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Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico
Faculdade de Enfermagem
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem
Curso de Mestrado
APLICAÇÃO DA TEORIA DE OREM NA PRÁTICA DE ENFERMAGEM:
ANÁLISE DE COMUNICAÇÕES CIENTÍFICAS
Caroline Neris Ferreira Sarat
Rio de Janeiro
Novembro de 2007
CAROLINE NERIS FERREIRA SARAT
APLICAÇÃO DA TEORIA DE OREM NA PRÁTICA DE ENFERMAGEM:
ANÁLISE DE COMUNICAÇÕES CIENTÍFICAS
Dissertação submetida à Banca Examinadora do
Programa de Pós-Graduação da Faculdade de
Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, como parte dos requisitos indispensáveis
para obtenção do título de Mestre em Enfermagem.
ORIENTADORA
PROFESSORA DOUTORA IRACI DOS SANTOS
Rio de Janeiro
Novembro de 2007
Caroline Neris Ferreira Sarat
APLICAÇÃO DA TEORIA DE OREM NA PRÁTICA DE ENFERMAGEM:
ANÁLISE DE COMUNICAÇÕES CIENTÍFICAS
Aprovada por:
________________________________________________
Professora Doutora Iraci dos Santos
Presidente
________________________________________________
Professora Doutora Telma Ribeiro Garcia - UFPB
________________________________________________
Professora Doutora Eloita Pereira Neves - UFSC
________________________________________________
Professora Doutora Lucia Helena G. Pena - UERJ
________________________________________________
Professora Doutora Sônia Acioli - UERJ
Rio de Janeiro
Novembro de 2007
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que caminharam ao meu lado nessa estrada, mas deixo registrado alguns
daqueles cuja contribuição tornou-se por demais evidente.
Aos meus professores de graduação da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, onde
aprendi muito mais que uma profissão. Um carinho especial a Marisa Dias Rolan Loureiro e
Olinda Maria de Araujo.
A Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro pelo acolhimento,
tornando-se minha segunda casa nesses anos de residência, especialização e mestrado.
Ao mestre com carinho. Agradeço imensamente a Iraci dos Santos pelo acolhimento,
paciência e ensino.
Ao meu esposo Saturnino de Campos Sarat Jr pelo apoio incondicional aos meus estudos,
sempre compartilhando dos meus sonhos.
Ao meu filho Pedro que foi gerado nesse processo. Seu sorriso foi o meu incentivo nas tardes
de estudo para conclusão dessa dissertação.
Aos meus familiares que abriram mão de minha companhia nesses últimos anos por
acreditarem no meu sonho.
A Liana Amorim Corrêa, minha amiga, que esteve presente nos momentos mais felizes de
minha vida nesses últimos anos. Pelo apoio, carinho e orientação.
RESUMO
SARAT, Caroline Neris Ferreira. Aplicação da teoria de Orem na prática de Enfermagem:
análise de comunicações científicas. 2007, 96f. Dissertação (mestrado). Faculdade de
Enfermagem. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro.
Considerando-se que a Teoria de Orem é objeto de estudo dos enfermeiros, indaga-se como
estes dela se apropriam e a aplicam em sua prática de cuidado, ensino e pesquisa. Trata-se de
pesquisa exploratória, descritiva por meio de revisão sistemática com objetivo de analisar
publicações científicas de Enfermagem brasileira com aplicação da Teoria do autocuidado de
Orem. Para investigar essa aplicação, buscaram-se publicações, disponíveis em bases de
dados Cochrane, Bireme e PeriEnf. A revisão sistemática incluiu 75 pesquisas de
Enfermagem publicadas de 1985 a 2006. A análise das publicações fundamentou-se na
abordagem de pesquisa qualitativa, sendo que a caracterização de autores e de artigos foi
apresentada mediante estatística descritiva simples. Constatou-se que os estudos sobre a
Teoria de Orem foram publicados mais freqüentemente na Revista Brasileira de Enfermagem
e se intensificaram após 2000, relevando-se uma média de dois anos e seis meses (DP=1,48)
entre o ano da realização do estudo e sua publicação. Predominam os estudos procedentes da
região sudeste (45,5%) e nordeste (32,5%), destacando-se os estados de São Paulo e Ceará.
Dentre as palavras-chave utilizadas, pelos autores, sobreleva-se a freqüência (n=47) para
“autocuidado”. Identificou-se 21% da produção originária de teses, dissertações e
monografias. Referente aos autores, a maioria é enfermeiro (84,3%) e docente (70,7%).
Quanto aos desenhos de pesquisa, 58,4% é qualitativo, 31,2% quantitativo e 10,4%
quantitativo-qualitativo. Predominam estudos com adultos (50,6%), no cenário ambulatorial
(50,6%), associado à patologias (63,2%), sobressaindo aqueles relacionados ao autocuidado
de clientes com diabetes mellitus (33,3%). A análise por categorização foi aplicada para
analisar as modalidades de aplicação da teoria de Orem, tendo-se delimitado três categorias
temáticas: aplicação na sistematização da assistência de Enfermagem, aplicação como
estratégia de ensino para desenvolver o autocuidado e aplicação como referencial teórico.
Considerando os critérios para categorização, verificou-se que os artigos revelando maior
aplicação da Teoria de Orem foram os que a aplicaram no processo de Enfermagem (44,1%),
pois utilizaram os três construtos teóricos. Seguem-se os que revelam análise do contexto dos
clientes para determinar estratégias a serem realizadas (36,4%) e os artigos utilizando o
conceito de autocuidado como referencial para as discussões e reflexões sobre o cuidar
(19,5%). Conclui-se que a apropriação da Teoria de Orem está presente na aplicação do
conceito de autocuidado como referencial na prática e na fundamentação teórica, na
identificação dos déficits de autocuidado e na utilização do sistema de apoio-educação como
instrumento do cuidar. Portanto, o modelo teórico de Orem constitui uma abordagem
sistemática e lógica, capaz de ajudar o enfermeiro a oferecer e promover autocuidado.
Analisando as comunicações científicas, delineou-se um perfil da produção sobre a Teoria do
autocuidado, demonstrando-se sua aplicação por enfermeiros brasileiros.
Palavras-chave: Autocuidado, teoria de Enfermagem, Enfermagem.
ABSTRACT
SARAT, Caroline Neris Ferreira. Orem Theory application in the nursing experience:
scientific communication assessment. 2007, 96f. Dissertation (Masters Degree). Nursing
School. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro.
Considering the Orem Theory as a subject of nursing studies, it is posed a question on authors
have usedit and applied to nursing care practices, research. It is a descriptive research through
systematic review was designed aiming to analyse brazilian publications that used Orem Self-
care Theory. In order to investigate the evidences of this appropriation, publications were
assessed, available in Cochrane, Bireme and PeriEnf data bases. The systematic review
included 75 nursing research published from 1985 to 2006. The publication assessment was
based on quantitative and qualitative approaches. The quantitative one was used to analyse
variables related to authors and articles characteristics. It was found that studies about Orem
Theory were published more recently on Revista Brasileira de Enfermagem and became
intensified after 2000, with an average of two years and six months (DP-1,48) between the
making of the study and its publication. The majority of the studies comes from the southeast
region (45,5%), and northeast (32,5%), with an emphasis to São Paulo and Ceará states.
Among the keywords used by the authors, it is important to highlight the frequency (n=47) for
“self-care”. Only 21% of the thesis, monographs and dissertations original production were
identified. Concerning the authorship, the majority are nurses (84,3%) and professor of
nursing lectures (70,7%). Concerning the research design: qualitative (58,4%), quantitative
(31,2%), and quantitative/qualitative (10,4%). The predominance indicated studies with adults
(50,6%), in the clinic scenario (50,6%), associated to patology (63,2%), being distinguishable
the studies related to patients self-care with diabetes mellitus (33,3%). The analysis for
categorization was applied in order to assess the ways of Orem Theory application, being
possible to delimitate three thematic categories which reflect the following appropriation: the
use of the theory in the systematization of nursing attendance, applying of the nurse clinical
judgement concerning the development of self-care and application as theoretical reference.
Considering the evaluation criteria to identify such appropriation, it was confirmmed that the
articles revealing more appropriation concerning the Orem Theory were the ones that applied
it in the nursing process (44,1%), for they used the three theoretical constructs. Next, the
articles revealing clients context analysis to determine strategies to be taken (36,4%), and the
articles that use the concept of self-care as a reference to discussions and reflections about
caring (19,5%). In conclusion, the ways that Orem Theory appropriation are present in the
application of the self-care concept are as a reference towards practice and as a theoretical
framework, in the assessement of self-care deficit, and in the utilization of the support-
education system as a means of caring. This theoretical model constitutes a logical and
systematic approach, that helps nursing in the provision and promotion of self-care to clients.
By assessing the scientific communication, it was possible to outline a prodution profile
concerning the self-care Orem Theory and it became clear the evidences pertaining the
appropriation of such theory by the Brazilian nurses.
Keywords: self-care, nursing theory, nursing.
RESUMÉN
SARAT, Caroline Neris Ferreira. Aplicación de la Teoría de Orem en la práctica de
enfermería: análisis de comunicaciones científicas. 2007, 96f. Disertación (maestría). Facultad
de Enfermería. Universidad del Estado de Río de Janeiro. Río de Janeiro.
Se considerando que la Teoría de Orem es objetivo de estudio de los enfermeros, se indaga
como ellos se apropian de ella y la aplican en su práctica de cuidado, enseñaza y pesquisa. Se
trata de pesquisa exploratoria, descriptiva por medio de revisión sistemática con objetivo de
analizar publicaciones científicas de enfermería brasileña con aplicación de la Teoría de
Orem. Para investigar esa aplicación, se buscó publicaciones, disponibles en bases de datos
Cochrane, Bireme y PeriEnf. La revisión sistemática incluyó 75 investigaciones de
enfermerías publicadas de 1985 a 2006. El análisis de las publicaciones se fundamentó en el
abordaje de pesquisa cualitativa, siendo que la caracterización de autores y de artículos fue
presentada mediante estadística descriptiva simple. Se constató que los estudios acerca de la
Teoría de Orem fueron publicados más frecuentemente en la “Revista Brasileira de
Emfermagem” y se intensificaron tras 2000, revelándose una media de dos años y seis meses
(DP=1,48) entre el año de la realización del estudio y su publicación. Predominan los estudios
procedentes de la región sureste (45,5%) y noreste (32,5%), destacándose los Estados de São
Paulo y Ceará. De las palabras llaves utilizadas por los autores, se sobrellevó la frecuencia
(n=47) para “autocuidado”. Se identificó 21% de la producción originaria de tesis, disertación
y monografías. Referente a los autores, la mayoría es enfermero (84,3%) y docente (70,7%).
Cuanto a los diseños de pesquisa, 58,4% es cualitativo, 31,2% cuantitativo y 10,4%
cuantitativo-cualitativo. Predominan estudios con adultos (50,6%), en el escenario
ambulatorio (50,6%), asociado a patología s (63,2%), sobresaliendo aquellos relacionados al
autocuidado de clientes con diabetes mellitus (33,3%). El análisis por categorización fue
aplicada para analizar las modalidades de aplicación de la Teoría de Orem, teniéndose
delimitado tres categorías temáticas: aplicación en la sistematización de la asistencia de
enfermería, aplicación como estrategia de enseñaza para desarrollar el autocuidado y
aplicación como referencial teórico. Considerando los criterios para categorización, se
verificó que los artículos revelando mayor aplicación de la Teoría de Orem fueron los que
aplicaron en el proceso de enfermería (44,1%), pues utilizaron los tres constructores teóricos.
Séguense los que revelan análisis del contexto de los clientes para determinar estrategias a ser
realizadas (36,4%) y los artículos utilizando el concepto de autocuidado como referencial
para las discusiones y reflexiones sobre el cuidar (19,5%). Se concluyó que la apropiación de
la Teoría de Orem está presente en la aplicación del concepto del autocuidado como
referencial en la práctica y en la fundamentación teórica, en la identificación de los déficits
del autocuidado y en la utilización del sistema de apoyo educacional como instrumento del
cuidar. Por lo tanto, el modelo teórico de Orem constituye un abordaje sistemático y lógico,
capaz de ayudar el enfermero a ofrecer y promover autocuidado. Analizando las
comunicaciones científicas, se delineó un perfil de la producción sobre la Teoría del
autocuidado, demostrándose su aplicación por enfermeros brasileños.
Palabras llaves: autocuidado, teoría de enfermería, enfermería.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. .................................................................................................................................37
Distribuição dos artigos publicados no período de 1985 a 2006, segundo o veículo de
publicação. Rio de Janeiro, novembro de 2007.
Tabela 2...................................................................................................................................38
Distribuição de artigos publicados no período de 1985 a 2006. Rio de Janeiro, novembro de
2007.
Tabela 3....................................................................................................................................52
Distribuição das publicações sobre a teoria de Orem por patologias identificadas no período
de 1985 a 2006. Rio de Janeiro, novembro de 2007.
Tabela 4....................................................................................................................................55
Distribuição dos trabalhos por delimitação de categorias revelando aplicação da teoria de
Orem. Rio de Janeiro, novembro de 2007
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1...................................................................................................................................39
Representação gráfica do tempo decorrido entre a realização do estudo e sua publicação. Rio
de Janeiro, novembro de 2007.
Gráfico 2...................................................................................................................................43
Representação da distribuição percentual dos trabalhos originários de formação acadêmica em
relação a outros interesses científicos, nos periódicos nacionais no período de 1985 a 2006.
Rio de Janeiro, novembro de 2007.
Gráfico 3...................................................................................................................................43
Distribuição da freqüência de artigos derivados de estudos de formação acadêmica, nos
periódicos nacionais no período de 1985 a 2006. Rio de Janeiro, novembro de 2007.
Gráfico 4...................................................................................................................................44
Profissão/ocupação dos autores dos periódicos nacionais no período de 1985 a 2006. Rio de
Janeiro, novembro de 2007.
Gráfico 5...................................................................................................................................45
Distribuição de publicações relacionadas à Teoria de Orem, nos periódicos nacionais no
período de 1985 a 2006, segundo a área de atuação dos autores. Rio de Janeiro, novembro de
2007.
Gráfico 6...................................................................................................................................46
Distribuição das publicações relacionadas à Teoria de Orem nos periódicos nacionais no
período de 1985 a 2006, segundo o delineamento metodológico. Rio de Janeiro, novembro de
2007.
Gráfico 7...................................................................................................................................48
Distribuição dos artigos publicados nos periódicos nacionais no período de 1985 a 2006,
segundo os clientes/sujeitos da pesquisa. Rio de Janeiro, novembro de 2007.
Gráfico 8...................................................................................................................................49
Distribuição dos artigos publicados nos periódicos nacionais no período de 1985 a 2006,
segundo o local de realização do estudo. Rio de Janeiro, novembro de 2007.
Gráfico 9...................................................................................................................................51
Distribuição dos artigos publicados nos periódicos nacionais no período de 1985 a 2006,
segundo associação das patologias dos sujeitos. Rio de Janeiro, novembro de 2007.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1....................................................................................................................................22
Dorothea Elizabeth Orem.
Figura 2....................................................................................................................................24
Teorias constituintes da teoria geral de Enfermagem do déficit de autocuidado.
Figura 3....................................................................................................................................26
Apresentação esquemática da teoria geral de Enfermagem de Orem. Rio de Janeiro, novembro
de 2007.
Figura 4....................................................................................................................................32
Busca em bases de dados on-line. Rio de Janeiro, novembro de 2007.
Figura 5....................................................................................................................................41
Distribuição geográfica da procedência (local de trabalho e ou estudo dos autores
referenciados nos periódicos) no período de 1985 a 2006. Rio de Janeiro, novembro de 2007.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. ................................................................................................................................21
Exemplo de modelos conceituais de Enfermagem
Quadro 2..................................................................................................................................34
Definição dos elementos para a categorização dos dados. Rio de Janeiro, novembro de
2007.
Quadro 3..................................................................................................................................34
Categorização dos dados. Rio de Janeiro, novembro de 2007.
Quadro 4..................................................................................................................................35
Referencial para orientar o rigor metodológico na seleção de categorias. Rio de Janeiro,
novembro de 2007.
Quadro 5..................................................................................................................................42
Palavras-chaves relacionadas à teoria do autocuidado de Orem, identificados nos periódicos
nacionais no período de 1985 a 2006. Rio de Janeiro, novembro de 2007.
Quadro 6. ................................................................................................................................53
Critério para categorização de trabalhos segundo aplicação da teoria de Orem. Rio de Janeiro,
novembro de 2007.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................15
2 REFERENCIAL TEÓRICO – TEORIAS E ENFERMAGEM.........................................20
2.1 Um breve comentário sobre Dorothéa Orem e a teoria do déficit de autocuidado.............22
3 MÉTODO E MATERIAL..................................................................................................28
3.1 Amostra do estudo..............................................................................................................30
3.2 Processo de produção e tratamento dos dados....................................................................32
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................................36
4.1 Caracterização da amostra...................................................................................................36
4.2 Categorias temáticas de aplicação da teoria de Orem.........................................................53
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................64
6 REFERÊNCIAS..................................................................................................................67
APÊNDICE A – Protocolo para análise de artigo....................................................................73
APÊNDICE B – Material do estudo – Referências utilizadas para análise..............................75
APÊNDICE C – Aplicação da teoria na sistematização da assistência de Enfermagem
(SAE)............................................................................................................81
APÊNDICE D – Aplicação da teoria como estratégia de ensino para desenvolver o
autocuidado...................................................................................................88
APÊNDICE E – Aplicação da teoria como referencial teórico................................................94
15
1. INTRODUÇÃO
Como proposta da disciplina de “Concepções teóricas do cuidar em saúde e
Enfermagem”, foi realizada uma pesquisa sobre a prática da Teoria de Orem aplicada à
Enfermagem como parte dos requisitos para integralização dos créditos do Programa de Pós-
Graduação, Mestrado, da Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro. Esse estudo teve como objetivo identificar as publicações latino-americanas de
Enfermagem que se apropriaram da teoria de Enfermagem de Orem no período de 1996-2006
(SARAT, SANTOS, CORREA e SALES, 2006). O banco de dados utilizado foi o Bireme
através da consulta on-line. A amostra foi composta por 47 resumos, nos quais foram
analisados o local de publicação, pesquisa para obtenção de título, aplicação da teoria e área
de concentração da pesquisa. Com esse estudo, percebeu-se que a teoria de Orem é
amplamente utilizada por enfermeiros brasileiros na prática de seus cuidados com clientes nas
mais diversas condições, porém por se tratar de uma análise de resumos, não foi possível
identificar como os pesquisadores se apropriavam e aplicavam os conceitos teóricos de Orem.
Esse estudo foi importante para ampliar o conhecimento, dar suporte metodológico e
identificar a situação das publicações brasileiras sobre Orem. Por se tratar de uma teórica
americana, as publicações originais e mais atuais em livros-textos estão disponíveis no idioma
inglês e espanhol, havendo poucos livros em português para serem consultados. Essa situação
não inviabiliza, mas atrasa a disseminação do conhecimento, visto que uma pequena parte da
população domina uma segunda língua e também pelas dificuldades de importação. Assim,
disponibilizamos, mais comumente, de materiais traduzidos e interpretados por outros autores.
Dentre as poucas referências brasileiras sobre teorias de Enfermagem, destaca-se a
contribuição de Maria Teresa Leopardi, cujas referências das obras sobre as teorias podemos
encontrar no site <www.leopardi.pro.br>. Como referência estrangeira destacamos o livro
Nursing Theories – The Base for Professional Nursing Practice, de Julia B. George (1993).
Trata-se de um título americano traduzido para o português (Teorias de Enfermagem: dos
fundamentos para a prática profissional). Essas duas autoras são as mais citadas no
referencial teórico da Teoria de Orem em publicações brasileiras.
Ao implementar esta pesquisa, ressalto que meu primeiro contato com as teorias
ocorreu na graduação e por meio de minha experiência posso compartilhar minhas angustias
em tentar entender as características de uma lista de teorias que me foram apresentadas no
terceiro ano da graduação. Como foi difícil entender algo tão abstrato, que para mim, naquela
16
ocasião, me parecia sem aplicação prática. Atualmente, depois de outros contatos com
algumas teorias, ainda acredito que podemos melhor compreender as teorias de Enfermagem
quando temos a experiência das práticas de leitura, de ensino, de pesquisa, do nosso cotidiano,
inclusive de trabalho.
Por outro lado, embora despercebida para a equipe de Enfermagem e para a instituição
de saúde existe aplicação de teorias e concepções teóricas de Enfermagem como elemento
norteador de suas práticas diárias, pois tenho observado em minha prática o quanto a equipe
de Enfermagem desenvolve, no atendimento aos clientes e à família, o conceito do
autocuidado, apesar da prática de Enfermagem fundamentada na teoria não ser
institucionalmente reconhecida. Tal aplicação, no entanto, limita-se às ações de Enfermagem
inseridas no sistema apoio-educação desde a admissão estimulando a participação dos clientes
e dos familiares a fim de que estejam prontos a assumir seus papéis após alta.
Entendo que o conceito de autocuidado refere-se à capacidade que os seres viventes
têm de cuidar de si mesmos, desempenhando atividades em seu próprio benefício, a fim de
manter a vida, a saúde e o bem estar próprio. Assim, o autocuidado é inerente à vida, à
sobrevivência dos humanos. Portanto, independe de identificação de doenças ou traumas
biológicos, psicológicos, econômicos ou sociais, sendo uma obrigatoriedade do viver, assim
como o aprender a viver, e é indispensável à sobrevivência no mundo com qualidade.
Entretanto, tem-se notado que o autocuidado, geralmente, restringe-se aos indivíduos
com dificuldades advindas de doenças quando o normal seria utilizá-lo a fim de preveni-las.
Refletindo-se sobre a Teoria de Orem, pode-se inferir que a ajuda proporcionada pela
Enfermagem, no atendimento das necessidades humanas, caracteriza-se por uma forma
sistemática de ensino do autocuidado, ou seja, ela se torna uma ajuda ao aprender a viver.
Dados encontrados na literatura especializada permitem afirmar que a Teoria de Orem
é uma das mais referenciadas na América Latina, segundo González et al (2005). Desse
modo, pressupõe-se que os profissionais de Enfermagem se apropriam de tal teoria e, assim
podem aplicá-la em sua prática. A questão é saber como a Teoria de Orem vem sendo
utilizada pelos enfermeiros brasileiros em suas práticas de cuidado, ensino e pesquisa.
Para responder a essa questão de modo adequado, foi delineada a presente pesquisa
buscando modalidades de aplicação das concepções de Orem por meio de uma revisão
sistemática. Recordamos que, no pensamento baseado em evidências, as conclusões sobre
nossas práticas devem ser apoiadas em cuidadosa revisão de artigos científicos indo além da
leitura de resumos de artigos ou da adoção de opiniões de especialistas.
17
A revisão sistemática é um recurso importante da prática baseada em evidências, onde
os resultados de pesquisas são coletados, categorizados, avaliados e sintetizados. É portanto,
um processo que resulta na síntese das informações disponíveis em dado momento, sobre um
problema específico, de forma objetiva e reproduzível, por meio de método científico
(GALVÃO, SAWADA e TREVIZAN, 2004).
Concordamos com Galvão, Sawada e Mendes (2003) quando afirmam que a busca
por dados relevantes e informações de qualidade, para embasar a tomada de decisão na
assistência à saúde, pode apresentar-se como uma tarefa desanimadora para muitos
profissionais de saúde. Essa situação se caracteriza pelo intenso fluxo de informações
disponíveis, necessidade de estabelecer critérios de seleção para identificar as fontes precisas
e pelo tempo limitado desses profissionais para se dedicar a tal busca.
A revisão de literatura pode se tornar, nesse contexto, um elemento facilitador de
informações, por salientar o que já foi estudado até a atualidade.
Os pesquisadores preparam revisões de literatura para determinar o
conhecimento sobre um tópico de interesse, para proporcionar um contexto
ao estudo e para justificar a necessidade do estudo; os consumidores
revisam e sintetizam as informações baseadas em evidência para obter
conhecimentos e melhorar a prática de Enfermagem. (POLIT, BECK e
HUNGLER, 2004, p.142)
Assim, procuramos identificar subsídios, nesse levantamento de informações, que nos
possibilite uma melhor compreensão da aplicação da Teoria de Orem na prática, ensino e
pesquisa em Enfermagem.
Delimita-se, assim, o problema de pesquisa: quais são as modalidades de aplicação da
Teoria de Orem na prática profissional de Enfermagem? Parte-se do pressuposto de que, se os
construtos teóricos formulados por Orem forem apropriados pelos enfermeiros, existe a
possibilidade de que eles sejam aplicados na sua prática de assistência, ensino e pesquisa.
Diante do problema e o pressuposto para desenvolver a pesquisa formulo o objetivo
geral desse estudo:
Verificar as modalidades de aplicação das concepções teóricas de Dorothea E.
Orem nas dimensões práticas de Enfermagem no Brasil.
18
E, como objetivos específicos, a serem alcançados durante a trajetória desta pesquisa:
Analisar o conteúdo das produções/publicações científicas desenvolvidas pela
Enfermagem brasileira com utilização da Teoria de Orem.
Identificar apropriação da Teoria de Orem no conteúdo das publicações
científicas de Enfermagem destacando suas modalidades de aplicação nas
práticas de educar, cuidar e pesquisar.
De acordo com Neves e Wink (2007), o autocuidado tem sido focalizado, nos últimos
quarenta anos, no exercício da Enfermagem brasileira, especialmente nas áreas de ensino,
pesquisa e assistência. Para as autoras, foram relevantes as contribuições acadêmicas
oferecidas, mas pouco se fez no sentido de melhorar o processo de viver humano. Os
enfermeiros continuam insatisfeitos com o discurso de como deveria ser feito o
desenvolvimento do autocuidado para que os clientes melhorem seu processo de viver.
O enfermeiro, ao buscar as teorias, apropria-se desses conhecimentos para desenvolver
o cuidado humano, pautado em referenciais que aproximam a essência do cuidado de
Enfermagem ao ser que cuida e é cuidado (CRIVARO, ALMEIDA e SOUZA, 2007).
Ao assumir o cuidado, baseado em um referencial teórico, aproximamo-nos da
essência do cuidado de Enfermagem. Quem pratica o cuidado humano, o faz no dia-a-dia, não
sendo verdadeiramente possível executá-lo apenas no ambiente de trabalho com os clientes,
de forma fragmentada. Trata-se de uma atividade constante; quem cuida tem que se cuidar
para poder cuidar melhor do outro. Adotando essa perspectiva holística em nossa prática
diária, nos afastamos do tecnicismo e do assistencialismo e nos aproximamos mais das
pessoas.
O saber olhar, falar, ouvir, tocar e sentir passaram a ser instrumentos promovedores de
um cuidar único que hoje a Enfermagem está resgatando. De acordo com Souza (SOUZA et
al, 2005), a idéia de ajudar os outros na solução de problemas ou de um indivíduo colocar-se
no lugar do outro, na maioria das sociedades, ainda permanece válida como referência e
conteúdo básico da noção de cuidado em Enfermagem no século XXI.
Dentre os fatores já conhecidos que interferem no autocuidado – a idade, capacidade
mental, cultura, estado emocional, a sociedade e o ambiente – o ambiente tem-se demonstrado
um fator determinante no exercício do autocuidado. A falta de políticas de saúde e segurança
19
pública tem afetado as pessoas na promoção do seu bem estar. Ataíde e Damasceno (2006),
em um estudo sobre os fatores que interferem na adesão ao autocuidado, questionam a
participação do ambiente e da segurança na qualidade de vida das pessoas. Como sobreviver
em um meio tão adverso à vida saudável, em locais com provisão inadequada dos serviços de
infra-estrutura, com violência, consumo e tráfico de drogas.
Considera-se, portanto, que o autocuidado representa a forma de “despaternalizar a
assistência” (LUCE et al, 1991, p.137), mas que, por sua vez, não elimina a responsabilidade
dos governos e dos profissionais. Ao governo, como instituição responsável pelos serviços de
saúde, cabe oferecer acesso e garantia de assistência adequada. A nós, profissionais, cabe a
responsabilidade ética de orientar e estimular os clientes a se autocuidarem, por meio do
compromisso e engajamento político com a sociedade.
Ao desenvolver as habilidades para o autocuidado, estamos nos afastando do foco
biológico, patológico, das práticas sociais e institucionais que controlam a saúde e nos
aproximamos do humanismo, da cidadania, do direito de decisão e da independência do outro.
Ferrero e Cintra (2004), em estudo com idosos, afirmam que o autocuidado, que se
apóia na premissa de incentivo a potencialidades, pode revelar-se uma proposta muito
oportuna, uma vez que promove um salto de qualidade na vida dessa população. É sabido
inexistir consenso quanto ao conceito de qualidade de vida, mas podemos afirmar que ele é
construído por diferentes significados tendo como parâmetro a subjetividade individual,
coletiva e contextual. O significado de qualidade de vida relacionou-se, prioritariamente, ao
bem estar físico, à estabilidade sócio-econômica e ao bem-estar psico-emocional e espiritual.
Há, porém, necessidade de maior investimento de pesquisa e educação para transformar as
intervenções na saúde em prática efetiva para a qualidade de vida.
Acreditamos que, com esse estudo, estaremos contribuindo para divulgação da Teoria
de Orem, pois com ele demonstramos como essa teoria vem sendo aplicada pelos enfermeiros
brasileiros.
20
2. REFERENCIAL TEÓRICO – TEORIAS E ENFERMAGEM
Os cientistas usam o termo teoria para referir-se a uma generalização abstrata que
apresenta uma explicação sistemática de como os fenômenos estão interrelacionados,
exigindo que inclua, ao menos, dois conceitos que estejam relacionados à teoria que se
pretende explicar. O objetivo geral da teoria é dar significado aos resultados científicos,
resumir o conhecimento existente em sistemas coerentes e estimular novas pesquisas,
fornecendo direção e ímpeto, bem como explicar a natureza das relações entre as variáveis
(POLIT, BECK e HUNGLER, 2004).
As teorias de Enfermagem, por sua vez, foram desenvolvidas a partir da evolução da
Enfermagem para a construção de um saber próprio, a fim de consolidar esse conhecimento
como ciência, tornando evidentes suas bases teóricas para a prática.
Segundo Garcia e Nóbrega (2004), as teorias desenvolvidas no âmbito da Enfermagem
têm concorrido para explicitar a complexidade e multiplicidade de conceitos representativos
dos fenômenos que definem e limitam seu campo de interesse, assim como para explicitar as
crenças e valores da área em relação a esses fenômenos. Evolutivamente, as teorias
contribuem para a formação de uma base sólida de conhecimento.
Existem vários modelos conceituais e teorias para fundamentar a prática da
Enfermagem. O conceito de pessoa, ambiente, saúde e Enfermagem constituem elementos
centrais para esses modelos, com definições e relações diferentes entre eles.
Waldow (2001) refere que as teorias de Enfermagem começaram a se tornar fonte de
interesse, no Brasil, por volta de 1970, sendo desenvolvidas por enfermeiras americanas, com
ênfase nos aspectos biomédicos: adaptação, homeostasia, necessidades básicas. Algumas
dessas enfermeiras, buscaram apoio em outras áreas de conhecimento, com enfoque
predominante no aspecto psicológico ou no social.
Segundo Polit (POLIT et al, 2004), além dos modelos conceituais próprios (quadro 1),
a Enfermagem tem aplicado, em suas pesquisas, modelos e teorias de outras disciplinas,
denominadas de teorias emprestadas. Um modelo conceitual sociopsicológico em destaque
usado, atualmente, nos estudos de Enfermagem é a “escuta sensível” de Barbier, a exemplo da
pesquisa experimental de Corrêa (2006) que adotou três tipos dessa escuta, na implementação
da consulta de Enfermagem, para testar sua influência na qualidade de vida de clientes com
insuficiência cardíaca. A autora demonstra essa apropriação ao utilizar a escuta sensível para
orientar a consulta de Enfermagem em clínica de insuficiência cardíaca a partir da similitude
21
do cuidar/pesquisar com a pesquisa-ação preconizada por Barbier. Portanto, o conceito que
muitas vezes nos parece abstrato, quando claro e compreendido, pode nos levar a novas
descobertas e a novas tecnologias de cuidar.
Como profissão, a Enfermagem tem a responsabilidade de prestar auxílio a pessoas,
grupos, famílias e comunidade, de modo que sua clientela conserve, consiga e mantenha um
estado de saúde (TORRES,1993). Para esse desenvolvimento acontecer é adequado que seus
profissionais se apóiem em pesquisas e não apenas em hábitos, tradições e intuição.
Assim, se estabelece uma relação íntima entre teorias e pesquisa. Ainda citando Polit;
Beck; Hungler (2004), a teoria pode orientar e gerar idéias para a pesquisa que, por sua vez,
pode investigar o valor da teoria e proporcionar os fundamentos para novas teorias. Aqui,
ressalta-se a ênfase na realização de pesquisas em relação às teorias de Enfermagem, pois sua
utilização e compreensão se dão a partir do amadurecimento profissional do enfermeiro.
Concordamos com a afirmação de Marriner-Tomey (1994), de que a utilização de
teorias proporciona o conhecimento necessário para aperfeiçoar a prática diária. Desse modo,
a capacidade dos profissionais de Enfermagem se vê aumentada pelo conhecimento teórico,
proporcionando autonomia profissional através de um ponto de referência que sustenta tanto o
exercício profissional como a formação e os trabalhos de pesquisa na profissão.
Quadro 1. Exemplo de modelos conceituais de Enfermagem.
Modelo conceitual
Modelo do sistema Aberto de King
Modelo de Conservação de Levine
Modelo de Sistemas de Atenção de Saúde de Neuman
Modelo de Autocuidado de Orem
Teoria de Tornar-se Humano de Parse
Modelo de Relações Interpessoais de Peplau
Ciência dos Seres Humanos Unitários de Rogers
Modelo de Adaptação de Roy
Fonte: POLIT, D. F.; BECK, C. T.; HUNGLER, B. P. Fundamentos de pesquisa em Enfermagem: métodos,
avaliação e utilização. Tradução de Ana Thorell. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2004, p.152
22
2.1 Um breve comentário sobre Dorothéa Orem e a teoria do déficit de autocuidado.
Dorothéa Elizabeth Orem nasceu em Baltimore, Maryland, em 1914. Filha de um
trabalhador da construção civil e uma dona de casa, iniciou sua carreira na Enfermagem na
década de trinta, após concluir o curso de Enfermagem pela Escola de Enfermagem do
Providence Hospital, em Washington. Tornou-se bacharel em ciências, em educação para a
Enfermagem, em 1939, e mestre, em 1945, pela Catholic University of America. Em sua
carreira profissional, trabalhou como enfermeira particular, como educadora, administradora e
consultora. Recebeu vários títulos e graus honoríficos, inclusive o de Doutora em
Enfermagem (INTERNATIONAL OREM SOCIETY FOR NURSING SCIENCE AND
SCHOLARSHIP, 2007; LEOPARDI, WOSNY e MARTINS, 1999, EBEN et al, 1994;
FOSTER e JANSSENS, 1993).
Uma das primeiras teóricas de Enfermagem, Orem contribuiu para formar o
corpo de conhecimento de Enfermagem. Em sua concepção o cuidado é
próprio da ação positiva que tem uma prática e um caminho terapêutico,
visando manter o processo da vida e promoção do funcionamento normal do
ser humano. O cuidado ajuda o indivíduo a crescer, se desenvolver, e
também na prevenção, controle e cura de processos de enfermidades e
danos. (GEORGE, 1993; LEOPARDI, 2006)
Figura 1. Dorothea Elizabeth Orem. Fonte: Official Homepage of the International
Orem Society for Nursing Science and Scholarship, 2007. Disponível em
<www.scdnt.com>
Em 1958, Dorothea Elizabeth Orem teve uma intuição de que os indivíduos
necessitavam de ajuda da enfermeira e que eles poderiam ser ajudados por ela. A reflexão
23
sobre esse tema proporcionou conhecimentos necessários para formular e expressar sua teoria
de Enfermagem. Ao longo de muitos anos, ela foi desenvolvendo conhecimento por meio de
situações de sua prática profissional para fundamentar seus construtos (EBEN et al, 1994).
Orem apresentou suas concepções de Enfermagem, em 1971, na publicação Nursing:
concepts of pratice. Nos anos de 1980 e 1985, foram apresentadas revisões de sua teoria,
ampliando o foco do indivíduo para unidades multipessoais e apresentação da teoria geral de
Enfermagem formada por três construtos teóricos inter-relacionados: a teoria do autocuidado,
a teoria das deficiências do autocuidado e a teoria de sistemas de Enfermagem (FOSTER e
JANSSENS, 1993; LEOPARDI, 2006).
Anos mais tarde, Orem definiu que a Enfermagem é um serviço de saúde
especializado e se distingue de outros serviços humanos por ter seu foco de atenção nas
pessoas com incapacidades para a contínua provisão de quantidade e qualidade de cuidados
em um momento específico, sendo eles reguladores de seu próprio funcionamento e
desenvolvimento (GEORGE, 1993).
Consideramos que, diante de uma nova situação, seja uma condição fisiológica como a
gestação ou a velhice, ou em condições patológicas, nas manifestações de doenças, o seres
humanos devem estar aptos a adquirir novos conhecimentos e habilidades, que os levem a se
adaptar às condições impostas e a retomar sua vida.
A ação orientada, tomada pelo indivíduo a fim de regular os fatores que afetam seu
próprio desenvolvimento, executando atividades que promovam seu bem estar, sua saúde e
sua vida, pode ser caracterizada como ações de autocuidado segundo a teoria de Orem.
Assim, o autocuidado é a capacidade que os indivíduos têm de cuidar de si mesmos,
desempenhando atividades em seu próprio benefício, a fim de manter a vida, a saúde e o bem
estar próprios. A teoria do autocuidado engloba o conceito de autocuidado, as atividades de
autocuidado, a exigência terapêutica de autocuidado e os requisitos para o autocuidado.
São três os requisitos de autocuidado ou exigência, apresentadas por Orem: universais,
de desenvolvimento e por desvio de saúde. A demanda de autocuidado terapêutico, segundo
Silva (2001), engloba todas as ações necessárias para manter a vida e promover a saúde e o
bem estar. Na teoria de Orem, caso a demanda do autocuidado terapêutico exceda a
capacidade de autocuidado do indivíduo temos a caracterização do déficit de autocuidado
onde se insere a atuação da Enfermagem.
A teoria do déficit de autocuidado proporciona um sistema geral para dirigir as
atividades de Enfermagem, quando as exigências de autocuidado são maiores do que as
capacidades para o autocuidado. Assim, déficit de autocuidado é a diferença entre
24
necessidades e capacidade de autocuidado. Os déficits de autocuidado estão associados não
apenas com as limitações dos indivíduos em desempenhar medidas de cuidado, mas também
com a falta de validez ou efetividade de autocuidado no qual se engajam (OREM, 1980).
O déficit de autocuidado constitui a essência da teoria geral quando delineia a
necessidade da Enfermagem. Nela, nos são apresentados os métodos de ajuda e as áreas de
atividade para atuação da Enfermagem. Os métodos de ajuda são: agir ou fazer para o outro,
guiar o outro, apoiar o outro (física ou psicologicamente), proporcionar um ambiente que
promova o desenvolvimento pessoal e ensinar o outro (FOSTER e JANSSENS, 1993;
LEOPARDI, 2006).
Na teoria de sistemas de Enfermagem, consideram-se três tipos de sistemas: o
autocuidado que se realiza para suprir o que não pode ser realizado pelo cliente – totalmente
compensatório; o que atende o indivíduo através do autocuidado – parcialmente
compensatório; e o que educa e apóia o indivíduo para ajudá-lo a realizar o seu autocuidado –
apoio e educação (EBEN et al, 1994). Essa teoria baseia-se nas necessidades e nas
capacidades do indivíduo para a execução de autocuidado.
A teoria geral de Enfermagem de Orem é denominada como teoria do déficit de
autocuidado ou SCDNT (self-care deficit nursing theory). As três teorias são inter-
relacionadas: a teoria do autocuidado apresenta o conceito de autocuidado e como ele se
relaciona com o indivíduo; na teoria do déficit de autocuidado observamos quando há
necessidade da ajuda da Enfermagem e, por fim, na teoria dos sistemas de Enfermagem,
identificamos como a Enfermagem pode oferecer ajuda nas necessidades de autocuidado.
Dessa forma, os construtos se articulam de forma inclusiva, como se observa na Figura 2.
Figura 2. Teorias constituintes da teoria geral de Enfermagem do déficit de autocuidado.
Fonte: OREM (2001) Disponível em <www.eewb.br/autocuidado>
Os fatores que interferem na aprendizagem das medidas de autocuidado incluem a
idade, capacidade mental, a cultura, a sociedade e o estado emocional (FOSTER e
Teoria do
sistema de
Enfermagem
Teoria do déficit de
autocuidado Teoria do autocuidado
25
JANSSENS, 1993, p.96). Devido à interferência desses fatores ligados à convivência dos
sujeitos com seu ambiente familiar, de trabalho e social, Santos e Pacheco (2004), concebem
o autocuidado como uma construção mais social do que biológica.
Orem conceitua Enfermagem como um serviço humano para a ajuda de pessoas na
obtenção e recuperação de habilidades. O conceito de saúde de que a autora se apropriou é o
da Organização Mundial da Saúde*, e declara que os aspectos físicos, psicológicos,
interpessoais e sociais da saúde são inseparáveis no indivíduo.
A definição de pessoa, formulada por Orem, é apresentada como seres humanos que se
diferenciam de outras coisas vivas por sua capacidade de refletir acerca de si mesmos e de seu
ambiente, possuindo capacidade para a aprendizagem e o desenvolvimento. Já o conceito de
ambiente está centrado na sociedade, na qual os grupos sociais são formados por pessoas que
devem ser ajudadas para restabelecer suas responsabilidades, cabendo a Enfermagem o papel
de ajuda nessa obtenção e recuperação.
Portanto, os componentes das demandas terapêuticas o desenvolvimento do
autocuidado dos clientes e a operacionalidade desse autocuidado se condicionam aos fatores
específicos das pessoas como indivíduos, e como membros de unidades localizadas no tempo
e no espaço (OREM, apud LEOPARDI, 2006).
Para Orem, o processo de Enfermagem é um sistema para determinar: por que a pessoa
precisa de cuidados, plano de cuidados, implementação dos cuidados. O método para conduzir
este processo contém os seguintes procedimentos: determinação dos requisitos de
autocuidado, determinação da competência para o autocuidado, determinação da demanda
terapêutica, mobilização das competências do enfermeiro e o planejamento da assistência nos
sistemas de Enfermagem (LEOPARDI, WOSNY e MARTINS, 1999).
A interação do enfermeiro com o cliente torna-se elemento fundamental para poder
avaliar adequadamente as demandas de autocuidado e traçar planos de intervenção coerentes
com as expectativas e suas possibilidades.
Desse modo, Leopardi (2006), ressalta que, orientando-se pelo pensamento da escola
das necessidades, Orem busca defini-las num contexto de integração com outros sistemas,
numa relação inter-funcional. Portanto, o holismo em sua teoria não advém da ótica de
simultaneidade, mas sim de causalidade. Tal fato permite caracterizar a teoria como
funcionalista e vinculada ao modelo biomédico.
* Segundo a Organização Mundial de Saúde, saúde seria a "situação de perfeito bem-estar físico, mental e
social".
26
Para melhor compreensão da teoria, realizamos uma apresentação esquemática da
estrutura da teoria geral de Enfermagem de Orem, a partir das referências consultadas e
citadas (figura 3).
Figura 3. Apresentação esquemática da teoria geral de Enfermagem de Orem. Rio de Janeiro,
novembro de 2007.
De acordo com Foster e Janssens (1993), a teoria de Orem apresenta resumidamente as
seguintes características:
TEORIA DO
AUTOCUIDADO DESCREVE E EXPLICA O
AUTOCUIDADO (AC).
TEORIA GERAL DE ENFERMAGEM DE OREM ENFATIZA A NECESSIDADE DE OFERECIMENTO E CONTROLE DE
AÇÕES DE AUTOCUIDADO DE FORMA CONTÍNUA, VISANDO
SUSTENTAR A VIDA E A SAÚDE, RECUPERAÇÃO DE DOENÇA OU
FERIMENTO E COMPATIBILIZAÇÃO DOS SEUS EFEITOS.
SISTEMAS DE
ENFERMAGEM ESTABELECE COMO AS NECES-
SIDADES DE AC SERÃO SATISFEI-TAS
E O PAPEL DA PESSOA E DO
ENFERMEIRO NESSA RELAÇÃO.
TEORIA DO DÉFICIT DE
AUTOCUIDADO É A ESSÊNCIA DA TEORIA.
DELINEIA QUANDO HÁ
NECESSIDADE DA ENFERMAGEM.
AUTOCUIDADO É A PRÁTICA DE CUIDADOS
EXECUTADAS PELO INDIVÍDUO
PARA MANTER-SE COM VIDA,
SAÚDE E BEM ESTAR..
PODER DE AGENCIAR
DA ENFERMAGEM HABILIDADES ESPECÍFICAS PARA
PROVER A ASSISTÊNCIA DE
ENFERMAGEM
DEMANDA
TERAPÊUTICA TOTALIDADE DAS AÇÕES DE
AC A SEREM EXECUTADAS
DURANTE ALGUM TEMPO, PARA
SATISFAÇÃO DOS REQUISITOS DE
AC.
REQUISITOS DE AC AÇÕES VOLTADAS PARA A
PROVISÃO DE AC.: UNIVERSAIS,
DESENVOLVIMENTAIS E POR
DESVIO DE SAÚDE.
MEIOS DE AJUDA •AGIR OU FAZER PARA O OUTRO
•GUIAR O OUTRO
•APOIAR O OUTRO
•PROPORCIONAR UM AMBIENTE
QUE PROMOVA O DESENVOLV.
•ENSINAR O OUTRO
ÁREAS DE ATIVIDADE
PARA PRÁTICA DA
ENFERMAGEM DESCREVEM O TERRITÓRIO DE
ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM
TOTALMENTE
COMPENSATÓRIO O ENFERMEIRO AGE PARA
COMPENSAR A INCAPACIDADE
PARA ATIVIDADE DE AC.
PARCIALMENTE
COMPENSATÓRIO O ENFERMEIRO EFETIVA
ALGUMAS MEDIDAS DE AC E
ATENDE CONFORME É EXIGIDO.
APOIO-EDUCAÇÃO O ENFERMEIRO OFERECE
ASSISTÊNCIA PARA TOMADA DE
DECISÃO, NO CONTROLE DE
COMPORTAMENTO E NA
AQUISIÇÃO DE CONHECIMENTO.
27
Os construtos teóricos de autocuidado de Orem, os déficits de autocuidado e os
sistemas de Enfermagem estão inter-relacionados em sua teoria geral abrangente,
proporcionando uma visão prática da Enfermagem que é única;
a teoria de Orem segue um processo lógico de pensamento, sendo utilizada por
várias escolas de Enfermagem como teoria fundamental para a preparação básica
para a prática;
os constructos de déficits de autocuidado e os sistemas de Enfermagem podem
ser aplicados a todos os pacientes, com posterior adaptação;
a teoria permite aos pesquisadores desenvolvem instrumentos para mensurar o
autocuidado;
a pesquisa sobre déficit e competência para o autocuidado contribui para o corpo
de conhecimento da Enfermagem.
Além de vários artigos publicados e trabalhos como consultora, Orem publicou, em
1971, o livro: Enfermagem – Conceitos da Prática, sendo as 2ª, 3ª, 4ª, 5ª e 6ª edições
publicadas em 1980, 1985, 1991, 1995, e 2001, respectivamente.
A International Orem Society dispõem de um site oficial <www.scdnt.com>, onde é
possível encontrar informações sobre as publicações de Orem e do The Nursing Development
Conference Group, além de informações sobre eventos relacionados ao autocuidado e a
artigos publicados no jornal da sociedade desde 1993 até os dias atuais. Em junho de 2008,
acontecerá na cidade de Vancouver, Canadá, o próximo evento internacional, o 10°
Congresso Mundial de Teoria Enfermagem do Déficit de Autocuidado.
Dorothea Elizabeth Orem permaneceu produtiva até o início desse milênio; vindo a
falecer em 22/07/2007 aos 93 anos, em sua residência em Skidaway Island
(INTERNATIONAL OREM SOCIETY FOR NURSING SCIENCE AND SCHOLARSHIP,
2007).
28
3. MÉTODO E MATERIAL
Trata-se de pesquisa exploratória descritiva. Para tanto, realizou-se uma revisão
sistemática, enfocando a apropriação da Teoria de Orem nas publicações científicas
brasileiras. Em termos gerais, buscou-se, por meio dessa investigação, verificar a
compreensão dos enfermeiros sobre esta teoria e sua conseqüente aplicação no cenário de sua
prática.
A revisão sistemática é um recurso importante da prática baseada em evidências, que
consiste em uma forma de síntese dos resultados de pesquisas relacionadas com um problema
específico. Ela permite que estudos, que respondem a uma questão clínica específica, sejam
separados da vasta literatura relativa a área da saúde; assim, o enfermeiro pode empenhar-se
na construção de uma revisão e/ ou aplicar na prática resultados de revisões já elaboradas
(GALVÃO, SAWADA e TREVIZAN, 2004).
Na implementação desta pesquisa a revisão sistemática abrangeu as sete fases
referenciadas nos estudos de Galvão, Sawada e Trevizan (2004).
1. Construção do protocolo (Apêndice A) contendo os elementos constituintes da
pesquisa, visando garantir o desenvolvimento da revisão com rigor metodológico;
2. Definição do problema: quais são as modalidades de aplicação da Teoria de
Orem na prática profissional de Enfermagem? Já descrito na introdução o qual
orientou a revisão sistemática, inclusive, delimitando os trabalhos científicos
passíveis de inclusão na pesquisa;
3. Busca de estudos, ou seja de trabalhos sobre a teoria de Orem publicados em
periódicos científicos brasileiros, caracterizando-se na fase chave do processo de
condução da revisão sistemática. Essa técnica de pesquisa compõe-se de três
etapas: busca em bases de dados, busca manual de publicações relevantes ao tema
e verificação das referências dos estudos identificados.
29
A estratégia utilizada para busca dos dados consistiu na procura em bases eletrônicas,
na busca manual em periódicos e nas referências listadas nos estudos identificados. Por se
tratar de uma pesquisa em banco de dados eletrônico, de acesso público por meio da análise
documental e por não se aplicar a coleta de dado a pessoas, esta pesquisa não foi submetida à
apreciação do comitê de ética em pesquisa, conforme preconizado para pesquisas com seres
humanos.
Optou-se por realizar esse levantamento em periódicos científicos nacionais na
intenção de aprofundar os dados em nossa realidade brasileira, sem a intenção de compará-los
aos trabalhos americanos e europeus. Nessa pesquisa visou-se apenas construir uma
compreensão da aplicação da teoria de Orem, no cenário nacional. A escolha por periódicos e
não por livros, justifica-se pela maior proximidade da pesquisa com o tempo de divulgação
dos dados.
4. Seleção dos estudos que deviam ser incluídos na revisão de acordo com os
critérios previamente determinados. Os critérios de inclusão dos artigos definidos
para a presente revisão foram: artigos completos (resumo e texto) publicados em
português, inglês e espanhol, em periódicos nacionais, no período compreendido
entre 1980–2006. Artigos publicados cuja descrição permita verificar a aplicação
da teoria de Orem. As palavras-chave utilizadas na busca foram: autocuidado,
teoria de Orem e Enfermagem.
5. Avaliação crítica dos estudos. Recorda-se, que somente os trabalhos completos
(texto e resumo) foram incluídos na investigação, por conter a totalidade do seu
conteúdo, haja vista a necessidade de análise não só do referencial teórico e
método aplicado, bem como dos resultados por eles obtidos. Os estudos
selecionados foram verificados, observando-se a modalidade do método utilizado
pelos autores.
6. Coleta dos dados oriundos de cada estudo individualmente mediante o
instrumento de coleta/ protocolo (Apêndice A), utilizando-se, ainda, o critério para
análise de comunicações científicas proposto por Santos (1994) a partir de
conceitos de Bardin (1997, 2000), para análise de conteúdo (Quadros 3 e 4);
30
7. Síntese dos dados. Foi realizada uma análise descritiva após leitura na íntegra dos
trabalhos selecionados. Esta leitura permitiu identificar diferentes modalidades de
aplicação da teoria de Orem. Para descrevê-las foi necessário delimitar categorias
analíticas, cuja categorização seguiu o critério estabelecido, a posteriori,
considerando-se a aplicação dos constructos teóricos de Orem (ver Quadro 5
apresentado em Resultados e Discussão).
Ressalta-se, que a finalidade dessa fase da revisão sistemática é sintetizar os dados
resultantes de cada estudo para fornecer uma estimativa da intervenção investigada. Assim, a
síntese pode ser apresentada através da metanálise ou por meio de uma análise descritiva. Por
ser a metanálise um procedimento no qual métodos estatísticos são empregados para
combinar e resumir o resultados de vários estudos; apresentamos os resultados de forma
descritiva para atender as características dos estudos da amostra, devido abordagem
qualitativa com resultados apresentados de forma narrativa.
3.1 Amostra do estudo
Um importante desenvolvimento bibliográfico, para a localização de referências, são
as várias bases de dados eletrônicos, muitas das quais podem ser acessadas através da busca
on-line ou por meio de CD-ROM (POLIT, BECK e HUNGLER, 2004, p.142). Assim, a
Internet constituiu um elemento facilitador de acesso à base de dados eletrônicos. Utilizamos
como recursos os dados da BIREME/ OPAS/ OMS, PeriEnf e Centro Cochrane do Brasil.
O Banco de Dados da BIREME/ OPAS/ OMS – Centro Latino-Americano e do
Caribe de informações em ciências da saúde - LILACS (http://www.bireme.br) disponibiliza
informações científico-técnica, contribuindo com o desenvolvimento da saúde, fortalecendo e
ampliando o fluxo de informação em ciências da saúde. Já, o Banco de Dados da PeriEnf
(http://www.sibi.usp.br/perienf) indexa artigos publicados por enfermeiros em periódicos
nacionais, a partir de 1934, disponíveis no acervo da Biblioteca "Wanda de Aguiar Horta" da
Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. Por sua vez, o Banco de Dados da
Cochrane Collaboration http://www.cochrane.org. Esta organização internacional prepara,
mantém e assegura o acesso de revisões sistemáticas, oferecendo registros de publicações
31
sobre os efeitos das intervenções na área da saúde. Ela disponibiliza, também, um site
brasileiro que oferece informações sobre diferentes tópicos:
<http://www.centrocochranedobrasil.org.br>
Iniciamos com um busca na Bireme utilizando a palavra “autocuidado”. Encontramos
24.602 referências de trabalhos, nas bases de dados bibliográficos, sendo 249 na BDENF -
base de dados de Enfermagem; 815 na LILACS – Literatura latino-americana e do Caribe em
ciências da saúde; 23.457 no MEDLINE – MEDIars onLINE literatura internacional; 27 na
OPAS – Acervo da biblioteca da organização Pan-americana da saúde e 54 na WHOLIS –
Sistema de informação da biblioteca da Organização Mundial da Saúde (OMS). Além disso,
encontramos 92 textos completos, dos quais onze são artigos das revistas indexadas no
SciELO e 81 na LILACS.
Encontramos, nessa busca, várias referências que citavam o autocuidado, mas que não
contemplavam a teoria do autocuidado de Orem. Para refinar nossos dados, realizamos uma
nova busca utilizando a palavra “Orem”, onde encontramos nas bases de dados bibliográficos,
244 referências, sendo: 47 na BDENF; 81 na LILACS; 116 no MEDLINE e nenhuma no
OPAS e no WHOLIS. Encontramos treze textos completos, sendo cinco, nas revistas SciELO
e oito, na LILACS.
Portanto, dos 815 trabalhos encontrados na LILACS, após o refinamento, foi
constituído um grupo de 81 estudos; foram excluídas 34 referências por se tratar de resumos
de trabalhos. Assim identificamos 47 trabalhos que preenchiam os critérios de inclusão.
Realizamos uma nova busca na base PeriEnf onde identificamos, a partir da palavra
“autocuidado”, 147 referências e com a palavra “Orem” 29. Excluímos seis trabalhos por se
tratar da publicação apenas do resumo e não da pesquisa completa. Desse total 68 referências
atendiam aos critérios de inclusão.
Uma última busca foi realizada na Cochrane com registro de dois trabalhos. Partimos
para o cruzamento das referências para evitar a duplicidade dos dados. O período de
identificação das referências na Internet se concentrou entre 02/02/2007 a 11/07/2007.
Posteriormente, seguimos com a busca manual dessas referências nos periódicos. Para
localização de alguns artigos, foi necessário o acesso ao Serviço de Comutação Bibliográfica
(COMUT), na Biblioteca da Faculdade de Enfermagem e de Odontologia, da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro. Durante a busca manual foram identificados quatro artigos que não
estavam na lista dos bancos de dados, mas que atendiam os critérios da amostra, sendo eles
também incluídos. Foram excluídas, da amostra, seis referências, pois ao fazer a identificação
física constatamos que se tratava da publicação de resumos. Esses resumos foram publicados
32
nos anos de 1980 a 1984. Não sendo identificadas publicações completas (artigo + resumo)
nesse período. Foi excluído um trabalho que apresentou duplicidade de publicação, pois se
tratava de um mesmo estudo com os mesmos autores, publicados em revistas diferentes e em
anos diferentes; diante dessa situação foi considerado o primeiro trabalho publicado. Portanto,
a análise foi realizada em 75 artigos completos publicados no período de 1985 a 2006.
Figura 4. Busca em bases de dados on-line. Rio de Janeiro, novembro de 2007*.
3.2 Processo de produção e tratamento dos dados
Foi elaborado um protocolo (Apêndice A) a fim de direcionar a coleta dos dados,
mantendo assim o rigor metodológico necessário. Esse instrumento de coleta de dados é
composto pelos seguintes elementos:
* Figura elaborada por SARAT, Caroline Neris Ferreira. Rio de Janeiro, novembro de 2007.
Bireme
Cochrane
PeriEnf
AC 24.602
AC 147
AC 02
Orem 244
Orem 29
Orem 0
47 68 02
117 referências
75 artigos completos
Amostra do estudo
Inclusão de 4
artigos encontrados na busca manual.
As referências foram cruzadas
para excluir duplicidade.
Exclusão de 6 resumos
33
identificação do artigo: título, periódico, ano de publicação, ano de realização
da pesquisa, palavras-chave e origem (recorte/ derivação);
identificação do(s) autor(es): profissão/ ocupação, titulação e cidade de origem;
características do artigo: delineamento, característica dos clientes, cenário,
patologia associada e a teoria de Orem utilizada, objetivos e as formas de
aplicação da teoria.
A análise das publicações, fundamentou-se em conceitos de abordagens de pesquisa
qualitativa. Os elementos que compõem o instrumento de coleta de dados (ICD) visando
caracterizar os artigos analisados e seus autores foram submetidos à quantificação sendo os
dados obtidos analisados segundo sua freqüência absoluta e percentual. As modalidades de
aplicação da teoria de Orem, foi analisada descritivamente seguindo-se um critério de
categorização estabelecido a posteriori, conforme já descrito nas fases de revisão sistemática.
Releva-se que conhecer a abordagem metodológica na qual a pesquisa está inserida
consiste no elemento fundamental para a utilização dos seus resultados na prática profissional.
Foi realizada uma síntese dos dados resultantes de cada estudo incluído por meio de uma
análise descritiva inspirada nas concepções de Bardin (2000) e Santos (1994).
Bardin (2000) conceitua a análise de conteúdo como um conjunto de técnicas de
análise das comunicações, sendo adaptável a um campo de aplicação muito vasto. Assim, por
se tratar de uma pesquisa que aborda a comunicação científica, aplicamos essa concepção
para identificar as modalidades de aplicação da teoria de Orem. Justifica-se a escolha a partir
da pertinência do seu rigor, campo e conceito como método de análise. Assevera a autora que,
qualquer comunicação de um emissor para um receptor, controlado ou não por este, pode ser
decifrado pelas técnicas de análise de conteúdo (BARDIN, 1977).
No caso deste trabalho, trata-se de comunicações científicas e, por conseguinte,
contém um transporte de significados próprios, qual seja os elementos indispensáveis à
aplicação do método científico, bem como à compreensão destes por seu receptor, qual seja, o
leitor/pesquisador, conforme já foi demonstrado por Santos (1994) na tese “Qualidade dos
resumos de comunicação científica em Enfermagem.” Portanto, os artigos foram submetidos à
análise definindo-se como elementos para categorização dos dados, no Quadro 2: unidade de
contexto, unidade de registro e elementos constitutivos ou essenciais.
34
Quadro 2. Definição dos elementos para a categorização dos dados. Rio de Janeiro,
novembro de 2007.
Unidade de contexto – Trabalhos científicos publicados no período de 1985 a 2006,
utilizando a teoria de Orem.
Unidade de registro – Títulos dos trabalhos e seus elementos constitutivos ou
essenciais.
Elementos constitutivos ou essenciais – Os trabalhos propriamente ditos e analisados
e os seus resumos, ambos considerados como comunicações científicas.
Desde os elementos constitutivos foram delimitadas categorias temáticas e categorias
denominadas como essenciais (Quadro 3).
Quadro 3. Categorização dos dados. Rio de Janeiro, novembro de 2007.
Categorias temáticas - segundo o desenvolvimento dos temas / assuntos dos trabalhos
reveladores de aderência aos sistemas da teoria geral de Enfermagem de Orem.
Categorias essenciais - considerando a composição do trabalho seguindo o método
científico de resolução de problemas, conforme recomenda Santos (1994): objetivo,
metodologia, resultados e conclusão.
Neste trabalho, seguindo o referencial de Santos (1994), a seleção das categorias
considerou os critérios de exclusão mútua, homogeneidade, pertinência e objetividade, como
se explicita no Quadro 4:
35
Quadro 4. Referencial para orientar o rigor metodológico na seleção de categorias. Rio de
Janeiro, novembro de 2007.
Exclusão mútua – a categoria OBJETIVO refere-se ao propósito do (s) autor (es) para
realizar a pesquisa; representa sua decisão/ação para desenvolver o trabalho. Na
METODOLOGIA, encontram-se descritos o método e técnica de pesquisa, sujeitos de
pesquisa, local (referência espacial da realização da pesquisa), área-geográfica de
procedência do (s) autor (es), período (referência temporal) de realização da pesquisa. A
categoria RESULTADOS demonstrará a obtenção dos resultados significativos para
resolução do problema proposto pelo autor do trabalho, bem como o alcance dos objetivos
formulados. As categorias CONCLUSÃO E SUGESTÕES descrevem a relação da
conseqüência dos resultados diante dos objetivos propostos; indicando aplicações para
novos estudos e também novas proposições. Ressalta-se, que tais categorias são exclusivas
porque possuem aspectos de análise diferentes entre si. Portanto, não podem ser incluídas
simultaneamente em mais de um elemento constitutivo ou essencial.
Homogeneidade – o princípio de classificação utilizado para todas as categorias refere-se à
aplicação de elementos essenciais do método científico para resolução de problemas,
conforme já anunciado.
Pertinência – todas as categorias adaptam-se ao material de análise, qual seja, os trabalhos
científicos publicados. Portanto, possuem a mesma estrutura de comunicação científica,
atendendo assim, aos propósitos desta investigação.
Objetividade – as diferentes categorias de um mesmo material podem ser codificadas da
mesma forma quando submetidas a várias análises e/ou analisadores, devendo chegar a
resultados iguais. Para o organizador de análise, a definição dos elementos essenciais ao
trabalho científico conferiu precisão aos índices de entrada de cada elemento numa
determinada categoria.
36
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Visando demonstrar e avaliar a aplicabilidade dessa revisão sistemática para atingir os
objetivos desta investigação, inicia-se a apresentação caracterizando a amostra de publicações
científicas utilizada. Para tanto, os dados obtidos visando à caracterização dos artigos e seus
autores foram codificados a fim de construir o banco de dados que foi analisado através dos
programas Epi Info e Microsolft Excel. Os resultados dessa análise são apresentados com o
cálculo da freqüência e porcentagem e representados através de tabelas, gráficos e figuras.
Posteriormente, apresentam-se os dados obtidos por meio de análise descritiva das
comunicações científicas de acordo com as categorias temáticas identificadas.
4.1 Caracterização da Amostra
Os dados produzidos procedem de 75 artigos originais (de pesquisa), publicados em
periódicos científicos do Brasil, no período de 1985 a 2006, cuja leitura pôde ser feita na
íntegra e que revelaram diferentes formas de aplicação da teoria do autocuidado de Orem. Os
artigos foram publicados em 23 revistas, sendo 18 delas especificamente da área de
conhecimento Enfermagem, enquanto 7 são da área da saúde.
Constata-se que o periódico no qual foram publicados artigos sobre a Teoria de Orem
com maior freqüência (n=12, 16,0%) – foi a Revista Brasileira de Enfermagem (REBEn).
Acredita-se que esse fato pode também, ser explicado por se tratar do primeiro periódico de
Enfermagem nacional, criado em 20 de maio de 1932, com publicações em diversas áreas de
interesse para a Enfermagem. A REBEn, por se constituir num órgão oficial de divulgação da
Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), que é, também, a primeira entidade de classe
de Enfermagem do Brasil, tendo como objetivo promover o intercâmbio científico e cultural
entre os membros da equipe profissional. A REBEn congrega as descrições dos pensamentos,
idéias e práticas da Enfermagem brasileira. Esta entidade realiza diversos eventos de âmbito
nacional, regional e local nos quais os profissionais divulgam os avanços científicos e
tecnológicos nas dimensões prática, educativa e de pesquisa de sua profissão
(SANTOS,1994).
37
Tabela 1. Distribuição dos artigos publicados no período de 1985 a 2006, segundo o veículo
de publicação. Rio de Janeiro, novembro de 2007.
Periódico N %
Arquivo Ciência Saúde 1 1,33
CCS - Ciência, Cultura e Saúde 1 1,33
Ciência e Cultura 1 1,33
Enfermagem Moderna * 1 1,33
Enfermagem Revista * 1 1,33
Escola Anna Nery R. Enfermagem 3 4,00
Revista Acta Paulista Enfermagem 4 5,33
Revista Baiana de Enfermagem 3 4,00
Revista Brasileira de Enfermagem 12 16,00
Revista Brasileira Nutrição Clínica 1 1,33
Revista Cogitare Enfermagem 2 2,67
Revista Enfermagem UERJ 6 8,00
Revista Esc. Enf. USP 6 8,00
Revista Gaúcha de Enfermagem 5 6,67
Revista Latino-am. Enfermagem 8 10,67
Revista Mineira de Enfermagem 1 1,33
Revista Nursing 5 6,67
Revista Paulista de Enfermagem 1 1,33
Revista Paulista de Hospitais 1 1,33
Revista RENE 5 6,67
Revista Téc. Cient. Enfermagem 1 1,33
Texto & Contexto Enfermagem 5 6,67
Saúde em Debate 1 1,33
Total 75 100,00
* Revistas atualmente sem circulação.
Seguem-se, em ordem de predominância, 8 (10,67%) artigos na Revista Latino-
americana de Enfermagem (primeiro periódico de Enfermagem nacional indexado no Scielo)
e a Revista Escola de Enf. USP e Revista Enfermagem UERJ, 6 (8,0%). Destaca-se que 5
estudos encontram-se em periódicos (Arquivo Ciência Saúde, CCS - Ciência, Cultura e
Saúde, Ciência e Cultura, Revista Paulista de Hospitais, Saúde em Debate), que publicam
38
produções científicas de diferentes áreas do saber que seja de interesse da Enfermagem, o que
ajuda a divulgação da teoria na comunidade científica.
No que se refere ao ano de publicação observa-se, na tabela 2, um crescimento gradual
das publicações brasileiras utilizando a Teoria de Orem, predominando no intervalo de ano
2000 - 2004 (n=30), 40,0% das publicações, seguido pelo período de 1995 a 1999 (n=15,
20,0%). Alerta-se que, no qüinqüênio 1980 – 1984* não foram identificadas publicações de
artigo sobre a teoria de Orem, mas apenas resumos os quais foram excluídos da amostra por
não atenderem aos critérios de inclusão. Entretanto, a descrição desse período na tabela 2 visa
mostrar que houve referência dessa teoria, por parte dos enfermeiros brasileiros, no período
delimitado para esta investigação.
Tabela 2. Distribuição de artigos publicados no período de 1985 a 2006. Rio de Janeiro,
novembro de 2007.
Período de publicação F %
1980-1984* - -
1985-1989 10 13,33
1990-1994 10 13,33
1995-1999 15 20,00
2000-2004 30 40,00
2005-2006 10 13,33
Total 75 100,00
De acordo com Caliri (2002), após o ingresso dos cursos de Enfermagem nas
Universidades e o início de pós-graduação para enfermeiros a produção científica tornou-se
obrigatória, para que a profissão pudesse se sustentar como ciência. Esse crescimento apóia-se
também na criação de novas revistas de Enfermagem nos últimos quinze anos.
Ao analisarmos o ano de publicação em relação ao ano do desenvolvimento da
pesquisa, identificamos uma média de dois anos e seis meses, com um desvio padrão de um
ano e quatro meses, sendo considerado como um intervalo muito extenso para divulgação dos
dados. Esses dados estão representados no gráfico 1.
Identificou-se a predominância de 36 (46,8%) artigos com dados respectivos do ano da
realização da pesquisa e da publicação. Os artigos que forneceram mais dados metodológicos
foram os classificados como pesquisa inédita. Comumente esses dados estavam
39
disponibilizados na página inicial ou final do artigo, excetos aqueles onde essas informações
estavam apenas disponíveis na descrição da metodologia. Os estudos teóricos, de revisão e
relato de experiência forneceram poucas informações em relação ao ano do desenvolvimento
e registro dos seus dados, demonstrando a necessidade do aprimoramento das informações
integrantes da metodologia dos artigos publicados. Entretanto, apenas 3 (4%) artigos foram
publicados no mesmo ano da conclusão do estudo, conforme destaque no gráfico 1, nos anos
de 1993, 2001 e 2003.
Observa-se, portanto, que os pesquisadores e as revistas precisam agilizar o processo
de submissão dos artigos e de publicação, respectivamente, para que o conteúdo das pesquisas
não fique em espera por tanto tempo. Os periódicos fornecem um fórum para os profissionais
de saúde compartilharem o conhecimento e experiência sobre a prática e profissão
(GALVÃO, SAWADA e MENDES, 2003). A divulgação de pesquisas em forma de artigos
científicos é considerada o veículo de maior rapidez para disseminação de informações.
Mesmo com o incentivo dos cursos stricto senso à produção e à criação de novas
revistas de Enfermagem na década de 90, a publicação dos estudos parece estar enfrentando
alguns fatores de atraso, tais como o acumulo de produções para análise, retenção de artigos
no processo de submissão, dificuldades e necessidade de revisões e adequações do texto, por
parte dos autores, até que seja aceito pelo corpo editorial.
Gráfico 1. Representação gráfica do tempo decorrido entre a realização do estudo e sua
publicação. Rio de Janeiro, novembro de 2007.*
1980
1985
1990
1995
2000
2005
2010
Periódico
Ano da publicação
Ano da pesquisa
*As setas indicam os pontos de convergência entre ano de publicação e ano da pesquisa.
40
Ainda quanto à submissão de artigos aos periódicos científicos e sua conseqüente
publicação, recorda-se que as revistas indexadas, atualmente e mais especificamente, desde a
década de 90 são obrigadas a colocar as datas de recebimento do artigo e a de sua aprovação
pelo conselho editorial.
Considerando que os trabalhos foram identificados em periódicos originários de
diferentes cidades e sendo essa produção referenciada segundo a titulação e local de trabalho
e ou estudo de seus autores, consideramos as cidades e as agrupamos de acordo com os
respectivos estados, a fim de mapear o local onde foi realizado o estudo e a procedência dos
autores por local de trabalho e ou estudo (Figura 5). Ressalta-se que foram considerados como
fonte de informação os dados disponibilizados pelos três primeiros autores de cada artigo.
Pretendeu-se assim, verificar em quais regiões do país os estudos de autocuidado de
Orem são mais freqüentemente desenvolvidos. Do total de 75, em 4 não foi possível
identificar a cidade de origem de nenhum dos autores, portanto a análise da localização se
refere a 71 artigos. Conforme apresentado na figura 5, os dados demonstram a predominância
de realização de trabalhos na região Sudeste (n=33, 46,5%) e no Nordeste (n=25, 35,2%). No
sudeste destaca-se a produção do estado de São Paulo (n=20, 28,2%), representada pelas
cidades de São Paulo (n=9, 12,7%), Ribeirão Preto (n=5, 7,0%), Campinas (n=5, 7,0%) e São
Jose do Rio Preto (n=1, 1,5%). No nordeste destaca-se o estado do Ceará representado por
Fortaleza (n=16, 22,5%).
Na distribuição dos dados observa-se a não participação da região Centro-oeste e
Norte do país, situação essa caracterizada pela presença de poucas universidades e
conseqüentemente de baixa produção científica. As pesquisas com utilização da teoria de
Orem delimitaram-se nos estados litorâneos e Minas Gerais.
Não foram analisadas as cidades de origem dos periódicos, pois conforme evidenciado
por Silveira (2005, p.53), o sudeste apresenta maior destaque em relação ao local de
publicação, justificado pela maior concentração de universidades e maior interesse por parte
das instituições de ensino em divulgar o conhecimento científico por meio de periódicos.
41
Figura 5. Distribuição geográfica da procedência (local de trabalho e ou estudo dos autores
referenciados nos periódicos) no período de 1985 a 2006. Rio de Janeiro, novembro de 2007.
Considerando a amostra do estudo composta por 75 identificou-se nesse grupo um
total de quinze (21,1%) artigos sem apresentação de unitermos, descritores ou palavras-
chaves. Essa situação foi identificada nos anos de 1985, 1987, 1988, 1990, 1993, 1994, 2001 e
2003. Foram identificados cinco grupos de palavras-chave que se relacionam com à Teoria de
Orem; essas estão apresentadas no quadro 5, de acordo com a freqüência que aparecerem nos
60 artigos que utilizaram palavras-chave.
16
1
3 4
1
6
20
3
3
7
6
1
42
Quadro 5. Palavras-chaves relacionadas à teoria do autocuidado de Orem, identificados nos
periódicos brasileiros de 1985 a 2006. Rio de Janeiro, novembro de 2007.
Palavras-chave N
Autocuidado 47
Déficits de autocuidado 02
Teoria de Enfermagem 07
Teoria do autocuidado 02
Orem 01
Ressalta-se que alguns artigos analisados não utilizaram como palavras-chave as
palavras relacionadas ao autocuidado. Foram identificados 47 artigos que utilizaram
“autocuidado”, do total de 60 que apresentavam as palavras-chave. Esse fato pode
comprometer a busca de artigos sobre a teoria, principalmente quando os autores também não
colocam essas palavras no título. Temos que considerar nesse estudo a possibilidade de não
inclusão de outros artigos por esse mesmo fato. Uma ampla variação de termos exige do
pesquisador uma busca mais completa, combinando dois ou mais termos, um método mais
complexo e em diferentes bases de dados. Além de prejudicar a busca de artigos que
utilizaram a Teoria de Orem como referencial, pode ocorrer do estudo ser redirecionado para
outras áreas de conhecimento.
Dentre as cinco palavras-chave mais citadas pelos autores, apenas “autocuidado” e
“teoria de Enfermagem” estão indexadas no DeCS. A Bireme criou o DeCS (Descritores em
ciências da saúde), um vocabulário trilingüe com o objetivo de integrar e servir como uma
linguagem única para indexação nas bases de dados LILACS e MEDLINE. O sistema
LILACS abrange 37 países na América Latina e no Caribe, permitindo um diálogo uniforme
entre cerca de 600 bibliotecas (BIREME, 2007).
Um aspecto importante dos artigos publicados pelos enfermeiros é a baixa produção
originária de estudos de formação acadêmica tais como teses, dissertações, monografias,
trabalhos de conclusão de curso e de iniciação científica (n=16, 22,5%). De acordo com
Silveira (2005, p. 61), os pesquisadores estão divulgando de forma insuficiente os trabalhos
que tem produzido e que contribuem para o desenvolvimento da profissão. A baixa
publicação dos estudos acadêmicos tem levado algumas faculdades de Enfermagem, à
exemplo da UERJ, nos cursos de pós-graduação stricto sensu, a estabelecer como exigência a
publicação de um artigo científico para a conclusão do curso. Identificamos essa proporção de
estudos originários de formação acadêmica nos gráficos 2 e 3.
43
Gráfico 2. Representação da distribuição percentual dos trabalhos originários de formação
acadêmica em relação a outros interesses científicos, nos periódicos nacionais no período de
1985 a 2006. Rio de Janeiro, novembro de 2007.
Gráfico 3. Distribuição da freqüência de artigos derivados de estudos de formação
acadêmica, nos periódicos nacionais no período de 1985 a 2006. Rio de Janeiro, novembro de
2007.
Foram analisadas as informações quanto à profissão e a ocupação dos autores.
Identificamos um total de 173 autores, sendo 83,8% (n=145) enfermeiros, 12,7% (n=22)
alunos de graduação de Enfermagem, 1,7% (n=3) representada por outros profissionais e
22,5%
77,5% Trabalhos derivados de
formação acadêmica Outros interesses
científicos
0
2
4
6
8
10
12
teses especialização iniciação científica dissertações graduação
44
1,7% (n=3) não especificados. Os outros profissionais são respectivamente da área da
psicologia, medicina e pedagogia.
Sobreleva-se que, apesar de a Teoria de Orem se aplicar a outros grupos da área da
saúde e a membros de grupos sociais (MARRINER-TOMEY, 1994), o estudo realizado pela
autora psicóloga é originário de dissertação de mestrado em Enfermagem. Os artigos
publicados em co-autoria com médico e pedagoga são originários de estudos multidisciplinar
com enfoque na Enfermagem. No gráfico 4 visualizamos distribuição dos autores quanto à
profissão.
Gráfico 4. Profissão/ocupação dos autores dos periódicos nacionais no período de 1985 a
2006. Rio de Janeiro, novembro de 2007.
No gráfico 5, apresentamos a área de atuação dos enfermeiros. Foi possível identificar
a área de atuação profissional de acordo com os dados fornecidos pelos autores na publicação
dos artigos. O cenário de atuação do enfermeiro reflete diretamente no desenvolvimento das
produções científicas. Foram considerados como atuação na área assistencial aqueles que
intitulavam como assistenciais ou descreviam atuação em serviços de saúde de forma a
executar atividades pertinentes a Enfermagem sem exercício da docência. Foram considerados
como docentes, os enfermeiro que intitulavam como docentes na área de ensino universitário.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
enfermeiros
graduandos de enfermagem
outros profissionais
não especificado
45
Gráfico 5. Distribuição de publicações relacionadas à teoria de Orem, nos periódicos
nacionais no período de 1985 a 2006, segundo a área de atuação dos autores. Rio de Janeiro,
novembro de 2007.
Quanto a titulação dos autores e co-autores, identificamos um total de 55 (31,8%)
doutores, 62 (35,8) mestres, cinco (2,9%) especialistas e um autor (0,6%) com pós-doutorado.
Os outros 50 (28,9%) não especificaram a titulação acadêmica.
Os dados demonstram um predomínio de publicações por parte dos professores
quando comparados aos enfermeiros assistenciais, confirmando que atividades acadêmicas
articulam docência e pesquisa. Vários fatores estão relacionados, mas podemos destacar o
incentivo a publicação que esses enfermeiros recebem das universidades e de órgãos apoio e
financiamento de pesquisas.
Os enfermeiros assistenciais apresentam uma baixa produção científica que pode estar
relacionada à ausência de estímulo para produção por parte das instituições de saúde, por
acreditarem que só é possível fazer ciência nos bancos das universidades e até mesmo por não
conseguirem transpor para a prática os resultados de pesquisas de outros enfermeiros.
Identificamos uma cota muito pequena de enfermeiros atuando nas duas vertentes. Trata-se de
uma opção pessoal e profissional que pode estar associada à exigência das universidades em
relação ao vínculo único, mas podemos supor, também, que esses enfermeiros valorizaram
mais o exercício acadêmico que o assistencial ao divulgarem seus trabalhos.
26%
71%
3%
Assistencial
Docente
Assistencial e Docente
46
Em relação ao delineamento metodológico consideramos importante conhecer o
desenho da pesquisa para identificarmos como os autores chegaram aos resultados da
aplicação da teoria do autocuidado de Orem. No gráfico 6, apresentamos a distribuição do
delineamento dos estudos na amostra estudada.
Identificamos o grande interesse dos autores na abordagem qualitativa. Os estudos
qualitativos fundamentados nos dados, sem apoio teórico-metodológico para coleta e análise
dos dados, representam a maioria dos artigos (n=40, 53,3%). Trata-se de estudos tipo estudo
de caso nos quais os autores valorizavam as relações cliente-enfermeiro por meio do processo
de Enfermagem.
Os outros estudos qualitativos identificados foram materialismo-dialético (n=1),
representação social (n=1), convergente-assistencial (n=1). Segundo Moreira, Jorge e Lima
(2004), a aproximação da Enfermagem com as ciências humanas é justificada pelo seu
direcionamento ao cuidar de seres humanos, dos quais necessita conhecer as nuanças e
subjetividades a fim de traçar linhas de ação para o cuidar.
Gráfico 6. Distribuição das publicações relacionadas à Teoria de Orem nos periódicos
nacionais no período de 1985 a 2006, segundo o delineamento metodológico. Rio de Janeiro,
novembro de 2007.
24
43
8
Quantitativo
Qualitativo
Quanti-Quali
47
Os estudos quantitativos representaram um total 32,0% (n=24) e os quanti-qualitativos
10,6% (n=8). Dentre os estudos quantitativos, 29,3% (n=22) são não-experimentais-
descritivos, 2,6% (n=2) quase-experimental e 1,3%(n=1) de revisão bibliográfica.
Em um levantamento bibliográfico sobre a produção acadêmica de Enfermagem ao
cuidado, tendo como fonte o banco de CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior), Crivaro, Almeida e Souza (2007), também identificaram a mesma
proporção de estudos qualitativos e quantitativos, ou seja, um afastamento da pesquisa
quantitativa por acreditar na maior compreensão do sujeito oferecida pela pesquisa
qualitativa. Citando ainda as autoras, essa nova fase na pesquisa de Enfermagem, ocorreu na
década de 80 permanecendo presente nos dias atuais. Para adequar sua produção aos padrões
internacionais de publicação, a Enfermagem precisa estabelecer e seguir um rigor
metodológico tanto nas pesquisas quantitativa como qualitativa.
A variável cliente/sujeito da pesquisa foi incluída devido a forte influência que a idade
tem sobre o indivíduo. Os extremos de idade são dificultadores para o atendimento das
exigências de autocuidado, seja pela imaturidade seja pela dificuldade de aceitar novas idéias
e modificação de hábitos de vida.
Observamos no gráfico 7 uma maior proporção de estudos com adultos (n=39),
seguidos de idosos (n=14) e jovens (n=7). A Enfermagem, como sujeito de pesquisa, também
esteve presente em dois artigos. A presença marcante dos clientes da idade adulta pode estar
relacionado com a maior habilidade para o autocuidado percebida e estimulada pelos
enfermeiros. Os estudos com crianças e até mesmo com idosos requer do pesquisador a
identificação no ambiente familiar do agente do autocuidado. Identificamos apenas um estudo
que tinha como objetivo a identificação e a promoção do agente de autocuidado no cuidado
com a criança prematura. Em relação aos idosos apesar de representar o segundo maior grupo
investigado, temos que nos atentar quanto a profissionalização do “cuidador”, sendo
necessário pesquisas de como se estabelece essa relação e se no caso esse mesmo profissional
pode assumir o papel de agente do autocuidado, diante da ausência de familiares e/ ou amigos.
48
Gráfico 7. Distribuição dos artigos publicados nos periódicos nacionais no período de 1985 a
2006, segundo os clientes/sujeitos da pesquisa. Rio de Janeiro, novembro de 2007.
De acordo com Ferrero e Cintra (2004), a proposta de autocuidado tem sido discutida
como uma estratégia para minimizar e prevenir as dificuldades encontradas na velhice, por
incentivar a potencialidade e autonomia dos idosos.
O conceito de autocuidado de Orem possui uma aplicação pragmática na prática da
Enfermagem. Segundo Foster e Janssens (1993), já foram documentadas a utilização da teoria
de Orem em locais médicos, em clientes em terapia de enterotomia, diabetes, psiquiatria,
pessoas idosas e doentes terminais.
Ao trabalhar com autocuidado e havendo necessidade de introdução de novas rotinas
de vida, faz-se necessário conhecer o ambiente, devido seu potencial de influência sobre as
pessoas. No gráfico 8 apresentamos os cenários da amostra estudada.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Adulto
Idoso
Jovem
Criança
Enfermagem
49
Gráfico 8. Distribuição dos artigos publicados nos periódicos nacionais no período de 1985 a
2006, segundo o local de realização do estudo. Rio de Janeiro, novembro de 2007.
.
O cenário ambulatorial representou 50,6% (n=38) da amostra estudada, seguidos por
21,3% (n=16) hospitalar e 6,7% (n=5) domiciliar. Em 18,7% (n=14) dos artigos o elemento
cenário não se aplica, pois se referem aos artigos de cunho teórico e de reflexão. Já a
universidade aparece como um cenário novo, em 2,7% (n=2) .
O cenário domiciliar constitui uma área pouco explorada nas pesquisas dos
enfermeiros, havendo necessidade de estudos sobre esse campo atuação do enfermeiro. A
atenção domiciliar cresce à medida que aumenta a expectativa de vida de nossa população,
aumenta a incidência de doenças crônico-degenerativas e a disponibilidade de recursos
médico-hospitalares para residências. Além de proporcionar a aproximação com o cliente e
seus familiares, as visitas domiciliares possibilitam atividades demonstrativas e treinamento
familiar, por se tratar do local onde o autocuidado tem maior potencial de desenvolvimento.
Monteiro, Nóbrega e Lima (2002) constataram, ao trabalhar com as práticas do
autocuidado, que as visitas domiciliares não só contribuíram para o estabelecimento de uma
maior interação enfermeira-cliente e seus familiares como também possibilitaram uma
pertinência na constatação e apreensão das situações peculiares à realidade do ambiente
residencial do cliente.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Ambulatorial
Domiciliar
Hospitalar
Não se aplica
Universidade
50
O ambiente hospitalar proporciona uma proximidade física com o cliente que deve ser
melhor aproveitado. Porém, muitas das orientações são oferecidas em momentos estanques,
descontextualizados, geralmente no momento de alta hospitalar, sem possibilitar ao outro a
participação no seu cuidado. Deixamos o cliente de lado para centralizar os cuidados em
nossa própria necessidade.
Infelizmente, observamos, na rotina dos serviços hospitalares, nossos clientes
recebendo assistência de forma a compensar suas exigências terapêuticas, sendo apenas no
último dia que eles recebem orientações na intenção de proporcionar conhecimento. Contrário
a esse comportamento tão comum, Orem (2001) propõe que, por ocasião da alta hospitalar, o
paciente deverá estar apto para assumir as ações necessárias para dar continuidade ao
tratamento, lidar com suas conseqüências e retomar sua vida.
Esta variação de cenário nos demonstra que a teoria esta sendo utilizada por diferentes
pesquisadores em diversos locais, contribuindo, assim, para o desenvolvimento de um diálogo
na Enfermagem brasileira.
Utilizando como referência literária George (1993), em Teorias de Enfermagem*,
embora não fosse a proposta deste estudo, observamos através da leitura dos artigos que a
teoria de Orem, no contexto brasileiro, são semelhantes ao americano nos seguintes aspectos:
aplicação da teoria nos cuidados de saúde para a mulher, existência de pesquisas que
desenvolvem instrumentos para mensurar o autocuidado e publicações a respeito da
assistência por profissionais da Enfermagem clínica.
Por se tratar de uma teoria desenvolvida a partir da década de 70 e 80 – no qual
vigorava o modelo biomédico e que apresenta forte influência nos dias atuais –, observamos a
presença de sua utilização nos processos patológicos. A doença é vista no campo biológico-
natural, tornando a prática da Enfermagem incipiente, justificando a ênfase dada à prática
curativa, mas que não impede de associarmos a ela um perfil desvinculado à medicalização.
No gráfico 9 apresentamos a relação dos estudos associados e não associados a patologias.
Fatores como falta de informações, indisponibilidade de recursos financeiros,
dificuldade de acesso da comunidade aos serviços de saúde e a disponibilidade de
profissionais em trabalhar com prevenção e promoção podem estar associados ao
comportamento da população em procurar o serviço de saúde quando estão sintomaticamente
doentes.
* Título Original: Nursing Theories – The Base for Professional Nursing Practice.
Título americano traduzido para o português e adotado em muitos cursos de graduação.
51
Peixoto (1996), Fialho e Pagliuca (2000) revelam que os pacientes apresentam
desconhecimento ou incompreensão sobre a doença, tratamento, complicações e cura. Esse
contexto levou os pesquisadores a considerarem o ensino como método de ajuda e a aplicação
da teoria de Orem como fundamental quando se adquiriram maior conhecimento da doença e
de habilidades com o manejo da doença.
Gráfico 9. Distribuição dos artigos publicados nos periódicos nacionais no período de 1985 a
2006, segundo associação das patologias dos sujeitos. Rio de Janeiro, novembro de 2007.
De um total de 75 trabalhos analisados, observa-se na tabela 3 que 48 deles referem-se
ao atendimento de clientes com diferentes as patologias, entre as quais predomina Diabetes
mellitus 16 (33,33) seguida de Hipertensão 5 (10,42) e insuficiência renal (6,25%). Neste
resultado, um aspecto a ser considerado é o que leva os enfermeiros a estudarem condições
patológicas em maior demanda. Tendo em vista os trabalhos dizem respeito à utilização da
teoria do autocuidado de Orem, acredita-se ser o desafio que esses profissionais têm para
elevar a adesão dos seus clientes à terapêutica prescrita; principalmente quando esta não é
apenas medicamentosa e avança para a mudança de estilos de vida, tais como alimentação,
rotinas de exercícios físicos e enfrentamentos emocionais.
62%
38%
sim não
52
Tabela 3. Distribuição das publicações sobre a teoria de Orem por patologias identificadas no
período de 1985 a 2006. Rio de Janeiro, novembro de 2007.
Patologias N %
Asma 1 2,08
Bexiga neurogênica 1 2,08
Câncer 8 16,67
DST 1 2,08
Coronariopatia 1 2,08
Diabetes mellitus 16 33,33
DPOC 1 2,08
Epilepsia 1 2,08
Fratura 2 4,17
Hanseníase 2 4,17
Hipertensão 5 10,42
HIV/ Aids 2 4,17
Insuficiência cardíaca 1 2,08
Insuficiência renal 3 6,25
Paraplegia 1 2,08
Placenta prévia 1 2,08
Vasculopatia 1 2,08
Total 48 100,00
Santos e Silva (2006), ao estudarem a prática de autocuidado vivenciada por 200
mulheres com hipertensão, puderam constatar que a adesão ao tratamento oscilava de 50% no
grupo de tratamento básico (medidas higiênico-dietéticas) a 62% no grupo de tratamento
básico mais farmacológico. Apesar de não haver estatisticamente associação entre a aderência
e o tipo de tratamento, as autoras constataram, por meio de entrevistas, uma preferência ao
tratamento farmacológico diante do tratamento básico.
A valorização social da doença perante as medidas preventivas e o reconhecimento do
tratamento medicamentoso preterindo as mudanças higiênico-dietéticas, é comum à cultura do
nosso povo e constituem um desafio para nós, enfermeiros, merecendo maior aprofundamento
na questão.
Segundo Neves e Wink (2007), o autocuidado vai além de assumir cuidados com a
alimentação, exercícios físicos e exames periódicos de saúde. Há de se sair do modelo
biomédico e se adentrar além do físico, nos planos mental, emocional, espiritual e energético,
para ser inteiro.
53
4.2 Categorias temáticas da aplicação da teoria de Orem
A intenção de incluir, no protocolo de coleta de dados os objetivos do artigo foi
fornecer dados para melhor compreensão do respectivo estudo, pois em diversos casos a
questão a ser estudada apresentava-se confusa, com difícil compreensão. Assim, conforme
descrito na metodologia realizou-se uma leitura cautelosa de todo o artigo e seu respectivo
resumo na busca da aplicação dos construtos de Orem, tendo como guia a figura 3, já
apresentada no referencial teórico, onde se pode visualizar de forma esquemática e resumida a
Teoria Geral de Enfermagem de Orem
Do mesmo modo, a análise dos 75 artigos, visando identificar essa aplicação foi
orientada pelo critério para categorização, fundamentado nos construtos teóricos de Orem,
apresentado nos Quadro 5 e Tabela 4.
Quadro 6. Critério para categorização de trabalhos segundo aplicação da teoria de Orem. Rio
de Janeiro, novembro de 2007.
Delimitação dos Construtos teóricos
Autocuidado + Déficit de autocuidado + Sistemas de Enfermagem
Autocuidado + Déficit de autocuidado
Referencial Teórico
Visando maior entendimento, explicita-se, a seguir, o critério para inclusão dos
trabalhos nas categorias segundo a aplicação dos construtos teóricos de Orem. Recorda-se que
o minidicionário Aurélio (2000), define [apropriar] como se apoderar, tomar como seu; e
[aplicar] como pôr em prática, empregar.
Assim, os artigos foram categorizados considerando sua aplicação da teoria de Orem
com seus três construtos. Portanto, o critério estabelecido, a posteriori, tem a intenção de
demonstrar as formas de aplicação dessa teoria pelos enfermeiros brasileiros. Inexiste
valoração da obra, por parte da pesquisadora, mas sim, a identificação de como seus autores
aplicaram os construtos de Orem. Sobreleva-se que as várias formas de pesquisar é que nos
garante a diversidade do saber, cada pesquisa tem o seu papel de importância reservado no
conhecimento científico.
54
Categoria A - Aplicação da teoria na sistematização da assistência de Enfermagem -
trabalhos referentes à aplicação da Teoria de Orem no desenvolvimento da assistência ao
cliente, utilizando o instrumento metodológico, reconhecido por Garcia e Nóbrega (2004),
como processo de Enfermagem, pelo pesquisador, segundo o modelo indicado por Orem.
Categoria B - Aplicação da teoria como estratégia de ensino para desenvolver o
autocuidado – são trabalhos relacionados à descrição de como o autor se apropriou da Teoria
de Orem para implementar e orientar os clientes a partir da análise do contexto vivido pelos
mesmos, para desenvolver o cuidado de si voltado para a saúde e conseqüente qualidade de
vida, demonstrando estratégias de ensino e período da orientação.
Categoria C - Aplicação como referencial teórico – são artigos de revisão ou reflexão
conceitual, que apresentam uma visão a cerca da teoria para subsidiar uma proposta de
aplicação prática através do autocuidado.
A análise dos resultados obtidos, portanto, possibilitou construir as três categorias
explicitadas. Tendo como base os critérios estabelecidos para esta categorização, pode-se
afirmar que os artigos que mais se apropriaram da Teoria de Orem foram aqueles nos quais a
teoria foi aplicada no processo de Enfermagem: avaliação, diagnóstico, plano de cuidados,
implementação e avaliação, pois utilizaram os três construtos teóricos, quais sejam, o
Autocuidado, o Déficit de autocuidado e o Sistema de Enfermagem. Em segundo, os artigos
que fizeram uma análise da condição daqueles clientes para determinar estratégias a serem
realizadas, ou seja, Autocuidado e Déficit do Autocuidado. Em terceiro, os artigos que
utilizaram o conceito de autocuidado como referencial para as discussões e reflexões sobre o
cuidar. Segue-se a descrição da distribuição dos trabalhos na tabela 4, considerando o total da
amostra da presente investigação e o detalhamento de cada categoria, com resumos
explicativos que justificam sua inclusão.
55
Tabela 4. Distribuição dos trabalhos por delimitação de categorias revelando aplicação da
teoria de Orem. Rio de Janeiro, novembro de 2007.
Categoria Aplicação da teoria N %
A Sistematização da Assistência de Enfermagem 33 44,0
B Estratégias para o ensino do autocuidado 28 37,3
C Referencial teórico 14 18,7
Total 75 100,0
Observa-se na tabela 4, que do total de 75 (100%) trabalhos analisados, predominam
33 (44%) aplicando os três construtos da teoria de Orem, seguindo-se 28 (37,3%) incluídos na
categoria B, referente à aplicação dessa teoria para desenvolver, junto ao cliente, estratégias
de ensino do autocuidado. A minoria de 14 (18,7%) trabalhos inclue-se na categoria C-
Referencial teórico.
A) Aplicação da teoria na sistematização da assistência de Enfermagem (SAE)
Nessa categoria, foram incluídos 33 trabalhos que descrevem a aplicação dos
construtos da teoria geral de Orem por meio do processo de Enfermagem: avaliação,
diagnóstico de Enfermagem, planos de cuidados, implementação e evolução.
A abordagem do processo de Enfermagem de Orem apresenta um método de
determinação das deficiências de autocuidado e a posterior definição dos papéis da pessoa ou
enfermeiro para satisfazer as exigências (FOSTER e JANSSENS, 1993, p.98).
A literatura mostra que estudos com aplicação da Teoria de Orem, no processo de
Enfermagem, são relevantes para proporcionar conhecimento e orientação para o autocuidado.
Isso fica demonstrado quando os clientes conseguem superar a fase crítica do diagnóstico da
doença e estabelecer uma terapêutica de forma menos traumática apoiada pela família e pelos
profissionais da saúde.
Os verbos conhecer e identificar são uma constante nas pesquisas exploratórias
descritivas, pois expressam a necessidade de a Enfermagem ampliar e estabelecer o
conhecimento sobre as necessidades da clientela atendida. O que reforça a afirmativa de haver
lacunas a serem exploradas no estabelecimento do perfil e das necessidades dos clientes, seja
no ambiente domiciliar, hospitalar ou ambulatorial.
56
Destaca-se a consulta de Enfermagem para instrumentalizar a SAE. Realizo-se
entrevista, exame físico e consulta a prontuários para estabelecer a demanda terapêutica e os
déficits. Para evidenciar essa aplicação apresentamos trechos extraídos de um dos trabalhos
componentes da amostra dessa dissertação, os quais permitiram a delimitação da categoria.
(...) tem ciência de que é portadora de diabetes, porém não faz nada neste
sentido. Gostaria mas não sabe fazer ginástica e está sofrendo um processo de
auto-imagem corporal negativa. Os valores da pressão arterial estão alterados,
e não faz acompanhamento ambulatorial. Desconhecimento do auto-exame de
mama. Periodicidade inadequada da higiene oral. (HOGA, 1993, p.79)
Destacam-se os estudos de aplicação da teoria associada a SAE com identificação dos
diagnósticos correspondentes.
A formulação do diagnóstico de Enfermagem tem, como foco principal, as reações da
pessoa como um todo, interagindo com o ambiente e não com a condição médica
diagnosticada do cliente. Os diagnósticos conduzem a Enfermagem para a sua própria
linguagem, possibilitando a discussão do cuidado organizado por fenômenos próprios da
profissão (GUERRA, SANTOS e ARAUJO, 2002).
Além disso, ainda ocorre um déficit na literatura sobre diagnósticos de Enfermagem e
sistematização da assistência de Enfermagem para apoiar os enfermeiros nos mais diversos
campos da nossa prática. No estudo com jovens diabéticos, por meio da SAE, pôde se
verificar, na prática, que a educação para se atingir o autocuidado é fator fundamental no
trabalho do enfermeiro e a aplicação da Teoria de Orem proporcionou aquisição de maior
conhecimento e habilidade no manejo da doença e mudanças de comportamentos. Evidencia-
se, assim, que a Teoria de Orem é compatível com a sistematização da assistência de
Enfermagem, conforme demonstra a citação a seguir.
(...) em relação às eliminações urinárias, houve queixa de poliúria,
decorrentes do uso de diuréticos e Crixivan®, além da ingestão de bebidas
contendo álcool. Esses sinais, somados à insuficiência de líquidos,
indicaram o diagnóstico de Enfermagem risco para volume de líquido
deficiente. Neste contexto, a meta era a redução ou a eliminação dos fatores
causais, e o objetivo, orientar na monitorização de ingesta/ excreta diária. O
sistema de Enfermagem utilizado foi o apoio-educação e, como método de
57
ajuda, identificar sinais de desidratação. (CAETANO, PAGLIUCA, 2006,
p.340)
As necessidades de saúde do cliente foram estabelecidas e correlacionadas às metas a
serem atingidas. No desenvolvimento do plano de cuidados, destacaram-se as intervenções no
sistema apoio-educação, conforme exemplificado no texto a seguir.
(...) as prescrições de Enfermagem foram na maioria baseadas em ações de
apoio e educação, o que nos mostra a coerência na decisão pela teoria do
autocuidado para nortear o processo de Enfermagem em portadores de
hanseníase aos quais necessitam de orientação principalmente pelas
incapacidades que a doença produz. (VIEIRA, PATINE, PASCHOAL,
BRANDÃO, 2004, p.85)
O autocuidado constituiu um dos objetivos da assistência de Enfermagem, pois
possibilitou o estímulo à participação ativa do cliente, no seu próprio tratamento, ao dividir
com a enfermeira a responsabilidade na implementação da assistência e nos resultados. Para
aplicação dessa teoria, foi necessária a habilidade do enfermeiro, para que pudesse oferecer
cuidados de Enfermagem no sentido de compensar seu déficit de autocuidado decorrente dos
desvios de saúde.
O cuidado realizado por meio do processo de Enfermagem, baseado em Orem, permite
oferecer um cuidado humano, fundamentado no respeito e na participação do cliente,
conforme demonstra o artigo de Rivera (1998).
(...) la construcción de cada taller, se basa em las características y
necesidades de los usuarios. Los temas de interés se identifican a través de
preguntas, que son dadas antes de la sesión, cuando las parejas se inscriben
voluntáriamente en los talleres. (RIVERA, 1998, p.409)
A aplicação da teoria exige tempo para apresentar resultados, requer paciência e
dedicação, pois mesmo bem informados e esclarecidos sobre seu estado de saúde, os clientes
persistiam em estilos de vida comprometedores da eficiência do tratamento. Como vemos em:
(...) Do total de 29 pacientes podemos afirmar que 20 deles atingiram o
objetivo proposto por nós, evidenciado pela aplicação da técnica correta de
58
auto-cateterismo e conseqüente diminuição de infecções urinárias e
contaminações. Duas pacientes que apresentaram resistência ao
desenvolvimento do auto-cuidado, talvez necessitassem de um outro tipo de
abordagem. (AZEVEDO, MARIA e SOLER, 1990, p.55)
Deve-se, sempre, considerar o conhecimento, as crenças, valores e o ambiente
sociocultural, representados pela diversidade e pela individualidade já esperada. Entretanto, o
desenvolvimento do autocuidado não é utópico, pois através dele se constatou a adesão de
medidas terapêuticas prescritas, conseqüente da tomada de decisão, controle e condução da
assistência, conforme demonstramos no texto abaixo.
(...) a assistência a pacientes diabéticos, pautadas no autocuidado, tem
mostrado bons resultados no que se refere a aderência do pacientes às
medidas terapêuticas prescritas, bem como na conscientização do paciente
com relação aos efeitos da doença e responsabilidade pelo seu controle.
(PEIXOTO, 1996, p.10)
O sistema apoio-educação foi mais destacado que os compensatórios, tendo como
método de ajuda o ensinar e o apoiar o outro. Nessa relação, o cliente realiza o autocuidado e
o enfermeiro, em parceria com o próprio cliente, regula o exercício e o desenvolvimento das
atividades de autocuidado.
(...) obteve resultado das metas e objetivos pré-determinados, uma vez que
as jovens clientes verbalizavam ou demonstravam resultados positivos em
relação ao autocuidado e quando isso não ocorria, a pesquisadora repetia ou
endossava a intervenção necessária. (FERNANDES, FILHO, NÓBREGA,
2000, p.81)
Foi possível observar o desenvolvimento de instrumentos para identificar e quantificar
as exigências terapêuticas e as competências de autocuidado. Os pesquisadores adequaram
suas necessidades de conhecimento à clientela e aos conceitos teóricos, o que novamente
afirma a premissa de uma teoria viável que permite ser testada; permitindo aos pesquisadores
verificar suas hipóteses.
59
(...) analisando os resultados obtidos por meio da utilização do instrumento
(CADEM), foi possível verificar que estes refletiam claramente o estado do
paciente quanto à sua classificação com relação ao autocuidado (DIAS,
1996, p.322).
A não publicação do instrumento de alguns estudos dificultou a melhor compreensão
da pesquisa, pois poderia esclarecer como o pesquisador chegou a determinada informação e
conclusão.
Ao utilizar o autocuidado como referencial, desenvolve-se uma padronização de
linguagem, que facilita o trabalho do enfermeiro, uma vez que este sabe que o cliente será
orientado sob um mesmo referencial independente do lugar que esteja. A síntese das análises
desta categoria encontra-se disponível no apêndice C.
B) Aplicação da teoria como estratégia de ensino para desenvolver o autocuidado.
Esta categoria é formada por 28 estudos nos quais a Teoria de Orem é apresentada
como uma proposta de orientação para o autocuidado do cliente. Desse modo, nesses artigos,
ocorreu a detecção da demanda terapêutica de autocuidado, identificação dos requisitos e dos
déficits de autocuidado, análise do contexto vivido pelas pessoas e desenvolvimento de
propostas de ensino para mudança de comportamento (ver apêndice D).
Entende-se educação com um processo dinâmico, criativo, progressivo, reflexivo e
libertador, contextualizada no universo cultural onde se compartilha o aprendizado,
objetivando o aproveitamento máximo das capacidades residuais ou potencialidades do
cliente (POGGETTO e CASAGRANDE, 2003).
A atuação do enfermeiro, priorizando as atividades inerentes ao seu papel de educador,
tem relevante importância no engajamento da clientela às atividades de autocuidado,
principalmente, quando apresenta déficit de conhecimento e de habilidades para cuidar de si
mesmo.
Temos como exemplo a declaração da conscientização do enfermeiro como elemento
fundamental para o autocuidado, extraído de um dos estudos que compuseram a amostra:
60
(...) os resultados deste estudo nos leva a refletir sobre a nossa prática
profissional centrada no cenário da educação em saúde, no sentido de
implementar condutas que conduzam o cliente à prática eficaz do
autocuidado. Essa mudança é viabilizada quando o profissional de saúde
reconhece e valoriza o saber socialmente construído. (SANTOS, COSTA,
SARAIVA, 2004, p.248)
Entretanto, a educação só terá resultados positivos se ocorrerem mudanças de conduta
e comportamento. O indivíduo deve substituir um hábito antigo por um novo que proporcione
maior satisfação. Existe a necessidade de discussão sobre quais são os cuidados preventivos e
de como esses cuidados podem ser introduzidos nas atividades diárias do cliente, sem
ocasionar mudanças bruscas que possam ser interpretadas como conseqüências negativas, o
que desfavorece a mudança de comportamento.
A educação preventiva deve ser instituída quando uma relação futura de deficiência
possa ser prevista, devido à diminuição previsível de habilidades de cuidado ou na diminuição
da qualidade e quantidade da demanda do autocuidado. Como exemplo, podemos citar as
relações entre o jovem e a sexualidade, o cliente hipertenso e a prevenção de doenças
tromboembólicas, assim como, o cliente hiperglicêmico e as vasculopatias.
Vários trabalhos destacaram a elevada competência das mulheres para o autocuidado
que, ao ter informações sobre essa prática, as executam por toda a sua a vida e as transmitem
a outras mulheres. Peters (PETERS et al 2004), identificou que, mesmo com o avanço do
comportamento masculino, na tentativa de elevar suas competências para o autocuidado, eles
acabavam por utilizar ou depender em geral da esposa para realizar seus cuidados diários.
Caracterizando o papel da mulher com protetora, zeladora e educadora familiar.
A família apresenta papel em destaque como suporte e fonte de estímulo para o
ensino-aprendizagem, devendo a Enfermagem absorvê-la na capacitação junto ao cliente.
Embora a teoria de Orem seja focada no indivíduo, ela reconhece o valor familiar como
elemento importante para provisão do autocuidado individual.
O sistema de apoio-educação de Orem oferece ao paciente, à família e à comunidade,
informações necessárias para se conduzirem dentro do próprio processo do cuidado, cura e
prevenção. Porém, devemos admitir que o autocuidado sofre influência de fatores alheiros que
repercutem na sua adesão, tornando imprescindível a parceria com profissionais de outras
áreas de conhecimento.
61
Programação de oficinas temáticas, palestras, ludoterapia* e folder explicativo,
destinados à clientela e a seus familiares foram estratégias encontradas, nessas pesquisas,
associada a um atendimento multiprofissional, enfatizando os aspectos biopsíquicos e
socioespirituais, no processo ensino-aprendizagem.
A atuação do enfermeiro em grupos de apoio é uma medida possível para oferecer
informação, esclarecer dúvidas e proporcionar aos seus clientes um conforto emocional por
meio de experiências compartilhadas com outras pessoas. O parágrafo a seguir demonstra a
propriedade da delimitação da categoria.
(...) as ações educativas ficam, muitas vezes, centradas no profissional
enfermeiro, desvinculadas da realidade cultural, social e emocional que o
cliente ostomizado está inserido, ficando esse, à margem do processo
educativo, que deve ser participativo. (POGGETTO, CASAGRANDE,
2003, p.32)
As práticas educativas devem atender às necessidades que os clientes envolvidos
priorizam para si. Destaca-se a sociopoética como proposta metodológica capaz de
potencializar o desenvolvimento do conhecimento partilhado por meio da vivência das
pessoas, sem se restringir ao conhecimento técnico do enfermeiro.
A pesquisa sociopoética é um novo método de construção coletiva do conhecimento
que tem como pressupostos básicos que todos os saberes são iguais em direito e que é
possível fazer da pesquisa um acontecimento poético (SANTOS, GAUTHIER, FIGUEIREDO
e PETIT, 2005).
Nesta categoria, encontramos nos enunciados dos objetivos pretendidos pelos
pesquisadores os verbos examinar, correlacionar, investigar e descrever as práticas de
autocuidado demonstrando também uma preocupação em conhecer melhor os seus clientes.
Poucos foram os estudos que apresentavam as suas experiências e seus modelos de
assistência. Precisamos nos questionar por que ainda não conhecemos nossos clientes e suas
necessidades. Por que ainda fazemos por fazer? Ainda observamos uma Enfermagem que não
promove o autocuidado, a autonomia, a auto-imagem e a auto-estima, presente nas práticas de
* “Ludoterapia é qualquer atividade (jogos ou brincadeiras) que produzam um distanciamento da realidade; estimulem a
auto expressão e participação ativa dos participantes; promove o relaxamento das tensões e proporciona entretenimento e
reconhecimento de si mesmo”. RABELO, S L; PADILHA, M I C S Compreensão dos déficits de autocuidado a partir da
prática assistencial. Texto Contexto Enfermagem. v9, n2, p312-323, 2000.
62
profissionais que realizam a assistência de forma “tarefeira”. A submissão dos cuidados a
imposições institucionais leva a inexistência de liberdade de ação dos clientes.
Para ter sucesso, afirmam Santos e Gauthier (1999), a Enfermagem precisa superar um
grande desafio: fazer-se compreendida e aceita pelo cliente a quem se destina o seu cuidado.
c) Aplicação como referencial teórico
Autores como Fialho, Pagliuca e Soares (2002), conceituam que a teoria idealiza um
mundo em que as ações de Enfermagem são desenvolvidas da melhor maneira.
Incluem-se, nessa categoria, 14 estudos que utilizaram a teoria geral de Orem, no
marco referencial ou na discussão dos achados científicos. São artigos de revisão ou reflexão
conceitual, que apresentam uma visão a cerca da teoria para subsidiar uma proposta de
aplicação prática por meio do autocuidado. Foi possível estabelecer duas subcategorias de
acordo com a aplicação da teoria do autocuidado. A síntese das análises desta categoria
encontra-se disponível no apêndice E.
Subcategoria 1 – Análise descritiva e crítica: caracterizada pelos artigos que fazem
descrição e avaliação da teoria de Orem relacionada a suas vivências. Os autores apresentam
sua reflexão sobre a atenção à saúde e sobre o atendimento baseado nas necessidades
individuais por meio do autocuidado, enquanto outros apresentam a relação da teoria com a
abordagem holística. Os parágrafos abaixo demonstram a propriedade da delimitação desta
categoria:
(...) na área de Enfermagem com idosos, o enfermeiro tem um espaço
importante para atuar com autonomia, sistematizando um corpo de
conhecimento específico de sua área de competência, usando sua
experiência e criatividade. (...) o próprio método do autocuidado e a
decisão do idoso quanto ao alcance da meta indicada é que vão ajudar a
transferir o controle dessa decisão e da intervenção do profissional.
(DUARTE, 1998, p. 297)
(...) ao identificar os métodos de ajuda, ela age holisticamente, dando ao
enfermeiro a oportunidade de agir ou fazer algo em benefício do próximo,
de guiar o cliente de acordo com suas necessidades, de apoiá-lo
psicologicamente em uma harmoniosa relação enfermeiro-cliente e de
63
proporcionar um ambiente salutar e confortante para a promoção do bem-
estar pessoal. (NETO e NÓBREGA, 1999, p.238)
(...) a teoria de Orem pode ser direcionada para a prevenção de problemas
de saúde em clientes de risco, como as hipertensas, uma vez que têm a
doença como um agravante e que por ser crônico-degenerativa necessitam
essas clientes de um processo educativo sistematizado. (DIÓGENES e
PAGLIUCA, 2003, p.291)
Subcategoria 2 – Descrição da teoria e comparação com outras teorias:
caracterizada pelos artigos que apresentam a teoria de Orem, fazendo uma abordagem
conceitual, descrevem conceitos pertinentes à relação do ser cuidado e ser cuidador; bem
como os quatro conceitos essenciais das teorias de Enfermagem: ser humano-indivíduo,
sociedade-ambiente, saúde e Enfermagem. Inclui-se também os artigos que ressaltam aspectos
de outras teorias em paralelo a Orem e suas visões a respeito da Enfermagem.
(...) o Modelo de adaptação de Roy, a Teoria de Auto-cuidado de Orem e a
Teoria de King, apresentam um nível de abstração não muito elevado,
favorecendo sua compreensão e transposição para a prática. (SANTOS,
1985, p.4)
(...) o foco da Enfermagem na teoria de Watson é o indivíduo e o processo
de interação entre pessoa-enfermeiro e pessoa-paciente. Orem tem o foco
primário da Enfermagem no indivíduo com ações em três possíveis
sistemas: o sistema totalmente compensatório, o parcialmente
compensatório e o sistema de apoio educativo. (NUNES, 1996, p.29-30)
64
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta pesquisa, considera-se que utilizando a revisão sistemática, a análise dos estudos
fornece embasamento científico e aperfeiçoamento, fundamentando, assim, o cuidado de
Enfermagem inserido na prática dos enfermeiros. Conclui-se que as formas de apropriação da
Teoria de Orem estão presentes na aplicação do conceito de autocuidado como referencial na
prática e na fundamentação teórica, na identificação dos déficits de autocuidado e na
utilização do sistema de apoio-educação como instrumento do cuidar. Os estudos relacionam
o autocuidado como forma de lidar com as patologias existentes na clientela de Enfermagem,
apesar dessa profissão estar voltada para o ser humano, esteja ele doente ou não (MAIA e
SILVA, 2005). Pela diversidade das áreas encontradas reforça-se a afirmativa de que a teoria
é universal.
Por meio da análise desses trabalhos, obtidos em busca bibliográfica, observou-se que
a teoria de Orem pode ser utilizada em qualquer cliente e em quaisquer condições,
contribuindo significativamente para o desenvolvimento das teorias de Enfermagem. Os
estudos ressaltam a importância do desempenho do enfermeiro ao atuar no cuidado, na
recuperação e na prevenção, bem como reintegrar o cliente à sociedade. Portanto, pode-se
afirmar que a Teoria de Orem contribui para fundamentar a prática do enfermeiro.
Observou-se uma preocupação na identificação de diagnósticos de Enfermagem
relacionados ao contexto patológico, o que demonstra, ainda, uma necessidade de
conhecimentos acerca dos diagnósticos de Enfermagem para fundamentar a prática da
assistência dessa área do conhecimento. Concorda-se com Lima, Pereira e Chianca (2006), em
sua afirmativa de que o julgamento clínico, baseado no referencial de Dorothea Orem, facilita
a identificação dos diagnósticos de Enfermagem da North American Nursing Diagnosis
Association (NANDA).
O cliente é o centro da organização do cuidar em Enfermagem, destacando-se a
influência do envolvimento familiar no seu processo educativo, pois o autocuidado é
fundamental na manutenção do seu equilíbrio físico, mental e espiritual. Essa observação
parece coerente com a teoria de Orem, pois focaliza o indivíduo, reconhecendo o valor da
família na prover o autocuidado ao cliente.
O enfermeiro precisa interagir com o cliente para poder avaliar adequadamente as
demandas de autocuidado, e traçar planos de intervenção coerentes com as expectativas e suas
possibilidades.
65
Neste trabalho encontrou-se o autocuidado sendo aplicado em diversas situações
(incluindo condições patológicas, fisiológicas, transitórias e na própria Enfermagem), no
âmbito hospitalar, ambulatorial e domiciliar – especificamente na área da cardiologia, AIDS,
hanseníase, doenças respiratórias, pré-natal, hipertensão, transplante de medula óssea, câncer,
diabetes, insuficiência renal. Crianças, jovens, adultos e idosos foram alvo dos estudos, mas o
destaque pertence à mulher, principalmente nas relações com a maternidade e o câncer.
O modelo teórico de Orem constitui uma abordagem sistemática e lógica sendo capaz
de ajudar o enfermeiro a resolver problemas concernentes ao autocuidado dos clientes. O
sistema de apoio-educação é indicado para monitorar o cliente quanto à diversidade de
exposições decorrentes das doenças, através de informações de como se processa o
tratamento, os efeitos colaterais esperados e o esclarecimento de dúvidas que ele apresente,
promovendo assim, maior adesão ao seguimento pós-tratamento.
Nesta investigação, considera-se a revisão sistemática como uma contribuição para
incorporação da pesquisa no cenário cotidiano (GALVÃO, SAWADA e TREVIZAN, 2004),
pois esse recurso possibilitou a síntese das pesquisas disponíveis, relativas ao autocuidado de
Orem. Tal contribuição se caracterizou numa amostra de como a teoria citada vem sendo
aplicada nas práticas de cuidar, educar e pesquisar em Enfermagem, no Brasil, ao longo de
quase 30 anos.
Analisando as comunicações científicas, selecionadas para o estudo, foi possível
verificar que a apropriação da teoria está relacionada com a aplicação dos seus conceitos
teóricos. A primeira categoria, aplicação da teoria na sistematização da assistência de
Enfermagem apresentou aplicação prática dos três constructo da teoria de Orem. Em segundo,
os artigos que aplicaram a teoria do autocuidado, mais a teoria do déficit de autocuidado, de
forma a oferecer ao enfermeiro informações sobre o contexto de vivência de sua clientela,
para subsidiar suas estratégias e orientações . E por último, os artigos de cunho teórico-
reflexivo que utilizaram o conceito de autocuidado nas discussões ou apresentando uma visão
acerca da teoria para subsidiar uma proposta de aplicação prática através do autocuidado.
A reflexão sobre os resultados aqui delimitados e discutidos visa o aprofundamento
para argumentações sobre a validade de uma prática de Enfermagem na qual se aplica uma
teoria direcionada ao cuidado ao cliente. Por se tratar de uma amostra restrita a publicações
em periódicos nacionais, tem-se o impulso de estudar esse assunto de maneira mais
abrangente, com análise de teses e dissertações, o que seria possível e enriquecedor pelo
desenvolvimento de pesquisas que enfoquem a diversidade cultural do cuidado.
66
O autocuidado é uma estratégia que obtêm excelentes resultados para os clientes que
são estimulados a praticá-lo, pois promove a autonomia ou a menor dependência, promove a
consciência do seu papel fundamental como provedor do seu bem estar. Para a Enfermagem o
autocuidado proporciona maior conhecimento das exigências terapêuticas de sua clientela e
guia os cuidados para a manutenção do equilíbrio entre a habilidade e demanda de
autocuidado.
Este trabalho, um estudo de revisão sobre a aplicação da teoria de Orem, é uma fonte
de informação que poderá auxiliar os graduandos na aproximação a esta teoria, uma vez que
apresenta exemplos práticos de sua utilização e aos enfermeiros que queiram ampliar seus
conhecimentos sobre o autocuidado, pois ele mostra que a utilização da teoria de Orem é
possível e contribui, sim, para o crescimento da Enfermagem como ciência.
67
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68
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APÊNDICE A – Protocolo para análise de artigo
Identificação do artigo
Título:________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
Periódico:_____________________________________________________________
Ano de publicação:______________________________________________________
Ano de realização da pesquisa:____________________________________________
Palavras-chave/unitermos:________________________________________________
_____________________________________________________________________
Trabalhos derivados ou recortes:
( ) teses ( ) dissertações
( ) monografia especialização ( ) monografia graduação
( ) monografia iniciação científica ( ) não se aplica
Identificação do(s) autor(es):
1 Profissão/ocupação: ( ) enfermeiro ( ) outros profissionais
( ) graduando
Se enfermeiro: ( ) assistencial ( ) docente ( ) ambos
Titulação: ( ) graduação ( ) especialização
( ) mestrado ( ) doutorado
Cidade de origem do pesquisador:______________________________
2 Profissão/ocupação: ( ) enfermeiro ( ) outros profissionais
( ) graduando
Se enfermeiro: ( ) assistencial ( ) docente ( ) ambos
Titulação: ( ) graduação ( ) especialização
( ) mestrado ( ) doutorado
Cidade de origem do pesquisador:______________________________
3 Profissão/ocupação: ( ) enfermeiro ( ) outros profissionais
( ) graduando
Se enfermeiro: ( ) assistencial ( ) docente ( ) ambos
Titulação: ( ) graduação ( ) especialização
( ) mestrado ( ) doutorado
Cidade de origem do pesquisador:______________________________
74
Características do artigo
Delineamento do estudo
( ) Quantitativo ( ) Qualitativo ( ) Quanti-quali
( ) Não discriminado
Estudo quantitativo
( ) Experimental ( ) Quase-experimental
( ) Não-experimental/ Descritivo ( ) Revisão bibliográfica
Estudo qualitativo
( ) Etnografia ( ) Fenomenologia
( ) Teoria fundamentada nos dados ( ) Materialista dialético
( ) Outros Qual?____________________________________________
Característica dos clientes (sujeitos) da pesquisa
( ) Criança ( ) Jovem ( ) Adulto
( ) Idoso ( ) Outros Qual?___________________________
Cenário
( ) Ambulatorial ( ) Domiciliar ( ) Hospitalar
( ) Não se aplica ( ) outros Qual?___________________________
Patologia associada?
( ) Não ( ) sim Qual?_____________________
Teoria de OREM ( ) Autocuidado
( ) Déficit de autocuidado
( ) Sistemas
Objetivos
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Como utilizou o(s) construto(s) da Teoria de Orem? Análise dos resultados.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
75
APÊNDICE B – MATERIAL DO ESTUDO: Referências utilizadas para análise
1. ATAÍDE, M. B. C.; DAMASCENO, M. M. C. Fatores que interferem na adesão ao
autocuidado em diabetes. Revista Enferm. UERJ, v.14, n.4, p.518-23, out-dez. 2006.
2. AZEVEDO, M. A. J.; MARIA, M. L. S. S.; SOLER, L. M. A. Promovendo o auto-
cuidado: treinamento e assistência de Enfermagem a pacientes portadores de bexiga
neurogênica. Rev. Bras. Enferm., v.43, n.1/4, p.52-7, 1990.
3. BARBIERI, D. L.; CHIDA, A. M.; BARBOSA, M. L. J.; SANTOS, L. C. R.;
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4. CADE, N. V. A teoria do déficit de autocuidado de OREM aplicada em hipertensas.
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da sexualidade. Nursing, v.6, n.61, p.20-4, 2003.
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hanseníase. Revista Baiana de Enfermagem, v.14, n.1, p.9-16, 2001.
62. SANTOS, E. K. A. Comparação entre as teorias de Enfermagem de Horta, King,
Rogers, Roy e Orem. Revista Paulista de Enfermagem, v.5, n.1, p.3-7, 1985.
63. SANTOS, M. V.; FORTES, V. L. F. O autocuidado vivenciado pelos pacientes
hipertensos em hemodiálise. RECENF, v.2, n.8, p.81-5, 2004.
64. SANTOS, R. B. Autocuidado e gênero em Diabetes mellitus: uma abordagem de
Enfermagem. Revista Baiana de Enfermagem, v.18, n.1/2, p.39-50, 2003.
65. SANTOS, S. M. S. A.; SILVA, R. M. Prática do autocuidado vivenciada pela mulher
hipertensa: uma análise no âmbito da educação em saúde. Rev. Bras. Enfermagem.;
v.59, n.2, p.206-11, mar.-abr. 2006.
80
66. SANTOS, Z. M. S. A.; COSTA, C. M. V.; SARAIVA, K. R. O. Cliente portador de
insuficiência cardíaca - demandas de autocuidado. Escola Anna Nery - Revista de
Enfermagem, v.8, n.2, p.243-50, 2004.
67. SCHIER, J.; GONÇALVES, L. H. T. O idoso hospitalizado e seu familiar
acompanhante: uma proposta de assistência de Enfermagem para o autocuidado por
meio da educação participativa. Texto & Contexto Enfermagem, v.10, n.2, p.191-5,
2001.
68. SILVA, L. M. G. Breve reflexão sobre autocuidado no planejamento de alta hospitalar
pós-transplante de medula óssea (TMO): relato de caso. Revista Latino-Am.
Enfermagem, v.9, n.4, p.75-82, 2001.
69. SILVA, M. J.; DUARTE, M. J. R. S. O autocuidado do idoso: intervenção de
Enfermagem e melhor qualidade de vida. Revista Enfermagem UERJ, v.9, n.3, p.248-
53, 2001.
70. TASHIRO, M. T. O.; SOUZA, M. F.; OLIVEIRA, S. D. Auto cuidado no tratamento
pelo método de ilizarov: um estudo de caso. Rev. Bras. Enf., v.48, n.1, p.46-50, 1995.
71. TEIXEIRA, E. R. Representações culturais de clientes diabéticos sobre saúde, doença
e autocuidado. Revista Enferm. UERJ, v.4, n.2, p.163-9, 1996.
72. TOLEDO, E. H. R.; DIOGO, M. J. D. Idosos com afecção onco-hematológica: ações e
as dificuldades para o autocuidado no inicio da doença. Rev. Latino-Am. Enfermagem,
v.11, n.6, p.707-12, 2003.
73. TORRES, G. V.; DAVIM, R. M. B.; NOBREGA, M. M. L. Aplicação do processo de
Enfermagem baseado na teoria de Orem: estudo de caso com uma adolescente grávida.
Rev. Latino-Am. Enfermagem, v.7, n.2, p.47-53, 1999.
74. VALE, I. N. A utilização do modelo de autocuidado de Orem na UTI neonatal. Acta
Paulista de Enfermagem, v.12, n.2, p.9-15, 1999.
75. VIEIRA, V. B.; PATINE, F. S.; PASCHOl, V. D. A; BRANDÃO, V. Z.
Sistematização da assistência de Enfermagem em um ambulatório de hanseníase:
estudo de caso. Arq. ciênc. Saúde, v.11, n.2, p.80-87, abr.-jun. 2004.
81
APÊNDICE C – Aplicação da teoria na sistematização da assistência de enfermagem
(SAE).
Artigo Análise
1. AZEVEDO, M. A. J.;
MARIA, M. L. S. S.;
SOLER, L. M. A.
Promovendo o auto-
cuidado: treinamento e
assistência de enfermagem a
pacientes portadores de
bexiga neurogênica. Rev.
Bras. Enferm., v.43, n.1/4,
p.52-7, 1990.
Identificaram-se os requisitos na provisão de
cuidados relacionado à eliminação vesical.
Identifica o déficit de autocuidado em relação a
técnica do auto-cateterismo, no conhecimento do
material e no intervalo entre os cateterismo. Realiza
orientação/ensino aos clientes.
2. CAETANO, J. A.;
PAGLIUCA, L. M. F.
Autocuidado e o portador do
HIV/AIDS: sistematização
da assistência de
enfermagem. Rev. Latino-
Am. Enfermagem. v.14, n.3,
p.336-45, 2006.
Identificaram-se os requisitos de autocuidado
(universais, desenvolvimento e por desvio de
saúde) e os déficits de autocuidado. Para cada
requisito foi apresentado o método de ajuda
inserido no sistema de apoio-educação.
3. DIAS, D. C. Instrumento
para avaliação da
capacidade de autocuidado
de pacientes adultos-
CADEM. Rev. Bras. Enf.,
v.49, n.3, p.315-32, 1996.
O instrumento possibilitou a identificação dos
requisitos de autocuidado e a classificação da
capacidade de autocuidado de acordo com os
déficits e os sistemas de enfermagem.
4. DUARTE, M. C. A.;
ACIOLY, C. M. C.;
PEREIRA, W. S. B.;
PEREZ, V. L. A. B.
Diagnóstico de enfermagem
em paciente epiléptica
embasado na teoria do
autocuidado: estudo de caso.
Nursing, v.3, n.25, p.30-4,
2000.
Na consulta de enfermagem, identificaram-se os
requisitos universais e desenvolvimento. Os
déficits de autocuidado identificados auxiliaram na
identificação dos diagnósticos de enfermagem.
Foram estabelecidos as metas, o método de ajuda e
o sistema de enfermagem.
82
5. FARIAS, M. C. A. D.;
NOBREGA, M. M. L.
Diagnósticos de
enfermagem numa gestante
de alto risco baseados na
teoria do autocuidado de
OREM: estudo de caso.
Revista Latino-Am.
Enfermagem, v.8, n.6, p.59-
67, 2000.
Identificaram-se os déficits de autocuidado
(universais, desenvolvimento de por desvio de
saúde). Identificaram 7 diagnósticos de
enfermagem e 5 déficits de autocuidado. Foram
estabelecidos os sistemas de enfermagem para
implementação da assistência e avaliação.
6. FARIAS, M. C. A. D.;
COSTA, T. N. A. Déficit de
autocuidado em primigestas:
proposta de assistência de
enfermagem no pré-natal.
Revista Rene, v.2, n.1, p.69-
78, 2001.
Identificaram-se os requisitos universais e
desenvolvimento; e os déficits de autocuidado
relacionados ao conhecimento sobre a gravidez,
parto e aleitamento materno. O planejamento da
assistência de enfermagem foi correlacionado com
os déficits de autocuidado mais expressivos.
7. FERNADES, W. L.;
MODESTO FILHO, J.;
NOBREGA, M. M. L.
Sistematização da
assistência de enfermagem
ao diabético jovem
embasada no autocuidado.
Revista Rene, v.1, n.1, p.76-
82, 2000.
Identificaram-se os requisitos de autocuidado
(universais, desenvolvimento de por desvio de
saúde), os déficits e os diagnósticos.
Desenvolvimento das intervenções foi baseado no
método de ajuda ensino e o sistema de enfermagem
foi o apoio-educação.
8. FIALHO, A. V. M.;
PAGLIUCA, L. M. F.
Mulher portadora de câncer:
diagnósticos de enfermagem
a luz da teoria do
autocuidado de Orem.
Revista Rene, v.1, n.1, p.46-
50, 2000.
Foram estabelecidos os requisitos de autocuidado
(universais, desenvolvimento de por desvio de
saúde), os déficits estavam relacionados ao
conhecimento e ao enfrentamento individual
ineficaz. Foram estabelecidos dois diagnósticos de
enfermagem, as metas, os objetivos e o método de
ajuda relacionado ao sistema apoio-educação.
9. FREIRE, M. R. S. M.;
NOBREGA, M. M. L. O
idoso hipertenso e o
autocuidado. Revista Rene,
v.2, n.1, p.60-8, 2001.
Identificaram-se onze diagnósticos de enfermagem,
foram desenvolvidas, implementadas e avaliadas as
ações de autocuidado.
83
10. GUERRA, C. A.; EVIES,
A.; RIVAS, A.; GARCIA,
L. Educacion para el
autocuidado de pacientes
diabeticas embarazadas.
Texto e Contexto -
Enfermagem, v.14, n.2,
p.159-66, 2005.
Identificaram as características clínicas, as
condições sócio-econômicas, o conhecimento e
destreza para o autocuidado antes e após as
gestantes participarem de um programa educativo
para o autocuidado.
11. GUERRA, E. M. D.;
SANTOS, F. L. M.
ARAÚJO, T. L. O cuidar
fundamentado em Orem.
Revista Nursing, n.49, 2002.
Identificaram quatorze diagnósticos de enfermagem
associados aos déficits de autocuidado. Foram
utilizados os três sistemas para fazer intervenções
de enfermagem, de acordo com os métodos de
ajuda. Realizadas várias avaliações para detectar a
adesão às intervenções propostas.
12. HADDAD, M. C. L.;
HIRAZAWA, S. A.;
TAKAHASHI, O. C.;
GUARIENTE, M. H. D. M.;
GOMES, M. S. C. Análise
crítica de uma metodologia
de atendimento ambulatorial
ao paciente diabético, a
partir da teoria de Dorothea
Orem. Revista da Escola de
Enfermagem da USP, v.22,
n.especial, p.112-18, 1988.
Identificou-se a demanda de autocuidado
relacionados com os requisitos universais e por
desvio de saúde (diabetes). As metas terapêuticas
foram estabelecidas. Planejadas as intervenções
para atender as necessidades, sendo o sistema mais
utilizado foi o apoio-educação.
13. HOGA, L. A. K. A
influencia da crença
religiosa na motivação de
uma cliente para o
autocuidado. Revista da
Escola de Enfermagem da
USP, v.27, n.1, p.73-85,
1993.
Os dados foram coletados na consulta de
enfermagem, sendo estabelecidos a demanda
terapêutica e os déficits de autocuidado.
Estabelecidas as metas e as intervenções no sistema
apoio-educação. As metas foram parcialmente
atingidas devido às crenças religiosas.
14. KAPLAN, S. Grupos de
pacientes: noções de
responsabilidade e
autocuidado. Enfermagem
Moderna, v.3, n.4, p.4-7,
1985.
Orientações individuais e em grupo, através de
reuniões semanais e mensais, onde são discutidas as
dúvidas dos clientes em relação ao autocuidado
para o controle da Tuberculose, diabetes,
hipertensão.
84
15. LIMA, L. R.; PEREIRA, S.
V. M.; CHIANCA, T. C. M.
Diagnósticos de
enfermagem em pacientes
pós-cateterismo cardíaco –
contribuição de Orem. Rev.
Bras. Enf. v.59, n.3, p.285-
90, 2006.
Coletados os dados através de um instrumento
baseado nos requisitos de autocuidado universais.
A partir do julgamento clínico fundamentado no
déficit de autocuidado foram identificados 24
diagnósticos de enfermagem pela taxonomia de
NANDA. Foram estabelecidas metas e as
prescrições de enfermagem.
16. LUCE, M.; PADILHA, M.
I.; ALMEIDA, R. L. V.;
SILVA, M. O. O preparo
para o autocuidado do
cliente diabético e família.
Rev. Bras. Enf., v.43, n.1/4,
p.36-43, 1990.
Identifica-se a demanda de autocuidado relacionada
aos requisitos universais e por desvio de saúde.
Fazem intervenções pelo método de ajuda apoio e
ensino, através de reuniões em grupo e visitas
domiciliares.
17. MENEZES, A. F.;
CASTRO, M. E.;
DIÓGENES, M. A. R.
Autocuidado para a
cicatrização da ferida de
colo de útero. Rev. Enferm.
UERJ. v.14, n.2, p.214-20,
2006.
Identificaram-se os requisitos e déficits de
autocuidado, utilizando o método de ajuda (ensinar
o outro) no sistema apoio-educação.
18. MONTEIRO, E. M. L. M.;
NOBREGA, M. M. L.;
LIMA, L. S. Autocuidado e
o adulto portador de asma:
sistematização da
assistência de enfermagem.
Rev. Bras. Enf., v.55, n.2,
p.134-9, 2002.
Identificaram-se os requisitos (universais,
desenvolvimento e por desvio de saúde) e os
déficits de autocuidado. Selecionou os métodos de
ajuda, enfocando as ações no sistema de apoio-
educação.
19. NASCIMENTO, A. R;
CAMPOS, V. Orientações
para o autocuidado do
paciente diabético e
familiares. Enfermagem
Revista, v.1, n.2, p.15-22,
1993.
As necessidades de autocuidado e os déficits foram
identificados e o meio de ajuda estabelecido foi o
ensino e apoio. Como intervenção foi realizado um
grupo multidisciplinar; que iniciava as reuniões do
programa de orientação, de acordo com o tema
sugerido pelos pacientes, acrescentando o conteúdo
programático.
20. NORONHA, R. Experiência
participativa mobilizadora
de enfermagem: condições
prévias para o autocuidado.
Rev. Bras. Enf., v.39, n.1,
p.34-43, 1986.
Através de entrevista os requisitos por desvio de
saúde foram identificados e relacionados aos
fatores facilitadores e intervenientes. As
necessidades de autocuidado foram listadas pelos
participantes e as intervenções foram realizadas
através da problematização, construção de cartazes
e troca de experiência em grupo.
85
21. OLIVEIRA, A. G.
Aplicação da teoria do
autocuidado de Orem em
adolescente em diálise
peritoneal ambulatorial
continua. Revista Gaúcha de
Enfermagem, v.16, n.1/2,
p.46-51, 1995.
Identificou a demanda terapêutica e a capacidade de
autocuidado da família e do adolescente. Foram
definidos os déficits e elaborado um plano de
intervenção de enfermagem, constando ações
educativas e orientações ao cliente e sua família.
22. PACHECO, G. S.;
SANTOS, I. Cuidar de
cliente em tratamento
conservador para doença
renal crônica: apropriação
da Teoria de Orem. Revista
de Enferm. UERJ, v.13, n.2,
p.257-62, 2005.
Propõem a orientação do autocuidado ao cliente na
fase pré dialítica, identificando os requisitos de
autocuidado, associando os déficits aos métodos de
ajuda com o sistema de apoio-educação.
23. PAGLIUCA, L. M. F.;
LIMA, M. F. Diagnósticos
de enfermagem em paciente
submetida à cesariana por
estar com condiloma
venéreo: estudo de caso.
Cogitare enfermagem. v.3,
n.2, p.45-49, 1998.
O plano terapêutico considerou a demanda de
autocuidado universal e por desvio de saúde, e o
déficit de autocuidado. Identificaram 06
diagnósticos de enfermagem. Utilizado o sistema
de apoio-educação através do método ensinar o
outro.
24. PEIXOTO, M. R. B.
Divergências e
convergências entre um
modelo de assistência de
enfermagem a pacientes
diabéticos e a teoria do
déficit de autocuidado de
Orem. Revista da Escola de
Enfermagem da USP, v.30,
n.1, p.1-13, 1996.
Realizou-se um levantamento dos fatores
condicionantes para o autocuidado com posterior
identificação das demandas terapêuticas para o
autocuidado, identificação de déficits de
autocuidado, estabelecimento do sistema de
enfermagem e avaliação.
25. RABELO, S. L.;
PADILHA, M. I. C. S.
Compreensão dos déficits de
autocuidado a partir da
pratica assistencial. Texto &
Contexto - Enfermagem,
v.9, n.2 parte 1, p.312-23,
2000.
Os dados foram levantados através da consulta de
enfermagem, sendo identificado os déficits e as
maneiras de ajuda. A implementação das ações
educativa foi através de atividades lúdicas (apoio-
educação).
86
26. REMOR, A. REMOR, A.;
BRITO, I. S.; PETTERS, V.
R.; SANTOS, E. K. A. A
teoria do autocuidado e sua
aplicabilidade no sistema de
alojamento conjunto. Rev.
Bras. Enf., v.39, n.2/3, p.6-
11, 1986.
Identificaram-se os déficits de autocuidado da
puérpera, construindo um plano de ações, sendo
estabelecido o sistema de enfermagem.
27. RIVERA, M. S. Educacion
para el autocuidado en salud
sexual de adultos-una
experiencia em construccion
y reconstruccion. Texto &
Contexto-Enfermagem em
Enfermagem, v.7, n.2,
p.397-421, 1998.
Identificaram-se, por meio de perguntas, os
requisitos desenvolvimento diante da paternidade,
em um programa de educação em saúde sexual para
gestantes e companheiros. Os temas das reuniões
foram determinados conforme os requisitos e os
déficits identificados, utilizando os métodos de
ajuda – ensinar e apoiar ao outro no sistema de
apoio-educação.
28. SAHO, M.; SANTANA, R.
M. Promovendo o auto-
cuidado no controle da
hanseníase. Revista Baiana
de Enfermagem, v.14, n.1,
p.9-16, 2001.
Identificaram-se os requisitos universais e por
desvio de saúde e identificaram os déficits. Através
do método de ajuda (orientação) foram feitas as
discussões para promover o autocuidado.
29. SILVA, L. M. G. Breve
reflexão sobre autocuidado
no planejamento de alta
hospitalar pós-transplante de
medula óssea (TMO): relato
de caso. Revista Latino-Am.
Enfermagem, v.9, n.4, p.75-
82, 2001.
Identificaram-se os requisitos de autocuidado e os
déficits. O sistema de apoio-educação apresentou
maior relevância.
30. TASHIRO, M. T. O.;
SOUZA, M. F.; OLIVEIRA,
S. D. Auto cuidado no
tratamento pelo método de
ilizarov: um estudo de caso.
Rev. Bras. Enf., v.48, n.1,
p.46-50, 1995.
As demandas terapêuticas e os cuidados universais
foram identificados durante a hospitalização. Os
déficits foram detectados no pré-operatório e os
cuidados desenvolvidos no pós-operatório. Inclusão
do pai como agente de autocuidado. O plano de
assistência baseou-se no apoio-educação e
parcialmente compensatório.
31. TORRES, G. V.; DAVIM,
R. M. B.; NOBREGA, M.
M. L. Aplicação do
processo de enfermagem
baseado na teoria de Orem:
estudo de caso com uma
adolescente grávida. Rev.
Latino-Am. Enfermagem,
v.7, n.2, p.47-53, 1999.
Identificaram os requisitos (universais,
desenvolvimento e por desvio de saúde), os déficits
de autocuidado e 03 diagnósticos de enfermagem.
As intervenções foram realizadas através do
método orientação apoio e ensino, no sistema
apoio-educação.
87
32. VALE, I. N. A utilização do
modelo de autocuidado de
Orem na UTI neonatal. Acta
Paulista de Enfermagem,
v.12, n.2, p.9-15, 1999.
O instrumento possibilitou a equipe de enfermagem
identificar a demanda e os déficits de autocuidado,
avaliação do potencial prover de autocuidado, os
meios de ajuda e o sistema de enfermagem.
33. VIEIRA, V. B.; PATINE, F.
S.; PASCHOl, V. D. A;
BRANDÃO, V. Z.
Sistematização da
assistência de enfermagem
em um ambulatório de
hanseníase: estudo de caso.
Arq. ciênc. Saúde, v.11, n.2,
p.80-87, abr.-jun. 2004.
Por meio das consultas foram identificados a
demanda terapêutica e os déficits, o método de
ajuda e o sistema apoio-educação para implementar
o plano de assistência.
88
APÊNDICE D – Aplicação da teoria como estratégia de ensino para desenvolver o
autocuidado.
Artigo Análise dos resultados
1. ATAÍDE, M. B. C.;
DAMASCENO, M. M. C.
Fatores que interferem na
adesão ao autocuidado em
diabetes. Revista. Enferm.
UERJ, v.14, n.4, p.518-23,
out-dez. 2006.
Identificaram-se os requisitos de autocuidado
(universais, desenvolvimento e por desvio de
saúde) e os déficits das mulheres com diabetes.
2. BARBIERI, D. L.; CHIDA,
A. M.; BARBOSA, M. L. J.;
SANTOS, L. C. R.;
DIOGO, M. J. D. E.;
CIANCIARULLO, T. I.
Auto-cuidado na assistência
de enfermagem: sua prática
no hospital universitário.
Revista Paulista de
Hospitais, v.35, n.7/8/9,
p.118-25, 1987.
A partir do referencial teórico as autoras
construíram um roteiro para observar a prática de
autocuidado no alojamento conjunto. Identificaram
ações de autocuidado pela parturiente e pela
enfermagem. Identifica os déficits relacionados aos
requisitos de desenvolvimento.
3. CADE, N. V. A teoria do
déficit de autocuidado de
OREM aplicada em
hipertensas. Rev. Latino-Am.
Enfermagem, v.9, n.3, p.43-
50, 2001.
Foram identificados os requisitos de autocuidado
(universais, desenvolvimento e por desvio de
saúde), os déficits de autocuidado nas mulheres
hipertensas e os fatores dificultadores e
facilitadores do autocuidado.
4. CHAVES, E. C. A palestra
educativa na orientação
sobre o autocuidado do
hipertenso. Revista da
Escola de Enfermagem da
USP, v.24, n.3, p.397-402,
1990.
Identifica os requisitos e déficits de autocuidado
associados a dieta, atividade física, hábitos de
ingerir bebidas alcoólicas, consumo de cigarro e
tratamento medicamentoso; no controle da
hipertensão arterial.
89
5. COSTA, L. M. D.;
MORETTO, C. E.; SILVA,
C. S. G.; FUMEGALLI, M.
E.; SCHUTTEL, S.;
MORETTO, V. L.
Avaliação do nível de
dependência do cliente
adulto, com restrições de
movimentos dos membros
inferiores, visando a
promoção do autocuidado.
Revista Gaúcha de
Enfermagem, v.7, n.2,
p.199-221, 1986.
Apresenta o conceito, demanda e competência para
o autocuidado. Identificaram o conhecimento sobre
o autocuidado no pós-operatório ortopédico, o grau
de dependência física e o estado mental.
6. DIÓGENES, M. A. R.;
VARELA, Z. M. V.
Autocuidado da adolescente
na vivência da sexualidade.
Nursing (edição brasileira),
v.6, n.61, p.20-4, 2003.
Utiliza o conceito de autocuidado e identifica a
situação de desequilíbrio entre os cuidados
necessários que os adolescentes deveriam ter com a
sexualidade.
7. DIOGO, M. J. D.;
TOLEDO, E. H. R. Idosos
com afecções onco-
hematológicas: dificuldades
para o autocuidado frente
aos efeitos colaterais do
tratamento. Nursing, v.59,
n.6, p.28-33, 2003.
Os efeitos colaterais do tratamento oncológico
foram identificados, bem como os requisitos por
desvio de saúde. Foram identificados e agrupados
14 déficits de autocuidado comuns no grupo
pesquisado.
8. FERRERO, S. M.;
CINTRA, F. A. Limitações
para o autocuidado de
idosos reinternados,
portadores de vasculopatias.
Saúde em Debate, v.28,
n.68, p.243-55, 2004.
Identificaram-se os requisitos de autocuidado
(universais, desenvolvimentais e por desvio de
saúde) e os déficits relacionados aos idosos
portadores de vasculopatias.
9. FIALHO, A. V. M.;
PAGLIUCA, L. M. F;
SOARES, E. Adequação da
teoria do déficit de
autocuidado no cuidado
domiciliar a luz do modelo
de Barnum. Rev. Latino-Am.
Enfermagem, v.10, n.5,
p.715-20, 2002.
Identificaram-se as exigências para o autocuidado
(universais, desenvolvimentais e por desvio de
saúde), relacionando com os déficits de
autocuidado. Identificaram o agente de autocuidado
na esposa do cliente.
90
10. FIALHO, A. V. M.; SILVA,
R. M. Câncer de mama -
ações para o autocuidado.
Revista Baiana de
Enfermagem, v.12, n.2,
p.65-78, 1999.
Identificaram-se as ações desenvolvidas para
detecção precoce do câncer de mama e os fatores
agravantes, sendo possível identificar os requisitos
e os déficits de autocuidado relacionados a
mulheres para evitar o câncer de mama.
11. FONSECA, S. M. O
cuidado de enfermagem a
pacientes em quimioterapia
antineoplásica: uma
aplicação da teoria de
Dorothea Orem. Acta
Paulista de Enfermagem,
v.10, n.2, p.74-9, 1997.
Foram identificados os déficits de autocuidado
relacionados com os pacientes em uso de
quimioterápicos, e mencionado como possíveis
agentes de autocuidado os membros familiares,
com destaque para a mãe. Os sistemas de apoio-
educação são sugerido mas não são aplicados.
12. GALPERIN, M. R. O.
Percepção de clientes e
membros da equipe de
enfermagem, de uma
unidade de auto-cuidado,
acerca da liberdade de raiz e
de ação dos primeiros e seus
respectivos locus de
controle. Revista Gaúcha de
Enfermagem, v.9, n.1, p.47-
57, 1988.
Utilizou-se o conceito de autocuidado para verificar
se os clientes reconheciam e valorizavam os
comportamentos de autocuidado e a relação com a
equipe de enfermagem. Identifica o método de
ajuda que a enfermagem deve utilizar.
13. LIMA, F. E. T.; ARAUJO,
T. L. Correlação dos fatores
condicionantes básicos para
o autocuidado dos pacientes
pós-revascularização do
miocárdio. Rev. Bras. Enf.,
v.58, n.5, p.519-23, 2005.
As ações de autocuidado foram correlacionadas
com as variáveis: sexo, idade, ocupação, estado
civil e antecedentes familiares.
14. MAIA, T. F.; SILVA, L. F.
O pé diabético de clientes e
seu autocuidado: a
enfermagem na educação
em saúde. Escola Anna
Nery - Revista de
Enfermagem, v.9, n.1, p.95-
102, 2005.
Identificaram os déficits de autocuidado
relacionado ao cuidado precários com os pés e
levantamento das características mais comuns das
pessoas com lesões nos pés em conseqüência da
diabetes.
91
15. MAMEDE, M. V. Resposta
ao auto-cuidado: adaptação
para a cultura brasileira
entre mulheres em
perimenopausa. Ciência e
cultura, v.42, n.7, p.20-1,
1990.
Identificaram-se os requisitos universais e de
desenvolvimento. Os resultados foram agrupados
em padrões positivos de resposta, negativos,
esporádicos e sem padrão de resposta.
16. MAMEDE, M. V.;
NAKANO, A. M. S.;
FELIPE, M. J. V.;
MESSIAS, D. A. K. H.
Respostas a autocuidado de
mulheres brasileiras em
perimenopausa: estudo
piloto. Rev. Bras. Enferm.
v.44, n.2/3, p.26-30, 1991.
Identificou-se a demanda de autocuidado relativos
aos requisitos de desenvolvimento, pelo
instrumento e discutiram os resultados apontando
os déficits.
17. NOGUEIRA, S. A.;
SANTOS, E. R.;
BOCCARDO, L. M.;
SANTOS, V. L. C. G.;
MIYADAHIRA, A. M. K.
Autocuidado do
ostomizado: dificuldades
percebidas apos a alta
hospitalar. Revista da
Escola de Enfermagem da
USP, v.28, n.3, p.309-20,
1994.
Identificaram-se as dificuldades, déficits de
autocuidado do cliente; relacionados com a pele
periestoma, com o estoma e o uso do dispositivo.
18. NUNES, A. M. P.
Motivação para o auto
cuidado, um diagnostico
indispensável na assistência
e orientação de diabéticos.
Texto & Contexto -
Enfermagem, v.2, n.1, p.53-
66, 1993.
Identificaram-se os requisitos de autocuidado
universais e por desvio de saúde, identificaram os
déficits e correlacionando-os a capacidade
motivacionais e emocionais.
19. PACE, A. E.; OCHOA-
VIGO, K.; CALIRI, M. H.
L. et al. O conhecimento
sobre diabetes mellitus no
processo de autocuidado.
Rev. Latino-Am.
Enfermagem. v.14, n.5, 728-
734, 2006.
Verificou-se o conhecimento que as pessoas com
diabetes possuem. Identifica os requisitos de
autocuidado (universais, desenvolvimento e por
desvio de saúde) e indica o método de ajuda (guiar,
apoiar, proporcionar ambiente e ensinar o outro).
92
20. PEREIRA, L.; YWATA, M.
Y.; TERAÇONO, M. K.;
UTIYAMA, R. M. O
autoconhecimento e o
autocuidado da enfermeira
relativo a questões de
higiene e saúde da mulher, e
sua relação com a função
educativa. Revista Gaúcha
de Enfermagem, v.9, n.2,
p.113-7, 1988.
Identificaram-se os requisitos universais e de
desenvolvimento, relacionados com a sexualidade
da mulher enfermeira, os déficits de conhecimento
tanto para o autocuidado próprio e para as suas
clientes.
21. PETERS, A.; SANTOS, D.;
CATAFESTA, K. G.;
BAPTISTA, C. L. B. M.
Competência do portador de
diabetes mellitus para o
autocuidado. Revista
Nursing, v.72, n.7, 2004.
Foram levantadas as competências para o
autocuidado. As competências estão relacionadas
ao autocuidado no cliente com diabetes e os seus
déficits para conviver com esta doença.
22. POGGETTO, M. T. D.;
CASAGRANDE, L. D. R.
“Fui fazendo e
aprendendo...” temática de
aprendizagem de clientes
colostomizados e a ação
educativa do enfermeiro.
REME - Rev. Min. Enf., v.7,
n.1, p.28-34, jan.-jul, 2003.
Verificou-se como se desenvolve o processo
educativo durante o período de hospitalização junto
aos clientes colostomizados. Foram identificados os
déficits relacionados a alta hospitalar e os déficits
de conhecimento.
23. POLAK, Y. N. S.
Autocuidado no suporte
nutricional: possibilidade ou
mito? Rev. brasileira de
nutrição clínica, n.16, v.1,
p.28-33, jan.-mar. 2001.
As ações de enfermagem identificadas estão
voltadas para o “fazer por” e orientadas para o
atendimento dos requisitos universais e de desvio
de saúde.
24. SANTOS, R. B.
Autocuidado e gênero em
Diabetes mellitus: uma
abordagem de enfermagem.
Revista Baiana de
Enfermagem, v.18, n.1/2,
p.39-50, 2003.
Identificou-se o conhecimento sobre o autocuidado
em relação ao controle da diabetes e as condições
de trabalho nessa relação. Foram identificados os
fatores que interferem no autocuidado,
estabelecendo os déficits.
93
25. SANTOS, Z. M. S. A.;
COSTA, C. M. V.;
SARAIVA, K. R. O. Cliente
portador de insuficiência
cardíaca - demandas de
autocuidado. Escola Anna
Nery - Revista de
Enfermagem, v.8, n.2,
p.243-50, 2004.
Realizou-se um levantamento dos requisitos
(universais, desenvolvimento e por desvio de
saúde) e dos fatores influentes. Identificaram que as
demandas estavam associadas a não adesão as
condutas terapêuticas e preventivas.
26. SANTOS, M. V.; FORTES,
V. L. F. O autocuidado
vivenciado pelos pacientes
hipertensos em hemodiálise.
RECENF, v.2, n.8, p.81-5,
2004.
Identificaram-se as ações de autocuidados
relacionados aos requisitos e déficits dos clientes
com hipertensão em hemodiálise.
27. SANTOS, S. M. S. A.;
SILVA, R. M. Prática do
autocuidado vivenciada pela
mulher hipertensa: uma
análise no âmbito da
educação em saúde. Rev.
Bras. Enfermagem.; v. 59,
n.2, p. 206-11, mar.-abr.
2006.
Investigou-se a prática do autocuidado vivenciada
pela mulher hipertensa. Foram levantados os
fatores relacionados com a prática ineficaz do
autocuidado e identificação dos déficits.
28. TOLEDO, E. H. R.;
DIOGO, M. J. D. E. Idosos
com afecção onco-
hematológica: ações e as
dificuldades para o
autocuidado no inicio da
doença. Rev. Latino-Am.
Enfermagem, v.11, n.6,
p.707-12, 2003.
Identificaram-se as ações desenvolvidas e as
dificuldades para o autocuidado no início da
doença.
94
APÊNDICE E – Aplicação da teoria como referencial teórico.
Subcategoria 1 Análise descritiva e crítica
Artigo Análise dos resultados
1. CAETANO, J. A.;
PAGLIUCA, L.M.F.
Análise descritiva da teoria
dos sistemas: aplicabilidade
no ensino do auto-exame
ocular dos portadores do
HIV/ AIDS. Escola Anna
Nery - Revista de
Enfermagem. v.7, n.1, p.89-
96, 2003.
Por meio da compreensão dos conceitos teóricos de
Orem e da experiência pessoal, as autoras
permitiram supor que a aplicabilidade da teoria é
viável para o auto-exame ocular.
2. DIÓGENES, M. A. R.;
PAGLIUCA, L. M. F.
Teoria do Autocuidado:
analise critica da utilidade
na pratica da enfermeira.
Revista Gaúcha de
Enfermagem, v.24, n.3,
p.286-93, 2003.
Apresenta os construtos teóricos de Orem
relacionando-os com a aplicação na prática das
atividades de enfermagem, aplicada à mulher
hipertensa.
3. DUARTE, M. J. R. S. O
envelhecer saudável:
autocuidado para a
qualidade de vida. Revista
de Enferm. UERJ, v.6, n.1,
p.293-307, 1998.
Apresenta uma discussão sobre os requisitos de
autocuidado (universais, desenvolvimento e por
desvio de saúde) do cliente idoso através das ações
evidenciadas no padrão básico de atenção à saúde
do idoso.
4. MENEZES, G. A. C.;
ROSA, R. S. D. Práticas
educativas em saúde: a
enfermagem revendo
conceitos na promoção do
autocuidado. REME -
Revista Mineira de
Enfermagem, v.8, n.2,
p.337-40, 2004.
Artigo de reflexão com revisão da literatura sobre o
cuidado, discutindo o papel das práticas educativas
em saúde como instrumento potencializador do
autocuidado.
5. TEIXEIRA, E. R.
Representações culturais de
clientes diabéticos sobre
saúde, doença e
autocuidado. Revista
Enferm. UERJ, v.4, n.2,
p.163-9, 1996.
Buscou-se investigar as representações que o saber
popular apresenta no campo da saúde sobre o
autocuidado.
95
6. SCHIER, J. O idoso
hospitalizado e seu familiar
acompanhante: uma
proposta de assistência de
enfermagem para o
autocuidado por meio da
educação participativa.
Texto & Contexto
Enfermagem, v.10, n.2,
p.191-5, 2001.
O conceito de autocuidado foi utilizado como
marco conceitual para apoiar o processo de
enfermagem que será desenvolvido ao cliente idoso
e familiares.
7. SILVA, M. J.; DUARTE,
M. J. R. S. O autocuidado
do idoso: intervenção de
enfermagem e melhor
qualidade de vida. Revista
Enfermagem UERJ, v.9, n.3,
p.248-53, 2001.
Artigo de revisão que faz um levantamento de
conceitos de autocuidado e suas relações com o
cliente idoso.
Subcategoria 2 – Descrição da teoria e comparação com outras teorias
Artigo Análise dos resultados
8. DUPAS, G.; PINTO, I. C.;
MENDES, M. D.;
BENEDINI, Z. Reflexão e
síntese acerca do modelo do
autocuidado de Orem. Acta
Paulista de Enfermagem,
v.7, n.1, p.19-26, 1994.
Apresenta dados da vida e obra da Orem e as
definições dos seus conceitos (enfermagem,
homem, autocuidado, agente, ação, saúde,
demanda, terapêutica, déficits, sistema de
enfermagem, requisitos de autocuidado, os modelos
conceituais e as teorias).
9. FERNANDES, W. L.;
SILVA, A. S.; NOBREGA,
M. M. L. Teoria do
autocuidado de Dorothea
Orem: uma abordagem
conceitual. CCS - Ciência,
Cultura e Saúde, v.12, n.2,
p.49-53, 1993.
Apresenta os principais conceitos da teoria de
Orem: pessoa, ambiente, saúde, enfermagem,
déficits e método de ajuda, sistema e processo de
enfermagem.
10. LEITAO, G. C. M.;
LINARD, A. G.;
RODRIGUEZ, D. P.
Conceitos de enfermagem
segundo Roy, Orem e
Watson. Acta Paulista de
Enfermagem, v.13, n.3,
p.76-80, 2000.
Realiza uma análise dos conceitos de ambiente,
homem, saúde, enfermagem e cuidado de acordo
com Orem em paralelo a outras teóricas de
enfermagem.
96
11. NETO, D.L.; NÓBREGA,
M. M. L. Holismo nos
modelos teóricos de
enfermagem. R. Bras.
Enferm., v.52, n.2, p.233-
242, abr.-jun. 1999.
Aborda a relação da abordagem holística com a
teoria de Orem, enfocando os quatros componentes
essenciais das teorias de enfermagem.
12. NEVES, E. P. Reflexões
acerca dos conceitos auto-
cuidado e competência/
poder para o auto-cuidado.
Revista da Escola de
Enfermagem da USP, v.21,
n.3, p.235-41, 1987.
Apresenta aspectos da teoria de autocuidado de
Orem abordando o poder/ competência para o
autocuidado.
13. NUNES, A. M. P.;
ZAGONEL, I. P. S.
Cuidado humano e auto-
cuidado: contribuição de
Orem e Watson ao
conhecimento da
enfermagem. Cogitare
Enfermagem, v.1, n.1, p.28-
33, 1996.
Realizou-se uma análise do conhecimento gerado a
partir do conceito de autocuidado, descrevendo a
contribuição para a enfermagem; de forma paralela
a teoria desenvolvida por Watson.
14. SANTOS, E. K. A.
Comparação entre as teorias
de enfermagem de Horta,
King, Rogers, Roy e Orem.
Revista Paulista de
Enfermagem, v.5, n.1, p.3-7,
1985.
Apresenta os conceitos de Orem: homem,
enfermagem, autocuidado, competência e demanda
terapêutica para autocuidado, saúde, déficits de
autocuidado e sistema de enfermagem; comparando
conceitos com outras teóricas.
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