1. Na parte b da figura, vêem-se novamente as

curvas de dessensibilização. Observa-se que os valores

numéricos das razões S^/S^ são iguais aos obtidos

quando a exposição sensibilizante foi de 3,5 x ÍO^R, o

que mostra que o efeito da sensibilização por irradiação

atinge um valor mãximo para exposições elevadas, ou seja,

observa-se uma saturação.

2. Recozimentos a 400°C

As figs. IV-17 , 18 e 19 resumem os resultados

encontrados para o decréscimo das alturas dos picos de

emissão TL da fluorita violeta exposta a 100R depois 4 5 6

de sensibilizada por 2,8 x 10 R, 3,5 x 10 R e 1,0 x 10 R

em função do tempo do recozimento a 400°C, realizada en­

tre as duas exposições.

Recozendo-se a amostra de contro.le por 6 0 e

por 500 minutos a 400°C, notou-se que a sua sensibilida­

de ã radiação permaneceu praticamente constante.

Nas figs. IV-17a, 18a e 19a, vê-se novamente

que o decréscimo da sensibilidade pode ser ajustado por

uma lei de potência do tempo de recozimento, onde os ex­

poentes a-¡_ são diferentes para os varios picos de emis

são TL e variam com a exposição sensibilizante. Os va

lores numéricos dos a- podem ser encontrados na tabe-

la IV-1.

Nota-se que aumenta para os picos que

ocorrem em temperaturas mais altas e também quando a ex-

posição sensibilizante vai de 2,8 x 10 R para 3,5 x 10°R

Nas figs. IV-17b, 18b e 19b, observam-se as

curvas de dessensibilização da fluorita sensibilizada pe

las exposições acima mencionadas em função do tempo do

- 58 -

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Fig. DT- 17a

TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

Fig. BT-17b

CURVA DE D E S S E N S I B I L I Z A Ç Ã O

o P I C O I

• P I C O n

x P ICO m

A P ICO D I

2 10 10' 10" TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

10

FLUORITA VIOLETA A T I -2

RECOZIMENTO PADRÃO: E X P O S I Ç Ã O S E N S I B I L I Z A N T E - 2,8 X 1 0 R RECOZIMENTOS A 4 0 0 ° C : E X P O S I Ç Ã O T E S T E - 100 R

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Fig.BT- 18o RECOZIMENTO A 4 0 0 °C

T r 2

10 10 10" TEMPO OE RECOZIMENTO (minutos)

Fig. D 7 - I 8 b

CURVA D E D E S S E N S I B I L I Z A C A O

o P ICO I • P ICO n

x P I C O m

A PICO nr

10 10 10" TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

F L U O R I T A V I O L E T A A H - 2 RECOZIMENTO PADRAO - E X P O S I Q A O . S E N S I B I L I Z A N T E : 3,5X I0 5 R R E C O Z I M E N T O S A 4 0 0 ° C - E X P O S I C A O T E S T E 100 R

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Fig.TJg- 19o RECOZIMENTOS A 400 °C

io ro' W T E M P O D E R E C O Z I M E N T O (minutos)

\02-\

5 ^

4? 24 (Ti

10-

5 -

Fig. Dl-19 b

CURVA DE DESSENSIBILIZAÇÃO o PICO I

• PICO n

x pico m A PICO DT

r— r— r— 10 10 10

T E M P O D E R E C O Z I M E N T O (minutos)

FLUORITA VIOLETA A I I - 2 RECOZIMENTO PADRÃO! EXPOSIÇÃO. SENSIBILIZANTE : IXIOR RECOZIMENTOSA 400°C ! EXPOSIÇÃO TESTE 100 R

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recozimento a 400°C.

Cumpre ressaltar que a sensibilização cresce . ~ . . . 4

quando a exposição sensibilizante aumenta de 2,8 x 10 R 5 . ~

para 3,5 x 10 R e que e maior para os picos de emissão

TL que ocorrem a temperaturas mais altas, fatos jã obser

vados anteriormente. 3. Recozimentos a 500°C

Notou-se, ao se fazerem os recozimentos de 60

e de 250 minutos a 500°C, que a sensibilidade da amostra

de controle decresceu devido ao tempo de recozimento,

contrariamente ao observado quando os recozimentos se de

ram a 300°C e a 400°C.

0 decréscimo, todavia, é muito menor do que o

observado nas figs. IV-20a, 21a e 22a, onde se vêem as

alturas dos vários picos de emissão TL representados em

função do tempo do recozimento a 500°C para as amostras

sensibilizadas por 2,8 x 10 4R, 3,5 x 10 5R e 1,0 x 10 6R.

Nas figs. IV-20b, 21b e 22b, observam-se novamente as

curvas de dessensibilização das várias amostras em fun­

ção do tempo do recozimento a 500°C. Deve-se recordar

que nessas curvas os efeitos puramente térmicos não es­

tão presentes.

Mais uma vez observou-se que as alturas dos vã

rios picos de emissão TL decrescem como função de potên

cia do tempo de recozimento. Os valores numéricos dos

expoentes encontram-se na tabela IV-1.

Resumindo-se, pode-se dizer: as exposições de

2,8 x 10 4R, 3,5 x 10 5R e 1,0 x 10 6R sensibilizaram -

as amostras de fluorita violeta A II-2 , anteriormente -

submetidas ao recozimento padrão, para as próximas irra­

diações. Isso pode ser observado nas figs. IV-14 a

IV-22.

A sensibilização foi maior para os picos de

emissão TL que ocorrem a temperaturas mais elevadas, ou

seja,

- 62 -

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Fig. ET- 20a IÓ AM RECOZIMENTOS A 5 0 0 °C

5 H

TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

Fig. BC- 2 0 b

CURVA DE D E S S E N S I B I L I Z A Ç Ã O

o P I C O I

• P ICO n

x P I C O m

A P I C O EZ

TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos) F L U O R I T A V I O L E T A A H - 2

R E C O Z I M E N T O PADRÃO¡ E X P O S I Ç Ã O S E N S I B I L I Z A N T E 2 , 8 X I 0 4 R R E C O Z I M E N T O S A 5 0 0 °C : E X P O S I Ç Ã O T E S T E : 100 R

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I Ó T A }

Fig. DI-21 o

RECOZIMENTOS A 500 °C

5 4

TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

o

j 5

2

10-

5-

Fig.DZ-2l b

CURVA DE DESSENSIBILIZAÇÃO

o P I C O I

• P ICO n

x PICO m

A P I C O DZ

24

0,1* r • 2 ' 3

I 10 I 0 2 10* TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

FLUORITA VIOLETA A U . - 2

RECOZIMENTO PADRÃO: EXPOSIÇÃO SENSIBILIZANTE *.3,5XI05R RECOZIMENTOS A 5 0 0 1 : EXPOSIÇÃO TESTE . 100R

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Fig, Iff- 22a

RECOZIMENTOS A 500 °C

TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

o P I C O I

• P ICO n

Fig. EZ- 22 b x P ICO IE

TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

FLUORITA VIOLETA AH-2

RECOZIMENTO PADRÃO-EXPOSIÇÃO SENSIBILIZANTE ! IXI0 6 R RECOZIMENTOS A 500 ° C - EXPOSIÇÃO T E S T E ! IOOR

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SIV ^ SIII ^ SII ^ S I

SoIV SoIII SoII SoI

Not ou-se que as razões S./S . aumentaram quando 4 1 0 1 5

a exposição aumentou de 2,8 x 10 R para 3,5 x 10 R ,

mas que se mantiveram constantes e iguais âs de 5

3,5 x 10 R quando a exposição sensibilizante foi de

1,0 x 10 R. Isso mostra que o efeito da sensibilização

satura como função da exposição, fato também observado

para outros fósforos.

Verificou-se, ainda, que os recozimentos a

300°C, 400°C e 500°C, a que as varias amostras foram

submetidas, tiveram como efeito diminuir a sensibiliza­

ção que as mesmas adquiriram quando foram irradiadas

com 2,8 x 10 4R, 3,5 x 10 5R e 1,0 x 10 6R da radiação

Y do Cs.

Observou-se que o decréscimo da sensibilidade,

em todos os casos, pode ser expresso por uma lei de po­

tência do tempo de recozimento da forma

-ai TL. = TL t , t > t n 1 0 ' o

A tabela IV-l" resume os valores dos expoen­

tes a^ s das varias leis de potência que ajustaram os

dados experimentais correspondentes aos decréscimos das

alturas dos picos de emissão TL em função do tempo do

recozimento a 300°C, 400°C e 500°C, das amostras de fluo­

rita violeta sensibilizadas por 2,8 x ÍO^R, 3,5 x 10^R

e 1,0 x 10 6R.

Na tabela IV-2 encontram-se, analogamente, os

valores dos expoentes a. das expressões que ajustaram

as várias curvas de dessensibilização.

Os ajustes dos dados pelas expressões TL . = TL .t th

_ a % 0 1 ^

e S. = S .t foram feitos pela Profa. Wanda Cec%-

lia Lasj a quem agradecemos,

- 66 -

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TABELA IV-1

Decréscimos das alturas dos picos

a I a I I

exposição 2,8 x 10 4R 3,5 x 10 5R 1,0 x 10 6R 2 ,8 x ÍO^R 3,5 x 10 5R 1,0 x 10 6R

300°C 0,03 ± 0,01 0,05 ± 0,03 0,05 ± 0,01 0,05 ± 0,02 0 ,17 ± 0,04 0,09 ± 0,03

400°C 0,04 ± 0,01 0,08 ± 0,01 0,07 ± 0,01 0,11 ± 0,02 0,19 ± 0,01 0 ,18 ± 0 ,01

500°C 0,12 ± 0,02 0,16 ± 0,01 0,16 ± 0,02 0,19 ± 0,02 0,30 ± 0,02 0,31 ± 0,03

aIII aIV

exposição 2,8 x 10 4R 3,5 x 10 5R 1,0 x 10 6R 2 ,8 x 10 4R 3,5 x 10 5R 1,0 x 10 6R

300°C 0,22 ± 0,01 0,17 ± 0,01 0,16 ± 0,02

400°C 0,27 ± 0,02 0,33 ± 0 ,01 0,33 ± 0,01 0,29 ± 0,03 0 ,41 ± 0,02 0,44 ± 0,01

500°C 0,35 ± 0,03 0,48 ± 0,02 0,46 ± 0,03 0,28 ± 0,03 0 ,44 ± 0,01 0,55 ± 0,07

Os resultados são acompanhados dos erros médios quadráticos.

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TABELA IV-2

Decréscimos das razões S/S Q

a I aII

exposição 2,8 x 10 4R 3,5 x 10 5R 1,0 x 10 6R 2,8 x 10 4R 3,5 x 10 5R 1,0 x 10 6R

300°C 0,01 ± 0,01 0,05 ± 0 ,04 0,08 ± 0,02 0,04 ± 0,02 0,15 ± 0,04 0,13 ± 0,04

400°C 0,04 ± 0,01 0,07 ± 0,01 0,07 ± 0,01 0,14 ± 0,02 0,19 ± 0 ,01 0 ,17 ± 0,01

500°C 0,02 ± 0,02 0,03 ± 0,01 0,01 ± 0,01 0,08 ± 0,02 0,20 ± 0,02 0,21 ± 0,03

aIII aIV

exposição 2 , 8 x 10 4R 3,5 x 10 5R 1,0 x 10 6R 2,8 x ÍO^R 3,5 x 10 5R 1,0 x 10 6R

300°C 0,12 ± 0,01 0,11 ± 0,01 0,17 ± 0,11

400°C 0,23 ± 0 ,02 0,28 ± 0,02 0,29 ± 0,01 0,26 ± 0,02 0,42 ± 0,02 0 ,42 ± 0,02

500°C 0,31 ± 0,02 0 ,40 ± 0,02 0,40 ± 0,03 0,15 ± 0,03 0 ,44 ± 0,02 0 ,41 ± 0,03

Os resultados sao acompanhados dos erros médios quadráticos.

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Comparando-se os vários valores de ou obtidos,

pode-se estabelecer que:

a) ou cresce quando a temperatura em que o pi­

co de emissão TL é observado aumenta, ou seja,

aIV > aIII > aII > a I

Cumpre lembrar que a sensibilização obedece a

uma relação análoga:

SIV . SIII . SII . S I >, V _ >

SoIV SoIII SoII SoI

b) cu cresce quando a temperatura do recozimen

to cresce;

c) a. tendeu a aumentar quando a exposição sen 1 4 5 sibilizante variou de 2,8 x 10 R para 3,5 x 10 R, mas

5 manteve-se constante e igual ao de 3,5 x 10 R quando o -* 6

fósforo foi exposto a 1,0 x 10 R. Isso mostra que os ex

poentes das potências atingem também um valor máximo, co­

mo e observado para a sensibilização.

c) Discussão do fenômeno da sensibilização da fluorita

violeta

Verificado que a fluorita violeta fica sensibi­

lizada após receber forte exposição, fez-se uma serie de

experiências, descritas a seguir, para se conhecer com

mais pormenores o mecanismo da sua sensibilização.

Amostras de fluorita violeta A II-2, submeti­

das ao recozimento padrão, foram irradiadas com várias ex 137

posições da radiação y do Cs, na fonte do Hospital

A.C. Camargo, como foi descrito no Capítulo II.

Em seguida, a TL de parte das amostras foi li

da no aparelho Harshaw, nessa ocasião ajustado para atin­

gir a temperatura de 500°C, possibilitando a medida dos

- 69 -

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picos V e VI nas curvas de emissão TL. Os resultados po

dem ser vistos'na fig. IV-23, onde se registram as altu­

ras dos varios picos da curva de emissão TL em função

da exposição. Nota-se que a resposta dos varios picos ã

exposição é linear até aproximadamente 10 0 0R , passando -

em seguida para uma região de supralinearidade, tendendo - ~ 5

a saturação para exposições superiores a - 3,5 x 10 R.

Observa-se que o pico II cresce mais do que os picos III

e IV, vindo a saturar para exposição ~ 1,0 x 10 R.

A parte não lida das amostras foi recozida du­

rante 5 minutos a l400°C, para se medir a sensibilização

introduzida pelas varias exposições. Fixou-se esse tempo

mínimo para os recozimentos, porque, conforme os resulta­

dos referidos no item B deste capítulo, o recozimento rea

lizado apôs cada exposição sensibilizante destrói a sensi­

bilização de forma diversa. De outro lado, para um tem­

po de recozimento inferior ocorreriam erros grandes, pois

seria difícil que o fosforo atingisse uniformemente a tem

peratura de 1+00°C em tempo mais curto.

Novamente dividiram-se as varias amostras em

duas porções. Uma delas foi lida, registrando-se as cur­

vas de emissão e, ao mesmo tempo, as ãreas residuais sob

os picos V e VI. Essas ãreas correspondem ã corrente in­

tegrada pelo sistema do aparelho leitor Harshaw. Do va­

lor da corrente integrada foi subtraído o correspondente

a uma leitura sem irradiação; este ultimo resulta da emis

são incandescente da prancheta e também da TL espúria

do fosforo. A outra parte das amostras recebeu a exposi­

ção teste de 100R e foi lida a seguir. Os resultados

são apresentados nas figs. IV-24 a e b. Na fig. IV-24a

vêem-se as alturas dos picos sensibilizados em função da

exposição sensibilizante. Nota-se que as alturas dos v a ­

rios picos de emissão TL permaneceram praticamente cons 3

tantes para exposições sensibilizantes ate ~ 10 R, cres-- . 5

cendo em seguida, e atingindo um máximo em 10 R aproxi­

madamente.

Cumpre salientar que os inícios da sensibiliza

- 70 -

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I Ó 7 AH

5

ZA

Uî -8 , 8 1 0-f £ Si <n o o

2

< OC -9 , 3 10 H 5H

i

2-

-10

10

O PICO I • PICO n X PICO m A PICO nr

ê

Fig. I £ - 24 a

CURVA DE S E N S I B I L I Z A Ç Ã O

S O

1 S

X

O

I

8

A

4

10 io - . i t f i b 4

E X P O S I Ç Ã O S E N S I B I L I Z A N T E 10A 10 R

10-_ J

10-

<

DU

5 -

0) UJ a: 2 -

< LU 1-oc

0 , 5 -

0,2

Fig. ET-24 b

Tg 1-5 10 10

E X P O S I Ç Ã O S E N S I B I L I Z A N T E

10 IT IO* R

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ção e da supralinearidade se dão aproximadamente na mes­

ma exposição. Fatos similares foram também observados por

outros autores 5^ 9 ^ 1 8' ) 2 9 ^ 3 1 \ É interessante lembrar

também que o pico II fica menos sensibilizado do que os

picos III e IV, como se vê na fig. IV-24a, mas apresenta

maior supralinearidade (fig. IV-23). Resultado análogo

foi observado por Okuno na fluorita verde; nesta, o pico 9 )

II apresentou-se supralinear mas nao sensibilizado .

Na fig. IV-24b vê-se a área sob os picos resi­

duais (ãrea residual) também em função da exposição sen­

sibilizante. Essa ãrea começa a ser observada a partir 3 -

da exposição sensibilizante de -10 R e cresce ate atin-- . . ~ 5

gir um valor máximo para exposições superiores a ~ 10 R.

A observação da ãrea residual inicia-se também na mesma

exposição que a da sensibilização e da supralinearidade.

Resultado semelhante jã havia também sido encontrado por Sunta utilizando o LiF e a fluorita proveniente da ín-

29)

dia

Para explicar a sensibilização e a supralineari

dade, vãrios modelos foram propostos, como foi dito no Ca

pítulo I. 0 fato acima mencionado, ou seja, de que a su­

pralinearidade, a sensibilização e o início da observação

de uma ãrea residual se dão na mesma exposição, fez supor

que o modelo de armadilhas de competição, proposto por 17) . . .

Cameron et al. , seria o mais apropriado para explicar

a supralinearidade e a sensibilização da fluorita violeta.

Havia-se notado também, como foi descrito no item B deste

capítulo, que o decréscimo da sensibilidade da fluorita

sensibilizada, causado por recozimentos isotérmicos, era

maior quando o tempo e a temperatura dos recozimentos se

elevavam. Esse decréscimo poderia ser conseqüência do es

vaziamento da armadilha de competição, esvaziamento que

naturalmente seria maior quando o tempo ou a temperatura

do recozimento aumentassem.

0 modelo referido supõe a existência de uma ar­

madilha de competição com uma grande seção de choque para - 73 -

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a captura das cargas liberadas durante a irradiação. Ad­

mite também que o número das armadilhas de competição é

menor do que o das armadilhas TL. Com o aumento da expo

sição, a armadilha de competição é preenchida, deixando

maior número de cargas disponíveis para as armadilhas TL,

o que explicaria a supralinearidade da resposta TL como

função da exposição. A sensibilização seria entendida

por esse modelo da seguinte forma: o recozimento interine

diario a que o fosforo é submetido entre as exposições

sensibilizante e teste não esvazia a armadilha de com­

petição; isso conduz, numa próxima exposição, ã existên­

cia de maior número de cargas disponíveis para serem cap­

turadas pelas armadilhas TL , levando a um aumento da

sensibilidade do fósforo. Esse modelo, todavia, teria

que ser ligeiramente modificado para se poder entender o

comportamento do pico II, que se apresentou mais suprali-

near e menos sensibilizado do que os picos III e IV. Pos_

tulou-se, então, a existência de uma competição entre to­

das as armadilhas TL da fluorita, e não somente com uma

armadilha profunda. Nesse caso, não seria essencial tam­

bém que a armadilha profunda apresentasse maior seção de

choque do que as outras. A idéia de uma competição en­

tre as armadilhas TL não é nova e jã havia sido pro-

9 ) posta por Okuno supondo uma competição entre as armada.

29) lhas II e III da fluorita verde. Sunta , no trabalho

• 18)

jã mencionado, e Nakajima mostraram que, no caso do

LiF e da fluorita africana, o fenômeno da sensibilização

estã ligado com a presença de cargas capturadas nas arma­

dilhas TL profundas.

Passou-se, então, a correlacionar a sensibiliza

ção da fluorita, medida pelos acréscimos das alturas dos

vãrios picos, com a ãrea residual.

Na fig. IV-25 pode-se ver o aumento das altu­

ras dos picos II e III como função da ãrea residual sob

os picos V e VI. Essa figura foi construída a partir

dos dados obtidos quando foi medida a sensibilização da

fluorita como função da exposição sensibilizante (fig. IV

- 74 -

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Fig. DI- 25

AUMENTO DA S E N S I B I L I D A D E DOS PICOS 1 E I H EM FUNÇÃO DA Á R E A R E S I D U A L

50 H

AREA RESIDUAL

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24a e b ) . A área residual, nesse caso, é composta pe­

los picos V e VI, que vão sendo preenchidos ã medida que

aumenta a exposição sensibilizante. Nota-se que a varia

ção da sensibilidade dos picos cresce como função dessa

ãrea residual e que o aumento da sensibilidade do pico

III e muito maior do que idêntico aumento do pico II.

A seguir, tornava-se necessário explicar também

o decréscimo da sensibilidade devido aos recozimentos iso

térmicos (como descrito no item B) pela presença de car­

gas capturadas nas armadilhas TL profundas. Infeliz -

mente, quando se realizaram essas experiências, a tempera

tura da prancheta somente atingiu ~ 40 0°C, durante a

leitura TL , de forma que não seria possível calcular

as ãreas residuais para esses dados. Foram, contudo, tra

çadas as curvas de ^^/S ^ ~ ^ para os picos II e III,

como função do tempo de recozimento para as três exposi­

ções sensibilizantes e temperaturas dos recozimentos.

Na fig. IV-26 vêem-se algumas dessas curvas

apresentadas na forma log (S^/S ^ - 1) para os picos

II ou III em função do logaritmo do tempo de recozimento.

Observa-se, para os recozimentos a 300°C e a 400°C, que

os pontos se alinham ao redor de retas, cujos coeficien­

tes angulares são aproximadamente iguais para os picos II

e III e para as três exposições sensibilizantes, fato

que não ocorre no caso do recozimento a 500°C. A varia­

ção da sensibilidade (S./S . - 1) deveria, no caso do

* i oi '

modelo de competição, corresponder ã variação da ãrea sob

o pico residual. Dessa forma, se houvesse competição se­

mente com uma armadilha de competição, então essas curvas

deveriam corresponder ao esvaziamento dessa armadilha pe­

los recozimentos. Esperar-se-ia assim um decréscimo da

forma exponencial, caso o processo seguisse uma cinética

de primeira ordem, ou um decréscimo de forma mais comple­

xa, para outros tipos de cinética, mas que certamente não

seriam expressos por uma lei de potência do tempo de reco

zimento como observadas quando estes se deram a 30 0°C e a

400°C. Lembre-se, contudo, que havia sido postulada uma

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Fig. OZ-26

a) b)

® ®

© ©

® ®

10-

5 -

_ 2-l

o

4? I

5-

TEMPO OE RECOZIMENTO (minutos)

0,1

® ®

®

x ® ®

o

® X

' r~2

10 10 TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

®

10

® IOT c)

DECRÉSCIMO DA SENSIBILIDADE DOS PICOS n e m

a) RECOZIMENTOS A 300 °C b) RECOZIMENTOS A 400 *C c) RECOZIMENTOS A 500 °C

5-

®

®

x ®

X

®

• X ®

• PICO H ) ESPOSIÇÃO SENSIBILIZANTE X PICO TE) 2,8XI0 4 R

© PICO n

® PICO m

ESPOSICAO SENSIBILIZANTE 3,5XI0 5R

2 -

0,1 1 1~2 r~s* I 10 10 10

TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

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competição entre todas as armadilhas TL , podendo esse

fato ser o responsável pelos resultados acima descritos.

Prosseguiram-se, então, as experiências da forma seguinte;

amostras de fluorita violeta virgem A II-2, irradiadas

com ~ 7,0 x 10 R da radiação y remanescente na pisei

na do reator do I.E.A., foram recozidas a 400°C e a 500°C

durante vários intervalos de tempo. A seguir, a TL re­

sidual foi lida em parte das amostras. A outra parte foi

irradiada com a exposição teste de 100R e também lida.

Na fig. IV-27a pode-se ver o decréscimo da área residual

em função do tempo do recozimento a 400°C. Observa-se

que essa curva pode ser ajustada por uma lei de potência

do tempo de recozimento da forma A = A t 1 , t > t , r o ' o '

expressão análoga â obtida para as razões (Sj_/S0j_ - 1) ,

acima mencionada.

É imprescindível lembrar, neste ponto, o fato

do pico natural ser, como foi suposto no Capítulo III,com

posto por vários picos e os recozimentos irem esvaziando

primeiramente as armadilhas mais rasas, deslocando o pico

residual para temperaturas mais altas. As áreas resi­

duais estariam, então, ligadas a uma soma de decaimentos

de picos correspondentes a armadilhas de várias energias

e o resultado final poderia ser expresso, para algumas

temperaturas de recozimento , como uma lei de potência do

tempo de recozimento.

0 decréscimo da sensibilidade das amostras pe­

los recozimentos a i+0 0°C , medido através da exposição

teste de 100R , foi análogo ao causado pelos primeiros re­

cozimentos descritos no item A, tornando desnecessária a

apresentação do gráfico correspondente. Para se comparar

o decréscimo da sensibilidade com o da área residual era

necessário saber-se também a sensibilidade inicial S Q do

fósforo antes de ser sensibilizado. Como este valor não

era conhecido (pois se utilizaram amostras de fluorita

violeta virgem), tornou-se necessário determiná-lo.

Observando-se a curva de dessensibilização pelos recozi -

mentos a 500°C das amostras de fluorita violeta sensibili

- 78 -

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o 4s

10 4

< z>

< 9 ÜJ CO or I i i < ce

51

I

Fig. I g 27- o D E C R E S C I M O DA Á R E A R E S I D U A L R E C O Z I M E N T O S A 4 0 0 ° C

P E L O S

10 I 0 2 I 0 3 I 0 4

TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

Fig. 12- 27 b AUMENTO DA SENSIB1LIDADE

DOS PICOS He m E M -FUNCÄ0 DA Á R E A R E S I D U A L .

AREA RESIDUAL

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zadas por 1,0 x 10 R da radiação y , notou-se que após

400 minutos de recozimento a razão S/S Q torna-se igual

a 1 (vide item B, fig. IV-22b). Supôs-se, então, que a

fluorita virgem apresenta comportamento análogo e toma

ram-se as alturas dos picos II e III, correspondentes ã

exposição teste de amostras recozidas 400 minutos a 500°C,

como sendo as alturas dos picos da fluorita não sensibili

zada.

Na fig. IV-27b vêem-se os gráficos de(S^ - S Q^)

dos picos II e III da fluorita violeta A II-2 recozida

a 400°C como função da ãrea residual. Nota-se também

que a dessensibilização dos picos segue linearmente o de­

créscimo da ãrea residual, o que vem confirmar a hipótese

de que hã uma competição entre as armadilhas II e III e

as armadilhas V e VI.

Resta ainda entender por que o pico II apresen­

ta maior supralinearidade do que os picos III e IV e ê me

nos sensibilizado do que eles. Verificou-se que o pico

II compete menos com o pico profundo do que o pico III.

No modelo em discussão, isso significa que as cargas adi­

cionais, ou seja, as que não são capturadas pelas armadi_

lhas V e VI, quando estas últimas estão preenchidas são,

em maior número, capturadas pelas armadilhas III. Tal fa

to poderia indicar a existência de uma competição entre

as armadilhas II e III.

Observando-se a curva de resposta TL ã exposi.

ção, nota-se que a altura máxima atingida pelo pico III ê

menor do que a alcançada pelo II, indicando que o número

total de armadilhas III ê menor do que o de armadilhas II.

Uma competição existente entre as armadilhas II e III po­

deria explicar a maior supralinearidade e menor sensibili

zação do pico II, de forma análoga ã descrita anteriormen

te para a armadilha de competição profunda.

Foi então programada mais uma experiência, des­

crita a seguir, visando a observar essa competição. Amos_

tras de fluorita A II-2 foram tratadas da seguinte for-~ 5

ma: recozimento padrão; xrradiaçao com 3,5 x 10 R da ra

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J— — 10 I0 S

TEMPO DE RECOZIMENTO (ffifltutQ»)

b)

• • r— j—

10 10 TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

c)

r - j r - j 10 10

TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

Fig. ET-2 8

o) D E C R É S C I M O DO PICO R E S I D U A L

b) A 'REA R E S I D U A L S O B os P ICOS m,m',nr,YeTZI

c) D E C R É S C I M O DO PICO H

20

o o °-l5-

e

10-

5-

Fig. Ig-29

AUMENTO DA SENSIBILIDADE DO PICO I I EM FUNÇÃO DA ÁREA RESIDUAL

p 175 t / I5 min.

I.« I IA

RECOZIMENTOS A 210 C

AREA RESIDUAL yu c

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137

- 82 -

diaçao y do Cs; recozimento a 210°C durante varios

intervalos de tempo; leitura TL da ãrea residual de par

te das amostras; irradiação da outra parte com 1000R da 137

radxaçao y do Cs e leitura dessa parte.

Os resultados estão resumidos na fig. IV-28.

Nela podem-se ver: 1) decréscimo do pico residual (com -

posto agora pelos picos III, III', IV, V e VI) em função

do tempo de recozimento. As curvas a) e b) mostram,

respectivamente, o decréscimo da altura do pico e da ãrea

residuais como função do tempo de recozimento. 2) o de­

caimento da sensibilidade do pico II (curva c) em fun­

ção do tempo de recozimento.

Na fig. IV-29 pode-se ver a relação entre a

ãrea residual e o acréscimo de sensibilidade do pico II.

Essa curva foi construída utilizando-se os dados da fig-

IV-27b para áreas residuais até lOuc e os dados da fig-

IV-2 8a e c para valores maiores dessas áreas. 0 ponto

correspondente ã ãrea residual de 20uc foi obtido me -

diante o recozimento de 15 minutos a 2 80°C entre as ex­

posições sensibilizante e teste, e o ultimo ponto da cur

va fazendo-se esse recozimento intermediário a 175°C du

rante 15 minutos.

Nota-se claramente que a curva pode ser aproxi­

mada por dois segmentos de reta que se cruzam para a ãrea

residual de lOuc. Considera-se, contudo, que os pontos

até lOuc corresponderam a variação da ãrea residual de­

vida ao decréscimo dos picos V e VI e, a partir de lOuc,

as variações da ãrea foram devidas ao esvaziamento das ar

madilhas III e III'. Pode-se entender, então, a mudança

de inclinação como sendo devida a uma competição diferen­

te entre as armadilhas II e V + VI, ou entre II e III +

+ III'. A menor inclinação da curva na região de áreas

maiores do que 10uc poderia sugerir que ha uma competi­

ção menor entre as armadilhas II e III do que entre as ar

madilhas II e as profundas. Ê bom lembrar, por outro la­

do, que a eficiência da luminescência diminui quando a 2 7)

temperatura do cristal aumenta . Assim, uma menor va-

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riação da area lida a temperaturas elevadas poderia não

corresponder ã menor variação do número de armadilhas TL.

Resumindo-se os fatos experimentais descritos

neste item, pode-se dizer:

a) A resposta TL da fluorita violeta (submeti

da ao recozimento padrão) ã exposição e linear no começo,

torna-se supralinear para exposições aproximadas de 10^R - . . ~ 5

e atinge um valor máximo para exposição de - 3,5 x 10 R,

b) A fluorita violeta fica sensibilizada quando

previamente exposta ã radiação Y• A sensibilização come . ~ 3

ça a ser observada para exposição ~ 10 R e atinge um va 5

lor máximo para ~ 3,5 x 10 R.

c) 0 pico II e menos sensibilizado do que o pi­

co III, mas apresenta maior supralinearidade.

d) A sensibilização do pico III cresce linear­

mente com o aumento da ãrea residual sob os picos V e VI.

e) A sensibilização do pico II cresce linear­

mente com o aumento da ãrea residual sob os picos V e VI,

mas também cresce linearmente com o aumento da ãrea resi­

dual sob os picos III e III'. 0 fator de proporcionalida

de e diferente nos dois casos.

Foi utilizado o modelo de armadilhas de competi

ção acrescido da idéia de uma competição entre todas as

armadilhas TL para explicar os fatos experimentais aci­

ma sumarizados, durante a descrição das v a r i a s experiên­

cias .

Cumpre lembrar, contudo, o mecanismo da TL: du

rante a irradiação, são produzidas cargas livres, algumas

das quais são capturadas pelas armadilhas TL. Durante o

aquecimento, essas cargas são liberadas das armadilhas e,

quando capturadas por um centro de luminescência, emitem

luz.

A sensibilização do fósforo pode, então, ser ex

plicada por dois tipos de mecanismos básicos: a) aumento

do número de cargas capturadas pelas armadilhas TL ou

b) aumento da probabilidade de uma carga capturada emitir

luz (aumento da eficiência da luminescência).

- 83 -

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No caso da fluorita, viu-se que a presença das

cargas capturadas nas armadilhas profundas influi na sen

sibilidade das mais rasas. Apesar de se haver descrito

as experiencias supondo que a competição entre as v a r i a s

armadilhas se dava no processo do preenchimento das arma­

dilhas, este poderia ter ocorrido durante a luminescência;

para isso, somente ê necessário supor-se que as armadi -

lhas TL profundas competem com os centros de luminescên

cia durante a leitura TL e que a captura de uma carga

por uma armadilha TL é um processo não luminescente.

Para se distinguir entre os dois tipos de compe ~ •* 31)

tição, foi utilizado o método proposto por Zimmerman ,

que consiste na comparação das curvas de TL/S QR e de

S/S Q em função da exposição, descrito no Apêndice.

Zimmerman mostrou que, se o aumento da sensibi­

lidade crescer linearmente como função da exposição sensi_

bilizante, a razão TL/S QR crescera de forma análoga se

a sensibilização for devida a um aumento na eficiência

da luminescência. De outro lado, se a sensibilização for

devida a um aumento do numero de cargas capturadas pelas

armadilhas, então, TL/S QR crescera de forma diversa.

Se S/S 0 for expresso por S/S 0 = 1 + aR, no segundo ca

so, TL/S QR serã igual a TL/S 0R = 1 + aR/2S Q .

Na fig. IV-30, podem-se ver:

a) aumento da sensibilidade AS como função da

exposição sensibilizante;

b) curva de TL/S QR e S/S Q em função da expo

sição R para o pico II;

c) idem para o pico III.

Observa-se que, em nenhum dos dois casos, o

crescimento da razão TL/S QR em função da exposição foi

exatamente a metade do crescimento de S/S 0, como

previsto pela teoria. Isso mostra que algum dos postula

dos introduzidos por Zimmerman não é totalmente valido

no caso da fluorita violeta. No decorrer da experiência,

verificou-se que os picos II e III competem entre si.

- 84 -

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• PICO n X PICO m Fig. I g - 30

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O recozimento de 5 minutos, executado entre as exposições

sensibilizante e teste, esvaziou o pico III, modificando

assim a sensibilização do pico II, o que explica por que

a teoria^ não ê aplicável ao pico II. No caso do pico III,

o crescimento de S/S 0 foi ~ 2,4. vezes maior do que o

da razão TL/S QR , valor esse que difere de 2 de - 2 0 % .

Considerando-se a existência de outros picos na fluorita,

o I, II e IV que competem com o III, poder-se-ia enten­

der esse erro. 0 resultado dessa comparação, ou seja, do

crescimento da razão TL/S QR com S/S Q , ambas em fun­

ção da exposição para o pico III, indicaria que a compe­

tição entre as armadilhas TL da fluorita violeta se dá

no processo do preenchimento das mesmas e não durante a

leitura TL.

d) Comparação entre os resultados dos recozimentos do

fosforo apôs ter sido sensibilizado com os dos pri­

meiros recozimentos da fluorita virgem

Quando se deseja comparar quantitativamente os

resultados de duas experiências, ê necessário utilizarem-

se amostras idênticas de fluorita. As experiências des­

critas no item IV-A - Efeitos dos primeiros recozimen­

tos - foram realizadas utilizando-se a amostra A II-l

de fluorita violeta, e as experiências de sensibilização

foram realizadas com a amostra A II-2. Tornou-se, pois,

necessário repetir a experiência de sensibilização utili­

zando-se a amostra A II-l para se fazer a comparação.

Amostras de fluorita violeta A II-l foram, então, subme 5

tidas ao recozxmento padrão e expostas a 3,5 x 10 R da 13 7

radiação y do Cs na fonte do Hospital A.C. Camar­

go. A seguir foram divididas em três porções, sendo uma

delas recozida a 300°C, outra a 4-00°C e a terceira a

50 0OC durante intervalos de tempo de 1 a 300 minutos.

0 decréscimo da sensibilidade foi medido utilizando-se a

exposição teste de 100R. Os resultados serão apresentados

- 86 -

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nas figs. IV-31 a 33, onde se vêem as alturas dos picos

de emissão TL em função do tempo de recozimento. Nova­

mente observa-se que as varias alturas decaem como fun-

çao <$.e potencia do tempo de recozimento TL = TL Qt 1 ,

t > t Q . Os valores dos expoentes ou são encontrados

na tabela abaixo juntamente com os valores de ou obti­

dos nas experiências dos primeiros recozimentos.

Tempera

tura do

recozi­

mento

Primeiros recozimentos

Exposição teste 10 3R

Tempera

tura do

recozi­

mento Pico I

a I

Pico II aII

Pico III aIII

300°C 0,03 ± 0,02 0,04 ± 0,03 0 ,10 ± 0,03

400°C 0,08 ± 0,01 0,12 ± 0,01 0,26 ±0,01

500oC 0,31 ± 0,03 0,53 ± 0,03 0,59 ± 0,03

Tempera

tura do

recozi­

mento

5

Sensibilizada por 3,5 x 10 R

Exposição teste 100R

Tempera

tura do

recozi­

mento Pico I

a I

Pico II aII

Pico III aII

300°C 0,02 ± 0,01 0,15 ± 0 ,04 0,39 ± 0,02

400°C 0,05 ± 0,01 0,21 ± 0,02 0,37 ± 0,03

500°C 0,07 ± 0,02 0,18 ± 0,04 0,25 ± 0,03

Comparando-se os dois resultados, nota-se que

as inclinações das retas dos primeiros recozimentos ãs

temperaturas de 30 0°C e 40 0°C são menores do que as do

fósforo sensibilizado, mas que na curva correspondente ao

recozimento a 500°C as inclinações tornaram-se muito

maiores. Por outro lado, observa-se que os valores dos

expoentes a. diminuiram quando a temperatura do recozi

- 87 -

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Fig. m- 31 a) R E C O Z I M E N T O S A 300 t

i FLUORITA V I O L E T A A H-1 R E C O Z I M E N T O PADRÃO

~ x ^ x E X P O S I Ç Ã O S E N S I B I L I Z A N T E 3 , 5 X I 0 5 R

- o = _ _ . L . . J _ . o . $ _ ^ . _ . _ 5 . . 0 _ ^ : RECOZIMENTOS E X P O S I Ç Ã O T E S T E : 100 R

"I

o P I C O I

• P ICO n

X P ICO m

T

10 I 2

10 TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

Fig. r j - 32 b) RECOZIMENTOS A 400 °C

1 r—s • I 10 10

TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

Fig. m- 3 3

R E C O Z I M E N T O S A 5 0 0 °C

, , .—.

I 10 10

TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

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mento aumentou de 400°C para 500°C, no caso da amos­

tra sensibilizada, o que fez supor-se um erro durante a

experiência, pois este comportamento era contrario ao es­

perado. Como não se dispunha mais de amostra de fluorita

violeta A II-l, para repeti-la, prosseguiram-se as expe­

riências, utilizando-se, agora, amostra de fluorita vio­

leta A II-2.

Havia-se, entretanto, notado que a sensibilida­

de das amostras virgens A II-l decrescia menos do que a

das amostras sensibilizadas (quando recozidas a 300°C ou

a 400°C), fazendo supor que não foi atingido o máximo de

sensibilização somente com a dose natural. Por isso, pro

curou-se estudar o efeito dos primeiros recozimentos nas

amostras A II-2 da seguinte forma: irradiaram-se amos-

tras virgens com ~ 7 x 10 R da radiação y remanescen­

te na piscina do reator do I.E.A.; em seguida, recozeram

se essas e outras amostras virgens a 400°C e a 500°C

durante vários intervalos de tempo. Os resultados são

apresentados nas figs. IV-34- e IV-35, em que se vêem

os pontos correspondentes ãs amostras virgens que recebe-

ram mais ~ 7 x 10 R com um círculo em volta.

Observa-se que o decréscimo da sensibilidade foi

praticamente o mesmo para as duas amostras, indicando que

a amostra virgem apresenta realmente o máximo de sensibi­

lização .

Por outro lado, observou-se, especialmente para

os recozimentos a 500°C, que a sensibilidade decrescia

lentamente para tempos de recozimento de ate 12 0 minu -

tos, e para tempos mais longos o fazia mais rapidamente.

Esse fato suscitou interesse no sentido de veri

ficar se a fluorita virgem A II-2 se comportaria de mo­

do diverso das amostras sensibilizadas e também da fluori

ta A II-l. Foram então realizadas mais duas experiên­

cias, descritas a seguir:

Na primeira irradiaram-se amostras A II-l,que

haviam sido submetidas aos primeiros recozimentos a 400°C

e a 500°C, com exposição teste de ~ 6 x 10 R da radia-

- 89 -

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Fig. TE- 34

® X

(X) X

X

® 4

® ® ® • •

0 f f ®

®

X ®

®

® d>

o 5

® ®

X

®

®

X Y

w x ®

á ®

A A ® I

® o

5 ®

FLUORITA VIOLETA AH-2

PRIMEIROS RECOZIMENTOS A 400 °C

o PICO I • PICO E AMOSTRA VIRGEM x PICO HL

© PICO I

® PICO E

® PICO m

® PICO m.

AMOSTRA VIRGEM +^6XI0 6 R

10 t _ j _ |'o4

TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

Fig. I g - 35

i x ®

® ®

®

®

A

®

®

® A

X ®.

i ® I

®

® ®

PRIMEIROS RECOZIMENTOS A 500 C

• PICO n

x P ICO m

A P ICO ET

® P ICO n

® P ICO m

® P ICO DZ

AMOSTRA VIRGEM

AMOSTRA VIRGEM + r-6XI06R

A

®

® 1 r~2 r y — 10 10 10

TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

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ção Y remanescente na piscina do reator do I.E.A. e fez,

se a leitura TL. Os resultados se vêem nas figs. IV-36

e IV-37. Nota-se, comparando-se os resultados com os da

fig. IV-8, que, quando se utiliza ~ 6 x 10 R como expo­

sição teste, não se observa decréscimo da sensibilidade

da amostra recozida a 400 oC. Quando recozida a 500°C,

a sensibilidade da fluorita decresce lentamente para tem­

pos de recozimento inferiores a 120 minutos, e mais ra­

pidamente para tempos superiores. Este comportamento se

assemelha ao verificado acima com as amostras A II-2.

Interpretou-se assim esse resultado: os reco

zimentos da fluorita a UO0°C apenas dessensibilizam a

mesma, esvaziando as armadilhas profundas, como foi visto

no item C. Quando se fez a medida da sensibilidade com a

exposição teste de 100R, o fato das armadilhas profun -

das estarem vazias influiu na sensibilidade das armadi­

lhas rasas, e observou-se um decréscimo da sensibilidade.

Quando se utilizou uma exposição teste elevada, todas as

armadilhas da fluorita foram preenchidas. Daí, não haver

mais o efeito da competição entre as armadilhas e obser­

var-se o numero total de armadilhas rasas existentes.

No caso do recozimento a 500OC, os recozimentos por tem

po superior a 12 0 minutos teriam destruído armadilhas -

ou centros de luminescência e, por isso, ainda se obser -

vou um decréscimo na sensibilidade do fósforo. Uma redu­

ção da sensibilidade de vários fósforos devida a recozi_

mentos prolongados no ar, a temperaturas acima de 500°C, . - , • • -, , . . . . 32 ) 33) 34) 35)

ja havia sido observada por muitos autores

Para se confirmar tal hipótese, foi realizada a

seguinte experiência: as amostras de fluorita violeta A

II-2 que foram primeiramente recozidas a 400°C e a 500°(

durante vários intervalos de tempo, referidas acima, fo-

ram irradiadas com ~ 7 x 10 R da radiação Y remanes -

cente na piscina do reator do I.E.A. , recozidas a M-00°C

durante 60 ou 80 minutos, irradiadas com a exposição tes

te de 100R e lidas. Os resultados podem ser vistos nas

figs. IV-38 e IV-39.

- 91 -

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FLUORITA VIOLETA A H - 1 - PRIMEIROS RECOZIMENTOS

ESPOSICÁO T E S T E >s* I0 7 R

IÓ S A

en o o

gió'H

5 < Qt Z>

<

i

i ó 5 aÍ

o ü -CL

•6 CO 10 -O o 5-<

2-<

ló 7

Fig.TJg- 36

TEMPERATURA DO REC0ZIMENT0 400°C

-x-x. -x—x-x—

• PICO JL

x PICO m

~r~5 1-5 10 10 10 TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

Fig. L7-37

TEMPERATURA DO RECOZIMENTO 5 0 0 1

""• 1 2 r ~ ¡ 10 10 10 TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

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Fig.Ig-38 DESTRUIÇÃO TÉRMICA DAS ARMADILHAS DEVIDO AOS

r. 1 PRIMEIROS RECOZIMENTOS. IO A

m j , I 9 RECOZIMENTO A 400 °C -< o 5 " x * x x x x ¥ EXPOSIÇÃO SENSIBILIZANTE ~6XI0 R g RECOZIMENTO A 400 ti/60 minutos ã. EXPOSIÇÃO TESTE IOOR

O • * • •• ° I Ò - o PICO I 5 ° f o O o o o • PICO I =: _ A A A A A A. A

- 5 T x pico m A PICO EZ

2--9

10 ' r= r-r r 10 IO2 IO3 10* TEMPO DO PRIMEIRO RECOZIMENTO (minutos)

I* RECOZIMENTO A 50O C Fifl. I S - 39 EXPOSIÇÃO SENSIBILIZANTE ~6X 10 R

-7 T RECOZIMENTO A 400 *C/60tnio«tos 1 0 A " EXPOSIÇÃO TESTE 100«

O o E 2-<n * • • • •

o -e o 10-<

5 5-

2-

o o o o o *

-9 10' 1 rs r ,

I 10 10 10 TEMPO DO PRIMEIRO RECOZIMENTO (minutos)

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Nota-se, nesse caso, que a sensibilidade da

fluorita não decaiu quando o primeiro recozimento foi fei

to a 400°C. Isso mostra que o primeiro recozimento rea­

lizado na fluorita virgem não destrói a sensibilidade da

mesma de forma permanente, ou seja, uma irradiação de 6

~ 7 x 10 R pode recuperã-la. No caso do primeiro recozi_

mento ter sido realizado a 500°C, fig. IV-39, nota-se que

a sensibilidade permanece aproximadamente constante quan­

do o tempo de recozimento é inferior a 120 minutos, mas

que decai para tempos de recozimentos maiores.Poder-se-ia

dizer que nessa temperatura os fenômenos de difusão e de

hidrolise jã começam a ocorrer e destroem a sensibilidade 3 3)

da fluorita, como sugerido por Fleming , para o CaF„, e 34) 35) por Stoebe e por Nakajima para o LiF.

As figuras seguintes, IV-40 e IV-41, ilustram o

efeito dos recozimentos de 1 e de 2 4 horas como função

da temperatura desses recozimentos sobre a sensibilidade

da fluorita. Utilizaram-se como exposição teste os valo­

res ÍO^R (y de 1 ^ 7 C s ) e de ~ 10 R (Y da piscina

do reator). Nota-se- que, para as duas exposições testes,

a sensibilidade da fluorita decai com o aumento da tempe­

ratura do recozimento. Entretanto, a queda é mais acen-3

tuada quando a exposição teste e 10 R. Nota-se que quan

do os recozimentos são feitos a temperaturas acima de

500°C durante 24 horas a sensibilidade TL da fluori­

ta ã radiação ê praticamente destruída.

Na fig. IV-42, podem-se ver as razões entre a . ~ . 7

altura do pico III quando a exposição teste foi ~ 10 R . ~ 3

e a altura do pico III para a exposição 10 R e, análoga

mente, as razões para o pico II.

Observa-se que essas razões cresceram quando a

temperatura do recozimento aumentou e também quando o tem

po de recozimento aumentou de 1 para 24 horas.

As experiências descritas neste item demonstra­

ram que os recozimentos ã temperatura de 500°C durante

intervalos de tempo superiores a duas horas diminuem de

forma permanente a sensibilidade TL da fluorita para

- 94 -

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EFEITO DA TEMPERATURA DO RECOZIMENTO SOBRE A SENSIBILIDADE DA FLUORITA VIOLETA,

2H

5H

ZA

iò9H

Fig. BT-40

TEMPO DE RECOZIMENTO I HORA

• PICOU )EXPOSIÇÃO x PICO n i T E S T E I0 3 R

® PICO E I EXPOSIÇÃO TESTE

® piconri~ 1 0 R

•IO

IO i i • i . „

3 0 0 400 5 0 0 6 0 0 7 0 0 C

TEMPER. RECOZIMENTOS

IÔ 5 A

10-

5H

2H

1 0

CO o o 0. 2-1

§•<?

2 » 3 I -

2H

io*H

2H

Fig. EZ-41

TEMPO DE RECOZIMENTO 24 HORAS

3 0 0 4 0 0 5 0 0 6 0 0 7 0 0 * C

TEMPERATURA DOS RECOZIMENTOS

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e 3 O

o

< ac <

10%

5 5H O

H 2' O

o

S 5 <

S 2

Fig. E T - 42

TEMPO DE RECOZIMENTO 1 HORA

( a )

• PICO TI

x PICO HL

300 400 500 600 TEMPERATURA °C 700

T E M P O DE RECOZIMENTO 24 H O R A S

( b )

® PICO H

0 PICO JJE

300 400 500 600 700 TEMPERATURA

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novas irradiações. Todavia, essa destruição independe da

exposição teste. As razões acima mencionadas, ou seja,

7 altura do pico III (~ 10 R) n c õ e, analogamente, altura do pico III ( 10 R )

altura do pico II (~ 10 7R)

altura do pico II ( 10 3R )

jã normalizam esse efeito da destruição térmica da sensi

bilidade. A sua dependência com a temperatura não pode,

pois, ser atribuída a uma destruição das armadilhas ( ou

centros de luminescência) pelos recozimentos. Poder-se-ia

interpreta-las com o auxílio do modelo de competição de

armadilhas proposto no item anterior da seguinte forma:

Os recozimentos em temperaturas mais elevadas

esvaziam mais facilmente as armadilhas profundas. Quando . _ 7

se usa para exposição teste o valor ~ 10 R, mede-se o

número total de armadilhas rasas. Então, o fato das arma

dilhas profundas estarem vazias não interfere nessa medi-3

da. Quando a sensibilidade e medida utilizando-se 10 R

como exposição teste, então a competição entre as armadi

lhas III, por exemplo, e as profundas interfere no proces_

so, diminuindo a altura do pico III como função da tempe­

ratura do recozimento, causando então o aumento observado ~ 7

da razão ' altura do pico III (-10 R) . Fato similar 3

altura do pico III ( 10 R)

ocorre para o pico II.

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CAPÍTULO V

RESPOSTA TL DA FLUORITA A RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA

Depois de submetidos a uma exposição elevada da

radiação 3 ou y e a um recozimento tal que os centros *

profundos nao fiquem completamente vazios, quase todos

os fósforos podem fornecer uma resposta TL quando

excitados por luz ultravioleta 5> 6 ) 1 9 ) 2 0 ) 2 2 ) 2 6 ) 3 6 ) .

Os fósforos têm sido utilizados como dosímetros A A- ~ 14- • n + 19) 36) 37) . . ..

da radiação ultravioleta e algumas tentativas

foram realizadas no sentido de se entender o fenômeno da

TL fotoestimulada 6 ) 2 0 ) 2 2 ) .

Várias propriedades da fluorita violeta e tam­

bém das fluoritas verde e amarela, procedentes de Criciú­

ma, foram investigadas, visando ã aplicação desses fósfo­

ros ã dosimetria ultravioleta e também ã compreensão do

mecanismo da excitação TL por essa radiação.

Como foi visto no Capítulo anterior, as amos -

tras de fluorita virgem possuem a "dose natural" de radia

ção. É, pois, necessário somente submetê-la a um primei­

ro recozimento adequado que não esvazie totalmente os cen

tros profundos para que a mesma apresente TL fotoestimu

lada.

As amostras utilizadas neste trabalho foram pre

paradas recozendo-se a fluorita virgem durante tempos e a

temperaturas diversas,como se verá ã medida que as expe -

riências forem sendo apresentadas.

Para simplificar, a exposição será dividida em

tópicos. Por centro profundo entende-se uma armadilha com uma

carga capturada, que so se libera quando o fósforo

atinge a temperatura aproximada de 600°C. 0 conjunto

funciona como um "centro de cor", jã que absorve luz.

Pode ou não corresponder a uma armadilha TL.

- 98 -

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a) Resposta TL da fluorita ao aclaramento total

Foram utilizadas amostras de fluorita violeta

AI virgem, submetidas aos seguintes recozimentos: 90 minu

tos a 400°C (AI 400); 15 minutos a 520°C seguidos de 62

minutos a 400°C (AI 520); e 15 minutos a 600°C e logo

depois 60 minutos a 400°C (AI 600); de fluorita amarela

recozida a 400°C durante 90 minutos (AA 400) e a 520°C

durante 15 minutos, seguidos de 6 2 minutos a 400°C

(AA 520); de fluorita verde recozida a 400°C durante 90

minutos (AV 400). As notações acima identificarão os

tratamentos térmicos a que as várias amostras foram subme

tidas nas diversas experiências. Os números correspondem

ã temperatura do primeiro recozimento.

Todas as amostras foram expostas a vários acla-

ramentos totais de luzes de comprimentos de onda iguais a

365 nm e a 249 nm.

As alturas dos vários picos de emissão TL em

função do aclaramento total podem ser vistas nas figs. V-

1, 2, 3, 4 e 5 para a fluorita violeta, V-6 e 7 para a

fluorita amarela e V-8 e 9 para a fluorita verde. Em to­

das as figuras, observa-se que as alturas dos picos TL

crescem a princípio linearmente como função do aclaramen­

to total, passam por uma região de sublinearidade, atin­

gem um máximo e decrescem em seguida.

A resposta TL ã luz tem sido interpretada co­

mo devido ã transferência de cargas capturadas nos cen­

tros profundos para as armadilhas TL rasas, que serão

esvaziadas durante a próxima leitura TL. Considera-se,

ainda, como efeito da luz ultravioleta, o esvaziamento

das armadilhas rasas. 0 modelo apresentado por Okuno e 20)

Watanabe prevê que a resposta TL ao aclaramento to­

tal deve no início aumentar linearmente como função do

aclaramento total, atingir uma região de equilíbrio e de­

crescer em seguida.

Comparando-se as diversas figuras, podem-se ob­

servar mais fatos relacionados com o efeito do comprimen-

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to de onda da luz incidente, do recozimento e das diferen

tes amostras de fluorita utilizadas.

Primeiramente, utilizou-se a mesma amostra de

fluorita violeta AI 40 0 e luzes de comprimentos de onda

iguais a 249 nm (banda passante 5,2 nm e 22,2 nm) e a

365 nm (banda passante 1,5 nm e 22,2 nm).

Observou-se, como se pode ver nas figs. V-l e

2, que as regiões lineares das curvas correspondentes ao - - 2

pxco III se estendem ate um aclaramento total de ~ 10 2

wattseg/cm , mas o máximo atingido, quando se ilumina com

luz de 249 nm, ê maior do que o alcançado quando a luz in

cidente ê de 365 nm; o início do decréscimo também difere

para as duas curvas; no caso da luz incidente ter 249 nm, observa-se uma queda da resposta TL a partir de 5 x 10 1

2 wattseg/cm , enquanto que, para a luz de 365 nm, esta so é notada para aclaramentos totais maiores do que 10

2

wattseg/cm . Para o pico II ocorre fato semelhante, en­

quanto que o pico I começa a decrescer para aclaramentos

totais menores se a luz incidente é de 365 nm.

Em seguida, repetiu-se a experiência acima, mas

utilizando-se amostras de fluorita violeta AI 52 0. Obser

vando-se as varias curvas, pode-se notar que elas apresen

tam a mesma forma, ou seja, crescem, atingem um máximo e

decrescem em seguida, mas vê-se que as alturas dos picos

são sistematicamente menores do que as obtidas quando se

utiliza a fluorita AI 400 e também que os aclaramentos to

tais, para os quais as alturas dos picos começam a decair,

são diferentes:

-1 2 ~ 5 x 10 wattseg/cm

2 ~ 1 wattseg/cm

2 ~ 1 wattseg/cm

-2 2 ~ 2,5 x 10 wattseg/cm -1 2

~ 4,5 x 10 wattseg/cm 2

- 10 wattseg/cm .

pico I

- 24 9 nm pico II

pico III

pico I

x --: 36 5 nm pico II

pico III

- 100 -

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TT7

10 10 10

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"TT" 10

10 7o19"

RESPOSTA TL AO ACLARAMENTO TOTAL DA LUZ DE 249 nm

FLUORITA VIOLETA A I 400 RECOZIMENTO- 90 minutos a 400 °C X x

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Fig. Y r Z

RESPOSTA TL AO ACLARAMENTO TOTAL DA LUZ DE 365 nm FLUORITA VIOLETA A1-400-RECOZIMENTO - 90minutos o 400 °C

o PICO I • P ICO n x PICO H E A PICO nc

WATT SEG/Cm i — 10 T T

IO ACLARAMENTO TOTAL

7 ^ 7 o ^ FOTONS/CRN

1,85 I F 10 21

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2H

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5H

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Fig. X - 3

RESPOSTA TL AO ACLARAMENTO TOTAL DA LUZ DE 249nm

FLUORITA VIOLETA A I 520

RECOZIMENTOS {L5

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minu*0S 0 l Z ° £ .

162 minutos o 400 °C

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x P I C O m

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WATT S E G / C m

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1,28

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ACLARAMENTO TOTAL

7o^ 10 15 To1*" To^ 7o^ F O T O N S / C m

10 19 To20

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10

Fig.-g-4 RESPOSTA TL A0 ACLARAMENTO TOTAL DA LUZ DE 365 nm

' 15 mhuitos o 520 °C FLUORITA VIOLETA A I 520-RECOZIMENTOS

o PICO I • PICO E x PICO IH A PICO 12

V /

/

/ /

/

62 minutos a 400 °C

A A

WATT SEG. /Cm

1,85

10° I0 2 10 ACLARAMENTO TOTAL

10 TcS2" 10' .15 J 6 10' 17 10"

.'8 i o 9

FOTONS/Cm" 10 20

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IÓ8AH

5H

2H

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o 5H

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< 2H -ii

10 W 10

Fig.X-5

RESPOSTA TL AO ACLARAMENTO TOTAL DA LUZ DE 249 nm

FLUORITA VIOLETA A I 600

RECOZIMENTOS ' 15 minutos 60 minutos

o 600 C o 400 °C

x o

X o X

o

• •

A A

o PICO I • PICO TI x PICO m A PICO

WATT SEG. /Cm i i —

10 10 ACLARAMENTO TOTAL

1,28 " H i -I O

" H i -l O 7^

FOTONS/Cmíf

10 10

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A fig. V-5 mostra as curvas de resposta TL da

fluorita AI 600 ao aclaramento total com luz de 249 nm.

Como se pode ver pelo grafico, as medidas abaixo - 3 2

de 10 wattseg/cm sao muito imprecisas, mas pode-se no

tar um comportamento análogo do fósforo, ou seja, há uma

região linear, depois uma sublinearidade, um máximo, se-o

guido de uma queda. Esta xnxcia-se em 1 wattseg/cm para

o pico III.

As respostas TL da fluorita amarela ao aclara

mento total de luz de 365 nm podem ser vistas nas figs.

V-6 e 7 para os recozimentos a 400°C, AA 400 e a 520°C

AA 52 0.

Nota-se, comparando-se as figs. V-6 com V-2 e

V-7 com V-5, que a fluorita amarela e bem menos sensível

â luz do que a fluorita violeta; que a fluorita amarela

recozida a 400°C, AA 400 e mais sensível ã luz do que a

recozida a 520°C, AA 520.

As respostas TL fotoestimuladas de fluorita

verde AV 400 em função do aclaramento total de luzes de

249 nm e 365 nm são apresentadas nas figs. V-8 e V-9.

Novamente, observa-se que as curvas apresentam

uma região linear, atingem um máximo e decrescem em segui

da. Também se nota que o valor máximo atingido e maior

quando a luz e de 2 49 nm, como no caso da fluorita viole­

ta.

Comparando-se a fig. V-8 com a V-l e a fig. V-9

com as figs. V-2 e V-6, pode-se verificar que a fluorita

verde e a mais sensível as luzes de 249 nm e 365 nm. Fa­

to similar foi observado por Sunta no estudo da fluorita

da índia, segundo o qual a fluorita de coloração verde se *• *- ~ 2 2)

apresentou mais sensível ã radiação UV

Como fatos mais importantes referidos neste item,

podem-se destacar:

1) as curvas de resposta TL das fluoritas ama

rela, verde e violeta, ao aclaramento total com luzes de

249 nm e 365 nm, crescem no início linearmente como

- 106 -

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A L T U R A DOS P I C O S

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Fig.5:-7

CURVA DE R E S P O S T A T L A 0 A C L A R A M E N T O T O T A L DA L U Z DE 3 6 5 nm

F L U O R I T A A M A R E L A A A 5 2 0

. . . - L . - r , ^ U5 minutos o 5 2 0 °C REC0ZIMENT05 ¡ 6 2 m i n u t o s Q 4 0 0 o c

o P I C O I

• P I C O E

x P I C O nr

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ACLARAMENTO TOTAL

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1,85 To1^

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Fig. Y-e

R E S P O S T A AO A C L A R A M E N T O T O T A L DA L U Z DE 2 4 9 nm F L U O R I T A V E R D E AV 400 R E C O Z I M E N T O - 9 0 minutos o 4 0 0 °C

o P ICO I

• P I C O n

x P ICO I I I

a P ICO m

A o A

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WATT SEG./Cm 10 5

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10a 7c*" ACLARAMENTO TOTAL

1 ^

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FOTONS/Cin To17" 1 ^

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RESPOSTA TL AO ACLARAMENTO TOTAL DA LUZ DE 365 nm FLUORITA VERDE AV400 RECOZIMENTO 90 minutos o 400 *C

A

A

WATT SEG./Cm 10

1,85

T 5 — : N I0 Z 10

ACLARAMENTO TOTAL I 16 TT7 10 10

T I

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10

J 9 10

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função do aclaramento total, passam por uma região de sub

linearidade, atingem um mãximo e decrescem em seguida;

2) esses fatos podem, ao menos qualitativamente,

ser explicados pelo modelo proposto por Okuno e Watana-2 0)

be , segundo o qual a luz transfere cargas ja captura -

das nos centros profundos para armadilhas mais rasas, e

ao mesmo tempo libera cargas das armadilhas rasas. 0 nú­

mero de armadilhas rasas preenchidas para cada aclaramen­

to total resulta, pois, da diferença entre o número de

cargas capturadas e retiradas das mesmas por aquela quan­

tidade de luz. Esse número determina a resposta TL ãque

le aclaramento total;

3) a sensibilidade ã luz decresce com a tempera

tura do primeiro recozimento;

M-) a sensibilidade ê diferente para os dois com

primentos de onda utilizados;

5) a fluorita de coloração verde ê a mais sensí

vel ã luz, vindo em seguida a fluorita violeta e depois a

amarela;

6) a região de linearidade praticamente indepen

de do X utilizado e também do tratamento térmico a que

a fluorita é submetida, se o aclaramento total é expresso

em wattseg/cm 2.

b) Efeito da radiação ultravioleta sobre uma amostra pre­

viamente exposta ã radiação X

0 modelo descrito para explicar o mecanismo da

TL fotoestimulada prevê que a exposição ã luz esvazia os

centros profundos do fósforo, transferindo as cargas para

armadilhas mais rasas. Prevê também que a luz esvazia as

armadilhas rasas. 0 número de cargas liberadas das arma­

dilhas III, por exemplo, por um aclaramento total ê pro

porcional ao número de cargas já capturadas nas armadi­

lhas III, antes da iluminação do fósforo.

- 111 -

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Nas experiências descritas no item a ) , utiliza­

ram-se amostras de fluorita que foram recozidas antes de

serem expostas â luz. Esses recozimentos esvaziaram as

armadilhas rasas e a luz foi, então, preenchendo essas ar

madilhas, ate que, para um dado aclaramento total, o pro­

cesso de esvaziamento das armadilhas rasas começou, a dòmi

nar e a resposta TL decresceu.

Considere-se, agora, uma amostra de fluorita

submetida aos mesmos recozimentos, irradiada com raios X

e logo a seguir exposta ã luz. A irradiação com raios X

preenche parcialmente as armadilhas rasas, além de, prova

velmente, aumentar o numero de cargas capturadas nos cen­

tros profundos. A luz encontra, assim, uma outra distri­

buição de cargas no cristal, sobre a qual passa a agir.

0 número de armadilhas rasas esvaziadas por um certo acla

ramento total deve ser maior neste caso. Em conseqüência,

a resposta TL deve ser menor do que a correspondente ã

soma das respostas TL aos raios X e aquele aclaramen­

to total (supõe-se que o número de cargas a mais captura­

das pelos centros profundos não interfere no processo).

Para se observar tal fato, realizaram-se as seguintes ex­

periências: duas amostras de fluorita violeta AI 52 0 fo

ram irradiadas, uma com UOR e a outra com 460R da radia

ção X. A primeira exposição torna o pico III aproximada

mente da mesma altura que a máxima alcançada pelo pico

III na curva de resposta TL ao aclaramento total (X =

= 365 nm, fig. V-4). A outra torna-a 10 vezes maior .

Em seguida, as amostras foram expostas a vãrios aclaramen

tos totais de luz de 365 nm. As respostas TL foram me­

didas e os resultados podem ser vistos nas figs. V-10 e

V-ll.

Na fig. V-10 nota-se que a altura do pico III

A altura do pico III em resposta ã exposição de 460R

da radiação X é, aproximadamente , 25 vezes menor do

que a correspondente ã dose natural.

- 112 -

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i 15 minutos o 520 °C

'62 minutos o 400 °C

x - 365 n m

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T I 10

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o 2 2 o. <0|õ6-í O 1 «

Fig.2-11

E X P O S I Ç Ã O P R É V I A ! 460 R DA RADIAÇÃO X x = 365 n m

, * °

x I

o PICO I

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x

i

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WATT SEG./Crn 1 10

i *

ACLARAMENTO TOTAL

x= 249 nm

x I

4 *

WATT SEG./Crn

I0< 10' i - i 1

10 1 I

ACLARAMENTO TOTAL

10

ESVAZIAMENTO ÓTICO DAS ARMADILHAS

FLUORITA VIOLETA A I 520 : RECOZIMENTOS

EXPOSIÇÃO PRÉVIA! 40 R DA RADIAÇÃO X

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vai crescendo lentamente e, para um aclaramento total de 2 -

1 wattseg/cm , : atinge um valor máximo e decai a partir 2

de 10 wattseg/cm . Fato similar ocorre para o pico II ,

mas para este o aumento ê menor e de mais difícil observa

ção.

Na fig. V-ll , em que a exposição aos raios X

tornou a altura do pico III dez vezes maior, ainda se no

ta um aumento na altura do pico III. Para o pico II não

foi notado esse aumento. Todavia, é conveniente lembrar

que o pico II atinge, quando iluminado com luz de 365 nm, - — 8 —

uma altura máxima de 1,1 x 10 A e, com a exposição de -7

460R de raios X, esta se torna 8,7 x 10 A, portanto,

80 vezes maior , o que dificulta a observação de um possí

vel aumento.

Observa-se, ainda, na fig. V-10, que o início

do decréscimo das alturas dos picos dã-se aproximadamente

com o mesmo aclaramento total que na fig. V-4, em que a

amostra foi somente exposta ã radiação ultravioleta. Jã

na fig. V-ll, nota-se que o decréscimo da altura do pico 2

III começa a ocorrer no aclaramento de ~ 1 wattseg/cm ,

uma ordem de grandeza abaixo do que no caso das amostras

sem irradiação X (fig. V-4).

Na fig. V-12 vê-se a curva de resposta TL ao

aclaramento total de luz de 249 nm de uma amostra AI 520

irradiada previamente com 2 3 0R da radiação X. A altura

do pico III correspondente a essa exposição ê da mesma or

dem de grandeza que o mãximo atingido pela curva de res­

posta TL ao aclaramento total de uma amostra não irra­

diada (fig. V-3). Verifica-se que as alturas dos vãrios

picos aumentam quando o aclaramento total cresce, atingem - • -1 2

um máximo em ~ 2 x 10 wattseg/cm e em seguida come­

çam a decair. 0 decréscimo inicia-se num aclaramento to­

tal ligeiramente menor do que na curva da amostra não ir­

radiada (aproximadamente duas vezes menor).

Os fatos experimentais observados para a fluori­

ta com a exposição X de 46OR podem ser explicados pe-- 114 -

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las previsões feitas no início do tópico. A exposição X

modificou a distribuição de cargas no cristal, preenchen­

do um número significativo de armadilhas III. A luz de

365 nm, ao incidir sobre o cristal, ainda transferiu car

gas dos centros profundos para as armadilhas III ( obser­

vou-se um ligeiro aumento de altura do pico III como fun­

ção do aclaramento total), mas o número de cargas libera­

das dessas armadilhas foi maior (havia maior número de

armadilhas III preenchidas). Dessa forma, o início do de

créscimo da curva de resposta TL ao aclaramento total

deslocou-se para valores menores deste último. Fato simi

lar foi observado quando a luz incidente foi de 24-9 nm.

Quando a exposição X, de outro lado, foi de

40R, não se observou um deslocamento do início do decrês

cimo da curva em função do aclaramento total para valores

menores deste último, fato esse que não foi explicado.

Cumpre salientar que existe uma probabilidade

muito maior das armadilhas III serem preenchidas pela luz

do que as armadilhas II, fato que não ocorre no caso da

exposição aos raios X, em que as probabilidades são

iguais. Outro fato interessante ê que o efeito do esva­

ziamento das armadilhas rasas pela luz ocorre para os

dois comprimentos de onda da luz incidente ( 365 nm e

249 nm).

Foi observado, também, que a luz pode esvaziar

as armadilhas preenchidas pela dose natural, tendo-se con

seguido reduzir a altura do pico natural a 1/7 do seu

valor inicial. Essas experiências, todavia, foram reali­

zadas utilizando-se a radiação solar e os valores dos

aclaramentos totais nao são conhecidos.

°) Dependência da resposta TL do comprimento de onda da

luz incidente

Os resultados obtidos nas experiências descri­

tas nos itens anteriores mostraram que as respostas TL da

- 115 -

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fluorita a radiação UV de 249 nm e de 365 nm são di­

ferentes. Por outro lado, verificou-se que para esses

dois comprimentos de onda as respostas TL ao aclara-- -2 2

mento total sao lineares ate ~ 10 wattseg/cm .

Para se conhecer com mais pormenores a dependên

cia da TL fotoestimulada do comprimento de onda da luz

incidente, foram utilizadas duas amostras de fluorita vio

leta AI 400 e AI 520 e uma amostra de fluorita verde

AV 400.

As respostas TL das varias amostras aos acla-- 2 2

ramentos totais de 10 wattseg/cm (fluorita violeta) - 3 2

e 5 x 10 wattseg/cm (fluorita verde) foram medidas,

variando-se o comprimento de onda da luz incidente de

200 nm a 400 nm (banda passante 5,2 nm). Os resultados

podem ser vistos nas figs. V-13, 14 e 15, que apresentam

as alturas dos vários picos de emissão TL em função da

energia da radiação UV ou do comprimento de onda da luz

incidente para as três amostras acima mencionadas.

Nota-se, em todas as amostras, que a sensibili­

dade TL apresenta picos em 365, 310, 250 e 225 nm, sen

do que os que aparecem em 225 e 250 nm são sistemati­

camente maiores do que os de 310 e 365 nm.

Comparando-se as curvas de resposta TL em fun

ção da energia da radiação UV para as duas amostras de

fluorita violeta, nota-se que:

a) a sensibilidade â luz da amostra recozida a

520°C (AI 520) ê sistematicamente menor do que a da

amostra recozida a 400°C (AI 400) (cerca de 4 vezes);

b) a forma da curva da sensibilidade em fun­

ção da energia difere para as duas amostras. Apesar de

se notarem picos nos mesmos comprimentos de onda, as altu

ras relativas desses picos dependem do recozimento a que

a fluorita foi submetida.

Comparem-se, agora, as respostas obtidas pelas

fluoritas verde AV 400 e violeta AI 400. Nota-se que

a sensibilidade da fluorita verde e maior do que a da

- 116 -

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00 O

I I 111 I CJ OJ CM

O O 10

O O

i~i I — r - r - i — h f i 1—h 1 r

5H

2H

COMPRIMENTO DE ONDA n m

Fig g - 1 3

I0

5H

2H (A O O -E T I O

O

o 5

< =>

J 2H

iõ94

5 J

2H

DEPENDÊNCIA DA RESPOSTA T L DA ENERGIA DA RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA

FLUORITA VIOLETA A I 400 REC0ZIMENT0-9Omiflutos a 400

o A C L A R A M E N T O T O T A L T E S T E -

I X I Ó 2 W A T T S E G / C m 2

o P I C O I

• P I C O E

x P I C O m

A P I C O nr

o

-IO

I 0 r

3.0 - | 1 r r— 4.0 5,0 „ 6p 6,5

ENERGIA DA RADIAÇÃO UV eV

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COMPRIMENTO DE ONDA nm

• \ \ X

(O -9

ü

<o 5 O O < CE 3 2H

-10 10-

i f \ Xt a v e *

¡

Fig.3M4

o PICO I

• PICO TI

x PICO TU

a PICO n

DEPENDENCIA DA ENERGIA DA RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA FLUORITA VIOLETA A I 520

RECOZIMENTOS 15 minutos o 520 C 62 minutos a 400 °C

ACLARAMENTO TOTAL TESTE - IX Ic fwATT SEG /Crn

- I I 10

3,0 4,0 5,0 6,0 6,5 eV ENERGIA DA RADIAÇÃO UV

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-6

10 A

COMPRIMENTO OE ONDA o ° o o o o 0 o

fl n P « IO Hl O § O O

10 nm

o o o Ñ

O o

I I Hl I III I I I I — r - M — I — r ~ M — I i 1

Fig.g-15

5 -

2 -

-7

10-

5-

o - 1 0

2 5

< 3

-9

10

9 II o

._ D E P E N D Ê N C I A DA R E S P O S T A T L ^ 5/ DA R A D I A Ç Ã O U L T R A V I O L E T A

V?S' F L U O R I T A V E R D E A V 400

E N E R G I A

2-

-IC

10'

R E C O Z I M E N T O - 9 0 minutos a 400 C

ACLARAMENTO TOTAL T E S T E 5 X I C ? W A T T S E G / C m 2

o P I C O I

• P I C O n

x P I C O m

A P I C O m

3,0 4.0 5,0 — I — 6,0 • V

ENERGIA DA RADIAÇÃO UV

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fluorita violeta (cerca de 1,5 vezes). Observa-se, tam­

bém, que as alturas relativas dos picos da sensibilidade

em função da energia da radiação UV diferem para as

duas amostras. 3 8)

Sunta mediu a resposta TL fotoestimulada

da fluorita indiana em função do comprimento de onda da

luz incidente no intervalo de 300 a 450 nm. Refere que recozeu a fluorita a 600°C, irradiou-a com 10 5R da

~ 6 0

radiação y do Co e depois a recozeu novamente a

400°C, antes da iluminação. Observou que a sensibilida­

de TL apresenta mãximos nos comprimentos de onda de 365

e 310 nm aproximadamente, valores similares aos encontra

dos com a fluorita brasileira. 37)

McCullough et al. , igualmente, utilizando a

fluorita proveniente da Bélgica, mediram a curva de res­

posta TL fotoestimulada em função do comprimento de on­

da da luz incidente. Entretanto, observaram um máximo em

300 nm aproximadamente, uma resposta que foi quase nula

para comprimento de onda acima de 340 nm e sempre cres­

cente entre 290 e 250 nm, mostrando que a fluorita

belga responde de forma diferente ã luz ultravioleta do

que a fluorita brasileira. Cumpre salientar, por outro

lado, que na experiência acima descrita a fluorita foi 3 ~ recozida a 700°C, irradiada com 4 x 10 R da radiação

13 7 ~ Y do Cs, recozida a 400°C por 10 minutos e então

iluminada. Como foi visto no capítulo precedente, o reco

zimento ã temperatura elevada destrói a sensibilidade da

fluorita brasileira para novas exposições de forma perma

nente. Se este resultado for valido para a fluorita bel­

ga, poder-se-ia sugerir que a diferença no comportamento

das duas fluoritas provêm de uma modificação introduzida

na fluorita belga pelo recozimento a 700°C. Essa suposi_ ~ 2i

çao encontra apoio, ainda, no fato de que Schayes et al.

observaram respostas TL fotoestimulada de algumas amos­

tras de fluorita belga que foram recozidas a 600°C, ex­

postas ã radiação y , recozidas a 400°C e iluminadas

- 120 -

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com luzes de 365 nm e de 400 nm.

A existência de picos na resposta TL fotoesti

mulada em função da energia da radiação UV incidente

faz supor que diferentes centros profundos estejam envol­

vidos no processo da estimulação da TL pela luz ultra­

violeta. A variação das alturas relativas desses picos,

devido aos diferentes recozimentos a que as amostras fo­

ram submetidas, vem confirmar essa hipótese; se todos os

picos fossem devidos a um só centro, a redução do numero

de centros os diminuiria igualmente.

Uma correlação entre a TL fotoestimulada e me

didas de absorção õtica da fluorita poderã ser ütil na

identificação dos centros profundos. Infelizmente, a es­

trutura policristalina da fluorita torna esse estudo bas­

tante difícil, pois, durante os recozimentos a temperatu

ras acima de 300°C, as lâminas de fluorita rompem-se fa­

cilmente devido a tensões internas. Outro fato observado

foi que pequenas amostras de fluorita, de aproximadamente 2 . ~ ~

1 cm , apresentaram regiões com coloração bem diferentes

quando irradiadas; isso torna necessãrio estudar-se a TL

de uma determinada amostra para compara-la com as medi -

das de absorção õtica.

No LiF, algumas armadilhas TL rasas jã foram

identificadas com centros de cor existentes naquele fós_ 2 3)

foro . Isso tem possibilitado estudos interessantes so

bre os mecanismos da TL e da supralinearidade e sensibi

lização da resposta TL ã exposição daquele fósforo.

d) Modelos explicativos do fenômeno da TL fotoestimulada

19)

Cameron et al. propuseram um modelo qualita

tivo para explicar a TL fotoestimulada. Segundo esse

modelo, o fósforo, inicialmente irradiado com a radiação

3 ou Y J captura cargas nos centros profundos que não

são esvaziadas pelo recozimento a que o mesmo e submetido

- 121 -

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entre a irradiação y e a iluminação. Durante o proces­

so de iluminação, as cargas são liberadas dos centros pro­

fundos e capturadas pelas armadilhas TL rasas. A luz

também esvazia as armadilhas rasas do cristal. 2 0)

Posteriormente, Okuno e Watanabe escreve­

ram a formula matemática para esse modelo, segundo a qual

o número de armadilhas III, por exemplo, preenchidas apôs

um tempo t de exposição ã radiação ultravioleta de in­

tensidade constante é dado por

N 3 = B N a p N F 3 6

(-a 3t) +6 Ne •a t - (a -ct0 )t'

•a t' P

dt' (1)

onde: N 3 = numero de armadilhas III que são preenchidas

quando o fósforo é exposto ã radiação UV por

um tempo, t ; = número máximo de armadilhas III disponíveis;

= probabilidade de esvaziamento dos centros pro

fundos por unidade de tempo;

dg = probabilidade de preenchimento das armadilhas

III por unidade de tempo;

N 3 op

62 = probabilidade de esvaziamento das armadilhas

III por unidade de tempo;

N = número inicial de centros profundos preenchi^ Op f f

dos.

0 modelo acima descrito foi posteriormente modi

ficado" porque não foi possível ajustar a curva de res -

posta TL fotoestimulada por luz de 365 nm da fluorita

verde em função do tempo de iluminação. Na nova proposi­

ção do modelo, foi admitido que as cargas liberadas pela

Comunicação particular.

- 122 -

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luz das armadilhas III podem ser recapturadas pelos cen­

tros profundos. A nova expressão matemãtica para o nume

ro de cargas capturadas num dado instante nas armadilhas

III ê:

N. —3—°£ L

a 3 " a p V

-a t -a„t e P - e 3 ) ,t

-a t / a t' + 3 e P / e P N 0(t'

P L 3

)dt' -

• a 3 t y ^ a g t , - e " / e N 3(t')dt' (2)

-a t -a t / a t'" N = N e P + e P / 3 N 0(t») e

p dt 1 (3) p op / p 3

•'O

onde: 3^ = probabilidade de preenchimento dos centros pro­

fundos por unidade de tempo.

0 ajuste matemático das várias curvas da respos_

ta TL fotoestimulada em função do aclaramento total es­

tá sendo processado por Wanda Cecília Las e será descrito

na sua tese de mestrado.

Esse modelo não especifica qual o centro profun

do de onde estão sendo transferidas as cargas. Assim, se

as luzes de diferentes comprimentos de onda excitarem cen

tros profundos diferentes, o modelo pode ainda ser apli­

cado, bastando para isso identificar Np com o numero de

centros profundos excitáveis por luz daquele comprimento

de onda. Para cada luz e para cada centro profundo e ar

madilha rasa, os valores dos vários parâmetros são dife­

rentes, como esperado, uma vez que as constantes de absor

ção variam. Esse fato reflete-se nas várias curvas de

resposta TL em função do aclaramento total, cujos valo­

res numéricos são diversos (vide figs. V-l a V-(9).

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e) Efeito da temperatura das amostras na sensibilidade TL

fotoestimulada

A existência de picos no espectro de excitação

da TL fotoestimulada fez supor que hã mais de um centro

profundo. Estes, certamente, são centros de cor, jã que

absorvem a luz. Os centros de cor possuem estados excita

dos para permitir a absorção de luz, que podem ser liga -

dos ou pertencer â banda de condução, como exemplificado

no diagrama abaixo:

ESTADO EXCITADO „ PERTENCENTE A

BANDA DE CONDUÇÃO

BANDA DE CONDUÇÃO

e

ESTADO EXCITADO LIGADO

BANDA DE VALENCIA

Durante a iluminação, a carga capturada no cen­

tro de cor pode absorver uma quantidade de luz e ir para

o estado excitado. Daí ela pode retornar ao estado funda

mental, talvez emitindo uma quantidade de luz de menor

energia (emissão luminescente) , o.u sair da armadilha (es­

vaziamento ótico dos centros de.cor). Se o estado excita

do pertencer ã banda de condução,- a liberação da carga ê

imediata. Se este for ligado, então, a liberação da car­

ga se faz pela absorção de fônons da rede cristalina.

Neste último caso, um aumento da temperatura da amostra

deve facilitar o esvaziamento ótico, pois aumenta o núme­

ro de fonons disponíveis.

Considere-se, agora, o mecanismo de excitação -

da TL pela luz. Se os centros profundos de onde as car

gas são transferidas possuírem estados excitados ligados,

então, um aumento da temperatura da amostra facilitara a

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saída das cargas desses centros. Conseqüentemente, ha

vera maior número de cargas a serem capturadas pelas arma

dilhas rasas e assim a resposta TL a um determinado -

aclaramento total (menor do que o correspondente â máxima

resposta TL) deve crescer, se o aumento da temperatura

não alterar a probabilidade de esvaziamento das armadi­

lhas rasas.

Além dessa possibilidade de se compreender me­

lhor o mecanismo da transferência das cargas dos centros

profundos para as armadilhas mais rasas, existe uma neces

sidade pratica de se conhecer a dependência da resposta

TL fotoestimulada da temperatura da amostra, no caso da

fluorita ser utilizada como dosímetro da radiação ultra­

violeta.

Amostras de fluorita violeta AI 520 foram,en­

tão, simultaneamente aquecidas e expostas a varios aclara-

mentos totais da radiação ultravioleta.

As figs. V-16 e V-17 apresentam as respostas

TL em função do aclaramento total com luz de 365 nm ,

quando a amostra estava a 100°C e a 150°C. Observa-se ,

comparando-se com a fig. V-5, que as alturas máximas dos

picos II, III e IV cresceram quando a temperatura do fos_

foro aumentou. Não ê possível fazer-se uma comparação

precisa dos aclaramentos totais, onde os mãximos são atin

gidos, ou onde terminam as regiões lineares, porque os

aclaramentos totais não foram medidos com boa precisão ,

devido ao arranjo experimental utilizado. Verifica-se

que o decréscimo das alturas dos picos ê mais acentuado

para as amostras em temperaturas mais altas.

As respostas TL aos varios aclaramentos to­

tais da luz de 249 nm das amostras de fluorita violeta

AI 520 as temperaturas de 100°C e 150°C são apresenta -

das nas figs. V-18 e V-19. Verifica-se que houve um au­

mento do máximo atingido quando a temperatura da amostra

subiu de ~25°C (temperatura ambiente) para 100°C, mas não

houve diferença entre as respostas das amostras a 100°C

e 150°C.

- 125 -

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2AH

10

5A

O 2 O 51 ' 8 . I0H

2 5-<

-9 10

Fig.-g- ie

RESPOSTA TL DA FLUORITA VIOLETA A I 520 AO ACLARAMENTO TOTAL DA LUZ DE 36 5 nm TEMPERATURA DA AMOSTRA 100 °C

(15 mín. 520 °C x x RECOZIMENTOS )62min.400 °C x x

WATT SEG./Cm I0 4

10"' 10' ACLARAMENTO TOTAL

2AH

-7 10

o « 2 o. «n -e o 10-o < 5-3

2H -91

10

TEMPERATURA DA AMOSTRA 150 "C

Fig.g-17

I

x x

104

2AH

a «o-

o

§ • o o 4 1 2 ce «• 3

<ló 7

10" i1? ACLARAMENTO TOTAL

VALORES EM 10* WATT SEG./Cm

WATT SEG./Cm I

Fig.Y-20 E = (0,I2 Í0,03)eV

VALORES MÁXIMOS

22 T— 2.4 ~ 1 — 2.6 - 1 —

2.8 3,2 - i - x i ó S :

A

- 1 — 10

• PICO n x PICO m A PICO r z

10

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ALTURA DOS PICOS

o:

o. N

> r-Qi > >

o H >

i OÍ ro O! _ 1 _

ro i

ai > ALTURA DOS PICOS

ro 01

m Z -o m > H C 30 >

> .

> s o (/) H 30 >

en O

x X

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a

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2 -I O

O H >

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x X —i O m z

•o _ » r > >

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o > r c N

o o x • o o o o —I *•

30 V> > = _ 3 O O o"

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Os resultados obtidos são explicados Tpelo mode­

lo anteriormente descrito, que sugere a existência de um

estado excitado ligado do centro profundo.

Para a radiação de 249 nm, notou-se que a

100°C e a 150°C as respostas TL foram iguais. Inter­

pretou-se esse resultado dizendo que o estado excitado do

centro profundo se acha bastante próximo da banda de con­

dução, de forma que a energia térmica fornecida pelo aque

cimento a 100°C e suficiente para tornar a eficiência do

processo de esvaziamento ótico igual a 1. No caso da

luz de 36 5 nm, o estado excitado encontra-se mais longe

da banda de condução, jã que a resposta TL ainda aumen­

ta quando a temperatura da amostra subiu de 10 0°C para

2 2) -

150°C. Sunta também observou um aumento da resposta

TL fotoestimulada por luz de 36 5 nm quando a temperatu

ra da fluorita indiana aumentou. Explicou esse aumento,

de forma similar ã descrita no início do tópico. Postu -

lou a existência de um estado excitado do centro profundo

próximo ã banda de condução; supondo que as cargas captu

radas no estado excitado seguem a lei de distribuição de

energia de Boltzmann, calculou a diferença de energia en­

tre o estado excitado e a banda de condução.

Se analise similar for feita no caso da fluori­

ta violeta iluminada com luz de 36 5 nm, encontrar-se-ã

uma diferença de energia de (0,12 ± 0,03) entre o estado

excitado e a banda de condução (vide fig. V-20). Esse

valor, entretanto, foi obtido somente a partir de medidas

efetuadas com as amostras a três temperaturas e precisa

ser confirmado. Observe-se que nos resultados encontra -

dos por Sunta, a curva do logaritmo das alturas dos pi­

cos de 2 50°C em função de l/T, onde T e a temperatu

ra da amostra, apresenta duas inclinações distintas, uma

correspondendo a uma diferença de energia de 0,06 7 eV e

a outra a 0,3 2 eV.

Os resultados descritos neste tópico não invali

dam o modelo apresentado no item anterior, somente escla­

recem o mecanismo da liberação das cargas dos centros

profundos.

- 128 -

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f) Resposta da fluorita violeta a exposições sucessivas à

luz ultravioleta

0 modelo discutido durante a apresentação deste

capítulo prevê que a luz transfere as cargas capturadas -

nos centros profundos para as armadilhas mais rasas. De­

ve-se, então, esperar que a realização de uma exposição ã

luz ultravioleta diminua a sensibilidade daquela amostra

para uma nova exposição ã mesma luz, fato jã observado

por outros autores. De outro lado, o modelo apresentado 2 0 )

por Okuno e Watanabe nao conseguiu descrever correta

mente os resultados por eles obtidos para as várias se­

ries de exposições sucessivas ã luz de 365 nm a que sub

meteu a fluorita verde. 0 modelo original previa que

a diminuição da sensibilidade TL deveria aumentar com o

aclaramento total de cada exposição, mas os resultados

mostraram que essa diminuição foi constante.

Neste trabalho, foram também investigadas as

respostas TL da fluorita violeta AI 520 a exposições

sucessivas ã luz de 365 nm e 249 nm, mas a experiência

foi conduzida de modo diverso, como se verá a seguir.

Amostras de fluorita violeta AI 520 foram ex­

postas por 10 vezes a aclaramentos totais de 2,6 x 10 ^ 2

wattseg/cm cada um, a luz de 249 •nm. As leituras fo­

ram feitas após cada exposição; os resultados são apre­

sentados na fig. V-21, onde se vêem os logaritmos das al­

turas dos picos de emissão TL em função do número da ex posição. Como parte da experiência, foi também exposta a

-1 2

9 x 2,6 x 10 wattseg/cm da luz de 249 nm outra por­

ção da mesma amostra e em seguida realizada uma leitura

TL (para se igualarem as histórias térmicas das duas

amostras, essa leitura foi repetida 9 vezes). Após isso, -1 2

essa amostra foi exposta a 2,6 x 10 wattseg/cm de luz

de 249 nm e lida. 0 resultado desta última leitura po­

de ser visto também na fig. V-21, na posição corresponden

te â 10a. exposição. Verifica-se que, embora as duas

amostras tenham sido previamente expostas ao mesmo aclara

- 129 -

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EXPOSIÇÕES SUCESSIVAS A RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA

ACLARAMENTO TOTAL DE CADA EXPOSIÇÃO |,I5XIÖ3WATT SEGVCm2

Fig.J-22 X

x Aa365nm

A A

- i r

3 4

® X

® o

—t—

* } ACLARAMENTO TOTAL DE CADA 1 EXPOSIÇÃO 2,6Xló'WATT SEG./Cm

X

gió7H o

g 5 i o < TE ti «H <

-8 lOH

5 -

- I 1 1 1 r 5 , 6 7 8 9 IO II NUMERO DE LEITURAS

o A

T 2

o

A

A= 249 nm Fig.Y-21

T

®

®

T n 1 1 1 r 3 4 . 5 6 7 6 9 ( 0 I I

NUMERO DE LEITURAS

ACLARAMENTO TOTAL DE CAOA EXPOSIÇÃO 4,85 WATT SEG./Cm 2

4=365nm Fig.3T-23

® FLUORITA VIOLETA A I 520

RECOZIMENTOS Í15minutos a 520 SC

6 2 minutos a 400 °C

A ® A í)

o P I C O I

• P I C O n

x P I C O m

A P I C O 1 2

O S P O N T O S COM CÍRCULOS EM VOLTA C O R R E S P O N D E M À S A M O S T R A S E X P O S T A S AO ACLA­RAMENTO T O T A L D E UMA SÓ VE2

®

T ~

2 - | 1 1 1 1 1 1 1 1 1—

5 6 , 7 8 9 10 II 12 13 14

NUMERO DE LEITURAS

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mento total da luz de 249 nm , a amostra iluminada de

uma so vez se revelou mais sensível â luz do que a outra.

A experiência foi também realizada utilizando

luz incidente de 36 5 nm, agora para dois valores de

aclaramentos totais. Um deles com tempos de iluminação

bem pequenos, de tal forma que a resposta TL da amostra

exposta ao aclaramento total de uma so vez ainda estives­

se na região linear da curva de resposta TL ao aclara­

mento total. Para a outra série de medidas, foi escolhi­

do um aclaramento total correspondente ao máximo dessa

curva. Outra vez foram utilizadas duas amostras em cada

experiência, uma delas exposta ao aclaramento total de

uma só vez e a outra intercalada por leitura TL. Obser­

vou-se que as amostras expostas aos aclaramentos totais

de uma so vez novamente se apresentaram mais sensíveis ã

luz do que as outras. A diferença de sensibilidade, en­

tretanto, foi menor no caso da fluorita exposta ao mesmo

aclaramento total , como se pode ver nas figs. V-2 2 e

V-2 3.

0 modelo apresentado supõe que a diminuição da

sensibilidade ê devida a uma redução do numero de cargas

capturadas nos centros profundos. Realmente essa ê a

possibilidade mais viável, pois a sensibilidade ã radia­

ção y não diminui devido a um recozimento até 400°C du

rante um minuto, o que ocorre durante a leitura TL.

Essa experiência mostrou, assim, que a amostra

exposta ao aclaramento total de uma sõ vez conservou maior

numero de cargas capturadas nos centros profundos. 0 pri

meiro modelo proposto por Okuno e Watanabe prevê que es­

se numero seria igual, e, portanto, não explica os resul­

tados experimentais encontrados. Considere-se, agora, o

segundo modelo.

Segundo este, após um tempo t de iluminação ,

o número de cargas remanescentes nos centros profundos ê

dado por

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-a t -a t a t' N = N e p + B e p / e p N 0(t')dt' P °P P / 3

"'o

como foi visto no item V-d, equação (3).

No fim de um tempo At, onde Ng(At) ê linear

e apA"t << 1, pode-se escrever:

-a At N (At) = N e p

p op

Por outro lado, N^ ê dado, segundo o modelo,

por:

30N -a t -ct0t r -a t a t*

N = -1-2E (e P - e 3 ) + 3 e P J e P N ( f ) d f -a 0-a

p L

3 p

~oigt I a 0t' ^ e a 3 t N 3(t*)dt']

conforme a equação (2) , também vista no item V-5.

Integrando-se por partes as integrais acima, e

supondo Ng(t) linear no intervalo At e apAt < < : 1 J

tem-se:

N„(At) = $ QN At 3 3 op

Apos a leitura, na nova exposição ã luz durante

o tempo At , tem-se:

-a At N (2At) = N (At) e P e P P

N 0(2At) = 30N (At)At 3 3 p

e assim por diante ...

-a At N (nAt) = N [(n-l)Atl e P e P • P '- J

Ng(nAt) = B 3 N p [(n-l)At] At.

- 132 -

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Então,

-a nAt N (nAt) = N e p

P op

Se a luz correspondente a nAt incidir sobre o

fósforo de uma so vez, então,

. , . . r nAt ., -a nAt -a nAt / a t*

N' (nAt) = N e p + 3 e p / N„(t')e p dt' P OP P J

sera o numero de cargas remanescentes no centro profundo,

de modo que se a amostra for iluminada depois de ter sido

lida, durante um tempo At, pequeno, ter-se-ã:

N' (At) = 3 0 N' (nAt)At. d d p

Esse valor deve ser comparado com:

-a nAt N„ í(n+l)At] = 3 0 At N (nAt) - 3 0 At N e P

3 L ' 3 p 3 op

Então,

J-nAt , .

f a t 1

N 0(t' ) e P dt 1

i = P = °P P Jn 3

N 0[(n+l)Atl N (nAt) N 3 L J op op

> 1

Vê-se, assim, que o segundo modelo prevê uma

resposta TL fotoestimulada maior no caso da amostra re

ceber o aclaramento total de uma so vez, como foi verifi­

cado experimentalmente. Os cálculos acima foram feitos

somente para aclaramentos totais pequenos; no caso de se

terem aclaramentos totais maiores, eles se tornam bem

mais longos e estão sendo programados por Wanda Cecília

Las como parte de sua tese de mestrado.

- 133 -

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É razoável, contudo, que a diferença entre as

respostas TL fotoestimuladas das duas amostras de cada

série aumente quando o aclaramento total cresce; mais

cargas serão liberadas das armadilhas rasas durante o

aclaramento total longo e poderão ser recapturadas pelos

centros profundos.

g) Efeito de uma irradiação prévia, da exposição sensibi­

lizante e de recozimentos isotérmicos na sensibilidade

TL fotoestimulada

Amostras de fluorita violeta A II-2 foram re-

cozidas 10 minutos a 680°C, 95 minutos a 400°C (reco-~ 4 - 5

zimento padrão), irradiadas com 2,8 x 10 R, 3,5 x 10 R

e 1,0 x 10 6R, e depois recozidas a 400°C e a 500°C du

rante vários intervalos de tempo. Em seguida, cada amos-- 3 2

tra foi iluminada com 5 x 10 wattseg/cm de luz de

365 nm ou de 249 nm.

Os resultados podem ser vistos nas figs. V-24 a

V-35, onde se representam as alturas dos picos da TL fo

toestimulada em função do tempo do recozimento isotérmico

realizado entre a exposição sensibilizante e iluminação

teste. Nota-se que os decréscimos das alturas dos picos

podem ser expressas para as duas temperaturas de recozi -

mento como função de potência do tempo de recozimento.

Os valores dos expoentes das potências são resumidos nas

tabelas V-l, para X = 365 nm, e V-2, para X - 249 nm.

Deve-se observar que todas as amostras, devido

ao recozimento padrão, haviam-se tornado quase insensí­

veis â radiação ultravioleta. As alturas dos picos atin­

giam, no máximo, 5 x 10 "^A.

Vários fatos devem ser salientados a partir dos

resultados obtidos:

1) A radiação y recupera a sensibilidade da

fluorita ã radiação ultravioleta. Esse fato, também ob-29)20)

servado por outros autores , era esperado, pois,

- 134 -

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Fig. Y-24 RECOZIMENTOS A 400 *C - LUZ TESTE DE 365 nm

FLUORITA VIOLETA A TJ> 2 RECOZIMENTO PADRÃO EXPOSIÇÃO SENSIBILIZANTE RECOZIMENTOS ACLARAMENTO TOTAL TESTE 5XI0' 3 WATT SEG/Cnf

EXPOSIÇÃO SENSIBILIZANTE 2,8 X ICTR

To" 10 'O TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

Fig.3JT-25

EXPOSIÇÃO SENSIBILIZANTE 3,5 X ICTR

76 ~7Õ*~

TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

F i g - I - 26

EXPOSIÇÃO SENSIBILIZANTE IX IO 6 R

TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

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Fio, 27

FLUORITA VIOLETA A TI- 2 RECOZIMENTO PADRÃO EXPOSIÇÃO SENSIBILIZANTE RECOZIMENTOS ACLARAMENTO TOTAL TESTE 5XIÓ 3WATT SE6./Cm

EXPOSIÇÃO SENSIBILIZANTE 2,8 X I0 4 R

i r~2 r 3 10 10 10

RECOZIMENTOS A 500 ° C - LUZ TESTE DE 36 5 nm

TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

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Fig.X- 30 RECOZIMENTOS A 400 'C - LUZ DE 249 nm

FLUORITA VIOLETA J \ I - 2 RECOZIMENTO PADRÃO EXPOSIÇÃO SENSIBILIZANTE RECOZIMENTOS ACLARAMENTO TOTAL TESTE 5XIÓ3WATT SEG/Cm 2

EXPOSIÇÃO SENSIBILIZANTE 2,8X104 R

TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

Fig.Y- 31 EXPOSIÇÃO SENSIBILIZANTE 3,5XI0 5 R

o P I C O I

• P I C O H

x P I C O m

a P I C O m

TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

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Fig. Y -32

LUZ TESTE DE 2 4 9 nm - RECOZIMENTOS A 400 °C

FLUORITA VIOLETA J \ T I - 2 RECOZIMENTO PADRAO EXPOSIÇÃO SENSIBILIZANTE RECOZIMENTOS ACLARAMENTO TOTAL TESTE 5XIÓ 3 WATT SEG./Cm2

EXPOSIÇÃO SENSIBILIZANTE IXIO 6 R

¡5 i o r ~ ~ ~ ^ TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

Fig.Y-33

EXPOSIÇÃO SENSIBILIZANTE 2,8XI0" ,R RECOZIMENTOS A 500 °C

o PICO I • PICO IL x PICO HT A pico m

TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

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Fig.Y-34 RECOZIMENTOS A 500 °C - LUZ TESTE DE 249 nm.

o o

2- \ \ -8 \ \

10-\ \ \

s

FLUORITA VIOLETA ATI-2 RECOZIMENTO PADRÃO EXPOSIÇÃO SENSIBILIZANTE RECOZIMENTOS ACLARAMENTO TOTAL TESTE 5XIÕ3 WATT SEG/Cm 2

EXPOSIÇÃO SENSIBILIZANTE 3,5XI0 5R

TEMPO D E RECOZIMENTO (minutos)

F ig .g - 35

EXPOSIÇÃO SENSIBILIZANTE I X 10 R

o PICO I

• PICO H

x PICO m a PICO m

T 10 10 TEMPO DE RECOZIMENTO (minutos)

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TABELA V-l

Pico 2,8 x 10 4R 400°C 500°C

3,5 x 10 5R 400°C 500°C

1,0 x 10 6R 400°C 500°C

a-j- I 0,30 ± 0,01 0,38 ± 0,05 0,25 ± 0,02 0,52 ± 0,03 0,33 ± 0,01 0,48 ± 0,02

a-j--j- II 0,31 ± 0,02 0 ,42 ± 0,05 0,33 ± 0,02 0,60 ± 0,03 0,39 ± 0,03 0,60 ± 0,04

Otj-j-j III 0,44 ± 0,02 0,52 ± 0,06 0,37 ± 0,02 0,74 ± 0,04 0,44 ± 0,02 0,68 ± 0,04

TABELA V-2

Pico 2,8 x 10 4R

400°C 500°C 3,5 x 10 5R

400°C 500°C 1,0 x 10 6R

400°C 500°C

a-j- I 0 ,19 ± 0,02 0,61 ± 0,03 0 ,39 ± 0,03 0 ,94 ± 0,07 0,35 ± 0,03 0,75 ± 0,07

aII 1 1 0,33 ± 0,02 0,84 ± 0,4 0,46 ± 0,03 1,14 ± 0,06 0 ,41 ± 0,03 0,92 ± 0,08

aj-j-j III 0,33 ± 0,02 0,99 ± 0,04 0 ,46 ± 0,04 1,24 ± 0,08 0 ,39 ± 0,03 0,91 ± 0,08

a I V IV 0,46 ± 0,02 0,91 ± 0,03 0,58 ± 0,02 1,07 ± 0,05 m 0,50 ± 0,03 0,96 ± 0,05

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comumertte se interpreta a TL fotoestimulada como devida

a transferência das cargas capturadas nos centros profun­

dos para as armadilhas rasas.

2) Os recozimentos isotérmicos destroem a sensi^

bilidade da fluorita ã luz de 24-9 nm de forma diversa

da sensibilidade â luz de 365 nm. Esse fato sugere que,

pelo menos, dois centros profundos estão envolvidos na es

timulação da TL pela luz.

3) A destruição da sensibilidade ã luz pelos re

cozimentos isotérmicos ê maior do que a da radiação y .

4) A destruição da sensibilidade foi maior quan

do a temperatura do recozimento foi de 500°C, fato simi­

lar ao observado para a destruição da sensibilidade ã ra­

diação y .

5) A recuperação da sensibilidade da fluorita ã luz pela radiação y e a s u a destruição pelos recozimen­

tos isotérmicos dependem da exposição sensibilizante de

forma diferente para os dois comprimentos de onda utili­

zados. Para 365 nm as alturas dos picos cresceram en-~ 4

tre as exposições sensibilizantes de 2,8 x 10 R e 5 . ~

3,5 x 10 R, como no caso da exposição teste ser 100R da 137

radiação y do Cs, e mantiveram-se constantes para

5 6 as exposições sensibilizantes de 3,5 x 10 R e 1,0 x 10 R.

Quando a fluorita foi exposta ã luz de 249 nm, 5 . . .

notou-se que a exposição de 3,5 x 10 R sensibilizou mais . ~ 4

a amostra do que as exposições de 2,8 x 10 R e de

1,0 x 10 6R.

Seria interessante comparar os decréscimos das

sensibilidades das amostras acima mencionados com o de­

créscimo da ãrea sob o pico residual, como foi feito no 137

caso da exposição teste ser 100R da radiação y do Cs.

Infelizmente, como mencionado no Capítulo IV, as ãreas re

siduais não foram medidas durante a realização dessa expe

riência.

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CONCLUSÕES FINAIS

I - A forma da curva de emissão observada varia

com a exposição: para valores de até - 10 R aparecem

seis picos de emissão TL; para exposições superiores a 4 . . . .

~ 2,8 x 10 R nota-se o aparecimento de mais dois picos.

II - Efeitos dos recozimentos sobre a sensibili­

dade TL da fluorita violeta â radiação Y •

Foram observados os efeitos dos primeiros -

recozimentos sobre a sensibilidade TL da fluorita viole

ta. Paralelamente, foram determinados os efeitos da expo

sição sensibilizante e de recozimentos isotérmicos poste

riores a esta última sobre a sensibilidade TL da fluori

ta. Da comparação dos resultados das duas séries de expe

riências, concluiu-se que:

1) A fluorita violeta virgem acha-se sensibili­

zada pela "dose natural" de radiação;

2) A sensibilização aumenta com a exposição sen

sibilizante até um máximo. A sensibilização produzida pe

la dose natural coincide com esse máximo;

3) Os recozimentos isotérmicos realizados após

a exposição sensibilizante diminuem a sensibilidade TL da

fluorita. A diminuição se intensifica se a temperatura

e/ou o tempo de recozimento aumentam;

4) A sensibilidade pode ser readquirida se a

amostra receber uma exposição elevada. Se, todavia, o

fósforo for recozido durante mais de duas horas a 500°C ,

ou a temperatura mais alta, parte da sensibilidade não po

de ser recuperada, ainda que submetido â exposição refe­

rida.

III - A correlação observada entre a supralineari

dade, a sensibilização e as ãreas residuais permitem suge

rir a existência de uma competição entre as v a r i a s arma­

dilhas TL.

- 142 -

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IV - Resposta TL â radiação ultravioleta:

1) A radiação ultravioleta induz TL, cuja ex­

plicação mais plausível é a de transferência das cargas

capturadas nos centros profundos para as armadilhas TL ra

sas. 0 modelo proposto reproduz a resposta TL fotoes-

timulada por luz de comprimento de onda igual a 36 5 nm e

249 nm;

2) A resposta TL as exposições sucessivas ã

luz sugere que algumas cargas liberadas das armadilhas ra

sas são recapturadas pelos centros profundos;

3) A resposta TL ao aclaramento total da luz

de 365 nm e 249 nm aumenta quando a temperatura da

amostra durante a iluminação varia de ~ 2 7°C para 100°C;

4) Pelos espectros de excitação da TL fotoes-

timulada das fluoritas violeta e verde, conclui-se que

mais de um centro profundo participa do processo de indu­

ção de TL pela luz ultravioleta;

5) Observa-se que os recozimentos isotérmicos

realizados, apôs uma exposição y sensibilizante, redu­

zem a sensibilidade da fluorita ã luz de forma mais inten

sa do que ã radiação y. A redução varia com o comprimen

to de onda da luz incidente.

Os resultados permitem concluir que a fluorita

violeta pode ser utilizada como dosímetro das radiações

Y e ultravioleta.

- 143 -

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SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS

1) Recozer, no vácuo, a fluorita a temperatu

ruas superiores a ~ 500°C durante intervalos de tempo

maiores do que duas horas , para se verificar se a destrui­

ção da sensibilidade TL e devida ã presença do ar.

Esse estudo jã foi iniciado.

2) Medir-se o espectro de excitação da TL fo

toestimulada com amostras da fluorita sujeitas a diferen

tes pre-recozimentos, na tentativa de melhor se conhece­

rem os centros profundos. Utilizar também outras varie­

dades de fluorita, tal como a verde e a amarela, bem co­

mo amostras recozidas no vãcuo.

3) Tentar obter o espectro de absorção ótica

de lâminas de fluorita para possibilitar uma correlação

entre as armadilhas TL e os centros de cor.

4) Estudar com mais pormenores o esvaziamen­

to ético das armadilhas TL, variando-se o comprimento

de onda da luz incidente.

5) Medir a resposta TL a exposições sucessi­

vas ã luz, variando-se os aclaramentos totais para se

confirmar o modelo proposto por Okuno e Watanabe.

6) Encontrar um recozimento e uma exposição sen

sibilizante adequados para se utilizar a fluorita como

dosímetro da radiação UV. Colocar o fósforo em tubos ca

pilares de vidro ou de quartzo para tornar a manipulação

mais fãcil. Tal estudo também jã foi iniciado.

7) Selecionar um conjunto de filtros de luz ul­

travioleta, que possibilite conhecer o espectro aproxima

do de uma radiação ultravioleta mista, como a radiação -

solar, por exemplo, ampliando, assim, a utilidade da fluo

rita na dosimetria UV.

8) Medir o espectro de emissão TL da fluorita.

- 144 -

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A P É N D I C E

MfíTODQ PROPOSTO POR ZIMMERMAN PARA DISTINGUIR OS MECANIS­

MOS BÁSICOS RESPONSÁVEIS PELA SENSIBILIZAÇÃO DE UM FOS­

FORO TL

Varios modelos têm sido propostos para explicar

a sensibilização dos diversos fósforos TL.

Zimmerman classificou-os em dois grupos. Um de

les admite que o aumento da sensibilidade do fosforo se

deve a um acréscimo no numero de cargas capturadas nas

armadilhas TL. 0 outro propõe que a sensibilização ê de

vida a um aumento da probabilidade de uma carga capturada

emitir luz (aumento da eficiência da luminescência).

É possível distinguir, apenas por meio de medi­

das TL, qual dos dois tipos de mecanismos bãsicos é

aplicãvel a um determinado fosforo. Ê o que Zimmerman de

mostrou, como se verã a seguir.

Suponha-se, para simplificar, que o aumento da

sensibilidade TL cresce linearmente com a exposição sen

sibilizante, de tal forma que a sensibilidade TL apôs a

exposição sensibilizante R (e recozimentos para esva -

ziar as armadilhas rasas) é

S = S + aR (A-l) o

onde S ê a sensibilidade inicial da amostra e a, uma o —'

constante.

Admita-se, agora, que o aumento da sensibilida­

de ê devido a um aumento na eficiência da luminescência.

Nesse caso, o preenchimento das armadilhas ê linear com a

exposição. Suponha-se, ainda, que o recozimento a que

o fosforo ê submetido entre a exposição sensibilizante e

a medida da sensibilidade não afeta a sensibilização.

Então, a TL total correspondente ã exposição R depende

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do valor da sensibilidade TL no final da irradiação e e

dada por

TL = S.R (A-2)

A razão TL/R cresce, assim, da mesma forma

que a sensibilidade S como função da exposição R.

De outro lado, suponha-se que o aumento da sen­

sibilidade é devido a um acréscimo do número de cargas

capturadas nas armadilhas TL.

Para se calcular a TL para uma dada exposição,

deve-se conhecer, então, a variação do preenchimento das

armadilhas em função da exposição. Supondo também que o

recozimento realizado entre as leituras TL e a medida

da sensibilização não diminui esta última, pode-se, para

cada exposição, conhecer o preenchimento das armadilhas

TL, medindo-se S.

Considerando-se que, para uma pequena variação

de R, a probabilidade de preenchimento não varia, pode-

se escrever que ATL/AR = S(R). Então:

/

TL ç R

dTL = I S(R)dR (A-3) 0 0

Substituindo-se a equação (A-l) em (A-3) e

integrando-se, obtém-se:

ZL_ = s + (A-4) o ~ R

Neste caso, o crescimento da razão TL/R com a

exposição R varia proporcionalmente ã metade do cresci­

mento da sensibilidade S.

Se, contudo, o aumento da sensibilidade do fós­

foro não for linear com a exposição, ainda se pode distin

guir qual o tipo de mecanismo em jogo, pois os crescimen­

tos da razão TL/R e de S em função da exposição serão

sempre diferentes nos dois casos.

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