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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - CAMPUS I CURSO DE PEDAGOGIA/ EDUCAÇÃO INFANTIL Viviane de Santana Bezerra A CONTRIBUIÇÃO DO MOVIMENTO DA DANÇA QUANTO AO DESENVOLVIMENTO DAS CRIANÇAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL: UM ESTUDO INTRODUTÓRIO Salvador 2009

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - CAMPUS I CURSO DE PEDAGOGIA/ EDUCAÇÃO INFANTIL

Viviane de Santana Bezerra

A CONTRIBUIÇÃO DO MOVIMENTO DA DANÇA QUANTO AO DESENVOLVIMENTO DAS CRIANÇAS DE EDUCAÇÃO

INFANTIL: UM ESTUDO INTRODUTÓRIO

Salvador

2009

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VIVIANE DE SANTANA BEZERRA

A CONTRIBUIÇÃO DO MOVIMENTO DA DANÇA QUANTO AO DESENVOLVIMENTO DAS CRIANÇAS DE EDUCAÇÃO

INFANTIL: UM ESTUDO INTRODUTÓRIO

Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção da graduação em Pedagogia, do Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia, sob orientação da Professora Isa Maria Faria Trigo.

Salvador 2009

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VIVIANE DE SANTANA BEZERRA

A CONTRIBUIÇÃO DO MOVIMENTO DA DANÇA QUANTO AO DESENVOLVIMENTO DAS CRIANÇAS DE EDUCAÇÃO

INFANTIL: UM ESTUDO INTRODUTÓRIO

Monografia apresentada ao Curso de graduação em Pedagogia do Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia - UNEB, para avaliação em 11 /09 /2009.

Orientadora:

Professora Isa Maria Faria Trigo Departamento de Educação - UNEB/Campus I

Banca: Porfª. Claudia Santana Profº. Ubiratan Menezes

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Aos meus pais e ao meu irmão, que sempre me incentivaram a perseguir os meus objetivos e, com todo o seu apoio, me ajudaram a ultrapassar as barreiras encontradas pelo caminho.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, e de outra forma não poderia ser. Obrigado Senhor, pelo dom do discernimento, pela força constante e perseverança que me foram dadas para que eu não desistisse dos meus ideais. A minha mãe Lourdes Bezerra, pela sensibilidade de apropriar-se desse momento e pelas noites perdidas, prestadas a estudar comigo. A meu pai Marinaldo Bezerra, pela dedicação e preocupação em me auxiliar, amparando-me sempre. A meu irmão Lucas Bezerra, pelo companheirismo e compreensão do momento. As minhas amigas da UNEB; Alane, Monique, Fabiana, Priscila, Mariana e Simone, que se dedicaram a mim e, não descansaram até que este trabalho fosse concluído. A Daniele, Jorge e Luciane, pela solidariedade e palavras que me encorajaram. A minha orientadora Isa Trigo, pois confesso que não foi fácil, e muitas lágrimas tiveram que rolar sobre o meu rosto durante as tentativas incessantes de consolidar o meu objetivo, no qual, sua participação foi essencial. Aos meus amigos, que compreenderam o motivo de minha ausência. A Tia Celeste, Arlete, Amanda, e aos familiares, que se fizeram presentes e prestaram ajuda de alguma maneira. A Beta, pela assistência prestada neste momento tão difícil. E a todos que oraram e torceram por mim, meus agradecimentos sinceros, pois, sem cada um de vocês, isso não seria possível!

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Para o resto de nossas vidas... Existem coisas pequenas ou grandes, coisas que levaremos para o resto de nossas vidas. Talvez sejam poucas, quem sabe sejam muitas. Depende de cada um, depende da vida que cada um de nós levou. Levaremos lembranças, coisas que sempre serão inesquecíveis para nós, coisas que nos marcarão, que mexerão com a nossa existência. Provavelmente, iremos pela vida afora colecionando essas coisas, colocando em ordem de grandeza cada detalhe que nos foi importante, cada momento que interferiu nos nossos dias e que deixou marcas. Marcas... Umas serão mais profundas, outras superficiais, porém, todas com algum significado. Serão detalhes que guardaremos dentro de nós e que se contarmos para outras, talvez não tenham a menor importância, pois, só nós saberemos o quanto foi incrível vivê-los. Poderá ser uma música, quem sabe um livro, talvez uma poesia, uma carta, um Natal, uma viagem, uma frase que alguém tenha nos dito num momento certo. Quem sabe uma amizade incomparável, um sol que foi alcançado após muita luta, algo que deixou de existir por puro fracasso. Pode ser simplesmente um instante, um olhar, um sorriso, um perfume, um beijo. Para o resto de nossas vidas levaremos pessoas guardadas dentro de nós. Umas porque nos dedicaram um carinho enorme, outras porque foram os objetivos do nosso amor, outras ainda por terem nos magoado profundamente. Lá na frente é que poderemos realmente saber a qualidade de vida que tivemos. Bem lá na frente é que poderemos avaliar do que exatamente foi feita a nossa vida, se de amor ou de rancor, se de alegrias ou tristezas, se de vitórias ou derrotas, se de ilusões ou realidades. Pense sempre que hoje é só o começo de tudo. Que se houver algo errado, ainda está em tempo de ser mudado e que o resto de nossas vidas, de certa forma, ainda está em nossas mãos.

(Autor Desconhecido).

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RESUMO

Este trabalho bibliográfico tenta compreender o papel da prática do movimento da dança na Educação Infantil quanto ao desenvolvimento dos indivíduos no ambiente escolar. Trata-se de uma revisão bibliográfica que consiste em introduzir-se no conhecimento das contribuições cientificas disponíveis sobre o tema em questão, a fim de dar suporte à futuras produções de pesquisas acerca da problemática. As principais interlocuções teóricas deste estudo foram: Louis Porcher, Kátia Penna, Natália Astorga e Suraya Darido. Palavras-chave: Dança. Educação Infantil. Desenvolvimento

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ABSTRACT This literature tries to understand the role of the practice of dance movement in childhood education and development of individuals in the school environment. This is a literature review is to introduce to the contributions of the scientific knowledge available on the subject in question in order to support the future production of research on the issue. The main theoretical dialogues of this study were: Louis Porcher, Kátia Penna, Natália Astorga and Suraya Darido. Keywords: Dance. Early Childhood Education. Development

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................10

1. ESCOLA, ESCOLAS... ..........................................................................................14

1.1. EDUCAÇÃO INFANTIL: HISTÓRICO..................................................................14

1.2. O CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO INFANTIL.......................................................19

1.3. A PRECIOSA ESCOLA QUE SE ALMEJA..........................................................21

1.4. EDUCAÇÃO INFANTIL, ESPAÇO E MOVIMENTO NO DESENVOLVIMENTO DAS

CRIANÇAS.........................................................................................................27

2. A DANÇA E SEU PAPEL NA ESCOLA................................................................34

2.1. SOCIALIZAÇÃO..................................................................................................36

2.2 A DANÇA COMO FATOR DE INCLUSÃO SOCIAL.............................................39

2.3. OS EFEITOS DOS MOVIMENTOS DA DANÇA.................................................41

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................44

REFERÊNCIAS..........................................................................................................48

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INTRODUÇÃO

A Educação institucionalizada tem sido vista como ponto primordial para melhoria das

condições sociais do indivíduo, como meio de efetivar a cidadania. A escola é a

instituição pela qual a Educação é exercida, não apenas como meio de construção de

conhecimentos, mas como meio de promover a interação social e o desenvolvimento de

sentimentos e habilidades referentes ao convívio com uma variedade de indivíduos. Em

relação à escola, há muito produzido a respeito, especialmente sobre a escola de

maneira geral, e menos no que tange à Educação Infantil.

Quanto aos estudos em torno da Dança na Educação Infantil, especificamente no que

se refere ao desenvolvimento da criança, ainda são restritos e o que se tem discutido

se encontra disperso ou não dialoga entre si. Razão pela qual este trabalho resolve

buscar, de forma bem inicial, material a respeito.

De todas as manifestações culturais, a música e a Dança estão entre as que estão mais

ligadas ao corpo. No caso da dança, atividade que esteve presente em todos os

momentos da evolução humana, da pré-história à história contemporânea, entende-se

que é uma linguagem que deve ser compreendida e vivenciada, sem o que, é muito

difícil entendê-la.

A Dança é representada através de gestos, expressões e movimentos corporais

associados a um ritmo, seqüência, costume, ritual, e pode ser considerada uma

expressão representativa de diversos aspectos da vida do homem, talvez a mais antiga

delas. Independentemente de época, região ou etnia, a Dança representa, em toda a

sua trajetória histórica, manifestações do estado de espírito e da cultura a que pertença,

que, junto com a musicalidade, se traduz através de gestos e movimentos.

(DOMINGUES FILHO, 2001)

Pelo que se sabe, a Dança é e pode ser mais inserida ainda do que o que está, no

ensino fundamental, assim como várias manifestações da cultura corporal, tais como

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jogos, esportes, lutas e ginástica. Cada manifestação ou atividade corporal e de

movimento dessa natureza pode contribuir para o desenvolvimento geral da criança,

inclusive no que tange aos aspectos cognitivos e culturais. Portanto, no processo de

desenvolvimento das crianças e dos jovens a Dança pode vir a ser um elo e um

caminho importante para a formação dentro da Escola.

Através do desempenho do corpo se percebe o quanto o homem pode progredir

enquanto indivíduo e enquanto membro de um grupo, com suas respectivas heranças

culturais. Isso porque, ao ter suas capacidades corporais desenvolvidas, o indivíduo

consegue ampliar e melhorar a participação na sociedade. (JAMERSON SILVA E

KATARINE SILVA, 2004). Como nesse estudo a população a ser analisada é a infantil

(numa faixa etária que vai dos três aos cinco anos, mas que aborda também antes

disso), procurou-se entender os processos de desenvolvimento dessa fase,

essencialmente na sua dimensão social, percebendo como a Dança pode contribuir

para seu desenvolvimento.

O homem é um ser social. É concebido como um ser eminentemente histórico, cuja

identidade e consciência se constroem nas interações sociais. Num universo

populacional em que as diversas etnias interagem, é de suma importância se conhecer

a bagagem cultural de todos aqueles que compõem a população.

Se através da Dança a criança e o adolescente podem, além de melhorar sua condição

física, exteriorizar seus sentimentos, acredita-se que esse pequeno estudo poderá

contribuir não apenas para o conhecimento dos benefícios da Dança para o “ser total”,

imagem tão cara à Pedagogia e à Educação, como também atingir outras questões que

dizem respeito à valorização do ser humano enquanto ser social; e sua aprendizagem

na valorização do outro nas suas diversidades raciais e culturais.

Percebe-se uma considerável ausência de materiais bibliográficos que se refiram à

Dança na Educação Infantil, o que limitou este estudo, conseqüentemente vetando uma

maior extensão do trabalho; por essa razão que, responsabiliza-se pela analogia das

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teorias aqui abordadas, a própria estudante. E antes de desenvolver o texto sobre os

aspectos que norteiam esta pesquisa, é válido fazer mais uma observação sobre dois

pontos; o primeiro, a respeito do motivo pelo qual a área de “Dança na Educação

Infantil” foi escolhida como temática, e isso se deve ao fato de, desde criança, a autora

ser uma admiradora e apaixonada por esta arte; “dançar é o que desenvolvo com mais

prazer”. O segundo ponto serve para chamar atenção acerca das limitações da

produção cientifica no que tange a este diálogo de temas, e sinalizar os caminhos que

foram percorridos até que conseguisse chegar a um ponto considerado “minimamente

satisfatório” em termos de conteúdo. Foram muitas as dificuldades e decepções, mas

nem mesmo todas as adversidades que surgiram, fizeram com que a meta fosse

abandonada.

A principio este estudo foi elaborado como pesquisa bibliográfica com trabalho de

campo sob a forma de observação não participante - e aplicação de questionário

fechado; porém, ao mesmo tempo em que, as realidades de Dança (no caso a única

possibilidade de observação possível seria a de uma classe de Ballet), direcionada a

crianças, foram avaliadas como difíceis de realizar no período da pesquisa e também

por falta dessa atividade nas escolas regulares; foi possível perceber então que este

campo ainda se configura de forma vaga, quanto foi dado perceber, no pouco tempo e

experiência obtida, e encontrar situações em que se pudesse relacionar os temas de

maneira prática, tornou sua realização frustrada.

Embora em uma dessas situações, tenha sido começado o trabalho de observação

(oito dias) e tenha sido desenvolvida a aplicação de questionários com a professora de

Dança da turma, e os pais dos estudantes da faixa etária de 5 e 6 anos, o tipo de

resultados daí advindos não justificaram sua inclusão e discussão, por estarem muito

primários em termos de material para análise. Assim, a orientadora sugeriu que se

optasse pelo seguimento do estudo teórico.

Como estudante iniciante na área de Dança, a autora gostaria de pensar acerca da

relação entre a Dança e a Educação Infantil; dessa forma, estabeleceu-se o seguinte

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tema para a presente pesquisa: A contribuição do movimento da dança quanto ao

desenvolvimento das crianças de Educação Infantil: Um estudo teórico Introdutório.

Com o objetivo de compreender como o movimento da Dança pode contribuir para o

desenvolvimento das crianças de Educação Infantil, formulou-se a seguinte questão,

que subsidiou os trabalhos de escrita: Como a prática do movimento da Dança na

Educação Infantil, contribui para o desenvolvimento das crianças?

A contribuição da pesquisa ocorre como já se disse, por ser um assunto ainda pouco

explorado e extremamente atual. E também no sentido de fornecer informações que

possam ser utilizadas pelos educadores para potencializar o desenvolvimento da

criança através da prática dos movimentos.

O trabalho desenvolvido foi composto de três capítulos além desta Introdução, que

apresentou o tema do trabalho, bem como seus objetivos e problema central, com a

intenção de nortear a leitura de todo o trabalho e justificar a escolha do assunto.

No primeiro capítulo, buscou-se discutir conceitos básicos para o entendimento da

temática abordada, a Educação Infantil e o movimento no processo de desenvolvimento

da criança.

No segundo capítulo foram abordados conceitos acerca da Dança e da sua importância

para a Escola e para a criança, compreendendo aspectos tais como, socialização e

inclusão social proporcionados pela prática da mesma. Nesse mesmo capítulo são

apresentados possíveis benefícios oriundos da Dança na sua contribuição para o

desenvolvimento da criança.

O terceiro e último capítulo retoma o problema de pesquisa e discute algumas

conclusões, apresentando as considerações finais da pesquisa.

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1.0. ESCOLA, ESCOLAS...

Neste capítulo serão abordados o histórico da Educação Infantil no Brasil, o caminho

percorrido desde os tempos da Colônia e um pouco do que se tem feito ao longo dos

anos em termos de legislação e de prática docente. Discorre-se também sobre a

importância da Pré-Escola e da Escola, do espaço e do movimento para as crianças na

faixa etária de três a cinco anos.

1.1. EDUCAÇÃO INFANTIL: HISTÓRICO

A Educação Infantil é o principal foco e lócus do nosso trabalho; daí a necessidade de

antes de se entrar no tema propriamente dito, fazer uma revisão histórica da Educação

Infantil na faixa etária em questão. Sabe-se que a atenção dada a essa faixa etária só

vem ocorrendo a partir mais especificamente a partir da década de 1970.

Desde o período colonial, a criança de zero a seis anos foi objeto de atenção

principalmente por inspiração da Igreja Católica. Entretanto, durante todo esse período

predominou apenas o olhar sobre a assistência social de natureza filantrópica, religiosa,

médica e higiênica, dirigida principalmente aos órfãos, abandonados, doentes, pobres

entre outros (TIZUKO KISHIMOTO, 2001). Só no final do séc XIX é que surgem no

Brasil as Creches, Casas de Infância, Escolas Maternais e Jardins de Infância, que,

pela diversidade de suas concepções, fragmentaram a Educação e o cuidado em

instituições com múltiplas funções (IDEM, 2001, p. 225).

A Lei de Diretrizes e Bases nº.4024 de 1961, timidamente, insere a Educação Infantil

dentro de Grau Primário. Durante todo o período de marginalização da Educação

Infantil houve uma diversidade fragmentada desse campo, evidenciada pela variedade

de instituições, estruturas, funcionamento e seus profissionais, geralmente com baixa

escolaridade.

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Durante muito tempo não se respeitava a diversidade cultural da criança, não se levava

em conta a cultura à qual a criança pertencia, o que esta herdava culturalmente da

família, da comunidade em que vivia, a sua linguagem adquirida do entorno onde se

inseria.

Até a década de 1970, as políticas educacionais voltadas para a faixa de zero a seis

anos defendem a Educação Pré-Escolar essencialmente como forma de minimizar o

fracasso escolar na Educação Infantil, compensando carências culturais, lingüísticas e

afetivas das crianças das camadas populares, na Pré-Escola. Buscava-se soluções

para as conseqüências da diversidade cultural e lingüísticas nas práticas educativas

(SÔNIA KRAMER,2006).

Percebe-se que, nos últimos trinta anos, a situação mudou, e a criança é definida como

cidadã com direito à saúde, Educação e a assistências diversas, dentre outras, são

consideradas como sujeitos que também produzem cultura e, ao mesmo tempo, são

produzidas por ela. Portanto, a criança é, não só na opinião da autora como de todos

que se propõem a lidar com elas, um sujeito social e de direitos; está inserida numa ou

mais culturas, e que deve ser reconhecida e respeitada; e essas culturas interferem

nela e a influenciam. Assim, os profissionais que lidam com a criança também precisam

ser considerados como cidadãos, cuja formação é de direito, e devem atentar para esta

variável importante e muitas vezes invisível, em décadas anteriores.

Em 1981, como estratégia para a expansão da oferta de atendimento à criança, a Pré-

Escola foi desvinculada do primeiro grau; houve muitas mobilizações em prol da

Educação das crianças de zero a seis anos, com qualidade e concretização do seu

papel social. O reconhecimento dessa qualidade e o oferecimento de Creches e Pré-

Escolas vieram com a constituição de 1988, que, no seu inciso IV do artigo 208, afirma:

“O dever do Estado com a Educação será efetivado mediante garantia de [...]

atendimento em creche e pré-escolas à crianças e zero a seis anos de idade”

(KISHIMOTO, 2001, p. 227).

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Com a promulgação dessa Constituição se fortalece, então, o processo de valorização

da Educação Infantil, ao inseri-la no Ensino Básico, garantindo o direito da criança à

Educação Infantil e dever do Estado de manter esse direito.

Entre 1994 e 1995 vieram os questionamentos e o estabelecimento de alternativas

curriculares para a Educação Infantil. Dentre esses profissionais estão aqueles que, de

uma forma ou de outra, lidam com crianças na faixa etária em questão (KRAMER,

2006)

Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9394, de 1996,

complementa ações constitucionais, trazendo a Educação Infantil para o interior da

Educação Básica, como uma etapa do sistema educacional brasileiro, garantindo

Escola a esse nível de ensino.

Embora, atualmente, algumas questões já estejam sendo abordadas pelas Diretrizes

Curriculares Nacionais (1999) e pelo Documento da Política Nacional de Educação

Infantil (2004), muitos Municípios e Estados brasileiros só agora começam a se

estruturar para tal, pensando na formação prévia e continuada dos profissionais de

Educação para esta faixa etária. É necessário dar subsídios, instrumentalizando os

profissionais de Educação, não só professores, mas gestores, diretores, dentre outros,

através de fundamentos teórico práticos. A teoria é muito importante, mas a prática

também o é. As instâncias municipal, estadual e federal, precisam investir mais, tanto

na Educação Continuada quanto na Formação Inicial (Médio ou Superior).

Em 1996 houve um redimensionamento da formação inicial e da formação continuada

para profissionais de Educação; mas as Creches, Pré-Escolas e Escolas continuaram

funcionando não reconhecendo os direitos desses profissionais.

A rede municipal, de 1999 a 2005, ainda apresentava precariedade para empreender a

Educação Continuada. O programa de Formação Inicial realizado em 2007 para

Professores em exercício na Educação Infantil, oferecido a professores que trabalham

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com crianças de zero a seis anos, aqueles sem ter cursado ou concluído ensino médio,

é muito importante, e a inclusão da etapa de Educação Básica dentro do curso de

Pedagogia pode também resolver um dos maiores problemas que é a formação de

formadores de longa data.

Houve, de maneira informal, no dia a dia das Escolas e da prática docente, um tipo de

atitude em relação ao Educador das faixas etárias iniciais que denotava um preconceito

acerca da sua qualificação ou da dificuldade ou facilidade dentro do seu dia a dia. A

crença de que a Educação Infantil desvalorizaria o curso de Pedagogia não passa, no

entanto, de uma visão preconceituosa em relação ao trabalho com crianças pequenas,

ao lado de um tipo de ignorância quanto ao tipo de saber necessário para lidar com as

demandas da infância.

De fato, não se pode medir o valor de um curso ou de uma profissão pelo tamanho ou

pela idade da população atendida. Pode-se dizer, entretanto, que o curso de Pedagogia

não resolve o problema, mas chama a atenção para ele. A partir disso, muitas questões

podem ser levantadas, tais como a dimensão da Pedagogia, sua influência em outras

áreas, nas quais os profissionais lidam com crianças na faixa de zero a seis anos,

como: enfermeiras, dentistas, pediatras, dentre outros, seu envolvimento com as

creches e outras dúvidas que, a despeito da existência da Lei de Diretrizes e Bases

(LDB), muitos profissionais ainda têm.

Dentre tantas incertezas e preconceitos em relação ao curso de Pedagogia, pode-se

dizer que há a necessidade de uma formação científica e cultural, que tome a prática

como ponto de partida e de chegada, e contribua para uma formação de qualidade de

professores, gestores, coordenadores e supervisores.

Hoje em dia temos a Pedagogia como ciência da Educação, que se ocupa do

ordenamento, no tempo e no espaço, das ações imprescindíveis e necessárias para a

eficiência e eficácia do processo educativo, tanto para o educando quanto para o

educador.

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Nas atuais condições se necessita de profissionais que se caracterizem pelo alto grau

de independência na investigação de novos conhecimentos e sua aplicação prática na

solução de problemas, profissionais com pensamento criador e convicções político-

morais.

Pensando num perfil de profissional docente apto a lidar com crianças das séries

iniciais, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) dispõe, no título VI, art. 62 que:

A formação de docentes para atuar na Educação Básica far-se-á em nível superior, em curso de Licenciatura, de Graduação plena, em Universidades e Institutos Superiores de Educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na Educação Infantil e nas quatro primeiras séries do Ensino Fundamental, a ser oferecida em nível Médio, na modalidade Normal.

O professor deve estar preparado para realizar intervenções didáticas provocativas, que

levarão a criança ao desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da afetividade e à

sua socialização, alem de estar apto a selecionar os recursos educativos que irá utilizar

com a criança, dentre os quais os mais importantes são: o espaço, o tempo e os

materiais.

Dessa forma, a Educação deve conceber-se como pilar do desenvolvimento integral do

país e da transformação do sistema educacional; visando elevar a qualidade da

Educação, o que é um tema sempre em pauta. Portanto, a reformulação de conteúdos

e materiais educativos, assim como diversas estratégias de apoio à prática docente,

deverão ser pensadas, sempre, como prioridade.

Dentro desse quadro, existe a necessidade de se buscar alternativas pedagógicas para

a Educação Infantil, discutindo-se abordagens curriculares e alternativas para a

formação de profissional que lida com essas crianças. Devem-se buscar respostas para

a questão do contexto, (social, físico, espacial, cultural e psicológico escolar) que não

leva em conta as diferenças étnicas nem a trajetória do professor, em respeito à

diversidade e visando o combate à desigualdade sócio-econômica.

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1.2. O CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO INFANTIL

Nos primeiros tempos da Educação brasileira, o brincar, no imaginário dos profissionais,

apresentava tonalidades diferenciadas, conforme o tipo de instituição e a clientela

atendida (Jardins de Infância, Creches, Escolas Maternais, parques infantis). (CYNTIA

SOUZA, 2003, P.127) No entanto, com o advento da Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional (Lei 9.394/96) estabelece-se, pela primeira vez na história de nosso

país, que a Educação Infantil é a primeira etapa da Educação Básica, sendo seu

objetivo, com este material, auxiliar o professor na realização de seu trabalho educativo

diário junto às crianças pequenas.

A qualidade da Educação será garantida, conforme o Referencial Curricular Nacional

para o Ensino da Educação Infantil (RCNEI), se forem seguidos os princípios que

embasam a Educação de crianças de 0 a 6 anos como, o respeito às suas diferenças

individuais, sociais, econômicas, culturais, étnicas, religiosas, conforme já foi dito.

Respeitar seu direito de brincar, como forma de expressão, pensamento, interação e

comunicação infantil.

De acordo ainda com as Diretrizes Curriculares Nacionais (Brasil, CEB nº 1, artigo 3º,

parágrafo 3, Brasília, 1999) para a Educação Infantil é imperativo oferecer às crianças

"Um atendimento que integre os aspectos físicos, cognitivos, lingüísticos, afetivos e

sociais da criança entendendo que ela é um ser indivisível". O cuidado, o acolhimento,

a atenção, a brincadeira e o aprender devem sempre estar presentes na Educação

Infantil.

Como a Dança e seus movimentos são uma forma de expressão corporal, e através do

seu corpo a criança se comunica e se relaciona com o outro e com o seu entorno, “a

socialização das crianças por meio de sua participação e inserção nas mais

diversificadas práticas sociais, sem discriminação de espécie alguma” também é uma

das necessidades para o sucesso da Educação Infantil (RCNEI). O documento ressalta

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ainda a necessidade que a criança tem de realizar atividades que lhe sejam prazerosas,

na escola. Da mesma forma, o RCNEI, evidenciando a importância da socialização da

criança, recomenda ainda que

A instituição de Educação Infantil deve tornar acessível a todas as crianças que a freqüentam, indiscriminadamente, elementos da cultura que enriquecem o seu desenvolvimento e inserção social. Cumpre um papel socializador, propiciando o desenvolvimento da identidade das crianças, por meio de aprendizagens diversificadas, realizadas em situações de interação. (p. 23)

O documento ressalta a necessidade de se oferecerem condições favoráveis tanto no

que diz respeito ao espaço como a elementos materiais concretos que permitam à

criança aprendizagens, através de brincadeiras (nestas brincadeiras estão incluídos

jogos, movimento do corpo, dentre outras) assim como outras atividades, advindas de

situações pedagógicas intencionais ou não. Ressalta ainda que essas aprendizagens,

de natureza diversa, ocorrem de maneira integrada no processo de desenvolvimento

infantil. (Idem, p. 23).

O educador deve, portanto, oferecer brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma

integrada, priorizando o desenvolvimento das capacidades infantis de relação

interpessoal, de ser e estar com os outros, aceitando, respeitando, confiando, e

possibilitando o seu acesso aos conhecimentos mais amplos da sua realidade social e

cultural.

O docente é o ator principal no processo de melhoria da qualidade educativa, pois é a

ligação entre os processos de aprendizagem dos alunos e as mudanças na

organização institucional. Os eixos norteadores da Educação Infantil são a estrutura

institucional, o conceito de criança, o currículo e o perfil do professor. Enquanto a

função da escola é trabalhar com o conhecimento.

Existem aspectos do cotidiano escolar que escapam a qualquer legislação e cujo

aprimoramento e transformação depende inteiramente de quem faz Educação na sala

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de aula. Portanto, conforme o pensamento de Rudinei Augusti (2007) cabe ao

professor, com o seu caráter de transformação e conhecedor de seus instrumentos,

organizar e conscientizar as classes em prol da construção de uma sociedade mais

democrática, que surja a partir dos pressupostos educacionais que assumem, acima de

tudo, um papel político.

1.3 A PRECIOSA ESCOLA QUE SE ALMEJA... A escola deve ser um ambiente de reciprocidade; tanto se deve ensinar como aprender

e, entre tantas outras inquietações, em reflexão acerca dos meios dos quais a mesma

pode se utilizar para exercer sua função, depara-se com diversas questões, que devem

anteceder os trabalhos desta instituição. Em outras palavras, é preciso delinear as

metas que a Escola pretende alcançar com seus alunos. Sendo assim, quais respostas

espera-se obter para questões como: Que tipo de individuo pretende-se formar? Para

que realidade? E com quais meios se tentará alcançar tais ações? Entre tantas outras

problemáticas dessa natureza, estes questionamentos devem ser respondidos a partir

do trabalho dos diversos seres que compõem essa instituição.

Se a nossa intenção é ajudar a formar seres simplesmente repetidores da realidade que aí está, nossa forma de atuar será contrária a reflexão, a criatividade, a crítica e a troca de experiências. (MARIETA NICOLAU, 2000 p.11)

Nos dias atuais, espera-se que a escola, de modo geral, atue em seu papel social

dentro da sociedade, e espera-se que a mesma prepare os indivíduos e incentive a

formação de sujeitos ativos e autônomos em suas relações. É também neste lugar

distinto de ensino-aprendizagem que a sociedade deposita muitas das suas

expectativas. A Educação, como prática social do ser, situada em um determinado

estágio histórico e cultural, também tem como objetivo a humanização dos homens, ou

seja, torná-los participantes ativos das práticas sociais, da evolução da civilização e do

resultado do seu próprio trabalho na sociedade.

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É graças ao desenvolvimento harmônico das estruturas mentais, em interação com um meio ambiente estimulador, que o individuo parte da dependência absoluta dos adultos (heteronomia) para chegar à situação de independência e auto-suficiência (autonomia). (RUTH DROUEL 1990, p. 47)

Desse modo, faz parte da função escolar humanizar as práticas sociais que

transformam o indivíduo, no sentido de lhe permitir re-significar e transcender suas

formas de pensar e de agir no mundo, tornando-o consciente dos seus diversos papéis

na sociedade e das contradições existentes na mesma. Com relação aos objetivos de

ensino, que dizem respeito às competências que se pretende desenvolver no

educando, é de fundamental importância não reduzir ou atrofiar as capacidades

(cognitivas, de equilíbrio, motoras e afetivas) do mesmo, porque todas estão

intimamente relacionadas e se encontram indissociáveis do dilatamento pessoal, das

relações com os outros e com a realidade social. A aprendizagem se constitui num

desafio para todos os que dela fazem parte, e propõe um processo contínuo de reflexão

das teorias e práticas às quais está relacionada.

A questão de como tornar coeso o exercício do professor no processo de ensino-

aprendizagem remete a três diferentes concepções sobre ensinar e aprender, que ao

longo dos tempos se fizeram presentes na realidade educacional: a) a abordagem

tradicional de transmissão de conceitos e a imitação dos modelos prévios; b) a

abordagem humanista, em que o indivíduo se torna ativo no processo de ensino-

aprendizagem; c) e a abordagem comportamentalista, que visa a obtenção do resultado

de um determinado comportamento. Nessas três abordagens distintas e que parecem

básicas, pois, de certa forma, se fazem presentes e ativas na atualidade, a escola deve

buscar a melhor possibilidade ou o diálogo, isto é, aquela saída ou criação que

incentive o aluno a fazer buscas de forma autônoma, se esta for à razão real de seu

exercício.

Sabe-se, que a escola é formada por todo um corpo de pessoas, e que todos os

elementos da instituição exercem, de maneira expressiva, influência no comportamento

das crianças e vice-versa. Porém, existe um sujeito essencial neste papel funcional da

escola: o professor. Em sua função de mediador no processo de ensino e

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aprendizagem, espera-se que este profissional atue com responsabilidade e

sensibilidade, e que em sua prática exista a preocupação no que diz respeito a alguns

aspectos que se fazem presentes na sala de aula, principalmente quando se trata de

Educação Infantil, em que as crianças requerem maior assistência e compreensão em

cada etapa do seu desenvolvimento.

Em termos físicos, deve haver a preocupação na disposição de espaços apropriados

para a mobilidade das crianças, além de ser imprescindível que este ambiente seja

propício à Educação - de modo que todo relacionamento que ocorre dentro das salas

de aula seja entre as crianças, ou com o próprio docente; isso contribui para adaptá-las,

em ambiente de grupo, favorecendo o amadurecimento emocional, na cooperação e

respeito às diferenças.

Maria Aroeira faz uma importante consideração no que concerne a uma atuação

docente que beneficie a ampliação de conhecimentos, considerando o processo de

aprendizagem infantil:

A ação do professor no desenvolvimento da aprendizagem infantil necessita estar embasada em um conhecimento teórico e sólido que lhe permita aprender o caminho desta aprendizagem, reconhecendo os seus estágios, definindo assim o tipo de ajuda que a criança precisa para construir novos conhecimentos. (1996, p. 19)

A esse profissional que, dirige uma classe heterogênea, também é conferida outra série

de atribuições: sempre motivar a participação de todos, sem promover discriminações;

propiciar condições para a realização de bons trabalhos; aplicar tarefas adequadas à

realidade da criança e atentar-se para a adaptação das crianças em sala de aula.

Essas variáveis estão relacionadas ao seu trabalho diário e espera-se que assegurem o

bom desenvolvimento de valores nas crianças. Desta forma, o professor deve ser um

intercessor entre meio e educando, que exerce grande influência em todo o

desenvolvimento dos “aprendizes” e das atividades dentro da sala, por isto precisa ter e

criar condições favoráveis e respeitosas à realidade.

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Apesar de esperar que haja o trabalho de “continuidade” e preservação dos

ensinamentos, assim como, que todos assumam suas atribuições, enquanto parte

integrante da escola é o educador que atua mais diretamente com os alunos; deste

modo, sua responsabilidade depende também de sua sensibilidade. O educador

precisa facilitar a reflexão e participação ativa do aluno em todas as tarefas em sala de

aula e, para que de fato isso aconteça de modo a despertar no educando o sentimento

de pro atividade, certamente este profissional deve buscar a sua formação contínua,

sempre se norteando no seu contexto. Portanto, faz-se necessário analisar a Educação

de forma ampla e dinâmica, especificamente nas práticas de ensino atuais, para o

desenvolvimento de um novo olhar sobre as formas de se estreitarem todas as relações

que se desencadeiam em sala. É imprescindível, também, a análise dos meios pelos

quais o profissional da Educação pretende desenvolver no sujeito suas potencialidades,

permitindo-lhe despertar a consciência para a tomada de decisões de forma cada vez

mais autônoma; para que saiba discernir, dentro de suas possibilidades etárias, o que

lhe é disponibilizado, e até mesmo, o que lhe é imposto.

A família deveria ser outro elemento de grande importância no seu papel dentro da

escola e, sobretudo, na manutenção dos valores para as crianças. De todos os

elementos, é ela quem detém a maior responsabilidade sobre a formação da criança

enquanto indivíduo, por ser o modelo mais expressivo para a mesma e, portanto, o mais

valorizado por ela. É a família, fruto de sua cultura, que ampara e fornece à criança as

primeiras noções de valores e princípios éticos e morais. Portanto, o bom

relacionamento entre as instituições Escola x Família é essencial.

Os pais de pré-escolares devem propiciar condições para o desenvolvimento do repertório básico que deve ser estabelecido nesta fase da vida de modo a propiciar posteriormente facilidades de aquisição dos comportamentos acadêmicos a serem focalizados no âmbito escolar. (GERALDINA WITTER 1986, p.44)

Assim sendo, é desejável que haja cumplicidade entre família e escola, para que ambas

se estruturem a fim de propiciar, da melhor forma, a realização de seus papéis no

desempenho sócio educativo das crianças. Deste modo, o trabalho escolar envolve, de

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maneira hierárquica, os papéis daqueles que direta, ou indiretamente, estão

relacionados com a criança. À Escola cabe o papel de planejar suas atividades,

reforçando e questionando valores que são também transmitidos por meio da família,

bem como preparar o seu espaço físico de forma receptiva; e à família de estar sempre

atenta ao que constrói dentro dos lares: compreensão e amparo são essenciais na

formação desses sujeitos. A aprendizagem dessas crianças, dentro da escola, depende

da consciência dos papéis que exercem a escola e a família neste processo. E ambas

devem buscar o máximo de unidade, a fim de que uma não venha a desconstruir nem a

desvalorizar o que a outra construiu/constrói. A partir dessa relação, as crianças

poderão ser contempladas em seus direitos básicos, em todas as etapas da

aprendizagem e desenvolvimento. Estas etapas podem ser desencadeadas por meio

de inumeráveis ferramentas, a prática do movimento do corpo, pode ser uma dessas

possibilidades.

As práticas que favorecem o movimento na Educação Infantil são importantes fontes de

amadurecimento motor; pois, a partir da exploração do corpo, como um todo, a criança

estará exercitando sua mobilidade, postura, equilíbrio, entre outros, obtendo maior

desenvoltura nas ações cotidianas e na realização de atividades educativas, atividades

motoras estimuladas em suas várias possibilidades, que proporcionam às crianças de

Educação Infantil um maior amadurecimento da expressividade, para que se

desenvolvam em suas potencialidades.

Porém, é fundamental refletir sobre possíveis problemas gerados pelo mau uso do

movimento ou pela carência de exercícios que favoreçam a infância; e sobre

comportamentos por parte do professor, que desconsiderem o exercício sadio da

expressividade pela criança, principalmente quando o profissional não tem consciência

das ações que podem gerar bloqueios nos movimentos do corpo. Segundo Michel

Foucault, (2008, p.132) “no exercício que lhe é imposto e ao qual resiste, o corpo

desenha suas correlações essenciais e rejeita espontaneamente o incompatível”. No

RCNEI (volume III) consta uma importante ressalva sobre comportamentos rígidos que

deixam as crianças passivas, especialmente quando o professor se utiliza da coerção:

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Em linhas gerais, as conseqüências dessa rigidez podem apontar tanto para o desenvolvimento de uma atitude de passividade nas crianças como para a instalação de um clima de hostilidade, em que o professor tenta, a todo custo, conter e controlar as manifestações motoras infantis. (1996 p. 17)

Essas atitudes docentes inadequadas potencializam muitas restrições na capacidade

que a criança possui de se expressar corporalmente, podendo esta apresentar

dificuldades no desenvolvimento da autonomia em realização de atividades do dia a dia

que envolvem movimentos, assim como também possíveis problemas na fase adulta.

As disciplinas, organizando as “celas”, os “lugares” e as “fileiras” criam espaços complexos: ao mesmo tempo arquiteturais, funcionais e hierárquicos. (FOUCAULT 2008, p.126)

Desse modo, Foucault evidencia uma questão importante que deve ser considerada no

âmbito escolar; é possível refletir acerca das conseqüências que causam as imposições

sobre as crianças, moldando-as a determinados comportamentos pré-estabelecidos,

disciplinando seres inexpressivos. Crianças que são exaustivamente impelidas a

manterem-se sentadas a todo o tempo na sala de aula podem apresentar dificuldades

musculares e de locomoção. Também crianças que não são solicitadas a

experimentarem diferentes movimentos corporais, sofrendo recriminações ao

manifestá-los livremente, podem sentir-se oprimidas e obrigadas a manterem-se

“quietas”, restringindo suas habilidades psicomotoras.

A Educação é uma prática social que deveria contemplar a diversidade de expressões

artísticas de forma equilibrada, mas o que percebemos é a exaltação de certos

conhecimentos avaliados como mais importantes. Isso porque a Arte não é uma área

devidamente valorizada nas escolas, em comparação às disciplinas curriculares.

Na Educação Infantil percebemos um maior empenho dos educadores em torná-la mais

acessível aos alunos, mas ainda não se criaram estratégias pedagógicas, institucionais

ou legais capazes de intensificá-la positivamente no currículo escolar infantil. Há ainda

uma desordem neste currículo com relação à obrigatoriedade do ensino de artes, pois

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não são mostrados ao professor caminhos sólidos para a concretização do mesmo. Isto

ocorre também pelo fato de que as várias modalidades artísticas são vistas ainda de

forma polivalente, isto é, sem que haja a preocupação de se trabalhar cada uma

individualmente.

A Dança parece ser a linguagem artística menos contemplada nas escolas de

Educação Infantil. Assim, raramente se encontra a prática do movimento da Dança em

Centros Municipais de Educação Infantil (CMEI) e, na maioria das vezes, é valorizado

também de forma mínima na rede privada de ensino. Esta carência foge dos objetivos

que deveriam guiar a introdução das Artes na Educação, que são os de criar condições

para a valorização devida das mesmas na sala de aula, sem menosprezar nenhuma de

suas modalidades.

Faz-se necessária atenção para o uso adequado das atividades desenvolvidas na

Educação Infantil, sobretudo as relacionadas ao movimento; e isto requer esforço para

praticar uma atuação de qualidade frente a este eixo tão necessário na formação

saudável da criança. Torna-se indispensável que se tenham bem definidos os objetivos

que fazem parte desta área, propiciando o alcance dos mesmos de forma favorável ao

processo educativo.

1.4 EDUCAÇÃO INFANTIL, ESPAÇO E MOVIMENTO NO DESENVOLVIMENTO DA

CRIANÇA

Neste item será abordada a relação entre a Educação Infantil, o espaço e o movimento

no desenvolvimento das crianças de zero a cinco anos, mais especificamente de três a

cinco anos, que é a faixa etária da qual estamos tratando.

A discussão desse tema é de grande importância, uma vez que o desenvolvimento

motor da criança vai depender da utilização do movimento e dos espaços disponíveis

durante o seu processo de aprendizagem infantil. O educador, seja ele o professor, os

pais ou adultos responsáveis pela criança, deverá ter conhecimentos prévios dos tipos

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de atividades que deverá desenvolver com a mesma para conseguir resultados

positivos.

A Educação Infantil deve, por exemplo, contribuir para o desenvolvimento nas crianças

das capacidades que lhes permitirão conhecer seu próprio corpo e o dos outros;

desenvolver suas capacidades afetivas; relacionar-se com os demais, desenvolver

habilidades comunicativas em diferentes linguagens e formas de expressão; o estar em

movimento e o desenvolvimento do conhecimento espacial para adquirir habilidades

lógico matemáticas, leitura/ escrita, o movimento, o gesto, o ritmo; desenvolver a

capacidade de auto estímulo para ajudar ao estabelecimento da auto-estima.

Sabe-se que desenvolvimento infantil é um processo muito complexo, visto que desde

antes do nascimento sofre uma infinidade de transformações que dão lugar a estruturas

diversas, tanto no âmbito psíquico (afetividade, inteligência) como em todas as

manifestações físicas (estrutura corporal, funções motoras).

Do inicio, tudo se dá sempre em nível corporal. A formação da identidade do sujeito,

suas habilidades, sua percepção e seu estar no mundo dependem, em grande medida,

do que é feito no e com o corpo nos espaços sociais e culturais diversos, na primeira

infância.

Como é evidente, as transformações graduais de altura, peso e massa muscular,

marcam a infância da criança. Durante o primeiro ano de vida, a área motora da

criança vai evoluindo até permitir que ela possa andar. Assim, a criança passará de um

estado dos músculos de prostração parcial a uma postura ereta. A criança tem que

aprender a controlar as partes de seu corpo: deve alcançar um desenvolvimento dos

músculos adequados, deve ser capaz de desenvolver o sentido do equilíbrio, entre

outras aptidões.

Através de um longo processo, iniciado no momento em que nasce a criança vai aos

poucos aprendendo a andar. Esse processo se dá através de etapas que levam a

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criança ao domínio de dois aspectos básicos: o amadurecimento neurológico e a

técnica da tentativa e erro.

As crianças até cinco anos, a todo o momento, vivem experimentando a si mesmas e

aos espaços, na tentativa de construir sua própria noção de si e do mundo externo

especialmente em relação aos tempos, ritmos, às distâncias, às medidas e a sua

consciência corporal, entre outros.

O movimento participa na elaboração e no desenvolvimento de todas as funções

mentais: inteligência, linguagem, afetividade, constância. As habilidades motoras e

intelectuais estão em uma relação constante. Alguns exercícios como engatinhar, rolar,

balançar, dar cambalhotas, equilibrar-se em um só pé, andar para os lados, equilibrar e

caminhar sobre meio fio (ou sobre uma linha no chão), caminhar em terrenos de

topografia e materiais variados (passeios ao ar livre), podem estimular a formação da

personalidade e do eu corporal da criança.

As atividades como percepção visual, percepção visual/motora e coordenação motora,

percepção auditiva, linguagem oral, percepções gustativas e olfativas, percepção tátil e

as ligadas à atividade física integram o processo de aprendizagem da criança com o

processo de socialização. Quando as crianças se relacionam com as outras, brincando,

correndo, gritando, mesmo lendo ou contando historinhas, desenhando e pintando com

o grupo, estão desenvolvendo sua aprendizagem e a sua socialização. Essas

possibilidades, pelas quais a criança se desenvolve, são as brincadeiras que usam o

corpo, o espaço de forma ampla, e que corporalmente estão diretamente relacionadas

com o movimento, sendo geralmente desenvolvidas nesta etapa infantil. Estas

possibilidades podem se dar em variados locais, como a exemplo: dos parques e

jardins, onde, enquanto a criança brinca, o corpo da mesma é exercitado ao correr,

pular e rolar no chão; ações estas que enriquecem o corpo em termos de socialização,

consciência corporal e pertencimento cultural.

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A opção pelo lúdico na Educação Infantil tem como um dos principais fundamentos

aproveitar a espontaneidade da criança, pois algumas manifestações, como os jogos,

refletem muito do que a criança esteja vivendo e sua capacidade de interagir com o

outro.

O jogo enquanto conteúdo/ estratégia tem papel privilegiado. É considerado o principal modo de ensinar, é um instrumento pedagógico, um meio de ensino, pois enquanto joga ou brinca a criança aprende. Sendo que este aprender deve ocorrer num ambiente lúdico e prazeroso para a criança (Suraya Darido 1999, p.23)

Caberá à pré-escola e à escola estimular e orientar a criança, considerando os estágios

de seu desenvolvimento, aceitando-a e desafiando-a a pensar. O ambiente que

estimule a atividade criadora da criança, além de contribuir para o seu desenvolvimento

global, estará, certamente, favorecendo a aproximação da criança à realidade escolar.

Os pais também devem acompanhar a rotina da criança.

É fundamental que toda criança tenha acesso a espaços educativos. Muitas escolas

não dispõem de infra-estrutura para educar crianças na faixa etária em questão.

Nessas escolas, os espaços são mínimos e as crianças têm de exercer seu momento

de ludicidade confinados numa minúscula sala de aula.

Os pátios, as áreas livres dentro da própria escola, mas fora da sala de aula, devem ser

uma das prioridades para qualquer instituição educativa. O passeio a parques onde a

criança tem a oportunidade de correr, pular, rodar, saltar dentre outras atividades

físicas, também devem fazer parte do programa educacional.

As atividades lúdicas são também um espaço no qual a criança pode expressar seus

sentimentos, seus medos, suas fantasias, sua agressividade, enquanto desenvolve

seus aspectos motores, afetivos sociais e morais (DARIDO, 1999).

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Geralmente na escola os momentos dedicados ao movimento são poucos: intervalo

para recreio, momentos pré-estabelecidos para atividades com movimentos:

(acolhimento na chegada das crianças à escola, teatrinhos, brincadeiras de roda.), que

não deixam de ter sua importância. Mas os parques, os quintais, os lazeres do final de

semana também, não deixam de exercer sua função propiciadora para o movimento.

O movimento corporal deve ser interpretado como um recurso pedagógico valioso no

ensino fundamental, especialmente no primeiro segmento do ensino, pois segundo

João Freire “A mão escreve o que a mente pensa a respeito do mundo com o qual a

criança interage” (FREIRE, 1992, p. 81). Entretanto, pode-se muitas vezes observar

crianças que sabem ler e escrever, mas apresentam deficiência motora, num período

em que as atividades corporais deveriam sobressair às mentais (FREIRE, 1992).

Essa observação do autor deixa clara a necessidade de se dar mais atenção às

práticas motoras e à outras atividades corporais e à integração da criança com as

outras. A falta de espaço para suas atividades lúdicas poderá comprometer o seu

processo de socialização e aprendizagem, pois, o desenvolvimento de aspectos

motores e cognitivos não pode ocorrer isoladamente. Isso terá um efeito fundamental

por toda a vida delas. Na escola, a criança tem a oportunidade de conviver com um

grupo de iguais; brincar, interagir, dialogar em um ambiente social de aceitação, de

confiança e teoricamente criado especialmente para acolhê-la. Para a maioria dos

autores, investir na infância significa também promover e difundir uma cultura da

infância e a defesa dos direitos das crianças.

Pode-se afirmar que a experiência mais interessante da vida dos seres humanos é a

possibilidade do convívio, do amor, da amizade, enfim da busca da vida em

comunidade. A escola introduz a convivência humana na diversidade.

A linguagem corporal e o comportamento da criança na relação com o outro, sendo trabalhados durante a estruturação psíquica, têm o objetivo de levar a criança à autonomia e ao desenvolvimento adequado, libertando-a de um possível relacionamento dependente do adulto e fixado nos conflitos da primeira infância (ANDRÉ LAPIERRE. & ANNE LAPIERRE, 2002, p.2)

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Assim, a criança deve em alguns momentos ser deixada só, com outras crianças, sem a

presença do adulto, assim ela poderá se expressar com independência, descobrindo

por si só, o seu mundo. Conforme Anna Bondioli e Suzana Montovani (1998, p. 29)

A autonomia, a socialização, a capacidade de construir o mundo, explorando-o, são ao mesmo tempo aspectos de uma nova imagem da primeiríssima infância e objetivos educativos, necessidades a serem respeitadas e satisfeitas e competências a serem favorecidas e incentivadas.

A creche (na faixa de 0 a 3 anos), possibilita a socialização precoce entre crianças

vista nos seus aspectos mais tipicamente sócio-emotivos e sobre a amizade (Lewis &

Rosemblum, 1975; Mussati & Mantovani, 1983) citados por Bandioli e Mantovani

(1998). Ainda segundo Bandioli e Mantovanin (1998, p23) “na creche a criança pode

experimentar as mais variadas possibilidades de troca, de construção de planos de

ação, de resoluções de conflitos em um ambiente protegido e pensado para ela”.

Na faixa de idade de 5 e 6 anos os pedagogos são, sem dúvida os principais sócios da

família. Esses profissionais da Educação deveriam ser profissionais capacitados para

gerar espaços educacionais de qualidade que permitam uma verdadeira otimização do

desenvolvimento e das aprendizagens das crianças nessa faixa etária, em colaboração

estreita e apoio à família. Os pais e responsáveis devem ter a consciência de suas

atitudes e sentimentos para a evolução saudável da criança; assim como a atuação

preventiva, por parte dos profissionais que atuam nas instituições de Educação.

Na escola é muito importante que o educador conheça e acredite nas possibilidades de

seus alunos, que tente buscar alternativas para adaptar-se às suas necessidades

específicas e colaborar assim no desenvolvimento do seu potencial máximo (FÉLIX

ROMERO, 2004). Nesse sentido, as atividades coletivas e lúdicas (jogos, brincadeiras,

dança) são de importância para o desenvolvimento da classe. Ao trabalhar o lúdico o

professor estará proporcionando relações equilibradas e construtivas entre cada e seus

colegas de grupo.

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Os jogos e as brincadeiras têm uma estreita relação com a dança. Muitas vezes os

jogos e as brincadeiras praticados nesta faixa etária exigem movimentação, como pular,

saltar, rodopiar, dentre outras formas de movimento; o que culmina muitas vezes em

movimentos rítmicos, como na dança, que é outra importante forma de socialização e

pode ser praticada como parte integrante da grade curricular.

A Dança é uma forma de integração e expressão individual e coletiva, em que o

educando tem a possibilidade de exercitar a atenção, a percepção, a colaboração e a

solidariedade. Através da Dança o aluno desenvolve a consciência e a construção de

sua imagem corporal, aspectos que são fundamentais para seu crescimento individual e

sua consciência social (CÁTIA SILVEIRA et al 2006).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs, 2000) dizem que as crianças já tem uma

série de conhecimentos sobre o movimento, corpo e cultura corporal, fruto de

experiência pessoal, das vivências dentro do grupo social em que estão inseridas e das

informações veiculadas pelos meios de comunicação (Kátia Penna, 2008, p.15). A

seguir, abordaremos mais de perto a questão da dança e do movimento e sua relação

com a escola.

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2. A DANÇA E SEU PAPEL NA ESCOLA

A escola se constitui em um dos importantes espaços de transição entre a

individualidade e a coletividade, entre o velho e o novo, entre o passado e o presente.

Tem como função instrumentalizar os indivíduos para a participação plena na vida

pública, como cidadãos. Desse modo, as atividades físicas têm sido consideradas

práticas sócio-culturais importantes para o processo de construção da cidadania dos

indivíduos.

A Educação deve englobar o crescimento do indivíduo em todas as suas capacidades e

necessidades para o seu desenvolvimento como ser total. A integração do ser

possibilita, ao individuo, o imaginar, o criar e o executar (INAICYRA SANTOS, 2006,

P.43).

Para a autora,

A integração do ser possibilita, ao individuo, o imaginar, o criar e o executar. Portanto, consideramos que os objetivos da Dança na Educação devem englobar o aspecto emocional, intelectual, físico e espiritual, a fim de que a personalidade do educando seja desenvolvida através de experiências conscientes. A Dança na Educação deve também proporcionar o estudo do corpo, como instrumento de comunicação, a consciência sobre a história individual, sobre o próprio pensamento, sobre ação e a técnica de dança. (p.43)

Contudo, em virtude da ênfase esportiva, a escola tem deixado de lado importantes

expressões da cultura corporal produzidas ao longo da história do homem, bem como o

conhecimento sobre o corpo. Tais expressões como a dança, por exemplo, e outros

conhecimentos podem e devem constituir-se em objeto de ensino e de aprendizagem.

É muito importante que as danças estejam presentes com mais freqüência nas salas de

aula e em outros espaços educativos e de lazer, pois, além de funcionar como

ferramenta para educar, socializa, promovendo uma interação entre as crianças.

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Desde os tempos remotos a dança tem sido um meio de comunicação de idéias, de

expressão das emoções ou de simples entretenimento. Cada cultura tem sua

particularidade na forma de mostrar seus costumes, utilizando a Dança de acordo com

sua natureza. Autores como Kátia Penna (2008); Louis Porcher (1982) Dionísia Nanni

(1995), entre outros, colocam que a Dança é, sem dúvida, uma linguagem delicada e

mista de poesia que surge do corpo e que se harmoniza com o mundo, com as

pessoas. As crianças experimentam uma satisfação particular quando dançam e se

movimentam, o que permite um desenvolvimento saudável.

A Dança é um fato social e como tal ela herda tudo àquilo que é trazido por uma

determinada época e é impregnada por essa herança (PORCHER,1982,p.163).

Enquanto fato social a Dança reflete os desejos, as alegrias, as esperanças, os receios

e adorações de um grupo dentro de uma determinada época, de um determinado

período dessa época. É o que explica a variedade dos temas de inspiração da Dança e

de suas tramas.

A Dança tem uma amplitude que envolve o físico, o psíquico, o intelecto e o emocional,

integrando-os, como afirma Santos (2006, p. 43). Segundo a autora, pode-se considerar

que a Dança estimula a imaginação “como um constante desafio para o intelecto e um

cultivo do senso de apreciação”. Daí a percepção de que a Dança se constitui num

“elemento integrador e integrante do processo educacional”

Sobre o que representa a dança, Porcher (1982, p.161) assim escreve:

Dançar é, antes de mais nada, expressar-se através da dança. O bebê desde que nasce já é sensível aos ritmos, aos sons ritmados, à Música; eles o incitam a se mexer no berço, a fazer movimentos; atividade esta que se exerce segundo uma certa cadência, constituindo desde já uma forma de dança. A criança vai crescendo e algumas vezes organiza a sua atividade de acordo com a estrutura rítmica; movida por uma necessidade irrefreável ela dança, passando o peso do corpo de um pé para outro ao acompanhar o movimento indefinidamente repetido de uma ladainha feita de uma ou duas palavras alongadas numa monótona linha melódica.

O autor ressalta ainda que quando canta no pátio da escola, ou quando ouve alguma

música, a criança traça círculos, balança a cabeça em intervalos regulares, ilustra seu

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canto com gestos simbólicos e com mímicas variadas. Essa atividade vai atraindo seus

coleguinhas, que “se entrosam, em rodas, em filas percorrendo caprichosos itinerários

em figuras diversas”. Essa atividade deixa as crianças tranqüilas e felizes, enquanto se

movimentam e se divertem (Idem, p.162).

2.1. SOCIALIZAÇÃO

O conceito de socialização ocupa um lugar central na teoria sociológica e na sociologia

da Educação e remete ao tema geral da produção da subjetividade. Ou seja, o

indivíduo constrói uma subjetividade, uma consciência prática e um conjunto de

capacidades reflexivas, na medida em que mantém relações com o meio ambiente

natural e social em que vive.

A socialização é um processo pelo qual o indivíduo adota os elementos socioculturais

do seu meio ambiente e os integra à sua personalidade para adaptar-se à sociedade.

Pode-se dizer que socializar é o processo pelo qual a criança aprende o que é aceitável

e o que não é aceitável no seu comportamento (NATÁLIA ASTORGA, 2006)

A criança, em sua convivência social, abstrai idéias, costumes, crenças, inclusive

gestos e expressões comuns ao meio social no qual está inserida; e é no grupo social

que ela cria sua identidade social e aprende os símbolos, rituais, atitudes e

comportamentos modelo, compartilhada entre as demais pessoas que o compõem.

A família, por ser o grupo social primário, é quem primeiro motiva e ocasiona as

primeiras relações afetivas e sociais da criança, onde ela realiza a maior parte das suas

aprendizagens. Na primeira infância o processo de socialização é mais intenso, quando

a criança aprende com mais facilidade. Algumas teorias sugerem que a socialização se

dá através da imitação.

Assim, o comportamento e atitudes dos pais para com os filhos varia muito, podendo ir

desde a Educação mais rígida até a extrema permissividade, do carinho à hostilidade,

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ou de comportamentos ansiosos à mais serena despreocupação. Estas variações de

atitudes dão origem a distintos tipos de relações familiares.

A hostilidade paterna ou a total permissividade, por exemplo, estão relacionadas com

crianças muito agressivas e rebeldes, porém uma atitude carinhosa e restritiva por parte

dos pais só motiva nos filhos um comportamento educado e obediente.

Da mesma forma, os sistemas de castigo também influenciam no comportamento da

criança. Por exemplo, os pais que abusam do castigo físico tendem a gerar filhos que

se excedem na agressão física, já que um dos modos mais freqüentes de aquisição de

modelo de comportamento é por imitação das ações paternas.

Segundo Martins (2001) apud (ANA CASTAMAN, 2004) quando a criança chega à

escola nas primeiras séries já leva consigo uma bagagem sociocultural familiar. A

família e a Educação Escolar compartilham dos destinos individuais dessa criança. Na

forma de pensar de Martins (2001, p. 29) apud (CASTAMAN, 2004):

A escola é desde sempre um lugar de inscrição social, cuja responsabilização se dá para além do ensinamento das coisas, para além do ato pedagógico. Nessa perspectiva tem uma função co-extensiva à dos pais, na tarefa de Educação das crianças.

Completando este pensamento, Márcia Bacha (2003, p.141) afirma que “atualmente, a

escola acumula funções a partir das demandas dela mesma, da família, da sociedade e

do próprio entendimento das questões infantis”.

Na visão da psicanálise, afirma Castaman (2004), a escola representa um momento

privilegiado para a socialização da criança, e concebe o aprender entrelaçado ao

processo de constituição do sujeito. O processo de Educação é necessário e

constitutivo do social e da subjetividade.

Para o processo de socialização da criança em sala de aula, o professor deve buscar

estratégias como: outras tarefas que possam ser realizadas em dupla ou em grupo. As

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atividades coletivas e lúdicas são de extrema importância para o desenvolvimento da

classe. Ao trabalhar o lúdico, o professor estará proporcionando relações equilibradas e

construtivas entre as crianças e seus colegas de grupo (CARLA RUSSI e MIRIAM LIRA,

2004).

A brincadeira, por exemplo, é uma das atividades essenciais na Educação Infantil,

através dela a criança pode expressar suas idéias, sentimentos e conflitos, deixando

transparecer para o educador e os seus colegas como é o seu mundo, o seu dia-a-dia.

Para a criança, a brincadeira representa oportunidade de aprender a conviver com

pessoas diferentes entre si; de compartilhar idéias, regras, objetos e brinquedos, de

solucionar os conflitos, tornando-se autônoma; de experimentar papéis, desenvolvendo

assim as bases da sua personalidade.

A atividade de brincar proporciona uma possibilidade de se aprender as relações do

indivíduo com a realidade social, através de atividades dinâmicas ou desafiadoras que

exijam uma participação realmente ativa da criança para delimitar todas as situações

apresentadas, além de sua adequação ao mundo exterior, ao outro. O jogo também

contribui poderosamente no desenvolvimento global da criança, em que todas as suas

dimensões estão intrinsecamente vinculadas: a inteligência, a afetividade, a motricidade

e a sociabilidade são inseparáveis, sendo a afetividade o que constitui a energia

necessária para a progressão psíquica, moral, intelectual e motriz da criança (MARIA

LOPES, 2000).

A dramatização e expressão, por exemplo, também podem ajudar a criança a

desenvolver as habilidades de saber ouvir, esperar a sua vez de falar, bem como olhar

para quem fala, coisas que ela tem dificuldade de fazer. Isso enriquecerá a sua

integração com o meio em que vive, bem como favorecerá seu crescimento social e

emocional (LOPES, 2000).

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Além disso, “através do jogo a criança poderá ter suas experiências, errar, acertar,

construir, criar, copiar, desenvolver planos, e isto aumentará a sua auto-estima [...]”,

afirma a autora (p.41).

Mas é importante que, ao utilizar os jogos como estratégia pedagógica, o professor leve

em consideração as características da criança bem como as condições sob as quais as

atividades deverão ser realizadas, objetivando auxiliar o aluno a desenvolver as

habilidades necessárias para um bom desempenho social, emocional e cognitivo

(RUSSI e LIRA, 2004). O professor deve fazer com que a criança decida com quem

quer realizar o jogo ou outra tarefa e deixá-la pensar sobre quando perde, ganha ou

quando a resposta for “não”.

2.2 A DANÇA COMO FATOR DE INCLUSÃO SOCIAL

A criança, durante o seu desenvolvimento, evolui socialmente através da interação com

os outros. “É através dessa interação que ela vai assimilando e incorporando elementos

da sua cultura. O seu relacionamento com o outro lhe permite apropriar-se das práticas

sociais já estabelecidas” (SOUZA, 2001) apud (LAZARIN, 2007, p. 15).

Percebe-se, portanto, que “todas as funções, no desenvolvimento da criança,

acontecem a princípio em nível social, conforme afirma Santos (2001) apud ( LAZARIN,

2007, P.15) depois, em nível individual”. Primeiramente entre as pessoas para, depois,

ocorrerem no interior da própria pessoa, portanto é a partir das interações com os

outros que o sujeito estabelece relações com os objetos do conhecimento.

As artes, em suas diversas formas de manifestação, sempre foram um instrumento de

energia e satisfação para aqueles que a cultivam. “A dança, em sua magia, permite a

expressão de sentimentos e emoções. Através da dança, é possível resgatar a auto-

estima de crianças e adultos e promover a integração social dos mesmos” (BEATRIZ

CUNHA, 2006, p.11).

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Conforme a autora, como arte, ela é uma representação estilizada e simbólica da vida.

Como arte, ela encontra seus fundamentos na própria vida, não esgotando seus gestos

como uma simples produção acrobática. Assim, as diferentes formas de dança,

incorporam os símbolos próprios das culturas a que pertencem.

A dança, em todas as épocas da história e para todos os povos, representa sempre

manifestação do estado de espírito, traduzida sempre por meio de uma série de gestos

e movimentos acompanhados de música ou canto.(CUNHA, 2006, P. 11).

Cunha (2006, p. 11) afirma ainda que a Dança é capaz de proporcionar proteção e

desenvolvimento da criança e a dança pode ser utilizada como ferramenta facilitadora

do processo de inclusão através do desenvolvimento de programas que abranjam as

áreas de recreação, lazer, conhecimento, arte e cultura. Para alguns educadores

envolvidos com a dança, a sincronia entre corpo e mente alcançada através da mesma,

muito colabora para o processo de inclusão e exercício da cidadania.

Considerando que a Dança nasceu do ritmo e que o mesmo é elemento propulsor dos

movimentos, os quais se estruturam como um todo harmônico, a música é a ordem no

movimento sonoro e a Dança é a ordem do movimento do corpo; além disso, a Dança

permite a exploração do espaço, transforma o ambiente e gera auto-confiança,

autonomia e liberdade em “estar” e “ser” o espaço em sua volta (NANNI, 1998, P. 15).

A dança, por ser tão freqüente no nosso dia e inserida no contexto da criança,

possibilita a melhora social emocional e afetiva da mesma, nos aspectos que são

importantes para sua formação como, solidariedade, socialização, laços de amizade,

apegos, dentre outros (PENNA, 2008). A dança, dentro ou fora do contexto escolar,

representa um dos fatores de inclusão social, uma vez que promove a integração da

criança com outras crianças, e deve ser utilizada na escola como ferramenta

pedagógica, nesse sentido.

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Para Raul Lody (1995, p.105) ações como dançar, falar, cantar e gestualizar são formas

de integração do homem no seu grupo. É uma forma de comunicação consigo mesmo

diante do seu papel social na sociedade. Para ele, o ato de dançar é muitas vezes

indissociável dos atos cotidianos.

É dever de todo educador aproximar o aluno da possibilidade que a dança dispõe em

aspectos de favorecimento ao auto-conhecimento e isso é facilmente adquirido quando

se Dança os diversos ritmos. Assim, é o mesmo que estar em comunhão com o mundo

inteiro.

2.3. OS EFEITOS BENÉFICOS DOS MOVIMENTOS DA DANÇA

As pessoas celebram acontecimentos sociais com música e dança inclusive as crianças

ainda antes de dar com firmeza os primeiros passos, saltam e se movimentam ao ritmo

da música. Os movimentos da Dança permitem exercitar todo o corpo, senti-lo,

desenvolvem a disciplina, a sensibilidade para com os demais e a consciência das

próprias sensações.

Os educadores que introduzem em suas salas de aula o movimento do corpo e a dança

sabem que as crianças têm necessidade de se expressarem e a utilização desses

recursos ajudam os mesmos na comunicação e na sua socialização (LODY, 1995;

CUNHA, 2006).

Através da Dança o professor estará despertando na criança sensações distintas que

desbloqueiam a inibição, para desenvolverem-se com naturalidade, uma vez que o

sistema educativo até pouco tempo só contribuía para anular as possibilidades

expressivas e de comunicação, dando importância a outras mais inibidoras como a

obediência e o silêncio, como meio de respeito.

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Consideram-se as palavras de Susanne Langer (2006, p. 177), quando a autora afirma

que “a essência da Dança é musical: o dançarino expressa por gestos aquilo que ele

sente como o conteúdo emocional da música que a causa eficiente sustentadora da sua

dança”. Conforme Bernadete Zagonel (1992), a criança emprega os gestos para se

expressar, na tentativa de que seu discurso seja mais bem compreendido. Na verdade

ele recorre à imagens para aumentar a eficácia da comunicação.

Os gestos da criança progridem e tornam-se precisos com a maturação. E em função dessa precisão e do encadeamento harmonioso de gestos está a destreza. Mas, igualmente essencial é a Educação dos gestos: permite o desenvolvimento dos interesses, das qualidades psicomotoras e intelectuais e é particularmente útil aos doentes mentais (ZAGONEL,1992, P.13).

O autor explica que à medida que os gestos vão se tornando mais naturais, a criança

passa a usar os músculos e a energia apropriada, consegue compreender como o

movimento de uma parte do corpo é vivido pelo corpo inteiro e como sua unidade

compõe-se da simultaneidade de movimentos não contraditórios, mas complementares.

Completando esse pensamento, Maristela Lima, (2006, p. 184), acrescenta que

“através da dança, o aluno desenvolve a consciência e a construção de sua imagem

corporal, aspectos que são fundamentais para seu crescimento individual e sua

consciência social” (LIMA, 2004, p. 25). As danças, inicialmente podem ser

apresentadas como jogo, para que a criança se familiarize com a realização de

atividades físicas acompanhadas de música e estruturadas em um espaço,

coordenando os movimentos simultaneamente com os colegas, adquirindo um grande

sentido de ritmo e habilidades de coordenação (LOPES, 2000; CUNHA, 2006; RUSSI E

LIRA, 2004).

Ferreira (2005), apud (PENNA, 2008, P.22) afirma que:

O desenvolvimento de diferentes tipos de Dança sem ênfase em técnicas formais do balé clássico, da Dança contemporânea ou outras,

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possibilita variada experimentação corporal que desenvolva habilidades diversas de execução, expressão e interpretação.

Deduz-se daí que o movimento, o ritmo e a expressão são os elementos fundamentais

da Dança e são eles que vão proporcionar à criança um desenvolvimento completo em

todos os aspectos. Langer define bem os movimentos da dança: os saltos, giros, o

bater dos papéis dá um acompanhamento tonal que auxilia as representações

expressivas do aluno. Acompanhado ou não de música, o corpo discente não precisa

se sentir artista para executá-las, pois, ainda conforme Langer (2006, p. 212) o ritmo

transforma todo o movimento em gesto, e o próprio dançarino e criatura se liberta dos

vínculos usuais da gravitação e da inércia muscular. Entende-se que se quer mostrar

que nesses encontros a dança tem o mesmo poder que encantava as antigas cavernas

e florestas e que hoje é dissolvida nas performances artísticas e técnicas.

Embora se saiba dos benefícios da dança, em todos os seus aspectos, a sua inserção

nos currículos da Educação primária ainda é precária. O próprio ensino de Dança no

Brasil já é marcado por dificuldades, como apontam Mariana Pereira e Dagmar Hunger

(2006, p. 3), afirmando que a presença da Dança no Brasil, enquanto ensino, se dá em

alguns espaços como clubes, academias, escolas especializadas de dança, algumas

escolas particulares enquanto atividades extras curriculares e algumas escolas públicas

e privadas quando o professor de Educação Física ou de Artes a insere em suas aulas.

Na concepção de William Brittain (1970) toda escola, não só as creches e pré-escolas,

como todas as séries do primeiro grau, devem tentar estimular cada aluno para que se

identifique, com suas próprias experiências, e ajudá-lo a desenvolver ao máximo, os

conceitos que expressam os seus sentimentos, as suas emoções e a sua própria

sensibilidade estética. Considerando a possibilidade de trazer elementos para concluir

esse estudo, apresentamos no próximo capítulo as considerações finais.

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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho, baseado em pesquisa bibliográfica, versou sobre o tema: A

contribuição do movimento da dança quanto ao desenvolvimento das crianças de

Educação Infantil: Um estudo Teórico Introdutório. Procurou-se investigar através da

pesquisa, como a prática do movimento da Dança na Educação Infantil contribui para o

desenvolvimento das crianças em ambiente escolar.

A Educação contemporânea já admite que todos os alunos podem aprender sempre

que lhes é proporcionado condições adequadas para tal, o que implica em deixar para

trás a imagem daquelas classes centradas no ensino descontextualizado da realidade

para seguir um novo processo, através do qual os alunos tenham possibilidade de

compartilhar e desfrutar de situações de aprendizagem relacionadas com suas próprias

experiências, em contextos onde são valorizados, suas diferenças individuais são

levadas em conta e têm oportunidade de beneficiar-se com os demais, de trabalhos

cooperativos e de grupos heterogêneos.

O papel da Educação não pode se limitar á transmissão de valores culturais numa

sociedade. Sua função deve ser a de possibilitar que a criança, desde o seu

nascimento, tenha todas as oportunidades possíveis para desenvolver suas

potencialidades. As crianças de hoje serão os jovens e adultos de amanhã, precisam

contar como pilar da sua Educação, com uma Educação Infantil desde o ventre materno

e antes do seu ingresso nas primeiras séries da escola.

Toda criança tem direito à aprendizagem em ambientes que favoreçam seu

desenvolvimento afetivo e psicomotor, e ter suas capacidades infantis reconhecidas.

Os autores consultados no presente trabalho foram unânimes em afirmar que a criança

vai construindo sua matriz de comunicação e aprendizagem a partir de uma

organização psicomotora desenvolvida. Para tal, a dança, as brincadeiras e os jogos

são imprescindíveis. A partir dos movimentos dessas atividades inseridas na escola

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infantil, creches e pré-escola, a Dança parte das habilidades perceptivas de

coordenação e movimentos fundamentais.

Observou-se no decorrer do trabalho que os autores em sua maioria concordam que os

elementos da dança, principalmente a linguagem corporal, o movimento, funcionam

como estratégia para o desenvolvimento geral da criança (cognitivo, afetivo, motor,

psíquico, social). Isto também é valido para outras atividades de caráter expressivo,

como brincadeira e jogos.

O caráter lúdico da dança, que também pode se expressar como jogo, faz com que a

criança se sinta motivada dentro do seu processo educativo. É essa motivação

proporcionada pelos movimentos da Dança que se converte em condição necessária

para o processo educativo das crianças de 0 a 5 anos.

Deve-se ressaltar, porém, que os espaços disponíveis nas escolas, principalmente no

Brasil, e fora dela ainda deixa a desejar. A criação de ambientes de aprendizagem com

espaços para as brincadeiras, os jogos, as danças tornará possível à execução das

atividades com mais eficiência e eficácia.

Quanto ao professor, nem sempre deverá estar presente durante as atividades livres da

criança, pois esta precisa também aprender a ser autônoma e independente. O

professor deverá intervir apenas quando houver necessidade, mas, respeitando a

liberdade do aluno. Os movimentos da Dança influenciam de diversas maneiras no

desenvolvimento da criança. Durante a pesquisa, isso ficou claro. As técnicas de

ensino e aprendizagem deverão permitir que a criança descubra por si só as

dificuldades motoras, de forma orientada, mas sem muita intervenção do professor, que

deverá estar preparado para lidar as crianças de 0 a 5 anos.

A Dança deve ser incluída na escola, pois o professor estará colocando em prática uma

pedagogia multicultural, valorizando assim, a diversidade da sociedade brasileira, visto

que todos que participam das aulas fazem parte dessa diversidade, combatendo assim

qualquer forma de discriminação, eliminando-se preconceitos e visões estereotipadas

que porventura existam.

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Um contato afetivo com a Dança pode contribuir para a inclusão social na medida em

que essa manifestação da cultura brasileira, nas suas diversas modalidades, contagia a

criança desde a idade pré-escolar, que dá seus primeiros passos como “dançarino”,

desde a tenra idade. As crianças da periferia, por exemplo, menos privilegiadas

economicamente, utilizam a Dança como meio de se expressarem. Na escola elas

apenas terão esse tipo de dança, institucionalizada, mas através dela estarão mais

próximos uns dos outros, respeitando-se uns aos outros, alegres, aprendendo enquanto

se divertem e manifestando sentimentos de amizade e solidariedade para com o outro.

Além disso, obterão um rendimento escolar melhor nas diversas disciplinas, pelo prazer

e satisfação de estarem na escola, ampliando suas referências sobre dançar.

Com uma programação de aula adequada, com os objetivos adequados à idade das

crianças, com espaço e tempo suficientes para a realização das atividades coletivas e

um bom sistema de avaliação, se terá garantida a consecução dos objetivos propostos

para uma Educação através do movimento do corpo, da Dança com as crianças

pequenas.

Entende-se que o papel do professor é educar as pessoas em todos os seus aspectos,

incluindo seus valores. Assim, o discurso de promover a integração dos alunos, através

da prática do movimento corporal, na dança, nos jogos e nas brincadeiras, deve ser

levada adiante, ajustando-se às faixas etárias e às condições dos alunos, promovendo

uma Educação completa, permitindo-lhe o desenvolvimento de valores que sustentam a

prática da cidadania democrática, a vida em comum e a coesão social.

Embora haja uma certa resistência de alguns professores em praticar a Dança com

crianças da Educação primária, essa tarefa lhes cabe muito bem, porque Dança é

movimento, é cultura corporal, é desenvolvimento e prática social. É claro que para

praticar, não só a dança, como jogos e brincadeiras, o professor deve estar

devidamente habilitado para lidar com crianças nessa faixa etária (0 a 5 anos) e

também ter alguma proficiência em dança, É preciso que estes profissionais sejam

capazes de assumir esta função social que requer a profissão, mas que para a qual

muitos não estão preparados. Nem todos que trabalham com a cultura do corpo são

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profissionais com formação acadêmica, mas para brincar, jogar, dançar, basta que se

deixe a criança descobrir suas competências.

É preciso que os professores estejam preocupados em adquirir uma formação mais

completa, com cursos de especialização, para que estejam mais preparados para lidar

com os diversos instrumentos que podem auxiliar no desenvolvimento da criança, tanto

nos ambientes escolares, como na sua vida pessoal. Completando as atividades de

leitura de textos, memorização de redações, opiniões de autores com um trabalho

baseado na prática dos movimentos da dança, proporcionando maior domínio dos

gestos, da expressão do aluno em sala de aula e uma melhoria no desempenho geral,

tornando-os mais versáteis, integrados ao grupo e, principalmente, mais capacitados

para lidar com os mais diversos tipos de situação.

Assim, se espera que os educadores, em parceria com escolas, comecem uma busca

por maiores conhecimentos que possam nortear sua trajetória em sala de aula. É

fundamental a consciência da importância do movimento na Educação Infantil e do

papel da Dança nesse sentido, para então ocorrer uma utilização mais freqüente e

segura dessa prática.

Desse modo, é preciso levar em conta que este estudo representa um passo inicial

para a compreensão de como o movimento da dança pode contribuir e influenciar no

desenvolvimento infantil. Considerando a pesquisa e as reflexões realizadas no

presente trabalho, em torno desta temática, ficou evidente que o universo da dança

possui caminhos diversos e possibilidades que, bem aproveitadas, podem enriquecer e

ampliar as ações do professor no processo educativo. Assim, cabe a este profissional

estabelecer um contato efetivo entre a criança e as diferentes linguagens, pois, dentre

seus diversos papéis, precisa criar condições para que ela possa se desenvolver

integralmente.

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