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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ Campus XII Santarém Av. Plácido de Castro, 1399 Aparacida Santarém/PA

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ

Campus XII – Santarém

Av. Plácido de Castro, 1399

Aparacida – Santarém/PA

1

2

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca Prof. José Maria Araújo da UEPA, Santarém – PA Bibliotecário: Paulo Vinicius Carmo da Graça – CRB 1370

Congresso Amazônico de Saúde e Qualidade de Vida (2.:2011: Santarém-PA)

Anais do 2º Congresso Amazônico de Saúde e Qualidade de Vida: a Humanização no contexto da saúde, 6 à 10 de junho de 2011/ Organizado por Edna Ferreira Coelho Galvão. Santarém-PA: Universidade do Estado do Pará, EDUEPA, 2011.

1 CD-ROM ISBN: 978-85-88375-70-3

1. Saúde - Congresso 2. Humanização 3. Educação I. Galvão, Edna

Ferreira Coelho II. Título.

CDD 610.73

3

GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ

MARÍLIA BRASIL XAVIER

Reitora da Universidade do Estado do Pará

MARIA DAS GRAÇAS SILVA

Vice-Reitora da Universidade do Estado do Pará

JOFRE JACOB DA SILVA FREITAS

Pró-Reitor de Pesquisa e Graduação (PROPESP)

RUY GUILHERME CASTRO DE ALMEIDA

Pró-Reitor de Graduação (PROGRAD)

MANOEL MAXIMIANO JÚNIOR

Pró-Reitor de Gestão (PROGESP)

MARIANE CORDEIRO ALVES FRANCO

Pró-Reitor de Extensão (PROEX)

JOSEBEL AKEL FARES

Coordenadora da EDUEPA

LUIZ FERNANDO GOUVÊA E SILVA

Coordenador do Campus XII – Santarém

PAULO VINICIUS CRAMO DA GRAÇA

Bibliotecário do Campus XII - Santarém

4

EDNA FERREIRA COELHO GALVÃO

Presidente da Comissão Organizadora

Membros da Comissão Científica:

ADJANNY ESTELA SANTOS DE SOUZA

ALEXANDRE GONÇALVES

ALEXANDRE RODRIGO B OLIVEIRA

ANDRÉ DO SANTOS CABRAL

EDNA FERREIRA COELHO GALVÃO

ELIZABETH TEIXEIRA

IZABEL ALCINA SOARES EVANGELISTA

JANA C. GUIMARÃES ESPOSITO

JOELMA CRISTINA PARENTE MONTEIRO ALENCAR

JOSE ALMIR MORAES DA ROCHA

JUAREZ DE SOUZA

KASSYA CHRISTINNA OLIVEIRA RODRIGUES

KÁTIA SIMONE KIETZER

LUIZ FERNANDO GOUVÊA E SILVA

MARIA DO SOCORRO DA SILVA MOTA

PATRICIA REYES DE CAMPOS FERREIRA

PETRÔNIO LAURO TEIXEIRA POTIGUAR JÚNIOR

RODRIGO LUIZ FERREIRA DA SILVA

RONIVALDO LAMEIRA DIAS

SILVANIA YUKIKO LINS TAKANASHI

TÂNIA FERNANDES VERI ARAUJO

5

PROGRAMAÇÃO SEGUNDA-FEIRA

06/06/2011

08h às 18h CREDENCIAMENTO

08h às 12h MINICURSOS

14h às 18h OFICINAS

18h às 19h APRESENTAÇÃO CULTURAL

19h às 19h30 MESA DE ABERTURA

19h30 às 21h CONFERENCIA: Perspectivas multiprofissionais em Residência e Pós-graduação no Interior do

Estado do Pará

Profa. Ms. Mariane Cordeiro

Franco

Pró-Reitora de Extensão da UEPA

21h às 22h COQUETEL

TERÇA-FEIRA

07/06/2011

08h às 12h MINICURSOS

14h às 18h APRESENTAÇÃO DE COMUNICAÇÃO ORAL E POSTER

18h às 19h APRESENTAÇÃO CULTURAL

19h às 20h CONFERÊNCIA: Saúde das Populações Negras

Prof. Dr. Luís Eduardo Batista

Coordenador da Área Técnica Saúde da População Negra - GTAE

20h às 21h30 MESA REDONDA: A diversidade étnica e cultural

no cuidado da saúde.

Joaquim Martins – Chefe da

CASAI.

Willivane Ferreira de Melo –

Presidente do Fórum da

Diversidade Étnico-Racial / UEPA.

Federação das Comunidades

Quilombolas de Santarém.

Representante da SEMSA.

QUARTA-FEIRA

08/06/2011

08h às 12h MINICURSOS

14h às 18h APRESENTAÇÃO DE COMUNICAÇÃO ORAL E POSTER

18h às 19h APRESENTAÇÃO CULTURAL

19h às 21h CONFERÊNCIA: A Política Nacional de

Humanização da Atenção e da Gestão do SUS

Prof. Sandro José da Silva

Cavalcante

6

Política de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS –

SESPA/UEASBA

19h às 21h

MESA REDONDA: A efetividade dos programas do SUS no contexto da Amazônia

Representante do Conselho

Municipal de Saúde.

Domingos - Hospital Sagrada

Família.

Representante do Hospital

Regional do Baixo Amazonas.

Representante da SEMSA.

QUINTA-FEIRA

09/06/2011

08h às 12h MINICURSOS

14h às 18h APRESENTAÇÃO DE COMUNICAÇÃO ORAL E POSTER

18h às 19h APRESENTAÇÃO CULTURAL

19h às 20h CONFERÊNCIA: O Programa HiperDia

Profa. Dr

a. Antônia Margareth

Moita Sá

Coordenadora do DINTER Enfermagem UEPA/UFRJ

19:30 h às 21h MESA REDONDA: O cuidado multiprofissional com o paciente do HiperDia

Sheyla Mara de Oliveira –

Enfermeira/UEPA.

Gilma Teixeira Faruolo França –

Fisioterapêuta/UEPA.

Ronivaldo Lameira Dias –

Profissional de Educação

Física/UEPA.

SEXTA-FEIRA

10/06/2011

08h às 12h MINICURSOS

14h às 18h OFICINAS

18:30h às 19h APRESENTAÇÃO CULTURAL

19h às 20:30h CONFERÊNCIA: O cuidar como valor supremo na

promoção da saúde coletiva

Prof. Dr. Heron Beresford

Universidade do Estado do Rio de

Janeiro

20:30h às 22h

Entrega de premiações dos melhores trabalhos

Entrega de certificados aos participantes do

Evento

Comissão de Organizadora

7

MINICURSOS

Interpretação e solicitação de

exames diagnósticos relacionados às

principais doenças infecciosas

Francimary Leão Dias

Maria do Socorro da Silva Mota

Jailson de Carvalho Soares

Zilma Nazaré de Souza Pimentel

José Olivá Apolinário Segundo

Alan Alberto Maciel Soares

Moacir Boreli Tormes

Saúde Profissional: cuidados com a

voz, ouvido e ergonomia

Diana Santos Fonseca Pedroso

Jocivam Antônio Pedroso da Silva

Edmárcio da Paixão Araújo

Sabina Lima de Carvalho

Percussão Polular Silvan Galvão dos Santos

LIBRAS: linguagem brasileira de

sinais Ayla Maria Barros Silva

Treinamento Personalizado Luiz Fernando Gouvêa e Silva

Prescrição de Exercício para Grupos

Especiais Ronivaldo Lameira Dias

Habilidades Clínicas e Atendimento

Pré-hospitalar

Fernanda Jacqueline Teixeira Cardoso

Carlos Alberto Santos Júnior

Sidney Emanoel Peleja Formiga

Erika Couto

Nádia Monteiro

Oncologia Marcos Fraga Fortes

Daniele Puhl

Bandagem Funcional André dos Santos Cabral

Facilitação Neuromuscular

Proprioceptiva - PNF Richelma de Fátima Miranda Barbosa

Pilates Giovana Valente

8

OFICINAS

06 de Junho de 2011 – (14 às 18h)

Humanização no contexto da Saúde infantil: uma abordagem fisioterapêutica

Silvânia Yukiko Lins Takanashi

Universidade do Estado do Pará

Humanização no contexto da Saúde do Idoso

Alexandre Rodrigo Oliveira

Richelma de Fátima Miranda Barbosa

Universidade do Estado do Pará

Humanização no contexto da Saúde dos Portadores de Necessidades Especiais

Nedy Pedroso

Diretora APAE

10 de Junho de 2011 – (14 às 18h)

Humanização no contexto da saúde da pessoa com Hanseníase

Rodrigo Luiz Ferreira da Silva

Universidade do Estado do Pará

Humanização no contexto da Saúde da mulher

Humanização no contexto da Saúde das doenças transmissíveis

Humanização no contexto da Saúde Bucal

Jana Carine Guimarães Esposito

Profissional Dentista

Humanização no contexto da Saúde dos Povos Indígenas

Joaquim Martins

Chefe da CASAI

9

SUMÁRIO

TÍTULO DO TRABALHO AUTORES Página

ARTIGOS

AFECÇOES GINECOLÓGICAS EVIDENCIADAS NOS RESULTADOS DOS EXAMES DE PCCU

REALIZADOS EM UMA UNIDADE DE SAÚDE DE SANTARÉM-PARÁ, NO PERÍODO DE 2006 A

2010.

Audelaine Miranda da Cruz, Liliane Cristina da Silva Félix, Raimunda

Jucimara Pinto de Lima, Diego Sarmento de Sousa; Adjanny Estela Santos de

Souza

15

ANÁLISE DA RESPOSTA CARDIOVASCULAR AGUDA E O EFEITO HIPOTENSIVO EM

DIFERENTES INTENSIDADES NO EXERCÍCIO RESISTIDO

Jeandre L. F. da Mota, Jhonny F. Galúcio, Carlos Alberto S. da Silva, Augusto Valter F. de Menezes, Luiz Fernando Gouvêa e

Silva

22

ATIVIDADE FÍSICA E DEPRESSÃO: OS BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA COMO COMPLEMENTO

NO TRATAMENTO DA DEPRESSÃO NOS PACIENTES DO CENTRO DE ATENÇÃO

PSICOSSOCIAL DE ALTAMIRA – PA – CAPSII

Gileno Edu Lameira de Melo, Keyrilan Emanuela A. Silva, Lueide Helena

Cardoso, José Robertto Zaffalon Junior 31

CORRELAÇÃO ENTRE O ÍNDICE DE MASSA CORPORAL E O CONSUMO MÁXIMO DE

OXIGÊNIO DE ESTUDANTES DA REDE PARTICULAR DE ENSINO

Andreia de O. Pinheiro, Raquel G. Rodrigues, Tânia Fernandes V. Araújo,

Chirlene de S. Campos, Cássio S. Vasconcelos, Luiz Fernando Gouvêa e

Silva

40

HIPERTENSÃO ARTERIAL E MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS EM UMA COMUNIDADE

QUILOMBOLA DE SANTARÉM.

Ronete Lourena Rodrigues Martins; Augusto Valter Freitas Menezes; Edna Ferreira Coelho Galvão; Juarez Sousa;

Geovana Andreia Gibbert.

50

ÍNDICE DE MASSA CORPORAL, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA, FLEXIBILIDADE E SATISFAÇÃO

CORPORAL DOS MILITARES DA MARINHA, NA REGIÃO OESTE DO PARÁ.

Márcia Lia S. Sarges, Cleilson Araujo Rodrigues, Carlos Alberto S. da Silva, Augusto Valter F. de Menezees, Luiz

Fernando Gouvêa e Silva.

56

NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E DOENÇAS HIPOCINÉTICAS ENTRE FUNCIONÁRIOS DE UMA AGÊNCIA BANCÁRIA DE SANTARÉM, NO ANO DE

2010.

Edwagner Rodrigo S. Ferreira, Francisco Moacir A. de Oliveira, Carlos Alberto S. da Silva, Augusto Valter F. de Menezes,

Lorhena Alves Pereira, Jone Luiz Queiroz de Oliveira.

64

PERFIL DOS PACIENTES COM DIAGNÓSTICO DE ACIDENTE VASCULAR ENCEFÀLICO ATENDIDOS, NO PERÍODO DE 2009 A 2010, EM UMA CLÍNICA

DE FISIOTERAPIA DA CIDADE DE SANTARÉM, PARÁ

Herbert Halley Gomes de Castro, Izabela Mendonça de Assis, Diego Sarmento de

Sousa, Luiz Carlos Rabelo Vieira, Richelma de Fátima de Miranda Barbosa

72

QUALIDADE DA INFORMAÇÃO SOBRE DIABÉTICOS REGISTRADOS NO SISTEMA

HIPERDIA NA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DO MARACANÃ, MUNICÍPIO DE SANTARÉM, PA

Davi V. de Sousa, Adriene F. Silva, Juliana O. Silva, Orácio, C. Ribeiro, Wagner S. Almeida, Jose Olivar A.

Segundo

79

RESUMOS EXPANDIDOS

A IMPORTÂNCIA DA HUMANIZAÇÃO NA VISÃO DOS ACADÊMICOS DO III SEMESTRE DE

ENFERMAGEM DO IESPES

Dannuza da Silva Lima, Aline Taketomi Lima, Renata Simões Monteiro,

Veridiana Barreto do Nascimento 89

10

A INSERÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA: IMPORTÂNCIA

E REALIDADE NO OESTE DO PARÁ.

Maria Eduarda de Macêdo Basso, Sabina Lima de Carvalho, Rodrigo Luis

Ferreira da Silva 91

ABORDAGEM SOBRE A SAÚDE DAS PUÉRPERAS ATENDIDAS NO CENTRO DE SAÚDE DA GRANDE

ÁREA DO MARACANÃ (SANTARÉM-PA).

Yane S. Almeida, Carla dos S. Oliveira, Cláudia da G. Araújo, Fernanda J.

Nascimento, Geysiane Rocha, Ingrid Leite, Jéssica P. da Silva, Natália M.

Monteiro

94

AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO RENAL ATRAVÉS DA TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR EM PACIENTES DO PROGRAMA HIPERDIA

ATENDIDOS NO CENTRO DE REFERÊNCIA DE SAÚDE DO IDOSO NO MUNICÍPIO DE

SANTARÉM NO ANO DE 2010.

Márcia Regina Silva de Sousa, Juarez de Souza.

96

AVALIAÇÃO DA FUNCIONALIDADE EM IDOSOS RESIDENTES EM UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA E DE UMA COMUNIDADE NO

MUNICÍPIO DE SANTARÉM-PA

Quétilan Silva Lopes, Izabela Mendonça de Assis, Tatiane Cristina Fernandes

Rabelo, Paola Cristina Ferreira da Silva, Pedro Odimar dos Santos.

98

AVALIAÇÃO DO RISCO CORONARIANO EM JOVENS UNIVERSITÁRIO DE ACORDO COM A

RELAÇÃO CINTURA/QUADRIL.

Maria Gilvânia Dantas Soares; Diego Sarmento de Sousa; Luiz Carlos Rabelo

Vieira; Liliane Cristina da Silva Félix; Mônica Moura de Lima; Adjanny Estela

Santos de Souza

101

AVALIAÇÃO DO RISCO CORONARIANO EM JOVENS UNIVERSITÁRIO DE ACORDO COM O

GÊNERO

Maria Gilvânia Dantas Soares; Diego Sarmento de Sousa; Luiz Carlos Rabelo

Vieira; Liliane Cristina da Silva Félix; Mônica Moura de Lima; Adjanny Estela

Santos de Souza

104

COMPORTAMENTOS DE RISCO À SAÚDE E PERCEPÇÃO DE ESTRESSE EM ADOLESCENTES

DO ENSINO MÉDIO DA REDE ESTADUAL DE EDUCAÇÃO NA ZONA URBANA CENTRAL DE

SANTARÉM, PARÁ

Patrícia Silva Fernandes, Diego Sarmento de Sousa, Luiz Carlos Rabelo Vieira, Itaíne Silva Reis, Adjanny Estela

Santos de Souza

107

CONFLITOS PSICOLÓGICOS QUE PODEM INFLUENCIAR PARA O SOFRIMENTO PSÍQUICO

DOS USUÁRIOS DO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL – ÁLCOOL E DROGAS DE

SANTARÉM/PA

Dayana Viana Franklin, Denise Corrêa das Neves, Raimunda Margarete Teixeira

Muniz 110

CRIANÇAS VITIMIZADAS: INTERVENÇÃO PARA PROMOÇÃO E RESGATE DA AUTO-ESTIMA

Natália Miranda Monteiro, Luciana Aguiar Gaspar, Wellida Hannah Silva Pereira, Maureen Kelly dos Santos

Braun, Maria Goreth Silva Ferreira, Edna Ferreira Galvão

112

EFEITO DA INCLUSÃO DE UM TREINAMENTO DE FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR

PROPRIOCEPTIVO NA AMPLITUDE ARTICULAR DE BAILARINAS

Carla Raphaela Figueira da Silva, Adrienne Amorim da Silva, Raphael de

Miranda Rocha, Ana Paula Filgueira Coutinho, Amanda dos Santos Silva, Luiz

Fernando Gouvêa e Silva

114

EFEITOS DO ÍNDICE GLICÊMICO NA REDUÇÃO DO PERCENTUAL DE GORDURA EM ADULTOS E

IDOSOS COM SOBREPESO E OBESIDADE

Josiana Moreira, Joseana Ribeiro, Julianne Albuquerque, Zilaine Carneiro,

Raphael Rocha 117

11

PRATICANTES DE EXERCÍCIO RESISTIDO.

ESCALPELAMENTO: UM ESTUDO SOBRE O CONHECIMENTO DOS RIBEIRINHOS ATENDIDOS PELO PROJETO SAÚDE & ALEGRIA ACERCA DO

ACIDENTE.

Márcia Regina Silva de Sousa, Tayná do Matos Vale, Moacir Boreli Tormes,

Rodrigo Luis Ferreira da Silva 119

FATORES ASSOCIADOS À INSATISFAÇÃO COM A IMAGEM CORPORAL EM JOVENS

UNIVERSITÁRIOS

Melina Laise Nascimento dos Santos; Diego Sarmento de Sousa; Liliane

Cristina da Silva Félix; Maria Gilvânia Dantas Soares; Luiz Carlos Rabelo Vieira;

Adjanny Estela Santos de Souza

122

FATORES DE RISCO ASSOCIADOS À PRESSÃO ARTERIAL ELEVADA EM JOVENS

UNIVERSITÁRIOS.

Marina Silva Nicolau; Diego Sarmento de Souza; Liliane Cristina da Silva Félix;

Maria Gilvânia Dantas Soares; Luiz Carlos Rabelo Vieira; Adjanny Estela Santos de

Souza

126

FATORES DE RISCO ASSOCIADOS AO SEDENTARISMO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS

Camila Chaves Lameira; Diego Sarmento de Sousa; Liliane Cristina da Silva Félix;

Maria Gilvânia Dantas Soares; Luiz Carlos Rabelo Vieira; Adjanny Estela Santos de

Souza

129

FATORES DE RISCO PARA O ABUSO SEXUAL EM ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE

SANTARÉM/PA

Daylane Rodrigues, Andreia de O. Pinheiro, Angeli P. Galvão, Érika M. S.

Couto, Pollyana C. A. Silva, Shayanne G. A. Matos

133

FATORES DE RISCO RELACIONADOS À HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA NA ZONA

URBANA DE SANTARÉM, PARÁ

Michele de Castro Leão;Diego Sarmento de Sousa;Aline Ribeiro Meneses;Maiara

Silvana Salgado Batista; Luiz Carlos Rabelo Vieira; Adjanny Estela Santos de

Souza

136

FREQUÊNCIA DE ENTEROPARASITOSES EM MORADORES DO BAIRRO LIVRAMENTO,

SANTARÉM, PARÁ, ATENDIDOS NO HOSPITAL REGIONAL DO BAIXO AMAZONAS DO PARÁ

Charli Albuquerque Grigório, Geórgia Silvestri Traesel, Cassiano Saatkamp,

Juarez de Souza, Mauricio Liberai, Régis Piloni Maestri

139

GÊNERO E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA DA REDE PÚBLICA

ESTADUAL DE SANTARÉM.

Solange Sousa da Costa, Maria Josiane de Sousa Pires, Edna Ferreira Coelho

Galvão. 141

HIPERTENSÃO ARTERIAL E ATIVIDADE FÍSICA: INVESTIGAÇÃO ACERCA DO

ACOMPANHAMENTO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO TRATAMENTO DA

HIPERTENSÃO EM UNIDADES DE SAÚDE DE ALTAMIRA-PA.

José Robertto Zaffalon Júnior, Adivar Elisiario dos Santos Filho, Adrieli Speroto

143

IDENTIFICAÇÃO DOS PERFIS DERMATOGLÍFICO, SOMATOTÍPICO E DAS QUALIDADES FÍSICAS

BÁSICAS DE SOLDADOS DO 4º GRUPAMENTO DE BOMBEIROS MILITAR DO ANO DE 2010

Luiz Carlos Rabelo Vieira, Lucas Enéas Martins, Paulo Erick Sousa dos Santos, Diego Sarmento de Sousa, Ronivaldo Lameira Dias, José Fernandes Filho.

146

INCIDÊNCIA DE DISFUNÇÕES DO SISTEMA MÚSCULO ESQUELÉTICO EM PACIENTES

ATENDIDOS EM UMA CLÍNICA DE FISIOTERAPIA

Danielle Marialva de Castro; Marília R. Santos Pimentel; Michele de Castro Leão; Aline Ribeiro Meneses; Camila

149

12

EM SANTARÉM-PA, ENTRE OS ANOS DE 2009-2010.

Chaves Lameira; Diego Sarmento de Sousa

INCIDÊNCIA E DISTRIBUÇÃO ESPACIAL DE ACIDENTES DE ACIDENTES DE TRANSITO NOS

BAIRROS DO MUNICIPIO DE SANTARÉM - PARÁ, NO PERÍODO DE 2007 A 2009

Rafael Gibson O. Da Silva, Tayná Matos Do Vale

152

LEI Nº 10.639/03: UMA DISCUSSÃO SOBRE A IMPLEMENTAÇÃO DA LEI NO CAMPO

EDUCAÇÃO FÍSICA

Maria Giselle Damasceno Oliveira, Edna Ferreira Coelho Galvão

155

LEVANTAMENTO DESCRITIVO DO COMPORTAMENTO SEXUAL E SAÚDE

REPRODUTIVA DE MULHERES QUILOMBOLAS DE SANTARÉM NO ANO DE 2011.

Luandressom Feitosa Lima; Ronete Lourena Rodrigues Martins; Edna

Ferreira Coelho Galvão; Juarez Sousa; Geovana Andreia Gibbert

158

NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA HABITUAL DE ACADÊMICOS INGRESSANTES, EM 2011, NO CURSO DE FISIOTERAPIA DA UEPA, CAMPUS

SANTARÉM

Lucas da Silva Alho Mota, Izabela Mendonça de Assis, Luiz Carlos Rabelo

Vieira, Diego Sarmento de Sousa, Gilma Teixeira Faruolo França

161

NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA HABITUAL DE ADOLESCENTES DO ENSINO MÉDIO DA REDE ESTADUAL DE EDUCAÇÃO NA ZONA URBANA

CENTRAL DE SANTARÉM, PARÁ

Izabela Mendonça de Assis, Diego Sarmento de Sousa, Luiz Carlos Rabelo Vieira, Patrícia Silva Fernandes, Herbert Halley Gomes de Castro, Adjanny Estela

Santos deSouza

164

O USO DO TREINO MENTAL NA FUNCIONALIDADE DE MEMBROS SUPERIORES

PÓS ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

Aline Oliveira Siqueira, Richelma de Fátima de Miranda Barbosa.

167

OPÇÕES DE LAZER ATIVO E SEDENTÁRIO ENTRE ESCOLARES DO ENSINO MÉDIO DA REDE

ESTADUAL DE EDUCAÇÃO NA ZONA URBANA CENTRAL DE SANTARÉM, PARÁ

Daniely Leal da Costa,Diego Sarmento de Spusa, Luiz Carlos Rabelo Vieira,

Pollyana da Conceição Andrade Silva, Itaíne Silva Reis,Adjanny Estela Santos de

Souza

170

OS EFEITOS DO DESTREINO NAS CAPACIDADES FISICAS EM IDOSOS PRATICANTES DE EXERCÍCIO

RESISTIDO NO LERES (LABORATORIO DE EXERCÍCIO RESISTIDO E SAÚDE)

Josiana Moreira, Evitom Correa, Vanderson Nascimento, Denise Silva,

Odilom Salim, Raphael Rocha. 173

PERFIL DO ESTILO DE VIDA DE ACADÊMICOS INGRESSANTES, EM 2011, NO CURSO DE

FISIOTERAPIA DA UEPA, CAMPUS SANTARÉM

Izabela Mendonça de Assis, Lucas da Silva Alho Mota, Herbert Halley Gomes de Castro, Diego Sarmento de Sousa,

Luiz Carlos Rabelo Vieira, Gilma Teixeira Faruolo França

176

PERFIL DO TRATAMENTO E CONTROLE DE PACIENTES COM DIABETES MELLITUS

ATENDIDOS NAS UNIDADES DE SAÚDE DA ZONA URBANA DE SANTARÉM- PARÁ, NO ANO DE

2010.

Jussara Silva de Almeida, Rodrigo Luis Ferreira da Silva.

179

PERFIL LIPÍDICO E ANÁLISE COMPARATIVA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE ACORDO COM O GÊNERO

EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS

Melina Laise Nascimento dos Santos; Diego Sarmento de Sousa; Priscila Leite da Silva; Liliane Cristina da Silva Félix;

182

13

Luiz Carlos Rabelo Vieira; Adjanny Estela Santos de Souza

PERFIL SÓCIO DEMOGRÁFICO E DE SAÚDE DE PACIENTES ATENDIDOS NUMA CLÍNICA DE

FISIOTERAPIA EM SANTARÉM-PA

Marília R. Santos Pimentel, Danielle Marialva de Castro, Rafaela dos Santos Reis; Assis Junior Cardoso Pantoja; Reli José Maders; Diego Sarmento de Sousa

186

PERÍODO GRAVIDICO: INTERVIR PARA MELHOR CUIDAR

Edna Ferreira Coelho Galvão; Maria Giselle Damasceno Oliveira, Carla

Pedrosa Bohry; Juliane da Costa Melo; Sheyla Bentes Cardoso;Adria Natuane

Fonseca

189

POLIMIOSITE: ANÁLISE DE CASO E PROTOCOLO DE TRATAMENTO NEUROFUNCIONAL APLICADO

EM PACIENTE PORTADOR, ATENDIDO NA UEASBA.

Lucas da Silva Alho Mota, Darlyson Reis Figueira, Milcilene Damasceno de

Oliveira, Richelma de Fátima Maria Barbosa

192

POTENCIALIDADES E FRAGILIDADES NA APLICAÇÃO PRÁTICA DA SISTEMATIZAÇÃO DA

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: UMA PERCEPÇÃO ACADÊMICA

Jonata R. de Sousa, Luiz A. B Hespanhol, Isabela Vanessa S. dos Reis, Natália M. Monteiro, Pablison C. Coelho, Sheyla

Mara de Oliveira

195

PREVALÊNCIA DE INSATISFAÇÃO COM A IMAGEM CORPORAL E FATORES ASSOCIADOS

EM ESCOLARES DO ENSINO MÉDIO DE SANTARÉM, PARÁ

Rafaela dos Santos Reis; Diego Sarmento de Sousa; Assis Junior Cardoso

Pantoja; Maria Eduarda de Macêdo Basso; Luiz Carlos Rabelo Vieira; Adjanny

Estela Santos de Souza

197

PROPOSTA DE PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO DA IMAGEM CORPORAL, ADEQUADO ÀS

PECULIARIDADES DOS PACIENTES E EX-PACIENTES DE HANSENÍASE.

Maria Eduarda de Macêdo Basso, Rodrigo Luis Ferreira da Silva

200

PROPOSTA DE PROTOCOLO PARA INDUÇÃO DE LESÕES TRAUMÁTICAS EM PATAS DE RATOS.

Daliane Ferreira Marinho, Aldeci de Aquino Magalhães, Rodrigo Luis Ferreira

da Silva 203

SABERES CUIDATIVO DE CRIANÇAS: A REALIDADE DE MÃES QUILOMBOLAS EM

SANTARÉM

Edna Ferreira Coelho Galvão; Maria Goreth Silva Ferreira; Willivane Ferreira

de Melo; Aryadne Batista de Jesus; Helloana Cristine Machado de

Figueiredo.

206

SÍNDROME DE BURNOUT E NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA EM PROFESSORES DA REDE PÚBLICA DE

ENSINO NO MUNICÍPIO DE URUARÁ-PA.

Andreia de O. Pinheiro, Angeli P. Galvão, Audiel R. Sousa, Daylane

Rodrigues, Luzivaldo F. Reis, Pollyana C. A. Silva.

209

14

15

AFECÇOES GINECOLÓGICAS EVIDENCIADAS NOS RESULTADOS DOS EXAMES DE PCCU REALIZADOS EM UMA UNIDADE DE SAÚDE DE SANTARÉM-PARÁ, NO PERÍODO DE 2006 A 2010. Audelaine Miranda da CRUZ

3,4, Liliane Cristina da Silva FÉLIX

1,3, Raimunda Jucimara Pinto de LIMA

4, Diego

Sarmento de SOUSA1,2

; Adjanny Estela Santos de SOUZA1,2,3,4.

1Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA;

2Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde das Populações Amazônicas (GEPESPA);

3Faculdades

Integradas do Tapajós - FIT; 4Unidade de Ensino e Assistência à Saúde do Baixo Amazonas - UEASBA:

[email protected]

RESUMO

A pesquisa teve como objetivo estabelecer a incidência de microrganismos causadores de afecções ginecológicas

e a incidência de lesões evidenciadas no exame de citologia oncótica (PCCU), realizados na Unidade de Ensino e

Assistência à Saúde do Baixo Amazonas (UEASBA), na cidade de Santarém-PA, no período de janeiro de 2006 a

dezembro de 2010, bem como a faixa etária das pacientes com maior risco de adoecimento.O estudo foi do tipo

exploratório – descritivo, com pesquisa documental numa abordagem quantitativa, realizado na UEASBA, em

Santarém-PA. Foram coletados dados do livro de registro dos resultados de exames de citologia oncótica (PCCU)

do Programa de Saúde da Mulher da UEASBA, realizados no período de janeiro de 2006 a dezembro de 2010. Os

resultados foram processados por meio de recursos da estatística descritiva, mediante a utilização do programa

Excel (Microsoft para Windows-2007). Foram realizados 5.154 exames de PPCU. A frequência dos microrganismos

evidenciados nos resultados foi: lactobacilos 56,03%; cocos 16,97%; Candida albicans 20,75%; Gardnerella

vaginalis 29,5%; Trichomonas vaginalis 1,66%; HPV 1,35%; Chlamydia 1,54% e microbiota mista 24,4%. Em 437

(8,48%) exames, foram evidenciados lesões de colo uterino, sendo 213 (4,13%) atipia de células escamosas de

significado indeterminado (ASCUS); 135 (2,62%) neoplasia intraepitelial cervical I (NIC I); 28 (0,54%) neoplasia

intraepitelial cervical II (NIC II); 22 (0,43%) neoplasia intraepitelial cervical III (NIC III); 37 (0,72%) atipia em células

glandulares (AGUS) e em 2 (0,04%) adenocarcinoma.

PALAVRAS-CHAVE: Câncer de colo uterino, citologia oncótica, afecções ginecológicas.

INTRODUÇÃO

No Brasil, a saúde da mulher foi incorporada às políticas nacionais de saúde nas primeiras décadas do

século XX, sendo limitadas nesse período, às demandas relativas à gravidez e ao parto (BRASIL, 2004).

O Ministério da Saúde elaborou em 1984 o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM),

incluía ações educativas, preventiva, de diagnóstico, tratamento e recuperação, englobando a assistência à mulher

em clínica ginecológica, no pré-natal, parto e puerpério, no climatério, em planejamento familiar, DST, câncer de

colo de útero e de mama, além de outras necessidades identificadas a partir do perfil populacional das mulheres

(BRASIL, 2008).

É importante considerar as especificidades na população feminina, que se encontram na adolescência, no

climatério e na terceira idade - e relacioná-las à situação ginecológica, em especial ao câncer de colo do útero e às

DST’s, é importante o rastreamento através da citologia oncótica, por ser um exame barato e efetivo na detecção

de várias doenças.

Segundo as diretrizes brasileiras, o exame de Papanicolau deve ser disponibilizado às mulheres com vida

sexual ativa, prioritariamente àquelas da faixa etária de 25 a 59 anos, definida como a população-alvo. Essa faixa

etária é justificada por ser a de maior ocorrência das lesões pré-malignas de alto grau, passíveis de serem

16

efetivamente tratadas e não evoluírem para câncer. Antes de 25 anos, prevalecem as lesões de baixo grau, cuja

maior parte regredirá espontaneamente e deverá ser apenas observada. Após 60 anos, por outro lado, se a mulher

tiver tido acesso à rotina dos exames preventivos, com resultados normais, o risco de desenvolvimento do câncer

cervical é diminuído, dada a sua lenta evolução. A continuidade do rastreamento após os 60 anos deve ser

individualizada e, após os 65 anos, a recomendação é de suspender o rastreamento se os últimos exames

estiverem normais (BRASIL, 2010).

Apesar de a citologia oncótica ser especifico para o rastreamento e detecção precoce do câncer de colo de

útero, detecta também afecções ginecológicas passiveis de tratamento e cura, doenças causadas por bactérias,

fungos e protozoários – sendo as vulvovaginites, vaginose e endocervites, e o papilomavírus humano – HPV,

principal causador do câncer. De acordo com o manual de Controle do Câncer de Colo de Útero e de Mama

(BRASIL, 2006), as afecções são descritas a seguir:

Vulvovaginite é toda manifestação inflamatória e/ou infecciosa do trato genital feminino inferior, ou seja,

vulva, vagina e epitélio escamoso do colo uterino (ectocérvice). O quadro clínico é variável de acordo com a

etiologia, podendo manifestar-se pela presença de corrimento vaginal cujas características podem diferir bastante,

podendo apresentar coloração variada, ter ou não odor desagradável, dor, irritação, prurido ou ardência na vagina

ou na vulva, dor ou ardor ao urinar e sensação de desconforto pélvico. Saliente-se que esses sinais e sintomas são

inespecíficos e, muitas infecções genitais podem ser completamente assintomáticas. A vulvovaginite é um dos

problemas ginecológicos mais comuns e incomodativos que afetam a saúde da mulher e representa cerca de 70%

das queixas em consultas ginecológicas. As formas mais comuns de vaginite são:

• Candidíase Vulvovaginal: causadas por fungos – Candida albicans e Candida glabrata;

• Vaginose Bacteriana: Causada por bactérias – Gardnerella vaginalis, outras;

• Tricomoníase Vulvovaginal: Causada por protozoário – Trichomonas vaginalis;

A vaginose bacteriana é caracterizada por um desequilíbrio da microbiota vaginal normal, devido ao aumento

exagerado de bactérias, em especial as anaeróbias - Gardnerella vaginalis, Bacteroides sp, Mobiluncus sp,

micoplasmas, peptoestreptococos -, associado a uma ausência ou redução acentuada dos lactobacilos acidófilos -

que são os agentes predominantes na vagina normal. Não se trata de infecção de transmissão sexual, apenas

pode ser desencadeada pela relação sexual em mulheres predispostas, ao terem contato com sêmen, que possui

pH elevado.

Segundo Duncan et al.,(2004) a endocervicite é a inflamação da mucosa endocervical – epitélio colunar do

colo uterino. Esse epitélio quando infectado, é acometido por organismos específicos, tais como Neisseria

gonorrhoeae e a Chlamydia trachomatis. Embora a infecção seja assintomática em 70-80% dos casos, a mulher

portadora de cervicite poderá vir a ter sérias complicações se não for tratada. Uma cervicite prolongada, sem o

tratamento adequado, pode-se estender ao endométrio e às trompas, causando Doença Inflamatória Pélvica – DIP,

acarretando a esterilidade, a gravidez ectópica e a dor pélvica crônica, em gestantes, a cervicite pode causar

prematuridade, ruptura prematura de membranas e infecção fetal.

De acordo com Araujo (1999), os lactobacilos são considerados microbiota vaginal normal, fazendo parte e

ajudando o meio vaginal. São bacilos grandes, não ramificados, de tamanho variado, gram-positivos. Metabolizam

o glicogênio das células vaginais, produzindo ácido láctico, vital na manutenção do pH do meio vaginal, o ácido

láctico produzido causa sempre certo grau de citólise das células vaginais, mantendo o processo. Todavia, por isso

mesmo, quando proliferam em excesso, podem aumentar a citólise e produzir leucorréia clinicamente,

frequentemente com prurido, ardência e irritação.

17

A infecção pelo HPV tem sido associada diretamente com o câncer do colo uterino, tanto pela população,

quanto pelos profissionais de saúde. A presença de alguns tipos de HPV realmente é encontrada em cerca de 95%

dos casos desse câncer, mas existem inúmeros tipos de HPV com baixo potencial de oncogenicidade e o

desenvolvimento ou não das lesões precursoras - Lesões Intraepiteliais Cervicais – LIE - depende de vários outros

fatores relacionados a/ao hospedeira/o. Segundo uma quantidade considerável de estudos, ocorre a remissão

espontânea das lesões. Além disso, a realização de exames preventivos do câncer do colo uterino periodicamente

é a medida mais efetiva para o controle das lesões induzidas pelo HPV, evitando o desenvolvimento do câncer

(BRASIL, 2010).

O Papilomavírus humano - HPV é um DNA-vírus do grupo papovavírus, com mais de 100 tipos

reconhecidos atualmente, 20 dos quais podem infectar o trato genital. Estão divididos em dois grupos, de acordo

com seu potencial de oncogenicidade. Os tipos de alto risco oncogênico, quando associados a outros co-fatores,

têm relação com o desenvolvimento das neoplasias intra-epiteliais e do câncer invasor do colo do útero, da vulva,

da vagina e da região anal (BRASIL, 2006).

Dados do Instituto Nacional de Câncer indicam que no ano de 2010, as taxas brutas estimadas de incidência

de câncer do colo de útero, serão no Pará de 22,82% /100.000. Vários são os fatores de risco que contribuem para

o grande aumento da taxa desse tipo de câncer, sendo que alguns dos principais estão associados às baixas

condições sócio-econômicas, ao início precoce da atividade sexual, à multiplicidade de parceiros sexuais, ao

tabagismo, à higiene íntima inadequada e ao uso prolongado de contraceptivos orais (INCA, 2010).

Tem se observado poucos estudos sobre a temática por parte da comunidade acadêmica, portanto ressalta-

se a relevância do tema “afecções ginecológicas nos resultados de citologia oncótica, numa unidade de saúde”,

considerando-se que este pode fundamentar as ações e as intervenções de enfermagem, usando os resultados da

pesquisa nas suas decisões, baseando as ações em evidências concretas. A utilização desses resultados será

necessária para programar na unidade pesquisada medidas profiláticas de acordo com os resultados encontrados,

identificando a faixa etária e a afecção ginecológica mais freqüente.

OBJETIVO

O estudo pretende estabelecer a incidência de microrganismos causadores de afecções ginecológicas e a

incidência de lesões evidenciados no exame de citologia oncótica (PCCU), realizados na UEASBA, na cidade de

Santarém-PA, no período de janeiro de 2006 a dezembro de 2010, bem como a faixa etária das pacientes com

maior risco de adoecimento.

METODOLOGIA

O estudo foi do tipo exploratório – descritivo, com pesquisa documental numa abordagem quantitativa,

realizado na Unidade de Ensino e Assistência de Saúde do Baixo Amazonas (UEASBA), em Santarém-PA. Foram

coletados dados do livro de registro dos resultados de exames de citologia oncótica (PCCU) do Programa de Saúde

da Mulher da UEASBA, realizados no período de janeiro de 2006 a dezembro de 2010. Os resultados foram

processados por meio de recursos da estatística descritiva, mediante a utilização do programa Excel (Microsoft para

Windows-2007).

A instituição foi escolhida para a pesquisa, pois atende a demanda urbana e a população ribeirinha, assim

como a população indígena, favorecendo uma amostragem diversificada, nos diferentes níveis de usuários do SUS.

A UEASBA é uma unidade de referência e especialidades e atende aos seguintes programas: Pré-natal, Teste do

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Pezinho, Programa de Tuberculose, Hanseníase, Saúde da Mulher. Especialidade médica: Pediatria, Ortopedia,

Nefrologia, Pneumologia, Cardiologia, Dermatologia, Gastrologista, Proctologista. Conta também com serviços de

Odontologia, Nutrição, Fisioterapia, Psicologia, Análises Clínicas, CTA descentralizado, Farmácia e Ouvidoria.

A citologia oncótica visa detectar lesões de natureza pré-maligna do colo uterino. É possível também

diagnosticar agentes infecciosos como, bactérias, fungos, parasitas e vírus; processos proliferativos benignos;

anormalidades epiteliais benignas dos epitélios escamoso e glandular; alterações inflamatórias crônicas e agudas;

alterações epiteliais ocasionadas por agressão ao epitélio, como radioterapia e cauterizações. O material utilizado

para o exame é o raspado do colo uterino na junção escamo-colunar, raspado endocervical e raspado vaginal.

Neste trabalho utilizou-se o Sistema Bethesda e a Classificação de Richart para as lesões encontradas com

algumas modificações (GOMPEL e KOSS, 1997), com as seguintes denominações: Atipia de Células Escamosas

de Significado Indeterminado (ASCUS); Neoplasia Intraepitelial Cervical I (NIC I); Neoplasia Intraepitelial Cervical II

(NIC II); Neoplasia Intraepitelial Cervical III (NIC III); Atipia em Células Glandulares (AGUS) e Adenocarcinoma.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No período de janeiro de 2006 a dezembro de 2010 foram realizados 5.154 exames de PPCU. As pacientes

atendidas apresentaram idade de 10 a mais de 60 anos, sendo a distribuição da faixa etária conforme tabela 1. A

maioria das pacientes atendidas (58,13%) encontrava-se na faixa etária de 18 a 39 anos de idade, A faixa etária

com menor número de atendimentos foi a de 10 a 17 anos.

Tabela 1: Distribuição dos exames de PCCU de acordo com a faixa etária, realizados na UEASBA nos anos de 2006 a 2010. Santarém-PA, 2011.

Faixa etária Atendimentos

N %

10 - 17 anos 192 03,73

18 - 39 anos 2.996 58,13

40 - 60 anos 1.677 32,54

Acima de 60 anos 289 05,61

Fonte: UEASBA

Em relação à distribuição dos microrganismos evidenciados nos resultados dos exames de PCCU (tabela 2).

A frequência dos microrganismos evidenciados nos resultados foi: lactobacilos 56,03%; cocos 16,97%; Candida

albicans 20,75%; Gardnerella vaginalis 29,5%; Trichomonas vaginalis 1,66%; HPV 1,35%; Chlamydia 1,54% e

microbiota mista 24,4%. Os lactobacilos foram os microrganismos encontrados com maior frequência, indicando a

presença de microbiota normal. Entretanto, em 96,17% dos exames foram encontrados microrganismos

potencialmente patogênicos como cocos, Candida albicans, Gardnerella vaginalis, Trichomonas vaginalis, HPV,

Chlamydia e microbiota mista, evidenciando elevada freqüência de afecções ginecológicas, entretanto, alguns

desses microrganismos podem fazer parte da microbiota vaginal normal, causando infecções em situações

adversas como: mudança de pH vaginal e diminuição da resitência do organismo. Desses microrganismos

destacam-se pela frequência na faixa etária de 18 a 39 anos, o fungo Candida albicans, causador da candidíase

vaginal e Gardenerella vaginalis, causador da vaginose, comuns em regiões com clima quente e úmido.

A presença do HPV é mais freqüente na faixa etária dos 18 aos 39 anos de idade, tal dado é compatível com

informações disponibilizadas pelo INCA, o qual refere que a incidência pelo HPV, diminui com a idade, observando-

19

se maior aumento por volta dos 20 anos. Cerca de 80% das mulheres infectadas não apresentam sintomas clínicos

(INCA, 2011), daí a importância de se fazer o diagnóstico precoce por meio da realização periódica do exame de

PCCU, pois a persistência da infecção pelo HPV de alto potencial oncogênico é fator de risco para o

desenvolvimento do câncer cervical.

Tabela 2: Distribuição dos microrganismos evidenciados nos resultados de 5.154 exames de PCCU realizados na UEASBA nos anos de 2006 a 2010, de acordo com a faixa etária. Santarém-PA, 2011.

Microrganismos

Faixa etária

10-17 18-39 40-60 > 60 Total

N % N % N % N % N %

Lactobacilos 134 2,59 1.776 34,45 902 17,5 77 1,49 2.889 56,03 Cocos 16 0,31 260 5,04 417 8,09 182 3,53 875 16,97

Candida albicans 86 1,66 712 13,81 251 4,87 21 0,41 1.070 20,75 Gardnerella vaginalis 87 1,69 975 18,91 425 8,24 39 0,75 1.526 29,5

Trichomonas vaginalis 05 0,09 50 0,97 31 0,60 00 0,00 86 1,66 HPV 03 0,06 60 1,16 06 0,11 01 0,02 70 1,35

Chlamydia 03 0,06 57 1,10 19 0,36 01 0,02 80 1,54 Microbiota mista 27 0,52 765 14,84 428 8,30 38 0,74 1.258 24,4

Fonte: UEASBA

Em relação às lesões, em 437 (8,48%) exames, foram evidenciados lesões de colo uterino, sendo 213

(4,13%) atipia de células escamosas de significado indeterminado (ASCUS); 135 (2,62%) neoplasia intraepitelial

cervical I (NIC I); 28 (0,54%) neoplasia intraepitelial cervical II (NIC II); 22 (0,43%) neoplasia intraepitelial cervical III

(NIC III); 37 (0,72%) atipia em células glandulares (AGUS) e em 2 (0,04%) adenocarcinoma (Tabela 3).

De acordo com a tabela 3, é possível observar que a maior incidência de lesões ocorreram em pacientes

na faixa etária de 18 a 39 anos de idade, esses resultados corroboram com os resultados de Quaresma (2004),

Silva et al., (2003) e Vargas et al., (2004), que encontraram maior incidência de lesões na faixa etária de 18 a 24

anos, predominando lesões intraepiteliais cervicais de baixo grau (LSIL), é também nesta faixa etária a maior

incidência de HPV. Entretanto quando os resultados referentes às alterações em células glandulares são

comparados com os resultados encontrados por Quaresma (2004), não há concordância, pois no trabalho de

Quaresma (2004), essa alteração ocorreu com maior frequência em pacientes com idade compreendida entre 45 e

49 anos. Essa diferença é explicada pelo fato das mulheres estarem procurando cada vez mais cedo os serviços de

saúde para realização do exame de PCCU.

Tabela 3: Distribuição das lesões evidenciadas nos resultados de 5.154 exames de PCCU realizados na UEASBA nos anos de 2006 a 2010, de acordo com a faixa etária. Santarém-PA, 2011.

Lesões

Faixa etária

10-17 18-39 40-60 > 60 Total

N % N % N % N % N %

ASCUS 04 0,08 127 2,46 68 1,32 14 0,27 213 4,13 NIC I 06 0,11 110 2,13 15 0,29 04 0,08 135 2,62 NIC II 02 0,04 21 0,41 05 0,09 00 00 28 0,54 NIC III 01 0,02 16 0,31 04 0,08 01 0,02 22 0,43 AGUS 00 0,00 24 0,46 07 0,13 06 0,11 37 0,72

Adenocarcinoma 00 0,00 00 0,00 01 0,02 01 0,02 02 0,04

Total 13 0,25 298 5,77 100 1,93 26 0,50 437 8,48 Legenda: ASCUS= Atipia de Células Escamosas de Significado Indeterminado; NIC I= Neoplasia Intraepitelial Cervical I; NIC II= Neoplasia Intraepitelial Cervical II; NIC III= Neoplasia Intraepitelial Cervical III; AGUS= Atipia em Células Glandulares. Fonte: UEASBA

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De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA, 2011), a infecção genital por HPV é a

doença sexualmente transmissível viral mais freqüente. Neste estudo foi relatada nos resultados de PCCU, a

presença de alterações celulares compatíveis com HPV em 70 exames, entretanto também foram evidenciadas

437 lesões que podem ter como causa vários agentes, dentre eles, o HPV.

Nos anos de 2006, 2007 e 2008, o número de lesões se manteve praticamente constante, com taxas de

incidência de 11,99%, 8,85% e 9,51%, respectivamente. Nos anos seguintes 2009 e 2010 foi observado uma

redução na taxa de incidência das lesões para 6,25% e 4,84%, respectivamente (Tabela 4). Essa diminuição pode

estar relacionada a uma maior conscientização da população feminina frente ao risco da infecção pelo HPV e o

desenvolvimento do câncer de colo uterino.

As lesões que ocorreram com maior frequência em todos os anos foram: atipia em células escamosas de

significado indeterminado (ASCUS) e neoplasia intraepitelial cervical I (NIC I), (Tabela 4). Essas também foram as

lesões mais freqüentes encontradas por Quaresma (2004) em estudo realizado em Santarém-PA, nos anos de

2002 e 2003..

Tabela 4: Evolução da incidência das lesões evidenciadas nos resultados de exames de PCCU de acordo com o ano, UEASBA. Santarém-PA, 2011.

Lesões

Anos

2006 (N=1066) 2007 (N=1094) 2008 (N=1156) 2009 (N=911) 2010 (N=927)

N % N % N % N % N %

ASCUS 61 5,72 39 3,56 57 4,93 32 3,51 24 2,59 NIC I 51 4,78 32 2,92 25 2,16 15 1,64 12 1,29 NIC II 06 0,56 03 0,27 14 1,21 02 0,22 03 0,32 NIC III 02 0,18 05 0,46 09 0,78 04 0,44 02 0,21 AGUS 08 0,75 18 1,64 03 0,26 04 0,44 04 0,43

Adenocarcinoma 00 0,00 00 0,00 02 0,17 00 0,00 00 0,00

Total 128 11,99 97 8,85 110 9,51 57 6,25 45 4,84 Legenda: ASCUS= Atipia de Células Escamosas de Significado Indeterminado; NIC I= Neoplasia Intraepitelial Cervical I; NIC II= Neoplasia Intraepitelial Cervical II; NIC III= Neoplasia Intraepitelial Cervical III; AGUS= Atipia em Células Glandulares. Fonte: UEASBA

CONCLUSÃO

Constatou-se redução na incidência de lesões diagnosticadas por meio dos exames de citologia oncótica

(PCCU), realizados na UEASBA em Santarém, nos anos de 2006 a 2010. Foi observado também que o maior

número de lesões e microrganismos potencialmente patogênicos ocorre em mulheres na faixa etária de 18 a 39

anos. Ressalta-se, a importância da realização periódica do PCCU a fim de promover o diagnóstico precoce e

tratamento adequados, contribuindo para redução na incidência de câncer de colo uterino.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção a Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Manual de Atenção a Mulher no Climatério/Menopausa. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2008.

21

BRASIL. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Controle dos cânceres do colo do útero e da mama.Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2006.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas

Estratégicas. Política nacional de atenção integral à saúde da mulher: princípios e diretrizes /

Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas

Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2004.

DUNCAN, Bruce B., SCHIMIDT, Maria Inês, GIUGLIANI, Elsa R. J., et al. Medicina ambulatorial: conduta de atenção primária baseada em evidencias 3.ed. – Porto Alegre: Artmed, 2004. Pag. 461

GOMPEL, C; KOSS, L.G. Citologia Ginecológica e suas bases anátomo clínicas. São Paulo:Manole, 1997.

INCA - Instituto Nacional do Câncer. Disponível em http://www.inca.org.br. Acesso em 12 de abril de 2011.

INCA - Instituto Nacional do Câncer. Disponível em http://www.inca.org.br. Acesso em 10 de maio de 2010.

QUARESMA, Tatiane Costa. Papilomavírus Humano (HPV) e Lesões Intraepiteliais Cervicais em pacientes atendidas pela Secretaria Municipal de saúde de Santarém (SEMSA), no período de 2002 e 2003. Trabalho de Conclusão de Curso. Faculdades Integradas do Tapajós- Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, Santarém-Pará, 2004.

SILVA, H.A. et al. Papilomavírus Humano e Lesões intraepiteliais cervicais: Estudo colpocitológico retrospectivo. Revista Brasileira de Análises Clínicas, Vol. 35 (3):117-121, 2003.

VARGAS, V.R.A. et al. Prevalência de lesões intraepiteliais escamosas em exame citológico em uma determinada população de Santo Ângelo, RS. Revista Brasileira de Análises Clínicas, Vol. 36 (1):7-11, 2004.

22

ANÁLISE DA RESPOSTA CARDIOVASCULAR AGUDA E O EFEITO HIPOTENSIVO EM DIFERENTES

INTENSIDADES NO EXERCÍCIO RESISTIDO

Jeandre L. F. da MOTA1, Jhonny F. GALÚCIO

1, Carlos Alberto S. da SILVA

1,2, Augusto Valter F. de

MENEZES1, Luiz Fernando GOUVÊA-e-SILVA

1,2.

1Centro de Ciência Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA;

2Núcleo de Avaliação Física e Prescrição de Treinamento, Santarém – PA, Brasil, e-mail:

[email protected].

RESUMO

O estudo teve como objetivo analisar do comportamento agudo da resposta cardiovascular e do efeito

hipotensivo de um treino de exercício resistido, com diferentes intensidades. A verificação da resposta

cardiovascular ocorreu antes, durante e após a realização de um treino para os membros inferiores. A

amostra foi constituída por 10 homens, idade 22±2,80 anos, índice de massa corporal de 25,29±2,39 Kg/m2

e o percentual de gordura de 25,85±8,09%, com no mínimo 3 meses de experiência em exercício resistido,

que passaram primeiramente por uma avaliação física seguida do questionário PAR-Q. O treinamento durou

45 minutos, aproximadamente, possuindo duas sessões de treino: uma composta por 3 séries de 15

repetições máxima (15RM), o qual foi considerado como treino moderado, e outra com 5 séries de 9

repetições máxima (9RM), onde foi considerado como o treino intenso, para cada exercício. A pressão

arterial (PAS e PAD) e a freqüência cardíaca (FC) foram aferidas antes, durante e após os exercícios sendo

que o voluntário permaneceu por um período de 40 minutos após o término dos exercícios no local da

pesquisa para mais quatro aferições de PA e FC, com intervalos de 10 minutos entre cada aferição. A

análise dos dados foi realizada por meio do teste t pareado com nível de significância de p<0.05. A PAS no

treino moderado 15RM durante e pós-treino (p=0.0020 para ambos) foi maior que na situação pré-treino,

como também ao 10º minuto pós-treino (p=0.0039). O mesmo perfil pôde ser notado na PAS do treino

intenso 9RM para os momentos durante, pós-treino e no 10º minuto pós-treino (p=0.0020; p=0.0020;

p=0.0156), em relação ao pré-treino. A PAD no treino moderado durante, pós-treino e no 10º minuto pós-

treino foi maior que a pré-treino (p=0.0078; p=0.0273; p=0.0313). Já para o treino intenso a PAD durante,

pós-treino, 10º, 20º e 30º minuto pós-treino apresentaram-se maiores que a pré-treino (p=0.0020; p=0.0020;

p=0.0039; p=0.0078; p=0.0156). A FC demonstrou aumento durante e pós-treino em relação ao valor pré-

treino para a intensidade moderada (p<0.0001 para ambos) como para intensa (p<0.0001 para ambos). O

Duplo Produto (DP) elevou-se acima dos valores basais, durante e no pós-treino, tanto para o treino

moderado (p<0.0001 para ambos) como intenso (p<0.0001 para ambos). Contudo verificou-se, conforme o

método adotado, que a resposta cardiovascular para 15RM como para 9RM não demonstrou diferença

significante quando comparadas entre si nem foi observado em 40 minutos pós-treino efeito hipotensor.

Palavras-chave: resposta cardiovascular, efeito hipotensivo, exercício resistido, membros inferiores.

INTRODUÇÃO

O exercício físico é caracterizado por uma situação que retira o organismo de sua homeostase, visto

que o mesmo proporciona um aumento instantâneo da demanda energética da musculatura que está sendo

exercitada e, conseqüentemente, do organismo como um todo (BRUM et al., 2004). Assim, para suprir a

23

nova demanda metabólica, várias adaptações fisiológicas são necessárias e, dentre elas, as referentes à

função cardiovascular durante o exercício físico (MENEZES et al., 2009).

O melhor entendimento das respostas morfofisiológicas decorrentes da prática de atividades físicas

há tempos é objeto de estudos, aumentando sobremaneira nos últimos anos (DANTAS et al., 2007). Não

obstante, apesar das várias evidências já comprovadas, muitas dúvidas existem quanto à prática dos

exercícios resistidos (ER), principalmente no que tange às respostas cardiovasculares e efeito hipotensivo

influenciadas pela sua realização de forma esporádica e/ou regular. A elucidação dessas e de outras

situações, sem dúvida, lançarão novos precedentes para a prescrição de exercícios capazes de aprimorar

as capacidades motoras relacionada à saúde.

Segundo Polito e Farinatti (2006), os ER são aqueles realizados de forma dinâmica, mediante o uso

de implementos específicos ou cargas livres, com o objetivo de aumento das adaptações neurais e

hipertróficas. Sua prescrição requer um adequado monitoramento de alguns parâmetros fisiológicos, tais

como a freqüência cardíaca (FC) e a pressão arterial (PA). Contudo a observação isolada dessas variáveis

não garante um nível significativo de segurança, porém, a associação entre elas pode fornecer dados que

se correlacionam com o consumo de oxigênio pelo miocárdio, o que se convencionou denominar de duplo

produto (DP), calculado a partir da multiplicação da pressão arterial sistólica (PAS) pela FC (DANTAS et al.,

2007; MIRANDA et al., 2007 ). O DP é um método não invasivo e possui alta correlação com o consumo de

oxigênio do miocárdio (NOGUEIRA et al., 2007).

Além das alterações cardiovasculares observadas durante a execução do exercício físico, algumas

modificações ocorrem após a finalização do exercício. Dentre elas, uma que tem atraído muito a atenção é

o fenômeno do efeito hipotensivo pós-exercício. A hipotensão pós-exercício caracteriza-se pela redução da

pressão arterial durante o período de recuperação, fazendo com que os valores pressóricos observados

pós-exercícios permaneçam inferiores àqueles medidos antes do exercício ou mesmo aqueles medidos em

um dia controle, sem a execução de exercícios (BRUM et al., 2004).

Diversos estudos apontam a redução crônica da PA em repouso através do exercício aeróbico

(MONTEIRO; FILHO, 2004; MAIOR et al., 2007). Porém, ainda são poucas as informações sobre a

influência de ER, em especial no tocante aos efeitos de variações de intensidade, massa muscular

envolvida, segmento corpóreo utilizado no exercício, entre outros, sobre a magnitude e a duração da

redução da PA pós-exercício (LIZARDO & SIMÕES, 2005).

Segundo o 7º Comitê Nacional em Prevenção, Detecção, Avaliação e Tratamento da Pressão

Arterial Alta indivíduos com PA sistólica (PAS) de 120 a 139 mmHg ou PA diastólica (PAD) de 80 a

89mmHg devem ser identificados como pré hipertensos (CHOBANIAN et al., 2003; MONTEIRO et al.,

2007). Um importante fator para minimizar o risco de doença cardíaca, mesmo em normotensos, é a

redução dos valores pressóricos (POLITO et al., 2003). O controle desse tipo de doença está relacionado

ao tratamento farmacológico e mudanças no estilo de vida (MAIOR et al., 2009). Entretanto, medidas

terapêuticas não farmacológicas são recomendadas para o controle dos níveis pressóricos, sendo o

exercício físico uma das práticas mais recomendadas (Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2007). Nesse

contexto, os ER estão sendo cada vez mais praticados, não só por indivíduos saudáveis que buscam seus

benefícios, mas também por indivíduos que apresentam patologias do sistema cardiovascular, como por

exemplo, indivíduos com hipertensão. (ROMERO; CAPERUTO; COSTA ROSA, 2005). Em virtude do

24

aumento no número de indivíduos que vem praticando o ER, pesquisas científicas vêm sendo publicadas

para melhor quantificar a segurança dos programas de treinamento (MIRANDA et al., 2006).

Na busca de propostas para esses fatos, o estudo teve como objetivo analisar do comportamento

agudo da resposta cardiovascular e do efeito hipotensivo de um treino de exercício resistido, com diferentes

intensidades.

METODOLOGIA

A pesquisa caracteriza-se como quase-experimental, conforme Campbel e Stanley (1979), a

metodologia teve enfoque quantitativo por investigar fatores, testar as hipóteses determinadas e

correlacioná-las fornecendo indicadores e estatísticas acerca dos resultados observados, de caráter, por se

tratar de uma pesquisa não invasiva, e também por não trabalhar com um grupo controle, fazendo com que

um único grupo realize os testes e ele mesmo seja avaliado sem comparação com outro grupo e essa

análise de dados se baseará em resultados quantificados, enfocando também a explicação dos fenômenos

fisiológicos que levaram a tais alterações (TEIXEIRA, 2006).

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado do Pará,

Campus XII – Santarém, sob o protocolo Nº: 062/2010, e todos os indivíduos avaliados assinaram o termo

de consentimento livre e esclarecido, conforme resolução196/96 do conselho nacional de saúde.

Amostra

A amostra da pesquisa envolveu 10 voluntários treinados, com pelo menos três meses na prática de

exercícios resistidos e aparentemente saudáveis. A idade média da amostra foi de 22,40±2,80 anos, o peso

corporal foi de 75,36±8,02 Kg, a estatura de 172,60±5,95 cm, o IMC de 25,29±2,39 Kg/m2 e o percentual de

gordura de 25,85±8,09%. Primeiramente foi realizada a aplicação do questionário PAR-Q, utilizado em

pessoas de 15 a 69 anos e tem como objetivo determinar possível predisposição a coronariopatias e

necessidades de consulta médica antes do início do programa de atividades físicas (PITANGA, 2005). Esse

questionário foi aplicado com o intuito de afastar da pesquisa possíveis coronariopatas.

Identificação da carga do treino

De 48-72h antes do primeiro treino/teste para cada uma das intensidades os sujeitos realizaram um

treino para serem orientados da sequência dos exercícios e neste treino foi encontrada a carga que os

mesmos utilizaram no dia do teste, por meio da adequação da carga durante a realização dos exercícios.

Não foi utilizado mais do que 2 séries para encontrar a carga do treino. Inicialmente cada voluntário realizou

um aquecimento de cinco minutos na bicicleta. Logo após foi feito um aquecimento específico no exercício

de agachamento. Para esse aquecimento específico a carga selecionada correspondeu a 50% da carga

diária utilizada pelos voluntários, onde realizaram 15 ou 9 repetições, dependendo do tipo de treino. Depois

de um intervalo de 3-5 minutos os mesmos realizaram 15 repetições máximas (15RM) para o primeiro treino

e 9 repetições máximas (9RM) para o segundo, em dias diferentes. A escolha por apenas um dos

exercícios, para a realização do aquecimento específico, residiu no fato de que os músculos solicitados nos

três exercícios serem os mesmos.

Para a realização do teste de identificação da carga de treino foi utilizada a seguinte ordem de

execução dos exercícios: 1º Exercício - Agachamento; 2º Exercício - Leg Press Inclinado; 3º Exercício –

Afundo (agachamento com afastamento ântero-posteiror). Todos os exercícios que foram propostos são

movimentos multiarticulares e envolveram os segmentos dos membros inferiores.

25

Caracterização do treinamento

O programa de treinamento teve duração de 45 minutos aproximadamente, e contou com duas

sessões de treino. A primeira, feita de 48-72 após a identificação da carga para o treino, foi composta por 3

séries de 15 repetições máxima (65-70% da força máxima); já a segunda foi realizada com 5 séries de 9

repetições máxima (75-80% da força máxima) para cada exercício (ZAKHAROV; GOMES, 2003). O

intervalo entre os exercícios e as séries foi de 2 minutos. Já o intervalo máximo entre as sessões de treino

foi de 72h.

Antes do início da realização de cada sessão de treinamento, a pressão arterial e a frequência

cardíaca foram aferidas, após o sujeito permanecer sentado e calmo por um período de 10 minutos.

Durante o treinamento, essas duas variáveis foram novamente mensuradas, imediatamente após a última

repetição da última série do exercício de agachamento e também da última série do exercício afundo, último

exercício. Após a aferição das respostas cardiovasculares no exercício afundo, ou seja, pós-treino, cada

voluntário permaneceu por um período de 40 minutos no local da pesquisa para mais quatro aferições da

PA e FC, com intervalos de 10 minutos entre cada aferição.

Análise dos dados

Os resultados foram processados através de recursos da estatística descritiva (média e desvio-

padrão), mediante utilização do programa Excel (Microsoft para Windows – 2007). Posteriormente, foram

transferidos para o aplicativo GRAPHPAD PRISM, de modo a estabelecer a diferença entre os resultados,

com a utilização do teste t pareado para as análises dentro de uma mesma intensidade e o não pareado

para comparar as variáveis entre as diferentes intensidades, quando os dados apresentaram normalidade.

Já para dados não paramétricos foi utilizado o teste Wilcoxon para comparar os valores dentro de uma

mesma intensidade e o teste Mann-Whitney para comparar os valores nas diferentes intensidades. O nível

de significância adotado foi de p<0.05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com a coleta de dados e a análise estatística pode-se notar nas tabelas 1 e 2 que não

ocorreram diferenças estatísticas entre os protocolos de treinamento, ou seja, a resposta cardiovascular

para 15RM como para 9RM não demonstrou diferença significante quando comparadas entre si.

Tabela 1. Valores médios (± desvio padrão) para a pressão arterial sistólica e diastólica antes, durante e pós-treino nas diferentes intensidades.

Pressão arterial sistólica

Pressão arterial diastólica

Moderado

Intenso

Moderado

Intenso

Pré - treino 116 ± 5,16

115 ± 5,27

77 ± 9,49

73 ± 4,83

Durante 138 ± 6,32*

139 ± 5,68*

93 ± 4,83*

88 ± 4,22*

Pós - treino 140 ± 6,67*

140 ± 8,16*

89 ± 11,01*

88 ± 6,32*

10 min. pós-treino 127 ± 4,83*

126 ± 5,16*

85 ± 7,07*

84 ± 5,16*

20 min. pós-treino 120 ± 4,71

120 ± 4,71

83 ± 6,75

83 ± 6,75*

30 min. pós-treino 115 ± 5,27

116 ± 5,16

80 ± 6,67

80 ± 6,67*

40 min. pós-treino 114 ± 5,16

114 ± 5,16

78 ± 7,89

77 ± 8,23

* Diferença significativa (p < 0,05) em relação aos valores pré-treino.

26

Tabela 2. Valores médios (± desvio padrão) para a frequência cardíaca e o duplo produto antes, durante e pós-treino nas diferentes intensidades.

Frequência cardíaca

Duplo produto

Moderado Intenso

Moderado Intenso

Pré - treino 77,9 ± 5,43

79,3 ± 7,53

9043 ± 838,86

9124 ± 1001,49

Durante 123,9 ± 16,09*

124,4 ± 9,74*

17154 ± 2774,38*

16469 ± 2843,12*

Pós - treino 139,5 ± 13,3*

140 ± 18,61*

19558 ± 2420,02*

19658 ± 2654,1*

10 min. pós-treino 93,1 ± 12,22*

88,9 ± 6,49*

12766 ± 2671,09*

11199 ± 911,95*

20 min. pós-treino 88,8 ± 7,6*

84,9 ± 5,2*

10651 ± 937,66*

10173 ± 469,56*

30 min. pós-treino 84,7 ± 6,52*

80,1 ± 4,48

9731 ± 757,58*

9289 ± 631,64

40 min. pós-treino 80,5 ± 5,8 76,4 ± 5,5 9164 ± 595,21 8696 ± 538,21

* Diferença significativa (p < 0,05) em relação aos valores pré-treino.

Antes de iniciar a discussão dos resultados, convém tecer um comentário sobre uma possível

limitação do estudo, referente à utilização do método auscultatório para a medida da PA. Destaca-se que os

resultados absolutos de PA fornecidos por técnicas invasivas, como o cateterismo intra-arterial, são mais

confiáveis e válidos. No entanto, por ser invasivo, o cateterismo reveste-se de riscos consideráveis, como

dor, espasmo arterial, trombose, estenose, síncope vaso-vagal, hemorragia, entre outros (LEITE;

FARINATTI, 2003).

Por outro lado, deve-se reconhecer que a medida pelo método auscultatório tende a subestimar os

valores absolutos da pressão durante os exercícios, em especial nos mais intensos. Comparando-se

valores obtidos pelo método auscultatório, a relação entre eles tende a ser mantida, pois vários estudos que

analisaram a resposta cardiovascular e/ou o efeito hipotensivo no exercício resistido utilizaram esse método

em suas coletas de dados, assim como tal estudo (POLITO et al., 2003; GURJÃO et al., 2009; FARINATTI;

ASSIS, 2000; MIRANDA et al., 2005; SIMÃO et al., 2003; LIZARDO; SIMÕES, 2005; MAIOR et al., 2009;

MIRANDA et al., 2006; MIRANDA et al., 2007 ). Para as finalidades deste estudo isso parece ser suficiente.

A Tabela 1 destaca que a PAS no treino moderado (15RM) durante e pós-treino (p=0.0020 para

ambos) foi maior que na situação pré-treino, como também ao décimo minuto pós-treino (p=0.0039). O

mesmo perfil pôde ser notado na PAS do treino intenso (9RM) para durante, pós-treino e no décimo minuto

pós-treino (p=0.0020; p=0.0020; p=0.0156), em relação ao pré-treino.

Gurjão et al. (2009) em um estudo comparando duas intensidades (intenso e moderado) em

exercícios com peso para mulheres, observou que houve hipotensão somente para o grupo de mulheres

que realizaram o treino mais intenso, diferente desse estudo que não encontrou diferença entre protocolos.

Polito et al. (2003) também concluiu em seu estudo que um treino intenso em comparação ao menos

intenso, com o mesmo volume, provocou uma redução mais significativa e duradoura na PAS. A mesma

característica pode ser observada no estudo de Monteiro et al. (2009), pois relataram que tais exercícios

provocam redução e manutenção da PA (em longo prazo), porém essa redução foi maior após exercícios de

menor intensidade, e que exercícios de alta intensidade não demonstraram efeito hipotensor em indivíduos

hipertensos.

27

A análise da Tabela 1, ainda, demonstra que a PAD no treino moderado durante, pós-treino e no

décimo minuto pós-treino foi maior que a pré-treino (p=0.0078; p=0.0273; p=0.0313). Já para o treino

intenso a PAD durante, pós-treino, décimo, vigésimo e trigésimo minuto pós-treino apresentou maiores

valores que a pré-treino (p=0.0020; p=0.0020; p=0.0039; p=0.0078; p=0.0156). Nota-se aqui que a PAD do

treino intenso demorou mais tempo para retornar aos valores pré-treino que no treino moderado, ou seja, no

treino moderado a PAD no vigésimo minuto já estava semelhante aos níveis basais. Estes resultados

concordam com os encontrados no estudo feito por Gurjão et al. (2009), que também observaram que o

treino mais intenso fez com que os valores de PAD demorasse um pouco mais de tempo para retornar aos

valores de pré-treino, em comparação com um treino de intensidade moderada.

A FC (Tabela 2) demonstrou aumento durante e pós-treino em relação ao valor pré-treino para a

intensidade moderada (p<0.0001 para ambos) como para intensa (p<0.0001 para ambos). Para o treino

moderado a FC no décimo, vigésimo e trigésimo minuto permaneceu com valores superiores aos basais

(p=0.0033; p=0.0024; p=0.0015), bem como no treino intenso para o décimo e vigésimo minuto (p=0.0044;

p=0.0495) (Tabela 3). Para esta variável nota-se que a FC retornou aos valores basais mais rapidamente no

treino intenso que no moderado pós-treino, diferentemente do que aconteceu no estudo feito por Lizardo e

Simões (2005), utilizando sessões de 30% 1RM e 80% 1RM, onde perceberam que os valores de FC

retornaram mais rapidamente aos níveis de repouso na 1ª intensidade. Porém em seu estudo foi trabalhado

volumes diferentes, sendo 2 séries de 30 repetições no menos intenso e 2 séries de 8 repetições no

intenso.

Com relação ao duplo produto, notou-se na Tabela 2 que ele elevou-se acima dos valores basais

durante como pós-treino, tanto para o treino moderado (p<0.0001 para ambos) como intenso (p<0.0001

para ambos). No treino moderado observou-se que no décimo, vigésimo e trigésimo minuto pós-treino o DP

permaneceu com valores superiores ao pré-treino (p=0.0011; p=0.0006; p=0.0164). Já no treino intenso

apresentou valores maiores que no pré-treino somente no décimo e vigésimo minuto pós-treino (p=0.0013;

p=0.0158). Analisando o retorno aos níveis basais, o estudo demonstrou que no treino intenso ocorre uma

recuperação mais rápida que no treino moderado, pois ao trigésimo minuto do treino intenso os valores já

foram semelhantes ao pré-treino. Estes resultados ratificam os achados de Maior et al. (2009), que

comparando duas sequências de exercícios resistidos, observaram que os valores do DP reduziram-se e

alcançaram os valores basais, de uma forma mais rápida, na sequência de maior intensidade.

Vários estudos já demonstraram a elevação da FC, da PAS e o DP durante o exercício resistido

(FARINATTI; ASSIS, 2000; MIRANDA et al., 2005; POLITO et al., 2003; SIMÃO et al., 2003). Contudo a

carência que existe em estudos que investiguem esses parâmetros fisiológicos, envolvendo utilização de

um mesmo volume de trabalho, mas com diferentes intensidades ainda é uma lacuna.

CONCLUSÃO

O presente estudo partiu da premissa de que as duas diferentes intensidades de treinamento

resistido apresentariam resposta cardiovascular e efeito hipotensivo diferentes entre as mesmas. Contudo,

verificou-se através dos resultados, que não ocorreu efeito hipotensivo em um prazo de 40 minutos e que

não foi notado diferenças estatísticas entre os protocolos de treinamento, ou seja, a resposta cardiovascular

para 15RM como para 9RM não demonstrou diferença significante quando comparadas entre si, conforme

28

protocolos propostos. Contudo, vale ressaltar que o DP e a FC retornaram aos valores basais mais

rapidamente no protocolo intenso.

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ATIVIDADE FÍSICA E DEPRESSÃO: OS BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA COMO COMPLEMENTO

NO TRATAMENTO DA DEPRESSÃO NOS PACIENTES DO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DE

ALTAMIRA – PA – CAPSII

Gileno Edu Lameira de MELO1, Keyrilan Emanuela A. SILVA

1, Lueide Helena CARDOSO

1, José Robertto

ZAFFALON JÚNIOR1.

1Universidade do Estado do Pará – Campus IX – Altamira/PA, Centro de Ciências

Biológicas e da Saúde, Altamira, Pará, Brasil, e-mail: [email protected]

RESUMO

A depressão afeta um número cada vez maior de pessoas, tendo status de uma das doenças mais

frequentes na atualidade, trazendo dor, sofrimento tanto ao paciente, como suas respectivas famílias,

gerando um desequilíbrio na estrutura familiar e nas relações interpessoais. Este estudo teve como objetivo,

identificar os benefícios da atividade física colaborantes no tratamento da depressão e a reflexão acerca do

conhecimento sobre a relação atividade física e depressão, bem como averiguar a percepção dos

profissionais atuantes no CAPS II quanto o programa de atividade física no tratamento antidepressivo. A

metodologia adotada foi uma pesquisa quanti-qualitativa através de um estudo descritivo, apresentando os

resultados através de análise, interpretação e discussão das respostas obtidas, deste modo, foram inclusos

na pesquisa 99 pacientes que realizam o tratamento a mais de um ano no CAPS II de Altamira/PA, 2

psicólogas, 1 professora de educação física e 1 psiquiatra, os quais responderam os questionários com

perguntas semi-abertas. Com isso, constatou-se que 81% dos entrevistados pertencem ao sexo feminino;

96% dos indivíduos afirmaram que se sente bem após participar das atividades físicas, e ainda que 99%

dos pacientes afirmam que a atividade física contribuiu no tratamento e 90% confirmam a melhora do

convívio familiar e social após a participação no programa de atividade física oferecida por essa Instituição.

Para a professora de educação física, foram observadas melhoras consideráveis do humor, aparência

física, sono adequado, diminuição das dores e das dormências do corpo; as psicólogas ressaltam melhoras

correlacionadas às atividades funcionais, dores corporais, humor, aspecto físico e mental. Já a Psiquiatra, a

respeito do consumo das medicações farmacológicas juntamente com as terapias alternativas, focalizado

aqui à atividade física e/ou exercício físico, esta expõe não ter tido nenhuma avaliação quantitativa na

Instituição. Podemos concluir que, os participantes desta pesquisa aprovam o programa de atividade física

do CAPS II, os resultados demonstraram que os pacientes obtiveram melhoras satisfatórias. E quanto aos

profissionais, os mesmos entendem ser necessário e eficaz e até mesmo recomendam a prática da

atividade física como terapia completar no tratamento da depressão.

Palavras – chave: Atividade Física. Depressão. CAPS II. Benefícios.

INTRODUÇÃO

Nos dias atuais o mundo perpassa por momentos de conturbações generalizadas, sejam elas

profissionais, econômicas ou até mesmo sociais que levam os indivíduos ao extremo de ansiedade,

preocupação, insatisfação, isolamento, irritabilidade e desespero sendo estes sintomas caracterizados

como principais agentes da depressão. Com a vida moderna e a agitação do dia-a-dia, o ser humano

passou a usufruir de aspectos positivos e negativos, dentre esses últimos, o estresse, grande causador da

depressão podendo propiciar uma instabilidade à saúde mental e as relações interpessoais.

32

Indivíduos deprimidos são incomodados pela dor psíquica e pelo desconforto somático, apresentam

uma diminuição da capacidade de executar tarefas rotineiras e atividade da vida diária (MELLO, 2004).

De acordo com Del Porto (1999), a depressão é uma doença psíquica que, além de afetar o

emocional de um indivíduo tornando-o incapaz de sentir prazer, afeta seu funcionamento fisiológico.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), utilizando a metodologia da Carga Global de várias

doenças, diz que: para o ano de 2020, a doença isquêmica do coração e a depressão, serão as duas

maiores causas não só de mortalidade, mas de incapacidade sobre a população em geral (FLECK et al.,

2003).

Em meio a inúmeros tratamentos alternativos que servem como antidepressivos, a atividade física

ganha mérito por sua fácil acessibilidade e baixo custo. Portanto, a falta de acesso e persistência ao

tratamento farmacológico aumenta a procura por tratamentos antidepressivos alternativos,

eletroconvulsoterapia (tratamento que promove alterações a atividade elétrica do cérebro por meio de

eletrochoques), psicoterapias e atividade física (KATZ, 2003; SILVEIRA, 2001 apud MATTOS; ANDRADE;

LUFT, 2004).

A atividade física torna-se um forte aliado no combate as doenças psicossomáticas. Levantamentos

realizados nos Estados Unidos e na Inglaterra demonstram que a prática do exercício físico regular

apresenta valor terapêutico na redução de sentimentos de ansiedade e depressão (WEINBERG, 2001 apud

MATTOS; ANDRADE; LUFT, 2004).

O município de Altamira, localizado no Sudoeste do Pará, com população de acordo com IBGE

censo 2008 de 92.105 (noventa e dois mil cento e cinco) habitantes, encontra-se em desenvolvimento

econômico e social, trazendo assim um contingente maior de problemas do mundo moderno, deixando a

população a mercê de doenças psicossomáticas, entre elas destaca-se a depressão. A partir desta

problemática direcionamos esta pesquisa para este município, o qual em sua maioria dos habitantes

depressivos faz tratamento no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS II), que disponibiliza assistência

médica, psiquiatra, enfermagem e social, tendo como finalidade oferecer atendimento à população de sua

área de abrangência, realizando o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso

ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários, através

de um tratamento aberto, intensivo e continuado, conforme definição do Ministério da Saúde.

O objetivo desta pesquisa foi identificar os benefícios da atividade física colaborantes no tratamento

da depressão e a reflexão acerca do conhecimento sobre a relação atividade física e depressão, bem como

averiguar a percepção dos profissionais atuantes no CAPS II quanto o programa de atividade física no

tratamento antidepressivo.

Portanto, podemos avaliar que esse trabalho enriquece e se torna relevante aos estudos científicos

voltados para área, sobretudo porque os resultados obtidos estão de acordo com os demais autores que já

realizaram pesquisas contundentes, para o melhor conhecimento das questões que retratam as doenças

mentais, em destaque a depressão e a atividade física como complemento terapêutico.

METODOLOGIA

Constitui pesquisa de campo de maneira descritiva com uma abordagem quanti – qualitativa.

POPULAÇÃO ALVO E AMOSTRA

33

O universo geral de atendimento do CAPS II é de 268(Duzentos e Sessenta e Oito) pacientes

assíduos participantes do programa de atividade física, os quais 91(noventa e Um) apresentam depressão

leve, 174(Cento e Setenta e Quatro) moderada e 03(Três) grave, com a média de idade de 46 anos, sendo

que foi utilizada para esta pesquisa 99 (noventa e nove) pacientes, além da equipe profissional composta

por: 01 professor de educação física, 02 psicólogos e 01 psiquiatra.

O critério de inclusão na pesquisa foi caracterizado por indivíduos depressivos de ambos os sexos,

acima de 18 (dezoito) anos de idade, os quais se tenham mantidos assíduos nas atividades e que fazem o

acompanhamento complementar com os programas de atividade física no tratamento antidepressivo há

mais de um ano. Além dos profissionais (Professor de Educação Física, Psicólogos, Psiquiatra) que atuam

no atendimento aos pacientes.

INSTRUMENTOS E MATERIAIS

Para verificar os efeitos benéficos que o programa de atividade física traz aos pacientes depressivos

do CAPS II, foi primeiramente realizado o pedido de autorização à instituição pesquisada. Para de fato

podermos executar os procedimentos necessários para obtermos as evidencias que justifiquem a

veracidade dos benefícios da atividade física no tratamento da depressão, utilizamos os seguintes

instrumentos:

Análise da ficha cadastral: Este foi utilizado para selecionar os pacientes depressivos que

participam há mais de um ano no programa de atividade física e que sejam maiores de 18(dezoito) anos.

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE: Os participantes da pesquisa, (pacientes,

professor de educação física, psicólogos e psiquiatra) assinaram o TCLE.

Aplicação de questionários: Estes foram caracterizados com perguntas semi-abertas aos pacientes,

professor de Educação Física, Psicólogos e ao psiquiatra, os questionários aplicados a estes três últimos

citados apresentou questões que procuraram averiguar as principais características do programa, além da

percepção dos profissionais quanto à influência da atividade física no tratamento antidepressivo.

TRATAMENTO ESTATÍSTICO

Os dados foram processados e levados à análise, empregando a estatística descritiva que teve por

finalidade enumerar e relatar os resultados obtidos, verificando os benefícios citados nos questionários

aplicados.

Métodos usados na coleta de dados

Os questionários foram aplicados individualmente de acordo com cada participante (profissionais e

pacientes). O questionário aplicado ao professor de educação física apresentou questões que procuraram

verificar as principais características dos programas de atividade física no CAPS II, além das questões

comuns nos questionários do professor de educação física, psiquiatra e psicólogo.

Em seguida foi feito a catalogação, análise, interpretação e conclusão dos resultados obtidos nos

questionários, sendo que algumas falas dos participantes da pesquisa foram usadas como citação,

identificando-os por letras, com objetivo de manter suas identidades em absoluto sigilo.

Relevante afirmar que não interferimos no programa de atividade física do CAPS II em Altamira,

pois, este já existe, nosso intuito com a pesquisa foi somente obter dados que puderam atestar os

benefícios da atividade física no tratamento da depressão.

34

Aspectos éticos: este projeto foi submetido e aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da

Universidade do Estado do Pará – campus XII – Santarém através do protocolo nº 013/2010 em reunião de

26/05/2010.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Investigando a importância dos benefícios das atividades físicas realizadas no CAPS II de Altamira,

foram aplicados questionários aos pacientes e profissionais atuantes visando obter respostas, as quais

ajudassem a elucidar as dúvidas em relação ao tema abordado, sendo que estes foram analisados de forma

discursiva, interpretativa e expostos seguindo a ordem de enfoques: Primeiro Enfoque/Pacientes, Segundo

Enfoque/Professora de Educação Física, Terceiro Enfoque/Psicólogas, Quarto Enfoque/Psiquiatra.

PERCENTUAL CORRESPONDENTE AO SEXO DA AMOSTRA COLETADA

Com relação aos casos existentes de depressão na população, a Organização Pan-americana da

Saúde – OPAS ao tratar sobre este tema diz que, esta doença abrange indivíduos de ambos os sexo, em

qualquer idade, não dependendo de classe econômica e social. Entretanto, a Organização Mundial de

Saúde explica por meio de dados estáticos que o risco de mulheres sofrerem depressão pode atingir 18,6%,

em contrapartida em homens somente 11% mostrando assim a disparidade desta patologia em mulheres.

(OMS; OPAS, 2001 apud GONÇALES; MACHADO, 2008).

Para tanto é relevante citarmos que ao longo desta pesquisa constatamos através da ficha cadastral

que, 81% dos entrevistados pertencem ao sexo feminino, e 19% são do sexo masculino. Demonstrando que

uma maior incidência de depressão ocorre no grupo em mulheres.

PRIMEIRO ENFOQUE: PACIENTES

Os pacientes entrevistados relacionaram as atividades físicas e/ou exercícios físicos que realizam

no CAPSII, e de acordo com as respostas obtivemos os seguintes dados: 50% dos entrevistados praticam o

alongamento, 25% relaxamento, 14% hidroginástica, 2% dança, 3% dinâmica de grupo e 6% deste total

realizam todas as atividades. Nota-se nesse contexto que o alongamento é a atividade física mais citada,

acredita-se que seja pela participação dos indivíduos nas palestras e na terapia em grupo, que sempre ao

final, o profissional de educação física fechava esse momento com um alongamento.

As atividades físicas proposta pelo Centro, as quais foram relatadas pelos pacientes, em sua

totalidade são atividades aeróbias que desempenham uma função de dinamismo, podendo favorecer as

ações funcionais, de humor e o relacionamento interpessoal. Pois, segundo Coyle e Santiago (1995, apud

MELLO, 2004) os resultados dos exercícios aeróbios em pessoas depressivas, deve-se aos efeitos

fisiológicos e/ou comportamentais, entendendo que após os exercícios a uma sensação de prazer e bem

estar que afetam positivamente os sintomas da depressão.

Quando perguntados como eles reagem ao programa de atividade física da Instituição, 96% dos

indivíduos afirmaram que se sente bem após participar das atividades físicas oferecidas pelo setor de

educação física do CAPS II, entretanto, 2% citam indiferença e 2% não responderam ao questionamento.

Dentre algumas das manifestações relatadas por esses, destacamos: diminuição das tensões diárias,

sentem–se mais calmos, relaxados, dispostos, confiantes, ocorrendo assim uma melhora em sua auto-

estima. Pois, ao encerramento da atividade física a sensação de bem estar é considerável, nesse processo

há uma despolarização na condição de humor deprimido, possibilitando percepção da melhora no estado

depressivo (RANSFORD, 1982 apud VIEIRA et al., 2007).

35

Com relação a contribuição da atividade física no tratamento da depressão aos pacientes, notou-se

uma excelente aprovação ao programa de atividade física, no que diz respeito à contribuição do mesmo

para o tratamento da depressão, no qual 99% dos entrevistados afirmaram que este colaborou para sua

terapia e somente 1% relataram que não. Quando perguntados de que forma ocorreu essa contribuição os

mesmo ressaltam a melhora da insônia, comunicação e diminuição das dores musculares e ansiedade,

sendo estes os fatores mais citados, além da integração social e familiar criando também um laço afetivo

com a instituição (CAPSII), podendo proporcionar pensamentos positivos, controle emocional, tendo mais

vontade de viver.

Enfatizando que a atividade física regular e sistematizada surge no intuito de agregar valores ao

tratamento depressivo e não substituir a terapia já existente. E esta propicia a elevação dos níveis de

energia corporal, podendo amenizar a insônia e o mau humor, com isso tomando consciência da

importância da prática atividade física para a melhora da qualidade de vida (ACSM 2000, apud THEOBALD;

DIETTRICH, 2007).

Dentre o tratamento otimizado que se espera ter ao ingressar os pacientes no programa de

atividades físicas, umas das melhoras que almeja-se alcançar é a convivência familiar e social, para tal

anseio, foi perguntado se essa convivência melhorou. O convívio familiar e social dos pacientes melhorou

depois de participarem do programa de atividade física, no qual 90% responderam positivamente a este

questionamento, no entanto, 6% declararam que a melhora foi pouca, 2% relataram que ainda não houve

melhora e 2% não responderam.

Este progresso pode ser entendido pelo fato dos pacientes estarem abertos em falarem sobre suas

angústias e seus medos, favorecendo a convivência com os demais, pelo simples ato de conversar e trocar

experiências, pois alguns entrevistados citam que sem o auxilio do CAPS, jamais conseguiriam expressar

seus sentimentos. Descrevem que só pelo fato de verem pessoas diferentes, sendo que muitas sofrem da

mesma patologia, os ajudam a querer melhorar e a continuar o tratamento. Analisando que com a

depressão a tendência é que a pessoa se exclua dos demais e atividade física é evidenciada como

facilitadora nas relações interpessoais, na visão de Lark (2001), o exercício e/ou atividade física favorece a

reestruturação do convívio social como um todo.

SEGUNDO ENFOQUE: PROFESSORA DE EDUCAÇÃO FÍSICA

No intuito de entender e buscar elementos específicos voltados ao processo da prática de atividade

física como complemento no programa de tratamento da depressão sugerido pelo CAPS II, necessita-se de

uma explanação dos métodos aplicados e das principais observações da profissional de educação física

atuante nesta instituição.

Primeiramente, foi feito o questionamento a esta profissional, buscando saber quais os exercícios

que compõem o programa de atividade, no qual a mesma descreveu as seguintes atividades:

hidroginástica, relaxamento, jogos, dinâmicas de grupo e alongamento. Quanto aos objetivos que a

professora busca alcançar com o programa de atividades físicas, esta cita: “melhora dos sintomas da

psicopatologia, complemento do tratamento psicofarmacológico”. Garantindo mais uma vez a eficácia da

atividade física como um complemento na terapia como um todo, pois como menciona Moraes et al. (2007),

a junção da ação medicamentosa e do exercício, pode gerar melhores resultados, do que somente a prática

de atividade física e/ou exercício físico, o medicamento é quem traz a sensação de auto confiança, assim

36

como, os programas de exercícios também podem conseguir benefícios com relação ao tratamento,

objetivando a evolução da terapia de uma forma mais ampla.

Na intenção de perceber como é avaliado o desempenho dos pacientes ao longo do processo de

aplicação das atividades, a professora de educação física elucida que essa avaliação pode ser por meio de

“comportamento, relato dos usuários, dos sintomas, durante as atividades terapêuticas e observações dos

terapeutas no prontuário”. Além das observações comportamentais e sintomáticas, a interação com os

demais profissionais que atuam na entidade, pode trazer maiores subsídios para avaliação detalhada e

fidedigna, bem como, o contato direto com os pacientes buscando uma relação (paciente/profissional,

profissional/paciente e profissional/ profissional) mais unificada, favorecendo o tratamento.

Diante das observações realizadas por essa profissional, antes e após o ingresso desses enfermos

no programa de atividade física no período de um ano, a mesma relatou que as mudanças nesse período

são notórias. No inicio do tratamento os usuários se queixavam de “[...] muita tristeza, insônia, irritabilidade,

dores no corpo, desanimo, pensamentos negativos dentre outros sintomas [...]”, em contra partida quando

esses seguem adequadamente as atividades proposta, apresentam “[...] melhoras consideráveis do humor,

aparência física, sono adequado, diminuição das dores e das dormências do corpo, melhora da memória.

Até diminuição do medicamento da psiquiatra [...]”. Salientando que essas melhoras também são relatadas

pelos pacientes através dos questionários.

TERCEIRO ENFOQUE: PSICOLOGAS

Indagamos estas sobre as suas opiniões diante a relevância do programa de atividade física como

complemento no tratamento antidepressivo. As mesma afirmaram ser importante, em virtude desses fatos a

psicóloga A relata: “O físico fica comprometido com a depressão”, nesse sentido pode ser percebido que a

profissional se equivocou ou não compreendeu corretamente a pergunta, pois se sabe que o físico fica

comprometido em detrimento de qualquer outra doença e não somente com a depressão, deixando de

esclarecer o ponto principal do questionamento que é fazer entender a relevância do programa de atividade

física no auxilio do tratamento depressivo. Em compensação a psicóloga B explica: “A mente não está

separada do corpo, o bem estar físico estimula diretamente o funcionamento do cérebro”. Nesse contexto,

lembrando as discussões direcionadas ao corpo e a mente compreende-se que, esta visão é uma variável

diretamente proporcional, ou seja, quando um se encontra bem o outro deve responder da mesma forma,

podendo gerar assim um equilíbrio psicofisiológico.

Quando perguntadas como é avaliado o desempenho de cada paciente antes, durante e após

aplicação dos exercícios físicos, a psicóloga A respondeu: “Que esta pergunta é pertinente ao educador

físico”, com essa resposta interpreta-se que a profissional se absteve do questionamento, pois a indagação

está ligada a avaliação do desempenho dos pacientes no que diz respeito a sua evolução no tratamento,

então, esperava-se que a mesma percebesse a eficiência ou não do programa e suas atividades. Já a

profissional B quando indagada sobre a mesma questão, esclarece: “É avaliado conforme seu bem estar

nas consultas psicológicas”. Estas também descrevem que recomendariam aos demais profissionais de sua

área a inclusão das atividades físicas no tratamento desta patologia. Como já mencionado pelo fato que,

através das atividades físicas há liberação de endorfinas, provocando alívio de dores e tensões do corpo,

conseqüentemente melhorando ações pertinentes a depressão (COOPER, 1982 apud MANIÇOBA; SILVA,

2006).

37

No entanto, em parte não ficou explícito para pesquisa, como é avaliado o desempenho de cada

paciente por uma das psicólogas, pois se esta afirma haver melhorias relacionadas à atividade física e a

depressão, subentende-se que a predominância da avaliação deveria ser um fator determinante na

constatação das melhorias proporcionadas pela forma como se estrutura o tratamento na Instituição,

tratamento este adequado por meio de ações médicas convencionais adjuntas as terapias complementares,

em destaque o programa de atividade física.

QUARTO ENFOQUE: PSIQUIATRA

A psiquiatria é um elemento essencial no diagnóstico dos pacientes com distúrbios psicológicos, na

intenção de conhecer como é a relação desta, com as demais terapias alternativas, neste caso em foco

neste estudo a atividade física, é necessário considerar também a opinião de outra profissional da área da

saúde mental, a psiquiatra. Nesse sentido a mesma avaliou ser relevante o programa de atividade física

como auxilio no tratamento da depressão, considerando que há liberação de substâncias no cérebro que

estimulam o humor, ameniza a ansiedade e insônia.

Em relação a uma das principais investigações, a respeito do consumo das medicações

farmacológicas juntamente com as terapias alternativas, focalizado aqui à atividade física e/ou exercício

físico, esta expõe não ter tido nenhuma avaliação quantitativa na Instituição, para assim responder tal

questionamento. Entretanto, pode-se notar a cautela da psiquiatra ao responder essa pergunta, pois a

mesma deixa em evidência que necessita-se de estudos voltados a resolução desta problemática

(diminuição dos medicamentos receitados em virtude da atividade física), para afirmar ou não tal discussão.

Contudo, a profissional de educação física em contra partida à resposta da psiquiatra, relata em suas

análises feitas antes e após o ingresso dos pacientes no programa de atividade física, a redução dos

medicamentos receitados pela psiquiatra, ressaltando que essa afirmou tal indagação através dos relatos

mencionados pelos pacientes ao decorrer do tratamento.

Nesse contexto compreende-se que a atividade física no complemento do tratamento depressivo,

vem sendo cada vez mais utilizada e bem aceita, tanto pelos profissionais como pelos pacientes. Levando

em consideração que esta traz consigo os efeitos positivos das ações psicológicas (amenização dos

pensamentos negativos, auto-eficácia e autocontrole), biológicas (melhora nas dores corporais e a liberação

de neurotransmissores, os quais auxiliam na sensação de bem estar) e funcionais que são caracterizadas

pela agilidade nas atividades do dia-a-dia (WERNECK; BARRA FILHO; RIBEIRO, 2005).

CONCLUSÃO

Analisando o tratamento da depressão existente no CAPS II de Altamira, verifica-se que

aparentemente os métodos utilizados buscam uma terapia voltada para a melhoria do mapa clínico, a

reintegração do paciente a sociedade e ao seu âmbito familiar, enxergando-o como um indivíduo que

necessita de uma atenção especial e otimizada, diferentemente dos procedimentos empregados antes da

reforma psiquiátrica, destacando-se os manicômios, nos quais os pacientes eram tratados como loucos e

submetidos a maus tratos, isolamento social e familiar e em alguns casos levando a óbito. O que indica que

os atuais centros de ajuda aos transtornos mentais, possibilitam um tratamento humanizado que contribua

de fato com amenização dos sintomas ou até mesmo a cura.

As atividades físicas realizadas (hidroginástica, relaxamento, alongamento, dança e dinâmicas) no

CAPS II – Altamira/PA fazem parte do tratamento oferecido pelo mesmo, assim como as terapias em grupo,

38

palestras, consultas clínica e medicação receitada pela psiquiatra. Após os dados coletados, a análise dos

resultados demonstrou satisfatoriamente, que a maioria dos participantes da pesquisa, em especial os

pacientes, ou seja, 99% destes consideraram o programa de atividade física do CAPS II de suma

importância, principalmente no que diz respeito às questões biológicas (insônia e dores corporais),

funcionais (dificuldades na realização das tarefas diárias), psicológicas (nervosismo, irritabilidade,

concentração, desanimo e medo) e sociais (convívio familiar e a relação interpessoal) neste último, o qual,

90% da amostra coletada confirmou haver melhora, índice esse que possivelmente apresenta ser de grande

relevância para o tratamento. Desta maneira, a atividade física mostra-se um auxiliar terapêutico positivo no

combate da depressão, pois a mesma apresenta resultados como: Diminuição dos problemas fisiológicos,

psicológicos e funcionais os quais propiciam melhora mental e física, assim como, a inclusão social que leva

os pacientes a interação com o meio em que vivem, além da segurança afetiva podendo estar relacionada

tanto com os laços familiares e de amizades ou até mesmo com a instituição de tratamento, fortalecendo as

duas vertentes, propiciando assim ao individuo a evolução positiva da autoestima o que ajuda

consideravelmente na forma de enxergar a vida e resolução dos problemas existentes.

É importante destacar a participação dos profissionais (Professor de educação física, psicólogas e

psiquiatra) que trabalham no CAPS II, os quais também responderam os questionários e reforçaram a

relevância que o programa de atividade física oferecido por essa Instituição tem no tratamento da

depressão. Embora estes tenham feito tal afirmação, aparentemente sugiram algumas lacunas,

principalmente no que diz respeito a duas possíveis problemáticas, primeiro como é avaliado o desempenho

de cada paciente antes, durante e após aplicação das atividades físicas, quanto à percepção da psicóloga

A, pois, esta entende que esse questionamento é pertinente ao educador físico, entretanto, a psicóloga B

direciona que tal avaliação é realizada nas consultas psicológicas, esclarecendo em parte essa indagação.

A segunda problemática engloba a professora de educação física e a psiquiatra, envolvendo a questão da

diminuição dos medicamentos antidepressivos, no qual, a professora cita ter observado por meio dos

relatos dos pacientes haver essa diminuição, já a psiquiatra abstém-se ao questionamento, afirmando que

não foi realizada nenhuma pesquisa quanti-qualitativa, por qual a mesma pudesse se embasar, por esse

motivo não foi possível obter essa resposta por falta de dados quantitativos.

Fazendo uma ressalva para que possivelmente se tenha um bom resultado no tratamento geral dos

pacientes, a influência positiva de uma equipe multiprofissional nas relações terapêuticas das doenças

mentais é extremamente indispensável, pois a comunicação e o acompanhamento efetivo entre

profissional/profissional e profissional/paciente pode refletir conseqüentemente no tratamento

antidepressivo.

Portanto, podemos avaliar que esse trabalho enriquece e se torna relevante aos estudos científicos

voltados para área, sobretudo porque os resultados obtidos estão de acordo com os demais autores que já

realizaram pesquisas contundentes, para o melhor conhecimento das questões que retratam as doenças

mentais em destaque a depressão e a atividade física como complemento terapêutico. Deste modo,

sugerimos aos demais estudantes e profissionais de educação física, saúde mental e áreas afins, que

procurem realizar pesquisas que possam investigar a problemática acerca da diminuição dos medicamentos

pela prática da atividade física, além de temas voltados a prevenção e tratamento das patologias

ocasionadas por fatores psicossociais, através de estudos, os quais possibilitem a difusão e assimilação

dos resultados à população em geral.

39

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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______ Vivendo com a depressão: História de mulheres. Revista Esc Enferm USP, São Paulo, 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v42n3/v42n3a06.pdf.Acesso em: 06. Jan.2010. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA & SIDR. Disponivel em: < HTTP://www.ibge.gov.br>, Acesso em: 23 de out. 2009. LARK, Susan M. Ansiedade e Stress. São Paulo: Cultrix, 2001. KATZ, L.L. Fisioterapia na depressão: discussão dos efeitos da atividade física, através da cinesioterapia, em idosos com depressão unipolar leve a moderada. 2003. Disponível em:<http://www.fisioterapia.com.br>. Acesso em: 03 julho 2009. MANIÇOBA, E. T.; SILVA, F. A. B. Benefícios da atividade física regular aos idosos que frenquentam o programa ginástica nas quadras no CSG 01 na cidade do Gama- DF. 2006. Trabalho de Conclusão de Curso, Faculdade de Ciência e Educação Sena Aires, 2006. MATTOS, A. S., ANDRADE, A., LUFT, C. D. B. Contribuição da atividade física no tratamento da depressão. Revista Digital, ano 10 – nº 79, Buenos Aires, 2004. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd79/depres.htm> Acesso em: 20. julho. 2009. MELLO, Marco Túlio de. Atividade física, exercício físico e aspectos psicobiológicos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. MORAES, H.; DESLANDES, A.; FERREIRA, C.; POMPEU, F. A. M. S.; RIBEIRO, P. ; LAKS, J. O exercício físico no tratamento da depressão em idosos: revisão sistemática. Rev Psiquiatr RS.;29(1):70-79, 2007. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS): Livro de Recursos da OMS sobre a Saúde Mental Direitos Humanos e Legislação, Suíça, 2005. 175p; THEOBALD, M. V., DIETTRICH, S. H. C. Análise dos benefícios da atividade física em pacientes com depressão do sexo feminino em idade de 22 a 55 anos no Centro de Atenção Psicossocial de Sindrolandia/MS. Sindrolandia, Open Journal System,v.1,n. 7, 2007.Disponível em:<http://servidor3.fes.br/revista/agora/ojs/viewarticle.php?id=50&lauout=abstract> Acesso em: 23 nov. 2009. VIEIRA,J.L.L; PORCU,M; ROCHA,P.G.M. A pratica de exercícios físicos regular como terapia complementar ao tratamento de mulheres com depressão. J Bras Psiquiatria, 56 (1): 23-28, 2007 WERNECK; BARRA FILHO, M.G; RIBEIRO,L.C.S. Mecanismos de Melhoria do Humor após o exercício:Revisando a hipótese das endorfinas, 2005. Disponível em:<http://www.ucb.br/Mestradoef/RBCM/13/13%20- %202/c_13_2_14.pdf >Acesso em: 29 abr. 2010.

40

CORRELAÇÃO ENTRE O ÍNDICE DE MASSA CORPORAL E O CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO DE

ESTUDANTES DA REDE PARTICULAR DE ENSINO

Andreia de O. PINHEIRO1,3

, Raquel G. RODRIGUES2, Tânia Fernandes V. ARAÚJO

2,3, Chirlene de S.

CAMPOS1,3

, Cássio S. VASCONCELOS1,3

, Luiz Fernando GOUVÊA-e-SILVA1,3

,.

1Centro de Ciência Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA;

2Universidade Luterana do Brasil, Campus Itumbiara-GO;

3Núcleo de Avaliação Física e Prescrição de

Treinamento, Santarém – PA, Brasil, e-mail: [email protected].

RESUMO

O presente trabalho propôs analisar a correlação entre o índice de massa corporal e o consumo máximo de

oxigênio (VO2máx) em crianças de ambos os gêneros, de 10 a 15 anos, matriculadas em três escolas da

Rede Particular de Ensino. O estudo caracterizou-se como uma pesquisa de campo de caráter descritivo e

a amostra estudada constituiu de 533 alunos matriculados na Rede Particular de Ensino da cidade de

Itumbiara-GO. Os dados de adiposidade foram levantados através das técnicas antropométricas, de peso

corporal e estatura, na qual esses valores forneceram os índices do IMC. Para avaliação do consumo

máximo de oxigênio foi utilizado o teste de vai-e-vem de 20 metros, sendo todos os valores tabulados e

analisados estatisticamente, por meio do software GRAPHPAD PRISM, pelo Test t e correlação de Pearson,

ambos com nível de significância de p<0,05. Os resultados demonstraram que a incidência mais elevada de

obesidade foi dos meninos de 14 anos (10,26%), seguido pelos de 10 anos (7,69%), de 11 anos (6,82%),

meninas de 10 anos (6,12%), os meninos de 12 anos (3,77%), os meninos de 15 anos (3,03%) e por último

as meninas de 11 anos (2%). Notou-se também que para cada idade e gênero, conforme o IMC aumentava

o VO2máx diminuía, exceção para os meninos de 10 anos que não apresentaram essa correlação negativa.

Já para ambos os gêneros, à medida que a criança vai ficando mais velha ela vai aumentando o seu IMC

(r=0,9269; p=0,0078 para as meninas, r=9,398; p=0,0053 para os meninos) e diminuindo o seu VO2máx (r =

-0,6747; p = 0,0078 para as meninas, r = -0,6979 para os meninos). Os resultados demonstraram que

meninas de 10 anos apresentaram um nível de condicionamento motor menor que os meninos da mesma

idade (p = 0,0081), e somente os meninos de 15 anos demonstraram um IMC superior aos das meninas da

mesma idade (p=0,0202). Conforme os métodos de análises adotados, pode-se concluir que o IMC

apresenta uma correlação negativa com o VO2máx, exceção para os meninos de 10 anos, e que o IMC

demonstrou uma correlação positiva com o aumento das idades das crianças e, esse mesmo aumento das

idades, possui uma correlação negativa com o VO2máx.

Palavras chaves: índice de massa corporal, potência aeróbia, escola.

INTRODUÇÃO

Os diferentes componentes corporais sofrem alterações durante toda a vida dos indivíduos, fazendo

com que as características da composição corporal sejam extremamente dinâmicas, pois são influenciadas

por aspectos fisiológicos, como crescimento e desenvolvimento, e aspectos ambientais, como estado

nutricional e nível de atividade física (COSTA, 2001).

41

Um dos principais interesses para se conhecer os aspectos da composição corporal está relacionado

com a estimativa da quantidade de gordura corporal e sua possível relação com os efeitos maléficos para a

saúde, como a obesidade (RAMOS, 1999).

A grande importância em detectar a obesidade e tentar controlá-la nos períodos iniciais, segundo

Madureira (1987), não se restringe somente a saúde, mas também envolve problemas psicológicos e

sociais prejudicando o desenvolvimento das capacidades motoras. Katecki (1997) apud Costa (2001),

relatou que o excesso de gordura corporal pode estar associado a outros problemas físicos como a

degeneração hepática, diminuição da função pulmonar, traumas articulares e possíveis debilidade do

sistema imunológico.

Segundo Gonçalves (1995) os alunos pertencentes à rede particular de ensino, parecem estar mais

predispostos a esse tipo de problema, pois estão mais susceptíveis a maior oferta de alimentos, o que

levam a necessitar de uma atenção especial com o peso corporal e, até mesmo, avaliações motoras e de

crescimento. Essa colocação ressalta a importância de se observar a obesidade infantil que tem como

conseqüência a possibilidade de sua manutenção na vida adulta e, com isso, gerar os fatores de risco para

a saúde, que geralmente só são detectados tardiamente (SEGATTO; PEREIRA, 2003).

Todo o desenvolvimento na qual a população está inserida proporciona indicadores epidemiológicos

sobre obesidade que demonstram um grande aumento da obesidade em adultos de todos os países,

justificando o importante monitoramento que essa enfermidade deve ter em crianças e adolescentes

(MONTEIRO; CONDE, 2000).

Segundo Barbanti (1990) para muitos autores a resistência cardiorrespiratória, capacidade de

continuar ou persistir em tarefas prolongadas que envolvem grandes grupos musculares, é o componente

mais importante da aptidão motora. Concordando com esse autor, Duarte e Duarte (2001) também

consideram a resistência cardiorrespiratória uma das mais importantes variáveis da aptidão motora de um

indivíduo, tanto para atletas de diferentes modalidades esportivas, como para indivíduos não atletas. Dentro

da capacidade cardiorrespiratória destaca-se o VO2máx, cuja definição está na capacidade de captar,

transportar, absorver e utilizar o oxigênio no organismo (FERNANDES FILHO, 1999).

Observando-se a importância destas duas variáveis, IMC e VO2máx, o presente estudo teve como

objetivo analisar a correlação entre o índice de massa corporal e a o VO2máx em crianças de ambos os

gêneros, de 10 a 15 anos, matriculadas em três escolas da Rede Particular de Ensino.

METODOLOGIA

O estudo proposto caracteriza-se como uma pesquisa de campo de caráter descritivo. Pesquisa de

campo é aquela utilizada com o objetivo de levantar informações e/ou conhecimentos acerca de um

problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou ainda

descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles (LAKATOS; MARCONI, 1986), onde os objetos

analisados foram alunos de escolas da Rede Particular de ensino da cidade de Itumbiara-GO.

Amostra

Foram investigados 533 alunos de 3 escolas da Rede Particular de Ensino da cidade de Itumbiara-

GO , de ambos os gêneros, com idade de 10 a 15 anos, conforme demonstrado na tabela 1.

Protocolos Utilizados

42

Os dados sobre o índice de adiposidade foram levantados através das técnicas antropométricas de

peso corporal e estatura, na qual esses valores forneceram os valores do IMC, que segundo Viuniski

(2001).

Para analisar o peso corporal utilizamos uma balança de marca Filizola e para a estatura uma fita

métrica fixa na parede. As crianças foram medidas descalças e com o mínimo de roupa possível, conforme

instruções de Vasconcelos (1993) e Amorim et al. (2004). Para classificar os indivíduos quanto adiposidade

utilizamos os valores de cortes do IMC propostos por Viuniski (2001).

Tabela 1. Demonstrativo de crianças analisadas, de acordo com idade e gênero.

Idade Sexo Número de crianças

10 Masculino 52

Feminino 49

11 Masculino 44

Feminino 50

12 Masculino 53

Feminino 39

13 Masculino 40

Feminino 39

14 Masculino 39

Feminino 56

15 Masculino 39

Feminino 33

Para avaliação do consumo máximo de oxigênio foi utilizado o teste de vai-e-vem de 20 metros

proposto por Lerger et al. (1988). Para a realização do teste foram necessários um local de pelo menos 25

metros, toca fitas, fita cassete do teste, 4 cones, fita crepe e o teste foi aplicado com um grupo de 10

crianças de cada vez, que correram juntas percorrendo um espaço de 20 metros delimitado entre duas

linhas paralelas (DUARTE; DUARTE, 2001).

Tabela 2. Classificação do VO2máx de acordo com os estágios alcançados e com a idade.

Estágios

(no)

Velocidade

(km/h)

Predição do VO2máx. (mL.kg-1

.min-1

) de acordo com a velocidade e

idade

10 11 12 13 14 15

1 8.5 39.1 37.2 35.2 33.3 31.4 29.4

2 9 41.5 39.6 37.8 35.9 34.1 32.2

3 9.5 43.9 42.1 40.3 38.5 36.7 35

4 10 46.3 44.6 42.9 41.2 39.4 37.7

43

5 10.5 48.7 47 45.4 43.8 42.1 40.5

6 11 51.1 49.5 47.9 46.4 44.8 43.3

7 11.5 53.4 52 50.5 49 47.5 46

8 12 55.8 54.4 53 51.6 50.2 48.8

9 12.5 58.2 56.9 55.6 54.2 52.9 51.6

10 13 60.6 59.4 58.1 56.9 55.6 54.4

11 13.5 63 61.8 60.6 59.5 58.3 57.1

12 14 65.4 64.3 63.2 62.1 61 59.9

Fonte: Adaptado de Duarte e Duarte (2001)

Para uma melhor estruturação da coleta de dados foi confeccionada uma ficha que possuía

informações sobre: peso corporal, estatura, gênero, faixa etária e consumo máximo de oxigênio.

Análise dos dados

Foi utilizada a correlação de Pearson, com nível de significância de p<0,05, para analisar a correlação

entre o IMC com o VO2máx em cada uma das idades, do IMC com idades e do VO2máx com as idades.

Para analisar as diferenças entre os gêneros, do IMC e do VO2máx , foi utilizado o test-t para amostras

independentes, com nível de significância de p<0,05.

Tanto para a realização da análise da correlação de Pearson como para o test-t foi utilizado o

software GRAPHPAD PRISM.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 3 pode-se observar que as meninas de 10 anos apresentam uma correlação negativa

moderada entre o IMC e o VO2máx (r = -0,5140; p = 0,0002), e os meninos de 10 anos não apresentaram

correlação (r = -0,1372).

Já para as meninas e meninos de 11 anos foi observada uma correlação negativa moderada entre o

IMC e o VO2máx (r = -0,5681; p < 0,0001 e r = -0,5181; p = 0,0003, respectivamente). Contudo nas crianças

de 12 anos, as meninas apresentaram uma correlação negativa fraca (r = -0,4299; p = 0,0063) e os meninos

pouca correlação negativa (r = -0,2790 e p = 0,0431).

Quando analisadas as meninas e os meninos de 13 anos a correlação negativa foi fraca para ambos

(r = -0,3969; p = 0,0124 e r = -0,4635; p = 0,0026, respectivamente). Contudo as meninas e meninos de 14

anos demonstraram uma correlação negativa moderada (r = -0,5931; p < 0,0001 e r = -0,6182; p < 0,0001,

respectivamente), como também, os meninos de 15 (r = -0,6304; p < 0,0001), porém, as meninas de 15

anos obtiveram uma correlação negativa fraca (r = -0,4251; p = 0,0137).

44

Tabela 3. Correlações entre o IMC e o VO2máx dos meninos e meninas.

Idade Sexo Correlação

10

Masculino r = -0,1372

Feminino r = -0,5140 (p=0,0002)

11

Masculino r = -0,5181 (p=0,0003)

Feminino r = -0,5681 (p<0,0001)

12

Masculino r = -0,2790 (p=0,0431)

Feminino r = -0,4299 (p=0,0063)

13

Masculino r = -0,4635 (p=0,0026)

Feminino r = -0,3969 (p=0,0124)

14

Masculino r = -0,6182 (p<0,0001)

Feminino r = -0,5931 (p<0,0001)

15

Masculino r = -0,6304 (p<0,0001)

Feminino r = -0,4251 (p=0,0137)

De forma geral, nota-se, com exceção dos meninos de 10 anos, que conforme o IMC aumenta, o

VO2máx vai diminui, ou seja, a capacidade cardiorrespiratória está correlacionada negativamente com o IMC.

Desta forma, após a análise da correlação do IMC com o VO2máx em cada idade, pode-se observar a

correlação entre o IMC e as idades nos Gráficos 1 e 2. Conforme demonstrado no gráfico 1, a média do

IMC das meninas de 10 anos foi de 17,98 kg/m2, as de 11 anos foi 19,1 kg/m

2, as de 12 anos foi 20,39

kg/m2, as de 13 anos foi 19,77 kg/m

2, as de 14 anos 21,59 kg/m

2 e as de 15 anos foi de 21,43 kg/m

2.

Quando analisado a correlação entre a idade e o IMC, verificou-se uma correlação positiva muito forte (r =

0,9269; p = 0,0078), concordando com o estudo feito por Gonçalves (1995) e por Mcardle, Katch e Katch

(2000) que afirmam que as meninas vão aumentando a sua composição corporal, adquirindo massa gorda

à medida que vão ficando mais velhas.

Como nos resultados encontrados nas análises feitas com as meninas, os meninos apresentaram

uma correlação positiva muito forte entre os IMC e suas idades (r = 9398; p = 0,0053), conforme a idade

aumenta o IMC também aumenta semelhante aos resultados obtidos por Mcardle, Katch e Katch (2000), os

quais relatam que os meninos também tendem a aumentar o seu peso corporal com a idade, pois eles

adquirem massa muscular ou massa gorda. Os valores médios do IMC para os meninos de 10 anos foi de

19,24 kg/m2, de 11 anos foi 19,98 kg/m

2, de 12 anos 21,02 kg/m

2, de 13 anos foi 20,76 kg/m

2, de 14 anos

21,39 kg/m2 e de 15 anos foi de 23,17 kg/m

2.

Ao compararmos os valores médios do IMC dos meninos com os das meninas, notou-se que os

mesmos só apresentam diferença estatística aos 15 anos, em que as meninas apresentaram um IMC

inferior aos meninos (p = 0,0202).

45

Demonstra-se no Gráfico 3 que as meninas apresentam uma correlação negativa moderada do

VO2max com a idade (r = -0,6747; p= 0,1415), ou seja, a idade aumenta e o VO2máx diminui. Corroborando de

forma geral com o estudo de Mcardle, Katch e Katch (2000) que relatam que as meninas alcançam um pico

do VO2máx até aproximadamente os 13 anos e, depois, declina a seguir.

Quando analisou-se a correlação entre a idade e o VO2máx, para os meninos, encontrou-se uma

correlação negativa moderada (r = -0,6979; p = 0,1231). Concordando com Pollock e Wilmore (1993), os

quais afirmam que o VO2máx, tanto para as mulheres quanto para os homens, sofrem declínio com o

aumento da idade. Contudo ao compararmos os valores médios do VO2máx dos meninos com os das

meninas, notamos que os mesmos só apresentam diferença estatística aos 10 anos (44,50 vs 47,33 mL.kg-

1.min

-1), em que as meninas apresentaram um nível de condicionamento motor inferior aos meninos (p =

0,0081), semelhante ao estudo Rowland et al. (1997) em que encontrou uma superioridade dos meninos na

aptidão cardiorrespiratória.

Gráfico 1. Média dos valores de índice de massa corporal das meninas em relação a idade.

Gráfico 2. Média dos valores de índice de massa corporal dos meninos em relação a idade.

10.0 11.0 12.0 13.0 14.0 15.015.0

17.5

20.0

22.5

25.0

Idade (anos)

Índi

ce d

e m

assa

corp

oral

10.0 11.0 12.0 13.0 14.0 15.015.0

17.5

20.0

22.5

25.0

Idade (anos)

Índi

ce d

e m

assa

corp

oral

46

Quando avaliou-se os valores de IMC, encontrou-se que as meninas de 10 anos apresentam um

índice de obesidade mais acentuado, 6,12%, tendo um declínio aos 11 anos, 2%, e não apresentando

obesidade nas idades seqüentes (Gráfico 5). Já o índice de sobrepeso mostrou-se mais evidente aos 12

anos, 30,77%, e 14 anos, 29,82%, e com menor incidência aos 10 anos, 20,41%, 13 anos, 20,51%, 15

anos, 21,21% e aos 11 anos, 26%.

Os resultados deste estudo são semelhantes aos do Projeto Peso Saudável, realizado através da

parceria entre a Universidade Federal de São Paulo e Força – Tarefa de Controle de Peso e Atividade

Física do International Life Sciense Institute, que aponta 33% dos alunos entre 7 e 10 anos e 30% dos

adolescentes até 15 anos com peso superior ao ideal (GENTILE, 2004). Pode-se observar também que as

meninas com o decorrer dos anos apresentam um IMC mais elevado, isso ocorre em virtude das mudanças

corporais, concordando assim com William, Katch e Katch (2000), que relatam que as meninas tende a

elevar cada vez mais seu peso corporal depois dos 14 anos.

10.0 11.0 12.0 13.0 14.0 15.030.0

32.5

35.0

37.5

40.0

42.5

45.0

47.5

50.0

Idade (anos)

Cons

umo

máx

imo

de

oxig

ênio

(mL.

kg-1

.min

-1)

10.0 11.0 12.0 13.0 14.0 15.030.0

32.5

35.0

37.5

40.0

42.5

45.0

47.5

50.0

Idade (anos)

Cons

umo

máx

imo

de

oxig

ênio

(mL.

kg-1

.min

-1)

Gráfico 3. Média dos valores do consumo máximo de oxigênio para as meninas em relação a idade.

Gráfico 4. Média dos valores do consumo máximo de oxigênio para os meninos em relação a idade.

47

05

101520253035404550556065707580

10 11 12 13 14 15

Perc

en

tag

en

s d

e c

rian

ças

Idade (anos)

Normal

Sobrepeso

Obeso

05

101520253035404550556065707580

10 11 12 13 14 15

Perc

en

tag

en

s d

e c

rian

ças

Idade (anos)

Normal

Sobrepeso

Obeso

No gráfico 6 observa-se que os meninos de 14 anos apresentaram índice de obesidade mais

acentuado, 10,26%, depois os de 10 anos com 7,69%, os de 11 anos com 6,82%, os de 12 anos com

3,77%, os de 15 com 3,03% e não constatou-se obesidade apenas nos meninos de 13 anos. O índice de

sobrepeso foi mais evidente aos 13 anos, 50%, depois aos 15 anos com 45,45%, seguido pelos meninos de

12 anos com 45,28%, os 10 anos com 36,54%, os 11 anos com 36,36% e com menor percentual os de 14

anos com 10,26%.

Ressalta-se que a maior incidência de meninos obesos foi aos 14 anos, 10,26%, e que ao mesmo

tempo em que apresentou o maior número de obesos apresentou, também, o maior número de crianças

com o peso normal, 79,49%, quando comparado às outras idades. As idades que apresentaram o segundo

maior número de obesos foram as de 10 e 11 anos, e em terceiro lugar os meninos de 12 e 15 anos. Já o

índice de sobrepeso foi bastante elevado em todas as idades, sendo mais acentuado nos meninos de 13

anos, acompanhados pelos meninos de 12 e 15 anos e pelos de 10 e 11 anos.

CONCLUSÃO

De acordo com os resultados, e conforme a metodologia proposta, pode-se concluir que ambos os

gêneros apresentam correlações negativas moderadas e fortes entre o IMC e o VO2máx e correlação positiva

Gráfico 5. Percentagens de meninas classificadas pelo índice de massa corporal em relação a idade.

Gráfico 6. Percentagens de meninos classificadas pelo índice de massa corporal em relação a idade.

48

moderada em relação à idade e ao IMC, ou seja, notou-se que quanto maior o IMC, mais velhas eram as

crianças/adolescentes e menor eram os valores do VO2máx. Além do mais, observou-se uma maior

incidência de obesidade para as meninas de 10 anos e para os meninos de 14 anos, já o sobrepeso

demonstrou maior incidência aos 12 e 14 anos para as meninas e aos 13 anos para os meninos.

Desta forma, detectar e tratar de obesidade, o quanto antes, é de suma importância visto que ela é

uma doença degenerativa que afeta vários órgãos, trazendo conseqüências negativas para a saúde.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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49

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50

HIPERTENSÃO ARTERIAL E MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS EM UMA COMUNIDADE QUILOMBOLA DE SANTARÉM. Ronete Lourena Rodrigues MARTINS

1; Augusto Valter Freitas MENEZES

2; Edna Ferreira Coelho

GALVÃO3; Juarez SOUSA

4; Geovana Andreia GIBBERT

5.

1 Acadêmica do Curso de Medicina

da Universidade do Estado do Pará - UEPA/Santarém,

[email protected]; 2

Acadêmico do o Curso de Educação Física da UEPA/Santarém;

3Lider do grupo de

Estudo e Pesquisa GEPESPA/UEPA/ Santarém 4 5

Professores do Centro de Ciências Biológicas da

UEPA/Santarém.

RESUMO As doenças cardiovasculares são a principal causa de morbidade e mortalidade em todo o mundo. Os países com baixa e média renda apresentam uma projeção das doenças cardiovasculares devido a maior longevidade e exposição a fatores de risco. A população negra segue as mesmas características da população mundial, com probabilidade maior da instalação da doença devido a dificuldade de acesso à serviços de saúde, relacionada a fatores históricos e socioeconômicos desta população. A pesquisa teve como objetivo investigar a correlação entre a hipertensão arterial e a distribuição da gordura corporal como fator de risco para as doenças cardiovasculares na amostra pesquisada. O estudo foi desenvolvido em uma comunidade quilombola com 89 pessoas com idade acima de 30 anos. Os mesmos passaram pela pesagem e verificação das medidas antropométricas. A partir destes dados calculou-se o IMC e a relação entre cintura e quadril. Alguns dados levantados mostraram freqüência de hipertensão arterial sistêmica foi em 15,71% dos participantes; presença de obesidade em 25,71% e sobrepeso em 41,43% dos indivíduos que fizeram parte do estudo; e a relação cintura/quadril mostrou que 68,57% dos participantes apresentam esta relação elevada. Foi possível verificar a presença de um elevado número de pessoas com sobrepeso sendo pior no público feminino. O aumento da longevidade é diretamente proporcional ao aumento da freqüência de doenças cardiovasculares, fato este verificado em nosso estudo. Somado ao fator idade, o aumento do IMC, a circunferência abdominal e a relação cintura/quadril aumentadas e ainda as baixas condições socioeconômicas, produzem dados alarmantes em relação ao risco desta população em sofrer problemas riscos como Infarto Agudo do Miocárdio, Acidente Vascular Cerebral, lesões renais e outros problemas cardiovasculares. Palavras-Chave: Hipertensão Arterial; Medidas Antropométricas; Comunidade Quilombola

INTRODUÇÃO

As doenças cardiovasculares (DCV), que compreendem a doença arterial coronariana, o acidente

vascular encefálico, a doença arterial periférica, as doenças renais e a insuficiência cardíaca congestiva são

atualmente a principal causa de mortalidades em todo o mundo e, no Brasil, elas responderam no ano de

2006, por mais de 30% dos óbitos (NUNES FILHO e cols., 2007), sendo também a causa mais freqüente de

morbidades (VIEBIG et al., 2006). As projeções indicam o aumento da relevância das doenças

cardiovasculares em países de baixa e média renda, devido à maior longevidade associada a alterações

dos modos de vida, com maior exposição a fatores de risco. Estes fatores de risco seriam o tabagismo, a

inatividade física, uma dieta rica em gorduras saturadas, com conseqüente aumento dos níveis de colesterol

e hipertensão (ISHITANI et al., 2006). Segundo Barbosa (2001), as doenças cardiovasculares que afetam a

população negra são as mesmas da população de um modo geral, a diferença está que a população negra

apresenta um perfil mais critico de saúde. Esta realidade pode ser conseqüência de uma maior

probabilidade de doenças na população negra ou a manifestação sintomatológica é mais grave, do que na

população branca, sendo este perfil recorrente de diferentes contextos históricos.

OBJETIVO

Investigar a correlação entre a hipertensão arterial e a distribuição da gordura corporal como fator

de risco para as doenças cardiovasculares na amostra pesquisada.

METODOLOGIA

51

A pesquisa foi desenvolvida no período de fevereiro a abril de 2011 em uma comunidade quilombola

de Santarém com indivíduos adultos com idade igual ou superior à 30 anos, de ambos os sexos e que

aceitaram fazer parte do estudo. Foram excluídos os indivíduos que não aceitaram participar da pesquisa. É

de grande relevância informar que todos os participantes foram voluntários e assinaram o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Todos os procedimentos do estudo foram realizados segundo

os preceitos éticos da Resolução nº 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde.

Os procedimentos metodológicos envolveram medidas de peso, altura, circunferência de quadril e

cintura e PA. O peso corporal foi verificado com indivíduos vestindo roupas leves e descalços, através de

balança portátil digital calibrada, e a altura, em centímetros, através de fita métrica posicionada rente ao

chão, em parede plana, com o paciente descalço na posição ereta, com os pés juntos e os braços

estendidos ao longo do corpo.

O Índice de Massa Corporal (IMC) foi calculado pela fórmula [peso (kg)/altura2 (m2)]. Os critérios de

classificação do IMC foram os preconizados pela Sociedade Brasileira de Cardiologia. As circunferências da

cintura e do quadril foram medidas por intermédio de fita métrica de material sintético não extensível,

graduada em milímetros (WHO, 1995). Valores de Razão cintura-quadril (RCQ) superiores a 0,95 para

homens, a 0,80 para mulheres sem sobrepeso e a 0,85 para mulheres com sobrepeso foram considerados

de risco (PEREIRA et al., 1999).

A relação cintura/quadril (na qual baseia-se a definição de distribuição central de adiposidade), foi

obtida através do quociente entre a medida da cintura (em centímetros), e a medida do quadril (em

centímetros) (RCQ=Cintura/Quadril).

Para a medida da pressão arterial (PA) foi utilizado aparelho BD. Foram realizadas três aferições da

pressão arterial, com intervalo mínimo de cinco minutos entre elas. A medição foi realizada no braço

esquerdo seguindo as orientações do Programa Nacional de Controle da Hipertensão. Adotamos para fins

de analise a média das duas ultimas aferições, segundo orienta a VI Diretrizes Brasileira de Hipertensão

Arterial.

Foram considerados hipertensos os indivíduos com pressão arterial sistólica (PAS) maior ou igual a

140 mmHg e/ou pressão arterial diastólica (PAD) maior ou igual a 90 mmHg. Após a coleta de dados os

mesmos foram tabulados e receberam tratamento estatístico com o software Excel 2007.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram coletados dados de 89 indivíduos. Sendo 42,86% (N=30) do sexo masculino e 57,14%

(N=40) do sexo feminino. A freqüência de hipertensão arterial sistêmica foi de 15,71% como é possível

observar no Gráfico 1. A presença de obesidade foi constatada em 25,71% dos participantes e de

sobrepeso em 41,43%, ilustrada no Gráfico 2 e a relação cintura/quadril representada no Gráfico 3 mostra

que 68,57% dos participantes apresentam esta relação elevada.

52

Quando comparamos os fatores de riscos associados a hipertensão arterial podemos observar na

tabela 1 que o sexo feminino apresenta 72,73% , sendo maior que a frequencia de hipertensão no sexo

masculino 27,27%.

Com relação a idade a tabela 1 mostra que a frequencia de hipertensão arterial aumenta com a

idade sendo de 9,09% na faixa etaria de 40-49 anos e de 54,55% na faixa etaria de 60-69 anos. A

hipertensão arterial mais acentuada nas mulheres pode ter relação com a presenca de outros fatores de

risco como a obesidade e a relação cintura/quadril elevada que tamebm apresentou maior frequencia entre

as mulheres como pode ser observada na tabela 2.

32,86

41,43

25,71

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

40,00

45,00

NORMAL SOBREPESO OBESIDADE

Gráfico 2: Indice de Massa Corpórea

68,57

31,43

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

ELEVADA NORMAL

Gráfico 3: Relação Cintura Quadril (RCQ)

53

Tabela 1: Prevalência de hipertensão arterial e pressão limítrofe segundo variáveis gênero e idade na

população maior de 30 anos de uma Comunidade Quilombola de Santarém-Pa, 2011

Hipertensão Pressão Limítrofe

Variável % (n) % (n)

Sexo

Masc 27,27% 57,14%

Fem 72,73% 42,85%

Idade (anos)

30-39 anos -- 7,15%

40-49 anos 9,09% 21,43%

50-59 anos 36,36% 14,28%

60-69 anos 54,55% 28,57%

70-79 anos -- 28,57%

Tabela 2: Prevalência de hipertensão arterial e pressão limítrofe segundo medidas antropométricas na

população maior de 30 anos de Murumuru - Comunidade quilombola de Santarém-Pa, 2011

Hipertensão Pressão Limítrofe Hipertensão Pressão Limítrofe

Variável % (n) % (n) % (n) %(n)

Homens Mulheres

IMC

Normal 100% 50% -- --

Sobrepeso -- 37,5% 25% 66,67%

Obesidade -- 12,5% 75% 33,33%

RCQ

Normal 66,67% 50% -- --

Elevada 33,33% 50% 100% 100%

A prevalência da HA aumenta com a idade, estimando-se em 50% das pessoas com mais de

sessenta anos, bem como o risco de tornar-se hipertenso ao longo da vida, chegando a 90% em indivíduos

normotensos aos 55 anos. Em nosso estudo, realizado com pessoas acima de trinta anos, essa relação

ficou evidente assim como nos estudos populacionais de Gus et al (2004), Converso e Leocádio (2005),

Lessa (2001) confirmando que o aumento da longevidade está sendo acompanhado por fatores de risco

que causam sérios problemas de saúde aos idosos diminuindo sua qualidade de vida (JARDIM et al, 2007 ).

Utilizando-se os critérios de diagnóstico da Sociedade Brasileira de Cardiologia, encontrou-se uma

prevalência de obesidade de 25,71%. Esta prevalência mostrou-se elevada quando comparada à média

nacional, segundo a Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição, que é de 8% (COUTINHO et al, 1991).

54

Outros estudos com características semelhantes também encontraram prevalências elevadas de

obesidade, exemplo disto são os estudos de Feijão et al (2005) que utilizou uma amostra homogênea de

indivíduos de baixas condições socioeconômicas, encontrado encontrou a prevalência de excesso de peso

de 51,26%; de Rezende et al (2006) que encontrou as freqüências de sobrepeso e obesidade bastante

elevadas nos participantes de seu estudo, sendo de 42,5% e 24,5%, respectivamente, no sexo feminino, e

de 40,0% e 15,2%, respectivamente, no sexo masculino. Ainda podemos perceber que no nosso trabalho,

assim como em Rezende et al (2006) a prevalência de obesidade foi maior entre as mulheres.

A existência de uma relação causa e efeito entre o aumento do peso e a elevação da pressão

arterial já é comprovada em estudos conceituados como o de Lamon-Fava (1996) apud Sousa et al (2003)

realizado com descendentes de Framingham. Ele observou um aumento na freqüência de hipertensão

proporcional ao aumento de peso, semelhante ao encontrado nos dados referentes as mulheres de nosso

estudo percebe-se que as hipertensas são as que apresentaram sobrepeso e obesidade.

CONCLUSÃO

Diante dos resultados apresentados, conclui-se que indivíduos com excesso de peso e com relação

cintura/quadril elevada estão mais expostos a fatores de risco cardiovasculares já percebidos na

prevalência de hipertensão ou mesmo na prevalência de pressão limítrofe, resultando, conseqüentemente,

em maior risco de morbidade e mortalidade quando essas alterações não são modificadas. Estes dados

podem ser agravados quando a população em questão é quilombola, uma vez que a etnia é um fator de

risco para hipertensão arterial.

REFERENCIAS

COUTINHO D. C, et al. Condições nutricionais da população brasileira: adultos e idosos. Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição, MS/INAM. Brasília, 1991. Disponível em: http://nutricao.saude.gov.br/sisvan.php?conteudo=inquerito_populacional_pnsn. Acesso 14/04/2011. BARBOSA, Maria Inês da Silva. É Mulher, mas é Negra: perfil da mortalidade do “quarto de despejo”. Jornal da Rede, no 23, março 2001. Disponível em: http://www.antroposmoderno.com/antro-articulo.php?id_articulo=310. Acesso 14/04/2011 CONVERSO, M. E. R.; Leocádio, P. L. L. F. Prevalência da hipertensão arterial e análise de seus fatores de risco nos núcleos de terceira idade de Presidente Prudente. Rev. Ciênc. Ext. v.2, n.1, p.2, 2005. Disponível em: http://ojs.unesp.br/index.php/revista_proex/article/download/181/95 Acesso 14/04/2011 FEIJÃO, Adelina Maria Melo et al. Prevalência de Excesso de Peso e Hipertensão Arterial, em População Urbana de Baixa Renda. Arquivos Brasileiros de Cardiologia - Volume 84, Nº 1, Janeiro 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abc/v84n1/23002.pdf Acesso 14/04/2011 GUS, I, et al. Prevalência, Reconhecimento e controleda hipertensão arterial sistêmica no Estado do Rio Grande do Sul. Arq Brás Cardiol 2004; 83(5): 424-28. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-782X2007000400015 Acesso 14/04/2011 JARDIM, Paulo César B. Veiga et al. Hipertensão Arterial e Alguns Fatores de Risco em uma Capital Brasileira. Arq Bras Cardiol 2007; 88(4) : 452-457 Disponivel em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0066-782X2007000400015&script=sci_abstract&tlng=pt Acesso 15/04/2011

55

ISHITANI, Lenice Harumi; et al. Desigualdade social e mortalidade precoce por doenças cardiovasculares

no Brasil. Rev Saúde Pública 2006;40(4):684-91 Disponível em: www.scielo.br/pdf/rsp/v40n4/19.pdf Acesso 15/04/2011

LESSA, Ínes. Epidemiologia da hipertensão arterial sistêmica e da insuficiência cardíaca no Brasil. Rev Bras Hipertens vol 8(4): outubro/dezembro de 2001. Disponível em: http: http://departamentos.cardiol.br/dha/revista/9-4/epidemiologia.pdf Acesso 15/04/2011 NUNES FILHO, João Rogério; e cols. Prevalência de Fatores de Risco Cardiovascular em Adultos de Luzerna, Santa Catarina, 2006. Arq Bras Cardiol 2007; 89(5) : 319-324. Disponível em: www.scielo.br/pdf/abc/v89n5/07.pdf Acesso 15/04/2011 PEREIRA R. A, et al. Razão cintura/quadril como preditor de hipertensão arterial. Cad Saúde Pública 1999;15:333-4. REZENDE, Fabiane Aparecida Canaan et al. Índice de Massa Corporal e Circunferência Abdominal: Associação com Fatores de Risco Cardiovascular. Arq Bras Cardiol 2006; 87(6): 728-734. Disponível em:

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VIEBIG, Renata Furlan. Perfil de Saúde Cardiovascular de uma População Adulta da Região Metropolitana de São Paulo. Arquivos Brasileiros de Cardiologia - Volume 86, Nº 5, Maio 2006. Disponível em:

www.scielo.br/pdf/abc/v86n5/29497.pdf Acesso 15/04/2011 World Health Organization. Physical Status: The use and interpretation of anthropometry. Report of a WHO Expert Committee. Geneva, 1995.

56

ÍNDICE DE MASSA CORPORAL, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA, FLEXIBILIDADE E SATISFAÇÃO

CORPORAL DOS MILITARES DA MARINHA, NA REGIÃO OESTE DO PARÁ.

Márcia Lia S. SARGES1, Cleilson Araujo RODRIGUES

1, Carlos Alberto S. da SILVA

1,2, Augusto Valter F. de

MENEZES1, Luiz Fernando GOUVÊA-e-SILVA

1,2.

1Centro de Ciência Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA;

2Núcleo de Avaliação Física e Prescrição de Treinamento, Santarém – PA, Brasil, e-mail:

[email protected].

Resumo

O estudo teve como objetivo analisar a relação entre índice de massa corporal (IMC), nível de atividade

física, flexibilidade e satisfação corporal dos militares da Marinha na Região Oeste do Pará. O estudo

caracteriza-se por ser quantitativo e de natureza descritiva. A amostra investigada foi de 25 militares da

Marinha na Região Oeste do Pará, sendo 22 homens e 3 mulheres, com idade média de 37±7,33 anos.

Para a coleta de dados foi utilizado uma ficha de avaliação, de acordo com o gênero, com dados referentes

à estatura, peso corporal, IMC, flexibilidade, nível de atividade física e espaços para o preenchimento das

silhuetas. Para a medida de peso corporal foi utilizada um balança de marca Wellmy®, bem como para a

estatura. Calculou-se o índice da massa corporal através da fórmula: IMC=peso(kg)/estatura(m²).

Constatou-se que dos 25 indivíduos analisados nenhum se classifica com baixo peso e com obesidade

extrema, 28% classificam-se com peso normal, 44% indivíduos têm peso excessivo, 24% apresentam

obesidade classe I e 4% demonstraram obesidade classe II. Quanto ao nível de atividade física, 48% dos

indivíduos são considerados irregularmente ativo, 12% muito ativo, 36% ativos e apenas 4% são

sedentários. Quanto à imagem corporal 72% dos indivíduos que fazem parte da amostra gostariam de

perder peso, 4% gostaria de ganhar peso e apenas 24% estão satisfeitos com sua imagem corporal. Quanto

à flexibilidade, 56% do sujeitos não conseguiram passar do ponto zero ficando com valores negativos e

apenas 44% dos indivíduos demonstraram valores positivos. Pode-se concluir, conforme método adotado,

que a maioria da amostra está com valores de IMC acima do normal, mesmo sendo a maior parte destes

ativos. Quanto à flexibilidade os voluntários apresentam valores negativos na sua maioria, bem como,

insatisfeitos com sua imagem corporal.

Palavras-chave: nível de atividade física, satisfação corporal, flexibilidade, militares.

INTRODUÇÃO

A literatura científica utiliza cada vez mais diferentes conceitos para qualidade de vida, porém é

consenso afirmar que ela abrange os domínios da vida humana em seis áreas distintas: física, mental,

social, produtiva emocional e cívica (COELHO; ARAÙJO, 2000). Todavia pode-se afirmar que a qualidade

de vida está intimamente ligada ao estilo de vida adotado pelo indivíduo, ou seja, um estilo de vida ativo,

através da prática regular de atividade física, o qual poderá conduzi-lo a uma longevidade e melhor

qualidade de vida (WEINECK, 2005).

O Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM), uma das grandes Instituições renomadas

sobre a prática da atividade física, no seu posicionamento sobre a mesma ressalta que a atividade física

prescrita de forma que proporcione o máximo de benefícios e menor risco, levando sempre em

57

consideração as condições gerais do indivíduo e os princípios da individualidade biológica, será de grande

importância para a melhoria da saúde pública, quando utilizadas em programas de treinamento (COELHO;

ARAUJO 2000).

Neste sentido, a atividade física pode ser definida como qualquer movimento corporal, produzido

pelos músculos esqueléticos, que resulte em um gasto de energia maior que os níveis de repouso. No

entanto, a atividade física também é uma aliada imprescindível para alcançar uma boa forma física e sua

prática deve ser desenvolvida de maneira prazerosa e contínua ao longo da vida para que seus benefícios

sejam alcançados (MONTEIRO, 2000; WEINECK, 2005). Pompeu (2004) ressalta que a atividade física é

uma importante aliada na prevenção de doenças, na melhora do bem-estar, da auto-estima, da saúde e

promove uma melhor qualidade de vida para cada um. Confirmando isso, Weineck (2005, p.38), afirma que

“a falta de atividade física é o fator de risco número 1 para nossa saúde. E a eliminação desse fator não se

encontra hoje somente em nível de interesse pessoal, mais sim de um dever social”.

Para Kakeshita e Almeida (2006) o índice de massa corporal (IMC), dado pelo peso (kg)/estatura²

(m2), é a medida mais comumente empregada em estudos de grupos populacionais para classificação do

estado nutricional, bem como está associado aos fatores determinantes das condutas relativas ao peso

corporal. Além do IMC como fator de conduta para a saúde, muitas capacidades motoras são importantes

para as atividades da vida diária, como a força, potência, resistência e a flexibilidade. Pode-se ressaltar que

a capacidade dos indivíduos continuarem fisicamente independentes, com o passar do tempo, dependem

destes componentes que estão envolvidas nessas atividades diárias (PHILIPS; HASKELL, 1995 apud

COELHO; ARAÚJO, 2000).

Dentre as capacidades motoras pode-se destacar a flexibilidade, que é a capacidade motora que

determina a amplitude dos movimentos de uma articulação sem lhe ocasionar lesão. Vale ressaltar que a

flexibilidade é um componente da saúde relativo à forma física e é altamente treinável, sendo de grande

importância, pois para se manter em uma postura adequada é necessário um mínimo de flexibilidade

(PHILIPS; HASKELL, 1995 apud COELHO; ARAÚJO, 2000; ACHOUR; JÚNIOR, 1999 apud ANDRADE,

2007).

Por fim, mas não menos importante, tem-se a imagem corporal que está diretamente ligada aos

padrões físicos do indivíduo, podendo ocasionar um melhor contentamento com a vida/bem estar

(BARROS, 2005).

Desta foram, o estudo teve como objetivo analisar a relação entre o índice de massa corporal (IMC),

nível de atividade física (NAF), flexibilidade e satisfação corporal dos militares da Marinha, do município de

Santarém-PA.

METODOLOGIA

A pesquisa é quantitativa (TEIXEIRA, 2004), de campo (MARCONI, 2007) e de natureza descritiva,

pois segundo Oliveira (2004), o estudo descritivo caracteriza-se por abranger aspectos gerais e amplos de

um contexto social. Permite também ao pesquisador a obtenção de uma boa compreensão do

comportamento de vários fatores e elementos, além de descobrir e classificar a relação entre variáveis.

A pesquisa foi realizada na Delegacia Fluvial de Santarém (Delsantarém), representação da

Capitania dos Portos da Amazônia Oriental (CPAOR), Diretoria de Portos e Costas (DPC), Marinha do Brasil

(MB).

58

O estudo obteve aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado do Pará,

Campus XII – Santarém, sob o protocolo Nº: 020/2010, e todos os indivíduos avaliados assinaram o termo

de consentimento livre e esclarecido, conforme resolução196/96 do conselho nacional de saúde.

Amostra A amostra consistiu dos militares da Delegacia Fluvial de Santarém (DELSANTARÉM). Onde foram

analisados 25 sujeitos de ambos os gêneros, sendo 22 homens e 3 mulheres, com média de idade de

37±7,33 anos.

Protocolos utilizados

Para a medida de peso corporal foi utilizada um balança de marca Wellmy®. Para estatura foi

utilizado o estadiômetro acoplado a balança. Os procedimentos adotados para a coleta destas variáveis

foram os sugeridos por Carvanal (1998), onde os sujeitos ficaram com o mínimo de roupa possível, ou seja,

descalços e utilizaram camiseta de uniforme e bermuda. De posse das medidas de peso e estatura,

calculou-se o índice de massa corporal (IMC), através da divisão do peso corporal pela estatura elevada ao

quadrado. Para a classificação dos indivíduos quanto ao IMC, utilizou-se a proposta descrita por Pompeu

(2004).

O nível de atividade física foi mensurado pela versão curta do IPAQ (Questionário Internacional de

Atividade Física), que possui bom nível de reprodutibilidade e moderado de validade (BENEDETTI et al.,

2004 apud ARAÚJO et al., 2008). O questionário contém perguntas relacionadas à frequência (dias por

semana) e a duração (tempo por dia) da realização de atividades físicas moderada, vigorosa e caminhada.

O instrumento classifica os sujeitos em muito ativo, ativo, insuficientemente ativo e sedentário, considerando

os critérios de frequência, duração e tipo de atividade física que são a caminhada, atividades vigorosas e

moderadas.

Com relação à flexibilidade foi utilizado o teste de sentar e alcançar. O objetivo do teste é medir a

flexibilidade das articulações do quadril e da coluna para a flexão do tronco sobre as coxas. O material

empregado para a realização deste teste foi uma caixa de madeira com profundidade de 35 cm, largura de

45 cm e altura de 32 cm, na qual encontra-se fixa uma tampa de 50 cm de profundidade e 45 cm de largura,

com uma escala métrica sobre a mesma (Banco de Wells). Assim, a tampa fica projetada em 15 cm de sua

profundidade na direção do avaliado (GOBBI et al., 2005). Desta forma o ponto “zero” foi considerado na

distância de 15 cm demarcada pela fita que coincide com a ponta dos pés. Desta forma, os valores após os

15 cm foram considerados positivos e antes negativos.

Para a avaliação da satisfação corporal utilizou-se a escala de silhuetas proposta por Sorensen e

Stunkard (1993) apud Tritschler (2003). Esta escala de silhuetas representa desenhos de bonecos

masculinos e femininos referentes a nove portes físicos, ou seja, 01 é mais magro (menor porte) e o 09

apresenta-se como o mais gordo (maior porte). Para aplicar a escala, o sujeito observa os desenhos e

apontou, primeiramente, o boneco com o porte físico que o representa e depois o que gostaria de ser. Este

último foi considerado como o ideal. De acordo com as respostas, a essa última pergunta, foram

classificados em: “satisfeito”, “perder peso” e “ganhar peso”.

Análise dos dados

Os dados foram avaliados e analisados estatisticamente através das técnicas de estatística

descritiva, utilizando a percentagem, média e desvio padrão. Já para a análise da correlação de Pearson foi

utilizado o software GRAPHPAD PRISM, com o nível de significância de p<0.05.

59

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Tabela 1 mostra que a média de idade dos indivíduos foi de 37±7,33 anos, a estatura de

1,72±0,08 m, o peso corporal de 82,23±14,36 kg e o IMC de 28,01±4,03 kg/m². Observou-se com estes

resultados que a média referente ao IMC, não foi classificada como peso ideal, mas sim como peso

excessivo.

Tabela 1. Demonstrativo das médias dos indivíduos quanto à idade, estatura, peso corporal e índice de massa corporal.

Voluntários (n=25) Idade (anos) Estatura (m) Peso (kg) IMC (kg/m2)

Média 37 1,72 82,23 28,01 Desvio padrão 7,33 0,08 14,36 4,03

Analisando de forma geral, notou-se que nenhum dos sujeitos classificou-se com baixo peso e

obesidade extrema. Já com peso normal foi observado 28%, com peso excessivo encontrou-se 44%, 24%

com obesidade classe I e 4% com obesidade classe II. Desta forma observou-se que a maioria dos

analisados encontra-se acima do seu peso normal (72%).

No estudo realizado por Rodrigues (2007), traçando o perfil antropométrico de um grupo de militares

em Itumbiara (GO), encontrou que 52% estavam com sobrepeso, 32% com o peso ideal e 16% com

obesidade moderada. Sendo assim, observou-se que 84% dos indivíduos estavam acima do peso normal,

corroborando com os resultados deste estudo, pois a maioria encontra-se acima do peso.

Diante do exposto na Tabela 1 e de estudos realizados, pode-se afirmar que o excesso de peso

está presente nos dois estudos, deixando claro que o mesmo é um problema de saúde mundial podendo

acarretar uma série de transtorno para a população, sendo necessário um sério trabalho de

prevenção/orientação através da conscientização da prática de atividade física. Conti, Frutuoso e

Gambardella (2005) afirmam que o indivíduo com excesso de peso está propenso a desenvolver doenças

como hipertensão arterial, dislipidemias, diabetes tipo 2, além de problemas respiratórios, musculares, baixa

auto-estima, dificuldades de relacionamentos entre outros pares, piora da qualidade de vida e aumento do

risco de desenvolver câncer (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2005).

Conforme os resultados mostrados na Tabela 2, 48% dos indivíduos correspondem à classificação

de irregularmente ativo, 12% como muito ativo, 36% como ativo e apenas 4% como sedentário. A partir

desses dados observou-se que da amostra analisada, a maioria dos sujeitos pratica alguma atividade física

no seu dia-a-dia.

Para Sharkey (1998) a prática do exercício físico mantém os músculos, os quais queimam calorias e

gorduras, ajuda a manter um peso corporal saudável e reduz o risco de doenças cardíacas, câncer, diabete

e estresse. Além do mais, ajuda a se manter com uma melhor aparência e que a mesma não é uma salada

de hábitos isolados, mas sim um conjunto altamente integrado de comportamentos que se tornam mais

potentes combinados do que individualmente.

Os resultados demostram que os indivíduos analisados realizam alguma atividade física diariamente

mantendo assim um estilo de vida mais ativo, contudo não é suficiente para manter o IMC dentro dos

parâmetros de normalidade, pois a maioria da amostra encontra-se acima do peso normal.

60

Pode-se verificar na Tabela 3, que 72% dos indivíduos que fizeram parte da amostra gostariam de

perder peso, 4% gostaria de ganhar peso e 24% estão satisfeitos com sua imagem corporal. A partir dos

dados verifica-se que 76% dos indivíduos estão insatisfeitos com sua imagem corporal, pois querem ganhar

ou perder peso, sendo esta última a grande maioria. Essa insatisfação também pode estar relacionada com

o próprio IMC, pois apenas 24% da amostra estão como o peso corporal normal. Destaca-se também, que

ninguém foi classificado com baixo peso para querer ganhar peso.

Tabela 2. Demonstrativo da classificação dos indivíduos quanto ao nível de atividade física (IPAQ).

Indivíduos Caminhada Moderada Vigorosa

Classificação F D F D F D

1 2 160 4 60 2 80 Irregularmente Ativo 2 - - - - - - Sedentário 3 5 30 - - - - Ativo 4 3 30 3 40 - - Irregularmente ativo 5 - - 5 240 3 60 Ativo 6 3 45 2 60 3 135 Ativo 7 2 100 3 40 - - Irregularmente Ativo 8 2 80 6 20 2 30 Irregularmente Ativo 9 2 120 2 60 2 60 Ativo

10 - - 3 40 3 40 Ativo 11 3 40 3 30 - - Irregularmente Ativo 12 2 60 2 60 - - Irregularmente Ativo 13 - - 3 90 2 40 Irregularmente Ativo 14 5 60 3 90 3 40 Muito Ativo 15 - - 2 30 2 30 Irregularmente Ativo 16 6 120 6 120 3 60 Muito Ativo 17 2 30 - - - - Irregularmente Ativo 18 - - 2 90 - - Irregularmente Ativo 19 3 40 7 70 3 30 Ativo 20 - - 4 60 1 60 Irregularmente ativo 21 2 20 3 180 2 15 Ativo 22 - - - - 3 60 Ativo 23 2 30 2 30 2 24 Irregularmente ativo 24 1 30 - - 3 20 Ativo 25 - - 5 120 3 120 Muito ativo

Legenda: F = Freqüência; D = Duração.

Tabela 3. Demonstrativo da satisfação corporal dos voluntários.

Situação N Percentual

Satisfeito 06 24%

Perder peso corporal 18 72%

Ganhar peso corporal 01 4%

61

Tabela 4. Classificação dos indivíduos quanto à flexibilidade.

A Tabela 4 descreve que 56% da amostra não conseguiu passar do ponto zero, ficando com valores

negativos, e apenas 44% passaram do ponto zero, ficando com valores positivo. Isso revela uma média

negativa de -0,98±6,74 cm.

Guedes (1995) apud Silva e Moreira (2001) e Coelho e Araújo (2000), fazem uma relação entre

aumento da flexibilidade e facilitações na execução de ações cotidianas em adultos participantes de

programa de exercício supervisionado, explanam que, um bom grau de flexibilidade implica na facilidade de

movimento, sendo que pessoas com amplos arcos articulares tendem a ficarem menos suscetíveis a lesões,

caso sejam submetidos a esforços físicos mais intensos ou a movimentos bruscos, desta forma, pode-se

sugerir que os Militares do estudo estão mais susceptíveis a estas situações, devido aos baixos valores de

flexibilidade, na sua maioria.

Segundo levantamento de um banco de dados de 1874 avaliados através do flexiteste, no qual o

objetivo era traçar um perfil da flexibilidade de acordo com as faixas etárias constatou-se que normalmente

acontece um pequeno declínio da flexibilidade dos 16 aos 40 anos, porém após os 40 anos de idade esse

declínio é muito rápido (ARAÚJO et al., 1998 apud COELHO; ARAÚJO, 2000). Segundo os mesmos

autores outro aspecto constatado, é que “a variabilidade da flexibilidade corporal aumenta com a idade

momento em que o principal fator para a manutenção ou recuperação da flexibilidade é a prática regular de

atividades físicas” (p.38).

Levando-se em consideração que nesse estudo os indivíduos em questão são militares e que a

qualquer hora podem ser empregados em operações de extrema exigência física, o acima mencionado nos

remete a frisar, que a população em questão está tão suscetível a tais conseqüências quanto a população

em geral, pois o cotidiano dos mesmos não condiz com o que se é necessário para o mínimo de

manutenção, que se propõe, para uma boa saúde, sendo portanto necessário uma maior intensificação em

suas atividades físicas diárias, para que os mesmos quando exigidos fisicamente de forma mais intensa,

Indivíduos Flexibilidade (cm) Indivíduos Flexibilidade (cm)

1 +1 14 +3,5

2 -15 15 +1,5

3 -4 16 +2

4 +8 17 -9

5 +7 18 -1

6 -9 19 -8

7 +1 20 -5

8 -7 21 -1

9 0 22 -12

10 +2,5 23 -3

11 -2 24 +5

12 0 25 +15

13 +5

Média -0,98

Desvio Padrão 6,74

62

não venham sofrer possíveis lesões, neste caso por limitações articulares, mas que os mesmos possam

usufruir dos benefícios tanto enfatizado pela literatura.

Sendo assim, pode-se perceber que a flexibilidade tende a ser uma valência física de suma

importância para a realização das tarefas diárias, pois fica cada vez mais evidente a importância da mesma

para a saúde, a aptidão física e a qualidade de vida (SILVA; MOREIRA, 2001). Ainda sobre essa questão

estudos sugerem que a idade não se constitui barreira para se adquirir os benefícios da flexibilidade, pois é

possível evoluir e manter o nível de flexibilidade alcançado em qualquer idade, independente do gênero

(ARAÚJO et al., 1998; apud COELHO, ARAUJO, 2000).

Analisando-se a correlação entre as variáveis estudadas foi possível observar que a flexibilidade

apresenta uma correlação positiva com o nível de atividade física (r=40; p=0.0451). Já a flexibilidade com o

IMC (r=-16; p>0.05) e o IMC com o nível de atividade física (r=-14; p>0.05) não apresentaram correlação

significante entre si, apenas tenderam a uma correlação negativa fraca.

Desta forma, pode-se inferir que quanto maior o nível de atividade física maior será o valor da

flexibilidade (MCARDLE et al., 2005).

Dantas (1989), Pope et al. (2000) e Shrier (2000) apud Silva e Moreira (2001), confirmam o acima

exposto, pois de acordo com estado de condicionamento do indivíduo, há alteração na elasticidade

muscular, onde indivíduos inativos possuem uma elasticidade muscular reduzida e o mesmo tende a

melhorar quando provido de um bom condicionamento físico.

CONCLUSÃO

Segundo este estudo, a maioria dos indivíduos que fizeram parte da amostra, em relação ao seu

IMC, encontram-se com peso excessivo e alguns inclusive com obesidade classe II, apesar do nível de

atividade física estar, na sua maioria, classificado como ativo, irregularmente ativo. Desta forma, percebe-se

que a prática de atividade física não é o único fator determinante no que diz respeito ao peso ideal.

No que diz respeito a satisfação corporal, notou-se uma grande insatisfação com a forma do corpo,

pois 72% da amostra gostaria de perder peso, 4% gostaria de ganhar peso e somente 24% estão satisfeitos

com sua imagem corporal.

Quanto ao nível de flexibilidade, percebeu-se que 56% não conseguiram passar do ponto zero

ficando com valores negativos e 44% da amostra alcançou valores positivos. Contudo a média para a

flexibilidade ficou em -0,98±6,74 cm.

A partir dos resultados da flexibilidade e do nível de atividade física foi possível demonstrar uma

correlação positiva entre as duas variáveis, ou seja, quanto maior o nível de atividade física melhor são os

valores da flexibilidade.

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64

NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E DOENÇAS HIPOCINÉTICAS ENTRE FUNCIONÁRIOS DE UMA AGÊNCIA BANCÁRIA DE SANTARÉM, NO ANO DE 2010. Edwagner Rodrigo S. FERREIRA

1, Francisco Moacir A. de OLIVEIRA

1, Carlos Alberto S. da SILVA

1,

Augusto Valter F. de MENEZES1, Lorhena Alves PEREIRA

1, Jone Luiz Queiroz de OLIVEIRA

1.

1Centro de Ciência Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA;

e-mail: [email protected].

RESUMO: O estudo tem como objetivo verificar o nível de atividade física dos funcionários de uma Agência

Bancária de Santarém-PA e as possíveis doenças hipocinéticas existentes entre os indivíduos

selecionados. Para isso, foi realizada uma pesquisa de levantamento através da aplicação de questionários

em 12 funcionários, tanto do sexo masculino como do feminino, com funções semelhantes dentro da

agência. Sobre os resultados, o QIAF / IPAQ (Questionário Internacional de Atividade Física) mostrou que

dentre as cinco classificações, todas foram encontradas, sendo que o público Ativo e Muito Ativo

representou apenas 25% e representando 75% estão os Insuficientemente Ativos A e B juntamente com os

Sedentários. Já o segundo questionário sobre doenças hipocinéticas revelou que entre os pesquisados

estão presentes quatro diferentes tipos de doenças hipocinéticas (o colesterol sanguíneo, a diabetes, a

hipertensão e a lombalgia), onde também observou-se que 100% dos indivíduos pesquisados apresentaram

algum tipo de dor muscular decorrente do trabalho. Assim, concluiu-se que neste estudo realizado com

bancários, onde a maioria apresenta um estilo de vida sedentário ou possuem algum tipo de doença

hipocinética, o exercício físico seria um fator primordial para a prevenção e tratamento desses males

ocasionados principalmente pelo estilo de vida moderno, em que os indivíduos dedicam a maior parte do

tempo ao trabalho, muitas vezes deixando de lado hábitos saudáveis e cuidados com a própria saúde.

Palavras-chave: Atividade Física, Sedentarismo, Doenças Hipocinéticas, Bancários.

INTRODUÇÃO

Com o avanço tecnológico surgem inúmeros meios para facilitar a vida humana, sejam no trabalho,

em casa ou nos mais diversos lugares. Alves (2007) relata que, em princípio, a tecnologia é criada para fins

de ser um facilitador da sociedade e, ainda, como uma ferramenta para se economizar tempo nas ações. O

conforto advindo dessa tecnologia faz com cada vez mais o homem se movimente menos, chegando ao

status de sedentário. Isso faz com que muitas pessoas venham a adquirir doenças decorrentes da

inatividade física.

Segundo Guajardo (2004), nas últimas décadas, ainda que a expectativa de vida das populações

tenha sido aumentada, a maior taxa de mortes prematuras é atribuída cada vez mais ao sedentarismo.

De acordo com Assumpção et. al. (2003), a par das evidências de que o homem contemporâneo

utiliza-se cada vez menos de suas potencialidades corporais e de que o baixo nível de atividade física é

fator decisivo no desenvolvimento de doenças degenerativas, sustenta-se a hipótese da necessidade de se

promoverem mudanças no seu estilo de vida, levando-o a incorporar a prática de atividades físicas ao seu

cotidiano. A prática de atividade física é, por unanimidade, considerada como benéfica para a boa qualidade

de vida. Matsudo e Matsudo (2000, 2000), reiteram a prescrição de atividade física enquanto fator de

prevenção de doenças e melhoria da qualidade de vida.

Para Harold (2001), o número de praticantes regulares de atividade física é bem inferior àquele

desejado pelos profissionais de saúde pública, fato que contribui para o aumento acelerado do número de

doenças hipocinéticas. Guedes e Guedes (1995) caracterizam doenças hipocinéticas, de hipo+cinesia,

65

sendo elas apresentáveis com maior freqüência em indivíduos com estilo de vida sedentário ou carente de

atividades físicas. Segundo Fernandez et. al. (1992), o termo apresentado pode ser traduzido da seguinte

maneira: hipo, prefixo de diminuição, grau inferior; cinesia, ciência do movimento, em suas relações com a

educação, a higiene e a terapêutica. Portanto, podemos entender as doenças hipocinéticas como as

derivadas de falta ou diminuição dos níveis das atividades físicas, educacionais e suas relações com o

ambiente.

Dentre as doenças hipocinéticas, destacam-se a doença coronariana, a diabetes millitus, a

hipertensão arterial, as doenças reumáticas, a obesidade, o colesterol sanguíneo, a lombalgia e alguns tipos

de neoplasias. Segundo Nieman (1999), o exercício físico regular seria relativamente um fator benéfico

sobre a redução dos riscos dessas patologias. De acordo com Araújo e Araújo (2000), estudos

epidemiológicos e documentos institucionais propõem que a prática regular de atividade física e uma maior

aptidão física estão associadas a uma menor mortalidade e melhor qualidade de vida em população adulta.

Segundo Pollock (1993), o exercício físico é aceito como agente preventivo e terapêutico de

diversas enfermidades. No tratamento de doenças cardiovasculares e crônicas, a atividade física tem sido

apontada como principal medida não farmacológica, assumindo aspecto benéfico e protetor. A inatividade

física e o baixo nível de condicionamento têm sido considerados fatores de risco para a mortalidade

prematura tão importante quanto fumo, dislipidemia, diabetes e hipertensão arterial.

Análises Epidemiológicas demonstraram que muitos indivíduos morreram simplesmente por serem

sedentários, isto fez com que a atividade física fosse vista em diversos países como uma questão de saúde

pública (GHORAYEB, 1999). De acordo com Neto (2005), o conceito de sedentarismo não é associado

necessariamente à falta de uma atividade esportiva, o sedentário é o indivíduo que não atinge gastos

calóricos superiores a 1500 Kcal por semana relacionada a atividades ocupacionais.

Observa-se um aumento do número de sedentários, tendo em vista que cada vez mais as pessoas

utilizam-se de meios facilitadores para desenvolverem suas atividades diárias em conseqüência do avanço

tecnológico. No caso dos bancários, observamos que este é um público está inserido num contexto onde a

tecnologia, aliada à carência de tempo disponível à prática de atividade física, traz conseqüências que

colocam em risco a saúde desses profissionais. Assim, a pesquisa explana a importância de se ter uma vida

ativa e saudável, e como isso objetiva contribuir com a qualidade de vida dos bancários, e possivelmente

melhorar o desempenho desses profissionais no ambiente de trabalho.

Na busca de propostas para esses fatos, o estudo teve como objetivo verificar o nível de atividade

física dos funcionários de uma agência bancária de Santarém, no ano de 2010, e as possíveis doenças

hipocinéticas existentes entre os indivíduos selecionados.

METODOLOGIA

Foi realizada uma pesquisa de levantamento, que segundo Selltiz, Wrightsman e Cook, (1987),

significa coletar dados de toda ou parte de uma população, a fim de avaliar a incidência relativa, distribuição

e inter-relações de fenômenos que ocorrem naturalmente.

Como o universo a ser pesquisado consta de uma quantidade baixa de indivíduos, trabalhar-se-á

com o todo. Segundo Lakatos & Marconi (1999), universo ou população é o conjunto de seres animados

que apresentam pelo menos uma característica em comum. Sendo N o número total de elementos do

universo ou população. O universo populacional é composto por 12 indivíduos, tanto do sexo masculino

66

como do sexo feminino, com características semelhantes no que diz respeito às atividades desenvolvidas

no interior da agência, geralmente no atendimento ao público.

Foram aplicados dois questionários, um para verificar o nível de atividade física, e o outro para

detectar possíveis doenças relacionadas ao sedentarismo entre os bancários.

O primeiro questionário, QIAF (Questionário Internacional de Atividade Física - versão curta),

utilizado para determinar o nível de atividade física, tendo como referência a última semana, contendo

perguntas em relação à freqüência e duração da realização de atividades físicas moderadas, vigorosas e da

caminhada.

O segundo questionário tomou-se como base didática Nieman (1999), que aborda em sua obra

(Exercício e Saúde) as principais doenças relacionadas à inatividade física. Utilizaram-se como referência

também algumas questões da versão brasileira do Questionário de Qualidade de Vida SF-36. Segundo

Martinez (2002), o SF-36 é um questionário genérico, com conceitos não específicos para uma determinada

idade, doença ou grupo de tratamento e que permite comparações entre diferentes patologias e entre

diferentes tratamentos. Considera a percepção dos indivíduos quanto ao seu próprio estado de saúde e

contempla os aspectos mais representativos da saúde. É também de fácil administração e compreensão, do

tipo auto-aplicável.

Os bancários foram avaliados não apenas no seu ambiente de trabalho, sendo analisados também

o estilo e os hábitos de vida de cada indivíduo, pois o foco da pesquisa é avaliar como essas pessoas estão

fisicamente e os possíveis riscos que estão correndo, no caso de reduzida ou ausência da prática de

atividade física.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado do Pará,

Campus XII – Santarém, sob o protocolo Nº: 034/2010, e todos os indivíduos avaliados assinaram o termo

de consentimento livre e esclarecido, conforme resolução196/96 do conselho nacional de saúde.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram aplicados dois questionários, um para verificar o nível de atividade física (QIAF), e o outro

para detectar possíveis doenças relacionadas ao sedentarismo entre os bancários, baseado na obra

“Exercício e Saúde” de Nieman, (1999), e no questionário SF-36.

O Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ / QIAF) analisa os dados do nível de

atividade física, que de acordo com o consenso realizado entre o Celafiscs e o Center for Disease Control

(CDC) de Atlanta em 2002, considerando os critérios de freqüência e duração, classifica as pessoas em

cinco categorias:

Muito Ativo: aquele que cumpriu as recomendações de: atividade vigorosa maior ou igual á 5 dias/semana

e maior ou igual 30 minutos por sessão, e/ou atividade vigorosa maior ou igual á 3 dias/semana e maior ou

igual 20 minutos por sessão mais atividade moderada e/ou caminhada maior ou igual 5 dias/semana e

maior ou igual 30 minutos por sessão.

Ativo: aquele que cumpriu as recomendações de: atividade vigorosa maior ou igual á 3 dias/semana e

maior ou igual 20 minutos por sessão, e/ou caminhada maior ou igual 5 dias/semana e maior ou igual 30

minutos por sessão e/ou Qualquer atividade somada: maior ou igual 5 dias/semana e maior ou igual 150

minutos/semana (caminhada + moderada + vigorosa).

67

Insuficientemente Ativo: aquele que realiza atividade física, porém insuficiente para ser classificado como

ativo, pois não cumpre as recomendações quanto à freqüência ou duração. Para realizar essa classificação

soma-se a freqüência e a duração dos diferentes tipos de atividades (caminhada + moderada + vigorosa).

Insuficientemente Ativo A: aquele que atinge pelo menos um dos critérios das recomendações quanto à

freqüência ou quanto à duração da atividade: Freqüência de 5 dias /semana ou uma duração total de 150

minutos/semana.

Insuficientemente Ativo B: aquele que não atingiu nenhum dos critérios da recomendação quanto à

freqüência nem quanto à duração.

Sedentário: aquele que não realizou nenhuma atividade física por pelo menos 10 minutos contínuos

durante a semana.

Dentre as cinco classificações do questionário internacional de atividade física (QIAF), observa-se

nos resultados que o público ativo e o muito ativo representaram 25%, público este considerado como

sendo aqueles que estariam mais aproximados do padrão de saúde e menos suscetíveis as doenças

hipocinéticas. Representando 75% estão os insuficientemente ativos A e B e os sedentários, estes são

considerados aqueles que estariam com grandes possibilidades de desenvolver e/ou agravar uma doença

hipocinética e conseqüentemente possuem padrões de saúde abaixo do normal.

De acordo com Nieman (1999), os exercícios físicos regulares estão diretamente relacionados como

sinônimos de corpo saudável, e auxiliares no combate ao sedentarismo, que podem ter benefícios como na

melhora da aptidão cardiorrespiratória, da composição corporal, da flexibilidade, da força muscular e da

resistência muscular

Verificou-se que o nível de atividade física dos bancários foi baixo, considerando que apenas 25%

dos indivíduos pesquisados apresentam características ativas. Assim, observou-se que a prática de

atividade física ainda é um fator que demonstra ausência e/ou insuficiência, o que caracteriza um nível

elevado de bancários sedentários.

À medida que o estilo de vida sedentário começa a ser mais evidente aumenta-se o risco de

desencadear maiores taxas de diabetes melito não insulino-dependente. O risco de apresentar diabetes

melito não insulino-dependente aumenta em relação direta com o grau de obesidade.

Para a maioria dos indivíduos com diabetes melito não insulino- dependente, o exercício regular

melhora o controle da glicemia, reduz certos fatores de risco da doença cardíaca, melhora o bem-estar

psicológico e promove a redução de peso.

Nieman (1999), afirma também que os níveis elevados de LDL (colesterol ruim) fazem com que o

colesterol se acumule nas paredes das artérias e aumente o risco de doenças cardíacas. É importante a

prática de exercícios aeróbicos pelo menos 80 a 90 minutos por semana, reduzir o peso, interromper o

hábito de fumar e diminuir o consumo de álcool.

Estudos identificaram uma forte relação entre o peso corporal e a pressão arterial. Segundo Nieman

(1999), a obesidade mais do que triplica o risco de desenvolvimento de hipertensão, com o risco

aumentando fortemente com o aumento do peso corporal. Foi observado que a perda do excesso de peso é

a estratégia do estilo de vida mais eficaz para a normalização da pressão arterial diastólica. A perda de

apenas 2,3 a 4,5 quilogramas pode diminuir a pressão arterial diastólica em 5mmHg, enquanto uma perda

de 9 quilogramas ou mais dobra essa melhoria. O exercício aeróbico é uma ferramenta poderosa no

controle da pressão arterial, durante a realização de uma caminhada acelerada a pressão arterial aumenta

68

drasticamente nos hipertensos, porém a pressão arterial diminui abaixo dos níveis de repouso na

recuperação, e essa diminuição poderá ser prolongada se o indivíduo mantiver a prática regular de

exercícios.

A lombalgia afeta tanto os homens como as mulheres igualmente. Nieman (1999) afirma que muitos

casos de lombalgia são devidos às pressões incomuns sobre os músculos e os ligamentos que suportam a

coluna vertebral. Por exemplo: quando um corpo está mal treinado, os músculos paravertebrais e

abdominais fracos podem ser incapazes de apoiar a coluna adequadamente durante certos tipos de

levantamento ou de atividades físicas.

Geralmente a lombalgia afeta todos os trabalhadores, os fatores de risco ocupacional incluem o

levantamento de objetos pesados, o levantamento com movimentos de flexão e de torção, puxar e

empurrar, e longos períodos em que se permanece sentado ou dirigindo, especialmente com vibrações. Os

fatores de risco individual podem incluir a obesidade, postura, estresse psicológico e ansiedade, nível de

atividade física e grau de força muscular e flexibilidade articular. De acordo com Nieman (1999) Para

prevenir a lombalgia é necessário praticar exercícios regularmente para reforçar os músculos das costas e

do abdome, perder peso para sobrecarregar menos as costas e evitar o fumo, pois o tabagismo aumenta as

alterações degenerativas da coluna vertebral.

O exercício físico praticado regularmente é apontado por Nieman (1999), como um meio principal

para se diminuir o risco de doenças hipocinéticas, o qual é considerado um distúrbio que afeta homens e

mulheres contemporâneos que vivem cercados de tecnologia. De acordo com nossas pesquisas 41% dos

bancários apresentaram alguma doença hipocinética, confirmando a teoria do autor.

Todos os envolvidos na pesquisa alegaram sofrer com dores musculares decorrentes da jornada de

trabalho diária, o que pode estar ligado simplesmente ao fato de os bancários passarem a maior parte do

tempo sentados, fazendo com que seu centro de gravidade se concentre principalmente nas costas

ocasionando pequenas dores que podem ser agravadas diante o sobrepeso. Outra questão seria a

ergonomia, a postura e a forma de se movimentar no espaço de trabalho, qual possa levá-los a uma

pequena fadiga muscular já que eles passam a grande parte do expediente realizando movimentos

repetitivos.

Para Przysiezny (2000), muitas vezes os trabalhadores que realizam tarefas predominantemente

mentais se queixam de perturbações físicas, como dores nas costas e no pescoço, perturbações visuais,

formigamentos, etc.

De acordo com Yeng et. al. (2001), existem diversos estudos demonstrando que os movimentos

repetitivos, realizados de forma acelerada, podem comprometer a integridade morfofuncional de diversas

estruturas. Outros fatores biomecânicos são representados pelo uso excessivo de força, posturas

incorretas, vibração, falta de repouso e compressão mecânica de estruturas músculo-esqueléticas.

A prática de atividade física pode contribuir significativamente para combater as dores musculares.

Segundo Yeng et. al.(2001), consistem do uso de meios físicos, reeducação postural, cinesioterapia e

ginástica laboral, para auxiliar a reabilitação e minorar a dor. Na fase aguda a indicação da cinesioterapia

deve ser cuidada e respeitando-se o grau de lesão para não haver eventual agravamento do quadro clínico.

É fundamental a execução de exercícios de relaxamento e alongamento para reduzir tensão e aumentar o

grau de liberdade das fibras musculares e o seu desempenho mecânico. Estas medidas habilitam o

músculo a melhorar sua potência e tornam-no mais resistente à fadiga. Exercícios de fortalecimento devem

69

ser introduzidos nas fases mais adiantadas da reabilitação para não reacutizar o processo inflamatório ou

agravar a fadiga. Atividades de condicionamento cardiovascular e físico globais devem ser estimuladas para

manter saúde e evitar recorrências.

Os bancários exercem uma atividade em que as dores musculares estão presentes no seu

cotidiano. Um fator importante, que também contribui para o surgimento desses desconfortos, mencionado

por a maioria dos profissionais atuantes nos bancos, é o estresse. Segundo Fiamoncini e Fiamoncini (2003),

o stress pode interferir em nossas atividades diárias, resultando em perda de produtividade e afetando

nossos relacionamentos. Sob stress, problemas como insônia, dores no corpo, dor de cabeça, problemas

estomacais, irregularidade menstrual, ansiedade e depressão podem surgir ou ser agravados seriamente. O

sistema imunológico, responsável pela ação de defesa do organismo contra infecções, é o mais afetado nas

situações de stress.

Para Nahas (2001), vários fatores podem ser determinantes para situações de estresse na atividade

bancária, como alto grau de responsabilidade, a pressão interna por produtividade, o fluxo de clientes e o

contato direto com a tela do computador. Esses itens podem ser atenuados ou até suprimidos com alguns

hábitos saudáveis. Atividades físicas leves ou moderadas (esforços entre 40 a 60% da capacidade máxima

individual, como uma caminhada normal) podem representar uma forma de promover um maior relaxamento

corporal, reduzindo a tensão. Outra forma de exercício eficaz no combate ao stress são os alongamentos

musculares. Estes exercícios são realizados de forma lenta e objetivam alongar os diversos grupos

musculares, reduzindo a tensão.

CONCLUSÃO

A tecnologia trouxe inúmeros benefícios à sociedade, facilitando a atividade humana, seja ela no

trabalho ou em outros diversos setores. No entanto, tornou o homem totalmente dependente dessas

facilidades, comprometendo seus costumes naturais de movimento. A sociedade de modo geral vem

cultivando cada vez mais hábitos sedentários, onde a necessidade de realizar movimentos é compensada

pelos avanços tecnológicos.

Entre os bancários observou-se que este público está inserido num meio em que a necessidade de

usufruir dos avanços tecnológicos é um fator extremamente importante para o desenvolvimento de suas

atividades. Este fato torna essencial o desenvolvimento de um estilo de vida diferenciado de suas

realidades, através da obtenção de hábitos saudáveis.

A respeito do nível de atividade física dos bancários, o público ativo e o muito ativo representam

25%, e os insuficientemente ativos A e B e os sedentários somam 75%. Deste modo foi observado que a

maioria dos indivíduos pesquisados apresenta baixos níveis de atividade física.

A ausência da prática regular de atividade física possivelmente acarretou o surgimento de algumas

doenças decorrentes de um estilo de vida sedentário. Entre os funcionários da agência pesquisada foram

analisadas quatro tipos de doenças hipocinéticas: o colesterol, a diabetes e a hipertensão, com 8% cada,

dentre os indivíduos pesquisados; e a lombalgia, com 17%.

Além disso, a aquisição de maus hábitos no trabalho, como a postura incorreta, aliada ao estresse,

revelou-se também prejudicial à saúde. Este estudo revelou que 100% dos bancários analisados

apresentam dores musculares decorrentes de sua atividade profissional.

A atividade física se mostrou extremamente eficaz, tanto no combate às doenças hipocinéticas

como também na prevenção de distúrbios osteomusculares e do estresse. É considerada, para diversos

70

autores, como benéfica para a saúde e para melhoria da qualidade de vida, tanto no âmbito fisiológico como

psicológico.

Conclui-se neste estudo realizado com bancários, onde um percentual considerável apresentou um

estilo de vida sedentário, o exercício físico seria um fator primordial para a prevenção e tratamento das

doenças hipocinéticas, ocasionadas principalmente pelo estilo de vida moderno, em que os indivíduos

dedicam a maior parte do tempo ao trabalho, muitas vezes deixando de lado hábitos saudáveis e cuidados

com a própria saúde. Contudo a carência que existe em estudos que investiguem esses parâmetros

estudados, envolvendo essa população ainda é uma lacuna.

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72

PERFIL DOS PACIENTES COM DIAGNÓSTICO DE ACIDENTE VASCULAR ENCEFÀLICO ATENDIDOS, NO PERÍODO DE 2009 A 2010, EM UMA CLÍNICA DE FISIOTERAPIA DA CIDADE DE SANTARÉM, PARÁ Herbert Halley Gomes de CASTRO

1,2, Izabela Mendonça de ASSIS

1,2, Diego Sarmento de SOUSA

1,2, Luiz

Carlos Rabelo VIEIRA1,2

, Richelma de Fátima de Miranda BARBOSA1,2

1Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará – CCBS/UEPA, Campus

Santarém-PA;2Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde das Populações Amazônicas

(GEPESPA). e-mail: [email protected]

RESUMO

O Acidente Vascular Encefálico (AVE) ocorre pela falta ou restrição da irrigação sanguínea ao

cérebro, provocando lesão celular e alterações nas funções neurológicas. As manifestações clínicas

incluem alterações das funções motora, sensitiva, mental, perceptiva e da linguagem, essas mudanças no

organismo variamde acordo da área cortical acometida. Fica bem claro, que há dados suficientes para

afirmar que o AVE é uma doença grave no Brasil reconhecida pelas incapacidades crônicas com perda da

independência e, muitas vezes, da autonomia, o que pressupõe a necessidade de alguém que auxilie o

paciente nas suas dificuldades de desempenho das atividades diárias, enfatizando o papel do fisioterapeuta

sendo responsável pela melhora dos déficits funcionais desses indivíduos que geralmente apresentam

seqüelas. O objetivo deste estudo foi traçar o perfil sócio-demográfico, clínico, físico e funcional dos

pacientes com diagnóstico de AVE atendidos em uma clínica de Fisioterapia da cidade de Santarém -

PA.Foi realizado um estudo retrospectivo em pacientes acometidos por AVE, realizado através de uma

coleta de dados em prontuários de 30 pacientes no período de janeiro de 2009 a dezembro de 2010. A

coleta de dados foi realizada por meio de uma ficha de coleta de dados abrangendo questões sócio-

demográficas, clínicas, físicas e funcionais. Os resultados foram tabulados e processados através de recursos

da estatística descritiva, mediante utilização do software Excel (Microsoft for Windows – 2007). A pesquisa foi

aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UEPA, Campus Santarém (processo n. 098/2010).Os

resultados foram processados através da estatística descritiva, com utilização do programa Excel (Microsoft

para Windows, 2007). Os resultados mostraram que 43%eram casados e 30% aposentados com

predominância do gênero feminino (67%) com idade média de 64,2±13,2. Sobre as questões clínicas 77%

eram hipertensos e 23% diabéticos e 10% representaram afasia e 13% disartria. Os aspectos físicos dos

sujeitos mostraram que 50% tinham o hemicorpo direito lesionado e 70% com hipertonia. Os aspectos

funcionais indicaram que a marcha dos sujeitos eram independentes e cadeirantes com 27% e 20%

respectivamente, onde suas AVD´s eram independentes (30%) e com dificuldades (27%). Observou-se

neste estudo maior incidência do AVE ocorreu no gênero feminino e com o avançar da idade, com o

principal fator de risco a hipertensão arterial, o hemicorpo direito foi mais freqüente e grande parte dos

sujeitos eram hipertônicos confirmando que os pacientes estavam na fase crônica.

Palavras-chave: Acidente Vascular Encefálico, Seqüelas, Fase Crônica

INTRODUÇÃO

O Acidente Vascular Encefálico (AVE) ocorre pela falta ou restrição da irrigação sanguínea ao

cérebro, provocando lesão celular e alterações nas funções neurológicas. As manifestações clínicas

73

incluem alterações das funções motora, sensitiva, mental, perceptiva e da linguagem, essas mudanças no

organismo variamde acordo da área cortical acometida (O´SULLIVAN, SUSAN, SCHMITZ, 2010).

A Organização Mundial de Saúde definiu o AVE como “súbito desenvolvimento de sinais clínicos de

distúrbio focal no período superior a 24 horas ou levando a morte”, embora a definição mais recente dos

ensaios clínicos tem exigido imagens da lesão cerebral dando maior fidedignidade no diagnóstico (OMS,

2003). O AVE é classificado como isquêmico ou hemorrágico (intracerebrais e subaracnóides), podendo ser

transitório ou definitivo (ROWLAND, 2007), o isquêmico é mais frequente, ocorrendo em aproximadamente

88% dos casos, porém sua mortalidade é menor, quando comparado ao hemorrágico, em 15 a 20% dos

casos (THOM et al., 2006).

O termo ataque isquêmico transitório (AIT) é considerado como déficit neurológico temporário, em

um período inferior a 24 horas,quando o déficit dura além de 24 horas, com retorno ao normal, é dito como

um déficit neurológico isquêmico reversível (DNIR) (MAZZOLA et al., 2007).

As incapacidades funcionais, após o AVE, refletem ou são reveladas de modo diferente para

homens e mulheres e que os problemas de comunicação e depressão a maioria são representadas pelo

gênero feminino, mas independentemente do sexo, a principal causa de insatisfação com a vida são as

limitações funcionais diversas, pela perda da autonomia decorrente das incapacidades (FALCÃO, 2004).

Essas incapacidades são descobertas a partir do diagnóstico funcional do perfil epidemiológico.

Fica bem claro, que há dados suficientes para afirmar que o AVE é uma doença grave no Brasil

(CURIONI et al., 2009;) reconhecida pelas incapacidades crônicas com perda da independência e, muitas

vezes, da autonomia, o que pressupõe a necessidade de alguém que auxilie o paciente nas suas

dificuldades de desempenho das atividades diárias (SCHÄFER, OLIVEIRA-MENEGOTTO, TISSER, 2010),

enfatizando o papel do fisioterapeuta sendo responsável pela melhora dos déficits funcionais desses

indivíduos que geralmente apresentam seqüelas.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo retrospectivo, transversal de coorte, quantitativo de natureza documental, já

que a pesquisa foi realizada a partir de dados obtidos por meio do levantamento de dados nos prontuários

que apresentaram o diagnóstico de AVE no período de 2009 a 2010. O local da pesquisa foi realizado em

uma clínica de fisioterapia na cidade de Santarém nos quais os pacientes já foram desligados do serviço.A

pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UEPA (Universidade do Estado do Pará),

Campus XII Santarém - PA (processo n. 098/2010).

Amostra

Este presente estudo foi constituído de 30 prontuários onde os indivíduos da amostra continham

idade média de 64,2±13,2 anos (34 - 81 anos), onde foram excluídos da amostra documentos de pacientes

que ainda se encontravam em tratamento fisioterapêutico e indivíduos com ataque isquêmico transitório.

Protocolos utilizados

A coleta de dados foi realizada por meio de um protocolo previamente desenvolvido abrangendo

questões sóciodemográficas, clínicas, físicas e funcionais. Dentre as questões sócio demográficas foram

coletados dados referentes ao gênero, idade, estado civil e profissão. Nas questões clínicas foi verificado o

tipo de AVE, fatores de risco e alterações na fala. Em relação aos aspectos físicos verificou-se o Tônus

74

muscular e hemicorpo acometido (direito ou esquerdo). Os aspectos funcionais constataram-se os tipos de

marcha e realização de AVD´s (Atividades de Vida Diária).

Análise dos dados

Os resultados foram tabulados e processados através da estatística descritiva, com utilização do programa Excel (Microsoft para Windows, 2007).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A tabela 1 mostra neste presente estudo os aspectos sóciodemográficos, onde 43% dos indivíduos

eram casados discordando com estudo realizado no Distrito Federal (DANILOW et al., 2007), a idade média

encontrada foi de 64,2±13,2.Embora o AVE seja uma doença cerebrovascular provável de ocorrer em

qualquer idade, sua incidência aumenta à medida que avança a idade, e dobra aproximadamente a cada

década de vida (ANDRÉ, 2006).

Em relação a ocupação profissional, 30% eram aposentados o que confirma que o AVE é uma

doença que tem maior prevalência em indivíduos com o avançar da idade (PEREIRA et al., 2009). Quanto

ao gênero, o feminino foi que mais predominou (67%) indo de encontro com outros estudos onde o gênero

feminino apresenta maior predomínio (DANILOW et al., 2007; LEITE, NUNES, CORRÊA 2009; MOURA, et

al., 2009; CAVALCANTE et. al., 2010), supõe-se que esse leve predomínio do sexo feminino pode ser

atribuído à faixa etária, porque a sobrevivência de mulheres até idades mais avançadas é superior à dos

homens,ocorrendo excesso aparente de AVE na população feminina (ANDRÉ, 2006), embora outros

estudos relataram maior predominância do gênero masculino (APPELROS, STEGMAYR, TERÉNT,

2009;PEREIRA et al., 2009; SCALZO et, al., 2010). A Idade e o gênero são fatores de risco não

modificáveis ao AVE (ABE, 2010).

Tabela 1: Características sóciodemográficas dos sujeitos da amostra (n=30). Santarém-PA. 2011.

Variáveis Representação

Estado Civil(%)

Casado 43 Viúva 10

Divorciado 07

Não Informado 40

Profissão(%) Aposentado 30

Do Lar 10 Outros

Não Informado

20 40

Gênero(%)

Feminino 67

Masculino Idade(m±dp*)

33 64,2±13,2

*m±dp = média ± desvio padrão As características clínicas nessa pesquisa (Tabela 2) mostram que a Hipertensão e a Diabetes são

mais freqüentes com 77% e 23% da amostra, respectivamente, confirmando outros estudos (LEITE,

NUNES, CORRÊA 2009; MAZZOLA et al., 2007; DANILOW et al., 2007; SRIDHARAN, 2009;ABE 2010;

CAVALCANTE et. al., 2010).PASSOS, ASSIS e BARRETOS publicaram em 2006 que a prevalência da

hipertensão arterial no Brasil constatou que a Região Nordeste foi à de maior prevalência (7,2 a 40,3%),

seguida da Região Sudeste (5,04 a 37,9%), Sul (1,28 a 27,1%) e Centro-Oeste (6,3 a 16,7%).

O Diabetes mellitus é considerado fator de risco modificável (ABE, 2010), estes pacientes têm

indicação de tomar ácido acetilsalicílico (AAS) diariamente, por causa da lesão endotelial causado por esta

doença. Há concordância de que a hiperglicemia (glicemia > 120 mg/dL) é nociva na fase aguda do AVE,

75

independentemente da idade do paciente ou do tipo: isquêmico ou hemorrágico. O diabetes pode piorar o

prognóstico do AVE por favorecer o desenvolvimento de complicações clínicas no curso da doença

(CHAVES, 2000).

Quanto as alterações de fala 13% apresentaram disartria e 10% eram afásicos. Uma pesquisa

realizada na clínica escola de fisioterapia da UMESP mostrou que 12% dos pacientes eram afásicos, sendo

que 7% tinham afasia de expressão, 1% afasia mista, 4% apresentavam afasia não discriminada e 13%

tinham disartria (RODRIGUES, SÁ, ALOUCHE, 2004).

Apesar de 70% dos prontuários não terem relatado o tipo de AVE que acometeu os pacientes, o

AVE isquêmico foi o mais freqüente que o hemorrágico concordando com outras literaturas (RODRIGUES,

SÁ, ALOUCHE, 2004; SCALZO et al., 2010; PEREIRA et al., 2009; POLESE et al., 2008; MAZZOLA et al.,

2007; ABE, 2010; LLOYD-JONES, 2010).

Tabela 2: Características clínicas dos sujeitos da amostra.Santarém-PA. 2011.

Variáveis Amostra (n=30) %

Hipertensos Sim Não

23 07

77,00 23,00

Diabéticos Sim 07 23,00 Não 23 77,00

Tipo Isquêmico 08 27,00

Hemorrágico 01 03,00 Não Informado 21 70,00

Fala Afasia 03 10,00

Disartria 04 13,00 Normal 23 77,00

Sobre as questões físicas a Hipertonia foi mais freqüente mostrando que a maioria dos pacientes

vão a clinica de Fisioterapia na fase crônica, pois a hipotonia apresenta sinais clínicos como a arreflexia ou

hiporreflexia, aparecendo transitoriamente, ocorrendo alterações no quadro motor com o passar do tempo.

Taisalterações decorrem da síndrome piramidal de liberação, onde os reflexos tendíneos tornam-se

hiperativos, aumentando a resistência aos movimentos e desencadeando sinais primitivos de Babinski,

sobrevindo clônus, sincinesias e hipertonias (ROPPER; SAMUELS,2009). O hemicorpo acometido com

mais freqüência foi o lado direito, onde este é também mostrado em estudos (RODRIGUES, SÁ, ALOUCHE,

2004; MAZZOLA et al., 2007), embora outras pesquisas mostraram outros resultados (SCALZO et al., 2010;

LEITE, NUNES, CORRÊA, 2009).

Tabela 3:Características físicas dos sujeitos da amostra. Santarém-PA. 2011.

VARIÁVEIS Amostra (n=30) %

Hemicorpo Direito 15 50,00%

Esquerdo 14 47,00% Não Informado 01 03,00%

TônusMuscular Ausência 02 07,00% Hipertonia 21 70,00%

Não Consta 07 23,00%

76

Os resultados das questões funcionais indicaram que a marcha dos sujeitos eram independentes e

cadeirantes 27% e 20%respectivamente. O déficit da marcha é resultante da hemiparesia,causada pela

diminuição do controle motor voluntário e o início da hiperatividade dos reflexos de alongamento, limitando

os movimentos dos membros(KOLLEN, KWAKKEL; LINDEMAN, 2006). As AVD´s dos sujeitos desta

pesquisa mostrou que 30% eram independentes e 27% apresentaram dificuldades.

Em outras amostras, 40% dos pacientes pós-AVE ficaram dependentes de terceiros para a

realização de suas atividades diárias (NUNES, PEREIRA, SILVA, 2005), trabalhos apontam que cerca de

30% a 60% dos sujeitos ficam na situação de dependência (BAER, SMITH, 2001) discordando dos dados

observados nesta amostra, onde a maior parte dos indivíduos referiu ser independente nas AVD´s.

CONCLUSÃO

O perfil da população deste estudo foi caracterizado que o gênero predominante foi o feminino com

idade média de 64,2 anos, onde a maioria eram casados e aposentados. A Hipertensão e o Diabetes

mellitus foram respectivamente mais freqüentes nas questões clínicas. Nas características clínicas, o

hemicorpo direito foi o mais acometido, e grande parte dos sujeitos eram hipertônicos confirmando que a

maioria dos sujeitos estava na fase crônica.

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Tabela 4:Características funcionais dos sujeitos da amostra (n=30). Santarém-PA. 2011.

VARIÁVEIS Amostra (n=30) %

Marcha Cadeirante 06 20,00%

Com bengala 03 10,00% Dificuldades para deambular 02 06,66%

Escavante 01 03,33% Independente Não consta Sem apoio

08 06 04

26,66% 20,00% 13,33%

*AVD Dependente 07 23,00%

Com Dificuldades 08 27,00% Independente 09 30,00% Não Informado 06 20,00%

*Atividade de vida diária.

77

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79

QUALIDADE DA INFORMAÇÃO SOBRE DIABÉTICOS REGISTRADOS NO SISTEMA HIPERDIA NA

UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DO MARACANÃ, MUNICÍPIO DE SANTARÉM, PA

Davi V. de SOUSA¹, Adriene F. SILVA¹, Juliana O. SILVA¹, Orácio, C. RIBEIRO¹, Wagner S. ALMEIDA¹,

Jose Olivar A. SEGUNDO². ¹Universidade do Estado do Pará, Campus XII, Santarém-PA, Brasil. ²Instituto

Esperança de Ensino Superior. E-mail: [email protected]

RESUMO: O HIPERDIA é um importante sistema de cadastramento e acompanhamento dos diabéticos no

Brasil. Este estudo objetivou avaliar e discutir as informações sobre pacientes diabéticos cadastrados no

programa HIPERDIA do centro de saúde do bairro do maracanã, na cidade de Santarém, no interior do

estado do Pará no período de 2008 e 2009. Para isso, foi realizado um estudo do tipo documental através

do qual foi feita a análise das informações contidas em 24 prontuários do sistema HIPERDIA do referido

centro no período de 01/01/2008 a 31/12/2009. Foi encontrado sobrepeso/obesidade em 25% dos

cadastros, mas quando o Índice de Massa Corporal (IMC) foi calculado com os dados de peso e estatura

disponíveis em 70,83% dos formulários este valor aumentou para 58,32% neles. Do total, 58,33% dos

cadastros não havia a informação sobre a medida da cintura. Em 79,16% dos cadastros não constava

registro de glicemias capilares. Em 21% dos formulários havia registro apenas de glicemia capilar de jejum,

nestes 60% estavam acima de 110 mg/d. Em apenas 20% dos cadastros constava a glicemia capilar pós

prandial e neste relato o valor é superior a 140 mg/d. Em 50% dos cadastros não constava registro de

presença de complicações e tampouco de doenças cardiovasculares. Nos que constava pé diabético,

doença renal, amputação por diabetes, foram assinalados em 8,33%, 4,16% e 4,16%, respectivamente.

Dentre as doenças cardiovasculares acidente vascular cerebral (AVC) e infarto agudo do miocárdio (IAM)

foram assinalados em 16,66% e 12,5%, respectivamente. Não há informações relativas à retinopatia e

neuropatia diabéticas, como exames de fundo de olho e de sensibilidade de membros inferiores.

Adicionalmente, não há registros de hemoglobina glicosilada, excreção urinária de albumina ou

eletrocardiograma. Concluímos que os dados sugerem ausência, imprecisão e contradição de importantes

informações sobre diabéticos registrados no sistema HIPERDIA e apontam a necessidade de capacitação

profissional e utilização de critérios clínico-laboratoriais consensuais para a caracterização das

complicações crônicas decorrentes do DM registradas no sistema HIPERDIA. As deficiências encontradas

podem levar ao subdimensionamento epidemiológico dessas doenças na população brasileira e

comprometer o planejamento de estratégias destinadas à prevenção e controle dessas doenças.

Palavras-chave: diabetes mellitus, sistema hiperdia, qualidade das informações.

INTRODUÇÃO

O Diabetes Mellitus (DM) é uma síndrome de etiologia múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou

da incapacidade de a mesma exercer adequadamente seus efeitos. Caracteriza-se por hiperglicemia

crônica com distúrbios do metabolismo dos carboidratos, lipídeos, e proteínas. (MINISTÉRIO DA SAÚDE

2001).

As principais formas clínicas da DM segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) são: diabetes

mellitus tipo 1, que resulta primariamente da destruição autoimune das células beta pancreáticas e tem

tendência à desenvolver cetoacidose; diabetes mellitus tipo 2, que, em geral, é resultado de graus variáveis

de resistência à insulina e de deficiência relativa de secreção de insulina ; diabetes mellitus gestacional

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caracterizada pela diminuição da tolerância à glicose, de magnitude variável, diagnosticada, pela primeira

vez, na gestação, podendo ou não persistir após o parto.

O DM tem sido considerado uma das grandes epidemias mundiais do século XXI e problema de

saúde pública, tanto nos países desenvolvidos como em desenvolvimento. Estima-se que essa doença

afeta cerca de 246 milhões de pessoas em todo o mundo. Até 2025, a previsão é de que esse número

chegue a 380 milhões. (SBD 2010)

Dada a importância epidemiológica do DM e de suas complicações, a disponibilização de

tratamento e acompanhamento devem ser ações fundamentais dos programas de saúde. Os sistemas de

informação em saúde, em geral, são instrumentos para adquirir, organizar e analisar dados necessários à

definição de problemas e riscos para a saúde, avaliar a eficácia, eficiência e influência que os serviços

prestados possam ter no estado de saúde da população, além de contribuir para a produção de

conhecimento acerca da saúde e dos assuntos ligados a ela (WHITE, 1980; BRANCO, 1996).

No Brasil, o Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos

(HIPERDIA), foi criado em 2002 pelo Ministério da Saúde, como parte do plano de Reorganização da

Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus (PRAHADM) (BRASIL, 2002). O HIPERDIA é um

sistema de informação em saúde que tem como principais objetivos gerar informações para a aquisição,

dispensação e distribuição de medicamentos aos pacientes cadastrados e fornecer subsídios para o

planejamento da atenção à saúde dos diabéticos e hipertensos. Assim, o presente estudo tem como

objetivo avaliar e discutir as informações sobre pacientes diabéticos cadastrados no programa HIPERDIA

do centro de saúde do bairro do maracanã, na cidade de Santarém, no interior do estado do Pará.

METODOLOGIA

Para pesquisar precisamos de métodos e técnicas que nos levem criteriosamente a resolver

problemas. [...] é pertinente que a pesquisa científica esteja alicerçada pelo método, o que significa elucidar

a capacidade de observar, selecionar e organizar cientificamente os caminhos que devem ser percorridos

para que a investigação se concretize (GAIO, CARVALHO E SIMÕES, 2008).

A pesquisa foi quantitativa, do tipo documental, que para Lakatos (2007) é “aquela onde a fonte de

dados esta restrita à documentos, escritos ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias”.

Reforçando esse conceito, Helder (2006) discorre que “a técnica documental vale-se de documentos

originais, que ainda não receberam tratamento analítico por nenhum autor”.

Amostra

Foi feita a análise de 24 prontuários do sistema HIPERDIA do centro de saúde do bairro do

maracanã, na cidade de Santarém no interior do estado do Pará, no período de 01/01/2008 a 31/12/2009.

Protocolos utilizados

Foi obtida autorização, através do envio de um ofício, da Secretária municipal de saúde para o

acesso aos registros do programa Hiperdia. Para a coleta dos dados elaborou-se um formulário para a

transcrição de dados dos prontuários referentes à: idade, sexo, raça/cor, escolaridade, presença ou não de

fatores de risco e doenças concomitantes (antecedentes familiares cardiovasculares, diabetes mellitus tipo 1

ou tipo 2, tabagismo, sedentarismo, sobrepeso/obesidade), presença ou não de complicações (infarto

agudo do miocárdio, outras coronariopatias, acidente vascular cerebral, pé diabético, amputação por

diabetes, doença renal), assim como os valores das variáveis mensuráveis: peso (kg) e altura (m), pressão

arterial (mmHg) sistólica (PAS) e diastólica (PAD) normal ideal 120/80 mmHg e passível da utilização de

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medicamentos 130/80 mmHg, medida da cintura (CA, cm), glicemias capilares (mg/dl) de jejum e pós-

prandial e o tipo de tratamento medicamentoso.

Análise dos dados

Todos os cadastros foram analisados de forma crítica e sistemática afim de buscar informações

pertinentes ao trabalho, confirmando o que (CAULLEY apud LÜDKE e ANDRE, 1986) expressa com relação

a esse passo da pesquisa: “a análise documental busca identificar informações factuais nos documentos a

partir de problemas e questões de interesse”. A obtenção dos dados foi feito a partir de um formulário

semelhante ao cadastro dos participantes do programa Hiperdia.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram analisados 24 prontuários de cadastro no sistema HIPERDIA na Unidade de Saúde Básica

do Maracanã, localizado em zona periférica do município de Santarém Pará, dos anos de 2008-2009. A

classificação dessa população estudada por idade (Tabela 1) mostra que 33,33% tem entre 50 a 59 anos, e

somente 4,16% tem entre 1 a 4 anos. O que confirma estudos realizados anteriormente por Souza et al

(2003), Oliveira (2005) e Costa et al (2009).

Tabela1. Classificação quanto à idade da amostragem de 24 pessoas com Diabetes Mellitus cadastradas

na Unidade Básica de Saúde do Maracanã, município de Santarém (PA), 2008-2009.

Idade Quantidade %

1 a 4 anos 1 4,16

20 a 29 anos 0 0

30 a 39 anos 0 0

40 a 49 anos 6 25

50 a 59 anos 8 33,33

60 a 69 anos 4 16,66

70 a 79 anos 5 20,83

Quanto à raça 37,5% dos cadastrados se declaram da raça/cor parda, 8,33% da cor/raça negra,

destes 54,16% não apresentavam as informações. Quanto à escolaridade 25% correspondem a

cadastrados que realizaram somente o ensino fundamental incompleto, 4,16% fizeram o ensino médio,

4,16% ensino fundamental completo e 4,16% são somente alfabetizados, sendo que 62,5% não informavam

esta variável. De acordo com a situação conjugal 16,66% declaram se solteiros; 12,5% convivem com o

companheiro e filhos; 37,5% casados; 8,33% viúvos e 25% não continham este dado. Percebemos então

que a falta de tais dados impede-nos de ter um panorama da situação a qual esta população esta sujeita.

Conforme Oliveira (2005) os dados sobre escolaridade também ajudam na definição dos perfis dos

pacientes hipertensos e diabéticos.

Dentre os fatores de risco e doenças concomitantes, antecedentes familiares foram negados em

20,83% dos cadastros; 16,66% dos usuários declaram-se tabagistas e também 16,66% sedentários. Estas

variáveis não haviam sido relatadas em 54,16%, 50% e 45,83% respectivamente. Quando se relaciona

Diabetes Mellitus tipo 2 e a hipertensão nota-se que em 52,38% dos analisados apresentam hipertensão

segundo o seu prontuário e 14,28% estava assinalado no mesmo que não (Tabela 5). Sendo importante

ressaltar que segundo diz Pace (2002) a prevalência de hipertensão em diabéticos é pelo menos duas

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vezes maior do que na população em geral. Em 33,33% dos formulários esta informação não havia sido

registrada. O que nos impossibilita de fazer uma avaliação mais minuciosa sobre como os pacientes

atendidos pelo programa nesta Unidade de Saúde estão frente a este fator de risco.

O fumo é o fator de risco mais importante para o desenvolvimento e progressão da Doença arterial

obstrutiva periférica (DAOP) em pacientes diabéticos. (SBD, 2008). Considerando que como afirma

Bandeira (apud Ortiz, 2001) fatores ambientais como obesidade e sedentarismo têm importante interação

com a suscetibilidade genética, colaborando com o aumento da resistência a insulina e maior risco de

desenvolvimento do diabetes. Consequentemente o ato de não relatar estas variáveis prejudica uma visão

ampla sobre a saúde do cadastrado neste sistema de saúde publica, e desse modo não há como avaliar o

paciente de forma satisfatória e assim poder fazer uma efetiva intervenção.

Tabela 2. Frequência de dados clínicos presentes em pacientes cadastrados no sistema HIPERDIA

atendidos na Unidade Básica de Saúde do Maracanã, no município de Santarém-PA, 2008-2009 (n = 24).

Dados Clínicos Nº (%)

Antecedentes familiares- cardiovasculares 6 (25)

Tabagismo 9 (33.33)

Sedentarismo 9 (37,5)

Das 24 pessoas estudadas verificou-se que 54,16% dos diabéticos são do sexo masculino, logo

45,84% são do sexo feminino. Contudo constatou-se a ocorrência do aumento significativo do número de

casos de diabéticos que procuraram a Unidade de Saúde Básica do Maracanã do ano de 2009 em relação

ao ano de 2008 principalmente quanto ao sexo masculino (Tabela 3).

Tabela 3. Amostragem populacional equivalente a 24 pessoas, classificadas segundo o sexo e o ano,

atendidas na Unidade Básica de Saúde do Maracanã, município de Santarém (PA), 2008-2009.

O tipo de diabetes que mais acomete a população pesquisada é a Diabetes Mellitus tipo 2, segundo

os relatos documentais aos quais os pesquisadores tiveram acesso, sendo que no ano de 2008 foram 70%

dos casos e no ano seguinte 85,71% (Tabela 4). Ressaltando que Diabetes tipo 1 no ano de 2008

representa 10% dos casos e no ano subseqüente essa taxa aumenta para 14,28%. Constando ainda que

em 20% dos prontuários analisados no ano de 2008 essa informação não constava, o que dificulta uma

correlação de aumento sobre a incidência desta doença entre os anos.

Tabela 4. Frequência de Diabetes Mellitus por ano em 24 pessoas atendidas na Unidade de Saúde Básica

do Maracanã, município de Santarém (PA), 2008-2009.

Ano 2008 Ano 2009

Sexo Quantidade % Sexo Quantidade %

Masculino 4 40 Masculino 9 64,28

Feminino 6 60 Feminino 5 35,71

83

Ano 2008 Ano 2009

Nº de casos % Nº de casos %

Diabetes tipo 1 1 10 2 14,28

Diabetes tipo 2 7 70 12 85,71

Não consta no registro 2 20 - -

Em 50% dos cadastros não constava registro de presença de complicações e tampouco de doenças

cardiovasculares. Nos que constava pé diabético, doença renal, amputação por diabetes, foram assinalados

em 8,33%, 4,16% e 4,16%, respectivamente. Dentre as doenças cardiovasculares acidente vascular

cerebral (AVC) e infarto agudo do miocárdio (IAM) foram assinalados em 16,66% e 12,5%, respectivamente

(Tabela 5). Com a falta de informações adequadas sobre estas complicações comuns em pacientes

diabéticos não se pode afirmar se o programa está se tornando eficaz no que se propõe e tampouco se o

paciente cadastrado está atendendo positivamente ao tratamento ao qual está sendo exposto.

Ressaltando que as doenças cardiovasculares são responsáveis por 80% das mortes em indivíduos

com DM tipo 2 (SCHAAN et al, 2004), o que corrobora com estudo realizado por Sartorelli et al (2003), no

qual ele diz que os diabéticos geralmente morrem devido as complicações crônicas da doença, sendo estas

que figuram como causa de óbito. Diabetes também é fator de risco para acidente vascular cerebral (AVC),

particularmente o isquêmico. Além de mais prevalente, o AVC em diabéticos é de recuperação mais difícil,

com maior freqüência da recorrência e maior mortalidade (SBD, 2010).

Tabela 5. Frequência dos acometimentos assinalados em 24 cadastrados no sistema HIPERDIA atendidos

na Unidade de Básica de Saúde do Maracanã, município de Santarém, PA. 2008-2009.

Dados Clínicos Não consta (%) Sim (%) Não (%)

Doença Renal 45,8 4,16 50

Pé diabético 45,8 8,33 45,8

Amputação por diabetes 45,8 4,16 50

IAM 45,8 12,5 41,6

AVC 45,8 12,5 41,6

Cinquenta por cento (50%) dos cadastros apresentam Pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica

(PAD) menor ou igual a 120/80 mmHg que é considerada ideal pois é a condição em que o individuo

apresenta o menor risco cardiovascular segundo o Manual de Hipertensão do Ministério da Saúde (2002),

45,83% dos cadastrados tem PAS e PAD maior ou igual 130/80 mmHg que segundo as Diretrizes da

Sociedade Brasileira de Diabetes (2007) como esses pacientes são de alto risco para eventos

cardiovasculares todos os indivíduos com pressão acima deste limite deve iniciar uso de medicação

hipertensiva (Tabela 7). O tratamento reduz o risco de doença cardiovascular, embora o efeito do controle

pressórico intensivo em pacientes diabéticos e DAOP (Doença Arterial Obstrutiva Periférica) ainda não

esteja definido (SBD, 2008).

Sobrepeso/obesidade foi confirmado em 25% dos cadastros, mas quando o Índice de Massa

Corporal (IMC) foi calculado com os dados de peso e estatura disponíveis em 70,83% dos formulários este

valor aumentou para 58,32% dos registros (Tabela 6). Ocorre então uma contradição dos dados registrados

para com a realidade encontrada através de outros métodos como o calculo do IMC recordando que a

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obesidade é um importante fator de risco para o diabetes tipo 2, sendo que, sua frequência é três vezes

maior para o desenvolvimento desta doença (ORTIZ et al, 2001).

E também os hábitos alimentares e a prática de atividade física exercem uma poderosa influencia

sobre o balanço energético, sendo considerados, os principais fatores, passiveis de modificação,

determinantes da obesidade (SARTORELLI et al, 2003), deste modo percebemos a importância do

tratamento não medicamentoso, visto que a mudança de hábitos é um dos fatores mais importantes para a

melhora do paciente diabético cadastrado neste sistema de saúde.

Tabela 6. Relação entre sobrepeso/obesidade com diabetes mellitus, e o calculo do IMC de 24 usuários

registrados em cadastros do sistema HIPERDIA, atendidos na Unidade Básica de Saúde do Maracanã,

município de Santarém (PA), 2008-2009.

Em 58,33% dos cadastros não havia a informação sobre a medida da cintura. Nos formulários e que

tal informação estava registrada, 42,8% do sexo masculino apresentavam CA maior que 102 cm e 66,66%

do sexo feminino apresentavam CA maior que 88 cm (Tabela 7). Esses valores são considerados limites

para determinação de cintura aumentada e diagnostico de obesidade visceral (SBD, 2007). Ressaltando

que não há diretrizes para que os profissionais realizem esta aferição de modo correto, desse modo não há

a certeza que os números divulgados estejam conferidos da melhor maneira.

Tabela 7. Relação entre a medida da cintura em 24 pessoas diabéticas cadastradas no sistema

HIPERDIA, atendidas na Unidade de Saúde do Maracanã, município de Santarém, PA, 2008-2009.

Cintura (CA) Nº (%)

Não Consta 14 (58,33)

Consta 10 (41,66)

Sexo Feminino 3 (30)

>88 cm 2 (66,66)

< 88 cm 1 (33,33)

Sexo Masculino 7 (70)

>102 cm 3 (42,8)

<102 cm 4 (57,2)

Anos 2008 – 2009

Sobrepeso/obesidade Nº %

Sim 6 25

Não 6 25

Não Consta 12 50

Classificação IMC Nº %

Normal 18,5-24,9 3 12,5

Sobrepeso 25,0-29,9 8 33,33

Obeso Classe 1 30,0-34,9 5 20,83

Obeso Classe 2 35,0-39,9 1 4,16

Obeso Classe 3 >/=40,0 - -

Dados insuficientes 7 29,16

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No item tratamento medicamentoso, a ficha cadastral indica hidroclorotiazida (diurético), propanolol

(beta-bloqueador), captopril (Inibidor da ECA), glibencamida (sulfoniluréia), metformina (biguanida), e

também outros medicamentos nos quais estão os antagonistas de cálcio. No tratamento de DM 29,16% dos

indivíduos e 12,5% utilizam glibencamida e metformina respectivamente. Sendo que 41,66% dos usuários

fazem associação entre os medicamentos para Hipertensão Arterial (HA) e Diabetes Mellitus (Tabela 8).

Como não há um acompanhamento efetivo destes pacientes existe a possibilidade de eles estarem fazendo

o uso desnecessário de medicamentos, lembrando que não é somente o tratamento farmacológico que trará

efeitos benéficos para o controle do diabetes como também a mudança de hábitos.

Não se encontrou informações sobre a quantidade de insulina disponibilizada para os pacientes

diabéticos do tipo I, pois como se sabe o tratamento para com este paciente está fundado na reposição

deste hormônio fundamental para a absorção de glicose pelas células. Por conseguinte não se pode afirmar

que estes pacientes estão recebendo o tratamento adequado para a sua enfermidade e tampouco ter

certeza que os mesmos tem uma boa qualidade de vida.

Tabela 8. Relação dos medicamentos utilizados classificados segundo a família a qual pertencem de

acordo com 24 cadastros do sistema HIPERDIA, atendidos na Unidade de Saúde Básica do Maracanã,

município de Santarém (PA), 2008-2009.

Medicamentos Nº de usuários %

Sulfoniluréias 7 29,16

Biguanidas 3 12,5

Diuréticos - -

IECA 1 4,16

Antagonistas de Cálcio 2 8,33

Associações 10 41,66

Não consta no registro 1 4,16

Em 79,16% dos cadastros não constava registro de glicemias capilares. Em 21% dos formulários

havia registro apenas de glicemia capilar de jejum, nestes 60% estavam acima de 110 mg/d. Em apenas

20% dos cadastros constava a glicemia capilar pós prandial e neste relato o valor é superior a 140 mg/d. E

também em 20% dos formulários a glicemia capilar informada não fora classificada (Tabela 9).

Sendo que a informação da glicemia é de suma importância, para que possamos saber se o nosso

paciente está respondendo bem ao tratamento, alem de ser melhor recomendada a glicose plasmática do

que a glicose capilar, visto que nessa não temos certeza se o paciente atendeu as recomendações para

efetuar este exame. Faltam também informações fundamentais para a avaliação do estado de saúde do

diabético, como concentrações de hemoglobina glicosilada, excreção urinária de albumina, fundoscopia

ocular e exame da sensibilidade dos membros inferiores que não são solicitados no formulário com já foi

relatado por Jardim et al (2009) em seu estudo feito em São Carlos-SP.

Tabela 9. Medidas da glicemia em jejum e pós prandial em 24 pessoas cadastradas no sistema HIPERDIA

atendidas na Unidade de Saúde do Maracanã, município Santarém, PA, 2008-2009.

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Glicemia Nº (%)

Não Consta 19 (79)

Consta 5 (21)

Glicemia capilar pós prandial >140 mg/dl 1 (20)

Glicemia capilar em jejum >100 mg/dl 3 (60)

CONCLUSÃO

Na realização desta pesquisa documental foram observadas ausência, imprecisão e contradição de

importantes informações sobre diabéticos registrados no sistema HIPERDIA, atendidos na Unidade de

Básica de Saúde do Maracanã no município de Santarém (PA), no período de 2008 a 2009. Os dados

sugerem a necessidade de capacitação dos profissionais que lidam com estes pacientes no seu

atendimento e cadastramento e também a utilização de critérios clínico-laboratoriais consensuais para a

caracterização das complicações crônicas decorrentes da DM no sistema HIPERDIA. As deficiências

encontradas podem levar ao subdimensionamento epidemiológico dessas doenças na população brasileira

e comprometer o planejamento de estratégias destinadas à prevenção e controle dessas doenças. Assim, é

preciso criar padrões para a aferição das medidas de cintura, as quais são importantes para observar o

possível risco de doenças cardiovasculares. Sugerimos a inclusão e solicitação de forma obrigatória, de

informações importantes sobre o estado de saúde dos pacientes em questão como concentração de

hemoglobina glicosilada, taxas de colesterol total e triglicerídeos, excreção urinária de albumina,

fundoscopia ocular, eletrocardiograma e exame de sensibilidade dos membros inferiores, que não são

solicitados no formulário de cadastro, verificar estes valores de uma forma contínua, além da realização do

exame de glicemia plasmática todos os meses para que desse modo possa-se realizar um melhor

acompanhamento da saúde do usuário do sistema. Com a realização deste acompanhamento poderemos

então saber se os remédios estão realizando o efeito esperado. Tentar realizar um acompanhamento

nutricional destes pacientes. Todas as sugestões visam a otimização deste sistema de informação em

saúde, que é de grande importância para os profissionais de saúde e a comunidade em geral e, portanto se

este tornar-se mais eficiente trará inúmeros benefícios contribuindo significativamente para a gestão do

sistema publico de saúde.

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A IMPORTÂNCIA DA HUMANIZAÇÃO NA VISÃO DOS ACADÊMICOS DO III SEMESTRE DE ENFERMAGEM DO IESPES Dannuza da Silva LIMA1, Aline Taketomi LIMA1, Renata Simões MONTEIRO1, Veridiana Barreto do NASCIMENTO1,2 1Instituto Esperança de Ensino Superior, Santarém, Pará, Brasil, 2Faculdades Integradas do Tapajós-FIT,Santarém, Pará, Brasil. E-mail: [email protected] Introdução: O processo de evolução da enfermagem surgiu com o objetivo de promover práticas de saúde, ainda que de forma intuitiva, voltadas para a prestação de saúde a população, pois o cuidado humano é uma característica da enfermagem. Neste pensamento, durante o processo de formação da profissão, os acadêmicos são estimulados a não apenas auxiliar no tratamento, recuperação ou reabilitação, o grande desafio está na busca de desenvolver uma prática assistencial humanizada. Florence Nighitingale defendia a enfermagem como uma arte e uma ciência, e isso requer uma boa formação teórico-científica do futuro profissional, tanto quanto, uma visão holística do ser humano. De acordo com BECK et al. (2009, p. 55), humanizar é ofertar atendimento de qualidade articulando os avanços tecnológicos com o acolhimento, além da melhoria do ambiente e das condições de trabalho. Em 2003 o Ministério da Saúde implantou a Política Nacional da Humanização-PNH como uma possibilidade de qualificar o sistema de saúde. Desde então, há uma preocupação quanto ao risco de banalizar essa prática, portanto é importante o acadêmico adquirir uma conduta apropriada aos cuidados de saúde voltada a satisfação das necessidades básicas afetadas dos cliente/pacientes (BECK et al., 2007). Com o passar do tempo, o cuidar torna-se mecanizado e fragmentado, tanto para as pessoas que cuidam como para as que recebem cuidados, parecendo ter esquecido essa habilidade ou qualidade que, além de constituir uma ação, é um valor. Objetivo: Avaliar qual a percepção dos acadêmicos de enfermagem sobre o tema, quais suas opiniões, críticas e sugestões sobre o processo de humanização. Metodologia: O estudo se caracterizou como uma pesquisa do tipo exploratória e descritiva, na qual foi baseada a partir de uma abordagem quantitativa. A pesquisa foi realizada com os acadêmicos de enfermagem do III semestre do Instituto Esperança de Ensino Superior – IESPES. A coleta dos dados foi desenvolvida através de um questionário. O universo pesquisado foram 40 acadêmicos de ambos os sexos, sendo que 90% são do sexo feminino e 10% do sexo masculino. Observou se que a maioria dos estudantes está na faixa etária de 16 a 20 anos sendo 34,5%, entre 21 a 25 anos estão apenas 17,5% e os de 29 a 30 anos e acima de 31 anos tiveram os mesmos valores 22,5% dos entrevistados. Em uma das questões foi perguntado aos acadêmicos o que eles consideravam como humanização: 31% respondeu tratar com respeito todos os pacientes que buscarem atendimentos, 25,9% diz ouvir atentamente o paciente e valorizar o sentimento do mesmo, 24,9% já designa como oferecer uma atendimento de qualidade sem a decorrência de danos ou riscos para o paciente, 12,6% ofereceria conforto ao cliente e sua família e 6,9% entende como um cuidado holístico. Outra pergunta realizada no questionário foi se já tinha ouvido falar em PNH - Política Nacional de Humanização 70% responderam já conhecer e 30% ainda não tinha ouvido falar nesse termo. Baseado nessa pergunta foi questionado a eles se sabiam por em prática a humanização e 97,5% responderam que sim enquanto que 2,5% disseram não saber. Com os diversos erros que estão sendo cometidos ultimamente pelos profissionais na área da saúde perguntamos a eles o que poderia levar um profissional a cometer erros gravíssimos, 52,8% responderam ser a falta de atenção dos profissionais, 22,6% alegaram ser a falta de equipamentos adequados para a realização do trabalho, 13,2% responderam ser uma má formação acadêmica e 11,4% alegaram ter outros fatores que poderiam levar um profissional a cometer um erro. Quando perguntou-se a eles sobre sua opinião em relação as unidades básicas de saúde oferecerem atendimento humanizado 8,25% responderam não e 17,5% disseram sim. Baseada na pergunta anterior foi questionado a eles como futuros profissionais da área da saúde o que poderiam sugerir para que houvesse uma melhora nos atendimentos, 55% responderam que deve ter mas humanização por parte dos profissionais , 23,52% disseram ser preciso mais contratações, 15,6% alegaram ter uma melhor capacitação e 5,88% disseram ter outras propostas. Resultados: Para os acadêmicos do presente estudo, os erros ocorridos pelos profissionais da área da saúde, estão ligados à falta de atenção por parte dos mesmos, e como sugestão para a melhora do atendimento, está à atitude humanizada, considerando a humanização como tratar com respeito todos os pacientes que buscam atendimento.

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Tabela 1. O que os acadêmicos entendem como humanização.

Oferecer um atendimento de qualidade sem a decorrência de danos ou risco para o pacientes

24,14%

Tratar com respeito todos os pacientes que buscam atendimento 31%

Oferecer cuidados holísticos 6,9%

Ouvir atentamente o paciente e valorizar os sentimentos do mesmo 25,9%

Oferecer conforto ao paciente à família 12,06%

Tabela 2. Como futuro profissional da área da saúde, o que sugere para que haja uma melhoria dos atendimentos?

Melhor capacitação 15,6%

Mais contratações 23,52%

Mais humanização por parte dos profissionais 55%

Outros 5,88%

Conclusão: A Enfermagem é uma profissão que lida com o ser humano, que é um ser em constante evolução. É uma profissão que se desenvolveu através dos séculos, mantendo uma relação com a história da civilização, aperfeiçoando-se, resgatando assim os valores humanísticos da assistência. Para garantir a humanização nos cuidados, fatores como à formação profissional e equipamentos adequados, além de ações de qualidade de vida, devem ser considerados para promover vínculos de afetividade na relação enfermeiro-paciente de acordo com a visão dos acadêmicos, onde o futuro profissional precisar humanizar o atendimento, uma vez que este ato leva junto a solidariedade, a dignidade e o respeito ético pelo ser humano. Referências Bibliográficas BECK, C.L.C.; LISBÔA, R.L.; TAVARES, J.P.; SILVA, R.M.; PRESTES, F.C. Humanização da assistência de enfermagem: percepção de enfermeiros nos serviços de saúde de um município. Revista Gaúcha Enfermagem, Porto Alegre (RS) 2009 mar;30(1):54-61. BECK, C.L.C.; GONZALES, R.M.B.; DENARDIN, J.M.; TRINDADE, L.L.; LAUTERT, L. Humanização na perspectiva dos trabalhadores de enfermagem. Texto Contexto Enfermagem, Florianópolis, 2007 Jul-Set; 16(3): 503-10. Palavras Chaves: Acadêmicos, enfermagem e humanização.

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A INSERÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA: IMPORTÂNCIA E REALIDADE NO OESTE DO PARÁ. Maria Eduarda de Macêdo BASSO1, Sabina Lima de CARVALHO1, Rodrigo Luis FERREIRA DA SILVA1 1Universidade do Estado do Pará, Campus XII - Santarém – Pará - Brasil. e-mail de contato: [email protected] Introdução: O Sistema Único de Saúde (SUS), resultado de um processo de lutas políticas e setoriais do movimento sanitário brasileiro, tem o objetivo de garantir a saúde como direito do cidadão e dever do Estado, como preconiza a Constituição Federal de 1988 (RESENDE et al 2009). Para a efetivação deste direito faz-se necessário ampliar o acesso pleno dos usuários aos serviços de saúde de forma universal e resolutiva com formulação e implementação de estratégias que viabilizem um serviço de saúde universal, integral, eficaz, eficiente, com equidade e participação popular. No entanto, para que os usuários possam usufruir de forma integral dos serviços de saúde torna-se necessário uma transformação do modelo assistencial ainda vigente no Brasil (CARVALHO, 2009). A nova concepção de saúde abordada pelo SUS trouxe um conceito ampliado, passando de um modelo hospitalocêntrico, curativo e reabilitador para um modelo assistencial promotor da saúde, preventivo e principalmente contando com a participação popular. Com base nas novas diretrizes voltadas à saúde da população e buscando ampliar o respeito aos princípios do SUS, o Ministério da Saúde (MS) propôs uma estratégia de reorganização da Atenção Básica com a criação do “Programa Saúde da Família (PSF)”, o qual teve início em 1994. O PSF, hoje denominado “Estratégia Saúde da Família (ESF)”, tem suas ações voltadas para um modelo de assistência integral, enfatizando a Atenção Primária. De acordo com Pain e Alves Filho (1998), a Atenção Primária prevê a resolutividade das necessidades de saúde que extrapolam a esfera de intervenção curativa e reabilitadora individual, através da promoção da saúde familiar, prevenção de doenças e educação continuada. A ESF fundamenta-se no trabalho de equipes multiprofissionais que de acordo com o MS devem ser compostas, no mínimo, por um médico, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e seis agentes comunitários de saúde e, quando ampliada, inclui ainda um dentista, um auxiliar de consultório dentário e um técnico em higiene dental. Em dezembro de 2003, durante a 12° Conferencia Nacional de Saúde, o plenário aprovou a composição da equipe multiprofissional, incluindo fisioterapeutas no suporte às Equipes de Saúde da Família, de acordo com as necessidades locais, ampliando as oportunidades de atuação destes profissionais no campo da Atenção Primária à Saúde (CARVALHO, 2009). Porém, o fisioterapeuta só passa a fazer parte da Estratégia Saúde da Família se a gestão municipal de saúde julgar imprescindível a participação deste profissional, não tendo caráter obrigatório, com exceção de algumas cidades brasileiras onde foram criadas leis municipais obrigando a participação dos fisioterapeutas na Estratégia Saúde da Família. Desde a sua origem, a fisioterapia tem um caráter essencialmente curativo e reabilitador. Em decorrência das guerras e do alto índice de acidentes de trabalho, gerou-se grande número de óbitos e mutilados, em sua maioria de homens em idade produtiva, desencadeando uma baixa na força de trabalho. Essa situação fez surgir a necessidade de reinserir indivíduos lesionados e mutilados ao setor produtivo. Daí, surgiram os centros de reabilitação, com o intuito de restaurar a capacidade física dos acidentados e mutilados (BISPO JÙNIOR, 2010). A Fisioterapia foi enquadrada, segundo a classificação proposta por Leavell e Clark (1977) em serviços de Atenção Secundária e, principalmente, Terciária. Essa hierarquia formada a partir do paradigma curativo do sistema de saúde vigente na década de 70 e presente até hoje, porém com menos vigor, excluiu por muito tempo da Atenção Primária os serviços de Fisioterapia. Enquanto a Fisioterapia reabilitadora concentra sua atuação, quase que exclusivamente, ao tratamento dos distúrbios cinético-funcionais, seja reabilitando sequelados de patologias diversas ou desenvolvendo a capacidade residual funcional de indivíduos que tiveram lesões irreparáveis de determinadas funções, a Fisioterapia coletiva possibilita e incentiva a atuação no controle de fatores que potencialmente podem contribuir para o desenvolvimento da doença (BISPO JÚNIOR, 2010). Baseado no exposto, o fisioterapeuta pode desenvolver atividades efetivas em todos os níveis de atenção à saúde, porém, devido a aspectos de ordem político-econômicos e organizacionais, sua função é pouco divulgada e subutilizada, contudo, paulatinamente experiências isoladas em algumas regiões brasileiras mostram que a inserção da Fisioterapia na Estratégia Saúde da Família enriquece e desenvolve ainda mais os cuidados de saúde da população. A importância do profissional Fisioterapeuta como agente multiplicador de saúde poder ser observada a partir de suas

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atribuições no PSF e na Atenção Primária. Regasson (2003) cita algumas atividades realizadas por fisioterapeutas dentro do contexto da Atenção Básica: Desenvolver programas coletivos, contributivos à diminuição dos riscos de acidentes de trabalho e de distúrbios funcionais laborativos; realizar junto às grávidas e puérperas técnicas de relaxamento, analgesia, condicionamento físico, orientações posturais e preparação para o pré e pós parto; buscar diagnosticar novos casos de hanseníase, prevenir incapacidades e realizar tratamento das sequelas; desenvolver atividades físicas e culturais para a terceira idade, para que o idoso consiga realizar suas atividades da vida diária de forma independente, melhorando sua qualidade de vida e prevenindo as complicações decorrentes da idade avançada; realizar programas de atividades físicas e psico-sociais com o objetivo de aliviar os sintomas do climatério; Atendimento domiciliar em pacientes portadores de enfermidades crônicas, pacientes acamados ou impossibilitados; Estimulação precoce em crianças com atraso no desenvolvimento neuro-psico-motor; Resgate dos cuidadores dentro do ambiente familiar; prescrever atividades físicas para os grupos de hipertensão e diabetes, a fim de prevenir e evitar complicações; realizar e orientar técnicas respiratórias para os pacientes acometidos por tuberculose, entre outras. Objetivo: verificar se o profissional fisioterapeuta encontra-se inserido na equipe multiprofissional da Estratégia Saúde da Família nos municípios da região Oeste do Pará. Metodologia: a pesquisa foi realizada com as 19 cidades que compõe a região do Oeste do Pará (Alenquer, Almerim, Aveiro, Belterra, Curuá, Faro, Itaituba, Jacareacanga, Juruti, Monte Alegre, Novo Progresso, Óbidos, Oriximiná, Placas, Prainha, Rurópolis, Santarém, Terra Santa e Trairão) através de contato telefônico com as Secretarias Municipais de Saúde dos municípios. Após explicação da pesquisa e de seus objetivos, os pesquisadores questionaram a respeito de fisioterapeutas vinculados às prefeituras, se este profissional estava inserido na Estratégia Saúde da Família e se o seu vínculo era através de contrato ou concurso público. Resultados: Tabela 1. Resultado do número de municípios que possui fisioterapeutas vinculados às prefeituras, tipo de vínculo e participação na Estratégia Saúde da Família. Quantidade de municípios

Municípios que possuem Fisioterapeutas vinculados à prefeitura 12 Municípios que não possuem Fisioterapeutas vinculados à prefeitura 7 Municípios que possuem Fisioterapeuta Concursado 5 Municípios que não possuem Fisioterapeuta Concursado 14 Municípios que possuem Fisioterapeuta no PSF 3 Municípios que não possuem Fisioterapeuta no PSF 16

Tabela 2. Número de fisioterapeutas vinculados à prefeitura, concursados e atuando na Estratégia Saúde da Família nos municípios da região Oeste do Pará.

Fisioterapeutas vinculados às prefeituras

Fisioterape utas concursados Fisioterapeutas na ESF

Alenquer 1 0 1

Almerim 1 1 O

Aveiro 0 0 0

Belterra 1 0 0

Curuá 0 0 0

Faro 0 0 0

Itaituba 1 0 0

Jacareacanga 0 0 0

Juruti 0 0 0

Monte Alegre 3 1 0

Novo Prog. 1 0 1

Obidos 2 2 1

Oriximiná 2 2 0

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Placas 1 0 0

Prainha 0 0 0

Rurópolis 1 0 0

Santarém 6 4 0

Terra Santa 0 0 0

Trairão 2 0 0

TOTAL 22 10 3

Conclusão: o Fisioterapeuta ainda não está totalmente inserido no SUS das cidades da região Oeste do Pará. Somente três cidades das dezenove pesquisadas já incluíram este profissional na ESF. A divulgação da importância do fisioterapeuta na reabilitação e saúde coletiva é de grande relevância, pois o acesso pleno à saúde pela população e concretização das políticas de Saúde do país só será possível quando ocorrer a conscientização, pelos usuários e gestores da saúde, da necessidade de vários profissionais inseridos neste contexto. Referências bibliográficas: BISPO JUNIOR, J. P. Fisioterapia e Saúde Coletiva: desafios e novas responsabilidades profissionais. Revista Ciência e Saúde Coletiva, n.15(Supl1), p.1627-1633, 2010. CARVALHO, Sabina Lima. O fisioterapeuta no Programa Saúde da Família: Desafios na atuação preventiva. 2009. 18 f. (Especialização em saúde da Família) – Universidade do estado do Pará, Santarém. PAIN, J. S; ALVES FILHO, N. A. Saúde Coletiva: uma nova saúde pública ou campo aberto a novos paradigmas? Revista de Saúde Pública, v.32, n.4, p.299-316, 1998. RAGASSON, Carla Adriane Pires. Atribuições do fisioterapeuta no Programa Saúde da Família: reflexões a partir da prática profissional. Revista Unioeste. São Paulo, p. 1-7. 2003. REZENDE, M.; MOREIRA, M. R.; TAVARES, M. F. L. A equipe multiprofissional da estratégia da Saúde da Família: uma reflexão sobre o papel do fisioterapeuta. Revista Ciência e Saúde Coletiva, n.14(Supl1), p.1403-1410, 2009. Palavras-chave: Estratégia Saúde da Família, Atenção Primária, fisioterapia.

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ABORDAGEM SOBRE A SAÚDE DAS PUÉRPERAS ATENDIDAS NO CENTRO DE SAÚDE DA GRANDE ÁREA DO MARACANÃ (SANTARÉM-PA). Yane S. ALMEIDA¹, Carla dos S. OLIVEIRA¹, Cláudia da G. ARAÚJO¹, Fernanda J. NASCIMENTO¹, Geysiane ROCHA¹, Ingrid LEITE¹, Jéssica P. da SILVA¹, Natália M. MONTEIRO¹ 1Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII- Santarém-PA.e-mail: [email protected] Introdução: Durante a gravidez a mulher passa por inúmeras mudanças, em todos os aspectos. Essas mudanças se estendem até o parto e pós-parto, momento em que o organismo começa voltar ao seu normal. Este período é chamado de puerpério, que pode ser considerado normal ou patológico. O período do puerpério é variável, dependendo de mulher para mulher, onde além do exercício da maternidade, a mulher passa por muitas variações fisiológicas e psíquicas. É difícil determinar um período exato para o inicio e término do puerpério, Segundo Rezende (2006), considera-se como puerpério o período de seis a oito semanas que se sucedem a partir da saída do bebê até a primeira menstruação depois do parto. A puérpera passa por alterações morfológicas no orifício externo do colo uterino, relaxamento da musculatura abdominal, perineal e auréola mamária, além de outras alterações. No puerpério normal ocorrem dois fenômenos fisiológicos essenciais: 1- o regresso do organismo ao seu estado anterior, em especial, a involução uterina com a recuperação da genitália; 2- a função da lactação, que envolve não só a glândula mamária, mas várias funções endócrinas com conseqüente reconstituição do ciclo menstrual (SEGUY,1986), O puerpério patológico é caracterizado por infecções, inflamações ou alterações resultantes da regressão dos tecidos. Chama-se infecção puerperal a que se origina do aparelho genital, após parto recente. Geralmente é caracterizada por febre, presente nas primeiras 24 horas do pós-parto. Sendo assim durante esse período presença de febre acima de 38°C deve ser investigada, principalmente após parto cesariano. (REZENDE, 2006). Segundo Zugaib e Bittar (2003), a incidência da infecção varia de 1% a 10% das mulheres. O parto cesariano é considerado o principal fator predisponente para infecção puerperal, sendo assim, mulheres que tiveram parto normal apresentam baixo risco para infecção. As principais bactérias causadoras de infecção estão entre os grupos dos S. faecalis, S aureus, Mycoplasma hominis, Chlamydia trachomatis, Clostridium welchii, Klebsiella, proteus e E. coli. A mastite puerperal representa infecção mamária aguda, mais freqüente entre a primeira e a quarta semana do puerpério (ZUGAIB E BITTAR, 2003). Sem tratamento adequado pode levar a rachaduras ou fissuras nos seios, podendo levar a infecções secundárias. Geralmente, as infecções no puerpério estão associadas ao baixo nível sócio econômico, técnicas de amamentação imprópria e higiene inadequada principalmente em primíparas- mulheres na primeira gestação (ZUGAIB E BITTAR, 2003). Segundo Rezende (2006) a maioria dos processos patológicos é evitado com cuidados pré-natais e assistência qualificada ao parto e ao pós-parto imediato. A família é um fator vital para que essas novas mães não tenham depressão puerperal. De acordo com Silva e Botti (2005), logo nos primeiros dias após o parto é comum que a mãe apresente uma leve depressão, podendo ser considerada normal. A alteração hormonal justifica a melancolia pós-parto, mas não a depressão puerperal, que se desenvolve de forma mais lenta e se prolonga por mais tempo. Embora dificuldades pessoais, emocionais, financeiras, médicas da mulher ou do casal aumentem a probabilidade de ocorrer uma Depressão Puerperal, esta também pode ocorrer sem nenhum fator externo, principalmente no caso da mulher ter tido alguma fase depressiva anterior, ou no caso de existirem casos de depressão em sua família. Objetivo: verificar a incidência de alterações patológicas em mulheres no período puerperal, bem como os fatores desencadeadores de tais alterações. Metodologia: Este estudo teve como base uma pesquisa bibliográfica e uma pesquisa de campo. A pesquisa bibliográfica foi desenvolvida mediante uma leitura sistemática de cada obra de modo a ressaltar os pontos pertinentes ao assunto em pesquisas feitas por diferentes autores.A pesquisa de campo baseou-se no método observacional, através de uma observação participante, pois o pesquisador interagiu diretamente com o pesquisado. (MARCONI e LAKATOS, 2002, p.28). O estudo foi realizado no Centro de Saúde da Grande Área do Maracanã, no período de outubro a novembro de 2009. A pesquisa foi feita com seis (06) mulheres, que voluntariamente se dispuseram a nos dar as informações necessárias. A seleção das mulheres foi feita pela indicação da enfermeira responsável pelo centro de saúde. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista padronizada com aplicação de formulários específicos. Para melhor obtenção dos dados os pesquisadores

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interagiram diretamente com as entrevistadas. Os dados coletados foram tabulados no programa Microsof Office Excel- 2007 e organizados em tabelas e gráficos padronizados com porcentagens relativas às amostras estudadas. Resultados: Tabela 1- Resultados relacionados às possíveis patologias associadas ao puerpério.

Patologias Pesquisadas %

Sangramento ou infecções 0

Depressão 0

Falta de apetite 0

Alterações anormais no seio 50

Aumento de peso após o parto 17

Emagrecimento 50

Dores 17

Fonte: dados do pesquisador Conclusão: De acordo com os resultados apresentados concluímos que quando as gestantes têm um acompanhamento pré-natal os índices de patologias graves no período puerperal diminuem. Notou-se também que o apoio da família e do pai da criança é essencial para diminuição do nível de depressões puerperais e para um melhor bem estar da mãe. Também é importante ressaltar a importância do parto normal para diminuição das infecções puerperais e para uma melhor recuperação da mãe. Fato este constatado neste estudo, em que todas as puérperas pesquisadas tiveram partos normais, uma rápida recuperação e não apresentaram nenhum tipo de infecção. Diante disso, acredita-se que é de suma importância que os profissionais da saúde, divulguem, informem e incentivem a realização do pré-natal e o acompanhamento puerperal. Referências Bibliográficas: MARCONI e LAKATOS, Metodologia do Trabalho Científico: Fundamentos de metodologia científica - São Paulo – Atlas - 2002, p.28 REZENDE, Jorge de. Obstetrícia. Rio de Janeiro: Guanabara, 2006 SEGUY, Bernard. Manual de Enfermagem Obstétrica. São Paulo- Libel-1986 Silva, Elda Terezinha da e Botti, Nadja Cristiane Lappann. Depressão Puerperal Uma Revisão De Literatura. Belo Horizonte, 2005. Disponível em http://www.fen.ufg.br/revista/revista7_2/revisao_01.htm acesso em 17 de novembro de 2009. ZUGAIB, Marcelo e BITTAR, Roberto Eduardo. Protocolos de assistência clínica e obstétrica, FMUSP. São Paulo: Atheneu, 2003. Palavras-chave: Saúde da mulher, Puerpério e Puerpério Patológico.

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AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO RENAL ATRAVÉS DA TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR EM PACIENTES DO PROGRAMA HIPERDIA ATENDIDOS NO CENTRO DE REFERÊNCIA DE SAÚDE DO IDOSO NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM NO ANO DE 2010. Márcia Regina Silva de SOUSA¹, Juarez de SOUZA¹. ¹Centro de Ciência Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará – CCBS/UEPA, Campus Santarém-PA. e-mail: [email protected]. Introdução: As alterações no perfil de morbimortalidade da população mundial ocorrido nas últimas décadas evidenciaram um aumento das doenças crônico degenerativas e projetaram a doença renal crônica (DRC) no cenário mundial como um dos maiores desafios à saúde pública deste século (BASTOS et al, 2009). No Brasil, a incidência e a prevalência de FFR (Falência funcional renal) estão aumentando, o prognóstico ainda é ruim e os custos do tratamento da doença são altíssimos (BASTOS, BREGMAN e KIRSZTAJN, 2010). O censo de 2008 realizado pela Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), estimou para março de 2009 um total de 87.804 pacientes em tratamento dialítico no Brasil (SANTOS e OLIVEIRA, 2009). Objetivo: Avaliação a função renal através da Taxa de Filtração Glomerular (TFG) em pacientes idosos atendidos no Centro de Referência de Saúde do Idoso (CRSI) do município de Santarém no ano de 2010; Metodologia: A amostra foi composta por 95 prontuários de pacientes hipertensos, diabéticos e com as duas doenças associadas, de ambos os sexos, com idade acima de 60 anos, que possuiam o valor da TFG, atendidos em 2010 no CRSI. Resultados: Tabela1. Percentual de pacientes segundo o sexo Tabela 2. Percentual de pacientes

segundo a faixa etária

Tabela 3. Percentual de pacientes com TFG de acordo com a patologia(s) Tabela 4. Percentual de pacientes Diabéticos

Segundo o grau de IR

Tabela 5. Percentual de pacientes hipertensos segundo o grau de IR Tabela 6. Percentual de pacientes

hipertensos e diabéticos segundo o grau de IR

SEXO %

H 30,52%

M 69,48%

IDADE (anos)

%

60-69 35,80%

70-79 27,30%

80-89 28,40%

≥90 6,40%

%

DM 26,30%

HAS 35,80%

DM+HAS 37,90%

IR DM

LEVE 20%

MODERADA 4%

SEVERA 0

TERMINAL 0

IR HAS

LEVE 26,40%

MODERADA 26,40%

SEVERA 0

TERMINAL 0

IR HAS+DM

LEVE 5,26%

MODERADA 35,60%

SEVERA 0

TERMINAL 2,80%

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Discussão: A TFG é uma das mais importantes ferramentas na análise da função renal (SODRÉ et al, 2007). Para Pecoits-Filho (2004) esta estimativa pode ser utilizada como um bom índice da função renal, e deve ser empregada no estadiamento da DRC. Embora o DM seja a maior causa de pacientes com DRC em países desenvolvidos, no Brasil, 35,8% dos casos são atribuídos à HAS, seguido do DM com 25,7%. Estes fatores são visíveis em nosso estudo onde pacientes com HAS apresentam um maior percentual de IR, a somatória de HAS+DM promove um aumento no grau de doença renal atingindo níveis de 35,60% de pacientes em estágio moderado, onde dos 37,90% que sofrem com estas duas patologias 2,80% apresentam um quadro terminal de DRC. Outros estudos corroboram com os nossos achados e demonstram que portadores de HAS, de DM, ou história familiar para doença renal crônica têm maiores chances de desenvolverem IR. O risco de desenvolvimento de nefropatia é de cerca de 30% nos diabéticos tipo 1 e de 20% nos diabéticos tipo 2 (ROMÃO JÚNIOR, 2004). Esses autores afirmam que doenças como DM, HAS e insuficiência cardíaca, predispõem à doença renal no idoso. Indivíduos que têm em média 80 anos possuem sua função renal fisiológica reduzida pela metade. Quando acometidos por uma patologia, podem prejudicar ainda mais este quadro, fato este que reduz a expectativa de vida destes pacientes, dado encontrado no nosso estudo onde somente 8,5% dos pacientes estão acima de 80 anos de idade. Conclusão: o acompanhamento periódico do quadro clínico destes pacientes, associado a um controle rigoroso da HAS e DM é essencial para redução nas taxas e níveis de IR, reduzindo assim a mortalidade, a necessidade transplantes renal e a necessidade de hemodiálise. Atenção básica a saúde promovida por programas como o Hiperdia, encontrada no centro de referência estudado, resulta em uma melhora na qualidade de vida destes pacientes.Referências: BASTOS, R. M. R. et al. Prevalência da doença renal crônica nos estágios 3, 4 e 5 em adultos. Rev Assoc Med Bras São Paulo, v.55, n.1, mês. 2009. Acesso em: 02 de dez. 2010. Disponível em: <www.scielo.br/pdf/ramb/v55n1/v55n1a13.pdf > . BASTOS; M. G, BREGMAN, R.; KIRSZTAJN, G. M. Doença renal crônica: frequente e grave, mas também prevenível e tratável. Rev Assoc Med Bras São Paulo, v.56, n.2, mês. 2010. Acesso em: 02 de dez. 2010. Disponível em: < www.scielo.br/pdf/ramb/v56n2/a28v56n2.pdf > . PECOITS-FILHO, R. Diagnóstico de Doença Renal Crônica: Avaliação da Função Renal. J Bras Nefrol v. 23, n. 3 - Supl. 1 – ago. 2004. Acesso em: 17 de nov. 2010. Disponível em:<http://www.saunut.com.br/arquivos/v26e3s1p004.pdf > . ROMÃO JR, JE. Doença renal crônica: definição, epidemiologia e classificação. J Bras Nefrol vol 2004– n. 3 - Supl. 1. Acesso em 17 de nov. 2010. Disponível em: < http://www.transdoreso.org/pdf/doenca_renal.pdf >. SANTOS, D.R.; OLIVEIRA, R. B. Censo 2008. Acesso em: 15 de dez. 2010. Disponível em:<http://www.sbn.org.br/censos/censos_anteriores/censo_2008.pdf> . SODRÉ, F. L., et al. Avaliação da função e da lesão renal: um desafio laboratorial. J Bras Patol Med Lab. v. 43. n. 5. p. 329-337.outubro 2007. Acesso em 17 de nov. 2010. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-24442007000500005 >. Palavras-chaves: idoso, hipertensão, diabetes mellitus, doença renal crônica

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AVALIAÇÃO DA FUNCIONALIDADE EM IDOSOS RESIDENTES EM UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA E DE UMA COMUNIDADE NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM-PA Quétilan Silva LOPES¹, Izabela Mendonça de ASSIS¹, Tatiane Cristina Fernandes RABELO¹, Paola Cristina Ferreira da SILVA¹, Pedro Odimar dos SANTOS¹. ¹Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA; Universidade do Estado do Pará, UEPA, Pará, Brasil. e-mail: [email protected] Introdução: A emergência e a consolidação do estudo do envelhecimento é um dos principaiseventos científicos do século XXI, pois as perspectivas dos demógrafos em relação ao envelhecimento populacional, principalmente em países em desenvolvimento, como o Brasil, têm manifestado preocupação com questões ligadas à qualidade de vida (CARNEIRO; FALCONE, 2004). Considerando o novo paradigma social do envelhecimento e seusreflexos na dimensão da saúde, surgiu, no campo da saúde pública, oconceito de capacidade funcional, para definir, instrumentalizar eoperacionalizar saúde no idoso (MACIEL; GUERRA, 2008). Neste sentido, a capacidade funcional diz respeito à habilidade que umindivíduo tem de realizar de forma autônoma as atividades consideradasfundamentais a sua sobrevivência, bem como a manutenção das suas relações sociais (MACIEL; GUERRA, 2008). Sabe-se que à medida que o ser humano envelhece muitas tarefas do cotidiano, consideradas banais e, portanto, de fácil execução, vão paulatinamente e muitas vezes de forma imperceptível, tornando-se cada vez mais difíceis de serem realizadas, até que o indivíduo percebe que já depende de outra pessoa para tomar um banho, por exemplo (ARAUJOL; CEOLIMLL,2007). A necessidade de utilização de recursos cada vez mais incrementados para locomoção é reflexo dessa gradativa perda de funcionalidade.Há muitas escalas que avaliam a capacidade funcional. O Índice de Katz, devido à praticidade de sua aplicação e sua confiabilidade, demonstradas em estudos semelhantes, mostrou-se adequado para a avaliação do grau de independência de indivíduos idosos na presente pesquisa, pois as atividades contempladas para o questionário estão relacionadas às Atividades de Vida Diárias (AVDs) do ser humano. Tal escala foi desenvolvida por Sidney Katz com a finalidade de mensurar o desempenhofuncional de seis atividades básicasda vida cotidiana:banhar-se,vestir-se, ir ao banheiro, transferir-se, ser continente e alimentar-se, recebendo pontuação um cada item que o indivíduo não realiza sozinho e sem suporte ou auxílio material, totalizando, assim, o valor seis para o indivíduo totalmente dependente e o valor zeropara o indivíduo totalmente independente (DUARTE; ANDRADE; LEBRÃO, 2007). Objetivo: Considerando que o avanço da idade e a institucionalização do indivíduo podem resultar em declínio funcional, este estudo teve como objetivo avaliar o grau de independência para a realização de AVDs dos idosos residentes no Asilo São Vicente de Paula e idosos atendidos na Associação de Moradores do Bairro do Interventoria, ambos localizados em Santarém-Pa. Além de analisar a relação existente entre a idade do idoso, a sua dificuldade de locomoçãoe de realização das AVDs. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa do tipo exploratória e descritiva, com abordagem quantitativa. A mesma foi realizada em duas instituições do Município de Santarém-Pa, sendo uma definida como abrigo para idosos (Asilo São Vicente de Paula) e outra como Associação dos Moradores do Bairro do Interventoria. Nesta última, os idosos freqüentam com a finalidade de receber acompanhamento, em grupões, por uma equipe de saúde. Participaram do estudo idosos destas localidades, com idade igual ou superior a 50 anos completos (critério de inclusão no estudo), observando-se a definição de idoso como perda progressiva da capacidade de homeostase, preposta por Maciel, 2008. A seleção foi feita de maneira aleatória, conforme ordem de chegada à Associação e conforme a sequência de atendimentos fisioterapêuticos realizados junto ao Asilo de Santarém. Observaram-se os seguintes critérios de exclusão dos sujeitos: não estar cadastrado como residente (em relação ao asilo) ou frequentante (em relação à Associação de Moradores) em uma das instituições estudadas.Em caso de idosos que possuem déficit cognitivo ou incapacidade para responder o questionário proposto, as informações foram coletadas junto aos auxiliares de enfermagem responsáveis pelo atendimento.O instrumento utilizado no estudo foi o Índice de Katz. A coleta dos dados foi realizada no período de quinze a vinte e nove de abril de dois mil e onze. Os dados foram tabulados e processados em banco de dados eletrônico no programa Microsoft®Excel2007 (Sistema Operacional Windows7), sendo obtidas tabelas de freqüência para a classificação dos idosos em diferentes graus de dependência, faixa etária, sexo e auxílio para locomoção. Previamente às avaliações, foi aplicado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, por meio do qual as garantias dos direitos dos sujeitos observados, foram atendidas

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conforme as recomendações da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde para pesquisas com seres humanos. O Termo foi assinado pelo próprio idoso ou, se necessário, por representante legal da instituição ou responsável. Resultados: A observação para avaliação do grau de independência para desempenho de AVD foi realizada em 20 indivíduos, de ambos os sexos, com 50 anos de idade ou mais, conforme mostra a Tabela 1.

Tabela 1 Observou-se o predomínio de sujeitos do sexo masculino, correspondendo a 55% da amostra. Quanto à distribuição em faixas etárias, a maioria dos sujeitos tinha idade entre 50-64 anos (45%), seguindo-se a faixa de 65-79 (40%) e de 80-94 anos (15%). Destaca-se certa homogeneidade quanto ao número de indivíduos tanto do sexo masculino quanto do feminino que possuem independência total (Katz 0), destes 77% estão situados entre as idades 50-64 anos e 65-79 anos. Em contrapartida, 66% dos indivíduos que possuem dependência total (Katz 6), também estão situados entre a faixa etária dos 50-64 anos. Observou-se também que 55% dos idosos necessitam de algum auxílio para locomoção que variaram em muletas (18%) onde se enquadram os indivíduos dependentes para uma função (Katz 1) e para 4 funções (Katz 4), bengalas (18%) onde foram encontrados indivíduos dependentes para 3 funções (Katz 3) e 6 funções (Katz 6) e cadeiras de roda (19%) dos quais 83,3% (5 dos 6 indivíduos cadeirantes) são totalmente dependentes e 16,6% possuem Katz 5, sendo dependentes para realização de 5 atividades da vida diária.Quanto aos indivíduos que possuem alguma dependência (55% da amostra), as dificuldades observadas foram assim distribuídas: dependência ao banho (45%), dependência ao vestir-se (50%), dependência para locomoção ao banheiro (50%), dependência para transferir-se (55%), ausência de controle esfincteriano (45%) de dependência para alimentação (40%). Discussão: Um achado importante deste estudo foi a proporção de idosos totalmente dependente que se encontrava na faixa etária de 50 a 65 anos de idade, que representam 36% dos 11 sujeitos dependentes. Autores apontam e justificam este fato afirmando que, muitas vezes, o ancião fragilizado e dependente convive no seu lar somente com outro idoso, o qual enfrenta inúmeras dificuldades para o cuidado, que incluem desde o ambiente domiciliar inadequado e a falta de conhecimentos para exercer o papel de cuidador, até a dificuldade de transporte do idoso dependente aos serviços de saúde, quando necessário(DIOGO, 2005). Por outro lado, os sujeitos de idade mais avançada, embora independentes para o desempenho de AVDs, poderiam ser institucionalizados por outros motivos, tais como problemas financeiros, solidão e dificuldade para o desempenho de atividades instrumentais da vida diária (KAWASAKI, 2001; DIOGO, 2005; GUIA et al., 2002). Conclusão: Parece que a dependência do idoso é vista como algo natural e esperado, mas, na verdade, sabe-se que quando ele é acometido por patologias que o levam à condição de dependência parcial ou total, é possível ainda reabilitá-lo para que recupere a capacidade de realizar uma ou outra atividade de vida diária. A reabilitação de algumas funções, embora muitas vezes possa parecer insignificante para a família, devolve ao idoso a capacidade do fazer por ele mesmo, ou seja, do autocuidado. Dentro desse contexto, a motivação e o estímulo à realização de atividades físicas são fatores imprescindíveis para o sucesso do trabalho e para garantias de melhor qualidade de vida ao idoso, podendo retardar o próprio processo de envelhecer e aumentando o tempo de independência funcional. Referências Bibliográficas: ARAÚJOL, M. O. P. H.; CEOLIMLL, M. F. Avaliação do grau de independência de idosos residentes em instituições de longa permanência. Revista da Escola de Enfermagem da USP. Vol.41 n.3 São Paulo. 2007.

M F M F M F M F Geral

1 3 1 2 2 0 4 5 9

0 0 1 1 0 0 1 1 2

0 0 0 0 0 0 0 0 0

0 0 0 1 0 0 0 1 1

0 0 1 0 0 0 1 0 1

0 1 0 0 0 0 0 1 1

4 0 1 0 0 1 5 1 6

5 4 4 4 2 1 11 9 20

6

Total

TotalÍndice de Katz

0

1

2

3

50 - 64 65 - 79 80 - 94

Distribuição dos sujeitos segundo Sexo, Faixa Etária e Índice de Katz

5

4

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CARNEIRO, R. S.; FALCONE, E. M. O. Um estudo das capacidades e deficiências em habilidades sociais na terceira idade. Revista Psicologia em Estudo, Maringá, v. 9, n. 1, p. 119-126, 2004. DIOGO M. J. D'E.;CEOLIM M. F.; CINTRA F. A. Orientação para idosas que cuidam de idosos no domicílio.RevEscEnferm USP. 2005;39(1):97-102. DUARTE, Y. A. O. ;ANDRADE, C. L.; LEBRÃO, M. L. O Índex de Katz na Avaliação da Funcionalidade dos Idosos. Revista da Escola de Enfermagem da USP. 41(2):317-25. 2007. GUIA C. M.;LEMOS R. M.;RODRIGUES H. C.;PESSOLANI M.A.;CAMARGOS E.;TOLEDO M. A. V. et al. Declínio funcional e cognitivo em idosos após 6 meses de internação em instituição gerontológica. In: Anais do 13º Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia; 2002 jun. 19-22; Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: SBGG-Seção RJ; 2002. p. 348. KAWASAKI K.;DIOGO M. J. D'E. Assistência domiciliária ao idoso: perfil do cuidador formal – Parte I.RevEscEnferm USP. 2001;35(3):257-64. MACIEL, A. C. C.; GUERRA, R. O. Limitação funcional e sobrevida em idosos de comunidade.RevAssocMedBras 2008; 54(4): 347-52. Palavras-chave: Índice de Katz, atividades da vida diária e idosos.

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AVALIAÇÃO DO RISCO CORONARIANO EM JOVENS UNIVERSITÁRIO DE ACORDO COM A RELAÇÃO CINTURA/QUADRIL Maria Gilvânia Dantas SOARES1,3; Diego Sarmento de SOUSA1,2; Luiz Carlos Rabelo VIEIRA1,2; Liliane Cristina da Silva FÉLIX1,3; Mônica Moura de LIMA3; Adjanny Estela Santos de SOUZA1,2,3 1Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA; 2Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde das Populações Amazônicas (GEPESPA); 3Faculdades Integradas do Tapajós, FIT, Brasil. e-mail: [email protected] Introdução: Percebe-se, no Brasil, uma escassez de estudos que visem à análise dos fatores de risco para doenças cardiovasculares na população jovem (COELHO et al., 2005). Dentre esses fatores, a obesidade intra-abdominal ou gordura visceral, é um dos que mais preocupa os profissionais da área da saúde. A gordura subcutânea não é encarada como a principal ameaça à saúde, mas aquela localizada no abdômen, ao redor dos principais órgãos. A gordura abdominal vem sendo considerada como forte fator de risco coronariano, em contraposição a diversos outros indicadores de obesidade como fator de risco cardiovascular já amplamente estudados (GUSTAT et al., 2000; VISSCHER et al., 2001; POULTER, 2003). Para avaliar esse acúmulo de gordura, foram criados vários índices antropométricos, os quais podem ser classificados segundo o tipo de obesidade avaliada (HO; LAM; JANUS, 2003). Assim, além de outros indicadores, a distribuição da gordura corporal tem sido avaliada pelo índice de relação cintura/quadril (IRCQ). Este índice é um forte preditor de morte prematura por doenças cardiovasculares (PITANGA, 2005). Objetivo: Avaliar o risco coronariano em jovens universitário de acordo com a relação cintura/quadril. Metodologia: A amostra foi composta de 60 acadêmicos da UEPA, Campus Santarém, de ambos os gêneros com média de idade de 20,4±2,0 anos. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Curso de Educação Física da UEPA, Campus III, Belém (folha de rosto n. 346466). Para avaliação do risco coronariano, foi utilizado o questionário RISKO da Michigan Heart Association. Para a avaliação do nível de atividade física habitual, foi utilizada a versão curta do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), fornecido pelo Centro Coordenador do IPAQ no Brasil – CELAFISCS. Este instrumento já foi aplicado em jovens (GUEDES; LOPES; GUEDES, 2005). Foi medido o perímetro da cintura (PC) com uma fita antropométrica da marca Sanny®, a qual era posicionada na menor curvatura localizada entre as costelas e a crista ilíaca. O perímetro do quadril (PQ) foi medido na área de maior protuberância glútea. Com os resultados dos dois perímetros, foi calculado o IRCQ, através da fórmula IRCQ=PC/PQ, sendo as medidas em centímetros. A classificação do IRCQ foi estabelecida até a idade de 29 anos para ambos os gêneros (PITANGA, 2005). Para a medição da espessura do tecido adiposo subcutâneo, foi utilizado um compasso de dobras cutâneas (DCs) da marca Sanny®, com precisão de 0,1 mm. As DCs foram mensuradas sempre do lado direito do avaliado, após terem sido identificadas e marcadas com lápis demográfico. Três medidas intercaladas foram adotadas no mesmo local, sendo registrada a média entre elas. O tecido subcutâneo foi diferenciado do tecido muscular através da pegada em pinça (polegar e indicador), posicionando o compasso e realizando a leitura (PITANGA, 2005). As DCs medidas no grupo masculino foram triciptal, suprailíaca e abdominal. No feminino, foram subescapular, suprailíaca e coxa. O protocolo utilizado para o cálculo da densidade corporal foi o proposto por Guedes (1985). Para a mensuração da PA (sistólica, diabólica) foi utilizado um monitor de pressão digital automático da marca G-Tech® (modelo: BP3AA1-1), o qual também mensurou a frequência cardíaca de repouso. As medidas da PA foram realizadas sempre no mesmo horário, na tentativa de se garantir que nenhum dos envolvidos na pesquisa apresentasse sinais de PA elevada em virtude do horário. A PA foi aferida três vezes, sendo registrada a média entre elas. Na situação de repouso, os indivíduos permaneceram sentados em uma cadeira durante 10 minutos. No final desse período a PA foi medida e os valores registrados em uma ficha de avaliação física. Para a realização das dosagens bioquímicas, foram coletados 03 mL de sangue, por punção venosa, após um jejum de 12 horas. O sangue, uma vez coagulado, foi centrifugado por 10 minutos a 3.000 rpm para aquisição das amostras de soro. Os teores de triglicerídeos (TG), colesterol total (CT), lipoproteínas de alta densidade (HDL-c) e glicose foram analisadas no soro por meio de métodos enzimático-colorimétrico e o LDL-c foi calculado através da fórmula de Friedewald [LDL-c = (CT - HDL-c) - (TG/5)], válido se TG < 400mg/dl. As dosagens foram realizadas em espectrofotômetro da marca Biospectro® (modelo: SP22), utilizando-se kits

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da Labtest Diagnóstica S/A, Brasil. As demais variáveis do estudo foram coletadas através de um questionário especialmente elaborado para a pesquisa, que continha espaço para preenchimento do gênero, idade, histórico familiar de cardiopatia e tabagismo. Quanto à análise dos dados, primeiramente foi verificada a normalidade dos dados, através do teste D’Agostino-Pearson. A partir disso, optou-se pelo teste t de Student, com p<0,05 para a significância estatística. Foi utilizado o programa Bioestat® 5.0. Resultados e Discussão: a tabela 1 apresenta os resultados encontrados no presente estudo. Tabela 1: Comparação entre os resultados da média e desvio padrão dos riscos coronarianos e demais variáveis de acordo com IRCQ. Santarém-Pará, Brasil. 2010.

Variáveis do estudo Índice de Relação Cintura/Quadril (IRCQ)

Alto Risco (n=17) Normal (n=43) p

Idade

Anos completos 20,59±1,87 20,47±2,10 0,2109

Atividade Física Habitual

Tempo Fazendo Atividade Física (min/sem) 433,24±317,45 703,26±4,06 0,0472*

Tabagismo

Cigarros por dia 0,76±2,33 1,74±3,40 0,2093

Histórico Familiar de Cardiopatia

Quantidade de Parentes 1,00±0,61 1,28±0,73 0,1710

Composição Corporal

Somatória das Dobras Cutânea (mm) 67,16±19,17 51,76±19,74 < 0,0001*

Densidade Corporal (DENS) 1,05±0,02 1,04±0,01 0,0108*

Percentual de Gordura (G%) 24,73±4,12 20,32±6,91 0,0039*

Cardiovascular

Pressão Arterial Sistólica (mmHg) 119,06±12,68 113,98 ±12,02 0,1513

Pressão Arterial Diastólica (mmHg) 75,24±7,38 72,33±8,47 0,2194

Frequência Cardíaca de Repouso (bpm) 79,65±10,75 76,74±12,75 0,4108

Bioquímicas (Jejum 12h)

HDL (mg/dL) 44,82±5,56 44,63±5,56 0,9027

LDL (mg/dL) 76,65±41,09 70,56±35,96 0,5725

Triglicerídeos (mg/dL) 137,35±78,10 123,53±56,37 0,4478

Colesterol Total (mg/dL) 148,94±43,02 139,47±33,41 0,3661

Risco Coronariano

Pontos 12.94±3.36 10.98±3.41 0,0209*

* Variação estatística encontrada através do teste t de Student (p<0,05). Na amostra, o risco coronariano médio (RCM) encontrado foi de 11.53±3.00 pontos, com valores limítrofes entre 06 e 19 pontos. Observou-se prevalência (n=36; 60%) para a classificação “risco cardiovascular bem abaixo da média”. Observa-se na tabela 1 que os indivíduos com alto risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, quando comparados aos sem risco, apresentaram diferença estatística entre as variáveis tempo fazendo atividade física (p=0,0472), somatória das DCs (p<0,0001), densidade corporal (p=0,0108), percentual de gordura (p=0,0039) e risco coronariano médio (p=0,0209), mostrando que os indivíduos com altos índices de gordura visceral apresentaram resultados mais elevados para o risco coronariano. De acordo com Heyward e Stolarczyk (2000), a influência da distribuição regional de gordura na saúde é relacionada à quantidade de gordura visceral dentro da cavidade abdominal. Segundo Guedes e Guedes (1998), a maior concentração de gordura na região central do corpo resulta em adaptações hormonais relacionadas ao aumento dos níveis de cortisol e diminuição nas secreções de esteróides sexuais. Esse perfil hormonal deverá afetar o processo de síntese de carboidrato, aumentando a predisposição às complicações endócrinas e metabólicas. Conforme Resende et al. (2006), indivíduos sobrepesos, principalmente na região abdominal, com a perimetria da cintura maior que 80 cm (para mulheres) e maior que 94 cm (para homens) apresentam risco aumentado e estão mais expostos a fatores de risco coronarianos envolvidos na síndrome metabólica e, consequentemente, a maior risco de

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morbidade e mortalidade quando não tratadas essas alterações. Em adultos, um índice utilizado para se discriminar risco coronariano elevado é a razão cintura/estatura (PITANGA; LESSA, 2006), o qual também pode ser interesse de estudos futuros com adolescentes. Conclusão: na amostra, prevaleceu a classificação “risco cardiovascular bem abaixo da média”. Os indivíduos com alto risco para desenvolvimento de doenças cardiovasculares, quando comparados aos sem risco, apresentaram menor tempo habitual de atividade física, maior somatória das DCs, maior densidade corporal e percentual de gordura corporal. Além disso, apresentaram maior pontuação quanto ao risco coronariano médio. Referências Bibliográficas: COELHO, V.G.; LIBERATORE JÚNIOR, R. D. R.; CORDEIRO, J. A.; SOUZA, D. R. S. Perfil lipídico e fatores de risco para doenças cardiovasculares em estudantes de medicina. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 85, n. 1, p. 57-62, 2005. GUEDES, D.P. Estudo da gordura corporal através da mensuração dos valores de densidade corporal e da espessura de dobras cutâneas em universitários. 1985. Dissertação (Mestrado em Ciência do Movimento Humano). Santa Maria. Universidade Federal de Santa Maria. GUEDES, D.P.; GUEDES, J.E.R.P. Distribuição de gordura corporal, pressão arterial e níveis de lipídios-lipoproteínas plasmáticas. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 70, n. 2, p. 93-98, 1998. GUEDES, D.P.; LOPES, C.C.; GUEDES, J.E.R.P. Reprodutibilidade e validade do questionário internacional de atividade física em adolescentes. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 11, n. 2, p. 151-158, 2005. GUSTAT, J.; ELKASABANY, A.; SRINIVASAN, S.; BERESON, S. Relation of abdominal heigth to cardiovascular risk factors in young adults. American Journal of Epidemiology, v. 151, n.9, p. 885-891, 2000. HEYWARD, V.; STOLARCZYK, L. Avaliação da composição corporal aplicada. 1. ed. São Paulo: Editora Manole, 2000. HO, S.Y; LAM, T.H.; JANUS, E.D. Waist to stature ratio is more strongly associated with cardiovascular risk factors than other simple anthropometric indices. Annals of Epidemiology, v. 13, n. 10, p. 683-691, 2003. PITANGA, F.J.G. Testes, medidas e avaliação em educação física e esportes. 4. ed. São Paulo: Phorte, 2005. PITANGA, F.J.G.; LESSA, I. Razão cintura-estatura como discriminador do risco coronariano de adultos. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 52, n. 3, p. 157-161, 2006. POULTER, N. Global risk of cardiovascular disease. Heart, v. 89, Suppl. 2, p. 112-115, 2003. REZENDE, C. ROSADO, L.E.F.P.L.; RIBEIRO, R.C.L.; VIDIGAL, F.C.; VASQUES, A.C.J.; BONARD, I.S.; CARVALHO, C.R. Índice de massa corporal e circunferência abdominal: associação com fatores de risco cardiovascular. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 87, n. 6, p. 728-734, 2006. VISSCHER, T.L.; SEIDELL, J.C.; MOLARIUS, A.; VAN DER KUIP, D.; HOFMAN, A.; WITTEMAN, J.C. A comparison of body mass index, waist-hip ratio and waist circumference as predictors of all-cause mortality among the elderly: The Rotterdam study. International Journal of Obesity, v. 25, n. 1, p. 1730-1735, 2001. Palavras-chave: risco coronariano, relação cintura/quadril, universitários.

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AVALIAÇÃO DO RISCO CORONARIANO EM JOVENS UNIVERSITÁRIO DE ACORDO COM O GÊNERO

Maria Gilvânia Dantas SOARES1,3

; Diego Sarmento de SOUSA1,2

; Luiz Carlos Rabelo VIEIRA1,2

; Liliane Cristina da

Silva FÉLIX1,3

; Mônica Moura de LIMA3; Adjanny Estela Santos de SOUZA

1,2,3

1Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA;

2Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde das Populações Amazônicas (GEPESPA);

3Faculdades

Integradas do Tapajós, FIT, Brasil. e-mail: [email protected]

Introdução: As doenças coronarianas constituem uma das principais causas de morte súbita em populações

adultas no mundo e no Brasil, sendo também responsável por um grande número de internações hospitalares no

âmbito do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2005; SANTOS et al., 2010). No Brasil, são escassos os estudos

visando à análise dos fatores de risco para doenças cardiovasculares na população jovem (COELHO et al., 2005).

De acordo com Barreto et al. (2003), o gênero masculino apresenta maior risco de desenvolver doença arterial

coronariana que as mulheres. Este fenômeno já está bem descrito, principalmente nos países industrializados. Esta

diferença entre sexo masculino e feminino se deve a aspectos biológicos, culturais e estilo de vida. A explicação

biológica para tal fato baseia-se na proteção feminina pelo estrógeno, que influencia diretamente no sistema

circulatório, promovendo vasodilatação e inibindo a progressão de processos ateroscleróticos evitando, assim,

processos isquêmicos. No que se refere ao gênero, são ressaltadas diferenças na aderência aos fatores de risco e

na maneira como homens e mulheres encontraram-se expostos a eles, ao longo da vida (DINARDI; DINARDI;

SOARES, 2009). Objetivo: avaliar o risco coronariano em jovens universitário de acordo com o gênero.

Metodologia: Trata-se de um estudo transversal realizado em 2010 na UEPA, Campus Santarém. Foram

selecionados para compor a amostra 60 acadêmicos de ambos os gêneros com média de idade de 20,4±2,0 anos.

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Curso de Educação Física da UEPA, Campus III,

Belém (folha de rosto n. 346466). Para avaliação do risco coronariano (RC) foi utilizada a versão adaptada do

questionário da Michigan Heart Association contendo oito fatores de risco, onde cada resposta representa um

escore e a soma dos pontos totais representa o risco relativo (PITANGA, 2005). Para avaliar o nível de atividade

física, foi utilizada a versão curta do Questionário Internacional de Atividade Física - IPAQ (GUEDES; LOPES;

GUEDES, 2005). Um questionário elaborado para a pesquisa foi aplicado com a intenção de se coletar dados

quanto ao gênero, idade, histórico familiar de cardiopatia e tabagismo. Para a predição da composição corporal, o

protocolo utilizado para o cálculo da densidade corporal foi o proposto por Guedes (1985). As dobras cutâneas

medidas foram: tricipital, suprailíaca e abdominal para os indivíduos do gênero masculino e subescapular,

suprailíaca e coxa para o gênero feminino. Para medir a espessura do tecido adiposo subcutâneo foi utilizado um

compasso de dobras cutâneas, marca Sanny® (com precisão de 0,1 mm). Três medidas intercaladas foram

adotadas no mesmo local, sendo a média então registrada. Para a mensuração da pressão arterial (PA) sistólica e

diabólica foi utilizado um monitor de pressão digital automático da marca G-TECH® (Modelo: BP3AA1-1). As

medidas da PA foram tomadas sempre no mesmo horário, na tentativa de se garantir que nenhum sujeito

apresente sinais de pressão elevada por conta do horário. A PA foi aferida três vezes, sendo a média então

registrada. Na situação de repouso, os indivíduos permaneceram sentados em uma cadeira durante 10 minutos. No

final desse período a PA foi medida e os valores registrados numa ficha de avaliação física. Para a realização das

dosagens bioquímicas, foram coletados 3 mL de sangue, por punção venosa, após um jejum de 12 horas. O

105

sangue uma vez coagulado foi centrifugado por 10 min. a 3.000 rpm para aquisição das amostras de soro. Os

teores de triglicerídeos (TG), colesterol total (CT), lipoproteínas de alta densidade (HDL-C) e glicose foram

verificadas no soro por meio de métodos enzimático-colorimétrico e o LDL-C calculado pela fórmula de Friedewald

[LDL-c = (CT - HDL-c) - (TG/5), válido se TG <400mg/dl]. As dosagens foram realizadas em espectrofotômetro,

utilizando-se kits da Labtest Diagnóstica S/A, Brasil. Os resultados foram processados através de recursos da

estatística descritiva, mediante utilização do programa Excel (Microsoft para Windows – 2007). Após a

determinação da normalidade dos dados, através do teste D’Agostino-Pearson, optou-se pelo teste de t de Student,

com p<0,05 para a significância estatística. Foi utilizado o programa Bioestat® 5.0. Resultados e Discussão: o

risco coronariano médio (RCM) encontrado na amostra foi de 11.53±3.00 pontos, com valores limítrofes entre 06 e

19 pontos. A tabela 1 apresenta os resultados dos riscos coronarianos e demais variáveis de acordo com o gênero.

Tabela 1: Comparação entre os resultados da média e desvio padrão dos riscos coronarianos e demais variáveis de acordo com o gênero. Santarém, Pará, Brasil. 2010.

Variáveis do estudo Gênero

Feminino (n=34) Masculino (n=26) p*

Idade

Anos completos 20,03±1,88 21,15 ±2,07 0,0380

Atividade Física

Tempo Fazendo Atividade Física (min/sem) 791,76±876,13 410,96±351,73 0,0259

Tabagismo

Cigarros por dia 1,30±2,98 2,18±3,84 0,5668

Histórico Familiar de Cardiopatia

Quantidade de Parentes 1,56±3,36 1,15±0,73 0,4994

Composição Corporal

Somatória das Dobras Cutânea (mm) 61,73±18,04 49,81±22,10 0,0262

Densidade Corporal 1,04±0,01 1,06±0,01 <0,0001

Percentual de Gordura (G%) 25,39±4,19 16,86±5,94 <0,0001

Cardiovascular

Pressão Arterial Sistólica (mmHg) 109,97±11,60 122,54±9,34 <0,0001

Pressão Arterial Diastólica (mmHg) 70,94±7,14 76,04±8,76 0,0159

Frequência Cardíaca de Repouso (bpm) 81,76±11,31 72,08±11,27 0,0017

Bioquímicas (Jejum 12h)

HDL (mg/dL) 45,32±5,95 43,85±4,87 0,3079

LDL (mg/dL) 79,76±35,40 62,50±34,96 0,0447

Triglicerídeos (mg/dL) 116,41±55,46 141,8846±79,54 0,1208

Colesterol Total (mg/dL) 147,88±34,96 134,65±37,23 0,1632

Risco Coronariano (Michigan Heart Association)

Pontos 11,26±2,49 11,88±3,58 0,4323

* Resultados do Teste t de Student (duas amostras independentes).

Conforme a tabela acima, percebe-se que, em comparação ao gênero masculino, o feminino apresentou diferença

estatisticamente significativa entre as variáveis: Tempo Fazendo Atividade Física (791,76±876,13 min/sem;

p=0,0259); Somatória das Dobras Cutânea (61,73±18,04 mm; p=0,0262); Percentual de Gordura (25,39±4,19%;

p<0,0001); Frequência Cardíaca de Repouso (81,76±11,31 bpm; p=0,0017); LDL-c (79,76±35,40 mg/dL; p=0,0447).

Já o masculino apresentou diferença estatisticamente significativa para as variáveis: Idade (21,15±2,07 anos;

p=0,0380); Densidade Corporal (1,06±0,01; p<0,0001); Pressão Arterial Sistólica (122,54±9,34 mmHg; p<0,0001);

Pressão Arterial Diastólica (76,04±8,76 mmHg; p=0,0159). O risco coronariano médio do total encontrado foi de

106

11.26±2.49 pontos para o gênero feminino e 11.88±3.58 pontos para o masculino (p=0,4323). Como se pode notar,

não foram observadas diferenças estatísticas significativas no RCM entre os gêneros. Este resultado contradiz a

literatura que afirma que o RC em homens é maior do que em mulheres, por diferenças hormonais (McARDLE;

KATCH; KATCH, 2008). No entanto, estudos recentes têm mostrado aumento da taxa de mortalidade por doença

arterial coronariana no gênero feminino. Segundo o ACSM (1999), o RC em mulheres é semelhante àquele que

atinge homens dez anos mais jovens, mas com o passar dos anos, esse risco se torna similar para ambos os sexos

na mesma faixa etária. No estudo realizado por Rabelo et al. (1999), no qual foram avaliados 209 estudantes com

idades entre 17 e 25 anos, o sedentarismo esteve presente em 78,90% da amostra e entre os que obtiveram uma

pressão arterial alta (≥140/90 mmHg), 60,60% eram homens. Isto corrobora com o presente manuscrito, no qual o

gênero masculino apresentou o RCM maior do que feminino. Conclusão: verificaram-se, entre os gêneros,

diferenças significativas quanto à idade, tempo fazendo atividade física, composição corporal, nas características

cardiovasculares e LDL. Porém, não foi encontrado o mesmo quanto ao risco coronariano.

Referências Bibliográficas:

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Current Comment. 1999. Disponível em: <http://www.acsm.org/AM/Template.cfm?Section=Current_Comments1

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Palavras-chave: Risco Coronariano, Gênero, Universitários.

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COMPORTAMENTOS DE RISCO À SAÚDE E PERCEPÇÃO DE ESTRESSE EM ADOLESCENTES DO ENSINO MÉDIO DA REDE ESTADUAL DE EDUCAÇÃO NA ZONA URBANA CENTRAL DE SANTARÉM, PARÁ Patrícia Silva FERNANDES1,2, Diego Sarmento de SOUSA1,2, Luiz Carlos Rabelo VIEIRA1,2, Itaíne Silva REIS1, Adjanny Estela Santos de SOUZA1,2,3 1Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA; 2Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde das Populações Amazônicas (GEPESPA); 3Faculdades Integradas do Tapajós, FIT, Brasil. e-mail: [email protected]@hotmail.com Introdução: A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a adolescência como a segunda década da vida, de 10 a 19 anos. Já a lei brasileira considera adolescência, a faixa etária entre 12 e 18 anos. Essa é uma etapa da vida crucial do desenvolvimento do indivíduo, pois é o período de transição entre a infância e a idade adulta caracterizado por intenso crescimento somático, desenvolvimento da capacidade de abstração e ampliação das referências sociais. Este período se manifesta através de transformações anatômicas, fisiológicas e mentais. É fortemente marcado pela puberdade e estabelecimento da capacidade reprodutiva (COTRIM; CARVALHO; GOUVEIA, 2000). No meio em que vive o adolescente recebe importantes influências na saúde e no desenvolvimento físico e psicossocial. Trata-se de uma época de experimentação natural, que pode levar ao aparecimento de comportamentos de risco, tais como: hábitos alimentares inadequados, uso de tabaco, álcool e outras substâncias psicoativas. Dentre esses comportamentos, o mais comum é o consumo experimental e recreativo de substâncias psicoativas, dentre elas o cigarro (CRESPIN, 2007). A expressão “comportamento de risco” pode ser definida como a participação em atividades que possam comprometer a saúde física e mental do adolescente. Muitas dessas condutas podem iniciar apenas pelo caráter exploratório do jovem, assim como pela influência do meio (grupo de iguais, família); entretanto, caso não sejam precocemente identificadas, podem levar à consolidação destas atitudes com significativas consequências nos níveis individual, familiar e social (FILHO et al., 2010). O estresse manifesta-se como uma síndrome específica, embora seja induzido por agentes não específicos. Assim, toda situação na qual o indivíduo necessita se adaptar gera estresse. Este pode ocorrer em função de uma infecção, devido a um traumatismo, excesso de cobrança no trabalho e/ou escola, auto-exigência, engarrafamentos de trânsito frequentes, ambientes barulhentos, dentre outros, não se devendo apenas devido à tensão emocional (BACCARO, 1998). Objetivo: Verificar os comportamentos de risco à saúde mais prevalentes e percepção de estresse em adolescentes do Ensino Médio da Rede Estadual de Educação na zona urbana central de Santarém, Pará. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa epidemiológica descritivo-transversal (PEREIRA, 1995), que foi realizada em três escolas da rede estadual de educação localizadas na zona urbana central da cidade. A amostra foi de 711 participantes de ambos os gêneros, entre 13 e 19 anos de idade (15,88±1,28 anos), estudantes do ensino médio, dos turnos da manhã e da tarde das escolas. Para fazer parte da pesquisa, o participante deveria possuir idade cronológica dentro da faixa etária correspondente; estar devidamente matriculado e estudando regularmente nos turnos da manhã ou da tarde; assinar um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, assim como seu responsável. A pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UEPA, Campus Santarém (processo n. 69/2009). Para a coleta dos dados, foi aplicado um questionário especialmente elaborado para a pesquisa. Os resultados foram processados mediante utilização do programa Excel (Microsoft para Windows – 2007). Resultados e Discussão: Na tabela 1 nota-se que 342 (48,10%) adolescentes consideravam-se estressados e 275 (38,68%) afirmaram possuir uma alimentação desregrada/inadequada. A adoção a uma alimentação balanceada e saudável é importante para a manutenção da saúde de qualquer indivíduo e quando esse está passando por mudanças físicas intensas, como no caso de adolescentes, este tipo de hábito se torna ainda mais essencial (WILLIAMS, 2002). A alimentação inadequada na adolescência pode fazer com que, tanto nessa fase da vida como na adulta, sejam adquiridos distúrbios metabólicos crônicos. Verificou-se também baixa prevalência de tabagismo (n=19; 2,67%), consumo de bebidas alcoólicas (n=22; 3,09%), sendo que 53 (7,45%) sujeitos relataram ainda não apresentar quaisquer comportamentos.

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Tabela 1: Prevalência de comportamentos de risco à saúde e percepção de estresse na amostra. Santarém, Pará, Brasil, 2010.

Variáveis Amostra (711) %

Estresse 342 48,10% Consumo de Bebidas Alcoólicas 22 3,09% Tabagismo 19 2,67% Alimentação Desregrada 275 38,68% Nenhum 53 7,45%

Ao avaliarem 250 alunos (106 do sexo masculino e 144 do sexo feminino) de uma escola pública de Rio Claro (SP), com idades entre 14 e 16 anos, Chiodini e Oliveira (2003) notaram que as meninas apresentaram maior tendência aos comportamentos alimentares inadequados. Também verificaram uma elevada percentagem de meninas (8,3%) apresentando comportamento alimentar inadequado, segundo o instrumento utilizado. Araújo, Blankb e Ramos (2009), ao estudarem 720 escolares (252 rapazes e 468 moças), da faixa etária de 16 a 17 anos, do ensino médio de escolas públicas de Florianópolis (SC), perceberam que a idade de início para os comportamentos de risco se deu entre 14 e 15 anos, para ambos os sexos; que 26 (3,6%) escolares ingeriam bebidas alcoólicas regularmente; 38 (5,3%) fumavam diariamente; 66 (9,2%) eram usuários de drogas ou já o tinham feito uso por várias vezes e 14 (2%) eram dependentes; 545 (76,5%) não apresentavam nenhum comportamento de risco. Loch e Nahas (2009), em amostra de 516 adolescentes, com idades entre 14 e 19 anos, de uma escola pública do Estado de Santa Catarina, verificaram que as moças apresentaram pior percepção de estresse do que os rapazes. Por outro lado, maior prevalência de consumo abusivo de álcool foi constatado entre os rapazes. Quanto ao turno de estudo, os adolescentes que estudavam a noite apresentavam maior prevalência no consumo inadequado de frutas e também de fumantes, do que seus pares do turno diurno. Os autores concluíram que o maior risco de comportamentos negativos relacionados à saúde esteve entre aqueles do período noturno e com idades mais elevadas. Dentre 2.768 escolares do ensino médio da cidade de João Pessoa (PB) (1.222 rapazes e 1.546 moças), de 14 a 18 anos de idade, Farias Júnior, Mendes e Barbosa (2007) notaram, além de outros resultados, que consumir bebidas alcoólicas aumentava em 15 vezes a chance de um adolescente ser fumante. Como os comportamentos de risco à saúde se mostraram estreitamente associados, os autores reforçaram a necessidade dos programas de promoção da saúde intervirem sobre diversos comportamentos de risco de forma simultânea. Conclusão: na amostra, os comportamentos de risco à saúde mais prevalentes foram alimentação desregrada, consumo de bebidas alcoólicas e tabaco. Houve também alta prevalência de estresse na amostra. Referências Bibliográficas: ARAÚJO, E.D.S.; BLANKB, N.; RAMOS, J.H. Comportamentos de risco à saúde de adolescentes do ensino médio. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, v. 22, p. 3, p. 164-171, 2009. BACCARO, A. Vencendo o estresse: como detectá-lo e superá-lo. Petrópolis: Editora Vozes, 1998. CHIODINI, J.S.; OLIVEIRA, M.R.M. Comportamento alimentar de adolescentes: aplicação do EAT-26 em uma escola pública. Saúde em Revista, v. 5, n. 9, p. 53-58, 2003. COTRIM, C.B; CARVALHO, G.C; GOUVEIA, N. Comportamentos de saúde entre jovens estudantes das redes pública e privada da área metropolitana do Estado de São Paulo. Revista de Saúde Pública, v. 34, n. 6, p. 22, 2000. CRESPIN, J. Medicina da Adolescência. São Paulo: Rocca; 2ª. ed.2007. FARIAS JÚNIOR, J.C.; MENDES, J.K.F.; BARBOSA, D.B.M. Associação entre comportamentos de risco à saúde em adolescentes. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, v. 9, n. 3, p. 250-256, 2007. FILHO, S.; SOUSA, P.R.M.; VIEIRA, N.F.C.; NÓBREGA, M.F.B.; GUBERT, F.A.; PINHEIRO, P.N.C. Percepção de risco de adolescentes escolares na relação consumo de álcool e comportamento sexual. Revista Gaúcha de Enfermagem, v. 31, n. 3, p. 508-514, 2010. LOCH, M.R.; NAHAS, M.V. Comportamentos negativos relacionados à saúde em estudantes do ensino medio de Florianopolis, SC. Revista Brasileira de Atividade Fisica & Saude,, v.20, n.4, p 8-10, 2009.

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PEREIRA, M. G. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995. WILLIAMS, M. H. Nutrição: para saúde, condicionamento físico e desempenho esportivo. 5. ed. São Paulo: Manole, 2002. Palavras chave: Comportamento de risco, estresse e adolescentes.

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CONFLITOS PSICOLÓGICOS QUE PODEM INFLUENCIAR PARA O SOFRIMENTO PSÍQUICO DOS USUÁRIOS DO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL – ÁLCOOL E DROGAS DE SANTARÉM/PA Dayana Viana FRANKLIN¹, Denise Corrêa das NEVES1, Raimunda Margarete Teixeira MUNIZ1.

1Instituto Esperança de Ensino Superior – IESPES, Santarém-PA. Brasil. e-mail: [email protected]. Introdução: O presente trabalho descreve parte das atividades desenvolvidas durante o período de estágio em psicologia da saúde, do curso de Psicologia do Instituto Esperança de Ensino Superior – IESPES, realizado no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas – CAPS AD de Santarém – PA. O público alvo deste trabalho foram pessoas que apresentam sofrimento psíquico devido ao uso e abuso/dependência de álcool e outras drogas. As drogas de abuso são definidas como substâncias consumidas por qualquer forma de administração, que altera o humor, o comportamento, o nível de percepção ou o funcionamento do sistema nervoso central. Segundo CARLINI et al. (2001 apud BERNARDY e OLIVEIRA), estas drogas podem ser lícitas ou ilícitas, desde medicamentos, álcool, até maconha, crack, solvente e outras drogas. Objetivo: investigar que tipos de conflitos podem influenciar psicologicamente para o uso e abuso de álcool e outras drogas. Metodologia: Realizou-se uma pesquisa em 91 (noventa e um) prontuários de usuários que se encontravam na faixa etária atual entre 14 (quatorze) e 56 (cinqüenta e seis) anos de idade, através de questionário com o quantitativo de 03 perguntas. Resultados: Tabela 1. Demonstrativo da faixa etária inicial de consumo de drogas dos usuários. Tabela 2. Número e porcentagem dos usuários que são filhos biológicos ou adotivos. Tabela 3. Apresentação das respostas em número e porcentagem sobre os conflitos latentes dos usuários.

Idade inicial Nº %

7 a 10 10 11 11 a 13 15 17 14 a 16 34 38 17 a 19 19 21 20 a 22 6 7 23 a 25 0 0 26 a 28 3 4 29 a 31 1 1 32 a 34 1 1

Total 89 100

Filhos Nº %

Adotivos 9 10 Biológicos 82 90

Total 91 100

Conflitos Latentes Nº %

Rejeição 12 11 Adoção 9 8 Separação dos pais 12 11 Histórico de alcoolismo e/ou drogas na família 19 19 Falecimento de genitor (a) 10 9 Criado por outros familiares 10 9 Pais ausentes 6 6 Pai autoritário e/ou violento 7 7 Abuso sexual 2 2 Conflitos conjugais 19 18

Total 106 100

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Conclusão: Conforme nossa metodologia, concluímos que é difícil afirmar que exista um motivo principal para que uma pessoa se torne um dependente em substâncias psicoativas. Um indivíduo quando se torna dependente geralmente é por curiosidade, mas há pessoas que apresentam como motivo principal, para o uso de drogas, os conflitos familiares, especialmente os decorridos entre pai e mãe. Caminham para uma solução e pensam que essa solução vem através de uma substância ilusória. Começam habitualmente com álcool, para “criar coragem” de dizer coisas que necessitam dizer. Logo, passam para o uso da maconha seguido da cocaína e crack, na esperança de encontrar um meio adequado para responder ao grupo familiar com a tentativa de elaboração dos conflitos. Isto trás certo malefício, a partir de uma experimentação, o usuário vê nas drogas algo prazeroso, porque se torna uma alternativa de camuflar seus conflitos, eliminar suas angústias, porém sabe-se que essa alternativa não irá resolver seus problemas. Referências Bibliográficas: CARLINI E. A., NAPPO S.A., GALDURÓZ J. C. F., NOTO A. R. Drogas psicotrópicas: o que são e como agem. Rev. IMESC. 2001; (3): 9-35. In. BERNARDY, C. C. F.; OLIVEIRA, M. L. F. O papel das relações familiares na iniciação ao uso de drogas de abuso por jovens institucionalizados. Revista da Escola de Enfermagem da USP. São Paulo: 2010. Palavras-chaves: Álcool, Drogas, Família, Substâncias psicoativas, Sofrimento psíquico.

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CRIANÇAS VITIMIZADAS: INTERVENÇÃO PARA PROMOÇÃO E RESGATE DA AUTO-ESTIMA Natália Miranda MONTEIRO1, Luciana Aguiar GASPAR1, Wellida Hannah Silva PEREIRA1, Maureen Kelly dos Santos BRAUN2, Maria Goreth Silva FERREIRA3, Edna Ferreira GALVÃO3. 1 Bolsista do projeto “Crianças vitimizadas: intervenção para promoção e resgate da auto-estima” da Universidade do Estado do Pará, Santarém-PA / Fundação de Amparo à Pesquisa do Pará (FAPESPA) 2 Voluntária do projeto 3 Orientadora do projeto . E-mail: [email protected] Introdução- Desde a conferência de Alma Ata em 1978 destaca-se a importância do desenvolvimento infantil e a necessidade de uma adequada vigilância do crescimento e desenvolvimento cognitivo e psicomotor das crianças. Na prática, entretanto os maiores esforços têm sido direcionados á garantir a sobrevivência infantil a partir de intervenções como imunizações e promoção do aleitamento materno, por exemplo. No entanto, há a necessidade de somar ás intervenções outras ações concretas, como atenção psicossocial, que garantam uma adequada qualidade de vida (SHERER, 2000). Há um emaranhado de situações que afetam a qualidade de vida das crianças dentre elas a violência domestica exercida contra a infância e adolescência manifestada pelo abuso físico, sexual ou emocional. Os abusos levam a perturbação do desenvolvimento afetivo, intelectual e social da criança, produzem seqüelas invisíveis e muito graves (PIRES, 2005). Qualquer tipo de transtorno deve ser diagnosticado e tratado ainda na infância para não causar maiores prejuízos ao desenvolvimento interpessoal e escolar da criança (CARMO & HARADA, 2006). Tendo em vista a intenção de amenizar este problema foi desenvolvido entre os anos de 2009 e 2010 o projeto de extensão: “crianças vitimizadas: intervenção para promoção e resgate da auto-estima”, com o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Pará – FAPESPA, através do edital de 2009. Objetivo: Promover ações no campo da saúde e cultura lúdica às crianças vitimas de violência doméstica como forma de resgatar sua auto estima e auxiliar no processo de ressocialização. Bem como, promover ações educativas lúdicas que promovam o auto cuidado e a auto-defesa diante do contato com adultos e atuar junto com o serviço de apoio a crianças vitimizadas do município, com oficinas que enfatizam o cuidar de si e do outro com base nos preceitos da OMS, do ECA, da Constituição e da Declaração dos Direitos humanos. Metodologia- A 1ª etapa da atividade metodológica desenvolvida foi uma investigação diagnóstica para que através dela pudéssemos conhecer melhor a clientela que estávamos recebendo e descobrir suas necessidades do ponto de vista de educação em Saúde. A 2ª etapa foi à seleção dos temas relacionados à saúde que atendesse aos interesses das crianças envolvidas no projeto. Foram abordados temas como higiene e alimentação dentre outros. Utilizamos o teatro de fantoche para trabalhar os assuntos eleitos pelas crianças em educação e saúde, essa estratégia garantiu o interesse e motivação das crianças nas atividades prevista no projeto. As atividades culturais, esportivas, artísticas e de lazer foram o ponto chave para a congregação das crianças em prol da educação em saúde, que aconteceu de forma transversal. As atividades culturais, esportivas, artísticas e de lazer foram desenvolvidas em três dias da semana com as crianças. Fizemos passeios/excursões para avaliar as condições sanitárias de diferentes espaços e ao mesmo tempo trabalhar a consciência ecológica com atividades lúdicas, além disso, desenvolvemos também jogos recreativos e esportivos. As atividades artísticas envolveram oficinas de produção artística com o desenvolvimento de oficinas de pintura em tela, atividades rítmicas de auto-conhecimento e natação. Todas as ações foram planejadas previamente privilegiando atividades que motivasse a participação e envolvimento das crianças. Resultados e Discussão – Inicialmente observamos que as crianças eram um tanto arredias e agressivas, esse comportamento pode ser ocasionado por um trauma, para BRITO et. Al (2005) este é a conseqüência de um fato acompanhado de uma emoção violenta, que vai modificar de uma maneira permanente a personalidade de um indivíduo, sensibilizando-o de uma forma especial para emoções análogas posteriores. A fim de amenizar a sensibilização da criança traumatizada foram realizadas atividades lúdicas, pois de acordo com MINAYO (2002) por intermédio da brincadeira, a criança constrói sua experiência de se relacionar com o mundo de maneira ativa, vivencia experiências de tomada de decisões e encara o mundo em que vive. Assim, a brincadeira é cada vez mais entendida como atividade que, além de promover o desenvolvimento global das crianças, incentiva a interação entre os pares, a resolução construtiva de conflitos, a formação de um cidadão crítico reflexivo. Com o desenvolvimento das atividades as crianças passaram a interagir mais entre si, houve o interesse de compartilhar experiências e realizar tarefas em conjunto. Desta maneira, verificou-se melhora na auto-estima, pois sem auto-estima, dificilmente a criança enfrentará seus aspectos mais desfavoráveis e as

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eventuais manifestações externas. Já a criança com auto- conceito positivo parece mais ativa; tem facilidade em fazer amigos, tem senso de humor, participa de discussões e projetos e é mais feliz, confiante, alegre e afetiva (ASSIS, 2003).Conclusões- O projeto de extensão atendeu cerca de 30 crianças e adolescentes na faixa etária de 05 a 15 anos, que sofreram diversos tipos de violência dentre elas, abuso sexual, maus tratos na família, negligência etc. A convivência com essas crianças e adolescentes durante os nove meses de execução do projeto, desenvolvendo atividades lúdicas, nos fez perceber a importância de iniciativas voluntárias que visem ações de promoção e recuperação da auto-estima uma vez que observou-se o interesse das crianças em estender o projeto a amigos e familiares. Desta maneira, a realização de atividades diversificadas promoveu ações no campo da saúde e cultura lúdica às crianças vitimas de violência doméstica como forma de resgatar sua auto estima e auxiliar no processo de ressocialização. Referências bibliográficas: ASSIS SG, Violência contra crianças e adolescentes: o grande investimento da comunidade acadêmica na década de 90. In: Minayo MCS, organizador. Violência sob o olhar da saúde: infrapolítica da contemporaneidade brasileira. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 2003. p. 163-189. SCHERER EA,. A criança maltratada: uma revisão da literatura. Revista Latino-Americana de Enfermagem 2000:17(3):521-531. BRITO AM, ZANETTA DM, MENDONÇA RC, BARISON SZ, ANDRADE VAG. Violência doméstica contra crianças e adolescentes: estudo de um programa de intervenção.Ciência e Saúde Coletiva 2005;10(1):143-149. MINAYO MCS. O signifcado social e para a saúde da violência contra crianças e adolescentes. In: Westphal MF, organizador. Violência e criança. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; 2002. p. 95-114. CARMO CJ, HARADA MJCS. Violência física como prática educativa. Revista Latino-Americana de Enfermagem 2006;14(6):17-25. PIRES ALD. Maus-tratos contra crianças e adolescentes: revisão da literatura para profssionais da saúde. Arquivos de Ciências da Saúde 2005;12(1):42-49. Palavras-chave: Criança, Violência, Auto-estima, Ressocialização.

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EFEITO DA INCLUSÃO DE UM TREINAMENTO DE FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVO NA AMPLITUDE ARTICULAR DE BAILARINAS

Carla Raphaela Figueira da SILVA1, Adrienne Amorim da SILVA1, Raphael de Miranda ROCHA2, Ana Paula Filgueira COUTINHO1,3, Amanda dos Santos SILVA1,3, Luiz Fernando GOUVÊA-e-SILVA1,3

1Centro de Ciência Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará – UEPA, Campus XII – Santarém; 2Instituto Federal de Ciências e Tecnologia do Pará – IFPA – Campus Santarém; 3Núcleo de Avaliação Física e de Prescrição de Treinamento – NAFIPRET; Santarém – PA; e-mail: [email protected]. Introdução: A flexibilidade é um fator imprescindível para que o bailarino faça movimentos amplos, próximos ao seu limite máximo, com suavidade e graça, sem requerer esforço e tensão muscular, a fim de obter o estiramento da musculatura que possibilita o movimento (DANTAS, 2005). Pode ser treinada por diversos métodos, dentre eles por Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva – FNP (MCATEE, 1998). Objetivo: analisar a influência da inclusão de um programa específico de flexibilidade na amplitude articular de bailarinas. Metodologia: A amostra foi composta por doze sujeitos (n=12) saudáveis, do gênero feminino, com idade de 13 a 18 anos. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém, sob o protocolo Nº: 033/2010, e todas as sujeitas avaliadas assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, conforme resolução196/96 do conselho nacional de saúde. Para a mensuração das variáveis antropométricas seguiu-se os procedimentos definidos conforme Rocha (2000). Para a avaliação da flexibilidade usou-se o Protocolo de Goniometria (Protocolo LABIFIE), nos seguintes movimentos: Flexão da coluna lombar; Flexão e Extensão da articulação do quadril; Abdução de membros inferiores; Flexão da articulação do joelho; Flexão plantar e dorso-flexão da articulação do tornozelo e o Teste de extensão de tronco e pescoço, segundo Fernandes Filho (2003). O programa de treinamento ocorreu três vezes por semana com a duração de 30 a 50 minutos, durante 06 semanas. O treinamento iniciava-se com o aquecimento, onde caminhavam e realizavam um trote com movimentos calistênicos por 5 minutos. A parte principal do treinamento foi por FNP, sendo composto por exercícios de três séries, com 10 segundos de contração isométrica e 15 segundos de relaxamento/flexibilidade. À volta a calma com movimentos de soltura por 3 minutos. Foram utilizados: Goniômetro CE BASELINE® STAINLESS fornecido pela Cardiomed, Trena antropométrica Sanny Medical, lápis demográfico nº24 MITSU-BISHI e uma balança Welmy, todos pertencentes à Universidade do Estado do Pará. Os resultados foram tabulados e analisados através do software GRAPHPAD PRISM. Para realizar as comparações entre as médias antes e pós-treinamento foi utilizado o test t pareado. O nível de significância adotado foi de p<0,05. Resultados e discussão: Tabela 1. Demonstrativo das médias antes e pós-treinamento específico para o peso corporal, estatura, índice de massa corporal, circunferências do tórax, abdome, quadril, coxa e perna. Legenda: Vol – voluntárias; PC – peso corporal (Kg); EST – estatura (m); IMC – índice de massa corpora (Kg/m2); CTO – circunferência do tórax (cm); CAB – circunferência do abdome (cm); CQU – circunferência do quadril (cm); CCO – circunferência da coxa (cm); CPE – circunferência da perna (cm); d – lado direito; e – lado esquerdo; a – antes do treinamento; p – pós-treinamento; DP – desvio padrão. Observou-se, na Tabela 1, que as variáveis analisadas não diferem segundo a análise estatística, logo nota-se que a técnica FNP-3S utilizada no treinamento para ampliar o grau de flexibilidade e aplicado às sujeitas

PC a PC p EST a EST p IMC a IMC p CTO a CTO p CAB a CAB p

Média 47,25 48,94 1,55 1,56 19,62 20,11 76,38 77,08 67,67 68,88

DP 6,02 6,35 0,06 0,05 1,80 2,23 3,46 3,36 4,26 5,12

CQU a CQU p CCOd a CCOd p CCOe a CCOe p CPEd a CPEd p CPEe a CPEe p

Média 84,80 86,83 47,67 47,79 47,02 47,81 31,59 31,58 32,17 31,89

DP 4,36 6,09 3,02 3,00 3,33 3,11 1,73 1,71 1,42 1,54

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*

* *

*

*

Fl lomb Fl qu Ex qu AB qu FL pe DORS FL PL EX TPES

45,2962,94

25,41

110,47 115,59

18,24

54,71

8,18

48

78,17

39,25

122,92136,64

17,08

78,58

0,53

Valo

res e

m c

en

tím

etr

os Antes Depois

* *

* *

*

deste estudo não interferiram nas medidas supracitadas. Gráfico 1. Demonstrativo das médias antes e pós-treinamento para as medidas de flexão lombar, flexão do quadril, extensão do quadril, abdução do quadril, flexão de perna, dorso-flexão, flexão plantar e extensão de tronco e pescoço. Legenda: FL lom – flexão lombar da coluna; FL qu – flexão do quadril; EX qu – extensão do quadril; AB qu – abdução do quadril; FL pe – flexão da perna; DORS – dorso-flexão; FLPL – flexão plantar; EX TPES – extensão de tronco e pescoço; *Diferença estatística dos valores antes do treinamento (p<0.05). O Gráfico 1 representa as médias encontradas antes e pós-treinamento para os testes de flexão lombar da coluna, flexão do quadril, extensão do quadril, abdução do quadril, flexão da perna, dorso-flexão, flexão plantar e extensão de tronco e pescoço. As médias avaliadas que obtiveram o aumento significativo foram a flexão do quadril, extensão do quadril, flexão da perna, flexão plantar e extensão de tronco e pescoço, movimentos que foram enfocados durante a realização do treinamento. Cada atividade física solicita um grau de flexibilidade diferente para as distintas regiões do corpo, de acordo com as características da mesma, assim como das áreas músculo-articulares mais utilizadas por cada um, como, por exemplo, na dança, que solicita de seus participantes uma maior flexibilidade de membros inferiores, principalmente da articulação quadril (SILVA; BADARÓ, s/a). “O quadril é uma peça determinante para a perfeita colocação de um bailarino. É, sem dúvida, a parte do corpo de um aluno que exige mais atenção e cuidados de um professor” (SAMPAIO, 2001, p.37). Esses relatos reforçam a melhora significativa da flexão como da extensão do quadril, além da amplitude angular para o afastamento de pernas das bailarinas ser muito solicitado e importante (DANTAS, 1999). Cigarro (2006) em um estudo feito com um grupo de bailarinas constatou um aumento significativo no grau de amplitude de movimento na articulação do quadril em relação às demais articulações, de modo que a amplitude de movimento da articulação do quadril é fundamental para o bom desempenho da bailarina clássica, principalmente no que diz respeito aos movimentos de flexão, extensão e abdução, indispensáveis para a boa execução de passos essenciais do balé clássico. Na análise estatística, pôde-se observar que de todas as médias analisadas somente a dorso-flexão tendeu a uma diminuição não estatística, esse resultado, possivelmente, ocorreu devido ao estilo de dança Ballet clássico necessitar constantemente da ponta (flexão plantar), pois o treinamento enfatizou os dois movimentos do tornozelo (dorso-flexão e flexão plantar). Khan et al. (2000 apud ALTER et al., 2010) observaram que dançarinas de elite, de 16 a 18 anos de idade, que ingressaram no treinamento de balé em tempo integral, não aumentaram a amplitude do movimento de dorso-flexão do tornozelo em nenhum grau perceptível, o mesmo notado no estudo. CONCLUSÃO: A partir dos resultados obtidos, e conforme a metodologia adotada, pôde-se concluir que o treinamento de FNP – 3S, por um período de 6 semanas, produziu efeitos significativos no aumento da amplitude articular das bailarinas do grupo de dança da Pastoral do Menor, referentes aos movimentos de flexão e extensão de quadril, flexão de perna, flexão plantar e extensão de tronco e pescoço. Já com relação a amplitude articular dos movimentos de flexão lombar da coluna, abdução do quadril e dorso-flexão o treinamento não ocasionou alteração, bem como, nas medidas antropométricas. Referencias bibliográficas:

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ALTER, M.J. Ciência da flexibilidade. 3.ed. São Paulo: Artmed, 2010. CIGARRO, N. M. S.; FERREIRA, R. E.; MELLO, D. B. Avaliação da Flexibilidade da Articulação do Quadril em Bailarinas Clássicas antes e após um Programa Específico de Treinamento. Revista de Educação Física. Rio de Janeiro, nº 133, p. 25-35. Março, 2006. DANTAS, E.H.M. Flexibilidade, alongamento e flexionamento. 4.ed. Rio de Janeiro: Shape, 1999. ______________. Alongamento e Flexionamento. 5.ed. Rio de Janeiro: Shape, 2005. FERNANDES FILHO, J. A prática da Avaliação Física: testes, medidas e avaliação física em escolares, atletas e academias de ginástica. 2ed. Rio de Janeiro: Shape, 2003. MCATEE, R. E. Alongamento Facilitado: Alongamento Facilitado por FNP. 1.ed. São Paulo: Manole, 1998. ROCHA, P. E. C. Medidas e avaliação em ciências e do esporte. 4.ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2000. SAMPAIO, F. Ballet Essencial. 3.ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2001. SILVA, A. H; BADARÓ, A. F. V. Influência da rotação externa dos membros Inferiores na flexilibidade de bailarinas. 6º Fórum Internacional de Esportes, s/a. Palavras-chave: dança, flexibilidade, treinamento.

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EFEITOS DO ÍNDICE GLICÊMICO NA REDUÇÃO DO PERCENTUAL DE GORDURA EM ADULTOS E IDOSOS COM SOBREPESO E OBESIDADE PRATICANTES DE EXERCÍCIO RESISTIDO. Josiana Moreira¹ ², Joseana Ribeiro², Julianne Albuquerque³, Zilaine Carneiro³, Raphael Rocha¹ ⁴. ¹Grupo de estudo Exercício Resistido e Saúde – GEERES - Belém–PA/Brasil; ²Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade da Amazônia - Campus Belém–PA/Brasil; ³Centro de Ciências Biológicas e da Saúde do Centro Universitário do Pará - Campus Belém–PA/Brasil; ⁴Instituto Federal do Pará – IFPA/Campus Santarém–PA/Brasil. E-mail: [email protected] Introdução: Durante as décadas de 80 e 90 inúmeros experimentos foram realizados para avaliar a resposta glicêmica produzida pelas diferentes fontes de amido. Para auxiliar a seleção de alimentos e possibilitar a comparação de resultados obtidos com diferentes alimentos, sendo criado o índice glicêmico (IG) (JENKINS et al, 1981 apud MENEZES; LAJOLO, 2002; SAMPAIO et al., 2007). Os diversos carboidratos presentes na dieta são digeridos e absorvidos em diferentes velocidades e em diferentes extensões no intestino delgado humano, resultando na produção de diferenciada resposta glicêmico ou IG (GUTTIERRES; ALFENAS, 2007). Para maior compreensão dos diferentes índices glicêmicos produzidos pelos alimentos fontes de carboidratos, torna-se necessário levar em conta alguns aspectos relacionados com a absorção e digestão dos carboidratos da dieta, bem como fatores contidos nos alimentos que estão diretamente relacionados com seu aproveitamento (MENEZES; LAJOLO, 2002; SIQUEIRA; RODRIGUES, FRUTUOSO, 2007). Objetivos: Avaliar os efeitos do índice glicêmico no tratamento de adultos e idosos com sobrepeso e obesidade que praticam exercício resistido. Metodologia: A amostra teve um total de 15 indivíduos adultos com idades de 50 a 59 anos e idosos (> 60anos), onde foram subdivididos em três (3) grupos. Os indivíduos escolhidos apresentaram IMC > 25 para adultos e ≥ 27 para idosos, praticantes de exercício resistido com duração de 30 à 45. Com frequência semanal de 2 a 3 vezes, e que foram voluntários a participar da pesquisa, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A coleta de dados teve início com o esclarecimento da pesquisa para os indivíduos praticantes de musculação do LERES, depois do esclarecimento e sanados as dúvidas, os indivíduos interessados foram convidados a participar da pesquisa. Os indivíduos foram submetidos a uma avaliação inicial e outra final, em que continha: frequência alimentar, recordatório 24 horas (24h), medidas antropométricas, como: circunferências (braço, panturrilha, tórax, abdômen e cintura) e pregas cutâneas (triciptal, biciptal, subescapular e supra-íliaca). Após avaliação da anamnese inicial, os indivíduos foram divididos em quatro grupos, onde cada grupo teve um total de cinco indivíduos. Em cada um dos grupos, foi aplicado um plano alimentar diferenciado, no qual foram acompanhados por um período de dois meses. Para o grupo controle, foi elaborado um plano alimentar respeitando as particularidades dos indivíduos, não havendo restrições alimentares, ou seja, poderiam consumir alimentos tanto de alto, médio e baixo Índice Glicêmico (IG); o grupo de alto IG foi elaborado um plano alimentar com a maioria dos alimentos de alto IG; o grupo de médio IG foi elaborado um plano alimentar com a maioria dos alimentos de médio IG e o grupo de baixo IG foi elaborado um plano alimentar com a maioria dos alimentos baixo IG. Após a A análise dos dados foi realizada através do Microsoft Excel 2007, onde todas as informações dos indivíduos foram tabuladas e organizadas em tabelas e gráficos. Além de ser utilizado o programa Bio Estat 5.0 para a análise de variância dos mesmos. Resultados: Tabela 1. Percentual de Gordura para os grupos de baixo, médio e alto IG no início e no final da pesquisa.

Baixo IG Médio IG Alto IG

Inicio Final Inicio Final Inicio Final 39,6 38,7 41,2 41,2 40,4 38,7 38,4 37,1 44,5 39,6 35,7 34,6 45,2 45,1 p = 0,7360* 41,9 41,9 p = 0,5776* 26,9 26,2 p = 0,7276* 41,2 41,2 45,1 43,3 39,6 37,7 45,1 43,9 34,1 32,9 39,6 38,7 Média 41,9 41,2 41,7 39,8 36,4 35,2

Diferença B 0,7 1,9 1,2

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Fonte: LERES (Laboratório de Exercício Resistido e Saúde) 2010. *Análise de variância (p > 0,05 não significante). Legenda: IG: Índice Glicêmico Conclusão: Com a análise dos resultados obtidos na tabela, pode-se observar que houve mudança na média de todos os grupos, quando comparadas no início e no final da pesquisa. No entanto, o percentual de gordura do grupo que consumiu dieta de médio IG apresentou maior redução. Dessa forma, identificou-se que em todos os grupos não houve mudança estatisticamente significante nos percentuais, quando comparados no início e final da pesquisa. Considerando-se que alguns dos indivíduos participantes, podem não ter realizado corretamente o plano alimentar oferecido, podendo ter influenciado diretamente nos resultados obtidos. Supondo-se que, a perda de peso e mudança da composição corporal, independe do tipo de índice glicêmico consumido, desde que, associe-se uma dieta equilibrada a prática de exercícios físicos, para que se obtenha um resultado favorável na perda de peso e mudança corporal melhorando a qualidade de vida dos indivíduos. Levando-se em consideração que não foram encontrados estudos comparativos para esta pesquisa, as quais não permitem que se chegue a uma conclusão decisiva a respeito do real papel do índice glicêmico neste sentido. Sendo necessária a realização de mais pesquisas relacionadas com o tema, por um período maior e com o número superior de participantes, para se obter um resultado mais fidedigno. Referências Bibliográficas MENEZES, E. W; LAJOLO, F. Índice glicêmico: critério de seleção de alimentos. Costa Rica, INCIENSA, 12 Set. 2002. Disponível em: <http://www.inciensa.sa.cr/contenido/publicaciones/memorias_pdf/CONTENIDO/9%20IG%20y%20seleccion%20al.PDF>. Acessado em: 08 set 2010. SAMPAIO, H. A. C. et al. Índice glicêmico de dietas consumidas por escolares com excesso de peso e eutróficos: existe diferença?. Revista Brasileira de Nutrição Clínica, v.22, n.2, p.127-132, 2007. SIQUEIRA, F; RODRIGUES, L. F. P; FRUTUOSO, M. F. P. Índice glicêmico como ferramenta de auxílio à prescrição de dietas. Revista Brasileira de Nutrição Clínica, v.22, n.1, p.54-58, 2007. GUTTIERRES, A. P. M; ALFENAS, R. C. G. Efeitos do índice glicêmico no balanço energético. São Paulo, Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia, p.382-388, v.51, n.3, Abril, 2007. Palavras-chave: indice glicêmico, idosos, sobre peso.

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ESCALPELAMENTO: UM ESTUDO SOBRE O CONHECIMENTO DOS RIBEIRINHOS ATENDIDOS PELO PROJETO SAÚDE & ALEGRIA ACERCA DO ACIDENTE. Márcia Regina Silva de SOUSA1, Tayná do Matos VALE1, Moacir Boreli TORMES1, Rodrigo Luis FERREIRA DA SILVA1 1 Universidade do Estado do Pará, Campus XII - Santarém – Pará - Brasil. e-mail de contato:[email protected] Introdução: O Escalpelamento é um tipo de acidente que promove o arrancamento brusco do couro cabeludo naqueles que utilizam barco a motor com o eixo desprotegido, podendo gerar hemorragia, estado de choque e consequente risco de morte. Como se não bastasse o incômodo e as dores dos procedimentos cirúrgicos, da dificuldade de dormirem de rostos voltados para baixo, da necessidade de se afastarem de suas rotinas, da hospitalização prolongada, as vítimas de escalpelamento sofrem ainda com as perturbações das lembranças desagradáveis trazidas a mente, como momento em que tiveram suas vidas ameaçadas e sua integridade corporal completamente alterada. Objetivo: O objetivo do estudo foi investigar o grau de conhecimento entre ribeirinhos da região da Flona (Floresta Nacional) do Tapajós, em relação a este tipo de acidente. Metodologia: Optou-se por realizar uma pesquisa exploratória, de levantamento e de abordagem quantitativa, em comunidades ribeirinhas, da região da Flona, situada nos municípios de Santarém e Belterra, à margem direita do Rio Tapajós, atendidas pela embarcação do Projeto Saúde & Alegria (Abaré), no período de 18 a 21 do mês de maio de 2009. Foram investigados indivíduos de ambos os sexos, na faixa etária compreendida entre 18 a 50 anos, moradores de 7 comunidades ribeirinhas do Rio Tapajós, da região da Flona, atendidos pela embarcação do Projeto Saúde & Alegria. As sete comunidades visitadas no presente estudo foram: Jamaraquá, Pedreira, Maguarí, Acaratinga, São Domingos, Pikiatuba e Taquara. Em cada comunidade visitada, foram selecionados 5 homens e 5 mulheres dentro da faixa etária que atendiam aos critérios de inclusão predefinidos, totalizando 70 participantes, independente de raça/cor, renda familiar, religião ou tipo de ocupação. Os entrevistados foram abordados enquanto aguardavam pelo seu atendimento, dentro da embarcação do Projeto Saúde & Alegria. Os indivíduos eram informados sobre os objetivos e riscos da pesquisa através da leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Em seguida eram questionados sobre sua disponibilidade e interesse em participar da pesquisa. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista semi-estruturada a qual foi composta por duas partes: a primeira teve a intenção de investigar o perfil sócio-econômico dos entrevistados, enquanto a segunda parte tinha o objetivo de analisar o grau de conhecimento a respeito do acidente escalpelamento, por meio de perguntas direcionadas. Vale ressaltar que esta investigação científica iniciou-se somente após sua aprovação pelo Núcleo de Pesquisa e Extensão de Medicina e pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos da UEPA/STM, sendo devidamente autorizada pelos entrevistados através da assinatura do TCLE. Resultados: Os resultados deste estudo estão apresentados na tabelas abaixo que apresentam a distribuição dos ribeirinhos de acordo com o reconhecimento, ou não, do termo e do acidente “escalpelamento”, agrupados de acordo com sexo, religião, escolaridade, faixa-etária e renda financeira, no ano de 2009:

Tabela 1. Reconhecimento do termo e do acidente “escalpelamento” pelos ribeirinhos da Flona do Tapajós, segundo o sexo no ano de 2009.

Grau de Conhecimento Homens (%) Mulheres (%) Total (%)

Conhecem pelo termo 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Nunca ouviram falar 16 (45.71%) 3 (8.57%) 19 (27.14%)

Não conhecem pelo termo, mas conhecem o acidente

19 (54.29%) 32 (91.43%) 51 (72.86%)

Total 35 (100%) 35 (100%) 70 (100%)

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Tabela 2. Reconhecimento do termo e do acidente “escalpelamento” pelos ribeirinhos da Flona do Tapajós, segundo a religião no ano de 2009.

Grau de Conhecimento Católicos (%) Protestantes (%) Sem religião (%) Total (%)

Conhecem pelo termo 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Nunca ouviram falar 17 (28.33%) 1 (11.11%) 1 (100%) 19 (27.14%)

Não conhecem pelo termo, mas conhecem o acidente

43 (71.67%) 8 (88.89%) 0 (0%) 51 (72.86%)

Total 60 (100%) 9 (100%) 1 (1%) 70 (100%)

Tabela 3. Reconhecimento do termo e do acidente “escalpelamento” pelos ribeirinhos da Flona do Tapajós, segundo a escolaridade no ano de 2009.

Grau de Conhecimento Analfabetos (%)

1a a 4a série (%)

5a a 8a série (%)

Ensino médio (%)

Total (%)

Conhecem pelo termo 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Nunca ouviram falar 2 (50%) 7 (24.14%) 7 (25.93%) 5 (41.67%) 19 (27.14%) Não conhecem pelo termo, mas conhecem o acidente

2 (50%) 22 (75.86%) 20 (74.07%) 7 (48.33%) 51 (72.86%)

Total 4 (100%) 29 (100%) 27 (100%) 12 (100%) 70 (100%)

Tabela 4. Reconhecimento do termo e do acidente “escalpelamento” pelos ribeirinhos da Flona do Tapajós, segundo a faixa etária no ano de 2009.

Grau de Conhecimento 18-28 (%) 28-38 (%) 38-50 (%) Total (%)

Conhecem pelo termo 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Nunca ouviram falar 10 (45.45%) 2 (11.76%) 7 (22.58%) 19 (27.14%)

Não conhecem pelo termo, mas conhecem o acidente

12 (55.55%) 15 (88.24%) 24 (77.42%) 51 (72.86%)

Total 22 (100%) 17 (100%) 31 (100%) 70 (100%)

Tabela 5. Reconhecimento do termo e do acidente “escalpelamento” pelos ribeirinhos da Flona do Tapajós, segundo a renda financeira no ano de 2009.

Grau de Conhecimento < 1 SM (%) 1 SM (%) > 1 SM (%) Total (%)

Conhecem pelo termo 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Nunca ouviram Falar 10 (20.41%) 7 (41.18%) 2 (50%) 19 (27.14%)

Não conhecem pelo termo, mas conhecem o acidente

39 (79.59%) 10 (58.82%) 2 (50%) 51 (72.86%)

Total 49 (100%) 17 (100%) 4 (100%) 70 (100%)

SM: Salário mínimo.

Discussão: Percebe-se que dentre os entrevistados que nunca ouviram falar no acidente, a minoria foi do sexo feminino, o que justifica-se pela maior ocorrência da tragédia em mulheres e, portanto a maior preocupação destas com este acidente. Milcheski (apud VALE et a.l, 2007, p.52) relata que o acidente frequentemente ocorre pela “não utilização de proteção adequada, e, em pacientes dos sexo feminino, pela presença mais comum de cabelos longos”. Entre as mulheres existe uma grande porcentagem de pessoas (91.43%) que apesar de conhecerem o termo “escalpelamento”, já conhecem este tipo de lesão, causando contraste em relação à amostra masculina, já que 45.71% dos homens entrevistados, nunca haviam ouvido falar desta lesão. Quanto à religião observou-se que houve uma percentagem pequena de protestantes (11.11%) que desconheciam o acidente, enquanto que aproximadamente 28.33% dos católicos nunca ouviram falar nesta lesão. Este achado pode ser explicado, mais uma vez, pela maior

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exposição ao risco das mulheres protestantes, devido aos hábitos e condutas relacionadas à sua religião no que se refere à apresentação de seus cabelos, freqüentemente longos, assim como afirma Aita et al. (2004). Independentemente do grau de escolaridade dos indivíduos, houve o mesmo comportamento das distribuições quanto ao nível de conhecimento sobre o acidente em questão, predominando àqueles que desconheciam por completo a existência desta lesão. Quanto à faixa etária, constatou-se que dentre as pessoas que nunca ouviram falar na lesão por escalpelamento, o maior número está presente entre os mais jovens (18 à 28 anos). O predomínio percentual entre aqueles que relataram conhecer a lesão, mesmo que não sendo pelo seu nome técnico, foi observado no grupo de indivíduos que recebiam menos de 1 SM. Este achado justifica-se pelo fato desta população, ter maior necessidade de realizar viagens fluviais, em embarcações mais simples e com o eixo do motor desprotegido. Conclusão: O conhecimento dos ribeirinhos entrevistados acerca do acidente é ínfimo, principalmente entre os homens mais jovens, destacando conhecimento nulo acerca do termo “escalpelamento”. Com isso, denota-se que ainda há risco para que este tipo de acidente aconteça em função do baixo grau de informação da população. REFERÊNCIAS AITA, V. et al. Escalpelamento na População Amazônica. In Revista Paraense de Medicina, v. 18 (1) janeiro -março 2004. DIAS, C. S. V; OLIVEIRA, S. C. Escalpelamento: uma realidade paraense. 2003. 46 F. Trabalho de Conclusão de Curso. Belém: Universidade do Estado do Pará. DÓRIA, A. C. M. Qualidade de Vida e Saúde é Inclusão Social para o Acompanhante das Vítimas de Escalpelamento de Embarcação a Motor dos Municípios do Pará: uma experiência na Fundação da Santa Casa de Misericórdia do Pará e o Serviço Social. 2003. 60 F. Monografia. Belém: 2003. MATOS, L. H. Serviço Social: humanização e acolhimento às vítimas de escalpelamento no espaço acolher na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. 2008. 20 F. Trabalho de Conclusão de Curso. Belém: Universidade da Amazônia. OLIVEIRA, N. R. C. A Intervenção do Serviço Social junto as Vítimas de Escalpelamento na Clínica Cirúrgica da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará de Janeiro de 2005 a Dezembro de 2006. 2007. 36 F. Trabalho de Conclusão de Curso. Belém: Universidade da Amazônia.VALE, J. C. C. A Compreensão do Sofrimento no Escalpelamento: um estudo utilizando o grafismo e o teste das fábulas. 2007. 97F. Dissertação de Mestrado (Psicologia). Belém: Universidade Federal do Pará. PALAVRAS-CHAVES: Amazônia; couro cabeludo; cabeça.

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FATORES ASSOCIADOS À INSATISFAÇÃO COM A IMAGEM CORPORAL EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS Melina Laise Nascimento dos SANTOS1; Diego Sarmento de SOUSA1,2; Liliane Cristina da Silva FÉLIX1; Maria Gilvânia Dantas SOARES1; Luiz Carlos Rabelo VIEIRA1,2; Adjanny Estela Santos de SOUZA1;2,3

1Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA; 2Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde das Populações Amazônicas (GEPESPA); 3Faculdades Integradas do Tapajós, FIT, Brasil. e-mail: [email protected] Introdução: A imagem corporal, segundo Schilder (1994), é o modo pelo qual o corpo se apresenta à nossa mente, ou seja, é a figura da forma do próprio corpo. Para Thompson (1996), a imagem corporal envolve três componentes: Perceptivo, que se relaciona à percepção da própria aparência física, considerando o tamanho corporal e o peso; Subjetivo, relacionado à satisfação com a aparência, e os níveis de preocupação e ansiedade por causa dela; Comportamental, que analisa as situações evitadas pelo indivíduo por sentir-se desconfortável com sua aparência corporal. Conforme Beatty e Finn (1995), o modelo de beleza considerado pelo mundo atual corresponde a um corpo magro desconsiderando, contudo, aspectos voltados para a saúde e as diferentes constituições físicas da população. De acordo com Adams (1977), percebe-se claramente a discriminação da sociedade atual com os indivíduos considerados fora do padrão de beleza, em diversas situações cotidianas. De forma geral, alguns estudos indicam os prejuízos relacionados à insatisfação com a imagem corporal, depreciação, distorção e preocupação com a auto-imagem, fatores estes que são fortemente influenciados por fatores sócio-culturais (CASH, 1993; DEMAREST; LANGER, 1996; GITTELSON et al., 1996). Conforme a Teoria do Descontentamento Normativo (FOSTER; WADDEN; VOGT, 1997; LEONHARD; BARRY, 1998), as exigências sociais e culturais de aparência e magreza estão relacionadas aos índices de insatisfação com o próprio corpo. Objetivo: Verificar os fatores associados à insatisfação com a imagem corporal em acadêmicos da Universidade do Estado do Pará (UEPA), Campus Santarém. Metodologia: Trata-se de um estudo epidemiológico transversal realizado na UEPA, Campus Santarém, no ano de 2010. A amostra foi de 60 acadêmicos com média de idade de 20,4±2,0 anos, sendo 26 indivíduos do curso de Educação Física, 17 de Enfermagem e 17 de Fisioterapia. A variável dependente do estudo foi a satisfação com a imagem corporal, enquanto independentes foram o gênero, a idade, a renda familiar, assistir à televisão, refeições por dia, alimentação desregrada/inadequada, atividade de lazer, prática regular de atividade física e nível de atividade física. Para a coleta de dados, foram utilizados dois questionários, sendo o Questionário Internacional de Atividade Física - IPAQ (GUEDES; LOPES; GUEDES, 2005), para avaliar o nível de atividade física da amostra, e um questionário fechado composto por perguntas referentes às demais variáveis do estudo. No presente estudo o escore abaixo de 150 minutos de atividade física por semana foi o ponto de corte para classificar os universitários como sedentários (SIQUEIRA et al., 2009). Para avaliação da satisfação com a imagem corporal, foi utilizada a escala de nove silhuetas (STUNKARD; SORENSON; SCHLUSINGER, 1983). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Curso de Educação Física da UEPA, Campus III, Belém (folha de rosto n. 346466). Os resultados foram processados através de recursos da estatística descritiva mediante utilização do programa Excel (Microsoft para Windows – 2007). Posteriormente, alguns dados foram transferidos para o aplicativo Bioestat® 5.0, de modo a estabelecer a associação entre as variáveis do estudo através da aplicação do Teste Odds Ratio (OR) para análise das variáveis categóricas de acordo com as especificidades da amostra. Foi adotado p<0,05 para a significância estatística e intervalo de confiança (IC%) de 0,95. Resultados e Discussão: Verificou-se que, na amostra estudada e no momento da coleta de dados, a prevalência de insatisfação com a imagem corporal foi de 78,33%. As variáveis que mais se associaram a essa insatisfação são apresentadas na tabela 1. Diversos fatores influenciam no processo de formação da imagem corporal de cada indivíduo, tais como idade, sexo, meios de comunicação, bem como a relação do corpo com as crenças, os valores e atitudes inseridos em uma cultura (RICCIARDELLI; MCCABE; BANFIELD, 2000).

123

Tabela 1: Prevalência de insatisfação com a imagem corporal e fatores associados na amostra estudada. Santarém, Pará, Brasil, 2010.

Variáveis

Satisfação com a Imagem Corporal Total TP (%) OR p IC (95%)

Insatisfeito Satisfeito

Gênero

Masculino 22 04 26 84,62% 1,98 0,4736 0,53 - 7,34

Feminino 25 09 34 73,53%

Idade 18 a 22 anos 43 06 49 87,76%

12,54 0,0009* 2,81 - 56,00 23 a 28 anos 04 07 11 36,36%

Renda familiar Acima de dois salários 33 03 36 91,67%

7,86 0,0059* 1,87 - 32,95 Até dois salários 14 10 24 58,33%

Televisão Sim 45 07 52 86,54%

19,29 0,0005* 3,23 - 115,23 Não 02 06 08 25,00%

Refeições por dia Mais de três refeições por dia 23 05 28 82,14%

1,53 0,7279 0,44 - 5,38 Até três refeições por dia 24 08 32 75,00%

Alimentação desregrada Sim 30 05 35 85,71%

2,82 0,1854 0,80 - 10,01 Não 17 08 25 68,00%

Atividade de lazer Atividade Sedentária 34 06 40 85,00%

3,05 0,1498 0,86 - 10,80 Atividade Física 13 07 20 65,00%

Prática regular de atividade física

Não pratica regularmente 18 04 22 81,82% 1,40 0,8623 0,37 - 5,21

Pratica regulamente 29 09 38 76,32%

Nível de atividade física habitual

Sedentário (NAF≤150 min/sem)

20 01 21 95,24% 8,89 0,0451* 1,07 - 74,08

Ativo (NAF>150 min/sem) 27 12 39 69,23%

Geral 47 13 60 78,33% - - - -

Legenda: TPSED=Taxa de Prevalência do Sedentarismo; OR=Odds Ratio; IC (95%)= Intervalo de Confiança de 95%. * Variação significativa encontrada (p<0,05).

Em estudo com praticantes de caminhada, foi verificada prevalência de insatisfação com a imagem corporal de 76% em mulheres e de 82% em homens (DAMASCENO et al., 2005). Resultado semelhante foi verificado no presente estudo, uma vez que a insatisfação foi de 73,53% nas mulheres e de 84,62% nos homens. Em estudo com escolares, Vilela et al. (2004) perceberam que 59% da amostra estava descontente com a sua auto-imagem. Diferentemente, no corrente estudo a prevalência geral de insatisfação foi maior (78,33%). Quanto à influência do nível de atividade física na imagem corporal, McAuley et al. (2000) e Safran, McKeag e Camp (2002) não verificaram diferenças significativas quanto à insatisfação em adolescentes atletas e não-atletas. Silva et al. (2010), em estudo com escolares, verificaram que a prática regular de atividade física apresentou associação de risco para a insatisfação com a imagem corporal. Em outro estudo recente com mesma amostra, Sousa et al. (2010) verificaram que o nível de atividade não influencia a percepção na imagem corporal. Conforme Braggion et al. (2000), o sobrepeso, a adiposidade corporal e o menor nível de atividade física estão relacionados à insatisfação em senhoras fisicamente ativas acima de 50 anos. Além desses, outros fatores estão também relacionados. No presente estudo constatou-se que a televisão é um

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fator de risco para o elevado grau de insatisfação quanto à auto-imagem. Segundo Labre (2001), a insatisfação corporal está intimamente ligada à exposição de corpos bonitos pela mídia (televisão) e tem contribuído, nas últimas décadas, na busca por uma compleição ideal. Conclusão: a prevalência de insatisfação com a imagem corporal na amostra foi de 78,33%. Os fatores associados à insatisfação foram: idade entre 18 a 22 anos, renda familiar acima de dois salários, assistir à televisão e nível de atividade física habitual. Referências Bibliográficas: ADAMS, G.R. Physical attractiveness research: toward a developmental social psychology of beauty. Human development, v. 20, n. 4, p. 217-239, 1977. BEATTY, D.; FINN, S.C. Position of the American Dietetic Association and the Canadian Dietetic Association: women's health and nutrition. Journal of the American Dietetic Association, v. 95, n. 3, p. 362-366, 1995. SILVA, P.C.A.; SOUSA, D.S.; VIEIRA, L.C.R.; MADERS, R.J.; BASSO, M.E.M.; SOUZA, A.E.S. Fatores de risco para insatisfação com a imagem corporal em estudantes do ensino médio de uma escola de Santarém, Pará. I Congresso Amazônico de Saúde e Qualidade de Vida. In: Anais... Santarém, p. 55-56, 2010. BRAGGION, G.F.; MATSUDO, S.M.M.; MATSUDO, V.K.; ANDRADE, E.L.; ARAÚJO, T.L. Comparação das variáveis antropométricas de acordo com o grau de satisfação com a aparência corporal em senhoras ativas acima de 50 anos. XXIII Simpósio Internacional de Ciências do Esporte. In: Anais... São Paulo, p. 05-08, 2000. CASH, T.F. Body-image attitudes among obese enrollees in a commercial weight-loss program. Perceptual and Motor Skills, v. 77, n. 3, p. 1099-1103, 1993. DEMAREST, J.; LANGER, E. Perception of body shape by underweight, average, and overweight men and women. Perceptual and Motor Skills, v. 83, n. 2, p. 569-570, 1996. FOSTER, G.D.; WADDEN, T.A.; VOGT, R.A. Body image in obese before, during, and after weight loss treatment. Health Psychology, v. 16, n. 3, p. 226-229, 1997. SIQUEIRA, F.C.V.; NAHAS, M.V.; FACCHINI, L.A.; PICCINI, R.X.; TOMASI, E.; THUMÉ, E.; SILVEIRA, D.S.; HALLAL, P. Atividade física em profissionais de saúde do Sul e Nordeste do Brasil. Caderno Saúde Publica, v. 25, n. 9, p. 1917-1928, 2009. GUEDES, D.P.; LOPES, C.C., GUEDES, J.E.R.P. Reprodutibilidade e validade do questionário internacional de atividade física em adolescentes. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v.11, n.2, p. 151-158, 2005. GITTELSON, J., HARRIS, S.B.; THORNE-LYMAN, A.L.; HANLEY, A.J.G.; BARNIE, A.; ZINMAN, B. Body image concepts differ by age and sex in an Ojibway-Cree community in Canada. Journal of Nutrition, v. 126, n. 12, p. 2990-3000, 1996. LABRE, M.P. Adolescent boys and the muscular male body ideal. Journal of Adolescent Health, v.30, n. 4, p. 233-42, 2001. LEONHARD, M.L.; BARRY, N.J. Body image and obesity: effects of gender and weight on perceptual measures of body image. Addictive Behaviors, v. 23, n. 1, p. 31-34, 1998. MCAULEY, E.; BLISSMER, B.; KATULA, J.; DUNCAN, T.E.; MIHALKO, S.L. Physical activity, self-esteem, and self- efficacy relationships in older adults: a randomized controlled trial. Annals of behavioral medicine: a publication of the Society of Behavioral Medicine, v. 22, n. 2, p. 131-139, 2000. REBOUSSIN, B.A.; REJESKI, W.J.; MARTIN, K.A.; CALLAHAN, K.; DUNN, A.L.; KING, A.C.; SALLIS, J.F. Correlates of satisfaction with body function and body appearance in middle- and older aged adults: The activity counselling trial (ACT). Psychology and Health, v. 15, n. 2, p. 239–254, 2000. RICCIARDELLI, L.A.; MCCABE, M.P.; BANFIELD, S. Body image and body change methods in adolescent boys. Role of parents, friends and the media. Journal Psychosomatic Research, v. 49, n. 3, p. 189-197, 2000. SAFRAN, M.R.; MCKEAG, D.B.; CAMP, S.P.V. Manual de medicina esportiva. São Paulo: Manole, 2002. SCHILDER, P. A Imagem do corpo. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1994. DAMASCENO, V.O.; LIMA, J.R.P.; VIANNA, J.M.; VIANNA, V.R.A.; NOVAES, J.S. Tipo físico ideal e satisfação com a imagem corporal de praticantes de caminhada. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 11, n. 3, p. 181-186, 2005. STUNKARD, A.J.; SORENSON, T.; SCHLUSINGER, F. Use of the danish adoption register for the study of obesity and thinness. In: KETY, S.S.; ROWLAND, L.P.; SIDMAN, R.L.; MATTHYSSE, S.W. (Ed.). The genetics of neurological and psychiatric disorders. New York: Raven, p.115-120, 1983.

125

THOMPSON, J.K. Body image, eating disorders and obesity. American Psychological Association, v. 17 , n. 2 , p. 321-343, 1996. VILELA, J.; LAMOUNIER, J.; FILHO, M.; NETO, J.; HORTA, G. Transtornos alimentares em escolares. Jornal de Pediatria, v. 80, n. 1, p. 49-54, 2004. SOUSA, D.S.; VIEIRA, L.C.R.; MADERS, R.J.; ASSIS, I.M.; CASTRO, H.H.G.; BASSO, M.E.M.; SOUZA, A.E.S. Relação entre nível de atividade física e percepção da imagem corporal em estudantes do ensino médio de uma escola pública em Santarém, Pará. In: VI FORPEEXP: Fórum de Pesquisa, Ensino, Extensão e Pós-Graduação. Anais... Belém, p. 198-199, 2010. Palavras-chave: imagem corporal, epidemiologia, jovens universitários.

126

FATORES DE RISCO ASSOCIADOS À PRESSÃO ARTERIAL ELEVADA EM JOVENS

UNIVERSITÁRIOS

Marina Silva NICOLAU1; Diego Sarmento de SOUSA

1; Liliane Cristina da Silva FÉLIX

1; Maria Gilvânia

Dantas SOARES1; Luiz Carlos Rabelo VIEIRA

1; Adjanny Estela Santos de SOUZA

1,2,3

1Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-

PA; 2Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde das Populações Amazônicas (GEPESPA);

3Faculdades Integradas do Tapajós, FIT, Brasil. e-mail: [email protected]

Introdução: A hipertensão arterial sistêmica (HAS) pode ser definida simplesmente como a elevação

crônica e assintomática da pressão arterial, apresentando níveis pressóricos sistólicos ≥140 mmHg e/ou do

diastólico ≥90 mmHg (SBC, 2007). Para a Organização Mundial de Saúde (WHO, 1999), no entanto, níveis

de 130/85 mmHg ou mais, devem ser considerados elevados. A HAS configura um dos principais fatores

de risco para a elevação da taxa de morbidade e mortalidade por doenças cardiovasculares no mundo

(ACSM, 2004; CORRÊA et al., 2005). Sendo assim, o monitoramento desses fatores para as doenças

cardiovasculares vem sendo indicado em todos os países (EYKEN; MORAES, 2009). No mundo, estima-se

em 25% o público hipertenso, sendo que apenas metade desse quantitativo é ciente que é portador da

doença e procura tratamento adequado (NESRALLA, 2000). As pessoas que apresentam maiores riscos de

desenvolver a hipertensão são os negros, os sujeitos com histórico familiar da doença e os idosos (SIMÃO,

2004). Alguns estudos transversais estimam que em torno de 20% da população adulta do Brasil apresenta

hipertensão arterial (LESSA, 2001). Objetivo: Verificar os fatores de risco associados à pressão arterial

elevada em acadêmicos da Universidade do Estado do Pará, Campus Santarém. Metodologia: Trata-se de

um estudo epidemiológico transversal realizado na UEPA, Campus Santarém, no ano de 2010. A amostra

foi de 60 acadêmicos com média de idade de 20,4±2,0 anos, sendo 26 indivíduos do curso de Educação

Física, 17 de Enfermagem e 17 de Fisioterapia. Foram utilizados dois questionários, um socioeconômico e o

Questionário Internacional de Atividade física – IPAQ (GUEDES; LOPES; GUEDES, 2005). Para avaliação do

índice de massa corporal (IMC) e da relação cintura/quadril (IRCQ), foram utilizadas uma balança

antropométrica da marca Filizola® e uma fita antropométrica da marca Sanny

®. Para a mensuração da

pressão arterial foi utilizado um monitor de pressão digital automático da marca G-TECH® (Modelo:

BP3AA1-1). Para a realização das dosagens bioquímicas, foram coletados, aproximadamente, 3 mL de

sangue, por punção venosa, após um jejum de 12 horas. Os teores de triglicerídeos (TG), colesterol total

(CT), lipoproteínas de alta densidade (HDL-C) e glicose foram verificadas no soro por meio de métodos

enzimático-colorimétrico e o LDL-C calculado pela fórmula de Friedewald [LDL-c = (CT - HDL-c) - (TG/5),

válido se TG <400mg/dl]. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Curso de Educação

Física da UEPA, Campus III, Belém (folha de rosto n. 346466). Os resultados foram processados através de

recursos da estatística descritiva, mediante utilização do programa Excel (Microsoft para Windows – 2007).

Posteriormente, alguns dados foram transferidos para o aplicativo Bioestat® 5.0, de modo a estabelecer a

associação entre as variáveis do estudo através da aplicação do Teste Odds Ratio (OR) para análise das

variáveis categóricas de acordo com as especificidades da amostra, com adoção de p<0,05 para a

significância estatística e intervalo de confiança (IC%) de 0,95. Resultados e Discussão: Verificou-se que,

na amostra estudada e no momento da coleta de dados, a prevalência de pressão arterial elevada

127

(PA≥130/85 mmHg) foi de 25,0%. As variáveis que mais se associaram à pressão arterial elevada são

apresentadas na tabela 1.

Tabela 1: Prevalência da Pressão Arterial Elevada (PA≥130/85 mmHg) e fatores associados na amostra estudada. Santarém, Pará, Brasil, 2010.

Variáveis

Pressão Arterial

Total TPHAS

(%) OR p IC (95%) Pressão

elevada Normal

Gênero Masculino 09 17 26 34,6%

5,47 0,0316* 1,30 – 22,95 Feminino 03 31 34 8,8%

Renda Familiar Mensal Acima de dois salários 11 25 36 30,6%

10,12 0,0297* 1,20 – 84,65 Até dois salários 01 23 24 4,2%

Atividade de Lazer Televisão, Internet, jogos eletrônicos, etc.

09 29 38 23,7% 1,96 0,5467 0,47 – 8,20

Caminhada, ginástica, esportes, musculação, etc.

03 19 22 13,6%

Nível de Atividade Física Sedentário/Pouco ativo 08 13 21 38,1%

5,38 0,0255* 1,38 – 20,95 Ativo/Muito Ativo 04 35 39 10,3%

Obesidade (IMC) Sobrepeso/Obeso 07 11 18 38,9% 4,70 0,0411* 1,24– 17,81 Normal/Baixo peso 05 37 42 11,9%

Relação Cintura/Quadril

Alto Risco 10 11 21 47,6% 16,81 0,0003* 3,18 – 88,51 Baixo Risco 02 37 39 5,1%

Histórico Familiar de HAS

Sim 08 14 22 36,4% 4,85 0,0379* 1,25 – 18,77

Não 04 34 38 10,5%

Tabagismo Sim 06 06 12 50,0%

3,36 0,1326 0,90 – 12,55 Não 11 37 48 22,9%

HDL-c Alto Risco 10 18 28 35,7%

8,33 0,0116* 1,63 – 42,39 Baixo Risco 02 30 32 6,3%

LDL-c Aumentado 01 01 02 50,0%

4,27 0,8573 0,24 – 73,75 Desejável 23 35 58 39,7%

Triglicerídeos Aumentado 01 01 02 50,0%

3,76 0,0870 1,01 – 14,00 Desejável 18 40 58 31,0%

Colesterol Total Aumentado 04 02 06 66,7%

11,50 0,0133* 1,79 – 73,58 Desejável 08 46 54 14,8%

Geral 12 48 60 25,0% 5,45** <0,0001 3,65 – 8,15

Legenda: TPHAS=Taxa de Prevalência da Hipertensão Arterial Sistêmica; OR=Odds Ratio; IC (95%)=Intervalo de Confiança de 95%. * Variação significativa encontrada. ** Odds Ratio Combinado.

Em estudo epidemiológico desenvolvido com 303 acadêmicos de enfermagem de uma universidade

particular da cidade de São Paulo, cujo objetivo era estabelecer associações/correlações entre fatores de

risco para doença arterial coronariana, foi verificado que os maus hábitos alimentares e a falta de atividade

física foram determinantes para o sobrepeso e que estes fatores podem estar associados à ocorrência

futura de doença arterial coronariana (ALVES; MARQUES, 2009). Em relação ao gênero, os achados do

presente manuscrito coincidem com os dados existentes na literatura científica, uma vez que pesquisas

distintas indicam maior prevalência da doença entre os indivíduos do gênero masculino (JARDIM et al.,

128

2007; ALVES; MARQUES, 2009). Sobre os aspectos econômicos, o estudo revelou que as pessoas que apresentaram uma renda familiar acima de dois salários apresentaram maior probabilidade de terem uma pressão arterial elevada. Ao contrário disto, uma pesquisa epidemiológica envolvendo 1800 indivíduos na cidade de Pelotas (RS) mostrou que a hipertensão arterial em adultos estava associada às más condições de vida (COSTA et al., 2007). Conclusão: A prevalência de pressão arterial elevada foi de 25,0% na amostra. Os fatores de risco encontrados foram: gênero masculino; renda familiar mensal acima de dois salários; trabalho remunerado; ser sedentário ou pouco ativo; estar acima do peso ou obeso; IRCQ acima de 0,89 (masculino) e 0,78 (feminino); histórico familiar de HAS; HDL baixo; colesterol total elevado. Referências Bibliográficas: ALVES, A.; MARQUES, I.R. Fatores relacionados ao risco de doença arterial coronariana entre estudantes de enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 62, n. 6, p. 883-888, 2009. AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE (ACSM). Exercise and hypertension. Medicine Scientific of Sports Exercise, v. 36, n. 3, p. 533-553, 2004. CORRÊA, T.D.; NAMURA, J.J.; SILVA, C.A.P.; CASTRO, M.G.; MENEGHINI, A.; FERREIRA, C. Hipertensão arterial sistêmica: atualidades sobre sua epidemiologia, diagnóstico e tratamento. Arquivos Medicos do ABC, v. 31, n. 2, p. 91-101, 2005. COSTA, J.S.D.; BARCELLOS, F.C.; SCLOWITZ, M.L.; SCLOWITZ, I.K.T.; CASTANHEIRA, M.; OLINTO, M.T.A.; MENEZES, A.M.B.; GIGANTE, D.P.; MACEDO, S.; FUCHS, S.C. Prevalência de hipertensão arterial em adultos e fatores associados: um estudo de base populacional urbana em Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 88, n. 1, p. 59-65, 2007. EYKEN, E.B.B.D.V.; MORAES, C.L. Prevalência de fatores de risco para doenças cardiovasculares entre homens de uma população urbana do Sudeste do Brasil. Caderno de Saúde Pública, v. 25, n. 1, p. 111-123, 2009. JARDIM, P.C.B.V.; GONDIM, M.R.P.; MONEGO, E.T.; MOREIRA, H.G.; VITORINO, P.V.O.; SOUZA, W.K.S.B.; SCALA, L.C.N. Hipertensão arterial e alguns fatores de risco em uma capital brasileira. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 88, n. 4, p. 452-457, 2007. LESSA, I. Epidemiologia da hipertensão arterial sistêmica e da insuficiência cardíaca no Brasil. Revista Brasileira de Hipertensão, v. 8, n. 4, p. 383-392, 2001. NESRALLA, I.A. Como cuidar bem do seu coração. 2. ed. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 2000. SIMÃO, R. Fisiologia e prescrição de exercício para grupos especiais. São Paulo: Phorte, 2004. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA (SBC). V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 89, n. 3, p. 24-79, 2007. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). International society of hypertension guidelines for he management of hypertension. Journal of Hypertension, v. 17, p. 151-183, 1999. GUEDES, D.P.; LOPES, C.C., GUEDES, J.E.R.P. Reprodutibilidade e validade do questionário internacional de atividade física em adolescentes. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 11, n. 2, p. 151-158, 2005. Palavras-chave: pressão arterial elevada, epidemiologia, jovens universitários.

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FATORES DE RISCO ASSOCIADOS AO SEDENTARISMO EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS Camila Chaves LAMEIRA1; Diego Sarmento de SOUSA1,2; Liliane Cristina da Silva FÉLIX1; Maria Gilvânia Dantas SOARES1; Luiz Carlos Rabelo VIEIRA1,2; Adjanny Estela Santos de SOUZA1,2,3

1Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA; 2Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde das Populações Amazônicas (GEPESPA); 3Faculdades Integradas do Tapajós, FIT, Brasil. e-mail: [email protected] Introdução: A inatividade física pode ser definida como um estado em que o movimento corporal é mínimo (MELLO; FERNANDEZ; TUFIK, 1998). Em termos de gasto energético a inatividade representa um gasto energético que está muito próximo da taxa metabólica basal. De acordo com o posicionamento da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte sobre atividade física e saúde, o sedentarismo é definido como a falta ou a grande diminuição da atividade física. Na realidade, o conceito não é associado necessariamente à falta de uma atividade esportiva, pois do ponto de vista da medicina moderna, o sedentário é o indivíduo que gasta poucas calorias por semana com atividades ocupacionais (CARVALHO et al., 1996). Há tempos a atividade física tem sido considerada como uma forma de preservar e melhorar a saúde. Mantê-la em padrões de baixa realização (hipocinesia), por outro lado, pode conduzir ao aparecimento de doenças degenerativas no organismo humano, como a obesidade, o diabetes, a hipertensão arterial sistêmica, osteoporose entre outras patologias (OURIQUES; FERNANDES, 1997; MCARDLE; KATCH; KATCH, 2003). Objetivo: Verificar os fatores de risco associados ao sedentarismo em acadêmicos da Universidade do Estado do Pará, Campus Santarém. Metodologia: Trata-se de um estudo epidemiológico transversal realizado na UEPA, Campus Santarém, no ano de 2010. A amostra foi de 60 acadêmicos com média de idade de 20,4±2,0 anos, sendo 26 participantes do curso de Educação Física, 17 de Enfermagem e 17 de Fisioterapia. Para avaliar o nível de atividade física (NAF), foi utilizada a versão curta do Questionário Internacional de Atividade Física – IPAQ (GUEDES, LOPES, GUEDES, 2005). Foram considerados como sedentários os indivíduos com NAF≤150 min./semana. Para a verificação das demais variáveis independentes do estudo, foi utilizado um questionário especialmente formulado para a pesquisa. Este consistiu de perguntas sobre características demográficas, socioeconômicas, lazer, comportamentais, ambiental, nutricionais, histórico familiar de doenças. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Curso de Educação Física da UEPA, Campus III, Belém (folha de rosto n. 346466). Os resultados foram processados através de recursos da estatística descritiva, mediante utilização do programa Excel (Microsoft para Windows – 2007). Posteriormente, alguns dados foram transferidos para o aplicativo Bioestat® 5.0, de modo a estabelecer a associação entre as variáveis do estudo através da aplicação do Teste Odds Ratio (OR) para análise das variáveis categóricas de acordo com as especificidades da amostra, com adoção de p<0,05 para a significância estatística e intervalo de confiança (IC%) de 0,95. Resultados e Discussão: Verificou-se que, na amostra estudada e no momento da coleta de dados, a prevalência do sedentarismo foi de 35,5%. As variáveis que mais se associaram ao sedentarismo são apresentadas na tabela 1.

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Tabela 01: Prevalência do sedentarismo (NAF≤150 min./semana) e fatores associados na amostra estudada. Santarém, Pará, Brasil, 2010.

Variáveis Nível de Atividade Física

Total TPSED (%) OR p IC (95%) Sedentários Ativos

Gênero Masculino 11 15 26 42,3%

1,76 0,4445 0,60 – 5,14 Feminino 10 24 34 29,4%

Renda Familiar Mensal Até dois salários 13 11 24 54,2%

4,13 0,0230* 1,34 – 12,72 Acima de dois salários 08 28 36 22,2%

Meio de Transporte Carro, moto, ônibus 13 17 30 43,3%

2,10 0,2790 0,71 – 6,22 Caminhada, corrida, bicicleta

08 22 30 26,7%

Televisão Sim 19 33 52 36,5%

1,72 0,8112 0,31 – 9,42 Não 02 06 08 25,0%

Computador/Notebook Sim 18 22 40 45,0%

4,63 0,0445* 1,17 – 18,36 Não 03 17 20 15,0%

Trabalho Remunerado Sim 14 12 26 53,8%

4,50 0,0162* 1,44 – 13,98 Não 07 27 34 20,6%

Atividade de Lazer Televisão, internet, jogos eletrônicos, etc.

16 24 40 40,0%

2,00 0,3892 0,60 – 6,59 Caminhada, ginástica, esportes, musculação, etc.

05 15 20 25,0%

Prática regular de atividade física Não pratica regularmente

12 10 21 52,4% 3,86 0,0328* 1,25 – 11,89

Pratica regulamente 09 29 39 25,6%

Espaços Públicos de Esporte e Lazer no Bairro Não 13 12 25 44,0%

3,65 0,0395* 1,20 – 11,12 Sim 08 27 35 28,6%

Geral 21 39 60 35,5% 2,95** <0,0001* 2,00 – 4,73

Legenda: TPSED=Taxa de Prevalência do Sedentarismo; OR=Odds Ratio; IC (95%)= Intervalo de Confiança de 95%. * Variação significativa encontrada. ** Odds Ratio Combinado (ORC).

Pesquisas epidemiológicas nos últimos anos têm mostrado que a proporção de jovens que são sedentários varia de 21 a 69,8% (JARDIM et al., 2007; GONÇALVES et al., 2007; BASTOS et al., 2008; PELEGRINI, 2008; CESCHINI et al., 2009). Em um estudo transversal realizado na cidade do Rio de Janeiro (RJ) com estudantes universitários do curso de enfermagem mostraram prevalência de sedentarismo igual a 75% (VILARINHO et al., 2008). Outro estudo epidemiológico, envolvendo 3.347 profissionais de saúde em 240 unidades básicas de saúde do Sul e Nordeste do Brasil, mostrou que nesta população a prevalência de sedentarismo foi de 27,5%, sendo 31,5% nos homens e 26,4% nas mulheres (SIQUEIRA et al., 2009). Em Santarém (PA), um estudo transversal com 100 estudantes de ambos os gêneros de uma escola de ensino médio detectou prevalência de 37% de sedentarismo. Nesta pesquisa o gênero feminino e a falta de atividade física de lazer foram associados ao sedentarismo (SOUSA et al., 2010). Fatores socioculturais determinam diferenças marcantes quanto ao sedentarismo de acordo com o gênero (MONTEIRO et al., 2003). A maior parte dos indivíduos do gênero masculino associa a prática de atividade física ao prazer, principalmente às práticas esportivas. Já o gênero feminino pratica atividade física por questões de saúde, por orientação médica e estética (AZEVEDO et al., 2007). Segundo Silva et al. (2009), outros fatores têm contribuído para reduzir significativamente a proporção de jovens com um estilo de vida fisicamente ativo. São eles: os comportamentos sedentários como assistir TV e usar o computador. Na presente pesquisa, os sujeitos que

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usavam o computador ou notebook tinham uma chance 4,63 vezes maior de serem sedentários. Alguns estudos têm revelado que mais da metade dos rapazes que excediam o tempo de uso de computadores não atingiam a faixa de recomendação de atividade física (KOEZUKA et al., 2006; SILVA et al., 2009). No que se refere aos fatores ambientais, a presente pesquisa mostrou que o sedentarismo foi mais frequente entre os sujeitos que relataram não possuir espaços públicos de esporte e lazer no bairro (TPSED=44,0%). Conclusão: a prevalência do sedentarismo na amostra foi de 35,5%. Os fatores de risco encontrados foram: renda familiar mensal de até dois salários; o uso do computador ou notebook; trabalho remunerado; não praticar atividade física regularmente; falta de espaços públicos de esporte e lazer no bairro. Referências Bibliográficas: AZEVEDO, M.R.; ARAUJO, C.L.; REICHERT, F.F.; SIQUEIRA, F.V.; SILVA, M.C.; HALLAL, P.C. Gender differences in leisure-time physical activity. International Journal of Public Health, v.52, n.1, p. 8-15, 2007. BASTOS, J.; ARAÚJO, C.; HALLAL, P.C. Prevalence of Insufficient Physical Activity and Associated Factors in Brazilian Adolescents.Physycal Activity & Health Journal.v.5, n.6, p. 777-794, 2008. CARVALHO, T.; NÓBREGA, A.C.L.; LAZZOLI, J.K.; MAGNI, J.R.T.; REZENDE, L.; DRUMMOND, F.A.; OLIVEIRA, M.A.B.; DE ROSE, E.H.; ARAÚJO, C.G.S.; TEIXEIRA, J.A.C. Posição oficial da sociedade brasileira de medicina do esporte: atividade física e saúde. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v.2, n.4, p. 79-81, 1996. CESCHINI, F.L.; ANDRADE, D.R.; OLIVEIRA, L.C.; JÚNIOR, J.F.; MATSUDO, V.K. Prevalence of physical inactivity and associated factors among high school students from state’s public schools. Jornal de Pediatria, v.85, n.4, p. 10-16, 2009. GONÇALVES, H.; HALLAL, P.C.; AMORIM, T.C.; ARAÚJO, C.L.P.; MENEZES, A.M.B. Fatores socioculturais e nível de atividade física no início da adolescência. Revista Panamericana de Saúde Pública, v.22, n.4, p. 246-253. 2007. GUEDES, D.P.; LOPES, C.C., GUEDES, J.E.R.P. Reprodutibilidade e validade do questionário internacional de atividade física em adolescentes. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v.11, n.2, p. 151-158, 2005. JARDIM, P.C.B.V.; GONDIM, M.R.P.; MONEGO, E.T.; MOREIRA, H.G.; VITORINO, P.V.O.; SOUZA, W.K.S.B.; SCALA, L.C.N. Hipertensão arterial e alguns fatores de risco em uma capital brasileira. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v.88, n.4, p. 452-457, 2007. KOEZUKA, N.; KOO, M.; ALLISON, K.R.; ADLAF, E.M.; DWYER, J.J.; FAULKNER, G.; GOODMAN, J. The relationship between sedentary activities and physical inactivity among adolescents: results from the Canadian Community Health Survey. Journal Adolescence Health, v.39, n.4, p. 515-22, 2006. MCARDLE, W.D.; KATCH, F.I.; KATCH, V.L. Fisiologia do exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. MELLO, M.T.; FERNANDEZ, C.; TUFIK, S. Levantamento epidemiológico da prática de atividade física na cidade de São Paulo. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v.6, n.4, p. 119-124, 2000. MONTEIRO, C.A.; CONDE, W.L.; MATSUDO, S.M.; MATSUDO, V.R.; BONSENOR, I.M.; LOTUFO, P.A.A descriptiveepidemiologyofleisure-time physicalactivity in Brazil, 1996-1997. Revista Panamericana de Saúde Pública, v.14, n.4, p. 246-54, 2003. OURIQUES, E.P.M.; FERNANDES, J.A. Atividade física na terceira idade: uma forma de prevenir a osteoporose. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, v.2, n.1, p. 53-59, 1997. PELEGRINI, A.; SILVA, R.C.R.; PETROSKI, E.L. Relação entre o tempo em frente à TV e o gasto calórico em adolescentes com diferentes percentuais de gordura corporal. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, v.10, n.1, p. 81-84, 2008. SILVA, A.S.; LIMA, J.O.; SILVA, R.J.S.; PRADO, R.L. Nível de atividade física e comportamento sedentário em escolares. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, v.11, n.3, p. 299-306, 2009. SIQUEIRA, F.C.V.; NAHAS, M.V.; FACCHINI, L.A.; PICCINI, R.X.; TOMASI, E.; THUMÉ, E.; SILVEIRA, D.S.; HALLAL, P. Atividade física em profissionais de saúde do Sul e Nordeste do Brasil. Caderno Saúde Publica, v.25, n.9, p. 1917-1928, 2009. SOUSA, D.S.; COELHO, E.S.; SOUZA, M.J.M.; PINTO, R.F. Sedentarismo e Adolescência: Inter-relações com o lazer. Lecturas Educación Física y Deportes, v.15, p. 1-5, 2010. Disponível em: http://www.efdeportes.com Acesso em: 05 mai. 2011.

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VILARINHO, R.M.F.; LISBOA, M.T.L.; THIRÉ, P.K.; FRANÇA, P.V. Prevalência de fatores de risco de natureza modificável para a ocorrência de diabetes mellitus tipo 2. Revista de Enfermagem, v.12, n.3, p. 452-456, 2008. Palavras-chave: Sedentarismo, Epidemiologia, Jovens Universitários.

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FATORES DE RISCO PARA O ABUSO SEXUAL EM ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE SANTARÉM/PA Daylane RODRIGUES1, Andreia de O. PINHEIRO1, Angeli P. GALVÃO1, Érika M. S. COUTO1, Pollyana C. A. SILVA1, Shayanne G. A. MATOS1. 1Centro de Ciência Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA; e-mail: [email protected] Introdução: Abuso sexual é um ato de violência contra crianças e adolescentes que acontece em todo o mundo e pode-se entender esta forma de violência como englobando tanto as situações de abuso sexual intra e extrafamiliar que se apresentam como não possuindo um caráter comercial como as situações de exploração sexual, nas quais a dimensão mercantil está nitidamente presente, mas sim como aquelas caracterizadas pela busca do prazer pelo abusador (LIBÓRIO, 2003). Constitui de uma aproximação não bem-vinda, uma solicitação de favores ou qualquer conduta física ou verbal de natureza sexual. A criança e/ou adolescente são despertadas para o sexo precocemente, de maneira deturpada, traumática, ficando com marcas para o resto da vida. Quando se fala em fatores de risco para o abuso sexual, Junior (2003) aponta para fatores individuais, familiares e/ou ecológicos/contextuais com o evento de interesse. Segundo Zavaschi, Polanczyk e Benetti (2003) os dados existentes no País não enfocam o testemunho ou a convivência com as vítimas. Além disso, são fundamentalmente baseados em relatos oficiais de entidades governamentais, que geralmente subestimam a magnitude do problema por fatores que dificultam a identificação do desfecho, como a não notificação de eventos para autoridades policiais por medo de represálias ou do estigma social. Dada à complexidade que envolve a questão do abuso sexual, ela deve ser compreendida nos seus aspectos sociais, culturais, políticos, econômicos e jurídicos e para tal compreensão é necessário que a vítima desse tipo de abuso seja atendida por uma equipe multiprofissional. OBJETIVOS: O objetivo geral da pesquisa foi identificar os fatores de ricos associados ao abuso sexual em adolescentes de uma escola pública, e os objetivos específicos foram discutir o conhecimento acerca de abuso sexual pelos adolescentes; discutir a vivência do abuso sexual pelos adolescentes e realizar educação em saúde com os adolescentes sobre o abuso sexual. Metodologia: A pesquisa realizada caracteriza-se por ser de campo aplicada, quanti-qualitativa e de caráter descritivo que ocorreu no dia 27/05/2010 em uma escola da rede pública, de um bairro periférico, situada no município de Santarém, Pará. A amostra foi constituída por 65 adolescentes de ambos os sexos, na faixa etária de 14 a 17 anos. Utilizou-se a aplicação de um questionário semi-estruturado, sendo uma pesquisa amparada pela resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Resultados e Discussão: Entre os dados significativos resultantes desta pesquisa, quanto ao nível de conhecimento acerca do abuso sexual, observa-se que 52% dos adolescentes afirmam possuir este conhecimento enquanto 48% desconhecem este tema, isto pode demonstrar o quanto essa informação não é repassada aos alunos contribuindo para os fatores que aumentam a probabilidade da ocorrência de abuso sexual. Porém, o papel de trabalhar esta questão não é somente dos setores públicos, mas também de outros setores que podem ajudar para que haja a disseminação do conhecimento através de parcerias uns com os outros. Esses outros setores são a mídia, a escola e principalmente a família que constitui a base para a formação da identidade do indivíduo em constante desenvolvimento, fortalecendo os laços afetivos e favorecendo transformações positivas nas relações familiares, criando e melhorando as condições de cuidado dos adultos responsáveis pelo adolescente. O papel de trabalhar esta questão não é somente dos setores públicos, mas também a mídia, a escola e principalmente a família que constitui a base para a formação da identidade do indivíduo em constante desenvolvimento, porém nos resultados obtidos a família representou um índice de apenas 3% como fonte de informação citada pelos alunos. Assim como a família, a mídia que representou 28% e a escola, 17%, também influenciam no amadurecimento cognitivo. Dos entrevistados 31% já presenciaram algum tipo de abuso sexual, destes 70% foi na própria escola. Estudos empíricos sobre o abuso sexual demonstram que apesar de afetar e vitimizar todas as camadas da população brasileira, ele não é democraticamente distribuído, sendo que o perfil de quem sofre é formado por possuir pouca escolaridade, morar na periferia dos grandes centros urbanos, ser pobre, ser negro ou descendente desta etnia (BRASIL, 2006), assim como as características encontradas, as quais 72% dos pesquisados possuem renda familiar entre 1 e 2 salários mínimos mensal. O Conselho Tutelar Municipal registrou no período de 2009 a 2010 (entre janeiro e abril) um baixo índice de abuso sexual, e quando comparados com os resultados obtidos na pesquisa divergem, uma vez que em uma

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pequena amostra evidenciou-se um elevado número de possíveis casos, os quais 90% dos entrevistados afirmam terem presenciado cenas de abuso sexual, sendo que os locais foram a escola e o bairro em que residem, tal fato aponta uma possível carência nas atividades como palestras educativas que possibilitem a notificação ou a denúncia, atentando-se também para as sub notificações, pois nem todo mundo que sofre o abuso procura o serviço. Os maus-tratos cometidos contra a criança e o adolescente podem ser praticados pela omissão, pela supressão ou transgressão dos seus direitos, definidos por convenções legais ou normas culturais da FIOCRUZ (2001). As respostas relacionadas à atitude tomada caso presenciasse o abuso sexual, 57% relatou não saber qual atitude tomar, sendo provocado provavelmente pelo medo de ameaças tanto da família quanto do agressor, evidenciado por frases ditas pelos próprios alunos como “se eu visse um caso de abuso eu sairia correndo”, caracterizando omissão; ou pelo sentimento de culpa por estar despertando interesse no agressor pertencente ao seu ambiente social caracterizando transgressão; negligência da própria família por dependência afetiva e financeira e pelo agredido criar um vínculo com o agressor, ambos caracterizando supressão. Conclusão: Pode-se constatar que o abuso sexual contra adolescentes é algo que está presente na sociedade e que para erradicar este mal, é necessária toda uma mudança no cenário ideológico, político e social. A prevenção do mesmo na adolescência deve começar nos primeiros anos com o esclarecimento à criança sobre o seu corpo e sua sexualidade. Para isso, é importante criar o habito do diálogo familiar, onde o adolescente sinta-se a vontade para conversar sobre o que quiser e principalmente sobre aquilo que lhe causa medo (BEZERRA, 2006). A escola e a mídia tornam-se os principais, um por ter contato direto e outro por ser capaz de prender a atenção e conseguir passar a informação direta ou indiretamente. O combate ao abuso sexual também deve partir dos profissionais da área de saúde. Existe uma grande dificuldade em diagnosticar o abuso sexual, pois de um lado está o “muro do silêncio” erguido e mantido pelas pessoas que convivem com a situação de abuso, de outro, a negação completa do abusador e ainda a culpa do adolescente por estar sabendo e sentindo o abuso, fazendo com que o sentimento profissional deslize do ódio e do nojo, para o distanciamento e a negação. Para melhor capacitação deste profissional deve ser feita a inclusão da temática na formação, tanto para a sensibilização como para o desenvolvimento de uma filosofia, métodos, técnicas e habilidades de atendimento (ABRAPIA, 2008). Inclusive ter a sensibilidade de identificar problemas comportamentais como: comportamento sexual inapropriado para a idade, promiscuidade sexual, homossexualidade, disfunções sexuais, aversão a sexo, comportamento impulsivo, conduta auto-mutilatória, fuga de casa, depressão. Através da notificação aos órgãos competentes ou aqueles que protegem a criança e o adolescente, os familiares, vizinhos e conhecidos, por sua vez, podem romper o “muro do silêncio” que cerca o abuso sexual. Profissionais de saúde, advogados, professores, pais e a sociedade em geral devem buscar a promoção de um trabalho mais amplo e profundo, que é o trabalho preventivo através da orientação sexual precoce. E para que este trabalho aconteça são necessárias campanhas continuadas nacionais e internacionais, denúncias, ações governamentais e cobranças da sociedade civil organizada. PALAVRAS-CHAVE: abuso sexual, adolescente, fatores de risco, escola. Referências Bibliográficas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA MULTI-PROFISSIONAL DE PROTEÇÃO À BRASIL, Ministério da Saúde. Violência Faz Mal à Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. BEZERRA, M. M. S. Abuso Sexual Infantil – Criança x Abuso Sexual. 2006. Tese (pós-graduação em psicopedagogia). Faculdade Metropolitana da Grande Recife, Recife. BRASIL, Ministério da Saúde. Resolução 196/96 Conselho Nacional de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 1996. FIOCRUZ MJ - Sociedade Brasileira de Pediatria/ Fundação Oswaldo Cruz/Ministério da Justiça, s/d. Guia de atuação frente a maus-tratos na infância e na adolescência, 2001. INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA (ABRAPIA). Violência sexual: mitos e realidade guia de orientação para educadores. 3.ed. Petrópolis, RJ: Autores & Agentes & Associados, 2008. JUNIOR.F. I. Child sexual abuse: a comprehensive approach based on Epidemiology and Human Rights. Interface – Comunic Saúde, Educ, v.7, n.12, p.23-38, 2003. LIBÓRIO, R. M. C. Desvendando vozes silenciadas: adolescentes em situação de exploração sexual. 2003. Tese (Doutorado em Psicologia). Universidade de São Paulo, São Paulo.

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ZAVASCHI, M. L ; POLANCZYK, G. V ; BENETTI, S. Sexual violence and its prevalence among adolescents, Brazil. Revista de Saúde Pública, v.37 n.1, p. 8-14, 2003. Palavras-chave: Abuso sexual, adolescentes, escolas publicas.

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FATORES DE RISCO RELACIONADOS À HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA NA ZONA URBANA DE SANTARÉM, PARÁ Michele de Castro LEÃO1;Diego Sarmento de SOUSA1,2;Aline Ribeiro MENESES1;Maiara Silvana Salgado BATISTA1; Luiz Carlos Rabelo VIEIRA1,2; Adjanny Estela Santos de SOUZA1,2,3 1Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA; 2Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde das Populações Amazônicas (GEPESPA); 3Faculdades Integradas do Tapajós, FIT, Brasil. e-mail: [email protected] Introdução:AHAS é um sério problema de saúde pública, com prevalência que atinge mais de 30% da população adulta e pelo menos 60% dos idosos no Brasil (SBC, 2007). Além disso, a HAS requer, para o tratamento, elevados custos médicos e socioeconômicos, em virtude das suas complicações, tais como: doença cerebrovascular, doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca, insuficiência renal crônica e doença vascular de extremidades. Cabe ressaltar, que no Brasil, as doenças do sistema circulatório são as principais causas de morbimortalidade nas últimas décadas (BORBA, 2011). Dentre elas, a HAS é a patologia crônica mais comum e suas manifestações clínicas são sérias, principalmente por predispor a uma série de afecções cardiovasculares (BOING; BOING, 2007). Tem-se associadoa HAS a diversas características sociodemográficas (faixa etária, grupo étnico, nível socioeconômico), consumo de álcool, ingestão de sódio, estresse, diabete, obesidade e sedentarismo (NASCENTE et al., 2010). Foi com propósito de reduzir a morbi-mortalidade relacionada a essa doença que o Ministério da Saúde implantou, em 2002, o Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão e ao Diabetes Mellitus (DM). Além disso, foi disponibilizado aos estados e municípios, um Sistema de cadastro e assistência aos portadores de HAS e DM, conhecido por HIPERDIA. Através desse Sistema é possível caracterizar o estado e o perfil epidemiológico dos cadastrados, sendo que seus indicadores podem servir como um instrumento importante para os gestores e planejadores de saúde na avaliação e formulação de políticas públicas (BOING; BOING, 2007). O conhecimento acerca dos fatores de risco associados a hipertensão pode alertar e conscientizar estudantes, educadores e gestores de educação para a importância da elaboração de programas de prevenção à HAS.Objetivo:Verificar os fatores de risco relacionados à HAS na zona urbana de Santarém, Pará.Metodologia:Trata-se de um estudo epidemiológico do tipo descritivo-transversal realizado no Hospital Municipal de Santarém (HMS),na Unidade de Ensino e Assistência a Saúde do Baixo Amazonas (UEASBA) e em 05 Unidades de Saúde (US). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisado Hospital João de Barros Barreto, Belém (protocolo n. 2137/2010). A amostra foi composta de 202voluntários,55 hipertensos e 147 não hipertensoscom média de idade de 61,43±12,49anos.Foi utilizado um questionário fechado que continha perguntas referente às situaçõessócio-demográfica e econômica, atividade física e lazer. Para avaliação do índice de massa corporal [IMC=massa corporal (kg) /estatura (m)²]e do índice de relação cintura/quadril [IRCQ= perimetria da cintura (cm) /perimetria do quadril (cm)],foiutilizada, respectivamente, uma balança antropométrica, com estadiômetro, da marca Filizola® e uma fita antropométrica da marca Sanny®.Para a mensuração da pressão arterial (PA), foi utilizado um monitor de pressão digital automático da marca G-TECH® (modelo: BP3AA1-1). Foram considerados hipertensos os indivíduos que apresentaram a PA acima de 140/90mmHg. Os resultados foram processados através de recursos da estatística descritiva, mediante utilização do programa Excel (Microsoft para Windows – 2007). Posteriormente, os dados foram transferidos para o aplicativo Bioestat® 5.0, de modo a estabelecer a associação entre as variáveis do estudo através da aplicação do Teste Odds Ratio (OR) para análise das variáveis categóricas, com adoção de p<0,05 para a significância estatística.Resultados e Discussão: Verificou-seque, na amostra estudada e no momento da coleta de dados, a prevalência de HAS foi de 27,23% (OR=2,30; p<0,0001). As variáveis que mais se associaram àHAS são apresentadas na tabela 1.

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Tabela 1:Prevalência da hipertensão arterial sistêmica e fatores associados na amostra estudada. Santarém, Pará, Brasil, 2010.

Variáveis Pressão Arterial

Total TP (%) OR p IC95% NNH Hipertensão Normal

Gênero Feminino 41 100 141 29,08%

1,38 0,4678 0,68-2,76 17 Masculino 14 47 61 22,95%

Idade ≥ 50 anos 50 113 163 30,67%

3,01 0,0404* 1,11-8,15 06 < 50 anos 05 34 39 12,82%

Aposentadoria Aposentado (a) 13 22 35 37,14%

1,76 0,2148 0,81-3,80 09 Não Aposentado 42 125 167 25,15%

Renda Familiar Mensal Acima de dois salários mínimos 14 32 46 30,43%

1,23 0,7132 0,60-2,53 25 Até dois salários mínimos 41 115 156 26,28%

Meio de Transporte Passivo 27 64 91 29,67%

1,25 0,5842 0,67-2,33 23 Ativo 28 83 111 25,23%

Quantidade Refeições Por Dia Até três refeições/dia 36 88 124 29,03%

1,27 0,5727 0,67-2,42 22 Mais de três refeições/dia 19 59 78 24,36%

Possui Televisão em Casa Sim 48 120 168 28,57%

1,54 0,4578 0,63-3,78 13 Não 07 27 34 20,59%

Atividades de Lazer Lazer Fisicamente Sedentário 43 91 138 32,09%

2,2 0,0442* 1,07-4,54 07 Lazer Fisicamente Ativo 12 56 64 17,65%

Prática regular de Atividade Física Não pratica regularmente 28 55 83 33,73%

1,73 0,1154 0,93-3,24 10 Pratica regularmente 27 92 119 22,69%

Tabagismo Sim 05 02 05 71,73%

7,06 0,0278* 1,34-37,52 03 Não 51 144 197 26,15%

Consumo de Bebidas Alcoólicas

Sim 03 01 04 75,00% 8,42 0,1094 0,86-82,78 03

Não 52 146 198 26,26%

Obesidade

Sobrepeso/Obeso 36 83 119 30,25% 1,46 0,3194 0,77-2,78 14

Normal/Baixo peso 19 64 83 22,89%

Relação Cintura Quadril

Alto Risco 51 111 162 41,48% 4,14 0,0112* 1,40-12,24 05

Baixo Risco 04 36 40 10,00%

Total 55 147 202 27,23% 2,30 < 0,0001* 1,92-2,75 05

Legenda: TPHAS=Taxa de Prevalência da Hipertensão Arterial Sistêmica; IC (95%)= Intervalo de Confiança de 95%; NNH=Número Necessário para Causar um Evento Desfavorável.

* Variação significativa encontrada (p<0,05).

Um estudo transversalcom 285 pessoas maiores de 18 anos no município deFormiga (MG) mostrou que a prevalência HAS foi de 32,7%, aumentando positivamente com a idade e negativamente como nível de atividade física; os fatores álcool, gênero e tabagismo não tiveram significância, resultados este que se assemelham com os da presente pesquisa, com exceção do tabagismo, no corrente estudo, demonstrourelação positiva com a HAS (CASTRO; MONCAU; MARCOPITO, 2007). Outro estudo transversal (COSTA, 2007), com uma amostra de 1.968 indivíduos residente na zona urbanade Pelotas-RS, mostrou

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uma prevalência de 23,6% na população e uma associação significativa com o aumento da idade e do sobrepeso/obeso,o que está de concordância com o presente estudo; não tiveram nenhuma relação com o fumo, álcool e atividade física, o que não está, por outro lado, de acordo com os resultados do presente estudo. Um estudo transversal realizado em Passo Fundo (RS) (TRINDADE, 1998), com 206 indivíduos, evidenciou uma prevalência de 21,9%na população urbana e também uma associação significativa entre idade, obesidade;em relação ao gênero, álcool e tabagismonão houve associação significativa.Conclusão:a prevalência de HAS na amostra estuda da foi de 27,23%. Os fatores de risco encontrados foram:idade igual ou superior a 50 anos, optar por atividades de lazerfisicamente sedentário, tabagismo e acúmulo de gordura na região abdominal. Referências Bibliográficas: BOING, A.C.; BOING, A.F. Hipertensão arterial sistêmica: o que nos dizem os sistemas brasileiros de cadastramentos e informações em saúde. Revista Brasileira de Hipertensão, v.14, n.2, p. 84-88, 2007. BORBA, T.B.; MUNIZ, R.M. Sobrepeso em idosos hipertensos e diabéticos cadastrados no Sistema HiperDia da Unidade Básica de Saúde do Simões Lopes, Pelotas, RS, Brasil. Revista Enfermagem Saúde, v.1, n.1, p.69-76, 2011. CASTRO, R.A.A.; MONCAU, J.E.C.; MARCOPITO, L.F.Prevalência de hipertensão arterial sistêmica na cidade deFormiga, MG. Arquivo Brasileiro de Cardiologia, v.88, n.3, p.334-339, 2007. COSTA, J.S.D.; BARCELLOS, F.C.; SCLOWITZ, M.L.; SCLOWITZ, I.K.T.; CASTANHEIRA, M.;OLINTO, M.T.A.; MENEZES, A.M.B.; GIGANTE, D.P.; MACEDO, S.; FUCHS, S.C.Prevalência de hipertensão arterial em adultos e fatores associados: um estudo de base populacional urbana em Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil.Arquivo Brasileiro de Cardiologia, v.88, n.1, p.59-65, 2007. NASCENTE, F.M.N; JARDIM, P.C.B.V; PEIXOTO, M.R.G; MONEG, E.T.; MOREIRA, H.G.; VITORINO, P.V.O; SOUZA, W.K.S.B.; SCALA, L.N. Hipertensão arterial e sua correlação com alguns fatores de risco em cidade brasileira de pequeno porte. Arquivo Brasileiro de Cardiologia, v.95, n.4, p.502-509, 2010. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA (SBC). V Diretrizes brasileiras de hipertensão arterial. Arquivo Brasileiro de Cardiologia, v. 89, n. 3, p. 24-79, 2007. TRINDADE, I.S; HEINECK, G; MACHADO, J.R; AYZEMBERG, H.; FORMIGHIERI, M.; MOSARA CRESTANI, M.; GUSSO, J. Arquivo Brasileiro de Cardiologia, v. 71,n. 2, p. 127-130, 1998. Palavras-chave: hipertensão arterial sistêmica, prevalência, fatores de risco.

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FREQUÊNCIA DE ENTEROPARASITOSES EM MORADORES DO BAIRRO LIVRAMENTO, SANTARÉM, PARÁ, ATENDIDOS NO HOSPITAL REGIONAL DO BAIXO AMAZONAS DO PARÁ Charli Albuquerque GRIGÓRIO1, Geórgia Silvestri TRAESEL1, Cassiano SAATKAMP2, Juarez de SOUZA2, Mauricio LIBERAl2, Régis Piloni MAESTRI2. 1-Acadêmicos de Farmácia do Instituto Esperança de Ensino Superior - IESPES; 2 - Docentes do curso de Farmácia do IESPES, Santarém – Pará. E-mail: [email protected] Introdução: Parasitoses intestinais são doenças cujos agentes etiológicos são helmintos ou protozoários, os quais infestam o trato gastrointestinal do homem e podem provocar o surgimento de alterações patológicas (FERREIRA et al, 2004). Constituem um problema de saúde pública, principalmente nos países em desenvolvimento já que a transmissão desses agentes está diretamente relacionada com as condições de vida e de higiene da população. Essas infestações interferem diretamente na qualidade de vida de seus portadores, principalmente em crianças de classes sociais mais baixas comprometendo, como conseqüência, o seu desenvolvimento físico e intelectual (LUDWIG, 1999). Os parasitas intestinais mais freqüentes em seres humanos são a Entamoeba histolytica e Giardia intestinalis dentre os protozoários, e Ascaris lumbricoides, Necator americanus e Ancylostoma duodenale dentre os helmintos (CROMPTON, 1988). Essas doenças, muitas vezes, são subestimadas pelos profissionais de saúde, porém a morbidade a elas associada é significativa (HORTON, 2003). Objetivo: Determinar a frequência das parasitoses intestinais em moradores do bairro Livramento, Santarém, Pará, atendidos no Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Regional do Baixo Amazonas do Pará no período de agosto de 2009 a julho de 2010. Metodologia: Trata-se de um estudo retrospectivo dos resultados de 922 exames coprológicos de amostras dos moradores do Bairro do Livramento localizado no município de Santarém, Pará. A pesquisa foi feita no período de agosto de 2009 a julho de 2010. Estes exames foram realizados no Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Regional do Baixo Amazonas do Pará pelo método direto. Os prontuários com os resultados parasitológico das fezes continham outros dados como sexo, idade do paciente, e eram armazenados no software Matrix. Resultados e discussão: Dos exames analisados, 44,8% (413/922) foram positivos para enteroparasitoses. Do total de amostras 68% (627/922) eram do sexo feminino e 32% (295/922) do sexo masculino. A faixa etária predominante foi de 0 a 12 anos, representando 37,6% (347/922) do pacientes estudados. Dos casos positivos, 93% (384/413) apresentaram infecção por protozoário e 4,3% (18/413) por helmintos, sendo que 2,7% (11/413) estavam parasitados por ambos (protozoário e helminto). O alto nível de infecção intestinal pode estar associado com as condições do saneamento básico (ESREY et al,1991; GROSS et al, 1989). De Carli e Candia (1992), explicam que a prevalência de parasitoses é alta em locais nos quais as condições de vida são precárias e o saneamento básico inadequado, facilitando a infecção e predispondo à reinfecção em áreas endêmicas. O parasita mais freqüente nos exames coproparasitológicos foi a Escherichia coli, em 42,13% destas, seguida por Endolimax nana (39,23%). Ascaris lumbricoides foi o helminto responsável por 88,9% do total dos casos de helmintíases apenas. A disseminação destas parasitoses está em relação direta com a umidade do solo, já que os seus ovos embrionados quando liberados no solo pelas fezes do hospedeiro definitivo, não possuem capacidade de infecção, mas podem contaminar água e alimentos (GROSS et al, 1989). Nos casos de giardíase 13% dos indivíduos pertenciam a faixa etária de 0 – 12 anos, sendo 50.65% do sexo masculino. Estes achados vão de encontro com alguns levantamentos parasitológicos que demonstraram que a giardíase é uma das principais parasitoses intestinais entre crianças brasileiras (ALMEIDA, 1988; CARDOSO, 1995). Dos 413 casos positivos, 106 pacientes estavam infectados por mais de um tipo de enteroparasita, sendo que 90 tinham duas estirpes e 16 tinham 3 ou mais parasitas. O parasitismo por Endolimax nana e Entamoeba histolytica se deu em 24 pacientes e por Entamoeba histolytica e Entamoeba coli em 21 exames diagnosticados. Estes índices de poliparasitismo podem ser ocasionados pelo consumo de hortaliças contaminadas por formas transmissíveis de enteroparasitas em água e alimentos contaminada (GUIMARÃES et al, 2003; ALVES et al, 2003). Conclusão: Pode-se concluir, neste estudo, que os moradores do bairro do Livramento, localizado no município de Santarém estão infestados por enteroparasitas, com predomínio de Entamoeba coli e Endolimax nana. Compreende-se que os fatores que favorecem a disseminação destes parasitas são: clima local e as condições sociais e econômicas da população estudada.

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A presença de áreas cujas condições sanitárias são precárias pode constituir um importante indicador do estado de saúde de sua população (CROMPTON, 1988; COELHO et al 2001). Ressalta-se que a conscientização dos moradores do bairro do Livramento e a melhoria do saneamento básico devem ser uma das principais medidas adotadas, pois apresentam alto impacto sobre algumas importantes doenças humanas, incluindo ascaridíase e diarréias (ESREY et al,1991; GROSS et al, 1989). Referências Bibliográficas: ALMEIDA LP, COSTA-CRUZ JM, Incidência de enteroparasitoses em habitantes do município de Araguari, MG. Rev. CCB. Universidade Federal de Uberlândia, 1988; 4: 9-17. ALVES JR, MACEDO HW, JUNIOR ANR, FERREIRA LF, GONÇALVES ML, ARAÚJO A, Parasitoses intestinais em região semiárida do Nordeste do Brasil: Resultados preliminares distintos das prevalências esperadas. Caderno de Saúde Pública, 2003; 2: 667-70. CARDOSO GS, SANTANA ADC, AGUIAR CP, Prevalência e aspectos epidemiológicos da giardíase em creches no município de Aracaju, SE, Brasil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 1995; 28:25-31. COELHO LMPS, OLIVEIRA SM, MILMAN MHSA, SANTOS RP, Detecção de formas transmissíveis na água e nas hortaliças consumidas em comunidades escolares de Sorocaba, SP, Brasil, Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 2001; 5: 479-82. CROMPTON DWT, The prevalence of Ascariasis. Parasitology Today, 1988, 4:162-9. De CARLI GA, CANDIA EF. Prevalência de geohelmintos entre escolares residentes nas vilas periféricas de Porto Alegre, RS. Rev Bras Farm. 1992; 73(1):7-8. ESREY SA, POTASH JB, ROBERTS L, SHIFF. Effects of improved water supply and sanitatiom on ascaris diarrhoeas, dracunculiasis, hookworm infection, schistosomiasis and trachoma. Bulletin of the World Health Organization, 1991; 69: 609-21. FERREIRA J R; VOLPATO F; CARRICONDO FM; MARTINICHEN JC; LENARTOVICZ V. Diagnóstico e prevenção de parasitoses no reassentamento São Francisco, em Cascavel – PR. Revista Brasileira de Análises Clínicas, 36 (3): 145-146, 2004. GUIMARÃES AM, ALVES EGL, FIGUEIREDO HCP, COSTA GM, RODRIGUES LS. Freqüência de enteroparasitas em amostras de alface (Lactuca sativa) comercializadas em Lavras, Minas Gerais. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., São Paulo, v. 36, n. 5, p. 621-623, 2003. GROSS R, SCHELL B, MOLINA MCB, LEÃO MAC, STRACK, U, The impact of improvement of water supply and sanitation facilities on diarrhea and intestinal parasites: a brazilian experience with children in two low-income urban communities. Revista Saúde Pública, 1989; 23: 214-20. HORTON, J. Human gastrointestinal helminth infections: are the now neglected diseases? Trends in Parasitology, 2003; 19(11): 527-31. LUDWIG KM, FREI F, ALVARES FILHO F, RIBEIRO-PAES JT. Correlação entre condições de saneamento básico e parasitoses intestinais na população de Assis, Estado de São Paulo. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. Uberaba, 1999; 32(5): 547-555. Palavras-chave: Enteroparasitoses; Bairro Livramento; Entamoeba coli.

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GÊNERO E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA DA REDE PÚBLICA ESTADUAL DE SANTARÉM. Solange Sousa da COSTA ¹, Maria Josiane de Sousa PIRES¹, Edna Ferreira Coelho GALVÃO¹. ¹Universidade do Estado do Pará, Campus Santarém-PA. Brasil. email: [email protected]. Introdução: O conceito de gênero é uma construção sociológica relativamente recente, respondendo à necessidade de diferenciar o sexo biológico de sua tradução social em papéis sociais e expectativas de comportamentos femininos e masculinos, tradução demarcada pelas relações de poder entre homens e mulheres vigentes na sociedade. De forma geral, podemos entender que as definições de gênero apontam para as dimensões sociais do masculino e do feminino. O nosso interesse é compreender as relações de gênero nas aulas de educação física. Entendemos que mesmo tendo ocorrido muitas mudanças e transformações no campo das discussões de gênero, ainda é possível encontrarmos segregação nas aulas de Educação Física, o objetivo é entender o gênero como a identidade do sujeito. Sabemos que tanto a dinâmica do gênero como a da sexualidade são multáveis e estão sempre em processo de construção, pois não existe natureza humana fora da cultura, ou seja, falar de relação de gênero é falar das características atribuídas a cada sexo pela sociedade e pela sua cultura. (LOURO, 2008). Assim como a autora, entendemos que o gênero, ou a representação que temos dele, está intimamente relacionado com a nossa cultura, a família e com os valores que adquirimos no nosso cotidiano. A experiência que adquirimos enquanto alunas do ensino básico e, posteriormente a experiência e o conhecimento que estamos adquirindo na universidade nos fizeram refletir na problemática do gênero nas aulas de educação física. Resgatando as nossas lembranças de alunas, notamos que em todo o processo educacional, que abrange educação infantil, ensino fundamental e ensino médio é notório a preferência dos meninos por um determinado esporte, o futebol, e das meninas por outros, como handebol e vôlei, no Ensino Médio essa separação fica mais evidente. Objetivos: Investigar como se desenvolvem as aulas de Educação Física, nas turmas de Ensino Médio, quando focamos a questão gênero; verificar se durante as aulas de Educação Física existe a separação dos alunos pela questão do gênero; identificar se existem diferenças entre os gêneros no desenvolvimento das atividades nas aulas de Educação Física; investigar como os alunos e professores se posicionam frente a questão do gênero nas aulas de Educação Física. Metodologia: A presente pesquisa é um estudo de caso, constituído de uma pesquisa exploratória de abordagem qualitativa. Segundo Gil (1994) o estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir conhecimento amplo e detalhado do mesmo, sendo que, sua principal finalidade é desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias. Segundo o autor, as pesquisas exploratórias são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar uma visão geral acerca de um determinado fato. A pesquisa foi realizada em uma escola da Rede Pública Estadual de Santarém, especificamente com as turmas do Ensino Médio, do turno matutino, total de quatro turmas, e com a professora responsável pela disciplina de Educação Física das turmas observadas. A pesquisa teve como instrumento para coletas de dados observação oculta, não participante, coletiva e sistemática. Com a professora realizamos uma entrevista, composta por cinco questões, que tinham como temática o gênero. Resultados: Pereira e Mourão (2005) afirmam que as diferenças existentes entre os sexos, como as diferenças biológicas, acabam por definir alguns comportamentos que a sociedade identifica apropriado para cada sexo. Segundo Pereira e Mourão (2005, p. 2) “desde o nascimento, meninas e meninos são submetidos a um tratamento diferenciado que lhes ensina os comportamentos e emoções ‘adequados’ e ‘aprovados socialmente’ ao seu sexo”. Na escola esses valores também são repassados, os autores lembram que desde a educação infantil, seguimos certas atitudes e comportamentos, tidos como apropriados para cada sexo, como por exemplo: fila para os meninos e filas para as meninas. Na escola pesquisada, as observações eram semanais e aconteciam três vezes por semana, nos dias da aula de Educação Física. Eram duas turmas de 1º ano, uma de 2º ano e uma de 3º ano do Ensino Médio. Nas turmas de 1º ano os meninos eram separados das meninas e a as aulas de Educação Física era ministrada em dias diferentes, segunda feira para os meninos e quarta feira para as meninas, nas turmas de 2º e 3º ano meninos e meninas tinham aula no mesmo horário, não existia separação por sexo. Nas três semanas que estivemos na escola, percebemos a preferência das turmas por um esporte, o futsal. Mesmo quando a professora os deixava escolher a atividade, sempre optavam pelo futsal. Isso também acontecia nas aulas realizadas somente por meninas, é importante destacar esse fato, pois ainda hoje existe uma diferenciação dos corpos, as meninas são tidas como frágeis, tentando com isso

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explicar o motivo de atividades diferenciadas para elas. Essa separação é considerada natural para muitos docentes, reforçando os estereótipos que existem sobre o gênero. “Às meninas cabe jogar amarelinha, realizar atividades ligadas à dança, entre outros, e, aos meninos, são permitidas atividades esportivas mais ‘agressivas’, que desenvolvem e/ou liberam sua suposta agressividade” (PEREIRA e DEVIDE, 2008, p. 3). Observamos que nas aulas das turmas de 1º ano, onde as meninas eram separadas dos meninos, a participação das mesmas se dava de forma mais intensa, diferente do que ocorria com as outras turmas, onde elas ficavam sentadas na arquibancada olhando os meninos jogar, em nenhum momento de nossa observação, quando as aulas eram mistas, notamos a participação das meninas nas atividades. Elas não apresentaram nenhum tipo de resistência a essa situação, os meninos se apropriavam da quadra com muita naturalidade, não se incomodavam com o fato das meninas não jogarem, como se isso fosse rotina das aulas. Não podemos inferir que elas não jogavam por serem submissas a eles, ou porque realmente não queriam jogar, não se sentiam motivadas a participarem das aulas. Na entrevista realizada com a professora, esta justifica a separação da turma de 1º ano por sexo, como sendo uma solicitação dos alunos, porque geralmente os meninos queriam usar um tempo maior que as meninas. Notamos que não existiam atividades diferenciadas para cada sexo, o esporte era sempre o futsal. Não tinha a separação de atividades que a sociedade coloca como sendo apropriado para cada sexo: meninas voleibol e meninos futsal. Quando perguntada sobre as atividades desenvolvidas para os alunos e para as alunas e se existiam atividades diferenciadas? A professora respondeu que as atividades eram generalizadas, esporte e jogo. E dependendo do objetivo de sua aula, dividia as atividades por sexo, “se eu vou trabalhar, por exemplo, condução de bola que envolve mais habilidades, seu eu vou trabalhar com o pé esquerdo, as meninas vão ter muita dificuldade se elas forem trabalhar junto com os meninos, então aí eu modifico”. A resposta da professora vai colaborar com o que diz Sousa e Altmann (1999), que a separação não se dar somente por sexo, mas questões como habilidade podem ocasionar a exclusão tanto de meninas, quanto de meninos menos habilidosos. Por isso não podemos inferir que as meninas foram excluídas apenas pelo fato de serem mulheres ou por não serem tão habilidosas com a bola. Conclusão: Nesse artigo a abordagem de gênero no contexto da Educação Física escolar, teve a intenção de refletir sobre como o tema está sendo desenvolvido nas aulas. Refletir sobre convenções transmitidas pela sociedade como sendo apropriadas para cada sexo, e que são reproduzidas pela educação. Nas nossas observações, percebemos que não existem atividades diferenciadas para meninos e meninas, mas ainda existe a separação das aulas por sexo, isso prejudica a interação de meninos e meninas e favorece o preconceito. Referências Bibliográficas: GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas da Pesquisa Social. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1994. LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. 10 ed. Petrópolis: Vozes, 2008. PEREIRA, Sissi Aparecida Martins; MOURÃO, Ludmila. Identificações de gênero: jogando e brincando em universos divididos. Revista Motriz, v.11 n.3, p.205-210, 2005. PEREIRA, Viviane Cristina Alves; DEVIDE, Fabiano Pries. Futebol como conteúdo generificado: Uma possibilidade para rediscutir as relações de gênero. Lectures Educación Física y Deportes, v. 12, n. 118, 2008. Disponível em: http://www.efdeportes.com Acesso em: 20/09/2010. Palavras Chave: Gênero. Sexismo. Educação Física.

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HIPERTENSÃO ARTERIAL E ATIVIDADE FÍSICA: INVESTIGAÇÃO ACERCA DO ACOMPANHAMENTO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO EM UNIDADES DE SAÚDE DE ALTAMIRA-PA. José Robertto ZAFFALON JÚNIOR1, Adivar Elisiario dos SANTOS FILHO1, Adrieli SPEROTO1. Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará CCBS/UEPA, Campus de Altamira-PA. E-mail: [email protected] Introdução: A Hipertensão Arterial (HA) é uma doença de alta prevalência no mundo moderno, onde as elevadas taxas de obesidade, aliadas a outros fatores de risco, associados ao envelhecimento, dissipam cada vez mais essa doença em quantidades expressivas em todo mundo. No Brasil, uma pesquisa feita pelo Ministério da Saúde no ano de 2009, mostrou que a HA avança e atinge cerca de 24,4% dos brasileiros, sendo mais frequente em idosos e mulheres e que 75% dessas pessoas recorrem ao Sistema Único de Saúde (SUS) para receber atendimento na Atenção Básica (BRASIL, 2010). Um dos principais fatores de risco para a HA é o sedentarismo. A prática de atividade física regular auxilia na prevenção e no tratamento de doenças cardiovasculares como a HA. Embora constatado cientificamente esse auxílio, pouco se utiliza a prescrição da atividade física no tratamento à HA. Objetivo: Investigar e contrastar o tratamento fornecido aos hipertensos nos Programas de Saúde da Família (PSF) e Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF) da cidade de Altamira-PA, bem como, a participação do profissional de Educação Física e sua efetividade nesse atendimento. Metodologia: O trabalho deu-se através de uma análise documental, sendo esta desenvolvida com enfoque quanti-qualitativo com uma pesquisa in loco em toda a documentação (prontuários, ficha de anamnese, ficha de acompanhamento e cadastro do hipertenso) referente ao atendimento aos pacientes hipertensos de todos os PSF e NASF da cidade de Altamira/PA. Os prontuários foram selecionados de forma aleatória, sem distinção de sexo ou idade visando alcançar todas as categorias, independente do tempo em que faz o tratamento da doença. A referida análise foi realizada em prontuários de 300 pacientes distribuídos em dez PSF e dois NASF totalizando 20,08% dos pacientes acompanhados, obedecendo a um roteiro pré-estabelecido constando as seguintes indagações: casos de hipertensão atendidos mais frequente, tempo de conhecimento de presença da doença HA, tempo de acompanhamento médico, tratamento dispensado aos hipertensos, prática de atividade física regular, prescrição de atividade física e acompanhamento e frequência do profissional de Educação Física na atividade física desenvolvida pelos hipertensos. As informações coletadas foram tratadas estatisticamente traçando um perfil do tratamento fornecido aos pacientes em ambas as unidades de atendimento. Resultados: No dia cinco de julho de 1999 iniciou-se a implantação do PSF no município de Altamira, respaldado pela NOB/96. Hoje o município possui 10 (dez) PSFs, tendo 1742 usuários cadastrados e cerca de 1444 sendo acompanhados regularmente. O município de também possui 2 (dois) NASFs (SIAB, 2010). Durante a investigação realizada nos PSFs e NASFs foi constatado entre os prontuários analisados que cerca de 96,40% são pacientes portadores de HA Essencial, confirmando o que menciona Cooper (1991) quando afirma que a grande maioria dos casos de HA encontrado nos pacientes são do tipo essencial. Ratificando assim a premissa de que os casos de abandono contribuem nesta estatística, uma vez que um abandono de HA Secundária pode evoluir para essencial se não houver a continuidade no tratamento. Com relação ao tempo de conhecimento da HA, 89,6% dos prontuários analisados lidam com a doença a mais de 3 anos, sendo os mesmos acompanhados por médicos ao longo desse período. O tratamento medicamentoso é necessário secundariamente, quando as medidas precedentes são insuficientes evoluindo para as formas mais graves da HA, ou seja, casos que apresentem elevados riscos cardiovasculares, altos níveis pressóricos ou de difícil controle (FUENTES, CHANUDET, 2001). Autores como Cooper, (1991); Brum et al. (2006) e Laterza, Rondon, Negrão (2006) afirmam que o primeiro tratamento fornecido ao hipertenso deveria ser o não-medicamentoso, não havendo efetividade no controle dos níveis pressóricos, faz-se necessário implementar o uso de medicamentos associando-se ao tratamento não-medicamentoso onde um complementará o outro. No entanto, nas análises desenvolvidas nos PSFs da cidade de Altamira/PA foi diagnosticado que 93,6% do tratamento dispensado aos hipertensos é medicamentosos. Dentre as possibilidades não medicamentosas que mais influenciam na HA, estão à redução de peso, a redução do sódio da dieta e a prática regular de atividade física. Pode se observar que apenas 19,6% de pacientes

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atendidos pelos PSFs são adeptos de prática regular da atividade física, a falta de um profissional da área nestes locais de atendimento possivelmente seja um dos fatores que indique um percentual tão pequeno entre os pacientes que realizam atividade física de forma terapêutica e preventiva. Dentre os prontuários analisados não foi encontrado prescrição de atividade física, muito embora haja orientação por parte da equipe do PSF. No entanto, uma vez que, não há a inserção do profissional de educação física nesta equipe, mesmo que houvesse a prescrição médica de atividade física, não haveria a prescrição do exercício, de competência do educador físico, contrariando o que destaca Brum et al. (2006) quando referem que a orientação e prescrição da prática de exercícios físicos regulares pelos hipertensos tem aumentado muito nos últimos anos, e o envolvimento de equipes multiprofissionais, como médico, enfermeiro, assistente social, nutricionista e professores de educação física, tem favorecido a adesão aos programas de exercícios físicos supervisionados. Nos prontuários analisados nos NASFs, pode-se notar a prescrição da atividade física em 100% dos casos, tendo em vista que essa equipe é composta por um profissional de Educação Física, que realiza as prescrições e o acompanhamento dos exercícios físicos. Pacientes hipertensos, principalmente aquele com associação de co-morbidades, deve receber atenção do ponto de vista, nutricional, psicólogo, e de enfermagem, além de orientação e prescrição quanto à atividade física (LOPES, BARRETO FILHO, RICCIO, 2001). Durante a análise dos prontuários dos hipertensos atendidos pelos NASFs podemos notar que há frequência do acompanhamento do profissional de educação física, no entanto, no Grande Brasília essa frequência não corresponde ao ideal defendida por vários autores e confirmada por Monteiro, Sobral Filho, (2004) quando enfatiza que a frequência deve ser de três a cinco vezes por semana, com intensidade de leve a moderada, contudo vale ressaltar que mesmo não estando dentro do ideal essa frequência já contribui no tratamento. Conclusão: Como observado há uma grande quantidade de hipertensos na cidade de Altamira/PA, e embora sabendo que a atividade física é uma ferramenta fundamental na prevenção e no tratamento de diversas patologias e principalmente nas cardíacas como a hipertensão, ainda não se tem dado a devida importância da inclusão do profissional de Educação Física na equipe multiprofissional dos PSF, uma vez que apenas os NASF têm a inserção deste profissional, não abrangendo desta forma o percentual maior da população hipertensa. Na equipe multiprofissional do PSF onde praticamente toda população hipertensa é acompanhada, não há o atendimento ou acompanhamento do educador físico, já que o trâmite é o encaminhamento deste paciente ao NASF, núcleo que inclui o profissional de Educação Física, mas devido à grande demanda não consegue atender todos os hipertensos. Sem o acompanhamento deste profissional, os pacientes deixam de obter os benefícios da atividade física, tanto preventivos quanto terapêuticos no tratamento da hipertensão. Apenas um pequeno percentual desta população é realmente assistida pelo educador físico do NASF. A ausência deste profissional nos PSFs, a falta de incentivos públicos na parte de transportes e a distância geográfica entre estes os PSF e NASF dificultam e desestimula o paciente a buscar o atendimento fornecido pelo profissional de Educação Física presente no NASF. Essa carência de atividade física cada vez mais condiciona o hipertenso a uma vida sedentária, aumentando assim os riscos cardiovasculares e confirmando a prevalência do tratamento medicamentoso a esses pacientes, por consequente tornando-se o tratamento mais caro e menos efetivo. Se levarmos em consideração a percentagem da população hipertensa e que o NASF não atende somente casos de hipertensos, dois educadores físicos não é o quadro suficiente de funcionários para atender toda essa clientela. A opção mais adequada seria a introdução deste profissional nas equipes de PSF, essa inclusão permitiria que todos os hipertensos tivessem acesso a assistência pelo educador físico, complementando o seu direito a saúde explicitada na Carta Magna. Embora os PSF não ofereçam o acompanhamento de um profissional de Educação Física aos hipertensos, cerca de 19,60% dos prontuários analisados desenvolvem algum tipo de atividade física. Essa prática, muitas vezes ocorre sem uma prescrição de atividade por parte de um profissional da área, ou até mesmo de uma avaliação médica com exames específicos e de uma avaliação de aptidão física para que a prescrição e execução das atividades sejam adequadas e alcance o real objetivo que seria a promoção da saúde e tratamento da HA. A falta dessa avaliação e acompanhamento do profissional de Educação Física pode acarretar riscos ou perigos à saúde no momento da execução da atividade física pelos hipertensos. Essa disparidade entre pacientes assistidos ou não nos revela a carência de educador físico na saúde pública, bem como, nos aponta que outros estudos científicos se tornam relevante voltados a essa área, para que haja mudanças efetivas quanto à atuação do profissional de Educação física na saúde pública

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propiciando dessa forma, que uma maior quantidade de hipertensos tenha acesso a uma atividade física acompanhada e de qualidade melhorando sobremaneira a saúde e qualidade de vida. Deste modo, sugerimos aos demais estudantes e profissionais de Educação Física, saúde pública e áreas afins, que procurem realizar novas pesquisas que possam investigar a respeito da problemática da inclusão do profissional de Educação Física nas Unidades de Saúde da cidade de Altamira/PA, bem como, os possíveis benefícios dessa inclusão no tratamento dispensados aos hipertensos. Referências Bibliográficas: BRASIL, Ministério da Saúde, 2010. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/aplicacoes/noticias/default.cfm?pg=dspDetalheNoticia&id_area=124&CO_NOTICIA=11290> Acesso em: 13/09/2010. BRUM, Patricia Chakuret; et al.. Hipertensão Arterial e Exercício Físico aeróbio. In: NEGRÃO, Carlos Eduardo; BARRETO, Antônio Carlos Pereira (eds.). Cardiologia do Exercício: do Atleta ao Cardiopata. 2ed. rev. e ampl. São Paulo: Manole, 2006. COOPER, Kenneth H. Controlando a hipertensão (Trad. Celso Vargas). São Paulo: Circulo do livro, 1991. FUENTES, G. de; CHANUDET, X. Controlar o atleta hipertenso: conduta e tratamento: In: AMORETTI, R; BRION, Richard. Cardiologia do Esporte. Trad. Marcos Ikeda. São Paulo: Manole , 2001. LATERZA, Mateus Camaroti; RONDON, Maria Urbana P.B; NEGRÃO, Carlos Eduardo. Efeito do exercício aeróbio na hipertensão arterial. Revista da Sociedade de Cardiologia do Rio Grande do Sul. Ano XV, n.9, Setembro/Outubro/Novembro/ Dezembro, p.1-6, 2006. LOPES, Heno F.; BARRETO FILHO; José Augusto S.; RICCIO, Grazia M. Guerra. Tratamento não-medicamentoso da hipertensão arterial. Revista da Sociedade de Cardiologia de São Paulo, v.13, n.1, Janeiro/Fevereiro, p.148-152, 2003. MONTEIRO, Maria de Fátima; SOBRAL FILHO, Dário C. Exercício Físico e o controle da pressão arterial. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. v.10. n.6,Novembro/Dezembro, p. 513-516, 2004. SIAB, Sistema de Informação da Atenção Básica. Ministério da Saúde, Brasil, 2010. Palavras-chave: exercício físico, hipertensão, pressão arterial, tratamento.

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IDENTIFICAÇÃO DOS PERFIS DERMATOGLÍFICO, SOMATOTÍPICO E DAS QUALIDADES FÍSICAS BÁSICAS DE SOLDADOS DO 4º GRUPAMENTO DE BOMBEIROS MILITAR DO ANO DE 2010 Luiz Carlos Rabelo VIEIRA1,2; Lucas Enéas MARTINS3; Paulo Erick Sousa dos SANTOS4; Diego Sarmento de SOUSA1,2; Ronivaldo Lameira DIAS1; José FERNANDES FILHO5 1Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA; 2Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde das Populações Amazônicas (GEPESPA); 3Polícia Militar de Santarém, PA; 4Corpo de Bombeiros Militar de Santarém, PA; 5Programa Stricto Sensu em Ciência da Motricidade Humana, Universidade Castelo Branco – UCB, RJ. Brasil. e-mail: [email protected] Introdução: O 4º Grupamento de Bombeiros Militar (GBM) de Santarém, Pará, atua necessariamente nos serviços de combate a incêndios, salvamentos terrestre, vertical e aquático, bem como na prevenção e no controle de pânico, serviço de guarda-vidas, vistorias técnicas e atividades de defesa civil no âmbito regional. Em aspecto mais amplo, o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Pará (CBMPA) é força auxiliar e reserva do exército brasileiro e integra o Sistema de Segurança Pública e Defesa Social do país. A qualificação dos profissionais desse ofício, para o atendimento dos anseios de segurança da comunidade em geral, está alicerçada no tripé preparo técnico-profissional, íntegros valores morais e higidez físico-mental. Pode-se considerar que a junção destes três aspectos são fundamentais para uma performance satisfatória do soldado na prestação do serviço de segurança pública. Em virtude de a dermatoglifia, conforme Fernandes Filho (2007), Filin e Volkov (1998) e Moskatova (1998), considerar as impressões digitais (IDs) como marcador genético de amplo espectro para utilização em associação com as qualidades físicas básicas, sua utilização é importante para impedir o desperdício do potencial genético dos sujeitos, o ônus no processo dessa seleção, além de facilitar a melhor orientação à prática esportiva. Para Skinner (2002), o emprego correto do conhecimento prematuro das possibilidades e tendências genéticas dos indivíduos, somado à contribuição de ambiente propício ao treinamento, contribuem, não unicamente, para a determinação do talento assim como para o desenvolvimento físico-esportivo. Conforme Mettrau et al. (2009), a dermatoglifia pode, inclusive, ajudar na avaliação de pessoas potencialmente talentosas. Objetivo: Identificar o perfil dermatoglífico, somatotípico e das qualidades físicas básicas de soldados do 4º GBM do ano de 2010. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa descritiva com tipologia comparativa (THOMAS; NELSON, 2003), cuja amostra foi composta de 15 soldados do 4º GBM do ano de 2010. Para a coleta de dados, foi utilizada uma ficha de avaliação física. Foi utilizado o método da Dermatoglifia (CUMMINS; MIDLO, 1961 apud FERNANDES FILHO, 2007), o qual consiste em coletar as IDs e analisá-las conforme suas variáveis qualitativas e quantitativas. Foram utilizados papel (densidade e rugosidade médias) e coletor de IDs (marca Printmatic Catnopm-283PIP®). Para a determinação do somatotipo, foi utilizado o método de Heath-Carter (1990). Foi utilizada uma balança analógica com estadiômetro (marca Welmy®), com capacidade para 150 kg e precisão de 100 g; fita métrica metálica e inelástica (marca Sanny®), compasso de dobras cutâneas (marca Cescorf®) com precisão de 0,1 mm e paquímetro (marca Cescorf®). O IMC foi calculado dividindo-se o peso corporal da pessoa, em kg, pela sua estatura, em m, elevada à segunda potência. O percentual de gordura corporal (G%) dos participantes foi predito através do Protocolo de 3 dobras cutâneas de Jackson e Pollock (1978 apud FERNANDES FILHO, 2003). As qualidades físicas básicas foram mensuradas através do teste de Shuttle Run (EUROFIT, 1988); teste de Burpee (JOHNSON; NELSON, 1979); teste de Cooper (COOPER, 1970); teste abdominal (POLLOCK; WILMORE, 1993); teste de flexão dos braços (POLLOCK; WILMORE, 1993) e o teste de reação óculo-motora (DANTAS, 2003) citados por Marins e Giannichi (1998). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UEPA, Campus Santarém (processo n. 047/2010). Os resultados foram processados através da estatística descritiva, com utilização do programa Excel (Microsoft para Windows, 2007). Resultados e Discussão: os resultados dos perfis dermatoglífico, somatotípico e das qualidades físicas básicas da amostra estão na tabela 1.

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Tabela 1. Perfil da amostra quanto às variáveis analisadas (n=15).

Variáveis Média DP Mínimo Máximo

Idade 24,7 2,43 21,00 30,00

Antropometria e Composição Corporal Peso (kg) 72,0 8,78 56,00 86,50 Estatura (cm) 171,3 5,95 161,00 181,00 IMC (kg/m

2) 24,5 2,11 20,32 29,24

G% 12,8 4,42 5,89 19,24

Somatotipo Endomorfia 3,9 1,3 2,00 6,17

Mesomorfia 6,3 1,2 4,52 8,85 Ectomorfia 1,7 0,8 0,38 3,18

Dermatoglifia D10 12,9 3,1 9,00 19,00

SQTL 118 30,3 63,00 176,00 A 3,3% - 0,0% 10,0%

L 64% - 10,0% 100,0% W 32,7% - 0,0% 90,0%

Qualidades Físicas Básicas Agilidade (seg.) 10,3 0,6 9,00 11,00

Coordenação motora (rep.) 5,3 0,7 4,00 7,00 Velocidade de reação (cm) 16,3 3,3 11,00 22,17 Resistência abdominal (rep.) 46,5 5,8 37,00 57,00

Resistência dos membros superiores (rep.) 41,9 7,4 28,00 60,00 VO2máx (ml/kg.min.) 47,2 4,6 42,80 56,91

Legenda: IMC=Índice de Massa Corporal; G%=Percentual de Gordura; DP=Desvio-Padrão; D10=Índice de trirrádios; SQTL=Somatória da Quantidade Total de Linhas; A=Arco; L=Presilha; W=Verticilo; VO2máx=Consumo Máximo de Oxigênio.

Além dos resultados verificados na tabela acima, verificaram-se que as fórmulas digitais mais frequentes foram ALW, L>W e W>L, com 20% cada, enquanto AL, 10L e L=W corresponderam a 13% cada. Igualmente ao encontrado no presente estudo (3,9 – 6,3 – 1,7), Santos e Fernandes Filho (2004), em pesquisa com 50 pára-quedistas do exército brasileiro do ano de 2003, encontraram valores de somatotipo de 2,5 – 4,5 – 2,3. Também, em estudo com 70 policiais do BOPE do Rio de Janeiro, Santos e Fernandes Filho (2007) encontraram predominância do componente mosomórfico (3,2 – 5,9 – 1,7). Os autores acrescentam que, para esses profissionais, a característica ectomórfica é desvantajosa, visto que necessitam apresentar uma estatura baixa para mediana, de modo a agruparem melhor seus corpos durante as várias situações de combate. Diferentemente, Freitas e Fernandes Filho (2004), em estudo com 46 pilotos de helicópteros da Força Aérea Brasileira (FAB), encontraram resultados de 4,7 – 3,1 – 1,9, comprovando prevalência do componente endomorfo na amostra. Quanto à dermatoglifia, em pára-quedistas do exército brasileiro, Santos e Fernandes Filho (2004) reportam valores de D10 (12,0±3,5), SQTL (103,0±30,9), A (8%), L (63%) e W (29%). Além disso, citam três pesquisas que encontraram dados dermatoglíficos em militares. Trata-se dos estudos de Sampaio (2000), que perceberam valores de D10 (13,1±2,9), SQTL (129,4±32,1), A (3%), L (64%) e W (34%) em pilotos de aviação de caça; Di Gesu (2003), que perceberam valores de D10 (11,2±2,7), SQTL (104,2±48,2), A (10%), L (65%) e W (23%) em pilotos de helicóptero; Santos (2003), que encontrou valores de D10 (13,5±3,3), SQTL (102,3±18,4), A (0%), L (61%) e W (38%) em pára-quedistas militares. Os resultados da presente pesquisa (L=64%) mostram-se similares aos encontrados nessas pesquisas, isto é, pela prevalência do desenho L. Quanto aos resultados das qualidades físicas básicas da presente amostra, verificou-se que eles pouco variaram dos achados em outras pesquisas de semelhança metodológica. Isto se mostra importante, visto que, conforme Marcelino et al. (2009), um combatente do Corpo de Bombeiros deve estar bem preparado fisicamente para atender a qualquer chamado de emergência. Logo, deve ser exigência, nessas corporações, a manutenção e aperfeiçoamento das valências físicas. Conclusão: Houve predominância do componente endomorfo no grupo estudado, além das qualidades físicas de velocidade e força explosiva, verificada através da dermatoglifia. As qualidades físicas básicas, analisadas através dos

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testes físicos, mostraram-se adequadas para os soldados, quando analisadas em associação aos resultados de estudos similares. Referências Bibliográficas: FERNANDES FILHO, J. A prática da avaliação física. 2. ed. Rio de Janeiro: Shape, 2003. FERNANDES FILHO, J. Impressões dermatoglíficas: marcas genéticas na seleção dos tipos de esporte e lutas (a exemplo de desportista do Brasil). Tese de Doutorado. Moscou: VNIIFIK, 1997. FILIN, V.P.; VOLKOV, V.M. Seleção de talentos nos desportos. Londrina: Midiograf, 1998. FREITAS, R.G.; FERNANDES FILHO, J. Perfis dermatoglífico, somatotípico das qualidades físicas de força e velocidade de reação, VO2max e da coordenação motora, característicos de pilotos de helicópteros da Força Aérea Brasileira (FAB), em 2003. Fitness & Performance Journal, v. 3, n. 2, p. 115-120, 2004. MARINS, J.C.B.; GIANNICHI, R.S. Avaliação e prescrição de atividade física: guia prático. Rio de janeiro: Shape, 1998. MARCELINO, C.; SIMÃO, R.; GUIMARÃES, R.; SALLES, B.F.; SPINETI, J. Correlação entre as capacidades físicas básicas e o índice de capacidade de trabalho em bombeiros do estado do Rio de Janeiro. Revista de Educação Física, v. 144, p. 36-44, 2009. METTRAU, M.B.; LINHARES, R.V.; FERREIRA, D.C.C.; FERNANDES FILHO, J. Avaliação do perfil pessoal de adolescentes talentosos utilizando suas características dermatoglíficas. Meta: Avaliação, v. 1, n. 2, p. 220-236, 2009. MOSKATOVA, A.K. Aspectos genéticos e fisiológicos no esporte. Rio de Janeiro: Grupo Palestra Sport, 1998. SANTOS, M.R.; FERNANDES FILHO, J. Estudo do perfil dermatoglífico, somatotípico e das qualidades físicas dos policiais do batalhão de operações especiais (PMERJ) do ano de 2005. Fitness & Performance Journal, v. 6, n. 2, p. 97-101, 2007. SANTOS, M.R.; FERNANDES FILHO, J. Perfis dermatoglífico, somatotípico e das qualidades físicas básicas dos pára-quedistas do exército brasileiro do ano de 2003. Fitness & Performance Journal, v. 3, n. 2, p. 88-97, 2004. SKINNER, J.S. Será que a genética determina o campeão? Sports Science Exchange, n. 34, 2002. THOMAS, J.R.; NELSON, J.K. Métodos de pesquisa em atividade física. 3. ed. Rio de Janeiro: Artmed, 2002. Palavras-chave: dermatoglifia, qualidades físicas, militares.

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INCIDÊNCIA DE DISFUNÇÕES DO SISTEMA MÚSCULO ESQUELÉTICO EM PACIENTES ATENDIDOS EM UMA CLÍNICA DE FISIOTERAPIA EM SANTARÉM-PA, ENTRE OS ANOS DE 2009-2010. Danielle Marialva de CASTRO3; Marília R. Santos PIMENTEL3; Michele de Castro LEÃO1; Aline Ribeiro MENESES1; Camila Chaves LAMEIRA1; Diego Sarmento de SOUSA1,2 1Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA; 2Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde das Populações Amazônicas (GEPESPA); 3Faculdade de Ávila – GO. E-mail: [email protected] Introdução: As disfunções do sistema músculo esquelético (DSMEs) causam quadros álgicos, deformidades, déficits funcionais e limitam as atividades da vida diária (AVDs). Para Sato (2001), as DSMEs são um grave problema de saúde pública, devido grande frequência de casos diagnosticados. Nesse sentido, o levantamento de dados epidemiológico é importante para o conhecimento da incidência e/ou prevalência de DSMEs, verificar fatores de risco associados, podendo-se, então, trabalhar na prevenção, diminuindo assim significativamente ao número de casos (NETO et al., 2009). Segundo CAIERÃO (2006), entre as diversas especialidades da fisioterapia, a ortopedia e a traumatologia é aquela com maior demanda de pacientes. Por esse motivo, o fisioterapeuta deve conhecer as modalidades de DSMEs que mais acometem os pacientes em atendimentos em clínicas, podendo, assim, criar e o desenvolver novos conhecimentos científicos para uma melhor compreensão sobre o melhor tratamento a ser realizado com o paciente. Objetivo: Verificar a incidência de DSMEs em pacientes atendidos em uma clínica de fisioterapia em Santarém-PA, entre os anos de 2009-2010. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa epidemiológica descritivo-longitudinal realizada numa clínica de fisioterapia na cidade de Santarém-PA. Foram analisados 3005 prontuários de pacientes atendidos entre os anos de 2009 a 2010, no qual se verificou as seguintes variáveis: data da avaliação, diagnóstico clínico referente à especialidade fisioterapêutica da ortopedia e traumatologia. Foram selecionados os prontuários de pacientes que deram entrada no respectivo período. Sendo assim, a amostra foi composta por 366 prontuários, sendo 217 do gênero feminino (45,0±17,3 anos) e 149 do gênero masculino (40,3±16,9 anos). Os resultados foram processados através de recursos da estatística descritiva, mediante utilização do programa Excel (Microsoft for Windows – 2007). Resultados e Discussão: De acordo com os resultados apresentados na tabela 01, a incidência de DSMEs foi de 121,8/1000 indivíduos tratados na clínica por ano. Em 2009, observamos um crescimento da incidência de DSMEs quase que linearmente entre os meses de janeiro (4,50%; n=05) a junho (16,41%; n=21), diminuindo em julho (11,76%; n=16) e chegando a maior incidência do ano no mês de agosto (26,12%; n=35), decaindo novamente entre os meses de setembro (16,77%; n=26) a novembro (11,45%; n=15), e aumentando no mês de dezembro (21,90%; n=23). Em 2010, observamos que a maior incidência de DSMEs foram nos meses de abril (23,58%; n=25) e maio (24,04%;n=25). Com exceção dos meses de janeiro e fevereiro, dos demais meses apresentaram incidência menor em comparação ao ano anterior.

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Tabela 01: Perfil dos atendimentos em traumato-ortopedia em relação a cada mês em 2009-2010. Santarém-PA. 2011.

Meses

Anos Geral

2009 2010

N n TIDSME

(%) N n TIDSME (%) N n

TIDSME (%)

Janeiro 111 05 4,50 142 12 8,45 253 17 6,72 Fevereiro 129 09 6,98 102 13 12,75 231 22 9,52

Março 103 09 8,74 115 09 7,83 218 18 8,26 Abril 108 13 12,04 106 25 23,58 214 38 17,76 Maio 115 13 11,30 104 25 24,04 219 38 17,35

Junho 128 21 16,41 148 19 12,84 276 40 14,49 Julho 136 16 11,76 146 08 5,48 282 24 8,51

Agosto 134 35 26,12 168 14 8,33 302 49 16,23 Setembro 155 26 16,77 114 13 11,40 269 39 14,50 Outubro 115 18 15,65 143 09 6,29 258 27 10,47

Novembro 131 15 11,45 112 12 10,71 243 27 11,11 Dezembro 105 23 21,90 135 04 2,96 240 27 11,25

Total 1470

203 13,81 1535 163 10,62 3005 366 12,18

Legenda: N=População Atendida; n=Novos Casos; TIDSME =Taxa de Incidência de Disfunções do Sistema Músculo Esquelético.

Na tabela 02 constatou-se que dentre as DSMEs observadas, as mais frequentes foram às disfunções

lombosacras (2009: 15,00%; 2010: 19,88%; Geral: 17,21%), seguidas das lesões tendíneas (2009: 12,00%;

2010: 9,64%; Geral: 10,93%), alterações posturais (2009: 13,00%; 2010: 7,83%; Geral: 10,66%), lesões de

joelho (2009: 11,00%; 2010: 8,43%; Geral: 9,84%).

Tabela 02: Distribuição das disfunções Traumato-ortopédicas evidenciadas nos portuários entre os anos de 2009 e 2010. Santarém-PA, 2011.

Disfunções Traumato-ortopédicas

Anos Geral

2009

2010

n=200

%

n=166

%

n=366

%

Lesão cervical 02 1,00 02 1,20 04 1,09 Esporão de calcâneo 03 1,50 03 1,81 06 1,64

Lesão muscular 04 2,00 03 1,81 07 1,91 Artrose 02 1,00 08 4,82 10 2,73

Não especificado 13 6,50 01 0,60 14 3,83 Entorses 07 3,50 07 4,22 14 3,83

Cervicalgia 11 5,50 08 4,82 19 5,19 Pós-operatório 08 4,00 13 7,83 21 5,74

Dorsalgia 13 6,50 16 9,64 29 7,92 Fraturas 16 8,00 13 7,83 29 7,92

Outras disfunções 19 9,50 16 9,64 35 9,56 Lesão de Joelho 22 11,00 14 8,43 36 9,84

Alteração postural 26 13,00 13 7,83 39 10,66 Lesões Tendíneas 24 12,00 16 9,64 40 10,93

Disfunções Lombrosacros 30 15,00 33 19,88 63 17,21

Em Umuarama-PR, um estudo epidemiológico com 27 indivíduos mostrou que a incidência de DSMEs foi de 51,90%, sendo a coluna lombar, cervical, ombro e punhos e mãos as áreas mais afetadas. Um estudo com 555 prontuários em uma clínica escola de fisioterapia na cidade de Tubarão-SC verificou-se que 70,37% travava-se de disfunções lombrosacros (lombalgia e lombociatalgia) (MARGOTTI, 2004). O mesmo foi observado nos estudos de Brown e Meumann (2001). Estas pesquisas confirmam os achados do presente estudo que mostra que a maior incidência de DSMEs corresponde às disfunções lombosacras. Choratto e Stabille (2007) relatam que as disfunções lombosacras são as DSMEs que mais limita o trabalho

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além se corresponder a segunda razão mais frequente de limitação para o trabalho. Conclusão: Através da análise dos resultados, concluímos que a incidência de DSMEs foi de 121,8/1000 indivíduos tratados na clínica por ano. Entre as DSMEs, as mais frequentes foram às disfunções lombosacras, seguidas das lesões tendíneas, alterações posturais e lesões de joelho. Referências Bibliográficas: BROWN, D. E.; NEUMANN, R. D. Segredos em ortopedia: respostas necessárias ao dia-a-dia em rounds, na clínica, em exames orais e escritos. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2001. CAIERÃO, Q. M. O papel da fisioterapia nas lesões ortopédicas. Saúde em Revista. v.8, n.20, p.73-74, 2006. CHORATTO, R.; STABILLE, S. R. Incidência de lombalgia entre pacientes encaminhados em 2001 a uma instituição privada de saúde para tratamento fisioterápico. Arquivo de Ciências da Saúde. v.7, n.2, p. 99-106, 2003. MARGOTTI, W. Prevalência dos dez distúrbios ortopédicos mais frequentes na Clínica Escola de Fisioterapia da UNISUL. 2004, 14f. Monografia (Bacharel em Fisioterapia). Universidade do Sul de Santa Catarina, Tubarão. MASSAMBANI, E. M. Incidência de distúrbios músculo-esqueléticos entre farmacêuticos-bioquímicos e suas repercussões sobre a qualidade de vida e de trabalho. 2002, 109f. Dissertação (Mestre em Engenharia de Produção). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. NETO, C.A.S.; SILVA, L.J.S.; HAMAGUCHI, R.K.C. Análise de prevalência das lesões traumato- ortopédicas dos pacientes atendidos na clínica escola da UNAMA- Fisioclínica no período de janeiro de 2008 a janeiro de 2009. 2009, 55f. Monografia (Bacharelado em Fisioterapia). Universidade da Amazônia, Belém. SATO, L. LER: objeto e pretexto para a construção do campo trabalho e saúde. Caderno de Saúde Pública. v.17, n.1, p.147-152 , 2001. Palavras-chave: Fisioterapia, Epidemiologia, Disfunções do Sistema Músculo Esquelético.

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DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL, POR BAIRROS, DOS ACIDENTES DE TRÂNSITO NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM-PA NO PERÍODO DE 2007 A 2009. Rafael Gibson O. DA SILVA1, Tayná do Matos VALE1, Rodrigo Luis FERREIRA DA SILVA1 1Universidade do Estado do Pará, Campus XII - Santarém – Pará - Brasil. e-mail de contato: [email protected] Introdução: A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que em 2020 os Acidentes de Trânsito (AT) serão a 2ª causa de morte prematura no mundo (DAVANTEL et al., 2009). No Brasil, eles figuram um problema social e econômico de grande impacto representando mais de um quarto das mortes violentas (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2004). Os índices de AT no Brasil são altíssimos (1/410 veículos em circulação), quando comprada a países como a Suécia (1/21.400 veículos em circulação). Dentro desta realidade, o trânsito brasileiro é considerado um dos piores e mais perigosos do mundo (DENATRAN, 1997). Os acidentes de trânsito têm sido alvo de grande preocupação no Brasil e no mundo, pelo elevado número de vítimas jovens que atingem e pelos impactos sociais, econômicos e pessoais que provocam. Nas últimas duas décadas, os acidentes de trânsito foram o principal motivo de mortes por causa externa, somente sendo superado pelos homicídios (SECRETARIA DE SAÚDE DO RIO GRANDE DO SUL, 2001). Os AT não são uma fatalidade, como boa parte da população insiste em acreditar, mas ocorrem pela deficiência na conservação de veículos e estradas ou, ainda são provocadas pelos pedestres e condutores e, as falhas humanas se sobrepõem aos demais determinantes dos acidentes (SCALASSARA et al., 1998; SCIESLESKI, 1982a; SCIESLESKI, 1982b). Percebe-se, portanto, que o processo de urbanização vem servindo como pano de fundo para justificar as falhas humanas no trânsito (MINAYO, 1994). Além de representar um grande problema de saúde pública, os AT implicam um custo anual de 1% a 2% do produto interno bruto para os países menos desenvolvidos (SODERLUND; ZWI, 1995). No Brasil, cerca de dois terços dos leitos hospitalares dos setores de ortopedia e traumatologia são ocupados por vítimas de AT, com média de internação de vinte dias, gerando um custo médio de vinte mil dólares por ferido grave (PIRES et al., 1997). O Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN) registrou, em 1994, mais de 22 mil mortes no trânsito no País e mais de 330 mil feridos. O custo anual estimado ultrapassa três bilhões de dólares (PIRES et al., 1997). Esta realidade não é exclusividade dos grandes centros urbanos, e em Santarém o fluxo de pacientes vítimas de AT nas ruas da cidade não deixa dúvidas quanto a gravidade deste problema. Objetivo: Revelar a incidência e a distribuição espacial, por bairros, dos AT (automobilístico, motociclístico e atropelamento) no município de Santarém-PA no período compreendido entre 2007 a 2009. Metodologia: Foi desenvolvida uma pesquisa de levantamento, quantitativa e de caráter retrospectivo, tipo série histórica, abrangendo o período de 2007 a 2009, no sistema de informação de dados secundários e análise de dados do Sistema Integrado de Segurança Pública do Departamento de Trânsito (DETRAN) da cidade de Belém-Pa, no mês de janeiro de 2011. A coleta de dados foi referente à pesquisa dos registros de ocorrência de AT, no município de Santarém, no período de 2007 a 2009, sendo copiados os dados digitais do Sistema Integrado de Segurança Pública do DETRAN, referentes a variável “bairro de ocorrência do AT”. Após a coleta dos dados, foi utilizado o programa Microsoft Office versão 2007 para tabulação dos mesmos de acordo com o objetivo traçado previamente. Resultados: Para melhor visualização dos resultados desta investigação, os mesmos encontram-se dispostos na tabela abaixo:

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Discussão: Os resultados deste estudo apontam que entre os anos investigados aquele de maior incidência de AT foi o ano de 2008 com um total de 691 casos. Em contrapartida o ano de menor ocorrência de AT foi o ano de 2007, contudo ainda com um número bastante elevado de AT (609), revelando o cenário de perigo em que se apresenta o trânsito do município de Santarém nos últimos anos. Os bairros que demonstraram maior ocorrência de acidentes nos anos investigados foram o de Aparecida (174 AT ao

Tabela 1: Distribuição dos acidentes de trânsito por bairro no município de Santarém.

Ano 2007 Ano 2008 Ano 2009

Bairro Qtd (%) Bairro Qtd (%) Bairro Qtd (%)

Aparecida 57 (9.36) Aparecida 65 (9.41) Centro 85 (12.80)

Caranazal 56 (9.20) Aldeia 51 (7.38) Aparecida 52 (7.83)

Aldeia 41 (6.73) Santa Clara 47 (6.80) Caranazal 43 (6.48)

Aeroporto Velho 37 (6.08) Caranazal 47 (6.80) Santa Clara 41 (6.17)

Santa Clara 31 (5.09) Aeroporto Velho 41 (5.93) Diamantino 40 (6.02)

Diamantino 28 (4.60) Prainha 41 (5.93) Aldeia 36 (5.42)

Interventoria 25 (4.11) Centro 34 (4.92) Aeroporto Velho 35 (5.27)

Prainha 25 (4.11) Santíssimo 31 (4.49) Aeroporto 28 (4.22)

Esperança 22 (3.61) Santarenzinho 21 (3.04) Santíssimo 28 (4.22)

Santíssimo 21 (3.45) Diamantino 18 (2.60) Santarenzinho 26 (3.92)

Liberdade 17 (2.79) Nova República 17 (2.46) Prainha 22 (3.31)

Nova República 17 (2.79) Esperança 16 (2.32) Fátima 19 (2.86)

Maracanã 15 (2.46) Fátima 16 (2.32) Nova República 16 (2.41)

Santarenzinho 14 (2.30) Interventoria 16 (2.32) Interventoria 12 (1.81)

Livramento 12 (1.97) Liberdade 14 (2.03) Livramento 10 (1.51)

Matinha 11 (1.81) Cambuquira 13 (1.88) Santana 10 (1.51)

Alter do Chão 10 (1.64) Livramento 13 (1.88) Central 10 (1.51)

Fátima 9 (1.48) Maracanã 12 (1.74) Urumari 10 (1.51)

Santana 8 (1.31) Alter do Chão 12 (1.74) Salé 10 (1.51)

Urumari 8 (1.31) Mararu 11 (1.59) Matinha 9 (1.36)

Boa Esperança 7 (1.15) Aeroporto 10 (1.45) Esperança 7 (1.05)

Floresta 6 (0.99) Santana 8 (1.16) Cambuquira 7 (1.05)

Cambuquira 5 (0.82) Urumari 8 (1.16) Floresta 7 (1.05)

Conquista 4 (0.66) Sale 8 (1.16) Rodagem 7 (1.05)

Sale 4 (0.66) Boa Esperança 6 (0.87) Liberdade 6 (0.90)

Mararu 4 (0.66) Maicá 6 (0.87) Maicá 6 (0.90)

Santarém Novo 3 (0.49) Matinha 5 (0.72) Maracanã 5 (0.75)

Mapiri 3 (0.49) Conquista 5 (0.72) Boa Esperança 5 (0.75)

Aeroporto 3 (0.49) Floresta 4 (0.58) Conquista 5 (0.75)

Amparo 2 (0.33) Uruará 3 (0.43) Mapiri 3 (0.45)

São Jorge 2 (0.33) Rodagem 3 (0.43) Amparo 3 (0.45)

Centro 2 (0.33) Mapiri 3 (0.43) Santarém Novo 3 (0.45)

Uruará 2 (0.33) Central 2 (0.29) Mararu 3 (0.45)

Maicá 2 (0.33) Outros* 14 (0.14) Jutaí 2 (0.30)

Outros* 7 (0.16) Não Informado 64 (9.26) Outros* 11 (0.15)

Não Informado 84 (13.79)

Não Informado 39 (5.87)

Total 609 (100) Total 691 (100) Total 664 (100) * Bairros com registro de apenas um acidente. Fonte: Sistema Integrado de Segurança Pública do DETRAN da cidade de Belém-Pa (2010).

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total), Caranazal (146 AT ao total) e Aldeia (128 AT ao total), respectivamente. Sugere-se que estes bairros apresentem esta alta incidência de acidentes em decorrência do intenso fluxo de veículos nas principais ruas destes bairros. Contudo é plausível que outros fatores também podem ser considerados como a negligência e/ou imperícia de alguns condutores e também as péssimas condições de tráfego em algumas das vias destes bairros. Outro achado que se torna bastante relevante nesta discussão diz respeito ao elevado número de AT que não tiveram o devido registro do bairro de ocorrência, sobretudo no ano de 2007, quando este número ultrapasse os 10% dos registros. Contudo, percebe-se uma evolução ano a ano do adequado registro dos AT, com um decréscimo significativo do número de bairros não informados ao longo desta série histórica. Conclusão: Conclui-se, portanto, que os bairros que demonstraram maior ocorrência de acidentes nos anos investigados foram o de Aparecida, Caranazal e Aldeia, respectivamente, sendo as possíveis causas para esta alta incidência de AT nestes bairros: o intenso fluxo de veículos nas suas principais vias, a negligência e/ou imperícia de alguns condutores e também as péssimas condições de tráfego em algumas das vias destes bairros. Referências: DAVANTEL, P. P.; PELLOSO, S. M.; CARVALHO, M. D. de B.; OLIVEIRA, N. L. B. de. A mulher e o acidente de trânsito: caracterização do evento em Maringá, Paraná. Revista Brasileira Epidemiologia, 2009; 12(3): 355-67. DENATRAN (Departamento Nacional de Trânsito), 1997. Estatísticas Gerais sobre Trânsito. Brasília: DENATRAN. MINAYO, M.C.S. A difícil e lenta entrada da violência na agenda do setor saúde. Caderno de Saúde Pública, 2004; 20: 646-647. PIRES, A. B.; VASCONCELLOS, E. A. & SILVA, A. C., 1997. Transporte Humano: Cidades com Qualidade de Vida. São Paulo: Associação Nacional de Transportes Públicos – ANTP. SCALASSARA, M. B.; SOUZA, R. K. T.; SOARES, D. F. P. P. Características da mortalidade por acidentes de trânsito em localidade da região Sul do Brasil. Revista de Saúde Pública, São Paulo, n. 32, 1998. SCIESLESKI, A. J. Aspectos psicopatológicos do homem no trânsito. Revista Brasileira de Medicina do Tráfego, São Paulo, vol. 1, n. 1, 1982a. SCIESLESKI, A. J. Epilepsia e medicina do tráfego. Revista Brasileira de Medicina do Tráfego, São Paulo, vol. 1, n. 1, 1982b. SECRETARIA DA SAÚDE DO RIO GRANDE DO SUL. Estatísticas de saúde: mortalidade 2001. Porto Alegre: Coordenadoria de Informações em Saúde. 2001. SODERLUND, N.; ZWI, A. B., 1995. Mortalidad por accidentes de tránsito en países industrializados y en desarrollo. Boletín de la Oficina Sanitaria Panamericana, 119:471-480. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). “World report on road traffic injury prevention”. Geneva: WHO. 2004. Palavras-Chaves: Acidentes de trânsito; série histórica; Santarém.

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LEI Nº 10.639/03: UMA DISCUSSÃO SOBRE A IMPLEMENTAÇÃO DA LEI NO CAMPO EDUCAÇÃO FÍSICA Maria Giselle Damasceno OLIVEIRA1, Edna Ferreira Coelho GALVÃO2

1 Graduada em Educação Física pela Universidade do Estado do Pará – UEPA/ Santarém. 2 Professora da Universidade do Estado do Pará – UEPA/ Santarém. E-mail: [email protected] Introdução: Segundo a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD/MEC) em estudos anteriores, como o de Cavalleiro (2000), foi possível comprovar que a existência do racismo, do preconceito e da discriminação racial na sociedade brasileira e, em especial, no cotidiano escolar acarreta aos indivíduos negros: auto-rejeição, desenvolvimento de baixa auto-estima com ausência de reconhecimento de capacidade pessoal, timidez, pouca ou nenhuma participação em sala de aula, recusa em ir à escola e, conseqüentemente, evasão escolar. Devido às lutas do movimento negro, tornou-se notória a importância do tema relações étnico-raciais na educação, com isso, o Presidente Luís Inácio Lula da Silva assina a Lei nº 10.639/03, sancionada em 9 de janeiro de 2003 alterando a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional). Esta lei prevê obrigatoriamente a inclusão no currículo oficial da Rede de Ensino da temática “História e Cultura afro-brasileira”. Apesar dos sete anos que a lei está em vigor somente nos últimos dois anos ouvimos falar sobre ela na Universidade, mas de forma superficial, sem a devida importância que o tema sugere. Neste contexto, nasceu o interesse em verificar como a Educação Física estava discutindo a temática no contexto da Educação Física Brasileira. Objetivo: Investigar como estão acontecendo as discussões sobre a implementação da Lei 10.639/03 no campo da Educação e Educação Física em alguns periódicos on line dedicado a divulgação as produções na área da Educação Física e outros dedicado a discussão étnico racial. Metodologia: Pesquisa bibliográfica de caráter exploratório em 04 revistas on line (Efdeportes, Fórum Identidades, Movimento, Revista Brasileira de Ciências e do Esporte) e uma base de publicações eletrônica de periódicos científicos (Scielo). Envolveu levantamento e seleção dos artigos voltados ao tema, leitura flutuante e identificação das Unidades de Registro (UR) e Unidades de Significação (US) de cada artigo de acordo com os objetivos da pesquisa. Para os registros utilizou-se o Quadro Síntese das UR e US proposto pela análise temático categorial de Oliveira (2008). Resultados: Encontrou-se 29 artigos que tratam das relações étnico-raciais, afrodescendentes ou Lei 10.639/03: 7 artigos foram encontrados na revista Efdeportes, 10 artigos na Fórum Identidades, nenhum artigo foi encontrado na revista Movimento a partir das palavras chaves, 7 artigos na Revista Brasileira de Ciências e do Esporte e 5 artigos na Scielo. Desses 29 artigos, somente 9 tratavam da Lei 10.639/03, onde 3 artigos encontra-se na revista Efdeportes, 1 artigo na revista Fórum Identidades e 5 artigos na Scielo.Tratando-se especificamente da Lei 10.639/03 em articulação com a Educação Física, encontrou-se apenas 1 artigo na revista Efdeportes. Após a seleção dos artigos que tratam da lei passou-se a analisá-los tendo em vista a análise temático categorial subsidiada por Oliveira (2008) com algumas adequações para se adequar a realidade de nosso estudo. A discussão dos resultados foi feita a partir dos eixos temáticos que representam a reconstrução do discurso impresso, visando expressar a partir do objeto de estudo da pesquisa o que foi tratado nos artigos analisados. Os eixos temáticos são: Desafios para implementar a Lei 10.639/03; Papel do negro na construção histórica; Compromisso com a informação/divulgação da Lei 10.639/03; Inadequação na formação de professores; Denunciar a desigualdade e valorizar a cultura de diferentes grupos sociais; Capacitar educadores; Educação emancipatória em relação a Lei 10.639/03; Publicações sobre a Lei 10.639/03, maior atenção para o tema; Efetivar o estudo da história africana na escola; Lidar com as diferenças na escola; Dúvidas metodológicas no direcionamento do estudo da África; Sistematizar a Lei 10.639/03 na educação física; Estudo das relações étnico-raciais e a produção do racismo; Cultura corporal e relações étnico-raciais na Educação Física; Problematizar corpo e movimento frente as desigualdades sociais e raciais; Educação Física emancipatória demanda luta política na escola. Conclusão: O estudo apontou que muitos são os desafios para a implementação da Lei 10.639/03 nas escolas, três desses desafios são a formação de professores, maior divulgação da lei nas diferentes áreas de conhecimento e a publicação de material condizente com a lei que dê suporte para trabalhar a temática nas escolas. Quanto a sua aplicação no campo da Educação Física o maior desafio está na revisão dos conceitos e valores da área de forma a aproximá-la das questões culturais, possibilitando uma ampliação das possibilidades de vivências a partir da Cultura Corporal de Movimento, permitindo a inclusão e revisão dos processos de exclusão e discriminação que historicamente

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fez-se presente nesta área da disciplina escolar. É necessário também que os teóricos da área se dediquem a produzir reflexões sobre o tema a fim de que possa aumentar as fontes pesquisadas que tratam da Lei em relação a Educação Física. Referências Bibliográficas: ARAÚJO, Maíra Lopes de; NETO, Vicente Molina. “Essanegranão!” a prática política-pedagógica de uma professora negra em uma escola da rede municipal de ensino de Porto Alegre: um estudo de caso. Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 29, n. 2, p. 203-225, jan. 2008. BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana. Brasília: MEC, 2004 [s.d.]. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/>. BRASIL. Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Diário Oficial *da+ República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 9 jan. 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/2003/L10.639.htm>. BRASIL. Parecer do Conselho Nacional de Educação/Conselho Pleno/DF No. 3, de 2004 (Relatora Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva). CAVALLEIRO, Eliane S. Do silêncio do lar ao silêncio escolar: racismo, preconceito e discriminação na educação infantil. São Paulo: Contexto, 2000. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física / Secretaria de Educação Fundamental. – 2. Ed. – Rio de Janeiro: DP&A,2000. Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Etnicorraciais e para o Ensino de História e Cultura Afrobrasileira e Africana. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD/MEC). Subsecretaria de Políticas de Ações Afirmativas (SEPPIR), 2009. ROCHA, L.C.P. Políticas afirmativas e educação: a lei 10.639 no contexto das políticas educacionais no Brasil contemporâneo. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, 2006. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad/MEC). Educação anti-racista : caminhos abertos pela Lei Federal nº 10.639/03. Brasília, 2005. 236 p. (Coleção Educação para todos). REFERÊNCIAS DOS ARTIGOS ANALISADOS NESTA PESQUISA ANCHIETA, A.; ANCHIETA, T. O contributo do desporto nas políticas sociais no Brasil. Efdeportes. Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 145 - Junio de 2010. LEMOS, F. R. M. História e Cultura Afro-Brasileira: alguns subsídios. Efdeportes. Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 119 - Abril de 2008 FALCÃO, Christiane Rocha. Quantas Áfricas o Brasil conhece? A aplicação da Lei 10.639 e os conflitos discursivos sobre a noção de África. Revista Fórum Identidades. Ano 2, Volume 3 – p. 119-126 – jan-jun de 2008. FERNANDES, J. R. O. Ensino de história e diversidade cultural: desafios e possibilidades. Revista Scielo, Cad. CEDES vol.25 no.67 Campinas Sept./Dec. 2005. MOREIRA, A. J. ; SILVA, M. C. P; DOMINGUES, S. C. Lazer, cultura e educação física: possibilidades dialógicas no espaço escola-comunidade. Efdeportes. Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 125 - Octubre de 2008. MOREIRA, A. J. ; SILVA, M. C. P. A Lei nº10.639/03 e a Educação Física: memórias e reflexões sobre a educação eugênica nas políticas de formação de professores. Efdeportes. Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 - Nº 146 - Julio de 2010. OLIVA, A. R. A História da África nos bancos escolares. Representações e imprecisões na literatura didática. Revista scielo, Estud. afro-asiát. vol.25 no.3 Rio de Janeiro 2003. OLIVA, A. R. A história africana nas escolas brasileiras. Entre o prescrito e o vivido, da legislação educacional aos olhares dos especialistas (1995-2006). Revista Scielo. História vol.28 no.2 Franca 2009. ROSEMBERG, F; BAZILLI, C; SILVA, P. V. B. da. Racismo em livros didáticos brasileiros e seu combate: uma revisão da literatura. Revista Scielo. Educ. Pesqui. vol.29 no.1 São Paulo Jan./June 2003.

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SANTOS, S. Q. S.; MACHADO, V. L. C. Políticas públicas educacionais: antigas reivindicações, conquistas (Lei 10.639) e novos desafios. Revista Scielo. Ensaio: aval.pol.públ.Educ. vol.16 no.58 Rio de Janeiro Jan./Mar. 2008. Palavras-chave: Educação Física Escolar, Relações étnico-raciais, Lei 10.639/2003

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LEVANTAMENTO DESCRITIVO DO COMPORTAMENTO SEXUAL E SAÚDE REPRODUTIVA DE MULHERES QUILOMBOLAS DE SANTARÉM NO ANO DE 2011. Luandressom Feitosa LIMA¹; Ronete Lourena Rodrigues MARTINS 1; Edna Ferreira Coelho GALVÃO 2; Juarez SOUSA 2; Geovana Andreia GIBBERT 2. ¹Acadêmicos do Curso de Medicina da Universidade do Estado do Pará- Campus de Santarém; ²Profs do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará- Santarém. E-MAIL: [email protected] Introdução: A situação de saúde das mulheres é agravada pela discriminação nas relações de trabalho e a sobrecarga com as responsabilidades com o trabalho doméstico. As mulheres têm uma expectativa de vida maior do que os homens, porém adoecem com mais freqüência. Variáveis como etnia e situação de pobreza realçam ainda mais as desigualdades. A vulnerabilidade da mulher frente a certas doenças e causas de morte está muito mais relacionada com a situação de discriminação vivenciada na sociedade, que representam fatores extrínsecos, do que com fatores biológicos que seriam os fatores intrínsecos de cada individuo (BRASIL, 2004). Para Perpetuo (2000) a ausência da variável cor em muitos dos sistemas existentes de informação demográfica e de saúde no país dificulta a investigação do tema desigualdade racial. No âmbito da saúde as desigualdades sociais vivenciadas por essa população e, principalmente, pelas mulheres negras se expressam na qualidade e quantidade de serviços sociais públicos a que têm acesso, sendo na maioria serviços de baixa qualidade e efetividade. Estudos/sensos demonstram que as mulheres acometidas pela morte materna são as de menor renda e escolaridade. Podem-se relacionar as causas de morte materna à predisposição biológica das negras para doenças como a hipertensão arterial, fatores relacionados à dificuldade de acesso e à baixa qualidade do atendimento recebido, além da falta de ações e capacitação de profissionais de saúde voltadas para os riscos específicos aos quais as mulheres negras estão expostas (BENEVIDES et al., 2005). Objetivo: Realizar um levantamento descritivo do comportamento sexual e saúde reprodutiva das mulheres de uma comunidade quilombola de Santarém. Materiais e Métodos: Realizou-se um estudo de campo quanti-qualitativo em uma comunidade quilombola de Santarém, no período de fevereiro a maio de 2011, envolvendo 36 mulheres quilombolas em idade fértil, que segundo o Ministério da Saúde enquadra-se na faixa etária de 15 a 49 anos. Foram excluídas da pesquisa mulheres que não puderam responder adequadamente aos questionamentos. A estratégia de abordagem consistiu em uma visita domiciliar feita pelos pesquisadores, onde todas as participantes foram informadas dos objetivos da pesquisa, os riscos e benefícios, assim como os procedimentos éticos de não identificação dos participantes. Mediante autorização e assinatura do TCLE procedeu-se a aplicação de um questionário. Após a coleta de dados os mesmos foram tabulados e receberam tratamento estatístico com o software Excel 2007. Resultados e Discussão: O gráfico 1 mostra que 57,14% das participantes tiveram sua primeira relação sexual entre 13 e 15 anos de idade, sendo que 75% das mulheres afirmaram não ter usado preservativo na primeira relação sexual. O gráfico 2 apresenta a idade com que teve o primeiro filho onde percebemos que 28% tiveram entre 18 e 19 anos e 24% tiveram entre 14 e 15 anos, sendo que da amostra total (N=36) 30,55% ainda não tiveram filhos. Destas, 72,73% ainda são virgens, como podemos ver no gráfico 3. No gráfico 4 é possível verificar que o percentual de gravidez desejada foi de 44%, enquanto que 56% das mulheres disseram não ter desejado/planejado a gravidez. O maior motivo apresentado para esta freqüência foi a falta de informação e indisponibilidade de preservativos.

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A idade na qual a mulher tem sua primeira relação sexual exerce um efeito importante sobre a seqüência e o tempo de eventos subseqüentes no processo reprodutivo. Por exemplo, a partir do momento em que a mulher inicia sua vida sexual, ela passa, efetivamente, a estar exposta ao risco de engravidar e de ter um filho nascido vivo. Na pesquisa de Simão (2006) as mulheres que compõem dois coortes com idades diferentes apresentaram idade mediana de 18 anos para as mais novas (20-29) e 21 anos para as mais velhas (50-59), contrastando com o resultado encontrado no presente estudo, que apresentou a maior porcentagem de início da vida sexual entre 13-15 anos (57,14%). Esta diferença pode ter sido decorrente da pesquisa de Simão (2006) ter sido realizada com mulheres de uma grande capital, com maior circulação de informações e comportamento cultural diferenciado. O uso do preservativo é muitas vezes determinado por fatores sócio-econômicos ou culturais, como também relacionado a circunstancia em que ocorre o ato sexual e ao próprio indivíduo. A questão quanto ao uso de preservativo na primeira relação sexual levantado por este estudo, a freqüência apresentada foi pequena (25%), muito semelhante ao trabalho de Paiva et al (2003) com os dados da Pesquisa Nacional do Ministério da Saúde/IBOPE, que encontrou o percentual de 26,4%, sendo que a maior parcela dos entrevistados havia iniciado sua vida sexual em uma relação sem camisinha (73,6%). A precoce idade para a primeira gravidez encontrada no estudo de Paraguassú (2006), 45,9% engravidaram entre 10 e 16 anos e 54,1 % que engravidaram entre 17 e 19 anos, também pode ser comparada com os dados encontrados neste estudo; a maioria das mulheres engravidou antes dos 20 anos (72%) o que pode estar relacionado com a alta freqüência de gravidez não planejada encontrada como representado n o gráfico acima. Na pesquisa de Praça e Latorre (2003) apenas 25% das mulheres de sua pesquisa afirmaram ter planejado a gravidez, semelhante ao que foi encontrado na comunidade quilombola que fez parte deste estudo, nela metade das participantes(56%) afirmaram que a primeira gravidez não foi desejada. Este dado chama atenção para a necessidade de efetivar no programa de atenção básica à saúde da mulher processos de discutir/orientação sobre planejamento familiar que atendam populações diferenciadas como as quilombolas, por outro lado, mostra a passividade feminina diante do planejamento dos rumos de sua vida. Conclusão: O estudo mostra que as mulheres que participaram da pesquisa apresentam um comportamento sexual de risco tanto para as doenças sexualmente transmissíveis, como também para gravidez na adolescência, o que já pode ser percebido pela alta freqüência (56%) de gravidez indesejada na comunidade. Esses dados chamam a atenção para a

27,27

72,73

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

Não virgem Virgem

Po

rce

nta

gem

Gráfico 356

44

0

20

40

60

Gravidez Não Desejada

Gravidez Desejada

Po

rce

nta

gem

Gráfico 4

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necessidade de intervenções em educação em saúde mais específicas para essas populações como também a busca de estratégias que viabilizem o acesso a métodos de prevenção não só da gravidez mas de possíveis doenças sexualmente transmissíveis. Referências: BENEVIDES, M. A. DA S. et al. Perspectiva da eqüidade no pacto nacional pela redução da mortalidade materna e neonatal: atenção à saúde das mulheres negras. [Maria Auxiliadôra da Silva Benevides et al.]. 2005. 20 p.: il. color. – (Série F. Comunicação e Educação em Saúde). BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Política nacional de atenção integral à saúde da mulher: princípios e diretrizes / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2004. 82 p.: il. – (C. Projetos, Programas e Relatórios) PAIVA, V. et al. Uso de Preservativos - Pesquisa Nacional MS / IBOPE 2003 – Disponível em www.aids.gov.br . Acesso em 25/6/2007. PARAGUASSÚ, A. L. C. B. Saúde reprodutiva pré e pós-gestacional de adolescentes no município de feira de Santana, Bahia. Sitientibus, Feira de Santana, n.34, p.25-36, jan./jun. 2006. PERPÉTUO, Ignez Helena Oliva. Raça e acesso às ações prioritárias na agenda da saúde reprodutiva. Junho 2000. PRAÇA, N. S; LATORRE, M. R. D. O. Saúde sexual e reprodutiva com enfoque na transmissão do HIV: práticas de puérperas atendidas em maternidades filantrópicas do município de São Paulo. Rev. bras. saúde matern. infant., Recife, 3 (1): 61-74, jan. - mar., 2003. SIMÃO, A. B. et al. Comparando as idades à primeira relação sexual, à primeira união e ao nascimento do primeiro filho de duas coortes de mulheres brancas e negras em Belo Horizonte: evidências quantitativas. R. bras. Est. Pop., São Paulo, v. 23, n. 1, p. 151-166, jan./jun. 2006. Palavras Chaves: Saúde Reprodutiva, Comportamento Sexual, Mulheres Quilombolas

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NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA HABITUAL DE ACADÊMICOS INGRESSANTES, EM 2011, NO CURSO DE FISIOTERAPIA DA UEPA, CAMPUS SANTARÉM Lucas da Silva Alho MOTA1,3, Izabela Mendonça de ASSIS1,2, Luiz Carlos Rabelo VIEIRA1,2, Diego Sarmento de SOUSA1,2, Gilma Teixeira Faruolo FRANÇA1,2

1Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA; 2Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde das Populações Amazônicas (GEPESPA); 3Instituto Esperança de Ensino Superior, IESPES, Brasil. e-mail: [email protected]

Introdução: O século XXI caracteriza-se em uma época onde há aumento das pesquisas sobre a atividade física e saúde. Isto se deve, entre outros motivos, ao aumento dos níveis de obesidade, sedentarismo e de morte por inatividade física da população. No Brasil, o sedentarismo já é considerado um dos principais inimigos da saúde pública. Cerca de 70% da população brasileira praticam pouco ou quase nenhuma atividade física regular (IBGE, 2000). Pesquisas comprovam que os hábitos sedentários são responsáveis por 54% do risco de morte por infarto (BRASIL, 2006). A atividade física pode ser entendida como qualquer movimento corporal voluntário com gasto energético acima dos níveis de repouso (CASPERSEN et al., 1985; GUEDES et al., 2002; GORDILLO, 2003; MADUREIRA et al., 2003; PINHO, 1999). Atividade física é tudo aquilo que implique movimento, força ou manutenção da postura corporal contra a gravidade, resultando em consumo de energia (BARATA, 2003). Este gasto energético, no entanto, deve ser contínuo. A prática regular de atividade física está associada à melhoria da saúde e qualidade de vida de seus adeptos. Grande número de evidências científicas demonstra que o hábito de praticar exercícios físicos regularmente constitui hábito fundamental nos programas voltados à promoção da saúde, trazendo inúmeros benefícios, em termos fisiológicos, bioquímicos e psicológicos (PITANGA, 2001). Durante a idade universitária geralmente são observadas determinados comportamentos, como estabelecimento da identidade sexual, entrosamento com os vínculos de trabalho, criação de sistema pessoal de valores morais, capacidade de manter relações amorosas, retorno ao relacionamento mais estável com os pais, intensas alterações biológicas, instabilidade psicossocial, novas relações sociais e adoção de novos comportamentos. Todos estes fatores podem tornar os universitários um grupo vulnerável a circunstâncias que colocam sua saúde em risco (BASTOS, 1992). É nessa fase também que, muitas vezes, deixam de praticar exercícios físicos e vinculam isto à falta de tempo, mas sabe-se que existem outros fatores associados, como baixo poder aquisitivo (ANTES et al., 2009). O interesse em avaliar a atividade física em qualquer população é devido à necessidade de estabelecer o nível de prática desta população e determinar sua adequação aos critérios apropriados e indispensáveis a um ótimo estado de saúde (LOPES et al., 2001). Objetivo: Investigar o nível de atividade física habitual de acadêmicos ingressantes, em 2011, no curso de Fisioterapia da UEPA, Campus Santarém. Metodologia: A amostra foi composta de 19 acadêmicos com faixa etária entre 16 e 26 anos de idade (18,79±2,64 anos). Todos assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para a participação no estudo. Para coleta de dados foi aplicada a versão curta do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), por ser mais frequentemente sugerida para aplicação em populações juvenis (GUEDES; LOPES; GUEDES, 2005). No presente estudo o escore abaixo de 150 minutos de atividade física por semana foi o ponto de corte para classificar os acadêmicos como sedentários (SIQUEIRA et al., 2009). A análise estatística dos dados foi realizada através de recursos da estatística descritiva, mediante utilização do programa Excel (Microsoft para Windows – 2007). Posteriormente, os dados foram transferidos para o aplicativo Bioestat® 5.0, de modo a estabelecer a comparação entre as variáveis numéricas do estudo. Para tanto, aplicou-se o teste t de Studant, com adoção de p<0,05 para a significância estatística. Resultados e Discussão: A tabela 1 apresenta o perfil do nível de atividade física habitual da amostra estudada. Pode-se constatar que 26% da amostra eram fisicamente sedentários e 74% fisicamente ativos.

Tabela 1: Perfil do nível de atividade física habitual da amostra (n=19). Santarém, Pará, Brasil, 2011.

Grupos Amostra %

Grupo fisicamente sedentário (NAF≤150 min./semana) 5 26% Grupo fisicamente ativo (NAF>150 min./semana) 14 74%

Legenda: NAF=Nível de Atividade Física.

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A tabela 2 apresenta a relação da média e desvio padrão do tempo em minutos/semana gastos fazendo atividade física quanto ao gênero. Não foi detectada diferença estatística no tempo realizando atividade física entre ambos (Feminino: 473±458,96; Masculino: 433,33±521,11; p=0,8405). Tabela 2: Comparação da média e desvio padrão do tempo em minutos/semana gastos fazendo atividade física e gênero da amostra. Santarém, Pará, Brasil, 2011.

Variável Nível de Atividade Física

Total (n=19) P Feminino (n=10) Masculino (n=09)

Tempo fazendo atividade física (min/sem)

473±458,96 433,33±521,11 433,33±377,06 0,8405

Vieira et al. (2002), ao estudarem adolescentes recém ingressos em universidades públicas do Brasil, observaram que 57% dos mesmo não praticavam atividade física habitualmente, sendo que, dos praticantes, 67,5% o faziam três vezes ou menos durante a semana. No presente estudo, foi encontrada prevalência de sujeitos fisicamente ativos. No estudo de Costa et al. (2005), ao compararem os gêneros, notaram uma baixa prática habitual de atividade física por parte das mulheres. Isto, porém, não foi similar ao encontrado no presente estudo. Vasconcelos e Maia (2001) verificaram que o gênero masculino, quando comparado ao feminino, apresenta uma opção pelo desporto, em virtude da maior autoestima aliada à experiência desportiva. Já a meninas são menos ativas devido a compromissos domésticos e familiares. Pires et al. (2004) citam que os adolescentes preferem se locomover com veículos automotores (ônibus, carros, motos), elevando-se assim a taxa de inatividade física, contribuindo, dessa maneira, para o sedentarismo. Conclusão: foi encontrada, na amostra, prevalência de sujeitos fisicamente ativos, não sendo observada diferença do tempo fazendo atividade física entre os gêneros, com maior nível do público feminino. Referências Bibliográficas: ALVES, I. C. A relação entre a percepção da imagem corporal e a composição corporal dos adolescentes do ensino médio de um colégio da rede pública estadual de Buriti. 2007, Monografia (Graduação em Educação Física). Instituto Luterano de Ensino Superior de Itumbiara, Itumbiara. ANTES, D. L.; BIDINOTO, P. P.; KATZER, J. I.; CORAZZA, S. T. O jovem universitário e a busca pela saúde através do exercício físico. Arquivo Ciências da Saúde Unipar, v. 13, n. 1, p. 29-32, 2009. BARATA, J. L. T. Mexa-se... Pela sua Vida. Lisboa: Portugal, 2003. BASTOS, A. C. Adolescência feminina. São Paulo: Atheneu, 1992. BRASIL. Programa de Educação e Saúde Através do Exercício e do Esporte. Ministério da Saúde. Brasília. Disponível em: http://www.saude.gov.br, 2006 Acesso em: 02 mai 2011. CASPERSEN, C. J.; POWELL, K. E.; CHRISTENSEN, G. M. Physical activity, exercise, and physical fitness: definitions and distinctions for health-related research. Public Health Reports, v. 100, p. 126-131, 1985. COSTA, R. S.; HEILBORN, M. L.; WERNECK, G. L. Gênero e Prática de Atividade Física de Lazer. Caderno de Saúde Pública, p. 325-333, 2005. GORDILLO, A. S. R. Actividade Física e Higiene para a Salud. Universidad de Las Palmas de Gran Canária, Servicio de Publicaciones, 2003. GUEDES, D. P.; GUEDES, J. E. R. P.; BARBOSA, D. S.; OLIVEIRA, J. A. Atividade Física Habitual e Aptidão Física Relacionada a Saúde em Adolescente. Revista Brasileira de Ciências e Movimento. v. 10, n. 1, p. 13–21, 2002.O GUEDES, D. P.; LOPES, C. C.; GUEDES, J. E. R. P. Reprodutibilidade e validade do questionário internacional de atividade física em adolescentes. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 11, n. 2, p. 151-158, 2005. IBGE. Censo Demográfico 2000 – Resultados do universo. Disponível em: http//www.ibge.gov.br Acesso em 02 mai 2011. LOPES, V. P.; MONTEIRO, A. M.; BARBOSA, T.; MAGALHÃES, P. M. Actividade Física Habitual em Crianças. Diferenças Entre Rapazes e Raparigas. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto. v. 1, n. 3, p. 53-60, 2001.

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MADUREIRA, A. S.; FONSECA, S. A; MAIA, M. F. Estilo de Vida e Atividade Física e Atividade Física Habitual de Professores de Educação Física. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano. v. 5, n. 1, p. 54–62, 2003. PINHO, R. A. Nível Habitual de Atividade Física e Hábitos Alimentares de Adolescentes Durante Período de Férias Escolares. 1999. Dissertação (Mestrado em Ciência do Desporto). Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina. PIRES, E. A. G.; DUARTE, M. F. S.; PIRES, M. C.; SOUZA, G. S. Hábitos de Atividade Física e o Estresse em Adolescentes de Florianópolis - SC. Revista Brasileira de Ciência Movimento. v. 12, n. 1, p. 51-56, 2004. PITANGA, F. J. G.; PITANGA, C. P. S. Epidemiologia da Atividade Física Saúde e Qualidade de Vida. Revista Baiana de Educação Física. v. 2, n. 2, p. 22–28, 2001. VIEIRA, V. C. R.; PRIORE, S. E.; RIBEIRO, S. M. R.; FRANCESCHINI, S. C. C.; ALMEIDA, L. P. Perfil socioeconômico, nutricional e de saúde de adolescentes recém ingressos em uma universidade pública brasileira. Revista Nutrição, v. 5, n. 3, p. 273 - 282, 2002. VASCONCELOS, M. A.; MAIA, J. Actividade fisica de crianças e jovens - haverá um declínio? Estudo transversal em indivíduos dos dois sexos dos 10 aos 19 anos de idade. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, v. 1, p. 144 -152, 2001. Palavras-chave: atividade física, acadêmicos, fisioterapia.

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NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA HABITUAL DE ADOLESCENTES DO ENSINO MÉDIO DA REDE ESTADUAL DE EDUCAÇÃO NA ZONA URBANA CENTRAL DE SANTARÉM, PARÁ Izabela Mendonça de ASSIS1,2, Diego Sarmento de SOUSA1,2, Luiz Carlos Rabelo VIEIRA1,2, Patrícia Silva FERNANDES1,2, Herbert Halley Gomes de CASTRO1,2, Adjanny Estela Santos de SOUZA1,2,3 1Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA; 2Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde das Populações Amazônicas (GEPESPA); 3Faculdades Integradas do Tapajós, FIT, Brasil. e-mail: [email protected] Introdução: O atual processo de desenvolvimento tecnológico e urbano tem levado a população a adotar um estilo de vida fisicamente mais inativo. Em consequência disto, o sedentarismo passa a ser uma preocupação mundial, caracterizando o estilo de vida moderno no qual o ser humano precisa de pouco esforço físico para o desenvolvimento das ações cotidianas (ALVES, 2007). A constatação do padrão de atividade física das populações é de extrema importância para estabelecer sua relação com o processo saúde-doença, como também para definir as necessidades energéticas dos indivíduos (PONTES et al., 2008). A adolescência é uma fase da vida que, na atualidade, é caracterizada pela exposição a diversos fatores de riscos à saúde, como os maiores tempos diários disponibilizados a assistir à televisão, jogos eletrônicos, utilizar computador para o acesso à Internet, entre outros (RUZANY, 2000). Além disso, podem ser citados os compromissos estudantis e/ou profissionais e a progressiva redução dos espaços livres nos centros urbanos, culminando à redução das oportunidades de lazer e de uma vida fisicamente ativa, favorecendo atitudes sedentárias nesta fase da vida. Em termos de saúde pública e da medicina preventiva, promover a atividade física na infância e na adolescência significa estabelecer uma base sólida para a redução da prevalência do sedentarismo na idade adulta, contribuindo desta forma para uma melhor qualidade de vida (NAHAS, 2003; ALONSO; FIQUEIRA JÚNIOR, 2004). Objetivo: Estimar o nível de atividade física habitual de adolescentes do ensino médio da rede estadual de educação na zona urbana central de Santarém, Pará. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa epidemiológica descritivo-transversal (PEREIRA, 1995), com amostra probabilística de 711 participantes de ambos os gêneros, entre 13 e 19 anos de idade (15,88±1,28 anos). Para fazer parte da pesquisa, o participante deveria possuir a referida idade cronológica; estar devidamente matriculado e estudando regularmente nos turnos da manhã ou da tarde; assinar um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, assim como seu responsável; não ter sido acometido por doenças ou problemas osteomioarticulares na semana anterior à aplicação dos questionários. A pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UEPA, Campus Santarém (processo n. 69/2009) e foi realizada em três instituições de ensino. São elas: Escola Álvaro Adolfo da Silveira, Colégio São Francisco e Escola Rodrigues dos Santos. Para a coleta dos dados, foi aplicada a versão curta do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), por ser mais frequentemente sugerida para aplicação em populações juvenis (GUEDES; LOPES; GUEDES, 2005). A análise estatística dos dados foi realizada através de recursos da estatística descritiva, mediante utilização do programa Excel (Microsoft for Windows – 2007). Posteriormente, alguns dados foram transferidos para o aplicativo Bioestat® 5.0, de modo a estabelecer a comparação entre as variáveis numéricas do estudo através da aplicação do teste de Mann-Whitney e adoção de p<0,05 para a significância estatística. Resultados e Discussão: A tabela 1 apresenta os resultados do perfil do nível de atividade física habitual da amostra. Nota-se que 397 (55,84%) participantes eram fisicamente muito ativos; 84 (11,81%), ativos; 131 (18,43%), pouco ativos e 99 (13,92%), sedentários. Quanto aos dados agrupados, 230 (32,35%) participantes fizeram parte do grupo fisicamente sedentário e 481 (67,65%) do grupo fisicamente ativo. Tabela 1: Perfil do nível de atividade física habitual da amostra estudada. Santarém, Pará, Brasil, 2010.

Variáveis Amostra (n=711) %

Grupo fisicamente sedentário 230 32,35% Sedentário (NAF≤10 min./semana) 99 13,92% Pouco ativo (NAF≤150 min./semana) 131 18,43% Grupo fisicamente ativo 481 67,65% Ativo (NAF>150 min./semana) 84 11,81% Muito Ativo (NAF>240 min./semana) 397 55,84%

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Conforme a tabela 2, os indivíduos ativos permaneciam mais tempo fazendo atividade física em comparação aos sedentários (Ativos: 784,95±521,11 min/sem; Sedentários: 108,27±58,40 min/sem; p<0,0001). Observou-se que os indivíduos ativos permaneciam mais tempo sentados durante a semana em comparação aos sedentários (Ativos: 2732,73±1392,34 min/sem; Sedentários: 2504,15±1332,60 min/sem; p=0,0448). Verificou-se também que, tanto no grupo sedentário como no ativo, o tempo permanecendo sentado foi significativamente maior quando comparado ao tempo gasto em atividades físicas (p<0,0001). Tabela 2: Comparação da média e desvio padrão do tempo em minutos/semana gastos fazendo atividade física e permanecendo sentado de acordo com o nível de atividade física da amostra. Santarém, Pará, Brasil, 2010.

Variáveis

Nível de Atividade Física

Total (n=711) P Sedentários (n=230)

Ativos (n=481)

Fazendo atividade física (min/sem)

108,27±58,40 784,95±521,11 566,05±533,89 < 0,0001*

Permanecendo sentado (min/sem) 2504,15±1332,60 2732,73±1392,34 2658,78±1376,53 0,0448*

p < 0,0001* < 0,0001* < 0,0001* -

*Variação significativa encontrada, conforme o teste de Mann-Whitney (duas amostras independentes). Na tabela 3 podemos observar que os principais motivos que justificaram a não adesão à prática de atividades físicas foram: falta de tempo (n=108; 41,86%), preguiça (n=46; 17,83%), sentir-se cansado(a) (n=31; 12,02%), simplesmente não gosta (n=21; 8,14%) e falta de motivação (n=20; 7,75%). Por outro lado, entre os indivíduos que praticam regularmente atividade física, as principais justificativas para aderirem à prática de atividades físicas foram: obtenção de saúde (n=145; 32,01%), bem estar (n=136; 30,02%), condicionamento físico (n=66; 14,57%) e lazer (n=44; 9,71%). Tabela 3: Motivos que justificaram a adesão ou não à prática regular de atividades físicas na amostra. Santarém, Pará, Brasil, 2010.

Variáveis Amostra %

Não pratica atividade física regularmente (n=258) Falta de companhia 04 1,55% Falta de espaços públicos 05 1,94% Falta de motivação 20 7,75% Falta de tempo 108 41,86% Preferem realizar outras atividades 09 3,49% Preguiça 46 17,83% Problema de saúde 14 5,43% Sente-se cansado(a) 31 12,02% Simplesmente não gosta 21 8,14% Pratica atividade física regulamente (n=453)

Autoestima 07 1,55% Bem-Estar 136 30,02% Condicionamento físico 66 14,57% Emagrecer 12 2,65% Estética 24 5,30% Lazer 44 9,71% Qualidade de vida 19 4,19% Saúde 145 32,01%

Em estudo desenvolvido com 1028 escolares da cidade de Aracaju (SE) foi encontrada alta prevalência de crianças e adolescentes caracterizados como sedentários e muito sedentários, sendo o sexo masculino o que apresentou maiores nível de atividade física e os adolescentes menos ativos do que as crianças (SILVA et al., 2009). Há uma maior predisposição dos rapazes para a prática do lazer ativo nos momentos de tempo livre (SALES-NOBRE; JORNADA-KREBS; VALENTINI, 2009). No município de Cacoal – RO,

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encontraram-se 93,1% de indivíduos ativos e apenas 6,9% de inativos (PEREIRA et al., 2008). Outros resultados de pesquisas comprovam que os adolescentes da rede particular apresentaram mais gordura corporal, baixos níveis de atividade física e piores hábitos alimentares do que os da rede pública (ARRUDA; LOPES, 2007). Conclusão: Através dos resultados obtidos, verificou-se que a maior parte da amostra foi composta por adolescentes fisicamente muito ativos. Foi observado que os grupos sedentário e ativo apresentam maior tempo sentado comparado ao gasto em atividades físicas. Além disso, os principais motivos que justificaram a não adesão à prática regular de atividades físicas foram falta de tempo, preguiça, sentir-se cansado(a), simplesmente não gosta e falta de motivação; entre os indivíduos que praticam regularmente atividade física, as principais justificativas para a aderência foram obtenção de saúde, bem-estar, condicionamento físico e lazer.Referências Bibliográficas: ALONSO, D.O; FIQUEIRA JÚNIOR, A.J. Avaliação de índices de obesidade em adultos. 27º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte. In: Anais..., São Paulo, p. 150, 2004. ALVES, I.C. A relação entre a percepção da imagem corporal e a composição corporal dos adolescentes do ensino médio de um colégio da rede pública estadual de Buriti. Itumbiara, 2007. Monografia (Conclusão do Curso de Educação Física) – Instituto Luterano de Ensino Superior de Itumbiara. ARRUDA, E.L.M.; LOPES, A.S. Gordura corporal, nível de atividade física e hábitos alimentares de adolescentes da região serrana de Santa Catarina, Brasil. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, v. 9, n. 1, p. 05-11, 2007. GUEDES, D.P.; LOPES, C.C., GUEDES, J.E.R.P. Reprodutibilidade e validade do questionário internacional de atividade física em adolescentes. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v.11, n.2, p. 151-158, 2005. NAHAS, M.V. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. 3. ed. Londrina: Midiograf, 2003. PEREIRA, A.C.; HORINOUTI, J.M.; ROMANHOLO, H.S.B.; SILVA, M.S.V.; MOMESSO, C.M.; ROMANHOLO, R.A. Ingestão alimentar e nível de atividade física em escolares de 7 a 10 anos da rede de ensino privado no município de Cacoal – RO. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, v. 2, n. 12, p. 430-435, 2008. PEREIRA, M.G. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995. PONTES, L.M.; PINHEIRO, S.S.; ZEMOLIN, C.M.; ARAÚJO, T.K.C.; SILVA, R.L.; KUMAMOTO, F.I.D.; VILCHES, A.E.S. Padrão de atividade física e influência do sedentarismo na ocorrência de dislipidemias em adultos. Fitness & Performance Journal, v.7, n.4, p. 245-250, 2008. RUZANY, M.H Mapa da situação de saúde do adolescente no município do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2000. Tese (Doutorado em Saúde Pública) – Fundação Oswaldo Cruz. SALES-NOBRE, F.S.; JORNADA-KREBS, R.; VALENTINI, N.C. Práticas de lazer, nível de atividade física e aptidão física de moças e rapazes Brasileiros. Revista de Salud Pública, v. 11, n. 5, p. 713-723, 2009. SILVA, D.A.S.; LIMA, J.O.; SILVA, R.J.S.; PRADO, R.L. Nível de atividade física e comportamento sedentário em escolares. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, v. 11, n. 3, p. 299-306, 2009. Palavras-chave: atividade física, sedentarismo, adolescentes.

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O USO DO TREINO MENTAL NA FUNCIONALIDADE DE MEMBROS SUPERIORES PÓS ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO Aline Oliveira SIQUEIRA¹. Richelma de Fátima de Miranda BARBOSA².

¹Universidade do Estado do Pará-CCBS-UEPA, Campus Santarém-PA,

²Mestre e Docente da Universidade do Estado do Pará- CCBS-UEPA, Campus Santarém-PA. E-mail: [email protected]

Introdução: O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é definido como um sinal clínico de rápido desenvolvimento da perturbação focal da função cerebral, de suposta origem vascular¹. Dentre os distúrbios do movimento encontrados, a hemiparesia é um dos sinais clínicos mais óbvios da doença². A evolução do AVE compromete a habilidade para executar as atividades da vida diária, com alterações da qualidade de vida e seqüelas motoras¹. Considerando que as seqüelas motoras são a causa primária do impacto da inabilidade ocasionada pelo AVE faz-se necessária a comprovação de novas técnicas de terapias para diminuir a incapacidade motora³. Recentemente a prática da imagem tem sido aventada como uma possibilidade de erapia coadjuvante da reabilitação motora³. Objetivos: O objetivo geral é o uso do treino mental na funcionalidade de membro superior pós-AVE. Quanto aos objetivos específicos temos aplicar a técnica treino mental na reabilitação do membro superior hemiparético por seqüela de AVE; avaliar a amplitude de movimento de membro superior através da goniometria após a aplicação do treino mental em hemiparéticos, avaliar o ganho funcional do membro superior através da Medida de Independência Funcional após aplicação das técnicas terapia de restrição-indução do movimento e treino mental e relacionar o ganho de amplitude de movimento com o ganho funcional. Metodologia: No presente trabalho realizou-se um estudo de dois casos, portadores de AVE, hemiparéticos crônicos, ambos os sexos, dentro dos critérios de inclusão: lesão de predomínio braquial, com menos de um ano de lesão e extensão ativa de punho de 20º e extensão ativa de 10º de dedos a partir da posição de repouso na mão afetada. Todos os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Foram realizados para avaliação, pré e pós tratamento, a goniometria e a Medida de Independência Funcional (MIF). A goniometria será utilizada para quantificar as amplitudes de movimentos de membro superior e a MIF para avaliar o ganho funcional nas atividades de vida diária com a utilização do membro superior afetado. A MIF possui 5 itens (cuidados pessoais, controle de esfíncter, mobilidade, locomoção, comunicação e cognição social), mas somente foi avaliado quanto aos cuidados pessoais devido estar mais relacionado com o membro superior afetado. Com isso aplicamos como 42 a pontuação máxima e 6 a pontuação mínima. O protocolo utilizado foi de WU, 2007 com protocolo de 30 minutos de prática mental, em 5 sessões, mentalizando a prática de tarefas funcionais (pegar uma colher e levá-lo à boca, pegar uma escova de cabelo e pentear os cabelos, vestir uma camisa sem e com botões e calçar o sapato). Foi realizada a média aritmética do grau de amplitude através da goniometria, avaliação do ganho de funcionalidade através da MIF, além de comparar o ganho de amplitude de movimento com o ganho funcional nas atividades de vida diária. Todos os dados serão representados pelo programa Microsoft Office Excel 2007 . Resultados: Os resultados obtidos da amplitude de movimento (ADM) do Paciente 1 (figura 1), comparando as avaliações iniciais e finais, temos que na 1º avaliação a ADM demonstrou 88° para o movimento de flexão de ombro, 110° para flexão de cotovelo e 48° de flexão para punho e dedos. Ao final das sessões foram verificados 100° para flexão de ombro, 128° para flexão de cotovelo, 62° para flexão de punho e dedos. Os resultados obtidos da ADM do Paciente 2 (figura 2), temos 60° de flexão de ombro, 60° de flexão de cotovelo, 60° de flexão de punho e dedos. Ao final das sessões foram verificados 86° de flexão de ombro, 68° de flexão de cotovelo e 68° de flexão de punho e dedos. Comparando as duas medidas (figura 3) podemos verificar a média das amplitudes de movimento ganho pelo pacientes 1 e 2, sendo 19° para flexão de ombro, 13° para flexão de cotovelo e 11° para flexão de punho e dedos. Nos resultados do Paciente 1 (figura 4), também observou-se aumento gradativo e significativo, com 15 pontos antes do tratamento, enquanto que, ao final das sessões, foi verificado pontuação máxima de 22 pontos. Analisando os resultados obtidos na MIF, no Paciente 2 (figura 5), observa-se evolução gradativa e significativa no desempenho motor, com 23 pontos antes do tratamento, enquanto que, ao final das sessões, foi verificado pontuação máxima de 28 pontos. Analisando a goniometria, juntamente com a Escala Medida de Independência funcional (MIF), verificamos que houve resultados positivos em ambos, o

168

0

20

40

60

80

100

admissão alta diferença

60

86

26

6068

8

6068

8

ombro cotovelo punho e dedos

2 3 5 4 4 5

23

5 4 5 4 5 5

28

05

1015202530

ADMISSÃO ALTA

que favorece o retorno às atividades de vida diária e, principalmente, melhora da qualidade de vida de pacientes com AVE que utilizaram o treino mental como conduta fisioterapêutica.

Figura 1- goniometria do paciente 1 Figura 2 – goniometria do paciente 2

FIGURA 3 – Média aritmética da goniometria dos pacientes

FIGURA 4 – MIF da paciente 1 FIGURA 5 – MIF da paciente 2

0

20

40

60

80

100

120

140

admissão alta diferença

88100

12

110128

18

4862

14

ombro cotovelo punho e dedos

52 2 2 2 2

15

5 42

4 4 3

22

0

5

10

15

20

25

ADMISSÃO ALTA

0

5

10

15

20

25

30

paciente 1 paciente 2 média

12

26

1918

8

1314

811

ombro cotovelo punho e dedos

169

Discussão: Este estudo analisou os efeitos do treino mental na reabilitação da função motora do membro superior, na hemiparesia por seqüela de AVE, em sujeitos adultos, de ambos os sexos, provenientes de serviços de reabilitação pública. Em relação à Medida de Independência Funcional do paciente 1 verificamos ganho nas atividades de vida diária quanto aos itens arrumar-se, vestir a parte superior e inferior e higiene pessoal, ocasionado pelo ganho de amplitude de todas as articulações, como foi demonstrado através de gráficos. Em relação à Medida de Independência Funcional do paciente 2 verificamos ganho nas atividades de vida diária quanto aos itens comer, arrumar-se e vestir a parte inferior, influenciada pelo ganho, principalmente, das articulações de ombro e cotovelo. Não foram possíveis ganhos significativos em alguns itens, pois os pacientes relatarem dor ao realizar o movimento. Conclusão: Os resultados demonstraram que o treino mental é um método útil e eficaz, apresentando resultados significativos na melhora dos déficits motores, além de afetar positivamente na qualidade de vida de pacientes com Acidente Vascular Encefálico. Sendo assim, recomenda-se que novos estudos sejam realizados com o objetivo de determinar parâmetros específicos, tais como tempo de duração e momento apropriado da aplicação da prática mental. Além disso, é necessário também que sejam realizados novos estudos utilizando o treino mental com uso de exames de neuroimagem, a fim de demonstrar as áreas diretamente afetadas pela conduta e a reorganização do córtex. Referências Bibliográficas: CESÁRIO, C.M.M; PENASSO, P; OLIVEIRA, A.P.R. Impacto da disfunção motora na qualidade de vida em pacientes com Acidente Vascular Encefálico. Revista Neurociência, v. 14, p. 006-009, 2006. DIAS, U.M; SILVA, S.B. A imagem motora como recurso complementar na reabilitação de pacientes com AVE- Uma revisão de literatura. Revista Científic@ Universitas, v. 2, edição 2, 2009. TREVISAN, C. M.; PRATESI, R. Efeitos da imagem mental na reabilitação da função motora do membro superior na hemiplegia após-acidente vascular encefálico. 2007. 129f. Tese (Doutorado em Ciências da Saúde) Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Universidade de Brasília – UnB, Brasília. 2007. Palavras-chave: Acidente Vascular Encefálico, Treino Mental, Treino Funcional.

170

OPÇÕES DE LAZER ATIVO E SEDENTÁRIO ENTRE ESCOLARES DO ENSINO MÉDIO DA REDE ESTADUAL DE EDUCAÇÃO NA ZONA URBANA CENTRAL DE SANTARÉM, PARÁ Daniely Leal da COSTA1, Diego Sarmento de SOUSA1,2, Luiz Carlos Rabelo VIEIRA1,2, Pollyana da Conceição Andrade SILVA1,2, Itaíne Silva REIS1, Adjanny Estela Santos de SOUZA1,2,3 1Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA; 2Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde das Populações Amazônicas (GEPESPA); 3Faculdades Integradas do Tapajós, FIT, Brasil. e-mail: [email protected] Introdução: O ideal de lazer é um estado de isenção de obrigações, não podendo ocorrer num tempo livre se este está ligado ao tempo do trabalho e do relógio (THOMPSON, 1991). Assim, a sociedade atual traz consigo uma preocupação acerca do lazer: o sedentarismo, principalmente no que corresponde a faixa etária da adolescência. A adolescência é uma fase da vida que, na atualidade, é caracterizada pela exposição a diversos fatores de riscos à saúde, como os maiores tempos diários disponibilizados a assistir à televisão, jogos eletrônicos, utilizar computador para o acesso à internet, etc. Além disso, podem ser citados os compromissos estudantis e/ou profissionais e a progressiva redução dos espaços livres nos centros urbanos, culminando à redução das oportunidades de lazer e de uma vida fisicamente ativa, favorecendo, nesta fase, atitudes sedentárias (RUZANY, 2000). De acordo com o posicionamento da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte sobre atividade física e saúde, o sedentarismo é definido como a falta ou a grande diminuição da atividade física. Na realidade, o conceito não é associado necessariamente à falta de uma atividade esportiva, pois do ponto de vista da medicina moderna, o sedentário é o indivíduo que gasta poucas calorias por semana com atividades ocupacionais (CARVALHO et al., 1996). Objetivo: Verificar as principais opções de lazer na amostra e avaliar a associação de risco entre as atividades de lazer e a prevalência do sedentarismo. Metodologia: A amostra foi do tipo probabilística e composta de 711 participantes, sendo 310 do gênero masculino e 401 do gênero feminino, com idade entre 13 e 19 anos (15,88±1,28 anos). Para fazer parte da pesquisa, o participante deveria possuir idade dentro da faixa etária referida; estar devidamente matriculado e estudando regularmente nos turnos da manhã ou da tarde; assinar um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, assim como seu responsável; não ter sido acometido por doenças ou problemas osteomioarticulares na semana anterior à aplicação dos questionários. A pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UEPA, Campus Santarém (processo n. 69/2009) e foi realizada em três instituições de ensino. São elas: Escola Álvaro Adolfo da Silveira, Colégio São Francisco e Escola Rodrigues dos Santos. Para a coleta de dados, foram utilizados dois questionários retrospectivos, sendo um a versão curta do Questionário Internacional de Atividade Física – IPAQ (GUEDES; LOPES; GUEDES, 2005) e outro especialmente elaborado para a pesquisa. No presente estudo o escore abaixo de 150 minutos de atividade física por semana foi o ponto de corte para classificar os escolares como sedentários (SIQUEIRA et al., 2009). Foram utilizados recursos da estatística descritiva mediante utilização do programa Excel (Microsoft para Windows – 2007) para processamento dos resultados. Posteriormente, alguns dados foram transferidos para o aplicativo Bioestat® 5.0, de modo a estabelecer a associação de risco entre as variáveis categóricas do estudo através do teste Odds Ratio (OR), com adoção de p<0,05 para a significância estatística e intervalo de confiança (IC%) de 0,95. Resultados e Discussão: A tabela 1 apresenta os resultados absolutos e percentuais quanto às principais opções de lazer entre os que preferem atividades sedentárias e atividades físicas

171

Nota-se que as principais opções de lazer entre indivíduos que preferem atividades mais sedentárias foram: assistir à televisão (n=276; 66,83%), acessar a Internet (n=115; 27,85%), seguido de jogos eletrônicos e leitura (n=12; 2,90%). Entre os que preferem as atividades físicas como opção de lazer, as principais atividades foram: prática de esportes (n=196; 65,77%), caminhada e/ou corrida (n=65; 21,81%), seguido das danças, lutas, musculação e ciclismo (n=29; 9,73%). Em estudo com 170 estudantes, com idades compreendidas entre os 16 e os 22 anos de idade, Ferreira e Fonte (2006) verificaram que, dentre as atividades de lazer referidas pelos mesmos como as mais praticadas, destacaram-se as idas a discotecas, a bares e andar de bicicleta, sendo que estas foram as que se encontram associadas a maiores consumos de tabaco, álcool e marijuana ou haxixe. De acordo com Carvalho (2001), um dos comportamentos mais referenciados, relativos à ocupação de jovens nos tempos livres, prende-se com o tempo passado a ver televisão, videocassetes/DVD’S, a utilizar videojogos e a Internet, encontrando-se associados a uma maior probabilidade de desenvolvimento de comportamentos de risco, nomeadamente, consumo de drogas, tabaco, álcool e comportamentos violentos. Conforme Barros (1999), na Era Tecnológica, o computador e a televisão alteraram a forma de vida das pessoas. As oportunidades de interação social diminuíram com a criação de meios de interação eletrônica, e começa então um predomínio de atividades de lazer de natureza intelectual ou fisicamente passiva. A tabela 2 apresenta a prevalência do sedentarismo na amostra. Conforme a tabela 2, nota-se que houve prevalência de sedentarismo significativamente maior no grupo sedentário que desenvolve atividade de lazer sedentária (TPSED=40,92%; OR=2,69; p<00001). De acordo com Alves (2007), o sedentarismo é uma grandeza diretamente proporcional ao avanço tecnológico, onde o atual processo de desenvolvimento tecnológico e urbano tem levado a população a adotar um estilo de vida fisicamente mais inativo. Em consequência disto, o sedentarismo passa a ser uma preocupação mundial, caracterizando o estilo de vida moderno no qual o ser humano precisa de pouco, ou de quase nenhum, esforço físico para o desenvolvimento das ações cotidianas, isto é, substituindo as atividades ocupacionais que demandam gasto energético por facilidades automatizadas.

Tabela 1: Principais opções de lazer entre os que preferem atividades sedentárias e atividades físicas na amostra estudada. Santarém, Pará, Brasil, 2010.

Opções de Lazer Amostra %

Atividades Sedentárias (n=413)

Assistir à televisão 276 66,83%

Internet 115 27,85%

Jogos Eletrônicos 07 1,69%

Leitura 05 1,21%

Não Especificado 10 2,42%

Atividades Físicas (n=298)

Esportes 196 65,77%

Caminhada/Corrida 65 21,81%

Dança 11 3,69%

Lutas 05 1,68%

Musculação 04 1,34%

Ciclismo 09 3,02%

Não Especificado 08 2,68%

172

Em estudo com estudantes, sendo 222 rapazes e 152 moças, com idade entre 15 e 18 anos, Nobre, Krebs e Valentini (2009) verificaram uma maior predisposição dos rapazes para a prática do lazer ativo nos momentos de tempo livre, com uma consequente melhor aptidão física relacionada à saúde. Conclusão: as principais opções de lazer na amostra foram as sedentárias. Além disso, no grupo sedentário que desenvolve atividade de lazer sedentária foi verificada taxa de prevalência de sedentarismo de 40,92%. Referências Bibliográficas: ALVES, I. C. A relação entre a percepção da imagem corporal e a composição corporal dos adolescentes do ensino médio de um colégio da rede pública estadual de Buriti. Itumbiara, 2007. Monografia (Conclusão do Curso de Educação Física) – Instituto Luterano de Ensino Superior de Itumbiara. BARROS, M. V. G. Atividade física no lazer e outros comportamentos relacionados à saúde dos trabalhadores da indústria no estado de Santa Catarina, Brasil. Dissertação de mestrado em Educação Física, Universidade Federal de Santa Catarina, 1999. CARVALHO, T. et al. Posição oficial da sociedade brasileira de medicina do esporte: atividade física e saúde. Rev. Bras. Med. Esporte, v.2, n.4, p. 79-81, 1996 CARVALHO, J.N. Padrões e consequências do consumo de drogas em Matosinhos: Resultados na população estudantil e em consumidores problemáticos. Matosinhos: Câmara Municipal de Matosinhos. 2001. FERREIRA, C.; FONTE, C. O consumo de drogas e o envolvimento em actividades de lazer na adolescência. Motricidade, v. 2, n. 3, p. 159-166, 2006. GUEDES, D.P.; LOPES, C.C., GUEDES, J.E.R.P. Reprodutibilidade e validade do questionário internacional de atividade física em adolescentes. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 11, n. 2, p. 151-158, 2005. NOBRE, F.S.S.; KREBS, R.J.; VALENTINI, N.C. Práticas de lazer, nível de atividade física e aptidão física de moças e rapazes Brasileiros. Revista de Salud Pública, v. 11, n. 5, p. 713-723, 2009. RUZANY, M.H Mapa da situação de saúde do adolescente no município do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2000. Tese (Doutorado em Saúde Pública) – Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro. SIQUEIRA, F.C.V.; NAHAS, M.V.; FACCHINI, L.A.; PICCINI, R.X.; TOMASI, E.; THUMÉ, E.; SILVEIRA, D.S.; HALLAL, P. Atividade física em profissionais de saúde do Sul e Nordeste do Brasil. Caderno Saúde Pública, v. 25, n. 9, p. 1917-1928, 2009. THOMPSON, E. P. O tempo, a disciplina do trabalho e o capitalismo industrial. In: SILVA, T. T. (Org.). Trabalho, educação e prática social. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991. p. 45-93. Palavras-chave: lazer, sedentarismo, adolescência.

Tabela 2: Prevalência do sedentarismo (NAF≤150 min./semana) na amostra estudada. Santarém, Pará, Brasil, 2010.

Variáveis

Nível de Atividade Física Total

TPSED (%)

OR p IC (95%) NNH

Sedentários Ativos

Atividade de Lazer Atividade Sedentária 169 244 413 40,92%

2,69 < 0,0001* 1,90-3,79 05 Atividade Física 61 237 298 20,47%

Legenda: TPSED=Taxa de Prevalência do Sedentarismo; OR=Odds Ratio; IC (95%)=Intervalo de Confiança de 95%; NNH= Número Necessário para causar um evento desfavorável. * Variação significativa encontrada (p<0,05).

173

OS EFEITOS DO DESTREINO NAS CAPACIDADES FISICAS EM IDOSOS PRATICANTES DE EXERCÍCIO RESISTIDO NO LERES (LABORATORIO DE EXERCÍCIO RESISTIDO E SAÚDE) Josiana Moreira¹ ², Evitom Correa¹ ², Vanderson Nascimento¹ ², Denise Silva¹ ², Odilom Salim¹ ², Raphael Rocha² ³. ¹Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará – Campus Belém–PA/Brasil; ²Grupo de estudo Exercício Resistido e Saúde – GEERES - Belém–PA/Brasil; ³Instituto Federal do Pará – IFPA/Campus Santarém–PA/Brasil. E-mail: [email protected] Introdução: O crescimento da população de idosos é um fenômeno mundial. Em virtude disso o idoso ocupa, cada vez mais, um papel de destaque na sociedade brasileira (IBGE, 2002). Dessa forma, é importante investigar estratégias para a melhoria da qualidade de vida nesse novo contexto populacional (SANTANA, 2009). Atualmente, os profissionais da área da saúde destacam a relevância da atividade física como um fator determinante no sucesso do processo do envelhecimento (MATSUDO, 2001). Assim, o fenômeno do envelhecimento é marcado por um processo de prejuízos da funcionalidade, causada por importante queda de desempenho, capacidades e aptidões físicas (SANTANA, 2009). As capacidades físicas, afetadas significativamente ao longo do envelhecimento, não permitindo e/ou dificultando o geronte a realizar suas atividades cotidianas, ocorrendo perdas da sua independência (ALVES et al. 2004; MATSUDO et al., 2000; REBELATTO et al.,2006). No intuito de evitar essas perdas, alguns idosos procuram realizar exercícios como caminhada, hidroginástica e exercício resistido. A prática do exercício resistido promove modificações e adaptações que aprimoram o corpo humano, seja no aspecto funcional ou morfológico (SANTAREM, 1998). Além disso, o treinamento resistido adequados permite ao corpo melhorias e aperfeiçoamentos nas capacidades físicas, como por exemplo, o enriquecimento na amplitude dos movimentos; aumento da força e aperfeiçoamento da resistência aeróbica e anaeróbica entre outras (SANTAREM, 1998). No entanto, tais modificações induzidas pelas atividades físicas regulares podem ser reduzidas ou retornam à situação anterior ao treinamento quando o programa de exercício é interrompido, sendo que este fenômeno é chamado de destreino, as perdas são maiores ou menores de acordo com o tempo de destreino, ou seja, quanto maior o período de destreino maior são as perdas. (KRAEMER,1997 apud MATSUDO et al, 2001). Tal interrupção pode ocorrer por motivos de lesões e problemas de saúde (BOMPA, 2002 apud LIMA, CARNEIRO, 2009). A mesma gera perdas de adaptações fisiológicas, ou seja, com o destreino, o organismo se adapta as novas demandas metabólicas e estruturais, gerando a perda parcial ou completa das adaptações induzidas pelo treinamento (MUJIKA, 2000 apud LIMA, CARNEIRO, 2009).Objetivo: Verificar os efeitos da interrupção de um programa de exercício resistido de quarenta e cinco (45) dias, sobre os níveis de força, flexibilidade e resistência, de idosos de 60 a 80 anos que participam do projeto “Saúde e qualidade de vida” do Laboratório de exercício resistido (LERES). Metodologia: O estudo apresentará enfoque empírico-analitico; será de caráter quantitativo; estudo de campo; com coleta prospectiva dos dados, a qual foi realizada em dezembro de 2010 e fevereiro de 2011; explicativo, uma vez que procura analisar os efeitos da interrupção (destreino) de um programa de exercícios resistido sobre as capacidades físicas em idosos de 60 a 80 anos que participam do projeto “Saúde e qualidade de Vida” do Laboratório de exercício resistido LERES. Esta pesquisa foi realizada no Laboratório de Exercício Resistido (LERES), localizado na Universidade Estadual do Pará, mais precisamente no Campus III do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS). Serão incluídos 30 idosos na faixa etária de 60 a 80 anos, que realizaram exercício resistido durantes 5 meses, três vezes na semana. Para avaliar os efeitos do destreino nas capacidades físicas em idosos foi necessário avaliar o estado das mesmas, com avaliações em dois momentos: ao final do programa de treinamento com pesos que teve duração de cinco (5) meses; após quarenta e cinco (45) dias, que correspondeu ao inicio do retorno dos idosos do recesso. A bateria de testes foi composta de cinco testes: marcha estacionaria; teste de flexibilidade no banco de Wells, teste de força de membros superiores. De posses dos dados foi realizada a analise, esta foi feita através do percentual das diferenças encontradas nas capacidades físicas durante o período de destreino. Resultados:

174

Tabela 1. Resultado do destreino na capacidade física em idosos praticantes de exercício resistido no LERES, 2011.

Legenda: Manut: Manutenção; Marcha Estac.: Marcha estacionária; Flexib.: Flexibilidade Conclusão: De acordo com os dados obtidos, pode-se concluir que o destreino de 45 dias proporcionou reduções nos níveis de aptidões físicas nas variáveis estudadas neste trabalho. Vale ressaltar que no periodo de destreino, alguns indivíduos realizaram atividades leves e moderadas (caminhada), mesmo realizando tais atividades, estes indivíduos também apresentaram decréscimos nas variáveis estudadas. Sugerimos que sejam realizados estudos com diferentes tempos de destreinos e com o numero maior de participantes para solidificar as hipóteses aqui elencadas. Referências Bibliográficas: ALVES, R. V.; MOTA, J.; COSTA, M. C.; ALVES, João G. B. Aptidão física relacionada à saúde de idosos: influência na hidroginástica. Rev Bras Med Esporte. v. 10, n. 1, jan/fev, 2004. BOMPA, T. O. A Periodização no Treinamento Esportivo. São Paulo: Ed. Manole, 2001. CÂMARA, L.; SANTAREM, J.; JACOB, W.. Atualização de conhecimentos sobre a prática de exercícios resistidos por indivíduos idosos.São Paulo, 2008. IBGE. Perfil dos Idosos Responsáveis pelos Domicílios. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/25072002pidoso.shtm. Acesso em: 10 jul 2010. LIMA, Al.; CARNEIRO, M.. Efeitos do destreinamento sobre o sistema cardiovascular e músculo-esquelético. In: XVI CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE E III CONGRESSO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, 20; 2009. Salvador. MATSUDO, S. Envelhecimento e atividade física. Londrina: Midiograf, 2001. MATSUDO, S. M.; MATSUDO, V. K. R. ; BARROS NETO, T. L. Atividade Física e Envelhecimento: aspectos epidemiológicos. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. v. 7, n.1, p. 2-12 , 2001.

Ausência de Exercício Resistido

/ Caminhada

(n= 17)

Ausência de Exercício

(n= 13)

Caminhada

(n=4)

Perda Ganho Manut. Perda Ganho Manut. Perda Ganho Manut.

n % N % n % n % n % n % n % n % n %

Marcha

Estac.

12 70,6 5 29,4 0 0 8 61,5 5 38,5 0 0 4 100 0 0 0 0

Flexib. 13 76,4 2 11,8 2 11,8 11 84,6 1 7,7 1 7,7 2 50 1 25 1 25

Senta e

Levanta

13 76,4 3 17,6 1 6,0 10 76,9 2 15,4 1 7,7 3 75 1 25 0 0

Preensão

Manual D

9 52,9 7 41,1 1 6,0 8 61,5 4 30,8 1 7,7 1 25 2 50 1 25

Preensão

Manual E

12 70,6 3 17,6 2 11,8 9 69,2 2 15,4 2 15,

4

2 50 2 50 0 0

Flexão de

Cotovelo

13 76,4 2 11,8 2 11,8 10 76,9 2 15,4 1 7,7 2 50 0 0 2 50

175

MATSUDO, S. M.; MATSUDO, V.K. R.; NETO, T. L. B. Impacto do envelhecimento nas variáveis antropométricas, neuromotoras e metabólicas da aptidão física. Rev. Bras. Med. Esporte. v. 8, n.4, p.21-32, Setembro, 2000. REBELATTO, J. R.; CALVO, J. I.; OREJUELA, J. R.; PORTILLO, J. C. Influência de um programa de atividade física de longa duração sobre a força muscular manual e a flexibilidade corporal de mulheres idosas. Rev. bras. fisioter. v.10, n. 1, p.127-132,2006. SANTARÉM, J M. - Qualidade dos exercícios resistidos. Disponível em: < http://www.saudetotal.com.br/artigos/atividadefisica/qualidade.asp>. Acesso em: 05 jul 2010. SANTARÉM, J M. - Atualização em Exercícios Resistidos: Conceituações e Situação Atual. Disponível em: < http://www.saudetotal.com.br/artigos/atividadefisica/conceituacao.asp>. Acesso em: 05 jul 2010. SANTARÉM, J M. - Atualização em Exercícios Resistidos: Saúde e Qualidade de Vida. Disponível em: < http://www.saudetotal.com.br/artigos/atividadefisica/saudevida.asp>. Acesso em: 05 jul 2010. SANTARÉM, J M. - Atualização em Exercícios Resistidos: exercícios com pesos e qualidade de vida. Disponível em: < http://www.saudetotal.com.br/artigos/atividadefisica/pesos.asp>. Acesso em: 07 jul 2010. SANTARÉM, J M. Promoção da saúde do idoso. Disponível em < http://www.saudetotal.com.br/artigos/atividadefisica/idoso.asp>Acesso em: 07 jul. 2010. SANTARÉM, J. M. Exercício físico e saúde. Disponível em: < http://www.saudetotal.com.br/artigos/atividadefisica/exfisico.asp>. Acesso em: 07 jul 2010. SANTARÉM, J. M. Exercício com peso. Disponível em: < http://www.saudetotal.com.br/artigos/atividadefisica/expeso.asp>. Acesso em: 08 jul 2010. SANTARÉM, J M. - Hipertrofia Muscular: aptidão física, saúde e qualidade de vida. Disponível em: < http://www.saudetotal.com.br/artigos/atividadefisica/hipertrofia02.asp>. Acesso em: 08 jul 2010. SANTANA, F. Efeitos do destreinamento físico na capacidade funcional de idosos submetidos a um programa de treinamento resistido. Brasília, 2009. SMELTZER, S. C; BARRE, B. G. Assistência à saúde do idoso. In: Tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 8ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1998. WEINECK, J. Treinamento Ideal: instruções técnicas sobre o desempenho fisiológico, incluindo considerações específicas de treinamento infantil e juvenil. São Paulo: Ed. Manole, 1999. _____________. Atividade Física e Esporte: Para Quê?. São Paulo: Manole, 2003. Palavras-chave: capacidades físicas, exercico resistido, idosos.

176

PERFIL DO ESTILO DE VIDA DE ACADÊMICOS INGRESSANTES, EM 2011, NO CURSO DE FISIOTERAPIA DA UEPA, CAMPUS SANTARÉM Izabela Mendonça de ASSIS1,2, Lucas da Silva Alho MOTA1, Herbert Halley Gomes de CASTRO1,2, Diego Sarmento de SOUSA1,2, Luiz Carlos Rabelo VIEIRA1,2, Gilma Teixeira Faruolo FRANÇA1

1Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA; 2Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde das Populações Amazônicas (GEPESPA), Brasil. e-mail: [email protected] Introdução: O estilo de vida (EV) está ligado diretamente ao conceito moderno de saúde, entendido não somente como a ausência de doenças, mas levando em consideração a qualidade de vida, a integridade psico-corporal, as atitudes na condução de uma vida saudável (SANTOS; VENÂNCIO, 2006). Sem dúvida, o estilo de vida passou a ser um dos mais importantes determinantes de saúde da população, porém, apesar de todas as informações disponíveis sobre o tema, as pesquisas comportamentais revelam que, entre os estudantes universitários, existem cada vez mais comportamentos considerados de risco (FRANCA; COLARES, 2008; ROSA; NASCIMENTO; FARIAS, 2001; SÁNCHEZ-ALEMÁN; CONDE-GLEZ; URIBE-SALAS, 2008). As modificações quanto aos padrões alimentares, prática de atividade física, consumo de álcool e cigarros, somadas a situações próprias da adolescência, como intensas alterações biológicas, instabilidade psicossocial e falta de comportamento preventivo, poderiam tornar os adolescentes universitários um grupo vulnerável a riscos significativos com relação a sua saúde (VIEIRA et al., 2002). Existem na literatura inúmeras pesquisas sobre o estilo de vida em jovens e adolescentes, como os estudos de Nahas e Marqueze (2001), Marcon e Farias (2001) e Simão (2004). A maioria delas revela que as condutas adquiridas durante a fase universitária, poderiam se estender nas outras fases da vida, gerando pior qualidade de vida e saúde. Objetivo: Traçar o perfil do estilo de vida de acadêmicos ingressantes, em 2011, no curso de Fisioterapia da Universidade do Estado do Pará (UEPA), Campus Santarém. Metodologia: Participaram do estudo 19 acadêmicos com faixa etária entre 16 e 26 anos de idade (18,79±2,64 anos). Todos os participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para a participação no estudo. Para a coleta de dados foi utilizado o questionário do PEVI - Perfil do Estilo de Vida Individual (NAHAS; BARROS; FRANCALACCI, 2000) que inclui 5 aspectos fundamentais do EV das pessoas. São eles: Nutrição (Nu), Atividade física (Af), Comportamento preventivo (Cp), Relacionamento social (Rs) e Controle do estresse (Ce). As perguntas de cada componente têm como respostas valores entre 0 e 3. Quanto mais próximo do valor 3, melhor é a atitude do indivíduo quanto ao item avaliado. A análise dos dados foi conduzida através da estatística descritiva, mediante utilização do programa Excel (Microsoft para Windows – 2007). Resultados e Discussão: quanto à classificação do EV, encontraram-se índices de EV negativo (n=3, 11%), intermediário (n=2, 16%) e positivo (n=14, 74%). Além disso, observa-se na tabela 1 que no componente Nu prevaleceram os hábitos de às vezes comer fruta ou verdura (58%), quase sempre evitar frutas e doces (42%), às vezes e sempre realizar quatro ou mais refeições por dia (37% cada). No componente Af prevaleceram os hábitos de nunca e quase sempre praticar Af diariamente (37% cada), nunca e às vezes fazer exercícios de força e alongamento (32% cada), quase sempre usar a escada em substituição ao elevador (37%). No Cp, os resultados de maior prevalência foram em às vezes fazer o controle da pressão arterial e colesterol (68%), sempre evitar o fumo e o álcool (79%), sempre respeitar as normas de trânsito (79%). No componente Rs, os maiores percentuais foram em sempre cultivar amigos (79%), quase sempre incluir atividades esportivas e encontro com os amigos nos momentos de lazer (47%), quase sempre ser ativo na comunidade onde reside (37%). No Ce prevaleceram os resultados de às vezes e sempre reservar um tempo de no mínimo cinco minutos para relaxar (37% cada), quase sempre manter-se inalterado durante uma discussão (53%), às vezes equilibrar o tempo dedicado ao trabalho com o tempo o dedicado ao lazer (53%).

177

Traçando um comparativo com outros estudos desse gênero, verifica-se que a baixa ingestão de frutas e verduras parece ser um fato comum nessa população. Coelho e Santos (2006) verificaram que acadêmicos da UDESC também têm um baixo consumo de frutas e verduras, sendo que 23,94% nunca consomem o número mínimo solicitado no questionário, e 47,11% às vezes consomem frutas e hortaliças, ou seja, cerca de 71% apresentam consumo inadequado. Santos e Venâncio (2006) fizeram um estudo similar com acadêmicos da UNILESTE em Ipatinga-MG e verificaram que aproximadamente 79% dos estudantes apresentavam consumo inadequado de frutas e verduras. Na maioria dos casos, os universitários atribuem o caso à falta de tempo para se alimentarem corretamente. Coelho e Santos (2006) ainda verificaram na mesma amostra de acadêmicos que cerca de 37% dos estudantes não seguem as recomendações de prática de atividade física, o que vai de acordo com os valores obtidos no presente estudo. Neste, os resultados diferenciam do estudo de Silva et al. (2006) no que tange ao componente Cp, haja vista que estes encontraram que o álcool foi a substância mais utilizada nos últimos 12 meses pelos alunos pesquisados (84,7%). Segundo Ferraz e Pereira (2002), diversas investigações mostram que tanto a falta como o excesso nos relacionamentos sociais são fatores que prejudicam o rendimento acadêmico e estão relacionados a outros comportamentos inadequados do EV como abuso de álcool e tabaco, agressividade e violência, bem como comportamentos sexuais de risco. No que diz respeito ao componente Ce os resultados encontrados no corrente estudo concordam com os achados por Camargo e Bueno (2003), pois relatam que muitas vezes não é possível alcançar equilíbrio entre as exigências da organização do trabalho

Tabela 1. Porcentagem quanto aos cinco componentes do estilo de vida avaliados da amostra (n=19).

Componentes 0 (nunca) 1 (às vezes)

2 (quase sempre)

3 (sempre)

f % f % f % f %

Nutrição Comer fruta ou verdura 3 16% 11 58% 4 21% 1 5% Evitar fritura e doces 4 21% 7 37% 8 42% 0 0% Quatro ou mais refeições por dia

2 11% 7 37% 3 16% 7 37%

Atividade física (AF)

Pratica AF diariamente 7 37% 2 11% 7 37% 3 16% Faz exercícios de força e alongamento

6 32% 6 32% 3 16% 4 21%

Sobe escada substituindo o elevador

3 16% 4 21% 7 37% 5 26%

Comportamento preventivo

Controle de pressão arterial e colesterol

3 16% 13 68% 3 16% 0 0%

Evita fumo e álcool 2 11% 1 5% 1 5% 15 79% Respeita normas de trânsito

0 0% 0 0% 4 21% 15 79%

Relacionamento social

Cultiva amigos 0 0% 0 0% 4 21% 15 79% O lazer inclui atividade esportiva, encontros com amigos etc.

0 0% 3 16% 9 47% 7 37%

Procura ser ativo na comunidade

2 11% 6 32% 7 37% 4 21%

Controle do estresse

5 min diariamente para relaxar

1 5% 7 37% 4 21% 7 37%

Mantém discussão sem alterar-se

1 5% 3 16% 10 53% 5 26%

Equilibra tempo de lazer e trabalho

1 5% 10 53% 3 16% 5 26%

Legenda: f=Frequência.

178

e as necessidades do trabalhador, tanto fisiológicas quanto psicológicas e que deste conflito pode emergir um sofrimento que pode ser mais ou menos elaborado e apresentam repercussões acentuadas sobre a saúde mental. Vieira et al. (2010), ao investigarem o perfil do EV dos estudantes ingressantes, em 2010, no curso de Fisioterapia da UEPA, verificaram as seguintes pontuações médias quanto aos componentes relacionados ao EV: Nu (1,7 pontos), Af (1,9 pontos), Cp (2,5 pontos), Rp (2,3 pontos) e Ce (2,1 pontos). Os autores concluíram que a amostra apresentou índices positivos nos aspectos Cp, Rs e Cs e regulares nos índices Nu e Af. Por outro lado, na presente pesquisa os resultados encontrados foram Nu (1,4 pontos), Af (1,4 pontos), Cp (2,1 pontos), Rs (2,2 pontos), Ce (1,8 pontos). Conclusão: na amostra pesquisada prevaleceu o índice positivo quanto ao EV. Referências Bibliográficas: CAMARGO, R. A. A.; BUENO, S. M. V. Lazer, a vida além do trabalho para uma equipe de futebol entre trabalhadores de hospital. Revista Latino-Americana Enfermagem, v. 11, n. 4, p. 490-8, 2003. COELHO, C. W. E; SANTOS J. F. S. Perfil do estilo de vida relacionado à saúde dos calouros de um centro de ciências tecnológicas. Lectures Educación Física y Deportes, v. 11, n. 97, 2006. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd97/saude.htm. Acesso em: 2 mai. 2011. FRANCA, C.; COLARES, V. Estudo comparativo de condutas de saúde entre universitários no início e no final do curso. Revistas de Saúde Pública, v. 42, n. 3, p. 420-427, 2008. FERRAZ, M.; PEREIRA, A. A dinâmica da personalidade e homesikness (saudades de casa) dos jovens estudantes universitários. Revista Psicologia Saúde & Doenças, v. 3, n. 2, p. 149-164, 2002. MARCON, M. A.; FARIAS, S. F. Estilo de vida de alunos pré-vestibulandos, nível de atividade física habitual, vulnerabilidade ao estresse e nutrição: um estudo de caso. 3° congresso brasileiro de atividade física e saúde. In: Anais... Florianópolis, p. 149, 2001. NAHAS, M. V.; BARROS, M. V. G. de, FRANCALACCI, V. O Pentáculo do Bem Estar; Base Conceitual para Avaliação do Estilo de Vida de Indivíduos ou Grupos. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, v. 5, n. 2, 2000. NAHAS, M. V.; MÁRQUESE, E. C. Hábitos e motivos para a atividade física em universitários da UDESC. 3° Congresso Brasileiro de Atividade Física e Saúde. In: Anais... Florianópolis, p. 68, 2001. ROSA, A. J.; NASCIMENTO, J. V.; FARIAS, J. C. Perfil do Estilo de Vida dos Estudantes da UNIVILLE. 3º Congresso Brasileiro de Atividade Física e Saúde. In: Anais…,Florianópolis, p. 100, 2001. SÁNCHEZ-ALEMÁN, M. A.; CONDE-GLEZ, C. J. E., URIBE-SALAS F. Core group approach to identify college students at risk for sexually transmitted infections. Revistas de Saúde Pública, v. 42, n. 3, p. 428-36, 2008. SANTOS, G. L. A.; VENÂNCIO, S. E. Perfil do estilo de vida em acadêmicos concluintes em Educação Física do centro universitário do leste de Minas Gerais – MG. Revista Movimentum digital de Educação Física, v. 1, n. 1, 2006. SILVA, L. V. E. R.; MALBERGIER A.; STEMPLIUK V. A.; ANDRADE A. G. Factors associated with drug and alcohol use among university students. Revistas de Saúde Pública, v. 40, n. 2, p. 280-88, 2006. SIMÃO, R. Fisiologia e prescrição de exercícios para grupos especiais. São Paulo: Phorte, 2004. VIEIRA, V. C. R., PRIORE, S. E.; RIBEIRO, S. M. R.; FRANCESCHINI, S. C. C.; ALMEIDA, L. P. Perfil socioeconômico, nutricional e de saúde de adolescentes recém-ingressos em uma universidade pública brasileira. Revista de Nutrição v. 15, n. 3, p. 273-82, 2002. VIEIRA, L. C. R.; FONSÊCA, A. N. N.; SOUSA, D. S.; SOARES, M. G. D.; GOMES, J. M. S.; SANTOS, P. O. Perfil do estilo de vida de acadêmicos ingressantes no curso de Fisioterapia da UEPA, Campus Santarém. 1º Congresso Amazônico de Fisioterapia. In: Anais..., Manaus, ISSN 9788563748003, 2010. Palavras-chave: estilo de vida, acadêmicos, fisioterapia.

179

PERFIL DO TRATAMENTO E CONTROLE DE PACIENTES COM DIABETES MELLITUS ATENDIDOS NAS UNIDADES DE SAÚDE DA ZONA URBANA DE SANTARÉM- PARÁ, NO ANO DE 2010 Jussara Silva de ALMEIDA1, Rodrigo Luis FERREIRA DA SILVA1. 1Universidade do Estado do Pará-Campus XII-Santarém-Pará-Brasil. E-mail: [email protected] Introdução: O Diabetes Mellitus (DM) é uma patologia crônico degenerativa, que acomete indivíduos em todas as faixas etárias, sendo considerada um problema de saúde pública que atinge tanto os países desenvolvidos quando os subdesenvolvidos (OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2005; Sartorelli; Franco, 2003). No município de Santarém se observou a existência de poucas produções científicas nessa temática. Em vista à carência de pesquisas de voltadas para o melhor conhecimento da população de diabéticos no município de Santarém, Oeste do estado do Pará, optou-se por caracterizar o perfil da população de diabéticos que é atendida nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município, traçando o perfil do tratamento e controle da doença. Objetivos: Verificar o perfil do tratamento e controle do DM em 189 indivíduos atendidos nas UBS da zona Urbana no Município de Santarém, Estado do Pará, distribuídos em um total de 19 unidades, e verificar a inserção do profissional de Educação Física no tratamento dos diabéticos. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo de levantamento e de abordagem quantitativa. A amostra foi composta de 189 indivíduos de ambos os gêneros, portadores de diabetes mellitus que realizavam controle da doença nas UBS da zona urbana de Santarém. Para a coleta dos dados aplicou-se um formulário, caracterizado por perguntas com respostas pré-estabelecidas e de alternativas fixas. Os resultados foram processados através de recursos da estatística descritiva, mediante utilização dos programas Excel (Microsoft for Windows – 2007) e Bioestat® 5.0. Foi aplicado o Teste-G (Yates) para comparar estatisticamente os dados municipais de incidência e prevalência com os dados estaduais mais atualizados que foram encontrados na literatura. Resultados: Os resultados deste estudo estão apresentados nas tabelas abaixo:

Tabela 1. Distribuição dos voluntários por tipo de tratamento.

Tipo de Tratamento Quantidade

Medicamento 20

Dieta 00

Atividade Física 00

Medicina Alternativa 00

Medicamento/Dieta 80

Medicamento/Atividade Física 14

Medicamento/Medicina Alternativa 06

Dieta/Atividade Física 01

Dieta/Medicina Alternativa 00

Atividade Física/ Medicina Alternativa 01

Medicamento/Dieta/Atividade Física 39

Medicamento/Dieta/Medicina Alternativa 19

Medicamento/Atividade Física/Medicina Alternativa 01

Medicamento/Dieta/Atividade Física/Medicina Alternativa 08

TOTAL 189

Fonte: Pesquisa de Campo (2010).

Tabela 2: Distribuição dos voluntários de acordo com a realização ou não de atividade física.

Tipo de Atividade Física Quantidade

Realizam Atividade Física 64 Nenhuma 125

TOTAL 189

180

Tabela 4: Distribuição dos voluntários de acordo com o tipo de atividade física que realizam.

Tipo de Atividade Física Quantidade

Caminhada 33 Corrida 00 Ciclismo 03 Natação 00

Musculação 01

Hidroginástica 01 Ginástica 17 Trabalho 02

Tabela 3: Distribuição dos voluntários de acordo com os motivos de não realizar atividade física.

Porque não Realiza Quantidade

Desconhece os benefícios 21

Desmotivação 15

Falta de um profissional que oriente 13

Falta de lugar adequado 00

Falta de Dinheiro 01

Fisicamente impossibilitado 22

Recomendação médica 06

Não tem tempo disponível 12

Desconhece os benefícios/Desmotivação 02

Desconhece os benefícios/Falta de um profissional que oriente 06

Desconhece os benefícios/ Fisicamente impossibilitado 01

Desconhece os benefícios/Não tem tempo disponível 01

Desmotivação/Falta de um profissional que oriente 09

Desmotivação/Falta dinheiro 01

Desmotivação/Não tem tempo disponível 02

Desmotivação/Fisicamente impossibilitado 01

Falta de lugar adequado/Falta de um profissional que oriente 02

Fisicamente impossibilitado/Falta de um profissional que oriente 04 Desconhece os benefícios/Falta de um profissional que oriente/Não tem tempo disponível 02

Desconhece os benefícios/Desmotivação/ Falta de um profissional que oriente 01

Desmotivação/Falta de lugar adequado/Falta de um profissional que oriente 01 Desconhece os benefícios/Fisicamente impossibilitado/Falta de lugar adequado/Falta de um profissional que oriente 01 Desconhece os benefícios/Desmotivação/Falta de lugar adequado/Falta de um profissional que oriente 01

TOTAL 125

Fonte: Pesquisa de Campo (2010).

181

Caminhada/Dança 01

Caminhada/Ginástica 03 Caminhada/Futebol 01

Caminhada/Corrida/Futebol 01

Caminhada/Corrida/Ginástica 01 Nenhuma 125

TOTAL 189

Fonte: Pesquisa de Campo (2010).

Tabela 5: Distribuição dos voluntários de acordo com quem orienta a atividade física.

Orientação Quantidade

Profissional de Educação Física 16 Acadêmico de Educação Física 07 Outros 41

TOTAL 64

Fonte: Pesquisa de Campo (2010). Conclusão: Os resultados deste estudo demonstraram que a medida terapêutica mais empregada pelos pacientes diabéticos atendidos nas UBS da zona urbana do município de Santarém diabéticos, para o controle de sua glicemia, foi à associação entre o tratamento medicamentoso e uma dieta controlada. Foi observado ainda que a presença da prática de atividade física está inserida no protocolo terapêutico de apenas 34% dos pacientes, como coadjuvante neste processo. Dentre os motivos apontados para a não realização de uma prática de atividade física, a maioria dos pacientes justificaram não realizá-la principalmente por se considerarem fisicamente impossibilitados ou ainda por desconhecerem os benefícios da sua prática. Dentre os indivíduos que praticam atividade física, predominou a caminhada, sendo que, no entanto, a maioria desses indivíduos a realiza sem qualquer orientação de um profissional de educação física, sendo na maioria das vezes, apenas estimulados por outros profissionais da saúde, ou ainda pela mídia televisiva, a realizar esta atividade. Referências Bibliográficas: OLIVEIRA, R. J.; OLIVEIRA, A. C. F. J. Diabetes e exercício. In: Saúde e atividade física. Rio de Janeiro: Shape, 2005. cap. 10, p. 189-202. SARTORELLI, D. S. et al. Intervenções nutricionais para prevenção do diabetes tipo 2 em adultos com sobrepeso: Dados preliminares. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia, 45:560, 2001. Palavras-chave: Diabetes Mellitus, Atividade Física, Tratamento, Epidemiologia.

182

PERFIL LIPÍDICO E ANÁLISE COMPARATIVA DOS NÍVEIS SÉRICOS DE ACORDO COM O GÊNERO EM

JOVENS UNIVERSITÁRIOS

Melina Laise Nascimento dos SANTOS1; Diego Sarmento de SOUSA

1,2; Priscila Leite da SILVA

1; Liliane Cristina da Silva

FÉLIX1; Luiz Carlos Rabelo VIEIRA

1,2; Adjanny Estela Santos de SOUZA

1,2,3

1Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA;

2Grupo de

Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde das Populações Amazônicas (GEPESPA); 3Faculdades Integradas do

Tapajós, FIT, Brasil. e-mail: [email protected]

Introdução: Dislipidemias são modificações no metabolismo dos lipídios que desencadeiam alterações nas

concentrações das lipoproteínas plasmáticas, favorecendo o desenvolvimento de doenças crônico-degenerativas

(CAMBRI et al.,2006). Estudos mostram a associação entre doença arterial coronariana com concentrações séricas

elevadas de colesterol total e LDL-colesterol e concentrações séricas reduzidas de HDL-colesterol (ROMALDINI et al.,

2004). A crescente preocupação com o aparecimento de doenças cardiovasculares em populações jovens leva à

necessidade de que os fatores de risco, em especial as dislipidemias, sejam amplamente investigados nesse período da

vida, a fim de se planejar intervenções cada vez mais precoces e mais eficazes, diminuindo assim a prevalência de DAC

(BERGMANN; HALPERN; BERGMANN, 2008). Objetivo: Verificar o perfil lipídico e comparar os níveis séricos de

acordo com o gênero em acadêmicos da Universidade do Estado do Pará (UEPA), Campus Santarém. Metodologia:

Trata-se de um estudo epidemiológico transversal realizado na UEPA, Campus Santarém, no ano de 2010. Participaram

60 acadêmicos com média de idade de 20,40±2,00 anos, sendo 26 indivíduos do curso de Educação Física, 17 de

Enfermagem e 17 de Fisioterapia. Para a realização das dosagens bioquímicas, foram coletados cerca de 3 mL de

sangue, por punção venosa, após um jejum de 12 horas. O sangue, uma vez coagulado, foi centrifugado por 10 minutos

a 3.000 rpm para aquisição das amostras de soro. Os teores de triglicerídeos (TG aumentado: ≥150 mg/dl), colesterol

total (CT aumentado: 200 mg/dl), lipoproteínas de alta densidade (HDL-c abaixo do desejável: masc. <40 mg/dl e fem.

<50 mg/dl) foram verificados no soro por meio de métodos enzimático-colorimétrico e as lipoproteínas de baixa densidade

(LDL-c aumentado: 160 mg/dl) foram calculadas através da fórmula de Friedewald [LDL-c = (CT - HDL-c) - (TG/5)],

válido se TG <400mg/dl. As dosagens foram realizadas em espectrofotômetro (marca Biospectro®, modelo SP22),

utilizando-se kits da Labtest Diagnóstica S/A, Brasil. A razão TG/HDL-c foi usada como um preditor do perfil de

subclasses de LDL-c e da presença dos fenótipos A (menos aterogênicas: ≤3,8) e B (mais aterogênicas: >3,8). O índice

de risco cardiovascular de Castelli (1983) foi calculado através da razão CT/HDL-c (risco coronariano aumentado:>4,0).

Os critérios para classificação do perfil lipídico foram: Hipercolesterolemia isolada (elevação isolada do LDL-c≥160 mg/dl);

Hipertrigliceridemia Isolada (elevação isolada do triglicerídeos ≥150 mg/dl); Hiperlipidemia mista (valores aumentados de

LDL-c ≥60 mg/dl e triglicerídeos ≥150 mg/dl); HDL baixo (redução do HDL em Homens <40 mg/dl e Mulheres <50

mg/dl). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do Curso de Educação Física da UEPA, Campus III, Belém (folha de

rosto n. 346466). Os resultados foram processados mediante recursos da estatística descritiva através do programa

Excel (Microsoft para Windows – 2007). Posteriormente, os dados foram transferidos para o aplicativo Bioestat® 5.0, de

modo a estabelecer a normalidade através do teste D'Agostino-Pearson. Para comparação entre as variáveis numéricas

do estudo, foi utilizado o Teste Mann-Whitney. Além disso, realizou-se o teste Qui-quadrado (X²) para análise de

distribuição de probabilidades entre as variáveis categóricas. Adotou-se p<0,05 para a significância estatística.

Resultados e Discussão: conforme a tabela 1, verificou-se prevalência de níveis desejáveis de LDL-c, TG e CT. A

relação TG/HDL-c mostrou que o perfil de subclasse de LDL-c mais prevalente foi o fenótipo A (menos aterogênico). Já a

relação TC/HDL-c mostrou maior prevalência de risco coronariano baixo. Os padrões de dislipidemias mais prevalentes

183

foram o HDL baixo e hipertrigliceridemia isolada. Com exceção do HDL-c, as demais variáveis apresentaram significância

estatística (p<0,05).

Em um estudo realizado com 249 indivíduos na cidade de Santarém, PA, Souza et al. (2010) observaram que 83,1% dos

participantes apresentaram perfil lipídico alterado, 15,3% apresentaram CT aumentado, 40,9% TG aumentado, 46,5%

LDL-c aumentado e 31,7% apresentaram HDL-c inferior a 35mg/dl ou não desejável, o que opõe-se ao resultado do

presente trabalho, onde os níveis de CT, TG, LDL-c e HDL-c encontraram-se em níveis desejáveis. Segundo Toé (2007),

as propriedades aterogênicas das partículas pequenas e densas de LDL-c, predominantes no fenótipo B, se somam ao

perfil aterotrombótico associado à hipertrigliceridemia, baixos níveis de HDL-c, resistência à insulina, obesidade

abdominal e outras características da síndrome de resistência à insulina. Conforme Packard e Shepherd (1997), quando

os níveis de TG estiverem muito baixos (<45 mg/dL), o fenótipo A sempre será observado; por outro lado, quando

existirem níveis elevados de TG (>180 mg/dL), o fenótipo B estará geralmente presente. De acordo com Tan e Austin

(1995), a dislipidemia típica da síndrome de resistência à insulina (TG elevados e HDL-c reduzido) é também

característica do Diabetes Mellitus tipo 2, o que implica em uma grande possibilidade dos diabéticos apresentarem o

fenótipo B. Na análise comparativa dos níveis séricos de lipídios de acordo com o gênero (tabela 2), observa-se que o

masculino apresentou resultados significativamente mais elevados para o TG (141,88±69,94 mg/dl) e relação TG/HDL-c

(3,37±1,90). Já o feminino apresentou resultados estatisticamente elevados para HDL-c (45,32±5,95 mg/dl), LDL-c

(79,87±35,40 mg/dl), CT (147,88±34,96mg/dl) e CT/HDL-c (3,32±0,88). Com exceção do HDL-c e relação CT/HDL-c, as

demais variáveis apresentaram diferenças estatísticas significativas. Embora no presente trabalho se tenha observado

diferença entre os níveis de HDL-c em relação ao gênero, estudos, como os de Guimarães et al. (1998) e Rabelo et al.

(1999), reportam que o gênero feminino apresenta níveis superiores de HDL-c em comparação ao masculino. Em estudo

realizado com jovens estudantes de medicina, Coelho et al. (2005) perceberam que o perfil lipídico, embora desejável,

mostrou valores aumentados de LDL-c e reduzidos de HDL-c para os homens quando comparados às mulheres. Em

pesquisa sobre o perfil lipídico de escolares, foi verificado que o valor médio de colesterol total foi mais frequente no sexo

masculino em relação ao feminino (SCHERR; MAGALHÃES; MALHEIROS, 2007), contrapondo-se ao resultado

encontrado no presente estudo. Ferreira et al. (2009), ao analisarem o perfil lipídico de moradores do Amazonas,

comprovaram que os níveis de triglicerídeos, em valores ≥150mg/dl, foram superiores no gênero feminino, contrapondo-

se novamente ao resultado verificado no corrente estudo. Conclusão: os padrões de dislipidemias mais prevalentes

Tabela 1: Distribuição percentual das dosagens bioquímicas e perfil lipídico da amostra. Santarém, Pará, Brasil, 2010.

Variável Amostra (n=60) % p (X²)

HDL-c Abaixo do Desejável 28 46,67%

0,6985 Desejável 32 53,33%

LDL-c Aumentado 02 3,33%

< 0,0001* Desejável 58 96,67%

Triglicerídeos Aumentado 18 30,00%

0,0030* Desejável 42 70,00%

Colesterol Total Aumentado 06 10,00%

< 0,0001* Desejável 54 90,00%

Relação TG/HDL-c Fenótipo B 15 25,00%

0,0002* Fenótipo A 45 75,00%

Relação CT/HDL-c Risco Coronariano Aumentado 02 3,33%

< 0,0001* Risco Coronariano Baixo 58 96,67%

Perfil Lipídico Hipercolesterolemia Isolada 01 1,67%

0,0003* HDL Baixo 18 30,00%

Hipertrigliceridemia Isolada 18 30,00% Normal 23 38,33%

* Resultados significativos encontrados, conforme o Teste Qui-quadrado (X² - proporções desiguais).

184

foram o HDL-c baixo e hipertrigliceridemia isolada. Na análise comparativa entre os gêneros, observou-se que o

masculino apresentou resultados mais elevados para o TG e relação TG/HDL-c e o feminino para HDL-c, LDL-c e CT.

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Tabela 2: Resultados da média e desvio padrãoda idade e dosagens bioquímicas de acordo com o gênero na amostra estudada. Santarém, Pará, Brasil, 2010.

Variável Gênero

Geral p Feminino Masculino

HDL-c (mg/dl) 45,32±5,95 43,85±4,84 44,68±5,52 0,2664 LDL-c (mg/dl) 79,87±35,40 62,43±37,96 72,31±37,23 0,0150* Triglicerídeos (mg/dl) 113,50±47,63 141,88±69,94 127,45±62,89 0,0333* Colesterol Total (mg/dl) 147,88±34,96 134,65±37,23 142,15±36,26 0,0467* Relação TG/HDL-c 2,68±1,62 3,37±1,90 2,98±1,76 0,0496* Relação CT/HDL-c 3,32±0,88 3,11±0,91 3,23±0,90 0,2795

* Resultados significativos encontrados, conforme o Teste Mann-Whitney (duas amostras independentes).

185

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2007, 65f. Dissertação (Mestrado em Medicina). Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

Palavras-chave: perfil lipídico, epidemiologia, jovens universitários.

186

PERFIL SÓCIO DEMOGRÁFICO E DE SAÚDE DE PACIENTES ATENDIDOS NUMA CLÍNICA DE FISIOTERAPIA EM SANTARÉM-PA Marília R. Santos PIMENTEL3, Danielle Marialva de CASTRO3, Rafaela dos Santos REIS1; Assis Junior Cardoso PANTOJA1; Reli José MADERS1; Diego Sarmento de SOUSA1,2 1Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA; 2Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde das Populações Amazônicas (GEPESPA); 3Faculdade de Ávila – GO. E-mail: [email protected] Introdução: O levantamento do perfil sócio demográfico e de saúde de pacientes submetidos a tratamento fisioterapêutico em clínica faz-se necessário para o conhecimento das diversas entidades patológicas que acometem esses indivíduos, as demandas relacionadas aos atendimentos, e principalmente conhecer quem é o usuário do serviço de fisioterapia (JESUS, 2009). Os serviços de saúde têm como objetivo a produção de impacto positivo nas condições de saúde da população. Desta forma torna-se importante a caracterização dos centros de reabilitação e clínicas de fisioterapia, visando expandir e atender de forma ampliada as necessidades de saúde dos pacientes (MACEDO et al., 2011). Neste contexto, a clínica de Fisioterapia como campo de atuação na saúde amplia o seu objeto de estudo no que diz respeito ao tratamento e reabilitação, passando a promover o bem estar individual e coletivo do paciente, sendo capaz de tratar os distúrbios cinéticos funcionais intercorrentes em órgãos e sistema do corpo humano, gerados por alterações genéticas, traumas e doenças adquiridas, exercendo assim, um papel importante na reabilitação do paciente e na sua reinserção no convívio social (COFFITO, 2007). Objetivo: Verificar o perfil sócio demográfico e de saúde de pacientes atendidos numa clínica de fisioterapia em Santarém-pa. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa descritivo-documental realizada numa clínica de fisioterapia na cidade de Santarém-PA. Os dados foram coletados nos prontuários de pacientes atendidos que iniciam seu tratamento entre os anos de 2009 a 2010. A amostra foi comporta por 414 prontuários no qual se verificou as seguintes variáveis: data da avaliação, gênero do paciente, idade, estado civil, profissão, plano de saúde, especialidade da fisioterapia. Os resultados foram processados através de recursos da estatística descritiva, mediante utilização do programa Excel (Microsoft for Windows – 2007). Optou-se pela distribuição percentual em tabelas para apresentação dos dados. Resultados e Discussão: De acordo com os resultados apresentados na tabela 01, observamos uma queda de 12.67% (n=28) no número de atendimentos entre 2009 e 2010. Observamos também que o 2º e 3º trimestre foram os que apresentaram as maiores taxas de atendimentos (30,68%; n=127).

Tabela 01: Perfil dos atendimentos em relação ao ano e trimestre. Santarém-PA. 2011.

Variáveis Amostra (n=414) %

Ano 2009 221 53,38% 2010 193 46,62%

Trimestres 1º Trimestre 73 17,63% 2º Trimestre 127 30,68% 3º Trimestre 127 30,68% 4º Trimestre 87 21,01%

A tabela 2 apresenta os resultados do perfil social dos pacientes. Nota-se a prevalência do sexo feminino (59,18%, n=245), e que 164 pacientes encontravam-se na faixa etária de 30 a 49 anos (30 a 39, 20,53%; 30 a 39, 18,08%). Nota-se que 191 pacientes eram casados (46,14%) e que a maioria realizava alguma atividade laborativa, sendo que 68 (16,48%) trabalham no comércio.

187

Tabela 02: Perfil dos pacientes atendidos entre 2009-2010 em relação ao gênero, idade, estado civil e profissão. Santarém-PA. 2011.

Variáveis Amostra (n=414) %

Gênero Feminino 245 59,18% Masculino 169 40,82%

Idade Menor de 10 anos 18 4,35% 10 a 19 anos 39 9,42% 20 a 29 anos 48 11,59% 30 a 39 anos 85 20,53% 40 a 49 anos 79 19,08% 50 a 59 anos 68 16,43% 60 a 69 anos 42 10,14% 70 a 79 anos 28 6,76% Maior de 79 anos 07 1,69%

Estado Civil Solteiro (a) 146 35,27% Casado (a) 191 46,14% Divorciado (a) 13 3,14% Viúvo (a) 25 6,04% Não especificado 39 9,42%

Profissão Advogado (a) 05 1,21% Aposentado (a) 34 8,21% Doméstico (a) 41 9,90% Engenheiro Civil 05 1,21% Estudante 50 12,08% Funcionário Público 17 4,11% Professor (a) 29 7,00% Serviços gerais 07 1,69% Trabalhador rural 22 5,31% Trabalhador do Comercio 68 16,43% Profissional da Saúde 19 4,59% Trabalhador Autônomo 43 10,39% Setor Industrial 04 0,97% Segurança Pública 22 5,31% Não especificado 48 11,59%

A tabela 3 apresenta os resultados em relação ao Convênio e Especialidades atendidos pela clínica. Nota-se uma maior quantidade de pacientes atendidos pelos convênios do SUS e UNIMED (29,95%, n=124). Em relação ao convênio, a maior incidência de pacientes pelo SUS deve ocorrer pela grande demanda de pacientes e o fato de que poucos estabelecimentos oferecem o serviço, e os pacientes da UNIMED também não possuem ambulatório próprio, restando aos estabelecimentos conveniados realizar o atendimento. Notou-se uma a prevalência de atendimentos em traumato-ortopedia (88,41%, n=366). Tabela 03: Perfil dos pacientes atendidos entre 2009-2010 em relação ao tipo de convênio e especialidade da fisioterapia. Santarém-PA. 2011.

Variáveis Amostra (n=414) %

Tipo de convênio CAPSAÚDE 16 3,86% FUSEX 28 6,76% Particular 74 17,87% PAS-IPASEP 18 4,35%

188

PAS-Sagrada Família 13 3,14% SUS 124 29,95% UNIMED 124 29,95% Não especificado 17 4,11%

(continua) (continuação)

Especialidade da Fisioterapia Cardiovascular 01 0,24% Não especificado 06 1,45% Respiratória 04 0,97% Reumatologia 04 0,97% Traumato-ortopedia 366 88,41% Neurológia 33 7,97%

Em estudos realizados em Salvador – BA, que utilizaram a mesma metodologia, identificou-se também uma prevalência do gênero feminino (57,25%; n=253) (JESUS, 2009). Em outro estudo realizado em São Manuel - SP, notou-se que 40% são casados com idade média de 46 anos (GARCIA, 2007). Estudo similar realizado em Tubarão – SC observou que em um total de 854 casos atendidos no período de janeiro de 2008 a 2009 em uma clínica escola, constata-se que a prevalência de traumato-ortopedia é 75.2%, ou seja, 3 em cada 4 pacientes (NETO; SILVA; HAMAGUCHI, 2009). Nesses estudos verifica-se que é através da identificação desses distúrbios é que se pode dar incentivo à criação de projetos priorizando a prevenção e o tratamento dos mesmos (MARGOTTI, 2004). Conclusão: Através dos resultados obtidos, verificou-se que a maior parte da amostra foi composta por pacientes do sexo feminino, a faixa etária dos pacientes estava entre 30 a 49 anos, sendo a maioria atendida pelos convênios SUS e UNIMED. A maior taxa de atendimentos foi feita no 2º e 3º trimestres de 2009 e 2010. Foi observado que grande parte dos pacientes procurou o serviço de fisioterapia para tratamento de algum tipo de distúrbio traumato-ortopédico. Referências Bibliográficas: COFFITO. Resoluções e Decretos. 2007. Disponível em: <http://www.coffito.org.br/publicacoes/pub_view.asp?cod=1419&psecao=9 > Acesso em: 03 Maio 2011. GARCIA, C.C. Perfil sociodemográfico, socioeconômico e de morbidade de usuários da clínica de fisioterapia da Faculdade Marechal Rondon, 2007, 58f. Monografia (Conclusão do Curso de Fisioterapia). Faculdade Marechal Rondon, São Manuel. JESUS, E.A.S. Perfil dos pacientes sob tratamento fisioterapêutico na clínica escola da faculdade IBES, 2009, 18f. Monografia (Bacharelado em Fisioterapia). Instituto Baiano de Ensino Superior, Salvador. MACEDO, L.B.; GOMES, M.A.; SANTANA, G.O.; OLIVEIRA, P.H.E. Perfil de pacientes em clínica escola de fisioterapia. Revista Nova Fisio, n. 78, p.28-31. 2011. Disponível em: <http://issuu.com/oston/docs/revista_novafisio_ed78> Acesso em: 03 maio 2011. MARGOTTI, W. Prevalência dos dez distúrbios ortopédicos mais frequentes na Clínica Escola de Fisioterapia da UNISUL, 2004, 24f. Monografia (Bacharelado em Fisioterapia). Universidade do Sul de Santa Catarina, Tubarão. NETO, C.A.S.; SILVA, L.J.S.; HAMAGUCHI, R.K.C. Análise de prevalência das lesões traumato- ortopédicas dos pacientes atendidos na clínica escola da UNAMA- Fisioclínica no período de janeiro de 2008 a janeiro de 2009, 2009, 55f. Monografia (Bacharelado em Fisioterapia). Universidade da Amazônia, Belém. Palavras-chave: Fisioterapia, Perfil Sócio Demográfico, Clínica, Saúde.

189

PERÍODO GRAVIDICO: INTERVIR PARA MELHOR CUIDAR Edna Ferreira Coelho GALVÃO¹; Maria Giselle Damasceno OLIVEIRA 2, Carla Pedrosa BOHRY3; Juliane da Costa MELO4; Sheyla Bentes CARDOSO5.Adria Natuane FONSECA6

Universidade do Estado do Pará-UEPA – Campus de Santarém. Pará. 1 Graduada em Educação Física pela UEPA/Santarém2,.Acadêmicas de Enfermagem da UEPA/Santarém 345, Acadêmica de Fisioterapia da UEPA/Santarém. 6 E-MAIL: [email protected]. Introdução: Muitas mudanças vêm ocorrendo na sociedade atual de forma acelerada alterando a forma como as pessoas se organizam, se relacionam e constroem suas práticas cotidianas. O que vemos são as sociedades tornando-se cada vez mais complexas, exigindo das diferentes áreas do conhecimento uma qualificação profissional capaz de responder as expectativas e problemas também complexos próprios da vida urbana contemporânea. No âmbito dos cursos da saúde o desafio é aproximar os jovens da realidade vivida nos diferentes segmentos e níveis sociais/culturais a fim de estarem preparados para inserir-se no mercado de trabalho e, conseqüentemente, na vida adulta de forma qualificada, competente e segura. Desta forma, o atendimento à saúde via Sistema Único de Saúde - SUS é o espaço privilegiado para esta aproximação com a realidade de milhares de brasileiros que necessitam dos serviços de saúde garantidos pelo Estado de Direito brasileiro. No âmbito do atendimento básico do SUS temos o Programa de Atenção Integral a Saúde da Mulher – PAISM, que dentre as diversas ações encontra-se o atendimento as mulheres grávidas. Este é um período influenciado por múltiplos fatores, do biológico aos socioculturais e econômicos da população, além do acesso e da qualidade técnica dos serviços de saúde disponíveis à população em cada Município/Estado. Em Santarém, município da região Oeste do Estado do Pará, situado em meio a floresta Amazônica, o atendimento básico às grávidas é feito prioritariamente pela equipe de enfermagem nos diversos postos de saúde situados nos diferentes bairros do município, tendo em vista a carência do profissional da saúde, em toda a região. Esta realidade apresenta certa dificuldade quanto ao atendimento à assistência à saúde no SUS prevista pela Lei Orgânica da Saúde, que advoga a abrangência tanto das ações assistenciais quanto, das atividades de promoção à saúde e prevenção de doenças. Pois, a equipe de enfermagem acaba não dando conta de promover, de forma efetiva e continuada, ações educativas no âmbito dos diferentes programas do SUS. A gravidez e o parto são eventos sociais que integram a vivência reprodutiva de homens e mulheres. Este é um processo singular, uma experiência especial no universo da mulher e de seu parceiro, que envolve também suas famílias e a comunidade. A gestação, parto e puerpério constituem uma experiência humana das mais significativas, com forte potencial positivo e enriquecedora para todos que dela participam. (BRASIL, 2001, p.09) Este é um período transitório mas de grandes transformações na vida da mulher, uma nova realidade se apresenta exigindo mudanças de papéis e estilo de vida que muitas vezes a grávida não está preparada para enfrentar. Para ajudar a gestante e sua família a conviver com esta nova realidade, com informações importantes a saúde da mulher e de seu bebê, o Ministério da Saúde aponta, como estratégia para os serviços de atenção básica a saúde e Humanização no Pré-natal e Nascimento, a constituição de grupos de apoio. (BRASIL, 2001, p. 28). Estes grupos atuariam como um espaço onde gestantes e familiares pudessem expressar os sentimentos (medo/ansiedade/angústia/alegria) e as dúvidas e ao mesmo tempo adquirir/trocar informações importantes para a saúde da mãe e filho com diferentes profissionais e pessoas que vivenciam situação similar. Estes grupos seriam potencialmente espaços de educação em saúde. Através de atendimento humanizado e da constituição de grupos de apoio os profissionais de saúde podem promover ações que auxiliem a mulher a compreender as modificações pelas quais seu organismo está passando, e assim vivenciar a gravidez com maior satisfação, além, de receber acompanhamento e a devida avaliação da evolução de sua gestação. Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2001) é através do Pré-natal que a gestante poderá receber um adequado preparo para o nascimento, o que é de fundamental importância para a humanização do parto. O que podemos entender como adequado preparo para o nascimento? A publicação do Ministério da Saúde indicado acima define que a “gestante deve receber orientações em relação aos seguintes temas: processo gestacional, mudanças corporais e emocionais durante a gravidez, trabalho de parto, parto e puerpério, cuidados com o recém-nascido e amamentação”. Além disso, deve conhecer os processos anatômicos e fisiológicos a que está sujeita, as opções quanto aos tipos de parto, vantagens e desvantagens de cada um, e as condutas que facilitam a vivencia da sexualidade, a

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participação ativa na hora do parto e outras. Um outro ponto que queremos destacar nas medidas educativas previstas pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2001, p. 28) são “medidas referentes ao trabalho corporal”. Para o Ministério o Programa de Atendimento no Pré-Natal deve “oferecer à mulher um melhor conhecimento da percepção corporal, bem como do relaxamento e da respiração para um melhor controle do trabalho de parto e parto.” Neste caso, é preciso introduzir exercícios de relaxamento e respiratórios adequados a cada etapa da gravidez. Considerando esta orientação, em 2010 desenvolvemos um projeto de extensão com mulheres grávidas na Unidade de Ensino em Saúde Básica do Município - UEASBA. A intenção foi envolver acadêmicos dos cursos de Enfermagem, Fisioterapia e Educação Física em ações educativas, preventivas e promotoras de saúde e qualidade de vida com mulheres atendidas no pré-natal da UEASBA. Com este projeto foi possível envolver os acadêmicos com teorias que fundamentam atividades corporais importantes na preparação da mulher não só para o parto, mas também para ser mãe. Também serviu como importante estímulo a busca do aprofundamento dos conhecimentos referentes à gravidez. Objetivos: criar um campo de conhecimentos e técnicas sobre os efeitos da massagem, da dança e do toque no resgate da auto-estima de adolescentes grávidas e do fortalecimento de seu vínculo com o bebê; promover ações multidisciplinares em prol de uma gravidez e parto saudável de adolescentes e promover educação em saúde com vista desenvolver o auto cuidado em adolescentes grávidas. Metodologia: O projeto foi desenvolvido com 10 mulheres grávidas com período gestacional de 3 a 6 meses, todas com autorização do médico da UEASBA. que mostraram interesse em participar do mesmo. As atividades foram desenvolvidas com duração de uma hora duas vezes por semana, por um período de 9 meses. As atividades desenvolvidas foram massagem Shantala na mãe e em bebês, exercícios de yoga, atividades de consciência corporal e fortalecimento de músculo pélvico, hidroginástica, exercícios de meditação e relaxamento, conversas interativas/educativas e vídeo debate sobre o cuidado de si e do bebê com vista informar as mulheres sobre os processos de transformação do corpo, cuidados antes, durante e após o parto, cuidados com o bebê antes e após o parto na perspectiva de promover qualidade de vida de mãe e filho. A organização e elaboração das atividades seguiram uma rotina semanal envolvendo pesquisas, leituras e busca de metodologias e dinâmicas que mantivessem o interesse das participantes em participar do grupo até o fim da gravidez. Resultados e discussão: Os resultados mostraram que as mulheres nesta fase necessitam de cuidado e atenção especiais por parte da equipe da saúde. Ao mesmo tempo, em que mostrou que as atividades desenvolvidas foram eficazes no fortalecimento do vinculo mãe e filho, na promoção do auto-cuidado e no aumento da auto-estima, que pode ser diminuída diante das mudanças corporais e sociais que cada mulher enfrenta. Pelos relatos as grávidas demonstraram o quanto as atividades do projeto foram importantes para estabelecer melhor uma relação com o bebê que estava para chegar e a entender as mudanças que estavam sendo processadas em seu corpo. Por outro lado, disseram ter sido positivo a possibilidade de relacionar-se com seu corpo em transformação de uma forma mais positiva, sem o estresse e o medo de estar ou ficar feia. Percebemos um aumento da auto-estima e foi-nos relatado que a vivencia com outras grávidas, a troca de experiência, a possibilidade de exprimir os sentimentos, medos e angústias foi fundamental para revisar a relação com o bebê, com a família e consigo mesma. Por outro lado, o projeto sinalizou um outro campo de investigação para a enfermagem e educação física, trazendo técnicas alternativas que podem auxiliar e muito no processo de cuidar das grávidas tanto em postos de atendimento quanto em serviços especializados nas academias.Por outro lado, a troca de vivências entre professores, acadêmicos e as mulheres grávidas constituiu importante espaço de intercâmbio de experiências e conhecimentos que promoveram a compreensão do processo de gestação. Traesel et al (2004), relatam que é preciso haver comunicação e linguagem clara, para que a educação em saúde aconteça, permitindo que o usuário se aproprie do conhecimento técnico sem descaracterizar o conhecimento popular. Neste sentido, seguindo as orientações da pedagogia dialógica de Paulo Freire, valorizamos a participação ativa das mulheres em todas as atividades, reconhecendo-as como pessoas portadoras de saberes sobre o processo saúde-gravidez-cuidado e das condições concretas de vida. Conclusão: O projeto constituiu num espaço importante de ensino, pesquisa e extensão para os acadêmicos trazendo a oportunidade de vivenciar uma realidade diferente no contexto do cuidar de gestantes, além a aproximação com teorias que ampliaram sua percepção de saúde e atuação no contexto do atendimento do pré-natal. Por outro lado, permitiu que as participantes tivessem a oportunidade de refletir a gestação sob outros parâmetros, podendo tomar suas decisões sobre o parto de forma mais

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consciente. Ao meso tempos que desenvolveram vínculos importantes que as ajudaram a manter sua auto estima durante a gestação. Referência bibliográfica BAPTISTA, Marcio Rodrigues e DANTAS, Estelio Henrique Martin. Yoga no controle do stress. Disponivel em http://fpjournal.org.br/painel/arquivos/2080-1_Yoga_Rev1_2002_Portugues.pdf. acesso em 20/08/2010 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticos de Saúde. Área Técnica de Saúde da Mulher. Parto, aborto e puerpério: assistência humanizada à mulher/ Ministério da Saúde, Secretaria de Políticas de Saúde, Área Técnica da Mulher. – Brasília: Ministério da Saúde, 2001. COSTA, L. F.; BRANCO, M. H.C., ALVES, A M. O; CRUZ, T. S. A contribuição da Terapia Ocupacional com gestantes adolescentes na maternidade Cândido Mariano em Campo Grande. Anais do VII Congresso Brasileiro de Terapia Ocupacional. Porto Alegre, 2001. LA ROSA, Deonira L. Viganó. A terapia do Toque. s/d. Diaponivel em http://www.infa.org.br/textos/t_027.pdf. Acesso em 08/01/2009. PAES, Lucilene Gama et al. Educação em Saúde: Ferramenta Instigadora do Cuidado Integral e Empoderamento. Disponível em http://www.forummundialeducacao.org/IMG/pdf_EDUCACAO_EM_SAUDE_FERRAMENTA_INSTIGADORA_DO_CUIDADO.pdf. Acasso em 04/02/2011 LUCONI, Luciano. Toque e Psicoterapia Junguiana. Instituto Junguiano do Rio Grande do Sul filiado a AJB - Associação Junguiana do Brasil e à IAAP - International Association for Analytical Psychology. Disponível no site: http://www.ijrs.org.br/artigos.php?id=51. Acesso em 10/01/2009. MOHAN, A. G. e MOHAN, Indra. A terapia do YOGA: um guia para o uso terapêutico do Yoga e do ayurveda para a saúde e a aptidão física. São Paulo: Pensamento, 2006. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 30ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2006. 148p TRAESEL C. A. Educação em saúde: fortalecendo a autonomização do usuário. In: Acolher Chapecó. São Paulo: Hucitec, 2004 TROVO, Monica Martins; SILVA, Maria Júlia Paes da; LEÃO, Eliseth Ribeiro. Terapias alternativas/complementares no ensino público e privado: análise do conhecimento dos acadêmicos de enfermagem. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692003000400011&lng=en&nrm=iso. Acesso em 30/08/2010. Palavras Chaves: Gravidez, educação em saúde, atividades multidisciplinares.

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POLIMIOSITE: ANÁLISE DE CASO E PROTOCOLO DE TRATAMENTO NEUROFUNCIONAL APLICADO EM PACIENTE PORTADOR, ATENDIDO NA UESBA. Lucas da Silva Alho MOTA¹'², Darlyson Reis FIGUEIRA¹, Milcilene Damasceno de OLIVEIRA², Richelma de Fátima Maria BARBOSA¹ ¹Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA. ²Instituto esperança de Ensino Superior, Santarém-PA-Brasil. E-mail: [email protected] INTRODUÇÃO: A polimiosite (PM) é definida como uma miopatia idiopática que evolui durante semanas a meses e tem como característica principal o desenvolvimento de processo inflamatório não supurativo na musculatura esquelética, o qual se manifesta clinicamente por fraqueza muscular proximal. Tem incidência de aproximadamente um caso a cada 100 mil habitantes, com predomínio em mulheres (Dalakas e Holfeld, 2003). A fraqueza muscular progressiva envolvendo os grupos musculares da cintura escapular e pélvico é, em geral, o primeiro sintoma apresentado e seu caráter subagudo faz com que os pacientes levem algum tempo até procurar atendimento médico; mais raramente, a doença pode manifestar-se de forma aguda. O tratamento deve ser iniciado com glicocorticoide (GC) sistêmico, associado a imunossupressores (MS, 2010). Sintomas constitucionais podem estar presentes e incluem fadiga, hiporexia, perda ponderal, artralgia ou artrite de pequenas e médias articulações (Yen et al., 2005). A PM pode ocorrer isoladamente ou estar associada a doenças sistêmicas autoimunes e infecções virais, a exemplo de lúpus, artrite reumatóide, infecções por HIV e HTLV (Freire et al., 2010). Os critérios clássicos descritos por Bohan e Peter orientam o diagnóstico de PM, devem ser levados em consideração os seguintes critérios: fraqueza muscular das cinturas pélvicas e escapular, evidência de miosite à biopsia muscular, elevação da enzima muscular sérica − creatinofosfoquinase (CPK). A enzima Creatinoquinase (CK), também chamada de Creatina-fosfoquinase (CPK), é encontrada principalmente na musculatura estriada, no músculo cardíaco e no cérebro. Encontra-se marcadamente elevada nas lesões da musculatura esquelética (Mariano et al., 2009). Até recentemente as recomendações literárias para pacientes com PM era de evitar exercício e de restrita atividade física. No entanto estudos demonstraram que o exercício físico em combinação com tratamento imunossupressor convencional tem sido bem-sucedido e resultam em uma melhora da força e desempenho muscular, em uma melhor capacidade oxidativa e desempenho nas atividades diárias. A racional inclusão do exercício no regime de tratamento de pacientes com PM é, em parte, baseado no conceito de que o exercício possa ser um meio de prevenir a perda muscular, além disso, reduzir a ocorrência de características crônicas como a fraqueza e a lesão muscular (Nader e Ludenberg, 2009). OBJETIVO GERAL: Relatar e expor o quadro clínico e protocolo fisioterapêutico na doença, atípica, Polimiosite, para a sociedade científica. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: Relatar quanto ao protocolo de reabilitação utilizado e resultado de exames da paciente. Mensurar o grau de força muscular. Avaliar a independência funcional da mobilidade e transferência. Avaliar o nível de equilíbrio da paciente. JUSTIFICATIVA: O estudo torna-se necessário, residindo no fato de a polimiosite ser uma doença rara, e a literatura apresentar escassas referências a respeito da patologia. As manifestações clínicas trazem reflexos prejudiciais para os portadores. Os pacientes acometidos se queixam de dificuldade nas tarefas diárias que necessitam do uso dos músculos proximais (FREIRE et al., 2010). Os achados recentes apontam resultados favoráveis na prescrição e supervisão de atividades físicas direcionadas aos indivíduos enfermos. Contrastando com as recomendações prévias de evitar exercícios físicos, novos relatos agora sustentam a ideia de que o exercício físico em pacientes com polimiosite é seguro, além de acarretar benefícios clínicos e até a redução do processo inflamatório local e sistêmico. Nesse sentido, cabe-se, a aplicação do estudo, contribuindo para a necessidade de informações científicas a respeito do assunto. METODOLOGIA: Este estudo se baseia na apresentação de caso clínico de paciente atendido na UEASBA (Unidade de Ensino e Assistência do Baixo Amazonas) durante o período de estágio da disciplina fisioterapia nas disfunções sensitivo-motoras, totalizando treze atendimentos. Foi realizada avaliação da paciente para coleta de dados pessoais, inspeção, exames e queixas funcionais. O protocolo terapêutico foi baseado na melhora das queixas funcionais, em manobras de alongamento, fortalecimento muscular, equilíbrio, transferências e melhora da marcha. Foram também aplicados o teste de alcance funcional e a Escala de Berg para avaliar o grau de equilíbrio da paciente, a Escala de Medida de Função Motora (MFM) para avaliar mobilidade e transferências da paciente e para avaliar a força muscular foi aplicado o teste manual de força muscular

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seguindo as diretrizes terapêuticas para monitorização da PM do ministério da saúde. Os dados serão apresentados na forma de tabelas e expostos na discussão. CASO CLÍNICO: Paciente D.P.C., sexo feminino, 47 anos, com diagnostico de polimiosite, apresenta os seguintes sinais clínicos: fraqueza muscular axial, hiporreflexia, sinal de trendelenburg, déficit de controle de tronco e equilíbrio, presença de pápulas de Gottron nos pés e face. Também apresenta mialgia, artralgia e maior fraqueza muscular no hemicorpo direito. Mostrou-se dependente no quesito marcha e semi-dependente quando avaliadas as transferências. Apresenta como queixa principal dificuldade na realização de atividades de vida diária. Possui sensibilidade tátil e dolorosa preservada. Aos exames laboratoriais que foram apresentados, temos os seguintes resultados: 07/02/2011, com dosagem de CPK de 1028 u/L (valores de referência: 12 a 90 u/L) quando reiniciou a fisioterapia depois de 3 meses ausente, no exame datado de 26/04/2011 sua taxa de CPK havia reduzido para 415 U/L. Faz uso de prednisona e metotrexato, para redução do quadro inflamatório. PROTOCOLO FISIOTERAPÊUTICO: Foi elaborado um protocolo de exercícios baseado em alongamentos de MMSS e MMII para fase de aquecimento. Foram implantadas manobras visando fortalecimento muscular, sendo aplicada resistência manual nos exercícios em três séries de 12 repetições com tempo de repouso de trinta segundos, priorizando músculos importantes na marcha, como o glúteo médio que estava com elevado grau de paresia. Nas cadeias musculares das cinturas pélvicas e escapulares, as mais acometidas pela paresia, foi aplicada a técnica de facilitação neuromuscular proprioceptiva, objetivando a irradiação do movimento. Visando melhora do equilíbrio e propriocepção, foi preconizada a variação de ambientes e instabilidades, como bola suíça e rampa. RESULTADOS: Tabela 1 - Grau de força muscular avaliado pelo teste manual de força muscular.

Grau 0 Grau 1 Grau 2 Grau 3 Grau 4 Grau 5 Músculos Axiais Iliopsoas X Deltóide X Músculos Apendiculares Quadríceps X Tibial anterior X Tríceps Sural X Extensor longo do hálux X Tríceps braquial X Bíceps braquial X Flexores de punho e dedos X Intrínsecos da mão X

Fonte: Dos autores Na tabela 1, pode-se perceber que os músculos proximais, como os iliopsoas, deltoides e quadríceps são os mais fracos, necessitando de anulação da força gravitacional para realização total do movimento. Continuando a análise de proximal para distal, tem-se melhora do grau de força para os músculos tibial anterior, tríceps e bíceps braquial, onde a paciente já realiza o movimento contra a ação da gravidade e por fim os músculos responsáveis pelo controle motor fino da mão e o extensor longo do hálux já realizam movimentos com certo grau de resistência, dados esses que se mantiveram sem alteração do início ao fim das sessões de fisioterapia. Quanto ao quesito equilíbrio, na escala de Berg a paciente apresenta um escore de 16 pontos, vale ressaltar que a escala de escala de Berg totaliza 56 pontos, quanto mais baixo o valor, maior a tendência para quedas, sendo assim a paciente mostrou elevado risco de quedas para certos quesitos. Quanto a Medida de Função Motora (MFM), que inclui avaliações estáticas e dinâmicas, em três dimensões (em pé e transferência, função motora e axial, função motora distal). Onde os escores totais e parciais para as dimensões são expressos em porcentagens em relação ao escore máximo (96 pontos), a paciente alcança o valor de 45%, frente à totalidade do exame. A dosagem de CPK mostra-se elevada (1.028 U/L), ao exame realizado no dia 07/02/2011, mostrando o grande nível de lesão da musculatura esquelética no momento que retornava a realizar fisioterapia após 3 meses sem realizar, mas sob administração medicamentosa. Com 3 meses de atendimento fisioterapêutico e continuidade do tratamento medicamentoso a paciente apresentou aos exames laboratoriais de CPK redução de 40,3% (415 U/L) nos níveis séricos. CONCLUSÃO: A partir do que foi exposto, pode-se perceber que o paciente portador desta

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patologia se torna um ser dependente de tratamento medicamentoso e fisioterapêutico por passar a possuir comprometimento funcional necessário para realização de atividades de vida diária. O exercício terapêutico contribui ativamente para uma melhora do quadro sintomatológico da polimiosite, evitando perda de força muscular, assim facilitando no desempenho funcional do indivíduo portador, no que diz respeito as suas atividades de vida diária. Além disso, diante dos achados laboratoriais e das técnicas fisioterapêuticas utilizadas, pode-se inferir que o exercício terapêutico associado ao tratamento farmacológico se mostra como opção otimizadora para tratamento da patologia, uma vez que tais exercícios melhoram o aporte sanguíneo, aumento assim a capacidade oxidativa muscular, prevenindo lesões e auxiliando no controle dos níveis da proteína. Sugere-se que estudos mais detalhados sejam realizados, com intuito de colher novos dados sobre a doença e traçar novos planos de tratamento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOHAN A.; PETER J. B. Polymyositis and dermatomyositis (first of two parts). N Engl J Med, v. 292(7), n.344-351, 1975. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1090839 Acesso em: 12 mai. 2011. FREIRE, R. O.; MACIEIRA, J. C.; BRITO, H. L. F. Polimiosite associada à síndrome nefrótica. Revista Brasileira de Reumatologia, v.50 n.4, p. 462-463, 2010. MARIANO, W. S.; SEVILHA, R. C. ; SOUTO, C.A. Aspectos genéticos, fisiológicos e clínicos de um paciente com distrofia muscular de duchenne. Revista Ensaios e Ciência, vol. X, n. N, p. 5, 2009. NADER G. A.; LUNDEBERG I. E. Ação anti-inflamatória da atividade física no controle de doenças musculares inflamatórias. Revista Temas de Reumatologia Clinica, v.11, n.3, p. 23-31, 2009. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Portaria SAS/MS. Dermatomiosite e Polimiosite. N. 206. de 23 de abril de 2010.(Republicada em 27.08.10). Palavras-chave: creationfosfoquinase (CPK), exercício físico, polimiosite

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POTENCIALIDADES E FRAGILIDADES NA APLICAÇÃO PRÁTICA DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: UMA PERCEPÇÃO ACADÊMICA Jonata R. de SOUSA¹, Luiz A. B. HESPANHOL¹, Isabela Vanessa S. dos REIS¹, Natália M. MONTEIRO¹, Pablison C. COELHO¹, e Sleyla Mara de OLIVEIRA¹ 1Universidade do estado do Pará, Campus XII- Santarém-PA, Brasil. Email: [email protected] Introdução: A sistematização da assistência de enfermagem (SAE) é regulamentada por lei e é uma incumbência privativa do profissional de enfermagem, cabendo a ele sua implantação, planejamento, organização, execução e avaliação. É uma forma organizada de estabelecer a atuação de enfermagem, fundamentada pelo processo de enfermagem, no qual, os cuidados de enfermagem são prestados de forma holística. Através da utilização da SAE, é assegurada uma prática assistencial adequada e individualizada ao paciente. Vários fatores têm dificultado a elaboração e avaliação da SAE, como sobrecarga de trabalho, quadro de pessoal insuficiente e despreparo profissional além dos fatores inerentes ao processo gerencial, dificultando sua implantação nos serviços de saúde. Objetivo: conhecer a percepção dos acadêmicos do 5º ano do curso de enfermagem sobre as potencialidades e fragilidades da SAE. Metodologia: A pesquisa é qualitativa, descritiva de abordagem crítico-interpretativo, sendo que o universo ou população da pesquisa foram discentes da Universidade do Estado do Pará, Campus XIl. A amostra ou subgrupo da população estudada foram 10 alunos, na faixa etária de 20(vinte) a 28 (vinte e oito) anos. Foram tomadas todas as providências necessárias, para realização da pesquisa, previstas na lei 196/96, que regulamenta a pesquisa com seres humanos, como a adoção do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e como instrumentos, para a aquisição de dados, foram usados questionários semi-estruturados. Resultados: revelaram que as potencialidades da SAE estão relacionadas ao conhecimento proporcionado ao enfermeiro para identificar as situações de saúde/doença de seu cliente; ela também contribui para promoção, prevenção, recuperação e reabilitação na saúde do individuo, atentando para suas necessidades humanas básicas, consistindo em um modo organizado de trabalho, baseado em um método científico, voltado à assistência com o publico e possuindo etapas para melhorar os serviços de enfermagem e a qualidade da vida dos pacientes. Além disso, foi destacado que a SAE aumenta a criticidade do profissional, permite que o profissional ou o acadêmico tenha uma compreensão mais clara dos problemas apresentados pelo cliente, demonstra que a enfermagem é uma peça fundamental na equipe multiprofissional e permite o fortalecimento da classe de enfermeiros. Suas fragilidades implicam diretamente em escassez de conhecimentos teóricos e práticos sobre a dinâmica da SAE, sobrecarga do profissional de enfermagem relacionado a insuficiência de recursos humanos, modo de assistência recente, deficiência na estrutura hospitalar, falta de apoio dos demais enfermeiros, contribuindo para o fracasso de sua implantação nos serviços de saúde. Conclusão: a SAE consiste em um método científico organizado, que capacita o enfermeiro para atuar de forma holística, respeitando a individualidade, melhorando os cuidados de enfermagem e assim, contribuindo para a qualidade na vida da população. A sobrecarga de trabalho atrelada à deficiência de políticas de incentivo a SAE são fatores que contradizem a sua implantação. Por fim, para que ocorra sistematização da assistência de enfermagem é fundamental a capacitação dos enfermeiros, tanto na grade curricular, quanto na prática profissional, o que proporciona conhecimentos científicos e metodológicos para aplicação da SAE. É necessário também o dimensionamento e engajamento da equipe profissional de enfermagem, para dinamizar os serviços de saúde e, apoio das instituições de saúde, que, passam a evitar gastos adicionais com materiais e tempo de internação em conseqüência do déficit da assistência de enfermagem. Pesquisas, no sentido de investigar os problemas e potencialidades da SAE, contribuem para fortalecer seu embasamento teórico e possibilitam discussões e reflexões que podem contribuir para a melhoria da qualidade da assistência prestada. Referências bibliográficas: AMANTE, L. N.; ROSSETTO, A. P. e SCHNEIDER, D. G. Sistematização da Assistência de Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva sustentada pela teoria de Wanda Horta. 2009. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342009000100007> Acesso: 17 de nov. de 2010.

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BOAVENTURA, A. P. Ensino do processo de enfermagem: percepção dos alunos do curso de graduação em enfermagem. XI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e VII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba, 2006. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução COFEN-272/2002. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem –SAE- nas Instituições de Saúde Brasileiras, 2002. Disponível em: http://site.portalcofen.gov.br/resolução. Acesso em: 16 de Novembro de 2010. CUNHA, S. M. B.; BARROS, A. L. B. L. Análise da implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem, segundo o Modelo Conceitual de Horta. Revista Brasileira de Enfermagem, 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reben/v58n5/a13v58n5.pdf. Acesso: 24 de ago. de 2010. FELIX, N. N.; RODRIGUES, C. D. S e OLIVEIRA, V. D. C. Desafios encontrados na realização da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) em unidade de pronto atendimento. 2009. Disponível em: <http://www.cienciasdasaude.famerp.br/racs_ol/vol-16-4/IDK2_out-dez_2010.pdf>. Acesso: 17 de nov. de 2010. GOLDENBERG, R. e OTUTUMI, C. Análise de conteúdo segundo Bardin: procedimento metodológico utilizado na pesquisa sobre a situação atual da Percepção Musical nos cursos de graduação em música do Brasil. Anais do SIMCAM4 – IV Simpósio de Cognição e Artes Musicais — maio, 2008. LOUZADA, J. e NETO, D. L. Abordagem crítico-interpretativa das fragilidades e potencialidades do trabalho de enfermagem aos ianomâmes, Amazônas. Revista enfermagem em foco, pg 42, ago de 2010. NUNES, E. S. Sistematização da Assistência de Enfermagem: Experiências de Implantação em Unidades Hospitalares. 2009. Disponível em: <http://www.webartigos.com/articles/21440/1/Sistematizacao-da-Assistencia-de-Enfermagem/pagina1.html>. Acesso: 17 de nov. de 2010. MARCONI, M. A. e LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo: Atlas. 6ª ed. 6ª reimpr, 2008. pg. 197-198. TANNURE, M. C.; GONÇALVES, A. M. P. SAE: Sistematização da Assistência de Enfermagem. Rio de Janeiro, Ed: Guanabara Koogan, 2008. VASCONCELOS, R.; SOUZA, R.; BELIAN, R.; VASCONCELOS, E.; SANTOS, A. e MACEDO, Í. Um sistema aplicado à sistematização da assistência de enfermagem na prática clínica, 2009. Disponível em: http://www.sbis.org.br/cbis11/arquivos/857.pdf. Acesso em 17 de nov de 2010. Palavras chave: Enfermagem, Sistematização da assistência de enfermagem e qualidade de vida.

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PREVALÊNCIA DE INSATISFAÇÃO COM A IMAGEM CORPORAL E FATORES ASSOCIADOS EM ESCOLARES DO ENSINO MÉDIO DE SANTARÉM, PARÁ Rafaela dos Santos REIS1; Diego Sarmento de SOUSA1,2; Assis Junior Cardoso PANTOJA1; Maria Eduarda de Macêdo BASSO1; Luiz Carlos Rabelo VIEIRA1,2; Adjanny Estela Santos de SOUZA1,2,3

1Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará, Campus XII – Santarém-PA; 2Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde das Populações Amazônicas (GEPESPA); 3Faculdades Integradas do Tapajós, FIT, Brasil. e-mail: [email protected] Introdução: A imagem corporal (IC) pode ser vista como a relação entre o corpo de uma pessoa e os processos cognitivos como crenças, valores e atitudes (VOLKWEIN; MCCONATHA, 1997). Deste ponto de vista, a IC pode ser definida como uma representação interna, mental, ou auto-esquema da aparência física de uma pessoa (BECKER JUNIOR, 1999). A imagem do corpo não advém somente de impressões ou sensações táteis, mas relaciona-se à figurações e representações sobre o corpo (GIORDANI, 2006). À figuração do corpo estão amarradas imagens que se sustentam sempre numa relação com alguma coisa. O ser humano é pressionado, em numerosas circunstâncias a concretizar, em seu corpo, o corpo ideal estipulado pela cultura (TAVARES, 2003). Cerca de 90% das pessoas portadoras de transtornos alimentares são mulheres com idade entre 14 e 18 anos. Esse problema vem crescendo perigosamente cada vez mais nas meninas com menos de 12 anos de idade (BALLONE, 2007). Objetivo: Verificar a prevalência de insatisfação com a imagem corporal e fatores associados em escolares do ensino médio de escolas da Rede Estadual de Educação de Santarém, Pará. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa epidemiológica descritivo-transversal realizada em 03 escolas do ensino médio da Rede Estadual de Educação de Santarém, Pará. A amostra foi constituída de 711 participantes, sendo 310 rapazes e 401 moças, com média de 15,88±1,28 anos de idade. Como instrumento de coleta de dados, utilizaram-se dois questionários fechados. O primeiro foi a versão curta do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), por ser mais frequentemente sugerida para aplicação em populações juvenis (GUEDES; LOPES; GUEDES, 2005). Este instrumento avalia o nível de atividade física habitual. No presente estudo o escore abaixo de 150 minutos de atividade física por semana foi o ponto de corte para classificar os universitários como sedentários (SIQUEIRA et al., 2009). O segundo instrumento foi um questionário fechado composto por perguntas referentes às demais variáveis do estudo. Para avaliação da satisfação com a IC, foi utilizada a escala de nove silhuetas de Stunkard, Sorenson e Schlusinger (1983). Os resultados foram processados através de recursos da estatística descritiva mediante utilização do programa Excel (Microsoft para Windows – 2007). Posteriormente, alguns dados foram transferidos para o aplicativo Bioestat® 5.0, de modo a estabelecer a associação entre as variáveis do estudo através da aplicação do Teste Odds Ratio (OR) para análise das variáveis categóricas de acordo com as especificidades da amostra. Foi adotado p<0,05 para a significância estatística e intervalo de confiança (IC%) de 0,95. Resultados e Discussão: Verificou-se que, na amostra estudada e no momento da coleta de dados, a prevalência de insatisfação com a imagem corporal foi de 74,26%. As variáveis que mais se associaram a essa insatisfação são apresentadas na tabela 1. Pesquisas epidemiológicas nos últimos anos têm mostrado que há uma tendência mundial a índices elevados de insatisfação corporal em adolescentes, tanto em pequenos como em grandes centros populacionais, o que vem chamando a atenção da comunidade científica em todo o mundo (TRICHES; GIUGLIANI, 2007; JONES; FRIES; DANISH, 2007; LI et al., 2005). Essa insatisfação com a imagem corporal está mais presente em adolescentes do sexo feminino, fato este que pode ser observado em pesquisas nacionais (BRANCO; HILÁRIO; CINTRA, 2006; TRICHES; GIUGLIANI, 2007) e internacionais (BARKER; GALAMBOS, 2003; EISENBERG; NEUMARK-SZTAINER; PAXTON, 2006).

Tabela 1: Prevalência de insatisfação com a imagem corporal e fatores associados na amostra estudada. Santarém, Pará, Brasil, 2010.

Variáveis

Satisfação com a Imagem Corporal Total

TPINS (%)

OR p IC (95%)

Insatisfeito Satisfeito

Gênero Masculino 249 61 310 80,32% 1,78 0,0016* 1,26 - 2,54

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Feminino 279 122 401 69,58%

Idade De 16 a 19 anos 316 106 422 74,88%

1,08 0,7117 0,76 - 1,52 De 13 a 15 anos 212 77 289 73,36%

Renda familiar Até dois salários mínimos 292 95 387 75,45%

1,15 0,4793 0,82 - 1,61 Acima de dois salários mínimos

236 88 324 72,84%

Trabalho remunerado Sim 74 17 91 81,32%

1,59 0,1284 0,91 - 2,78 Não 454 166 620 73,23%

Televisão Sim 524 174 698 75,07%

6,78 0,0010* 2,06 - 22,28 Não 04 09 13 30,77%

Refeições por dia Mais de três refeições por dia

319 87 406 78,57% 1,68 0,0032* 1,20-2,36

Até três refeições por dia 209 96 305 68,52%

Alimentação desregrada Sim 219 56 275 79,64%

1,61 0,0119* 1,12 - 2,30 Não 309 127 436 70,87%

Auto-avaliação do nível de saúde Negativa 187 45 232 80,60%

1,68 0,0093* 1,14 - 2,46 Positiva 341 138 479 71,19%

Atividade de lazer Atividade sedentária 319 94 413 77,24%

1,45 0,0402* 1,03 - 2,02 Atividade física 209 89 298 70,13%

Prática regular de atividade física Não pratica regularmente 207 51 258 80,23%

1,67 0,0078* 1,16 - 2,41 Pratica regulamente 321 132 453 70,86%

Nível de atividade física habitual Sedentário (NAF≤150 min/sem)

180 50 230 78,26% 1,38

< 0,0001*

0,21 - 0,55 Ativo (NAF>150 min/sem) 348 133 481 72,35%

Geral 528 183 711 74,26% - - - -

Legenda: TPINS=Taxa de Prevalência de Insatisfação; OR=Odds Ratio; IC (95%)=Intervalo de Confiança de 95%; NAF=Nível de Atividade Física. * Variação significativa encontrada (p<0,05).

Um estudo transversal realizado na cidade de Florianopólis (SC) com estudantes de 14 a 18 anos, matriculados no ensino médio, mostrou que 65,5% do público estavam insatisfeitos com sua imagem corporal (PELEGRINI, 2009). Em Santarém (PA), um estudo com 86 adolescentes de uma escola de ensino médio público, detectou prevalência de 77,91% de insatisfação com a imagem corporal. Ainda nesse estudo, o gênero masculino, a idade entre 14 e 17 anos, o meio de transporte passivo, a prática regular de atividade física, o lazer fisicamente sedentário e a alimentação desregrada/inadequada, apresentaram associação de risco para a insatisfação com a imagem corporal na amostra (SILVA et al., 2010). Conclusão: A prevalência de insatisfação com a imagem corporal na amostra foi de 74,26%. Os fatores de risco encontrados para a insatisfação foram: ser do gênero feminino, assistir à televisão, realizar mais de três refeições por dia, apresentar alimentação desregrada/inadequada, auto-avaliação negativa do nível de saúde, atividade sedentária no lazer, não praticar regularmente atividade física, ser sedentário. Referências Bibliográficas: BALLONE, G. J. Transtornos alimentares. Disponível em: <http://www.psiqweb.med.br/anorexia.html>, 2003. Acesso em: 10 ago. 2007.

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PROPOSTA DE PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO DA IMAGEM CORPORAL, ADEQUADO ÀS PECULIARIDADES DOS PACIENTES E EX-PACIENTES DE HANSENÍASE. Maria Eduarda de Macêdo BASSO1, Rodrigo Luis FERREIRA DA SILVA1 1Universidade do Estado do Pará, Campus XII - Santarém – Pará - Brasil. e-mail de contato: [email protected] Introdução: A hanseníase é uma das mais antigas doenças que acometem o ser humano, sendo conhecida há mais de três ou quatro mil anos (ARAÚJO, 2003). O grave comprometimento dos nervos periféricos é a característica principal da doença, levando a perda de sensibilidade, força muscular, diminuição da acuidade visual (ou cegueira), lagoftalmo, reabsorções e ulcerações, que dão a esta doença um grande potencial para provocar incapacidades físicas que podem, inclusive, evoluir para deformidades (BRASIL, 2002). Assim, as mutilações, ou somente o fato de “estar com hanseníase” podem despertar diversos sentimentos uma vez que a sensação de integridade do corpo não estará presente. Nesse contexto, indivíduos que são acometidos por hanseníase poderão desenvolver uma alteração ou distúrbio de sua imagem corporal. A imagem corporal pode ser definida como a representação mental do nosso próprio corpo formada em nossa mente e que representa uma experiência essencialmente particular, que cada indivíduo vivencia de modo constante, dimensionando a partir dela o sentido de suas ações (SCHILDER, 1999; TAVARES, 2003). Embora já existam vários instrumentos de medida de diferentes aspectos da imagem corporal, percebe-se uma forte tendência para a elaboração de instrumentos que dão ênfase a preocupação com o peso corporal. Além disso, ainda são poucos os instrumentos validados encontrados em língua portuguesa. Ainda faltam no contexto nacional escalas que:1) meçam o estado de satisfação corporal, 2) incluam itens de satisfação com partes do corpo, 3) que tragam itens relevantes tanto à satisfação corporal feminina quanto à masculina e, 4) avaliem as alterações na imagem corporal causadas por patologias específicas como câncer, cegueira, hanseníase, entre outras. Objetivo: Analisar a aplicação de um protocolo de avaliação da imagem corporal, proposto para se adequar às peculiaridades dos pacientes e ex-pacientes de hanseníase. Metodologia: Realizou-se de um estudo piloto observacional, transversal de abordagem quantitativa, que objetivou avaliar, em um único momento, por meio de um instrumento, a imagem corporal de pacientes e ex-pacientes acometidos pela hanseníase. O estudo foi realizado no ambulatório de fisioterapia da Unidade de Ensino e Assistência em Saúde do Baixo Amazonas (UEASBA) após obter o parecer favorável do Comitê de ética em pesquisas envolvendo seres humanos da Universidade do Estado do Pará/Santarém. Fizeram parte deste estudo 20 indivíduos (+ 47.15 anos) entre pacientes (ainda realizavam tratamento de poliquimioterapia) e ex-pacientes (já receberam alta do tratamento de poliquimioterapia) acometidos pela hanseníase. Após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido por parte dos pacientes, iniciou-se a coleta de dados que foi realizada em local reservado e pelo mesmo pesquisador. O instrumento de avaliação da imagem corporal proposto neste estudo consiste em uma auto-percepção do paciente que observando o desenho de um corpo humano, nas visões anterior e posterior, atribui notas ou conceitos para as regiões de seu próprio corpo: 1 = Muito insatisfeito(a); 2 = Insatisfeito(a); 3= Nem satisfeito(a), nem insatisfeito(a); 4 = Satisfeito(a); 5 = Muito satisfeito(a). O teste focaliza a forma como o paciente vê e sente o corpo no momento da testagem. Resultados: Dos 20 pacientes avaliados, 6 ainda estão realizando o tratamento poliquimioterapêutico. Quanto ao estado civil: 9 solteiros, 4 casados, 4 com relação estável e 3 viúvos. Quanto aos graus de escolaridade dos pesquisados, foi observada a seguinte distribuição: 4 nunca estudaram, 7 possuem ensino primário incompleto, 2 o ensino primário completo; 4 o ensino fundamental incompleto, 1 o ensino fundamental completo e 2 o ensino médio completo. As profissões relatadas foram: lavrador (8), do lar (5); aposentado (3), vigia (2), pescador (1) e mecânico (1). Contudo, somente os pacientes que referiram ter como profissão “do lar” estão exercendo suas atividades, uma vez que os outros 15 sujeitos da amostra não estão trabalhando atualmente. A renda mensal dos avaliados apresentou-se da seguinte forma: 12 indivíduos com renda menor que um salário mínimo e 8 com renda entre um a dois salários mínimos. A aplicação do protocolo de avaliação da imagem corporal dos pacientes investigados apresentou os seguintes resultados: Na Tabela 1 percebe-se que nenhum dos pacientes investigados avaliaram-se como “plenamente insatisfeitos com sua imagem corporal” ou “insatisfeitos com sua imagem corporal”.

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Constata-se ainda que o nível de satisfação mais observado no grupo investigado foi de indivíduos que se avaliaram “satisfeitos com sua imagem corporal”. Também chama atenção a presença de pacientes (03) que se auto-avaliaram “plenamente satisfeitos com sua imagem corporal”. Na Tabela 2 percebe-se que a resposta mais apontada pelos investigados foi a de número 5 (63.04%), que representa a plena satisfação dos avaliados para as partes de seu corpo a que atribuíram estas notas. Apesar deste resultado bastante positivo, é considerável o número de respostas número 1 (8.94%) que representam a completa insatisfação dos pacientes com certas partes de seu corpo. Na tabela 3 é possível verificar que as regiões corporais que receberam um maior número de notas baixas consistem nas regiões de olhos, orelhas e extremidades, o que concorda com o grande índice de deformidades geradas nessas áreas pela hanseníase.

Tabela 1. Nível de satisfação corporal de pacientes e ex-pacientes

hansenianos atendidos na UEASBA, no ano de 2011.

Total %

Plenamente insatisfeito com sua imagem corporal 0 0

Insatisfeito com sua imagem corporal 0 0

Nem satisfeito, nem insatisfeito com sua imagem corporal 6 30

Satisfeito com sua imagem corporal 11 55

Plenamente satisfeito com sua imagem corporal 3 15

Tabela 2. Número de respostas para o instrumento de imagem

corporal aplicado em pacientes e ex-pacientes hansenianos

atendidos na UEASBA, no ano de 2011.

Total %

Número de respostas 1 37 8.94

Número de respostas 2 34 8.21

Número de respostas 3 42 10.14

Número de respostas 4 40 9.66

Número de respostas 5 261 63.04

Tabela 3. Respostas para os segmentos corporais

dos pacientes e ex-pacientes hansenianos atendidos

na UEASBA, no ano de 2011.

N – 1 N – 2 N - 3 N - 4 N – 5

Olho D 1 2 1 3 13 Olho E 5 1 3 1 10 Orelha D 2 2 2 0 14 Orelha E 2 1 2 1 14 Nariz 2 1 0 2 15 Boca 2 0 2 0 16 Pescoço 0 1 1 1 17 Braço D 0 0 3 2 15 Antebraço D 0 3 2 2 13 Mão D 1 3 1 3 12 Braço E 0 2 2 3 13 Antebraço E 1 2 3 3 11 Mão E 4 3 1 2 10 Tórax 0 1 2 3 14 Abdomen 0 1 1 3 15 Coxa D 0 2 2 1 15 Perna D 3 4 4 1 8 Pé D 9 2 0 2 7 Coxa E 0 2 0 3 15 Perna E 3 5 3 0 9 Pé E 7 0 3 3 7 Costas 2 3 3 0 12 Nádegas 0 0 2 1 17

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Quanto à aplicação do instrumento de avaliação da imagem corporal, percebeu-se que o mesmo, teve boa aceitação e um bom nível de compreensão por parte dos indivíduos que receberam sua aplicação, não causando confusão quanto ao seu preenchimento. Conclusão: Os resultados desta pesquisa demonstram, portanto, que os pacientes e ex-pacientes investigados neste estudo no geral apresentaram um bom nível de satisfação com sua imagem corporal apesar das seqüelas físicas deixadas pela doença em alguns dos avaliados. Conclui-se também que o instrumento de avaliação da imagem corporal proposto neste estudo apresentou fácil aplicação e até o presente momento demonstra obter resultados compatíveis com o comportamento dos pacientes e ex-pacientes de hanseníase. Contudo sugere-se que este instrumento necessita de uma aplicação em uma amostra de maior número, além de ter seus resultados analisados por testes estatísticos que garantam que sua aplicabilidade possa se dar de forma confiável e fidedigna. Referências bibliográficas: ARAÚJO, M. G. Hanseníase no Brasil. Artigo de atualização. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 36, p. 373-382, 2003. BRASIL. Ministério da Saúde. Guia para o controle da hanseníase. Cadernos de Atenção Básica, n. 10. Brasília: MS, 2002. SCHILDER, P. A Imagem do Corpo: as energias construtivas da psiquê. São Paulo: Martins Fontes, 1999. TAVARES, M. C. G. C. F. Imagem Corporal: Conceito e Desenvolvimento. Barueri, SP: Manole, 2003. Palavras-chave: Imagem corporal, hanseníase, fisioterapia.

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PROPOSTA DE PROTOCOLO PARA INDUÇÃO DE LESÕES TRAUMÁTICAS EM PATAS DE RATOS. Daliane Ferreira MARINHO1, Aldeci de Aquino MAGALHÃES1, Rodrigo Luis FERREIRA DA SILVA1, 1 Universidade do Estado do Pará, Campus XII, Santarém - Pará, Brasil. e-mail de contato: [email protected] Introdução: Em todos os campos de atuação profissional, inclusive o da saúde, a pesquisa científica apresenta-se como alicerce fundamental para o desenvolvimento técnico profissional (GIL, 1996). Nas últimas décadas, a fisioterapia vem se utilizando cada vez mais da pesquisa científica para fundamentar seu objeto de estudo. Nesse intuito, é que ela vem se apropriando do método científico e fisioterapeutas e acadêmicos de fisioterapia vêm desenvolvendo mecanismos de aperfeiçoamento, análise, comprovação e validação das técnicas utilizadas na profissão (GOLDIM, 2007; MARQUES e PECCIN, 2005; REBELATTO e BOTOMÉ, 2004). Objetivo: Propor um protocolo padronizado para lesões traumáticas em patas de ratos a ser utilizado em investigações fisioterapêuticas, possibilitando aos pesquisadores um processo metodológico confiável e previamente testado, bem como mais acessível, técnica e economicamente, sem, no entanto, reduzir sua fidedignidade. Metodologia: Foram escolhidos ratos, da espécie Rattus norvegicus albinus, linhagem Wistar, todos machos, adultos, com idade superior a 60 dias, peso variando entre 150 e 250 gramas e aparentemente sadios. Nesta pesquisa foram utilizados 12 animais, divididos em 2 grupos, contendo cada um deles um número de 6 animais, conforme o recomendado por Andrade (2004), distintos entre si através da delegação aleatória de cores/números representados por tiras horizontais na região proximal da cauda de cada animal (CUNHA, 2005). O ambiente de confinamento foi mantido seguindo as normas do Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA). Inicialmente os animais tiveram de passar por um condicionamento visando a sua adaptação ao ambiente do laboratório e a facilitar o seu manuseio por parte dos pesquisadores, através da manipulação dos animais, por 5 minutos diários, durante os dez dias que antecederam a lesão traumática artificial. A lesão foi realizada através de um mecanismo lesional, tipo queda livre, adaptado de Vialle et al. (2004), confeccionado em madeira, de dimensões 46,5 cm X 45 cm, constituído de duas plataformas sobrepostas, sendo que a distância da base para a primeira plataforma é de 32 cm e entre a primeira e a segunda é de 12,5 cm (Figura 1). O mecanismo lesional construído manteve as dimensões originais da pesquisa de Vialle et al. (2004), tendo sido adaptado o mecanismo fraturador constituído de uma haste metálica de 500 gramas, que no presente estudo foi substituído por uma esfera de aço de 300 gramas (redução de 60%), com 14 cm de circunferência (Figura 1). A esfera foi escolhida em detrimento da haste metálica uma vez que apresenta uma maior superfície de contato e reduz a concentração de energia no ponto de choque reduzindo assim a possibilidade da ocorrência de fraturas. Essa esfera era deslocada verticalmente em queda livre sobre a articulação do tornozelo da pata traseira esquerda do animal (que no momento encontrava-se anestesiado), sendo que a mesma foi posicionada com sua porção mais distal paralelamente a extremidade superior do mecanismo. A escolha da pata traseira esquerda do animal inspira-se na pesquisa de Reinert (2004) e Vialle et al. (2004). Adaptou-se ainda o revestimento de uma folha de Etil Vinil Acetato (EVA) na base do mecanismo. Essa alteração foi necessária, uma vez que o objetivo do mecanismo foi alterado para produção de lesões traumáticas e não mais de fraturas. Recobrindo a pata do animal a ser traumatizada, foi necessária a colocação de mais uma pequena folha de EVA de 1 mm de espessura, sobre a pata do animal, utilizada como forma de amortecimento do impacto, prevenindo lesões de continuidade e reduzindo os riscos de fraturas, uma vez que, em testes preliminares, observou-se que sem essa adaptação, ocorriam freqüentes lesões de continuidade. Devido à mudança da haste metálica pela esfera, foi necessária a adaptação, ao mecanismo, de um tubo de Policloreto de Vinila (PVC), de 50 mm de espessura, com 55 cm de altura, com o objetivo de manter o direcionamento da esfera durante sua queda sobre a pata, uma vez que em teste preliminares, ainda sem utilização do tubo de PVC, verificou-se que havia uma freqüente alteração no ponto de caimento da esfera, que conferia um padrão muito variado de lesão. A porção inferior do tubo, próxima a base do mecanismo, recebeu três recortes verticais a fim de facilitar a colocação e posicionamento da pata do animal. A partir dessas alterações, foi obtida uma maior uniformidade nos padrões de lesão em comparação a forma inicial do mecanismo. O animal era posicionado em decúbito lateral esquerdo, com sua pata esquerda posicionada em rotação externa e recoberta pelas duas camadas

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de EVA, colocadas abaixo e acima da pata do animal, a fim de promover amortecimento e evitar o choque sobre proeminências ósseas. Além disso, a pata a ser traumatizada era fixada com uma tira de esparadrapo na região plantar da pata do animal, a fim de manter o posicionamento da região a ser traumatizada e minorar o reflexo de retirada após a lesão, que foi observado em alguns animais antes da adoção dessa medida, mesmo estando estes completamente anestesiados. O procedimento anestésico do animal ocorreu por via intraperitoneal, sendo administrado um composto de Cloridrato de Ketamina (anestésico geral) e Cloridrato de Xilazina (FIOCRUZ, 2005). Para análise da eficiência do procedimento realizado, após alguns minutos da lesão verificou-se a presença de sinais flogísticos, como edema, calor e rubor, bem como a presença de hematoma. Vinte e quatro horas após a lesão verificou-se a intensificação dos sinais flogísticos. Nesse momento da pesquisa realizou-se uma avaliação dos animais a fim de perceber quais obtiveram níveis aceitáveis de lesão, com perceptível prejuízo funcional da marcha. Foi estabelecido como critério a resposta funcional da marcha após 24 horas da lesão traumática, dentro das faixas 7 e 8 da escala de avaliação funcional BBB de Del Carlo et al. (2007), totalizando 10 animais dos 12 utilizados. Resultados: Através deste trabalho foi observada a viabilidade prática e econômica do protocolo proposto para indução de lesões traumáticas em patas de ratos. O condicionamento dos animais através de seu manuseio se mostrou eficaz para a adaptação dos animais à manipulação e à rotina diária, facilitando os procedimentos de pesquisa. Os procedimentos de identificação dos animais realizados através da marcação da cauda com cores diversas e com a variação dos números de marcações foram igualmente eficazes e seguros. O uso de componentes adaptados do cotidiano à pesquisa foi um fator que contribuiu para o dinamismo, praticidade, viabilização técnica e barateamento dos custos, o que para o pesquisador é sempre importante. Com relação ao mecanismo lesional, originalmente desenvolvido para a produção de fraturas padronizadas, constatou-se, após todos os aprimoramentos realizados, que o mesmo apresentou efetividade na realização de lesões traumáticas de tecidos moles, atingindo padrões desejáveis à investigação científica. O protocolo metodológico resultante dessa pesquisa foi adaptado e modificado, conforme a necessidade da mesma. Esse protocolo apresentou grande viabilidade técnica e econômica, podendo perfeitamente ser empregado com segurança em pesquisas que envolvam lesões traumáticas induzidas em patas de ratos. Os procedimentos técnicos aqui desenvolvidos são de domínio público e podem perfeitamente ser aperfeiçoados em outras pesquisas, uma vez que o conhecimento científico está em constante transformação. Conclusão: o protocolo metodológico desenvolvido nesse trabalho apresentou ótima viabilidade técnica e econômica, podendo perfeitamente ser empregado em qualquer pesquisa que envolva lesão traumática em patas de ratos. Apesar disso, é importante ainda que seja realizado um maior número de pesquisas utilizando esse protocolo, a fim de se obter um maior aperfeiçoamento de suas técnicas. Figura 1. Esquema do mecanismo lesional proposto (adaptado de Vialle et al., 2004).

Esfera de aço

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Referências bibliográficas: ANDRADE, Paulo Henrique Muleta. O Efeito de Sessões Periódicas de Alongamento Passivo em Músculo Sóleo de Ratos Mantido em Posição de Encurtamento por Imobilização. Cascavel: 2004. Disponível em: <http://www.unioeste.br/projetos/elrf/monografias/20041/tcc/pdf/paulo%20andrade.PDF>. Acesso em: 12 set. 2007. CUNHA, Núbia Broetto. Análise do Efeito do Laser Asalga (670 Nm) na Analgesia e Prevenção da Hipotrofia Muscular em Ratos Submetidos a Modelo Experimental de Ciatalgia. Cascavel: 2005. Disponível em: <http://www.unioeste.br/projetos/elrf/monografias/2005/monografias%20ORIENTADOR.html >. Acesso em: 12 set. 2007. DEL Carlo, R.J. M.R. Galvão; M.I.V. Viloria; A.J. Natali; A.L.T. Barbosa; B.S. Monteiro; L.C.P. Pinheiro. Imobilização Prolongada e Remobilização da Articulação Fêmoro-tíbio-patelar de Ratos: estudo clínico e microscópico. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-09352007000200015&l ng=en&nrm=iso&tlng =en>. Acesso em: 10 nov. 2007. FIOCRUZ. Curso de Manipulação de Animais de Laboratório. 2005. Disponível em: <http://www.cpqgm.fiocruz.br/arquivos/bioterio/bioterio_apostilha.pdf>. Acesso em: 06 nov. 2006. GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1996. GOLDIM, José Roberto. Ética Aplicada à Pesquisa em Saúde. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/bioetica/biopesrt.htm>. Acesso em: 15 jun. 2007. MARQUES, Amélia Pasqual; PECCIN, Maria Stella. Pesquisa em Fisioterapia: a prática baseada em evidências e modelos de estudos. Revista Fisioterapia e Pesquisa. São Paulo, Volume II, n. 1, 2005. REBELATTO, José Rubens; BOTOMÉ, Silvio Paulo. Fisioterapia no Brasil: fundamentos para uma ação preventiva e perspectivas profissionais. 2. ed. São Paulo: Manole, 2004. REINERT, Taísa Carla. Uso de Correntes Polarizadas (Diadinâmicas de Bernard) para Redução de Edema em Lesões Traumáticas Agudas Induzidas de Ratos. Cascavel: 2004. Disponível em: <http://www.unioeste.br/projetos/elrf/monografias/20 04-1/tcc/pdf/taisa.PDF>.Acesso em: 12 set. 2007. VIALLE, E. VIALLE, L. R., BOECHAT, R., BLEY, J.P., SCUSSIATO, R., BUSATO, T., CARVALHO, D., FEDATTO, F., FERNANDES, B., TORRES, R. Produção de Fratura Padronizada de Fêmur em Ratos. Revista Brasileira de Ortopedia. Junho de 2004. Disponível em: <http://www.rbo.org.br/materia.asp?mt=9 37&idIdioma=1>. Acesso em: 10 mar. 2007. Palavras-chave: Experimentação animal, lesões traumáticas, método, protocolo de pesquisa.

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SABERES CUIDATIVO DE CRIANÇAS: A REALIDADE DE MÃES QUILOMBOLAS EM SANTARÉM Edna Ferreira Coelho GALVÃO¹; Maria Goreth Silva FERREIRA²; Willivane Ferreira de MELO³; Aryadne Batista de JESUS4; Helloana Cristine Machado de FIGUEIREDO5. ¹ Profª da Universidade do Estado do Pará – UEPA/Campus de Santarém; ² 3 Profªs da UEPA/Campus de Santarém; 4 acadêmica de Enfermagem – UEPA/ Santarém; 5 Graduada em Educação Física - UEPA / Santarém. EMAIL: [email protected] Introdução: O estudo de temas ligados a saúde constitui um amplo eixo de discussão, principalmente quando se refere às crianças de populações marginalizadas, estigmatizadas historicamente como é o caso das comunidades quilombolas que durante décadas foram deixadas ao relento, a cargo de sua própria sorte. Poucos são os estudos realizados sobre os costumes e manifestações inerentes a essas comunidades sobre o cuidar e os hábitos de saúde, podendo de um lado colocar em risco o patrimônio histórico cultural destas populações e as práticas de cuidar, como fator de promoção da saúde, ou de outro deixar que inúmeras crianças sejam vitimas do não acesso a cuidados mínimos necessários a manutenção da saúde ou mesmo da sobrevivência. As comunidades quilombolas segundo Funes (2005), constituíram-se, em sua maioria, ao longo do século XIX tendo uma importância estratégica significativa no processo de resistência à escravidão. Foram sendo ampliadas pelo casamento, pelo constante deslocamento de famílias, seja na busca de terra para trabalhar ou por causa do que se chama na Amazônia de “fenômeno das terras caídas” na área de várzea. Como legado deste tempo tem hoje em Santarém 10 comunidades quilombolas que trazem no corpo/memória sofrimentos passados por seus ancestrais. Reproduzem essas histórias para não se esquecerem de onde vieram, para lembrar-se das lutas pela libertação. É uma forma de manter viva e presente a determinação de uma raça, assim como a consciência dos direitos conquistados e daqueles que ainda precisam ser efetivados. Neste contexto, focamos nosso interesse no cuidar de criança concebendo-a como parte da humanidade, fruto de sua tradição cultural e Ser capaz de recriar a história, recontar e re-significar as práticas cotidianas. Desta forma, quando olhamos para as crianças de comunidades quilombolas situando-a na sua condição social de ser histórico, político e cultural. Ao propormos em nossa pesquisa criar ambiente para compreender o contexto do cuidar de crianças quilombolas acreditamos estar viabilizando não só conhecimento do mundo da criança, mas também do mundo do adulto, da sociedade contemporânea, do mundo atual, pois como no diz Kremer (1996) a subjetividade é permeada pela linguagem que permite que, num indivíduo, toda uma época possa aparecer. Loureiro (2004) nos diz que é justamente na infância que os fatos históricos revelantes em cada cultura são introjetados, através das imagens dos protótipos apresentados como ideais que colorem as estórias e as lendas e se fazem presentes nos hábitos familiares e na forma aceita de fazer as coisas em geral..Em pesquisas anteriores nos mocambos pudemos perceber o quanto a cultura tradicional vem sendo resignificada a partir dos conhecimentos advindos da ciência da saúde, o que certamente trouxe um ganho na eficácia do atendimento a determinados agravos aos infantis. Contudo, o distanciamento da cultura tradicional trouxe também o medo e o sentimento de que o saber popular é um saber menor e por isso ineficiente diante dos agravos da saúde. E por isso a desvalorização da transmissão entre gerações do cuidar tradicional. Diante disso, lançamos como desafio os objetivos a seguir. Objetivos: Investigar saberes e prática que emergem nas relações de cuidar de mães e filhos em comunidades quilombolas na Amazônia; Conhecer os saberes e práticas de mães no processo cotidiano de cuidar das crianças quilombolas. e Investigar o sentido do cuidar para mães quilombolas. Metodologia: Optamos por um estudo qualitativo descritivo por entender que a realidade não se apresenta homogênea, linear, mas envolta por processos complexos, apresenta sempre novos meandros para novas interpretações. Enquanto campo teórico de análise adotamos a teoria da complexidade discutida por Morin (1990). Nossa proposta foi estudar duas comunidades remanescentes de quilombos uma da região de várzea e uma da região de planalto do município de Santarém. Assumindo como critério de inclusão, maior contingente populacional infantil e como critério de exclusão comunidades que não se reconhecem como quilombolas. Fizeram parte desse estudo dez mães cuidadoras de cada comunidade, que foram entrevistadas a partir de um roteiro elaborado previamente com alguns temas geradores. As participantes foram selecionadas a partir dos seguintes critérios: mães que possuam um ou mais filhos com idade de 4 a 6 anos e que estavam envolvidas diretamente com o cuidado dos mesmos, e

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que assinem o TCLE. Como critério de exclusão que não estivessem em condições de expressar-se oralmente. A seleção se deu após uma reunião na comunidade onde apresentamos o projeto e ali as mães foram se identificando e indicando outras, até que fechássemos o número de10 mães. Resultados e Discussões: Os resultados nos remeteram a algumas considerações interessantes: diante da questão geradora “como é cuidar de seu filho(a)”, as mães buscaram em sua memória situações existenciais concretas. Cada mãe assumindo seu próprio vocabulário/referiu-se ao cuidar das crianças a partir de uma dimensão histórica, social e cultural que uniu os sujeitos das duas comunidades participantes. Aqui ficou evidente a preocupação e o carinho dispensados aos filhos, assim como a preocupação com o futuro e a constituição da identidade quilombola desde a mais tenra idade.Outro tema que emergiu no processo da investigação se referiu aos cuidados específicos direcionados a manutenção ou recuperação da saúde das crianças. As falas mostram que as mães são sabedoras dos cuidados rotineiros que devem prestar para a manutenção da saúde das crianças, como a amamentação no primeiro ano de vida, o teste do pesinho, as aplicação das vacinas periodicamente, o controle do peso e altura. Contudo, as condições adversas das comunidades, as dificuldades com transporte para o centro e o acesso precário ao agente de saúde para elas constituem empecilhos para os exames periódicos e o cuidado com o especialista. A presença ainda marcante do saber cultural das ervas constitui a alternativa para o cuidado rotineiro com a saúde dos pequenos.Quando apresentamos o tema gerador “higiene” dos discursos emergiram conceitos/concepções que remetem a necessidade de cuidados cotidianos com a higiene corporal. Contudo, contradições são percebidas quando observa-se o ambiente em que brincam os pequenos, como também as condições em que se apresentam para brincar. As condições de saneamento., a presença das cheias na comunidade de várzea, que faz com que o ambiente do brincar seja o mesmo usado para as necessidades fisiológicas, assim como o asseio do utensílios domésticos e do próprio corpo, põe em cheque a preocupação com esta questão. As mães apropriam-se de conhecimentos empíricos do senso comum, para refletir criticamente sobre as situações de saúde/doença presente na comunidade e busca na medida do possível socializar um saber milenar da medicina caseira. As mães destacam, em seus discursos, a dimensão afetiva, que assume um caráter de amplitude envolvendo atenção, carinho, amor, respeito, educação, estabelecendo uma correlação essencial para o cuidado de seu filho. A dimensão afetiva se apresenta como parte do corpo de saberes das mulheres mães no ato de cuidar. Conclusão: O estudo mostrou um conhecimento em torno do cuidar de crianças quilombolas ora ingênuo ora crítico considerando que estas mulheres não tiveram acesso a produção do conhecimento elaborado/acadêmico lançando mão de um saber espontâneo para estabelecer processo de cuidar por outro lado pode ser considerado crítico, porque de uma forma ou de outra ela torna-se sujeito de sua história, criando e transformado a cultura, tomando atitudes mediante reflexão e tomada de consciência de uma dada realidade. Cabe ressaltar que o discurso das mães revela uma produção de sentido do cuidar que em suas concepções está vinculada ao cuidar da comunidade, do grupo, da identidade, perpassa a preocupação com a etnia do grupo. Contudo, em meio às práticas de cuidar foi possível perceber também um não cuidar, dentro dos parâmetros que entendemos como promotores do bem-estar, movido em grade medida pelas condições estruturais das próprias comunidades e das situações sócio econômica das famílias que dificultam o acesso a informação e principalmente as condições materiais de promoção à saúde. Os resultados deste estudo mostram a necessidade de buscar novos estudos que possam viabilizar de forma efetiva intervenções educativas e de saúde em articulação com o poder público municipal e estadual com vista contribuir com a revisão dos processos de exclusão a que estas famílias estão expostas. Este estudo também está no bojo das ações de fortalecimento do grupo de estudo e pesquisa em educação e saúde de populações amazônidas (GEPESPA) da Universidade do Estado do Para campus de Santarém. Referencias: ABRAMO, Laís. Perspectiva de gênero e raça nas políticas públicas. IPEA Mercado de Trabalho, nov 2004. NOTA TÉCNICA. Disponível em www.ipea.gov.br/pub/bcmt/mt_25e.pdf. Acesso em 05/06/2010 ACEVEDO, Rosa & CASTRO, Edna. Negros do Trombetas: guardiães de matas e rios. 2ed. rev. ampl Belém: CEJUP/ UFPA-NAEA, 1998. ARIÉS, Phillipe. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Guanabara, 1981.

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ARRUTI, José Maurício Andion. A emergência dos “remanescentes”: Notas para o diálogo entre indígenas e quilombolas. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/mana/v3n2/2439.pdf. Acesso em 05/06/2010 FUNES, Eurípedes A. Bom Jardim, Murumurutuba, Murumuru, Tiningú, Ituqui, Saracura e Arapemã: terras de afro-amazônidas: nós já somos a reserva, somos os filhos deles. SP: Comissão Pró-Índio de São Paulo, 2005. GALVÃO, Edna Ferreira Coelho, SILVA, Dionísio Bellé da, SILVA, Jasson de Miranda. A relação do lazer com a saúde nas comunidades quilombolas de Santarém. Artigo enviado a Revista Ciência Brasileira de Esporte em Janeiro de 2008. KRAMER, Sonia (Org.). Infância: Fios e desafios da Pesquisa. Campinas. SP: Papirus, 1996. LEITE, Ilka Boaventura. Os quilombos no brasil: questões conceituais e normativas. Etnográfica, Vol. IV (2), 2000, pp. 333-354. Disponível em http://www.nuer.ufsc.br/artigos/osquilombos.htm. Acesso em 05/06/2010 LOPES, F. Para além da barreira dos números: desigualdades raciais e saúde. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 21(5):1595-1601, set-out, 2005. Disponível em www.saude.sp.gov.br/.../saude.../lopes_f_para_alem_das_barreiras_dos_numeros.pdf. Acesso em 07/06/2010. LOPES, Fernanda. Experiências desiguais ao nascer, viver, adoecer e morrer: tópicos em saúde da população negra no Brasil. Saúde da População Negra no Brasil: contribuições para a promoção da equidade (Projeto 914BRA3002) CONVÊNIO FUNASA/MS e UNESCO. BRASÍLIA, DEZEMBRO DE 2004. Disponível em www.mulheresnegras.org/doc/livro%20ledu/053-102Fernanda.pdf. Acesso em 07/06/2010 MORIN, Edgar. Ciência com consciência. Portugal: Publicações Europa-América, LDA, 1990. Palavras-chaves: Mãe e filho, Processos de Cuidar. Comunidade Quilombola.

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SÍNDROME DE BURNOUT E NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA EM PROFESSORES DA REDE PÚBLICA DE ENSINO NO MUNICÍPIO DE URUARÁ-PA. Andreia de O. PINHEIRO1, Angeli P. GALVÃO1, Audiel R. SOUSA2, Daylane RODRIGUES1, Luzivaldo F. REIS3, Pollyana C. A. SILVA1. 1Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará – CCBS/UEPA, Campus Santarém-PA; 2Secretaria de Estado de Educação do Pará- SEDUC, Uruará-PA. 3Instituto Educacional de Uruará-PA. e-mail: [email protected] Introdução: O stress pode ocorrer na medida em que exista um estímulo (agente estressor), que cause um desequilíbrio, acarretando insatisfação ou prejuízo às necessidades tanto físicas quanto psicológicas, caso o indivíduo não apresente uma resposta de adaptação para o evento ocorrido. Tais agentes podem ser classificados em duas categorias: eventos externos e internos. Os eventos externos, dizem respeito aos fatos existentes no ambiente e às relações que a pessoa estabelece com estes fatos, envolvendo questões profissionais, pessoais e sociais (SILVA et al, 2008). Com relação à profissão de lecionar, evidenciam-se fatores como o mau comportamento dos alunos, as precárias condições de trabalho, pressões por razões de tempo, excesso de atividades, carga horária elevada, deteriorização das relações com colegas de trabalho, estrutura física inadequada, baixos salários, desvalorização da profissão (CRUZ; SCHERER e PEIXOTO, 2004). Quanto aos eventos internos, estes podem ser relacionados à pensamentos, emoções, valores, comportamentos, vulnerabilidades biológicas ou psicológicas, inatas ou adquiridas (LIPP, 2004). A Síndrome de Burnout é uma patologia psicológica que envolve respostas prolongadas aos agentes stressores no local de trabalho, que incluem uma fadiga extrema, perda de idealismo e paixão pela atividade profissional (MASLACH, 2003). A atividade física tem se reduzido muito nas sociedades modernas, principalmente nos grupos de menor nível sócio-econômico, mesmo sendo de grande valia para a manutenção da saúde. Profissões como a de professor, que passam o dia todo trabalhando nas escolas, e que em sua maioria são de baixo gasto energético, estão relacionadas a um nível de aptidão física duvidosa (FERREIRA; CHIAPETA, 2010). Objetivos: Constituiu-se como objetivo geral da pesquisa identificar a possibilidade de Síndrome de Burnout em professores de duas escolas públicas no município de Uruará-PA, e como objetivos específicos relacionar os resultados característicos da Síndrome de Burnout com o nível de atividade física e com o perfil profissional do grupo pesquisado. Metodologia: A amostra é composta por 26 docentes lotados em duas escolas públicas (a nível municipal e estadual, com ensino fundamental e médio, respectivamente), que participaram espontaneamente respondendo aos instrumentos de pesquisa. Entre os docentes que participaram da pesquisa, o gênero que predominou foi o sexo feminino, faixa etária de 21 a 51 anos, com média de 35,7 anos. Existem 23% desses docentes que lecionam tanto no Ensino Médio quanto no Ensino Fundamental Maior. Na coleta dos foi empregado o Questionário Preliminar de Identificação da Burnout, uma adaptação feita por Chafic Jbeili (2004) do Maslach Burnout Inventory (MBI), criado em 1981 por Maslach e Jackson (MASLASCH, 2003) com opções que variam de 1, nunca a 5, diariamente e 18 perguntas que analisaram o perfil dos pesquisados. Para análise destes dados fez-se o uso da classificação dada por Chafic Jbeili, de 0 a 100 pontos, totalizando 5 grupos, desde nenhum indício de burnout a instalação em fase considerável da síndrome. Utilizou-se também o Questionário Internacional de Atividade Física para avaliar o nível de atividade física dos participantes (FERREIRA & CHIAPETA, 2010) e o TCLE. Resultados e discussão: Segundo Benevides-Pereira (2002), há maior incidência de burnout em profissionais que ingressam no mercado de trabalho, ou seja, profissionais com tempo após o término da graduação no período de 1 a 5 anos, provavelmente devido à pouca experiência na profissão e/ou na organização. Quanto às atividades realizadas no tempo livre, 23% afirmaram não possuir nenhuma. O primeiro grupo estaria enquadrado na classificação “nenhum indício de burnout”, porém nenhum dos entrevistados marcou de 0 a 20 pontos, denotando que a profissão de professor é causadora de stress mesmo que em quantidade mínimas, sendo o ensino considerado por Lipp (2002) como uma ocupação significativamente estressante e a literatura internacional o considera como origem e, em parte, responsável pela ansiedade e stress entre professores. A pontuação que qualifica como ”possibilidade de desenvolver Burnout”, se enquadra entre 21 a 40 pontos, tendo neste segundo grupo 31% dos profissionais entrevistados. Nele pode-se verificar que a carga horária de trabalho é uma das menores variando de 40 a 230 horas mensais, com média de 164 horas mensais, havendo uma relação entre o stress profissional e a

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carga horária de trabalho, se encontrando neste grupo o profissional com a menor carga horária de trabalho dentre os pesquisados. Quando questionados sobre fontes de lazer, 71,4% dos professores deste grupo relataram ter mais de 2 atividades, dentre elas a prática de esportes, assistir TV e ler livros. Todos deste grupo foram classificados como ATIVOS, demonstrando que pode haver uma relação entre o nível de stress profissional com a prática de exercícios físicos, sendo estes benéficos e possíveis fatores reducionistas neste grupo. O terceiro grupo está delimitado pelos professores que marcaram de 41 a 60 pontos, correspondendo a 31% do total de pesquisados. As características deste grupo são definidas como estando na “fase inicial da Burnout”. Quanto à carga horária de trabalho deste grupo há uma variação de 170 horas a 370 horas mensais de atividades escolares, com média de 240 horas, ou seja, maior que a média do primeiro grupo, denotando uma relação crescente entre o nível de Burnout e a carga horária de trabalho, confirmando mais uma vez que há uma forte relação entre estes dois fatores, se enquadra neste grupo o profissional com a maior carga horária de trabalho. Neste grupo o tempo de atuação profissional foi uma característica importante, mostrando que 75% dos profissionais deste grupo possuem mais de 5 anos de atuação na docência, divergindo do estudo feito por Benevides-Pereira (2002), sendo deste grupo o profissional com maior tempo de atuação. A maior pontuação (60 pontos) refere-se a um profissional que faz tratamento psicológico, denotando a eficácia da classificação do questionário, além disso este grupo possui três níveis de atividade física sendo praticadas, com 37,5% dos profissionais classificados como SEDENTÁRIOS, 25% IRREGULARMENTE ATIVOS 37,5% ATIVOS. O quarto grupo é delimitado por profissionais que marcaram entre 61 a 80 pontos, correspondendo a 34% dos pesquisados, sendo caracterizado pelo “começo da instalação da Burnout.” É o grupo com maior representatividade. Quanto à carga horária, a média ficou em 242 horas mensais de trabalho, tendo a mínima em 190 horas e a máxima em 350 horas mensais, mostrando uma relação crescente com o grau de Burnout e em relação aos outros grupos. Não houve relação significativa entre o tempo de atuação com a Burnout, porém diferente do encontrado no terceiro grupo, neste o menor tempo de atuação foi de apenas 7 meses, concordando com o estudo de Benevides-Pereira (2002) que relata maior incidência de burnout em profissionais que ingressam no mercado de trabalho, assim como sendo as mulheres as mais afetadas, já que estes dados se referem a uma professora. Houve também um quantitativo de 11,1% que faz tratamento psicológico, porém, o mesmo também faz tratamento psiquiátrico. Quanto ao nível de atividade física, este grupo possui o maior numero de integrantes que classificados como SEDENTÁRIOS dentre todos os grupos, com um total de 66,7%. O quinto grupo é representado por profissionais que marcaram entre 81 e 100 pontos, sendo caracterizado como “estando em uma fase considerável da Burnout, mas esse quadro é perfeitamente reversível”, sendo representado por 4% do total da amostra. As características em relação à carga horária, expressa significância, pois compreende a 240 horas mensais de trabalho, ficando acima da média de 219 horas. Classificado como SEDENTÁRIO, sendo este um fator extremamente relevante para a pesquisa. O gênero é feminino, novamente as mais afetadas. Almeida et al, 2010, em sua pesquisa sobre nível de atividade física de professores, verificou que as mulheres são menos ativas que os homens. Conclusão: Pode-se verificar que a relação entre o Burnout e o nível de atividade física é relevante, além da intensificação dos resultados com fatores relacionados ao trabalho como carga horária e tempo de atuação. Por fim, tendo em mente que não há soluções simples para o fenômeno, sugere-se a adoção de práticas saudáveis como atividade física, lazer, organização do tempo e criar bons relacionamentos resultando em saúde para a classe, impedindo o surgimento de burnout e, melhorando a qualidade dos serviços prestados, pois a melhor forma de construir a sociedade futura é a investidura na saúde, qualidade de vida e de trabalho do educador. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BENEVIDES-PEREIRA, A.M.T. O estado da arte do burnout no Brasil, Apresentado como conferência no I seminário Internacional sobre estresse e burnout. Paraná, 2002. CRUZ, M.R.; SCHERER, C.G.; PEIXOTO, C.N. Estresse ocupacional e cargas de trabalho. In: SARDÁ JR.; JAMIR, J.; LEGAL, E. J.; JABLONSKI JR.; SÉRGIO, J. Estresse: conceitos, métodos, medidas e possibilidades de intervenção. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004. FERREIRA, D.P.; CHIAPETA, S.M.S.V. Avaliação do nível de atividade física dos professores de Educação Física da cidade de Rio Pomba, MG. Revista Digital - Buenos Aires. v.15 n.143, 2010. Disponível em http://www.efdeportes.com Acesso em:20 abril 2011. JBEILI, C. Superando o desânimo: antes que ele supere você. ed. Nobel, 2004.

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LIPP, M.E. (org.) O estresse do professor. Campinas, Papirus, 2002. LIPP, M.E.N. O stress no Brasil: pesquisas avançadas. Campinas: Papirus, 2004. MASLACH, C. Job Burnout: New Directions in Research and Intervention. Current Directions in Psychological Science. v.13 n.5, p.189-192, 2003. MASLACH, C.; SCHAUFELI, W. B.; LEITER, M. Job Burnout. Annual Revue Psychology. v.52, p. 397-422, 2001. MATSUDO S, A.T.; MATSUDO, V.; ANDRADE, D.; ANDRADE, E.; OLIVEIRA, L.; BRAGGION, G. Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ): estudo de validade e reprodutibilidade no Brasil. Revista Atividade Física & Saúde. v.6 n.2, p.5-18, 2001. SILVA , J.P.; DAMÁSIO, B.F.; MELO, S.A.; AQUINO, T.A.A. Estresse e burnout em professores. Revista Fórum Identidades, v.3 n.1, p. 75-83, 2008. Palavras-chave: Síndrome de Burnout, Professores, Nível de atividade Física.

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MODELOS PARA A REALIZAÇÃO DE REFERÊNCIAS Paulo Vinicius Carmo da Graça

CRB-1370

EVENTO COMO UM TODO

CONGRESSO AMAZÔNICO DE SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA, 2., 2011, Santarém-PA.

Anais... Santarém-PA: Universidade do Estado do Pará, 2011.

EVENTO COMO UM TODO EM MEIO ELETRÔNICO

CONGRESSO AMAZÔNICO DE SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA, 2., 2011, Santarém-PA.

Anais eletrônicos... Santarém-PA: Universidade do Estado do Pará, 2011. Disponível em:< http://congressoamazonicouepa.blogspot.com/p/anais-do-congresso_08.html>Acesso em: 01 jun.

2011.

TRABALHO APRESENTADO EM EVENTO

SOUSA, Jonata R. de; SOUSA, Davi de. Aids na visão da clientela da terceira idade. In:

CONGRESSO AMAZÔNICO DE SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA, 2., 2011, Santarém-PA.

Anais... Santarém-PA: UEPA, 2011. p.70-76.

TRABALHO APRESENTADO EM EVENTO EM MEIO ELETRÔNICO

SOUSA, Jonata R. de; SOUSA, Davi de. AIDS na visão da clientela da terceira idade. In:

CONGRESSO AMAZÔNICO DE SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA, 2., 2011, Santarém-PA.

Anais... Santarém-PA: UEPA, 2011. 1 CD-ROM.

SOUSA, Jonata R. de; SOUSA, Davi de. AIDS na visão da clientela da terceira idade. In:

CONGRESSO AMAZÔNICO DE SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA, 2., 2011, Santarém-PA.

Anais eletrônicos... Santarém-PA: UEPA, 2011. Disponível em:<

http://congressoamazonicouepa.blogspot.com/p/anais-do-congresso_08.html>. Acesso em: 01 jun.

2011.